manual de despesa pública nacional - 1 ed. vol. ii

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MANUAL TCNICO DE CONTABILIDADE APLICADA AO SETOR PBLICOAplicado Unio, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municpios Vlido para o exerccio de 2009 (Portaria Conjunta STN/SOF n 3, de 2008) 1 edio

VOLUME II Manual de Despesa Nacional

MINISTRIO DA FAZENDA SECRETARIA DO TESOURO NACIONAL

MINISTRIO DO PLANEJAMENTO, ORAMENTO E GESTO SECRETARIA DE ORAMENTO FEDERAL

MANUAL TCNICO DE CONTABILIDADE APLICADA AO SETOR PBLICOAplicado Unio, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municpios Vlido para o exerccio de 2009 (Portaria Conjunta STN/SOF n 3, de 2008) 1 edio

VOLUME II Manual de Despesa NacionalBraslia 2008

permitida a reproduo total ou parcial desta publicao desde que citada a fonte. Disponvel tambm em: http://www.stn.fazenda.gov.br/legislacao/download/contabilidade/ManualDespesaNacional.pdf Impresso no Brasil MINISTRO DA FAZENDA Guido Mantega SECRETRIO-EXECUTIVO Nelson Machado SECRETRIO DO TESOURO NACIONAL Arno Hugo Augustin Filho SECRETRIOS-ADJUNTOS Lscio Fbio de Brasil Camargo Marcus Pereira Auclio Paulo Fontoura Valle Eduardo Coutinho Guerra Clber Ubiratan de Oliveira COORDENADOR-GERAL DE CONTABILIDADE Paulo Henrique Feij da Silva COORDENADOR DE CONTABILIDADE Gilvan da Silva Dantas EQUIPE TCNICA Francisco Wayne Moreira Selene Peres Peres Nunes Allan Lcio Sathler Daniel Mateus Barreto Donade Leal de Andrade Heriberto Henrique Vilela do Nascimento Jean Ccio Quirino de Queiroz Rosilene Oliveira de Souza Welinton Vtor dos Santos Informaes STN: Fone: (61) 3412-3011 Fax: (61) 3412-1459 Correio Eletrnico: [email protected] Pgina Eletrnica: www.tesouro.fazenda.gov.br MINISTRO DO PLANEJAMENTO Paulo Bernardo Silva SECRETRIO EXECUTIVO Joo Bernardo de Azevedo Bringel SECRETRIA DE ORAMENTO FEDERAL Clia Corra SECRETRIO-ADJUNTO Claudiano Manoel de Albuquerque DIRETORES Bruno Csar Grossi de Souza Eliomar Wesley Ayres da Fonseca Rios Felipe Daruich Neto George Alberto de Aguiar Soares Jos Geraldo Frana Diniz Jos Roberto de Moraes Rego Paiva Fernandes Junior EQUIPE TCNICA Anderson Melchiades Fabio Sparremberger Gustavo Coser Jos Paulo de Arajo Mascarenhas Marco Antnio Oliveira Maria do Perptuo Socorro O. Mendes Maurcio Breda Pedro Ado Neto Robson de Araujo Jorge Informaes SOF: Fone: (61) 3348-2220 Fax: (61) 3273-0993 Correio Eletrnico: [email protected] Pgina Eletrnica: www.portalsof.planejamento.gov.br

COORDENAO EDITORIAL / REVISO DE TEXTO Secretaria do Tesouro Nacional / Coordenao-Geral de Contabilidade CRIAO CAPA: Coordenao-Geral de Desenvolvimento Institucional TIRAGEM: 20.000 exemplares Ficha Catalogrfica Brasil. Ministrio da Fazenda. Secretaria do Tesouro Nacional Manual Tcnico de Contabilidade Aplicada ao Setor Pblico: Aplicado Unio, Estados, Distrito Federal e Municpios a partir da elaborao e execuo da lei oramentria de 2009. Volume II Manual de Despesa Nacional / Ministrio da Fazenda, Secretaria do Tesouro Nacional, Ministrio do Planejamento, Oramento e Gesto, Secretaria de Oramento Federal. 1. ed. Braslia : Secretaria do Tesouro Nacional, Coordenao-Geral de Contabilidade, 2008. 120 p. ISBN: 1. Despesa pblica Brasil. 2. Direito financeiro Brasil. 3. Responsabilidade fiscal Brasil. 4. Oramento Classificao Brasil. 5. Responsabilidade tributria Brasil. I. Brasil. Ministrio do Planejamento, Oramento e Gesto. Secretaria de Oramento Federal. II.Titulo. CDD: CDU:

APRESENTAO

A Secretaria do Tesouro Nacional STN, na qualidade de rgo Central do Sistema de Contabilidade Federal, nos termos da Lei n 10.180, de 6 de fevereiro de 2001, e do Decreto n 3.589, de 6 de setembro de 2000, vem emitindo normas gerais para atender ao disposto no pargrafo 2, do artigo 50 da Lei Complementar n 101, de 04 de maio de 2000, de forma a padronizar procedimentos. Este Manual visa proporcionar maior transparncia s despesas pblicas, como parte do esforo de padronizar os procedimentos contbeis nos trs nveis de governo, de forma a garantir a consolidao das contas exigidas na Lei de Responsabilidade Fiscal LRF. Esta edio foi elaborada em conjunto com a Secretaria de Oramento Federal SOF e busca consolidar a legislao, os conceitos e os procedimentos contbeis referentes despesa pblica. O processo de padronizao nacional da despesa pblica iniciou-se com a edio da Portaria MOG n 42, de 14 de abril de 1999, que atualiza a discriminao da despesa por funes e estabelece conceitos de funo, subfuno, programa, projeto, atividade e operaes especiais; e com a Portaria Interministerial STN/SOF n 163, de 4 de maio de 2001, que dispe sobre normas gerais de consolidao das contas pblicas. Aps isso, foi editada a Portaria STN n 448, de 13 de setembro de 2002, que divulgou o detalhamento das naturezas de despesas 339030, 339036, 339039 e 449052, com a finalidade de orientar os entes da federao na classificao da despesa nos elementos de despesa mais utilizados. Alm das citadas Portarias, foram editadas as seguintes, visando padronizao de regras e procedimentos relacionados com as Despesas Pblicas: PORTARIA STN N 339, DE 29 DE AGOSTO DE 2001, DA STN, DOU DE 31.08.2001 Dispe sobre Contabilizao da Execuo Oramentria e Financeira Descentralizada; PORTARIA STN 860, DE 12 DE DEZEMBRO DE 2005, DA STN DOU DE 14.12.2005 Dispe sobre os procedimentos contbeis a serem utilizados pelos consrcios pblicos. Antes da sua publicao, este Manual foi submetido apreciao prvia do Grupo Tcnico de Padronizao de Procedimentos Contbeis, criado pela Portaria n 136, de 6 de maro de 2007, com o objetivo de manter um dilogo permanente com rgos e entidades tcnicas representativas da sociedade, reduzir divergncias, aumentar a transparncia da gesto fiscal e permitir o controle social. Nesta oportunidade, a STN e a SOF agradecem aos colaboradores individuais e institucionais que, direta ou indiretamente, contriburam para a edio deste Manual.

PORTARIA CONJUNTA No 3, DE 15 DE OUTUBRO DE 2008.(Publicada no D.O.U. de 16 de outubro de 2008)

Aprova os Manuais de Receita Nacional e de Despesa Nacional e d outras providncias.

O SECRETRIO DO TESOURO NACIONAL DO MINISTRIO DA FAZENDA E A SECRETRIA DE ORAMENTO FEDERAL DO MINISTRIO DO PLANEJAMENTO, ORAMENTO E GESTO, no uso de suas atribuies legais e tendo em vista o disposto no art. 50, 2o, da Lei Complementar no 101, de 4 de maio de 2000; e Considerando o disposto na Portaria MF no 141, de 10 de julho de 2008, que aprova o Regimento Interno da Secretaria do Tesouro Nacional, combinado com o inciso I do art. 4o do Decreto no 3.589, de 6 de setembro de 2000, que confere Secretaria do Tesouro Nacional do Ministrio da Fazenda - STN/MF a condio de rgo central do Sistema de Contabilidade Federal; Considerando as competncias do rgo central do Sistema de Contabilidade Federal, estabelecidas no art. 5o do Decreto no 3.589, de 2000, complementadas pela atribuio definida no inciso XVII do art. 10 do Anexo I do Decreto no 6.531, de 4 de agosto de 2008, e conforme art. 18 da Lei no 10.180, de 6 de fevereiro de 2001; Considerando o disposto no art. 16, inciso VIII, do Anexo I do Decreto no 6.081, de 12 de abril de 2007, que confere Secretaria de Oramento Federal do Ministrio do Planejamento, Oramento e Gesto - SOF/MP a competncia de estabelecer a classificao da receita e da despesa; Considerando a necessidade de: a) padronizar os procedimentos contbeis nos trs nveis de governo, de forma a garantir a consolidao das contas na forma estabelecida na Lei Complementar no 101, de 4 de maio de 2000, Lei de Responsabilidade Fiscal; b) aprimorar os critrios de reconhecimento de despesas e receitas; c) uniformizar a classificao das despesas e receitas oramentrias, em mbito nacional; e d) instituir instrumento eficiente de orientao comum aos gestores nos trs nveis de governo, mediante consolidao, em um s documento, de conceitos, regras e procedimentos de reconhecimento e apropriao contbil das receitas e despesas; e

Considerando a necessidade de proporcionar maior transparncia sobre as contas pblicas, resolvem: Art. 1o Aprovar os Manuais de Receita Nacional e de Despesa Nacional e disponibiliz-los nos endereos eletrnicos www.tesouro.fazenda.gov.br e www.portalsof.planejamento.gov.br. Art. 2o A contabilidade no mbito da Unio, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municpios, observar as orientaes contidas nos Manuais de Receita Nacional e de Despesa Nacional, sem prejuzo do atendimento dos instrumentos normativos vigentes. 1o No desdobramento das naturezas de receitas, constantes do Manual de Receita Nacional, para atendimento das respectivas peculiaridades ou necessidades gerenciais, os entes da Federao devero utilizar, preferencialmente e sempre que possvel, os stimos e oitavos dgitos do cdigo da natureza de receita a partir do 51. 2o No mbito da Unio, o detalhamento da receita oramentria ser estabelecido por Portaria da SOF/MP e as instrues para elaborao da Proposta Oramentria Anual sero divulgadas por intermdio do Manual Tcnico de Oramento dessa Secretaria. Art. 3o A discriminao das naturezas de despesa, constantes do Manual de Despesa Nacional, apenas exemplificativa, podendo ser ampliada para atender s necessidades de execuo, observados os conceitos e a estrutura constantes desse Manual. Art. 4o As alteraes da classificao da receita e da despesa oramentrias, constantes dos Manuais de que trata o art. 1o desta Portaria observaro o disposto no caput do art. 2o da Portaria Interministerial STN/SOF no 163, de 4 de maio de 2001. Art. 5o A STN/MF e a SOF/MP publicaro, anualmente, at o dia 30 de junho, as atualizaes dos Manuais de que trata o art. 2o desta Portaria. Pargrafo nico. A atualizao dos Manuais de que trata o referido artigo ser efetuada por meio de Portaria Conjunta da STN/MF e da SOF/MP. Art. 6o A despesa e a receita sero reconhecidas por critrio de competncia patrimonial, visando conduzir a contabilidade do setor pblico brasileiro aos padres internacionais e ampliar a transparncia sobre as contas pblicas. Pargrafo nico. So mantidos os procedimentos usuais de reconhecimento e registro da receita e da despesa oramentrias, de tal forma que a apropriao patrimonial: I - no modifique os procedimentos legais estabelecidos para o registro das receitas e das despesas oramentrias; II - no implique necessariamente modificao dos critrios estabelecidos no mbito de cada ente da Federao para elaborao das estatsticas fiscais e apurao dos resultados fiscais de que trata a Lei Complementar no 101, de 2000; e III - no constitua mecanismo de viabilizao de execuo de despesa pblica para a qual no tenha havido a devida fixao oramentria.

Art. 7o Esta Portaria entra em vigor na data de sua publicao, aplicando-se seus efeitos a partir do exerccio financeiro de 2009, inclusive no que se refere elaborao do respectivo projeto de lei oramentria. Art. 8o Revogam-se os 1o, 2o e 3o do art. 2o da Portaria Interministerial STN/SOF no 163, de 4 de maio de 2001, bem como a Portaria Conjunta STN/SOF no 1, de 29 de abril de 2008.

ARNO HUGO AUGUSTIN FILHO Secretrio do Tesouro Nacional

CLIA CORRA Secretria de Oramento Federal

SUMRIO1 INTRODUO............................................................................................................................................................ 12 2 DESPESA SOB O ENFOQUE PATRIMONIAL ......................................................................................................... 13 2.1 CONCEITO ............................................................................................................................................................... 13 2.2 PRINCPIOS FUNDAMENTAIS DE CONTABILIDADE ...................................................................................... 13 2.2.1 Princpio da Entidade.............................................................................................................................................. 13 2.2.2 Princpio da Continuidade....................................................................................................................................... 14 2.2.3 Princpio da Oportunidade ...................................................................................................................................... 14 2.2.4 Princpio do Registro pelo Valor Original............................................................................................................... 15 2.2.5 Princpio da Atualizao Monetria........................................................................................................................ 15 2.2.6 Princpio da Competncia ....................................................................................................................................... 15 2.2.7 Princpio da Prudncia ............................................................................................................................................ 16 3 DESPESA ORAMENTRIA .................................................................................................................................... 18 3.1 CONCEITO ............................................................................................................................................................... 18 3.2 PRINCPIOS ORAMENTRIOS........................................................................................................................... 18 3.2.1 Princpio Oramentrio da Unidade........................................................................................................................ 19 3.2.2 Princpio Oramentrio da Universalidade.............................................................................................................. 19 3.2.3 Princpio Oramentrio da Anualidade ou Periodicidade........................................................................................ 20 3.2.4 Princpio Oramentrio da Exclusividade ............................................................................................................... 20 3.2.5 Princpio Oramentrio do Equilbrio ..................................................................................................................... 20 3.2.6 Princpio Oramentrio da Legalidade.................................................................................................................... 21 3.2.7 Princpio Oramentrio da Publicidade................................................................................................................... 21 3.2.8 Princpio Oramentrio da Especificao ou Especializao .................................................................................. 22 3.2.9 Princpio Oramentrio da No-Afetao da Receita.............................................................................................. 22 4 ESTRUTURA DA DESPESA ORAMENTRIA ..................................................................................................... 24 4.1 CLASSIFICAO INSTITUCIONAL ..................................................................................................................... 24 4.2 CLASSIFICAO FUNCIONAL ............................................................................................................................ 24 4.2.1 Funo ................................................................................................................................................................... 25 4.2.2 Subfuno ............................................................................................................................................................... 25 4.3 ESTRUTURA PROGRAMTICA ........................................................................................................................... 26 4.3.1 Programa................................................................................................................................................................. 26 4.3.2 Ao ................................................................................................................................................................... 30 4.3.3 Subttulo/Localizador de Gasto............................................................................................................................... 34 4.3.4 Componentes da Programao Fsica...................................................................................................................... 34 4.4 NATUREZA DA DESPESA ORAMENTRIA .................................................................................................... 35 4.4.1 Estrutura da Natureza da Despesa Oramentria..................................................................................................... 35 4.4.1.1 Categoria Econmica ........................................................................................................................................... 36 4.4.1.2 Grupo de Natureza da Despesa ............................................................................................................................ 36 4.4.1.3 Modalidade de Aplicao..................................................................................................................................... 39 4.4.1.4 Elemento de Despesa ........................................................................................................................................... 41 4.4.1.5 Desdobramento Facultativo do Elemento da Despesa.......................................................................................... 52 4.4.2 Orientao para a Classificao Quanto Natureza da Despesa ............................................................................. 52 5 CRDITOS ORAMENTRIOS E ADICIONAIS..................................................................................................... 55 6 ETAPAS DA DESPESA ORAMENTRIA.............................................................................................................. 58 6.1 PLANEJAMENTO.................................................................................................................................................... 58 6.2 EXECUO ............................................................................................................................................................. 60 6.2.1 Empenho................................................................................................................................................................. 60 6.2.2 Liquidao .............................................................................................................................................................. 61 6.2.3 Pagamento .............................................................................................................................................................. 62 6.3 CONTROLE E AVALIAO .................................................................................................................................. 62 7 FONTE DE RECURSOS DA DESPESA ORAMENTRIA .................................................................................... 63 7.1 MECANISMO DE UTILIZAO DA FONTE DE RECURSOS ............................................................................ 63

8 MOMENTO DO RECONHECIMENTO DA DESPESA............................................................................................. 66 8.1 RECONHECIMENTO DA DESPESA (SOB O ENFOQUE PATRIMONIAL) ....................................................... 66 8.2 RECONHECIMENTO DA DESPESA ORAMENTRIA ..................................................................................... 68 8.3 RELACIONAMENTO DO REGIME ORAMENTRIO COM O REGIME DE COMPETNCIA ...................... 69 9 PROCEDIMENTOS CONTBEIS ESPECFICOS..................................................................................................... 73 9.1 CLASSIFICAO DA DESPESA ORAMENTRIA........................................................................................... 73 9.1.1 Material Permanente x Material de Consumo ......................................................................................................... 73 9.1.2 Servios de Terceiros x Material de Consumo........................................................................................................ 76 9.1.3 Obras e Instalaes x Servios de Terceiros ........................................................................................................... 77 9.2 RESTOS A PAGAR .................................................................................................................................................. 77 9.2.1 Reconhecimento da despesa oramentria inscrita em restos a pagar no processados no encerramento do exerccio ................................................................................................................................................................... 79 9.3 DESPESAS DE EXERCCIOS ANTERIORES ........................................................................................................ 82 9.4 SUPRIMENTOS DE FUNDOS (REGIME DE ADIANTAMENTO) ....................................................................... 83 9.5 REGISTRO DE PASSIVOS SEM EXECUO ORAMENTRIA...................................................................... 85 9.6 DEPRECIAO, AMORTIZAO E EXAUSTO............................................................................................... 87 9.7 SISTEMA DE CUSTOS............................................................................................................................................ 89 10 PERGUNTAS E RESPOSTAS .................................................................................................................................. 91 ANEXO I DISCRIMINAO DAS NATUREZAS DE DESPESA.......................................................................... 101 ANEXO II RESUMO ................................................................................................................................................. 109 DESPESA SOB O ENFOQUE PATRIMONIAL .......................................................................................................... 109 DESPESA ORAMENTRIA ..................................................................................................................................... 110 ESTRUTURA DA DESPESA ORAMENTRIA ...................................................................................................... 110 NATUREZA DA DESPESA ORAMENTRIA ........................................................................................................ 112 ESTRUTURA DA DESPESA ORAMENTRIA ...................................................................................................... 112 Categoria Econmica..................................................................................................................................................... 113 Grupo de Natureza de Despesa ...................................................................................................................................... 113 Modalidade de Aplicao .............................................................................................................................................. 113 Elemento de Despesa..................................................................................................................................................... 114 Desdobramento Facultativo do Elemento de Despesa.................................................................................................... 114 CRDITOS ORAMENTRIOS E ADICIONAIS ..................................................................................................... 114 ETAPAS DA DESPESA ............................................................................................................................................... 115 Planejamento e Contratao........................................................................................................................................... 116 Execuo ................................................................................................................................................................. 116 Controle e Avaliao ..................................................................................................................................................... 117 FONTE DE RECURSOS DA DESPESA ORAMENTRIA ..................................................................................... 118 MOMENTO DO RECONHECIMENTO DA DESPESA.............................................................................................. 118 Reconhecimento da Despesa (Sob o Enfoque Patrimonial) ........................................................................................... 118 Reconhecimento da Despesa Oramentria ................................................................................................................... 119 RELACIONAMENTO DO REGIME ORAMENTRIO COM O REGIME DE COMPETNCIA .......................... 119

MANUAL DE DESPESA NACIONAL 1 EDIO

1 INTRODUOEste trabalho, intitulado Manual de Despesa Nacional, tem como objetivo iniciar o processo de consolidao dos conceitos, regras e procedimentos relativos despesa no setor pblico, por meio da harmonizao, com o estabelecimento de padres a serem observados pela Unio, Estados, Distrito Federal e Municpios, permitindo a evidenciao e a consolidao das contas pblicas em nvel nacional. Para cumprimento do objetivo de padronizao dos procedimentos contbeis, este Manual observa as disposies do Conselho Federal de Contabilidade relativas aos Princpios Fundamentais de Contabilidade e as demais normatizaes orientadoras do exerccio do profissional de contabilidade. A despesa assume fundamental importncia na Administrao Pblica por estar envolvida em situaes singulares como o estabelecimento de limites legais impostos pela Lei de Responsabilidade Fiscal Lei Complementar n 101/2000. Dessa forma, este Manual subsidia a realizao de estudos e anlises acerca da qualidade do gasto pblico e do equilbrio fiscal das contas pblicas. De forma anloga ao Manual de Receita Nacional, este Manual busca distinguir os conceitos de despesa pelo enfoque oramentrio e pelo enfoque patrimonial, visando disseminao da idia de que a execuo da despesa oramentria nem sempre causa um impacto patrimonial simultneo. O conhecimento dos aspectos relacionados com a Despesa no mbito do setor pblico, principalmente em face Lei Complementar n 101/2000 Lei de Responsabilidade Fiscal contribui para a transparncia das contas pblicas e para o fornecimento de informaes de melhor qualidade aos diversos usurios, bem como permite estudos comportamentais no tempo e no espao. Alm da codificao utilizada para a classificao das naturezas de despesas, este Manual contempla os conceitos a serem observados em sua contabilizao e a correlao da destinao da receita com a fonte de financiamento da despesa. Por fim, com o objetivo de esclarecer temas polmicos, que envolvem a despesa pblica, foram includos tpicos com procedimentos contbeis especficos, alm de perguntas e respostas.

MANUAL DE DESPESA NACIONAL 1 EDIO

2 DESPESA SOB O ENFOQUE PATRIMONIAL2.1 CONCEITO De acordo com a Resoluo do Conselho Federal de Contabilidade n 1.121, de 28 de maro de 2008, que dispe sobre a estrutura conceitual para a elaborao e apresentao das demonstraes contbeis, as despesas so decrscimos nos benefcios econmicos durante o perodo contbil sob a forma de sada de recursos ou reduo de ativos ou incremento em passivos, que resultem em decrscimo do patrimnio lquido e que no sejam provenientes de distribuio aos proprietrios da entidade. Para fins deste Manual, a despesa sob o enfoque patrimonial ser denominada simplesmente de despesa e no deve ser confundida com a despesa oramentria, que ser abordada adiante. Segundo os princpios contbeis, a despesa deve ser registrada no momento da ocorrncia do seu fato gerador, independentemente do pagamento. A despesa pode ser classificada: a) Quanto entidade que apropria a despesa: Despesa Pblica aquela efetuada por entidade pblica. Despesa Privada aquela efetuada pela entidade privada.

b) Quanto dependncia da execuo oramentria: Despesa resultante da execuo oramentria aquela que depende de autorizao oramentria para acontecer. Exemplo: despesa com salrio, despesa com servio, etc. Despesa independente da execuo oramentria aquela que independe de autorizao oramentria para acontecer. Exemplo: constituio de proviso, despesa com depreciao, etc.

2.2 PRINCPIOS FUNDAMENTAIS DE CONTABILIDADE A Resoluo CFC n 750/1993 consagra os Princpios Fundamentais de Contabilidade, que so de observncia obrigatria no exerccio da profisso contbil, constituindo condio de legitimidade das Normas Brasileiras de Contabilidade. O Apndice I contm comentrios sobre o contedo dos enunciados e o Apndice II trata da interpretao dos Princpios Fundamentais de Contabilidade sob a perspectiva do Setor Pblico, de acordo com a Resoluo CFC n 1.111/2007. Ressalta-se que a Contabilidade Aplicada ao Setor Pblico constitui um ramo da Cincia Contbil e deve observar os Princpios Fundamentais de Contabilidade, que representam a essncia das doutrinas e teorias relativas a essa cincia, consoante o entendimento predominante nos universos cientfico e profissional do Pas. 2.2.1 Princpio da Entidade

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Art. 4 O Princpio da ENTIDADE reconhece o Patrimnio como objeto da Contabilidade e afirma a autonomia patrimonial, a necessidade da diferenciao de um Patrimnio particular no universo dos patrimnios existentes, independentemente de pertencer a uma pessoa, a um conjunto de pessoas, a uma sociedade ou a uma instituio de qualquer natureza ou finalidade, com ou sem fins lucrativos. Por conseqncia, nesta acepo, o patrimnio no se confunde com aqueles dos seus scios ou proprietrios, no caso de sociedade ou instituio. Pargrafo nico. O PATRIMNIO pertence ENTIDADE, mas a recproca no verdadeira. A soma ou a agregao contbil de patrimnios autnomos no resulta em nova ENTIDADE, mas numa unidade de natureza econmico-contbil.

Segundo o Apndice II Resoluo CFC n 750/1993, o Princpio da Entidade se afirma, para o ente pblico, pela autonomia e responsabilizao do patrimnio a ele pertencente. A autonomia patrimonial tem origem na destinao social do patrimnio e a responsabilizao pela obrigatoriedade da prestao de contas pelos agentes pblicos. 2.2.2 Princpio da ContinuidadeArt. 5 A CONTINUIDADE, ou no, da ENTIDADE, bem como a sua vida definida ou provvel, devem ser consideradas quando da classificao e da avaliao das mutaes patrimoniais, quantitativas e qualitativas. 1 A CONTINUIDADE influencia o valor econmico dos ativos e, em muitos casos, o valor de vencimento dos passivos, especialmente quando a extino da ENTIDADE tem prazo determinado, previsto ou previsvel. 2 A observncia do Princpio da CONTINUIDADE indispensvel correta aplicao do Princpio da COMPETNCIA, por efeito de se relacionar diretamente quantificao dos componentes patrimoniais e formao do resultado, e de se constituir dado importante para aferir a capacidade futura de gerao de resultado.

Sob a perspectiva do setor pblico, a continuidade est vinculada ao estrito cumprimento da destinao social do seu patrimnio, ou seja, a continuidade da entidade se d enquanto perdurar sua finalidade (Apndice II Resoluo CFC n 750/1993). 2.2.3 Princpio da OportunidadeArt. 6 O Princpio da OPORTUNIDADE refere-se, simultaneamente, tempestividade e integridade do registro do patrimnio e das suas mutaes, determinando que este seja feito de imediato e com a extenso correta, independentemente das causas que as originaram. Pargrafo nico. Como resultado da observncia do Princpio da OPORTUNIDADE: I desde que tecnicamente estimvel, o registro das variaes patrimoniais deve ser feito mesmo na hiptese de somente existir razovel certeza de sua ocorrncia; II o registro compreende os elementos quantitativos e qualitativos, contemplando os aspectos fsicos e monetrios; III o registro deve ensejar o reconhecimento universal das variaes ocorridas no patrimnio da ENTIDADE, em um perodo de tempo determinado, base necessria para gerar informaes teis ao processo decisrio da gesto.

Para o setor pblico, o Princpio da Oportunidade base indispensvel integridade e fidedignidade dos registros contbeis dos atos e dos fatos que afetam ou possam afetar o patrimnio da entidade pblica, observadas as Normas Brasileiras de Contabilidade aplicadas ao Setor Pblico. A integridade e a fidedignidade dizem respeito necessidade de as variaes serem reconhecidas na sua totalidade, independentemente do cumprimento das formalidades legais para sua ocorrncia,

INTRODUO

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visando ao completo atendimento da essncia sobre a forma (Apndice II Resoluo CFC n 750/1993). importante ressaltar que, para atender ao Princpio da Oportunidade, a contabilidade no pode se restringir ao registro dos fatos decorrentes da execuo oramentria, pois o fato gerador da despesa pode no ocorrer no mesmo momento da liquidao da despesa oramentria. 2.2.4 Princpio do Registro pelo Valor Original Sob a perspectiva do setor pblico, nos registros dos atos e fatos contbeis ser considerado o valor original dos componentes patrimoniais que, ao longo do tempo, no se confunde com o custo histrico. Ou seja, o registro pelo valor original corresponde ao valor resultante de consensos de mensurao com agentes internos ou externos, com base em valores de entrada a exemplo de custo histrico, custo histrico corrigido e custo corrente; ou valores de sada a exemplo de valor de liquidao, valor de realizao, valor presente do fluxo de benefcio do ativo e valor justo. Para obedecer ao princpio, importante que os elementos patrimoniais sejam avaliados com suficiente regularidade, de maneira que o seu valor registrado no difira significativamente daquele que possa ser determinado utilizando-se o seu valor justo ou o valor de mercado na data de encerramento do balano patrimonial. 2.2.5 Princpio da Atualizao MonetriaArt. 8 Os efeitos da alterao do poder aquisitivo da moeda nacional devem ser reconhecidos nos registros contbeis por meio do ajustamento da expresso formal dos valores dos componentes patrimoniais.

Para atendimento ao Princpio da Atualizao Monetria, o setor pblico segue o disposto na Resoluo CFC n 900/2001, que torna a atualizao monetria compulsria quando a inflao acumulada no trinio, medida com base no ndice Geral de Preos do Mercado (IGPM/FGV), atingir 100% ou mais. 2.2.6 Princpio da CompetnciaArt. 9 As receitas e as despesas devem ser includas na apurao do resultado do perodo em que ocorrerem, sempre simultaneamente quando se correlacionarem, independentemente de recebimento ou pagamento. 1 O Princpio da COMPETNCIA determina quando as alteraes no ativo ou no passivo resultam em aumento ou diminuio no patrimnio lquido, estabelecendo diretrizes para classificao das mutaes patrimoniais, resultantes da observncia do Princpio da OPORTUNIDADE. 2 O reconhecimento simultneo das receitas e despesas, quando correlatas, conseqncia natural do respeito ao perodo em que ocorrer sua gerao. [...] 4 Consideram-se incorridas as despesas: I quando deixar de existir o correspondente valor ativo, por transferncia de sua propriedade para terceiros. II pela diminuio ou extino do valor econmico de um ativo; III pelo surgimento de um passivo, sem o correspondente ativo.

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A Resoluo CFC n 774/1994, Apndice Resoluo sobre os Princpios Fundamentais de Contabilidade, tece os seguintes comentrios relativos despesa:As despesas, na maioria das vezes, representam consumpo de ativos, que tanto podem ter sido pagos em perodos passados, no prprio perodo, ou ainda virem a ser pagos no futuro. De outra parte, no necessrio que o desaparecimento do ativo seja integral, pois muitas vezes a consumpo somente parcial, como no caso das depreciaes ou nas perdas de parte do valor de um componente patrimonial do ativo, por aplicao do Princpio da PRUDNCIA prtica, de que nenhum ativo pode permanecer avaliado por valor superior ao de sua recuperao por alienao ou utilizao nas operaes em carter corrente. Mas a despesa tambm pode decorrer do surgimento de uma exigibilidade sem a concomitante gerao de um bem ou de um direito, como acontece, por exemplo, nos juros moratrios e nas multas de qualquer natureza. Entre as despesas do tipo em referncia localizam-se tambm as que se contrapem a determinada receita, como o caso dos custos diretos com vendas, nos quais se incluem comisses, impostos e taxas e at royalties. A aplicao correta da competncia exige mesmo que se provisionem, com base em fundamentao estatstica, certas despesas por ocorrer, mas indiscutivelmente ligadas venda em anlise, como as despesas futuras com garantias assumidas em relao a produtos. Nos casos de Entidades em perodos pr-operacionais, no seu todo ou em algum setor, os custos incorridos so ativados, para se transformarem posteriormente em despesas, quando da gerao das receitas, mediante depreciao ou amortizao. Tal circunstncia est igualmente presente em projetos de pesquisa e desenvolvimento de produtos muito freqentes nas indstrias qumicas e farmacuticas, bem como naquelas que empregam alta tecnologia quando a amortizao dos custos ativados feita segundo a vida mercadolgica estimada dos produtos ligados s citadas pesquisas e projetos.

Na rea pblica, esse princpio aplicvel integralmente, estando suportado tambm pelos seguintes dispositivos legais: Lei de Responsabilidade Fiscal Lei Complementar 101/2000:Art. 50. Alm de obedecer s demais normas de contabilidade pblica, a escriturao das contas pblicas observar as seguintes: (...) II a despesa e a assuno de compromisso sero registradas segundo o regime de competncia, apurando-se, em carter complementar, o resultado dos fluxos financeiros pelo regime de caixa;

Lei 4.320/1964:Art. 85. Os servios de contabilidade sero organizados de forma a permitirem o acompanhamento da execuo oramentria, o conhecimento da composio patrimonial, a determinao dos custos dos servios industriais, o levantamento dos balanos gerais, a anlise e a interpretao dos resultados econmicos e financeiros. Art. 89. A contabilidade evidenciar os fatos ligados administrao oramentria, financeira, patrimonial e industrial. Art. 100. As alteraes da situao lquida patrimonial, que abrangem os resultados da execuo oramentria, bem como as variaes independentes dessa execuo e as supervenincias e insubsistncias ativas e passivas, constituiro elementos da conta patrimonial. Art. 104. A Demonstrao das Variaes Patrimoniais evidenciar as alteraes verificadas no patrimnio, resultantes ou independentes da execuo oramentria, e indicar o resultado patrimonial do exerccio.

2.2.7 Princpio da Prudncia

INTRODUO

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Art. 10. O Princpio da PRUDNCIA determina a adoo do menor valor para os componentes do ATIVO e do maior para os do PASSIVO, sempre que se apresentem alternativas igualmente vlidas para a quantificao das mutaes patrimoniais que alterem o patrimnio lquido.

O princpio da prudncia adquire relevncia quando so feitas estimativas, tais como os passivos contingentes que representam dvidas, cuja existncia depende de fatores imprevisveis, tais como resultados dos julgamentos de processos judiciais. Nesse caso, se existirem alternativas igualmente vlidas para a quantificao do fato, ser escolhida aquela que resultar no maior valor para o passivo.

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3 DESPESA ORAMENTRIA3.1 CONCEITO O oramento instrumento de planejamento de qualquer entidade, pblica ou privada, e representa o fluxo de ingressos e aplicao de recursos em determinado perodo. Dessa forma, Despesa/Dispndio oramentrio fluxo que deriva da utilizao de crdito consignado no oramento da entidade, podendo ou no diminuir a situao lquida patrimonial. A despesa oramentria pode ser classificada: a) Quanto s entidades destinatrias do oramento: Despesa Oramentria Pblica aquela executada por entidade pblica e que depende de autorizao legislativa para sua realizao, por meio da Lei Oramentria Anual ou de Crditos Adicionais, pertencendo ao exerccio financeiro da emisso do respectivo empenho. Despesa Oramentria Privada aquela executada por entidade privada e que depende de autorizao oramentria aprovada por ato de conselho superior ou outros procedimentos internos para sua consecuo.

b) Quanto ao impacto na situao lquida patrimonial: Despesa Oramentria Efetiva aquela que, no momento da sua realizao, reduz a situao lquida patrimonial da entidade. Constitui fato contbil modificativo diminutivo.

Em geral, a Despesa Oramentria Efetiva coincide com a Despesa Corrente. Entretanto, h despesa corrente no-efetiva como, por exemplo, a despesa com a aquisio de materiais para estoque e a despesa com adiantamento, que representam fatos permutativos. Despesa Oramentria No-Efetiva aquela que, no momento da sua realizao, no reduz a situao lquida patrimonial da entidade e constitui fato contbil permutativo. Neste caso, alm da despesa oramentria, registra-se concomitantemente conta de variao ativa para anular o efeito dessa despesa sobre o patrimnio lquido da entidade.

Em geral, a despesa no-efetiva coincide com a despesa de capital. Entretanto, h despesa de capital que efetiva como, por exemplo, as transferncias de capital que causam decrscimo patrimonial e, por isso, classificam-se como despesa efetiva. 3.2 PRINCPIOS ORAMENTRIOS Os princpios oramentrios bsicos para a elaborao, execuo e controle do oramento pblico, vlidos para todos os poderes e nos trs nveis de governo, esto definidos na Constituio Federal de 1988 e na Lei n 4.320/1964, que estatui normas gerais de direito financeiro, aplicadas elaborao e ao controle dos oramentos.

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3.2.1 Princpio Oramentrio da Unidade De acordo com este princpio previsto no artigo 2 da Lei n 4.320/1964, cada ente da federao (Unio, Estado ou Municpio) deve possuir apenas um oramento, estruturado de maneira uniforme. Tal princpio reforado pelo princpio da unidade de caixa, previsto no artigo 56 da referida Lei, segundo o qual todas as receitas e despesas convergem para um fundo geral (conta nica), a fim de se evitar as vinculaes de certos fundos a fins especficos. O objetivo apresentar todas as receitas e despesas numa s conta, a fim de confrontar os totais e apurar o resultado: equilbrio, dficit ou supervit. Atualmente, o processo de integrao planejamento-oramento tornou o oramento necessariamente multi-documental, em virtude da aprovao, por leis diferentes, de vrios documentos (Plano Plurianual PPA, Lei de Diretrizes Oramentrias LDO e Lei Oramentria Anual LOA), uns de planejamento e outros de oramento e programas. Em que pese tais documentos serem distintos, inclusive com datas de encaminhamento diferentes para aprovao pelo Poder Legislativo, devem, obrigatoriamente ser compatibilizados entre si, conforme definido na prpria Constituio Federal. O modelo oramentrio adotado a partir da Constituio Federal de 1988, com base no 5 do artigo 165 da CF 88 consiste em elaborar oramento nico, desmembrado em: Oramento Fiscal, da Seguridade Social e de Investimento da Empresas Estatais, para melhor visibilidade dos programas do governo em cada rea. O artigo 165 da Constituio Federal define em seu pargrafo 5 o que dever constar em cada desdobramento do oramento: 5 A lei oramentria anual compreender: I o oramento fiscal referente aos Poderes da Unio, seus fundos, rgos e entidades da administrao direta e indireta, inclusive fundaes institudas e mantidas pelo Poder Pblico; II o oramento de investimento das empresas em que a Unio, direta ou indiretamente, detenha a maioria do capital social com direito a voto; III o oramento da seguridade social, abrangendo todas as entidades e rgos a ela vinculados, da administrao direta ou indireta, bem como os fundos e fundaes institudos e mantidos pelo Poder Pblico.

3.2.2 Princpio Oramentrio da Universalidade Segundo os artigos 3 e 4 da Lei n 4.320/1964, a Lei Oramentria dever conter todas as receitas e despesas. Isso possibilita controle parlamentar sobre todos os ingressos e dispndios administrados pelo ente pblico.Art. 3 A Lei de Oramentos compreender todas as receitas, inclusive as de operaes de crdito autorizadas em lei. Pargrafo nico. No se consideram para os fins deste artigo as operaes de crdito por antecipao da receita, as emisses de papel-moeda e outras entradas compensatrias, no ativo e passivo financeiros. Art. 4 A Lei de Oramento compreender todas as despesas prprias dos rgos do Governo e da administrao centralizada, ou que, por intermdio deles se devam realizar, observado o disposto no artigo 2.

Tal princpio complementa-se pela regra do oramento bruto, definida no artigo 6 da Lei n 4.320/1964:

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Art. 6. Todas as receitas e despesas constaro da lei de oramento pelos seus totais, vedadas quaisquer dedues.

3.2.3 Princpio Oramentrio da Anualidade ou Periodicidade O oramento deve ser elaborado e autorizado para um determinado perodo de tempo, geralmente um ano. No Brasil, o exerccio financeiro coincide com o ano civil, conforme dispe o artigo 34 da Lei n 4320/1964:Art. 34. O exerccio financeiro coincidir com o ano civil.

Observa-se, entretanto, que os crditos especiais e extraordinrios autorizados nos ltimos quatro meses do exerccio podem ser reabertos, se necessrio, e, neste caso, sero incorporados ao oramento do exerccio subseqente, conforme estabelecido no 3 do artigo 167 da Carta Magna. 3.2.4 Princpio Oramentrio da Exclusividade Tal princpio tem por objetivo impedir a prtica, muito comum no passado, da incluso de dispositivos de natureza diversa de matria oramentria, ou seja, previso da receita e fixao da despesa. Previsto no artigo 165, 8 da Constituio Federal, estabelece que a Lei Oramentria Anual no conter dispositivo estranho previso da receita e fixao da despesa, no se incluindo na proibio a autorizao para abertura de crditos suplementares e a contratao de operaes de crdito, inclusive por antecipao de receita oramentria (ARO), nos termos da lei. As leis de crditos adicionais tambm devem observar esse princpio. 3.2.5 Princpio Oramentrio do Equilbrio Esse princpio estabelece que o montante da despesa autorizada em cada exerccio financeiro no poder ser superior ao total de receitas estimadas para o mesmo perodo. Havendo reestimativa de receitas com base no excesso de arrecadao e na observao da tendncia do exerccio, pode ocorrer solicitao de crdito adicional. Nesse caso, para fins de atualizao da previso, devem ser considerados apenas os valores utilizados para a abertura de crdito adicional. Conforme o caput do artigo 3 da Lei n 4.320/1964, a Lei de Oramentos compreender todas as receitas, inclusive as de operaes de crdito autorizadas em lei. Assim, o equilbrio oramentrio pode ser obtido por meio de operaes de crdito. Entretanto, conforme estabelece o artigo 167, III, da Constituio Federal vedada a realizao de operaes de crdito que excedam o montante das despesas de capital, dispositivo conhecido como regra de ouro. De acordo com esta regra, cada unidade governamental deve manter o seu endividamento vinculado realizao de investimentos e no manuteno da mquina administrativa e demais servios. A Lei de Responsabilidade Fiscal tambm estabelece regras limitando o endividamento dos entes federados, nos artigos 34 a 37:

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Art. 34. O Banco Central do Brasil no emitir ttulos da dvida pblica a partir de dois anos aps a publicao desta Lei Complementar. Art. 35. vedada a realizao de operao de crdito entre um ente da Federao, diretamente ou por intermdio de fundo, autarquia, fundao ou empresa estatal dependente, e outro, inclusive suas entidades da administrao indireta, ainda que sob a forma de novao, refinanciamento ou postergao de dvida contrada anteriormente. 1 Excetuam-se da vedao a que se refere o caput as operaes entre instituio financeira estatal e outro ente da Federao, inclusive suas entidades da administrao indireta, que no se destinem a: I financiar, direta ou indiretamente, despesas correntes; II refinanciar dvidas no contradas junto prpria instituio concedente. 2 O disposto no caput no impede Estados e Municpios de comprar ttulos da dvida da Unio como aplicao de suas disponibilidades. Art. 36. proibida a operao de crdito entre uma instituio financeira estatal e o ente da Federao que a controle, na qualidade de beneficirio do emprstimo. Pargrafo nico. O disposto no caput no probe instituio financeira controlada de adquirir, no mercado, ttulos da dvida pblica para atender investimento de seus clientes, ou ttulos da dvida de emisso da Unio para aplicao de recursos prprios. Art. 37. Equiparam-se a operaes de crdito e esto vedados: I captao de recursos a ttulo de antecipao de receita de tributo ou contribuio cujo fato gerador ainda no tenha ocorrido, sem prejuzo do disposto no 7o do art. 150 da Constituio; II recebimento antecipado de valores de empresa em que o Poder Pblico detenha, direta ou indiretamente, a maioria do capital social com direito a voto, salvo lucros e dividendos, na forma da legislao; III assuno direta de compromisso, confisso de dvida ou operao assemelhada, com fornecedor de bens, mercadorias ou servios, mediante emisso, aceite ou aval de ttulo de crdito, no se aplicando esta vedao a empresas estatais dependentes; IV assuno de obrigao, sem autorizao oramentria, com fornecedores para pagamento a posteriori de bens e servios.

3.2.6 Princpio Oramentrio da Legalidade Tem o mesmo fundamento do princpio da legalidade aplicado administrao pblica, segundo o qual cabe ao Poder Pblico fazer ou deixar de fazer somente aquilo que a lei expressamente autorizar, ou seja, se subordina aos ditames da lei. A Constituio Federal de 1988, no artigo 37 estabelece os princpios da administrao pblica, dentre os quais o da legalidade e, no seu art. 165 estabelece a necessidade de formalizao legal das leis oramentrias:Art. 165. Leis de iniciativa do Poder Executivo estabelecero: I o plano plurianual; II as diretrizes oramentrias; III os oramentos anuais.

3.2.7 Princpio Oramentrio da Publicidade

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O princpio da publicidade est previsto no artigo 37 da Constituio Federal e tambm se aplica s peas oramentrias. Justifica-se especialmente no fato de o oramento ser fixado em lei, e esta, para criar, modificar, extinguir ou condicionar direitos e deveres, obrigando a todos, h que ser publicada. Portanto, o contedo oramentrio deve ser divulgado nos veculos oficiais para que tenha validade. 3.2.8 Princpio Oramentrio da Especificao ou Especializao Segundo este princpio, as receitas e despesas oramentrias devem ser autorizadas pelo Poder Legislativo em parcelas discriminadas e no pelo seu valor global, facilitando o acompanhamento e o controle do gasto pblico. Esse princpio est previsto no artigo 5 da Lei n 4.320/1964:Art. 5 A Lei de Oramento no consignar dotaes globais destinadas a atender indiferentemente a despesas de pessoal, material, servios de terceiros, transferncias ou quaisquer outras [...]

O princpio da especificao confere maior transparncia ao processo oramentrio, possibilitando a fiscalizao parlamentar, dos rgos de controle e da sociedade, inibindo o excesso de flexibilidade na alocao dos recursos pelo poder executivo. Alm disso, facilita o processo de padronizao e elaborao dos oramentos, bem como o processo de consolidao de contas. 3.2.9 Princpio Oramentrio da No-Afetao da Receita Tal princpio encontra-se consagrado, como regra geral, no inciso IV, do artigo 167, da Constituio Federal de 1988, quando veda a vinculao de receita de impostos a rgo, fundo ou despesa:Art. 167. So vedados: [...] IV a vinculao de receita de impostos a rgo, fundo ou despesa, ressalvadas a repartio do produto da arrecadao dos impostos a que se referem os arts. 158 e 159, a destinao de recursos para as aes e servios pblicos de sade, para manuteno e desenvolvimento do ensino e para realizao de atividades da administrao tributria, como determinado, respectivamente, pelos arts. 198, 2, 212 e 37, XXII, e a prestao de garantias s operaes de crdito por antecipao de receita, previstas no art. 165, 8, bem como o disposto no 4 deste artigo; (Redao dada pela Emenda Constitucional n 42, de 19.12.2003); [...] 4 permitida a vinculao de receitas prprias geradas pelos impostos a que se referem os arts. 155 e 156, e dos recursos de que tratam os arts. 157, 158 e 159, I, a e b, e II, para a prestao de garantia ou contragarantia Unio e para pagamento de dbitos para com esta. (Includo pela Emenda Constitucional n 3, de 1993).

As ressalvas so estabelecidas pela prpria Constituio e esto relacionadas repartio do produto da arrecadao dos impostos (Fundos de Participao dos Estados FPE e dos Municpios FPM e Fundos de Desenvolvimento das Regies Norte, Nordeste e Centro-Oeste), destinao de recursos para as reas de sade e educao, alm do oferecimento de garantias s operaes de crdito por antecipao de receitas. Trata-se de medida de bom-senso, uma vez que possibilita ao administrador pblico dispor dos recursos de forma mais flexvel para o atendimento de despesas em programas prioritrios. No mbito federal, a Constituio refora a no-vinculao das receitas por meio do artigo 76 do Ato das Disposies Constitucionais Transitrias ADCT, ao criar a Desvinculao das Receitas da Unio DRU, abaixo transcrito:

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Art. 76. desvinculado de rgo, fundo ou despesa, at 31 de dezembro de 2011, 20% (vinte por cento) da arrecadao da Unio de impostos, contribuies sociais e de interveno no domnio econmico, j institudos ou que vierem a ser criados at a referida data, seus adicionais e respectivos acrscimos legais. (Redao dada pela Emenda Constitucional n 56, de 2007) 1 O disposto no caput deste artigo no reduzir a base de clculo das transferncias a Estados, Distrito Federal e Municpios na forma dos arts. 153, 5; 157, I; 158, I e II; e 159, I, a e b; e II, da Constituio, bem como a base de clculo das destinaes a que se refere o art. 159, I, c, da Constituio. (Redao dada pela Emenda Constitucional n 42, de 19.12.2003) 2 Excetua-se da desvinculao de que trata o caput deste artigo a arrecadao da contribuio social do salrio-educao a que se refere o art. 212, 5o, da Constituio.(Includo pela Emenda Constitucional n 27, de 2000).

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4 ESTRUTURA DA DESPESA ORAMENTRIA4.1 CLASSIFICAO INSTITUCIONAL A classificao institucional reflete a estrutura organizacional de alocao dos crditos oramentrios, e est estruturada em dois nveis hierrquicos: rgo oramentrio e unidade oramentria. Constitui unidade oramentria o agrupamento de servios subordinados ao mesmo rgo ou repartio a que sero consignadas dotaes prprias (artigo 14 da Lei n 4.320/1964). As dotaes so consignadas s unidades oramentrias, responsveis pela realizao das aes. No caso do Governo Federal, o cdigo da classificao institucional compe-se de cinco dgitos, sendo os dois primeiros reservados identificao do rgo e os demais unidade oramentria.

rgo Oramentrio

Unidade Oramentria

Tabela 1 Exemplos de rgo Oramentrio e Unidade Oramentria do Governo Federal: RGO 26000 Ministrio da Educao UNIDADE ORAMENTRIA 26242 Universidade Federal de Pernambuco 26277 Fundao Universidade Federal de Ouro Preto 26321 Escola Agrotcnica Federal de Manaus 30107 Departamento de Polcia Rodoviria Federal 30109 Defensoria Pblica da Unio 30911 Fundo Nacional de Segurana Pblica 39250 Agncia Nacional de Transportes Terrestres ANTT 39252 Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transportes DNIT

30000 39000

Ministrio da Justia Ministrio dos Transportes

Cabe ressaltar que uma unidade oramentria no corresponde necessariamente a uma estrutura administrativa, como ocorre, por exemplo, com alguns fundos especiais e com as Unidades Oramentrias Transferncias a Estados, Distrito Federal e Municpios, Encargos Financeiros da Unio, Operaes Oficiais de Crdito, Refinanciamento da Dvida Pblica Mobiliria Federal e Reserva de Contingncia. 4.2 CLASSIFICAO FUNCIONAL A classificao funcional segrega as dotaes oramentrias em funes e subfunes, buscando responder basicamente indagao em que rea de ao governamental a despesa ser realizada. A atual classificao funcional foi instituda pela Portaria n 42, de 14 de abril de 1999, do ento Ministrio do Oramento e Gesto, e composta de um rol de funes e subfunes prefixadas, que servem como agregador dos gastos pblicos por rea de ao governamental nas trs esferas de Governo. Trata-se de classificao de aplicao comum e obrigatria, no mbito da Unio, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municpios, o que permite a consolidao nacional dos gastos do setor pblico. A classificao funcional representada por cinco dgitos. Os dois primeiros referem-se funo, enquanto que os trs ltimos dgitos representam a subfuno, que podem ser traduzidos como

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agregadores das diversas reas de atuao do setor pblico, nas esferas legislativa, executiva e judiciria.

Funo

Subfuno

4.2.1 Funo A funo representada pelos dois primeiros dgitos da classificao funcional e pode ser traduzida como o maior nvel de agregao das diversas reas de atuao do setor pblico. A funo se relaciona com a misso institucional do rgo, por exemplo, cultura, educao, sade, defesa, que, na Unio, guarda relao com os respectivos Ministrios. A funo Encargos Especiais engloba as despesas oramentrias em relao s quais no se pode associar um bem ou servio a ser gerado no processo produtivo corrente, tais como: dvidas, ressarcimentos, indenizaes e outras afins, representando, portanto, uma agregao neutra. Nesse caso, na Unio, as aes estaro associadas aos programas do tipo "Operaes Especiais" que constaro apenas do oramento, no integrando o PPA. A dotao global denominada Reserva de Contingncia, permitida para a Unio no artigo 91 do Decreto-Lei n 200, de 25 de fevereiro de 1967, ou em atos das demais esferas de Governo, a ser utilizada como fonte de recursos para abertura de crditos adicionais e para o atendimento ao disposto no artigo 5, inciso III, da Lei Complementar n 101, de 2000, sob coordenao do rgo responsvel pela sua destinao, ser identificada nos oramentos de todas as esferas de Governo pelo cdigo 99.999.9999.xxxx.xxxx, no que se refere s classificaes por funo e subfuno e estrutura programtica, onde o x representa a codificao da ao e o respectivo detalhamento. 4.2.2 Subfuno A subfuno, indicada pelos trs ltimos dgitos da classificao funcional, representa um nvel de agregao imediatamente inferior funo e deve evidenciar cada rea da atuao governamental, por intermdio da agregao de determinado subconjunto de despesas e identificao da natureza bsica das aes que se aglutinam em torno das funes. As subfunes podem ser combinadas com funes diferentes daquelas s quais esto relacionadas na Portaria MOG n 42/1999. Existe ainda a possibilidade de matricialidade na conexo entre funo e subfuno, ou seja, combinar uma funo com qualquer subfuno. Deve-se adotar como funo aquela que tpica ou principal do rgo. Assim, a programao de um rgo, via de regra, classificada em uma nica funo, ao passo que a subfuno escolhida de acordo com a especificidade de cada ao governamental. A exceo matricialidade encontra-se na funo 28 Encargos Especiais e suas subfunes tpicas que s podem ser utilizadas conjugadas. Exemplos:

Ministrio da Educao

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FUNO SUBFUNO

12 365

Educao Educao Infantil

Cmara dos Deputados FUNO 01 SUBFUNO 365

Legislativa Educao Infantil

4.3 ESTRUTURA PROGRAMTICA Toda ao do Governo est estruturada em programas orientados para a realizao dos objetivos estratgicos definidos no Plano Plurianual PPA para o perodo de quatro anos. Conforme estabelecido no artigo 3 da Portaria MOG n 42/1999, a Unio, os Estados, o Distrito Federal e os Municpios estabelecero, em atos prprios, suas estruturas de programas, cdigos e identificao, respeitados os conceitos e determinaes nela contidos. Ou seja, todos os entes devem ter seus trabalhos organizados por programas, mas cada um estabelecer sua estrutura prpria de acordo com a referida Portaria. 4.3.1 Programa Programa o instrumento de organizao da atuao governamental que articula um conjunto de aes que concorrem para a concretizao de um objetivo comum preestabelecido, mensurado por indicadores institudos no plano, visando soluo de um problema ou ao atendimento de determinada necessidade ou demanda da sociedade. O programa o mdulo comum integrador entre o plano e o oramento. O plano termina no programa e o oramento comea no programa, o que confere a esses instrumentos uma integrao desde a origem. O programa, como mdulo integrador, e as aes, como instrumentos de realizao dos programas. A organizao das aes do governo sob a forma de programas visa proporcionar maior racionalidade e eficincia na administrao pblica e ampliar a visibilidade dos resultados e benefcios gerados para a sociedade, bem como elevar a transparncia na aplicao dos recursos pblicos. Cada programa deve conter objetivo, indicador que quantifica a situao que o programa tenha como finalidade modificar e os produtos (bens e servios) necessrios para atingir o objetivo. A partir do programa so identificadas as aes sob a forma de atividades, projetos ou operaes especiais, especificando os respectivos valores e metas e as unidades oramentrias responsveis pela realizao da ao. A cada projeto ou atividade s poder estar associado um produto, que, quantificado por sua unidade de medida, dar origem meta. Na Unio, as demais informaes relativas aos Programas que compem o Plano Plurianual so as seguintes: a) rgo responsvel rgo responsvel pelo gerenciamento do programa, mesmo quando o programa for integrado por aes desenvolvidas por mais de um rgo (programa multi-setorial).

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b) Unidade responsvel Unidade administrativa responsvel pelo gerenciamento do programa, mesmo quando o programa for integrado por aes desenvolvidas por mais de uma unidade. c) Denominao Expressa os propsitos do programa em uma palavra ou frase-sntese de fcil compreenso pela sociedade. No h restrio quanto ao uso de nomes de fantasia. Por exemplo: "Abastecimento de Energia Eltrica"; "Combate Violncia contra as Mulheres"; "Saneamento Rural"; "Primeiro Emprego". d) Problema uma situao indesejvel declarada por uma autoridade como evitvel ou uma necessidade no atendida, identificada na sociedade. Deve ser formulado como condio negativa, evitando-se enunciar a ausncia de alguma soluo especfica. e) Objetivo do programa O objetivo expressa o resultado que se deseja alcanar, ou seja, a transformao da situao a qual o programa se prope modificar. Deve ser expresso de modo conciso, evitando a generalidade, dando a idia do que se pretende de forma clara, categrica e determinante. Exemplo: Programa: Acesso Alimentao Objetivo: Garantir populao em situao de insegurana alimentar o acesso alimentao digna, regular e adequada nutrio e manuteno da sade humana. f) Pblico-alvo Especifica o(s) segmento(s) da sociedade ao(s) qual(is) o programa se destina e que se beneficia(m) direta e legitimamente com sua execuo. So os grupos de pessoas, comunidades, instituies ou setores que sero atingidos diretamente pelos resultados do programa. A definio do pblico-alvo importante para identificar e focar as aes que devem compor o programa. Exemplo: Programa: Acesso Alimentao Pblico Alvo: Famlias com renda familiar per capita menor ou igual a salrio mnimo. g) Justificativa A justificativa para a criao do programa deve abordar o diagnstico e as causas da situao-problema para a qual o programa foi proposto; alertar quanto s conseqncias

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da no implementao do programa; e informar a existncia de condicionantes favorveis ou desfavorveis ao programa. Alm disso, para programas novos, necessrio estimar a despesa prevista para o perodo do Plano e a origem dos recursos que iro custear o programa. h) Objetivo setorial associado Especifica o principal objetivo setorial para o qual o programa contribui. j) Tipos de programa Os Programas so classificados em dois tipos Programas Finalsticos: dos quais resultam bens ou servios ofertados diretamente sociedade, cujos resultados sejam passveis de mensurao; Programas de Apoio s Polticas Pblicas e reas Especiais: so programas voltados aos servios tpicos de Estado, ao planejamento, formulao de polticas setoriais, coordenao, avaliao ou ao controle dos programas finalsticos, resultando em bens ou servios ofertados ao prprio Estado, podendo ser composto inclusive por despesas de natureza tipicamente administrativas.

k) Horizonte temporal Estabelece o perodo de vigncia do programa, podendo ser contnuo ou temporrio. Um programa pode ser de natureza contnua mesmo que parte de suas aes seja de natureza temporria. No caso de programa temporrio, sero informados o ms e ano de incio e de trmino previstos, e o seu valor global estimado. O trmino previsto a ser considerado o do programa, ainda que se situe aqum ou alm do perodo de vigncia do PPA. l) Estratgia de implementao do programa Indica como sero conduzidas as aes, quais os instrumentos disponveis ou a serem constitudos, e a forma de execuo (direta, descentralizada para Estados, Distrito Federal e Municpios e transferncias) para atingir os resultados pretendidos pelo programa. Deve-se considerar, tambm, na descrio da estratgia de implementao, aspectos como critrios de elegibilidade para acesso aos bens e servios ofertados pelo programa, responsabilidades no gerenciamento e na execuo das aes (rgos e Unidades Administrativas), a forma de implementao das aes, explicitando os agentes e parceiros (federal, estadual, municipal e privado) envolvidos, e a contribuio de cada um para o sucesso do programa; e os mecanismos (sistemas) utilizados no monitoramento da execuo das aes do programa. n) Indicador Instrumento capaz de medir o desempenho do programa. Deve ser passvel de aferio, coerente com o objetivo estabelecido, sensvel contribuio das principais aes e apurvel em tempo oportuno. O indicador permite, conforme o caso, mensurar a eficcia, eficincia ou efetividade alcanada com a execuo do programa.

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Exemplo: Objetivo: "Reduzir o analfabetismo no Pas" Indicador: "Taxa de analfabetismo" (relao percentual entre a populao noalfabetizada e a populao total) Para cada programa finalstico ou de servios ao Estado deve haver um ou mais indicadores. Os programas de apoio administrativo e gesto de polticas pblicas no possuem indicadores, por no serem constitudos de aes finalsticas. O indicador possui os atributos especificados a seguir: Denominao:

Forma pela qual o indicador ser apresentado sociedade. Unidade de medida:

Padro escolhido para mensurao da relao adotada como indicador. Por exemplo, para o indicador "taxa de analfabetismo" a unidade de medida seria "porcentagem", e para o indicador "taxa de mortalidade infantil" a unidade de medida seria "1/1000" (1 bito para cada 1000 nascimentos). ndice de referncia:

Situao mais recente do problema e sua respectiva data de apurao. Consiste na aferio de um indicador em um dado momento, mensurado com a unidade de medida escolhida, que servir de base para projeo do indicador ao longo do PPA. ndices esperados ao longo do PPA:

Situao que se deseja atingir com a execuo do programa, expresso pelo indicador, ao longo de cada ano do perodo de vigncia do PPA. ndice ao final do programa (somente para programas temporrios):

Resultado que se deseja atingir com a concluso da execuo do programa. Deve ser preenchido apenas no caso dos programas temporrios. Fonte:

rgo responsvel pelo registro ou produo das informaes necessrias para a apurao do indicador e divulgao peridica dos ndices. As informaes utilizadas na construo dos indicadores podero ser produzidas pelos prprios rgos executores dos programas ou outros integrantes da estrutura do Ministrio responsvel. Estes devero manter sistemas de coleta e tratamento de informaes com esta finalidade. Em muitos casos, entretanto, as informaes sero buscadas junto a outras fontes que podem ser

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instituies oficiais ou mesmo privadas, quando de reconhecida credibilidade: IBGE, FIPE, FGV, Banco Central, DIEESE, ANBID, entre outras. Periodicidade:

Freqncia com a qual o indicador apurado. Por exemplo: anual (apurado uma vez ao ano); mensal (apurado uma vez ao ms); bienal (apurado a cada dois anos). Base geogrfica:

Menor nvel de agregao geogrfica da apurao do ndice, podendo ser municipal, estadual, regional ou nacional. Frmula de clculo:

Demonstra, de forma sucinta e por meio de expresses matemticas, o algoritmo que permite calcular o valor do indicador. Por exemplo, para o indicador "Espao areo monitorado", a frmula de clculo poderia ser "Relao percentual entre o espao areo monitorado e o espao areo sob jurisdio do Brasil", assim como para o indicador "Incidncia do ttano neonatal" a frmula de clculo poderia ser "Relao percentual entre o nmero de casos novos de ttano neonatal e o total da populao menor de um ano de idade". 4.3.2 Ao As aes so operaes das quais resultam produtos (bens ou servios), que contribuem para atender ao objetivo de um programa. Incluem-se tambm no conceito de ao as transferncias obrigatrias ou voluntrias a outros entes da federao e a pessoas fsicas e jurdicas, na forma de subsdios, subvenes, auxlios, contribuies, doaes, entre outros, e os financiamentos. As aes, conforme suas caractersticas podem ser classificadas como atividades, projetos ou operaes especiais. a) Atividade um instrumento de programao utilizado para alcanar o objetivo de um programa, envolvendo um conjunto de operaes que se realizam de modo contnuo e permanente, das quais resulta um produto ou servio necessrio manuteno da ao de Governo. Exemplo: Fiscalizao e Monitoramento das Operadoras de Planos e Seguros Privados de Assistncia Sade. b) Projeto um instrumento de programao utilizado para alcanar o objetivo de um programa, envolvendo um conjunto de operaes, limitadas no tempo, das quais resulta um produto que concorre para a expanso ou o aperfeioamento da ao de Governo. Exemplo: Implantao da rede nacional de bancos de leite humano. c) Operao Especial

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Despesas que no contribuem para a manuteno, expanso ou aperfeioamento das aes de governo, das quais no resulta um produto, e no gera contraprestao direta sob a forma de bens ou servios. No caso do Governo Federal, as aes possuem os seguintes atributos: Ttulo Forma pela qual a ao ser identificada pela sociedade e ser apresentada no PPA, LDOs e LOAs. Expressa, em linguagem clara, o objeto da ao. Exemplos: "Aquisio de Equipamentos para a Rede Federal de Educao Profissional Agrcola" e "Distribuio de Alimentos a Grupos Populacionais Especficos." No caso de projetos de grande vulto, a individualizao do projeto em ttulo especfico obrigatria. Finalidade Expressa o objetivo a ser alcanado pela ao, ou seja, o porqu do desenvolvimento dessa ao. Por exemplo, para o ttulo "Atendimento Populao com Medicamentos para Tratamento dos Portadores de HIV/AIDS e outras Doenas Sexualmente Transmissveis" a finalidade "Garantir populao acesso aos medicamentos para tratamento dos portadores da Sndrome da Imunodeficincia Adquirida HIV/AIDS e das doenas sexualmente transmissveis DST, visando o aumento da sobrevida e a interrupo do ciclo de doenas". Descrio Expressa, de forma sucinta, o que efetivamente feito no mbito da ao, seu escopo e delimitaes. Por exemplo, para o ttulo "Atendimento Populao com Medicamentos para Tratamento dos Portadores de HIV/AIDS e outras Doenas Sexualmente Transmissveis" a descrio "Aquisio, acondicionamento, conservao, transporte e distribuio de medicamentos para o tratamento ambulatorial e domiciliar dos casos positivos da doena; manuteno das empilhadeiras hidrulicas; locao de cmaras frigorficas; transporte de cargas e encomendas; despesas com o despachante aduaneiro, bem como as despesas com o agente financeiro". Produto Bem ou servio que resulta da ao, destinado ao pblico-alvo ou o investimento para a produo deste bem ou servio. Cada ao deve ter um nico produto. Em situaes especiais, expressa a quantidade de beneficirios atendidos pela ao. Exemplos: "Servidor treinado" e "Estrada construda".

Unidade de medida Padro selecionado para mensurar a produo do bem ou servio.

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Especificao do produto Expressa as caractersticas do produto acabado, visando sua melhor identificao. Tipo de ao Informa se a ao Oramentria, ou seja, demanda recursos oramentrios, ou se NoOramentria, ou seja, no demanda recursos oramentrios da Unio. Forma de implementao Indica a forma de implementao da ao, descrevendo todas as etapas do processo at a entrega do produto, inclusive as desenvolvidas por parceiros. Deve ser classificada segundo os conceitos abaixo: Direta: Ao executada diretamente ou sob contratao pela unidade responsvel, sem que ocorra transferncia de recursos para outros entes da Federao (Estados, Distrito Federal e Municpios), como, por exemplo, a ao "Fiscalizao dos Servios de Transporte Ferrovirio" executada diretamente pelo Governo Federal. Descentralizada: Atividades ou projetos, na rea de competncia da Unio, executados por outro ente da Federao (Estado, Municpio ou Distrito Federal), com recursos repassados pela Unio, como, por exemplo, a ao "Preveno, Controle e Erradicao das Doenas da Avicultura", de responsabilidade da Unio, executada por governos estaduais com repasse de recursos da Unio. Transferncia, que se subdivide em: Obrigatria: Operao especial que transfere recursos, por determinao constitucional ou legal, aos Estados, Distrito Federal e Municpios, como, por exemplo, a ao "Transferncias do Imposto sobre Operaes Financeiras Incidentes sobre o Ouro Estados e Distrito Federal (Lei n 7.766, de 1989)". Voluntria: Operao especial em que ocorre a entrega de recursos correntes ou de capital a outro ente da Federao, a ttulo de cooperao, auxlio ou assistncia financeira, que no decorra de determinao constitucional ou legal ou se destine ao Sistema nico de Sade. Linha de crdito: Ao realizada mediante emprstimo de recursos aos beneficirios da ao. Enquadram-se tambm nessa classificao os casos de emprstimos concedidos por estabelecimento oficial de crdito a Estados e Distrito Federal, Municpios e ao Setor Privado. Exemplos: "Financiamento a Projetos na rea de Servios de Sade" e "Financiamento Habitacional para Cooperativas e Associaes Populares (Crdito Solidrio)".

Detalhamento da implementao Expressa o modo como a ao ser executada, podendo conter dados tcnicos e detalhes sobre os procedimentos que fazem parte da execuo da ao.

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Origem da ao Identifica qual o normativo originou a ao: projeto de lei oramentria, projeto de lei de crdito especial, projeto de lei do Plano Plurianual ou emenda parlamentar. Base legal Especifica os instrumentos normativos que do respaldo ao e permite identificar se uma ao Transferncia Obrigatria ou se trata de aplicao de recursos em rea de competncia da Unio. Exemplos: Lei n 9.507, de 12 de novembro de 1997, art. 8, pargrafo nico; Lei n 8.112, de 11 de dezembro de 1990, art. 12, 1; Lei n 8.112, de 11 de dezembro de 1990, art. 5, inciso I; e Decreto n 73.841, de 13 de maro de 1974. Unidade responsvel a entidade, seja unidade administrativa, empresa estatal ou parceiro (Estado, Municpio, Distrito Federal ou Setor Privado) responsvel pela execuo da ao. Custo total estimado do projeto Atributo especfico dos projetos e aes no-oramentrias de carter temporrio, que trata do custo de referncia do projeto, a preos correntes, desde o seu incio at a sua concluso. Durao do projeto Atributo especfico dos projetos e aes no-oramentrias de carter temporrio, que se refere s datas de incio e previso de trmino do projeto. Repercusso financeira do projeto sobre o custeio da Unio Atributo especfico dos projetos e aes no-oramentrias de carter temporrio, que indica o impacto (estimativa de custo anual) sobre as despesas de operao e manuteno do investimento aps o trmino do projeto e em quais aes esse aumento ou decrscimo de custos ocorrer, caso o mesmo venha a ser mantido pela Unio. A execuo de um determinado projeto geralmente acarreta incremento no custo de atividades. Por exemplo, ao construir um hospital a ser mantido pela Unio, haver um incremento no custo das atividades de manuteno hospitalar da Unio. Se por alguma razo o impacto for nulo, dever ser justificado o motivo. Por exemplo, a Unio ao construir uma escola a ser operada pelo governo municipal, no ter custos futuros, uma vez que as despesas de manuteno incorrero sobre outro ente da Federao. Etapas Trata-se do ltimo atributo especfico dos projetos e aes no-oramentrias de carter temporrio. Os projetos, as aes no-oramentrias e, em alguns casos, os subttulos (localizadores de gastos) podem ter suas etapas intermedirias detalhadas. Os atributos de cada etapa so:

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Ttulo da etapa: Forma pela qual a etapa ser identificada para a sociedade. Expressa, de forma clara, o objeto da etapa. Exemplos: "Remodelagem do cais"; "Prolongamento do cais acostvel"; "Implantao de sistemas de combate a incndio"; e "Aquisio de sinais nuticos". Descrio da etapa: Expressa, de forma sucinta, o que efetivamente feito no mbito da etapa. Exemplo: "Remodelagem do cais do Porto com obras na cortina de estacasprancha". Resultado da etapa: Expressa, de forma sucinta, o resultado esperado ao final da etapa. Exemplos: "Cais ampliado" e "Segurana operacional implementada". Valor da etapa: Expressa o custo estimado da etapa em preos correntes. Ordem da etapa: Ordem numrica de execuo da etapa. 4.3.3 Subttulo/Localizador de Gasto A Portaria MOG n 42/1999 no estabelece critrios para a indicao da localizao fsica das aes, mas a adequada localizao do gasto permite maior controle governamental e social sobre a implantao das polticas pblicas adotadas, alm de evidenciar a focalizao, os custos e os impactos da ao governamental. No caso da Unio, as atividades, projetos e operaes especiais so detalhadas em subttulos, utilizados especialmente para especificar a localizao fsica da ao, no podendo haver, por conseguinte, alterao da finalidade da ao, do produto e das metas estabelecidas. A localizao do gasto poder ser de abrangncia nacional, no exterior, por Regio (NO, NE, CO, SD, SL), por Estado ou Municpio ou, excepcionalmente, por um critrio especfico, quando necessrio. vedada na especificao do subttulo referncia a mais de uma localidade, rea geogrfica ou beneficirio, se determinados. O subttulo representa o menor nvel de categoria de programao e ser detalhado por esfera oramentria (fiscal, seguridade e investimento), grupo de natureza de despesa, modalidade de aplicao, identificador de resultado primrio, identificador de uso e fonte de recursos, sendo o produto e a unidade de medida os mesmos da ao oramentria. 4.3.4 Componentes da Programao Fsica Meta fsica a quantidade de produto a ser ofertado por ao, de forma regionalizada, se for o caso, num determinado perodo e instituda para cada ano. As metas fsicas so indicadas em nvel de subttulo e agregadas segundo os respectivos projetos, atividades ou operaes especiais. Vale ressaltar que o critrio para regionalizao de metas o da localizao dos beneficiados pela ao. Exemplo: No caso da vacinao de crianas, a meta ser regionalizada pela quantidade de crianas a serem vacinadas ou de vacinas empregadas em cada Estado, ainda que a campanha seja de mbito nacional e a despesa paga de forma centralizada. O mesmo ocorre com a distribuio de livros didticos.

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4.4 NATUREZA DA DESPESA ORAMENTRIA A classificao da despesa oramentria, segundo a sua natureza, compe-se de: I Categoria Econmica; II Grupo de Natureza da Despesa; III Elemento de Despesa. A natureza da despesa ser complementada pela informao gerencial denominada modalidade de aplicao, a qual tem por finalidade indicar se os recursos so aplicados diretamente por rgos ou entidades no mbito da mesma esfera de Governo ou por outro ente da Federao e suas respectivas entidades, e objetiva, precipuamente, possibilitar a eliminao da dupla contagem dos recursos transferidos ou descentralizados. 4.4.1 Estrutura da Natureza da Despesa Oramentria Os artigos 12 e 13 da Lei n 4.320/1964, tratam da classificao da despesa oramentria por categoria econmica e elementos. Assim como na receita oramentria, o artigo 8 estabelece que os itens da discriminao da despesa oramentria mencionados no artigo 13 sero identificados por nmeros de cdigo decimal, na forma do Anexo IV daquela Lei, atualmente consubstanciados na Portaria Interministerial STN/SOF n 163, de 4 de maio de 2001, e constantes deste Manual. O conjunto de informaes que constitui a natureza de despesa oramentria forma um cdigo estruturado que agrega a categoria econmica, o grupo, a modalidade de aplicao e o elemento. Essa estrutura deve ser observada na execuo oramentria de todas as esferas de governo. O cdigo da natureza de despesa oramentria composto por seis dgitos, desdobrado at o nvel de elemento ou, opcionalmente, por oito, contemplando o desdobramento facultativo do elemento:

5 Nvel: DESDOBRAMENTO DO ELEMENTO DE DESPESA (FACULTATIVO) 4 Nvel: ELEMENTO DE DESPESA 3 Nvel: MODALIDADE DE APLICAO 2 Nvel: GRUPO DE DESPESA 1 Nvel: CATEGORIA ECONMICA

A classificao da Reserva de Contingncia, quanto natureza da despesa oramentria, ser identificada com o cdigo 9.9.99.99 e da Reserva do Regime Prprio de Previdncia dos Servidores pelo cdigo 7.7.99.99.

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4.4.1.1 CATEGORIA ECONMICA A despesa oramentria, assim como a receita oramentria, classificada em duas categorias econmicas, com os seguintes cdigos:CATEGORIAS ECONMICAS 3 4 DESPESAS CORRENTES DESPESAS DE CAPITAL

3 Despesas Oramentrias Correntes Classificam-se nessa categoria todas as despesas que no contribuem, diretamente, para a formao ou aquisio de um bem de capital. Em geral, a Despesa Oramentria Corrente coincide com a Despesa Oramentria Efetiva. Entretanto, h despesa corrente no-efetiva como, por exemplo, a despesa com a aquisio de materiais para estoque e a despesa com adiantamento so despesas correntes que representam um fato permutativo. 4 Despesas Oramentrias de Capital Classificam-se nessa categoria aquelas despesas que contribuem, diretamente, para a formao ou aquisio de um bem de capital. Em geral, Despesa Oramentria de Capital coincide com a Despesa Oramentria Noefetiva. Entretanto, h despesa oramentria de capital que efetiva como, por exemplo, as transferncias de capital que causam decrscimo patrimonial e, por isso, classificam-se como despesa efetiva. 4.4.1.2 GRUPO DE NATUREZA DA DESPESA um agregador de elementos de despesa com as mesmas caractersticas quanto ao objeto de gasto, conforme discriminado a seguir:GRUPO DE NATUREZA DA DESPESA 1 2 3 4 5 6 7 9 PESSOAL E ENCARGOS SOCIAIS JUROS E ENCARGOS DA DVIDA OUTRAS DESPESAS CORRENTES INVESTIMENTOS INVERSES FINANCEIRAS AMORTIZAO DA DVIDA RESERVA DO RPPS RESERVA DE CONTINGNCIA

Especificaes: 1 Pessoal e Encargos Sociais

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Despesas oramentrias de natureza remuneratria decorrente do efetivo exerccio de cargo, emprego ou funo de confiana no setor pblico, do pagamento dos proventos de aposentadorias, reformas e penses, das obrigaes trabalhistas de responsabilidade do empregador, incidentes sobre a folha de salrios, contribuio a entidades fechadas de previdncia, outros benefcios assistenciais classificveis neste grupo de despesa, bem como soldo, gratificaes, adicionais e outros direitos remuneratrios, pertinentes a este grupo de despesa, previstos na estrutura remuneratria dos militares, e ainda, despesas com o ressarcimento de pessoal requisitado, despesas com a contratao temporria para atender a necessidade de excepcional interesse pblico e despesas com contratos de terceirizao de mo-de-obra que se refiram substituio de servidores e empregados pblicos, em atendimento ao disposto no artigo 18, 1o, da Lei Complementar n 101/2000. 2 Juros e Encargos da Dvida Despesas oramentrias com o pagamento de juros, comisses e outros encargos de operaes de crdito internas e externas contratadas, bem como da dvida pblica mobiliria. 3 Outras Despesas Correntes Despesas oramentrias com aquisio de material de consumo, pagamento de dirias, contribuies, subvenes, auxlio-alimentao, auxlio-transporte, alm de outras despesas da categoria econmica "Despesas Correntes" no classificveis nos demais grupos de natureza de despesa. 4 Investimentos Despesas oramentrias com o planejamento e a execuo de obras, inclusive com a aquisio de imveis considerados necessrios realizao destas ltimas, e com a aquisio de instalaes, equipamentos e material permanente. 5 Inverses Financeiras Despesas oramentrias com a aquisio de imveis ou bens de capital j em utilizao; aquisio de ttulos representativos do capital de empresas ou entidades de qualquer espcie, j constitudas, quando a operao no importe aumento do capital; e com a constituio ou aumento do capital de empresas. 6 Amortizao da Dvida Despesas oramentrias com o pagamento e/ou refinanciamento do principal e da atualizao monetria ou cambial da dvida pblica interna e externa, contratual ou mobiliria. 7 Reserva do Regime Prprio de Previdncia do Servidor Os ingressos previstos que ultrapassarem as despesas oramentrias fixadas num determinado exerccio constituem o supervit oramentrio inicial, destinado a garantir desembolsos futuros do Regime Prprio de Previdncia Social RPPS, do ente respectivo. Assim sendo, este supervit oramentrio representar a frao de ingressos

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que sero recebidos sem a expectativa de execuo de despesa oramentria no exerccio e constituir a reserva oramentria para suportar dficit futuros, onde as receitas oramentrias previstas sero menores que as despesas oramentrias. Dessa forma, o oramento do fundo prprio de previdncia deve ser constitudo, do lado da receita oramentria, pela previso das contribuies dos segurados e demais receitas, e do lado da despesa, a dotao das despesas a serem realizadas durante o exerccio, evidenciando a reserva correspondente dos recursos que no sero desembolsados por se tratar de poupana para fazer face aos compromissos futuros. Por ocasio da elaborao do oramento de um exerccio, deve ser apurada a diferena entre receita oramentria prevista e despesa oramentria fixada, a ser realizada neste exerccio, no intuito de evidenciar a Reserva correspondente ao supervit, utilizando a mesma metodologia da Reserva de Contingncia descrita neste Manual. Ressalte-se que este procedimento efetuado apenas para fins de elaborao e transferncia do oramento, pois a execuo correspondente refletir o supervit oramentrio fixado pela reserva que ser utilizada para pagamentos previdencirios futuros. A constituio da reserva oramentria do RPPS, utilizando aes e detalhamentos especficos do RPPS, combinadas com a natureza de despesa 7.7.99.99., distinguindoas das Reservas de Contingncias constantes no inciso III, do artigo 5 da LRF, Lei Complementar n 101/2000 que tambm utilizar aes e detalhamentos especficos, combinados com a natureza de despesas 9.9.99.99. 9 Reserva de Contingncia Compreende o volume de recursos destinados ao atendimento de passivos contingentes e outros riscos, bem como eventos fiscais imprevistos. Essa reserva poder ser utilizada para abertura de crditos adicionais, desde que definida na LDO. Os Passivos Contingentes so representados por demandas judiciais, dvidas em processo de reconhecimento e operaes de aval e garantias dadas pelo Poder Pblico. Os outros riscos a que se refere o 3 do artigo 4 da Lei Complementar n 101/2000 so classificados em duas categorias: Riscos Fiscais Oramentrios; Riscos Fiscais de Dvida.

Os Riscos Fiscais Oramentrios esto relacionados possibilidade das receitas e despesas projetadas na elaborao do projeto de lei oramentria anual no se confirmarem durante o exerccio financeiro. Com relao receita oramentria, algumas variveis macroeconmicas podem influenciar no montante de recursos arrecadados, dentre as quais podem-se destacar: o nvel de atividade da economia e as taxas de inflao, cmbio e juros. A reduo do Produto Interno Bruto PIB, por exemplo, provoca queda na arrecadao de tributos por todos os entes da federao.

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No que diz respeito despesa oramentria, a criao ou ampliao de obrigaes decorrentes de modificaes na legislao, por exemplo, requer alterao na programao original constante da Lei Oramentria. Os Riscos Fiscais da Dvida esto diretamente relacionados s flutuaes de variveis macroeconmicas, tais como taxa bsica de juros, variao cambial e inflao. Para a dvida indexada ao Sistema Especial de Liquidao e de Custdia SELIC, por exemplo, um aumento sobre a taxa de juros estabelecido pelo Comit de Poltica Monetria do Banco Central do Brasil elevaria o nvel de endividamento do governo. 4.4.1.3 MODALIDADE DE APLICAO A modalidade de aplicao tem por finalidade indicar se os recursos so aplicados diretamente por rgos ou entidades no mbito da mesma esfera de Governo ou por outro ente