mamferos e aves de grande porte do parque estadual ilha do

176
ABUNDÂNCIA, DENSIDADE E TAMANHO POPULACIONAL DE AVES E MAMÍFEROS CINEGÉTICOS NO PARQUE ESTADUAL ILHA DO CARDOSO, SP, BRASIL CHRISTINE STEINER SÃO BERNARDO Dissertação apresentada à Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz”, Universidade de São Paulo, para obtenção do título de Mestre em Ecologia de Agroecossistemas. PIRACICABA Estado de São Paulo - Brasil Outubro - 2004

Upload: lynhu

Post on 07-Jan-2017

221 views

Category:

Documents


3 download

TRANSCRIPT

Page 1: mamferos e aves de grande porte do parque estadual ilha do

ABUNDÂNCIA, DENSIDADE E TAMANHO POPULACIONAL DE

AVES E MAMÍFEROS CINEGÉTICOS NO PARQUE ESTADUAL

ILHA DO CARDOSO, SP, BRASIL

CHRISTINE STEINER SÃO BERNARDO

Dissertação apresentada à Escola Superior de Agricultura

Luiz de Queiroz”, Universidade de São Paulo, para

obtenção do título de Mestre em Ecologia de

Agroecossistemas.

P I R A C I C A B A

Estado de São Paulo - Brasil

Outubro - 2004

Page 2: mamferos e aves de grande porte do parque estadual ilha do

ABUNDÂNCIA, DENSIDADE E TAMANHO POPULACIONAL DE

AVES E MAMÍFEROS CINEGÉTICOS NO PARQUE ESTADUAL

ILHA DO CARDOSO, SP, BRASIL

CHRISTINE STEINER SÃO BERNARDO Bacharel em Ciências Biológicas

Orientador: Prof. Dr. MAURO GALETTI RODRIGUES

Dissertação apresentada à Escola Superior de Agricultura

Luiz de Queiroz”, Universidade de São Paulo, para

obtenção do título de Mestre em Ecologia de

Agroecossistemas.

P I R A C I C A B A

Estado de São Paulo - Brasil

Outubro - 2004

Page 3: mamferos e aves de grande porte do parque estadual ilha do

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)

DIVISÃO DE BIBLIOTECA E DOCUMENTAÇÃO - ESALQ/USP

Bernardo, Christine Steiner São Abundância, densidade e tamanho populacional de aves e mamíferos cinegéticos no

Parque Estadual Ilha do Cardoso , SP, Brasil / Christine Steiner São Bernardo. - - Piracicaba, 2004.

152 p. : il.

Dissertação (Mestrado) - - Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, 2004. Bibliografia. Entrada de sobrenome de acordo com a forma de preferência do autor.

1. Área de conservação 2. Aves 3. Caça 4. Densidade populacional 5. Ilha do Cardoso 6. Mamíferos 7. Parques estaduais 8. Proteção ambiental I. Título

CDD 639.9

“Permitida a cópia total ou parcial deste documento, desde que citada a fonte – O autor”

Page 4: mamferos e aves de grande porte do parque estadual ilha do

“ B L I N D N E S S T O R E A L I T Y

I S D A N G E R O U S ”

(G.B. SCHALLER, 2000)

Page 5: mamferos e aves de grande porte do parque estadual ilha do

AGRADECIMENTOS

Tenho a sorte de ter uma família bastante compreensiva e que tornou possível a

realização dessa dissertação de mestrado, mesmo sem auxílio de bolsa de estudo...

Minha estadia em Piracicaba, ainda que curta, foi bem proveitosa e contribuiu para

enriquecer meus conhecimentos. Muito obrigada a meu pai Fred, a minha mãe Nani,

minha irmã Camila e Babi.

Ao Prof. Mauro Galetti, pelo incentivo com a realização do trabalho de campo,

pelas idéias que ajudaram muito na elaboração da dissertação e por ter me concedido

uma oportunidade de fazer pós-graduação em uma instituição pública e reconhecida.

Agradeço aos professores Carlos A. Vettorazzi, Ariovaldo da Cruz Neto e

Adriano Chiarello pelas orientações, instruções, dicas, críticas e comentários que

ajudaram muito na elaboração desse trabalho. Agradeço também ao Roberto Azeredo

pelos dados fornecidos sobre jacutingas e ao Daniel Brito pela imensa ajuda na

utilização da análise de viabilidade de populações.

A todos os funcionários do Parque Estadual Ilha do Cardoso (PEIC), em especial

ao Seu Romeu, Lair e Nanque, sempre prestativos. Ao Instituto Florestal pela

autorização em coletar dados no PEIC e ao responsável pela administração do parque,

Marcos Campolim, que apoiou o longo trabalho de campo, tornando a pesquisa viável

mesmo em locais de difícil acesso.

Meu especial agradecimento aos “anfitriões” que, com uma simplicidade

inesquecível, tornaram minha estadia muito agradável no PEIC: Cláudio, Jucira,

Luizinho, D. Maria, Pepa, Seu Chico, Seu Zé Muniz, Seu João Cardoso, D. Ernestina,

Zilda e Antônio Neves. A todos que me auxiliaram no reconhecimento da área, abertura

das trilhas e transporte: Cláudio, Neca, Seu Japão, Claudinei, Seu Zé Cordeiro, Cláudio

Page 6: mamferos e aves de grande porte do parque estadual ilha do

v

Bernardo, Juninho, Seu Roberto, Adevanir, Ayres, Vica, Jorge e a todos os outros

guarda – parque da ilha.

Ao José Vicente E. Bernardi, que mostrou-me a maior parte da ilha e

disponibilizou muitas informações e mapas digitalizados do PEIC e Rodrigo Castro pela

companhia na cabana e informações sobre a vegetação. Os tantos quilômetros

percorridos nos censos só foram possíveis graças a minha companheira de campo,

Camila I. Donatti. Ao Renato M. Marques pela ajuda com o programa Distance e pela

troca de informações sobre o complexo quebra-cabeça das análises de estrutura da

vegetação, com opiniões valiosas também de Denis C. Briani e Paulo Miúdo.

Às estagiárias que me ajudaram a coletar os dados de vegetação, suportaram os

perrengues da Mata Atlântica e dividiram as mutucas, os micuins e os carrapatos

comigo: Carol Denzin, Marcela, Carla, Cristiane e Fabiana.

Agradeço a ajuda disponibilizada pela Roberta e Jesuíno Ferrari do Depto. de

Engenharia Rural- ESALQ/USP. Ao Departamento de Ecologia- UNESP- Rio Claro, em

especial ao Sérgio e Carlos que me transportavam até Cananéia com admirável boa

vontade e humor. À secretária do curso de PPGI- EA- ESALQ/USP, Regina Freitas, pela

ajuda com a burocracia e à Silvia da Biblioteca Central da ESALQ/ USP pela imensa

ajuda nas normas de estruturação da dissertação.

Ao meu namorado Pedro por ter me ajudado e acompanhado na maior parte do

trabalho de campo, pela paciência em explicar análises estatísticas, pelas opiniões

valiosas durante a elaboração dessa dissertação, pela inspiração e pela perfeita

companhia...

Por fim, sem esses apoios financeiros e logísticos minhas saídas de campo não

teriam sido possíveis: Idea Wild, Fundação O Boticário de Proteção à Natureza

(4892001-1) e FAPESP (Biota n. 0114/00463-5).

Page 7: mamferos e aves de grande porte do parque estadual ilha do

SUMÁRIO

LISTA DE FIGURAS.........................................................................................

LISTA DE TABELAS........................................................................................

RESUMO............................................................................................................

SUMMARY........................................................................................................

1 INTRODUÇÃO...............................................................................................

2 REVISÃO DE LITERATURA........................................................................

2.1 A situação das Unidades de Conservação brasileiras...................................

2.2 Populações humanas no interior de áreas protegidas brasileiras..................

2.3 Pessoas x áreas protegidas: uma polêmica mundial.....................................

2.4 A caça em áreas protegidas brasileiras.........................................................

3 FATORES QUE AFETAM A OCORRÊNCIA E A ABUNDÂNCIA DE

AVES E MAMÍFEROS CINEGÉTICOS DA ILHA DO CARDOSO

(CANANÉIA, SP, BRASIL)..............................................................................

Resumo...............................................................................................................

Summary.............................................................................................................

3.1 Introdução.....................................................................................................

3.2 Revisão de Literatura....................................................................................

3.2.1 Censo de aves e mamíferos na Mata Atlântica..........................................

3.2.2 Fatores que afetam a ocorrência de espécies.............................................

3.3 Material e Métodos.......................................................................................

3.3.1 Área de estudo...........................................................................................

3.3.2 Abundância e ocorrência de aves e mamíferos cinegéticos.......................

3.3.3 Disponibilidade de frutos...........................................................................

Página

ix

xiii

xvi

xviii

1

3

3

4

7

9

11

11

13

15

17

17

18

21

21

27

29

Page 8: mamferos e aves de grande porte do parque estadual ilha do

vii

3.3.4 Estrutura da vegetação..............................................................................

3.3.5 Impacto antrópico......................................................................................

3.4 Resultados.....................................................................................................

3.4.1 Abundância e ocorrência de aves e mamíferos cinegéticos.......................

3.4.2 Disponibilidade de frutos...........................................................................

3.4.3 Estrutura da vegetação...............................................................................

3.4.4 Impacto antrópico......................................................................................

3.5 Discussão......................................................................................................

3.5.1 Abundância e ocorrência de aves e mamíferos cinegéticos.......................

3.5.2 Disponibilidade de frutos...........................................................................

3.5.3 Estrutura da vegetação...............................................................................

3.5.4 Impacto antrópico......................................................................................

3.6 Conclusões....................................................................................................

4 DENSIDADE E TAMANHO POPULACIONAL DE AVES E

MAMÍFEROS CINEGÉTICOS NA ILHA DO CARDOSO, SP,

BRASIL..............................................................................................................

Resumo...............................................................................................................

Summary.............................................................................................................

4.1 Introdução.....................................................................................................

4.2 Revisão de Literatura....................................................................................

4.3 Material e Métodos.......................................................................................

4.3.1 Área de estudo...........................................................................................

4.3.2 Coleta de dados..........................................................................................

4.3.3 Análise dos dados......................................................................................

4.4 Resultados.....................................................................................................

4.5 Discussão......................................................................................................

4.5.1 Acurácia das estimativas de densidade e de tamanho populacional..........

4.5.2 Densidade populacional, dieta e tamanho corpóreo das espécies..............

4.5.3 Comparação com outras áreas de Mata Atlântica......................................

Página

30

32

33

33

43

46

48

54

54

56

59

60

63

64

64

65

66

68

70

70

71

72

74

78

78

79

80

Page 9: mamferos e aves de grande porte do parque estadual ilha do

viii

4.5.4 Tamanho das populações de aves e mamíferos cinegéticos do PEIC.......

4.6 Conclusões....................................................................................................

5 EFEITO DA CAÇA NA VIABILIDADE DA POPULAÇÃO DE

JACUTINGAS (Pipile jacutinga) NA ILHA DO CARDOSO, SP, BRASIL...

Resumo...............................................................................................................

Summary.............................................................................................................

5.1 Introdução.....................................................................................................

5.2 Revisão de Literatura....................................................................................

5.2.1 A jacutinga (Pipile jacutinga) ..................................................................

5.2.2 Análise da viabilidade de populações........................................................

5.3 Material e Métodos.......................................................................................

5.3.1 Área de estudo...........................................................................................

5.3.2 Estimativa do tamanho populacional de jacutingas no PEIC....................

5.3.3 Cenário-base da AVP de jacutingas no PEIC..........................................

5.3.4 Parâmetros cujos valores são desconhecidos.............................................

5.3.5 Cenários alternativos.................................................................................

5.4 Resultados.....................................................................................................

5.4.1 Estimativa do tamanho populacional de jacutingas no PEIC....................

5.4.2 Análise da viabilidade da população de jacutingas...................................

5.5 Discussão......................................................................................................

5.6 Conclusões....................................................................................................

6 CONCLUSÕES GERAIS................................................................................

ANEXOS............................................................................................................

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...............................................................

Página

82

84

85

85

87

89

90

90

91

94

94

95

96

98

99

101

101

103

112

115

116

117

133

Page 10: mamferos e aves de grande porte do parque estadual ilha do

LISTA DE FIGURAS

1 Localização e situação fundiária das aldeias Guarani localizadas no

Estado de São Paulo, Rio de Janeiro e Paraná..............................................

2 Localização do Parque Estadual Ilha do Cardoso.........................................

3 Localização das trilhas percorridas durante o estudo, aldeia dos Guarani

Mbya, comunidades de caiçaras e sede do PEIC (núcleo Perequê).............

4 Aves cinegéticas registradas na Ilha do Cardoso durante o estudo...............

5 Mapa de ocorrência das aves cinegéticas no PEIC (avistamentos e

vocalizações).................................................................................................

6 Mamíferos cinegéticos registrados na Ilha do Cardoso durante o estudo......

7 Mapa de ocorrência de mamíferos cinegéticos no PEIC (avistamentos,

vocalizações e pegadas)................................................................................

8 Dados absolutos de avistamentos/ hora de mamíferos e aves registrados

no PEIC durante o estudo, em diferentes períodos do dia............................

9 Mapa de evidências de caça no PEIC encontradas durante o estudo...........

Página

7

23

26

35

36

37

39

40

50

Page 11: mamferos e aves de grande porte do parque estadual ilha do

x

10 Uma das “esperas ou trepeiros” encontradas na parte leste do PEIC

(Cambriú), dado englobado na categoria “armadilhas”................................

11 Cartucho de bala encontrado na parte nordoeste do PEIC, dado

englobado na categoria “tiros ouvidos”........................................................

12 Desenho esquemático do mundéu encontrado na parte nordoeste do PEIC,

dado englobado na categoria “armadilhas” .................................................

13 Distribuição da freqüência do número de avistamentos das espécies de

aves e mamíferos, cuja densidade foi estimada, com base em três classes

de distâncias perpendiculares, representadas em intervalos de 10

metros...........................................................................................................

14 Mapa de ocorrência de jacutingas (Pipile jacutinga) no PEIC

(avistamentos e vocalizações).......................................................................

15 Trajetória do tamanho da população de jacutingas no PEIC, ao longo de

um período de 100 anos, considerando-se o cenário-base e a população

inicial de (a) 203 indivíduos; (b) 234 indivíduos; (c) 304

indivíduos.....................................................................................................

16 Trajetória do tamanho da população de jacutingas no PEIC, ao longo de

um período de 100 anos, considerando-se o cenário alternativo (k= 177

indivíduos) e a população inicial de (a) 203 indivíduos; (b) 234

indivíduos; (c) 304 indivíduos......................................................................

Página

51

51

52

76

102

104

105

Page 12: mamferos e aves de grande porte do parque estadual ilha do

xi

17 Trajetória do tamanho da população de jacutingas no PEIC, ao longo de

um período de 100 anos, considerando-se o cenário alternativo

(mortalidade anual = 20%) e a população inicial de (a) 203 indivíduos;

(b) 234 indivíduos; (c) 304 indivíduos.........................................................

18 Trajetória do tamanho da população de jacutingas no PEIC, ao longo de

um período de 100 anos, considerando-se o cenário alternativo (Ne=

44%) e a população inicial de (a) 203 indivíduos; (b) 234 indivíduos; (c)

304 indivíduos..............................................................................................

19 Trajetória do tamanho da população de jacutingas no PEIC, ao longo de

um período de 100 anos, considerando-se o cenário alternativo (Ne=

24%) e a população inicial de (a) 203 indivíduos; (b) 234 indivíduos; (c)

304 indivíduos..............................................................................................

Página

106

107

108

Page 13: mamferos e aves de grande porte do parque estadual ilha do

LISTA DE TABELAS

1 Animais caçados por caiçaras e índios Guarani Mbya no PEIC................

2 Descrição das trilhas percorridas em Floresta de Mata Atlântica do

PEIC...........................................................................................................

3 Espécies de aves e mamíferos cinegéticos avistados (av), vocalizações

(vo) ou aquelas cujas pegadas foram encontradas no PEIC durante o

estudo (pg).................................................................................................

4 Número de avistamentos e abundância (encontros/ 10km) das espécies

de mamíferos e aves cinegéticos encontrados no PEIC durante o

estudo.........................................................................................................

5 Abundância (encontros/ 10 km) das espécies de mamíferos e aves

cinegéticos encontrados nas distintas trilhas do PEIC (Cananéia, SP,

Brasil)........................................................................................................

6 Dados do censo realizado no PEIC, referentes às diferentes épocas do

ano..............................................................................................................

7 Informações sobre os frutos coletados no PEIC durante o

estudo.........................................................................................................

Página

27

29

34

40

42

43

44

Page 14: mamferos e aves de grande porte do parque estadual ilha do

xiii

8 Biomassa dos frutos (kg/ ha) da família Arecaceae coletados no PEIC

durante o estudo.........................................................................................

9 Resultados da Análise de Regressão Linear Simples (variável

dependente = abundância das espécies de aves e mamíferos em cada

trilha do PEIC; variável independente = riqueza de frutos em cada trilha

do PEIC)....................................................................................................

10 Resultados da Correlação de Spearman (associação entre as variáveis

Biomassa de frutos e Abundância das espécies de aves e mamíferos em

cada trilha do PEIC)...................................................................................

11 Valores atribuídos às variáveis preditoras na análise de Regressão

Logística Múltipla......................................................................................

12 Resultados da análise de Regressão Logística Múltipla (variável

dependente Y= presença/ ausência de aves no PEIC; variável X=

estrutura da vegetação)..............................................................................

13 Resultados da análise de Regressão Logística Múltipla (variável

dependente Y= presença/ ausência de mamíferos no PEIC; variável X=

estrutura da vegetação)..............................................................................

14 Informações sobre as evidências de caça no PEIC encontradas durante o

estudo.........................................................................................................

Página

44

45

46

46

47

48

52

Page 15: mamferos e aves de grande porte do parque estadual ilha do

xiv

15 Resultados da Regressão Logística Simples obtidos a partir dos dados

de ocorrência de mamíferos (variável dependente) e distância de

comunidades tradicionais (X1 = variável independente)....................................

16 Resultados da Regressão Logística Simples obtidos a partir dos dados de

ocorrência de aves (variável dependente) e distância de comunidades

tradicionais (X1 = variável independente).................................................

17 ESW (largura efetiva da área amostrada, em metros), coeficiente de

variação (CV), densidade populacional (nº de indivíduos/ km2) e N

(população total estimada no PEIC) calculados pelo DISTANCE 4.1,

massa corpórea (kg), biomassa (kg/ km2) e classificação da dieta das

espécies cinegéticas avistadas no PEIC.....................................................

18 Informações utilizadas no VORTEX 9.33 para a simulação da AVP de

jacutingas no PEIC.................................................................................

19 Valores não disponíveis na literatura que foram utilizados no cenário-

base de AVP de jacutingas no PEIC .........................................................

20 Valores utilizados nos cenários alternativos da AVP de jacutingas no

PEIC...........................................................................................................

21 Cenários de caça imaginados no PEIC, para a realização da análise de

viabilidade da população de jacutingas.....................................................

22 Probabilidade de extinção e tempo médio para extinção de jacutingas no

PEIC, considerando-se o cenário-base....................................................

Página

53

53

77

97

99

100

103

109

Page 16: mamferos e aves de grande porte do parque estadual ilha do

xv

23 Probabilidade de extinção e tempo médio para extinção de jacutingas no

PEIC, considerando-se o cenário alternativo (capacidade suporte=177

indivíduos).................................................................................................

24 Probabilidade de extinção e tempo médio para extinção de jacutingas no

PEIC, considerando-se o cenário alternativo (taxa de mortalidade

anual=20%)................................................................................................

25 Probabilidade de extinção e tempo médio para extinção de jacutingas no

PEIC, considerando-se o cenário alternativo (população efetiva=44%)...

26 Probabilidade de extinção e tempo médio para extinção de jacutingas no

PEIC, considerando-se o cenário alternativo (população efetiva=24%)...

Página

109

110

110

111

Page 17: mamferos e aves de grande porte do parque estadual ilha do

ABUNDÂNCIA, DENSIDADE E TAMANHO

POPULACIONAL DE AVES E MAMÍFEROS CINEGÉTICOS NO

PARQUE ESTADUAL ILHA DO CARDOSO, SP, BRASIL

Autora: CHRISTINE STEINER SÃO BERNARDO

Orientador: Prof. Dr. MAURO GALETTI

RESUMO

O principal objetivo desse trabalho foi obter o índice de abundância, a densidade

e o tamanho populacional de mamíferos e aves cinegéticos (preferencialmente caçados)

na Mata Atlântica do Parque Estadual Ilha do Cardoso (PEIC), através do método de

transecções lineares. Mapas de ocorrência das espécies foram gerados, bem como foram

testadas relações entre estrutura da vegetação e variáveis antrópicas com a abundância e

ocorrência das espécies. Foram percorridos 273,05 km em 13 trilhas distribuídas por

várias regiões do PEIC. Dentre as aves cinegéticas com maior densidade destacaram-se

o uru Odontophorus capueira (26,7 indivíduos/ km2), tucanos Ramphastos spp. (8,9

indivíduos/ km2) e jacú Penelope spp. (3,2 indivíduos/ km2). Dentre os mamíferos

cinegéticos, o bugio Alouatta guariba (8,9 indivíduos/ km2) e a cutia Dasyprocta

leporina (3,4 indivíduos/ km2) apresentaram maior densidade. A jacutinga é uma espécie

ameaçada de extinção no Brasil, com tamanho da população que varia entre 203 e 304

indivíduos. Esta é uma das aves caçadas ilegalmente no PEIC por caiçaras, índios

Guarani Mbya e pessoas provenientes do entorno do parque, não havendo conhecimento

de quantos animais são abatidos anualmente. Foi utilizado um tipo de análise de

Page 18: mamferos e aves de grande porte do parque estadual ilha do

xvii

viabilidade de populações, sendo possível predizer a probabilidade de extinção,

simulando-se diferentes cenários de caça no PEIC (ou seja, diferentes quantidades de

jacutingas caçadas por ano). O cenário-base considerado teve como principais

características uma baixa taxa de mortalidade anual (10%), capacidade suporte alta

(1770 indivíduos) e população efetiva alta (64%). Neste cenário, classificado como

otimista devido às características atribuídas, há probabilidade de jacutingas sofrerem

extinção local quando mais de 20% dos animais forem abatidos por ano. Contudo, no

cenário alternativo onde foi considerado uma capacidade suporte menor que a do

cenário-base (177 indivíduos), o dobro da taxa de mortalidade anual do cenário-base ou

uma população efetiva de 44%, a população de jacutingas só permanece na ilha se não

houver caça. Ao ser considerado uma população efetiva de 24%, há probabilidade de

extinção local mesmo se não houver caça, pois neste caso há tão poucos indivíduos aptos

a reprodução, que até mesmo efeitos estocásticos (ao acaso) causam a extinção local. Em

relação à disponibilidade de frutos, houve correlação entre biomassa de frutos e

abundância de queixadas (Tayassu pecari) (Rs= 0,56, p= 0,05). Macucos (Tinamus

solitarius) e catetos (Pecari tajacu) apresentaram maior abundância em locais com

maior riqueza de frutos (R2= 43,2%, p= 0,01 e R2= 25,5%, p= 0,05, respectivamente).

Através da análise de Regressão Logística, foi possível constatar que existiu cerca de

duas vezes mais chances de mamíferos ocorrerem em locais com maior densidade de

palmito juçara Euterpe edulis adulto e em lugares afastados de comunidades tradicionais

da Ilha do Cardoso. Os resultados demonstraram a importância de se proteger áreas que

ainda possuem alta densidade de palmitos juçara e grande produção e riqueza de frutos,

pois são fatores que contribuem para a ocorrência e abundância de muitas espécies de

aves e mamíferos cinegéticos. Além disso, este estudo forneceu embasamento empírico

para a polêmica questão do possível impacto das populações humanas na biodiversidade,

demonstrando-se que a presença de comunidades tradicionais em unidade de

conservação de uso indireto influenciou a ocorrência de mamíferos cinegéticos.

Page 19: mamferos e aves de grande porte do parque estadual ilha do

ABUNDANCE, DENSITY AND POPULATION SIZE OF

GAME MAMMALS AND BIRDS OF ILHA DO CARDOSO STATE

PARK, SP, BRAZIL

Author: CHRISTINE STEINER SÃO BERNARDO

Adviser: Prof. Dr. MAURO GALETTI

SUMMARY

The principal aim of this work was to estimate the abundance, density and

population size of game birds and mammals from the Atlantic rainforest at Ilha do

Cardoso State Park through linear transect methods. We made ocurrence maps and we

looked for relationships between environmental and anthropic variables and the

abundance and occurrence of species. The observations summed up to 273.05 Km of

transects at 13 trails at different regions in the park. Among the most abundant game

birds are the quails Odontophorus capueira (26.7 individuals/ km2), toucans Ramphastos

spp. (12.2 individuals/ km2) and guans Penelope spp. (3.2 individuals/ km2). Among the

game mammals, howler monkeys Alouatta guariba (8.9 individuals/ km2) and agoutis

Dasyprocta leporina (3.4 individuals/ km2) were the most abundant. Jacutinga is

threatened by extinction in Brazil and this species is represented by few individuals at

Ilha do Cardoso (minimum of 203 individuals and a maximum of 304 individuals). This

bird is ilegally hunted by local people and hunters that come from other neighbor cities,

and information about how many jacutingas are killed per year is unknown. So, we used

Page 20: mamferos e aves de grande porte do parque estadual ilha do

xix

a population viability analysis in order to predict probability of extinction, by simulating

different hunting scenarios at Ilha do Cardoso. The base-line scenario considered had

low annual mortality rates (10%), high carrying capacity (1770 individuals) and high

effective population size (64%). At this scenario, classified as optimistic, there is

probability of extinction if more than 20% of individuals are hunted per year. However,

if we consider a lower carrying capacity (k=177 individuals), a higher annual mortality

rate (20%) or an effective population size of 44%., jacutingas only remain in the island if

there is no poaching. Nevertheless, with an effective population size of 24% there is

probability of extinction even if there is no poaching, because there are so few

individuals constituting the population, that stochastic events cause local extinction. This

study indicates that conservation status of jacutingas is critical and poaching must be

controlled, in order to maintain this population in long term at Ilha do Cardoso State

Park. In relation to fruit disponibility, there were correlation between fruit biomass and

white-lipped peccaries (Tayassu pecari) (Rs= 0.56, p= 0.05). Tinamous (Tinamus

solitarius) and collared peccaries (Pecari tajacu) presented higher abundance in places

where fruit richness were higher (R2= 43.2%, p= 0.01 and R2= 25.5%, p= 0.05,

respectively). Through Logistic Regression we demonstrated that there was

approximately twice more chance of mammals to occur in places with high density of

adult palms Euterpe edulis and in places far from traditional communities at Ilha do

Cardoso. These results demonstrate the importance on protect areas that still have high

density of palm trees and high fruit production and fruit richness, because these are

factors which contribute to abundance and occurrence of many game birds and

mammals species. Indeed, this study provides scientific basis for the polemic subject

about the possible impacts caused by traditional population in local biodiversity, since

we have demonstrated that presence of traditional communities in protected areas

exerted influence upon occurrence of game mammals.

Page 21: mamferos e aves de grande porte do parque estadual ilha do

1 INTRODUÇÃO

Apesar de ainda ocorrer intensa devastação, a Mata Atlântica abriga 261 espécies

de mamíferos, sendo 73 endêmicos, além de apresentar cerca de 620 espécies de aves,

das quais 181 são endêmicas (Myers et al., 2000). Aves e mamíferos de grande porte

estão entre os mais vulneráveis à caça, perda de habitat, tráfico de animais e competição

por recursos com o homem, como a exploração ilegal de palmito juçara Euterpe edulis

(Redford, 1992; Galetti & Fernandez, 1998; Chiarello, 2000a; Cullen Jr. et al, 2001).

A abundância, a densidade e o tamanho populacional das espécies da fauna na

maioria dos remanescentes de Mata Atlântica são pouco conhecidos, o que torna difícil a

conservação dessas espécies (Chiarello, 2000a; Cullen Jr. et al, 2001).

Estudos relacionando a abundância e a ocorrência das espécies animais com

características da vegetação demonstraram que a estrutura da vegetação e a

disponibilidade de alimento determinaram a ocorrência e abundância das espécies

(Spironelo, 1991; Peres, 1997; Stevenson, 2001; Heiduck, 2002). A retirada de palmito

juçara afeta não somente a estrutura vegetal da mata, pela perda desses indivíduos e

destruição causada às outras espécies vegetais próximas, como também afeta a estrutura

da fauna local que se alimenta dos frutos do palmito juçara (Galetti & Aleixo, 1998;

Galetti & Fernandez, 1998).

As comunidades de mamíferos e aves frugívoras sofrem também com a pressão

da caça já que essa atividade, apesar de ilegal, continua sendo praticada de maneira

esportiva ou recreacional, e até mesmo profissional, na maioria das áreas de Mata

Atlântica (Chiarello, 2000a). Diversos estudos demonstraram mudanças na abundância

de espécies e alterações comportamentais de alguns animais devido à pressão da caça

(Peres, 1990; Kilgo et al., 1998; Hodges et al., 2000; Chiarello & Melo, 2001).

Page 22: mamferos e aves de grande porte do parque estadual ilha do

2

Este estudo foi realizado com o intuito de se obter a abundância, a densidade e o

tamanho populacional de aves e mamíferos cinegéticos no Parque Estadual Ilha do

Cardoso (Cananéia, SP, Brasil). Mapas dos registros das espécies foram produzidos, a

fim de permitir a visualização da ocorrência local de aves e mamíferos cinegéticos.

Foi considerado que diversos fatores poderiam influenciar a ocorrência de

mamíferos e aves de grande porte na Ilha do Cardoso, como a altura e o DAP (diâmetro

na altura do peito) das árvores, a cobertura do dossel, a biomassa de frutos, a riqueza de

espécies de frutos e a densidade de palmeiras adultas. Variáveis antrópicas, tais como a

distância entre o ponto de ocorrência das espécies e comunidades tradicionais são fatores

que também poderiam influenciar a ocorrência e a abundância das espécies cinegéticas

da ilha.

A jacutinga (Pipile jacutinga) é uma ave cinegética cuja maioria das informações

sobre a história natural são conhecidas (Sick, 1993; del Hoyo et al., 1994; Galetti et al.,

1997). Essas informações, aliadas ao tamanho populacional estimado neste estudo,

auxiliaram no cálculo da probabilidade de extinção local e tempo médio de extinção

dessa espécie, utilizando-se um dos tipos de Análise de Viabilidade de Populações.

Foram realizadas várias simulações, considerando-se diversos cenários de caça de

jacutingas no PEIC, ou seja, diferentes números de indivíduos caçados por ano.

Animais cinegéticos, como a jacutinga, são vulneráveis devido ao desmatamento

e à caça. No passado a área de estudo sofreu desmatamento em algumas regiões e

atualmente existem moradores no interior da área (caiçaras e índios Guarani Mbya), que

caçam. Além disso, o fácil acesso de barco pelo estuário facilita a ação de caçadores

provenientes do entorno do parque.

A abundância e a densidade das espécies permitem a comparação entre diferentes

anos (monitoramento ambiental) e até mesmo entre diferentes áreas de Mata Atlântica

onde já foram realizados censos das espécies. Este estudo fornece embasamento

empírico para a polêmica questão do possível impacto das populações humanas que

vivem no interior de unidades de conservação de uso indireto.

Page 23: mamferos e aves de grande porte do parque estadual ilha do

2 REVISÃO DE LITERATURA

2.1 A situação das Unidades de Conservação brasileiras

O Brasil possui atualmente um sistema de unidades de conservação abrangendo

uma área de aproximadamente 70 milhões de hectares, ou cerca de 8% do território

nacional, representados por reservas federais, estaduais e particulares (Ministério do

Meio Ambiente - MMA, 1998). Considerando-se as unidades de conservação (UCs, a

partir daqui) de uso indireto, que em virtude das restrições de uso representam áreas de

maior relevância para a conservação da biodiversidade, menos de 3% do território

brasileiro são dedicados oficialmente a esse objetivo.

A Mata Atlântica, um dos biomas mais ameaçados do planeta, abriga quase a

metade do número total de UCs no país, mas é responsável por apenas 8% da extensão

territorial protegida (MMA, 1998). Enquanto na Amazônia o tamanho médio das áreas

protegidas é de 356.000 ha, na Mata Atlântica é de 14.500 ha (Ayres et al., 1997;

Fonseca et al., 1997).

Redford & Robinson (1991) concluíram ser provável que 39 unidades de

conservação brasileiras, cuja média do tamanho da área é de 31.600 ha, não abriguem

populações de grandes mamíferos geneticamente viáveis a longo prazo, especialmente as

populações de predadores estritamente carnívoros, que requerem em torno de 100.000 ha

para sobreviver (Newmark, 1995).

Além desse fato, há o problema fundiário em UCs de uso indireto. Em 36% das

UCs federais de uso indireto existe presença humana como caboclos, índios e caiçaras

praticando atividades que divergem dos objetivos de criação dessas áreas protegidas

Page 24: mamferos e aves de grande porte do parque estadual ilha do

4

(Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais e Renováveis - IBAMA,

1997).

No Estado de São Paulo existem 100 UCs, sendo 23 Parques Estaduais que

ocupam aproximadamente 723.195 ha (Conselho Estadual do Meio Ambiente -

CONSEMA, 2001). Segundo o Decreto Estadual no 25341/1986 (Regulamento dos

Parques Estaduais Paulistas), o principal objetivo dos Parques Estaduais é a conservação

dos ecossistemas contra quaisquer alteração que os desvirtuem. Nesse decreto é vedado

o uso de recursos naturais, como a retirada de palmito juçara Euterpe edulis e a caça,

bem como população humana vivendo em seu interior.

2.2 Populações humanas no interior de áreas protegidas brasileiras

Segundo o Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC, Lei

9985/2000), UCs de uso indireto são áreas protegidas legalmente, onde a exploração ou

utilização dos recursos naturais estão totalmente restritos, admitindo-se apenas o

aproveitamento indireto dos seus benefícios. No entanto, em 70% das UCs desse tipo no

Estado de São Paulo existem moradores que habitavam a área antes do decreto de

criação, praticando atualmente atividades de exploração dos recursos como caça de

subsistência, cultivo de roças e extração de recursos-chave para os animais (Terborgh &

Peres, 2002). Este é o caso do Parque Estadual Ilha do Cardoso (PEIC), onde existem

moradores pescadores-lavradores (caiçaras) em seu interior desde antes da criação do

parque e índios Guarani Mbya provenientes da Argentina que se estabeleceram no

parque em 1992 (CONSEMA, 2001).

No decreto 4340/2002 foram feitas alterações em alguns artigos do SNUC,

principalmente relacionados ao destino das populações que habitavam a área no ato de

criação da UC de uso indireto. Ficou estabelecido que as populações devem ser

indenizadas e reassentadas em outro local, desde que sejam garantidos seus costumes.

Enquanto esse processo não ocorre, termos de compromisso devem ser assinados no

prazo máximo de dois anos contados a partir da data de publicação do decreto, além de

Page 25: mamferos e aves de grande porte do parque estadual ilha do

5

serem estabelecidas normas, a fim de compatibilizar a presença da população com os

objetivos da UC.

Segundo Adams (2000), as pesquisas a respeito da permanência ou retirada de

populações tradicionais do interior de UC da Mata Atlântica possuem caráter político-

ideológico e cunho mais social, além de não haver dados concretos e embasamento

empírico.

Diegues (1993) argumentou que o desaparecimento das populações ou sua

retirada da área protegida poderia comprometer o ecossistema terrestre e marinho,

acreditando que somente com a integração dessas populações nas UCs onde moram é

possível assegurar a proteção da diversidade biológica e cultural. Adams (2000)

contestou esta afirmação, denominando-a catastrófica e de conclusão generalizada, mas

concorda com o autor em relação à afirmação que a maior perda seria na diversidade

cultural. Por outro lado, não existe nenhum estudo que demonstre que as populações

tradicionais da Mata Atlântica ocupem o ambiente sem afetar a riqueza e a

biodiversidade local (Olmos et al., 2002; Olmos et al., 2004).

A sobreposição de territórios indígenas em UCs de uso indireto é uma grande

polêmica relacionada à contradição das leis ambientais (Baptista, 2002). O artigo 231 da

Constituição Federal reconhece os direitos dos índios, "sobre as terras que

tradicionalmente ocupam, competindo à União demarcá-las, proteger e fazer respeitar

todos os seus bens". No entanto, não existe definição clara sobre o que significa

“tradicionalmente ocupam” pois, no caso dos Guarani, estes possuem forte motivação

histórica e religiosa responsável pelo hábito nômade desse povo (Sánchez & Giraudo,

2003). Devido a esse hábito é muito difícil determinar as origens geográficas de cada

família ou agregado indígena (Baptista, 2002).

O artigo 225 da mesma lei considera a Mata Atlântica como um patrimônio

nacional, sendo que “a utilização deve ser feita sob forma da lei”. Além disso, no artigo

5 da Constituição consta que "todos são iguais perante a lei, sem discriminação de

qualquer natureza". Segundo este raciocínio é vedado aos índios, como a todo o resto da

sociedade brasileira, caçar ou retirar qualquer recurso natural em áreas de Mata Atlântica

(John, 2001; Baptista, 2002). Portanto, na própria Constituição Federal existe uma forte

Page 26: mamferos e aves de grande porte do parque estadual ilha do

6

contradição entre Direito Indígena e Proteção Ambiental e isso vem acarretando

discussões acaloradas nos últimos anos (Olmos et al., 2002).

No Estatuto do Índio (Lei 6001/73, artigo 56) a pena é reduzida quando ficar

evidenciado que o índio, em funções de diferenças culturais, não possa compreender o

caráter criminoso do ato que praticou.

A questão Guarani é diversa da sobreposição entre aldeias e parques na

Amazônia, por exemplo, onde muitas UCs foram criadas sobre terras indígenas (John,

2001). Como agravante da situação dos índios Guarani Mbya há a falta de programas de

integração dos índios no sistema sócio-econômico, o que leva à pobreza e à crise de

identidade nas comunidades indígenas, além de problemas de saúde, com altas taxas de

mortalidade e subnutrição, principalmente entre crianças (Sánchez & Giraudo, 2003).

Segundo Schaden (1954), as aldeias Guarani que hoje podem ser encontradas no

Estado de São Paulo, Rio de Janeiro e Paraná não são formadas por descendentes das

antigas populações costeiras, mas por índios cujos antepassados emigraram do sul do

Estado do Mato Grosso, leste paraguaio e nordeste da Argentina.

Existem aldeias Guarani em situação fundiária indeterminada, sendo o caso das

aldeias localizadas em áreas protegidas legalmente, tais como o Parque Estadual Ilha do

Cardoso, Parque Estadual Intervales e Estação Ecológica de Juréia-Itatins (Figura 1).

Apesar de serem áreas protegidas por lei, onde não é permitido o uso direto de seus

recursos, existem índios Guarani no seu interior, praticando atividades como caça e

extração de palmito juçara. No complexo estuarino-lagunar Iguape-Cananéia-

Paranaguá, onde insere-se o Parque Estadual Ilha do Cardoso, existem sete aldeias

indígenas (Ladeira, 1994).

Page 27: mamferos e aves de grande porte do parque estadual ilha do

7

Figura 1- Localização e situação fundiária das aldeias Guarani localizadas no Estado de São Paulo, Rio de

Janeiro e Paraná (extraído e modificado da página da internet coordenada por Paulo Humberto

Porto Borges: www.highrisemarketing.com/djweb/historia)

2.3 Pessoas x áreas protegidas: uma polêmica mundial

Algumas pessoas argumentam que a presença humana em florestas tropicais é

incompatível com a conservação da diversidade biológica, com base em diversos

estudos (Bodmer et al., 1988; Dirzo & Miranda, 1991; Redford, 1992; Peres, 1994;

Peres & Terborgh, 1995; Terborgh, 1999; Peres, 2000; Robinson & Bennett, 2000;

Wright et al. 2000; Galetti, 2001; Olmos & Galetti, 2004).

Outros contestam essa afirmação, baseando-se no fato de que pessoas que vivem

no interior de áreas protegidas controlam o acesso de outros humanos, contêm a

Page 28: mamferos e aves de grande porte do parque estadual ilha do

8

devastação praticada por madeireiros e que a depleção de espécies devido à caça não

tem efeito sobre a maioria das outras espécies que compõem a floresta, tais como

invertebrados e plantas (Colchester, 2000; Sanches & Adams, 2004, Schwartzman et al.,

2000a; Schwartzman et al., 2000b). Além disso, acreditam que essas populações têm um

longo histórico de convivência “simbiótica” com os ecossistemas, sendo as atividades

não só parte integral da dinâmica dos ecossistemas, como também a causa do aumento

de espécies (Schwartzman et al., 2000a).

Redford & Sanderson (2000) discutem essa polêmica, argumentando que

Schwartzman et al. (2000a; 2000b) baseiam-se em poucos artigos da literatura e chegam

a conclusões muitas vezes incorretas. Os dois autores citam ao menos dois estudos que

documentam a extinção de muitas espécies cinegéticas em Reservas Extrativistas no

Brasil, devido à caça realizada por seringueiros, contrariando as conclusões de

Schwartzman et al. (2000a; 2000b).

Colchester (2000) argumentou que a conservação de áreas protegidas pode ser

conseguida com a integração e participação das populações na área, pois estas são as

responsáveis pela diversidade biológica que hoje se pretende resguardar, concordando

com Diegues (1995). Por outro lado, Olmos et al. (2002) propõem que as populações

que vivem no interior de áreas protegidas de uso indireto sejam deslocadas para outras

áreas que não tenham tanto valor para a conservação, mas que sejam aptas ao cultivo e

ao extrativismo. Esses mesmos autores afirmam que, dessa forma, essas pessoas seriam

verdadeiras parceiras na conservação da biodiversidade, pois essas terras seriam

componentes valiosos nas paisagens onde as UCs se inserem e colaborariam para formar

os desejados corredores ecológicos.

Apesar das divergências, há o consenso geral que as áreas protegidas com o

mínimo de interferência humana são componentes importantes de estratégias de

conservação em qualquer país (Schwartzman et al., 2000b; Redford & Sanderson, 2000;

Terborgh, 2000). Portanto avaliar o impacto humano na biodiversidade, com

embasamento científico, é fundamental para assegurarmos a proteção efetiva da

biodiversidade dentro de UCs de uso indireto.

Page 29: mamferos e aves de grande porte do parque estadual ilha do

9

2.4 A caça em áreas protegidas brasileiras

Sanches (1992) considerou que a caça de subsistência praticada por populações

que vivem em áreas protegidas são auto-reguladas de forma cultural e não afetam a

fauna a longo prazo. A autora afirmou a existência de tabus alimentares e rotação de

territórios de caça, que seriam fundamentais no manejo das espécies animais. Outros

autores também afirmaram que a rotação de territórios de caça pode ter efeito de

manejar as populações animais e até impedir a sobrecaça (Diegues, 1988; Cunha &

Rougelle, 1989), mas Smith (1983) ressalva que hipóteses desse tipo devem ser testadas

em cada caso.

No entanto, não foi feito nenhum estudo aprofundado das espécies consideradas

como tabus que permitisse afirmar que sirvam como controle ecológico e as discussões e

conclusões desses estudos não são baseadas em dados coletados em campo (Adams,

2000).

Dados obtidos através de entrevistas com moradores da Estação Ecológica

Juréia-Itatins (SP) demonstraram que não há caça nos meses mais frios (julho, agosto e

setembro) pois seria época de amamentação e crescimento dos filhotes (Sanches, 2004).

Já no Saco de Mamanguá, localizado em Parati, RJ, foi constatado que a caça é praticada

com maior freqüência no inverno (Diegues & Nogara, 1994). A suspensão da caça nos

meses de gestação e cria também foi relatada no Parque Estadual Ilha do Cardoso

(agosto a outubro) (Mendonça, 2000). De fato, segundo M. Campolim1, a caça ocorre

mais intensamente durante os meses de maio a julho no PEIC.

Os períodos de amamentação e crescimento de filhotes mencionados pelos

moradores de áreas protegidas são baseados em crenças populares e não há

embasamento científico (Adams, 2000). As espécies de aves de grande porte e

mamíferos caçados possuem épocas reprodutivas diferentes, sendo que muitos animais

reproduzem-se ao longo do ano, como é o caso de queixadas (Tayassu pecari), com

1CAMPOLIM, M. (Instituto Florestal. Responsável pela administração do Parque Estadual Ilha do

Cardoso, SP na época em que a pesquisa foi realizada). Comunicação pessoal, 2003.

Page 30: mamferos e aves de grande porte do parque estadual ilha do

10

picos de reprodução dependendo da disponibilidade de alimento e de fatores climáticos

(Gottdenker & Bodmer, 1998; Althricher et al., 2001).

Page 31: mamferos e aves de grande porte do parque estadual ilha do

3 FATORES QUE AFETAM A OCORRÊNCIA E A ABUNDÂNCIA DE AVES E

MAMÍFEROS CINEGÉTICOS DA ILHA DO CARDOSO (CANANÉIA, SP,

BRASIL)

Autora: CHRISTINE STEINER SÃO BERNARDO

Orientador: Prof. Dr. MAURO GALETTI

Resumo

O objetivo deste estudo foi avaliar a relação entre a ocorrência ou a abundância das

espécies de aves e mamíferos cinegéticos (preferencialmente caçados) do Parque

Estadual Ilha do Cardoso (PEIC) com características da vegetação (DAP e altura das

árvores, cobertura do dossel, densidade de palmeiras adultas, biomassa e riqueza de

frutos) e com impacto antrópico (distância entre o ponto de ocorrência dos animais à

comunidades tradicionais). Através do método de transecções lineares foram percorridos

273,05 km, sendo registrados 168 encontros com nove espécies de mamíferos e sete

espécies de aves cinegéticas. As espécies mais avistadas de mamíferos foram o bugio

Alouatta guariba (1,3 avistamentos/ 10km), a cutia Dasyprocta leporina (0,7

avistamento/ 10km) e o esquilo Sciurus ingrami (0,33 avistamento/ 10km). Dentre as

aves de grande porte, as espécies mais avistadas foram as duas espécies de tucanos

Ramphastos spp. (1,2 avistamentos/ 10km), urus Odontophorus capueira (1,0

avistamento/ 10km) e jacús Penelope spp. (0,6 avistamento/ 10km). Houve correlação

significativa entre biomassa de frutos e abundância de queixadas (Tayassu pecari) (Rs=

0,56, p= 0,05). Macucos (Tinamus solitarius) e catetos (Pecari tajacu) apresentaram

maior abundância em locais com maior riqueza de frutos (R2= 43,2%, p= 0,01 e R2=

Page 32: mamferos e aves de grande porte do parque estadual ilha do

12

25,5%, p= 0,05, respectivamente). Através da análise de Regressão Logística, foi

possível constatar que existiu cerca de duas vezes mais chance de mamíferos ocorrerem

em locais com maior densidade de palmito juçara Euterpe edulis adulto e em lugares

afastados de comunidades tradicionais do PEIC. Os resultados demonstram a

importância de se proteger áreas que ainda possuem alta densidade de palmitos juçara e

grande produção e riqueza de frutos, pois são fatores que contribuem para a ocorrência e

abundância de muitas espécies de aves e mamíferos cinegéticos. Além disso, este estudo

fornece embasamento empírico para a polêmica questão do possível impacto das

populações humanas na biodiversidade, pois foi demonstrado que a ocorrência de

mamíferos é afetada pela presença de comunidades tradicionais.

Page 33: mamferos e aves de grande porte do parque estadual ilha do

3 FACTORS THAT TO GAME BIRDS AND MAMMALS OCCURRENCE AND

ABUNDANCE AT ILHA DO CARDOSO STATE PARK (CANANÉIA, SP,

BRASIL)

Author: CHRISTINE STEINER SÃO BERNARDO

Adviser: Prof. Dr. MAURO GALETTI

Summary

The objective of this research was to verify the relation between occurrence or

abundance of game birds and mammals of Ilha do Cardoso State Park and vegetation

characteristics (DBH and height of trees, % of covering, adult palm trees density, fruit

biomass and fruit richness) and anthropic impact (distance of species sightings from

people settlements). Through line-transect method and 273.05 km of sampling effort,

168 encounters with nine mammals and seven game bird species were registered in the

island. The most common seen mammal species were howler monkeys Alouatta guariba

(1.3 sightings/ 10km), agoutis Dasyprocta leporina (0.7 sightings/ 10km) and squirrels

Sciurus ingrami (0.33 sightings/ 10km). In relation to game birds, the most common

seen species were two species of toucans Ramphastos spp. (1.2 / sightings 10km), quails

Odontophorus capueira (1.0 sighting/ 10km) and guans Penelope spp. (0.6 sightings/

10km). There were significant correlation between fruit biomass and abundance of

white-lipped peccaries (Tayassu pecari) (Rs= 0.56, p= 0.05). Tinamous (Tinamus

solitarius) and collared peccaries (Pecari tajacu) were abundant in transects with higher

fruit richness (R2= 43.2%, p= 0.01 and R2= 25.5%, p= 0.05, respectively). Logistic

Regression analysis demonstrated that there were approximately twice more chance of

Page 34: mamferos e aves de grande porte do parque estadual ilha do

14

mammal occurrence in places where adult palm trees Euterpe edulis occured in high

densities and in places located far from traditional communities at Ilha do Cardoso State

Park. The results demonstrate the importance on protect areas that still have high density

of palm trees and high fruit production and richness, because they are factors which

contribute to occurrence and abundance of many game species. Indeed, this study

provides empiric basis for the polemic discussion about the possible impact of human

populations on biodiversity, since it was demonstrated that mammal occurrence was

affected by presence of traditional communities.

Page 35: mamferos e aves de grande porte do parque estadual ilha do

3.1 Introdução

Alguns estudos na Amazônia relacionaram abundância, densidade, ocorrência e

riqueza das espécies com o tamanho do fragmento florestal, pressão de caça, estrutura da

vegetação ou qualidade do habitat (Scharwzkopf & Rylands, 1989; Peres, 2001). Na

Mata Atlântica, apenas recentemente foram desenvolvidos trabalhos que relacionaram a

abundância das espécies com a pressão de caça e tamanho do fragmento florestal

(Chiarello, 1999; Cullen Jr. et al., 2001).

Entretanto, a maioria dos estudos realizados na Mata Atlântica não considerou

que além do tamanho da área e da pressão de caça, a estrutura da vegetação (altura das

árvores, presença de palmeiras etc) e disponibilidade de alimentos podem ser

importantes para a ocorrência e riqueza das espécies na área (Gaulin et al., 1980;

August, 1983; Schwarzkopf & Rylands, 1989; Heiduck, 2002).

Sendo assim, o objetivo deste estudo foi avaliar a relação entre a ocorrência e a

abundância das espécies de aves e mamíferos cinegéticos do Parque Estadual Ilha do

Cardoso (PEIC) com características da estrutura da vegetação (DAP e altura das árvores,

cobertura do dossel e densidade de palmeiras adultas, biomassa e riqueza de frutos). O

impacto antrópico também foi avaliado, verificando a relação entre a distância entre o

ponto de ocorrência das espécies de aves e mamíferos cinegéticos à comunidades

tradicionais do PEIC (vilas de caiçaras ou aldeia indígena).

As seguintes perguntas foram alvos do presente estudo: 1) em que regiões do

PEIC as aves e mamíferos cinegéticos ocorrem?; 2) qual a abundância dessas espécies?;

3) quais características de estrutura da vegetação determinam a ocorrência das espécies

de aves e mamíferos cinegéticos no PEIC?; 4) a ocorrência de aves e mamíferos

Page 36: mamferos e aves de grande porte do parque estadual ilha do

16

cinegéticos é influenciada pela proximidade à comunidades tradicionais do PEIC?; 5) a

biomassa de frutos está associada com a abundância das espécies? 6) a riqueza de frutos

determina a abundância de frugívoros em trilhas do PEIC?

Esperou-se encontrar aves e mamíferos cinegéticos em locais com alta cobertura

do dossel, com árvores altas e de tronco grosso, com alta densidade de palmeiras adultas,

com alta riqueza e biomassa de frutos e em locais longe de comunidades tradicionais.

Assim, pretendeu-se avaliar que fatores ambientais e efeitos antrópicos estão

relacionados com a ocorrência de aves e mamíferos cinegéticos em uma Floresta

Atlântica.

Page 37: mamferos e aves de grande porte do parque estadual ilha do

3.2 Revisão de Literatura

3.2.1 Censo de aves e mamíferos na Mata Atlântica

São poucos e recentes os trabalhos que fornecem dados sobre a abundância e

densidade populacional de mamíferos e aves de grande porte que ainda persistem em

áreas de Mata Atlântica (Galetti et al., 1997; Chiarello, 1999; Chiarello, 2000a; Cullen

Jr. et al., 2000; São Bernardo, 2001; Chiarello & Melo, 2001; Cullen Jr. et al., 2001;

González-Sóliz et al., 2002; Sánchez-Alonso et al., 2002).

Na região sudeste do Brasil, Chiarello (1999), Chiarello & Mello (2001) e Cullen

Jr. et al. (2001) realizaram censos populacionais de mamíferos em diversos fragmentos

de Mata Atlântica, relacionando os resultados de abundância e densidade das espécies

com o tamanho dos fragmentos florestais e a pressão de caça. Além dos fragmentos com

maior pressão de caça apresentarem baixa densidade e biomassa de mamíferos, foi

encontrado maior número de espécies em remanescentes florestais de maior área.

Existe um grande discussão sobre qual seria o delineamento experimental mais

adequado para obter resultados confiáveis em censos populacionais da fauna silvestre,

ou seja, qual o comprimento ideal das trilhas (unidades amostrais) e se há independência

entre as amostras (Peres, 1999; Magnusson, 2001; Ferrari, 2002).

Magnusson (2001) argumentou que uma única trilha, de preferência reta e de no

mínimo 100 km, é ideal para estimativas de população da fauna silvestre. Assim, evita-

se percorrer as mesmas trilhas de pequeno comprimento repetidas vezes, pois isto

superestima a abundância de espécies que habitam a parte da floresta próxima à trilha ou

utilizam o local devido à presença de árvores frutificando.

Page 38: mamferos e aves de grande porte do parque estadual ilha do

18

Ferrari (2002) defendeu o uso de trilhas de pequeno comprimento, pois no caso

de uma trilha ser percorrida várias vezes no mesmo dia, um intervalo de no mínimo uma

hora deve ser estipulado entre os censos para que encontros com o mesmo grupo de

animais seja evitado e, dessa maneira, seja garantida a independência das amostras

(Peres, 1999; Ferrari, 2002).

Diversas trilhas de menor comprimento viabilizam estudos, principalmente em

áreas com relevo acidentado e falta de logística, o que dificulta a abertura de trilhas retas

e extensas (Ferrari, 2002). Além disso, num delineamento experimental com diversas

trilhas menores há maior probabilidade de se amostrar um ambiente heterogêneo (Janson

& Terborgh, 1980; Ferrari, 2002).

3.2.2 Fatores que afetam a ocorrência de espécies

A variação da abundância e da densidade das espécies em diferentes locais é

atribuída principalmente às diferenças na composição e na estrutura do habitat (Sheldon,

1968; Pianka, 1967; Rosenzweig, 1973; Gaulin et al., 1980; Cody, 1981; August, 1983;

Scharwzkopf & Rylands, 1989; Peres, 1997), disponibilidade de recursos (Cody, 1981;

Leighton & Leighton, 1983; Gautier-Hion et al., 1985; Stevenson, 2001), ocorrência de

predadores (Cody, 1981; Stanford, 1995; Wright et al., 1998), plasticidade da dieta de

algumas espécies (Gautier-Hion et al., 1985; Robinson & Redford, 1986; Peres, 1997;

Stevenson, 2001), competição por recursos (Cody, 1981; Terborgh, 1983; Estrada &

Coates-Estrada, 1985) e grau de perturbação antrópica, como a caça ilegal e

desmatamento (Peres, 1997; Cullen Jr. et al., 1999; Chiarello, 2000b; Wright, 2003).

Essa variação também é atribuída ao fenômeno da “density compensation”, ou

seja, algumas espécies são favorecidas em determinado ambiente pois há ausência de

outras espécies que seriam potencialmente competidoras por alimento e espaço

(MacArthur et al., 1972; Peres & Dolman, 2000).

Peres (2001) afirmou que a caça, combinada com a fragmentação florestal, traz

conseqüências negativas para a diversidade de espécies, biomassa e tamanho

populacional de vertebrados em fragmentos da Amazônia. Com a redução do habitat, a

Page 39: mamferos e aves de grande porte do parque estadual ilha do

19

população de vertebrados inicialmente é reduzida e isolada, havendo dificuldade na

recolonização de outras áreas, fácil acesso a caçadores e restrição de habitat adequado

para espécies que não toleram vegetação alterada pelos efeitos de borda. O mesmo

ocorre em fragmentos de Mata Atlântica da região sudeste do Brasil, como descrito por

Chiarello (1999), Chiarello (2000a), Chiarello & Melo (2001) e Cullen Jr. et al. (2001).

Em fragmentos de pequena área, na região amazônica, houve relação entre a

distribuição e número de primatas com a estrutura do habitat (Scharwzkopf & Rylands,

1989). Os resultados sugeriram que habitats estruturalmente mais complexos (maior

número de árvores altas, baixo número de lianas etc.) abrigaram maior número de

espécies de primatas. Gaulin et al. (1980) ressaltaram o fato de bugios terem se

alimentado apenas em árvores com diâmetros maiores que 18 cm, na Ilha de Barro

Colorado (Panamá, América Central).

Estudos semelhantes demonstraram que não só a estrutura da vegetação é

importante na locomoção de primatas e na proteção contra predadores, mas também a

disponibilidade de alimento é determinante na ocorrência e abundância das espécies

(Spironelo, 1991; Peres, 1997; Stevenson, 2001; Heiduck, 2002).

Os frutos compõem um importante ítem na dieta da maioria das espécies

cinegéticas, que possuem em sua maioria hábitos frugívoros, podendo ser responsáveis

pela ocorrência, riqueza e tamanho populacional de espécies em uma determinada área

(Spironelo, 1991; Stevenson, 2001).

Este recurso alimentar possui notável sazonalidade, alternando entre períodos de

superabundância e escassez de frutos, além de distribuição espacial irregular (Leighton

& Leighton, 1983; Herrera, 1985; Fleming, 1992; Price, 2004). Em diversos locais do

mundo, os frugívoros respondem a esta sazonalidade forrageando em diversos

fragmentos florestais (Leighton & Leighton, 1983; Fleming, 1992; Rey, 1995; Price,

2004).

Frugívoros, em maior ou menor grau, possuem papel importante na dispersão de

sementes, pois a mobilidade destes pelas paisagens fragmentadas contribui para a

variabilidade genética das espécies vegetais (Terborgh & Winter, 1980; Leighton &

Leighton, 1983; Price, 2004).

Page 40: mamferos e aves de grande porte do parque estadual ilha do

20

Algumas espécies vegetais são consideradas como potenciais plantas-chave, pois

possuem oferta de alimento na época de escassez geral de frutos (Terborgh, 1986). Este

é o caso de algumas espécies da família Arecaceae (palmeiras) e Moraceae (figueiras)

(Smythe, 1970; Leighton & Leighton, 1983; Terborgh, 1986; Galetti & Peres, 1993;

Bleher et al., 2003).

Palmeiras exercem papel fundamental na distribuição e persistência de animais

que utilizam seus frutos na dieta, principalmente em épocas de escassez de alimento

(Terborgh, 1986; Spironelo, 1991; Placci et al., 1992; Galetti & Peres, 1993; São

Bernardo, 2001; Stevenson et al., 2001). A retirada de recursos-chave para os frugívoros,

tais como o palmito juçara Euterpe edulis, afeta tanto a estrutura vegetal próxima como

também a estrutura da fauna local que se alimenta dos frutos (Galetti & Aleixo, 1998;

Galetti & Fernandez, 1998).

Devido à intensa exploração ilegal desta palmeira, principalmente em áreas de

Mata Atlântica, foi considerada vulnerável à extinção no Brasil (Galetti & Fernandez,

1998). Como conseqüência desta exploração, muitas espécies que se alimentam de

palmito juçara correm risco de extinção local a longo prazo (Placci et al., 1992; Galetti

& Aleixo, 1998; Chediack & Baqueiro, 2003). Segundo Galetti & Aleixo (1998), cerca

de 30 espécies de aves e 13 espécies de mamíferos alimentam-se de palmito juçara.

Page 41: mamferos e aves de grande porte do parque estadual ilha do

3.3 Material e Métodos

3.3.1 Área de estudo

O Parque Estadual Ilha do Cardoso (PEIC) é uma UC de uso indireto, criada em

1962 (Decreto Estadual 40319/62) por estar situada no terceiro maior estuário do

mundo, no complexo estuarino-lagunar de Iguape-Cananéia-Paranaguá, localizado no

litoral sul do Estado de São Paulo (Latitude 25°03’05’’S a 25°18'18’’S e Longitude

48°53'48’’W a 48°05'42’’W) (CONSEMA, 2001). Foi a primeira área insular

especialmente protegida no Estado de São Paulo e integra a zona núcleo da Reserva da

Biosfera da Mata Atlântica desde 1991 (CONSEMA, 2001) (Figura 2).

Além do PEIC, nessa região existem diversas áreas protegidas, como o Parque

Estadual de Jacupiranga, a área de proteção ambiental (APA) de Cananéia-Iguape-

Peruíbe, a APA da Ilha Comprida e o Parque Nacional de Superagüi (SMA/CED, 1998).

Administrado pelo Instituto Florestal e pertencente à Secretaria do Meio Ambiente, o

PEIC é uma área de grande biodiversidade, tanto para aves como para mamíferos

(MMA/SBF, 2000).

O PEIC abrange uma área total de 15.100 ha, sendo que 74% dessa área (ou

11.100 ha) são cobertos por Mata Atlântica (Melo & Mantovani, 1994; CONSEMA,

2001). A topografia é predominantemente montanhosa, com a parte central dominada

por elevações acima de 814 m. Há cinco principais formações vegetais no PEIC: dunas,

restinga, mangue, floresta pluvial tropical de planície litorânea e floresta pluvial tropical

de encosta (Noffs & Baptista-Noffs, 1982). O clima é megatérmico superúmido sem

Page 42: mamferos e aves de grande porte do parque estadual ilha do

22

estação seca definida e com nível de precipitação anual de 3.000 mm (Funari et al.,

1987).

O PEIC é um dos maiores sítios de diversidade e riqueza de avifauna da Mata

Atlântica, tendo sido registradas 416 espécies de aves ou 53% do total de espécies já

registradas para o Estado de São Paulo (Barbosa et al., 1988; Willis & Oniki, 2003).

Entre estas estão 45 espécies consideradas oficialmente ameaçadas de extinção no

Estado de São Paulo e 15 consideradas globalmente ameaçadas (Wege & Long, 1995;

BirdLife International, 2000). Aves de grande porte como macucos (Tinamus solitarius)

são raras, mas ainda existem em algumas regiões do parque (SMA, 1998; Martuscelli &

Olmos, 1997). Jacutingas (Pipile jacutinga) já foram precipitadamente consideradas

extintas na década de 1990 (Galetti et al., 1997; Martuscelli & Olmos, 1997).

Existem cerca de 80 espécies de mamíferos catalogados, sendo a maioria

roedores e quirópteros (SMA, 1998). No estudo de Bergallo et al. (1998) foram

encontradas sete espécies de mamíferos de pequeno porte no PEIC, sendo cinco destas

comuns à Estação Ecológica de Juréia-Itatins, havendo semelhança na riqueza e

composição de espécies entre essas duas áreas de Mata Atlântica. Segundo D.C. Briani2,

mais espécies de mamíferos de pequeno porte existem, entre elas duas espécies de

roedores exóticos (Rattus rattus e Mus musculus) que são encontrados mesmo em matas

menos alteradas, mostrando a perturbação antrópica passada e atual na ilha.

2 BRIANI, D. C. (UNESP. Instituto de Biociências, Depto. de Zoologia, Rio Claro). Comunicação

pessoal, 2003.

Page 43: mamferos e aves de grande porte do parque estadual ilha do

23

Figura 2- Localização do Parque Estadual Ilha do Cardoso (extraído e modificado de Bernardi, 2001)

Entre as espécies de mamíferos de grande porte há registros da lontra (Lontra

longicaudis), de bugio (Alouatta guariba) e de veado-mateiro (Mazama americana).

Muitos animais são raros, como é o caso do cateto (Pecari tajacu), de queixada (Tayassu

pecari) e de onça-parda (Puma concolor). A anta (Tapirus terrestris) e a onça-pintada

(Panthera onca) já foram extintas localmente na década de 1960 (SMA, 1998). Mono-

carvoeiros ou muriquis (Brachyteles arachnoides) também estão incluídos na lista de

fauna do PEIC (SMA, 1998; CONSEMA, 2001), embora moradores afirmem que só

existe uma espécie de primata na ilha (bugio Alouatta guariba).

Os vestígios humanos mais antigos da Ilha do Cardoso são os sambaquis, com

idade de aproximadamente 6.000 anos (Petroni, 1966). São sítios arqueológicos

compostos de restos de conchas, esqueletos de animais e humanos, cujo significado

histórico é polêmico. Alguns autores sustentam que a mistura de restos de fogueira com

Page 44: mamferos e aves de grande porte do parque estadual ilha do

24

esqueletos de animais e humanos indicam que os sambaquis eram aldeamentos e

cemitérios (CONSEMA, 2001). É um erro freqüente supor que os achados de pertences

indígenas nos sambaquis estejam relacionados diretamente a estes. Essas tribos são bem

mais recentes, chegadas durante as migrações neolíticas, em época que a atividade dos

sambaquis já estava encerrada (Maretti et al., 1989). Não há registros indígenas na ilha

há pelo menos 350 anos (Olmos et al., 2004).

Entre os séculos XVIII e XIX, a agricultura do município de Cananéia era

caracterizada pela produção de mandioca e arroz nos sítios situados até o extremo sul da

Ilha do Cardoso (Mendonça, 2000). No início do século XX, a densidade demográfica

da Ilha do Cardoso era maior que a de Cananéia, ocupação essa que se estendia até a

cota de 300 m, devido à abundância de peixes, água potável, fertilidade do solo e riqueza

da fauna e flora (Mendonça, 2000). Até a década de 60, grãos e algumas frutas

provinham da Ilha do Cardoso para o município de Cananéia e região (Mendonça,

2000). Essas plantações produziram intensa alteração na paisagem original da ilha, desde

a costa até as cotas altimétricas entre 50 e 70 m. Com o Código Florestal (1965) e a

criação do parque (1962) houve emigração e/ou abandono das práticas agrícolas mais

intensas, o que favoreceu a regeneração da vegetação (Mendonça, 2000). A atividade da

pesca foi intensificada a partir da década de 60 (CONSEMA, 2001).

Atualmente existem seis povoamentos na ilha (Itacuruçá, Foles, Cambriú,

Marujá, Enseada da Baleia e Pontal), caracterizados pela presença de caiçaras

pescadores-lavradores (Figura 3). Além desses povoamentos, existem alguns sítios

isolados na ilha e vários outros no entorno (CONSEMA, 2001).

No final de 1992, um grupo de índios Guarani Mbya, provenientes das ilhas do

Superagüi e das Peças (PR), foi conduzido de barco para o Parque Estadual Ilha do

Cardoso, na localidade denominada Sítio Grande (região centro-norte da ilha), por

membros de ONGs sócio-ambientais da região de Cananéia (John, 2001). Na ocasião

pôde ser constatado o corte intensivo de palmeiras jerivá e palmito-juçara, bem como a

Page 45: mamferos e aves de grande porte do parque estadual ilha do

25

venda de animais silvestres vivos e carne de pacas, tatus e capivaras pelos índios na

cidade de Cananéia (Processo SMA/SP 30.367/1995; Martuscelli & Olmos, 1997).

A população humana atual do PEIC totaliza 568 pessoas, sendo um total de 418

caiçaras (229 adultos) e um total de 150 índios Guarani Mbya (109 adultos) (Bernardi,

dados não publicados; CONSEMA, 2001). Alguns membros destas comunidades

tradicionais caçam, embora seja uma atividade ilegal e praticada no interior de uma

unidade de conservação de uso indireto (Tabela 1).

Page 46: mamferos e aves de grande porte do parque estadual ilha do

26

Figura 3- Localização das trilhas percorridas durante o estudo, aldeia dos Guarani Mbya, comunidades de

caiçaras e sede do PEIC (núcleo Perequê). 1= Trilha do Jacareú; 2= Trilha Morro do Corrido; 3=

Trilha Morro do Seu João; 4= Trilha dos Guarani; 5= Trilha Poço das Antas; 6= Trilha da Serra;

7= Trilha Cabana-Ipanema; 8= Trilha Poço do Ipanema; 9= Trilha Costão do Cambriú; 10=

Trilha do Mangue; 11= Trilha das Máquinas; 12= Trilha Piscinas da Laje; 13= Trilha do Marujá

Page 47: mamferos e aves de grande porte do parque estadual ilha do

27

Tabela 1. Animais caçados por caiçaras e índios Guarani Mbya no PEIC. Esta listagem inclui apenas as

espécies potencialmente amostráveis pelo método de transecções lineares

Caiçaras* Índios Guarani**

AVES

Jacutinga (Pipile jacutinga) X X

Jacú (Penelope spp.) X X

Macuco (Tinamus solitarius) X X

MAMÍFEROS

Bugio (Alouatta guariba) X X

Coati (Nasua nasua) X

Queixada (Tayassu tajacu) X X

Veado-mateiro (Mazama americana) X X

Paca (Agouti paca) X X

Cutia (Dasyprocta leporina) X X

*Parada (2001)

**Galetti et al. (1997); Felipim (2001)

3.3.2 Abundância e ocorrência de aves e mamíferos cinegéticos

Para estimar a abundância de aves e de mamíferos cinegéticos foi utilizado o

método de transecções lineares, que consiste em percorrer trilhas previamente

estabelecidas à velocidade constante de no máximo 1 km/ h, a fim de se detectar algum

animal (Burnham et al., 1980; Brockelman & Ali, 1987; Buckland et al., 1993; Peres,

1999).

Treze trilhas situadas na Mata Atlântica do PEIC foram percorridas repetidas

vezes, de fevereiro a novembro de 2001 e em 2003 (fevereiro, maio, junho, setembro e

novembro) (Figura 3, Tabela 2, Anexo A). Os censos foram realizados das 5:30 h às

17:30 h, horário de maior atividade das espécies diurnas (Peres, 1999; Ferrari, 2002).

Foram realizadas 225 amostragens, totalizando-se 273,05 km percorridos (Tabela 2).

As espécies consideradas para esse estudo foram mamíferos diurnos e não-

voadores com mais de 0,2 kg e aves com mais de 0,4 kg (Emmons, 1990; Sick, 1997;

Short & Horne, 2001). Apesar dos esquilos (Sciurus ingrami), dos urus (Odontophorus

Page 48: mamferos e aves de grande porte do parque estadual ilha do

28

capueira) e dos tucanos (Ramphastos spp.) não serem preferencialmente caçados na Ilha

do Cardoso (Tabela 1), foram incluídos na amostragem pois essas espécies foram

detectadas durante o censo e informações sobre o tamanho populacional são úteis,

independentemente do valor cinegético da espécie.

Ao detectar algum animal foram anotados: 1) número de indivíduos; 2) espécie

avistada; 3) distância perpendicular entre o animal e a trilha e, no caso de espécies que

vivem em grupos ou bandos, como bugios Alouatta guariba e urus Odontophorus

capueira, foi medida a distância perpendicular do centro do bando à trilha; 4) horários

de início e final do censo; 5) horário de avistamento do animal; 6) ponto amostral da

trilha onde o animal foi avistado, georreferenciado por um receptor GPS (Sistema de

Posicionamento Global); 7) quilometragem percorrida em cada transecção (Burnham et

al., 1980; Glanz, 1996; Peres, 1999).

O método de transecções lineares possui premissas básicas a serem seguidas para

que o resultado seja o mais acurado possível: 1) todos os animais devem ser detectados;

2) o mesmo animal não deve ser contado duas vezes ou mais em uma mesma transecção

(as detecções devem ser eventos independentes); 3) as distâncias perpendiculares devem

ser medidas de maneira acurada; 4) os animais devem ser detectados em sua posição

original (Cassey & Mcardle, 1999; Peres, 1999; Cullen Jr. & Rudran, 2003).

A abundância foi calculada para cada espécie avistada como o total de

avistamentos a cada 10 km percorridos (Glanz, 1996). O índice de abundância é

utilizado por muitos autores para evitar resultados irreais e pouco acurados da densidade

quando há pequenas amostras (Wright et al., 1994; Chiarello, 1999; Cullen Jr. et al.,

2000; Cullen Jr. & Rudran, 2003). Este método permite obter estimativas acuradas de

densidade populacional, mesmo que parte dos objetos de estudo não seja detectada

(Buckland et al., 1993).

Para mapear a ocorrência de aves e mamíferos cinegéticos, qualquer tipo de

registro das espécies foi anotado (avistamento, vocalização, pegadas) e georreferenciado

por meio de um receptor GPS Garmin etrex, cuja acurácia está em torno de 10 m (Anexo

B). Sobre a carta-base do PEIC digitalizada (Bernardi, 2001) foram inseridos os pontos

Page 49: mamferos e aves de grande porte do parque estadual ilha do

29

de ocorrência, utilizando-se o programa AutoCAD, do Departamento de Engenharia

Rural da ESALQ/ USP, Piracicaba.

Tabela 2. Descrição das trilhas percorridas em Floresta de Mata Atlântica do PEIC, Cananéia, SP, Brasil

Trilhas Comprimento

(km)

Km percorridos Número de evidências

de caça encontradas

Costão do Cambriú 0,55 4,95 0

Poço das Antas 0,6 10,50 0

Marujá 0,8 13,90 0

Mangue 1 15,40 2

Poço do Ipanema 1,1 38,40 2

Jacareú 1,5 17,75 1

Cabana-Ipanema 1,75 7,00 1

Piscinas da Laje 1,9 25,00 0

Guaranis 1,9 48,40 0

Máquinas 1,9 10,90 2

Morro do Seu João 2,35 24,25 1

Serra 2,35 47,05 0

Morro do Corrido 3,6 9,55 2

Total: 273,05 km Total: 11

3.3.3 Disponibilidade de frutos

Para estimar a biomassa de frutos, em todos os pontos amostrais (distantes 100 m

um do outro) de cada transecção foram coletados frutos e sementes do chão, dentro de

parcelas de 10 m x 2 m, de modo que a área amostral obtida em cada ponto foi de 20 m2.

Essa coleta foi realizada na mesma época em que as trilhas foram percorridas para o

censo (Blake et al., 1990; Stevenson, 2001). Um total de 201 pontos foram amostrados

para estimar a biomassa de frutos (kg/ ha), perfazendo uma área amostral total de 0,39

ha.

No laboratório do Departamento de Ecologia da UNESP, campus Rio Claro, os

frutos foram secados em estufa por 50 horas a uma temperatura de 60o C, pesados e

Page 50: mamferos e aves de grande porte do parque estadual ilha do

30

separados por morfoespécies. As espécies de frutos foram identificadas com auxílio da

literatura (Lorenzi, 1992; Lorenzi, 1998) e de especialistas. A biomassa de frutos foi

relacionada com a abundância das espécies, através da Correlação de Spearman (Sokal

& Rohf, 1995). A riqueza de frutos coletados em cada trilha foi relacionada com a

abundância das espécies através da Análise de Regressão Linear Simples, esperando-se

que quanto maior a riqueza de frutos em uma trilha, maior a abundância das espécies

avistadas.

3.3.4 Estrutura da vegetação

Uma série de medidas da estrutura da vegetação foram registradas em cada uma

das 13 trilhas a fim de se detectar fatores que afetam a ocorrência de aves e mamíferos

cinegéticos no Parque Estadual Ilha do Cardoso. São elas a cobertura do dossel,

densidade de palmeiras adultas (palmito juçara Euterpe edulis, brejaúva Astrocaryum

aculeatissimum, indaiá Atalea dubia, jerivá Syagrus romanzoffiana e guaricanga

Geonoma spp.), diâmetro e altura das árvores.

As medidas de estrutura da vegetação foram coletadas em pontos amostrais

distantes 100 m um do outro, seguindo o método do ponto-quadrante (Gibbs et al.,

1980), considerando em cada ponto quatro quadrantes que abrangiam um raio de 5 m.

Assim, em cada ponto obteve-se uma área amostral de 100 m2. Um total de 201 pontos

foram amostrados, perfazendo uma área de 2,01 ha.

A porcentagem de cobertura do dossel de cada ponto foi medida com auxílio de

um densiômetro esférico, obtendo-se medidas nos quatro quadrantes relativos aos pontos

amostrados da trilha (Lemon, 1956).

O diâmetro à altura do peito (DAP) de quatro árvores com troncos mais grossos

superior a 10 cm foi medido seguindo o método de quadrantes, excluindo-se palmeiras

(Gibbs et al., 1980). Em cada um dos quatro quadrantes do ponto amostral foram

medidos os DAP (a aproximadamente 1,3 m do solo) das árvores mais próximas do

Page 51: mamferos e aves de grande porte do parque estadual ilha do

31

ponto central (Gibbs et al., 1980). Essas mesmas quatro árvores tiveram sua altura

estimada com auxílio de clinômetro e trena.

Palmeiras são espécies-chave na alimentação da maioria dos frugívoros

(Terborgh, 1983; Terborgh, 1986; Spironelo, 1991; Galetti & Aleixo, 1998). O palmito

juçara Euterpe edulis é um dos recursos mais explorados pelo homem e considerado

planta-chave, por ser uma das árvores que frutifica abundantemente durante os meses de

março a junho, época de escassez da maioria de frutos na Mata Atlântica (Galetti &

Fernandez, 1998; Reis et al., 2000).

Foram contadas todas as palmeiras adultas que estavam dentro dos pontos-

quadrantes (palmito juçara Euterpe edulis, jerivá Syagrus romanzoffiana, brejaúva

Astrocaryum aculeatissimum, guaricanga Geonoma spp. e indaiá Atalea dubia). Foram

considerados adultos os indivíduos com sinais atuais ou passados de reprodução. A

densidade das quatro espécies de palmeiras foram obtidas em indivíduos/ m2 e

apresentadas em indivíduos/ ha para a realização das análises estatísticas.

O Teste de valores extremos (Modelo de Rosner) foi realizado, a fim de se

identificar os valores discrepantes obtidos em cada uma das estruturas de vegetação.

Para calcular a média de cada estrutura da vegetação foram excluídos os pontos com

valores extremos.

A Análise de Regressão Logística Múltipla (RLM) foi utilizada para analisar

quais as características de estrutura da vegetação foram associadas à ocorrência de aves

e mamíferos registrados durante o censo no PEIC.

Como a variável dependente deve ser binária em uma regressão logística, foi

atribuido valor 1 à presença de aves ou mamíferos e valor 0 à ausência (Hosmer &

Lemeshow, 1989). As variáveis independentes não necessariamente devem ser

contínuas, podendo ser também ordinais, nominais e até binárias (Sokal & Rohlf, 1995).

Assim, atribuiu-se o valor 1 às estruturas de vegetação com valores maiores ou iguais à

média e atribuiu-se o valor 0 às estruturas de vegetação com valores menores que a

média. Assim, esperou-se que nas áreas cujos valores de estruturas da vegetação fossem

Page 52: mamferos e aves de grande porte do parque estadual ilha do

32

maiores ou iguais à média, houvesse maior chance de ocorrência de aves e mamíferos

cinegéticos.

3.3.5 Impacto antrópico

A distância entre o ponto de ocorrência das espécies às comunidades tradicionais

(vila caiçara ou aldeia indígena) foi obtida a partir da distância linear (em quilômetros)

do ponto de ocorrência das espécies ao ponto de localização da comunidade tradicional

mais próxima, com auxílio do mapa do PEIC com escala 1:50.000, disponível em

Bernardi (2001). Através da Regressão Logística Simples, a ocorrência (1) ou ausência

(0) de aves ou mamíferos cinegéticos foi considerada variável dependente, enquanto que

a distância entre o ponto à comunidade tradicional foi considerada variável independente

(James & McCullogh, 1990; Sokal & Rohf, 1995). Deste modo, foi testado se a

ocorrência de aves ou mamíferos cinegéticos é influenciada pela distância das

comunidades tradicionais no PEIC.

Page 53: mamferos e aves de grande porte do parque estadual ilha do

3.4 Resultados

3.4.1 Abundância e ocorrência de aves e mamíferos cinegéticos

Foram registrados 168 encontros com aves e mamíferos cinegéticos e foram

avistadas nove espécies de mamíferos e sete espécies de aves cinegéticas durante os

censos no Parque Estadual Ilha do Cardoso. Os registros representaram 45% do total de

mamíferos e 85,7% do total de aves de grande porte que ocorrem na área. Além destas,

cinco espécies de mamíferos foram registradas em horários fora do censo (Tabela 3,

Figura 4, Figura 5, Figura 6 e Figura 7). Houve 72 encontros com mamíferos e 96 com

aves de grande porte, tendo-se obtido 3,5 avistamentos/ 10 km com aves de grande porte

e 2,6 avistamentos/ 10 km com mamíferos no PEIC (Tabela 4).

Em relação às aves, os números de avistamento/ hora foram diferentes em

relação aos diferentes períodos do dia (χ2= 8,99, p= 0,03). Porém, o mesmo não foi

obtido em relação aos mamíferos (χ2= 4,99, p= 0,2) (Figura 8). Isto significa que o

intervalo de horário ideal para realizar censos das aves cinegéticas, através do método de

transecções lineares no PEIC foi entre 5:30 e 8:30 da manhã.

As espécies mais avistadas de mamíferos foram o bugio Alouatta guariba

(n=33), a cutia Dasyprocta leporina (n=18) e o esquilo Sciurus ingrami (n=9) (Figura 6,

Tabela 4). Dentre as aves de grande porte, as espécies mais avistadas foram o tucano-de-

bico-preto e o tucano-de-bico-verde, agrupados em Ramphastos spp. (n=32), o uru

Odontophorus capueira (n=26) e o jacú Penelope spp. (n=17) (Tabela 4, Figura 4).

Dentre os mamíferos avistados apenas uma vez estão a irara Eira barbara, o cateto

Pecari tajacu, o cachorro-do-mato Cerdocyon thous e o veado-mateiro Mazama

Page 54: mamferos e aves de grande porte do parque estadual ilha do

34

americana (Figura 6, Tabela 4). Já dentre as aves de grande porte raramente avistadas

estão a jacutinga Pipile jacutinga (n=10), o macuco Tinamus solitarius (n= 8) e o

inhambu Crypturellus obsoletus (n= 3) (Figura 4, Tabela 4).

Tabela 3. Espécies de aves e mamíferos cinegéticos avistados (av), vocalizações (vo) ou aquelas cujas

pegadas foram encontradas no PEIC durante o estudo (pg)

Nome popular Nome científico Registros Aves

GALLIFORMES Jacutinga Pipile jacutinga Spix, 1825 av, vo Jacu Penelope spp.* av, vo Uru Odontophorus capueira Spix, 1825 av, vo TINAMIFORMES Inhambú Crypturellus obsoletus Temmink, 1815 Av Macuco Tinamus solitarius Vieillot, 1819 av, vo PICIFORMES Tucano-de-bico-preto Ramphastos vitellinus Lichtenstein 1823** av, vo Tucano-de-bico-verde Ramphasto dicolorus Linnaeus, 1766** av, vo Mamíferos

PRIMATES Bugio Alouatta guariba Humboldt, 1812 av, vo CARNIVORA Cachorro-do-mato Cerdocyon thous Linnaeus, 1766 av, pg Onça parda Puma concolor Linnaeus, 1771 Pg Gato-do-mato Leopardus spp.*** Pg Irara Eira barbara Linnaeus, 1758 Av Coati Nasua nasua Linnaeus, 1766 Av Mão-pelada, Guaxinim Procyon cancrivorous Cuvier, 1798 Pg ARTIODACTYLA Queixada Tayassu pecari Link, 1795 av, pg Cateto Pecari tajacu Linnaeus, 1758 av, pg Veado-mateiro Mazama americana Erxleben, 1777 av, pg RODENTIA Cutia Dasyprocta leporina Linnaeus, 1758 av, vo, pgEsquilo Sciurus ingrami Linnaeus, 1766 av, vo

* Inclui P. obscura Temminck, 1815 e P. superciliaris Temminck, 1815.

** Considerados nesse estudo como Ramphastos spp.

*** Inclui Leopardus pardalis Linnaeus, 1758; Leopardus wiedii Schinz, 1821 e Herpailurus yaguarondi

Lacépède, 1809.

Page 55: mamferos e aves de grande porte do parque estadual ilha do

35

A B

Figura 4- Aves

Ramph

(D) Jac

(G) Inh

C

E

G

cinegéticas registradas na Ilha do Cardoso durante o estudo. (A)

astos dicolorus; (B) Tucano-de-bico-preto Ramphastos vittelinus; (

utinga Pipile jacutinga; (E) Uru Odontophorus capueira; (F) Macu

ambú Crypturellus obsoletus

D

T

C)

co

F

ucano-de-bico-verde

Jacú Penelope spp.;

Tinamus solitarius;

Page 56: mamferos e aves de grande porte do parque estadual ilha do

36

Figura 5- Mapa de ocorrência das aves cinegéticas no PEIC (avistamentos e vocalizações)

Page 57: mamferos e aves de grande porte do parque estadual ilha do

37

A B

C

E

Figura 6- Ma

guar

barb

Jagua

D

F

míferos cinegéticos registrados na Ilha do

iba; (B) Cachorro-do-mato Cerdocyon t

ara; (E) Jaguatirica Leopardus pardal

rundi Herpailurus yaguarondi

G

Cardoso durante o estudo. (A) Bugio A

hous; (C) Quati Nasua nasua; (D) Irar

is; (F) Gato-maracajá Leopardus wied

louatta

a Eira

ii; (G)

Page 58: mamferos e aves de grande porte do parque estadual ilha do

38

IH

J L

M

Figura 6- Mamíferos cinegéticos registrados na Ilha do Cardoso durante o estudo. (H) Cutia Dasyprocta

leporina; (I) Esquilo Sciurus ingrami; (J) Cateto Pecari tajacu; (L) Queixada Tayassu pecari;

(M) Veado-mateiro Mazama americana

Page 59: mamferos e aves de grande porte do parque estadual ilha do

39

Figura 7- Mapa de ocorrência de mamíferos cinegéticos no PEIC (avistamentos, vocalizações e pegadas)

Page 60: mamferos e aves de grande porte do parque estadual ilha do

40

0

5

10

15

20

5:30- 8:30 8:31- 11:30 11:31-14:30 14:31-17:30

Avist

amen

tos/ h

ora

aves mamíferos

Figura 8- Dados absolutos de avistamentos/ hora de mamíferos e aves registrados no PEIC durante o

estudo, em diferentes períodos do dia

Tabela 4. Número de avistamentos e abundância (encontros/ 10km) das espécies de mamíferos e aves

cinegéticos encontrados no PEIC durante o estudo

Nome científico Número de

avistamentos

Abundância

(encontros/ 10 km)

Aves Ramphastos spp. 32 1,2 Odontophorus capueira 26 1,0 Penelope spp. 17 0,6 Pipile jacutinga 10 0,4 Tinamus solitarius 8 0,29 Crypturellus obsoletus 3 0,10 Total 96 3,59 Mamíferos Alouatta guariba 33 1,3 Dasyprocta leporina 18 0,7 Sciurus ingrami 9 0,33 Nasua nasua 4 0,14 Tayassu pecari 4 0,14 Cerdocyon thous 1 0,03 Eira barbara 1 0,03 Pecari tajacu 1 0,03 Mazama americana 1 0,03

Total 72 2,73

Page 61: mamferos e aves de grande porte do parque estadual ilha do

41

A quilometragem percorrida em cada trilha não foi a mesma (Tabela 2). Em

muitas das trilhas que foram mais percorridas foi obtida abundância menor das espécies,

quando comparadas às trilhas menos percorridas (Tabela 5). A quilometragem total

percorrida também não foi a mesma nas diferentes épocas do ano (“primavera/ verão”,

que englobou os dados entre 21 de setembro a 20 de março e “outono/ inverno”, que

englobou os dados entre 21 de março a 20 de setembro) (Tabela 6). Apesar disso, não

houve diferença entre os valores de abundância das espécies, em relação às diferentes

épocas do ano (Teste de Mann-Whitney, U= 104, p = 0,72).

Page 62: mamferos e aves de grande porte do parque estadual ilha do

42

Tabela 5. Abundância (encontros/ 10 km) das espécies de mamíferos e aves cinegéticos encontrados nas distintas trilhas do PEIC (Cananéia, SP, Brasil)

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13

Aves Ramphastos spp.

0,56 1,04 0,41 0,61

1,9

1,27 1,42 1,82 4,54 1,29 2,58 0,4 0,71Odontophorus capueira 1,69 2,09 0,41 0,2 0 0,42 1,42

1,56 4,54

1,94 2,58 0,4 2,15

Penelope spp. 0 0 0 0,41

1,9 0,85 0 1,56

0 0 3,17

0,8 0Pipile jacutinga 0 1,04 0,41

0 0,95 1,48 0 0 0 0 0 0 0

Tinamus solitarius 0 3,14 0 0 0 0 2,85 0 0 0,64 0 0,4 0Crypturellus obsoletus 0 1,04 0 0 0 0 0 0,52 0 0 0 0 0Mamíferos

Alouatta guariba 1,12 3,14

0 0,61

3,8 3,18 0 1,3 0 1,29 0 0,4 0Dasyprocta leporina 0,41

0 0 0 3,8 1,7 1,42

0 2,27 1,29

0 0 0

Sciurus ingrami 0 1,04 0,82 0,61 0 0,42 0 0 2,27 0 0 0 0Nasua nasua 0 0 0 0 0 0,63 1,42 0 0 0 0 0 0Tayassu pecari 0 0 0 0 0 0,42 1,42 0,26 0 0 0 0 0Cerdocyon thous 0 0 0 0,2 0 0 0 0 0 0 0 0 0Eira barbara 0 0 0,41

0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

Pecari tajacu 0 1,04 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0Mazama americana 0 0 0 0,2 0 0 0 0 0 0 0 0 0

1= Jacareú; 2= Morro do Corrido; 3=Morro do Seu João; 4= Guarani; 5= Poço das Antas; 6= Serra; 7= Cabana-Ipanema; 8= Poço do Ipanema; 9= Costão

do Cambriú; 10= Mangue; 11= Máquinas; 12= Piscinas da Laje; 13= Marujá

Page 63: mamferos e aves de grande porte do parque estadual ilha do

43

Tabela 6. Dados do censo realizado no PEIC, referentes às diferentes épocas do ano

Primavera/ Verão Outono/ Inverno Km percorridos totais no censo 99,20 km 173,85 km Número de avistamentos de aves e mamíferos cinegéticos 67 101 Número de vocalizações de aves e mamíferos cinegéticos 39 41 3.4.2 Disponibilidade de frutos

Em relação à coleta de frutos foram amostrados 0,39 ha durante o estudo, sendo

que 0,19 ha foram amostrados nas estações outono/ inverno (que englobou os dados

entre 21 de março a 20 de setembro) e 0,2 ha nas estações primavera/ verão (que

englobou os dados entre 21 de setembro a 20 de março). Foram registradas 126

morfoespécies de frutos no PEIC, das quais foram identificadas 20 famílias e um total de

40 morfoespécies (Tabela 7, Anexo C).

Os frutos coletados totalizaram uma biomassa de 32,5 kg/ ha, sendo que 22,03

kg/ ha de frutos foram coletados nas estações outono/ inverno e 10,49 kg/ha coletados

nas estações primavera/ verão.

Apesar do tamanho desigual das parcelas amostradas para a coleta de frutos nas

diferentes estações do ano consideradas, não houve diferença entre os valores de

biomassa de frutos, pertencentes às famílias identificadas, em relação à sazonalidade

(Teste de Mann-Whitney, U= 187, p= 0,72).

A maior biomassa de frutos no PEIC pertenceu às famílias Arecaceae (14,8 kg/

ha) e Moraceae (13,3 kg/ ha) (Tabela 7). A biomassa das 86 morfoespécies de frutos não

identificadas a nível de família totalizou 1,56 kg/ ha (Anexo D).

Das espécies da família Arecaceae, o palmito – juçara Euterpe edulis foi a

espécie com maior biomassa de frutos (Tabela 8). Não houve diferença entre os valores

de biomassa de frutos da família Arecaceae em relação à sazonalidade (Teste de Mann-

Whitney, U=11, p = 0,75). Todos os frutos coletados da família Moraceae pertenceram

ao gênero Ficus (Anexo C)

Page 64: mamferos e aves de grande porte do parque estadual ilha do

44

Tabela 7. Informações sobre os frutos coletados no PEIC durante o estudo. A biomassa de frutos está

expressa em kg/ ha

Família Número de

morfoespécies

coletado em cada família

Biomassa total de

frutos

Biomassa total de

frutos nas estações

primavera/ verão

Biomassa total de

frutos nas estações

outono/ inverno

Arecaceae 05 14,8 7,3 7,50

Moraceae 03 13,28 0,002 13,28

Elaeocarpaceae 01 1,29 1,29 0

Lauraceae 04 0,86 0,8 0,06

Leguminosae 06 054 0,17 0,37

Clusiaceae 02 0,45 0,21 0,24

Myrtaceae 03 0,29 0,01 0,28

Chrysobalanaceae 01 0,24 0,24 0

Myristicaceae 01 0,22 0,16 0,06

Melastomataceae 01 0,15 0,04 0,11

Sapindaceae 02 0,11 0,08 0,03

Meliaceae 02 0,10 0,10 0

Symplocaceae 01 0,05 0,01 0,03

Rubiaceae 01 0,04 0,02 0,02

Annonaceae 02 0,03 0 0,03

Cecropiaceae 01 0,02 0,02 0

Apocynaceae 01 0,01 0,01 0

Sapotaceae 01 0,002 0 0,002

Anarcadiaceae 01 0,001 0 0,001

Myrsinaceae 01 0,001 0 0,001

Tabela 8. Biomassa dos frutos (kg/ ha) da família Arecaceae coletados no PEIC durante o estudo

Espécie Biomassa total de frutos Biomassa total de

frutos nas estações

primavera/ verão

Biomassa total de frutos

nas estações outono/

inverno Euterpe edulis 6,75 2,47 4,28 Atalea dubia 3,01 0,17 2,84

Syagrus romanzoffiana 2,56 2,30 0,26 Astrocaryum aculeatissimum 2,50 2,30 0,19

Geonoma spp. 0,02 0,02 0

Page 65: mamferos e aves de grande porte do parque estadual ilha do

45

A riqueza de frutos coletados foi um dos fatores que atuou como preditor da

abundância de macuco Tinamus solitarius nas trilhas do PEIC (R2= 43,25%, p= 0,01) e

de cateto Pecari tajacu (R2= 25,55%, p= 0,05) (Tabela 9). Porém, considerando os

valores de R2, outros fatores desconhecidos também influenciam a abundância das

espécies.

A biomassa de frutos foi um fator associado à abundância de queixada Tayassu

pecari nas trilhas do PEIC (Rs= 0,56; p= 0,05) (Tabela 10).

Tabela 9. Resultados da Análise de Regressão Linear Simples (variável dependente = abundância das

espécies de aves e mamíferos em cada trilha do PEIC; variável independente = riqueza de

frutos em cada trilha do PEIC)

Espécies R2 (%) p

Tinamus solitarius 43,25 0,01

Pecari tajacu 25,55 0,05

Nasua nasua 20,17 0,07

Tayassu pecari 16,31 0,10

Pipile jacutinga 10,06 0,16

Dasyprocta leporina -5,87 0,55

Penelope spp. -6,7 0,59

Alouatta guariba -8,67 0,73

Ramphastos spp. -9,88 0,91

Mazama americana -9,99 0,97

Page 66: mamferos e aves de grande porte do parque estadual ilha do

46

Tabela 10. Resultados da Correlação de Spearman (associação entre as variáveis Biomassa de frutos e

Abundância das espécies de aves e mamíferos em cada trilha do PEIC)

Espécies Rs P

Tayassu pecari 0,56 0,05

Mazama americana -0,48 0,11

Nasua nasua 0,38 0,21

Penelope spp. 0,22 0,48

Pipile jacutinga -0,20 0,53

Tinamus solitarius 0,13 0,67

Pecari tajacu -0,13 0,68

Alouatta guariba -0,08 0,78

Ramphastos spp. 0,04 0,87

Dasyprocta leporina -0,03 0,90

3.4.3 Estrutura da vegetação

Foram amostrados 2,01 ha de vegetação em 13 trilhas do PEIC. Excluindo – se

os pontos amostrais que apresentaram valores discrepantes, detectados pelo Teste dos

valores extremos (Modelo de Rosner), obteve – se a média dos valores de estruturas da

vegetação (Tabela 11).

Tabela 11. Valores atribuídos às variáveis preditoras na análise de Regressão Logística Múltipla

Variável

preditora

Valor 0 Valor 1

DAP de árvores com mais de 10 cm (cm) X1 < 25,4 cm ≥25,4 cm

Altura das árvores com mais de 10 cm de DAP (m) X2 < 10,05 m ≥ 10,05 m

Densidade de palmito – juçara adulto (indivíduos/ ha) X3 < 146 ind./ ha ≥ 146 ind./ ha

Cobertura do dossel (%) X4 < 94,9% ≥ 94,9%

A cobertura do dossel e a densidade de palmeiras adultas foram correlacionadas

entre si (Correlação de Spearman, Rs= 0,22, p= 0,001). Sendo assim, apenas a cobertura

Page 67: mamferos e aves de grande porte do parque estadual ilha do

47

do dossel foi considerada como variável explanatória na análise de Regressão Logística

Múltipla (RLM), juntamente com o DAP, a altura das árvores e densidade de palmito

juçara adulto.

Nenhuma das variáveis de estruturas da vegetação, consideradas na RLM, são

fatores preditores importantes da presença de aves no PEIC, considerando – se o nível de

significância p< 0,05 (Tabela 12).

Tabela 12. Resultados da análise de Regressão Logística Múltipla (variável dependente Y= presença/

ausência de aves no PEIC; variável X= estrutura da vegetação)

Variável Coeficiente de regressão Erro padrão p Razão de chances (odds ratio) IC 95%

Intercepto -0,53 0,28 - - -

X1 0,32 0,29 0,27 1,38 0,7 a 2,4

X2 0,47 0,29 0,10 1,61 0,9 a 2,8

X3 0,32 0,30 0,27 1,38 0,7 a 2,5

X4 -0,12 0,29 0,65 0,87 0,4 a 1,5

Valor final da máxima verossimilhança = 132,09 χ2 = 5,27 gl = 4 p= 0,26

A densidade de palmito – juçara adulto (variável X3) foi o único fator importante

na predição da ocorrência de mamíferos no PEIC, visto que p= 0,002 (Tabela 13). Há

cerca de 2,6 vezes mais chance de haver a presença de mamíferos em locais onde há

mais de 146 indivíduos de palmito – juçara adultos/ ha (valor da razão de chances ou

“odds ratio” de X3= 2,65) (Tabela 13).

As variáveis X1 (DAP das árvores), X2 (altura das árvores) e X4 (cobertura do

dossel) foram controladas estatisticamente, atribuindo – lhes o valor 0 na equação

obtida, Logit Pi= -0,85 - (0,42*X1) - (0,37*X2) + (0,97*X3) + (0,15*X4). Para a

variável X3 (densidade de palmito – juçara adulto) foi atribuído o valor 1 (densidade ≥

146 indivíduos/ ha) ou 0 (densidade < 146 indivíduos/ ha), a fim de se obter um valor de

logit para cada situação (logit = 0,12 para X3= 1 e logit = -0,85 para X3= 0). Através da

tabela de logit, foi obtido o valor de p correspondente aos logit obtidos para cada

situação (logit= 0,12, p= 0,53; logit= -0,85, p= 0,30).

Page 68: mamferos e aves de grande porte do parque estadual ilha do

48

Portanto, há 53% de chance de mamíferos ocorrerem em locais onde a densidade

de palmito – juçara adulto é maior ou igual a 146 indivíduos/ ha. Por outro lado, há 30%

de chance de mamíferos ocorrerem em locais onde a densidade de palmito – juçara

adulto é menor que 146 indivíduos/ ha.

Tabela 13. Resultados da análise de Regressão Logística Múltipla (variável dependente Y= presença/

ausência de mamíferos no PEIC; variável X= estrutura da vegetação)

Variável Coeficiente de regressão Erro padrão p Razão de chances (odds ratio) IC 95%

Intercepto -0,85 0,30 - - -

X1 -0,42 0,32 0,19 0,65 0,3 a 1,2

X2 -0,36 0,32 0,25 0,69 0,3 a 1,2

X3 0,97 0,31 0,002 2,65 1,4 a 4,9

X4 0,15 0,31 0,62 1,16 0,6 a 2,1

Valor final da máxima verossimilhança = 118,04 χ2 = 12,15 gl = 4 p= 0,01

3.4.4 Impacto antrópico

Os dados do presente estudo demonstraram evidências diretas e indiretas de caça

encontradas ao longo do período de coleta dos dados (Figura 9, Tabela 14).

No caso da categoria “armadilhas”, simbolizada na Figura 9, foram englobadas

as “esperas ou trepeiros” e “mundéu” encontrados durante o estudo. As “esperas ou

trepeiros” encontradas no PEIC são postos de observação, construídos a partir de galhos

cortados pelo caçador, amarrados na horizontal em duas árvores próximas com corda ou

cipó, que simulam degraus de uma escada (Figura 10). O caçador, munido com arma de

fogo, espera o animal no posto de observação construído e atira na caça quando esta é

avistada. Geralmente a caça é atraída para perto da “espera” através de “cevas”

colocadas pelo caçador. As “cevas” são restos de alimento, frutos ou cereais, como

milho. Durante o estudo foram encontradas quatro “esperas” (Tabela 14).

Page 69: mamferos e aves de grande porte do parque estadual ilha do

49

Já o “mundéu” foi encontrado no PEIC apenas uma vez, em uma trilha na parte

oeste utilizada por índios Guarani Mbyá (Tabela 14, Figura 12). Esta armadilha consiste

em um tronco de árvore pesado e suspenso por outros troncos menores. O animal,

atraído pela isca (resto de alimento, cereal, fruto, etc), posiciona – se embaixo do tronco

suspenso e este cai em cima do animal, esmagando-o.

Em relação à categoria “tiros ouvidos”, simbolizada na Figura 9, foi englobada

também a informação sobre um cartucho de bala encontrado na parte nordoeste do PEIC

(Figura 11), além dos tiros ouvidos durante o estudo (Tabela 14).

Page 70: mamferos e aves de grande porte do parque estadual ilha do

50

Figura 9- Mapa de evidências de caça no PEIC encontradas durante o estudo

Page 71: mamferos e aves de grande porte do parque estadual ilha do

51

Figura 10- Uma das “esperas ou trepeiros” encontradas na parte leste do PEIC (Cambriú), dado englobado

na categoria “armadilhas”

Figura 11- Cartucho de bala encontrado na parte nordoeste do PEIC, dado englobado na categoria “tiros

ouvidos”. A caneta foi utilizada como escala, para comparação do tamanho do cartucho

Page 72: mamferos e aves de grande porte do parque estadual ilha do

52

Figura 12- Desenho esquemático do mundéu encontrado na parte nordoeste do PEIC, dado englobado na

categoria “armadilhas” (extraído de Leite, 2000)

Tabela 14. Informações sobre as evidências de caça no PEIC encontradas durante o estudo

Evidências de caça Quantidade Época do registro

Esperas ou trepeiros 04 Novembro de 2001; Maio de 2003; Julho de 2003

Mundéu 01 Junho de 2001

Tiros escutados 02 Maio de 2003; Julho de 2003

Cartucho de bala encontrado 01 Julho de 2003

Encontro com caçadores 03 Fevereiro de 2003; Maio de 2003

Encontrou-se relação significativa entre ocorrência de mamíferos cinegéticos e

distância de comunidades tradicionais no PEIC (Tabela 15), porém o mesmo não foi

obtido para aves (Tabela 16). Tucanos (Ramphastos spp.), urus (Odontophorus

capueira) e esquilos (Sciurus ingrami) foram excluídos desta análise, pois não são

preferencialmente caçados pelos moradores do PEIC (Tabela 1). A variável

independente “distância de comunidades tradicionais” não foi correlacionada à variável

independente “desidade de palmito juçara adulto” (Rs=0,24 , p=6,8).

Há cerca de duas vezes mais chance de mamíferos ocorrerem em locais mais

afastados de comunidades tradicionais no PEIC, uma vez que a razão de chances ou

“odds ratio” = 2,17 (Tabela 15). Ao atribuirmos X1= 2 km na equação Logit Pi= -1,89 +

Page 73: mamferos e aves de grande porte do parque estadual ilha do

53

(0,77* X1), obtemos logit Pi= 0,32. Através da tabela de logit, obtemos p= 0,58. Isso

significa que há 58% de chance de ocorrência de mamíferos à distância de 2 km de uma

comunidade tradicional do PEIC. Por outro lado, se atribuirmos X1= 0,5 km na mesma

equação, obtemos logit Pi= -1,50, correspondente a p= 0,18. Portanto, há 18% de chance

de mamíferos ocorrerem à distância de 0,5 km de uma comunidade tradicional do PEIC.

Tabela 15. Resultados da Regressão Logística Simples obtidos a partir dos dados de ocorrência de

mamíferos (variável dependente) e distância de comunidades tradicionais (X1 = variável

independente)

Variável Coeficiente de regressão Erro padrão p Razão de chances (odds ratio) IC 95%

Intercepto -1,89 0,46 - - -

X1 0,77 0,27 0,005 2,17 1,2 a 3,7

Valor final da máxima verossimilhança = 119,9 χ2 = 8,31 gl = 1 p= 0,03

Tabela 16. Resultados da Regressão Logística Simples obtidos a partir dos dados de ocorrência de aves

(variável dependente) e distância de comunidades tradicionais (X1 = variável independente)

Variável Coeficiente de regressão Erro padrão P Razão de chances (odds ratio) IC 95%

Intercepto -1,87 0,41 - -

X1 0,14 0,24 0,54 1,15 0,7 a 1,8

Valor final da máxima verossimilhança = 101,27 χ2 = 0,36 gl = 1 p= 0,54

Page 74: mamferos e aves de grande porte do parque estadual ilha do

3.5 Discussão

As premissas do método de transecções lineares foram respeitadas (Laake et al.,

1994; Cassey & Mcardle, 1999; Peres, 1999; Cullen Jr. & Rudran, 2003). Os animais

amostrados são conspícuos e possuem vocalização característica, o que torna fácil sua

deteção. Foram raras as vezes em que uma espécie de animal foi avistada mais de uma

vez em uma mesma amostragem e, portanto, a chance de haver contagem de um mesmo

indivíduo durante a transecção foi reduzida neste estudo.

3.5.1 Abundância e ocorrência de aves e mamíferos cinegéticos

Aves frugívoras, como tucanos Ramphastos spp., são pouco abundantes em

fragmentos florestais de pequena área (< 250 ha), principalmente porque necessitam de

áreas grandes e com riqueza de espécies arbóreas (Willis, 1979; Terborgh & Winter,

1980). Esta ave pertence ao vasto número de frugívoros de maior porte, que inclui

plantas com sementes grandes em sua dieta (até 25 mm), atuando em sua dispersão

(Willis, 1979; Terborgh & Winter, 1980; Galetti et al., 2000). Ramphastos spp. foi a ave

mais abundante do PEIC, que em seus 15.100 ha foram catalogadas cerca de 986

espécies vegetais (Melo & Mantovani, 1994).

No Parque Estadual Intervales, o palmito juçara Euterpe edulis foi a espécie mais

consumida por Ramphastos spp. (Galetti et al., 2000) e cujos frutos coletados no PEIC

constituíram a maior biomassa. Galetti & Aleixo (1998) encontraram menor abundância

de tucanos em locais onde era freqüente a extração ilegal de palmito juçara.

Page 75: mamferos e aves de grande porte do parque estadual ilha do

55

Dentre os mamíferos, o bugio Alouatta guariba foi a espécie mais abundante do

PEIC. A abundância e densidade de bugios tende a ser relacionada inversamente ao

tamanho da área (Chiarello & Melo, 2001). De fato, em áreas de Mata Atlântica de

menor tamanho, quando comparadas ao PEIC, a abundância de bugios é maior (Anexo

E).

A ausência de grandes predadores em fragmentos de menor porte e a capacidade

de se adaptarem e proliferarem em ambientes perturbados, devido principalmente ao

hábito folívoro (Chiarello & Galetti, 1994), são fatores a ser considerados no sucesso

aparente de bugios em áreas perturbadas e de menor tamanho (Chiarello & Melo, 2001).

No PEIC, apesar de ser um fragmento de maior porte, não há grandes predadores

como onça-pintada (Panthera onca), mas há registros de onça-parda (Puma concolor)

(CONSEMA, 2001). A baixa abundância de predadores de grande porte no PEIC

favorece a abundância e a densidade de bugios. O fenômeno da “density compensation”

também é um dos fatores que pode ter influenciado o sucesso de bugios no PEIC, pois

outras espécies de primatas folívoros, como o mono-carvoeiro Brachyteles arachnoides,

estão ausentes na área e, conseqüentemente, não há competição por alimento e espaço

(MacArthur et al., 1972; Peres & Dolman, 2000).

Apesar de mono-carvoeiro constar da lista de espécies da fauna do PEIC

(CONSEMA, 2001), os moradores e funcionários afirmam que nunca viram outras

espécies de primatas na área de Mata Atlântica, a não ser bugios. Neste trabalho não

foram avistados indivíduos de mono-carvoeiro em nenhuma trilha percorrida.

Aves de grande porte como jacú Penelope spp., macuco Tinamus solitarius e

inhambú Crypturellus spp. possuem alto valor cinegético, um dos possíveis fatores que

afeta a abundância dessas aves na Mata Atlântica (Cullen Jr. et al., 1999; Chiarello,

2000a; Dário et al., 2002; Willis & Oniki, 2002). No PEIC, a abundância dessas aves foi

uma das menores registradas, quando comparada a outras áreas de Mata Atlântica

(Anexo E). O histórico do PEIC contribui para esse fato pois, antes da criação do

parque, a caça efetuada por moradores de Cananéia e arredores era constante

(CONSEMA, 2001). Apesar de atualmente não haver a pressão de caça que havia antes

da criação do parque, essa atividade ainda ocorre. Além disso, predadores de menor

Page 76: mamferos e aves de grande porte do parque estadual ilha do

56

porte do PEIC, como gatos-do-mato Leopardus spp., alimentam-se de ovos e filhotes

destas aves.

As cutias são mais abundantes na maioria dos fragmentos florestais de maior

tamanho (> 20.000 ha), devido principalmente à maior disponibilidade de frutos nestes

remanescentes de mata (Chiarello, 1997) (Anexo E). A abundância de cutias no PEIC é

baixa em relação a esses fragmentos florestais citados. Esse roedor possui alto valor

cinegético (Redford & Robinson, 1987) e sua extinção local traz conseqüências

prejudiciais para muitas espécies arbóreas. Cutias atuam como dispersores de sementes,

enterrando-as no chão da mata e, assim, aumentam a probabilidade de germinação das

sementes (Smythe, 1989; Forget, 1990; Silva & Tabarelli, 2001).

O método de transecções lineares subestima as espécies que ocorrem em baixas

densidades (Fashing & Cords, 2000). Este é o caso do veado-mateiro Mazama

americana e cateto Pecari tajacu, avistados apenas uma vez durante os censos no PEIC.

A abundância destas espécies é mais alta na maioria dos fragmentos florestais de menor

porte que o PEIC (Anexo E).

Catetos adaptam-se facilmente à ambientes perturbados e são menos vulneráveis

à caça em relação à queixadas Tayassu pecari, pois os grupos, menores que o de

queixadas, andam menos espalhados na mata (Kiltie, 1981a; Robinson & Eisenberg,

1985; Cullen Jr. et al., 1999; Keuroghlian et al., 2004). No entanto, a caça praticada com

cães, como freqüentemente ocorre no PEIC, produz efeito negativo na população de

cateto e veado-mateiro (Yost & Kelley, 1983; Cullen Jr., 1997).

3.5.2 Disponibilidade de frutos

A riqueza de frutos é um dos fatores que influenciou a abundância de catetos e

macucos nas trilhas do PEIC, bem como a biomassa de frutos foi um fator associado à

abundância de queixadas. Catetos e queixadas deslocam-se por grandes distâncias em

busca de habitats com alta disponibilidade de alimento (Robinson & Eisenberg, 1985;

Peres, 1996). Segundo Kiltie (1981a), em épocas de escassez geral de frutos, os catetos

eram abundantes em locais onde ocorriam frutos em abundância.

Page 77: mamferos e aves de grande porte do parque estadual ilha do

57

Catetos e queixadas consomem frutos e sementes grandes, mas poucas sementes

intactas foram encontradas no estômago destes animais, indicando que raramente agem

como dispersores de sementes grandes (Kiltie, 1981a). Estes porcos-do-mato são os

principais frugívoros que removem frutos de palmito juçara do chão da mata, havendo

probabilidade de agirem como dispersores destas sementes pequenas (Keuroghlian et al.,

2004).

A relação entre a disponibilidade de frutos e a abundância da fauna também foi

encontrada em diversos locais do mundo, como na Indonésia (Leighton & Leighton,

1983), África (Gautier-Hion et al., 1985), Índia (Ganesh & Davidar, 1999), em diversos

locais neotropicais (Stevenson, 2001) e na Austrália (Price, 2004).

Leighton & Leighton (1983) correlacionaram o nascimento de aves frugívoras

em épocas de pico de produção de frutos. A relação entre reprodução de queixadas em

períodos de alta abundância de alimentos foi retratada na América Central (Althricher et

al., 2001). No entanto, na Amazônia peruana, onde a sazonalidade não é acentuada,

queixadas se reproduziram o ano inteiro, independentemente da época do ano

(Gottdenker & Bodmer, 1998).

Em locais com menor riqueza e biomassa de frutos pode haver maior competição

por recursos alimentares, sendo um dos fatores que limita a ocorrência das espécies

(Orians & Willson, 1964; Wiens, 1977; Cody, 1981). É provável que a baixa abundância

de espécies frugívoras em algumas regiões do PEIC deve-se à baixa densidade de

espécies arbóreas zoocóricas nestas regiões onde ocorreu intenso desmatamento no

passado.

Price (2004) reportou que algumas espécies de aves frugívoras no norte da

Austrália moveram-se de um fragmento florestal a outro em busca de frutos,

respondendo à flutuações sazonais na abundância destes recuros alimentares.

Frugívoros, que deslocam-se em busca de ambientes com maior disponibilidade de

frutos, atuam como dispersores de sementes, contribuindo para a variabilidade genética

de muitas espécies arbóreas que ocorrem nos fragmentos florestais (Terborgh & Winter,

1980; Leighton & Leighton, 1983; Price, 2004).

Page 78: mamferos e aves de grande porte do parque estadual ilha do

58

O mesmo foi reportado, no caso de tucanos Ramphastos spp., no Parque Estadual

Intervales (Galetti et al., 2000). Tucanos deslocaram-se para áreas com menor altitude

quando as áreas com maior altitude apresentaram escassez de frutos em determinado

período (Galetti et al., 2000). Sick (1997) sugeriu que algumas espécies, como a

jacutinga, realizam movimentos sazonais altitudinais à procura de frutos de palmito

juçara.

É possível que haja movimentação de aves pela paisagem do entorno do PEIC,

porém o mesmo deve ocorrer com menor freqüência e maior dificuldade em relação a

alguns mamíferos terrestres. Os mamíferos devem sofrer mais com os efeitos do

isolamento, pois necessitam ultrapassar o estuário, que banha a parte oeste da ilha, para

atingir o continente e haver o fluxo gênico entre as populações da Ilha do Cardoso e do

continente.

A maior biomassa de frutos no PEIC provêm da família Arecaceae e Moraceae,

consideradas plantas-chave para a maioria dos frugívoros (Terborgh, 1986; Galetti &

Peres, 1993). Frutos de Ficus spp. e Euterpe edulis constituíram a maior biomassa no

PEIC, segundo este estudo. O palmito juçara Euterpe edulis é produzido o ano inteiro na

Ilha do Cardoso, principalmente em épocas de escassez geral de frutos (Castro, 2003).

Por este motivo, esta espécie-chave garante a sobrevivência de muitas espécies

frugívoras no PEIC.

Todos os frugívoros, que foram observados se alimentando de palmito juçara no

PEIC, foram considerados dispersores de sementes, contribuindo positivamente para a

qualidade da dispersão (Castro, 2003; Côrtes, 2003). As espécies de aves que mais

removeram sementes de palmito juçara no PEIC foram tucanos Ramphastos spp. e jacús

Penelope spp. (Castro, 2003; Côrtes, 2003).

A exploração ilegal destas plantas-chave pode reduzir a densidade local destas e,

conseqüentemente, afetar a fauna local que depende destas espécies em épocas de

escassez geral de frutos (Leighton & Leighton, 1983; Howe, 1984). No caso do PEIC, a

exploração ilegal de palmito juçara Euterpe edulis pode acarretar na diminuição da

população de mamíferos e possível extinção local a longo prazo, já que a ocorrência de

Page 79: mamferos e aves de grande porte do parque estadual ilha do

59

mamíferos foi significativamente relacionada com a densidade desta palmeira, como

demonstrado neste estudo.

3.5.3 Estrutura da vegetação

A densidade de palmito juçara adulto foi um preditor da ocorrência de mamíferos

no PEIC. Na Mata Atlântica esta palmeira sofre exploração ilegal, sendo escassa em

fragmentos de menor porte (Galetti & Aleixo, 1998; Galetti & Fernandez, 1998). O

palmito juçara é considerado planta-chave, pois frutifica em época de escassez geral de

frutos (Terborgh, 1986; Galetti & Peres, 1993).

Durante o estudo de fenologia de palmito juçara na Ilha do Cardoso, realizado

por Castro (2003) entre os anos de 2001 e 2002, esta palmeira frutificou o ano inteiro,

com picos de produção de frutos nas épocas de escassez geral de frutos (cerca de 7 kg/

ha no mês de maio e junho). O autor também verificou que os frutos ficaram disponíveis

no chão da mata por cerca de oito meses.

Fragmentos florestais que possuem densidade de palmito juçara adulto

semelhante ao PEIC ou maior, constituem áreas importantes a serem preservadas, uma

vez que existe maior probabilidade de mamíferos utilizarem estes locais e manterem os

processos ecológicos como a dispersão de sementes.

Spironelo (1991) registrou a importância de frutos de palmeiras na dieta de

macaco-prego Cebus apella. Este primata foi encontrado em regiões de maior densidade

de palmeiras, sendo que o mesmo ocorreu em um fragmento de Mata Atlântica

semidecídua no sudeste do Brasil (São Bernardo, 2001). Na Amazônia central foi

constatado que a fragmentação florestal afeta a diversidade de palmeiras (Scariot, 1999)

o que, conseqüentemente, reflete na abundância da fauna que utiliza seus frutos na

alimentação (Howe, 1984; Terborgh, 1986).

A alteração antrópica no ambiente, através de extração ilegal das espécies

vegetais, modifica indiretamente a abundância de frugívoros, uma vez que a abundância

de alimento é reduzida. Conseqüentemente, a dispersão de sementes por frugívoros

Page 80: mamferos e aves de grande porte do parque estadual ilha do

60

também diminui, afetando a diversidade de espécies arbóreas (Wright et al., 1999;

Moegenburg, 2002).

Outros trabalhos registraram as relações entre algumas características do habitat

e ocorrência de primatas, como a altura das árvores e baixa abundância de lianas

(Scharwzkopf & Rylands, 1989), além de DAP de árvores maiores que 18 cm (Gaulin et

al., 1980). Felton et al. (2003) constataram que, na Indonésia, houve maior densidade de

orangotangos em locais com alta abundância de árvores com fruto e com características

apropriadas para a utilizarem-nas como árvore-dormitório.

No PEIC, a relação entre ocorrência de espécies e outras estruturas da vegetação

(DAP, altura das árvores e cobertura do dossel) não foi significativa, provavelmente

porque as espécies avistadas devem utilizar habitats heterogêneos (August, 1983). Além

disso, a maioria das espécies avistadas são frugívoras e, portanto, possuem área de uso

ampla (Terborgh, 1983). Cada ponto-quadrante amostrado neste estudo abrangeu uma

área pequena da vegetação, o que pode ter contribuído para alguns resultados não

significativos da análise. A presença de arbustos com folhagem densa, locais com raízes

expostas, presença de lianas etc não foram medidas neste estudo, mas foram importantes

fatores na ocorrência de queixadas, por exemplo, que utilizaram locais com estas

características para forrageio (Kiltie, 1981b).

3.5.4 Impacto antrópico

As evidências de caça encontradas no PEIC, neste estudo, foram mais registradas

durante os meses de maio a julho, fato relatado por M. Campolim (Responsável pela

administração do Parque Estadual Ilha do Cardoso, na época em que a pesquisa foi

realizada). Segundo Mendonça (2000), a suspensão da caça por moradores pescadores-

lavradores do PEIC ocorre entre os meses de agosto a outubro, por ser época de

amamentação e crescimento de filhotes.

Os períodos de amamentação e crescimento de filhotes mencionados são

baseados em crenças populares e não há embasamento científico (Adams, 2000). As

Page 81: mamferos e aves de grande porte do parque estadual ilha do

61

espécies de aves de grande porte e mamíferos caçados possuem épocas reprodutivas

diferentes, sendo que muitos animais reproduzem-se ao longo do ano, como é o caso de

queixadas (Tayassu pecari), com picos de reprodução dependendo da disponibilidade de

alimento e fatores climáticos (Gottdenker & Bodmer, 1998; Althricher et al., 2001).

O fato de mamíferos terem sido mais freqüentemente encontrados longe de

comunidades tradicionais também foi demonstrado em outros trabalhos (Sá, 2000; Peres

& Lake, 2003). Além da caça próxima às habitações reduzir a população dos animais

cinegéticos, o que diminui a probabilidade de encontro com estes, determinadas espécies

de mamíferos mudam seu comportamento e habitat devido à perturbação humana. Além

disso, possuem dificuldade de recolonizar áreas onde ocorriam (Chiarello, 2000; Peres,

2001).

Já aves cinegéticas não apresentaram esse padrão na Ilha do Cardoso,

principalmente porque as aves podem colonizar áreas em qualquer região da ilha com

maior facilidade, quando comparado a mamíferos. A passagem de mamíferos terrestres

pelo estuário, que banha a parte oeste do PEIC, é um evento que ocorre com menor

freqüência e com maior dificuldade, em comparação à movimentação das aves. A taxa

de recolonização de animais terrestres em ambientes insulares é baixa, o que resulta na

perda de variabilidade genética, aumento da endogamia e, conseqüentemente, aumento

da chance de extinção local de algumas espécies a longo prazo (MacArthur & Wilson,

1967; Ralls et al., 1986).

Propõe-se que os índios Guarani Mbya, que se estabeleceram na Ilha do Cardoso

em 1992, sejam transferidos para uma outra área de Mata Atlântica que tenha menos

valor para a conservação das espécies, ou seja, áreas de floresta que abriguem menor

diversidade e riqueza de espécies nativas da fauna e flora. Este processo deve ser feito

após estudos detalhados sobre quais áreas são apropriadas para o estabelecimento da

aldeia.

Em relação aos caiçaras, que habitam a Ilha do Cardoso desde antes da criação

do parque, propõe-se que estes sejam inseridos em programas de conscientização e

educação ambiental, uma vez que é necessário que atividades ilegais como a caça e a

extração de palmito juçara sejam inibidas. Além disso, propõe-se uma fiscalização

Page 82: mamferos e aves de grande porte do parque estadual ilha do

62

periódica em trilhas da Mata Atlântica da Ilha do Cardoso, acompanhada de relatórios

periódicos que informem as localizações e detalhes sobre as ilegalidades constatadas, a

fim se ter dados consistentes sobre tais atividades. Com informações sobre o número de

animais abatidos por ano, espécies mais caçadas, intensidade de extração de palmito

juçara etc, será possível conhecer detalhadamente as principais ameaças à biodiversidade

da Ilha do Cardoso e adotar medidas de manejo adequadas para amenizar estes

problemas.

Page 83: mamferos e aves de grande porte do parque estadual ilha do

3.6 Conclusões

Este estudo contribui para a polêmica questão do possível impacto de

comunidades tradicionais na fauna das Unidades de Conservação de uso indireto, pois

foi demonstrado que os habitantes atuais da Ilha do Cardoso caçam e houve maior

probabilidade de se encontrar mamíferos cinegéticos em locais afastados de

comunidades tradicionais da Ilha do Cardoso (aldeia indígena ou vila caiçara).

Além disso, os resultados deste estudo sugerem que esforços devem ser feitos

para se conservar áreas na Ilha do Cardoso e áreas de Mata Atlântica onde exista alta

densidade de palmito juçara Euterpe edulis, alta biomassa e riqueza de frutos, pois há

maior probabilidade de mamíferos cinegéticos utilizarem áreas com estas características.

Page 84: mamferos e aves de grande porte do parque estadual ilha do

4 DENSIDADE E TAMANHO POPULACIONAL DE AVES E MAMÍFEROS

CINEGÉTICOS NA ILHA DO CARDOSO, SP, BRASIL

Autora: CHRISTINE STEINER SÃO BERNARDO

Orientador: Prof. Dr. MAURO GALETTI

Resumo

O objetivo deste trabalho foi obter a densidade e o tamanho populacional de aves

e mamíferos cinegéticos na Mata Atlântica do Parque Estadual Ilha do Cardoso

(Cananéia, SP, Brasil), através do método de transecções lineares. Foram percorridos

273,05 km em 13 trilhas distribuídas em várias regiões da ilha. Dentre as aves

cinegéticas com maior densidade destacaram-se o uru Odontophorus capueira (26,7

indivíduos/ km2), tucanos Ramphastos spp. (12,2 indivíduos/ km2) e jacús Penelope spp.

(3,2 indivíduos/ km2). Dentre os mamíferos, o bugio Alouatta guariba (8,9 indivíduos/

km2) e a cutia Dasyprocta leporina (3,4 indivíduos/ km2) apresentaram a maior

densidade. Considerando-se que a chance de extinção é maior em populações com

menor número de indivíduos, a jacutinga Pipile jacutinga (média de 234 indivíduos), o

esquilo Sciurus ingrami (média de 182 indivíduos) e o macuco Tinamus solitarius

(média de 140 indivíduos) correm risco de extinção local a longo prazo no PEIC,

podendo não apresentar populações viáveis a longo prazo. As estimativas de densidade e

de tamanho populacional apresentadas podem ser utilizadas como ponto de partida para

o monitoramento do estado de conservação dessas espécies no futuro.

Page 85: mamferos e aves de grande porte do parque estadual ilha do

4 DENSITY AND POPULATION SIZE OF GAME MAMMALS AND BIRDS AT

ILHA DO CARDOSO, SP, BRAZIL

Author: CHRISTINE STEINER SÃO BERNARDO

Adviser: Prof. Dr. MAURO GALETTI

Summary

The objective of this work was to estimate density and population size of game

birds and mammals in the Atlantic Forest at Ilha do Cardoso State Park, through line-

transect methods. The observations summed up to 273.05 Km of transects in 13 trails in

different regions throughout the park. Among the most abundant game birds were quails

Odontophorus capueira (26.7 individuals/ km2), toucans Ramphastos spp. (12.2

individuals/ km2) and guans Penelope spp. (3.2 individuals/ km2). Among mammals,

howler monkeys Alouatta guariba (8.9 individuals/ km2) and agoutis Dasyprocta

leporina (3.4 individuals/ km2) were the most abundant. Considering that probability of

extinction is higher in populations with few individuals, jacutinga Pipile jacutinga

(mean of individuals= 234), squirrels Sciurus ingrami (mean of individuals= 182) and

tinamou Tinamus solitarius (mean of individuals= 140) are threatened by extinction,

because these populations may not be viable in long-term at Ilha do Cardoso State Park.

These estimates can be used as the starting point for monitoring the conservation status

of these species in the future.

Page 86: mamferos e aves de grande porte do parque estadual ilha do

4.1 Introdução

Estimativas de densidade e principalmente de tamanho populacional são

importantes para os estudos de biologia da população e monitoramento da vida silvestre

(Soulé, 1986; Glanz, 1996). A densidade das espécies permite a comparação entre

diferentes regiões, onde já foram realizados censos das espécies com uma mesma

metodologia. Realizar censos periodicamente possibilita o monitoramento das espécies,

avaliando se há aumento, declínio ou estabilidade da população a longo prazo (Soulé

1986; Glanz, 1996).

No entanto, são raros os trabalhos que estimaram a densidade e tamanho

populacional de aves e mamíferos em florestas neotropicais, especialmente na Mata

Atlântica (Pinto et al., 1993; Chiarello, 1997; Guix et al., 1997; Martín, 2000; Chiarello

& Melo, 2001; González-Solís et al., 2002; Sánchez-Alonso et al., 2002), pois para que

estas estimativas sejam confiáveis é necessário um grande número de avistamentos

(Brockelman & Ali, 1987; Buckland et al., 1993; Peres, 1999; Cullen Jr. & Rudran,

2003).

Atualmente, apenas 2% das áreas de Mata Atlântica encontram-se sob proteção

legal, apesar de ser um dos ecossistemas mais ameaçados do planeta (Myers et al.,

2000). Essas unidades de conservação foram criadas com o objetivo principal de

conservar e proteger a biodiversidade, mas a caça e extração ilegal de recursos naturais

ainda persistem nestas áreas (Olmos et al., 2002; Olmos et al., 2004).

Uma destas áreas é o Parque Estadual Ilha do Cardoso (PEIC), cuja fauna

encontra-se atualmente ameaçada, principalmente pela caça ilegal praticada pelos

moradores (caiçaras e índios Guarani Mbya) e por caçadores provenientes do entorno do

parque. Além da caça, essas pessoas também retiram palmito juçara Euterpe edulis da

Page 87: mamferos e aves de grande porte do parque estadual ilha do

67

Mata Atlântica do PEIC, um recurso alimentar importante que influencia a ocorrência de

mamíferos na Ilha do Cardoso (ver capítulo 3).

O objetivo deste trabalho foi estimar a densidade e o tamanho populacional de

aves e mamíferos cinegéticos que habitam a Mata Atlântica ombrófila do Parque

Estadual Ilha do Cardoso. Estas informações são imprescindíveis para o início do

monitoramento dessa fauna cinegética e avaliar o estado de conservação destas

populações.

Page 88: mamferos e aves de grande porte do parque estadual ilha do

4.2 Revisão de Literatura

Em muitos estudos relativos aos mamíferos nos remanescentes de Mata

Atlântica, apenas houve descrição das espécies, destacando a riqueza e a diversidade

local (Ávila-Pires & Gouvêa, 1977; Gargaglione et al., 1998; Passamani et al., 2000). No

entanto, em se tratando de riqueza, abundância e densidade de primatas, existe uma

grande quantidade de trabalhos realizados em fragmentos de Mata Atlântica (Rylands,

1982; Torres de Assumpção, 1983; Lima, 1990; Stallings et al., 1991; Chiarello, 1993;

Pinto et al., 1993; Perez, 1997; Ferrari, 1988; Cosenza & Melo, 1998; Gonzáles-Sóliz et

al., 2002).

Em relação às aves de grande porte, na maior parte dos estudos apenas foi

descrita a área de ocorrência das espécies ou abordados aspectos da história natural

(Collar et al., 1992; Sick, 1997; Pacagnella et al., 1994). No caso de cracídeos, apesar de

ser um grupo ameaçado de extinção, houve poucos estudos sobre sua densidade e a

coleta de dados não é padronizada, o que dificulta a comparação entre os dados (Silva &

Strahl, 1991). O mesmo problema da padronização na coleta e análise dos dados foi

abordada também em artigos de censos de mamíferos de médio e grande porte (Pinto et

al., 1993; Chiarello, 1999; Gonzaléz- Sóliz et al., 2002).

Estimativas de densidade e principalmente de tamanho populacional são

importantes para os estudos de biologia da população e monitoramento da vida silvestre

(Soulé, 1986; Glanz, 1996). Nas áreas de Mata Atlântica, são raros os trabalhos que

apresentaram estimativas de densidade e de tamanho populacional de aves e mamíferos

(Pinto et al., 1993; Chiarello, 2000b; Guix et al., 1997; Martín, 2000; Chiarello & Melo,

2001; Cullen Jr. et al., 2001; González-Solís et al., 2002; Sánchez-Alonso et al., 2002).

Page 89: mamferos e aves de grande porte do parque estadual ilha do

69

Devido à baixa densidade de algumas espécies que ainda persistem em áreas

como a Mata Atlântica, cujos principais problemas são a caça ilegal e o desmatamento,

(Chiarello, 2000a; Chiarello & Melo, 2001; Cullen Jr. et al., 2001), um grande esforço

amostral deve ser feito para atingir o número suficiente de avistamentos (Terborgh,

1986; Brockelman & Ali, 1987; Buckland et al., 1993; Peres, 1999; Cullen Jr. & Rudran,

2003).

Existe um grande discussão sobre qual seria o delineamento experimental mais

adequado para obter resultados confiáveis em censos populacionais da fauna silvestre,

ou seja, qual o comprimento ideal das trilhas (unidades amostrais) e se há independência

entre as amostras (Peres, 1999; Magnusson, 2001; Ferrari, 2002).

Magnusson (2001) argumentou que uma única trilha, de preferência reta e de no

mínimo 100 km, é ideal para estimativas de população da fauna silvestre. Assim, evita-

se percorrer as mesmas trilhas de pequeno comprimento repetidas vezes, pois isto

superestima a abundância de espécies que habitam a parte da floresta próxima à trilha ou

utilizam o local devido à presença de árvores frutificando.

Ferrari (2002) defendeu o uso de trilhas de pequeno comprimento, pois no caso

de uma trilha ser percorrida várias vezes no mesmo dia, um intervalo de no mínimo uma

hora deve ser estipulado entre os censos para que encontros com o mesmo grupo de

animais seja evitado e, dessa maneira, seja garantida a independência das amostras

(Peres, 1999; Ferrari, 2002).

Diversas trilhas de menor comprimento viabilizam estudos, principalmente em

áreas com relevo acidentado e falta de logística, o que dificulta a abertura de trilhas

extensas (Ferrari, 2002). Além disso, num delineamento experimental com diversas

trilhas menores, há maior probabilidade de se amostrar um ambiente heterogêneo

(Janson & Terborgh, 1980; Ferrari, 2002).

Page 90: mamferos e aves de grande porte do parque estadual ilha do

4.3 Material e Métodos

4.3.1 Área de estudo

O Parque Estadual Ilha do Cardoso (PEIC) é uma Unidade de Conservação de

uso indireto, abrangendo uma área total de 15.100 ha ou cerca de 11.100 ha se for

considerado apenas a área coberta por floresta pluvial tropical (Melo & Mantovani,

1994). Essa UC foi criada em 1962 (Decreto Estadual 40319/62) e localiza-se no litoral

sul do Estado de São Paulo (25°03’05’’S a 25°18'18’’S e 48°53'48’’W a 48°05'42’’W)

(CONSEMA, 2001) (Figura 2).

A topografia é predominantemente montanhosa, com a parte central dominada

por elevações acima de 814 m. Há cinco principais formações vegetais no PEIC: dunas,

restinga, mangue, floresta pluvial tropical de planície litorânea e floresta pluvial tropical

de encosta (Noffs & Baptista-Noffs, 1982). O clima é megatérmico superúmido sem

estação seca definida e com nível de precipitação anual de 3.000 mm (Funari et al.,

1987).

O PEIC é um dos maiores sítios de diversidade e riqueza de avifauna da Mata

Atlântica, tendo sido registradas 416 espécies de aves ou 53% do total de espécies já

registradas para o Estado de São Paulo (Barbosa et al., 1988; Willis & Oniki, 2003).

Existem cerca de 80 espécies de mamíferos catalogados, sendo a maioria roedores e

quirópteros (SMA, 1998). Entre as espécies de mamíferos de grande porte há a lontra

(Lontra longicaudis), o bugio (Alouatta guariba) e o veado-mateiro (Mazama

americana). Muitos animais são raros, como é o caso do cateto (Pecari tajacu), de

queixada (Tayassu pecari) e da onça-parda (Puma concolor). A anta (Tapirus

Page 91: mamferos e aves de grande porte do parque estadual ilha do

71

terrestris) e a onça-pintada (Panthera onca) já foram extintas localmente na década de

1960.

Atualmente existem seis povoamentos na ilha (Itacuruça, Foles, Cambriú,

Marujá, Enseada da Baleia e Pontal), caracterizados pela presença de caiçaras

pescadores-lavradores (CONSEMA, 2001). Em 1992, uma comunidade de índios

Guarani Mbya estabeleceu-se no interior da ilha. A população humana atual do PEIC

incluindo caiçaras e índios Guarani Mbya totaliza 568 pessoas (CONSEMA, 2001;

Bernardi, dados não publicados).

4.3.2 Coleta de dados

Treze trilhas situadas na Mata Atlântica do PEIC foram percorridas repetidas

vezes, das 5:00 h às 17:30 h, horário de maior atividade das espécies diurnas (Figura 3,

Tabela 2, Anexo A) (Peres, 1999; Ferrari, 2002). Foram realizadas 225 amostragens, de

fevereiro a novembro de 2001 e em 2003 (fevereiro, maio, junho, setembro e

novembro), totalizando-se 273,05 km percorridos.

As espécies consideradas para esse estudo foram mamíferos diurnos e não-

voadores com mais de 0,2 kg e aves com mais de 0,4 kg (Emmons, 1990; Sick, 1997;

Short & Horne, 2001). Apesar dos esquilos (Sciurus ingrami), dos urus (Odontophorus

capueira) e dos tucanos (Ramphastos spp.) não serem preferencialmente caçados na Ilha

do Cardoso (Tabela 1), foram incluídos na amostragem pois essas espécies foram

detectadas durante o censo e informações sobre o tamanho populacional são úteis,

independentemente do valor cinegético da espécie.

Para estimar a densidade e o tamanho populacional dos mamíferos e aves

cinegéticos do PEIC foi utilizado o método de transecções lineares (Burnham et al.,

1980; Brockelman & Ali, 1987; Buckland et al., 1993; Peres, 1999). Este método possui

premissas básicas a serem seguidas para que o resultado de densidade populacional seja

o mais acurado possível: 1) as distâncias perpendiculares e ângulos devem ser medidos

de maneira acurada; 2) todos os animais devem ser detectados e o mesmo animal não

deve ser contado duas vezes ou mais em uma mesma transecção; 3) os animais não

Page 92: mamferos e aves de grande porte do parque estadual ilha do

72

devem se mover a longas distâncias antes de serem detectados pelo observador (Cassey

& Mcardle, 1999; Peres, 1999; Cullen Jr. & Rudran, 2003).

Ao detectar alguma espécie de mamífero ou ave de grande porte foram anotados:

1) número de indivíduos; 2) espécie avistada; 3) distância perpendicular entre o animal e

a trilha e, no caso de espécies que vivem em grupos ou bandos, como bugios Alouatta

guariba e urus Odontophorus capueira, foi medida a distância perpendicular do centro

do bando à trilha; 4) horários de início e final do censo; 5) horário de avistamento do

animal; 6) ponto amostral da trilha onde o animal foi avistado; 7) quilometragem

percorrida em cada transecção (Burnham et al., 1980; Glanz, 1996; Peres 1999).

4.3.3 Análise dos dados

A densidade foi estimada com auxílio do programa DISTANCE 4.1 (modelo

“Half normal”, função Cosseno, Sequencial, Critério de Informação de Akaike) (Laake

et al. 1994; Peres, 1999; Cassey & Mcardle, 1999; Cullen Jr. & Rudran, 2003).

O programa DISTANCE 4.1 utiliza as distâncias perpendiculares (animal-trilha)

para estimar a largura efetiva da área amostrada (chamado ESW ou effective strip

width), para modelar a função de detecção que melhor se adequa à probabilidade de

detecção de um animal numa dada distância da trilha (Buckland et al., 1993; Laake et

al., 1994; Cullen Jr. & Rudran, 2003). Métodos de distância permitem obter estimativas

de densidade populacional acuradas, mesmo que parte dos objetos de estudo não seja

detectada (Buckland et al., 1993).

É recomendável que haja no mínimo 40 avistamentos para que a estimativa de

densidade seja acurada (coeficiente de variação < 0,20). Se o número de avistamentos

não for suficiente, recomenda-se combinar os dados de distância perpendicular das

espécies para estimar um valor geral de ESW (Buckland et al., 1993). Esse

procedimento só deve ser adotado se as distâncias perpendiculares de cada espécie não

forem diferentes estatisticamente (ANOVA, 1 critério, p> 0,05) (Chiarello & Melo,

2001).

Page 93: mamferos e aves de grande porte do parque estadual ilha do

73

A densidade foi calculada para cada espécie através da fórmula

D=N/(2*ESW*L), onde D= densidade (indivíduos/ km2); N= número total de encontros;

ESW= largura efetiva da área amostrada em Km, calculada pelo programa DISTANCE;

L=quilometragem total percorrida.

No caso de espécies que vivem em grupos ou bandos, como bugios Alouatta

guariba e urus Odontophorus capueira, a densidade destas espécies também foi

calculada como grupos/ km2.

O tamanho da população foi calculado multiplicando-se a densidade pelo

tamanho de área da Mata Atlântica do PEIC (111 km2). A biomassa (kg/ km2) foi

calculada para as espécies que tiveram sua densidade estimada, multiplicando-se a

massa corpórea (obtidas de Robinson & Redford, 1986; Sick, 1997; Peres, 2000; Cullen

Jr. et al., 2001; Shorte & Horne, 2001) pela densidade.

Page 94: mamferos e aves de grande porte do parque estadual ilha do

4.4 Resultados

Foram percorridos 273,05 km e registrados 168 encontros com aves e mamíferos

cinegéticos. Foram avistadas nove espécies de mamíferos e sete espécies de aves

cinegéticas durante o estudo (Tabela 4). Houve 72 encontros com mamíferos e 96

encontros com aves no PEIC.

As espécies foram mais avistadas próximas à trilha e os avistamentos diminuíram

quanto maior a distância à trilha (Figura 13), respeitando-se uma das premissas

importantes do método de transecções lineares.

Os dados de distância perpendicular das espécies Penelope spp., Pipile jacutinga,

Tinamus solitarius e Ramphastos spp. foram combinados, a fim de ser calculado um

valor geral de ESW (ANOVA 1 critério, p= 0,12). Também foram combinados os dados

de distância perpendicular dos roedores Dasyprocta leporina e Sciurus ingrami

(ANOVA 1 critério, p= 0,68).

Dentre as aves cinegéticas com maior densidade destacaram-se os urus

Odontophorus capueira (9,5 grupos/ km2, variando entre 6,4 e 13,2 grupos/ km2 e 26,7

indivíduos/ km2), os tucanos Ramphastos spp. (4,27 indivíduos/ km2) e os jacús

Penelope spp. (2,27 indivíduos/ km2) (Tabela 17). Dentre os mamíferos, o bugio

Alouatta guariba (3,4 grupos/ km2 , variando entre 2,6 e 4,4 grupos/ km2 e 8,9

indivíduos/ km2) e a cutia Dasyprocta leporina (3,4 indivíduos/ km2) apresentaram a

maior densidade (Tabela 17).

O tamanho médio do grupo de bugios foi de 2,6 animais/ grupo, sendo que o

maior grupo encontrado constituiu-se de 6 indivíduos. O tamanho médio do bando de

urus foi de 2,8 indivíduos/ grupo, sendo que o maior grupo de urus encontrado

constituiu-se de 8 indivíduos.

Page 95: mamferos e aves de grande porte do parque estadual ilha do

75

As espécies cuja população apresentou menor número de indivíduos foram a

jacutinga Pipile jacutinga (média de 234 indivíduos), o esquilo Sciurus ingrami (média

de 182 indivíduos) e o macuco Tinamus solitarius (média de 140 indivíduos) (Tabela

17).

Page 96: mamferos e aves de grande porte do parque estadual ilha do

76

0

5

10

15

20

25

0 - 10 m 10.1 - 20 m 20.1 - 30 m

Odontophorus capueira Ramphastos Penelope

Tinamus solitarius Pipile jacutinga

me

ro

de

av

ista

me

nto

s

Figura 13- Distribuição da freqüência do número de avistamentos das espécies de aves e mamíferos, cuja

densidade foi estimada, com base em três classes de distâncias perpendiculares, representadas

em intervalos de 10 metros

0

5

10

15

20

25

0 - 10 m 10.1 - 20 m 20.1 - 30 m

Alouatta guariba Dasyprocta leporina Sciurus ingrami

D i s t â n c i a s d e d e t e c ç ã o

Page 97: mamferos e aves de grande porte do parque estadual ilha do

77

Tabela 17. ESW (largura efetiva da área amostrada, em metros), coeficiente de variação (CV), densidade populacional (nº de indivíduos/ km2) e N

(população total estimada no PEIC) calculados pelo DISTANCE 4.1, massa corpórea (kg), biomassa (kg/ km2) e classificação da dieta das

espécies cinegéticas avistadas no PEIC. Os valores entre parênteses correspondem aos intervalos de confiança 95%

Espécie

ESW (m) CV Densidade

N (indivíduos) Massa corpórea (kg) Biomassa (kg/ km2) Dieta***

Odontophorus capueira (uru) 5,2 (3,6 - 7,4) 0,17 26,7 (18,0 - 37,2) 2963 (2004 - 4129) 0,3c 8,01 (5,4- 11,1) IF

Ramphastos spp* (tucano) 13,1 (10,9 - 15,7) 0,09 12,2 (10,6 - 15,9) 1354 (1179 - 1765) 0,35 d 4,27 (3,7 - 5,5) IFV

Alouatta guariba (bugio) 18,5 (14,3 - 24,0) 0,13 8,9 (6,9 - 11,6) 997 (769 - 1291) 6,4 a 57,4 (44,3 - 74,4) FF

Dasyprocta leporina (cutia) 10,7 (7,9 - 14,6) 0,15 3,4 (2,3 - 4,4) 385 (264 - 488) 2,8a 9,7 (6,6 - 12,3) FG

Penelope spp.** (jacú) 13,1 (10,9 - 15,7) 0,09 3,2 (2,8 - 4,2) 359 (311 - 467) 1,2c 3,8 (3,3 - 5,0) FS

Pipile jacutinga (jacutinga) 13,1 (10,9 - 15,7) 0,09 2,1 (1,8 - 2,7) 234 (203 - 304) 1,5b 3,16 (2,7 - 4,1) FS

Sciurus ingrami (esquilo) 10,7 (7,9 - 14,6) 0,15 1,6 (1,1 - 2,0) 182 (124 - 231) 0,33e 0,5 (0,3 - 0,6) FG

Tinamus solitarius (macuco) 13,1 (10,9 - 15,7) 0,09 1,2 (1,0 - 1,6) 140 (121 - 182) 1,45f 1,8 (1,5 - 2,3) FS-CC aSegundo Cullen Jr et al., 2001; bsegundo Galetti et al., 1997; csegundo Peres, 2000; d segundo Short & Horne, 2001; esegundo Robinson & Redford, 1986; fsegundo Sick, 1997.

* Inclui Ramphastos dicolorus e R. vitellinus

** Inclui Penelope obscura e P. superciliaris

*** Segundo a classificação de Redford (1993): IF= insetos pequenos e frutos do chão; IFV = insetos grandes em copas de árvores, frutos e pequenos

vertebrados; FF= frugívoro-folívoro; FG= frugívoro-granívoro; FS= frutos e sementes da copa de árvores; FS-CC= frutos e sementes da copa de árvores e

do chão.

Page 98: mamferos e aves de grande porte do parque estadual ilha do

4.5 Discussão

4.5.1 Acurácia das estimativas de densidade e de tamanho populacional

As premissas do método de transecções lineares foram respeitadas (Laake et al.,

1994; Cassey & Mcardle, 1999; Peres, 1999; Cullen Jr. & Rudran, 2003). Os animais

amostrados são conspícuos e possuem vocalização característica, o que torna fácil sua

deteção.

Foram raras as amostragens em que uma espécie de animal foi avistada mais de

uma vez e, portanto, a chance de haver contagem de um mesmo indivíduo durante a

transecção foi reduzida neste estudo. Além disso, todos os animais foram detectados em

sua posição original, ou seja, antes do momento de fuga. Isto foi possível devido ao

barulho que os animais faziam ao se deslocarem quando percebiam a presença do

observador.

As espécies foram mais avistadas próximas à trilha e os avistamentos diminuíram

quanto maior a distância à trilha. Assim, todas as premissas do método de transecções

lineares foram respeitadas, contribuindo para uma maior acurácia das estimativas da

densidade e do tamanho populacional (Buckland et al., 1993; Gonzáliz-Sóliz et al.,

2001; Cullen Jr. & Rudran, 2003).

Nenhuma espécie, cuja densidade populacional foi calculada, apresentou

coeficiente de variação acima de 20% (Tabela 17), o valor máximo recomendado para

uma estimativa de densidade acurada (Buckland et al., 1993). Isto significa que as

estimativas de densidade apresentadas são confiáveis e servem como ponto de partida

para comparação com futuros censos populacionais na Ilha do Cardoso.

Page 99: mamferos e aves de grande porte do parque estadual ilha do

79

4.5.2 Densidade populacional, dieta e tamanho corpóreo das espécies

Em diversos estudos realizados, a densidade populacional de mamíferos foi

extremamente relacionada com a massa corpórea de adultos e com o nível trófico

ocupado pelas espécies (Mohr, 1940; Eisenbergh, 1980; Peters & Raelson, 1984;

Robinson & Redford, 1986).

Nestes estudos, a massa corpórea de mamíferos foi inversamente proporcional à

densidade das espécies, mas a dieta das espécies também influenciou a densidade, sendo

que animais com dieta mais generalista possuíram maiores densidades que espécies

especialistas (Eisenbergh, 1980; Peters & Raelson, 1984; Robinson & Redford, 1986).

Bugio, um primata frugívoro-folívoro, possuiu maior densidade no PEIC, quando

comparado a roedores frugívoro-granívoros, como cutia e esquilo. Robinson & Redford

(1986) encontraram este padrão em florestas neotropicais. No entanto, era de se esperar

que cutias ocorressem em menor densidade que esquilos, uma vez que são animais cuja

dieta é semelhante, mas de massa corpórea diferente (Robinson & Redford, 1986).

Também era de se esperar que queixadas e catetos tivessem maior densidade no PEIC,

sendo também frugívoro-folívoros, como bugios. No entanto, queixadas e catetos

ocorreram em baixas densidades no PEIC, o que não correspondeu ao padrão predito por

Robinson & Redford (1986). Certamente fatores antrópicos, como a caça e extração

ilegal de palmito juçara, contribuem para a baixa densidade destas espécies na Ilha do

Cardoso.

Segundo Redford (1992), a maioria dos animais cinegéticos possui grande massa

corpórea e hábitos frugívoros. A densidade e a biomassa destas espécies são afetadas

pela caça, sendo que estes parâmetros foram menores nas áreas com significativa

pressão de caça (Thiollay, 1986; Peres, 1990; Terborgh et al., 1990). Nestas áreas, estas

espécies podem ocorrer em tão baixa densidade, que não interagem mais com outras

espécies significativamente, apesar de estarem presentes (Estes et al., 1989; Redford,

1992). Esta é a chamada extinção ecológica, que pode ocorrer com estas espécies

cinegéticas frugívoras, importantes por desempenharem papel na dispersão de sementes,

Page 100: mamferos e aves de grande porte do parque estadual ilha do

80

predação de sementes, herbivoria etc (Dirzo & Miranda, 1990; Janson & Emmons, 1990;

Wright, 2003).

4.5.3 Comparação com outras áreas de Mata Atlântica

Os trabalhos que foram utilizados para comparar a densidade em diferentes locais

de Mata Atlântica, apresentados nesta seção, utilizaram o método de transecções lineares

e a densidade foi estimada com auxílio do programa DISTANCE.

Guix et al. (1997) estimaram a densidade de jacutingas no Parque Estadual

Intervales, sendo esta densidade maior que a encontrada no PEIC (Anexo F). Em

Ilhabela, as jacutingas foram registradas, apesar de palmito juçara Euterpe edulis ter

sofrido extinção local (Collar et al., 1992; Olmos, 1996). Nas Unidades de Conservação

que possuem maior proteção (Parque Estadual Intervales e Parque Estadual Carlos

Botelho) houve maior densidade de jacutingas quando comparada ao PEIC, enquanto

que no Parque Estadual Ilhabela a densidade foi menor (Galetti et al., 1997; Guix et al.,

1997; Sanchez-Alonso et al., 2002). A caça ilegal é um dos fatores responsáveis por isto,

tendo o mesmo ocorrido na Venezuela, onde a densidade de cracídeos declinou

drasticamente em áreas caçadas (Silva & Stralh, 1991). Além da maior proteção, no

Parque Estadual Intervales há maior disponibilidade de alimento e área, quando

comparado ao PEIC (Galetti, 1996; Castro, 2003).

Como a densidade de jacutingas é baixa quando comparada à outras espécies e

essa ave é conspícua, o que facilita sua detecção pelos caçadores, a simples captura de

poucos indivíduos já afeta a população local desta espécie, considerada ameaçada de

extinção (Sanchéz-Alonso et al., 2002). Para os índios que habitam o PEIC, esta ave é

preferida para a caça (Galetti et al., 1997).

A densidade de bugios tende a ser relacionada inversamente ao tamanho da área

(Anexo F). Esse fato foi comentado anteriormente por Chiarello & Melo (2001), ao

analisarem a densidade desse primata em fragmentos florestais do Espírito Santo. A

ausência de grandes predadores em fragmentos de menor porte e a capacidade de bugios

se adaptarem e proliferarem em ambientes perturbados, devido principalmente à

Page 101: mamferos e aves de grande porte do parque estadual ilha do

81

plasticidade da dieta (Robinson & Redford, 1986; Chiarello & Galetti, 1994; González-

Solís et al., 2002), são fatores a serem considerados no sucesso aparente de bugios, em

áreas perturbadas e de menor tamanho (Chiarello & Melo, 2001).

No PEIC, apesar de ser um fragmento de maior porte, não há grandes predadores

como onça-pintada (Panthera onca), e se existem são raros, como é o caso de onças-

pardas (Puma concolor) (CONSEMA, 2001; E. R. Castro3), o que favorece a abundância

e a densidade de bugios na ilha.

Apesar de mono-carvoeiro Brachyteles arachnoides constar da lista de espécies

da fauna do PEIC (CONSEMA, 2001), os moradores e funcionários afirmam que nunca

viram outras espécies de primatas na área a não ser bugios. Neste trabalho não foram

avistados indivíduos de mono-carvoeiro em nenhuma trilha percorrida.

O Parque Estadual Intervales é um dos maiores remanescentes de Mata Atlântica,

com grande disponibilidade de habitat e produtividades de frutos (Galetti, 1996). Apesar

disso, jacús ocorreram em baixas densidades, em comparação à Ilha do Cardoso (1,7 a 2

indivíduos/ km2) (Guix et al., 1997; Sánchez-Alonso et al., 2002). A presença de grandes

predadores no Parque Estadual Intervales é outro possível fator que explica a baixa

densidade desta ave em Intervales, quando comparada ao PEIC. Além disso, a intensa

caça e extração de palmito juçara é o maior problema relativo à conservação da fauna no

Parque Estadual Intervales (Aleixo & Galetti, 1997; Sánchez-Alonso et al., 2002).

A densidade de tucanos Ramphastos spp. no PEIC foi menor que a do Parque

Estadual Ilhabela (Martín, 2000) e três vezes maior que a encontrada no Parque Estadual

Intervales (Hernández et al., 2002). Na ilha, esta espécie pode dispersar para o

continente e vice-versa, fator que proporciona maior desagregação da população e

conseqüentemente menor densidade dessa ave no PEIC, quando comparado à Ilhabela.

Ilhabela é mais isolada do continente quando comparada à Ilha do Cardoso,

sendo separada pelo Canal de São Sebastião por uma distância de aproximadamente 1,5

km (Olmos, 1996; Martín, 2000). No entanto, há movimento de animais terrestres pelo

canal (Olmos, 1996). O PEIC é isolado pelo estuário, que banha a parte oeste da ilha, e 3 CASTRO, E. R. (UNESP. Instituto de Biociências, Depto. de Botânica, Rio Claro). Comunicação

pessoal, 2003.

Page 102: mamferos e aves de grande porte do parque estadual ilha do

82

pelo Oceano Atlântico, que banha a parte leste. Contudo, a passagem de animais

terrestres pelo estuário deve ocorrer, ainda que menos freqüente em comparação à

dispersão de aves. Este é um dos motivos pelo qual a densidade de aves encontrada foi

maior em relação à de mamíferos na Ilha do Cardoso. Os mamíferos são mais atingidos

pelos efeitos do isolamento, pois necessitam ultrapassar o estuário para atingir o

continente e haver o fluxo gênico entre as populações de mamíferos da Ilha do Cardoso

e do continente.

4.5.4 Tamanho das populações de aves e mamíferos cinegéticos do PEIC

O tamanho populacional é um dos principais fatores que determinam o risco de

extinção ou a persistência de espécies numa determinada área, sendo que populações

pequenas têm maior probabilidade de extinção, quando comparadas às populações

maiores (Gilpin & Soulé, 1986; Newmark, 1995; Brito & Fernandez, 2000; Reed et al.,

2003). Na Ilha do Cardoso, as conseqüências do pequeno tamanho populacional são

mais drásticas para os mamíferos do que para as aves, pois estas podem manter o fluxo

gênico com populações do continente. No caso dos mamíferos, há o estuário como

barreira geográfica atuando para algumas espécies, o que dificulta o fluxo gênico entre

populações da ilha e do continente.

Existe considerável controvérsia sobre qual o tamanho mínimo que uma

população deve ter para persistir num local em determinado período (Shaffer, 1981;

Franklin, 1980; Gilpin & Soulé, 1986), mas há um consenso geral que o tamanho

mínimo de cada população é específico para cada táxon e depende principalmente das

características e da história natural de cada espécie (Brito & Fernandez, 2000; Reed et

al., 2003).

O PEIC ainda abriga populações que estão ameaçadas de extinção no Brasil,

como o bugio Alouatta guariba e a jacutinga Pipile jacutinga, resguardando a

diversidade genética dessas espécies. Contudo, o maior tamanho populacional estimado

das oito espécies no PEIC (no caso, o uru Odontophorus capueira) não foi superior à

4.500 indivíduos. Reed et al. (2003) estimaram a população mínima viável (PMV) de

Page 103: mamferos e aves de grande porte do parque estadual ilha do

83

102 espécies de vertebrados, concluindo que a média da PMV foi de cerca de 7.000

indivíduos. Segundo o presente estudo, nenhuma espécie do PEIC, cuja densidade foi

estimada, apresenta população viável a longo prazo. Um fato preocupante é que a

população efetiva, ou seja, o número de indivíduos aptos à reprodução, é ainda menor

que a população total estimada no censo (Frankham, 1995).

Apesar de ser uma área protegida, com uma diversidade de ecossistemas,

mosaico de habitats, alta densidade de palmito juçara e outras árvores que frutificam em

épocas de escassez geral de frutos, alta biomassa de frutos etc, o PEIC não apresenta alta

densidade de aves e mamíferos, como era de se esperar. A caça e a extração ilegal de

palmito juçara são alguns impactos antrópicos que ainda ocorrem na Ilha do Cardoso,

contribuindo para a baixa densidade das espécies estudadas.

Page 104: mamferos e aves de grande porte do parque estadual ilha do

4.6 Conclusões

Na Ilha do Cardoso ainda existem espécies cinegéticas, mas a maioria das

populações é constituída por poucos indivíduos. Estas pequenas populações são mais

sensíveis à extinção local, em comparação às constituídas por maior número de

indivíduos, podendo não ser viáveis a longo prazo.

As estimativas de densidade e de tamanho populacional apresentadas neste

estudo podem ser utilizadas como ponto de partida para o monitoramento do estado de

conservação dessas espécies no futuro. Com essa análise, será possível detectar se as

populações de determinada espécie estão em declíno, estáveis ou aumentando no PEIC

ao longo do período considerado.

Page 105: mamferos e aves de grande porte do parque estadual ilha do

5 EFEITOS DA CAÇA NA VIABILIDADE DA POPULAÇÃO DE JACUTINGAS

(Pipile jacutinga) NA ILHA DO CARDOSO, SP, BRASIL

Autora: CHRISTINE STEINER SÃO BERNARDO

Orientador: Prof. Dr. MAURO GALETTI

Resumo

A jacutinga Pipile jacutinga (Spix, 1825) é um cracídeo endêmico da Mata Atlântica e

ameaçado de extinção no Brasil, devido principalmente à perda de habitat e à caça

ilegal. A caça é um dos principais fatores que contribui para a extinção local de muitas

espécies. No Parque Estadual Ilha do Cardoso, uma área protegida legalmente criada

com o principal objetivo de proteger a biodiversidade, a caça é realizada por habitantes

da ilha (caiçaras e índios) e pessoas provenientes do entorno do parque. O objetivo deste

estudo foi avaliar se há probabilidade de extinção de jacutingas na ilha, considerando-se

vários indivíduos caçados anualmente. Para tal foi utilizado o software VORTEX, um

tipo de análise de viabilidade de populações. Foram atribuídos diferentes cenários de

caça no Parque Estadual Ilha do Cardoso (0, 10, 20 e 30% dos indivíduos caçados/ ano).

Através de transecções lineares, foram percorridos 273,05 km e estimada uma população

média de 234 indivíduos, variando entre 203 e 304 jacutingas na Ilha do Cardoso. O

cenário-base considerado teve como principais características uma baixa taxa de

mortalidade anual (10%), capacidade suporte alta (1770 indivíduos) e população efetiva

alta (64%). Neste cenário, classificado como otimista devido às características

atribuídas, há probabilidade de jacutingas sofrerem extinção local quando mais de 20%

dos animais forem abatidos por ano. Ao ser considerada uma capacidade suporte menor

Page 106: mamferos e aves de grande porte do parque estadual ilha do

86

que a do cenário-base (177 indivíduos), o dobro da taxa de mortalidade anual do

cenário-base ou uma população efetiva de 44%, a população de jacutingas só permanece

na ilha se não houver caça. Ao ser considerada uma população efetiva de 24%, há

probabilidade de extinção local mesmo se não houver caça, pois neste caso há tão

poucos indivíduos aptos a reprodução, que até mesmo efeitos estocásticos (ao acaso)

causam a extinção local. Na Ilha do Cardoso existem 568 pessoas, entre caiçaras e índios

Guarani Mbya. Se dessas pessoas, 10% forem consideradas como caçadores potenciais,

isto equivale a um total de 56 caçadores na ilha, excluindo-se os caçadores provenientes

do entorno do parque. Se cada um dos caçadores que mora na ilha caçar uma única

jacutinga por ano, isto equivale a 56 jacutingas caçadas por ano, o que excede 20% da

maior população total estimada de jacutingas, levando esta ave à extinção local.

Levando em conta fatores genéticos, como a depressão genética por endocruzamento, a

chance de extinção seria ainda maior que a relatada no presente estudo. Esta análise

indica que o estado de conservação de jacutingas na ilha é crítico e a caça deve ser

controlada, para que a espécie permaneça a longo prazo no Parque Estadual Ilha do

Cardoso.

Page 107: mamferos e aves de grande porte do parque estadual ilha do

5 HUNTING EFFECTS ON THE VIABILITY OF JACUTINGA POPULATION

(Pipile jacutinga) AT ILHA DO CARDOSO, SP, BRASIL

Author: CHRISTINE STEINER SÃO BERNARDO

Adviser: Prof. Dr. MAURO GALETTI

Summary

Jacutinga Pipile jacutinga (Spix, 1825) is an endemic cracidae of Atlantic forest and

threatened in Brazil, due mainly to habitat loss and ilegal poaching. Ilegal poaching is

one of the main factors which contributes to local extinction of many species. At Ilha do

Cardoso State Park, a legal protected area created with the aim of protect biodiversity,

hunting is practiced by inhabitants of the island (“caiçaras” and indians) and people that

come from other cities. The aim of this study was to assess extinction probability of

jacutingas in the island, by considering many individuals hunted per year. We used

software VORTEX, one of the population viability analysis available. We considered

different hunting scenarios at Ilha do Cardoso (0, 10, 20 and 30% of individuals hunted/

year). Through line transect methods and 273.05 km of sampling effort, it was assessed a

mean population of 234 individuals, ranging between 203 and 304 jacutingas in the

island. The base-line scenario considered had low annual mortality rates (10%), high

carrying capacity (1770 individuals) and high effective population size (64%). At this

scenario, classified as optimistic, there is probability of extinction if more than 20% of

individuals are hunted per year. If we consider a low carrying capacity (177 individuals),

a higher annual mortality rate (20%) or an effective population size of 44%, jacutingas

only remain in the island if there is no poaching. Nevertheless, with an effective

Page 108: mamferos e aves de grande porte do parque estadual ilha do

88

population size of 24% there is probability of extinction even if there is no poaching,

because there are so few individuals constituting the population, that stochastic events

cause local extinction. In the island there are about 568 inhabitants, including “caiçaras”

and indians Guarani Mbya. If only 10% are hunters, it corresponds to 56 hunters,

excluding hunters that come from other cities. If each one of these hunters kills only one

jacutinga per year, it corresponds to 56 jacutingas hunted per year, which exceeds 20%

of the highest total population assessed in the present study. This fact certainly drives

this bird to local extinction. Taking into account genetic factors like inbreeding

depression, the probability of extinction would be higher than the present estimation.

This study indicates that conservation status of jacutingas is critical and poaching must

be controlled, in order to maintain this population in long term at Ilha do Cardoso State

Park.

Page 109: mamferos e aves de grande porte do parque estadual ilha do

5.1 Introdução

No presente estudo foi utilizado um dos tipos de análise de viabilidade de

populações para avaliar o efeito da caça sobre a viabilidade de jacutingas no Parque

Estadual Ilha do Cardoso (PEIC). Esta é a primeira análise de viabilidade de população

de uma espécie de ave endêmica da Mata Atlântica, que é ameaçada de extinção no

Brasil devido à perda de habitat e caça ilegal (Instrução normativa nº 3 do MMA, de

27/05/2003).

O PEIC é uma unidade de conservação de uso indireto onde não é permitido o

uso direto de seus recursos, entre eles a caça. No entanto, essa atividade ilegal é

praticada principalmente por caiçaras e índios Guarani Mbya que residem na Ilha do

Cardoso, além de ser praticada por caçadores provenientes do entorno do parque. Não há

informação sobre quais espécies cinegéticas são mais abatidas na Ilha do Cardoso e

quantas são caçadas anualmente.

Com base no número total da população de jacutingas no PEIC, dados de

reprodução desta ave e vários cenários de caça imaginados (ou seja, diferentes

quantidades de animais abatidos/ ano), foi estimada a probabilidade de extinção local de

jacutingas. Desse modo, o objetivo deste estudo foi avaliar o estado de conservação

desta população na Ilha do Cardoso, com base em várias simulações que exploraram os

efeitos de diferentes pressões de caça na viabilidade da população de jacutingas na ilha.

Page 110: mamferos e aves de grande porte do parque estadual ilha do

90

5.2 Revisão de Literatura

5.2.1 A jacutinga (Pipile jacutinga)

A família Cracidae abrange aves neotropicais distribuídas do México ao norte da

Argentina, sendo que um terço das espécies consta da lista de aves ameaçadas de

extinção (del Hoyo et al., 1994). É considerado um dos grupos mais ameaçados de

extinção na América Latina, principalmente devido à destruição do habitat e caça (Sick,

1993). Dentre essas espécies encontra-se a jacutinga (Pipile jacutinga Spix, 1825), cuja

distribuição no Brasil compreende desde o sul da BA até o RS (Delacour & Amadon,

1973; Sick, 1993). Essa ave possui hábito arborícola, massa corpórea de 1,5 kg e é

frugívora (Galetti et al., 1997).

No Estado de São Paulo essa espécie é encontrada em 14 locais distribuídos ao

longo da Serra do Mar e Serra de Paranapiacaba, além das regiões do Maciço do Itatins e

Serra da Juréia (Estação Ecológica Juréia-Itatins), Parque Estadual Ilhabela e Parque

Estadual Ilha do Cardoso (Galetti et al., 1997; Martuscelli & Olmos, 1997).

Como a densidade de jacutingas é baixa quando comparada com a de outras espécies e

essa ave é conspícua, o que facilita sua detecção pelos caçadores, a simples captura de

poucos indivíduos já afeta a população local dessa espécie, considerada ameaçada de

extinção (Sanchéz-Alonso et al., 2002). Para os índios que habitam o PEIC, essa ave é

preferida para a caça, mas inexistem informações sobre a quantidade de animais

abatidos/ ano (Galetti et al., 1997).

Paccagnella et al. (1994) descreveram o comportamento de jacutingas no Parque

Estadual Carlos Botelho, entre eles o fato dessa ave não se incomodar com a presença

humana ou barulho. Essa característica facilita sua caça e captura, que aliada à

Page 111: mamferos e aves de grande porte do parque estadual ilha do

91

destruição do habitat compromete sua preservação (Paccagnella et al., 1994; Galetti et

al., 1997). Brooks (1998) compilou dados sobre a sustentabilidade da caça de jacutingas

no Brasil, evidenciando que a caça é insustentável em todas as localidades brasileiras.

5.2.2 Análise da viabilidade de populações

A análise de viabilidade de populações (AVP) é um meio quantitativo de

predizer a probabilidade de extinção de determinada espécie, combinando impactos de

fatores estocásticos (demográficos, ambientais e genéticos) e/ou fatores determinísticos,

tais como superexploração ou perda de habitat (Miller & Lacy, 2003; Reed et al., 2003).

A AVP é uma ferramenta utilizada para predizer o futuro tamanho populacional

de determinada espécie numa área, estimar a probabilidade de extinção de uma

população em determinado período de tempo, calcular a população mínima viável etc

(Boyce, 1992; Brook et al., 2000; Coulson et al., 2001; Ralls et al., 2002; Brito &

Figueiredo, 2003).

A AVP é criticada por vários pesquisadores devido às suas limitações, como por

exemplo, a escassez de informações sobre a história natural da espécie e dificuldades de

estimar dados, como mortalidade e população efetiva na natureza (Coulson et al., 2001;

Beissinger & McCullough, 2002). Contudo, é extremamente importante que as variáveis

que afetam o poder preditivo da AVP sejam identificadas e sejam realizadas análises de

sensibilidade para que a predição do modelo seja a mais acurada possível (Ludwig,

1999; Beissinger, 2002; Mills & Lindberg, 2002).

O tamanho da população é o fator principal que determina o risco de extinção ou

persistência de uma espécie em determinada área, sendo que populações pequenas têm

maior probabilidade de extinguirem, quando comparadas às populações maiores (Pimm

et al., 1988; Reed et al., 2003). Contudo, existem muitas controvérsias sobre qual o

tamanho mínimo que uma população deve ter para que persista num local em

determinado período (Gilpin & Soulé, 1986; Reed et al., 2003). Atualmente há o

consenso que o tamanho mínimo de uma população é específico para cada táxon e

Page 112: mamferos e aves de grande porte do parque estadual ilha do

92

depende das características ambientais e da história natural da espécie (Reed et al.,

2003).

Shaffer (1981) propôs uma definição simplificada para o conceito de população

mínima viável como “a menor população isolada que possui 99% de chance de

permanecer em uma área, mesmo exposta a riscos naturais e efeitos demográficos,

ambientais e estocásticos”.

Franklin (1980) sugeriu que o tamanho populacional mínimo efetivo deveria ser

não menos que 50, para que os efeitos de consangüinidade fossem evitados. Outros

autores sugeriram que o tamanho populacional mínimo de 500 indivíduos seria

necessário, devido a mutações e perda de variação genética que ocorrem numa

população, além da consangüinidade (Frankel & Soulé, 1981; Lynch & Lande, 1998).

A partir desses estudos surgiu a regra dos 50/500, mas muitos autores questionam

sua validade, pois a população mínima viável é específica para cada táxon e depende das

características ambientais e de história natural da espécie (Tear et al., 1993; Wilcove et

al., 1993; Shaffer et al., 2002; Reed et al., 2003).

Em um estudo mais recente, a média da PMV estimada para 102 espécies de

vertebrados foi de 7316 indivíduos adultos, concluindo-se que a maioria dos vertebrados

necessita de áreas grandes para que a persistência das espécies seja assegurada a longo

prazo (Reed et al., 2003).

Com o conhecimento de populações mínimas viáveis (PMV) é possível prever o

tamanho que uma área deve ter para proteger as espécies, de preferência perpetuamente,

quais áreas protegidas são eficazes na proteção de determinada espécie e ter idéia do

grau de conservação de um táxon em determinado local (Armbruster & Lande, 1993;

Brito & Grelle, 2003).

Diversos estudos de viabilidade de populações foram realizados. Dentre esses

estudos destacam-se a AVP de ursos (Shaffer & Samson, 1985; Suchy et al., 1985;

Horino & Miura, 2000); aves (Lacy et al., 1987; Lande, 1988; Boyce & Irwin, 1990);

elefantes africanos (Armbruster & Lande, 1993); primatas (Strier, 1993; Valadares-

Pádua, 1993; Strier, 2000); felinos (Seal et al., 1989; Dueck, 1990; Smith & McDougal,

1991; Kenney et al., 1995; Maehr et al., 2002); pequenos mamíferos (Sommer et al.,

Page 113: mamferos e aves de grande porte do parque estadual ilha do

93

2002; Brito & Grelle, 2003; Brito & Figueiredo, 2003) e cervídeos (Song, 1996; Tiepolo

et al., 2004).

Alguns estudos demonstraram, através da AVP, que o declínio da população de

espécies silvestres ocorreu devido à superexploração por humanos. Kenney et al. (1995)

demonstraram o declínio da população de tigres na Índia devido à intensa caça e Somers

(1997) demonstrou o efeito negativo da caça na população de javalis africanos. Já Nantel

et al. (1996) demonstraram o declínio das populações de algumas plantas do Canadá,

causado pela superexploração comercial.

Page 114: mamferos e aves de grande porte do parque estadual ilha do

5.3 Material e Métodos

5.3.1 Área de estudo

O Parque Estadual Ilha do Cardoso (PEIC) é uma Unidade de Conservação de

uso indireto, criada em 1962 (Decreto Estadual 40319/62) e localiza-se no litoral sul do

Estado de São Paulo (25°03’05’’S a 25°18'18’’S e 48°53'48’’W a 48°05'42’’W)

(CONSEMA, 2001). O PEIC abrange uma área total de 15.100 ha e cerca de 11.100 ha

se for considerado apenas a área coberta por floresta pluvial tropical de encosta (Melo &

Mantovani, 1994; CONSEMA, 2001).

A topografia é predominantemente montanhosa, com a parte central dominada

por elevações acima de 814 m. Há cinco principais formações vegetais no PEIC: dunas,

restinga, mangue, floresta pluvial tropical de planície litorânea e floresta pluvial tropical

de encosta (Noffs & Baptista-Noffs, 1982; Melo & Mantovani, 1994). O clima é

megatérmico superúmido sem estação seca definida e com nível de precipitação anual de

3.000 mm (Funari et al., 1987).

O PEIC é um dos maiores sítios de diversidade e riqueza de avifauna da Mata

Atlântica, tendo sido registradas 416 espécies de aves ou 53% do total de espécies já

registradas para o Estado de São Paulo (Barbosa et al., 1988; Willis & Oniki, 2003).

Existem cerca de 80 espécies de mamíferos catalogados, sendo a maioria roedores e

quirópteros, entre os quais a espécie de morcego Lasiurus ebenus, endêmico da ilha

(SMA, 1998). Entre as espécies de mamíferos de grande porte há a lontra (Lontra

longicaudis), o bugio (Alouatta guariba) e o veado-mateiro (Mazama americana).

Muitos animais são raros, como é o caso do cateto (Pecari tajacu), da queixada (Tayassu

Page 115: mamferos e aves de grande porte do parque estadual ilha do

95

pecari) e da onça-parda (Puma concolor). A anta (Tapirus terrestris) e a onça-pintada

(Panthera onca) já foram extintas localmente na década de 1960.

Atualmente existem seis povoamentos na ilha (Itacuruça, Foles, Cambriú,

Marujá, Enseada da Baleia e Pontal), caracterizados pela presença de caiçaras

pescadores-lavradores. Além desses povoamentos, existem alguns sítios isolados na ilha

e vários outros no entorno (CONSEMA, 2001). Em 1992, uma comunidade de índios

Guarani Mbya estabeleceu-se no interior da ilha. A população humana atual do PEIC,

incluindo caiçaras e índios Guarani Mbya, totaliza 568 pessoas (CONSEMA, 2001;

Bernardi, dados não publicados).

5.3.2 Estimativa do tamanho populacional de jacutingas no PEIC

A densidade (indivíduos/ km2) foi estimada através do método de transecções

lineares (ver capítulos anteriores), com auxílio do programa DISTANCE 4.1 (modelo

“Half normal”, função Cosseno, Sequencial, Critério de Informação de Akaike) (Laake

et al. 1994; Peres, 1999; Cassey & Mcardle, 1999; Cullen Jr. & Rudran, 2003).

O programa DISTANCE 4.1 utiliza as distâncias perpendiculares (animal-trilha)

para estimar a largura efetiva da área amostrada (chamado ESW ou effective strip

width), a fim de modelar a função de detecção que melhor se adequa à probabilidade de

detecção de um animal numa dada distância da trilha (Buckland et al., 1993; Laake et

al., 1994; Cullen Jr. & Rudran, 2003).

É recomendável que haja no mínimo 40 avistamentos para que a estimativa de

densidade seja acurada (coeficiente de variação < 0,20). Se o número de avistamentos

não for suficiente, recomenda-se combinar os dados de distância perpendicular das

espécies avistadas, para estimar um valor geral de ESW (Buckland et al., 1993). Esse

procedimento só deve ser adotado se as distâncias perpendiculares de cada espécie não

forem diferentes estatisticamente (ANOVA, 1 critério, p> 0,05) (Chiarello & Melo,

2001).

Page 116: mamferos e aves de grande porte do parque estadual ilha do

96

A densidade foi calculada para cada espécie através da fórmula

D=N/(2*ESW*L), onde D= densidade (indivíduos/ km2); N= número total de encontros;

ESW= largura efetiva da área amostrada em Km, calculada pelo programa DISTANCE;

L=quilometragem total percorrida.

O tamanho da população foi calculado multiplicando-se a densidade pelo

tamanho de área da Mata Atlântica do PEIC (111 km2). O tamanho populacional

estimado pelo DISTANCE 3.5 foi utilizado como base na simulação da probabilidade de

extinção de jacutingas no PEIC (o valor da média e o valor da média ± o intervalo de

confiança).

5.3.3 Cenário-base da AVP de jacutingas no PEIC

Através do programa VORTEX 9.33 (www.vortex9.org/vortex.html) (Lacy et al.,

2003) foi calculada a probabilidade de extinção da população de jacutingas (Pipile

jacutinga) no PEIC. Este programa é um dos tipos de AVP disponíveis, cuja simulação

de Monte Carlo é baseada numa série de dados sobre reprodução da espécie em questão

e dados da história natural, combinados com o uso facultativo de efeitos determinísticos

e/ ou estocásticos (Lacy 1993; Lacy, 2000; Miller & Lacy, 2003). Alguns autores

compararam diversos softwares de AVP, concluindo que as projeções dos modelos

devem ser interpretadas com cautela, pois as predições de probabilidade de extinção

entre os softwares não foram necessariamente concordantes (Mills et al., 1996; Brook et

al., 1999).

Foi considerada a viabilidade da população de jacutingas nas situações em que

houve probabilidades de extinção menor que 2%, ou seja, mais de 98% de probabilidade

de persistência da população na área (Possingham et al., 2002).

Os dados sobre a história natural da espécie foram obtidos com base em R.M.A.

Azeredo1 e com auxílio da literatura (del Hoyo, 1994; Galetti et al., 1997; Brooks et al.,

1998; BirdLife International, 2000; Brooks & Strahl, 2000) (Tabela 18). A população foi

1AZEREDO, R.M.A. (ONG Crax- Wild Fauna Research Society, Belo Horizonte- MG- Brasil).

Comunicação pessoal, 2004.

Page 117: mamferos e aves de grande porte do parque estadual ilha do

97

considerada extinta quando restavam apenas indivíduos de um dos sexos e foram

realizadas 1.000 repetições, considerando-se um período de 100 anos.

Tabela 18. Informações utilizadas no VORTEX 9.33 para a simulação da AVP de jacutingas no PEIC

Jacutingas

Espécie: Pipile jacutinga, Spix, 1825.

Distribuição da espécie: Paraguai, Argentina e Brasil (principalmente nos Estados de SC, PR e SP).

Estado de conservação: globalmente vulnerável; ameaçada de extinção no Brasil

População total estimada: 2.500 a 10.000 indivíduos totais

Hábitos alimentares: frugívoro

Massa corpórea: cerca de 1,5 kg

Habitat: Floresta (Mata Atlântica), com altitude de até 900 m.

Principais ameaças à sobrevivência: perda de habitat e caça ilegal

Sistema reprodutivo: monogamia

Idade mínima reprodutiva de fêmeas/ machos: 2 anos

Idade máxima de reprodução de fêmeas/ machos: 20 anos no cativeiro (Consideramos longevidade

25% menor na natureza= 15 anos).

Período de reprodução: setembro a dezembro

Razão sexual de adultos (machos/ fêmeas): 1:1

Razão sexual dos filhotes: 1:1

N.º máximo de filhotes/ano: 2

Fêmeas que botam 1 ovo/ ano: 60%

Fêmeas que botam 2 ovos/ ano: 40%

Assumiu-se que durante os 100 anos de simulação não existiu depressão genética

por endocruzamento, variação ambiental ou riscos naturais. Esses fatores aumentariam a

probabilidade de extinção (Burgman & Lamont, 1992; Dobson et al, 1992; Mills and

Smouse, 1994; Oostermeijer, 2000; Brook et al., 2002), sendo que a não adoção deles no

presente modelo caracterizou uma avaliação otimista da situação da população de

jacutingas no PEIC. Também foi considerado que não houve adição de indivíduos por

meio de reintroduções, imigrações ou dispersão dos indivíduos.

Page 118: mamferos e aves de grande porte do parque estadual ilha do

98

Em relação à caça, foram simulados cenários onde 0%, 10%, 20% e 30% da

população de jacutingas foram abatidas no PEIC anualmente. Considerou-se que

somente indivíduos adultos foram caçados e em proporções iguais de machos e fêmeas.

5.3.4 Parâmetros cujos valores são desconhecidos

Alguns parâmetros requeridos para a AVP, tais como porcentagem da população

efetiva e taxa de mortalidade, não são disponíveis na literatura, sobre qualquer espécie

de ave de porte semelhante aos cracídeos. Nas AVP realizadas com salmão (Waples,

1990), algumas espécies de felinos (Seal et al., 1989; Dueck, 1990; Smith & McDougal,

1991; Maehr et al., 2002) e primatas (Strier, 2000), os autores utilizaram valor de

porcentagem da população efetiva ≤ 64%. Frankham (1995) revisou estudos com

estimativas de população efetiva de 102 espécies de vertebrados, invertebrados e plantas,

encontrando variação entre 11% e 64%. Essa foi a razão de ter sido utilizado nesse

estudo o valor máximo de 64% da população efetiva de jacutingas no cenário-base

(Allendorf & Ryman, 2002; Waples, 2002) (Tabela 19).

Além da dificuldade de se estimar a população efetiva, também há dificuladade

de estimar a taxa anual de mortalidade de populações silvestres. Sendo assim, foi

atribuída uma taxa anual de mortalidade de machos e fêmeas equivalente a 10% (Tabela

19). Optou-se por atribuir um valor igual de taxas de mortalidade a todos os estágios de

crescimento de jacutingas machos e fêmeas, a fim de se evitar refinamentos na entrada

de dados não disponíveis na literatura.

Em relação à capacidade suporte, esta foi estimada através do número limitado

de indivíduos que a área pode suportar (Robinson & Redford, 1986). Este limite foi

equivalente à razão entre a energia disponível na área e o total de requerimento médio de

energia de um indivíduo (Damuth, 1981; Nagy et al., 1999; Tieleman & Williams,

2000).

Assim, a capacidade suporte de jacutingas na Ilha do Cardoso foi calculada com

base na energia disponível proveniente de frutos de palmito juçara Euterpe edulis, pois

foi a espécie de fruto com maior biomassa coletada durante o estudo (ver capítulo 3).

Page 119: mamferos e aves de grande porte do parque estadual ilha do

99

Assumiu-se, portanto, que há maior probabilidade de jacutingas se alimentarem deste

recurso no PEIC.

A produção mensal de frutos de palmito juçara foi extraída de Castro (2003), que

variou de 50 a 7.500 g/ ha, conforme a época do ano. Galetti et al. (1997) estimaram que

cada fruto equivaleu a 6,26 kJ/ g. Assim, calculou-se a energia disponível proveniente

dos frutos de palmito juçara na área total de Mata Atlântica da Ilha do Cardoso (11.100

ha), considerando-se o valor da produção mensal de frutos. Esta energia foi dividida pelo

gasto energético mensal de jacutingas, assumindo-se que as jacutingas só se alimentam

de palmito juçara e que assimilam 100% do que ingerem.

De acordo com equações de gasto energético de galiformes (Tieleman &

Williams, 2000), as jacutingas possuem gasto energético mensal de 39.180 kJ/ mês.

Logo, devido à alta disponibilidade de palmito juçara (considerado como 1.000 g/ ha), a

Ilha do Cardoso pode suportar cerca de 1770 jacutingas. Já em épocas de escassez de

palmito juçara (100 g/ ha), a capacidade suporte do PEIC é de 177 jacutingas. Para o

cenário-base, considerou-se que no PEIC há grande disponibilidade de palmito juçara e,

portanto, uma maior capacidade suporte (Tabela 19).

Tabela 19. Valores não disponíveis na literatura que foram utilizados no cenário-base de AVP de

jacutingas no PEIC (s= desvio-padrão)

Parâmetro Valor utilizado

% fêmeas aptas à reprodução (Ne) 64% (s= 2%)

% machos aptos à reprodução (Ne) 64 %

Mortalidade de machos e fêmeas em todos os estágios de desenvolvimento 10% (s=2%)

Capacidade suporte do PEIC 1770 indivíduos

(s= 2%)

Page 120: mamferos e aves de grande porte do parque estadual ilha do

100

5.3.5 Cenários alternativos

No presente estudo foram atribuídos outros valores à capacidade suporte,

população efetiva (Ne) e taxas de mortalidade de machos e fêmeas em todos os estágios

de crescimento, caracterizando cenários alternativos (Tabela 20).

Em relação à capacidade suporte, foi atribuído um valor menor no cenário

alternativo (k= 177 indivíduos), simulando um cenário onde o PEIC produz pouca

quantidade de palmito juçara mensalmente (100 g/ ha) (Tabela 20).

Atribuiu-se taxa anual de mortalidade maior que a considerada no cenário-base,

bem como uma Ne menor, caracterizando os cenários alternativos como pessimistas, em

relação ao cenário-base (Tabela 20).

Tabela 20. Valores utilizados nos cenários alternativos da AVP de jacutingas no PEIC (s= desvio-padrão)

Parâmetro Valor utilizado

% fêmeas aptas à reprodução (Ne de fêmeas) 44% (s= 2%) e 24%

(s= 2%)

% machos aptos à reprodução (Ne de machos) 44% e 24%

Mortalidade de machos e fêmeas em todos os estágios de desenvolvimento 20% (s= 2%)

Capacidade suporte do PEIC 177 indivíduos

(s= 2%)

Page 121: mamferos e aves de grande porte do parque estadual ilha do

5.4 Resultados

5.4.1 Estimativa do tamanho populacional de jacutingas no PEIC

Em 273,05 km percorridos no PEIC houve 11 encontros com Pipile jacutinga,

sendo que um dos encontros foi registrado em um local onde não foi realizado o censo

(Figura 14). Devido ao baixo número de avistamentos de jacutingas, os dados de

distância perpendicular desta ave foi combinado com os das espécies Penelope spp.

(jacú), Tinamus solitarius (macuco) e Ramphastos spp. (tucanos). Assim, foi calculado

um valor geral de ESW, ou largura efetiva da trilha (ANOVA, 1 critério, p= 0,12)

(Tabela 17).

Foi obtida uma densidade populacional de 2,1 indivíduos/ km2 (1,8 a 2,7

indivíduos/ km2), com coeficiente de variação de 0,09. A média do tamanho

populacional de jacutingas na Ilha do Cardoso obtida neste estudo foi de 234 indivíduos

(203 a 304 indivíduos totais).

Assim, ao ser considerada uma população total de 203 indivíduos na Ilha do

Cardoso, foram imaginados vários cenários de caça, onde 20 indivíduos, 40 indivíduos e

60 indivíduos são abatidos anualmente (valores correspondentes a 10%, 20% e 30% da

população total). A mesma lógica foi aplicada para o cálculo do número de jacutingas

caçadas por ano, em relação aos outros tamanhos de população estimados no censo

(Tabela 21).

Page 122: mamferos e aves de grande porte do parque estadual ilha do

102

Figura 14- Mapa de ocorrência de jacutingas (Pipile jacutinga) no PEIC (avistamentos e vocalizações)

Page 123: mamferos e aves de grande porte do parque estadual ilha do

103

Tabela 21. Cenários de caça imaginados no PEIC, para a realização da análise de viabilidade de população

de jacutingas

Tamanho total da

população de jacutingas

10% caçados

anualmente

20% caçados

anualmente

30% caçados

anualmente

203 20 indivíduos 40 indivíduos 60 indivíduos

234 24 indivíduos 46 indivíduos 70 indivíduos

304 30 indivíduos 60 indivíduos 90 indivíduos

5.4.2 Análise da viabilidade da população de jacutingas

Devido ao baixo coeficiente de variação obtido para as estimativas da densidade

(cv= 0,09), pode-se afirmar que os modelos de AVP de jacutingas apresentados são

robustos. Este fato pode ser confirmado através do padrão obtido ao serem analisados os

riscos de extinção muito semelhantes em cada cenário, seja qual for o tamanho

populacional considerado (Figuras 13 a 17 e Tabelas 22 a 26). Portanto, os resultados

apresentados a seguir dizem respeito a qualquer tamanho populacional (valor médio ou

valores dos intervalos de confiança).

Em relação ao cenário-base, há probabilidade de extinção de jacutingas na Ilha

do Cardoso se mais de 20% dos animais forem caçados (Figura 15 e Tabela 22). Ao ser

considerada uma capacidade suporte menor que a do cenário-base (K= 177 indivíduos),

uma taxa anual de mortalidade de 20% (o dobro da taxa atribuída no cenário-base) ou

uma população efetiva de 44%, só há possibilidade de permanência da população de

jacutingas na ilha se não houver caça (Figuras 16 a 18 e Tabelas 23 a 25).

Ao ser atribuída uma população efetiva de 24%, há probabilidade de extinção

local de jacutingas no PEIC mesmo se não houver caça (Figura 19 e Tabela 26). Isto

significa que a população apta à reprodução considerada (24%) é tão pequena, neste

caso, que efeitos estocásticos afetam a população, ocorrendo a extinção local.

Page 124: mamferos e aves de grande porte do parque estadual ilha do

104

a)

0

500

1000

1500

2000

1 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100

tempo (anos)Ta

man

ho d

a pop

ulaç

ão

sem caça 10% caçados

20% caçados 30% caçados

b)

0

500

1000

1500

2000

1 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100tempo (anos)

Tam

anho

da p

opul

ação

sem caça 10% caçados

20% caçados 30% caçados

c)

0

500

1000

1500

2000

1 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100

tempo (anos)

Tam

anho

da p

opul

ação

sem caça 10% caçados

20% caçados 30% caçados

Figura 15- Trajetória do tamanho da população de jacutingas no PEIC, ao longo de um período de 100

anos, considerando-se o cenário-base e a população inicial de (a) 203 indivíduos; (b) 234

indivíduos; (c) 304 indivíduos

Page 125: mamferos e aves de grande porte do parque estadual ilha do

105

a)

050

100150200

1 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100

tem po (anos)

Tam

anho

da p

opul

ação

sem caça 10% caçados

20% caçados 30% caçados

b)

050

100150200

1 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100

tem po (anos)

Tam

anho

da p

opul

ação

sem caça 10% caçados

20% caçados 30% caçados

c)

050

100150200

1 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100

tem p o (an o s)

Tam

anho

da p

opul

ação

sem caça 10% caçados

20% caçados 30% caçados

Figura 16- Trajetória do tamanho da população de jacutingas no PEIC, ao longo de um período de 100

anos, considerando-se o cenário alternativo (k=177 indivíduos) e a população inicial de (a) 203

indivíduos; (b) 234 indivíduos; (c) 304 indivíduos

Page 126: mamferos e aves de grande porte do parque estadual ilha do

106

a)

0500

100015002000

1 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100

tempo (anos)

Tam

anho

da p

opul

ação

sem caça 10% caçados

20% caçados 30% caçados

b)

0500

100015002000

1 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100

tempo (anos)

Tam

anho

da p

opul

ação

sem caça 10% caçados

20% caçados 30% caçados

c)

0500

100015002000

1 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100

tempo (anos)

Tam

anho

da p

opul

ação

sem caça 10% caçados

20% caçados 30% caçados

Figura 17- Trajetória do tamanho da população de jacutingas no PEIC, ao longo de um período de 100

anos, considerando-se o cenário alternativo (taxa de mortalidade anual= 20%) e a população

inicial de (a) 203 indivíduos; (b) 234 indivíduos; (c) 304 indivíduos

Page 127: mamferos e aves de grande porte do parque estadual ilha do

107

a)

0500

100015002000

1 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100

tempo (anos)

Tam

anho

da p

opul

ação

sem caça 10% caçados

20% caçados 30% caçados

b)

0500

100015002000

1 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100

tempo (anos)

Tam

anho

da p

opul

ação

sem caça 10% caçados

20% caçados 30% caçados

c)

0500

100015002000

1 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100

tempo (anos)

Tam

anho

da p

opul

ação

sem caça 10% caçados

20% caçados 30% caçados

Figura 18- Trajetória do tamanho da população de jacutingas no PEIC, ao longo de um período de 100

anos, considerando-se o cenário alternativo (Ne=44%) e a população inicial de (a) 203

indivíduos; (b) 234 indivíduos; (c) 304 indivíduos

Page 128: mamferos e aves de grande porte do parque estadual ilha do

108

a)

0

100

200

300

1 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100

tempo (anos)

Tam

anho

da p

opul

ação

sem caça 10% caçados

20% caçados 30% caçados

b)

0

100

200

300

1 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100

tempo (anos)

Tam

anho

da p

opul

ação

sem caça 10% caçados

20% caçados 30% caçados

c)

0100200300400

1 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100

tempo (anos)

Tam

anho

da p

opul

ação

sem caça 10% caçados

20% caçados 30% caçados

Figura 19- Trajetória do tamanho da população de jacutingas no PEIC, ao longo de um período de 100

anos, considerando-se o cenário alternativo (Ne=24%) e a população inicial de (a) 203

indivíduos; (b) 234 indivíduos; (c) 304 indivíduos

Page 129: mamferos e aves de grande porte do parque estadual ilha do

109

Tabela 22. Probabilidade de extinção e tempo médio para extinção de jacutingas no PEIC, considerando-

se o cenário-base (N= tamanho da população de jacutingas estimada no censo; PE= %

probabilidade de extinção; TE= tempo médio para extinção, em anos). Entre parênteses

encontra-se o erro padrão

N % indivíduos caçados por ano PE (%) TE (anos)

0 0 (0) - 10 0 (0) - 20 99 (0,003) 12,4 (0,09)

203

30 100 (0) 6 (0,02) 234

0 0 (0) - 10 0 (0) - 20 99 (0,002) 12,9 (0,09)

30 100 (0) 6 (0,02) 304

0 0 (0) - 10 0 (0) - 20 99 (0,002) 13 (0,09)

30 100 (0) 6 (0,01)

Tabela 23. Probabilidade de extinção e tempo médio para extinção de jacutingas no PEIC, considerando-

se o cenários alternativo (Capacidade suporte=177 indivíduos). N= tamanho da população de

jacutingas estimada no censo; PE= % probabilidade de extinção; TE= tempo médio para

extinção, em anos. Entre parênteses encontra-se o erro padrão

N % indivíduos caçados por ano PE (%) TE (anos)

0 0 (0) - 10 6 (0,007) 59,1 (2,8) 20 100 (0) 9,6 (0,04)

203

30 100 (0) 5,8 (0,01) 234

0 0 (0) - 10 69 (0,01) 52,8 (0,87) 20 100 (0) 7,9 (0,03)

30 100 (0) 5,2 (0,01) 304

0 0 (0) - 10 100 (0) 18 (0,16) 20 100 (0) 6 (0,02)

30 100 (0) 4,3 (0,02)

Page 130: mamferos e aves de grande porte do parque estadual ilha do

110

Tabela 24. Probabilidade de extinção e tempo médio para extinção de jacutingas no PEIC, considerando-

se o cenários alternativo (Taxa de mortalidade anual=20%). N= tamanho da população de

jacutingas estimada no censo; PE= % probabilidade de extinção; TE= tempo médio para

extinção, em anos. Entre parênteses encontra-se o erro padrão

N % indivíduos caçados por ano PE (%) TE (anos)

0 0 (0) - 10 100 (0) 13,2 (0,06) 20 100 (0) 6,3 (0,02)

203

30 100 (0) 4,5 (0,02) 234

0 0 (0) - 10 100 (0) 12,8 (0,05) 20 100 (0) 6,4 (0,02)

30 100 (0) 4,5 (0,02) 304

0 0 (0) - 10 100 (0) 13,6 (0,05) 20 100 (0) 6,5 (0,02)

30 100 (0) 4,6 (0,01)

Tabela 25. Probabilidade de extinção e tempo médio para extinção de jacutingas no PEIC, considerando-

se o cenários alternativo (População efetiva=44%). N= tamanho da população de jacutingas

estimada no censo; PE= % probabilidade de extinção; TE= tempo médio para extinção, em

anos. Entre parênteses encontra-se o erro padrão

N % indivíduos caçados por ano PE (%) TE (anos)

0 0 (0) - 10 80 (0,01) 27 (0,33) 20 100 (0) 7,6 (0,02)

203

30 100 (0) 5 (0,01) 234

0 0 (0) - 10 87 (0,01) 25,3 (0,27) 20 100 (0) 7,7 (0,02)

30 100 (0) 5 (0,01) 304

0 0 - 10 67 (0,01) 29,7 (0,37) 20 100 (0) 7,8 (0,02)

30 100 (0) 5,1 (0,01)

Page 131: mamferos e aves de grande porte do parque estadual ilha do

111

Tabela 26. Probabilidade de extinção e tempo médio para extinção de jacutingas no PEIC, considerando-

se o cenários alternativo (População efetiva=24%). N= tamanho da população de jacutingas

estimada no censo; PE= % probabilidade de extinção; TE= tempo médio para extinção, em

anos. Entre parênteses encontra-se o erro padrão

N % indivíduos caçados por ano PE (%) TE (anos)

0 14 (0,01) 89 (0,7) 10 100 (0) 9,9 (0,03) 20 100 (0) 5,6 (0,02)

203

30 100 (0) 4,1 (0,01) 234

0 9 (0,009) 89,6 (0,99) 10 100 (0) 9,6 (0,03) 20 100 (0) 5,6 (0,02)

30 100 (0) 4,1 (0,01) 304

0 2 (0,004) 92,5 (1,16) 10 100 (0) 10 (0,03) 20 100 (0) 5,8 (0,01)

30 100 (0) 4,2 (0,01)

Page 132: mamferos e aves de grande porte do parque estadual ilha do

5.5 Discussão

O estado de conservação de jacutingas no PEIC é crítico, pois a população

estimada é de no máximo 304 indivíduos. Sabendo-se que a probabilidade de extinção é

maior em populações menores, esta ave é mais suscetível a qualquer mudança do

ambiente e variações estocásticas na população (Shaffer, 1981; Gilpin & Soulé, 1986;

Soulé, 1987; Mills & Smouse, 1994; Brito & Fernandez, 2000).

De fato, foi constatado neste estudo que mesmo que não haja caça, há

probabilidade de jacutingas sofrerem extinção local, se a população efetiva corresponder

a uma pequena porcentagem da população total estimada pelo censo (máximo de 24%

dos indivíduos totais aptos à reprodução). Isto significa que, mesmo que a caça seja

eliminada no PEIC, há riscos de extinção local de jacutingas, ocasionadas por problemas

genéticos e efeitos estocásticos.

Além da população com poucos indivíduos, a caça ilegal aumenta a chance de

extinção local desta espécie. Esta atividade é freqüente em áreas de Mata Atlântica,

ameaçando aves e mamíferos cinegéticos que ainda persistem nesse ecossistema

(Chiarello, 2000; Chiarello & Melo, 2001; Cullen Jr. et al., 2001). Mesmo não tendo

informações sobre a quantidade de animais abatidos por ano, dada a dificuldade para

obtenção desta informação junto à população local e à administração do parque, a caça é

uma atividade freqüente na Ilha do Cardoso e reprimir tal atividade é um dos grandes

desafios para a conservação local de jacutingas.

Como indicado nos resultados deste estudo, no modelo mais otimista (cenário-

base) há chances de extinção local de jacutingas, se 20% da população for caçada

anualmente. Este nível de pressão de caça facilmente ocorre na área atualmente: na ilha

Page 133: mamferos e aves de grande porte do parque estadual ilha do

113

existem 568 pessoas, entre caiçaras e índios Guarani Mbya. Se 10% da população

humana do PEIC for considerada como caçadores potenciais, isto equivale a um total de

56 caçadores na ilha, excluindo-se os caçadores provenientes do entorno do parque. Se

cada um dos caçadores que mora na ilha caçar um indivíduo de jacutinga por ano, isto

corresponde a 56 jacutingas caçadas por ano. Esta quantidade de jacutingas caçadas por

ano corresponde a cerca de 20% dos indivíduos da maior população total de jacutingas

estimada na ilha (304 indivíduos) e, de acordo com os resultados apresentados para este

modelo, há 99% de risco de extinção em um tempo médio para extinção de cerca de 13

anos.

Esse trabalho não pretende ser uma análise completa, mesmo porque muitos

parâmetros necessários para a modelagem de AVP não são disponíveis, principalmente

genéticos. Brook et al. (2002) demonstraram que, ao serem considerados fatores

genéticos nas análises de viabilidade de população, como a depressão genética por

endocruzamento, as chances de extinção de muitas espécies aumentaram. Nas

simulações feitas no presente estudo, os fatores genéticos não foram considerados,

havendo subestimação dos riscos de extinção (Burgman & Lamont, 1992; Dobson et al,

1992; Mills and Smouse, 1994; Oostermeijer, 2000; Brook et al., 2002). Isto significa

que na realidade as probabilidades de extinção de jacutingas no PEIC são ainda maiores

que o relatado neste estudo e, conseqüentemente, o estado de conservação de jacutingas

na ilha é ainda mais crítico.

Estes dados demonstraram que a caça na Ilha do Cardoso deve ser controlada para que a

população de jacutingas, ainda existente no parque, permaneça nesta área a longo prazo.

O monitoramento de jacutingas deve ser realizado, bem como deve ser feito uma

compilação de dados sobre a quantidade de indivíduos abatidos anualmente, época de

maior freqüência de caça etc.

É urgente a necessidade de prevenir a extinção de jacutingas na Ilha do Cardoso,

aumentando a fiscalização em áreas de Mata Atlântica do parque, a fim de controlar a

caça. A educação ambiental aplicada aos caiçaras pescadores-lavradores do PEIC,

ressaltando o papel dos animais na dispersão de sementes, na manutenção do

ecossistema e como atrativo para turistas, o que gera fonte de lucro para os habitantes,

Page 134: mamferos e aves de grande porte do parque estadual ilha do

114

também é imprescindível para o sucesso de permanência das espécies cinegéticas na

área (Galetti et al., 1997, Wright, 2003).

Page 135: mamferos e aves de grande porte do parque estadual ilha do

5.6 Conclusões

A população de jacutingas na Ilha do Cardoso é constituída por poucos

indivíduos, o que a torna mais suscetível a efeitos genéticos, estocásticos e mudanças

ambientais.

Esta análise constatou que há risco de extinção local de jacutingas e que uma

mínima pressão de caça já é suficiente para que haja extinção local a curto prazo. A caça

é uma atividade que contribui para que a espécie sofra extinção local a curto prazo,

sendo um fator que deve ser controlado na Iha do Cardoso.

Assim, os resultados apresentados contribuem para a polêmica questão do

possível impacto de comunidades tradicionais na fauna das Unidades de Conservação de

uso indireto.

Page 136: mamferos e aves de grande porte do parque estadual ilha do

6 CONCLUSÕES GERAIS

Na Ilha do Cardoso ainda existem espécies cinegéticas, mas a maioria das

populações é constituída por poucos indivíduos. Estas populações são mais sensíveis à

extinção local, em comparação às constituídas por maior número de indivíduos, podendo

não apresentar populações viáveis a longo prazo. As estimativas de densidade e tamanho

populacional apresentadas podem ser utilizadas como ponto de partida para o

monitoramento do estado de conservação dessas espécies no futuro. Com essa análise,

será possível detectar se as populações de determinada espécie estão em declíno,

estáveis ou aumentando no PEIC ao longo do período considerado.

Os resultados deste estudo demonstraram que a abundância e ocorrência de aves

e mamíferos foram relacionados com alta disponibilidade de frutos e alta densidade de

palmito - juçara Euterpe edulis. Assim, esforços devem ser feitos para serem

conservadas áreas na Ilha do Cardoso e áreas de Mata Atlântica onde existam estas

características da vegetação.

Foi demonstrado que mamíferos foram mais encontrados em locais afastados de

habitações humanas da Ilha do Cardoso, além de ter sido demonstrado o impacto da caça

na população de jacutingas, através de simulações de animais abatidos anualmente.

Assim, este estudo contribui para a polêmica questão do possível impacto de

comunidades tradicionais na fauna das Unidades de Conservação de uso indireto.

O estado de conservação da população de jacutingas na ilha é crítico, pois além

do baixo número de indivíduos que constitui a população existente na ilha, a caça

contribui para a extinção local. O presente estudo demonstrou que a caça é um fator

importante a ser controlado na Iha do Cardoso, para que espécies que possuem poucos

indivíduos na área não sofram extinção local.

Page 137: mamferos e aves de grande porte do parque estadual ilha do

ANEXOS

Page 138: mamferos e aves de grande porte do parque estadual ilha do

118

Anexo A: Coordenadas UTM das trilhas georreferenciadas no PEIC com o receptor GPS Garmin etrex, neste estudo.

Trilha Ponto X Y

Cabana-ipanema 1 206977 7219574Cabana-ipanema 13 207776 7220326Cabana-ipanema 21 206089 7219688Cabana-ipanema 36 205613 7219649Cabana-ipanema 52 205026 7219615

Costão do cambriú 1 205598 7216276Costão do cambriú 11 205920 7216559

Guaranis 0 204490 7221450Guaranis 17 203899 7221417Guaranis 32 203014 7221579Guaranis 38 202774 7221681Jacareú 1 199671 7221059Jacareú 7 199718 7220697Jacareú 10 199795 7220498Jacareú 12 199866 7220447Jacareú 15 199999 7220309Jacareú 18 200049 7220158Jacareú 23 200188 7219989Jacareú 27 200198 7219865Jacareú 29 200135 7219915Jacareú 30 200167 7219894Mangue 1 205118 7216427Mangue 2 205103 7216471Mangue 3 205050 7216537Mangue 5 205062 7216589Mangue 8 204958 7216688Mangue 10 204834 7216704Mangue 15 204782 7216908

Máquinas 1 204581 7215924Máquinas 7 204304 7216105Máquinas 18 203878 7216104Máquinas 19 204304 7216105Máquinas 25 204469 7216055Máquinas 27 204597 7216047Máquinas 29 204667 7216068Máquinas 37 204901 7216224Máquinas 38 204965 7216184

Marujá 16 200448 7210002Morro do corrido 1 198104 7219866Morro do corrido 16 198597 7219391Morro do corrido 24 198970 7219339

Page 139: mamferos e aves de grande porte do parque estadual ilha do

119

Anexo A: Coordenadas UTM das trilhas georreferenciadas no PEIC com o receptor GPS Garmin etrex, neste estudo.

Trilha Ponto X Y

Morro do corrido 31 199304 7219162 Morro do corrido 33 199391 7219098 Morro do corrido 46 199885 7219033 Morro do corrido 50 199958 7219241 Morro do corrido 51 199909 7219289 Morro do corrido 53 199967 7219339 Morro do corrido 57 199954 7219536 Morro do corrido 60 199855 7219673 Morro do corrido 64 199875 7219861 Morro do corrido 69 199976 7220061 Morro do corrido 71 200032 7220129 Piscinas da laje 1 203907 7213341 Piscinas da laje 38 203213 7214639

Poço do ipanema 0 206930 7219153 Poço do ipanema 16 206459 7218626 Poço do ipanema 20 206395 7218469 Poço do ipanema 22 206360 7218371

Serra 0 204379 7220669 Serra 1 204379 722069 Serra 27 204731 7220000 Serra 34 204890 7220073 Serra 35 204905 7220111 Serra 43 205245 7220531 Serra 47 205377 7220209

Morro do seu João 7 201184 7221125 Morro do seu João 11 201162 7220922 Morro do seu João 17 201187 7220678 Morro do seu João 23 201238 7220382

Page 140: mamferos e aves de grande porte do parque estadual ilha do

120

Anexo B: Coordenadas UTM da ocorrência das espécies no PEIC (*vi= visualização; vo= vocalização;

pg= pegadas).

Trilha Ponto Spp. Registro* X Y Cabana-Ipanema 24 Alouatta guariba vo 206950 7219900 Cabana-Ipanema 32 Alouatta guariba vo 206000 7219750

Guaranis 6 Alouatta guariba vi 204230 7221300 Guaranis 8 Alouatta guariba vo 204200 7221350 Guaranis 10 Alouatta guariba vi 204100 7221400 Guaranis 12 Alouatta guariba vo 204000 7221450 Guaranis 18 Alouatta guariba vi 203630 7221500 Jacareú 12 Alouatta guariba vo 199866 7220447 Jacareú 21 Alouatta guariba vi 200160 7219900 Jacareú 30 Alouatta guariba vo 200167 7219894 Mangue 11 Alouatta guariba vo 204800 7216680 Mangue 16 Alouatta guariba vi 204690 7216560 Mangue 18 Alouatta guariba vi 204680 7216800

Morro do corrido 24 Alouatta guariba vo 198970 7219339 Morro do corrido 29 Alouatta guariba vo 199080 7219200 Morro do corrido 30 Alouatta guariba vo 199250 7219100 Morro do corrido 34 Alouatta guariba vo 199350 7219050 Morro do corrido 35 Alouatta guariba vi 199400 7219000 Morro do corrido 54 Alouatta guariba vi 199900 7219350 Morro do corrido 57 Alouatta guariba vo 199954 7219536 Morro do corrido 59 Alouatta guariba vi 199900 7219600 Morro do corrido 60 Alouatta guariba vo 199855 7219673 Morro do corrido 62 Alouatta guariba vo 199840 7219710 Piscinas da laje 22 Alouatta guariba vi 203600 7213920 Poço das Antas 3 Alouatta guariba vi 204700 7221200 Poço das Antas 7 Alouatta guariba vo 204750 7221300 Poço das Antas 10 Alouatta guariba vi 204900 7221450

Poço do ipanema 13 Alouatta guariba vi 206450 7218700 Poço do ipanema 15 Alouatta guariba vi 206320 7218640 Poço do ipanema 16 Alouatta guariba vi 206459 7218626 Poço do ipanema 17 Alouatta guariba vi 206420 7218590 Poço do ipanema 19 Alouatta guariba vo 206300 7218250 Poço do ipanema 22 Alouatta guariba vi 206360 7218371 Poço do ipanema 22 Alouatta guariba vo 206360 7218371

Serra 2 Alouatta guariba vo 204382 7220670 Serra 12 Alouatta guariba vi 204480 7220470 Serra 13 Alouatta guariba vo 204490 7220420 Serra 15 Alouatta guariba vi 204500 7220390 Serra 16 Alouatta guariba vi 204550 7220350

Page 141: mamferos e aves de grande porte do parque estadual ilha do

121

Anexo B: Coordenadas UTM da ocorrência das espécies no PEIC (*vi= visualização; vo= vocalização;

pg= pegadas).

Trilha Ponto Spp. Registro* X Y Serra 17 Alouatta guariba vi 204600 7220320 Serra 20 Alouatta guariba vi 204700 7220270 Serra 21 Alouatta guariba vi 204700 7220250 Serra 22 Alouatta guariba vi 204750 7220220 Serra 26 Alouatta guariba vi 204700 7220000 Serra 28 Alouatta guariba vi 204760 7220015 Serra 33 Alouatta guariba vo 204890 7220073 Serra 45 Alouatta guariba vi 205280 7220450

Guaranis 6 Cerdocyon thous vi 204230 7221300 Máquinas 24 Cerdocyon thous pg 204469 7216055

Rio Cambriú Cerdocyon thous pg 205480 7215960 Morro do corrido 27 Crypturellus obsoletus vi 199000 7219250 Poço do ipanema 18 Crypturellus obsoletus vi 206400 7218550 Poço do ipanema 19 Crypturellus obsoletus vi 206300 7218250 Cabana-Ipanema 13 Dasyprocta leporina vi 207776 7220326 Cabana-Ipanema 41 Dasyprocta leporina pg 205430 7219700

Costão 7 Dasyprocta leporina vi 205850 7216450 Guaranis 12 Dasyprocta leporina vi 204000 7221450 Guaranis 14 Dasyprocta leporina vi 203900 7221480 Mangue 20 Dasyprocta leporina vi 204650 7216600

Poço das Antas 3 Dasyprocta leporina pg 204700 7221200 Poço das Antas 5 Dasyprocta leporina vi 204700 7221250 Poço das Antas 6 Dasyprocta leporina vi 204720 7221270 Poço das Antas 7 Dasyprocta leporina vi 204750 7221300 Poço das Antas 8 Dasyprocta leporina vi 204780 7221350

Serra 3 Dasyprocta leporina vi 204400 7220600 Serra 5 Dasyprocta leporina vi 204420 7220585 Serra 6 Dasyprocta leporina vi 204430 7220570 Serra 18 Dasyprocta leporina vi 204630 7220310 Serra 22 Dasyprocta leporina vi 204750 7220220 Serra 25 Dasyprocta leporina vi 204650 7219980 Serra 25 Dasyprocta leporina vi 204650 7219980 Serra 39 Dasyprocta leporina vi 205000 7220311 Serra 47 Dasyprocta leporina vi 205377 7220209

Morro do seu João 10 Eira barbara vi 201160 7220920 Piscinas da laje 10 Leopardus spp. pg 203950 7213500 Rio Cambriú Leopardus spp. pg 205462 7215935

Guaranis 30 Mazama americana vi 203100 7221630 Rio Cambriú Mazama americana pg 205510 7216085

Page 142: mamferos e aves de grande porte do parque estadual ilha do

122

Anexo B: Coordenadas UTM da ocorrência das espécies no PEIC (*vi= visualização; vo= vocalização;

pg= pegadas).

Trilha Ponto Spp. Registro* X Y Cabana-Ipanema 41 Nasua nasua vi 205430 7219700 Morro do corrido 20 Nasua nasua vo 198850 7219300

Serra 18 Nasua nasua vi 204630 7220310 Serra 21 Nasua nasua vi 204700 7220250 Serra 32 Nasua nasua vi 204875 7220060

Cabana-Ipanema 3 Odontophorus capueira vi 207200 7219650 Costão do cambriú 4 Odontophorus capueira vi 205700 7216300

Guaranis 22 Odontophorus capueira vi 203580 7221550 Jacareú 17 Odontophorus capueira vi 200049 7220158 Jacareú 27 Odontophorus capueira vi 200198 7219865 Jacareú 28 Odontophorus capueira vi 200180 7219880 Mangue 2 Odontophorus capueira vi 205103 7216471 Mangue 8 Odontophorus capueira vi 204958 7216688 Mangue 16 Odontophorus capueira vi 204690 7216560

Máquinas 20 Odontophorus capueira vi 204320 7216080 Máquinas 36 Odontophorus capueira vi 204190 7216155

Marujá 3 Odontophorus capueira vi 199870 7219400 Marujá 6 Odontophorus capueira vi 199800 7219560 Marujá 14 Odontophorus capueira vi 200550 7210100

Morro do corrido 16 Odontophorus capueira vi 198597 7219391 Morro do corrido 31 Odontophorus capueira vo 199304 7219162 Morro do corrido 56 Odontophorus capueira vi 199930 7219400 Piscinas da laje 10 Odontophorus capueira vi 203950 7213500 Piscinas da laje 24 Odontophorus capueira vi 203620 7213980

Poço do ipanema 4 Odontophorus capueira vi 206800 7219000 Poço do ipanema 13 Odontophorus capueira vi 206450 7218700 Poço do ipanema 14 Odontophorus capueira vi 206400 7218650 Poço do ipanema 17 Odontophorus capueira vi 206420 7218590 Poço do ipanema 18 Odontophorus capueira vi 206400 7218550

Serra 9 Odontophorus capueira vi 204470 7220500 Serra 12 Odontophorus capueira vi 204480 7220470

Morro do seu João 40 Odontophorus capueira vi 201000 7219250 Cabana-Ipanema 1 Pecari tajacu vi 206977 7219574

Mangue 10 Pecari tajacu pg 204834 7216704 Morro do corrido 49 Pecari tajacu pg 200050 7219130 Morro do corrido 59 Pecari tajacu vi 199900 7219600

Guaranis 22 Penelope spp. vi 203580 7221550 Máquinas 10 Penelope spp. vi 204200 7216100

Piscinas da laje 18 Penelope spp. vi 203750 7213600 Piscinas da laje 27 Penelope spp. vi 203550 7214050

Page 143: mamferos e aves de grande porte do parque estadual ilha do

123

Anexo B: Coordenadas UTM da ocorrência das espécies no PEIC (*vi= visualização; vo= vocalização;

pg= pegadas).

Trilha Ponto Spp. Registro* X Y Poço das Antas 5 Penelope spp. vi 204700 7221250 Poço das Antas 8 Penelope spp. vi 204780 7221350

Poço do ipanema 7 Penelope spp. vi 206600 7218900 Poço do ipanema 11 Penelope spp. vi 206500 7218750 Poço do ipanema 13 Penelope spp. vi 206450 7218700 Poço do ipanema 14 Penelope spp. vi 206400 7218650 Poço do ipanema 16 Penelope spp. vi 206459 7218626

Serra 26 Penelope spp. vi 204700 7220000 Serra 28 Penelope spp. vi 204760 7220015 Serra 39 Penelope spp. vi 205000 7220311 Serra 46 Penelope spp. vi 205320 72203350

Morro do corrido 48 Pipile jacutinga vi 199950 7219100 Poço das Antas 9 Pipile jacutinga vi 204800 7221400

Serra 19 Pipile jacutinga vi 204670 7220290 Serra 21 Pipile jacutinga vi 204700 7220250 Serra 23 Pipile jacutinga vi 204800 7220200 Serra 25 Pipile jacutinga vi 204650 7219980 Serra 29 Pipile jacutinga vi 204800 7220030 Serra 43 Pipile jacutinga vi 205245 7220531

Morro do seu João 33 Pipile jacutinga vi 201250 7219735 Morro do seu João aldeia Pipile jacutinga vi 201277 7221475 Cabana-Ipanema 1 Ramphastos spp. vi 207050 7219600 Cabana-Ipanema 11 Ramphastos spp. vo 207530 7220200 Cabana-Ipanema 15 Ramphastos spp. vo 207600 7220350 Cabana-Ipanema 22 Ramphastos spp. vo 206980 7219950 Cabana-Ipanema 24 Ramphastos spp. vo 206950 7219900 Cabana-Ipanema 26 Ramphastos spp. vo 206600 7220000

Costão 2 Ramphastos spp. vo 205600 7216560 Costão 6 Ramphastos spp. vo 205800 7216400

Guaranis 8 Ramphastos spp. vi 204200 7221350 Guaranis 11 Ramphastos spp. vo 204050 7221430 Guaranis 14 Ramphastos spp. vi 203900 7221480 Guaranis 34 Ramphastos spp. vi 203000 7221650 Guaranis 36 Ramphastos spp. vo 202774 7221681 Jacareú 1 Ramphastos spp. vo 199670 7221100 Jacareú 5 Ramphastos spp. vo 199800 7220800 Jacareú 9 Ramphastos spp. vo 199795 7220498 Jacareú 20 Ramphastos spp. vo 200100 7220100 Jacareú 25 Ramphastos spp. vi 200270 7219870

Page 144: mamferos e aves de grande porte do parque estadual ilha do

124

Anexo B: Coordenadas UTM da ocorrência das espécies no PEIC (*vi= visualização; vo= vocalização;

pg= pegadas).

Trilha Ponto Spp. Registro* X Y Jacareú 26 Ramphastos spp. vo 200230 7219850 Mangue 0 Ramphastos spp. vi 205115 7216398 Mangue 1 Ramphastos spp. vo 205118 7216427 Mangue 3 Ramphastos spp. vo 205050 7216537 Mangue 8 Ramphastos spp. vi 204958 7216688 Mangue 12 Ramphastos spp. vi 204780 7216640 Mangue 13 Ramphastos spp. vo 204740 7216600 Mangue 18 Ramphastos spp. vi 204680 7216800 Mangue 19 Ramphastos spp. vi 204670 7216700

Máquinas 19 Ramphastos spp. vo 204304 7216105 Máquinas 23 Ramphastos spp. vo 204400 7216060 Máquinas 25 Ramphastos spp. vi 204490 7216080 Máquinas 28 Ramphastos spp. vo 204560 7216100 Máquinas 35 Ramphastos spp. vi 204750 7216130 Máquinas 36 Ramphastos spp. vo 204890 7216155 Máquinas 38 Ramphastos spp. vo 204965 7216184

Marujá 2 Ramphastos spp. vo 199900 7219350 Marujá 9 Ramphastos spp. vi 200300 7210100

Morro do corrido 6 Ramphastos spp. vo 198200 7219000 Morro do corrido 19 Ramphastos spp. vo 198750 7219320 Morro do corrido 30 Ramphastos spp. vi 199250 7219100 Morro do corrido 40 Ramphastos spp. vo 199750 7219040 Morro do corrido 67 Ramphastos spp. vo 199850 7219950 Morro do corrido 69 Ramphastos spp. vo 199976 7220061 Piscinas da laje 18 Ramphastos spp. vi 203750 7213600 Piscinas da laje 23 Ramphastos spp. vo 203610 7213950 Piscinas da laje 24 Ramphastos spp. vo 203620 7213980 Piscinas da laje 35 Ramphastos spp. vo 203200 7214500 Piscinas da laje 37 Ramphastos spp. vo 203050 7214600 Poço das Antas 3 Ramphastos spp. vi 204700 7221200 Poço das Antas 3 Ramphastos spp. vi 204700 7221200 Poço das Antas 3 Ramphastos spp. vo 204700 7221200

Poço do ipanema 13 Ramphastos spp. vi 206450 7218700 Poço do ipanema 13 Ramphastos spp. vo 206450 7218700 Poço do ipanema 14 Ramphastos spp. vi 206400 7218650 Poço do ipanema 14 Ramphastos spp. vo 206400 7218650 Poço do ipanema 15 Ramphastos spp. vo 206320 7218640 Poço do ipanema 15 Ramphastos spp. vo 206320 7218640 Poço do ipanema 16 Ramphastos spp. vi 206459 7218626 Poço do ipanema 16 Ramphastos spp. vo 206459 7218626

Page 145: mamferos e aves de grande porte do parque estadual ilha do

125

Anexo B: Coordenadas UTM da ocorrência das espécies no PEIC (*vi= visualização; vo= vocalização;

pg= pegadas).

Trilha Ponto Spp. Registro* X Y Poço do ipanema 16 Ramphastos spp. vo 206459 7218626 Poço do ipanema 17 Ramphastos spp. vi 206420 7218590 Poço do ipanema 18 Ramphastos spp. vi 206400 7218550 Poço do ipanema 22 Ramphastos spp. vi 206360 7218371

Serra 8 Ramphastos spp. vi 204440 7220530 Serra 20 Ramphastos spp. vi 204700 7220270 Serra 22 Ramphastos spp. vi 204750 7220220 Serra 25 Ramphastos spp. vi 204650 7219980 Serra 31 Ramphastos spp. vi 204850 7220047 Serra 46 Ramphastos spp. vi 205352 7220250

Morro do seu João 18 Ramphastos spp. vo 201190 7220680 Morro do seu João 25 Ramphastos spp. vi 201340 7220000

Costão 2 Sciurus ingrami vo 205580 7216590 Costão 5 Sciurus ingrami vi 205750 7216350

Guaranis 22 Sciurus ingrami vi 203580 7221550 Guaranis 24 Sciurus ingrami vi 203500 7221600 Guaranis 34 Sciurus ingrami vi 203000 7221650

Morro do corrido 36 Sciurus ingrami vi 199500 7219020 Serra 19 Sciurus ingrami vi 204670 7220290 Serra 47 Sciurus ingrami vi 205377 7220209

Morro do seu João 25 Sciurus ingrami vi 201280 7220300 Morro do seu João 36 Sciurus ingrami vi 201190 7219250 Cabana-Ipanema 1 Tayassu pecari vi 206977 7219574 Cabana-Ipanema 30 Tayassu pecari vi 206100 7219800 Morro do corrido 14 Tayassu pecari pg 198630 7219350 Morro do corrido 17 Tayassu pecari pg 198700 7219350 Morro do corrido 19 Tayassu pecari pg 198750 7219320 Morro do corrido 62 Tayassu pecari pg 199840 7219710

Serra 19 Tayassu pecari vi 204670 7220290 Serra 23 Tayassu pecari vi 204800 7220200 Serra 3 Tinamus solitarius vo 204400 7220600

Poço do ipanema 19 Tinamus solitarius vo 206300 7218250 Cabana-Ipanema 1 Tinamus solitarius vo 207050 7219600 Cabana-Ipanema 6 Tinamus solitarius vo 207320 7219730 Cabana-Ipanema 10 Tinamus solitarius vo 207500 7220150 Cabana-Ipanema 13 Tinamus solitarius vo 207776 7220326 Cabana-Ipanema 19 Tinamus solitarius vi 207300 7220440 Cabana-Ipanema 28 Tinamus solitarius vi 205500 7219930

Jacareú 12 Tinamus solitarius vo 199866 7220447

Page 146: mamferos e aves de grande porte do parque estadual ilha do

126

Anexo B: Coordenadas UTM da ocorrência das espécies no PEIC (*vi= visualização; vo= vocalização;

pg= pegadas). Trilha Ponto Spp. Registro* X Y

mangue 3 Tinamus solitarius vi 205050 7216537 Morro do corrido 17 Tinamus solitarius vi 198700 7219350 Morro do corrido 21 Tinamus solitarius vo 198900 7219320 Morro do corrido 29 Tinamus solitarius vo 199080 7219200 Morro do corrido 48 Tinamus solitarius vi 199950 7219100 Morro do corrido 56 Tinamus solitarius vi 199930 7219400 Piscinas da laje 14 Tinamus solitarius vo 203920 7213700 Piscinas da laje 37 Tinamus solitarius vi 203050 7214600

Serra 19 Tinamus solitarius vo 204670 7220290 Morro do seu João 34 Tinamus solitarius vi 201190 7219700

Page 147: mamferos e aves de grande porte do parque estadual ilha do

127

Anexo C: Informações sobre os frutos coletados no PEIC, identificados a nível de família.

Família Espécie

biomassa de frutos nas

estações outono/ inverno

biomassa de frutos nas

estações primavera/ verão

biomassa totalde frutos

Anarcadiaceae Schinus spp. 0.0010 0.0000 0.00 Annonaceae Annona spp. 0.0100 0.0000 0.01 Annonaceae Xylopia brasiliensis 0.0200 0.0000 0.02 Apocynaceae Tabernemontanae spp. 0 0.0145 0.01

Arecaceae Astrocaryum aculeatissimum 0.1900 2.30855 2.50 Arecaceae Atalea dubia 2.8400 0.172 3.01 Arecaceae Euterpe edulis 4.2800 2.4726 6.75 Arecaceae Geonoma spp. 0 0.02675 0.03 Arecaceae Syagrus romanzoffiana 0.2600 2.304 2.56

Cecropiaceae Cecropia spp. 0 0.0275 0.03 Chrysobalanaceae não identificada 1 0 0.2478 0.25

Clusiaceae Calophyllum brasiliense 0.0100 0.211 0.22 Clusiaceae Rheedia gardneriana 0.2300 0.0000 0.23

Elaeocarpaceae Sloanea spp. 0 1.2945 1.29 Lauraceae Cryptocaria spp. 0.0600 0.78405 0.84 Lauraceae não identificada 1 0 0.01825 0.02 Lauraceae não identificada 2 0.0050 0.0000 0.01 Lauraceae não identificada 3 0 0.0046 0.00

Leguminosae Centrolobium spp. 0 0.048 0.05 Leguminosae Mucuna spp. 0.0400 0.0000 0.04 Leguminosae Schizolobium parahyba 0.3300 0.07 0.40 Leguminosae não identificada 1 0 0.0024 0.00 Leguminosae não identificada 2 0 0.0334 0.03

Melastomataceae Tibouchina spp. 0.1100 0.04775 0.16 Meliaceae Cabralea canjerana 0 0.001 0.00 Meliaceae Cedrella spp. 0 0.1025 0.10 Moraceae Ficus spp.1 0 0.002 0.00 Moraceae Ficus spp.2 0.2763 0.0000 0.28 Moraceae Ficus spp.3 13.0132 0.0000 13.01

Myristicaceae Virola spp. 0.0621 0.163 0.23 Myrsinaceae Rapanea spp. 0.0016 0.0000 0.00 Myrtaceae Campomanesia spp. 0.2351 0.0052 0.24 Myrtaceae Gomidesia spp. 0.0495 0.002 0.05 Myrtaceae não identificada 1 0 0.003 0.00 Rubiaceae Psycotria nuda 0.0247 0.02455 0.05

Sapindaceae Cupanea oblongifolia 0.0358 0.0823 0.12 Sapotaceae não identificada 1 0.0023 0.0000 0.00

Symplocaceae Symplocos spp. 0.0323 0.0185 0.05

Page 148: mamferos e aves de grande porte do parque estadual ilha do

128

Anexo D: Informações sobre os frutos não identificados, coletados no PEIC durante o estudo.

Identificação do fruto biomassa de frutos nas

estações outono/ invernobiomassa de frutos nas

estações primavera/ verão biomassa total

de frutos spp.01 0.0037 0.0000 0.00 spp.02 0.0142 0.0000 0.01 spp.03 0.0005 0.0000 0.00 spp.04 0.0021 0.0000 0.00 spp.05 0.0021 0.0000 0.00 spp.06 0.0047 0.0000 0.00 spp.07 0.0053 0.0000 0.01 spp.08 0.0016 0.0000 0.00 spp.09 0.0021 0.0000 0.00 spp.10 0.000011 0.0000 0.00 spp.11 0.0026 0.0000 0.00 spp.12 0.0100 0.0000 0.01 spp.13 0.0158 0.0000 0.02 spp.14 0.0053 0.0000 0.01 spp.15 0 0.0058 0.01 spp.16 0 0.02305 0.02 spp.17 0 0.0015 0.00 spp.18 0 0.036 0.04 spp.19 0 0.00005 0.00 spp.20 0 0.0955 0.10 spp.21 0 0.0015 0.00 spp.22 0 0.01 0.01 spp.23 0 0.00005 0.00 spp.24 0 0.026 0.03 spp.25 0 0.014 0.01 spp.26 0 0.015 0.02 spp.27 0 0.001 0.00 spp.28 0 0.058 0.06 spp.29 0 0.0495 0.05 spp.30 0 0.0135 0.01 spp.31 0 0.0015 0.00 spp.32 0 0.027 0.03 spp.33 0 0.00005 0.00 spp.34 0 0.0075 0.01 spp.35 0 0.0015 0.00 spp.36 0 0.0045 0.00 spp.37 0 0.005 0.01 spp.38 0 0.002 0.00 spp.39 0 0.003 0.00

Page 149: mamferos e aves de grande porte do parque estadual ilha do

129

Anexo D: Informações sobre os frutos não identificados, coletados no PEIC durante o estudo.

Identificação do fruto biomassa de frutos nas

estações outono/ invernobiomassa de frutos nas

estações primavera/ verão biomassa total

de frutos spp.40 0 0.0035 0.00 spp.41 0 0.0215 0.02 spp.42 0 0.1455 0.15 spp.43 0 0.005 0.01 spp.44 0 0.015 0.02 spp.45 0 0.172 0.17 spp.46 0 0.1265 0.13 spp.47 0 0.0105 0.01 spp.48 0 0.005 0.01 spp.49 0 0.077 0.08 spp.50 0.0095 0.0000 0.01 spp.51 0.0357 0.0000 0.04 spp.52 0.0040 0.0000 0.00 spp.53 0.0099 0.0000 0.01 spp.54 0.0404 0.0000 0.04 spp.55 0 0.0515 0.05 spp.56 0 0.04445 0.04 spp.57 0 0.0026 0.00 spp.58 0 0.02415 0.02 spp.59 0 0.00215 0.00 spp.60 0 0.0018 0.00 spp.61 0.0255 0.0000 0.03 spp.62 0.0239 0.0000 0.02 spp.63 0.0034 0.0000 0.00 spp.64 0.0015 0.0000 0.00 spp.65 0.0022 0.0000 0.00 spp.66 0.0078 0.0000 0.01 spp.67 0.0311 0.0000 0.03 spp.68 0.0149 0.0000 0.01 spp.69 0.0021 0.0000 0.00 spp.70 0.0079 0.0000 0.01 spp.71 0.0146 0.0000 0.01 spp.72 0.0041 0.0000 0.00 spp.73 0.0034 0.0000 0.00 spp.74 0 0.00245 0.00 spp.75 0 0.0072 0.01 spp.76 0 0.00375 0.00 spp.77 0 0.0013 0.00 spp.78 0 0.00135 0.00

Page 150: mamferos e aves de grande porte do parque estadual ilha do

130

Anexo D: Informações sobre os frutos não identificados, coletados no PEIC durante o estudo.

Identificação do fruto biomassa de frutos nas

estações outono/ invernobiomassa de frutos nas

estações primavera/ verão biomassa total

de frutos spp.79 0 0.0323 0.03 spp.80 0 0.015 0.02 spp.81 0 0.0035 0.00 spp.82 0 0.0306 0.03 spp.83 0 0.00455 0.00 spp.84 0 0.0312 0.03 spp.85 0 0.00585 0.01 spp.86 0.0026 0.0000 0.00

Page 151: mamferos e aves de grande porte do parque estadual ilha do

Anexo E: Abundância (avistamentos/10km) de mamíferos e aves de grande porte em diferentes fragmentos de Mata Atlântica.

Área de estudo área (ha) Alouatta Nasua Pecari Tayassu Mazama Sciurus Dasyprocta Penelope

Referência* Serra da Paranapiacaba 100000 0,25 1 Parque Estadual Intervales 100000 0,05 2 Parque Estadual Morro do Diabo 35000 0,1 0,05 0,27 0,16 0,1 0,1 1,32 3,49 3 Reserva Biológica de Sooretama 24250 0 0,3 0 0 0,6 6,8 1,97 4 Reserva Florestal de Linhares 21800 0,15 0,15 0 0 2,5 7,55 6,01 4 Parque Estadual Ilha do Cardoso 15100 1,24 0,14 0,03 0,14 0,03 0,33 0,65 0,62 Este estudo Reserva Biológica Augusto Ruschi 4000 1,87 5 Fazenda Barreiro Rico 3259 0,977 0,11

0,427 0,137 0,007 0,129 0,6 6 Reserva Biológica Córrego do Veado 2400 0 0,6 0 0,12 0 10,54 3,46 4 Estação Ecológica Caetetus 2180 0,32 0,26 0,26 0,28 0,6 1,25 3 Fazenda Mosquito 2100 1,89 0,31 0,02 0,06 0,29 0,78 0,06 1,2 3 Fazenda Tucano 2000 0,84 0,05 0,14 extinto 0,12 0,02 0,89 2,24 3 Fazenda Rio Claro 1700 1,66 0,13 0,64 extinto 0,23 0,09 0,97 3 Reserva Biológica Córrego Grande

1504 0 0,6 1,02 0 0 8,22 0,3 4

M7/317 260 0,22 0,22 0 0,950 2,85 0 4 Mata São José 230 4,01 7 Putiri 210 0 0,2 0 0,340 3,68 0 4

* 1= González-Sólis et al., 2002; 2= González-Sólis et al., 1996; 3= Cullen Jr. et al., 1999; 4=Chiarello, 1999; 5= Pinto et al., 1993; 6= Torres de Assumpção, 1983; 7= São Bernardo, 2001.

131

Page 152: mamferos e aves de grande porte do parque estadual ilha do

132

Anexo F: Dados disponíveis na literatura sobre densidade (indivíduos/km2) das espécies estudadas em diferentes fragmentos de Mata Atlântica.

Área de estudo área (ha) Alouatta Dasyprocta

Pipile Referência*

Serra de Paranapiacaba 100000 0,79 1 Serra de Paranapiacaba 100000 2,67 8 Parque Estadual Intervales 38356 2,38 13 Parque Estadual Carlos Botelho 37700 3,17 12 Parque Estadual Morro do Diabo 35000 15,66 26,8 2 Parque Estadual Ilhabela 27000 0,93 12 Reserva Florestal de Linhares 21800 0,96 3 Parque Estadual Ilha do Cardoso 11100 8,9 3,4 2,1 Este estudoParque Estadual da Cantareira 5647 80,9 4 Floresta Nacional de Três Barras 4458 64 5 Reserva Biológica Augusto Ruschi 4000 10,1 6 Fazenda Barreiro Rico 3259 26 7 Estação Ecológica Caetetus 2180 0,6 2 Fazenda Mosquito 2100 36,3 0,39 2 Fazenda Tucano 2000 10,91 4,1 2 Fazenda Rio Claro 1700 16,27 0,91 2 Estação Biológica de Caratinga 880 117 9 Fazenda Neblina (PE Serra do Brigadeiro) 320 7,5 10 M7/317 260 1,36 3 Reserva Florestal Mata Santa Genebra 250 136,5 11 Lageadinho 50 98 6

* 1= González-Sólis et al., 2002; 2= Cullen Jr. et al., 1999; 3=Chiarello & Mello, 2001; 4= Silva, 1981; 5=Perez, 1997; 6= Pinto et al., 1993; 7= Torres de Assumpção, 1983; 8= Sanchéz- Alonso et al., 2002; 9= Ferrari, 1988; 10=Cosenza & Melo, 1998; 11= Chiarello, 1993; 12= Galetti et al., 1997; 13= Guix et al., 1997.

Page 153: mamferos e aves de grande porte do parque estadual ilha do

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ADAMS, C. Caiçaras na Mata Atlântica: pesquisa científica versus planejamento e

gestão ambiental. São Paulo: Annablume/ FAPESP, 2000. 336p. ALEIXO, A; GALETTI, M. The conservation of the avifauna in a lowland Atlantic

forest in southeast Brazil. Bird Conservation International, v.7, p.235-261, 1997. ALLENDORF, F.W.; RYMAN, N. The role of genetics in population viability analysis.

In: BEISSINGER, S.R.; MCCULLOUGH, D.R. (Ed.). Population viability analysis. Chicago: The University of Chicago Press, 2002. p.50-85.

ALTRICHTER, M.; DREWS, C.; SÁENZ, J.; CARRILLO, E. Sex ratio and breeding of

white-lipped peccary (Tayassu pecari) in a Costa Rican rain forest. Biología Tropical, v.49, p.383-389, 2001.

ARMBRUSTER, P.; LANDE, R. A population viability analysis for african elephant

(Loxodonta africana): how big should reserves be? Conservation Biology, v.7, n.3, p.602-610, 1993.

AUGUST, P. V. The role of habitat complexity and heterogeneity in structuring tropical

mammal communities. Ecology, v. 64,n.6, p.1495- 1507, 1983. ÁVILA-PIRES, F.D.; GOUVÊA, E. Mamíferos do Parque Nacional de Itatiaia. Boletim

do Museu Nacional, n.291, p.1-29, 1977. AYRES, J.M.; FONSECA, G.A.B.; RYLANDS, A.B.; QUEIROZ, H.L.; PINTO, L.P.S.;

MASTERSON, D.; CAVALCANTI, R. Abordagens inovadoras para conservação da biodiversidade do Brasil: os corredores ecológicos das florestas neotropicais do Brasil. Versão 3.0. Programa piloto para a proteção de florestas neotropicais, projeto parques e reservas. Brasília: Ministério do Meio Ambiente, Recursos Hídricos e da Amazônia Legal (MMA)/ Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA), 1997. 64p.

BAPTISTA, F.M. A gestão dos recursos naturais pelos povos indígenas e o direito

ambiental. In: LIMA, A. (Ed.). O direito para o Brasil socioambiental. São Paulo: Instituto Socioambiental (ISA); Porto Alegre: Antônio Fabris Editor, 2002. 80p.

Page 154: mamferos e aves de grande porte do parque estadual ilha do

134

BARBOSA, A. F.; MOLINA MAX, J. C.; TOLEDO, M.C.B. Análise preliminar da avifauna do Parque Estadual da Ilha do Cardoso – São Paulo. Boletim Técnico do Instituto Florestal de São Paulo, v.42, p.181-203, 1988.

BEISSINGER, S.R. Population viability analysis: past, present, future. In:

BEISSINGER, S.R.; MCCULLOUGH, D.R. (Ed.). Population viability analysis. Chicago: The University of Chicago Press, 2002. p.5- 17.

BEISSINGER, S.R.; MCCULLOUGH, D.R. Population viability analysis. Chicago:

The University of Chicago Press, 2002. 577p. BERGALLO, H.G.; VERA, Y.; CONDE, C.F.; BITTENCOURT, E.B.; BOSSI, D.E.P.;

ROCHA, C.F.D. As similaridades nos parâmetros comunitários de pequenos mamíferos de duas áreas de mata atlântica do sul de São Paulo, Sudeste do Brasil. In: SEMINÁRIO REGIONAL DE ECOLOGIA, 8., Rio de Janeiro, 1998. Anais. Rio de Janeiro: UFRJ, 1998. p.939-949.

BERNARDI, J.V.E. Estudo quantitativo da estrutura da vegetação do Parque Estadual

Ilha do Cardoso- SP. Rio Claro, 2001. 280p. Tese (Doutorado) - Instituto de Geociências, Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”.

BIRDLIFE INTERNATIONAL. Threatened birds of the world. Barcelona,

Cambridge: Lynx Edicions/ BirdLife International, 2000. 852p. BLAKE, J. G.; LOISELLE, B. A.; MOERMOND, T. C.; LEVEY, D. J.; DENSLOW, J.

S. Quantifying abundance of fruits for birds in tropical habitats. Studies in Avian Biology, v.13, p.73-79, 1990.

BLEHER, B.; POTGIETER, C.J.; JOHNSON, D.N.; BÖHNING – GAESE, K. The

importance of figs for frugivores in a South African coastal forest. Journal of Tropical Ecology, v.19, p.375-386, 2003.

BODMER, R.E.; FANG, T.G.; MOYA, L. Primates and ungulates: a comparison of

suscetibility to hunting. Primate Conservation, v.9, p.79- 83, 1988. BOYCE, M. S. Population viability analysis. Annual Review of Ecological and

Systematics, v.23, p.481- 506, 1992. BOYCE, M. S.; IRWIN, L. L. Viable population for spotted owls for management of old

growth forests in the pacific northwest. In: MITCHELL, R. S.; SHEVIAK, C. J.; LEOPOLD, D.J. (Ed.). Ecosystem management: rare species and significant habitats. New York: New York State Museum, 1990. 314p.

Page 155: mamferos e aves de grande porte do parque estadual ilha do

135

BRITO, D.; FERNANDEZ, F.AS. Dealing with extinction is forever: understanding the risks faced by small populations. Ciência e Cultura Journal of the Brazilian Association for the Advancement of Science, v.52, n.3, p.161-170, 2000.

BRITO, D.; FIGUEIREDO, M.S.L. Minimum viable population and conservation status

of the Atlantic forest spiny rat Trinomys eliasi. Biological Conservation, v.112, p.153- 158, 2003.

BRITO, D.; GRELLE, C.E.V. Effectiveness of a reserve network for the conservation of

the endemic marsupial Micoureus travassosi in Atlantic Forest remnants in southeastern Brazil. Biodiversity and Conservation, v.1, n.1, p.1- 18, 2003.

BROOK, B.W.; TONKYN, D.W.; O’GRADY, J.J.; FRANKHAM, R. Contribution of

inbreeding depression to extinction risk in threatened species. Conservation Ecology, v.6, n.1, p.1-17, 2002.

BROOK, B.W.; CANNON, J.R.; LACY, R.C.; MIRANDE, C.; FRANKHAM, R.

Comparison of the population viability analysis packages GAPPS, INMAT, RAMAS and VORTEX for the whooping crane (Grus americana). Animal Conservation, v.2, p.23-31, 1999.

BROOK, B.W.; O´GRADY, J.J.; CHAPMAN, A.P.; BURGMAN, M.A.; AKÇAKAYA,

H.R.; FRANKHAM, R. Predictive accuracy of population viability analisys in conservation biology. Nature, v.404, p.385- 387, 2000.

BROCKELMAN, W.Y.; ALI, R. Methods of surveying and sampling forest primate

populations. In: MARSH, C.W.; MITTERMEIER, R.A. (Ed.). Primate conservation in the tropical rainforest. New York: Alan R. Liss, 1987. p.23- 62.

BROOKS, D.M. Pipile as a protein source to rural hunters and Amerindians. In:

BROOKS, D.M.; OLMOS, F.; BEGAZO, A.J. (Ed.). Biology and conservation of the piping guans (Aves: Cracidae). n.1. Houston: Special publication of the cracidae specialist group, 1998. p.42- 50.

BROOKS, D.M.; STRAHL, S.D. Curassows, guans and chachalacas: Status survey

and conservation action plan for cracids 2000–2004. Switzerland; Cambridge: IUCN/SSC Cracid specialist Group, 2000. 182 p.

BROOKS, D.M.; OLMOS, F.; BEGAZO, A.J. Biology and conservation of the piping

guans (Aves: Cracidae). n.1. Houston: Special publication of the cracidae specialist group, 1998. 60p.

BUCKLAND, S.T.; ANDERSON, D.R.; BURNHAM, K.P.; LAAKE, J.L. Distance

sampling. Estimating abundance of biological populations. London: Chapman & Hall, 1993. 432p.

Page 156: mamferos e aves de grande porte do parque estadual ilha do

136

BURGMAN, M.A.; LAMONT, B.B. A stochastic model for the viability of Banksia cuneata populations: environmental, demographic and genetic effects. Journal of Applied Ecology, v.29, p.719-727, 1992. BURNHAM, K.P.; ANDERSON, D.R.; LAAKE, J.L. Estimation of density from line

transect sampling of biological populations. Wildlife Monographs, v.72, p.1-202, 1980.

CASSEY, P.; MCARDLE, B.H. An assessment of distance sampling techniques for

estimating animal abundance. Environmetrics, v.10, p.261- 278, 1999. CASTRO, E.R. Variação espaço – temporal na fenologia e frugivoria do palmito juçara

Euterpe edulis Martius (Arecaceae) em três tipos de Floresta Atlântica. Rio Claro, 2003. 109p. Dissertação (M.S.) - Instituto de Biociências, Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”.

CHEDIACK, S.E.; BAQUEIRO, M.F. Harvesting and conservation of heart palm. In:

GALINDO – LEAL, C., CÂMARA, I.G. (Ed.). The atlantic forest of south america: Biodiversity status, threats and outlook. Washington D.C.: Center for applied biodiversity science at Conservation International/Island Press, 2003. p.407-412.

CHIARELLO, A.G. Home range of the brown howler monkey, Alouatta fusca, in a

forest fragment of southeastern Brazil. Folia Primatologica, v.601, p.73-175, 1993. CHIARELLO, A.G. Mammalian community and vegetation structure of Atlantic forest

fragments in southeastern Brazil. Cambridge, 1997. 120p. Thesis (Ph.D.) - Cambridge University.

CHIARELLO, A.G. Effects of fragmentation of the Atlantic forest on mammal

communities in South-eastern Brazil. Biological Conservation, v.89, p.71-82, 1999. CHIARELLO, A.G. Influência da caça ilegal sobre mamíferos e aves das matas de

tabuleiro do norte do Estado do Espírito Santo. Boletim do Museu de Biologia Mello Leitão, v.11/12, p.229-247, 2000a.

CHIARELLO, A.G. Density and populations size of mammals in remnants of Brazilian

Atlantic Forest. Conservation Biology, v.14, p.1649-1657, 2000b. CHIARELLO, A.G.; GALETTI, M. Diet of the brown howley monkey Alouatta fusca in

a semi-deciduous forest fragment of southeastern Brazil. Primates, v.35, p.25- 34, 1994.

Page 157: mamferos e aves de grande porte do parque estadual ilha do

137

CHIARELLO, A.G.; MELO, F.R. de. Primate population densities and sizes in Atlantic forest remnants of northern Espirito Santo, Brazil. International Journal of Primatology, v.22, n.3, p.379-396, 2001.

CODY, M.L. Habitat selection in birds: the roles of vegetation structure, competitors

and productivity. Bioscience, v.31, n.2, p.107-113, 1981. COLCHESTER, M. Self-determination or environmental determinism for indigenous

peoples in tropical forest conservation. Conservation Biology, v.14, n. 5, p.1365-1367, 2000.

COLLAR, N.J.; GONZAGA, L.P.; KRABBE, N.; MADROÑO-NIETO, A.;

NARANJO, L.G.; PARKER, T.A.; WEGE, D.C. Threatened birds of the Americas. Cambridge: International council for bird preservation (ICBP)/IUCN, 1992. 1100p.

CONSELHO ESTADUAL DO MEIO AMBIENTE (CONSEMA). Plano de manejo do

Parque Estadual Ilha do Cardoso, fase 2. Cananéia: CONSEMA, São Paulo, 2001. 60p.

CÔRTES, M.C. Frugivoria e dispersão de sementes de Euterpe edulis (Arecaceae) em

três tipos florestais no Parque Estadual Ilha do Cardoso. Rio Claro, 2003. Monografia (Graduação) – Instituto de Biociências, Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”.

COSENZA, B.A.P.; MELO, F.R. Primates of the Serra do Brigadeiro State Park, Minas

Gerais, Brazil. Neotropical Primates,v.6, n.1, p.18-20, 1998. COULSON, T.; MACE, G.M.; HUDSON, E.; POSSINGHAM, H. The use and abuse of

population viability analysis. Trends in Ecology & Evolution,v.16, n.5, p.219- 221, 2001.

CULLEN JÚNIOR, L. Hunting and biodiversity in Atlantic forest fragments, São Paulo,

Brazil. Florida, 1997. 134p. Dissertation (M.S.) - University of Florida. CULLEN JÚNIOR, L.; BODMER R. E.; PÁDUA, C.V. Caça e biodiversidade nos

fragmentos florestais da Mata Atlântica, São Paulo, Brazil. In: FANG, T.G., MONTENEGRO, O.L.; BODMER, R.E. (Ed.). Manejo y conservación de fauna silvestre en America Latina. Florida: WCS, University of Florida, 1999, p.125-139.

CULLEN JÚNIOR, L.; BODMER, R.E.; PADUA, C.V. Effects of hunting in habitat

fragments of the Atlantic forests, Brazil. Biological Conservation, v.95, p.49-56, 2000.

Page 158: mamferos e aves de grande porte do parque estadual ilha do

138

CULLEN JÚNIOR, L.; BODMER, R.E.; PÁDUA, C.V. Ecological consequences of hunting in Atlantic forest patches, São Paulo, Brazil. Oryx, v.35, p.137-144, 2001.

CULLEN JÚNIOR, L.; RUDRAN, R. Transectos lineares na estimativa de densidade de

mamíferos e aves de médio e grande porte. In: CULLEN JÚNIOR., L.; RUDRAN, R.; VALLADARES-PADUA, C. (Ed.). Métodos de estudos em biologia da conservação e manejo da vida silvestre. Curitiba: Ed. UFPR/ FBPN, 2003. p.169-179.

CUNHA, L.H.O.; ROUGEULLE, M.D. Comunidades litorâneas e unidades de

proteção ambiental: convivência e conflitos. O caso de Guaraqueçaba- PR. São Paulo: PPCAUB/USP, 1989. 78p. (Estudo de caso, 2).

DAMUTH, J. Population density and body size in mammals. Nature, v.290, p.699-700,

1981. DÁRIO, F.R.; VINCENZO, M.C.V.; ALMEIDA, A.F. Avifauna em fragmentos da

Mata Atlântica. Ciência rural, v.32, n.6, p.989- 996, 2002. DELACOUR, J.; AMADON, D. Currasows and related birds. New York: New York

Am. Mus. Nat. Hist., 1973. 247p. Del HOYO, J.; ELLIOT, A.; SARGATAL, J. (Ed.). Handbook of the birds of the

world: new world vultures to guineafowl. Barcelona: Lynx edicions, 1994. 638p. DIEGUES, A.C.S. Diversidade biológica e culturas tradicionais litorâneas: o caso

das comunidades caiçaras. São Paulo: Nupaub/USP, 1988. 37p. (Série documentos e relatórios de pesquisa, 5).

DIEGUES, A.C.S. Populações tradicionais em unidades de conservação: o mito

moderno da natureza intocada. São Paulo: Nupaub/USP, 1993. 66p. (Série documentos de pesquisa, 1).

DIEGUES, A.C.S. O mito do paraíso desabitado: as áreas naturais potegidas. In:

DIEGUES, A.C.S. (Ed.). Povos e mares - leitura em socioantropologia marítima. São Paulo: NUPAUB/USP, 1995. 269p.

DIEGUES, A.C.S.; NOGARA, P. O nosso lugar virou parque: estudo sócio-ambiental

do Saco do Mamanguá- Parati- RJ. São Paulo: Nupaub/Cemar- USP, 1994. 187p. DIRZO, R.; MIRANDA, A. Contemporary neotropical defaunation and forest structure.

Function and diversity – a sequel to John Terborgh. Conservation Biology, v.4, p.444- 447, 1990.

Page 159: mamferos e aves de grande porte do parque estadual ilha do

139

DIRZO, R.; MIRANDA, A. Altered patterns of herbivory and diversity in the forest understory: a case study of the possible consequences of contemporary defaunation. In: PRICE, P.W.; LEWINSOHN, T.M.; FERNANDES, G.W.; BENSON, W.W. (Ed.). Plant-animal interactions: evolutionary ecology in tropical and temperate regions. New York: Wiley, 1991, p. 273-287.

DOBSON, A.P.; MACE, G.M.; POOLE, J.; BRETT, R.A. Conservation biology: the

ecology and genetics of endangered species. In: BERRY, R.J.; CRAWFORD, T.J.; HEWITT, G.M. (Ed.) Genes in ecology. Oxford: Blackwell, 1992, p.405-430.

DUECK, H. Carnivore conservation: a proposal for the canadian rockis. Unpubl.

Report. Toronto: Canadian Park Service, Hull, Quebec and world Wildlife Fund- Canada, 1990.

EISENBERG, J.J. The density and biomass of tropical mammals. In: SOULÉ, M.E.;

WILCOX, B.A. (Ed.). Conservation biology, an evolutionary-ecological perspective. Sunderland: Sinauer Associates, 1980, p.33-55.

EMMONS, L.H. Neotropical rainforest mammals: a field guide. Chicago: The

University of Chicago Press, 1990. 281p. ESTES, J.A.; DUGGINS, D.O.; RATHBUN, G.B. The ecology of extinctions in kelp

forest communities. Conservation Biology, v.3, n.3, p.252-264, 1989. ESTRADA, A.; COATES – ESTRADA, R. A preliminary study of resource overlap

between howling monkeys (Alouatta palliata) and other arboreal mammals in the tropical rainforest of Los tuxtlas, Mexico. American Journal of Primatology, v.9, p.27-37, 1985.

FASHING, P.J.; CORDS, M. Diurnal primate densities and biomass in the Kakamega

forest: an evaluation of census method and a comparison with other forests. American Journal of Primatology, v.50, p.139-152, 2000.

FELIPIM, A.P. O sistema agrícola Guarani-Mbya e seus cultivares de milho: um estudo

de caso na aldeia guarani da Ilha do Cardoso, município de Cananéia, SP. Piracicaba, 2001. 100p. Dissertação (Mestrado) – Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”, Universidade de São Paulo.

FELTON, A.M.; ENGSTRÖM, L.M.; FELTON, A.; KNOTT, C.D. Orangutan

population density, forest structure and fruit availability in hand-logged and unlogged peat swamp forests in West Kalimantan, Indonesia. Biological Conservation, v.114, p.91-101, 2003.

Page 160: mamferos e aves de grande porte do parque estadual ilha do

140

FERRARI, S.F. The behaviour and ecology of the buffy-headed marmoset Callithrix flaviceps (O. Thomas, 1903). London, 1988. 100p. Thesis (Ph.D.) - University College London.

FERRARI, S.F. Multiple transects or multiple walks? A response to Magnusson (2001).

Neotropical Primates, v.10, n.3, p.131- 132, 2002. FLEMING, T.H.. How do fruit and nectar-feeding birds and mammals track their

resources: In: HUNTER, M.D.; OGUSHI, T.; PRICE, P.W. (Ed.). Effects of resource distribution on animal-plant interactions. San Diego: Academic Press, 1992, p.355-391.

FONSECA, G.A.B.; PINTO, L.P.S.; RYLANDS, A.B. Biodiversidade e unidades de

conservação. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO, Curitiba, 1997. Anais. Curitiba: Universidade Livre do Meio Ambiente/ Rede Nacional Pró-Unidades de Conservação/ Instituto Ambiental do Paraná, 1997. p.189-209.

FORGET, P.M. Seed dispersal of Vouacapoua americana Aublet (Caesalpiniaceae) by

caviomorph rodents. Journal of Tropical Ecology, v.6, p.459-468, 1990. FRANKEL, O.H.; SOULÉ, M.E. Conservation and Evolution. Cambridge: Cambridge

University Press, 1981. 366p. FRANKHAM, R. Effective population size/ adult population size ratios in wildlife: a

review. Genetical Research, v.66, p.95–107, 1995. FRANKLIN, I.R. Evolutionary changes in small populations. In: SOULÉ, M.E.;

WILCOX, B.A. (Ed.) Conservation Biology, an evolutionary-ecological perspective. Sunderland: Sinauer Associates, 1980, p.135- 150.

FUNARI, F. L.; STRUFFALDI, V.; SALUM, S. T. Balanço hídrico de duas áreas de

Mata Atlântica: Reserva Biológica de Paranapiacaba e Parque Estadual Ilha do Cardoso (Estado de São Paulo). In: CONGRESSO DA SOCIEDADE DE BOTÂNICA DE SÃO PAULO. São Paulo, 1987. Anais. São Paulo: Sociedade de Botânica de São Paulo, 1987. p.95–101.

GALETTI, M. Fruits and frugivores in a brazilian atlantic forest. Cambridge, 1996.

242p. Thesis (Ph.D.) – University of Cambridge. GALETTI, M. Indians within conservation units: Lessons from the Atlantic forest.

Conservation Biology, v.15, p.798-799, 2001. GALETTI, M.; PERES, C.A. Plantas-chave em florestas tropicais. Ciência Hoje, v.95,

p.57- 58, 1993.

Page 161: mamferos e aves de grande porte do parque estadual ilha do

141

GALETTI, M.; ALEIXO, A. Effects of palm heart harvesting on frugivores in the

Atlantic forest of Brazil. Journal of Applied Ecology, v.35, p. 286-293, 1998. GALETTI, M.; FERNANDEZ, J.C. Palm harvesting in the brazilian atlantic forest:

changes in industry structure and the illegal trade. Journal of Applied Ecology, v.35, p.294-301, 1998.

GALETTI, M.; LAPA, R.; PIZO, M.A. Frugivory by toucans (Ramphastidae) at two

altitudes in the Atlantic Forest of Brazil. Biotropica, v.32, n.4b, p.842-850, 2000. GALETTI, M.; MARTUSCELLI, P.; OLMOS, F.; ALEIXO, A. Ecology and

conservation of the pipin-guan Pipile jacutinga in southeasthern Brazil. Biological Conservation, v.82, p.31-39, 1997.

GANESH, T; DAVIDAR, P. Fruit biomass and relative abundance of frugivores in a

rainforest of southern western Ghats, India. Journal of Tropical Ecology, v.15, p.399-413, 1999.

GARGAGLIONI, L.H.; BATALHÃO, M.E.; LAPENTA, M.J.; CARVALHO, M.F.;

ROSSI, R.V.; VERULLI, V.P. Mamíferos da estação ecológica de Jataí, Luis Antônio, São Paulo. Papéis Avulsos de Zoologia, v.40, n.17, p.267-287, 1998.

GAULIN, S.J.C.; KNIGHT, D.H.; GAULIN, C.K. Local variance in Alouatta group size

and food availability on Barro Colorado Island. Biotropica, v.12, p.137-143, 1980. GAUTIER – HION, A.; DUPLANTIER, J.M.; QURIS, R.; FEER, F.; SOURD, C;

DECOUX, J.P.; DUBOST, G.; EMMONS, L.; ERARD, C.; HECKETSWEILER, P.; MOUNGAZI, A.; ROUSSILHON, C.; THIOLLAY, J.M. Fruit characters as a basis of fruit choice and seed dispersal in a tropical forest vertebrate community. Oecologia, v.65, p.324-337, 1985.

GIBBS P.E.; LEITÃO- FILHO H.F.; ABBOTT, R.J. Application of the point-centred

quarter method in a floristic survey of na área of gallery Forest at Mogi-Guaçu, SP, Brazil. Revista Brasileira de Botânica, v.3, p.17-22, 1980.

GILPIN, M.E.; SOULÉ, M.E. Minimum viable populations: processes of species

extinction. In: SOULÉ, M.E. (Ed.) Conservation Biology, the science of scarcity and diversity. Sundeland: Sinauer Associates, 1986, p.19- 34.

GLANZ, W.E. The terrestrial mammal fauna of Barro Colorado Island: censuses and

long-term changes. In: LEIGH JR.; E.G.; RAND, A.S.; WINDSOR, D.M. (Ed.). The ecology of a tropical forest: seasonal rhythms and long-therm changes. Washington, D.C.: Smithsonian Institution Press, 1996. p.455-466.

Page 162: mamferos e aves de grande porte do parque estadual ilha do

142

GONZÁLEZ-SÓLIS, J.; GUIX, J.C.; MATEOS, E.; LLORENS, L. Density estimates, group size and habitat use of monkeys (mammals:cebidae). In: MATEOS, E.; GUIX, J.C.; SERRA, A.; PISCIOTTA, K. (Ed.) Censuses of vertebrates in a Brazilian Atlantic rainforest area: The Paranapiacaba fragment. Barcelona: Universitat de Barcelona, 2002, p.111- 125.

GOTTDENKER, N.; BODMER, R. E. Reproduction and productivity of white-lipped

and collared peccaries in the Peruvian Amazon. Journal Zoology of London, v.245, p.423-430, 1998.

GUIX, J.C.; MAÑOSA, S.; PEDROCCHI, V.; VARGAS, M.J.; SOUZA, F.L. Census of

three frugivorous birds in an Atlantic rainforest area of southeastern Brazil. Ardeola, v.44, n.2, p.229- 233, 1997.

HEIDUCK, S. The use of disturbed and undisturbed forest by masked-titi monkeys

Callicebus personatus melanochir is proportional to food availability. Oryx, v.36, n.2, p.133-139, 2002.

HERRERA, C.M. Habitat-consumer interactions in frugivorous birds. In: CODY, M.L.

(Ed). Habitat selection in birds. Orlando: Academic Press, 1985. p.341-365. HERNÁNDEZ, A.; MARTÍN, M.; SERRA, A.; GUIX, J.C. Density estimates of

syntopic species of toucans (Aves: Ramphastidae). In: MATEOS, E.; GUIX, J.C.; SERRA, A.; PISCIOTTA, A. (Ed.). Censuses of vertebrates in a Brazilian Atlantic rainforest area: The Paranapiacaba fragment. Barcelona: Universitat de Barcelona, 2002. p.79- 95.

HODGES, K.M.; CHAMBERLA, M.J.; LEOPOLD, B.D. Effects of summer hunting on

ranging behavior of adult raccons in central mississippi. Journal of Wildlife Management, v.64, n.1, p.194-198, 2000.

HORINO, S.; MIURA, S. Population viability analysis of a japanese black bear

population. Population Ecology, v.42, p.37-44, 2000. HOSMER, D.W.; LEMESHOW S. Applied logistic regression. New York: John

Willey, 1989. 392p. HOWE, H.F. Implications of seed dispersal by animals for tropical reserve management.

Biological Conservation, v.30, p.261-281, 1984. INSTITUTO BRASILEIRO DOS MEIO AMBIENTE E DOS RECURSOS

NATURAIS RENOVÁVEIS (IBAMA). Relatório nacional do Brasil. /Apresentado ao I Congresso Latino-americano de parques nacionais e outras áreas protegidas, Brasília, 1997/. 10p.

Page 163: mamferos e aves de grande porte do parque estadual ilha do

143

JAMES, F.C.; MCCULLOCH, C.E. Multivariate analysis in ecology and systematics: panacea or pandora´s box? Annual Review of Ecology and Systematics, v.21, p.129-166, 1990.

JANSON, C.; TERBORGH, J. Censo de primates en selva humeda tropical.

Publicación del Museu de Historia Natural Javier Prado, Serie A, Zoologia, n.28, p.3-38, 1980.

JANSON, C.H. ; EMMONS, L.H. Ecological structure of the nonflying mammal

community at Cocha Cashu Biological Station, Manu National Park, Peru. In: GENTRY, A.H. (Ed.). Four neotropical rainforests. New Haven: Yale University Press, 1990. p.314-338.

JOHN, L. Chegada de índios a reservas causa conflitos. O Estado de São Paulo, São

Paulo, 27 mar. 2001. p8. KENNEY, J.S.; SMITH, J.L.D.; STARFIELD, A.M.; MCDOUGAL, C.W. The long-

term effects of tiger poaching on population viability. Conservation Biology, v.9, n.5, p.1127-1133, 1995.

KEUROGHLIAN, A.; EATON, D.P.; LONGLAND, W.S. Area use by white-lipped and

collared peccaries (Tayassu pecari and Tayassu tajacu) in a tropical forest fragment. Biological Conservation. 2004. /No prelo/

KILGO, J.C.; LABISKY, R.F.; FRITZEN, D.E. Influences of hunting on the behavior of

white-tailed deer: implications for conservation of the florida panther. Conservation Biology, v.12, n.6, p.1359-1364, 1998.

KILTIE, R. Stomach contents of rain forest peccaries (Tayassy tajacu and T. pecari).

Biotropica, v.13, n.3, p.234-236, 1981a. KILTIE, R. Distribution of palm fruits on a rain forest floor: why white – lipped

peccaries forage near objects. Biotropica, v.13, n.2, p.141-145, 1981b. LAAKE, J.L.; BUCKLAND, S.T.; ANDERSON, D.R.; BURNHAM, K.P. DISTANCE

user's guide. Fort Collins: Colorado State University, 1994. 84p. LACY, R.C. Structure of the VORTEX simulation model for population viability

analysis. Ecological Buletins, v.48, p.191-203, 2000. LACY, R.C. VORTEX: a computer simulation model for population viability analysis.

Wildlife Research, v.20, p.45-65, 1993.

Page 164: mamferos e aves de grande porte do parque estadual ilha do

144

LACY, R.C.; FLESNESS, N.R.; SEAL, U.S. Puerto Rican Parrot Amazona vittata: population viability analysis and recommendations. Captive Breeding Specialist Group; Species Survival Commission IUCN, 1987. 97 p.

LACY, R.C.; BORBAT, M.; POLLAK, J.P. VORTEX: a stochastic simulation of the

extinction process. Version 9. Brookfield: Chicago Zoological Society, 2003. 80p. LADEIRA, M.I. Os índios Guarani mbya e o complexo estuarino lagunar de

Iguape- Paranaguá. São Paulo: Centro de Trabalho Indigenista (CTI). 19p. (www.trabalhoindigenista.org.br/papers.asp). 1994.

LANDE, R. Demographic models of the northern spotted owl (Striix occidentalis

caurina). Oecologia, v.75, p.601-607, 1988. LEIGHTON, M.; LEIGHTON, D.R. Vertebrate responses to fruiting sazonality within a

Bonean rainforest. In: SUTTON, S.L.; WHITMORE, T.C.; CHADWICK, A.C. (Ed.). Tropical rainforests: ecology and management. Oxford: Blackwell Scientific, 1983. p. 181-209.

LEMON, P. A spherical densiometer for estimating forest overstory density. Forest

Science, v.2, p.314-320, 1956. LEITE, M.R.P. Relações entre a onça-pintada, onça-parda e moradores locais em três

unidades de conservação da floresta do Estado do Paraná, Brasil. Curitiba, 2000. 120p. Dissertação (Mestrado) - Universidade Federal do Paraná.

LIMA, M.G. Uma proposta para a conservação dos primatas da mata atlântica do sul da

Bahia. João Pessoa, 1990. 100p. Dissertação (Mestrado) - Universidade Federal da Paraíba.

LORENZI, H. Árvores brasileiras: manual de identificação e cultivo de plantas

arbóreas nativas do Brasil. Nova Odessa: Ed. Plantarum, 1992. 384p. LORENZI, H. Árvores brasileiras: manual de identificação e cultivo de plantas

arbóreas nativas do Brasil. Nova Odessa: Ed. Plantarum, 1998. v.2, 384p. LUDWIG, D. Is it meaninful to estimate a probability of extinction? Ecology, v.80, n.1,

p.298- 310, 1999. LYNCH, M.; LANDE, R. The critical effective size for a genetically secure population.

Animal Conservation, v.1, p.70-72, 1998. MACARTHUR, R.H.; WILSON, E.O. The Theory of Island Biogeography. Princeton:

Princeton University Press, 1967. 224p.

Page 165: mamferos e aves de grande porte do parque estadual ilha do

145

MACARTHUR, R.H.; DIAMOND, J.M.; KARR, J.R. Density compensation in island faunas. Ecology, v.53, n.2, p.330- 342, 1972.

MAEHR, D.S.; LACY, R.C.; LAND, E.D.; BASS, O.L.; HOCTOR, T.S. Evolution of

population viability assesment for the Florida panther: a multiperspective approach. In: BEISSINGER, S.R.; MCCULLOUGH, D.R. (Ed.). Population viability analysis. Chicago: The University of Chicago Press, 2002. p.284-310.

MAGNUSSON, W.E. Standard errors of survey estimates: what do they mean?

Neotropical Primates, v.9, n.2, p.53- 54, 2001. MARETTI, C.C.; LEMOS, A.C.P.N.; SCHULZ, H.H.R. Estudo geológico

(geomorfológico)- geotécnicos e de aspectos da hidrodinâmica como apoio a planos de ocupação da Ilha Comprida. In: FILET, M. (Ed.). Regulamentação da área de proteção ambiental da Ilha Comprida. São Paulo: SMA/ CPLA- DPL. 1989. 80p.

MARTÍN, M. Estima de la densidad poblacional de tucán de pico verde (Ramphastos

dicolorus) en una isla del sureste de Brasil. Grupo de estudos ecológicos, série documentos, v.6, n.1, p.1- 9, 2000.

MARTUSCELLI, P.; OLMOS, F. Cracid conservation in São Paulo state, southeastern

Brazil. In: STRAHL, S.D.; BEAUJON, S.; BROOKS, D.M.; BEGAZO, A.J.; SEDAGHATKIH, G.; OLMOS, F. (Ed.). The Cracidae. Their biology an conservation. São Paulo: Surrey and Blaine/ Hancock House Publ., 1997. p.482-491.

MELO, M.M.R.F.; MANTOVANI, W. Composição florística e estrutura de trecho de

mata atlântica de encosta na Ilha do Cardoso (Cananéia, SP, Brasil). Boletim do Instituto de Botânica, v.9, p.107-158, 1994.

MENDONÇA, A.L.F. A Ilha do Cardoso: O Parque Estadual e os moradores.

Piracicaba, 2000. 100p. Dissertação (Mestrado) – Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”, Universidade de São Paulo.

MILLER, P.S.; LACY, R.C. VORTEX: a stochastic simulation of the extinction

process. Version 9.21. User’s manual. Apple Valley: Conservation Breeding Specialist Groups (SSC)/ IUCN, 2003.

MILLS, L.S.; SMOUSE, P.E. Demographic consequences of inbreeding in remnant

populations. American Naturalist, v.144, p.412-431, 1994. MILLS, L.S.; LINDBERG, M.S. Sensitivity analysis to evaluate the consequences of

conservation actions. In: BEISSINGER, S.R.; MCCULLOUGH, D.R. (Ed.). Population viability analysis. Chicago: The University of Chicago Press, 2002. p.338-366.

Page 166: mamferos e aves de grande porte do parque estadual ilha do

146

MILLS, L.S.; BALDWIN, C., WISDOM, M.J.; CITTA, J.; MATTSON, D.J.; MURPHY, K. Factors leading to different viability predictions for a grizzly bear data set. Conservation Biology, v.10, p.863-873, 1996.

MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE (MMA); SECRETARIA DE

BIODIVERSIDADE E FLORESTAS (SBF). Avaliação e ações prioritárias para a conservação da biodiversidade da Mata Atlântica e Campos Sulinos. Brasília: Conservation International do Brasil/ Fundação SOS Mata Atlântica/ Fundação Biodiversitas/ Instituto de Pesquisas Ecológicas/ Secretaria do Meio Ambiente do Estado de São Paulo/ Instituto Estadual de Florestas-MG, 2000. 40p.

MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE. Primeiro relatório nacional para a convenção

sobre diversidade biológica. Brasília: Ministério do Meio Ambiente, dos Recursos Hídricos e da Amazônia Legal, 1998. 283p.

MOEGENBURG, S.M. Harvest and management of forest fruits by humans:

implications for fruit – frugivores interaction. In: LEVEY, D.J.; SILVA, W.R.; GALETTI, M. (Ed.). Seed dispersal and frugivory. Wallingford: CABI publishing UK, 2002. p.479-494.

MOHR, C.O. Comparative populations of game, fur and other mammals. American

Midland Naturalist, v.24, p.581-584, 1940. MYERS, N.; MITTERMEIER, R.A.; MITTERMEIER, C.G.; FONSECA, G.A.B.;

KENT, J. Biodiversity hotspots for conservation priorities. Nature, v.403, p.853- 858, 2000.

NAGY, K.A; GIRARD, I.A; BROWN, T.K. Energetics of free-ranging mammals,

reptiles, and birds. Annual Reviews of Nutrition, v.19, p.247-277, 1999. NANTEL, P.; GAGNON, D.; NAULT, A. Population viability analysis of american

ginseng and wild leek harvested in stochastic environments. Conservation Biology, v. 10, n.2, p. 608-621, 1996.

NEWMARK, W.D. Extinction of mammal populations in western north-american

national parks. Conservation Biology, v.9, p.512-526, 1995. NOFFS, M.S.; BAPTISTA – NOFFS, L.J. Mapa da vegetação do Parque Estadual Ilha

do Cardoso- as principais formações vegetais. In: CONGRESSO NACIONAL DE ESSÊNCIAS NATURAIS, Campos do Jordão, 1982. Anais. Campos do Jordão: SBB, 1982. p.613- 619.

OLMOS, F. Ilhabela state park: a poorly known reserve in southeast Brazil. Neotropical

Primates, v.2, n.1, p.10- 11, 1996.

Page 167: mamferos e aves de grande porte do parque estadual ilha do

147

OLMOS, F.; GALETTI, M. A conservação e o futuro da Juréia: isolamento ecológico e impacto humano. In: MARQUES, O.A.V.; DULEBA, W. (Ed.). Estação Ecológica Juréia – Itatins: ambiente físico, flora e fauna. Ribeirão Preto: Holos Editora, 2004. p.360- 377.

OLMOS F.; BERNARDO, C.S.S.; GALETTI, M. O impacto dos Guarani Mbya em

unidades de conservação paulistas. In: Desafios Socioambientais: sobreposições entre Terras Indígenas e Unidades de Conservação no Brasil. São Paulo: Instituto Sócio Ambiental (ISA), 2004. /No prelo/

OLMOS, F.; ALBUQUERQUE, J.L.B.; GALETTI, M.; MILANO, M.S.; CÂMARA,

I.G.; COIMBRA-FILHO, A.F.; PACHECO, J.F.; BAUER, C.; PENA, C.G.; FREITAS, T.R.O.; PIZO, M.A.; ALEIXO, A. Correção política e biodiversidade: a ameaça das “populações tradicionais” à Mata Atlântica. In: ALBUQUERQUE, J.L.B. et al. (Ed.). Ornitologia e Conservação: da ciência às estratégias. Tubarão: UNISUL, 2002. 150p.

ORIANS, G.H.; WILLSON, M.F. Interspecific territories of birds. Ecology, v.45, p.736-

745, 1964. OOSTERMEIJER, J.G.B. Population viability analysis of the rare Gentiana

pneumonanthe: the importance of genetics, demography and reproductive biology. In: YOUNG, A.G.; CLARKE, G.M. (Ed.). Genetics, demography and viability of fragmented populations. Cambridge: Cambridge University Press, 2000. p.313-334.

PACCAGNELLA, S.G.; ANTONELLI FILHO, R.; LARA, A.I.; SCHERER-NETO, P.

Observações sobre Pipile jacutinga Spix 1825 (Aves: Cracidae) no Parque Estadual Carlos Botelho, São Paulo, Brasil. Iheringia, v.76, p.29- 32, 1994.

PARADA, I. S. Mudanças sócio-ambientais de duas comunidades caiçaras do Parque

Estadual Ilha do Cardoso- SP. Rio Claro, 2001. 60p. Monografia (Graduação) – Instituto de Biociências, Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”.

PASSAMANI, M.; MENDES, S.L.; CHIARELLO, A.G. Non-volant mammals of the

Estação biológica de Santa Lúcia and adjacent areas of Santa teresa, Espírito Santo, Brazil. Boletim do Museu de Biologia Mello Leitão, v.11/12, p.201-214, 2000.

PERES, C.A. Effects of hunting on western Amazonian Primate Communities.

Biological Conservation, v.54, n.1, p.47-59, 1990. PERES, C. A. Indigenous reserves and nature conservation in Amazonian forests.

Conservation Biology, v.8, p.586-589, 1994.

Page 168: mamferos e aves de grande porte do parque estadual ilha do

148

PERES, C.A. Population status of white-lipped Tayassu pecari and collared peccaries T. tajacu in hunted and unhunted amazonian forests. Biological Conservation, v.77, p115-123, 1996.

PERES, C. A. Effects of habitat quality and hunting pressure on arboreal folivore

densities in neotropical forests: A case study of howler monkeys (Alouatta spp.). Folia Primatologica, v.68, p.199-222, 1997.

PERES, C.A. General guidelines for standardizing line-transect surveys of tropical forest

primates. Neotropical Primates, v.7, n.1, p.11- 16, 1999. PERES, C.A. Evaluating the impact and sustainability of subsistence hunting at multiple

Amazonian forest sites. In: ROBINSON, J.G.; BENNETT, E.L. (Ed.). Hunting for Sustainability in Tropical Forests. New York: Columbia University Press, 2000. p.83-115.

PERES, C.A. Synergistic effects of subsistence hunting and habitat fragmentation on

Amazonian forest vertebrates. Conservation Biology, v.15, n.6, p.1490-1505, 2001. PERES, C.A.; TERBORGH, J.W. Amazonian nature reserves: an analysis of the

defensability status of existing conservation units and design criteria for the future. Conservation Biology, v.9, p.34- 46, 1995.

PERES, C.A.; DOLMAN, P.M. Density compensation in neotropical primate

communities: evidence from 56 hunted and nonhunted Amazonian forests of varying productivity. Oecologia, v.122, p.175-189, 2000.

PERES, C.A.; LAKE, I.R. Extent of nontimber resource extraction in tropical forests:

accessibility to game vertebrates by hunters in the Amazon Basin. Conservation Biology, v.17, n.2, p.521-535, 2003.

PEREZ, D.M. Estudo ecológico do bugio-ruivo em uma floresta de araucária do sul do

Brasil (Alouatta fusca, Ihering 1914, Primates, Cebidae). São Paulo, 1997. 100p. Dissertação (Mestrado) - Universidade de São Paulo.

PETERS, R.H.; RAELSON, J.V. Relationship between individual size and mammalian

population density. American Naturalist, v.124, p.498-517, 1984. PETRONI, R. A baixada do Ribeira, estudo de geografia humana. Boletim da

Faculdade de Filosofia e Ciências e Letras- USP, v.283, p.1-429, 1966. PIANKA, E.R. On lizard species diversity: north america latland deserts. Ecology, v.48,

p.333-351, 1967.

Page 169: mamferos e aves de grande porte do parque estadual ilha do

149

PIMM, S.L.; JONES, H.L.; DIAMOND, J. On the risk of extinction. American Naturalist, v.132, p.757-785, 1988.

PINTO, L.P.; COSTA, C.M.R.; STRIER, K.B.; FONSECA, G.A.B. Habitat density and

group size of primates in a Brazilian tropical forest. Folia primatologica, v.61, p.135- 143, 1993.

PLACCI, L.G.; ARDITI, S.I. GIORGIS, P.A.; WUTHRICH, A.A. Estructura del

palmital e importancia de Euterpe edulis como especie clave en el Parque Nacional “Iguazu”, Argentina. Yuycareta, v.3, p.93-108, 1992.

PRICE, O. F. Indirect evidence that frugivorous birds track fluctuating fruit resources

among rainforest patches in the Northern Territory, Australia. Animal Conservation, v.29, p.137-144, 2004.

POSSINGHAM, H.P.; LINDENMAYER, D.B.; TUCK, G.N. Decision theory for

population viability analysis. In: BEISSINGER, S.R.; MCCULLOUGH, D.R. (Ed.). Population viability analysis. Chicago: The University of Chicago Press, 2002. p.470-489.

RALLS, K.; HARVEY, P.H.; LYLES, A.M. Inbreeding in natural populations of birds

and mammals. In: SOULÉ, M.E. (Ed.). Conservation biology, the science of scarcity and diversity. Sunderland: Sinauer Associates, 1986. p.35-56.

RALLS, K.; BEISSINGER, S.F.; COCHRANE, J.F. Guidelines for using population

viability analysis in endangered species management. In: BEISSINGER, S.R.; MCCULLOUGH, D.R. (Ed.). Population viability analysis. Chicago: The University of Chicago Press, 2002. p.521- 550.

REDFORD, K.H.; ROBINSON, J.G. The game of choice: patterns of indian and

colonist hunting in the neotropics. American Anthropologist, v.89, p.650-667, 1987.

REDFORD, K.H.; ROBINSON, J.G. Park size and the conservation of forest mammals

in Latin America. In: MARES, M.A; SCHMIDLY, D.J. (Ed.). Latin American Mammalogy: history, biodiversity and conservation. Oklahoma: University of Oklahoma Press, 1991. p.277–234.

REDFORD, K.H. The empty forest. Bioscience, v.42, n.6, p.412-422, 1992. REDFORD, K.H. Hunting in neotropical forests: a subsidy from nature. In: HLADIK,

C.M.; HLADIK, A.; LINARES, O.F.; PAGEZY, H., UNESCO (Ed.). Tropical forests, people and food: biocultural interactions and applications to development. Portland: Book News, 1993. 852 p. (man and biosphere, 13).

Page 170: mamferos e aves de grande porte do parque estadual ilha do

150

REDFORD, K.H.; SANDERSON, S.E. Extracting humans from nature. Conservation Biology, v.14, n.5, p.1362-1364, 2000.

REED, D.H.; O´GRADY, J.J.; BROOK, B.W.; BALLOU, J.D.; FRANKHAM, R.

Estimates of minimum viable population sizes for vertebrates and factors influencing those estimates. Biological Conservation, v.113, p. 23- 34, 2003.

REIS, M.S.; FANTINI, A.C.; NODARI, R.O.; REIS, A.; GUERRA, M.P.;

MANTOVANI, A. Management and conservation of natural populations in Atlantic rain forest: The case study of palm heart (Euterpe edulis Martius). Biotropica, v.32, p.894-902, 2000.

REY, P. Spatio-temporal variation in fruit and frugivorous bird abundance in olive

orchards. Ecology, v.76, p.1625-1635, 1995. ROBINSON, J.G. Hunting wildlife in forest patches: an ephemeral resource. In:

SCHELHAS, J.; GREENBERG, R. (Ed.). Forest patches in tropical landscapes. Washington, D.C.: Island Press, 1996. p. 111-130.

ROBINSON, J.G.; EISENBERG, J.F. Group size and foraging habits of the collared

peccary Tayassu tajacu. Journal of Mammalogy, v.66, n.1, p.153-155, 1985. ROBINSON, J. G.; REDFORD, K. H. Body size, diet and population density of

neotropical forest mammals. The American Naturalist, v.128, n.5, p.665-680, 1986.

ROBINSON, J.G.; BENNETT, E.L. Carrying capacity limits to sustainable hunting in

tropical forests. In: ROBINSON, J.G.; BENNETT, E.L. (Ed.). Hunting for sustainability in tropical forests. New York: Columbia University Press, 2000. p.13-30.

ROSENZWEIG, M.R. Habitat selection experiments with a pair of coexisting

heteromyd rodent species. Ecology, v.54, p.111-117, 1973. RYLANDS, AB. The behaviour and ecology of three species of marmosets and tamarins

(Callithrichidae: primates) in Brazil. Cambridge, 1982. 100p. Thesis (Ph.D.) - University of Cambridge.

SÁ, R.M.L. Manejo de fauna na reserva Xavante Rio das Mortes, MT: cultura

indígena e método científico integrados para a conservação. Brasília: WWF, 2000. 68p. (Série técnica, 4)

Page 171: mamferos e aves de grande porte do parque estadual ilha do

151

SANCHES, R.A. Estudos etnozoológicos nas comunidades tradicionais da estação ecológica Juréia-Itatins. In: CONGRESSO INTERNACIONAL DE ETNOBIOLOGIA, 3., Cidade do México, 1992. Anais. Cidade do México: University of Mexico, 1992. 100p.

SANCHES, R.A. Caiçaras e estação ecológica de Juréia – Itatins. Histórico de ocupação

no contexto político, econômico, social e ambiental do Vale do Ribeiro. In: MARQUES, O.A.V.; DULEBA, W. (Ed.). Estação Ecológica Juréia – Itatins: ambiente físico, flora e fauna. Ribeirão Preto: Holos Editora, 2004. p.349- 359.

SANCHES, R.A.; ADAMS, C. O futuro da Juréia – Itatins: integrando os caminhos para

a conservação. In: MARQUES, O.A.V.; DULEBA, W. (Ed.). Estação Ecológica Juréia – Itatins: ambiente físico, flora e fauna. Ribeirão Preto: Holos Editora, 2004. p.378- 384.

SÁNCHEZ, A.; GIRAUDO, A. R. The loss of Mbyá wisdom: disappearance of a legacy

of sustainable management. In: GALINDO-LEAL, C.; CÂMARA, I.G. (Ed.). The Atlantic forest of south america: biodiverity status, threats and outlook. Washington, D.C.: Island Press, 2003. 488 p.

SÁNCHEZ-ALONSO, C.; OLIVERAS, I.; MARTIN, M. Density estimates of guans

(Aves: Cracidae): Pipile jacutinga and Penelope obscura. In: MATEOS, E.; GUIX, J.C.; SERRA, A.; PISCIOTA, K. (Ed.). Censuses of vertebrates in a Brazilian Atlantic forest area: the Paranapiacaba fragment. Barcelona: Universitat de Barcelona, 2002. p. 67-78.

SÃO BERNARDO, C.S. Censo de mamíferos diurnos em um fragmento florestal no

sudeste do Brasil. Rio Claro, 2001. 63p. Monografia (Graduação) – Instituto de Biociências, Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”.

SCARIOT, A. Forest fragmentation effects on palm diversity in central Amazonia.

Journal of ecology, v.87, p.66-76, 1999. SCHADEN, E. Os primitivos habitantes do território paulista. Revista de História

FFLCH-USP, v.5, n.18, p.385-406, 1954. SCHWARTZMAN, S.; MOREIRA, A.; NEPSTAD, D. Rethinking tropical forest

conservation: perils in parks. Conservation Biology, v.14, n.5, p.1351-1357, 2000a. SCHWARTZMAN, S.; NEPSTAD, D.; MOREIRA, A. Arguing tropical forest

conservation: people versus parks. Conservation Biology, v.14, n.5, p.1370-1374, 2000b.

Page 172: mamferos e aves de grande porte do parque estadual ilha do

152

SCHWARZKOPF, L.; RYLANDS, A.B. Primates species richness in relation to habitat structure in Amazonian rainforest fragments. Biological Conservation, v.48, p.1-12, 1989.

SEAL, U. S.; LACY, R. C.; MAEHR, D.S. Florida panther Felis concolor coryi

viability analysis and species survival plan. Apple Valley: IUCN/SSC Captive breeding specialist group, 1989. 100p.

SECRETARIA DO MEIO AMBIENTE (SMA). Plano de manejo das unidades de

conservação- Parque Estadual Ilha do Cardoso. Plano de gestão ambiental.- fase 1. São Paulo: Projeto de preservação da mata atlântica (PPMA)/ coordenadoria de informações técnicas/ documentação e pesquisa ambiental (CINP)/ Instituto Florestal (IF)/ Fundação Florestal (FF), 1998. 134 p.

SECRETARIA DO MEIO AMBIENTE SMA/ CED. Fauna ameaçada no Estado de

São Paulo. São Paulo: Governo do Estado de São Paulo, 1998. 60p. (Série documentos ambientais)

SHAFFER, M.L. Minimum population sizes for species conservation. Bioscience, v.31,

p.131-134, 1981. SHAFFER, M. L.; SAMSON, F. B. Population size and extinction: a note on detemninig

critical population size. American Naturalist, v.125, p.144-152, 1985. SHAFFER, M.L.; WATCHMAN, L.H.; SNAPE, W.J.; LATCHIS, I.K. Population

viability analysis and conservation policy. In: BEISSINGER, S.R.; MCCULLOUGH, D.R. (Ed.). Population viability analysis. Chicago: The University of Chicago Press, 2002. p.123-142.

SHELDON, A.L. Species diversity and logitudinal succession in stream fishes. Ecology,

v.49, p.193- 198, 1968. SHORT, L.; HORNE, J. Toucans, barbets and honey guides. Oxford: Oxford

University Press, 2001. 526 p. SICK, H. Birds in Brazil. Princeton: Princeton University Press, 1993. 932p. SICK, H. Ornitologia brasileira. Rio de Janeiro: Editora Nova Fronteira, 1997. 862p. SILVA, J.L.; STRAHL, S.D. Human impact on populations of chachalacas, guans and

curassaws (Galliformes, Cracidae) in Venezuela. In: REDFORD, K.H.; ROBINSON, J.G. (Ed.). Neotropical wildlife: use and conservation. Chicago: University of Chicago Press, 1991. p.36-52.

Page 173: mamferos e aves de grande porte do parque estadual ilha do

153

SILVA, M.G.; TABARELLI, M. Seed dispersal, plant recruitment and spatial distribution of Bactris acanthocarpa Martius (Arecaceae) in a remnant of atlantic forest in northeast Brazil. Acta Oecologica, v.22, p.259- 268, 2001.

SMITH, E.A. Anthropological applications of optimal foraging theory: a critical review.

Current Anthropology, v.24, n.5, p.625-651, 1983. SMITH, J. L. D.; MCDOUGAL, C. The contribution of variance in lifetime

reproduction to effective population size in tigers. Conservation Biology, v.5, n.4, p.484-490, 1991.

SMYTHE, N. Relationships between fruiting season and seed dispersal methods in a

neotropical forest. American Naturalist, v.104, p.25-35, 1970. SMYTHE, N. Seed survival in the palm Astrocaryum standleyanum: evidence for

dependence upon its seed dispersers. Biotropica, v.21, p.50-56, 1989. SOKAL, R.R.; ROHLF, F.J. Biometry: the principles and practice of statistics in

biological research. 3.ed. New York: W.H. Freeman, 1995. 887 p. SOMERS, M.J. The sustainability of harvesting a warthog population assessment of

management options using simulation modelling. South African Journal of Wildlife Research, v.27, n.2, 1997.

SOMMER, S.; VOLAHY, T.; SEAL, U.S. A population and habitat viability assessment

for the higly endangered giant jumping rat (Hypogeomys antimena), the largest extant endemic rodent of Madagascar. Animal Conservation, v.5, p.263-273, 2002.

SOULÉ, M.E. Conservation biology, the science of scarcity and diversity.

Sunderland: Sinauer Associates, 1986. 584p. SOULÉ, M.E. Viable populations for conservation. Cambridge: Cambridge University

Press, 1987. 189p. SPIRONELO, W.R. Importância dos frutos de palmeiras (Palmae) na dieta de um grupo

de Cebus apella (Cebidae, Primates) na Amazônia Central. In: RYLANDS, AB.; BERNARDES, A.T. (Ed.). A primatologia no Brasil 3. Belo Horizonte: Ed. UFMG, 1991. p.285-296.

STALLINGS, J.R.; FONSECA, G.A.B.; PINTO, L.P.S.; AGUIAR, L.M.S.; SÁBATO,

E.L. Mamíferos do parque florestal Estadual do Rio Doce, Minas Gerais, Brasil. Revista Brasileira de Zoologia, v.7, n.4, p.663-677, 1991.

Page 174: mamferos e aves de grande porte do parque estadual ilha do

154

STANFORD, C.B. The influence of chimpanzee predation on group size and antipredator behaviour in red colobus monkeys. Animal Behaviour, v.49, p.577-587, 1995.

STEVENSON, PR. The relashionship between fruit production and primate abundance

in neotropical communities. Biological Journal of the Linnean Society, v.72, p.161-178, 2001.

STRIER, K. B. Viability analyses of na isolated population of muriqui monkeys

(Brachyteles arachnoides): implications for primate conservation and demography. Primate Conservation, v. 14, p.43-52, 1993.

STRIER, K. B. Population viabilities and conservation implications for muriquis

(Brachyteles arachnoides) in Brazil´s Atlantic forest. Biotropica, v.32, n.4b, p.903-913, 2002.

SUCHY,W.; MCDONALD, L.L.; STRICKLAND, M.D.; ANDERSON, S.H. New

estimates of minimum viable population size for grizzle bears of Yellowstone ecosystem. Wildlife Society Bulletin, v.13, p.223-228, 1985.

TEAR, T.; SCOTT, J.M.; HAYWORD, P.H.; GRIFFITH, B. Status and prospectus for

success of the endangered species act: a look at recovery plans. Science, v.262, p.976-977, 1993.

TERBORGH, J. Five new world primates: a study in comparative ecology. Princeton:

Princeton University Press, 1983. 260p. TERBORGH, J. Keystone plant resources in the tropical forests. In: SOULÉ, M.E.

(Ed.). Conservation biology, the science of scarcity and diversity. Sunderland: Sinauer Associates, 1986. p.330-344.

TERBORGH, J. Requiem for nature. Washington, D.C.: Island Press, 1999. 246p. TERBORGH, J. The fate of tropical forests: a matter of stewardship. Conservation

Biology, v.14, p.1358- 1361, 2000. TERBORGH, J.; WINTER, B. Some causes of extinction. In: SOULÉ, M.E.; WILCOX,

B.A. (Ed.). Conservation biology, an evolutionary-ecological perspective. Sunderland: Sinauer associates, 1980. p.119-133.

TERBORGH, J.; ROBINSON, S,; PARKER, T.A.III, MUNN, C.A.; PIERPONT, N.

Structure and organization of an Amazonian forest bird community. Ecological Monographs, v.60, n.2, p.213-238, 1990.

Page 175: mamferos e aves de grande porte do parque estadual ilha do

155

THIOLLAY, J.M. Structure comparée du peoplement avien dans trois sites de fôret primaire en Guyane. Revue d’Ecologie, v.41, p.59-105, 1986.

TIELEMAN, B.I.; WILLIAMS, J.B. The adjustment of avian metabolic rates and water

fluxes to desert environments. Physiological and Biochemical Zoology, v.73, n.4, p.461-479, 2000.

TIEPOLO, L.M.; FERNADEZ, F.A.S.; TOMAS, W.M. A conservação da população de

cervo-do-pantanal Blastocerus dichotomus (Illiger, 1815) (Mammalia, Cervidae) no Parque Nacional de Ilha Grande e entorno. Natureza e Conservação, v.2, n.1, p.56-66, 2004.

TORRES DE ASSUMPÇÃO, C. An ecological study of the primates of southeastern

Brazil, with a reappraisal of Cebus apella races. Edinburgh, 1983. 283p. Thesis (Ph.D.) - University of Edinburgh.

VALLADARES-PÁDUA, C. The ecology, behaviour and conservation of the black lion

tamarins (Leontophitecus crysopygus, Mikan, 1823). Florida, 1993. 182 p. Thesis (Ph.D.) - University of Florida.

WAPLES, R.S. Conservation genetics of pacific salmon:2, effective population size and

the rate of loss of genetic variability. Journal of Heredity, v.81, p.267-276, 1990. WAPLES, R.S. Definition and estimation of effective population size in the

conservation of endangered species. In: BEISSINGER, S.R.; MCCULLOUGH, D.R. (Ed.). Population viability analysis. Chicago: The University of Chicago Press, 2002. p.147-169.

WEGE, D. C.; LONG, A. J. Key areas for threatened birds in the Neotropics.

Cambridge: BirdLife International, 1995. (BirdLife Conservation Series, 5) WIENS, J. On competition and variable environments. American Science, v.65, p.590-

597, 1977. WILLIS, E.O. The composition of avian communities in remanescent woodlots in

southern Brazil. Papéis Avulsos de Zoologia, v.33, p.1-25, 1979. WILLIS, E.O.; ONIKI, Y. Birds of a central São Paulo Woodlot: 1. censuses 1982-2000.

Brazilian Journal of Biology, v.62, n.2, p.197-210, 2002. WILLIS, E.O.; ONIKI, Y. Aves do Estado de São Paulo. Rio Claro: Divisa, 2003.

398p. WRIGHT, S.J. Impact of predation risk on the behaviour of Propithecus diadema

ewardsi in the rainforest of Madagascar. Behaviour, v.135, p.485-512, 1998.

Page 176: mamferos e aves de grande porte do parque estadual ilha do

156

WRIGHT, S.J. The myriad consequences of hunting for vertebrates and plants in

tropical forests. Perspectives in Plant Ecology, Evolution and Systematics, v.6, p.73- 86, 2003.

WRIGHT, S.J.; GOMPPER, M.E.; DELEON, B. Are large predators keystone species in

neotropical forests? The evidence from Barro Colorado Island. Oikos, v.71, p.279-294, 1994.

WRIGHT, S.J.; CARRASCO, C.; CALDERÓN, O.; PATON, S. The El Niño southern

oscillation variable fruti production, and famine in tropical forest. Ecology, v.80, p.1632-1647, 1999.

WRIGHT, S.J.; ZEBALLOS, H.; DOMINGUEZ, I.; GALLARDO, M.M.; MORENO,

M.C.; IBANEZ, R. Poachers alter mammal abundance, seed dispersal and seed predation in a neotropical forest. Conservation Biology, v.14, n.1, p.227- 239, 2000.

YOST, J.A.; KELLEY, P.M. Shotguns, blowguns and spears: the analysis of

technological efficiency. In: HAMES, R.B.; KICKERS, W.T. (Ed.). Adaptative responses of native amazonians. New York: Academic Press, 1983. p.189-224.