manual curso de marinheiro amador

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CLUBE NAVAL DE LUANDA Instituição de Utilidade Pública Fundado em 23 de Maio de 1883 CURSO DE MARINHEIRO AMADOR MANUAL DO CURSO AGOSTO 2013

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CLUBE NAVAL DE LUANDA

Instituição de Utilidade Pública Fundado em 23 de Maio de 1883

CURSO DE MARINHEIRO AMADOR

MANUAL DO CURSO

AGOSTO 2013

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CLUBE NAVAL DE LUANDA

(Instituição de Utilidade Pública) Fundado aos 23 de Maio de 1883

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Este documento é propriedade do Clube Naval de Luanda,

fornecido aos alunos do Curso de Marinheiro Amador, e deverá ser

usado como guia didáctico na aquisição de conhecimentos básicos

de navegação e de marinharia.

LUANDA, 14 DE AGOSTO DE 2013, .

O DIRECTOR DO CLUBE NAVAL DE LUANDA

______________________________________

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CURSO DE MARINHEIRO AMADOR (CMA) Objectivos do CMA

Aquisição de conhecimentos que permitam uma navegação no mar com segurança

Navegação de embarcações de recreio até 3,5 toneladas de deslocamento

Navegação entre a Barra-do-Kuanza e a Barra-do-Dande, com terra à vista (máximo 5 milhas)

Aquisição da Carta de Marinheiro Amador

Requisitos para frequência

Aprovação no exame de admissão teórico

Saber nadar

Documentos a apresentar

Formulário de inscrição

Atestado médico

Registo criminal

Fotografias (2)

Se for menor de idade, termo de responsabilidade assinado pelo encarregado de educação

Recibo de pagamento do curso

Nota: Será necessário pagar à Capitania de Luanda, os emolumentos para emissão da carta

Material necessário

Manual do CMA

Cabo de 1 a 2 metros de comprimento, com bitola (diâmetro) de 8 a 10 mm

Contactos CNL: Secretariado Lúcia………………………... 222 309 743 Director Executivo Bruno Martins.................... 923 436 378 Instrutores do CMA: Rui Albuquerque …………. 923 558 515 Eurico Corvacho................ 923 589 738 Leonel Lima....................... 917 971 953 Sérgio Freire...................... 923 287 552 Saraiva Lima..................... 923 418 471

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MANUAL CURSO DE MARINHEIRO AMADOR Programa Teórico

1. Embarcações

Tipos de propulsão

Partes e termos usados numa embarcação

Dimensões de uma embarcação

2. Âncoras e amarras

Conceitos

Tipos de âncoras

3. Regras Internacionais de Navegação

Definições

Regras para evitar abalroamentos no mar

Sistema de balizagem

Programa Prático

4. Massame

Tipos de cabos

Voltas e Nós

5. Navegação

Palamenta

Noções básicas sobre combate a incêndios. Utilização de extintores

Plano de viagem

Marés

Planos da costa

Linhas de posição

Comunicações no mar

6. Algumas manobras no mar

Fundear embarcação

Atracar embarcação

Manobra para recolher náufrago

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1. Embarcações

As embarcações devem possuir:

Flutuabilidade, ou tendência para flutuar;

Estabilidade, ou tendência para a posição direita;

Robustez, ou aptidão para suportar mau tempo;

Mobilidade para que se possam mover;

Manobrabilidade, ou facilidade de manobrar;

Habitabilidade para alojar convenientemente as pessoas.

Tipos de propulsão

Vela - São todos aqueles que utilizam a força do vento como elemento propulsor;

Motor - Quando se usa um motor para produzir movimento São todos aqueles que usam motores

ligados a hélices como elemento propulsor;

Remos - Quando se usam os remos como elemento propulsor;

Mista - São aqueles que têm as duas propulsões anteriores, vela e motor e as podem usar

conforme o critério do comandante.

Partes e termos usados numa embarcação

Bombordo (BB) - Parte lateral esquerda da embarcação, ao olhar para a proa;

Estibordo (EB) - Parte lateral direita da embarcação, ao olhar para a proa;

Proa - Extremidade posterior do

navio no sentido da marcha normal;

Popa - Extremidade anterior do

navio no sentido da marcha normal,

oposta a proa;

Vante – o lado para onde fica a

proa;

Ré – o lado para onde fica a popa;

Amuras – Regiões curvas junto à

proa em ambos os lados da embarcação, compreendido entre a proa e o través. Pode ser de

bombordo ou estibordo;

Bordos – Lados da embarcação em relação ao plano longitudinal;

vante rémeia nau

meio navio

través

popaproa

través

alhetaamura

alhetaamura

Estibordo

Bombordo

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Alhetas – Regiões curvas junto à popa em ambos os lados da embarcação, compreendido entre

a popa e o través. Pode ser de bombordo ou estibordo;

Través - Região em cada bordo compreendida entre a amura e alheta;

Meia-nau ou Mediania - Plano longitudinal de simetria que passa pela proa e pela popa;

Meio-Navio - Zona situada a meia distância entre a proa e a popa;

Linha de água (ou Linha de flutuação) - Linha de separação entre as partes submersas e não

submersas da embarcação (superfície da água);

Obras vivas - Partes da embarcação abaixo da superfície da água (partes submersas);

Obras mortas - Partes da embarcação acima da superfície da água (partes não submersas).

Dimensões de uma embarcação

Comprimento total – É o comprimento fora-a-fora da embarcação;

Comprimento entre perpendiculares – Distância medida na linha de água entre as

perpendiculares a vante e a ré;

Boca - Largura máxima da embarcação, geralmente é a largura máxima da baliza mestra;

Calado - Altura entre a linha de água e a parte mais funda da embarcação. É a altura máxima

compreendida entre a linha de flutuação e a quilha

ou os hélices.

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2. Âncoras e amarras

Conceitos

Âncora, peça de ferro usada para prender a embarcação ao fundo do mar.

Não deve ter menos de 1,5 kg por metro de comprimento da embarcação.

Deve estar sempre em boas condições e disponível, pois pode ser usada numa situação de

emergência.

Deve estar ligado a uma corrente que ajuda a manter a âncora na posição correcta (horizontal e

imóvel), de modo a enterrar-se mais facilmente.

Amarra, cabo ou corrente que une a âncora à embarcação.

O comprimento da amarra depende da dimensão da embarcação e das características do fundo

(areia, lodo, etc) e da profundidade onde se tenciona fundear.

Deve ter um comprimento mínimo de 35m e nunca inferior ao comprimento da embarcação.

A âncora, ou ferro, do tipo Almirantado é formada por:

A - Anete

B - Cepo

C - Haste

D - Braço

E - Cruz

F - Pata

G - Unha

Normalmente, a âncora está ligada a uma corrente que por sua vez está ligada a um cabo próprio. O uso

do cabo facilita o corte deste, quando a âncora fica presa ao fundo e consequentemente é perdida. Para

evitar esta situação, que acontece principalmente quando não se conhece o fundo, deve ser usado o

cabo de arinque. Este é preso à cruz da âncora numa extremidade, e na outra extremidade a uma bóia

para assinalar a posição da âncora.

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Tipos de âncoras O tipo de ferro a usar deve ser apropriado ao tipo de embarcação e ao tipo de fundo onde irá fundear.

Apresentam-se aqui os mais usados, servindo apenas de referência.

Almirantado ou Vulgar: pode ser usado para todos os fundos mas a sua forma é um

inconveniente nas embarcações de recreio. É a âncora clássica.

Charrua (CQR): Dos ferros mais usados por unhar bem em qualquer fundo (areia, lodo ou

rocha). Tem o inconveniente de ser relativamente pesado. É normalmente a âncora de primazia.

Danforth: usado para fundos de areia. Fácil de manusear e arrumar. É normalmente usado como

ferro de reserva.

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Fateixa: usado para fundos de rocha. Normalmente usado pelos pescadores e em embarcações

pequenas, pois algumas podem encolher os braços.

Baldt: um dos melhores ferros para fundos de areia. Parecido com a Danforth em termos de

eficiência.

Diz-se que a âncora:

Unhou - quando está seguramente fixa ao fundo do mar;

Garrou (está à garra) - quando não fixou bem ou soltou-se do fundo do mar (desliza no fundo do

mar).

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3. Regras Internacionais de Navegação

Regulamento Internacional para Evitar Abalroamentos no Mar (RIEAM)

Com o crescimento das comunicações por via marítima, e a sua consequente internacionalização, houve

necessidade de criar regras internacionais para a navegação. São disso exemplo o Regulamento

Internacional para Evitar Abalroamentos no Mar – 1972 (RIEAM-72) e o Sistema de Balizagem Marítima

da AISM/IALA.

O RIEAM-72 é para o navegante o que o Código da Estrada é para o condutor. Navegar no mar tem

regras e elas estão estabelecidas no RIEAM-72. Estas regras têm como principal propósito evitar a

ocorrência de acidentes entre navios.

Definições Navio que alcança: embarcação que se aproxima de outra vindo de uma direcção que fique mais de

22,5 graus para ré do través desse outro, isto é, que se encontra numa posição tal em relação ao navio

alcançado que, de noite, só poderá ver o farol de popa desse navio, sem ver qualquer dos seus faróis de

borda.

Qualquer navio que alcance outro deve afastar-se do caminho deste último.

Direito a rumo: é ter prioridade sobre outra embarcação.

Farol de mastro

Farol de luz branca colocado sobre o eixo longitudinal do navio,

projectando uma luz sem interrupção num arco de horizonte de

225 graus e colocado e forma a mostrar essa luz desde a proa

até 22,5 graus para ré do través de cada bordo.

Farol de bordo

Designa um farol de luz verde colocado a estibordo (EB) e um

farol de luz vermelha colocado a bombordo, projectando cada

um deles uma luz sem interrupção num arco de horizonte de

112,5 graus e colocados de forma a mostrar essa luz desde a

proa até 22,5 graus para ré do través do bordo respectivo. Num

navio de comprimento inferior a 20 metros os faróis de borda;

podem ser combinados num só farol colocado sobre o eixo longitudinal do navio.

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Farol de popa

Farol de luz branca colocada a popa; Visível num arco de 135º (67,5 graus para cada bordo a partir da popa).

Farol de reboque

Farol de luz amarela colocada a popa, por cima do farol de popa; Visível num arco de 135º (67,5 graus para cada bordo a partir da popa).

Regras para evitar abalroamentos no mar

Embarcações que se aproximam roda a roda

Desviam-se ambas para estibordo, de modo a darem o bombordo uma à outra.

Embarcação que alcança

Navio que alcança desvia-se, ultrapassando por estibordo ou bombordo.

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Embarcações em rumos cruzados

Desvia-se a que vê a outra por estibordo, evitando cortar-lhe a proa.

Embarcações com prioridade

Uma embarcação de propulsão mecânica desvia-se sempre de uma embarcação:

Desgovernada ou com capacidade de manobra reduzida;

Em faina da pesca;

A rebocar outra embarcação;

Que navegue a vela.

o Excepção: num canal, uma embarcação a motor tem direito a rumo sobre uma

embarcação a vela por ter manobra reduzida

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Sistema de balizagem O Sistema de Balizagem Marítima divide o globo em duas regiões (A e B), cuja separação entre as duas

é o Oceano Atlântico:

Região A engloba a Europa, África, Ásia e Oceânia;

Região B engloba a América do Norte, América Central e América do Sul, Japão, Coreia e

Filipinas.

Assim, a convenção definiu:

REGIÃO ESTIBORDO BOMBORDO

A VERDE VERMELHO

B VERMELHO VERDE

Estabeleceu também os seguintes sistemas de balizagem:

1. Marcas Laterais;

2. Marcas Cardeais;

3. Marcas de Perigo Isolado;

4. Marcas de Águas Limpas;

5. Marcas Especiais .

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A grande diferença dos dois sistemas reside na leitura das Marcas Laterais. A marca indica o bordo que a

embarcação deve dar à mesma, e deve ser seguida por embarcações vindas do alto-mar quando se

aproximam de um porto, barra, rio ou canal (Região A).

Marcas laterais

Como já referido, devem ser seguidas por embarcações vindas do alto-mar quando se

aproximam de um porto, barra, rio ou canal, na região A; sendo o oposto para a região B.

Marcas de Estibordo (EB)

Cor - Verde.

Numeração - Números Ímpares.

Marca - Cone verde com o vértice para cima.

Luz - Verde segundo determinado ritmo.

Marcas de Bombordo (BB)

Cor - Vermelha.

Numeração - Números pares.

Marca – Cilindro vermelho.

Luz - Vermelho segundo determinado ritmo.

Marcas para indicar o canal principal

Nas marcas laterais modificadas, o corpo da bóia e

o seu alvo dão indicação relativamente ao canal

principal, enquanto que a cor da faixa colocada no

corpo dá indicação em relação ao canal secundário.

Estas marcas destinam-se a ser usadas em locais

onde um canal se bifurca ou se junta.

Canal Principal a ESTIBORDO

Cor - 3 faixas horizontais sendo a de cor verde no meio das

duas vermelhas.

Forma – Cilíndrica.

Marca - Cilindro vermelho.

Luz - Vermelha segundo determinado ritmo.

Canal Principal a BOMBORDO

Cor - 3 faixas horizontais sendo a de cor vermelha no meio

das duas verdes.

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Forma – Cónica.

Marca - Cone verde com o vértice para cima.

Luz - Verde segundo determinado ritmo.

Marcas de perigo isolado

Cor - Preta com uma ou mais faixas horizontais vermelhas.

Forma – Cilíndrica.

Marca - Duas esferas pretas sobrepostas.

Luz - Branca com dois relâmpagos.

Marca de águas limpas

Cor - Faixas verticais vermelhas e brancas.

Forma - Esférica, fuso ou antena com alvo esférico.

Luz - Branca isofásica ocultações, um relâmpago longo em

cada 10 segundos ou código morse (Letra A).

Marcas cardeais

As marcas cardeais, ao contrário das laterais, não dependem do sentido da balizagem. As marcas

são bóias ou balizas de cor amarela e preta, com dois alvos cónicos sobrepostos.

As marcas cardeais são usadas para marcar perigos, indicando ao navegante a zona safa de

passagem, relativamente ao perigo que assinalam sempre de acordo com um dos quatro pontos

cardeais. Esta indicação é dada pela disposição dos alvos cónicos e pela disposição relativa das

cores amarela e preta da bóia.

A cor preta nas marcas está sempre para onde apontam os alvos, ou seja:

Na marca cardeal Norte, em que os alvos apontam para cima, a cor preta estará para

cima.

Na marca cardeal Oeste em que os alvos apontam para dentro, a cor preta estará no

meio da cor amarela.

O mesmo princípio aplica-se às marcas cardeais Sul (preto em baixo) e Leste (preto nas

extremidades.

À noite, a identificação das marcas cardeais é feita através de iluminação própria luz branca e

cintilante ou cintilante rápida. A rapidez com que as luzes se acendem e apagam definem o tipo de

bóia e o número de relâmpagos define o ponto cardeal. Repare na semelhança entre o número de

relâmpagos de cada luz com as horas de um relógio:

NORTE (como 0 horas): luz cintilante contínua

LESTE (como 3 horas): 3 relâmpagos seguidos de um período obscuridade

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SUL (como 6 horas): 6 relâmpagos seguidos de um período sempre aceso e de um

período de obscuridade

OESTE (como 9 horas): 9 relâmpagos seguidos de um período de obscuridade.

Marca especial

Servem para assinalar alvos com características especiais.

Ex: Áreas destinadas a exercícios militares; existência de cabos ou oleodutos; zona de

despejos; separação das zonas de tráfego; áreas reservadas á navegação de recreio.

Cor – Amarela.

Forma - Facultativa.

Luz - Amarela com ritmo facultativo.

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Região A – De dia

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Região A – De noite

4. Massame

Tipos de cabos

Massame - Conjunto de cabos usados numa embarcação.

Este conjunto de cabos divide-se em:

Cabos fixos - fazem parte do aparelho fixo da embarcação;

Cabos de laborar - trabalham velas;

Cabos solteiros - prontos a trabalhar em qualquer altura e local

Alguns termos usados no manuseamento dos cabos:

Folgar - deixar correr o cabo mantendo o chicote.

Caçar - puxar o cabo mantendo a tensão.

Clarear - tirar as cocas ao cabo ou desembaraçar o cabo.

Pandeiro - forma de arrumar o cabo, fazendo voltas redondas e largas, no convés ou na mão.

Nós e Voltas

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Nó direito

Nó torto

Nó de azelha

Nó de trempe ou Nó de oito

Nó de escota

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Lais de guia

Volta de cunho

Volta de fiel / Volta do cabeço

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5. Navegação

“Quem vai para o mar avia-se em terra”. Palamenta

Conjunto de peças soltas ou desmontáveis necessárias para a embarcação navegar em

segurança.

Lista de palamenta A. Área de Navegação:

Rádio VHF- manter escuta permanente CH 16 (156.800 Mhz);

Bússola;

GPS;

Cartas náuticas / mapas.

B. Área de Segurança:

Coletes salva-vidas aprovados;

Bujão;

Balde ou vertedouro ou bartedouro;

Esponja;

Defensas;

Ferro ou âncora;

Amarra (mínimo de 35m);

Remos ou pagaia;

Croque;

Boça;

Extintor;

Kit de primeiros socorros;

Ferramentas;

Barbatanas e óculos de mergulho;

Espelho;

Apito / sino / corneta;

Canivete;

Lanterna;

Cabos solteiros.

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Noções básicas sobre combate a incêndios. Utilização de extintores Condições para que haja incêndio:

Combustível em forma de vapores na margem dos explosivos;

Aquecimento total ou parcial dos vapores até alcançar a temperatura de ignição;

Oxigénio numa proporção não inferior a 15% ou 16%.

Tipos de fogo:

Classe A

Combustíveis sólidos: madeira, papel, carvão, sisal;

Melhor processo para atacar este tipo de fogo é o jacto de água a alta pressão.

Classe B

Combustíveis líquidos e gasosos: gasolina, propano e butano;

O processo mais eficaz para o combater é por abafamento por manto de espuma, ou nevoeiro de

água e, simultaneamente, arrefecimento das partes em contacto.

Classe C

Instalações ou equipamentos eléctricos: motores, alternadores, transmissores, radares;

Nunca se deve utilizar água até se ter a certeza de que já não estão ligados à energia eléctrica; deve

utilizar-se anidrido carbónico, CO2, pó químico.

Classe D

Incêndios especiais;

Combustíveis altamente voláteis como o álcool e o

magnésio.

Tipos de Extintores

Extintor de Espuma Química

São um pouco antiquados e utilizam-se no combate a

incêndios de classe B; utilizam-se invertendo o extintor o

que provoca a reacção entre os seus dois elementos.

Extintor de pó químico

Constituído por um reservatório cilíndrico que contém o

pó químico e uma garrafa colocada externa ou

internamente que quando accionada aumenta a pressão

fazendo sair o pó químico; utiliza-se para incêndios

classes B e C.

Extintor de CO2

Pode utilizar-se em incêndios das classes B e C e alguns da classe D.

Extintor de Argon

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Pode utilizar-se no combate a incêndios de qualquer classe.

Como utilizar o extintor:

Retirar o extintor do suporte e retirar a patilha de segurança;

Aproximar do fogo com o vento pelas costas e o extintor na vertical;

Accionar o gatilho, ou a válvula, e dirigir o jacto para a base das chamas:

Movimentar o extintor ou a agulheta de modo a cobrir toda a superfície incendiada.

Procedimento em caso de incêndio:

Manter a calma;

Tentar cortar o combustível e energia eléctrica da zona do incêndio;

Tentar apagar o fogo com extintores ou mantas, por abafamento;

Tentar manter a zona de incêndio a sotavento.

Após utilização os extintores devem ser recarregados.

Todos os anos se deve mandar vistoriar os extintores.

Plano de viagem

Fazer o registo (LOG) no livro do clube antes da partida:

Nome da embarcação, destino, horas de partida/regresso e número de pessoas a bordo.

Noção dos dados gerais sobre a viagem e condições de navegação:

Destino / direcção da viagem;

Velocidade e duração da viagem;

Condições meteorológicas;

Pontos de referência (notáveis durante a navegação).

Preparação da viagem:

Verificar a previsão meteorológica: tempestades, chuva, sol, temperaturas extremas, etc.

o Fontes: rádio, internet, etc.

Verificar ventos e marés: direcção e velocidade;

Assinalar pontos de referência como faróis, baias, baixios, locais de apoio ou outros;

Verificar palamenta e material de segurança a bordo.

Durante a viagem:

Manter rádio ligado e o contacto permanente com terra (partilhar plano de viagem);

Manter constante comunicação com tripulação;

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Estar atento e vigilante.

Marés O nível de água do mar varia, subindo e descendo, formando o fenómeno das marés. Esta alteração do

nível da água do mar é devida à atracção recíproca de astros como o Sol e a Lua, e, particularmente

desta, por estar mais próxima da Terra. A Lua, ao girar em torno da Terra em 29,5 dias, vai-se situando

em diversas posições, em relação à Terra e ao Sol, originando as Fases da Lua.

Marés - são movimentos alternados do nível da água do mar.

Nível médio - nível das águas se não existissem marés.

Zero hidrográfico - plano a que são referidas as sondas indicadas nas cartas.

Sonda reduzida - altura do zero hidrográfico sobre o fundo. Valor indicado nas cartas de

navegação.

Altura da maré - altura da maré sobre o zero hidrográfico, em determinado momento e local.

Preia-Mar - nível mais elevado que atinge determinada maré em relação ao zero hidrográfico.

Baixa-Mar - nível mais baixo que atinge determinada maré em relação ao zero hidrográfico.

Amplitude da maré - diferença entre a preia-mar e a baixa-mar

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Marés em Luanda

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Tabela de concordância (ou retardo das marés)

Linhas de posição

Marcação relativa: ângulo entre a proa da

embarcação e o objecto fora da embarcação

(normalmente em terra).

Alinhamento: estamos entre dois

objectos fora da embarcação, na mesma

linha de direcção da embarcação.

Enfiamento: fazemos mira a dois

objectos fora da embarcação, na mesma

linha de direcção da embarcação.

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Comunicações no mar

CIS - Código Internacional de Sinais.

Código adoptado pela Organização Internacional Marítima (IMO);

Usado para comunicação entre embarcações e destas com terra;

Engloba comunicações por alfabeto, código Morse, bandeiras e galhardetes e sinais

sonoros.

Alfabeto

A – alfa N – november 0 – nadazero

B – bravo O – Óscar 1 – unaone

C – charlie P – papa 2 – bissotow

D – delta Q – quebec 3 – terrathree

E – echo R – romeo 4 – kartefour

F – fox-trot S – sierra 5 – pentafive

G – golf T – tango 6 – soxisix

H – hotel U – uniform 7 – setteseven

I – índia V – Victor 8 – oktoeight

J – juliet W – whiskey 9 – novenine

K – kilo X – x-ray ponto / vírgula – decimal

L – lima Y – yankie ponto final – stop

M – mike Z – zulu

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Bandeiras Alfabéticas e Numéricas

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Significado das bandeiras

Canais rádio e frequências VHF

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Canais e frequências VHF

Procedimentos

Não esquecer que a SEGURANÇA é a razão principal para ter um radiotelefone a bordo, assim

trate o seu radiotelefone com o devido cuidado e sempre que possível faça ESCUTA no canal 16.

Não esquecer que sempre que oiça MAYDAY (pronuncia-se MÊDÊ), PANEPANE ou SECURITE (pronuncia-se SÊCURITÊ), indicativos de socorro, urgência e segurança respectivamente,

deverão acabar todas as transmissões e passar à escuta e prestar ajuda, se necessário.

Embarcação que faz o pedido de socorro por rádio:

o 3 x MAYDAY

o 3 x Nome da embarcação

o 3 x o código do operador do rádio

o Posição da embarcação (latitude e longitude)

o Natureza do pedido de socorro

o Outras informações

o ESCUTO

Estação que ouve pedido de socorro por rádio e pretende que haja silêncio no canal:

o Silence Mayday

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Quando mensagem de Mayday foi totalmente recebida e canal pode voltar para

comunicações normais, estação que pediu silêncio:

o Silence Fini

Estação que ouve pedido de socorro por rádio não tem condições de ajudar, pode em

nome da embarcação sinistrada fazer chamada espalhando a mensagem de socorro:

o Mayday Relay

Exemplo de Pedido de Socorro

Embarcação que faz o pedido de socorro por rádio:

o MAYDAY MAYDAY MAYDAY

o Aqui JAMANTA JAMANTA JAMANTA

o MAYDAY JAMANTA

o Posição a 5 milhas a NE do farol das Palmeirinhas

o Tenho rombo abaixo da linha de água

o Necessito auxílio urgente

o ESCUTO

Estação que ouve o pedido de socorro por rádio:

o MAYDAY JAMANTA JAMANTA JAMANTA

o Aqui LUANOVA LUANOVA LUANOVA

o Compreendido MAYDAY

o Vou comunicar autoridades competentes

Estação que ouve o pedido de socorro por rádio:

o MAYDAY LUANOVA

o Aqui JAMANTA

o Compreendido

o Fico ESCUTA canal 16

o TERMINADO

Expressões chave

Acuse recepção

Afirmativo

Claro

Com interferência

Compreendido

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Escuto

Correcção

Eu soletro

Fale devagar

Fraco

Negativo

Passe a

Recebido

Repito

Terminado (over and out)

6. Algumas manobras no mar

Ter em atenção que:

Ao manobrar o leme da embarcação, esta responde na mesma

direcção para onde rodamos o leme.

Fundear a embarcação

Quando se pretende fundear uma embarcação, deve ter-se em atenção que o comprimento da

amarração (filame) é sempre calculado em função do nível de maré mais elevado que se irá verificar

durante a estadia e, sendo em pequenas profundidades deve ter entre 2 e 3 vezes a maior altura de água

esperada. Se a profundidade for grande, superior a 25 metros, aquele valor deverá subir para 4 a 5 vezes

o fundo.

Quando são previstos ventos fortes ou ondulação deve deitar-se mais comprimento de amarra.

Escolha do fundeadouro

Ao abrigo de corrente / vento;

De preferência fundo de boa tença (de areia ou lodo): em fundos de areia a âncora pode

ficar presa na rocha;

Local com baixo declive: quando temos grande declive e a amarra fica no sentido da maior

profundidade e a âncora pode garrar;

Espaço para a embarcação rodar sem entrar em rota de colisão com outras embarcações

ou objectos;

Profundidade suficiente de prumo / amarra.

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Diz-se que um fundeadouro tem boa tença quando o ferro agarra com facilidade e má tença

quando o ferro tem dificuldade em segurar-se ao fundo. As cartas assinalam a natureza do fundo

e podemos considerar os fundos de:

Boa Tença, os fundos de argila, lodo duro e areia;

Tença Regular, os fundos de lodo mole e areia fina;

Má Tença, os fundos de rocha, conchas ou seixos.

Fundear

Fazer a aproximação aproado ao vento ou corrente (aquele que influenciar mais a

manobra);

Colocar o motor em ponto morto e largar ferro / amarra, contando a quantidade de amarra;

Quando sentir o prumo (fundo), soltar mais 3 vezes a sua profundidade, verificando a

tensão no cabo;

o Correntes / ventos fortes: largar 5 vezes a profundidade.

Deixar embarcação abater com a corrente e/ou o vento;

Verificar tensão e fixar a amarra a ferragem apropriada da embarcação (cunho, etc.);

A eficiência da operação de fundear depende de três factores:

peso da âncora;

a boa fixação ao fundo;

o peso da amarra.

O peso do ferro tem de estar proporcional ao peso e dimensões da embarcação. O fundo pode

ser de qualidade em que o ferro se fixe solidamente ou não. A amarra tem de ser de calibre, e

portanto peso, que aguentem os esforços do vento e da vaga sobre a embarcação. Tanto o peso

da âncora como o calibre da amarra são determinados pela tonelagem da embarcação.

A bordo devem existir, pelo menos, dois ferros sendo um deles provido de amarra.

A operação de fundear pode ser feita pela proa ou pela popa, sendo mais usual a primeira. Para

fundear pela proa deve aproar-se ao vento, ou à corrente, com o ferro pronto a largar e avançar

devagar até a embarcação parar. Lançar o ferro e deixar descair a embarcação para ré, ou meter

marcha a ré, enquanto se vai largando mais amarra. Se não se descair a ré, a amarra pode cair

toda em cima do ferro e ficar presa ou entoucada.

Atracar a embarcação

Colocar defensas para fora;

Fazer aproximação ao cais em velocidade

moderada e contra a corrente;

Aproximar a proa ao cais;

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Em marcha a ré, girar o leme para o lado contrário do cais.

Manobra para recolher náufrago

1º Método: rotação

Usa-se quando se avista alguém a cair a água;

Virar o leme para o lado do náufrago de maneira a

fazer uma volta completa, de forma deixar o náufrago

a sotavento (lado para onde sopra o vento).

2º Método: ButaKow

Normalmente usa-se quando não se avista o náufrago

a cair a água.

Alterar o rumo aproximadamente 60º e voltar a virar

para o lado contrário de maneira a apanhar a esteira

deixada pela embarcação, ficando assim com o

náufrago no sectores de proa, tendo o cuidado de

deixar a embarcação a barlavento (direcção de onde

sopra o vento).

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Bibliografia

Manual para a Navegação de Recreio – Volume I, Instituto Hidrográfico, 2006 - Edição

do Instituto Hidrográfico Lisboa – Portugal.

Navegação - Náutica de Recreio, Henrique Pereira Coutinho, Xis e Êrre Estúdio Gráfico,

Lda, Fevereiro de 2004