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1 CLUBE DE PESCA DO RECIFE MBPP MANUAL BÁSICO DE PESCA DE PRAIA MODALIDADE SURFCASTING 2012

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CLUBE DE PESCA DO RECIFE

MBPP

MANUAL BÁSICO DE PESCA DE PRAIA

MODALIDADE SURFCASTING

2012

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SUMÁRIO

1. FINALIDADE

2. INTRODUÇÃO

3. EQUIPAMENTOS

3.1 VARA

3.2 MOLINETE

3.3 LINHA

3.4 ANZOL

3.5 CHUMBADA

3.6 ISCA

3.7 ACESSÓRIOS

3.8 NÓS E CHICOTES

3.9 TÁTICAS E TÉCNICAS

3.10 LIMPEZA E CONSERVAÇÃO

4. A PRAIA

5. O PEIXE

6. O ATLETA PESCADOR

7. PESCARIA E PRESERVAÇÃO

8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS E COLABORADORES

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1. FINALIDADE

O MBPP foi concebido e elaborado para orientar os principiantes na pescaria de praia, no intuito de fornecer as informações básicas necessárias para iniciar as atividades da pesca amadora de praia.

2. INTRODUÇÃO

A pescaria é um esporte e um hobby que, muitas vezes passa de pai para filho, porém, nem sempre, o pescador iniciante tem o privilégio da companhia de seu genitor para orientá-lo nas primeiras tentativas de fisgar um belo peixe.

As variedades de modalidades e a quantidade equipamentos de pesca, muitas vezes, confundem e espantam o pescador iniciante, que se depara com o insucesso nas suas primeiras pescarias. A falta de sucesso, quase sempre, é decorrente do uso incorreto de equipamentos e do emprego deficiente das técnicas de pesca.

Quando se inicia as atividades de pesca de praia, na modalidade sufcasting ou pescaria de arremesso, as dúvidas são rotineiras e é comum o pescador procurar as lojas de pesca para saná-las. Em tais lojas, é muito difícil encontrar vendedores especializados no assunto e com honestidade suficiente para indicar os equipamentos mais adequados, independentemente de quanto custam. O desperdício de tempo e de dinheiro com a aquisição de equipamentos inadequados é uma etapa quase que obrigatória no início da vida do pescador amador.

Pensando em auxiliar o pescador iniciante, o MBPP faz um resumo rápido e prático de alguns tópicos importantes da pescaria de praia, na tentativa de sanar dúvidas e encorajar a continuidade da prática esportiva de muitos principiantes que, com certeza, terão um futuro promissor na pescaria de arremesso.

Dedico esse Manual ao meu filho Miguel, companheiro de muitas pescarias, que, no auge dos seus nove anos, tem a maturidade e o senso de prese rvação que servem como exemplo para grande parte dos pescadores adultos.

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3. EQUIPAMENTOS

A escolha dos equipamentos é de fundamental importância para o sucesso da pescaria. Sabe-se que a variedade de marcas e modelos é imensa e que a escolha é pessoal, trata-se de um direito do consumidor.

Para a pescaria de arremesso, os equipamentos exigem algumas características básicas, quase que unânimes entres os praticantes. As poucas variações das regras básicas se devem aos diferentes estilos e aos biotipos de cada pescador. O MBPP não tem a intenção de indicar um ou outro equipamento, apenas resume as características dos principais equipamentos, necessárias à prática da pescaria de arremesso, fazendo uma breve comparação entre alguns dos modelos mais utilizados.

3.1 VARA

A vara, também chamada de “caniço” ou “cana”, evoluiu bastante desde as varas de bambu utilizadas durante a década de 80. Os atuais modelos, em fibra de carbono associam leveza e resistência, permitindo ao pescador arremessos mais longos e menor desgaste físico. Em geral, é o item de maior valor entre os equipamentos de pesca e aquele que é mais personalizado pelo pescador.

3.1.1 MATERIAL

O corpo da vara, conhecido como “blank” pode ser fabricado com as características e o formato desejados. Além das tradicionais varas de bambu, normalmente, as varas são produzidas em fibra de vidro e em fibra de carbono. As varas de fibra de vidro são mais resistentes a choques e mais baratas, porém tendem a ser mais pesadas. As de fibra de carbono são as varas utilizadas pela grande maioria dos pescadores de arremesso. Possuem preços mais elevados, porém a leveza do material, associada à resistência da fibra de carbono facilita bastante a vida do pescador na hora do arremesso. As varas de fibra de carbono estão cada vez mais evoluídas, materiais como o “High Modullus Fiber Carbon”, tornam a vara extremamente leve e resistente, porém encarecem bastante o equipamento. Vale salientar que as varas de fibra de carbono são resistentes à ação da pesca, porém não a choques. Pancadas podem trincar o blank da vara inutilizando-a. No final, o custo-benefício é o que deve orientar o pescador na hora da compra. O pescador iniciante não deve ficar iludido com a beleza ou com a marca da vara. No mercado, existem varas excelentes com preços justos e desempenhos equivalentes às varas requintadas, com preços exorbitantes, que talvez não compensem o dinheiro investido.

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3.1.2 MODELOS

As varas podem ser telescópicas, inteiriças, ou particionadas em duas, três ou quatro partes. O modelo telescópico reduz o tamanho, facilitando o transporte. Requer certo cuidado quanto à limpeza, para não engripar as junções. As varas inteiriças são inadequadas à pesca de arremesso, uma vez que estão limitadas em tamanhos não compatíveis aos arremessos costeiros. Os modelos mais utilizados para a pesca de arremesso são os particionados, normalmente em três partes em virtude dos tamanhos adequados aos arremessos. Deve-se analisar a espessura os reforçadores das bordas dos encaixes, pois são áreas sujeitas a grande esforço e vulneráveis a rupturas.

3.1.3 TAMANHOS

Para a pesca de arremesso, os tamanhos normalmente utilizados são: 3,90m, 4m, 4,20m e 4,50m. O principal fator para definir essa escolha é a distância que se pretende arremessar. Quanto maior a vara, maior deverá ser a distância alcançada no arremesso. Outro fator a ser considerado é o porte físico do pescador. Pescadores de baixa estatura e de corpo franzino tendem a evitar o uso de varas com 4,5m, preferindo a utilização das varas de 4m e 4,2m.

3.1.4 AÇÃO E CASTING

A ação é a característica da vara que reflete sua flexibilidade e sua velocidade de resposta ao movimento do equipamento durante o arremesso, na fisgada e luta contra o peixe. Já o casting é o peso máximo suportado pela vara para execução do arremesso, ou seja, é o peso máximo do conjunto: chicote, anzóis, chumbada e isca, a ser arremessado. O casting é registrado pelo fabricante na descrição lateral da vara. Caso o casting da vara seja 90 a 200g, seu conjunto deve ter o peso máximo de 200g, porém recomenda-se, por precaução, trabalhar com o conjunto pesando 20% abaixo do casting, 180g para o caso do exemplo.

Tipos de ação:

- Lenta: a vara é mais flexível, sendo indicada para arremessos mais curtos. Apresenta uma maior sensibilidade à fisgada do peixe.

- Média: a vara tem flexibilidade intermediária. É indicada para arremessos curtos e médios. Apresenta uma boa sensibilidade à fisgada do peixe.

- Rápida: a vara é bem rígida, apresentando baixa flexibilidade. É mais indicada para arremessos longos. Apresenta baixa sensibilidade à fisgada de peixes pequenos. Existem alguns modelos com ação Extra-rápida .

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TIPOS DE AÇÃO DE VARAS

Fonte: http://equipeprejereba.blogspot.com.br

3.1.5 PASSADORES E REEL SEAT

Os passadores, também chamados de passadeiras, guias ou em inglês: "guides", desenvolvem um papel fundamental na montagem de uma vara de pesca. Fatores como balanceamento, sensibilidade, precisão e até o aumento na distância dos arremessos podem ser influenciados por um bom sistema de montagem. Estes sistemas levam em consideração o tamanho, o posicionamento, o tipo de passador e também o material de que são feitos. Quando utilizados harmoniosamente com os demais componentes da vara de pesca podem proporcionar uma pescaria mais produtiva e prazerosa. Os passadores possuem em geral duas partes: o anel ou "ring", e a armação, estrutura ou "frame" formando o corpo do passador. O passador da extremidade da vara é chamado de ponteira.

Outra parte importante dos passadores são os pés ou apoios, que podem ter apoio duplo (double foot) ou simples/mono apoio (single foot). De um modo geral, o apoio duplo do passador mantém mais rígido o segmento da vara no qual ele é fixado tornando-a menos flexível em relação à mesma vara, caso seja montada com passadores com apoio simples. Ou seja, o tipo de apoio do passador e o posicionamento dos mesmos modifica a ação de varas com um mesmo blank.

Atualmente, os fabricantes de passadores tem elaborado o anel dos passadores com materiais de alta qualidade. Quando combinados com armações de metais resistentes como o aço inox, o aço inox folhado a titânio ou o próprio titânio, proporcionam grande durabilidade.

Além dos comuns anéis de porcelana, os passadores podem ser encontrados com diversos tipos de materiais sendo os mais usuais:

Óxido de Alumínio : Cerâmica especial com alta resistência à abrasão e impacto e com baixo coeficiente de fricção. Os passadores de óxido de alumínio tem sido os mais

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vendidos no mundo pelo seu desempenho e preço econômico. Existem alguns óxidos de alumínio de fórmulas exclusivas como o Hardoy e o Alconite .

SIC (Silicon Carbide): uma das cerâmicas mais avançadas, desenvolvida para trabalhar em altíssimas temperaturas. Os passadores SIC são extremamente duros, resistentes e leves.

Titânio : extremamente leves e resistentes à corrosão, são os tops de linha.

Os materiais que compõem os anéis dos passadores in fluenciam principalmente a sensibilidade e o peso da vara, al ém do atrito com a linha, o que pode diminuir a distância de arremesso e acarreta u m desgaste prematuro da linha.

CARACTERÍSTICAS DOS PASSADORES

ÓXIDO DE ALUMÍNIO

SIC TITÂNIO

LINHA MONOFILAMENTO SIM SIM SIM LINHA MULTIFILAMENTO NÃO SIM SIM

SENSIBILIDADE BOM MUITO BOM EXCELENTE PESO BOM MUITO BOM EXCELENTE

RESISTÊNCIA BOM ÓTIMO EXCELENTE CUSTO BAIXO REGULAR ELEVADO

Fonte: http://www.pesquesolte.com.br

Existe um formato inovador de passadores chamado de Low Rider. O formato apresenta um conceito diferente do estabelecido há muitos anos no mercado e tem diâmetro menor que o dos passadores convencionais. O sistema diminui os espirais formados pela linha quando saem do molinete em alta velocidade; conseqüentemente, o atrito da linha com o anel interno também é menor, conferindo ao chumbo maior velocidade e distância. O desenho arredondado desse sistema não permite que a linha se prenda na base do passador. A performance dos passadores Low Rider é otimizada com o uso de linhas de bitolas finas, recomendando-se o uso de linhas de monofilamento com até 0,25 mm, ou linhas de multifilamento também finas. Dentre os pescadores, formam-se dois grupos quando o assunto é Low Rider: os que amam e os que odeiam. Ao iniciante, sugere-se aprofundar-se mais no assunto antes de adquirir o produto e formar sua opinião, pois a brincadeira sai cara.

O reel seat, como a tradução já sugere, é a peça onde o molinete fica assentado (preso) à vara. Pode ser rosqueável ou do tipo “jacaré”. O tipo rosqueável é o mais encontrado, pelo baixo custo. O tipo jacaré apresenta como vantagem a agilidade na fixação e na retirada do molinete.

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PASSADORES LOW RIDER TIPOS DE REEL SEAT

Fonte: http://www.custombymarco.com.br Fonte: Adaptado de http://www.guiapescadepraia.com.br

3.1.6 COMPARATIVO

FABRICANTE MODELO MATERIAL TAMANHO PESO AÇÃO CASTING PASSADORES PREÇO MÉDIO

Marine Sports Super Cast Fibra Vidro 4,27m > 900g Média 100 a 200g Porcelana R$ 90,00

ALBATROZ Papa Terra Fibra Vidro 4,20m 880g Média 80 a 200g Porcelana R$ 120,00

D.A.M Royal Surf Carbono 4,20m 800g Rápida 80 a 150g SIC R$ 250,00

ALBATROZ Thor Carbono 4,20m 675g Rápida 80 a 250g Óx. de alumínio R$ 300,00

PLAWAY Pioneira Carbono 4,20m 639g Rápida 150g a 250g SIC R$ 700,00

Fonte: Sites de venda pela internet

3.1.7 CUSTOMIZAÇÃO DE VARAS

A palavra customização, que até pouco tempo não existia na língua portuguesa, foi criada para traduzir uma expressão em inglês - custom made - significa sob medida. A customização de varas de pesca é uma atividade que vem se desenvolvendo e ampliando clientes em todo o Brasil. Os blanks podem ser remetidos, via Correios, para os “Road Makers” que combinam os componentes ao gosto do freguês, incluindo a pintura personalizada. Dizer que a vara customizada pega mais peixe, não é uma verdade, o que está em jogo é o prazer de ter uma vara feita especialmente para você, com a ação do blank, o tipo dos passadores, o reel seat e os acabamentos adaptados ao seu estilo. A personalização é o que faz a diferença da vara customizada, porém como toda exclusividade, sai bastante caro.

3.2 MOLINETE

Como o escopo do MBPP é a pescaria de praia na modalidade surfcasting (arremesso), não será comentada a carretilha, em virtude da mesma não permitir os

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arremessos longos, característicos do surfcasting. A carretilha é mais adequada para arremessos curtos a médios. É bastante utilizada nas pescarias em rios, açudes, sobre pedras ou quando a pescaria é embarcada, embora alguns pescadores utilizem, preferencialmente, a carretilha em todas as modalidades, inclusive na pesca de arremesso longo.

Excluída a carretilha, o foco do assunto é o molinete. Trata-se do equipamento que fica fixado na vara de pesca e comporta em seu carretel uma grande quantidade de linha para que, com o auxilio do da vara possamos executar o arremesso, bem como nos permite trabalhar o recolhimento do peixe fisgado. Deve-se ficar bastante claro que o molinete não é a roldana de um guindaste. O recolhimento precisa ser cuidadoso e harmônico com o movimento da vara, para que apenas a linha que ficou frouxa durante a briga com o peixe seja recolhida no carretel. Este é o objetivo principal do molinete: permitir o arremesso e facilitar a captura do pescado.

3.2.1 COMPOSIÇÃO DO MOLINETE

De um modo geral o molinete possui as seguintes partes fundamentais:

Carretel: fica sobre do corpo do molinete, encaixado no eixo principal. Normalmente é intercambiável, sendo nele que a linha deve ser enrolada.

Manivela: serve para enrolar a linha e para puxar o peixe. Faz movimentos para frente e para trás, para puxar e para liberar linha, respectivamente. A linha só é liberada quando o molinete não estiver travado. Na maioria dos molinetes possui a capacidade de se optar em que lado deve ficar de acordo com a pessoa (destra ou canhota).

Trava: fica na parte de trás ou na parte frontal do corpo do molinete e possui o papel de deixar ou não, a manivela travada.

Fricção ou Freio: é encontrada em cima do carretel ou embaixo do corpo do molinete. Rosqueável, serve para regular a resistência com que a linha é puxada no carretel. É responsável pelo barulho característico que faz o coração do pescador bater mais rápido quando um grande peixe é fisgado e arrasta a linha.

Haste: fica na lateral anterior do corpo do molinete e serve como suporte que ficará preso, quando o molinete for acoplado à vara.

Arame, Alça ou Pick-up: alça metálica em formato de meia circunferência, que deve ser levantada no caso de um arremesso. Nele, existe uma roldana que facilita a passagem da linha, para que a mesma não sofra muito atrito.

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ESTRUTURA DO MOLINETE

Fonte: Autor

3.2.2 CARACTERÍSTICAS E PERFORMANCES

Quando o pescador iniciante decide comprar seu primeiro molinete, é comum se deparar com termos técnicos de difícil entendimento e com modelos belíssimos, porém de qualidade inferior, o que acarreta, quase que invariavelmente, em uma compra desastrosa.

Vamos utilizar uma ficha técnica de um molinete para facilitar o entendimento dos termos que definem as características básicas de desempenho do molinete.

DESCRIÇÃO SIGNIFICADO

Eixo em aço inox Material com que é feito o eixo central do molinete, quanto mais forte e resistente a corrosão, melhor.

Manivela em alumínio e bilateral

Material com que é feita a manivela, precisa ser resistente, pois a carga de trabalho é intensa . Bilateral

permite o posicionamento em ambos os lados do molinete para adequá-lo aos canhotos ou à preferência

do pescador

6 rolamentos Quantidade de esferas para fazer a rotação do sistema,

quanto mais esferas mais suave o giro do molinete, porém pode encarecer desnecessariamente o produto.

2 carretéis, sendo 01 long cast em alumínio e outro normal em grafite

Tipo e quantidade de carretéis incluídos no molinete, quando em alumínio são mais resistentes que em grafite. Os modelos para long cast apresentam estrutura cônica

para facilitar a saída da linha.

Fricção dianteira e traseira

Existem molinetes com regulagem de fricção dianteira e/ou traseira. O primeiro é mais tradicional, e o segundo

o mais indicado para alterar a regulagem em plena operação.

Gear Ratio 4.4:1 Relação que indica a velocidade de recolhimento da

linha. No exemplo significa que cada volta da manivela representa 4,4 voltas no carretel.

Capacidade de linha: Carretel long cast: 0,35mm - 130m / carretel

normal 0,35mm 155m

Cada carretel apresenta uma capacidade, de acordo com a espessura da linha utilizada, sendo as principais

registradas na lateral do carretel.

Peso 650g Para arremessos longos os molinetes costumam ser médios a pesados, porém o peso depende muito do

material utilizado pelo fabricante.

Fonte: Autor

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Para escolher o molinete é preciso saber a vara que vai ser utilizada, pois o conjunto precisa ser equilibrado. Não adianta termos uma vara grande e comprar um molinete pequeno ou uma vara curta e comprar um molinete grande. O conjunto deve ser harmônico de maneira a permitir o equilíbrio do material e, desta forma, permitir ao pescador um maior conforto e aproveitamento do equipamento. Se a distância de arremesso desejada é longa, então uma vara longa e um molinete médio/grande; se o objetivo é pescar perto da arrebentação, então uma vara curta e um molinete pequeno.

3.2.3 COMPARATIVO

FABRICANTE MODELO ROLAMENTOS GEAR RATIO

CAPACIDADE PESO PREÇO MÉDIO

TACOM CLASSIC 6000 3 5.2:1 0,60mm - 110m 360g R$ 40,00

MARINE SPORTS XT 4000 4 4.1:1 0,50mm - 130m 455g R$ 90,00

ALBATROZ COMPETITON PH 5000 6 4.4:1 0,30mm - 210m 475g R$ 150,00

DAIWA EMCAST SPORT 4500 8 4.6:1 0,32mm – 390m 640g R$ 240,00

ABU GARCIA CARDINAL 806 9 4.8:1 0,35mm - 190m 449g R$ 450,00

SHIMANO STELLA 5000 SW 14 6.2:1 0,37mm - 110m 400g R$ 2.600,00

Fonte: Sites de venda pela internet

3.3 LINHA

Com a descoberta do nylon em 1935, os pescadores acreditaram que nada poderia ocorrer de melhor, no entanto, quarenta e oito anos depois, a descoberta do recobrimento do nylon com fluorcarbono e até mesmo a produção de monofilamentos deste material, trouxeram ou abriram ao pescador novas possibilidades na pesca, aumentadas ainda mais com a criação dos multifilamentos .

A espessura da linha exerce influencia direta no alcance do arremesso, em virtude do maior peso das linhas mais grossas. Para atingir arremessos mais longos, são utilizadas linhas finas e leves, de espessura variando entre 0,16 mm e 0,25 mm, porém a resistência das linhas com esse tipo de diâmetro não suportam o tranco durante o arremesso da chumbada e rompem-se com facilidade. Para contornar essa dificuldade, o pescador utiliza o arranque ou leader. Trata-se da união à linha principal de um trecho de linha mais grossa e resistente, normalmente 0,10 mm a mais que a linha principal. O arranque deve suportar grande parte do tranco do arremesso e, por tanto, deve ser unido à linha principal por meio de um nó de junção que não desate com o elevado esforço (recomenda-se o nó albright ou o nó de sangue). O tamanho sugerido para o arranque é o dobro do tamanho da vara, porém o tamanho padrão de arranques é de 15 m. Para melhorar ainda mais a saída da linha do carretel durante o arremesso, surgiram, também, os arranques cônicos “tapered leaders”, que começam com bitola fina na ponta e terminam

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com bitola grossa na base. Eles têm a medida padrão, sendo os sete metros iniciais (base) com linha fina e os oito seguintes (ponta) com linha mais grossa.

Tipos de Linha:

Monofilamento: São linhas de apenas um filamento, são normalmente de nylon (poliamida). São as mais abundantes no mercado.

Multifilamento: São linhas trançadas ou fundidas constituídas por vários filamentos unidos. Essa união proporciona uma linha de maior resistência em relação a uma linha monofilamento do mesmo diâmetro, porém o atrito no arremesso também é maior, por isso, devem ser utilizadas em varas cujos passadores resistam a este desgaste.

Fluorcarbono: As linhas de fluorcarbono também são consideradas monofilamento, porém tem uma resistência a abrasão (em pedras, arrecifes, galhos etc.) maior que a monofilamento comum. São linhas caras e, devido ao elevado custo, normalmente são utilizadas apenas para confeccionar leaders (arranques).

Em relação às cores, as linhas coloridas proporcionam uma maior visibilidade, sendo importantes quando de precisa ver por onde passa a linha ou aonde chegam os arremessos, ocasiões em que a precisão dos lançamentos é fundamental no sucesso da pescaria. Existem alguns conceitos errados em relação ao peixe ser ou não incomodado pela cor da linha e em função disso tocar ou não na isca, na maior parte dos casos (nem todos), a linha não interfere com a possibilidade de o peixe ser atraído pela isca.

Existe uma tendência natural para o pescador escolher a linha apenas tendo em consideração o diâmetro, o preço e a resistência à tração. Embora estas características sejam fundamentais, não são suficientes para a escolha mais eficaz. Para uma correta escolha de uma linha, é fundamental conhecermos a resistência à abrasão e a memória de linha (efeito espiral que ocorre após tencionamento). Para verificarmos estas características da linha podemos fazer alguns testes muito simples:

Resistência à abrasão: Este teste não é possível em monofilamentos muito finos porque se partem de imediato. Segure por uma das pontas cerca de 30 cm de linha mantendo-a bem esticada. Utilizando um papel de caderno dobrado uma única vez, envolva a linha e friccione em movimentos de ida e vinda por três vezes. Em seguida verifique se o quanto a linha tornou-se áspera. Toda linha deverá ficar áspera após o procedimento, porém, experimentando várias linhas de diferentes, pode-se perceber que a resistência à abrasão varia consideravelmente.

Memória de linha: Retire uns 30 cm de linha de uma bobina. Segure-a pelas pontas e gire-a, utilizando os dedos indicador e polegar, até que forme uma trança. Deixe a linha permanecer nesse estado por cerca de um minuto e solte-a. Em seguida, verifique se a linha assume o seu novo estado direito ou se continua com tendência a formar espirais.

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LINHAS MONOFILAMENTO

DIÂMETRO REFERÊNCIA DE RESISTÊNCIA

0,14 mm 3 Libras 1,5 kg

0,16 mm 4 Libras 2,0 kg

0,18 mm 5 Libras 2,5 kg

0,20 mm 6 Libras 3,0 kg

0,23 mm 8 Libras 4,0 kg

0,25 mm 10 Libras 5,0 kg

0,28 mm 12 Libras 6,0 kg

0,30 mm 14 Libras 7,0 kg

0,33 mm 16 Libras 8,0 kg

0,37 mm 20 Libras 10,0 kg

0,42 mm 25 Libras 12,0 kg

0,47 mm 30 Libras 14,0 kg

0,52 mm 35 Libras 16,0 kg

0,57 mm 40 Libras 18,5 kg

Fonte: compilado pelo autor (média)

A combinação de materiais, cores e espessuras definem características próprias para cada tipo de linha. É bastante improvável que exista a linha perfeita, que reúna todas as características que o pescador deseje. Normalmente, o fabricante da linha prioriza o aperfeiçoamento de algumas características em detrimento de outras, direcionando a linha para uma aplicação específica ou tenta buscar o equilíbrio do produto, ampliando a aplicabilidade. Ao iniciante, sugere-se escolher uma linha que apresente uma boa relação diâmetro/resistência, para facilitar o arremesso com o uso de linhas mais finas e uma baixa memória, a fim de evitar o enrosco nos passadores.

3.4 ANZOL

Dentre todos os apetrechos de pesca, o anzol é a peça que sofreu menos modificações através dos tempos, mesmo o moderno avanço da tecnologia pouco acrescentou ao anzol, exceto pequenos melhoramentos.

Dependendo da qualidade e têmpera do aço, alguns anzóis são duros e afiados, mas quebradiços; outros são maleáveis e não quebram, mas se abrem com facilidade. Além dos anzóis convencionais, que servem para pescar a maioria dos peixes, existem modelos especiais, projetados para a captura de determinadas espécies ou para certos tipos de pesca. O tamanho e o formato do anzol influenciam bastante o resultado da pescaria. Para testar se o anzol, novo ou usado, está afiado, movimente a ponta na

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superfície da unha do polegar; se o anzol arranhar e deslizar, está cego; se a ponta cravar na unha, está afiado e disponível para uma boa pesca.

Os anzóis variam de acordo com o formato, o material e o tamanho, porém, na prática, o fabricante personaliza alguns detalhes que tornam os seus produtos específicos, em comparação aos demais. É comum entre os pescadores, quando se pretende indicar um anzol, falar em anzol da marca “x”, formato “y” e tamanho “n”. Por vezes, o nome do fabricante passa a ser confundido com o formato do anzol.

De um modo geral, existem anzóis de diversos formatos, conforme tabela abaixo:

Fonte: http://www.pescadepraia.com

Para pesca de praia e em competições, os formatos japoneses vêm conquistando o mercado nacional, sendo os mais empregados, dentre eles, os fabricados pela Gamakatsu, porém o preço dos anzóis não é muito convidativo e podem ser substituídos por similares com boa qualidade, como o coreano Pinnacle, que apresenta um excelente custo/benefício.

ALGUNS FORMATOS JAPONESES

Fonte: http://www.pescadepraia.com

1- Maruseigo

2- Sodê

3- Akita Kitsune

4- Hansurê

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O tamanho dos anzóis obedece a critérios, sendo o mais conhecido da Mustad, utilizado pelos europeus e americanos, toma como base o padrão médio dos antigos fabricantes ingleses de anzóis. Na escala Mustad, o zero é o marco que divide os anzóis em grandes e pequenos. A partir do marco zero, a numeração dos anzóis pequenos vai subindo de 1, 2, 3 a 20, 22, 24, na razão inversa do tamanho, isto é, quanto maior o número, menor o anzol. Em outra direção, ao contrário, o tamanho dos anzóis aumenta na razão direta da numeração, na qual é acrescentado o barra zero: 1/0, 2/0, 3/0. Todo pescador veterano ou qualquer vendedor de artigos de pesca conhece essa numeração.

ESCALA MUSTAD

Fonte: http://www.pescadepraia.com

No caso da Gamakatsu e de outras fábricas orientais: Marine (coreana), Morigen (japonesa), kensaki (coreana), a numeração é feita em escala crescente, acompanhando o aumento progressivo dos tamanhos dos anzóis. No entanto, como não são critérios bem rígidos, para definir bem o tamanho, é necessário citar formato e número.

3.5 CHUMBADA

As chumbadas servem para ajudar nos arremessos de iscas, darem velocidade nos lançamentos e manter a linha esticada. Existem vários formatos e pesos adequados a cada aplicação e características do mar. Os pescadores mais experientes e tradicionalistas preferem confeccionar suas próprias chumbadas, porém a atividade requer destreza e prática. A tabela abaixo resume de forma compacta os principais modelos encontrados no comércio associando-os às aplicações e às características de arremesso.

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TIPO APLICAÇÃO BOMBA

Para areia: ótima; Para pedra: boa;

Para correnteza: não; Atrita no ar: não;

Atrita na água: não.

BOMBA COLMAÇA

Para areia: boa; Para pedra: não;

Para correnteza: não; Atrita no ar: não;

Atrita na água: não.

BOMBA COM GARRA

Para areia: boa; Para pedra: não;

Para correnteza: sim; Atrita no ar: não;

Atrita na água: não.

BOMBA GARATÉIRA

Para areia: ótima; Para pedra: não;

Para correnteza: sim; Atrita no ar: não;

Atrita na água: não.

CARAMBOLA Para areia: ótima; Para pedra: boa;

Para correnteza: não; Atrita no ar: não;

Atrita na água: não.

ESFÉRICA Para areia: ótima; Para pedra: ótima;

Para correnteza: não; Atrita no ar: não;

Atrita na água: não.

GOTA Para areia: ótima; Para pedra: boa;

Para correnteza: não; Atrita no ar: não;

Atrita na água: não.

GOTA GARATÉIA

Para areia: boa; Para pedra: não;

Para correnteza: sim; Atrita no ar: não;

Atrita na água: não.

GOTA QUADRADA

Para areia: ótima; Para pedra: ótima;

Para correnteza: não; Atrita no ar: não;

Atrita na água: não.

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TIPO APLICAÇÃO

OLIVA Para areia: boa; Para pedra: ótima;

Para correnteza: não; Atrita no ar: não;

Atrita na água: não.

PIRÂMIDE COMUM

Para areia: boa; Para pedra: não;

Para correnteza: sim; Atrita no ar: sim;

Atrita na água: sim.

PIRÂMIDE CÔNCAVA

Para areia: ótima; Para pedra: não;

Para correnteza: sim; Atrita no ar: sim;

Atrita na água: sim.

TORPEDO Para areia: boa; Para pedra: não;

Para correnteza: não; Atrita no ar: não;

Atrita na água: não.

TRIÂNGULO Para areia: boa; Para pedra: não;

Para correnteza: sim; Atrita no ar: sim;

Atrita na água: sim.

TRIÂNGULO CÔNCAVO

Para areia: muito boa; Para pedra: não;

Para correnteza: sim; Atrita no ar: sim;

Atrita na água: sim.

Fonte: http://www.pesca-pt.com

3.6 ISCA

Os tipos de iscas e sua forma de apresentação aos peixes são fatores importantes para se ter sucesso na pescaria de praia. As diferentes regiões de nosso extenso litoral têm iscas e particulares próprias da localidade, porém existem as iscas que podemos considerar universais ou, pelo menos, as mais usadas pela maioria dos pescadores de praia. De forma geral, a produtividade é sempre maior quando a isca escolhida é viva ou fresca. Quando isso não é possível, ela pode ser armazenada para uma pescaria futura. Ao “iscar” no anzol, independentemente do tipo, vale lembrar que a ponta do anzol deve ser deixada livre, quase sempre aparente, para facilitar a fisgada. Como regra geral, a isca deve ter tamanho proporcional ao porte do anzol.

As iscas podem ser naturais ou artificiais. Para a pesca de praia as iscas naturais são as mais recomendadas. As iscas artificiais podem ser utilizadas em arremessos curtos,

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quando o pescador dispõe de estruturas que avançam ao mar como piers, arrecifes ou barreiras de pedra. Devido à imensa variedade e particularidades de emprego das iscas artificiais, o MBPP vai explorar apenas as iscas naturais mais empregadas na pesca de praia. Com a prática, o iniciante pode explorar alternativas de isca, tanto naturais quanto artificiais. Quando a praia é desconhecida, uma boa dica é pesquisar com os pescadores locais o costume alimentar dos peixes da região.

3.6.1 CAMARÃO

Das iscas naturais é a mais popular, obtendo sucesso na captura de quase todos os peixes. A eficácia dos resultados depende muito da qualidade do camarão, que deve ser preferencialmente fresco e sem conservantes químicos (como o metabissulfito de sódio). Pode ser utilizado com casca ou sem casca, inteiro ou só sem cabeça a depender das espécies de peixes. É uma isca muito eficiente para todos os tipos de pesca. Se for grande, deve ser descascado, separa-se a cabeça e parte-se em pequenos pedaços a cobrir o anzol. Quando pequeno, deve ser iscado inteiro. Para a conservação dos camarões, cortamos suas cabeças com o auxílio de uma tesoura, lavando-os em seguida e colocando-os em recipientes como pequenas embalagens plásticas, saquinhos ou potes de margarina. Assim, estão prontos para ir para o congelador.

3.6.2 CORRUPTO

É considerada a melhor isca para a pesca de praia. Pode ser encontrado em praias rasas de areias duras e escuras do litoral brasileiro. A capturada deve ser feita na maré baixa utilizando uma bomba de sucção (encontrada em lojas de pesca) a uma profundidade máxima de 60 cm. Para capturar o corrupto, coloca-se a bomba nos pequenos buracos que aparecem na areia depois da onda passar. Os corruptos são iscados preferencialmente vivos, inteiros ou em forma de “bolsinha”. Para sua conservação, são colocados dentro de uma garrafa plástica com um pouco de sal que deve ser completada com a própria água do mar e, em seguida, congelada.

3.6.3 TATUÍ

O tatuí vive enterrado na areia molhada, próximo da rebentação. A sua captura é possível cavando a areia molhada na praia. O tatuí deve ser mantido vivo dentro de um recipiente com um pouco de areia molhada. Na pesca com tatuí a isca deve ficar presa ao anzol com um elástico mantendo assim o tatuí vivo. Utilizando esta isca diretamente no anzol, deve ser retirada a casca.

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3.6.4 SARNAMBI

Também conhecidas como amêijoas ou lambretas, são as conchinhas encontradas sob a superfície de praias com areia escura. Para capturá-las, basta dentro d’água afundar as mãos na areia e pegá-las. É fácil achar as conchinhas em todo o litoral brasileiro. Usar o sarnambi é simples, basta quebrar a conchinha e iscar o miolo no anzol.

3.6.5 SARDINHA

As espécies diferem de acordo com a região. Procure comprá-las frescas em peixarias e não em supermercados. Pode ser iscada em pedaços ou em filés. Para conservá-las, enrolamos em jornal e levamos ao congelador.

3.6.6 SIRI

Crustáceo muito comum no litoral brasileiro, utilizado como isca para várias espécies de peixe. Na hora do manuseio deve-se tomar cuidado com as garras capazes de provocar ferimentos.

Camarão Corrupto Tatuí Sarnambi Sardinha Siri

Fonte: http://www.guiapescadepraia.com.br

3.7 ACESSÓRIOS

Em complemento aos equipamentos essenciais à pesca, existe o que chamamos de “tralha” do pescador. A tralha e pescador são inseparáveis e, quase sempre, motivo de ciúmes por parte do pescador. Existem itens básicos que devem compor uma boa tralha que facilite a pesca de praia:

3.7.1 MALETA

Serve para transportar e organizar os pequenos itens como: chumbadas, anzóis, chicotes, carretéis, alicates, etc. Deve ser resistente e impermeável, para suportar o peso do equipamento e evitar a entrada de água e/ou maresia. A maleta deve ter o tamanho da tralha que se pretende transportar, porém é bem verdade que vale a pena adquirir logo

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uma maleta de médio a grande porte, pois a tralha que começa básica, rapidamente é ampliada e necessita de espaço.

MALETA DE PESCA

Fonte: http://www.guiapescadepraia.com.br

3.7.2 DESCANSOS

Também conhecidos como calões ou esperas, servem como suportes para as varas, deixando-as em posição adequada, além de resguardando os equipamentos de dois grandes inimigos: a água salgada e a areia. Podem ser confeccionados em PVC, alumínio ou combinação dos dois materiais. Normalmente, usa-se um descanso próximo a água para vara em ação e um descanso menor à retaguarda, próximo ao balde e ao restante dos equipamentos, para facilitar a retirada do peixe e recolocação das iscas ou troca do chicote, sem o risco de perder o material com o avanço de uma onda. Os descansos podem ser facilmente construídos pelo próprio pescador ou podem ser encontrados prontos nas lojas do ramo. O pescador inicinate deve procurar um descanso com altura e resistência suficientes para livrar o equipamento da água e suportar o tranco das ondas. Os canos de alumínio de pequena bitola devem ser evitados pois envergam e colocam em risco o material que, em caso de queda na areia da praia, necessitam de serem desmontados limpos e lubrificados, o que requer um serviço especializado. Descansos para praia com ondas fortes devem possuir um altura média de 1,80m, com cano de bitola de 1 ½ pol, a fim de não ter surpresas com a maré alta.

Com a evolução dos descansos, vieram os modelos com bandeja, também chamada de “secretária”, servem como apoio para cortar iscas, além de dar suporte a chumbos-reserva, tesouras, alicates, potinhos com iscas, etc. A secretária pode ser aberta ou em formato de caixa, em madeira, alumínio, inox ou plástico, conforme a preferência do pescador.

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DESCANSOS

Fonte: Autor

3.7.3 ALICATE/ TESOURA

Itens importantes na maleta do pescador, pois facilitam bastante algumas tarefas rotineiras da pescaria. São muitas as finalidades de emprego dos dois equipamentos, sendo que um não substitui o outro. O alicate é utilizado para retirar o anzol da boca do peixe, torcer um empate de aço, firmar um anzol na hora de amarrá-lo, quebrar o espinho de um bagre, etc. Existem alicates associados a balanças para manipular o peixe com segurança e pesá-lo também. Já a tesoura é usada para cortar linha, limpar e filetar um camarão, abrir a guelra de um peixe, etc. Existem tesouras com ponta longa, adaptadas para auxiliar a retirada do anzol engolido pelo peixe, sem a necessidade de abrir a guelra. Tanto o alicate quanto a tesoura devem ser de aço inox, para suportarem a oxidação decorrente da maresia.

Alicate de Pesca Tesoura Curta Tesoura Longa Alicate Balança

3.7.4 FACA

A faca do pescador deve ser resistente e estar sempre bem afiada, facilitando uma etapa, que nem todo pescador tem afinidade: limpar o peixe. Existem peixes de escamas firmes e barbatanas rígidas que dificultam o procedimento de limpeza. Uma faca que

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facilite o manuseio e auxilie a escamação do pescado é importante para não maltratar a carne e estragar o troféu da pescaria. Não existe uma faca específica para a pesca de praia, porém a qualidade do material definirá a durabilidade do equipamento. As facas de caça com serrilhas ou canivetes multiuso têm bastante adeptos entre os pescadores de praia.

Faca de Pesca Canivete de Pesca

3.7.5 PORTA ELASTRICOT

O Elastricot é um filamento de elastano produzido em Lycra pura, inventada pelas indústrias Du Pont, que é a elaboradora da maioria das fibras sintéticas existentes no mercado. O nome Elastricot vem do fato de que seu uso original é para amarrar pontos de crochet e tricot em trabalhos manuais. O Elastricot é utilizado para firmar a isca ao anzol, sendo fundamental para realizar longos arremessos com iscas naturais moles, sem que as mesmas caiam do anzol durante o movimento. A grande dificuldade do uso do Elastricot é o manuseio do filamento, uma vez que a ponta do fio se perde no carretel quando em contato com água. É para facilitar o desenrolar do fio que a maioria dos pescadores é vista com o porta elastricot pendurado no pescoço. O acessório produzido em plástico ou metal e possui uma abertura em sua lateral por onde o Elastricot é puxado, facilitando a vida do pescador na hora de amarrar suas iscas naturais. O truque para fazer a ponta do filamento passar pelo orifício do porta elastricot é inserir o carretel com um pouco do fio (1cm) desenrolado e soprar a estremidade aberta do tubo. A fluxo de ar deverá conduzir a ponta do fio pelo orifício do acessório. Provavelmente, o iniciante não consiga na primeira tentativa, porém não se trata de uma tarefa muito complicada, a não ser que o filamento esteja molhado, o que fará o fio colar na parede interna do tubo e o impedirá de sair pelo orifício.

Elastricot Porta Elastricot

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3.7.6 PORTA ANZÓIS

Organizar as pernadas (anzóis já empatados) dentro da maleta é uma tarefa que pode se tornar bastante simples quando se faz uso de um equipamento barato e prático: o tubo de PVC. O acessório pronto é encontrado no comércio especializado, porém até o pescador menos habilidoso pode confeccionar o seu próprio equipamento. Para tanto, é necessário um tubo de PVC com tamanho 5cm maior que o da pernada pretendida (sugere-se 45cm para pernadas de 40cm), uma ponteira de borracha com tamanho que encaixe no tubo, uma serra para abrir fendas no tubo e um estilete para fazer cortes na ponteira de borracha.

Fonte: http://www.guiapescadepraia.com.br

3.7.7 BONÉ/ÓCULOS/PROTETOR SOLAR

Uma boa pescaria, muitas vezes, distrai o pescador e o tempo passa despercebido, fazendo com que não se avalie a violenta exposição solar a que se está sujeito. Chegar em casa com os olhos vermelhos e a pele ardida acaba com todo o prazer do dia de pesca, além de predispor o pescador às enfermidades decorrentes da exposição prolongada à radiação solar ultravioleta.

Para uma proteção adequada, é importante o uso de chapéu ou boné, preferencialmente que cubra a região da nuca e pescoço; óculos polarizado, com proteção UV e protetor solar com fator de proteção compatível com o tipo de pele. Muitos pescadores utilizam também camisas leves, de mangas compridas e calças de tecido sintético. Caso a pescaria ocorra sobre arrecifes, é bom proteger também os pés dos ouriços e corais cortantes, utilizando calçados com solado antiderrapante.

Boné com Abas Óculos Polarizados Sapatilha para Pesca

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3.8 NÓS E CHICOTES

3.8.1 NÓS

Em qualquer que seja a pescaria, um aspecto técnico do qual o pescador não tem como fugir é a confecção de um nó, ainda que da forma mais simples. Os nós são utilizados principalmente para unir extremidades, como atar a linha aos anzóis ou em emendas, nas quais são atadas duas linhas. Ë certo que cada percador se adapta bem a um tipo de nó, porém existem algumas regras básicas para confeccionar um nó adequado à pescaria:

a) Não economize linha para eleborar o nó: a ecomonia insignificante pode causar prejuízo.

b) Use o nó correto para cada situação: são muitas as opções de nós que podem ser atados pelo pescador e cada um se adapta (ou tem um melhor desempenho) a uma situação especifica.

c) Evite atar linhas de diâmetros muito diferentes: atar linhas de diâmetros muito díspares dificulta bastante a execução do nó e, muitas vezes, compromete o seu resultado final. Caso seja necessário fazer isso, utilize um nó que se ajuste melhor à essa condição.

d) Observe cuidadosamente a ordem correta dos passos: existe uma ordem adequada para a execução de cada passo na hora de atar um nó. Puxar uma laçada no momento errado pode fazer com que o nó se arrebente quando tracionado.

e) Utilize a ponta não cortante de um alicate para segurar a linha e ajustar o nó.

f) Embora alguns não gostem dessa prática, muitos pescadores acreditam que lubrificar o nó com saliva melhora o seu desempenho e facilita o ajuste das laçadas.

g) Depois de atar o nó, apare bem as pontas da linha. Lembre-se que a linha só corre em nós mal dados. Portanto, se o nó tiver sido atado de forma correta, a linha pode ser cortada bem rente, sem maiores problemas.

h) Utilize um cortador de unhas para aparar a linha, pois é o instrumento que apresenta melhor desempenho na hora de se cortar linhas e aparar suas pontas.

i) Observe cuidadosamente o aspecto final do nó: nós com aspecto ruim, laçadas sobrepostas, e principalmente "mordidas na linha", devem ser cortados e refeitos.

j) Teste o seu nó antes de começar a pescar: muitas vezes o nó, embora apresente um ótimo aspecto visual, enfraquece a linha que pode arrebentar sem o menor esforço na fisgada do primeiro peixe. Puxando as partes unidas de forma moderada, o

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pescador pode descobrir se o nó enfraqueceu a linha ou não, tendo assim a chance de refazê-lo.

O iniciante deve testar alguns tipos de nós e veficicar o que mais atende a sua necessidade. A internet é um bom auxílio para explorar a imensa quantidade de nós e treinar passo-a-passo a sequência de elaboração do nó, pois disponibiliza a animação ou a filmagem dos procedimentos.

NÓS BÁSICOS PARA PESCA

Fonte: http://www.pescamadora.com.br

3.8.2 CHICOTES

Chamamos de chicote o conjunto que sustenta os anzóis e a chumbada, unindo-os ao arranque ou a linha principal por meio de um girador. Existe a venda chicotes prontos, porém a maioria dos pescadores de praia preferem produzir os próprios modelos, que além de mais baratos, possibilitam medidas e componentes personalizados. Existem chicotes de rotor único, de dois, três ou mais rotores. Os chicotes de praia, normalmente são de dois e de três rotores, sendo este último o mais utilizado.

Para montar um chicote de praia rotores é necessário ter em mãos: linha monofilamento, giradores, rotores, miçangas e snap/presilha. O tamanho do chicote, a distância entre os rotores e o comprimento das pernadas são ao gosto do pescador e dependerá de uma série de fatores, desde a espécie de peixe procurada e seus hábitos, até o perfil da praia e a isca usada. No entanto, um chicote tradicional, que pode ser utilizado em diversas situações e tipos de praia pode ser montado com a seguinte composição:

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a) 1,50m de linha monofilamento de 60mm;

b) Três rotores duplos;

c) Seis miçangas pequenas;

d) Dois giradores; e

e) Um snap ou presilha.

Obs.: para esse chicote, a distância entre os rotores é de 40 cm e determina o comprimento da primeira e da segunda pernada, a fim de evitar o enrosco, porém a pernada próxima à chumbada pode ser de um maior tamanho, aumentando, assim, o raio de ação da isca que fica perto do chão.

CHICOTE DE PRAIA

Fonte: Adaptado de http://www.guiapescadepraia.com.br

3.9 TÁTICAS E TÉCNICAS

3.9.1 ESCOLHA DO EQUIPAMENTO

A escolha do equipamento irá depender do tipo de pesca que se pretende executar. É comum o iniciante ficar decepcionado porque tem expectativa pouco realistas e, com receio de perder peixes grandes que praticamente não existem no lugar, emprega material superdimensionado. Para facilitar a indicação dos equipamentos, podemos dividir a pesca de praia em três tipos, de acordo com o maior ou o menor tamanho, peso e capacidade de carga do equipamento e o porte dos peixes visados:

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a) Barra Leve

Peixes visados: pequenos, em média 100 gramas, podendo variar para mais ou para menos, tais como betaras (papa-terra), pescadinhas, pampos galhudos, cocorocas, capapebas, carapicus, salemas, etc.

Equipamento: Varas leves e sensíveis de até 3 m, com molinetes pequenos para equilibrar o conjunto. Deve-se utilizar linhas de 0,15 mm a 0,20 mm e anzóis abaixo da numeração 8, considerando a escala crescente.

b) Barra Média

Peixes visados: tamanho médio de até 2 kg, variando também para mais ou para menos, como : ubaranas, pampos, bagres, robalos, parus, pescadas, xareletes, etc.

Equipamento: Varas de ação rápida, tamanho em torno de 3,90 m, com molinetes médios que comportem uma boa capacidade de linha, adequada a longos arremessos. Deve-se utilizar linhas com espessura em torno de 30 mm e anzóis com numeração 10 a 14, considerando a escala crescente.

c) Barra Pesada:

Peixes visados: tamanho superior a 5 kg, porém não exclui peixes menos pesados. Exemplos: arraias, cações, pampos e robalos adultos, bagres grandes, xaréus, etc.

Equipamento: Varas fortes e firmes, entre 3,90 e 4,5m, com molinetes grandes que comportem uma boa capacidade de linha de espessa. Deve-se utilizar linhas com espessura em torno de 50 mm e anzóis com numeração superiores a 14, considerando a escala crescente.

3.9.2 MONTAGEM DO EQUIPAMENTO

Para facilitar o transporte da tralha, montagem do equipamento deve ser feita já na região escolhida para realizar a pesca. 1° passo - Deve-se posicionar o descanso, cravando-o na areia até que fique firme e suporte o peso do equipamento e um possível tranco de uma fisgada. Ao posicionar o descanso, leve em consideração o avanço ou o recuo da maré, não é raro o pescador que já perdeu seu equipamento ou mesmo teve o descanso derrubado por uma onda inesperada. Existem várias técnicas de fixar o descanso na areia, uma das mais fáceis é movimentá-lo em vai-e-vem no sentido

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transversal a linha d’água. O próprio movimento da areia molhada se encarrega de afundá-lo e firmá-lo.

2° passo - Monte a vara e o molinete longe da água e da areia, pois o descuido de uma queda pode danificá-los, principalmente as partes móveis e engrenagens do molinete. Primeiramente, monte as partes que compõem a vara, alinhando os passadores e o reel seat. Em seguida, prenda o molinete, solte a ponta da linha e passe-a por baixo da roldana do pick-up. Deve-se passar a linha por dentro dos passadores até chegar à ponteira, mantendo o cuidado de não laçar nenhum passador ou contornar a estrutura da vara, pois só durante o arremesso é que será percebido o descuido, ocasião em que a linha se rompe, devido à tensão imposta e se ouve um forte estalo. Para manter a linha friccionada, evitando enrosco nos passadores e cabeleira no carretel segure-a pela extremidade e puxe-a, soltando um pouco o freio do molinete, tanto quanto necessário para não forçar o freio e nem liberar linha demais. Após atravessar a linha por todos os passadores e contornar a ponteira, retorne-a no sentido contrário e faça um nó de laçada duplo na extremidade da linha, coloque um girador e prenda-o na manivela do molinete para pegar o chicote que deverá ser adicionado ao girador. 3° passo Coloque a vara no descanso auxiliar e prenda o chicote, já com a chumbada escolhida, neste ponto o equipamento estará montado e pronto para receber as pernadas com os anzóis. Escolha sempre os anzóis maiores (um ou dois) para as posições superiores do chicote e os menores para as posições inferiores, pois os peixes maiores tendem a comer um pouco mais acima da superfície que os menores. Para fixar a pernada ao rotor deve-se fazer um nó de laçada na pernada e envolver o aro do rotor laçando-o por dentro. Colocadas as pernadas, agora é só iscar os anzóis e o equipamento estará pronto para o arremesso.

3.9.3 ESCOLHA E POSICIONAMENTO DAS ISCAS

Para aumentar as chances de obter um melhor resultado na pescaria, ao escolher a isca, o pescador deve considerar o hábito alimentar dos peixes existentes na região em que vai realizar a pesca. Em situações que desconhecemos os peixes existentes no local da pesca, recomenda-se utilizar as iscas mais tradicionais: camarão e corrupto, as quais fazem parte do cardápio de uma grande variedade de peixes. Com a rotina de pesca em um mesmo local, o pescador pode variar os tipos de isca e tende a conhecer as espécies de peixe da região e seus costumes alimentares, inclusive com as variações decorrentes da climatologia e das mudanças de marés.

As iscas devem ser posicionadas no chicote de acordo com os níveis de profundidade que cada peixe costuma comer. Sabe-se, em regra geral, que os peixes menores, os bagres e as arraias comem no fundo, por isso, os menores anzóis e as iscas direcionadas para esses tipos de peixes devem estar posicionados no rotor de baixo, próximo à chumbada. Os peixes de maior porte e os de cardume costumam comer a meia-água, sendo fisgados, na maioria das vezes, no anzol do meio ou no de cima. Desta maneira, para aumentar as chances de fisgar um exemplar de maior tamanho, posicione,

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sempre, o maior anzol e a maior isca no rotor superior. Caso a intenção seja fisgar peixes pequenos, diminua os espaçamentos entre os rotores, de forma que a diferença de distância entre o rotor superior e o inferior não seja significante, mantendo as iscas na mesma região que os peixes pequenos comem.

3.9.4 ARREMESSO (CASTING)

Uma das grandes dificuldades do iniciante na modalidade é formar seu estilo e ganhar confiança nos arremessos. Através de seguidas e inúmeras repetições, cada pescador irá chegar ao seu modelo de arremesso ideal. Inicialmente, devemos prezar pela simplicidade do arremesso, sem colocar potência na vara e nem dar passadas para efetuar o lance.

Há alguns estilos, cada deve adotar o seu e, com muito treino e dedicação, consegue-se chegar a um "casting" preciso, correto, alinhado. Para os iniciantes vamos relacionar dois tipos básicos que funcionam bem.

ARREMESSO LATERAL - Este tipo de lançamento é muito utilizado pelos pescadores de surfcasting, o lançamento é executado com o balanço de todo o corpo e não unicamente pelos braços. Passa-se a vara por cima da cabeça e girando todo o corpo posicionando-o na mesma posição da cana. Ao efetuar-se o lançamento gira-se o corpo para a posição frontal impulsionando o lançamento com a perna de apoio. Pode-se igualmente tomar um ligeiro balanço e aumentar a distância do arremesso.

Fonte: http://www.pesca-pt.com

ARREMESSO POR CIMA - É um lançamento de precisão, se bem que com uma boa pratica se podem alcançar lançamentos superiores a 80 metros. Deve-se posicionar com uma ligeira flexão de pernas, com uma delas adiantada, coloca-se uma mão junto ao molinete e a outra criando o maior angulo possível entre ambos os braços. Passa-se a vara de pesca por cima da cabeça e unicamente com o movimento dos braços lança-se. Depois de dominada esta técnica, pode-se dar uns passos atrás da linha de lançamento permitindo obter mais alguns metros.

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Fonte: http://www.pesca-pt.com

3.9.5 TRABALHANDO O PEIXE

Não é raro conhecer relatos de pescadores que retiraram da água peixes com peso muito superior à resistência nominal da linha utilizada; história de pescador? Negativo. É preciso trabalhar o peixe. A tensão nominal da linha é calculada pelo fabricante com base em testes realizados com equipamentos que tencionam a linha até a ruptura. Sabe-se, no entanto, que o peixe não tenciona a linha de forma mecânica e constante, além de estar imerso em um fluido que diminui bastante a força gravitacional, o que, consequentemente, reduz o peso do animal. A linha de nylon não é preparada para aguentar trancos e nem aquecimento por ficção. Faça um teste: tente quebrar uma linha fina (.20 mm) esticando-a e, em seguida, tente partir a mesma linha em um só movimento de tranco ou raspando-a em uma borda de madeira. A conclusão será óbvia: é muito mais difícil romper a linha tentando esticá-la. Esse é o grande segredo para trabalhar o peixe: saber a medida certa da ficção do molinete, mantendo a linha esticada, porém sem tencioná-la ao ponto de ruptura e saber a hora exata em que o peixe começou a cansar, a fim de recolher a linha e puxá-lo para a areia.

Trabalhar o peixe é o item que mais requer experiência do pescador. Apenas perdendo alguns exemplares fisgados é que o iniciante vai entender aonde foi que errou e corrigir a ação, para jamais repetir a imperícia. Após o arremesso, nunca deixe a vara no descanso com o freio do molinete totalmente travado, pois um peixe de bom tamanho poderá facilmente partir a linha pelo tranco. Com a linha livre, o peixe fisgado vai se esforçar para arrastá-la mar a dentro, começando aí a boa briga peixe x pescador.

3.10 LIMPEZA E CONSERVAÇÃO

Os materiais que compõem os equipamentos de pesca estão cada vez mais resistentes à corrosão, porém sabemos que é quase impossível evitar o desgaste decorrente do contato com o sal marinho, extremamente oxidante. A limpeza da tralha é, com certeza, a etapa menos prazerosa da pescaria, porém com alguns cuidados básicos o

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pescador pode ampliar a vida útil de seus equipamentos e acessórios que, convenhamos, apresentam um custo bastante elevado e merecem a devida conservação.

Um dos maiores erros que os pescadores cometem durante a limpeza de seu equipamento é mergulhar o molinete em um balde ou colocá-lo embaixo de uma torneira. Tal ação permite que a água penetre nas engrenagens e rolamentos do molinete, permanecendo no interior do equipamento, não importando que o pescador tente enxugá-lo ao máximo. A água, mesmo doce, é um excelente agente de oxidação que, aliada aos componentes químicos de tratamento como o cloro e o flúor, dará início a um processo irreversível de corrosão interna, a menos que o molinete seja desmontado e seu interior lubrificado, atividade um tanto complexa até para os mais experientes.

Para efetuar uma limpeza adequada e garantir vida longa aos seus equipamentos, o pescador, recomenda-se ao pescador os seguintes procedimentos pós-pesca:

a) Lave o mais rápido possível a vara e o descanso em água doce corrente, a fim de retirar a areia e os resíduos de sal que ficam acumulados nos equipamentos e, com o tempo, corroem a pintura e os passadores. Em seguida enxugue-os com um pano seco ou ponha-os para secar ao sol. Não vale a pena lavar e guardar anzóis e pernadas. Procure descartá-los em local seguro para que não causem acidentes. Recomendo colocar os anzóis em um pequeno pote com areia, onde eles deverão enferrujar e dissolver com o tempo;

b) Encha um balde de água e faça um pouco de espuma com sabão neutro. Nele coloque o carretel do molinete e os pequenos acessórios como tesoura, alicate e faca, que tiveram contato com a água salgada. Cuidado ao retirar o carretel do molinete, pois existe o risco de perder pequenas peças (catracas e arruelas) que se despendem do eixo e grudam no interior do carretel. Deixe-os em molho por 10 minutos para retirar todo o sal impregnado na linha, nos encaixes e parafusos. Em seguida enxugue-os com um pano seco e lubrifique com um antiferrugem;

c) Limpe o corpo do molinete com um pano úmido e borrife antiferrugem nas junções e no eixo. Não jogue antiferrugem no orifício de acesso aos rolamentos, pois esse tipo de produto elimina a graxa existente nas engrenagens. No referido orifício, aplique apenas, esporadicamente, um óleo fino (máquina de costura) para lubrificar os rolamentos; e

d) Guarde os equipamentos já limpos em local sem umidade, caso isso não seja possível, coloque no ambiente um pote de removedor de umidade para armários, a venda na maioria dos supermercados.

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4 A PRAIA

Observar as condições da praia é uma atividade prévia à pescaria e deve ser bastante ponderada pelo pescador que não deseja ter surpresas desagradáveis como: marés sujas, ventos intensos, excesso de algas e outros fatores que possam inviabilizar a pescaria.

Quanto ao tipo, existem basicamente dois tipos de praias: as de tombo e as rasas. As praias de tombo são aquelas em que a profundidade aumenta rapidamente, logo no início, com pouca sequência de ondas. Isto dá certa vantagem ao pescador no arremesso, principalmente para espécies que procuram profundidade. As praias rasas caracterizam-se por ter sua profundidade aumentando aos poucos, e por apresentar uma série de ondas que vão gerar canais ou valas, onde o pescador tem de identificar em quais destes canais correm os peixes.

A identificação dos canais por onde passam os peixes é necessária e muito simples. Uma simples visualização do movimento das ondas, vendo onde ela ganha volume, momentos antes de quebrar, identifica a localização dos canais. Nestes pontos, já identificados, é que a isca deve ser jogada, testando-se um a um cada canal.

Existem controvérsias, porém a maré que normalmente propicia melhores resultados para a pesca de praia é a cheia (enchente). Isto porque é neste momento que começa a movimentação de todos os seres que vivem sob a areia e que são alimento natural dos peixes que, sabendo disso, aproximam-se mais. A fase da lua ideal para pesca também é bastante controversa entre os pescadores, porém a sua influência na intensidade das marés é incontestável. Alguns preferem a lua crescente e outros a lua minguante. As luas cheias e novas dividem mais ainda as opiniões, portanto pesque em qualquer lua e forme sua própria opinião. Recomenda-se, no entanto, consultar a tábua das marés antes de programar uma pescaria, em virtude da faixa de areia disponível para montar os equipamentos. (http://www.mar.mil.br/dhn/chm/tabuas/index.htm).

Durante o inverno, a tendência é a diminuição da quantidade de peixes, pois a temperatura da água influencia bastante a movimentação dos peixes. A maioria das espécies se afasta do litoral com o esfriamento das águas, procurando as correntes mais aquecidas. As melhores épocas do ano são entre os meses de novembro a março/abril, quando a água ainda está quente.

5 O PEIXE

Conhecer o peixe, seus hábitos e costumes alimentares é requisito que o pescador adquire com a prática. Na pesca de praia os espécimes variam de acordo com a região do país, tipo de praia e climatologia. Em uma mesma praia os peixes podem variar de acordo com a maré, temperatura da água, transparência, correnteza e período do dia.

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Existem alguns tipos de peixes que requerem um maior cuidado por parte do pescador iniciante. Dois deles possuem um veneno termo termolábil que causa uma dor insuportável: a arraia e o bagre. A arraia possui um ferrão na cauda e o bagre apresenta três ferrões, sendo um dorsal e dois nas barbatanas laterais. No caso de acidentes, é importante saber que o veneno termolábil de decompõe com o calor e, por isso, deve-se colocar o membro perfurado em água morna para diminuir os efeitos. No entanto, se o acidente for grave ou a pessoa apresentar alergias, é necessário removê-la para um pronto-socorro mais próximo. O baiacu não injeta veneno por meio de ferrão, porém possui uma neurotoxina (tetrodoxina) produzida nas vísceras do peixe. Existem os que se arriscam a limpar e comer o baiacu, principalmente os japoneses, porém existe um elevado perigo de contaminação da carne do peixe durante a retirada das vísceras. O envenenamento por baiacu causa cerca de cinquenta mortes/ano no Japão, correspondendo a letalidade de metade dos casos de envenenamento registrados. O primeiro sintoma do envenenamento por tetrodoxina é uma dormência/paralisação dos lábios e da língua, que aparece entre 20 minutos a 3 horas depois da ingestão do baiacu. O tratamento do paciente consiste em suporte ventilatório e monitoramento das condições vitais. Lavagem gástrica precoce e manutenção da pressão sangüínea são indicadas. Não há antitoxina específica.

Seria muita pretensão listar as quase duas mil espécies de peixe encontradas nas praias brasileiras, porém serão apresentados três exemplares que ocorrem em todo litoral brasileiro e que são verdadeiros troféus da pescaria de praia. Combinam boa briga à qualidade e sabor da carne. Na internet, existem vários catálogos de peixes de água salgada, para consulta por parte do pescador iniciante (ver bibliografia).

PAMPO (Trachinotus carolinus)

CARACTERÍSTICAS Peixe de escamas finas com corpo alto, arredondado e comprimido. Coloração do dorso é azulada ou esverdeada e a do ventre prateada ou amarelada.

TAMANHO Alcança 50 cm de comprimento e até 5 Kg de peso

HABITAT Locais próximos à formações rochosas e praias na região em que as ondas estouram, em águas rasas ou profundas.

ALIMENTAÇÃO Crustáceos, moluscos e pequenos peixes.

HÁBITOS Jovens costumam formar cardumes, já os adultos são solitários.

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5.8 XARÉU (Caranx hippos)

CARACTERÍSTICAS

Peixe de escamas com corpo ovalado e comprimido, cabeça volumosa e alta. Focinho arredondado, olhos relativamente grandes. Coloração é verde-azulada no dorso, os flancos são prateados com nuances douradas e o ventre amarelado.

TAMANHO Alcança mais de 1 m de comprimento total e cerca de 25 Kg.

HABITAT

Oceânico, ilhas costeiras e parcéis, porém também podem ser encontrados em regiões de estuário, canais, bocas de barras, costeiras e regiões de mangue, tanto na superfície como no fundo. Grandes exemplares são encontrados em mar aberto.

ALIMENTAÇÃO Pequenos peixes, como paratis e tainha, assim como camarões e outros invertebrados.

HÁBITOS Predador diurno. Nadam em cardumes. Migrador e um predador voraz. Os grandes adultos são solitários.

5.3 ROBALO (Centropomus undecimalis)

CARACTERÍSTICAS Peixe de escamas também conhecido como camurim. Corpo com formato alongado, comprimido, boca ampla com mandíbula inferior saliente. Coloração do dorso acinzentada com reflexos esverdeados e o ventre esbranquiçado.

TAMANHO Alcança 1,2 m de comprimento total e 25 kg.

HABITAT Regiões costeiras e estuarianas, águas salgadas e salobras, ilhas, rios, canais, manguezais e baías.

ALIMENTAÇÃO Carnívoro voraz, alimentando-se de pequenos peixes e crustáceos, especialmente camarões e caranguejos.

HÁBITOS Sobe os rios para desovar. Gostam de águas calmas, barrentas e sombreadas, e ficam próximos ao fundo.

Fontes: http://www.vivaterra.org.br e http://www.fishbase.org

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6 O ATLETA PESCADOR

A pesca esportiva é uma das atividades mais praticadas em todo mundo, envolvendo uma série de serviços relacionados ao setor turístico. No Brasil, a pesca amadora perde apenas para o futebol em número de praticantes, porém as políticas governamentais no setor não exploram adequadamente toda essa potencialidade de geração de renda e desenvolvimento.

Para o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente - IBAMA, a pesca amadora é a realizada por lazer ou desporto, sem finalidade comercial e necessita de licença. Atualmente, o Ministério da Pesca e Aquicultura é o órgão governamental que regulamenta a pesca amadora e promete novas e inovadoras políticas para o setor. O MPA passou a disponibilizar, via internet, a Licença para Pesca Amadora que é válida por um ano em todo território nacional e, uma vez licenciado, o pescador pode pescar em qualquer região do país, não havendo necessidade de pagamento da licença estadual. Também o novo sistema passou a emitir a licença para as pessoas isentas do pagamento da taxa, ou seja, aposentados, homens com mais de 65 anos e mulheres com mais de 60 anos.

Ao depararem-se com os pescadores mais idosos e com os fora do peso, muitos tendem a ironizar o termo “atleta pescador”, porém a CBPDS - CONFEDERAÇÃO BRASILEIRA DE PESCA E DESPORTOS SUBAQUÁTICOS é reconhecida oficialmente como a Entidade Federal de Administração da Pesca e do Mergulho no Brasil. Nessa condição é também reconhecida pelo COB (Comitê Olímpico Brasileiro). Para os atletas associados aos clubes de pesca filiados, a CBPDS emite uma carteira que é a identidade nacional do atleta amador

7 PESCARIA E PRESERVAÇÃO

7.1 LICENÇA DE PESCA

O exercício de toda e qualquer atividade pesqueira, só é permitida com a autorização do órgão competente, no caso, o Ministério da Pesca e Aquicultura. Para o exercício da Pesca Amadora o praticante deverá estar de posse da “Licença da Pesca Amadora”, documento este que autoriza o exercício da atividade, e que deve ser apresentada a fiscalização.

Com a promulgação da Lei 11.959, de 29 de junho de 2009, a emissão da Licença da Pesca Amadora, antes do IBAMA, passou a ser de competência do Ministério da Pesca e Aquicultura – MPA, que agora disponibiliza este serviço em meio on line. A Licença para Pesca Amadora do MPA é válida por 1(um) ano em todo território nacional e, uma vez licenciado, o pescador pode pescar em qualquer região do país, não havendo necessidade

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de pagamento da licença estadual. No entanto, as normas estaduais devem ser respeitadas quando forem mais restritivas do que a norma federal. O limite de cota de captura e transporte federal de pescado por pescador é de 10 kg mais um exemplar para águas continentais e 15 kg mais um exemplar para águas marinhas e estuarinas.

Estão dispensados da “Licença para a Pesca Amadora”:

a) Os pescadores amadores desembarcados que utilizarem, individualmente, linha de mão ou vara, linha e anzol;

b) Os menores de 18 anos, sem direito a cota de captura e transporte de pescado; c) Os maiores de 65 anos (homens) e 60 anos (mulheres); e d) Os aposentados.

7.2 CONSCIÊNCIA AMBIENTAL

O pescador, mais que qualquer outro esportista, tem por obrigação defender a natureza e promover a conscientização ambiental: “sem o peixe não existe pescaria”. É unânime a opinião, principalmente dos mais antigos pescadores, que a quantidade e a variedade de peixes têm diminuído significativamente. Os relatos de boas brigas, com grandes exemplares, têm cada vez mais se tornado histórias do passado. O desenvolvimento urbano traz conforto e benefícios ao homem, porém, à custa de um preço muito elevado a ser pago pela natureza. A exploração imobiliária, a poluição, a depredação das matas e principalmente a pesca predatória sem limites, com redes e espinhéis depredam o litoral de norte a sul do Brasil. Já é bastante difícil fiscalizar e combater esses inúmeros agentes da depredação ambiental, portanto não é concebível que nós, pescadores, ajudemos a destruir o nosso bem maior, local de bons momentos de divertimento, recreação e lazer.

O pescador consciente deve deixar a praia, no mínimo, mais limpa que encontrou na chegada e contribuir com ações simples, porém grandiosas para a natureza:

1) Seja consciente, não promova a pesca predatória e indiscriminada;

2) Seja generoso, solte os pequenos exemplares, sempre que possível;

3) Seja comedido, leve para casa, apenas a quantidade de peixe para o seu consumo próprio;

4) Seja racional, não se vingue nos peixes, ferindo e matando os espécimes que não tem valor e roubaram sua isca;

5) Seja honesto, respeite os períodos de defeso e o tamanho mínimo de espécies ameaçadas;

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6) Seja proativo, não transfira para o governo ou para o pescador vizinho sua parcela de responsabilidade na fiscalização, denuncie, chame a atenção, oriente, não se omita; e

7) Seja altruísta, recolha sempre o seu lixo, porém olhe também para o lado. Colabore, faça um pouco mais que a sua parte.

“Se cada um pensar não na pesca de hoje, mas na de amanhã, a dos nossos filhos, com certeza contribuiremos para a preservaç ão da água e dos peixes”

(http://www.aripescaria.com.br)

8 REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS E COLABORADORES

8.1 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

PUBLICAÇÕES:

FUKUMOTO, Sílvio. Noções Gerais da Pesca de Arremesso . Editora Zillig, 1987.

SITES:

http://www.clupere.com

http://www.bassonline.com.br

http://www.pesquesolte.com.br

http://www.mundodapesca.com.br

http://www.pesca-pt.com

http://www.pescamadora.com.br

http://www.guiapescadepraia

http://www.pescadepraia.com

http://www.custombymarco.com.br

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http://www.nippobrasil.com.br

http://www.pescadepraiabrasil.com.br

http://www.vivaterra.org.br

http://www.aripescaria.com.br

http://www.fishbase.org

http://www.mpa.gov.br

http://www.cbpds.com.br

http://equipeprejereba.blogspot.com.br

8.2 COLABORADORES

Hélio Donato (Presidente do CLUPERE)

Petrônio Soares (Vice-presidente do CLUPERE)

Sávio Scorel (Diretor de Esportes do CLUPERE)

“A pesca é uma das atividades mais antigas desempenhadas pelo homem.

A briga entre o peixe e o pescador atravessou séculos de história. Merece,

portanto, ser justa e tratada com respeito por parte do oponente que foi, por

Deus, presenteado com o dom da inteligência”.

Norman de Morais Dantas – Pescador Amador