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SBA MANUAL DE COMPLIANCE CONCORRENCIAL (Versão Final Janeiro/2017)

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Page 1: MANUAL DE COMPLIANCE CONCORRENCIAL - sbahq.org · CADE (Conselho Administrativo de Defesa Econômica), nos termos do art. 4º, da Lei n.º 12.529/2011. O CADE atua tanto de forma

SBA

MANUAL DE COMPLIANCE CONCORRENCIAL

(Versão Final – Janeiro/2017)

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Sumário Manual de Compliance Concorrencial

I – Palavras da Diretoria ................................................................................................................................. 3

II – Introdução .................................................................................................................................................. 4

III – Recomendações de Compliance Concorrencial .................................................................................... 7

a) Manifestação pública de seus dirigentes: ................................................................................................... 7

b) Atuação concertada com cooperativas de trabalho médico: ...................................................................... 8

c) Participação em eventos e reuniões: .......................................................................................................... 9

d) Decretação de litígios:.............................................................................................................................. 10

e) Precificação conjunta e/ou padronizada: .................................................................................................. 11

f) Apoio a boicotes ou descredenciamentos em massa: ............................................................................... 12

IV – Mecanismos de Coordenação e Monitoramento do Programa de Compliance Concorrencial ...... 13

1) Comitê do Programa de Compliance Concorrencial ................................................................................ 13

2) Site de Compliance Concorrencial da SBA ............................................................................................. 13

3) Ouvidoria de Compliance da SBA ........................................................................................................... 14

V – Palavras Finais ......................................................................................................................................... 15

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I – PALAVRAS DA DIRETORIA

A SBA, através da elaboração deste manual de compliance concorrencial, entra no rol

das instituições comprometidas com a qualidade na execução de suas funções e finalidades, sem

perder o foco na legalidade dos seus atos e no respeito incondicional às legislações vigentes no

Brasil.

A evolução da sociedade brasileira, seja do ponto de vista político ou econômico,

obrigou que as empresas, associações, cooperativas e até mesmo as grandes corporações se

adequassem às regras e racionalizações de relacionamentos no mercado. A SBA não possui

qualquer relação comercial de venda de serviços em anestesiologia, ou precificação de

procedimentos médicos. O foco da nossa associação é educacional, fomentando o aperfeiçoamento

científico dos nossos associados. No entanto, um dos pilares mais importantes desta Sociedade é a

Defesa Profissional, que desenvolve políticas importantes no campo da saúde ocupacional dos

anestesiologistas, melhorias das condições de trabalho sob o ponto de vista técnico e científico e,

também, na área de segurança e qualidade na assistência ao paciente.

Aderir a regras estabelecidas em um compliance concorrencial é uma atitude ousada e

proativa da SBA, buscando garantir uma proteção adequada à Sociedade e aos seus associados, para

que as políticas institucionais, nos campos administrativo, científico e da defesa profissional,

possam fluir sem a contaminação de ações anticoncorrenciais, ou até mesmo que sejam mal

interpretadas pelos órgãos fiscalizadores das boas práticas de mercado.

A DIRETORIA

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II – INTRODUÇÃO

O compliance, termo anglo-saxônico que pode ser traduzido para o português como

“conformidade”, consiste em um conjunto de medidas adotadas por agentes econômicos para a

detecção e prevenção de riscos de violação à legislação do país, em decorrência de sua atividade.

Tais programas assumiram maior força no Brasil com o advento da Lei Anticorrupção (Lei n.º

12.846/2013) e, na atualidade, vêm ganhando maior espaço no direito da concorrência, no âmbito

da Lei de Defesa da Concorrência (Lei n.º 12.529/2011).

O principal órgão responsável pela garantia da defesa da concorrência no Brasil é o

CADE (Conselho Administrativo de Defesa Econômica), nos termos do art. 4º, da Lei n.º

12.529/2011. O CADE atua tanto de forma preventiva (especialmente por meio da análise prévia de

atos de concentração de empresas), quanto de modo repressivo (com a investigação de condutas

anticompetitivas e, se forem constatadas violações, aplicação de multas e sanções não pecuniárias),

com a finalidade última de proteger consumidores e o próprio funcionamento do mercado. O CADE

exerce um papel fundamental na sociedade brasileira, ao coibir condutas que prejudicam toda a

coletividade, e ao incentivar melhores práticas de mercado.

As medidas de compliance visam, em última instância, uniformizar o comportamento

dos colaboradores e gestores em torno de valores comuns de observância à lei, de intolerância a

práticas de mercado que ensejem riscos de violação ao sistema jurídico e, em especial, no presente

caso, às leis da concorrência. Assim, programas de compliance concorrencial objetivam, sobretudo,

evitar internamente a prática de atos anticompetitivos por agentes econômicos.

Os mecanismos de compliance normalmente estão estruturados sob a forma de

programas centrados em três aspectos essenciais:

(i) Prevenção (com a definição de políticas claras, análise de risco, programas de

treinamento e apoio);

(ii) Detecção (implementação de mecanismos de controle e monitoramento);

(iii) Resposta (as violações à política de compliance devem gerar respostas, processos

de conscientização).

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Figura 1 - Estrutura Básica de Programas de Compliance

Nesse sentido, a SBA, comprometida a garantir a observância das recomendações

antitruste nacionais, em um esforço pioneiro no âmbito das sociedades de especialidades médicas

brasileiras, decidiu estruturar e implementar um dos primeiros programas de compliance do país na

sua área de atuação. Tal trabalho mostrou-se árduo, pois existem diversas peculiaridades a serem

observadas, que aumentam a complexidade da estruturação de um programa de compliance

concorrencial.

De maneira distinta do compliance ligado a práticas anticorrupção, a concorrência não

admite tão facilmente a elaboração de um rol exaustivo de medidas que “podem” (Dos) e “não

podem” (Dont’s) ser tomadas pela sociedade. Nesses casos, o mais importante foi o estabelecimento

de condutas ligadas à análise de risco e de seus impactos no mercado relevante de atuação - no caso

da SBA, o mercado da anestesiologia.

De outra monta, programas de compliance concorrencial são incipientes na realidade

brasileira. Nem mesmo o CADE tem claro e pacificado todos os aspectos de tais programas, tendo

criado apenas um delineamento geral, ligado especialmente à estrutura interna e aos objetivos gerais

do programa de compliance.

Especificamente no caso de sociedades de especialidade médicas, o programa da SBA é

um dos precursores no Brasil. Isso elevou o grau de dificuldade da sua estruturação, uma vez que há

maior dificuldade no estabelecimento de um benchmark que permita orientar o processo de

desenvolvimento.

Detecção

Resposta

Prevenção

Definição de políticas

claras, análise de risco,

programas de

treinamento e apoio.

Mecanismos de controle e

monitoramento.

Respostas às violações das

recomendações de

compliance.

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Além disso, por ser um processo precursor na realidade da SBA, foi necessário o

desenvolvimento e a implementação de toda a estrutura de compliance, desde a due diligence e a

análise de risco, passando pela elaboração do código de conduta/guia de Compliance, até a sua

discussão com a Diretoria da Sociedade e membros das sociedades regionais.

Referido projeto representou um desafio ainda maior para uma organização estruturada

nacionalmente em rede, como a da SBA. Isso porque, apesar de possuir uma estrutura

administrativa centralizada, é também formada por sociedades de especialidade regionais, com

sedes em praticamente todos os Estados brasileiros. Isso criou desafios para a formação de uma

cultura de compliance sólida no corpo diretivo, em razão da multiplicidade de atores que, apesar de

comungarem da mesma base de formação e área de atuação profissional - a anestesiologia -,

possuem experiências de mercado, e até mesmo de origem cultural, muito distintas. Além disso,

essa estrutura criou evidentes desafios logísticos para a realização de treinamentos, seminários,

discussões, dentre outros.

No entanto, não impossibilitaram o desenvolvimento do compliance em tal realidade,

mas, sim, constituíram uma oportunidade para a criação de um programa inovador para o setor de

saúde brasileiro.

Deste modo, a SBA, determinada a enfrentar tal cenário, estruturou, ao longo de todo o

ano de 2016, um projeto para a criação e implementação do programa, que culminou com o

presente manual que visa a apresentar: (i) As práticas de compliance concorrencial e regras de

conduta para diretores da SBA; (ii) Meios de apoio fornecidos pela SBA para o compliance

concorrencial; (iii) Respostas às violações das recomendações de compliance.

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III – RECOMENDAÇÕES DE COMPLIANCE CONCORRENCIAL

a) Manifestação pública de seus dirigentes:

Não são recomendáveis manifestações que tratem de tabelamento, ou de conduta

uniforme na formação de preços na área médica, que possam ser interpretadas como institucionais.

Os dirigentes devem estar conscientes do seu papel representativo, de modo a evitar

manifestações sobre temas relacionados ao mercado da Anestesiologia que tenham implicações

diretas na uniformização de preços, sendo reprovável a conduta que possa ser interpretada como

atentatória à livre concorrência.

O comportamento esperado dos ocupantes de cargos administrativos deve afastar-se das

hipóteses descritas pela Lei da Concorrência como comportamentos infracionais, especialmente em

relação a questões concorrenciais e de formação de preços no mercado de Anestesiologia.

Temas relativos à defesa profissional dos membros da SBA devem ser tratados com

cuidado e diligência, evitando qualquer pronunciamento que possa ser interpretado como conluio

entre concorrentes na prestação de serviços médicos e atentatório à livre concorrência.

Recomendações:

• Os integrantes da Diretoria da SBA devem se portar com prudência e discrição com

relação aos assuntos concorrenciais, com a finalidade precípua de resguardar a imagem da

instituição SBA e da Diretoria como um todo.

• Os integrantes da Diretoria da SBA devem evitar manifestações públicas sobre questões

que possam influenciar artificialmente a livre formação de preços, ou que possam ser interpretadas

como atuação concertada entre concorrentes em negociações de honorários em âmbito nacional ou

local.

• As considerações e os pronunciamentos públicos devem ser precedidos de planejamento

e reflexão, a fim de refletirem o entendimento institucional, preservando, assim, os interesses e a

boa reputação da SBA. O posicionamento não precedido de reflexão prévia que atente contra as

normas concorrenciais pode, eventualmente, ensejar efeitos danosos, não apenas à instituição SBA,

como também na esfera jurídica pessoal do dirigente, o qual poderá ser responsabilizado civil e

criminalmente pelas suas opiniões pessoais que vierem causar prejuízos à instituição.

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• As opiniões pessoais, quando desconexas do entendimento, posicionamento e

orientação institucional, devem ser emitidas mediante ressalva expressa de que a sua manifestação é

pessoal e não é referenciada pela SBA, assumindo o emitente da opinião integral responsabilidade

pelas repercussões que esta vier a acarretar à Sociedade e a terceiros.

b) Atuação concertada com cooperativas de trabalho médico:

O processo organizativo das cooperativas de trabalho médico em Anestesiologia, por

muito tempo, esteve indiretamente ligado ao processo de coordenação científica nas sociedades de

especialidade, em âmbito nacional e regional.

Sem os devidos cuidados, esse tipo de vinculação pode eventualmente ser interpretada

como atuação cartelizada, com as sociedades de especialidade no papel de organização político-

institucional da classe, e as cooperativas de trabalho e federações de cooperativas atuando na

organização econômica do setor.

A relação da SBA com a FEBRACAN e COOPANESTS deve se dar dentro das balizas

da cooperação técnica, das atividades de suporte e do papel organizativo da especialidade,

explicados no quadro abaixo:

•Refere-se ao papel das sociedades de especialidade de assessorarem tecnicamente asinstituições ligadas à sua área de atuação, no caso, voltadas à prestação de serviços deanestesiologia. Um exemplo de tal tipo de conduta é o assessoramento quanto à classificaçãodo porte e complexidade de determinados procedimentos anestésicos.

Cooperação Técnica

•Mútuo apoio, dentro de balizas legais, entre as sociedades de especialidades e agentes domercado. Nesse sentido, é importante que as sociedades aprofundem os espaços científicosde formação dos médicos que atuam no mercado, com a realização de cursos e congressos.Em contrapartida, as cooperativas de trabalho, hospitais e demais instituições que atuemdiretamente na prestação de serviços médicos na especialidade devem garantir suporte(financeiro, logístico, de comunicação, etc.) a tais atividades, a fim de promover uma maiormelhoria na qualidade do atendimento prestado por seus profissionais à população.

Suporte

•As sociedades, cooperativas, médicos e demais agentes que atuem na especialidade devembuscar, dentro de limites éticos e legais, a construção de parcerias para o seudesenvolvimento institucional, bem como para a construção de políticas nacionais de defesaprofissional e de dignificação do médico brasileiro, a exemplo do estabelecimento decondições mínimas de trabalho e de segurança ao paciente.

Papel Organizativo

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É importante que a Diretoria da SBA busque formas de atuação conjunta nesses moldes,

dentro da especialidade da anestesiologia, que não extrapolem os limites impostos pela legislação

concorrencial. Devem ser evitadas condutas, perante cooperativas de trabalho médico e demais

órgãos associativos, pelas quais a SBA possa ser utilizada como instrumento para uniformizar os

preços praticados no mercado, ou em práticas condenadas pelos órgãos de defesa da concorrência,

como: tabelamento de preços, descredenciamento em massa para influenciar processos de

negociação, dentre outros.

Recomendações:

• Evitar declarações públicas e o estabelecimento de posições concertadas com a

FEBRACAN e COOPANESTs, que possam vir a ferir a lei anticoncorrencial.

• Evitar a formação/declaração de posicionamentos institucionais, por intermédio de

veículos de comunicação da SBA ou presencialmente nos seus eventos (reuniões, assembleias,

congressos, etc), que possam ser interpretados como condutas uniformes na formação de preços no

mercado de anestesiologia.

• Buscar a construção do relacionamento com FEBRACAN, COOPANESTs, e demais

instituições dentro das esferas da cooperação técnica, das atividades de suporte e do papel

organizativo da especialidade de anestesiologia.

c) Participação em eventos e reuniões:

Todas as reuniões, com a participação dos associados e/ou os dirigentes da SBA, podem

ser eventualmente consideradas reuniões entre concorrentes e devem gerar precauções

concorrenciais, tais como: possuírem pauta pré-estabelecida e pública, com temas precisos e pré-

definidos, que não gerem dúvida sobre quais assuntos haverá deliberação.

Os membros da Diretoria devem evitar se envolver em discussões que tratem de

condutas uniformes na formação de preços do mercado de anestesiologia, buscando dissociarem-se

imediatamente dessas discussões.

Recomendações para reuniões internas:

• A condução das reuniões deverá ser realizada de forma a observar os temas da pauta, os

quais devem ser previamente comunicados aos participantes.

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• As atas das reuniões deverão ser elaboradas abrangendo a integralidade da discussão,

com o objetivo de demonstrar a licitude e também as responsabilidades das manifestações

registradas.

• O arquivamento das respectivas atas deve ser realizado de forma organizada, a fim de

viabilizar a comprovação dos fatos futuramente.

Recomendações para reuniões externas:

• Não participar de reuniões sem, antes, verificar o conteúdo da pauta, evitando emitir

opiniões sobre assuntos que firam a estrutura normativa concorrencial vigente no país.

d) Decretação de litígios:

A SBA, em razão do seu papel representativo, pode vir a receber pedidos de apoio e de

intervenção junto a tomadores de serviço por movimentos de negociação de honorários de

anestesiologistas, em âmbito nacional e regional, tais como ações denominadas pelos órgãos de

defesa da concorrência como "decretação de litígios".

Os membros da diretoria devem estar conscientes da impossibilidade de a SBA se

utilizar de sua posição representativo-institucional em processos de negociação de honorários.

Porém, alerta-se que, além da questão financeira ou concorrencial, se na denúncia

encaminhada por associados ou regionais ficarem caracterizadas outras questões, como falta de

condições de trabalho, assédio moral, ameaças, entre outros, pelo contratante, caso a denúncia não

seja anônima, será encaminhada ao Ministério Público e Conselhos Regionais e Federal de

Medicina, a fim de garantir que as Leis sejam observadas e os profissionais associados não se

sintam abandonados pela sua associação.

Recomendações:

• Evitar qualquer conduta equivalente às supostas "decretações de litígio", que vise

interferir diretamente em processos específicos de negociação e de formação de preços do mercado

de anestesiologia.

• Não estabelecer quaisquer mecanismos que possam ser interpretados como meios para

coagir ou exercer pressão sobre os associados na formação de preços em patamares

supraconcorrenciais.

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• Em caso de qualquer contato de membros da especialidade, que requisitem intervenção

em processos de negociação de honorários, apresentar respostas padrão, informando que a atuação

da SBA e regionais limita-se ao caráter técnico-científico e ético da especialidade de anestesiologia,

e que não é viável sua intervenção/interferência em processos locais/regionais de negociação de

preços.

• Comunicar ao Ministério Público, Conselhos Regionais e Federal de Medicina, e

demais órgãos competentes, quando receber denúncias de falta de condições de trabalho, assédio

moral, ameaças, entre outros, em processos de negociação, que prejudiquem a atuação do médico e

o atendimento do paciente.

e) Precificação conjunta e/ou padronizada:

Os preços e as práticas comerciais devem ser estabelecidos de forma independente pelos

agentes econômicos, sem a interferência de qualquer outro agente, não sendo permitidos acordos

entre concorrentes a este respeito.

A precificação deve ser realizada caso a caso, considerando as particularidades do

mercado, tais como: os custos fixos, os custos variáveis, oferta, demanda e a competitividade.

Recomendações:

• Evitar a recomendação aos associados para que apliquem determinada tabela

referencial.

• Não elaborar tabelas de preços específicas da especialidade da anestesiologia em âmbito

nacional ou regional.

• Restringir-se a contribuir apenas cientificamente com a elaboração das tabelas de

referência para o setor de saúde, como SUS, CBHPM e TUSS, tomando todas as cautelas

necessárias para que o processo de contribuição acadêmica da SBA esteja devidamente

documentado e limitado ao aspecto científico da especialidade (como, por exemplo, rol e porte de

procedimentos, com a inclusão de novos procedimentos de acordo com o progresso científico da

anestesiologia).

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f) Apoio a boicotes ou descredenciamentos em massa:

A SBA eventualmente pode vir a receber pedidos de apoio a boicotes e

descredenciamento em massa de médicos junto a operadoras de saúde suplementar, visando dar

força aos movimentos de negociação de honorários de anestesiologistas, em âmbito nacional e

regional.

A SBA não deve se imiscuir em movimentos de caráter comercial e mercadológico,

tendo em vista a incompatibilidade com os seus objetivos sociais. Tais boicotes e

descredenciamentos em massa podem, eventualmente, ser interpretados como condutas

anticoncorrenciais uniformes, com as quais não coaduna a SBA.

Entretanto, caso a SBA verifique em tais pedidos questões relacionadas diretamente à

qualidade do atendimento prestado à população, com denúncias de práticas por parte de operadoras

de saúde, hospitais, e demais tomadores de serviço, relacionadas a condições de trabalho

inadequadas, bem como ausência de condições seguras para prática do ato anestésico, deverá

denunciar publicamente esses fatos aos órgãos competentes.

Recomendações:

• Deve-se evitar que os movimentos de boicote e descredenciamento em massa, por

razões exclusivamente mercadológicas junto a operadoras de saúde suplementar, sejam

institucionalmente apoiados pela SBA.

• Os dirigentes da SBA devem evitar a realização de manifestações públicas ou a

concessão de entrevistas aos meios de comunicação, que possam ser tidas como incentivo ou apoio

institucional aos referidos movimentos. Caso estas ocorram, devem ser feitas mediante a ressalva

expressa de que se trata de opinião particular do dirigente sobre o tema.

• Na hipótese de tais movimentos decorrerem de condições de trabalho inadequadas ao

médico, e/ou que gerem insegurança para o paciente na prática do ato anestésico, por parte de

operadoras de saúde, hospitais e demais tomadores de serviço, tais fatos deverão, na medida do

possível, ser publicamente denunciados, devendo ser enviada comunicação às autoridades

competentes, de modo a garantir a qualidade e a segurança do exercício da medicina no âmbito da

especialidade.

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IV – MECANISMOS DE COORDENAÇÃO E MONITORAMENTO DO PROGRAMA DE COMPLIANCE

CONCORRENCIAL

1) Comitê do Programa de Compliance Concorrencial

Como demonstração do sólido compromisso que a SBA assumiu para a prevenção de

práticas que possam ser consideradas anticoncorrenciais, foi designado estatutariamente um Comitê

de Compliance Concorrencial formado pelos Diretores do Departamento de Defesa Profissional, do

Departamento Administrativo, e pela Secretaria Geral da SBA, com a responsabilidade pela

coordenação do Programa de Compliance Concorrencial. Tal órgão possui plena independência de

atuação e é responsável por:

a) incentivar o cumprimento das recomendações de compliance da SBA;

b) adotar condutas formativas e de orientação em caso de violação das recomendações

de compliance;

c) elaborar o relatório anual de auditoria/monitoramento do Programa de Compliance.

Todo questionamento sobre o cumprimento das regras de defesa da concorrência pode

ser solucionado por contato direto junto à coordenação do Programa, das seguintes formas:

• Correspondência Física ou Atendimento Presencial: SBA – Coordenação de

Compliance: Rua Professor Alfredo Gomes, 36, Botafogo, Rio de Janeiro/RJ –

CEP 22.251-080;

• Telefone: +55 (21) 3528-1050;

• Fax: +55 (21) 3528-1099.

• E-mail: [email protected]

2) Site de Compliance Concorrencial da SBA

As informações sobre questões de cumprimento das regras de defesa da concorrência

estão disponibilizadas no sítio eletrônico de compliance concorrencial da SBA

(www.sba.com.br/compliance). Nele, é possível encontrar:

• Recomendações internas do programa e manual de conduta;

• Dados de contato atualizados da coordenação do programa;

• Perguntas e respostas frequentes sobre temas relativos à defesa da concorrência

e à SBA;

• Materiais de treinamento do Programa de Compliance;

• Acesso ao canal da ouvidoria de compliance

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3) Ouvidoria de Compliance da SBA

Caso surjam preocupações sobre a conduta de qualquer diretor da SBA, quanto a

violações das recomendações do Manual de Compliance Concorrencial da SBA, estas podem ser

apresentadas diretamente para a coordenação do Programa, tanto por meio dos contatos já

disponibilizados, quanto por meio de um canal online específico para tal fim.

Para garantir maior conforto e liberdade a quem se dispuser a relatar tais preocupações,

o mecanismo de acesso à Ouvidoria foi desenvolvido para garantir total privacidade e sigilo às

pessoas que dele se utilizarem. Todas as informações apresentadas serão analisadas com atenção

pela equipe do Programa de Compliance e, sempre que necessário, será aberto procedimento interno

para averiguar com maior profundidade e abrangência os relatos apresentados.

Caso sejam efetivamente verificadas violações das recomendações de compliance, o

Comitê do Programa adotará condutas formativas e de orientação quanto aos responsáveis pela

violação, e demais medidas que se mostrarem cabíveis.

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V – PALAVRAS FINAIS

O presente manual consiste no primeiro passo de uma extensa caminhada, que tem por

objetivo dar parâmetros ao desenvolvimento, no ambiente institucional desta SBA, de

comportamentos pautados na promoção e na defesa da concorrência no mercado de prestação de

serviços médicos de anestesiologia.

Buscou-se consolidar neste documento as recomendações essenciais para evitar que

condutas da Diretoria possam afetar, ainda que involuntariamente, a livre concorrência. De igual

maneira, foram apresentados os mecanismos embrionários, definidos por esta Sociedade, para

coordenar e monitorar seus esforços de adequação e cumprimento das regras concorrenciais.

Este documento tem por objetivo ser uma bússola, um guia inicial, que orienta os passos

dos dirigentes e colaboradores da SBA no caminho das melhores condutas concorrenciais. Porém,

não substitui o bom senso e discernimento, que todo membro da SBA tem que adotar em sua

atuação cotidiana, primando pela ética e pelo bem de toda sociedade.

Finalmente, deve ser ressaltado que os elementos que constituem esse programa não são

estáticos no tempo, tendo em vista a natureza dinâmica das relações sociais e do mercado. É

necessária a contínua atenção aos movimentos do setor, e ao surgimento de novos desafios, de

modo a serem implementadas inovações e contínuas atualizações das práticas de compliance. Por

esta razão, o presente manual será revisado e atualizado anualmente pelo Comitê de Compliance.

Tudo isso a fim de garantir o contínuo aprimoramento do programa, conscientização dos associados

e consolidação de uma cultura voltada ao melhor atendimento à população e à proteção da ordem

econômica brasileira.

Responsabilidade Técnica.