mais app - nº 06

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Entenda os aspectos legais da greve da educação Próxima quinta-feira (10) é dia de Hora-atividade pra Valer! A Secretaria de Assuntos Jurídicos da APP-Sindicato, juntamente com a equipe do Serviço de Atendimento ao Sindicalizado (SAS) elaborou um guia sobre as dúvidas mais frequentes sobre a participação dos(as) trabalhadores(as) na greve. Confira: Os(as) trabalhadores(as) em Educação têm direito a fazer greve? O exercício da greve é um direito constitucionalmente assegurado. O artigo 9º da Constituição Federal esta- belece: “É assegurado o direito de greve, competindo aos trabalhadores decidir sobre a oportunidade de exercê-lo e sobre os interesses que devam por meio dele defender”. A greve é um direito fundamental dos(as) trabalhadores(as), de natureza instrumental para que aconteça o diálogo justo com os(as) empregadores(as). Os(as) servidores(as) públicos(as) podem fazer greve? O art. 37, inciso VII, da Constituição Federal garante o direito de greve aos(às) servidores(as) públicos(as). O Supremo Tribunal Federal (STF), em outubro de 2007, decidiu que a greve no serviço público é legal, afirmando também que, enquanto não houver lei específica sobre o assunto, vale a lei de greve dos trabalhadores da iniciati- va privada (Lei 7.783/89), com pequenas modificações. Temos o direito de visitar escolas para conversar com professores(as) e funcionários(as) de escola sobre a greve? Segundo o artigo 6º, inciso 2º da Lei da Greve, os empre- gadores não podem, em hipótese alguma, constranger o empregado para que ele volte ao trabalho ou impedir a divulgação do movimento. Ninguém pode impedir que os(as) dirigentes sindicais visitem escolas para cumprir seu papel, que é conversar com os(as) educadores(as) para que eles entendam e adiram ao movimento grevista. O que devo fazer se tentarem me impedir de visi- tar escolas para conversar com professores(as) e funcionários(as) de escola sobre a greve? Todo(a) dirigente da APP-Sindicato que seja impedido(a) de entrar nas escolas para cumprir a tarefa de divulgar a greve deve argumentar que este impedimento afronta aos artigos 8º, inciso III da Constituição Federal e Artigo 6º, inciso I da Lei 7.783/89. Continuando a recusa, o fato deve ser comunicado ao sindicato. Posso ser demitido(a) por fazer greve? Em seu artigo 7º, a Lei Federal nº 7.783/89 diz que du- rante o período de greve é vedada a rescisão de contrato de trabalho, bem como a contratação de trabalhadores substitutos. Em seu caput afirma que as relações obri- gacionais durante o período de greve devem ser regidas pelo acordo, convenção, laudo arbitral ou decisão da Jus- tiça do Trabalho, ficando em suspenso o contrato de tra- balho. A ausência ao trabalho motivada pela participa- ção na greve não pode gerar nenhum tipo de penalidade. Pode haver corte do salário por causa da greve? Negar aos(às) trabalhadores(as) o direito ao salário quando estiverem exercendo o direito de greve equivale a negar o direito de greve, e isto é um dano para os(as) trabalhadores(as), para a democracia e para a o Estado Social de Direito pelo qual lutamos. Não são permitidos os descontos dos dias parados no caso de greve, salvo quando ela é declarada abusiva. Se a greve é um direito fundamental do(a) trabalhador(a) não se pode conceber que participar dela implique sacrifício de outro direito fundamental – o da própria sobrevivência. Quem está em estágio probatório pode fazer greve? Sim, tanto professores(as) como funcionários(as) de escola podem fazer greve. Ainda que não efetivado no serviço público, o servidor em estágio probatório tem assegurados todos direitos previstos aos demais ser- vidores. Não há, assim, qualquer restrição ao exercício do seu direito constitucional à greve. A participação em movimento grevista não configura falta de habilitação para a função pública ou inassiduidade, não podendo o servidor em estágio probatório ser penalizado pelo exer- cício de direito que a Constituição Federal lhe garante. Em 1995, na greve da Justiça Estadual do Rio Grande do Sul, houve a tentativa de exoneração de servidores em estágio probatório que participaram da greve. O pró- prio Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul anulou estas exonerações. Mais: o Estatuto do Servidor do Estado determina que somente sofrerá sanção de de- missão em processo administrativo o(a) servidor(a) que faltar injustificadamente por 30 dias consecutivos ou 60 alternados ao longo de um ano. PSS e com aulas extraordinárias podem entrar em greve? PSS ou com aulas extraordinárias têm o direito de aderir à greve e não podem ser penalizados(as) por conta da paralisação das atividades. As faltas deste período serão discutidas coletivamente no momento em que houver negociação com o governo do Estado. Se participar da greve, posso ter prejuízo no avanço da carreira ou na contagem de tempo para licença es- pecial? Vale o que foi dito para o estágio probatório. Na avaliação de desempenho ou na contagem de tempo para licença especial, não pode ser considerada a falta de greve, que é direito garantido na Constituição Federal. A greve pode ser declarada ilegal? A greve é um direito, porém ela pode ser declarada abu- siva se não for respeitado o que fala a Lei no 7.783/89. Mas a APP cuida para que estas normas sejam respei- tadas. A declaração de abusividade somente pode ser feita pelo Poder Judiciário e deverá se basear no respeito à norma vigente. Das decisões cabe recurso, podendo chegar-se ao Supremo Tribunal Federal. Nós não vamos desistir dos nossos 33,33% de hora-atividade na jornada do magistério da rede estadual de ensino. Foi com muita luta – e respeitando as negocia- ções – que, através da APP-Sindicato, os(as) professores(as) conseguiram conquistar, em 2013, 30% de hora-atividade. No entanto, o governo do Estado ainda está Educadores(as), vamos juntos construir esta mobilização. No site da APP-Sindicato há materiais que subsidiam os debates para este dia. São vídeos, áudios, um jornal mural, um 30 de agosto e a carta aos pais, mães e comuni- dade explicando cada das mobilizações e ações que acontecerão até o dia 23 de abril, quando começa a greve geral da nossa categoria. em débito com a categoria e com a Lei do Piso, que es- tipula o mínimo de 1/3 destinados ao preparo de aulas e correção de provas e trabalhos. Nesta quinta-feira (10), por conta da não apre- sentação de uma proposta de efetiva implantação dos 33,33% da hora-atividade no início deste ano, confor- me a categoria decidiu na última assembleia em man- ter a campanha ‘Hora-atividade para valer! Uma publicação da Secretaria de Comunicação da APP-Sindicato | www.appsindicator.org.br | Presidenta: Marlei Fernandes de Carvalho • Secretário de Comunicação: Luiz Carlos Paixão da Rocha. Jornalistas responsáveis: Adir Nasser Junior (3819-PR), Francielly Camilo (9561-PR), Uanilla Piveta (8071-PR) e Valnísia Mangueira (893-SE). Diagramador: Rodrigo Augusto Romani (7756-PR) Nº 06

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Page 1: Mais APP - nº 06

Entenda os aspectos legais da greve da educação

Próxima quinta-feira (10) é dia de Hora-atividade pra Valer!

A Secretaria de Assuntos Jurídicos da APP-Sindicato, juntamente com a equipe do Serviço de Atendimento ao Sindicalizado (SAS) elaborou um guia sobre as dúvidas mais frequentes sobre a participação dos(as)

trabalhadores(as) na greve. Confira:

Os(as) trabalhadores(as) em Educação têm direito a fazer greve?O exercício da greve é um direito constitucionalmente assegurado. O artigo 9º da Constituição Federal esta-belece: “É assegurado o direito de greve, competindo aos trabalhadores decidir sobre a oportunidade de exercê-lo e sobre os interesses que devam por meio dele defender”. A greve é um direito fundamental dos(as) trabalhadores(as), de natureza instrumental para que aconteça o diálogo justo com os(as) empregadores(as).

Os(as) servidores(as) públicos(as) podem fazer greve?O art. 37, inciso VII, da Constituição Federal garante o direito de greve aos(às) servidores(as) públicos(as). O Supremo Tribunal Federal (STF), em outubro de 2007, decidiu que a greve no serviço público é legal, afirmando também que, enquanto não houver lei específica sobre o assunto, vale a lei de greve dos trabalhadores da iniciati-va privada (Lei 7.783/89), com pequenas modificações.

Temos o direito de visitar escolas para conversar com professores(as) e funcionários(as) de escola sobre a greve?Segundo o artigo 6º, inciso 2º da Lei da Greve, os empre-gadores não podem, em hipótese alguma, constranger o empregado para que ele volte ao trabalho ou impedir a divulgação do movimento. Ninguém pode impedir que os(as) dirigentes sindicais visitem escolas para cumprir seu papel, que é conversar com os(as) educadores(as) para que eles entendam e adiram ao movimento grevista. O que devo fazer se tentarem me impedir de visi-tar escolas para conversar com professores(as) e funcionários(as) de escola sobre a greve?Todo(a) dirigente da APP-Sindicato que seja impedido(a) de entrar nas escolas para cumprir a tarefa de divulgar

a greve deve argumentar que este impedimento afronta aos artigos 8º, inciso III da Constituição Federal e Artigo 6º, inciso I da Lei 7.783/89. Continuando a recusa, o fato deve ser comunicado ao sindicato.

Posso ser demitido(a) por fazer greve?Em seu artigo 7º, a Lei Federal nº 7.783/89 diz que du-rante o período de greve é vedada a rescisão de contrato de trabalho, bem como a contratação de trabalhadores substitutos. Em seu caput afirma que as relações obri-gacionais durante o período de greve devem ser regidas pelo acordo, convenção, laudo arbitral ou decisão da Jus-tiça do Trabalho, ficando em suspenso o contrato de tra-balho. A ausência ao trabalho motivada pela participa-ção na greve não pode gerar nenhum tipo de penalidade. Pode haver corte do salário por causa da greve?Negar aos(às) trabalhadores(as) o direito ao salário quando estiverem exercendo o direito de greve equivale a negar o direito de greve, e isto é um dano para os(as) trabalhadores(as), para a democracia e para a o Estado Social de Direito pelo qual lutamos. Não são permitidos os descontos dos dias parados no caso de greve, salvo quando ela é declarada abusiva. Se a greve é um direito fundamental do(a) trabalhador(a) não se pode conceber que participar dela implique sacrifício de outro direito fundamental – o da própria sobrevivência. Quem está em estágio probatório pode fazer greve?Sim, tanto professores(as) como funcionários(as) de escola podem fazer greve. Ainda que não efetivado no serviço público, o servidor em estágio probatório tem assegurados todos direitos previstos aos demais ser-vidores. Não há, assim, qualquer restrição ao exercício do seu direito constitucional à greve. A participação em movimento grevista não configura falta de habilitação

para a função pública ou inassiduidade, não podendo o servidor em estágio probatório ser penalizado pelo exer-cício de direito que a Constituição Federal lhe garante. Em 1995, na greve da Justiça Estadual do Rio Grande do Sul, houve a tentativa de exoneração de servidores em estágio probatório que participaram da greve. O pró-prio Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul anulou estas exonerações. Mais: o Estatuto do Servidor do Estado determina que somente sofrerá sanção de de-missão em processo administrativo o(a) servidor(a) que faltar injustificadamente por 30 dias consecutivos ou 60 alternados ao longo de um ano.

PSS e com aulas extraordinárias podem entrar em greve?PSS ou com aulas extraordinárias têm o direito de aderir à greve e não podem ser penalizados(as) por conta da paralisação das atividades. As faltas deste período serão discutidas coletivamente no momento em que houver negociação com o governo do Estado.

Se participar da greve, posso ter prejuízo no avanço da carreira ou na contagem de tempo para licença es-pecial?Vale o que foi dito para o estágio probatório. Na avaliação de desempenho ou na contagem de tempo para licença especial, não pode ser considerada a falta de greve, que é direito garantido na Constituição Federal.

A greve pode ser declarada ilegal?A greve é um direito, porém ela pode ser declarada abu-siva se não for respeitado o que fala a Lei no 7.783/89. Mas a APP cuida para que estas normas sejam respei-tadas. A declaração de abusividade somente pode ser feita pelo Poder Judiciário e deverá se basear no respeito à norma vigente. Das decisões cabe recurso, podendo chegar-se ao Supremo Tribunal Federal.

Nós não vamos desistir dos nossos 33,33% de hora-atividade na jornada do magistério da rede estadual de ensino. Foi com muita luta – e respeitando as negocia-ções – que, através da APP-Sindicato, os(as) professores(as) conseguiram conquistar, em 2013, 30% de hora-atividade.

No entanto, o governo do Estado ainda está

Educadores(as), vamos juntos construir esta mobilização. No site da APP-Sindicato há materiais que subsidiam os debates para este dia. São vídeos, áudios, um jornal mural, um 30 de agosto e a carta aos pais, mães e comuni-dade explicando cada das mobilizações e ações que acontecerão até o dia 23 de abril, quando começa a greve geral da nossa categoria.

em débito com a categoria e com a Lei do Piso, que es-tipula o mínimo de 1/3 destinados ao preparo de aulas e correção de provas e trabalhos.

Nesta quinta-feira (10), por conta da não apre-sentação de uma proposta de efetiva implantação dos 33,33% da hora-atividade no início deste ano, confor-me a categoria decidiu na última assembleia em man-ter a campanha ‘Hora-atividade para valer!

Uma publicação da Secretaria de Comunicação da APP-Sindicato | www.appsindicator.org.br | Presidenta: Marlei Fernandes de Carvalho• Secretário de Comunicação: Luiz Carlos Paixão da Rocha. Jornalistas responsáveis: Adir Nasser Junior (3819-PR), Francielly Camilo (9561-PR), Uanilla Piveta

(8071-PR) e Valnísia Mangueira (893-SE). Diagramador: Rodrigo Augusto Romani (7756-PR)

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