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Manual de Campanha Eleitoral Alessandro de Lara

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Este trabalho foi apresentado em 2011 à Faculdade

Internacional de Curitiba – FACINTER, como requisito à

obtenção do título de bacharel em Ciência Política.

Obtendo aprovação.

Alessandro Sales de Lara, e-mail [email protected], twitter @aledelara

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ÍNDICE

1. INTRODUÇÃO 9

2. INFORMAÇÕES PRELIMINARES SOBRE O SISTEMA ELEITORAL BRASILEIRO 15

2.1 Sistema Proporcional Brasileiro 15

2.1.1 O número de cadeiras em disputa 18

2.1.2 A Fórmula Eleitoral 26

2.2 Partidos e Coligações 34

3. SOU CANDIDATO E AGORA? 41

3.1 As Convenções Partidárias 43

3.2 Inelegibilidade 45

3.3 Campanha extemporânea 53

3.4 Financiamento de Campanha 58

3.5 Marketing Eleitoral e a Imagem do Candidato 61

3.6 Fases da Campanha 71

4. CAMPANHA ELEITORAL: AFINAL O QUE POSSO? 79

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4.1 Propaganda Eleitoral 79

4.2 Quando posso e o que não posso? 80

4.3 Propaganda Eleitoral na Imprensa 91

4.4 Propaganda Eleitoral na Internet 92

4.5 Horário Gratuito de Propaganda Eleitoral - HGPE 93

4.6 Direito de Resposta 94

4.7 Propaganda no dia da Eleição 98

5. CONCLUSÃO 100

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 103

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DEDICATÓRIA

À minha esposa Karine, que muito colaborou para que fosse possível a conclusão deste trabalho. Até mesmo

entendendo os momentos que estive presente/ausente.

Ao meu pai, Adir, que me ensinou gostar de política, mesmo se arrependendo depois; aos demais

familiares, mãe, irmãos, que sempre estiveram ao lado apoiando. Aos amigos e ao professor Doacir

Quadros, que orientou este trabalho.

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1. INTRODUÇÃO

Analisando a evolução do desempenho das

campanhas eleitorais no Brasil, observa-se que a

disputa pelos cargos eletivos tem alcançado um

importante grau de complexidade. Novas técnicas têm

sido incorporadas ao processo eleitoral, exigindo dos

candidatos, melhor preparo na elaboração de suas

campanhas, bem como a necessidade de um

planejamento estratégico qualificado. É neste

contexto que o Marketing Eleitoral vem tomando

corpo, no planejamento estratégico e uso de

eficientes técnicas de comunicação, com o objetivo de

chamar a atenção do eleitor.

Alterações na legislação eleitoral, como a

proibição da utilização de artifícios, que até então

eram as principais ferramentas nas campanhas

(“Showmícios”, brindes, etc.); trouxe ao Marketing

Eleitoral, a responsabilidade de elaborar novas

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técnicas, que se enquadrem dentro das normas

legais. Aos planejadores da campanha cabe o papel

de criar novas estratégias, para chamar a atenção do

público, sem colocar em risco a candidatura do

político (tendo em vista as Leis Eleitorais) e nem

comprometer a campanha. Este é apenas um exemplo

da importância de um planejamento estratégico e

como o referencial teórico existente no campo da

Ciência Política pode instrumentalizar de forma mais

adequada e sólida o desenvolvimento de campanhas

políticas.

Com base nessas particularidades das disputas

eleitorais, nesse trabalho apresento uma

sistematização dos mecanismos de uma campanha

em formato de manual. Este manual, que chamo de

Manual de Campanha, pode ser aplicado

principalmente nas campanhas proporcionais e

contém informações e dicas tanto para candidatos

que estudam a possibilidade de ingressarem na

carreira política, até mandatários que pretendem uma

possível reeleição. Sendo um formato acessível a

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todos os candidatos que tem interesse na carreira

política, ou que, se interessam pelo funcionamento

das campanhas.

Para isso, divido o Manual em três capítulos, no

primeiro estão informações, que todo político deve

conhecer, antes mesmo de ingressar na política. No

capítulo seguinte, as preocupações de um candidato

que já oficializado. Para finalizar, um capítulo

especificamente sobre a campanha eleitoral,

propriamente dita. O que pode e o que não pode

fazer.

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Informações

preliminares sobre o

Sistema Eleitoral

Brasileiro

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2. INFORMAÇÕES PRELIMINARES SOBRE O

SISTEMA ELEITORAL BRASILEIRO

2.1 Sistema Proporcional Brasileiro

Antes de qualquer planejamento, é importante

que se entenda o sistema eleitoral brasileiro. Neste

caso abordaremos o sistema proporcional, sendo este

o foco deste trabalho. Vale frisar que o sistema

eleitoral é objeto de vários debates, tanto no

Congresso Nacional, como na Câmara dos Deputados,

sendo alvo de constantes mudanças e reformas na

legislação.

No Brasil, adota-se o sistema proporcional de

lista aberta, para a escolha dos representantes do

Legislativo. O objetivo deste sistema é garantir que a

diversidade de opiniões e interesses da sociedade

estejam refletidas no Legislativo e também garantir

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que os partidos sejam representados de forma

proporcional aos votos recebidos.

“O mecanismo para a distribuição de

cadeiras do sistema proporcional de lista

é aparentemente bem simples: cada

partido (ou coligação) apresenta uma

lista de candidatos; os votos de cada

lista partidária são contados; as cadeiras

são distribuídas entre os partidos

proporcionalmente à votação obtida

pelas listas; as cadeiras são ocupadas

por alguns nomes que compõem a

lista.”1

Este sistema dá duas possibilidades ao eleitor:

votar em um candidato (voto nominal), ou votar em

um partido (voto legenda). Existem especialistas no

1 NICOLAU, Jairo. Sistemas Eleitorais. 5ª ed. Rio de Janeiro:

FGV, 2004.

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assunto que contestam a representatividade desse

sistema, apontando para falhas na representatividade,

problematizando o sistema com Lista Aberta (que é o

caso brasileiro), a fórmula para a distribuição das

cadeiras, e etc.

Nicolau2 sugere que este sistema causa disputa

entre candidatos da mesma legenda e enfraquece a

representatividade dos partidos junto ao eleitor. Além

disso, o autor ainda ressalta dois pontos que devem

ser repensados nas tão sonhadas reformas que

esperançosos aguardamos: a transferência de votos

entre candidatos do mesmo partido ou coligação, e a

distribuição geográfica desigual. O primeiro ponto

abordado pelo autor, torna-se mais claro com o

exemplo dado no artigo, lembrando o caso de Enéas

Carneiro (2002) e Clodovil Hernandes (2006), mesmo

estando em partidos pequenos, a super votação que

obtiveram foi capaz de eleger outros candidatos da

2 NICOLAU, Jairo. Cinco Opções, Uma Escolha. Plenarium,

n°4, Câmara dos Deputados, Maio de 2007

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legenda, com reduzida votação; quanto a desigual

distribuição geográfica, percebe-se, por exemplo, que

cresce o municipalismo nas eleições para a Câmara

dos Deputados e para as Assembleias Legislativas.

Isto se dá, porque muitos eleitores preferem optar

pelos candidatos que tenham vínculos com sua

cidade. Porém o sistema de lista aberta não tem como

garantir que todas as regiões sejam contempladas

com representantes ligados a mesma. Por esta razão,

ocorre de municípios relativamente grandes em

contingente populacional, não elegerem seus

candidatos, por dispersar o voto. Enquanto pequenos

municípios, que concentram o voto em seus

candidatos, acabam obtendo representatividade.

2.1.1 O número de cadeiras em disputa

Para se entender sobre a distribuição das

cadeiras, através do sistema eleitoral proporcional, é

importante que saiba como é distribuído para cada

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município e estado (distrito eleitoral) o número de

cadeiras que formará o legislativo municipal, o

legislativo estadual e a Câmara dos Deputados, em

Brasília.

O inciso IV do caput do art. 29 da Constituição

Federal, delimita para cada município o número

máximo de vereadores, utilizando como critério o

número de habitantes do mesmo. Observe a Tabela 1

que segue:

Vereadores nº de habitantes

9 Até 15.000

11 mais de 15.000 Até 30.000

13 mais de 30.000 Até 50.000

15 mais de 50.000 Até 80.000

17 mais de 80.000 Até 120.000

19 mais de 120.000 Até 160.000

21 mais de 160.000 Até 300.000

23 mais de 300.000 Até 450.000

25 mais de 450.000 Até 600.000

27 mais de 600.000 Até 750.000

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29 mais de 750.000 Até 900.000

31 mais de 900.000 Até 1.050.000

33 mais de 1.050.000 Até 1.200.000

35 mais de 1.200.000 Até 1.350.000

37 mais de 1.350.000 Até 1.500.000

39 mais de 1.500.000 Até 1.800.000

41 mais de 1.800.000 Até 2.400.000

43 mais de 2.400.000 Até 3.000.000

45 mais de 3.000.000 Até 4.000.000

47 mais de 4.000.000 Até 5.000.000

49 mais de 5.000.000 Até 6.000.000

51 mais de 6.000.000 Até 7.000.000

53 mais de 7.000.000 Até 8.000.000

55 mais de 8.000.000

Tabela 1 Fonte: Art. 29 da Constituição

Quanto à composição das Assembléias

Legislativas, a Constituição Federal no Artigo 27

regulamenta da seguinte forma:

“Art. 27. O número de Deputados à

Assembléia Legislativa corresponderá ao

triplo da representação do Estado na

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Câmara dos Deputados e, atingido o

número de trinta e seis, será acrescido

de tantos quantos forem os Deputados

Federais acima de doze.”

Para uma melhor compreensão, basta seguir a

seguinte regra: Nos estados que tem até 12

deputados, podem ter o triplo de deputados

estaduais; onde as bancadas são superiores, segue-se

esta mesma regra até que atinja 36 cadeiras na

Assembléia, a partir daí, cada deputado federal vale

por um estadual.

O cálculo parece complexo, mas para facilitar

vamos utilizar como exemplo dois estados brasileiros.

Primeiro, o Piauí, como tem direito a 10 cadeiras na

Câmara dos Deputados, pode eleger até 30 deputados

estaduais (10 [deputados federais] x 3 = 30). Em

seguida São Paulo, o Estado com o maior número de

deputados federais, 70, pode eleger 94 deputados

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estaduais. A conta é a seguinte: 12 [deputados

federais] x 3 = 36 [deputados estaduais]. Então, se

soma 36 com a diferença do total de cadeiras no

Congresso (70) e as 12 vagas já multiplicadas por 3.

Ou seja: 36 + (70-12) = 94. No Paraná temos 30

deputados federais. Vamos ao cálculo 12 x 3 = 36.

Adicionamos então os 36 + (30-12), totalizando 54

cadeiras disponíveis na Assembleia Legislativa do

Paraná.

Para a formação da Câmara dos Deputados,

obedecem-se os critérios previstos na Constituição

Brasileira, no Artigo 45:

“§ 1º - O número total de Deputados, bem como

a representação por Estado e pelo Distrito

Federal, será estabelecido por lei complementar,

proporcionalmente à população, procedendo-se

aos ajustes necessários, no ano anterior às

eleições, para que nenhuma daquelas unidades

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da Federação tenha menos de oito ou mais de

setenta Deputados.”

Estamos diante de um dos itens mais debatidos

pelos especialistas no assunto, quando refere-se à

representatividade. O Cientista Político Jairo Nicolau,

grande interessado em estudar o sistema eleitoral

brasileiro, aponta para dois pontos que violam a

representatividade, neste sistema: em primeiro lugar

a falta de haver uma “revisão periódica do número de

representantes”3 de cada estado, ou distrito. O

segundo ponto refere-se às regras estabelecidas na

própria Constituição que limita o mínimo de 8

deputados e o máximo de 70. O que acaba

favorecendo alguns distritos em detrimento de outro.

Verifique na Tabela 2 a distribuição das cadeiras,

3 NICOLAU, Jairo Marconi. As Distorções na Representação dos

Estados na Câmara dos Deputados Brasileira. Dados, Rio de Janeiro, v. 40, n. 3, 1997 . Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0011-52581997000300006&lng=en&nrm=iso>. Acesso em: 10 Dec. 2008. doi: 10.1590/S0011-52581997000300006

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conforme Resolução 22144/2006, que regulamentou

as eleições de 2006 para a Câmara, em Brasília:

Tabela 2

Estado nº Dep Federais

São Paulo 70

Minas Gerais 53

Rio de Janeiro 46

Bahia 39

Rio Grande do Sul 31

Paraná 30

Pernambuco 25

Ceará 22

Maranhão 18

Goiás 17

Pará 17

Santa Catarina 16

Paraíba 12

Espírito Santo 10

Piauí 10

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Alagoas 9

Acre 8

Amapá 8

Amazonas 8

Distrito Federal 8

Mato Grosso 8

Mato Grosso do Sul 8

Rio Grande do Norte 8

Rondônia 8

Roraima 8

Sergipe 8

Tocantins 8

Fonte: TSE Resolução 22144/2006

As informações apresentadas até aqui, apenas

nos indicam o número de vagas para os cargos

proporcionais. De posse desta informação, passamos

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ao próximo item que tratara da fórmula utilizada na

distribuição dessas cadeiras.

2.1.2 A Fórmula Eleitoral

A Fórmula Eleitoral determina como será o

processo para a contagem dos votos e a distribuição

das cadeiras proporcionalmente entre os partidos

e/ou coligações.

Simularemos uma eleição para vereador num

município de aproximadamente 100 mil habitantes.

Este procedimento é adotado para a distribuição de

cadeiras nas Eleições Proporcionais (Deputado

Federal, Deputado Estadual e Vereador). Ao observar

a tabela anterior (Tabela 1) constataremos que para

o município que estamos simulando, o número de

vagas para a Câmara é de 11 cadeiras. Após apuração

obteve o seguinte resultado:

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Tabela 3.1

Coligação Votação

1 Coligação para todos 14.638

2 Coligação para o povo 8.611

3 Coligação Cidade Melhor 7.048

4 Coligação Trabalho 6.112

5 Coligação

Responsabilidade

4.834

6 Coligação Liberdade 3.536

7 Partido X 1.312

Soma Votos Válidos 46.091

Votos Brancos 1.004

Votos Nulos 2.054

Total 49.149

No primeiro momento, calcula-se o Quociente

Eleitoral (QE). Para obtê-lo é necessário dividir os

Votos Válidos4 (soma dos votos nominais mais votos

legenda), pelo número de cadeiras disponíveis. O

resultado desta operação será o QE.

4 Neste caso, excluem-se do cálculo os votos Brancos e Nulos.

(art. 106, § único do Código Eleitoral e art. 5º da Lei nº 9504 de 30/09/97)

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Exemplo:

Vv ÷ nº

cadeiras = QE

46.091 ÷ 11

= 4.190,09

Após conhecido o QE, passamos a busca do

Quociente Partidário (QP). Para isso dividimos a

votação recebida por cada coligação ou partido pelo

QE. Veja o que diz o Código Eleitoral:

“Art. 107. Determina-se para cada partido ou coligação o

quociente partidário, dividindo-se pelo quociente eleitoral o

número de votos válidos dados sob a mesma legenda ou

coligação de legendas, desprezada a fração.” Código

Eleitoral.

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Na tabela a seguir, vamos dar continuidade a

nossa simulação:

Tabela 3.2

Coligação Votação QE QP Vagas

conquistadas

1 Coligação para

todos

14.638 4190 3,49 3

2 Coligação para o

povo

8611 4190 2,06 2

3 Cidade Melhor 7048 4190 1,68 1

4 Coligação

Trabalho

6112 4190 1,46 1

5 Coligação

Responsabilidade

4834 4190 1,15 1

6 Coligação

Liberdade

3536 4190 0,84 0

7 Partido X 1312 4190 0,31 0

Votos Válidos: 46.091 Cadeiras

conquistadas:

8

Cadeiras a serem

preenchidas:

3

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Observe que a “Coligação Liberdade” e o

“Partido X” não alcançaram o quociente partidário,

portanto estão fora da distribuição de vagas (art. 109,

§ 2º, do Código Eleitoral). Segundo Jairo Nicolau5, no

Brasil, o Quociente Eleitoral atua como cláusula de

exclusão dos partidos. O partido que não atinge o QE,

não passa para a próxima fase e está fora da disputa

por uma cadeira.

O próximo passo é a distribuição das vagas

remanescentes, cadeiras que não foram preenchidas

através do quociente partidário. Note que em nossa

simulação restam ainda 3 cadeiras a serem

preenchidas. Para isso, dividiremos a votação de cada

partido pelo nº de lugares por ele já obtidos (através

do QP) + 1 (art. 109, nº I do Código Eleitoral). Ao

partido ou coligação que alcançar a Maior Média será

destinado a 1ª vaga remanescente. Vamos ao

exemplo:

5 NICOLAU, Jairo. Sistemas Eleitorais. 5ª ed. Rio de Janeiro:

FGV, 2004.

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1ª vaga remanescente

1 2 3 4 5

Coligação Coligação para

todos Coligação para

o povo Cidade Melhor

Coligação

Trabalho Coligação

Responsabilidade

14.638 8611 7048 6112 4834

÷ ÷ ÷ ÷ ÷

Cad

+ 1 4 3 2 2 2

3659,5 2870,333 3524 3056 2417

Tabela 3.3

Como ainda restam duas cadeiras, segue o

mesmo processo até que preencha-se as vagas

disponíveis. Agora a “Coligação para todos”, que foi

beneficiada com a 1ª vaga remanescente, já conta

com 4 lugares, aumentando o divisor para 5 (4+1)

(art. 109, nº II, do Código Eleitoral). Analise o

preenchimento das vagas restantes nas planilhas que

seguem:

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2ª vaga remanescente

1 2 3 4 5

Coligação Coligação para

todos Coligação

para o povo Cidade Melhor

Coligação

Trabalho Coligação

Responsabilidade

14.638 8611 7048 6112 4834

Cad

+ 1 5 3 2 2 2

2927,6 2870,333 3524 3056 2417

Tabela 3.4

3ª vaga remanescente

1 2 3 4 5

Coligação Coligação para

todos Coligação

para o povo Cidade Melhor Coligação

Trabalho Coligação

Responsabilidade

14.638 8611 7048 6112 4834

Cad +

1

5 3 3 2 2

2927,6 2870,333 2349,3333

3

3056 2417

Tabela 3.5

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No exemplo acima, utilizamos 3 operações para

distribuir as vagas restantes. Nos casos em que o

número de sobras persistir, prosseguem-se os

cálculos até que todas as vagas sejam distribuídas.

Vejamos como ficou o resultado final de nossa

simulação:

RESULTADO FINAL

Coligação Votação Cadeiras

Coligação para todos 14.638 4

Coligação para o povo 8.611 2

Cidade Melhor 7.048 2

Coligação Trabalho 6.112 2

Coligação

Responsabilidade 4.834 1

Coligação Liberdade 3.536 0

Partido X 1.312 0

Total de cadeiras 11

Tabela 3.6

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2.2 Partidos e Coligações

Antes de falarmos sobre este item, devemos

destacar que, enquanto este trabalho é elaborado,

tramitam na Câmara e no Senado, projetos que visam

uma reforma no sistema eleitoral. Sendo que a

Comissão Especial de Reforma Política do Senado já

aprovou o fim das chamadas coligações partidárias.

A Lei nº 9.096 de 19 de Setembro de 1995,

determina que qualquer cidadão poderá concorrer a

um cargo eletivo, desde que esteja filiado a um

partido um ano antes da data fixada para as eleições.

A escolha de um partido, principalmente para

aqueles que não exercem um mandato, é o momento

mais importante, que poderá definir o sucesso ou o

fracasso da candidatura. Isto se dá devido à fórmula

eleitoral beneficiar os partidos com maior votação, e a

exclusão existente aos pequenos partidos que não

atingem o QE.

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Além, é claro, de existir muitos candidatos que

aqui vou nomeá-los como mulas. Os candidatos

mulas, popularmente conhecidos no meio político,

como os candidatos que puxam votos para elegerem

outros candidatos. O apelido se dá devido à

comparação com o animal que carrega as pessoas nas

costas.

Então, ao escolher um partido, deve se levar

em conta o potencial eleitoral deste partido,

primeiramente para não ser surpreendido com uma

boa votação, mas lamentar por o partido não atingir o

QE; e também o alerta para que não seja usado como

mula, ajudando eleger outros candidatos; por fim

deve ser feita análise sobre a relação deste partido

com os eleitores.

Mas qual a relação que existe (se realmente

existe) entre partidos e eleitores? Até que ponto

pode-se acreditar que o eleitor brasileiro analisa o

partido para então definir seu candidato?

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Há um trabalho realizado por Paiva, Braga e

Pimentel Jr.6, que busca fazer uma análise desta

relação partidos e eleitorado. Para isso, foi feita uma

pesquisa utilizando três variáveis: “uma cognitiva,

baseada na idéia de representação, e duas variáveis

mais afetivas, a primeira perguntando se existe algum

partido que os eleitores gostam, e a segunda requisita

aos eleitores que expressem o quanto gostam dos

seis maiores partidos políticos: PT, PSDB, PMDB, PDT,

PFL e PTB. A finalidade dessa mensuração é detectar

tanto o grau de estruturação do voto quanto possíveis

alterações nas predisposições afetivas do eleitorado.”

Nas tabelas que seguem, cujos dados foram

extraídos do trabalho de Paiva, Braga e Pimentel Jr.,

observe como há um perceptível afastamento do

eleitorado em relação aos partidos, principalmente se

6 PAIVA, Denise; BRAGA, Maria do Socorro S.; PIMENTEL JR.,

Jairo Tadeu Pires. Eleitorado e partidos políticos no Brasil. Opin. Publica, Campinas, v. 13, n. 2, nov. 2007 . Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-62762007000200007&lng=pt&nrm=iso>. Acesso em: 30 dez. 2008. doi: 10.1590/S0104-62762007000200007.

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relacionarmos a Tabela 4 e Tabela 5. Enquanto em

2002 quase 40% dos entrevistados, consideravam-se

representados por partidos políticos e próximo de

50% declararam gostar de algum partido, passados

quatro anos, os dados apontam para uma queda

nesta relação. Em 2006, apenas 28% sentem-se

representados, e 33% ainda declaram gostar de

algum partido.

Tabela 4 Tabela 5

Algum partido político

representa sua maneira de

pensar (%)

Gosta de algum partido

político (%)

2002 2006 2002 2006

NÃO 56 67 NÃO 50 64

SIM 39 28 SIM 48 33

NS/NR 5 5 NS/NR 2 3

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Tabela 6 Tabela 7

Partido que melhor

representa sua maneira de

pensar (%)

Gosta de algum partido

político (%)

2002 2006 2002 2006

PT 23 18 PT 26 22

PMDB 4 4 PMDB 7 3

PSDB 4 4 PSDB 5 4

PFL 2 0 PFL 3 1

PDT 1 1 PDT 1 1

PTB 0 1 PTB 1 1

Outros 3 2 Outros 4 1

Nomes 2 - Nomes 2

NS 61 72 NS 52 67

Tabelas extraídas do artigo de Paiva, Braga e Pimentel Jr.

Apesar de não afirmar categoricamente, o

estudo de Paiva, Braga e Pimentel Jr., sobre o

Eleitorado e os Partidos Políticos, aponta uma possível

causa para este afastamento do eleitor, dos partidos

políticos. Segundo os autores, estaria relacionada com

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o histórico do Congresso Nacional e com os

escândalos de corrupção envolvendo boa parte dos

partidos políticos. Tornando evidente a insatisfação

deste eleitor com as instituições partidárias. Observe

como eles fecham o assunto:

“Se o eleitorado não diferencia os partidos,

torna-se difícil o estabelecimento de

preferências partidárias minimamente

consistentes para balizar a escolha eleitoral.”

7

7 PAIVA, Denise; BRAGA, Maria do Socorro S.; PIMENTEL JR.,

Jairo Tadeu Pires. Eleitorado e partidos políticos no Brasil. Opin. Publica, Campinas, v. 13, n. 2, Nov. 2007 . Available from <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-62762007000200007&lng=en&nrm=iso>. access on 30 June 2011. doi: 10.1590/S0104-62762007000200007.

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Sou Candidato e

agora?

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3. SOU CANDIDATO E AGORA?

3.1 As Convenções Partidárias

Para os detentores de mandato, a Lei 9504/97,

que estabelece normas para as Eleições, assegura o

registro da candidatura dos mesmos (Art.8º).

Já para os demais, não basta estar filiado a um

partido dentro prazo legal, que de um ano antes das

eleições. É necessário que o nome do pré-candidato

passe pelas convenções partidárias e constem na Lista

de Candidatos do Partido. Neste momento, o

postulante ao cargo de candidato está entregue à

uma cúpula do partido e da coligação, na disputa com

os outros filiados à uma vaga na Lista Partidária.

Em se tratando das eleições proporcionais

(Vereadores, Deputados Estaduais, Deputados

Federais), cada partido tem o direito de lançar até

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150% do número de cadeiras disponíveis. Quando há

coligação, independente do número de partidos que

fazem aliança, a lista pode conter até o dobro do

número de lugares a preencher.

Lembrando que as vagas devem ser

preenchidas obedecendo o mínimo de 30% e o

máximo de 70% de candidatos de cada sexo. Não

atingindo o limite mínimo, o partido ou coligação deve

encaminhar a Lista com vagas não preenchidas em

aberto.

As Convenções para deliberarem sobre a lista e

coligações devem ser realizadas no período de 10 a

30 de Junho do ano em que serão realizadas as

eleições, conforme previsto na Lei. Somente após o

registro da convenção na Justiça Eleitoral e a

homologação da candidatura, pode-se considerar

como Candidato.

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3.2 Inelegibilidade

A elegibilidade é o direito de ser votado. Isto se

dá após a Justiça Eleitoral analisar a documentação

entregue nas datas previstas em Lei e conceder

parecer favorável ao pedido de registro de

candidatura. Logo, inelegibilidade é quando o

candidato não tem condições jurídicas de ser eleito.

Seja por não atender as condições de elegibilidade

impostas pela Lei Eleitoral, ou decorrente da aplicação

de sanção pela prática de ato ilícito, de natureza

eleitoral ou não.

Existem vários caso que a Justiça possa considerar

uma candidatura inelegível. Vamos destacar, mesmo

com brevidade, alguns casos de inelegibilidade nas

eleições majoritárias (Prefeito, Governador,

Presidente):

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1. Terceiro Mandato – A Constituição8 impede a

candidatura para um Terceiro Mandato dos

cargos ao Executivo;

2. Renúncia – A Constituição ainda exige a

renúncia de seus respectivos mandatos, seis

meses antes do pleito. Sendo este também

motivo de inelegibilidade;

3. Candidatura do Vice – o Vice que está no

segundo mandato no mesmo cargo, não pode

se candidatar como Vice novamente,

caracterizando Terceiro Mandato. Porém pode

sim lançar candidatura titular (Prefeito,

Governador, Presidente), mesmo que tenha

assumido como titular no curso do mandato.

Porém, se esta substituição aconteceu nos

últimos seis meses antes do pleito, poderá

8 Constituição Federal Art. 14, § 5º - O Presidente da República,

os Governadores de Estado e do Distrito Federal, os Prefeitos e quem os houver sucedido, ou substituído no curso dos mandatos poderão ser reeleitos para um único período subsequente.

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disputar apenas um pleito, não podendo

candidatar-se à reeleição como titular9.

4. Improbidade Administrativa – Em outras

palavras, é a corrupção administrativa.

Qualquer ato praticado por administrador

público contrário à moral e à lei. Entre os atos

de improbidade estão o enriquecimento ilícito,

o superfaturamento, a lesão aos cofres

públicos, o "tráfico de influência" e o

favorecimento, mediante a concessão de

favores e privilégios ilícitos, e a lista segue...

5. Outros – Poderíamos citar ainda vários outros

casos que acarretariam na inelegibilidade de

candidatura majoritária, tais como: Abuso do

poder econômico ou político; Cassação de

mandato eletivo; Vida pregressa inidônea; etc.

Em 2010 foi aprovado o projeto que ficou

popularmente conhecido como "lei da ficha limpa".

Este projeto teve iniciativa popular, e recebeu apoio

9 Resoluções do TSE: 21480 e 22815

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de várias entidades como o MCCE (Movimento de

Combate à Corrupção Eleitoral), a CNBB (Conferência

Nacional dos Bispos do Brasil) e a OAB (Ordem dos

Advogados do Brasil).Foi apresentado à Câmara dos

Deputados com mais de 1,6 milhão de assinaturas.

O projeto impede, por oito anos, a candidatura

de políticos condenados na justiça em decisão

colegiada em processos ainda não concluídos,

tornando-os inelegíveis. Esta Lei é valida também

para as Candidaturas Proporcionais (Vereadores e

Deputados). No dia 4 de junho de 2010, foi

sancionada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva

como Lei Complementar nº. 135/2010.

Transcrevo abaixo um trecho da Lei da ficha limpa,

dada à importância que a mesma tem tomado na

homologação das candidaturas, tanto na campanha

majoritária como na proporcional:

“(...) c) o Governador e o Vice-Governador de Estado

e do Distrito Federal e o Prefeito e o Vice-Prefeito que

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perderem seus cargos eletivos por infringência a

dispositivo da Constituição Estadual, da Lei Orgânica

do Distrito Federal ou da Lei Orgânica do Município,

para as eleições que se realizarem durante o período

remanescente e nos 8 (oito) anos subsequentes ao

término do mandato para o qual tenham sido eleitos;

d) os que tenham contra sua pessoa representação

julgada procedente pela Justiça Eleitoral, em decisão

transitada em julgado ou proferida por órgão

colegiado, em processo de apuração de abuso do

poder econômico ou político, para a eleição na qual

concorrem ou tenham sido diplomados, bem como

para as que se realizarem nos 8 (oito) anos

seguintes;

e) os que forem condenados, em decisão transitada

em julgado ou proferida por órgão judicial colegiado,

desde a condenação até o transcurso do prazo de 8

(oito) anos após o cumprimento da pena, pelos

crimes:

1. contra a economia popular, a fé pública, a

administração pública e o patrimônio público;

2. contra o patrimônio privado, o sistema financeiro, o

mercado de capitais e os previstos na lei que regula a

falência;

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3. contra o meio ambiente e a saúde pública;

4. eleitorais, para os quais a lei comine pena privativa

de liberdade;

5. de abuso de autoridade, nos casos em que houver

condenação à perda do cargo ou à inabilitação para o

exercício de função pública;

6. de lavagem ou ocultação de bens, direitos e

valores;

7. de tráfico de entorpecentes e drogas afins, racismo,

tortura, terrorismo e hediondos;

8. de redução à condição análoga à de escravo;

9. contra a vida e a dignidade sexual; e

10. praticados por organização criminosa, quadrilha

ou bando;

f) os que forem declarados indignos do oficialato, ou

com ele incompatíveis, pelo prazo de 8 (oito) anos;

g) os que tiverem suas contas relativas ao exercício

de cargos ou funções públicas rejeitadas por

irregularidade insanável que configure ato doloso de

improbidade administrativa, e por decisão irrecorrível

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do órgão competente, salvo se esta houver sido

suspensa ou anulada pelo Poder Judiciário, para as

eleições que se realizarem nos 8 (oito) anos

seguintes, contados a partir da data da decisão,

aplicando-se o disposto no inciso II do art. 71 da

Constituição Federal, a todos os ordenadores de

despesa, sem exclusão de mandatários que houverem

agido nessa condição;

h) os detentores de cargo na administração pública

direta, indireta ou fundacional, que beneficiarem a si

ou a terceiros, pelo abuso do poder econômico ou

político, que forem condenados em decisão transitada

em julgado ou proferida por órgão judicial colegiado,

para a eleição na qual concorrem ou tenham sido

diplomados, bem como para as que se realizarem nos

8 (oito) anos seguintes;

j) os que forem condenados, em decisão transitada

em julgado ou proferida por órgão colegiado da

Justiça Eleitoral, por corrupção eleitoral, por captação

ilícita de sufrágio, por doação, captação ou gastos

ilícitos de recursos de campanha ou por conduta

vedada aos agentes públicos em campanhas eleitorais

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que impliquem cassação do registro ou do diploma,

pelo prazo de 8 (oito) anos a contar da eleição; (...)”10

A principal alteração com a Ficha Limpa, que

transcrevemos parte dela acima, é que ela proíbe que

políticos condenados por órgãos colegiados, ou seja,

por grupos de juízes, de se candidatem às eleições.

Até então, pela Legislação Eleitoral, o político ficaria

impedido de se candidatar somente quando todos os

recursos estivessem esgotados, o que é chamado de

decisão transitada em julgado. O trâmite pode

demorar até uma década, o que acaba beneficiando

os réus.

Apesar desta Lei ter sido sancionada em junho

de 2010, o Supremo Tribunal Federal considerou que

a lei não teria validade para a eleição de 2010, tendo

em vista que a Constituição exige que qualquer

alteração na legislação eleitoral só terá validade se

promulgada um anos antes do pleito. Sendo válida

para as próximas eleições.

10

Lei Complementar nº. 135/2010

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3.3 Campanha extemporânea

Mais conhecida como campanha antecipada, ou

fora de época, nada mais é do que realizar campanha

antes do período eleitoral. Conforme a Lei 9504/97,

somente após 5 de julho do ano da eleição, quando já

realizadas as convenções partidárias e homologação

das candidaturas junto ao TRE, pode realizar-se

Campanha Eleitoral.

Porém não parece tão simples caracterizar uma

campanha extemporânea. Se analisada friamente,

sem a devida pericia, podemos querer censurar uma

propaganda legal, ou então sermos complacentes com

o ilícito.

Para entender melhor é necessário fazer uma

breve definição entre os diferentes tipos de

propaganda existentes. Observe as definições de

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Gomes (2006)11 transcritas no artigo Pedro Luiz

Rosa12:

a) Propaganda partidária -

A propaganda partidária tem como

objetivo a divulgação do ideário do

partido político, bem como de seu

programa para a cooptação de novos

filiados. Pode, ainda, dar publicidade à

sua história, seus valores, suas metas,

suas posições e a aquilo que a isso se

relacione.

Seu regulamento encontra estribo na Lei

Orgânica do Partidos Políticos nos arts.

45 a 49.

11

GOMES, José Jairo. Propaganda Político-Eleitoral. Belo Horizonte: Del Rey, 2006 12

ROSA, Pedro Luiz Barros Palma da. Breves considerações sobre a propaganda eleitoral extemporânea. Jus Navigandi, Teresina, ano 12, n. 1590, 8 nov. 2007. Disponível em: <http://jus.uol.com.br/revista/texto/10612>. Acesso em: 8 mar. 2011.

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b) Propaganda

intrapartidária - Consiste na

divulgação de idéias com fito a captar os

votos dos colegas de partido na

convenção de escolha dos candidatos

que disputarão cargos eletivos por esse

partido. Tem período determinado, qual

seja, 15 (quinze) dias antes da

realização da convenção, que se

realizará de 10 a 30 de junho do ano

eleitoral. Deve, pois, ser restrita aos

correligionários, sendo, por isso, vedado

uso de rádio, televisão e outdoor.

c) Propaganda eleitoral -

Propaganda eleitoral, por sua vez, é

aquela que tem por fim a captação de

votos dos eleitores para a investidura

em cargo público eletivo em uma eleição

concreta. Procura convencer o público

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de que determinado candidato é o mais

indicado para ocupar dado cargo

público.Esse convencimento pode vir de

diversas formas, diretas ou indiretas,

com apelos explícitos ou de modo

disfarçado, motivando sempre o eleitor a

votar em alguém para que este obtenha

vitória no pleito. Possível é sua

veiculação após o dia 5 de julho do ano

eleitoral, ou seja, a partir de 6 de julho

daquele ano (art. 36, caput, da Lei

9.504/97).

d) Propaganda

institucional - Esta espécie de

propaganda se presta a divulgar de

forma transparente, proba, fiel à

verdade e objetiva os feitos e ações

realizados ou patrocinados pela

Administração, com finalidade

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informativa. Além disso, deve ser

autorizada pelo agente público, bem

assim custeada pelo Poder Público. Uma

vez havendo subvenção privada,

descaracteriza-se a natureza institucional

da propaganda.

É comum vermos tanto na propaganda

partidária, quanto na institucional, alguém utilizando

deste espaço, em véspera de campanha eleitoral,

para promoção pessoal. Não menos comum está

sendo a aplicação efetiva da lei, na punição desta

prática.

O cuidado deve ser redobrado, principalmente

por detentores de mandato, que publicam alguma

matéria ou participam de entrevistas, seja em TV,

rádio, jornais, periódicos, etc. Não se deve fazer

menção ao pleito vindouro, direta ou indiretamente.

Nem tampouco fazer alusão negativa a algum

candidato, divulgando algum fato que leva o eleitor a

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interpretar que não deve votar em determinado

candidato. Isso também se caracterizará Propaganda

Extemporânea.

3.4 Financiamento de Campanha

As eleições têm tomado um alto grau de

complexidade nos últimos anos. Exigindo do

candidato, ou daqueles que o assessoram, muito

cuidado para que não seja surpreendido com alguma

irregularidade na campanha. Há necessidade de

destacar um dos assessores especificamente cuidar da

parte financeira da campanha, tendo em vista o

trabalho que há de ser feito durante este processo.

Após aprovação do registro de candidatura, o

candidato terá um CNPJ (Cadastro Nacional de Pessoa

Jurídica)13. Através deste abrirá uma Conta Corrente

em banco para movimentação financeira da

13

Instrução Normativa Conjunta RFB / TSE nº 1.019, de 10 de março de 2010

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Campanha. Toda doação deverá ser depositada nesta

conta. Inclusive os recursos próprios do candidato.

Qualquer despesa da campanha, que não seja

uma doação, deverá ser paga através da conta

especifica do candidato para a eleição. Sempre

através de Cheques, transferências e cartões; nunca

com dinheiro “vivo”. Isto vale para tudo, desde

despesas com cabos eleitorais até materiais de

campanha.

O não cumprimento desta obrigatoriedade e

comprovada a utilização de recursos financeiros na

campanha, que não vieram da conta específica,

provocará a desaprovação da prestação de contas da

campanha do candidato. Se confirmada a

irregularidade ocasionara a perda do registro de

candidatura ou a cassação do diploma.

As doações para a campanha obrigatoriamente

deverão ser registradas através dos Recibos Eleitorais.

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Incluem-se os recursos próprios do candidato que

disponibilizará para a campanha.

Qualquer tipo de doação, aquele que está

doando, deverá assinar o Recibo Eleitoral. Se for em

espécie, deverá ser remetido à conta da campanha e

preenchido o recibo de doação; Caso seja um bem ou

serviço, o mesmo deverá ocorrer.

Estes recibos farão parte da prestação de

contas da campanha. Que deverá ser realizada no

término da eleição. A ausência do devido cuidado com

a parte financeira da campanha comprometerá o

mandato do candidato eleito e também impedirá uma

próxima candidatura, daquele que não se elegeu.

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3.5 Marketing Eleitoral e a Imagem do

Candidato

Quando se fala em Marketing Eleitoral, logo se

pensa em campanhas milionárias, de candidatos a

Governador, Presidente, etc. Certo? Não, Errado!

Tenta lembrar como as coisas eram há 10 anos

atrás. De lá pra cá, quanta coisa mudou? A política

não poderia ser diferente. São perceptíveis as

mudanças que acontecem de uma eleição para outra.

Só tomando como exemplo, vimos o importante papel

que teve a internet na campanha majoritária de 2010,

diferente das campanhas passadas.

Hoje, em especial nos colégios eleitorais de

maior expressão, não é possível fazer campanha sem

utilizar o Marketing como ferramenta na conquista de

votos. A política mudou. E quem não entendeu esta

mudança está fora do jogo. Algumas mudanças são

evidentes e de fácil percepção, outras nem tanto. O

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comportamento do eleitor é imensamente mais difícil

de conhecer, entender e avaliar. No entanto é preciso

planejar estrategicamente para fazer com que a

comunicação com o eleitor seja feita sem que este a

rejeite.

É importante ter em mente que nenhuma

campanha é igual a outra. O ambiente político está

em constante mudança. Por esta razão que a

campanha moderna sempre sai na frente. Pois detém

ferramentas que detectam as oscilações e mudanças.

Na campanha tradicional a organização

procede de forma simples. Não se trabalha com

pesquisa, logo as informações vêm da opinião dos

assessores, da experiência e da lembrança das

campanhas anteriores. A estratégia já é pré-definida,

sendo as opções situação ou oposição14. Deixando

em segundo plano a publicidade, com peças simples

14

Oposição, neste caso, é colocar-se contra algum candidato, ou grupo político; logo situação o contrário, é fazer parte de um grupo, ou simplesmente apoia-lo.

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sem muita imaginação. Já na campanha moderna o

quadro é bem diferente. A pesquisa, a estratégia e a

publicidade ocupam papel central na campanha.

Há candidatos que pensam o marketing

eleitoral como coisa para as campanhas milionárias e

que para sua realidade local, torna-se desperdício

adotar estes princípios. Geralmente estes mesmos

candidatos gastam bastante dinheiro por não saber

priorizar aquilo que lhe trará o desejado retorno.

Como diz aquela máxima dos marketeiros, “se tudo

virou prioridade, não há mais prioridades.” E então,

no meio da campanha ele se vê com recursos

escassos: humanos e materiais; e sem saber o que

fazer, quem ouvir.

Primeiramente o candidato deve ter definido se

seu objetivo é simplesmente ser eleito. Cada vez mais

comum candidatos fazerem uma campanha, não

necessariamente pensando na eleição em disputa.

Mas sim trabalhando sua imagem para um próximo

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pleito, ou firmando um projeto político em longo

prazo. A definição dos objetivos a que se propõe,

permite-se construir estrategicamente alinha de

comunicação deste candidato, afim de colher os frutos

desejados.

Das anotações que fiz numa palestra com o

Professor Francisco Ferraz, transcrevi algumas

perguntas que podemos fazer na construção de uma

estratégia:

Quem vai (ou pode) votar no

candidato?

Porque vai (ou pode) votar no

candidato?

Qual a imagem que ele tem do

candidato?

Principalmente em campanhas majoritárias,

para obter estas respostas com precisão, há

necessidade de incluirmos na equipe organizadora da

campanha, ao menos uma pessoa que tenha

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qualificação técnica para elaborar as pesquisas

qualitativas e quantitativas.

Nas campanhas proporcionais seria

interessante que pudéssemos ter estas respostas num

trabalho de diagnóstico. Porém na ausência de

instrumentos de pesquisa, não deve se ignorar esta

etapa, utilizando-se de outros meios para tais. Pode

ser possível extrair as respostas, através da avaliação

do histórico eleitoral, do relato de lideranças políticas

tradicionais, etc.

As estratégias devem ser elaboradas em

período pré-campanha para que se obtenha resultado.

Nesta fase é possível saber a imagem que se tem do

candidato, os atributos positivos e consolidados, e

aqueles “ocultos” que podem ainda ser explorados;

também é possível detectar as fraquezas existentes,

como atributos negativos já consolidados e ainda os

que poderão ser explorados contra o candidato. A

partir de então, elaborar estratégias para minimizar os

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pontos negativos, e maximizar os positivos. Não é um

processo simples, um erro pode fatal.

Uma campanha caminha para o sucesso

quando emite a mensagem certa para o eleitor certo.

Isto resume o trabalho estratégico. Fazer uma

campanha “atirando para todos os lados” é

desperdiçar tempo e dinheiro. A mensagem do

candidato deve atingir o eleitor certo, ou seja, aquele

que possui alguma pré-disposição de votá-lo. Este

grupo é formado pelos indecisos e aqueles que

detectamos com muita e alguma chance de votar no

candidato. Para isso, é claro, necessitamos identifica-

los.

Podemos em linha geral, classificar os eleitores

como:

a) Com muita chance de votar no

candidato;

b) Com alguma chance de votar no

candidato;

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c) Eleitores indecisos;

d) Com poucas chances de votar no

candidato;

e) Com nenhuma chance de votar no

candidato.

Existem outras formas de segmentação, um

pouco mais detalhadas. Mas no final sempre vamos

ter esses 5 tipos de eleitores.

Tanto numa campanha majoritária quanto na

proporcional, a linha mestre da campanha deve ser

voltada para os eleitores a, b e c (eleitor certo).

Somente em campanhas majoritárias e no segundo

turno a campanha deve tentar conquistar o eleitor d.

Ficando evidente que o eleitor e dificilmente será

conquistado.

Sabendo qual nosso eleitor alvo, passamos

para o passo de formular a mensagem certa. Para

isso, necessitamos ter coletado informações do

eleitorado, sobre a imagem que este entende por

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candidato ideal. E assim obtemos os temas centrais

para o eleitor, as necessidades em cada região de

nosso campo de atuação.

É claro que deve ter o devido cuidado ao

introduzir os dados coletados com o perfil do

candidato. Existem valores, que devem ser

respeitados, afim de não desfigurar o candidato, como

a personalidade, crenças e o passado. Alguns

conceitos por mais importantes que sejam para o

eleitor, não se adaptam ao candidato

“O conceito do candidato

deve ser fruto da compatibilização

entre o que o seu eleitorado deseja,

sua personalidade, sua imagem e os

conceitos a serem adotados por seus

oponentes.”15

15

LIMA, Marcelo Coutinho. Marketing eleitoral. Versão para eBook.2002

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Marcelo Coutinho acrescenta a importância de

observar o posicionamento dos adversários. É

importante haver uma clara diferenciação dos demais.

Num de seus livros que trata exclusivamente

do Marketing Político, Coutinho traz a proposta de

criação do Sistema de Informação em Marketing

Eleitoral, o que chama de SIME e passaremos a usar

este termo daqui em diante.

“Um SIME pode ser definido como um complexo

estruturado e interatuante de pessoas, máquinas

(objetos e procedimentos que se destinam a gerar um

fluxo ordenado de informações relevantes, coletadas

interna e externamente à campanha, para uso na

tomada de decisões em áreas de responsabilidade do

candidato e de seus assessores mais próximos ou

conforme delegação de poderes distribuída entre o

staff da campanha e seus auxiliares voluntários.”

Na prática, a proposta é um grupo que - de

posse de dados levantados, seja através de pesquisas

(qualitativas e quantitativas), ou da monitoração do

ambiente político – consegue identificar ameaças ou