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MANGA Produção Aspectos Técnicos Aristóteles Pires de Matos Organizador Embrapa Comunicação para Transferência de Tecnologia Brasília - DF 2000 Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária Embrapa Mandioca e Fruticultura Ministério da Agricultura e do Abastecimento

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MANGAProdução

Aspectos Técnicos

Aristóteles Pires de MatosOrganizador

Embrapa Comunicação para Transferência de TecnologiaBrasília - DF

2000

Empresa Brasileira de Pesquisa AgropecuáriaEmbrapa Mandioca e FruticulturaMinistério da Agricultura e do Abastecimento

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Série Frutas do Brasil, 4

Copyright © 2000 Embrapa/MA

Exemplares desta publicação podem ser solicitados a:

Embrapa Comunicação para Transferência de TecnologiaSAIN Parque Rural - W/3 Norte (final)Caixa Postal: 040315CEP 70770-901 - Brasília-DFFone: (61) 448-4236Fax: (61) [email protected]

CENAGRIEsplanada dos MinistériosBloco D - Anexo B - TérreoCaixa Postal: 02432CEP 70849-970 - Brasília-DFFone: (61) 218-2615/2515/321-8360Fax: (61) [email protected]

Responsável pela edição: José Márcio de Moura SilvaCoordenação editorial: Embrapa Comunicação para Transferência de TecnologiaRevisão, normalização bibliográfica e edição: Vitória RodriguesPlanejamento gráfico e editoração: Marcelo Mancuso da Cunha

1ª edição1ª impressão (2000): 3.000 exemplares

Todos os direitos reservados.A reprodução não autorizada desta publicação, no todo ou em parte,

constitui violação do Copyright © (Lei nº.9.610).

CIP-Brasil. Catalogação-na-publicação.Embrapa Comunicação para Transferência de Tecnologia.

Manga. Produção: aspectos técnicos / Aristóteles Pires de Matos, organizador;Embrapa Mandioca e Fruticultura (Cruz das Almas, BA). — Brasília: EmbrapaComunicação para Transferência de Tecnologia, 2000.63p. ; (Frutas do Brasil ; 4).

Inclui bibliografia.ISBN 85-7383-080-8

1. Manga - Produção. 2. Manga - Cultivo. 3. Mangifera indica L. I. Matos,Aristóteles Pires de, org. II. Embrapa Mandioca Fruticultura (Cruz das Almas, BA).III. Série.

CDD 634.44

© Embrapa 2000

Embrapa Mandioca e FruticulturaRua Embrapa, s/nºCaixa Postal 007CEP 44380-000 - Cruz das Almas-BAFone: (75) 721-2120Fax: (75) [email protected]

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AAUTUTORESORES

Alberto Carlos de Queiroz PintoEngenheiro Agrônomo, Ph.D. em Melhoramento de Fruteiras Tropicais, Pesquisador da EmbrapaCerrados, Caixa Postal 08223. CEP 73301-970 – Planaltina – DF.E-mail: [email protected]

Ana Lúcia BorgesEngenheira Agrônoma, D.Sc. em Solos e Nutrição de Plantas, Pesquisadora da Embrapa Mandioca eFruticultura, Caixa Postal 007. CEP 44380-000 – Cruz das Almas – BAE-mail: [email protected]

Antonia Fonsêca de Jesus MagalhãesEngenheira Agrônoma, Fertilidade do Solo e Adubação, Pesquisadora da Embrapa Mandioca e Fruticultura,Caixa Postal 007. CEP 44380-000 – Cruz das Almas – BAE-mail: [email protected]

Antônio Souza do NascimentoEngenheiro Agrônomo, D.Sc. em Entomologia, Pesquisador da Embrapa Mandioca e Fruticultura,Caixa Postal 007. CEP 44380-000 – Cruz das Almas – BAE-mail: [email protected]

Aristoteles Pires de MatosEngenheiro Agrônomo, Ph.D. em Fitopatologia, Pesquisador da Embrapa Mandioca e Fruticultura,Caixa Postal 007. CEP 44380-000 – Cruz das Almas – BAE-mail: [email protected]

Clóvis Oliveira de AlmeidaEngenheiro Agrônomo, D.Sc. em Economia Aplicada, Pesquisador da Embrapa Mandioca e Fruticultura,Caixa Postal 007. CEP 44380-000 – Cruz das Almas – BAE-mail: [email protected]

Eugênio Ferreira CoelhoEngenheiro Agrônomo, Ph.D. em Engenharia da Irrigação, Pesquisador da Embrapa Mandioca e Fruticultura,Caixa Postal 007. CEP 44380-000 – Cruz das Almas – BAE-mail: [email protected]

Getúlio Augusto Pinto da CunhaEngenheiro Agrônomo, M.Sc. em Fitotecnia, Pesquisador da Embrapa Mandioca e Fruticultura,Caixa Postal 007. CEP 44380-000 – Cruz das Almas – BAE-mail: [email protected]

Hermes Peixoto dos Santos FilhoEngenheiro Agrônomo, M.Sc. em Fitopatologia, Pesquisador da Embrapa Mandioca e Fruticultura,Caixa Postal 007. CEP 44380-000 – Cruz das Almas – BAE-mail: [email protected]

José da Silva SouzaEngenheiro Agrônomo, M. Sc. em Economia Rural, Pesquisador da Embrapa Mandioca e Fruticultura,Caixa Postal 007. CEP 44380-000 – Cruz das Almas – BAE-mail: [email protected]

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José Maria Magalhães SampaioEngenheiro Agrônomo, Pesquisador da Embrapa Mandioca e Fruticultura, Caixa Postal 007.CEP 44380-000 – Cruz das Almas – BA

Luciene do Nascimento MendesAcadêmica de Engenharia Agronômica da EFBA, Bolsista PIBIC na Embrapa Mandioca e Fruticultura,Caixa Postal 007. CEP 44380-000 – Cruz das Almas – BA

Manoel Teixeira de Castro NetoEngenheiro Agrônomo, Ph. D. em Fisiologia Vegetal, Pesquisador da Embrapa Mandioca e Fruticultura,Caixa Postal 007. CEP 44380-000 – Cruz das Almas – BAE-mail: [email protected]

Ritaumária de Jesus PereiraAcadêmica de Engenharia Agronômica da EFBA, Bolsista PIBIC na Embrapa Mandioca e Fruticultura,Caixa Postal 007. CEP 44380-000 – Cruz das Almas – BA

Romulo da Silva CarvalhoEngenheiro Agrônomo, M.Sc. em Entomologia, Pesquisador da Embrapa Mandioca e Fruticultura,Caixa Postal 007. CEP 44380-000 – Cruz das Almas – BAE-mail: [email protected]

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APRESENTAPRESENTAÇÃOAÇÃO

Uma das caraterísticas do Programa Avança Brasil é a de conduzir os empreendi-mentos do Estado, concretizando as metas que propiciem ganhos sociais e institucionaispara as comunidades às quais se destinam. O trabalho é feito para que, ao final daimplantação de uma infra-estrutura de produção, as comunidades envolvidas acrescen-tem, às obras de engenharia civil requeridas, o aprendizado em habilitação e organização,que lhes permita gerar emprego e renda, agregando valor aos bens e serviços produzidos.

O Ministério da Agricultura e do Abastecimento participa desse esforço, com oobjetivo de qualificar nossas frutas para vencer as barreiras que lhes são impostas nocomércio internacional. O zelo e a segurança alimentar que ajudam a compor umdiagnóstico de qualidade com sanidade são itens muito importantes na competição comoutros países produtores.

Essas preocupações orientaram a concepção e a implantação do Programa de Apoioà Produção e Exportação de Frutas, Hortaliças, Flores e Plantas Ornamentais – FRUPEX.O Programa Avança Brasil, com esses mesmos fins, promove o empreendimentoInovação Tecnológica para a Fruticultura Irrigada no Semi-árido Nordestino.

Este Manual reúne conhecimentos técnicos necessários à produção da manga. Taisconhecimentos foram reunidos pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária –Embrapa – em parceria com as demais instituições do Sistema Nacional de PesquisaAgropecuária, para dar melhores condições de trabalho ao setor produtivo, preocupadoem alcançar padrões adequados para a exportação.

As orientações que se encontram neste Manual são o resultado da parceria entre oEstado e o setor produtivo. As grandes beneficiadas serão as comunidades para as quaisas obras de engenharia também levarão ganhos sociais e institucionais incontestáveis.

Tirem todo o proveito possível desses conhecimentos.

Marcus Vinicius Pratini de Moraes

Ministro da Agricultura e de Abastecimento

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SUMÁRIOSUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ........................................................................................................................................... 9

2. ASPECTOS SOCIOECONÔMICOS..................................................................................................... 11

3. ASPECTOS BOTÂNICOS ....................................................................................................................... 15

4. EXIGÊNCIAS EDAFOCLIMÁTICAS ................................................................................................... 16

5. FENOLOGIA ............................................................................................................................................ 17

6. VARIEDADES (CULTIVARES) ............................................................................................................. 19

7. PROPAGAÇÃO E PADRÃO DA MUDA ............................................................................................. 21

8. INSTALAÇÃO DO MANGUEIRAL - PREPARO DO SOLO E

OPERAÇÕES DE PLANTIO ................................................................................................................. 29

9. TRATOS CULTURAIS ............................................................................................................................. 31

10. CALAGEM E ADUBAÇÕES .................................................................................................................. 35

11. PRAGAS E SEU CONTROLE ................................................................................................................ 45

12. DOENÇAS E SEU CONTROLE ............................................................................................................ 50

13. COLHEITA ................................................................................................................................................ 55

14. CUSTOS E RENTABILIDADE .............................................................................................................. 57

15. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................................................... 62

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99Frutas do Brasil, 4Frutas do Brasil, 4 Manga ProduçãoManga Produção

1 INTRODUÇÃOManoel Teixeira de Castro Neto

Getúlio Augusto Pinto da Cunha

Desde que os aspectos técni-cos da produção da culturada manga foram revisados

nesta série em 1994, novas tecnologias econceitos foram gerados, viabilizando me-lhor manejo e desenvolvimento da cultura.Sendo assim, tornou-se necessária a revisãodeste manual para melhor orientar o produ-tor e, conseqüentemente, aumentar a produ-tividade da cultura e qualidade do produto.Adicionalmente, devido à manga ocuparuma posição de destaque na pauta das expor-tações brasileiras, é necessário conhecer bema sua cultura para que se possam viabilizaraltas produtividades e liderar as suas expor-tações, participando mais efetivamente domercado internacional dessa fruta.

Dada a sua importância econômica,promovida pelo seu excelente sabor e boascondições nutritivas, a manga é a sétimacultura mais plantada no mundo e a terceiramais cultivada nas regiões tropicais, emaproximadamente 94 países. No Brasil,ocupa uma área de 21,83 mil hectares, dosquais apenas 3,1 mil hectares encontram-seem plena produção. Com a atual situação damangicultura nacional, o país ocupa a séti-ma posição na classificação mundial deprodutores de manga e a nona posiçãocomo exportador.

Consumida, preferencialmente, innatura, a manga era produzida em pomaresdomésticos ou em pequenos pomares semo manejo adequado. Atualmente, a produ-ção de manga vem sendo realizada comtécnicas modernas de indução floral. Mes-mo em pomares domésticos, a manga estásendo colhida mais cuidadosamente paramanter sua aparência e alcançar bons pre-ços no mercado. De maneira geral, a recen-te mudança no hábito alimentar da humani-dade para o maior consumo de frutas fres-

cas, bem como o aumento do padrão dequalidade das frutas exigido pelos consumi-dores, incentivam os produtores a oferece-rem um produto com melhor qualidade.Essa exigência na qualidade do produtosofre pouca mudança por parte daagroindústria para o processamento damanga em sucos, geléias, sorvetes, chutney ecompotas.

Devido à sua alta capacidadeadaptativa, a mangueira pode ser cultivadasob condições tropicais e subtropicais. Sobcondições subtropicais o manejo da culturatorna-se relativamente fácil devido às bai-xas temperaturas facilitarem a indução dafloração, embora o crescimento e a qualidadedo fruto possam ser comprometidos poressas temperaturas. É necessário o controledo crescimento vegetativo para que se pos-sa promover a indução floral, embora nes-sas condições o crescimento e teores deaçúcares do fruto sejam favorecidos.

Nos cultivos modernos, o total co-nhecimento de como a mangueira cresce ese desenvolve é de fundamental importân-cia na determinação de um manejo quepossibilite altas produtividades e melhoriada qualidade do produto. Atualmente, ascultivares de maior aceitação no mercadointernacional são provenientes de regiõessubtropicais e, portanto, potencialmenteapresentam um comportamento diferentequando cultivadas em condições tropicais.Nas condições tropicais semi-áridas doNordeste brasileiro, únicas no mundo,encontrou condições para se desenvolver ealcançar boas produtividades, faltando aindaatingir a sua estabilidade acima das 40 t/ha.Para que isso ocorra, um profundo conheci-mento da interação entre os processos decrescimento, desenvolvimento e fatoresambientais será necessário.

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Frutas do Brasil, 4Frutas do Brasil, 4Manga ProduçãoManga Produção1010

A mangueira cultivada atualmente per-tence à espécie Mangifera indica da famíliaAnacardeaceae. Embora essa família pos-sua muitas outras espécies comestíveis, aM. indica é a única cultivada comercialmen-te em larga escala.

Existe ainda muita discussão sobre aorigem e a diversidade do gênero Mangifera.Mukherjee, 1997, acredita que estes centrosestão localizados no Sudeste Asiático. Essemesmo autor, baseado nas evidências defósseis e classificações taxonômicas encon-tradas, concorda que a mangueira tenha seoriginado provavelmente de uma grandeárea que inclui o noroeste malaio,Bangladesh e nordeste da Índia. Porém,Chacko, 1986, sugere que a manga é origi-nária da Índia, onde existem mais de milvariedades e é conhecida há mais de quatromil anos. Nesse país ainda se encontramcentenas de espécies crescendo espontanea-mente nas florestas.

Dentro da espécie M. indica existemdois tipos distintos de plantas que podemser diferenciadas de acordo com seu modode germinação e centro de diversificação.As variedades originárias de regiões

subtropicais apresentam sementes mono-embriônicas, enquanto as originárias deregiões tropicais, sementes poliembriônicas.As primeiras são, provavelmente, originá-rias da Índia, e as segundas, poliembriônicas,das regiões tropicais da Península Malaia.As poucas variedades monoembriônicasque ocorrem no oeste indiano podem tersido introduzidas pelos portugueses,trazidas da Malaca ou Timor, suas colôniasna Malásia e Indonésia, respectivamente.

A distribuição da mangueira para ou-tras regiões começou possivelmente comas viagens, os descobrimentos e as coloni-zações européias. Devido à semente demanga ser recalcitrante e rapidamente per-der seu poder de germinação, a distribui-ção de germoplasma para outras regiõespode ter ocorrido por meio do fruto de vezou de muda trazidos pelos descobridores.Com o avanço das técnicas de propagaçãovia enxertia, o germoplasma passou a serdistribuído por plantas enxertadas. Exis-tem relatos que colocam os portuguesescomo os primeiros a introduzirem a man-gueira na África e, desse continente, maistarde, no Brasil, após o seu descobrimento.

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1111Frutas do Brasil, 4Frutas do Brasil, 4 Manga ProduçãoManga Produção

A manga brasileira tem a vanta-gem da oferta na entressafra,podendo ainda melhorar o seu

desempenho. É uma das poucas frutas emque as exportações conseguiram superar amarca dos 10% da produção.

A produção brasileira de manga tipoexportação é concentrada em cinco esta-dos: Bahia, Pernambuco, Rio Grande doNorte, São Paulo e Piauí. Além de contri-buir na geração de divisas, a mangiculturanacional ainda desempenha importantepapel na geração de emprego e redução dasdesigualdades regionais.

PAPAUTUTA DE EXPORTA DE EXPORTAÇÕESAÇÕES

Em 1998, a manga foi a fruta que maiscontribuiu com as exportações brasileirasde frutas frescas. O espaço conquistadopelo Brasil no mercado internacional demanga nessa década evidencia o potencialda fruticultura tropical como geradora dedivisas. Essa oportunidade fica ainda maispatente se considerarmos o recente cresci-mento da demanda mundial de frutas tropi-cais e suco de frutas.

O mercado internacional de manganão é único. Existem grandes diferençasquanto aos gostos, preferências e exigênci-as dos consumidores. As variedades maisdemandadas mudam de um país para outro.O preço é estabelecido pelo mercado im-portador e a qualidade é padrão. É precisomanter um efetivo controle de qualidadepara ter acesso ao mercado. A escolha domercado-alvo antecede o planejamento daprodução. Conhecer bem o mercado antesde planejar a produção é imprescindívelpara o sucesso do empreendimento.

Entretanto, há características comunsdo mercado internacional de manga:

• as mais bem aceitas são as colori-das – as verdes ainda têm problema demercado;

• os preços são estabelecidos no mer-cado importador;

• os consumidores precisam de infor-mações quanto às formas alternativas deconsumir a fruta;

• as frutas devem ser padronizadasquanto a forma, cor, tamanho, peso e qua-lidade;

• o maior consumo é registrado noverão e o menor no inverno;

• a renda do consumidor é uma vari-ável importante na determinação da de-manda de manga.

VARIAÇÕES DVARIAÇÕES DA RENDA RENDAA

A demanda de manga no mercadointernacional é muito sensível às variaçõesde preço da fruta e da renda dos consumi-dores. No mercado japonês, a demanda émais sensível às variações da renda dosconsumidores que nos mercados america-no e europeu. A quantidade de fruta de-mandada no mercado europeu dependefortemente do seu preço, o qual flutuaquando a oferta é instável.

O mercado internacional de manga éabastecido por vários países e o Brasil estáentre os maiores exportadores juntamentecom México, Filipinas, Índia, Paquistão eÁfrica do Sul.

A época de oferta varia conforme opaís, concentrando-se no período de abril a

2 ASPECTOSSOCIOECONÔMICOS

Clóvis Oliveira de AlmeidaJosé da Silva Souza

Luciene do Nascimento MendesRitaumária de Jesus Pereira

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Frutas do Brasil, 4Frutas do Brasil, 4Manga ProduçãoManga Produção1212

agosto (Figura 1). O Brasil produz naentressafra dos principais países produto-res e exportadores, o que lhe confere van-tagens comerciais por desfrutar de preçosmais elevados e ter poucos concorrentes nomercado.

CONCORRENTES ECONCORRENTES EESTRAESTRATÉGIASTÉGIAS

Os principais concorrentes do Brasilsão Peru e Israel. África do Sul, Honduras,Costa Rica, Equador e Guatemala são con-correntes em potencial, em decorrência debaixo custo da mão-de-obra, condições cli-máticas favoráveis, localização e época deprodução, embora ainda exportem peque-nas quantidades, exercendo pouca pressãosobre os preços vigentes no mercado. Nomédio e longo prazos, o problema de ofertapode ser resolvido, o que poderá imporfortes perdas para a mangicultura nacional.

Ao Brasil caberia estabelecer uma es-tratégia capaz de fortalecer seus laços comer-ciais, ampliar sua participação no mercadointernacional e deslocar potenciais concor-rentes nos mercados externo e interno.

Produzir em quantidade e com quali-dade na entressafra para manter regularida-

de de oferta no mercado externo e aprovei-tar a época de preços mais elevados nomercado doméstico seria um passo nessesentido. A estratégia desejável é uma com-binação de mercados, não uma escolhaentre eles. Se a restrição de oferta impuseruma escolha, é preciso atentar para o fato deque as transações comerciais no mercadointernacional são feitas entre parceiros tra-dicionais, exigindo que se mantenham pre-ços competitivos, regularidade quanto àpadronização e oferta. Somente desse modoé possível estabelecer uma relação confiávele duradoura, essencial para que o país possater uma inserção ativa e competitiva nomercado internacional. O custo de negli-genciar esse fato pode ser a perda da condi-ção de exportador. A exportação não podeser tratada como excedente de mercado.

AUMENTAUMENTANDO A OFERTANDO A OFERTAA

A regularidade de oferta pode serconseguida por meio da indução floral, quepermite colheita durante todo o ano, hojeem uso nas regiões do vale do São Francis-co e do vale do Açu. O aumento da quan-tidade ofertada pode ser obtido com aexpansão da área plantada e com ganhos deprodutividade.

Figura 1. Sazonalidade da oferta de manga no mercado mundial.

Países Jan. Fev. Mar. Abr. Mai. Jun. Jul. Ago. Set. Out. Nov. Dez.MéxicoBrasilEquadorHondurasVenezuelaPeruGuatemalaCosta RicaÁfrica do SulCôte d'IvoireIsraelÍndiaPaquistãoFilipinasFonte: World Market for Mango, 1995 (modificado). URL:http://www.milcom.com/fintrac/home.html.Consultado em 11 jan. 1999.

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1313Frutas do Brasil, 4Frutas do Brasil, 4 Manga ProduçãoManga Produção

O extraordinário desempenho dasexportações brasileiras de manga nos últi-mos anos deve-se, em grande parte, à exis-tência de janelas de mercado decorrentesdo período de entressafra dos principaispaíses exportadores.

No mercado europeu, o período demaior consumo coincide com o período demaior oferta, que vai de abril a agosto,época em que os preços também são meno-res. Por não exigir o tratamento para mosca-das-frutas, o mercado europeu é abastecidopor vários países. Nessa época do ano, osfornecedores são Porto Rico, México, paí-ses da América Central, Venezuela, Israel,Filipinas, Paquistão e outros.

De setembro a março, época em que oBrasil é líder do mercado, a oferta é menor,os preços sobem e o consumo cai sensivel-mente.

DIFERENTES MERCADOSDIFERENTES MERCADOS

O mercado norte-americano é maisexigente e só aceita importar manga caso otratamento para mosca-das-frutas tenha sidorealizado. O México é líder absoluto e, aolado da Venezuela, abastece o mercado atéagosto. De setembro a novembro, períododa entressafra mexicana, o Brasil faz-sepresente no mercado em condições privile-giadas: os preços da manga são mais eleva-dos em decorrência da oferta limitada. Denovembro a dezembro, o Peru e o Equadorentram no mercado e os preços declinamum pouco.

O mercado japonês é o mais exigentee só aceita o tratamento a vapor paramosca-das-frutas. Embora faça essa impo-sição, o México, que também utiliza o mes-mo tratamento que o Brasil para esse tipode mosca, é o segundo maior exportador demanga para o mercado japonês, sendo su-perado apenas pelas Filipinas. Por contadessa discriminação, o Brasil acionou aOMC contra o Japão.

Embora as barreiras fitossanitárias ain-da existam, dificultando a inclusão de novas

zonas exportadoras de manga no Brasil e aabertura de novos mercados, as exporta-ções brasileiras dessa fruta registraram umexpressivo crescimento na década de 90. Areabertura do mercado norte-americano em1991 e a inclusão da região Nordeste comoprodutora e exportadora de manga expli-cam esse comportamento.

Condições favoráveis de clima, solo,localização, disponibilidade de água para irri-gação, preço da terra e custo da mão-de-obraconferem à região Nordeste vantagens com-parativas em relação às demais e explicam aliderança absoluta da região na produção eexportação dessa fruta. O clima, o solo e omanejo da água permitem elevada produti-vidade, baixa incidência de doenças, preco-cidade da planta, produção ao longo detodo o ano, frutas mais doces e mais sadias.A localização reduz o tempo e o custo dotransporte para os Estados Unidos e aUnião Européia – um fator decompetitividade muito importante, se con-siderarmos que as frutas são altamente pe-recíveis. O preço da terra e o custo da mão-de-obra são menores na região e implicammenores custos de produção.

PAPEL DPAPEL DA PRODUÇÃOA PRODUÇÃO

O Brasil tem grandes possibilidadesde ampliar e consolidar sua posição deexportador de manga, mas algumas barrei-ras ainda precisam ser transpostas nos pró-ximos anos. Do ponto de vista da produ-ção, é preciso:

• produzir com qualidade e quantida-de durante todo o ano para deslocar even-tuais concorrentes nos mercados externo einterno;

• diversificar a produção com o plan-tio de variedades comerciais diferentes; adiversificação de variedades é desejávelcomo estratégia para alcançar diferentesmercados e precaver-se contra eventuaismudanças na preferência do consumidor.As produções brasileira e mundial ainda sãoconcentradas na Tommy Atkins, o que

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Frutas do Brasil, 4Frutas do Brasil, 4Manga ProduçãoManga Produção1414

deixa o Brasil exposto a todo tipo de risco,sejam econômicos, sejam fitossanitários,associados à concentração da produção emuma única variedade;

• desenvolver tecnologias capazes decontrolar a mosca-das-frutas com uso mí-nimo de agrotóxicos; a tecnologia atualconsiste em combinar o controle químico(isca tóxica) com o tratamento hidrotérmico,mas a combinação tem um custo elevado decontrole químico e impacto ambiental deledecorrente (uso da isca tóxica); soma-se aessas desvantagens a crescente exigência deprodutos com baixo índice de resíduosquímicos, especialmente no mercado euro-peu – pesquisa em andamento na EmbrapaMandioca e Fruticultura visa combinar ocontrole biológico com o tratamentohidrotérmico, e os primeiros resultadosapontam para expressiva redução de cus-tos, obtenção de frutos sem resíduos deagrotóxicos e preservação ambiental;

• desenvolver variedades e/outecnologias capazes de eliminar o problemade queima do fruto por resina (látex) nomomento da colheita;

• estabelecer critérios seguros dedeterminação do ponto de colheita;

• desenvolver tecnologias capazes deaumentar a vida de prateleira da fruta.

PAPEL DO GOPAPEL DO GOVERNOVERNO,,ORGANIZAÇÃO DEORGANIZAÇÃO DEPRODUTPRODUTORES EORES ECOMERCIANTESCOMERCIANTES

Em conjunto, o governo, as organi-zações de produtores e os comerciantes defrutas devem estabelecer critérios objetivose uniformes de classificação e padronizaçãode manga. Os critérios existentes diferemde região para região e não estão em sintoniacom os estabelecidos nos principais merca-dos importadores.

RECOMENDRECOMENDAÇÕESAÇÕES

Alguns cuidados devem merecer espe-cial atenção de quem deseja exportar frutas:ter em mente a necessidade de manter pre-ços competitivos: regularidade quanto à ofer-ta, à padronização e à qualidade; cumprir osprazos de entrega estabelecidos e manter fun-cionários ou representantes no mercado-alvocom o propósito de fiscalizar a qualidade doproduto no momento da entrega, acompa-nhar o comportamento dos preços e assimi-lar as tendências de mercado.

Quando a manga for destinada aomercado doméstico, utilizar, se possível,transporte próprio para assegurar a qualida-de da fruta.

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1515Frutas do Brasil, 4Frutas do Brasil, 4 Manga ProduçãoManga Produção

A mangueira é uma árvorefrondosa, de porte médio agrande, com a copa arredon-

dada, simétrica e de folhas sempre verdes,variando de baixa e densa a ereta e aberta. Aforma da copa pode variar de arredondadabaixa a piramidal alta.

As folhas são lanceoladas, de texturacoriácea; possuem a face superior plana e opecíolo curto. Medem de 15 cm a 40 cm decomprimento e apresentam coloração quevai do verde-claro a uma tonalidade leve-mente amarronzada ou arroxeada, quandojovens, e verde-normal a escuro, quandomaduras. Uma característica fundamentalpara a diferenciação da idade da folha estána coloração da nervura central que seapresenta amarelada quando a folha estamadura, e arroxeada quando se encontraem crescimento.

A inflorescência gera flores perfeitas emasculinas na mesma panícula (polígama).Esta é geralmente terminal, às vezes lateral,ramificada e de contorno piramidal, tendoa raque normalmente ereta. O número de

flores produzidas é variável - 500 a mais de4.000, podendo variar também de 400 a17.000. As flores da mangueira, pequenase rosadas, são hermafroditas ou unissexuaise, em geral, pentâmeras. Possuemandroceu composto de quatro a seisestames, dos quais apenas um ou dois sãoférteis, ovário súpero, unilocular, anterafértil e estigma rudimentar. É comumenteaceito que o polinizador natural das floresseja a mosca doméstica.

O fruto da mangueira é uma drupabastante variável em termos de tamanho,peso (poucos gramas a aproximadamentedois quilos), forma (reniforme, ovada,oblonga, arredondada, cordiforme) e cor(diversas tonalidades de verde, amarelo evermelho). Em geral a cor do fruto estáassociada à cor da raque. A casca é coriáceae macia; envolve a polpa, de cor amarela(várias tonalidades), mais ou menos fibro-sa (de acordo com a variedade) e de saborvariado. No interior da polpa encontra-seo caroço ou semente, que é fibroso eapresenta formas similares, mas tama-nhos diferentes nas variedades cultivadas.

3 ASPECTOSBOTÂNICOS

Manoel Teixeira de Castro NetoGetúlio Augusto Pinto da Cunha

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Frutas do Brasil, 4Frutas do Brasil, 4Manga ProduçãoManga Produção1616

CLIMACLIMA

As áreas que mais se adaptam ao cul-tivo da mangueira são as que têm as esta-ções secas e chuvosas bem definidas. Operíodo de estiagem deve ocorrer antes doflorescimento, a fim de permitir o repousovegetativo da planta, e prolongar-se até afrutificação, para evitar os danos causadospela antracnose e pelo oídio. Após afrutificação, é benéfica a ocorrência de chu-vas, para estimular o desenvolvimento dosfrutos e impedir a sua queda. O volumepluvial pode variar de 500 mm a 2.500 mmanuais, desde que sejam atendidas as condi-ções acima citadas.

Quanto à temperatura, por se adaptarbem às terras baixas dos trópicos esubtrópicos, a mangueira vegeta e produznuma faixa de 0ºC a 48ºC. Todavia, atemperatura ótima para crescimento e de-senvolvimento situa-se entre os níveis de24ºC a 26ºC, pois tanto as temperaturaselevadas como as muito baixas prejudicamo crescimento, o desenvolvimento e a pro-dução da mangueira, afetando até mesmo aqualidade de seus frutos. Além disso, astemperaturas muito baixas podem causar amorte de plantas jovens, das flores e dosfrutos pequenos.

A umidade relativa do ar é outro fatorimportante no cultivo da mangueira, pois

níveis de umidade elevados favorecem ossurtos de doenças, como a antracnose, porexemplo. Assim, as áreas de baixa umidade(menos de 60%) devem ser as preferidas.

Ventos fortes e constantes prejudicama mangueira, principalmente durante oflorescimento e a frutificação, causando aqueda de flores e frutos. Esse problemapode ser minimizado pelo uso de quebra-ventos em volta do pomar, ou pelo menosnas suas laterais, onde o vento sopra maisfreqüentemente. Um dos problemas sérioscausados pela falta de quebra-ventos é abaixa eficiência durante as pulverizações e adeposição de poeira sobre as plantas, quefavorecem o ataque de ácaros e dificultamas trocas gasosas das folhas.

SOLSOLOSOS

A mangueira é uma espécie rústica quevegeta e frutifica tanto nos solos arenososcomo nos argilosos, ligeiramente ácidos oualcalinos. Quando o objetivo é a explora-ção comercial da cultura deve-se, sempreque possível, preferir solos areno-argilosos,soltos, profundos e com boa fertilidadenatural. Apesar de a mangueira ser toleran-te ao lençol freático alto, os solos de baixa-da, sujeitos a encharcamento, e os pedrego-sos, devem ser evitados. As áreas quepermitem a mecanização são as maisindicadas para a implantação do mangueiral.

4 EXIGÊNCIASEDAFOCLIMÁTICAS

Getúlio Augusto Pinto da Cunha

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1717Frutas do Brasil, 4Frutas do Brasil, 4 Manga ProduçãoManga Produção

VEGETVEGETAÇÃO EAÇÃO EFLFLORESCIMENTORESCIMENTOO

A mangueira pode apresentar diferen-tes tipos ou estádios de crescimento namesma planta, embora tal fato não ocorracom freqüência. Esses estádios variam se-gundo as condições de clima, solo e manejoda cultura. No caso dessa fruteira, como sesabe, o crescimento vegetativo é muitoimportante para a produção, pois é o res-ponsável pela frutificação, dado que oflorescimento ocorre em ramos com 4 a 18meses de idade sob condição tropical e, emmenor freqüência, com 3 meses caso essesse desenvolvam sob um regime de tempe-ratura de 18oC dia/10oC noite.

A floração da mangueira é um fenô-meno complexo que se estende por umperíodo de 18 a 28 dias, e embora a inicia-ção floral dure de 2 a 3 meses. O processode florescimento pode ser adiantado ouatrasado por meios naturais ou artificiais, eé significativamente influenciado pelas con-dições climáticas prevalecentes, pela pro-dutividade da safra anterior e por certaspráticas culturais (uso de fitorreguladores,poda, adubação nitroge-nada etc.). Oenvolvimento dos fatores climáticos (tem-peratura, estiagem e fotoperíodo) e de fitorre-guladores, mesmo já sendo estudado, aindamerece ser razoavelmente compreendido.

A panícula desenvolve-se em um perí-odo de 35 a 42 dias; as primeiras flores só seabrem depois de 21 dias de iniciada ainflorescência. As flores abrem-se durantea noite, nas mangueiras poliembriônicas, edurante a noite e nas primeiras horas damanhã, nas monoembriônicas. A deiscênciadas anteras ocorre durante a parte damanhã, com as anteras liberando pólen atéas 16 horas, ou das 6 às 10 horas da manhã,como se observa em algumas regiões.

POLINIZAÇÃO EPOLINIZAÇÃO EFRUTIFICAÇÃOFRUTIFICAÇÃO

A polinização na mangueira é con-siderada um dos principais fatores que limi-tam sua produtividade. Este fato é facil-mente comprovado pelo grande número deflores produzidas pelas panículas e o núme-ro de frutos colhidos. Embora ocorra aabscisão de frutos, estudos com polinizaçãomanual confirmam que a mangueira é umaplanta de baixa polinização.

O pólen da mangueira possui umformato oblongo quando seco e esférico,ao ser hidratado. Cada antera produz entre250 a 650 grãos de pólen, tendo maiorviabilidade logo após a abertura da antera.Temperaturas altas favorecem a viabilidadedo grão de pólen, porém temperaturas bai-xas causam a produção de pólens anormais.

O estigma está receptivo a partir de 18horas antes da antese a, aproximadamente,72 horas após esta, apresentando maiorreceptividade durante as três horas que aseguem. Geralmente, o número de estig-mas atingidos pelos grãos de pólen não vaialém de 45% do total, e a fertilização real éainda menor, em virtude da disposição dosórgãos masculinos e femininos e da dife-rença de altura entre o estilete e o filete.

A mangueira é, preferencialmente,polinizada por insetos. As panículasensacadas produzem menos frutos queaquelas expostas ao ar sujeitas a polinizaçãocom insetos. Diversos tipos de insetospolinizam a mangueira sendo os diferentestipos de moscas (Dípteras) os polinizadorespreferenciais. Falhas no processo depolinização podem estar ligadas a diversosfatores, dentre eles a baixa população deinsetos durante a floração, a presença deoutras espécies mais atrativas e as condi-ções ambientais não favoráveis.

5 FENOLOGIAManoel Teixeira de Castro Neto

Getulio Augusto Pinto da Cunha

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Frutas do Brasil, 4Frutas do Brasil, 4Manga ProduçãoManga Produção1818

A frutificação da mangueira é, em ge-ral, fraca havendo a abscisão de muitosfrutos durante a primeira semana após aantese. Diversos fatores contribuem paraaumentar a abscisão de frutos: plantas malfertilizadas e que possuem uma grande car-ga de frutos como a falta de água, oudisponibilidade de adubos nitrogenadosdurante o período inicial de frutificação.

Quando o fruto atinge um tamanho de bolade pingue-pongue, o aborto significante defrutos diminui ou termina.

O crescimento do fruto da mangueiraapresenta um padrão sigmóide, com dura-ção de 100 a 150 dias para atingir a maturaçãofisiológica, entretanto em regiões quenteseste período pode ser menor.

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1919Frutas do Brasil, 4Frutas do Brasil, 4 Manga ProduçãoManga Produção

Levando em conta os grandesinvestimentos necessários paraa instalação de um pomar de

mangueiras e o fato de que só a partir doterceiro ou quarto ano tem início a produ-ção econômica, cuidados especiais devemser tomados na escolha das variedades aserem plantadas, a fim de evitar sérios pre-juízos. As variedades mais indicadas são asque apresentam alta produtividade, colora-ção atraente do fruto (de preferência ver-melha), polpa doce (Brix º 17%) e pouca ounenhuma fibra, além da resistência ao ma-nuseio e ao transporte para mercados dis-tantes (Figura 2). Outras qualidades tam-bém desejáveis são a regularidade de pro-dução e a resistência a doenças comomalformação floral, antracnose ebotriodiplodia, além de baixa incidência decolapso interno de polpa.

Até pouco tempo atrás, a variedadeHaden era a de maior aceitação no mercadoe a mais difundida nos plantios comerciaisdo Brasil pela excelente qualidade de seufruto. Hoje, está sendo substituída por ou-tras variedades mais promissoras quanto àprodutividade e resistência a doenças, cujascaracterísticas são descritas a seguir.

Tommy Atkins - Produz frutos mé-dios a grandes (até 13 cm de comprimento,400 g a 600 g) resistentes ao manuseio e aotransporte, de casca grossa, lisa e de colora-ção que vai do vermelho com laivos amare-los ao vermelho-brilhante. A polpa apre-senta textura firme, coloração amarelo-es-cura, de sabor agradável, doce (17% deaçúcares), com poucas fibras. A semente épequena, cerca de 8% do peso do fruto, emonoembriônica. A árvore é vigorosa, decopa densa e arredondada. Tem produção

natural de meia-estação, ou seja, de outubroa janeiro, apresentando resistência medianaà antracnose sendo, no entanto, uma dasmais sensíveis ao colapso interno dos frutos.

Keitt - Seus frutos são grandes (até15cm de comprimento, 600 g a 800 g),ovalados, de casca amarelo-esverdeada, ge-ralmente com laivos leves cor-de-rosa,polpa de tom amarelo-intenso, sem fibras,firme, sucosa e doce. A semente é pequena(7% a 8,5% do peso do fruto) emonoembriônica. A planta é muito produ-tiva, medianamente resistente à antracnose,possuindo hábito de crescimento típico,representado por ramos abertos e arcados,e folhas voltadas para a base dos ramos, oque resulta num formato irregular da copa.Tem maturação tardia e os frutos mantêm-se na planta por longo período. Apresentaboa resistência ao transporte.

Kent - A árvore é vigorosa, produtiva,de porte médio e copa compacta e arredon-dada. O fruto é grande (13 cm de compri-mento, 600 g a 750 g) e ovalado, de cascaentre verde-claro e amarelo, laivos carme-sim, adquirindo tom avermelhado com oamadurecimento. A polpa é amarelo-alaranjada, doce, sem fibra, aromática esucosa. A maturação é tardia. Produz se-mente pequena (em torno de 9% do pesodo fruto) e monoembriônica. É suscetívelàs principais doenças.

Van Dyke - Produz frutos médios(300 g a 400 g), de casca amarela com laivosvermelhos. A polpa é firme e resistente aotransporte, tem sabor agradável, muito doce.A semente é pequena, monoembriônica. Aplanta é muito produtiva e de meia-estaçãoquanto à maturação, mostrando uma certairregularidade na produção.

6 VARIEDADES(CULTIVARES)

Carlos Alberto de Queiroz PintoAristóteles Pires de Matos

Getúlio Augusto Pinto da Cunha

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Frutas do Brasil, 4Frutas do Brasil, 4Manga ProduçãoManga Produção2020

Palmer - A planta apresenta porte mé-dio, vigor moderado e produção regular. Osfrutos são grandes (15 cm de comprimento,até 900 g), de forma alongada, e de cor laranja-amarelada com laivos vermelho-brilhante. Apolpa tem pouca fibra, é firme e com aromasuave. A semente é monoembriônica e detamanho médio (cerca de 10% do peso dofruto). A maturação é tardia. Aceitação cres-cente no mercado consumidor.

Essas são as principais variedades-copacultivadas para consumo in natura (frutopara mesa), ao lado de outras, tais como a

Carlota, Espada, Extrema, Maranhão, Rosa,Coité, Lira, Mamão, Ubá e Badhudaran (re-sistente à malformação ), usadas tambémpara o fabrico de suco. No momento oIAC-SP está recomendando a nova cultivarIAC-100 Bourbon por sua resistência àseca-da-mangueira. Por essa razão a IAC-100 Bourbon poderá vir a constituir tam-bém excelente porta-enxertos. Outras cul-tivares, como Votupa do Instituto Agro-nômico de Campinas, e Alfa (Embrapa-142) e Roxa (Embrapa-141) da EmbrapaCerrados, foram recentemente recomen-dadas para plantio no Brasil.

Figura 2. Figura 2. Principais variedades de manga recomendadas para plantio. A-Keitt, B-VanDyke, C-Tommy Atkins, D-Haden.

AA BB

CC DD

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2121Frutas do Brasil, 4Frutas do Brasil, 4 Manga ProduçãoManga Produção

Para a instalação de pomares degrande potencial produtivo,torna-se imprescindível a uti-

lização de mudas de qualidade, isentas depragas e doenças e de reconhecido potencialgenético. Esse procedimento viabilizará orápido crescimento da planta tornando a suavida produtivas mais precoce e mais intensa.O uso desse tipo de muda gera plantas comarquitetura grande e crescimento vigoroso.A utilização de mudas de pé franco, mesmocom reconhecida qualidade, produz umaplanta com fase produtiva mais tardia o queretarda o retorno do capital investido.

O uso de mudas enxertadas garante àsnovas plantas as mesmas qualidades daplanta-matriz. Pode-se, assim, ter um po-mar formado com plantas de reconhecidacapacidade produtiva.

O processo de enxertia, utilizado para aprodução de mudas de qualidade, constitui-se na união de duas variedades diferentes, deuma mesma espécie ou gênero, para que setenham as vantagens oferecidas por elas nassuas diferentes aptidões. Sendo assim, po-dem ser utilizadas variedades com boascaracterísticas para porta-enxertos, ou cava-los, e substituir sua copa por uma variedadede reconhecida qualidade produtiva. O se-gredo do sucesso de uma boa enxertia está naperfeita união dos tecidos cambiais do porta-enxerto e do cavaleiro. Estes tecidos seencontram logo abaixo da casca dos caules eramos, e como são tecidos vivos, com capaci-dade regenerativa, são os verdadeiros respon-sáveis pela união da enxertia.

ESCOLHA DO PORTESCOLHA DO PORTA-A-ENXERTENXERTOO

Ainda não foram definidos, experi-mentalmente, os melhores porta-enxertos

para a mangueira. A escolha varia de umaregião para outra e está condicionada àdisponibilidade de sementes. Recomenda-se dar preferência às variedades locais, quepossuam pequeno porte. No Nordeste, ascultivares Espada, Rosa, Carlota, Itamaracáe Coité são as mais utilizadas, enquanto,nos estados de Minas Gerais e São Paulo, apreferência recai nas variedades Ubá, Sapi-nho, Coquinho, Rosinha, Espada e Cora-ção-de-boi.

As cultivares poliembriônicas, isto é,que geram duas ou mais plantas de uma sósemente, são as mais indicadas, por impri-mirem maior vigor à muda e garantir amesma qualidade da planta-mãe. A mangaEspada tem grande aceitação entre osviveiristas, devido ao seu vigor natural e àsua tolerância à seca-da-mangueira, doençaque afeta os pomares, principalmente noestado de São Paulo. A Jasmim é outravariedade que pode ser usada, por serigualmente tolerante a essa doença.

SELEÇÃO DE PLANTSELEÇÃO DE PLANTASAS--MAMATRIZESTRIZES

As plantas-matrizes fornecedoras degarfos e/ou borbulhas para enxertia devemser pré-selecionadas, tendo em vista as suasqualidades superiores e o seu desempenhodurante vários anos. São estas as caracterís-ticas essenciais para a boa aceitação comer-cial de uma cultivar de manga: plantas dealta produtividade, com pouca ou nenhu-ma alternância de produção, resistência oupouco suscetibilidade ao ataque de pragase/ou doenças; frutos de coloração externaatraente (de preferência vermelha), aromaagradável e sabor específico, polpa nãofibrosa e de boa consistência, tolerantes aomanuseio e ao transporte para mercados

7 PROPAGAÇÃO EPADRÃO DA MUDA

Manoel Teixeira de Castro NetoGetúlio Augusto Pinto da Cunha

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Frutas do Brasil, 4Frutas do Brasil, 4Manga ProduçãoManga Produção2222

distantes; sementes pequenas, de peso emtorno de 10% do peso total do fruto.

PREPPREPARO DARO DA SEMENTEA SEMENTE

A viabilidade da semente de manga emcondições naturais mantém-se em torno de10 a 15 dias após a colheita do fruto. Porconseguinte, a semeadura deve ser feita omais cedo possível, tendo em vista a obten-ção não só de maior índice de germinaçãocomo de porta-enxertos mais vigorosos.Considerando-se as perdas na germinaçãoe no pegamento da enxertia, devem-se se-mear 40% a mais de sementes em relação aonúmero desejado de mudas. Entretanto,tendo-se certeza do poder germinativo dasemente, este percentual pode ser de ape-nas 20%.

Colhidos os frutos de vez (entre-maduros) ou maduros, livres do ataque dedoenças ou pragas, procede-se às opera-ções de descascamento, retirada da polpa elavagem das sementes, seguida da sua seca-gem à sombra. Depois, com o auxílio deuma tesoura de poda, extrai-se a casca(endocarpo) que envolve a amêndoa, ten-do-se o cuidado de não causar lesões nela,para evitar o ataque de fungos. Esse trata-mento possibilita uma germinação maisrápida (20 a 25 dias), maior índice de se-mentes germinadas (90% a 95%) e obten-ção de plantas bem formadas, vigorosas eaptas a serem enxertadas em menor espaçode tempo. A desvantagem dessa práticaestá na necessidade de mão-de-obra para aretirada do endocarpo. Bons resultadostambém são obtidos, e a menor custo,fazendo-se o corte da parte ventral do caro-ço e tendo-se o cuidado de não ferir oembrião. As sementes (amêndoas) devemser uniformes.

ÉPOCA DE SEMEADURAÉPOCA DE SEMEADURA

No Brasil, a semeadura é feita entre osmeses de outubro e março, período em quese concentra a colheita. Pode-se optarpelos métodos de semeadura direta e indi-reta. A época de semeadura é determinada

pela disponibilidade de sementes e deve serfeita em períodos que favoreçam umaépoca de enxertia nos meses de baixa umi-dade relativa e de altas temperaturas, paramudas que serão cultivadas em viveirostecnificados. A enxertia nesta época seráfavorecida pela baixa incidência de doençae boas temperaturas que acelerem o proces-so de crescimento das gemas vegetativas.

Semeadura direta (sementeira-Semeadura direta (sementeira-viveiro) em embalagem individualviveiro) em embalagem individual(sacos de polietileno)(sacos de polietileno)

Esta é uma prática adequada aos solosarenosos que dificultam a retirada da mudacom torrão. Tem como principais vantagensa economia de mão-de-obra e a formação damuda em menor espaço de tempo. O tama-nho da embalagem deve permitir que a plan-ta desenvolva um bom sistema radicular, boaaltura e diâmetro de caule adequado à enxertia.Resultados satisfatórios foram obtidos como uso de sacos de polietileno de 35 cm x 22cm x 0, 15 mm e de 40 cm x 17 cm x 0, 15 mm,perfurados na base e lateralmente para per-mitir o escoamento da água excedente dairrigação das mudas.

Alguns dias antes da semeadura, en-chem-se os sacos com uma mistura de trêspartes de terra de boa qualidade, uma partede esterco curtido, três quilos de superfosfatosimples e 500 gramas de potássio por metrocúbico. Os sacos são dispostos em filasduplas, entre as quais se deixa uma distânciade 50 cm para facilitar a movimentação doenxertador durante os tratos culturais.

Na parte superior da embalagem, dei-xa-se cerca de cinco centímetros sem com-pletar com a mistura. Nesse espaço écolocada uma semente, isenta de sintomasde doenças, pragas e/ou lesões mecânicas,deitada ou com a face ventral voltada parabaixo. A semente é coberta com uma levecamada de terra peneirada, sobre a qual secoloca outra de maravalha, de palha defeijão, de café ou arroz, ou mesmo de capimseco. Em seguida faz-se a irrigação dasembalagens, que será repetida durante todo

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2323Frutas do Brasil, 4Frutas do Brasil, 4 Manga ProduçãoManga Produção

o ciclo da muda, duas ou três vezes porsemana. Se a temperatura estiver muitoelevada, convém proteger as embalagenscom um ripado de tela, madeira ou palha.Ocorrendo a germinação de duas ou maismudas, eliminam-se as excedentes, deixan-do-se apenas uma muda, a mais vigorosa,em cada embalagem.

No que concerne à nutrição das mu-das, recomenda-se que sejam feitas trêsadubações em cobertura - 60, 120 e 180 diasapós a semeadura - com 5 g/planta damistura de 55 g de uréia, 55 g de superfosfatosimples e 35 g de cloreto de potássio. Adeficiência de zinco e manganês pode sercorrigida por meio da pulverização das plan-tas com uma solução de 55 g de sulfato dezinco, 28 g de sulfato de manganês e 24 g decal hidratada em 20 litros de água.

As embalagens devem ser mantidaslivres de ervas daninhas. As mudas, por suavez, devem ser pulverizadas sempre queocorrerem doenças e/ou pragas com osprodutos indicados para cada caso.

Para o controle da antracnose, por exem-plo, recomendam-se pulverizações comfungicidas cúpricos (oxicloreto de cobre,variando a dosagem entre 75 a 175 g/100litros de água; hidróxido de cobre, 87-135 g/100 litros de água); orgânicos (mancozeb,120-200 g/100 litros de água); sistêmicos(benomyl, 30 g/100 litros de água).

Controla-se o oídio com a aplicação deenxofre (160 a 640 g/100 litros de água).Este também é indicado para o controledos ácaros, na dosagem de 500 g/100 litrosde água.

De modo geral, os defensivos reco-mendados para o controle das pragas são oparathion metílico (80ml/100-litros deágua), o malathion (200 ml/100 litros deágua) e o carbaril (140 g/100 litros de água).

Semeadura indireta (sementeiraSemeadura indireta (sementeiracom repicagem para viveiro emcom repicagem para viveiro emcampo ou para sacos de polietileno)campo ou para sacos de polietileno)

Este processo é composto das seguin-tes etapas:

Preparo do terreno

Com enxada ou arado revolve-se osolo até a profundidade de 20 cm. Passados10 a 15 dias, quebram-se os torrões e reti-ram-se os restos de raízes e tocos, bemcomo as pedras existentes, de maneira quea área fique livre e em condições de sertrabalhada.

Preparo da sementeira

Em geral, as sementeiras sãoconstruídas com 10 m a 20 m de compri-mento, 1,20 m de largura e 0,15 m de altura.Deve-se deixar entre elas um espaço livrede 0,50 m, para permitir ao viveirista proce-der aos tratos culturais e fitossanitários. Ademarcação é feita com fios de arame, dotamanho da sementeira que se deseja for-mar, presos a quatro piquetes colocados emcada lado das cabeceiras. A seguir, revolve-se o solo para deixá-lo no nível do arame.Finalmente, abrem-se os sulcos paralelos auma profundidade de 5 cm, distanciados 20cm entre si.

Adubação

Durante o processo de construção dasementeira, incorporam-se à terra 5 kg a 10kgde esterco de curral, 100 g de superfosfatosimples e 50 g de cloreto de potássio/m2.

Plantio

Uma vez beneficiadas as sementes,convém semeá-las, de imediato, nos sulcospreviamente abertos, mantendo-se umadistância de 3 cm entre as sementes, que sãocolocadas a uma profundidade de 5 cm,deitadas ou com a face ventral voltada parabaixo. Em seguida, são cobertas com umaleve camada de terra e regadas sempre quenecessário.

Tratos culturais

Para se obterem mudas bem formadase sadias, procede-se, periodicamente, à eli-minação manual da vegetação nativa e àescarificação do solo; no verão, faz-se pelomenos uma rega diária.

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Frutas do Brasil, 4Frutas do Brasil, 4Manga ProduçãoManga Produção2424

Tratos fitossanitários

A sementeira pode sofrer o ataque dedoenças (antracnose, oídio), ácaros e inse-tos. Nesse caso, são feitas pulverizaçõescom fungicidas, acaricidas e inseticidas,usando-se os mesmos produtos e dosagensindicados para a semeadura direta (Ver -Semeadura direta).

VIVEIRO EM CAMPOVIVEIRO EM CAMPO

LocalizaçãoLocalização

De preferência, o viveiro deve ser lo-calizado em terreno plano ou pouco incli-nado, fértil, profundo e com bom teor deargila, para que a muda possa ser retiradajuntamente com o torrão que a circunda.Deve ainda estar não só protegido dosventos fortes e afastado de pomares pra-guejados e de estradas poeirentas, comotambém situado próximo a um manancial.

Preparo do soloPreparo do solo

O solo deve ser bem revolvido edestorroado, usando-se arado, grade oumesmo um cultivador. Nas áreas peque-nas, esse trabalho pode ser feito com umaenxadeta ou enxada.

MarcaçãoMarcação

Com o auxílio de uma trena, demarca-se o terreno do viveiro. As suas dimensõesvão depender da quantidade de mudas queo viveirista pretende formar e/ou doespaçamento utilizado. Após a marcaçãodas cabeceiras, unem-se com o auxílio deum arame bem esticado os quatro piquetes,demarcando-se então as linhas dos sulcos.A seguir, com um marcador de madeira,assinala-se o local das covas de acordo como espaçamento preestabelecido.

EspaçamentoEspaçamento

No caso dos viveiros cultivados comenxada, recomenda-se a adoção doespaçamento de 80 cm entre as linhas e40cm entre as plantas. Nos grandes vivei-ros, pode-se optar pelo espaçamento de1,20 m entre as linhas e 40 cm entre as

plantas, o qual permite a utilização demicrotratores ou de cultivadores a traçãoanimal nos trabalhos de capina.

AdubaçãoAdubação

Após a abertura dos sulcos, incorpora-se uma mistura de 10 a 20 litros de estercode curral, um quilo de superfosfato simplese 250 g de cloreto de potássio a cada 10 mlineares.

RepicagemRepicagem

A repicagem ou o transplantio dos por-ta-enxertos para o viveiro é feita, aproxima-damente, 50 dias após a semeadura. Antes,faz-se uma seleção das mudas na sementeira,tendo-se o cuidado de não danificar a hastee a raiz pivotante. Sempre que possível,devem-se conservar os cotilédones aderen-tes. A operação de repicagem deve ser feitaem dias nublados ou chuvosos. Como me-dida de segurança, é imprescindível disporde um sistema de irrigação para suprir asnecessidades de água.

Nos solos argilosos, que permitem otransplantio do enxerto com o bloco deterra aderente às raízes, pode-se optar pelainstalação direta dos viveiros no campo,sobretudo quando eles são muito grandes.Neste caso, estando prontas, as mudas po-derão ser transplantadas em dia de chuvapara o local definitivo, ou ser envasadas emsacos plásticos ou jacás, quando for precisotransportá-las a longas distâncias.

Em regiões onde predominam os so-los arenosos, convém que o enviveiramentodos porta-enxertos seja feito em sacos plás-ticos, uma vez que a mangueira possui umsistema radicular muito pobre de pêlosabsorventes. Além de contribuir para odesenvolvimento da muda no local defini-tivo, essa prática permite a instalação demangueirais praticamente o ano todo. Emgeral, os sacos plásticos têm as mesmasdimensões dos utilizados na semeadura dire-ta e são cheios com a mesma mistura, emproporções iguais de terra, esterco curtido,superfosfato simples e cloreto de potássiopor metro cúbico (Ver - Semeadura direta).

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2525Frutas do Brasil, 4Frutas do Brasil, 4 Manga ProduçãoManga Produção

Se não chover após o plantio, proce-de-se à irrigação das mudas. A freqüênciadessa operação dependerá da intensidadedas chuvas, deve ser feita nas horas maisfrescas do dia, tendo-se, porém, o cuidadode evitar o encharcamento do solo.

É necessário manter sempre limpo oviveiro. Sua limpeza é geralmente feita comenxada, entretanto, quando os viveiros sãograndes e separados por passagens quepermitem a circulação de máquinas, deve-se utilizar um microtrator ou um cultivadora tração animal.

Os tratamentos fitossanitários são in-dispensáveis no controle das pragas e doen-ças mais comuns nos viveiros - formigas,ácaros, antracnose e oídio.

FORMAÇÃO DFORMAÇÃO DA MUDA MUDAA

EnxertiaEnxertia

O sucesso da enxertia depende devários fatores, dentre os quais se destacam:a compatibilidade entre o porta-enxerto e oenxerto (borbulha ou garfo); a época doano relacionada com as condições fisiológi-cas do garfo ou borbulha, e do porta-enxerto; as condições climáticas, sobretudoos níveis de temperatura e umidade; osmétodos utilizados e a habilidade doenxertador; e os cuidados que precedem esucedem essa operação.

Época da enxertiaÉpoca da enxertia

A mangueira pode ser enxertada du-rante todo o ano, desde que se disponha deporta-enxerto apto para enxertia, bem comode garfos maduros e borbulhas intumesci-das e não brotadas. Devem-se evitar osperíodos de chuva, nos quais o índice depegamento cai, consideravelmente, prefe-rindo-se os dias e/ou horários poucoensolarados.

Observadas as práticas culturais perti-nentes à condução da sementeira e do vivei-ro, seis a oito meses após terem sidorepicadas para os sacos plásticos ou para oviveiro no campo, as mudinhas atingem odiâmetro aproximado de um lápis e estão

em condições de serem enxertadas.

Duas semanas antes da enxertia, deve-se irrigar o viveiro em dias alternados, depreferência à tarde. Com essa medida aseiva circulará com abundância, possibili-tando a obtenção de maior índice depegamento.

Métodos de enxertiaMétodos de enxertia

Os dois métodos mais comuns deenxertia são :

a) a borbulhia em “T” invertido e aborbulhia em placa ou escudo, nas quais oenxerto é uma pequena parte da casca comuma única gema;

b) a garfagem, com suas variações (notopo em fenda cheia, à inglesa simples elateral), em que o enxerto é o segmento deum ramo, com 10 cm a 15 cm de compri-mento médio, contendo várias gemas.

I. BorbulhiaI. Borbulhia

A principal vantagem deste método éa economia de material. Uma porção termi-nal do ramo pode ser desdobrada em cincoou mais enxertos. Seu grande inconvenien-te está na dificuldade de obter gemasintumescidas em condições de brotar. Hácasos de gemas que, após a enxertia, perma-necem longo tempo em estado de latência.Esse problema, entretanto, pode ser atenu-ado precondicionando-se as gemas algunsdias antes da enxertia mediante o corte dagema apical do ramo que fornecerá as bor-bulhas. As gemas vegetativas verdes, pe-quenas e intumescidas são as mais indicadas.

Borbulhia em “T” invertido

Com um canivete bem afiado, faz-seum corte vertical de aproximadamente 3cma 5 cm no porta-enxerto, a uma altura de 15cm a 20 cm do nível do solo. Um segundocorte, desta vez horizontal, é feito na basedo talho vertical, formando um “T” inver-tido (Figura 3A). Segura-se, então, firme-mente o ramo colhido, com a gema ouborbulha voltada para cima. Para retirá-la,pratica-se uma incisão de cima para baixocom um golpe firme (Figura 3B). O próximo

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Frutas do Brasil, 4Frutas do Brasil, 4Manga ProduçãoManga Produção2626

passo é a inserção do escudo que contém agema no porta-enxerto: com a extremidadecega do canivete de enxertia, levanta-secom cuidado a casca de cada lado do cortevertical e introduz-se a gema, empurrando-a para cima (Figura 3C). A gema deveráajustar-se bem ao porta-enxerto, de modoque seus tecidos internos não fiquem ex-

postos. Em seguida, a borbulha é totalmen-te protegida pela fita plástica com que éamarrada firmemente ao porta-enxerto (Fi-gura 3D). Transcorridas três semanas, cor-ta-se a atadura plástica. Se a operação deenxertia tiver sido bem-sucedida, a borbu-lha estará verde e unida ao porta-enxerto.

A borbulha começa a brotar, cerca de20 dias após ter sido exposta, ou perto de40 dias após a enxertia, quando então sedecepa o porta-enxerto à altura de 5 cmacima do ponto de enxertia. A parte restan-te do porta-enxerto é eliminada depois dosegundo fluxo vegetativo. Nessa altura, amuda estará em condições de ser levadapara o campo, o que poderá ocorrer cercade seis a oito meses após a operação deenxertia (Figura 3E).

Borbulhia em placa ou escudo

Consiste, de modo resumido, na retira-da do porta-enxerto de um escudo retangu-lar da casca medindo cerca de três centíme-tros de comprimento por um centímetro emeio de largura (Figura 4A). Um escudocom borbulha de diâmetro igual ou ligeira-mente menor que o do porta-enxerto éretirado do ramo por meio de duas incisõesparalelas horizontais. A seguir, são feitasduas incisões verticais que vão unir-se àshorizontais (Figura 4B). Remove-se o escu-do contendo a borbulhia, que é então im-plantado na parte exposta do porta-enxerto(Figura 4C). Feito isso, o escudo com a gemaé amarrado ao porta-enxerto e totalmentecoberto com fita plástica (Figura 4D). Oscuidados subsequentes à condução da muda,semelhantes aos indicados para a borbulhiaem “T” invertido, deixarão a borbulha emplaca ou escudo em condições de ser planta-da em local definitivo (Figura 4E).

GarfagemOs garfos ou ponteiros utilizados nos

métodos de enxertia por garfagem devemser colhidos maduros (aproximadamentecom quatro meses de idade ou mais), eretirados os ramos da estação anterior. De-vem ser redondos, não angulares, e estar emprocesso de mudança da cor verde para a

Figura 3.Figura 3. Borbulhia em “T” invertido: A) Incisão do porta-enxerto em “T” invertido. B) Retirada da borbulha. C)Inserção da borbulha. D) Amarrio da borbulha ao porta-enxerto. E) Muda em condições de ser levada para ocampo.

Figura 4.Figura 4. Borbulha em placa ou escudo: A) Retirada doescudo do porta-enxerto. B) Escudo com borbulha retira-do do ramo. C) Implante do escudo com a borbulha. D)Amarrio do escudo com a borbulha ao porta-enxerto. E)Muda em condições de ser levada para o campo.

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2727Frutas do Brasil, 4Frutas do Brasil, 4 Manga ProduçãoManga Produção

verde-cinza, com as gemas apicais bem in-tumescidas e não danificadas por pragas e/ou doenças.

Os garfos são preparados quando ain-da estão presos à planta-matriz. A operaçãoconsiste em cortar suas folhas cinco a dezdias antes da sua retirada da árvore, a fim deforçar o intumescimento das gemas e acele-rar o pegamento após a enxertia (Figura 5).

I. Garfagem no topo em fenda cheia

Este método é um dos mais emprega-dos e com amplas possibilidades de suces-so na enxertia da mangueira. É fundamen-tal, porém, que o porta-enxerto esteja emboas condições vegetativas e que o seudiâmetro, em torno de um centímetro, sejaigual ou bem próximo ao do garfo.

Com um canivete bem afiado, decota-se o porta-enxerto na região onde seria feitaa enxertia, geralmente 15 cm a 20 cm acimado solo (Figura 6A). A seguir faz-se umcorte vertical até a profundidade de 3 cm a4 cm no centro da superfície decotada.

Após a colheita do garfo, com 10 cm a15 cm de comprimento, de cada lado da suaextremidade inferior são feitas duas incisõesem forma de cunha medindo aproximada-mente 3 cm a 4 cm. Em seguida, com a ajudada lâmina do canivete, alarga-se um pouco afenda aberta no porta-enxerto e nela intro-duz-se a cunha do garfo de modo que pro-mova o contato do tecido cambial em pelomenos um dos lados (Figura 6B). Finalmen-te, ata-se a zona de união com fita plástica.Outra alternativa consiste em cobrir o garfocom um saquinho plástico transparente eamarrar levemente a sua extremidade inferi-or, para evitar o ressecamento dos tecidos(Figura 6D). Com esses cuidados a mudaestará pronta para ser plantada dentro de trêsa quatro meses (Figura 6D).

Garfagem à inglesa simples

Bons resultados são obtidos com estatécnica (estimativa de pega acima de 80%)quando o porta-enxerto e o garfo apresentamdiâmetros que variam desde a grossura de umlápis até um centímetro e meio de largura.

Figura 5.Figura 5. Preparação de garfos para enxertia.

Figura 6.Figura 6. Garfagem no topo em fenda cheia: A) Porta-enxerto decotado. B) Porta-enxerto com fenda aberta egarfo em forma de cunha. C) Garfo implantado noporta-enxerto e amarrado com fita plástica. D) Muda emcondições de ser levada para o campo.

Figura 7.Figura 7. Garfagem à inglesa simples: A) Porta-enxertodecotado em bisel. B) Garfo aparado em bisel. C) Uniãodo garfo com porta-enxerto e amarrado com fita plásti-ca. D) Muda em condições de ser levada para o campo.

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Frutas do Brasil, 4Frutas do Brasil, 4Manga ProduçãoManga Produção2828

Faz-se no porta-enxerto um corte embisel com 3 cm a 4 cm de comprimento, auma altura entre 15 cm e 20 cm do nível dosolo (Figura 7A). O garfo, colhido maduroe com o mesmo diâmetro do porta-enxerto,também é cortado em bisel, devendomedir 10 cm a 15 cm de comprimento e teras gemas apicais bem intumescidas, emaparente estado de repouso e prestes abrotar (Figura 7B).

Procede-se à justaposição das super-fícies cortadas do porta-enxerto e do garfo,de tal maneira que os tecidos do câmbiopermaneçam em íntimo contato em pelomenos um dos lados. A zona de união deveser firmemente amarrada com fita plástica ecobrir toda a superfície cortada. É precisoter o cuidado de protegê-la com um saqui-nho plástico transparente, cuja extremida-de inferior será levemente amarrada, a fimde evitar o ressecamento dos tecidos (Figu-ra 7C). Três a quatro meses depois a mudaestará pronta para ser plantada (Figura 7D).

Garfagem lateral

São utilizados porta-enxertos com 6 a12 meses de idade, medindo pelo menosum centímetro de diâmetro, e garfos madu-ros de igual diâmetro ou que se assemelhem

ao corte praticado no porta-enxerto. Nogarfo é feito um corte inclinado em um doslados, próximo à gema terminal, tendo-se ocuidado de não danificá-la; na sua extremi-dade inferior faz-se um corte que começana casca, penetra no lenho e forma umapequena cunha no lado oposto da base,destinado a fixá-lo no talho feito no porta-enxerto.

À altura de 15 cm a 20 cm da haste doporta-enxerto efetua-se um corte longitu-dinal de cima para baixo, ligeiramente incli-nado, com 5 cm a 7 cm de comprimento.Próximo à base aprofunda-se um poucomais o corte, para destacar uma porção dacasca aderida ao lenho. Um entalhe trans-versal, em forma de lingüeta, é feito na basedo corte vertical, no qual a parte inferior dacunha do garfo é apoiada (Figura 8A). Aseguir, as superfícies cortadas do porta-enxerto e do garfo são postas em contato,de tal forma que haja coincidência na justa-posição das partes em pelo menos um doslados (Fig. 8B). O garfo é amarrado firme-mente no porta-enxerto com fita plástica.O amarrio começa na parte inferior daunião e termina na parte superior, a fim deevitar o ressecamento e a penetração deágua (Figura 8C).

Se a enxertia for bem-sucedida, asgemas começarão a brotar em duas a trêssemanas, quando a extremidade do garfodeverá ser descoberta e o porta-enxertocortado 5 cm a 10 cm acima do ponto deenxertia, para acelerar o desenvolvimentoda muda. A fita plástica será removidadepois que o primeiro fluxo de desenvolvi-mento tiver ocorrido. A parte restante doporta-enxerto será decepada após o segun-do fluxo vegetativo.

Praticando-se de modo adequado osmétodos de enxertia por garfagem, as mu-das obtidas estarão em condições de seremlevadas para o local definitivo de plantiotrês a quatro meses após essa operação(Figura 8D).

Figura 8.Figura 8. Garfagem lateral: A) Corte inclinado praticadono garfo e no porta-enxerto. B) União do garfo e noporta-enxerto. C) Amarrio com fita plástica. D) Muda emcondições de ser levada para o campo.

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2929Frutas do Brasil, 4Frutas do Brasil, 4 Manga ProduçãoManga Produção

PREPPREPARO DO SOLARO DO SOLOO

As operações de preparo do solo parao plantio devem ser feitas com bastanteantecedência. Consistem na roçagem, quei-ma do mato, encoivaramento e destoca.Após a limpeza da área, procede-se à aração,e 20 a 30 dias depois, faz-se a gradagem(Figura 9), coletando-se então amostras dosolo para análise.

ESPESPAÇAMENTAÇAMENTOO

O espaçamento depende da profundi-dade e da fertilidade do solo. Tem-se utilizado,geralmente com bons resultados, o de 10 mentre ruas por 10 m entre plantas, quecorresponde a uma densidade de 100 plan-tas/ha. Todavia, esse espaçamento está ce-dendo lugar a tipos mais adensados comode 6 m x 7 m. Dependendo do nível derecursos do produtor, assim como do seuconhecimento do manejo da cultura, oespaçamento de 7 m x 4,5 m também tem sidoempregado com sucesso. Nos solos pobresda Flórida, por exemplo, recomenda-se oespaçamento de 9 m x 9 m, 9 m x 6 m e 6 mx 6 m, ou ainda, 10 m x 8 m, 8 m x 8 m, 10 mx 5 m e 8 m x 5 m (para futuro desbaste). Apoda do topo e dos lados das plantas permiteo uso de espaçamentos menores, além defacilitar os tratos fitossanitários e a colheita.

ALINHAMENTALINHAMENTOO

Determinado o espaçamento, proce-de-se ao alinhamento, em quadrado ou emquincôncio, marcando-se com um piquete

8 INSTALAÇÃO DOMANGUEIRAL –PREPARO DO SOLO EOPERAÇÕES DE PLANTIO

Getúlio Augusto Pinto da CunhaManoel Teixeira de Castro Neto

Figura 10.Figura 10. Disposição das plantas: no plano e em curvade nível.

Figura 9.Figura 9. Preparo do solo: aração e gradagem.

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Frutas do Brasil, 4Frutas do Brasil, 4Manga ProduçãoManga Produção3030

COCOVEAMENTVEAMENTOO

Após a marcação da área, as covas sãoabertas nas dimensões de 50 cm x 50 cm x50 cm. Deve-se ter o cuidado de separar acamada de terra da superfície (A) da camadado subsolo (B) e inverter a sua posição nacova na hora do plantio (Figura 11).

ÉPOCA DE PLANTIOÉPOCA DE PLANTIOA melhor época para o plantio é a que

coincide com o período das águas. Toda-via, quando se dispõe de um sistema deirrigação, pode-se plantar em qualquer épo-ca do ano.

ADUBAÇÃO INICIALADUBAÇÃO INICIAL

Recomenda-se aplicar na cova, algunsdias antes do plantio, 10 a 20 litros deesterco de curral bem curtido, 1.000 g desuperfosfato simples e l00 g de cloreto depotássio. A essa mistura, incorpora-se aterra da camada superior da cova.

PLANTIOPLANTIO

Em primeiro lugar, mistura-se a terrada superfície (A) (Figura 11) com os adubosmencionados no item sobre adubaçãoinicial. Metade dessa mistura é colocadadentro da cova, e sobre ela, a muda. A seguirprocede-se à remoção do saco plástico queenvolve o bloco de terra com a muda. Estadeve ser colocada na cova de tal maneira queseu colo fique um pouco acima do nível dosolo. Com a outra metade da mistura termi-na-se de encher a cova. Por fim, faz-se umabacia em torno da muda, irrigando-a com 10a 20 litros de água (Figura 12). A remoção dosaco plástico também pode ser feita após acolocação da muda dentro da cova.

Sempre que possível, é extremamenteútil a prática de colocar uma cobertura depalha ou capim seco sobre a cova, bemcomo a de proteger a muda nos dias seguin-tes ao plantio com palhas de ouricuri ououtro material disponível na região. Asmudas poderão ainda ser tutoradas, parasua melhor condução, desde que conside-rada a economicidade dessa prática.

Figura 11.Figura 11. Separação da camada de terra da superfície(A) da camada do subsolo (B) e inversão na cova paraplantio.

Figura 12.Figura 12. Plantio da muda: Remoção do saco plástico;colocação na cova; bacia em torno da muda e uso decobertura morta para manutenção de umidade.

o local onde serão abertas as covas quereceberão o enxerto de manga. Quando aárea de plantio possui declive acentuado,deve-se fazer o alinhamento em curva denível, para o controle da erosão (Figura 10).

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3131Frutas do Brasil, 4Frutas do Brasil, 4 Manga ProduçãoManga Produção

CONTROLE DE PLANTCONTROLE DE PLANTASASDDANINHASANINHAS

No verão é importante manter o po-mar sempre livre de plantas daninhas, usan-do-se grade, capina manual ou herbicidas,bem como conservar as plantas coroadas.No inverno deve-se utilizar a roçadeira paramanter a vegetação baixa.

PODPODAA

A poda da mangueira, diferentementedo que possa se imaginar, deve ser umaprática realizada de uma a duas vezes ao ano.

As primeiras podas, chamadas podasde formação, devem ser realizadas quando amuda apresentar de 0,80 m a 1 m de altura,reduzindo seu tamanho para 0,50 m a 0,60 m(em plantios adensados a abertura das primei-ras pernadas poderá ser feita a 0,40 m do solo).Na primeira poda de formação, deve-se levarem conta a altura que se deseja que a copada planta adulta fique do solo. Outro fatorimportante é que o ponto de corte na podade formação deve ser sempre 2 cm acimado internódio (ou nó). Desta maneira, ha-verá a brotação de novos ramos mais oumenos no mesmo ponto de inserção. Aspodas de formação subseqüentes devemser realizadas sempre que houver um se-gundo lançamento do ramo. Assim, assu-mindo-se três brotações por cada ramopodado, a planta terá 243 ramos após aquinta poda. Para plantios adensados onúmero de podas realizadas para formar aplanta deve ser de apenas três, ficando acritério do produtor uma quarta poda, comcorte realizado abaixa do internódio, para aformação de ramos produtivos ao longo doramo podado.

A poda de abertura de copa deve serrealizada para a retirada de ramos no centroda copa que estejam aumentando muito oseu sombreamento interno. Esta poda deveser realizada de maneira que a copa daplanta atinja o formato de taça.

A poda de frutificação é realizada paraa correção de um fluxo vegetativo nãodesejado na época de indução floral dasplantas. O corte dos ramos deve ser feitosempre acima do internódio. Dessa manei-ra, caso a planta esteja preparada para afloração, haverá a brotação de várias gemasflorais no mesmo ramo.

A poda de limpeza deve ser semprerealizada após a colheita para remoção dospedúnculos dos frutos colhidos. Essa éuma boa época para corrigir eventual des-controle no tamanho da planta. É muitoimportante porque ela dá a chance de seviabilizar um manejo sincronizado da man-gueira. Aqui também procede-se à retiradade ramos secos e malformados.

CONSORCIAÇÃO DECONSORCIAÇÃO DECULCULTURASTURAS

Em vista da pequena área exploradapelas plantas nos primeiros anos após oplantio, uma boa prática cultural consisteem consorciar o mangueiral com culturastemporárias, de preferência de porte médioa baixo (feijões, amendoim, arroz desequeiro, soja, milho, abóbora, melancia,melão) ou mesmo com outras fruteirasarbustivas ou não (mamão, goiaba, maracu-já, banana, abacaxi). Essa prática cria ummicroclima favorável às mangueiras, prin-cipalmente nas zonas secas e quentes nasquais se usa irrigação, e contribui para a

9 TRATOSCULTURAIS

Manoel Teixeira de Castro NetoEugênio Ferreira Coelho

Getúlio Augusto Pinto da Cunha

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Frutas do Brasil, 4Frutas do Brasil, 4Manga ProduçãoManga Produção3232

amortização dos custos de implantação dacultura, para o melhor aproveitamento daárea e, ainda, para a conservação do solo.

As culturas consorciadas devem serplantadas a uma distância mínima de ummetro e meio da fileira de mangueiras.

INDUÇÃO ARTIFICIAL DOINDUÇÃO ARTIFICIAL DOFLFLORESCIMENTORESCIMENTOO

O florescimento e, por conseguinte, aépoca de produção da mangueira, pode serartificialmente antecipado com o uso dedeterminadas substâncias químicas oufitorreguladores do crescimento. Essa técni-ca permite o atendimento mais racional dademanda, considerando-se as épocas maisfavoráveis do ponto de vista comercial efitossanitário, podendo, também, contribuirpara controlar a alternância de produção.

Alguns dos produtos mais usados sãoo nitrato de potássio e nitrato de cálcio, emconcentrações que variam de 2% a 4%,dependendo da variedade e da região (Figu-ra 13). Ultimamente o ácido 2-cloroetlifosfônico (ethephon) tem sido uti-lizado em concentrações de 200 ppm a2.000 ppm. A dosagem mais empregada é ade 200 ppm, repetindo-se a aplicação umaa duas vezes em intervalos de uma a duassemanas, entretanto, esta prática tem-serevelado eficiente somente em casos espo-

rádicos. Doses mais altas podem provocara desfolha das plantas. Os produtos citadossão dissolvidos em água fria, devendo-seadicionar um espalhante adesivo à solução,para melhorar a eficiência do tratamento.

O regulador de crescimento mais efi-ciente para a indução floral é o paclobutrazol,vulgarmente chamado de cultar. Esse pro-duto é comercializado nas concentraçõesde 10% a 25%, sendo estas concentraçõesas mais facilmente encontradas no merca-do. O paclobutrazol é aplicado na concen-tração de 1 grama do princípio ativo doproduto por metro linear de diâmetro decopa. A melhor época de aplicação é quan-do o ramo se encontra em crescimento,com cerca de um mês de idade. Três mesesapós a aplicação do paclobutrazol, iniciam-se as aplicações de nitrato de potássio ounitrato de cálcio para apressar a saída dafloração.

Em geral os produtos fitorreguladoressão pulverizados nas plantas a partir doquarto ano de idade, entre o final da estaçãochuvosa e o início da seca, nas horas menosquentes do dia e em ramos com perto desete meses. A floração ocorre, então, atéum mês após esse tratamento.

No caso do nitrato de potássio, suaeficiência aumenta quando ele é aplicadoem plantas mais velhas e que estejam pelomenos quatro a cinco meses sem florar,visto que seu uso em seguida a uma floraçãoou a uma queda de flores não tem efeitosatisfatório.

Outro método que pode ser usado nasculturas irrigadas é o do estresse hídrico, ouseja, a suspensão do fornecimento de águadois a três meses antes da época deflorescimento desejada.

IRRIGAÇÃOIRRIGAÇÃO

O efeito potencial da irrigação contri-bui para os dois pontos mais importantesde uma economia globalizada: para o au-mento de produtividade e para a melhoriada qualidade da fruta. Os aumentos de

Figura 13.Figura 13. Indução floral com nitrato de potássio.

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3333Frutas do Brasil, 4Frutas do Brasil, 4 Manga ProduçãoManga Produção

produtividade da mangueira decorrentesdo uso de tecnologias, incluindo a irrigação,mesmo sem monitoramento técnico ade-quado, podem ser vistos comparando aprodutividade média da mangueira sob re-gime de sequeiro (12 t/ha) com aquelas emáreas irrigadas, cuja média situa-se em tor-no de 30 t/ha.

O sistema mais comum de irrigação damangueira é o da microaspersão (Figura 14)que promove uma área molhada aparentena superfície do solo superior à gerada porum sistema de irrigação por gotejamento.Os microaspersores apresentam vazõesentre 15 e 200 l.h-1, operando com pres-sões na faixa de 80 a 350 kPa.

O sistema de gotejamento (Figura 15)é o de maior eficiência e de menor demandade energia, embora seja de alto custo inicial.A restrição de seu uso para a manga édevido à menor área molhada aparente nasuperfície do solo. Entretanto, se o sistemaé dimensionado de forma adequada, a áreamolhada resultante deve permitir adequa-do desenvolvimento do sistema radicular.O uso de 5 a 6 gotejadores por planta ésuficiente para o seu desenvolvimentonormal. As disposições mais recomenda-das dos gotejadores são: fazendo-se umcírculo com a linha lateral ao redor da planta,com os gotejadores igualmente espaçados,ou dispondo os gotejadores em posiçõesdiferentes ao redor da planta, com umaramificação por planta (rabo de porco).

A mangueira requer uma quantidadeanual de água que dependerá da evapo-transpiração do local que pode atingir valo-res de 1.197 mm ou 1.368 mm/ha por ano,sendo que se pode, a princípio, basear-senuma demanda no inverno de 2,2 mm.dia-1

e 4,4 mm. dia-1 no verão. É uma cultura quepode resistir à deficiência de água no soloou ao estresse por um período de até 8meses. A mangueira necessita de água du-rante a formação floral, todavia essa neces-sidade não chega a ser crítica. Trabalhos depesquisa têm mostrado que a irrigação nãoé desejável durante a diferenciação do broto

floral e deve iniciar-se somente na emer-gência da panícula, após a diferenciação dobroto floral. O estresse hídrico do soloretarda o crescimento das gemas vegetativase colabora com o crescimento das gemasflorais. O período mais crítico para a irriga-ção da manga é de 4 a 6 semanas após oestabelecimento dos frutos.

O manejo da irrigação da manga con-siste em se aplicar água à cultura na quanti-dade demandada e no tempo certo. Algunsdos métodos de determinação do momen-to de irrigação e da quantidade de água a seraplicada no solo, em geral recomendadospara uso, são: com base em medidas no soloe com base no balanço de água na zonaradicular.

Figura 14.Figura 14.

Figura 15.Figura 15.

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Frutas do Brasil, 4Frutas do Brasil, 4Manga ProduçãoManga Produção3434

No caso de se basear em medidas nosolo, o momento da irrigação é determinadoa partir de sensores de água do solo, quer paradeterminação de conteúdo de umidade(gravimetria, reflectometria no domínio dotempo-TDR), quer para determinação dopotencial de água do solo (tensiômetro, blo-cos de resistência elétrica). Os sensores de-vem ser instalados no centro de atividade dosistema radicular, ou numa região do sistemaradicular representativa do cenário geral deextração de água. Tal região situa-se entre0,8 m e 1,5 m de distância do tronco, paraplantas irrigadas por microaspersão comidade superior a 3 anos. As profundidadesentre 0,25 e 0,30 m; 0,50 e 0,60 m e 0,8 e0,90 m são suficientes para monitoramentodo estado da água no solo. Os potenciaismatriciais adequados ao desenvolvimento eprodutividade da cultura situam-se entre -15 kPa e -25 kPa em solos arenosos e entre -30 kPa e -60 kPa em solos argilosos.

O método do balanço de água na zonaradicular baseia-se no balanço de água nosolo, cujos componentes principais de en-trada no sistema são a precipitação efetiva,ou aquela que infiltra no solo, e a irrigação,em caso de presença de lençol freático,podendo ocorrer a sua contribuição. Oscomponentes de saída do sistema são aevapotranspiração e a perda por percolação,podendo entretanto haver casos de perdaspor escoamento superficial. Esse métodose baseia nos seguintes cálculos:

Déficit de água atual = Déficit de águaanterior + U + PF

Em que:

U = Etc - Pe

Pe – precipitação efetiva no períodoavaliado (mm);

PF – perda por percolação no períodoavaliado (mm);

O valor de U para o caso de fruteirassob microirrigação deve ser calculado con-siderando um fator de correção da equação

convencional para a microirrigação, quefica da seguinte forma :

U = 0,1 (PR)0,5 . (Etc – Pe),

PR – percentagem de recobrimentotomada pela razão entre a projeção da som-bra da árvore ao meio-dia e a área totalocupada pela planta (%).

O balanço é feito partindo-se de umdéficit nulo, ou solo próximo da capacidadede campo, contabilizando-se diariamenteas entradas e saídas de água no solo. Osdéficits são acumulados e quando atingemum valor máximo permissível, a irrigaçãodeve ser realizada e será correspondente aodéficit acumulado até aquele momento.

Déficit total permissível (DTP) = fx (CC – PM) x Z

R

Sendo: CC – teor de água em basevolume equivalente à capacidade de campodo solo; PM – teor de água em base volumeequivalente ao ponto de murcha perma-nente do solo; Z

R – profundidade efetiva do

sistema radicular em mm; f – considerarentre 0,35 e 0,50.

Se DTP ≥ déficit de água atualnão irrigar

Se DTP ≤ déficit de água atualirrigar

QUEBRA-QUEBRA-VENTVENTOO

O uso de quebra-vento, como foi dito,é necessário nas regiões onde os ventos sãofortes e constantes, a fim de evitar danos àcultura sob a forma de queda de flores efrutos, quebra de galhos com frutos,ressecamento de folhas e galhos novos,diminuição da fecundação (que é feita porinsetos).

Os quebra-ventos devem ser implan-tados antes da instalação do pomar, usan-do-se espécies arbóreas/arbustivas adapta-das à região e de crescimento rápido, planta-das a uma distância mínima de 10 m a 12 mda primeira fila de mangueiras.

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3535Frutas do Brasil, 4Frutas do Brasil, 4 Manga ProduçãoManga Produção

A mangueira é uma planta culti-vada em todo o mundo, emsolos e condições climáticas

diversos. Muitas vezes, o desconhecimentodo solo e, principalmente, da exigêncianutricional da planta, leva à prática de adu-bação inadequada, que afetará de formasignificativa o desenvolvimento e a produ-tividade da planta.

A manga é capaz de extrair os nutrien-tes dos mais variados tipos de solo, devidoao grande desenvolvimento do seu sistemaradicular. Suas necessidades nutricionaissão determinadas pelas quantidades extraí-das dos nutrientes nas diversas fases do seudesenvolvimento. E a extração dos nutri-entes pelas colheitas é menor que algumasculturas tropicais, sendo o nitrogênio e opotássio os mais extraídos. A ordem de-crescente de exportação do fruto é de N, K,Ca, Mg e P para os macros e Fe, Mn, Cu, Zne B para os micronutrientes.

SOLSOLOO

A mangueira é cultivada em diferentessolos; no entanto, desenvolve-se melhorem solos profundos (> 2 m), bem drenadose sem problemas de salinidade. Solos sujei-tos a encharcamento não são recomenda-dos, pois podem favorecer o aparecimentode podridão das raízes. O lençol freáticodeve estar abaixo de 3 m.

Os solos mais recomendados são osareno-argilosos, ricos em matéria orgânica,profundos e planos.

EXIGÊNCIAS NUTRICIONAISEXIGÊNCIAS NUTRICIONAIS

A mangueira é uma planta que ab-sorve os nutrientes na seguinte ordem de-crescente: N > K > P > Mg > Mn > S > Zn> Cu.

Considerando a exportação de nu-trientes pelos frutos (casca, polpa e semen-te), o nitrogênio (N) e o potássio (K) foramos mais encontrados; em média, são ex-portados 1,23 kg de N; 0,15 kg de P; 1,57kg de K; 0,28 kg de Ca; 0,20 kg de Mg;0,15 kg de S; 1,22 g de B; 3,53 g de Cu;4,19 g de Fe; 2,71 g de Mn e 3,27 g de Znpor tonelada de frutos (Tabela 1).

Quanto à marcha de absorção, estu-dos com N, P, K e Ca mostraram que, nosperíodos anteriores à floração, os teores deN, P e K foram máximos, havendo emseguida uma redução nesses teores. Osvalores mais baixos foram encontrados nafase de formação dos frutos. O inversoocorreu com o cálcio. Assim, os períodosde floração e início da formação dos frutossão mais críticos dentro do ciclo de produ-ção. Pode-se considerar duas fases distin-tas: uma, de acúmulo de nutrientes, iniciadaapós a colheita até o início da floração, eoutra, de diminuição dos níveis, durante aformação dos frutos. Nessa fase, a maiorabsorção ocorre 52 dias após o aparecimen-to dos frutos.

IMPORTÂNCIA DOSIMPORTÂNCIA DOSNUTRIENTES NA PLANTNUTRIENTES NA PLANTAA

O nitrogênio (N) é importante nodesenvolvimento vegetativo, na produçãode gemas florais, na diminuição daalternância de produção e no aumento daprodução de frutos.

Os sintomas de deficiência são obser-vados com o atraso no crescimento daplanta. Inicialmente, as folhas mais velhastornam-se menores e cloróticas e, posteri-ormente, as folhas mais novas. As plantascarentes em N apresentam teores foliaresinferiores a 8,0 g/kg de N e esta deficiência

10 CALAGEM EADUBAÇÃO

Antonia Fonsêca de Jesus MagalhãesAna Lúcia Borges

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Frutas do Brasil, 4Frutas do Brasil, 4Manga ProduçãoManga Produção3636

pode se corrigida com a aplicação de 20 kga 50 kg de N/ha.

Observou-se, também, a incidênciade soft nose (amolecimento de polpa, colapsointerno) em plantas com alta adubaçãonitrogenada e baixos teores de cálcio. Noentanto, análises recentes têm mostradoalto teor de N em frutos com colapsointerno, porém não sendo observados teo-res mais baixos de cálcio.

O fósforo (P) é um nutriente poucoabsorvido pela mangueira; no entanto, temfunção estrutural na planta, fazendo partede compostos essenciais como fosfolipídiose ácidos nucléicos. Além disso, estimula odesenvolvimento do sistema radicular.

As plantas deficientes apresentam cres-cimento reduzido e maturidade retardada.As folhas mais velhas apresentambronzeamento ao longo das margens e naponta do limbo, caindo prematuramente.As raízes apresentam crescimento limitadoe as folhas novas adquirem coloração ver-de-escura e de menor tamanho. A haste

principal e a maioria dos ramos tornam-semais finos, pouco flexíveis, enfraquecem epodem secar.

Os teores de P nas plantas carentesapresentam-se inferiores a 0,5 g/kg, en-quanto o adequado varia de 0,8 g/kg a1,6 g/kg. A falta do nutriente pode sercorrigida com 20 kg/ha a 80 kg/ha de P

2O

5.

O potássio (K), apesar de não fazerparte de compostos estruturais da planta, éimportante nos processos fotossintéticos,respiração e translocação da seiva. É umnutriente importante no estádio defrutificação da mangueira. Sendo móvel naplanta, a sua carência se manifesta inicial-mente nas folhas mais velhas, com clorose eposterior necrose das pontas e das margens.

As plantas carentes em K apresentamteores foliares inferiores a 2,5 g/kg, poden-do corrigir essa deficiência com 20 kg/ha a80 kg/ha de K

2O.

O cálcio (Ca) tem função estrutural naplanta, sendo constituinte de pectatos dasmembranas e paredes celulares da planta.

Tabela 1. Quantidades médias de nutrientes exportadas pelos frutos frescos de diferentescultivares de manga.

Cultivar Haden TommyAtkins

Extrema Manila Sensation Carlota Média

Nutriente kg/t frutos

N 1,18 1,09 1,18 1,24 - 1,45 1,23

P 0,09 0,12 0,17 0,15 0,18 0,18 0,15

K 1,20 0,91 1,84 1,89 1,31 2,27 1,57

Ca 0,20 0,25 0,15 0,24 0,60 0,25 0,28

Mg 0,20 0,24 0,17 0,17 0,31 0,13 0,20

S 0,10 0,12 0,19 - - 0,19 0,15

g/t frutos

B 1,40 1,80 0,90 - - 0,80 1,22

Cu 4,80 9,00 0,90 1,43 - 1,50 3,53

Fe 6,10 2,20 3,90 5,36 - 3,40 4,19

Mn 2,30 2,80 3,80 0,36 - 4,30 2,71

Zn 5,80 5,40 1,50 2,14 - 1,50 3,27

Peso médio fruto (g) 420-540 460-600 320-400 280 350 180-250

Idade cultura (anos) 9 9 - 31 2 -

FonteHaag etal., 1990

adaptado porQuaggio,1996

Hiroce etal., 1978

GuzmánEstrada et al.,1996

Janse vanVuuren &Stassen, 1996

Hiroce etal., 1978

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3737Frutas do Brasil, 4Frutas do Brasil, 4 Manga ProduçãoManga Produção

Promove maior resistência às membranas eparedes celulares tornando os frutos fir-mes, com melhor aparência, resistentes aomanuseio e ao transporte, reduzindo tam-bém o distúrbio fisiológico conhecido comoamolecimento de polpa (soft nose).

Sendo um elemento imóvel na planta,os sintomas de deficiência de Ca aparecemnas regiões de crescimento, como umaclorose marginal ou internerval e a morte dagema apical.

Teores foliares inferiores a 15,0 g/kg,apesar de não mostrarem sintomas visíveis dedeficiências, afetam a qualidade dos frutos.

A correção da deficiência é realizadacom aplicação de calcário (elevando-se asaturação por bases para 80%), ou gesso ( 2a 3 t/ha), neste caso, quando os teores de Caforem baixos na camada subsuperficial.

O magnésio (Mg) é integrante da mo-lécula de clorofila e ativador de enzimas. Éessencial para a absorção de P; no entanto,altas concentrações de K inibem sua ab-sorção.

Como nutriente móvel no floema, ossintomas de deficiência de Mg aparecemprimeiro nas folhas mais velhas, na formade clorose internerval. As plantas defici-entes apresentam teores foliares abaixo de1,0 g/kg.

A correção da deficiência de Mg podeser feita com aplicação de calcáriodolomítico. No entanto, em solos sem ne-cessidade de calagem (V>80%), esse ele-mento pode ser suprido com cloreto ounitrato de Mg (40 kg de Mg/ha).

O enxofre (S) é componente deaminoácidos e vitaminas sulfurados. Apre-senta pouca mobilidade no floema; assim,os sintomas de carência aparecem inicial-mente nas folhas novas, apresentandoclorose uniforme, podendo haver tonalida-des roxas. Além disso, as plantas deficientesapresentam crescimento retardado e folhascom coloração verde-escura, necroses nasmargens e queda.

Plantas com teores foliares inferiores a0,5 g/kg são consideradas deficientes. Acorreção pode ser feita com o uso de sulfatode amônio como fonte nitrogenada esuperfosfato simples como fonte de P.

MICRONUTRIENTESMICRONUTRIENTES

O cobre (Cu) e o zinco (Zn) são osmicronutrientes mais exportados pelos fru-tos da mangueira (Tabela 2), após o ferro(Fe). O boro (B) é o menos exportado pelosfrutos.

O cobre é um nutriente pouco móvelno floema; desta maneira, os sintomas desua carência aparecem nas folhas mais no-vas, como murchamento, coloração verde-azulada, deformações do limbo, clorose eposterior necrose. A sua deficiência podeser corrigida com a aplicação de 1 g desulfato de cobre/planta/ano.

O Zn é componente de enzimas, esti-mula o crescimento e a frutificação. Na faltadesse nutriente, os internódios tornam-securtos, pois as células são menores e emmenor número. A correção da sua deficiên-cia pode ser feita com 4,5 g de Zn/planta ouaplicação foliar de 3 g a 5 g de sulfato dezinco por litro de água.

O B é essencial na formação de pare-des celulares e divisão celular. Como éimóvel no floema, a sua deficiência causamorte da gema terminal e as folhas maisnovas se apresentam menores, amareladase deformadas. A correção dessa deficiênciapode ser feita com 1,0 g de B/planta ouaplicação foliar de 8 g de ácido bórico porlitro de água.

ANÁLISE QUÍMICA DO SOLANÁLISE QUÍMICA DO SOLOO

Nenhum programa de adubação deveser implementado sem o conhecimentoprévio da disponibilidade de nutrientes dosolo, considerando-se o custo da análiserelativamente baixo e a facilidade de acessoaos laboratórios de solo no país. A análisequímica do solo é indispensável na reco-mendação da calagem e da adubação. En-

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Frutas do Brasil, 4Frutas do Brasil, 4Manga ProduçãoManga Produção3838

tretanto, alguns critérios devem ser obser-vados desde a amostragem do solo, etapacrítica do processo de análise.

Em pomares a serem instalados, seis aoito meses antes do plantio, devem-se agru-par as áreas pela cor e textura do solo, tipode vegetação e relevo, e retirar de 20 a 25subamostras nas profundidades de zero a20 cm e 20 cm a 40 cm. Em pomares jáinstalados a concentração das raízes estáentre a extremidade da projeção da copa e1,50 m do tronco, sendo este o local idealpara amostragem e adubação.

Recomenda-se coletar amostras 50%na projeção da copa e 50% além do raio dacopa em cerca de 20 a 25 plantas, nasprofundidades de zero a 20 cm e 20 cm a 40cm, o que permitirá avaliar a fertilidade paraefeito de adubação e identificar possíveisbarreiras químicas ao crescimento radicularcomo deficiências de cálcio e excesso dealumínio.

Retiradas as subamostras e formada aamostra composta, esta deve ser bem mis-turada, colocada em caixinha própria paraamostra de solo e encaminhada ao labora-tório. Se a terra estiver muito molhada,convém secá-la ao ar, antes de colocá-la naembalagem para a remessa ao laboratório.

ANÁLISE FOLIARANÁLISE FOLIAR

As folhas da manga permanecem naplanta pelo menos quatro anos segundoalguns autores. Por meio das análises dasfolhas é possível avaliar o estado nutricionalda planta, facilitando assim o balanceamentodos nutrientes. Como os teores destes sãoafetados por vários fatores, como idade dafolha, a variedade, a posição da folha noramo, o tipo de ramo com ou sem frutos, aaltura da amostragem na planta, a posiçãodos ramos em relação aos pontos cardeais eo tipo de solo, faz-se necessário o estabele-cimento de alguns critérios, ou seja, a pa-dronização da amostragem:

1. Separar talhões de até 10 ha com amesma idade, variedade, produtividade, emsolo homogêneo.

2. Coletar quatro folhas por planta,em todos os quadrantes, a uma altura medi-ana da copa, em 20 plantas por acaso.

3. Proceder à amostragem em ramoscom flores, de preferência, e retirando asfolhas da parte mediana do ramo. Se forinduzir ou adubar, coletar folhas antes des-tas práticas.

4. Acondicionar as amostras em sacode papel, se possível, e se for armazená-las,colocar na parte baixa do refrigerador.

5. Amostrar anualmente, devido à re-comendação de N basear-se nos teoresfoliares.

A Tabela 2 mostra a classificação dosteores dos diversos nutrientes em folhas demanga.

CALACALAGEMGEMA prática da calagem eleva o pH do

solo, neutraliza o Al e/ou Mn trocáveis,fornece Ca e Mg às plantas, eleva a satura-ção por bases, equilibra a relação K:Ca:Mg,contribui para o aumento da disponibilida-de de N, P, K, S e Mo e melhora a atividademicrobiana do solo.

A manga é planta exigente em cálciocujos teores nas folhas excedem o dobro donitrogênio. Esse nutriente tem a função pri-mordial de promover maior resistência àsmembranas e paredes celulares, retardandoo ataque enzimático nos tecidos da polpa.

A Tabela 3 mostra as recomendaçõesde calagem para a mangueira, em algunsestados produtores do Brasil.

MODO DE APLICAÇÃO DOMODO DE APLICAÇÃO DOCALCÁRIOCALCÁRIO

No pomar a ser implantado, recomen-da-se a aplicação do calcário a lanço emtoda a área, seguida de incorporação aosolo, de preferência antes da aração egradagem, o que permitirá uma incorpora-ção, a mais profunda possível, e com certaantecedência do plantio. Além disso, pode-se fazer uma aplicação na cova de plantio ousulco, calculando-se a quantidade do calcário

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3939Frutas do Brasil, 4Frutas do Brasil, 4 Manga ProduçãoManga Produção

Se após a calagem persistir a incidênciade amolecimento de polpa recomenda-seaplicar 2 a 3 t/ha de gesso agrícola nasuperfície, sem incorporação.

Nos pomares a serem formados, ocalcário deve ser aplicado com antecedên-cia de 30 a 45 dias do plantio das mudas e

Tabela 2. Teores de nutrientes em folhas de manga.

Nutrientes Deficiente Baixo Médio Adequado Altog/kg

N < 8 8 - 10 10 - 11,9 12 - 14 > 14P - < 0,5 0,5 - 0,9 1,0 - 1,5 > 1,5K < 2,5 2,5 - 4,0 4,0 - 6,4 6,5 - 10 > 10Ca < 15 15 - 20 20 - 27 28 - 40 > 40Mg - < 1,0 1,0 - 2,4 2,5 - 50 > 5,0S < 0,5 0,5 - 0,6 0,6 - 0,8 0,9 - 1,8 > 1,8

mg/kgB < 10 10-40 40-69 70-100 > 100Cl nd nd nd 100-900 > 900Cu < 5 5-10 > 10 ndFe < 15 15-30 30-50 > 50 ndMn < 10 10-30 30-50 > 50 ndZn < 10 10-15 15-30 30-50 > 50Fonte: Adaptada de Quaggio,1996; Gargantini,1999.

Tabela 3. Recomendações de calagem para a mangueira, em estados produtores do Brasil.

Estado Recomendação ReferênciaBahia N.C.(t/ha)= 2 x [ 20-(mmolc/dm3 Ca+2 + Mg+2)/10] ou Comissão Estadual de

Fertilidade do Solo,1989N.C.(t/ha)= 2 x (mmolc/dm3 Al)/10São Paulo Aplicar calcário para elevar saturação por bases a 80%

Quaggio et al.,1996N.C. (t/ha) = CTC (V2 - V1)10 PRNT

Minas Gerais Método do Al+3 e Ca+ 3 + Mg+3 trocáveis, considerandosea textura do solo

Comissão de Fertilidadedo Solo do Estado deMinas Gerais ,1989

N.C. (t/ha) = 4 x Al + [ x - (Ca + Mg)]Y = 1 (solos arenosos, 15% argila); 2 (textura média -15 a 35% argila) e 3 (solos argilosos>35% argila)X = 2

Pernambuco N.C. (t/ha) = f x Al Bezerra et al.,1998,N.C. (t/ha) = f x [2-(Ca + Mg)]f = 1, 5, 2 e 2,5 para solos com teores de argila < 15,15 a 35 e 35% respectivamentePara manga irrigadaN.C. (t/ha) = 2 x [3-(Ca + Mg) Albuquerque et al.,1998

em relação ao volume de terra da cova oumetro linear de sulco.

Nos pomares já instalados, a aplicaçãodo calcário é feita a lanço, procedendo-se auma gradagem superficial. Deve-se analisaro solo a cada dois anos e aplicar o calcáriono fim das chuvas.

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Frutas do Brasil, 4Frutas do Brasil, 4Manga ProduçãoManga Produção4040

incorporado o mais profundo possível. Nosplantios já instalados, recomenda-se reali-zar a análise química a cada dois anos eaplicar o calcário, se necessário, quando asaturação por bases for inferior a 60%.

O gesso agrícola (CaSO4), apesar de

não alterar o pH do solo, reduz o teor dealumínio (Al) no perfil devido à formaçãode sulfato de alumínio (Al

2(SO

4)), além de

fornecer Ca e S. Em solos com incidênciade colapso interno dos frutos, sugere-se aaplicação de 2t/ha de gesso, em solos atécom 30% de argila, e 3t/ha para solosargilosos. Além disso, o suprimento de Camelhora o desenvolvimento do sistemaradicular da mangueira em profundidade ea qualidade dos frutos, pela redução daincidência do amolecimento da polpa.

ADUBAÇÃOADUBAÇÃOComo a manga é uma planta perene,

precisa de adubação diferenciada nas fasesde plantio, formação e produção, podendoser orgânica ou mineral, variando nas diver-sas áreas produtoras do país, conforme asTabelas 4 a 8.

BahiaBahia

As doses recomendadas para o plantiodevem ser repetidas no 1º ano, as do 2º anono 3º e, assim, sucessivamente.

Na fase de implantação da cultura,aplicar metade do nitrogênio, na formaorgânica e o fósforo na cova. O restante donitrogênio e o potássio devem ser aplicadosde 30 a 60 dias após o transplantio.

Na fase de formação (até o quartoano), o fósforo deve ser aplicado de umaúnica vez, no início da estação chuvosa, e onitrogênio e o potássio em duas doses iguaisno início e final das chuvas.

No período de frutificação e produ-ção, as doses anuais de fertilizantes devemser fracionadas sempre que possível emduas épocas (antes da floração e no início dafrutificação).

Se viável física e economicamente,utilizar parte da adubação nitrogenada naforma orgânica também nas fases de for-mação e frutificação (produção).

Tabela 4. Recomendação de adubação para a manga em condição de sequeiro, na Bahia.

NutrientesPlantio e1º ano

2º e 3ºano

4º e 5ºano

6º e 7ºano

8º e 9ºano

10 anosem diante

N (kg/ha)Nitrogênio Mineral ou Orgânico 10 10 20 25 30 40

Fósforo no solo

mg. dm-3(Mehlich) Até 6 10 15 15 20 25 30

7 a 13 5 10 10 15 15 20

14 a 20 - 5 5 5 5 10

Potássio no solomg. dm-3

Até 30 10 15 20 25 30 40

31 a 60 5 10 15 20 20 3061 a 90 - 5 10 15 15 20

As doses recomendadas para o plantio devem ser repetidas no 1º ano, as do 2º ano no 3º e, assim,sucessivamente.Fonte: Carvalho et al.,1989.

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4141Frutas do Brasil, 4Frutas do Brasil, 4 Manga ProduçãoManga Produção

Sempre que possível, proceder àescarificação ou gradagem leve, após a apli-cação dos adubos, para evitar perdas.

PernambucoPernambuco

Nitrogênio – Na fase de crescimento,a dose de N deve ser parcelada em cincoaplicações ao ano em solos argilosos e emdez aplicações ao ano em solos arenosos,iniciando com 10 g de N/planta aos 60 diasapós o plantio e depois aumentando até 500 gN/planta, no final de crescimento (30 me-ses). Na fase de produção, o N deve serparcelado em aplicações mensais, do inícioda floração até os frutos atingirem 2 cm dediâmetro.

Fósforo – Na fase de crescimento,o P deve ser parcelado em duas aplicaçõesao ano, e na fase de produção, deve seraplicado logo após a colheita.

Potássio – Na fase de crescimento,a dose de K deve ser parcelada em quatroaplicações ao ano, com intervalos de 90dias. Na fase de produção, 15% do Kdevem ser aplicados antes da floração, 50%

no pegamento dos frutos e 35% após acolheita.

A partir do quarto ano, as doses defósforo e potássio deverão ser alteradasconforme a análise foliar e a produtividadeesperada.

Adubação orgânica – Usar 20 a 30 l/planta de esterco de curral bem curtido, noplantio. Repetir uma vez por ano.

Micronutrientes – Aplicar, no plan-tio e uma vez por ano na fase de produção,4,5 g de Zn e 1,0 g de B por planta.

São PauloSão Paulo

Adubação de plantio – Aplicar 10 a15 litros/cova de esterco de curral curtidoou 3 a 5 litros de esterco de galinha, emmistura com 200 g de P

2O

5 e 5 g de Zn.

Misturar os adubos com a melhor terra dasuperfície, 30 dias antes do plantio.

Na fase de formação, aplicar os adu-bos em três parcelas no início, meado e finaldas chuvas, ao redor das plantas e na proje-ção da copa.

Tabela 5. Recomendação de adubação para manga (Mangifera indica L.) em condição irrigada.

Teores noSolo

Implantação Teores nafolha

ProduçãoPlantio Crescimento

g/planta g/planta/cx. de 25 kg frutosNitrogênio (N) Nitrogênio (N)

g.kg-1 de NNão analisado - 500 < 10 80

10 - 15 40> 15 -

Fósforo (P2O5) Fósforo (P2O5)mg.dm-3 de P g.kg-1 de P< 11 250 160 < 1,0 6011-20 150 120 1,0 - 2,0 3020-40 80 80 > 2,0 -> 40 40 40

Potássio (K2O) Potássio (K2O)cmolc.dm-3 de K g.kg-1 de K< 0,16 100 100 < 5 1000,16 - 0,30 80 80 5 - 10 600,30 - 0,45 40 40 > 10 -> 0,45 20 20

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Frutas do Brasil, 4Frutas do Brasil, 4Manga ProduçãoManga Produção4242

total estabelecida; se em níveis médios,aplicar 2/3 e, em níveis altos, 1/3 da aduba-ção recomendada.

MéxicoMéxico

Segundo a função do nutriente e a etapafenológica da manga, deve-se aplicá-las como propósito de evitar perdas por fixação deN, P e K, lixiviação e volatilização de N.

ADUBAÇÃO COMADUBAÇÃO COMMICRONUTRIENTESMICRONUTRIENTES

O primeiro micronutriente a apresen-tar sintomas na mangueira foi o zinco.Também são freqüentes os sintomas dedeficiência de boro e manganês.

O boro tem efeito benéfico nainflorescência, aumentando o número de flo-res hermafroditas, o pegamento do fruto e aprodutividade. A fonte mais indicada é oácido bórico 0,2 a 0,3% (0,20 a 0,30 kg/100 l).

Usar pulverizações de zinco emanganês, com soluções 0,5% de sulfatode zinco (0,5 kg/100 l) e 0,25% de sulfatode manganês (0,25 kg/100 l) associadascom uréia (0,3% a 0,5% - 0,30 kg a 0,50 kg/100 l) pelo efeito benéfico na aplicação.

Na fase de produção, aplicar o fósfo-ro, de preferência em dose única, antes doflorescimento. Quando usar formulação,parcelar o P juntamente com N e K. Asdoses de nitrogênio e potássio devem seraplicadas na superfície do solo, em trêsparcelas, sendo a primeira no início daschuvas e as outras após colheita, até o finaldo período chuvoso.

Minas GeraisMinas Gerais

A primeira aplicação do adubo em co-bertura deve ser feita após o pegamento dasmudas. Recomenda-se misturar à terra deenchimento da cova e aos fertilizantes 20litros de esterco de curral, ou 5 litros de estercode galinha, ou 2 litros de torta de mamona e100 g de calcário dolomítico para cada tone-lada aplicada na área total, 60 dias antes doplantio. A quantidade de fósforo recomenda-da deve ser metade em forma solúvel em águae metade como fosfato natural.

No ano em que não ocorrer produção,suprimir as aplicações referentes às épocasB e C.

Se a análise de solo revelar teores de Pe/ou K em níveis baixos, usar adubação

Tabela 6. Recomendação de adubação para manga, no estado de São Paulo.

Adubação de formação

Idade/Anos

Nitrogêniog/planta

P resina, mg.dm-3 K+ trocável, mmolc.dm-3

0-12 13-30 > 30 0-0,7 0,8-1,5 1,6-3,0 > 3,0P

2O

5, g/planta K

2O, g/planta

0-1 30 0 0 0 40 0 0 01-2 60 160 80 60 80 40 0 02-3 120 240 160 100 160 120 80 403-4 160 320 240 120 240 180 120 80

Adubação de produção

Produt.esperada

N nas folhas, g.kg P resina, mg.dm-3 K+ trocável, mmolc.dm-3

< 10 10-12 > 12 0-5 6-12 13-30 > 30 0-0,7 0,8-1,5 1,6-3,0 3,0>3,0t/ha N, kg/ha P2O5, Kg/ha K2O, kg/ha< 10 20 10 0 30 20 10 0 30 20 10 010-15 30 20 0 40 30 20 0 50 30 20 015-20 40 30 0 60 40 30 0 60 40 30 0> 20 50 40 0 80 60 40 0 80 60 40 0

Fonte: Quaggio et al.,1996.

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4343Frutas do Brasil, 4Frutas do Brasil, 4 Manga ProduçãoManga Produção

Tabela 7. Recomendação de adubação para manga no estado de Minas Gerais.

Adubação de plantio

Adubação de crescimento e formação

Adubação de produção

ÉpocasQuantidade (g/cova)

Plantio Pós-plantioP

2O

5K

2O N K

2O

Outubro 50 20 10 -Janeiro - - 20 -Março - - 20 30

ÉpocasQuantidades (g/cova)

1º ano pós-plantio 2º ano pós-plantio 3º ano pós-plantioN P2O5 K2O N P2O5 K2O N P2O5 K2O

Outubro 40 100 - 50 120 - 70 140 100Janeiro 40 - 50 50 - 70 70 - 100Março 20 - 50 50 - 80 60 - 100

Estádiosde

desenv.

Quantidades (g/cova)4º ano pós-plantio 5º ano pós-plantio 6º ano pós-plantio

N P2O5 K2O N P2O5 K2O N P2O5 K2OA 20 - 20 30 - 30 50 - 50B 80 160 80 100 160 100 150 160 150C 100 - 100 100 - 100 150 - 150

A = antes da floração; B = após pegamento dos frutos e C = após a colheitaFonte: Comissão Fertilidade do Solo do Estado de Minas Gerais,1989.

Tabela 8. Doses de fertilizantes recomendadas para a manga no México (g/árvore/ano).

Idade(anos)

Fertilizantes Esterco FoliarNitrogênio Fósforo Potássio (kg) 200 l água

1-3 60 - 160 30 - 60 60 - 100 5 - 10 -4-7 160 - 900 60 - 200 120 - 900 10 - 30 1 litro8-12 1000 - 1200 300 - 400 1000 - 1200 30 - 50 1 litro> 12 1500 600 50 1 litro

Fonte: Sanches,1998.

Tabela 9. Distribuição dos fertilizantes (em % da dose recomendada) durante o ciclo de cultivoda manga.

PeríodoFenológico

Fertilizantes Esterco FoliarNitrogênio Fósforo Potássio

Depois dacolheita

50 25 33 100 -

Floração 25 50 33 100 -Frutificação 25 25 33 - -

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Frutas do Brasil, 4Frutas do Brasil, 4Manga ProduçãoManga Produção4444

As épocas de aplicação dos micro-nutrientes são duas vezes ao ano: antes doflorescimento (primórdios florais) e duranteo crescimento, em fluxos novos de brotação.

Deve-se ter o cuidado de evitar pulve-rizações em períodos quentes do dia e demolhar toda a planta até pingar.

LOCALIZAÇÃO DOSLOCALIZAÇÃO DOSFERTILIZANTESFERTILIZANTES

Em plantas com um ano de idadeaplicar os adubos ao redor da cova, num

raio de 0,50 m de largura. Aumentar o raiocom a idade da planta até três anos. Acimade quatro anos, os adubos devem ser apli-cados em faixas de largura igual ao raio dacopa nos dois lados da planta, sendo 2/3sob a copa e 1/3 fora dela.

O fósforo deve ser aplicado sempreem dose única e incorporado com gradepesada.

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4545Frutas do Brasil, 4Frutas do Brasil, 4 Manga ProduçãoManga Produção

MOSCA-DMOSCA-DASAS-FRUT-FRUTASAS

As moscas-das-frutas provocam da-nos diretos em campo e são responsáveispor barreiras quarentenárias impostas pe-los países importadores da fruta in natura. Aprincipal espécie que ataca a manga é aAnastrepha obliqua. Outras espécies como aA. fraterculus e a Ceratitis capitata causamdanos menores.

a) Descrição e biologia - As larvas sãodo tipo vermiforme e apresentam colora-ção amarela. São desprovidas de cabeça e aporção anterior é afilada, onde se localiza oaparelho bucal, em forma de ganchos. Osadultos de C. capitata são menores do que osde Anastrepha e possuem coloração geralpreta. A descrição das larvas assemelha-se àde Anastrepha. As fêmeas dessas espécies,após 7 a 10 dias de emergidas estão aptaspara oviposição, que é feita no interior dofruto. Aproximadamente, dois dias após apostura, eclode a larva que passa a se ali-mentar da polpa do fruto por um períodoque varia de 12 a 15 dias, conforme aespécie e a temperatura. Ao término desseperíodo, a larva abandona o fruto e enterra-se no solo onde empupa durante 15 a 20dias, para em seguida emergir o adulto,recomeçando novo ciclo.

b) Monitoramento do pomar - O moni-toramento da população das moscas-das-frutas é o passo inicial para o sucesso docontrole. Essa técnica consiste na instalaçãode armadilhas com atrativo alimentar ousexual em pontos estratégicos do pomar,visando conhecer o momento adequadopara iniciar o controle.

Tipos de atrativos - os atrativos ali-mentares utilizados são a proteínahidrolizada a 7%, o melaço de cana-de-

açúcar a 10% , suco de frutas ou açúcarmascavo em armadilha tipo McPhail e osparaferomônios trimedlure e metil-eugenolem armadilha tipo Jackson.

Densidade das armadilha - tipoMcPhail: em pomares de até 1 ha, utilizar 4armadilhas; de 2 ha a 5 ha, 2 armadilhas/ha;acima de 5 ha, 1 armadilha/ha. As armadi-lhas com atrativo sexual são muitas vezesmais eficientes do que aquelas com atrativoalimentar, por isso a sua densidade deve serreduzida a um quarto de vezes da McPhail.

Atrativo alimentar - o hidrolizado deproteína é utilizado para atração de qual-quer espécie de moscas-das-frutas.

Atrativo sexual - o trimedlure é umparaferomônio específico e de grande efici-ência para C. capitata; e o methil eugenolpara a mosca da carambola, Bactroceracarambolae.

Tipos de armadilha - McPhail, paraatrativo alimentar (hidrolizado de proteína)e Jackson, para atrativo sexual (trimedlure).

Localização das armadilhas - instalarna periferia do pomar ou de cada talhão,sob a copa da árvore, em local sombreado,a uma altura entre 1,50 m e 1,80 m do solo.

Inspeção das armadilhas - inspecionaruma vez por semana a armadilha tipoMcPhail e, a cada 15 dias, a armadilha tipoJackson.

c) Controle de moscas-das-frutas napré-colheita

Composição e aplicação da isca tóxica- A isca tóxica é uma solução composta peloatrativo (hidrolizado de proteína ou melaçode cana-de-açúcar ou suco de frutas) maisinseticida e água (Tabela 10). A aplicação daisca tóxica é feita quando se coletam, em

11 PRAGAS ESEU CONTROLE

Antônio Souza do NascimentoRomulo da Silva Carvalho

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Frutas do Brasil, 4Frutas do Brasil, 4Manga ProduçãoManga Produção4646

média, sete moscas por armadilha por sema-na. A aspersão da isca é feita com pulveriza-dor costal com bico em leque (para herbicida)ou pulverizador motorizado adaptado deforma que sejam aplicados de 150 ml a 200ml da calda em cada m2 da copa das árvores.

A aplicação deve ser feita em toda a periferiado pomar e em ruas alternadas. Na regiãosemi-árida do Nordeste brasileiro, o picopopulacional de adultos ocorre no início daestação das chuvas (janeiro a fevereiro), quan-do deve ser iniciada a aplicação da isca tóxica.

Pragas Nome Comercial Princípio Ativo

Dose do

Produto

Comercial

(dose/100 ml

água)

Volume

Terrestre

(litros de

calda /ha)

Classificação

Toxicológica

Moscas-das-frutas Lebaycid 500

Lebaycid EC

Dipterex 500

Bravik 600 CE

Folisuper 600 BR

Fenthion Fenthion

Trichorfon

Parathion Methyl

Parathion Methyl

100 ml

100 ml

300 ml

100 ml

100 ml

300-400

500-1000

700-800

400-600

400-500

Med. Tóxico

Altamente Tóxico

Altamente Tóxico

Altamente Tóxico

Extremamente TóxicoLagarta-de-fogo

Megalopyge lanata

Folisuper 600 BR

Lebaycid EC

Lebaycide 500

Dipterex 500

Sumithion 500 CE

Bravik 600 CE

Parathion Methyl

Fenthion Fenthion

Trichorfon

Fenitrothion

Parathion Methyl

130 ml

100 ml

100 ml

0,3 litros

150 ml

100 ml

200-400

500-1000

300-400

700-800

700-1300

400-600

Extremamente Tóxico

Altamente Tóxico

Med. Tóxico

Altamente. Tóxico

Med. Tóxico

Altamente TóxicoCigarrinha-dos-pomares

(Aethalion reticulatum)Sumithion 500 CE Fenitrothion 150 ml 700-1300 Med. tóxico

Tripes

(Selenothrips

rubrocinctus)

Folisuper 600 BR

Lebaycid EC

Sumithion 500 CE

Bravik 600 CE

Parathion Methyl

Fenthion

Fenitrothion

Parathion Methyl

70 ml

100 ml

150 ml

70 ml

400-500

500-1000

700-1300

400-600

Extremamente Tóxico

Altamente Tóxico

Med. Tóxico

Altamente TóxicoBesouro-de-limeira

(Sternocolaspis

quatuordecimcortata)

Folisuper 600 BR

Sumithion 500 CE

Bravik 600 CE

Parathion Methyl

Fenitrothion

Parathion Methyl

100 ml

100 ml

100 ml

400-500

700-1300

400-600

Extremamente Tóxico

Med. Tóxico

Altamente TóxicoÁcaro da mal-formação

das gemas

(Aceria mangifera)

Morestan BR Quinomethionate 75g 1000-2000 Pouco tóxico

Ácaro da mal-formação

das gemas

(Eriophyes mangifera)

Sulficamp Enxofre 700g 200-1000Praticamente Não

Tóxico

Cochonilhas

(Aulacaspis tubercularis

Pseudaonidia

trilobitiformes

Sem Indicação Sem IndicaçãoSem

Indicação

Sem

IndicaçãoSem Indicação

Besouros

(Hypocriphalus mangifera

Chlorida festiva)

Sem Indicação Sem IndicaçãoSem

Indicação

Sem

IndicaçãoSem Indicação

Mosca-da panícula

(Erosomyia mangiferae) Sem Indicação Sem IndicaçãoSem

Indicação

Sem

IndicaçãoSem Indicação

Tabela 10. Princípios ativos de inseticidas registrados para manga. Adaptado do AGROFIT-98

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4747Frutas do Brasil, 4Frutas do Brasil, 4 Manga ProduçãoManga Produção

Controle cultural - Considerando queas frutas tropicais como goiaba, pitanga,cajá, carambola, acerola e outras são ashospedeiras preferidas das moscas-das-frutas,sempre que essas frutíferas estiverem próxi-mas da área de exploração comercial demanga, não deixar que aquelas frutas apo-dreçam sob a copa das árvores. Os frutoscaídos, incluindo os de manga, devem serrecolhidos e enterrados. Esta medida contri-buirá para a redução dos prejuízos provoca-dos pelas moscas-das-frutas.

d) Controle biológico de moscas-das-frutas - Dentre os agentes de controle bioló-gico de moscas-das-frutas (predadores,patógenos, nematóides, bactérias eparasitóides), os parasitóides da famíliaBraconidae são os mais eficientes e por issomais utilizados em programas de controlebiológico em todo o mundo. Os parasitóidessão pequenas vespas de coloração geral cas-tanha, asas transparentes e abdômen separa-do do tórax. A eficiência do parasitismo emmoscas-das-frutas varia em função do tama-nho do fruto. Tem sido observado que emfrutos menores, com polpa e casca fina, oíndice de parasitismo é maior pela facilidadeque o parasitóide encontra para localizar aslarvas da praga no interior do fruto. Apesarda ocorrência natural de um elevado númerode espécies nativas de parasitóides em con-dições de campo, na prática sua eficiência épequena. O uso de parasitóides em um pro-grama de manejo integrado de moscas-das-frutas se faz por meio da liberação inundativade parasitóides, que pode ser implementadacom a participação de cooperativas ou asso-ciação de produtores.

e) Controle pós-colheita de moscas-das-frutas - A exportação de manga in naturapara os mercados norte-americano e japonêstem como pré-requisito, além do moni-toramento da população da mosca-das-fru-tas, o tratamento pós-colheita. Esse tratamen-to visa a dar garantia quarentenária quanto àintrodução de espécies exóticas de moscas-das-frutas aos países importadores da fruta. Édenominado de tratamento hidrotérmico econsiste em submergir as mangas em água a46oC, por um tempo de 75 e 90 minutos para

frutos com pesos até 425 g e de 426 g a 650 g,respectivamente. É alto o grau de exigênciaimposto ao exportador que é obrigado aembalar os frutos em caixa de papelão, asquais são acondicionadas em pallets revestidospor telas de nylon. A carga viaja para o porto ouaeroporto e daí para o destino final em ambi-ente refrigerado. Esta tecnologia vem sendopraticada pela agroindústria nacional desde asua aprovação pelo USDA - United StatesDepartment of Agriculture, em 1989.

PRAPRAGAS SECUNDÁRIASGAS SECUNDÁRIAS

Cochonilha Cochonilha Aulacaspis tubercularisAulacaspis tubercularis(Hemiptera: Diaspididae)(Hemiptera: Diaspididae)

Essa espécie de cochonilha, ampla-mente distribuída, ocorre em altas popula-ções em regiões de baixa umidade relativado ar como no cerrado e no semi-árido. Afêmea apresenta carapaça protetora circu-lar convexa de coloração branco-acinzentada, com cerca de dois milímetrosde diâmetro. A escama do macho é alongada,com as margens laterais paralelas, medindocerca de um milímetro de comprimento.

Essa praga suga a seiva da planta emtodas as partes verdes, provocando quedade folhas, secamento de ramos, deforma-ções no fruto e o aparecimento de fumagina.Faz-se necessário o controle das cochonilhasespecialmente em plantios novos (1 a 3anos de idade), quando o ataque é severo.Apesar de não existirem princípios ativosregistrados para as cochonilhas em manga,recomenda-se o uso de óleo mineral associ-ado a um inseticida.

Broca-da-mangueiraBroca-da-mangueiraHypocryphalus mangiferaeHypocryphalus mangiferae(Coleoptera: Scolitidae)(Coleoptera: Scolitidae)

É um besouro que mede cerca de ummilímetro de comprimento, tem coloraçãomarrom e está associado à seca da mangueira,como agente transmissor do fungo Ceratocystisfimbriata, daí a sua importância econômica.

O inseto inicia o ataque pelos ramosmais finos no topo da copa onde aparecemos ramos secos, quando ocorre o fungo C.fimbriata. O H. mangiferae não é o principal

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Frutas do Brasil, 4Frutas do Brasil, 4Manga ProduçãoManga Produção4848

responsável pela disseminação do C.fimbriata. Este fungo pode infectar a mudatambém via solo.

O controle é feito por inspeçõesperiódicas do pomar, eliminando-se a plan-ta nova ou os ramos de plantas adultas queapresentam secamento das folhas e orifíci-os nos ramos e tronco deixados pelos be-souros. Após a poda dos ramos afetados,realizar a sua queima e fazer a pulverizaçãoou pincelamento com carbaril associado aum fungicida à base de cobre.

Besouro-de-limeira Besouro-de-limeira SternocolaspisSternocolaspisquatuordecimcostataquatuordecimcostata (Coleoptera: (Coleoptera:Chrysomelidae)Chrysomelidae)

O adulto possui coloração geral verde-azulada brilhante com carenas longitudinaisnos élitros e antenas negro-azuladas. Osmachos medem cerca de 7,3 mm e a fêmeaalcança até 9,7 mm de comprimento. Atacaas folhas da mangueira, deixando-asrendilhadas. Mesmo havendo altas densida-des populacionais desse inseto, o dano cau-sado limita-se à perfuração das folhas novas,não necessitando normalmente de controle.

Besouro-amarelo Besouro-amarelo CostalimaitaCostalimaitaferruginea vulgata ferruginea vulgata (Coleoptera:(Coleoptera:Chrysomelidae)Chrysomelidae)

Os adultos desse besouro sãoamarelo-claros brilhante, com a região ven-tral do corpo alaranjada. O sintoma deataque é o rendilhamento da folha. É uminseto polífago de ampla distribuição geo-gráfica, atacando diversas plantas cultiva-das como abacateiro, algodoeiro, bananei-ra, cajueiro, goiabeira, eucalipto entre ou-tras. Esporadicamente esse inseto causadanos significativos e por isso não se reco-mendam medidas de controle.

Coleobroca Coleobroca Chlorida festivaChlorida festiva(Coleoptera:Cerambycidae)(Coleoptera:Cerambycidae)

São besouros de antenas longas. Oadulto mede cerca de 30 mm de compri-mento, possui coloração esverdeada comestrias amareladas nos élitros e região ven-tral de cor amarelada. As larvas são ápodas,

broqueiam o tronco e ramos mais grossosabrindo galerias.

Ácaro Ácaro Eriophyes mangiferae Eriophyes mangiferae (Acari:(Acari:Eriophiidae)Eriophiidae)

Dentre as várias espécies de ácarosque ocorrem na mangueira, o E. mangiferaedestaca-se como a de maior importânciaeconômica. Quando adulto mede cerca de0,15 mm de comprimento, apresenta as-pecto vermiforme e coloração branca. Esseácaro infesta as gemas terminais einflorescências, causando atrofiamento emorte de brotos terminais de mudas e deplantas jovens. Sua presença está associadaà malformação da inflorescência comoprincipal vetor de um dos seus possíveisagentes causadores, o Fusarium subglutinans.Ressalta-se que o controle do ácaro nemsempre resulta na redução da malformaçãoda inflorescência ou embonecamento. Re-comenda-se o controle químico: proceder àpulverização preventiva com produtos àbase de enxofre molhável e quinome-thionate (Tabela 10), nos períodos favorá-veis ao aumento das populações (épocassecas e de escassa precipitação).

Lagarta-de-fogo Lagarta-de-fogo MegalopygeMegalopygelanata lanata (Lepidoptera:(Lepidoptera:Megalopygidae)Megalopygidae)

Conhecida também como taturana,mede cerca de 70 mm, apresenta coloraçãobranca com pêlos urticantes avermelhados. Éuma espécie polífaga e de ampla distribuiçãogeográfica. Essa lagarta ataca as folhas, aglo-merando-se no tronco da planta antes deempuparem, ocasião em que são facilmentedestruídas mecanicamente, dispensando as-sim, o uso de inseticida. Em caso de elevadadensidade populacional, pulverizar com osprodutos indicados para a cultura (Tabela 10).

Cigarrinha Cigarrinha Aethalion reticulatumAethalion reticulatum(Hemiptera: Aethalionidae)(Hemiptera: Aethalionidae)

Conhecida como cigarrinha-das-frutí-feras, este inseto suga seiva no pedúnculodos frutos, que caem ou atrofiam, causandoprejuízos. O adulto mede cerca de 10 mmde comprimento, é de coloração marrom-

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4949Frutas do Brasil, 4Frutas do Brasil, 4 Manga ProduçãoManga Produção

ferrugínea com as nervuras das asas salien-tes e esverdeadas. Sugere-se como medidaalternativa de controle a eliminação daspartes atacadas das plantas.

Trips Trips Selenotrips rubrocinctusSelenotrips rubrocinctus(Thysanoptera: Thripidae)(Thysanoptera: Thripidae)

Ataca as folhas e frutos da mangueirae utiliza um grande número de hospedeiros:abacateiro, cajueiro, goiabeira, videira eoutros. O inseto adulto mede cerca de 1,4mm de comprimento, apresenta o corporeticulado, com pernas pretas e asasenfumaçadas. A forma jovem possui colo-ração amarelo-pálida a alaranjada, com umafaixa vermelha nos primeiros segmentosabdominais. O ataque ocorre, principal-mente, na superfície inferior das folhas,próximo à nervura central. Em grandesinfestações, os frutos danificados apresen-tam inicialmente coloração prateada quepode evoluir do amarelo-pálido ao marromdeixando a superfície áspera.

Mosca-da-panícula Mosca-da-panícula ErosomyiaErosomyiamangiferaemangiferae. (Dip.: Cecidomyiidae).. (Dip.: Cecidomyiidae).

Esta mosca é originária da Índia e foiintroduzida nas Américas por meio da im-portação de mudas. Atualmente vem pro-vocando danos elevados em pomares co-merciais, especialmente na região semi-ári-da. A larva desse inseto ataca os tecidostenros da planta: brotações e folhas novas,panícula floral e os frutos no estádio dechumbinho. As larvas constroem galeriasnas brotações e no eixo das inflorescênciasque, posteriormente, tornam-se necrosadas.Em seguida, aparecem exsudações de gomana superfície desses órgãos. Nas folhasnovas ocorrem numerosas pontuaçõesesbranquiçadas, com as larvas em seu inte-rior. Essas pontuações, após a saída daslarvas, tornam-se escuras e necrosadas,podendo ser facilmente confundidas commanchas fúngicas.

Trata-se de uma praga de ocorrênciarecente, não havendo informações sobreseu comportamento e biologia. As reco-mendações para o seu controle restringem-se ao controle químico, direcionadas para

as panículas, no estágio de abertura dosbotões florais. São recomendados ofenitrothion 50% (100ml/100 l d’água),dimethoato 40% CE (90ml/100 l d’água)ou diazinon 60% (150 ml/ 100 l de água).Como controle cultural é aconselhável aremoção e destruição da panícula que, quan-do atacada, apresenta-se encurvada.

PRAPRAGAS QUGAS QUARENTENÁRIASARENTENÁRIAS

Define-se como espécie quaren-tenária “todo organismo de natureza animalou vegetal que, estando presente em outrospaíses ou regiões, mesmo sob controle per-manente, constitua ameaça à economia agrí-cola do país exposto”. Tal organismo é geral-mente exótico para esse país ou região po-dendo ser introduzido e disseminado, pelotrânsito de plantas ou parte delas. As seguin-tes espécies de moscas-das-frutas são consi-deradas pragas quarentenárias desta culturapara o Brasil: mosca-mexicana, moscas-das-frutas Anastrepha ludens; mosca-das-frutas deNatal Ceratitis rosa; mosca-oriental-das-fru-tas Bactrocera carambolae.

Além das espécies de moscas-das-frutasacima citadas, o bicudo-da-semente da manga(Sternochetus mangifera) (Coleoptera) está tam-bém relacionado como praga quarentenáriapara a cultura da manga no Brasil.

O bicudo-da-semente é uma pragaquarentenária para o Brasil, Estados Unidos,Japão e Oriente Médio. Os países onde estapraga já foi constatada são: Índia, Filipinas,Austrália, Quênia, Nigéria, Moçambique,África do Sul, Havaí, Suriname, Guianas,Barbados, Honduras, Martinica e Venezuela.O S. mangiferae ataca frutos novos, causandoqueda prematura. No interior do fruto, estapraga danifica a semente, destruindo oscotilédones. As galerias abertas não são visí-veis nos frutos maduros. O adulto mede emtorno de 1 cm, com coloração variando docastanho ao cinza-escuro. É um inseto dehábito noturno e univoltino. A oviposiçãoinicia-se quando os frutos da manga medemem torno de 3 cm. Os ovos possuem colora-ção branca e forma tubular.

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Frutas do Brasil, 4Frutas do Brasil, 4Manga ProduçãoManga Produção5050

A antracnose é uma doença extrema-mente danosa, chegando mesmo ainviabilizar a cultura da manga em regiõesonde a estação chuvosa coincide com oflorescimento. As medidas recomendadaspara o seu controle são:

a) Práticas culturais - maiorespaçamento, podas leves de limpeza e deabertura da copa; associação da poda comcontrole químico; indução da floração emépocas não favoráveis ao fungo; plantio emregiões com baixa umidade relativa do ar.

b)Controle químico - pulverizaçõespreventivas, iniciadas logo após osurgimento das gemas florais, em pomaresde elevado potencial de inóculo, ou a partirdo florescimento em pomares sobre con-trole, e mantidas até que os frutos estejamformados. Os produtos utilizados, com suasrespectivas concentrações, são: benomyl(quinzenais a 0,03%) e mancozeb (sema-nais a 0,16%); a partir da formação dosfrutinhos podem ser usados fungicidascúpricos ou orgânicos.

c) Controle genético - plantio de vari-edades medianamente resistentes, como aTommy Atkins e a Keitt, por exemplo.

OÍDIO - OÍDIO - Oidium mangiferaeOidium mangiferae(Bert)(Bert)

É uma doença que pode causar gravesdanos às folhas, ramos novos, inflorescência,flores e frutos. Apresenta-se sob a forma deum pó branco-acinzentado, constituídopelas estruturas do patógeno, que se depo-sita sobre a superfície dos órgãos atacados.Nas folhas novas, causa deformações,crestamento e queda, e nas mais velhas,

ANTRAANTRACNOSE CNOSE - - ColletotrichumColletotrichumgloeosporioides gloeosporioides (Penz)(Penz)

Esta doença assume importância eco-nômica em quase todas as regiões onde amangueira é cultivada, devido aos danosque causa aos ramos novos, folhas, flores efrutos. Folhas velhas a doença se expressacomo manchas marrons, arredondadas, detamanho e contorno irregulares, que po-dem se juntar e ocasionar deformação enecrose. Folhas novas, mais severamenteatacadas, expressam lesões circulares, aquo-sas com descoloração do tecido que ficatranslúcido nos bordos da lesão. Acoalescência das lesões próximas da bordaou das nervuras provoca distorção da folha.Nos ramos jovens, observam-se numero-sas áreas enegrecidas e necróticas, enquan-to os mais grossos mostram-se resistentes.A infecção ocorre nos brotos mais novos,causando seca dos ramos do ápice para abase. Na raque da inflorescência e suasramificações ocorrem manchas inicialmen-te salientes, marrom-escuras, tornando-sedeprimidas, negras, secas e alongadas àmedida que a doença evolui. Nas floresaparecem manchas pequenas, escuras, con-ferindo-lhes uma coloração enegrecidacomo se estivessem queimadas pelo fogo,que podem se juntar entre si, provocandosua queda. Frutos em desenvolvimentopodem apresentar infecções latentes ex-pressando sintomas na maturação ou empós-colheita, sob a forma de lesões escuras,irregulares e deprimidas, conhecidas comopinta e mancha-de-lágrima, medindo cercade 5 mm. Essas lesões podem coalescer eatingir grande superfície do fruto, causan-do podridão da polpa.

12 DOENÇAS ESEU CONTROLE

Hermes Peixoto dos Santos FilhoAristóteles Pires de Matos

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5151Frutas do Brasil, 4Frutas do Brasil, 4 Manga ProduçãoManga Produção

manchas irregulares. As folhas infectadasperdem sua função e caem facilmente.Quando o ataque atinge a inflorescência, opatógeno infecta a maioria das flores, pro-vocando a sua queda, e as que conseguemabrir-se não são fertilizadas, ficando a pro-dução do pomar seriamente comprometi-da. A epiderme das partes infectadas tomacoloração rósea, partem-se, cicatrizam nosbordos formando fendas que podem abri-gar esporos de C. gloeosporioides. À medidaque os frutos se desenvolvem, ospedúnculos, finos e quebradiços, não ossustentam e eles caem.

Para controlar a doença pulveriza-sepreventivamente o pomar com produtos àbase de enxofre. Também eficientes contrao patógeno são o tiofanato metílico, dinocape oxitroquinox. A primeira aplicação é feitaalguns dias antes da abertura das flores; asegunda, após a queda das pétalas; e aúltima, após a formação dos frutos.

SECA-DSECA-DA-MANGUEIRA -A-MANGUEIRA -Ceratocystis Ceratocystis fimbriata fimbriata (Ell e(Ell eHalst)Halst)

Essa é uma das doenças mais gravesque afetam a mangueira, já que provoca asua morte em curto espaço de tempo, se asnecessárias medidas preventivas e curativasnão forem adotadas.

Uma mangueira atacada apresenta,inicialmente, murcha nas folhas de um ga-lho fino, que ficam esmaecidas e em posi-ção paralela ao ramo. Com o progresso dadoença as folhas tomam a coloração pardo-avermelhada, contrastando com o restanteda planta. Em estádio mais avançado, oramo seca completamente em conseqüên-cia do colapso dos tecidos. O fungo penetrano interior da planta através de galeriaslongitudinais abertas abaixo da casca pelabroca Hypocryphalus mangiferae (Stebbing,1914). O patógeno evolui nos tecidos inter-nos, passando para os ramos vizinhos, re-sultando na morte de um setor da copa, efinalmente de toda a planta (Figura 16).

Nos ramos das árvores atacadas podem serobservados pequenos orifícios, de cerca de1,5 mm de diâmetro, causados por H.mangiferae. Os galhos, troncos ou raízesinfectados apresentam, sob a casca, tecidosescuros, contrastando com os sadios, po-dendo-se também observar, em alguns pon-tos, bolsas de seiva que se formam devidoà desintegração do sistema vascular da plan-ta, ocorrendo exsudação. Da constataçãodos primeiros sintomas até a morte daplanta, decorre um período de 8 meses.

Um outro tipo de desenvolvimento daseca da mangueira é o resultante da infecçãopor meio das raízes, sem o envolvimentodo vetor, sendo portanto, neste caso espe-cífico, considerado um habitante natural dosolo. A infecção pelas raízes resulta nodesenvolvimento de murcha generalizada,seguida de morte rápida da planta.

Para controlar essa doença, devem-seadotar as seguintes medidas: a) inspecionarfreqüentemente o pomar e, assim que aseca-da-mangueira for detectada, dar inícioà sua erradicação, cortando-se os ramosatacados a 40 cm do ponto de infecção equeimando-os em seguida (desinfetar a fer-ramenta usada com uma solução dehipoclorito de sódio a 2%); b) pincelar aparte cortada dos ramos com pasta cúpricapara prevenir infecção por outros agentes

Figura 16.Figura 16. Planta morta atacada pela seca-da-mangueira.

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Frutas do Brasil, 4Frutas do Brasil, 4Manga ProduçãoManga Produção5252

patogênicos; c) pulverizar a planta afetada eas plantas adjacentes com calda compostade um a dois por cento de oxicloreto decobre (50%), acrescida de 0,25% a 0,4% decarbaril; d) pincelar a planta afetada e asvizinhas, para facilitar futuras inspeçõesmais rigorosas; e) finalmente, usar cultiva-res (copas e porta-enxertos) resistentes(Tommy Atkins, Keitt, Kent etc.).

MALFORMAÇÃO FLMALFORMAÇÃO FLORAL EORAL EVEGETVEGETAATIVTIVAA(EMBONECAMENT(EMBONECAMENTO).O).

A malformação, tanto floral quantovegetativa, é, também, um dos mais sériosproblemas da mangueira, acarretando séri-os prejuízos na produção. A malformaçãofloral é uma anomalia que transforma ainflorescência em uma massa compacta deflores estéreis (Fig. 17). Depois do períodode florescimento, as panículas malformadasmurcham e tornam-se massas negras quepersistem nas árvores, freqüentemente, atéo ano seguinte. Seu agente causal ainda nãofoi bem definido, mas admite-se que oataque de fungos, de vírus e do ácaro Aceriamangiferae, bem como distúrbios hormonaise genéticos, sejam as causas mais prováveisda doença. Recentemente, foi demonstra-do o envolvimento do fungo Fusariumsubglutinans no desenvolvimento dessa do-

ença, o qual, provavelmente penetra nohospedeiro através de ferimentos provoca-dos pelo ácaro A. mangiferae.

A malformação vegetativa, parecidacom a malformação floral, atinge as gemasvegetativas. Caracteriza-se pela produçãode um grande número de brotos vegetativosoriginados das gemas axilares dos ramosprincipais, que por sua vez também seramificam acentuadamente em decorrênciada perda da dominância apical. Esses bro-tos apresentam internódios curtos, folhasrudimentares e grande número de gemasintumescidas, que, entretanto, não chegama brotar, conferindo-lhe a aparência de umavassoura-de-bruxa.

O controle é feito da seguinte maneira:

a) eliminam-se os ramos que apresen-tam a malformação, bem como as panículasinfectadas (corte no terceiro fluxo);

b) faz-se a pulverização de quelatos(mangiferin Zn2+ e mangiferin Cu2+), ácidoascórbico, nitrato de prata, metabissulfitode potássio ou ácido naftalenoacético 200ppm (três meses antes da floração);

c) não se usam porta-enxertos ou gar-fos oriundos de plantas infectadas. Comovariedade resistente é citada apenas aBhadauran, encontrada na Índia.

COLAPSO INTERNO DOCOLAPSO INTERNO DOFRUTFRUTOO

Este é um distúrbio fisiológico queproduz o amolecimento da polpa, podendoatingir todo o fruto (Figura 18). O sintomassão: desintegração do sistema vascular naregião de ligação do pedúnculo e doendocarpo, enquanto o fruto está na árvore,fazendo com que a semente se torne física efisiologicamente isolada dos tecidos que asustentam. Esses sintomas são acompanha-dos de descoloração da polpa, sobretudo aoredor do endocarpo. Com o progresso daanomalia, a coloração da polpa do frutopassa a ter a coloração alaranjado-escura,com aspecto aquoso e odor de tecido fer-

Figura 17.Figura 17. Malformação floral (embonecamento).

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5353Frutas do Brasil, 4Frutas do Brasil, 4 Manga ProduçãoManga Produção

mentado. O colapso interno do fruto ocorreem todas as regiões produtoras de manga,nos mais variados níveis (até 100%), depen-dendo da variedade (a cultivar Tommy Atkinsé uma das mais suscetíveis), das condiçõesedafoclimáticas e do manejo da cultura.

Embora o colapso interno do fruto játenha sido associado a vários fatores (gené-ticos, patológicos, nutricionais etc.), aindanão se conhece com certeza a verdadeiraorigem desse distúrbio - que está a exigirestudos mais aprofundados - apesar dealguns indícios apontarem para umdesequilíbrio nutricional principalmente denitrogênio e cálcio, daí a dificuldade do seucontrole. Algumas medidas podem, entre-tanto, ser adotadas a fim de amenizar asperdas, tais como o plantio de variedadesmenos sensíveis; a colheita do fruto de vez;a calagem para elevar a saturação de bases(V = aprox. 70%) e a aplicação de cálciocomplementar.

SECA-DOSSECA-DOS-RAMOS OU-RAMOS OUPODRIDÃOPODRIDÃO--SECA -SECA -Lazyodiploidia theobromaeLazyodiploidia theobromae

A seca-dos-ramos, causada porLazyodiploidia theobromae, vem ocorrendo deforma significativa nas regiões produtorasdo semi-árido nordestino. Os sintomas des-ta doença iniciam-se pelos ponteiros comouma podridão seca originada nas panículasde frutificação do ano anterior. Caracteriza-se pela morte regressiva dos ramos, sendoobservada a formação de exsudatos compodridões que se iniciam na casca e chegamao lenho, podendo evoluir pela copa e causarem alguns casos a morte “seca” de toda aparte aérea da planta. O fungo, que tambémafeta o pedúnculo e a parte basal do fruto,cujos tecidos adquirem coloração escura econsistência mole, é de difícil controle, tantodurante a colheita como nas operações detransporte e armazenamento.

Em mudas debilitadas, o patógenopenetra pelas aberturas naturais do pecíolo

de onde progride em direção aos ramos,causando lesões escuras e descoloraçãoamarronzada das folhas do ramo afetado.Sob condições de viveiro, observa-se desi-dratação no pecíolo das folhas mais novas,acompanhada por um crescimento do fun-go de cor acinzentada; essas folhas tornam-se murchas e quebradiças, resultando namorte descendente da muda. Outrasíndrome causada por L. theobromae emmudas enviveiradas é a infecção na regiãoda enxertia, ou em feridas resultantes dapoda de formação da muda, causandonecrose do tecido e morte da muda.

Chuvas e níveis elevados de tempera-tura durante a colheita favorecem a ocor-rência da podridão nos frutos, que estárelacionada com vários fungos (L. theobromae,Diploidia sp., Diaporthe citri, Pestalotia mangiferaee outros).

Em pomares submetidos a estressehídrico ou nutricional, a presença deLazyodiploidia é favorecida. Recomendam-se para o seu controle estas medidas:

a) a poda seguida da destruição dosramos afetados;

b) a aplicação de pasta cúprica nasáreas podadas;

c) o suprimento de água, caso as plan-tas estejam submetidas a estresse hídricoprolongado;

Figura 18.Figura 18. Colapso interno do fruto.

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Frutas do Brasil, 4Frutas do Brasil, 4Manga ProduçãoManga Produção5454

d) a correção de possíveis deficiênciasnutricionais;

e) na pré-colheita, a pulverização dosfrutos 15 dias antes da colheita com benomyla 0,03% ou oxicloreto de cobre (2,8 g i.a /litro de água), em mistura com um espalhanteadesivo.

f) na pós-colheita, a remoção imediatados frutos do campo e a sua lavagem comágua quente misturada com fungicidascúpricos ou benomyl; a relação temperatu-ra/tempo de imersão é de 55ºC/cinco minu-tos, sendo que, com o benomyl, o tempopode ser de dois minutos. Os fungicidas,entretanto, só devem ser adicionados à águaquente quando o fruto for permanecer maisde 15 dias armazenado, para que os resíduosdo produto aplicado desapareçam.

MANCHA-ANGULARMANCHA-ANGULAR

No Brasil esta doença é causada pelabactéria Xanthomonas campestris pv. mangiferaeindicae. Já foram registradas no país perdassuperiores a 70%. A disseminação ocorrepor meio de ramos novos rachados e de

inflorescências e sementes infectadas, sen-do facilitada por períodos úmidos prolon-gados e temperaturas elevadas.

A bactéria ataca folhas, flores e frutos.Nas folhas aparecem manchas angulares detom pardo-escuro, delimitadas pelas nervurase envoltas por um halo amarelo. Essas man-chas podem ficar rodeadas por áreasencharcadas. Com o tempo, as lesões caemdeixando a folha com várias perfurações.Nos ramos, o patógeno causa a murcha e osecamento da porção terminal, com racha-duras longitudinais, mas as folhas secas nãocaem. Na inflorescência, aparecem grandeslesões negras, profundas e alongadas noseixos primários e secundários, com rachadu-ras dos tecidos e exsudação de goma. Nosfrutos, as lesões são circulares, de cor verde-escura; com o tempo eles sofrem rachadurase caem. Quando a parte atacada é opedúnculo, o fruto mumifica e murcha.

O controle dessa doença é feito compulverizações preventivas quinzenais deoxicloreto de cobre mais óleo mineral duranteos fluxos de vegetação e no florescimento, nashoras menos quentes do dia.

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5555Frutas do Brasil, 4Frutas do Brasil, 4 Manga ProduçãoManga Produção

O fruto da mangueira é classi-ficado como climatérico, istoé, completa a maturação

mesmo depois de colhido, num processoque geralmente leva de três a oito dias.Todavia, quando ele é colhido muito jovemnão amadurece adequadamente. Os melho-res níveis de temperatura para o seu amadu-recimento situam-se entre 21ºC e 24ºC.

Quando a mangueira é enxertada econduzida de acordo com os requisitostécnicos exigidos pela cultura, suafrutificação tem início no terceiro ano apóso plantio, embora a produção econômicasó comece a partir do quarto ano.

No Brasil, o florescimento inicia-se nomês de maio e a colheita ocorre cinco a seismeses depois. Esta, entretanto, pode variarde acordo com as cultivares e de uma regiãopara outra, antecipando-se nas regiões se-cas e quentes e retardando nas úmidas efrias. No Nordeste a colheita ocorre deoutubro a fevereiro (em condições natu-rais) e de agosto a outubro (com induçãoartificial da floração), e no Centro-Sul, denovembro a dezembro.

Os frutos devem ser colhidos quandoo seu desenvolvimento se completa, ouseja, de vez, para que possam chegar aomercado consumidor em bom estado deconservação e maturação. O grau dematuração ideal para a colheita dependerádo tempo que o fruto leva para ser consu-mido ou industrializado. Para o consumoimediato, colhem-se os frutos completa-mente maduros; já os que vão ser transpor-tados ou armazenados por períodos longosdevem ser colhidos de vez.

O critério mais usado para determinaro ponto de colheita dos frutos é a mudançade cor da casca e da polpa, um parâmetro

também aplicável aos frutos de manga.Estes geralmente são colhidos quando suacor começa a mudar ou os primeiros frutosmaduros caem, em geral 90 a 120 dias apóso florescimento, dependendo da cultivar eda região.

Além da mudança de cor, outros crité-rios têm sido usados para estabelecer oponto ótimo de colheita: densidade especí-fica de 1,01 a 1,02; resistência da polpa àpressão de 1,75 kg/cm2 a 2,0 kg/cm2, sóli-dos solúveis totais de 12ºBrix e acideztitulável de 4,0 meq/100ml, resultando emuma relação SST/acidez igual a 3,0,carotenóides totais de 3 a 4 mg/ 100g depolpa e transparência do látex que exsudado pedúnculo. Neste último caso, se o látexestiver leitoso (e a polpa amarelo-esbranquiçada), o fruto está verde; já se olátex estiver claro/transparente (e a polpaamarelada), o fruto está amadurecendo epode ser colhido. Deve-se evitar o contatodo látex com a casca do fruto.

Nenhum dos parâmetros acima indi-cados é, isoladamente, bastante seguro paradeterminar o grau de maturação ideal paraa colheita. Por essa razão, devem ser usa-dos conjuntamente e aliados à experiênciaprática com a cultura.

Uma vez estabelecido o grau dematuração ideal, procede-se à colheita, depreferência manual, torcendo-se o fruto atéa ruptura do pedúnculo ou cortando-o comtesoura de poda. Esta modalidade de co-lheita, entretanto, só é possível quando asplantas ainda têm pequeno porte.

Para plantas de grande porte, utiliza-sea vara de colheita, que é feita de bambu oumadeira flexível e tem na sua extremidadeum aro de ferro cilíndrico de 1/4", ao qualé preso um saco. No lado do aro, oposto ao

13 COLHEITAGetúlio Augusto Pinto da Cunha

José Maria Magalhães Sampaio

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Frutas do Brasil, 4Frutas do Brasil, 4Manga ProduçãoManga Produção5656

que se prende à vara, é afixada uma facapara cortar o pedúnculo do fruto.Opcionalmente, o aro de ferro pode sersubstituído por uma chapa de 1/16" dotadade saliências na borda superior. Para facili-tar a colheita e não prejudicar o rendimentodo operário, o saco é dimensionado paracomportar de quatro a sete frutos, depen-dendo do tamanho destes. Nas grandesplantações, pode-se usar uma colhedeiramotorizada (triciclo hidráulico), dotada dealta versatilidade de manobra, tambémelevatória, dirigida pelo próprio colhedor(Figura 19).

Quanto à deterioração dos frutos, osagentes mais óbvios são meramente físicos.Os danos mecânicos, de múltiplas formas(cortes, abrasões e choques), devem serevitados, pois os frutos mecanicamentedanificados se deterioram muito depressa.Por isso, durante a colheita dos frutos nosmangueirais alguns cuidados devem ser to-mados, com vistas ao seguinte:

- Evitar a ocorrência de choques dasmangas com os galhos das plantas ou como solo, independentemente do grau dematuração dos frutos e do tipo de colheita.

- Evitar movimentos bruscos da varade colher, para que não ocorram abrasõesentre os frutos que se encontram dentro dosaco coletor.

- Cortar a porção do pedúnculo aindaaderida ao fruto para evitar ferimentos nacasca por onde possam penetrarmicroorganismos patogênicos.

- Evitar o contato da região peduncularcom o solo.

- Acondicionar cuidadosamente osfrutos nas caixas, evitando-se choques eabrasões.

Durante a operação de colheita, ascaixas coletoras devem ser mantidas à som-bra, para impedir o aquecimento dos frutose o conseqüente aumento da suatranspiração e respiração, bem como asqueimaduras pela radiação solar.

Figura 19.Figura 19. Triciclo utilizado na colheita.

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5757Frutas do Brasil, 4Frutas do Brasil, 4 Manga ProduçãoManga Produção

Nesta seção são apresentadasas estimativa de custo de pro-dução e rentabilidade de um

hectare de manga irrigada, conduzido con-forme orientação técnica.

A produção econômica de qualquercultura depende de uma série de fatores queafetam o seu desempenho e o seu retornofinanceiro. A variedade plantada, oespaçamento, o clima, o solo, os tratosculturais, o grau de incidência de pragas edoenças, o preço do produto e os preçosdos fatores de produção merecem especialatenção no planejamento da produção.

Enfim, é preciso conhecer bem o custode produção e o preço do produto para quese possam fazer projeções acerca da rentabi-lidade esperada do empreendimento.

CUSTCUSTOS DE INSTOS DE INSTALAÇÃO EALAÇÃO EMANUTENÇÃOMANUTENÇÃO

Quando a manga é cultivada a partir deplantas enxertadas e a sua condução é rea-lizada conforme as recomendações técni-cas, a produção tem início no terceiro anoapós o plantio e o retorno econômico so-mente começa após o quarto ano.

Nas Tabelas 1, 2 e 3 são apresentadosos custos de implantação no 1º, 2º e 3º ano,e de manutenção do 4º ao 8º ano para umhectare de manga irrigada.

No primeiro ano, os gastos cominsumos são os que mais pesam sobre oscustos de produção, representando 38,02%do custo efetivo, sendo seguido dos gastoscom irrigação, preparo do solo e plantio,tratos culturais e fitossanitários e outroscustos, com participações de 37,51%,12,09%, 7,87% e 4,50%, respectivamente.

A composição dos custos das atividadesrelacionadas também pode ser observadanas Tabelas 11, 12 e 13.

No segundo ano, a participaçãopercentual da irrigação nos custos de pro-dução aumenta para 71,26%, decrescendosucessivamente a partir do terceiro ano atéatingir o mínimo de 51,83% no oitavo ano.No cálculo dos gastos com a irrigação1 ,foram considerados os custos de aquisiçãodo equipamento, da energia elétrica, daágua e da mão-de-obra.

Os gastos com insumos decrescem nosegundo ano e posteriormente voltam acrescer, atingindo uma participação máxi-ma de 17,79% no sexto ano, somente infe-rior à observada no primeiro ano. Os gastoscom tratos culturais e fitossanitários res-pondem com, aproximadamente, 15% docusto de produção no segundo, terceiro,quarto e sexto ano. No quinto ano, a parti-cipação fica em torno de 16%. Do sétimoao oitavo ano, a participação volta ao pata-mar de 17%.

Devido ao ciclo da manga, nos doisprimeiros anos de vida da cultura não háprodução, não existindo, portanto, gastoscom colheita. Os gastos com colheita têminício no terceiro ano, época em que parti-cipam com 3,19% do custo efetivo. A partirdo quarto ano, a participação dos gastoscom colheita nos custos é crescente, che-gando a um máximo de 10,36% no oitavoano, época em que a produção atinge aestabilização.

Em função da implantação da cultura,o maior custo anual total ocorre no primei-ro ano, quando são necessários investimen-tos de US$ 1.905,76. Do segundo ano emdiante os custos são menores, situando-se

14 CUSTOS ERENTABILIDADE

Clóvis Oliveira de AlmeidaJosé da Silva Souza

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Frutas do Brasil, 4Frutas do Brasil, 4Manga ProduçãoManga Produção5858

entre US$1.003,22 (no segundo ano) e US$1.379,21 (no oitavo ano). A participaçãodos gastos com a irrigação nos custos deprodução da manga, embora expressiva, écompensada pelo rendimento por ela pro-porcionado.

RENTRENTABILIDABILIDADE ESPERADADE ESPERADAA

No sistema de produção em considera-ção, utilizando o espaçamento de 8,00 m x5,00 m, com 250 plantadas/ha, a produçãotem início no terceiro ano, com cinco tone-ladas/ha, estabilizando-se a partir do oitavoano com 20 toneladas/ha. Esse rendimentoé um valor médio estimado, considerando-se as prováveis variações na produção.

O preço médio no âmbito do produ-tor é estimado em US $200,00 por toneladada fruta. Esse preço reflete uma médiaanual, mas em função da sazonalidade daoferta, ele pode oscilar para valores acima(na entressafra) ou para valores abaixo (noperíodo de safra).

Na análise de fluxo descontado a umataxa anual de 6% para o período de 20 anos,a relação benefício/custo (B/C) sugere aviabilidade financeira do investimento. Oscustos efetivos utilizados para efeito decálculo podem ser observados na Tabela 3.A relação B/C estimada em 2,35, indicaque, em todo o período, para cada dólarinvestido retornam US$ 2,35 brutos, ouUS$ 1,35 líquidos.

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5959Frutas do Brasil, 4Frutas do Brasil, 4 Manga ProduçãoManga Produção

Especificação UnidadePreço porUnidade

Ano 1 Ano 2 Ano 3

Quant. Valor Quant Valor. Quant Valor

1 . INSUMOS Mudas + replante uma 1,60 275 440,00 0 0,00 0 0,00 Uréia* kg 0,16 56 8,96 83 13,28 111 17,76 Superfosfato simples* kg 0,18 139 25,02 167 30,06 194 34,92 Cloreto de potássio* kg 0,24 43 10,32 65 15,60 129 30,96 Calcário t 33,51 1,5 50,27 0 0,00 0 0,00 Formicida kg 2,49 10 24,90 10 24,90 5 12,45 Inseticida l 7,71 1 7,71 1 7,71 3 23,13 Fungicida l 9,04 0 0,00 0 0,00 2 18,08 Cal hidratada kg 0,13 0 0,00 0 0,00 1 0,13 Subtotal 646,98 91,55 137,43 Participação percentual 38,02 10,22 13,732 . PREPARO DO SOLO E PLANTIO Roçagem e destoca h/tr 9,57 12 114,84 0 0,00 0 0,00 Aração h/tr 9,57 4 38,28 0 0,00 0 0,00 Calagem h/tr 9,57 1 9,57 0 0,00 0 0,00 Gradagem h/tr 9,57 2 19,14 0 0,00 0 0,00 Marcação D/H 3,19 2 6,38 0 0,00 0 0,00 Coveamento D/H 3,19 3 9,57 0 0,00 0 0,00 Adubação na cova de plantio D/H 3,19 0,5 1,60 0 0,00 0 0,00 Plantio D/H 3,19 2 6,38 0 0,00 0 0,00 Subtotal 205,76 0,00 0,00 Participação percentual 12,09 0,00 0,003 . TRAT. CULTURAIS E FITOSSANITÁRIOS Gradagem h/tr 9,57 6 57,42 6 57,42 6 57,42 Coroamento D/H 3,19 10 31,90 10 31,90 10 31,90 Aplicação de fertilizantes D/H 3,19 1 3,19 2 6,38 2,5 7,98 Caiação de troncos D/H 3,19 0 0,00 0 0,00 1 3,19 Poda de limpeza D/H 3,19 0 0,00 0 0,00 1 3,19 Pulverização manual D/H 3,19 3 9,57 3 9,57 5 15,95 Pulverização mecânica h/tr 9,57 0,5 4,79 0,5 4,79 1 9,57 Aplicação de formicidas D/H 3,19 8,5 27,12 8,5 27,12 5 15,95 Subtotal 133,98 137,17 145,15 Participação percentual 7,87 15,31 14,514 . IRRIGAÇÃO Irrigação** ano 638,30 1 638,30 1 638,30 1 638,30 Subtotal 638,30 638,30 638,30 Participação percentual 37,51 71,26 63,795 . COLHEITA Colheita manual D/H 3,19 0 0,00 0 0,00 10 31,90 Subtotal 0,00 0,00 31,90 Participação percentual 0,00 0,00 3,196 . OUTROS Transporte h/tr 9,57 8 76,56 3 28,71 5 47,85 Subtotal 76,56 28,71 47,85 Participação percentual 4,50 3,21 4,78CUSTO OPERACIONAL EFETIVO 1.701,57 895,73 1.000,63PERCENTUAL TOTAL 100,00 100,00 100,00ENCARGOS FINANCEIROS 204,19 107,49 120,08CUSTO OPERACIONAL TOTAL 1.905,76 1.003,22 1.120,70* Refere-se à recomendação média, podendo ser reduzida conforme os resultados da análise do solo.** Considerando o custo de aquisição do equipamento (com vida útil de 10 anos) e os custos variáveis com energia elétrica, águae mão-de-obra.

Tabela 11. Custo de instalação (1º, 2º e 3º ano) de um hectare de manga irrigada, no espaçamentode 8,00 m x 5,00 m (250 plantas/ha), valores expressos em dólares (agosto/99).

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Frutas do Brasil, 4Frutas do Brasil, 4Manga ProduçãoManga Produção6060

Especificação Unidade Preço porUnidade

Ano 4 Ano 5 Ano 6

Quant. Valor Quant Valor. Quant Valor

1 . INSUMOS Uréia* kg 0,16 111 17,76 128 20,48 194 31,04

Superfosfato simples* kg 0,18 222 39,96 222 39,96 222 39,96

Cloreto de potássio* kg 0,24 86 20,64 99 23,76 151 36,24

Formicida kg 2,49 5 12,45 5 12,45 5 12,45 Inseticida kg 7,71 3 23,13 4 30,84 5 38,55

Fungicida kg 9,04 2 18,08 5 45,20 5 45,20

Cal hidratada kg 0,13 2 0,26 2 0,26 2 0,26 Subtotal 132,28 172,95 203,70

Participação percentual 12,98 15,75 17,79

2 . TRATOS CULTURAIS E FITOSSANITÁRIOS

Gradagem h/tr 9,57 6 57,42 6 57,42 6 57,42

Coroamento D/H 3,19 12 38,28 12 38,28 12 38,28 Aplicação de fertilizantes D/H 3,19 3 9,57 4 12,76 4 12,76

Caiação de troncos D/H 3,19 1 3,19 1 3,19 2 6,38

Poda de limpeza D/H 3,19 1 3,19 2 6,38 2 6,38 Pulverização manual D/H 3,19 5 15,95 8 25,52 8 25,52

Pulverização mecânica h/tr 9,57 1 9,57 2 19,14 2 19,14

Aplicação de formicidas D/H 3,19 5 15,95 4 12,76 3 9,57

Subtotal 153,12 175,45 175,45 Participação percentual 15,02 15,97 15,32

3 . IRRIGAÇÃO

Irrigação** ano 638,30 1 638,30 1 638,30 1 638,30 Subtotal 638,30 638,30 638,30

Participação percentual 62,62 58,11 55,74

4 . COLHEITA

Colheita manual D/H 3,19 15 47,85 20 63,80 25 79,75 Subtotal 47,85 63,80 79,75

Participação percentual 4,69 5,81 6,96

5 . OUTROS

Transporte h/tr 9,57 5 47,85 5 47,85 5 47,85 Subtotal 47,85 47,85 47,85

Participação percentual 4,69 4,36 4,18

CUSTO OPERACIONAL EFETIVO 1.019,40 1.098,35 1.145,05PERCENTUAL TOTAL 100,00 100,00 100,00

ENCARGOS FINANCEIROS 122,33 131,80 137,41

CUSTO OPERACIONAL TOTAL 1.141,73 1.230,15 1.282,46

* Refere-se à recomendação média, podendo ser reduzida conforme os resultados da análise do solo.** Considerando o custo de aquisição do equipamento (com vida útil de 10 anos) e os custos variáveis com energia elétrica, águae mão-de-obra.

Tabela 12. Custo de manutenção (4º, 5º e 6º ano) de um hectare de manga irrigada, noespaçamento de 8,00 m x 5,00 m (250 plantas/ha), valores expressos em dólares (agosto/99).

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6161Frutas do Brasil, 4Frutas do Brasil, 4 Manga ProduçãoManga Produção

Especificação Unidade Preço porUnidade

Ano 1 Ano 2

Quant. Valor Quant Valor.

1 . INSUMOS

Uréia* kg 0,16 194 31,04 194 31,04

Superfosfato simples* kg 0,18 222 39,96 222 39,96

Cloreto de potássio* kg 0,24 151 36,24 151 36,24

Formicida kg 2,49 5 12,45 5 12,45

Inseticida kg 7,71 5 38,55 5 38,55 Fungicida kg 9,04 5 45,20 5 45,20

Cal hidratada kg 0,13 3 0,39 4 0,52

Subtotal 203,83 203,96 Participação percentual 16,99 16,56

2 . TRATOS CULTURAIS E FITOSSANITÁRIOS

Gradagem h/tr 9,57 6 57,42 6 57,42

Coroamento D/H 3,19 15 47,85 15 47,85 Aplicação de fertilizantes D/H 3,19 4 12,76 4 12,76

Caiação de troncos D/H 3,19 2 6,38 2 6,38

Poda de limpeza D/H 3,19 4 12,76 4 12,76

Pulverização manual D/H 3,19 10 31,90 10 31,90 Pulverização mecânica h/tr 9,57 4 38,28 4 38,28

Aplicação de formicidas D/H 3,19 2 6,38 2 6,38

Subtotal 213,73 213,73

Participação percentual 17,82 17,363 . IRRIGAÇÃO

Irrigação** ano 638,30 1 638,30 1 638,30

Subtotal 638,30 638,30 Participação percentual 53,22 51,83

4 . COLHEITA

Colheita manual D/H 3,19 30 95,70 40 127,60

Subtotal 95,70 127,60 Participação percentual 7,98 10,36

5 . OUTROS

Transporte h/tr 9,57 5 47,85 5 47,85

Subtotal 47,85 47,85 Participação percentual 3,99 3,89

CUSTO OPERACIONAL EFETIVO 1.199,41 1.231,44

PERCENTUAL TOTAL 100,00 100,00

ENCARGOS FINANCEIROS 143,93 147,77CUSTO OPERACIONAL TOTAL 1.343,34 1.379,21

MARGEM BRUTA APÓS ESTABILIZAÇÃO DA PRODUÇÃO (8ºano) = US$2.768,56

RELAÇÃO B/C = 2,35

* Refere-se à recomendação média, podendo ser reduzida conforme os resultados da análise do solo.** Considerando o custo de aquisição do equipamento (com vida útil de 10 anos) e os custos variáveis com energia elétrica,água e mão-de-obra.

Tabela 13. Custo de manutenção (7º e 8º ano) de um hectare de manga irrigada, no espaçamentode 8,00 m x 5,00 m (250 plantas/ha), valores expressos em dólares (agosto/99).

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Page 62: MANGA - frutvasf.univasf.edu.brfrutvasf.univasf.edu.br/images/mangaproducao.pdf · MANGA Produção Aspectos Técnicos Aristóteles Pires de Matos Organizador Embrapa Comunicação

República Federativa do Brasil

PresidenteFernando Henrique Cardoso

Ministério da Agricultura e do Abastecimento

MinistroMarcus Vinicius Pratini de Moraes

Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária

Diretor-PresidenteAlberto Duque Portugal

Diretores-ExecutivosElza Angela Battagia Brito da CunhaDante Daniel Giacomelli ScolariJosé Roberto Rodrigues Peres

Embrapa Mandioca e Fruticultura

Chefe-GeralSizernando Luiz de Oliveira

Chefe-Adjunto de Comunicação Negócios e ApoioJosé Eduardo Borges de Carvalho

Chefe-Adjunto de Pesquisa e DesenvolvimentoDomingo Haroldo Rudolfo Conrado Reinhardt

Chefe-Adjunto de AdministraçãoAlberto Duarte Vilarinhos

Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão

MinistroMartus Tavares