mandado de segurança - concurso

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 Av. Miguel Rosa, nº. 6120/Sul (Próximo à Av. Valter Alencar) , Fones: 32292433 / 3083 0534, CEP 64.018.560, Teresina/PI. Email: grupoodoniasleal@hotma il.com EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA _ VARA DOS FEITOS DA FAZENDA PÚBLICA DA COMARCA DE TERESINA (PI).  Manter tal situação é denegar justiça sob o argumento da discricionariedade administrativa, que nesta ótica não teria limites, nem mesmo na razoabilidade, naquilo que é claro e evidente, transformando o discricionário e arbitrário, assumindo o judiciário  postura de expectador diante da violação da boa-fé e da legítima expectativa dos cidadãos em face dos atos da administração. (Ministro Luis Fux - Mandado de Segurança - 30.859 - DISTRITO FEDERAL) Grifou-se.  RAFAEL RODGRIGUES, brasileiro, solteiro, estudante, portador do RG nº 2264921 SSP/PI, inscrito no CPF sob o nº 999.738.043-68, residente e domiciliado na Av. Senador Helvidio Nunes, nº 1180, bairro Catavento, na cidade de Picos  PI, vêm, respeitosamente por meio deste procurador constituído (doc. Anexo), com endereço para notificações de praxe na Av. Miguel Rosa, nº 6120, bairro Macaúba, nesta cidade de Teresina  PI, impetrar  MANDADO DE SEGURANÇA c/ Pedido de Liminar inaudita altera  pars

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EXCELENTSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA _ VARA DOS FEITOS DA FAZENDA PBLICA DA COMARCA DE TERESINA (PI).

Manter tal situao denegar justia sob o argumento da discricionariedade administrativa, que nesta tica no teria limites, nem mesmo na razoabilidade, naquilo que claro e evidente, transformando o discricionrio e arbitrrio, assumindo o judicirio postura de expectador diante da violao da boa-f e da legtima expectativa dos cidados em face dos atos da administrao. (Ministro Luis Fux - Mandado de Segurana - 30.859 - DISTRITO FEDERAL) Grifou-se.

RAFAEL RODGRIGUES, brasileiro, solteiro, estudante, portador do RG n 2264921 SSP/PI, inscrito no CPF sob o n 999.738.043-68, residente e domiciliado na Av. Senador Helvidio Nunes, n 1180, bairro Catavento, na cidade de Picos PI, vm, respeitosamente por meio deste procurador constitudo (doc. Anexo), com endereo para notificaes de praxe na Av. Miguel Rosa, n 6120, bairro Macaba, nesta cidade de Teresina PI, impetrar

MANDADO DE SEGURANA c/ Pedido de Liminar inaudita altera pars

Contra ato manifestamente ilegal do PRESIDENTE DA COMISSO ORGANIZADORA DE CONCURSO PBLICO DO NUCEPE (NUCLEO DE CONCURSOS E PROMOO DE EVENTOS), com endereo na Rua Joo Cabral, n 2231, bairro Piraj, CEP 64.002-150, na cidade de Teresina - PI, localizado na Rua C, pelos motivos de fato e de direito a seguir aduzidosDA JUSTIA GRATUITAO peticionrio estudante, desempregado, pessoa de baixa renda e, desta forma, no rene condies de arcar com as despesas processuais da presente demanda sem o prejuzo em seu sustento de sua famlia.Por este motivo, requer sejam concedidos os benefcios da JUSTIA GRATUITA, na forma da lei, eis que a prpria peticionaria, em declarao, j postula tal benefcio.Assistncia Judiciria Gratuita. Pedido. Requisito. Prazo." suficiente a simples afirmao do estado de pobreza para obteno do benefcio da justia gratuita. O pedido de assistncia judiciria pode ser formulado em qualquer fase do processo." (STJ Rec. Esp. 174.538 SP Rel. Min. Garcia Vieira J. em 08/09/98 DJ de 26.10.98).

1- DOS FATOSO Impetrante prestou Concurso Pblico para Admisso no Curso de Formao de Soldados da Polcia Militar do Estado do Piau, realizado no dia 23 de fevereiro de 2014.O gabarito preliminar foi disponibilizado dia 25 de fevereiro de 2014, e ao fazer a correo da prova, o impetrante identificou que as questes 55 e 57 foram elaboradas de forma errnea, mais precisamente, a questo 55 havia dubiedade de respostas e a 57 sugeria como alternativa correta uma afirmao absurda, contrariando todos os princpios norteadores do direito e da sociedade civilizada.Trata-se de erro grosseiro! No concordando com o gabarito das duas questes, o impetrante entrou com recurso administrativo, dentro do prazo, ou seja, no dia 26 de fevereiro de 2014. Vide itens 6.3 e 6.5 do edital.Ocorre, Exa., que conforme o cronograma do certame (doc. Anexo) quase um ms aps o protocolo feito pelo impetrante, no dia 24 de maro de 2014, ainda assim, no houve resposta do impetrado, ou seja, sequer foram analisadas pela autoridade coatora as questes 55 e 57.De acordo com o Edital (doc. anexo), no ponto 5.3.1, ser classificado para a 2 etapa (exames de Sade) o candidato que, cumulativamente, alcanar pontuao igual ou superior a 60% do total de pontos da Prova Objetiva, Obtiver, no mnimo, 50 % do total de pontos de cada uma das matrias, e que, estiver dentro do limite de 02 (duas) vezes o nmero de vagas. Na primeira publicao do gabarito, houve um enorme equvoco da Comisso que, aps inmeros recursos anulou diversas questes (doc. Anexo), contudo as de n 55 e 57 no foram anuladas, mesmo diante do erro grosseiro que vicia as mesmas. Na questo 55 o gabarito definitivo deu como correta a alternativa B, j na questo 57 considera como correta a alternativa E.Em que pese o saber jurdico da Comisso do Concurso, a questo 55 praticamente transcreve literalmente o art. 144 da Constituio Federal.Alm disso, existem duas alternativas que so transcries ad litteram da Constituio Federal, o que d ensejo anulao da presente questo.Cada questo que est sendo impugnada pelo impetrante tem peso 02(dois), pois se trata de conhecimentos especficos conforme consta no edital (doc. Anexo). Embora o desempenho do impetrante seja bem maior que 60% (sessenta) por cento, conforme exigido no edital, a nota de corte para os classificados na lotao do requerente, ou seja, 7 BPM em Corrente, Inscrio: 015448), foi de 52 (cinquenta e dois) pontos, sendo que o impetrante fez 51 (cinquenta e um) pontos. O desempenho do impetrante consta em anexo, bem como a notas de corte para a lotao do mesmo.Nota-se que o impetrante foi visivelmente prejudicado pela m elaborao das questes 55 e 57 do certame.Com uma anulao de pelo menos uma questo das que esto sendo impugnadas j suficiente para que o mesmo participe da segunda fase do certame (houve 09 candidatos empatados na ltima posio com 52 pontos), sendo que os mesmo fez 51 (cinquenta e um pontos) e cada questo especfica valem 02(dois) pontos. A anulao das questes ora impugnadas era dada como certa por todos os candidatos, posto que no se tratava de discusso doutrinria ou jurisprudencial. A alternativa que d ensejo anulao uma transcrio literal da Constituio Federal de 1998.

A questo 55 sugeria mais de uma alternativa como resposta verdadeira, alm do que, considerar como verdadeira a letra B seria o mesmo que negar validade Constituio, lei suprema, que d embasamento a todo o ordenamento jurdico ptrio.

Urge salientar que os Impetrante ingressou com Recurso Administrativo aos 26 de fevereiro de 2014, dentro do prazo do cronograma, inconformado com o fato de as questes 55 e cinquenta e 57 no terem sido sanadas de ofcio.No obstante, aps quase um ms da interposio administrativa do recurso, foi publicada no dia 24 de maro de 2014 a resposta ao recurso, sem, contudo ser apreciadas e/ou sanados os erros das questes 55 e 57.

No dia seguinte, o Impetrante recebeu a impugnao ao seu recurso, e veio pessoalmente da cidade de Picos - PI tratar do assunto. Mesmo no sendo publicada no dirio oficial, fez questo de ir pessoalmente falar com os responsveis e tentar obter resposta. Fora informado que a questo estava correta.Com a mxima vnia, a resposta apresentada ao recurso foi um atentado inteligncia de qualquer jurista (inclusive, com todo o respeito aos examinadores, no necessrio ser operador do direito para perceber o equvoco).O edital claro quanto nulidade da questo na hiptese de existirem duas questes corretas, item 6.5 do edital. Ademais, a existncia de duas opes corretas confundiu muitos candidatos do certame, posto que deu margem inclusive ao preenchimento de outras respostas, ainda mais numa questo que envolvia entes federativos diversos.Apenas para ressaltar o prejuzo do candidato, vale mencionar que o item 6.5 do Edital prescreve:Se o exame dos recursos resultar anulao de questo, os pontos a esta correspondentes sero atribudos a todos os a todos os candidatos que prestaram as provas, independentemente da autoria da formulao do recurso.No caso em tela, o candidato receber 02 (dois) pontos por cada questo anulada, visto que trata-se de questes de conhecimentos especficos e tem peso 02(dois).

Vejamos as questes eivadas de vcio:

Questo 5555. Com relao misso institucional das Polcias centrada na prestao do servio pblico, assinale a alternativa correta. A) A segurana um servio pblico a ser prestado pela Unio e pelo Estado. B) A segurana um servio pblico a ser prestado apenas pelo Estado. (assinalada pelo gabarito oficial como sendo a correta)C) O cidado no o destinatrio desse servio. D) A funo da atividade policial no gerar coeso social. E) O combate militar substitudo pela preveno, pela integrao com polticas sociais, por medidas administrativas de reduo dos riscos e pela nfase na represso criminal.

A banca organizadora do concurso divulgou como correta a alternativa B, onde diz que a segurana um servio pblico prestado apenas pelo Estado. Contudo o artigo 144 da Constituio Federal diz: A constituio Federal de 1988 no seu artigo 144 trata da segurana pblica, onde diz:Art. 144.A segurana pblica, dever do Estado, direito e responsabilidade de todos, exercida para a preservao da ordem pblica e da incolumidade das pessoas e do patrimnio, atravs dos seguintes rgos:I- polcia federal;II- polcia rodoviria federal;III- polcia ferroviria federal;IV- polcias civis;V- polcias militares e corpos de bombeiros militares. 1A polcia federal, instituda por lei como rgo permanente, organizado e mantido pela Unio e estruturado em carreira, destina-se a: (Redao dada pela Emenda Constitucional n 19, de 1998) (...) grifou-se

Portanto ao analisarmos o artigo 144 da constituio Federal, percebemos que o Estado no o nico responsvel pela segurana pblica e que a palavra apenas no enunciado da questo restringe para o este o nico responsvel para prestar a segurana pblica, sendo que um equivoco, haja vista que no mbito da Unio temos a Polcia Federal, Polcia Rodoviria Federal e Polcia Ferroviria Federal, no mbito Estadual temos a Polcia Civil, Polcia Militar e Corpo de Bombeiro Militar e que os municpios tambm podero constituir guardas municipais para proteo de seus bens, servios e instalaes.

Nota-se claramente que a questo da prova encontra-se com erro e que a mesma no foi anulada pela banca organizadora, o que prejudicou o impetrante bem como diversos candidatos que prestaram o concurso.

Agora, vejamos a questo 57:57. Quais os principais pontos de atrito existentes entre as organizaes policiais na sociedade brasileira? A) Atualmente, no Brasil, h duas Polcias por estado, quatro Polcias da Unio, mais uma srie de Guardas Municipais. B) Atualmente, no Brasil, h duas Polcias por estado, cinco Polcias da Unio, mais uma srie de Guardas Municipais. C) Atualmente, no Brasil, h duas Polcias por estado, duas Polcias da Unio, mais uma srie de Guardas Municipais. D) A estrutura do sistema de policiamento brasileiro, multiplamente descoordenado e descentralizado, se alterou ao longo do tempo. E) A estrutura do sistema de policiamento brasileiro, multiplamente descoordenado e descentralizado, no se alterou ao longo do tempo. (assinalada no gabarito oficial como correta).

Ora, Excelncia, A banca organizadora divulgou no gabarito como certa a alternativa E, sendo que a que mais se encaixa como certa to somente a alternativa D, pois ao longo do tempo a polcia mudou muito, tendo em vista que aps a constituio de 1988 a polcia deixou de ser truculenta, passando a ser mais comunitria e se aproximando mais do cidado, no intuito de promover a paz social e deixar para trs aquela polcia outrora linha dura e truculenta que teve suas razes na ditadura militar. Exemplo de toda essa alterao na polcia, temos a criao da polcia comunitria, do PROERD (OPrograma Educacional de Resistncia s Drogas e Violncia) que foi inspirado da Polcia de Los Angeles EUA, chegando ao Brasil primeiramente na Polcia Militar do Rio de janeiro e desde 2002 j se encontra em todos os estados brasileiros, tendo como objetivo ensinar as crianas do quinto ao stimo ano ficarem longe das drogas, onde um policial militar fardado ministra aulas nas pblicas e particulares. sabido tambm que em 2004 atravs do Decreto 5289-2004 foi criado a Fora Nacional de Segurana Pblica pelo governo federal, um programa de cooperao deSegurana Pblicabrasileiro, coordenado pela Secretaria Nacional de Segurana Pblica (SENASP), doMinistrio da Justia(MJ). um rgo que foi criado durante a gesto do PresidenteLuiz Incio Lula da Silva, idealizado pelo Ministro da JustiaMrcio Thomaz Bastos. A fora nacional composta por policiais militares e bombeiros militares dos todos os estados brasileiros, que tem misso de manter a ordem e a paz social em todo territrio nacional. um claro exemplo de coordenao e evoluo, mudana.Ora, at uma rocha muda ao longo do tempo, imagine uma instituio que exige mudanas dirias com a finalidade de acompanhar a evoluo social, bem como a nossa legislao ptria. notrio tambm a criao de das UPPs (Unidade de Polcia pacificadora) situada no estado do Rio de Janeiro uma forma de policiamento implantado nas favelas do Rio, que tem o objetivo de expulsar o trfico e mantar a paz construindo sua unidade no meio do morro que outrora era dominado pelo crime organizado. perceptvel a mudana a qual as policias tm se submetido ao longo do tempo. Tal erro crasso cometido pela banca examinadora, mais uma vez prejudicou os impetrantes, podendo at mesmo ter colocado dentre os classificados pessoas que no tem capacidade para tal, uma vez que alcanaram classificao em virtude da marcao de alternativa visivelmente incorreta. Portanto, infelizmente, no caso em comento, a via mandamental foi o nico meio processual adequado para reparar a leso ao direito do Impetrante, haja vista o silncio do recurso administrativo.

2 - DO DIREITO

bem de ver que no se argui neste mandamus a violao a normas do edital, como, por exemplo, a formulao de questes em desacordo com o contedo programtico, mas apenas a eventual incorreo do gabarito oficial.

Cuida-se de questionamento contra o gabarito apresentado pela banca do concurso em relao as questes 55 e 57 de maneira a configurar erro grosseiro.

No se trata, in casu, de reavaliao pelo Poder Judicirio de gabarito de questo em concurso pblico quando h controvrsia quanto ao tema. Na hiptese dos autos, se est diante de erro grosseiro, na medida em que as respostas consideradas como verdadeiras pela banca so sabidamente incorretas e/ou dbias, configurando erro grosseiro o gabarito que considera o contrrio. No se aplica, assim, por inadequada ao caso dos autos, a jurisprudncia pacfica de que o Poder Judicirio no deve atuar como rgo revisor de concurso pblico, sob pena de, em caso de omisso, causar danos irreparveis e irreversveis aos impetrantes.

Havendo flagrante ilegalidade resultante do erro grosseiro no gabarito da questo do concurso, est o Poder Judicirio autorizado a anular a questo impugnada.

O cotejo do edital do concurso pblico com o caderno de questes, o gabarito oficial definitivo, o espelho da folha de respostas do Impetrante e a relao nominal de aprovados na primeira etapa demonstram que a anulao das questes impugnadas, com a consequente atribuio da pontuao respectiva ao Impetrante, poderiam autoriz-lo a prestar a segunda fase do certame, pois alcanaria a pontuao mnima exigida pelas regras editalcias.

As alegaes do Impetrante demonstram que o tema merece apreciao em sede de cognio exauriente, porquanto relacionadas com o mrito do writ. Por outro lado, caracterizasse a possibilidade de leso irreparvel, autorizativa da concesso do provimento de urgncia.

Destarte, afiguram-se presentes, si et in quantum, os requisitos para a medida liminar, de modo a que no perea o eventual direito.

Segunda a eminente professora Maria Sylvia Zanella Di Pietro:

a anulao pode ser feita pela Administrao Pblica, com base no seu poder de autotutela sobre os prprios atos, conforme entendimento j consagrado pelo STF por meio das Smulas nmeros 346 e 473. Pela primeira, a Administrao Pblica pode declarar a nulidade de seus prprios atos; e nos termos da segunda, a Administrao pode anular seus prprios atos, quando eivados de vcios que os tornem ilegais, porque deles no se originam direitos, ou revog-los, por motivos de convenincia ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos e ressalvada, em todos os casos, a apreciao judicial (Direito Administrativo, 19 Edio, 2006, Editora Atlas, So Paulo, pg. 243, grifou-se)

A ilustre professora da USP continua sua lio explanando que a anulao pode tambm ser feita pelo Poder Judicirio, mediante provocao dos interessados, que podero utilizar, para esse fim, quer as aes ordinrias e especiais previstas na legislao, processual, quer os remdios constitucionais de controle judicial da Administrao Pblica

Em outro captulo da mesma obra, a Autora aduz que se o recurso administrativo no tiver efeito suspensivo, nada impede a propositura concomitante do mandado, consoante decorre do artigo 5, I, da Lei n 1533/51 (Direito Administrativo, 19 Edio, 2006, Editora Atlas, So Paulo, pg. 738)

Celso Antnio Bandeira de Mello, emrito professor da Pontificia Universidade Catlica de So Paulo, no foge a este raciocnio. Ainda ressalta, de maneira brilhante, que , pois, precisamente em casos que comportam discrio administrativa que o socorro do Judicirio ganha foros de remdio mais valioso, mais ambicionada e mais necessrio para os jurisdicionados, j que a pronncia representa a garantia ltima para conteno do administrador dentro dos limites de liberdade efetivamente conferidos pelo sistema normativo (Curso de Direito Administrativo, 25 Edio, 2008, Editora Malheiros, So Paulo, pg. 976, grifou-se)

A esse propsito, insta trazer baila os dizeres do saudoso professor e magistrado Hely Lopes Meirelles que assevera: A nulidade, todavia, deve ser reconhecida e proclamada pela Administrao ou pelo Judicirio, no sendo permitido ao particular negar exeqibilidade ao ato administrativo, ainda que nulo, enquanto no for regularmente declarada sua invalidade, mas essa declarao opera extunc, isto , retroage s suas origens e alcana todos os seus efeitos passados, presentes e futuros em relao s partes, s se admitindo exceo para com os terceiros de boa-f, sujeitos s suas conseqncias reflexas (Direito Administrativo Brasileiro, 34 Edio, 2008, Editora Malheiros, So Paulo, pg. 176, grifou-se)

Analisando o controle dos atos administrativos pelo poder judicirio, o grande administrativista dizia que todo ato administrativo, de qualquer autoridade ou Poder, para ser legtimo e operante, h que ser praticado em conformidade com a norma legal pertinente (princpio da legalidade), com a moral da instituio (princpio da moralidade), com a destinao pblica prpria (princpio da finalidade), com a divulgao oficial necessria (princpio da publicidade) e com presteza e rendimento funcional (princpio da eficincia). Faltando, contrariando ou desviando-se desses princpios bsicos, a Administrao Pblica vicia o ato, expondo-o a anulao por ela mesma ou pelo Poder Judicirio, se requerida pelo interessado. (Direito Administrativo Brasileiro, 34 Edio, 2008, Editora Malheiros, So Paulo, pg. 716, grifou-se).O Supremo Tribunal Federal, embora tivesse interpretao contrria concesso de segurana em casos anlogos a este, vem mudando seu posicionamento, conforme extrai-se o julgado abaixo:

Supremo Tribunal Federal

DJe 24/10/2012Inteiro Teor do Acrdo - Pgina 1 de 6628/08/2012 PRIMEIRA TURMAMANDADO DE SEGURANA 30.859 DISTRITO FEDERALRELATOR :MIN. LUIZ FUXIMPTE.(S) :JOAO RAPHAEL LIMAADV.(A/S) :JANAILMA KACIA FERREIRA LIMA DELGADOIMPDO.(A/S) :PROCURADOR-GERAL DA REPBLICAEMENTA: MANDADO DE SEGURANA. CONCURSO PBLICO. ANULAO DE QUESTES DA PROVA OBJETIVA. DEMONSTRAO DA INEXISTNCIA DE PREJUZO ORDEM DE CLASSIFICAO E AOS DEMAIS CANDIDATOS. PRINCPIO DA ISONOMIA OBSERVADO. LIQUIDEZ E CERTEZA DO DIREITO COMPROVADOS. PRETENSO DE ANULAO DAS QUESTES EM DECORRNCIA DE ERRO GROSSEIRO DE CONTEDO NO GABARITO OFICIAL. POSSIBILIDADE. CONCESSO PARCIAL DA SEGURANA1. A anulao, por via judicial, de questes de prova objetiva de concurso pblico, com vistas habilitao para participao em fase posterior do certame, pressupe a demonstrao de que o Impetrante estaria habilitado etapa seguinte caso essa anulao fosse estendida totalidade dos candidatos, merc dos princpios constitucionais da isonomia, da impessoalidade e da eficincia.2. O Poder Judicirio incompetente para, substituindo-se banca examinadora de concurso pblico, reexaminar o contedo das questes formuladas e os critrios de correo das provas, consoante pacificado na jurisprudncia do Supremo Tribunal Federal. Precedentes (v.g., MS 30433 AgR/DF, Rel. Min. GILMAR MENDES; AI 827001 AgR/RJ, Rel. Min. JOAQUIM BARBOSA; MS 27260/DF, Rel. Min. CARLOS BRITTO, Red. para o acrdo Min. CRMEN LCIA), ressalvadas as hipteses em que restar configurado, tal como in casu, o erro grosseiro no gabarito apresentado, porquanto caracterizada a ilegalidade do ato praticado pela Administrao Pblica.(...)4. Segurana concedida, em parte, tornando-se definitivos os efeitos das liminares deferidas.A C R D OVistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Ministros da Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal, sob a Presidncia do Senhor Ministro Dias Toffoli, na conformidade da ata de julgamento e das notas taquigrficas, por maioria de votos, em conceder, em parte, asegurana, nos termos do voto do Relator.Braslia, 28 de agosto de 2012.LUIZ FUX RelatorDocumento assinado digitalmente(Documento assinado digitalmente conforme MP n 2.200-2/2001 de 24/08/2001, que institui a Infraestrutura de chaves Pblicas Brasileira - ICP-Brasil. O documento pode ser acessado no endereo eletrnico http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/ sob o nmero 2677492.)

O Egrgio Tribunal de Justia do Estado de So Paulo vem decidindo pacificamente no sentido da possibilidade de anulao quando h resposta dplice em concurso pblico. Inclusive, afirma que o candidato sequer precisa ser beneficiado pelo resultado da anulao. Nesse passo, cabe mencionar importante deciso proferida pela Colenda Primeira Cmara de Direito Pblico:MANDADO DE SEGURANA. DECRETO DE NULIDADE DAS QUESTES QUE ADMITIAM RESPOSTA DPLICE EM CONCURSO PBLICO, PARA CONFORMAR O RESULTADO AOS TERMOS DO EDITAL. ALEGAO DA FAZENDA DE QUE A DECISO NO ALTERA A SITUAO DAS IMPETRANTE. IRRELEVNCIA. CORRETA APLICAO DA LEI. APELO DESPROVIDO (Apelao com reviso n 334.884-5/2-00, Relator: Renato Nalini)

Nesse rumo, o Superior Tribunal de Justia tambm possui o entendimento supracitado, cujo aresto pedimos vnia para trazer colao:

ADMINISTRATIVO. CONCURSO PBLICO. ANULAO DE QUESTO DE PROVA OBJETIVA PELO PODER JUDICIRIO. ERRO MATERIAL. POSSIBILIDADE. CARTER EXCEPCIONAL. PRECEDENTES. RECURSO ESPECIAL CONHECIDO E PROVIDO.1. O Superior Tribunal de Justia tem entendido que, na hiptese de erro material, considerado aquele perceptvel primo ictuoculi, de plano, sem maiores indagaes, pode o Poder Judicirio, excepcionalmente, declarar nula questo de prova objetiva de concurso pblico. Precedentes (RESP n 722586/MG, Rel. Min. Arnaldo Esteves Lima, 5 Turma, DJ 03.10.2005, p. 325, grifou-se)

Por derradeiro, mister transcrever, para fins de evitar quaisquer dvidas, outra judiciosa deciso proferida pelo Egrgio Tribunal de Justia do Estado de So Paulo, cuja transcrio segue, ipsis litteris:

MANDADO DE SEGURANA CONCURSO PBLICO CARGO DE PROCURADOR JUDICIAL I DEMONSTRADO DIREITO LQUIDO E CERTO SENTENA PROFERIDA NOS LIMITES DO PEDIDO CORREO DE QUESTO DE PROVA OBJETIVA PELO PODER JUDICIRIO POSSIBILIDADE EXISTNCIA DE ERRO MATERIAL EVIDENTE ALTERNATIVA ASSINALADA PELO CANDIDATO COM CORRESPONDNCIA EXPRESSA EM TEXTO DE LEI PRECEDENTES DO STJ SEGURANA CONCEDIDA EM PARTE SENTENA MANTIDA RECURSO IMPROVIDO ( Apelao Cvel com reviso n 417.847-5/9 00, Relator Leme de Campos) Ocorre, contudo, que, na hiptese aqui em discusso, conforme bem ressaltado pelo ilustre Ministro Marco Aurlio, trata-se de patente erro crasso. Confrontada com tal situao, a banca examinadora preferiu omitir-se, deixando de reconhecer a falha que repita-se salta aos olhos. Fechar os olhos a tal situao implica consagrar-se rematada injustia, ressaltando-se que todos os membros desta Primeira Turma reconheceram a realidade do equvoco constante do gabarito apresentado pela comisso do concurso. Essa lamentvel situao, retratada na exordial, caracteriza a violao de direito lquido e certo do impetrante que pode e deve ser amparada por meio da presente impetrao, sem que se perquira qual a situao dos demais candidatos que no se insurgiram contra o resultado das impugnaes s questes do certame. Ora MM. Juiz, sempre ocorrem ingerncias na anlise dos gabaritos oferecidos por bancas examinadoras de concursos pblicos, e em casos extremos impe-se a submisso apreciao judicial devendo ser enfrentado segundo suas peculiaridades, devendo ser concedida a pretendida segurana, destarte, em sede de medida liminar bem como sua convalidao posterior, por ser correta e legal. Por outro lado, quanto aos precedentes que h contrrios reviso judicial do mrito de questes de concurso pblico, verdade que cabe ao magistrado a aplicao da lei ao caso concreto, e que por vezes tm se baseado na concepo de discricionariedade e de mrito do ato como justificativa para a no interveno, invocando ainda a separao de poderes.Contudo, a ratio decidendi de alguns precedentes no se amolda no caso ora posto apreciao. preciso invocar o instituto oriundo da common law, denominado DISTINGUISHING, no se podendo aplicar sem reflexo tais precedentes ao caso que se prope, pois aqui o erro gritante, invencvel e, portanto, plenamente justificvel a interveno do judicirio, distinguindo-se os precedentes da presente situao.Alguns precedentes existentes, obviamente contrrios tese ora proposta, pressupem que haja margem de apreciao por parte da banca no contedo da questo, que exista a possibilidade de argumentao na defesa de uma questo impugnada. Tal no ocorre no caso que haja um erro gritante na questo, que no permite argumentao lgica para a sua manuteno.Pois bem, o caso que se apresenta no traz qualquer margem de apreciao, sendo fora de qualquer doutrina constitucionalista ou administrativa o contrrio seria combater, principalmente na questo 57, a lgica, o poder de raciocnio do ser humano. Manter tal situao denegar justia sob o argumento da discricionariedade administrativa, que nesta tica no teria limites, nem mesmo na razoabilidade, naquilo que claro e evidente, transformando o discricionrio e arbitrrio, assumindo o judicirio postura de expectador diante da violao da boa-f e da legtima expectativa dos cidados em face dos atos da administrao.(Ministro Luis Fux - MANDADO DE SEGURANA 30.859 DISTRITO FEDERAL) grifou-se

3-DO CABIMENTO DO MANDADO DO PEDIDO DE LIMINAR

In casu, ao no conhecer a nulidade das questes recorridas pelos Impetrantes, o Poder Pblico agiu em ntida arbitrariedade e ilegalidade, o que motiva a impetrao do presente mandamus.

Outrossim, o direito do Impetrante resta demonstrado de plano, por meio de prova preconstituda, independentemente de qualquer dilao probatria, com a simples constatao da existncia de duas respostas igualmente adequadas para a pergunta em apreo, sem que tal nulidade fosse reconhecida pelas autoridades coatoras.

Os dispositivos legais invocados so claros e no deixam dvidas sobre as alternativas corretas da questo e a necessidade da anulao. No que concerne ao cabimento da liminar, esto tambm evidenciados o fumus boni iuris e o periculum in mora, eis que a no concesso da liminar permitir a perda, pelo impetrante na participao da 2 fase do concurso (convocao para exames de sade), que j houve no dia 28 de maro de 2014, e at uma possvel homologao do concurso (ainda mais se tratando de ano eleitoral em que h um perodo legal para as homologaes), prejudicando o impetrante de forma irreparvel. Alis, no se trata de violao ao direito lquido e certo apenas dos candidatos. Trata-se de direito lquido e certo de toda a coletividade, haja vista o interesse pblico do certame e o dever de todo administrado zelar pela observncia dos Princpios da Administrao Pblica.4 DO PEDIDOAnte o exposto, requer Vossa Excelncia:a) Recebendo a presente e admitindo o seu processamento, deferir-lhe, liminarmente, o mandamus, inaudita autera pars, para o fim de assegurar o direito lquido e certo do Impetrante, determinando a convocao de Rafael Rodrigues, inscrio: 0015448 com lotao no 7 BPM Corrente - PI, para a 2 fase do concurso (convocao para apresentao de exames de sade) com tempo razovel para a realizao dos mesmos pelo impetrante, sem prejuzo convocao dos candidatos j feita.b) A concesso da segurana em definitivo, declarando-se ilegal o ato impugnado, anulando-se as questes de nmero 55 e 57 e convocando-se os candidatos que se beneficiarem da anulao.c) A notificao da autoridade impetrada para que, querendo, ofeream as suas razes (informaes) no prazo legal.

d) A notificao do Ilustre Membro do Ministrio Pblico.

e) A concesso dos benefcios da Justia Gratuita, por ser pobre na acepo jurdica do termo. Protesta provar o alegado por todos os meios de provas admitidas em Direito. D-se presente, para fins fiscais, o valor de R$ 1.448,00 (Hum mil quatrocentos e quarenta e oito reais).Nesses termos,pede deferimento.Teresina (PI), 07 de abril de 2014.

JOO WENNY BARROS GONALVESADVOGADO OAB/PI 8.465

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