manoel de barros e mito da origem

Upload: danieldeaguiar

Post on 01-Nov-2015

260 views

Category:

Documents


0 download

DESCRIPTION

MANOEL DE BARROS

TRANSCRIPT

  • Terra roxa e outras terras Revista de Estudos LiterriosVolume 5 (2005) 17-32. ISSN 1678-2054

    http://www.uel.br/cch/pos/letras/terraroxa

    Nismria Alves DavidA poesia de Manoel de Barros e o mito de origem

    17

    A POESIA DE MANOEL DE BARROSE O MITO DE ORIGEM

    Nismria Alves David(UEG)

    RESUMO: Este estudo pretende estabelecer algumas relaes entre a poesia de Manoel deBarros e o mito da origem, enfatizando o emprego de smbolos que, numa atividademetalingstica, veiculam os preceitos da arte barrosiana e permitem o domnio do tempo.PALAVRAS-CHAVE: Manoel de Barros; poesia; mito.

    Nos poemas do cuiabano Manoel de Barros (1916), h uma relao entrea metalinguagem, o ldico e o mito. Diante disso, julga-se necessrio recorrer aHuizinga (1971: 144), o qual assevera que tanto o mito como a poesia se situamdentro da esfera ldica, pois o mito trabalha com imagens e com a ajuda daimaginao, narra acontecimentos que supostamente se deram em pocas muitorecuadas e transcende os limites do juzo lgico, ou seja, constitui-se semprepoesia.

    J que a necessidade de criar mitos prpria do homem, sobretudomoderno, na tentativa de transformar o mundo por incorporar a concepocclica da natureza, Barros recorre ao mito para reconstruir a realidade pelaexpresso da linguagem potica, empregando smbolos que servem para quehaja o domnio do tempo. Nessa perspectiva, fundamental que se considereMielietinski (1987: 19) ao citar a seguinte declarao de Schelling: todo grandepoeta tem a misso de transformar em algo integral a parte do mundo que se lheabre e da matria deste criar sua prpria mitologia. Declarao esta, tambmendossada por Paz (1984), para o qual em cada uma das mitologias criadas h oressurgimento de mitos e obsesses pessoais.

    Notadamente, na mitologia criada por Barros, bastante notria a presenade smbolos que reacendem o mito primordial da origem. Dentre os smbolos quecumprem essa funo, neste texto, atentar-se- para a figura da criana. Por isso,vale a pena sublinhar que Barros admite ter sido criado no cho, no terreiro,

  • Terra roxa e outras terras Revista de Estudos LiterriosVolume 5 (2005) 17-32. ISSN 1678-2054

    http://www.uel.br/cch/pos/letras/terraroxa

    Nismria Alves DavidA poesia de Manoel de Barros e o mito de origem

    18

    entre lagartixas e formigas, brincando com osso de arara, canzil de carretas,penas de pssaros (Ivan, out. de 1999 apud Bda 2002, v. 2), bem como expressa:o tema da minha poesia sou eu mesmo e eu sou pantaneiro. Ento, no queeu descreva o Pantanal, no sou disso, nem de narrar nada. [...] Tenho um lastroda infncia, tudo o que a gente mais tarde vem da infncia (Barros [2002]).Assim, o leitor dos poemas barrosianos, muitas vezes, sente-se motivado a ver ainfncia do poeta reinventada como a base produtora das imagens poticas querevelam a viso infantil.

    Essa viso infantil desconcertante, uma vez que parece ser manifestadapor duas maneiras distintas: ora pela voz do sujeito lrico-criana, ora pela vozdo sujeito lrico-adulto. Mesmo diante dessa ambigidade, tem-se a certeza deque, em ambas, destacvel a recordao do passado. Logo, segundo Bosi (1999:13), o ato de recordar s se faz possvel porque a imagem possui um passado quea formou e um presente que a revive constantemente. Presentificando o passado,a memria instaura o tempo mtico, no qual se tem a negao do tempo histricoe, conseqentemente, do processo inexorvel de decadncia humana que culminana morte.

    Alm do mais, pode-se dizer que, no mito, a memria cumpre um papelindispensvel, visto que ocorre uma libertao da obra do Tempo. Ou seja,mediante a rememorao, a anamnesis, quem consegue recordar possui uma foramgico-religiosa que ainda mais preciosa do que aquele que conhece a origemdas coisas (Eliade 1972: 83).

    O ponto de vista infantil permite posicionar os poemas de Barros na fasearquetpica porque, conforme Frye (1973: 107), o princpio da volta no ritmo daarte parece derivar das repeties no mundo da natureza (como exemplos deprocessos repetitivos, h o ciclo das estaes e os movimentos dirios e anuaisdos corpos celestes), as quais tornam o tempo inteligvel. Assim, voltar infncia,perodo crucial da experincia, um ritual, um movimento cclico.

    Nesse movimento cclico em que se reencontra a infncia, o poeta resgataa origem do ser e do potico. Uma vez que o smbolo criana indica a inocncia,o momento anterior ao pecado, o estado ednico (Chavalier & Gheerbrant1995: 302), nele se tem a figurativizao da simplicidade natural, responsvelpela espontaneidade. E esta qualidade, em especial, subsidia a atividade ldica, ojogo, a brincadeira to presente na vida da criana e possibilita a transcendnciados limites do juzo lgico no uso da linguagem, como explica Huizinga (1971).

    Visto que esses valores da criana, os quais poderiam ser chamados devalores de liberdade, so resgatados pela memria do sujeito lrico e dispostoscomo objeto esttico, vale destacar que a imagem da criana, s vezes, traz

  • Terra roxa e outras terras Revista de Estudos LiterriosVolume 5 (2005) 17-32. ISSN 1678-2054

    http://www.uel.br/cch/pos/letras/terraroxa

    Nismria Alves DavidA poesia de Manoel de Barros e o mito de origem

    19

    levemente um tom nostlgico nos poemas de Barros. Mas, sempre o poeta, noritual potico, aparece como aquele capaz de resgatar os valores de liberdade, jperdidos por causa da fora da razo e da ao do tempo linear, ou seja, quemretorna origem mtica e imanentemente ldica.

    Desse modo, ao considerar que, segundo Eliade (1972), o retorno origempermite um novo nascimento mstico, o qual conduz possibilidade de renovare regenerar a existncia daquele que empreende sua busca, pode-se afirmar queBarros procura instaurar o mito e o rito iniciatrio (regressus ad uterum) para que opoeta tenha a possibilidade de renovar sua arte. Ademais, com base em Bachelard(1996), a infncia um princpio de vida relacionado possibilidade de recomear.

    Nesse sentido, no estudo dos poemas de Barros, a origem (a perfeio)est na criana e, por isso, ela torna-se o exemplo mtico para o poeta. Convmapontar que, alm da imagem da criana, h outros smbolos associados ao retorno origem tais como a terra, a gua, a pedra e a larva. O mito de origem estimbricado no mito cosmognico. A esse respeito Eliade (1972: 39) escreve: Umacoisa tem uma origem porque foi criada, isto , porque um poder se manifestouclaramente no Mundo, porque um acontecimento se verificou. Em suma, a origemde uma coisa corresponde criao dessa coisa.

    Com o propsito de estabelecer e exemplificar as relaes existentes entrea poesia de Barros e o mito da origem, apresentar-se-o as anlises de trs poemas(VII, 6. e O Provedor) retirados, respectivamente, das obras O livro das ignoras,Livro sobre Nada e Ensaios Fotogrficos.

    O primeiro dos poemas selecionados, que exibe marcas da determinaopara o mito da origem, o poema VII integrante da parte inicial de O livro dasignoras (publicado em 1993), chamada Uma didtica da inveno, parte emque o poeta busca a definio de seu fazer potico:

    VIINo descomeo era o verbo.S depois que veio o delrio do verbo.O delrio do verbo estava no comeo, londe a criana diz: Eu escuto a cor dospassarinhos.A criana no sabe que o verbo escutar nofunciona para cor, mas para som.Ento se a criana muda a funo de umverbo, ele delira.

  • Terra roxa e outras terras Revista de Estudos LiterriosVolume 5 (2005) 17-32. ISSN 1678-2054

    http://www.uel.br/cch/pos/letras/terraroxa

    Nismria Alves DavidA poesia de Manoel de Barros e o mito de origem

    20

    E pois.Em poesia que voz de poeta, que a vozde fazer nascimentos O verbo tem que pegar delrio.

    (Barros 1994: 17)Constata-se, no poema acima, o mito de origem, em que perceptvel o

    valor supremo da Palavra. Sobretudo, o sujeito lrico faz lembrar das expressesregistradas no livro bblico de Joo 1: 1, que reza: No comeo era o Verbo e,conseqentemente, de Cassirer (1972: 64-5) quem observa que, muito antes daera crist, Deus empregou a Palavra como forma de expresso e comoinstrumento de criao. Isso significa que, em todas as cosmogonias mticas, pormais longe que se remonte a sua histria, sempre se volve a deparar com aposio suprema da Palavra que se converte numa espcie de arquipotncia,onde radica todo o ser e todo acontecer.

    Dessa forma, ao apresentar o que se pode chamar de cosmogonia dapoesia, Barros enfatiza a supremacia da Palavra porque o verbo (verso 1),metfora para linguagem, aparece como fundante. Por essa razo, consideram-se as afirmaes de Paz (1984: 396) no que se refere ao fato de que o verdadeiroautor de um poema no nem o poeta nem o leitor, mas sim a linguagem.

    Nesse jogo potico em que a linguagem fundamental, deve-se ressaltarque o sujeito lrico do poema VII realiza experimentos lingsticos. Eleposiciona-se do lado do diferente, faz uma brincadeira por anexar o prefixo des- palavra comeo, resultando no neologismo descomeo. Esse termo inauguraum novo paradigma que constri a transposio do discurso sagrado ao profano.At mesmo, a maiscula alegorizante de Verbo perde-se, por isso se assimilauma inverso do que era estabelecido, causando um corte no sentido do textobblico.

    Tm-se dois tempos mticos distintos, so eles: o descomeo (verso 1)e o comeo (verso 3). O primeiro tempo traduz o momento inicial marcadopelo verbo; j o segundo posterior e firmado pelo delrio do verbo. Pode-se comprovar essa afirmao nos versos 2 e 3: S depois que veio o delrio doverbo / O delrio do verbo estava no comeo, l. Neles, verifica-se apersonificao do verbo que se torna exaltado e entusiasmado, bem como setem a indicao de que o depois do descomeo o comeo.

    Sabe-se que a transformao do Caos em Cosmos constitui o sentidofundamental da mitologia. Assim, essas observaes levam a dizer que odescomeo seria o Caos, pois a Palavra vem desprovida do delrio. E o comeo

  • Terra roxa e outras terras Revista de Estudos LiterriosVolume 5 (2005) 17-32. ISSN 1678-2054

    http://www.uel.br/cch/pos/letras/terraroxa

    Nismria Alves DavidA poesia de Manoel de Barros e o mito de origem

    21

    seria o Cosmos que se apresenta perfeito, porm distante do sujeito lrico,conforme o advrbio de lugar, l (verso 3). Mas onde est o comeo, oCosmos? Em seguida, o sujeito lrico expe, nos versos 4 e 5, onde a crianadiz: eu escuto a cor dos / passarinhos.

    H o emprego de uma fala infantil, na qual se apresenta uma construosemntica surpreendente. Esta atende aos requisitos sintagmticos (sujeito, verboe predicado), mas contraria aos paradigmticos. Interessante que o prprio poetasalienta o porqu de essa construo frasal surpreender as expectativas do ouvinte,quanto significao. Explica que o emprego do verbo escutar ocorreerroneamente porque h o desconhecimento e a ignorncia da criana sobre afuno do verbo. Isto concorda com a declarao de Barros dada a Filho (1992:318) na qual esclarece que um desvio no verbo provoca um assombro potico.

    Novamente, a criana o modelo exemplar a ser seguido pelo poeta; este,ao imitar a atitude daquela, torna-se contemporneo de um mito (Eliade s.d.:20). A fala sinestsica da criana apresenta o ldico, pois ela pode ser lida comoum alogismo quanto como um trocadilho: eu escuto acordos. mais umexemplo de brinquedo com as palavras demonstrando os valores de liberdadeque geram um mundo especial, no qual h o delrio do verbo.

    Convm salientar que, no verso 10, o sujeito lrico estilo roseano se servede uma conjuno aditiva e de uma explicativa, E pois, para direcionar aconcluso do poema ao trabalho do poeta, o qual se segue explcito nos versos11, 12 e 13: Em poesia que voz de poeta, que a voz / de fazer nascimentos / O verbo tem que pegar delrio.

    A esta altura, v-se que o ato potico envolve o poder de criao, quedeve estar descompromissado com os limites morfolgicos, sintticos esemnticos. Cabe ao poeta fazer nascimentos (verso 12). Disso constata-seque Barros desvenda a origem da poesia como algo que est imbricada nacriao, mesclando dois nveis do ato de criar: o mstico e o literrio. Noprimeiro, h uma relao implcita com a criao do mundo e no segundo,com o surgimento do poema.

    Em Barros, bastante ntida a concepo do poeta como fazedor, expressano sentido etimolgico da palavra poeta, lembrado por Cury & Walty (1999: 25),como aquele que faz. Qual poeta moderno, Barros preocupa-se com o modo dedizer e conduz o leitor ao mbito do no familiar, do estranho, do deformado.Conforme ele revela: preciso propor novos enlaces para as palavras. Injetarinsanidade nos verbos para que transmitam aos nomes seus delrios. [...] Oenvolvimento emocional do poeta com essas palavras e o tratamento artstico quelhes consiga dar, - isso que poder fazer delas matria de poesia. Ou no fazer.

  • Terra roxa e outras terras Revista de Estudos LiterriosVolume 5 (2005) 17-32. ISSN 1678-2054

    http://www.uel.br/cch/pos/letras/terraroxa

    Nismria Alves DavidA poesia de Manoel de Barros e o mito de origem

    22

    Mas isso to antigo como chover (Barros 1992: 312-316).De fato, o poder do poeta manifesta-se no mundo e a poesia origina-se

    porque ele a cria, seguindo o exemplo mtico da criana. Esta analogia se deveporque, segundo Eliade (1972: 25- 33), todo novo aparecimento implica aexistncia de um Mundo e a cosmogonia constitui o modelo exemplar de todasituao criadora. A cada novo nascimento (ritual), o poeta descobre a estruturacclica do tempo, porque o ritmo se repete:

    O poeta lrico, ao recriar sua experincia, convoca um passado que um futuro. No paradoxo afirmar que o poeta como as crianas,os primitivos, em suma, como todos os homens quando do rdeasolta sua tendncia mais profunda e natural um imitadorprofissional. Essa imitao criao original: evocao, ressurreioe recriao de algo que est na origem dos tempos e no fundo decada homem, algo que se confunde com o tempo e conosco, e que,sendo de todos, tambm nico e singular. O ritmo potico aatualizao desse passado que um futuro que um presente: nsmesmos. A frase potica tempo vivo, concreto ritmo, tempooriginal, perpetuamente se recriando. Contnuo renascer e tornar amorrer e renascer de novo. (Paz 1982: 80-1).

    Conforme Paz (1982), ritmo imagem e sentido, rito constitui-seinseparvel do mito que, por sua vez, supe a perfeio da origem, expressamemria e criao: algo que existiu e que sempre poder existir outra vez. Afinal,pela repetio (rito) desemboca a eternidade, o sonho no qual a linguagem imagem, no palavras. Trata-se de imagem porque a memria tem o auxlio daimaginao. Isso a engrenagem da poesia! a engrenagem da poesia barrosiana!

    Barros v o mundo com o olho do racional e do irracional, a fim de queeste se sobreponha quele. Muitas vezes, apresenta um sujeito lrico arcaico, queobserva o tempo, os animais, est em contato com a terra, para resgatar o homem(arcaico) j perdido. Assim, Barros constri uma srie de alter egos que encarnama busca do sujeito lrico de escapar da ao do mundo. Essa atitude torna-seainda mais evidente quando se considera o alter ego criana, que apareceacompanhado de outras figuras do passado como a me, o pai, o av e vriosoutros seres. Comumente, o sujeito lrico aparece como narrador que conta osfatos, mas no d independncia aos personagens. Tudo est na viso e na vozdele. Tem-se a impresso de que todos os fatos so observados pelo olhar infantil.

    Barros busca a origem na ousadia com as palavras, com as construes

  • Terra roxa e outras terras Revista de Estudos LiterriosVolume 5 (2005) 17-32. ISSN 1678-2054

    http://www.uel.br/cch/pos/letras/terraroxa

    Nismria Alves DavidA poesia de Manoel de Barros e o mito de origem

    23

    sintticas e semnticas dos versos, refugiando-se no simbolismo da criana, cujasqualidades so anlogas s do seu projeto potico. Alm do mais, dentre aspersonagens que rodeiam a criana, ele recorre figura do av, a fim de executarseu trabalho com a linguagem de maneira plena e sem restries.

    O av tambm um exemplo mtico para a criana e para o poeta. Apesarde ser velho, no representa a decadncia, o fim do ciclo da vida. Barros rompecom essa viso tradicional, visto que lhe atribui a espontaneidade e a no seriedadeassim como ocorre na infncia. O poema 6, por exemplo, ilustra tal procedimento:

    6Depois de ter entrado para r, para rvore, para pedra meu av comeou a dar germnios.Queria ter filhos com uma rvore.Sonhava de pegar um casal de lobisomem para irvender na cidade.Meu av ampliava a solido.No fim da tarde, nossa me aparecia nos fundos doquintal: Meus filhos, o dia j envelheceu, entrem pradentro.Um lagarto atravessou meu olho e entrou para o mato.Se diz que o lagarto entrou nas folhas, que folhou.A a nossa me deu entidade pessoal ao dia. Ela deu ser ao dia. Eele envelheceu como um homem envelhece. Talvez fosse a maneiraque a me encontrou para aumentar as pessoas daquele lugar queera lacuna de gente.

    (Barros 1996: 21)Este poema encontra-se na primeira parte (Arte de infantilizar formigas)

    do Livro sobre nada, obra editada em 1996 e que rendeu a Barros o Prmio Nestlde Literatura pelo alto grau de jogos de palavras instaurados para criar umarealidade prpria. O poeta faz o poema em questo calcado nas memrias (notempo mtico), as quais soam como ecos no interior do eu lrico. A focalizaorecai nos sentimentos e na associao de pensamentos de um menino, em respostas vises e aos ideais de seu espao mtico.

    O advrbio inicial Depois, acompanhado da preposio de, marcaum acontecimento passado que, ao ser narrado, re-invocado. A imagem do

  • Terra roxa e outras terras Revista de Estudos LiterriosVolume 5 (2005) 17-32. ISSN 1678-2054

    http://www.uel.br/cch/pos/letras/terraroxa

    Nismria Alves DavidA poesia de Manoel de Barros e o mito de origem

    24

    tempo, associada ao retorno, torna-se dominante. H a exposio de umametamorfose que transitou seqencialmente nos reinos animal (r), vegetal(rvore) e mineral (pedra). Convm destacar que o ser, revelado no verso 2,passa de fora para dentro (ter entrado para), ou seja, incorporado pelosoutros seres algo muito recorrente em Barros.

    Ao buscar o desvendamento da representao simblica que r ervore realizam, pode-se dizer, com base em Chevalier & Gheerbrant (1995),que r se relaciona com o seu elemento natural, a gua, e tambm passa pormetamorfoses; a rvore, por sua vez, pode simbolizar o aspecto cclico daevoluo csmica (o nascimento, a maturao, a morte e a regenerao), bemcomo ter o sentido de centro entre a terra e o cu. Cabe destacar que Eliade (s.d.:13-14) revela que os principais significados do simbolismo da rvore so solidrioscom a idia de renovao peridica e infinita, de regenerao, de fonte de vidae juventude, de imortalidade e realidade absoluta.

    Sobretudo, aqui, a rvore o centro entre a r (vida animada, frgil)e pedra (inanimada, durvel). Esta ltima, segundo Lexikon (1997), devido asua dureza e imutabilidade, relaciona-se com os poderes eternos imutveis edivinos, possui fora concentrada. Esses trs elementos (r, rvore, pedra) revelama integrao do av ao meio natural. Isto o torna primitivo e dotado das essnciassimblicas que eles trazem.

    O verso 2, meu av comeou a dar germnios, completa o verso 1.Diante da palavra germnios, lembra-se do processo inicial do desenvolvimento(germinar) e ainda remete ao mito grego do ps-dilvio, momento em que oshomens nascem das pedras semeadas por Deucalio. Em outras palavras, a pedra,ponto final da metamorfose, doa fertilidade ao av. Tal fertilidade expressamediante a enunciao de seus extravagantes desejos, enumerados nos versos 3,4 e 5: Queria ter filhos com uma rvore. / Sonhava de pegar um casal delobisomem para ir / vender na cidade.

    V-se que, alm da almejada unio mstica entre o av e a rvore (Queriater filhos com uma rvore), empregado o verbo Sonhava que tanto podeser encarado como a seqncia de fenmenos psquicos involuntrios ocorridosdurante o sono, ou como um desejo e aspirao. Para Frye (1973: 108-9), o mito a identificao de ritual e sonho, na qual se v que o primeiro o segundo emmovimento. O av quer realizar um ritual, no qual os seus devaneios sejammanifestos.

    Um casal de lobisomem introduz uma imagem algica, pois a expressolobisomem origina-se do latim lupus homo, homem lobo, gnero masculino. Jo termo casal sugere par, composto por macho e fmea. De fato, o sujeito

  • Terra roxa e outras terras Revista de Estudos LiterriosVolume 5 (2005) 17-32. ISSN 1678-2054

    http://www.uel.br/cch/pos/letras/terraroxa

    Nismria Alves DavidA poesia de Manoel de Barros e o mito de origem

    25

    lrico desconstri a lenda, a fim de que haja procriao, a conservao da espcie.Na seqncia, quando dita a finalidade desta ao, para ir/ vender na cidade,nota-se embutida a noo de comrcio que impera em toda e qualquer cidade.Dessa maneira, o poema estabelece uma oposio entre o primitivo(lobisomem) e o no-primitivo (cidade) que o av deseja romper.

    No se pode deixar de dizer que o mito universal lobisomem j foiregistrado por autores clssicos como Ovdio e Petrnio. De acordo com Cascudo(1972), sua origem est na tradio religiosa das lupercais realizadas em Roma emfevereiro, nas quais os sacerdotes se vestiam com as peles do lobo. Assim, do ritonasceu o mito que se espalhou por todos os continentes. Notadamente, no Brasil,acredita-se que o lobisomem vem de incesto ou de molstia, se alimenta do sanguede quem encontrar nas noites de sextas-feiras. E para desencant-lo, basta o menorferimento que cause sangue. interessante pensar que o av quer, de certa forma,divulgar essas imagens fantsticas e selvagens no meio urbano j desprovido delendas. Trata-se da busca do av relembrada pela criana.

    No verso 6, Meu av ampliava a solido, o av surge como ser isolado,em liberdade, fato que explica todos os seus delrios narrados pelo eu lrico.Todavia, desconhece-se a quem exatamente corresponde esta solido. Ora,verifica-se a imagem de que a solido aumenta, por ele estar sempre absorto emseus pensamentos. Desse modo, o av, apesar de ser um dos membros da famlia,apresenta-se distinto de um personagem do cotidiano. Parece que o av se isolado resto da famlia por suas capacidades e qualidades, as quais ele quer estenderao outros, por isso ter filhos com uma rvore, vender casal de lobisomem: enfim,cultivar a intil poesia.

    No tocante ao verso 7, tem-se novamente uma outra indicao temporal(No fim da tarde) que sugere uma rotina, conforme expressa o verbo aparecer(aparecia), ncleo da orao. interessante assinalar o aparecimento de nossame que, ao contrrio de meu av, apresenta-se antecedida pelo pronomepossessivo em primeira pessoa do plural. Da pode-se depreender que o avmaterializa a liberdade do eu lrico, j a me os limites.

    Alm do mais, verifica-se a presena do espao em que se passa o fato narrado,o fundo do quintal (tambm bastante recorrente em poemas de Barros). Esteespao mtico propicia o ritual que lembra as atividades significativas expostas noespao da narrao, a prpria memria do eu.

    Na fala da nossa me, nos versos 8 e 9: Meus filhos, o dia j envelheceu,entrem pra dentro, observa-se um procedimento antropomrfico que d vidaao dia, alm do pleonasmo entrem pra dentro dito em linguagem coloquial.Vale lembrar que Chevalier & Gheerbrant (1995) apontam que a primeira analogia

  • Terra roxa e outras terras Revista de Estudos LiterriosVolume 5 (2005) 17-32. ISSN 1678-2054

    http://www.uel.br/cch/pos/letras/terraroxa

    Nismria Alves DavidA poesia de Manoel de Barros e o mito de origem

    26

    do dia a sucesso regular: nascimento, crescimento, plenitude e declnio davida.

    A seqncia narrativa que se instaura nos versos 7, 8 e 9 interrompidapelos dois ltimos versos seguintes: Um lagarto atravessou meu olho e entroupara o mato./ Se diz que o lagarto entrou nas folhas, que folhou. O lagartoaparece em movimento. Este rptil um elemento recorrente na obra de Barros.Tambm, constata-se a predominncia em gradao de verbos no pretritoperfeito (atravessou, entrou e folhou). Quando se diz atravessou o olho,deve-se lembrar que este rgo o smbolo da percepo intelectual (a imaginaopotica). E o mato, por sua vez, representa o terreno inculto (a escritura potica).No verso 11, o eu lrico sublinha a ao do lagarto ainda dizendo entrou nasfolhas, quer dizer, no campo metalingstico, este ser a-potico recebeu seuespao. Afirma-se isto, uma vez que o vocbulo folhas traz uma ambigidade,pois pode se referir tanto a uma parte das plantas, como ao papel que serve escrita.

    Se optar por esta ltima concepo de folhas, o verbo criado por Barros,folhou, indica o surgimento da arte. possvel afirmar isto porque,formalmente, o poema 6. escrito em versos livres. Imita o tom de um contarque tem as assonncias /a/ e /e/, com variaes para /o/, predominantes nomovimento de volta para a memria, para o tempo mtico, interior.

    Cabe destacar que as imagens r, rvore, ter filhos, casal de lobisomemtm uma carga semntica de renovao, apiam a idia de ciclo. Se de um lado,h o av; do outro lado, h o sujeito lrico e os filhos. Eles no se opem, mas secomplementam. Pois o av age como a criana, como o homem natural eprimitivo para vencer o tempo linear e faz surgir um tempo cclico.

    Ao fim do dia (morte) contrape-se a fertilidade do av, a qual apareceno absurdo de vrias cenas fragmentadas e sobrepostas umas s outras. Essafertilidade traduz-se no uso da imaginao, que explora uma riqueza interior eum fluxo espontneo de imagens. Porm, essa espontaneidade, segundo Eliade(1991: 16), no quer dizer inveno arbitrria, visto que, etimologicamente,imaginao est ligada a imago, isto , representao, imitao. Desse modo,a espontaneidade do av imita modelos exemplares (como a criana, o primitivo).

    Vale ressaltar que o av simboliza o pensamento primitivo. Neste, segundoMielietinski (1987: 192), h o desenvolvimento extremamente dbil dos conceitosabstratos, o que gera a necessidade do auxlio de concepes concretas, queadquirem carter simblico sem perder sua concretude. Por isso, nesse poema,em vrios outros, Barros esbanja o uso de palavras concretas muito mais do queabstratas.

  • Terra roxa e outras terras Revista de Estudos LiterriosVolume 5 (2005) 17-32. ISSN 1678-2054

    http://www.uel.br/cch/pos/letras/terraroxa

    Nismria Alves DavidA poesia de Manoel de Barros e o mito de origem

    27

    Sem dvida, o av se distingue marcadamente das figuras que o cercam.Aparece como um ser livre sempre incorporado pela natureza, torna-se, maneirado mito, um provedor de poesia, um modelo de poeta seguido pelo sujeitolrico. Compreender como se processa essa transformao implica em rever asconcepes e as descries acerca do av que so encontradas no poema citadoa seguir, retirado da segunda parte (lbum de famlia) da obra Ensaios Fotogrficos,publicada em 2000, na qual tambm predomina a experincia lingsticairreverente:

    O PROVEDORAndar toa coisa de ave.Meu av andava toa.No prestava pra quase nunca.Mas sabia o nome dos ventos.E todos os assobios para chamar passarinhos.Certas pombas tomavam ele por telhado e passavamas tardes freqentando o seu ombro.Falava coisas pouco sisudas: que fora escolhido paraser uma rvore.Lrios o meditavam.Meu av era tomado por leso porque de manh davabom-dia aos sapos, ao sol, s guas.S tinha receio de amanhecer normalPenso que ele era provedor de poesia como as avese os lrios do campo.

    (Barros 2000: 51).Ao atentar para este texto potico, nota-se que as aes do av se

    concentram em andar toa, que se traduz na mesma atitude da ave (verso 1).Sobretudo, nos dois primeiros versos, observa-se um exerccio de lgica: Andar toa coisa de ave. / Meu av andava toa. Tal exerccio conduz seguinteconcluso: Logo, meu av ave. H um jogo paronomstico entre as palavrasav e ave, ambas indicam pessoa esperta e astuta. Dentre os saberes do av,encontram-se o nome dos ventos (verso 4) e os assobios para chamarpassarinhos (verso 5), atividades mticas que um ser humano comum noconsegue realizar.

  • Terra roxa e outras terras Revista de Estudos LiterriosVolume 5 (2005) 17-32. ISSN 1678-2054

    http://www.uel.br/cch/pos/letras/terraroxa

    Nismria Alves DavidA poesia de Manoel de Barros e o mito de origem

    28

    como se o av fosse o arqutipo do velho sbio. Com base em Jung(Mielietinski 1987: 71), o velho sbio o arqutipo do esprito, da significaooculta pelo caos da vida, semelhante a um velho feiticeiro, ao xam. O av oxam porque conhece a linguagem secreta da natureza, chama as aves. A respeitodo xam, Eliade (s.d.: 57) explica que magia e canto especialmente o canto maneira das aves se designam inmeras vezes pelo mesmo termo. O vocbulogermnico para frmula mgica galdr, que se utiliza com o verbo galan, cantar.

    O canto do av, segundo o sujeito lrico, repleto de xtase. Ele querreintegrar a condio humana condio do homem primitivo, que no conheciao trabalho, nem a dor e vivia em paz com os animais. Deseja abolir a catstrofeque interrompeu as comunicaes entre Cu e Terra e dela que data a actualcondio do homem, definida pela temporalidade, o sofrimento e a morte (Eliades.d.: 85).

    Ao mesmo tempo em que o av age sobre a natureza, esta age sobre ele,como se percebe nos versos 6 a 9, nos quais certas pombas tm uma intimidadecom ele:

    Certas pombas tomavam ele por telhado e passavamas tardes freqentando o seu ombro.Falava coisas pouco sisudas: que fora escolhido paraser uma rvore.

    Ser uma rvore indica, pela verticalidade, o contato com a terra e o cu,no qual o av (rvore) o mediador da comunicao. Geralmente, nosmetapoemas de Barros, assim como neste, encontra-se a presena de elementosque se referem ao vo (ave, pombas, pssaros). Por isso, depreende-se no vo osentido de ruptura tanto na busca da identidade, como da liberdade, que devemser procuradas nas profundezas do esprito, nas nostalgias essenciais do homem.

    Barros responde a Guizzo (1992: 310-11) que a poesia necessria a fimde rememorar aos homens o valor das coisas desimportantes, das coisasgratuitas. Para ele, a principal funo da poesia promover o arejamento daspalavras, inventando para elas novos relacionamentos, para que os idiomas nomorram a morte por frmulas, por lugares comuns. E diz: Alm disso, a poesiatem a funo de pregar a prtica da infncia entre os homens. A prtica dodesnecessrio e da cambalhota, desenvolvendo em cada um de ns o senso doldico. Se a poesia desaparecesse do mundo, os homens se transformariam emmonstros, mquinas, robs.

  • Terra roxa e outras terras Revista de Estudos LiterriosVolume 5 (2005) 17-32. ISSN 1678-2054

    http://www.uel.br/cch/pos/letras/terraroxa

    Nismria Alves DavidA poesia de Manoel de Barros e o mito de origem

    29

    Tomando-se por base Eliade:A criao infinitamente retomada desses inumerveis Universosimaginrios, em que o espao transcendido e o peso abolido, dizmuito sobre a verdadeira dimenso do ser humano. O desejo deromper os liames que o mantm preso a terra, no o resultado dapresso csmica ou da precariedade econmica- ele constitui ohomem, enquanto existindo no gozo de um modo de ser nico nomundo. Tal desejo de se liberar dos seus limites, sentidos comouma queda, e de reintegrar a espontaneidade e a liberdade, desejoexpresso, [...], por smbolos do vo, deve ser enquadrado nascaractersticas do homem. (s.d.: 94).

    Voltando ao poema em questo, atentar-se- para o verso 9, Lrios omeditavam, no qual se depreende a idia de sublime e como se o cheiroaromtico dos lrios exalasse com a ao de meditar que cumprem. Talpersonificao dos lrios indica novamente que os elementos da naturezainspiravam o av e agiam sobre ele.

    Os apelos sinestsicos provocam os sentidos e conduzem o leitor contemplao. As sinestesias (do grego syn, junto; aisthesis, sentido, sensao)povoam os versos de Barros. No poema, as sensaes tteis, gustativas, olfativas,visuais e auditivas sugeridas ou inferidas falam conosco, comunicam envolvendoos sentidos e exigem que uma mente instintiva, pr-lgica.

    Por valorizar e dar ateno s coisas da natureza: sapos, sol, guas(verso 12), passando desde o nfimo, ao celeste e at o essencial, o av eratomado por leso (verso 11). As imagens ganham um contorno de leveza e dedesprendimento. Como sugere o verso 13, S tinha receio de amanhecernormal, o av preferia viver em constante anormalidade, fugindo do comum realidade prtica dos homens.

    Assim, nos versos 14 e 15: Penso que ele era provedor de poesia comoas aves / e os lrios do campo., o sujeito lrico rememora os traos do av,caracterizando-o como provedor de poesia semelhante s aves e aoslrios do campo. Essas metforas sugerem que a poesia pode oferecer aoleitor o canto, o aroma, a beleza e, enfim, o vo imaginrio. Ento, pode-seafirmar que, nos dois versos conclusivos, revelada uma situao-limite(Eliade 1991: 31), visto que o poeta toma conscincia do lugar do av noUniverso.

  • Terra roxa e outras terras Revista de Estudos LiterriosVolume 5 (2005) 17-32. ISSN 1678-2054

    http://www.uel.br/cch/pos/letras/terraroxa

    Nismria Alves DavidA poesia de Manoel de Barros e o mito de origem

    30

    O poema reflete bem que o sujeito lrico v o mundo pela infncia. Pareceque as experincias obtidas determinam a maneira de conceber a poesia. Asretinas infantis guardam a observao dos atos do av e com eles se encantam.Tudo guardado na memria e reinventado pela imaginao, deixando de serhistria, tornando-se mtico.

    Nesse sentido, convm destacar que, segundo Paz : O mito um passadoque um futuro disposto a se realizar num presente (1982: 75). A repetiortmica implica, necessariamente, no regresso do mito, na recriao do tempo.Na viso de Frye (1973: 81), algo fundamental a todas as obras de arte, quandose desenvolve no tempo e no espao, o retorno, a recorrncia como ritmo.

    Considerando Mielietinski (1987: 74) ao explicar que Jung percebe a infnciana mitologia e na criao artstica como algo diretamente relacionado ao apelodos mitos para as fontes originrias e que o mitema da criana no s est ligadoao nascimento e ao processo de formao, mas tambm antecipao da morte,bem como aos motivos e smbolos do novo nascimento, depreende-se que asimbologia da criana relacionada alegoria do av fazem de Manoel de Barrosum Ssifo.

    Assim, tem-se a impresso de que Barros rola o bloco de pedra (poema)montanha acima e ao chegar no topo (av) no vencido, reinventa o mito: elemesmo volta-se e comea a empurrar a pedra para o momento inicial (criana),de onde volta a rolar o bloco... Num constante repetir, em que o passado e ofuturo se presentificam, tudo se eterniza em grandes momentos poticosrevestidos pela espontaneidade, pela descoberta (Eliade 1992). como se existisseuma roda que vai da criana para o av e deste para aquela: o ponto de intersecoentre os dois o poeta. Por meio deste, desvendam-se a criana-av e o av-criana, busca-se a origem. Ele mostra o homem que ainda no se comps comas condies da histria e, por isso, exibe a marca da lembrana de uma existnciamais rica e mais completa, na qual se reencontra a linguagem, os devaneios, oentusiasmo, ou seja, foras que projetam o ser humano em um mundo espiritualinfinitamente mais rico que o mundo fechado do seu momento histrico.

    REFERNCIAS BIBLIOGRFICASBACHELARD, Gaston. 1996. A potica do devaneio. So Paulo: Martins Fontes.BARROS, Andr Lus. [2002]. Manoel de Barros: O tema da minha poesia soueu mesmo. Disponvel em: .

  • Terra roxa e outras terras Revista de Estudos LiterriosVolume 5 (2005) 17-32. ISSN 1678-2054

    http://www.uel.br/cch/pos/letras/terraroxa

    Nismria Alves DavidA poesia de Manoel de Barros e o mito de origem

    31

    Acesso em: 16 set. 2002.BARROS, Manoel de. 1994. O livro das ignoras. 2.ed. Rio de Janeiro: CivilizaoBrasileira.. 1996. Livro sobre Nada. Rio de Janeiro: Record.. 2000. Ensaios Fotogrficos. Rio de Janeiro: Record.BARROS, Martha. 1992. Com o poeta Manoel de Barros. Manoel de Barros.Gramtica Expositiva do Cho: Poesia quase toda. 2. ed. Rio de Janeiro: CivilizaoBrasileira. p. 312-17.BDA, Walquria Gonalves. 2002. O inventrio bibliogrfico sobre Manoel deBarros ou Me encontrei no azul de sua tarde. 2 v. Diss. Mestrado em Teoriada Literatura e Literatura Comparada - Faculdade de Cincias e Letras,Universidade Estadual Paulista - UNESP, Assis.BOSI, Alfredo. 1999. O ser e o tempo da poesia. 11. ed. So Paulo: Cutrix.CASCUDO, Lus da Cmara. 1972. Dicionrio do Folclore Brasileiro. Rio de Janeiro:Ediouro.CASSIRER, Ernst. 1972. Linguagem e mito. Uma contribuio ao problema dos nomesdos deuses. So Paulo: Perspectiva.CHEVALIER, Jean, & Alain Gheerbrant. 1995. Dicionrio de Smbolos. 9.ed. Riode Janeiro: Jos Olympio.CURY, Maria Zilda, & Ivete Walty. 1999. Textos sobre textos. Um estudo dametalinguagem. Belo Horizonte: Dimenso.ELIADE, Mircea. 1972. Mito e realidade. So Paulo: Perspectiva.. 1991. Imagens e Smbolos. Ensaio sobre o simbolismo mgico-religioso. So Paulo:Martins Fontes.. 1992. Mito do Eterno Retorno. So Paulo: Mercurio.. s.d. Mitos, Sonhos e Mistrios. Lisboa: Edies 70.FILHO, A. G. 1992. Uma palavra amanhece entre aves. Manoel de Barros.Gramtica Expositiva do Cho: Poesia quase toda. 2.ed. Rio de Janeiro: CivilizaoBrasileira. p. 317-23.FRYE, Northrop. 1973. Crtica tica: Teoria dos smbolos. In: Anatomia dacrtica. So Paulo: Cultrix. p. 75-129.GUIZZO, Jos Octvio. 1992. Sobreviver pela palavra. Manoel de Barros.Gramtica Expositiva do Cho: Poesia quase toda. 2.ed. Rio de Janeiro: CivilizaoBrasileira. p. 307- 11.HUIZINGA, Johan. 1971. Homo ludens. O jogo como elemento da cultura. So Paulo:Perspectiva.LEXIKON, Herder. 1997. Dicionrio de Smbolos. 10. ed. So Paulo: Cultrix.MIELIETINSKI, Eleazar M. 1987. A potica do mito. Rio de Janeiro: Forense.

  • Terra roxa e outras terras Revista de Estudos LiterriosVolume 5 (2005) 17-32. ISSN 1678-2054

    http://www.uel.br/cch/pos/letras/terraroxa

    Nismria Alves DavidA poesia de Manoel de Barros e o mito de origem

    32

    PAZ, Octavio. 1982. O arco e a lira. Rio de Janeiro: Nova Fronteira.. 1984. Los hijos del limo. Vol. 1 de Obras Completas. Mxico: Fondo deCultura Econmica.