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Preparado por: Unidade responsável pela avaliação DG Política Regional Comissão Europeia Manual de análise de custos e benefícios dos projectos de investimento (Fundos estruturais - FEDER, Fundo de Coesão e ISPA) 2003

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Preparado por:

Unidade responsável pela avaliação

DG Política RegionalComissão Europeia

Manual de análise de custos e benefíciosdos projectos de investimento(Fundos

estruturais - FEDER,Fundo de Coesão

e ISPA)

2003

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AcrónimosACB Análise dos custos e benefíciosAIA Análise de impacte ambientalC/B Rácio custos-benefíciosBEI Banco Europeu de InvestimentoFC Fundo de Coesãofc Factor de conversãoFCP Factor de conversão padrãoFE Fundos estruturaisFEDER Fundo Europeu de

Desenvolvimento Regional ISPA Instrumento Estrutural de

Pré-AdesãoIVA Imposto sobre o Valor AcrescentadoPPP Princípio do poluidor-pagador

SIAA Serviço integrado de abastecimentode água

TIRE Taxa (interna) de rentabilidadeeconómica

TIRF Taxa (interna) de rentabilidadefinanceira

TIRF/C Taxa (interna) de rentabilidadefinanceira calculada sobre o custodo investimento

TIRF/K Taxa (interna) de rentabilidadefinanceira calculada sobre os fundospróprios

VALE Valor actual líquido económicoVALF Valor actual líquido financeiro

No quadro do programa de estudos e de assistência técnica no domínio das políticas regionaistraçadas pela Comissão, foi constituída uma equipa encarregada de preparar uma nova ediçãodo anterior Manual de Análise dos Custos e Benefícios dos Grandes Projectos, publicado em 1997.Esta equipa, coordenada pelo Professor Massimo Florio, era ainda composta por Ugo Finzi,Mario Genco (análise de riscos, distribuição e tratamento de água), François Levarlet (gestãode resíduos), Silvia Maffii (transportes), Alessandra Tracogna (coordenação do texto do capí-tulo 3, anexo sobre a taxa de actualização e bibliografia) e Silvia Vignetti (coordenação do tex-to).

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Manual de análise de custos e benefíciosdos projectos de investimento

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Acrónimos 2

Índice 4

Preâmbulo 6

Linhas gerais da nova edição do manual 7

Capítulo 1: Avaliação dos projectos no quadro dos Fundos estruturais,do Fundo de Coesão e do ISPA 10

Enquadramento 101.1 Âmbito e objectivos 101.2 Definição do projecto 111.3 Responsabilidade pela avaliação ex ante 121.4. Informações necessárias 13

Capítulo 2: Plano para o avaliador do projecto 16

Enquadramento 162.1 Definição de objectivos 162.2 Identificação do projecto 18

2.2.1 Projectos claramente identificados 182.2.2 Limiar financeiro 182.2.3 Definição dos projectos 19

2.3 Análise de viabilidade e opções 202.4 Análise financeira 21

2.4.1 O horizonte temporal 222.4.2 Determinação dos custos totais 262.4.3 Receitas geradas pelo projecto 272.4.4 Valor residual do investimento 272.4.5 Contabilização da inflação 282.4.6 Viabilidade financeira (quadro 2.4) 282.4.7 Determinação da taxa de actualização 282.4.8 Determinação dos indicadores de

desempenho 292.4.9 Determinação da taxa de

co-financiamento 302.5 Análise económica 30

2.5.1 Fase 1 – Correcções fiscais 312.5.2 Fase 2 – Correcção das externalidades 332.5.3 Fase 3 – Dos preços do mercado

aos preços fictícios 352.5.4 Actualização 382.5.5 Cálculo da taxa interna de

rentabilidade económica 392.6 Análise multicritérios 392.7 Análise de sensibilidade e risco 42

2.7.1 Prever as incertezas 422.7.2 Análise de sensibilidade 422.7.3 Análise de cenário 432.7.4 Análise de probabilidade do risco 44

Capítulo 3: Linhas gerais da análise deprojectos por sector 46

Enquadramento 463.1 Tratamento de resíduos 47

Introdução 473.1.1 Definição dos objectivos 473.1.2 Identificação do projecto 483.1.3 Análise de viabilidade e opções 493.1.4 Análise financeira 523.1.5. Análise económica 523.1.6 Outros critérios de avaliação 553.1.7 Análise de sensibilidade e risco 563.1.8 Estudo de caso: investimento numa

incineradora com recuperação de energia 57

3.2 Distribuição e depuração da água 59Introdução 593.2.1. Definição dos objectivos 593.2.2 Identificação do projecto 613.2.3 Análise de viabilidade e opções 613.2.4 Análise financeira 643.2.5 Análise económica 653.2.6 Outros critérios de avaliação 663.2.7 Análise de sensibilidade e risco 673.2.8 Estudo de caso: a infra-estrutura de

gestão do serviço integrado de abastecimento de água (SIAA) 67

3.3 Transportes 773.3.1 Definição dos objectivos 783.3.2 Identificação do projecto 783.3.3 Viabilidade e análise das diferentes

alternativas 793.3.4 Análise financeira 833.3.5 Análise económica 833.3.6 Outros critérios de avaliação 863.3.7 Análises de sensibilidade,

de cenários e de risco 863.3.8 Estudo de caso: investimento

numa auto-estrada 873.4 Transporte e distribuição de energia 92

3.4.1 Definição dos objectivos 923.4.2 Identificação do projecto 923.4.3 Análise de viabilidade e opções 933.4.4 Análise financeira 933.4.5 Análise económica 933.4.6 Outros critérios de avaliação 933.4.7 Análise de sensibilidade e risco 93

3.5 Produção de energia 933.5.1 Definição dos objectivos 933.5.2 Identificação do projecto 943.5.3 Análise de viabilidade e opções 943.5.4. Análise financeira 943.5.5 Análise económica 953.5.6 Outros elementos de avaliação 953.5.7 Análise de sensibilidade e risco 95

3.6 Portos, aeroportos e redes de infra-estruturas 963.6.1 Definição dos objectivos 96

Índice

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Índice

3.6.2 Identificação do projecto 963.6.3 Análise de viabilidade e opções 963.6.4 Análise financeira 963.6.5 Análise económica 973.6.6 Outros elementos de avaliação 973.6.7 Análise de sensibilidade e risco 98

3.7 Infra-estruturas de formação escolar e profissional 983.7.1 Definição dos objectivos 983.7.2 Identificação do projecto 983.7.3 Análise de viabilidade e opções 983.7.4 Análise financeira 993.7.5 Análise económica 993.7.6 Outros elementos de avaliação 1003.7.7 Análise de sensibilidade e risco 100

3.8 Museus e parques arqueológicos 1003.8.1 Definição dos objectivos 1003.8.2 Identificação do projecto 1003.8.3 Análise de viabilidade e opções 1003.8.4 Análise financeira 1013.8.5 Análise económica 1013.8.6 Outros elementos de avaliação 1013.8.7 Análise de sensibilidade e risco 101

3.9 Hospitais e outras infra-estruturas no domínio da saúde 1013.9.1 Definição dos objectivos 1013.9.2 Identificação do projecto 1023.9.3 Análise de viabilidade e opções 1023.9.4 Análise financeira 1023.9.5 Análise económica 1023.9.6 Outros elementos de avaliação 1033.9.7 Análise de sensibilidade e risco 103

3.10 Florestas e parques 1033.10.1 Definição dos objectivos 1033.10.2 Identificação do projecto 1043.10.3 Análise de viabilidade e opções 1043.10.4 Análise financeira 1053.10.5 Análise económica 1053.10.6 Outros elementos de avaliação 1053.10.7 Análise de sensibilidade e risco 105

3.11 Infra-estruturas de telecomunicações 1053.11.1 Definição dos objectivos 1053.11.2 Identificação do projecto 1063.11.3 Análise de viabilidade e opções 1073.11.4 Análise financeira 1073.11.5 Análise económica 1073.11.6 Outros elementos de avaliação 1073.11.7 Análise de sensibilidade e risco 107

3.12 Parques industriais e parques tecnológicos 1083.12.1 Definição dos objectivos 1083.12.2 Identificação do projecto 1083.12.3 Análise de viabilidade e opções 1083.12.4 Análise financeira 1083.12.5 Análise económica 1093.12.6 Outros elementos de avaliação 1093.12.7 Análise de sensibilidade e risco 109

3.13 Indústrias e outros investimentos produtivos 1103.13.1 Definição dos objectivos 1103.13.2 Identificação do projecto 1103.13.3 Análise de viabilidade e opções 1103.13.4 Análise financeira 1113.13.5 Análise económica 1113.13.6 Outros elementos de avaliação 1113.13.7 Análise de sensibilidade e risco 111

Anexos 113

Anexo A Indicadores de desempenho dos projectos 113A.1 Valor actual líquido (VAL) 113A.2 Taxa interna de rentabilidade 115A.3 Relação custo-benefício 115

Anexo B Escolha da taxa de actualização 117B.1 Taxa de actualização financeira 117B.2 Taxa de actualização social 118

Anexo C A determinação da taxa de co-financiamento 121

C.1 Quadro regulamentar 121C.2 Regras para a modulação 121

C.2.1 Cálculo da taxa interna de rentabilidade financeira com base no custo de investimento total (antes da intervenção comunitária) 122C.2.2 Cálculo da taxa interna de rentabilidade financeira sobre o capital nacional (após a subvenção comunitária) 123

C.2.3 Cálculo da taxa de rentabilidade económica 123Anexo D Análise de sensibilidade e risco 124Anexo E Avaliação monetária dos serviços

ambientais 127E.1 Porque se avalia o ambiente? 127E.2 Avaliação dos impactes ambientais

nos projectos de desenvolvimento 127E.3 O que se faz ao medir os benefícios

monetários? 129E.4 As diferentes etapas de uma análise

custos-benefícios 134Anexo F Capacidade para pagar e avaliação

do impacte distributivo 135Anexo G Quadro sintético de um estudo

de viabilidade 137A.1 Síntese 137A.2 Contexto socioeconómico 137A.3 Oferta e procura dos produtos do projecto 137A.4 Outras tecnologias e plano de produção 137A.5 Recursos humanos 137A.6 Localização 138A.7 Execução 138A.8 Análise financeira 138A.9 Análise socioeconómica 138A.10 Análise dos riscos 138

Glossário Alguns termos chaves para a análise dos projectos 139

Glossário básico 139Análise financeira 140Análise económica 142Outros elementos de avaliação 143

BibliografiaGeneralidades 145Agricultura 145Água 146Energia 146Ambiente 147Formação 147Projectos industriais 148Saúde 148Turismo e tempos livres 149Transportes 149

Addendum 151

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A análise dos custos e benefícios (ACB) dosprojectos de investimento é explicitamenteexigida pelos novos regulamentos da UniãoEuropeia (UE) que regem os Fundos estrutu-rais (FE), o Fundo de Coesão (FC) e o Instru-mento Estrutural de Pré-Adesão (ISPA) nocaso de projectos cujos orçamentos excedam,respectivamente, 50, 10 e 5 milhões de euros.

Sendo os Estados-Membros responsáveispela apreciação ex ante dos projectos propos-tos, compete à Comissão avaliar a qualidadedesta apreciação antes de aprovar o co-finan-ciamento e de determinar a respectiva taxa.

Há muitas diferenças entre os investimentosem infra-estruturas e os investimentosprodutivos, assim como entre as regiões e ospaíses, entre as teorias e os métodos de avali-ação e ainda, entre os processos de gestão dostrês fundos.

Contudo, a maior parte dos projectos apre-senta determinados aspectos comuns, e éconveniente utilizar uma mesma linguagemna formulação da sua apreciação.

Para além dos aspectos metodológicos gerais,esta verificação dos custos e benefícios cons-titui um instrumento útil que estimula o diá-logo entre os parceiros, os Estados-Membrose a Comissão, os autores de projectos, osfuncionários e os consultores: em suma, tra-ta-se de um instrumento de decisão colec-tiva. Além disso, torna mais transparentes os

processos de selecção dos projectos e as deci-sões financeiras.

Para cumprir as obrigações que lhe incum-bem em matéria de apreciação dos projectosque os Estados-Membros lhe apresentam noquadro da política regional, a Comissão (DGPolítica Regional) utiliza um manual de aná-lise dos custos e benefícios dos grandes pro-jectos. Três anos depois da sua última actua-lização, o contexto político, jurídico e técnicoevoluiu consideravelmente, a ponto de tor-nar necessária uma nova edição revista.

A presente versão actualizada oferece aosfuncionários europeus, aos consultores exter-nos e a todas as partes interessadas um guiapara a avaliação de projectos. O texto destina-se especialmente aos funcionários da União,mas contém igualmente indicações úteis aosautores de projectos sobre as informaçõesespecíficas de que a Comissão necessita.

Na presente edição do manual propõe-se:• Integrar no documento a evolução das

políticas comunitárias, dos instrumentosfinanceiros e da análise dos custos e bene-fícios.

• Contribuir para a reflexão da Comissãosobre a modulação das taxas de co-finan-ciamento dos projectos.

• Fornecer ao leitor uma forma de apoio téc-nico.

Preâmbulo

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O manual está dividido em capítulos, com aseguinte estrutura:

• Capítulo 1: avaliação dos projectos noquadro dos Fundos estruturais, do Fundode Coesão e do ISPA

• Capítulo 2: plano para o avaliador do pro-jecto

• Capítulo 3: linhas gerais de análise dosprojectos, por sector

• Anexos• Glossário• Bibliografia

Cada capítulo contém:

A) Um textoC) Quadros e figurasD) Caixas.

As caixas são de dois tipos:• As que se referem a regulamentos, onde

são recordados os principais aspectos dosregulamentos relativos aos FE, ao FC e aoISPA.

• As que fornecem exemplos, qualitativos equantitativos, de questões específicas refe-ridas no corpo do texto.

Em alguns casos, as caixas e os quadroscontêm informações essenciais, pelo quesugerimos ao leitor que dedique algum tem-po à sua análise.

Capítulo 1: Avaliação dos projectos noquadro dos Fundos estruturais, do Fundode Coesão e do ISPAEste capítulo constitui uma introdução aosobjectivos, ao âmbito de aplicação e às for-mas de utilização do manual, bem como às

principais questões nele tratadas. Com basenos regulamentos relativos ao FEDER, aoFC e ao ISPA, aqui são expostas as disposi-ções jurídicas a respeitar no processo deavaliação dos projectos e nas decisões deco-financiamento.

O elemento essencial deste capítulo consis-te em que, não obstante as diferenças deprocedimentos e de métodos entre os trêsfundos, a lógica da análise e o métodoseguido devem ser homogéneos.

1.1. Âmbito e objectivos. Esta secção refe-re-se aos objectivos e instrumentos doFEDER, do FC e do ISPA. Aqui se indicam,com base nos regulamentos, os principaisdomínios abrangidas pelos Fundos.

1.2. Definição dos projectos. Esta secçãodefine os projectos aos quais se aplica oprocesso de avaliação nos casos do FEDER,do FC e do ISPA. Indica ainda os principaissectores de aplicação dos Fundos, os limitesfinanceiros a respeitar na avaliação dos pro-jectos e as diferenças entre as taxas de co-financiamento.

1.3. Responsabilidade da avaliação ex ante.Esta secção define, para cada um dos trêsfundos, a responsabilidade da avaliação exante dos projectos. Destaca igualmente asprincipais diferenças introduzidas nestamatéria pelos novos regulamentos.

1.4. Informações requeridas. Esta secçãoenuncia uma lista das informações reque-ridas para a preparação e avaliação dos pro-jectos.

Linhas gerais da nova edição do manual

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Capítulo 2: Plano para o avaliador doprojectoEste capítulo fornece instrumentos práticosque servem, ao mesmo tempo, para a prepa-ração e para a avaliação dos projectos: cadasecção considera o ponto de vista do autordo projecto e o ponto de vista do avaliador. Aestrutura é claramente orientada para a exe-cução do projecto e a informação é igual-mente apresentada sob a forma de listas deverificação, questões recorrentes e erros fre-quentes a evitar.

O texto contém as seguintes secções:

2.1. Definição dos objectivos. Esta secção dizrespeito à definição clara, em cada projecto,dos principais objectivos a atingir e dosresultados esperados. Explica como destacaras variáveis socioeconómicas que o projectopode influenciar a forma de as medir, a fimde avaliar o impacte socioeconómico espe-rado e o grau de coerência dos objectivosespecíficos do projecto com as políticas dedesenvolvimento comunitárias.

2.2. Identificação do projecto. Esta secçãocontém indicações sobre a forma de definir aconcepção geral do projecto e o quadro lógi-co no qual este deve ser realizado, de acordocom as recomendações mais frequentes daanálise ACB, com os limites financeiros ecom a definição dos projectos que figuramnos regulamentos.

2.3. Estudo de viabilidade e opções. As reco-mendações práticas são ilustradas por exem-plos concretos, nomeadamente no que serefere à análise das opções, sendo feita umadistinção entre as alternativas modais, tecno-lógicas, geográficas e cronológicas. O anexoG propõe o esquema-tipo sintético de umestudo de viabilidade.

2.4. Análise financeira. Contém informaçõessobre a forma de realizar uma análise finan-ceira. A partir de quadros de base, esta secçãoexplica como conduzir o estudo e, em segui-da, define os principais pontos a inscrever nos

quadros até ao cálculo da TIRF e do VALF(tanto para o investimento como para os fun-dos próprios). A abordagem é puramenteprocessual, sendo dados alguns exemplos soba forma de estudos de casos (em caixa).

As principais questões técnicas a resolver narealização da análise são:

• escolha da perspectiva temporal;

• determinação do custo total;

• determinação das receitas totais;

• determinação do valor residual no fim doano;

• tratamento da inflação;

• viabilidade financeira;

• escolha da taxa de actualização apropriada(ver também o anexo B);

• forma de calcular as taxas de rentabilidadefinanceira e de as utilizar na apreciação doprojecto (ver também anexo A).

2.5. Análise económica. A partir da análisefinanceira e do quadro dos fluxos finan-ceiros, o objectivo é o de adoptar um métodonormalizado aplicável às três fases da defi-nição do quadro final destinado à análiseeconómica:

• a correcção dos aspectos fiscais;

• a correcção das externalidades;

• a determinação dos factores de conversão.

Esta secção refere-se aiende à forma de cálcu-lo dos custos e dos benefícios sociais de umprojecto e à maneira como estes podeminfluenciar o resultado final. Fornece umaorientação sobre a forma de calcular a taxade rentabilidade económica e ajuda acompreender o significado económico destataxa para a apreciação do projecto.

2.6. Análise multicritérios. Esta secção édedicada às situações em que a taxa de renta-bilidade não constitui um indicador deimpacte suficiente e em que é necessária umaanálise complementar.

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Linhas gerais da nova edição do manual

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2.7. Análise de sensibilidade e risco. Indica-se, em linhas gerais, a forma de tratar os casosde incerteza nos projectos de investimento. Oanexo D constitui um instrumento de apli-cação desta técnica.

Capítulo 3: Linhas gerais da análise dosprojectos por sectorEste capítulo descreve mais detalhadamenteas técnicas da ACB por sector. Estão em cau-sa os seguintes sectores:1. Tratamento da água2. Abastecimento de água e saneamento3. Transportes

É ainda proposta uma descrição menos deta-lhada do exercício de ACB para os seguintessectores:

4. Transporte e distribuição de energia5. Produção de energia6. Portos, aeroportos e infra-estruturas em

rede7. Infra-estruturas de formação8. Museus e parques arqueológicos9. Hospitais

10. Florestas e parques11. Infra-estruturas de telecomunicações12. Parques industriais e parques tecnoló-

gicos13. Indústrias e outros investimentos produ-

tivos

AnexosEsta secção analisa algumas questões técnicase formula recomendações para melhorar aeficácia do método de apreciação.

Mais especificamente, os anexos abordam asseguintes matérias:

A Indicadores de desempenho dos projectosB Escolha da taxa de actualização

C Determinação da taxa de co-financiamentoD Análise de sensibilidade e riscoE Avaliação monetária dos serviços ambien-

taisF Avaliação dos impactes em matéria de

redistribuiçãoG Esquema sintético de um estudo de viabi-

lidade

GlossárioO glossário contém as palavras-chave nocontexto da análise de projectos. Inclui umalista dos termos técnicos frequentementemais utilizados na ACB dos projectos deinvestimento.

BibliografiaEsta secção propõe referências seleccionadaspara um estudo aprofundado das técnicasmais utilizadas na ACB.

A bibliografia está estruturada da seguinteforma:• Generalidades• Agricultura• Água• Energia• Ambiente• Formação• Projectos industriais• Saúde• Turismo e lazer• Transportes

9

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EnquadramentoO presente capítulo constitui uma intro-

dução aos objectivos, ao âmbito e ao modo

de utilização do manual, bem como às prin-

cipais questões nele tratadas. Tendo por base

os regulamentos do FEDER, do FC e do

ISPA, o capítulo centra-se nas disposições

regulamentares aplicáveis ao processo de

avaliação dos projectos e à decisão de co-

financiamento.

Este capítulo aborda o quadro regulamentar

que rege o processo de preparação, de avaliação

e de co-financiamento de um projecto de

investimento. Mais concretamente, refere-se:

• ao âmbito e aos objectivos do fundo;

• à definição do projecto com vista ao pro-

cesso de avaliação;

• à responsabilidade da avaliação ex ante;

• às informações requeridas para a avaliação

ex ante.

O elemento essencial deste capítulo consiste

em que, não obstante as diferenças de proce-

dimentos e métodos entre os três fundos, a

lógica económica da análise e o método

seguido devem ser homogéneos.

1.1 Âmbito e objectivosOs projectos de investimento co-financiados

pelos FE, pelo FC, e pelo ISPA constituem os

instrumentos de implementação da política

regional da UE.

O presente manual tem por objecto os gran-

des projectos realizados no quadro dos

Fundos estruturais, nomeadamente no

FEDER (Regulamento 1260/1999), no

Fundo de Coesão, (Regulamento 1264/1999

e 1164/94) e no ISPA (Regulamento

1267/1999).

Avaliação dos projectos no quadrodos Fundos estruturais, do Fundode Coesão e do ISPA

Capítulo 1:

10

Caixa 1.1. Âmbito e objectivos dos fundos

FE: artigo 1º do Regulamento 1260/1999 (defi-nição e objectivos): Os Fundos estruturais, o BEI e os demais instru-mentos financeiros contribuirão, cada um daforma apropriada, para a realização dos trêsobjectivos prioritários seguintes: 1) promoção dodesenvolvimento e do ajustamento estrutural dasregiões menos desenvolvidas, a seguir designado„objectivo nº 1“; 2) apoio à reconversão econó-mica e social das áreas com dificuldades estru-turais, a seguir designado „objectivo nº 2“; 3)apoio à adaptação e modernização das políticase sistemas de educação, de formação e deemprego, a seguir designado „objectivo nº 3“.

FC: financia projectos no domínio do ambiente

(aquedutos, barragens e irrigação; estações de

depuração, instalações de tratamento de águas e

outras obras de carácter ambiental, incluindo

reflorestação, controlo da erosão, conservação

do ambiente natural e protecção das praias), mas

também as redes transeuropeias de infra-estru-

turas de transportes (vias férreas, aeroportos,

estradas, auto-estradas, portos) nos Estados-

Membros cujo PIB per capita é inferior a 90% da

média comunitária e que adoptem um programa

com o objectivo de cumprir os critérios de

convergência económica estabelecidos na alínea

c) do artigo 104º do Tratado da UE (Grécia,

Irlanda, Portugal e Espanha).

ISPA: artigo 1º do Regulamento 1267/1999 (defi-

nição e objectivos):

O ISPA prestará assistência no quadro da prepa-

ração da adesão à UE dos seguintes países

candidatos: Bulgária, Eslováquia, Eslovénia,

Estónia, Hungria, Letónia, Lituânia, Polónia, Repú-

blica Checa e Roménia, a seguir designados „paí-

ses beneficiários“, em matéria de coesão econó-

mica e social, no que refere às políticas do ambi-

ente e dos transportes, nos termos do presente

regulamento.

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Nos termos destes regulamentos, os investi-mentos em infra-estruturas e os investi-mentos produtivos podem ser financiadosatravés de um ou vários instrumentos finan-ceiros da Comunidade – essencialmente, assubvenções sem garantia (FE, Fundo deCoesão), mas também os auxílios não reem-bolsáveis, no caso do ISPA, empréstimos eoutros instrumentos financeiros (BancoEuropeu de Investimento, Fundo Europeu deInvestimento).

Os Fundos estruturais da União Europeiapodem financiar projectos extremamentediversificados, tanto do ponto de vista dosector em questão como do da dimensãofinanceira do investimento.

Enquanto o FC e o ISPA financiam projectosunicamente nos domínios dos transportes edo ambiente, os FE, em especial o FEDER,podem financiar igualmente projectos nodomínio da energia, da indústria e do sectordos serviços.

1.2 Definição doprojectoOs regulamentos relativos aos Fundos estru-turais definem a dimensão financeira dosprojectos avaliados pela Comissão: o seu cus-to não deve ser inferior a 50 milhões deeuros.

Por outro lado, os regulamentos relativos aoFundo de Coesão e ao ISPA, que indicam olimiar financeiro a ter em consideração (10milhões de euros no caso do Fundo deCoesão e 5 milhões no caso do ISPA) paraevitar uma excessiva fragmentação dos pro-jectos e garantir que os fundos são utilizadosde forma integrada e sistemática, definemdetalhadamente os termos “projecto” e “fasede projecto”. Podem ser financiadas peloFundo de Coesão e pelo ISPA, nos termosdos respectivos regulamentos, os tipos demedidas a seguir definidos:

• um projecto é uma série de acções indivi-síveis no plano económico, associadas auma função técnica específica e dotadas deobjectivos identificáveis;

• uma fase de projecto é técnica e financei-ramente independente e tem a sua efici-ência própria;

• um grupo de projectos é um conjunto deprojectos que preenchem as três condiçõesseguintes:

- estão localizados na mesma área geográ-fica ou situados num mesmo eixo de tran-sportes;

- inserem-se num plano geral relativo a estaárea ou eixo;

- são supervisionados pelo um organismo,responsável pela sua coordenação e peloseu acompanhamento.

Em relação a cada um destes projectos, sejaqual for a sua dimensão financeira, o autor

1.2 Definição do projecto

Caixa 1.2. Limiares financeiros

FE – artigo 25º do Regulamento 1260/1999: Os Fundos podemfinanciar, no âmbito de uma intervenção, despesas decorrentesde grandes projectos, ou seja, projectos: a) que englobem umconjunto de trabalhos economicamente indivisíveis com umafunção técnica precisa e visem objectivos claramente identifi-cados, e b) cujo custo total tomado em consideração para deter-minar o montante da participação dos Fundos seja superior a 50milhões de euros.

FC – nº 3 do artigo 10º do Regulamento 1164/94: Os pedidos deconcessão de apoio para projectos abrangidos pelo nº 1 do artigo3º serão apresentados pelos Estados-Membros interessados. Osprojectos e grupos de projectos inter-relacionados deverão terdimensão suficiente para produzirem um impacte significativonos domínios da protecção do ambiente ou da melhoria das redestranseuropeias de infra-estruturas de transportes. O custo totalde um projecto ou grupo de projectos não poderá, em princípio,ser inferior a 10 milhões de euros. Em casos devidamente justifi-cados, poderão ser aprovados projectos ou grupos de projectosde valor inferior.

ISPA: nº 2, alínea b), do artigo 2º do Regulamento 1267/1999: Asmedidas deverão ter uma dimensão suficiente para produziremum impacte significativo no domínio da protecção do ambiente ouna melhoria das redes de infra-estruturas de transportes. O custototal de cada medida não deverá, em princípio, ser inferior a 5milhões de euros. Em casos excepcionais e devidamente justifi-cados, tendo em conta as circunstâncias específicas em causa, ocusto total de uma determinada medida poderá ser inferior a 5milhões de euros.

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deve efectuar uma análise de custos e benefí-cios que tenha em conta os seus efeitos direc-tos e indirectos sobre o emprego, eventual-mente completada por outros métodos deavaliação no caso de projectos realizados nodomínio do ambiente.

No que se refere aos limiares financeiros, sãode referir as seguintes características:

a) A principal variável económica é o custototal do investimento. A avaliação destemontante não deve basear-se nas fontes definanciamento (por exemplo, apenas umfinanciamento público ou apenas um co-financiamento comunitário), mas sim novalor económico global do investimento eminfra-estruturas ou produtivo proposto.

b) No caso de todos os custos de investi-mento serem repartidos por vários anos,deve ter-se em consideração a soma de todosos custos anuais.

c) Se houver que considerar apenas os custosdo investimento, excluindo as despesascorrentes, recomenda-se que se inclua no cál-culo o custo de todas as despesas excepcio-nais efectuadas na fase de arranque, nomea-damente as despesas de contratação e for-mação do pessoal, os estudos preliminares,

os estudos de planeamento e outros estudostécnicos, a revisão dos preços, a repartição docapital de exploração, etc.

d) Nas situações en que existam váriospequenos projectos estreitamente ligadosentre si é melhor considerá-los como umúnico grande projecto (por exemplo, cincotroços de uma mesma auto-estrada, cada umcom um custo de 6 milhões de euros, podemser considerados um único grande projectode 30 milhões de euros).

1.3 Responsabilidadepela avaliação ex anteNos termos do artigo 26º do Regulamento1260/1999 relativo aos FE, a Comissão tema responsabilidade de efectuar a avaliaçãoex ante dos grandes projectos com base eminformações fornecidas pelo autor.

O artigo 1º do Regulamento 1265/1999 doFundo de Coesão determina que:

Os Estados-Membros beneficiários forne-cerão todas as informações necessárias,previstas no nº 4 do artigo 10º, incluindoos resultados dos estudos de viabilidade e

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1.3 Responsabilidade pela avaliação ex ante

Caixa 1.3 Definição do projecto

FE: artigo 5º do Regulamento 2081/93 (regula-mento-quadro dos FE)Formas de intervenção:“1. A intervenção financeira dos Fundos estrutu-rais, do BEI e dos outros instrumentos financeiroscomunitários existentes processar-se-á segundoformas de financiamento diversificadas emfunção da natureza das operações.2. No que diz respeito aos Fundos estruturais e aoIFOP, a intervenção financeira pode assumir prin-cipalmente uma das seguintes formas: a) Co-financiamento de programas operacionais; (…)d) Co-financiamento de projectos adequados; O presente manual destina-se tanto aos grandesprojectos industriais como aos que fazem partede um programa operacional.

FC: artigo 1º do Regulamento 1265/1999:“1. A Comissão, de acordo com o Estado-Membrobeneficiário, pode agrupar projectos e delimitarnum projecto fases técnica e financeiramenteindependentes para efeitos de concessão deassistência.2. Para efeitos do presente regulamento, são apli-cáveis as seguintes definições: a) ‘Projecto’: umconjunto de trabalhos, economicamente indivisí-veis, que desempenhem uma função técnica preci-sa e com objectivos claramente identificados quepermitem avaliar se o projecto satisfaz o primeirocritério enunciado no nº 5, primeiro travessão, doartigo 10º; b) ‘Fase técnica e financeiramente inde-pendente’: fase cujo carácter operacional explicitopode ser identificado.

3. Uma fase pode dizer igualmente respeito aestudos preparatórios, de viabilidade e técnicos,necessários à realização de um projecto.4. Para que seja respeitado o critério enunciadono nº 3, terceiro travessão, do artigo 1º, podemser agrupados os projectos que cumpram as trêscondições seguintes: a) Estarem situados namesma área ou no mesmo eixo de transporte; b)Serem efectuados em aplicação de um plano deconjunto para essa área ou esse eixo, com objec-tivos claramente identificados, nos termos do nº3 do artigo 1º; c) Serem supervisados por umaentidade responsável pela coordenação e peloacompanhamento do grupo de projectos, se estesforem executados por diferentes autoridadescompetentes.”

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das avaliações ex ante (…) para que estaapreciação possa ser realizada o maiseficazmente possível.

O Regulamento 1267/1999 que institui oISPA estipula, no anexo II (C):

Os países beneficiários fornecerão todos oselementos necessários, referidos no anexoI, incluindo os resultados dos estudos deviabilidade e das apreciações, uma indi-cação das alternativas não seleccionadas einformações sobre a coordenação demedidas de interesse comum situadas nomesmo eixo de transporte, de modo a queesta apreciação possa ser realizada o maiseficazmente possível.

As decisões da Comissão sobre os projectosco-financiados devem basear-se numaavaliação aprofundada realizada, em pri-meiro lugar, por quem propõe o projecto.Se a avaliação apresentada pelo requerentefor declarada insuficiente ou não convin-cente, a Comissão pode solicitar umarevisão ou uma análise mais elaborada, oupode efectuar a sua própria avaliação,recorrendo, se necessário, a uma entidadeindependente (artigo 40º do Regula-mento 1260/1999):

Por iniciativa dos Estados-Membros ouda Comissão e após informação doEstado-Membro interessado, podem serlançadas avaliações complementares,eventualmente temáticas, para identificarexperiências transferíveis.

No caso específico considerado do Fundode Coesão e do ISPA, os regulamentosdispõem que, para a avaliação dos projec-tos, a Comissão pode recorrer, se neces-sário, ao Banco Europeu de Investimento.Na prática, é muito frequente recorrer-se àexperiência do BEI para a realização dosprojectos, quer estes sejam ou não co-financiados pelo banco.

Em qualquer caso, a decisão da Comissãodeverá resultar de um diálogo e de umcompromisso assumido conjuntamentecom o autor do projecto, de modo a extrairdo investimento o melhor benefício possí-vel. Os Estados-Membros dispõem muitasvezes de estruturas e de procedimentosinternos para avaliar projectos de certadimensão, mas podem surgir dificuldadesna avaliação da qualidade. A Comissãopode contribuir de diversas formas parasuperar estas dificuldades. A assistência téc-nica à preparação da avaliação de um pro-jecto pode ser co-financiada pelo quadrocomunitário de apoio ou através de outrosmeios apropriados.

1.4. InformaçõesnecessáriasOs regulamentos comunitários indicam asinformações que devem figurar no formu-lário de candidatura para que a Comissãopossa efectuar uma avaliação eficaz. O artigo26º do Regulamento 1260/1999 enuncia asregras aplicáveis à apresentação de um pedi-do de co-financiamento de grandes projectospelos Fundos estruturais. Requer uma análi-se dos custos e benefícios, uma avaliação dosriscos, uma avaliação do impacte ambiental(e a aplicação do princípio do poluidor-pagador), bem como dos efeitos em termosde igualdade de oportunidades e de empre-go.

Os regulamentos relativos ao Fundo deCoesão e ao ISPA, além de referirem que aspropostas de co-financiamento devem con-ter uma análise dos custos e benefícios,uma avaliação do risco e uma descriçãodetalhada das soluções alternativas prete-ridas, dão igualmente algumas indicaçõessobre os critérios a aplicar para garantir aqualidade da avaliação. No caso dos projec-tos ambientais, e’ requerida uma análise decustos e benefícios, completada por outrosmétodos de avaliação, eventualmente de

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1.4. Informações necessárias

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O avaliador de um projecto deve considerarquer estas regras, quer as restantes normasregulamentares semelhantes, sobretudocomo uma indicação geral das informaçõesmínimas a fornecer, e não como um conjun-to de critérios rígidos. O requerente deve for-necer as informações necessárias, mas cabe àComissão verificar se estas informações sãocoerentes, completas e de qualidade sufici-ente para permitir apreciar a avaliação doautor. Se assim não for, a Comissão solicitaráinformações suplementares.

De uma maneira geral, é sempre desejáveluma análise financeira para qualquer tipo deinvestimento. Como se explica na segundaparte deste manual, é especialmente impor-tante saber em que medida os capitais inves-tidos no projecto serão recuperados ao longodos anos, pelo menos parcialmente. Estarecuperação poderá resultar, por exemplo, davenda de serviços, quando esta estiver previs-ta, ou de qualquer outro mecanismo definanciamento não transitório capaz de gerarreceitas financeiras suficientes para cobrir asdespesas de execução do projecto durantetodo o período considerado.

É igualmente importante proceder a umaanálise financeira coerente de todos os pro-

ordem quantitativa, nomeadamente, umaanálise multicritérios e o respeito do prin-cípio do poluidor-pagador (ver nº 5 doartigo 10º do Regulamento 1164/94 e asalterações introduzidas pelo Conselho). Asoutras informações a fornecer no pedido definanciamento pelo FC são: uma avaliaçãodos efeitos directos e indirectos na situaçãodo emprego; uma indicação da contri-buição do projecto para as políticas euro-peias em matéria de ambiente e de redestranseuropeias de transportes; e um “planode financiamento, incluindo, na medida dopossível, indicações sobre a viabilidadeeconómica do projecto” (ver nº 4 do artigo10º do Regulamento 1164/94).

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1.4. Informações necessárias

Caixa 1.5 Informações requeridas pelo ISPA

ISPA: Anexo I do Regulamento 1267/1999: Conte-údo dos pedidos [nº 3, alínea a), do artigo 7º]Dos pedidos constarão as seguintes informações:1. nome do organismo responsável pela exe-cução, natureza da medida e sua descrição; 2. custo e localização da medida, incluindo, se forcaso disso, indicações sobre a interconexão einteroperabilidade de medidas situadas nomesmo eixo de transporte;3. calendário de execução dos trabalhos;4. análise de custos e benefícios, incluindo osefeitos directos e indirectos no emprego, quedevem ser quantificados caso sejam quantificá-veis;5. avaliação do impacte ambiental, similar àavaliação prevista na Directiva 85/337/CEE do

Conselho, de 27 de Junho de 1985, relativa àavaliação dos efeitos de determinados projectospúblicos e privados no ambiente;6. informações sobre o cumprimento das regrasde concorrência e da regulamentação em matériade contratos públicos;7. plano de financiamento, incluindo, na medidado possível, indicações sobre a viabilidadeeconómica da medida e o montante total definanciamento que o país beneficiário pretendeobter do ISPA, do BEI, incluindo o seu mecanismode pré-adesão, e de outras fontes comunitáriasou dos Estados-Membros, do BERD e do BancoMundial;8. compatibilidade da medida com as políticascomunitárias;

9. informações sobre as disposições destinadas aassegurar uma utilização e manutenção eficazesdas instalações;10. (Medidas em matéria de ambiente) informa-ções sobre o lugar e o grau de prioridade damedida na estratégia nacional em matéria deambiente, estabelecida no programa nacional deadopção do acervo comunitário;11. (Medidas em matéria de transportes) infor-mações sobre a estratégia nacional de desenvol-vimento dos transportes e o lugar e o grau deprioridade da medida nessa estratégia, incluindoo grau de coerência com as orientações dasredes transeuropeias e com a política pan-euro-peia de transportes.

Caixa 1.4 Papel do BEI e do Banco Mundial

FC: artigo 13º do Regulamento 1164/94 (apreciação, acompanha-mento e avaliação)A fim de assegurar a eficácia do apoio comunitário, a Comissão eos Estados-Membros beneficiários deverão proceder, eventual-mente em cooperação com o BEI, à apreciação e à avaliaçãosistemáticas dos projectos.ISPA: Regulamento 1267/1999, anexo II (B)A Comissão pode, se necessário, convidar o BEI, o BERD ou oBanco Mundial a contribuir para a apreciação das medidas. AComissão examinará os pedidos de contribuição, nomeadamentepara verificar se os mecanismos administrativos e financeirospermitem uma execução eficaz da medida.

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1.4. Informações necessárias

Caixa 1.6 Informações requeridas pelos FE e pelo FC

FE: artigo 26º do Regulamento 1260/99: Se oEstado-Membro ou a autoridade de gestão enca-rar uma participação dos Fundos num grandeprojecto, durante a execução das intervenções,informará previamente a Comissão, transmi-tindo-lhe as seguintes informações: a) Orga-nismo responsável pela execução; b) Natureza doinvestimento e sua descrição, bem como orespectivo envelope financeiro e a localização; c)Calendário de execução do projecto; d) Análisedos custos e dos benefícios, incluindo finan-ceiros, avaliação dos riscos e indicações sobre aviabilidade económica do projecto; e) Além disso:- em relação aos investimentos em infra-estru-turas, análise dos custos e dos benefícios socio-económicos do projecto, incluindo indicação dataxa prevista de utilização, impacte previsível nodesenvolvimento ou na reconversão da região emcausa, bem como aplicação das disposiçõescomunitárias relativas aos contratos públicos; -em relação aos investimentos produtivos, análisedas perspectivas do mercado no sector em causa

e da rentabilidade prevista do projecto; f) Efeitosdirectos e indirectos na situação do emprego, sepossível a nível comunitário; g) Elementos quepermitam avaliar o impacte ambiental e a apli-cação dos princípios de precaução e acçãopreventiva, de correcção - prioritariamente, nafonte - dos prejuízos ao ambiente e do princípiodo poluidor-pagador, bem como a observânciadas regras comunitárias em matéria de ambi-ente; h) Elementos necessários à apreciação documprimento das regras de concorrência, porexemplo, em matéria de auxílios de Estado; i)Indicação do efeito da participação dos Fundosna realização do projecto; j) Plano de financia-mento e montante total dos recursos financeirosprevistos para a participação dos Fundos e dequalquer outra fonte de financiamento comuni-tário.FC: nº 4º do artigo 10º do Regulamento 1164/94:Os pedidos deverão conter as seguintes informa-ções: organismo responsável pela execução doprojecto; natureza do investimento e sua des-

crição; custos e localização, incluindo, nos casosadequados, a indicação dos projectos de inte-resse comum situados no mesmo eixo de tran-sportes; calendário de execução dos trabalhos;análise dos custos e dos benefícios, incluindo osefeitos directos e indirectos sobre o emprego;elementos que permitam avaliar o eventualimpacte ambiental; elementos relativos aos con-tratos públicos; plano de financiamento, inclu-indo, na medida do possível, indicações sobre aviabilidade económica do projecto e o montantetotal do financiamento que o Estado-Membropretende obter do fundo ou de qualquer outrafonte comunitária. Os pedidos deverão igual-mente conter todas as informações úteis paraproceder à necessária demonstração da confor-midade dos projectos com o presente regula-mento e com os critérios constantes do nº 5,designadamente no que diz respeito às vanta-gens socioeconómicas que daí resultarão, amédio prazo, relativamente aos recursos mobili-zados.

jectos, quer gerem ou não receitas financeiraspositivas, uma vez que esta análise está nabase da ACB e pode melhorar a qualidade daapreciação do projecto.

A leitura do presente manual permitirá aosinteressados compreenderem melhor quaisas informações de que a Comissão necessitapara apreciar as questões referidas nos arti-gos dos regulamentos relativos aos FE, ao FCe ao ISPA e noutros documentos, como a

estimativa dos custos e dos benefícios socio-económicos, a consideração do impacte nodesenvolvimento regional e no ambiente, aavaliação dos efeitos directos e indirectos,imediatos e permanentes na situação doemprego, a estimativa da rentabilidadeeconómica e financeira, etc. Existem váriasmaneiras de corresponder a esta necessidadede informação: o manual destaca alguns ele-mentos essenciais, os métodos a seguir e oscritérios a respeitar.

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EnquadramentoO presente capítulo apresenta um breve resu-mo das informações essenciais que é aconse-lhável o autor de um projecto a co-financiarincluir no seu processo de candidatura.Fornece igualmente aos funcionários daComissão e aos consultores externos umagrelha de leitura que estes poderão utilizar nasua apreciação da análise de custos e benefí-cios dos projectos de investimento.

O plano estrutura-se em sete pontos.

Alguns destes pontos são condições préviasnecessárias à análise de custos e benefícios:

• Definição de objectivos• Identificação do projecto

• Análise de viabilidade e opções• Análise financeira• Análise económica• Análise multicritérios• Análise de sensibilidade e risco.

Cada secção tem uma perspectiva puramenteprática e cada problema será analisado tantodo ponto de vista do autor do projecto comodo ponto de vista do avaliador.

2.1 Definição deobjectivosA definição dos objectivos do projecto e doobjecto do estudo é essencial à identificaçãodo projecto: este é o ponto de partida daavaliação. De uma maneira geral, a questão àqual o processo de candidatura deve permitirresponder é a seguinte:

Quais serão os benefícios socioeconómicosda execução do projecto?

A análise dos objectivos consiste em verificarque:

1. O processo de candidatura ou o relatóriode avaliação determina as variáveis socioeco-nómicas que o projecto é susceptível deinfluenciar.

2. O autor do projecto indica os objectivosespecíficos da política regional e da políticade coesão da UE que o projecto permitirá

Plano para o avaliador do projecto

Capítulo 2:

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Erros frequentesAs variáveis socioeconómicas, como o rendimento per capita, a taxade emprego, o consumo per capita, etc., devem ser mensuráveis. É pre-ciso evitar alguns erros frequentes:• uma declaração vaga de que o projecto favorecerá o desenvolvi-

mento económico ou o bem-estar social não constitui um objectivomensurável;

• os hectares de novas florestas são facilmente mensuráveis, masnão constituem um objectivo social em si: são realizações do pro-jecto e não o seu resultado;

• o PIB por habitante numa determinada região constitui um objectivosocial mensurável, mas só os projectos muito grandes, como os quesão realizados à escala inter-regional ou nacional, podem influ-enciá-lo de forma mensurável; no caso destes projectos, pode reve-lar-se útil procurar prever a evolução do PIB regional global a longoprazo, com e sem o projecto.

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atingir e, mais especificamente, a formacomo o projecto, se for executado, influen-ciará a concretização destes objectivos.

Estes objectivos devem ser variáveis socioe-conómicas e não apenas indicadores mate-riais. Devem ter uma ligação lógica com oprojecto e o autor deve indicar como medir oseu grau de execução.

No que se refere à definição dos objectivossocioeconómicos, o autor do projecto devepoder responder às seguintes questões essen-ciais:

Em primeiro lugar e acima de tudo: é possí-vel dizer que o conjunto de benefícios decor-rentes do projecto, em termos de bem-estar,são proporcionais ao respectivo custo?

Em segundo lugar: foram tomados emconsideração todos os principais efeitos soci-oeconómicos directos e indirectos?

Em terceiro lugar: no caso de não ser possí-vel medir todos os efeitos sociais directos eindirectos do projecto, por falta de dados,foram identificados alguns valores de substi-tuição ligados a este objectivo?

Para determinar o impacte do projecto, énecessária uma definição clara e completados objectivos socioeconómicos. No entanto,muitas vezes é difícil prever todos os impac-

tes de um dado projecto.Além disso, as alterações emtermos de bem-estar têmdiversas componentes: porexemplo, os dados regionaisgeralmente não permitemobter estimativas fiáveis doimpacte global de projectosindividuais sobre as trocascom outras regiões; os efei-tos indirectos no empregosão difíceis de quantificar; acompetitividade podedepender das condições do

comércio externo, das taxasde câmbio ou da evolução dos preços rela-tivos, variáveis para as quais uma análise porprojecto pode revelar-se demasiado onerosa.

No entanto, nestes casos, é muitas vezes pos-sível encontrar variáveis ligadas aos objec-tivos socioeconómicos. Por exemplo, se fordifícil determinar o aumento da produtivi-dade e da competitividade de uma dadaregião, talvez seja possível medir a evoluçãodas exportações.

O presente manual não propõe que se ten-ham em conta todos os efeitos indirectos eeventualmente longínquos de um projecto(que podem ser numerosos e muito difíceisde analisar e de quantificar). O procedi-mento sugerido pelo manual baseia-se ape-nas na análise dos custos e dos benefícios dasvariáveis microeconómicas.

Se é certo que a avaliação dos benefíciossociais de cada projecto depende dos objec-tivos de política económica dos diferentesparceiros, a exigência essencial, na perspec-tiva da Comissão, é que o projecto tenha umaligação lógica aos principais objectivos dosfundos envolvidos: FE, FC e ISPA. O autordo projecto deve estar seguro de que a assis-tência proposta é coerente com estes objec-tivos; por seu lado, o avaliador deve verificarque, efectivamente, existe coerência e queesta é justificada. Nos casos dos FE, do FC e

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2.1 Definição de objectivos

Lista de verificação para a definição dos objectivos• O projecto tem um objectivo claramente definido em termos de variáveis socioeconómicas?• A realização do projecto permite obter benefícios socioeconómicos?• Os objectivos estão logicamente associados?• O conjunto de benefícios resultantes do projecto em termos de bem-estar é proporcional

ao respectivo custo?• Foram tidos em conta os principais efeitos socioeconómicos directos e indirectos?• No caso de não ser possível medir todos os efeitos sociais directos e indirectos do projec-

to, foram identificados todos os valores de substituição ligados ao objectivo?• São indicados os meios de medir o grau de consecução dos objectivos?• O projecto é coerente com os objectivos dos fundos comunitários (definidos no artigo 25º

do Regulamento 1260/1999, no artigo 1º do Regulamento 1164/1994 e no artigo 2º do Regu-lamento 1267/1999)?

• O projecto é coerente com os objectivos da UE no sector de assistência considerado?

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do ISPA, especificamente, os projectos fazemparte de programas desenvolvidos a nívelnacional ou regional (DOCUP, ProgramasOperacionais e Complementos de Progra-mação no caso do Objectivo nº 1, DOCUPnos casos dos objectivos nº 2 e nº 3 dos FE,plano de programa e plano nacional noscasos do FC e do ISPA).

O projecto, que deve estar em conformidadecom os objectivos gerais dos diferentes fun-dos, deve ser igualmente compatível com alegislação comunitária nos domínios deassistência em causa, essencialmente os dostransportes e do ambiente, assim como comos regulamentos em matéria de concor-rência.

2.2 Identificação doprojectoPara identificar o projecto, importa verificaro seguinte:

1. O objecto do projecto constitui uma uni-dade de análise claramente definida, de acor-do com os princípios gerais da ACB;

2. O objecto da avaliação corresponde à defi-nição de projecto formulada pelos regula-mentos;

3. São respeitados os limiares financeirosindicados nos regulamentos (ver caixa 1.2,capítulo 1, Limiares financeiros).

2.2.1 Projectos claramente identificadosO projecto deve ser claramente definidocomo uma unidade de análise independente.Concretamente, as actividades previstas noprojecto devem tender para um objectivoúnico e integrar um conjunto coerente ecoordenado de acções e de funções.

O mesmo se aplica aos casos em que o rela-tório de análise se limita a apresentar as fasesiniciais do investimento, cujo êxito depende

da conclusão de todo o projecto. É precisoinsistir neste ponto, uma vez que, na prática,o processo administrativo de decisão podeobrigar à subdivisão do projecto em diversasfases.

Em certos casos, pode também acontecer queseja apresentado um projecto global mas queapenas seja pedido co-financiamento parauma das suas partes, sem que realmente sesaiba se as outras partes, essenciais ao projec-to, serão realizadas.

Para identificar um projecto cuja apreciaçãonão é suficiente, é por vezes necessário soli-citar ao Estado-Membro que reconsideredeterminadas partes do projecto como cons-tituindo um único grande projecto e que for-neça informações complementares a seu res-peito, por exemplo, a ACB, como requeremos regulamentos supracitados.

O autor de um projecto deve justificar aescolha do objecto da análise e cabe ao avali-ador ajuizar da qualidade desta escolha. Se oobjecto da análise não estiver claramentedefinido, o avaliador pode solicitar ao autordo projecto que complete o seu processo deapresentação, sendo mais preciso na identifi-cação do projecto.

A este respeito, ver também, no capítulo 3, ospontos relativos à identificação dos projec-tos.

2.2.2 Limiar financeiro

Os regulamentos citados no capítulo 1 indi-cam o limiar financeiro inferior a respeitarpara que um projecto seja elegível (FC, ISPA)ou considerado um grande projecto(FEDER). Na realidade, o custo total (custoelegível para o FEDER) dos investimentospropostos deve ser superior aos valores indi-cados no quadro 2.1 (sobre a distinção entrecusto elegível e custo total do investimento,ver a secção relativa à análise financeira).

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2.2 Identificação do projecto

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2.2.3 Definição dos projectosSobre a definição dos projectos, convida-se oleitor a consultar 1.2.

Para a avaliação de uma série de projectosagrupados segundo os princípios acimaexpostos, a análise não incide, geralmente,sobre cada projecto, mas sim sobre os princi-pais elementos da série, ou então consiste emefectuar controlos por sondagem.

Neste caso, o controlo do avaliador consisteem reconstituir o contexto técnico-econó-mico que justifica a identificação do sujeitoda avaliação, o que constitui um aspectoessencial da avaliação do projecto. No entan-to, pode acontecer que a ACB obrigue a irpara além das definições administrativas.

Por exemplo, para avaliar a qualidade de umdeterminado projecto, o autor deve forneceruma avaliação ex ante apropriada, e não ape-

nas da parte do projecto que deve ser finan-ciada com a contribuição dos FE, do FC oudo ISPA, mas também das partes que lheestejam estreitamente associadas.

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2.2 Identificação do projecto

• Um projecto de auto-estrada ligando a cidade A à cidade B,que se justifica apenas pela perspectiva da localização deum aeroporto próximo da cidade B e do possível aumento dovolume do tráfego entre o aeroporto e a cidade A: o projec-to deverá ser analisado no contexto do sistema conjuntoaeroporto/auto-estrada.

• Uma central hidroeléctrica localizada em X e destinada aservir uma nova unidade industrial, grande consumidora deenergia: se os dois objectos forem interdependentes no quetoca à avaliação dos custos e benefícios, a análise deveráser integrada, mesmo que o apoio dos Fundos estruturaisapenas seja solicitado para a componente de abastecimentode energia.

• Um importante projecto de produção florestal financiado porfundos públicos, cujo objectivo é abastecer uma empresaprivada de produção de celulose: a análise deve considerarsimultaneamente os custos e benefícios do projecto flores-

tal e da instalação industrial.• A construção de uma estação de depuração de água, justifi-

cada pela perspectiva do desenvolvimento de um destinoturístico, com construção de complexos hoteleiros, só sejustifica se o sítio estiver desenvolvido.

• Uma estação de tratamento de resíduos ligada a um planode ordenamento urbano que prevê o desenvolvimento deuma determinada área só justificará um auxílio no quadrode novas fixações humanas. Em muitos casos, a unidade deanálise mais apropriada pode ser mais vasta do que as suascomponentes. É evidente que a ACB de um único elementoproduziria resultados errados. Se o avaliador receber umprocesso de apreciação incompleto, deve solicitar uma aná-lise mais completa.

Exemplos de identificação de um projecto

Figura 2.1 Limiar financeiro inferior dosprojectos elegíveis

Fundo Limiar em milhões de euros

FEDER 50FC 10ISPA 5

Lista de verificação para a identificaçãodo projecto• O projecto constitui uma unidade de análise claramente definida?• Trata-se de um projecto, de uma fase de projecto ou de um grupo de

projectos (na acepção do artigo 25º do Regulamento 1260/1999, doartigo 1º do Regulamento 1265/1999 e do artigo 2º do Regula-mento 1267/1999)?

• Trata-se de um grupo de projectos que preenchem as condiçõesrequeridas em matéria de localização, que se inserem num plano deconjunto e que são supervisionados por um mesmo organismo decontrolo?

• O projecto respeita os limiares financeiros previstos pelos regula-mentos?

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2.3 Análise deviabilidade e opçõesA viabilidade não se refere apenas aos aspec-tos de engenharia, mas também, em muitoscasos, às questões de marketing, de gestão, deanálise da execução, etc. Não é raro queadopta diferentes alternativas de um projectopara realizar um objectivo socioeconómico.O autor do projecto deve demonstrar que asua opção é a melhor de todas as alternativaspossíveis. Em alguns casos, um projecto podeser considerado válido do ponto de vista daACB, mas inferior a outras alternativas possí-veis. Para verificar que um projecto corres-ponde à melhor opção, é necessário respon-der às seguintes perguntas:

Primeira: O processo de candidatura contémuma demonstração suficiente da viabilidadedo projecto?

Segunda: O requerente apresentou provas deterem sido devidamente ponderadas asoutras opções possíveis?

O avaliador do projecto deverá assegurar-sede que o requerente efectuou um estudo deviabilidade apropriado e uma análise dasalternativas possíveis. Se a demonstração nãofor suficiente, o avaliador pode recomendarque seja completada e rever o projecto emconformidade.

Os relatórios de viabilidade clássicos relativosàs grandes infra-estruturas podem incluirinformações sobre o contexto económico einstitucional, a procura prevista (por partedo mercado ou não), a tecnologia disponível,o plano de produção (incluindo a taxa deutilização da infra-estrutura), as necessi-dades em pessoal, a escala do projecto, a sualocalização, os meios de produção materiais,o calendário e a execução, as fases de desen-volvimento, a planificação financeira e osaspectos ambientais. Na maior parte doscasos, a análise dos grandes projectos implicaestudos complementares detalhados (enge-

nharia, marketing, etc.; ver anexo G, Sumáriode um estudo de viabilidade).

Em alguns casos, um projecto pode passar oteste da ACB mas revelar-se, em termos doimpacte social, inferior a outras alternativas.

A título de exemplo, podemos citar os pro-jectos no domínio dos transportes, emrelação aos quais podem ser consideradosdiferentes itinerários, diferentes calendáriosde construção ou diferentes tecnologias;grandes edifícios hospitalares, em oposição auma oferta mais difusa de espaços dedicadosaos cuidados de saúde; a localização de umafábrica numa área A em oposição a uma áreaB; diferentes sistemas de carga máxima parao fornecimento de energia; melhoria da efici-ência energética, em vez da (ou em adição à)construção de uma nova central, etc.

Para cada projecto, podem ser consideradas,pelo menos, três opções:

• a opção de nada fazer (cenário de refe-rência sem projecto ou statu quo);

• a opção de fazer o mínimo (cenário dereferência com intervenção mínima);

• a opção de fazer qualquer coisa (cenáriocom o projecto estudado ou uma alterna-tiva razoável, como a de um projecto base-ado numa técnica ou num conceito desubstituição).

20

2.3 Análise de viabilidade e opções

Exemplo de alternativasPara ligar a cidade A à cidade B, é possível consi-derar três alternativas:1. construir uma nova linha de caminho-de-ferro;2. construir uma nova estrada;3. melhorar a estrada existente (opção “fazer o

mínimo”).Se for proposta a construção de uma nova estrada,é necessário demonstrar que esta é preferível àsalternativas do caminho-de-ferro e da melhoria daestrada existente, não obstante a viabilidade des-tas opções.

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A opção de nada fazer é a referência habitualde um projecto cujo princípio básico consis-te em comparar as situações com e sem oprojecto. A opção de nada fazer é tambémdesignada por “cenário sem projecto”.

Por exemplo, para ligar duas áreas, a opçãonada fazer consiste em utilizar o antigo ser-viço de “ferry”, a opção fazer o mínimo pode-rá ser a de renovar ou melhorar o serviço de“ferry” e o projecto poderá consistir emconstruir uma ponte.

O cálculo dos indicadores de desempenhofinanceiros e económicos deve basear-se nadiferença entre a opção fazer qualquer coisa ea opção nada fazer ou a opção fazer o míni-mo.

2.4 Análise financeiraO objecto da análise financeira é utilizar asprevisões do cash-flow (fluxo de tesouraria)do projecto para calcular as taxas de rentabi-lidade apropriadas, em especial a taxa (inter-na) de rentabilidade financeira (TIRF), a taxa(interna) de rentabilidade financeira calcu-lada sobre o custo do investimento (TIRF/C)e a taxa (interna) de rentabilidade financeiracalculado sobre fundos próprios (TIRF/K),bem como o correspondente valor actuallíquido financeiro (VALF).

Enquanto a ACB abrange um campo maisvasto do que a rentabilidade financeira deum projecto, a análise financeira fornece ao

avaliador informações essenciais sobre arelação entre os factores de produção e o pro-duto, sobre os seus preços e sobre a estruturaglobal da programação das receitas e das des-pesas.

A análise financeira é constituída por umasérie de quadros que reúnem os fluxos finan-ceiros do investimento, distribuídos entre oinvestimento total (quadro 2.1), as despesas ereceitas de exploração (quadro 2.2), as fontesde financiamento (quadro 2.3) e a análise docash-flow para a viabilidade financeira (qua-dro 2.4).

No final, a análise financeira deve permitirelaborar dois quadros que resumam os flu-xos financeiros:

1. Um quadro da rentabilidade do investi-mento (capacidade das receitas líquidas deexploração para cobrir os custos de inves-timento, quadro 2.5) independentementeda forma como estes são financiados;

2. Um outro quadro para o cálculo da renta-bilidade dos fundos próprios, nos casosem que os custos são suportados por fun-dos próprios do investidor privado(quando são efectivamente pagos), acontribuição nacional a três níveis (local,regional e central), os créditos financeirosno momento em que são reembolsados,além dos custos de exploração, jurosincluídos, e as entradas que representamreceitas. Este quadro não inclui a sub-venção comunitária. Indica a taxa derentabilidade do projecto tendo em contao seu encargo financeiro, mas indepen-

2.4 Análise financeira

Caixa 2.1 Análise das alternativas

FC - nº 2 do artigo 1º do Regulamento 1265/1999: “Os Estados-

Membros beneficiários fornecerão todas as informações necessá-

rias, previstas no nº 4 do artigo 10º, incluindo os resultados dos

estudos de viabilidade e das avaliações ex ante (...) os Estados-

Membros fornecerão igualmente, (...) se for caso disso, a indicação

das possíveis alternativas que não tenham sido adoptadas.”

Lista de verificação do estudo de viabilidade e da análise das opçõesO processo de candidatura contém provas suficientes da viabilidade do

projecto (do ponto de vista da engenharia, do marketing, da gestão, da exe-

cução, do ambiente, etc.)?

O requerente apresentou provas de terem sido devidamente consideradas

as opções alternativas (pelo menos, as opções nada fazer e fazer o míni-

mo)?

21

Page 22: Manual de análise de custos e benefícios dos projectos de ... · 3.2 Distribuição e depuração da água 59 Introdução 59 3.2.1. Definição dos objectivos 59 ... 3.5.6 Outros

dentemente dos custos de investimento(quadro 2.6).

Para a correcta elaboração destes quadros, énecessário ter na devida atenção os seguinteselementos:

• o horizonte temporal;• a determinação dos custos totais (custos

totais de investimento, rubrica 1.21, e cus-tos totais de exploração, rubrica 2.9);

• as receitas geradas pelo projecto (vendas,rubrica 2.13);

• o valor residual do investimento(rubrica 1.19);

• o ajustamento correspondente à inflação;• a verificação da viabilidade financeira

(quadro 2.4);• a escolha da taxa de actualização apro-

priada;• a determinação dos principais indicadores

de desempenho (quadros 2.5 e 2.6, a TIRFe o VALF do investimento e do capital,rubricas 5.4, 5.5, 6.4 e 6.5);

• a determinação da taxa de co-financia-mento.

2.4.1 O horizonte temporalPor horizonte temporal entende-se o númeromáximo de anos sobre os quais são forne-cidas previsões. As previsões relativas à evo-lução do projecto devem ser formuladas paraum período correspondente à sua duraçãode vida económica, suficientemente longopara cobrir o eventual impacte a médio oulongo prazo.

As previsões sobre o futuro de um projectodevem ser feitas para um período adaptado àsua vida economicamente útil e suficiente-mente longo para abranger o seu impacteprovável a médio e longo prazo.

A escolha do horizonte temporal pode terum efeito extremamente importante nosresultados do processo de avaliação. Maisconcretamente, esta escolha afecta o cálculodos principais indicadores da análise de cus-

22

2.4 Análise financeira

Fig. 2.2 Estrutura daanálise financeira

1. Investimento total

3. Fontes de financiamento 6. Cálculo da TIRF/K

5. Cálculo da TIRF/C

4. Viabilidade financeira2. Despesas e receitas totais de exploração

Caixa 2.2 Horizonte temporal

FC - Orientações: “A duração de vida varia em

função da natureza dos investimentos: é mais

longa para os trabalhos de construção civil (30-40

anos) do que para as instalações técnicas (10-15

anos). No caso de um investimento misto que

inclua trabalhos de construção civil e instalações,

a duração de vida do investimento pode ser fixada

com base na duração de vida da infra-estrutura

principal (neste caso, deve ser incluído na análise

o investimento na renovação da infra-estrutura

com duração de vida mais curta). A duração de

vida pode também ser determinada tendo em conta

a natureza jurídica ou administrativa: por exemplo,

a duração de uma concessão, quando for o caso”.

Orientações do ISPA: “Os projectos de infra-estru-

turas são geralmente avaliados por um período de

20-30 anos, o que representa uma estimativa apro-

ximada da sua duração de vida económica. Embora

os seus activos físicos possam durar muito mais

tempo – por exemplo, uma ponte pode durar 100

anos – geralmente, não é útil procurar fazer previ-

sões para períodos mais alargados. No caso de

activos com uma duração de vida muito longa,

pode ser acrescentado um valor residual no final

do período de avaliação, para dar uma ideia do seu

valor potencial de revenda ou do seu valor em caso

de continuação da sua utilização”.

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23

2.4 Análise financeira

Quadro 2.1 Investimentos totais – em milhares de euros

Anos

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

1.1 Terreno 4001.2 Edifícios 700 600 1501.3 Novos equipamentos 155 74 80 911.4 Equipamentos usados 283 2811.5 Manutenção excepcional 200

1.6 Activos fixos 1.100 1.038 505 80 200 0 91 0 0 01.7 Licenças 5001.8 Patentes 5001.9 Outras despesas de instalação 60

1.10 Despesas de instalação 0 60 1.000 0 0 0 0 0 0 01.11 Custos de investimento (A) 1.100 1.098 1.505 80 200 0 91 0 0 0

1.12 Tesouraria 26 129 148 148 148 148 148 148 148 1481.13 Clientes 67 802 827 827 827 827 827 827 827 8271.14 Existências 501 878 880 880 880 880 880 880 880 8801.15 Dívidas a curto prazo 508 1.733 1.694 1.694 1.694 1.694 1.694 1.694 1.694 1.6941.16 Fundo de maneio líquido (=1.12+1.13+1.14-1.15) 86 76 161 161 161 161 161 161 161 161

1.17 Variações do fundo de maneio (B) 86 -10 85 0 0 0 0 0 0 01.18 Substituição do equipamento de curta duração 2001.19 Valor residual -1.500

1.20 Outros elementos de investimento (C) 0 0 0 0 200 0 0 0 0 -1.5001.21. Custos totais de investimento (A)+(B)+(C) 1.186 1.088 1.590 80 400 0 91 0 0 -1.500

Quadro 2.2 Receitas e custos de exploração – em milhares de euros

Anos

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

2.1 Matérias-primas 1.564 5.212 5.212 5.212 5.212 5.212 5.212 5.212 02.2 Mão-de-obra 132 421 421 421 421 421 421 421 02.3 Electricidade 15 51 51 51 51 51 51 51 02.4 Combustíveis 5 18 18 18 18 18 18 18 02.5 Manutenção 20 65 70 70 70 70 70 70 02.6 Custos industriais gerais 18 75 80 80 80 80 80 80 02.7 Custos administrativos 48 210 224 224 224 224 224 224 02.8 Despesas ligadas às vendas 220 1.200 1.400 1.400 1.400 1.400 1.400 1.400 0

2.9 Custos de exploração totais 2.022 7.252 7.476 7.476 7.476 7.476 7.476 7.476 02.10 Produto A 400 1.958 2.458 2.458 2.458 2.458 2.458 2.458 02.11 Produto B 197 840 1.140 1.140 1.640 1.640 1.640 1.640 02.12 Produto C 904 2.903 3.903 3.903 4.403 4.403 4.403 4.403 0

2.13 Vendas 1.501 5.701 7.501 7.501 8.501 8.501 8.501 8.501 02.14 Receitas líquidas de exploração -521 -1.551 25 25 1.025 1.025 1.025 1.025 0

Os números identificam as rubricas.Devem ser mantidos nos quadrosseguintes.

O valor residual deve ser sempre inscrito no fim do ano (vertambém abaixo). Trata-se de uma entrada. Neste quadro, éantecedido do sinal “menos” porque todos os outros elemen-tos correspondem a saídas.

No primeiro ano não há receitas nem custos de exploração, masapenas custos de investimento (ver quadro 1).

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24

2.4 Análise financeira

Quadro 2.3 Quadro das fontes de financiamento – em milhares de euros

Anos

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

3.1 Fundos próprios privados 100 200 100 0 0 0 0 0 0 03.2 Nível local3.3 Nível regional 2003.4 Nível central 200 200 100

3.5 Contribuição pública nacional total (=3.2+3.3+3.4) 400 200 100 0 0 0 0 0 0 03.6 Subvenção da UE 1.132 1.056 1.013 532 4963.7 Obrigações e outros recursos financeiros3.8 Empréstimos do BEI 0 1.8223.9 Outros empréstimos

3.10 Recursos financeiros totais (=3.1+3.5+…+3.9) 1.632 1.456 3.035 532 496 0 0 0 0 0

Um empréstimo é aqui uma entrada. Écontabilizado como recurso financeiroproveniente de terceiros.

A subvenção da UE deve ser integrada neste qua-dro. Figura igualmente no quadro abaixo relativoà viabilidade financeira.

Os fundos próprios privados são a contri-buição de um investidor privado.

Neste quadro, um empréstimo é considerado como umasaída no momento em que é reembolsado. O empréstimoenquanto entrada figura nos recursos financeiros (3.8).

Há viabilidade financeira se os valores destarubrica forem superiores ou iguais a zero emtodos os anos considerados.

O valor residual só figura neste qua-dro se o investimento for efectiva-mente liquidado no fim do ano. Nocaso presente, não existe valor resi-dual, uma vez que não há liquidaçãonem, portanto, entrada efectiva dedinheiro.

Os juros, as pensões de reforma, osreembolsos de empréstimos e osimpostos são os únicos elementos quenão estão já integrados nos quadrosanteriores. Todos os outros elementosdevem manter os respectivos númerosdos quadros precedentes.

Quadro 2.4 Quadro relativo à viabilidade financeira – em milhares de euros

Años

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

3.10 Recursos financeiros totais 1.632 1.456 3.035 532 496 0 0 0 0 02.13 Vendas 0 1.501 5.701 7.501 7.501 8.501 8.501 8.501 8.501 0

4.1 Entradas totais 1.632 2.957 8.736 8.033 7.997 8.501 8.501 8.501 8.501 02.9 Custos de exploração totais 0 2.022 7.252 7.476 7.476 7.476 7.476 7.476 7.476 01.21 Custos de investimento totais 1.186 1.088 1.590 80 400 0 91 0 0 04.2 Juros 0 0 8 8 8 8 8 8 8 04.3 Pensões de reforma 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1974.4 Reembolso de empréstimos 0 0 0 168 189 211 237 265 300 4514.5 Impostos 0 62 78 83 95 95 95 95 95 0

4.6 Saídas totais 1.186 3.172 8.928 7.815 8.168 7.790 7.907 7.844 7.879 6484.7 Cash-flow total (=4.1-4.6) 446 -215 -192 218 -171 711 594 657 622 -6484.8 Cash-flow total acumulado 446 231 39 257 86 797 1.391 2.048 2.670 2.022

Os empréstimos do BEIvencem juros (ver 3.8) apartir do 3º ano em queo empréstimo é regis-tado como entrada.

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25

2.4 Análise financeira

Como indicam os números das rubricas, todos os elementosdeste quadro foram já calculados no quadro anterior. Parapreencher este quadro e o seguinte, é necessário incluirneles todos os elementos necessários e calcular as taxas.

Quadro 2.5 Cálculo da taxa interna de rentabilidade financeira sobre o custo de investimento – em milhares de euros

Anos

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

2.13 Vendas 0 1.501 5.701 7.501 7.501 8.501 8.501 8.501 8.501 05.1 Receitas totais 0 1.501 5.701 7.501 7.501 8.501 8.501 8.501 8.501 0

2.9 Custos de exploração totais 0 2.022 7.252 7.476 7.476 7.476 7.476 7.476 7.476 04.3 Pensões de reforma 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1971.21 Custos de investimento totais 1.186 1.088 1.590 80 400 0 91 0 0 -1.500

5.2 Despesas totais 1.186 3.110 8.842 7.556 7.876 7.476 7.567 7.476 7.476 -1.3035.3 Cash-flow líquido (5.1-5.2) -1.186 -1.609 -3.141 -55 -375 1.025 934 1.025 1.025 1.3035.4 Taxa interna de rentabilidade financeira (TIRF/C)do investimento -3,16%5.5 Valor actual líquido financeiro (VALF/C)do investimento -2.058

Quadro 2.6 Quadro para o cálculo da taxa interna de rentabilidade financeira do capital – em milhares de euros

Anos

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

2.13 Vendas 0 1.501 5.701 7.501 7.501 8.501 8.501 8.501 8.501 01.19 Valor residual 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1.500

6.1 Receitas totais 0 1.501 5.701 7.501 7.501 8.501 8.501 8.501 8.501 1.5002.9 Custos de exploração totais 0 2.022 7.252 7.476 7.476 7.476 7.476 7.476 7.476 04.2 Juros 0 0 8 8 8 8 8 8 8 04.3 Pensões de reforma 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1974.4 Reembolso de empréstimos 0 0 0 168 189 211 237 265 300 4513.1 Fundos próprios privados 100 200 100 0 0 0 0 0 0 03.5 Contribuição pública nacional total 400 200 100 0 0 0 0 0 0 0

6.2 Despesas totais 500 2.422 7.460 7.652 7.673 7.695 7.721 7.749 7.784 6486.3 Cash-flow líquido (6.1-6.2) -500 -921 -1.759 -151 -172 806 780 752 717 8526.4 Taxa interna de rentabilidade financeira (TIRF/K) do capital 2,04%6.5 Valor actual líquido financeiro (VALF/K) do capital -439

A taxa interna de rentabilidade financeira sobre o custo de inves-timento calcula-se considerando os custos de investimentototais como saídas (com os custos de exploração) e as receitascomo entradas. Deste modo, mede-se a capacidade das receitasde exploração cobrir en os custos de investimento.

No caso dos projectos co-financiados pela UE, oVALF/C é muitas vezes um valor negativo. Isto deve-se ao cash-flow negativo dos primeiros anos que,para o processo de actualização, pesa mais do que osúltimos anos positivos.

Para calcular estes valores, foi aplicadauma taxa de actualização de 5%.

A taxa interna de rentabilidade financeira sobre o capital investido (fundos próprios dos accio-nistas) calcula-se, no caso das saídas, com base nos fundos próprios do Estado-Membro (públi-cos e privados) quando estes são pagos, nos empréstimos financeiros no momento em que sãoreembolsados, além dos custos de exploração, incluindo juros, e, no caso das entradas, combase nas receitas. Não tem em conta a subvenção da UE.

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2.4.2 Determinação dos custos totaisO custo total de um projecto é igual à somados custos de investimento (terreno, edifí-cios, licenças, patentes, v. quadro 2.2).

Nos formulários a preencher para obter umacontribuição do Fundo de Coesão e do ISPA,é necessário especificar o montante dos cus-tos elegíveis e dos custos totais. A diferençaentre os dois elementos de custos decorreessencialmente dos seguintes factores:

1. custo do terreno 2. pagamento do IVA3. despesas efectuadas antes da apresentação

do pedido4. trabalhos ou despesas conexas.

O método internacional seguido para a aná-lise financeira de um projecto com base nocash-flow e para o cálculo do rendimento doinvestimento sugere que nos baseemos noscustos totais do investimento (quadro 2.1)despendidos desde a apresentação do pedido(por outras palavras, nenhum custo previa-mente suportado pode, normalmente, serconsiderado para determinar a TIRF ououtros indicadores).

No entanto, em casos específicos, a Comissãopode admitir que determinadas despesasefectuadas antes da apresentação do pedidosejam integradas nos custos totais (ver anexoG sobre a determinação da taxa de co-finan-ciamento).

No cálculo dos custos de exploração (quadro2.2), para determinar a taxa interna de renta-

26

2.4 Análise financeira

tos e benefícios e pode repercutir-se nafixação da taxa de co-financiamento.

O número máximo de anos para os quais sãofornecidas previsões determina a extensão deum projecto no tempo e está ligado ao sectorde investimento considerado. No caso damaior parte das infra-estruturas, por exem-plo, esta perspectiva é (a título indicativo) depelo menos 20 anos. No caso dos investi-mentos produtivos, e ainda a título indica-tivo, aproxima-se dos 10 anos.

No entanto, o horizonte temporal não deveexceder a duração da vida económica doprojecto. Este problema pode ser resolvidocom recurso a uma grelha normalizada,diferenciada por sector e baseada em deter-minadas práticas aceites a nível internaci-onal, na qual são indicadas horizontestemporais-tipo que podem ser aplicadas aoinvestimento em apreço. O quadro 2.8apresenta um exemplo.

Quadro 2.7 Horizonte temporal (anos) naapreciação de uma amostra de 400 projectosimportantes nos períodos combinados 92-94 e94-99

Horizonte Número*médio de projectos

Energia 24,7 9Água e ambiente 29,1 47Transportes 26,6 127Indústria 8,8 96Outros serviços 14,2 10Média total 20,1 289

O quadro baseia-se num inquérito ad hoc realizado em 1994 poruma equipa da unidade “Avaliação” da Direcção-Geral da PolíticaRegional. Não é necessariamente representativo da vasta gamade grandes projectos co-financiados pelos FE no período 1989-93.

Em 1996, a unidade “Avaliação” realizou um novo inquérito a umaamostra de 200 grandes projectos. Além da segunda geração deprojectos co-financiados pelo FEDER (1994-99), a análise esten-deu-se aos projectos co-financiados pelo FC desde a sua criaçãoprovisória (como “instrumento financeiro de coesão”), em 1993.Embora os projectos do FC representem geralmente um custo deinvestimento mínimo de 10 milhões de euros, para facilitar acomparação com os projectos financiados pelo FEDER, só foramconsiderados no inquérito os projectos do FC com custo de inves-timento superior a 25 milhões de euros. Uma vez mais, a novaamostra não é necessariamente representativa da vasta gama degrandes projectos co-financiados pelos FE e pelo FC durante operíodo em apreço.

(*) Projectos sobre os quais estão disponíveis dados comparáveis.

Quadro 2.8 Horizonte temporal médio (anos)recomendado para o período 2000-2006

Projectos por Horizontesector médio

Energia 25Água e ambiente 30Caminhos-de-ferro 30Estradas 25Portos e aeroportos 25Telecomunicações 15Indústria 10Outros serviços 15

Fonte: nossa interpretação dos dados da OCDE

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bilidade financeira, devem ser excluídostodos os elementos que não correspondam auma despesa monetária efectiva, mesmo quese trate de elementos que figuram normal-mente na contabilidade das empresas(balanço e conta de lucros e perdas). Devemser especificamente excluídos os seguinteselementos, por não serem compatíveis com ométodo do cash-flow actualizado (métodoDCF):

• depreciações e amortizações que não cons-tituam pagamentos efectivos em espécie

• quaisquer reservas para os custos futurosde substituição que não correspondam aum consumo real de bens ou serviços

• quaisquer reservas para imprevistos, dadoque a incerteza quanto aos fluxos futuros étida em conta na análise de riscos1 e nãopor intermédio de custos figurativos (vermais adiante).

2.4.3 Receitas geradas pelo projectoAlguns projectos podem gerar receitas atra-vés da venda de bens e serviços. Estas receitasserão determinadas efectuando previsõesrelativamente aos serviços fornecidos e aosseus preços e serão inscritas no quadro 2.2relativo à análise financeira e às receitas deexploração.

De uma maneira geral, não devem ser inte-grados no cálculo das receitas futuras osseguintes elementos:

• Os custos e benefícios devem ser líquidosde IVA. Os outros impostos indirectos sódevem ser incluídos se forem imputadosao investidor.

• Qualquer outra subvenção (transferênciasde outras instâncias, etc.).

Em certos casos (por exemplo, nos casos dasvias férreas ou dos aquedutos), o investidorpode ser diferente do organismo que irá gerira infra-estrutura. Nesse caso, este últimopagará uma renda (ou um direito equiva-lente) ao primeiro. Esta renda pode nãoreflectir a integralidade dos custos, contri-buindo assim para criar um défice de finan-ciamento.

As receitas a ter em conta na análise finan-ceira são geralmente as que revertem para oproprietário da infra-estrutura.

No entanto, pontualmente, a Comissão podesolicitar às duas partes uma análise financeiraconsolidada.

2.4.4 Valor residual do investimentoEntre os elementos de receitas do ano finalconsiderado figura o valor residual do inves-timento (isto é, a dívida consolidada, os acti-vos imobilizados, como os edifícios e máqui-nas, etc.), que representa o elemento de valorresidual que figura no quadro 2.1, tendo em

27

2.4 Análise financeira

1 De facto, a análise de riscos (tal como é apresentada em 2.7 e noanexo D) considera a distribuição de probabilidades das variáveisincertas e trata do seu valor esperado. É evidente que a distribuiçãode determinadas variáveis não pode ser conhecida: é o caso dasvariáveis incertas que, sendo impossíveis de tratar, não podem serintegradas em qualquer reserva. No entanto, um pequeno fluxo dedespesas imprevistas pode ser tratado como um fluxo de custos demanutenção.

Caixa 2.3 Projectos geradores de receitas

Artigo 29º do Regulamento 1260/99 sobre os Fundos estruturais:“Sempre que a intervenção em causa implique o financiamento deinvestimentos geradores de receitas, a participação dos Fundos nes-ses investimentos será determinada tendo em conta, entre as suascaracterísticas específicas, a importância da margem bruta de auto-financiamento que, em princípio, se poderá esperar da categoria deinvestimentos em causa, em função das condições macroeconómicasem que esses investimentos serão realizados, e sem que a partici-pação dos Fundos implique um aumento do esforço orçamental naci-onal.”Artigo 1º do Regulamento 1264/1999 relativo ao Fundo de Coesão: “…essa taxa pode ser reduzida para ter em conta, em cooperação com oEstado-Membro em questão, as receitas que previsivelmente serãogeradas pelos projectos, bem como pela aplicação do princípio dopoluidor-pagador.”Artigo 6º do Regulamento 1267/1999 que institui o ISPA: “Salvo nocaso de assistência reembolsável ou quando exista um interessecomunitário substancial, a taxa de assistência será reduzida paraatender:• À disponibilidade de co-financiamento,• À capacidade da medida para gerar receitas; e• A uma aplicação adequada do princípio do poluidor-pagador.”

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conta os elementos de investimento. Nestequadro, todos os elementos são custos deinvestimento (saídas) e o valor residual deveaí figurar com sinal oposto (sinal negativo, seos outros forem positivos) porque se trata deuma entrada. No quadro seguinte, (viabili-dade financeira ou cálculo da TIRF/K), figu-ra com sinal positivo porque está incluídonas receitas.

O valor residual só é considerado neste qua-dro sobre a viabilidade se corresponder auma entrada efectiva para o investidor.

Este valor entra sempre no cálculo daTIRF/C e da TIRF/K.

O valor residual pode ser calculado de duasmaneiras:

• considerando o valor residual de mercadodo activo imobilizado, como se este sedestinasse a ser vendido no final da pers-pectiva considerada, ou

• considerando o valor residual de todos osactivos e passivos.

O valor actualizado de cada receita líquidafutura após a perspectiva considerada deveser incluído no valor residual. Por outraspalavras, o valor residual é o valor de liqui-dação.

2.4.5 Contabilização da inflaçãoNa análise de um projecto, é costume utilizarpreços constantes, isto é, preços ajustados emfunção da inflação e referenciados a umdeterminado ano. No entanto, para a análisedos fluxos financeiros, podem ser mais ade-quados os preços correntes, ou seja, os preçosnominais efectivamente observados de anopara ano. O efeito da inflação, ou melhor, oaumento geral do índice de preços ou as osci-lações dos preços relativos podem repercutir-se directamente no cálculo da rentabilidadefinanceira do investimento. É por esta razãoque geralmente se recomenda recorrer aospreços correntes.

Pelo contrário, se aplicarmos preços cons-tantes, é necessário introduzir correcçõespara ter em conta as alterações dos preçosrelativos sempre que estas alterações sãosignificativas.

2.4.6 Viabilidade financeira (quadro 2.4)O plano financeiro deve demonstrar a viabili-dade financeira de um projecto, isto é, provarque o projecto não corre o risco de ficar cominsuficiência de fundos; a programação daentrada e da saída de fundos pode revelar-seessencial para a execução do projecto. Osrequerentes de uma assistência comunitáriadevem mostrar de que modo, na perspectivatemporal do projecto, as fontes de financia-mento (nelas incluindo as receitas e todo otipo de transferências de dinheiro líquido)cobrirão os pagamentos ano após ano. O pro-jecto é viável se o cash-flow líquido acumuladoé positivo em todos os anos considerados.

2.4.7 Determinação da taxa deactualizaçãoPara actualizar os fluxos financeiros e calcu-lar o valor actual líquido (VAL, quadros 2.5 e2.6), é necessário definir a taxa de actuali-zação apropriada.

Existem muitas formas teóricas e práticas decalcular a taxa de actualização de referência aaplicar à análise financeira. Para uma análiseaprofundada, ver anexo B.

O conceito essencial é o do custo de oportuni-dade do capital. A este respeito, recomen-damos que se determine a taxa de actualização

28

2.4 Análise financeira

Taxa de actualizaçãoÉ a taxa à qual são actualizados os valores futuros. É geralmenteconsiderada como equivalente ao custo de oportunidade do capital.1 euro investido a uma taxa de actualização anual de 5% dará 1 + 5%= 1,05 ao fim de um ano (1,05) x (1,05) = 1,1025 ao fim de dois anos;(1,05) x (1,05) x (1,05) = 1,157625 ao fim de três anos, etc. O valoreconómico actualizado de um euro que será gasto ou ganho em doisanos é de 1/1,1025 = 0,907029; em três anos é de 1/1,57625 = 0,63838.É a operação inversa da referida acima.

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aplicando um critério-tipo, tendo em contacertos valores de referência. A título indica-tivo, para o período 2000-2006, uma taxa realde 6% pode ser considerada como o parâ-metro de referência para o custo de oportuni-dade do capital a longo prazo (ver anexo A).

2.4.8 Determinação dos indicadores dedesempenhoOs indicadores utilizados na análise finan-ceira (quadros 2.5 e 2.6) são:

• a taxa interna de rentabilidade financeira;• o valor actual líquido financeiro do projecto.

Estes dois indicadores devem ser calculadostanto para o investimento (quadro 2.5) comopara o capital investido (quadro 2.6).

O valor actual líquido financeiro é definidopela fórmula:

VAL (S) =

em que Sn

é o saldo do cash-flow do ano n(cash-flow líquido, ver 5.3 e 6.3 dos qua-dros 2.5 e 2.6) e em que a

té o factor de actu-

alização financeira escolhido (ver também 6.e o quadro dos factores de actualização).

A taxa interna de rentabilidade financeira édefinida como a taxa de juro que anula ovalor actual líquido do investimento:

VAL (S) =

Todos os programas de gestão de dadosfrequentemente utilizados calculam automa-ticamente o valor destes indicadores apli-cando a função financeira apropriada.

No caso dos investimentos produtivos, taiscomo as instalações industriais, as taxas derentabilidade financeira antes da concessãoda subvenção da UE são geralmente muito

superiores a 10% (reais). Já no caso das infra-estruturas, as taxas de rentabilidade finan-ceira são geralmente inferiores, ou mesmonegativas, em parte devido à estrutura depreços destes sectores.

Geralmente, o avaliador utiliza a taxa derentabilidade financeira para ajuizar dodesempenho futuro do investimento. Estataxa pode ser igualmente utilizada na deter-minação da taxa de co-financiamento (vertambém anexo C).

Em qualquer caso, a Comissão deve estarconsciente dos encargos financeiros líquidosassociados ao projecto e deve assegurar-se deque este, mesmo beneficiando de um co-financiamento, não corre o risco de ser sus-penso por falta de liquidez.

Uma taxa de rentabilidade muito baixa, oumesmo negativa, não significa necessaria-mente que o projecto não corresponda aosobjectivos dos fundos.

No entanto, se a taxa de rentabilidade indicarque o investimento nunca poderá ser rentá-vel do ponto de vista financeiro, o autor doprojecto deve especificar quais os recursosque o projecto irá gerar, se for este o caso,quando a subvenção da UE diminuir.

29

2.4 Análise financeira

Quadro dos factores de actualização

Anos 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

(1 + 5%) - n ,952 381 ,907 029 ,863 838 ,822 702 ,783 526 ,746 215 ,710 681 ,676 839 ,644 609 ,613 913(1 + 10%) - n ,909 091 ,826 446 ,751 315 ,683 013 ,620 921 ,564 474 ,513 158 ,466 507 ,424 098 ,385 543

n = número de anos

Quadro 2.9. Taxas internas de rentabilidadefinanceira de uma amostra de 400 projectosimportantes da “primeira geração” e “segundageração” combinadas

Taxa Número demédia projectos*

Energia 7,0 6Água e ambiente -0,1 15Transportes 6,5 55Indústria 19,0 68Outros serviços 4,2 5Total 11,5 149

Fonte: ver quadro 2.7

(*) Projectos sobre os quais havia dados disponíveis.A taxa interna de rentabilidade financeira aqui considerada é aTIRF/C.

∑at St = + +n

t=0 (1+i)0

S0(1+i)1

S1(1+i)n

Sn

∑St / (1+FRR)t = 0n

t=0

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2.4.9 Determinação da taxa de co-financiamentoA taxa de co-financiamento (ver tambémanexo C) é a percentagem que determina aparte dos custos elegíveis que é coberta porsubvenções da UE.

Os regulamentos determinam o limite a apli-car a cada fundo e estabelecem os princípiosgerais da formulação das percentagens, deuma maneira geral por área de execução(percentagens superiores nas áreas menosdesenvolvidas) e, mais especificamente, pelacoexistência de vários fundos na mesma área.Ver igualmente a caixa 2.4: Taxas de co-finan-ciamento.

Actualmente, o procedimento apresentadopela Comissão permite calcular o défice definanciamento („financing gap“) a partir doqual é determinada a taxa de co-financia-mento a aplicar aos custos elegíveis. Paramais detalhes sobre as recomendações pro-postas para o cálculo da taxa de co-financia-mento, ver anexo C.

2.5 Análise económicaA análise económica avalia a contribuição doprojecto para o bem-estar económico daregião ou do país. Esta análise é realizada emnome do conjunto da sociedade (região oupaís) e não em nome do proprietário dainfra-estrutura, como acontece na análisefinanceira.

Partindo do quadro 2.5 da análise financeira(o desempenho do investimento, indepen-dentemente das suas fontes financeiras), aanálise económica, que define os factores deconversão apropriados para cada um dos ele-mentos de entrada e de saída, fornece umquadro (2.10) que cobre os benefícios e cus-tos sociais não contabilizados na análisefinanceira. A lógica do método, que permitepassar da análise financeira à análise econó-mica, é resumida no quadro 2.3. Consiste emtransformar os preços do mercado utilizadosna análise financeira em preços fictícios (quealteram os preços falseados pelas imperfei-ções do mercado) e em tomar em conside-ração as externalidades que conduzem a cus-tos e benefícios sociais não considerados naanálise financeira, porque não geram despe-

30

2.5 Análise económica

Caixa 2.4 Taxa de co-financiamento

• Artigo 29º do Regulamento 1260/99 sobre osFundos estruturais: “A participação dosFundos fica sujeita aos seguintes limites:a) 75%, no máximo, do custo total elegível e,regra geral, 50%, no mínimo, das despesaspublicas elegíveis, para as medidas aplicadasnas regiões abrangidas pelo objectivo nº 1.Quando essas regiões se situem num Estado-Membro abrangido pelo Fundo de Coesão, aparticipação comunitária pode, em casosexcepcionais devidamente justificados, elevar-se a 80%, no máximo, do custo total elegível ea 85%, no máximo, do custo total elegível nasregiões ultraperiféricas, bem como nas ilhasgregas periféricas que, devido à distância, seencontram numa situação de desvantagem; b) 50%, no máximo, do custo total elegível e,regra geral, 25%, no mínimo, das despesas

públicas elegíveis, para as medidas aplicadasnas áreas abrangidas pelos objectivos nº 2 ounº 3. No caso de investimentos em empresas, aparticipação dos Fundos respeitará os limitesde intensidade da ajuda e de acumulação esta-belecidos em matéria de auxílios de Estado.”

• Artigo 7º do Regulamento 1164/94 que instituio Fundo de Coesão e nº 7 do artigo 1º, do Regu-lamento 1264/1999: “A taxa do apoio comuni-tário concedido pelo Fundo variará entre 80% e85% das despesas públicas ou similares,incluindo as despesas de organismos cujasactividades sejam realizadas num enquadra-mento administrativo ou jurídico que os tor-nem equiparáveis a organismos públicos. Noentanto, a partir de 1 de Janeiro de 2000, essataxa pode ser reduzida para ter em conta, emcooperação com o Estado-Membro em

questão, as receitas que previsivelmente serãogeradas pelos projectos, bem como pela apli-cação do princípio do poluidor-pagador”.

• Artigo 6º do Regulamento 1267/1999 que insti-tui o ISPA: “A taxa da assistência comunitáriaconcedida ao abrigo do ISPA pode ascender a75% das despesas públicas ou similares,incluindo as despesas de organismos cujasactividades sejam realizadas num quadroadministrativo ou legal que os torne equipará-veis a organismos públicos. A Comissão podedecidir, nos termos do artigo 14º, aumentaresta taxa até 85%, nomeadamente se consi-derar que é necessária uma taxa superior a75% para a execução de projectos essenciaispara a realização dos objectivos globais doISPA”.

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sas ou receitas financeiras reais (por exemplo,impactes sobre o ambiente ou efeitos deredistribuição). Isto é possível atribuindo acada elemento de entrada e de saída um fac-tor de conversão ad hoc (ver abaixo) paratransformar os preços de mercado em preçosfictícios.

A prática internacional adoptou factoresnormalizados para determinadas categoriasde entradas e de saídas; para outras catego-rias, devem ser definidos casuisticamentefactores específicos.

A análise económica é, portanto, constituídapor:

Fase 1: correcção das taxas/subvenções eoutras transferências

Fase 2: correcção das externalidades

Fase 3: conversão dos preços do mercado empreços fictícios, para integrar os custos ebenefícios sociais (determinação dos factoresde conversão).

Quando está a tabela a utilizar para na análi-se económica, a primeira etapa, tal como naanálise financeira, é a actualização efectuadaatravés da escolha de uma taxa de actuali-zação socioeconómica correcta e do cálculoda taxa interna de rentabilidade económicado investimento.

2.5.1 Fase 1 – Correcções fiscaisEsta fase conduz à determinação de doisnovos elementos da análise económica: ovalor da “fiscalidade” bruta (ver quadro 2.10)e o valor do factor de correcção aplicável aospreços do mercado afectados por aspectosfiscais.

Os preços de mercado integram os impostose as subvenções, assim como determinadospagamentos de transferências, que podemafectar os preços relativos. Embora em certoscasos seja difícil exprimir preços líquidos de

qualquer imposto, podem ser aplicadasregras gerais para corrigir estas distorções.

• Os preços dos factores de produção e dosprodutos a considerar na ACB devem serlíquidos de IVA e de outros impostos indi-rectos.

• Os preços dos factores de produção aconsiderar na ACB devem ser brutos deimpostos directos.

• Os pagamentos de transferências puraspara pessoas, como as contribuições para asegurança social, devem ser omitidos.

• Em determinados casos, os impostos indi-rectos/subvenções destinam-se a corrigiras externalidades. Exemplos típicos são osimpostos sobre os preços da energia, quevisam desencorajar as externalidades nega-tivas para o ambiente. Neste caso e emcasos semelhantes, pode justificar-se aintegração destes impostos nos custos dosprojectos, mas a avaliação deve evitar adupla contabilização (ou seja, não devemser incluídos na avaliação, ao mesmo tem-po, os impostos sobre a energia e as esti-mativas dos custos ambientais externos).

É evidente que a fiscalidade pode ser tratadade forma menos exacta quando tem umaimportância menor na avaliação do projecto,mas importa ser globalmente coerente.

31

2.5 Análise económica

Exemplos de benefícios sociais externosa) benefícios em termos da redução do risco de acidentes numa área

congestionada;c) economia de tempo de transporte numa rede interligada;d) prolongamento da esperança de vida, graças à melhoria das estru-

turas de cuidados de saúde ou à redução dos poluentes.

Exemplos de custos sociais externosa) perda de produção agrícola devido a uma diferente reafectação dos

solos;c) custos líquidos suplementares para as autoridades locais resul-

tantes da ligação de uma nova instalação à infra-estrutura de tran-sportes existente;

d) aumento dos custos de tratamento das águas residuais.

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2.5 Análise económica

Quadro 2.10 Cálculo da taxa interna de rentabilidade económica do investimento – em milhares de euros

Anos

cf (3) 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

(1) Correcção fiscalEconomia de tempo 42 42 42 42 42 42 42 42Rendimento obtido com o desenvolvimento 78 78 78 78 78 78 78 78dos fluxos turísticos

(2) Benefícios externos totais 0 120 120 120 120 120 120 120 120 02.13 Vendas 1,1 0 1.651 6.271 8.251 8.251 9.351 9.351 9.351 9.351 0

10.1 Receitas totais 0 1.651 6.271 8.251 8.251 9.351 9.351 9.351 9.351 0Aumento da poluição 572 572 632 632 632 632 632 632

(2) Custos externos 0 572 572 632 632 632 632 632 632 02.9 Custos de exploração totais 0,9 0 1.820 6.527 6.728 6.728 6.728 6.728 6.728 6.728 04.2 Pensões de reforma 1,2 0 0 0 0 0 0 0 0 0 2361.21 Custos de investimento totais 0,9 1.067 979 1.431 72 180 0 89 0 0 -1.350

10.2 Despesas totais 1.067 2.799 7.958 6.800 6.908 6.728 6.810 6.728 6.728 -1.11410.3 Cash-flow líquido -1.067 -1.600 -2.139 938 830 2.111 2.029 2.111 2.111 1.11410.4 Taxa interna de rentabilidade económica 19,20%

(TIRE) do investimento10.5 Valor actual líquido económico 3.598

(VALE) do investimento

(2) Fase 2. Correcção das externalidades. É necessário incluir nas saídas e entradas os cus-tos e benefícios externos para os quais não existe cash-flow. A título de exemplo, podemosmencionar os custos dos serviços de saúde ou as perdas no sector da pesca devidas aoaumento da poluição, o tempo poupado pelo investimento nos transportes, as infra-estru-turas específicas fornecidas ao projecto pelo sector público (uma estrada construída espe-cialmente para o projecto, etc.), o desenvolvimento dos fluxos turísticos, a melhoria da aces-sibilidade da região, etc.

(3) Fase 3. Dos preços do mercadoaos preços fictícios. É necessáriodeterminar um vector de factoresde conversão.

No presente exemplo não há correcções fis-cais. Isto significa que nenhuma correcção detransferências, subvenções ou outracorrecção fiscal foi integrada na análisefinanceira.

(1) Fase 1. Correcção fiscal. É necessário deduzir dos fluxos daanálise financeira os pagamentos que não têm contrapartida realem recursos, como as subvenções e impostos indirectos sobre osfactores e os produtos. Quanto às transferências públicas direc-tas, estas não são incluídas no quadro inicial a utilizar para a aná-lise financeira, que considera os custos de investimento e não osrecursos financeiros (quadro 2.5).

Quadro 2.5 Cálculo da taxa interna de rentabilidade financeira do investimento – em milhares de euros

Anos

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

2.13 Vendas 0 1.501 5.701 7.501 7.501 8.501 8.501 8.501 8.501 05.1 Receitas totais 0 1.501 5.701 7.501 7.501 8.501 8.501 8.501 8.501 0

2.9 Custos de exploração totais 0 2.022 7.252 7.476 7.476 7.476 7.476 7.476 7.476 04.3 Pensões de reforma 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1971.21 Custos de investimento totais 1.186 1.088 1.590 80 400 0 91 0 0 -1.500

5.2 Despesas totais 1.186 3.110 8.842 7.556 7.876 7.476 7.567 7.476 7.476 -1.3035.3 Cash-flow líquido (5.1-5.2) -1.186 -1.609 -3.141 -55 -375 1.025 934 1.025 1.025 1.3035.4 Taxa interna de rentabilidade financeira (TIRF/C) -3,16%do investimento5.5 Valor actual líquido financeiro (VALF/C) -2.058do investimento

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por exemplo, os custos e benefícios decor-rentes dos efeitos sobre o ambiente, do tem-po poupado pelos projectos no sector dostransportes, das vidas humanas salvas pelosprojectos no sector da saúde, etc.

33

2.5 Análise económica

2.5.2 Fase 2 – Correcção dasexternalidadesO objectivo desta fase é determinar os bene-fícios ou os custos externos que ocupam umaou mais rubricas do quadro 2.10 e que nãoforam considerados na análise financeira:

Fig. 2.3. Estrutura da análise económica

Fonte: nossa adaptação de Saerbeck, “Avaliação económica de projectos. Orientações para uma análise simplificada dos custos e benefí-cios” [1990].

Análise financeira – quadro 2.5

Correcções fiscais: transferências,impostos indirectos, etc.

Fase 1

Fase 2

Fase 3

Bens não comercializados(mercado internacional)

Bens não importantes

Aplicar o FCP

Bens importantes

FactoresProdutos

Benscomercializados

(mercado interno)

Aplicar fcsectoriais

Bens nãocomercializados

(mercado interno)

Aplicar custosmarginais a longo

prazo ou a disposiçãopara pagar

Aplicar àmão-de-obra fc

baseados nosalário fictício

Decomporo bem ou aplicar

fc sectoriaisespecíficos

Mão-de-obra Factoresprodutos

Bens comercializados(mercado internacional)

Passar directamenteaos preços na

fronteira

Fluxo dos recursos reais - PROJECTO -

Correcção das externalidades

Fluxo dos recursos reais - ECONOMIA -

Dos preços do mercado aos preços fictícios

Fluxos económicos dos recursos reais – quadro 2.10

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34

2.5 Análise económica

Em alguns casos, será difícil avaliar os custose benefícios externos, ainda que estes sejamfáceis de identificar. Um projecto pode cau-sar prejuízos de carácter ecológico cujos efei-tos, combinados com outros factores, sefarão sentir a longo prazo e são difíceis dequantificar e avaliar.

Vale a pena, pelo menos, enumerar as exter-nalidades não quantificáveis, para que o deci-sor possa dispor de mais elementos paratomar a sua decisão, ponderando os aspectosquantificáveis, tal como são expressos na taxade rentabilidade económica, em relação aosaspectos não quantificáveis (ver abaixo aanálise multicritérios).

Regra geral, todos os custos ou benefíciossociais cujo impacte ultrapasse o projecto eafecte outros agentes económicos semcompensação financeira devem ser conside-rados na ACB, para além dos custos finan-ceiros do projecto.

O avaliador do projecto deve verificar que oscustos deste tipo foram identificados e quan-tificados e, se possível, que lhes foi atribuídoum valor monetário realista. Se isto se revelardifícil, ou mesmo impossível, estes custos ebenefícios devem ser quantificados, pelomenos em termos físicos, para uma avaliaçãoqualitativa.

Muitos projectos importantes, nomeada-mente no domínio das infra-estruturas,

podem favorecer outros agentes económicospara além dos destinatários directos do bene-fício social gerado pelo projecto.

Estes benefícios podem favorecer, não só osutilizadores directos do produto, mas tam-bém terceiros aos quais não eram destinados.Se assim for, este facto deve ser consideradonuma avaliação apropriada. Como exemplosdestas externalidades positivas ou dos refle-xos destes benefícios a favor de outros consu-midores, poderemos citar:

a) uma via-férrea pode reduzir os engarrafa-mentos numa auto-estrada;

b) uma nova universidade pode financiar ainvestigação aplicada, e o futuro rendi-mento dos trabalhadores será melhoradograças a uma melhor formação da mão-de-obra, etc.

Na medida do possível, as externalidadesdevem ser quantificadas em termos monetá-rios. Se isto não for possível, devem ser quan-tificadas através de indicadores não monetá-rios.

Impactes no ambiente

No contexto da apreciação dos grandes pro-jectos, o impacte ambiental deve ser correc-tamente descrito e apreciado, eventualmentecom recurso a métodos qualitativos e quanti-tativos. Nestes casos, é frequentemente útil aanálise multicritérios. Um debate sobre aavaliação do impacte ambiental extravasa oâmbito deste manual, mas a ACB e a análisedo impacte ambiental suscitam questõessimilares. Devem ser consideradas em para-lelo e, se possível, integradas. Isto implicaria aeventual atribuição de um valor contabilís-tico convencional aos custos ambientais.

Estas estimativas poderão ter um caráctermeramente aproximativo, mas dão pelomenos uma ideia dos custos ambientais maisrelevantes.

Exemplos de impactes no ambiente

a) Entre os custos ambientais de uma auto-estra-da pode contar-se a desvalorização potencialdas propriedades situadas nas suas imedia-ções, devido ao aumento do ruído e das emis-sões, assim como à degradação da paisagem.

b) Os custos ambientais de uma grande instalaçãoindustrial poluente, por exemplo uma refinariade petróleo, podem ser avaliados em função doaumento potencial das despesas de saúde porparte dos moradores e dos trabalhadores.

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2.5 Análise económica

Para uma abordagem mais aprofundadasobre os métodos aplicáveis à monetarizaçãodo impacte ambiental, ver anexo E.

Valor contabilístico dos activos imobilizadosdo sector público

Muitos projectos realizados no sector públi-co recorrem a capital imobilizado e terrenosque podem pertencer ao Estado ou seradquiridos pelo Estado.

O capital imobilizado, como os terrenos,edifícios, máquinas e recursos naturais,devem ser avaliadas em função do seu custode oportunidade e não em função do seuvalor contabilístico tradicional ou oficial. Éconveniente fazê-lo quando um activo podeser utilizado de outra maneira, mesmo que jápertença ao sector público.

Se não existir valor de opção2 correspon-dente, as despesas passadas ou os compro-missos irrevogáveis de fundos públicos nãoconstituem custos sociais a considerar naapreciação de novos projectos.

2.5.3 Fase 3 – Dos preços do mercadoaos preços fictíciosO objectivo desta fase é preencher a colunados factores de conversão que permitamtransformar os preços do mercado em preçosfictícios.

O avaliador de um projecto deve verificar seo seu autor teve em conta os custos e benefí-cios sociais do projecto, para além dos seuscustos e benefícios financeiros.

Além da correcção fiscal e das externalidades,convém corrigir igualmente os preços nosdois casos seguintes:

a) quando os preços reais dos factores e dosprodutos são falseados por um mercadoimperfeito;

b) quando os salários não estão ligados àprodutividade da mão-de-obra .

Distorção dos preços dos factores e dos pro-dutos

Os preços correntes dos factores de produçãoe dos produtos não reflectem o seu valorsocial, devido a distorções do mercado, porexemplo, em caso de regimes de monopólio,de entraves às trocas comerciais, etc. Ospreços correntes resultantes de mercadosimperfeitos ou de políticas de preços do sec-tor público correm o risco de não reflectir ocusto de oportunidade dos factores. Emdeterminados casos, este facto pode ter gran-de influência na apreciação de grandes pro-jectos e os dados financeiros podem, portan-to, constituir indicadores erróneos de pros-peridade.

Acontece, por vezes, que o Estado regula-menta os preços para compensar deficiênciasperceptíveis do mercado e que o faz de formacompatível com os seus próprios objectivospolíticos, por exemplo, quando utiliza osimpostos indirectos para corrigir as externa-lidades. Noutros casos, porém, os preçosreais sofrem uma distorção devido a condi-cionalismos jurídicos, a razões históricas, ainformações parciais ou a outras imperfei-ções do mercado (por exemplo, a fixação dospreços de factores de produção como a ener-gia ou os combustíveis).

Se os factores forem afectados por grandesdistorções de preços, o autor do projectodeve tê-las em conta na respectiva apreciaçãoe aplicar preços fictícios que reflictam mel-hor os custos de oportunidade sociais dosrecursos. O avaliador procederá a uma avali-ação minuciosa e verificará em que medidaos custos sociais são afectados quando seobservam desvios nas seguintes estruturas depreços:

2 O valor de opção dos bens públicos é a possibilidade de utilizarestes bens para outros fins. No entanto, no caso de determinadosbens, pode não haver outra utilização possível (um edifício em queesteja instalado um museu e que não possa servir para mais nada).Neste caso, os fundos despendidos por estes bens não constituemcustos sociais.

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2.5 Análise económica

• Custo marginal para os bens comerciali-zados no mercado internacional, como osserviços de transportes locais.

• Preços na fronteira, no caso dos benscomercializados no mercado internaci-onal, como os produtos agrícolas ou trans-formados.

Na realidade, existem frequentemente bonsargumentos económicos para utilizar ospreços na fronteira e/ou os custos marginaiscomo preços fictícios quando se consideraque os preços reais divergem sensivelmentedos custos de oportunidade sociais. No

Exemplos de distorções de preços• Um projecto que ocupe muito espaço, por exemplo, uma instalação

industrial, cujo terreno seja disponibilizado gratuitamente por umorganismo público, quando podia ser alugado.

• Um projecto agrícola dependente de um grande abastecimento deágua a baixo preço, sendo esta intensamente subvencionada pelosector público.

• Um projecto grande consumidor de energia, dependente de abaste-cimento de electricidade num regime de preços regulamentados,sendo estes preços diferentes dos custos marginais a longo prazo.

• Uma central eléctrica protegida por um regime monopolístico defixação de preços, o que implica preços de electricidade muito dife-rentes dos custos marginais a longo prazo: neste caso, a vantagemeconómica pode ser inferior à vantagem financeira

a) Para cada bem comercializado, são fáceis de encontrar os preços nafronteira (há os preços internacionais, preços CIF para as importa-ções e preços FOB para as exportações, expressos em moeda local).

c) Para os bens não comercializados, é necessário encontrar preçosinternacionais equivalentes. O factor de conversão padrão é aplicadoaos bens não comercializados não importantes, enquanto que aosbens não comercializados importantes se aplicam factores de con-versão específicos.Exemplos de dados utilizados para calcular o factor de conversãopadrão (em milhões de euros):1) importações totais (M) M = 2.0002) exportações totais (X) X = 1.5003) encargos de importação (Tm) Tm = 9004) encargos de exportação (Tx) Tx = 25A fórmula a aplicar para calcular o factor de conversão padrão (FCP) é:FCP= ( M + X )/ ( M + Tm ) + ( X - Tx)FCP= 0,8.

d) Terreno: o Governo fornece o terreno a um preço reduzido de 50% dopreço do mercado. Assim, o preço do mercado é o dobro do preçocorrente. O preço de venda deve ser duplicado para reflectir o mer-cado interno; dado que não existe factor de conversão específico, ofactor de conversão a aplicar para transformar o preço do mercadoem preço na fronteira é o factor de conversão padrão. O factor deconversão aplicável ao terreno é = 2 * 0,8 = 1,60.

d) Edifícios: 30% do custo total correspondem a mão-de-obra nãoqualificada (o fc para a mão-de-obra não qualificada é 0,48), 40% aocusto dos materiais importados (dos quais 23% são direitos deimportação) e 10% a impostos sobre a venda (fc = 0,75), 20% aos

materiais locais (FCP = 0,8) e 10% aos benefícios (fc = 0). O factorde conversão é: (0,3*0,48) + (0,4*0,75) + (0,2*0,8) + (0,1*0) = 0,60.

e) Máquinas: importadas sem taxas nem direitos (fc = 1).f) Existências de matérias-primas: deverá ser utilizado um único mate-

rial comercializado; o bem não está sujeito a impostos e o preço domercado é igual ao preço FOB (fc = 1).

g) Produtos: o projecto dá origem a dois produtos: A, importado, e B, umbem intermédio não comercializado. Para proteger as empresasnacionais, o Estado impõe um direito de importação de 33% sobre obem A. O fc de A é igual a 100/133 = 0,75. Para o bem B, para o qualnão existe factor de conversão específico, FCP = 0,8.

h) Matérias-primas: fc = 1.i) Os factores de produção intermédios são importados sem direitos

nem encargos (fc = 1).j) Electricidade: existe um encargo que cobre apenas 40% do custo

marginal do abastecimento de electricidade. Os elementos de custonão são decompostos e admite-se que a diferença entre os preçosinternacionais e os preços internos de cada elemento de custo utili-zado para produzir uma unidade marginal de electricidade é igual àdiferença entre todos os bens comercializados considerados no FCP(fc = 1/0,4 * 0,8 = 2).

k) Mão-de-obra qualificada: o mercado não sofre distorção. O saláriodo mercado reflecte o custo de oportunidade.

w) Mão-de-obra não qualificada: a oferta é superior à procura, masestá previsto um salário mínimo de 5 euros/hora. No entanto, nestesector, os últimos trabalhadores recrutados são provenientes domundo rural e o seu salário não passa de 3 euros/hora. Apenas 60%da mão-de-obra não qualificada reflectem os seus custos de opor-tunidade.

Exemplo de cálculo do factor de conversão padrão aplicável à distorção dos preços dos factores e dos produtos

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entanto, esta regra geral pode ser verificadanas circunstâncias do projecto específicoexaminado.

Distorções salariaisEm certos casos, um factor de produção deci-sivo de um projecto de investimento, especi-almente nos projectos de infra-estruturas, é amão-de-obra. Os salários correntes podemconstituir um indicador social distorcido docusto de oportunidade da mão-de-obra, por-que os mercados do trabalho são imperfeitos.

Nestes casos, o autor do projecto pode reco-rrer à correcção dos salários nominais e utili-zar um salário fictício.

Se bem que a Comissão não recomende umafórmula específica para a determinação dosalário fictício, o autor do projecto deve serprudente e coerente na sua apreciação doscustos sociais da mão-de-obra.

O emprego suplementar representa sobre-tudo um custo social. Trata-se da utilizaçãopelo projecto de uma mão-de-obra queassim é desviada da sua utilização paraoutros fins sociais. O benefício daí decor-rente é o rendimento suplementar geradopela criação de empregos, o que é conside-rado na avaliação dos resultados líquidos,directos e indirectos, do projecto.

Importa compreender que existem duas for-mas, que se excluem mutuamente, de calcu-lar o benefício social do emprego suple-mentar:

• Como já referimos, pode ser utilizado umsalário fictício inferior ao salário efectiva-mente pago no âmbito do projecto. Esta éuma forma de ter em conta o facto de, emcaso de desemprego, os salários reais seremsuperiores ao custo de oportunidade damão-de-obra. Reduzindo os custos damão-de-obra, este processo contabilísticoaumenta o valor social actual líquido dorendimento obtido do projecto em relaçãoao seu valor privado.

• A outra solução consiste em procurar cal-cular o multiplicador de rendimento doproduto; neste caso, o benefício social doprojecto será, mais uma vez, superior aoseu benefício privado, devido a este impac-te externo positivo.

Quer se trate de deduzir uma fracção doscustos da mão-de-obra ou de adicionar cer-tos produtos suplementares, os dois métodostêm os seus inconvenientes e limites. Noentanto, em condições adequadas, são váli-dos.

O método do multiplicador de rendimentoencontra a sua melhor aplicação ao nívelmacroeconómico ou em programas deinvestimento muito avultados. Geralmente,recomenda-se a aplicação de salários fictíciosquando os salários reais são reduzidosproporcionalmente à amplitude do desem-prego. Em qualquer caso:

• Os dois métodos não podem ser utilizadossimultaneamente (dupla contabilização!).

Fig. 2.4 Efeitos na situação do emprego

Fonte: “Contabilização do emprego. Como avaliar os efeitos deemprego das intervenções dos Fundos estruturais”, ComissãoEuropeia, Direcção Geral XVI – Política de Coesão Regional, Coor-denação e Avaliação de Operações.

Medida

Actividade física Resultados não ligados ao emprego

Criação bruta de emprego

Criação líquida de emprego

Experiência préviaDados de acompanhamentoDados de avaliação

CoeficientesMultiplicadores

Método

Benefício não esperado

Deslocação

2.5 Análise económica

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2.5 Análise económica

• Se um projecto de investimento apresentarjá uma taxa interna de rentabilidade satis-fatória, com as correcções relativas aoemprego, é inútil perder tempo e energia aefectuar este tipo de cálculo.

No entanto, não se deve perder de vista que,em certos casos, deve ser devidamente consi-derado o impacte de um projecto sobre oemprego:

• Por vezes, é importante verificar as perdasde empregos registadas noutros sectoresem resultado do projecto: os benefíciosbrutos em termos de empregos podemimplicar uma sobreavaliação do impactelíquido.

• Um argumento avançado, por vezes, é o deque o projecto permite salvaguardarempregos que de outro modo seriam per-didos, o que poderá ser particularmente

válido para os projectos de reestruturaçãoe de modernização de fábricas. Este tipo deargumento deve fundamentar-se numaanálise da estrutura de custos e da compe-titividade, com e sem projecto.

Distorções salariais• Algumas pessoas, em especial no sector públi-

co, podem receber salários superiores ou infe-riores aos dos seus homólogos do sector priva-do por uma função similar.

• No sector privado, o custo da mão-de-obra paraa empresa privada pode ser inferior ao custo deoportunidade, porque o Estado subvenciona oemprego em determinadas regiões.

• Pode existir uma legislação que estabeleça umsalário mínimo legal, o que não impede que,numa situação de elevado desemprego, as pes-soas aceitem um salário inferior.

Salário fictícioÉ a remuneração mais elevada que a mão-de-obra participante no pro-jecto poderia ganhar noutro lado. Devido às leis e regulamentaçõessobre o salário mínimo e outras restrições neste domínio, os saláriosefectivamente pagos podem não representar uma medida correcta docusto real da mão-de-obra. Numa economia marcada por um elevadodesemprego ou subemprego, o custo de oportunidade da mão-de-obrautilizada no projecto pode ser inferior aos níveis salariais reais.

Quadro 2.11 Taxas internas de rentabilidadeeconómica de uma amostra de 400 grandesprojectos da “primeira geração” e “segundageração” combinadas

Taxa Número demédia projectos*

Energia 12,9 6Água e ambiente 15,8 51Transportes 17,1 152Indústria 18,4 14Outros serviços 16,3 10Total 16,8 233

(*) Projectos sobre os quais havia dados disponíveis.

• Alguns objectivos dos Fundos estruturaisestão relacionados com alvos de empregoespecíficos (por exemplo, jovens desem-pregados de longa data) e pode ser impor-tante considerar os diferentes impactes porgrupo-alvo.

2.5.4 ActualizaçãoOs custos e benefícios que se verificam emdiferentes momentos devem ser actuali-zados. O processo de actualização é efectu-ado, tal como a análise financeira, depois deelaborado o quadro da análise económica.

A taxa de actualização aplicada na análiseeconómica dos projectos de investimento – ataxa de actualização social – procura reflectiro ponto de vista social sobre o modo comodeverá ser avaliado o futuro em relação aopresente. Pode diferir da taxa de actualizaçãofinanceira quando o mercado de capitais éimperfeito (o que, na realidade, é sempre ocaso).

Os estudos teóricos e a prática internacionalapresentam uma variada gama de aborda-gens para interpretar e escolher a taxa deactualização social. A experiência internaci-onal é vasta e provém de diferentes países ede diferentes organizações internacionais.

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2.6 Análise multicritérios

Uma taxa de actualização social europeia de5% pode justificar-se de várias maneiras eservir de referência em projectos co-finan-ciados pela UE. No entanto, os autores doprojecto podem preferir justificar um valordiferente.

Para aprofundar a questão da taxa de actua-lização social, ver o anexo B.

2.5.5 Cálculo da taxa interna derentabilidade económicaDepois de corrigida a distorção dos preços, épossível calcular a taxa interna de rentabili-dade económica (TIRE).

Depois de escolhida uma taxa de actuali-zação social apropriada, é possível calcular ovalor actual líquido económico (VALE) e arelação custo-benefício (C/B).

A diferença entre a TIRE e a TIRF consisteem que a primeira utiliza preços fictícios ouo custo de oportunidade dos bens e serviçosem vez dos preços do mercado imperfeito eintegra, na medida do possível, todas asexternalidades sociais e ambientais. Uma vezque as externalidades e os preços fictícios sãoagora contabilizados, a maior parte dos pro-jectos que apresentam uma TIRF/C baixa ounegativa apresentarão agora uma TIRE posi-tiva.

Cada projecto que apresente uma TIRE infe-rior a 5% ou um VALE negativo após actua-lização e uma taxa de actualização de 5%deve ser cuidadosamente avaliado, ou mes-mo rejeitado. O mesmo se aplica quando arelação C/B for inferior a 1.

Em casos excepcionais, um VALE negativo éaceitável se houver importantes benefíciosnão monetários, mas estes benefícios devemser pormenorizadamente enunciados, por-que o projecto em questão apenas irá contri-buir de forma marginal para a realização dosobjectivos da política de desenvolvimentoregional da UE.

Em qualquer caso, o relatório de avaliaçãodeve demonstrar de forma convincente, atra-vés de uma argumentação estruturada eapoiada por dados adequados, que os benefí-cios sociais são superiores aos custos sociais.

2.6 Análisemulticritérios

A análise multicritérios tem simultanea-mente em conta diversos objectivos ligados àintervenção avaliada. Será mais fácil que setome em consideração na apreciação doinvestimento os objectivos dos decisores que,em certos casos, poderão não estar inte-grados na análise financeira e económica:por exemplo, a justiça social, a protecção doambiente e a igualdade de oportunidades.

Para muitos projectos de desenvolvimentoregional, a equidade constitui um objectivoimportante. Se o autor de um projecto pre-tender atribuir-lhe um certo peso, a principalinformação que deverá fornecer é a previsãodos efeitos redistributivos da sua execução ea exposição da pertinência destes efeitos noplano da política regional. Por exemplo, se oprojecto vai alterar o regime de preços prati-cados por um serviço público, é provável quetenha alguma incidência no plano da justiçasocial, cujo nível deverá ser analisado e apre-ciado (por exemplo, através da indicação dascategorias sociais que pagarão determinadoscustos e das que obterão determinados bene-fícios; ver o quadro de quem ganha e dequem perde). Para a avaliação do impacte aonível da redistribuição, ver igualmente o ane-xo F.

Um outro princípio fundamental para aavaliação dos projectos da UE é o princípiodo poluidor-pagador que, segundo os regula-mentos, deve permitir modular a taxa de co-financiamento. Ver caixa 2.5: Aplicação doprincípio do poluidor-pagador.

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2.6 Análise multicritérios

Nestes casos, é necessário identificar os efei-tos dos investimentos em relação aos objec-tivos sociais, atribuir um peso a cada objec-tivo e calcular o seu impacte final. Conside-remos, por exemplo, três objectivos: o estí-mulo ao consumo, a justiça social e a auto-suficiência em energia. Se um projecto origi-na uma variação do consumo em 2%, doíndice de igualdade em 1% e do índice deauto-suficiência em 3%, é conveniente defi-nir três coeficientes de ponderação para ava-liar a importância relativa de cada objectivono processo de planificação. Suponhamos,por exemplo, que a soma dos coeficientes deponderação escolhidos é igual a 1 (normali-zação): 0,7 para o consumo, 0,2 para a distri-buição e 0,1 para a auto-suficiência em ener-gia. O impacte total sobre os três objectivos,dadas as preferências sociais do decisorpúblico, é fácil de medir (ver, por exemplo, oquadro 2.12).

De uma maneira geral, a análise multicrité-rios deve ser estruturada da seguinte forma:

1. Os objectivos devem ser expressos emvariáveis mensuráveis. Não devem serredundantes, mas devem poder substi-tuir-se um ao outro (se um objectivo esti-ver em grande medida realizado, podeexcluir parcialmente a realização dooutro).

2. Uma vez consultado o “vector dos objec-tivos”, é preciso encontrar uma técnica

para agregar as informações e fazer umaopção, atribuindo em seguida um coefici-ente de ponderação que reflicta a impor-tância relativa que a Comissão lhe reco-nhece.

3. Definição dos critérios de avaliação: estescritérios podem ser referentes às priori-dades dos diferentes agentes económicosenvolvidos ou a aspectos específicos daavaliação (grau de sinergia com outrasintervenções, esgotamento da capacidadede reserva, dificuldades de execução, etc.).

4. Análise do impacte: este exercício consisteem analisar, para cada um dos critériosseleccionados, os efeitos produzidos peloprojecto. Os resultados podem ser quanti-tativos ou qualitativos (apreciação domérito).

5. Estimativa dos efeitos da intervenção emtermos de critérios seleccionados; é atri-buída uma nota com base nos resultadosda etapa anterior (simultaneamente emtermos qualitativos e quantitativos).

6. Identificação da tipologia dos agentesenvolvidos no projecto e agrupamentodas funções de preferência (coeficiente deponderação) atribuídas aos diferentescritérios.

7. Agregação dos pontos conferidos aos dife-rentes critérios com base nas preferênciasreveladas. As diferentes notas atribuídaspodem ser agregadas para uma avaliaçãonumérica do projecto comparável à reali-zada para projectos semelhantes.

Caixa 2.5 Aplicação do princípio do poluidor-pagador

FE - nº 1 do artigo 29º do Regulamento1260/1999: “A participação dos Fundos serámodulada em função dos seguintes elementos:(...) c) No âmbito dos objectivos dos Fundos defi-nidos no artigo 1º, interesse de que se revestemas intervenções e os eixos prioritários do pontode vista comunitário, eventualmente para a elimi-nação das desigualdades e a promoção da igual-dade entre homens e mulheres e para a pro-tecção e melhoria do ambiente, especialmente

pela aplicação dos princípios de precaução daacção preventiva e do poluidor-pagador.”FC - nº 1 do artigo 7º do Regulamento 1264/1999:“No entanto, a partir de 1 de Janeiro de 2000,essa taxa pode ser reduzida para ter em conta,em cooperação com o Estado-Membro emquestão, as receitas que previsivelmente serãogeradas pelos projectos, bem como pela apli-cação do princípio do poluidor-pagador.”

ISPA - nº 2 do artigo 6º do Regulamento1267/1999: “Salvo no caso de assistência reem-bolsável ou quando exista um interesse comuni-tário substancial, a taxa de assistência seráreduzida para atender: a) À disponibilidade deco-financiamento, b) À capacidade da medidapara gerar receitas; e c) A uma aplicação ade-quada do princípio do poluidor-pagador.”

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O avaliador do projecto deve sempre veri-ficar:

• se as previsões dos aspectos não monetá-rios foram objecto de uma quantificaçãorealista na avaliação ex ante;

• se existe uma análise precisa dos eventuaiscustos e benefícios não monetários;

• se os critérios adicionais têm peso políticosuficiente para alterarem significativa-mente os resultados financeiros e econó-micos.

Este método é particularmente eficaz quan-do a monetarização dos custos e benefícios édifícil, ou mesmo impossível. Suponhamosque um determinado projecto apresenta,com uma taxa de actualização de 5%, umvalor actual líquido económico negativo deum milhão de euros. Isto significa que oavaliador prevê para o projecto uma perdasocial líquida em termos monetários. Noentanto, o autor do projecto pode considerarque este deve ser financiado pelos fundosporque apresenta um impacte ambiental“muito positivo”, ainda que não seja possívelatribuir-lhe um valor monetário. AComissão pode considerar a protecção doambiente como um bem de interesse social.

Neste caso, poderá ser pedido ao autor doprojecto que faça uma estimativa dos benefí-cios ambientais em termos físicos. Supo-nhamos que esta estimativa foi feita e que seespera do projecto uma redução das emis-sões do poluidor Z em 10% ao ano.

Poderão colocar-se, então, as seguintes ques-tões:

a) A previsão da redução das emissões é fiá-vel em termos físicos?

b) Um milhão de euros é um “preço” acei-tável para uma redução de 10% das emis-sões (qual é o custo unitário implícito daredução das emissões)?

c) Existe uma prova de que este “preço” daredução das emissões é compatível com opeso que a administração do Estado-Membro ou a Comissão atribuem a estesprojectos?

Por exemplo, pode procurar-se indagar se osEstados-Membros já financiaram – regular-mente ou ocasionalmente – projectos seme-lhantes, com vista a obter uma relação cus-to/eficácia semelhante. Se não existir provade coerência, será preciso determinar a razãopor que é pedida uma contribuição da UEpara o projecto em questão.

É possível substituir a redução das emissõespor muitos outros tipos de benefícios nãomonetários e repetir o controlo, se neces-sário. No caso de as vantagens serem não sónão monetárias, mas também impossíveis deavaliar fisicamente, o projecto é impossívelde apreciar.

Devem ser tratadas com grande prudência aspropostas de projectos nas quais a análise dosbenefícios não monetários é vaga e mera-mente qualitativa.

No caso dos projectos não quantificáveis (oudifíceis de quantificar), deve ser efectuadauma análise qualitativa nos seguintes termos:reúne-se um conjunto de critérios perti-nentes para a avaliação do projecto (equi-dade, impacte ambiental, igualdade de opor-tunidades) numa matriz com os impactes(medidos em pontos ou em percentagem) doprojecto sobre os mesmos critérios; outramatriz registará a importância relativa atri-buída aos critérios considerados; multipli-cando os pontos pelo coeficiente de ponde-

Quadro 2.12 Análise multicritérios de dois projectos

Projecto A Nota* Coeficiente de ponderação Impacte

Equidade 2 0,6 1,2Igualdade de oportunidades 1 0,2 0,2Protecção do ambiente 4 0,2 0,8Total 2,2: impacte moderado

Projecto A Nota* Coeficiente de ponderação Impacte

Equidade 4 0,6 2,4Igualdade de oportunidades 1 0,2 0,2Protecção do ambiente 2 0,2 0,2Total 2,8: impacte importante*

(*) 0: impacte nulo 1: impacte fraco 2: impacte moderado 3: impacte importante4: impacte muito importante

2.6 Análise multicritérios

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2.7 Análise de sensibilidade e risco

ração obtém-se o impacte global do projecto.No exemplo do quadro 2.12, o projecto Btem maior impacte social, tendo em conta aspreferências atribuídas aos critérios sociaisescolhidos.

2.7 Análise desensibilidade e risco2.7.1 Prever as incertezasA avaliação dos riscos consiste em estudar aprobabilidade de um projecto dar resultadossatisfatórios (em termos de TIR ou de VAL),bem como a variabilidade do resultado emcomparação com a melhor estimativa previ-amente efectuada.

O procedimento recomendado para a avali-ação de riscos assenta nos seguintes elemen-tos:

• Em primeiro lugar, uma análise de sensibi-lidade, isto é, do impacte que as alteraçõespresumidas das variáveis que determinamos custos e benefícios revelem ter nos índi-ces financeiros e económicos calculados(TIR ou VAL).

• Numa segunda fase, o estudo da distri-buição de probabilidades das variáveisseleccionadas e o cálculo do valor esperadodos indicadores de desempenho do projec-to.

2.7.2 Análise de sensibilidadeO objecto da análise de sensibilidade é aselecção das variáveis e parâmetros “críticos”do modelo, ou seja, aqueles cujas variações,positivas ou negativas em relação ao valorutilizado como melhor estimativa no caso dereferência, têm um efeito mais pronunciadona TIR ou no VAL, no sentido em que origi-nam as alterações mais importantes destesparâmetros. Os critérios a utilizar para aescolha das variáveis críticas diferem emfunção do projecto considerado e devem seravaliadas com rigor em cada caso. De umamaneira geral, recomendamos que se consi-

derem os parâmetros para os quais uma vari-ação (positiva ou negativa) de 1% impliqueuma variação correspondente de 1% (umponto percentual) da TIR ou de 5% do valorde base do VAL.

Ilustramos abaixo o procedimento a seguirpara efectuar uma análise de sensibilidade:

a) Identificar todas as variáveis utilizadaspara calcular os factores e os produtos nasanálises económicas e financeiras, agru-pando-as por categorias homogéneas. Oquadro 2.13 pode revelar-se útil.

b) Identificar as eventuais variáveis depen-dentes de um ponto de vista deterministaque são susceptíveis de implicar distor-ções nos resultados e duplas contabiliza-ções. Por exemplo, se a produtividade damão-de-obra e a produtividade geralfiguram no modelo, a segunda englobanecessariamente a primeira. Neste caso, épreciso eliminar as variáveis redundantes,mantendo as mais significativas ou modi-ficando o modelo de forma a eliminar asdependências internas. Em conclusão, asvariáveis consideradas devem ser, namedida do possível, as variáveis indepen-dentes.

c) É recomendado que se proceda a umaanálise quantitativa do impacte das variá-veis, para seleccionar aquelas que sãopouco elásticas ou que têm uma elastici-dade marginal. A análise quantitativasubsequente pode limitar-se às variáveismais significativas, que convém verificarem caso de dúvida. Utilizar, por exemplo,o quadro 2.14. Além disso, os principaisparâmetros da análise de riscos para cadatipo de investimento são indicados noslucros por sector.

d) Escolhidas as variáveis significativas,pode então ser avaliada a sua elasticidade,calculando-as, o que será mais fácil sedispusermos de um programa informá-tico para determinar os índices da TIR

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43

2.7 Análise de sensibilidade e risco

e/ou do VAL. Em cada caso, é necessárioatribuir um novo valor (superior ou infe-rior) a cada variável e voltar a calcular aTIR ou o VAL, anotando as diferenças(em valor absoluto e em percentagem)em relação ao caso de referência.

O quadro 2.5 dá um exemplo de resultadopossível. Dado que, de uma maneira geral,nada garante que a elasticidade das variáveisseja sempre uma função linear, é recomen-dável que isto seja verificado, reproduzindoos cálculos para diferentes desvios arbitrá-rios. No exemplo do quadro, a elasticidadedo parâmetro de produtividade aumenta aomesmo tempo que o valor absoluto do des-vio comparado com a melhor estimativa,enquanto que o valor da procura diminui; aelasticidade das outras variáveis é uma

função linear, pelo menos na gama de altera-ções exploradas.

e) Identificar as variáveis críticas aplicando ocritério seleccionado. Ainda no exemplodo quadro 2.5, segundo o critério geralacima referido, as variáveis críticas são astaxas, a procura e a produtividade.

2.7.3 Análise de cenárioPode ser útil combinar os valores “optimistas“ e “pessimistas” de um grupo de variáveispara demonstrar a existência de diferentescenários extremos no quadro de certas hipó-teses. Para definir os cenários optimistas e oscenários pessimistas, é preciso seleccionar emcada variável crítica os valores extremos dagama definida pela distribuição de probabili-dades. Calculam-se então os indicadores de

Quadro 2.13 Identificação das variáveis críticas

Categorias Exemplos de variáveis

Parâmetros do modelo Taxa de actualizaçãoDinâmica dos preços Taxa de inflação, taxa de crescimento dos salários reais, preço da energia, alterações dos preços de

bens e serviçosDados relativos à procura População, taxa de crescimento demográfico, consumo específico, taxa de doença, formação da

procura, volume da circulação, dimensão da área a irrigar, volumes de mercado de um dado produtoCustos de investimento Duração de um estaleiro de construção (atrasos nos trabalhos), custo horário da mão-de-obra, produti-

vidade horária, custo do terreno, custo do transporte, custo dos adjuvantes de betão, distância dapedreira, custo dos arrendamentos, profundidade dos furos, vida útil dos equipamentos e produtosmanufacturados

Preço de exploração Preço dos bens e serviços utilizados, custo horário do pessoal, preço da electricidade, do gás e de outroscombustíveis

Parâmetros quantitativos dos custos Consumo específico da energia e dos outros bens e serviços, número de pessoas empregadasde exploraçãoPreço das receitas Taxas, preços de venda dos produtos, preço dos produtos semi-acabadosParâmetros quantitativos das receitas Produção horária (ou noutro período) dos bens vendidos, volume dos serviços fornecidos, produtividade,

número de utilizadores, percentagem de penetração da área servida, penetração do mercadoPreços fictícios (custos e benefícios) Coeficientes de conversão dos preços do mercado, valor do tempo, custo de hospitalização, custo das

mortes evitadas, preços fictícios dos bens e serviços, avaliação das externalidadesParâmetros quantitativos dos custos Taxa de doenças evitadas, dimensões da área utilizada, valor acrescentado por hectare irrigado, inci-e benefícios dência da energia produzida ou das matérias-primas secundárias utilizadas

Quadro 2.14 Análise do impacte das variáveis críticas

Categorias e parâmetros Elasticidade

Elevada Incerta FracaParâmetros do modelo Taxa de actualização XDinâmica dos preços Taxa de inflação X

Taxa real dos salários XAlteração dos preços da energia XAlteração dos preços de bens e serviços X

Dados relativos à procura Consumo específico XTaxa de crescimento demográfico XVolume da circulação X

Custos de investimento Custo horário da mão-de-obra X

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2.7 Análise de sensibilidade e risco

desempenho do projecto para cada hipótese.Neste caso, não é necessário especificar adistribuição de probabilidades.

probabilidades da TIR e do VAL do projecto.Só nos casos mais simples é possível deter-minar estas distribuições de probabilidadesaplicando métodos de cálculo de probabili-dades relativas a fenómenos independentes.

TIR

Parámetro

Custo da energia Tendência dos preços, etc. TaxasProcura Produtividade

-5% -4% -3% -2% -1% 1% 2% 3% 4% 5%

Quadro 2.5 Análise de sensibilidade

10,0%7,5%5,0%2,5%0,0%

-2,5%-5,0%-7,5%

-10,0%

Quadro 2.15 Exemplo de análise de cenário

Cenário Referência Cenáriooptimista pessimista

Custo de inv. euros 125.000 130.000 150.000Circulação var. em % +2% +5% +9%Portagens euros/unid. 5 2 1TIRF/C 2% -2% -8%TIRF/K 12% 7% 2%TIRE 23% 15% 6%

0,1400,1200,1000,0800,0600,0400,0200,000

3- 3,5- 4- 4,5- 5- 5,5- 6- 6,5-3,25 3,75 4,25 4,75 5,25 5,75 6,25 6,75

Dist

ribui

ção

de p

roba

bilid

ades

TIRF (em %)

Fig. 2.6 Distribuição de probabilidades para a TIRF

A análise do cenário não substitui a análisede sensibilidade nem a análise dos riscos; tra-ta-se apenas de um procedimento abreviado.

2.7.4 Análise de probabilidade do riscoUma vez identificadas as variáveis críticas, énecessário, para proceder à análise dos riscos,associar a cada variável uma distribuição deprobabilidades, definida numa gama de valo-res em torno da melhor estimativa utilizadano caso de referência, para calcular os índicesde avaliação.

A distribuição de probabilidades por cadavariável pode ser obtida em diversas fontes(ver também o anexo D). Tendo efectuado adistribuição de probabilidades das variáveiscríticas, é possível calcular a distribuição de

Dada a crescente complexidade do modelode ACB, mesmo com um número limitadode variáveis, o número de combinações tor-na-se demasiado elevado para se prestar aum tratamento directo. Por exemplo, se exis-tirem apenas quatro variáveis às quais corres-pondam três valores (a melhor estimativa edois desvios, um positivo e outro negativo),teremos 81 combinações possíveis a analisar.

Sendo assim, é possível aplicar aos projectosde investimento o método Montecarlo, parao qual existe um programa de cálculo apro-priado. O método consiste numa extracçãoaleatória repetida de uma série de valores devariáveis críticas, escolhidas nos respectivosintervalos definidos. Seguidamente, é precisocalcular os índices de desempenho do projec-to (TIRE ou VAL) decorrentes de cada grupode valores extraídos. É evidente que se deveassegurar que a frequência dos valores dasvariáveis seja conforme à distribuição pré-estabelecida das probabilidades. Reprodu-zindo este procedimento em relação a umnúmero suficiente de extracções (geral-mente, não mais do que algumas centenas), épossível obter uma convergência do cálculocom a distribuição de probabilidades daTIRE ou do VAL.

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2.7 Análise de sensibilidade e risco

A maneira mais útil de apresentar o resultadoconsiste em exprimi-lo em termos de distri-buição de probabilidades ou de probabili-dades acumuladas da TIR ou do VAL nointervalo de valores assim obtido. As figuras2.6 e 2.7 dão exemplos práticos deste proce-dimento.

A curva de probabilidades acumuladas (ouum quadro de valores) permite atribuir aoprojecto um grau de risco, por exemplo, veri-ficando se as probabilidades acumuladas sãosuperiores ou inferiores a um valor de refe-rência considerado como crítico. É igual-mente possível avaliar as probabilidades deque a TIRE (ou o VAL) seja inferior a umdado valor que, também neste caso, se adop-ta como valor limite. No exemplo do quadro,há uma probabilidade de 53% de que a TIREseja inferior a 5%.

Na avaliação do resultado, um elementomuito importante é a relação entre os projec-tos de risco elevado mas com benefíciossociais importantes, por um lado, e os pro-jectos de risco reduzido mas com escassosbenefícios sociais, por outro lado.

Por vezes, há razões para preferir, a priori, aneutralidade ao risco. Em certos caos, noentanto, o avaliador ou o autor do projectopode afastar-se da neutralidade e preferircorrer um risco mais ou menos elevado paraa taxa de rendimento esperada: neste caso, aopção deve ser claramente definida.

Para ilustrar este conceito, tomemos o casodos projectos inovadores, que podem sermais arriscados do que os projectos clássicos.Se estes projectos têm, por exemplo, umaprobabilidade de 50% de atingir os resul-tados pretendidos, o seu valor social líquidopara um investidor que seja neutro emrelação ao risco deve ser, portanto, divididopor dois. No entanto, a inovação constituiem si mesma um critério de preferênciasuplementar: para avaliar um projecto inova-dor, é necessário, portanto, atribuir um preçoà “inovação” de qualidade e não subestimaros riscos.

1,00

0,80

0,60

0,40

0,20

0,002,00 3,00 4,00 5,00 6,00 7,00 8,00

Prob

abili

dade

cum

ulat

iva

TIRF (%)

Fig. 2.7 Distribuição de probabilidades acumuladas para a TIRF(Gráfico: ver original)

A função prática da análise de sensibilidade é identificar as vari-áveis críticas, o que pressupõe, evidentemente, que se obtenham infor-mações complementares. A função prática da análise de risco é pro-duzir os valores esperados dos indicadores de desempenho finan-ceiros e económicos (como a TIRF e a TIRE). Por exemplo, se um pro-jecto apresenta uma TIRF/K de valor compreendido entre 4 e 10 comuma probabilidade de 70% e um valor compreendido entre 10 e 13 comuma probabilidade de 30%, o valor esperado do TIRF/K para este pro-jecto é de apenas 8,35 ((média ponderada (4;10)*0,7) + (média ponde-rada (10;13)*0,3)).

Deve ficar claro que um projecto de risco é umprojecto para o qual há uma probabilidade elevadade não ultrapassar um certo limiar de TIR. Não éum projecto no qual a distribuição de probabili-dades da TIR apresente um desvio-padrão signifi-cativo.

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EnquadramentoO presente capítulo desenvolve os conceitosexpostos nas páginas anteriores, mas refe-rindo-se aos principais sectores de investi-mento financiados pelos fundos da UE.

Estas informações são esquemáticas e de for-ma alguma se pretendem exaustivas. Consti-tuem, essencialmente, um guia para os leito-res e para os autores de propostas de projec-tos. Por um lado, indicam os métodos estabe-lecidos nos quais se deve basear uma boaapreciação dos projectos; por outro lado,assinalam as áreas de incerteza que requeremuma atenção especial.

Naturalmente, todos os elementos metodo-lógicos gerais mencionados no capítulo ante-rior devem igualmente ser tidos em conside-ração. Para todos os sectores são válidas asseguintes rubricas:

Definição dos objectivos. Importa ter emconta a natureza local dos objectivos, bemcomo o seu significado e a sua incidênciamais geral.

Identificação do projecto. As ligações funcio-nais e físicas do projecto com o sistema deinfra-estruturas existente devem ser sempreclaramente explicadas.

Análise de viabilidade e opções. Deve sersempre apresentada uma comparação com asituação anterior (sem o projecto) e as alter-nativas possíveis para satisfazer o mesmoobjectivo.

Análise financeira. É indispensável em qual-quer caso, mesmo quando os serviços ofere-cidos são inteiramente gratuitos e, portanto,a taxa de rentabilidade financeira é negativa.A análise deve avaliar o custo líquido do pro-jecto para as finanças públicas e forneceruma comparação significativa com investi-mentos similares.

Análise económica. Para além dos elementosdecorrentes da análise financeira, é neces-sário integrar a avaliação dos principais cus-tos e benefícios sociais. A análise financeira,tal como a análise económica, deve sempreincluir uma comparação entre as duas situa-ções: com e sem o investimento.

Análise multicritérios e análise baseada nou-tros critérios. São necessárias determinadasinformações sobre outros critérios de avali-ação, especialmente no que se refere aosimpactes ambientais.

Análise de sensibilidade e risco. As incertezase os riscos ligados às tendências das variáveissão elementos importantes a ter em conside-ração na avaliação dos projectos de investi-mento.

Os textos relativos aos diferentes sectores res-peitam uma estrutura comum, a fim de faci-litar o trabalho do utilizador, de favorecer umprocedimento normalizado de análise e deapresentação e de melhorar a comunicaçãoentre os autores de propostas de projectos eas pessoas encarregadas de os avaliar.

Linhas gerais da análise deprojectos por sector

Capítulo 3:

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3.1 Tratamento de resíduos

Em certos casos, quando tal é possível, o tex-to propõe gamas de valores extraídas daexperiência para as variáveis essenciais daanálise. Estas gamas de valores devem serconsideradas como referências destinadas àanálise, e não como valores-alvo.

São fornecidas explicações bastante comple-tas para os seguintes sectores:

1. Tratamento de resíduos

2. Abastecimento, transporte e distribuiçãode água

3. Transportes

Além destas, são propostas explicações maissucintas para os seguintes sectores:

4. Transporte e distribuição de energia

5. Produção de energia

6. Portos, aeroportos e redes de infra-estru-turas

7. Infra-estruturas de formação

8. Museus e parques arqueológicos

9. Hospitais

10. Florestas e parques

11. Infra-estruturas de telecomunicações

12. Bens industriais e parques tecnológicos

13. Indústrias e outros investimentos produ-tivos

3.1 Tratamento deresíduosIntroduçãoA presente secção refere-se tanto aos novosinvestimentos como aos investimentos narenovação, modernização ou normalizaçãodas instalações de gestão de resíduos. Osprojectos podem ter por objecto instalaçõesde recolha e de triagem dos resíduos sóli-dos, estações de incineração (com ou semrecuperação de energia), aterros ou outrasinstalações de evacuação e eliminação deresíduos.

Os resíduos sólidos incluem:

• Os resíduos enunciados nas directivassobre a matéria (ver caixa 3.1, Quadrolegislativo);

• Os resíduos enunciados no CatálogoEuropeu de Resíduos (publicado emJaneiro de 1994);

• Os outros tipos de resíduos existentes anível nacional.

3.1.1 Definição dos objectivosOs objectivos inserem-se em critérios geraiscomo o do desenvolvimento local e regionale da gestão do ambiente, mas incluem igual-mente objectivos específicos a curto e longoprazos, nomeadamente

• o desenvolvimento de sectores modernosde gestão de resíduos a nível local e regi-onal;

• a redução dos riscos para a saúde asso-ciados a uma gestão não controlada dosresíduos urbanos e industriais;

• a redução das emissões de poluentes,nomeadamente poluentes da água e do ar;

• a inovação nas novas tecnologias de recol-ha e tratamento de resíduos.

Principais tipos de resíduos• resíduos sólidos urbanos; resíduos recolhidos pelos municípios ou

por sua conta;

• resíduos de embalagens;

• resíduos perigosos, incluindo os resíduos perigosos industriais e

domésticos (pilhas, óleos, tintas e medicamentos fora de prazo);

• resíduos especiais, como os resíduos de óleos, pilhas e acumula-

dores, veículos em fim de vida, resíduos eléctricos e electrónicos;

• resíduos de jardins e resíduos urbanos de grande volume;

• resíduos sanitários produzidos essencialmente por hospitais;

• cinzas e escórias provenientes de processos de combustão e cinzas

volantes produzidas pelas instalações de tratamento de resíduos;

• resíduos de mineração;

• resíduos agrícolas, incluindo lamas.

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3.1 Tratamento de resíduos

Para precisar os objectivos gerais e específicosdo projecto, é necessário definir em detalheas seguintes características:

• a população servida pelo projecto, o volu-me de resíduos recolhidos e tratados portipo (perigosos, urbanos, de embalagens,etc.);

• os tipos de técnicas utilizadas (métodos detratamento);

• o impacte económico na economia local(em termos de emprego e de receitas);

• a diminuição de riscos obtida pela apli-cação da estratégia de gestão dos resíduos;

• a economia de matérias-primas e os tiposde materiais recuperados e reciclados;

• a redução dos poluentes atmosféricos, daágua e do solo e os tipos de prejuízosambientais evitados no solo e nas águassubterrâneas, por exemplo.

3.1.2 Identificação do projecto

Tipos de investimentoOs principais tipos de instalações de gestãode resíduos são:

• as instalações de recolha e de reciclagemdos resíduos (com ou sem recolha selec-tiva), por exemplo, os centros de recolhaselectiva de resíduos urbanos;

• as instalações de compostagem;

• as instalações de tratamento físico e quími-co, por exemplo, as instalações de trata-mento dos resíduos de óleos;

• as instalações de incineração dos resíduosdomésticos e industriais e as incineradoras(com ou sem produção combinada decalor e electricidade);

• os locais de aterro.

Deve ser anexada ao projecto uma planta dainstalação proposta, para permitir compre-ender melhor os seus impactes económicoslocais e ambientais e devem ser fornecidasdeterminadas informações sobre a áreaabrangida pela recolha de resíduos e especifi-cações sobre a origem destes: local, regional,nacional ou país de origem (no caso de resí-duos importados de outro país europeu oude um país terceiro).

Quadro regulamentar

Para serem seleccionados, os projectosdevem respeitar a legislação comunitáriageral e específica em matéria de gestão deresíduos e os princípios que orientam a polí-tica da UE no sector.

A legislação e as acções europeias em matériade resíduos baseiam-se em directivas-chave,como a directiva-quadro relativa aos resí-duos (75/442/CEE), a directiva relativa aosresíduos perigosos (91/689/CEE) e o regula-

Tratamentobiológico

Recuperação/Reutilização

na fonte

Aterro

Fracção orgânica

Incineração

Fracção residual

Aterro (resíduos)

Recolha/triagem

Recolhaseparada

Resíduos sólidos urbanos e especiais provenientes dashabitações, do comércio, da indústria e dos serviços

Recolhacomum

Recolha/triagem

Instalação dereciclagem

Fig. 3.1 Sistemas de gestão de resíduos desde a origem até à evacuação e eliminação final

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3.1 Tratamento de resíduos

mento relativo à transferência de resíduos(259/93). Muitas outras directivas referem agestão de resíduos especiais e os métodos detratamento de resíduos.

Os princípios gerais são os seguintes:

• O princípio do poluidor-pagador (PPP)3

O princípio do poluidor-pagador determinaque quem causa prejuízos ao ambiente devesuportar os custos inerentes a evitar estesprejuízos ou a compensá-los. Uma parte docusto total é recuperado através de taxaspagas pelos poluidores (os detentores dosresíduos);

• Hierarquia na gestão dos resíduosAs estratégias de gestão dos resíduos visam,em primeiro lugar, prevenir a sua produção ereduzir a sua nocividade. Quando tal não épossível, os resíduos devem ser reutilizados,reciclados ou usados como fonte de energia.Em última instância, devem ser eliminadossem riscos (por incineração ou aterro emlocais autorizados). A análise do projectodeve incluir sistematicamente a opção“Prevenir a produção de resíduos ou reutilizá-los e reciclá-los”, que permite comparar oscustos entre as instalações de prevenção dosprejuízos, de reciclagem e de eliminação finaldos resíduos. Em qualquer caso, a opção poruma incineradora ou por um local de aterrodeve ser justificada pelos custos muito eleva-dos ligados às opções da prevenção dosprejuízos e da reciclagem dos resíduos.

• Princípio da proximidadeOs resíduos devem ser eliminados o maisperto possível da sua origem, pelo menos, àluz do objectivo da auto-suficiência, ao nívelda Comunidade e, se possível, ao nível doEstado-Membro. A descrição do projectodeve indicar a distância entre a área de pro-dução dos resíduos e a localização da insta-

lação, bem como os inerentes custos de tran-sporte. Custos de transporte elevados ougrandes distâncias devem ser justificadosespecificamente, por exemplo, pela naturezados resíduos ou pelo tipo de técnica utili-zada.

3.1.3 Análise de viabilidade e opçõesÉ necessário analisar vários cenários parapermitir a escolha da melhor opção possívelentre as diferentes alternativas. Os cenáriospotenciais são os seguintes:

• o cenário “nada fazer” (“statu quo”), seminvestimento;

3 «Em conformidade com o princípio «poluidor-pagador», os custosda eliminação dos resíduos (…) devem ser suportados pelo deten-tor que remete os resíduos a um colector ou a uma das empresasmencionadas no artigo 8º, e/ou pelos detentores anteriores ou peloprodutor do produto gerador de resíduos.» (artigo 11º da Direc-tiva 75/442/CEE).

Caixa 3.1 Quadro legislativo

Resíduos em geral• Directiva-quadro relativa aos resíduos (Directiva 75/422/CEE do

Conselho, alterada pela Directiva 91/156/CEE do Conselho)• Directiva relativa aos resíduos perigosos (Directiva 91/689/CEE

do Conselho, alterada pela Directiva 94/31/CE do Concelho)Resíduos especiais• Eliminação dos óleos usados (Directiva 75/439/CEE do Conselho)• Detritos provenientes da indústria do dióxido de titânio (Direc-

tiva 78/176/CEE do Conselho)• Pilhas e acumuladores contendo determinadas matérias peri-

gosas (Directiva 91/157/CEE do Conselho)• Embalagens e resíduos de embalagens (Directiva 94/62/CE do

Conselho)• Eliminação dos policlorobifenilos e dos policlorotrifenilos

(PCB/PCT) (Directiva 96/59/CE do Conselho)• Protecção do ambiente, e em especial dos solos, na utilização

agrícola de lamas de depuração (Directiva 86/278/CEE doConselho)

Processos e instalações• Redução da poluição atmosférica proveniente das instalações

existentes de incineração de resíduos urbanos (Directiva89/429/CEE do Conselho)

• Prevenção da poluição atmosférica proveniente de novas insta-lações de incineração de resíduos urbanos (Directiva 89/369/CEEdo Conselho)

• Incineração de resíduos perigosos (Directiva 94/67/CE doConselho)

• Deposição de resíduos em aterros (Directiva 99/31/CE doConselho)

Transporte, importação e exportação• Fiscalização e controlo das transferências de resíduos no inte-

rior, à entrada e à saída da Comunidade (Regulamento 259/93 doConselho)

• Regras e procedimentos comuns aplicáveis às transferências dedeterminados tipos de resíduos para certos países não membrosda OCDE (Regulamento 1420/99 do Conselho e Regulamento1547/99 da Comissão)

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3.1 Tratamento de resíduos

• algumas alternativas possíveis no quadroda proposta em apreço;

• alternativas gerais ao projecto (por exem-plo, o estudo de uma incineradora comoalternativa a um aterro, ou um centro derecolha selectiva para reciclagem, em vezde uma instalação de eliminação final).

No cenário de statu quo, devem ser indicadasas razões da escolha da opção fazer algumacoisa de preferência a manter a opção de sta-tu quo. Os argumentos avançados serão refe-rentes aos benefícios económicos, sociais eambientais do projecto e sublinharão os cus-tos da opção statu quo em termos econó-micos e de impactes no ambiente e na saúdehumana.

No segundo caso, a descrição do projectodeverá apresentar as alternativas técnicas àopção escolhida. No caso de uma incinera-dora, será, por exemplo, o tipo da caldeira oua junção de um gerador de vapor para a recu-peração de energia.

Por último, no cenário geral, o estudo inci-dirá nos diferentes métodos de gestão dosresíduos no quadro do projecto. Umasolução alternativa será a prevenção, a reuti-lização, a reciclagem ou a recuperação, acomparar com a opção escolhida. O objec-tivo é respeitar o princípio da hierarquia eintegrá-lo concretamente na análise do pro-jecto sobre a gestão dos resíduos.

Análise da procura

A procura de recuperação e de eliminação deresíduos constitui um elemento essencial dadecisão de construir uma instalação de trata-mento.

A estimativa deve basear-se nos seguintes ele-mentos:

• a avaliação da produção por tipo de resí-duos e por tipo de produtores na áreageográfica abrangida pelo projecto;

• normas nacionais e europeias em vigor emmatéria de gestão de resíduos e suas altera-ções previsíveis.

A avaliação da procura futura no domínio dagestão dos resíduos urbanos deve ter em con-ta o crescimento demográfico e os fluxosmigratórios. No caso dos resíduos indus-triais, o parâmetro-chave será o crescimentoindustrial previsível nos sectores económicosem causa. Em todo o caso, importa nãoesquecer a possível evolução dos comporta-mentos dos produtores de resíduos, porexemplo, o aumento do consumo associadoà elevação do nível de vida, o desenvolvi-mento de actividades de reciclagem ou aadopção de produtos e tecnologias limpas,com as respectivas consequências potenciaisnos fluxos dos resíduos: variação nos tipos deresíduos produzidos, aumento ou diminu-ição da produção de resíduos.

O respeito das disposições em vigor deve serigualmente tido em conta na avaliação daprocura. Segundo a hierarquia da gestão deresíduos e as considerações que figuram nasdirectivas sobre a matéria (por exemplo, adirectiva relativa às embalagens), as necessi-dades no domínio da gestão e tratamento deresíduos deverão ser cada vez mais satisfeitaspela prevenção, pela reciclagem, pelacompostagem e pela recuperação de energia(calor e electricidade). Consequentemente, adimensão de uma incineradora ou de umaterro deve ser determinada em função dastendências futuras.

As etapas da evolução da procura são asseguintes:

• a procura prevista, calculada a partir daprocura actual e das previsões do cresci-mento demográfico e industrial;

• a procura ajustada em função da evoluçãopotencial do comportamento dos produ-tores de resíduos e do respeito das estraté-gias e da legislação actuais e previsíveis.

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51

3.1 Tratamento de resíduos

Ciclo e fases do projectoImporta especificar as várias fases do projec-to, a saber:

• a concepção e o plano financeiro;• os estudos técnicos;• a fase de investigação para encontrar um

local apropriado;• a fase de construção;• a fase de gestão.

Podem verificar-se atrasos significativosdurante algumas fases, nomeadamente naprocura de um local apropriado. No caso dotratamento de resíduos perigosos, por exem-plo, uma instalação pode suscitar a hostili-dade da população local, com o risco de per-turbar a construção e as fases de gestão nor-mais da instalação e as inerentes consequên-cias negativas para os fluxos financeiros eeconómicos.

As características técnicasA descrição das características técnicas dainstalação é essencial à compreensão da inci-dência económica e social local do projecto,dos seus impactes no ambiente e da totali-dade dos custos e benefícios financeiros eeconómicos implicados. Além disso, devemser fornecidas informações técnicas deta-lhadas, para o bom funcionamento das acti-vidades de acompanhamento e avaliaçãorequeridas pelos Fundos estruturais.

Esta secção deve fornecer, pelo menos, osseguintes dados em matéria de engenharia:

• dados socioeconómicos de base: númerode habitantes servidos; número e tipo deestruturas de produção servidas;

• Por exemplo, aumento do consumo asso-ciado ao nível de vida

• dados de base sobre os resíduos: tipo (resí-duos urbanos, perigosos, de embalagens,etc.) e quantidade (t/d, t/a, t/h, t/euro, etc.)de produtos a tratar, matérias-primassecundárias recuperadas, energia produ-zida (em megajoules de calor e MWh depotência);

• características físicas: superfície ocupadapela instalação (em milhares de m2),espaços de armazenamento cobertos edescobertos (em milhares de m2), posiçãoe sistemas de descarga de águas residuais;

• informações sobre as técnicas e as fases deconstrução;

• técnicas escolhidas para a instalação detratamento: técnica utilizada, energia emateriais consumidos e outros bens e ser-viços consumidos;

• outras informações úteis: número de pes-soas empregadas nas fases de construção ede gestão, existência de equipamentos detelecomando ou automatizados, etc.

Taxa de crescimentodemográfico

Produção anual actual de resíduos

Procura prevista

Procura prevista ajustada

Taxa de crescimentoeconómico

Alterações dacomportamentos

Alterações dosregulamentação

Fig. 3.2 As diferentes etapas da evolução da procura

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3.1 Tratamento de resíduos

Estas informações permitirão avaliar osimpactes socioeconómicos do projecto, porexemplo, em termos de emprego e de distri-buição do rendimento, contribuindo assimpara a análise do impacte no ambiente (verabaixo) e para os cálculos financeiros eeconómicos.

3.1.4 Análise financeiraAs receitas financeiras (entradas) são geral-mente representadas pelas taxas pagas pelosutilizadores privados ou públicos pelo trata-mento dos resíduos e pela venda de produtosrecuperados (matérias secundárias e produ-tos de compostagem) e da energia produzida(calor e electricidade), se for o caso. As saídasfinanceiras são as seguintes:

• custos de investimento (terrenos, edifícios,equipamentos), incluindo os estudos deviabilidade dos investimentos;

• valores residuais líquidos (valor residualmenos os custos de saneamento e descon-taminação dos locais, quando necessário);

• existências de matérias-primas ou produ-tos afins.

• custos de substituição dos componentes decurta duração em relação à perspectiva doprojecto (máquinas, etc.);

• Custos de manutenção:

• √ aquisição de energia, produtos e bens eserviços utilizados como factores deprodução e necessários para o funciona-mento da instalação no dia-a-dia;

• √ custos de gestão e custos administra-tivos, incluindo seguros;

• √ custos de pessoal técnico e administra-tivo.

A escolha de uma taxa de actualização finan-ceira segue as mesmas orientações que sãoaplicáveis aos investimentos públicos eminfra-estruturas. Neste caso, é recomendadauma perspectiva de 30 anos, mas a decisãodepende do tipo de instalação de tratamentode resíduos utilizada e do tipo de resíduosrecolhidos.

3.1.5. Análise económicaA análise económica é relativa aos benefíciossociais do projecto e pressupõe a integraçãodas externalidades e a correcção das disfun-cionalidades do mercado no cálculo do VALEe da TIRE.

As principais etapas da análise económicasão:

• a análise financeira, que estima os fluxosfinanceiros em causa, calculados com basenos preços correntes do mercado;

• a integração das externalidades;• a definição dos factores de conversão;• o cálculo dos custos e benefícios econó-

micos.

As externalidades geradas pelas instalaçõesde tratamento de resíduos são essencial-mente descritas em termos de impactes doprojecto na saúde pública (morbilidade oumortalidade devida à poluição do ar, da águaou do solo), dos danos causados ao ambi-ente, como a contaminação da água e dosolo, os impactes de ordem estética e na pai-sagem e os impactes económicos como aalteração dos preços dos terrenos ou o desen-volvimento económico induzido pelo pro-jecto.

Bases de dados

Informações técnicas

Informações socioeconómicas

Informações deordem ambiental

Informaçõesfinanceiras

Viabilidade socioeconómica

O melhorcenário

segundo oestudo deviabilidade

Impactesambientais

Custo total dainstalação

Cenários

Viabilidade técnica

Quadro 3.3 Os diferentes elementos de uma análise de viabilidade

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3.1 Tratamento de resíduos

A avaliação dos custos e benefícios ambien-tais externos pode basear-se na estimativados custos da morbilidade e da mortalidade,nos custos de prevenção e nos custoscompensatórios. Podem também definir-semercados contingentes para fins de avaliaçãodos impactes na paisagem e pode ser calcu-lado um “preço hedonístico” quando a insta-lação provoque alterações nos preços demercado de terrenos e edifícios.

No caso dos aterros e das incineradoras, asprincipais externalidades positivas e negativasestão associadas aos seguintes elementos:

• emissões atmosféricas• emissões de águas residuais

• produção de detritos sólidos residuais• recuperação de energia• poluição sonora e odorífera• risco de acidentes.

Quando os métodos propostos são objectode controvérsia ou há falta de dados, a análi-se das externalidades pode ser uma análisequantitativa (ver, por exemplo, os quadros3.1 e 3.2 sobre a análise qualitativa dos efeitosexternos da incineração e do depósito ematerros). Neste caso, no entanto, os resultadosnão podem ser utilizados na análise mone-tária e devem ser integrados numa análisemulticritérios mais ampla.

Factores de conversãoOs elementos a ter em conta no cálculo dosfactores de conversão para as instalações detratamento de resíduos são os custos deinvestimento, as existências de bens intermé-dios, os produtos vendidos no mercado(matérias secundárias, gás, calor ou electrici-dade), os custos de exploração (incluindo oscustos da mão-de-obra) e os custos dedescontaminação e desmantelamento.

A estimativa será diferente consoante se tratede bens comercializados (matérias-primas,energia, produtos e outros bens de equipa-mento ou serviços) ou de bens não comer-cializados (recuperação de electricidade e degás, terrenos, algumas matérias-primas oumão-de-obra não qualificada).

As externalidades devem ser consideradascomo bens ou serviços específicos nãocomercializados.

No caso de instalações de tratamento de resí-duos, os factores de conversão calculam-se daseguinte forma:

Bens comercializados

• EquipamentosOs equipamentos de gestão de resíduos sãofrequentemente comercializados. É o casodos equipamentos de incineração, como for-

Ajustamento dos preços do mercadoA análise económica do projecto implica ajustamentos dos preços domercado utilizados na análise financeira. Os preços do mercado sãoconsiderados como muito afastados do seu equilíbrio a longo prazo,devido a numerosas distorções como as que são ditadas pelos impos-tos, pelas subvenções, pelos direitos de importação e por outras trans-ferências financeiras. Para reflectirem os custos de oportunidade, osvalores económicos devem ter em conta as externalidades e excluirtodo o tipo de transferências financeiras.Aos bens comercializados no mercado internacional é aplicado umfactor de conversão padrão, para adaptar o preço do mercado e calcu-lar os preços fictícios que reflectem os custos de oportunidade. Ospreços nos mercados mundiais representam as possibilidades de tro-cas comerciais efectivas do país e constituem, portanto, uma medidaapropriada dos custos de oportunidade. O FCP reflecte tradicional-mente a divergência média ponderada entre os preços na fronteira eos preços no mercado interno de todos os bens e serviços comerciali-zados na economia. Pode ser calculado com base nas estatísticas docomércio externo, aplicando a seguinte fórmula:

M + X(M+TM) + (X-TX)

em que M = M = valor CIF das importações totaisX = valor FOB das exportações totaisT

M= tributação das importações

TX

= tributação das exportações

O factor de conversão padrão deve ser utilizado sempre que não exis-ta factor de conversão sectorial específico.

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3.1 Tratamento de resíduos

nos, filtros e caldeiras, ou dos equipamentosde recolha e de recuperação. Podem ser apli-cados os preços CIF (custo, seguro e frete) eos preços FOB (franco a bordo).

• Materiais recicladosMuitos materiais reciclados são comerciali-zados, como os metais, o papel ou o vidro. Osseus preços estão estreitamente ligados aospreços das matérias-primas e da energia nomercado internacional. As informaçõesnecessárias para o cálculo dos factores deconversão para os bens comercializadospodem ser obtidas junto das eco-indústrias,dos institutos de estatística nacionais e inter-nacionais ou das alfândegas.

Bens não comercializados

• EdifíciosOs factores de conversão são calculadossegundo uma análise que diferencia os pro-dutos comercializados dos produtos nãocomercializados. Em certos casos, as infor-mações necessárias para o cálculo dos facto-res de conversão podem ser encontradas nassínteses oficiais de estatísticas que são publi-cadas regularmente.

• Electricidade produzida, gás e calor recu-perados

O factor de conversão aplicável à electrici-dade, considerada como um factor de pro-

Quadro 3.1 Prejuízos provocados por emissões da incineração, ilustrados como relação dose/efeito

Dano Meio Efeitos na saúde Rendimento Degradação Danos nos Efeitos Ecossistema(reacção) ambiente Mortalidade Morbilidade agrícola da floresta edifícios climáticosEmissão inferior(doses)

Partículas Ar + + 0 0 + 0 0(PM10)Nox (e O3) Ar + + (-) + + 0 (-)SO2 Ar (+) (+) + + + 0 -CO Ar (+) (+) 0 0 0 + 0VOC Ar (+) 0 0 0 0 0 0CO2 Ar 0 0 0 0 0 + 0HCl, HF Ar ? 0 (-) (-) (-) 0 ?Dioxinas Ar (+) - 0 0 0 0 -Metais pesados Ar (+) - 0 0 0 0 -Dioxinas Água ? ? 0 0 0 0 ?Metais pesados Água ? ? 0 0 0 0 (-)Sais Água 0 0 0 0 0 0 ?

Quadro 3.2 Relação dos danos provocados pelas emissões dos aterros, ilustradas como relação dose/efeito

Dano Meio Efeitos na saúde Rendimento Degradação Danos nos Efeitos Ecossistema(reacção) ambiente Mortalidade Morbilidade agrícola da floresta edifícios climáticosEmissão inferior(doses)

CH4 Ar 0 0 0 0 0 + (-)CO2 Ar 0 0 0 0 0 + (-)VOCs Ar (+) 0 (-) 0 0 0 0Dioxinas Ar (+) - 0 0 0 0 -Poeiras Ar ? ? 0 0 ? 0 0Lixiviados Solo ? ? 0 0 0 0 ?

e água

+ Efeitos mensuráveis (+) Efeitos parcialmente mensuráveis – Efeitos não mensuráveis (-) Efeitos não mensuráveis mas menores - ? Efeitos incertos não mensu-ráveis - 0 Nenhum efeito conhecido

+ Efeitos mensuráveis (+) Efeitos parcialmente mensuráveis – Efeitos não mensuráveis (-) Efeitos não mensuráveis mas menores- ? Efeitos incertos nãomensuráveis - 0 Nenhum efeito conhecido

* Fonte: COWI Consulting Engineers and Planners AS. “Estudo sobre a avaliação económica das externalidades decorrentes dos aterros e da incineração deresíduos”, relatório final principal, Comissão Europeia, DG Ambiente, Outubro de 2000.

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3.1 Tratamento de resíduos

dução, pode ser calculado da seguinte forma:(1) estudo macroeconómico destinado a cal-cular os custos de oportunidade da produçãode electricidade (método descendente); (2)avaliação do apoio que consiste em discri-minar a estrutura dos custos marginais doprocesso de produção (método ascendente);(3) aplicação do factor de conversão padrão,quando a electricidade é um factor menor.

Se a electricidade for vendida a preços infe-riores ao custo marginal a longo prazo (ou, seeste não for conhecido, ao preço que oconsumidor está disposto a pagar), esta últi-ma informação serve para calcular acorrecção das taxas reais. Por último, o preçodo mercado interno deve ser convertido empreço na fronteira por um factor de con-versão apropriado (pode ser o FCP).

O gás e o calor são produtos habitualmentevendidos nos mercados locais. Se originamum fluxo financeiro fraco, como é o caso, deum modo geral, o FCP pode ser aplicadopara converter os preços locais em preços nafronteira. Senão (por exemplo, no caso dometano), pode ser aplicado como preço ajus-tado o preço do produto de substituiçãodirecta no mercado internacional.

• TerrenoGeralmente, o terreno tem pouca impor-tância nos projectos industriais e o seu preçode mercado pode ser convertido em preço nafronteira pela aplicação do FCP. Quando oterreno é importante, por exemplo, no casode um aterro, determina-se o seu valoreconómico avaliando – ao preço na fronteira– o rendimento líquido que o terreno teria senão fosse utilizado para o projecto.

• Mão-de-obra qualificada e não qualificadaA mão-de-obra empregada nas instalaçõesde gestão de resíduos é maioritariamente nãoqualificada.

O preço da mão-de-obra qualificada podeser avaliado a preços de mercado. Com efei-to, o mercado da mão-de-obra qualificada é

relativamente competitivo e os salários domercado podem reflectir a produtividademarginal.

No caso da mão-de-obra não qualificada,podem verificar-se algumas distorções, devi-do, por exemplo, à imposição de um saláriomínimo sectorial. Convém quantificar orendimento que a mão-de-obra qualificadaobteria na sua actividade anterior. O valorobtido representa o custo de oportunidadeeconómica da mão-de-obra não qualificada.

3.1.6 Outros critérios de avaliação

Análise ambiental

Para muitos projectos de tratamento de resí-duos, a regulamentação exige uma avaliaçãodo impacte ambiental (AIA)4, nomeada-mente no caso de depósitos de resíduos peri-gosos, de instalações de eliminação de resí-duos ou de determinados tipos de instalaçõesde tratamento, como os aterros autorizados.Além disso, muitas instalações, como os ate-rros e as incineradoras, obrigam à obtençãode uma autorização, para as actividades pres-critas que estabelece as condições de gestãodos riscos, da gestão de substâncias perigosase da luta contra a poluição5. Em qualquercaso, é recomendável prever uma breve aná-lise do impacte ambiental, mesmo que estanão seja expressamente exigida pela legis-lação.

Os principais elementos de uma avaliação doimpacte ambiental são os seguintes:

• emissões atmosféricas, nomeadamente asemissões de gases com efeito de estufa(impactes pertinentes no caso da incine-ração);

4 A nível europeu, ver a Directiva relativa à avaliação dos efeitos dedeterminados projectos públicos e privados no ambiente(85/337/CEE).

5 A legislação europeia em material de luta contra a poluição e agestão de riscos encontra-se na Directiva relativa à prevenção e àredução integradas da poluição (76/61/CE), na Directiva relativaàs grandes instalações de combustão (88/609/CEE) e na DirectivaSeveso II (96/82/CE).

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3.1 Tratamento de resíduos

• descargas de águas residuais e contami-nação dos solos (impactes pertinentes noscasos da incineração e dos aterros);

• impactes na biodiversidade (pertinentesno caso de grandes projectos realizados naproximidade de áreas protegidas);

• impactes na saúde humana associados aemissões de poluentes e à contaminaçãodo ambiente (pertinentes no caso de qual-quer instalação de tratamento de resí-duos);

• ruídos e cheiros (pertinentes no caso demuitas instalações de tratamento de resí-duos);

• impactes de ordem estética no território(pertinentes nos casos da incineração e dosaterros);

• gestão de riscos ligados à localização, comoos de incêndio e explosões (pertinentes nocaso de determinadas instalações de trata-mento de resíduos, por exemplo, as insta-lações de tratamento de óleos usados e deincineração).

Nas áreas urbanas, podem registar-se igual-mente perturbações durante a fase de cons-trução da instalação, enquanto que na fase deexploração, as perturbações, a acrescentar àsenumeradas acima, podem estar ligadas àrecolha dos resíduos.

É sempre possível efectuar uma abordagemqualitativa dos impactes ambientais, a fim declassificar os impactes possíveis no ambienteem função do tipo de danos induzidos ou dasua perigosidade. Por exemplo, é provávelque os grandes impactes de um aterro sejama contaminação do solo e da água, enquanto

que no caso da incineração serão maisimportantes os impactes na qualidade do ar.

3.1.7 Análise de sensibilidade e riscoExistem muitos factores decisivos para osucesso de um investimento neste sector: oscustos de investimento, os principais custosdinâmicos dos factores de produção (ener-gia, matérias-primas, etc.), os preços dos pro-dutos recuperados, os custos dos trabalhosde saneamento e outros custos ambientais.

Segundo a lista acima referida, será recomen-dável, para a análise de sensibilidade e para aanálise de risco, considerar pelo menos asvariáveis seguintes (variáveis críticas poten-ciais):

• custo do investimento;• alteração na procura da eliminação de resí-

duos resultante da difusão de novos pro-dutos ou de novas técnicas; as alterações decomportamento; a variação do cresci-mento económico ou demográfico;

• variações nos preços de venda dos produ-tos reciclados;

• dinâmica dos custos, num determinadoperíodo de tempo, de alguns bens e ser-viços críticos para certos tipos de projecto(por exemplo, o custo da electricidadee/ou dos combustíveis, ou o custo do sane-amento e da descontaminação dos locais).

Uma variação de 10% (ou 1%) das variáveisligadas aos factores de produção pode permi-tir avaliar as alterações do VALE ou da TIREdaí decorrentes ou de qualquer outra variávelpertinente (ver quadro 3.3). No caso das

Quadro 3.3 Efeitos sobre o custo total de uma alteração de 10% da principal variável com incidênciasobre os custos da incineração

Variáveis (factores) Variação Efeitos sobre o custo totalda incineração

Volume de resíduos +10% -7,5%Preço da energia +10% -2,5% -3,5%Cinzas e escórias produzidas no processo de combustão +10% +0,1%Custo do transporte dos resíduos provenientes do processo de combustão +10% +0,3%

Fonte: IFEN (França), 2000

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3.1 Tratamento de resíduos

variáveis críticas, os riscos devem ser avali-ados para calcular a distribuição de probabi-lidades dos resultados finais.

Pode ser aplicado outro tipo de análise derisco ao risco social ligado à eventual rejeiçãopela população, devido aos potenciaisimpactes na qualidade de vida da região. Esterisco é geralmente denominado NIMBY(“Not in my backyard”, isto é No meu quintal,não!) e pode ser objecto de uma análisequalitativa assente num questionário ou emcontactos directos com a população em cau-sa.

3.1.8 Estudo de caso: investimento numaincineradora com recuperação deenergia

Análise financeira

O custo do investimento é fixado em 50milhões de euros:

• a capacidade do forno é fixada em 200.000toneladas de resíduos urbanos (por ano);

• para maior facilidade, opta-se por umaperspectiva de apenas 10 anos;

• o investimento é financiado por umempréstimo à taxa de juro de 3%; o custodo investimento é subdividido em 10%para o terreno, 35% para os edifícios e55% para os equipamentos (forno, caldei-ra, etc.);

• a taxa de actualização financeira escolhidaé de 5%;

• a energia reciclada é vendida como calor eelectricidade ao preço de 15 euros portonelada (40% de calor e 60% de electrici-dade);

• a taxa paga pelos utilizadores finais é fixa-da em 25 euros por tonelada;

• as necessidades de mão-de-obra são calcu-ladas em 10 empregados qualificados (àrazão de 12.000 euros/pessoa/ano) e 40empregados não qualificados (à razão de10.000 euros/pessoa/ano);

• os custos de exploração são fixados em 10euros por tonelada;

• os custos de eliminação das cinzas e escó-rias são fixados em 10 euros por tonelada;

• os custos de renovação são calculados em5% do custo inicial do investimento e ovalor residual líquido após os 10 anos devida da instalação é fixado em 50% do cus-to inicial do investimento.

A análise financeira é apresentada no quadro3.4. Os valores são expressos em milhares deeuros. O valor actual líquido financeiro(VALF) calculado é de 1.862 milhares deeuros e a taxa interna de rentabilidade finan-ceira (TIRF) é de cerca de 6%.

Análise económicaOs custos externos e os factores de conversãosão calculados para ajustar os fluxos finan-ceiros e devem reflectir os custos de oportu-nidade reais:

• Os custos externos calculados neste exem-plo estão ligados à poluição atmosférica,nomeadamente às emissões de gases comefeito de estufa, aos impactes ambientaisdas cinzas e escórias, aos odores, ao ruído eaos prejuízos de ordem estética.

• Os benefícios externos líquidos são esti-mados em 9 euros por tonelada (avaliadosem função da economia de custos relativa-mente à energia produzida pela técnicatradicional com combustível).

• A taxa de actualização económica é igual àtaxa de actualização financeira.

O valor do factor de conversão padrão deco-rre dos seguintes dados macroeconómicos(em milhões de euros): M = 3.000; X = 3.500;Tx = 30; TM = 600, para um FCP igual a0,95.

• O terreno é cedido pelas autoridades locaisa um preço preferencial, 25% inferior aoque teria no mercado. Este preço deve,portanto, ser aumentado em 25% parareflectir o do mercado local. Não havendoum factor de conversão específico, aplica-se o FCP para converter o preço do merca-do em preço na fronteira. Assim, o factor

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3.1 Tratamento de resíduos

Quadro 3.4 Quadro da análise financeira (valores: ver original)

Anos

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11

Receitas dos serviços 5.000 5.000 5.000 5.000 5.000 5.000 5.000 5.000 5.000 5.000Vendas de calor 1.350 1.350 1.350 1.350 1.350 1.350 1.350 1.350 1.350 1.350Vendas de electricidade 1.650 1.650 1.650 1.650 1.650 1.650 1.650 1.650 1.650 1.650

Vendas 0 8.000 8.000 8.000 8.000 8.000 8.000 8.000 8.000 8.000 8.000Valor residual 22.000

Receitas totais 0 8.000 8.000 8.000 8.000 8.000 8.000 8.000 8.000 8.000 30.000Mão-de-obra qualificada 120 120 120 120 120 120 120 120 120 120Mão-de-obra não qualificada 400 400 400 400 400 400 400 400 400 400Matérias-primas 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100Bens intermédios 1.400 1.400 1.400 1.400 1.400 1.400 1.400 1.400 1.400 1.400Energia necessária às instalações 500 500 500 500 500 500 500 500 500 500Outros custos 500 500 500 500 500 500 500 500 500 500

Custos de exploração totais 0 3.020 3.020 3.020 3.020 3.020 3.020 3.020 3.020 3.020 3.020Terreno 5.000Edifícios 17.500Equipamentos 27.500

Custos de investimento totais 50.000 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0Despesas totais 50.000 3.020 3.020 3.020 3.020 3.020 3.020 3.020 3.020 3.020 3.020Cash-flow líquido -50.000 4.980 4.980 4.980 4.980 4.980 4.980 4.980 4.980 4.980 26.980

Taxa interna de rentabilidade financeira (TIRF/C) 5,64%do investimento

Valor actual líquido financeiro (VALF/C) 1.862do investimento

de conversão para o terreno é:1,25 x 0,95 = 1,19.

• Os equipamentos e os factores necessáriosao processo de produção (como a energiae as matérias primas) no sector da incine-ração são, no nosso exemplo, importados.Os respectivos encargos são consideradoscomo iguais aos encargos médios apli-cados aos bens e serviços nacionais.Utiliza-se, portanto, o FCP para converteros preços do mercado em preços na fron-teira. O factor de conversão aplicável aosequipamentos e aos factores de produção éigual a 0,95.

• Os edifícios constituem bens não comer-cializados para os quais convém calcularum factor de conversão específico. No nos-so exemplo, os custos dos edifícios sãocompostos por 30% de mão-de-obra nãoqualificada (ver abaixo a factor de con-versão), 40% de materiais de construçãoimportados sujeitos a direitos de impor-tação de 25% (isto é, fc = 0,75), 20% demateriais locais (FCP) e 10% de lucro (fc =0). O factor de conversão para os edifícios

é, portanto, igual a:(0,3 X 0,95) + (0,4 X 0,75) + (0,2 X 0,95)+ (0,1 X 0) = 0,7.

• A mão-de-obra qualificada e a mão-de-obra não qualificada não são diferenciadase considera-se que o mercado do empregoé competitivo. O factor de conversão é 1 x0,95 = 0,95.

• O calor e a electricidade são bens nãocomercializados. O calor é vendido ao cus-to marginal, sem tributação local, e o fac-tor de conversão é considerado como igualao FCP. O projecto beneficia de um tari-fário próprio dos projectos industriais e aelectricidade é financiada à razão de 30%do seu custo no mercado. O factor de con-versão daí resultante será:0,7 X 0,95 = 0,66.

• Os benefícios externosTendo-se contabilizado os custos e benefí-cios externos e procedido aos ajusta-mentos apropriados para corrigir as prin-cipais disfuncionalidades do mercado,obtém-se um VALE positivo de cerca de 18

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milhões de euros, com uma TIRE de cercade 12% (ver quadro 3.5).

3.2 Distribuição edepuração da águaIntrodução

A presente secção trata dos investimentos nagestão do serviço integrado de abasteci-mento de água (SIAA) para todas as utiliza-ções deste recurso. Este serviço cobre a cap-tação da água e a sua distribuição, assimcomo a recolha, eliminação, depuração ereutilização das águas residuais.

3.2.1. Definição dos objectivos

O autor situa o seu projecto num quadrogeral destinado a demonstrar que os investi-mentos previstos terão por efeito (objectivoprincipal) melhorar a qualidade, a eficácia e aeficiência do serviço.

É necessário fornecer uma avaliação ex antedos principais parâmetros deste objectivo,por exemplo:

• dimensão do serviço de abastecimento edistribuição de água, bem como do serviçode depuração (número de utilizadores ser-vidos);

• volumes de água economizados nas redesurbanas e nas redes de irrigação em conse-quência da redução das fugas e/ou da raci-onalização dos sistemas de distribuição;

• redução das quantidades (m3/ano) capta-das em fontes poluídas ou danificadas (porexemplo, rios ou lagos naturais fortementedepauperados pelas captações do recursoou por estratos costeiros de água salgada,etc.);

• continuidade do serviço (frequência eduração das interrupções);

• melhoria do sistema de distribuição deágua em período de seca;

• volume da carga poluente eliminada;• melhoria dos parâmetros ambientais;• redução dos custos de exploração.

59

3.2 Distribuição e depuração da água

Quadro 3.5 Quadro da análise económica (valores: ver original)

Años

cf (3) 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11

Benefícios externos 0,95 0 1.710 1.710 1.710 1.710 1.710 1.710 1.710 1.710 1.710 1.710Receitas dos serviços 1,00 5.000 5.000 5.000 5.000 5.000 5.000 5.000 5.000 5.000 5.000Vendas de calor 0,95 1.282 1.282 1.282 1.282 1.282 1.282 1.282 1.282 1.282 1.282Vendas de electricidade 0,66 1.568 1.568 1.568 1.568 1.568 1.568 1.568 1.568 1.568 1.568

Vendas 0 7.850 7.850 7.850 7.850 7.850 7.850 7.850 7.850 7.850 7.850Valor residual 0,87 19.163

Receitas totais 0 9.560 9.560 9.560 9.560 9.560 9.560 9.560 9.560 9.560 28.723Mão-de-obra qualificada 0,95 114 114 114 114 114 114 114 114 114 114Mão-de-obra não qualificada 0,95 380 380 380 380 380 380 380 380 380 380Matérias-primas 0,95 95 95 95 95 95 95 95 95 95 95Bens intermédios 0,95 1.330 1.330 1.330 1.330 1.330 1.330 1.330 1.330 1.330 1.330Energia necessária às instalações 0,95 475 475 475 475 475 475 475 475 475 475Outro custos 1,00 500 500 500 500 500 500 500 500 500 500

Custos de exploração totais 0 2.894 2.894 2.894 2.894 2.894 2.894 2.894 2.894 2.894 2.894Terreno 1,19 5.950Edifícios 0,70 12.250Equipamentos 0,95 26.125

Custos de investimento totais 44.325 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0Despesas totais 44.325 2.894 2.894 2.894 2.894 2.894 2.894 2.894 2.894 2.894 2.894Cash-flow líquido -44.325 6.666 6.666 6.666 6.666 6.666 6.666 6.666 6.666 6.666 25.829

Taxa interna de rentabilidade económica 11,77%(TIRE)

Valor actual líquido económico (VALE) 17.967

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3.2 Distribuição e depuração da água

Tipo de acções:• construção de infra-estruturas inteiramente novas (aque-

dutos, redes de esgotos, instalações de depuração) desti-nadas a cobrir necessidades crescentes;

• trabalhos de finalização de aquedutos, esgotos e instalaçõesde depuração já parcialmente construídos, incluindo a finali-zação de redes de abastecimento de água ou de redes deesgotos, a construção de linhas principais para ligação aossistemas de tratamento existentes, a construção de sistemasde tratamento para as redes de esgotos existentes, a cons-trução de estações de depuração com instalações de trata-mento terciário para a reutilização de águas residuais jácondicionadas;

• modernização parcial e/ou substituição de infra-estruturasexistentes em conformidade com a regulamentação e alegislação mais exigentes em vigor;

• acções destinadas a poupar recursos em água e/ou a pro-mover a sua utilização eficiente;

• acções destinadas a alterar racionalmente a utilização dorecurso quando esta não está regulamentada (por exemplo,irrigação a partir de poços privados não controlados);

• acções destinadas a melhorar a eficácia da gestão.Tipologia de Investimentos mais frequentes:• trabalhos de captação, regulação ou produção do recurso,

mesmo numa base plurianual;• trabalhos relacionados com o transporte da água;• trabalhos relacionados com a distribuição local dos recursos

aquíferos, incluindo o abastecimento civil, industriais e parafins de irrigação;

• trabalhos relacionados com o tratamento primário da água(decantação, dessalinização, depuração);

• trabalhos de recolha e eliminação de águas residuais;• trabalhos relacionados com o tratamento e evacuação de

águas residuais condicionadas;• trabalhos relacionados com a reutilização de águas residuais

tratadas.Serviços oferecidos:Abastecimento de áreas urbanas• infra-estruturas e/ou instalações para servir áreas urbanas

densamente povoadas;• infra-estruturas e/ou instalações para servir bairros urbanos

ou pequenas localidades;• infra-estruturas e/ou instalações para servir pequenos

núcleos residenciais (agrícolas, mineiros, turísticos) e/ouhabitações isoladas;

• infra-estruturas e/ou instalações para servir núcleos indus-triais e/ou áreas industriais densamente povoadas;

• aquedutos rurais;Serviço de irrigação• aquedutos para serviço público de irrigação colectiva;• aquedutos locais para irrigação individual ou de pequena

escala (de tipo ilhota);Serviço misto• aquedutos para irrigação e para abastecimento de área

urbana e/ou industriais;• aquedutos para abastecimento de áreas industriais e urba-

nas.

Tipos de investimentos e serviços oferecidos

É necessário fixar objectivos específicos. Oinvestimento no sector pode ser subdivididoem duas categorias de projectos:

• Os projectos destinados a promover odesenvolvimento local6. Neste caso, énecessário fixar objectivos específicos doinvestimento, isto é, a população a servir ea disponibilidade média do recurso (em

litros/habitante/dia)7 ou as superfícies airrigar, os tipos de culturas, a produçãomédia prevista, a disponibilidade do recur-so (em litros/hectare/ano), o momento e aperiodicidade da irrigação, etc.

• Os projectos podem ter objectivos nãolocais e situar-se, por exemplo, à escalaregional ou inter-regional. É o caso dosaquedutos para o transporte de água a lon-gas distâncias, entre áreas relativamentericas e áreas áridas, ou da construção debarragens destinadas a alimentar vastasregiões, que podem estar igualmente mui-to distantes do local de implantação doprojecto.

7 Se o recurso é destinado a servir áreas turísticas, é preciso ter emconta a flutuação da população e o carácter sazonal da procura.

6 Os projectos de esgotos e de depuração estão quase sempre ligadosao desenvolvimento local e podem ser considerados de dois pon-tos de vista: i) as acções destinam-se a “fechar” o ciclo da água parafins de higiene e sanitários e, a este título, pode-se considerar quefazem parte do serviço integrado de abastecimento de água; ii)constituem também medidas de salvaguarda do ambiente e, emespecial, da qualidade das massas de água nas quais são descarre-gados os esgotos. Por este motivo, é necessário tomar igualmenteem consideração os objectivos especificamente ambientais, porexemplo, a quantidade de poluentes eliminados, a melhoria dosparâmetros de qualidade físico-química e biológica da água e dossolos, etc.

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3.2 Distribuição e depuração da água

Neste caso, os objectivos específicos devemreferir-se igualmente aos volumes disponibi-lizados do recurso (em milhões de metroscúbicos por ano), aos débitos máximos (emlitros/segundo) transportados e à capacidadeglobal de regulação do recurso que o sistematerá a longo prazo.

3.2.2 Identificação do projecto

Tipos de investimentoA definição precisa do tipo de benefíciosoferecidos é a primeira etapa a considerar naanálise do investimento. Deste ponto de vis-ta, pode ser útil incluir a análise da procura,a avaliação da fundamentação do projecto,nomeadamente do ponto de vista técnico, e oestudo dos seguintes elementos: custos, recei-tas e benefícios.

Quadro de referência territorialSe estiver prevista a implantação do projectono seu quadro territorial, será dada umaidentificação precisa do investimento.

O autor do projecto fornecerá igualmente oselementos necessários para demonstrar acompatibilidade do projecto com o planea-mento do sector, pelo menos dos três pontosde vista seguintes:

• compatibilidade com o planeamentoeconómico e financeiro do sector da água,a definir segundo os programas pluria-nuais de utilização dos fundos comunitá-rios e nacionais aprovados pelos váriospaíses ou regiões;

• compatibilidade com as políticas secto-riais nacionais: em especial, o projectodeve estimular activamente a realizaçãodos objectivos de industrialização do sec-tor nos países onde este processo está emcurso;

• compatibilidade com as políticas ambien-tais comunitárias, nacionais e regionais,nomeadamente de utilização da água parafins humanos, de tratamento das águasresiduais e da protecção das massas deágua.

Em muitos casos, podem ser igualmentemuito úteis a análise SWOT, que avalia os ris-cos e potencialidades do projecto ligadas aocontexto da sua integração, e a análise da suaviabilidade.

3.2.3 Análise de viabilidade e opções

Análise da procuraA procura de água pode ser dividida em dife-rentes elementos em função da sua utilização(procura de água potável, procura para finsde irrigação e industriais, etc.) e da cadênciada procura (diária, sazonal, etc.).

A estimativa da curva da procura pode base-ar-se em dados fornecidos pela experiênciaadquirida no domínio considerado ou reti-rados de publicações, com base em métodosde previsão, nomeadamente os que assentamno princípio do que o consumidor está dis-posto a pagar.

No caso de projectos de substituição de ele-mentos e/ou de finalização de trabalhos, éigualmente útil fazer referência aos dadossobre o consumo histórico, na condição deestes dados terem sido apurados por méto-dos fiáveis (por exemplo, a leitura de conta-dores).

A procura assenta em dois elementos funda-mentais:

• o número de utilizadores, no caso do con-sumo urbano, incluindo utilizadorestemporários, como turistas, as superfíciesirrigadas, no caso do consumo agrícola, eas unidades de produção a servir, no casodo consumo industrial;

• a quantidade de água que é ou que serádistribuída aos utilizadores durante umperíodo determinado.

É de salientar que, se a rede de distribuição deágua não tiver uma boa manutenção, a análi-se da procura deve ter em conta os problemasdas fugas, isto é, a distribuição total de água éconstituída pelo consumo final mais as fugas.

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3.2 Distribuição e depuração da água

Identificação das necessidades

Definição dos utilizadores

Campo de aplicação

Preços do mercadoPreços fictíciosDisponibilidade

Controlo

simnão

Análise da viabilidadeambiental

Análise do contexto (análises históricas,

estudos no terreno, etc.)

Estimativas do ciclo de vida do projecto

Definição e avaliação das necessidades (procura potencial)

Definição e avaliação do consumo(procura real)

Benefícios socioeconómicos directos Benefícios socioeconómicos indirectos

Quadro 3.4 Diagrama da análise da procura de água

Outro elemento importante a ter em consi-deração é a elasticidade da procura emfunção do tarifário. Em certos casos, seránecessário avaliar a elasticidade entre dife-rentes grupos de rendimentos e entre peque-nos e grandes consumidores, porque estapode indicar valores e incidências na distri-buição totalmente diferentes.

A análise do projecto deve basear-se numaprevisão da procura durante o períodocorrespondente ao ciclo do projecto. Deve terem conta as previsões demográficas e os flu-xos migratórios, para a estimativa do núme-ro de utilizadores, e os planos de desenvolvi-

mento agrícola e industrial, nos outros casos.É igualmente necessário ter em conta a estru-tura temporal da procura a curto prazo (diá-ria, sazonal, etc.).

Geralmente, pode fazer-se uma distinçãoentre a procura potencial e a procura real. Aprocura potencial corresponderá às necessi-dades máximas a ter em conta para o investi-mento considerado. Por exemplo, a procurapara fins de consumo urbano pode ser avali-ada com base nas necessidades de água para amesma utilização (geralmente expressasnuma base diária e sazonal), numa compa-ração com uma situação tão próxima do pro-

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3.2 Distribuição e depuração da água

jecto quanto possível e na qual sejam ofere-cidos serviços de bom nível. A procura parafins de irrigação pode ser calculada com baseem estudos agronómicos específicos, ou mes-mo por analogia. A procura real consiste naprocura efectivamente satisfeita pelo investi-mento considerado e que corresponde aoconsumo previsto. A procura inicial real con-siste no consumo real antes da intervenção.

O primeiro critério de avaliação do investi-mento é, evidentemente, o de saber em quemedida a procura real pode estar próxima daprocura potencial. Devem ser consideradosoutros factores, a começar pelos factores liga-dos à viabilidade ambiental e económica doinvestimento. A procura que o investimentopermite realmente satisfazer corresponde àoferta, depois de deduzida qualquer perdatécnica do recurso.

Sempre que o projecto possa implicar a utili-zação de recursos aquíferos (água de super-fície ou águas intermédias), convém indicarestatisticamente os volumes e os fluxos dorecurso pretendido efectivamente disponí-veis para satisfazer a procura presumida,estudando e analisando a hidrologia, ascorrentes descendentes, a estratigrafia e qual-quer outro elemento potencialmente útil.

No caso de o projecto prever a depuração e aevacuação de águas residuais, é necessárioanalisar a capacidade da massa destinada areceber a carga de substâncias poluentes e denutrientes, de forma compatível com a pro-tecção do ambiente.

Ciclo e fases do projectoÉ necessário ter muita atenção às fases prepa-ratórias, que têm um papel fundamental naexecução dos trabalhos, por exemplo, a pes-quisa de novos recursos de águas intermédiase a sua avaliação qualitativa e quantitativaatravés de furos exploratórios e estudoshidrológicos destinados a identificar a mel-hor implantação das barragens, as suasdimensões e as dos dispositivos de alimen-tação, etc.

É também necessário considerar os aspectosinstitucionais e administrativos do projecto,bem como o tempo previsto para o realizar econcretizar a fase de construção.

A descrição do projecto deve identificar oresponsável ou responsáveis de qualquer ser-viço criado (público, privado, local, nacional,multinacional, etc.), seja qual for o nível aque se situe. O respectivo perfil económico,técnico e empresarial deve ser avaliado comoparte integrante e essencial do investimento.Em especial, se o projecto for co-financiadopor fundos pertencentes ao cons-trutor/responsável da infra-estrutura, énecessário apreciar a sua capacidade paraassumir o encargo financeiro e económico.

Características técnicasPara identificar as funções da acção, deveseguir-se o esquema descrito no ponto ante-rior. A análise deve ser completada pela iden-tificação das características técnicas.

Análise das opçõesEsta análise deve apresentar comparaçõescom:

• a situação prévia (cenário “nada fazer”);• as alternativas possíveis no quadro da mes-

ma infra-estrutura, por exemplo: dife-rentes localizações dos poços, outros traça-dos possíveis dos aquedutos ou dos princi-pais eixos de alimentação, diferentes técni-cas de construção das barragens, diferentelocalização das centrais e/ou diferentes téc-nicas de tratamento, utilização de dife-rentes fontes de energia nas instalações dedessalinização, etc.;

• as alternativas possíveis para a evacuaçãodas águas residuais (lagunas, diferentesreceptores, etc.);

• as soluções globais alternativas, por exem-plo, uma barragem em vez de uma área decaptação ou a reutilização para fins agrí-colas de águas refluentes conveniente-mente tratadas, uma instalação de depu-ração para um conjunto de empresas emvez de várias instalações locais, etc.

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3.2 Distribuição e depuração da água

Dados operacionais de base:• número de habitantes servidos• superfície irrigada (ha)• número e tipo de estruturas de produção servidas• disponibilidade de água por habitante (l/d/habitante) ou por

hectare (l/d/ha)• dados relativos à qualidade da água (análises de labora-

tório)• número de equivalentes-habitante, débitos e parâmetros

relativos à carga poluente da água a tratar (análises de labo-ratório) e às condições de qualidade da água a evacuar(definidas por lei).

Dados de ordem territorial relativos à construção da infra-estrutura:• localização dos trabalhos no território, apoiada em cartas a

uma escala apropriada (1:10.000 ou 1:5.000 para as redes einstalações; 1:100.000 ou 1:25.000 para os trabalhos de cap-tação e de alimentação e principais eixos de abastecimento);

• ligações físicas entre as estruturas e as instalações (novasou já existentes); pode ser útil incluir desenhos técnicos soba forma de esquemas;

• qualquer interferência e/ou interligação com as estruturasexistentes de qualquer outro tipo (ruas, linhas férreas, traça-dos eléctricos, etc.).

Dados físicos e características• extensão total (km), diâmetros nominais (mm), débito nomi-

nal (l/s) e diferenças de altitude (m) dos dispositivos dealimentação ou dos eixos principais;

• volumes nominais preenchidos (milhões de m3) e altura dasbarragens (planos de situação e secções);

• número, extensão (m) e débito normal (l/s) das condutas deágua corrente (planos de situação e secções);

• número, profundidade (m), diâmetro (mm), débito evacuado(l/s) das áreas de captação (com plano de situação a umaescala apropriada);

• desenvolvimento linear (km) e diâmetros característicos dosaquedutos ou dos esgotos (com plano de situação a umaescala apropriada);

• capacidade (m3) dos reservatórios (com planos de situaçãoe secções);

• superfície ocupada (m2), débito normal (l/s) e diferença de

altura entre os dispositivos elevatórios (com planos de situ-

ação e secções);

• débito nominal (l/s), produção (m3/g) e potência absor-

vida/consumida (Kw ou Kcal/h) das instalações de depu-

ração ou de dessalinização (com planos e esquema dos

escoamentos);

• características técnicas e configuração das principais

estruturas; juntar, por exemplo, um ou mais esboços e/ou

cortes-tipo (cortes das condutas, localização das instala-

ções técnicas, etc.) e indicar as partes que foram constru-

ídas recentemente;

• características técnicas e de construção do principal dispo-

sitivo elevatório, das instalações de produção e de trata-

mento (esquemas de funcionamento detalhados);

• débito nominal (l/s), capacidades (equivalentes-habitantes),

eficácia do tratamento (pelo menos em CBO, CQO, teor de

fosfatos e azoto) das instalações de depuração, bem como

as características técnicas e de construção das condutas de

evacuação (juntar planos de situação, localização e esque-

mas dos escoamentos);

• características técnicas e de construção dos edifícios e

outras estruturas de serviços (juntar planos de situação e

cortes);

• elementos técnicos pertinentes, como cruzamentos, reser-

vatórios enterrados, galerias, instalações automatizadas de

comando à distância ou de gestão do serviço, etc. (juntar

dados e planos);

• identificação das principais componentes e dos materiais

propostos no projecto, com indicação das disponibilidades

(em produtos locais ou importados) na área coberta pelo

investimento;

• identificação de qualquer característica técnica que possa

ter sido proposta para realizar a infra-estrutura, com indi-

cação da sua disponibilidade e dos seus aspectos práticos

(por exemplo, do ponto de vista da manutenção);

• no caso do condicionamento, identificar as opções possíveis

para eliminar as lamas tratadas; no caso de instalações de

dessalinização, identificar as opções e as infra-estruturas a

considerar para eliminar a água salgada concentrada.

3.2.4 Análise financeiraAs acções realizadas neste sector podem serclassificadas na categoria das infra-estruturasgeradoras de receitas líquidas. Neste caso, énecessário garantir um co-financiamentoconsiderável por fundos próprios do autordo projecto. Dado que uma grande parte

destes fundos é constituída por “adianta-mentos” sobre as receitas futuras dos serviçosa prestar pelas infra-estruturas previstas noquadro do projecto, a análise financeira deve-rá demonstrar a capacidade do autor parasuportar o investimento.

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3.2 Distribuição e depuração da água

Em relação às saídas, há que ter em conta opreço de aquisição dos produtos e serviçosnecessários ao funcionamento da instalaçãoe aos serviços suplementares fornecidos.

As entradas financeiras consistem geral-mente em taxas ou tarifas aplicadas ao ser-viço de abastecimento de água. Há que terigualmente em conta, se for caso disso, ospossíveis reembolsos (ou outras formas detransferência) relativos à recolha e transportede águas pluviais, as eventuais receitas davenda de água reutilizada ou os rendimentosda venda de qualquer serviço suplementarque o responsável possa oferecer ao utili-zador (por exemplo, ligações à rede, manu-tenção periódica, etc.).

Uma vez que as infra-estruturas de trata-mento e de gestão da água têm, geralmente,uma vida útil prolongada, a análise finan-ceira deverá integrar o valor residual doinvestimento, segundo os métodos descritosno segundo capítulo deste manual.

É recomendado um horizonte temporal de30 anos.

3.2.5 Análise económicaPode ser útil avaliar os principais benefíciossociais a introduzir na análise económicacom base em estimativas da procura deágua prevista que será coberta pelo investi-mento. O cálculo do preço fictício da águapode basear-se na disposição do utilizadorpara pagar o serviço. A disposição parapagar pode ser quantificada aplicando ospreços do mercado aos serviços alternativos(camiões-cisterna, água engarrafada, distri-buição de água potável, depuração pordispositivos instalados pelos utilizadores,processos de tratamento local de águaspotencialmente infectadas, etc.), ou pormeio de outros métodos que podemencontrar-se nas publicações sobre estatema (ver bibliografia).

Em relação a qualquer infra-estrutura detratamento ou de gestão da água em áreas

industriais ou agrícolas, é possível avaliar ovalor acrescentado do produto suplementarobtido com a disponibilidade de água.

No caso de qualquer intervenção destinada agarantir a disponibilidade de água potávelem áreas onde se colocam problemas sanitá-rios porque as fontes estão poluídas, o bene-fício pode ser calculado directamente avali-ando as mortes e doenças que foram evitadasgraças a um serviço eficaz de abastecimentode água. Para efectuar uma avaliação econó-mica, é preciso considerar, por um lado (nocaso das doenças), o custo total dos trata-mentos hospitalares ou ambulatórios e asperdas de rendimentos decorrentes daspossíveis faltas ao trabalho e, por outro lado(no caso das mortes), o valor da vida huma-na quantificado com base no rendimentomédio e na esperança de vida residual.

Os benefícios sociais das redes de esgotos edas instalações de depuração podem tam-bém ser avaliados com base na procurapotencial de tratamento das águas residuais8

que o investimento deverá satisfazer, calcu-lada a partir de um preço fictício apropriadoda água.

A título alternativo, pode eventualmenteconsiderar-se a possibilidade de avaliar direc-tamente benefícios como:

• o valor das doenças e das mortes evitadasgraças a um serviço eficaz de evacuaçãodas águas residuais;

• os prejuízos evitados aos terrenos, aos bensimóveis e às outras estruturas, resultantesde potenciais inundações ou de águas plu-viais não reguladas e avaliados com basenos custos de reparação e de manutenção;

• no caso de descargas de água depurada emcursos de água, lagos ou terrenos, o valordos recursos aquíferos nos colectores nãopoluídos, a calcular segundo os métodosapresentados para os aquedutos.

8 Fundamentalmente, idêntica à procura de água.

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3.2 Distribuição e depuração da água

Em todo o caso, se nenhum método de apre-ciação económica normalizado for aplicávelao projecto considerado, é possível utilizaruma referência de qualquer outro projectosimilar que tenha sido desenvolvido numcontexto tão próximo quanto possível do daárea afectada.

Pelas razões expostas na secção relativa aosobjectivos, as externalidades ambientaisdevem ser sempre quantificadas, tendo emconta o seguinte:

• a eventual valorização da área servida,quantificável, por exemplo, por umareavaliação real dos preços dos bens imó-veis e dos edifícios ou da superfície agrí-cola;

• o aumento de rendimentos decorrente deactividades colaterais (turismo, pesca, agri-cultura costeira, etc.) susceptíveis de seremorganizadas ou mantidas, por exemplo, osprojectos de lagos artificiais ou os desti-nados a salvaguardar um rio, um lago, umestreito ou qualquer outro órgão colector;

• os efeitos externos negativos resultantes depossíveis impacte sobre o ambiente (con-sumo de solo e de materiais inertes, danifi-cação da paisagem, impacte sobre o meioambiente natural, etc.) ou sobre qualqueroutra infra-estrutura (estrada e/ou via-férrea);

• os efeitos externos negativos durante a fasede construção resultantes da criação dosrespectivos estaleiros e nomeadamente nocaso de redes urbanas (impactes negativosem termos habitacionais, de produção eserviços, mobilidade, património históricoe cultural, quadro agrícola, infra-estru-turas, etc.).

3.2.6 Outros critérios de avaliaçãoA acrescentar aos elementos já indicados nosparágrafos anteriores, pode ser útil apre-sentar aqui uma avaliação específica da eficá-cia do sistema proposto quando o projectoestá implantado numa área sensível do pontode vista ambiental.

Análise ambientalNa fase de avaliação, é sempre necessárioanalisar, ainda que sucintamente9, a inci-dência no ambiente dos trabalhos a realizarno quadro do projecto, e verificar qualquerpossível deterioração do solo, das massas deágua, da paisagem, do meio ambiente natu-ral, etc. Deve ser dada uma atenção especial àutilização de áreas de valor, como parquesnaturais, áreas protegidas, santuários natu-rais, áreas sensíveis, etc. Em certos casos, éigualmente necessário saber se as perturba-ções provocadas pela construção das infra-estruturas e as inerentes actividades de gestãopodem implicar riscos para a fauna selva-gem. Quanto aos investimentos localizadosem centros urbanos (sistemas de saneamentoou redes de abastecimento de água), é neces-sário considerar os impactes negativos que aabertura de estaleiros poderá ter sobre a ver-tente habitacional e os serviços, a mobili-dade, as infra-estruturas existentes, etc.

A análise que acabamos de referir insere-senuma avaliação mais geral da viabilidade doinvestimento proposto, no âmbito doscondicionalismos ambientais e das possibili-dades de desenvolvimento, o que pressupõeque se avaliem, não só os benefícios econó-micos e ambientais do projecto, mas tambémos riscos de que a sua realização implique taisconsumos e/ou uma tal degradação dasfunções naturais da área que possamcomprometer a potencial utilização, naacepção mais ampla do termo, de espaçosmuito extensos.

Se tal for pertinente, esta avaliação incidiránuma utilização alternativa (eventualmentefutura) da mesma massa de água (água desuperfície, águas intermédias) que é neces-sário considerar, seja como fonte de água sejacomo órgão receptor. Avaliar-se-ão também,portanto, as consequências que uma reduçãodo débito do rio ou uma alteração do regime

9 Na maior parte dos Estados-Membros, a legislação exige a avali-ação do impacte ambiental de algumas das infra-estruturas consi-deradas (por exemplo, barragens, grandes aquedutos, estações dedepuração, etc.) na fase da aprovação dos projectos.

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3.2 Distribuição e depuração da água

de águas ocasionada pela construção de umabarragem poderá ter para as actividadesantrópicas organizadas no mesmo ambientenatural (flora, fauna, qualidade da água, cli-ma, etc.). Em alguns países, é necessário ava-liar a contribuição positiva ou negativa doinvestimento para o processo de desertifi-cação em curso.

Para uma abordagem quantitativa, pode serútil recorrer a métodos de análise multicrité-rios. Os resultados de tal análise podem darlugar a uma profunda alteração do investi-mento proposto, ou mesmo à sua rejeição.Quando é tecnicamente possível quantificaros impactes positivos e negativos do investi-mento, é conveniente ter em conta na avali-ação monetária os seus custos e benefíciossociais.

3.2.7 Análise de sensibilidade e riscoOs factores críticos determinantes para o êxi-to de um investimento neste sector são:

• qualquer acontecimento imprevisto naconstrução da instalação que seja suscep-tível de alterar consideravelmente o custodo investimento;

• as previsões da dinâmica da procura;• as alterações de taxas e tarifas, largamente

dependentes de decisões tomadas pelosorganismos reguladores nacionais ou regi-onais;

• a insuficiência de fundos que permitamreagir em caso de choques na realização doinvestimento (o que, frequentemente,pressupõe capacidades excedentárias nosprimeiros períodos de exploração);

• a influência determinante de intervençõescolaterais (por exemplo, a eficácia do abas-tecimento de água está estreitamente liga-da ao estado das redes de distribuição);

• a eficácia da gestão.

A este respeito, será aconselhável, na análisede sensibilidade e risco, ter em conta, pelomenos, as seguintes variáveis:

• o custo do investimento;

• a taxa de crescimento demográfico (nocaso das instalações de utilização urbana) eas previsões de fluxos migratórios;

• a taxa de desenvolvimento das culturas e adinâmica nacional e/ou internacional dospreços de venda dos produtos agrícolas(no caso da irrigação);

• a variação das rendas e das taxas duranteum determinado período;

• a dinâmica da procura e dos preços daágua tratada e susceptível de ser reutili-zada;

• os custos de exploração (manutenção,gestão, etc.) e a sua dinâmica no tempo, emligação com a avaliação da boa adequaçãodos sistemas de gestão;

• a dinâmica temporal dos custos de algunsbens e serviços críticos para determinadosprojectos (por exemplo, o custo doscombustíveis e/ou da electricidade para asinstalações de dessalinização, o custo dosaditivos químicos e da eliminação daslamas nas instalações de depuração).

3.2.8 Estudo de caso: a infra-estruturade gestão do serviço integrado deabastecimento de água (SIAA)O projecto, representado esquematicamentena figura abaixo, consiste num investimentono domínio do saneamento e da depuraçãode água, assim como no da reutilização daságuas residuais para fins múltiplos, através deum tratamento terciário intensivo.

O projecto consiste na construção de umanova estação de depuração da água emconformidade com os regulamentos actuais,destinada a servir uma cidade de médiadimensão (235.000 habitantes no primeiroano) e uma área industrial adjacente em ple-no desenvolvimento. Esta nova estaçãosubstituirá a instalação existente, que não éadequada, pois apenas peneira e elimina asareias das águas residuais.

O projecto inclui igualmente a conclusão darede de esgotos urbanos para 25% da popu-lação (novas implantações) e colectores queassegurem a ligação ao esgoto principal

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68

3.2 Distribuição e depuração da água

Para a reutilização das águas residuais, o pro-jecto prevê a criação de três módulos detratamento intensivo (terciário), que tra-tarão, em média, um pouco mais de 60% dodébito de águas residuais depuradas11. Já exis-tem a rede de irrigação e a rede de distri-buição de água que serve as instalaçõesindustriais.

O autor do projecto é a empresa que gere há20 anos o serviço integrado de abastecimentode água da área abrangida pelo investi-mento12. Esta empresa está em condições deco-financiar o investimento (a taxa de co-financiamento deverá ainda ser decidida) emfunção das receitas dos novos serviços cria-dos pelo projecto.

O abastecimento de águaDo ponto de vista dos recursos hídricos, a nova contribuição comple-

tará de forma significativa o actual abastecimento da área industrial,

por meio de um pequeno aqueduto alimentado por furos e fontes. No

entanto, só a realização do projecto considerado permitirá completar

o serviço integrado de abastecimento de água e tornará as actuais

instalações industriais plenamente operacionais.

No tocante à área irrigada, o novo recurso substituirá uma parte (46%)

da água actualmente fornecida pelo lençol freático e pelo rio, ambos

depauperados pela pressão de captações excessivas, e uma parte

(54%) dos volumes disponíveis que permitem irrigar toda a área agrí-

cola coberta pela rede de distribuição (cerca de 1.100 hectares), rede

desenvolvida por um anterior financiamento público e que ainda só é

parcialmente utilizada.

Quadro 3.6 Algumas hipóteses para a quantificação das despesas e receitas financeiras

Anos

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15

Crescimento demográfico 235.470 235.941 236.413 236.886 237.359 237.834 238.310 238.786 239.264 239.743 240.222 240.702 241.184 241.666 242.150Fluxo migratório

Valor anual 2.900 2.900 2.900 2.900 2.900 1.933 1.933 1.933 1.933 1.933 580 580 580 580 580Valor acumulado 2.900 5.800 8.700 11.600 14.500 16.433 18.367 20.300 22.233 24.167 24.747 25.327 25.907 26.487 27.067Habitantes servidos pela instalação de depuração de água 238.370 241.741 245.113 248.486 251.859 254.267 256.676 259.086 261.497 263.909 264.969 266.029 267.091 268.153 269.216Habitantes servidos pela rede de esgotos 59.593 60.435 61.278 62.121 62.965 63.567 64.169 64.772 65.374 65.977 66.242 66.507 66.773 67.038 67.304

Volumes anuais (em milhões de metros cúbicos)Novo esgoto urbano 3,95 4,00 4,06 4,12 4,17 4,21 4,25 4,29 4,33 4,37 4,39 4,41 4,42 4,44 4,46Depuração urbana 15,79 16,01 16,24 16,46 16,69 16,84 17,00 17,16 17,32 17,48 17,55 17,62 17,69 17,76 17,83Saneamento e depuração industriais 3,95 3,95 3,95 3,95 3,95 3,95 3,95 3,95 3,95 3,95 3,95 3,95 3,95 3,95 3,95Alimentação do reservatório para a área industrial 4,77 4,77 4,77 4,77 4,77 4,77 4,77 4,77 4,77 4,77 4,77 4,77 4,77 4,77 4,77Alimentação do reservatório para a área 4,14 4,14 4,14 4,14 4,14 4,14 4,14 4,14 4,14 4,14 4,14 4,14 4,14 4,14 4,14de irrigaçãoSubstituição para reduzir os fluxos actuais 1,90 1,90 1,90 1,90 1,90 1,90 1,90 1,90 1,90 1,90 1,90 1,90 1,90 1,90 1,90Fluxos suplementares para a área irrigada 2,24 2,24 2,24 2,24 2,24 2,24 2,24 2,24 2,24 2,24 2,24 2,24 2,24 2,24 2,24

Tarifário dos serviços

Serviço de saneamento urbano 0,09 0,10 0,10 0,11 0,12 0,12 0,12 0,13 0,13 0,13 0,14 0,14 0,14 0,15 0,15Serviço de depuração urbana 0,28 0,30 0,32 0,33 0,35 0,37 0,38 0,39 0,40 0,41 0,42 0,43 0,44 0,45 0,46Serviço de saneamento e de depuração industrial 0,46 0,48 0,49 0,50 0,51 0,53 0,54 0,55 0,57 0,58 0,59 0,61 0,63 0,64 0,66Alimentação em água do reservatório para fins industriais 0,57 0,58 0,60 0,61 0,63 0,64 0,66 0,68 0,69 0,71 0,73 0,75 0,76 0,78 0,80Alimentação em água do reservatório para fins de irrigação 0,15 0,16 0,16 0,17 0,17 0,18 0,18 0,18 0,19 0,19 0,20 0,20 0,21 0,21 0,22

10 A actual rede de esgotos principais urbanos e a conduta de evacuação da estação de depuração de águas serão apenas ligeiramente alteradas(no que toca à área que liga esta rede à nova instalação e à instalação de tratamento terciário); as outras partes do sistema actual continuarãoa ser utilizadas. A água depurada é despejada no rio.

11 Junto a esta instalação, uma estação elevatória e uma conduta de descarga transportam as águas tratadas para um reservatório de separação,do qual, pela força da gravidade, as mesmas são conduzidas para o reservatório superior na área irrigada e para o novo reservatório que servea área industrial.

12 Se bem que esta empresa não tenha experiência específica nas técnicas de reutilização da água, possui uma boa experiência de gestão nodomínio urbano e, portanto, oferece serviços de qualidade. A sua situação económica e financeira é sã e cobra com regularidade e eficácia astarifas correspondentes aos serviços prestados.

actual10, bem como a criação de um sistemade esgotos e de recolha de resíduos na áreaindustrial.

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3.2 Distribuição e depuração da água

Fig. 3.5 Carta do projecto

Rio

Área industrial e rede deesgotos

Área irrigada

Áreas urbanas

Poços

Nascente

Estação elevatória

Instalações de depuração

Tratamento terciário

Conduta de evacuação

Travessa de sustentação (transom)

Conduta principal de descarga

Dispositivo divisor

Reservatório superior

16 17 18 19 20 21 22 23 24 25

242.634 243.119 243.605 244.093 244.581 245.070 245.560 246.051 246.543 247.036

580 580 580 580 580 580 580 580 580 58027.647 28.227 28.807 29.387 29.967 30.547 31.127 31.707 32.287 32.867

270.281 271.346 272.412 273.479 274.547 275.617 276.687 277.758 278.830 279.90367.570 67.836 68.103 68.370 68.637 68.904 69.172 69.439 69.707 69.976

4,48 4,49 4,51 4,53 4,55 4,56 4,58 4,60 4,62 4,6417,91 17,98 18,05 18,12 18,19 18,26 18,33 18,40 18,47 18,543,95 3,95 3,95 3,95 3,95 3,95 3,95 3,95 3,95 3,954,77 4,77 4,77 4,77 4,77 4,77 4,77 4,77 4,77 4,774,14 4,14 4,14 4,14 4,14 4,14 4,14 4,14 4,14 4,14

1,90 1,90 1,90 1,90 1,90 1,90 1,90 1,90 1,90 1,902,24 2,24 2,24 2,24 2,24 2,24 2,24 2,24 2,24 2,24

0,16 0,16 0,16 0,17 0,17 0,18 0,18 0,18 0,19 0,190,48 0,49 0,50 0,51 0,52 0,54 0,55 0,56 0,58 0,590,67 0,69 0,71 0,72 0,74 0,76 0,78 0,80 0,82 0,840,82 0,84 0,86 0,89 0,91 0,93 0,95 0,98 1,00 1,030,22 0,23 0,24 0,24 0,25 0,25 0,26 0,27 0,27 0,28

O volume de água a tratar foi calculado com base num abastecimentodiário médio de 220 litros por habitante e tendo em conta a flutuaçãoda população (nos três meses de Verão, a população residente dacidade diminui, em média, 25%).O nível de abastecimento diário de água foi determinado com basenum estudo das necessidades da população residencial em áreassimilares à área de implantação do projecto (mesmo hábitos sociais,mesmos níveis de consumo, mesma área geográfica, etc.), corrigidasa partir de dados históricos relativos ao consumo da cidade conside-rada, dados estes fornecidos pelo prestador de serviços, que é tam-bém, como já referimos, o autor do projecto de investimento13.No caso da área industrial, a procura de água foi calculada com baseno consumo específico das instalações industriais e tendo em contaum período de actividade de 11 meses por ano14.

A procura de água

13 Os volumes de águas residuais foram calculados através da apli-cação de um coeficiente de dispersão de 0,88. O nível de contami-nação (CBO: carência bioquímica de oxigénio, CQO: carênciaquímica de oxigénio) foi calculado segundo os métodos normali-zados da engenharia ambiental.

14 Os volumes de águas residuais foram calculados através da apli-cação de um coeficiente de dispersão de 0,70 nos processos indus-triais e nos sistemas de captação. Foi efectuada uma análise espe-cífica dos processos industriais utilizados para determinar osníveis de contaminação.

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3.2 Distribuição e depuração da água

O abastecimento total é considerado inclu-indo as fugas na rede de distribuição. O con-sumo real é calculado da seguinte forma:

Consumo real = abastecimento total - fugas

Análise do projectoNo segmento urbano, a procura de depu-ração de água provém, simultaneamente, dosutilizadores da rede urbana de esgotos exis-tente e dos que serão ligados à parte a desen-volver.

No primeiro ano, os volumes anuais de águasresiduais urbanas são de 15,57 milhões demetros cúbicos (Mm3) e os das águas resi-duais de 3,95 Mm3, ou seja, um total de19,52 Mm3 a captar pela canalização prin-cipal e a tratar pela instalação de depuração.

Para determinar a procura de água a reuti-lizar, foi efectuada uma análise preliminardas diferentes alternativas possíveis, cujasconclusões são as seguintes.

Uma vez que se espera um considerávelaumento da procura na área industrial, asolução optimizada consiste em abastecerestes clientes inteiramente com águas resi-duais tratadas, em vez de construir um novoaqueduto que teria de ser alimentado porfontes bastante abundantes, que não existempróximo da área de utilização. O pequenoaqueduto local será ainda utilizado paracompletar o abastecimento e durante ashoras de ponta.

Quadro 3.7 Quadro da análise financeira, em milhares de euros

Anos

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15

Nova rede urbana de esgotos 140 449 480 512 529 548 567 586 603 621 639 657 677Nova instalação urbana de depuração 1.711 5.491 5.871 6.253 6.471 6.695 6.926 7.164 7.373 7.588 7.808 8.035 8.269Rede de esgotos industriais e sistema de depuração 642 1.975 2.025 2.075 2.127 2.180 2.235 2.291 2.348 2.407 2.467 2.528 2.592Alimentação em água do reservatório industrial 949 2.918 2.991 3.066 3.142 3.221 3.302 3.384 3.469 3.555 3.644 3.735 3.829Alimentação em água para irrigação (suplementar) 121 374 383 393 402 412 423 433 444 455 467 478 490Receitas dos serviços 3.564 11.207 11750 12.299 12.672 13.056 13.451 13.858 14.237 14.625 15.025 15.435 15.856Receitas de outros serviços 51 156 160 164 169 173 178 183 188 193 198 203 209Valor residual das infra-estruturasReceitas totais 3.615 11.363 11.910 12.463 12.841 13.229 13.629 14.041 14.425 14.818 15.223 15.638 16.065Pessoal técnico 259 444 1.372 1.414 1.456 1.500 1.545 1.591 1.639 1.688 1.738 1.791 1.844 1.900Pessoal administrativo 76 157 806 830 855 881 907 934 962 991 1.021 1.052 1.083 1.116Reagentes e outros produtos 0 0 690 707 725 743 761 780 800 820 840 861 883 905Energia para a elevação da água 0 0 52 53 54 55 56 57 58 60 61 62 63 64Energia para as instalações 0 0 555 566 577 589 601 613 625 637 650 663 676 690Manutenção 119 244 1.248 1.279 1.311 1.344 1.378 1.412 1.447 1.484 1.521 1.559 1.598 1.638Custo da eliminação das lamas 0 0 597 612 627 643 659 675 692 710 727 745 764 783Bens intermédios e serviços técnicos 25 52 266 272 279 286 293 301 308 316 324 332 340 349Serviços administrativos, financeiros e económicos 0 29 146 150 154 158 161 165 170 174 178 183 187 192Custos de exploração totais 479 925 5.732 5.883 6.038 6.198 6.361 6.529 6.702 6.879 7.061 7.248 7.439 7.636Mão-de-obra 7.698 14.456 7.860Materiais 11.688 21.950 11.934Arrendamentos 1.017 1.909 1.038Transportes 895 1.680 914Expropriações 1.063 767 299Estudos do projecto, gestão dos trabalhos, ensaios 1.796 1.660 526Custos de investimento totais 24.156 42.422 22.571 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0Custo de substituição das componentes de curta duraçãoDespesas totais 24.156 42.901 23.495 5.732 5.883 6.038 6.198 6.361 6.529 6.702 6.879 7.061 7.248 7.439 7.636Cash-flow líquido -24.156 -42.901 -19.881 5.631 6.027 6.425 6.643 6.868 7.100 7.340 7.546 7.758 7.975 8.199 8.429Taxa interna de rentabilidade financeira 6,45%(TIRF/C) do investimento Valor actual líquido financeiro (VALF/C) 15.042do investimento

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3.2 Distribuição e depuração da água

As necessidades em águas de irrigação são dedois tipos:

• É necessário não só aumentar considera-velmente os afluxos de água de irrigação, afim de explorar plenamente a área já servi-da pela rede de distribuição, mas tambémincentivar e acompanhar a actual evoluçãodas culturas para uma produção não exce-dentárias e de elevado valor acrescentado.

• A actual utilização do lençol freático e deum pequeno reservatório de água exerceuuma pressão excessiva sobre os recursosnaturais, que apresentam, em ambos oscasos, sinais tangíveis de depauperamentoe de vulnerabilidade. Por conseguinte, énecessário reduzir as captações.

Estas constatações conduziram à soluçãodescrita na secção anterior.

Análise financeira

O quadro 3.7 expõe a análise financeira e oresultado obtido.

O horizonte temporal é de 25 anos.

Dinâmica da procuraA dinâmica da procura foi determinada tendo em conta a evolução da população residente na cidade, que temduas componentes:• uma taxa de crescimento demográfico (a média da região) de 0,20% ao ano;• um fluxo migratório com um saldo positivo (essencialmente devido ao crescimento das actividades indus-

triais) de 2.900 novos habitantes por ano nos primeiros 5 anos, que diminuirá em um terço (para 1 933 habi-tantes/ano) entre o 6º e o 10º anos e acabará por se estabilizar em um quinto (580 habitantes/ano).

• Não se prevê alteração da procura para fins industriais.

O tratamento terciário das águas residuaisA estação de tratamento (terciário) intensivo das águas residuais será constituída por três módulos que, utili-zando uma parte (520 litros por segundo) do débito proveniente de uma instalação de depuração, tratará 11,88Mm3 por ano, com uma produção de água reutilizável de 8,91 Mm3/ano, repartidos da seguinte forma:• 4,77 Mm3/ano serão destinados à indústria e completados (0,87 Mm3/ano) pelo aqueduto actual para a satis-

fação de todas as necessidades;• 4,14 Mm3/ano satisfarão as necessidades da agricultura durante a estação de irrigação, que dura cerca de

sete meses, permitindo reduzir a metade os volumes actualmente captados em fontes naturais, que pas-sarão, portanto, de 3,80 Mm3/ano para 1,90 Mm3/ano e constituirão igualmente novos recursos; o volumetotal disponível será de 6,04 Mm3/ano.

Os volumes não tratados provenientes dos módulos de água a reutilizar serão ainda lançados no rio.

16 17 18 19 20 21 22 23 24 25

696 716 737 759 781 803 827 850 875 9008.509 8.756 9.010 9.272 9.541 9.817 10.102 10.394 10.695 11.0052.656 2.723 2.791 2.861 2.932 3.005 3.081 3.158 3.237 3.3173.925 4.023 4.123 4.226 4.332 4.440 4.551 4.665 4.782 4.901

502 515 528 541 555 568 583 597 612 62716.289 16.733 17.189 17.658 18.140 18.635 19.143 19.665 20.201 20.751

215 220 226 233 239 245 252 259 266 27339.438

16.503 16.953 17.416 17.891 18.379 18.880 19.395 19.923 20.467 60.4621.957 2.015 2.076 2.138 2.202 2.268 2.336 2.406 2.479 2.5531.149 1.184 1.219 1.256 1.293 1.332 1.372 1.413 1.456 1.499

927 951 974 999 1.024 1.049 1.076 1.103 1.130 1.15866 67 68 70 71 73 74 76 77 79

704 718 732 747 762 777 793 808 825 8411.678 1.720 1.763 1.808 1.853 1.899 1.947 1.995 2.045 2.096

803 823 843 865 886 908 931 954 978 1.003358 366 376 385 395 405 415 425 436 447197 202 207 212 217 223 228 234 240 246

7.838 8.046 8.259 8.478 8.703 8.934 9.171 9.415 9.665 9.921

0 0 0 0 0 0 0 0 0 016109

23.947 8.046 8.259 8.478 8.703 8.934 9.171 9.415 9.665 9.921-7.444 8.907 9.157 9.413 9.676 9.946 10.224 10.509 10.802 50.541

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72

3.2 Distribuição e depuração da água

Inflação• Foi aplicada aos custos uma dinâmica inflacio-

nista (crescimento anual constante de 2,5%).• Salários reais: um aumento suplementar de

+0,5% por ano (crescimento dos salários mone-tários = +3,0% por ano).

• Preços da energia: um diferencial de - 0,5% emrelação à inflação.

Cálculo das receitas As receitas previstas para o primeiro ano(9 818 000 euros) foram calculadas da seguinteforma:• Rede de saneamento urbana (novas ligações

para 25% dos habitantes): 3,89 Mm3/ano x 0,093euros por m3 = 362.000 euros.

• Rede de depuração urbana (na situação actual“sem intervenção”, não é aplicada a taxa dedepuração): 15,57 Mm3/ano x 0,28 euros por m3

= 4.422.000 euros.• Rede de esgotos industrial e serviço de depu-

ração: 3,95 Mm3/ano x 0,46 euros por m3 =1.834.000 euros.

• Alimentação do reservatório para a indústria:4,77 Mm3/ano x 0,57 euros por m3 =2.710.000 euros.

• Abastecimento para fins de irrigação (volumessuplementares): 2,24 Mm3/ano x 0,15 euros porm3 = 347.000 euros;

• Receitas de outros serviços (3% do primeiroponto e do segundo): 144.000 euros.

Segundo a regulamentação em vigor no país ondeo investimento será realizado, as taxas serãoreavaliadas em função da inflação15. Para ter emconta o tempo necessário à construção das infra-estruturas, foi introduzido no cálculo um coefici-ente de correcção das receitas.

15 Além disso, quando o investimento é parcialmente co-financiadopelo autor do projecto/responsável – como é o caso – é autorizadoum aumento superior à taxa de inflação. Na análise, partimos deum aumento suplementar de 3% ao ano nos primeiros 6 anos,aplicado unicamente às tarifas respeitantes aos serviços de sanea-mento e depuração urbanos.

A análise, efectuada do ponto de vista doorganismo de financiamento, considera oscustos e as receitas diferenciais geradas pelodesenvolvimento do investimento propostoem relação ao custo de um cenário sem oinvestimento.

O quadro 3.6 resume algumas hipóteses decálculo dos custos e benefícios financeiros.

Entre os custos previstos constam os custosde desenvolvimento do projecto, incluindoas despesas com estudos, a planificação egestão dos trabalhos, os ensaios, as outrasdespesas gerais e todos os custos de desenvol-vimento e ensaio da instalação prevista. Ocusto total (89,15 milhões de euros) foisubdividido em categorias homogéneas,cujos valores foram imputados (a preçosconstantes) aos três primeiros anos, combase no programa de execução do projecto.

As despesas de funcionamento suplemen-tares, isto é, as que se prevêem para asseguraros serviços gerados pelo investimento (novosesgotos para 25% da população, instalaçãode depuração para toda a cidade e para a áreaindustrial, abastecimento de água à indústriae à agricultura) incluem as despesas com pes-soal (subdividido entre pessoal técnico e pes-soal administrativo), electricidade, manu-tenção, incluindo as peças de substituição,reagentes e outros produtos utilizados nadepuração, no tratamento terciário e naeliminação das lamas de tratamento, bemcomo com a aquisição de outros bens e ser-viços intermédios (técnicos e administra-tivos).

Sempre que possível, estas despesas foramquantificadas com base em dados técnicos doprojecto (electricidade, reagentes, eliminaçãodas lamas) ou por extrapolação de dadosobtidos com a experiência de gestão do autordo projecto (pessoal, outros bens e serviços).

Os custos de manutenção foram calculadoscom base nos preços do mercado local ou,

quando estes não estiveram disponíveis, nospreços da região ou do país.

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Além dos custos acima referidos, conside-raram-se os custos de substituição dascomponentes de curta duração em relaçãoao horizonte temporal do projecto: funda-mentalmente, as máquinas e outros equipa-mentos electromecânicos de tratamento eas estações elevatórias que, de acordo comos dados técnicos indicados nas publica-ções disponíveis, terão uma vida útil de 15anos.

Por razões de simplicidade, efectuou-se o cál-culo introduzindo o custo total deste equipa-mento no sexto ano, reavaliado em função dainflação.

As receitas são provenientes das tarifascobradas pelos novos serviços, avaliadas emconformidade com as tarifas correspon-dentes no domínio do investimento sobrevolumes medidos por meio de contadores.

Para o cálculo do último ano, o valor residualdas infra-estruturas é acrescentado à entradafinanceira anterior, que se calcula simples-mente de forma em proporcional à vida útilresidual do custo do investimento, reavaliadoem função da inflação.

Os índices seguintes são obtidos a partir doscash-flows: VALF = 15 042 mil euros; TIRF/C= 6,45%.

73

3.2 Distribuição e depuração da água

Quadro 3.8 Factores de conversão aplicáveis à análise económica

Tipo de custo fc Observações

Mão-de-obra e pessoal 1,00 Por razões de simplicidade e prudênciaMateriais 0,83 55% para máquinas e bens manufacturados, 45% para materiais de construçãoArrendamentos 0,88 40% para pessoal, 30% para energia, 20% para manutenção, 10% para benefícios (fc = 0)Transportes 0,88 40% para pessoal, 30% para energia, 20% para manutenção, 10% para benefícios (fc = 0)Expropriações 1,25 100% para o terrenoEstudos do projecto, gestão dos trabalhos, testes e outras despesas gerais 1,00 Despesas assimiladas a despesas de pessoalTerreno 1,25 Coeficiente padrão X preço local (superior em 30% ao preço de expropriação)

Máquinas, bens manufacturados, estruturas, etc. 0,82 50% para produção local (FCP), 40% para importações (fc = 0,85), 10% para benefícios (fc = 0)Materiais de construção 0,85 75% para materiais locais (FCP), 15% para importações (fc = 0,85), 10% para benefícios (fc = 0)Electricidade, combustíveis, outros preços da energia 0,96 FCPManutenção 0,97 80% para pessoal, 20% para materiais Reagentes e outros produtos 0,80 30% para produção local (FCP), 60% para importações (fc = 0,85), 10% para benefícios (fc = 0)Bens intermédios e serviços técnicos 0,95 70% para pessoal, 30% para bens manufacturadosServiços administrativos, financeiros e económicos 1,00 100% para pessoalValor resultante dos custos de investimento 0,91 Ponderado por tipos de custo do projecto

Cálculo do valor residual das infra-estruturasO valor aplicado (39.438.000 euros) foi obtido combase nas seguintes vidas úteis:• rede e esgotos: 40 anos• reservatórios e cisternas: 50 anos• máquinas: 15 anos• estruturas: 25 anos• edifício: 40 anos

Análise económicaPara a conversão dos preços na análise finan-ceira utilizaram-se factores de conversãoespecíficos (ver quadro 3.8) e o factor deconversão padrão (FCP).

Os factores de conversão permitem corrigiros preços do mercado, tendo em conta asdistorções que afastam o valor do seu equilí-brio a longo prazo (transferências, auxíliosestatais, etc.).

Os factores de conversão permitem calcularos custos sociais decorrentes dos investi-mentos e os custos de exploração e de reno-vação dos equipamentos de curta duração(ver análise financeira).

A estes é necessário acrescentar as externali-dades negativas: os custos decorrentes da

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3.2 Distribuição e depuração da água

instalação do estaleiro, que se repercutemessencialmente na área urbana, nos tran-sportes e em outras funções territoriais e nocusto de utilização da terra.

Os custos de consumo de terrenos inutili-zados são assimilados a custos de investi-mento reavaliados.

O custo global da instalação de estaleiros deconstrução deve necessariamente ser calcu-lado de forma aproximada, a partir do custosocial do prolongamento da obra. Esta vari-ável de substituição é de cerca de 6.500.000euros por cada ano de atraso na conclusãodos trabalhos. Este montante, reavaliado com

Quadro 3.9 Algumas hipóteses para quantificar os custos e benefícios económicos

Anos

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15

QuantidadesHabitantes

Crescimento demográfico 235.470 235.941 236.413 236.886 237.359 237.834 238.310 238.786 239.264 239.743 240.222 240.702 241.184 241.666 242.150Fluxo migratório

Valor anual 2.900 2.900 2.900 2.900 2.900 1.933 1.933 1.933 1.933 1.933 580 580 580 580 580Valor acumulado 2.900 5.800 8.700 11.600 14.500 16.433 18.367 20.300 22.233 24.167 24.747 25.327 25.907 26.487 27.067Habitantes servidos pela estação de depuração de água 238.370 241.741 245.113 248.486 251.859 254.267 256.676 259.086 261.497 263.909 264.969 266.029 267.091 268.153 269.216Habitantes servidos pela rede de esgotos 59.593 60.435 61.278 62.121 62.965 63.567 64.169 64.772 65.374 65.977 66.242 66.507 66.773 67.038 67.304

Volumes anuais (milhões de metros cúbicos)Novo esgoto urbano 3,948 4,004 4,060 4,115 4,171 4,211 4,251 4,291 4,331 4,371 4,388 4,406 4,424 4,441 4,459Tratamento da depuração para fins urbanos 15,791 16,015 16,238 16,462 16,685 16,845 17,004 17,164 17,324 17,483 17,554 17,624 17,694 17,764 17,835Saneamento e depuração Indústria 3,946 3,946 3,946 3,946 3,946 3,946 3,946 3,946 3,946 3,946 3,946 3,946 3,946 3,946 3,946Indústria e irrigação 8,909 8,909 8,909 8,909 8,909 8,909 8,909 8,909 8,909 8,909 8,909 8,909 8,909 8,909 8,909y de irrigaciónVolume evacuado bruto 10,828 11,052 11,275 11,499 11,722 11,882 12,041 12,201 12,361 12,520 12,591 12,661 12,731 12,801 12,872Volume evacuado líquido 8,663 8,841 9,020 9,199 9,378 9,505 9,633 9,761 9,888 10,016 10,072 10,129 10,185 10,241 10,298

Abastecimento industrial por grossoAlimentação do reservatório para a área industrial 4,770 4,770 4,770 4,770 4,770 4,770 4,770 4,770 4,770 4,770 4,770 4,770 4,770 4,770 4,770

IrrigaçãoAlimentação do reservatório para a área irrigada 4,139 4,139 4,139 4,139 4,139 4,139 4,139 4,139 4,139 4,139 4,139 4,139 4,139 4,139 4,139Volumes previamente fornecidos 3,800 3,800 3,800 3,800 3,800 3,800 3,800 3,800 3,800 3,800 3,800 3,800 3,800 3,800 3,800Volumes substituídos 1,900 1,900 1,900 1,900 1,900 1,900 1,900 1,900 1,900 1,900 1,900 1,900 1,900 1,900 1,900Volumes suplementares 0,339 0,339 0,339 0,339 0,339 0,339 0,339 0,339 0,339 0,339 0,339 0,339 0,339 0,339 0,339

Preços fictícios (euros)

Rede de saneamento urbano(em euros/habitante servido) 104,80 107,60 110,48 113,44 116,47 119,59 122,79 126,08 129,45 132,92 136,48 140,14 143,89 147,75 151,71Depuração para fins urbanos e industriais 0,81 0,83 0,85 0,87 0,90 0,92 0,94 0,96 0,99 1,01 1,04 1,06 1,09 1,12 1,15Alimentação do reservatório para a área 0,97 0,99 1,02 1,04 1,07 1,10 1,12 1,15 1,18 1,21 1,24 1,27 1,30 1,33 1,37industrial (euros/m3)Preço fictício da água de irrigação 0,17 0,17 0,17 0,18 0,18 0,19 0,19 0,20 0,20 0,21 0,21 0,22 0,22 0,23 0,23substituída (euros/m3)Preço fictício da água de irrigação 0,81 0,83 0,85 0,87 0,90 0,92 0,94 0,96 0,99 1,01 1,04 1,06 1,09 1,12 1,15suplementar (euros/m3)Novo serviço de saneamento urbano 2.257 7.047 7.334 7.602 7.879 8.166 8.463 8.770 9.041 9.320 9.608 9.905 10.211Serviços de depuração urbano e industrial 2.563 8.037 8.398 8.725 9.063 9.413 9.775 10.149 10.461 10.782 11.113 11.454 11.805

base na inflação, foi aplicado como custo nostrês primeiros períodos da análise.

O custo social da afectação do terreno (cercade 37 ha) à construção da nova infra-estru-tura não é inteiramente representado pelocusto da expropriação (ao qual foi aplicado oseu próprio factor de conversão), tanto maisque o custo social não é representativo dovalor atribuível à melhor utilização do mes-mo terreno ao nível local. Por este motivo, ocusto foi avaliado tendo em conta o valoracrescentado da produção agrícola suple-mentar que pode ser obtida num terrenobem irrigado (calculado em 4.462 euros),valor igualmente utilizado para avaliar o

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3.2 Distribuição e depuração da água

16 17 18 19 20 21 22 23 24 25

242.634 243.119 243.605 244.093 244.581 245.070 245.560 246.051 246.543 247.036

580 580 580 580 580 580 580 580 580 58027.647 28.227 28.807 29.387 29.967 30.547 31.127 31.707 32.287 32.867

270.281 271.346 272.412 273.479 274.547 275.617 276.687 277.758 278.830 279.90367.570 67.836 68.103 68.370 68.637 68.904 69.172 69.439 69.707 69.976

4,476 4,494 4,512 4,529 4,547 4,565 4,582 4,600 4,618 4,63617,905 17,976 18,047 18,117 18,188 18,259 18,330 18,401 18,472 18,5433,946 3,946 3,946 3,946 3,946 3,946 3,946 3,946 3,946 3,9468,909 8,909 8,909 8,909 8,909 8,909 8,909 8,909 8,909 8,909

12,942 13,013 13,084 13,154 13,225 13,296 13,367 13,438 13,509 13,58010,354 10,410 10,467 10,523 10,580 10,637 10,693 10,750 10,807 10,864

4,770 4,770 4,770 4,770 4,770 4,770 4,770 4,770 4,770 4,770

4,139 4,139 4,139 4,139 4,139 4,139 4,139 4,139 4,139 4,1393,800 3,800 3,800 3,800 3,800 3,800 3,800 3,800 3,800 3,8001,900 1,900 1,900 1,900 1,900 1,900 1,900 1,900 1,900 1,9000,339 0,339 0,339 0,339 0,339 0,339 0,339 0,339 0,339 0,339

155,78 159,96 164,25 168,66 173,18 177,83 182,61 187,51 192,55 197,721,18 1,20 1,23 1,27 1,30 1,33 1,36 1,40 1,43 1,471,40 1,44 1,47 1,51 1,55 1,59 1,63 1,67 1,71 1,75

0,24 0,25 0,25 0,26 0,26 0,27 0,28 0,28 0,29 0,30

1,18 1,20 1,23 1,27 1,30 1,33 1,36 1,40 1,43 1,47

10.526 10.851 11.186 11.531 11.887 12.254 12.631 13.021 13.422 13.83612.166 12.538 12.921 13.316 13.722 14.141 14.572 15.015 15.472 15.942

O factor de conversão padrãoO FCP define-se pela fórmula que a seguir se apresenta e baseia-se nos dados macroeconómicos abaixo indi-cados (valores em milhões de euros):

M + XFCP = ------------------------ = 0,96

(M+TM) + (X-TX)em que: M = valor das importações = 4.000

X = valor das exportações = 3.000TM = taxas sobre as importações = 600TX = taxas sobre as exportações = 300

benefício resultante do abastecimento suple-mentar de água para fins de irrigação. Natu-ralmente, o custo reavaliado da expropriaçãodeve ser deduzido do valor obtido.

Para avaliar os benefícios – sempre que seconsiderou possível fazê-lo – foi aplicado ométodo dito da “disposição para pagar”,fixando-se preços fictícios para os serviçosque possam ter um mercado alternativo.Uma vez que o preço fictício assim obtido serefere ao serviço prestado ao utilizador final,aplicaram-se coeficientes de distribuiçãoapropriados, retirados de publicações e daexperiência adquirida, para calcular o preçonecessário à análise16.

Os benefícios decorrentes do novo serviço desaneamento foram integrados no valor socialdas doenças evitadas, sem ter em conta, pormedida de prudência, as mortes evitadas.Assim, a incidência anual média das poten-ciais infecções e de outras doenças gravesentre as crianças, os adultos em idade activae as pessoas idosas foi avaliada calculando oscustos dos dias de hospitalização, de trata-mento e de ausência de produção (unica-mente no caso dos adultos); isto resultounum valor de 104,80 euros por ano e porhabitante servido. A dinâmica deste preço foicalculada por média ponderada entre ocoeficiente de inflação e o coeficiente salarial.

A depuração da água para fins urbanos eindustriais produz benefícios em diversos

16 Preço fictício do abastecimento de água para fins industriais: 1,29euros o m3 x 0,60 (coeficiente de repartição aplicável unicamenteao transporte) = 0,97 euros o m3.Preço fictício do abastecimento de água para fins de irrigação:0,21 euros o m3 x 0,80 (coeficiente de repartição aplicável unica-mente ao transporte) = 0,17 euros o m3.

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3.2 Distribuição e depuração da água

potencial para fins de irrigação a um preçofictício de 0,81 euros/m3, preço já aplicadopara avaliar os benefícios do abastecimentosuplementar de água para fins de irrigação.

Os coeficientes de conversão foram igual-mente aplicados aos benefícios ligados àsreceitas de outros serviços e ao valor residualda infra-estrutura.

Os cash-flows apresentados no quadro 2 dãoos seguintes índices:VALE = 185.034 mil euros; TIRE = 18%.

Quadro 3.10 Quadro da análise económica – em milhares de euros

Anos

cf(3) 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15

Novo serviço de saneamento urbano 2.257 7.047 7.334 7.602 7.879 8.166 8.463 8.770 9.041 9.320 9.608 9.905 10.211Serviço de depuração urbano 2.563 8.037 8.398 8.725 9.063 9.413 9.775 10.149 10.461 10.782 11.113 11.454 11.805e industrialAlimentação do reservatório Industrial 1.618 4.974 5.098 5.226 5.356 5.490 5.628 5.768 5.913 6.060 6.212 6.367 6.526Água economizada 110 338 347 355 364 373 383 392 402 412 422 433 444Água suplementar 636 1.956 2.005 2.055 2.107 2.159 2.213 2.269 2.325 2.384 2.443 2.504 2.567

Receitas dos serviços 7.183 22.352 23.182 23.963 24.770 25.602 26.461 27.348 28.141 28.958 29.798 30.663 31.552Receitas de outros serviços 48 149 153 158 162 166 171 175 180 185 190 195 200Valor residual das infra-estruturas 0,91Receitas totais 7.232 22.502 23.335 24.121 24.932 25.769 26.632 27.523 28.321 29.143 29.988 30.858 31.753

Abertura do estaleiro de construção 6.508 6.671 6.838Consumo de terrenoPerda da produção agrícola 164 168 172 176 181 185 190 195 200 205 210 215 220 226 232Custo das expropriações já previstas -1.325 -957 -373Custo total líquido em consumo de terreno -1.161 -789 -201 176 181 185 190 195 200 205 210 215 220 226 232

Custos externos 4.187 5.094 6.436 353 362 371 380 390 399 409 419 430 441 452 463Pessoal técnico 1,00 259 444 1.372 1.414 1.456 1.500 1.545 1.591 1.639 1.688 1.738 1.791 1.844 1.900Pessoal administrativo 1,00 76 157 806 830 855 881 907 934 962 991 1.021 1.052 1.083 1.116Reagentes e outros produtos 0,80 550 564 578 592 607 622 638 654 670 687 704 722Energia para a estação elevatória 0,96 50 51 52 53 54 55 56 57 58 59 61 62Energia para as instalações 0,96 532 543 554 565 576 587 599 611 623 636 649 662Manutenção 0,97 115 235 1.206 1.236 1.267 1.299 1.331 1.365 1.399 1.434 1.469 1.506 1.544 1.582Bens intermédios e serviços técnicos 0,95 24 49 251 258 264 271 278 284 292 299 306 314 322 330Serviços administrativos, financeiros 0,55 29 146 150 154 158 161 165 170 174 178 183 187 192e económicos

Custos de exploração totais 473 914 4.914 5.045 5.179 5.317 5.459 5.605 5.754 5.908 6.066 6.228 6.394 6.565Mão-de-obra 1,00 7.698 14.456 7.860Materiais 0,83 9.721 18.256 9.925Arrendamentos 0,88 896 1.682 914Transportes 0,88 788 1.480 805Expropriações 1,25 1.325 957 373Estudos do projecto, trabalhos, 1,00 1.796 1.660 526gestão, ensaios

Custos de investimento totais 22.223 38.490 20.404Custos de substituição 0,91

Despesas totais 26.410 44.057 27.753 5.267 5.407 5.550 5.697 5.849 6.004 6.163 6.327 6.495 6.668 6.846 7.028Cash-flow líquido -26.410 -44.057 -20.521 17.235 17.929 18.571 19.234 19.920 20.628 21.359 21.994 22.648 23.320 24.012 24.725Taxa interna de rentabilidade 18,23%económica (TIRE)Valor actual líquido económico (VALE) 185.034

sectores, a começar pela protecção ambientalda água e do solo, mas também pela pro-tecção da saúde humana e pela salvaguardadas espécies vivas. Uma avaliação aproxi-mada prudente destes efeitos externos posi-tivos pode ser efectuada atribuindo um valoraos volumes de água purificada evacuados esusceptíveis de ser reutilizados para dife-rentes fins, inclusivamente noutros locais.Neste caso, os volumes de água purificadanão utilizados localmente e, portanto, evacu-ados, reduzidos pela aplicação de um coefici-ente de dispersão (0,80), são de cerca de8,5 Mm3/ano, supondo uma reutilização

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77

3.3 Transportes

Análise de sensibilidadeA análise de sensibilidade, efectuada combase nos parâmetros que o autor do projectoconsiderou mais críticos, deu os resultadosapresentados no quadro 3.11 em termos dealteração do VAL financeiro e económico emrelação aos valores do caso de base.

A análise dos riscos foi efectuada com basenas variáveis mais críticas: taxa de inflação,tarifas, população (esta análise não é aquiapresentada).

3.3 TransportesIntroduçãoA presente secção ilustra os investimentosrealizados no desenvolvimento de novasinfra-estruturas de transportes. Podem terpor objecto novas linhas de transporte,novos nós, a conclusão de redes existentes oua melhoria de linhas e nós existentes.

A metodologia proposta centra-se, principal-mente, nos meios de transporte ferroviários erodoviários. No entanto, estes princípiosgerais podem ser igualmente aplicados aoutros meios, por exemplo, os transportesmarítimos e aéreos, cujas especificidades nãosão abordadas.

Quadro 3.11 Quadro para a análise de sensibilidade

Variações dos parâmetros Variação de Variação deVALF (%) VALE (%)

Dinâmica dos preçosTaxa de inflação de 3% e 2% +44% / -41% +9,6% / -9,0%Dinâmica dos salários reais a +1% e a 0% -14%/+13% praticamente constante Dinâmica dos preços da energia igual à inflação -3% praticamente constanteDinâmica das tarifasRedução a 3 anos do período de aumento dos pagamentos dos investimentos -50% sem alteraçãoDinâmica demográficaTaxa de crescimento anual Da população (0%) -16% -4%Custos dos bens e serviçosCustos dos reagentes aumentados em +10% -7% -0.4%Custos de eliminação das lamas aumentados em +10% -6% +/- 0%Custos da electricidade aumentados em +10% -5% +/- 0%Receitas e benefíciosPagamento de serviços +10% e —10% +116 / -116% +/- 0%Melhoria da produção agrícola aumentada em 10% sem alteração +8%

16 17 18 19 20 21 22 23 24 25

10.526 10.851 11.186 11.531 11.887 12.254 12.631 13.021 13.422 13.83612.166 12.538 12.921 13.316 13.722 14.141 14.572 15.015 15.472 15.942

6.690 6.857 7.028 7.204 7.384 7.569 7.758 7.952 8.151 8.354455 466 478 490 502 515 527 541 554 568

2.631 2.697 2.764 2.833 2.904 2.977 3.051 3.127 3.206 3.28632.467 33.409 34.378 35.374 36.399 37.454 38.539 39.656 40.804 41.986

206 211 217 223 229 235 242 248 255 26235.885

32.673 33.620 34.595 35.597 36.628 37.689 38.781 39.904 41.059 78.132

237 243 249 256 262 268 275 282 289 296

237 243 249 256 262 268 275 282 289 296475 486 499 511 524 537 550 564 578 593

1.957 2.015 2.076 2.138 2.202 2.268 2.336 2.406 2.479 2.5531.149 1.184 1.219 1.256 1.293 1.332 1.372 1.413 1.456 1.499

740 758 777 797 817 837 858 879 901 92463 64 66 67 68 70 71 72 74 75

675 688 702 716 730 745 760 775 791 8071.622 1.663 1.704 1.747 1.790 1.835 1.881 1.928 1.976 2.026

338 347 355 364 373 383 392 402 412 422197 202 207 212 217 223 228 234 240 246

6.740 6.921 7.106 7.296 7.492 7.693 7.899 8.111 8.328 8.552

14.65821.873 7.407 7.605 7.807 8.016 8.230 8.449 8.675 8.907 9.14510.800 26.213 26.990 27.790 28.613 29.460 30.332 31.229 32.152 68.988

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3.3 Transportes

3.3.1 Definição dos objectivosOs objectivos socioeconómicos dos projectosem matéria de transportes estão geralmenteligados à melhoria das condições de deslo-cação das mercadorias e dos passageiros, tan-to no interior da área estudada como entreesta e outros locais (acessibilidade), bemcomo à melhoria da qualidade do ambiente edo bem-estar da população beneficiária.

Mais especificamente, os objectivos dos pro-jectos em matéria de transportes podem seros seguintes:

• redução de congestionamentos, elimi-nando limitações de capacidade nas redese nós únicos ou construindo novas liga-ções ou vias;

• melhoria do desempenho de uma rede oude um nó, em especial aumentando a velo-cidade de deslocação e reduzindo os custosde funcionamento e a frequência de aci-dentes através da adopção de medidas desegurança;

• transferência da procura para meios detransporte específicos (muitos investi-mentos realizados nos últimos anos, perío-do em que o problema das externalidadesambientais se tornou um factor essencial,têm por objectivo provocar uma transfe-rência modal da procura dos meios maispoluentes para outros que ocasionemmenos prejuízos ambientais);

• conclusão de redes não interligadas oudeficientemente interligadas. As redes detransporte foram muitas vezes desenvol-vidas numa base nacional e/ou regionalque, em alguns casos, já não satisfaz a pro-cura. Este é um problema que afecta sobre-tudo os caminhos-de-ferro;

• melhoria da acessibilidade das áreas ouregiões periféricas.

Numa primeira fase, expõem-se os objec-tivos do projecto estritamente ligados ao sec-tor dos transportes (por exemplo, em termosde reequilíbrio modal), bem como outros decarácter mais geral (protecção do ambiente,desenvolvimento regional, etc.).

Uma vez definidos os objectivos do projecto,examinaremos, numa segunda fase, se aidentificação do projecto está em conformi-dade com estes objectivos.

3.3.2 Identificação do projecto

Tipologia do investimentoUm bom ponto de partida para identificar ainfra-estrutura, sucintamente mas de formaclara e inequívoca, é descrever as suasfunções, que devem estar em conformidadecom os objectivos do investimento. Seguida-mente, será exposto o tipo de acção prevista,ou seja, se se trata de uma estrada totalmentenova, de um elo que falta numa infra-estru-tura mais vasta ou se a acção se integra numaextensão ou numa alteração de uma estradaou de uma via férrea pré-existente (porexemplo, a construção de uma terceira vianuma auto-estrada de duas faixas ou a insta-lação de uma segunda via ou a electrificaçãoe automatização de um caminho-de-ferroexistente).

Quadro de referência espacialOs projectos podem inserir-se em programasnacionais, regionais ou locais em matéria detransportes ou serem da responsabilidade deorganismos de diversas naturezas. Em ambosos casos, a incorporação funcional da infra-estrutura prevista no sistema de transportes(existente ou projectado), seja este urbano,regional, inter-regional ou nacional, deveráfacilitar a análise dos efeitos de rede.

Um segundo aspecto importante é a coerên-cia com as políticas de transportes nacionaise europeias: fiscalidade (por exemplo, sobreos combustíveis), eficiência distributiva dosistema de portagens previsto, condiciona-lismos ou objectivos ambientais, outras polí-ticas de incentivos ou de transferência nosector, normas tecnológicas.

Outro elemento que deve ser tido em consi-deração é o grau de coerência com qualqueroutro projecto e/ou programa de desenvolvi-mento eventualmente em curso na área de

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3.3 Transportes

investimento, tanto em relação ao sector dostransportes como a sectores que possam terincidência na procura de transporte (utili-zação do solo, programa de desenvolvi-mento).

Quadro regulamentar

A regulamentação do sector dos transportestem evoluído consideravelmente nos últimosdez anos, devido à necessidade de remediar aineficácia dos sistemas monopolísticos atra-vés da introdução de elementos de concor-rência nos serviços de transportes e deinstrumentos regulamentares para os“monopólios naturais”, ou seja, as infra-estruturas.

A nível comunitário, a União Europeiadesenvolveu gradualmente, desde o início dadécada de 1990, acções específicas e adoptourecomendações aos Estados-Membros. Noque se refere às acções, as intervenções comu-nitárias são principalmente centradas naregulamentação e no desenvolvimento deinfra-estruturas, nos problemas ligados àstaxas de utilização das infra-estruturas e nainternalização dos custos externos.

3.3.3 Viabilidade e análise das diferentesalternativas

Análise da procura

A apreciação da procura existente e as previ-sões para o futuro constituem uma tarefacomplexa e essencial que frequentemente

Tipologia dos investimentos• Novas infra-estruturas (estradas, vias férreas, portos, aeroportos)

para satisfazer uma procura crescente de transportes• Conclusão das redes existentes (ligações em falta)• Ampliação das infra-estruturas existentes• Renovação de infra-estruturas existentes• Investimentos em medidas de segurança nas redes ou ligações

existentes• Melhoria da utilização das redes existentes (isto é, melhorar a utili-

zação da capacidade de redes subutilizadas)• Melhorias em matéria de intermodalidade (interfaces, acessibili-

dade aos portos e aeroportos)• Melhorias em matéria de interoperabilidade das redes• Melhorias na gestão das infra-estruturasCaracterísticas operacionais dos investimentos:• Aumento da capacidade das redes existentes• Redução dos congestionamentos• Redução das externalidades• Melhoria da acessibilidade das regiões periféricas• Redução dos custos de funcionamentos dos meios de transporteTipos de serviços:• Infra-estruturas para áreas densamente povoadas• Infra-estruturas para a procura de transportes de longa distância• Infra-estruturas para o transporte de mercadorias• Infra-estruturas para o transporte de passageiros

Caixa 3.2 Quadro legislativo

Livros BrancosFutura evolução da política comum dos tran-sportes – Livro Branco /COM(92)494Pagamento justo pela utilização das infra-estru-turas – Uma abordagem gradual para um quadrocomum de tarifação das infra-estruturas de tran-sportes na União Europeia – Livro Branco/*COM/98/0466 final

A política europeia de transportes no horizonte2010: a hora das opções – Livro Branco /COM/2001Redes transeuropeias – Transportes (TEN-T)Decisão nº 1692/96/CE do Parlamento Europeu edo Conselho de 23 de Julho de 1996 sobre asorientações comunitárias para o desenvolvi-mento da rede transeuropeia de transportes

Decisão do Parlamento Europeu e do Conselhoque altera a Decisão nº 1692/96/CE sobre asorientações comunitárias para o desenvolvi-mento da rede transeuropeia de transportes -COM/2001

consome uma parte considerável dos recur-sos atribuídos ao estudo de viabilidade.

No que se refere ao cenário de referência (istoé, a opção de nada fazer ou de fazer o míni-mo), recomenda-se a especificação dosseguintes elementos:

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3.3 Transportes

• área de influência do projecto: este aspectoé importante para identificar a procura naausência do projecto e os impactes da novainfra-estrutura e para identificar os outrosmeios de transporte que podem ser tidosem consideração (por exemplo, no caso,frequente, de ligações em que coexistemvários modos: estrada, caminho-de-ferro etransporte aéreo);

• o procedimento utilizado para apreciar aprocura actual e a procura futura (utili-zação de modelos únicos ou plurimodais,extrapolações a partir de tendências passa-das, preços e custos para os utilizadores,políticas de regulação e de fixação dospreços, congestionamento e nível de satu-ração das redes, novos investimentos pre-vistos durante o período que é objecto daanálise);

• suposições feitas relativamente aos modosconcorrentes e às outras alternativas possí-veis (preços e custos para os utilizadores,políticas de regulação e de fixação dospreços, congestionamento e nível de satu-ração das redes, novos investimentos pre-vistos durante o período que é objecto daanálise);

• alterações em relação às tendências passa-das e comparação com previsões em largaescala (a nível regional, nacional e euro-peu).

Dado o elevado grau de incerteza dastendências futuras em termos de procura, éaconselhável desenvolver, pelo menos, doiscenários, um optimista e um pessimista, eligar as duas hipóteses às tendências do PIB ea outras variáveis macroeconómicas.

Quanto às soluções propostas por um pro-jecto, importa lembrar que o sistema de tran-sportes é um sistema plurimodal. A mesmaprocura de transporte pode ser satisfeita,pelo menos parcialmente, por diferentesmeios de transporte, que podem entrar emconcorrência pela mesma procura.

Pode haver concorrência no âmbito do mes-mo meio de transporte (por exemplo, entre

portos, entre aeroportos, entre estradas eentre caminhos-de-ferro) em relação aos nósde transporte, mas também em relação aintervenções que se concentrem em redesparticularmente densas, especialmente tra-tando-se de tráfego de longa distância.

As apreciações da procura potencial devemesclarecer os seguintes elementos:

• a composição do tráfego gerado pela novainfra-estrutura ou pela infra-estruturareforçada, em termos de tráfego existente,de tráfego desviado de outros modos e detráfego gerado;

• a elasticidade em termos de tempo e de cus-tos decorrentes, implicitamente, das esti-mativas relativas ao tráfego desviado deoutros modos, distribuída de forma ade-quada e comparada com os dados cons-tantes da literatura ou apurados no quadrode outros projectos (as características, aestrutura e a elasticidade da procura detransporte são especialmente importantesno caso de projectos que possam ser ligadosa infra-estruturas de utilização paga, umavez que os volumes de tráfego previstos sãodeterminados pelo nível das taxas a pagar);

• a sensibilidade dos fluxos de tráfego previs-tos a determinadas variáveis essenciais: aelasticidade em termos de duração dadeslocação e dos custos, os níveis de conges-tionamento de diferentes modos concor-rentes, as estratégias de modos concor-rentes, por exemplo, em matéria de políticade preços. Este aspecto é especialmenteimportante quando se trata de investi-mentos que requerem muito tempo de exe-cução. Durante o período necessário paraconcluir a intervenção, o tráfego que seriapotencialmente ganho pela nova infra-estrutura pode optar por outros meios detransporte e ser difícil de recuperar.

Um aspecto que pode ser importante para aavaliação financeira e económica é o do trá-fego gerado, ou seja, o tráfego que não existi-ria se não houvesse a nova infra-estrutura(ou não houvesse aumento da capaci-

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3.3 Transportes

dade/velocidade da infra-estrutura existente)e que é diferente do tráfego desviado deoutros meios de transporte.

À primeira vista, o tráfego gerado pode sercalculado com base na elasticidade da procu-ra em relação aos custos gerais de transporte(tempo, custos, conforto, etc.). Uma vez queo tráfego depende sempre da distribuiçãoterritorial das actividades económicas e dahabitação, é recomendável, para uma estima-tiva correcta, que se analisem as alteraçõestrazidas pelo projecto à acessibilidade daárea. Para isso, será normalmente necessárioutilizar modelos regionais integrados dedesenvolvimento e de transportes, que actu-almente têm poucos domínios de aplicaçãomas que oferecem excelentes perspectivas dedesenvolvimento. Não havendo estes instru-mentos, convém calcular com prudência otráfego gerado e efectuar análises de sensibi-lidade (ver abaixo) ou de risco em relação aesta componente do tráfego.

Características técnicas

Em relação a cada projecto, será analisada arelação procura/capacidade da nova infra-estrutura. Esta análise deve basear-se nosseguintes elementos:

• níveis de serviços da infra-estrutura emtermos de relação tráfego/capacidade (flu-xos de tráfego nas estradas, número depassageiros que optam pelos transportespúblicos/colectivos, etc.). É útil analisarseparadamente as diferentes componentesdo tráfego, quer em termos de tipos de flu-xo (interno, tráfego intermodal ou tráfegotransitório), quer em termos de origem(tráfego desviado de outros meios de tran-sporte e tráfego gerado);

• tempos e custos de deslocação para osutilizadores (distribuídos por tráfego e ori-gem);

• indicadores de transportes: passa-geiros/km e veículos/km, no caso de passa-geiros; toneladas/km e veículos/km nocaso de mercadorias;

• níveis de segurança do tráfego na novainfra-estrutura ou na nova configuraçãoda infra-estrutura existente.

Na presença de várias opções e do fenómenode congestionamento, deve analisar-se se aprocura não está satisfeita e, se assim for, qualo tráfego que é “rejeitado”. Este é um elemen-to importante para avaliar as consequênciaseconómicas das opções mais pobres do pon-to de vista das infra-estruturas.

No final da análise de viabilidade, pode sernecessário definir as opções pertinentes aavaliar de um ponto de vista ambiental,financeiro e económico. O conjunto de resul-tados constituirá uma fonte para as análisesambiental, financeira e económica que seirão seguir.

Análise das opçõesA constituição de uma solução de referênciae a identificação de alternativas promete-doras são dois aspectos que vão influenciartodos os resultados das futuras avaliações. Asolução de referência corresponderá geral-mente a uma decisão de nada fazer. Noentanto, em certos casos, isto poderá criarum problema no sector dos transportes. Se asolução de referência for “catastrófica”, isto é,se a decisão de não investir implicar umaparalisação do tráfego e, portanto, um eleva-do custo social, qualquer projecto trará bene-fícios importantes, seja qual for o seu preço.

Caso se verifique um grave fenómeno decongestionamento, actual ou futuro, é neces-sário, para evitar deformar os resultados daanálise, configurar uma solução de referênciaque integre as intervenções mínimas (rela-tivas à gestão, à aplicação tecnológica, etc.).Provavelmente, isto poderá fazer-se paraassegurar um ajustamento da procura detransporte na ausência do projecto e paraconter os custos futuros da solução de refe-rência num nível aceitável.

É igualmente essencial a análise de cenáriosdiferentes. Depois de definida a solução de

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Transportes

referência e analisados os aspectos cruciaisem termos de relação procura/capacidade(ver abaixo), é necessário identificar todas assoluções técnicas possíveis com base nascondições materiais e nas tecnologias dispo-níveis.

O principal risco de falseamento da avaliaçãoé o de descurar as opções alternativas, especi-almente as de menor custo (abordagens cen-tradas na gestão e na fixação dos preços,intervenções de infra-estruturas conside-radas “não decisivas” pelos conceptualiza-dores e promotores, etc.).

Custos de investimento e de funcionamentoA análise de viabilidade destina-se igual-mente a calcular, para cada cenário e soluçãode referência, os custos de investimento e asdespesas a considerar para as substituições eas operações extraordinárias de manutenção(que serão efectuadas a intervalos regulares)durante todo o período de avaliação. Estescustos devem ser programados para todo operíodo. Será igualmente necessário deter-minar a duração de vida técnica do investi-mento e o seu valor residual.

Convém assegurar que o projecto incluatodos os trabalhos necessários para a sua exe-cução (por exemplo, as ligações com as redesexistentes, as instalações tecnológicas, etc.) etodos os custos implícitos em cada opção eque as estimativas de custos e do tempo deexecução necessário sejam realistas e pruden-tes, prevendo uma margem de segurança,principalmente quando se trate de projectosde grande importância para a comunidadelocal a que se destinam.

Os custos normais de funcionamento e demanutenção devem ser igualmente referidose quantificados.

No caso dos meios de transporte colectivo, énecessário desenvolver um modelo defuncionamento e calcular os respectivos cus-tos. Quando se trate, por exemplo, do funcio-namento do caminho-de-ferro, deve desen-

volver-se uma hipótese que indique o núme-ro de comboios que podem beneficiar doprojecto, por tipo (mercadorias, passageiros,comboios de pequeno ou longo curso) eligando cada serviço aos respectivos custos.O mesmo se aplica aos nós de transportes,como portos e aeroportos.

TarifasUma vez que a procura de transporte podeoptar por outros modos ou trajectos, ospreços influenciarão o volume previsto daprocura. Por isso, é extremamente impor-tante reanalisar as previsões da procura eassociar os volumes de tráfego correctos acada uma das hipóteses de tarifação.

Os critérios de fixação de tarifas de utilizaçãodas infra-estruturas de transportes são com-plexos e podem provocar alguma confusãona avaliação financeira e económica. Umavez que os preços maximizam as receitas afavor dos gestores/construtores de infra-estruturas e, portanto, também a sua capaci-dade de autofinanciamento, eles podem dife-rir bastante dos níveis de rentabilidade, por-que estes últimos, que têm em consideraçãoo excedente para o público, têm igualmenteem conta os custos externos (os congestiona-mentos e os custos em matéria de ambiente ede segurança).

Uma fixação eficaz de tarifas baseia-se noscustos sociais marginais a longo prazo e exigea “internalização dos custos externos” (prin-cípio do poluidor-pagador), incluindo os cus-tos associados ao congestionamento e àdegradação do ambiente. Relativamente aocongestionamento das vias, este tipo defixação de preços deve implicar, geralmente,portagens pouco elevadas quando não hácongestionamento, de forma a maximizar autilização da infra-estrutura, e portagens ele-vadas em alturas de congestionamento. Se ainfra-estrutura não estiver saturada, haveráum conflito entre a necessidade de autofinan-ciamento e a utilização óptima do produto.Neste caso, uma portagem com que se preten-da recuperar uma parte dos custos de investi-

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3.3 Transportes

mento pode provocar uma subutilização e,portanto, um uso ineficaz do produto.

As tarifas (“direitos de acesso à rede”) do sec-tor dos caminhos-de-ferro representam ofactor mais inovador, que deve ser minucio-samente analisado.

Há duas estratégias opostas: a estratégiaanglo-alemã (pagamento dos custos médios),caracterizada por montantes muito elevados,e a estratégia francesa (pagamento dos custosmarginais), caracterizada por montantespouco elevados. Isto não resolverá inteira-mente nem o problema dos pagamentos emsituação de congestionamento (quando aprocura excede a oferta), nem o problema doscritérios de afectação das vias. Serviços espe-ciais, por exemplo, a nível local, podem bene-ficiar de vantagens parciais ou totais e a afec-tação das vias (ou seja, da capacidade) podeser objecto de limitações para protecção dooperador histórico (“o direito do avô”). Oconjunto das tarifas e dos condicionalismosregulamentares constituem um quadro relati-vamente complexo para avaliar correcta-mente as receitas futuras, sobretudo quandose trate de previsões a longo prazo. As tarifaspodem ter um efeito de retracção significativosobre o tráfego esperado, afectando assim arentabilidade económica do projecto.

Problemas semelhantes podem igualmenteafectar portos e aeroportos.

Por isso, é importante clarificar os critériosde fixação dos preços aplicados às infra-estruturas que são objecto da avaliação (ten-do em conta que os custos externos variamsegundo os níveis de tráfego).

3.3.4 Análise financeiraA análise financeira deve ser efectuada deacordo com os métodos uniformes expostosno segundo capítulo do presente manual.

De uma maneira geral, a análise será condu-zida do ponto de vista dos proprietários dasinfra-estruturas (geralmente os gestores, mas

não necessariamente os operadores da infra-estrutura). Se necessário, pode ser efectuadapara os proprietários e para os operadores,primeiro separadamente e depois de formaconsolidada.

Os custos financeiros do investimento, inclu-indo as despesas consagradas às substituiçõese às operações de manutenção extraordiná-rias, assim como os custos operacionais(incluindo as despesas de manutenção nor-mal e de trabalhos programados, bem comoo pagamento de rendas) são objecto de umaestimativa durante a análise técnica, discri-minada segundo o tipo de trabalhos a que serefere a intervenção durante todo o período ecom base em componentes elementares decusto (mão-de-obra, materiais, transportes efretes), para permitir a aplicação subsequentede factores de conversão dos custos finan-ceiros em custos económicos.

As entradas financeiras serão constituídaspelas receitas das taxas de utilização e/oupelos direitos aplicados à venda de serviçosbem definidos.

A estimativa das receitas deve estar de acordocom as hipóteses desenvolvidas sobre a evo-lução e a elasticidade da procura (ver asecção anterior, relativa aos critérios defixação dos preços).

No caso de se tratar do recurso a um finan-ciamento privado, é necessário ter atenção aqualquer défice de eficiência que possa surgirna sequência da adopção de critérios defixação dos preços diferentes dos que sãofunção dos custos sociais marginais.

3.3.5 Análise económicaA avaliação económica do sector permitiráclarificar alguns aspectos específicos, sendo osector dos transportes frequentemente carac-terizado pela existência de “tarifas adminis-trativas” (por exemplo, quando os modos detransporte colectivo são subvencionados) ede custos “externos” elevados (por exemplo,os custos ambientais). Estes valores diferemdos utilizados na análise financeira.

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3.3 Transportes

Em relação ao investimento e às despesas defuncionamento dos veículos, no caso de seconsiderar que os preços do mercado reflec-tem a raridade dos recursos, será necessárioeliminar determinadas transferências de cus-tos financeiros, aplicando um factor de con-versão a cada componente elementar dos cus-tos (mão-de-obra, materiais, transporte e fre-tes), tendo em consideração os encargos fis-cais. Se não se considerar que os preços domercado reflectem a raridade dos recursos emrelação a determinadas componentes, seránecessário aplicar preços fictícios para corrigiros custos (ver a metodologia geral descrita nosegundo capítulo do presente manual).

Os benefícios resultam tradicionalmente dasvariações na área que sustenta a curva daprocura de transporte (o “excedente consu-midor”, ver adiante) bem como das variaçõesnos custos económicos (custos de recursos,incluindo os custos externos).

Os benefícios são obtidos adicionando asseguintes componentes:

• as variações que afectam o excedente dosconsumidores (incluindo o tempo multi-plicado pelo valor do tempo e todos osencargos do utilizador, como as tarifas, osdireitos e portagens e as alterações nos cus-tos de funcionamento dos veículos utili-zados em transportes privados);

• as variações que afectam o excedente dosprodutores (incluindo, se for caso disso, asperdas e ganhos dos gestores de infra-estruturas e dos operadores de transportespúblicos, assim como qualquer variaçãonos impostos e subsídios governamentais);

• as alterações nos custos não percepcio-nados (presume-se, por vezes, que os auto-mobilistas não têm a percepção dos custosnão ligados aos combustíveis, por exem-plo, o desgaste dos pneus, os custos demanutenção e a depreciação). Alteraçõesnas deslocações em automóvel podemimplicar alterações nestes custos, quedevem ser acrescentados ao cálculo doexcedente dos consumidores;

• as variações que afectam os custos exter-nos.

Tanto o cálculo do excedente dos consumi-dores como o dos custos externos devem terem consideração os bens sem valor de mer-cado (ver abaixo) e aqueles cuja estimativapode exigir a utilização de técnicas especiais.

Ao calcular os benefícios, é recomendávelfazer-se uma distinção entre os benefíciospara o tráfego existente (por exemplo, umaredução de tempo e de custo, resultante deum transporte mais rápido), os benefíciospara o tráfego desviado de outros modos(variações em termos de custos, de tempo ede externalidades devidas à passagem de ummodo para outro) e os benefícios relativos aotráfego gerado (variações que afectem o exce-dente social).

Se o nível da procura é conhecido e o tempoe os custos se alteram mas a procura perma-nece a mesma por não haver tráfego gerado,a análise será limitada às variações dos custoseconómicos líquidos de qualquer transfe-rência. Na presença de tráfego gerado, énecessário reconstituir a curva da procura ecalcular o excedente social relativo à parte dotráfego que não existiria sem o projecto.

Uma série de bens sem valor de mercadodevem ser objecto de uma grande atenção naavaliação económica de projectos que pos-sam estar ligados às infra-estruturas de tran-sportes, ou seja, a avaliação do tempo, dasincidências ambientais e dos acidentes evita-dos.

• Avaliação do tempo: os benefícios em ter-mos de tempo representam muitas vezes aparte mais importante da mais-valia cria-da pelos projectos no domínio dos tran-sportes. Alguns países europeus facultamaos avaliadores estimativas nacionais detempo por motivo e, por vezes, por modo,especialmente no tocante aos passageiros.Na ausência destas estimativas de refe-rência, é possível deduzir uma avaliação do

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3.3 Transportes

tempo com base nas opções dos utiliza-dores ou reajustar e reponderar as estima-tivas de outros estudos com base nos níveisde receitas.

Sem prejuízo de algumas excepções (bens devalor muito significativo), o valor-tempo dosbens é geralmente muito baixo e deve sercalculado com base no capital bloqueado.Em todo o caso, como se trata de um valorque dificilmente pode ser objecto de estima-tiva, a descrição geral do projecto deve mos-trar claramente as quantidades (discrimi-nadas por motivo da viagem e por fluxo)utilizadas na estimativa da procura e naavaliação, assim como os meios pelos quaisforam obtidas.

Os valores relativos ao tempo de deslocaçãonão profissional (incluindo deslocações noâmbito de tarefas domésticas) flutuam, namaior parte dos países, entre 10% e 42% dovalor do tempo de trabalho. O tempo dedeslocação não profissional representa geral-mente uma grande parte dos benefícios dosinvestimentos em matéria de transporte.

• Custos externos: as repercussões ambien-tais dependem geralmente das distânciasde deslocação e do grau de exposição àsemissões poluentes (à excepção do CO2,que representa um poluente “global”).Para avaliar em termos monetários os efei-tos ambientais, não estando disponíveisvalores locais, é possível aplicar às estima-tivas “físicas” dos poluentes os “preçosfictícios” retirados da literatura científica(adequadamente ajustados em função dasfracções dos custos externos já internali-zadas, por exemplo, através de impostossobre os combustíveis).

Os presentes métodos, destinados a avaliar oscustos externos associados aos acidentes evi-tados, devem ser colocados em perspectivacom o nível médio de perigosidade por modode transporte. Por exemplo, no caso do tráfe-go rodoviário, o custo médio por km/veículoou por km/passageiro é geralmente calculadocom base nos custos gerados pelo conjunto

Quadro 3.12 Estimativa dos custos externos médios do transporte (UE-17)

Passageiros (euros/1000 passageiros*km)

Automóv. Motoc. Autoc. Ferrov. AviãoAcidentes 36,0 250 3.1 0,9 0,6Ruído 5,7 17 1,3 3,9 3,6Poluição atmosférica 17,3 7,9 19,6 4,9 1,6Alterações climáticas 15,9 13,8 8,9 5,3 35,2

Mercadorias (euros/1000 toneladas*km)

LDV* HDV** Ferrov. Avião Transporte fluvialAcidentes 100 6,8 11,5Ruído 35,7 5,1 3,5 19,3Poluição atmosférica 131 32,4 4,0 2,6 9,7Alterações climáticas 134 15,1 4,7 153 4,2

Fonte: INFRAS-IWW

* = LDV Light Duty Vehicles (veíc. de mercadorias com máx. de 3,5 ton. de peso bruto)** = HDV Heavy Duty Vehicles (camiões com mais de 3,5 ton. de peso bruto)

Quadro 3.6 Quantificação dos benefícios económicos. Valor dotempo/pessoa/hora trabalhada (euros 1995)

25

20

15

10

5

0Aus Bel Den Fin Fra Ger Gre Ire Ita Nrl Por Spa Swe Uk

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3.3 Transportes

dos acidentes na estrada (adicionando-lhesos custos provocados pelas mortes e pessoasferidas), dos quais se deduz a componente jáinternalizada através dos custos dos seguros ecom base no conjunto do tráfego.

As estimativas relativas ao tempo por hora epor pessoa durante o trabalho em viaturapodem ser obtidas no quadro do projectoEUNET. A escala de valores depende emgrande medida de variações nos níveis deremuneração.

3.3.6 Outros critérios de avaliação

Análises ambientaisO direito comunitário e as legislações nacio-nais exigem a avaliação do impacte ambien-tal da maior parte dos investimentos no sec-tor dos transportes, em especial no quadrodo desenvolvimento de novas infra-estru-turas. Para este efeito, devem ser utilizados osmétodos de avaliação recomendados.

No entanto, embora tal não esteja inscrito nalei, é aconselhável analisar o impacteambiental de um ponto de vista geral, identi-ficar a incidência que as diferentes opçõespoderão ter e, se possível, prever uma avali-ação quantitativa com base no seu impacte elocalização, a fim de efectuar uma compa-ração entre as diferentes opções e de identi-ficar qualquer medida possível de atenuaçãoe de compensação.

Impacte no desenvolvimento económicoEste é um dos aspectos mais controversos daavaliação económica dos projectos em maté-ria de transportes, quer do ponto de vista teó-rico, quer do ponto de vista empírico. Noentanto, convém lembrar que os impactes nodesenvolvimento económico podem serpositivos e negativos. Isto significa que, napresença de distorções do mercado, umamelhor acessibilidade de uma área ou de umaregião suburbana pode implicar uma vanta-gem concorrencial, mas também uma perdade competitividade se a indústria for menoseficaz do que a das regiões centrais. Neste

caso, uma melhor acessibilidade pode excluirdo mercado a indústria local. Por conse-guinte, é necessário manter a prudênciaquando se atribui ao projecto benefícios des-ta natureza e é sempre aconselhável excluí-losdo cálculo dos indicadores de rentabilidade.

O procedimento habitual para avaliar estesbenefícios sob a forma de acelerador/multi-plicador de rendimentos constitui uma fontede erros.

De facto, estes indicadores podem ser apli-cados às despesas públicas. É necessário, por-tanto, calcular o diferencial entre o multipli-cador dos investimentos no sector dos tran-sportes e o multiplicador noutros sectores.Salvo em casos especiais, este método é desa-conselhado.

Em qualquer caso, se não houver grandesdistorções nos sectores que utilizam os tran-sportes – o que quer dizer que os mercadossão razoavelmente concorrenciais – a análisedos custos e benefícios (ganhos de tempo,externalidades, etc.) pode ser consideradacomo uma aproximação aceitável do impac-te económico final dos projectos no domíniodos transportes.

3.3.7 Análises de sensibilidade, decenários e de riscoA análise de sensibilidade tem por objectoavaliar a medida em que os indicadores derentabilidade variam segundo as diferentesopções, utilizando-se algumas variáveis-cha-ve que permitam controlar a fiabilidade dosresultados obtidos e a classificação de qual-quer outra tarifa, bem como identificar asáreas de maior risco.

É aconselhável efectuar as análises de sensibi-lidade com base nos valores monetários atri-buídos aos bens não comercializados, porqueestes valores são os mais contestáveis. Umaoutra análise de sensibilidade pode concen-trar-se, por exemplo, nos custos de investi-mento e de funcionamento ou sobre a pro-cura esperada, em especial o tráfego gerado.

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3.3 Transportes

3.3.8 Estudo de caso: investimento numaauto-estrada

O projecto em questão tem por objecto aconstrução de uma nova auto-estrada ligan-do duas cidades de média dimensão e atra-vessando uma área densamente povoada. Arede rodoviária local representa a oferta detransporte. O recente crescimento do tráfegoque, segundo as previsões, deverá continuarno futuro, gera problemas de congestiona-mento em determinados pontos da rede exis-tente, bem como problemas ambientais e desegurança para as pessoas que habitam a área.

Os objectivos gerais do projecto são osseguintes:

• reduzir o congestionamento da rede exis-tente;

• fazer face ao aumento esperado da procu-ra de transporte de passageiros e de merca-dorias decorrente do rápido desenvolvi-mento da área;

• reduzir a exposição dos residentes na áreaà poluição atmosférica e ao ruído.

Como medida de acompanhamento, os veí-culos pesados serão banidos da parte da redeexistente mais sensível aos riscos ambientais.

O tráfego que será atraído pela nova infra-estrutura é o que será desviado das estradasexistentes, bem como um pequeno volumeadicional de tráfego gerado. O modelo dedesenvolvimento da área é dependente dotransporte automóvel e não existe qualquerverdadeira solução alternativa a este tipo detransporte.

Uma vez que a área já é densamente povoadae que os congestionamentos estão clara-mente localizados, a nova estrada deverá terum impacte limitado em termos de tráfegoadicional. O financiamento público dasnovas infra-estruturas não pode cobrir inte-gralmente o montante global do investi-mento, pelo que a utilização da nova estradaserá sujeita a portagem.

Previsões de tráfego

O quadro seguinte indica os fluxos de tráfegoprevistos no ano de abertura da nova auto-estrada (AE).

Análise financeira

Os custos de investimento financeiros foramdiscriminados por tipo de trabalho a que sedestina a intervenção e com base nas compo-nentes fundamentais dos custos (mão-de-obra, materiais, equipamentos e fretes), deforma a permitir a subsequente aplicação defactores de conversão de custos financeirosem custos económicos.

Os custos de investimento incluem as despe-sas com a construção da auto-estrada e suasintersecções, os custos necessários para asse-gurar os acessos da rede secundária à novaauto-estrada e a reparação da rede existente,as expropriações e as despesas gerais.

Foi efectuado um cálculo dos custos ordiná-rios e extraordinários de manutenção dasobras previstas, assim como dos custos admi-nistrativos, incluindo os ligados às despesasde cobrança das portagens. Foram igual-mente especificados os custos de pessoal, demateriais, de fretes e de equipamentos.

Quadro 3.13 Previsões de tráfego

Tráfego diário no ano de abertura

Desviado Gerado Total na AE Restantena rede

AE com portagemVeículos pesados 5.901 487 6.388 20.429Veículos de passageiros 24.228 3.720 27.948 126.331

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3.3 Transportes

Os custos de manutenção ordinários e extra-ordinários foram calculados para umaextensão prevista de 90 km e com base novalor médio dos custos de manutenção deestradas similares.

Presumiu-se que o valor residual da estradase cifrará em 50% do valor inicial no final doperíodo analisado, à excepção das expropria-ções, cujo valor será igual ao inicial.

As receitas decorrem da utilização da novaauto-estrada, Serão aplicadas as tarifas nacio-nais. A taxa interna de rentabilidade finan-ceira é de 0,5%.

Análise económicaA análise económica considera todos os cus-tos e benefícios pertinentes para a sociedadeque possam ser gerados pelo projecto. Oscustos financeiros de funcionamento foramajustados às componentes fiscais. No tocanteà mão-de-obra, os custos de pessoal foramajustados tendo em conta as contribuiçõessociais nacionais e as parcelas de rendi-mentos tributáveis. O factor de conversão foi

de 0,5. As rubricas referentes aos materiaisforam privadas da única componente fiscal,o imposto sobre o valor acrescentado. Foramespecificadas duas rubricas para os fretes eequipamento: energia e outros. À parte dacomponente energia foi deduzido o montan-te da carga fiscal, que corresponde a 33%. Osdois factores de conversão foram fixados em0,95 para o equipamento e em 0,934 para osfretes.

O custo financeiro das despesas gerais foipresumido como valor indicativo do custoeconómico. No que se refere ao terreno, oscustos de expropriação reflectem os custosdo mercado. Também neste caso, o factor deconversão presumido corresponde a 1. Osfactores de conversão foram aplicados aoscustos de investimento e de manutenção,assim como às portagens.

Os benefícios do projecto foram subdivi-didos em dois tipos: os benefícios para osutilizadores da nova estrada com portagem eos benefícios para os que continuaram atransitar pela rede existente.

Quadro 3.14 Quadro de análise financeira

Anos

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17

Veículos de passageiros: ver original 20 22 24 26 29 31 34 37 40 44 47 51 55 60Veículos pesados 12 13 14 16 17 19 20 22 24 26 28 30 33 36

Receitas totais 32 35 38 42 46 50 54 59 64 70 75 81 88 95ManutençãoMão-de-obra 10 10 10 10 10 10 10 10 10 10 10 10 10 10Matérias-primas 8 8 8 8 8 8 8 8 8 8 8 8 8 8Fretes 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5Receitas das portagensMão-de-obra 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5Matérias-primas 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1

Custos de funcionamento totais 28 28 28 28 28 28 28 28 28 28 28 28 28 28Mão-de-obra 321 321 161Matérias-primas 367 367 184Fretes 142 142 71Equipamento 88 88 88Expropriações 295Despesas gerais 22 22 11

Custos de investimento totais 1.236 941 514Despesas totais 1.236 941 514 28 28 28 28 28 28 28 28 28 28 28 28 28 28Cash-flow líquido -1.236 -941 -514 4 7 10 14 17 21 26 31 36 41 47 53 60 67Taxa interna de rentabilidade financeira (TIRF) 0,5%do investimento 0,5%Valor actual líquido financeiro (VALF) do investimento -1.543

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3.3 Transportes

Os que utilizam a nova estrada (o tráfegodesviado e o tráfego gerado) fazem-no por-que esta é mais curta e mais rápida e porqueatravessa áreas menos densamente povoadas.Os que continuam a utilizar a rede existentebeneficiam do facto de a nova infra-estruturareduzir o tráfego nesta rede, o que aumenta avelocidade de deslocação e melhora a suautilização.

Os benefícios são divididos em três rubricaspor cada categoria de utilizadores: as varia-ções das despesas de deslocação, a economiade tempo e as variações de emissões de polu-entes.

Variações nas despesas de deslocação: nocaso dos veículos de passageiros, só foram

18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30

64 70 72 72 72 72 72 72 72 72 72 72 7238 42 45 45 45 45 45 45 45 45 45 45 45

103 111 117 117 117 117 117 117 117 117 117 117 117

10 10 10 10 10 10 10 10 10 10 10 10 108 8 8 8 8 8 8 8 8 8 8 8 85 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5

5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 51 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1

28 28 28 28 28 28 28 28 28 28 28 28 28

-1.49328 28 28 28 28 28 28 28 28 28 28 28-1.46574 83 88 88 88 88 88 88 88 88 88 88 1.581

Caixa 3 Como calcular os benefícios económicos quantificando o excedente dos consumidores?

Os benefícios para os utilizadores dos projectosde transporte podem ser definidos pelo conceitode excedente dos consumidores, que se definecomo o excedente de disposição dos consumi-dores17 para pagar em relação ao custo generali-zado da viagem entre i e j.

O excedente do consumidor total (CSO) para umtrajecto específico i-j no cenário mínimo é indi-cado no esboço abaixo. É representado pela áreaque fica abaixo da curva da procura e acima docusto de equilíbrio generalizado, designada porárea CSO.

Benefício do utilizadorij

= excedente dos consu-midores

ij1– excedente dos consumidores

ij0.

1 é o cenário em que o projecto é realizado e 0 éo cenário sem projecto.Se há uma melhoria nas condições da oferta(ligada, por exemplo, à melhoria da infra-estru-tura rodoviária), o excedente dos consumidores

será aumentado num montante de ∆CS, devido àredução do custo generalizado de equilíbrio.Normalmente, não conhecemos a verdadeiraforma da curva e só conhecemos CG e T no cená-rio mínimo e uma previsão de CG e de T no cená-rio com projecto. Supõe-se que a curva da procu-ra é uma linha recta, como a indicada no desen-

ho, mesmo que, na realidade, não seja este ocaso. O benefício suplementar para os utiliza-dores pode ser calculado aproximadamente pelafórmula seguinte, conhecida com a regra dotriângulo18:

∆CS=∫ D(GC)dCG =12

*(CG0-CG1)*(T0+T1)

Quando o efeito de um projecto pode ser sinteti-zado sob a forma de uma redução dos custosgeneralizados entre origens e destinos específicos,a regra do triângulo permite uma aproximação útilàs vantagens suplementares reais dos utilizadores.Na maior parte dos casos, recomenda-se a utili-zação da seguinte regra:

CG0

T00

CS0

Oferta, S ji0

Procura, Dij=f(CGij)

Viagens, Tij

CG0

CG1

T0 T10

Oferta, S ij0

Oferta, S ji1

Benefício=∆CSProcura, Dij=f(CGij)

Viagens, Tij

GC1

GC0

Fonte: Relatório TINA, Socioeconomic cost-benefit analysis, Outubro de 199917 A disposição para pagar é o montante máximo monetário que um consumidor está disposto a pagar para efectuar uma deslocação específica; o custo generalizado é um montante que repre-

senta o impacte negativo global de uma viagem entre um ponto de origem (i) e um ponto de destino (j) através de um modo específico (m).18 (CG0-CG1) X T0 + (CG0-CG1) X T1-T0 = (CG0-CG1) (T0 + T1-T0

) = (CG0-CG1) X (T0+T1

)2 2 2

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3.3 Transportes

considerados os custos variáveis (gasolina,óleo, pneus e uma fracção dos custos demanutenção e de seguro) e as distâncias dedeslocação. Considerou-se que a diminu-ição do número de quilómetros percor-ridos não tem impacte na aquisição de veí-culos.

A estes custos variáveis foram subtraídas ascomponentes fiscais.

Não se aplicou à energia qualquer preço fic-tício. No caso dos veículos de mercadorias,foram considerados os custos de condução,que foram adicionados aos custos anterior-mente referidos.

Variações na duração das deslocações: ovalor tempo aplicado aos passageiros variasegundo os motivos da deslocação. Os valo-res utilizados são 10 euros para as desloca-ções por motivos profissionais e 4,5 eurospor qualquer outro motivo. Só as principaisemissões poluentes foram tidas em conta atítulo dos efeitos externos ambientais.

Os valores de referência nos quais se baseia aestimativa dos custos são os explicitamenterecomendados para o país. A taxa interna derentabilidade económica é de 4,4%.

Análise de cenários

Foram efectuadas duas análises de cenários:diminuindo em 50% os benefícios dos doisbens não comercializados, a saber, o tempo eos custos externos, e suprimindo as porta-gens da nova estrada, caso em que a reali-

zação da segunda análise foi ainda mais com-plexa.

Este exercício diminuiu ligeiramente os cus-tos de investimento, suprimindo totalmenteas despesas de portagem e ocasionando umautilização muito mais intensa da nova estra-da. Isto permitirá aumentar sensivelmente osbenefícios para o tráfego desviado (muitomais considerável do que na hipótese ante-

Quadro 3.15 Factores de conversão para os veículos de mercadorias (em euros)

Custos financeiros Custos económicos Factores deconversão

Custo/1000km Custo/1000h Custo/1000km Custo/1000hGasolina, óleos 403 177 0,44Outros custos por km 291 228 0,79Mão-de-obra 26.366 14.765 0,56Seguro, Depreciação 1.647 1.521 0,92(segundo o tempo de estrada)TOTAL 694 28.013 405 16.286

Quadro 3.17 Quadro da análise económica

CF (3) 1 2 3

Tráfego desviadoRedução do custo de funcionamento Tempo economizadoRedução das externalidades

Tráfego não desviadoRedução das despesas de deslocação Tempo economizado Redução das externalidades

Tráfego geradoRedução dos custos de funcionamentoTempo economizado

Benefícios externos totaisExternalidades para o tráfego gerado

Custos externos totaisManutenção

Mão-de-obra 0,56Matérias-primas 0,83Fretes 0,95

Cobrança das portagensMão-de-obra 0,56Matérias-primas 0,83

Custos de exploração totaisMão-de-obra 0,56 180 180 90Matérias-primas 0,83 306 306 153Fretes 0,95 135 135 67Equipamento 0,93 82 82 82Expropriações 1,00 295 0 0Despesas gerais 0,83 19 19 9

Custos de investimento totais 1.017 722 402Despesas totais 1.017 722 402Cash-flow líquido -1.017 -722 -402Taxa interna de rentabilidade económica (TIRE)Valor actual líquido económico (VALE)

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3.3 Transportes

rior) e para o tráfego que subsiste na redeexistente.

A economia de tempo proporcionada pelanova estrada, ainda que substancial, não ésuficiente para justificar, para muitos utiliza-dores – especialmente no caso de trajectosrelativamente curtos – os custos suplemen-tares representados pelas portagens. Daquiresulta que o sistema com portagens ocasi-ona uma subutilização da nova infra-estru-tura e, consequentemente, menores benefí-

cios, tanto em termos de ganho de tempopara os utilizadores como em termos deredução dos custos ambientais externos.

Os resultados da avaliação económica indi-cam uma relativa fragilidade do projecto. ATRE está ligeiramente abaixo do limiar deaceitabilidade. A análise confirma igualmentea pertinência dos benefícios associados aosbens não comercializados para a viabilidadeeconómica do projecto, cuja avaliação apre-senta um certo grau de incerteza.

Quadro 3.16 Factores de conversão para as viaturas privadas (euros/1000 km)

Custos Custos Taxas Factor definanceiros económicos conversão

Custos percepcionados (gasolina, óleos) 107 48 59 0,44Custos globais de funcionamento 311 209 102 0,67(incl. manutenção, depreciação, etc.) Custos não percepcionados 205 162 43 0,79

Anos

4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30

40 43 47 52 56 61 67 73 79 86 93 100 108 117 127 137 141 141 141 141 141 141 141 141 141 141 14110 10 11 12 13 15 16 17 19 20 22 24 26 28 30 33 34 34 34 34 34 34 34 34 34 34 345 5 6 6 7 7 8 9 10 10 11 12 13 14 15 17 17 17 17 17 17 17 17 17 17 17 17

11 11 11 12 12 12 12 12 12 12 12 12 13 13 13 13 13 13 13 14 14 14 14 14 14 14 153 3 3 3 3 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4 42 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3

2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 21 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1

73 78 84 90 96 103 111 119 128 137 147 157 169 181 194 208 214 214 214 214 214 215 215 215 215 216 2168 8 8 8 8 8 8 8 8 8 8 8 8 8 8 8 8 8 8 8 8 8 8 8 8 8 88 8 8 8 8 8 8 8 8 8 8 8 8 8 8 8 8 8 8 8 8 8 8 8 8 8 8

6 6 6 6 6 6 6 6 6 6 6 6 6 6 6 6 6 6 6 6 6 6 6 6 6 6 67 7 7 7 7 7 7 7 7 7 7 7 7 7 7 7 7 7 7 7 7 7 7 7 7 7 74 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4

3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 30,4 0,4 0,4 0,4 0,4 0,4 0,4 0,4 0,4 0,4 0,4 0,4 0,4 0,4 0,4 0,4 0,4 0,4 0,4 0,4 0,4 0,4 0,4 0,4 0,4 0,4 0,420 20 20 20 20 20 20 20 20 20 20 20 20 20 20 20 20 20 20 20 20 20 20 20 20 20 20

-1.21820 20 20 20 20 20 20 20 20 20 20 20 20 20 20 20 20 20 20 20 20 20 20 20 20 20-1.19845 51 56 62 68 76 83 92 101 110 119 130 141 153 166 180 186 186 186 187 187 187 187 187 188 188 1.406

4,4%-203

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92

3.4 Transporte e distribuição de energia

Quadro 3.19 Resultados da análise de cenários

TIRE

Hipótese de base 4,4%Valor tempo e externalidades 50% 3,7%Supressão das portagens 9,0%

A supressão das portagens permitirá umautilização mais eficaz da infra-estrutura,cujos benefícios tornarão o projecto econo-micamente justificado e a TIRE (9%) nitida-mente superior ao limiar de aceitabilidade(geralmente fixado em cerca de 5%).

Isto permitirá recomendar, pelo menosdurante os primeiros anos de funcionamentoda infra-estrutura, um regime de fixação depreços reponderado, que permita maximizaros benefícios sociais da nova rede rodoviária.

• descrever as características técnicas dainfra-estrutura, nomeadamente:

• √ os dados operacionais de base: tensão detransmissão (KV) e capacidade (MW)das linhas de alta tensão, carga nominal(m3/seg.) e quantidade de gás transpor-tado anualmente (em milhões de m3)pelos gasodutos, número de habitantesservidos e potência (MW) ou ofertamédia por habitante (m3/hab/dia) nocaso das redes;

• √ as características físicas: trajecto eextensão (em km) das linhas de altatensão ou dos gasodutos (juntando car-tas corográficas), secção dos condutoreseléctricos (em mm2) ou diâmetrosnominais (em mm) do gasoduto, super-fície (em km2) da área servida pelasredes e seu traçado (juntando cartasapropriadas):

• √ as características da rede, localizaçãodos nós internos e ligações com as redese/ou gasodutos;

• √ as secções típicas de gasodutos;

• √ a construção típica de linhas de altatensão;

• √ as características técnicas de construçãoe as características técnicas das instala-ções para o enterramento e a bomba-gem (gás) ou da transformação ou dasestações de sectorização (electricidade);

• √ as técnicas de construção e as caracterís-ticas técnicas das outras estruturas deserviço;

• √ os elementos técnicos significativos:intersecções importantes, superação degrandes declives, gasodutos marítimos,controlos à distância e sistemas de tele-comunicações (com dados e desenhos).

Quadro 3.18 Previsões de tráfego — Tráfego diário no ano de abertura

Desviado Gerado Total na Restante na redeAE existente

Auto-estradaVeíc. pesados 9.070 912 9.982 17.260 Veíc. passageiros 35.491 8.178 43.669 115.068

3.4 Transporte edistribuição de energia3.4.1 Definição dos objectivosAs medidas podem incluir:

• construção de um gasoduto;• redes de distribuição de gás em áreas

industriais ou urbanas;• construção de linhas de alta tensão e de

estações de transformação;• electrificação de áreas rurais.

3.4.2 Identificação do projectoPara identificar correctamente o projecto, éconveniente:

• especificar o seu alcance e dimensão, comuma análise do mercado no qual o produ-to se irá posicionar;

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93

3.5 Produção de energia

3.4.3 Análise de viabilidade e opçõesInformações-chave: procura de energia,tendências sazonais e a longo prazo e curvada procura num dia típico.

A análise das opções deve avaliar diferentestecnologias de transporte de electricidade(corrente contínua ou alterna, tensão detransmissão, etc.), diversos traçados para osgasodutos ou as linhas de alta tensão, dife-rentes redes de bairro e as alternativas quepermitam satisfazer a procura de energia(por exemplo, a utilização mista de gás e elec-tricidade, em vez de apenas electricidade, aconstrução de uma nova estação de altatensão numa ilha em vez de linhas de altatensão submarinas, etc.).

3.4.4 Análise financeiraHorizonte temporal: 25-30 anos.

São essenciais as previsões de dinâmica dospreços.

mobilidade, no quadro agrícola e na infra-estrutura).

Taxa de rentabilidade* Transporte efinanceira distribuição de energia

Mínima - 3,10Máxima 11,00Média 5,12Desvio-padrão 5,37

* Amostra: 4 grandes projectos em 7 no sector incluídos naamostra de 400 projectos combinados

3.4.5 Análise económicaO impacte ambiental e a avaliação dos riscosconstituem aspectos essenciais. As externali-dades a ter em consideração são as seguintes:

• a avaliação da ãrea servida, quantificávelpela estimativa dos preços do imobiliário edo terreno;

• as externalidades negativas resultantes deum possível impacte no ambiente (perda deterreno, danificação da paisagem, incidên-cias na natureza) e noutras infra-estruturas;

• as externalidades negativas resultantes dainstalação de estaleiros de construção,especialmente no caso de redes urbanas(impacte negativo na habitação, nasfunções de produção e de serviços, na

Taxa de rentabilidade* Transporte eeconómica distribuição da energia

Mínima 8,57Máxima 25,00Média 14,19Desvio-padrão 7,65

* Amostra: 3 grandes projectos em 7 no sector incluídos naamostra de 400 projectos combinados.

3.4.6 Outros critérios de avaliaçãoVer a secção correspondente relativa à ener-gia.

3.4.7 Análise de sensibilidade e riscoFactores essenciais: custos de investimento eduração do ciclo.

As variáveis que devem ser tidas em conside-ração na análise de sensibilidade e risco sãoas seguintes:

• custo do investimento;• dinâmicas da procura (isto é, previsões de

taxa de crescimento, de elasticidade doconsumo eléctrico, etc.);

• dinâmicas dos preços de venda dos substi-tutos da electricidade e do gás.

3.5 Produção deenergia3.5.1 Definição dos objectivosAs medidas podem ter por objecto, nomea-damente:

• a construção de instalações de produçãode electricidade a partir de qualquer fontede energia;

• a prospecção e perfuração de gás naturalou de oleíferos;

• acções tendentes a economizar energia.

Entre os objectivos, podem citar-se osseguintes:

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3.5 Produção de energia

• aumento da produção de energia parasatisfazer uma procura crescente;

• redução das importações de energia,disponibilizando fontes locais ou renová-veis;

• modernização das instalações existentes deprodução de energia, por exemplo, porrazões de protecção do ambiente;

• alteração do cabaz de fontes de energia,por exemplo, aumentando a parte do gásou das fontes renováveis.

3.5.2 Identificação do projectoAo expor as funções do projecto, é aconse-lhável proceder do seguinte modo:

• especificar o destino, a dimensão e a loca-lização da área potencialmente servida(por exemplo, a pesquisa e ensaio de umnovo campo de perfuração pode ter porobjectivo abastecer de energia mais do queum país, uma nova central eléctrica podeservir uma região inteira, etc.);

• descrever o posicionamento previsto doproduto no mercado;

• especificar as fases do investimento (nocaso de um campo de poços, por exemplo,a prospecção e a pesquisa na área-alvo, aprimeira fase de ensaios, a exploraçãomineira e comercial, o encerramento);

• descrever as características técnicas dainfra-estrutura:

• indicar os dados operacionais de base,nomeadamente, o tipo de instalação deprodução de electricidade19, a capacidadeinstalada (MW) e a energia produzida(TWh/ano); a capacidade potencial anualdos campos de perfuração (em milhões debarris/ano ou em milhões de m3/ano);

• especificar as características físicas20;

• descrever as técnicas de construção, detecnologia e de transformação no caso dasinstalações de produção;

• descrever as técnicas de construção e ascaracterísticas técnicas das instalações paraos poços de mineração, por exemplo, asplataformas offshore, e as construções ane-xas; juntar esquemas de funcionamento;

• especificar as técnicas de construção e ascaracterísticas técnicas das outras estru-turas de serviços;

• descrever o tratamento das águas residuaise das emissões, com o número e a situaçãodos depósitos de água e de resíduos;

• descrever os elementos técnicos significa-tivos, como construções subterrâneas,barragens, soluções especiais para o trata-mento de refluxos, sistemas de controloinformatizados, sistemas de telecomunica-ções, etc.

3.5.3 Análise de viabilidade e opçõesInformações-chaves: a procura de energia, astendência sazonais e a longo prazo e, no quese refere às estações de distribuição de electri-cidade, um gráfico representando a procurade electricidade diária habitual.

Na análise das alternativas, a comparaçãodeve ter em conta diversas alternativas noâmbito da mesma infra-estrutura (por exem-plo, diferentes tecnologias para a produção eo ensaio, para o tratamento de refluxos, etc.),bem como soluções realistas para a produçãoda energia necessária (por exemplo, o lança-mento de acções e de políticas de promoçãoda economia de energia, em vez da cons-trução de uma nova central eléctrica).

3.5.4. Análise financeiraSão necessárias estimativas previsionais emrelação aos seguintes elementos:

• as dinâmicas dos preços;

• os cenários de desenvolvimento dos outrossectores (as tendências em matéria de pro-cura de energia estão estreitamente ligadasàs dinâmicas dos outros sectores).

19 No caso de instalações hidroeléctricas (produção e/ou bomba-gem) ligada a aquedutos, convém ter presentes as observaçõesrelativas ao sector dos aquedutos.

20 Por exemplo: as áreas cobertas pelos campos de perfuração (emkm2) e sua posição. No caso de ensaios off-shore, será igualmenteútil fornecer os perfis batimétricos, a profundidade media dasjazidas (em m), a áreas ocupada (em km2) pelas instalações(termoelectricidade) e as respectivas áreas de armazenamento, alocalização das albufeiras, a pressão dos aquedutos e dos geradorespara a produção de hidroelectricidade; as áreas ocupadas pelosparques de geradores fotovoltaicos (em km2) e a sua localização.

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3.5 Produção de energia

Horizonte temporal: 30-35 anos.

3.5.5 Análise económicaOs principais problemas a tratar são osseguintes:

• O valor monetário dos benefícios. Estesdevem ser quantificados como receitasproduzidas pela venda de energia (a preçoscontabilísticos apropriados) e calculados,quando for caso disso, avaliando a dispo-sição do público local para pagar pelacompra de energia, quantificando, porexemplo, os montantes que o utilizadordeve desembolsar para adquirir a energia(por exemplo, instalando e utilizandogeradores independentes ou adquirindodirectamente os combustíveis no merca-do).

• A avaliação das externalidades ambientais.• O custo das medidas necessárias para

neutralizar as incidências negativas possí-veis no ar, na água e no solo.

• O custo das outras externalidades nega-tivas inevitáveis, como a perda de terreno,a danificação da paisagem, etc.

• A identificação do custo de oportunidadedos diversos factores de produção. Os cus-tos económicos das matérias-primasdevem ser avaliados tendo em conside-ração a perda para a sociedade represen-tada pelo seu desvio de outras utilizaçõespossíveis.

• O valor atribuído a uma maior ou menordependência do exterior para o abasteci-mento energético. A avaliação deve serefectuada aplicando os preços fictícios 21

apropriados à energia de substituiçãoimportada (para quantificar esta última, éaconselhável a leitura sugerida na biblio-grafia).

3.5.6 Outros elementos de avaliação

A presente secção refere-se aos seguintes ele-mentos:

• A avaliação do impacte ambiental (degra-dação da paisagem, ruído, poluição e pro-dução de detritos) que, nos temos daslegislações em vigor na maior parte dosEstados-Membros, deve fazer parte doprocesso de aprovação.

• A avaliação dos custos indirectos, nomea-damente os decorrentes da utilização derecursos não renováveis, ainda não incluí-da na estimativa. Estes podem ser medidoscomo indicadores físicos normalizados eimplicar a sujeição do projecto a uma aná-lise multicritérios.

3.5.7 Análise de sensibilidade e risco

Factores essenciais: os elevados custos deinvestimento e a duração do ciclo.

A análise de sensibilidade e risco deve ter emconsideração, pelo menos, as seguintes variá-veis:

• o custo da fase de pesquisa (isto é, a pros-pecção de novas jazidas ou de novos pro-cessos tecnológicos);

• o custo da fase de execução (despesas deconstrução);

• as dinâmicas da procura (ou seja, asprevisões da taxa de crescimento e daelasticidade do consumo de electrici-dade, etc.);

• as dinâmicas de preços de venda da ener-gia produzida (ou dos produtos à base deenergia);

• as proporções e as dinâmicas dos princi-pais custos de produção (carburantes,etc.).

Taxa de rentabilidade* Produção deeconómica energia

Mínima 8,17Máxima 16,10Média 11,70Desvio-padrão 3,29

* Amostra: 3 grandes projectos em 5 no sector incluídos naamostra de 400 projectos combinados.

21 Se houver, como muitas vezes acontece, grandes distorções nomercado da energia (impostos diversos, subvenções, etc.), é erra-do valorizar as energias de substituição importadas com base nes-tes preços.

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3.6 Portos, aeroportos e redes de infra-estruturas

3.6 Portos, aeroportos eredes de infra-estruturas3.6.1 Definição dos objectivosDe uma maneira geral, os objectivos dos pro-jectos neste sector são os seguintes:

• Promover o desenvolvimento local, sejaporque fornecem um serviço directo àsactividades produtivas, seja porque permi-tem satisfazer as crescentes necessidades detransporte da população local (no caso dosportos de turismo, estas necessidades são,de longe, as mais importantes, pelo que aanálise deve mostrar e quantificar oimpacte positivo local).

• Permitir e obter uma utilização máximadas redes de transporte nacionais/interna-cionais.

3.6.2 Identificação do projectoPara identificar correctamente o projecto, éconveniente proceder do seguinte modo:

• especificar se se trata de uma construçãointeiramente nova ou de uma extensão oumodificação de uma estrutura existente(por exemplo, a automatização do tráfegoou a melhoria de serviços de base numaeroporto);

• descrever as características técnicas dainfra-estrutura;

• √ especificar o tipo e a dimensão dos veí-culos de transporte (aeronaves, embar-cações, etc.) beneficiários da infra-estrutura;

• √ especificar as características físicas:número e comprimento total das pistaspara os aeroportos, número e extensãototal dos embarcadouros ou cais para osportos, áreas de armazenagem cobertase descobertas (em milhares de m2) dasestruturas intermodais;

• √ descrever as ligações físicas e funcionaiscom outros sistemas locais de tran-sporte, como auto-estradas, estradas,vias férreas, etc. (com desenhos esque-máticos); no caso de um aeroporto, as

ligações com as cidades servidas; nocaso de um porto turístico, as ligaçõescom outras infra-estruturas turísticas;

• √ descrever as características técnicas e aconfiguração das estruturas mais impor-tantes, acrescentando exemplos de umaou duas secções características ou planos(secções das pistas, disposição estruturaldos cais, etc.) e indicando claramente aspartes que serão construídas;

• √ descrever as características técnicas dosedifícios e outras estruturas de serviço,com planos e secções anexos;

• √ incluir os elementos técnicos impor-tantes, como o transporte interno, ossistemas de cargas e descargas, o equipa-mento para controlo informatizado dotráfego, a automatização do tráfego demercadorias, etc.

3.6.3 Análise de viabilidade e opçõesQuestões-chave: o volume do tráfego depassageiros e/ou de mercadorias, com basenas tendências diárias e sazonais.

Outras informações essenciais: as tendênciasdos fluxos de tráfego, as previsões de tendên-cias futuras e as soluções tecnológicas adop-tadas.

3.6.4 Análise financeiraQuando se trate de portos turísticos ou deestruturas intermodais, o organismo degestão e os investidores podem ser diferentes.

• Receitas: alugueres, taxas e outros tipos depagamento pela utilização da infra-estru-tura e por qualquer serviço adicional even-tualmente oferecido (por exemplo, forne-cimento de água e de combustível, restau-ração, serviços de manutenção e de arma-zém).

• Custos financeiros: os custos de investi-mento22, de manutenção23, do pessoal téc-

22 Estes incluem, por exemplo, os seguintes elementos: mão-de-obra,indemnizações por expropriações e despesas de ligação, etc., custosda maquinaria e de equipamentos específicos e despesas gerais. Oscustos de manutenção extraordinários também podem ser impu-tados ao investidor ou ao titular de uma licença, segundo o contrato.

23 Manutenção ordinária; para a manutenção extraordinária, vernota acima.

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3.6 Portos, aeroportos e redes de infra-estruturas

nico e administrativo e o preço de aqui-sição dos produtos e serviços necessáriosao trabalho do dia-a-dia e dos serviçosadicionais.

Horizonte temporal: 30 anos.

3.6.5 Análise económicaA análise económica pode seguir o mesmomodelo das estradas, tendo em conta osseguintes custos e benefícios:

• tempo economizado em relação à situaçãosem projecto, a quantificar como é suge-rido no caso das estradas e dividindo osutilizadores em categorias (por exemplo,passageiros e mercadorias);

• tempo economizado graças à substituiçãode outros sistemas de transporte (ou demanipulação de mercadorias) menos efi-cazes; a título indicativo, o valor do tempoestimado em 27 grandes projectos dasegunda geração (1994-99) era, em média,de 7,44 ecus/h (respectivamente = 3,17ecus/h), independentemente do tipo deutilizador;

• eventual evolução da taxa de acidentes24,especialmente nos projectos de moderni-zação, tendo em conta não só a taxa rela-tiva aos utilizadores (passageiros, pessoal,transportadores, etc.), mas também a rela-tiva aos trabalhadores ocupados na cons-trução da própria infra-estrutura;

• redução do rendimento de exploraçãoligado à diminuição do tráfego noutrossistemas de transportes existentes que

poderão ter sido (parcialmente) substitu-ídos pela nova infra-estrutura mais eficaz;

• externalidades negativas, como a perda deterrenos agrícolas, possíveis deslocaliza-ções de outras infra-estruturas e/ou de áre-as residenciais, comerciais ou industriais,poluição ambiental (acústica, visual, etc.) eo consumo de matérias-primas25;

• externalidades positivas, tais como oaumento do valor do terreno e do imobi-liário na área de impacte de um portoturístico ou o eventual crescimento dosrendimentos locais ligado à instalação denovas empresas (por exemplo, hotéis,restaurantes ou lojas no novo aeroportoou no novo porto), evitando os duplosempregos;

• rendimentos adicionais gerados pelas tro-cas comerciais.

Taxa de rentabilidade* Aeroportos Portosfinanceira

Mínima 6,19 3,66Máxima 16,02 15,49Média 10,73 8,49Desvio-padrão 3,22 4,47

* Amostra: aeroportos: 5 grandes projectos em 12 no sectorincluídos na amostra de 400 projectos combinados / Portos: 4grandes projectos em 8 no sector incluídos na amostra de 400projectos combinados.

24 A valorização pode seguir a metodologia descrita para as estradas.

25 O impacte da poluição ambiental pode ser avaliado em função daperda de valor comercial dos edifícios na área em questão.

Taxa de rentabilidade* Aeroportos Portoseconómica

Mínima 1,00 7,46Máxima 36,34 41,00Média 16,90 19,96Desvio-padrão 9,28 4,15

* Amostra: Aeroportos: 9 grandes projectos em 12 no sectorincluídos na amostra de 400 projectos combinados / Portos: 5grandes projectos em 8 no sector incluídos na amostra de 400projectos combinados.

3.6.6 Outros elementos de avaliaçãoSão avaliados os seguintes elementos:

• o impacte no ambiente (perturbaçõesvisuais e sonoras, poluição, etc.) que, emcertos casos, e por força da legislação doEstado-Membro, deve fazer parte do pro-cesso de aprovação;

• o impacte local no território (especial-mente no caso de novas infra-estruturasou de ampliações significativas) em termosde congestionamento urbano e de tráfego,etc., com a indicação de que este impactefoi reduzido ao máximo.

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3.7 Infra-estruturas de formação escolar e profissional

3.6.7 Análise de sensibilidade e riscoFactores essenciais: os fluxos esperados detráfego (procura), a falta de elasticidade doinvestimento (frequentemente, é necessáriauma capacidade excedentária durante as pri-meiras fases do exercício), a influência deter-minante de actividades anexas. As variáveisque devem ser consideradas são as seguintes:

• taxa de evolução do tráfego durante umdeterminado período;

• taxa de substituição de outras infra-estru-turas existentes;

• valor tempo;• valor da vida e o custo de uma incapaci-

dade temporária.

3.7 Infra-estruturas deformação escolar eprofissional3.7.1 Definição dos objectivosOs projectos podem ser referentes aosseguintes aspectos:

• a instrução básica;• a formação profissional;• os níveis superiores (universidades, escolas

de comércio, etc.);• necessidades específicas geradas pela espe-

cialização nas áreas produtivas;• melhoria do posicionamento dos jovens

no mercado do trabalho;• homogeneização das diferenças geográ-

ficas na distribuição de serviços escolares(projectos nas áreas rurais ou isoladas);

• eliminação da discriminação entre classessociais ou entre sexos;

• melhoria de oportunidades para as pesso-as com deficiência.

3.7.2 Identificação do projectoÉ aconselhável proceder do seguinte modo:

• indicar os seguintes dados de base: locali-zação geográfica (juntar mapas), níveis etipo de actividades de formação, número

de alunos e área geográfica de recruta-mento, serviços associados (bibliotecas,actividades desportivas e de lazer, instala-ções de acolhimento, cantinas, etc.);

• fornecer os seguintes dados técnicos rela-tivos à estrutura:

• √ área coberta (em m2) e não coberta (emm2);

• √ características e tipo habitual de cons-trução dos edifícios previstos para finseducativos (salas de aula) e para activi-dades conexas (laboratórios, bibliotecas,etc.);

• √ dados funcionais e desenhos das estru-turas de serviços (gestão, escritórios,ginásios, campos de jogos, centros deacolhimento, cantinas, etc.);

• √ desenhos funcionais e estruturas doequipamento tecnológico principal(redes internas, aquecimento central,sistemas de electricidade e de comuni-cação, etc.);

• √ sistemas de mobilidade interna (e, even-tualmente, parques de estacionamento),e ligações à rede rodoviária local;

• √ elementos técnicos significativos, taiscomo as construções arquitectónicasespecialmente importantes, o equipa-mento de laboratório ou de cálculocomplexo, etc.);

• √ resumir o programa de formação pluri-anual previsto (número e tipo de cursos,duração, número e tipo de matériasensinadas, duração e calendário das acti-vidades pedagógicas ou outras, métodosdidácticos, diplomas e outras qualifica-ções que podem ser obtidas, etc.).

3.7.3 Análise de viabilidade e opçõesQuestão essencial: as tendências demográ-ficas e do mercado do trabalho determinamo número potencial de alunos e as oportuni-dades que lhes são oferecidas.

A descrição deve conter os seguintes elemen-tos:

• as tendências demográficas, distribuídaspor escalão etário e áreas geográficas;

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99

3.7 Infra-estruturas de formação escolar e profissional

• as taxas de inscrição, de participação e deconclusão dos estudos26;

• as previsões relativas ao emprego nos dife-rentes sectores, nomeadamente em relaçãoàs alterações organizacionais no quadrodos vários segmentos produtivos27.

3.7.4 Análise financeira• Entradas financeiras: taxas de inscrição,

subscrições anuais e preços de eventuaisserviços auxiliares pagos.

• Custo financeiro: o custo do pessoal neces-sário para dirigir a estrutura (a longo pra-zo);

Horizonte temporal: 15-20 anos.

• fungibilidade do conteúdo pedagógico nomaior número de contextos possível.

Benefícios económicos:

• Número (ou percentagem) de alunos queencontraram (ou deverão encontrar) umemprego produtivo e que, sem esta for-mação específica, estariam desempregadosou subempregados28. Se o objectivo prin-cipal for o de melhorar as oportunidadesno mercado do trabalho para os alunospotenciais, os benefícios podem ser quan-tificados e valorizados pelo aumento espe-rado de rendimentos dos alunos graças àformação recebida (desemprego evitado,melhor posicionamento no mercado doemprego)29.

• Custos sociais: podem ser avaliados combase na perda para a sociedade decorrentedo desvio de factores de produção deoutras utilizações apropriadas30.

• Externalidades: perda de terreno e deoutras matérias-primas, possível perda demobilidade ou congestionamento durantea fase de construção devido à instalação dainfra-estrutura; se tal puder ser previsto, oaumento de rendimentos de outras activi-

Taxa de rentabilidade* Escolas,financeira universidades, etc.

Mínima - 1,88Máxima 20,00Média 7,01Desvio-padrão 9,23

* Amostra: 4 grandes projectos em 16 no sector incluídos naamostra de 400 projectos combinados.

3.7.5 Análise económicaVariáveis económicas que podem servir debase à identificação dos benefícios:

• taxa efectiva de inscrições em relação àtaxa potencial;

• proporção de estudantes que repetem oano;

• percentagem de alunos que concluem todoo ciclo de formação;

• taxa média de participação por aluno;• realização de normas-padrão de aprendi-

zagem, pré-estabelecidas e mensuráveis;;• qualidade do material pedagógico;• adequação do equipamento e sua taxa de

utilização;• nível de preparação e de empenhamento

de pessoal docente, com base numa análi-se objectiva;

Taxa de rentabilidade* Escolas,económica universidades, etc.

Mínima 3,35Máxima 47,52Média 17,53Desvio-padrão 14,20

* Amostra: 6 grandes projectos em 16 no sector incluídos naamostra de 400 projectos combinados.

28 As previsões relativas a estas variáveis podem basear-se em estu-dos a longo prazo realizados noutros países.

29 Outro método, teoricamente válido para todos os casos, é o daavaliação da disposição para pagar, mensurável pela média dosmontantes que os alunos teriam de pagar para beneficiarem decursos privados semelhantes. Quando se recorre a este método, háque ter cuidado com os possíveis efeitos de distorção: por exem-plo, pode haver diferenças de qualidade entre a formação ofere-cida graças ao investimento e a que esteja disponível a título pri-vado, ou pode haver diferentes graus de aversão ao risco consoanteos níveis de rendimento, etc. Na literatura sugerida na bibliografiapodem encontrar-se análises mais aprofundadas sobre esta maté-ria.

30 Por exemplo: o custo de oportunidade social do pessoal docente eoutro é equivalente à produção potencial destas pessoas em acti-vidades alternativas, quantificável através dos salários médiospagos a pessoas com formação similar. O custo dos alunos, quenão pode ser esquecido, tem por base a produção estimada dejovens que estejam fora do sistema educativo, na condição de queo projecto em questão não afecte marginalmente os salários.

26 Esta informação será ainda mais útil se for discriminada porsexos, por classes sociais e por área geográfica.

27 É importante especificar as previsões de crescimento de novasprofissões e de declínio de outras.

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100

3.8 Museus e parques arqueológicos

dades locais (comércio, restaurantes, acti-vidades de tempos livres, etc.).

3.7.6 Outros elementos de avaliaçãoUma avaliação independente, por um painelde peritos qualificados, da aptidão do inves-timento educativo para satisfazer os objec-tivos propostos e as necessidades sociais,assim como a adequação do tipo de progra-mas de formação.

3.7.7 Análise de sensibilidade e riscoDevem ser considerados os seguintes parâ-metros:

• taxa de crescimento da população (porescalões etários) na área de recrutamento;

• taxa de crescimento dos salários do pesso-al docente e não docente (ver o exemploindicado no gráfico abaixo);

• taxa efectiva de inscrições;

• taxa de emprego dos alunos que termi-naram os seus estudos.

3.8 Museus e parquesarqueológicos3.8.1 Definição dos objectivosGeralmente, os investimentos têm objectivoslocais, mas podem ter igualmente um valormais geral de natureza cultural.

3.8.2 Identificação do projectoMantendo a conformidade com os objec-tivos, convém proceder do seguinte modo:

• Descrever o tipo de infra-estrutura que éobjecto da acção (criação, renovação ouampliação): museus, monumentos ouedifícios históricos, parques arqueológicos,arqueologia industrial, etc.

• Incluir lista dos serviços oferecidos (cen-tros de investigação, serviços de infor-mação e de restauro, transporte interno,etc.).

• Incluir um resumo dos programas cultu-rais e/ou artísticos previstos a médio pra-zo.

• Comunicar os seguintes dados técnicos:• √ dados de base, principalmente o núme-

ro de utilizadores esperados (por dia,por estação, por ano, etc.) e a capaci-dade máxima da infra-estrutura;

• √ características técnicas: áreas cobertas(em m2) e salas de exposição de museuse monumentos históricos ou edifícios,superfície total dos parques ou áreasarqueológicas (em m2), número decadeiras, superfície utilizável (em m2)dos teatros;

• √ características arquitectónicas, cons-trução e concepção de museus, monu-mentos históricos ou teatros;

• √ características técnicas e concepção deedifícios ou partes de edifícios consa-grados a serviços adicionais;

• √ características e concepção das instala-ções de ar condicionado, de iluminação,de comunicações, etc.;

• √ mobilidade e sistemas de acesso (even-tualmente, mais parques de estaciona-mento) e ligações à rede rodoviárialocal;

• √ elementos técnicos significativos, comoconstruções arquitectónicas especiais,tecnologias experimentais de restauro,sistemas de comunicações.

3.8.3 Análise de viabilidade e opçõesQuestão-chave: o fluxo potencial de utiliza-dores, discriminado por tipos. A comparaçãona análise das alternativas deve ter em contao seguinte:

• variações na organização das estruturas ouna concepção da infra-estrutura;

• eventuais outras soluções tecnológicas emétodos de restauro/recuperação de edifí-cios existentes;

• outras opções possíveis de infra-estruturas(por exemplo, pode ser considerada apossibilidade de criar um museu da tecno-logia, em vez de recuperar uma estruturaindustrial histórica, etc.).

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101

3.9 Hospitais e outras infra-estruturas no domínio da saúde

3.8.4 Análise financeira• Receitas: bilhetes de entrada (que cobrem

apenas uma fracção dos custos reais), ven-da de serviços colaterais e actividadescomerciais associadas.

• Custos financeiros: pessoal e manutenção(que podem ser preponderantes a médio elongo prazos).

Horizonte temporal: 15-20 anos.

3.8.5 Análise económica• Benefícios sociais: a avaliação pode basear-

se na disposição do público31 para pagarpelo serviço, pela visita ao museu, ao par-que arqueológico, etc.

• Custos sociais: a avaliação deve basear-sena perda para a sociedade decorrente dodesvio de factores de produção das suasmelhores utilizações alternativas (porexemplo, o custo de oportunidade socialdo pessoal empregado é equivalente aoproduto destas pessoas quando ocupadasnoutras actividades).

• Externalidades: perda de terrenos e deoutras matérias-primas, eventual perda demobilidade e congestionamento durante afase de construção devido à instalação dainfra-estrutura, etc.

• Aumento de rendimentos no sector turís-tico (maior afluxo e estada média maislonga).

• Eventual crescimento adicional de rendi-mentos de outras actividades (comércio,restaurantes, actividades de tempos livres,etc.).

3.8.6 Outros elementos de avaliaçãoDevem dar, pelo menos a médio prazo, umaimagem claramente cultural e artística aosprogramas. O elemento decisivo é a opiniãode especialistas independentes.

3.8.7 Análise de sensibilidade e riscoFactor essencial: os elevados custos de pesso-al e de manutenção e as dinâmicas a longoprazo dos preços de entrada.

A análise de sensibilidade e risco deve consi-derar, pelo menos, os seguintes elementos:

• custo do investimento;

• taxa de crescimento dos salários do pesso-al;

• taxa de crescimento da procura efectiva(número de visitantes por ano);

• preços de entrada;

• no que se refere à manutenção, os riscosligados a eventuais danos, independente-mente da sua causa.

3.9 Hospitais e outrasinfra-estruturas nodomínio da saúde3.9.1 Definição dos objectivosOs objectivos são os seguintes:

• incluir a prevenção e/ou o tratamento devárias doenças;

• servir diferentes categorias da população,segundo:

• √ a idade (hospitais para crianças ou parapessoas idosas, etc.);

• √ o sexo (estruturas de apoio ao nasci-mento de crianças, andrologia, etc.);

• √ condições profissionais (centros detraumatologia para acidentes de trabal-ho, hospitais para desportistas ou mili-tares, etc.).

• Os objectivos poderão ser quantificadospelo aumento da esperança de vida32.

31 Não parece correcto incluir os custos indirectos a cargo do visi-tante (viagens, refeições, alojamento, etc.) no valor atribuído àdisposição para pagar, a menos que seja possível demonstrar que,para o projecto em questão, estas despesas são justificadas exclusi-vamente pela vontade de visitar a infra-estrutura ou de assistir aum espectáculo específico, e não por outras actividades de lazer,como o turismo.

32 Trata-se de indicações muito rudimentares. É certo que, para alémda quantidade, há também que ter em conta a qualidade de vida:foram propostos alguns índices relativos a este elemento(Q.A.L.Y.), sobre os quais podem encontrar-se mais informaçõesnas publicações sugeridas pela bibliografia.

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102

3.9 Hospitais e outras infra-estruturas no domínio da saúde

3.9.2 Identificação do projectoPara identificar correctamente o projecto, éconveniente:

• Definir claramente as funções da infra-estrutura proposta e, especificamente, ogrupo de patologias que se tem em vista, acategoria de população beneficiada, asfunções de diagnóstico, os tratamentos acurto e médio prazo, as condições deacolhimento e os serviços anexos.

• Devem fornecer-se os seguintes dados:

• √ dados de base, como o número máximoe médio de utilizadores por dia, por mêse por ano, uma lista dos serviços deassistência, prevenção, tratamento ediagnóstico, assim como, no caso de umhospital, o número de camas por enfer-maria;

• √ dados técnicos, como a superfície e aárea coberta (em m2), o espaço útil (emm3), o número de salas de tratamento,as enfermarias, as salas de consulta e/oude prevenção, a existência e a dimensãode serviços de consultas externas;

• √ a organização funcional das áreas inter-nas/externas (concepção), incluindo amobilidade entre os vários edifícios e nointerior destes, tanto em condições nor-mais como em condições de urgência;

• √ as características técnicas dos principaisequipamentos e máquinas de trata-mento e diagnóstico (por exemplo,raios X, scanner, medicina nuclear,endoscopia, etc.);

• √ a concepção das instalações auxiliares edos principais sistemas (electricidade,iluminação, água, resíduos e eventual-mente incineradoras, equipamentocontra incêndio, ar condicionado,distribuição de gás, televigilância,comunicações, etc.);

• √ as características arquitectónicas, cons-trução e concepção dos edifícios ou departes de edifícios;

• √ mobilidade e sistemas de acesso (bemcomo eventuais parques de estaciona-mento) e ligações à rede rodoviária

local, com eventual acesso privilegiadoao serviço de urgência, anexando asplantas apropriadas;

• √ elementos técnicos significativos, comoconstruções arquitectónicas especiais,equipamentos específicos ou experi-mentais de tratamento e diagnóstico.

3.9.3 Análise de viabilidade e opçõesQuestão-chave: os fluxos de pacientes e astendências (determinadas com base emdados demográficos), bem como os dadosepidemiológicos e de morbilidade relativosàs doenças em questão33.

A comparação na análise das alternativasdeve ter em consideração diferentes soluçõespossíveis em matéria técnico-médica (dife-rentes sistemas de tratamento, de tecnologiasde diagnóstico, etc.) e as alternativas geraispossíveis no quadro dos mesmos objectivossócio-sanitários (por exemplo, a construçãode um serviço de consultas externas em vezde enfermarias num hospital).

3.9.4 Análise financeira• Receitas: taxas de admissão no hospital

(por exemplo, o número de dias passadospelo paciente no hospital), diagnósticos etratamentos pagos separadamente e ser-viços adicionais (quartos particulares,etc.).

• Custos financeiros: pessoal, medicamentose materiais, serviços médicos subcontra-tados necessários para gerir a instalação.

Horizonte temporal: pelo menos, 20 anos.

3.9.5 Análise económicaOs benefícios essenciais são os seguintes:

• As futuras economias nos custos de cuida-dos de saúde, directamente proporcionaisà redução do número de pessoas afectadase/ou à menor gravidade da doença graças

33 Se não houver dados disponíveis sobre a área de influência consi-derada, convém utilizar os dados referentes a áreas similares noplano social.

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103

3.10 Florestas e parques

à execução do projecto (custos de medi-cina externa e de assistência ao domicílioreduzidos para aqueles que evitaram serafectados pela doença, custos de hospitali-zação e de convalescença reduzidos para osque foram tratados de forma mais eficaz).

• Redução da quebra de produção graças aomenor número de dias de trabalho perdi-dos pelo paciente e sua família.

• Aumento do bem-estar e redução do sofri-mento do paciente e da sua família, identi-ficáveis pelo número de mortes evitadas,pelo aumento da esperança de vida dopaciente e da qualidade de vida deste e dasua família, graças ao facto de escapar àdoença ou de beneficiar de um tratamentomais eficaz.

Pode ser atribuído um valor monetário aosbenefícios recorrendo ao preço de mercadodo serviço (a disposição para pagar)34, ouutilizando métodos normalizados, como osíndices de aumento da esperança de vida,ajustados pelo índice de qualidade (porexemplo, o índice “Quality Adjusted LifeYears”), que podem ser valorizados segun-do o princípio do rendimento perdido ousegundo outros critérios actuariais simi-lares.

O valor intrínseco do projecto para o siste-ma de saúde deve ser igualmente compro-vado por um painel de peritos indepen-dentes.

3.9.7 Análise de sensibilidade e riscoOs factores essenciais são os seguintes:

• a disponibilidade e a fiabilidade de dadosepidemiológicos na área de influência;

• os riscos que se correm no quadro denovos diagnósticos, de tratamentospreventivos e de terapêuticas, etc.;

• a dificuldade de avaliar correctamente astendências relativas aos custos de pessoal,dos medicamentos, etc., a longo prazo.

As análises de sensibilidade e de risco devemter igualmente em consideração, pelo menos,as seguintes variáveis:

• o custo do investimento;

• a percentagem de morbilidade, distribuídapor tipos de doenças, escalões etários,sexos, profissões, etc.;

• as taxas dos serviços de saúde e as suasdinâmicas no tempo;

• as dinâmicas dos custos de pessoal;

• as dinâmicas dos custos dos medica-mentos, dos produtos e dos serviços essen-ciais;

• o valor e as dinâmicas dos riscos criados aoformular diagnósticos ou ao prestar cuida-dos de saúde.

3.10 Florestas eparques3.10.1 Definição dos objectivosOs projectos florestais podem ter diversosobjectivos:

• gerar um crescimento da produção demadeira ou de cortiça, para fins comerciaisou energéticos;

34 Este método pode ser aplicado, por exemplo, no caso de uma clí-nica de odontologia, sendo estes serviços geralmente oferecidostanto pelo sector público como pelo privado.

Taxa de rentabilidade económica* Hospitais

Mínima 10,00Máxima 23,10Média 14,57Desvio-padrão 6,03

* Amostra: 3 grandes projectos em 5 no sector incluídos naamostra de 400 projectos combinados.

3.9.6 Outros elementos de avaliaçãoPode ser útil avaliar os benefícios por meiode indicadores materiais simples, por exem-plo, sob a forma de uma análise da relaçãocusto-eficácia, método largamente utilizadono sector dos cuidados de saúde e que ofere-ce dados comparáveis.

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3.10 Florestas e parques

• provocar um crescimento da produção deprodutos não ligados à madeira35;

• projectos de carácter ambiental, como acriação de parques e de áreas protegidas,acções de prevenção da erosão, de contro-lo da água, de protecção do ambiente(natureza, melhoramento da paisagem,redução da poluição visual e sonora, etc.);

• projecto de promoção de actividades deturismo e de lazer36.

Todos os investimentos numa indústria flo-restal têm múltiplos efeitos (protecção dossolos, regulação da água, preservação dasespécies animais, protecção do ambiente).

3.10.2 Identificação do projectoÉ aconselhável proceder do seguinte modo:

• identificar o projecto de acordo com umesquema tipológico;

• fornecer os seguintes dados:

• √ posição geográfica, altitude (em metrosacima do nível do mar) e superfície (emhectares ou km2);

• √ descrição detalhada do funcionamentodo projecto, dimensão (número deárvores a plantar ou a retirar, etc.) emétodos utilizados (espécies escolhidas,tipo de cultura, etc.), períodos (emanos), tipo de gestão, modo de trata-mento e período de execução;

• √ superfície (em m2) e gradientes (em m)das encostas a consolidar;

• √ número e extensão (em km) dos fluxosde água a integrar;

• √ número, comprimento (em km) ousuperfície (em m2) e tipo de acessosrodoviários e de parques de estaciona-mento ou parques de merendas;

• √ mapas indicando a localização e descre-vendo os biótipos e outros fenómenosnaturais interessantes (quedas de água,grutas, fontes, etc.);

• √ número, localização, superfície (em m2)e concepção dos edifício de serviços,como centros para visitantes, aloja-mentos, cantinas, postos de observação,entrepostos e serrações;

• √ número, localização, superfície (em m2)e capacidade de eventuais estruturas deacolhimento turístico, como hotéis,abrigos, restaurantes, etc.;

• √ estradas de acesso e ligações com asredes rodoviárias locais e regionais;

• √ uma descrição das intervenções signifi-cativas e respectivos dados, por exem-plo, a reintrodução de espécies raras ouextintas, sistemas de vigilância à distân-cia contra incêndios, redes de comuni-cações e de informação, etc.

3.10.3 Análise de viabilidade e opçõesQuestão-chave:

• No caso de projectos relativos à arboricul-tura madeireira ou corticeira: procura dotipo de madeira (ou de cortiça) a produzir,bem como, se for o caso, de produtos desubstituição importados.

• Para a maior parte dos projectos referentesao turismo e lazer: tendências previsíveisdos fluxos turísticos, incluindo as tendên-cias sazonais, etc.

Será útil uma análise de impacte em funçãoda durabilidade do projecto do ponto de vis-ta ambiental. Um método possível consisteem criar uma série de indicadores físicospara cada efeito e, em seguida, realizar umaanálise multicritérios.

Na análise das opções, a comparação deveconsiderar os seguintes elementos:

• diferentes áreas de intervenção na mesmaárea florestal;

• diferentes métodos de melhoramento, dereflorestação e de cultivo;

• cultura de espécies diferentes, compatíveiscom a área escolhida (por exemplo, plan-tação de eucaliptos em vez de choupospara a produção de pasta de celulose);

35 Por exemplo, os cogumelos e os frutos silvestres (morangos, fram-boesas, mirtilos, ervas aromáticas e medicinais).

36 Observação de aves, fotografia, safaris, equitação, etc.

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3.11 Infra-estruturas de telecomunicações

• diferentes perímetros e áreas dos parques;

• estradas ou tipos de trilhos pedestres,caminhos e áreas equipadas;

• locais de entrada, centros para os visi-tantes, parques de estacionamento, par-ques de campismo, etc., no caso de projec-tos relativos a parques equipados e a áreasflorestais;

• nova afectação (por exemplo, agrícola e jánão florestal) das áreas a repovoar, porexemplo, num parque.

3.10.4 Análise financeira• Custos financeiros: frequentemente, os

custos mais significativos são os relativosao pessoal e à manutenção (ordinária eextraordinária).

Horizonte temporal: 25-35 anos parece umperíodo adequado37 mas, em certos casos, ohorizonte será mais longo.

A literatura disponível mostra que as inter-venções neste sector apresentam taxas derentabilidade financeira que raramente exce-dem os 5%.

3.10.5 Análise económica• Os benefícios produzidos pela utilização e

transformação da madeira podem seravaliados utilizando o valor acrescentadodas empresas silvícolas.

• Os benefícios ligados ao turismo podemser quantificados e avaliados utilizando ochamado método “da disposição parapagar” dos visitantes ou através de umaestimativa quantitativa do produto turís-tico realizado segundo os preços do mer-cado líquidos de distorções. Se for possível,convém acrescentar a mais-valia de recei-tas para o sector do turismo e das activi-dades correlativas nas áreas adjacentes ouligadas ao parque ou floresta em questão.

• Os benefícios criados pela protecçãohidrogeológica podem ser avaliados combase nos custos ligados às inundações,deslizamentos de terras, etc. evitadosgraças ao projecto e, se for demonstrável,a mais valia de produção silvícola relati-vamente a uma situação sem inter-venção.

• Os benefícios decorrentes da melhoria doterritório local e da protecção do ambientepodem ser avaliados com base numamaior “disposição para pagar”38” ou numrendimento mais elevado das actividadesturísticas relativamente a uma situaçãosem intervenção.

3.10.6 Outros elementos de avaliação

Quando o projecto proposto contenhaqualquer elemento de importância natural,ambiental ou científica intrínseca (porexemplo, a preservação de espécies prote-gidas), este aspecto deve ser confirmadopor um painel de peritos independentes dosector.

3.10.7 Análise de sensibilidade e risco

É aconselhável analisar as seguintes variáveis:

• tendências dos fluxos turísticos;

• tendências de custos de certos factoresessenciais, como a mão-de-obra;

• valor e dinâmicas dos riscos ligados aoseventuais danos, independentemente dassuas causas (naturais, humanas ou técni-cas).

3.11 Infra-estruturas detelecomunicações3.11.1 Definição dos objectivos

Os projectos com objectivos de âmbito localsão:

37 Devem aplicar-se horizontes mais baixos às intervenções que ten-ham por objecto infra-estruturas de turismo e lazer, bem como àsque tenham um ciclo curto (por exemplo, os frutos das árvores,etc.) 38 Ver a nota anterior.

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3.11 Infra-estruturas de telecomunicações

• a instalação de sistemas de cabos ou derelés com vista a estender os serviços aáreas não cobertas;

• a cablagem de uma cidade, de um aglo-merado, de uma área industrial, etc., parafornecer redes mais rápidas e de maiorcapacidade, que permitam o desenvolvi-mento de novos serviços locais (porexemplo, as “bandas largas”);

• a construção ou modernização de unida-des de transferência de bandas recor-rendo a redes maiores (este tipo de pro-jecto está frequentemente ligado ao tipoanterior);

• a colocação de cabos, a construção derelés ou de estações satélite para ligar áre-as isoladas (ilhas, áreas montanhosas,etc.).

Os projectos com objectivos a uma escalanão local são os seguintes:

• desenvolvimento de sistemas internacio-nais de comunicações, com vista aaumentar a capacidade, a potência e avelocidade (por exemplo, lançando saté-lites de telecomunicações, construindoestações de rádio por satélite, colocandocabos submarinos de longa distância,etc.);

• aumento da capacidade, da potência e davelocidade das redes inter-regionais decomunicações;

• modernização tecnológica da rede, parapermitir a ligação a novos serviços (porexemplo, serviços multimédia, telefoniamóvel, televisão por cabo, redes urbanas,museus virtuais, etc.).

3.11.2 Identificação do projectoÉ essencial explicar claramente os doisaspectos seguintes, que são fortementeinterdependentes:

• a organização da gestão da intervenção,incluindo qualquer divisão possível emsectores;

• o programa de execução do projecto e oplano proposto para a penetração da área

de influência pelos serviços oferecidospela nova estrutura.

É igualmente útil especificar o seguinte:

• identificar a área de influência potencialque o projecto se destina a servir;

• fornecer uma análise do mercado poten-cial;

• explicar as ligações funcionais e físicasentre a infra-estrutura do projecto e osistema de telecomunicações existente;

• descrever as características técnicas dainfra-estrutura:

• √ os dados funcionais de base: tipo deinfra-estrutura de comunicações,volume e tipo de tráfego, velocidademáxima de transmissão (em bauds),tipo de comunicação, protocolo, ban-das de frequência (GHz) e potência(kW), tecnologias electrónicas decomutação e ligação, etc.;

• √ os dados físicos: comprimento doscabos (em km) e área coberta pela rede(em km2), número e localização dosnós de comutação e de ligação, núme-ro e localização das estações rádio eperímetro coberto (em km2);

• √ os dados técnicos de construção e ascaracterísticas técnicas das redes;

• √ os dados técnicos de construção e ascaracterísticas técnicas e concepçãodos centros de comutação e de ligaçãoou das estações rádio, incluindo osplanos;

• √ os dados técnicos de construção e ascaracterísticas técnicas e concepçãodas instalações auxiliares (por exem-plo, fornecimento de electricidade,iluminação e televigilância);

• √ a área coberta (em m2) e a concepçãoesquemática de eventuais construçõese de outras estruturas de serviços,incluindo os planos e as secções;

• √ os elementos técnicos importantes:sistemas de transmissão/recepção porsatélite, cabos submarinos, etc.

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107

3.11 Infra-estruturas de telecomunicações

3.11.3 Análise de viabilidade e opçõesQuestão-chave: o volume do tráfego e astendências diárias, semanais e sazonais (acapacidade óptima deve constituir umcompromisso razoável entre os níveis maiselevados de tráfego e aquele que o sistemapode gerar).

Na análise das opções, a comparação deve terem consideração eventuais soluções alterna-tivas no quadro da mesma infra-estrutura(por exemplo, diferentes tipos de cabos, dife-rentes protocolos de transmissão, diferentestecnologias de comutação e de ligação, etc.),diferentes soluções de localização ou de esta-ções rádio-emissoras e eventuais alternativasglobais para a infra-estrutura pretendida quepossam oferecer serviços similares, porexemplo, uma transmissão por satélite ouuma rede mista (ar-cabo), em vez de cabosem fibra óptica.

3.11.4 Análise financeiraEntradas financeiras: pagamento dos ser-viços, locação de serviços adicionais. No casoda telefonia, a existência de preços determi-nados pelo governo pode contribuir para aprevisão das dinâmicas de preços.

Horizonte temporal: 10 anos, no mínimo, àexcepção das redes de cabos e dos cabos delonga distância (20 anos).

3.11.5 Análise económicaÉ necessário quantificar os seguintes elemen-tos:

• O tempo economizado em cada comuni-cação (tempo de espera, tempo de trans-missão, etc.), quantificável por unidadesegundo o tipo de serviço (por exemplo,chamada telefónica comercial, trans-missão de um texto, transmissão de umabase de dados, transmissão de gráficos,etc.); para efeitos de valorização, os utiliza-dores podem ser divididos em categorias:por exemplo, no sector residencial, podefazer-se referência ao rendimento médio

dos cidadãos e, no sector empresarial, aovalor acrescentado médio.

• Os novos serviços suplementares, queseriam impossíveis sem o projecto. Emcertos casos, pode ser aplicado o métodoatrás referido para os quantificar e valo-rizar (por exemplo, os serviços anagráficosem linha podem representar quase 100%de economia do tempo necessário parapedir e obter certificados); em outroscasos, a disposição do público para pagar oserviço pode ser avaliada quantificando oscustos que os utilizadores teriam paraobter determinados tipos de dados (porexemplo, pela aquisição de publicaçõesespecializadas).

3.11.6 Outros elementos de avaliaçãoTrataremos aqui do desenvolvimento dosnovos serviços telemáticos e multimédia.Neste caso, será conveniente sujeitar o pro-jecto a um exame de flexibilidade, para saberem que medida ele terá condições, em ter-mos de tecnologia e construção, para satis-fazer as necessidades acrescidas criadas pelodesenvolvimento futuro.

3.11.7 Análise de sensibilidade e riscoFactores essenciais: previsão da procura, cus-tos de investimento elevados (por exemplo,no caso dos sistemas de satélite) e rápida evo-lução tecnológica (por vezes, o investimentotorna-se total ou parcialmente obsoleto bas-tante antes do previsto).

A análise de sensibilidade e de risco deve terem consideração, pelo menos, as seguintesvariáveis:

• os custos de investimento, incluindo osligados ao desenvolvimento tecnológico;

• as previsões relativas aos ciclos de substi-tuição (envelhecimento, obsolescência téc-nica) do equipamento instalado;

• as dinâmicas da procura (isto é, as taxas decrescimento previsíveis da população e dasempresas);

• as dinâmicas de preços dos serviços.

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108

3.12 Parques industriais e parques tecnológicos

3.12 Parquesindustriais e parquestecnológicos3.12.1 Definição dos objectivosOs objectivos podem ser repartidos entre asseguintes categorias:

• Criação de (uma) infra-estrutura(s) bási-ca(s) para a estabelecimento de zonas(áreas) industriais, áreas de comércio eáreas de serviço.

• Criação de uma infra-estrutura básicapara a relocalização programada de equi-pamentos de produção de áreas excessi-vamente congestionadas ou poluídas.

• Criação de centros que prestem serviçosa empresas numa área específica (conta-bilidade, informações financeiras,comercialização, formação, etc.).

• Criação de centros que promovam ainstalação de novas empresas e queapoiem as empresas existentes (parquestecnológicos, centros de inovação comer-cial, etc.).

• Uma combinação destas valências, desti-nada, frequentemente, a apoiar empresasde um segmento específico.

3.12.2 Identificação do projectoConvirá incluir os seguintes aspectos:

• identificação da área de influência (isto é,a área geográfica), a dimensão dasempresas visadas (por exemplo, artesãos,PME, grandes empresas) e os segmentosde produção;

• comunicação dos dados de base, como onúmero, a dimensão e o tipo das empre-sas em questão, o tipo de serviços pres-tados e a presença de laboratórios cientí-ficos/tecnológicos;

• fornecimento dos seguintes dados técni-cos:

• √ localização e superfície (em km2) daárea equipada e sua decomposição emlotes;

• √ número e área coberta (em m2) deentrepostos, armazéns, escritórios,locais de exposição, etc.;

• √ mobilidade interna (estradas e cami-nhos-de-ferro) e suas ligações aos sis-temas externos, características deeventuais portos, heliportos, etc.;

• √ redes e sistemas internos, por exem-plo, os aquedutos, esgotos, depura-doras, estações eléctricas, iluminação,sistemas de telecomunicações, segu-rança, etc., incluindo os dados e a con-cepção;

• √ número de edifícios públicos e respec-tiva área coberta (serviços imobiliá-rios, laboratórios, logística, cantinas,centros de telecomunicações, etc.);

• √ elementos técnicos importantes: labo-ratórios especializados, centros de ser-viços multimédia, etc.

3.12.3 Análise de viabilidade e opções

Questões-chave: estimativa das empresasexistentes interessadas em relocalizar-se naárea de influência, taxa de criação de novasempresas, dinâmicas relativas à procura deserviços imobiliários, elementos ambien-tais.

A análise das alternativas deve tomar emconsideração soluções globais, por exem-plo, um aumento do financiamento directoàs empresas para o mesmo objectivo (pré-mios de relocalização, aquisição de serviçosimobiliários, inovações tecnológicas, novaslinhas de produção ou empresas criadas denovo, etc.).

3.12.4 Análise financeira

• Receitas financeiras: do arrendamentoou licença de utilização do terreno e dosentrepostos e tarifas dos serviços básicos(água, electricidade, drenagem e purifi-cação, armazéns, logística, etc.) e dos ser-viços imobiliários.

• Custos financeiros: custos dos bens e ser-viços necessários ao funcionamento dainfra-estrutura e à produção do serviçoimobiliário.

Horizonte temporal: 20 anos, pelo menos.

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3.12 Parques industriais e parques tecnológicos

3.12.5 Análise económicaA análise deve tomar em consideração oseguinte:

• Os benefícios sociais: melhoria da posiçãode mercado das empresas existentes,difusão de conhecimentos e de competên-cias empresariais no seio das empresasbeneficiárias e, no exterior, a reciclagem dopessoal, os efeitos de diferentes factores deprodução no emprego e nos rendimentos,a criação de novas empresas de produção,a criação de novas empresas privadas deserviços, etc.

• A quantificação dos benefícios sociais:uma abordagem que, por vezes, pode seradoptada é a que consiste em subdividir asempresas beneficiárias potenciais da áreade influência segundo a dimensão e o sec-tor de actividade. Em cada categoria éentão possível avaliar o benefício emfunção, por exemplo, do aumento do valoracrescentado proporcionado por umalocalização mais vantajosa (por exemplo,economias nas despesas de transporte,maior penetração num mercado antesdificilmente acessível, efeitos de eventuaisactividades promocionais nas novas áreasde exposição, custos reduzidos dos ser-viços básicos, etc.), ou pela disponibilidadede serviços imobiliários (por exemplo,melhor posicionamento graças aos ser-viços de comercialização, melhor pene-tração e maiores economias graças ao tele-marketing, às melhorias tecnológicas deprodução, competências profissionaismelhoradas graças à formação, etc.).

• Os custos económicos das matérias-pri-mas e dos terrenos utilizados para a cons-trução do projecto devem ser avaliados em

função da perda para a sociedade decor-rente do desvio desses recursos de umaoutra finalidade mais útil. Os custos depessoal devem ser avaliados da mesma for-ma.

• Os custos ambientais devem ser igual-mente quantificados (poluição do solo, daágua e do ar, degradação da qualidadevisual, ruídos, resíduos, etc.) tal como umeventual congestionamento urbano e detransportes provocado pela construção dainfra-estrutura. No entanto, é de referirque, na medida em que os impactes seconcentrarão na área envolvente da novainfra-estrutura, eles diminuirão na restan-te área de influência. O efeito global, quedeve ser tomado em consideração na aná-lise, pode ser, portanto, positivo ou nega-tivo (por exemplo, os sistemas de controlode refluxos podem ser mais eficazes, etc.).

Taxa de rentabilidade* Infra-estrutura definanceira apoio à produção

Mínima 2,30Máxima 16,87Média 10,49Desvio-padrão 5,28

* Amostra: 4 grandes projectos em 14 no sector incluídos naamostra de 400 projectos combinados.

3.12.6 Outros elementos de avaliaçãoOs custos sociais podem ser medidos porindicadores físicos directa ou indirectamenteligados e pode ser calculada a sua relação cus-to/eficácia.

3.12.7 Análise de sensibilidade e riscoFactores essenciais: rigidez inicial, dificul-dade em prever a verdadeira taxa de pene-tração na área de influência, tanto do pontode vista da relocalização das empresas39 comoda criação de novas empresas.

A análise de sensibilidade e risco deve tomarem consideração os seguintes elementos:

• o custo do investimento;• o grau de instalação na área;

39 Em certos casos, a relocalização das empresas foi acelerada porpolíticas de ordenamento territorial apropriadas.

Taxa de rentabilidade* Infra-estrutura definanceira apoio à produção

Mínimo 9,10Máximo 36,00Médio 18,89Desvio-padrão 6,91

* Amostra: 12 grandes projectos em 14 no sector incluídos naamostra de 400 projectos combinados.

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3.13 Indústrias e outros investimentos produtivos

• o custo de determinados factores de pro-dução essenciais (mão-de-obra, aquisiçãode bens e serviços para a produção dos ser-viços imobiliários);

• se foram quantificadas, as taxas de morta-lidade prematura e de nascimento denovas empresas.

3.13 Indústrias e outrosinvestimentos produtivos3.13.1 Definição dos objectivosA intervenção pode ser classificada numa dasseguintes categorias:

• projectos que visem incentivar a industri-alização de todos os sectores nas áreas rela-tivamente menos desenvolvidas,

• projectos que possuam importância estra-tégica e que requeiram fundos significa-tivos (por exemplo, determinados seg-mentos do sector energético);

• projectos que visem incentivar o desenvol-vimento tecnológico em sectores especí-ficos ou aplicar tecnologias mais promete-doras, que requeiram um investimentoinicial elevado (por exemplo, o desenvolvi-mento de supercondutores eléctricos, aaplicação de tecnologias para a utilizaçãode energia de fontes renováveis);

• projectos destinados a criar novos empre-gos em áreas onde se verificou um declíniodas unidades de produção existentes;

• projectos que visem incentivar a instalaçãoe desenvolvimento de novas empresas(PME ou empresas artesanais).

3.13.2 Identificação do projectoSerá útil fornecer uma descrição precisa daempresa (ou do grupo de empresas) que irábeneficiar da intervenção:

• uma lista das categorias de bens ou ser-viços produzidos pela empresa antes daintervenção e daqueles que irão resultardesta;

• uma lista das quantidades anuais de facto-res de produção, nomeadamente, maté-rias-primas, produtos semi-acabados, deserviços, de mão-de-obra (repartidasegundo a categoria e a especialização),etc., antes e depois da intervenção;

• o volume de negócios, a margem brutaoperacional e o lucro bruto e líquido, ocash-flow, o rácio de endividamento e deoutros indicadores de balanço, antes edepois da intervenção;

• uma descrição do mercado coberto pelaempresa e o posicionamento desta antes edepois da intervenção (por exemplo, espe-cificando as quotas por produto e áreageográfica e suas respectivas dinâmicas);

• a estrutura das empresas (funções, depar-tamentos, procedimentos, sistemas dequalidade, sistemas de informação, etc.)antes e depois da intervenção;

• uma descrição dos instrumentos e doequipamento principal e auxiliar;

• uma descrição dos imóveis da empresa edas áreas ligadas;

• os pontos de descarga dos resíduos líqui-dos e/ou gasosos e uma descrição dasinstalações de tratamento;

• os resíduos (tipos e quantidades) e os sis-temas de recolha e tratamento.

3.13.3 Análise de viabilidade e opçõesQuestão-chave: os parâmetros são especí-ficos e dependem de factores como o sectorem que a empresa exerce a sua actividade, otipo de produto ou as tecnologias de pro-dução utilizadas.

A análise das alternativas deve tomar emconsideração diferentes métodos de financia-mento (por exemplo, o financiamento daconta de juros, em vez da conta de capital, ofinanciamento por contratos de leasing ou deoutros métodos de financiamento), outrassoluções técnicas ou tecnológicas para o pro-jecto proposto, assim como alternativas glo-bais )por exemplo, o fornecimento de ser-viços imobiliários a custos inferiores).

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3.13 Indústrias e outros investimentos produtivos

3.13.4 Análise financeiraA análise financeira pode ser efectuadacomparando os cash-flows produzidos pelaempresa (ou grupo de empresas) depois doinvestimento com os que teriam sido geradossem as subvenções40. As várias rubricas decustos e de receitas devem ser avaliadassegundo os preços do mercado e deduzindoos cash-flows.

Horizonte temporal: cerca de 10 anos.

• o custo de qualquer congestionamentourbano e de transportes eventualmentecausado pela instalação de novas empresasou pelo aumento da actividade das empre-sas existentes, avaliável em termos deduração dos transportes mais longos(mercadorias e passageiros) nas vias decomunicação em questão41, bem como emtermos da possível depreciação do imobi-liário e dos terrenos circundantes.

3.13.6 Outros elementos de avaliação

Além disso, e dadas as dificuldades inerentesà quantificação e valorização do conjuntodos benefícios sociais, será conveniente, parauma avaliação mais completa do projecto,efectuar uma análise minuciosa destes bene-fícios, mesmo que apenas em termos de indi-cadores físicos, de forma a permitir quesejam medidos os efeitos directos e indi-rectos.

Esta análise incluirá os efeitos no emprego,sendo o desenvolvimento ou a conservaçãode empregos um objectivo central de muitosprogramas de incentivo do sector produtivo.

3.13.7 Análise de sensibilidade e risco

Os factores essenciais são específicos a cadatipo de intervenção (novas empresas, moder-nização ou expansão de empresas existentes)e a cada segmento de produção (segmentosmaduros ou pioneiros, competitividade ele-vada ou fraca, processos com impacteambiental considerável ou insignificante,etc.).

A análise de sensibilidade e risco deve ter emconsideração as seguintes variáveis:

• o custo do investimento, no caso de pro-jectos com elevado risco tecnológico;

40 Os cash-flows suplementares coincidem integralmente com oscash-flows totais no caso de empresas recentemente criadas. Devesalientar-se que, em qualquer hipótese, é necessário tomar emconsideração duas opções possíveis: uma em que a empresa tives-se efectuado o investimento (por exemplo, tivesse adquirido osinstrumentos) a um custo mais elevado, e a outra em que fosseincapaz de adquirir os instrumentos sem as contribuições finan-ceiras.

Taxa de rentabilidade financeira* Indústria

Mínima 5,50Máxima 70,00Média 19,59Desvio-padrão 14,45

* Amostra: 64 grandes projectos em 107 no sector incluídos naamostra de 400 projectos combinados.

3.13.5 Análise económicaDevem ser tomadas em consideração exter-nalidades como:

• o benefício do rendimento acrescido gera-do pelo crescimento do número de empre-sas ou pela criação de novas empresas nosector (produtor de bens e serviços) esti-mulados pela empresa beneficiária ou pelogrupo de empresas beneficiárias;

• os custos económicos das matérias-primase dos terrenos utilizados no quadro daconstrução do projecto, que devem seravaliados em função da perda para a soci-edade decorrente do seu desvio de umaoutra finalidade mais útil;

• os custos ambientais (poluição do solo, daágua e do ar, impacte na qualidade visual,ruídos, geração de resíduos, etc.), avali-ados, no essencial, com base nos custos (apreços do mercado sem distorções) dasacções necessárias para eliminar os efeitosda poluição ou por outros métodos suge-ridos numa explicação anterior;

41 Para a quantificação e a valorização destes efeitos, ver a secçãorelativa às estradas.

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3.13 Indústrias e outros investimentos produtivos

• a taxa de crescimento da procura, no casode bens e serviços produzidos para ummercado específico;

• o custo dos factores de produção essen-ciais;

• o preço do produto.

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A presente secção expõe o cálculo e a utili-zação dos principais indicadores de desem-penho na análise de custos-benefícios: taxainterna de rentabilidade (TIR), valor actuallíquido (VAL) e relação custo-benefício. Estesindicadores são expressamente exigidos naanálise financeira e económica e nos formu-lários de candidatura aos Fundos estruturais.A TIR e o VAL são incluídos nos principaisquadros da análise financeira e económica(ver quadros 5, 6 e 10, rubricas 5.4, 5.5, 6.4,6.5, 10.4 e 10.5).

Estes indicadores devem dar uma infor-mação concisa sobre o desempenho do pro-jecto e podem servir de base à sua classifi-cação.

A.1 Valor actual líquido(VAL)Os quadros económicos e financeiros sãoconstituídos por entradas (I1, I2, I3), saídas(O1, O2, O3) e saldos (S1, S2, S3 nas datas 1,2, 3). O modelo é válido para um períodoplurianual, o que pode ocasionar problemasno caso de se pretender adicionar S ao tempo1 e S ao tempo 2, etc. Isto deve-se ao facto dea utilidade marginal de um euro ser hojemais elevada do que a sua utilidade marginalde amanhã. O que se explica pelas seguintesrazões principais:

• a aversão pelo risco inerente a aconteci-mentos futuros;

• o facto de o rendimento monetário ser umafunção crescente e a utilidade marginal parao consumo diminuir com o tempo;

• a preferência pela utilidade actual emrelação à utilidade futura.

A agregação de dados heterogéneos é possí-vel utilizando o coeficiente específico. Estecoeficiente deve ter as seguintes caracterís-ticas:

• diminuir ao longo do tempo;• medir a perda de valor do numerário ao

longo do tempo.

Tal coeficiente constitui o factor de actuali-zação financeira na seguinte situação: a

t=

(1+i)-t, quando t é o horizonte temporal, i ataxa de juro e a

to factor de actualização de

um valor financeiro futuro para obter o seuvalor actual.

Assim, o valor actual líquido de um projectoé definido do seguinte modo:

VAL (S) =

quando Sté o saldo de cash-flow no momen-

to t e até o factor de actualização financeiro

escolhido para proceder como acima se des-creve.

Trata-se de um indicador de desempenho deinvestimento muito conciso. É a soma actualde todos os fluxos líquidos gerados peloinvestimento, expresso sob a forma de umvalor único com a mesma unidade de medi-da que é utilizada nos quadros contabilís-ticos.

É importante referir que o saldo dos primei-ros anos do investimento é geralmente nega-tivo e que se torna positivo ao fim de alguns

Indicadores de desempenho dos projectos

Anexo A

∑at St = + +n

t=0 (1+i)0

S0(1+i)1

S1(1+i)n

Sn

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A.1 Valor actual líquido (VAL)

anos. Ademais, os valores negativos dos pri-meiros anos são mais ponderados do que osvalores positivos durante os últimos anos. Istosignifica que a escolha do horizonte temporalé essencial para determinar o VAL. Além dis-so, a escolha do factor de actualização (isto é,da taxa de juro na fórmula a

t) influencia o cál-

culo do VAL (ver igualmente o gráfico 1).

no gráfico 3. Neste caso, só a utilização de umvalor i determinado permite uma escolhaclara entre os projectos.

Com se refere no capítulo 2, o valor actuallíquido pode ser um VAL financeiro se forcalculado na análise financeira com variáveisfinanceiras, ou um VAL económico se forcalculado na análise económica.

Quadro dos factores de actualização

Anos 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10(1+5%)-n ,952 381 ,907 029 ,863 838 ,822 702 ,783 526 ,746 215 ,710 681 ,676 839 ,644 609 ,613 913(1+10%)-n ,909 091 ,826 446 ,751 315 ,683 013 ,620 921 ,564 474 ,513 158 ,466 507 ,424 098 ,385 543

n: número de anos

VAN

i

Gráfico 1 VAL como função de i.

Este indicador poderá ser um critério deavaliação de um investimento muito simplese preciso: VAL>0 significa que o projectogera um benefício líquido (a soma dos S

t

ponderada é sempre positiva) e esta situaçãoé geralmente desejável. Por outras palavras,esta pode ser uma boa medida do valoracrescentado de um projecto, em termosmonetários, para a sociedade. É igualmenteútil classificar um projecto com base nestesVAL e decidir qual é o melhor. Tal como nográfico 2, o projecto 1 é mais desejável do queo projecto 2, uma vez que possui um VALmais elevado por cada valor i.

Por vezes, a comparação dos VAL de doisprojectos pode não chegar ao mesmo resul-tado para todos os valores i, como acontece

VAN

i

Gráfico 3 Um caso de VAL não determinantes

VAN

Projecto 1

Projecto 1

Projecto 2

Projecto 2

i

Gráfico 2 Classificação de projectos segundo o seu VAL

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A.3 Relação custo-benefício

A.2 Taxa interna derentabilidade42

A taxa interna de rentabilidade é definidacomo a taxa de juro que anula o valor actuallíquido do investimento, isto é, a taxa de juroresultante da seguinte equação:

VAL (S) =

Todos os programas de gestão de dadosfrequentemente utilizados automatizam ocálculo do valor destes indicadores aplicandoa função financeira apropriada. O resultadodo cálculo da TIR corresponde às taxas dejuro indicadas no gráfico A abaixo.

investimento uma perda líquida em compa-ração com uma outra utilização dos fundos.

A TIR pode ser, portanto, um critério deavaliação de projecto: abaixo de um determi-nado valor de TIR, considera-se o investi-mento inadequado.

Tal como o VAL, a TIR pode ser igualmenteutilizada como critério de avaliação da classi-ficação dos projectos.

No entanto, é sempre conveniente consideraras grandezas VAL e TIR em simultâneo, dadoque podem surgir situações ambíguas (vergráficos 5 e 6).

A.3 Relação custo-benefícioA relação C/B é definida da seguinte forma:

B/C = VA(A)/VA(C)

B = benefícios; C = custos; VA = valor actual.

Se C/B>1, o projecto é desejável, porque osbenefícios, medidos pelo valor actual detodos os benefícios, são mais elevados do queos custos, que são medidos pelo valor actualde todos os custos.

Trata-se de um simples dado quantificado,tal como a TIR, e é independente do mon-tante do investimento. Além disso, por vezesé mais fácil de utilizar, porque não dá lugar àcriação de uma situação ambígua como aque foi referida em relação à TIR.

Por este motivo, num certo número de casos,a relação C/B é muito interessante para clas-sificar os projectos.

∑St / (1+IRR)t = 0n

t=0

42 Não fazemos aqui distinção entre a taxa interna de rentabilidadefinanceira (quer seja calculada sobre o investimento total ou sobreos fundos próprios) e a taxa interna de rentabilidade económica.Para mais explicações, ver o capítulo 2.

VAN

i

Gráfico 4 Taxa interna de rentabilidade

Tal como resulta claramente da definição daTIR e da sua fórmula, não é necessária qual-quer taxa de actualização para o cálculo des-te indicador.

O avaliador utiliza principalmente a taxa derentabilidade financeira para avaliar odesempenho futuro do investimento. De fac-to, se i é considerado como o custo de opor-tunidade do fundo, a TIR constitui o valormáximo que i pode atingir sem fazer do

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A.3 Relação custo-benefício

VAN

i

VAN

i

Gráfico 5 e 6 Situações ambíguas

VAN1>VAN2 mas TIR2>TIR1

TA: taxa de actualização

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B.1 Taxa deactualização financeiraNa literatura e na prática, encontram-se dife-rentes pontos de vista quanto à taxa de actu-alização a considerar na análise financeirados projectos de investimento. Existe umaliteratura académica substancial sobre a defi-nição e o cálculo das taxas de actualização enão é necessário resumi-la aqui (ver a biblio-grafia). No entanto, os empreendedores e osavaliadores de projectos devem compreenderas noções básicas em que se fundamente aescolha de uma taxa de actualização.

Uma definição geral e pouco contestada dataxa de actualização financeira é o custo deoportunidade do capital. O custo de oportu-nidade significa que, quando investimoscapital num projecto, renunciamos a obterum rendimento no quadro de um outro pro-jecto. Procedendo a este investimento,encontramos, portanto, um custo implícito:a perda de rendimentos que um outro pro-jecto geraria.

Tendo presente esta definição geral, devemosagora calcular de forma empírica o custo deoportunidade do capital para um determi-nado projecto, num dado país e num dadomomento.

Fundamentalmente, existem três abordagensque permitem identificar a taxa de actuali-zação financeira apropriada e que passa-remos rapidamente em revista.

A primeira abordagem considera um custode oportunidade mínimo do capital. Por

vezes sugere-se que a verdadeira taxa de actu-alização deve medir o custo do capital utili-zado para o projecto específico. Consequen-temente, a referência para um projecto públi-co pode ser o rendimento real das obrigaçõesde Estado (o custo marginal do défice públi-co) ou a taxa de juro real a longo prazo dosempréstimos comerciais (se o projecto preci-sar de fundos privados). Este método e’ bas-tante simples, mas pode dar resultadosdistorcidos. Saliente-se que, no quadro destaabordagem, utilizamos o custo actual docapital para determinar o custo de oportuni-dade deste último, e os dois conceitos sãodiferentes. Com efeito, a melhor opção alter-nativa pode ter resultados muito mais eleva-dos do que a taxa actual interna sobre osempréstimos públicos ou privados.

A segunda abordagem fixa um limite máxi-mo para a taxa de actualização porque tomaem consideração o rendimento (perdido)que a melhor solução alternativa de investi-mento teria permitido obter. Na prática, ocusto de oportunidade do capital é calculadoanalisando o rendimento marginal de umacarteira de títulos no mercado financeirointernacional, a longo prazo e com um riscomínimo. Por outras palavras, a solução alter-nativa ao rendimento do projecto não é acompra de obrigações públicas ou privadas,mas sim o rendimento de uma carteirafinanceira apropriada.

No entanto, em especial no sector privado,alguns investidores podem, com base em

Escolha da taxa de actualização

Anexo B

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B.2 Taxa de actualização social

experiências anteriores nos mesmos projec-tos, sentir-se capazes de obter do investi-mento um rendimento ainda mais elevado.

A terceira abordagem consiste em deter-minar uma taxa limite. Isto implica evitarproceder a uma análise detalhada do custoespecífico em capital de um dado projecto(como na primeira abordagem) ou ter emconta carteiras específicas dos mercadosfinanceiros internacionais ou nos outros pro-jectos para o mesmo investidor (como nasegunda abordagem) e recorrer a uma sim-ples aproximação.

Tomemos uma taxa de juro específica ouuma taxa de rendimento de um emissor bemestabelecido numa divisa largamente comer-cializada e apliquemos um multiplicador aesta referência mínima.

No caso dos projectos co-financiados pelaUnião Europeia, uma referência mínima evi-dente poderá ser a das obrigações a longoprazo emitidas em euros pelo Banco Europeude Investimento. O rendimento real destasobrigações pode ser estabelecido tomandoem consideração a taxa de rendimento nomi-nal menos a taxa de inflação na UE.

Na prática, estamos a sugerir que uma taxa deactualização financeira real de 6% para 2001-2006 não estará muito longe do dobro dovalor do rendimento real das obrigações BEI,o que pode constituir uma taxa limite finan-ceira apropriada para projectos públicos, sal-vo em circunstâncias especiais, que devem serjustificadas pelo promotor do projecto.

B.2 Taxa deactualização socialA taxa de actualização na análise económicados projectos de investimento – a taxa deactualização social – serve para reflectir oponto de vista social sobre a forma como osbenefícios e custos futuros devem ser valori-zados em relação aos benefícios e custosactuais. Esta taxa pode divergir da taxa derentabilidade financeira quando o mercadode capitais é imperfeito.

A literatura teórica e a prática internacionalmostram uma grande variedade de aborda-gens na interpretação e na escolha do valorda taxa de actualização social a adoptar.

A experiência internacional é muito vasta einvolve diferentes países e diferentes organi-zações internacionais.

O Banco Mundial e, mais recentemente, oBERD adoptaram uma taxa de rentabilidadeeconómica obrigatória de 10%. Considera-segeralmente que esta é uma taxa limite bas-tante elevada e, segundo alguns críticos, istopode reflectir uma espécie de triagem dosmelhores projectos pelos fornecedores decrédito.

Geralmente, os governos nacionais fixam ataxa de actualização social para os projectospúblicos a um nível inferior ao das institui-ções financeiras internacionais.

No Reino Unido, o Green Book43 assimila ocusto de oportunidade social do capital aocusto gerado pelo consumo e a produção pri-vados deslocados. A taxa de preferênciasocial e a taxa de rendimento privado sãoambas fixadas em 6%, ainda que sejamconcedidas algumas excepções.

Quadro 1. Alguns exemplos de taxas de actualizaçãofinanceiras em diferentes sectores e países*

Sector País Taxa de actualização

Transportes Espanha 5Transportes Espanha 6Transportes Espanha 6Transportes Espanha 6Transportes França 8Ambiente Lituânia 3Ambiente Polónia 5Ambiente Polónia 5Indústria Portugal 10Energia Portugal 11

* Os dados referem-se aos projectos ISPA - FC e FEDER.

43 HM Treasury (1997) Appraisal and Evaluation in CentralGovernment. The Green Book.

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119

B.2 Taxa de actualização social

Em Itália, nos termos das novas orientaçõesrelativas aos estudos de viabilidade44, a taxa deactualização está actualmente fixada em 5%.

Em Espanha, foram fixados diferentes valo-res de taxas de actualização social segundo osector em causa: 6% em termos reais para ostransportes45 e 4% para os projectos relativosaos recursos hídricos

Em França, a taxa de actualização fixada peloCommissariat Général du Plan é igual a 8%em termos reais, ainda que esta taxa não ten-ha sido actualizada desde 1984.

Nos Estados Unidos, o OMB (Office ofManagement and Budget) propõe diversastaxas de actualização. Especificamente, napresunção de que os investimentos públicos(definidos como os projectos que gerambem-estar social) deslocam o consumo pri-vado, a taxa de actualização a utilizar é de 7%em termos reais ou calculados por meio daabordagem preço fictício capital, que permi-te deslocações tanto do consumo como daprodução.

Os investimentos internos do Governo (pro-jectos com impacte exclusivamente na dívidado Estado) devem ser actualizados utilizandoas taxas de empréstimo do Tesouro. O CBO(Congressional Budget Office) e o GAO(General Accounting Office) prevêem que oinvestimento público pode ser actualizadoutilizando as taxas de empréstimo doTesouro.

Esta variedade de experiências internacionaisreflecte diferentes concepções teóricas e polí-ticas.

As principais concepções relativamente àestimativa da taxa de actualização social sãoas seguintes:

1 Uma concepção tradicional, segundo aqual o investimento público marginal deveter o mesmo rendimento que o investi-mento privado, sendo os projectos inter-mutáveis.

2 Uma outra concepção que consiste em uti-lizar uma fórmula baseada na taxa a longoprazo do crescimento da economia. Umafórmula aproximativa é a seguinte:

r = ng + p

em que r é a taxa de actualização social realdos fundos públicos, expressa numa divisaapropriada (por exemplo, o euro); g é a taxade crescimento das despesas públicas; nrepresenta a elasticidade do bem-estar socialem relação às despesas públicas e p é umataxa de preferência intertemporal pura. Porexemplo, suponhamos que as despesas públi-cas de assistência aos pobres (ou seja, as des-pesas mais valorizadas no plano social)aumentam a uma taxa real anual igual àmédia do consumo per capita, digamos 2%, eque a elasticidade do bem-estar social emrelação a este tipo de despesas é de 1 a 2. Se apreferência intertemporal pura é de cerca de1%, a taxa de actualização social real situar-se-á entre os 3 e os 5%.

Esta concepção conduz a valores de taxas deactualização geralmente inferiores às da abor-dagem anterior, porque os mercados de capi-tal são imperfeitos e funcionam num hori-zonte temporal curto, e actualizam o futurode forma mais pesada. De facto, segundo umaconcepção extrema, o Estado deveria ter umvalor zero para a preferência intertemporal,uma vez que lhe incumbe proteger os inte-resses de todas as gerações vindouras.

3 Uma terceira solução consiste em tomarpor base uma referência padrão para a taxade actualização, tendo em conta que umataxa de rentabilidade requerida reflecte umobjectivo de crescimento real. Com efeito,a longo prazo, as taxas de juro reais e astaxas de crescimento deverão convergir.

44 Conferenza dei Presidenti delle Regioni e delle Province Auto-nome (2001) Studi di fattibilità delle opere pubbliche. Guida perla certificazione da parte dei Nuclei regionali di valutazione e veri-fica degli investimenti pubblici.

45 Ministerio de Transportes, Turismo y Comunicaciones (1991)Manual de evaluación de inversiones en ferrocarriles de vía ancha.Anexo 1.

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120

B.2 Taxa de actualização social

Com base na primeira abordagem, uma taxade actualização social de 5% para os projec-tos públicos corresponde a cerca de duasvezes o rendimento real a longo prazo deuma obrigação BEI em euros, o que, portan-to, não está longe de uma taxa de rentabili-dade financeira razoável. Esta situa-se, talvez,na margem inferior do custo de oportuni-dade do capital para os investidores privados.Mas uma taxa de actualização social de 5%também não estará muito longe de um valor

baseado na segunda concepção, talvez namargem superior da série de valores razoá-veis segundo os diferentes parâmetros.

Por último, quando estão em causa regiõeseuropeias menos desenvolvidas, um rendi-mento de 5% é compatível com a terceiraconcepção: pode reflectir a necessidade deestas regiões investirem a uma taxa de rendi-mento superior, para realizarem uma taxa decrescimento superior à média comunitária(onde a taxa de crescimento real foi nos últi-mos anos de 2,5% a 3%)

Em conclusão, uma taxa de actualizaçãosocial europeia de 5% pode ter justificaçõesdiferentes e convergentes e poderá constituiruma referência padrão para os projectos co-financiados pela UE. No entanto, em casosespecíficos, os promotores de projectospodem pretender justificar um valor dife-rente.

86420

-2-4-6-8

-10-12

1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999

UE PAÍSES EM VIAS DE ADESÃO

Fig. 1 Crescimento do PIB, preços constantes. Variação em %

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121

A presente secção propõe um método práti-co que permita aplicar a modulação da taxade co-financiamento exigida pelos regula-mentos.

C.1 QuadroregulamentarOs novos regulamentos, ao fixarem taxasmáximas (ver quadro 1) exigem explicita-mente à Comissão que determine a taxaactual tomando em consideração diversascircunstâncias, nomeadamente:

• a existência de receitas;• o princípio do poluidor-pagador.

Os regulamentos impõem à Comissão quedeclare a forma como determina a sua taxade co-financiamento, de maneira transpa-rente e verificável.

A abordagem actualmente utilizada no qua-dro do Fundo de Coesão (tal como no doISPA) é a do chamado “défice de capitais” ou“défice de financiamento” (“financing gap”).

A ideia de base é a de colmatar o “défice definanciamento” por meio de ajudas comuni-tárias. Isto significa que, se C é o valor actualdo custo total do investimento, R é o valoractual líquido das receitas líquidas geradaspelo projecto, incluindo o seu valor residual,E o custo elegível e (C-R) o défice de finan-ciamento, enquanto que r é a taxa de co-financiamento e G a subvenção comunitária,definida da seguinte forma:

A determinação da taxa de co-financiamento

Anexo C

Quadro 1 Limites da taxa de co-financiamentofixados na regulamentação

Fundos estruturais

Tipos de regiões/ Taxa máxima de co-financiamentopaíses % do custo total elegívelObj. 1 75Obj. 1 Região Fundo de Coesão 80Obj. 1 Região Fundo de Coesão/ultraperiférica 85Obj. 2 e 3 50

Taxa de co-financiamento mais elevada% do custo total elegível

Países Fundo de coesão 80-85

ISPA

Países ISPA 75-85 em casos excepcionais

Quadro 2 Taxa de actualização e défice de co-financiamento: um exemplo*

Dados de base do projecto

Custo total elegível 36.000.000 eurosSubvenção ISPA proposta 27.000.000 eurosCo-financiamento requerido 9.000.000 eurosTaxa de subvenção 75%

Escolha de uma taxa de actualização

Cenário (TA) 6% 8% 11% Défice de financiamento 47% 51% 11%

* Este exemplo baseia-se num projecto ambiental ISPA

r= (C-R)/C e G= E*r

C.2 Regras para amodulaçãoA regra do “défice de financiamento” deve seralgo clarificada para poder ser aplicada deforma a melhor realizar os objectivos daComissão e segundo as regras da análise cus-tos-benefícios. Com efeito, a regra geralexpressa nas Orientações sobre o Fundo deCoesão é a seguinte:

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C.2 Regras para a modulação

A taxa será determinada tendo em conta ascaracterísticas do projecto e, nomeadamente, osresultados da análise económica (…).

Isto significa que as taxas calculadas no qua-dro da análise financeira e económica, comoa TRF/C, a TRF/K e a TRE, podem ser utili-zadas para verificar a qualidade do projectoantes da determinação da taxa de co-finan-ciamento. Isto torna-se possível quer pelaharmonização das regras contabilísticas paraa análise financeira e económica (ver capí-tulo 2), quer por um sistema de triplo con-trolo baseado em referências fixas para a

TRF/C, a TRF/K e a TRE. A lógica deste sis-tema é mostrada no seguinte diagrama.

C.2.1 Cálculo da taxa interna derentabilidade financeira com base nocusto de investimento total (antes daintervenção comunitária)

O promotor do projecto deve apresentar umcálculo da taxa de rentabilidade financeira(real) sobre o investimento total, a TRF/C,isto é a taxa interna de rentabilidade quandosão considerados os custos de investimentototais, os custos operacionais totais e as recei-tas totais (sem ter em conta as ajudas, o capi-

Cálculo da TRF/C antes da ajuda comunitária

Determinação da subvenção comunitária Gpelo método do “défice de financiamento”

Cálculo da TRF/C após a ajudacomunitária (C é diminuído do

montante da ajuda UE)

Taxa de subvenção comunitária:r= Min (G/E; taxa máxima)

Apreciação da viabilidadefinanceira

Rejeição do projecto ou alteraçãoda sua estrutura de financiamento

Cálculo da TRE

Taxa de subvenção comunitária:r= Min (G/C; taxa máxima)

Cálculo da TRF/K

Alteração de G

Apresentação da estrutura de financiamento(subvenções, capital próprio, empréstimos, etc.)

Custo elegível <T1 Custo elegível >T1

Se TRF/K > T2 (VAL/K > 0)

Se TRF/K < T2 (VAL/K < 0)

Não viável

Viável

TRF > 0% TRF < 0%

Apresentação do estruturade financiamento

T1=50 milhões de euros, T2=6% a título de exemplo

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123

C.2 Regras para a modulação

tal investido, os empréstimos e os juros), afim de avaliar a rentabilidade financeira doprojecto ou, como mais frequentemente é ocaso, o custo líquido para as finanças públi-cas quando as receitas geradas pelo projectosão nulas ou insuficientes.

Se a TRF/C for inferior a um determinadolimiar, a Comissão pode solicitar ao candi-dato que demonstre de que modo o projectoserá viável a longo prazo, para além do hori-zonte temporal definido. Esta demonstraçãoincluirá um plano financeiro completo, coma indicação de todos os recursos financeiros(subvenções nacionais, empréstimos, capitaispróprios, etc.).

C.2.2 Cálculo da taxa interna derentabilidade financeira sobre o capitalnacional (após a subvenção comunitária)Como se explica em detalhe no presentemanual, há duas maneiras de considerar arentabilidade financeira. A TRF/C dá umaindicação da eficácia financeira global doprojecto, tomando em consideração o custodo investimento e ignorando deliberada-mente a forma como este é financiado.

No entanto, é importante ter igualmente emconta a rentabilidade financeira do capitalpróprio dos investidores. Isto é, feito combase no capital investido pelos investidores,mais do que no investimento total: os fundosdesembolsados, o reembolso dos emprés-timos e o pagamento de juros (incluindo dosempréstimos do BEI e dos bancos comer-ciais). Não devem incluir-se as ajudas comu-nitárias. O mesmo se aplica ao cálculo daTRF “sem União Europeia”46, quando os cus-tos dos investimentos não cobertos pela aju-

da comunitária são totalmente cobertos pelocapital próprio dos investidores (sem crédi-tos nem juros).

O promotor do projecto deve justificar aestrutura financeira que propõe para omesmo (através de um simples plano definanciamento, como o quadro de viabili-dade financeira 2.3 do capítulo 2), combase nas suas expectativas em matéria deco-financiamentos comunitários (poroutras palavras, deve declarar qual é o capi-tal, incluindo os fundos públicos nacionaisou privados, bem como os créditos de ter-ceiros e respectivos juros, que está emcondições de investir). A rentabilidadefinanceira interna sobre o capital próprionacional (TRF/K) não deve exceder, geral-mente, uma percentagem real de 6%47. Paraos projectos com uma TRF/K>6%, poderáser pedida uma maior contribuição emcapital próprio e a TRF/K deverá ser calcu-lada no quadro desta nova montagemfinanceira.

C.2.3 Cálculo da taxa de rentabilidadeeconómicaO promotor do projecto deve calcular a TREsegundo os métodos descritos no presentemanual. A diferença entre a TRE e a TRFconsiste em que a primeira utiliza preçoscontabilísticos ou o custo de oportunidadede bens e de serviços, em vez de preços demercado imperfeitos, e que inclui na medidado possível todas as externalidades sociais eambientais. Como as externalidades e ospreços fictícios são então tidos em conta, amaior parte dos projectos caracterizados poruma TRF/C fraca ou negativa apresentamuma TRE positiva.

46 “Sem União Europeia” significa antes da intervenção comunitária:é utilizado o custo total do projecto. “Com União Europeia” signi-fica após a intervenção: é utilizado o custo total menos a ajudacomunitária.

47 Este limiar é indicado a título indicativo e pode ser alterado pelaComissão; qualquer projecto que gere uma TRF/K superior podeser considerado como solicitando uma ajuda excessiva.

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124

O carácter incerto das previsões baseadas naanálise custos-benefícios resulta de diversosmotivos. Como exemplos típicos, os gráficos1, 2 e 3 mostram o resultado de inquéritosefectuados para determinar os valores a atri-buir às três variáveis que devem ser utilizadasna análise. Como podemos ver, ainda queseja possível determinar um valor como sen-do o mais provável para os dados exami-nados (por exemplo, a média), os parâmetrosindicam uma variabilidade dos valores.

Uma vez que foram identificadas as variáveisessenciais, é necessário, para efectuar a análi-se dos riscos, associar a cada uma delas umadistribuição de probabilidades, definidanuma escala precisa de valores em torno damelhor estimativa, utilizada na hipótese debase para calcular os índices de avaliação.

A distribuição de probabilidades para cadavariável pode decorrer de diversas fontes. Afonte mais comum é a dos resultados deestudos efectuados para obter os valoresexperimentais pretendidos, em situações omais similares possível às do projecto. Éeste o caso mostrado, a título de exemplo,nos gráficos 1, 2 e 3 acima. Utilizando dife-rentes métodos indicados na literaturaespecializada (inferência estatística), é pos-sível, em quase todos os casos, obter umadistribuição de probabilidades a partir dosdados experimentais, que pode ser expressasob forma gráfica e/ou analítica. Quandonão existem dados experimentais, podemser utilizadas as distribuições encontradasna literatura, que são válidas para os casossimilares ao caso estudado.

Análise de sensibilidade e risco

Anexo D

100

80

60

40

20

0700- 800- 900- 1000- 1100- 1200- >1300800 900 1000 1100 1200 1300

Caso

s ob

serv

ados

Escala dos preços

30%

25%

20%

15%

10%

5%

0%< 30- 35- 40- 45- 50- 55- 60- 65- >30 35 40 45 50 55 60 65 70 70

Freq

uênc

ia

Milhares de veículos

Gráfico 1 Distribuição dos preços dos produtos de base – média: 1 017 euros – desvio-padrão: 164 euros

Gráfico 2 Tráfego diário – média: 46 800 – desvio-padrão: 2 400

600

500

400

300

200

100

0%10 20 30

Gráfico 3 Consumo per capita - (média: 230 litros/dia – desvio-padrão: 96 litros/dia)

N° de amostra

L/di

a

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125

Análise de sensibilidade e risco

Outra possibilidade (método Delphi) é con-sultar um painel de peritos, pedindo a cadaum deles que calcule a probabilidade a atri-buir a intervalos definidos de valores – geral-mente, apenas um número limitado – doparâmetro em questão e, em seguida, combi-nar os valores obtidos segundo as regras daestatística.

Os gráficos 4 a 8 mostram algumas distribui-ções de probabilidades típicas frequente-mente utilizadas na literatura e, em especial,

na análise dos riscos associados aos projectosde investimento.

O gráfico 4 apresenta uma curva típica simé-trica em forma de sino, ou curva de Gauss –enquanto que o gráfico 5 representa umadistribuição de probabilidades discretas emvalores constantes para intervalos definidosda variável. Esta representação simplificada éfrequentemente utilizada, porque é fácil decalcular. Pela mesma razão, as distribuiçõestriangulares, simétricas ou não, são igual-mente utilizadas, como o indica a ilustraçãodos gráficos 6 e 7. O gráfico 7 mostra umadistribuição em degraus (neste caso, com trêsvalores), um resultado típico da aplicação dométodo de Delphi.

Depois de determinada a distribuição deprobabilidades das variáveis essenciais, é pos-sível proceder ao cálculo da distribuição deprobabilidades da TIR ou do VAL do projec-to. Só nos casos mais simples é possível efec-tuar este cálculo utilizando métodos directos,

Gráfico 6 Distribuição triangular simétrica

0,20

0,15

0,10

0,05

0,004 6 8 10 12 14 16

0,15

0,10

0,05

0,000 5 10 15 20 25

Gráfico 5 Probabilidade discreta

Gráfico 4 Curva de Gauss

1,00

0,75

0,50

0,25

0,000,20% 0,30% 0,40% 0,50% 0,60% 0,70%

Quadro 1 Cálculo de probabilidades do VAL segundo diferentes valores de variáveis essenciais

Resultado das variáveis essenciais

Investimento Outros custos Benefícios VAL

Valor Valor Probabilidade Valor Probabilidade Valor Probabilidade

-56,0

-13,0 0,20

-15,6 0,50

-18,7 0,30

74,0 0,15 5,0 0,0377,7 0,30 8,7 0,0681,6 0,40 12,6 0,0885,7 0,15 16,7 0,0374,0 0,15 2,4 0,0877,7 0,30 6,1 0,1581,6 0,40 10,0 0,2085,7 0,15 14,1 0,0874,0 0,15 -0,7 0,0577,7 0,30 3,0 0,0981,6 0,40 6,9 0,1285,7 0,15 10,9 0,05

Por ejemplo, existe un 3% de probabilidades (0,15*0,20) de que el VAN tenga valor 5.

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126

Análise de sensibilidade e risco

Gráfico 8 Custo do projecto

50%

40%

30%

20%

10%

0%65,0 67,5 70,0 72,5 75,0 77,5

60

40

20

0-2,00% -1,00% 0,00% 1,00% 2,00% 3,00%

Prob

abili

dade

Milhões de euros

Gráfico 7 Distribuição triangular assimétrica

segundo métodos analíticos de cálculo dasprobabilidades compostas de um certonúmero de acontecimentos independentes.O quadro seguinte mostra um processo decálculo possível, utilizando uma apresen-tação desenvolvida em estrutura de árvoredas variáveis independentes.

Por exemplo, há 3% de probabilidade(0.,15*0,20) de que o VAL tenha o valor de 5.

De facto, com uma variação decrescente de56 dos custos de investimento e de 13 (comuma probabilidade de 20%) dos outros cus-tos, os benefícios aumentam em 74 (com15% de probabilidade). Substituindo estesnovos valores na fórmula de cálculo do VAL,o resultado é 5.

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127

E.1 Porque se avalia oambiente?A avaliação económica do ambiente ajuda osdecisores a integrarem no processo dedecisão o valor dos serviços ambientaisfornecidos pelos ecossistemas. Os efeitosambientais internos e externos produzidospelos projectos económicos são calculados eexpressos em termos monetários48. A avali-ação monetária é uma forma útil de exprimirna mesma unidade diferentes custos e bene-fícios socioeconómicos e é necessária paracalcular um indicador homogéneo globaldos benefícios líquidos.

No contexto de grande incerteza e de irrever-sibilidade quanto à disponibilidade futurados recursos ecológicos ou por razões éticas,podem ser aplicados outros métodos deavaliação económica, como o estudo doimpacte ambiental, a análise multicritérios osas consultas públicas. Estes métodos evitamque se tenha de exprimir todos os impactesambientais e preferências individuais numnumerário único.

E.2 Avaliação dosimpactes ambientaisnos projectos dedesenvolvimentoA maior parte dos projectos de infra-estru-turas públicas têm incidências negativas ou

Avaliação monetária dos serviços ambientais

Anexo E

48 Um efeito interno pode ser directamente observado nos mercados(através da variação dos preços e das quantidades) ou durante oprocesso de tomada de decisão, enquanto um efeito externo éobservado quando o comportamento económico de um indi-víduo (ou de uma empresa) afecta o comportamento de um outroindivíduo (ou empresa) sem compensação económica ou tran-sacção entre os dois. Em economia, a poluição ou a afectação derecursos são frequentemente analisados com a ajuda do conceitode externalidade.

Impactes ambientais e serviços ambientais nos projectosOs impactes ambientais relevantes nos principais projectos estão liga-dos às seguintes dimensões ecológicas:• Água: água de superfície e disponibilidade e qualidade da água de

nascente.• Poluição atmosférica: poluição urbana e emissões de gases com

efeito de estufa.• Poluição do solo: contaminação por produtos químicos e metais

pesados.• Lixos: produção e tratamento dos lixos urbanos e industriais.• Perda de biodiversidade.• Degradação das paisagens.• Risco natural e tecnológico.• Ruídos e saúde humana.Impactes ambientais que afectem o fornecimento de serviços e bensambientais de que gozam os consumidores que são utilizados pelosprodutores. Exemplo de serviços ambientais directos e indirectosfornecidos pelos ecossistemas:• Produção directa de oxigénio, de água, de alimentos frescos, de

forragem e de fertilizantes, de recursos genéticos, de combustíveise de energia, de matérias-primas.

• Serviços indirectos, como a regulação do ciclo hidrológico, captaçãoe reposição da água e da água de nascente, regulação do clima,armazenamento e reciclagem dos alimentos, produção de biomas-sa, produção de terras aráveis, assimilação de resíduos, manu-tenção da diversidade biológica, etc.

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E.2 Avaliação dos impactes ambientais nos projectos de desenvolvimento

A medida monetária de uma alteração do bem-estar de umindivíduo devida a alterações da qualidade ambiental é desig-nada por valor económico total da alteração. O valor econó-mico total de um recursos pode ser dividido em valores deutilização e valores de não utilização.Valor económico total = valores de utilização + valores denão utilizaçãoOs valores de utilização incluem os benefícios resultantes dautilização física de recursos económicos como as actividadesde recreio (pesca desportiva) ou as actividades produtivas(agricultura e silvicultura). O valor de oportunidade é classifi-cado nesta categoria, mesmo que se refira apenas a utiliza-ções futuras. Isto resulta da combinação da incerteza do indi-víduo quanto à procura futura do recurso com a incertezarelativa à disponibilidade do mesmo. Os valores de não utili-zação são relativos aos benefícios que os indivíduos podemobter dos recursos ambientais sem directamente os utilizar.Por exemplo, muitas pessoas apreciam os recursos ecológicostropicais sem directamente os consumir ou visitar. As compo-nentes dos valores de não utilização são o valor de existênciae o valor de património. O valor de existência mede a vontadede pagar por um recurso por motivos “morais”, altruístas ou

outros, e não está ligado a uma utilização actual ou futura. Ovalor de património é o valor atribuído pela geração actual àpreservação do ambiente para as gerações vindouras. Os valo-res de não utilização são menos tangíveis do que os valoresde utilização, uma vez que, frequentemente, não se referem aum consumo físico de bens ou serviços.Os valores estão directamente ligados aos serviços ecoló-gicos produzidos pelos ecossistemas que os sustentam. Porexemplo, a pesca depende da produtividade ecológica doecossistema marinho e das terras irrigadas. A disponibilidadede água está ligada à integralidade do ciclo hidrogeológico ea qualidade da água de nascente depende da capacidade defiltragem do solo. Uma redução no fornecimento de recursosecológicos (por exemplo, devido à poluição) depreciará,provavelmente, os valores atribuídos pelas pessoas à quali-dade do ambiente, tendo como resultado final uma reduçãodos benefícios sociais que lhe estão associados.É importante compreender que o valor económico não mede aqualidade ambiental enquanto tal, mas reflecte as preferên-cias das pessoas por esta qualidade.A avaliação é “antropocêntrica”, na medida em que reflecteas preferências dos indivíduos.

Avaliação económica total

Valor económico total (VET)

Utilização Não utilização

Utilizaçãodirecta

Utilização indirecta

Valor de oportunidade

Valor de património Valor de existência

Bens e serviços

directamenteconsumidos

Benefíciosfuncionaiscorrentes

Utilizações futuras Consumo pelageração futura

Valores fixos denão utilização

• Alimentos• Madeira e biomassa• Lazer• Saúde• Ensino• Desporto

• Função de produção• Função ecológica• Lazer• Função de regulação

• Conservação dasfunções ecológicas

• Produção debiodiversidade

• Manutenção daspaisagens

• Espécies e ecossistemas famosos• Alteração irreversível• Manutenção da vida

Tangibilidade

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129

E.3 O que se faz ao medir os benefícios monetários?

positivas no ambiente local e global. Osimpactes ambientais típicos são os asso-ciados à qualidade do ar, às alteraçõesclimáticas, à qualidade da água, do solo edas nascentes, à biodiversidade e à degra-dação das paisagens, aos riscos tecnológicose naturais. Estes impactes afectam o funcio-namento normal dos ecossistemas e redu-zem (ou, em certos casos, aumentam) aqualidade dos serviços ecológicos forne-cidos pelos ecossistemas. A redução ou oaumento de qualidade ou de quantidadedos bens e serviços ambientais produzirádeterminadas alterações, perdas ou ganhos,a par com os benefícios sociais associadosao seu consumo.

Por exemplo, uma infra-estrutura rodovi-ária deverá, normalmente, reduzir a super-fície de terras rurais utilizáveis, afectar aspaisagens rurais, aumentar a pressão sobrea biodiversidade e reduzir a qualidade geraldo ar, em resultado do tráfego automóvelna área.

Daqui resulta que cada um destes impactesreduzirá o fornecimento de serviçosambientais pelos ecossistemas e os benefí-cios económicos, como a actividade agrí-cola, a fruição da paisagem e outras activi-dades de lazer associadas à utilizaçãoeconómica da área. Por outro lado, osinvestimentos nas instalações de trata-mento de resíduos reduzirão os impactesambientais negativos no solo e na água eaumentarão os benefícios económicos liga-dos ao fornecimento de serviços de altaqualidade ambiental aos agentes econó-micos (consumidores e produtores).

Não tomar em consideração os impactesambientais, pelo cálculo das externali-dades, levaria a uma sobreavaliação ou auma subavaliação dos benefícios sociaisdo projecto e a decisões económicasincorrectas.

E.3 O que se faz aomedir os benefíciosmonetários?Na prática, a avaliação económica serva pararevelar (ou declarar) a vontade individual depagar (ou de receber) pelos benefícios asso-ciados à utilização (consumo/fruição) debens e serviços ambientais. O objectivo daavaliação é apreciar o valor económico total,tendo em conta a utilização explícita e implí-cita de valores de não utilização. O conceito-chave da metodologia é o do excedente dosconsumidores (ou produtores).

Quando estão disponíveis mercados de ser-viços ambientais, a maneira mais fácil demedir o valor económico é utilizar o preçodo mercado pertinente. Por exemplo, quan-do a poluição marinha reduz as capturas depeixe, os valores do mercado para a pescaperdida observam-se facilmente nos merca-dos do peixe. Quando não existe um “merca-do”, o preço pode deduzir-se de processos deavaliação não ligados ao mercado. É este ocaso, por exemplo, quando se mede o custosocial da poluição atmosférica urbana, nãohavendo qualquer mercado associado a estapoluição. No essencial, coexistem duas abor-dagens em matéria de avaliação, cada umadelas assente em diferentes técnicas (ver grá-fico): a abordagem indirecta procura deduzirpreferências das informações efectivamenteobservadas no mercado, enquanto que aabordagem directa se baseia na simulação debens no mercado e recorre a métodos deinquérito e de experimentação.

E.3.1. Despesas de prevenção e custosevitadosQuando se verificam alterações na qualidadedo ambiente, as reacções das empresas e dasfamílias podem ser observadas através domontante gasto para atenuar os impactes.Assim, as despesas em matéria de isolamentosonoro podem reflectir a opinião das famíliassobre o ruído, e as despesas na renovação dosedifícios podem reflectir o desejo de reduzir

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E.3 O que se faz ao medir os benefícios monetários?

a poluição atmosférica. As despesas defen-sivas são utilizadas para avaliar a degradaçãoambiental, e os custos evitados são utilizadosde preferência na avaliação das melhorias daqualidade ambiental.

A este método estão associados diversos pro-blemas:

• Os indivíduos ou as empresas podemadoptar mais do que uma forma decomportamento defensivo em reacção aqualquer alteração ambiental: em vez degastar dinheiro na renovação de edifícios,os proprietários podem, por exemplo, pre-ferir vendê-los e mudar de casa.

• O comportamento que visa evitar osimpactes pode ter outros efeitos positivosque não são expressamente considerados.Assim, por exemplo, o isolamento sonoropode reduzir o desperdício de calor deuma habitação.

• Muitas das despesas defensivas são nãocontínuas e constituem decisões irreversí-veis, como a colocação de vidros duplosque, uma vez instalados, ficaria caro reti-rar. Neste contexto, pode ser difícil mediroutras variações futuras da qualidade doambiente.

Pelos motivos apontados, este método mui-tas vezes sobreavalia ou subavalia os benefí-cios associados às alterações da qualidade doambiente.

E.3.2. Funções dose-efeitoA técnica dose-efeito serve para estabeleceruma relação entre os impactes no ambiente

(os efeitos) e os impactes ambientais físicoscomo a poluição (dose). A técnica é utilizadaquando a relação entre a causa do prejuízoambiental – como a poluição do ar e da água– e os efeitos – a morbilidade devida a estapoluição do ar ou da água contaminada porprodutos químicos, por exemplo – está bemdefinida. A técnica baseia-se em informaçõesde ciência natural sobre os efeitos físicos dapoluição e utiliza esta informação no quadrode um modelo económico de avaliação. Aavaliação económica será efectuada atravésde estimativa, considerada como função deprodução de utilidade, das variações noslucros das empresas ou das perdas ou ganhosdos indivíduos.

Conceitos e técnicas de avaliação

Métodos directos

Mercados sub-rogados Mercados hipotéticos

Despesasdefensivas

Preços hedonistas

Custos dedeslocação

Avaliaçãocontingente

Método dose-efeito

Métodos indirectos

Infra-estrutura

Impactes ambientais naágua, no solo, no ar e na

biodiversidade

Função deprejuízo

Custo marginal

para atenuar Os impactes

(euros/unidade)

População(ou

receptores)total

abrangida

Prejuízos nos materiais, nosedifícios, nas culturas e

noutros receptores

Despesas defensivas totais

Benefícios associados àqualidade do ambiente

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131

E.3 O que se faz ao medir os benefícios monetários?

As duas etapas do método são as seguintes:

• cálculo da dose de poluição e da função derecepção,

• avaliação económica pela escolha de ummodelo económico.

Para apreciar os ganhos ou perdas monetá-rios devidos à variação da qualidadeambiental, é necessário proceder à análisede processos biológicos e físicos, das suasinteracções com as decisões dos agenteseconómicos (consumidores ou produtores)e do efeito final sobre o bem-estar social.

Os principais domínios de aplicação dométodo são a avaliação das perdas (porexemplo, nas culturas) devidas à poluição,dos efeitos poluentes nos ecossistemas, navegetação e na erosão do solo e dos impac-tes da poluição do ar nas cidades sobre asaúde, os materiais e os edifícios.

E.3.3. Método dos preços hedonistas

A técnica dos preços hedonistas analisa osmercados existentes de bens e serviçosquando os factores ambientais têm umainfluência nos preços. Este método é maisfrequentemente utilizado para analisar oefeito da qualidade do ambiente sobre ospreços da habitação. Uma casa situada, porexemplo, próximo de um aeroporto podepresumir-se menos cara do que uma outramais afastada, devido à poluição sonora. Adiferença de valor pode ser vista como ovalor atribuído à diferença de qualidadeambiental. Devido ao grande número decaracterísticas que influenciam os preços,são geralmente utilizadas técnicas econo-métricas para isolar o valor de uma caracte-rística individual.

Este método de atribuição de preços foiaplicado à mão-de-obra e para medir osbenefícios ou custos associados a umaredução ou aumento dos acidentes de tra-balho.

E.3.4. Método do custo do trajecto

Esta abordagem pretende avaliar a dispo-sição dos indivíduos para pagar por umbem ou serviço ambiental, com base noscustos requeridos para o consumir. O custode consumo inclui os custos de deslocação,as tarifas de entrada, as despesas no local eas despesas de equipamento necessáriaspara o consumo. O seu método é geral-mente utilizado para calcular o valor deactividades exteriores de lazer como a pes-ca, a caça ou os passeios de barco ou na flo-resta. Assim, por exemplo, uma visita a umparque natural implica uma perda de tem-po (na deslocação), um preço de entrada, agasolina e outros custos de deslocação.Estes elementos são utilizados para avaliaruma curva de procura de um bem ambien-tal baseada na relação entre os custos dotrajecto e o número de visitantes.

Como apenas de avaliam os custos verda-deiramente ligados ao consumo directo dosserviços ambientais, o método não permitecalcular os valores de não utilização (valorde oportunidade e valor de existência).Podem ser igualmente identificadas algu-mas outras limitações, como a avaliação do

Exemplo de utilização depreços hedonistas para umaavaliação económica do ruídoApós a ampliação de um aeroporto, os índices deruído B na vizinhança aumentaram 10 pontos (deforma que ∆B se presume igual a 10). Para umnúmero L de 15.000 habitações situadas nestaárea, um valor médio V de 100.000 euros e parauma elasticidade do valor das habitações e igual a0,5, o custo social do ruído pode ser calculado doseguinte modo:

C = ∆B x e x V x L

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E.3 O que se faz ao medir os benefícios monetários?

tempo de lazer ou certas dificuldadeseconométricas específicas.

E.3.5. Métodos baseados em mercadoshipotéticos: o método da avaliaçãocontingenteEm estudos de avaliação contingente, pede-se directamente às pessoas que exprimam asua disposição para pagar por um benefícioou para evitar um custo ou para aceitaruma indemnização por uma perda. Ométodo baseia-se na utilização de um ques-tionário, que pode ser apresentado porcorreio electrónico, por telefone ou presen-cialmente. Os interessados são convidadosa responder a questões como as seguintes(no caso, por exemplo, de um questionáriosobre a redução da poluição atmosférica):

“Quanto está disposto a pagar por umaredução da poluição atmosférica na cidadeou quanto está disposto a aceitar comocompensação por um nível medíocre dequalidade do ar?”

O questionário é estruturado de forma apoder apreciar a disposição máxima dointeressado para pagar. Numa segunda fase,são utilizadas técnicas econométricas paradeduzir um valor médio dos resultados doinquérito. Seguidamente, numa terceirafase, este último valor é multiplicado pelonúmero de pessoas interessadas, para apu-rar a disposição total da população em cau-sa para pagar o serviço ambiental. O mer-cado é designado por contingente porquese constrói um mercado hipotético pormeio de técnicas de cenário(s).

Geralmente, o questionário é organizadoem três partes distintas:

• Uma parte introdutória é dedicada à des-crição do bem ou serviço ambiental que éobjecto do inquérito (qualidade da água,poluição do ar, contaminação do solo,redução da biodiversidade ou outros pro-blemas ambientais), ao contexto ambien-

tal geral e à metodologia utilizada (emespecial ao método de pagamento).

• O entrevistador interroga sobre a dispo-sição para pagar ou para aceitar umaindemnização.

• São feitas perguntas sobre as caracterís-ticas socioeconómicas (rendimento,posição social, etc.) e demográficas (ida-de, situação familiar, etc.), para obteruma informação de contexto e facilitar aextrapolação da amostra para a popu-lação pertinente.

O método contingente é, provavelmente, omais aplicado entre as técnicas de avaliaçãoeconómica e é o único a ser utilizado exten-sivamente para o cálculo dos valores de nãoutilização ou do valor de oportunidade. Aavaliação contingente pode suscitar poten-ciais problemas decorrentes da estrutura doquestionário e das numerosas fontes deerro potenciais que lhe estão associadas,nomeadamente em relação aos modos depagamento (quando o método de paga-mento afecta o valor calculado), a pontosde partida falseados (quando os valores sãosugeridos ao entrevistado e influenciam asua resposta), a cálculos distorcidos (quan-do o entrevistado não faz distinção entre asua disposição para pagar pelo bem que éobjecto da avaliação e a sua disposição totalpara pagar pelo ambiente em geral) e aoutras fontes de erro menores.

E.3.6. Transferência de benefíciosQuando os dados estão indisponíveis, a suaobtenção é cara, há falta de tempo ou poroutras razões políticas, é de considerar apossibilidade de transpor valores de dadosjá disponíveis de outros estudos (sobreoutros locais) para o novo contexto deavaliação. A este exercício chama-se “trans-ferência de benefícios”. Não podem espe-rar-se da transferência de benefícios esti-mativas precisas, mas este método podecontribuir para classificar diferentes opçõespolíticas de redução dos impactes ambien-tais. Esta transferência de benefícios égeralmente efectuada em três etapas:

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E.3 O que se faz ao medir os benefícios monetários?

• compilação da literatura existente sobreo tema em estudo (actividades de lazer,saúde humana, poluição do ar e da água,etc.);

• avaliação da comparabilidade dos estu-dos seleccionados (similaridade dos ser-viços ambientais avaliados, diferenças derendimento, de instrução, de idade e deoutras características socioeconómicasque possam afectar a avaliação);

• cálculo dos valores e sua transposição parao novo contexto de avaliação.

Quando existem vários estudos originaisdisponíveis, é possível efectuar uma meta-análise para associar os valores obtidos àssuas diferentes características ambientais ousocioeconómicas.

Há três técnicas que podem ser utilizadaspara a transferência de benefícios:

• a transferência da média de benefícios,quando se presume que a afectação aobem-estar experimentada pela média dosindivíduos de um local é igual à esperadano novo local;

• a transferência de valores ajustados, quan-do a média é ajustada segundo diferentescritérios, como o das características socio-económicas dos indivíduos, a diferença dequalidades e de disponibilidade;

• a transferência de funções de benefícios: arelação existente é aplicada com os dadosrelativos ao novo local.

Foram criadas algumas bases de dados com afinalidade de facilitar as transferências debenefícios. É o caso da base de dados EVRI,desenvolvida pela Environment Canada epela Environment Protection Agency. Nabase de dados estão actualmente disponíveismais de 700 estudos, mas só uma minoriasão de origem europeia, o que reduz a utili-dade da base de dados num contexto euro-peu de avaliação.

À excepção, eventualmente, do método detransferência de benefícios, a utilização dosmétodos acima referidos depende do contex-to socioeconómico, do tipo de impacteambientais estudados e de outras caracterís-ticas como o custo e o tempo necessário paraefectuar uma nova avaliação num novo local.

A lista acima indica os principais tipos decustos e de benefícios que uma análise cus-tos-benefícios deve apreciar. Percorrendo alista, afigura-se cada vez mais difícil deduzirestimativas credíveis do valor que as pessoasatribuem a um bem e haverá, provavelmente,mais desacordo sobre a utilização de avalia-ções baseadas nas preferências do público.Consequentemente, quanto mais se desce nalista, mais numerosos são os métodos deavaliação que tomam em consideração ele-mentos éticos, como a consulta pública ou aanálise multicritérios, que deverão ser facil-mente aceites pelos interessados, com ummaior consenso do que no caso da análise emvalores monetários.

Ordem Impactes Exemplos Técnicas de referências

1

2

3

4

5

Productos comercializados

Impactes nos bens nãocomercializados cujo valor éindirectamente reflectidonoutros bensServiços ambientais que osindivíduos podem avaliar comrelativa facilidade em termosmonetáriosImpactes menos tangíveissobre o bemestar humanoainda não cobertos

Valores de não utilização

• Fornecimento de alimentos, de carburante,de madeira e de peixe

• Qualidade do ar ou existência de ruídos comreflexo no preço das casas

• Equipamentos de lazer, por exemplo, paraa pesca, passeios de barco ou a pé

• Numerosos serviços de parques nacionais• Mirantes espectaculares• Impactes estéticos da poluição ou

paisagem degradada• Impactes nas funções ecológicas, como a

perda de biodiversidade ou a regulaçãoclimática

• Certas funções ecológicas• Valor de oportunidades• Valor de patrimonio ou de existência

• Preços do mercado• Comportamento defensivo• Preços hedonistas

• Preços hedonistas• Custo do trajecto• Avaliação contingente• Comportamento defensivo• Custos de protecção• Avaliação contingente

• Avaliação contingente

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E.4 As diferentes etapas de uma análise custos-benefícios

E.4 As diferentesetapas de uma análisecustos-benefíciosA análise monetária é geralmente divididaem diferentes etapas, que são as seguintes:

1. A definição e descrição técnica das diver-sas opções do projecto. Deverá ser juntaaos estudos de viabilidade informação útilque permita formular o contexto técnico esocioeconómico do projecto.

2. A avaliação dos impactes ambientais e osprejuízos para o ecossistema e para a saú-de humana associada aos diferentes cená-rios disponíveis. No caso de projectosmais importantes, é normalmente exigidauma análise de impacte ambiental quecontenha informações suficientes sobre osimpactes locais mais significativos no ar,na água e na qualidade do solo.

3. A descrição de efeitos externos e de agen-tes económicos afectados directa ou indi-rectamente pelos impactes ambientais doprojecto. Trata-se de descrever com maiorprecisão a relação entre o fornecimento deserviços ambientais pelos ecossistemas e

os benefícios sociais decorrentes do seuconsumo. Nesta fase, deve ser elaboradauma lista das pessoas em questão.

4. A escolha de um método de avaliação e devalidação do valor monetário calculado.O método de avaliação mais satisfatórioserá escolhido em função do tipo de pro-jecto, dos bens e serviços ambientais e docontexto geral socioeconómico e político.No quadro de um processo de avaliaçãoideal, os interessados devem validar osvalores calculados, para garantir um con-senso sobre a metodologia seleccionada.

5. A escolha de uma taxa de actualização e aestimativa dos benefícios ambientaislíquidos do projecto. A utilização de umataxa de actualização pouco elevada é porvezes justificada pelo facto de os impactesambientais produzirem efeitos negativos alongo prazo. Algumas pessoas defendemuma taxa de actualização igual a zero,devido a considerações éticas relativas àsgerações vindouras. Em qualquer caso,quando se produzem impactes ambien-tais significativos, deve ser escolhida umataxa de actualização pouco elevada (cercade 3 a 5%), a fim de incluir determinadosprincípios éticos, como o princípio daprecaução.

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A capacidade dos consumidores para pagarconstitui uma questão importante na avali-ação dos projectos de investimento, especial-mente em certos países. Os fluxos de receitasde um projecto tomarão, por exemplo, a for-ma de tarifas pelos serviços ambientais comoo fornecimento de água ou o tratamento dosresíduos. Uma análise da capacidade parapagar permitirá avaliar a aptidão dos consu-midores para pagarem pelo menos uma par-te das tarifas propostas e para contribuírempara as despesas de funcionamento e demanutenção, bem como os efeitos dos encar-gos sobre a procura. Um estudo polaco ava-liou em 4% dos rendimentos das famílias olimite máximo possível, para os consumi-dores, das tarifas de consumo da água.

Outra questão importante é a de tomar emconsideração, na avaliação de um projecto deinvestimento, o efeito redistributivo, especi-almente em determinadas regiões.

Quando a avaliação dos projectos é efectuadado ponto de vista do sector público, a justiçadistributiva poderá ser um dos factores docritério de bem-estar social susceptível deinfluenciar a escolha da intervenção pública.Por exemplo, uma intervenção tendente aalterar o montante das taxas influencia osmecanismos distributivos.

Para ter em conta os mecanismos distribu-tivos, existem dois métodos.

O primeiro consiste em atribuir coeficientesde ponderação de bem-estar social (ver secçãosobre a análise multicritérios). Esta abor-dagem permite incorporar certos objectivossociais dos planificadores públicos nos

preços virtuais. O euro contabilístico éponderado para ter em conta efeitos distri-butivos sobre diferentes grupos sociais. Acorrecção é depois incluída na etapa seguinteda análise económica.

As preferências redistributivas públicasexprimem-se neste caso ponderando49 o con-sumo global per capita (ou o rendimento)para os diversos grupos de consumidores.Quando existe uma desigualdade de rendi-mentos, um euro à margem não tem o mes-mo valor para indivíduos com rendimentosdiferentes (por outras palavras, tem um pesodiferente na avaliação pública). Tomemos ocaso de uma sociedade composta por doisgrupos de indivíduos, um grupo rico e umgrupo pobre, sendo o rendimento do grupopobre equivalente a metade do rendimentodo grupo rico. Um aumento de um euro nopreço de um bem de consumo (um numataxa pela utilização de um serviço público),não tem o mesmo efeito social para os doisgrupos. De facto, pode haver um impacteduplo (do ponto de vista do bem-estarsocial) sobre o grupo pobre. O planificadorpúblico exprime a sua intenção redistributivase tomar em consideração o facto de o con-sumo do grupo pobre ser mais importantedo que o do grupo rico. Se quisermos expri-mir este efeito em termos monetários, a uni-dade contabilística pode ser ponderada porcoeficientes distributivos, considerando que,no grupo pobre, cada euro corresponde a umeuro e, no grupo rico, cada euro correspondea meio euro. Aqui chegados, podemos recal-

Capacidade para pagar e avaliação do impacte distributivo

Anexo F

49 Esta ponderação não é comparável com a utilizada na análisemulticritérios, que exprime as preferências do organismo públicopor objectivos sociais.

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Capacidade para pagar e avaliação do impacte distributivo

cular os efeitos do projecto, incluindo estasconsiderações na análise económica.

O segundo método de avaliação do impactedistributivo é a análise de impacte: tal comono caso da avaliação ambiental, é efectuadoum estudo separado sobre a redistribuiçãode rendimentos operada pelo projecto.Define-se um indicador de desigualdadesocial (por exemplo, um índex Gini50 daestrutura de consumo) e calcula-se se o pro-jecto provoca um ganho ou uma perda emtermos de equidade. O resultado é seguida-mente utilizado como instrumento de análi-se multicritérios (ver 2.6).

50 O índex Gini incorpora informações muito detalhadas numa esta-tística única que resume a dispersão de rendimentos de umapopulação. Pode ser expresso sob a forma de proporção ou depercentagem. É igual a 0 quando a distribuição é totalmente igua-litária. Se o rendimento total da sociedade estiver concentradonuma única família, deixando as outras sem qualquer rendi-mento, então o índex Gini é igual a 1, isto é, a 100%.

Quadro 1 Exemplos de coeficientes de ponderação para o impacte distributivo

Cotação Peso Benefícios Impacte(fc) distributivo

Rendimento elevado 0,5 1.200 600Rendimento médio 0,7 1.000 700Rendimento baixo 1 1.500 1.500Total 3.700 2.800

Quadro 2 Exemplo de análise de impacte distributivo com o índex Gini

Índex Gini Sem Com Impacteprojecto projecto

Projecto A 0,6 0,7 +Projecto B 0,6 0,5 -

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Quadro sintético de um estudo de viabilidade

Anexo G

A.1 Síntese

A.2 Contexto socioeconómico

A.3 Oferta e procura dos produtos do projecto

A.4 Outras tecnologias e plano de produção

A.5 Recursos humanos

1.1 Promotores do projecto e autoridades1.2 Objecto da análise

1.2.1 Designação do projecto1.2.2 Descrição sucinta do projecto

1.2.2.1 Sector1.2.2.2 Localização1.2.2.3 Área afectada pelo projecto (regional,

nacional, internacional)1.3 Objectivos dos promotores1.4 Experiências anteriores com projectos similares

1.5 Descrição sucinta do relatório de avaliação1.5.1 Autores do presente relatório1.5.2 Âmbito do relatório, ligações com outros projectos1.5.3 Metodologia da análise do projecto1.6 Principais resultados da análise1.6.1 Rentabilidade financeira1.6.2 Rentabilidade económica1.6.3 Impacte no emprego1.6.4 Impacte ambiental1.6.5 Outros resultados

2.1 Elementos relevantes do contexto socioeconómico2.1.1 Aspectos territoriais e ambientais2.1.2 Elementos demográficos2.1.3 Elementos socioculturais2.1.4 Aspectos económicos

2.2 Aspectos institucionais e políticos2.2.1 Perspectiva política geral2.2.2 Fontes de financiamento (especificar se se trata

de empréstimos ou de subvenções); instrumentoscomunitários (FEDER, BEI, FC, FSE, etc.); autori-

dades nacionais (governos centrais, regiões,outras); pessoas privadas

2.2.3 Cobertura financeira por parte das fontes acimareferidas

2.2.4 Obrigações administrativas e processuais; autori-dades decisoras do projecto; obrigações deprogramação territorial; licenças/autorizações;exigências para as licenças e incentivos

2.2.5 Tempos de espera para: licenças/autorizações;licenças/incentivos a pagar

3.1 Expectativas potenciais relativas à procura3.1.1 Necessidades encontradas pelo projecto durante

um período determinado3.1.2 Tendências actuais e futuras da procura3.1.3 Análise da procura por tipo de consumidores3.1.4 Meios de aquisição ou de distribuição3.1.5 Estudos específicos de mercado: resultados

3.2 Concorrência3.2.1 Características da oferta de produtos similares3.2.2 Estrutura concorrencial, se existe ou se pode ser

prevista3.2.3 Factores de sucesso

3.3 Estratégia proposta3.3.1 Produtos

3.3.2 Preços3.3.3 Promoção3.3.4 Distribuição3.3.5 Comercialização

3.4 Estimativa da percentagem de utilização potencial3.4.1 Previsões de venda para o projecto

3.4.2 Quotas de mercado, cobertura das quotas de dife-rentes necessidadesPrevisões de hipóteses e de técnicas

4.1 Descrição de opções tecnológicas significativas4.2 Selecção de uma tecnologia apropriada4.3 Construções e instalações4.4 Factores físicos de produção4.5 Exigências em pessoal4.6 Exigências em energia4.7 Fornecedores de tecnologia4.8 Custos de investimento

4.8.1 Programação e saber-fazer4.8.2 Construções4.8.3 Maquinaria

4.9 Programa de produção durante o horizonte temporaldo projecto

4.10 Oferta combinada4.11 Organização da produção

5.1 Diagrama organizacional5.2 Lista do pessoal e dos parâmetros salariais

5.2.1 Gestores5.2.2 Trabalhadores administrativos5.2.3 Técnicos5.2.4 Trabalhadores manuais

5.3 Serviços externos

5.3.1 Pessoal administrativo5.3.2 Técnicos5.3.3 Outros

5.4 Processos de locação5.5 Processos de formação5.6 Custos anuais (antes e depois do lançamento do

projecto)

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138

Quadro sintético de um estudo de viabilidade

A.6 Localização

A.7 Execução

A.8 Análise financeira

A.9 Análise socioeconómica

A.10 Análise dos riscos

6.1 Critérios ideais para a localização6.2 Diferentes alternativas6.3 Escolha do local e suas características

6.3.1 Condições climáticas, aspectos ambientais (se pertinente)

6.3.2 Local ou território6.3.3 Transportes e comunicações6.3.4 Fornecimento de água e electricidade

6.3.5 Gestão de resíduos6.3.6 Regulamentações governamentais6.3.7 Políticas das autoridades locais6.3.8 Descrição do local pré-seleccionado

(detalhes em anexo)6.4 Custo do terreno e preparação do local6.5 Disponibilidade do local6.6 Exigências de infra-estrutura

7.1 Análise da duração da construção e do lançamento(ciclo do projecto)7.1.1 Selecção do grupo de gestão do projecto7.1.2 Definição do sistema de informação7.1.3 Negociações relativas à aquisição de saber-fazer

e de maquinaria7.1.4 Plano de construção e previsão de contrato(s)7.1.5 Negociações financeiras7.1.6 Aquisição de terreno(s) e licenças

7.1.7 Estrutura organizacional7.1.8 Recrutamento de pessoal7.1.9 Recrutamento e formação de pessoal7.1.10 Acordos de fornecimento7.1.11 Acordos de distribuição

7.2 Diagrama de barras (ou diagrama PERT) das fasesprincipais

7.3 Principais informações sobre o tempo de execução ater em conta na análise financeira

8.1 Pressupostos de base de análise financeira8.1.1 Horizonte temporal8.1.2 Preços dos factores de produção e dos produtos

do projecto8.1.3 Taxa real de actualização financeira

8.2 Investimentos fixos8.3 Despesas antes de produção (goodwill)8.4 Capital de trabalho8.5 Investimento total8.6 Receitas e custos operacionais8.7 Fontes de financiamento

8.8 Plano financeiro (quadro mostrando o cash-flow decada ano)

8.9 Balanço (créditos e dívidas)8.10 Conta de perdas e lucros8.11 Determinação do cash-flow líquido

8.11.1 Cash-flow líquido para calcular o rendimento totaldo investimento (investimentos no projecto)

8.11.2 Cash-flow líquido para calcular o rendimento dosfundos ou do capital (público/privado) dos interessados

8.12 Valor actual líquido/taxa interna de rentabilidade

9.1 Unidade de conta e de actualização para a análisecustos-benefícios

9.2 Análise dos custos sociais9.2.1 Distorções dos preços dos produtos9.2.2 Distorções dos salários9.2.3 Aspectos fiscais9.2.4 Custos externos9.2.5 Custos não monetários, incluindo os aspectos

ambientais9.3 Análise das vantagens sociais

9.3.1 Distorções do preço dos produtos9.3.2 Benefícios sociais de uma melhoria do emprego9.3.3 Aspectos fiscais9.3.4 Benefícios externos

9.3.5 Benefícios não monetários, incluindo os aspectosambientais

9.4 Taxa de rentabilidade económica ou valor actuallíquido do projecto em termos monetários

9.5 Critérios de avaliação adicionais9.5.1 Apresentação dos resultados em termos de objec-

tivos gerais das políticas comunitárias9.5.2 Aumento do rendimento social comunitário9.5.3 Redução das disparidades do PNB por habitante

entre regiões da UE9.5.4 Aumento da taxa de emprego9.5.5 Melhoria da qualidade do ambiente9.5.6 Outros objectivos da Comissão e das autoridades

regionais e nacionais

10.1 Definição das variáveis essenciais que contribuempara a análise de sensibilidade10.1.1 Variáveis relativas à oferta e à procura10.1.2 Variáveis relativas aos produtos10.1.3 Recursos humanos10.1.4 Duração e variáveis de execução

10.1.5 Varáveis financeiras10.1.6 Variáveis económicas

10.2 Cenário(s) de simulação, mais favorável e menos favo-rável

10.3 Análise de probabilidades

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Glossário básicoAnálise de projecto: exame de um projectopara apreciar a sua pertinência através dacomparação entre os custos e benefícios quelhe estão associados, a fim de determinar se,segundo as diferentes opções consideradas,permitirá atingir correctamente os objectivosfixados.

Período curto: período de tempo, no proces-so de produção, durante o qual os factoresfixos de produção não podem ser alterados.

Ciclo do projecto: série de actividades neces-sárias e pré-definidas para cada projecto.Nela se distinguem diversas fases, como aprogramação, a identificação, a formulação,o financiamento, a execução e a avaliação.

Estudo de viabilidade: estudo de um projec-to proposto, para determinar se é suficiente-mente interessante para justificar umapreparação mais detalhada.

Avaliação ex ante: avaliação prévia, efectuadapara fundamentar a decisão de financia-mento. Serve para conceber o projecto daforma mais coerente e pertinente possível,fornece a base necessária para a fiscalização eavaliações posteriores e permite assegurar, namedida do possível, que os objectivos sejamquantificados.

Avaliação ex post: avaliação efectuada algumtempo depois da realização do projecto. Tempor objectivo verificar o impacte efectivo, porcomparação com os objectivos globais ini-ciais.

Avaliação final: avaliação efectuada imedia-tamente após a realização do projecto. Servepara determinar se, e em que medida, osresultados esperados foram atingidos e quaisforam os factores de sucesso ou de insucesso.

Avaliação in itinere (avaliação “de percur-so”): avaliação efectuada de forma concomi-tante à execução do projecto, para permitiruma eventual reorientação. Incide, principal-mente, nas primeiras realizações e nos pri-meiros resultados que permitam um juízoinicial sobre a qualidade da execução.

Identificação: selecção de projectos possíveisno âmbito de um programa de intervenção,que serão, em seguida, objecto de um estudoespecífico de pré-viabilidade.

Período longo: período de tempo correspon-dente ao processo de produção, suficiente-mente longo para que todas os factores deprodução possam variar, mas não suficientepara mudar os processos tecnológicos debase utilizados.

Execução: fase durante a qual é realizada aintervenção e ficam inteiramente operacio-nais as actividades previstas de produção oude serviço. Durante esta fase, é necessáriolançar a actividade de controlo e, se for casodisso, a avaliação in itinere.

Controlo: exame sistemático ao estado deadiantamento de um projecto, em função deum calendário pré-estabelecido e com baseem indicadores significativos e representa-tivos.

Alguns termos chaves para a análise dos projectos

Glossário

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Análise financeira

Período contabilístico: intervalo entre asentradas sucessivas numa conta. Na análisedo projecto, o período contabilístico é geral-mente o ano, mas pode ser qualquer outroperíodo de tempo adequado.

Programa: série coordenada de projectos dis-tintos em relação ao qual estão claramentedefinidos o quadro político, o objectivo, oorçamento e os prazos.

Projecto: actividade de investimento na qualsão aplicados recursos (os custos) com vista acriar activos que permitam produzir benefí-cios durante um período de tempo prolon-gado e possuindo, logicamente, uma unidadede programação, de financiamento e de exe-cução. Um projecto constitui, portanto, umaactividade definida, com um ponto de parti-da e um ponto de chegada específicos, desti-nada a atingir um objectivo preciso. Pode serigualmente considerado como o mais peque-no elemento operacional preparado e execu-tado como entidade distinta no interior deum plano ou programa nacional. Um projec-to pode produzir benefícios avaliáveis emtermos monetários ou benefícios intangíveis.

Projectos independentes: projectos quepodem, em princípio, ser empreendidos aomesmo tempo. Devem distinguir-se de pro-jectos mutuamente exclusivos.

Projectos mutuamente exclusivas: projectosque, por natureza, se excluem, de forma que,se um é seleccionado, o outro não pode sê-lo.

Unidade de conta: medida que permiteadicionar ou subtrair elementos de naturezasdiferentes. O euro pode ser a unidade de con-ta para a avaliação de projectos financiadospela UE.

Análise financeiraActualização: processo de cálculo do valorpresente de um custo ou de um benefício

futuro, pela aplicação de uma taxa de actua-lização, por exemplo, multiplicando os valo-res futuros por um coeficiente que diminuicom o tempo.

Análise financeira: análise que permite pre-ver quais os recursos financeiros quecobrirão as despesas. Permite, nomeada-mente, 1. verificar e garantir o equilíbrio detesouraria (verificação da viabilidade finan-ceira); 2. calcular os índices de rentabilidadefinanceira do projecto de investimento combase nos fluxos de tesouraria líquidos actua-lizados, exclusivamente em relação à unidadeeconómica que gere o projecto (empresa,organismo de gestão).

Benefício líquido: montante que resta depoisde todos os fluxos de saída serem subtraídosdos fluxos de entrada. Actualizando o bene-fício líquido antes do financiamento, mede-se o valor acrescentado do projecto emrelação a todos os recursos aplicados; actua-lizando o benefício líquido após o financia-mento, mede-se o valor acrescentado do pro-jecto em relação aos fundos próprios apli-cados.

Contabilidade de caixa: método de registodas operações contabilísticas no momentoem que se verificam os movimentos de caixa.Distingue-se da contabilidade de exercício.

Contabilidade de exercício: método queregista nas contas financeiras as receitas e asdespesas relativas ao período a que se refe-rem, independentemente de a operação decaixa correspondente ter sido efectuadoantes ou depois.

Custo de oportunidade: valor de um recursona sua melhor utilização alternativa. Para aanálise financeira, o custo de oportunidadede um factor de produção adquirido é sem-pre o seu valor de mercado. Na análiseeconómica, o custo de oportunidade de umfactor de produção adquirido é o valor doseu produto marginal na sua melhor utili-zação alternativa, no caso de bens e serviços

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141

Análise financeira

intermédios, e o seu valor de utilização(avaliado pela disponibilidade para pagar),no caso de bens e serviços finais.

Cenários com e sem projecto: na análise doprojecto, a comparação pertinente a efectuaré entre o benefício líquido caso o projecto seconcretize e o benefício líquido na ausênciado projecto, para assim medir o benefíciosuplementar que pode ser atribuído ao pró-prio projecto.

Preços constantes: preços referidos a umano, adoptados com a finalidade de excluir ainflação dos dados económicos. Podem serutilizados tanto em relação aos preços demercado como aos preços fictícios. Distin-guem-se dos preços correntes.

Preços correntes (preços nominais): preçosefectivamente observados num dado perío-do. Incluem os efeitos da inflação e distin-guem-se dos preços constantes.

Preços fictícios: v. em “Análise económica”.

Preço de mercado: preço pelo qual um bemou serviço é comercializado no mercado. Éeste que deve ser utilizado na análise finan-ceira.

Preço relativo: valor de troca entre dois bens,constituído pela relação entre os seus preçosnominais.

Relação custo-benefício: valor presente dasoma dos benefícios dividido pelo valor pre-sente da soma dos custos. É frequentementeutilizado como critério de selecção: sãoadmissíveis todos os projectos independentesque tenham uma relação benefício-custo,calculada com uma taxa de actualizaçãopertinente (frequentemente, o custo de opor-tunidade do capital), igual ou superior à uni-dade. Não pode ser utilizado para fazer umaescolha entre alternativas mutuamenteexclusivas.

Taxa de rentabilidade financeira: taxa inter-na de rentabilidade calculada utilizandovalores financeiros e que exprime a rentabili-dade financeira de um projecto.

Taxa interna de rentabilidade: taxa de actua-lização pela qual um fluxo de custos e debenefícios tem um valor actual líquido iguala zero. Fala-se de taxa de rentabilidade finan-ceira (TRIF) quando os valores são calcu-lados a preços de mercado, e de taxa de renta-bilidade económica (TRIE) quando os valo-res são calculados a preços fictícios. A taxainterna de rentabilidade é comparada a umvalor de referência para avaliar o desem-penho do projecto proposto.

Taxa de actualização: taxa à qual são consi-derados os valores futuros. As taxas de actua-lização financeira e económica podem dife-rir, tal como os preços de mercado podemdiferir dos preços fictícios.

Taxa limite: taxa abaixo da qual um projectose considera não admissível. É frequente-mente considerada como sendo igual ao cus-tos de oportunidade do capital. É a taxainterna de rentabilidade mínima admissívelpara um projecto ou a taxa de actualizaçãoutilizada para calcular o valor actual líquido,a relação benefícios líquidos/investimentosou a relação custo-benefício.

Taxa real: taxa deflacionada para excluir asalterações do nível geral de preços (porexemplo, as taxas de juro reais são as taxas dejuro nominais menos a taxa de inflação).

Valor actual líquido (VAL): valor obtidoquando ao valor actualizado dos custos futu-ros se deduz o valor actualizado dos benefí-cios futuros. Distingue-se o valor actuallíquido económico (VALE) e o valor actuallíquido financeiro (VALF).

Valor residual: valor actual líquido do activoe do passivo no último ano do período selec-cionado para a avaliação.

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Análise económica

Análise económicaAnálise custos-benefícios: abordagem teóri-ca aplicada à avaliação sistemática quantita-tiva de um projecto público ou privado, paradeterminar se, ou em que medida, o projectoé oportuno numa perspectiva pública ousocial.

A análise custos-benefícios diferencia-se deuma simples análise financeira pelo facto deconsiderar todos os ganhos e perdas, inde-pendentemente da matéria a que se referem.A ACB implica normalmente a utilização depreços fictícios. Os resultados podem serexpressos de várias maneiras, nomeada-mente a taxa interna de rentabilidade, o valoractual líquido e a relação custo-benefício.

Análise (socio)económica: análise efectuadautilizando valores económicos (preços fictí-cios) que exprimem o valor que a sociedadeestá disposta a pagar por um bem ou serviço.Geralmente, a análise económica avalia osbens ou serviços pelo seu valor de utilizaçãoou pelo seu custo de oportunidade para asociedade (trata-se, frequentemente, de umpreço na fronteira, no caso das mercadoriascomercializáveis). Tem o mesmo sentido quea análise custos-benefícios.

Bens comercializáveis: bens que podem sercomercializados internacionalmente, nãohavendo políticas comerciais restritivas.

Bens não comercializáveis: bens que nãopodem ser importados ou exportados, porexemplo, serviços locais. Na análise econó-mica, os bens não comercializáveis são avali-ados pelo valor do seu produto marginal,caso se trate de bens ou serviços intermédios,ou segundo o critério da disponibilidadepara pagar, caso se trate de bens ou serviçosfinais.

Custos e benefícios socioeconómicos: custosde oportunidade ou benefícios para a econo-mia no seu conjunto. Podem diferir dos cus-

tos privados na medida em que os preços demercado diferem dos preços fictícios (custosocial = custo privado + custo externo).

Distorção: efeito pelo qual o preço efectivode mercado de um bem se diferencia dopreço observado na ausência de políticaspúblicas que criem esta diferença, ou de defi-ciências do mercado como o regime demonopólio, ou em presença de externali-dades, impostos indirectos, direitos, tarifas,etc.

Disponibilidade para pagar: soma que osconsumidores estão dispostos a pagar porum bem ou um serviço final. Se a disponibi-lidade de um consumidor para pagar ultra-passa o preço de mercado, o consumidorbeneficia de um rendimento (avaliado peloexcedente do consumidor).

Externalidades: efeito do projecto verificadofor do próprio projecto e, consequente-mente, não incluído na análise financeira.Surge uma externalidade quando a produçãoou o consumo de um bem ou de um serviçopor uma unidade económica tem um efeitodirecto no bem-estar de outras unidades deprodução ou de consumo, sem por isso havercompensações financeiras entre estas unida-des. As externalidades podem ser positivas ounegativas.

Factor de conversão: número que pode sermultiplicado pelo preço de mercado naci-onal ou pelo valor de utilização de um bemnão comercializável para o converter empreço fictício.

Preço na fronteira: preço unitário de umbem comercializável na fronteira de um país.Para as exportações, é o preço FOB (franco abordo) e para as importações o preço CIF(custo, seguro, frete).

Preço fictício: custo de oportunidade dosbens, geralmente diferente do preço de mer-cado e das tarifas regulamentadas. Deve serutilizado na análise de projecto para melhor

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143

Outros elementos de avaliação

reflectir o custo económico real dos factoresde produção e os benefícios reais dos produ-tos para a sociedade (v. Análise económica).

Taxa de actualização social: opõe-se à taxa deactualização financeira. Procura reflectir oponto de vista social sobre a forma comodeverá ser avaliado o futuro em relação aopresente.

Taxa (interna) de rentabilidade económica(TRE): indicador da rentabilidade socioeco-nómica de um projecto. Pode ser diferente dataxa de rentabilidade financeira (TRF), devi-do a distorções de preços no mercado. Adeterminação da TRE implica a utilização depreços contabilísticos e o cálculo da taxa deactualização torna os benefícios do projectoiguais aos custos actuais. Por outras palavras,o valor actual líquido económico (VALE) éigual a zero.

Outros elementos deavaliaçãoAnálise custo-eficácia: técnica de avaliação econtrolo utilizada quando os benefícios nãopodem, razoavelmente, ser calculados emtermos monetários. Habitualmente, é efectu-ada calculando o custo por unidade de bene-fício; implica uma avaliação dos benefícios,mas não lhes atribui necessariamente umvalor monetário ou económico.

Análise de viabilidade financeira: análiseefectuada para verificar que os recursosfinanceiros são suficientes para cobrir todasas saídas financeiras, ano por ano, dentro datotalidade do horizonte temporal do projec-to.

Análise de impacte ambiental: análise queidentifica os efeitos no ambiente de um pro-jecto de investimento. Compreende a pre-visão de potenciais emissões poluentes naágua, no ar e no solo, as perdas de biodiversi-dades e de valores paisagísticos.

Análise de sensibilidade: técnica analíticaque permite testar de forma sistemática oefeito nas variáveis de saída de um projecto(como os rácios de rentabilidade VAL e TIR),as variações das variáveis de entradas (facto-res de produção, preços, taxas de actuali-zação, etc.). Trata-se de um método bastanterudimentar para tratar a incerteza sobrevalores e acontecimentos futuros. É efectu-ada fazendo variar um elemento ou umacombinação de elementos e determinando oefeito desta alteração sobre os resultados.

Análise de impacte: avaliação das alteraçõesou dos efeitos a longo prazo na sociedadeligados aos objectivos globais e que podemser atribuídos à intervenção realizada. Oimpacte deve ser expresso na unidade demedida adoptada para indicar os problemasque se pretende resolver.

Análise de risco: estudo das probabilidadesde um projecto obter uma taxa de rentabili-dade satisfatória e da variabilidade emrelação à melhor estimativa da taxa de renta-bilidade. Embora a análise de risco forneçauma melhor base do que a análise de sensibi-lidade para avaliar o risco de um projectoindividual ou o risco relativo de projectosalternativos, nada faz, por si só, para dimi-nuir os riscos.

Análise multicritérios: metodologia de avali-ação que tem em conta, simultânea ousequencialmente, diversos objectivos atravésda atribuição de um peso a cada objectivomensurável.

Análise SWOT: análise que descreve de for-ma sistemática as características intrínsecastanto do projecto como do contexto no qualeste é realizado. Permite comparar diferentescenários. Põe em evidência os factores inter-nos que podem servir de apoio (forças-strengths) ou que devem ser compensados(fraquezas-weaknesses) e os factores externosfavoráveis (oportunidades-opportunities) oudesfavoráveis (ameaças-threats).

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Outros elementos de avaliação

Cronograma: técnica utilizada para efectuaruma estimativa realista e verificável do tem-po necessário à realização de um projecto,pondo em evidência os pontos críticos.

Determina os nexos lógico-temporais entreas diferentes partes do projecto e calcula otempo necessário para a sua realizaçãopropriamente dita.

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Transportes

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Addendum

No quadro da preparação deste manual,foram consultados os representantes dosEstados-Membros no Grupo Técnico “Avali-ação”, vários serviços da Comissão e os parti-cipantes de seminários internos organizadosna DR REGIO. Os autores receberam commuito apreço os comentários formulados eestão abertos a qualquer outra sugestão rela-tiva ao posterior desenvolvimento do docu-mento.

A maior parte dos comentários foram toma-dos em consideração no texto principal ounos anexos. Outras observações são referidasa seguir, em resposta às questões mais inte-ressantes que foram levantadas no âmbito doprocesso de consultas.

DEFINIÇÕES GERAIS,CONTEXTO EQUESTÕES TÉCNICAS(capítulo 2)Impacte territorialO presente manual não trata especificamentea dimensão territorial da análise dos projec-tos. O que não significa que o presente estu-do não seja aplicável em determinados casos.Por exemplo, um projecto realizado numaregião pode ter repercussões noutras regiões.Há medidas comunitárias específicas paratratar de problemas transfronteiriços, maspode acontecer que um projecto realizadonuma região do Objectivo nº 1 tenha efeitospositivos ou negativos numa região doObjectivo nº 2 e vice-versa. Para identificarum projecto (v. 2.2.1) e efectuar uma análise

completa das externalidades sem deixar deter em conta as incidências no ambiente, émuitas vezes necessário considerar adimensão territorial: a análise económicadeve cobrir os efeitos de arrastamento, sem-pre que estes se produzem (por exemplo,num concelho, numa região ou num Estadovizinho)

A título de exemplo, podemos citar um estu-do recente do Prof. Beutel, da Universidadede Constance, segundo o qual 24% dosrecursos financeiros atribuídos ao Objectivonº 1 nas seis regiões menos desenvolvidastêm efeitos positivos noutras regiões maisdesenvolvidas da UE (ver igualmente:

http://europa.eu.int/comm/regional_policy/sources/docgener/studies/study_en.htm).

Taxa interna de rentabilidade (TIR) poroposição ao valor actual líquido (VAL)Estes dois critérios são geralmente equiva-lentes mas, se o VAL é, em princípio, maisfiável do que a TIR, tem a desvantagem de terde ser expresso por um valor monetário, emvez de por um simples número. No entantoTIR e VAL dão a mesma ideia dos resultadosesperados do projecto, desde que a taxa deactualização utilizada para calcular o VALseja idêntica à taxa de rentabilidade mínimarequerida, utilizada para determinar se umaTIR é “elevada” ou “fraca”. V. 2.5.5 e Anexos Ae B.

ExternalidadesAs externalidades, definidas no glossário(Análise económica) e em 2.5.2, referem-seaos efeitos reais que os projectos têm sobreterceiros e que não são objecto de qualquer

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OBSERVAÇÕES SUPLEMENTARES SOBRE SECTORES ESPECÍFICOS

compensação. O exemplo típico de externali-dade negativa é a poluição. Uma “externali-dade pecuniária” é por vezes definida como oimpacte indirecto de um projecto (ou deuma política) sob a forma de alteração depreços. O presente manual não recomendaque se tenha em conta este tipo de efeitos naACB. Em certos casos, uma parte da pro-dução do projecto tem um preço nulo, porexemplo, as estradas. Propomo-nos, então,utilizar preços fictícios do benefício directoproduzido (por exemplo, o tempo poupado),como se se tratasse de uma externalidadepositiva para o consumidor, como a polu-ição, que é uma externalidade negativa à qualconvém atribuir igualmente um preço fictí-cio. É necessário evitar, evidentemente, adupla contabilização destes benefícios direc-tos e das receitas financeiras quando ospreços não são nulos, mas positivos, aindaque inferiores ao custo de oportunidade(2.5.3). esta é uma maneira simplificada massubtil de abordar uma questão complexa.Foram identificados outros tipos de externa-lidades. Para uma história deste conceito, verPapandreou A.,“Externalités et instituitions”,Clarendon Press, Oxford, 1994.

Salários fictíciosA Comissão não recomenda uma fórmulaespecífica para os salários fictícios (ver 2.5.3).Os salários fictícios devem reflectir o valorreal da mão-de-obra nos diferentes regimesde desemprego. Geralmente, quanto maiselevado é o desemprego, mais fracos são ossalários fictícios, porque está disponível umexcedente de mão-de-obra, sejam quaisforem os salários oficiais (legais ou contra-tuais). Assim, os salários fictícios podemdiferir de um país para outro ou de umaregião para outra. No entanto, no interior decada Estado-Membro, convém utilizar fór-mulas semelhantes para as diferentes regiões.Os resultados podem ser diferentes porque ascondições económicas também diferem mas,em princípio, o método de cálculo deve sercoerente. Vários dos manuais citados nabibliografia indicam técnicas de cálculo dossalários fictícios (1. Generalidades).

OBSERVAÇÕESSUPLEMENTARESSOBRE SECTORESESPECÍFICOSTratamento de resíduosA lista de incidências possíveis sobre o ambi-ente dos projectos de tratamento de resíduos(3.1.6) é meramente indicativa. São nume-rosos os diferentes tipos de impactes asso-ciados às instalações de tratamento de resí-duos, incineradoras e aterros, entre outras.Estes impactes estão ligados às característicastécnicas externas e internas da instalação, porexemplo, a sua situação geográfica, a suadimensão e a técnica utilizada, o tipo degestão do ambiente aplicada, etc.

Impacte socioeconómico da poluição(projectos no domínio da energia, dostransportes, etc.) Uma fonte de informação útil é o projectoExternE, uma tentativa global de utilizar ummétodo coerente para avaliar os custos exter-nos associados a toda uma série de ciclos docombustível. Mais de 30 equipas perten-centes a institutos de investigação participamno projecto, que permitiu: (1) criar ummétodo “ascendente” eficaz; (2) avaliar deforma coerente numerosos ciclos docombustível; (3) avaliar os custos marginaisde forma fiável; (4) identificar as questões-chave ligadas às externalidades. A avaliaçãodas incidências faz-se segundo a “função dosprejuízos” ou o “método de rastreio das inci-dências”.

Na sequência do projecto de investigaçãoExternE, muitas informações actualmentedisponíveis sobre as externalidades ambien-tais são especialmente úteis no que se refereaos transportes, à energia e à indústria epodem ser claramente consideradas comoilustrações dos métodos apresentados noanexo E do manual intitulado “Avaliaçãomonetária dos serviços ambientais”. Para

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OBSERVAÇÕES SUPLEMENTARES SOBRE SECTORES ESPECÍFICOS

mais informações, consultar :http://externe.jrs.es/overview.html

Horizonte temporal dos projectos detransporte de energia e outrosEm 3.4.4, indica-se um período de 25 a 30anos como horizonte temporal apropriadopara realizar determinados projectos nodomínio da energia. No entanto, em relaçãoa certos aspectos do sistema, pode ser útilprever um horizonte mais longo. A indicaçãode um horizonte temporal deve ser interpre-tada como um mínimo e não como ummáximo.

Portos e aeroportosO manual não aborda especificamente osefeitos da extensão de portos e aeroportossobre os modos e o sistema de transportesque com eles se ligam. O texto refere-se ape-nas à criação de ligações, mas o efeito docrescimento do tráfego portuário ou aero-portuário sobre os utilizadores das ligações jáexistentes pode constituir um elementoimportante na análise deste tipo de projectos.

Infra-estruturas de formaçãoprofissionalO ponto 3.7.1 apresenta uma lista indicativade objectivos específicos a ter em conside-ração na avaliação dos projectos. Esta listadeve ser considerada em ligação com a análi-se que figura no ponto 3.5.5 do manual, ondese indica que os benefícios socioeconómicosfinais dos projectos são função da aptidãopara o emprego e dos rendimentos poten-ciais dos estagiários. Nenhum projectoeducativo pode ser justificado sem uma boaanálise do seu impacte no segmento conside-rado no mercado do trabalho.

Projectos no domínio dos transportesNa análise económica dos projectos nodomínio dos transportes (3.3.5), analisamosas alterações do excedente do consumidor.Desejamos acrescentar a seguinte precisão:nos projectos no domínio dos transportes, oexcedente do consumidor é geralmentemedido em termos de custos de transporte

generalizados, que incluem todos os custospercepcionados pelos consumidores, quer setrate de custos monetários ou de custos emtempo. A este respeito, acrescentaremos que aprocura de transportes, mesmo sendo rígida,pode deslocar-se de um modo de transportepara outro.

O presente manual não se debruça sobre osmodelos de geração de tráfego, que é umdomínio de investigação bastante especiali-zado e difícil. Para uma análise mais aprofun-dada da avaliação dos projectos no domíniodos transportes, ver Transports: choix desinvestissements et coût des nuisances,Commissariat général du Plan, Paris, Junhode 2001.

Projectos no domínio da água Os preços da água podem não ser elásticos acurto prazo e para determinados tipos deutilização, como o consumo de água potável,enquanto que, a mais longo prazo – quandoaumentam as disponibilidades de água e osrendimentos – os preços da água podem sermais elásticos para outras utilizações. Assim,na análise da procura, convém distinguir osdiferentes tipos de utilização e os diferentesgraus de elasticidade dos preços previstos (amais longo prazo, por exemplo, os utiliza-dores de água para irrigação podem passar aformas de irrigação mais eficazes, como airrigação gota-a-gota).

Em certos casos, é igualmente importanteconsiderar a procura derivada, isto é, a pro-cura de água associada à procura do produtoacabado ou do produto cultivado.

Na análise dos preços fictícios no domínio daágua, os custos marginais previstos a longoprazo (incluindo o funcionamento, a manu-tenção, a gestão e uma remuneração normaldo capital) constituem uma alternativa àutilização da disposição para pagar.

Silvicultura – Repovoamento florestalNão recomendamos a utilização de uma taxade actualização específica para os projectos

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BIBLIOGRAFIA

de repovoamento florestal, de silvicultura ououtros projectos ligados ao ambiente. NosEstados-Membros da UE, algumas agênciasutilizam diferentes taxas de actualizaçãosegundo os sectores e aplicam uma taxa deactualização mais baixa à silvicultura ou aoutros projectos a longo prazo. Esta práticaconstitui um último recurso, difícil de justi-ficar: a melhor fórmula consiste em tentaridentificar todos os benefícios do projecto eincluí-los na análise de custos e benefícios,sem os fazer beneficiar do prémio implicita-mente ligado a uma taxa de actualizaçãomais fraca.

A silvicultura e a reflorestação têm geral-mente múltiplos objectivos. A lista que figu-ra em 3.10.1 é apenas indicativa. Em certoscasos, a paisagem, o ensino e os cuidados desaúde podem desempenhar um papelimportante. Com efeito, os investimentos nasilvicultura têm tendência a ter efeitos múlti-plos, incluindo os efeitos não comerciais liga-dos aos ambientes e paisagens florestais, àbiodiversidade e às actividades de recreio aoar livre. Este último efeito é reforçado quan-do o projecto é realizado nas proximidadesde uma cidade, porque as florestas podematrair mais visitantes. No entanto, os efeitosde deslocação de outras áreas de lazer devemser tidos em conta e o seu impacte líquidoavaliado.

O horizonte temporal dos projectos de silvi-cultura varia, incontestavelmente, em funçãodas espécies em causa e do seu tempo derotação num ciclo sustentável.

Existe uma vasta documentação sobre aavaliação económica dos projectos de silvi-cultura, realizados, nomeadamente, com oauxílio da FAO e do Banco Mundial. Os sítiosWeb que lhes são dedicados apresentamactualizações recentes da investigação nestesector (ver http://www.worldbank.org ehttp://www.fao.org/forestry/index.jsp ).

BIBLIOGRAFIAA documentação sobre a análise custos-benefícios é muito vasta. As referências quefiguram no presente manual constituem ape-nas uma amostra e não são necessariamenterepresentativas de todas as publicações rela-tivas à investigação e às experiências sobreeste tema, geralmente redigidas em inglês oufrancês. Os leitores que desejem obter infor-mações mais completas ou mais específicaspodem consultar as bases de dados da docu-mentação económica, nomeadamente aEconLit.

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