manejo da mancha marrom de … instituto agronÔmico curso de pÓs-graduaÇÃo em agricultura...

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INSTITUTO AGRONÔMICO CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM AGRICULTURA TROPICAL E SUBTROPICAL MANEJO DA MANCHA MARROM DE ALTERNÁRIA EM CITROS: PODA DE LIMPEZA E CORRELAÇÃO COM A LAGARTA MINADORA IVAN BORTOLATO MARTELLI Orientador: Fernando Alves de Azevedo Dissertação submetida como requesito parcial para obtenção do grau de Mestre em Agricultura Tropical e Subtropical, Área de Concentração em Tecnologia de Produção Agrícola Campinas, SP Fevereiro 2011

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INSTITUTO AGRONÔMICO

CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM AGRICULTURA TROPICAL E

SUBTROPICAL

MANEJO DA MANCHA MARROM DE ALTERNÁRIA

EM CITROS: PODA DE LIMPEZA E CORRELAÇÃO

COM A LAGARTA

MINADORA

IVAN BORTOLATO MARTELLI

Orientador: Fernando Alves de Azevedo

Dissertação submetida como requesito parcial

para obtenção do grau de Mestre em

Agricultura Tropical e Subtropical, Área de

Concentração em Tecnologia de Produção

Agrícola

Campinas, SP

Fevereiro 2011

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Ficha elaborada pela bibliotecária do Núcleo de Informação e Documentação do Instituto Agronômico

M376m Martelli, Ivan Bortolato Manejo da mancha marrom de alternária em citros: poda de limpeza e correlação com a lagarta minadora/ Ivan Bortolato Martelli. Campinas, 2011. 41 fls.

Orientador: Fernando Alves de Azevedo Dissertação (Mestrado) em Agricultura Tropical e Subtropical – Instituto Agronômico

1. Citros – mancha marrom 2. Citros – praga 3. Poda I. Azevedo, Fernando Alves de III. Título

CDD 634.3

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DEDICATÓRIA

Aos meus pais, Américo e Lucy. A Lucy pelo seu sacrifício ao deixar uma carreira promissora

e optar em dedicar parte de sua vida na criação e orientação de seus filhos, e exigir deles nada

mais que dessem seu melhor no que resolvessem fazer em vida. Ao Américo em procurar

sempre estar ciente dos feitos de seus filhos, mesmo quando não podia estar presente, e tentar

mostrar-lhes a importância do indivíduo sempre estar estudar, em nunca se contentar com o

conhecimento adquirido.

Aos meus amigos, presentes ou de tempos idos, por ajudarem a moldar o ser que hoje sou,

com todas minhas qualidades e defeitos, e por compartilhar comigo todos os acontecimentos

pelos quais já passei – felizes e tristes.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço o Dr. Fernando Alves de Azevedo por todos os anos nos quais pude aprender não

somente sobre citricultura, mas sobre o cotidiano daqueles que se dedicam a pesquisa

científica.

Ao Dr. Evandro Henrique Schinor pela colaboração durante a realização deste projeto.

A mestra Camilla Andrade Pacheco pelo apoio durante o mestrado.

Aos estagiários Denis Augusto Polydoro, Eduardo Kawabata, Eduardo Andrade, Ludmila

Shatkovsky Marcelo Romão, Marco Aurélio, Paulo Cardoso, Renato Primon e Ronald Giorgi

pela amizade nesses anos todos durante minha estadia no Centro APTA Citros Sylvio Moreira

e a todos os demais membros da Estação Experimental com quem tive contato durante esses

anos.

Ao CNPq pela concessão de bolsa de mestrado ao projeto desenvolvido

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SUMÁRIO

LISTA DE TABELAS.................................................................................................... v

LISTA DE FIGURAS..................................................................................................... vi

RESUMO........................................................................................................................ vii

ABSTRACT.................................................................................................................... viii

1 INTRODUÇÃO........................................................................................................... 9

2 REVISÃO DE LITERATURA.................................................................................... 10

2.1 Tangerinas: Descrição Geral..................................................................................... 10

2.2 Mancha Marrom de Alternária.................................................................................. 11

2.3 Lagarta Minadora dos Citros e sua Correlação com Doenças Cítricas..................... 12

2.4 Métodos Preventivos para Controle de Doenças....................................................... 13

2.4.1 Podas de limpeza.................................................................................................... 13

2.5 Monitoramento de Doenças....................................................................................... 14

3 MATERIAL E MÉTODOS.......................................................................................... 15

3.1 Determinação da relação de danos causados pela lagarta minadora dos citros e

severidade de sintomas da Mancha Marrom de Alternária............................................. 15

3.1.1 Desenvolvimento de escala diagramática para avaliação de mancha marrom de

alternária em folhas......................................................................................................... 15

3.1.1.1 Desenvolvimento da escala diagramática........................................................... 15

3.1.1.2 Validação da escala ............................................................................................ 16

3.1.2 Correlação da ocorrência de danos da LMC e severidade de sintomas da MMA

em folhas destacadas de diversas tangerinas................................................................... 16

3.1.2.1 Preparo do inóculo de Alternaria alternata........................................................ 17

3.1.2.2 Inoculação em folhas destacadas......................................................................... 18

3.1.2.3

Avaliações....................................................................................................................... 18

3.1.3 Correlação da ocorrência de danos da LMC e severidade de sintomas da MMA

em mudas de tangor Murcott........................................................................................... 18

3.1.3.1 Preparo e inoculação de mancha marrom de alternária....................................... 19

3.1.3.2 Avaliações........................................................................................................... 19

3.2 Determinação do efeito da poda de limpeza............................................................. 19

3.2.1 Avaliações.............................................................................................................. 20

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO................................................................................. 21

4.1 Determinação da relação de danos causados pela lagarta minadora dos citros e

severidade de sintomas da Mancha Marrom de Alternária............................................. 21

4.1.1 Desenvolvimento de Escala Diagramática para avaliação de mancha marrom de

alternária em folhas......................................................................................................... 21

4.1.2 Correlação da ocorrência de danos LMC e severidade de sintomas de MMA em

folhas destacadas de diversas tangerinas......................................................................... 26

4.1.3 Correlação da ocorrência de danos da LMC e severidade de sintomas da MMA

em mudas de tangor Murcott.......................................................................................... 30

4.2 Poda de Limpeza....................................................................................................... 33

5 CONCLUSÕES............................................................................................................ 35

6 REFERÊNCIAS............................................................................................................ 36

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1- Variedades de tangerinas mantidas em casa de vegetação utilizadas

para as inoculações de folhas destacadas......................................... 17

Tabela 2- Valores dos coeficientes de intersecção da reta (a), coeficiente

angular (b) e coeficiente de determinação (R²) de regressão linear

y= a+bx................................................................................................ 22

Tabela 3- Valores mínimos e máximos da distribuição de resíduos da

regresssão linear y= a + bx correspondentes aos avaliadores 1 a 5,

antes e após o uso de escala diagramática........................................... 23

Tabela 4- Número médio de lesões (NML) de mancha marrom de alternária e

porcentagem de área lesionada (PAL) após inoculação de folhas

destacadas (intactas e com galerias de LMC) de diferentes genótipos

de tangerinas (Cordeirópolis/SP, 2009)............................................... 27

Tabela 5- Número médio de lesões (NML) de mancha marrom de alternária e

porcentagem de área lesionada (PAL) após inoculação de folhas

destacadas (intactas e com galerias de LMC) de diferentes genótipos

de tangerinas (Cordeirópolis/SP, 2010)............................................... 28

Tabela 6- Valores médios de severidade (porcentagem de área lesionada do

fruto) e incidência (porcentagem de frutos com sintoma)

determinados em amostras de 30 frutos por planta.tratamento-1

e

área abaixo da curva de progressão da doença (AUDPC)

correspondentes aos tratamentos poda e testemunha (Araras/SP,

2008/2009)............................................................ 33

Tabela 7- Valores médios de severidade (porcentagem de área lesionada do

fruto) e incidência (porcentagem de frutos com sintoma)

determinados em amostras de 30 frutos por planta.tratamento-1

e

área abaixo da curva de progressão da doença (AUDPC)

correspondentes aos tratamentos poda e testemunha (Araras/SP,

2009/2010)........................................................................................... 34

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1- Escala diagramática para avaliação da mancha marrom de alternaria

dos citros (Alternaria alternata f. sp. citri) em frutos de tangor

Murcott. Com seis níveis de severidade da doença para pequenas

lesões circulares................................................................................... 20

Figura 2- Representação de escala diagramática de dez níveis para determinar

a porcentagem de área foliar com sintoma da mancha marrom de

alterncausada por Alternaria alternata............................................... 21

Figura 3- Distribuição dos valores correspondentes a resíduos resultantes de

cada avaliador, sem escala: (A) 1, (B) 2, (C) 3, (D) 4 e (E)................ 24

Figura 4- Distribuição dos valores correspondentes a resíduos resultantes de

cada avaliador, com escala: (A) 1, (B) 2, (C) 3, (D) 4 e (E)................ 25

Figura 5- Prancha com variedades suscetíveis e resistentes de Citrus spp. após

a inoculação de suspensão de Alternaria alternata em folhas

destacadas com e sem lesão de lagarta minadora dos citros (2010).

A. Murcott, B. Weshart, C.Fremont, D. Thomas................................. 29

Figura 6- Número médio de lesões (A) e porcentagem de área lesionada (B)

após inoculação de Alternaria alternata em folhas intactas e com

lesões de LMC de mudas de Murcott (Cordeirópolis/SP) 2010.

Médias seguidas de mesma letra não diferem estatisticamente entre

si (Tukey, ≥ P 0,05)............................................................................. 31

Figura 7- Número médio de lesões (A) e porcentagem de área lesionada (B)

após inoculação de Alternaria alternata em folhas intactas e com

lesões de LMC de mudas de Murcott (Cordeirópolis/SP) 2011.

Médias seguidas de mesma letra não diferem estatisticamente entre

si (Tukey, ≥ P 0,05)............................................................................. 31

Figura 8- Aspecto visual de folhas de tangor Murcott, sem e com injúrias

causadas pela lagarta minadora dos citros após 96 e 144 horas da

inoculação com Alternaria alternata................................................... 32

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Manejo da mancha marrom de alternária em citros: poda de limpeza e correlação com a

lagarta minadora

RESUMO

Na citricultura a mancha marrom de alternária (MMA) é causada por uma doença fúngica que

traz grandes problemas na produção de tangerinas, por afetar a produtividade e qualidade da

fruta. No presente estudo foi avaliado o efeito da poda de limpeza no manejo da MMA em

uma área com histórico da doença e avaliar a correlação entre a ocorrência de danos causados

pela lagarta minadora dos citros (LMC) e a incidência de sintomas da MMA em variedades

resistentes e suscetíveis pertencentes ao grupo das tangerinas. O ensaio de poda de limpeza foi

realizado em um pomar de tangor Murcott, no município de Araras/SP, sendo avaliados dois

tratamentos: plantas com e sem poda de limpeza, realizada no mês de julho, nos anos de 2008

e 2009. Posteriormente, avaliações de frutos foram realizadas com o auxílio de escala

diagramática. Para os ensaios de correlação de danos oriundos da LMC e presença de

sintomas MMA, dois experimentos foram conduzidos. O primeiro experimento foi constituído

de inoculação de conídios do patógeno em folhas destacadas de oito variedades de tangerinas,

quatro suscetíveis e quatro resistentes à MMA. As folhas de cada variedade foram separadas

em dois tratamentos: com e sem danos de LMC. Após a inoculação as folhas foram avaliadas

quanto ao número de lesões e severidade dos sintomas. Para determinar a severidade da

doença foi desenvolvida uma escala diagramática para folhas com auxílio do programa

ImageJ. O segundo experimento foi realizado em casa de vegetação, com mudas de tangor

Murcott, com e sem lesões de LMC – mudas sem lesões receberam tiametoxam via

drenching. Para avaliação consideraram-se os mesmos parâmetros e ferramentas do ensaio

com folhas destacadas. Os resultados obtidos nos ensaio de poda de limpeza mostraram que o

uso da poda teve efeito positivo – reduzindo a severidade da MMA em frutos. Quanto aos

resultados nos ensaios de correlação de danos da LMC e intensidade da MMA a partir de

folhas destacadas, os dados mostraram a intensidade da MMA é maior em variedades

suscetíveis com presença de danos causados pela LMC, já as variedades resistentes não

apresentaram sintomas da doença em nenhum dos tratamentos. No experimento com mudas

de tangor Murcott evidenciou-se que o controle da LMC em variedades suscetíveis a MMA é

importante, uma vez que plântulas sem danos causados pela LMC (tratadas com tiametoxam)

tiveram menor área foliar afetada em relação a mudas não tratadas. Conclui-se dessa forma

que o uso de poda de limpeza e o controle da LMC são ferramentas importantes no manejo da

mancha marrom de alternária em tangerinas.

Palavras-chave: Phylloctinistis citrella, Alternaria alternata, poda, tangerina

Alternaria brown spot management: dead wooding and correlation with Citrus

Leafminer

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ABSTRACT

In citriculture, the alternaria brown spot (ABS) is caused by a fungic disease which brings

great problems in the tangerine production, affecting the fruit productivity and quality. The

present study was evaluated the cleansing pruning effect in the ABS management in an area

with history of the disease and evaluate the correlation between the occurrence of damage

caused by citrus leafminer (CLM) and the incidence of ABS symptoms in resistant and

susceptible varieties from the tangerine group. The cleansing pruning assay was made in a

Murcott tangor orchard, at Araras municipality (SP), being evaluated two treatments: plant

with and without cleansing pruning, made in July, in the years of 2008 and 2009. After, fruit

evaluations were made with the aid of diagrammatic scale. For the assays of correlation of

damage from CLM and presence of ABS symptoms, two experiments were conducted. The

first one was constituted of conidial inoculation of the pathogen in detached leaves of eight

tangerine varieties, four resistant and four susceptible against ABS. The leaves of each variety

were separated in two treatments: with and without damages from CLM. After the inoculation

the leaves were evaluated by the number of lesions and severity of the symptoms. To

determine the disease severity was developed a diagrammatic scale for leaves with the aid of

ImageJ software. The second experiment was made in greenhouse, with Murcott tangor

seedlings, with and without CLM lesions – seedlings without lesions received tiametoxam by

drenching. The evaluation consisted of the same parameters and tools used in the assay with

detached leaves. The results obtained in the cleansing pruning assay showed that the use of

pruning had positive effect – reducing the ABS fruit severity. Regarding the results in the

assays of correlation between CLM damages and ABS intensity by detached leaves, the data

showed the ABS intensity is higher in susceptible varieties with presence of damage caused

by CLM, in the other hand the resistant varieties don‟t show symptoms of the disease in any

of the treatments. In the experiment with Murcott tangor seedlings the highlights was that the

CLM control in susceptible varieties is important once seedlings without CLM damage

(treated with tiametoxam) had lesser foliar area affected in relation with seedlings without

treatment. It was concluded that the use of cleansing pruning and CLM control are important

tools against alternaria brown spot management.

Key-words: Phylloctinistis citrella, Alternaria alternata, pruning, mandarin

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1 INTRODUÇÃO

A citricultura brasileira é caracterizada, principalmente, pelo cultivo de variedades

para a extração de suco. O segmento de frutas cítricas in natura tem grande potencial de

crescimento uma vez que esse nicho pode atender também a indústria. Variedades

pertencentes ao grupo das tangerinas são boas opções de frutas de mesa. Originadas na

Indochina, seus frutos são caracterizados pela variabilidade quanto à forma, cor e época de

maturação (DONADIO et al., 2005). Dados disponibilizados pela FAOSTAT (2010) apontam o

Brasil como o terceiro maior produtor de tangerinas, ficando atrás somente de China e

Espanha.

Análise das regiões citrícolas do Brasil mostram o estado de São Paulo como maior

produtor do grupo das tangerinas, sendo a Ponkan (Citrus reticulata Blanco) e o tangor

Murcott (Citrus sinensis L Osbeck x Citrus reticulata Blanco) as variedades mais produzidas

(CASER e AMARO, 2006). Contudo, dados disponibilizados pelo IBGE (2010) mostram que a

produção de tangerinas no país tem perdido espaço para outras frutas. Neste contexto, a

mancha marrom de alternária (MMA), principal doença fúngica das tangerinas, é considerada

o principal motivo da diminuição de produção e de área plantada, sendo o estado de São Paulo

o maior produtor e concentrador de áreas destinadas a este grupo dos citros.

A MMA é causada pelo fungo Alternaria alternata (Fr.) Kiesler, que tem como

característica a facilidade em se estabelecer em locais com alta umidade (TIMMER et al.,

2000). Isso exige do produtor em vistas ao controle em espécies suscetíveis e elevada fonte de

inóculo um alto gasto em detrimento ao elevado número de aplicações, entre 12 e 15 ao ano

(TIMMER et al., 2003; PERES and TIMMER, 2005). Outros pontos que dificultam o controle da

doença resultam da fácil dispersão pelo ar e a possibilidade de se estabelecer em material seco

ou morto (TIMMER et al., 1998), facilmente encontrado no interior de copas de pomares

velhos e descuidados. O uso da poda com o intuito de retirar material doente ou morto é uma

forma de controle de doenças em diversas culturas perenes. Na citricultura essa prática serve

como medida complementar no controle de algumas doenças como rubelose, melanose e

clorose variegada dos citros (TERSI et al., 2001).

Dentre os métodos de controle de doenças, um dos mais recomendados é o uso de

variedades resistentes. De acordo com a literatura há variedades de tangerina que mesmo em

áreas de elevada pressão de inóculo não são observados sintomas nas plantas. Entretanto,

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mesmo essas plantas aparentemente resistentes, quando na presença de ferimentos causados

pela lagarta minadora dos citros (Phyllocnistis citrella Stainton) observa-se a existência de

sintomas oriundos de infecções causadas por A. alternata. Tal fato poderia comprometer

variedades consideradas resistentes, uma vez que pouco se sabe sobre os mecanismos de

defesa das variedades de tangerina resistentes a mancha marrom de alternária.

Os objetivos deste projeto foram avaliar o efeito da poda de limpeza no controle da

mancha marrom de alternária e avaliar a influência das lesões causadas pela P. citrella sobre a

intensidade de expressão de sintomas da A. alternata em variedades de tangerinas.

2 REVISÃO DE LITERATURA

2.1 Tangerinas: Descrição Geral

As variedades que compõem o grupo das tangerinas têm como centro de origem a

região sudeste da Ásia. Segundo documentos dessa região há forte indício que as espécies que

deram origem às variedades de tangerina conhecidas hoje vieram da China e a Índia

(DONADIO et al., 2005). A partir do processo de distribuição de variedades ao longo dos

séculos pode-se descrever as tangerinas como um grupo de variedades adaptadas a regiões

desérticas, semitropicais e subtropicais. Os frutos apresentam diversidade quanto às

características de coloração, aderência da casca, e número de sementes por fruto (PIO et al.,

2005). Apesar de um amplo número de variedades de tangerinas existentes, poucas são

utilizadas comercialmente, devido à exigência do consumidor.

A produção de tangerinas na maioria dos países citrícolas tem como destino principal

o abastecimento do mercado interno, com exceção de alguns países que têm a exportação

como destino principal. A partir de coletânea de dados obtidos pela FAOSTAT (2010), o

Brasil é classificado como o terceiro maior produtor, atrás de China e Espanha.

No caso do mercado brasileiro, dados levantados pelo IBGE (2010) mostram que o

estado de São Paulo é o maior produtor e o estado com maior área plantada. Dentre as

variedades encontradas na maioria dos pomares no Brasil, temos a tangerina Ponkan (Citrus

reticulata Blanco) e o tangor Murcott [Citrus sinensis (L.) Osbeck x Citrus reticulata

Blanco]. A tangerina Ponkan é apreciada pelo seu sabor facilidade e no descascamento

enquanto o tangor Murcott apresenta aceitação tanto pela indústria de suco como o mercado

de frutas frescas, além de ter potencial para exportação (PIO et al., 2005; CASER e AMARO,

2006).

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Apesar de o Brasil ser o terceiro maior produtor de tangerinas no mundo, os dados do

IBGE (2010) mostram que entre os dois anos de levantamento de dados (2006 e 2008), o

produto teve sua área plantada reduzida em sete mil hectares e queda de produção no valor de

19 mil toneladas, aproximadamente. Entre os motivos que podem ter levado a essa situação

destaca-se a mancha marrom de alternária.

2.2 Mancha Marrom de Alternária

A mancha marrom de alternária (MMA) é uma doença causada pelo fungo Alternaria

alternata, pertencente ao gênero Alternaria. O gênero engloba espécies saprofíticas,

causadoras de doenças tanto em plantas quanto em pessoas, mais especificamente em

indivíduos com problemas no sistema imunológico (ROTEM, 1994). Os fungos do gênero

Alternaria são reconhecidos pelo conídio, caracterizado pela coloração escura, presença de

septos longitudinais e transversais (BARNETT e HUNTER, 1998)

A MMA teve sua presença no Brasil confirmada no ano de 2001 e foi rapidamente

distribuída em diversos estados em apenas um ano (GOES et al., 2001; PERES et al., 2003;

SPÓSITO et al., 2003). A presença do patógeno já foi comprovada na maioria dos países

citrícolas como África do Sul, Austrália, Espanha, Israel, Turquia, Estados Unidos da

América e Itália (STUART et al., 2009).

Alternaria alternata é um fungo facultativo, podendo se alojar em restos de folhas e

qualquer outro tipo de tecido morto ou em decomposição. Sua disseminação pode ser a partir

de ação da chuva ou devido à ação do vento, que é mais frequente, o que explicaria a rápida

dispersão entre pomares distantes (TIMMER et al., 1998).

O processo de colonização de A. alternata em tecidos vivos tem início com a

penetração do fungo. Uma vez atingido o interior do tecido o patógeno começa a liberar uma

toxina cuja função é garantir a destruição das células ao redor do ponto de penetração e assim

garantir os nutrientes para sua sobrevivência. A toxina que é produzida pelo agente causal da

MMA apresenta uma característica peculiar que é afetar somente variedades de tangerinas,

denominado HST – host specific toxine („toxina específica ao hospedeiro‟). Estudos sobre a

toxina produzida pela A. alternata (toxina ACT), tem ação rápida e causa extravasamento

celular (STUART et al., 2009).

Sobre a suscetibilidade e resistência de variedades de tangerina ao fungo, trabalhos

sobre avaliações de genótipos em diversas localidades apontam que a maioria das tangerinas e

híbridos de tangerinas apresenta algum nível de suscetibilidade a MMA, cujo fato deve-se ao

gene de suscetibilidade da doença que seria de caráter dominante. Merecem destaque pela alta

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suscetibilidade variedades como as tangerinas Dancy (Citrus reticulata), Ponkan (Citrus

reticulata Blanco), Sunburst (Citrus reticulata Blanco x C. paradasi Macf.) e o tangor

Murcott. Quanto às variedades resistentes constam-se as tangerinas Clementinas (Citrus

reticulata), Satsumas (Citrus unshiu Marcovitch), o híbrido Fremont (Citrus clementina Hort.

ex Tan. x C. reticulata Blanco) e o hibrido Thomas (BASTIANEL et al., 2005; TIMMER and

CHUNG, 2007; SOUZA et al., 2009; STUART et al., 2009, PACHECO, 2010).

Os sintomas consistem em pequenas manchas marrons ou pretas em folhas jovens,

circundadas ou não por halos amarelos que, posteriormente, se estendem, podendo abranger

grande área da folha. Normalmente ocorrem nas nervuras, com morte de tecido, espalhando-

se a partir delas, provocando deformação característica, ou seja, as folhas curvam-se

lateralmente. As brotações novas, tanto vegetativas como da florada, apresentam um aspecto

de requeima no caule, com morte dos ponteiros e posterior tendência ao envassouramento. Em

ramos finos ocorrem pequenas lesões corticosas, com ou sem halo clorótico (AKIMITSU et al.

2003).

Os sintomas em frutos logo após a queda das pétalas podem induzir a abscisão do

fruto, limitando a produção da planta. Frutos novos podem amarelecer rapidamente e

apresentar coloração marrom na casca, próximo à região estiolar. Em frutos mais

desenvolvidos, as lesões são bastante variáveis quanto ao tamanho, podendo atingir grandes

áreas da casca, com manchas escuras corticosas, que podem ser destacadas, deixando cicatriz

na casca, o que deprecia o fruto (TIMMER et al., 2003; LARANJEIRA et al., 2005a).

2.3 Lagarta Minadora dos Citros e sua Correlação com Doenças Cítricas

A lagarta minadora dos citros (LMC), conhecida também pelo nome científico de

Phyllocnistis citrella Stainton, é uma das pragas mais difundidas no planeta, cujo primeiro

registro no Brasil foi no ano de 1996 na região citrícola do estado de São Paulo (PARRA et al.,

2005).

A forma adulta da LMC é de uma mariposa com envergadura de quatro mm, asas

escamadas de coloração branca a prata e presença de ponto preto, característico da espécie,

nas asas anteriores. A LMC adulta emerge ao amanhecer e apresenta hábitos noturnos de

copulação e oviposição (PARRA et al., 2005).

O ciclo da praga consiste na deposição de ovos, onde a maior parte das oviposições

ocorre na face abaxial das folhas, após eclosão dos ovos, as lagartas começam a se alimentar

do tecido vegetal abaixo da epiderme, formando assim galerias. Os danos gerados pela lagarta

minadora são o descolamento da cutícula que reduz a capacidade fotossintética e a

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possibilidade de apresentar enrolamento na folha atacada (PARRA et al., 2005, JESUS et al.,

2008). As galerias formadas pelo ataque de P. citrella têm um efeito secundário, que é servir

como porta de entrada a patógenos oportunistas ou então potencializar os sintomas de outros,

por exemplo, Xanthomonas axonopodis pv. Citri, agente causal do cancro cítrico (JESUS

JUNIOR et al., 2006). Atualmente o cancro cítrico é considerado de difícil controle, onde a

erradicação de plantas contaminadas é a única forma de controle (AMARAL, 2003).

A correlação de entre P. citrella e X. citri já foi mencionada por diversos autores no

decorrer dos anos (AMORIM et al., 2001; CHAGAS et al., 2001, JESUS JUNIOR et al., 2006),

onde se atribui a maior taxa de sucesso do patógeno infectar plantas cítricas quando na

presença de material danificado pela LMC.

Entretanto, não há nenhum estudo que comente qualquer relação sobre o aumento de

incidência de A. alternata em material lesionado pela larva minadora dos citros.

2.4 Métodos Preventivos para Controle de Doenças

Como forma de reduzir o elevado custo de produção de citros em razão do controle de

doenças - estudos foram dedicados para observar os efeitos de práticas mais sustentáveis onde

se preza o uso de roçadeiras ecológicas e a manutenção dos pomares a partir das podas e

retirada de restos vegetais das plantas para evitar a proliferação dos agentes causais ao

desfavorecer a formação de condições para seu desenvolvimento (TERSI, 2001; BEDENDO,

1995).

O uso de podas em tratos culturais é datado desde a antiguidade, visando à

manutenção do crescimento vegetativo e produção a partir da retirada de material vegetal de

uma cultura (CARVALHO et al., 2005). A prática pode ser feita manualmente ou com

máquinas, a escolha depende do tipo de fatores como tamanho do pomar e/ou parte da copa

que se deseja podar. Existem diversos tipos de podas sendo as de maior destaque: poda de

limpeza; de redução de copa, rejuvenescimento, condução e formação (PETTO NETO, 1991).

2.4.1 Podas de Limpeza

Dentre os diferentes tipos de podas, as de limpeza consistem na retirada de todos os

galhos e ramos secos, doentes e improdutivos; normalmente o corte é feito na parte sadia do

galho da planta. Tal prática pode ser feita em intervalos regulares ou quando diagnosticado

ramos doentes (PETTO NETO, 1991; CARVALHO et al., 2005).

A poda serve como meio de prevenção, pois atua de acordo com os princípios da

erradicação, proteção e regulação, práticas essas que reduzem o inóculo inicial, além de

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alterarem o microclima do pomar. Tais princípios não são limitados a um grupo de doenças,

mas atuam de maneira a diminuir a incidência geral de doenças no próximo ciclo de produção

(LARANJEIRA et al., 2005b).

Em citros, a poda de limpeza é aplicada na retirada de ramos e galhos mortos ou

infectados, reduzindo possíveis focos de infecção de doenças da parte aérea das plantas, como

melanose, rubelose, leprose, clorose variegada dos citros (CVC) e outros. Essa prática

também favorece a penetração de luz solar no interior da copa das plantas, estabelecendo

condições menos favoráveis as infecções de órgãos da parte aérea, como frutos e ramos

principais. Junto às atividades de poda são também adotadas outras práticas de sanitização

como: 1) descalçamento de plantas com acúmulo de terra e matéria orgânica junto à base do

tronco; 2) poda de ramos doentes abaixo da margem inferior das lesões, assim como ramos

secos e improdutivos; 3) pincelamento com produtos a base de cobre, como caldas bordalesas

ou tintas plásticas (LARANJEIRA et al., 2005b).

2.5 Monitoramento de Doenças

A relevância na determinação de métodos para monitoramento e estimação de danos

por doenças foi ressaltada a partir da necessidade de se produzir cada vez mais e o temor da

falta de alimentos para o abastecimento da população (HORSFALL and COWLING, 1978). O

processo de avaliar uma doença fitopatogênica desde então foi considerado um dos pontos-

chave para determinação de modelos de estimativa de produtividade, como também para

criação de ferramentas de monitoramento de doenças e até para avaliação de métodos de

controle.

Na estimativa dos danos causados por doenças alguns atributos precisam ser seguidos

para garantir seu sucesso. Incidência e severidade são dois pontos importantes nesse processo,

onde o primeiro está associado à presença de sintomas de uma doença, dentro de um grupo de

plantas avaliadas, representado por um valor de porcentagem, enquanto a severidade está

relacionada à quantificação do tecido vegetal afetado pelo patógeno (CAMPBELL and MADDEN,

1990).

Se determinar os danos de uma doença é escolher um método que seja preciso e tenha

acurácia. Basicamente, esse deve permitir ao avaliador estimar um valor próximo ao valor real

e com baixa variação; independentemente da experiência que este tenha em diagnosticar a

doença. A escala de notas consiste em dividir em classes de notas diversos níveis de

severidade, ou incidência, de uma doença. Infelizmente a escala de notas é prática somente

para pessoas de grande vivência prática. Um ponto negativo no uso da escala de notas é que

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ela não permite com que o avaliador possa associar a severidade representada pela nota com o

dano real. Para resolver este problema foram desenvolvidas escalas de notas onde cada nível

de severidade é acompanhado por uma ilustração correspondente – daí surgiu as chamadas

escalas diagramáticas (HORSFALL and COWLING, 1978; CAMPBELL and MADDEN, 1990).

3 MATERIAL E MÉTODOS

3.1 Determinação da relação de danos causados pela lagarta minadora dos citros e

severidade de sintomas da Mancha Marrom de Alternária

3.1.1 Desenvolvimento de escala diagramática para avaliação de mancha marrom de

alternária em folhas

Nos ensaios onde avaliou a correlação da intensidade da mancha marrom de alternária

(MMA) em material com a presença de danos da lagarta minadora dos citros (LMC), os

parâmetros de avaliação foram pontuações em folhas e área foliar lesionada devido à ação do

fungo A. alternata.

Nesse estudo foi elaborada uma escala diagramática para determinar os níveis de

severidade em área foliar lesionadas pela mancha marrom de alternária, dada à inexistência de

publicações nesse contexto.

O método com escala traz vantagens por consumir menos tempo do avaliador e

permite a padronização da metodologia e, por conseqüência, interpretação e comparação de

dados.

3.1.1.1 Desenvolvimento da escala diagramática

O desenvolvimento da escala diagramática foi feita a partir da coleta de 197 folhas de

tangerina Dancy e tangor Murcott. O material coletado em campo foi fotografado

individualmente com uma câmera Sony Cyber-shot utilizando uma resolução de 7.0

megapixels com fator de zoom 3. A partir das imagens registradas realizou-se a determinação

da porcentagem de área lesionada com o auxílio do programa ImageJ (gratuito).

Depois de determinadas as porcentagens de área lesionada pelo ImageJ foram

determinados os valores de severidade a serem representados pela escala diagramática. Os

extremos da escala foram a menor e maior porcentagem de área lesionada dentro das 197

folhas coletadas. Os valores intermediários foram determinados com a ajuda da tabela de

HORSFALL and BARATT (1945), a partir da qual foram estabelecidas estas de acordo com a

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frequência, em termos percentuais, a severidade das 197 folhas coletadas tinha maior

frequência e atribuiu-se o valor de percentagem a nota da escala.

3.1.1.2 Validação da escala

Para validar a escala um total de cinco avaliadores, dois com experiência na avaliação

da doença e três sem experiência, determinaram a porcentagem de área foliar lesionada por A.

alternata de um total de 100 folhas. A análise das fotos foi feita em duas etapas, a primeira

consistiu na avaliação sem o auxílio de escala e na segunda etapa na reavaliação das folhas

com auxílio da escala diagramática.

Para determinar a viabilidade da escala foi empregada a metodologia descrita por

CAMPBELL and MADDEN (1990), na qual é feita a regressão linear das estimativas de

severidade de cada avaliador. Na primeira e segunda etapa do processo de validação da

escala. Feitas as regressões lineares, calcula-se a distribuição de erros dos avaliadores em cada

etapa. Com a distribuição de erros e as regressões lineares de cada avaliador, em cada etapa, é

possível determinar a acurácia, estimada a partir do coeficiente angular (b) e do valor de

intersecção da reta (a), e a precisão, a partir do coeficiente de regressão da reta (R²) e da

distribuição de erros.

3.1.2 Correlação da ocorrência de danos da LMC e severidade de sintomas da MMA em

folhas destacadas de diversas tangerinas

O presente ensaio consistiu em avaliar os efeitos da presença de danos ocasionados

pela lagarta minadora dos citros (Phyllocnistis citrella) com a severidade dos sintomas

causados pelo agente causal da mancha marrom de alternária (Alternaria alternata). Para tal

foram coletadas folhas jovens de oito variedades de tangerinas, sendo quatro variedades

resistentes e quatro suscetíveis (AZEVEDO et al. 2010; PACHECO, 2010). O material coletado

foi de plantas de quatro anos de idade mantidas em casa de vegetação, abaixo segue a relação

de resistência e suscetibilidade das variedades utilizadas (Tabela 1).

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Tabela 1- Variedades de tangerinas mantidas em casa de vegetação utilizadas

para as inoculações de folhas destacadas.

Variedades

Variedades

Comportamento

Thomas Resistente

Cravo Resistente

Fremont Resistente

Ortanique Resistente

Ponkan Suscetível

Green Rind Suscetível

Murcott Suscetível

Weshart Suscetível

Neste ensaio, o objetivo era ter em mãos folhas com e sem a presença de danos

causados pela lagarta minadora dos citros para serem inoculadas com suspensão de esporos de

A. alternata. Por isso, optou-se em trabalhar com variedades mantidas em casa de vegetação.

O procedimento garantiu que o material utilizado estivesse isento do patógeno a ser

estudado e de qualquer defensivo químico que interferisse nos resultados obtidos no ensaio.

Outro ponto no uso de variedades em casa de vegetação foi conduzir a vegetação das plantas

de forma a garantir a ocorrência de danos da lagarta minadora dos citros nas variedades

estudadas no período ideal para análise da ação do patógeno sobre o tecido vegetal, que no

caso é no início da vegetação da planta, antes que o tecido atinja a maturidade.

3.1.2.1 Preparo do inóculo de Alternaria alternata

O inóculo inicial foi obtido a partir de lesões típicas da doença em folhas, que uma vez

desinfetadas superficialmente por meio de lavagens (etanol 70%, hipoclorito 3% de cloro

ativo e água destilada esterilizada), foram inoculadas em meio de cultura BDA (200g batata,

20g dextrose, 15g Agar L-1

) acrescido do fungicida carbendazin, para inibir a proliferação de

fungos contaminantes, e incubados a 27 ºC em fotoperíodo de 12 horas. Após 48 horas de

crescimento, o micélio emergente foi transferido para meio de cultura BDA e incubado nas

mesmas condições do inóculo inicial. Após uma semana, e confirmada a identidade do isolado

através de microscopia óptica das estruturas de reprodução assexuada, 50 discos (5 mm) com

colônias do fungo foram transferidos para meio de carbonato de cálcio - CaCO3, para indução

de esporulação (30 g de CaCO3, 20 g de sacarose e 20g de Agar L-1

), seguido da adição de 2

mL de água destilada esterilizada na superfície do meio de cultura. As culturas foram

mantidas em ambiente controlado a 27 ºC e fotoperíodo de 12 horas durante quatro dias.

Após quatro dias, 10 mL de água destilada foram adicionadas por superfície de placa

e, com a ajuda de uma espátula estéril, os conídios foram raspados, filtrados em dupla camada

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de gaze esterilizada e quantificados em hemocitômetro, sendo a suspensão de esporos ajustada

para a concentração final de 105 conídios mL

-1.

3.1.2.2 Inoculação em folhas destacadas

Para a inoculação, folhas jovens de mesma idade foram coletadas de plantas mantidas

em casa de vegetação. Seis folhas foram de cada variedade foram coletadas, das quais três

mostravam-se intactas e as demais apresentavam galerias causadas pelo ataque da lagarta

minadora. Essas folhas foram lavadas em água corrente, secas ao ambiente e acondicionadas

em placas de Petri, contendo uma camada de papel filtro e uma pequena porção de algodão

umedecido. Em cada placa foram acondicionadas 3 folhas, intactas ou injuriadas, de cada

variedade.

A inoculação foi realizada com borrifador contendo uma suspensão conidial com 105

conídios. mL-1

, cobrindo toda a superfície das abaxial das folhas acondicionadas. A seguir o

material foi mantido em BOD (27 ºC, fotoperíodo 12 horas, umidade relativa de 56%). Essa

metodologia foi adaptada de PEEVER et al. (1999). Adotou-se o delineamento fatorial

inteiramente casualizado, com três repetições. Cada unidade amostral foi representado por

uma folha.

3.1.2.3 Avaliações

O ensaio foi realizado nos anos de 2009 e repetido no ano de 2010. O delineamento do

ensaio consistiu em oito variedades inoculadas com esporos de MMA em suspensão,

divididas em dois tratamentos, material com e sem presença de danos ocasionados pela LMC,

com três repetições por variedade / tratamento.

As avaliações foram realizadas em intervalos de 24 horas a partir do momento que foi

realizada a inoculação. No primeiro ensaio (2009), as avaliações estenderam até as120 horas

após inoculação, enquanto no segundo (2010) foi estendido até as 72 horas após a inoculação.

As variáveis avaliadas foram o número de lesões por folha e percentual de área lesionada pela

doença ao final do ensaio. Este último foi determinado a partir do uso de escala diagramática

específica desenvolvida conforme descrito no item 3.2.1.1.

Os valores obtidos foram submetidos a teste de comparação de médias a 5% de

probabilidade.

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3.1.3 Correlação da ocorrência de danos da LMC e severidade de sintomas da MMA em

mudas de tangor Murcott

Em ensaio realizado em casa de vegetação, nos anos de 2010 e 2011, avaliaram-se os

efeitos da mancha marrom de alternária em mudas de tangor Murcott de um dois anos de

idade, enxertadas em limão-cravo, na presença e ausência de danos causados pela lagarta

minadora dos citros. O delineamento foi inteiramente casualizado com dois tratamentos: a)

mudas com controle de LMC (tiametoxam); b) mudas testemunha (com galerias de LMC). A

aplicação do tiametoxam foi via substrato com a dose de 1,5 g muda-1

. Cada tratamento foi

representado por dez repetições, sendo cada uma composta por uma muda.

A seguir, todas as mudas foram mantidas em casa de vegetação, sob a presença de

lagarta minadora dos citros. Uma vez detectada a presença de lesões de LMC nas plantas

testemunhas inoculou-se as mudas de tangor Murcott, sendo empregada suspensão de A.

alternata.

3.1.3.1 Preparo e inoculação de mancha marrom de alternária

O preparo do inóculo foi o mesmo descrito no item 3.2.1.2. O processo de inoculação

foi feito a partir do uso de borrifador para a aplicação da suspensão em toda parte área da

muda, em seguida o material foi ensacado, utilizando sacos plásticos previamente umedecidos

na parte interior, para garantir alta umidade relativa. Outro ponto respeitado foi a realização

do processo de preparo e inoculação da A. alternata de forma a coincidir com a presença de

brotação ainda tenra e lesões recentes da LMC.

3.1.3.2 Avaliações

As avaliações foram realizadas em intervalos de 24 horas após a inoculação,

estendendo-se até 120 horas no primeiro ensaio e até 96 horas na repetição do mesmo. Nessas

avaliações foi determinado o número de lesões típicas da mancha marrom de alternária e a

porcentagem de área lesionada em folhas mediante uso de escala diagramática conforme item

3.2.1.1. Os valores obtidos foram submetidos a análise de variância e as médias comparadas

mediante teste de Tukey, com 5% de probabilidade.

3.2 Determinação do efeito da poda de limpeza

O ensaio foi realizado em pomar de tangor Murcott [Citrus reticulata Blanco x C.

sinensis (L.) Osbeck] enxertado sobre limão Cravo (Citrus limonia Osbeck) com 13 anos de

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idade e espaçamento de 7 metros entre linhas e 4 metros entre plantas, localizado no

município de Araras-SP.

O ensaio foi dividido em dois tratamentos: a) plantas submetidas à poda de limpeza -

retirada de galhos e ramos doentes ou morto na copa da planta; e b) plantas sem poda

(testemunha). A poda de limpeza foi realizada na primeira quinzena de julho, dois meses

antes do período de floração das tangerineiras, que normalmente ocorre no mês de setembro.

Cada tratamento foi composto por 20 repetições, onde cada parcela foi representada

por uma planta. O ensaio foi repetido por duas safras consecutivas, 2008/2009 e 2009/2010.

3.2.1 Avaliações

Foram realizadas três avaliações, as quais consistiram na determinação dos índices de

incidência (em porcentagem) e severidade dos sintomas em dois anos consecutivos, no

período de dezembro a fevereiro de 2008/2009, e de novembro a janeiro na safra 2009/2010.

Nessas avaliações foram empregadas amostras de 30 frutos por planta tratamento-1

. As

avaliações nos dois períodos foram mensais, totalizando três avaliações por período.

A incidência foi determinada pelo estabelecimento, em porcentagens, do número de

frutos com sintomas típicos da doença, enquanto a severidade o foi mediante emprego de

escala diagramática estabelecido por RENAUD et al. (2004), cujas notas variam de zero

(ausência de sintomas) a 6, com 25% da área dos frutos coberta por lesões (Figura 1).

Posteriormente, a área abaixo da curva de progressão da doença (AUDPC). Fórmula utilizada

foi:

Onde y representa os valores de severidade da doença e t o período de avaliação

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Figura 1. Escala diagramática para avaliação da mancha marrom de alternaria dos

citros (Alternaria alternata f. sp. citri) em frutos de tangor Murcott. Com seis níveis

de severidade da doença para pequenas lesões circulares.

Os dados obtidos foram submetidos a análise de variância e posteriormente à

comparação por teste de médias (Tukey, 5%).

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1 Determinação da relação de danos causados pela lagarta minadora dos citros e

severidade de sintomas da Mancha Marrom de Alternária

4.1.1 Desenvolvimento de Escala Diagramática para avaliação de mancha marrom de

alternária em folhas

A partir do material coletado em campo, fotografado e processado em programa

ImageJ elaborou-se uma escala diagramática representando os níveis de sintoma em dez notas

devidamente ilustradas, onde „0‟ representa a folha sem sintomas, e as notas de „1‟ a „9‟

representam 0,3; 3,5; 8; 15; 34; 61; 80; 90 e 97 por cento de área foliar tomada de mancha

causada pela Alternaria alternata, conforme ilustrado na figura 2.

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Figura 2. Representação de escala diagramática de dez níveis para determinar a porcentagem de área

foliar com sintoma da mancha marrom de alternária causada por Alternaria alternata.

No processo de validação de escala diagramática é necessário realizar uma regressão

linear através da qual são obtidos os valores de intersecção da reta (a), os coeficientes angular

(b) e de determinação (R²). Os dados são então comparados com uma regressão ideal, onde a

é igual a zero e b a um, o que significaria que todos os pontos determinados pela escala seriam

iguais aos valores reais (y= bx) (CAMPBELL and MADDEN, 1990).

Na primeira etapa, os valores correspondentes à estimativa da porcentagem de área

foliar lesionada sem o auxílio da escala diagramática, concernentes ao coeficiente de

intersecção da reta (a), coeficiente angular (b), regressão da reta (R²) e distribuição de

resíduos variaram, respectivamente, entre: 2,32 e 19,56; 0,84 e 0,97; 0,66 e 0,97; e, -10,66 e

77,99 (Tabelas 2 e 3).

Na etapa seguinte, com o auxílio de escala diagramática, os valores para o coeficiente

de intersecção da reta (a), coeficiente angular (b), regressão da reta (R²) e distribuição de

resíduos variaram, respectivamente, entre: -2,17 e 0,49; 0,94 e 1,04; 0,94 e 0,96; e, -22,34 e

18,60 (Tabelas 2 e 3).

Quando comparados os índices de acurácia obtidos pela regressão linear nas duas

etapas pelos avaliadores (Tabela 2), nota-se diferenças significativas. Houve melhora neste

quesito para todos os participantes quando utilizada a escala desenvolvida, uma vez que a

diferença entre os valores obtidos para o coeficiente de intersecção (a) e o considerado ideal

(zero) diminuiu. Dos membros participantes, os avaliadores „1‟, „3‟ e „4‟ tiveram sua acurácia

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melhorada a ponto de não haver diferença estatística entre os coeficientes de intersecção

obtidos por eles e o valor ideal em análise de variância com teste t em 5% de significância.

Tabela 2- Valores dos coeficientes de intersecção da reta (a), coeficiente angular

(b) e coeficiente de determinação (R²) de regressão linear y= a+bx

AVALIADOR

Sem escala Com escala

a1 b

2 R² a b R²

1 2,74*** 0,90*** 0,97 -0,60NS

0,95*** 0,96

2 4,49*** 0,88*** 0,95 -2,17** 1,04*** 0,96

3 2,22*** 0,90*** 0,97 0,49NS

0,96*** 0,95

4 2,32*** 0,84*** 0,96 -0,77NS

0,94*** 0,94

5 19,56*** 0,97*** 0,66 -2,04* 1,03*** 0,94

Asteriscos indicam que valor de intersecção da reta foi significamente diferente de zero (a=0).

***(0,1%), **(1%), NS (5%) em teste t-student

Asteriscos indicam que houve diferença significativamente de um (b=1). ***(0,1%) e **(1%)

em teste t-student

Quanto aos valores do coeficiente angular verifica-se que houve um melhor ajuste do

mesmo para todos os avaliadores. Embora o valor do coeficiente angular não ser

estatisticamente igual a um para nenhum avaliador isso, por outro lado, não invalida o fato de

todos terem sua acurácia melhorada após uso de escala diagramática.

Referente à precisão dos avaliadores, quando se avalia os dados correspondentes aos

coeficientes de correlação (R²) nota-se que o emprego da escala diagramática se refletiu na

obtenção de resultados consistentes (Tabela 2). Provavelmente, tal fato resultou da facilidade

em se distinguir área lesionada e sadia da folha. Por outro lado, analisar a distribuição dos

erros dos avaliadores (resíduos) e o intervalo dos valores mínimo e máximo de resíduo foi

possível verificar que a distribuição dos erros foi menor após o uso da escala diagramática,

exceto na faixa de 30 a 60 % de área foliar lesionada (Figuras 3 e 4 e Tabela 3). Tais

informações mostram que a escala nesse ponto apresenta um intervalo grande nesta região e

isso acarreta uma maior distribuição de resíduos nesta faixa. Entretanto, de uma maneira

geral, isso não afetou a precisão da escala, pois ela discriminou adequadamente os diversos

tipos de lesões, já que boa parte das notas atribuídas mediante auxílio da escala se concentrou

na faixa residual de -10 a +10, considerada tecnicamente aceitável (BELASQUE JR. et al.,

2005). Para melhorar a escala diagramática pode ser coletada uma amostra maior de material

sintomático para averiguar a possibilidade de acrescentar uma classe a mais, entre 30 e 60, na

atual escala diagramática.

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Tabela 3 - Valores mínimos e máximos da distribuição de resíduos da regressão

linear y= a + bx correspondentes aos avaliadores 1 a 5, antes e após o uso de escala

diagramática.

AVALIADOR

Sem escala Com escala

Mínimo Máximo Mínimo Máximo

1 -10,66 12,23 -17,35 11,16

2 -21,52 14,27 -13,44 16,53

3 -11,98 12,19 -15,65 19,04

4 -18,64 9,41 -22,34 16,63

5 -24,89 77,99 -19,42 18,6

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Figura 3. Distribuição dos valores correspondentes a resíduos resultantes de cada avaliador, sem escala:

(A) 1, (B) 2, (C) 3, (D) 4 e (E) 5.

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Figura 4. Distribuição dos valores correspondentes a resíduos resultantes de cada avaliador, com escala:

(A) 1, (B) 2, (C) 3, (D) 4 e (E)

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4.1.2 Correlação da ocorrência de danos LMC e severidade de sintomas de MMA em

folhas destacadas de diversas tangerinas

No ensaio de 2009, das oito variedades avaliadas, quatro delas – Thomas, Cravo,

Fremont e Ortanique – não apresentaram sintoma de mancha marrom de alternária em folhas,

independente se injuriadas ou não pela lagarta minadora dos citros. As demais variedades,

Weshart, Ponkan, Murcott e Green Rind, apresentaram sintomas da MMA em folhas dos dois

tratamentos avaliados (Tabela 4). A menor e maior porcentagem de área foliar lesionada pela

MMA em folhas sem lesão da LMC foi 1,2 % (Green Rind) e 57,3 % (Murcott). Já no

tratamento com lesões da LMC a amplitude foi de 17,5 % (Green Rind) e 80,3 % (Weshart).

Na repetição do ensaio em 2010, novamente as variedades Thomas, Cravo, Fremont e

Ortanique não apresentaram sintoma de MMA tanto em folhas intactas, quanto nas contendo

lesões causadas pela LMC. Por outro lado, as variedades Weshart, Ponkan, Murcott e Green

Rind apresentaram sintomas de MMA nos dois tratamentos, com exceção da variedade Green

Rind que não apresentou sintomas de MMA em folhas lesionadas pela LMC (Tabela 5). No

tratamento de folhas com lesões de LMC, a menor e maior porcentagem de área foliar com

sintoma de MMA foram 0,0 (Green Rind) e 61,67 (Weshart). Já no tratamento de folhas sem

lesões de LMC, a menor e maior porcentagem de área foliar com sintoma de MMA foram

10,33 (Green Rind) e 49,33 (Murcott).

Os dados relativos aos dois ensaios para as oito variedades, realizados em 2009 e

2010, indicam que as variedades resistentes não são afetadas pela mancha marrom de

alternária mesmo em condições que haja ferimento em tecidos, reafirmando a característica de

resistência das variedades Fremont, Cravo, Ortanique e Thomas, avaliadas em ensaios de

campo por PACHECO (2010).

Quanto aos ensaios conduzidos em 2009 e 2010 verificou-se que os sintomas de

mancha marrom de alternária são mais severos quando ocorrem em presença de lesões de

oriundas de ataque pela lagarta minadora dos citros recentes. exceto no caso da Green Rind

que no ensaio de 2010 não apresentou sintomas do patógeno no tratamento com folhas

injuriadas pela lagarta minadora.

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Tabela 4 - Número médio de lesões (NML) de mancha marrom de alternária e porcentagem de área lesionada (PAL) após inoculação

de folhas destacadas (intactas e com galerias de LMC) de diferentes genótipos de tangerinas (Cordeirópolis/SP, 2009).

Variedades

NML (no.) PAL (%)

48 hs* 72 hs 96 hs 120 hs

minador sadia minador sadia minador sadia minador sadia

Weshart 9,0 A b1 19,7 B a 21,3 A b 38,0 B a 49,7 AB a 12,0 AB a 80,3 A a 12,7 B b

Ponkan 0,0 A a 1,7 CD a 0,0 B a 2,3 D a 12,5 BC a 5,0 BC a 56,0 A a 5,0 B b

Green Rind 2,0 A b 10,3 BC a 2,3 B b 13,7 C a 2,7 C a 0,0 C a 17,5 B a 1,2 B a

Murcott 5,6 A b 51,3 A a 22,3 A b 68,3 A a 58,3 A a 49,7 A a 77,0 A a 57,3 A b

Thomas 0,0 A a 0,0 D a 0,0 B a 0,0 D a 0,0 C a 0,0 C a 0,0 B a 0,0 B a

Cravo 0,0 A a 0,0 D a 0,0 B a 0,0 D a 0,0 C a 0,0 C a 0,0 B a 0,0 B a

Fremont 0,0 A a 0,0 D a 0,0 B a 0,0 D a 0,0 C a 0,0 C a 0,0 B a 0,0 B a

Ortanique 0,0 A a 0,0 D a 0,0 B a 0,0 D a 0,0 C a 0,0 C a 0,0 B a 0,0 B a ¹: Médias seguidas pela mesma letra, maiúscula na coluna e minúscula na linha, não apresentam diferença significativa entre si (Tukey, 5%); * horas após

inoculação

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Tabela 5 - Número médio de lesões (NML) de mancha marrom de alternária e porcentagem de área lesionada (PAL) após inoculação

de folhas destacadas (intactas e com galerias de LMC) de diferentes genótipos de tangerinas (Cordeirópolis/SP, 2010).

NML (no.) PAL (%)

Variedades Número médio de pontuações Média da porcentagem de área foliar lesionada

24 hs* 48 hs 72 hs

Minador sadia minador sadia minador sadia

Weshart 7,67 A b1 36,33 A a 55,00 A b 118,33 A a 61,67 A a 19,00 ABC b

Murcott 0,00 B a 0,00 B a 12,00 B b 63,33 B a 58,33 A a 49,33 A a

Ponkan 0,00 B a 0,00 B a 0,00 C b 22,67 C a 36,67 AB a 32,80 AB a

Green Rind 0,00 B a 0,00 B a 0,00 C b 18,33 C a 0,00 C b 10,33 BC a

Fremont 0,00 B a 0,00 B a 0,00 C a 0,00 D a 0,00 C a 0,00 C a

Cravo 0,00 B a 0,00 B a 0,00 C a 0,00 D a 0,00 C a 0,00 C a

Thomas 0,00 B a 0,00 B a 0,00 C a 0,00 D a 0,00 C a 0,00 C a

Ortanique 0,00 B a 0,00 B a 0,00 C a 0,00 D a 0,00 C a 0,00 C a ¹: Médias seguidas pela mesma letra, maiúscula na coluna e minúscula na linha, não apresentam diferença significativa entre si (Tukey, 5%); *

horas após inoculação

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1

Um ponto importante sobre os resultados obtidos está nos mecanismos de ataque do

patógeno e de defesa do hospedeiro. Segundo a literatura, há um consenso de que todo

ferimento em tecido vegetal serve como porta de entrada para patógenos, permitindo com que

o risco de estabelecimento de um agente seja superior em comparação com um tecido sem

nenhum dano físico. Fato que não se confirmou nas variedades resistentes avaliadas neste

caso, e somente foi confirmado nas variedades suscetíveis. Isso mostra que os genótipos de

tangerina resistentes não dependem de mecanismos físicos para impedir o desenvolvimento da

doença e que o mecanismo de resposta deve estar ligado a processos bioquímicos no

momento em que o patógeno tenta colonizar o tecido (IAKIMOVA et al., 2006; STUART et al.

2010).

Figura 5. Prancha com variedades suscetíveis e resistentes de Citrus spp. após a inoculação de

suspensão de Alternaria alternata em folhas destacadas com e sem lesão de lagarta minadora

dos citros (2010). A. Murcott, B. Weshart, C. Fremont, D. Thomas.

O conhecimento sobre os mecanismos de defesa de variedades resistentes de tangerina

é pouco e não há publicações abordando o assunto de forma conclusiva. Quanto a variedades

suscetíveis a mancha marrom de alternária sabe-se que o processo colonização ocorre devido

a agentes antioxidantes produzidos pelo patógeno que anulam os efeitos de moléculas geradas

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por peroxidases pela planta, devido à resposta de hipersensibilidade. Trabalhos publicados por

LIN e outros pesquisadores em 2009 e 2010 mostram a importância de um gene homólogo ao

YAP1 (AaAP1) encontrado em Alternaria alternata como responsável em induzir o patógeno

a produzir moléculas que inibem a ação de peróxidos poderiam levar o fungo a morte. Além

disso, a presença de alta quantidade de peróxidos em células na planta pode induzir ao

processo de morte celular programada (IAKIMOVA et al., 2006; LIN et al., 2009). A presença

deste gene homólogo pode ser considerada crucial para a A. alternata, pois, ensaios de

inoculação em folhas destacadas de tangelo Minneola (variedade suscetível) com patógeno

mutante desprovido do gene AaAp1 não apresentaram sintomas em mais de 80% do material

inoculado, e os que apresentaram sintoma foram bem abaixo da estirpe selvagem (LIN et al.,

2009; LIN et al., 2010).

Sobre as variedades resistentes não há nenhum trabalho publicado que elucide o

porquê da A. alternata não se estabelecer em seus tecidos. O que se sabe por ora é que um dos

possíveis pontos cruciais na resistência de certas variedades está nas vias de produção de

etileno e ácido jasmônico, resultados parciais mostram que variedades resistentes apresentam

diferença na regulação dessas vias quando comparadas com variedades suscetíveis (STUART et

al., 2010).

4.1.3 Correlação da ocorrência de danos da LMC e severidade de sintomas da MMA em

mudas de tangor Murcott

Os resultados nos dois anos de ensaio apresentados a seguir mostraram um

comportamento semelhante, exceto no tempo de expressão dos sintomas – fato provavelmente

relacionado ao período de no qual foram feitos os ensaios.

No ensaio de 2010, as mudas foram inoculadas no mês de maio. Quarenta e oito horas

após a inoculação surgiram os primeiros sintomas de mancha marrom de alternária. Nas

avaliações de número médio de pontuações encontradas nos tratamentos houve diferença

estatística somente depois de noventa e seis horas após a inoculação – 26,45 lesões nas mudas

testemunhas e 12,43 nas mudas tratadas com tiametoxam. Na avaliação de média de

porcentagem de área lesionada (120 horas após a inoculação), nas mudas testemunhas havia

um valor médio de 28,28 % de área foliar lesionada pela doença, enquanto que nas mudas

tratadas com tiametoxam havia valor médio de 51,20 % de área foliar lesionada pela doença

(Figura 6). É importante salientar que os resultados obtidos foram a partir da avaliação de

ramos novos presentes em mudas de tangor Murcott de mesma idade

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Figura 6. Número médio de lesões (A) e porcentagem de área lesionada (B) após inoculação

de Alternaria alternata em folhas intactas e com lesões de LMC de mudas de Murcott

(Cordeirópolis/SP) 2010. Médias seguidas de mesma letra não diferem estatisticamente entre si

(Tukey, 5%)

No ensaio de 2011, a inoculação ocorreu no mês de Janeiro. Os primeiros sintomas de

mancha marrom de alternária surgiram 24 horas após a inoculação nos tratamentos. Na

avaliação de número médio de pontuações causadas pela mancha marrom de alternária, o

tratamento testemunha apresentou valor estatisticamente superior logo nas primeiras vinte

quatro horas após a inoculação (15,03 pontuações contra 2,81no tratamento onde foi aplicado

tiametoxam). No final da avaliação do número médio de pontuações, nas mudas testemunhas

havia a média de 18 lesões causadas pela A. alternata enquanto nas mudas tratadas com

tiametoxam esse valor foi de 4,83. Quanto ao valor médio de área foliar lesionada pela

doença, o tratamento testemunha chegou a 5,65 % de área foliar com sintoma da MMA contra

39,61 % de área foliar com sintoma de MMA no tratamento sob efeito do tiametoxam (Figura

7).

Figura 7. Número médio de lesões (A) e porcentagem de área lesionada (B) após inoculação

de Alternaria alternata em folhas intactas e com lesões de LMC de mudas de Murcott

(Cordeirópolis/SP) 2011. Médias seguidas de mesma letra não diferem estatisticamente entre si

(Tukey, 5%)

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O ensaio mostrou que mudas de Murcott sob condições propícias para o

desenvolvimento do fungo apresentam diferença significativa na expressão de sintomas da A.

alternata na presença, ou não, de danos de minador dos citros (Figura 8).

Figura 8. Aspecto visual de folhas de tangor Murcott, sem e com injúrias causadas pela lagarta minadora

dos citros após 96 e 144 horas da inoculação com Alternaria alternata.

Os resultados obtidos nas duas repetições do ensaio mostram que o comportamento de

variedades suscetíveis quando presentes danos da LMC e conídios de MMA a severidade é

superior comparado em situação onde há presença de MMA, mas a LMC é controlada.

Nas primeiras horas após a inoculação de suspensão com esporos do patógeno o

número de lesões iniciais é maior em tecidos intactos, enquanto que tecidos atacados pela

LMC possuem quantidade significativamente menor (Figuras 6A e 7A), comportamento

observado uma vez que no tratamento testemunha as galerias causam um desprendimento

entre a cutícula e o parênquima – região onde o fungo se estabelece. Quando foi feita a última

avaliação para determinar a porcentagem de área lesionada nas folhas das mudas verificou

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que o tratamento testemunha (presença de danos de minador dos citros) teve uma média de

área foliar lesionada maior em comparação com o tratamento tiamexotam (Figuras 6B e 7B),

isso se deve justamente a presença de galerias nas folhas.

Conforme revisão recente sobre a mancha marrom de alternária (STUART et al., 2009)

as lesões de Alternaria alternata tendem a ocorrer a partir de penetração pelo estômato, isso

significa que a área de contato dos conídios é limitado a células próximas aos estômatos. No

caso de tecidos que presença de galerias o patógeno provavelmente consegue com que a

toxina produzida tenha um alcance maior de imediato, provavelmente devido ao fato que nas

horas de maior transpiração das folhas existe um acúmulo de água no interior das galerias

(fato observado durante ensaios). Nessa situação, a ação da toxina liberada pelo patógeno

poderia estar ligada o processo de produção de agentes oxidantes pelas células em contato

com a toxina – resultando numa maior quantidade de células mortas.

4.2 Poda de Limpeza

No primeiro ano de avaliação (2008/2009), os valores de incidência de sintomas

correspondentes aos tratamentos de poda e testemunha, na primeira data de avaliação, foram

respectivamente 39,12 e 42,00 % dos frutos. No final das avaliações, a incidência de sintomas

nos frutos, chegou a 81,0 e 97,5 %. Quanto à severidade dos sintomas nos tratamentos de

poda e testemunha, os valores foram respectivamente de 0,15 e 0,22 % da superfície dos

frutos lesionados na primeira avaliação, e 0,56 e 1,55 % na última avaliação (Tabela 6).

Tabela 6 - Valores médios de severidade (porcentagem de área lesionada do

fruto) e incidência (porcentagem de frutos com sintoma) determinados em

amostras de 30 frutos por planta tratamento-1

e área abaixo da curva de progressão

da doença (AUDPC) correspondentes aos tratamentos poda e testemunha

(Araras/SP, 2008/2009)

dez/08 jan/09 fev/09 AUDPC

Severidade

(%)

Poda 0,15 a1 0,76 b 0,56 b 24,63 b

Testemunha 0,22 a 1,35 a 1,55 a 49,46 a

Incidência

(% )

Poda 39,12 a 67,37 b 81,00 b 3048,93 b

Testemunha 42,00 a 82,25 a 97,50 a 3626,88 a 1Médias seguidas por letras iguais nas colunas indicam que não houve diferença estatisticamente

significativa entre os tratamentos (Tukey, 5%).

No segundo ano de avaliação (2009/2010) notou-se um aumento nos valores iniciais,

tanto de incidência quanto de severidade. Os valores da primeira avaliação de incidência para

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os tratamentos poda e testemunha foram 97,50 e 100,0 % de frutos com sintomas,

respectivamente. Já a severidade teve valores de 2,88 e 4,44 % de superfície do fruto

lesionada. Na última avaliação, a incidência foi de 100,0 % de frutos com sintomas para

ambos os tratamentos, enquanto a severidade foi de 4,43 e 5,05 de superfície de frutos

lesionados, nos tratamentos poda e testemunha respectivamente (Tabela 7).

Tabela 7 - Valores médios de severidade (porcentagem de área lesionada do

fruto) e incidência (porcentagem de frutos com sintoma) determinados em

amostras de 30 frutos por planta tratamento-1

e área abaixo da curva de progressão

da doença (AUDPC) correspondentes aos tratamentos poda e testemunha

(Araras/SP, 2009/2010)

dez/09 jan/09 fev/10 AUDPC

Severidade

(%)

Poda 2,88 b1 3,22 b 4,43 a 206,36 b

Testemunha 4,44 a 4,73 a 5,05 a 285,61 a

Incidência

(%)

Poda 97,50 a 100,00 a 100,00 a 5997,00 a

Testemunha 100,00 a 100,00 a 100,00 a 6000,00 a 1Médias seguidas por letras iguais nas colunas indicam que não houve diferença estatisticamente

significativa entre os tratamentos (Tukey, 5%).

De acordo com os dados obtidos verificou-se que o uso da poda no inverno para

retirada da fonte de inóculo da A. alternata teve refletiu positivamente no controle da doença.

Como já foi dito, a A. alternata é um fungo facultativo, em outras palavras trata-se de uma

espécie que pode sobreviver em material em decomposição ou morto. Estudos realizados

quanto as formas de distribuição e locais com maior concentração de esporos do fungo

indicam que materiais sintomáticos têm papel fundamental como fontes de inóculo nos ciclos

seguintes da doença (TIMMER et al., 1998; CANIHOS et al., 1999, TIMMER et al., 2003), razão

pela qual as medidas de sanitização como, por exemplo, o emprego da poda resultaram em

melhora nos níveis de controle da doença.

Entretanto, o uso exclusivo da poda mostra-se insuficiente para o controle do

patógeno. A razão disso está no aumento dos valores de incidência e severidade no tratamento

submetido à poda de limpeza (Tabela 5). O aumento da incidência está relacionado à

liberação contínua de esporos de A. alternata associada ao desenvolvimento do patógeno nas

lesões necróticas nos tecidos jovens que são produzidos pela planta desde a floração (TIMMER

et al., 1998).

Dessa forma, caso a poda por si fosse suficiente para o controle do patógeno não

haveria o aumento dos valores de incidência e da severidade dos sintomas em frutos

correspondentes ao tratamento submetido ao manejo com poda. Isso reforça a importância em

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associar métodos alternativos com a prática de pulverizar os pomares com produtos que

controlam o desenvolvimento do fungo, como cobre, triazóis, estrobirulinas, ditiocarbamatos

etc., a única exceção são para produtos do grupo dos benzimidazóis, pois estes o fungo A.

alternata consegue degradar o ingrediente ativo (SILVA et al., 1999).

5 CONCLUSÕES

O uso da poda de limpeza no inverno, com conseqüente remoção de todo material

doente presente no interior da copa de tangerineiras, reduz a incidência e severidade dos

sintomas causados pela mancha marrom de alternária. Entretanto, seu uso exclusivo como

método de controle da doença mostra-se inviável, uma vez que sua ação só incide na fonte de

inóculo presente na copa, não influenciando em outras fontes de inóculo que podem aparecer

no decorrer de uma safra.

O emprego de escala diagramática para avaliar os danos da mancha marrom de

alternária em folhas pode ser empregada com sucesso em ensaios in vitro e em casa de

vegetação.

A presença de danos provenientes de ataque da lagarta minadora dos citros pode afetar

a severidade da A. alternata, especialmente quando do emprego de variedades suscetíveis ao

patógeno. No caso de variedades resistentes, a presença de danos decorrentes pela lagarta

minadora não resulta na expressão de sintomas de A. alternata.

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