manual de direito do consumidor para oab - gláuber moreira barbosa da silva - 2015

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2015 GLAUBER MOREIRA BARBOS A DA SILVA MANUAL DE DIREITOS DO CONSUMIDOR PARA OAB Sou advogado, atuante na área de Direitos do Consumidor, formado pela Universidade Estácio de Sá. Com a finalidade de manter um material sempre atualizado e gratuito, elaborei essa obra, que é fruto de uma série de apostilas sobre Direitos do Consumidor publicado em um grupo no facebook. Email: [email protected]

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Manual de Direito Do Consumidor

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Page 1: Manual de Direito Do Consumidor Para OAB - Gláuber Moreira Barbosa Da Silva - 2015

2015

GLAUBER MOREIRA BARBOS A DA SILVA

MANUAL DE DIREITOS DO CONSUMIDOR PARA OAB

Sou advogado, atuante na área de Direitos

do Consumidor, formado pela Universidade

Estácio de Sá.

Com a finalidade de manter um material

sempre atualizado e gratuito, elaborei essa obra,

que é fruto de uma série de apostilas sobre

Direitos do Consumidor publicado em um grupo

no facebook.

Email: [email protected]

Page 2: Manual de Direito Do Consumidor Para OAB - Gláuber Moreira Barbosa Da Silva - 2015

SUMÁRIO

Conteúdo

1. INTRODUÇÃO ......................................................................... 5

2. DIREITOS FUNDAMENTAIS .................................................... 5

3. A INTERVENÇÃO DO ESTADO ................................................ 5

4. COMPETÊNCIA LEGISLATIVA NA ESFERA DOS DIREITOS DO

CONSUMIDOR ............................................................................. 6

5. JURISPRUDÊNCIA ................................................................... 7

6. NATUREZA JURÍDICA DAS NORMAS DO CÓDIGO DE DEFESA

DO CONSUMIDOR ....................................................................... 9

7. PRINCÍPIO DA VULNERABILIDADE DO CONSUMIDOR ........... 9

8. TIPOS DE VULNERABILIDADES DO CONSUMIDOR ................ 9

9. CONCEITO DE CONSUMIDOR ............................................... 10

10. CONSUMIDORES POR EQUIPARAÇÃO .............................. 11

11. FORNECEDOR, PRODUTO E SERVIÇO ................................ 12

12. JURISPRUDÊNCIA .............................................................. 13

13. OBJETIVOS ......................................................................... 16

14. EXECUÇÃO DA POLÍTICA NACIONAL DE RELAÇÕES DE

CONSUMO ................................................................................. 17

15. DIREITOS BÁSICOS DO CONSUMIDOR ESTABELECIDO NA

CONSTITUIÇÃO FEDERAL ........................................................... 19

16. PROTEÇÃO À SAÚDE E SEGURANÇA ................................. 20

17. DIREITOS À EDUCAÇÃO E INFORMAÇÃO .......................... 22

18. MODIFICAÇÃO E REVISÃO DOS CONTRATOS ................... 23

19. PREVENÇÃO E REPARAÇÃO DOS DANOS .......................... 23

20. PRESTAÇÃO DOS SERVIÇOS PÚBLICOS ............................. 24

Page 3: Manual de Direito Do Consumidor Para OAB - Gláuber Moreira Barbosa Da Silva - 2015

21. INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA ....................................... 26

22. OUTRAS PROTEÇÕES ESTABELECIDAS NO ARTIGO 6º DO

CDC 26

23. JURISPRUDÊNCIA .............................................................. 28

24. NEXO DE CAUSALIDADE E DANOS .................................... 34

25. DEFEITO E VÍCIO ................................................................ 41

26. DEFEITO DO PRODUTO E A RESPONSABILIDADE DO

COMERCIANTE .......................................................................... 41

27. CAUSAS EXCLUDENTES DE RESPONSABILIDADE ............... 43

28. DEFEITO DE SERVIÇO ......................................................... 44

29. VÍCIO DO PRODUTO E DO SERVIÇO .................................. 45

30. PRAZO DECADENCIAL E PRESCRICIONAL .......................... 49

31. JURISPRUDÊNCIA .............................................................. 50

32. OFERTA .............................................................................. 61

33. PUBLICIDADE ..................................................................... 70

33. PRÁTICAS ABUSIVAS ......................................................... 71

34. REPETIÇÃO DO INDÉBITO .................................................. 74

35. BANCO DE DADOS E CADASTRO DE CONSUMIDORES ...... 75

36. JURISPRUDÊNCIA .............................................................. 86

37. INTRODUÇÃO .................................................................... 89

38. DISPOSIÇÕES GERAIS DA PROTEÇÃO CONTRATUAL......... 90

39. CLÁUSULAS ABUSIVAS ...................................................... 92

40. CONTRATO DE ADESÃO .................................................... 96

41. JURISPRUDÊNCIA .............................................................. 97

43. DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA ...... 103

Page 4: Manual de Direito Do Consumidor Para OAB - Gláuber Moreira Barbosa Da Silva - 2015

44. DISPOSIÇÕES GERAIS DA DEFESA DO CONSUMIDOR EM

JUÍZO E A LEI DE AÇÃO CIVIL PÚBLICA .................................... 105

45. AÇÕES COLETIVAS PARA DEFESA DE DIREITOS INDIVIDUAIS

HOMOGÊNIOS ......................................................................... 117

46. AS AÇÕES DE RESPONSABILIDADE DO FORNECEDOR DE

PRODUTOS E SERVIÇOS ........................................................... 120

47. COISA JULGADA .............................................................. 121

48. SISTEMA NACIONAL DE DEFESA DO CONSUMIDOR - SNDC

123

49. A CONVENÇÃO COLETIVA DE CONSUMO ....................... 126

50. DISPOSIÇÕES FINAIS ....................................................... 127

51. SANÇÕES ADMINISTRATIVAS.......................................... 129

52. INFRAÇÕES PENAIS NO CÓDIGO DE DEFESA DO

CONSUMIDOR ......................................................................... 134

Page 5: Manual de Direito Do Consumidor Para OAB - Gláuber Moreira Barbosa Da Silva - 2015

1. INTRODUÇÃO

Inicialmente o adquirente de produtos e serviços

contava apenas com a proteção do antigo Código Civil de 1916 e

com a Lei que disciplinava os crimes contra a economia popular,

Lei 1.521/51.

Com a Constituição Federal de 1988 e o Código de

Defesa do Consumidor o adquirente de produtos e serviços

passou a contar com uma proteção maior.

2. DIREITOS FUNDAMENTAIS

Os direitos fundamentais do consumidor encontram

respaldo na norma constitucional estabelecida no artigo 5º da

Constituição Federal.

Artigo 5º (...)

XXXII - o Estado promoverá, na forma da lei, a defesa do

consumidor;

Veja que o poder constituinte originário impôs ao

Estado o dever de legislar sobre a Defesa do Consumidor,

entretanto, a referida lei só foi criada em 1990.

Ademais, consumir é um direito fundamental,

conforme explica a doutrina.

3. A INTERVENÇÃO DO ESTADO

O Direito do consumidor pertence aos direitos de

terceira geração. Vejamos o que dispõe o artigo 170, V da

Constituição Federal.

Page 6: Manual de Direito Do Consumidor Para OAB - Gláuber Moreira Barbosa Da Silva - 2015

Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização do

trabalho humano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a

todos existência digna, conforme os ditames da justiça social,

observados os seguintes princípios:

(...)

V - defesa do consumidor;

Por isso, o Direito do Consumidor representa uma

forma de intervenção do Estado no domínio econômico

necessária para garantir a defesa dos consumidores.

4. COMPETÊNCIA LEGISLATIVA NA ESFERA DOS DIREITOS DO

CONSUMIDOR

Quando se fala em competência, devemos lembrar

que a União Federal institui regras gerais, ou seja, normas de

interesse geral. Por outro lado, os Estados-membros completam

as normas gerais ou legislam na ausência de lei federal. Por fim,

os Municípios legislam sobre normas de interesse local.

Assim dispõe a Constituição Federal no seu artigo

24:

Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal

legislar concorrentemente sobre:

(...)

V - produção e consumo;

(...)

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VIII - responsabilidade por dano ao meio ambiente, ao

consumidor, a bens e direitos de valor artístico, estético,

histórico, turístico e paisagístico;

(...)

§ 1º - No âmbito da legislação concorrente, a competência da

União limitar-se-á a estabelecer normas gerais.

§ 2º - A competência da União para legislar sobre normas gerais

não exclui a competência suplementar dos Estados.

§ 3º - Inexistindo lei federal sobre normas gerais, os Estados

exercerão a competência legislativa plena, para atender a suas

peculiaridades.

§ 4º - A superveniência de lei federal sobre normas gerais

suspende a eficácia da lei estadual, no que lhe for contrário.

5. JURISPRUDÊNCIA

Além disso, devemos ficar atentos a súmula 19 do

Superior Tribunal de Justiça que dispõe:

A fixação do horário bancário, para atendimento ao publico, é da

competência da união.

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Page 9: Manual de Direito Do Consumidor Para OAB - Gláuber Moreira Barbosa Da Silva - 2015

6. NATUREZA JURÍDICA DAS NORMAS DO CÓDIGO DE

DEFESA DO CONSUMIDOR

O Código de Defesa do Consumidor (CDC)

estabelece normas de ordem pública e interesse social.

Pelo fato do código consumerista possuir normas de

ordem pública e interesse social, existe a possibilidade de o juiz

aplicar as normas do CDC de ofício.

Entretanto, o Superior Tribunal de Justiça (STJ)

editou a súmula 381 que determina que, nos contratos

bancários, é proibida a aplicação de ofício pelo julgador para

conhecer da abusividade de cláusulas.

Portanto, o advogado deverá ter muito cuidado ao

estar diante de uma lide que envolva contratos bancários, pois se

ele não pedir a nulidade das cláusulas abusivas, o juiz não poderá

fazer de ofício, ou seja, sem provocação.

7. PRINCÍPIO DA VULNERABILIDADE DO CONSUMIDOR

Na relação entre o consumidor e fornecedor aquele

é a parte mais frágil da relação.

A doutrina costuma classificar a vulnerabilidade do

consumidor em quatro tipos: a técnica, a jurídica, a econômica e

a informacional.

8. TIPOS DE VULNERABILIDADES DO CONSUMIDOR

Conforme mencionado, a doutrina costuma

classificar a vulnerabilidade do consumidor em quatro tipos: a

técnica, a jurídica, a econômica e a informacional.

Page 10: Manual de Direito Do Consumidor Para OAB - Gláuber Moreira Barbosa Da Silva - 2015

A técnica se refere à ausência de informação

necessária sobre produtos e serviços para a tomada de uma

decisão.

A jurídica existe quando o consumidor não dispõe

de conhecimento sobre as conseqüências jurídicas de uma

decisão na relação de consumo.

A vulnerabilidade econômica existe quando o

fornecedor possui maior poder econômico e, em razão disso, o

consumidor se encontra em uma posição de desvantagem.

Por fim, a vulnerabilidade informacional é verificada

quando o consumidor não possui a informação necessária sobre

o comércio em geral e, por isso, fica em posição de

desvantagem.

Vale lembra que os idosos, as crianças e os

adolescentes são classificados pela doutrina como hiper

vulneráveis.

9. CONCEITO DE CONSUMIDOR

O conceito de Consumidor está estampado no

artigo 2º do CDC.

Art. 2° Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire

ou utiliza produto ou serviço como destinatário final.

Parágrafo único. Equipara-se a consumidor a coletividade de

pessoas, ainda que indetermináveis, que haja intervindo nas

relações de consumo.

Page 11: Manual de Direito Do Consumidor Para OAB - Gláuber Moreira Barbosa Da Silva - 2015

Mas para se obter o sentido exato desse conceito

não basta apenas uma simples leitura, pois a doutrina trouxe três

teorias para explicar o que é consumidor. A teoria finalista,

maximalista e a teoria finalista temperada ou aprofundada.

A teoria finalista diz que consumidor é o que

adquire produto ou serviço para uso próprio.

A teoria maximalista ampliou o conceito

informando que consumidor é aquele que adquire o produto ou

serviço como destinatário final sem fazer exceção.

Por fim, o STJ criou a teoria finalista aprofundada

ou, como alguns preferem temperada, dizendo que consumidor

é aquele que adquire produto ou serviço para uso próprio ou

profissional. Desde que exista vulnerabilidade no caso concreto.

10. CONSUMIDORES POR EQUIPARAÇÃO

Os consumidores por equiparação estão dispostos

no parágrafo 2º do artigo 2º do CDC combinados com os artigos

17 e 29 do mesmo diploma legal. São todos os que estejam

inseridos na relação de consumo por alguma maneira. Vejamos

os artigos.

Art. 2° Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire

ou utiliza produto ou serviço como destinatário final.

Parágrafo único. Equipara-se a consumidor a coletividade de

pessoas, ainda que indetermináveis, que haja intervindo nas

relações de consumo.

SEÇÃO II

Da Responsabilidade pelo Fato do Produto e do Serviço

Page 12: Manual de Direito Do Consumidor Para OAB - Gláuber Moreira Barbosa Da Silva - 2015

Art. 17. Para os efeitos desta Seção, equiparam-se aos

consumidores todas as vítimas do evento.

CAPÍTULO V

Das Práticas Comerciais

Art. 29. Para os fins deste Capítulo e do seguinte, equiparam-se

aos consumidores todas as pessoas determináveis ou não,

expostas às práticas nele previstas.

CAPÍTULO VI

Da Proteção Contratual

11. FORNECEDOR, PRODUTO E SERVIÇO

O conceito de fornecedor, produto e serviço pode

ser extraído do artigo 3º do CDC.

Art. 3° Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública ou

privada, nacional ou estrangeira, bem como os entes

despersonalizados, que desenvolvem atividade de produção,

montagem, criação, construção, transformação, importação,

exportação, distribuição ou comercialização de produtos ou

prestação de serviços.

§ 1° Produto é qualquer bem, móvel ou imóvel, material ou

imaterial.

§ 2° Serviço é qualquer atividade fornecida no mercado de

consumo, mediante remuneração, inclusive as de natureza

bancária, financeira, de crédito e securitária, salvo as

decorrentes das relações de caráter trabalhista.

Page 13: Manual de Direito Do Consumidor Para OAB - Gláuber Moreira Barbosa Da Silva - 2015

Vale lembrar que, em regra, fornecedor é aquele

que coloca no mercado produto ou serviço de forma onerosa e

com habitualidade, sendo irrelevante se aferiu lucro ou não.

Ademais, devemos ficar atento ao chamado

onerosidade indireta, que ocorre, por exemplo, quando um

mercado cria um estacionamento “grátis” na frente do seu

estabelecimento. Nesse caso, o mercado ganha de forma

indireta.

12. JURISPRUDÊNCIA

Vejamos as principais jurisprudências sobre o tema:

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13. OBJETIVOS

A Política Nacional de Relações de Consumo está

disciplinada no artigo 4º do Código de Defesa do Consumidor.

Art. 4º A Política Nacional das Relações de Consumo tem por

objetivo o atendimento das necessidades dos consumidores, o

respeito à sua dignidade, saúde e segurança, a proteção de seus

interesses econômicos, a melhoria da sua qualidade de vida, bem

como a transparência e harmonia das relações de consumo,

atendidos os seguintes princípios: (Redação dada pela Lei nº

9.008, de 21.3.1995)

I - reconhecimento da vulnerabilidade do consumidor no

mercado de consumo;

II - ação governamental no sentido de proteger

efetivamente o consumidor:

a) por iniciativa direta;

b) por incentivos à criação e desenvolvimento de

associações representativas;

c) pela presença do Estado no mercado de consumo;

d) pela garantia dos produtos e serviços com padrões

adequados de qualidade, segurança, durabilidade e

desempenho.

III - harmonização dos interesses dos participantes das

relações de consumo e compatibilização da proteção do

consumidor com a necessidade de desenvolvimento econômico

e tecnológico, de modo a viabilizar os princípios nos quais se

funda a ordem econômica (art. 170, da Constituição Federal),

Page 17: Manual de Direito Do Consumidor Para OAB - Gláuber Moreira Barbosa Da Silva - 2015

sempre com base na boa-fé e equilíbrio nas relações entre

consumidores e fornecedores;

IV - educação e informação de fornecedores e

consumidores, quanto aos seus direitos e deveres, com vistas à

melhoria do mercado de consumo;

V - incentivo à criação pelos fornecedores de meios

eficientes de controle de qualidade e segurança de produtos e

serviços, assim como de mecanismos alternativos de solução de

conflitos de consumo;

VI - coibição e repressão eficientes de todos os abusos

praticados no mercado de consumo, inclusive a concorrência

desleal e utilização indevida de inventos e criações industriais

das marcas e nomes comerciais e signos distintivos, que possam

causar prejuízos aos consumidores;

VII - racionalização e melhoria dos serviços públicos;

VIII - estudo constante das modificações do mercado de

consumo.

Vale lembrar, que neste mesmo artigo o legislador

elenca oito princípios, que estão dispostos nos incisos, aplicados

na relação de consumo.

Quando esse assunto aparece em prova, o

examinador exige apenas o domínio do texto literal. Por isso,

basta uma simples leitura.

14. EXECUÇÃO DA POLÍTICA NACIONAL DE RELAÇÕES DE

CONSUMO

Os instrumentos para a execução da política

nacional de relações de consumo estão disciplinados no artigo 5º

Page 18: Manual de Direito Do Consumidor Para OAB - Gláuber Moreira Barbosa Da Silva - 2015

do CDC, mas o rol não é taxativo, pois o diploma consumerista

informa que os instrumentos ali elencados não são os únicos.

Podemos deduzir isso quando o legislador utiliza a expressão

“entre outros”. Vejamos:

Art. 5° Para a execução da Política Nacional das Relações de

Consumo, contará o poder público com os seguintes

instrumentos, entre outros:

I - manutenção de assistência jurídica, integral e gratuita

para o consumidor carente;

II - instituição de Promotorias de Justiça de Defesa do

Consumidor, no âmbito do Ministério Público;

III - criação de delegacias de polícia especializadas no

atendimento de consumidores vítimas de infrações penais de

consumo;

IV - criação de Juizados Especiais de Pequenas Causas e

Varas Especializadas para a solução de litígios de consumo;

V - concessão de estímulos à criação e desenvolvimento das

Associações de Defesa do Consumidor.

Vale lembrar que hoje não se fala em Juizados

Especiais de Pequenas Causa, mas em Juizado Especiais. Os

juizados especiais podem ser os estaduais, federais e os da

fazenda pública.

O estudo desses cinco incisos é importante, pois o

examinador pode resolver elaborar uma questão envolvendo

esse assunto.

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Por fim, quero esclarecer que o estudo de como

funciona os Juizados Especiais faz parte do campo do Direito

Processual Civil.

15. DIREITOS BÁSICOS DO CONSUMIDOR ESTABELECIDO

NA CONSTITUIÇÃO FEDERAL

Os direitos básicos do consumidor também estão

elencados a nível constitucional no artigo 6º da nossa

Constituição.

Art. 6º São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o

trabalho, a moradia, o lazer, a segurança, a previdência social, a

proteção à maternidade e à infância, a assistência aos

desamparados, na forma desta Constituição. (Redação dada pela

Emenda Constitucional nº 64, de 2010)

Page 20: Manual de Direito Do Consumidor Para OAB - Gláuber Moreira Barbosa Da Silva - 2015

Portanto além da proteção estabelecida no CDC, o

consumidor também poderá invocar o Direito Constitucional

Fundamental estabelecido no artigo acima mencionado.

16. PROTEÇÃO À SAÚDE E SEGURANÇA

A saúde e segurança do consumidor estão inseridas

na proteção constitucional estabelecida no artigo 6º acima

mencionado, mas, no entanto, o CDC regulamenta essa proteção

de forma mais específica nos artigos 8 ao 10º do CDC. Vejamos:

Art. 8° Os produtos e serviços colocados no mercado de

consumo não acarretarão riscos à saúde ou segurança dos

consumidores, exceto os considerados normais e previsíveis em

decorrência de sua natureza e fruição, obrigando-se os

fornecedores, em qualquer hipótese, a dar as informações

necessárias e adequadas a seu respeito.

Parágrafo único. Em se tratando de produto industrial, ao

fabricante cabe prestar as informações a que se refere este

artigo, através de impressos apropriados que devam

acompanhar o produto.

Art. 9° O fornecedor de produtos e serviços potencialmente

nocivos ou perigosos à saúde ou segurança deverá informar, de

maneira ostensiva e adequada, a respeito da sua nocividade ou

periculosidade, sem prejuízo da adoção de outras medidas

cabíveis em cada caso concreto.

Art. 10. O fornecedor não poderá colocar no mercado de

consumo produto ou serviço que sabe ou deveria saber

apresentar alto grau de nocividade ou periculosidade à saúde ou

segurança.

Page 21: Manual de Direito Do Consumidor Para OAB - Gláuber Moreira Barbosa Da Silva - 2015

§ 1° O fornecedor de produtos e serviços que,

posteriormente à sua introdução no mercado de consumo, tiver

conhecimento da periculosidade que apresentem, deverá

comunicar o fato imediatamente às autoridades competentes e

aos consumidores, mediante anúncios publicitários.

§ 2° Os anúncios publicitários a que se refere o parágrafo

anterior serão veiculados na imprensa, rádio e televisão, às

expensas do fornecedor do produto ou serviço.

§ 3° Sempre que tiverem conhecimento de periculosidade

de produtos ou serviços à saúde ou segurança dos consumidores,

a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios deverão

informá-los a respeito.

Pode-se verificar nessa simples leitura a previsão da

proteção a vida, saúde e segurança contra os riscos por práticas

no fornecimento de produtos e serviços considerados perigosos

e nocivos.

Ademais, devemos lembra que a ausência de

informação sobre o perigo do produto constitui crime conforme

a previsão dos artigos 61 e 63 do Código de Defesa do

Consumidor.

Art. 61. Constituem crimes contra as relações de consumo

previstas neste código, sem prejuízo do disposto no Código Penal

e leis especiais, as condutas tipificadas nos artigos seguintes.

(...)

Art. 63. Omitir dizeres ou sinais ostensivos sobre a nocividade ou

periculosidade de produtos, nas embalagens, nos invólucros,

recipientes ou publicidade:

Page 22: Manual de Direito Do Consumidor Para OAB - Gláuber Moreira Barbosa Da Silva - 2015

Pena - Detenção de seis meses a dois anos e multa.

§ 1° Incorrerá nas mesmas penas quem deixar de alertar,

mediante recomendações escritas ostensivas, sobre a

periculosidade do serviço a ser prestado.

§ 2° Se o crime é culposo:

Pena Detenção de um a seis meses ou multa.

(...)

Vale lembrar que o crime existe tanto na

modalidade dolosa como culposa.

17. DIREITOS À EDUCAÇÃO E INFORMAÇÃO

Esses direitos básicos estão elencados nos incisos II

e III do artigo 6º do CDC.

Art. 6º São direitos básicos do consumidor:

(...)

II - a educação e divulgação sobre o consumo adequado dos

produtos e serviços, asseguradas a liberdade de escolha e a

igualdade nas contratações;

III - a informação adequada e clara sobre os diferentes produtos

e serviços, com especificação correta de quantidade,

características, composição, qualidade, tributos incidentes e

preço, bem como sobre os riscos que apresentem; (Redação

dada pela Lei nº 12.741, de 2012)

Page 23: Manual de Direito Do Consumidor Para OAB - Gláuber Moreira Barbosa Da Silva - 2015

Gostaria de destacar que além das informações

mencionadas no inciso II do artigo 6º do CDC, podem constar

selos ambientais, manuais de instruções, Serviços de

Atendimento ao Consumidor (SAC), dentre outros.

18. MODIFICAÇÃO E REVISÃO DOS CONTRATOS

Para tratar sobre esse tema deveremos ler o artigo

6º, V do CDC.

Art. 6º São direitos básicos do consumidor:

(...)

V - a modificação das cláusulas contratuais que estabeleçam

prestações desproporcionais ou sua revisão em razão de fatos

supervenientes que as tornem excessivamente onerosas;

A diferença entre a previsão do Código Civil no

artigo 478 e o CDC é que, no Direito Civil, para que haja a revisão

contratual a lei exige além do fato superveniente após a

assinatura do contrato, que o fato que deu causa a revisão

contratual seja extraordinário e imprevisível.

Ademais, vale lembrar que o CDC também não

exige que haja a vantagem para outra parte em razão da

onerosidade excessiva do consumidor.

19. PREVENÇÃO E REPARAÇÃO DOS DANOS

Page 24: Manual de Direito Do Consumidor Para OAB - Gláuber Moreira Barbosa Da Silva - 2015

O CDC traz o princípio da prevenção e reparação

dos danos decorrentes de danos de natureza patrimonial, moral,

individual, coletivo ou na forma difusa, conforme se verifica no

artigo 6º, VI do CDC.

Art. 6º São direitos básicos do consumidor:

(...)

VI - a efetiva prevenção e reparação de danos patrimoniais e

morais, individuais, coletivos e difusos;

20. PRESTAÇÃO DOS SERVIÇOS PÚBLICOS

A forma como deve ser prestado os serviços

públicos está disciplinada no CDC.

Art. 6º São direitos básicos do consumidor:

X - a adequada e eficaz prestação dos serviços públicos em geral.

(...)

Art. 22. Os órgãos públicos, por si ou suas empresas,

concessionárias, permissionárias ou sob qualquer outra forma de

empreendimento, são obrigados a fornecer serviços adequados,

eficientes, seguros e, quanto aos essenciais, contínuos.

Parágrafo único. Nos casos de descumprimento, total ou

parcial, das obrigações referidas neste artigo, serão as pessoas

jurídicas compelidas a cumpri-las e a reparar os danos causados,

na forma prevista neste código.

Quando se fala em prestação de serviços de

serviços contínuos, surge a seguinte pergunta: Se o indivíduo

Page 25: Manual de Direito Do Consumidor Para OAB - Gláuber Moreira Barbosa Da Silva - 2015

deixa de pagar a conta de luz ou de água, é possível que haja

corte no fornecimento?

O STJ entende que sim, mas será necessário que

seja avisado com antecedência sob pena de configurar cobrança

vexatória, que deverá ser ressarcida por danos morais causados.

A norma que fundamenta essa medida encontra-se

no artigo 6º da lei 8987/95 que dispõe sobre o regime de

concessão e permissão da prestação de serviços públicos

previsto no art. 175 da Constituição Federal, e dá outras

providências.

Art. 6o Toda concessão ou permissão pressupõe a prestação de

serviço adequado ao pleno atendimento dos usuários, conforme

estabelecido nesta Lei, nas normas pertinentes e no respectivo

contrato.

§ 1o Serviço adequado é o que satisfaz as condições de

regularidade, continuidade, eficiência, segurança, atualidade,

generalidade, cortesia na sua prestação e modicidade das tarifas.

§ 2o A atualidade compreende a modernidade das técnicas,

do equipamento e das instalações e a sua conservação, bem

como a melhoria e expansão do serviço.

§ 3o Não se caracteriza como descontinuidade do serviço a

sua interrupção em situação de emergência ou após prévio aviso,

quando:

I - motivada por razões de ordem técnica ou de segurança

das instalações; e,

Page 26: Manual de Direito Do Consumidor Para OAB - Gláuber Moreira Barbosa Da Silva - 2015

II - por inadimplemento do usuário, considerado o interesse

da coletividade.(grifo nosso)

21. INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA

Trata-se de um direito de ordem processual, que

encontra guarida no artigo 6º, VIII do CDC.

Art. 6º São direitos básicos do consumidor:

(...)

VIII - a facilitação da defesa de seus direitos, inclusive com a

inversão do ônus da prova, a seu favor, no processo civil,

quando, a critério do juiz, for verossímil a alegação ou quando

for ele hipossuficiente, segundo as regras ordinárias de

experiências;

Ou seja, o juiz de ofício poderá obrigar que o

fornecedor prove o que o consumidor alegou. Fato que não

ocorre quando não há relação de consumo.

22. OUTRAS PROTEÇÕES ESTABELECIDAS NO ARTIGO 6º

DO CDC

O CDC estabelece vários direitos básicos do

consumidor, entre eles vale destacar os mencionados nos incisos

I, IV e VII.

Art. 6º São direitos básicos do consumidor:

I - a proteção da vida, saúde e segurança contra os riscos

provocados por práticas no fornecimento de produtos e serviços

considerados perigosos ou nocivos;

Page 27: Manual de Direito Do Consumidor Para OAB - Gláuber Moreira Barbosa Da Silva - 2015

II - a educação e divulgação sobre o consumo adequado dos

produtos e serviços, asseguradas a liberdade de escolha e a

igualdade nas contratações;

III - a informação adequada e clara sobre os diferentes

produtos e serviços, com especificação correta de quantidade,

características, composição, qualidade, tributos incidentes e

preço, bem como sobre os riscos que apresentem; (Redação

dada pela Lei nº 12.741, de 2012) Vigência

IV - a proteção contra a publicidade enganosa e abusiva,

métodos comerciais coercitivos ou desleais, bem como contra

práticas e cláusulas abusivas ou impostas no fornecimento de

produtos e serviços;

V - a modificação das cláusulas contratuais que estabeleçam

prestações desproporcionais ou sua revisão em razão de fatos

supervenientes que as tornem excessivamente onerosas;

VI - a efetiva prevenção e reparação de danos patrimoniais e

morais, individuais, coletivos e difusos;

VII - o acesso aos órgãos judiciários e administrativos com

vistas à prevenção ou reparação de danos patrimoniais e morais,

individuais, coletivos ou difusos, assegurada a proteção Jurídica,

administrativa e técnica aos necessitados;

VIII - a facilitação da defesa de seus direitos, inclusive com a

inversão do ônus da prova, a seu favor, no processo civil,

quando, a critério do juiz, for verossímil a alegação ou quando

for ele hipossuficiente, segundo as regras ordinárias de

experiências;

IX - (Vetado);

Page 28: Manual de Direito Do Consumidor Para OAB - Gláuber Moreira Barbosa Da Silva - 2015

X - a adequada e eficaz prestação dos serviços públicos em

geral.

O inciso I já foi comentado. O inciso IV dispõe que o

consumidor deve ser protegido contra a publicidade enganosa e

abusiva, métodos comerciais coercitivos ou desleais, bem como

contra práticas e cláusulas abusivas ou impostas no

fornecimento de produtos e serviços;

O VII se refere ao acesso a justiça, no sentido de

facilitação dos seus direitos, quando o consumidor recorre aos

órgãos do poder judiciário. Além disso prevê a possibilidade do

consumidor recorrer aos órgãos administrativos para a defesa

dos seus direitos. Por isso vale destacar a função das delegacias

especializadas, defensorias públicas, promotoria de justiça e

outros, em todas as esferas do governo.

23. JURISPRUDÊNCIA

Para aprofundar o assunto, vejamos o voto do

relator em uma decisão do STJ julgada em novembro de 2014 e

publicada em dezembro do mesmo ano.

AgRg no RECURSO ESPECIAL Nº 1.482.442 - TO

(2014/0239036-9) RELATOR : MINISTRO ANTONIO CARLOS

FERREIRA AGRAVANTE : BRASIL TELECOM S/A ADVOGADOS :

ANA TEREZA PALHARES BASÍLIO BÁRBARA VAN DER BROOCK DE

CASTRO BRUNO DI MARINO E OUTRO(S) AGRAVADO : JADIEL

ARAUJO REIS ADVOGADOS : WILTON BATISTA WILTON BATISTA

FILHO E OUTRO(S)

VOTO O EXMO. SR. MINISTRO ANTONIO CARLOS FERREIRA

(Relator):

Page 29: Manual de Direito Do Consumidor Para OAB - Gláuber Moreira Barbosa Da Silva - 2015

A insurgência não merece ser acolhida. Correta a decisão que

negou seguimento ao recurso especial. A agravante não trouxe

nenhum argumento capaz de afastar os termos da decisão

agravada, motivo pelo qual deve ser mantida por seus próprios

fundamentos (e-STJ fls. 496/498): "Inicialmente, revela-se ser

descabida a alegação de ofensa ao art. 535, II, do Código de

Processo Civil. A jurisprudência desta Casa é pacífica ao

proclamar que, se os fundamentos adotados bastam para

justificar o concluído na decisão - situação facilmente constatável

in casu -, o julgador não está obrigado a rebater, um a um, os

argumentos suscitados pela parte em Embargos Declaratórios,

cuja rejeição, nesse contexto, não implica contrariedade ao

artigo 535 do CPC. Precedentes: AgRg no AREsp 55.751/RS, 3ª

Turma, Rel. Ministro Paulo de Tarso Sanseverino, DJe

14/06/2013; AgRg no REsp 1311126/RJ, 1ª Turma, Rel. Ministro

Napoleão Nunes Maia Filho, DJe 22/05/2013; REsp 1244950/RJ,

3ª Turma, Rel. Ministro Sidnei Beneti, DJe 19/12/2012; e EDcl no

AgRg nos EREsp 934.728/AL, Corte Especial, Rel. Ministro Luiz

Fux, DJe 29/10/2009. No mérito, é pacífico o entendimento

desta e. Corte Superior de que a discussão quanto à inversão do

ônus da prova, nos termos do art. 6º, VIII, do Código de Defesa

do Consumidor, demanda necessariamente a reavaliação de

fatos e provas, o que encontra óbice na Súmula 7/STJ. Neste

sentido, cito os seguintes precedentes: "PROCESSUAL CIVIL.

ADMINISTRATIVO. INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA.

NECESSIDADE DE REEXAME PROBATÓRIO. SÚMULA 7/STJ. 1. O

art. 6º, VIII, do CDC inclui no rol dos direitos básicos do

consumidor "a facilitação da defesa de seus direitos, inclusive

com a inversão do ônus da prova, a seu favor, no processo civil,

quando, a critério do juiz, for verossímil a alegação ou quando

for ele hipossuficiente, segundo as regras ordinárias de

Page 30: Manual de Direito Do Consumidor Para OAB - Gláuber Moreira Barbosa Da Silva - 2015

experiências". Precedente: REsp 773.171/RN, Rel. Ministro

Herman Benjamin, Segunda Turma, julgado em 20/8/2009, DJe

15/12/2009. 2. No caso, em que se busca reparação por danos

morais decorrente da inserção do nome de consumidor no

cadastro de inadimplentes, o Tribunal de origem concluiu pela

inviabilidade de inversão do ônus da prova, tendo em vista não

haver prova mínima que sustente as alegações autorais. 3. Para

reformar o aresto prolatado pela Instância regional, seria

necessária análise profunda dos fatos e das provas carreados aos

autos. A revisão de acórdão que exige perquirir o acervo fático-

probatório dos autos, como na espécie em análise, não pode ser

feita pelo STJ, no recurso especial. Inteligência da Súmula 7/STJ.

Documento: 41821257 - RELATÓRIO, EMENTA E VOTO - Site

certificado Página 3 de 5Superior Tribunal de Justiça 4. Agravo

regimental não provido." (AgRg no AREsp 227.012/RJ, 2ª Turma ,

Rel. Min. Castro Meira, DJe 26/10/2012). "AGRAVO REGIMENTAL

EM AGRAVO REGIMENTAL EM RECURSO ESPECIAL. AÇÃO DE

REVISÃO DE CONTRATO BANCÁRIOCOMPEDIDO DE

INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS. INVERSÃO DO ÔNUS DA

PROVA. JUROS REMUNERATÓRIOS E COMISSÃO DE

PREMANÊNCIA. ACÓRDÃO FUNDADO NOS ELEMENTOS FÁTICOS

DOS AUTOS E INTERPRETAÇÃO DE CLÁUSULAS CONTRATUAIS.

SÚMULAS 05/STJ E 07/STJ. AGRAVO REGIMENTAL NÃO

PROVIDO. 1. Não há falar em violação ao art. 535 do CPC se o

acórdão recorrido, julgando integralmente a causa, deu aos

dispositivos de regência a interpretação que, sob sua ótica, se

coaduna com a espécie. O fato de não ser a que mais satisfaça a

recorrente não tem o condão de macular a decisão atacada, a

ponto de determinar provimento jurisdicional desta Corte, no

sentido de volver os autos à instância de origem para que lá seja

suprida falta inexistente.(Precedentes). 2. Para a conclusão do

Page 31: Manual de Direito Do Consumidor Para OAB - Gláuber Moreira Barbosa Da Silva - 2015

acórdão recorrido foi necessário a interpretação de cláusula

contratual e o reexame dos elementos fáticos carreados aos

autos. Incidência das Súmulas 05/STJ e 07/STJ. 3. Apesar da

relação jurídica existente entre o contratante e a instituição

financeira ser disciplinada pelo Código de Defesa do Consumidor,

a análise da necessidade, ou não, da inversão do ônus da prova,

nos termos do art. 6º, VIII, do CDC, é tarefa afeita às instâncias

ordinárias, responsáveis pela análise quanto às condições de

verossimilhança da alegação e de hipossuficiência, segundo as

regras ordinárias da experiência e dependente do exame fático-

probatório dos autos. Rever a conclusão do Tribunal de origem

demandaria o reexame de provas, conduta vedada ante o óbice

da Súmula 7/STJ. 4. A jurisprudência desta Corte é assente no

sentido de que os juros remuneratórios cobrados pelas

instituições financeiras não sofrem a limitação imposta pelo

Decreto nº 22.626/33, de forma que a abusividade do percentual

pactuado deve ser cabalmente demonstrada em cada caso, com

a comprovação do desequilíbrio contratual ou de lucros

excessivos, sendo insuficiente o só fato de a estipulação

ultrapassar 12% ao ano ou de haver estabilidade inflacionária no

período. 5. Agravo regimental a que se nega provimento com

aplicação de multa." (AgRg no AgRg no AREsp 34.358/RS, 4ª

Turma , Rel. Min. Luis Felipe Salomão , DJe 22/05/2012).

"AGRAVO REGIMENTAL. AGRAVO DE INSTRUMENTO. AÇÃO DE

INDENIZAÇÃO. ROUBO DE BENS DEPOSITADOS EM COFRE DE

ALUGUEL. INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA. PRESSUPOSTOS.

REEXAME DE MATÉRIA DE FATO. CONTRATO DE ALUGUEL.

SÚMULA 5 DO STJ. DANO MORAL. CABIMENTO. 1. Inversão do

ônus probatório, com base no Código do Consumidor, cuja

revisão, no caso, implicaria necessidade de reexame do conjunto

fático e probatório dos autos, vedado pelo enunciado 7 da

Page 32: Manual de Direito Do Consumidor Para OAB - Gláuber Moreira Barbosa Da Silva - 2015

Súmula do STJ. 2. Na linha de precedentes do STJ, a subtração de

jóias de família e outros pertences guardados em cofre de

aluguel justifica a indenização por dano moral. 3. Agravo

regimental a que se nega provimento." (AgRg no Ag 1253520/SP,

4ª Turma , Rel. Ministra Maria Isabel Gallotti , DJe 10/04/2012).

"AGRAVO REGIMENTAL EM RECURSO ESPECIAL - Documento:

41821257 - RELATÓRIO, EMENTA E VOTO - Site certificado Página

4 de 5Superior Tribunal de Justiça RESPONSABILIDADE CIVIL -

AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS E MATERIAIS -

CONTRATO DE EMPREITADA - PARTE CONTRATANTE -

PAGAMENTO PARCIAL - 1. DISCUSSÃO ACERCA DA

APLICABILIDADE DO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR PARA

FINS DE INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA - ACÓRDÃO RECORRIDO

QUE DIRIMIU A CONTROVÉRSIA AFIRMANDO A PARIDADE DE

FORÇAS ENTRE AS PARTES CONTRATANTES - REFORMA DO

JULGADO - NECESSIDADE DO REENFRENTAMENTO DOS FATOS

DA CAUSA - APLICAÇÃO DA SÚMULA 7/STJ - 2. AGRAVO

REGIMENTAL DESPROVIDO." (AgRg no REsp 1108021/RN, 4ª

Turma , Rel. Min. Marco Buzzi, DJe 22/02/2012). Ante o exposto,

com fundamento no art. 557, caput, do CPC c/c art. 1º, I, b, da

Resolução do STJ n.º 17/2013, nego seguimento ao recurso

especial. P. e I." (grifo no original.) Não há ofensa ao art. 535, II,

do CPC, pois o Tribunal a quo pronunciou-se, de forma clara e

suficiente, sobre a questão suscitada nos autos. Ademais, o

magistrado não está obrigado a rebater, um a um, os

argumentos trazidos pela parte, desde que os fundamentos

utilizados tenham sido suficientes para embasar a decisão, ainda

que em sentido diverso do sustentado pela parte, como de fato

ocorreu na hipótese dos autos. No que se refere à inversão do

ônus da prova, inafastável a incidência da Súmula n. 7/STJ. O

TJTO, analisando as circunstâncias fáticas do caso, concluiu

Page 33: Manual de Direito Do Consumidor Para OAB - Gláuber Moreira Barbosa Da Silva - 2015

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terem sido preenchidos os requisitos para a inversão do ônus da

prova (e-STJ fls. 445/446). Para alterar esse entendimento, seria

necessária nova análise dos elementos fáticos dos autos, o que é

incabível em recurso especial. Assim, não prosperam as

alegações constantes no regimental, incapazes de alterar os

fundamentos da decisão impugnada. Diante do exposto, NEGO

PROVIMENTO ao agravo regimental. É como voto.

Page 34: Manual de Direito Do Consumidor Para OAB - Gláuber Moreira Barbosa Da Silva - 2015

24. NEXO DE CAUSALIDADE E DANOS

A responsabilidade civil nas relações de consumo

está regulamentada nos artigos 7º, 12º a 14º, 17º a 25º do CDC.

Antes de passar ao estudo dos próximos tópicos vale a pena a

fazer a leitura dos artigos citados.

Art. 7° Os direitos previstos neste código não excluem outros

decorrentes de tratados ou convenções internacionais de que o

Brasil seja signatário, da legislação interna ordinária, de

regulamentos expedidos pelas autoridades administrativas

competentes, bem como dos que derivem dos princípios gerais

do direito, analogia, costumes e eqüidade.

Parágrafo único. Tendo mais de um autor a ofensa, todos

responderão solidariamente pela reparação dos danos previstos

nas normas de consumo.

Art. 12. O fabricante, o produtor, o construtor, nacional ou

estrangeiro, e o importador respondem, independentemente da

existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos

consumidores por defeitos decorrentes de projeto, fabricação,

construção, montagem, fórmulas, manipulação, apresentação ou

acondicionamento de seus produtos, bem como por informações

insuficientes ou inadequadas sobre sua utilização e riscos.

§ 1° O produto é defeituoso quando não oferece a

segurança que dele legitimamente se espera, levando-se em

consideração as circunstâncias relevantes, entre as quais:

I - sua apresentação;

II - o uso e os riscos que razoavelmente dele se esperam;

III - a época em que foi colocado em circulação.

Page 35: Manual de Direito Do Consumidor Para OAB - Gláuber Moreira Barbosa Da Silva - 2015

§ 2º O produto não é considerado defeituoso pelo fato de

outro de melhor qualidade ter sido colocado no mercado.

§ 3° O fabricante, o construtor, o produtor ou importador só

não será responsabilizado quando provar:

I - que não colocou o produto no mercado;

II - que, embora haja colocado o produto no mercado, o

defeito inexiste;

III - a culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro.

Art. 13. O comerciante é igualmente responsável, nos

termos do artigo anterior, quando:

I - o fabricante, o construtor, o produtor ou o importador

não puderem ser identificados;

II - o produto for fornecido sem identificação clara do seu

fabricante, produtor, construtor ou importador;

III - não conservar adequadamente os produtos perecíveis.

Parágrafo único. Aquele que efetivar o pagamento ao

prejudicado poderá exercer o direito de regresso contra os

demais responsáveis, segundo sua participação na causação do

evento danoso.

Art. 14. O fornecedor de serviços responde,

independentemente da existência de culpa, pela reparação dos

danos causados aos consumidores por defeitos relativos à

prestação dos serviços, bem como por informações insuficientes

ou inadequadas sobre sua fruição e riscos.

Page 36: Manual de Direito Do Consumidor Para OAB - Gláuber Moreira Barbosa Da Silva - 2015

§ 1° O serviço é defeituoso quando não fornece a segurança

que o consumidor dele pode esperar, levando-se em

consideração as circunstâncias relevantes, entre as quais:

I - o modo de seu fornecimento;

II - o resultado e os riscos que razoavelmente dele se

esperam;

III - a época em que foi fornecido.

§ 2º O serviço não é considerado defeituoso pela adoção de

novas técnicas.

§ 3° O fornecedor de serviços só não será responsabilizado

quando provar:

I - que, tendo prestado o serviço, o defeito inexiste;

II - a culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro.

§ 4° A responsabilidade pessoal dos profissionais liberais

será apurada mediante a verificação de culpa.

(...)

Art. 17. Para os efeitos desta Seção, equiparam-se aos

consumidores todas as vítimas do evento.

Art. 18. Os fornecedores de produtos de consumo duráveis ou

não duráveis respondem solidariamente pelos vícios de

qualidade ou quantidade que os tornem impróprios ou

inadequados ao consumo a que se destinam ou lhes diminuam o

valor, assim como por aqueles decorrentes da disparidade, com

a indicações constantes do recipiente, da embalagem, rotulagem

ou mensagem publicitária, respeitadas as variações decorrentes

Page 37: Manual de Direito Do Consumidor Para OAB - Gláuber Moreira Barbosa Da Silva - 2015

de sua natureza, podendo o consumidor exigir a substituição das

partes viciadas.

§ 1° Não sendo o vício sanado no prazo máximo de trinta

dias, pode o consumidor exigir, alternativamente e à sua escolha:

I - a substituição do produto por outro da mesma espécie,

em perfeitas condições de uso;

II - a restituição imediata da quantia paga, monetariamente

atualizada, sem prejuízo de eventuais perdas e danos;

III - o abatimento proporcional do preço.

§ 2° Poderão as partes convencionar a redução ou ampliação

do prazo previsto no parágrafo anterior, não podendo ser

inferior a sete nem superior a cento e oitenta dias. Nos contratos

de adesão, a cláusula de prazo deverá ser convencionada em

separado, por meio de manifestação expressa do consumidor.

§ 3° O consumidor poderá fazer uso imediato das

alternativas do § 1° deste artigo sempre que, em razão da

extensão do vício, a substituição das partes viciadas puder

comprometer a qualidade ou características do produto,

diminuir-lhe o valor ou se tratar de produto essencial.

§ 4° Tendo o consumidor optado pela alternativa do inciso I

do § 1° deste artigo, e não sendo possível a substituição do bem,

poderá haver substituição por outro de espécie, marca ou

modelo diversos, mediante complementação ou restituição de

eventual diferença de preço, sem prejuízo do disposto nos

incisos II e III do § 1° deste artigo.

Page 38: Manual de Direito Do Consumidor Para OAB - Gláuber Moreira Barbosa Da Silva - 2015

§ 5° No caso de fornecimento de produtos in natura, será

responsável perante o consumidor o fornecedor imediato,

exceto quando identificado claramente seu produtor.

§ 6° São impróprios ao uso e consumo:

I - os produtos cujos prazos de validade estejam vencidos;

II - os produtos deteriorados, alterados, adulterados,

avariados, falsificados, corrompidos, fraudados, nocivos à vida

ou à saúde, perigosos ou, ainda, aqueles em desacordo com as

normas regulamentares de fabricação, distribuição ou

apresentação;

III - os produtos que, por qualquer motivo, se revelem

inadequados ao fim a que se destinam.

Art. 19. Os fornecedores respondem solidariamente pelos

vícios de quantidade do produto sempre que, respeitadas as

variações decorrentes de sua natureza, seu conteúdo líquido for

inferior às indicações constantes do recipiente, da embalagem,

rotulagem ou de mensagem publicitária, podendo o consumidor

exigir, alternativamente e à sua escolha:

I - o abatimento proporcional do preço;

II - complementação do peso ou medida;

III - a substituição do produto por outro da mesma espécie,

marca ou modelo, sem os aludidos vícios;

IV - a restituição imediata da quantia paga, monetariamente

atualizada, sem prejuízo de eventuais perdas e danos.

§ 1° Aplica-se a este artigo o disposto no § 4° do artigo

anterior.

Page 39: Manual de Direito Do Consumidor Para OAB - Gláuber Moreira Barbosa Da Silva - 2015

§ 2° O fornecedor imediato será responsável quando fizer a

pesagem ou a medição e o instrumento utilizado não estiver

aferido segundo os padrões oficiais.

Art. 20. O fornecedor de serviços responde pelos vícios de

qualidade que os tornem impróprios ao consumo ou lhes

diminuam o valor, assim como por aqueles decorrentes da

disparidade com as indicações constantes da oferta ou

mensagem publicitária, podendo o consumidor exigir,

alternativamente e à sua escolha:

I - a reexecução dos serviços, sem custo adicional e quando

cabível;

II - a restituição imediata da quantia paga, monetariamente

atualizada, sem prejuízo de eventuais perdas e danos;

III - o abatimento proporcional do preço.

§ 1° A reexecução dos serviços poderá ser confiada a

terceiros devidamente capacitados, por conta e risco do

fornecedor.

§ 2° São impróprios os serviços que se mostrem

inadequados para os fins que razoavelmente deles se esperam,

bem como aqueles que não atendam as normas regulamentares

de prestabilidade.

Art. 21. No fornecimento de serviços que tenham por

objetivo a reparação de qualquer produto considerar-se-á

implícita a obrigação do fornecedor de empregar componentes

de reposição originais adequados e novos, ou que mantenham as

especificações técnicas do fabricante, salvo, quanto a estes

últimos, autorização em contrário do consumidor.

Page 40: Manual de Direito Do Consumidor Para OAB - Gláuber Moreira Barbosa Da Silva - 2015

Art. 22. Os órgãos públicos, por si ou suas empresas,

concessionárias, permissionárias ou sob qualquer outra forma de

empreendimento, são obrigados a fornecer serviços adequados,

eficientes, seguros e, quanto aos essenciais, contínuos.

Parágrafo único. Nos casos de descumprimento, total ou

parcial, das obrigações referidas neste artigo, serão as pessoas

jurídicas compelidas a cumpri-las e a reparar os danos causados,

na forma prevista neste código.

Art. 23. A ignorância do fornecedor sobre os vícios de

qualidade por inadequação dos produtos e serviços não o exime

de responsabilidade.

Art. 24. A garantia legal de adequação do produto ou serviço

independe de termo expresso, vedada a exoneração contratual

do fornecedor.

Art. 25. É vedada a estipulação contratual de cláusula que

impossibilite, exonere ou atenue a obrigação de indenizar

prevista nesta e nas seções anteriores.

§ 1° Havendo mais de um responsável pela causação do

dano, todos responderão solidariamente pela reparação prevista

nesta e nas seções anteriores.

§ 2° Sendo o dano causado por componente ou peça

incorporada ao produto ou serviço, são responsáveis solidários

seu fabricante, construtor ou importador e o que realizou a

incorporação.

Page 41: Manual de Direito Do Consumidor Para OAB - Gláuber Moreira Barbosa Da Silva - 2015

Ou seja, o fornecedor responde independentemente

de dolo ou culpa.

Entretanto existem duas exceções. A primeira se

refere à responsabilidade do profissional liberal que é subjetiva,

conforme dispõe o artigo 14º parágrafo 4º.

A outra exceção é a do comerciante por defeito do

produto, conforme dispõe o artigo 13, pois conforme esse artigo o

comerciante só será solidariamente responsável se ocorrer

algumas das hipóteses dos incisos I ao III.

25. DEFEITO E VÍCIO

Existe diferença entre defeito e vício do produto ou

do serviço. Defeito ocorre quando o problema apresentado

atingir a segurança do consumidor. Por outro lado, o vício é o

problema apresentado pelo produto ou pelo serviço, que atinge

a qualidade ou a quantidade do produto ou do serviço.

Por isso podemos dizer que defeito é acidente de

consumo. Exemplo: Um celular que explode causando dano ao

consumidor ou a terceiros.

26. DEFEITO DO PRODUTO E A RESPONSABILIDADE DO

COMERCIANTE

O fabricante, o produtor, o construtor, nacional ou

estrangeiro, e o importador respondem pelo defeito do produto,

conforme a leitura do artigo 12 do CDC, mas o comerciante só

responde nas hipóteses do artigo 13 do CDC.

Vale lembrar que, conforme o parágrafo único do

artigo 13 do CDC, Aquele que efetivar o pagamento ao

prejudicado poderá exercer o direito de regresso contra os

Page 42: Manual de Direito Do Consumidor Para OAB - Gláuber Moreira Barbosa Da Silva - 2015

demais responsáveis, segundo sua participação na causação do

evento danoso.

Art. 12. O fabricante, o produtor, o construtor, nacional ou

estrangeiro, e o importador respondem, independentemente da

existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos

consumidores por defeitos decorrentes de projeto, fabricação,

construção, montagem, fórmulas, manipulação, apresentação ou

acondicionamento de seus produtos, bem como por informações

insuficientes ou inadequadas sobre sua utilização e riscos.

§ 1° O produto é defeituoso quando não oferece a

segurança que dele legitimamente se espera, levando-se em

consideração as circunstâncias relevantes, entre as quais:

I - sua apresentação;

II - o uso e os riscos que razoavelmente dele se esperam;

III - a época em que foi colocado em circulação.

§ 2º O produto não é considerado defeituoso pelo fato de

outro de melhor qualidade ter sido colocado no mercado.

§ 3° O fabricante, o construtor, o produtor ou importador só

não será responsabilizado quando provar:

I - que não colocou o produto no mercado;

II - que, embora haja colocado o produto no mercado, o

defeito inexiste;

III - a culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro.

Art. 13. O comerciante é igualmente responsável, nos

termos do artigo anterior, quando:

Page 43: Manual de Direito Do Consumidor Para OAB - Gláuber Moreira Barbosa Da Silva - 2015

I - o fabricante, o construtor, o produtor ou o importador

não puderem ser identificados;

II - o produto for fornecido sem identificação clara do seu

fabricante, produtor, construtor ou importador;

III - não conservar adequadamente os produtos perecíveis.

Parágrafo único. Aquele que efetivar o pagamento ao

prejudicado poderá exercer o direito de regresso contra os

demais responsáveis, segundo sua participação na causação do

evento danoso.

27. CAUSAS EXCLUDENTES DE RESPONSABILIDADE

As excludentes estão previstas no CDC no artigo 12,

parágrafo 3º .

§ 3° O fabricante, o construtor, o produtor ou importador só

não será responsabilizado quando provar:

I - que não colocou o produto no mercado;

II - que, embora haja colocado o produto no mercado, o

defeito inexiste;

III - a culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro.

Vale lembrar que a culpa concorrente não possui

previsão, conforme a doutrina e alguns julgados do STJ utilizam

do diálogo das fontes com o Código Civil (CC), ou seja, busca nos

artigos 944 e 945 do CC a solução para a culpa concorrente.

Art. 944. A indenização mede-se pela extensão do dano.

Page 44: Manual de Direito Do Consumidor Para OAB - Gláuber Moreira Barbosa Da Silva - 2015

Parágrafo único. Se houver excessiva desproporção entre a

gravidade da culpa e o dano, poderá o juiz reduzir,

eqüitativamente, a indenização.

Art. 945. Se a vítima tiver concorrido culposamente para o

evento danoso, a sua indenização será fixada tendo-se em conta

a gravidade de sua culpa em confronto com a do autor do dano.

28. DEFEITO DE SERVIÇO

O artigo 14 do CDC regulamenta acerca da

responsabilidade civil por defeito do serviço.

Art. 14. O fornecedor de serviços responde, independentemente

da existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos

consumidores por defeitos relativos à prestação dos serviços,

bem como por informações insuficientes ou inadequadas sobre

sua fruição e riscos.

§ 1° O serviço é defeituoso quando não fornece a segurança

que o consumidor dele pode esperar, levando-se em

consideração as circunstâncias relevantes, entre as quais:

I - o modo de seu fornecimento;

II - o resultado e os riscos que razoavelmente dele se

esperam;

III - a época em que foi fornecido.

§ 2º O serviço não é considerado defeituoso pela adoção de

novas técnicas.

§ 3° O fornecedor de serviços só não será responsabilizado

quando provar:

Page 45: Manual de Direito Do Consumidor Para OAB - Gláuber Moreira Barbosa Da Silva - 2015

I - que, tendo prestado o serviço, o defeito inexiste;

II - a culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro.

§ 4° A responsabilidade pessoal dos profissionais liberais

será apurada mediante a verificação de culpa.

Além do que já foi mencionado, vale ressaltar que

não haverá responsabilidade do serviço quando o defeito não

existir ou quando a culpa for exclusiva do consumidor ou de

terceiro.

O serviço também não será considerado defeituoso

pela adoção de novas técnicas no mercado.

E por fim, o profissional liberal não será

responsabilizado objetivamente, pois a sua responsabilidade será

apurada mediante verificação de culpa em sentido amplo (dolo

ou culpa no sentido estrito, ou seja, negligência (ausência de

conduta), imprudência (falta de dever de cuidado) e imperícia

(erro no desempenho de um ofício).

29. VÍCIO DO PRODUTO E DO SERVIÇO

O vício do produto e do serviço está regulado nos

artigos do CDC que seguem abaixo:

Art. 18. Os fornecedores de produtos de consumo duráveis ou

não duráveis respondem solidariamente pelos vícios de

qualidade ou quantidade que os tornem impróprios ou

inadequados ao consumo a que se destinam ou lhes diminuam o

valor, assim como por aqueles decorrentes da disparidade, com

a indicações constantes do recipiente, da embalagem, rotulagem

ou mensagem publicitária, respeitadas as variações decorrentes

Page 46: Manual de Direito Do Consumidor Para OAB - Gláuber Moreira Barbosa Da Silva - 2015

de sua natureza, podendo o consumidor exigir a substituição das

partes viciadas.

§ 1° Não sendo o vício sanado no prazo máximo de trinta

dias, pode o consumidor exigir, alternativamente e à sua escolha:

I - a substituição do produto por outro da mesma espécie,

em perfeitas condições de uso;

II - a restituição imediata da quantia paga, monetariamente

atualizada, sem prejuízo de eventuais perdas e danos;

III - o abatimento proporcional do preço.

§ 2° Poderão as partes convencionar a redução ou ampliação

do prazo previsto no parágrafo anterior, não podendo ser

inferior a sete nem superior a cento e oitenta dias. Nos contratos

de adesão, a cláusula de prazo deverá ser convencionada em

separado, por meio de manifestação expressa do consumidor.

§ 3° O consumidor poderá fazer uso imediato das

alternativas do § 1° deste artigo sempre que, em razão da

extensão do vício, a substituição das partes viciadas puder

comprometer a qualidade ou características do produto,

diminuir-lhe o valor ou se tratar de produto essencial.

§ 4° Tendo o consumidor optado pela alternativa do inciso I

do § 1° deste artigo, e não sendo possível a substituição do bem,

poderá haver substituição por outro de espécie, marca ou

modelo diversos, mediante complementação ou restituição de

eventual diferença de preço, sem prejuízo do disposto nos

incisos II e III do § 1° deste artigo.

Page 47: Manual de Direito Do Consumidor Para OAB - Gláuber Moreira Barbosa Da Silva - 2015

§ 5° No caso de fornecimento de produtos in natura, será

responsável perante o consumidor o fornecedor imediato,

exceto quando identificado claramente seu produtor.

§ 6° São impróprios ao uso e consumo:

I - os produtos cujos prazos de validade estejam vencidos;

II - os produtos deteriorados, alterados, adulterados,

avariados, falsificados, corrompidos, fraudados, nocivos à vida

ou à saúde, perigosos ou, ainda, aqueles em desacordo com as

normas regulamentares de fabricação, distribuição ou

apresentação;

III - os produtos que, por qualquer motivo, se revelem

inadequados ao fim a que se destinam.

Art. 19. Os fornecedores respondem solidariamente pelos

vícios de quantidade do produto sempre que, respeitadas as

variações decorrentes de sua natureza, seu conteúdo líquido for

inferior às indicações constantes do recipiente, da embalagem,

rotulagem ou de mensagem publicitária, podendo o consumidor

exigir, alternativamente e à sua escolha:

I - o abatimento proporcional do preço;

II - complementação do peso ou medida;

III - a substituição do produto por outro da mesma espécie,

marca ou modelo, sem os aludidos vícios;

IV - a restituição imediata da quantia paga, monetariamente

atualizada, sem prejuízo de eventuais perdas e danos.

§ 1° Aplica-se a este artigo o disposto no § 4° do artigo

anterior.

Page 48: Manual de Direito Do Consumidor Para OAB - Gláuber Moreira Barbosa Da Silva - 2015

§ 2° O fornecedor imediato será responsável quando fizer a

pesagem ou a medição e o instrumento utilizado não estiver

aferido segundo os padrões oficiais.

Art. 20. O fornecedor de serviços responde pelos vícios de

qualidade que os tornem impróprios ao consumo ou lhes

diminuam o valor, assim como por aqueles decorrentes da

disparidade com as indicações constantes da oferta ou

mensagem publicitária, podendo o consumidor exigir,

alternativamente e à sua escolha:

I - a reexecução dos serviços, sem custo adicional e quando

cabível;

II - a restituição imediata da quantia paga, monetariamente

atualizada, sem prejuízo de eventuais perdas e danos;

III - o abatimento proporcional do preço.

§ 1° A reexecução dos serviços poderá ser confiada a

terceiros devidamente capacitados, por conta e risco do

fornecedor.

§ 2° São impróprios os serviços que se mostrem

inadequados para os fins que razoavelmente deles se esperam,

bem como aqueles que não atendam as normas regulamentares

de prestabilidade.

Vale lembrar que quando estamos diante de um

vício aparente e o produto for durável, o prazo para reclamação

será de 90 dias. No caso de produto não durável, será de 30 dias.

Veremos isso, mais adiante.

Page 49: Manual de Direito Do Consumidor Para OAB - Gláuber Moreira Barbosa Da Silva - 2015

Entretanto, não devemos esquecer que se o

fornecedor não sanar o vício em 30 dias, o consumidor terá as

opções estabelecidas nos artigos acima.

Sobre a garantia contratual vale a leitura do artigo

50 do CDC.

Art. 50. A garantia contratual é complementar à legal e será

conferida mediante termo escrito.

Parágrafo único. O termo de garantia ou equivalente deve ser

padronizado e esclarecer, de maneira adequada em que consiste

a mesma garantia, bem como a forma, o prazo e o lugar em que

pode ser exercitada e os ônus a cargo do consumidor, devendo

ser-lhe entregue, devidamente preenchido pelo fornecedor, no

ato do fornecimento, acompanhado de manual de instrução, de

instalação e uso do produto em linguagem didática, com

ilustrações.

30. PRAZO DECADENCIAL E PRESCRICIONAL

O artigo 26 e 27 do CDC irá regulamentar os prazos

para reclamar sobre os vícios dos produtos e serviços e os prazos

de reclamação para os defeitos dos produtos e serviços. Não

esqueçam que defeitos e vícios são coisas diferentes, conforme

estudado no item n.º2.

Passamos a leitura.

Art. 26. O direito de reclamar pelos vícios aparentes ou de fácil

constatação caduca em:

I - trinta dias, tratando-se de fornecimento de serviço e de

produtos não duráveis;

Page 50: Manual de Direito Do Consumidor Para OAB - Gláuber Moreira Barbosa Da Silva - 2015

II - noventa dias, tratando-se de fornecimento de serviço e

de produtos duráveis.

§ 1° Inicia-se a contagem do prazo decadencial a partir da

entrega efetiva do produto ou do término da execução dos

serviços.

§ 2° Obstam a decadência:

I - a reclamação comprovadamente formulada pelo

consumidor perante o fornecedor de produtos e serviços até a

resposta negativa correspondente, que deve ser transmitida de

forma inequívoca;

II - (Vetado).

III - a instauração de inquérito civil, até seu encerramento.

§ 3° Tratando-se de vício oculto, o prazo decadencial inicia-

se no momento em que ficar evidenciado o defeito.

Art. 27. Prescreve em cinco anos a pretensão à reparação

pelos danos causados por fato do produto ou do serviço prevista

na Seção II deste Capítulo, iniciando-se a contagem do prazo a

partir do conhecimento do dano e de sua autoria.

31. JURISPRUDÊNCIA

Vejamos a recente jurisprudência sobre a

responsabilidade civil nas relações de consumo.

DIREITO DO CONSUMIDOR. HIPÓTESE DE DANO

MORAL IN RE IPSA PROVOCADO POR

COMPANHIA AÉREA.

No caso em que companhia aérea, além de atrasar

desarrazoadamente o voo de passageiro, deixe de

Page 51: Manual de Direito Do Consumidor Para OAB - Gláuber Moreira Barbosa Da Silva - 2015

atender aos apelos deste, furtando-se a fornecer tanto

informações claras acerca do prosseguimento da viagem

(em especial, relativamente ao novo horário de

embarque e ao motivo do atraso) quanto alimentação e

hospedagem (obrigando-o a pernoitar no próprio

aeroporto), tem-se por configurado dano moral

indenizável in re ipsa, independentemente da causa

originária do atraso do voo. Inicialmente, cumpre destacar

que qualquer causa originária do atraso do voo – acidente

aéreo, sobrecarga da malha aérea, condições climáticas

desfavoráveis ao exercício do serviço de transporte aéreo

etc. – jamais teria o condão de afastar a responsabilidade da

companhia aérea por abusos praticados por ela em momento

posterior, haja vista tratar-se de fatos distintos. Afinal, se

assim fosse, o caos se instalaria por ocasião de qualquer

fatalidade, o que é inadmissível. Ora, diante de fatos como

esses – acidente aéreo, sobrecarga da malha aérea ou

condições climáticas desfavoráveis ao exercício do serviço

de transporte aéreo –, deve a fornecedora do serviço

amenizar o desconforto inerente à ocasião, não podendo,

portanto, limitar-se a, de forma evasiva, eximir-se de suas

responsabilidades. Além disso, considerando que o contrato

de transporte consiste em obrigação de resultado, o atraso

desarrazoado de voo, independentemente da sua causa

originária, constitui falha no serviço de transporte aéreo

contratado, o que gera para o consumidor direito a

assistência informacional e material. Desse modo, a

companhia aérea não se libera do dever de informação, que,

caso cumprido, atenuaria, no mínimo, o caos causado pelo

infortúnio, que jamais poderia ter sido repassado ou

imputado ao consumidor. Ademais, os fatos de inexistir

providência quanto à hospedagem para o passageiro,

obrigando-o a pernoitar no próprio aeroporto, e de não ter

havido informações claras quanto ao prosseguimento da

viagem permitem aferir que a companhia aérea não

procedeu conforme as disposições do art. 6º do CDC. Sendo

assim, inexiste na hipótese caso fortuito, que, caso existisse,

seria apto a afastar a relação de causalidade entre o defeito

Page 52: Manual de Direito Do Consumidor Para OAB - Gláuber Moreira Barbosa Da Silva - 2015

do serviço (ausência de assistência material e informacional)

e o dano causado ao consumidor. No caso analisado, reputa-

se configurado o dano moral, porquanto manifesta a lesão

injusta a componentes do complexo de valores protegidos

pelo Direito, à qual a reparação civil é garantida por

mandamento constitucional, que objetiva recompor a vítima

da violação de seus direitos de personalidade (art. 5º, V e X,

da CF e art. 6º, VI, do CDC). Além do mais, configurado o

fato do serviço, o fornecedor responde objetivamente pelos

danos causados aos consumidores, nos termos do art. 14 do

CDC. Sendo assim, o dano moral em análise opera-se in re

ipsa, prescindindo de prova de prejuízo. Precedentes

citados: AgRg no Ag 1.410.645-BA, Terceira Turma, DJe

7/11/2011; e AgRg no REsp 227.005-SP, Terceira Turma,

DJ 17/12/2004. REsp 1.280.372-SP, Rel. Min. Ricardo

Villas Bôas Cueva, julgado em 7/10/2014 (Informativo nº

550).

DIREITO DO CONSUMIDOR. VÍCIO DO PRODUTO

DECORRENTE DA INCOMPATIBILIDADE ENTRE

O VEÍCULO ADQUIRIDO E A QUALIDADE DO

COMBUSTÍVEL COMERCIALIZADO NO BRASIL.

O consumidor pode exigir a restituição do valor pago em

veículo projetado para uso off-road adquirido no

mercado nacional na hipótese em que for obrigado a

retornar à concessionária, recorrentemente por mais de

30 dias, para sanar panes decorrentes da

incompatibilidade, não informada no momento da

compra, entre a qualidade do combustível necessário ao

adequado funcionamento do veículo e a do combustível

disponibilizado nos postos nacionais, persistindo a

obrigação de restituir ainda que o consumidor tenha

abastecido o veículo com combustível de baixa qualidade

recomendado para a utilização em meio rural. De início,

esclareça-se que, nos termos do art. 18 do CDC, “Os

fornecedores de produtos de consumo duráveis ou não

duráveis respondem solidariamente pelos vícios de

qualidade ou quantidade que os tornem impróprios ou

Page 53: Manual de Direito Do Consumidor Para OAB - Gláuber Moreira Barbosa Da Silva - 2015

inadequados ao consumo a que se destinam (...)”. Assim, se

o veículo funciona com determinado combustível e é

vendido no Brasil, deve-se considerar como uso normal o

seu abastecimento com quaisquer das variedades desse

combustível comercializadas em território nacional. Se

apenas uma dessas variedades se mostrasse compatível com

o funcionamento adequado do motor, ainda seria possível

cogitar na não configuração de vício do produto, se o

consumidor houvesse sido adequadamente informado, no

momento da compra, de que o automóvel apenas poderia ser

abastecido com a variedade específica em questão.

Acrescente-se que, se apenas determinado combustível

vendido fora do País, pela sua qualidade superior, é

compatível com as especificações do fabricante do

automóvel, é de se concluir que a utilização de quaisquer

das variantes de combustível ofertadas no Brasil mostram-se

igualmente contra-recomendadas. Ademais, há de se

ressaltar que, na situação em análise, o comportamento do

consumidor foi absolutamente desinfluente. Isso porque a

causalidade concorrente não afasta a responsabilidade civil

do fornecedor diante da inegável existência de vício do

produto. Posto isso, salienta-se que o art. 18, § 1º, do CDC

dispõe que, “Não sendo o vício sanado no prazo máximo de

trinta dias, pode o consumidor exigir (...) a restituição

imediata da quantia paga, monetariamente atualizada, sem

prejuízo de eventuais perdas e danos”. O vício do produto

ocorre quando o produto não se mostra adequado ao fim a

que se destina, incompatível com o uso a que se propõe.

Nessa conjuntura, não é possível afirmar que o veículo, após

visitar a oficina pela primeira vez, tenha retornado sem

vício, pois reincidiu nas panes e sempre pelo mesmo

motivo. Dessa forma, ainda que o veículo tenha retornado

da oficina funcionando e que cada ordem de serviço tenha

sido cumprida em menos de 30 dias, o vício não estava

expurgado. A propósito, há de se ressaltar que o veículo em

questão foi projetado para uso off-road. Portanto, é de se

admitir que houvesse uma razoável expectativa do

consumidor em utilizar, senão habitualmente, ao menos

Page 54: Manual de Direito Do Consumidor Para OAB - Gláuber Moreira Barbosa Da Silva - 2015

eventualmente, a variedade de combustível disponível em

meio rural. Isso corresponde, afinal, ao uso normal que se

pode fazer do produto adquirido, dada a sua natureza e

finalidade. Assim, é de admitir que o consumidor deveria ter

sido, pelo menos, informado de forma adequada, no

momento da compra, que o veículo não poderia ser

abastecido com combustível recomendado para a utilização

em meio rural. Essa era uma informação que poderia

interferir decisivamente na opção de compra do bem e não

poderia, por isso, ser omitida, sob pena de ofensa ao dever

de ampla informação. REsp 1.443.268-DF, Rel. Min.

Sidnei Beneti, julgado em 3/6/2014 (Informativo nº 544).

DIREITO DO CONSUMIDOR. DANO MORAL NO

CASO DE VEÍCULO ZERO QUILÔMETRO QUE

RETORNA À CONCESSINÁRIA POR DIVERSAS

VEZES PARA REPAROS.

É cabível dano moral quando o consumidor de veículo

automotor zero quilômetro necessita retornar à

concessionária por diversas vezes para reparar defeitos

apresentados no veículo adquirido. Precedentes citados:

REsp 1.395.285-SP, Terceira Turma, DJe 12/12/2013;

AgRg no AREsp 60.866-RS, Quarta Turma, DJe 1/2/2012; e

AgRg no AREsp 76.980-RS, Quarta Turma, DJe 24/8/2012.

REsp 1.443.268-DF, Rel. Min. Sidnei Beneti, julgado em

3/6/2014 (Informativo nº 544).

DIREITO DO CONSUMIDOR. INCIDÊNCIA DO

ART. 27 DO CDC ANTE A CARACTERIZAÇÃO DE

FATO DO SERVIÇO.

rescreve em cinco anos a pretensão de correntista de

obter reparação dos danos causados por instituição

financeira decorrentes da entrega, sem autorização, de

talonário de cheques a terceiro que, em nome do

correntista, passa a emitir várias cártulas sem provisão

de fundos, gerando inscrição indevida em órgãos de

proteção ao crédito. Na hipótese, o serviço mostra-se

defeituoso, na medida em que a instituição financeira não

Page 55: Manual de Direito Do Consumidor Para OAB - Gláuber Moreira Barbosa Da Silva - 2015

forneceu a segurança legitimamente esperada pelo

correntista. Isso porque constitui fato notório que os

talonários de cheques depositados em agência bancária

somente podem ser retirados pelo próprio correntista,

mediante assinatura de documento atestando a sua entrega,

para possibilitar o seu posterior uso. O Banco tem a posse

desse documento, esperando-se dele um mínimo de

diligência na sua guarda e entrega ao seu correntista. A

Segunda Seção do STJ, a propósito, editou recentemente

enunciado sumular acerca da responsabilidade civil das

instituições financeiras, segundo o qual as “instituições

financeiras respondem objetivamente pelos danos gerados

por fortuito interno relativo a fraudes e delitos praticados

por terceiros no âmbito de operações bancárias” (Súmula

479). Sendo assim, em face da defeituosa prestação de

serviço pela instituição bancária, não atendendo à segurança

legitimamente esperada pelo consumidor, tem-se a

caracterização de fato do serviço, disciplinado pelo art. 14

do CDC. O STJ, aliás, julgando um caso semelhante – em

que os talões de cheque foram roubados da empresa

responsável pela entrega de talonários –, entendeu tratar-se

de hipótese de defeito na prestação do serviço, aplicando o

art. 14 do CDC (REsp 1.024.791-SP, Quarta Turma, DJe

9/3/2009). Ademais, a doutrina, analisando a falha no

serviço de banco de dados, tem interpretado o CDC de

modo a enquadrá-la, também, como fato do serviço. Ante o

exposto, incidindo o art. 14 do CDC, deve ser aplicado, por

consequência, o prazo prescricional previsto no art. 27 do

mesmo estatuto legal, segundo o qual prescreve em cinco

anos a pretensão à reparação pelos danos causados por fato

do serviço, iniciando-se a contagem do prazo a partir do

conhecimento do dano e de sua autoria. REsp 1.254.883-

PR, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, julgado em

3/4/2014 (Informativo nº 542).

DIREITO DO CONSUMIDOR. DANO MORAL

DECORRENTE DA PRESENÇA DE CORPO

ESTRANHO EM ALIMENTO.

Page 56: Manual de Direito Do Consumidor Para OAB - Gláuber Moreira Barbosa Da Silva - 2015

A aquisição de produto de gênero alimentício contendo

em seu interior corpo estranho, expondo o consumidor a

risco concreto de lesão à sua saúde e segurança, ainda

que não ocorra a ingestão de seu conteúdo, dá direito à

compensação por dano moral. A lei consumerista protege

o consumidor contra produtos que coloquem em risco sua

segurança e, por conseguinte, sua saúde, integridade física,

psíquica, etc. Segundo o art. 8º do CDC, “os produtos e

serviços colocados no mercado de consumo não acarretarão

riscos à saúde ou segurança dos consumidores”. Tem-se,

assim, a existência de um dever legal, imposto ao

fornecedor, de evitar que a saúde ou segurança do

consumidor sejam colocadas sob risco. Vale dizer, o CDC

tutela o dano ainda em sua potencialidade, buscando

prevenir sua ocorrência efetiva (o art. 8º diz “não

acarretarão riscos”, não diz necessariamente “danos”).

Desse dever imposto pela lei, decorre a responsabilidade do

fornecedor de “reparar o dano causado ao consumidor por

defeitos decorrentes de [...] fabricação [...] de seus produtos”

(art. 12 do CDC). Ainda segundo o art. 12, § 1º, II, do CDC,

“o produto é defeituoso quando não oferece a segurança que

dele legitimamente se espera [...], levando-se em

consideração [...] o uso e os riscos” razoavelmente

esperados. Em outras palavras, há defeito – e, portanto, fato

do produto – quando oferecido risco dele não esperado,

segundo o senso comum e sua própria finalidade. Assim, na

hipótese em análise, caracterizado está o defeito do produto

(art. 12 do CDC), o qual expõe o consumidor a risco

concreto de dano à sua saúde e segurança, em clara

infringência ao dever legal dirigido ao fornecedor, previsto

no art. 8º do CDC. Diante disso, o dano indenizável decorre

do risco a que fora exposto o consumidor. Ainda que, na

espécie, a potencialidade lesiva do dano não se equipare à

hipótese de ingestão do produto contaminado (diferença que

necessariamente repercutirá no valor da indenização), é

certo que, mesmo reduzida, também se faz presente na

hipótese de não ter havido ingestão do produto

contaminado. Ademais, a priorização do ser humano pelo

Page 57: Manual de Direito Do Consumidor Para OAB - Gláuber Moreira Barbosa Da Silva - 2015

ordenamento jurídico nacional exige que todo o Direito

deva convergir para sua máxima tutela e proteção. Desse

modo, exige-se o pronto repúdio a quaisquer violações

dirigidas à dignidade da pessoa, bem como a

responsabilidade civil quando já perpetrados os danos

morais ou extrapatrimoniais. Nessa linha de raciocínio, tem-

se que a proteção da segurança e da saúde do consumidor

tem, inegavelmente, cunho constitucional e de direito

fundamental, na medida em que esses valores decorrem da

especial proteção conferida à dignidade da pessoa humana

(art. 1º, III, da CF). Cabe ressaltar que o dano moral não

mais se restringe à dor, à tristeza e ao sofrimento,

estendendo sua tutela a todos os bens personalíssimos. Em

outras palavras, não é a dor, ainda que se tome esse termo

no sentido mais amplo, mas sua origem advinda de um dano

injusto que comprova a existência de um prejuízo moral ou

imaterial indenizável. Logo, uma vez verificada a ocorrência

de defeito no produto, a afastar a incidência exclusiva do art.

18 do CDC à espécie (o qual permite a reparação do

prejuízo material experimentado), é dever do fornecedor de

reparar também o dano extrapatrimonial causado ao

consumidor, fruto da exposição de sua saúde e segurança a

risco concreto e da ofensa ao direito fundamental à

alimentação adequada, corolário do princípio da dignidade

da pessoa humana. REsp 1.424.304-SP, Rel. Min. Nancy

Andrighi, julgado em 11/3/2014 (Informativo nº 537).

DIREITO DO CONSUMIDOR. PRAZO DE

PRESCRIÇÃO EM CASO DE DANO PESSOAL

DECORRENTE DE DANO AMBIENTAL.

Conta-se da data do conhecimento do dano e de sua

autoria – e não da data em que expedida simples

notificação pública a respeito da existência do dano

ecológico – o prazo prescricional da pretensão

indenizatória de quem sofreu danos pessoais decorrentes

de contaminação de solo e de lençol freático ocasionada

por produtos utilizados no tratamento de madeira

destinada à fabricação de postes de luz. Apesar da natural

Page 58: Manual de Direito Do Consumidor Para OAB - Gláuber Moreira Barbosa Da Silva - 2015

ênfase conferida aos vários aspectos do dano ambiental,

trata-se, também, de um acidente de consumo, que se

enquadra simultaneamente nos arts. 12 (fato do produto) e

14 do CDC (fato do serviço). Com efeito, os postes de luz

constituem um insumo fundamental para a distribuição de

energia elétrica aos seus consumidores, sendo que a

contaminação ambiental decorreu exatamente dos produtos

utilizados no tratamento desses postes. Se o dano sofrido

pelos consumidores finais tivesse sido um choque

provocado por uma descarga elétrica, não haveria dúvida

acerca da incidência do CDC. Ocorre que a regra do art. 17

do CDC, ampliando o conceito básico de consumidor do art.

2º, determina a aplicação do microssistema normativo do

consumidor a todas as vítimas do evento danoso, protegendo

os chamados bystandars, que são as vítimas inocentes de

acidentes de consumo. Esse fato, de um lado, constitui fato

do produto (art. 12), em face das substâncias químicas

utilizadas, e, de outro lado, apresenta-se também como fato

do serviço (art. 14), pois o tratamento dos postes de luz liga-

se ao serviço de distribuição de energia elétrica.

Consequentemente, a prescrição é regulada pela norma do

art. 27 do CDC, que estabelece um prazo de cinco anos,

flexibilizando o seu termo inicial. Precedente citado: REsp

1.346.489-RS, Terceira Turma, DJe 26/8/2013. AgRg no

REsp 1.365.277-RS, Rel. Min. Paulo de Tarso

Sanseverino, julgado em 20/2/2014 (Informativo nº 537).

DIREITO DO CONSUMIDOR. RESPONSABILIDADE

DE SHOPPING CENTER POR TENTATIVA DE

ROUBO EM SEU ESTACIONAMENTO.

O shopping center deve reparar o cliente pelos danos

morais decorrentes de tentativa de roubo, não

consumado apenas em razão de comportamento do

próprio cliente, ocorrida nas proximidades da cancela de

saída de seu estacionamento, mas ainda em seu interior.

Tratando-se de relação de consumo, incumbe ao fornecedor

do serviço e do local do estacionamento o dever de proteger

a pessoa e os bens do consumidor. A sociedade empresária

Page 59: Manual de Direito Do Consumidor Para OAB - Gláuber Moreira Barbosa Da Silva - 2015

que forneça serviço de estacionamento aos seus clientes

deve responder por furtos, roubos ou latrocínios ocorridos

no interior do seu estabelecimento; pois, em troca dos

benefícios financeiros indiretos decorrentes desse acréscimo

de conforto aos consumidores, assume-se o dever –

implícito na relação contratual – de lealdade e segurança,

como aplicação concreta do princípio da confiança. Nesse

sentido, conforme a Súmula 130 do STJ, "a empresa

responde, perante o cliente, pela reparação de dano ou furto

de veículo ocorrido em seu estacionamento", não sendo

possível estabelecer interpretação restritiva à referida

súmula. Ressalte-se que o leitor ótico situado na saída do

estacionamento encontra-se ainda dentro da área do

shopping center, sendo certo que tais cancelas – com

controles eletrônicos que comprovam a entrada do veículo,

o seu tempo de permanência e o pagamento do preço – são

ali instaladas no exclusivo interesse da administradora do

estacionamento com o escopo precípuo de evitar o

inadimplemento pelo usuário do serviço. Esse controle

eletrônico exige que o consumidor pare o carro, insira o

tíquete no leitor ótico e aguarde a subida da cancela, para

que, só então, saia efetivamente da área de proteção, o que,

por óbvio, torna-o mais vulnerável à atuação de criminosos.

Ademais, adota-se, como mais consentânea com os

princípios norteadores do direito do consumidor, a

interpretação de que os danos indenizáveis estendem-se

também aos danos morais decorrentes da conduta ilícita de

terceiro. Ainda que não haja falar em dano material advindo

do evento fatídico, porquanto não se consumou o roubo, é

certo que a aflição e o sofrimento da recorrida não se

encaixam no que se denomina de aborrecimento cotidiano.

E, por óbvio, a caracterização do dano moral não se

encontra vinculada à ocorrência do dano material. REsp

1.269.691-PB, Rel. originária Min. Isabel Gallotti, Rel.

para acórdão Min. Luis Felipe Salomão, julgado em

21/11/2013 (Informativo nº 534).

Page 60: Manual de Direito Do Consumidor Para OAB - Gláuber Moreira Barbosa Da Silva - 2015

DIREITO DO CONSUMIDOR E INTERNACIONAL

PRIVADO. INAPLICABILIDADE DO CDC AO

CONTRATO DE TRANSPORTE INTERNACIONAL

DE MERCADORIA DESTINADA A INCREMENTAR

A ATIVIDADE COMERCIAL DA CONTRATANTE.

Para efeito de fixação de indenização por danos à

mercadoria ocorridos em transporte aéreo internacional,

o CDC não prevalece sobre a Convenção de Varsóvia

quando o contrato de transporte tiver por objeto

equipamento adquirido no exterior para incrementar a

atividade comercial de sociedade empresária que não se

afigure vulnerável na relação jurídico-obrigacional. Na

hipótese em foco, a mercadoria transportada destinava-se a

ampliar e a melhorar a prestação do serviço e, por

conseguinte, aumentar os lucros. Sob esse enfoque, não se

pode conceber o contrato de transporte isoladamente. Na

verdade, a importação da mercadoria tem natureza de ato

complexo, envolvendo (i) a compra e venda propriamente

dita, (ii) o desembaraço para retirar o bem do país de

origem, (iii) o eventual seguro, (iv) o transporte e (v) o

desembaraço no país de destino mediante o recolhimento de

taxas, impostos etc. Essas etapas do ato complexo de

importação, conforme o caso, podem ser efetivadas

diretamente por agentes da própria empresa adquirente ou

envolver terceiros contratados para cada fim específico. Mas

essa última possibilidade – contratação de terceiros –, por si,

não permite que se aplique separadamente, a cada etapa,

normas legais diversas da incidente sobre o ciclo completo

da importação. Desse modo, não há como considerar a

importadora destinatária final do ato complexo de

importação nem dos atos e contratos intermediários, entre

eles o contrato de transporte, para o propósito da tutela

protetiva da legislação consumerista, sobretudo porque a

mercadoria importada irá integrar a cadeia produtiva dos

serviços prestados pela empresa contratante do transporte.

Neste contexto, aplica-se, no caso em análise, o mesmo

entendimento adotado pelo STJ nos casos de financiamento

bancário ou de aplicação financeira com o propósito de

Page 61: Manual de Direito Do Consumidor Para OAB - Gláuber Moreira Barbosa Da Silva - 2015

ampliar capital de giro e de fomentar a atividade

empresarial. O capital obtido da instituição financeira,

evidentemente, destina-se, apenas, a fomentar a atividade

industrial, comercial ou de serviços e, com isso, ampliar os

negócios e o lucro. Daí que nessas operações não se aplica o

CDC, pela ausência da figura do consumidor, definida no

art. 2º do referido diploma. Assim, da mesma forma que o

financiamento e a aplicação financeira mencionados fazem

parte e não podem ser desmembrados do ciclo de produção,

comercialização e de prestação de serviços, o contrato de

transporte igualmente não pode ser retirado do ato complexo

ora em análise. Observe-se que, num e noutro caso, está-se

diante de uma engrenagem complexa, que demanda a

prática de vários outros atos com o único escopo de

fomentar a atividade da pessoa jurídica. Ademais, não se

desconhece que o STJ tem atenuado a incidência da teoria

finalista, aplicando o CDC quando, apesar de relação

jurídico-obrigacional entre comerciantes ou profissionais,

estiver caracterizada situação de vulnerabilidade ou

hipossuficiência. Entretanto, a empresa importadora não

apresenta vulnerabilidade ou hipossuficiência, o que afasta a

incidência das normas do CDC. Dessa forma, inexistindo

relação de consumo, circunstância que impede a aplicação

das regras específicas do CDC, há que ser observada a

Convenção de Varsóvia, que regula especificamente o

transporte aéreo internacional. Precedentes citados: REsp

1.358.231-SP, Terceira Turma, DJ de 17/6/2013; e AgRg no

Ag 1.291.994-SP, Terceira Turma, DJe de 6/3/2012. REsp

1.162.649-SP, Rel. originário Min. Luis Felipe Salomão,

Rel. para acórdão Min. Antonio Carlos Ferreira, julgado

em 13/5/2014 (Informativo nº 541). 142

32. OFERTA

Page 62: Manual de Direito Do Consumidor Para OAB - Gláuber Moreira Barbosa Da Silva - 2015

O Código de Defesa do Consumidor traz o conceito

de oferta no seu artigo 32.

Art. 32. Os fabricantes e importadores deverão assegurar a

oferta de componentes e peças de reposição enquanto não

cessar a fabricação ou importação do produto.

Parágrafo único. Cessadas a produção ou importação, a oferta

deverá ser mantida por período razoável de tempo, na forma da

lei.

Não podemos esquecer que oferta é diferente de

publicidade. Oferta é uma declaração unilateral de vontade por

parte do vendedor, além disso, é uma obrigação pré-contratual.

Por outro lado, Cláudia Lima Marques define a

publicidade como “toda informação ou comunicação de massa,

difundida com um fim, direto ou indireto, de promover junto aos

consumidores a aquisição de um produto ou serviço, qualquer

que seja o local ou o meio de comunicação utilizado”.

Vale lembrar que o STJ entende que a oferta possui

força vinculante.

Não podemos esquecer que a lei 10.962/2004

dispõe sobre a oferta e as formas de afixação de preços de

produtos e serviços para o consumidor.

Esta lei contém apenas 7 artigos. Vejamos:

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso

Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:

Page 63: Manual de Direito Do Consumidor Para OAB - Gláuber Moreira Barbosa Da Silva - 2015

Art. 1o Esta Lei regula as condições de oferta e afixação de

preços de bens e serviços para o consumidor.

Art. 2o São admitidas as seguintes formas de afixação de

preços em vendas a varejo para o consumidor:

I – no comércio em geral, por meio de etiquetas ou similares

afixados diretamente nos bens expostos à venda, e em vitrines,

mediante divulgação do preço à vista em caracteres legíveis;

II – em auto-serviços, supermercados, hipermercados,

mercearias ou estabelecimentos comerciais onde o consumidor

tenha acesso direto ao produto, sem intervenção do

comerciante, mediante a impressão ou afixação do preço do

produto na embalagem, ou a afixação de código referencial, ou

ainda, com a afixação de código de barras.

Parágrafo único. Nos casos de utilização de código

referencial ou de barras, o comerciante deverá expor, de forma

clara e legível, junto aos itens expostos, informação relativa ao

preço à vista do produto, suas características e código.

Art. 3o Na impossibilidade de afixação de preços conforme

disposto no art. 2º, é permitido o uso de relações de preços dos

produtos expostos, bem como dos serviços oferecidos, de forma

escrita, clara e acessível ao consumidor.

Art. 4o Nos estabelecimentos que utilizem código de barras

para apreçamento, deverão ser oferecidos equipamentos de

leitura ótica para consulta de preço pelo consumidor, localizados

na área de vendas e em outras de fácil acesso.

§ 1o O regulamento desta Lei definirá, observados, dentre

outros critérios ou fatores, o tipo e o tamanho do

estabelecimento e a quantidade e a diversidade dos itens de

Page 64: Manual de Direito Do Consumidor Para OAB - Gláuber Moreira Barbosa Da Silva - 2015

bens e serviços, a área máxima que deverá ser atendida por cada

leitora ótica.

§ 2o Para os fins desta Lei, considera-se área de vendas

aquela na qual os consumidores têm acesso às mercadorias e

serviços oferecidos para consumo no varejo, dentro do

estabelecimento.

Art. 5o No caso de divergência de preços para o mesmo

produto entre os sistemas de informação de preços utilizados

pelo estabelecimento, o consumidor pagará o menor dentre

eles.

Art. 6o (VETADO)

Art. 7o Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.

Brasília, 11 de outubro de 2004; 183o da Independência e

116o da República.

LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA

Márcio Thomaz Bastos

Podemos concluir com a leitura que os produtos

devem sempre ter afixados seus preços nas prateleiras onde se

encontram, o que pode se dar por meio de código de barras,

desde que o fornecedor disponibilize leitor de código de barras.

Faço agora a seguinte pergunta: Como que o CDC

trata o tema da oferta nas relações de consumo?

Page 65: Manual de Direito Do Consumidor Para OAB - Gláuber Moreira Barbosa Da Silva - 2015

A resposta está no artigo 30 e seguintes do CDC.

Vejamos a explicação do legislador:

Art. 30. Toda informação ou publicidade, suficientemente

precisa, veiculada por qualquer forma ou meio de comunicação

com relação a produtos e serviços oferecidos ou apresentados,

obriga o fornecedor que a fizer veicular ou dela se utilizar e

integra o contrato que vier a ser celebrado.

Art. 31. A oferta e apresentação de produtos ou serviços

devem assegurar informações corretas, claras, precisas,

ostensivas e em língua portuguesa sobre suas características,

qualidades, quantidade, composição, preço, garantia, prazos de

validade e origem, entre outros dados, bem como sobre os riscos

que apresentam à saúde e segurança dos consumidores.

Parágrafo único. As informações de que trata este artigo,

nos produtos refrigerados oferecidos ao consumidor, serão

gravadas de forma indelével. (Incluído pela Lei nº 11.989, de

2009)

Art. 32. Os fabricantes e importadores deverão assegurar a

oferta de componentes e peças de reposição enquanto não

cessar a fabricação ou importação do produto.

Parágrafo único. Cessadas a produção ou importação, a

oferta deverá ser mantida por período razoável de tempo, na

forma da lei.

Art. 33. Em caso de oferta ou venda por telefone ou

reembolso postal, deve constar o nome do fabricante e endereço

na embalagem, publicidade e em todos os impressos utilizados

na transação comercial.

Page 66: Manual de Direito Do Consumidor Para OAB - Gláuber Moreira Barbosa Da Silva - 2015

Parágrafo único. É proibida a publicidade de bens e serviços

por telefone, quando a chamada for onerosa ao consumidor que

a origina. (Incluído pela Lei nº 11.800, de 2008).

Art. 34. O fornecedor do produto ou serviço é

solidariamente responsável pelos atos de seus prepostos ou

representantes autônomos.

Art. 35. Se o fornecedor de produtos ou serviços recusar

cumprimento à oferta, apresentação ou publicidade, o

consumidor poderá, alternativamente e à sua livre escolha:

I - exigir o cumprimento forçado da obrigação, nos termos

da oferta, apresentação ou publicidade;

II - aceitar outro produto ou prestação de serviço

equivalente;

III - rescindir o contrato, com direito à restituição de quantia

eventualmente antecipada, monetariamente atualizada, e a

perdas e danos.

Importante saber que todo produto que tem acima

de 1% (um por cento) de transgênico deve apresentar, na

embalagem, um determinado símbolo que caracteriza o produto

transgênico. Isso é o que dispõe o Decreto n.º 4.680 de 2003.

A referida norma regulamenta o direito à

informação, assegurado pela Lei no 8.078, de 11 de setembro de

1990 (Código de Defesa do Consumidor), quanto aos alimentos e

ingredientes alimentares destinados ao consumo humano ou

animal que contenham ou sejam produzidos a partir de

organismos geneticamente modificados, sem prejuízo do

cumprimento das demais normas aplicáveis.

Page 67: Manual de Direito Do Consumidor Para OAB - Gláuber Moreira Barbosa Da Silva - 2015

A norma contém apenas 8 artigos. Leiamos o que o

legislador explica:

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso da atribuição que lhe

confere o art. 84, inciso IV, da Constituição,

DECRETA:

Art. 1o Este Decreto regulamenta o direito à informação,

assegurado pela Lei no 8.078, de 11 de setembro de 1990,

quanto aos alimentos e ingredientes alimentares destinados ao

consumo humano ou animal que contenham ou sejam

produzidos a partir de organismos geneticamente modificados,

sem prejuízo do cumprimento das demais normas aplicáveis.

Art. 2o Na comercialização de alimentos e ingredientes

alimentares destinados ao consumo humano ou animal que

contenham ou sejam produzidos a partir de organismos

geneticamente modificados, com presença acima do limite de

um por cento do produto, o consumidor deverá ser informado da

natureza transgênica desse produto.

§ 1o Tanto nos produtos embalados como nos vendidos a

granel ou in natura, o rótulo da embalagem ou do recipiente em

que estão contidos deverá constar, em destaque, no painel

principal e em conjunto com o símbolo a ser definido mediante

ato do Ministério da Justiça, uma das seguintes expressões,

dependendo do caso: "(nome do produto) transgênico", "contém

(nome do ingrediente ou ingredientes) transgênico(s)" ou

"produto produzido a partir de (nome do produto) transgênico".

§ 2o O consumidor deverá ser informado sobre a espécie

doadora do gene no local reservado para a identificação dos

ingredientes.

Page 68: Manual de Direito Do Consumidor Para OAB - Gláuber Moreira Barbosa Da Silva - 2015

§ 3o A informação determinada no § 1o deste artigo

também deverá constar do documento fiscal, de modo que essa

informação acompanhe o produto ou ingrediente em todas as

etapas da cadeia produtiva.

§ 4o O percentual referido no caput poderá ser reduzido

por decisão da Comissão Técnica Nacional de Biossegurança -

CTNBio.

Art. 3o Os alimentos e ingredientes produzidos a partir de

animais alimentados com ração contendo ingredientes

transgênicos deverão trazer no painel principal, em tamanho e

destaque previstos no art. 2o, a seguinte expressão: "(nome do

animal) alimentado com ração contendo ingrediente

transgênico" ou "(nome do ingrediente) produzido a partir de

animal alimentado com ração contendo ingrediente

transgênico".

Art. 4o Aos alimentos e ingredientes alimentares que não

contenham nem sejam produzidos a partir de organismos

geneticamente modificados será facultada a rotulagem "(nome

do produto ou ingrediente) livre de transgênicos", desde que

tenham similares transgênicos no mercado brasileiro.

Art. 5o As disposições dos §§ 1o, 2o e 3o do art. 2o e do art.

3o deste Decreto não se aplicam à comercialização de alimentos

destinados ao consumo humano ou animal que contenham ou

tenham sido produzidos a partir de soja da safra colhida em

2003.

§ 1o As expressões "pode conter soja transgênica" e "pode

conter ingrediente produzido a partir de soja transgênica"

deverão, conforme o caso, constar do rótulo, bem como da

Page 69: Manual de Direito Do Consumidor Para OAB - Gláuber Moreira Barbosa Da Silva - 2015

documentação fiscal, dos produtos a que se refere o caput,

independentemente do percentual da presença de soja

transgênica, exceto se:

I - a soja ou o ingrediente a partir dela produzido seja

oriundo de região excluída pelo Ministério da Agricultura,

Pecuária e Abastecimento do regime de que trata a Medida

Provisória no 113, de 26 de março de 2003, de conformidade

com o disposto no § 5o do seu art. 1o; ou

II - a soja ou o ingrediente a partir dela produzido seja

oriundo de produtores que obtenham o certificado de que trata

o art. 4o da Medida Provisória no 113, de 2003, devendo, nesse

caso, ser aplicadas as disposições do art. 4o deste Decreto.

§ 2o A informação referida no § 1o pode ser inserida por

meio de adesivos ou qualquer forma de impressão.

§ 3o Os alimentos a que se refere o caput poderão ser

comercializados após 31 de janeiro de 2004, desde que a soja a

partir da qual foram produzidos tenha sido alienada pelo

produtor até essa data.

Art. 6o À infração ao disposto neste Decreto aplica-se as

penalidades previstas no Código de Defesa do Consumidor e

demais normas aplicáveis.

Art. 7o Este Decreto entra em vigor na data de sua

publicação.

Art. 8o Revoga-se o Decreto no 3.871, de 18 de julho de

2001.

Brasília, 24 de abril de 2003; 182o da Independência e

115o da República.

Page 70: Manual de Direito Do Consumidor Para OAB - Gláuber Moreira Barbosa Da Silva - 2015

LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA

Márcio Thomaz Bastos

José Amauri Dimarzio

Humberto Sérgio Costa Lima

Luiz Fernando Furlan

Roberto Átila Amaral Vieira

Maria Silva

Miguel Soldatelli Rossetto

José Dirceu de Oliveira e Silva

José Graziano da Silva

33. PUBLICIDADE

A publicidade vem regulada nos artigos 36 e

seguintes do CDC.

Art. 36. A publicidade deve ser veiculada de tal forma que o

consumidor, fácil e imediatamente, a identifique como tal.

Parágrafo único. O fornecedor, na publicidade de seus

produtos ou serviços, manterá, em seu poder, para informação

dos legítimos interessados, os dados fáticos, técnicos e

científicos que dão sustentação à mensagem.

Art. 37. É proibida toda publicidade enganosa ou abusiva.

§ 1° É enganosa qualquer modalidade de informação ou

comunicação de caráter publicitário, inteira ou parcialmente

falsa, ou, por qualquer outro modo, mesmo por omissão, capaz

de induzir em erro o consumidor a respeito da natureza,

características, qualidade, quantidade, propriedades, origem,

preço e quaisquer outros dados sobre produtos e serviços.

Page 71: Manual de Direito Do Consumidor Para OAB - Gláuber Moreira Barbosa Da Silva - 2015

§ 2° É abusiva, dentre outras a publicidade discriminatória

de qualquer natureza, a que incite à violência, explore o medo

ou a superstição, se aproveite da deficiência de julgamento e

experiência da criança, desrespeita valores ambientais, ou que

seja capaz de induzir o consumidor a se comportar de forma

prejudicial ou perigosa à sua saúde ou segurança.

§ 3° Para os efeitos deste código, a publicidade é enganosa

por omissão quando deixar de informar sobre dado essencial do

produto ou serviço.

§ 4° (Vetado).

Art. 38. O ônus da prova da veracidade e correção da

informação ou comunicação publicitária cabe a quem as

patrocina.

O próprio CDC define em seu artigo 37 as hipóteses

que ocorrerá a publicidade abusiva e a publicidade enganosa.

Portanto, existe diferença entre essas duas modalidades de

publicidade.

Publicidade será enganosa quando o vendedor, por

ação ou omissão, induz o consumidor a erro.

Por outro lado, a publicidade será abusiva quando

manipula o consumidor sem que ele perceba a fazer algo. Além

disso, é abusiva a publicidade discriminatória de qualquer

natureza.

33. PRÁTICAS ABUSIVAS

O CDC elenca as práticas abusivas nos artigos 39 e

seguintes. O rol é exemplificativo. Esse detalhe pode ser cobrado

Page 72: Manual de Direito Do Consumidor Para OAB - Gláuber Moreira Barbosa Da Silva - 2015

em prova. Além de saber qual a natureza do rol, ou seja, saber se

é taxativo ou exemplificativo, se faz muito importante para prova

da OAB o artigo 39 e seguintes do CDC. Por isso, leiamos o que o

legislador explica:

Art. 39. É vedado ao fornecedor de produtos ou serviços, dentre

outras práticas abusivas: (Redação dada pela Lei nº 8.884, de

11.6.1994)

I - condicionar o fornecimento de produto ou de serviço ao

fornecimento de outro produto ou serviço, bem como, sem justa

causa, a limites quantitativos;

II - recusar atendimento às demandas dos consumidores, na

exata medida de suas disponibilidades de estoque, e, ainda, de

conformidade com os usos e costumes;

III - enviar ou entregar ao consumidor, sem solicitação

prévia, qualquer produto, ou fornecer qualquer serviço;

IV - prevalecer-se da fraqueza ou ignorância do consumidor,

tendo em vista sua idade, saúde, conhecimento ou condição

social, para impingir-lhe seus produtos ou serviços;

V - exigir do consumidor vantagem manifestamente

excessiva;

VI - executar serviços sem a prévia elaboração de orçamento

e autorização expressa do consumidor, ressalvadas as

decorrentes de práticas anteriores entre as partes;

VII - repassar informação depreciativa, referente a ato

praticado pelo consumidor no exercício de seus direitos;

VIII - colocar, no mercado de consumo, qualquer produto ou

serviço em desacordo com as normas expedidas pelos órgãos

Page 73: Manual de Direito Do Consumidor Para OAB - Gláuber Moreira Barbosa Da Silva - 2015

oficiais competentes ou, se normas específicas não existirem,

pela Associação Brasileira de Normas Técnicas ou outra entidade

credenciada pelo Conselho Nacional de Metrologia,

Normalização e Qualidade Industrial (Conmetro);

IX - recusar a venda de bens ou a prestação de serviços,

diretamente a quem se disponha a adquiri-los mediante pronto

pagamento, ressalvados os casos de intermediação regulados em

leis especiais; (Redação dada pela Lei nº 8.884, de 11.6.1994)

X - elevar sem justa causa o preço de produtos ou

serviços. (Incluído pela Lei nº 8.884, de 11.6.1994)

XI - Dispositivo incluído pela MPV nº 1.890-67, de

22.10.1999, transformado em inciso XIII, quando da conversão

na Lei nº 9.870, de 23.11.1999

XII - deixar de estipular prazo para o cumprimento de sua

obrigação ou deixar a fixação de seu termo inicial a seu exclusivo

critério.(Incluído pela Lei nº 9.008, de 21.3.1995)

XIII - aplicar fórmula ou índice de reajuste diverso do legal

ou contratualmente estabelecido. (Incluído pela Lei nº 9.870, de

23.11.1999)

Parágrafo único. Os serviços prestados e os produtos

remetidos ou entregues ao consumidor, na hipótese prevista no

inciso III, equiparam-se às amostras grátis, inexistindo obrigação

de pagamento.

Art. 40. O fornecedor de serviço será obrigado a entregar ao

consumidor orçamento prévio discriminando o valor da mão-de-

obra, dos materiais e equipamentos a serem empregados, as

condições de pagamento, bem como as datas de início e término

dos serviços.

Page 74: Manual de Direito Do Consumidor Para OAB - Gláuber Moreira Barbosa Da Silva - 2015

§ 1º Salvo estipulação em contrário, o valor orçado terá

validade pelo prazo de dez dias, contado de seu recebimento

pelo consumidor.

§ 2° Uma vez aprovado pelo consumidor, o orçamento

obriga os contraentes e somente pode ser alterado mediante

livre negociação das partes.

§ 3° O consumidor não responde por quaisquer ônus ou

acréscimos decorrentes da contratação de serviços de terceiros

não previstos no orçamento prévio.

Art. 41. No caso de fornecimento de produtos ou de serviços

sujeitos ao regime de controle ou de tabelamento de preços, os

fornecedores deverão respeitar os limites oficiais sob pena de

não o fazendo, responderem pela restituição da quantia recebida

em excesso, monetariamente atualizada, podendo o consumidor

exigir à sua escolha, o desfazimento do negócio, sem prejuízo de

outras sanções cabíveis.

34. REPETIÇÃO DO INDÉBITO

Essa espécie de pena privada para os fornecedores

que fazem cobrança indevida aos consumidores encontra

previsão no artigo 42 e 42–A do CDC.

Art. 42. Na cobrança de débitos, o consumidor inadimplente não

será exposto a ridículo, nem será submetido a qualquer tipo de

constrangimento ou ameaça.

Parágrafo único. O consumidor cobrado em quantia indevida

tem direito à repetição do indébito, por valor igual ao dobro do

que pagou em excesso, acrescido de correção monetária e juros

legais, salvo hipótese de engano justificável.

Page 75: Manual de Direito Do Consumidor Para OAB - Gláuber Moreira Barbosa Da Silva - 2015

Art. 42-A. Em todos os documentos de cobrança de débitos

apresentados ao consumidor, deverão constar o nome, o

endereço e o número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas

– CPF ou no Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica – CNPJ do

fornecedor do produto ou serviço correspondente. (Incluído pela

Lei nº 12.039, de 2009)

Entende a doutrina que quando o fornecedor cobra

indevidamente o consumidor, conforme dispõe o parágrafo

único do artigo 42 do CDC, não precisa haver má-fé do

fornecedor, bastando o simples erro cometido por ele, para

ensejar a restituição em dobro.

Entretanto, a jurisprudência entende de forma

diferente, pois para ela é necessário que além da cobrança

indevida exista má-fé por parte do fornecedor.

Por fim, vale a pena comentar que a lei

12.039/2009 acrescentou o artigo 42-A, com o fim de facilitar a

identificação do fornecedor de produtos e serviços,

principalmente para demandas judiciais.

35. BANCO DE DADOS E CADASTRO DE CONSUMIDORES

Além dos já conhecidos cadastros SPC e Serasa,

existem outros bancos de dados e cadastro de consumidores.

O Banco Central administra dois tipo de cadastros:

o CCF e o SCR. O primeiro é o cadastro de emitentes de cheque

sem fundo. A jurisprudência considera esse cadastro como de

caráter privado. O segundo é o cadastro em que consta a

informação de qualquer concessão de empréstimo acima de R$

1.000,00, independentemente de inadimplemento ou não. É

regulamentado pela Resolução n.º 3.658/2008.

Page 76: Manual de Direito Do Consumidor Para OAB - Gláuber Moreira Barbosa Da Silva - 2015

O cadastro positivo é regulamentado pela lei

12.414/2011. Ela disciplina a formação e consulta a bancos de

dados com informações de adimplemento, de pessoas naturais

ou de pessoas jurídicas, para formação de histórico de crédito.

Leiamos essa lei que contém apenas 18 artigos:

A PRESIDENTA DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso

Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:

Art. 1o Esta Lei disciplina a formação e consulta a bancos de

dados com informações de adimplemento, de pessoas naturais

ou de pessoas jurídicas, para formação de histórico de crédito,

sem prejuízo do disposto na Lei no 8.078, de 11 de setembro de

1990 - Código de Proteção e Defesa do Consumidor.

Parágrafo único. Os bancos de dados instituídos ou mantidos

por pessoas jurídicas de direito público interno serão regidos por

legislação específica.

Art. 2o Para os efeitos desta Lei, considera-se:

I - banco de dados: conjunto de dados relativo a pessoa natural

ou jurídica armazenados com a finalidade de subsidiar a

concessão de crédito, a realização de venda a prazo ou de outras

transações comerciais e empresariais que impliquem risco

financeiro;

II - gestor: pessoa jurídica responsável pela administração de

banco de dados, bem como pela coleta, armazenamento, análise

e acesso de terceiros aos dados armazenados;

III - cadastrado: pessoa natural ou jurídica que tenha autorizado

inclusão de suas informações no banco de dados;

Page 77: Manual de Direito Do Consumidor Para OAB - Gláuber Moreira Barbosa Da Silva - 2015

IV - fonte: pessoa natural ou jurídica que conceda crédito ou

realize venda a prazo ou outras transações comerciais e

empresariais que lhe impliquem risco financeiro;

V - consulente: pessoa natural ou jurídica que acesse

informações em bancos de dados para qualquer finalidade

permitida por esta Lei;

VI - anotação: ação ou efeito de anotar, assinalar, averbar,

incluir, inscrever ou registrar informação relativa ao histórico de

crédito em banco de dados; e

VII - histórico de crédito: conjunto de dados financeiros e de

pagamentos relativos às operações de crédito e obrigações de

pagamento adimplidas ou em andamento por pessoa natural ou

jurídica.

Art. 3o Os bancos de dados poderão conter informações de

adimplemento do cadastrado, para a formação do histórico de

crédito, nas condições estabelecidas nesta Lei.

§ 1o Para a formação do banco de dados, somente poderão ser

armazenadas informações objetivas, claras, verdadeiras e de fácil

compreensão, que sejam necessárias para avaliar a situação

econômica do cadastrado.

§ 2o Para os fins do disposto no § 1o, consideram-se

informações:

I - objetivas: aquelas descritivas dos fatos e que não envolvam

juízo de valor;

II - claras: aquelas que possibilitem o imediato entendimento do

cadastrado independentemente de remissão a anexos, fórmulas,

siglas, símbolos, termos técnicos ou nomenclatura específica;

Page 78: Manual de Direito Do Consumidor Para OAB - Gláuber Moreira Barbosa Da Silva - 2015

III - verdadeiras: aquelas exatas, completas e sujeitas à

comprovação nos termos desta Lei; e

IV - de fácil compreensão: aquelas em sentido comum que

assegurem ao cadastrado o pleno conhecimento do conteúdo,

do sentido e do alcance dos dados sobre ele anotados.

§ 3o Ficam proibidas as anotações de:

I - informações excessivas, assim consideradas aquelas que não

estiverem vinculadas à análise de risco de crédito ao

consumidor; e

II - informações sensíveis, assim consideradas aquelas

pertinentes à origem social e étnica, à saúde, à informação

genética, à orientação sexual e às convicções políticas, religiosas

e filosóficas.

Art. 4o A abertura de cadastro requer autorização prévia do

potencial cadastrado mediante consentimento informado por

meio de assinatura em instrumento específico ou em cláusula

apartada.

§ 1o Após a abertura do cadastro, a anotação de informação em

banco de dados independe de autorização e de comunicação ao

cadastrado.

§ 2o Atendido o disposto no caput, as fontes ficam autorizadas,

nas condições estabelecidas nesta Lei, a fornecer aos bancos de

dados as informações necessárias à formação do histórico das

pessoas cadastradas.

§ 3o (VETADO).

Art. 5o São direitos do cadastrado:

Page 79: Manual de Direito Do Consumidor Para OAB - Gláuber Moreira Barbosa Da Silva - 2015

I - obter o cancelamento do cadastro quando solicitado;

II - acessar gratuitamente as informações sobre ele existentes no

banco de dados, inclusive o seu histórico, cabendo ao gestor

manter sistemas seguros, por telefone ou por meio eletrônico,

de consulta para informar as informações de adimplemento;

III - solicitar impugnação de qualquer informação sobre ele

erroneamente anotada em banco de dados e ter, em até 7 (sete)

dias, sua correção ou cancelamento e comunicação aos bancos

de dados com os quais ele compartilhou a informação;

IV - conhecer os principais elementos e critérios considerados

para a análise de risco, resguardado o segredo empresarial;

V - ser informado previamente sobre o armazenamento, a

identidade do gestor do banco de dados, o objetivo do

tratamento dos dados pessoais e os destinatários dos dados em

caso de compartilhamento;

VI - solicitar ao consulente a revisão de decisão realizada

exclusivamente por meios automatizados; e

VII - ter os seus dados pessoais utilizados somente de acordo

com a finalidade para a qual eles foram coletados.

§ 1o (VETADO).

§ 2o (VETADO).

Art. 6o Ficam os gestores de bancos de dados obrigados, quando

solicitados, a fornecer ao cadastrado:

I - todas as informações sobre ele constantes de seus arquivos,

no momento da solicitação;

Page 80: Manual de Direito Do Consumidor Para OAB - Gláuber Moreira Barbosa Da Silva - 2015

II - indicação das fontes relativas às informações de que trata o

inciso I, incluindo endereço e telefone para contato;

III - indicação dos gestores de bancos de dados com os quais as

informações foram compartilhadas;

IV - indicação de todos os consulentes que tiveram acesso a

qualquer informação sobre ele nos 6 (seis) meses anteriores à

solicitação; e

V - cópia de texto contendo sumário dos seus direitos, definidos

em lei ou em normas infralegais pertinentes à sua relação com

bancos de dados, bem como a lista dos órgãos governamentais

aos quais poderá ele recorrer, caso considere que esses direitos

foram infringidos.

§ 1o É vedado aos gestores de bancos de dados estabelecerem

políticas ou realizarem operações que impeçam, limitem ou

dificultem o acesso do cadastrado previsto no inciso II do art. 5o.

§ 2o O prazo para atendimento das informações estabelecidas

nos incisos II, III, IV e V deste artigo será de 7 (sete) dias.

Art. 7o As informações disponibilizadas nos bancos de dados

somente poderão ser utilizadas para:

I - realização de análise de risco de crédito do cadastrado; ou

II - subsidiar a concessão ou extensão de crédito e a realização de

venda a prazo ou outras transações comerciais e empresariais

que impliquem risco financeiro ao consulente.

Parágrafo único. Cabe ao gestor manter sistemas seguros, por

telefone ou por meio eletrônico, de consulta para informar aos

consulentes as informações de adimplemento do cadastrado.

Page 81: Manual de Direito Do Consumidor Para OAB - Gláuber Moreira Barbosa Da Silva - 2015

Art. 8o São obrigações das fontes:

I - manter os registros adequados para demonstrar que a pessoa

natural ou jurídica autorizou o envio e a anotação de

informações em bancos de dados;

II - comunicar os gestores de bancos de dados acerca de eventual

exclusão ou revogação de autorização do cadastrado;

III - verificar e confirmar, ou corrigir, em prazo não superior a 2

(dois) dias úteis, informação impugnada, sempre que solicitado

por gestor de banco de dados ou diretamente pelo cadastrado;

IV - atualizar e corrigir informações enviadas aos gestores de

bancos de dados, em prazo não superior a 7 (sete) dias;

V - manter os registros adequados para verificar informações

enviadas aos gestores de bancos de dados; e

VI - fornecer informações sobre o cadastrado, em bases não

discriminatórias, a todos os gestores de bancos de dados que as

solicitarem, no mesmo formato e contendo as mesmas

informações fornecidas a outros bancos de dados.

Parágrafo único. É vedado às fontes estabelecerem políticas ou

realizarem operações que impeçam, limitem ou dificultem a

transmissão a banco de dados de informações de cadastrados

que tenham autorizado a anotação de seus dados em bancos de

dados.

Art. 9o O compartilhamento de informação de adimplemento só

é permitido se autorizado expressamente pelo cadastrado, por

meio de assinatura em instrumento específico ou em cláusula

apartada.

Page 82: Manual de Direito Do Consumidor Para OAB - Gláuber Moreira Barbosa Da Silva - 2015

§ 1o O gestor que receber informações por meio de

compartilhamento equipara-se, para todos os efeitos desta Lei,

ao gestor que anotou originariamente a informação, inclusive

quanto à responsabilidade solidária por eventuais prejuízos

causados e ao dever de receber e processar impugnação e

realizar retificações.

§ 2o O gestor originário é responsável por manter atualizadas as

informações cadastrais nos demais bancos de dados com os

quais compartilhou informações, bem como por informar a

solicitação de cancelamento do cadastro, sem quaisquer ônus

para o cadastrado.

§ 3o O cancelamento do cadastro pelo gestor originário implica

o cancelamento do cadastro em todos os bancos de dados que

compartilharam informações, que ficam obrigados a proceder,

individualmente, ao respectivo cancelamento nos termos desta

Lei.

§ 4o O gestor deverá assegurar, sob pena de responsabilidade, a

identificação da pessoa que promover qualquer inscrição ou

atualização de dados relacionados com o cadastrado, registrando

a data desta ocorrência, bem como a identificação exata da

fonte, do nome do agente que a efetuou e do equipamento ou

terminal a partir do qual foi processada tal ocorrência.

Art. 10. É proibido ao gestor exigir exclusividade das fontes de

informações.

Art. 11. Desde que autorizados pelo cadastrado, os prestadores

de serviços continuados de água, esgoto, eletricidade, gás e

telecomunicações, dentre outros, poderão fornecer aos bancos

Page 83: Manual de Direito Do Consumidor Para OAB - Gláuber Moreira Barbosa Da Silva - 2015

de dados indicados, na forma do regulamento, informação sobre

o adimplemento das obrigações financeiras do cadastrado.

Parágrafo único. É vedada a anotação de informação sobre

serviço de telefonia móvel na modalidade pós-paga.

Art. 12. Quando solicitado pelo cliente, as instituições

autorizadas a funcionar pelo Banco Central do Brasil fornecerão

aos bancos de dados indicados as informações relativas às suas

operações de crédito.

§ 1o As informações referidas no caput devem compreender

somente o histórico das operações de empréstimo e de

financiamento realizadas pelo cliente.

§ 2o É proibido às instituições autorizadas a funcionar pelo

Banco Central do Brasil estabelecer políticas ou realizar

operações que impeçam, limitem ou dificultem a transmissão

das informações bancárias de seu cliente a bancos de dados,

quando por este autorizadas.

§ 3o O Conselho Monetário Nacional adotará as medidas e

normas complementares necessárias para a aplicação do

disposto neste artigo.

Art. 13. O Poder Executivo regulamentará o disposto nesta Lei,

em especial quanto ao uso, guarda, escopo e compartilhamento

das informações recebidas por bancos de dados e quanto ao

disposto no art. 5o.

Art. 14. As informações de adimplemento não poderão constar

de bancos de dados por período superior a 15 (quinze) anos.

Art. 15. As informações sobre o cadastrado constantes dos

bancos de dados somente poderão ser acessadas por

Page 84: Manual de Direito Do Consumidor Para OAB - Gláuber Moreira Barbosa Da Silva - 2015

consulentes que com ele mantiverem ou pretenderem manter

relação comercial ou creditícia.

Art. 16. O banco de dados, a fonte e o consulente são

responsáveis objetiva e solidariamente pelos danos materiais e

morais que causarem ao cadastrado.

Art. 17. Nas situações em que o cadastrado for consumidor,

caracterizado conforme a Lei nº 8.078, de 11 de setembro de

1990 - Código de Proteção e Defesa do Consumidor, aplicam-se

as sanções e penas nela previstas e o disposto no § 2o.

§ 1o Nos casos previstos no caput, a fiscalização e a aplicação

das sanções serão exercidas concorrentemente pelos órgãos de

proteção e defesa do consumidor da União, dos Estados, do

Distrito Federal e dos Municípios, nas respectivas áreas de

atuação administrativa.

§ 2o Sem prejuízo do disposto no caput e no § 1o, os órgãos de

proteção e defesa do consumidor poderão aplicar medidas

corretivas, estabelecendo aos bancos de dados que

descumprirem o previsto nesta Lei obrigações de fazer com que

sejam excluídas do cadastro, no prazo de 7 (sete) dias,

informações incorretas, bem como cancelados cadastros de

pessoas que não autorizaram a abertura.

Art. 18. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.

Brasília, 9 de junho de 2011; 190o da Independência e 123o da

República.

DILMA ROUSSEFF

José Eduardo Cardozo

Guido Mantega

Page 85: Manual de Direito Do Consumidor Para OAB - Gláuber Moreira Barbosa Da Silva - 2015

Vale lembrar que o remédio constitucional para

corrigir informação é o habeas data.

Vejamos agora a regulamentação dada pelo CDC

sobre o tema:

Art. 43. O consumidor, sem prejuízo do disposto no art. 86, terá

acesso às informações existentes em cadastros, fichas, registros

e dados pessoais e de consumo arquivados sobre ele, bem como

sobre as suas respectivas fontes.

§ 1° Os cadastros e dados de consumidores devem ser

objetivos, claros, verdadeiros e em linguagem de fácil

compreensão, não podendo conter informações negativas

referentes a período superior a cinco anos.

§ 2° A abertura de cadastro, ficha, registro e dados pessoais

e de consumo deverá ser comunicada por escrito ao consumidor,

quando não solicitada por ele.

§ 3° O consumidor, sempre que encontrar inexatidão nos

seus dados e cadastros, poderá exigir sua imediata correção,

devendo o arquivista, no prazo de cinco dias úteis, comunicar a

alteração aos eventuais destinatários das informações

incorretas.

§ 4° Os bancos de dados e cadastros relativos a

consumidores, os serviços de proteção ao crédito e congêneres

são considerados entidades de caráter público.

§ 5° Consumada a prescrição relativa à cobrança de débitos

do consumidor, não serão fornecidas, pelos respectivos Sistemas

de Proteção ao Crédito, quaisquer informações que possam

impedir ou dificultar novo acesso ao crédito junto aos

fornecedores.

Page 86: Manual de Direito Do Consumidor Para OAB - Gláuber Moreira Barbosa Da Silva - 2015

Art. 44. Os órgãos públicos de defesa do consumidor

manterão cadastros atualizados de reclamações fundamentadas

contra fornecedores de produtos e serviços, devendo divulgá-lo

pública e anualmente. A divulgação indicará se a reclamação foi

atendida ou não pelo fornecedor.

§ 1° É facultado o acesso às informações lá constantes para

orientação e consulta por qualquer interessado.

§ 2° Aplicam-se a este artigo, no que couber, as mesmas

regras enunciadas no artigo anterior e as do parágrafo único do

art. 22 deste código.

* O artigo 86 foi vetado.

Um tema que muito aparece em prova é o tempo

que o nome do consumidor pode ficar em cadastro negativo. A

resposta se encontra no artigo 43, parágrafos 1º e 5º, ou seja, o

prazo é de 5 anos.

Segundo a jurisprudência do STJ o termo inicial do

prazo de cinco anos começa no momento da inscrição do nome

do consumidor no cadastro de inadimplentes.

36. JURISPRUDÊNCIA

Vejamos mais algumas jurisprudências

recentes no STJ.

DIREITO DO CONSUMIDOR. LEGALIDADE DO

SISTEMA CREDIT SCORING. RECURSO REPETITIVO

(ART. 543-C DO CPC E RES. 8/2008 DO STJ).

Page 87: Manual de Direito Do Consumidor Para OAB - Gláuber Moreira Barbosa Da Silva - 2015

No que diz respeito ao sistema credit scoring, definiu-se que:

a) é um método desenvolvido para avaliação do risco de

concessão de crédito, a partir de modelos estatísticos,

considerando diversas variáveis, com atribuição de uma

pontuação ao consumidor avaliado (nota do risco de crédito);

b) essa prática comercial é lícita, estando autorizada pelo art.

5º, IV, e pelo art. 7º, I, da Lei 12.414/2011 (Lei do Cadastro

Positivo); c) na avaliação do risco de crédito, devem ser

respeitados os limites estabelecidos pelo sistema de proteção

do consumidor no sentido da tutela da privacidade e da

máxima transparência nas relações negociais, conforme

previsão do CDC e da Lei 12.414/2011; d) apesar de

desnecessário o consentimento do consumidor consultado,

devem ser a ele fornecidos esclarecimentos, caso solicitados,

acerca das fontes dos dados considerados (histórico de

crédito), bem como as informações pessoais valoradas; e) o

desrespeito aos limites legais na utilização do sistema credit

scoring, configurando abuso no exercício desse direito (art.

187 do CC), pode ensejar a responsabilidade objetiva e

solidária do fornecedor do serviço, do responsável pelo banco

de dados, da fonte e do consulente (art. 16 da Lei 12.414/2011)

pela ocorrência de danos morais nas hipóteses de utilização de

informações excessivas ou sensíveis (art. 3º, § 3º, I e II, da Lei

12.414/2011), bem como nos casos de comprovada recusa

indevida de crédito pelo uso de dados incorretos ou

desatualizados. REsp 1.419.697-RS, Rel. Min. Paulo de Tarso

Sanseverino, julgado em 12/11/2014 (Informativo nº 551).

DIREITO DO CONSUMIDOR. PRAZO PARA O CREDOR

EXCLUIR DE CADASTRO DE PROTEÇÃO AO CRÉDITO

A INSCRIÇÃO DO NOME DE DEVEDOR. RECURSO

REPETITIVO (ART. 543-C DO CPC E RES. 8/2008-STJ).

126

Diante das regras previstas no CDC, mesmo

havendo regular inscrição do nome do devedor em cadastro de

órgão de proteção ao crédito, após o integral pagamento da

Page 88: Manual de Direito Do Consumidor Para OAB - Gláuber Moreira Barbosa Da Silva - 2015

dívida, incumbe ao credor requerer a exclusão do registro

desabonador, no prazo de cinco dias úteis, a contar do primeiro

dia útil subsequente à completa disponibilização do numerário

necessário à quitação do débito vencido. A jurisprudência

consolidada do STJ perfilha o entendimento de que, quando se

trata de inscrição em bancos de dados restritivos de crédito

(Serasa, SPC, dentre outros), tem-se entendido ser do credor, e

não do devedor, o ônus da baixa da indicação do nome do

consumidor, em virtude do que dispõe o art. 43, § 3º, combinado

com o art. 73, ambos do CDC. No caso, o consumidor pode

“exigir” a “imediata correção” de informações inexatas – não

cabendo a ele, portanto, proceder a tal correção (art. 43, § 3º) –,

constituindo crime “deixar de corrigir imediatamente informação

sobre consumidor constante de cadastro, banco de dados, fichas

ou registros que sabe ou deveria saber ser inexata” (art. 73).

Quanto ao prazo, como não existe regramento legal específico e

como os prazos abrangendo situações específicas não estão

devidamente amadurecidos na jurisprudência do STJ, faz-se

necessário o estabelecimento de um norte objetivo, o qual se

extrai do art. 43, § 3º, do CDC, segundo o qual o “consumidor,

sempre que encontrar inexatidão nos seus dados e cadastros,

poderá exigir sua imediata correção, devendo o arquivista, no

prazo de cinco dias úteis, comunicar a alteração aos eventuais

destinatários das informações incorretas”. Ora, para os órgãos

de sistema de proteção ao crédito, que exercem a atividade de

arquivamento de dados profissionalmente, o CDC considera

razoável o prazo de cinco dias úteis para, após a investigação dos

fatos referentes à impugnação apresentada pelo consumidor,

comunicar a retificação a terceiros que deles recebeu

informações incorretas. Assim, evidentemente, esse mesmo

prazo também será considerado razoável para que seja

Page 89: Manual de Direito Do Consumidor Para OAB - Gláuber Moreira Barbosa Da Silva - 2015

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requerida a exclusão do nome do outrora inadimplente do

cadastro desabonador por aquele que promove, em exercício

regular de direito, a verídica inclusão de dado de devedor em

cadastro de órgão de proteção ao crédito. REsp 1.424.792-BA,

Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 10/9/2014

(Informativo nº 548).

37. INTRODUÇÃO

Para começar o estudo da proteção contratual nas

relações de consumo, devemos falar sobre autonomia da

vontade, força obrigatória dos contratos, relatividade dos efeitos

do contrato, função social do contrato e boa-fé objetiva.

Os consumidores ao ter acesso aos bens de

consumo e serviços deverão ter acesso de forma igualitária, com

autonomia de vontade, ou seja, sua vontade não pode ser

viciada, não pode ser exercida com erro, dolo, coação.

A força obrigatória dos contratos deve ser

relativizada nas relações de consumo, logo, o pacta sunt

servanta sofre uma relativização. A força obrigatória dos

contratos informa que as partes são livres para pactuar e se

Page 90: Manual de Direito Do Consumidor Para OAB - Gláuber Moreira Barbosa Da Silva - 2015

vinculam ao que foi acordado. Mas como na relação de consumo

a força obrigatória dos contratos não é absoluta, o legislador

estabelece várias exceções, como no caso das cláusulas abusivas,

que serão estudadas mais a frente.

A relatividade dos efeitos pode ser explicada

dizendo que nas relações de consumo os contratos têm efeito

entre as partes.

Função social do contrato é atribuir ao contrato

uma função social, ou seja, ele deve ter por finalidade o

benefício dos contratantes sem conflito com o interesse público.

Por fim, devemos analisar o que é a boa-fé objetiva.

Ela é a conduta ética esperada na formação dos contratos em

suas fases pré-contratual, contratual e pós-contratual.

38. DISPOSIÇÕES GERAIS DA PROTEÇÃO CONTRATUAL

Começaremos esse assunto com a leitura dos

artigos 46 ao 50 do CDC.

Art. 46. Os contratos que regulam as relações de consumo

não obrigarão os consumidores, se não lhes for dada a

oportunidade de tomar conhecimento prévio de seu conteúdo,

ou se os respectivos instrumentos forem redigidos de modo a

dificultar a compreensão de seu sentido e alcance.

Art. 47. As cláusulas contratuais serão interpretadas de

maneira mais favorável ao consumidor.

Art. 48. As declarações de vontade constantes de escritos

particulares, recibos e pré-contratos relativos às relações de

consumo vinculam o fornecedor, ensejando inclusive execução

específica, nos termos do art. 84 e parágrafos.

Page 91: Manual de Direito Do Consumidor Para OAB - Gláuber Moreira Barbosa Da Silva - 2015

Art. 49. O consumidor pode desistir do contrato, no prazo de

7 dias a contar de sua assinatura ou do ato de recebimento do

produto ou serviço, sempre que a contratação de fornecimento

de produtos e serviços ocorrer fora do estabelecimento

comercial, especialmente por telefone ou a domicílio.

Parágrafo único. Se o consumidor exercitar o direito de

arrependimento previsto neste artigo, os valores eventualmente

pagos, a qualquer título, durante o prazo de reflexão, serão

devolvidos, de imediato, monetariamente atualizados.

Art. 50. A garantia contratual é complementar à legal e será

conferida mediante termo escrito.

Parágrafo único. O termo de garantia ou equivalente deve

ser padronizado e esclarecer, de maneira adequada em que

consiste a mesma garantia, bem como a forma, o prazo e o lugar

em que pode ser exercitada e os ônus a cargo do consumidor,

devendo ser-lhe entregue, devidamente preenchido pelo

fornecedor, no ato do fornecimento, acompanhado de manual

de instrução, de instalação e uso do produto em linguagem

didática, com ilustrações.

Ao ler o artigo 46 do CDC, podemos verificar

claramente o princípio da transparência e boa-fé. Pois, o

fornecedor de produto e serviço deve ser o mais claro e

transparente possível com o consumidor, sem esconder

nenhuma informação, além disso, deve facilitar o máximo a

compreensão das informações.

O princípio da interpretação mais favorável ao

consumidor está esculpido no artigo 47 do CDC, quando o

Page 92: Manual de Direito Do Consumidor Para OAB - Gláuber Moreira Barbosa Da Silva - 2015

legislador informa que na dúvida devemos favorecer o

consumidor.

Outro princípio que devemos lembrar é o princípio

da vinculação da oferta está contido no artigo 48 do CDC,

quando nos informa que as declarações de vontade do

fornecedor de produtos e serviços irão vinculá-lo ao consumidor,

inclusive na fase pré-contratual.

O artigo 49 do CDC traz uma das exceções ao Pacto

Sunt Servanda dispõe sobre o direito potestativo da desistência

para compras fora do estabelecimento. Também se aplica esse

dispositivo a compras feitas pela internet.

Lembre-se da questão da garantia complementar

disposta no artigo 50 do CDC. Quando a loja oferece garantia ao

produto o serviço, primeiro esgota-se a garantia da loja e depois

a garantia legal.

39. CLÁUSULAS ABUSIVAS

A doutrina conceituou cláusulas abusivas, pois o

legislador não o fez. Para a doutrina ela é a que prejudica o

consumidor, ocasionando um abuso de direito.

Ademais, o CDC fornece um rol exemplificativo.

Leiamos os artigos que tratam sobre o tema na norma

consumerista.

Art. 51. São nulas de pleno direito, entre outras, as cláusulas

contratuais relativas ao fornecimento de produtos e serviços

que:

I - impossibilitem, exonerem ou atenuem a responsabilidade

do fornecedor por vícios de qualquer natureza dos produtos e

Page 93: Manual de Direito Do Consumidor Para OAB - Gláuber Moreira Barbosa Da Silva - 2015

serviços ou impliquem renúncia ou disposição de direitos. Nas

relações de consumo entre o fornecedor e o consumidor pessoa

jurídica, a indenização poderá ser limitada, em situações

justificáveis;

II - subtraiam ao consumidor a opção de reembolso da

quantia já paga, nos casos previstos neste código;

III - transfiram responsabilidades a terceiros;

IV - estabeleçam obrigações consideradas iníquas, abusivas,

que coloquem o consumidor em desvantagem exagerada, ou

sejam incompatíveis com a boa-fé ou a eqüidade;

V - (Vetado);

VI - estabeleçam inversão do ônus da prova em prejuízo do

consumidor;

VII - determinem a utilização compulsória de arbitragem;

VIII - imponham representante para concluir ou realizar

outro negócio jurídico pelo consumidor;

IX - deixem ao fornecedor a opção de concluir ou não o

contrato, embora obrigando o consumidor;

X - permitam ao fornecedor, direta ou indiretamente,

variação do preço de maneira unilateral;

XI - autorizem o fornecedor a cancelar o contrato

unilateralmente, sem que igual direito seja conferido ao

consumidor;

XII - obriguem o consumidor a ressarcir os custos de

cobrança de sua obrigação, sem que igual direito lhe seja

conferido contra o fornecedor;

Page 94: Manual de Direito Do Consumidor Para OAB - Gláuber Moreira Barbosa Da Silva - 2015

XIII - autorizem o fornecedor a modificar unilateralmente o

conteúdo ou a qualidade do contrato, após sua celebração;

XIV - infrinjam ou possibilitem a violação de normas

ambientais;

XV - estejam em desacordo com o sistema de proteção ao

consumidor;

XVI - possibilitem a renúncia do direito de indenização por

benfeitorias necessárias.

§ 1º Presume-se exagerada, entre outros casos, a vantagem

que:

I - ofende os princípios fundamentais do sistema jurídico a

que pertence;

II - restringe direitos ou obrigações fundamentais inerentes à

natureza do contrato, de tal modo a ameaçar seu objeto ou

equilíbrio contratual;

III - se mostra excessivamente onerosa para o consumidor,

considerando-se a natureza e conteúdo do contrato, o interesse

das partes e outras circunstâncias peculiares ao caso.

§ 2° A nulidade de uma cláusula contratual abusiva não

invalida o contrato, exceto quando de sua ausência, apesar dos

esforços de integração, decorrer ônus excessivo a qualquer das

partes.

§ 3° (Vetado).

§ 4° É facultado a qualquer consumidor ou entidade que o

represente requerer ao Ministério Público que ajuíze a

competente ação para ser declarada a nulidade de cláusula

Page 95: Manual de Direito Do Consumidor Para OAB - Gláuber Moreira Barbosa Da Silva - 2015

contratual que contrarie o disposto neste código ou de qualquer

forma não assegure o justo equilíbrio entre direitos e obrigações

das partes.

Art. 52. No fornecimento de produtos ou serviços que

envolva outorga de crédito ou concessão de financiamento ao

consumidor, o fornecedor deverá, entre outros requisitos,

informá-lo prévia e adequadamente sobre:

I - preço do produto ou serviço em moeda corrente nacional;

II - montante dos juros de mora e da taxa efetiva anual de

juros;

III - acréscimos legalmente previstos;

IV - número e periodicidade das prestações;

V - soma total a pagar, com e sem financiamento.

§ 1° As multas de mora decorrentes do inadimplemento de

obrigações no seu termo não poderão ser superiores a dois por

cento do valor da prestação.(Redação dada pela Lei nº 9.298, de

1º.8.1996)

§ 2º É assegurado ao consumidor a liquidação antecipada do

débito, total ou parcialmente, mediante redução proporcional

dos juros e demais acréscimos.

§ 3º (Vetado).

Art. 53. Nos contratos de compra e venda de móveis ou

imóveis mediante pagamento em prestações, bem como nas

alienações fiduciárias em garantia, consideram-se nulas de pleno

direito as cláusulas que estabeleçam a perda total das prestações

pagas em benefício do credor que, em razão do inadimplemento,

Page 96: Manual de Direito Do Consumidor Para OAB - Gláuber Moreira Barbosa Da Silva - 2015

pleitear a resolução do contrato e a retomada do produto

alienado.

§ 1° (Vetado).

§ 2º Nos contratos do sistema de consórcio de produtos

duráveis, a compensação ou a restituição das parcelas quitadas,

na forma deste artigo, terá descontada, além da vantagem

econômica auferida com a fruição, os prejuízos que o desistente

ou inadimplente causar ao grupo.

§ 3° Os contratos de que trata o caput deste artigo serão

expressos em moeda corrente nacional.

Importante lembrar que a cláusula abusiva é nula,

podendo o juiz declará-la de ofício, mas cuidado com a exceção

das cláusulas bancárias estabelecido na súmula 381 do STJ.

“Nos contratos bancários, é vedado ao julgador conhecer, de

ofício, da abusividade das cláusulas." (Súmula 381 – STJ)

40. CONTRATO DE ADESÃO

O contrato de adesão foi conceituado pelo

legislador no artigo 54 do CDC. Vejamos:

Art. 54. Contrato de adesão é aquele cujas cláusulas tenham

sido aprovadas pela autoridade competente ou estabelecidas

unilateralmente pelo fornecedor de produtos ou serviços, sem

que o consumidor possa discutir ou modificar substancialmente

seu conteúdo.

§ 1° A inserção de cláusula no formulário não desfigura a

natureza de adesão do contrato.

Page 97: Manual de Direito Do Consumidor Para OAB - Gláuber Moreira Barbosa Da Silva - 2015

§ 2° Nos contratos de adesão admite-se cláusula resolutória,

desde que a alternativa, cabendo a escolha ao consumidor,

ressalvando-se o disposto no § 2° do artigo anterior.

§ 3o Os contratos de adesão escritos serão redigidos em

termos claros e com caracteres ostensivos e legíveis, cujo

tamanho da fonte não será inferior ao corpo doze, de modo a

facilitar sua compreensão pelo consumidor. (Redação dada pela

nº 11.785, de 2008)

§ 4° As cláusulas que implicarem limitação de direito do

consumidor deverão ser redigidas com destaque, permitindo sua

imediata e fácil compreensão.

Vejam que o princípio da transparência se mostra

claramente no parágrafo 3º do artigo 54 do CDC.

41. JURISPRUDÊNCIA

“Nos contratos bancários, é vedado ao julgador conhecer, de

ofício, da abusividade das cláusulas." (Súmula 381 – STJ)

“É abusiva a cláusula contratual de plano de saúde que limita no

tempo a internação hospitalar do segurado.” (Súmula 302 – STJ)

DIREITO CIVIL E DO CONSUMIDOR. REAJUSTE DE

MENSALIDADE DE SEGURO-SAÚDE EM RAZÃO DE

ALTERAÇÃO DE FAIXA ETÁRIA DO SEGURADO.

É válida a cláusula, prevista em contrato de seguro-saúde, que

autoriza o aumento das mensalidades do seguro quando o

usuário completar sessenta anos de idade, desde que haja

respeito aos limites e requisitos estabelecidos na Lei

9.656/1998 e, ainda, que não se apliquem índices de reajuste

Page 98: Manual de Direito Do Consumidor Para OAB - Gláuber Moreira Barbosa Da Silva - 2015

desarrazoados ou aleatórios, que onerem em demasia o

segurado. Realmente, sabe-se que, quanto mais avançada a idade

do segurado, independentemente de ser ele enquadrado ou não

como idoso, maior será seu risco subjetivo, pois normalmente a

pessoa de mais idade necessita de serviços de assistência médica

com maior frequência do que a que se encontra em uma faixa

etária menor. Trata-se de uma constatação natural, de um fato que

se observa na vida e que pode ser cientificamente confirmado. Por

isso mesmo, os contratos de seguro-saúde normalmente trazem

cláusula prevendo reajuste em função do aumento da idade do

segurado, tendo em vista que os valores cobrados a título de

prêmio devem ser proporcionais ao grau de probabilidade de

ocorrência do evento risco coberto. Maior o risco, maior o valor

do prêmio. Atento a essa circunstância, o legislador editou a Lei

9.656/1998, preservando a possibilidade de reajuste da

mensalidade de seguro-saúde em razão da mudança de faixa etária

do segurado, estabelecendo, contudo, algumas restrições a esses

reajustes (art. 15). Desse modo, percebe-se que ordenamento

jurídico permitiu expressamente o reajuste das mensalidades em

razão do ingresso do segurado em faixa etária mais avançada em

que os riscos de saúde são abstratamente elevados, buscando,

assim, manter o equilíbrio atuarial do sistema. Posteriormente, em

razão do advento do art. 15, § 3º, da Lei 10.741/2003 (Estatuto do

Idoso) que estabelece ser “vedada a discriminação do idoso nos

planos de saúde pela cobrança de valores diferenciados em razão

da idade”, impõe-se encontrar um ponto de equilíbrio na

interpretação dos diplomas legais que regem a matéria, a fim de

se chegar a uma solução justa para os interesses em conflito.

Nesse passo, não é possível extrair-se do art. 15, § 3º, do Estatuto

do Idoso uma interpretação que repute, abstratamente, abusivo

todo e qualquer reajuste que se baseie em mudança de faixa

etária, mas tão somente o aumento discriminante, desarrazoado,

que, em concreto, traduza verdadeiro fator de discriminação do

idoso, por visar dificultar ou impedir a permanência dele no

seguro-saúde; prática, aliás, que constitui verdadeiro abuso de

direito e violação ao princípio da igualdade e divorcia-se da boa-

fé contratual. Ressalte-se que o referido vício – aumento

desarrazoado – caracteriza-se pela ausência de justificativa para o

Page 99: Manual de Direito Do Consumidor Para OAB - Gláuber Moreira Barbosa Da Silva - 2015

nível do aumento aplicado. Situação que se torna perceptível,

sobretudo, pela demasiada majoração do valor da mensalidade do

contrato de seguro de vida do idoso, quando comparada com os

percentuais de reajustes anteriormente postos durante a vigência

do pacto. Igualmente, na hipótese em que o segurador se

aproveita do advento da idade do segurado para não só cobrir

despesas ou riscos maiores, mas também para aumentar os lucros

há, sim, reajuste abusivo e ofensa às disposições do CDC. Além

disso, os custos pela maior utilização dos serviços de saúde pelos

idosos não podem ser diluídos entre os participantes mais jovens

do grupo segurado, uma vez que, com isso, os demais segurados

iriam, naturalmente, reduzir as possibilidades de seu seguro-saúde

ou rescindi-lo, ante o aumento da despesa imposta. Nessa linha

intelectiva, não se pode desamparar uns, os mais jovens e suas

famílias, para pretensamente evitar a sobrecarga de preço para os

idosos. Destaque-se que não se está autorizando a oneração de

uma pessoa pelo simples fato de ser idosa; mas, sim, por

demandar mais do serviço ofertado. Nesse sentido, considerando-

se que os aumentos dos seguros-saúde visam cobrir a maior

demanda, não se pode falar em discriminação, que somente

existiria na hipótese de o aumento decorrer, pura e simplesmente,

do advento da idade. Portanto, excetuando-se as situações de

abuso, a norma inserida na cláusula em análise – que autoriza o

aumento das mensalidades do seguro em razão de o usuário

completar sessenta anos de idade – não confronta o art. 15, § 3º,

do Estatuto do Idoso, que veda a discriminação negativa, no

sentido do injusto. Precedente citado: REsp 866.840-SP, Quarta

Turma, DJe 17/8/2011. REsp 1.381.606-DF, Rel. originária

Min. Nancy Andrighi, Rel. para acórdão Min. João Otávio De

Noronha, julgado em 7/10/2014 (Informativo nº 551).

DIREITO DO CONSUMIDOR. POSSIBILIDADE DE

SEGURADORA OU OPERADORA DE PLANO DE SAÚDE

CUSTEAR TRATAMENTO EXPERIMENTAL. A

seguradora ou operadora de plano de saúde deve custear

tratamento experimental existente no País, em instituição de

Page 100: Manual de Direito Do Consumidor Para OAB - Gláuber Moreira Barbosa Da Silva - 2015

reputação científica reconhecida, de doença listada na CID-

OMS, desde que haja indicação médica para tanto, e os

médicos que acompanhem o quadro clínico do paciente

atestem a ineficácia ou a insuficiência dos tratamentos

indicados convencionalmente para a cura ou controle eficaz

da doença. Cumpre esclarecer que o art. 12 da Lei 9.656/1998

estabelece as coberturas mínimas que devem ser garantidas aos

segurados e beneficiários dos planos de saúde. Nesse sentido, as

operadoras são obrigadas a cobrir os tratamentos e serviços

necessários à busca da cura ou controle da doença apresentada

pelo paciente e listada na Classificação Estatística Internacional

de Doenças e Problemas Relacionados com a Saúde, da

Organização Mundial de Saúde (CID-OMS). Já o art. 10, I, da

referida Lei estabelece que as seguradoras ou operadoras de plano

de saúde podem excluir da cobertura o tratamento clínico ou

cirúrgico experimental. Nessa linha intelectiva, a autorização

legal para que um determinado tratamento seja excluído deve ser

entendida em confronto com as coberturas mínimas que são

garantidas. Tanto é assim que o art. 10 da Lei 9.656/1998 faz

menção expressa ao art. 12 do mesmo diploma legal e vice-versa.

Desse modo, o tratamento experimental, por força de sua

recomendada utilidade, embora eventual, transmuda-se em

tratamento mínimo a ser garantido ao paciente, escopo da Lei

9.656/1998, como se vê nos citados arts. 10 e 12. Isto é, nas

situações em que os tratamentos convencionais não forem

suficientes ou eficientes – fato atestado pelos médicos que

acompanham o quadro clínico do paciente –, existindo no País

tratamento experimental, em instituição de reputação científica

reconhecida, com indicação para a doença, a seguradora ou

operadora deve arcar com os custos do tratamento, na medida em

que passa a ser o único de real interesse para o contratante.

Assim, a restrição contida no art. 10, I, da Lei 9.656/1998

somente deve ter aplicação nas hipóteses em que os tratamentos

convencionais mínimos garantidos pelo art. 12 da mesma Lei

sejam de fato úteis e eficazes para o contratante segurado. Ou

seja, não pode o paciente, à custa da seguradora ou operadora de

plano de saúde, optar por tratamento experimental, por considerá-

lo mais eficiente ou menos agressivo, pois lhe é disponibilizado

Page 101: Manual de Direito Do Consumidor Para OAB - Gláuber Moreira Barbosa Da Silva - 2015

tratamento útil, suficiente para atender o mínimo garantido pela

Lei. REsp 1.279.241-SP, Rel. Min. Raul Araújo, julgado em

16/9/2014 (Informativo nº 551).

42. COMPETÊNCIA

A Competência para baixar normas referentes à produção, industrialização, distribuição e consumo de produtos e

serviços é concorrente da União Federal, dos Estados-membros e do Distrito Federal.

Esses mesmos entes controlarão a produção,

industrialização, distribuição, a publicidade de produtos e

serviços e o mercado de consumo, no interesse da preservação

da vida, da saúde, da segurança, da informação e do bem-estar

do consumidor, baixando as normas que se fizerem necessárias.

Esse assunto está disciplinado no artigo 55 do CDC. Leiamos.

Art. 55. A União, os Estados e o Distrito Federal, em caráter concorrente e nas suas respectivas áreas de atuação administrativa, baixarão normas relativas à produção, industrialização, distribuição e consumo de produtos e serviços.

§ 1° A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios

fiscalizarão e controlarão a produção, industrialização,

distribuição, a publicidade de produtos e serviços e o mercado

de consumo, no interesse da preservação da vida, da saúde, da

segurança, da informação e do bem-estar do consumidor,

baixando as normas que se fizerem necessárias.

§2° (Vetado).

§ 3° Os órgãos federais, estaduais, do Distrito Federal e

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municipais com atribuições para fiscalizar e controlar o mercado

de consumo manterão comissões permanentes para elaboração,

revisão e atualização das normas referidas no § 1°, sendo

obrigatória a participação dos consumidores e fornecedores.

§ 4° Os órgãos oficiais poderão expedir notificações aos fornecedores para que, sob pena de desobediência, prestem informações sobre questões de interesse do consumidor,

resguardado o segredo industrial.

Veja, no parágrafo 3º, que o município possui

apenas a atribuição, junto com os outros entes, de fiscalizar e

controlar o mercado de consumo, e manter comissões

permanentes para elaboração, revisão e atualização das normas

referidas no § 1°, sendo obrigatória a participação dos

consumidores e fornecedores.

Além disso, a lei autoriza aos órgãos oficiais expedir notificações aos fornecedores, para que esses prestem informações sobre questões de interesse do consumidor, sem revelar os segredos industriais.

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43. DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA

Para falar sobre o consumidor em juízo, é

necessário, antes, abordar o assunto da desconsideração da

personalidade jurídica.

O tema está disposto no artigo 28 do CDC.

Art. 28. O juiz poderá desconsiderar a personalidade jurídica da

sociedade quando, em detrimento do consumidor, houver abuso

de direito, excesso de poder, infração da lei, fato ou ato ilícito ou

violação dos estatutos ou contrato social. A desconsideração

também será efetivada quando houver falência, estado de

insolvência, encerramento ou inatividade da pessoa jurídica

provocados por má administração.

§ 1° (Vetado).

§ 2° As sociedades integrantes dos grupos societários e as

sociedades controladas, são subsidiariamente responsáveis pelas

obrigações decorrentes deste código.

§ 3° As sociedades consorciadas são solidariamente

responsáveis pelas obrigações decorrentes deste código.

§ 4° As sociedades coligadas só responderão por culpa.

§ 5° Também poderá ser desconsiderada a pessoa jurídica

sempre que sua personalidade for, de alguma forma, obstáculo

ao ressarcimento de prejuízos causados aos consumidores.

A regra é que a personalidade de uma pessoa

jurídica é distinta da personalidade daquelas pessoas que a

Page 104: Manual de Direito Do Consumidor Para OAB - Gláuber Moreira Barbosa Da Silva - 2015

compõem. Sendo assim, somente a pessoa jurídica responde por

suas dívidas.

Mas, em algumas situações, permite-se que seja

desconsiderada a personalidade jurídica da pessoa jurídica,

atingindo as próprias pessoas que a compõem.

Existem duas espécies de desconsideração da

personalidade jurídica, uma está no artigo 50 do Código Civil e a

outra no artigo 28 do CDC que foi lido acima.

No artigo 50, exigem-se mais requisitos para aplicar

o instituto da desconsideração da personalidade jurídica, que

também chamado de disregard of the legal entity.

Veja o artigo 50 do Código Civil.

Art. 50. Em caso de abuso da personalidade jurídica,

caracterizado pelo desvio de finalidade, ou pela confusão

patrimonial, pode o juiz decidir, a requerimento da parte, ou do

Ministério Público quando lhe couber intervir no processo, que

os efeitos de certas e determinadas relações de obrigações

sejam estendidos aos bens particulares dos administradores ou

sócios da pessoa jurídica.

Portanto, o Superior Tribunal de Justiça vem

entendendo que o CDC adotou a Teoria Menor da Personalidade

Jurídica, pela qual há “menos” requisitos se desconsiderar a

personalidade jurídica da pessoa jurídica. Ou seja, Exige-se

apenas a dificuldade em penhorar bens do fornecedor de

produtos ou de serviços, não sendo necessário comprovar fatos

adicionais como, por exemplo, abuso de personalidade, confusão

patrimonial, dentre outros, como ocorre no âmbito das relações

regidas pelo Código Civil.

Page 105: Manual de Direito Do Consumidor Para OAB - Gláuber Moreira Barbosa Da Silva - 2015

Além disso, não podemos esquecer que às

sociedades integrantes de grupos societários e sociedades

controladas são subsidiariamente responsáveis pelas obrigações

regidas pelo CDC.

As sociedades Consorciadas são solidariamente

responsáveis e as coligadas só responderão mediante a

comprovação da culpa.

44. DISPOSIÇÕES GERAIS DA DEFESA DO CONSUMIDOR

EM JUÍZO E A LEI DE AÇÃO CIVIL PÚBLICA

Para começar o estudo desse assunto, vamos

estudar o que legislador dispôs no CDC.

Art. 81. A defesa dos interesses e direitos dos consumidores e

das vítimas poderá ser exercida em juízo individualmente, ou a

título coletivo.

Parágrafo único. A defesa coletiva será exercida quando se

tratar de:

I - interesses ou direitos difusos, assim entendidos, para

efeitos deste código, os transindividuais, de natureza indivisível,

de que sejam titulares pessoas indeterminadas e ligadas por

circunstâncias de fato;

II - interesses ou direitos coletivos, assim entendidos, para

efeitos deste código, os transindividuais, de natureza indivisível

de que seja titular grupo, categoria ou classe de pessoas ligadas

entre si ou com a parte contrária por uma relação jurídica base;

III - interesses ou direitos individuais homogêneos, assim

entendidos os decorrentes de origem comum.

Page 106: Manual de Direito Do Consumidor Para OAB - Gláuber Moreira Barbosa Da Silva - 2015

Art. 82. Para os fins do art. 81, parágrafo único, são

legitimados concorrentemente: (Redação dada pela Lei nº 9.008,

de 21.3.1995)

I - o Ministério Público,

II - a União, os Estados, os Municípios e o Distrito Federal;

III - as entidades e órgãos da Administração Pública, direta

ou indireta, ainda que sem personalidade jurídica,

especificamente destinados à defesa dos interesses e direitos

protegidos por este código;

IV - as associações legalmente constituídas há pelo menos

um ano e que incluam entre seus fins institucionais a defesa dos

interesses e direitos protegidos por este código, dispensada a

autorização assemblear.

§ 1° O requisito da pré-constituição pode ser dispensado

pelo juiz, nas ações previstas nos arts. 91 e seguintes, quando

haja manifesto interesse social evidenciado pela dimensão ou

característica do dano, ou pela relevância do bem jurídico a ser

protegido.

§ 2° (Vetado).

§ 3° (Vetado).

Art. 83. Para a defesa dos direitos e interesses protegidos

por este código são admissíveis todas as espécies de ações

capazes de propiciar sua adequada e efetiva tutela.

Parágrafo único. (Vetado).

Art. 84. Na ação que tenha por objeto o cumprimento da

obrigação de fazer ou não fazer, o juiz concederá a tutela

Page 107: Manual de Direito Do Consumidor Para OAB - Gláuber Moreira Barbosa Da Silva - 2015

específica da obrigação ou determinará providências que

assegurem o resultado prático equivalente ao do adimplemento.

§ 1° A conversão da obrigação em perdas e danos somente

será admissível se por elas optar o autor ou se impossível a

tutela específica ou a obtenção do resultado prático

correspondente.

§ 2° A indenização por perdas e danos se fará sem prejuízo

da multa (art. 287, do Código de Processo Civil).

§ 3° Sendo relevante o fundamento da demanda e havendo

justificado receio de ineficácia do provimento final, é lícito ao juiz

conceder a tutela liminarmente ou após justificação prévia,

citado o réu.

§ 4° O juiz poderá, na hipótese do § 3° ou na sentença,

impor multa diária ao réu, independentemente de pedido do

autor, se for suficiente ou compatível com a obrigação, fixando

prazo razoável para o cumprimento do preceito.

§ 5° Para a tutela específica ou para a obtenção do resultado

prático equivalente, poderá o juiz determinar as medidas

necessárias, tais como busca e apreensão, remoção de coisas e

pessoas, desfazimento de obra, impedimento de atividade

nociva, além de requisição de força policial.

Art. 85. (Vetado).

Art. 86. (Vetado).

Art. 87. Nas ações coletivas de que trata este código não

haverá adiantamento de custas, emolumentos, honorários

periciais e quaisquer outras despesas, nem condenação da

Page 108: Manual de Direito Do Consumidor Para OAB - Gláuber Moreira Barbosa Da Silva - 2015

associação autora, salvo comprovada má-fé, em honorários de

advogados, custas e despesas processuais.

Parágrafo único. Em caso de litigância de má-fé, a associação

autora e os diretores responsáveis pela propositura da ação

serão solidariamente condenados em honorários advocatícios e

ao décuplo das custas, sem prejuízo da responsabilidade por

perdas e danos.

Art. 88. Na hipótese do art. 13, parágrafo único deste

código, a ação de regresso poderá ser ajuizada em processo

autônomo, facultada a possibilidade de prosseguir-se nos

mesmos autos, vedada a denunciação da lide.

Art. 89. (Vetado)

Art. 90. Aplicam-se às ações previstas neste título as normas

do Código de Processo Civil e da Lei n° 7.347, de 24 de julho de

1985, inclusive no que respeita ao inquérito civil, naquilo que

não contrariar suas disposições.

Como foi lido acima, a defesa do consumidor em

juízo poderá ocorrer individual e coletivamente. Vejamos uma

tabela explicativa abaixo para ver as características de cada tipo

desses interesses.

TIPO DE DIREITO DESCRIÇÃO EXEMPLO

Direitos Difusos Os transindividuais, de natureza indivisível, de que sejam titulares pessoas indeterminadas e ligadas por circunstâncias de

Direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado.

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fato.

Direitos Coletivos São transindividuais, indivisíveis e pertencem a um grupo determinado, categoria ou classe de pessoas ligadas entre si ou com a parte contrária por uma relação jurídica de base.

Direitos dos integrantes de um consórcio de carro.

Direitos individuais homogêneos

São decorrentes de origem comum, divisíveis e determinados.

Direitos das Vítimas de um acidente de ônibus.

Vale ressaltar que a tutela coletiva pode ser

exercida concorrentemente pelos legitimados dispostos no

artigo 82 do CDC.

Embora exista divergência, a doutrina aponta a

legitimidade da Defensoria Pública como legitimada, estando

amparada pelo artigo 82, III do CDC. Pois, ao prevê legitimidade

aos órgãos da administração pública direta ou indiretamente,

ainda que sem personalidade jurídica, está incluindo o órgão da

Defensoria Pública.

Além disso, a Defensoria Pública está

expressamente incluída dentre os legitimados da ação civil

pública na Lei 7347/85 no artigo 5º, inciso II. Vale a pena ler essa

lei bem pequena para a prova da OAB, principalmente porque

sofreu alteração em razão do CDC.

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Art. 1º Regem-se pelas disposições desta Lei, sem prejuízo da

ação popular, as ações de responsabilidade por danos morais e

patrimoniais causados: (Redação dada pela Lei nº 12.529, de

2011).

l - ao meio-ambiente;

ll - ao consumidor;

III – a bens e direitos de valor artístico, estético, histórico,

turístico e paisagístico;

IV - a qualquer outro interesse difuso ou coletivo. (Incluído pela

Lei nº 8.078 de 1990)

V - por infração da ordem econômica; (Redação dada pela Lei nº

12.529, de 2011).

VI - à ordem urbanística. (Incluído pela Medida provisória nº

2.180-35, de 2001)

VII – à honra e à dignidade de grupos raciais, étnicos ou

religiosos. (Incluído pela Lei nº 12.966, de 2014)

VIII – ao patrimônio público e social. (Incluído pela Lei nº

13.004, de 2014)

Parágrafo único. Não será cabível ação civil pública para veicular

pretensões que envolvam tributos, contribuições

previdenciárias, o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço - FGTS

ou outros fundos de natureza institucional cujos beneficiários

podem ser individualmente determinados. (Incluído pela Medida

provisória nº 2.180-35, de 2001)

Page 111: Manual de Direito Do Consumidor Para OAB - Gláuber Moreira Barbosa Da Silva - 2015

Art. 2º As ações previstas nesta Lei serão propostas no foro do

local onde ocorrer o dano, cujo juízo terá competência funcional

para processar e julgar a causa.

Parágrafo único A propositura da ação prevenirá a jurisdição do

juízo para todas as ações posteriormente intentadas que

possuam a mesma causa de pedir ou o mesmo objeto. (Incluído

pela Medida provisória nº 2.180-35, de 2001)

Art. 3º A ação civil poderá ter por objeto a condenação em

dinheiro ou o cumprimento de obrigação de fazer ou não fazer.

Art. 4o Poderá ser ajuizada ação cautelar para os fins desta Lei,

objetivando, inclusive, evitar dano ao patrimônio público e

social, ao meio ambiente, ao consumidor, à honra e à dignidade

de grupos raciais, étnicos ou religiosos, à ordem urbanística ou

aos bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico

e paisagístico. (Redação dada pela Lei nº 13.004, de 2014)

Art. 5o Têm legitimidade para propor a ação principal e a ação

cautelar: (Redação dada pela Lei nº 11.448, de 2007).

I - o Ministério Público; (Redação dada pela Lei nº 11.448, de

2007).

II - a Defensoria Pública; (Redação dada pela Lei nº 11.448, de

2007).

III - a União, os Estados, o Distrito Federal e os

Municípios; (Incluído pela Lei nº 11.448, de 2007).

IV - a autarquia, empresa pública, fundação ou sociedade de

economia mista; (Incluído pela Lei nº 11.448, de 2007).

V - a associação que, concomitantemente: (Incluído pela Lei nº

11.448, de 2007).

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a) esteja constituída há pelo menos 1 (um) ano nos termos da lei

civil; (Incluído pela Lei nº 11.448, de 2007).

b) inclua, entre suas finalidades institucionais, a proteção ao

patrimônio público e social, ao meio ambiente, ao consumidor, à

ordem econômica, à livre concorrência, aos direitos de grupos

raciais, étnicos ou religiosos ou ao patrimônio artístico, estético,

histórico, turístico e paisagístico. (Redação dada pela Lei nº

13.004, de 2014)

§ 1º O Ministério Público, se não intervier no processo como

parte, atuará obrigatoriamente como fiscal da lei.

§ 2º Fica facultado ao Poder Público e a outras associações

legitimadas nos termos deste artigo habilitar-se como

litisconsortes de qualquer das partes.

§ 3º Em caso de desistência infundada ou abandono da ação por

associação legitimada, o Ministério Público ou outro legitimado

assumirá a titularidade ativa.(Redação dada pela Lei nº 8.078, de

1990)

§ 4.° O requisito da pré-constituição poderá ser dispensado pelo

juiz, quando haja manifesto interesse social evidenciado pela

dimensão ou característica do dano, ou pela relevância do bem

jurídico a ser protegido. (Incluído pela Lei nª 8.078, de 11.9.1990)

§ 5.° Admitir-se-á o litisconsórcio facultativo entre os Ministérios

Públicos da União, do Distrito Federal e dos Estados na defesa

dos interesses e direitos de que cuida esta lei. (Incluído pela Lei

nª 8.078, de 11.9.1990) (Vide Mensagem de veto)

§ 6° Os órgãos públicos legitimados poderão tomar dos

interessados compromisso de ajustamento de sua conduta às

exigências legais, mediante cominações, que terá eficácia de

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título executivo extrajudicial. (Incluído pela Lei nª 8.078, de

11.9.1990) (Vide Mensagem de veto)

Art. 6º Qualquer pessoa poderá e o servidor público deverá

provocar a iniciativa do Ministério Público, ministrando-lhe

informações sobre fatos que constituam objeto da ação civil e

indicando-lhe os elementos de convicção.

Art. 7º Se, no exercício de suas funções, os juízes e tribunais

tiverem conhecimento de fatos que possam ensejar a

propositura da ação civil, remeterão peças ao Ministério Público

para as providências cabíveis.

Art. 8º Para instruir a inicial, o interessado poderá requerer às

autoridades competentes as certidões e informações que julgar

necessárias, a serem fornecidas no prazo de 15 (quinze) dias.

§ 1º O Ministério Público poderá instaurar, sob sua presidência,

inquérito civil, ou requisitar, de qualquer organismo público ou

particular, certidões, informações, exames ou perícias, no prazo

que assinalar, o qual não poderá ser inferior a 10 (dez) dias úteis.

§ 2º Somente nos casos em que a lei impuser sigilo, poderá ser

negada certidão ou informação, hipótese em que a ação poderá

ser proposta desacompanhada daqueles documentos, cabendo

ao juiz requisitá-los.

Art. 9º Se o órgão do Ministério Público, esgotadas todas as

diligências, se convencer da inexistência de fundamento para a

propositura da ação civil, promoverá o arquivamento dos autos

do inquérito civil ou das peças informativas, fazendo-o

fundamentadamente.

§ 1º Os autos do inquérito civil ou das peças de informação

arquivadas serão remetidos, sob pena de se incorrer em falta

Page 114: Manual de Direito Do Consumidor Para OAB - Gláuber Moreira Barbosa Da Silva - 2015

grave, no prazo de 3 (três) dias, ao Conselho Superior do

Ministério Público.

§ 2º Até que, em sessão do Conselho Superior do Ministério

Público, seja homologada ou rejeitada a promoção de

arquivamento, poderão as associações legitimadas apresentar

razões escritas ou documentos, que serão juntados aos autos do

inquérito ou anexados às peças de informação.

§ 3º A promoção de arquivamento será submetida a exame e

deliberação do Conselho Superior do Ministério Público,

conforme dispuser o seu Regimento.

§ 4º Deixando o Conselho Superior de homologar a promoção de

arquivamento, designará, desde logo, outro órgão do Ministério

Público para o ajuizamento da ação.

Art. 10. Constitui crime, punido com pena de reclusão de 1 (um)

a 3 (três) anos, mais multa de 10 (dez) a 1.000 (mil) Obrigações

Reajustáveis do Tesouro Nacional - ORTN, a recusa, o

retardamento ou a omissão de dados técnicos indispensáveis à

propositura da ação civil, quando requisitados pelo Ministério

Público.

Art. 11. Na ação que tenha por objeto o cumprimento de

obrigação de fazer ou não fazer, o juiz determinará o

cumprimento da prestação da atividade devida ou a cessação da

atividade nociva, sob pena de execução específica, ou de

cominação de multa diária, se esta for suficiente ou compatível,

independentemente de requerimento do autor.

Art. 12. Poderá o juiz conceder mandado liminar, com ou sem

justificação prévia, em decisão sujeita a agravo.

Page 115: Manual de Direito Do Consumidor Para OAB - Gláuber Moreira Barbosa Da Silva - 2015

§ 1º A requerimento de pessoa jurídica de direito público

interessada, e para evitar grave lesão à ordem, à saúde, à

segurança e à economia pública, poderá o Presidente do Tribunal

a que competir o conhecimento do respectivo recurso suspender

a execução da liminar, em decisão fundamentada, da qual caberá

agravo para uma das turmas julgadoras, no prazo de 5 (cinco)

dias a partir da publicação do ato.

§ 2º A multa cominada liminarmente só será exigível do réu após

o trânsito em julgado da decisão favorável ao autor, mas será

devida desde o dia em que se houver configurado o

descumprimento.

Art. 13. Havendo condenação em dinheiro, a indenização pelo

dano causado reverterá a um fundo gerido por um Conselho

Federal ou por Conselhos Estaduais de que participarão

necessariamente o Ministério Público e representantes da

comunidade, sendo seus recursos destinados à reconstituição

dos bens

lesados. (Regulamento) (Regulamento) (Regulamento)

§ 1o. Enquanto o fundo não for regulamentado, o dinheiro ficará

depositado em estabelecimento oficial de crédito, em conta com

correção monetária. (Renumerado do parágrafo único pela Lei nº

12.288, de 2010)

§ 2o Havendo acordo ou condenação com fundamento em dano

causado por ato de discriminação étnica nos termos do disposto

no art. 1o desta Lei, a prestação em dinheiro reverterá

diretamente ao fundo de que trata o caput e será utilizada para

ações de promoção da igualdade étnica, conforme definição do

Conselho Nacional de Promoção da Igualdade Racial, na hipótese

de extensão nacional, ou dos Conselhos de Promoção de

Page 116: Manual de Direito Do Consumidor Para OAB - Gláuber Moreira Barbosa Da Silva - 2015

Igualdade Racial estaduais ou locais, nas hipóteses de danos com

extensão regional ou local, respectivamente. (Incluído pela Lei nº

12.288, de 2010) (Vigência)

Art. 14. O juiz poderá conferir efeito suspensivo aos recursos,

para evitar dano irreparável à parte.

Art. 15. Decorridos sessenta dias do trânsito em julgado da

sentença condenatória, sem que a associação autora lhe

promova a execução, deverá fazê-lo o Ministério Público,

facultada igual iniciativa aos demais legitimados. (Redação dada

pela Lei nº 8.078, de 1990)

Art. 16. A sentença civil fará coisa julgada erga omnes, nos

limites da competência territorial do órgão prolator, exceto se o

pedido for julgado improcedente por insuficiência de provas,

hipótese em que qualquer legitimado poderá intentar outra ação

com idêntico fundamento, valendo-se de nova prova. (Redação

dada pela Lei nº 9.494, de 10.9.1997)

Art. 17. Em caso de litigância de má-fé, a associação autora e os

diretores responsáveis pela propositura da ação serão

solidariamente condenados em honorários advocatícios e ao

décuplo das custas, sem prejuízo da responsabilidade por perdas

e danos. (Renumerado do Parágrafo Único com nova redação

pela Lei nº 8.078, de 1990)

Art. 18. Nas ações de que trata esta lei, não haverá

adiantamento de custas, emolumentos, honorários periciais e

quaisquer outras despesas, nem condenação da associação

autora, salvo comprovada má-fé, em honorários de advogado,

custas e despesas processuais. (Redação dada pela Lei nº 8.078,

de 1990)

Page 117: Manual de Direito Do Consumidor Para OAB - Gláuber Moreira Barbosa Da Silva - 2015

Art. 19. Aplica-se à ação civil pública, prevista nesta Lei, o Código

de Processo Civil, aprovado pela Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de

1973, naquilo em que não contrarie suas disposições.

Art. 20. O fundo de que trata o art. 13 desta Lei será

regulamentado pelo Poder Executivo no prazo de 90 (noventa)

dias. (Regulamento)

Art. 21. Aplicam-se à defesa dos direitos e interesses difusos,

coletivos e individuais, no que for cabível, os dispositivos

do Título III da lei que instituiu o Código de Defesa do

Consumidor. (Incluído Lei nº 8.078, de 1990)

Art. 22. Esta lei entra em vigor na data de sua

publicação. (Renumerado do art. 21, pela Lei nº 8.078, de 1990)

Art. 23. Revogam-se as disposições em contrário. (Renumerado

do art. 22, pela Lei nº 8.078, de 1990)

Brasília, em 24 de julho de 1985; 164º da Independência e 97º da

República.

JOSÉ SARNEY

Fernando Lyra

A Lei Federal 13.004/14, publicada no último dia 25

de junho, alterou os artigos 1º, 4º e 5º, V, “b”, da Lei da Ação

Civil Pública (Lei 7.347/85), para fazer prever, expressamente,

entre os bens cuja violação pode ser evitada ou ressarcida por

esse tipo de demanda coletiva, o patrimônio público e social.

45. AÇÕES COLETIVAS PARA DEFESA DE DIREITOS

INDIVIDUAIS HOMOGÊNIOS

Vejamos o que o CDC dispõe sobre o assunto:

Page 118: Manual de Direito Do Consumidor Para OAB - Gláuber Moreira Barbosa Da Silva - 2015

Art. 91. Os legitimados de que trata o art. 82 poderão propor,

em nome próprio e no interesse das vítimas ou seus sucessores,

ação civil coletiva de responsabilidade pelos danos

individualmente sofridos, de acordo com o disposto nos artigos

seguintes. (Redação dada pela Lei nº 9.008, de 21.3.1995)

Art. 92. O Ministério Público, se não ajuizar a ação, atuará

sempre como fiscal da lei.

Parágrafo único. (Vetado).

Art. 93. Ressalvada a competência da Justiça Federal, é

competente para a causa a justiça local:

I - no foro do lugar onde ocorreu ou deva ocorrer o dano,

quando de âmbito local;

II - no foro da Capital do Estado ou no do Distrito Federal,

para os danos de âmbito nacional ou regional, aplicando-se as

regras do Código de Processo Civil aos casos de competência

concorrente.

Art. 94. Proposta a ação, será publicado edital no órgão

oficial, a fim de que os interessados possam intervir no processo

como litisconsortes, sem prejuízo de ampla divulgação pelos

meios de comunicação social por parte dos órgãos de defesa do

consumidor.

Art. 95. Em caso de procedência do pedido, a condenação

será genérica, fixando a responsabilidade do réu pelos danos

causados.

Art. 96. (Vetado).

Page 119: Manual de Direito Do Consumidor Para OAB - Gláuber Moreira Barbosa Da Silva - 2015

Art. 97. A liquidação e a execução de sentença poderão ser

promovidas pela vítima e seus sucessores, assim como pelos

legitimados de que trata o art. 82.

Parágrafo único. (Vetado).

Art. 98. A execução poderá ser coletiva, sendo promovida

pelos legitimados de que trata o art. 82, abrangendo as vítimas

cujas indenizações já tiveram sido fixadas em sentença de

liquidação, sem prejuízo do ajuizamento de outras

execuções. (Redação dada pela Lei nº 9.008, de 21.3.1995)

§ 1° A execução coletiva far-se-á com base em certidão das

sentenças de liquidação, da qual deverá constar a ocorrência ou

não do trânsito em julgado.

§ 2° É competente para a execução o juízo:

I - da liquidação da sentença ou da ação condenatória, no

caso de execução individual;

II - da ação condenatória, quando coletiva a execução.

Art. 99. Em caso de concurso de créditos decorrentes de

condenação prevista na Lei n.° 7.347, de 24 de julho de 1985 e

de indenizações pelos prejuízos individuais resultantes do

mesmo evento danoso, estas terão preferência no pagamento.

Parágrafo único. Para efeito do disposto neste artigo, a

destinação da importância recolhida ao fundo criado pela Lei

n°7.347 de 24 de julho de 1985, ficará sustada enquanto

pendentes de decisão de segundo grau as ações de indenização

pelos danos individuais, salvo na hipótese de o patrimônio do

devedor ser manifestamente suficiente para responder pela

integralidade das dívidas.

Page 120: Manual de Direito Do Consumidor Para OAB - Gláuber Moreira Barbosa Da Silva - 2015

Art. 100. Decorrido o prazo de um ano sem habilitação de

interessados em número compatível com a gravidade do dano,

poderão os legitimados do art. 82 promover a liquidação e

execução da indenização devida.

Parágrafo único. O produto da indenização devida reverterá

para o fundo criado pela Lei n.° 7.347, de 24 de julho de 1985.

Ao fazer a leitura dos mencionados artigos,

devemos ficar atento, principalmente, a função do Ministério

Público, a questão da competência, como ocorre a execução e ao

prazo habilitação. Por isso, a leitura com atenção se faz

necessária.

46. AS AÇÕES DE RESPONSABILIDADE DO FORNECEDOR

DE PRODUTOS E SERVIÇOS

Esse tema é importante porque informa foro

competente para o consumidor poder ingressar com a ação

judicial. O artigo é autoexplicativo, pois não existe nenhuma

controvérsia doutrinária relevante.

Art. 101. Na ação de responsabilidade civil do fornecedor de

produtos e serviços, sem prejuízo do disposto nos Capítulos I e II

deste título, serão observadas as seguintes normas:

I - a ação pode ser proposta no domicílio do autor;

II - o réu que houver contratado seguro de responsabilidade

poderá chamar ao processo o segurador, vedada a integração do

contraditório pelo Instituto de Resseguros do Brasil. Nesta

hipótese, a sentença que julgar procedente o pedido condenará

o réu nos termos do art. 80 do Código de Processo Civil. Se o réu

houver sido declarado falido, o síndico será intimado a informar

Page 121: Manual de Direito Do Consumidor Para OAB - Gláuber Moreira Barbosa Da Silva - 2015

a existência de seguro de responsabilidade, facultando-se, em

caso afirmativo, o ajuizamento de ação de indenização

diretamente contra o segurador, vedada a denunciação da lide

ao Instituto de Resseguros do Brasil e dispensado o litisconsórcio

obrigatório com este.

Art. 102. Os legitimados a agir na forma deste código

poderão propor ação visando compelir o Poder Público

competente a proibir, em todo o território nacional, a produção,

divulgação distribuição ou venda, ou a determinar a alteração na

composição, estrutura, fórmula ou acondicionamento de

produto, cujo uso ou consumo regular se revele nocivo ou

perigoso à saúde pública e à incolumidade pessoal.

47. COISA JULGADA

O regime da coisa julgada nas ações coletivas do

CDC é bem diferente do previsto nas ações individuais em geral,

que costumam ter limites subjetivos restritos e pouca

flexibilidade.

Vejamos o que o CDC nos informa:

Art. 103. Nas ações coletivas de que trata este código, a sentença

fará coisa julgada:

I - erga omnes, exceto se o pedido for julgado improcedente

por insuficiência de provas, hipótese em que qualquer legitimado

poderá intentar outra ação, com idêntico fundamento valendo-

se de nova prova, na hipótese do inciso I do parágrafo único do

art. 81;

II - ultra partes, mas limitadamente ao grupo, categoria ou

classe, salvo improcedência por insuficiência de provas, nos

Page 122: Manual de Direito Do Consumidor Para OAB - Gláuber Moreira Barbosa Da Silva - 2015

termos do inciso anterior, quando se tratar da hipótese prevista

no inciso II do parágrafo único do art. 81;

III - erga omnes, apenas no caso de procedência do pedido,

para beneficiar todas as vítimas e seus sucessores, na hipótese

do inciso III do parágrafo único do art. 81.

§ 1° Os efeitos da coisa julgada previstos nos incisos I e II não

prejudicarão interesses e direitos individuais dos integrantes da

coletividade, do grupo, categoria ou classe.

§ 2° Na hipótese prevista no inciso III, em caso de

improcedência do pedido, os interessados que não tiverem

intervindo no processo como litisconsortes poderão propor ação

de indenização a título individual.

§ 3° Os efeitos da coisa julgada de que cuida o art. 16,

combinado com o art. 13 da Lei n° 7.347, de 24 de julho de 1985,

não prejudicarão as ações de indenização por danos

pessoalmente sofridos, propostas individualmente ou na forma

prevista neste código, mas, se procedente o pedido, beneficiarão

as vítimas e seus sucessores, que poderão proceder à liquidação

e à execução, nos termos dos arts. 96 a 99.

§ 4º Aplica-se o disposto no parágrafo anterior à sentença

penal condenatória.

Art. 104. As ações coletivas, previstas nos incisos I e II e do

parágrafo único do art. 81, não induzem litispendência para as

ações individuais, mas os efeitos da coisa julgada erga omnes ou

ultra partes a que aludem os incisos II e III do artigo anterior não

beneficiarão os autores das ações individuais, se não for

requerida sua suspensão no prazo de trinta dias, a contar da

ciência nos autos do ajuizamento da ação coletiva.

Page 123: Manual de Direito Do Consumidor Para OAB - Gláuber Moreira Barbosa Da Silva - 2015

Agora vejamos um quadro que irá facilitar o estudo:

PROCEDÊNCIA IMPROCEDÊNCIA IMPROCEDÊNCIA POR FALTA DE

PROVAS

OBSERVAÇÃO

DIREITOS DIFUSOS

Erga omnes Erga omnes Sem eficácia erga omnes

Interesses individuais não

ficam prejudicados

pela improcedência

DIREITOS COLETIVOS

Ultra partes, limitada ao grupo, categoria ou classe

Ultra partes Sem eficácia ultra partes

Interesses individuais não

ficam prejudicados

pela improcedência

DIREITOS INDIVIDUAIS

HOMOGÊNIOS

Erga omnes, para beneficiar vítimas e sucessores, salvo se a vítima, ciente da ação coletiva, preferiu continuar com a ação individual

Sem eficácia erga omnes

Sem eficácia erga omnes

Interesses individuais não

ficam prejudicados

pela improcedência

48. SISTEMA NACIONAL DE DEFESA DO CONSUMIDOR -

SNDC

São integrantes do SNDC os órgãos federais,

estaduais, do Distrito Federal e municipais e as entidades

Page 124: Manual de Direito Do Consumidor Para OAB - Gláuber Moreira Barbosa Da Silva - 2015

privadas de defesa do consumidor, conforme dispõe o artigo 105

do CDC.

Alem disso, o órgão de coordenação política do

sistema é o Departamento Nacional de Defesa do Consumidor (

Secretaria Nacional de Defesa do Consumidor, que pertence ao

Ministério da Justiça.

Vejamos a regulamentação dada pelo CDC a

respeito do assunto.

Art. 105. Integram o Sistema Nacional de Defesa do Consumidor

(SNDC), os órgãos federais, estaduais, do Distrito Federal e

municipais e as entidades privadas de defesa do consumidor.

Art. 106. O Departamento Nacional de Defesa do

Consumidor, da Secretaria Nacional de Direito Econômico (MJ),

ou órgão federal que venha substituí-lo, é organismo de

coordenação da política do Sistema Nacional de Defesa do

Consumidor, cabendo-lhe:

I - planejar, elaborar, propor, coordenar e executar a política

nacional de proteção ao consumidor;

II - receber, analisar, avaliar e encaminhar consultas,

denúncias ou sugestões apresentadas por entidades

representativas ou pessoas jurídicas de direito público ou

privado;

III - prestar aos consumidores orientação permanente sobre

seus direitos e garantias;

IV - informar, conscientizar e motivar o consumidor através

dos diferentes meios de comunicação;

Page 125: Manual de Direito Do Consumidor Para OAB - Gláuber Moreira Barbosa Da Silva - 2015

V - solicitar à polícia judiciária a instauração de inquérito

policial para a apreciação de delito contra os consumidores, nos

termos da legislação vigente;

VI - representar ao Ministério Público competente para fins

de adoção de medidas processuais no âmbito de suas

atribuições;

VII - levar ao conhecimento dos órgãos competentes as

infrações de ordem administrativa que violarem os interesses

difusos, coletivos, ou individuais dos consumidores;

VIII - solicitar o concurso de órgãos e entidades da União,

Estados, do Distrito Federal e Municípios, bem como auxiliar a

fiscalização de preços, abastecimento, quantidade e segurança

de bens e serviços;

IX - incentivar, inclusive com recursos financeiros e outros

programas especiais, a formação de entidades de defesa do

consumidor pela população e pelos órgãos públicos estaduais e

municipais;

X - (Vetado).

XI - (Vetado).

XII - (Vetado)

XIII - desenvolver outras atividades compatíveis com suas

finalidades.

Parágrafo único. Para a consecução de seus objetivos, o

Departamento Nacional de Defesa do Consumidor poderá

solicitar o concurso de órgãos e entidades de notória

especialização técnico-científica.

Page 126: Manual de Direito Do Consumidor Para OAB - Gláuber Moreira Barbosa Da Silva - 2015

49. A CONVENÇÃO COLETIVA DE CONSUMO

A convenção coletiva de consumo pode ser

conceituada como convenção escrita estabelecida entre as

entidades civis de consumidores e as associações de

fornecedores de consume e de serviço ou sindicatos de categoria

econômica, que tem por objetivo regular as relações de consumo

e por objeto estabelecer condições relativas ao preço, à

qualidade, à quantidade, à garantia e as características de

produtos e serviços, bem como reclamação e composição do

conflito de consumo.

A convenção se tornará obrigatória a partir do

registro do instrumento no cartório de títulos e documentos.

Ademais, ela obrigará apenas os filiados às entidades signatárias.

Não se exime de cumprir a convenção o fornecedor que se

desligar da entidade em data posterior ao registro do

instrumento.

Vejamos o que nos informa o CDC.

Art. 107. As entidades civis de consumidores e as associações de

fornecedores ou sindicatos de categoria econômica podem

regular, por convenção escrita, relações de consumo que tenham

por objeto estabelecer condições relativas ao preço, à qualidade,

à quantidade, à garantia e características de produtos e serviços,

bem como à reclamação e composição do conflito de consumo.

§ 1° A convenção tornar-se-á obrigatória a partir do registro

do instrumento no cartório de títulos e documentos.

§ 2° A convenção somente obrigará os filiados às entidades

signatárias.

Page 127: Manual de Direito Do Consumidor Para OAB - Gláuber Moreira Barbosa Da Silva - 2015

§ 3° Não se exime de cumprir a convenção o fornecedor que

se desligar da entidade em data posterior ao registro do

instrumento.

Art. 108. (Vetado).

50. DISPOSIÇÕES FINAIS

O CDC em suas disposições finais realizou algumas

alterações na Lei de Ação Civil Pública. Vejamos:

Art. 110. Acrescente-se o seguinte inciso IV ao art. 1° da Lei n°

7.347, de 24 de julho de 1985:

"IV - a qualquer outro interesse difuso ou coletivo".

Art. 111. O inciso II do art. 5° da Lei n° 7.347, de 24 de julho

de 1985, passa a ter a seguinte redação:

"II - inclua, entre suas finalidades institucionais, a proteção ao

meio ambiente, ao consumidor, ao patrimônio artístico, estético,

histórico, turístico e paisagístico, ou a qualquer outro interesse

difuso ou coletivo".

Art. 112. O § 3° do art. 5° da Lei n° 7.347, de 24 de julho de

1985, passa a ter a seguinte redação:

"§ 3° Em caso de desistência infundada ou abandono da ação por

associação legitimada, o Ministério Público ou outro legitimado

assumirá a titularidade ativa".

Art. 113. Acrescente-se os seguintes §§ 4°, 5° e 6° ao art. 5º.

da Lei n.° 7.347, de 24 de julho de 1985:

Page 128: Manual de Direito Do Consumidor Para OAB - Gláuber Moreira Barbosa Da Silva - 2015

"§ 4.° O requisito da pré-constituição poderá ser dispensado pelo

juiz, quando haja manifesto interesse social evidenciado pela

dimensão ou característica do dano, ou pela relevância do bem

jurídico a ser protegido.

§ 5.° Admitir-se-á o litisconsórcio facultativo entre os Ministérios

Públicos da União, do Distrito Federal e dos Estados na defesa

dos interesses e direitos de que cuida esta lei. (Vide Mensagem

de veto) (Vide REsp 222582 /MG - STJ)

§ 6° Os órgãos públicos legitimados poderão tomar dos

interessados compromisso de ajustamento de sua conduta às

exigências legais, mediante combinações, que terá eficácia de

título executivo extrajudicial". (Vide Mensagem de veto) (Vide

REsp 222582 /MG - STJ)

Art. 114. O art. 15 da Lei n° 7.347, de 24 de julho de 1985,

passa a ter a seguinte redação:

"Art. 15. Decorridos sessenta dias do trânsito em julgado da

sentença condenatória, sem que a associação autora lhe

promova a execução, deverá fazê-lo o Ministério Público,

facultada igual iniciativa aos demais legitimados".

Art. 115. Suprima-se o caput do art. 17 da Lei n° 7.347, de 24

de julho de 1985, passando o parágrafo único a constituir o

caput, com a seguinte redação:

“Art. 17. “Art. 17. Em caso de litigância de má-fé, a associação

autora e os diretores responsáveis pela propositura da ação

serão solidariamente condenados em honorários advocatícios e

ao décuplo das custas, sem prejuízo da responsabilidade por

perdas e danos”.

Page 129: Manual de Direito Do Consumidor Para OAB - Gláuber Moreira Barbosa Da Silva - 2015

Art. 116. Dê-se a seguinte redação ao art. 18 da Lei n° 7.347,

de 24 de julho de 1985:

"Art. 18. Nas ações de que trata esta lei, não haverá

adiantamento de custas, emolumentos, honorários periciais e

quaisquer outras despesas, nem condenação da associação

autora, salvo comprovada má-fé, em honorários de advogado,

custas e despesas processuais".

Art. 117. Acrescente-se à Lei n° 7.347, de 24 de julho de

1985, o seguinte dispositivo, renumerando-se os seguintes:

"Art. 21. Aplicam-se à defesa dos direitos e interesses difusos,

coletivos e individuais, no que for cabível, os dispositivos do

Título III da lei que instituiu o Código de Defesa do Consumidor".

Art. 118. Este código entrará em vigor dentro de cento e

oitenta dias a contar de sua publicação.

Art. 119. Revogam-se as disposições em contrário.

Essa foi a última apostila sobre Direitos do

Consumidor. Espero que tenham gostado.

51. SANÇÕES ADMINISTRATIVAS

As sanções administrativas estão disciplinadas no

artigo 55 e seguintes do CDC. Façamos a leitura.

Art. 55. A União, os Estados e o Distrito Federal, em caráter

concorrente e nas suas respectivas áreas de atuação

administrativa, baixarão normas relativas à produção,

industrialização, distribuição e consumo de produtos e serviços.

Page 130: Manual de Direito Do Consumidor Para OAB - Gláuber Moreira Barbosa Da Silva - 2015

§ 1° A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios

fiscalizarão e controlarão a produção, industrialização,

distribuição, a publicidade de produtos e serviços e o mercado

de consumo, no interesse da preservação da vida, da saúde, da

segurança, da informação e do bem-estar do consumidor,

baixando as normas que se fizerem necessárias.

§ 2° (Vetado).

§ 3° Os órgãos federais, estaduais, do Distrito Federal e

municipais com atribuições para fiscalizar e controlar o mercado

de consumo manterão comissões permanentes para elaboração,

revisão e atualização das normas referidas no § 1°, sendo

obrigatória a participação dos consumidores e fornecedores.

§ 4° Os órgãos oficiais poderão expedir notificações aos

fornecedores para que, sob pena de desobediência, prestem

informações sobre questões de interesse do consumidor,

resguardado o segredo industrial.

Art. 56. As infrações das normas de defesa do consumidor

ficam sujeitas, conforme o caso, às seguintes sanções

administrativas, sem prejuízo das de natureza civil, penal e das

definidas em normas específicas:

I - multa;

II - apreensão do produto;

III - inutilização do produto;

IV - cassação do registro do produto junto ao órgão

competente;

V - proibição de fabricação do produto;

Page 131: Manual de Direito Do Consumidor Para OAB - Gláuber Moreira Barbosa Da Silva - 2015

VI - suspensão de fornecimento de produtos ou serviço;

VII - suspensão temporária de atividade;

VIII - revogação de concessão ou permissão de uso;

IX - cassação de licença do estabelecimento ou de atividade;

X - interdição, total ou parcial, de estabelecimento, de obra

ou de atividade;

XI - intervenção administrativa;

XII - imposição de contrapropaganda.

Parágrafo único. As sanções previstas neste artigo serão

aplicadas pela autoridade administrativa, no âmbito de sua

atribuição, podendo ser aplicadas cumulativamente, inclusive

por medida cautelar, antecedente ou incidente de procedimento

administrativo.

Art. 57. A pena de multa, graduada de acordo com a

gravidade da infração, a vantagem auferida e a condição

econômica do fornecedor, será aplicada mediante procedimento

administrativo, revertendo para o Fundo de que trata a Lei nº

7.347, de 24 de julho de 1985, os valores cabíveis à União, ou

para os Fundos estaduais ou municipais de proteção ao

consumidor nos demais casos. (Redação dada pela Lei nº 8.656,

de 21.5.1993)

Parágrafo único. A multa será em montante não inferior a

duzentas e não superior a três milhões de vezes o valor da

Unidade Fiscal de Referência (Ufir), ou índice equivalente que

venha a substituí-lo. (Parágrafo acrescentado pela Lei nº 8.703,

de 6.9.1993)

Page 132: Manual de Direito Do Consumidor Para OAB - Gláuber Moreira Barbosa Da Silva - 2015

Art. 58. As penas de apreensão, de inutilização de produtos,

de proibição de fabricação de produtos, de suspensão do

fornecimento de produto ou serviço, de cassação do registro do

produto e revogação da concessão ou permissão de uso serão

aplicadas pela administração, mediante procedimento

administrativo, assegurada ampla defesa, quando forem

constatados vícios de quantidade ou de qualidade por

inadequação ou insegurança do produto ou serviço.

Art. 59. As penas de cassação de alvará de licença, de

interdição e de suspensão temporária da atividade, bem como a

de intervenção administrativa, serão aplicadas mediante

procedimento administrativo, assegurada ampla defesa, quando

o fornecedor reincidir na prática das infrações de maior

gravidade previstas neste código e na legislação de consumo.

§ 1° A pena de cassação da concessão será aplicada à

concessionária de serviço público, quando violar obrigação legal

ou contratual.

§ 2° A pena de intervenção administrativa será aplicada

sempre que as circunstâncias de fato desaconselharem a

cassação de licença, a interdição ou suspensão da atividade.

§ 3° Pendendo ação judicial na qual se discuta a imposição

de penalidade administrativa, não haverá reincidência até o

trânsito em julgado da sentença.

Art. 60. A imposição de contrapropaganda será cominada

quando o fornecedor incorrer na prática de publicidade

enganosa ou abusiva, nos termos do art. 36 e seus parágrafos,

sempre às expensas do infrator.

Page 133: Manual de Direito Do Consumidor Para OAB - Gláuber Moreira Barbosa Da Silva - 2015

§ 1º A contrapropaganda será divulgada pelo responsável da

mesma forma, freqüência e dimensão e, preferencialmente no

mesmo veículo, local, espaço e horário, de forma capaz de

desfazer o malefício da publicidade enganosa ou abusiva.

As sanções administrativas é o exercício do poder de polícia da administração pública na fiscalização do

cumprimento das regras inerentes à defesa do consumidor.

O conceito de poder de polícia está definido no artigo 78 do Código Tributário Nacional.

Vejamos:

Art. 78. Considera-se poder de polícia atividade da administração

pública que, limitando ou disciplinando direito, interêsse ou

liberdade, regula a prática de ato ou abstenção de fato, em razão

de intêresse público concernente à segurança, à higiene, à

ordem, aos costumes, à disciplina da produção e do mercado, ao

exercício de atividades econômicas dependentes de concessão

ou autorização do Poder Público, à tranqüilidade pública ou ao

respeito à propriedade e aos direitos individuais ou

coletivos. (Redação dada pelo Ato Complementar nº 31, de 1966)

Parágrafo único. Considera-se regular o exercício do poder

de polícia quando desempenhado pelo órgão competente nos

limites da lei aplicável, com observância do processo legal e,

tratando-se de atividade que a lei tenha como discricionária, sem

abuso ou desvio de poder.

As penas de multa, que são graduadas de acordo com a gravidade da infração, serão aplicadas mediante

Page 134: Manual de Direito Do Consumidor Para OAB - Gláuber Moreira Barbosa Da Silva - 2015

procedimento administrativo, revertendo os recursos financeiros para o fundo regulamentado pela lei da Ação Civil Pública – Lei 7.347/85.

Vale lembrar que, se o examinador resolver cobrar uma questão de sanções administrativas na prova da OAB, o rol estabelecido no artigo 56 e seguintes fatalmente irá aparecer na prova.

52. INFRAÇÕES PENAIS NO CÓDIGO DE DEFESA DO

CONSUMIDOR

O estudo das infrações penais no Código de Defesa

do Consumidor é feito pelo Direito Penal. Entretanto, para a

prova da OAB, basta uma simples leitura dos dispositivos do CDC.

Mas, na medida em que o aluno tenha mais tempo para o

estudo, indico um estudo aprofundado dos livros que tratam

sobre o assunto de leis penais extravagante.

Art. 61. Constituem crimes contra as relações de consumo

previstas neste código, sem prejuízo do disposto no Código Penal

e leis especiais, as condutas tipificadas nos artigos seguintes.

Art. 62. (Vetado).

Art. 63. Omitir dizeres ou sinais ostensivos sobre a

nocividade ou periculosidade de produtos, nas embalagens, nos

invólucros, recipientes ou publicidade:

Pena - Detenção de seis meses a dois anos e multa.

§ 1° Incorrerá nas mesmas penas quem deixar de alertar,

mediante recomendações escritas ostensivas, sobre a

periculosidade do serviço a ser prestado.

Page 135: Manual de Direito Do Consumidor Para OAB - Gláuber Moreira Barbosa Da Silva - 2015

§ 2° Se o crime é culposo:

Pena Detenção de um a seis meses ou multa.

Art. 64. Deixar de comunicar à autoridade competente e aos

consumidores a nocividade ou periculosidade de produtos cujo

conhecimento seja posterior à sua colocação no mercado:

Pena - Detenção de seis meses a dois anos e multa.

Parágrafo único. Incorrerá nas mesmas penas quem deixar

de retirar do mercado, imediatamente quando determinado pela

autoridade competente, os produtos nocivos ou perigosos, na

forma deste artigo.

Art. 65. Executar serviço de alto grau de periculosidade,

contrariando determinação de autoridade competente:

Pena Detenção de seis meses a dois anos e multa.

Parágrafo único. As penas deste artigo são aplicáveis sem

prejuízo das correspondentes à lesão corporal e à morte.

Art. 66. Fazer afirmação falsa ou enganosa, ou omitir

informação relevante sobre a natureza, característica, qualidade,

quantidade, segurança, desempenho, durabilidade, preço ou

garantia de produtos ou serviços:

Pena - Detenção de três meses a um ano e multa.

§ 1º Incorrerá nas mesmas penas quem patrocinar a oferta.

§ 2º Se o crime é culposo;

Pena Detenção de um a seis meses ou multa.

Art. 67. Fazer ou promover publicidade que sabe ou deveria

saber ser enganosa ou abusiva:

Page 136: Manual de Direito Do Consumidor Para OAB - Gláuber Moreira Barbosa Da Silva - 2015

Pena Detenção de três meses a um ano e multa.

Parágrafo único. (Vetado).

Art. 68. Fazer ou promover publicidade que sabe ou deveria

saber ser capaz de induzir o consumidor a se comportar de

forma prejudicial ou perigosa a sua saúde ou segurança:

Pena - Detenção de seis meses a dois anos e multa:

Parágrafo único. (Vetado).

Art. 69. Deixar de organizar dados fáticos, técnicos e

científicos que dão base à publicidade:

Pena Detenção de um a seis meses ou multa.

Art. 70. Empregar na reparação de produtos, peça ou

componentes de reposição usados, sem autorização do

consumidor:

Pena Detenção de três meses a um ano e multa.

Art. 71. Utilizar, na cobrança de dívidas, de ameaça, coação,

constrangimento físico ou moral, afirmações falsas incorretas ou

enganosas ou de qualquer outro procedimento que exponha o

consumidor, injustificadamente, a ridículo ou interfira com seu

trabalho, descanso ou lazer:

Pena Detenção de três meses a um ano e multa.

Art. 72. Impedir ou dificultar o acesso do consumidor às

informações que sobre ele constem em cadastros, banco de

dados, fichas e registros:

Pena Detenção de seis meses a um ano ou multa.

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Art. 73. Deixar de corrigir imediatamente informação sobre

consumidor constante de cadastro, banco de dados, fichas ou

registros que sabe ou deveria saber ser inexata:

Pena Detenção de um a seis meses ou multa.

Art. 74. Deixar de entregar ao consumidor o termo de

garantia adequadamente preenchido e com especificação clara

de seu conteúdo;

Pena Detenção de um a seis meses ou multa.

Art. 75. Quem, de qualquer forma, concorrer para os crimes

referidos neste código, incide as penas a esses cominadas na

medida de sua culpabilidade, bem como o diretor, administrador

ou gerente da pessoa jurídica que promover, permitir ou por

qualquer modo aprovar o fornecimento, oferta, exposição à

venda ou manutenção em depósito de produtos ou a oferta e

prestação de serviços nas condições por ele proibidas.

Art. 76. São circunstâncias agravantes dos crimes tipificados

neste código:

I - serem cometidos em época de grave crise econômica ou

por ocasião de calamidade;

II - ocasionarem grave dano individual ou coletivo;

III - dissimular-se a natureza ilícita do procedimento;

IV - quando cometidos:

a) por servidor público, ou por pessoa cuja condição

econômico-social seja manifestamente superior à da vítima;

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b) em detrimento de operário ou rurícola; de menor de

dezoito ou maior de sessenta anos ou de pessoas portadoras de

deficiência mental interditadas ou não;

V - serem praticados em operações que envolvam alimentos,

medicamentos ou quaisquer outros produtos ou serviços

essenciais .

Art. 77. A pena pecuniária prevista nesta Seção será fixada

em dias-multa, correspondente ao mínimo e ao máximo de dias

de duração da pena privativa da liberdade cominada ao crime.

Na individualização desta multa, o juiz observará o disposto no

art. 60, §1° do Código Penal.

Art. 78. Além das penas privativas de liberdade e de multa,

podem ser impostas, cumulativa ou alternadamente, observado

odisposto nos arts. 44 a 47, do Código Penal:

I - a interdição temporária de direitos;

II - a publicação em órgãos de comunicação de grande

circulação ou audiência, às expensas do condenado, de notícia

sobre os fatos e a condenação;

III - a prestação de serviços à comunidade.

Art. 79. O valor da fiança, nas infrações de que trata este

código, será fixado pelo juiz, ou pela autoridade que presidir o

inquérito, entre cem e duzentas mil vezes o valor do Bônus do

Tesouro Nacional (BTN), ou índice equivalente que venha a

substituí-lo.

Parágrafo único. Se assim recomendar a situação econômica

do indiciado ou réu, a fiança poderá ser:

a) reduzida até a metade do seu valor mínimo;

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b) aumentada pelo juiz até vinte vezes.

Art. 80. No processo penal atinente aos crimes previstos

neste código, bem como a outros crimes e contravenções que

envolvam relações de consumo, poderão intervir, como

assistentes do Ministério Público, os legitimados indicados no

art. 82, inciso III e IV, aos quais também é facultado propor ação

penal subsidiária, se a denúncia não for oferecida no prazo legal.

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