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UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE CENTRO DE SAÚDE E TECNOLOGIA RURAL CAMPUS DE PATOS CURSO DE MEDICINA VETERINÁRIA MONOGRAFIA Manifestações de lesões cardíacas e renais em cães infectados com Leishmania sp. Ermano Lucena de Oliveira 2017

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE

CENTRO DE SAÚDE E TECNOLOGIA RURAL

CAMPUS DE PATOS

CURSO DE MEDICINA VETERINÁRIA

MONOGRAFIA

Manifestações de lesões cardíacas e renais em cães infectados com

Leishmania sp.

Ermano Lucena de Oliveira

2017

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE CENTRO DE SAÚDE E TECNOLOGIA RURAL

CAMPUS DE PATOS-PB CURSO DE MEDICINA VETERINÁRIA

MONOGRAFIA

Manifestações de lesões cardíacas e renais em cães infectados com

Leishmania sp.

Ermano Lucena de Oliveira Graduando

Prof. Dr. Almir Pereira de Souza Orientador

Patos Novembro de 2017

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FICHA CATALOGRÁFICA ELABORADA PELA BIBLIOTECA DO CSRT DA UFCG

O48m Oliveira, Ermano Lucena de

Manifestações de lesões cardíacas e renais em cães infectados com Leishmania sp./ Ermano Lucena de Oliveira. – Patos, 2017.

39f.: il. color.

Trabalho de Conclusão de Curso (Medicina Veterinária) – Universidade Federal de Campina Grande, Centro de Saúde e Tecnologia Rural, 2017.

“Orientação: Prof. Dr. Almir Pereira de Souza”

Referências.

1. Miocardite. 2. Glomerulonefrite. 3. Leishmaniose. 4. Zoonose. I. Título.

CDU 616:619

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE

CENTRO DE SAÚDE E TECNOLOGIA RURAL CURSO DE MEDICINA VETERINÁRIA

CAMPUS DE PATOS-PB

ERMANO LUCENA DE OLIVEIRA Graduando

Monografia submetida ao Curso de Medicina Veterinária como requisito parcial para obtenção do grau de Médico Veterinário. APROVADA EM 27/11/2017 MÉDIA: 10 (DEZ) BANCA EXAMINADORA

Prof. Dr. Almir Pereira de Souza Orientador

Prof. Dr. Atticcus Tanikawa Examinador I

Profa. Dra. Rosangela Maria Nunes da Silva Examinador II

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DEDICATÓRIA

À Deus, por me conceder o dom da vida.

A meus pais, que sempre me apoiaram em tudo.

Á minha irmã, que me incentiva em todas as minhas decisões.

A minha família, por todo o suporte durante minha caminhada acadêmica.

A meus amigos, que fazem minha vida ser ainda melhor.

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AGRADECIMENTOS

À Deus, por está comigo em todos os momentos da minha vida, nunca falhando nem

deixando faltar nada.

A meus pais, minha fonte de inspiração, pessoas na qual eu me espelho. Não conseguiria

se não fossem vocês sempre ao meu lado me dando total apoio.

À minha tia, Jacielly Dutra Regis (in memorian), por todos os conselhos sobre a vida

pessoal que ela me deu, você sempre estará dentro do meu coração.

À minha irmã, meu aperreio diário, mas ela sabe o quanto é fundamental na minha vida.

À minha família, alicerce da minha vida. Pessoas que sempre confiaram em mim e me

apoiaram em todas as decisões que tomei.

À minha namorada Aline, pessoa que me incentivou e me fez apaixonar ainda mais pela

medicina veterinária desde antes eu começar a cursar, e também por todo seu amor e carinho

que me tem dado.

Ao meu orientador Prof. Dr. Almir Pereira de Souza, que ajudou na minha vida acadêmica

desde o terceiro período e que está comigo até hoje me aconselhando e me mostrando os

melhores caminhos a seguir.

À Professora Dra. Rosangela Maria Nunes da Silva, aquela que tem o coração maior que

tudo, exemplo de ser humano a ser seguido, muito obrigado pela imensa ajuda e apoio no

decorrer da minha vida acadêmica.

Ao professor Fernando Vaz, pela imensa ajuda e por não medir esforços para que esse

projeto fosse desenvolvido.

Aos meus amigos Vinnícius, Bremmer, Matheus e Carlos Alberto que tornam o meu dia-

a-dia mais iluminado e feliz.

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A todos os meus amigos que me suportaram durante a vida acadêmica, em especial a

Raphael (Rapha cabaré), Erivaldo (tripa), caique, Pedro e Ricardo, esses que compuseram o

aconchego da veterinária. Vocês são especiais para mim.

Aos meus amigos André Phellipe, Chiarelli, Ruhan, Raimundo Jr. (Baiano), João

Augusto, Pedro Jorge, Charles Vet e João Paulo (Pônei). Pessoas estas que compõe o Grupo de

Estudo Bico do Urubu (GEBU). Também preciso agradecer aos meus amigos do grupo Só

Ciência, Arthur Gomes (Bozó), João Pedro, Jardel e Jonathan (bodim). Obrigado a todos pela

confiança e companheirismo.

Às minhas três turmas, pessoas que convivi por sete anos. Que a nossa amizade e união

seja eterna e que o sonho de todos se torne realidade Em especial ao Agrício, Vinícius, Luana

Carmém, Sávio, Albertinho (buchudinha), Márcio e Marcelo.

Aos meus amigos e segunda família que tive no Canadá, em especial ao Lúcio

(encomendas), Iury (big), Leozin e o Renato (Rê). A todos os professores que tive por lá no

curso de Animal Science, tenho um carinho especial por todos vocês.

Aos residentes e ex-residentes da Clínica Médica de Pequenos Animais da UFCG, em

especial a Vinícius Mendes, Jessica Costeira, Taynara, Aline Vieira, Ariana, Carol, Sávio e

Angélica, exemplos de profissionais que eu quero seguir. Obrigado por todos ensinamentos,

confiança e amizade.

Aos demais professores de Medicina Veterinária da UFCG. Obrigado a todos por

transmitirem os seus conhecimentos e formarem não só profissionais, mas também pessoas

melhores.

Aos médicos veterinários Jussara, Raquel, Suelton e Dayanny por sempre se

disponibilizarem e ajudarem quando eu precisei.

Enfim, sou imensamente agradecido a todos que contribuíram direta e indiretamente para

realização de um dos meus maiores sonhos, ser Médico Veterinário.

Obrigado por tudo!

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SUMÁRIO

Pág.

LISTA DE TABELAS........................................................................................................... 09

LISTA DE FIGURAS............................................................................................................ 10

RESUMO................................................................................................................................ 11

ABSTRACT............................................................................................................................ 12

1 INTRODUÇÃO................................................................................................................... 13

2 REVISÃO DE LITERATURA........................................................................................... 14

2.1 Leishmaniose visceral canina (LVC).............................................................................. 14

2.1.1 Etiologia.......................................................................................................................... 14

2.1.2 Epidemiologia................................................................................................................. 15

2.1.3 Ciclo de vida................................................................................................................... 17

2.1.4 Patogenia......................................................................................................................... 19

2.1.5 Diagnóstico, tratamento e controle.................................................................................. 21

3 MATERIAL E MÉTODOS................................................................................................ 22

3.1 Comitê de ética.................................................................................................................. 22

3.2 Animais e delineamento experimental............................................................................. 22

3.3 Variáveis clínicas e laboratoriais avaliadas..................................................................... 22

3.4 Análise estatística.............................................................................................................. 25

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO......................................................................................... 26

4.1 Variáveis Clinicas.............................................................................................................. 26

4.2 Eritrograma....................................................................................................................... 27

4.3 Alterações Cardiovasculares............................................................................................ 28

4.4 Alterações Renais.............................................................................................................. 31

5 CONCLUSÃO...................................................................................................................... 35

REFERÊNCIAS...................................................................................................................... 36

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LISTA DE TABELAS

Pág.

TABELA 1 - Valores individuais, média e desvio padrão das variáveis clínicas e vertebral

heart size (VHS) de cães diagnosticado com leishmaniose visceral no

HV/UFCG, campus de Patos-PB.........................................................................

24

TABELA 2 - Valores individuais, média e desvio padrão das variáveis hematológicas de

cães diagnosticado com leishmaniose visceral no HV/UFCG, campus de Patos-

PB..............................................................................................................

26

TABELA 3 - Valores individuais, média e desvio padrão das bioquímicas cardíaca e renais

de cães diagnosticado com leishmaniose visceral no HV/UFCG, campus de

Patos-PB.........................................................................................................

28

TABELA 4 - Valores individuais, média e desvio padrão das variáveis eletrocardiográficas

de cães diagnosticado com leishmaniose visceral, no HV/UFCG, campus de

Patos-PB.........................................................................................................

29

TABELA 5 - Valores individuais, média e desvio padrão de eletrólitos de cães

diagnosticados com leishmaniose visceral no HV/UFCG, campus de Patos-

PB........................................................................................................................

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LISTA DE FIGURAS

Pág.

FIGURA 1 - Formas amastigotas da espécie Leishmania no interior de

macrófagos..............................................................................................

13

FIGURA 2 - Forma promastigote da espécie Leishmania numa cultura; seta branca

cinetoplastos, seta preta núcleo...............................................................

13

FIGURA 3 - Distribuição geográfica das espécies de Leishmania que infetam o cão

e os seus respetivos vetores.....................................................................

14

FIGURA 4 - Espécie Phlebotomus perniciosu............................................................. 15

FIGURA 5 - Alimentação de um flebótomo num animal infectado (A); ingestão de

macrófagos infectados com a forma amastigota existente na pele (B);

formas amastigotas libertam-se do macrófago, no interior do intestino

do flebótomo (C) e transformam-se em formas promastigotas móveis

que se replicam no intestine do inseto (D). As formas promastigotas são

regurgitadas durante a alimentação do vetor ao hospedeiro definitivo,

tornando-o assim infectado com o agente (E)...........................................

16

FIGURA 6- Analisador bioquímico automático Cobas c 111® (A), analisador

hematológico pocH-100iV Diff® (B). Ambos localizados no

Laboratório de Patologia Clínica Veterinária do

HV/CSTR/UFCG.....................................................................................

22

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RESUMO

OLIVEIRA, ERMANO LUCENA DE. Manifestações de lesões cardíacas e renais em cães

infectados com Leishmania sp. Patos, Universidade Federal de Campina Grande, 2017. 39 páginas. (Trabalho de conclusão de

curso de Medicina Veterinária)

A leishmaniose é uma preocupante zoonose no Brasil, pela dificuldade de seu tratamento e

controle que resultam em surtos e endemias por todo o território nacional. A leishmaniose

compromete vários órgãos e sistemas, o que dificulta seu diagnóstico. Este trabalho teve por

objetivo descrever as alterações cardiovasculares e renais em cães, infectados com Leishmania

sp. atendidos no Hospital Veterinário da Universidade Federal de Campina Grande, elucidando

outros achados clínicos que devem ser investigados durante a abordagem do paciente infectado,

a fim de diagnosticar precocemente possíveis disfunções cardíacas e renais que possam

comprometer o prognóstico e assim, a vida do animal. Foram estudados sete animais

diagnosticado com leishmaniose, a partir do exame de Elisa S7 e visualização direta do parasita

na citologia de linfonodo ou medula óssea. Foram realizados exames hematológicos e

bioquímicos marcadores de lesão renal e cardíaco, dosagem de eletrólitos, eletrocardiografia,

radiografia torácica, ultrassonografia renal, exame macroscópico e histopatológico. Os dados

obtidos foram tratados de forma descritiva e submetidos aos testes estatísticos t de Student

(p<0,05). A maioria das alterações se mostrou em nível microscópico e sorológico, sendo

infiltrado inflamatório e a isoenzima B da creatina kinase (CK-MB) os achados mais comuns,

ou seja, a miocardite foi a principal alteração cardíaca e a glomerulonefrite foi a principal

alteração renal causada pela doença. Conclui-se que, realmente, existe a possibilidade de haver

alterações cardíacas e renais em cães infectados com Leishmania sp. Porém, não é conhecido

se esta alteração é ocasionada pela presença do parasita no coração ou somente pela resposta à

infecção sistêmica.

Palavras-chave: miocardite, glomerulonefrite, zoonose, leishmaniose.

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ABSTRACT

OLIVEIRA, ERMANO LUCENA DE. Manifestations of cardiac and renal lesions in dogs

infected by Leishmania sp.

Patos, UFCG, 2017. 39 pages. (Work of conclusion of course of Veterinary Medicine)

Leishmaniosis is a worrying zoonosis in Brazil, due to the difficulty of its treatment and control

that lead to outbreaks and endemic diseases throughout the national territory. Leishmaniosis

can affect several organs and systems, which makes it difficult to diagnose. The objective of

this study was to describe the cardiovascular and renal changes in dogs caused by the parasite

by Leishmania sp., elucidating other clinical findings that should be investigated during the

approach of the infected patient in order to diagnose early cardiac and renal dysfunction that

could compromise the prognosis and thus, the life of the animal. We studied seven animals

diagnosed by leishmaniosis, from the Elisa S7 examination and direct visualization of the

parasite in the cytology of lymph node or bone marrow, where hematological and biochemical

tests were performed for renal and cardiac lesions, electrolyte dosage, electrocardiography,

chest X-ray, renal ultrasonography, macroscopic and histopathological examination, in order to

identify these lesions. The data were described and submitted to the Student's t-test (p <0.05).

Most of the alterations were shown at a microscopic level and sorological, with an inflammatory

infiltrate and CK-MB the most commons findings, that is, myocarditis was the main cardiac

alteration and glomerulonephritis was the main renal alteration caused by the disease. It is

concluded that there is actually the possibility of cardiac and renal changes in dogs infected

with Leishmania sp. However, it is not known if this alteration is caused by the presence of the

parasite in the heart or only by the response to the systemic infection.

Key words: myocarditis, glomerulonephritis, zoonosis, leishmaniosis.

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1 INTRODUÇÃO

As doenças Caninas Transmitidas por Vetores são de difícil diagnóstico, o que trás um

grande desafio para o Médico Veterinário. Este diagnóstico é realizado principalmente com

base nas manifestações clínicas do animal e por meio de achados laboratoriais. Contudo, os

sinais físicos em diversas doenças infecciosas são bem semelhantes, o que dificulta ainda mais

o diagnostico clínico e, consequentemente, o tratamento, especialmente em áreas endêmicas

para mais de uma enfermidade, ou quando o animal é infectado com mais de um agente

patogênico.

Dentre as doenças caninas transmitidas por vetores, a Leishmaniose Visceral Canina

tem grande destaque no Brasil pelo grande número de animais infectados. Além disso, a

epidemiologia dessa doença se sobrepõe a outras enfermidades em algumas partes do mundo,

isto em decorrência de seus vetores, pois esses têm períodos de transmissão e atividade

parasitária parecidos.

A Leishmania sp. é um patógeno intracelular obrigatório, sendo L. infantum o agente

mais importante. Entretanto, a transmissão da L. infantum é por um flebotomíneo, o Lutzomyia

longipalpis. Como os humanos também são infectados por esse parasita, os cães pelo seu

convívio próximo com o homem, tanto em ambiente domiciliar como peridomicilliar, apresenta

um importante papel epidemiológico, aja vista o mesmo ser reservatório para o parasita.

A leishmaniose é uma doença multisitêmica que afeta principalmente órgãos como

medula óssea, baço e o fígado. Portanto, conhecer a frequência dessa afecção e quais são suas

manifestações clínicas, são importantes para o diagnóstico diferencial entre outras patologias,

assim possibilitando ao Médico Veterinário um diagnóstico seguro e precoce, levando a um

prognóstico satisfatório. Ressalta-se assim, a importância não só de diagnosticar esta

enfermidade, mas também de identificar e classificar as lesões cardíacas e renais em cães

acometidos de Leishmania sp.

Desta forma, objetivou-se com este trabalho descrever as manifestações de lesões

cardíacas e renais em cães infectados com Leishmania sp.  atendidos no Hospital Veterinário da

Universidade Federal de Campina Grande, Patos - PB (HV-UFCG).

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2 REVISÃO DE LITERATURA

2.1 Leishmaniose visceral canina (LVC)

A leishmaniose visceral é causada principalmente pelas espécies Leishmania donovani

e a Leishmania infantum. Elas são responsáveis pela infecção de 400.000 pessoas e morte de

aproximadamente 40.000 por ano (WHO, 2010). A L. donovani é encontrada na Europa, Ásia

e África, e a população pobre que convive na zona rural do Nordeste Indiano e do leste da

África (ALVAR et al., 2012). Atribui-se a maioria dos casos da doença causada pela L.

donovani a transmissão de ser humano para ser humano. Em contraste, a infecção por L.

infantum é zoonótica, não apenas na região mediterrânea, onde possivelmente ela se originou,

mas também na América Latina (LUKES; MAURICIO; SCHÖNIAN, 2007).

De acordo com Ready (2013), a transmissão para o hospedeiro vertebrado é

normalmente pela picada de um flebotomíneo fêmea, através do repasto sanguíneo. A zoonose

com maior importância epidemiológica no Brasil é a leishmaniose visceral, que acomete cães

e humanos de forma sistêmica. Autores também relatam que o Brasil está entre os cinco países

mais afetados no mundo, sendo o País da América do Sul com maior número de casos, tanto

em humanos como em animais (OTRANTO; DANTAS-TORRES; BREITSCHWERDT,

2009).

2.1.1 Etiologia

Os parasitas Leishmania spp. são protozoários de duas fases, os quais apresentam uma

fase no hospedeiro intermediário e outra fase no hospedeiro definitivo. Além disso estão

divididos em dois subgéneros, Leishmania e Viannia, baseado no desenvolvimento e nas

diferenças da localização do parasita dentro do flebótomo (BANETH; SOLANO-GALLEGO,

2012). Sua classificação enquadra-se no filo Sarcomastigophora, subfilo Mastigophora, classe

Zoomastigophora, ordem Kinetoplastida, subordem Trypanosomatina, família

Trypanosomatidae (MARTÍNEZ-MORENO et al., 1999). São caracterizados por uma estrutura

contendo DNA mitocondrial, cinetoplasto, que está ligado ao corpo basal, onde origina um

flagelo (CIARAMELLA; CORONA, 2003).

A caracterização das Leishmanias, são em geral, por dois diferentes tipos morfológicos:

amastigota e promastigotas. (CIARAMELLA; CORONA, 2003; SOI et al., 2010). As formas

amastigotas (Figura 1) são de estruturas redondas ou ovóides, de 2,5-5 µm de comprimento e

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1,5-2 µm de largura, e possuem um núcleo excêntrico basófilo, o cinetoplasto mais escuro, com

forma de haste, podendo ser visto através de uma coloração Giemsa ou Wright. Localizam-se

no interior das células do hospedeiro vertebrado, e multiplicam-se por divisão binária, por

conseguinte, provocando a ruptura das mesmas e assim infetando novas células (BANETH;

SOLANO-GALLEGO, 2012). As formas promastigotas (Figura 2) são estruturas com

mobilidade, possuem corpo de 10 a 15 µm, um longo flagelo alongado (até 20 µm) e,

tipicamente, são encontradas no hospedeiro invertebrado (MARTÍNEZ-MORENO et al., 1999;

CIARAMELLA; CORONA, 2003).

Existem muitas espécies de Leishmania, de ampla distribuição geográfica, patológicas

em seres humanos e também em cães, que podem ser infectados pelas seguintes espécies: L.

infantum (L. chagasi), Leishmania donovani, Leishmania tropica, Leishmania braziliensis,

Leishmania peruviana e Leishmania panamensis. Dentre estas, a espécie de maior importância

é L. infantum, que oferece um maior risco nos animais de companhia, uma vez que o principal

hospedeiro e reservatório da infeção no homem é o cão (SOLANO-GALLEGO et al., 2009).

2.1.2 Epidemiologia

Aproximadamente trinta diferentes espécies de Leishmania são encontradas em várias

regiões do Antigo Mundo e do Novo Mundo, e destas, aproximadamente vinte são responsáveis

por um amplo espectro de doenças em humanos. A grande parte são zoonóticas e apenas

algumas são antropozonóticas (BANETH; SOLANO-GALLEGO, 2012). As doenças

Figura 1 - Formas amastigotas da espécie Leishmania no interior de macrófagos, seta branca.

Figura 2 - Forma promastigote da espécie Leishmania numa cultura; seta branca cinetoplastos, seta preta núcleo.

Fonte: Adptado de Baneth e Solano-gallego, 2012.

Fonte: André Vieira, 2011.

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acometidas por estes parasitas em humanos são divididas em três formas, em relação as suas

manifestações clínicas: leishmaniose cutânea (LC), leishmaniose mucocutânea (LM), e

leishmaniose visceral (LV) (SOLANO- GALLEGO et al., 2009).

A Leishmaniose Canina é endémica em mais de 70 países, estando presente em algumas

regiões do Sul da Europa, Ásia, África, América Central e do Sul (BANETH et al., 2008), e

havendo relatos também, nos Estados Unidos da América (PETERSEN; BARR, 2009). A

doença muitas vezes pode ser encontrada em países não endémicos em decorrência dos turistas

e/ou emigrantes ao transportarem cães infetados consigo ou pela importação destes animais

(BANETH; SOLANO-GALLEGO, 2012). Infecções em gatos, canídeos selvagens e cavalos

nas áreas geográficas onde a doença é endémica também foram descritas (SOLANO-

GALLEGO et al., 2009; GRAMICCIA, 2011).

Os vetores biológicos aceitos na transmissão das espécies de Leishmania são apenas os

flebótomos (DANTAS-TORRES, 2011), sendo que na Leishmaniose canina apenas dois

géneros são envolvidos: Phlebotomus no Velho Mundo e Lutzomyia no Novo Mundo

(PALTRINIERI et al., 2010).

As espécies de Leishmania que infetam o cão, os seus vetores e a sua distribuição

geográfica são apresentadas na Figura 3.

Figura 3 – Distribuição geográfica das espécies de Leishmania que infetam o cão e os seus respetivos vetores.

Fonte: Adaptado de Solano-Gallego, et al., 2009.

Na Leishmaniose Canina, infecção não é obrigatoriamente o mesmo que doença, pois

existe uma prevalência de infecção subclínica elevada, assim, os animais não apresentam

qualquer sinal clínico ou alteração clínico patológica. A doença pode ter manifestação

subclínica, com formas auto limitantes, ou manifestar-se como patologia grave e/ou fatal,

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podendo registar-se uma ampla variação de fenômenos imunológicos e clínicos (SOLANO-

GALLEGO et al., 2011).

Alguns fatores como a idade, a raça e a constituição genética, foram associados ao

desenvolvimento de Leishmaniose Canina. Um fator importante parece ser a idade. Relatos

mostram que a distribuição da infeção é bimodal e tem maior prevalência em cães jovens,

abaixo dos 3 anos, e adultos com idade superior a 8 anos (BANETH et al., 2008). Algumas

raças, como o Boxer, o Cocker Spaniel, o Rottweiler e o Pastor Alemão parecem ter mais

susceptibilidade ao desenvolvimento da doença, enquanto o Podengo de Ibiza dificilmente

desenvolve sinais clínicos de leishmaniose. Além disso, fatores como doenças concomitantes,

o estado nutricional, infeções, virulência do parasita e prévia exposição ao mesmo parecem

influenciar na suscetibilidade à doença (BANETH et al., 2008).

2.1.3 Ciclo de vida

O ciclo natural de vida da Leishmania abrange um hospedeiro intermediário

flebotomíneo e um hospedeiro definitivo vertebrado (BANETH; SOLANO-GALLEGO, 2012).

Taxonomicamente o vetor classifica-se, na ordem Diptera, subordem Nematocera, família

Psychodidae, subfamília Phlebotominae, estando presente onde o parasita é endémico

(MAROLI et al., 2013).

O ciclo biológico de Leishmania no flébotomo fêmea (Figura 4) tem início quando essa

ingere as formas amastigotas ao alimentar-se de sangue dos hospedeiros infetados (BANETH;

SOLANO-GALLEGO, 2012), preferencialmente em áreas de pelo rarefeito ou curto, como

cabeça, pavilhões auriculares, focinho, áreas inguinais e perineais (SOLANO-GALLEGO et

al., 2009).

Figura 4 – Phlebotomus perniciosu

Fonte: Adaptado de González, 2006.

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Figura 5 – Alimentação de um flebótomo num animal infetado (A); ingestão de macrófagos infetados com a forma amastigota existentes na pele (B); formas amastigotas libertam-se do macrófago, no interior do intestino do flébotomo (C) e transformam-se em formas promastigotas móveis que se replicam no intestino do inseto (D). As formas promastigotas são regurgitadas durante a alimentação do vetor ao hospedeiro definitivo, tornando-o assim infetado com o agente (E).

O ciclo no hospedeiro intermediário invertebrado tem duração que pode variar de 4 até

no máximo 20 dias, dependendo das condições climáticas externas, como clima, umidade e

temperatura (CIARAMELLA; CORONA, 2003).

Os parasitas são inoculados juntos com a saliva na pele do hospedeiro definitivo quando

o flebótomo novamente se alimenta, sendo fagocitados por macrófagos cutâneos. Então o

flagelo é perdido, transformando-se novamente em formas amastigotas (Figura 5)

(CIARAMELLA; CORONA, 2003; BANETH; SOLANO-GALLEGO, 2012).

A forma infectante da Leishmania (promastigota metacíclica) se desenvolve no intestino

do vetor, o Lutzomia longipalpis. Após a inoculação no hospedeiro definitivo, ocorre a

fagocitação do parasita pelo sistema mononuclear fagocitário, transformando-se na forma

amastigota, e perdendo seu flagelo (CIARAMELLA; CORONA, 2003).

A nível dos fagolisossomos dos macrófagos recrutados, eles se multiplicam e causam a

lesão primária no sítio de infecção. A partir disso a disseminação do parasita pode ser pela via

linfática e/ou sanguínea (READY, 2014). Existem discussões sobre o carrapato R. sanguineus

também participar do ciclo da LVC, onde Campos et al. (2014) relataram que 22,9% dos

carrapatos que parasitavam cães com Leishmaniose Visceral foram positivos na reação em

cadeia da polimerase (PCR) para Leishmania spp. em Teresina-Piauí.

Fonte: Adaptado de Baneth e Solano-Gallego, 2012

Figura 5 -

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19

2.1.4 Patogenia

Em cães acometidos de LVC são observadas alterações hematológicas, tais como a

redução do número de eritrócitos, porcentagem do hematócrito e concentração de hemoglobina,

que caracterizaram a anemia, principalmente em cães sintomáticos, sendo a anemia normocítica

e normocrômica a mais encontrada. Cães soropositivos apresentam além da anemia, uma

eosinopenia, linfopenia e monocitopenia. A redução da contagem de vermelhas do sangue em

geral provém da disfunção da medula óssea, pois o grande número de parasitas prejudica a

hematopoiese (ABREU et al., 2011).

Um quadro assintomático pode ser apresentado por alguns cães, enquanto outros

apresentam uma doença progressiva com diferentes sinais clínicos, como linfoadenomegalia

local ou generalizada, perda de peso progressiva, hepatoesplenomegalia, onicogrifose, além de

lesões cutâneas como dermatites, ulcerações e alopecia. Ainda foi relatado uma

glomerulonefrite imunomediada em decorrência da falência renal crônica na maioria dos

animais doentes (LIMA et al., 2014).

Em um estudo realizado com cães naturalmente infectados com L. infantum, pôde-se

observar um aumento considerável da sintomatologia clínica em animais coinfectados com E.

canis. Outro dado bastante curioso foi que a infecção por E. canis foi anterior à infecção por L.

infantum na maioria dos animais, sugerindo que a erliquiose pode contribuir para o

desenvolvimento da infecção por Leishmania (MEKUZAS et al., 2009).

2.1.4.1 Alterações cardíacas

A miocardite é uma das alterações mais citadas nos cães acometidos pela Leishmaniose

visceral. Os danos às células cardíacas acontecem pela resposta imune do animal frente a

infecção, degenerando as células adjacentes pela presença de um infiltrado inflamatório

(FERRARI et al., 2006). No homem, disfunção ventricular assintomática e dilatação, dor pré-

cordial, síncope ou lipotimia e palpitações, estão incluídas nas manifestações clínicas agudas

de morte súbita e insuficiência cardíaca descompensada (MONTERA et al., 2013). Ferrari et al

(2006), acrescentam que as miocardites podem apresentar um curso benigno, ou resultarem em

morte por insuficiência cardíaca grave.

O eletrocardiograma, ecocardiograma, histologia, métodos imunológicos e

imunohistoquimicos são as ferramentas auxiliares no diagnóstico de lesões cardíacas

(FERRARI et al., 2006).

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As alterações macroscópicas cardíacas descritas em cães portadores de Leishmaniose

Visceral, são hipertrofia concêntrica ventricular esquerda e, consequentemente, aumento do

átrio esquerdo, ambos causados por aumento da pressão arterial sistêmica. Na Leishmaniose

não é raro o envolvimento dos rins, o que compromete ainda mais a pressão sanguínea, isto

pelo importante papel do rim no controle da pressão arterial, o que pode culminar em

hipertensão e, logo, a cardiomiopatia hipertensiva (PADUA, 2013).

De acordo com Rosa (2012) na histologia, são observados e descritos dilatação

ventricular direita, palidez em algumas áreas, hipertrofia ventricular concêntrica esquerda e

sufusões no endocárdio dos ventrículos.

López-Peña et al. (2009) fizeram análises histológicas das áreas pálidas cardíacas e

observaram atrofia muscular, acúmulo de macrófagos entre as fibras musculares cardíacas,

perda de cadiomiócitos e degeneração. Além disso, Ferrari et al (2006) encontraram em um cão

infectado, miocardite multifocal severa com degeneração e necrose das fibras do músculo

cardíaco, bem como, formas amastigotas da Leishmania sp no miocárdio, por imunomarcação.

2.1.4.2 Alterações renais

A função renal é importante para avaliar os cães doentes e assim poder classificar o

estádio da doença renal, uma vez que a Leishmaniose canina está intimamente associada com

uma prevalência de insuficiência renal crônica (SOLANO-GALLEGO et al., 2009). Na

Leishmaniose canina pode-se observar poliúria e/ou polidipsia, as quais podem indicar lesão

renal, e esta pode ser a única alteração clínica, podendo variar desde proteinúria moderada até

insuficiência renal crónica (IRC) (SOLANO-GALLEGO et al., 2011).

Solano-Gallego et al. (2009) relatou a presença de lesões histológicas renais em todos

os animais avaliados, estas afetando os glomérulos, túbulos e tecido intersticial. Os referidos

autores acrescentam que, as primeiras alterações acometem o sistema tubular, o que

desencadeia uma tubulonefrose com degeneração das células da parede, perda de

microvilosidades e degeneração vacuolar, podendo aparecer também processos de necrose

isolados.

Tardiamente aparecem as lesões glomerulares, com manifestações variadas, sendo a

glomerulonefrite membrano proliferativa a mais notável, onde acontece espessamento da

membrana basal dos glomérulos, pela proliferação de células endoteliais e mesangiais e também

pelo depósito de substância. A deposição de imunocomplexos nos glomérulos, pode ser

responsável também pela manifestação de glomerulonefrite (PLEVRAKI et al., 2006).

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Apesar da elevada prevalência desta patologia, a típica azotemia da insuficiência renal é

um dado laboratorial de baixa frequência e é apenas evidente quando os néfrons em sua maioria

se tornam disfuncionais durante a evolução da doença (SOLANO-GALLEGO et al., 2009). A

lesão renal pode apresentar-se clinicamente por ascites, edema periférico e proteinúria

(CIARAMELLA; CORONA, 2003). Estas lesões renais podem ainda causar hipertensão e

agravar, ainda mais, a patologia renal (SARIDOMICHELAKIS, 2009). Logo, o precoce

diagnóstico da doença renal, o tratamento e uma dieta adequada são benéficos para o animal,

podendo aumentar sua expectativa de vida (BANETH; SOLANO-GALLEGO, 2012).

2.1.5 Diagnóstico, tratamento e controle

Para se ter o diagnóstico definitivo da leishmaniose é necessário visualizar o parasita

em amostras provenientes do aspirado da medula óssea, baço e linfonodo, ou ainda, proveniente

de lesões da pele, corados com Giemsa, ou em secções histopatológicas corados com

Hematoxilina Eosina. Existem também outros métodos de diagnóstico direto do parasita, que

pode ser isolando o parasita in vitro ou inoculando em animais de laboratório (MAIA et al.,

2007).

Ainda existe muita controvérsia em relação ao tratamento da LVC, pois não é de comum

acordo o tratamento ou não de animais infectados entre alguns veterinários e órgãos públicos.

As principais drogas empregadas são o antimoniato de meglumina, anfotericina B, isotionato

de pentamidina, alopurinol, cetoconazol, fluconazol, miconazol e itraconazol. Porém, todas

apresentaram baixa eficácia com remissão temporária dos sinais físicos, são exclusivamente de

uso humano e proibido o uso em cães (BRASIL, 2014). No entanto, recentemente foi aprovado

pelo ministério da saúde, o tratamento de cães com uma droga exclusiva para esta espécie, que

é o miltefosine (MilteforanÒ). Esta droga apresenta significativa porcentagem de sucesso em

redução dos sinais clínicos, entretanto poucos são avaliados quanto à cura completa dos animais

tratados (SALZO, 2008).

No nosso país, o tratamento de forma sistêmica nos humanos, controle dos vetores e

eliminação dos animais soropositivos são as práticas profiláticas para o controle da doença

(ZANETTE et al., 2014). A eliminação definitiva da LVC é difícil, uma vez que a L. infantum

tem reservatório doméstico nos cães, gatos e até ratos, e reservatório silvestre substancial como

por exemplo, as raposas (LAURENTI et al., 2013).

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3 MATERIAL E MÉTODOS

3.1 Comitê de ética

O presente estudo foi submetido e aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa (CEP), do

Centro de Saúde e Tecnologia Rural, da Universidade Federal de Campina Grande, Campus de

Patos – PB, sob o protocolo de n° 096/2016.

3.2 Animais e delineamento experimental

Para o presente estudo, foram utilizados sete cães, quatro machos e três fêmeas, com ou

sem raça definida e idade média de quatro anos, diagnosticados com leishmaniose. Estes

animais eram provenientes da rotina da Clínica Médica de Pequenos Animais, do Hospital

Veterinário, da Universidade Federal de Campina Grande (HV/UFCG).

Após a confirmação pelo exame de ELISA S7 feito no laboratório de Biologia Moelcular e

visualização direta do parasita da leishmaniose na citologia de linfonodo ou medula óssea realizado

no laboratório de Patologia Clínica do Hospital Veterinário, da Universidade Federal de Campina

Grande, foram realizadas coletas de sangue para realização dos testes sorológicos

imunocromatográficos por meio de kits detectores de anticorpos ou antígenos contra Erliquiose

(Alere™), realizados de acordo com a orientação do fabricante. Após o teste, os animais positivos

para erliquiose eram retirados do estudo.

3.3 Variáveis clínicas e laboratoriais avaliadas

3.3.1 Frequência Cardíaca (FC)

A frequência cardíaca foi obtida utilizando-se de um estetoscópio, sendo a unidade

considerada em batimentos por minuto.

3.3.2 Frequência Respiratória (FR)

Foi obtida através da contagem dos movimentos da parede torácica em 1 minuto e

determinada em movimentos por minuto.

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3.3.3 Temperatura Corporal (TC)

Determinada em graus Celsius (oC) utilizando-se um termômetro digital inserido no reto

durante o período de um minuto.

3.3.4 Eritrograma / Plaquetograma

Foram colhidos 4mL de sangue da veia cefálica ou jugular externa, acondicionados em

tubo de ensaio com anticoagulante etilenodiaminotetracético (EDTA) à 10% devidamente

identificado e conduzido ao Laboratório de Patologia Clínica do HV, da UFCG onde foi

processado e determinado o Eritrograma (analisador hematológico pocH-100iV Diif®) (Figura

6A). Por conseguinte, foram determinados o volume globular médio, hemoglobina, volume

corpuscular médio, hemoglobina corpuscular média, concentração de hemoglobina corpuscular

média e avaliação da morfologia das hemácias através do esfregaço sanguíneo, corado pelo

método rápido de Panótipo.

 

3.3.5 Função renal

Foram colhidos 5 mL de sangue da veia jugular acondicionados em tubos de ensaio sem

anticoagulante, devidamente identificado e conduzido ao Laboratório de Patologia Clínica, do

HV, da UFCG para avaliação dos parâmetros bioquímicos da função renal, onde foram

realizadas dosagens de ureia, creatinina e albumina sérica com o uso de kits comerciais em

analisador bioquímico automático modelo Cobas C11 (Figura 6B).

3.3.6 Marcador cardíaco

Para avaliação dos parâmetros bioquímicos indicadores de lesão cardíaca foram

realizadas dosagens de CK-MB, com o uso de kits comerciais em analisador bioquímico

automático (Figura 6B).

3.3.7 Eletrólitos

Os eletrólitos foram analisados pelo analisador de Íons Seletivos K/Na/Cl/Ca/pH –

MedMax Ion®. Onde foram dosados sódio (Na+), potássio (K+), cloro (Cl-) e cálcio (Ca++).

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Figura 6 - Analisador bioquímico automático Cobas c 111® (A), analisador hematológico

pocH-100iV Diff® (B). Ambos localizados no Laboratório de Patologia Clínica Veterinária do

HV/CSTR/UFCG.

Fonte: Patologia Clínica Veterinária do HV/CSTR/UFCG (2017)

3.3.8 Variáveis eletrocardiográficas

Para obtenção das variáveis eletrocardiográficas o animal foi posicionado em decúbito

lateral direito e eletrodos foram fixados nos membros de acordo com o citado por Tilley (2000).

O registro foi feito em equipamento digital (Delta Life DL660®), empregando-se a derivação

II (DII) onde foram determinados as variáveis eletrocardiográficas, duração e amplitude da

onda P em milissegundos (ms) e milivolts (mV) respectivamente, duração do complexo QRS

(em milissegundos), amplitude da onda R (em milivolts) e os intervalos entre as ondas P e R

(PR), em milissegundos.

3.3.9 Radiografia torácica

As radiografias torácicas foram feitas para avaliar a silhueta cardíaca e determinação do

Vertebral Heart Size (VHS). Os animais foram posicionados em decúbito lateral, para projeção

latero-lateral (L/L). Os exames radiográficos foram realizados no setor de diagnóstico por

imagem do HV/UFCG.

A B

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3.3.10 Ultrassonografia renal

Os animais foram posicionados em decúbito dorsal e lateral esquerdo e direito, para

avaliar estrutura parenquimatosa e contorno renal. Os exames ultrassonográficos foram

realizados no setor de diagnóstico por imagem do HV/UFCG.

3.3.11 Eutanásia

Após coleta dos dados clínicos, laboratoriais e de imagem, os animais diagnosticados

com leishmaniose foram pré-anestesiados com acepromazina ou xilazina. Em seguida

administrou-se propofol para induzir a anestesia, pela sua rápida ação e por não provocar

excitação. Uma vez alcançado o estado de inconsciência, o processo foi finalizado pela

administração intravenosa de solução de cloreto de potássio a 10%. De acordo com a resolução

CFMV Nº 1138, de 16 de dezembro de 2016.

3.3.12 Necropsia / Histopatologia

Após a eutanásia os animais foram necropsiados e as alterações macroscópicas foram

observadas e registradas. Também foram coletados materiais referente a rins e coração, os quais

foram processados e encaminhados para análise histopatológica no Laboratório de Patologia

Animal do HV/UFCG.

3.4 Análise estatística

Os dados foram submetidos à análise descritiva, seguidas do “teste t” para amostras

independentes paramétricas. Considerando-se como nível de significância (p<0,05).

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4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1 Variáveis Clinicas

As variáveis clínicas avaliadas (Frequência Cardíaca, Respiratória e Temperatura

Corporal) não apresentaram médias com alterações estatisticamente significativas como

demostrado na Tabela 1. O que corrobora com Mendes et al. (2014), que não relataram nenhuma

manifestação clínica sugestiva de insuficiência cardíaca congestiva (ICC), como aumento da

frequência cardíaca, cansaço e intolerância ao exercício em animais com leishmaniose.

Tabela 1 – Valores individuais, média e desvio padrão da frequência cardíaca(FC), frequência

respiratória (FR), temperatura corporal (TC) e vertebral heart size (VHS) de cães diagnosticado

com leishmaniose visceral no Hospital Veterinário da Universidade Federal de Campina

Grande, campus de Patos-PB (P<0,05).

Animal FC

(bat./min.)

FR

(mov./min.)

TC

(ºC)

VHS

(vert.)

1 120 32 39,1 12,5

2 160 19 38,2 9,5

3 172 56 38,3 13,5

4 126 76 39,4 13

5 112 32 38,4 12,5

6 100 70 39,1 12

7 164 20 39,0 12,5

Média 136,2 43,6 38,7 12,2

DP 38,5 23,6 0,47 1,29

V. Referência 80-140 15-50 37,5-38,5 9,5-10,5

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4.2 Eritrograma

Dos 7 cães reagentes avaliados, 57% (n=4) apresentaram anemia, sendo a forma

normocítica e normocrômica a mais frequente (Tabela 2). Resultados semelhantes foram

relatados na literatura (BUSH, 2004; COSTA-VAL et al., 2007). Na Leishmaniose Visceral

Canina a anemia pode ocorrer por diferentes mecanismos, como diminuída eritropoese pelo

caráter crônico, perda de sangue, diminuição eritrocitária, lise de hemácias e por produção de

auto-anticorpos que levam ao sequestro esplênico (IKEDA-GARCIA et al., 2003).

A anemia observada neste estudo pode ser classificada como moderada, onde

apresentaram média de hemácias 3,69 x106 + 0,97 /mm3 e hematócrito 22,44 + 6,0 %, o que já

foi mostrado por outros autores que obtiveram valores médios de contagem de hemácias e

hematócrito de: 3,83 x106 /mm3 e 23,37% e 4,50 x 106 /mm3 e 31,5% (IKEDA-GARCIA et al.,

2003). Entretanto, o caráter não-regenerativo do quadro anêmico gera um prognóstico

desfavorável (THOMSOM, 1990). Segundo Costa-Val et al. (2007), a ausência de regeneração

da anemia por Leishmaniose Visceral Canina é decorrente da presença do parasita na medula

óssea, ocasionando à infiltração de plasmócitos, linfócitos, e macrófagos e assim afetando a

produção eritrocitária.

A presença de anisocitose (n=3) e policromia (n=2) sugere um processo regenerativo

em alguns cães, confirmando com relatos de Feldman et al. (2000), que afirmaram que cães

portadores de Leishmaniose Visceral podem apresentar anemia regenerativa ou não-

regenerativa.

Adicionalmente verificou-se que, o valor médio de contagem de plaquetas para cães

reagentes estava dentro dos valores de normalidade, embora 28% (2) destes cães tenham

apresentado trombocitopenia no esfregaço sanguíneo. O acontecimento de trombocitopenia em

cães reagentes para Leishmaniose Visceral decorre de modificação da parede vascular por

vasculite devido aos imunocomplexos circulantes (FELDMAN et al., 2000), além de distúrbios

de trombocitopoese, aumento na destruição de plaquetas e após comprometimento do

funcionamento renal (SLAPPENDER; FERRER, 1998). Outro processo na diminuição do

número de plaquetas na Leishmaniose Visceral pode estar associado à presença de

imunoglobulinas anti-plaquetas (TERRAZANO et al., 2006), relatado em 63,3% dos cães

naturalmente infectados por L. infantum (CIARAMELLA et al., 2005).

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Tabela 2 – Valores individuais, média e desvio padrão das variáveis hematológicas de cães

diagnosticado com leishmaniose visceral no Hospital Veterinário da Universidade Federal de

Campina Grande, campus de Patos-PB (P<0,05).

Animal Hemat.

(%)

Hemoglo.

(g/dL)

VCM

(fL)

HCM

(uug)

CHCM

(g/dL)

Hemácias

(106)

Plaquetas

(µL)

1 24,3 8,2 56,5 15,9 33,7 4,3 252.000

2 14,9 5,6 59,4 14,5 37,6 2,51 128.000

3 19,4 6,9 54,6 16,4 32,8 3,43 234.000

4 30,2 10,5 61,9 12,8 34,8 4,88 280.000

5 18,3 5,9 66,3 21,4 32,2 2,76 203.000

6 30,3 10,3 61,5 12,9 34,0 4,93 256.000

7 19,7 6,5 65,4 20,1 33,0 3,01 116.000

Média 22,4 7,7 60,8 16,3 34,0 3,69 209.857

DP 6,00 2,02 4,32 3,36 1,79 1,00 64.504,3

V. Ref. 37-55 12-18 60-77 19-24 30-36 5,5-8 200.000-

500.000

4.3 Alterações Cardiovasculares

Com relação aos achados cardiovasculares, em nenhum dos animais usados para a

elaboração deste estudo foram descritas alterações clínicas como motivo de procura ao serviço

médico veterinário e queixa clínica principal.

Todavia, métodos para avaliação cardíaca com intuito de pesquisa clínica, foram

utilizados para o diagnóstico destas alterações. Os métodos utilizados para avaliação cardíaca

foram a radiografia torácia, histopatologia, mensuração de CK-MB como marcador de lesão

cardíaca circulante e eletrocardiograma.

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O exame de radiografia torácica evidenciou-se cardiomegalia moderada em 87% (n=6),

(Vertebral Heart Size – VHS: 12,2 + 1,3 vértebras) dos animais estudados (Tabela 1). A

cardiomegalia em cães com leishmaniose foi descrita anteriormente na literatura (MENDES et

al., 2014). Adicionalmente, Padua et al. (2013) associou a cardiomegalia em cães infectados

com leishmaniose ao aumento da pressão arterial sistêmica, onde esses cães desenvolvem

hipertrofia concêntrica.

Na macroscopia foi observado coração com aspecto globoso e hipertrofia concêntrica

das câmaras cardíacas, principalmente no ventrículo esquerdo. Na microscopia foi observado

infiltrado inflamatório focal do miocárdio da parede livre dos ventrículos, constituído por

plasmócitos, macrófagos e linfócitos (plasmo-histiolinfocitário). Hipertrofia concêntrica do

ventrículo esquerdo e infiltrado inflamatório na musculatura cardíaca, característico de

miocardite crônica, já foram descritos na literatura em cães portadores de leishmaniose

(MENDES et al., 2014). Devido a baixa visualização pela histopatologia e concentração do

parasita no tecido cardíaco em estudo, não se sabe ao certo se as alterações cardíacas

encontradas são por ação direta da Leishmania sp. ou por alguma atividade inespecífica no

tecido cardíaco em resposta à infecção sistêmica (SHIMABUKURO, 2009).

Com relação a enzima cardíaca creatina kinase (CK-MB), 87% (n=6) obtiveram

resultados acima dos valores de referências (Tabela 3). Soares (2014) relatou que uma das

alterações cardíacas encontradas na Leishmaniose é a hipertrofia concêntrica dos ventrículos,

principalmente em decorrência do envolvimento renal, desencadeando um aumento de pressão

arterial sistêmica. Logo, esta alteração cardíaca pode gerar uma disfunção no órgão, o que

diminui o fluxo de sangue coronariano, induzindo a isquemia, a qual desencadeia a liberação

de enzimas como a isoenzima MB da creatina quinase (CK-MB). A elevação da atividade sérica

do CK-MB é citada em cães com comprometimento miocárdico, principalmente em condições

de hipóxia instalada, em que ocasiona inconstância e modifica a permeabilidade da membrana

dos miócitos, acarretando o acréscimo da enzima no soro sanguíneo (PINO et al., 2008). O

aumento do CK-MB, mesmo esta não sendo específica como marcador de injúria miocárdica,

em consequência da sua liberação em lesões musculares, quando adicionado a outros exames

de caráter cardiovascular, auxiliam com maior acurácia e mais rapidamente o diagnóstico

clínico de doença cardíaca, estabelecendo prognóstico e direcionamento terapêutico

(YONEZAWA et al., 2010).

Portanto, alterações conferidas ao coração lesado devem ser consideradas como

possíveis complicações em cães com leishmaniose visceral, especialmente aqueles a serem

tratados com fármacos antimoniais. Isso porque o uso dessas substâncias, aliado à existência de

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lesões cardíacas decorrentes da patogênese da leishmaniose visceral, poderia acentuar a

cardiopatia prévia ou predispor a essa condição devido ao seu efeito cardiotóxico, apesar da sua

excelente eficácia (SHIMABUKURO; SILVA, 2009).

Tabela 3 – Valores individuais, média e desvio padrão das bioquímicas cardíaca, isoenzima B

da creatina kinase e renais, ureia, creatinina e albumina de cães diagnosticado com leishmaniose

visceral no Hospital Veterinário da Universidade Federal de Campina Grande, campus de

Patos-PB (P<0,05).

Animal CK-MB

(UI/L)

Ureia

(mg/dL)

Creatinina

(mg/dL)

Albumina

(g/dL)

1 260 75,63 2,2 1,32

2 150 122,18 2,3 0,86

3 220 115,67 2,9 0,64

4 490 84,23 2,8 1,02

5 130 96,03 2,9 0,97

6 50 15,75 1,4 1,51

7 150 34,12 0,5 0,76

Média 207,14 77,7 2,14 1,01

DP 141,5 39,9 0,9 0,31

V. Referência 20-120 15-40 0,5-1,5 2,6-3,3

Na eletrocardiografia, foram observados em seis animais ritmo sinusal, sobrecarga atrial

esquerda (P= 50,9 ms) e depressão do intervalo ST (Tabela 4), o que sugere hipóxia de

miocárdio ou desequilíbrio eletrolítico. Ritmo sinusal, sobrecarga atrial e ventricular esquerda,

e complexo ventricular prematuro foram relatos em um cão infectado por Leishmania chagassi

(MENDES et al., 2014). Algumas destas alterações, como a arritmia sinusal, parada sinusal,

marca-passo migratório, bloqueio de ramo direito incompleto e contração atrial prematura

também foram descrito anteriormente (SOUSA et al 2013). Torrent et al., (2005) realizaram

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eletrocardiografia em uma cadela de três anos de idade, infectada, e foi identificado bloqueio

de primeiro grau com depressão de segmento ST, esta última é comumente encontrada em casos

de miocardite.

Tabela 4 – Valores individuais, média e desvio padrão das variáveis eletrocardiográficas de

cães diagnosticado com leishmaniose visceral, no Hospital Veterinário da Universidade Federal

de Campina Grande, campus de Patos-PB (P<0,05).

4.4 Alterações Renais

Os exames ultrassonográficos renais demostraram aumento da junção corticomedular

em todos os animais avaliados 100% (n=7), cortical espessada 71% (n=5), ecogenicidade

aumentada do córtex renal em 86% (n=6) e discreta perca da arquitetura. O aumento da

ecogenicidade do córtex renal é um dos achados ultrassonográficos mais comuns em cães com

algum grau de insuficiência renal. É um achado não específico que pode cursar com diversas

Duração (ms) Amplitude (mV)

Animal P QRS PR ST P Q R S T

1 48 40 84 76 0,20 0,16 0,89 0,12 0,14

2 48 52 88 24 0,14 0,59 1,4 0,14 0,48

3 60 64 103 84 0,28 0,06 1,64 0,28 0,42

4 56 80 102 56 0,32 0,10 1,17 0,20 0,22

5 44 84 100 60 0,20 0,38 1,17 0,16 0,30

6 48 80 84 88 0,26 0,26 1,49 0,24 0,18

7 52 80 128 88 0,28 0,08 0,81 0,20 0,28

Média 50,9 68,6 98,4 68 0,24 0,23 1,22 0,19 0,29

DP 5,5 17,0 15,4 23,3 0,06 0,19 0,31 0,06 0,12

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afecções renais, tais como nefrite glomerular ou intersticial e doença renal em estágio crônico

(CHEW et al., 2011; DEBRUYN et al., 2012). Se o aumento da ecogenicidade é percebido

também na região medular, provocando aumento da junção córtico-medular, deve-se considerar

as seguintes causas: displasia renal congestiva, doença inflamatória crônica e doença renal

terminal (VAC, 2004).

Em relação as bioquímicas renais, a ureia e creatinina demostraram-se aumentadas em

71% dos animais avaliados (n=5) (Tabela 3). O aumento da creatinina e ureia em cães com

Leishmaniose Visceral Canina tem sido relatado por vários autores, sendo esse aumento

observado em 30 a 80% de cães acometidos com LV (ABREU-SILVA et al., 2008; COSTA et

al., 2003). O aumento nos níveis desses compostos no soro de cães naturalmente infectados por

leishmaniose, configura um quadro de uremia, e comprometimento renal (FREITAS et al.,

2012).

A hipoalbuminemia e hipocalcemia observadas (Tabela 3 e 5) assim como, aumento

nos níveis séricos de ureia e creatinina, já foram amplamente relatados na leishmaniose visceral

canina devido à inflamação crônica e doença renal concomitante (SARIDOMICHELAKIS,

2009; CORTADELLAS et al., 2006). A perda seletiva da albumina também pode ocorrer pela

urina em decorrência à lesão renal (GRAUER, 2005). No entanto as concentrações séricas de

potássio (Tabela 5) se mantiveram dentro dos valores de referência, isso em parte, pode ser

atribuído ao fato de que em estágios tardios da insuficiência renal crônica os mecanismos

tubulares compensatórios são capazes de manter a homeostase do potássio (CHEW;

DIBARTOLA, 1992).

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Tabela 5 – Valores individuais, média e desvio padrão de eletrólitos de cães diagnosticados

com leishmaniose visceral no Hospital Veterinário da Universidade Federal de Campina

Grande, campus de Patos-PB (P<0,05).

Em achados observados neste estudo a razão entre a concentração sérica de sódio e

potássio (Tabela 5) também se mantiveram dentro dos valores de referência. Porém, foi

observado que a capacidade reguladora dos cães faz com que as alterações séricas só ocorram

tardiamente. Além disso, o mecanismo tubular compensatório é capaz de manter a homeostase

de sódio e potássio até estágios tardios de IRC (CHEW; DIBARTOLA 1992).

Na macroscopia renal foram observados rins difusamente aumentados e avermelhados,

que podem ser correlacionados com os achados ultrassonográficos, aumento da junção

corticomedular e cortical espessada, indicando doença inflamatória renal crônica ou doença

renal terminal (VAC, 2004). Também foram observadas alterações na coloração do tecido renal,

notadamente congestões e isquemias nas áreas corticais e medulares, além de nefrite intersticial,

caracterizada pela presença de vários pontos esbranquiçados nos rins de animais infectados por

leishmaniose (ALBUQUERQUE et al., 2008).

Em relação a microscopia dos rins avaliados, observou-se nas regiões cortical e

medular, áreas multifocais de infiltrado inflamatório mononuclear distendendo o interstício e

ao redor de glomérulos, constituído predominantemente de macrófagos, plasmócitos e

Animal K (mmol/L) Na (mmol/L) Cl (mmol/L) Ca (mmol/L)

1 4,24 154,08 89,11 3,16

2 4,19 152,91 88,09 3,12

3 4,06 163,36 97,98 3,44

4 4,15 147,91 87,35 3,51

5 3,89 151,35 85,87 2,99

6 4,57 151,74 85,63 3,38

7 4,13 147,16 83,95 1,41

Média 4,18 152,64 88,28 3,00

DP 0,21 5,35 4,61 0,73

V. Referência 3,6-5,8 140-152 80-110 8-12

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ocasionais linfócitos. Observou-se ainda alguns glomérulos com a capsula de Bowman

discretamente espessada. Esse dado está de acordo com o encontrado por Costa et al. (2003) e

Zatelli et al. (2003) que observaram frequência de acometimento glomerular em cães com

Leishmaniose visceral em 100% dos casos; enquanto Rigo et al. (2013) relataram ter encontrado

lesão glomerular em 52% dos animais analisados. Espessamento glomerular com espessamento

da cápsula de Bowman também foram descritas em outros estudos em cães acometidos pela

Leishmaniose Visceral (DIAS, 2008). Um espessamento glomerular observado em animais

acometidos pela LVC foi decorrente da deposição de material proteico ou de anticorpos.

Acredita-se que as lesões glomerulares ocorridas na LV sejam provenientes da deposição de

imunocomplexos circulantes na membrana basal glomerular. Porém, há evidências de que a

resposta imune celular também esteja envolvida na patogênese da nefropatia (COSTA et al.,

2003).

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5 CONCLUSÃO

Diante dos resultados obtidos é possível concluir que cães portadores de leishmaniose

podem manifestar lesões cardíacas, como a miocardite, e lesões renais como a glomerulonefrite,

mesmo sem a presença direta do parasita. Estes achados se tornam importantes, face o emprego

de novos fármacos para o tratamento da leishmaniose que podem agravar ou não tais lesões. É

importante que todos os pacientes que sejam confirmados com leishmaniose sejam

acompanhados para a investigação de possíveis alterações secundárias que possam trazer

complicações ao animal.

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