manual aba autismo lovaas

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ENSINANDO INDIVÍDUOS COM ATRASOS DE DESENVOLVIMENTO TÉCNICAS BÁSICAS DE INTERVENÇÃO O Ivar Lovaas com Andrew Bondy Greg Buch Howard G. Cohen Kathryn Dobel Svein Eikeseth Lori Frost Ronald Huff Eric V. Larsson Nina W. Lovaas Gary S. Mayerson Tristam Smith Valerie Vanaman Jaqueline Wynn 8700 Shoal Creek Boulevard Austin, Texas 78757-6897 800/897-3202 Faz 8000/397-7633 www.proedinc.com

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  • ENSINANDO INDIVDUOS COM ATRASOS DE DESENVOLVIMENTO

    TCNICAS BSICAS DE INTERVENO

    O Ivar Lovaas

    com Andrew Bondy

    Greg Buch Howard G. Cohen

    Kathryn Dobel Svein Eikeseth

    Lori Frost Ronald Huff

    Eric V. Larsson Nina W. Lovaas

    Gary S. Mayerson Tristam Smith

    Valerie Vanaman Jaqueline Wynn

    8700 Shoal Creek Boulevard Austin, Texas 78757-6897

    800/897-3202 Faz 8000/397-7633 www.proedinc.com

  • 2003 por PRO-ED, Inc. 8700 Shoal Creek Boulevard Austin, Texas 78757-6897 800/897-3202 Faz 8000/397-7633 www.proedinc.com Todos os direitos reservados. nenhuma parte do material protegido por este aviso de direitos autorais pode ser reproduzida ou utilizada de qualquer forma ou por quaisquer meios, eletrnicos ou mecnicos, incluindo fotocpia, gravao, ou por quaisquer sistemas de armazenamento e recuperao de informaes, sem prvia permisso por escrito do proprietrio dos direitos autorais. AVISO: PRO-ED concede permisso ao usurio deste livro a realizao de cpias do Apndice 33.1 (pp. 323-325) para finalidades de ensino ou clnicas. A duplicao para uso comercial proibida.

    Biblioteca de Dados de Catalogao em Publicao de Congresso

    Lovaas, O. Ivar (Ole Ivar), 1927- Ensinando Indivduos com atrasos de desenvolvimento: tcnicas bsicas de interveno/ O;. Ivar Lovaas. p. cm. Inclui referncias bibliogrficas ISBN 0-89079-889-3 1. Crianas Autistas - Educao. 2. Crianas com incapacidades de desenvolvimento - Educao. I. Ttulo

    LC4717.L68 2002 371.94- dc21 2001048762 Este livro foi diagramado em Goudy, American Typewriter e Frutiger Impresso nos Estados Unidos da Amrica

  • Este manual dedicado a todos os pais de

    criana com atrasos de desenvolvimento em

    reconhecimento dos pesados fardos que

    estes carregam e o modelo que estes

    representam para que todos os pais sigam.

  • Muitas pedras preciosas do mais puro raio sereno,

    trazem a escurido das inexploradas cavernas do oceano.

    Muitas flores nascem para desabrochar desapercebidas,

    e espalham sua doura no ar do deserto.

    - Thomas Gray, Elegy

  • v

    SUMRIO

    Colaboradores ................................................................................................... xix

    Introduo ........................................................................................................... xx

    Seo 1: Conceitos Bsicos ............................................................................... 1

    Captulo 1 - Diagnsticos, Atrasos de Desenvolvimento, Excessos

    Comportamentais e Comportamentos Tpicos .................................................. 2

    Captulo 2 - O Modelo de Continuidade: Alternativas aos diagnsticos ....... 12

    Captulo 3 - Avaliao de Tratamento Comportamental ................................. 33

    Captulo 4 - Passos Preparatrios .................................................................... 51

    Captulo 5 - Exploses de Raiva Excessivas e Comportamentos de auto-

    mutilao ............................................................................................................. 64

    Captulo 6 - Comportamento Auto-Estimulante ............................................... 73

    Captulo 7 - Problemas Motivacionais .............................................................. 83

    Captulo 8 - Problemas de Ateno ................................................................ 101

    Seo 2: Transio para Tratamento .............................................................. 107

    Captulo 9 - Estabelecimento da Cooperao e Reduo das Exploses de

    Raiva .................................................................................................................. 108

    Captulo 10 - Resumo dos Passos de Tratamento Bsico ............................ 138

    Captulo 11 - Introduo Combinao e Imitao ...................................... 167

    Captulo 12 - Combinando e Ordenando ........................................................ 173

    Captulo 13 - Imitao No Verbal ................................................................... 197

    Captulo 14 - Introduo a Programas de Linguagem ................................... 248

    Captulo 15 - Linguagem Receptiva Inicial ..................................................... 260

    Seo 3: Conceitos de Aprendizagem Inicial ................................................ 283

  • vi

    Captulo 16 - Aprendizagem de Diferenciao ............................................... 284

    Captulo 17 - Identificao Receptiva de Objetos .......................................... 318

    Captulo 18 - Identificao Receptiva de Comportamentos ......................... 334

    Captulo 19 - Habilidade de Entretenimentos Iniciais ................................... 346

    Captulo 20 - Artes e Trabalhos Manuais ....................................................... 381

    Captulo 21 - Habilidades de Auto-Ajuda ....................................................... 421

    Seo 4: Linguagem Expressiva .................................................................... 471

    Captulo 22 - Imitao Verbal .......................................................................... 472

    Captulo 23 - Identificao Expressiva de Objetos ........................................ 536

    Captulo 24 - Identificao Expressiva de Comportamentos ....................... 546

    Captulo 25 - Linguagem Abstrata Inicial: Ensinando Cores, Formas e

    Tamanhos ......................................................................................................... 554

    Captulo 26 - Gramtica Inicial: Eu Quero, Eu Vejo, Eu Tenho .................... 587

    Captulo 27 - Preposies................................................................................ 607

    Captulo 28 - Emoes ..................................................................................... 627

    Seo 5: Estratgias para Aprendizes Visuais ............................................. 647

    Captulo 29 - Leitura e Escrita: Uma Breve Introduo ................................. 648

    Captulo 30 - Estratgias de Comunicao para Aprendizes Visuais .......... 690

    Seo 6: Consideraes Programticas ........................................................ 723

    Captulo 31 - Manuteno dos Ganhos de Tratamento ................................. 724

    Captulo 32 - Envolvimento dos Pais no Tratamento .................................... 732

    Captulo 33 - Coleta de Dados ......................................................................... 745

    Captulo 34 - Consideraes na Seleo de Consultores em Programas

    Baseados em Casa ........................................................................................... 763

    Captulo 35 - Problemas Comuns no Ensino ................................................. 776

  • vii

    Seo 6: Questes Organizacionais e Legais ............................................... 810

    Captulo 36 - Estratgia para Criao de Uma Organizao de Apoio de Pais

    de Interveno Inicial ....................................................................................... 811

    Captulo 37 - Obteno de uma Educao Pblica Adequada e Gratuita para

    Crianas Autistas ou com Desordens de Desenvolvimento Pervasivo com

    Idade Pr Escolar ............................................................................................. 837

    Captulo 38 - Notas da Vanguarda: A Onda Atual no Litgio de ABA .......... 838

    Captulo 39 - Construo de Pirmide: Parceria como uma Alternativa

    Litigao ............................................................................................................ 839

    Captulo 40 - Comentrios Esclarecedores sobre o Projeto Autismo Jovem

    da UCLA ............................................................................................................ 840

    Anexo A - Um Dia Tpico ................................................................................. 898

  • viii

    Prefcio

    Indivduos so avaliados em vrias dimenses, incluindo desenvolvimento

    emocional, habilidades sociais, conquistas educacionais, e habilidades

    lingsticas. Dentro da psicologia comportamental, o ramo da psicologia que forma

    a fundao deste manual, tais dimenses so denominadas como

    comportamentos. A psicologia comportamental, dessa forma, avalia tais conjuntos

    observveis como comportamentos intelectuais, comportamentos emocionais,

    comportamentos sociais, comportamentos educacionais, comportamentos

    lingsticos, comportamentos agressivos, comportamentos ocupacionais e

    comportamentos de auto-ajuda.

    Na medida em que comportamentos podem ser observados, eles tambm

    podem ser separados e medidos com objetividade. Este fator essencial para

    avaliar se um cliente est se aperfeioando, estagnado ou regredindo. Fica

    aparente quo complexo e rico o tema do comportamento quando algum tenta

    ensinar ou alterar comportamentos conforme descrito neste manual. Qualquer um

    dos comportamentos mencionados, tais como linguagem, pode ser fragmentado

    em um grande nmero de comportamentos diferentes, produzindo medies mais

    precisas e exigindo tipos de tratamentos diferentes. Na medida em que ns

    possamos medir com preciso e objetividade comportamentos, podemos utilizar

    mtodos cientficos para solucionar os problemas de pessoas que necessitam de

    ajuda. Sem metodologia cientfica, nenhuma ajuda significativa pode ser prestada.

    Geralmente reconhecido que o comportamento humano um produto de

    uma composio biolgica, bem como a exposio a um ambiente em particular

    durante o desenvolvimento. Duas pessoas nunca possuem sistemas nervosos

    exatamente iguais, mas cada um possui uma complexidade enorme. Da mesma

    forma, os ambientes de duas pessoas nunca so exatamente iguais, apesar de

    elas serem igualmente complexas. Considerando tal intrincada complexidade,

    existe uma ampla oportunidade de tomar o caminho errado em relao ao

    desenvolvimento comportamental.

  • ix

    Quase todos os pais se preocupam em ajudar seus filhos a se

    desenvolverem em adultos felizes e produtivos. Mesmo antes de a criana nascer,

    os pais freqentemente se perguntam sobre a composio gentica. Eles podem

    ser preocupar se existem ocorrncias familiares de retardos mentais,

    esquizofrenia ou alcoolismo que possam ser potencialmente problemticos para a

    criana ainda no nascida. Durante a gravidez, a pessoa pode ficar preocupada

    em relao manuteno de uma dieta adequada e evitar stress, ser fumante

    passiva, lcool, vacinas e medicamentos que possam apresentar efeitos deletrios

    ao feto. Aps o nascimento da criana, uma pessoa pode ficar preocupada se a

    criana comeou a respirar suficientemente rpido aps o nascimento e recebeu

    um suprimento adequado de oxignio.

    Os primeiros dias aps o nascimento proporcionam inmeras oportunidades

    para a apreenso contnua: O beb est recebendo leite adequado? Este est

    sendo segurado corretamente? O beb dorme demais ou dorme muito pouco? A

    defecao e mico esto segundo o previsto? Existem tambm febres,

    resfriados, gripe, infeces urinrias para complementar as preocupaes.

    Quando a criana finalmente vai para a pr-escola, os pais podem imaginar se o

    professor se importa com seus filhos ou favorece outras crianas em detrimento

    das suas. Como so as outras crianas? O professor afetivo e caloroso ou

    severo e bravo?

    Mesmo que tudo v bem durante os primeiros anos, a criana, com toda

    certeza, mudar aps entrar no ginsio. Repentinamente, a me e o pai so

    acusados de fazer tudo errado: Eles no parecem apropriados, o cabelo da me

    estranho, o pai se veste estranhamente, a me no pode mais cozinhar ou dirigir

    um carro. Quando levados escola, a criana exige: "No saia do carro quando

    voc me deixar l, com medo de que o pai possa ser visto pelos colegas de

    classe. Durante esses anos, os pais freqentemente imaginam o que eles podem

    ter feito para tornar seu filho to afastado. Anos de preocupao a respeito de

    drogas, violncia e gravidez na adolescncia esto no horizonte. Se a criana

    sobrevive a todas essas questes, os pais ainda mostram preocupao em

    relao a com quem seu filho casa ou como seus netos so criados.

  • x

    A maioria dos pais aceita e aprende a viver com algo que seja menor que o

    desenvolvimento comportamental ideal. Por exemplo, algum pode se tornar pai

    de um jovem que no consegue terminar o ensino mdio ou de uma criana que

    parea emocionalmente aptica e no retribui a quantidade de carinho que os pais

    sentem que merecem. Algum tambm pode ser pai de uma criana que muito

    revoltada e rejeita a sociedade ou que se torna viciado em drogas e vai para a

    cadeia. possvel que uma pessoa exiba dois ou trs desvios comportamentais e,

    apesar disso, funcione adequadamente, contribuindo para a variabilidade do

    comportamento humano dentro da sociedade.

    De vez em nasce uma criana que no consegue desenvolver contato

    visual, que se comporta como se ele ou ela no pudesse ver ou ouvir, que resiste

    ao ser pego no colo e acariciado, e que no parece sentir falta dos membros da

    famlia quando eles partem. Tais comportamentos podem ser evidenciados no

    primeiro ano de vida. No segundo ano de vida, a criana pode fracassar na fala ou

    no entendimento do que os parentes dizem. A criana pouco provavelmente brinca

    com brinquedos como outras crianas e podem parecer completamente

    inconscientes da companhia de outros, passando seus dias em movimentos

    repetitivos e sem sentido tais como balanando, olhando para luzes, batendo em

    objetos, marchando para frente e para trs ao longo do piso. A criana tambm

    pode desenvolver exploses de raiva excessivas e comportamentos de auto-

    mutilao graves, no conseguir aprender a dormir durante a noite, no conseguir

    aprender a se vestir, e no conseguir ser treinado no uso do banheiro,

    permanecendo com fraldas at a vida adulta. Algumas crianas se desenvolvem

    normalmente at a idade de 18 e 24 meses, e perdem, repentinamente, todos os

    comportamentos lingsticos e sociais em um perodo de 2 a 3 semanas por

    motivos que ningum entende ainda.

    Imagine que voc uma pessoa cujo filho comea a apresentar a maioria

    ou todas essas dificuldades. Voc pode esperar que criana superar isto, mas

    aps um ano ou dois os problemas se intensificam, e voc finalmente procura um

    profissional para ajuda. Voc pode ser aconselhado a continuar esperando,

    permitir que a criana supere os comportamentos. Aps passar mais algum

  • xi

    tempo, e aps muitas pistas falsas, novas opinies so oferecidas e um

    diagnstico finalmente fornecido.

    Dependendo da quantidade e tipos de atrasos comportamentais exibidos, a

    criana pode receber um (ou algumas vezes mais de um) dentre vrios

    diagnsticos diferentes, tais como desordem de desenvolvimento pervasivo (PDD)

    desordem autstica, PDD no especificado de outra forma (PDD-NOS), sndrome

    de Asperger, retardo mental, e da por diante. Estima-se que a freqncia de

    autismo aumentou nos ltimos anos; relatrios apontam a prevalncia to alta

    quanto 1 em 500 nascimentos. A prevalncia de PDD e sndrome de Asperger so

    ainda mais altas. Ento vem o prognstico: Pouco ou nada pode ser feito em

    relao ao problema; somente 5 de cada 100 crianas diagnosticadas com

    autismo so capazes de viver fora de instituies ou sem cuidado integral.

    Freqentemente, os pais so aconselhados a ir para casa e tentar viver

    com seu filho enquanto procuram ajuda de distritos escolares e profissionais.

    Apesar de existirem excees, a maioria dos pais enfrenta grandes batalhas,

    comeando com o Programa de Educao Individualizado (PEI). Normalmente

    no so os professores que apresentam os obstculos, e sim o pessoal do

    departamento de administrao da escola, onde o aspecto financeiro a questo

    central. Os pais logo descobrem que a procura de tratamento eficaz um stress

    que aumenta o peso de se conviver com uma criana com autismo. A completa

    extenso do fardo sobre os pais difcil de se entender por uma pessoa de fora; o

    padro de esperanas e perdas que ocorrem uma vez ou outra repetidamente

    parece nica para pais de crianas com necessidades especiais. Muitos pais

    terminam enfrentando o divrcio, uma vez que o stress muito turbulento no

    casamento.

    Em toda esta escurido, existem sinais de esperana. Uma calcada na

    reduo de certos mal entendidos sobre a causa do autismo. No passado, alguns

    profissionais sugeriram que os pais da criana causavam o autismo. A quantidade

    de causas propostas foi ilimitada porque os profissionais achavam fcil serem

    criativos, considerando sua ignorncia da etiologia dos atrasos comportamentais.

  • xii

    Estes atrasos j tendem a ser amplificados pela culpa e ansiedade dos pais sobre

    a possibilidade de ter contribudo com o problema (uma caracterstica da maioria

    dos pais independentemente do problema da criana). Um profissional pode ter

    proposto que a viagem a Paris realizada quando a criana tinha 2 anos de idade

    causou uma separao traumtica da segurana do ambiente familiar, da o

    autismo. Ou, aps os pais admitirem a angstia sobre no serem suficientemente

    bons, a necessidade compulsiva dos pais em serem perfeitos pode ter sido

    proposta como a causa do problema. Outras possibilidades incluem a alegao de

    que a me retornou ao trabalho muito cedo aps o nascimento da criana

    impedindo a ocorrncia da ligao, ou que o nascimento de outra criana muito

    prximo ao nascimento da primeira criana causou problemas comportamentais.

    Atravs desta culpa erroneamente atribuda, no foi incomum que um profissional

    insinuasse que a criana no queria ter nada a ver com seus pais e, portanto, se

    retirou para uma concha autstica. Em um desses casos, um pai que pediu um

    conselho profissional sobre como ajudar a impedir que seu filho batesse em volta

    de seus olhos recebeu a destrutiva resposta, Ele bate em seus olhos porque no

    quer ver voc. O profissional ento considerou necessrio isolar o pai do

    tratamento da criana. difcil entender como algum, especialmente um

    profissional, poderia fazer tais observaes infundadas e cruis, aumentando os

    nveis de angstia e depresso, j muito altos, dos pais. Entretanto, confortante

    entender que, quando o conhecimento de um problema aumenta, uma reduo

    concomitante demonstrada em mal-entendidos e opinies arbitrrias sobre as

    causas e tratamento.

    A segunda fonte mais expressiva de alvio vem das organizaes de pais,

    que se multiplicaram e cresceram em tamanho ao longo dos ltimos 40 anos.

    Ajudados pela comunicao por Internet e aumento no acesso, os pais agora

    podem manter-se atualizados em relao aos desenvolvimentos em tratamentos

    eficazes e ajudam a aconselhar uns aos outros sobre onde contornar e o que fazer

    em situaes especficas (ver Captulo 36). Os pais esto se tornando cada vez

    mais envolvidos e instrudos sobre o tratamento de suas crianas e, em muitos

  • xiii

    casos, so os prestadores primrios de servios (ver Captulos 37 e 38 para

    informaes sobre ajudar a garantir financiamento para o tratamento).

    Tambm existem outras formas de ajuda, como instituies religiosas, s

    quais os pais podem recorrer em tempos de stress. Como um caso em tela, aps

    matricular sua filha Ellen em tratamento por vrios anos e observar muito pouco

    progresso (Ellen permaneceu muda e no comunicativa), o pai me disse, Eu sei

    que vou falar com Ellen no cu. Este o tipo de conforto que pessoas que

    desenvolvem e fornecem tratamento precisam para que possam continuar o seu

    trabalho.

    Este manual de ensino deve ajudar os pais a agirem como fornecedores de

    tratamento. Tambm existem outros recursos, mencionados ao longo deste

    manual e na seo de referncia no final do manual. Nosso primeiro manual de

    ensino (intitulado The ME Book; Lovaas, 1981) foi baseado em programas

    desenvolvidos h aproximadamente 30 a 40 anos atrs. Desde aquele tempo,

    vrios novos programas de ensino foram desenvolvidos e os antigos foram

    descartados ou revisados. Este manual reflete sobre essas mudanas e inclui

    descries extensas e detalhadas de como ensinar cada programa. Por causa

    deste detalhe, pais e professores esto em uma posio melhor para proporcionar

    uma ajuda mais eficaz. A combinao de maiores detalhes e novos programas

    requer a publicao de dois manuais: um para programas bsicos (descrito no

    presente manual) e outro para programas avanados (descrito em um manual que

    est por vir). Os programas so cumulativos no sentido de que os programas

    avanados so construdos sobre os programas bsicos. Isto requer que tanto o

    adulto (pai, outro membro da famlia, professor, ou assistente) e o indivduo com

    atrasos de desenvolvimento (que um estudante, uma vez que o tratamento

    comea) trabalhem atravs dos programas iniciais antes de comear com os

    programas mais avanados.

    O desenvolvimento e anlise de vrios novos programas de tratamento

    comportamental ao longo dos ltimos 30 anos levaram a trs avanos principais.

    Primeiro, o resultado tem sido considerado particularmente favorvel quando um

  • xiv

    tratamento comportamental individual iniciado cedo no desenvolvimento de um

    estudante. Em segundo lugar, tem sido possvel identificar sub-grupos de

    estudantes em termos de quem ganha mais e menos a partir dos programas

    atuais, permitindo o desenvolvimento e teste de novos programas para aqueles

    que no recebem os benefcios ideais. Fatores relativos a essa questo so

    discutidos por todo este manual. Em terceiro lugar, avanos no ensino de formas

    socialmente adequadas de comunicao so associadas com redues

    concomitantes em auto-mutilao e outros comportamentos destrutivos na maioria

    dos estudantes. Por causa desta reduo concomitante, o uso de intervenes

    aversivas para reduzir comportamentos destrutivos pode no ser mais necessrio.

    Este manual de ensino d uma maior nfase na descrio de programas de

    tratamento confirmados como eficazes baseados em mtodos de investigao

    cientfica. O objetivo final da investigao cientfica tornar os procedimentos de

    tratamento e os dados sobre o resultado dos tratamentos verossmeis e que

    possam ser duplicados para a comunidade cientfica e para pais, professores, e

    outras pessoas que queiram aplic-los. Isto significa, por sua vez, que as

    atividades investigativas de uma pessoa esto sujeitas reviso, comumente

    referida como reviso por especialistas, por outros cientistas de forma a

    estabelecer a validade destas atividades. A validade e eficcia do tratamento

    comportamental so baseadas em milhares de estudos cientificamente slidos de

    processos de aprendizagem investigados por mais de 100 anos e publicados em

    peridicos com reviso de pares por um grande nmero de pesquisadores por

    todo este pas e alm.

    O Conhecimento de tratamento efetivo foi construdo cumulativamente, o

    que uma forma ideal para se proceder. Uma vez que tal pesquisa um processo

    contnuo, este manual pode ser mais bem visto como preliminar; este ser

    aperfeioado futuramente quando pesquisas futuras assim o impuserem. Existe

    muito mais a ser investigado e aprendido para que nos transformemos em

    professores verdadeiramente bem sucedidos de forma a ajudar todos os

    indivduos com atrasos de desenvolvimento a se tornarem membros produtivos da

    sociedade.

  • xv

    Ns devemos muito aos cientistas que trabalharam nas das reas de

    Aprendizagem e Comportamento e Anlise Aplicada de Comportamento, que

    contriburam para a descoberta dos mecanismos de aprendizagem que formam a

    fundao emprica para os programas apresentados neste manual. Ns tambm

    temos um grande dbito para com grande nmero de estudantes que ingressaram

    na busca por solues para as muitas dificuldades que os indivduos com atrasos

    de desenvolvimento enfrentem. A ttulo ilustrativo, em qualquer momento ao longo

    dos ltimos 40 anos, de 30 a 50 estudantes da Universidade da Califrnia, Los

    Angeles (UCLA) foram matriculados em cursos prticos com durao de 6 a 12

    meses, procurando por formas criativas para aplicar os princpios de

    aprendizagem para o campo de ajuda a crianas com atrasos de desenvolvimento

    para que crescessem emocionalmente, academicamente e socialmente. Um

    nmero entre 10 e 20 estudantes graduados, bem como membros de equipe em

    tempo integral permaneceram no projeto por vrios anos e ajudaram a gerar

    estudos cientficos e supervisionar o programa de tratamento. Estes so jovens

    que j desenvolveram fortes influncias contra qualquer abordagem. Eles no so

    somente mais flexveis e possuem uma mente mais aberta, eles tambm so

    maduros e criativos. A maioria trabalhou vrias horas alm do que era necessrio

    para atender as exigncias do curso ou descries do trabalho. Atravs de tal

    dedicao e com o apoio do Instituto Nacional de Sade Mental, uma rede de 14

    locais clnicos foi estabelecida por todo este pas e alm, tentando duplicar,

    aperfeioar e desenvolver novos programas de ensino mais efetivos. Como

    algum pode falhar em progredir sob tais condies?

    Ns tambm temos a sorte de trabalhar com pais de crianas com atrasos

    de desenvolvimento e aprendemos a partir do amor que eles tm por seus filhos,

    sua coragem e a pacincia e inteligncia com que eles enfrentam seus problemas

    e ajudam a procurar por solues. Estes comportamentos dos pais servem como

    um modelo para todas as pessoas que so pais e para aquelas que se tornaro

    pais no futuro. Esperamos que a sociedade retribua suas contribuies em

    reconhecimento da orientao que eles ofereceram sociedade.

  • xvi

    Pedimos desculpas aos pais pela complexidade dos programas que muitos

    deles tero que aprender e supervisionar, bem como pelo atraso entre

    profissionais em ajudar a desenvolver e adotar programas de tratamento efetivos

    (ver Captulo 32). Pode ser um conforto para os pais e outros que trabalham com

    indivduos com atrasos de desenvolvimento que eles se vejam de uma perspectiva

    histrica. Agir desta forma pode ajudar a reduzir parte da angstia no sentimento

    de que ainda no fizemos o suficiente.

    A primeira interveno documentada e detalhada planejada para ajudar

    crianas com atrasos de desenvolvimento foi apresentada 200 anos atrs por um

    jovem mdico Francs, Jean M. G. Itard. Itard trabalhou com um menino

    mentalmente retardado, Victor, que tinha muitos dos atrasos comportamentais

    exibidos por crianas que seriam agora diagnosticadas com autismo. Itard, que

    trabalhou logo aps a Revoluo Francesa, tinha como seu objetivo no somente

    a reabilitao de Victor, bem como a apresentao de programas educacionais

    planejados para aumentar a competncia social de todos os cidados,

    possibilitando que eles participassem de forma mais significativa na democracia.

    Pode ser interessante revisar a brilhante crtica de Lane (1976) do trabalho de

    Itard no contexto no qual este apareceu, uma vez que muitos programas no

    trabalho de Itard com Victor trazem evidentes similaridades queles apresentados

    neste manual.

    O trabalho de Itard foi realizado no contexto de educao especial por

    pessoas tais como Fernald, Kephart e Motessori (Ball, 1971), Infelizmente, o nico

    dos programas de Itard que sobrevivei foi o treinamento motor sensorial, um

    programa que ainda demonstra sua eficcia. Um motivo muito provvel para isto

    que Itard no sabia como coletar dados e ganhar conhecimento cientfico objetivo

    sobre que partes de suas intervenes funcionaram e deveriam ser mantidas, e

    quais partes no funcionavam e deveriam ser abandonadas.

    Quando os prestadores de servio nos campos de educao especial,

    psicologia clnica e psiquiatria no conseguem documentar a eficcia de suas

    intervenes, eles, como Itard, no so capazes de descartar alguns programas

  • xvii

    enquanto mantm outros. A objetividade substituda pela subjetividade, e

    programas que parecem bons e parecem ajudar so freqentemente preferidos.

    Ns tambm fomos em direo a becos sem sada por grandes e sedutoras

    teorias do comportamento humano; o sculo 20 pertenceu em grande medida a

    tericos tais como Kraeplin, Freud e Piaget. Como resultado, parece que existem

    mais de 20 anos de atraso na aplicao do que conhecido sobre o tratamento

    eficaz de indivduos com atrasos de desenvolvimento para profisses tais como

    educao especial, psiquiatria e psicologia. Nos estamos otimistas de que aqueles

    que oferecem ajuda para indivduos com atrasos de desenvolvimento se voltaro

    no futuro para a cincia para ajudar a aliviar os pais das incertezas e dos pesados

    fardos que eles atualmente carregam para ajudar seus filhos a obter acesso ao

    tratamento mais adequado.

    Neste contexto, gostaramos de expressar nossa gratido a Bernard

    Rimland, um pai de uma criana com autismo e psiclogo. Dr. Rimland foi um dos

    primeiros psiclogos a abordar a importncia da avaliao do tratamento de

    autismo por critrios cientficos. Ao faz-lo, ele ajudou a enterrar as teorias

    psicodinmicas no tratamento de autismo e se tornou o porta-voz para

    intervenes comportamentais e baseadas em outros dados. Maurice (1993) e

    Johnson e Crowder (1994) apresentaram contas detalhadas de como os pais

    podem ajudar a avaliar os tratamentos e se responsabilizar pelo tratamento de

    seus filhos.

    Ns tambm gostaramos de expressar nossa gratido a Lois Howard por

    suportar as constantes alteraes e a redefinio dos programas, criando uma

    pilha de rascunhos datilografados com mais de 2 metros de altura. Lois Howard

    encarou isso tudo com bom humor. Kristin OHanlon e Marie Bragais contriburam

    para tornar o texto mais bem organizado e mais legvel, trabalhando noites

    adentro e finais de semana para concluir esta tarefa.

    Ns gostaramos de agradecer o National Institute of Mental Health (NIMH)

    por proporcionar tanto uma reviso de especialista quanto apoio financeiro para

    nosso tratamento-pesquisa em uma base quase contnua pela durao de quase

  • xviii

    40 anos de nosso projeto. A preparao deste manual foi facilitada por uma

    subveno do NIMH (Multi-Site Young Autism Project NIMH 1 R01 MH48863-

    01A4).

    Tambm agradecemos muito nossos colegas e a equipe administrativa na

    UCLA por proporcionar instalaes ideais para o tratamento-pesquisa. Trs

    colegas merecem meno especial: Ronald Huff, Howard Cohen e Rick Rollens.

    Todos os trs trabalharam muitas horas noite adentro e nos finais de semana para

    ajudar a informar os colegas em educao especial, psicologia, medicina e o

    governo sobre o tratamento comportamental. Eles o fizeram ao fornecer

    informaes precisas e atualizadas sobre os dados de resultado do tratamento.

    Alm disso, eles facilitaram o acesso dos pais s informaes sobre os

    tratamentos eficazes e ajudaram os pais a organizar grupos de apoio para os

    quais a quantidade de membros excede 30 mil famlias (no Vero de 2000), um

    nmero que cresce constantemente nos Estados Unidos e pelo mundo.

    Finalmente, gostaramos de agradecer os seguintes membros da equipe de

    Projeto da UCLA e reconhecer suas contribuies significativas a este manual:

    Jason M. Bertellotti, Jodie Deming, Brigitte Elder, Sabrina Marasovich, Kristin

    OHanlon, Stacy Tomanik e Janet Yi.

  • xix

    Colaboradores

  • xx

    Introduo

    Seo 1: Conceitos Bsicos

    A Seo 1 deste manual consiste de oito captulos. O primeiro captulo

    nesta seo descreve as faixas de caractersticas de vrios comportamentos

    demonstrados pelos indivduos com atrasos de desenvolvimento, se concentrando

    nos atrasos comportamentais bem como excessos e comportamentos tpicos.

    O Captulo 2 descreve o Modelo de Continuidade, uma alternativa

    colocao de pessoas em categorias de diagnstico distintas. Do ponto de vista

    comportamental, indivduos com atrasos de desenvolvimento so considerados

    diferentes dos indivduos tpicos em grau mais que em tipo. Como tal, pessoas

    com atrasos de desenvolvimento podem ser vistas como exemplos da

    variabilidade que tanto caracteriza todos os sistemas vivos quanto essencial

    para a sobrevivncia. O Captulo 2 tambm defende o valor de permanecer to

    prximo do ambiente mdio quanto possvel durante o tratamento de indivduos

    com atrasos de desenvolvimento, proporcionando oportunidades educacionais

    durante a maioria das horas de atividade da pessoa, conduzindo o tratamento na

    casa da pessoa e comunidade cotidiana, e envolvendo os pais da pessoa e outros

    adultos significativos. Atravs de tal tratamento, pessoas com atrasos de

    desenvolvimento tm a oportunidade de adquirir muitas das oportunidades

    educacionais proporcionadas para indivduos tpicos.

    O Captulo 3 fornece um resumo de dados de resultado de crianas que

    passaram por interveno comportamental, e este avalia o tratamento

    comportamental individual intensivo.

    O Captulo 4 descreve os passos iniciais envolvidos na ordenao para o

    tratamento de uma pessoa, incluindo a importncia de aprender como ensinar,

    como estabelecer objetivos pequenos acessveis, tanto para o aluno quanto para o

    professor, como no ficar amedrontado como os comportamentos problema do

    estudante, e como ensinar o estudante a se tornar mais responsvel. Esse

    captulo tambm descreve a necessidade de formar uma equipe de ensino para

  • xxi

    proporcionar muitas horas de interveno comportamental individual para o

    tratamento efetivo, e formas de recrutar pessoas para participar de tal equipe.

    Sugestes relativas a como gerenciar melhor uma equipe de tratamento so

    fornecidas, incluindo conselhos sobre como trabalhar com pais e professores.

    O Captulo 5 resume algumas das principais descobertas relativas a

    exploses de raiva excessivas e comportamentos de auto-mutilao. Longe de

    considerar tais comportamentos como sintomas de autismo e como indicadores de

    danos de sistema nervoso central irreversveis, os dados mostram que as

    exploses de raiva e comportamentos de auto-mutilao seguem as regras de

    aprendizagem que organizam os comportamentos de todos os organismos vivos.

    Os dois tipos de comportamento so vistos como formas de comunicao. Vrias

    intervenes, ainda que bem intencionadas, podem piorar estes comportamentos,

    enquanto que outras intervenes podem ajudar a alivi-los.

    O Captulo 6 descreve o comportamento auto-estimulante: o

    comportamento obsessivo, estereotipado e ritualstico evidenciado por muitos

    indivduos com atrasos de desenvolvimento. Similarmente ao comportamento de

    auto-mutilao, o comportamento auto-estimulante parece vlido e racional e

    visto como um esforo pelo organismo para proporcionar ao sistema nervoso

    central estmulo sensorial necessrio para evitar atrofia.

    Problemas motivacionais so discutidos no Captulo 7, e indicadores

    importantes so fornecidos sobre como ajudar a motivar indivduos com atrasos

    de desenvolvimento a aprenderem as habilidades que lhes so ensinadas. As

    recomendaes bsicas so identificar recompensas eficazes (reforos) e

    simplificar a situao de ensino de forma que os sucessos da pessoa possam ser

    maximizados e as falhas minimizadas. O Captulo 8, sobre problemas de ateno,

    v tais problemas como secundrios ao invs de primrios para o

    desenvolvimento de atrasos comportamentais. Problemas de ateno so vistos

    como relacionados ao sucesso que um estudante encontra em situaes sociais e

    educacionais em particular.

  • xxii

    Seo 2: Transio em Tratamento

    A seo 2 apresenta vrios programas planejados para facilitar a transio

    em um tratamento e inclui aqueles programas considerados como sendo os mais

    bsicos e, conseqentemente, mais fceis para o estudante aprender, bem como

    para o adulto ensinar. O Captulo 9 descreve eventos que so provveis de

    acontecer nas primeiras horas de tratamento quando o professor tenta construir

    uma cooperao e lida com exploses de raivas resultantes desta. As primeiras

    horas so consideradas muito importantes para o estudante e para o professor. Se

    algum progresso for obtido nas primeiras horas de tratamento, ento o professor e

    o estudante so condicionados com o reforo necessrio para motivar a

    continuidade. A maioria dos reforos necessrios aos professores fornecida pela

    evidncia do progresso do estudante. As primeiras horas so, normalmente, as

    mais estressantes no ensino de estudantes com atrasos de desenvolvimento, e

    um trabalho adequado durante essas primeiras horas essencial.

    O Captulo 10 fornece um resumo dos passos de tratamento bsico que so

    introduzidos nas primeiras horas de tratamento e repetidos atravs dos programas

    restantes apresentados neste manual. Estes passos abordam assuntos como o

    fornecimento do uso adequado das instrues, estmulos e reforos.

    Os Captulos 11, 12 e 13 fornecem informaes sobre como ajudar o

    estudante a combinar e imitar. Os Captulos 12 e 13 descrevem programas que

    so relativamente fceis de ensinar e alguns que a maioria dos estudantes achar

    divertidos. Ao aprender a combinar estmulos baseados em indues e imitar o

    comportamento de outras pessoas, o estudante ganha estratgias extremamente

    importantes para aprender a adquirir comportamentos novos e mais complexos.

    Os Captulos 14 e 15 fornecem uma introduo ao ensino de linguagem

    pela apresentao dos primeiros passos em direo ao ensino de habilidades de

    linguagem receptiva ao estudante (ou seja, respondendo no verbalmente s

    instrues verbais do professor).

  • xxiii

    Seo 3: Conceitos de Aprendizagem Inicial

    O Captulo 16 descreve os procedimentos de aprendizagem de

    diferenciao. A aprendizagem de diferenciao ensina estudantes a prestar

    ateno a seu ambiente, o que eles vem o que eles ouvem. Atrasos em ateno

    tm sido considerados por muitos como uma razo significativa para os atrasos na

    aprendizagem. Estes procedimentos so difceis de adquirir para os professores,

    todavia, sem o conhecimento destes, um professor falhar em proporcionar o tipo

    de ajuda que os estudantes precisam para maximizar seu potencial.

    recomendado que o captulo sobre a aprendizagem de diferenciao seja lido

    mais de uma vez e que o professor volte a este captulo intermitentemente

    enquanto ensina os programas restantes deste manual.

    Os programas de Identificao Receptiva de Objetos e Identificao

    Receptiva de Comportamentos (Captulos 17 e 18 respectivamente) proporcionam

    ao professor uma ampla oportunidade de aplicar os princpios descritos no

    captulo de aprendizagem de diferenciao. A aquisio de pleno conhecimento

    de trabalho de aprendizagem de diferenciao absolutamente essencial antes

    da apresentao de programas mais avanados, tais como do Captulo 22 sobre

    ensinar o estudante a imitar a fala de outros.

    Os Captulos 19, 20 e 21 lidam com as habilidades de brincadeira iniciais,

    artes e artesanato, e habilidades de auto-ajuda, respectivamente. Estes

    programas so introduzidos neste ponto para ajudar a quebrar a intensidade

    exigida pelos programas mais difceis. Ao mesmo tempo, a aquisio de

    brincadeiras adequadas (Captulo 19), obtendo um incio preliminar em artes de

    artesanato (Captulo 20) e domnio de habilidades de auto-ajuda (Captulo 21)

    ajudar o estudante a se preparar para ambientes de grupo tais como pr-escola e

    jardim de infncia.

    Observe que uma vez que o estudante atingir este ponto no currculo, o

    professor ser capaz de escolher entre vrios programas e distribu-los de forma

    ideal durante o dia. por exemplo, em uma sesso de 3 horas de tratamento, o

  • xxiv

    estudante pode combinar e ordenar objetos, imitar os comportamentos do

    professor, ganhar domnio adicionai de linguagem receptiva, e aumentar suas

    habilidades de brincadeira e auto-ajuda. medida que uma pessoa ganha

    habilidade na administrao destes programas tambm aprende como estruturar

    os programas de tal forma que um programa facilite a aquisio do estudante de

    outro programa e maximize a motivao global do estudante.

    Seo 4: Linguagem Expressiva

    Atravs dos programas introduzidos na Seo 4, o estudante ensinado a

    usar linguagem expressiva para comunicar e para usar determinadas linguagens

    abstratas iniciais, bem como gramtica inicial. Esta seo comea com o Captulo

    22, que descreve como ensinar o estudante a imitar a fala de outros. Este

    programa de longe o mais difcil de ensinar, bem como o programa mais difcil

    para o estudante adquirir. Lembre-se que contraproducente separar um dia

    inteiro ou vrios dias em seguida somente para praticar a imitao verbal. O

    trabalho contnuo em um programa muito difcil muito provavelmente resultar em

    um estudante que resiste tentativas adicionais para adquirir as habilidades

    ensinadas naquele programa. Quanto mais divertido uma pessoa tornar um

    programa difcil e quanto mais uma pessoa puder mesclar programas nos quais o

    estudante possa experimentar sucesso, mais provvel ser que o estudante

    domine um programa difcil tal como imitao verbal.

    Apesar de todos os estudantes poderem aprender a maioria ou todos os

    programas descritos nas sees anteriores, somente metade dos estudantes que

    receberem tratamento comportamental de alta qualidade e intensivo aprender a

    imitar palavras e seqncias palavras com uma pronncia clara. Os outros

    evidenciam alguma imitao verbal mas podem ter problemas considerveis para

    pronunciar certas combinaes de som apesar de meses ou at mesmo anos de

    treinamento. Caso um estudante experimente dificuldades na aquisio da

    imitao verbal a despeito dos melhores esforos do professor, os programas na

    Seo 5 podem ajudar o estudante a aumentar suas habilidades de comunicao

  • xxv

    porque estes programas repousam preferencialmente em formas visuais ao invs

    deformas vocais de comunicao.

    Alguns estudantes evidenciam o problema oposto, sendo ecollicos

    (duplicando repetidamente as palavras faladas por outra pessoa) na admisso ou

    se tornando ecollica aps a exposio ao Programa de Imitao Verbal. A

    ecolalia excessiva pode interferir com o domnio do estudante de linguagem vocal

    adequada. Programas para reduzir falam ecollica excessiva so introduzidos no

    final do captulo 22.

    Enquanto que os Captulos 17 e 18 fornecem programas para ensino de

    identificao receptiva de objetos e comportamentos, os Captulos 23 e 24 contm

    programas para ensino de identificao expressiva de objetos e comportamentos.

    Dado que somente metade dos estudantes tratados propensa a dominar a

    linguagem expressiva, muitos estudantes no sero capazes de dominar

    completamente os programas apresentados nos Captulos 23 e 24. Entretanto, os

    mesmos estudantes que demonstram dificuldades com programas de linguagem

    vocal provavelmente dominaro habilidades comparveis atravs de meios visuais

    (ex.: identificaes expressivas atravs de escrita ao invs de respostas por

    vocalizao, conforme ensinado no Captulo 29, Leitura e Escrita).

    Tipicamente, a linguagem receptiva ensinada antes da linguagem

    expressiva. Entretanto, alguns estudantes experimentam uma dificuldade

    considervel na aquisio de linguagem receptiva mas adquirem linguagem

    expressiva com relativa facilidade (que, por sua vez, facilita a aquisio de

    linguagem receptiva). Isso enfatiza a necessidade de que os professores sejam

    flexveis e capazes de alternar entre os programas e formatos dentro dos

    programas de acordo com as necessidades do estudante em particular.

    Os Captulos 25, 26 e 27 marcam a maioria dos programas de linguagem

    abstrata avanada neste manual. A maioria dos estudantes que passa por

    tratamento comportamental domina os programas atravs, pelo menos, da fase

    receptiva de preposies, tais como posicionamento de um objeto ou de si mesmo

    perto de, acima de ou ao lado de um objeto ou uma pessoa quando for instrudo

  • xxvi

    para isso. Os programas de linguagem mais avanados incluindo conceitos tais

    como pronomes, como na aprendizagem do estudante na diferenciao entre

    voc, eu, ele e ns ser introduzida no manual que est por vir sobre programas

    avanados.

    O Captulo 28, o captulo final na Seo 4, ensina o estudante sobre

    emoes. Este captulo discute como a vida emocional de um estudante se torna

    mais variada e adequada como uma conseqncia do domnio dos programas

    apresentados neste manual. Aparentemente, muito do desenvolvimento emocional

    de uma pessoa ditado por suas experincias com sucesso e fracasso. As

    exploses emocionais que freqentemente se observam em estudantes com

    atrasos de desenvolvimento so mais comumente produzidas pelos fracassos do

    estudante em entender o que os pais e outros adultos tentam ensinar, e estas

    exploses so exageradas pela dificuldade dos estudantes de se expressarem de

    uma forma socialmente adequada. A maioria dos programas apresentados neste

    manual, especialmente os programas de linguagem, ajudar a reduzir a frustrao

    e aumentar a comunicao efetiva, que, por sua vez, reduzir as exploses

    emocionais de raiva. Em uma escala mais ampla, deve ser observado que,

    atravs do domnio dos programas apresentados neste manual, o enriquecimento

    emocional do estudante uma coisa que se obtm de graa no sentido de que

    no realizado um trabalho especificamente para a obteno desta melhoria. No

    obstante, apesar do estudante poder vir a demonstrar muito mais emoes (ex.:

    orgulho, felicidade, amor pelos outros) do que o fazia antes do tratamento, a

    expresso adequada e entendimento dessas emoes pode ter que ser

    consideradas, na mesma medida em que feito com pessoas tpicas. Para ajudar

    nisto, o Captulo 28 contm informaes sobre como ajudar o estudante a

    aprender a reconhecer expresses faciais de afeto, identificar os estados afetivos

    por detrs dessas expresses, e identificar as causas dos estados afetivos.

    O leitor pode querer saber se os comportamentos que no sejam

    expresses emocionais variadas tambm podem emergir de graa aps o

    professor e estudante terem trabalhado intensivamente atravs deste manual. A

    resposta, ainda que hesitante, sim. A ateno a adultos e outras facetas do

  • xxvii

    ambiente externo aumenta; os estudantes no agem mais como se eles fossem

    cegos e surdos. O aumento da ateno mais facilmente atribuvel

    aprendizagem de diferenciao, que ensina o estudante a distinguir entre, e,

    conseqentemente, prestar ateno a vrios estmulos no ambiente (ver Captulo

    16). Alm disso, existe um aumento concomitante no crescimento cognitivo, como

    evidenciado em pontuaes crescentes em testes de QI. Testes de QI medem o

    conhecimento e habilidades que o estudante aprendeu at o ponto de

    administrao do teste. Quanto mais o estudante aprender, maior a pontuao

    do teste de QI.

    Seo 5: Estratgias para Estudantes Visuais

    A seo 5 contm os Captulos 29 e 30, que descrevem como facilitar as

    habilidades de comunicao de estudantes que encontram srias dificuldades

    para usar linguagem vocal. O Captulo 29 introduz o Programa de Leitura e Escrita

    (por Nina W. Lovaas e Svein Eikeseth) e apresenta um esboo sobre como

    ensinar os estudantes a ler e escrever e a usar essas habilidades na

    comunicao. O Captulo 30 descreve o Sistema de Comunicao de Troca de

    Figura (SCTF) desenvolvido por Andy Bondy. Este captulo descreve um

    procedimento eficiente para ajudar estudantes a usar figuras e outros estmulos

    visuais para facilitar expresses de desejos e outra comunicao social. Ambos os

    programas so relativamente novos e ainda precisam de mais pesquisa emprica.

    No obstante, eles esto aqui includos porque representam o melhor caminho

    que os profissionais tm na ajuda de estudantes visuais neste momento.

    Seo 6: Consideraes Programticas

    A Seo 6 descreve como ajudar os estudantes a se lembrar do que eles

    aprenderam (Captulo 31), a importncia da participao dos pais no tratamento

    (Captulo 32), como avaliar o aperfeioamento (Captulo 33), como localizar e

  • xxviii

    selecionar consultores (Captulo 34) e como identificar e ajudar a resolver

    problemas de aprendizagem (Captulo 35).

    O Captulo 31 por Tristram Smith apresenta procedimentos para ajudar

    estudantes a reter o que eles aprenderam no tratamento. um fato bem

    conhecido que o tratamento necessita de prtica visando que este no seja

    perdido. O Captulo 3 apresenta alguns dos desapontamentos amargos da

    observao de como, nos estgios iniciais de nosso trabalho, nossos clientes

    regrediram na avaliao de acompanhamento. A familiaridade dos professores

    com o Captulo 31 deve ajudar a reduzir tal problema. Dificuldades na manuteno

    das conquistas do tratamento no so exclusivas das intervenes

    comportamentais. Particularmente, dificuldades na manuteno e generalizao

    de ganhos de tratamento so problemas enfrentados por todos os clnicos e

    professores.

    O Captulo 32 por Eric V. Larsson descreve o papel vitalmente importante

    dos pais no aumento e generalizao dos ganhos do tratamento. Tambm

    fornecida informao sobre como este papel pode ser facilitado por um tratamento

    ideal. Agora, mais do que nunca, os pais so dotados de um controle considervel

    sobre o tratamento de seus filhos e tm responsabilidade sobre este.

    O Captulo 33 por Greg Buch fornece informaes sobre como um pai e

    professor pode ser capaz de avaliar se um estudante est progredindo, e em que

    reas especficas o progresso est ocorrendo. Um cientista quereria dados mais

    abrangentes e detalhados do que o tipo recolhido atravs dos procedimentos

    detalhados neste captulo; entretanto, as operaes dirias, os mtodos de coleta

    de dados apresentados no Captulo 33 so significativos e essenciais para ajudar

    os pais e professores a acompanhar o progresso dos estudantes ou a falta deste.

    Eles so importantes durante a busca de financiamento para os servios.

    O Captulo 34 por Tristram Smith e Jacqueline Wynn descreve

    determinados critrios que podem ser teis para pais e profissionais durante a

    seleo de consultores para auxiliar na formulao e superviso do tratamento.

  • xxix

    O Captulo 35 descreve alguns dos problemas comuns que uma pessoa

    pode encontrar no ensino e nas formas nas quais estes problemas podem ser

    identificados e superados. Considerando a enorme variao de diferenas

    individuais e o grande nmero de decises que devem ser tomadas em qualquer

    estgio determinado no processo de ensino, provvel que uma pessoa encontre

    problemas. Set capaz de identificar os problemas e resolv-los rapidamente so

    atributos importantes de um professor competente.

    Seo 7: Questes Organizacionais e Legais

    A Seo 7 lida com questes organizacionais e legais. No Captulo 36,

    Ronald Huff descreve como parentes podem se organizar em grupos de soluo

    de problemas e funcionais para apoiar os esforos uns dos outros. O valor de tais

    grupos no pode ser superestimado, na medida em que eles proporcionam apoio

    moral, informaes sobre programas efetivos e sugestes para abordagem da

    comunidade para o aumento do entendimento das necessidades das crianas com

    atrasos de desenvolvimento.

    O Captulo 37 escrito por duas advogadas, Kathryn Dobel e Valerie

    Vanaman. Este relativo aos direitos das crianas a uma educao adequada. Da

    mesma forma que importante possuir organizaes de pais, tambm

    importante conhecer quais so os direitos legais das crianas com atrasos de

    desenvolvimento sob a lei. Muitos pais precisam procurar aconselhamento legal

    visando obter financiamento para o tratamento de seus filhos. Gary Mayerson

    fornece informaes legais adicionais no captulo 38.

    No Captulo 39, Howard G. Cohen apresenta uma srie de recomendaes

    para ajudar parentes, profissionais e administradores a trabalharem em conjunto

    em uma relao colaborativa de forma a minimizar conflitos e batalhas legais e

    ainda ordenar o acesso aos programais educacionais mais ideais.

    O Captulo 40 fornecido em uma tentativa de reduzir a falta de informao

    e distores que cercam os programas de ensino apresentados neste manual. A

  • xxx

    maioria das informaes erradas fornecida por profissionais dentro dos campos

    de psiquiatria, psicologia e educao especial. Dado o status destes profissionais

    em seus respectivos campos, os pais podem ser levados a depositar sua f em

    suas opinies. O Captulo 40 deve ser til para aconselhamento legal e para pais

    que precisam comparecer em audincias justas para procurar financiamento para

    o tratamento de seus filhos.

    Como Usar Este Manual

    Cada programa, especialmente na Seo 3 deste manual, apresentado

    em detalhe passo a passo considervel. Tal detalhamento pode parecer

    redundante em alguns lugares, mas julgamos melhor sermos seguros do que

    presunosos. Tambm para simplificar a tarefa para o professor, a repetio

    considervel dos passos de ensino relativos aprendizagem de diferenciao

    introduzida. Ns estamos cientes que em livros escolares de faculdade, um termo

    ou um processo pode ser introduzido somente uma ou duas vezes com a inteno

    aparente de testar a memria do estudante do material. Tais exerccios so menos

    apropriados em uma manual como este.

    Os professores devem ter em mente que a seqncia dos programas

    apresentados pode no coincidir diretamente com todas as habilidades do

    estudante. Uma pequena minoria de estudantes pode no ter que ser ensinada

    em cada um dos passos nos programas iniciais para aprender uma determinada

    tarefa. Em tal caso, o professor deve saltar tais passos que so desnecessrios

    para aquele estudante em particular. Por outro lado, o sucesso em programas

    iniciais provavelmente caber a todos os estudantes, dadas as falhas dos

    estudantes em compreender o que os adultos tentaram ensin-los no passado.

    Alguns estudantes podem ter dificuldade em progredir dos passos iniciais para os

    passos posteriores dentro dos programas. Em uma tentativa de ajudar a diminuir

    essas dificuldades e outras semelhantes, sees intituladas reas de Dificuldade

    so localizadas na maioria dos captulos. Voc tambm pode consultar o Captulo

    35 se o estudante demonstrar problemas em progredir. Lembre-se que a ajuda de

  • xxxi

    um consultor comportamental experiente (ver Captulo 34) provavelmente ajudar

    a solucionar os problemas que no forem discutidos neste manual.

    Apesar de os programas neste manual serem apresentados em ordem de

    complexidade (de elementar para mais avanado), muitos programas devem ser

    ensinados ao mesmo tempo. Por exemplo, aps 4 ou 5 dias de ensino individual,

    os estudantes podem trabalhar em programas tais como Combinao, Imitao

    No Verbal e Linguagem Receptiva Inicial (Captulos 12, 13 e 15 respectivamente)

    dentro de uma nica sesso de ensino. Tambm possvel que o estudante

    possa ser envolvido em habilidades de brincadeira iniciais, conforme descrito no

    Captulo 19. O benefcio de ensinar partes de vrios programas no mesmo dia

    que o estudante pode se tornar menos entediado e desatencioso, e, assim,

    aprender mais em um curto perodo de tempo. Entretanto, o professor deve ser

    cuidadoso para no sobrecarregar o estudante com muitos novos programas,

    especialmente durante as primeiras semanas ou meses de ensino. Pode ser til

    se concentrar em trs ou quatro programas fundamentais durante as primeiras 2

    ou 3 semanas de ensino, e ento aumentar lentamente o nmero de programas.

    Nas semanas iniciais do tratamento, tambm til iniciar um tratamento individual

    de 20 horas, e aumentar gradualmente para 40 horas aps o primeiro ms. Se o

    estudante for mais novo que 30 meses, o professor deve ir mais devagar e

    aumentar as horas ao longo de vrios meses de tratamento (ver Apndice A).

    Com estudantes mais jovens, duraes mais longas e intervalos mais freqentes

    para brincar devem ser mesclados entre os programas.

    extremamente importante que todas as pessoas significativas que

    interajam com o estudante aprendam os procedimentos de ensino bsicos

    introduzidos neste manual. Por exemplo, ambos os pais (se forem dois) devem

    estar envolvidos a partir da primeira hora de tratamento. Tal envolvimento

    essencial por vrios motivos. Primeiro, o ensino deve ser estendido a todas as

    horas ativas do estudante, incluindo finais de semana, feriados e frias, para que o

    estudante generalize (transfira) os ganhos de tratamento do professor e o

    ambiente de ensino para outros locais e pessoas. Quanto mais horas de

    tratamento forem proporcionadas ao estudante, mesmo informalmente, maiores os

  • xxxii

    ganhos do estudante. Em segundo lugar, todos querem evitar confrontar o

    estudante com conseqncias opostas para o mesmo comportamento, como

    quando uma pessoa acidentalmente refora exploses de raiva (aumentando-as

    dessa forma) enquanto outra pessoa ignora as exploses de raiva (o que ajuda a

    diminu-las). Em terceiro lugar, se tornar progressivamente mais difcil que uma

    pessoa ganhe terreno como um professor se perder os programas iniciais. Os

    programas so cumulativos e nos posteriores necessrio conhecimento

    progressivamente sofisticado de procedimentos de tratamento. Finalmente, apesar

    de ser tentador contratar um profissional para fazer o trabalho e aliviar os pais do

    trabalho como professores, isto ser contraproducente. O captulo 32 (Envolvendo

    os Pais no Tratamento) fornece uma quantidade substancial de conselhos sobre

    como ajudar os pais a adotar um papel ativo sendo professores de seus filhos.

    Como regra geral, a maioria dos novos programas deve ser reservada para

    as sesses de tratamento matinais quando os indivduos tendem a aprender de

    forma mais eficiente. O professor deve estabelecer um limite na quantidade de

    novos programas em aquisio por vez para dar ao estudante a oportunidade

    tanto de praticar novos programas quanto de treinar programas dominados

    durante as sesses de ensino dirias. Como podem ser observados a partir da

    linha de tempo apresentada no Apndice B, vrios programas devem ser

    praticados concomitantemente, mas nem todos os programas devem ser

    introduzidos no mesmo momento. inevitvel que vrios programas tenham que

    ser praticados concomitantemente porque muitos dos programas no possuem

    pontos de concluso definidos. Por exemplo, existem milhares de instrues

    receptivas que uma pessoa precisa entender para que esta funcione em algum

    nvel ideal em vida.

    Uma mistura de linguagem cotidiana e tcnica usada atravs deste

    manual para descrever processos anlogos. Nenhuma linguagem tcnica

    introduzida sem ilustrao desta com exemplos da vida cotidiana. A linguagem

    tcnica introduzida porque esta traz maior preciso e usada em literatura

    profissional (vrias referncias de tais literaturas so fornecidas no final deste

    manual). O leitor pode querer se familiarizar com esta literatura tcnica para

  • xxxiii

    facilitar a tomada de maior responsabilidade em relao ao tratamento do

    estudante.

    Durante o trabalho por todo este manual, o leitor pode observar que certos

    nmeros no permanecem os mesmos ao longo e dentro dos programas. Por

    exemplo, na descrio de nmeros de testes para domnio, ns podemos

    recomendar que o estudante alcance um critrio de domnio de 9 corretas de 10

    tentativas consecutivas, ou, se o estudante falhar neste nvel, garantir 19 corretas

    de 20 tentativas consecutivas antes de avanar. Em outros momentos,

    recomendamos que o professor considere 5 corretas de 5 tentativas ou 9 corretas

    de 10 tentativas como o critrio para o domnio. Posteriormente, a definio de

    domnio pode ser considerada em 2 de 2, 3 de 3 ou 4 de 5 tentativas corretas. Os

    motivos para alterao dos critrios para domnio tm duas partes. Primeiro,

    medida que um estudante ganha competncia progressiva em determinadas

    reas, menos repeties podem ser necessrias para solidificar a aprendizagem.

    Em outros momentos, determinadas diferenciaes so extremamente difceis

    (ex.: a diferenciao envolvida em imitao verbal), e pode ser necessrio garantir

    um nvel maior de domnio antes da introduo de novos passos. Em resumo, a

    alterao de critrios para domnio no arbitrria, e sim feita com a finalidade de

    facilitar o progresso do estudante.

    Na produo deste manual, ns percebemos que ns pedimos uma grande

    quantidade de trabalho para os pais e professores do estudante. Lamentamos que

    no tenhamos achado nenhum atalho desta vez. O comportamento humano

    complexo em todos os nveis, e ns sabemos que nenhum programa produz um

    grande passo para frente em desenvolvimento comportamental ou psicolgico.

    Talvez a natureza favorea pequenos passos porque os grandes passos, se feitos

    de forma errada, podem ser catastrficos. As falhas superam em muito os

    sucessos na histria do desenvolvimento humano, ou pelo menos parece dessa

    forma para alguns historiadores.

    Talvez algum dia o sistema educacional ser alterado de forma a reduzir o

    fardo sobre os pais para proporcionar o tipo de tratamento individual defendido

  • xxxiv

    neste manual. Isto ir requerer uma enorme reorganizao no modo que o sistema

    educacional atualmente estruturado. Neste nterim, aconselhamos que os pais

    recebam apoio e conforto de outros pais que enfrentam problemas semelhantes

    (ver Captulo 36). Professores ou auxiliares que tenham a inteno de administrar

    os programas neste manual devem se confortar no pensamento de que eles traro

    muita felicidade e apoio aos pais e crianas que esto em condies muito

    difceis.

    Devido complexidade envolvida no ensino de estudantes com atrasos de

    desenvolvimento, importante saber antecipadamente que os professores

    adquirem uma grande quantidade de confiana aps 1 ou 2 semanas de ensino

    medida que seu empenho comea a compensar. medida que uma pessoa

    ganha prtica na administrao destes programas, esta aprender a resumir

    determinados passos essenciais no ensino comportamental e ser mais capaz de

    resolver problemas tais como a adaptao e reviso de programas para atender

    s necessidades de um estudante especfico que est sendo ensinado. No

    entanto, no existe nenhuma maneira pela qual uma pessoa sozinha possa

    antever e lidar construtivamente com todas as diferenas individuais e resolver

    todos os problemas que encontrar. Portanto, ns aconselhamos com veemncia

    que esta pessoa trabalhe dentro de um grupo de outros pais ou professores para

    beneficiar-se das contribuies que vrias pessoas tm a oferecer.

    Conforme anteriormente mencionado, os programas neste manual so

    estruturados em ordem de dificuldade de forma a facilitar o domnio tanto para o

    estudante quando para o professor. Ainda assim, muito provvel que algumas

    sees sejam difceis de se entender. Ns, portanto, aconselhamos que duas ou

    mais pessoas leiam o manual juntas para propiciar a colaborao e discusso de

    problemas que possa surgir. Se ou o professor ou o estudante falhar no domnio

    dos passos iniciais, as tentativas para ensinar e aprender os passos seguintes

    muito provavelmente falhar, porque os passos posteriores so mais complexos

    do que os passos iniciais. , conseqentemente, de suma importncia que os

    programas bsicos neste manual sejam dominados antes dos programas

    avanados no manual subseqente serem iniciados. Em todas as reas que

  • xxxv

    requeiram habilidade, tal como esportes, conquistas educacionais, interao

    social, dana e musica, o indivduo precisa construir uma fundao de habilidades

    bsicas antes de avanar para as habilidades mais complexas. Ns nunca fomos

    bem sucedidos professores ao iniciarmos o estudante em programas mais

    avanados, no importando quo esperto ou adaptvel o estudante parea ser.

    Tem sido difcil solucionar em uma identificao em particular para o tipo de

    interveno descrita neste manual, bem como um ttulo para as pessoas que

    proporcionam o tratamento. termos como interveno comportamental, ensino, e

    tratamento so intercambiavelmente utilizados, assim como identificaes tais

    como professor, pai, assistente, adulto e tutor. Voc tambm tem uso alternativo

    de identificaes tais como estudante, cliente, criana, ele e ela, pessoas e

    indivduos ao longo dos captulos. A identificao de estudante parece mais

    adequada quando estamos nos referindo a pessoas sob interveno porque esta

    se refere tanto s crianas quanto aos adultos e associada aos programas que

    lidam com ensino. Os programas de ensino apresentados neste manual devem se

    provar teis tanto para as crianas quanto para os adultos porque os passos de

    ensino delineados nestes vrios programas so universais (ou seja, as leis de

    aprendizagem se aplicam igualmente bem em pessoas de todas as idades).

    Os programas apresentados neste manual baseiam-se nas contribuies de

    centenas de cientistas. Existem mais de mil referncias em literatura cientfica

    para estudos de pesquisa baseados em aprendizagem e a aplicao de tais

    informaes para o tratamento e educao de seres humanos. No final deste

    manual existe uma lista de referncias citadas no manual. Ns reconhecemos que

    pais e professores que lem e usam este manual muito pouco provavelmente

    tero o tempo ou oportunidade de se familiarizar com todas essas referncias,

    entretanto, o leitor deve ser capaz de identificar determinadas referncias de

    interesse particular, e essas referncias devem ajudar o leitor a procurar mais

    familiaridade com pesquisa baseada em aprendizagem em peridicos cientficos.

    Referncias a publicaes relevantes tambm so fornecidas para aqueles

    captulos onde questes legais e ticas esto em jogo para a proteo dos pais e

  • xxxvi

    professores que procuram informaes sobre como proporcionar os melhores

    servios para seus estudantes.

    Nossa Filosofia de Ensino

    Os psiclogos comportamentais desenvolveram um ambiente de ensino

    especial para utilizao com indivduos com atrasos de desenvolvimento que se

    assemelha com o ambiente normal ou mtodo na medida do possvel. Pode ser

    til resumir brevemente os princpios de ensino que emergiram de tal trabalho.

    1. Pessoas com autismo ou outros atrasos comportamentais so

    considerados diferentes em grau ao invs de tipo quando comparadas com

    indivduos tpicos. A variabilidade construda no sistema nervoso e essencial

    para a sobrevivncia de todos os animais, incluindo os seres humanos. Ns

    precisamos desta variabilidade porque nosso ambiente est em constante

    mudana e impossvel prever o que o futuro exigir de qualquer um de ns.

    Sociedades democrticas, que encorajam a variedade entre os indivduos, so

    comumente mais bem preparadas para o futuro. Em contraste com os regimes

    totalitrios, que restringe a variabilidade e, dessa forma, provavelmente esto em

    uma desvantagem em um futuro que apresenta exigncias muito diferentes de

    seus cidados. O futuro da sociedade civilizada pode depender em um grau

    significativo daquelas pessoas que so solitrias ou que discordam da maioria.

    Van Gogh e Einstein so exemplos de tais pessoas que ajudaram a nos preparar

    para o futuro. Nenhum deles provavelmente obteve as pontuaes mais altas em

    testes de habilidades sociais e conformidade, e ambos podem muito bem ter sido

    considerados como incidindo no espectro autstico.

    2. Apesar de indivduos com autismo possurem sistemas nervosos

    atpicos, no vantajoso para ns tratar tais indivduos como doentes ou

    qualitativamente diferente dos outros. Ao invs disso, as regras aprendizado se

    aplicam, apesar dos diferentes graus, para indivduos com estruturas orgnicas

    fora do normal. Ns devemos apresentar dados amplos para sustentar esta

    posio.

  • xxxvii

    3. O ambiente mdio (cotidiano) trata o sistema nervoso melhor, muito

    provavelmente porque sistemas nervosos mdios criaram aquele ambiente. Visto

    desta perspectiva, o ambiente mdio no proporciona uma correspondncia com o

    sistema nervoso fora do comum de indivduos com autismo ou outros atrasos de

    desenvolvimento. Ao invs disso, a maioria dos ambientes mdios ignora o

    sistema nervoso foram do comum, deixando esses indivduos com pouca ou

    nenhuma oportunidade para aprender, conseqente, com experincia limitada ou

    sem experincia.

    4. Educao especial e psicologia podem ajudar aqueles com sistemas

    nervosos fora do comum pela criao e construo de ambientes de ensino

    especiais nos quais aqueles que esto fora da mdia possam aprender.

    5. Este ambiente especial deve diferir o mnimo possvel do ambiente mdio

    (cotidiano), principalmente porque um objetivo primrio da educao de pessoas

    com atrasos de desenvolvimento ajud-los a funcionar de forma mais adequada

    quando eles retornarem ao ambiente mdio. Quanto menor for a diferena entre a

    teraputica ou ambiente educacional especial e o ambiente mdio, mais fcil ser

    a transferncia em habilidades do ambiente especial para o ambiente mdio. Este

    a razo primria para a recomendao que o ensino ocorre na comunidade

    natural do estudante (em casas ou escolas vizinhas) e que pais, outros membros

    de famlia e amigos se envolvam com processo de ensino.

    6. Observe que indivduos tpicos (mdios) aprendem em todas as horas de

    atividade, todos os dias por todas as suas vidas. Para se equiparar a isso, um

    ambiente educacional adequado para pessoas com atrasos de desenvolvimento

    deve ocorrer na maioria das horas do dia, finais de semana e feriados includos.

    Se necessrio, este deve durar pelo tempo de vida das pessoas envolvidas. Isto

    est em contraste aparente aos modelos psicolgicos e educacionais atuais, que

    podem intervir 1 ou 2 horas por semana em uma estrutura clnica (como em

    terapia fonoaudiolgica, Psicoterapia e Integrao Sensorial) ou 6 horas por dia, 5

    dias por semana (como em educao especial).

  • xxxviii

    7. Ns deveramos intervir, em primeiro lugar, dada a nfase no

    encorajamento e reteno de variabilidade? Dois pontos relacionados a esta

    questo so dignos de nota. Primeiro, os dados de resultado obtidos aps

    tratamento comportamental documentam mais ao invs de menos variabilidade,

    tanto atravs quanto dentro de pessoas tratadas. Em segundo lugar, na maioria de

    casos de autismo, cuidado para toda a vida em ambientes institucionais protetores

    necessrio. O stress resultante sobre a criana e os pais to enorme que a

    pessoa deixada sem escolha seno intervir. A tica prescreve que tratamentos

    devem, antes de tudo, ser de interesse do indivduo, no da sociedade.

  • 1

    Conceitos Bsicos

    Captulo 1

    Diagnsticos, Atrasos de desenvolvimento, Excessos Comportamentais e

    Comportamentos Tpicos ..................................................................................... 2

    Captulo 2

    O Modelo de Continuidade: Alternativas aos diagnsticos ............................ 12

    Captulo 3

    Avaliao de Tratamento Comportamental ...................................................... 33

    Captulo 4

    Passos Preparatrios ......................................................................................... 51

    Captulo 5

    Exploses de Raiva Excessivas e Comportamentos de auto-mutilao ....... 64

    Captulo 6

    Comportamento Auto-Estimulante .................................................................... 73

    Captulo 7

    Problemas Motivacionais ................................................................................... 83

    Captulo 8

    Problemas de Ateno...................................................................................... 101

    SEO 1

  • 2

    Diagnsticos, Atrasos de

    Desenvolvimento, Excessos

    Comportamentais e Comportamentos

    Tpicos

    Neste captulo ns descrevemos alguns dos comportamentos que,

    quando exibidos em patres em particular, do origem ao diagnstico de

    desordem autstica, sndrome de Asperger, ou desordem de desenvolvimento

    pervasivo - no especificada de outra forma (PDD-NOS). Atravs de tais

    categorias, pessoas diagnosticadas com autismo, sndrome de Asperger ou PDD-

    NOS tm sido vistas como qualitativamente diferentes um dos outros e das

    pessoas tpicas, e, dessa forma, exigindo formas nicas de tratamento. No

    Captulo 2 ns apresentamos uma alternativa para situar indivduos em categorias

    de diagnstico distintas pela considerao de pessoas com atrasos de

    desenvolvimento como diferente em graus umas das outras e variando em um

    espectro com pessoas tpicas (supostamente mdias ou normais).

    Conseqentemente que um tratamento desenvolvido para indivduos

    diagnosticados com autismo seria adequado para indivduos que recebam um

    diagnstico diferente, tal como sndrome de Asperger ou PDD-NOS. Alm disso, o

    conhecimento que a cincia acumulou sobre os processos de aprendizagem de

    indivduos tpicos pode proporcionar alguma orientao na ajuda para que

    indivduos com atrasos de desenvolvimento aprendam.

    Os diagnsticos de desordem autstica, sndrome de Asperger e PDD-NOS

    so baseados nos comportamentos de uma pessoa e so feitos em termos de um

    conjunto de atrasos comportamentais, um conjunto de excessos comportamentais

    e um conjunto de comportamentos de desenvolvimento normal. Exigem grandes

    diferenas individuais entre as pessoas com atrasos de desenvolvimento,

    CAPTULO 1

  • 3

    incluindo indivduos dentro da mesma categoria de diagnstico. Portanto, a

    descrio das caractersticas comportamentais a seguir no caracteriza todos os

    indivduos com atrasos de desenvolvimento, e sim esta representa a maioria das

    caractersticas de crianas diagnosticadas com autismo, que considerado como

    o mais grave dos atrasos infantis. Na descrio desses diversos atrasos e

    excessos, ns reconhecemos a seriedade dos problemas, mas ns no temos a

    inteno de comunicar pessimismo sobre o que pode ser feito para alterar estes

    comportamentos. Ns, conseqentemente, nos abstemos da utilizao de termos

    tais como invalidez, dano, patologia e irreversibilidade, porque tais rtulos tendem

    a comunicar pessimismo e atrasam o desenvolvimento de tratamentos efetivos.

    Atrasos Comportamentais

    1. Linguagem. Indivduos com atrasos de desenvolvimento so algumas vezes

    mudos ou ecollicos (eles ecoam o que ouvem). A linguagem receptiva

    normalmente atrasada em muitos destes indivduos, que embora sejam capazes

    de responder a instrues simples (ex.: Sente-se, Coma, Feche a porta),

    no conseguem entender linguagem mais complexa e abstrata. Indivduos com

    atrasos de desenvolvimento tambm so normalmente atrasados em linguagem

    expressiva; ou seja, esses indivduos possuem tipicamente dificuldade de

    vocalizao de palavras e sentenas bem como relacionamentos abstratos com

    preposies (ex: em, abaixo, acima), pronomes (ex.: seu, meu, dele, dela) e

    momento (ex: primeiro, ltimo, mais tarde).

    Esta incapacidade de entender ou expressar linguagem e a reclamao

    mais comum dos pais quando eles levam suas crianas a uma agncia de servio

    a procura de ajuda. Os pais expressam pesar e preocupao de que eles no

    possam falar com outras crianas e que suas crianas sejam incapazes de falar

    com eles. Os problemas com linguagem podem ser identificados no momento que

    a criana alcana 2 anos de idade. Algumas crianas fazem progresso na

    linguagem, mas perdem tais ganhos entre 15 e 24 meses de idade.

  • 4

    2. Ateno. Indivduos com atrasos de desenvolvimento freqentemente se

    comportam como se no pudesse ver ou ouvir; entretanto, um exame mais

    atento normalmente revela as modalidades sensoriais intactas. Os pais podem

    descrever que seus filhos agem como se fossem cegas e surdas. Alguns relatam

    que seus filhos possuem limiares de dor elevados porque eles no choram como

    crianas tpicas quando se machucam. Os pais podem descrever que suas

    crianas no olham para eles (no conseguem travar contato olho no olho),

    orientam com confiana suas cabeas para a fala de outras pessoas, e no

    conseguem mostrar respostas de surpresa a rudos altos. Por outro lado, as

    mesmas crianas mostram sensibilidade normal ou incomum a uma faixa

    limitada de estmulos, demonstrada atravs da orientao ao som de uma barra

    de chocolate sendo aberta, ateno concentrada em uma sirene que mal pode

    ser ouvida, ou ateno visual prolongada a um pequeno pedao de comida ou

    objeto brilhante, alguns consideravelmente distantes. Uma aparente falha no

    desenvolvimento das funes sensoriais tpicas pode ser observada durante o

    primeiro ano de vida.

    3. Gama de emoes. Crianas com atrasos de desenvolvimento podem no

    desenvolver relacionamentos prximos e amorosos com seus pais. Isso pode ser

    evidenciado durante os primeiros meses de vida. Os pais freqentemente

    reclamam que seus filhos no aceitam abraos e podem de fato resistir ao

    contato fsico enrijecendo suas costas e escorregando para longe do abrao de

    seus pais. Alm disso, crianas com atrasos de desenvolvimento podem

    demonstrar pouco ou nenhum medo quando seus pais as deixam sozinhas ou

    quando eles se perdem em um supermercado ou outro local pblico. Essas

    crianas podem no adquirir um medo de estranhos e podem ser incapazes de

    desenvolver pesar, tristeza, culpa, simpatia e vergonha da mesma forma que

    crianas tpicas desenvolvem.

    4. Brincadeira com brinquedo. Crianas com atrasos de desenvolvimento no

    desenvolvem a brincadeira com brinquedos da mesma forma que crianas

    tpicas desenvolvem tais brincadeiras. Ao invs de brincar adequadamente com

    brinquedos, elas freqentemente os manuseiam de uma forma peculiar e

  • 5

    idiossincrtica como, por exemplo, virando um caminho de brinquedo de

    cabea para baixo e girando suas rodas, girar compulsivamente um pedao de

    corta, ou carregando uma boneca para cheirar ou chupar. O atraso no

    desenvolvimento de brincadeira com brinquedo pode ser identificado durante o

    segundo ano de vida.

    5. Brincadeira com colegas. A brincadeira com amigos quase sempre

    inexistente em crianas diagnosticadas com autismo. Essas crianas podem

    parar passivamente e observar outras crianas sem se envolver em qualquer

    tipo de brincadeira de toma l d c. Alguns podem agredir as outras e serem

    impedidos de ingressar na pr-escola. Poucas, ou nenhuma, crianas

    diagnosticadas com autismo desenvolvem amizades. O atraso na brincadeira

    com colegas se torna mais visvel durante o segundo ou terceiro ano de vida.

    6. Desenvolvimento de habilidades de auto ajuda. Indivduos com atrasos de

    desenvolvimento freqentemente tm problemas em aprender a se vestir, usar o

    banheiro, e comer sem ajuda. Da mesma forma, eles podem ser incapazes de

    reconhecer os perigos comuns e podem ter que ser vigiados com muita ateno

    de forma que no se machuquem (ex.: ao atravessar uma rua em trfego

    pesado, brincando com equipamento eltrico, ou pulando em piscinas ou rios de

    corredeiras profundos).

    7. Atraso na imitao. A imitao dos comportamentos de outras pessoas

    freqentemente atrasada ou inexistente em indivduos com atrasos de

    desenvolvimento. Pessoas tpicas comeam a imitar antes de completarem 6

    meses de idade. Dado que a imitao constitui um importante e eficaz

    mecanismo de aprendizagem, a pessoa que no imita est propensa a

    demonstrar srios atrasos no desenvolvimento de novas habilidades.

    8. Desenvolvimento cognitivo. A pontuao de QI mdia obtida por indivduos

    com atrasos de desenvolvimento se situam na faixa de retardo. Existem grandes

    diferenas individuais, entretanto, com algumas pessoas pontuando dentro de

    uma faixa de profundo retardo (Pontuaes de QI abaixo de 35) e poucos

    pontuam dentro da faixa mdia (pontuaes acima de 85). As pontuaes de QI

  • 6

    variam dependendo de vrios fatores, incluindo o tipo de teste de QI aplicado e o

    contexto acerca da administrao do teste. Crianas com atrasos de

    desenvolvimento freqentemente obtm pontuaes mais altas em escalas de

    QI no verbais, tais como a Graduao Merrill-Palmer de Testes mentais

    (Stutsman, 1984b) que nas graduaes de QI que possuem vrios itens verbais,

    tais como Graduaes Bayley de Desenvolvimento Infantil - Revisado (Bayley,

    1993) e as graduaes Wechsler (ex.: Wechsler, 1991).

    Excessos Comportamentais

    1. Exploses de raiva e agresso. A agresso pode tomar a forma de

    ferimentos auto-infligidos, com quando indivduos mordem a si mesmos, batem

    em suas cabeas com seus punhos, ou batem suas cabeas contra o cho ou

    partes pontiagudas da moblia. As pessoas tambm podem direcionar a sua

    mordida, arranho ou golpe a outras pessoas. Os pais podem reclamar que seus

    filhos so muito difceis de controlar, possuem baixa tolerncia frustrao e

    respondem at mesmo s menores frustraes com uma grande quantidade de

    raiva. Esses comportamentos se transformam em problemas significativos por

    volta do segundo ou terceiro ano de vida. medida que a criana vai crescendo,

    ela pode ter que ser retirada de casa e colocada em ambientes de tratamento

    residencial porque seus pais se tornam incapazes de lidar com sua grave

    agresso. Tais indivduos podem precisar ser submetidos a conteno fsica ou

    a drogas tranqilizantes para impedir um grave dano a si prprios e outras

    pessoas. Alm da ajuda no desenvolvimento da linguagem, a solicitao de

    ajuda no controle de exploses de raiva tipicamente a preocupao principal

    dos pais.

    2. Ritualstica e comportamentos auto-estimulantes. Pessoas com atrasos

    de desenvolvimento podem demonstrar quantidades excessivas de

    determinados comportamentos que estimulam sentidos em particular, tais como

    balanar seus corpos enquanto esto na posio de p ou sentada, batendo

    com suas mos em seus pulsos, girando objetos, observando luzes, alinhando

  • 7

    objetos em fileiras perfeitas, pulando e girando por perodos de tempo

    prolongado, e ficando preocupados com movimentos circulares (ex.: observando

    ventiladores giratrios ou a gua redemoinhando na privada). Elas podem

    mostrar obsesses com nmeros, letras do alfabeto, brinquedos com fontes de

    energia interna, e objetos com determinadas texturas. Ns denominamos todos

    esses comportamentos como comportamentos auto-estimulantes. Alguns destes

    comportamentos podem ser notados durante o primeiro ano de vida.

    Comportamentos Tpicos

    Muitos indivduos com atrasos de desenvolvimento exibem um conjunto de

    comportamentos tpicos ou considerados como normais, alguns dos quais podem

    ser identificados como habilidades fragmentares, ou ilhotas de funcionamento

    intelectual intactas. Estes comportamentos assemelhados com o norma,l se

    agrupam nas seguintes categorias.

    1. Desenvolvimento Motor. Sinais de desenvolvimento motor adequados so

    observados em termos de atingir os marcos de desenvolvimento normal, tais

    como comer comida slida, sentar e andar na idade que uma criana tpica

    domina tais habilidades. Enquanto que algumas crianas demonstram um atraso

    em desenvolvimento motor, muitas outras desenvolvem habilidades motoras

    normalmente, sendo capazes de correr, pular e se equilibrar com grande

    facilidade.

    2. Memria. Muitos indivduos com atrasos de desenvolvimento mostram sinais

    de memria adequada ou excelente em determinadas reas. Alguns indivduos,

    por exemplo, so capazes de ecoar ou repetir de outra forma comerciais inteiros

    ou a fala diria de outra pessoa, mesmo depois de um lapso de tempo

    considervel. Algumas pessoas com atrasos de desenvolvimento possuem uma

    boa memria para detalhes visuais. Por exemplo, alguns indivduos insistem na

    uniformidade, o que quer dizer que eles querem compulsivamente preservar

    uma determinada arrumao de mveis, ser servido de uma comida em

    particular, ou insistir que suas mes vistam certos vestidos ou um par de culos

  • 8

    em particular. De forma semelhante, indivduos com atrasos de desenvolvimento

    podem ser capazes de traar seus caminhos para as casas de parentes atravs

    de ruas complexas ou lembrar com exatido onde a sua comida favorita foi

    escondida na casa de uma av que visitou h um ano atrs. Essa insistncia na

    uniformidade indica que estes indivduos possuem boas memrias. Quando tais

    rotinas so interrompidas, entretanto, pessoas com atrasos de desenvolvimento

    freqentemente respondem com comportamentos de auto-mutilao ou

    agresso dirigida a outras pessoas.

    3. Interesses especiais e bem desenvolvidos. Algumas pessoas com atrasos

    de desenvolvimento demonstram determinados interesses especiais e bem

    desenvolvidos, tais como b