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N os anos 60, com o início da indústria nacional de tratores, o Brasil começou a trilhar um caminho de pedras para a mecanização dos campos. Antes disso, nossa meca- nização era precária e tremendamente diversificada. A presença de inúmeras marcas de tratores importados traduzia uma agricultura ainda incipiente e com perfil pouco adaptado aos trópicos. O trigo e o arroz tinham forte expressão nas lavouras de grãos. As colhedoras autopropelidas importadas, principal- mente da Europa, tinham facilidade de atender às demandas colhendo grãos miúdos. Ainda na década de 60 já surgiam as colhedoras autopropelidas nacionais e junto com elas veio a soja, exigindo 30 - FEVEREIRO 2004 um bom trabalho de desenvolvimento das colhedoras, principalmente nos Es- tados Unidos, para se adaptarem à sua colheita. Juntamente com a soja, porém, o milho foi expandindo a sua presença e o trigo deixou de ser a principal cul- tura no Sul do Brasil. As máquinas pas- saram a ser mais poli valentes e hoje é raro o agricultor que não tenha duas pla- taformas para uma mesma colhedora - uma para o milho e a outra para as de- mais culturas. Ao longo desse período, a cultura do milho no País também teve uma evo- lução marcante. Nos anos 70, o Brasil produzia em tomo de 15 milhões de to- neladas/ano e, na safra de 2001, já ul- trapassamos os 40 milhões de tonela- das, com área que passou de 11 para 13 milhões de hectares. E o milho conti- nua conquistando importância ainda maior na medida em que a prática da safrinha se expande. Em Estados como Paraná, São Paulo, Mato Grosso do Sul, Goiás e Mato Grosso, a safrinha já não é mais um ciclo secundário e sim uma safra com a qual o agricultor conta por inteiro no seu faturamento. Se as produtividades cresceram, es- pecialmente no Sul e nas áreas irriga- das do Cerrado, com lavouras produ- zindo de 8 a 10 toneladas por hectare, as máquinas para colhê-Ias também ti- veram de evoluir. Em menos de cinco anos passamos a produzir aqui no Bra- sil as maiores colhedoras do mercado mundial e com a mesma tecnologia que aquelas fabricadas lá fora. É claro que

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Page 1: mais - Agricultura de Precisão · compra de uma plataforma para milho, é obrigado a fazer planejamento relati-vo à plantadeira, seu número de linhas e espaçamento. Se tiver de

Nos anos 60, com o início daindústria nacional de tratores,o Brasil começou a trilhar um

caminho de pedras para a mecanizaçãodos campos. Antes disso, nossa meca-nização era precária e tremendamentediversificada. A presença de inúmerasmarcas de tratores importados traduziauma agricultura ainda incipiente e comperfil pouco adaptado aos trópicos. Otrigo e o arroz tinham forte expressãonas lavouras de grãos. As colhedorasautopropelidas importadas, principal-mente da Europa, tinham facilidade deatender às demandas colhendo grãosmiúdos.

Ainda na década de 60 já surgiamas colhedoras autopropelidas nacionaise junto com elas veio a soja, exigindo

30 -FEVEREIRO 2004

um bom trabalho de desenvolvimentodas colhedoras, principalmente nos Es-tados Unidos, para se adaptarem à suacolheita. Juntamente com a soja, porém,o milho foi expandindo a sua presençae o trigo deixou de ser a principal cul-tura no Sul do Brasil. As máquinas pas-saram a ser mais polivalentes e hoje éraro o agricultor que não tenha duas pla-taformas para uma mesma colhedora -uma para o milho e a outra para as de-mais culturas.

Ao longo desse período, a culturado milho no País também teve uma evo-lução marcante. Nos anos 70, o Brasilproduzia em tomo de 15 milhões de to-neladas/ano e, na safra de 2001, já ul-trapassamos os 40 milhões de tonela-das, com área que passou de 11 para 13

milhões de hectares. E o milho conti-nua conquistando importância aindamaior na medida em que a prática dasafrinha se expande. Em Estados comoParaná, São Paulo, Mato Grosso do Sul,Goiás e Mato Grosso, a safrinha já nãoé mais um ciclo secundário e sim umasafra com a qual o agricultor conta porinteiro no seu faturamento.

Se as produtividades cresceram, es-pecialmente no Sul e nas áreas irriga-das do Cerrado, com lavouras produ-zindo de 8 a 10 toneladas por hectare,as máquinas para colhê-Ias também ti-veram de evoluir. Em menos de cincoanos passamos a produzir aqui no Bra-sil as maiores colhedoras do mercadomundial e com a mesma tecnologia queaquelas fabricadas lá fora. É claro que

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houve uma internacionalização comple-ta na indústria e hoje os três grandesfabricantes de tratores e máquinas dqmundo comandam o mercado brasilei-ro de colhedoras.

Quando se fala em plataformas paracolheita de milho, é bom lembrar dotempo em que se semeava milho comespaçamento de 1,0 a 1,1 m. Nos anos80, se estabeleceu que os bons espa-çamentos estavam na ordem de 0,7 a0,8 m e, recentemente, surgiu a ondados espaçamentos adensados, da or-dem de 0,4 a 0,5 m.

Quando o agricultor decide pelacompra de uma plataforma para milho,é obrigado a fazer planejamento relati-vo à plantadeira, seu número de linhase espaçamento. Se tiver de realizar al-guma troca, essa é a hora, porque plan-tadeira e plataforma andam juntas e es-paçamento em plataforma de milho nãoé algo que se possa regular à vontade,como se faz na plantadeira.

No mercado, encontram-se váriosfabricantes de plataformas para colhei-ta de milho e que são adaptáveis a pra-ticamente todas as colhedoras, o quenão é verdade para as plataformas se-gadoras. Quanto à adoção dos espaça-mentos adensados, o que se observa éque o grande entrave para a sua expan-são tem sido justamente a disponibili-dade de plataformas.

Em 1994, um agricultor norte-ame-~ ricano auxiliado por alguns pesquisa-~ dores divulgava o que seria a primeira~ plataforma para milho adensado (15] polegadas). Nada mais era do que uma

plataforma convencional remodelada e,para cada linha com duas correntes, elefez duas linhas de apenas uma correntecondutora, além de reconstruir a care-nagem que cobre as linhas.

De lá para cá, os fabricantes de co-lhedoras ainda não se habilitaram a pro-duzir esse tipo de plataforma. No en-tanto, alguns fornecedores de platafor-mas se aventuraram a esse mercado,tanto lá fora como aqui no Brasil. Jáexistem plataformas com espaçamentoadensado (0,4 a 0,5 m) e com até 17linhas. É importante destacar que essasplataformas têm uma quantidade de fer-ragem significativamente maior queaquelas convencionais de mesma largu-ra. Isso resulta em uma plataforma pe-sada e os fabricantes das colhedoras nãoassumem as conseqüências de possíveisdanos causados à máquina. Uma solu-ção para minimizar o peso tem sido autilização de perfis de alumínio na es-trutura da plataforma, bem como asubstituição da lataria por plástico. Es-pecialmente o alumínio encarece sig-nificativamente a plataforma, porémreduz o peso a valores compatíveiscom o daquelas convencionais, de es-paçamentos maiores.

Há agricultores que tentam fazer acolheita de milho de linhas adensadasusando a plataforma já existente na fa-zenda. Por exemplo, se o espaçamen-to for de 0,5 m, utilizam plataforma de1,0 m, colhendo duas linhas de milhopara cada linha da plataforma. É pre-ciso destacar que essa é uma soluçãomuito precária e que aumentam os ris-

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cos de perdas. A chance de desalinha-mento cresce, fazendo com que mui-tos pés de milho escapem dos rolosdespigadores.

A questão dos espaçamentos aden-sados ainda merecerá muita discussãoe estudos para se comprovar a sua van-tagem ou desvantagem em termos deprodução de grãos. Um fato, porém, éinegável - muitos agricultores estãoadotando o mesmo espaçamento parao milho e para a soja, justamente paraeconomizar tempo de preparação demáquinas de plantio na troca de cultu-ra. No entanto, é também oportunolembrar de que o adensamento das li-nhas de milho implica custos de inves-timento, tanto na troca da plataforma,como no aumento do número de linhasda plantadeira.

Independentemente do tamanho damáquina e do espaçamento entre li-nhas, a preocupação do agricultor deveser com a preparação da máquina paraa colheita. A plataforma pode ser umafonte de perdas significativas, tanto deespigas como de grãos debulhados. Asperdas de espigas são as que causammaior dor de cabeça, uma vez que apre-sentam efeito significativo sobre a per-

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A EVOLUÇAo datevoluçãoem plataforma pata milho.

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32 -FEVEREIRO 2004

da total. Podem ter sua origem na re-gulagem da máquina de colheita, mastambém podem estar relacionadas àcultivar e sua relação com a máquina,como a uniformidade da altura da in-serção de espigas e a porcentagem deacamamento de plantas.

Outra providência prévia é o nú-mero de linhas das plantadeiras, quedeverá ser igualou múltiplo do núme-ro de linhas da plataforma de colheita,bem como com o mesmo espaçamen-to, para evitar desalinhamentos na co-lheita. As regulagens de máquina sãobasicamente a velocidade de desloca-mento, altura da plataforma e regula-gem das chapas de bloqueio da espi-ga, acima dos rolos puxadores. Em la-voura sem acamamento, procura-se tra-balhar com a plataforma o mais altopossível, justamente para diminuir achance de entrada de colmo de milhona máquina.

A plataforma deve arrancar as es-pigas e não permitir que outras partesda planta entrem na máquina, compe-tindo por espaço dentro dos sistemasde trilha, separação e limpeza. Se a la-voura apresentar muitas plantas aca-madas, a solução é baixar a platafor-ma. Nesse caso, os maiores cuidadossão evitar que os bicos toquem no soloe que o mato seja puxado para dentroda máquina.

Ajustes mais detalhados ainda po-dem ser feitos na maioria das platafor-mas de mercado, fazendo variar a ro-tação dos cilindros despigadores. Afunção deles é puxar bruscamente oscolmos de milho para baixo e arrancar

as espigas quando elas batem na cha-pa de bloqueio. Se a rotação dos des-pigadores for muito alta, as espigas po-derão debulhar ainda na plataforma ouser arremessadas para fora da platafor-ma por conta do impacto e isso é inde-sejável. Outro fato que pode ocorrer éo arraste de colmos para dentro da má-quina. Por outro lado, se a rotação dosdespigadores for muito baixa, as espi-gas tenderão a ser arrancadas no finaldos rolos, o que pode causar embucha-mentos. As espigas devem ser arran-cadas nos primeiros dois terços docomprimento dos rolos. Por último,ainda devem ser feitas revisões nascorrentes condutoras, para que não tra-balhem com folga excessiva.

É sabido que a colheita de milho éa que mais exige da máquina, que so-fre bastante, especialmente no seu sis-tema de trilha. Naquelas de fluxo ra-dial, cada espiga precisa ser despalha-da e debulhada em um espaço de tem-po muito pequeno e por isso é uma eta-pa bastante brusca. Com as produtivi-dades aumentando a cada ano, a lar-gura das plataformas deve ser ajusta-da para que a taxa limite de alimenta-ção da máquina não seja ultrapassada.Essa taxa de alimentação é definidapelo limite aceitável de perdas inter-nas de grãos da máquina. Outra formade se ajustar a taxa de alimentação éna velocidade de avanço da colhedo-ra. Este, no entanto, é um ajuste localque operador faz a toda a hora. O quese deseja, entretanto, é que ele possasempre trabalhar com a velocidademaisaltapossível. .