manifestacao relatorio social e replica contestacao
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COORDENAÇÃO DO CURSO DE DIREITO
ESCRITÓRIO DE PRÁTICA JURÍDICA
CAMPUS - BOA VISTA
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EXCELENTÍSSIMO SENHOR JUIZ FEDERAL DO 2º JUIZADO ESPECIAL
FEDERAL DE VITÓRIA - SEÇÃO JUDICIÁRIA DO ESPÍRITO SANTO.
PROCESSO Nº: 0002091-33.2012.4.02.5050
REQUERENTE: MARIA DAS GRAÇAS CAMPELO SOUZA
REQUERIDO: INSTITUTO NACIONAL DE SEGURO SOCIAL- INSS
MARIA DAS GRAÇAS CAMPELO SOUZA, já devidamente qualificada nos autos
da AÇÃO DE CONHECIMENTO CONDENATÓRIA (BPC - LOAS), em epígrafe,
que move em face do INSTITUTO NACIONAL DE SEGURO SOCIAL- INSS, vem
à presença de Vossa Excelência, através de sua advogada que ao final
subscreve, manifestar-se acerca do:
RELATÓRIO SOCIAL E RÉPLICA À CONTESTAÇÃO
Pelos motivos fáticos que a seguir passa a expor.
1. DO RELATÓRIO SOCIAL
No Relatório social de fls. 30/32, a assistente social corrobora com as afirmações
fornecidas na exordial, in verbis:
“De acordo com observações técnicas e fatos apresentados, sugere-se o
benefício para a autora, considerando-se os seguintes aspectos: que no
tempo presente a renda familiar apresenta-se insuficiente para a
sobrevivência da autora, que a solicitante por ser idosa e iletrada,
encontra dificuldade de laborar no mercado de trabalho formal, e que o
quadro de saúde x doença familiar requer cuidados contínuos. Desta
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forma o benefício proporcionaria a autora melhores condições de
sobrevivência, melhorando sua qualidade de vida”.
Restando comprovadas as assertivas da inicial, é de suma importância o
deferimento do benefício para a sobrevivência da autora, conforme argumentos já
expostos.
2. DA CONTESTAÇÃO DO INSS
Em Contestação apresentada às fls. 39/44, não bastasse isso, a parte Ré tece
frágeis argumentos tentando invocar lei simplesmente informando ser incabível a
aplicação analógica do artigo 34, § único do Estatuto do Idoso ao caso em tela,
pois como o marido da autora já recebe aposentadoria, equivalente a um salário
mínimo, esta não estaria enquadrada nas hipóteses do referido artigo.
É importante frisar que a autora conta atualmente com 69 anos de idade, que não
exerce nenhuma atividade laborativa, é iletrada e que por estes motivos seu
acesso ao mercado de trabalho é extremamente restritivo, conforme relatório
social de fls. 30/32.
3. DA APLICAÇÃO DO ART. 34, § ÚNICO DA LEI 10.741/2003:
No presente caso, a autora requer o benefício assistencial em razão de ser maior
de 65 anos e não possuir meios para sua subsistência, esta faz jus ao benefício
apesar de seu marido, já aposentado, receber benefício assistencial equivalente a
1 salário mínimo.
Pelo fato de o marido da autora receber 1 salário mínimo a título de benefício
assistencial por ser aposentado, aplica-se ao caso o parágrafo único do art. 34 da
Lei nº 10.741/03, o qual dispõe que:
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Art. 34. Aos idosos, a partir de 65 (sessenta e cinco) anos, que não possuam meios para prover sua subsistência, nem de tê-la provida por sua família, é assegurado o benefício mensal de 1 (um) salário-mínimo, nos termos da Lei Orgânica da Assistência Social - Loas. Parágrafo único. O benefício já concedido a qualquer membro da família nos termos do caput não será computado para os fins do cálculo da renda familiar per capita a que se refere a Loas.
Observa-se que o presente artigo tem a finalidade de proteger o idoso, o qual, em
razão dos altos gastos decorrentes de idade, não pode ter seu benefício
estendido à família, a qual deverá ter seus outros meios de subsistência além do
benefício recebido pelo idoso.
A jurisprudência já pacificou esse entendimento do parágrafo único do art. 34 da
Lei 10.741/03 para excluir o benefício recebido pelo idoso para o cálculo da renda
per capita a que se refere o LOAS, senão vejamos:
“PREVIDENCIÁRIO. BENEFÍCIO ASSISTENCIAL. LEI Nº 8.742/93. REQUISITOS DA IDADE E DA RENDA. PREENCHIMENTO. ESTATUTO DO IDOSO. ART. 34 PARÁGRAFO ÚNICO. 1. O benefício assistencial, conforme o ordenamento que o regula, é devido à pessoa idosa ou à pessoa portadora de deficiência que pertença a grupo familiar cuja renda mensal per capita não seja igual nem superior a ¼ do salário mínimo, e não seja titular de nenhum outro benefício, no âmbito da seguridade social, ou de outro regime. 2. O recebimento de qualquer benefício previdenciário no valor de um salário mínimo, por qualquer dos integrantes do grupo familiar do idoso, não deve ser considerado para fins de aferição da renda familiar per capita do pretendente à concessão de benefício assistencial, pois o fato de um outro membro do grupo familiar perceber o benefício mensal de um salário mínimo não afasta a condição de miserabilidade do núcleo familiar, pois se a situação da família com renda de um salário mínimo, consistente em benefício disciplinado pela LOAS, é de miserabilidade, também o é pelo RGPS, pois a aferição da hipossuficiência é eminentemente de
cunho econômico. (APELAÇÃO CÍVEL Nº 2009.70.99.003449-0/PR – Relator Des. Federal Luis Alberto de Azevedo Aurvalle/ D.E.
Publicado em 16/03/2010)”.
“Tal entendimento em nada se contrapõe ao critério objetivo quantitativo que deve ser analisado para concessão do benefício assistencial. Aplicar-se o referido dispositivo legal à situação em que o idoso recebe benefício assistencial, no valor de um salário mínimo, e não aplicá-lo no caso em que o idoso percebe benefício previdenciário, de mesmo valor, constitui afronta ao princípio da isonomia. Da mesma forma, excluir a
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aplicação da norma quando o autor depende exclusivamente da renda de pessoa idosa componente de seu grupo familiar para sua subsistência, não atende ao sentimento de justiça e a mens legis da Lei nº 10.741/03, fundada no princípio da tutela especial ao idoso. Assim, com base nos argumentos expendidos, concluo que o critério mais equânime e consentâneo com o escopo legal é excluir do cálculo da renda per capita o valor correspondente a um salário mínimo percebido pelo idoso componente do grupo familiar. Posto isso, conheço do Incidente e nego-lhe provimento." (DJU, TNU, Juiz Federal Rel. Otávio Henrique Martins Port Juiz Federal Relator)
De acordo com jurisprudência de nossos tribunais, a renda do marido da autora
deve ser desconsiderada ao se calcular a renda familiar per capita, posto o art. 34
do estatuto do idoso, tese esta ventilada expressamente nos autos. Dessa forma,
tendo em vista que este recebe aposentadoria equivalente a um salario mínimo, o
requisito de renda per capita de ¼ do salario mínimo de acordo com a lei do
LOAS está preenchido.
4. DA CONDIÇÃO ECONÔMICA DA AUTORA:
Verifica-se que a autora se enquadra nos requisitos para a percepção do
beneficio previdenciário em questão, previstos no artigo nº 203 da CF/88, quais
sejam: idade superior a 65 anos e não possuir meios de prover a própria
manutenção ou tê-la provida por sua família.
Insta informar que a autora possui largas despesas com remédios e tratamentos
médicos, além de outras despesas atinentes à idade.
5. DOS PEDIDOS
A presente ação envolve matéria exclusivamente de direito. Por consequência,
não existem outras provas a serem produzidas.
Assim, requer a Autora o julgamento antecipado da lide, de acordo com o que
dispõe o artigo 330 do CPC, condenando-se a Ré na forma requerida na inicial.
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Outrossim, requer seja rejeitada a peça oferecida pela Ré, acatando-se os
argumentos da Autora expostos na exordial e na presente impugnação a
Contestação.
Nesses termos, aguarda deferimento.
Vila velha/ES, 30 de agosto de 2012.
RONILCE ALESSANDRA AGUIERAS
OAB/ES 14.935
Roger Coutinho Silveira Cabral
Acadêmico de Direito
Felipe Dourado Schwartz
Acadêmico de Direito