mafia - o jogo eletrônico como elemento cultural

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UNESP - UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “Júlio de Mesquita Filho” CÂMPUS UNIVERSITÁRIO DE BAURU FACULDADE DE ARQUITETURA, ARTES E COMUNICAÇÃO MÁFIA: o jogo eletrônico como elemento cultural Renato Franco Bueno Bauru - SP Fevereiro de 2005

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Trabalho de conclusão de curso de Comunicação Social - Habilitação em Jornalismo UNESP - Universidade Estadual Paulista Bauru, 2004

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Page 1: Mafia - O Jogo Eletrônico Como Elemento Cultural

UNESP - UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA

“Júlio de Mesquita Filho”CÂMPUS UNIVERSITÁRIO DE BAURU

FACULDADE DE ARQUITETURA, ARTES E COMUNICAÇÃO

MÁFIA:

o jogo eletrônico como elemento

cultural

Renato Franco Bueno

Bauru - SPFevereiro de 2005

Page 2: Mafia - O Jogo Eletrônico Como Elemento Cultural

M Á F I A :

o jogo eletrônico como

elemento cultural

UNESP - UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA

“Júlio de Mesquita Filho”CÂMPUS UNIVERSITÁRIO DE BAURU

FACULDADE DE ARQUITETURA, ARTES E COMUNICAÇÃO

Projeto Experimental apresentado ao

Departamento de Comunicação Social

da Faculdade de Arquitetura, Artes e

Comunicação da Universidade Estadual

Paulista, Campus de Bauru, como

exigência parcial para obtenção do

grau de Bacharel em Comunicação

Social - Habilitação em Jornalismo; de

acordo com a resolução no 02/84 do

C.F.C. e MEC, sob orientação do

Professor Dr. Cláudio Bertolli Filho.

Page 3: Mafia - O Jogo Eletrônico Como Elemento Cultural

A todo o bom povo de Lost Heaven, pelosprejuízos causados.

Page 4: Mafia - O Jogo Eletrônico Como Elemento Cultural

“Às vezes, sinto como se estivéssemos todos presos num filme. Sabemosnossas falas, onde caminhar, como atuar, só que não há uma câmera. Noentanto, não conseguimos sair do filme. E é um filme ruim.”

Charles Bukowski.

“Os outros poderão imaginar maneiras de expandir o destino da humanidade. Eu sóquero falar sobre o conserto de motocicletas. Acho que o que tenho a dizer tem valormais duradouro.”

Robert M. Pirsig

“O intermundo é o terreno baldio da subjetividade, o lugar no qual osresíduos do poder e da sua corrosão se misturam com a vontade de viver.”

Raoul Vaneigem.

“A realidade virtual corrompe, a realidade absoluta corrompe absolutamente.”

Roy Ascott.

“As coisas que não existem são mais bonitas.”Felisdônio

Page 5: Mafia - O Jogo Eletrônico Como Elemento Cultural

CARCAMANOS, MAFIOSOS e WISE GUYS:

Adriano Speedfire, que recolocou uma alma suja nas trilhas obscuras dos jogoseletrônicos. Enzo Sam, que também teve um pouco de culpa.

Théo Games Azevedo, prevendo os efeitos de “Máfia” numa mente doentia ecolaborando sempre com informações preciosas.

Capangas do Mafia Game: Vitor, Fuad, Blue Label, Rodrigo Bié, mafioso e outrostantos moderadores, gângsteres, caporegimes e civis. Tutti per cosa nostra.

Don Bertolli, o consiglieri na vida real.

Gerard Jones, por escrever o que tantos queriam ouvir.

Pablo Miyazawa e todos na EGM que lutam a favor de um mundo em que jogoseletrônicos sejam encarados de maneira tão saudável quanto um pêssego fresco.

Todos da Illusion Softworks e Greenleaf, que compreendem a importância de umtrabalho independente e não me responderam às tentativas de contato.

Punks arruaceiros do inferno, bons companheiros que mantiveram a honra e o respeitona república Buçalouca.

La Famiglia. Pai, mãe, irmã, irmãos e tia, pelo investimento, armas, carros, confiançae, acima de tudo, conhecimento de vida.

E Beto, irmão-moleque-mafioso que ensinou como sair do carro sem desligar o motore ajudou a entender muitas das questões abordadas a partir da próxima página.

Page 6: Mafia - O Jogo Eletrônico Como Elemento Cultural

“Em uma sociedade industrial que confunde

trabalho e produtividade, a necessidade de produzir

é sempre antagônica ao desejo de criar.”

CONSIDERAÇÕES iniciais

Esse, como tantos outros trechos de Raoul Vaneigem, pretende minar uma estrutura social

opressora baseada na eliminação do indivíduo e sua alma livre e criadora.

A princípio, utopia e abstração. Cinco minutos se vão e passa a ser questão ética e moral

quando um estudante se revolta com outro: “O quê? Seu Trabalho de Graduação é sobre jogos?

Um joguinho? Palhaçada...”.

Um joguinho. Por que ninguém sofreu para me salvar, não me sinto culpado por ter prazer,

não acredito que a qualidade vem junto com o maior número de páginas e vou demorar 15 anos

para me convencer de que trabalho bom veste terno, gravata e normas em times new roman.

A aparente brincadeira nos comentários alheios esconde mais que a necessidade cotidiana de

cada um emplacar suas piadas com ironia pronta do consciente coletivo. Disfarça um preconceito

e um mal.

O mal de sofrer para alcançar o paraíso. E quando se escolhe um tema “banal” (legal?), nega-

se o sofrimento, rompe-se o contrato do sacrifício – ainda mais no final do curso, quando a

redenção se aproxima. Se, ao menos, a monografia tratasse de um software matemático, ou de

um jogo escrito pelo moleque que tem câncer e não pode mais receber a luz do sol...

E o preconceito, manifesto em graus mais preocupantes nas cabeças jornalísticas e

comunicadoras. Menosprezamos produtos populares porque eles são piores que os filmes que

ninguém escolhe na locadora. Acreditamos que todo o consumo cultural é imposto de cima para

baixo, e a audiência não tem opinião. Queremos educar um povo sem ouvir o que eles querem

saber. Queremos proteger as pessoas da insensibilidade do mundo, mas não pensamos em

perguntar por que algumas assistem a Pokémon e outras se realizam matando monstros.

Um jogo eletrônico não é menos ou mais nobre que um romance de 500 páginas ou um filme

de 3 horas e meia. Todos eles são produtos culturais, com a diferença do atraso que só agora

começa a estabelecer estudos aprofundados na área dos games.

A especialização é – aqui e antes de tudo –, uma chance de se repensar o feijão-com-arroz.

Sugestões de honestidade seriam um bom começo para os jornalistas. Se não for possível, que ao

menos melhorem-se as piadas. A gente entende.

Page 7: Mafia - O Jogo Eletrônico Como Elemento Cultural

SUMÁRIO

INTRO _____________________________________________1

CAPÍTULO 1 - Ah... O Jogo _______________________________21 - O Homem e o Jogo, 2

1.2 - Quem Precisa Disso?, 32 - Uma Cultura Ciber, 3

3 - Jogos, Mídia e Teoria da Comunicação, 5

CAPÍTULO 2 - As “Perdições Virtuais” e Suas Variantes ___________81 - Entretenimento no Ciberespaço, 8

2 - A Evolução dos Jogos, 9

2.1 - História, 92.2 - Gêneros, 122.3 - Jogos de Computador On-line, 15

3 - Conceitos Relevantes, 16

3.1 - Realidade e Fantasia, 163.2 - Interatividade, 173.3 - Violência e Jogos, 18

CAPÍTULO 3 - A Cidade do Paraíso Perdido __________________211 - Origens Históricas, 21

2 - Identificação, 22

3 - O Jogo, 23

3.1 - Imagens, 243.2 - Sons, 243.3 - Mecanismos do Jogo, 263.4 - Sinopse, 28

3.4.1 - Personagens, 28

3.4.2 - A Cidade, 30

3.5 - Matar e Morrer, 383.6 - O Enredo da Campanha, 38

PRÓLOGO, 39Missões: 1 - Uma Oferta Irrecusável, 40

2 - Fuja, Homem!, 413 - Festa do Molotov, 424 - Rotina Ordinária, 44INTERMEZZO 1, 455,6 - Jogo Limpo, 467 - Sarah, 497 - Vá Se Acostumando Com Isso, 528 - A Prostituta, 538 - O Padre, 55INTERMEZZO 2, 569 - Passeio no Campo, 58

Page 8: Mafia - O Jogo Eletrônico Como Elemento Cultural

10 - Omerta, 6111 - Visitando Pessoas Ricas, 6612 - Uma Grande Jogada, 69INTERMEZZO 3, 7113 - Bon Appétit, 7114 - Feliz Aniversário, 7415 - Você é Um Sortudo, 7616 - Crème de La Crème, 80INTERMEZZO 4, 8317 - Campanha Eleitoral, 8418 - Apenas para Relaxar, 8619 - Emprego à Parte, 9020 - A Morte da Arte, 95EPÍLOGO, 99

3.7 - Passeio Livre, 101

3.8 - Passeio Extremo, 101

CAPÍTULO 4 - De Caso com o “Máfia” _____________________1081 - Métodos, 108

2 - Relações Jogo/Jogador, 109

2.1 - A Interatividade de “Máfia”, 1092.2 - Liberdade, 1112.3 - Criatividade, 1122.4 - A Vida Virtual, 1142.5 - Subversão, 116

3 - Aprendizado, 117

3.1 - Carros, 1173.2 - Armas, 1173.3 - Comportamento, 1183.4 - História, 119

4 - Intertextualidade, 119

4.1 - Ovos de Páscoa, 1215 - Atributos, 124

5.1 - Destreza, 1245.2 - Raciocínio, 1255.3 - Conhecimento, 1265.4 - Sorte e Revés, 1275.5 - Interpretação, 127

6 - Visão de Mundo, 127

6.1 - Um Jogo de Verdade, 128

CONCLUSÃO _______________________________________132

GLOSSÁRIO ________________________________________133

REFERÊNCIAS ______________________________________134

Page 9: Mafia - O Jogo Eletrônico Como Elemento Cultural

Ah... O Jogo|1|

O presente trabalho tem como objeto de estudo o jogo eletrônico “Máfia – A Cidade do

Paraíso Perdido” (2002), que simula uma cidade norte-americana do início da década de 30 e

coloca o jogador no papel de um taxista que entra para a máfia. A edição analisada é a versão

em inglês, para computador (PC), com legendas e certas referências visuais (placas, anúncios)

traduzidas para o português a partir de arquivos disponíveis gratuitamente na internet.

Os jogos eletrônicos (videogames) vêm se firmando como área de interesse para os

profissionais da comunicação na medida em que convergem para um mesmo contexto diversos

meios de produção cultural (cinema, arquitetura, literatura, música) e se disseminam como

entretenimento de massa.

Ao profissional jornalista, torna-se fundamental identificar os valores sociais envolvidos na

apresentação dos games e não menosprezá-los enquanto criação cultural – ao mesmo tempo

em que se tenha garantido o aspecto primordial do “entretenimento”.

O roteiro proposto para a execução do estudo começa no capítulo 1, em que são apresentados

valores do jogo na cultura humana e a passagem desse relacionamento para o mundo virtual.

No segundo capítulo são apontadas as diversas manifestações dos games no ciberespaço,

bem como um resumido histórico da evolução das tecnologias e gêneros do entretenimento

eletrônico.

No terceiro capítulo, a identificação do conceito de “máfia” na sociedade contemporânea

antecede a descrição e a transcrição de elementos do jogo “Máfia”.

No capítulo 4, são analisados os aspectos do jogo, com base em observações diretas do

pesquisador e no contato com a experiência de outros jogadores.

Afinal, a Conclusão, que pretende resumir as características e possibilidades do jogo eletrônico

enquanto produto cultural significativo.

INTRO

Page 10: Mafia - O Jogo Eletrônico Como Elemento Cultural

Ah... O Jogo |2 |

CAPÍTULO 1AH... O JOGO

1 - O Homem e O Jogo

1)HUIZINGA, Johan. Homo Ludens: O Jogo Como Elemento da Cultura.4 ed. São Paulo: Perspectiva, 2000. p.3.

Seria o jogo uma manifestação cultural ou simples diversão? Pois o interessante é notar que,

no princípio, era o jogo – a cultura veio depois. Se as brincadeiras dos animais entre seus bandos

parecem ser selvagens e sem regras, talvez o homem tenha se perdido pelo caminho.

Johan Huizinga1 alerta que “É-nos possível afirmar com segurança que a civilização humana

não acrescentou característica essencial alguma à idéia geral de jogo”. Pois os animais já tinham

suas próprias brincadeiras antes de o homem cogitar um sistema que futuramente pudesse dar

início à escrita. E, mesmo com séculos de produção cultural humana, continuam aí os mesmos

(quase todos) animais e suas mesmas brincadeiras. A essência de jogo continua a mesma, o que

mudaram foram suas realizações.

O homem traz a entidade do jogo presente em diversas de suas manifestações – desde as

reconhecidas brincadeiras até os atos sociais mais “sérios”. Ao mesmo tempo em que um tabuleiro

de damas é um jogo, um concurso de piadas, uma festa e um ritual religioso também o são.

A metáfora e o mito, fundamentos tanto da poesia quanto das celebrações religiosas, estão

baseadas na imaginação, na negação de certas regras e na adoção de outras. Dois elementos

criadores dos jogos, disseminados de maneira tão vasta em nossa sociedade.

Mas as características que determinam a natureza do jogo, além de definições esparsas,

podem ser circunscritas a quatro questões:

O jogo é livre: A essência primeira do jogo é a espontaneidade, que garante o

comprometimento com a partida e as razões que levaram o participante até ali. A partir da livre

vontade, aceitam-se as regras e inclui-se no universo a ser explorado pelo jogo.

É externo à vida real: o jogo ocupa um espaço que se coloca à parte da vida cotidiana,

cria seu próprio universo. Enquanto a partida acontece, ela se basta e o mundo real não tem

efeito sobre ela.

É isolado e limitado: o jogo acontece em espaço e tempo pré-determinados. Sua duração

e seus limites fazem parte das regras responsáveis pelo compartilhamento de ações. Fora do

espaço e do tempo determinados, o jogo só pode existir na memória.

Cria ordem e é ordem: um jogo pressupõe a igualdade a partir da localização dos

participantes num mesmo espaço-tempo regido pelas mesmas regras. Aqueles que ferirem o

“Brincar não é perder tempo, é ganhá-loÉ triste ter meninos sem escola,mas mais triste é vê-los enfileirados, em salas sem ar,com exercícios estéreis,sem valor para a formação humana”Carlos Drummond de Andrade.

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Ah... O Jogo|3|

2) São Paulo X São Caetano – 27/10/04. Campeonato Brasileiro: o zagueiro Serginho morreu em campo, vítima de parada cardiorrespiratória.3) HUIZINGA, Johan. Op. cit. p.5.

acordo mútuo diante do regulamento passam a não mais pertencer ao jogo; assim como aqueles

que tentarem burlar as regras, conturbando a ordem.

Um jogo constituído e em andamento pode até se prejudicar com a elevação de algum

desses elementos discutidos acima, mas é importante saber identificar os limites. Alguém pode

afirmar que uma partida de futebol está sujeita a sofrer interferência de um evento inesperado;

como, por exemplo recente, a morte em campo de um jogador2. E então, diriam, o jogo não

seria mais “externo à vida real”, pois sofreria algum efeito.

Mas, além de a esportificação do jogo afastá-lo de seu caráter lúdico fundamental, podemos

perceber que, para os participantes da trágica partida, a partir do acidente não existe mais jogo

e nem mesmo a chance de ele ser retomado na seqüência. O fator externo foi suficiente para

frustrar pelo menos um dos 4 aspectos levantados anteriormente: a ordem. Implantada a

desordem, o espaço do jogo e seu tempo são alterados e a participação não fica mais sujeita ao

comportamento espontâneo dos envolvidos. Como observou-se na vida real, o jogo foi

interrompido e os times voltaram a campo uma semana depois, cumprindo o restante do tempo

regulamentar.

1.2 – Quem precisa disso?

Se a espontaneidade é o princípio para a existência do jogo, que fatores levam o participante

a integrar uma partida? Sendo participantes não apenas os humanos, mas qualquer ser vivo

capaz de desenvolver seu espírito lúdico, podemos considerar Huizinga3: “A intensidade do jogo

e seu poder de fascinação não podem ser explicados por análises biológicas”.

As análises biológicas a que Huizinga se refere são decorrentes dos estudos psicológicos que

tentaram, por décadas, identificar razões fisiológicas objetivas para justificar o interesse dos

humanos por jogos. Huizinga destaca que o atrativo maior do jogo é o prazer causado por seu

envolvimento, notadamente, estético.

Neste trabalho, atentaremos para a manifestação do jogo em plataformas eletrônicas e sua

expansão até os domínios sociais para perceber de que maneira os elementos culturais se

manifestam em relação ao corpus delimitado (“Máfia – A Cidade do Paraíso Perdido”),

envolvendo e cativando os jogadores.

2 – Uma Cultura Ciber

O termo “cyber” ficou gravado na memória da humanidade com a ficção científica

“Neuromante” (1984), de William Gibson, que previa um futuro caótico perturbado por conflitos

Page 12: Mafia - O Jogo Eletrônico Como Elemento Cultural

Ah... O Jogo |4 |

sociais e tecnológicos. A expressão foi-se adaptando com o cavalgar da tecnologia e a expansão

das redes digitais por vastos domínios informacionais.

Transformou-se em sinônimo de qualquer elemento futurístico ou de características

essencialmente eletrônicas. Virou prefixo de palavras como café, no caso de livrarias e pequenos

bares que mantinham computadores conectados à rede; e sexo, quando as interações sexuais

ocorriam em ambientes virtuais. No meio acadêmico, ciber se juntou a cultura/espaço.

Ciberespaço é considerado, por Pierre Lévy4, “o espaço de comunicação aberto pela

interconexão mundial dos computadores e das memórias dos computadores”. Aí estão incluídos

produtos e ferramentas estruturados nessas plataformas digitais e destinados a esse mesmo uso

(desde páginas na Internet até disquetes ou CDs). Trata-se de transformar átomos em bits.

Transformar o “real” em virtual.

Antes, porém, é necessário esclarecer a natureza dessa “virtualidade”5, já que o senso comum

costuma classificá-la como qualquer fenômeno impossível. Aceitam o “virtual” como oposição

imediata ao “real” quando, na verdade, o virtual é uma potencialização do real.

Filosoficamente, o “virtual” representa a possibilidade – não é “aquilo que não existe”, mas

“aquilo que pode existir”. O ovo que está sendo chocado em um ninho tem em si um pássaro

virtual, e se as condições necessárias ao nascimento forem atendidas, o pássaro deixará de ser

virtual para ser real: o pássaro existe virtualmente dentro do ovo.

Assim, um documento impresso em um papel pode ser digitalizado (transformado em

linguagem numérica de zeros e uns) e armazenado em uma mídia virtual – um CD, talvez.

Nesse CD, o documento vai existir em nível virtual. Se as condições para a sua realização forem

atendidas (disponibilidade de um microcomputador com drive leitor de CD, um monitor para

exibição...), esse documento poderá tomar outra forma “real”. Ele será atualizado.

Um arquivo virtual admite infinitas atualizações, pois pode ser modificado por seus agentes

como qualquer texto eletrônico que tem suas letras alteradas em tamanhos, estilos e cores. Da

mesma forma, um jogo eletrônico – que não passa de um compêndio de arquivos com relações

predefinidas – assume infinitas possibilidades de desenvolvimento, já que é criado para responder

às ações do jogador, e não para comandá-lo.

Outro ponto importante de uma cultura ciber é a universalização sem totalidade. Ao mesmo

tempo em que a rede amplia os contatos entre diversos pontos do planeta – disseminando

possibilidades e, portanto, tornando o processo universal –, ela se exime de assumir uma voz

definitiva sobre os assuntos que incorpora. Afinal, os processos estão sempre em constante

mudança, e é cada vez maior o número de pessoas envolvidas por essas relações informacionais.

4) LÉVY, Pierre. Cibercultura. São Paulo: Editora 34, 1999. p.92.5) LÉVY, Pierre. O que é Virtual? São Paulo: Editora 34, 1996.

Page 13: Mafia - O Jogo Eletrônico Como Elemento Cultural

Ah... O Jogo|5|

A rede aceita e transmite, e os agentes se responsabilizam pela busca do conhecimento que

procuram. A intenção é nunca encerrar qualquer cadeia de dados – nunca totalizar.

Não existe cibercultura que não garanta liberdade. Pela rede, qualquer informação pode ser

transformada em arquivos e compartilhada com outros usuários. O formato mp36 foi o mais

revolucionário, por enquanto, por basear-se numa estrutura viável (ouvir/produzir/armazenar

música no computador) e combater uma milionária indústria fonográfica.

Mas outros formatos começam a encontrar seus canais. O próximo alvo da universalização

da informação é a indústria cinematográfica. Grandes estúdios já estão se acostumando a ver

cópias de suas produções sendo compartilhadas pela Internet semanas antes do lançamento

oficial – graças ao Bit Torrent7 e outros programas de compartilhamento de arquivos.

Somando-se conexão em alta velocidade com mídias graváveis a preços cada vez menores,

a indústria não tem chances de vencer qualquer disputa se não repensar suas formas de atuação.

Por enquanto, só os livros não embalaram na distribuição gratuita pela rede. Mesmo com

iniciativas como as de Google e Amazon (que pretendem digitalizar e disponibilizar obras

completas na internet), a leitura em monitores não avança por ser bastante incômoda. Mas já

é possível ter acesso, gratuita e legalmente, a livros inteiros disponibilizados pela rede. Um deles,

apropriadamente, versa mesmo sobre a vida moderna em meio à tecnologia inquieta. “Cyberia

– Life in The Trenches of Hyperspace”, de Douglas Rushkoff8, está disponível para download

gratuito no site do autor.

3 – Jogos, Mídia e Teoria da Comunicação

Hoje, no Brasil, os jogos eletrônicos vêm recebendo um olhar mais atento dos meios de

comunicação e da sociedade.

O mercado editorial vem crescendo e se sustentando com diversos títulos de revistas

especializadas, levadas às bancas por pelo menos 2 editoras diferentes. Nos últimos meses, foram

inaugurados dois grandes portais na Internet: Arena IG9, que disponibiliza uma biodiversidade

de jogos online; e Gameworld10, ramificação da Conrad Editora, que pretende ser um canal

aberto de informação com os leitores das 4 revistas11 que a empresa coloca a cada mês nas

bancas.

Com a evolução das LAN-houses, familiares e pessoas que normalmente não estão habituadas

a jogos eletrônicos perceberam que jogar videogame também envolve um comportamento social,

assim como se reunir para uma partida de futebol, freqüentar uma igreja ou encontrar amigos

em um bar. E mesmo os comportamentos mais radicais contra os games podem começar a ser

6) Formato musical comprimido, que pode ser trocado gratuitamente pela rede.7) Sistema de troca de arquivos que cria uma rede de fragmentos de bits, agilizando as transferências e dificultando o rastreamento e bloqueio dasconexões.9) RUSHKOFF, Douglas. Cyberia: Life in The Trenches of Hyperspace. 1994. URL: http://www.rushkoff.com/cyberia.htm9) Arena IG - URL: http://www.arenaig.com.br10) Gameworld - URL: http://www.gameworld.com.br11) Nintendo World, EGM Brasil, EGM PC, SuperDicas Playstation,

Page 14: Mafia - O Jogo Eletrônico Como Elemento Cultural

Ah... O Jogo |6 |

revistos, já que as novas gerações de celulares têm investido sem remorsos no desenvolvimento

de jogos de grande qualidade para a telinha do telefone. São os games cada vez mais próximos

daquele homem de negócios que exige um celular de última geração mas ignora qualquer

entretenimento eletrônico.

Entre 18 e 21 de novembro de 2004, estreou a primeira feira de games brasileira. Cerca de

20 mil pessoas se reuniram no Expo Center Norte, em São Paulo, para conferir a EGS (Electronic

Game Show), que contou com boa participação de público e a presença de lançamentos recentes

em estandes das maiores marcas, como Nintendo e ATI. Segundo os especialistas, foi um passo

importante para todas as atividades referentes aos jogos eletrônicos. Pablo Miyazawa12 resume:

“O que mudou foi o sentimento geral. Com a EGS, um espírito positivo surgiu entre produtores,

empresas, formadores de opinião e consumidores. Espalhados pelos pavilhões do evento, percebemos

que os games são uma realidade bastante possível, uma paixão que vale a pena ser levada adiante”.

Nesse entusiasmo, o Ministério da Cultura também contribuiu. Além de patrocinar um

concurso que incentiva a criação de games em território nacional13, anunciou os jogos eletrônicos

como categoria de produto cultural sujeita a investimentos do governo. Durante o discurso de

abertura da EGS, o Ministro da Cultura, Gilberto Gil14, destacou possibilidades do entretenimento

eletrônico:

“Todos estes espaços podem ser apenas espaços de consumo. Ou podem ser pontos de apropriação de

conteúdo e de tecnologia. Pontos de produção cultural, de criação conjunta, de colaboração. Entremos

de vez nessa partida”

O que este trabalho vem propor, afinal, é uma atualização em dois sentidos: profissional e

social. Na área profissional, a intenção é complementar o trabalho jornalístico sobre jogos

eletrônicos, nas áreas especializadas, e atentar contra a tendência jornalística em ostentar

refinamento cultural e desprezar produções destinadas ao entretenimento. Socialmente, o

objetivo é oferecer uma visão esclarecedora sobre a importância cultural dos videogames na

sociedade contemporânea.

12) EGM Brasil no. 34 - novembro/dezembro 2004.13) URL: http://cultura.gov.br/jogosbr14) Ministério da Cultura - URL: http://www2.cultura.gov.br/scripts/discursos.idc?codigo=1346

Page 15: Mafia - O Jogo Eletrônico Como Elemento Cultural

Ah... O Jogo|7|

A crítica especializada, de modo geral, limita-se ao jogo como entretenimento, em que a

importância é centralizada nos aspectos técnicos como som, gráficos e jogabilidade. E a sociedade

considera os games uma diversão que deveria se destinar somente aos mais novos – não é à toa,

aqui, a alcunha “joguinho”.

Afinal, buscar uma interpretação que previna os jogos eletrônicos do preconceito elitista que

insiste em simplificar para não entender – ocorrendo, também, com histórias em quadrinhos

ou diversos gêneros de música popular.

Para tanto, serão consideradas as teorias de Estudos Culturais, que sintomaticamente já

foram conhecidas como Teoria do Pobre e propõem a democratização de estudo e produção

cultural. Segundo Maria Elisa Cevasco15, o futuro dos Estudos Culturais:

“... está, como diz Raymond Williams16, na tentativa, nem sempre bem-sucedida, de levar o melhor

que se pode conseguir em termos de trabalho intelectual até pessoas para quem esse trabalho não é

um modo de vida ou um emprego, mas uma questão de alto interesse para que entendam as pressões

que sofrem, pressões de todos os tipos, das mais pessoas às mais amplamente políticas”

15) CEVASCO, Maria Elisa. Dez Lições Sobre Estudos Culturais. São Paulo: Boitempo, 2003.p.78.16) Um dos principais teóricos dos Estudos Culturais, autor de Culture and Society e The Long Revolution.

Page 16: Mafia - O Jogo Eletrônico Como Elemento Cultural

As “Perdições Virtuais” e Suas Variantes |8 |

CAPÍTULO 2AS “PERDIÇÕES VIRTUAIS” E SUAS VARIANTES

1 – Entretenimento no Ciberespaço

Douglas Rushkoff1 relata o caso de Craig Neidorf, garoto que aos sete anos descobriu algo

além do previsto no ciberespaço. Durante uma visita familiar a um tio, Craig conheceu um jogo

de Atari chamado “Adventure”, que foi sua companhia pelos próximos dias. Era um game em

que o jogador coletava objetos e explorava ambientes para cumprir missões.

Craig estava tão envolvido e entusiasmado com o jogo, que chegou a descobrir uma inusitada

passagem secreta durante as missões. Em uma sala escondida, uma mensagem do criador do

jogo. Segundo Rushkoff, eis o depoimento de Craig:

“This process – finding something that wasn’t written about, discovering something that I wasn’t

supposed to know – it got me very interested. I searched in various other games and tried everything

I could think of – even jiggling the power cord or the game cartridge just to see what would happen.

That’s where my interest in playing with that kind of thing began...”

Craig não menciona qual era a mensagem escondida, mas uma rápida pesquisa pela Internet

revela que a inscrição secreta era, afinal: “Created by Warren Robinett” (“Criado por Warren

Robinett”). Naquela época, a indústria de jogos vivia sua primeira década e os produtores não

recebiam crédito por suas obras. Warren Robinett descobriu que era possível protestar de uma

maneira velada e, estrategicamente, mais forte e significativa.

Essa parábola ilustra o poder dos jogos eletrônicos em despertar, senão a criatividade, pelo

menos o interesse aprofundado nos jogadores. Craig descobriu que era possível descobrir: ali

estava uma mensagem implícita “Ei, garoto, isso é possível”.

O feito de Robinett demorou cerca de um ano, desde o lançamento, para ser descoberto e

divulgado. Quando a notícia se espalhou, o programador não trabalhava mais na Atari, e a estratégia

1) RUSHKOFF, Douglas. Cyberia: Life in The Trenches of Hyperspace. 1994. URL: http://www.rushkoff.com/cyberia.htm

À esquerda, tela de Adventure (Atari),que carregava o primeiro “easter egg” dahistória dos games, à direita.

“Muitos mamíferos jogam, e não só oshumanos. Eu mesmo posso jogar commeu cachorro, interagindo com outraespécie. Os jogos são um aspecto fun-damental da vida. Os de computador sãosimplesmente seu desenvolvimento maisrecente” – Espen Aarseth.

Page 17: Mafia - O Jogo Eletrônico Como Elemento Cultural

As “Perdições Virtuais” e Suas Variantes |9|

As influências subversivas de “Adventure” persistiram por anos, quando o então adolescente

Craig Nedorf era perseguido e julgado como um “perigoso” hacker que invadia sistemas e conseguia

informações sigilosas de grandes empresas.

Dessa forma, o ciberespaço subverte o conceito tradicional de hierarquias ao mesmo tempo

em que concede a liberdade de atuação ao jogador. Os jogos nesse novo espaço podem se

apresentar apenas como entretenimento a uma parte do público, mas aos olhos dos jogadores

“hardcore”, são muito mais que isso. As mesmas habilidades que um garoto utiliza para acertar

as configurações de um jogo – customizá-lo à sua vontade, cumprir os objetivos – podem ser

aplicadas tanto na solução de diversos problemas técnicos de um computador quanto na luta

pela democracia em uma sociedade baseada no poder pela informação, por exemplo.

Em Cibercultura, Pierre Lévy3 destaca:

“Da conferência de Alain Lê Diberder, você vai para a de Florian Roetzer, que explica como os

videogames estão em sintonia com as novas competências cognitivas necessárias para as novas

formas de trabalho: velocidade, capacidade de manipulação de modelos complexos, descoberta de

regras não-explícitas por meio de exploração etc.”

2) The Jaded Gamer. URL: www.thejadedgamer.com

3) Pierre Lévy. Cibercultura. São Paulo. Editora 34, 1999, p.59.

entrou para a história como o primeiro “easter egg” (ovo de páscoa) da história. Em entrevista

ao site The Jaded Gamer2, quando questionado sobre as ações que a Atari poderia mover contra

ele, Robinett respondeu:

“Well, they could garnish my royalties — oops, no royalties. Well, they could remove my

name from the box — well, no, it was never on the box. Well, they could at least remove the

offending code from future cartridges. That would have cost $10,000 to make a new ROM”

2 - A Evolução dos Jogos

A evolução dos jogos eletrônicos é uma história de transformações: da intuição humana por

inovações à transposição de limites sociais. Desde o primeiro game até qualquer projeto em

desenvolvimento, nunca houve como ignorar dois fatores: o tecnológico (como criar o jogo?) e

o social (por quê criar o jogo?).

A brincadeira começou em grandes computadores, desenvolveu-se em arcades e consoles e

hoje se expande em tecnologias que aproximam cada vez mais o console do microcomputador.

2.1 - História

No princípio, anos 60, eram 5 estudantes do MIT (Massachussets Institute of Technology)

que tentavam recriar o ambiente fantástico de uma narrativa de ficção científica na tela de um

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As “Perdições Virtuais” e Suas Variantes |10 |

computador. Não um microcomputador, como os de hoje, mas um

TX-0 que custava cerca de US$120.000 e ocupava uma mesa de

trabalho sem deixar espaço para o porta-clipes. Durante o processo

de elaboração do jogo, a faculdade comprou uma máquina mais

prática e veloz (PDP-1), que substituiu a antiga e contribuiu muito

com a tarefa dos garotos.

O objetivo, afinal, era entreter o jogador de maneira prazerosa

através de um suporte interativo que provasse a eficiência do

computador. O resultado foi “Spacewar!”, que ocupava 2 kbytes de

memória (o equivalente a poucas linhas de texto enviadas por e-

mail, hoje) e trazia a simulação do espaço com uma estrela gravitacional no centro e duas

naves em combate. Spacewar! não gerou lucro para seus

produtores, mas influenciou importantes passos da ciência dos

games. Transformou-se até em peça histórica de domínio público

e pode ser acessado pela internet, numa versão programada em

Java4.

Nolan Bushnell, na década de 70, adaptou Spacewar! para

uma nova plataforma, criando o Computer Space – primeiro

arcade da história. Em seguida, Bushnell fundou a Atari, mítica

empresa de importância fundamental na história dos videogames. Um dos jogos de maior

repercussão foi “Pong”, que simulava uma rudimentar partida de tênis. Os jogos existentes

estavam disponíveis em arcades, mas o sucesso da Atari (mais de 100 mil unidades vendidas de

Pong – Arcade, versão doméstica) levou outras empresas a pensar no videogame como acessório

da televisão: teve início o desenvolvimento dos consoles.

Naturalmente, a Atari puxou a fila. Lançou o modelo 2600, que funcionava com cartuchos

e tinha entrada para dois controles.

Nos anos 80, nomes como Nintendo, Namco, Konami, e Sega buscavam fatias da liderança

atariana. A temática dos jogos passou a se diversificar: além do clássico Pac-Man, foram lançados

jogos de esporte (tênis, boxe), aventura (Pitfall) e tiro (Scramble). Em 83, a Nintendo lançou

4) Spacewar! - URL: http://lcs.www.media.mit.edu/groups/el/projects/spacewar/

Duas naves e uma estrelacom força gravitacional:Spacewar, o primeiro jogoeletrônico.

Pong, simplesmente Pong.

Atari 2600, Master System (Sega - 8 bits) e Super NES (Nintendo - 16 bits)

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As “Perdições Virtuais” e Suas Variantes |11|

Famicon, console que serviria de base para o Super NES. Começava a geração dos aparelhos de

8 bits.

A Sega lançou “Master System”, concorrente do NES (novo nome do Famicon). Em meados

da década surgiram jogos que utilizavam uma pistola interativa como joystick – para gêneros

de tiro e caça. No mercado dominado pela Nintendo, a Atari, depois de lançar o 5200, tentou se

reerguer com o Atari 7800, mas fracassou.

Em 89, “Game Boy”, o primeiro videogame portátil, foi ao mercado pela Nintendo. O fim da

década viu, ainda, o lançamento de “Tetris” e disputas judiciais entre Atari e Nintendo – acusada

de monopólio. Na virada para a década de 90, a Sega inaugurou os 16 bits com o “Mega

Drive” e, um ano depois, a Nintendo lançou o concorrente “Super NES”.

A Sega investia em adaptações de jogos de arcade para o “Mega Drive” enquanto tentava,

com “Sonic”, rivalizar com o mascote da Nintendo, “Mario”.

Ao mesmo tempo em que a tecnologia de 16 bits procurava evoluir dentro de suas

possibilidades, as empresas buscavam acordos para financiar as novas gerações, sempre dobrando

o número de bits.

A Panasonic lançou o 3DO, que foi seguido pelo Sega Saturn. No final da década debutaram

o Playstation (da Sony, primeiro a usar mídia ótica) e o Nintendo 64, da gigante do

entretenimento mundial.

Enquanto os 128 pinos estavam em desenvolvimento, a Nintendo já tinha

atualizado seu portátil Game Boy duas vezes: Game Boy Advance

e Game Boy Advance Color.

Na entrada do ano

2000, a Sega, com o

Dreamcast, atingiu o

número 128, pouco antes de

a Sony atualizar seu

Playstation para

Playstation 2 (capaz de ler

DVDs). A Microsoft,

absoluta no

desenvolvimento de softwares, atacou com o X-Box, console equivalente a um PC com

processador Pentium III. Contava com um considerável espaço em disco rígido (8 gigabytes) e

tinha conexão com a internet. A Nintendo, respondeu com o Gamecube.

Os games portáteis também tiveram um grande avanço e foram representados pelas maiores

empresas. Nintendo DS, PSP (Sony) e N-Gage (celular-game da Nokia) constituíram um nicho

de mercado. Em 2004, o avanço dos telefones celulares propiciou a criação cada vez maior de

jogos para o aparelho – que já ganharam até seção especializada em revistas de games.

Dreamcast, a última e fracassada aposta da Sega em consoles.

Playstation 2, para garantir ahegemonia da Sony.

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As “Perdições Virtuais” e Suas Variantes |12 |

O PC

Durante as quatro décadas de reviravoltas tecnológicas e mercadológicas, o microcomputador

sempre foi uma alternativa aos consoles. Em vez de o usuário trocar seu videogame com freqüência,

poderia comprar um PC e rodar uma variedade maior de jogos – bastando, quando necessário,

atualizar a máquina com determinadas peças. Hoje, por exemplo, com um computador recente, é

possível rodar desde os jogos do pioneiro Atari até aqueles com aceleração para gráficos 3D.

Facilmente, portanto, um computador se transforma em arquivo histórico de jogos. No

mesmo CD que comporta um jogo de computador é possível armazenar 800 simulações de

Atari e cerca de 300 de Mega Drive ou SNES.

2.2 – Gêneros

Para entender a evolução de gênero da qual “Máfia” faz parte é necessário ter uma visão

global dos estilos primários de games. Desde os primórdios da indústria do entretenimento

eletrônico, cada jogo era facilmente enquadrado em determinado rótulo. A escassez de recursos

e os roteiros simples não permitiam dúvida nas classificações. Ação era ação e corrida era corrida.

A opção, aqui, foi selecionar e exemplificar a partir de diversas plataformas, destacando os

jogos de maior sucesso ou que ilustrassem melhor determinado estilo.

Aventura geralmente englobava os jogos de plataforma, em que a visão de perfil

acompanhava o herói combatendo inimigos, pulando buracos e seguindo sempre em frente –

da esquerda para a direita. A bidimensionalidade deu lugar ao 3D, e jogos como Alone In The

Dark e Tomb Raider podem ser considerados evolução dos famosos, clássicos e rivais Sonic

(Sega) e Mario Bros. (Nintendo).

Ação, gênero irmão de Aventura, ao qual mais tarde se mesclaria, referia-se a jogos com mais

situações de tiros e mudanças de perspectiva, em que, muitas vezes, o jogador controlava o cursor

de mira com um mouse. Dynamite Duke e Lethal Enforces são exemplos típicos de “antigamente”.

Hoje, esse rótulo de expandiu para Ação 3D, que engloba GTA e “Máfia”.

Corrida foi o rótulo que estreou com Enduro (Atari) e passou a se desenvolver com jogos

que simulavam Fórmula 1 (Super Monaco GP) e corridas abertas em estradas (Top Gear).

Também foram lançadas versões com motos (Super Hang On) e variações fantasiosas (Mario

Kart). Hoje, Gran Turismo e a série Need for Speed ditam as regras e os caminhos.

O gênero Estratégia nascia baseado em jogos de tabuleiro (War) e oferecia uma visão aérea

dos territórios em questão. Era possível comandar diversas unidades e ter uma ampla visão dos

cenários. Em Desert Strike, o jogador controlava um exército inteiro através de missões no

deserto. Com Warcraft e Age of Empires, as novas plataformas se prepararam para evoluir.

A sigla RPG (Role Playing Game) refletia-se em jogos que apresentavam histórias longas,

com diferentes maneiras de interação (visão em primeira pessoa, visão aérea) e diversas

possibilidades de histórias. Devido às limitações das plataformas 16 bits, os RPGs se desenvolveram

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As “Perdições Virtuais” e Suas Variantes |13|

ONTEM> Sonic no Mega Drive (Sega) e Mario no Super NES (Nintendo).HOJE> Lara Croft é a protagonista de Tomb Raider (PC).

A V E N T U R A

AÇÃO

De Dynamite Duke (Mega Drive) a “Máfia” (PC).

CORRIDA

Super Monaco GP (Mega Drive) eNeed for Speed Underground 2 (PS2)

ESTRATÉGIA

Exércitos sob comando em Desert Strike (SNES)e Age of Empires 2 (PC)

RPG

The Legend of Zelda (SNES) e Diablo (PC).

LUTAStreet Fighter 2 (SNES) eTekken 4 (PS2), acima.

SHOOTER

De cima para baixo, Wolf 3D,Half Life 2 e Doom 3

SIMULAÇÃO

Afterburner (SNES) e Flight Simulator (PC).

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As “Perdições Virtuais” e Suas Variantes |14 |

em velocidade maior nas tecnologias futuras. Zelda (Nintendo) e Diablo (PC) são dois grandes

clássicos.

As Lutas deixaram de ser o esporte conhecido como Boxe e ganharam uma etiqueta própria

nas prateleiras. Games em que lutadores com poderesespeciais disputavam torneios tiveram

seu auge com Mortal Kombat e Street Fighter. Com a tridimensionalidade, as arenas ganharam

a opção de giro em 360 graus.

Doom e Wolf 3D foram jogos que inauguraram o gênero Shooter. A visão das mãos que

seguravam a arma dava ao jogador a sensação de estar realmente dentro do jogo, tendo, pela

primeira vez, a visão do personagem. Théo Azevedo, jornalista de games que, entre outros

veículos, escreve para a Folha de S. Paulo, certa vez disse que a redação orientava para que se

substituísse “shooter” por “jogo de ação em primeira pessoa ao estilo Doom” – tamanha a

influência do game. Hoje, os shooters seguem puxando a evolução com Half Life 2 e Doom 3.

Simulação foi um gênero que desenvolveu-se aos poucos, com as sucessivas tecnologias

aprimoradas. Teoricamente, é o tipo de jogo que simula determinadas situações que podem ou

não ser baseadas na realidade. Afterburner (Nintendo), possibilitava ao jogador pilotar um caça e

participar de batalhas. A plataforma mais promissora para esse estilo, no entanto, são os PCs, em

que Flight Simulator (Microsoft) entrou para a história ao reconstruir terrenos reais e permitir

roteiros de vôo baseados nos aspectos de qualquer vôo entre os continentes. E The Sims trouxe

ao jogador a possibilidade de simular... vidas. Mais precisamente, criar e acompanhar o cotidiano

na vida de pessoas comuns.

Existem, ainda, classes menos destacadas de jogos. São aqueles que já viveram um auge,

mas, limitados pelo estilo, sobrevivem apenas em releituras ou adaptações modestas para os

dias atuais. Pinball emula as saudosas e pesadas máquinas de fliperama que acumulavam

pontos para o jogador que controlava a pequena esfera de aço contra alvos e obstáculos da

mesa inclinada. E os jogos de Tabuleiro, como xadrez e dama, que ainda existem em diversas

versões que agradam os que buscam um passatempo tradicional.

Os gêneros não se extinguiram, mas as tecnologias se desenvolveram, os criadores de jogos

tiveram novas idéias, as vendas aumentaram e o público tornou-se mais exigente. Em 1999, a

Rockstar Games lançou Grand Theft Auto 3 (GTA 3), que começou uma nova história.

A Saga Grand Theft Auto

GTA, originalmente, era um jogo com poucas inovações gráficas, mas que faiscava alguma

idéia diferente nos jogos até então conhecidos. Em suas duas primeiras versões, o jogador tinha

uma visão aérea de uma cidade fictícia, na qual deveria roubar carros para ganhar o respeito das

gangues e uma grana a mais para a sobrevivência. Os gráficos se resumiam ao básico “jogo

miniatura”, mas o roteiro se destacava. Fazia apenas 2 anos que a sociedade tinha se horrorizado

com a extrema arte da violência, com Carmageddon (97), e uma história que colocava o jogador

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As “Perdições Virtuais” e Suas Variantes |15|

1, 2, 3. Grand Theft Auto - GTA (PC).

como ladrão de carros também não era exatamente um conceito “educacional”, segundo pais e

conselhos de ética.

O mundo real passou a conviver mais freqüentemente com a violência e, em 2002, a mesma

Rockstar Games lançou GTA III: a evolução do gênero.

O projeto de roteiro das versões 1 e 2 ganhava agora ambientação, vários personagens e um,

ainda que discutível, enredo. Discutível porque Tommy Vercetti, o protagonista, dificilmente

interagia nos diálogos com outros personagens, que só serviam mesmo para encadear as missões.

Mas, ainda assim, enredo, porque trazia atitude e liberdade – dois aspectos que os games

dificilmente exploravam.

A partir de GTA 3 era possível atirar em policiais, atropelar pedestres, roubar carros e comprar

armas – sem que nada disso impedisse o andamento normal das missões, a não ser pelas

perseguições policiais decorrentes das infrações à lei. O personagem vivia numa cidade (Liberty

City, de nome sugestivo) em que podia dirigir carros e escolher qual estação de rádio ouvir.

Poderia encostar o carro em alguma rua, negociar com alguma prostituta e levá-la para algum

canto isolado da cidade para se satisfazer – e aumentar seus pontos de vida.

O jogo vendeu milhões de cópias e foi proibido no Brasil – assim como Carmageddon. Veio

a seqüência, GTA Vice City, explorando elementos dos anos 80 em uma Miami fictícia e, em

outubro de 2004, GTA San Andreas, a esperada continuação que coloca o jogador como membro

de uma gangue de subúrbio.

2.3 – Jogos de Computador Online

A conexão discada à Internet vem perdendo cada vez mais usuários para as conexões banda

larga, que permitem uma maior rapidez na transmissão de dados. Assim, LAN-houses proliferam

até mesmo nas pequenas cidades brasileiras e possibilitam um acesso facilitado a consumidores

que não poderiam pagar o preço por tecnologia avançada na sala de casa.

Basicamente, os jogos online podem ser divididos em duas possibilidades de execução:

LAN – jogos disputados em rede local entre computadores interligados entre si, ou via

Internet, com computadores de vários lugares do mundo. Possibilita o treinamento de equipes,

a interação entre pessoas e a criação de campeonatos.

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As “Perdições Virtuais” e Suas Variantes |16 |

Sites – Pequenos jogos, em sua maioria desenvolvidos com tecnologia de animação, que

podem ser executados a partir de uma página na Internet. A interação entre os jogadores ocorre,

por exemplo, na soma de pontos final, já que algumas páginas salvam os resultados e publicam

a classificação geral.

Os jogos online atingiram tamanha importância, que hoje já existem grandes competições

mundiais envolvendo milhares de dólares em premiação. Adolescentes iniciam a carreira de

atleta profissional, com treinadores e rotina diária de exercícios, ao tempo em que equipes (clãs)

são formadas entre amigos para disputar as competições. São os primeiros passos do e-sport.

Em 2004, brasileiros tiveram resultados satisfatórios em duas grandes competições

internacionais. Na primeira, Word Cyber Games, disputada nos EUA, Bruno Carriço foi vice-

campeão de Fifa Soccer 2004 e saiu com um prêmio de US$10 mil dólares. Na mesma

competição, Andinho foi o terceiro melhor colocado em Need for Speed Underground. Esses

resultados deixaram o Brasil em 5º lugar no quadro geral de medalhas. Em dezembro, a Fifa

promoveu o primeiro torneio oficial e exclusivo de Fifa Soccer. O campeão foi Thiago Carriço –

irmão mais velho de Bruno, vice-campeão meses antes. A entrega do prêmio ocorreu na mesma

cerimônia que a Fifa realiza anualmente para eleger o melhor jogador de futebol do mundo.

Uma vitrine a mais para os jogos eletrônicos.

3 – Conceitos Relevantes

3.1 – Realidade e fantasia

Em uma classificação básica dos jogos eletrônicos, pode-se estabelecer uma primeira divisão

entre jogos reais e jogos fantásticos.

Jogos fantásticos seriam aqueles que, explicitamente, se comunicam através de um universo

tipicamente irreal, utilizando elementos imaginários para contar uma história. Como exemplo,

Sonic, jogo em que um porco-espinho azul usa tênis, anda, corre e rola sobre duas patas, coleta

moedas e precisa salvar pequenos animais indefesos que foram aprisionados por um cientista

maligno.

Os jogos realistas buscam uma simulação de situações “concretas” caracterizadas com

elementos comprovadamente existentes no cotidiano. É a tentativa de reprodução da realidade,

que pode ser exemplificada por Medal Of Honor, em que o jogador comanda um soldado nos

campos de batalha da II Guerra Mundial.

Mas, sob um ponto de vista crítico, muitos jogos “realistas” não são “realísticos”, como aponta

Alexander R. Galloway5. Representação realista – os gráficos de determinado jogo – é um

conceito diferente de narrativa realista – o conteúdo do jogo.

America´s Army, em que o jogador assume o papel de um soldado norte-americano e passa

pelas fases de treinamento, é um jogo realista enquanto apresenta situações reais e gráficos

5) GALLOWAY, Alexander. Social Realism in Gaming. in Game Studies, Novembro/2004. URL - http://gamestudies.org/0401/galloway/

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As “Perdições Virtuais” e Suas Variantes |17|

bastante convincentes. Mas não é

realístico porque força o jogador a

ignorar um problema importante: os

Estados Unidos vêm atuando de

maneira contestável em diversos

conflitos mundiais através de sua

sólida força militar. Nesse caso, o

jogador não exerce opinião e, por mais ativo que seja, está apenas obedecendo aos princípios de

uma hierarquia social.

Já um jogo como Toywar pode ser considerado ridículo por grande parte dos jogadores

devido a sua interface tosca. Gráficos, símbolos e ícones formam uma representação pouco

verossímil, o que confere ao jogo o caráter “fantasioso”. Porém, o enredo apresenta uma maneira

realística de jogar/atuar. A chamada “fidelidade de contexto”.

Quando um grupo de arte suíço chamado Etoy foi notificado judicialmente pela gigante

empresa eToys.com por similaridade de nomes, a disputa não chegou aos tribunais. Em vez de

lutar pelos caminhos da lei, o grupo suíço criou Toywar, game que rodava online e tinha objetivo

de derrubar as ações da eToys.com no mercado financeiro. Toywar permaneceu no ar por dois

meses e, com duas semanas de sucesso, já tinha derrubado as ações da eToys.com na NASDAQ

(mundo real!) em 50%.

3.2 - Interatividade

Pierre Lévy6 propõe três tipos diferentes de interatividade, baseadas em: difusão unilateral,

diálogo e diálogo entre várias partes.

A difusão unilateral estaria representada em mídias tradicionais como cinema, rádio e

imprensa – que propõem um canal de informação em que o usuário é, em primeira instância,

apenas receptor. Lévy ainda estende essa condição a videogames com um só jogador e

simuladores de vôo que não permitem a modificação do modelo suporte (no caso, a aeronave e

as condições de vôo).

Um nível além e surge a interatividade pela reciprocidade, uma situação possível desde

as ligações telefônicas até uma conversa por videofone – e que se prolonga por “diálogos através

de mundos virtuais, cibersexo”.

E a interatividade pelo diálogo entre vários participantes, caso que permite a ação

efetiva em tempo real dos diversos comunicadores sobre a estrutura do modelo utilizado –

englobando desde videoconferências até games on-line com diversos jogadores.

Como “Máfia” não conta com a opção de jogo multijogador, o “diálogo entre vários

participantes” dá lugar à “interatividade pela reciprocidade”. O jogador tem sua representação

6) LÉVY, Pierre. Op. Cit.

Medal of Honor (PC) e Toywar (PC-online).

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As “Perdições Virtuais” e Suas Variantes |18 |

7) JONES, Gerard. Brincando de Matar Monstros - porque as crianças precisam de, fantasia, videogames e violência de faz-de-conta. São Paulo: Conrad,2004.

no mundo virtual, interage com os elementos criados pela máquina, que responde às ações do

protagonista/comunicador.

Pressuposto fundamental de um jogo eletrônico, portanto, a interatividade deve garantir a

imersão do jogador no ambiente virtual. Do contrário, se ele tiver a mínima consciência de que

aquilo a sua frente são apenas alguns pixels que resultaram de determinadas programações, e

não um mafioso rival fugindo de carro, o entretenimento de “Máfia” (e qualquer outro jogo) já

nasceria vencido. Como em muitos jogos não-eletrônicos, é preciso capacidade de abstração. E,

naturalmente, discernir realidade de fantasia.

Não só os critérios técnicos (som, gráficos, jogabilidade...) fazem um bom jogo. Por mais

que os programadores se dediquem na excelência de gráficos e sons de determinado game, em

breve ele será abandonado se não propuser uma linha de pensamento atrativa, que não subestime

a inteligência de quem comanda o mouse ou joystick. Assim, uma produção convincente de

gráficos, sons, animações e, principalmente, roteiro é o que garante a aprovação de um jogo.

3.3 – Violência e Jogos

As discussões sobre a influência dos jogos eletrônicos em comportamentos violentos nunca

esteve tão movimentada desde os anos 60, quando o “inimigo” comunista poderia se manifestar

de diversas formas e se esconder onde menos se esperava.

Hoje, para a maioria de pais e psicólogos, o inimigo está no monitor de um computador ou

nas polegadas de uma televisão. Cada vez mais assustados com a violência “real”, os chefes de

família tentam proteger seus filhos do “entretenimento violento” para evitar que se transformem

em vítimas ou criminosos.

Atentados ocorridos em escolas dos Estados Unidos, cometidos por adolescentes consumidores

de cultura pop, ajudaram a sociedade a culpar os jogos eletrônicos pelos comportamentos

socialmente reprováveis de muitos jovens. A mídia contribuiu à sua maneira, evitando um

debate profundo e preferindo abordagens sensacionalistas. Até mesmo a imprensa especializada,

em geral, não se preocupou em discutir os elementos subjacentes dos jogos, limitando-se a

defender a liberdade de escolha do público quanto a seu entretenimento.

Gerard Jones7 trafega na contramão da corrente protecionista contra os jogos, histórias em

quadrinhos e desenhos animados. Jornalista que já escreveu histórias de Batman e Homem-

Aranha, Jones vem se dedicando a palestras sobre a influência do entretenimento violento e

oficinas criativas com crianças.

Seu livro ajuda a esclarecer o debate em dois aspectos: aponta fatores que contribuem para

a desinformação do público no debate sobre entretenimento para as massas, e tenta entender a

razão que a audiência enxerga para gostar de entretenimento violento.

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As “Perdições Virtuais” e Suas Variantes |19|

Pesquisas: a maioria das pesquisas – feitas principalmente com crianças – cria situações

de tensão que diferem daquelas vividas no dia a dia. Ao assistir Pokémon, por exemplo, um

garoto geralmente está sentado no conforto de sua sala e decide assistir porque gosta – daquele

jeito e naquele momento. Nos estudos, porém, as crianças são selecionadas, organizadas em

grupos, colocadas em salas que mais parecem laboratórios opressores.

Desconhecimento: são poucos os adultos que efetivamente jogaram games durante um

tempo considerável na vida. Essa falta de bagagem, aliada à insegurança na interação

tecnológica, pode colaborar para que os pais não se interessem pelas diversões das crianças e

nem se preocupem em ouvi-las ou entendê-las.

Insegurança: o que a sociedade parece ignorar é que existe uma grande diferença entre

participar de um game violento e praticar atos violentos na “vida real”. A maior preocupação

dos pais, enfim, é fundada em sua própria insegurança com o mundo, e não na tentativa de

compreender as pressões e conflitos que cercam as crianças. Elas estão apenas se colocando em

um ambiente virtual, que simula (ora realisticamente, ora fantasticamente) situações

imaginárias que se relacionam com o mundo cotidiano.

Visto que os jogos precedem a cultura humana e são tão urgentes a ela (Capítulo 1), o

simples fato de estender esse comportamento aos tecnológicos dias atuais não teria, encerrada

em si mesma, a capacidade de causar prejuízo aos indivíduos. Alguns atrativos que os jogadores

buscam nos games:

Fantasia: a capacidade de imaginar e vislumbrar novas realidades sempre esteve presente

na cultura humana – desde as pinturas rupestres até os mais primitivos rituais religiosos. É

praticamente uma condição de resistência à realidade – sem o sonho, enlouquece-se.

Poder: entendido aqui não como o poder político, de se esconder sob a máscara hierárquica,

mas o poder como força de se impor num mundo cada vez mais insensível. Notadamente as

crianças, as que mais sofrem com pressões externas e “superiores”, precisam de um ambiente

em que aprendam a lidar com suas forças, vontades e paixões. Os jogos eletrônicos,

potencializando a estrutura de recompensas e aprimorando cada vez mais as virtualizações,

possibilitam um terreno seguro para as experiências.

Tensões: o que, superficialmente, pode ser encarado como “entretenimento” pela sociedade,

para os jogadores pode funcionar como uma diversão – com objetivos. Seria o caso de se divertir

livremente, aliviando as tensões acumuladas no convívio social, sem deixar de lidar com situações

perturbadoras. Como o exemplo de meninas pequenas que brincam de Barbie: enquanto se

divertem, estão entrando em contato com os dramas de uma vida adulta. Quem joga “Máfia”,

ao mesmo tempo em que pode estar se divertindo com uma perseguição de carros, tem a chance

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As “Perdições Virtuais” e Suas Variantes |20 |

de se colocar em situações de risco que podem ocorrer na vida real – seja no trânsito ou nos

relacionamentos pessoais.

Desde sua criação, os games procuraram se beneficiar da tecnologia para buscar novas

alternativas e desenvolver suas estruturas de criação. Mesmo os diferentes estilos de jogo

permaneceram imutáveis por décadas, até que novos suportes possibilitaram a fusão de alguns

gêneros – da qual resultaram, entre outros, “Máfia” e GTA.

Impulsionados pelo ímpeto de constante evolução, os jogos se inserem num universo que

pode parecer hostil às parcelas da sociedade menos aptas a acompanhar de perto as novidades.

Assim, muitas questões polêmicas são confrontadas com a divulgação dos jogos eletrônicos,

mas provam serem fruto do desconhecimento dos críticos. A visão histórica e a compreensão

das novas tecnologias mostram que os videogames não são apenas uma forma diferente de

jogo, mas, antes, a adaptação do processo lúdico do mundo real para o virtual.

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A Cidade do Paraíso Perdido |21|

CAPÍTULO 3A CIDADE DO PARAÍSO PERDIDO

1 - Origens Históricas

1) LUPO, Salvatore. História da Máfia: das origens aos nossos dias . São Paulo, Editora Unesp, 2002.

A mais extensa simbologia presente no imaginário popular a respeito dos mafiosos – apesar

das diversas abordagens cinematográficas tipicamente hollywoodianas – tem suas raízes na tradição

italiana. Uma tradição que não foi exportada pronta para a América, mas viajou com a alma de

italianos que chegavam ao novo mundo e foi sendo construída de acordo com as necessidades que

se fizeram urgentes.

Na Itália, de acordo com Salvatore Lupo1, os primórdios das organizações mafiosas se

desenvolveram no século XIX, com os seguranças que ofereciam seus serviços de proteção aos

proprietários rurais – era a protomáfia. O Estado enfrentava seus primeiros dias de organização e

não tinha condições de apresentar uma força de resistência aos criminosos. Naquela época, roubos

de gado e ataques a fazendas eram comuns, e a formação dos primeiros latifúndios fomentava os

primeiros focos de miséria.

Com a chegada da urbanização nos primeiros anos do século XX, o protótipo de organização

mafiosa passou a prestar proteção também aos comerciantes da cidade. Logo, o contrato de honra

que os mafiosos estabeleciam em suas famílias e protegidos passou a se firmar também com as

autoridades: enquanto estes recebiam propinas e vantagens em transações particulares, a máfia

se beneficiava em licitações e acordos imobiliários.

No início de 1920, era grande o número de imigrantes europeus que chegavam aos Estados

Unidos. Os italianos,fugindo da pobreza, deixavam para trás um país predominantemente rural e

buscavam a industrialização de Nova Iorque – cidade que já começava a ter seus bairros tomados

por diferentes povos se protegendo em guetos de mesma cultura.

As baixas condições sociais que acompanhavam a busca pela terra prometida urbanizada, aliadas

aos crimes e às dificuldades de adaptação dos estrangeiros, confinavam os novos moradores em

cortiços precários plantados entre becos das regiões em desenvolvimento.

A atividade criminosa na cidade americana proporcionava algum lucro, e, diante das dificuldades

sociais e mínimas perspectivas de vida, deixava aos imigrantes 2 alternativas: ser explorado ou

explorar.

Assim, sob um princípio defensivo em Nova Iorque, foram formadas gangues entre os

imigrantes de mesma nacionalidade. Elas controlavam seus territórios na cidade e se impunham

“Querem definir aquilo que os juízes e osgovernadores chamam máfia? Não se chama máfia,chama-se omertà, isto é, homens honrados, queajudam e não se aproveitam dos fracos, que fazem obem e nunca o mal” - Salvatore Lupo

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A Cidade do Paraíso Perdido |22 |

2) Boate “O Barril da Máfia”. URL: www.barrildamafia.com.br

3) LUPO, Salvatore. Op. cit.p.43.

através de nomes impactantes e atitudes drásticas em nome da sobrevivência. Uma das gangues

mais temidas era a “Mão Negra”, grupo que extorquia suas vítimas e não hesitava em proceder

de maneira violenta – assinavam suas ameaças com uma “impressão digital” da mão espalmada,

daí o nome.

Então surgiram os primeiros filmes retratando gângsteres. Apesar das aventuras vividas pelos

mafiosos, o bem sempre vencia no final feliz – e, embora a audiência soubesse que o gângster era

o personagem “errado”, o glamour das representações passava a conquistar a população. Até mesmo

os mafiosos na vida real passaram a se vestir e falar de acordo com determinados personagens

heróicos dos filmes.

O charme das representações cinematográficas foi responsável por construir a imagem de

mafiosos ricos em estilo e personalidades românticas, atraentes para as platéias. A marca “máfia”

passou a representar rótulo de filmes clássicos – que uniam características do cinema noir e da

ficção pulp de Raymond Chandler.

Hoje, a marca “máfia” pode ser notada em três aspectos peculiares em nossa sociedade. No

aspecto político, é comum englobar em “máfia” qualquer organização ou sujeito que estejam em

desobediência à lei, não importando as razões envolvidas – e as manchetes de jornal publicam

“Máfia dos Precatórios” ou “Máfia dos Ingressos” sem qualquer reflexão.

Numa visão mítica/conspiratória, a palavra passou a designar sociedades secretas com

objetivos obscuros e pouco admiráveis – e tem-se, além da italiana, a “máfia chinesa”, a “máfia

coreana” e assim por diante. O fôlego do rótulo é capaz de sustentar até mesmo boates de alta

classe, no Brasil2.

Finalmente, no campo cultural, “máfia” se expressa em diversos gêneros: cinema (a trilogia “O

Poderoso Chefão”, “Os Intocáveis”, além de uma numerosa lista), literatura (romances de Mario

Puzo, “Honrados Mafiosos”, de Gay Talese) e, recentemente, jogos eletrônicos – “Máfia – A Cidade

do Paraíso Perdido”.

A análise do jogo vai seguir um pensamento proposto por Salvatore Lupo, citando Hawkins:“A

Máfia é como Deus, assevera Hawkins. Crer nela equivale a uma profissão de fé que não pode

ser sustentada por provas empíricas”. Não serão debatidas, portanto, a natureza da organização

ou a ideologia de suas ações: o objetivo é estudar o jogo. Discutir Deus, ou discutir a máfia,

deixemos para outra oportunidade.

2 - Identificação

O jogo “Máfia” foi originalmente lançado em inglês (“Mafia – The City of Lost Heaven”) no

segundo semestre de 2002. Desenvolvido pela empresa Illusion Softworks e distribuído pela Take

Two Interactive, no Brasil foi lançado meses depois, sendo traduzido para o português (“Máfia

– A Cidade do Paraíso Perdido”) e distribuído pela Greenleaf.

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A Cidade do Paraíso Perdido |23|

4) MEZIHORAK, Pavel. The State of Game Developing in Eastern Europe. in Gamasutra, Novembro/2004.URL:http://www.gamasutra.com/features/20041124/mezihorak_01.shtml

5) Screen Digest - pesquisas midiáticas. URL: http://screendigest.com

6) Mafia Game - site oficial. URL: http://www.mafia-game.com/indexnews.htm

É um dos jogos que integram a recente

fase de softwares desenvolvidos na

Europa Oriental, região que até há 5 anos

não se manifestava de forma chamativa

no cenário de mídias eletrônicas. Com a

recente retomada tecnológica de

determinadas regiões e as vantagens

econômicas em relação a outros países

(salários 20% mais baixos que dos

programadores americanos4), essa parte

da Europa já produz jogos com qualidade

compatível àqueles desenvolvidos no Japão, Estados Unidos ou Europa Ocidental – regiões que

dominam o mercado mundial de jogos eletrônicos (ver gráfico5).

Take Two Interactive e Illusion Softworks são consideradas as empresas mais bem-sucedidas

da República Tcheca e produziram, além de “Máfia”, “Hidden and Dangerous” (99), jogo de

ação militar que vendeu mais de 1 milhão de cópias em todo o mundo.

Em avaliações de revistas e sites especializados, “Máfia” recebeu dezenas de prêmios como

“melhor jogo de 2002”, “melhor som”, “melhor roteiro”, além de notas quase máximas nos

diversos quesitos técnicos. E vendeu, segundo estimativas6, 800 mil unidades.

O jogo também gerou uma série de sites em diversos países (Brasil, Alemanha, Holanda,

Reino Unido, República Tcheca) que reúnem fãs para armazenar e produzir materiais e

informações relacionadas ao universo de Lost Heaven.

3 - O Jogo

O game conta a história de Thomas Ângelo, um modesto taxista que enfrenta o difícil período

da Depressão Americana (1929). Desemprego em massa, crime organizado e o New Deal de F. D.

Roosevelt. Por uma inesperada conjunção de fatores, Thomas acaba entrando para a máfia e passa

a fazer parte da famiglia. A partir de então, o personagem (controlado pelo jogador) ingressa

numa vida em que honra e fidelidade falam mais alto que qualquer cartucheira calibre 12 de

cano serrado.

“Máfia” pode ser resumido no estilo “ação 3D”, modo em que o jogador enxerga seu

personagem, comanda seus movimentos através do teclado e sua visão através do mouse. Mesmo

assim, o rótulo é insuficiente, já que as missões do jogo variam entre diversos estilos. “Máfia”

não é um shooter (e tem grandes fases de tiroteio), não é um jogo de corrida (tem diversas

Page 32: Mafia - O Jogo Eletrônico Como Elemento Cultural

A Cidade do Paraíso Perdido |24 |

missões sobre quatro rodas) e não é um RPG (em alguns momentos, é preciso saber controlar

o personagem). “Máfia” mistura ação, aventura e estratégia num vasto ambiente, com infinitas

possibilidades de realização.

3.1 - Imagens

Responsáveis por simular a ação e reproduzir todo o ambiente de um jogo, as imagens têm

aspecto crucial nos jogos eletrônicos.

Os cenários de “Máfia” são trabalhados interna e externamente. Os gráficos foram elaborados

a partir de documentos oficiais e fotos arquitetônicas dos anos 30. A partir de uma fotografia

digitalizada, é possível criar uma

textura – que consiste,

vulgarmente, na reprodução de

um pedaço da imagem. No

desenho de um prédio, por

exemplo, existem as texturas dos

tijolos, das portas, dos vidros. O

conjunto de texturas alinhadas

dá a impressão de um objeto construído em conjunto.

A animação dos personagens foi elaborada através da tecnologia de Captura de Movimento,

que utiliza pessoas reais como fontes de vetores. Sensores são conectados ao corpo de um ator,

e a matriz de seus movimentos é registrada para servir de base ao tratamento posterior em

computação gráfica7.

3.2 - Sons

“O áudio é, na minha opinião, a principal ferramenta que os desenvolvedores têm para

trazer o ambiente virtual – o que você vê no monitor – para o ambiente real. (...) A música deve

7) Captura de Movimento (Motion Capture) – tecnologia bastante usada em jogos que têm como fundamento básico seres humanos em movimento, como

SWAT 3 e a série anual Fifa Soccer.

8) Carlos H. Caimi. Pós-graduado em Desenvolvimento de Jogos pela UnicenP. EGM 23 – Fev. 2004 .

O protagonista, Tommy, caminhando, atirando e dirigindo por diferentes fases do jogo.

Cenários interiores (Galeria de Arte) e exteriores (subúrbio da cidade).

Page 33: Mafia - O Jogo Eletrônico Como Elemento Cultural

A Cidade do Paraíso Perdido |25|

estar presente enquanto você estiver jogando, tem que ajudar a contar a história, sem atrapalhar o

gameplay”. Carlos H. Caimi8.

Em “Máfia”, os sons do ambiente são complementados por sinfonias orquestradas e músicas

que resgatam o jazz da década de 30. A música incidental do jogo é composta e executada pela

Bohemian Orchestra. São músicas que acompanham as seqüências filmadas (cutscenes) e,

eventualmente, momentos do jogo, como perseguições ou tiroteios.

Cada música foi composta com a finalidade de acompanhar determinados momentos do

jogo, como pode-se perceber a partir dos nomes dos arquivos eventualmente descompactados a

partir da pasta de instalação de “Máfia”. “Carchase”, em duas versões diferentes, soa quando

uma perseguição de carro é iminente; “Fighting Theme” serve de fundo para os conflitos e as

prévias (“briefing”) se manifestam em 3 ocasiões diferentes: good, bad e conspiracy (bom, mau

e conspiração).

O piano delicado e os violinos arrastados estão decisivamente presentes nas músicas positivas,

como “Sara´s Theme”, “Fate” e “Briefing – Good”. Conforme as situações vão assumindo um

caráter inesperado ou de risco anunciado, violinos severos aumentam a tensão, acompanhados

de instrumentos de sopro (“Briefing - Bad”, “Escalation”). O ápice da desorientação, para os

momentos de ação desenfreada, é causado pela retumbante guarnição de tambores, presente em

“Carchase” e “Fighting Theme”.

A trilha sonora, que varia de acordo com os bairros de Lost Heaven, é composta por 27 músicas,

de diversos grupos de jazz das décadas de 30 e 40. É difícil identificá-las pelos nomes, já que elas

não são citadas no jogo e seus arquivos extraídos têm nomes incompletos. Apesar disso, é

impossível não reconhecer “Chinatown”, que sempre toca quando se anda pelo bairro homônimo,

e “You Run Your Mouth and I`ll Run My Business”, algo como “cuide do que você fala e eu cuido

dos meus negócios”, música que serve de fundo para a fuga quando a compra de uísque é “frustrada”

por mafiosos rivais (Uma Grande Jogada! - #12).

As bandas são aquelas nascidas na época em que o jazz se firmava como gênero e respirava

uma saudável variedade de influências e criadores. Exceção única feita a “Lordz of Brooklyn”,

grupo de rap contemporâneo que, com “Lake of Fire”, encerra os créditos finais do jogo. A

seguir, a lista completa das músicas:

Django Reinhardt an The Hot Club de France: MinorSwing - Rhythm Futur - Coucou

- Vendredi - Oiseaux des Iles - Belleville - Lentement - Mademoiselle - Douce Ambience -

Manoir des Mes Reves - Cavalerie - Coquette - Echoes of France

The Mills Brothers:You Rascal You - Chinatown - Tiger Rag - Out For Good - Moanin

For You - Caravan

Lonnie Johnson: The Mooche - Jet Black Blues

Page 34: Mafia - O Jogo Eletrônico Como Elemento Cultural

A Cidade do Paraíso Perdido |26 |

3.3 - Mecanismos do Jogo

3.3.1 - Da Abertura ao

Menu

Depois dos arquivos instalados e

das configurações técnicas

ajustadas, o jogo começa. Surge

uma abertura rápida da Gathering

of Developers, seguida de uma

vinheta da Illusion Softworks em

que um tatuador crava o logo da

empresa no braço de um cliente. O

estúdio não é dos mais higiênicos e

iluminados – uma garrafa de

destilado funciona como esterilizante sob uma única lâmpada de tungstênio.

Em seguida, abre-se o pequeno menu de gerenciamento de perfis. Cada pessoa que entra no

jogo pode criar seu próprio perfil (ou abrir algum pronto), que possibilitará a personalização das

opções (comandos, configuração de gráficos e de som) e o salvamento progressivo das missões

de seu personagem no jogo.

Escolhido o perfil, abre-se o Menu Principal, que é onde começa o jogo propriamente dito.

Ao fundo, presume-se que seja o quarto do jogador. Sobre uma mesa estão um mapa, armas,

um porta-retrato, telefone, abajur... O ângulo de visão varia de acordo com a opção selecionada.

Ao aproximar o cursor de CARROCICLOPÉDIA, por exemplo, a câmera focaliza os livros que

estão no canto da mesa, CRÉDITOS leva a visão até um porta-retrato e SAIR mostra a porta de

casa. No Menu, as opções:

INTRODUÇÃO

Roda a Introdução do jogo, cena que apresenta os créditos de abertura acompanhando a

evolução da câmera por Lost Heaven.

Louis Jordan and His Tympany Five: You Run Your Mouth and I‘ll Run My Business

Lordz of Brooklyn:Lake of Fire

Latcho Drom: La Verdine

Louis Prima: Long About Midnight - Sing It Way Down Low - I‘m Living in a Great Big

Way - I‘m Not Rough

Page 35: Mafia - O Jogo Eletrônico Como Elemento Cultural

A Cidade do Paraíso Perdido |27|

TUTORIAL

Abre um cenário que funciona para dar instruções preliminares ao jogador. Ele recebe os

comandos de Don Salieri – que mais tarde será seu patrão na máfia – e tem contato com as

ações básicas de Tommy:

- movimentar o personagem; coletar itens pelo cenário; usar itens coletados; guardar itens

coletados; abrir um carro; ligar, guiar e desligar o carro.

As ações executadas durante o Tutorial não influenciam o início do jogo, mais tarde. O jogador,

depois de assimilar a lista de comandos apresentada no Tutorial, pode escolher entre continuar as

ações no cenário, sem nenhuma missão a cumprir, ou voltar para o menu principal.

NOVO JOGO

Começa uma nova carreira dentro do perfil escolhido anteriormente. A Introdução do jogo é

retomada e uma nova cena é carregada, contextualizando a primeira missão.

CARREGAR JOGO

Recupera as missões completadas anteriormente, possibilitando a retomada do jogo. Depois

de cada missão cumprida, o avanço é salvo automaticamente e listado na seqüência das missões

anteriores.

O jogador pode carregar qualquer missão, a qualquer momento, sem excluir as missões futuras

já salvas. Os jogos salvos são armazenados em arquivos que podem ser transferidos para qualquer

computador. Assim, um jogador que não consiga cumprir alguma missão pode aproveitar o jogo

salvo de alguém que passou daquele ponto.

PASSEIO LIVRE

Modalidade alternativa à campanha principal que permite ao jogador explorar livremente o

ambiente.

PASSEIO EXTREMO

Modalidade habilitada depois que o jogador termina a campanha no jogo normal. É um

Passeio Livre com missões a serem cumpridas.

CARROCICLOPÉDIA

Seção educativa que apresenta todos os carros (cerca de 64) e seus dados técnicos como

peso, potência, velocidade máxima etc.

Os carros aparecem como numa concessionária, e podem ser analisados a partir de comandos

do mouse – sendo rotacionados, mudando de cores e tendo as capotas retiradas, quando possível.

Page 36: Mafia - O Jogo Eletrônico Como Elemento Cultural

A Cidade do Paraíso Perdido |28 |

OPÇÕES

Permite a configuração técnica, abrindo menus para customização de áudio, vídeo, controles

e opções de legendas, indicador de velocidade, opções de visualização e nível de sangue no jogo.

CRÉDITOS

Opção que antecipa os créditos finais. Todos os produtores, programadores, artistas, editores

e profissionais envolvidos de alguma forma na elaboração de “Máfia”, com suas respectivas

funções, ao som de “Lake of Fire – Lordz of Brooklyn”.

MUDAR PERFIL

Área de gerenciamento de perfil que permite abrir, editar, apagar ou criar uma nova carreira.

SAIR

Sai do “Máfia”.

3.4 - Sinopse

Em “Máfia”, o jogador vive o papel de um taxista que, por uma ocasião inusitada, acaba

entrando para um grupo de mafiosos.

O jogo é ambientado na cidade fictícia de Lost Heaven (ou Paraíso Perdido), criada a partir

de uma reconstrução histórica da arquitetura da década de 1930.

A história começa em 1938, quando o personagem principal passa a dar seu depoimento, em

flashback, dos fatos que vivenciou. Esses fatos são retomados, dando início a cada uma das

missões.

3.4.1 - Personagens

São diversos os personagens de “Máfia”. Listados aqui, os de presença mais constante e

importante no enredo do jogo. Além deles, existem muitos secundários e infinitos anônimos

(NPC: non-playable character) andando pelas ruas de Lost Heaven.

Thomas Ângelo – Mais tarde conhecido por Tommy, ou simplesmente Tom, é o

protagonista do jogo. O taxista que, acidentalmente, entra para a máfia.

Tommy, Salieri e Frank.

Page 37: Mafia - O Jogo Eletrônico Como Elemento Cultural

A Cidade do Paraíso Perdido |29|

Don Salieri – O chefe da família que abriga Tommy. A partir do Salieri´s Bar, comandagrandes negócios e sua metade de Lost Heaven.

Frank – O consiglieri de Salieri, homem de confiança, amigo de longa data.

Paulie – Um dos capangas de Salieri e grande amigo de Tom.

Sam – Capanga de Salieri que muitas vezes acompanha Tom e Paulie.

Luigi – O cozinheiro e barman de Salieri.

Sarah – Filha de Luigi, quemais tarde aparece na vida de Tom.Uma das 2 mulheres com papel derelativo destaque na trama.

Vincenzo – Armeiro da famíliaSalieri. Customiza e fornece armas

para os trabalhos dos mafiosos.

Ralphy – O mecânico gago ehabilidoso de Salieri. Chega a ser estúpido, mas tem grande conhecimento sobre carros.

Lucas Bertone – Mecânico amigo de Ralphy, que passa a ter uma relação de troca de favorescom Tommy.

Morello – O inimigo de Salieri. Comanda a outra parte da cidade.

Detetive Norman – O homem da lei que ouve o depoimento de Tommy.

Paulie, Sam e Vincenzo.

Luigi, sua filha Sarah e o mecânico Ralphy.

Lucas Bertone, mecânico, e Norman,detetive. Morello mais velho, de branco, ao lado

do irmão Sergio Morello Jr.

Page 38: Mafia - O Jogo Eletrônico Como Elemento Cultural

A Cidade do Paraíso Perdido |30 |

3.4.2 - A Cidade

Lost Heaven tem cerca de 20 quilômetros de espaço real que podem ser explorados durante

as missões. A cidade é polarizada entre 2 regiões, com diversos bairros e uma Ilha Central.

Os Bairros

Quadra dos Trabalhadores (Works Quarter) – ao sudoeste da cidade, fica próxima

ao porto e abriga armazéns, fábricas e calçadas pelas quais caminha a massa trabalhadora de

Lost Heaven.

Little Italy – é a base de domínio e operações da família Salieri. Lá ficam o Bar do Saleri e

o apartamento de Paulie.

China Town – pequeno, tradicional e recatado bairro de imigrantes chineses. É por onde

anda Grande Biff, um importante informante dos Salieri.

Ilha Central (Central Island) – nome insuspeito que serve de acesso a praticamente

qualquer destino na cidade. É ligada ao continente por quatro pontes e abriga o Teatro e um

grande estacionamento – cenários de duas missões.

New Ark – região industrial que se desenvolve bastante durante o jogo. Perto de New Ark

fica o Hospital e, depois de alguns anos, a ponte que liga o lado leste diretamente à Chinatown,

sem passar pela Central Island.

Down Town – equivalente a um centro, concentra hotéis e estabelecimentos comerciais.

Dá acesso ao porto, que fica próximo da igreja e pouco mais distante do Hotel Corleone e da

oficina de Lucas – também cenários de missões.

Hoboken – área predominantemente residencial,

preenchida por prédios da camada social menos abastada

da cidade.

Oakwood – bairro classe média, Oakwood abriga a casa

de Tommy no Passeio Extremo.

Oak Hill – no ponto mais alto e inacessível de Lost

Heaven, a alta sociedade reina em grandes mansões. É onde

mora o promotor.

As reunições são feitas na sala deSalieri,

que fica nos fundos do Bar.

Visão parcial da garagem em que Ralphy passa os dias.

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A Cidade do Paraíso Perdido |31|

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A Cidade do Paraíso Perdido |32 |

Locais Freqüentemente Visitados

Durante as missões, algumas locações se repetem na rotina

de Tommy. São locais basicamente estratégicos, de importância

fundamental no enredo. Aos poucos, o jogador vai se

familiarizando com cada ambiente.

Bar do Salieri – obarman Luigi responde peloatendimento nesta que é a

base de operações da família. Numa sala reservada, Don Salieri

comanda reuniões informais e discute os planos com seus

homens. É onde Tommy deixa os mafiosos na primeira missão,

para, tempos depois, buscar refúgio.

Garagem – nos fundos do Bar de Salieri, o mecânico

Ralphy faz a manutenção dos carros que Tommy – o motorista

oficial da família – traz das ruas. Para cada missão, Ralphy

também indica o melhor carro e ensina como abrir fechaduras

dos novos modelos.

Sala de Armas – onde o armeiro Vincenzo passa a maior parte do tempo consertando

metralhadoras, preparando coquetéis molotov e fornecendo pistolas e cartucheiras para que os

honrados mafiosos cumpram suas missões.

Oficina Bertone – Lucas Bertone é um bom mecânico que sempre precisa de favores. A

partir da corrida (Jogo Limpo – #5), Tom passa a ser um dos homens de confiança que vai

resolver os favores. A oficina é um ponto onde o jogador consegue missões alternativas, que, se

fracassadas, não impedem a continuação normal da campanha. Quando o jogador cumpre

alguma dessas missões,Bertone ensina onde, quando e como roubar um carro recém-lançado.

Pessoas

Além dos personagens principais e secundários já citados, a cidade é habitada por “pessoas

comuns” que levam a vida de sempre. Seja andando pelas calçadas ou dirigindo, os personagens

não-controlados pelo jogador (NPC – non playable

character) são dotados de um sistema de inteligência

artificial que lhes confere um comportamento pré-

determinado.

Assim, quando Tommy pára algum pedestre na rua e

aciona o botão de ação para conversar, as reações podem

ser atenciosas como “Mind your own businness” (“Vá cuidar

Na sala de armas, Vincenzo entregauma Colt e uma Lupara a Tommy.

Na oficina de Lucas Bertone, para

fazer hora-extra e conseguir novos

carros.

A vida pedestre de Lost Heaven.

Page 41: Mafia - O Jogo Eletrônico Como Elemento Cultural

A Cidade do Paraíso Perdido |33|

da sua vida”) ou “I don´t have time right now” (“Estou sem tempo, agora”). Quando atacados,

os cidadãos simples vão se abaixar ou correr em retirada.

No trânsito, as relações se complicam. Quando Tommy tenta roubar um carro, seu ocupante

pode fugir desesperado, lançar-se ao chão ou, se estiver carregando um taco de beisebol (nunca

uma arma de fogo), tentar recuperar o automóvel.

É possível identificar a posição social dos personagens pelas roupas que eles vestem.

Mecânicos, gângsteres e trabalhadores – além, é claro, dos policiais. Até mesmo Tommy serve

de exemplo: enquanto taxista, usava roupas “civis”. Uma vez na máfia, passa a usar terno e,

depois de alguns anos, adota sobretudo e um estiloso chapéu.

Trânsito

Além das ruas, das calçadas e dos becos que funcionam como atalhos, Lost Heaven conta

com linhas de trem e o antigo sistema de bondes que dividem as ruas com os carros. Tommy

pode usar – a qualquer momento, desde que não interfira na dinâmica da missão – tanto os

trens quanto os bondes. Seja para se locomover até locais de missões ou simplesmente fugir da

insistente polícia, são opções seguras e gratuitas de transporte.

Carros

Existem cerca de 64 modelos de automóveis que podem ser usados durante o jogo. A evolução

é constante e, durante os 8 anos em que se passa a história, surgem novas marcas pela cidade.

A construção dos automóveis é extremamente detalhada e envolve aspectos reais. Os carros

são equipados com odômetros, velocímetros, faróis, setas, buzinas e precisam ser reabastecidos,

como qualquer carro na vida real. A lataria e os acessórios (vidros, pneus, faróis...) sofrem os

danos das colisões e diminuem o rendimento do veículo. Com muito impacto ou apenas alguns

tiros no lugar certo, o motor pode explodir.

Durante o jogo, Tommy pode roubar os carros que encontra. Antes, porém, precisa aprender

como fazê-lo. No começo de sua carreira, ele está habilitado a abrir apenas os modelos mais

8) Os carros de “Máfia” são reproduzidos de acordo com os automóveis da época, mas seus nomes são fictícios - apesar da influência dos omes reais.

“Bolt” é a versão para “Ford”, por exemplo.

Parada do trem, trajeto do bonde elétrico, carros estacionados.

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A Cidade do Paraíso Perdido |34 |

básicos. Conforme vai cumprindo as missões, aprende com Ralphy e Lucas Bertone como

destravar novos modelos.

Todos os carros roubados e estacionados na garagem de Salieri passam a fazer parte da

coleção e podem ser utilizados em outras missões. O jogador pode descartar qualquer carro, a

qualquer momento, bastando falar com Ralphy. Os carros assimilados por Tommy são liberados

para uso no Passeio Livre e Passeio Extremo.

Devido à grande variedade de modelos, é inviável detalhar os dados de todos eles,

detalhadamente listados na Carrociclopédia. Para ilustrar uma noção superficial, a lista de nomes

dos modelos8 e suas variações, incluindo protótipos do Passeio Extremo:

- Bolt Ace: Tudor, Touring, Runabout, Pickup, Fordor, Coupe.

- Bolt Model B: Tudor, Roadster, Pickup, Fordor, Delivery, Coupe, Cabriolet.

- Bolt: Ambulance, Firetruck, Hearse.

- Schubert: Six, Police.

- Bolt V8: Coupe, Fordor, Roadster, Touring, Tudor.

- Schubert Extra: Six, Fordor, Tudor, Fordor Police, Tudor Police.

- Falconer, Falconer Yellowcar.

- Crusader Chromium: Fordor, Tudor.

- Guardian Terraplane: Coupe, Fordor, Tudor.

- Thor: 812 Cabriolet FWD, 810 Phaeton FWD, 810 Sedan FWD.

- Wright: Coupe, Fordor.

- Bruno Speedster 851

- Celeste Marque 500

- Lassiter V16: Fordor, Phaeton, Roadster, Appolyon, Charon, Police.

- Silver Fletcher

- Trautenberg: Model J, Racer 4WD

- Carrozella C-Otto 4WD

- Brubaker 4WD

- Caesar 8C: Mostro, 2300 Racing

- Ulver Airstream: Fordor, Tudor.

PROTÓTIPOS:

Bolt Thrower, Hot Rod, Black Dragon FWD, Mutagen FWD, Flamer, Masseur, Demoniac,

Crazy Horse, Bob Mylan 4WD, Disorder 4WD, Speedee 4WD, Luciferion FWD, Black Metal

4WD, Hillbilly 5.1 FWD, Flower Power, Flame Spear 4WD, Manta Taxi FWD, Manta Prototype.

Conduta

Durante todo o jogo, Tommy está sujeito aos limites da lei. A polícia de Lost Heaven, apesar

de normalmente não usar as armas mais potentes do jogo, está bem distribuída pela cidade e

Page 43: Mafia - O Jogo Eletrônico Como Elemento Cultural

A Cidade do Paraíso Perdido |35|

pronta para proteger o bem-estar social. Os policiais podem patrulhar os bairros a pé, ou em

duplas, a bordo de viaturas.

As infrações de trânsito

(atropelamento de pedestre,

cruzamento em sinal vermelho,

velocidade acima do limite permitido,

acidente envolvendo outros carros)

acarretam a Tommy uma multa,

sinalizada por um ícone na parte

superior da tela, que ele pode ou não

pagar. Para pagar, basta parar o carro

e esperar pela cobrança do guarda. Se Tommy decidir fugir, a multa pode se transformar em

mandado de prisão, sinalizado por um ícone de algemas. Para se livrar das perseguições, Tommy

deve se esconder ou despistar os policiais. Caso contrário, cada vez mais policiais serão chamados

para o reforço – ícone de uma pistola, com a inscrição “procurado”.

Se Tommy for visto pela polícia dando tiros ou simplesmente portando uma arma, o ícone

mandado de prisão será acionado. O mesmo acontece quando o Sr. Ângelo é flagrado

roubando um carro.

Armas

As armas ilustram a importância da tradição para os mafiosos. Afinal, elas carregam consigo

um currículo que vai sendo reescrito a cada revolução ou período histórico. É uma relação de

admiração que se manifesta, principalmente, nos EUA, país em que diversas armas tiveram

importância fundamental na conquista de batalhas. A América também é o continente onde se

encontra a maior concentração de estudiosos e fanáticos por armas em todo o mundo.

A metralhadora Thompsom 1928, por exemplo, protagoniza uma interessante coincidência

em “Máfia”. Ela ficou conhecida historicamente como “Tommy Gun” e é retratada com uma

atenção que chega a ser irônica. O apelido “Tommy” é usualmente empregado como contração

de “Thompsom”, assim como contração de “Thomas”. Afinal, Thomas Ângelo, o Tommy, carrega

uma Thompsom, uma Tommy Gun.

No jogo, somente mafiosos e policiais andam armados – civis, no máximo, usam um taco

de beisebol. Em “Máfia”, a intimidade com as armas é característica comum de diversos

personagens, mas, principalmente, de Vincenzo, o armeiro da família que ajusta as peças,

providencia lunetas e escolhe as melhores opções para Tommy e os companheiros utilizarem

nas missões.

Em “Máfia” existem 9 modelos de armas de fogo, além de peças alternativas como: barra de

ferro, taco de beisebol, coquetel molotov, faca e soco inglês. Durante o jogo, é fundamental que

Tommy paga a multa. Tommy naõ paga a multa, foge e ganha statusde foragido

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A Cidade do Paraíso Perdido |36 |

o jogador saiba escolher a arma mais apropriada para cada situação. Tommy também pode

aproveitar as armas e munições deixadas pelos mortos e feridos. É possível carregar, escondidos

no terno, todos os modelos de arma curta, e apenas uma arma longa.

As armas, durante a campanha, são conseguidas com Vincenzo e estão disponíveis somente

para a missão corrente – o que torna impossível o acúmulo delas ao longo do jogo. Teclando

“I”, o jogador aciona o Inventário, que mostra as armas e itens que Tom carrega no terno. Em

seguida do nome de cada arma, e no canto inferior esquerdo da tela, é indicado o número de

tiros com que a arma está carregada e quanta munição ainda existe disponível. Quando Tommy

estiver usando a pistola, se aparecer “(7/35)”, significa que o “pente” atual está carregado com

7 tiros e ainda existem outros 5 carregadores de reserva, cada um com mais 7 tiros. Abaixo, um

resumo das características e funcionalidades de cada arma.

ARMAS CURTAS

Revólver Colt Detective Special – calibre 38, com 2 polegadas de cano

e capacidade para 6 tiros. Tem o “detetive” no nome por causa de seu tamanho

reduzido, que facilita o transporte até mesmo no bolso de uma calça.

Entretanto, não tem grande precisão e potência.

Revólver S&W 10 Military&Police – calibre 38, com 4 polegadas

de cano e capacidade para 6 tiros. Precisão maior que a do Colt.

Revólver S&W 27 Magnun – 6 polegadas de cano garantem

uma grande precisão e a otimização Magnum .357 (.38

maximizado) aumenta a potência das 8 munições que o tambor

comporta.

Pistola Colt 1911 – peça clássica que serviu de modelo para

o desenvolvimento de praticamente todas as pistolas que a

sucederam. Calibre 45, 5 polegadas de cano e capacidade para sete tiros.

Amplamente usada pelo exército americano durante mais de 10 anos.

ARMAS LONGAS

Cartucheira – calibre 12, com cerca de 75 cm de cano e capacidade

para 6 cartuchos. Também conhecida como

shotgun (pump action), tem um tiro poderoso a

curtas distâncias e é mais pesada que as outras

armas – o que pode dificultar que Tommy corra

durante um tiroteio.

Lupara – calibre 12, equivalente a uma cartucheira, mas com dois canos menores (paralelos,

“serrados”), que possibilitam uma maior dispersão do tiro a curta distância. No jogo, é citada

Page 45: Mafia - O Jogo Eletrônico Como Elemento Cultural

A Cidade do Paraíso Perdido |37|

como “arma tradicional Siciliana”. Na missão em que Tom deve

matar Frank, Vincenzo diz “Quando eles acham alguém morto

por uma dessas, todos sabem reconhecer”.

Metralhadora Thompsom 1928 – calibre 45, com

carregadores que comportam 50 tiros. É capaz de disparar

600 vezes por minuto, tem grande precisão e potência. Foi a

única metralhadora produzida em massa pelos Aliados

durante a II Guerra Mundial.

Fuzil SpringField M 1903 – mais uma

clássica arma americana, com alcance,

impacto e precisão maiores que das outras

armas do jogo. O clipe tem capacidade para 5

munições 7 mm, que podem atingir o alvo com eficácia a cerca de 500 metros de distância.

Fuzil Mosin Nagant 1891 – com aspectos

semelhantes ao Springfield (calibre,

comprimento de cano...) , o Mosin se

diferencia pela presença de uma luneta, que

garante maior precisão nos tiros longos. É a

arma que Tommy usa na missão em que deve matar o político a partir da torre da velha prisão

(Campanha Eleitoral - #17).

TEMPO

A vida em Lost Heaven também respeita as convenções de clima que estamos acostumados

a encarar na vida real. O dia precede a noite, que se abre com menos tráfego, menos policiais e

raros pedestres. Às vezes chove, e a inteligência artificial não deixa os pedestres esquecerem o

guarda-chuva. Diferentemente de GTA, em que a mudança de clima ocorre em tempo real, são

as missões de “Máfia” que controlam a rotação da Terra. Então, a missão que começou durante

o dia, provavelmente vai acabar com o mesmo sol – não importa quanto tempo Tommy levou

para completar os objetivos.

Motel do Clark: céu aberto e céu nublado.

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A Cidade do Paraíso Perdido |38 |

3.6 - O Enredo da Campanha

A estrutura de “Máfia” pode ser dividida em duas partes: Ação e Cena. Em Ação, o jogador é

livre para cumprir as missões e explorar os ambientes e interagir com as pessoas. Em Cena, o

jogador assiste a cenas gravadas (cutscenes) que encadeiam a ação das missões.

A seguir, para facilitar a compreensão do jogo, segue a transcrição dos diálogos de cada

missão, descrição das seqüências cinematográficas e dos objetivos a serem cumpridos pelo

jogador.

Ao clicar em Novo

Jogo, o jogador assiste

ao vídeo de abertura, o

mesmo que pode ser

acessado através da

opção Introdução.

Então, o jogo começa.

3.5 - Matar e Morrer

A “vida” de Tommy é medida por um pequeno placar no canto inferior esquerdo da tela,

numa escala de 0 a 100. O mafioso começa as missões com 100 pontos e, se essa pontuação

zerar, ele morre. O mesmo vale para os parceiros de Tommy nas diversas ocasiões: Paulie,

Sam, Salieri, Salvatore, Sarah e até mesmo Frank.

O realismo dos tiros começa na maneira em que os personagens seguram suas armas, passa

pelos processos de remuniciamento durante os tiroteios e termina com os efeitos dos disparos.

Os danos sofridos são proporcionais ao poder de fogo de cada arma disponível. Tommy pode

levar diversos tiros de um Colt Detective, mas apenas um de uma cartucheira 12 à curta distância.

Tiros não-letais derrubam um inimigo e deixam-no rastejando, enquanto apenas um tiro na

cabeça pode liquidar qualquer um.

Tommy também pode morrer atropelado. Nem tanto por um carro, e mais por um bonde

elétrico – que, apesar de menos veloz e freqüente, é significativamente mais pesado e não pode

desviar.

Nadar também não é passatempo em Lost Heaven. Se o jogador se arriscar a entrar no mar,

com ou sem carro, a morte é certa.

A única chance de “recuperar vida” durante uma missão é encontrando kits de primeiros-

socorros, armazenados em armarinhos de parede e distribuídos pela cidade. Não existem muitos

kits, mas eles sempre estão presentes nas missões mais longas e podem restaurar até mais de 50

pontos da energia de Tom.

Ação e Cena.

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A Cidade do Paraíso Perdido |39|

PRÓLOGO“Nós, que somos fortes o bastante para não suportar as fraquezas dos fracos e não agir a nosso modo” –

Romanos 15:1.

1938CENA: A câmera passeia pela cidade de Lost Heaven até encontrar Tommy Angelo descendo do trem e

caminhando até um café, onde alguém o espera.

Tommy - Detetive Norman? Posso me sentar? Desculpe o atraso, mas não queria ser visto. Se você sabedo que eu estou falando...

Garçonete - O que deseja, senhor?

Tommy - Somente um café.

Garçonete - Já lhe trago.

Norman - Não é meu hábito sentar com pessoas como você.

Tommy - Tenho uma proposta de negócios para você,detetive.

Norman - Não sou homem de negócios, e, mesmo que fosse,não estaria fazendo negócios com pessoas da sua laia.

Tommy - Normalmente não faço negócios com sua gentetambém. Mas este é um negócio estranho. Bom para você e seussuperiores, e bom para mim. É sobre um certo tipo de troca.

Norman - Troca...?

Tommy - Bem, vamos dizer que eu tenho uma posiçãoimportante em uma organização que não seja exatamente dentroda lei. É sobre o tipo de organização que pessoas como você querem saber muitos detalhes. E eu, por outro lado,por certas razões não quero ...

Garçonete - Seu café, senhor.

Tommy - Obrigado.Eu tenho minhas próprias razões para não querer estar associado com essa organização. E não é nada fácil

abandonar esse ramo de negócios. Se você sabe do que eu estou falando...

Norman - Eu acho que sei onde você quer chegar. Você levará um tiro na cabeça, se não sumir logo,certo?

Tommy - Esta não é a única razão. Tem filhos, detetive? Eu tenho esposa e filhos. Eu não quero que elestenham problemas por minha causa.

Norman - É? Bem, eu não irei dar proteção para qualquer bandidinho arrependido. Você deveria terpensado na família antes, porque eu...

Tommy - Certo, certo...Ouça, eu não quero algo em troca de nada, então esse é o trato. O nome Salieri dizalgo para você?

Norman - Salieri?!! Diz muita coisa. Você tem algo em comum com ele?

Tommy - Você pode dizer isso. Eu tenho trabalhado para ele por vários anos. Agora ele quer me apagar.Se você proteger minha família e a mim, irei lhe contar tudo. Nomes, datas,contas, tudo. Suficiente paracolocar ele em uma cela e jogar a chave fora.

Norman - Eu não sou Papai Noel. Se eu for até o chefe com essa história, preciso saber tudo que você sabe,e eu tenho de ter certeza que você irá testemunhar no tribunal.

Tommy - Certo. Se você não está com pressa lhe conto toda minha história e todos os assuntos que eucuidei durante esses anos.

Tommy - Certo. Se você não está com pressalhe conto toda minha história e todos osassuntos de que eu cuidei durante essesanos.

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Norman - Ok, eu tenho tempo e estou ouvindo...

1930MISSÃO 01 – UMA OFERTA IRRECUSÁVEL

CENA: Tommy está com o táxi estacionado, matando o tempo.

Tommy (off) - Eu costumava ser um taxista. Mesmo que não ganhasse muito eu trabalhava de manhãaté o anoitecer, estava feliz por estar trabalhando. Erauma época ruim e algumas pessoas estavam piores queeu. Foi aquele taxista que salvou o pessoal do Salieri, emprimeiro lugar. Um dia eu estava na minha folga eapenas saindo por aí. De repente ouvi uma forte batida...

Paulie - Jesus...Sam! Eles me pegaram, maldição...

Sam – Levante-se e ande!... Há um táxi, ficaremosbem...

Tommy (off) - Estava claro para mim que aquelescaras tinham que sair dali rápido, então achei melhorcooperar, em vez de acabar com um buraco na minhacabeça.

Paulie - ...ande com isso...vá logo...

Tommy - Para onde?

Paulie - Qualquer lugar! Rápido....e espero que seja muito rápido...mais rápido que o Sam aqui estava...

Tommy (off) - Cantei os pneus fora de lá como um morcego saindo do inferno. Não importava aonde,desde que longe daqueles cavalheiros que estavam perseguindo meus novos clientes.

AÇÃO: Tommy deve despistar os mafiosos rivais e depois levar os passageiros até o Bar do Salieri.

Paulie - Finalmente, estamos em casa. Espere aqui amigo, Sam irá pegar alguma coisinha do Sr. Salieri.

CENA: Tommy aguarda no carro enquanto Paulie e Sam entram no bar. Sam volta.

Sam - Obrigado por sua ajuda. Sr. Salieri gostaria de agradecer a você assim como eu e Paulie. É umacompensação pelo dano ao seu carro e por seus serviços. Deve ser o suficiente.

Tommy - Sim, claro, obrigado. Meus cumprimentos ao Sr. Salieri.

Sam - Sr. Salieri quer que você saiba que ele é muito grato a você. Se você precisar de algo pode voltaraqui e pedir nossa ajuda, o Sr. Salieri não se esquece dos amigos que o ajudaram. Se você estiver interessado,podemos arranjar um trabalho para você aqui e você seria bem pago. Sempre temos lugar para caras bonscomo você.

Tommy - OK, OK....Pensarei a respeito, obrigado, muito obrigado.....Melhor eu sair.....para arrumar ocarro e, você sabe...

Sam - Certo, entendi...apenas pense a respeito...eespero que esteja claro que esse assunto ficará somenteentre nós! Se cuide rapaz.

CENA: Tommy vai para casa.

Tommy (off) - Quando abri o envelope, quase tiveum ataque cardíaco. Havia mais do que custaria parafazer os reparos. Mas eu não pensei nem por um minuto

em aceitar a oferta deles. Não queria me juntar a algunscriminosos, mesmo que eles tivessem todo dinheiro domundo. É melhor ser pobre e vivo do que rico e morto,

Tommy - Estava claro para mim que aqueles carastinham que sair dali rápido, então achei melhorcooperar, em vez de acabar com um buraco na minhacabeça.

Tommy - Como minha mãe sempre dizia: Você nuncapode dizer o que Deus tem guardado para você.

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A Cidade do Paraíso Perdido |41|

certo? Eu arrumei meu táxi e tentei esquecer tudo isso tão cedo fosse possível. Como minha mãe sempredizia: Você nunca pode dizer o que Deus tem guardado para você.

MISSÃO 2 – FUJA, HOMEM!

01 TaxistaAÇÃO: Tommy está em Central Island e deve transportar um homem até a igreja, em Down Town.

01 Passageiro 2AÇÃO: Tommy pega um passageiro em frente à igreja e deve levá-lo até o hospital.

01 Passageiro 3AÇÃO: A passageira agora é uma mulher, e ela quer ir até o teatro, em Central Island.

01 Passageiro 4AÇÃO: Um homem parado na esquina pede que Tommy o leve até o Pompei Bar, em Hoboken.

01 Pasageiro 5AÇÃO: O último passageiro da seqüência deseja ir até Little Italy.

06 Parada para o CaféTommy (off) - Tomei um copo de café e relaxei no

carro enquanto esperava por um cliente. Eu notei quenão estava longe do bar do Salieri... JESUS!

CENA: Dois homens se aproximam de Tommy eatingem o carro com tacos de beisebol.

Capanga - Pegamos você, seu ratinho! Sr. Morelloestá bem nervoso com você. Um Zé Honesto não estariaajudando canalhas, especialmente na gangue rival dochefe! Nós vamos ensinar uma lição, então lembraráque isso não é certo.

Tommy (off) - Aqueles malditos lembraram daplaca do meu carro e começaram a me caçar pelacidade...

AÇÃO: Tommy deve fugir, a pé, até o Bar de Salieri.

Capanga - Louie irá fazer um pequeno acerto na sua cara...Não o deixe escapar! Você não tem chance,taxista!

Tommy - Está tudo errado. Devo ir ao bar do Salieri.Estava claro para mim que eu tinha que sair dali rápido. Não poderei cuidar daqueles animais sozinho.

Disse a mim mesmo que agora deveria ser o momento certo para o Sr. Salieri mostrar sua gratidão. O Bar doSalieri era rua abaixo e a visão dele certamente era muito mais bonita que a do taco de beisebol na minhacabeça.

CENA: Tommy chega ao Bar do Salieri, recebe proteção e comemora com os rapazes da gangue. Nosfundos, os corpos dos capangas de Morello são carregados até um caminhão.

Tommy (off) - Os rapazes do Salieri me salvaram,mas com certeza eu não estava em uma boa situação.Eu havia pago os débitos que tinha pelos danos no carro,mas meu chefe não queria empregar alguém que estavana máfia. Não era bom negócio. Quando eu vi o jeito dosrapazes do Salieri, achei que não seria ruim demaistrabalhar para ele. Além disso, eu não tinha nada aperder. Morello estava atrás de mim, então dirigir umtáxi não era o melhor trabalho. E o prospecto da massado Salieri não era tão terrível...Então, como sempre dizia:“Melhor morrer jovem e rico...”

Capanga de Morello - Nós vamos ensinar uma lição,então você lembrará que isso não é certo.

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MISSÃO 3 – FESTA DO MOLOTOV

01 Bar do SalieriCENA: Tommy está na sala de Salieri, junto de Sam, Paulie e Frank.

Salieri - Bem, parece que Morello está realmente tentando me deixar louco. Mas sou umapessoa razoável. Como lhe chamam, filho?

Tommy - Thomas Angelo.

Salieri - Decidi dar uma chance a você, Tommy. Gosto de gente nova. Nós somos umagrande família aqui, você já conhece Paulie e Sam. Frank é minha mão direita e cuida do aspecto legal doNOSSO NEGÓCIO. Aquele atrás do bar é o Luigi. Esse negócio não é fácil de engolir, mas Luigi é um cozinheiromaravilhoso. Paulie irá lhe apresentar para Vincenzo e Ralph. Existem muitos de nós, mas estes devem sersuficientes por enquanto. Agora ouça, ouça bem: temos regras por aqui: Não cruze seu caminho com o dostiras. Eles estão na nossa lista de pagamentos, então eles não irão se meter com você, mas se você exagerar,eles irão atrás de você, com dinheiro ou sem dinheiro...Se eles pegarem você, não solte um pio e irei resolver.Eu mostro minha gratidão para aqueles que me ajudam. E não sobraram muitos que me traíram... Capisci?

Tommy - Sim, Sr. Salieri.

Salieri - Estou contente. Hoje irei lhe dar umachance de se vingar daqueles bastardos que quebraramseu táxi. Veremos do que você é feito. Morello tem umbar aonde seus gorilas vão. Todos eles têm seus carrosestacionados atrás da cerca ao lado do bar. Se você forbom, eles não estarão lá na manhã de amanhã... Paulieirá com você, caso precise. Vá ver Vincenzo para seequipar e Ralph para pegar um carro...

CENA: Tommy sai da sala.

Frank - Não confiaria tanto assim nele. Ele mepareceu hesitante, ele só aceitou agora porque ele nãotem escolha.

Salieri - Iremos ver, Frank, iremos ver...Estou mais preocupado sobre o problema que Morello representa.Ele quer realmente iniciar uma guerra?

CENA: Paulie leva Tommy até Vincenzo e, depois, até Ralphy.

Paulie - Vincenzo é o especialista em armas do Don, eles se conhecem desde que eram crianças. Elearranja o que você precisar, de Tommy Guns até canhões, Vinny pode arranjar para você. Sempre visito eleantes de um trabalho.

CENA: Paulie e Tommy entram na sala de Vincenzo.

Paulie - Buongiorno Vincenzo!

Vincenzo - Ciao Paulie!

Paulie - ...este aqui é o Tom. Acabou de começar conosco.

Vincenzo - Prazer em conhecer você, Tom! Que posso fazer por vocês?

Paulie - Temos um trabalho a fazer, precisamos dealgo para arranhar alguns carros.

Vincenzo - Esta clássica peça dos equipamentosesportivos deve fazer seu trabalho, e, se não, acabei demisturar alguns coquetéis. Porém, cuidado com eles.

Paulie - Obrigado Vincenzo.

Paulie - Ralphy, que irei apresentar para você, é um idiotacompleto, mas ele tem um jeitinho especial com carros.

Salieri - Como lhe chamam, filho?Tommy - Thomas Angelo.

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A Cidade do Paraíso Perdido |43|

Tommy - Sim, obrigado.

Vincenzo - Traga o taco de volta, é do meu sobrinho!!

Paulie - Está certo!

CENA: Paulie e Tommy vão até a garagem.

Paulie - Ralph, que irei apresentar para você, é um idiota completo, mas ele tem um jeitinho especialcom carros. Eu não entendo como um retardado assim pode saber algo sobre qualquer coisa, mas é assim queas coisas são, às vezes.

Ralph - Ha ha ha, uma vvvisita. Como vai, Paulie...

Paulie - Hei, Ralphy.

Ralph - Eu vvvejo que você ainda está mancando, então temos dois inválidos trabalhando aqui.

Paulie - Está certo, mas não sou um tolo.

Ralph - Uh-huh, heh, hh ...

Paulie - Ralph, este é Tom...

Ralph - Uh-huuh...

Paulie - Se você trouxer para ele um carro roubado, Tommy, ele irá fazer com que seja seu. E ninguémirá notar a diferença. Ralph, Tom e eu temos um trabalho a fazer. Você deve ter algo para nós.

Ralph - Certo, hehe, aqui está, he. Não é uma caranga, hehe, mas deve servir para você.

Paulie - Obrigado Ralphy, vamos!

02 CidadeAÇÃO: Tommy deve dirigir o carro até o Bar de Morello.

03 Bar do MorelloAÇÃO: Enquanto Paulie espera no carro, Tommy deve

destruir os carros que estão no estacionamento do bar. Ele contacom coquetéis molotov e um taco de beisebol. Existe um guardana entrada da garagem, e outros homens surgem quandocomeçam a desconfiar de algo.

CENA: Depois de destruir os carros, Tommy volta com Paulieao bar de Salieri.

Paulie - Estamos de volta, chefe.

Salieri - Maravilhoso, sentem. Tudo correu bem?

Paulie - Claro chefe, ele tem o dom. Antes que eles pudessemfalar “genoveva”, já estavam sem carros! E antes que eles pudessem se recuperar, nós já tínhamos ido.Morello provavelmente está puto agora.

Salieri - Realmente? Estou contente em ouvir isso. Nesse caso, bem vindo à família, Tommy. Vocêpassou no seu primeiro teste, e agora temos um novo membro.

Tommy - É uma honra, senhor.

Paulie - Gostaria de levá-lo ao alfaiate, chefe. Você pode ver que ele não está assustado. E ele se deurealmente bem.

Salieri - Cavalheiros, suas bebidas.

Tommy destrói os carros de Morellousando coquetéis molotov

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MISSÃO 4 – ROTINA ORDINÁRIA

01 Bar do SalieriCENA: Os homens se reúnem na sala de Salieri.

Salieri - Hoje iremos visitar alguns lugares para coletar dinheiro de proteção: doisrestaurantes e um motel fora da cidade. Bill, do motel, estava atrasado na última vez,porque ele teve alguns problemas, então hoje ele irá pagar mais.

Frank - Você deve ter escutado sobre como criminosos podem atacar negócios usando várias ameaças.Este não é o nosso caso, com certeza. Pessoas que nos pagam recebem serviços, serviços que a polícia nãopoderia prover a eles, com certeza. Mês passado, por exemplo, Sam e Paulie resolveram um problema sério deviolência em um maravilhoso restaurante. O proprietário agora estásatisfeito que nada desse tipo irá acontecer lá de novo.

Salieri - Você irá dirigir, Paulie e Sam irão fazer a coleta. Serácoisa rotineira. Fale para Ralph dar um carro para você e vá.

Tommy - Ok, Chefe.

Salieri - Bem, você e eu iremos beber, o que me diz Frank?

02 Depois das InstruçõesAÇÃO: Tommy deve dirigir até os locais de coleta de dinheiro na

cidade. Depois, deve ir até o Motel do Clark.

03 Motel do ClarkCENA: Com Tommy no volante, eles chegam ao motel.

Paulie - Espere por nós, Tom, voltaremos logo.

Tommy - OK.

CENA: Paulie, baleado e sangrando, sai do motel.

Paulie - Bastardos.... Tom, eu... Eu pegueium...Merda...Dói...

Capanga do Morello - Conte a Salieri, a partir deagora esse lugar é nosso! Capisci? Não volte aqui ou vocêirá acabar pior que seus colegas.

Tommy - Jesus Cristo, Paulie!

Paulie - ...pegue Sam. Eles querem tirar algumainformação dele, tire ele daí...

Tommy - Mas eu irei levar você para um médico...

Paulie - Isto pode esperar, primeiro pegue Sam...

AÇÃO: Tommy deve invadir o motel e resgatar Sam.

CENA: Tommy encontra Sam e tenta levá-lo de volta para o carro.

Tommy - Foda-se a rotina! Levante, Sam, está acabado. Ele realmente ia acabar com você, camarada.Vamos, você irá me ajudar um pouco, você pesa muito.

Sam - Argh, Cristo...

Tommy - Não é nada, você ficará bem..., o médico irá dar um jeito em você. Você é durão como pregos.Oh, merda!Basta, irei colocar você de volta no carro. Tudo ficará bem...

CENA: Um dos capangas de Morello tenta fugir com o dinheiro do resgate.

Paulie coleta dinheiro de proteção,enquanto Tommy e Sam aguardam nocarro.

Capanga de Morello - Capisci?

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A Cidade do Paraíso Perdido |45|

Capanga do Morello - NÃO SE MOVA SACO DE MERDA! Ou irei esburacar você inteiro! Vamos! Tente.Você não irá passar por mim!

Tommy - Com certeza, amigo, apenas se acalme...está tudo OK...apenas vá...sem problema...

Sam - Não...pegou... nossa...parte... pegue ele...Maldição! Vá...

AÇÃO: Tommy deve evitar a fuga do capanga para recuperar o dinheiro que está com ele.

1938INTERMEZZO 1CENA: De volta à mesa do café onde Tommy conversa com o Detetive Norman.

Tommy - Foi assim que entrei nessa, uma hora um taxista comum, agora um mafioso respeitado.

Norman - Vocês não se incomodavam em matar? Normalmente as pessoas têm problemas com isso.

Tommy - Você sabe...Não sou uma dessas pessoas com sede por sangue. Não preciso de violência naminha vida, e não procuro encrenca, mas também não tenho remorsos. Eles queriam nos sobrepujar, entãotivemos que sobrepujá-los. Sem desculpas. Foi tudo o mesmo para mim, não estava interessado no destino deoutras pessoas. Todos diziam que eram apenas negócios e que a família fica sempre unida... Era diferente deviver sozinho e ninguém dando a mínima para você. De repente, você é respeitado por todos que você encontra.Todos sabem que você pode ajudá-los, mas você pode também destruir suas vidas. E todos tentam cair na suagraça.

Norman - E sobre a polícia? Você simplesmente foi embora, sem se incomodar, de um massacre? Nãoteve problemas sobre isso?

Tommy - Você trabalha para a polícia. Você deve saber. Você sabe que a máfia manda na cidade inteira.A família Salieri ganha em torno de 25 milhões todo ano. Os jornais estavam cheios disso, mas ninguém vianada... se quisesse ficar vivo. Pagávamos aos burocratas 6 mil por mês. Seus chefes tinham bebidas a preço decusto e recebiam extras por “trabalhos especiais” tanto do Salieri quanto do Morello. Caso encerrado, falta deevidências. Tiras podiam até mesmo retirar cargas de bebidas para nós. Acho que você ouviu algo sobre isso.

Norman - Então sobre seus dois amigos?

Tommy - Bem, eles estavam melhor do que você acha. Salieri tinha um bom trato com seus garotos, nãoé como se ele nunca perguntasse nada. Em algumas semanas, ele estaria saudável e de volta às ruas. O únicoque nos preocupava era Morello. Ele queria ser o chefão, coisa que Salieri não podia permitir. Salieri nãotinha intenção de ficar em segundo lugar. Você sabe... uma pessoa se torna o Don por causa da sua sede dePODER, e ele não se preocupa com qualquer outra regra que não seja a sua. É assim que é, detetive, então eletinha que ser seu próprio chefe, independente da polícia, do estado, de qualquer um. É por isso que alguém setorna um Don. Salieri e Morello queriam ter tudo isso. Eles ficaram lutando um contra o outro, mas ambossabiam que se tudo explodisse seria um inferno. A grande diferença entre eles era nos métodos – ouvi umapequena história sobre Morello...

CENA: Um cidadão não consegue frear e bate natraseira do carro de Morello.

Cidadão - Eu...eu...eu sinto, senhor. Eu...eu...eu,eu não sei c..c...como aconteceu, eu... eu... Eu nãoqueria...

Morello - SEU IDIOTA!!! SABE O QUE VOCÊ FEZ?SABE QUANTO ESSE CARRO CUSTA? Você acha quepode dirigir para onde quiser !!!!??

Cidadão - Eu..eu...eu estava indo devagar Sr.Morello, eu, eu não sei como...

Morello - VOCÊ QUER DIZER... QUE EU... EU BATIEM SEU CARRO?

Cidadão - errr...não...senhor... eu apenas...Eu queria...

Policial observa Morello (de branco, ao fundo)espancando um anônimo.

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A Cidade do Paraíso Perdido |46 |

Morello (golpeando a cabeça do cidadão de encontro ao porta-malas do carro) - Nenhum... bas—tardo...fica...no...meu...caminho!!!

CENA: Enquanto isso, o policial finge não ter visto nada.

CENA: De volta à conversa entre Tommy e Norman.

Tommy - Salieri construiu seu respeito como homem de negócios. Todos sabiam que não precisavam temê-lo seeles fizessem o que deviam. Eles sabiam que, se precisassem de algo, poderiam procurar o Sr. Salieri. Então Salieri fezamigos, sempre ajudou pessoas com problemas diversos, e esperava o mesmo de volta. Quando alguém cruzava comele, uma regra maior havia sido quebrada e todos sabiam o que iria acontecer. Morello era justo um bastardo cruel.Ele construiu seu poder através da violência. Até seus amigos o temiam. A maioria apenas tentava evitá-lo.

MISSÃO 5 – JOGO LIMPO

01 Bar do SalieriCENA: Salieri recebe Tom e Frank em sua sala.

Salieri - Ouça Tommy, tenho um trabalho delicado para você. Não sei de alguémque poderia cuidar dele melhor que você. Você é bom motorista, e tem experiência. Bem,para tornar simples: amanhã os melhores motores irão correr na pista da cidade e euapostei em um garoto que tem sido o favorito até agora. Ajudei um pouco ele em suacarreira. Gosto de carros rápidos e disse a mim mesmo que poderia ter um retorno desse investimento. Vocêentende... E então Ralphy começa a dizer que um europeu chegou e seu carro irá ganhar com certeza. Ralphyconhece carros, ele é muito bom com eles, mas fora isso ele é um idiota completo. Por que ele não poderia terme contado ANTES que eu apostasse no garoto? Mais ainda, que inferno está fazendo aqui um cara, Deus sabede onde! Essas são corridas Americanas! Eu e o Consiglieri aqui estamos pensando sobre o que fazer, porquemuitos dos nossos garotos apostaram no mesmo que eu e eles certamente não ficarão felizes se perderem suaparte. E como isso iria me fazer parecer? Como um idiota, Tommy! Não posso deixar acontecer. Pensamos como nosso Consiglieri sobre o que fazer com isso. Se algo acontecer com o europeu – de jeito algum, não será JOGOLIMPO, não irei saborear minha vitória nunca. Ralph me disse que ele sabe de um cara que vigia a garagemda pista de corridas. Hoje à noite você vai ir lá e levar o carro desse europeu para um mecânico que sabe o quefazer com essas máquinas. Ele irá olhar no carro do europeu e, quem sabe, melhorar o nosso. Tão logo ele acabeo trabalho, você trará o carro de volta. É importante que o carro volte no lugar antes que alguém perceba,então você terá que ser rápido pra diabo! E nem pense em bater o carro ou ser pego pelos tiras. Estamosacertados? Se você conseguir, claro, irá ganhar parte do lucro. Agora, vá. Ralph irá lhe dizer aonde e como.

Tommy - Sim, chefe.

AÇÃO: Tommy deve ir até a garagem, nos fundos do bar, falar com Ralphy.

Tommy - Hei Ralphy, alguma notícia sobre esse trabalho?

Ralphy - C...Claro Tommy. Você deve ir para a a pista de corrida e “emprestar” aquele c...c...carro ali.Meu a..amigo B...Bobby trabalha lá. Vá por trás e p...pelo c...caminho está a entra...entrada. F..Fale paraB...Bobby que Ralph e...enviou você e Bobby irá levar você ao carro. Já..já está acertado c...com ele.

Tommy - E então?

Ralphy - V..você tem que levar ele para a mecânica domeu a...amigo Lucas Bertone. É em New Ark sob a PonteGiuliano. Ele irá o...olhar o carro e a...ajustar ele um pouco. Eentão você simplesmente leva ele de volta. Deve ser fácil osuficiente... Mas v...você tem que fazer tudo até 1:15 AM,quando os vigias mudam, então ninguém sa...saberá quealguém dirigiu o carro na noite. Na...Não deve haver nenhumarranhão no caro e te...tente evitar os tiras. El...Eles nãodevem pegar você!

Tommy - Hmmm... e como irei ir até lá?

Ralphy - Bem, tenho algo novo aqui. Não é grande coisapara pegar um. V...veja. Você apenas coloca um pedaço def...fio aqui e mexe ele um pouco e você chegará aonde vocêdeve juntar esses dois fios.

Tommy pega o carro de corrida para levar atéa oficina de Lucas Bertone

Page 55: Mafia - O Jogo Eletrônico Como Elemento Cultural

A Cidade do Paraíso Perdido |47|

Bobby - Aproximadamente em meia hora o segundo guarda virá, então você já deverá ter voltado, amigo. E sejamuito cuidadoso, esse carro realmente corre. Deve ser o carro mais rápido do mundo, quem sabe.

Tommy - Certo Bobby, sem problemas. Irei cuidar disso em meia hora.

04 Lucas BertoneAÇÃO: Tommy deve dirigir o carro de corrida, sem danificá-lo, até a oficina de Lucas Bertone.

Lucas - Ei você, você é o cara do Sr. Salieri, certo? SouLucas Bertone.

Tommy - Olá, sou Tom. Eles dizem que você podecontrolar esse monstro.

Lucas - Acredito que sim.

Tommy - Bem, melhor você começar, temos apenas 27minutos.

Lucas - Hmmm, não é muito tempo. Vamos ver o quepode ser feito. Você pode sair por aí um pouco.

CENA: Tommy retorna depois de um tempo.

Tommy - Ei, como está indo aí?

Lucas - Acabei. Você pode ir. Mas tem que se apressar, não irá correr tão bem como quando você trouxe ele aqui.

Tommy - Obrigado, Sr. Salieri agradece o seu trabalho. E ele é muito grato a quem ajuda ele.

Lucas - Certo, dê meus cumprimentos a ele, se ele precisar de algo novamente, ficarei contente em ajudar. Aposteino mesmo piloto que ele...

AÇÃO: Tommy deve levar o carro, sem danos, de volta ao circuito no tempo combinado.

Bobby - Então você conseguiu, amigo! E o carro não tem sequer um arranhão! Ufa, é um alívio. Você realmenteé um bom motorista.

Tommy - Obrigado Bobby, ele realmente “era” o carro mais rápido do mundo.

Bobby - Claro que era, estamos contente que você cuidou disso. Apostei no carro do Don também.

Tommy - Parece que todos apostaram.

Bobby - Se apresse Tom, não temos muito tempo! Tom, o tempo está correndo. Não é hora para conversar.Apostei nele, como quase todos fizeram na minha vizinhança. Acredito que o piloto é muito importante também.

Tommy - Certo. Bem, não vou te segurar aqui. Boa noite.

Tommy - Se cuida, Bobby. Obrigado pela ajuda.

05 Retornando ao BarAÇÃO: Tommy deve retornar ao Salieri.

MISSÃO 6 – JOGO LIMPO

01 Bar do SalieriCENA: No dia seguinte à sabotagem, Tommy vai ao Bar do Salieri e conversa com o barman.

Tommy - Hei Luigi, onde estão todos?

Luigi - Estão todos na pista, você está atrasado.

Tommy - Precisei dormir um pouco após o trabalho de ontem à noite.

Luigi - Certo.

Lucas - Acabei. Você pode ir. Mas tem que seapressar, não irá correr tão bem como quando vocêtrouxe ele aqui.

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A Cidade do Paraíso Perdido |48 |

(toca o telefone) Alô?....sim, ...Senhor, ele acabou de entrar...certo...Isto é para você, Tom.

Tommy - Alô?

Frank - É o Frank, Tom! Você fez tudo certo ontem, mas nós precisamos da sua ajuda novamente. Venha para apista de corrida, agora. Aquele cara que deveria ganhar a corrida teve seu braço quebrado por um capanga.Provavelmente não é coincidência... de qualquer forma, você deverá correr. Você é o melhor motorista que temos,você deve cuidar disso facilmente.

Tommy - ...mas ...mas ..Frank... eu...

Frank - Tom, faltam trinta minutos para a corrida, e não tenho tempo para ensinar alguém a dirigir. Cristo Tom,isto diz respeito a muito dinheiro. Espero que você tenha entendido isto.

Tommy - Certo...ok... Frank, mas...

Frank - Então espero ver você aqui na pista em alguns minutos.(Tommy desliga o telefone)

Luigi - Você não parece muito animado...

Tommy - É porque não estou.

02 CidadeAÇÃO: Tommy deve dirigir até o circuito de corridas.

03 Antes da CorridaCENA: Tommy chega à garagem onde está Frank.

Frank – Ei, Tommy, sabia que podia contar com você.

Tommy - Você realmente quer que eu faça isso?Nunca corri antes!

Frank - OK, sei que não será fácil, mas não temosescolha. Se você puder fazer isso, não iremos perder...

Tommy - Pareço com quem pode fazer isso? Nem mesmo sei as regras.

Frank - Veja, é fácil. Você anda 5 voltas, e você precisa chegar em primeiro para ganharmos. Se vocêchegar em segundo, a grana está perdida, mas como regulamos o carro daquele panaca tudo deve correrbem. Também, nessas corridas é normal que alguém bata em você, então preste atenção nesses outrosbastardos. Boa sorte, Tom.... Sei que você pode fazer isso.

Tommy - Bem, eu não acredito nisso.

Frank - Tom, metade da vizinhança e todos nossos garotos apostaram no garoto do Don. Você sabe o quesignifica você perder? O Don iria perder, você iria perder todo o respeito que nós colocamos nossos traseirosna reta para construir. Pessoas confiaram em nós com seu dinheiro. Você entende o que está em jogo?

Tommy - Certo, entendi Frank, ...eu entendi.

Frank - Vá lá filho, mostre a eles do que você é feito.

AÇÃO: Tommy deve ganhar a corrida.

04 VitóriaCENA: A comemoração depois da corrida.

Salieri - Sabia que você não ia nos deixar na mão Tommy!Você é realmente um de nós agora. Muitas pessoas fizerammuito dinheiro nessa corrida, Tommy, e você tem todo o

Frank - OK, sei que não será fácil, mas não temosescolha. Se você puder fazer isso, não iremosperder...

Tommy encarando a corrida.

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crédito, então você não ficará sem nada. Você deveir ver Lucas Bertone. Ele também apostou e ganhouuma pilha de dinheiro, então ele quer recompensarvocê, também... de alguma forma.

Tommy - Certo, eu irei.

Salieri - Parabéns grande herói.

Tommy - Obrigado

05 Lucas BertoneAÇÃO: Tommy deve dirigir até a oficina de Lucas.

Tommy - Alô, tem alguém em casa?

Lucas - Ei Tommy! Aqui. Tom, parabéns por vencer! Você foi demais. Realmente não achei que vocêconseguiria, mas quando você pegou o jeito, sabia como ia terminar. Graças a você eu ganhei um grandesaco de dinheiro, e como você sabe que não sou ingrato, irei lhe ensinar alguns truques... Vê essa belezinha?Você sabe que não posso lhe dar, mas posso te mostrar como conseguir uma e onde. Veja como é fácilentrar nessa belezinha. Aqui está. Moleza.

Tommy - OK, Acho que posso fazer isso.

Lucas - Existe outro que pertence ao oficial lá naprefeitura. Durante o dia o carro fica noestacionamento atrás do Prédio Municipal na IlhaCentral. Eu acho que devo ir verificar se estáestacionado corretamente. Quando se cansar disso,volte aqui. Sempre tenho algo novo.

Tommy - Obrigado Lucas. Irei vir qualquer hora apóso trabalho. Vejo você.

AÇÃO: Tommy deve roubar o carro indicado porBertone e depois voltar ao Bar do Salieri.

MISSÃO 7 – SARAH

01 Bar do SalieriCENA: Tommy no Bar do Salieri.

Tommy (em off) - Então fiz alguns novos amigos e peguei meu primeiro carro caro. Não parecia tãoruim ser um gangster. Não estava com vontade de perseguir algum carro naquele dia, quem sabe pego um,outro dia. Uma tarde, após um dia devagar, estava sozinho no Salieri e apenas bebendo. Luigi apareceu eme pediu se não poderia fazer um favor para ele.

Luigi - Ei, Tommy, você conhece minha filha, certo?

Tommy - Sim, Luigi. Bela garota.

Luigi - Obrigado, Tommy. Ela às vezes me ajuda aqui atrás no bar. A coisa é, não quero que ela voltesozinha hoje à noite. É que ontem, alguns delinqüentes idiotas deram algum problema para ela. Vocêsabe, todas aquelas palavras obscenas e essas coisas. Você sabe que estou preocupado com a garota, entãoachei que talvez você pudesse conhecer a casa dela. Não é muito longe... Você é um cavalheiro, e você émuito respeitado na vizinhança. Aqueles delinqüentes não irão tentar nada com você por perto.

No lugar mais alto, Tommy.

Lucas - Vê essa belezinha? Você sabe que não possolhe dar, mas posso te mostrar como conseguir umae onde.

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Tommy - Sem problemas, Luigi. Será um passeio no parque.

Luigi - Sarah, venha aqui! Sarah, este é o Tommy. Ele irá levar você para casa e cuidar para queaqueles delinqüentes não te incomodem mais.

Tommy - Olá.

Sarah - Olá, muito obrigada. Não irá tomar muito do seu tempo. Não moro longe daqui. Vamos pegarmeu casaco e então podemos ir.

Tommy - OK, espero por você lá fora.

02 Passeio à Luz do LuarAÇÃO: Tommy deve acompanhar Sarah, sem perdê-la de vista.

Sarah - Muito legal você estar fazendo isso. Esses palhaços são realmente estranhos. Estava muito nervosa.

Tommy - Sem problemas, Paulie e eu iremos lidar com esses encrenqueiros mais tarde...

Sarah - Então, você também trabalha para o Sr. Salieri, não? Ele é um bom homem, sempre divertido.

Tommy - Sim, trabalho para ele às vezes. Mas ultimamente não estivemos rindo e nos divertindo.

Sarah - Então, o que você realmente faz?

Tommy - Hm, usualmente só levo o Don aonde ele quer. Mesmo que às vezes ele me surpreenda - comoquando ele me pediu para dirigir na corrida.

Sarah - Sim, eu vi isso. Você dirigiu muito bem.

Tommy - Ah, só estava com muita sorte.

Sarah - Você é tão modesto. Era preciso mais do que sorte para vencer aqueles caras.

Tommy - Bem, eu costumava dirigir um táxi... e a única corrida de verdade que havia feito foi na noiteanterior.

Sarah - Aí que está. Você vê, você tem talento!

Tommy - Hmm... você pode estar certa. De qualquer forma, não foi muito legal. Não gosto de chamar asatenções.

03 SurpresaAÇÃO: Os arruaceiros aparecem para incomodar Sarah e Tommy deve detê-los.

CENA: Depois de chegar com segurança em casa, Sarah convida Tommy para entrar.

Sarah - Moro sozinha ao lado da casa de meu pai. Minha mãe nos deixou logo que nasci.Então, você trabalho com o Paulie também? Ele é muitoengraçado.

Tommy - Sim, sim. Ele é muito engraçado. Sempre digoque ele poderia ser um ator.

Sarah - Às vezes ele age muito estranho, realmenteassustador. Não sei como uma pessoa muda de humor tãorepentinamente. Ele deve ter passado por muitas coisas emsua vida.Sim, ele esteve por aqui algumas vezes. Ele cresceu nas ruase tudo sempre o prejudicou, deve ser por isso que ele agecomo um durão com estranhos. Três punks arruaceiros aparecem para incomodar

Sarah.

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Tommy - Ele é muito grato ao Don Salieri. Quem sabe o que teria acontecido se ele não o tivesse acolhido.

Sarah - Sim, o Sr. Salieri até mesmo ajudou meu pai. Ele é quase como um avô para mim.

Tommy - Sim, Don Salieri é um bom homem.

Sarah - Estava com muito medo, Tom. Você está bem?Vamos, estamos quase em casa, irei dar uma olhada emvocê lá.Sarah - Ok, aqui estamos.Entre.Oh, obrigado! Se você não estivesse lá eu não sei o queteria acontecido.

Tommy - Tudo bem, Sarah. Disponha.

Sarah - Então esse é meu reino. Entre e tire um poucodesse peso, irei olhar os seus machucados.

Tommy - Isto que é um reino.

Sarah - Levante as mangas, senhor, ajuda está chegando. Bem, vamos ver... hmm... não parece muitosério...

Tommy - Sim, sim, é verdade, parecem piores do que realmente estão.

Sarah - ..hmm... espere um segundo, vou limpar. Pronto, nem doeu.

Tommy - Obrigado.

Sarah - Sou eu quem deveria estar agradecendo.

Tommy - Ehrm...não foi nada, de verdade...

Sarah - Se importa de tomar uma bebida, Tom?

Tommy - Bem, poderia tomar um pouco de uísque, se você tiver.

Sarah - Claro.

Tommy - Esta tarde está se tornando interessante.

Sarah - Aqui está, herói! Então, você rebola?

Tommy - Como?

Sarah - Gosta de dançar? Música? Tenho um gramofone.

Tommy - Sim, eu gosto de música.

Sarah - Os homens do Salieri são durões com todos?

Tommy - Tentaremos ser gentis com as pessoas, às vezes. Alguns de vocês, talvez... Mas apenas alguns...

Sarah - E você é um dos durões do Salieri?

Tommy - Às vezes...

Sarah - Bem, eu acho que você é um homem mal muito bom...

CENA: Tommy e Sarah vão para a cama.

Tommy - Às vezes eu até mesmo sou um homem bom muito mal.(em off) - Sarah era um anjo. Tive muitas garotas antes, mas aquilo era algo diferente. Muito diferente.Estava claro para mim que se eu fosse ficar o resto da minha vida com alguém, seria com ela.

Sarah - Espere um segundo, vou limpar. Pronto, nemdoeu.

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MISSÃO 7 - VÁ SE ACOSTUMANDO COM ISSO

04 Bar do SalieriTommy (em off) - No próximo dia contei ao Salieri o que aconteceu com os delinqüentes. A gangue dosarruaceiros estava se estabelecendo em seu território, causando problemas e assustando pessoas de bem. DonSalieri não estava contente.

Salieri - O Quê??? No meu território? E além de tudo, eles atacam mulheres indefesas! Algo aconteceu comSarah, Tommy?

Tommy - Não chefe, ela está bem... cuidei disso.

Salieri - Ótimo. Porquê diabos Luigi não me contou nada? Poderíamos ter cuidado disso imediatamente. Nãoirei aceitar esses merdinhas atacando pessoas no meu território. Quem eles acham que são? Eles me pagampor proteção, então nós temos que pegar esses delinqüentes e colocar eles aonde eles merecem.

Paulie - Eu e Tom iremos cuidar disso. Esses bastardos acham que aqui é o Lunapark, ou algo assim? Ireiquebrá-los em pedaços com minhas próprias mãos.

Salieri - Paulie, Paulie, vá com calma. Ninguém mata ninguém, entendeu? Quero que vocês ensinem a elesuma lição. Quebrem cada osso de seus corpos e deixe-os boiando em uma piscina do seu próprio sangue.Estejam certos que esses bastardos precisem usar cadeiras de roda. Criancinhas irão rir em suas carasamassadas. Vamos deixar todos verem o que acontece quando alguém se mete no meu território.

Paulie - Parece interessante, chefe.

Tommy - Não é uma idéia ruim mesmo...

Salieri - Precisamos descobrir aonde eles estão localizados. O Grande Biff deve saber algo. Ele está sempre emChinatown. Encontre ele e pergunte.

Tommy - Sem problemas, chefe.

AÇÃO: Tommy e Paulie vão falar com Vincenzo

Vincenzo - Saúde garotos! Então, o que mandam para hoje?

Paulie - Daremos uma bela surra em alguns palhaços, Vinny.

Vincenzo - A melhor aposta seria nesses tacos soberbos. Esse aqui é autografado por um dos melhores jogadoresda liga.

Paulie - UAU, não acredito. Esse é realmente dele?

Vincenzo - Bem... para dizer a verdade para você não é . Mas se você está acertando a cara de alguém comele, com certeza não irão perguntar isso para você.

Paulie - Precisamos de algumas armas também. Você nunca sabe.

Vincenzo - Tirou as palavras da minha boca! Tenho essas Colt1911, ótimas e automáticas.

Paulie - Obrigado, Vinny.

05 CidadeAÇÃO: Tommy e Paulie devem pegar um carro e ir a Chinatownfalar com o Grande Biff.

Biff - Olá parceiros, como vão?

Paulie - Hei você, seu gordo inútil, precisamos de uma pequenainformação.

Biff - Que está acontecendo? Paulie - Temos que saber onde eles seencontram para entregarmos umamensagem do Don Salieri.

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Paulie - Uma gangue de palhaços estão no nosso território e eles estão aterrorizando as pessoas. Eles mexeramcom a filha do Luigi. Se não fosse pelo Tom, quem sabe o que eles teriam feito com ela. Temos que saber ondeeles se encontram para entregarmos uma mensagem do Don Salieri.

Biff - Você veio ao lugar certo Paulie, eu sei o que está acontecendo. Algumas pessoas já tiveram problemascom eles e eles me contaram que eles se encontram na velha estação de serviços perto da ponte Terranova. Ébem perto daqui. Você pode chegar lá através de um tipo de porta lateral que tem no outro lado do terreno.Mandem lembranças minhas para eles, Paulie.

Paulie - Obrigado Biff, devo uma para você. Devemos ir.

Biff - Certo! Cuidado, garotos!

AÇÃO: Tommy e Paulie devem ia até a velha estação de serviços.

06 Estação dos TrabalhadoresAÇÃO: Tommy e Paulie devem ensinar uma lição aos delinqüentes, massem atirar primeiro.

Paulie - Acho que é esse o local. Vamos lá! E se lembre Tom, sem atirar!

CENA: Tommy e Paulie neutralizam os capangas, mas dois delesconseguem escapar.

07 PerseguiçãoAÇÃO: Tommy e Paulie devem perseguir os dois fugitivos, de carro.

CENA: Naperseguição,os homens de

Salieri forçam um acidente. O carro dos fugitivos ficaparcialmente destruído e Paulie dispara alguns tiros nosrapazes, para se certificar. Ele e Tommy saem do localdo crime acreditando que os delinqüentes estavammortos.

Tommy (em off) - Pensei sobre o que minha mãe ou Sarahfariam se me vissem aqui...

Paulie - Porquê você está parado aqui com esse olhar norosto? Lembre que esses caras queriam sua garota ontem.Você deve se acostumar com isso.

Tommy - Eu me acostumei...

MISSÃO 8 - A PROSTITUTA

01 Falar com FrankFrank - Sua última missão não deu muito certo, Tom. Você matando todo mundo significa um monte de problemaspara nós.

Tommy - Eles tentaram estuprar a Sarah! Os tiras deviam me agradecer...

Frank - Eu sei, mas aquele que você deixou escapar irá causar problemas.

Tommy - Como, não deixamos ninguém escapar! Todos estão mortos! Um sobreviveu, tiraram ele dos destroços docarro.

Frank - Merda... Aquele que você matou era filho de um conselheiro da cidade, amigo do prefeito e cúmplice doMorello. E aquele que sobreviveu irá chorar nos ombros do conselheiro. O Papaizinho não amava muito seu filho, masnesses casos uma pessoa pode lembrar um monte de coisas boas... A propósito, o funeral é hoje...

Tommy - Merda, eu não posso fazer...

Tom e Paulie encaram mais desocupados,sem usar armas de fogo.

Tommy - Pensei sobre o que minha mãe ou Sarahfariam se me vissem aqui...

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Frank - Você tem sorte que o segundo não sabia quemvocê é e não pode te entregar. Mas não é por isso que techamei. Tom, tenho um trabalho delicado para vocêhoje.

Frank - Vamos, vamos entrar no carro. Um proprietário deum dos negócios, que o Don investiu muito dinheiro,repentinamente decidiu esquecer das suas obrigações e elese juntou com o Sr. Morello. Parece que Morello está testandonossos limites. Não vamos entrar no jogo dele. Então o quefaremos? Nós vamos explodir o lugar inteiro.

Tommy - Como??? Que tipo de negócio é esse?

Frank - Um hotel. Er... bem...é um bordel, Tom.

Tommy - Mas nenhum bordel comum, é lugar para tipos sociais de classe. E eu devo acabar com todos eles???

Frank - Claro que não... nós iremos acabar com o proprietário e explodir seu escritório, deve ser um aviso bem fortepara os outros.

Tommy - ‘Nós’ significa ‘eu’, certo FRANK? Eu acabo com o proprietário e eu explodo o hotel.

Frank - Exatamente, e ainda há mais uma coisa. Uma de suas garotas está passando informação sobre nossas atividadespara o Morello. Precisamos que ela seja liquidada também.

Tommy - Frank... tenho que matar uma mulher?

Frank - Que azar, hein? ...aqui está uma foto dela.

Tommy - Ela é bonita, e me parece familiar. Está certo que é ela?

Frank - Infelizmente sim. Sua grande boca nos fez perde muito dinheiro e alguns dos nossos.

Tommy - Porque Paulie ou Sam não fazem isso?

Frank - Nós somos conhecidos no lugar de ponta a ponta. Eles irão ser mortos antes que possam fazer algo.

Tommy - Hmm, então qual é o plano?

Frank - É no centro, o Hotel Corleone. Ache o chefe e mate ele. Você pode fazer em público, será um aviso.Então, cuide da garota. O escritório do proprietário é no último andar. Peque qualquer documento e dinheiroque você achar, e então arme os explosivos. Você não terá tempo para mais nada.

Tommy - Não será um piquenique.

Frank - Eu sei, mas se não cuidarmos disso agora, seremos os próximos da fila.

Tommy - Pode ser que você esteja certo.

Frank - A arma e explosivos estão aqui no carro. Tom, boa sorte.

AÇÃO: Tommy deve dirigir até o Hotel Corleone.

02 Hotel CorleoneAÇÃO: Tommy deve matar o gerente.

Tommy - Onde encontro o gerente, por favor?

Recepcionista - Ele está no restaurante do hotel almoçando,senhor. É logo após essas portas. Ele é o homem de branco.

Tommy - Obrigado.Esta é a forma que todos acabam quando se vendem para o Morello.

Tommy e as habitués do Hotel Corleone

Tommy - Ela é bonita, e me parece familiar. Estácerto que é ela?

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Gerente - Que você quer dizer? Qual seu negócio aqui?! Socorro, tem um louco aqui! Alguém cuide dele!Tirem ele daqui! Atirem nele! Que...que... quem...quem... enviou .... aghrr ech ...enviou você? ....arghporquê!? arrgghh....

AÇÃO: Tommy deve encontrar e matar a prostituta.

Michelle - Aaa, ...o que ... Tom?! ...o que ... que você está ... fazendo?

CENA: Tommy reconhece Michelle, amiga de Sarah.

Tommy - Michelle?!

Michelle - ... o que está acontecendo? ... o que você vai fazer? O que você quer de mim?

Tommy - Sinto, Michelle, mas ouvi que muitos foram mortos por você ter aberto sua boca e alguém perdeumuita grana. Você é perigosa para nós.

Michelle - Isto, isto....não é verdade, não poderia ser verdade! (suspiro) Tom! Espere! ..Eu...Eu.. não sabiaque havia... machucado alguém, queria ajudar meu irmão,

Tommy - ...e ajudou ele?

Michelle - ...não, eles o mataram... alguém como você o matou!

Tommy - Sabia, isto só poderia acontecer comigo, uma grande enrascada... Eu não posso simplesmentematar uma jovem... Um tola e inocente jovem que queria ajudar o próprio irmão... Provavelmente umverdadeiro inútil... Por outro lado, vale a pena ser morto por isso?...

Michelle - Obrigada Tom, obrigada.

Tommy - Se vista e saia daqui ...

Michelle - ...obrigada...

Tommy - ...esse lugar vai explodir logo. Não quero ver você nessa cidade novamente... ninguém pode vervocê aqui novamente.

Michelle - Muito obrigada...

Tommy - Nessa cidade você está morta. Vá embora e nunca mais apareça aqui... Entendeu?

Michelle - Prometo a você que nunca irá ouvir falar de mim de novo.

Tommy - Apenas trabalho de rotina...

AÇÃO: Tommy deve instalar a bomba na sala do gerentee fugir.CENA: Tommy pula por uma janela e cai no telhadovizinho, enquanto a sala e o corredor explodem.

03 Topo dos TelhadosAÇÃO: Tommy deve encontrar uma rota de fuga pelostelhados, tomando cuidado com os policiais que seaproximam.

MISSÃO 8 - O PADRE

04 SurpresaCENA: O caminho seguro obrigará Tom a passar para a torre da igreja. Ao descer pelas escadas, ele percebeque está sendo rezada a missa de Billy, um dos capangas que haviam cruzado o caminho de Tommy no diaanterior.

Padre - ...e foi tirado de nós de forma inesperada. O Senhor aguarda seu rebanho com braços abertos eaqueles como Billy são esperados no reino dos céus! Billy era um bom filho, irmão e amigo. Todos iremoslembrar dele dessa maneira e rezar por sua salvação, já que ele fez tanto bem. E agora o amigo do Billy, que

Uma explosão e Tommy foge do Hotel Corleone.

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estava com ele durante os últimos momentos de sua curtavida aqui na Terra, gostaria de dizer algumas palavras.Venha, filho!

Amigo de Billy - Obrigado, padre... Você sabe, gostariade homenagear ao Billy hoje e contar a ele que oconsiderei como meu próprio irmão, e que sua morte foiuma grande perda para mim.

Padre - Uh!? Er... Que está... isso é, como... ?

Amigo de Billy - É ELE! ESSE É O CARA! ESSE É OCANALHA QUE MATOU O BILLY! PEGUEM ELE!!! Seabaixe, padre!!

CENA: Tom é reconhecido pelo amigo de Billy, que tinhasido dado como morto pelos homens de Salieri.

AÇÃO: Tommy deve matar os gângsteres.

CENA: Depois do tiroteio, o padre aparece.

Padre - Oh, apenas sou eu, meu filho, não atire, estoudesarmado.... O que você fez, meu filho? Tantosofrimento por nada! Deus é misericordioso, mas isso éterrível.... Você não sabe que assassinato é o mais gravepecado?

Tommy - Eu... sei, padre... mas de alguma forma tudoacabou errado. Eu cometi um erro...

Padre - Então muitas pessoas morreram sem motivo.Eles poderiam ter feito muito mais com suas vidas...

Tommy - Padre, essas pessoas eram criminosos,trapaceiros, assassinos. Aquele mentindo na frente queria estuprar minha garota. Talvez Deus quisesseassim. Muitas pessoas vão ter uma vida melhor por causa disso.

Padre - ...sim, o Senhor trabalha de formas misteriosas... Mas sobre você? Consegue olhar para seu própriorosto? Suas mãos estão sujas de sangue que nunca poderá ser limpo.

Tommy - Eu sei disso, padre...

Padre - Olhe a sua volta! Que desperdício! Teremos que consagrara igreja novamente! Tudo está de cabeça pra baixo! Não possodeixar meus fiéis aqui! Que devo fazer?

Tommy - Será que isso irá ajudar? Reze por minha alma, padre.Irei precisar.

Padre - Irei, meu filho, com certeza irei.

Tommy - A propósito padre... seu discurso sobre Billy... Estavapensando sobre sua consciência... Billy não era essa pessoa boa, eele não fez o bem enquanto estava vivo...

05 FugaAÇÃO: Tommy está sendo procurado pela polícia e deve fugir, voltando ao Salieri.

1938INTERMEZZO 2

CENA: De volta à conversa com o detetive Norman.

Morgan - Você deve estar brincando, certo? Como você pôde passar por isso !

Tommy entrando sem ser convidado no velório dorival que matara um dia antes.

Padre - ...sim, o Senhor trabalha de formasmisteriosas...

Padre - O Senhor aguarda seu rebanho com braçosabertos e aqueles como Billy são esperados no reinodos céus! Billy era um bom filho, irmão e amigo.

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Tommy - Agora estava realmente ficando ruim. O pai de Billy, o conselheiro, não estava contente conosco,e ele estava junto com Morello. Sem a ajuda da máfia, ele não teria conseguido seu cargo. Ele tambémcomeçara a mobilizar a polícia. Agora havia tanto a máfia quanto a polícia contra nós.

Morgan - Ah vamos lá...

Tommy - Ei, ambos os lados se beneficiaram. A polícia teve a chance de mostrar serviço na luta contra ocrime e ao mesmo tempo receber grandes extras do Morello, a quem deixaram sozinho. E com a ajuda dapolícia, Morello poderia eliminar seu grande rival. Uma situação ideal, e as coisas ficavam piores para nós.Salieri perdeu muito, e eu não estava indo bem após toda aquela matança. Começava a parecer que nãohavia sentido em nada, que eu deveria aproveitar tudo ao máximo e rapidamente enquanto havia chance,enquanto não era tão fácil perder a vida. Talvez é por isso que Paulie e eu começamos a beber.

Morgan - Vocês não estavam se acabando talvez?

Tommy - Minha vida era apenas um rastro de assassinatos, crimes e álcool. Se Frank não me ajudasse euteria acabado pior. Era estranho, mas de repente ele veio a mim e queria me ajudar.

CENA: Frank pede uma carona à Tommy

Frank - Poderia me dar uma carona até minha casa, Tommy?

Tommy - Claro Frank, entre.

Frank - Então, como está a vida, Tommy?

Tommy - Bem, indo ok, apenas... apenas... ah, nada...

Frank - Ouvi que você e Paulie estão arrasando, os doisficando bem conhecidos pela cidade. Apenas algo a fazercom nossa grana. Se você não quer acabar como lixo,Tom, ache algum significado na sua vida.

Tommy - O quê? Você quer me pregar algo sobre sentidona vida?

Frank - Vi alguns caras bons que não puderam lidarcom seus problemas e acabaram muito mal.Normalmente alguém te derruba pelo seu dinheiro, outalvez você fique louco e todos amigos e linda damas começam a desaparecer. De qualquer forma, o Don nãoquer bêbados com mãos trêmulas trabalhando para ele. Esse tipo de pessoa só traz problemas. Se você não secuidar, a próxima coisa que você verá, seu MELHOR AMIGO MATANDO VOCÊ sem piscar os olhos.

Tommy - Que devo fazer então?

Frank - Vamos lá, seja você mesmo! Talvez investir a grana em algum investimento. Poderia lhe daralgumas dicas. Desista da farra. Vá às corridas com o Don nos domingos. Tente levar uma dama ao teatro, ouao menos ao cinema. Tem muitas coisas que você pode fazer.

Tommy - E quem eu deveria levar, Frank? Uma garota decente não quer um assassino. Você sabe, umpolicial irá ‘assassinar’ para manter a lei,

Frank - ...você mantém NOSSAS LEIS. É a mesma coisa, nós estamos apenas do outro lado da cerca. Você nãoé um assassino Tom, mas ainda assim, sua mulher não deve interferir em seus negócios. Lembre, nunca leveo trabalho para casa, isso apenas cria encrenca.

Tommy - E aonde eu iria achar uma mulher para mim, Frank?

Frank - Achava que você tinha algo com a filha do Luigi, Sarah. Acho que ela é uma mulher maravilhosa.Mas você sozinho sabe melhor até onde pode ir com ela.

Tommy - Não irei colocar em perigo alguém como a Sarah, Frank...

Frank - Lembre, nunca leve o trabalho para casa,isso apenas cria encrenca.

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1933MISSÃO 9 – PASSEIO NO CAMPO

01 Bar do SalieriTommy (off) - Um dia Frank me pediu para passar no bar. Eledisse que tinha um trabalhinho para mim, então, claro, apareci.

Frank - Tom, temos dois caminhões cheios da melhor bebidavindo do Canadá. Sam foi para o ponto de entrega para encontrá-los. Eles estão em uma velha fazenda fora da cidade e precisamostrazer o carregamento para a cidade. Estou enviando doiscaminhões, Paulie está indo com um deles. Quero que você vácom eles e fique de olho em tudo. Apenas tenha certeza quetudo corra bem. Pegue um carro do Ralphy, e junte-se com Paulie lá no nosso armazém. Paulie irá lhe daralgumas armas quando você chegar lá.

Tommy - Ok, Frank.

AÇÃO: Tommy deve se encontrar com Paulie no armazém.

02 CidadePaulie - Ei, Tommy. Estamos indo para uma fazenda fora da cidade pegar algumas cargas de uma boabebida. Queremos você conosco caso algum problema ocorra, mas deve correr tudo bem. Você não terá quefazer nada, apenas estar lá. Os garotos irão carregar os caminhões e iremos voltar. Sam já está lá esperandopor nós, provavelmente bebendo a maioria da carga antes de nossa chegada. Eu irei dirigir. Os tiras forampagos, então não há com que se preocupar.

Tommy - Parece que eu poderia ter ficado em casa dormindo.

Paulie - Ei, se tenho que acordar, você também fica acordado. Vamos. Essa é a vida, tudo fácil, interior, semstress. Você sabe, nós devíamos fazer isso com mais freqüência. Melhor na luz do dia... Haha, acho que vocêpreferia estar com a filha do Luigi, Sarah, certo? Esse é o seu turno da noite, he he...

Tommy - Pode ir falando... o que você sabe sobre isso...

Paulie - O mesmo que todos sabem! Caramba, até mesmo o Luigi sabe que você está atrás dela. Eu acho queele não está aborrecido, já que você salvou a virgindade dela mesmo... he he he... mas aposto que você aroubou logo em seguida, hm?

Tommy - Cala a boca Paulie! Eu não sabia que você estava lá?

Paulie - Ah, vamos Tom! Estou brincando, ela é uma boa garota. Vocês são feitos um para o outro.

Tommy - Eu não estou tão certo. De alguma forma, não posso me imaginar chegando em casa e dizendo:“Adivinha que aconteceu Sarah? Tive um dia do cacete no trabalho, matei dez pessoas.”

Paulie - Você não pode falar sobre isso em casa. Se você não agir como eles descrevem você nos jornais e vocêfor bom para ela, ela irá ignorar toda essa baboseira. Ei! Hehe, está carregada! Então parece que é normalpara você esconder quem você realmente é da sua esposa, sua vidainteira? Não se preocupe tanto...

CENA: Os homens chegam à fazenda e percebem que as coisas nãoestão como combinadas.

Paulie - Maldição... O que está acontecendo? Sam deveria estaresperando aqui, mas não está. Isso está fedendo. Veja, temos queesperar aqui com os caminhões, você vai silenciosamente ver o queestá acontecendo.

Tommy - Obrigado pela confiança...

Paulie - Aqui estão alguns brinquedos para você levar.

03 A FazendaAÇÃO: Tommy deve descobrir o que houve de errado.

À noite, sob chuva, Tommy investiga oque pode ter acontecido com Sam e osoutros, enquanto Paulie aguarda naentrada.

O comboio de Salieri sai da cidade parabuscar uma carga de uísque canadense.

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CENA: Tommy encontra um dos caminhões de Salieri com o motorista morto.Tommy - Jesus!

Capangas do Morello - Seu amigo está doente e caído.

Tommy - Quem é você? Você é da polícia?

Capangas do Morello - Sr. Morello e o xerife gostariam de enviar seus comprimentos e informar você que apartir de agora, eles estarão assumindo suas tarefas aqui

AÇÃO: Tommy deve liquidar os bastardos.

CENA: Na volta, Tom conversa com Paulie.

Paulie – Tom, volte aqui, é uma armação!

Tommy - Eles estão todos mortos.

Paulie - Quê? Quem está morto?

Tommy - O pessoal do caminhão, aqui fora na parte de trás, eles acabaram com eles.

Paulie - O quê? E o Sam, você o viu?

Tommy - Não, eu não o vi. Mas ali estava trancado. Ele deve estar ali.

Paulie - Não iremos sair sem ele. Temos que voltar e pegá-lo.

Tommy - Ok, iremos voltar, mas temos que achar um pé de cabra ou algo para podermos abrir aquela porta.

Paulie - OK. Vamos. Vocês ficam aqui agora e vigiam os caminhões, acabem com qualquer um que chegueperto. Exceto nós, claro!

Capangas do Salieri - OK, chefe.

Paulie - Vamos, temos que achar o Sam.

Tommy - Ok, vamos lá!

AÇÃO: Tommy deve seguir Paulie.

04 Salvando SamCENA: Paulie descobre um celeiro trancado.

Paulie - Irei forçar para abrir, então nós iremos correndo para dentro. Devemos cobrir um ao outro, OK?VAMOS!

AÇÃO: Tommy deve invadir o celeiro junto com Paulie e resgatar Sam.

Paulie - Sam! Jesus, o que fizeram com você? Você está inteiro?

Sam - EH... Apenas no lugar errado na hora errada, eu acho...

Paulie - Você pode andar? Provavelmente não tão bem. Ok, aguente firme, irei pegar o caminhão. Vamoslevar você ao médico. Você irá conseguir! Sam! Tom espere aqui com ele, volto logo.

Tommy - Ficará tudo bem Sam, já passamos por coisa pior.

Paulie – Certo... passamos?

Tommy - Paulie está chegando.

CENA: Tommy desce do celeiro para encontrar Paulie.

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A Cidade do Paraíso Perdido |60 |

Paulie - Cristo, aquilo era um massacre!

Tommy - Essa é uma noite dos infernos. Parece que eles queremnos deixar completamente fora do negócio.

Paulie - É? Bem, isso não vai ser tão fácil. Sam está bem lá emcima?

Tommy - Sim, ele está bem. Pelo menos ele não está piorando.

Paulie - Ok, irei pegá-lo. Você fica vigiando aqui.Sam! Sou eu, Paulie! Vamos, vamos voltar para casa.

Sam - UUUGH, vamos para o médico... Se não estou me sentindo tão bem... Devo estar com algo...

Paulie - Hmm, acho que sim, seu nariz está escorrendo um pouco. Sam, irei colocar você atrás. Tom ficarácom você, caso precise de algo. OK. Tom vá com ele e fique de olho. Aqui está uma Thompson caso você precise.

Tommy - Peguei.Paulie, parece que nós temos companhia.

Paulie - Aqui está uma Thompson e munição lá atrás. Fique atrás dessas caixas e vigie. tire assim que elesficarem atrás de nós. NÃO DEIXE ELES PASSAREM POR NÓS!!

05 Voltando de ViagemAÇÃO: Tommy, na carroceria do caminhão, deve atirar nos carros que tentam deter a fuga dos homens deSalieri.

Tommy - Caramba, aquilo foi algo para lembrar! Estamos aqui.

Paulie – Tom, deixe Sam pronto, irei acordar o doutor.

Tommy - Sam, estamos no médico.

Médico - Bom, é você Paulie? Que está fazendo aqui tão tarde?

Paulie - Boa noite doutor. Sinto, mas tivemos um acidente eprecisamos de sua ajuda.

Médico - Ok. Aonde está ele? Traga ele aqui dentro.

Paulie - OK.Esse era nosso médico, não perguntava nada e Sam estava em boacompanhia.

Tommy - Tem certeza que ele não é apenas um açougueiro sem preparo?

Paulie - Definitivamente não! Ele é o melhor! O melhor médico pago na cidade. Se você machucar-se, estarágrato de termos ele do nosso lado.

Tommy - OK, espero que ele dê o melhor de si pelo Sam.

06 DepósitoPaulie - Uff... até que enfim está tudo terminado. Poderíamos ter acabado bem pior do que o Sam. Quando eupegar aquele canalha que nos traiu, irei arrebentar com sua cabeça. Parece que alguém já teve o suficientede nós.

Tommy - Com certeza.

Paulie - Não sei sobre você, mas eu estou indo beber algo. Quando o Don descobrir o que aconteceu vai haverum inferno a ser pago! Isto quer dizer uma verdadeira guerra. E não será nada bom.

Tommy - Com certeza não.

Paulie - Certo, então boa noite Tom. Tenha uma boa noite, ou pelo menos tente ter uma.

Tommy, com uma Thompsom, tentaevitar a aproximação dos rivais.

Paulie - Sam, irei colocar você atrás. Tomficará com você, caso precise de algo.

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A Cidade do Paraíso Perdido |61|

07 Lucas Bertone

Lucas - Ahh!! Tommy, você chegou como um presente do céu! Um bandidinho me ligou e disse que ostiras querem pegar um dos meus amigos! Ei, temos que avisá-lo o mais rápido possível. Ele vive numa casaem Hoboken. Você poder ir avisar ele?

Tommy - OK, Lucas.

Camarada do Lucas - O que é que você quer a essa hora da noite?

Tommy - Lucas Bertone me mandou! Você tem que sumir, os tiras vão chegar logo!

Camarada do Lucas - Merda! Agradeça ao Lucas por mim! E você também, claro! Melhor eu sair pelos

fundos para ninguém me ver. Adeus.

Tommy - Boa sorte.

08 Lucas Bertone 2Lucas - Então o que?

Tommy - Ótimo, tudo bem. Ele agradeceu você e então sumiurapidamente.

Lucas - Ah, graças a Deus! Ei, tenho uma recompensa para você,Tommy. Ei, isso é novo. É um pouco diferente do que os outroscarros. É a primeira linha de carros com uma formaaerodinâmica. Ei, eles parecem bonitos para mim, mas muitaspessoas não gostam deles. O principal é que ronrona feito umgato, Yeah. E você pode pegar um facilmente. Apenas coloqueesse fio aqui, boom, pronto! Um cara que vive em Oakwood tem omesmo modelo. Ele estaciona o carro na frente da sua garagem.

Tommy - Ótimo, obrigado.

CENA: Lucas ensina Tommy a abrir a fechadura de um UlverAirstream Fordor.AÇÃO: Tommy pode tentar roubar o carro ou volta ao Bar doSalieri.

MISSÃO 10 – OMERTA

01 Bar do SalieriSalieri - Ontem foi o pior desastre que já tivemos! Perdemos oito homens, a carga inteira e Sam não pode nemficar de pé. Isso é uma guerra e estamos numa rixa dos infernos! O pior é que Morello não está sozinho. Ele játem o promotor ao seu lado, e está jogando toda a sujeira em cima de nós. Ele está ficando muito próximo aoconselheiro, cujo filho você matou, Tommy, então ele fez os tiras ficarem na nossa cola.

Tommy - Eles não têm nada contra nós.

Salieri - Aí que você se engana. Ontem Frank entregou todos os nossos livros de caixa. O promotor está tendoum dia ocupadíssimo.

Tommy - Como? Frank? Então foi assim que eles souberam do ponto da entrega?

Salieri - Não é assim que vejo as coisas. Frank não sairia por sangue, mas não parece se importar muito se eupassar o resto da vida na cadeia. Esses livros caixa irão dar ao promotor um caminhão de evidências para ocaso contra nós, mas sem Frank não valerão nada. Temos que liquidar o Frank...

Tommy - Você diz atirar nele? Você está tentando me dizer que tenho que matar o Frank?

Salieri - Conheço Frank há mais de vinte anos. Tudo que consegui, consegui junto com ele. Mas Frankquebrou as regras. Não sei porque, mas ele deve ter suas razões. E nós temos as nossas para apagá-lo e ter oslivros de volta. Caso contrário, iremos ter tempo livre. Tempo livre de sobra.

Seguindo as informações de Bertone, Tommyarromba um Ulver Airstream Fordor.

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A Cidade do Paraíso Perdido |62 |

Tommy - O que você quiser, chefe. Se não há outra maneira...

Salieri - Não há! Creio que hoje seja nossa última chance de fazer algoantes que eles levem Frank para longe de nós.

Tommy - O que você quer que eu faça?

Salieri - Primeiro, ache esses homens e descubra onde eles esconderam oFrank. Eles são bons ladrões, tem conexões com os tiras e no tribunal, umdeles com certeza sabe. Você já conhece o Grande Biff, de Chinatown, e oPequeno Tony está sempre na ilha perto do museu. Então, vá até o Frank.Não importa o que você faça, não o mate até que ele fale a você onde oslivros estão. Capisci?

Tommy - Entendi.

Salieri - Frank deve ter proteção, você terá que acabar com eles primeiro.Assim que souber onde os livros estão, acabe com ele.

Tommy - Ok chefe, o que você quiser.

Salieri - Boa sorte Tommy. Pegue uma arma com Vincenzo e um carro com o Ralphy. E lembre-se, se vocênão conseguir fazer isso, nós estamos acabados.Pelo amor de Deus, o que você fez Frank? Você era um irmão para mim.

AÇÃO: Tommy deve pegar alguma arma com Vincenzo.

Tommy – Olá, Vince, acho que você sabe porque estou aqui.

Vincenzo - Certo... Que você pode fazer? Frank sabia o que poderia acontecer.

Tommy - O que você tem para mim?

Vincenzo - Uma Colt 1911 deve bastar, mas aqui está uma cano serrado também. Na Sicília eles chamam deLupara. Quando eles acham alguém morto por uma dessas, todos sabem reconhecer. Infelizmente, essa é asituação perfeita para usá-la. Tem um faixa de acerto curta, mas faz muitos danos. Você não pode errar.

Tommy - Nunca achei que iria encontrar com a tradição Siciliana assim.

Vincenzo - Tommy.... não é sua culpa, talvez nem do Frank, ele não poderia simplesmente ter feito isso, eleera um cara justo. Estamos todos tentando nos acostumar e agora não tem mais volta.

AÇÃO: Tommy deve pegar um carro com Ralphy.

Tommy - O que você tem para mim hoje, Ralphy?

Ralphy - Hei T...Tommy, tenho um carro novo. Um pouco melhor que aquele V8, tem 80 cavalos. Uma boamaquininha. Eles mudaram as travas um pouco, mas não há problemas quando você é do ramo. É isso.

Tommy - Obrigado, Ralphy.

02 CidadeTommy - Hmm... Saudações do Sr. Salieri, Biff. Precisamos saber aonde os tiras esconderam o Frank.

Biff - Desculpe Tommy, não sei nada sobre isso. Dê uma visitinha ao Pequeno Tony, ele é bem próximo aostiras. Pequeno Tony sabe mais.

AÇÃO: Tommy deve procurar Pequeno Tony.

Tommy - Como você está, Tony? Sr. Salieri precisa saber onde os tiras estão mantendo o consiglieri Frankseguro, e Grande Biff sugeriu que você deve saber de algo.

Tony – Aqui, Tom. Veja, não sei exatamente onde eles mantêm o Frank, mas eu sei que há um infeliz queestava falando algumas coisas, sobre Frank e os tiras. Eles o chamam de Joe Idiota, porque ele é um completo

Vincenzo - Uma Colt 1911 devebastar, mas aqui está uma canoserrado também. Na Sicília eleschamam de Lupara. Quando elesacham alguém morto por umadessas, todos sabem do que setrata.

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idiota. Ele fica muito embaixo da ponte perto da mecânica do Bertone. Você irá reconhecer ele, que écompletamente careca. Mas não ache que ele vai desabafar com você.

Tommy - Grande Tony, devo uma a você.

Tony - Joe está debaixo da ponte, e ele sabe de algo.

AÇÃO: Tommy deve procurar por Joe debaixo da ponte.

03 Cidade 2Tommy - Ei você, seria o Joe?

Joe - Cara errado, sou Pete.

Tommy - Bem, então eu sou George.

Joe - Sinto ouvir isso.

Tommy - Diga, você não tem um irmão gêmeo chamado Joe?

Joe - Meus irmãos não são da sua conta.

Tommy - Bem... Tenho que falar logo com alguém chamado Joe.

Joe - Não fale com ele.

Tommy - Não irei falar para você, é muito importante.

Joe - O que é importante é que você vai gritar!

Tommy - Relaxa. Não irei sair até achar aonde o Joe está.

Joe - Isto é duro, George. Mamãe sempre dizia: Joe, não fale com estranhos ou aceite doces deles!

Tommy - O que falei a você, JOE!

Joe - Vá se ferrar.

Tommy - Quero saber onde estão com o consiglieri Frank e você é o cara que vai me dizer.

Joe - Que maluco disse isso a você, não sei merda alguma. Credo.

Tommy - Não me irrite Joe, lembre-se rapidamente.

Joe - Cristo, disse que não sei nada sobre isso. Me larga.

Tommy - Você quer jogar duro, certo?

Joe - Amigo, nunca ouvi de algum Frank em toda minha vida. Então, dane-se.

Tommy - Aonde está Frank, Joe?! VAMOS, Joe! Fale! Fale logo!

Joe - Vá para o inferno. Você é surdo ou o quê?!

AÇÃO: Tommy deve agredir Joe para forçá-lo a falar.

Joe - Pelo amor de Deus, que está fazendo? Me deixe! Porque você está me batendo em mim? Fique longe demim! Ou, isso machuca! Ok, ok, basta, você venceu. Você venceu! Pelo amor de Deus, pare de bater em mim,irei falar o que você quer.

Tommy - Sou todo ouvidos...

Joe - Frank e aqueles canalhas concordaram que se ele desse os livros caixa eles iriam mandar ele para aEuropa. Você deve ir rápido, provavelmente ele está indo hoje. Eles estão com ele em uma esquina do outrolado da quadra de tênis em Oak Alley. Isso é tudo que posso contar. Agora me deixe em paz, seu rato!

Tommy - Bem... Tenho que falar logocom alguém chamado Joe.

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A Cidade do Paraíso Perdido |64 |

Tommy - Você ajudou muito, Joe. Da próxima vezchegue aonde eu quero um pouco mais rápido...

Joe - Alguma esquina do outro lado da quadra de tênis,é tudo que sei.

AÇÃO: Tommy deve dirigir até Oak Alley.

CENA: Tommy se aproxima da casa indicada por Joe eobserva oficiais escoltando Frank até um carro policialblindado.

Tommy (off) - Jesus, essa passou perto. Eles devem estarpreocupados com o Frank se eles estão levando ele por aínum carro blindado. Bem, iremos seguir eles e ver para onde eles estão indo.

AÇÃO: Tommy deve seguir o carro de polícia.

04 O AeroportoAÇÃO: Tommy deve se livrar de policiais e gângsteres rivais dentro do aeroporto.

05 FrankCENA: Tommy encontra Frank no aeroporto.Frank - Tom...

Tommy - Frank, o Don me mandou, você sabe porque.

Frank - ...Sim eu sei... Eu sei...

Tommy - Eu não entendo o que aconteceu com você,achei que era meu amigo. Nunca imaginaria que algoassim iria acontecer... porque diabos tinha que fazer isso?

Frank - Tom, não podia ir por esse caminho. Muitaspessoas morreram ultimamente e não tenho estômagopara isso. Era diferente com o Don no passado. Pode serque eu esteja apenas ficando velho. Tom, isso é umaguerra e não quero lutar mais. Tenho um filho e penseiem finalmente ter paz.

Tommy - Você não podia ter feito isso de outra maneira?Você não tinha que nos entregar!

Frank - Eles vieram até mim e tinha que me render. Eles têm minha filha e esposa, Tom, e se eu não entregaresses livros para eles, irão matar minha família. Antes costumávamos resolver as coisas como homens. Você,Paulie ou Sam iriam pegá-los de volta, mas não posso me arriscar dessa vez. Não quero perder minha família,Tom, não posso viver sem eles. Os policiais me disseram que se fizesse o que eles queriam, ficaria livre e nosmandariam para a Europa, aonde iríamos começar de novo.

Tommy - TIRAS! Os tiras estão chantageando você e querendo matar sua família?

Frank - Desde que você e Paulie mataram aquele garoto, Billy, os tiras e o Morello estão de mãos dadas.Aquele conselheiro, pai do garoto, chegou onde está graças ao Morello. Morello queria me fazer falar e a políciaentão liquidaria o Don. Ambos lados teriam o que queriam. Temo que a situação mudou de certa forma.

Tommy - Onde estão os livros Frank?

Frank - Não estou com eles Tom.

Tommy - Você já os entregou!?

Frank - Não, não, Tom. Contarei a você, se trouxer minha esposa e filha de volta. Deveríamos esperar aquino aeroporto, então eles devem estar mantendo elas em algum lugar aqui perto. Me mate depois, se quiser,apenas tenha certeza que elas saiam dessa cidade com vida.

Frank - Contarei a você, se trouxer minha esposa efilha de volta. Me mate depois, se quiser, apenastenha certeza que elas saiam dessa cidade com vida.

Federais escoltam Frank até o carro que os levaráaté o aeroporto.

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Tommy - Certo, mas você terá que me dar os livrosprimeiro, Frank. Sinto, mas eles ficam aqui caso estejamentindo.

Tommy - Você é a esposa do Frank?

Esposa do Frank - Oh, você veio nos salvar. Estou emdébito com você... aonde está o Frank?

Tommy - Ele está aqui. Espere aqui que já volto.

AÇÃO: Tommy deve ir buscar Frank.

Esposa do Frank - FRANK! Oh, que alívio, estava comtanto medo! Graças a Deus você está bem!

Filha do Frank - Papai!!

Frank - Obrigado, Tom. Eles prometeram me dar as passagens de avião quando desse os livros a eles. Essaspassagens devem estar em algum lugar por aqui. Você pode tentar achar elas?

Tommy - Ok, farei isso, Frank. Espere aqui por mim. Espero que não esteja tramando nenhuma gracinha.

AÇÃO: Tommy deve voltar à recepção para pegar as passagens de Frank.

Tommy - Aqui está Frank.

Frank - Obrigado Tom.Deixe me dizer adeus para March e Alice e então iremos resolver esse negócio.

Esposa do Frank - Como? Frank! Você não irá conosco? Como, como ...

Frank - Não posso, March. Tommy e eu temos um problema muito sério que temos que resolver. Certo, Tom?

Tommy - Frank, apenas me diga onde os livros estão e vá com elas.

Frank - Como? Como você irá explicar isso ao Don?

Tommy - Esqueça, é problema meu. Onde estão os livros?

Frank - Nunca esquecerei disso... Aqui está a chave para um cofre no PRIMEIRO BANCO NACIONAL nocentro. Os livros estão lá. Pegue, Tom.

Tommy - Obrigado.

Frank - ...e Tom... obrigado por tudo que fez por nós, estou em débito com você. E fale para o Don que sintopela maneira que as coisas tiveram que terminar.

Tommy - Para o Don, você está morto Frank. Se ele descobrir que você não está, então isso não está acabado.

Frank - Agora vá. Tommy, nunca esquecerei como nos ajudou,Deus lhe abençoe.

Tommy - Adeus, senhor!

Frank - ...e não esqueça o que lhe falei no carro aquela vez. Nofinal, seu MELHOR AMIGO MATA VOCÊ.

Tommy (em off) - Frank me disse uma vez no carro. E agora era euquem deveria matar um amigo. Só que eu não fiz isso. Não faça aosoutros o que você não gostaria que fizessem com você, seja lá comodizem isso. E eu não queria que Paulie me matasse. Posso ter acabadode dar a ele uma razão para fazer isso hoje. Puxei a responsabilidadepara mim. Espero que ele goste de mim tanto quanto eu gosto doFrank. Tommy - Frank não mentiu, a maleta com

os livros caixa estavam no cofre. Nãofoi problema pegá-los.

Tommy encontra a mulher e a filha de Frank.

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06 Um Ato de BondadeAÇÃO: Tommy deve dirigir até o Primeiro Banco Nacional e recuperar os livros-caixa de Salieri.

Tommy (off) - Frank não mentiu, a maleta com os livros caixa estavam no cofre. Não foi problema pegá-los

07 Lucas BertoneLucas - Fala aí, Tommy! Como está indo?

Tommy - Bem, e você?

Lucas - Estou ótimo, mas algum encrenqueiro de HOBOKEN deu uma surra no meu colega. Ele ficasempre no Bar Black Cat. Você sabe, quero que alguém vá lá ensinar uma lição a ele.

Tommy - Isso não será um problema.

Lucas - Você faria isso, Tommy? Isso é ótimo. Ei, mas não atire nele. Não quero que mate ele, apenas bata neleaté que ele implore perdão. Se você fizer isso, irei conseguir para você uma bela peça de exposição.

Tommy - Certo, mas como esse lixo se parece?

Lucas - Ele é um gorila enorme. Uma figura lá no Bar Black Cat, não tem como errar. Seu nome é GrandeStan. Apenas diga a ele que é uma lição do Carlo.

Tommy - Ok, irei até lá.

AÇÃO: Tommy deve dirigir até o bar, em Hoboken.

Tommy - Grande Stan?

Stan - Quem quer saber?

Tommy - Tenho uma mensagem do Carlo.

Stan - Você quer levar uma surra igual ele, ou o quê?

Tommy - Não, não eu. Parece que hoje você é o sortudo!

Stan - Merda, seu bastardo! Irei pegar você.

AÇÃO: Tommy deve agredir Stan, mas não pode chegar a matá-lo. Depois deve voltar à oficina de Lucas.

08 Lucas Bertone 2Lucas - Então ele aprendeu sua lição?

Tommy - Se ele não conseguir uma dentadura, terá que comer papinha de nenê.

Lucas - HEHE! Carlo ficará muito feliz!

Tommy - Então, aonde está o carro?

Lucas - Um cara no Quarteirão dos Milionários, em Oak Hill, está com ele. É uma pequena revoluçãotécnica. Grande motor, dirigibilidade boa. A tração é dianteira, entende?

Tommy - Certo.

Lucas - Veja a trava, é moleza. Mas quando você for pegar o carro, cuidado. Esse cara tem guarda-costas.

Tommy - Obrigado, Lucas.

MISSÃO 11 - VISITANDO PESSOAS RICAS

01 Bar do SalieriTommy (em off) - Felizmente, todos acreditaram que Frank estava morto e que me livrei do seu corpo.Então o funeral do Frank aconteceu sem ele. A máfia tem o hábito de organizar grandes funerais para pessoas

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importantes, quando eles esquecem os negócios nãoacabados que têm um com o outro, ou com os mortos. Osmortos são mostrados apenas no lado positivo, é oprincípio de todo gângster. Pelo menos no funeral. Entãoaconteceu que não apenas Salieri e os nossos fizeramlongos discursos sobre o melhor amigo, Frank, mas atémesmo Morello e outros gângsteres. Morello e Salierichoraram um no ombro do outro. Não parecia que elesestavam querendo a cabeça um do outro ontem. Frankestaria ‘rolando na tumba’, isso se estivesse realmentemorto. Acho que tudo acabou dando certo, apenas tinhaque pensar em algo sobre a família do Frank. Salieri,claro, queria ajudar a pobre viúva de seu melhor amigoaté o final dos seus dias. Eu não poderia deixar ele saberque eles estavam descansando confortavelmente naEuropa nesse momento.

Salieri - Tommy, parece que nossos problemas não estãoacabados. O promotor que quase fez Frank depor contra nós está indo mais fundo, e ouvi que ele tem atémesmo testemunhas. Parece que o conselheiro cujo filho você matou está querendo vingança. O promotor éum bom amigo dele e,se não resolvermos isso, eles irão causar muitos problemas para nós.

Tommy - Isto não é nada bom.

Salieri - O que é ainda pior é que esse cara não confia em ninguém. Ele está com todas as evidências contranós em um cofre em sua vila. Sam e Paulie estão cuidando das testemunhas enquanto estamos conversandoe você tem que ir pegar essas evidências, Tom.

Tommy - Como iremos chegar até elas?

Salieri - Bem, hoje temos uma excelente oportunidade. O Sr. Promotor decidiu ir ao teatro, e ninguém estaráem casa... isto é, ninguém além dos seguranças da casa, claro, mas seu estúdio estará vazio.Sua vila é noQuarteirão dos Milionários, o Sr. Promotor não é exatamente um garoto pobre.Obrigado Luigi.Sua única preocupação é como entrar, mas haverão guardas do lado de fora da vila. Uma vez lá dentro vocêestará bem, a vila estará vazia. O escritório do promotor é no primeiro andar e lá haverá um cofre na parede.Por isso você levará Salvatore com você, ele é o cara que consegue abrir qualquer cofre na América. Assimque você tiver todas evidências saia antes que o promotor volte para casa.

Tommy - Ok, Chefe. Aonde posso encontrar esse Salvatore?

Salieri - Ele estará esperando você em Hoboken, na esquina próxima ao estádio. Então você pode pegar ele nocaminho até lá. Não preciso falar quanto importante é esse trabalho para nós, Tommy. Buona fortuna!

Tommy - Farei o meu melhor, Chefe.

Salieri - E Tommy, se você se encontrar com o promotor, não o mate, não importa o que aconteça. Apenas nos trarámais problemas.

Tommy - Pode contar comigo, Chefe.

Salieri - Você nem sabe quanto sinto falta do Frank, Tom. Mesmo tendo nos entregado. Ele sempre foi ótimopara conversar.

Luigi - Essa coisa com Frank realmente abalou Don Salieri. Ele provavelmente está se sentindo culpado, masnão acho que ele tinha razão para isso. Ele tinha que fazer aquilo. Melhor morrer com honra do que trair afamília e viver como um foragido.

AÇÃO: Tommy deve falar com Vincenzo.

Tommy - Boa noite Vincenzo. Hoje à noite estarei fazendo um pequeno assalto, então preciso de algo para umtrabalho silencioso.

Vincenzo - Tommy, um bom e velho taco irá servir. Quando você acertar alguém na cabeça vindo de trás,eles devem ficar adormecidos por um tempo. Para ficar seguro, leve esta Colt 1911 também. Irei cruzar meusdedos, Tommy.

Tommy - Então o funeral do Frank aconteceu semele. A máfia tem o hábito de organizar grandesfunerais para pessoas importantes, quando elesesquecem os negócios não acabados que têm umcom o outro, ou com os mortos.

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Tommy - Obrigado Vincenzo.

AÇÃO: Tommy deve pegar um carro com Ralphy.

Tommy - Então o que você tem para mim hoje, Ralphy?

Ralphy - Hei T...Tom, eu tenho a...aqui uma nova máquina paravocê. Tem 65 cavalos e se você pisar fundo, irá acima de 75 milhas porhora. El...eles colocaram uma nova t...trava nele, mas não háp...problema. Veja aqui... V...viu, é bem fácil! Você pode l...levar essecarro, ou algo mais velho, o qu...que você quiser.

Tommy - Obrigado, Ralphy.

02 CidadeAÇÃO: Tommy deve dirigir para encontrar Salvatore e, depois, dirigir até a casa do promotor.

Tommy - Boa noite chefe, vamos lá.

Salvatore - Grande, aonde estamos indo?

Tommy - Então, você pode abrir qualquer cofre no país, certo?

Salvatore - Praticamente qualquer um, chefe.

Tommy - E como você aprendeu esse truque?

Salvatore - Meu avô era do ramo. É herança. Os cofrescontinuam melhorando, então a gente tem que semanter atualizado. Alguns cofres hoje em dia são bemtrabalhosos.

03 O BairroTommy - Ok, aqui estamos. Faça exatamente o que eumandar. Se algo der errado, nos encontramos aqui.

Salvatore - OK, chefe.

AÇÃO: Tommy deve invadir a mansão, junto comSalvatore, sem chamar atenção dos guardas e utilizandoapenas um taco como arma. Dentro da casa, deve golpeara esposa do promotor, para depois cuidar do cofre.

04 O CofreTommy - Então, me mostre o que você pode fazer, Salvatore.

Salvatore - OK, chefe! Consegui, chefe! Moleza.

CENA: Pela janela, Tommy percebe a chegada do promotor.

Tommy - Cristo! Parece que devemos sair daqui rápido,Salvatore.

Promotor - Olá querida! Você teve um bom dia hoje?

AÇÃO: Tommy deve coletar os documentos guardados no cofree fugir. Se quiser, pode pedir a Salvatore que abra o carro dopromotor.

Tommy - Salvatore! Abra o carro.

Salvatore - Certo, chefe.

Tommy - Você pode abrir, Salvatore?

Salvatore - Tentarei chefe. Aqui está, chefe.

Salvatore abre o cofre que guarda os documentos.

Tommy e Salvatore fogem com o carro dopromotor.

Enquanto Tommy neutraliza osguardas, Salvatore deve permanecerescondido.

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05 A FugaAÇÃO: Tommy deve levar Salvatore de volta, antes de ir para o bar de Salieri.

Salvatore - Me deixe em casa. Moro na rua após o estádio, um pouco depois de onde você me pegou.

Tommy – Certo, Salvatore. Devo uma para você depois de hoje.

Salvatore - Aqui é onde eu moro, muito obrigado. Espero que seja mais tranqüilo da próxima, quase borreiminhas calças.

Tommy - Também espero, tome um calmante.

MISSÃO 12 - UMA GRANDE JOGADA

01 Bar do SalieriSalieri - O último trabalho correu bem. Não há evidências ou testemunhas contranós. Graças aos seus métodos persuasivos, eles não vão nem piar.

Paulie - Obrigado Chefe, tentamos fazer você feliz.

Salieri - HA, HA, HA, vocês certamente me fizeram. Mas hoje estamos aqui por outrarazão. Paulie tem uma proposta bem interessante.

Paulie - Bem, encontrei um cara do Kentucky, William Gates. Todos sabem que o Kentucky faz o melhoruísque caseiro. Bem, de qualquer forma... esse cara quase vomitou quando experimentou o uísque que Morellovende aqui. Quando ele me deu um gole disso que eles fizeram lá... esqueça aquilo. Não irei beber nada mais!Então perguntei a ele sobre isso, certo? Ele disse que não havia problemas, e que ele podia me entregar quantoeu quisesse. Fiquei imaginando quanta grana podemos fazer com isso... bem, pedi uma carga de caminhãodessa bebida. Disse a mim mesmo, se pegar aqui, podemos fazer um negócio ainda maior depois. Certamenteirá ser uma ótima substituição para a perda do nosso Canadense.

Sam - Eu gostei, boa.

Tommy - Eu também!

Salieri - Bem, hoje estará chegando, então iremos pegar um pouco dessa bela bebida. Já estou de olho nisso!

Sam - Onde eles estão escondendo?

Salieri - Eles irão nos encontrar no grande estacionamento. Temos que ser mais cuidadosos do que da outravez. Vocês irão ao local de carro com mais dois garotos. Eles serão sua escolta no caminho de volta. Vocês trêspegam o caminhão e levam para nosso armazém em Hoboken. Os rapazes estarão lá no quintal esperando nocarro. E me tragam uma garrafa, assim posso finalmente beber algo decente.

Paulie - Conte com nós Chefe!

02 EstacionamentoPaulie - Aqui Tom, isto pode ser útil.

Tommy - Obrigado.

AÇÃO: Tommy, após chegar de carro com os outros, deve subir até o último piso do estacionamento.

CENA: Paulie se aproxima e reconhece seu amigo.

Paulie - Ei você, Bill. É bom ver vocês novamente.

Bill - Ei Paulie.

Paulie - Esses são meus parceiros e amigos, eles gostamda idéia de trabalho em grupo e eles também gostam deuísque de primeira, que o seu certamente é.

Bill - É sim.

Paulie - Ei, você, Bill. É bom ver vocês novamente.

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Paulie - O principal é que Don Salieri também gosta, e como ele está por trás de todo o negócio... Aqui está seuprimeiro pagamento pelo carregamento.

Bill - Dê meus agradecimentos ao Sr. Salieri. Sempre fico feliz de fazer negócios com pessoas como ele.

Paulie - Você deveria mesmo estar, Bill. Você pode ter algo grande em suas mãos. Se essa pequena entregader certo para nós, iremos comprar muito mais da próxima.

CENA: Carros invadem o estacionamento, mafiosos do Morello descem e começam a atirar.

Paulie - Se protejam!

Bill - O que está acontecendo??? Jesus, quem são eles??

Paulie - Atirem, matem os bastardos!!! Maldição!

CENA: Tommy, Paulie e Sam conseguem se livrar dos inimigos.Tommy - Que infernos era aquilo, Paulie? Quem eram aquelesencapuzados?

Paulie - Como deveria saber? Ok, ok! Bem, não podemos ficaraqui esperando mais deles aparecerem, vamos pro caminhão esair logo daqui! Tom, você dirige! Irei seguir atrás em um dosoutros carros.Espere por nós aqui, rapazes. Estaremos de volta rapidamente.Quando sairmos, nos sigam. Então iremos experimentar um poucodisso no armazém.

Capanga do Salieri - Certo, chefe.

03 Perseguição de CarrosAÇÃO: Tommy deve, então, dirigir o caminhão com a carga de uísque até o depósito, evitando a perseguiçãodos rivais..

04 A Volta ao BarPaulie - Então parece que Morello entrou no meio dos nossos negócios novamente, chefe. Parece que nãodeixamos para trás a maré de azar.

Salieri - Rapazes, vocês não vão acreditar nisso, mas é completamente ao contrário. O único que realmenteteve azar dessa vez foi o Morello.

Paulie - Como?

Salieri - Descobri quem o Sr. Gates na verdade era.

Paulie - E?

Salieri - Gates nunca foi realmente do Kentucky. Ele eraum ladrãozinho que roubava mercadorias do Morello e queriavender elas para nós! Morello não acha que ele parou comnossas negociações, mas que nós pegamos uma carga do seumais caro uísque. Aposto que aquele bastardo está feliz agora!

Dirigindo o Bolt Model B Pickup, Tommydeve despistar os rivais que o persegueme chegar até o armazém, em Hoboken.

Salieri - Vamos comemorar! A outro sucessorapazes! Salute!

Os homens de Morello, à esquerda, chegam para frustrar as negociações entre os homens de Salieri e Bill, àdireita.

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Tommy - Inacreditável! Então esse Bill era apenas uma enganação, que rouba mercadoria dos outros.

Salieri - Bem, isso acabou dando certo. Vamos comemorar! A outro sucesso rapazes! Salute!

1938INTERMEZZO 3

Norman - O fim da proibição em trinta e três... Você provavelmente não ficou muito feliz, certo? O fim dos bons evelhos dias...

Tommy - Sim, não muito feliz, mas não foi de todo mal. Eventualmente, eu casei com Sarah e tive uma filha.Era uma boa época. Mas a vida seguia seu rumo. Nós fizemos muita grana durante a proibição, que nósinvestíamos em novos negócios. Muitos deles eram legais. Tivemos firmas comuns como construção, transporte,restaurantes... Mandávamos em sindicatos... e, claro, havia o jogo, apostas, loterias... Nós realmente nosdemos bem. Apenas tentávamos ficar longe das drogas, mesmo que não fosse sempre fácil.

Norman - Vamos lá!? Negócios são negócios, certo? Você está fora dessa!

Tommy - A Cosa Nostra não é para Chineses ou qualquer um! Com drogas, vem muita grana e muito mais problemas.Quando alguém tem um problema com os tiras por causa de drogas, ele faz a coisa certa - ele admite a culpa. Se afamília o pegar, eles apagam ele! Drogas são um tabu.

Norman - Então o quê, há um tipo de grande chefão fazendo julgamentos?

Tommy - Algo assim. As famílias líderes escolhem um Chefe dos Chefes. Eles resolvem os grandes problemase fazem as regras do jogo.

Norman – Então, criminosos que infringem a lei têm sua própria corte que os julga? Isso é ótimo.

Tommy - Leis não são imutáveis, palavras sagradas. Todo país no mundo tem a sua própria lei. É apenasalguém com muito poder aplicando a sua própria vontade. Dependendo da pessoa, se irá servir alguémcegamente, ou aplicar a sua própria vontade. Porquê o Don deveria ter restrições? A máfia prevalecia sobreas proibições com sua própria lei. Alguns pobres e analfabetos imigrantes da Sicília eram mais fortes quetodas as leis, cortes e polícia aqui nos Estados Unidos. Isso requer alguns feitos.

Norman - Como o quê? Assassinato? Com o sofrimento que eles causaram?

Tommy - Dá um tempo! Você acha que a máfia apenas assassina pessoas inocentes? A máfia pune aquelesque infringem a lei... e a maioria das suas leis também. Infelizmente, não podemos colocar ninguém em umacela, ou multá-lo. Todos que trabalham para nós sabem o que esperar caso quebrem as regras. Pessoas menteme roubam e há muitos criminosos que sentem um prazer inacreditável quando roubam da máfia, assim comoos mafiosos que sentem prazer em enganar o estado.

Norman - E sobre os subornos, assaltos e ataques? Hein?

Tommy - Ei, os tiras não são santinhos também. Nenhum Don encoraja seus homens a saírem por aímachucando as pessoas, e o que outras pessoas fazem por si só não é nossa preocupação. E sobre subornos, amaioria das pessoas chegam sozinhas ao Don pedindo ajuda e conselhos. E eles irão pagar com gosto por isso.O Don é uma pessoa muito querida. Mas nem todo Don é como Salieri. Essa é a verdade.

Norman - Aqui está você. Seu sistema funciona, mas você sabe de uma coisa? Vocês são apenas um bando deassassinos egoístas, e você apenas se preocupa com o que irá ganhar. Todos seus esforços são gastos para tercerteza que você vive como porcos na merda. Por isso vocês têm tanto sucesso, só olham para si mesmos. Nóscuidamos de todos. Alguns tiras têm que manter a lei e ordem para todos, e isso é um trabalho muito maisdifícil.

Tommy - Isso é verdade, mas você pode facilmente deixar o Don de fora da sua proteção. Ele irá cuidar de simesmo.

Norman - E sobre você? Porque está aqui sentado?

1935MISSÃO 13 - BON APPÉTIT!

01 Cidade

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A Cidade do Paraíso Perdido |72 |

Tommy - Ei, chefe, que está acontecendo?

Salieri - Há algo que estou esperando a semana inteira. Estou indoalmoçar no restaurante do Pepe, mas meu guarda-costas pessoal ligoudizendo estar doente. Não há ninguém para me levar, e prefiro não ira esses lugares sozinho. Você irá me levar, não?

Tommy - Certamente, Chefe.

Salieri - Bravo! Vamos indo então, estou com muita fome, já.Você está com uma arma, Tommy?

Tommy - Sim, tenho uma. Você acha que irei precisar dela?

Salieri - Bem, ha, ha, provavelmente não, mas é melhor se precaver. Você sabe como é. Iremos com meucarro. Aqui estão as chaves. Ok, me leve ao Pepe, Tom. É perto do leito do rio em New Ark.

AÇÃO: Tommy deve dirigir até o restaurante.

Salieri - Até que enfim! Poderia comer um cavalo!

02 Restaurante do PepePepe - Ei, Don Salieri, bem vindo. Nosso convidado chegou!

Salieri - Pepe, você nem imagina quanto esperei por suas especialidades!Refeição fantástica, Pepe! Não comia tão bem há muito tempo!

Pepe - Molte grazie, Don. Elogios de um gourmet como você sempre me enchem de alegria.

Salieri – Oh, por favor, não sou um gourmet. Se você soubesse o que eu comi na janta ontem, definitivamentenão iria dizer isso.Tommy, estou realmente esperando por isso. Pepe é um Siciliano, e acima de tudo, um ótimo chef. Sempreque quero algo especial lá de casa, eu vou até ele. Espere até experimentar o queijo deles! Esqueça sobre isso.Luigi é um ótimo cozinheiro, mas Pepe é um verdadeiro mestre, um maestro!

Pepe - Posso trazer mais algo para você, Don? Tenho umChianti excelente.

Salieri - Verdade!? Então traga ele para nós Pepe!

Pepe - Claro, Senhor.

Salieri - O que achou, Tommy?

Tommy - Foi fantástico, Chefe. Terei que trazer Sarahaqui qualquer dia.

Salieri - Ah, claro, você certamente deve, Tommy.Apenas tenha cuidado para que Sarah não se ofendaachando que não cozinha tão bem quanto Pepe.

CENA: Alguns carros estacionam em frente ao restaurante de Pepe. Gângsteres descem e começam a dispararcontra Salieri e demais pessoas dentro do recinto.

Salieri - Que infernos está acontecendo!? Isso estáacabando com meu almoço! Morello não deve ter nadamelhor para fazer. Eles podiam pelo menos me deixarexperimentar o vinho, Cafoni!

Capanga do Morello - Hahaha! Jogue para ele opresentinho, Joe! Quem sabe iremos acabar com ele!

Tommy - Trabalhar para você é realmenteinteressante, Chefe.

Salieri - O que você disse? Meus ouvidos estão zunindopor causa da explosão.

Pepe - Posso trazer mais algo para você, Don? Tenhoum Chianti excelente.

Homens de Morello cercam a atacam o restaurantede Pepe.

Tommy levando o chefe para o almoço.

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A Cidade do Paraíso Perdido |73|

Tommy - Sim, Chefe. Parece que não iremos sair por este caminho.

Salieri - Tente ir correndo por trás deles enquanto os mantenho distraídos.

Tommy - Sim, Chefe. Cuidado.

AÇÃO: Tommy deve deter os mafiosos rivais, enquanto Salieri tenta se proteger.

03 Depois do AtaqueSalieri - Graças a Deus, conseguimos... Ainda posso ouvir o ruído em meus ouvidos. Tenho que dizer, vocêtem culhões, Tommy. Você me salvou.

Tommy - Você não foi nada mal, Chefe...

Salieri – Cristo, aquilo foi loucura. Graças a Deus que Pepe se escondeu. Pobre rapaz, terei que mandar a elealguma grana para os reparos.

Tommy - Nós devemos... Chefe, eu gostaria de saber como eles sabiam que estávamos ali. Você acha que elesnos seguiram?

Salieri - Não creio, Tommy. Tenho um pressentimento de quem armou essa para mim.

Tommy - Quem?

Salieri - Carlo, meu guarda-costas!! Aquele maldito filho da puta! Ele é o único que sabia onde eu estavaindo. E ele também arranjou uma desculpa para não trabalhar hoje!Ele sabia muito bem o que ia acontecer! Isso parece muito provável.

Tommy - Sim, eu acho que sim!

Salieri - Irei despedaçar ele como se fosse uma boneca de pano! Carlovive em uma casa alugada na Pequena Itália, perto do nosso bar. Háuma pizzaria embaixo. Estamos indo!

04 CarloAÇÃO: Tommy deve ir com Salieri até a casa de Carlo e matá-lo.

Tommy - Você sabe de uma coisa, chefe?

Salieri - O quê?

Tommy - É a primeira vez que matei alguém apenas vestido com aroupa de baixo.

Salieri - Não é nada. É a primeira vez para mim também. Há uma primeira vez para tudo.

CENA: Morello faz uma visita ao irmão mais novo, Sergio Morello, que está torturando um funcionário.

Sergio - Bem, quem nós temos aqui!

Morello - Como você está, Sergio? Ficando longe de encrenca? Vejo que você tem um novo saco de socar.

Sergio - Como está você, Sr. Morello? Bem, o cavalheiroaqui acha que as finanças do nosso sindicato não sãojustas e quer fazer greve.

Morello - Sempre disse que greve é uma coisa ruim,muito ruim. A menos, claro, a que é organizada pelomeu querido irmão, para um objetivo maior.

Funcionário - Você não vai se livrar... os rapazes irãolhe mostrar...

Morello - Acho que você está super estimando a coragemdeles. Você é uma barata... Não vim para discussões,infelizmente.

Morello - Sempre disse que greve é uma coisa ruim,muito ruim. A menos, claro, a que é organizada pelomeu querido irmão, para um objetivo maior.

Salieri - Tommy, arrombe a porta, en-tre lá e acabe com o maldito.

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Sergio - Iremos mostrar a você alguns dos nossos princípios sobre sindicatos, nesse nosso país livre. Vamos lárapazes.Qual a razão de você ter vindo, irmão?

Morello - Salieri está vivo.

Sergio - Como? Como ele pode ter sobrevivido?

Morello - Temo que na atual situação nós não podemos perguntar a ele, e não há mais ninguém para nosfalar o que aconteceu. Nossos rapazes estão mortos, os clientes no restaurante estão mortos e a víbora do Carlotambém.Você pode por favor SE CALAR? Estamos tentando conversar aqui!

Funcionário - VÁ PARA O INFERNO! Não há maneira de conversar com o Sr. Morello!

Morello - Bum.

Sergio - Deus, ele devia estar ali sozinho. Como pode aquele velhote matar tantos homens nossos?

Morello - Ele é tão velho quanto eu, então eu não diria isso. Mas ele provavelmente não estava ali sozinho.Acho que eles irão planejar como se livrar de nós agora.

Sergio - Que devemos fazer?

Morello - Tentarei descobrir algo. De qualquer forma, cuidado, agora os melhores homens dele estarão atrásde nós.

Sergio - Então realmente estamos em guerra?

Morello - Já temos estado por um longo tempo, mas agora mais do que nunca. Se cuide muito bem, irmão.

Capanga do Morello - Chefe, parece que ele já teve o suficiente. Que você quer que nós façamos com ele?

Sergio - Não sei... Acabe com ele e o jogue no oceano.

Capanga do Morello - Então o quê? Você sabe que greve não é um passeio no parque. O mundo tem regrasque devem ser seguidas. Estamos fazendo isso para seu próprio bem.

MISSÃO 14 - FELIZ ANIVERSÁRIO

01 Oficina do VincenzoSalieri - Tommy, aquela tentativa de assassinato significa que Morelloabertamente declarou guerra contra nós. Nós temos que cuidar disso. Se Morellonão tivesse ligações com os políticos e outras organizações importantes da cidade,nossas forças seriam quase iguais. Se liquidarmos essas pessoas, nosso oponenteserá muito mais fraco.

Vincenzo - Isto é exatamente o que faremos... eliminar seus contatos influentes.

Tommy - Certo.

Salieri - E como nós sabemos, a guerra de todos contra todos deve ser evitada.Pegue os generais, então os soldados irão desistir sem terem lutado. Então é issoque faremos, iremos acabar com eles um a um.

Tommy - Que você quer dizer exatamente?

Salieri - O primeiro na mira é o conselheiro da cidade, que nos causou tantos problemas. Morello o colocou napolítica, e isso faz dele um grande ajudante. Iremos cuidar dele após o rapaz, e eu digo hoje.

Vincenzo - O conselheiro está celebrando seu aniversário e decidiu fazer uma grande festa, num barco avapor, com fogos e tudo mais, e ele estará fazendo um discurso aos paparazzi. Haverão muitas pessoas que nãofarão nada contra nós quando verem o que acontece com ele.

Salieri - Parece muito arriscado... mas vale correr o risco. Vincenzo sabe o plano.

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Vincenzo - Ok. Como eu disse ele está num barco a vapor. Não será fácil entrar sem um convite, mas eu seique você pode, Tom. Acima de tudo, tente não levantar suspeitas antes de conseguirmos alcançar nossa meta.Claro, você não passará com uma arma pela segurança, mas já cuidei disso. Logo que você chegar no deck, vápara um dos banheiros masculinos. Haverá um pequeno revólver escondido lá. Após, apenas espere um poucodo lado de fora. O conselheiro provavelmente estará em sua cabine, mas sairá para o começo das celebraçõese seu discurso. Será sua grande chance. Durante o discurso você vai acabar com ele, Tom. Tem que ser empúblico e seu discurso será a melhor oportunidade. Haverá uma grande multidão lá, então você poderá semisturar com eles logo que tudo estiver feito. O revólver tem um alcance curto, mas de perto é ótimo.

Tommy - E depois o quê? Gostaria de voltar para a costa inteiro.

Vincenzo - Após, será loucura. Haverá alguns seguranças no barco, e você deve conseguir passar por eles nomeio do caos. Se não, vá para a proa, e Paulie irá com um barco trazer você em segurança.

Salieri - Então o quê, Tommy? Não será fácil, mas você deve conseguir.

Tommy - Parece suicídio. Está querendo se livrar de mim?

Salieri - Acredite em mim, Tommy, se eu achasse que você não conseguiria, eu nunca iria lhe mandar. Achoque será mais fácil do que imagina. Logo que atirar, haverá tanta confusão que ninguém irá ver quemdisparou o tiro. Você sairá de lá rapidinho. E claro que a recompensa irá compensar os riscos.

Tommy - Ok, irei fazer isso.

Vincenzo - O barco está ancorado na Ilha Central. Melhor você ir ou irá se atrasar, melhor ficar de olho nahora. Buona fortuna, Tom.

AÇÃO: Tommy deve pegar um carro com Ralphy.

Tommy - Bem, lá vamos nós de novo, Ralphy. Hoje preciso de algopara usar uma vez apenas, porque não sabemos como tudo vai terminar.

Ralphy – Ei, Tommy. Isso não é problema. Tenho aqui esse pequenino,eles são muito populares hoje em dia. Também são bem robustos. Vejacomo é fácil de pegar.

Tommy - Sim, ótimo, Ralphy, isso deve funcionar.

02 CidadeAÇÃO: Tommy deve dirigir até o porto, conseguir uma roupa demarinheiro e infiltrar-se no navio.

03 Na FestaTommy - Ouvi que você tem a chave para o banheiro no deck superior.

Skippy - Não enche, tenho muito trabalho a fazer.

Tommy - Ei, eu preciso dessas chaves, deixei algo lá.

Skippy - Certo, talvez empreste elas para você, mas você tem que prometer limpar aquilo e depois trazer aschaves de volta para mim. Irei esperar na popa.

Tommy - Limpar? ... ehm ... Certo, pode deixar.

Skippy - Ok, aqui estão, mas traga de volta!

AÇÃO: Tommy deve pegar um balde, limpar o banheiro, pegar orevólver e devolver as chaves do banheiro para Skippy.

CENA: O Conselheiro sai de sua sala e se dirige para o salão ao arlivre, onde começa seu discurso.

Conselheiro - Obrigado, obrigado e seja bem vindo a essa festa.Nunca iria adivinhar que tinha tantos bons amigos, que, eu espero,irão celebrar comigo essa ocasião especial. Nunca passou pela

Tommy, em trajes de marujo, érevistado antes de embarcar para afesta.

A excitante vida de marinheiro novato.

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minha cabeça, nem nos meus mais malucos sonhos, que quandotivesse 40 iria terminar assim. Comecei apenas com um negóciopequeno e alguns dólares, mas tentei fazer o melhor que pude. Atémesmo nas piores épocas, sempre dizia: “Com integridade umhomem irá mais longe”, e esse lema perdura até hoje. Mais tarde,quando as coisas começaram a melhorar, eu casei com minhaadorável Agnes. Infelizmente, aquela terrível guerra veio às nossasvidas. Foi uma época dolorosa, mas passamos por elas vivos esaudáveis. Minha querida esposa e eu pudemos conseguir umavitória para o nosso amado país. Logo após a guerra meu primeiroe único filho nasceu. Mesmo que a época não fosse boa, nós fomosmuito bem. Criamos nosso filho para ser um modelo americano, ecoloquei em sua cabeça os princípios de como ser um bom Cristão.Mesmo com muitos negócios arruinados e falidos após o “boom”,meus negócios sobreviveram. Fui capaz de fazer doações modestaspara caridades, ajudar os desempregados, me tornar umpatrocinador das artes, e mais, recuperamos uma igrejalinda, porém devastada. O destino desejou querecentemente eu desse adeus ao meu filho naquelamesma igreja. Ele perdeu sua vida graças a umcriminoso! Tenho estado na política por muito tempoagora. Fui eleito por cidadãos honestos e irei protegerseus direitos! Prometo que o resto da minha carreira iráter como objetivo a perseguição dos gângsteres ecomparsas que mataram meu filho! Irei varrer o crimedessa cidade! Mas esta é uma festa de aniversário. Jádisse o que devia, e agora eu apenas quero que todos sedivirtam nessa noite agradável. Estou iniciando outradécada de minha vida e quero prosperar junto com todos vocês em uma cidade saudável e próspera. Paramim, esse é o início de uma nova era! Agradeço vocês.

AÇÃO: Tommy deve matar o conselheiro e fugir no barco que Paulie surge pilotando.

MISSÃO 15 – VOCÊ É UM SORTUDO!

01 Bar do SalieriSalieri - Tommy conseguiu. Agora todos os políticos na cidadeestão com medo. Ninguém quer acabar como o conselheiro.

Paulie - Bom trabalho, Tom.

Salieri - Mas não é o suficiente. Agora iremos atrás do homemque é a mão direita do Morello - seu irmão Sergio Morello Jr. Elecontrola os sindicatos da cidade. Seu maior negócio é o sindicatodos Portuários. E graças a isso ele controla praticamente todas as importações na cidade. Iremos matar ele euma grande parte dos rendimentos de Morello irá por água abaixo.

Paulie - Acho que sei como faremos isso, Chefe. Sergio sempre está no restaurante JARDIM ITALIANO. Háum telefone no restaurante, e do outro lado da rua uma cabine telefônica. Você irá para a cabine e ligar parao restaurante dizendo que quer falar com o Sergio. Estarei esperando na frente do restaurante com umaThompson, e assim que Sergio atender o telefone, acabarei com ele. Então nós iremos pegar o carro e fazeruma fuga rápida. Que você diz?

Tommy - Sim, eu acho que posso cuidar da parte de fazer a ligação.

Salieri – Certo, rapazes. Vincenzo irá dar a vocês suas armas.

02 O Telefone PúblicoAÇÃO: Tommy deve dirigir até o restaurante.

Paulie - OK, irei esperar na frente. Você liga daquela cabine, diga que quer falar com Sergio. Assim que eumatar ele, entre no carro e espere por mim. Então iremos sair daqui.

Tommy - Certo.

Garçom - Sim?

Tommy interompe o discurso doconselheiro.

Paulie, piloto de fuga.

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Tommy - O Sr. Morello, por favor.

Garçom - Aguarde um minuto.

Capanga do Morello - Amigo, o Sr. Morello não está aquihoje, tente.... EEEEE...AAARGHH

Tommy - Jesus! Maldição, Paulie!! Paulie!!! Não é ele!!Paulie, se mexa, Morello não está ali!

Paulie - O que você estava gritando, diabos? Nãoconseguia ouvir você.

Tommy - Aquele cara que você matou não era o Sergio! Sergio não estava lá hoje!

Paulie – Ah, inferno! Agora estamos na merda! Vamos voltar para o Salieri.Cristo! Tom, dê a partida!!!!

03 VincenzoSalieri - Não se preocupe com isso, Tom. Às vezes acontece com alguém, isso. Vincenzo e eu tivemos quepensar em um novo plano. Biff nos contou que Sergio tem uma amante com quem ele passa muito tempo. Eladeve estar aqui hoje. Vincenzo preparou uma surpresinha para ele. Tudo que temos que fazer é colocar ela emseu carro enquanto ele está lá dentro se aproveitando.

Vincenzo - Está certo, tudo que você tem que fazer é colocar essa bomba embaixo do carro dele. Então vocêpode apenas aproveitar e assistir ao show.

Salieri - Sergio normalmente sai às quatro, então seapresse. Dessa vez tem que dar certo. A amante delemora em uma casa em Oakwood. Iremos saber se eleestá lá caso seu pequeno e caro carro esporte estiverestacionado na frente. Coloque a bomba sob ele.

Tommy - Isso parece bem melhor. Estou indo.

AÇÃO: Tommy deve dirigir até o local combinado einstalar a bomba no carro.

CENA: Em vez de Morello sair com o carro, quem sai ésua amante. O carro explode.

Tommy - Cristo! Não, não, não! Ei, pare! Merda! Maldição... essa é uma mulher QUENTE.

04 Fogos de ArtifícioTommy - ... a garota saiu e sentou no carro. Não sei se ele emprestou o carro para ela ou qualquer outra coisa!Eu ainda me arrepio todo pensando nisso... simplesmente não deu certo de novo. Parece que Sergio Morellonão estava lá o dia todo, e apenas emprestou o carro para aquela mulher. Maldição!

Salieri - Simplesmente acontece, às vezes. Você não podia ter feito nada! Tornando clara a situação, temosque pegar esse cara. Sergio irá se encontrar com o seu contador no centro no estacionamento do RestauranteJardim Arco Íris. Vá com Paulie para encher ele de buracos. Você irá só dirigir, Tom. Então saia rápido antesque o alarme toque. Agora se mexam, vocês têm que pegar Sergio lá.

Paulie - Agora eu pego o maldito, eu prometo. Ele morrerá e nem irá saber como eu fiz isso.

Tommy - OK.

Salieri - Vão em frente rapazes ! Há pessoas atrás de nós agora.

AÇÃO: Tommy e Paulie vão falar com Vincenzo.

Paulie - Vincenzo, preciso de uma metralhadora e algo para o Tom.

Vincenzo - OK. Aqui está, rapazes. Irei cruzar os dedos.

Paulie pega o homem errado.

A amante entra no carro de Morello...

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Paulie - Obrigado.

AÇÃO: Tommy e Paulie vão pegar um carro com Ralphy.

Paulie – Ei, Ralphy. Precisamos de um carro.

Ralphy – Ei, ei, tenho um Terraplane novinho. É bome um carro grande e pesado. Você irá gostar dele, Paulie.Tem um novo tipo de trava, mas se uma pessoa é espertanão há problemas para abrir. Apenas assim...gentilmente ...empurre e aperte!

Paulie - Ótimo! Então vamos Tom.

AÇÃO: Tommy deve dirigir até o Jardim Rainbow.

05 Jardim RainbowCENA: Paulie desce do carro e surpreende Sergio Morello e seus capangas. A arma de Paulie trava.

Paulie - Temos uma mensagem do Sr. Salieri. Oh, não...

Sergio - Bem, isto certamente muda a situação, cavalheiros. Matem aquele idiota!

Tommy - O quê...? O quê está acontecendo?

06 A FugaAÇÃO: Tommy deve voltar ao Salieri, fugindo de Morello e seus homens.

07 Mudando os TrilhosCENA: Outros capangas de Salieri se posicionam para pegar Morello na linha de trem, enquanto Tommyapenas observa.

Tommy - Após tantos erros, Salieri deu o trabalho para outras pessoas. Eu apenas fui com eles como umaforma de assegurar tudo.

Capanga de Salieri - Apenas fique aqui sentado e assista, assim você não ferra tudo de novo. Amador ...

CENA: O carro de Morello se aproxima da linha de trem e é obrigado a parar, enquanto o trem se aproxima.Os outros homens de Salieri encostam atrás do carro de Morello.

Sergio - Porque as barreiras... não fecham?????VÁ!!!!!!!!!

CENA: Morello foge e o trem acerta o carro dos homensde Salieri.

Tommy - Realmente, maldito profissional.

AÇÃO: Tommy deve seguir o carro de Morello, semperde-lo de vista.

08 O PortoCENA: Morelloconsegue chegar noporto, onde domina asoperações e mobilizaseus homens.

AÇÃO: Tommy deveeliminar os bastardosde Morello. Quando seaproximar do hangarem que Sergio estáescondido, Tommydeve liberar um vagão

Em primeiro plano, Tommy observa enquanto Mo-rello foge e o trem atinge o carro dos “profissionais”.

Tommy, carro preto, persegue Morello,carro creme.

A segurança do porto se prepara parareceber Tommy.

A Thompsom da Paulie trava e a vantagem passa parao lado de Morello e seus homens.

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de trem carregado com combustível para incendiar aentrada do hangar.

09 SergioCENA: O vagão explode e libera a entrada para o hangaronde Sergio está protegido por mais seguranças.

AÇÃO: Tommy deve liquidar o bastardo.

10 Voltando ao BarAÇÃO: Tommy pode voltar ao Salieri ou passar para falarcom Lucas.

11 Lucas BertoneLucas - Você caiu do céu Tommy! Preciso de um carrorápido!

Tommy - Que aconteceu?

Lucas - Um amigo meu chamou, um de nossos amigos levou um tiro em Chinatown, ele está caído na ruapróxima à praça e precisa de ajuda!Você tem que pegar ele e levá-lo até ao médico em Oakwood!

Tommy - Há um hospital em Oakwood?

Lucas - É aquele que você levou Sam uma vez.

Tommy - Certo, eu me lembro.

Lucas - Então? Pode fazer isso?

Tommy - Certo, se você limpar o sangue do carpete.

Lucas - Sem problemas, mas vá logo, ele está lá morrendo!

AÇÃO: Tommy deve dirigir até Chinatown e levar o amigo de Lucas para o médico em Oakwood.

Amigo de Lucas - Arrrghh, merda, isso tinha que acontecer comigo.Até que enfim! Luca enviou você?

Tommy - Sim. Que há com ele?

Amigo de Lucas - O que você acha? Ele levou um tiro de 45. O outro está muito pior, então não é uma boaidéia levá-lo ao hospital.

Amigo baleado - hhhhh... me leve ao médico em Oakwood.

Amigo de Lucas - Vá rápido, se alguém não fizer algo por ele, ele não irá sobreviver.

Tommy - Ok, vamos.

Amigo de Lucas - Deixe o carro mais perto, assim nãotemos que arrastá-lo tão longe.

Amigo baleado - AhhhHhh Hmm Uahhh

Amigo de Lucas - Ficará tudo bem, agüente! Não desistaagora, amigo. Você irá estar com o doutor em momentos eele irá deixar você inteiro de novo. Se segura, parceiro,iremos chegar lá em instantes.Aqui está! Pare aqui!Muito obrigado.Ok, vamos, amigo, estamos bem, o doutor irá ver você.

Tommy - Jesus, que confusão, o carro está todo coberto desangue! Espero que Luca tenha muito sabão.

12 Lucas Bertone 2 Amigo de Lucas - O que você acha? Ele levou umtiro de 45.

Depois de tiros e explosões, o sortudo SergioMorello desaba.

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Lucas - Ele está bem?

Tommy - Sim, eles estão no médico, ele ficará bem.

Lucas - Ufa! É um peso fora da minha consciência, ele é meu melhor amigo! Lhe devo uma.

Tommy - Bem, já que você deve, poderia limpar o sangue dos bancos? O carro está parecendo um matadouro.

Lucas - Não se preocupe Tommy, irei dar um jeito.

Tommy - Bem, eu espero que sim.

Lucas - Merda, não falta sangue para aquele cara.Você pode dizer isso de novo, era como uma fonteassustadora.Exceto que a água era mais fácil de limpar da tapeçaria...espere enquanto seca.

Tommy - Você poderia doar o sangue que limpou com esse pano para um hospital.

Lucas - Agora está misturado com sabão.A-há!Mesmo assim, de qualquer forma eu tenho um ótimo trabalho para você e não há problemas para concluirele.

Tommy - Sem sangue?

Lucas - Não, não se preocupe. No estacionamento de vários andares na Ilha Central há um belo carro esporte.Vá lá e pegue ele.Travas?Nada especial, com suas habilidades será moleza. Apenas tome cuidado para oporteiro não chamar a polícia.

Tommy - Ok, obrigado Luca.

Lucas - Coloquei uma toalha no banco, assim sua bunda não ficará molhada.

Tommy - Oh, isso é ótimo!

MISSÃO 16 – CRÈME DE LA CRÈME

01 Bar do SalieriSalieri - Foi um trabalho duro, mas finalmente temos Morello aondequeremos. Agora resta um último passo... acabar com ele! Na parte dacidade que é dele há roubo, assaltos, chantagem, jogo ilegal, salões de jogose puteiros aparecendo a toda hora. Mas qual é o maior problema?

Tommy - Drogas?

Salieri - Bobagem! O problema é que não ganhamos um centavo com isso!Isso irá mudar assim que nos livrarmos de Morello. A organização dele iráruir e esses pequenos enganadores, ladrões e criminosos irão matar um aooutro sem alguém para manter a ordem. Hoje iremos acabar com aquelemaldito de uma vez por todas. Paulie tem um plano.

Paulie - Isso mesmo! A partir do que meus informantes me contaram, teremos uma chance para conseguirisso, rapazes. Morello se cuida e quase nunca aparece em público. Ele vai a todo lugar em sua limusine à provade balas, fechado como uma ostra. Mas hoje ele irá sair. Ele está indo ao teatro para socializar um pouco coma crème de la crème de Lost Heaven. E nós estaremos lá para mostrar algo a ele também.

Tommy - Não é um pouco arriscado?

Salieri - É arriscado, mas essa é nossa única oportunidade de acabar com ele em público e mostrar a todos onosso poder.

Paulie - Iremos fazer assim: Esperem na frente do prédio até o show terminar. As pessoas irão sair, então vaihaver muita confusão. Com Morello tentando sair, seus capangas não terão muita chance de nos ver antesque atiremos nele.

Salieri - Tenham certeza de não atrair nenhuma atenção, então não atirem. Saquem suas armas quandovocês o verem.

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Sam - Espero aindareconhecer ele.

Paulie - Não deve ser difícil. Morello gosta de vestir suas roupasbrancas, quase ninguém veste isso hoje em dia.

Salieri - Cada um de vocês pegará uma Thompson ou Lupara doVincenzo. Espere na frente do teatro na Ilha Central até Morello sair.Então vá. O show termina às 9 em ponto, então cheguem lá a tempo.Deve dar tudo certo, então não voltem sem a cabeça dele!

Paulie - Ok, chefe! Vamos lá!

AÇÃO: Tommy vai com os rapazes até a oficina de Vincenzo.

Paulie - Vincenzo, hoje precisamos de artilharia pesada. Vamos apagar o Morello.

Vincenzo - Bem, acho que 600 tiros por minuto de uma velha metralhadora devem bastar. Ao mesmotempo, devemos manter os velhos modos e usar uma arma Siciliana mais tradicional para um trabalho desseporte.

02 CidadeAÇÃO: Tommy deve dirigir até o teatro na Ilha Central.

03 PerseguiçãoAÇÃO: Tommy deve perseguir o carro de Morello.Paulie - Merda! Ele já está saindo! Aquele maldito show deve ter terminado mais cedo! Aquela limusineprateada! Pegue ele!

CENA: Duas situações podem ocorrer, a partir do momento em que a perseguição se estende para fora dacidade. O carro de Morello pode fugir para o aeroporto, e então a seqüência obedece a ordem descrita no item04. Ou, se Morello e seus guarda-costas continuarem na rodovia, os acontecimentos são explicados no item04a.

04 O AeroportoCENA: A perseguição se estende até o aeroporto, quando o carro dos homens de Salieri morre.

Paulie - Que é isso? Que infernos está acontecendo? Porque você parou?!

Tommy - Eu não sei, apenas quebrou!

Paulie - Jesus Cristo, nós quase pegamos ele! Sam, vamos láfazer isso funcionar! Tom, saia e vá atrás deles, quem sabe você ospega! Que está esperando?! Vá atrás deles!!!!

AÇÃO: Tommy deve perseguir Morello pelo aeroporto.CENA: Alguns capangas surgem enquanto Morello se preparapara fugir num avião. Sam e Paulie arrumam o carro e chegampara pegar Tommy.

Paulie - Vamos Tom, entre! Iremos acabar com isso!!!! Se mexa!!Eles não irão escapar! Pegue minha Thompson, você e Sam atiram

nele! Vamos sua lata velha! Vamos lá!

AÇÃO: Tommy deve destruir as turbinas do aviãoenquanto ele tenta decolar.

CENA: O avião decola, mas suas turbinas, em chamas,explodem e o derrubam. Paulie comemora.

Tommy - Como você arrumou o carro?

Paulie - Melhor perguntar ao Sam.

Tommy - Porquê você não é um mecânico, Sam?

Paulie - Pegue minha Thompson, você eSam atiram nele! Vamos sua lata velha!Vamos lá!

Paulie - Yeah!

O Silver Fletcher de Tommy atrás do SilverFletcher de Morello.

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A Cidade do Paraíso Perdido |82 |

Sam - Esse trabalho é muito sujo para mim.

Paulie – Ei, Tom, estou cansado, nos deixe na frente do bar e volte depois.

04a Caçada ao Homem - Seqüência Alternativa

AÇÃO: Tommy não pode deixar o carro de Morello se distanciar.

CENA: Morello e seus homens seguem pela rodovia, até se aproximarem de um precipício onde uma ponteestá começando a ser construída. O carro fica enroscado no limite da ponte, quase caindo.

Morello – Pise no freio! Pise no freio!

CENA: Tommy acelera para bater no carro rival e derrubá-lo.

Sam – Você acha que ele está morto?

Tommy – Bem, eu não sei.

CENA: O carro de Morello, já no chão, explode.

Sam – Oh, Cristo!

Paulie – Bem, agora ele está definitivamente morto. Tom, deixo-nos na frente do Salieri.

AÇÃO: Tommy deve deixar os companheiros no Bar de Salieri e pode, depois, ir até a oficina de LucasBertone.

06 Lucas BertoneLucas - Ei, Tommy!

Tommy - Ei. Você tem algo para mim hoje?

Lucas - Bem, hoje foi um pouco difícil...

Tommy - Como assim?

Lucas - Ah, você sabe, os caras deixaram aqui um carro que estava envolvido em uma perseguição policiale preciso me livrar dele rápido.

Tommy – Por que eles não se livraram dele?

1 - Tommy dá oempurrão finalno carro dosrivais.2 - Sam - Vocêacha que eleestá morto?3 - O carro deMorello ex-plode.4 - Paulie - Bem,agora ele estádefinitivamentemorto.

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A Cidade do Paraíso Perdido |83|

Lucas - Oh, bem, havia um trato com eles, devia ser algorealmente grande, mas não deu certo. Eles ficaram putos, entãodeixaram o carro aqui.

Tommy - O que há aí para mim?

Lucas - Um amável carro esporte alemão.

Tommy - Sim, artistas dirigem esses carros. Sim, exatamente!

Lucas - Veja a trava, não há nada.

Tommy - Vale o risco. Irei fazer o serviço. O que posso fazer?

Lucas - É simples. Leve o carro para as colinas fora da cidade ese livre dele no mar.

Tommy - Legal.

Lucas - Mas se os tiras verem você, haverá problemas. Então você deverá despistá-los.

Tommy - OK.Maldição, não pensei nisso direito. Parece que terei que caminhar. Você esqueceu de me arrumar comovoltar.

Lucas - Certo, não pensei nisso. Irei lhe falar, é bem longe... a pé. Certo, mas você está em ótima forma.

Tommy - Ok, aonde está o carro ?

Lucas - Aquele cara veio agora há pouco e saiu, mas ele disse que ia jantar no ROY’S GRILL. É no centro, pertodo restaurante do Pepe. Se você se apressar, irá achar o carro lá. Você pode entrar nele do mesmo jeito que emum V16, tenho certeza que consegue.

AÇÃO: Tommy pode roubar o carro indicado por Bertone ou retornar ao Salieri.

INTERMEZZO 4

CENA: De volta à mesa com Tommy e Norman.

Norman - Então você matou o Morello!Deve ter se sentido bem, heim?

Tommy - Nós comemoramos. Salieri estava maravilhado, claro.Mandávamos na cidade inteira,praticamente,e parecia que o derramamento de sangue havia acabado.Por um instante, me senti como umrei,até que percebi algo.Se um cara comum como eupodia matar o homem mais poderoso da cidade,para queservia todo aquele poder?Diabos, se ele não fosse tão poderoso,ele provavelmente estaria vivo.Parecia paramim que não importava o quão forte alguém era,sempre há alguém mais forte para acabar com ele.

Norman - Então aonde essa intuição levou você?

Tommy - Ganância é uma merda,quando você não tem dinheiro, você acha que algumas notas por mêsbastam.Então você percebe que não seria nada mal ter um belo carro.Você tem um ótimo trabalho em umaposição mais alta, mas na verdade você está pensando em ir mais longe.Antes que perceba, você quer ser oPresidente do país e quer vencer a guerra contra os Alemães.

Norman - Felizmente, isso não irá acontecer.

Tommy - E toda estratégia de cuidar de alguém tem uma falha básica:o tempo todo você tem que cuidar desi mesmo caso alguém tenha a mesma idéia.Então pensei comigo mesmo que deveria mudar minhas prioridadesum pouco.

Norman - Ótima história bíblica, ha ha.Ria.

Tommy - Você sabe aonde isso me levou no fim... isso [Tommy mostra uma foto].

Norman - Quem é?

Tommy se prepara para derrubar o carro nomar.

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A Cidade do Paraíso Perdido |84 |

Tommy - É de 1920. O velho é o Don Peppone. Os dois mais jovens são Salieri e Morello. Essa foto me convenceuque esse tipo de vida é venenosa. Morello e Salieri eram amigos e eles eram comandantes do regime de Peppone.Mas em 1920, eles mataram Don Peppone por causa de um negócio. O mais estranho, Salieri ainda adimira ocara. Logo após eles dividiram a cidade e cada um cuidou de sua própria parte, mas então eles começaram acompetir um contra o outro. Acabei sendo o instrumento de morte do Salierie para matar seu melhor amigo,para salvá-lo de olhar Morello nos olhos. E veio a mim que meus amigos e as pessoas que amava eram a mesmacoisa. Um dia eu iria olhar para o Paulie e estar olhando direto para o cano de uma arma. Não poderia tercerteza de ninguém, acima ou abaixo de mim.

Norman - Direto ao assunto. Mas você estava arriscando sua vida todos os dias. Ser um atirador para Máfianão é uma cama de rosas, do jeito que você fala.

Tommy - É diferente quando você está vivendo isso, quando você está cheio de energia e lutando por sua vidacom alguém que é como se fosse seu irmão. Vocês são apenas dois soldados que sabem o que precisa ser feito, etudo depende de sua habilidade de sobreviver. É uma guerra. O sentimento constante de que você não podenem confiar em seu melhor amigo é terrível. Você está sozinho e a morte pode vir de qualquer lugar. Ficoacordado a noite pensando se a piada que meu melhor amigo me contou era apenas uma piada, ou se devia mepreparar para minha execução. Um pessoa precisa de alguém em quem confiar.

1938MISSÃO 17 - CAMPANHA ELEITORAL

01 Bar do SalieriSalieri - Aquele cara me enoja. Ele controla metade dos bordéis da cidade, e não nos paga um centavo, eentão tem a coragem de dizer que ele irá acabar com crime na cidade. Claro, não dou a mínima para o que elediz, mas ele e suas putas estão tentando expandir o negócio dentro do nosso território. Sinto que é hora deacabar com sua carreira política. Com as eleições tão distantes... teremos que acabar com ele fisicamente.

Tommy - Eu não sei, chefe. Já não tivemos violência demais? Apenas tenho um pressentimento estranhosobre isso.

Salieri - Tommy, estamos perto de mandar nessa cidade, e ele é a única coisa que está no nosso caminho.

Tommy - Você quer que ele seja morto em público como o Morello?

Salieri - Em público sim, mas não como o Morello. Lembre-se que apagar políticos é mais complicado queapagar um gângster. Não queremos que alguém nos complique. Especulação e medo serão suficientes para osnossos propósitos. Então?

Tommy - Como iremos fazer isso?

Salieri - Ele tem um comício hoje em um parque na pequena ilha na Ilha Central. Há apenas uma rota defuga em uma ponte pequena e normalmente seria um problema, mas Vincenzo tem uma idéia. Ele pegou umrifle comum do exército e colocou uma mira telescópica nele, então você deverá conseguir acertar ele de umadistância bem maior. Você nem terá que estar na ilha!

Tommy - Aonde então?

Salieri - Você pode ter uma bela vista dele na Ilha Central, na torre da velha prisão abandonada na partenorte da ilha. Você terá o parque inteiro a sua frente, e com aquele rifle não será difícil acertar nosso alvo sematrair muita atenção.

Tommy - Isso não parece ser um plano ruim.

Salieri - Bom. Fale com o Vincenzo, e pegue o rifle.

Tommy - Certo Chefe.

Salieri - E lembre-se, Tommy, você tem que fazer isso de uma certa distância, e ninguém deve ver você.Você provavelmente terá apenas um tiro, se você não acertar ele imediatamente, eles irão proteger ele e otrabalho estará acabado.

Tommy - Entendi, Chefe.

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A Cidade do Paraíso Perdido |85|

Salieri - Esse canalha é um típico exemplo dos políticos de hoje. Eles fazem e quebram as leis, parece que amaior escuridão é embaixo da vela. Mas que peso pode carregar uma lei feita para eliminar as fraudes dequem pensou no esquema, quando eles então vão fazer exatamente a mesma coisa que proibiram? Irei lhecontar! Nenhum. É como se as próprias leis deles não existissem.

AÇÃO: Tommy vai falar com Vincenzo.

Tommy - Ei! Você tem algo barra pesada para mim, Vincenzo?

Vincenzo - Tenho tudo que você precisa! Você precisa acertar esse cara de longe, certo? Então arranjei amelhor arma para você. Os militares treinam montando uma mira nesse rifle comum, similar a um rifle decaça. Peguei um rifle Mosin Nagant. É produzido aqui, mas os Russos melhoraram ele para um rifle deatirador. É uma arma boa, precisa.

Tommy - Parece interessante. Bem, espero que funcione.

Vincenzo - Bem Tom, leve uma arma de mão decente também. Você nunca sabe com quem pode se encontrar.

Tommy - Isso é a pura verdade, obrigado.

AÇÃO: Tommy deve pegar um carro com Ralphy.

Ralphy – Ei, Tom. Tenho esse aqui para você. É um carro gostoso, espaçoso e confiável. Achei que vocêgostaria dele. E você pode entrar nele facilmente.

Tommy – Obrigado, Ralphy.

02 CidadeAÇÃO: Tommy deve dirigir até a Velha Prisão, na Ilha Central.

03 Antiga PrisãoAÇÃO: Tommy deve invadir o prédio e chegar até o topo. Um operário diz a Tommy para não entrar noprédio.

04 Torre da PrisãoAÇÃO: Com o rifle de mira telescópica, Tommy tem cinco tiros para acertar o político.

05 Voltando ao BarAÇÃO: Tommy pode retornar ao Salieri ao passar na oficina de Lucas.

06 Lucas BertoneLucas - Olá. Como você está hoje?

Tommy - Acabei de sair da prisão.

Lucas - Bonita história, mas não temos tempo para isso agora Tommy! Preciso que você pegue um cara naQuadra dos Trabalhadores, mas rápido! Os tiras estão atrás dele e ele nem sabe disso.

Tommy - Aonde?

Tommy dentro da velha prisão; visão da ilha a partir da torre e visão do discurso a partir da mira telescópica.

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A Cidade do Paraíso Perdido |86 |

Lucas - Você não irá ver mais ninguém andando de terno lá, então com certeza não irá se enganar. Mas vocêdeve se apressar, antes que os tiras cheguem, ou ele estará acabado! Traga ele aqui.

Tommy - Ok, estou indo. Mas não estava brincando sobre estar preso.

AÇÃO: Tommy deve encontrar e proteger o amigo de Lucas.

Tommy - Rápido! Entre! Luca me mandou, os tiras estão atrás de você, irei levar você a um lugar seguro.

Amigo de Lucas - Merda, como eles me encontraram?

Tommy - E agora vamos voltar para o Luca.

07 Lucas Bertone 2Amigo de Lucas - O que aconteceu, Lucas?

Lucas - Eles descobriram quem você era, eles sabiam aonde você estava e tive um pressentimento queestariam atrás de você hoje.

Amigo de Lucas - Graças a Deus deu tudo certo. Poderia estar sentado no gelo.

Lucas – Não, não, graças ao Tom aqui, ele que se arriscou.

Amigo de Lucas - Obrigado, amigo, irei me lembrar.

Tommy - Fico feliz de ajudar.

Lucas - Tommy, tenho algo ótimo para você. Dezesseis cilindros com carroceria customizada. Coisa decolecionador.

Tommy - E aonde irei encontrar?

Lucas - Um playboy em Oak Hill está dando uma festa hoje. Haverá muitos convidados e um deles temexatamente esse carro. Você o abre do mesmo jeito que um V16 comum, mas esse é mais uma obra de arte queum carro. Você conhece o lugar, e haverá muitos carros caros estacionados lá.

Tommy - Ótimo, obrigado pela dica.

MISSÃO 18 – APENAS PARA RELAXAR

01 Bar do SalieriSalieri - O trabalho de hoje é para relaxar, rapazes. Há uma firma importante que traz muitos itens luxuososdo mundo inteiro. Ontem outro barco cheio de itens chegou ao porto e eu quero alguns dos itens que estão nalista.

Sam - Que eles têm que nós não temos, senhor?

Salieri - Bem, eu não fumo um cigarro decente há muito tempo, e eles têm quase uma tonelada deles.

Tommy - Cigarros?

Salieri - Sim, cigarros. Algo de estranho? Clientes nos nossos clubes noturnos querem cigarros bons, dequalidade, mas eles são caros e difíceis de achar. Se conseguirmos um caminhão cheio dos melhores cigarros,faremos tanto dinheiro como se tivéssemos roubado um banco.

Sam - Como?

Salieri – Oh, meu Deus. Apenas me tragam um caminhão cheio. Paulie, explique para eles.

CENA: Salieri sai da sala.

Paulie - OK, será assim...

Tommy - Paulie, que diabos está acontecendo?

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Paulie - Como iria saber, Tommy?! Apenas temos que pegar um caminhão cheio de cigarros caros! O Donquer esses cigarros e isso nos traz dinheiro, então depende de nós pegarmos esse caminhão.

Tommy - Apenas parece “café pequeno” para ele.

Sam - Esqueça isso, Tom.

Paulie - Os cigarros que vamos roubar estão em caixas no porto. Precisamos transportá-las em um caminhãoe então deixar o porto. Mas primeiro temos que entrar lá.

Tommy - Como faremos isso? Há uma guarda mais rígida no porto agora do que quando Morello cuidava delá.

Paulie - Exatamente. Força bruta não irá funcionar, então iremos fazer esse serviço de forma limpa. Iremospegar um dos caminhões enquanto eles estão levando a carga pela cidade. Os caminhões deles têm uma placadizendo “ATLANTIC IMPORT”. Iremos esperar que um saia do porto, seguir ele até um lugar bem calmo e semtiras, então bloquear seu caminho. Alguns tiros para o alto devem tirar o motorista do caminhão. Assim quepegarmos os papéis dele, um de nós poderá entrar no porto.

Tommy - Então iremos matar o pobre bastardo?

Sam - Não, é muita confusão. Assim que ele sair pegue tudo que há com ele.

Paulie - Você irá levar o caminhão ao porto, Tommy. Carregue ele com as caixas de cigarro e então nosencontramos no local combinado.

Tommy - Irei carregar tudo sozinho, descarregar sozinho, e então quem sabe irei fumar alguns. Então o queirá fazer?

Paulie - Iremos esperar logo após o porto no local combinado. Se alguém começar a perseguir você, nós iremoscuidar disso. Então você leva o caminhão para o ponto de entrega.

Tommy - Certo. Como irei reconhecer essas caixas?

Paulie - Elas terão placas dizendo “Scorsese Import Export”.

Tommy - E o local combinado?

Sam - Iremos lá e mostrarei a você.

Tommy - Certo. Primeiro iremos lá e então pegaremos o caminhão.

Paulie - Então, vamos lá.

AÇÃO: Tommy e os rapazes devem falar com Vincenzo.

Vincenzo – Ei, rapazes, então o que será?

Paulie - Dê ao Tom um taco e uma arma e nos dê duas Thompsons.

Vincenzo - OK.

Paulie - Sim, obrigado.

Tommy - Obrigado, Vincenzo.

AÇÃO: Os rapazes vão falar com Ralphy.

Ralphy - E.. E.. Ei, rapazes! Tenho algo para vocês. Algo especial hoje.

Paulie - Certo, eu gosto dele, parece muito bom. Isso, hoje, nós seremos da alta roda.

Ralphy - Vocês podem i..i..ir por aqui.

Tommy - Certo, ok, podemos fazer isso. Obrigado Ralphy.

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A Cidade do Paraíso Perdido |88 |

Ralphy - Na..Não foi nada.

02 CidadeAÇÃO: Tommy deve dirigir até o ponto de encontrocombinado. Depois, deve seguir para o porto.

Paulie - Certo, iremos para um lugar na Quadra dosTrabalhadores para deixar o Sam.OK, OK é aqui. Aqui é perfeito. Já que estamos todosaqui, quero pedir algo para vocês dois.

Sam - O que tem em mente?

Paulie - Bem, tive esse idéia, posso precisar de vocêspara fazer um trabalhinho comigo.

Tommy - Oh, sério? Qual é o negócio?

Paulie - Bem, é um grande negócio. Não posso fazer sozinho e vocês são meus bons amigos, conhecemos unsaos outros... vocês sabem...

Sam- E Salieri? Sabe disso?

Paulie - Não, ele não sabe e nem precisa saber. Ele já tem muito dinheiro.

Tommy - Então, sobre que se trata?

Paulie - Bem, eu estava olhando esse banco...

Tommy - Como?

Sam - Quê?

Paulie - Acalmem-se, ok! Esse banco não é muito seguro, é apenas uma pequena união, no final do mês elessempre têm uma grande quantidade de dinheiro no cofre. Iríamos ficar cheios da grana se conseguíssemos.

Tommy - Ou estaremos todos mortos! Qual o problema com você? Além disso, já temos muita grana.

Paulie - O Cacete! Não estamos nada mal, mas com certeza não estamos ricos! Salieri não é um mal chefe,mas de vez em quando eu gostaria de ganhar uma bela grana, não apenas uma pequena parte. Eu não iriapara uma vila na Quadra dos Milionários e se parasse de trabalhar por algumas semanas nem teria granapara pagar o aluguel.

Tommy - Não estou certo que seja um bom plano, Paulie.

Paulie - Que você diz, Sam?

Sam - Não conte comigo. A Família é muito importante para mim.

Paulie - Certo, vocês provavelmente estão certos, esqueçam, estava apenas pensando alto.

Tommy - Ok, bom.

Paulie - OK, acho que está na hora. Tom, vamos para o porto.

AÇÃO: Tommy deve dirigir até o porto.

03 Transporte NecessárioAÇÃO: O caminhão carregado está saindo do porto e Tommydeve segui-lo. Quando o caminhão sair, descarregado, doarmazém, Tommy deve render o motorista, pegar seusdocumentos e retornar ao porto.

Paulie - Agora, iremos esperar aqui pelo caminhão e entãoseguir ele, iremos roubá-lo em um lugar seguro e pegar o queprecisamos. Motorista - Eu não te fiz mal nenhum! Eu

não tenho nada!

Paulie - Bem, tive essa idéia, posso precisar devocês para fazer um trabalhinho comigo.

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04 O PortoSegurança - PARE aí! Me mostre sua licença! Seus documentos!Eu disse me mostre seus documentos! Certo, você pode ir.

AÇÃO: Tommy deve carregar o caminhão com as caixas decharuto. Antes, o chefe dos operários manda que Tom carregueumas caixas para dentro do galpão de despacho.

Chefe - Aonde está indo? Porquê está parado aí sem fazer nada?!Precisamos de todos no deque hoje! Preciso que você leve essascaixas para a ala de despacho. Irei dar uma mijada e é melhorestar pronto quando eu voltar!

Tommy - ...sim, chefe.Rapazes, precisamos levar essas caixas para a ala de despacho.

Operários - Certo então, ok, vamos rapazes.

CENA: O chefe volta.

Chefe - Certo! Mas você tratou as caixas feito lixo!

AÇÃO: Depois do trabalho braçal, a presença do chefedos portuários ainda impede que Tom mexa nas caixas.

Tommy - Chefe, os rapazes ali no trem precisam de você.Eles estão tendo alguns problemas.

Chefe - Eu deveria saber. Logo que eu me viro todosimediatamente ficam sem fazer nada.

AÇÃO: Tommy deve carregar o caminhão rapidamentee sair do porto.

05 A EmboscadaAÇÃO: Tommy deve encontrar Paulie e Sam no pontomarcado e liquidar os perseguidores.

Paulie - Sam está indo pegar o Salieri. Nós dois iremoslevar o caminhão até o armazém. Encontraremos logo com eles.

Tommy - OK, estamos indo.

Paulie - Bem, estou surpreso, muito bem, Tommy.

Tommy - Hoje foi ótimo. Enquanto vocês dois ficaram por aí, eu carreguei pelo menos uma tonelada decaixas, cercado por caras armados.

Paulie - Alguém tinha que fazer e você é o mais jovem. Sam sempre tem as idéias brilhantes.

Tommy - Oh, então é o SAM! Da próxima, você podedescarregar o caminhão, eu não irei tocar em outracaixa.

Paulie - Bem, iremos ver então.

AÇÃO: Tommy deve ir com Paulie ao armazém deSalieri.

Paulie - Perfeito! Conseguimos!

Tommy - Bom. Agora nós iremos finalmente ver o quehá dentro dessas caixas!?

Tommy incorpora o estivador e carrega ascaixas para o galpão de despacho.

Paulie - Maldição, você está pensando o mesmo queeu? Bem, eles não parecem com cigarros. Edefinitivamente não são pedrinhas de doce.

Com o caminhão carregado, Tommy encontra Pauliee Sam no ponto combinado.

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Paulie - Boa idéia, espero que não tenha se danificado pelo caminho. Algumas delas caíram e os cigarrosestão amassados. Bem, não é tão ruim. Esse aqui está apenas torto, então iremos endireitá-lo... Maldição!Estraguei tudo!

Tommy - Que infernos está fazendo? Quê?

Paulie - Deixei cair algumas coisas, nada grande... Ei, caixa, o que você tem aí dentro? Cristo! Tom, você nãovai acreditar nisso!

Tommy - Que é, o que há dentro dessas caixas?

Paulie - Maldição, você está pensando o mesmo que eu? Bem, eles não parecem com cigarros. E definitivamentenão são pedrinhas de doce.

Tommy - São diamantes, e que diabos, muitos deles. E se eles forem apenas bijuteria? Você sabe, eles trocamcigarros por espelhos, penas, contas, coisas como isso?

Paulie - Acho que apenas Colombo fez isso. Esses parecem ser diamantes, Tom. E diabos, há muitos deles.

Tommy - Sabia que Salieri não iria se arriscar tanto por causa de alguns malditos cigarros.

Paulie - Bem, parece que você estava certo. Que você quer fazer? Devemos pegá-los?

Tommy - Como!? Você acha que iríamos escapar assim?

Paulie - Bem, podíamos dizer que algumas caixas se perderam na perseguição... ou...

Tommy - Esqueça isso! É pura bobagem! Coloque-os de volta onde os achou! Não quero acabar com um furona minha cabeça!

Paulie - E se nós pegarmos apenas um ou dois? Há tantos.

Tommy - PAULIE!...

Paulie - OK, OK. Irei colocá-los de volta... Mas e se Salieri não sabe sobre eles?

Tommy - Acho que poderemos descobrir facilmente se ele sabe.

Paulie - Como? Sam está trazendo ele aqui agora. Venha, iremos ver logo se ele sabe.

CENA: Sam chega com Salieri.

Salieri – Bravo, rapazes! Vocês conseguiram, e vocês têm um merecido bônus a caminho. Ah, uma caixaquebrou, mas não foi nada. Parece que essas aqui atrás estão bem. Bravo, bravo.

Tommy - Chefe, devemos descarregar as caixas e colocá-las no armazém?

Salieri - Eh... não, não, não agora. De qualquer forma, por que deveriam fazer isso? Posso pedir a outrapessoa. Vocês querem trabalhar em meu armazém também? Ha ha... Agora vão com cuidado, rapazes. Bomtrabalho.

CENA: Tommy e Paulie vão no carro com Sam, enquanto Salieri fica no armazém.

Tommy - Paulie? Irei passar amanhã e poderemos conversar sobre aquele pequeno negócio que vocêmencionou.

Paulie - uh? Certo, ok. Ok.

MISSÃO 19 – EMPREGO À PARTE

01 Flat de PaulieTommy (off) - No outro dia fui até o Paulie como havíamos combinado.

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Paulie - Então, Tom? O que lhe fez mudar assim rapidamentede idéia? Não achava que você queria fazer isto.

Tommy - Isso era quando eu ainda achava que Salieri nãoestava nos usando. Agora eu sei que ele está.

Paulie - Sabe, provavelmente você está certo. Se ele nãosoubesse que havia diamantes naquelas caixas, ele iria nosmandar descarregar imediatamente. E ele estava contende dever que aquelas caixas na parte de trás não estavam quebradas,porque em uma delas havia diamantes. Além de tudo, ele searriscou muito não sabendo o que realmente estava em jogo.Bem, certamente você está correto em seu pensamento. Então,quer roubar o banco?

Tommy - E Sam?

Paulie - Ei, você o ouviu. Ele está preocupado com o que possa acontecer e o Don indo atrás de nós. Então, sequiser fazer, é só você e eu. O que me diz?

Tommy - Primeiro gostaria de ver esse banco, então irei escutar seu plano.

Paulie - Ótimo. Podemos ir dar uma olhada agora.

Tommy - Ok, vamos lá.

Paulie - Me siga, iremos de trem, não é longe.

02 A Caminho do BancoAÇÃO: Tommy deve acompanhar Paulie por uma rápida viagem de trem.

Paulie - Estaremos lá em alguns minutos... São quatro paradas. Iremos sair no centro. Então, como vai avida?

Tommy - Além dos últimos trabalhos, bem chato. Claro, minha criança mantém as coisas interessantes.

Paulie - Você sabe, tenho inveja de você. Tenho que achar uma dama e começar a fazer bebês. Quando vejoa minha vida, não acho estar fazendo muito.

Tommy - Saia por aí, vá as festas.

Paulie - Estou ficando entediado disso. O problema é que não sei como fazer as coisas.

Tommy - Acho que muitas pessoas gostariam de mudar.

Paulie - Todos imaginam as aventuras e fortunas que vêem nos filmes. Não há nada sobre fazer negóciosentediantes. Sempre tenho que fazer negócios com as pessoas e não posso tomar nota de nada por causa dostiras, então tenho que me lembrar de tudo. Não tenho mais 20 anos e estou começando a me esquecer! Àsvezes, eu não sei quem me prometeu o que, a quem eu emprestei o que e, como resultado, alguém sempre semete comigo e eu perco a grana. Isso me deixa puto.

Tommy - Bem, ainda temos a excitação.

Paulie - Oh, isso é o pior! Nada acontece por seis meses, comecei a ficar preguiçoso e de repente, BOOM, algoaparece. Não ache que eu não estou preocupado que algo possa acontecer conosco.

Tommy - Então o que devemos fazer?

Paulie - Será o nosso último grande trabalho. Será suficiente para eu comprar uma pizzaria em algumlugar, você sabe, algo.

Tommy - Oh verdade?

Paulie - Espere um minuto. Vamos.

03 Coletando Informações

Paulie - Então, Tom? O que lhe fez mudar assimrapidamente de idéia? Não achava que vocêqueria fazer isto.

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AÇÃO: Tommy e Paulie descem do trem e entram no banco.

Paulie - Então é isso, não é muito grande nem muito pequeno.Vamos ver lá dentro.

Tommy - Ok.

Paulie - Iremos começar aqui na entrada. Iremos correr aqui egritar que é um assalto. Aqueles dois guardas provavelmenteirão desistir, mas se eles quiserem bancar os heróis iremos acabarcom eles. Assim que eles estiverem fora do nosso caminho,pegamos as chaves para o cofre. Teremos que descobrir ondeelas estão, perguntando aos atendentes, acho que eles irão falarcom uma arma apontada em suas cabeças. Você vai pela portaatrás do contador, após pegar a chave. A porta leva a umcorredor. À direita tem uma escada, para baixo leva ao cofre epara cima para o escritório. Se você tiver as chaves, vá diretoao cofre, senão você terá que pegá-las em algum lugar lá em cima. Lá embaixo provavelmente haverá maisguardas. Você terá que lidar com eles sozinho enquanto mantenho tudo em ordem. Lá em baixo há um grandecofre, que você deve abrir. Então você apenas pega a grana e cai fora. Isso é tudo.

Tommy - OK.

Paulie - Vamos, melhor sairmos daqui.

04 Indo às ComprasPaulie - O banco é ligado ao Sistema de Segurança Holmes, mas mesmo com rádio nos carros eles não chegamantes de 5 minutos. Isso quer dizer que teremos cinco minutos entre entrarmos, fazer tudo e então desaparecer.Precisaremos de um carro. É estupidez pegar um carro do Ralphy, ele irá contar ao Salieri. Você terá quepegar um carro bom, rápido, Tommy. Para você isso não deve ser problema.

Tommy - Não, não deve. Acho que Lucas deve saber de algo.

Paulie - OK, tente pegar algo rápido, precisaremos. Acho que eles não irão nos deixar em paz mesmo quesairmos do banco a tempo, ainda poderemos encontrar com os tiras na cidade.

Tommy - E como pretende lidar com eles?

Paulie - Iremos para uma união abandonada lá em Hoboken, está escrito Palermo Club na parede. Iremosresolver tudo lá, tenho roupas lá, uma maleta para o dinheiro e tudo mais. Iremos nos livrar do carro látambém, assim os tiras não nos encontrarão.

Tommy - Ótimo.

Paulie - Então temos um pequeno problema com as armas. Tenho minhas próprias armas, mas você não,você terá que pegar alguma arma. Acho que sei de um lugar aonde você poderá conseguir uma.

Tommy - Onde?

Paulie - É bem longe, provavelmente é melhor ir de trem. Vá lá e então vá para Hoboken.Sai na estação CENTRAL HOBOKEN e vá pela direção em quevocê veio de trem para o cruzamento mais próximo. Abaixodos trilhos elevados há uma estrada. Siga ele e vire na próximaa esquerda. Você verá um velho cinema chamado Twister. Naentrada lateral você irá encontrar a loja do Pete Amarelo. Digaa ele que eu mandei você, e ele deve ter algo.

Tommy - Irei fazer isso agora. Irei pegar algumas armas, entãoo carro, então irei até a sua casa.

Paulie - Isso, pare na frente do prédio e então toque a buzina,o zelador está sempre trancando a porta. Irei descer e entãoiremos. Vejo você depois.

AÇÃO: Tommy deve ir ao Pete Amarelo conseguir algumasarmas. Yellow Pete - Certo, Paulie... aquele cara

baixinho, mal-humorado, certo?

Tommy e Paulie fazem o reconhecimento dobanco.

Page 101: Mafia - O Jogo Eletrônico Como Elemento Cultural

A Cidade do Paraíso Perdido |93|

Capanga do Pete - O que você quer?

Tommy - Paulie me mandou.

Capanga do Pete - Oh, entre.

Pete - Ok, filho, que traz você aqui?

Tommy - Paulie me mandou, precisamos de armas.

Pete - Certo, Paulie. Sim, eu conheço ele... pelo menos acho que conheço ele... aquele cara baixinho, malhumorado, certo?

Tommy - ...ehm, você pode dizer isso.

Pete - Ainda trabalhando para o Salieri?

Tommy - Isso...

Pete - Bem, dê meus cumprimentos ao velho.

Tommy - Certo... Ehm sobre as armas...

Pete - Certo, Certo... então o quê Paulie precisa? É um pequeno arsenal que você quer, vocês dois vão roubarum banco?

Tommy - ehm... não... porque... apenas... precisamos de...

Pete - É, é isso aí... É, essa é uma bela razão! Sempre digo que quando alguém quer que você faça algo dessetipo, ele deve escolher um poder de fogo decente! Você sabe do que estou falando?

AÇÃO: Tommy deve escolher as armas que aparecem num menu.

Tommy - Isso deve ser tudo.

Pete - Ótimo! Não irei segurar você, filho! E diga um olá para o Paulie por mim.

Tommy - Certo. Obrigado.

05 Lucas BertoneAÇÃO: Tommy deve conseguir um carro com Lucas.

Tommy – Hei, Luca, preciso de um carro possante e rápido.

Lucas - Uau, estava para lhe chamar! Também preciso de um favorzinho rápido, e o carro que tenho paravocê definitivamente vale a pena.

Tommy - O que precisa?

Lucas - Prometi trazer para um cara uma entrega e não posso sair para as compras hoje, você pode levar issopara ele?

Tommy - Ok, ainda não fiz nenhuma entrega, tudo bem.

Lucas - Tenha certeza que nada aconteça com o cara antes que você dê isso a ele. Ele irá passar isso para outrapessoa e se algo acontecer com ele, todo o negócio está arruinado.

Tommy - E algo deverá acontecer?

Lucas - Hmmm, bem, você sabe, você nunca sabe dizer....

Tommy - Aonde acho esse cara?

Lucas - Abaixo da ponte pênsil indo para o centro, seu nome é Dick. Antes que dê isso a ele, tenha certeza denão ter sido seguido. Aqui está.

Page 102: Mafia - O Jogo Eletrônico Como Elemento Cultural

A Cidade do Paraíso Perdido |94 |

Tommy - OK. Voltarei logo.

AÇÃO: Tommy deve dirigir até a ponte.

Tommy - Você é Dick?

Dick - Dick, meu nome é Grande Dick!

Tommy - Ahaa. Certo. Tenho esse pacote do Luca, Dick.

Dick - Ótimo, alguém seguiu você?

Tommy - Creio que não.

Dick - É mesmo? Quem são esses caras?!

Tommy - Merda!

Dick - Então, mostre a eles o que você tem!

Tommy – Você também, Grande Dick.

AÇÃO: Tommy deve liquidar os caras que o seguiram.

Dick - Ha! Cuidamos deles! Você não é tão molenga quanto parece.

Tommy - Nem você.

Dick - O que quer dizer?

Tommy - Ah, nada, não esquenta, se divirta.

Dick - Ok, ótimo, mande lembranças para o Lucas.

06 Lucas Bertone 2Tommy – Jesus, Lucas, essa foi perto.

Lucas - O que aconteceu?

Tommy - Logo que cheguei, uns encapuzados queriam nos pegar.

Lucas - Tudo bem com o Dick?! Deu a ele o pacote?

Tommy - Sim, sem problema. Cuidamos deles juntos e ele foi para algum lugar.

Lucas - Graças a Deus! Você nem imagina como sou grato! Tenho uma verdadeira beleza para você. É umcarro americano de um fabricante Alemão, é o melhor que há hoje em dia!!

Tommy - Bem, certamente vale o risco! Aonde eu acho ele?

Lucas - Ontem eu ouvi um cliente falando que hoje, por essa hora, ele deverá estar dirigindo do ColégioOakwood Junior para um encontro em algum lugar na Ilha Central. Se for rápido, você ainda o pega. Entãosiga ele e quando ele estacionar, apenas pegue o carro. As travas serão seu único problema. haha... Mas eu seique você irá cuidar delas sem problemas.

Tommy - Obrigado Lucas, não posso esperar.

AÇÃO: Tommy pode roubar o carro indicado por Lucas. Depois, deve pegar Paulie em seu flat.

Paulie - Então? Tudo em ordem? Pegou tudo que precisa?

Tommy - Sim... ei, aquele Pete Amarelo é meio louco!

Paulie - Ele é um velho lunático, mas suas coisas são boas.

Page 103: Mafia - O Jogo Eletrônico Como Elemento Cultural

A Cidade do Paraíso Perdido |95|

Tommy - Porquê chamam ele de Amarelo?

Paulie - Você viu seus dentes? São os mais amarelos da cidade... e também os que mais fedem!

Tommy - Certo! Certo!

Paulie - Ok, bom. Então podemos ir?

Tommy - Sim, podemos. Vamos.

Paulie - Ok, vamos entrar. Você primeiro, Tommy.

07 Assalto ao BancoAÇÃO: Tommy deve conseguir as chaves para o cofre epegar o dinheiro.

Paulie - OK, TODO MUNDO! ISSO É UM ASSALTO!TODOS NO CHÃO E NADA IRÁ ACONTECER A VOCÊS!EU DISSE NO CHÃO! TODOS! CUIDE DOS GUARDAS!QUERO AS CHAVES PARA O COFRE E RÁPIDO! AONDEELAS ESTÃO?!

Guarda - Senhor, as chaves para as grades estão aqui,mas apenas o gerente tem as chaves para o cofre...

Paulie - COMO! AONDE POSSO ACHAR O GERENTE?

Guarda - Ele está lá em cima no seu escritório...

Paulie - OK! ACHE AS CHAVES E TRAGA A GRANA RÁPIDO, HOMEM! Vá encontrá-las. Temos 5 minutos! Seapresse! Não temos muito tempo!

08 FugaAÇÃO: Tommy e Paulie devem fugir.

Paulie – Vamos ao Palermo e assim podemos dividir isso. Estamosricos, Tom! Conseguimos! Deu certo!

Tommy - Certamente parece que sim. E agora?

Paulie - Iremos mudar nossas roupas então eles não irão nos pegarnas ruas, e colocar a grana na maleta.

Tommy - Ótimo, e então?

Paulie - Não dizemos uma palavra sobre isso para ninguém.Durma, passe aqui amanhã e pense sobre o que iremos fazer com agrana. Irei levar comigo, assim Sarah não irá descobrir, você sabe.

Tommy - Só não fuja com a grana.

Paulie - Claro, irei voar para o Hawaii! Ha ha ha...

Tommy - Nem tente, eu acharia você e faria você engolir essa maleta.

Paulie - Mal posso esperar por isso.

MISSÃO 20 – A MORTE DA ARTE

01 Flat de PaulieTommy (off) - Nós escondemos a grana do banco no Paulie por uns tempos. Não podíamos gastar tudo logoentão combinamos que eu passaria lá no próximo dia e iríamos pensar na melhor maneira de investir agrana. Tive muitas idéias do que fazer com o dinheiro mas estava bem curioso sobre quais eram os planos dePaulie.

Paulie - Claro, irei voar para o Havaí! Haha ha...

Mr. Thomas Angelo invade o cofre principal do BancoNacional.

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A Cidade do Paraíso Perdido |96 |

CENA: Tommy caminha até o flat de Paulie. Ao chegar,vê o amigo morto.

Tommy - Oh, Jesus... que diabos aconteceu? Paulie...Paulie... Cristo... a grana, onde está a grana! Maldição,sumiu. Isso é como um pesadelo... Paulie?

CENA: Toca o telefone. Tommy procura se proteger edepois atende.

Tommy - Ehm Sam? É Tom ...Paulie está morto... eu,eu... Cristo! Eu sabia.

Sam - Tom, você está na maior merda! Tentei avisarPaulie, Salieri descobriu sobre o banco e decidiu que não iria tolerar isso! Não fiz isso a tempo. Tom, você temque sumir rápido.

Tommy – Sam, eu, eu não sabia que seria tamanha confusão... Eu... O que devo fazer? Não posso abandonarSarah e a criança!

Sam - Ok, ok, Tom, irei ajudar você. Temos que nos encontrar em algum lugar, mas praticamente qualquerlugar é perigoso para você agora. Nossa melhor aposta seria a galeria da cidade.

Tommy - Ok, ok, estarei lá logo... Eu... agradeço... você sabe, Paulie está aqui em vários pedaços, eu não seia quem mais recorrer...

Sam - Tudo bem. Ainda lhe devo uma.

Tommy - Obrigado, Sam.

02 CidadeAÇÃO: Tommy deve encontrar Sam na Galeria de Arte. Antes, pode falar com Pete Amarelo.

Capanga do Pete - Ah, é você de novo. Entre.

Pete - Olá filho, como está Paulie?

Tommy - Paulie está morto.

Pete - Bem, acho que ele não está muito bem também, que ele descanse em paz. Conhecendo você,provavelmente ele está descansando em pedaços, hm? Então seu trabalhinho não deu certo?

Tommy - Parece que não.

Pete - Bem, então você irá precisar de algumas armas, certo?!

Tommy - Vejo que você nunca esquece o lado comercial das coisas.

Pete - Claro que não. Isso seria um grande erro!

Tommy - OK, me mostre o que tem...

AÇÃO: Tommy escolhe as armas a partir de um menu.

Tommy - Obrigado, aqui está o dinheiro.

Pete - Muito obrigado, e espero que você pegue esses canalhas. Paulie merece pelo menos isso.

AÇÃO: Tommy pode parar na oficina de Lucas Bertone.

Lucas – Hei, Tommy! Você parece exausto...

Tommy - Estou e definitivamente tenho uma boa razão para estar.

Lucas - Que aconteceu?

Tommy encontra Paulie morto.

Page 105: Mafia - O Jogo Eletrônico Como Elemento Cultural

A Cidade do Paraíso Perdido |97|

Tommy - Não importa. Apenas preciso de um bom carro, Lucas.

Lucas - Iremos ver o que pode ser feito.

Tommy - Ótimo. O que você precisa hoje?

Lucas - Preciso que você descubra onde um certo cara está escondido. Ele deve muito para muitas pessoas eeu sou uma delas.

Tommy - Onde eu posso encontrá-lo?

Lucas - Essa prostituta tem uma queda por ele e ela leva para ele comida e - você sabe - coisas, mas até agoraninguém sabe onde. Então, você precisa encontrá-la e descobrir onde ele se esconde. Então eu irei encontrá-lo e negociar com ele.

Tommy - E onde eu a encontro?

Lucas - Ela trabalha no mesmo hotel em que você deixou um buraco com uma explosão em ’32. Mas se vocêesperar por ela lá, ela certamente o levará até ele.

Tommy - E então?

Lucas - Quando ele for para casa, apenas volte aqui e me diga aonde ela está indo.

Tommy - OK

AÇÃO: Tommy deve seguir a mulher, sem que ela perceba.

Tommy - Essa deve ser ela.

04 Lucas Bertone 2Tommy - Bem, parece que eu acertei o prego bem na cabeça. Achei ele para você, Lucas, ele vive no centro,na esquina da mesma rua acima da igreja.

Lucas - Fantástico. Ela não viu você?

Tommy - De maneira alguma. Então onde está o carro?

Lucas - Certo, você sabe onde fica a revendedora de carros usados nessa cidade? Logo acima de Chinatown?Certo! Você irá encontrar ele lá! Uma versão melhorada de um carro esporte com tração dianteira. E como eleestá melhor do que a versão antiga? Performance, filho! O acelerador é muito melhor, mesmo que, à primeiravista, o carro pareça o mesmo. Mas quando você for pegá-lo, cuidado, o carro não está a venda e pertence aodono, e ele tem cães bem nervosos lá.

Tommy - Eu devo dar conta disso.

AÇÃO: Tommy pode ir até a revendedora e roubar o carro. Depois, deve ir até a Galeria de Arte.

05 SamCENA: Tommy chega na Galeria e surgem capangas armados.

Sam - Haha! Você não estaria procurando por aquele Paulie, estaria?

Tommy - Sam, que está acontecendo, achei que íamosnos encontrar a sós?

Sam - A situação mudou, Tom. Tive que decidir de quelado eu estava e, sinto, mas seria suicídio ficar ao seulado. Porém, posso viver com assassinato.

Tommy - Então, você matou Paulie?!

Sam - Bem, eu meio que fui o meio para sua morte. Amesma coisa que serei no seu caso.

Tommy - Nunca esperaria algo assim de você, Sam! Sam despeja o dinheiro do assalto sobre Tom.

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A Cidade do Paraíso Perdido |98 |

Sam - Bem, estou de bom humor. As coisas estão melhorando para mim, e achei um saco de dinheiro.

Tommy - Então matar seus parceiros é uma grande piada? Quem sabe eu deveria experimentar.

Sam - Não seria ruim, mas provavelmente você não terá tempo.

Tommy - Nunca é tarde demais para começar.

Sam - Acho que a honra está fora de questão? Honra não significa nada! Isso são negócios e você quebrou asregras não escritas por muitas vezes, Tom. Quem sabe eu sinta alguma culpa, mas isso está fora de questãonos negócios.

Tommy - Não reparei que eu era a causa dos problemas da família.

Sam - Verdade? Você fez o que quis, Tom! Você não matou Frank! Você deixou aquela puta fugir e então obanco! Você não pode fazer o que acha certo, porque você não sabe de nada. Você não mede as conseqüênciasdos seus atos. O Don é o cabeça.

Tommy - Você nunca foi mais cabeça, então provavelmente precisou dele. Isso não é como sinto. Eu possopensar sozinho.

Sam - A OPINIÃO do Don Salieri é que ele não vai ficar na cadeia somente por causa dos seus SENTIMENTOS.E concordo com a opinião dele completamente. Don Salieri realmente gostava de você, Tom, e eu também.Iremos chorar juntos no funeral.

Tommy - Seu pobre miserável, Sam, sinto por você.

Sam - ...mas eu estou vivo. É uma pena que você não poderá usar esse dinheiro. Não se preocupe, irei dar umpouco para Sarah. Você sabe, mães solteiras não conseguem dinheiro facilmente esses dias. O Don irá cuidardela, ele não é o monstro que você pensa. Adeus, Tom, foi bom ter conhecido você. Cuidem bem dele rapazes...e por favor, não o façam sofrer, ele é meu amigo.

AÇÃO: Tommy deve se livrar dos capangas e encontrar Sam.

Tommy - Não se mexa seu lixo! Surpresa!

Sam - Como posso ver, os rapazes subestimaram você, Tom! Bem, espero que eles tenham mais sorte dessavez. Rapazes, tomem cuidado para não quebrar algo! Há muitas coisas belas e valiosas aí!

AÇÃO: Tommy deve continuar o tiroteio dentro da Galeria.

Tommy - Parece que você subestimou seus novos parceiros! Talvez você deva mudar de lado.

Sam - Ainda não acabou, Tom!

Tommy - As coisas não são o que parecem, Sam, Salieri também sacaneou você.

Sam - Do quê está falando?

O tiroteio“ c o m esolto” naGaleria, semp i e d a d epelas obrasde arte.

Page 107: Mafia - O Jogo Eletrônico Como Elemento Cultural

A Cidade do Paraíso Perdido |99|

Tommy - Quase fomos mortos por causa daqueles cigarros estúpidos, Salieri sabia que o trabalho era arriscado,havia diamantes escondidos nos cigarros. Ele não queria nos dar uma parte. Por isso que eu e Paulie queríamosroubar o banco, porque ele descobriu como Salieri estava nos sacaneando.

Sam - Ele me contou tudo sobre os diamantes, Tom. Ele só queria manter eles em segredo, assim ninguémsaberia onde eles estavam antes de vender. Além disso, os diamantes não tem nada a ver com o fato que vocênão matou Frank! Ele quebrou a Omerta. O que é pior, Tom?

Tommy - Como você sabe que eu não matei Frank?

Sam - Você pode colocar a culpa em alguém que você não matou. Você é muito humanitário. Ela voltou acidade e nós a encontramos por acidente. Maldição! Tom,Tom, você sabe que não deve confiar em uma dama. Euposso entender que não é fácil matar a esposa de seumelhor amigo. Eu devia ter feito isso por você. Elatambém me pediu perdão e chorou. Bem, descobrimosque não podíamos confiar em você, então verificamosum pouco e soubemos sobre Frank.

Tommy - Sam, você realmente acha que tudo tem queacabar assim? Ainda temos uma chance.

Sam - Não há volta agora, Tom, sinto.

Tommy - Maldição.

Sam - Hei, é a mesma situação de novo, Tom. E de novo você não pode decidir.

CENA: Sam e Tommy trocam tiros. Sam foge, Tommy vai atrás e dá os últimos tiros.

Sam - Você... você... matou... he...he... mas eles irão lhe dar o mesmo... Salieri ...irá...pegar você... ele teapoiou... seu rato... você é perigoso, Tom... e Paulie... está morto... ele nunca teve... certeza ...se você nãoiria... perdoar... sua... morte... você terá que se... esconder ... como um pária... e um... dia irão pegar você...tudo igual... como Frank... Eles o encontraram?! Você apenas... aumen... aumentou sua vida... mas no fimeles o encontraram... igualzinho... e Frank... era o único...amigo verdadeiro... do Don... amizade não valenem merda... Maldição !

EPÍLOGOCENA: De volta à mesa com o Detetive Norman.

Norman - Então era você de novo, huh? Você destruiua coleção de pinturas que valia alguns milhões dedólares?

Tommy - Não era o planejado, mas de alguma formaacabou acontecendo.

Norman - Então isso é tudo?

Tommy - Saí de lá rapidamente. Não era umpiquenique. Realmente estava em perigo, mas conseguime livrar. Peguei minha esposa e filha e imediatamentesaí do país. Sam estava certo, se eles estavam decididos aencontrar Frank na Europa e se vingar quase cinco anosdepois de seu sumiço, eles não iriam simplesmente medeixar partir após trair a todos.

Norman - E você está querendo dizer tudo que me disseagora em uma corte e dar evidências contra todos esseshomens? Não acha que a situação será bem pior paravocê? O que está planejando fazer não é delatar, é maisparecido com traição.

Sam é atingido pelos últimos tiros da Colt de Tommy.

Norman -Você destruiu a coleção de pinturas quevalia alguns milhões de dólares?

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A Cidade do Paraíso Perdido |100 |

Tommy - Se essas pessoas forem presas, ou melhor ainda, condenadas à morte, eles não poderão ter suavingança contra mim. Pelo menos não tão fácil quanto seria se estivessem livres. Estou querendo dar evidênciascontra eles se você me assegurar a nossa proteção e, após o julgamento, uma nova identidade para mim,minha esposa e filha.

Norman - Se conseguirmos sucesso, será a maior batalha legal que esse país já viu. É uma oferta interessante.Não sei se é certo ajudar alguém como você, mas acredito que o resultado final valha a pena. Acho que ireiajudar você...

Tommy (off) - Tudo funcionou até o caso ser julgado. Fiquei em minha cela e escrevi as evidências que tinhacontra todas as pessoas com quem eu trabalhei junto. Pessoas que foram minhas amigas por 10 anos. O casofoi enorme e causou comoção por todo o país. Salieri pegou perpétua, e alguns capangas até pegaram a cadeiraelétrica. A menor sentença foi de 8 anos. Passei o tempo todo em uma cela fechada em um lugar secreto, semvisitas. Não pude ver Sarah ou minha garotinha o tempo todo. Mas no final valeu a pena. Norman nos deunovas identidades, e nos mudou para o outro lado do país. Consegui um trabalho como motorista para umacompanhia respeitável. Começamos uma vida inteiramente nova. Essa paz apenas foi interrompida pelaguerra, mas conseguimos passar por isso...

CENA: Tommy, bem mais velho, está regando o jardim da frente de sua casa. Um carro pára em frente edescem dois homens.

Capanga - Sr. Angelo?

Tommy - Sim?

Capanga - O Sr. Salieri manda lembranças.

Tommy (off) - Você sabe, o mundo não segue as leis escritas no papel. É comandado por pessoas. Algumas deacordo com as leis, outras não. Depende de cada um definir como seu mundo será, como ele irá fazer ele ser. Evocê também precisa de muita sorte, para que mais ninguém faça da sua vida um inferno. E não é tão simplescomo eles fazem parecer no ginásio. Mas é bom ter valores fortes e mantê-los. No casamento, no crime, naguerra, sempre e em todos os lugares. Eu estraguei tudo. Assim como Paulie e Sam. Queríamos uma vidamelhor, mas no final nós fomos piores do que a maioria das pessoas. Você sabe, eu acho que é importantemanter um equilíbrio nas coisas. Sim, equilíbrio, essa é a palavra certa. Porque o cara que aceita muitosriscos acaba perdendo tudo. Claro, o cara que espera muito pouco da vida, poderá não conseguir nada no fim.

O Sr. Salieri manda lembranças.

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A Cidade do Paraíso Perdido |101|

3.7 - Passeio Livre

O Passeio Livre consiste no mesmo cenário do jogo normal e é baseado nos mesmos aspectos,

mas não obriga o jogador a cumprir missões. Escolhe-se o trecho da cidade em que se deseja

jogar, o nível de tráfego, o nível de policiais e o carro inicial.

A partir disso, o usuário tem a liberdade para fazer o que quiser. Pode ganhar dinheiro matando

gângsteres (sempre em duplas, em casacos escuros, dentro de carros escuros), explodindo carros

e dirigindo perigosamente pelas ruas. Ou pode, simplesmente, andar pela cidade, a pé ou de

carro, respeitando ou não a polícia. Com o dinheiro ganho, pode salvar seu progresso, comprar

armas e pagar eventuais multas.

3.8 - Passeio Extremo

No Passeio Extremo, o cenário ainda é a mesma Lost Heaven e o jogador encara a vida

de Tommy através de missões surreais e absurdas. Tommy tem uma casa em um dos bairros

ricos da cidade (Oakwood) e pode optar pela liberdade, como se estivesse no Passeio Livre, ou

tentar realizar as missões propostas.

Pela cidade, estão espalhados 19 irmãos gêmeos que, estrategicamente posicionados, ficam

acenando sem parar. O jogador deve conversar com cada um deles para receber uma missão.

Para cada missão cumprida, Tommy ganha um carro customizado. Pode ser um Bolt Hippie

que solta fumaça pelas janelas ou um pesado Black Metal com tração nas 4 rodas. Em caso

de dúvida sobre a localização de alguma missão, Tommy pode subir a colina em direção ao

farol de Lost Heaven. Lá, numa pequena porta, são apresentadas imagens de alguma missão

disponível. Entre os 19 trabalhos que Tommy deve executar estão atividades como matar o

Ligeirinho (um ser que tem fogo no lugar das pernas), dirigir um caminhão acima de 30 km/

h (se a velocidade baixar, o caminhão explode), atirar táxis no mar (sem cair junto com eles)

e carregar, a pé, uma caixa de uísque para um operário. Para salvar o progresso, basta que o

jogador retorne à casa de Tommy – que também tem uma garagem para guardar os carros

ganhos em cada missão. Cada perfil comporta somente um jogo salvo no modo Passeio

Extremo.

Depois de cada missão cumprida, o jogador ganha um determinado carro customizado

(protótipo). Abaixo, um breve resumo dos 19 trabalhos de Tom.

Arriba! – Protótipo Flower Power

Ligeirinho é um sujeito que tem, literalmente, fogo nos pés e, bem, é muito rápido. Tommy

pode tentar atropelá-lo ou , uma vez que descubra a casa de onde “Speedy Gonzales” sai,

impedir seu caminho com o carro e partir pro corpo-a-corpo. A missão começa em Oakwood.

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A Cidade do Paraíso Perdido |102 |

Velocidade Mínima – Masseur Táxi

No mesmo estacionamento em que a Tommy de Paulie falha (Missão 15 – Você é Um

Sortudo - em Down Town), um dos gêmeos apresenta a Tommy um caminhão envenenado

com explosivos. Tom tem 30 segundos para acelerar a máquina acima de 30km/h e levá-la

até determinado lugar em Works Quarter, do outro lado da cidade. Se o velocímetro indicar

menos de 30km/h, o caminhão explode.

Não Adianta Correr – Manta

Um prédio, no centro de Down Town, cercado por diversos outros prédios. Apoiado no

protótipo oferecido pela missão, um rifle Mosin Nagant 1891. Tommy deve pegar a arma e

tentar deter 3 snipers que estão espalhados pelos prédios ao redor.

Se Beber, Não Dirija – Crazy Horse

Num discreto beco de Hoboken, outro gêmeo aguarda Tom, ao lado de um carro de corrida.

O mafioso mais competente de Lost Heaven deve dirigir o carro até um estacionamento em

Down Town sem estourar o curto limite de tempo. O detalhe é que, ao entrar no carro, a

visão de Tommy fica distorcida, como se ele estivesse bêbado – e o efeito se intensifica de

acordo com a velocidade do carro.

Guerra Contra o Terror – Bob Mylan 4wd

Passeando pelas mansões the Oak Hill, Tommy pode encontrar um gêmeo com a proposta:

um Bob Mylan 4wd pelo desarmamento de 9 bombas espalhadas pela cidade. O tempo é

curto e cada bomba desarmada indica a posição da próxima. A última delas é do tamanho de

um carro.

Sabotagem – Caeser 8c Mostro

Três carros de corrida estão espalhados pela cidade, cada um na carroceria de um

caminhão. Tommy deve trocar os carros, usando sempre a rampa composta de duas tábuas

que liga o chão ao caminhão. A missão começa em Hoboken, perto da serra que leva a Oak

Hill, e se estende até o outro lado da cidade, passando pela Ilha Central. Tommy dá a largada

com um carro de corrida e, em determinados pontos, seguindo uma ordem específica, deve

trocar de lugar os outros 3 carros. O prazo da missão chega a ser razoável, mas Tommy

precisa agir com cautela na hora da troca. O menor deslize e o carro pode capotar ou ficar

preso entre as rampas.

Nitrocaminhão – Masseur

Mais um caminhão, mais riscos de explosão, e mais um gêmeo parado no estacionamento.

Page 111: Mafia - O Jogo Eletrônico Como Elemento Cultural

A Cidade do Paraíso Perdido |103|

Dessa vez, ainda em Hoboken. Não existe limite de tempo para Tommy levar até Works

Quarter o caminhão carregado com nitroglicerina. O problema é que nitroglicerina pode

explodir com impactos. Se Tommy bater o caminhão, tudo explode.

1km por litro – Speedee 4wd

Tommy dá um tempo nas missões bizarras e encara uma situação que é bastante plausível

durante o Jogo Normal, principalmente nas perseguições: a falta de combustível. O gêmeo

lhe apresenta um carro e pede que dirija até Works Quarter, sem limite de tempo. E o

problema é: o tanque de combustível está vazando. Assim, Tommy deve evitar o gasto

excessivo de gasolina, além de abastecer o carro pelo caminho.

Siga Aquele Avião – Demoniac

Um Celeste Marquee 500 está “equipado” com uma bomba. Um avião sobrevoa Lost

Heaven e, se Tommy distanciar-se mais de 200 metros do jato, durante a perseguição, seu

carro explode. A perseguição começa em Hoboken e vai até Little Italy.

Chofer Fundamentalista – Manta Prototype Táxi

Existem oito táxis armados com bombas-relógio pelo litoral da cidade. O tempo é curto e

Tommy deve desarmar as bombas lançando os táxis ao mar. A única maneira de cumprir a

missão é usando um outro carro para empurrar o táxi até a água.

Siga Aquele Homem Invisível – Bolt Thrower

Centro de New Ark, Bar do Morello e outra missão ingrata: perseguir um homem-invisível.

Na verdade, o sujeito não é 100% imperceptível; é possível notar seus contornos em

determinadas posições, de acordo com a luminosidade do ambiente. Ele ainda se agacha e às

vezes tenta se esconder de Tommy. Becos e viagem de trem: tudo para pegar o invisível.

Death Zeppelin – Black Metal 4wd

Em frente ao hospital, ao norte de New Ark, um gêmeo te oferece um Bolt Ace, com o qual

Tommy deve cruzar a ponte que leva à Chinatown. No meio do caminho, porém, havia um

Zeppelin Bombardeiro, e a história todos nós conhecemos.

Mexa Esse Traseiro Gordo – Hillbilly 5.1 fwd

Se a vida não é um passeio no campo, por que o Passeio Extremo haveria de sê-lo? Tommy

encontra mais um dos 19 gêmeos acenando. Dessa vez, ele está no estacionamento da Central

Island próximo à Ponte Giuliano e quer ver do que Tom é capaz. Primeiro, ele manda nosso

mobster dar uma volta no quarteirão, a pé. Depois, ele quer 3 agachamentos. Ao final, ele

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A Cidade do Paraíso Perdido |104 |

pede a Tommy que carregue a caixa onde se lê “Scorcese Import” (Missão 18 – Apenas para

Relaxar) e leve-a ao lugar indicado por ele, que segue com as mãos para trás, a passos

tranquïlos.

Onde tem Fumaça – Flame Spear 4wd & Flamer

Perto do porto, em Works Quarter, mais um gêmeo espera por Tommy. Ele tem um carro

de corrida turbinado e espera que nosso mafioso-por-acaso siga uma estranha fumaça

vermelha que voa pelas ruas. Existe um limite de tempo e o trajeto a ser percorrido parece

brincadeira.

Bombas – Disorder 4wd

Se o trabalho dignifica o homem, vamos honrar o ditado e procurar mais serviço na

Quadra dos Trabalhadores. O gêmeo da vez tem um Celeste Marquee 500 e pede a Tommy

que dirija a caranga até o estacionamento de Central Island (cenário da Missão 12 – Uma

Grande Jogada). No trajeto, porém, surgem bombas. Ninguém sabe de onde, mas elas

surgem.

Homens de Preto – Black Dragon 4wd

Ainda em Works Quarter, Tommy deve se aventurar por intrincados becos onde se

escondem diversos mafiosos amplamente armados. Mr. Ângelo está desarmado e precisa

encontrar um Thompson gentilmente caída em algum canto.

Eles Estão Entre Nós – Mutagen fwd

Pelo menos em Lost Heaven, ET´s existem. Ao menos, um deles existe e é esse ET que sai

com seu disco voador pelas ruas, enquanto Tommy não pode perder o OVNI de vista. A

perseguição começa em Works Quarter e se estende até o farol, em Oak Hill.

Você Ligou para o Tommy.... – Luciferion fwd

O gêmeo, em Little Italy, nas redondezas do Bar do Salieri, encarrega Tommy de atender 4

telefones espalhados por Lost Heaven. A missão tem limite de tempo e o mapa não indica a

localização dos telefones. Tommy deve se orientar pelo som: quanto mais alto, mais perto.

Ness Esteve Aqui – Hot Rod

A simpática Chinatown não poderia ficar fora do roteiro Extremo das aventuras non-sense.

Lá, Tommy recebe a missão de salvar uma donzela inocente das garras de um monstro que

habita o mar. Depois de encontrada a dama, em alguma parte do vasto litoral de Lost

Heaven, Tommy deve atirar no cadeado que prende a moça para que ela fuja e o monstro

recue.

Page 113: Mafia - O Jogo Eletrônico Como Elemento Cultural

A Cidade do Paraíso Perdido |105|

Embora sejam insuficientes para reproduzir o universo do jogo, as descrições do presente

capítulo possibilitaram conhecer os principais elementos de “Máfia” e perceber as variações en-

tre as opções: Campanha, Passeio Livre e Passeio Extremo.

Em Campanha, é fácil notar como a riqueza de detalhes na produção contribui para ilustrar

o ambiente virtual que pretende envolver o jogador. No Passeio Livre, “Máfia” valoriza a liberdade

de escolha do jogador em se locomover como, quando e para onde quiser. Já o Passeio Extremo,

prolongando um pouco a sobrevida de “Máfia”, abre espaço para a criatividade dos programadores

e imaginação dos jogadores - através de propostas absurdas.

Todo o aparato criativo de “Máfia”, no entanto, não descaracteriza os elementos mafiosos

(culturais e sociais) instituídos em nossa sociedade e transpostos para o mundo virtual.

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A Cidade do Paraíso Perdido |106 |

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A Cidade do Paraíso Perdido |107|

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De Caso com o “Máfia” |108 |

CAPÍTULO 4DE CASO COM O “MÁFIA”

1 - Métodos

O capítulo que aqui começa analisa os elementos que contribuíram para a relevância de

“Máfia” como tema da monografia. Trata, afinal, dos aspectos do jogo que mais se destacam

diante dos jogadores e procura apontar os aprendizados possíveis de serem assimilados com o

game.

A análise baseia-se em minha experiência enquanto jogador e na convivência com outros

jogadores – que começou entre os conhecidos de sala, passou para o irmão mais novo e foi-se

expandindo pelos diversos grupos de jogadores pela internet.

O contato mais constante foi através do site www.mafiagame.com.br, que depois abriu

também uma comunidade de mesmo nome no Orkut1. Além das discussões que aconteciam

naturalmente nos fóruns MafiaGame, foi disponibilizado um questionário a quem se dispusesse

a contribuir para a pesquisa. Tais depoimentos foram levados em conta para enriquecer a análise

com outras visões. Com poucas variações, a base do questionário era a seguinte:

Nome:

Idade:

Ocupação na Vida:

- Joga games desde quando? Que videogames já teve?

- Joga no computador há quanto tempo?

- Como conheceu MÁFIA?

- Que aspectos do jogo mais chamaram tua atenção?

- Conhece GTA? MAX PAYNE? Quais aspectos de MÁFIA são melhores/piores em relação

a esses dois jogos?

- Em MÁFIA, você tem alguma missão preferida? Alguma que você volta, depois de já ter

passado, só pra jogar de novo?

- Qual teu personagem preferido? Por quê?

- Jogo normal, passeio livre ou passeio extremo? Por quê?

- Se lhe fosse permitido viver no lugar de qualquer personagem do MÁFIA, quem você

escolheria?

“Fiquei mais esperto com os que se dizem amigos” -Pedro Vitor Barros Silva, 15, ao responder sobre asmudanças que “Máfia” causou em seu cotidiano .

1) Site de relacionamentos virtuais que também pode funcionar para compartilhamento de informação. URL: http://www.orkut.com

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De Caso com o “Máfia”|109|

- Você seguiria exatamente os mesmos passos de Tommy? O que você faria diferente?

- Que mudanças o jogo causou em teu cotidiano? (comportamento, aspecto cultural...)

- O que você achou do roteiro de MÁFIA?

- Já aconteceu alguma cena bizarra/engraçada durante alguma missão (ou jogo livre)

com você?

Também foi de grande importância a pesquisa nos sites www.lostheaven.co.uk (maior

site de fãs de “Máfia” no mundo) e www.mafia-game.com (site oficial do jogo).

2 - Relações jogo/jogador

Para limitar os aspectos da análise, foi necessário enumerar os principais elementos que

configuram a relação jogo/jogador. A intenção foi selecionar aspectos gerais, que podem estar

presentes em diversos jogos, e aplicá-los à realidade do “Máfia”.

2.1 – A Interatividade de “Máfia”

Em “Máfia”, os gráficos foram desenvolvidos a partir de uma engine própria, criada

especialmente para o jogo. Engine, em termos simples, é o software responsável pela recriação

do ambiente real em virtual. Luzes, sombras, recortes, texturas e curvas dos objetos são itens

elaborados nessa etapa. O resultado, reconhecível em Lost Heaven, é um ambiente de aparência

extremamente realista, que recria apropriadamente a arquitetura da década de 30, tanto em

ambientes externos quanto internos.

A física dos objetos é outro fator de peso na construção da realidade do jogo. Trata-se do

comportamento dos objetos, dos efeitos de ação e reação previstos no game. Quando um disparo

de revólver atinge uma lata, na vida real, espera-se que ela sofra o impacto e se danifique. Em

“Máfia”, a reprodução bastante fiel está presente na maioria dos objetos dos cenários, como:

postes, hidrantes, latas de lixo, garrafas, vidros, automóveis, bombas de gasolina e portas. Tommy

atira em uma lata e ela cai, ou amassa. O manejo dos carros varia de modelo a modelo,

respondendo exatamente às características de cada um. Um pneu furado, por exemplo, e Tommy

não consegue correr tanto, pode esbarrar o carro contra um muro, e ser obrigado a andar com

vidros trincados. O detalhe está até mesmo nos pequenos atos do personagem, quando, por

exemplo, Tommy derruba uma arma no chão e ela ela desliza até parar.

Os sons, desde que foram incorporados às imagens no cinema, são fundamentais para

completar a experiência sensorial da audiência. Em “Máfia”, os efeitos sonoros são bastante

detalhados. Na missão Campanha Eleitoral (#17), por exemplo, o jogador penetra em uma

prisão abandonada que sofreu o desgaste do tempo. Dentro dela, é possível ouvir a conversa de

outras pessoas vinda de algum lugar do prédio, o latido de cachorros e até uma ou outra goteira

que se espalha pelos encanamentos precários. Em ambientes fechados, como na rápida passagem

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De Caso com o “Máfia” |110 |

pelo apartamento de Carlo (Bon Appétit – # 13), nota-se uma música de vitrola. Na sala de

Salieri, em algumas missões, Tommy pode acionar a vitrola e providenciar uma leve música

ambiente. Quando algum motorista destrói um hidrante na calçada, a água que jorra também

produz um som verossímil. Os efeitos sonoros dos disparos das armas são bastante fiéis, sendo

possível identificar o modelo da arma pelo barulho do tiro. Até mesmo as cápsulas ejetadas

emitem um som ao colidir com o chão. E, se Tommy se afasta da cidade rumo às tranqüilas

estradas que descem a serra, começa a ouvir menos barulho de carros e mais corujas e sapos.

As animações, ou cutscenes, conferem grau

cinematográfico à trama. Além de encadear a ação

e aproximar o jogador da realidade do jogo,

apresentam detalhes de diálogos e de gestos que

carimbam a presença do estilo noir – característica

típica de romances policiais, em que falas precisas

elevam a moral à posição de força-motriz do enredo.

O roteiro, elemento geralmente desprezado pela

maioria dos jogos eletrônicos, é trabalhado com

bastante precisão em “Máfia”. Baseado nas

envolventes cutscenes e nos diálogos detalhados, o enredo – escrito e dirigido por Daniel Vàvra

– consegue simular o realismo das situações e reproduzir com fidelidade um período histórico

sem apelar para clichês do gênero. Os fatos ocorridos são perfeitamente justificáveis e contribuem

para uma reflexão a respeito, principalmente, de valores morais.

Os diálogos entre Tommy e o Detetive Norman propõem uma interessante relação entre o

crime e a lei, numa situação “neutra” em que ambos expõem suas ideologias e contribuem para

esclarecer acontecimentos da história. Enquanto Norman ataca de “oficial durão”, Tommy,

cauteloso, sempre se defende, criando, ao mesmo tempo, laços de cumplicidade e afirmação

com o jogador.

No questionário aplicado aos jogadores, a história do jogo foi elogiada diversas vezes.

Théo Azevedo, 23, é jornalista especializado em games. Escreve para a Folha de S. Paulo e

para a revista EGM Brasil, além de manter o site www.theogames.com.br. Enquanto o jogador

comum encontra um lançamento na prateleira de uma loja, ou mesmo na pirataria antecipada

de um camelô, a chance é quase absoluta de que Théo já tenha testado o jogo muito tempo

antes. Ele costuma receber cópias para análise direto das empresas desenvolvedoras de games,

antes mesmo do lançamento oficial. Sobre “Máfia”, Théo afirma que, “no que diz respeito ao

enredo, é o jogo mais envolvente que eu tive nas mãos, daqueles que você acompanha a história

do início ao fim, prestando atenção para não perder nenhum detalhe”.

Enzo Alexandre, 23, estuda Jornalismo e também tem um contato próximo com os jogos –

seja colaborando com sites ou jogando em diversas plataformas. Segundo ele, os valores envolvidos

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De Caso com o “Máfia”|111|

na trama de “Máfia” reforçam o impacto do jogo: “A história é muito bem elaborada, relatando

a carreira de um mafioso e sentimentos como amizade, raiva, arrependimento e perdão. Uma

boa história ainda é muito rara nos jogos”. Ainda assim, Enzo elege “Max Payne” e “GTA” como

jogos superiores a “Máfia”; que “perde por ser um jogo sério demais. Não agrada quem pensar

em jogar despreocupado, apenas para passar o tempo”.

Entre os jogadores da comunidade MafiaGame, Thiago Sousa é um “fascinado” pelo universo

da máfia – condição que o atraiu para a compra do jogo. Sobre os dois jogos em comparação, ele

diz: “não gosto muito de Max Payne. Mas GTA é muito bom. Apesar de GTA ser superior nas

variedades e liberdades não chega aos pés do enredo e da realidade do ‘Máfia’”.

Em comentários mais curtos, a história ainda foi elogiada por mais dois jogadores. Fuad

Pachá, 18 anos, estudante, sentiu-se atraído pelo envolvimento criado pelo jogo. “A história e a

interatividade existentes” foram os aspectos que mais chamaram sua atenção. E Bernardo

Santana, 22, estudante de Jornalismo e roqueiro, destaca “História massa e cidade grande pra

dar rolê”.

Na comunidade do Orkut, os membros citavam as frases mais marcantes do jogo. O

moderador lembrava a fala final de Tommy: “O cara que quer muito da vida se arrisca a perder

tudo, é claro, e o cara que quer muito pouco se arrisca a não ganhar nada no final”. Pedro

também escolheu uma frase do protagonista: “Ele [Tommy] antes havia dito: Melhor ser pobre

e estar vivo do que rico e morto. Depois ele muda de idéia e ae fala ‘Como eu sempre digo:

Melhor morrer jovem e rico’. Essa foi a frase mais marcante do jogo, pra mim”. E Moysés

destacou uma frase de Salieri, do início da missão 7 (Vá Se Acostumando Com Isso): “Quebrem

cada osso de seus corpos e deixem-nos boiando em uma piscina do seu próprio sangue. Estejam

certos que esses bastardos precisem usar cadeiras de roda. Criancinhas irão rir em suas caras

amassadas”.

2.2 - Liberdade

Ao público pouco familiarizado com os videogames, pode parecer irrelevante dizer que a

grande conquista dos lançamentos atuais, apesar da diária evolução tecnológica, é a liberdade.

Mas o fato é que, a partir de GTA 3, a indústria dos games parece ter percebido que só a tecnologia

não ganha jogo. Descobriram, também, que o público consumidor não é uma massa alienada

buscando diversão a (quase) qualquer custo. Os jogadores pensam antes, durante e depois de

jogar, e não gostam de ser subestimados por um software. Se GTA 3 ensinou, outros aprenderam,

como foi o caso de “Máfia”. O jogador, afinal, quer ser livre para fazer o que quiser. Apesar das

regras, das missões e dos limites de cada jogo.

Ao contrário de GTA 3 (e suas continuações), a liberdade de “Máfia” está mais presente nos

modos alternativos (Passeio Livre e Passeio Extremo) que na campanha principal. GTA não

estabelecia limites entre as missões e o “mundo-do-faça-o-que-quiser”: só existia um modo de

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De Caso com o “Máfia” |112 |

jogo, que deixava o jogador livre para seguir as missões ou “fazer qualquer outra coisa” – ou

alternar entre as duas opções, na seqüência que desejasse.

Na campanha de “Máfia”, a liberdade de movimentação do personagem e exploração dos

ambientes são praticamente ilimitadas, mas não podem inviabilizar o andamento dos objetivos.

Durante uma missão, Tommy pode andar de carro para onde quiser. Mas se estourar o limite de

tempo estipulado em determinada tarefa ou perder de vista um carro que deve seguir, a missão

é mal-sucedida e o jogador é jogado de volta ao começo*.

Nada impede, porém, que o jogador desista de cumprir determinada missão para “fazer-o-

que-quiser”. Rodrigo Fernandes, 28, considera “Máfia” “o jogo mais completo e campeão em

todos os quesitos exigidos aos verdadeiros gamemaníacos”. Segundo ele, o que mais chamou a

atenção “foi a liberdade de locomoção pela Lost Heaven e os fatos isolados que acontecem

enquanto jogamos, como engarrafamentos, acidentes, tentativas de suicídio, etc.”.

Em “Máfia”, a liberdade é valorizada nos modos Passeio Livre e Passeio Extremo (CAPÍTULO

3).

2.3 - Criatividade

Uma das vantagens dos jogos de computador sobre os consoles de videogames é a possibilidade

de edição quase total em qualquer jogo de PC. Como os jogos são instalados na memória da

máquina – e não se resumem a mídias somente para leitura –, é possível transformar seus

arquivos, adaptá-los e substituí-los. Aliás, mesmo antes de rodar determinado jogo é necessário

que se façam ajustes de som e vídeo – tarefa de “edição” dispensável nos consoles, uma tecnologia

“fechada”. O resultado disso é um produto (“obra aberta”) em que o jogador pode exercitar sua

criatividade mesmo quando já tiver esgotado as opções de jogabilidade do título.

Em tempos remotos, a customização de um jogo se resumia à chance de colocar seu nome

no lugar de PLAYER 1 e correr “contra o computador”, representado sempre por nomes mais

interessantes que PLAYER 1. Além, é claro, da possibilidade de, em alguns casos, salvar jogos

começados para continuar depois. Até aí, porém, os consoles de games contavam com essas

mesmas possibilidades.

Hoje as novas gerações de consoles funcionam com mídia ROM (Reading Only Memory –

Memória Somente para Leitura), mas contam com pequenos cartões de memória e, em alguns

casos, HDs de computador para salvar as alterações efetuadas. Alguns podem acessar a Internet

e, então, fazer o download de atualizações para os jogos. Incentivos interessantes à criatividade,

mas ainda escassos diante do dinamismo de um computador.

Sem muito esforço, e utilizando ferramentas gratuitas, sempre disponíveis na rede, um jogador

é capaz de criar um novo contexto para determinado jogo. Assim surgiram MODs (“modifica-

tion”, modificação), SKINS, PATCHES, TRAINERS e MAPAS (ou mesmo MISSÕES). São pacotes

de atualização que perpetuam a vida útil dos jogos e abrem caminho indefinido para a criatividade

Page 121: Mafia - O Jogo Eletrônico Como Elemento Cultural

De Caso com o “Máfia”|113|

dos jogadores.

MODS são pacotes de atualização que podem ser instalados sobre a versão original de um

jogo. Através de scripts (códigos que “dizem ao jogo o que fazer”), o usuário pode aproveitar

todos os elementos de um jogo (texturas, personagens, objetos) e modificá-los. Em “Máfia”,

existem modificações que contratam um segurança para proteger Tommy, outras que trazem

missões em forma de campeonato ou criam desafios exclusivos para se cumprir dirigindo um

táxi. É possível encontrar MODs que atualizam as placas publicitárias, adicionam novas armas

ou permitem que Tommy dispute lutas de boxe em Lost Heaven. Enfim, tudo depende da

criatividade do criador do MOD. Antes de executar o jogo, é possível ativar ou desativar as

modificações instaladas.

SKINS é o que, em inglês, significa “peles”. Refere-se à aparência, no caso, dos personagens,

dos carros e das armas do jogo. De um modo bastante rasteiro, é a “casca” do personagem.

Então é possível jogar com Tommy, literalmente, “na pele” de Salieri; dirigir um Bolt com a

carenagem de um Audi e disparar uma pistola com a

aparência de uma AK-47. SKINS, afinal, não alteram a

funcionalidade do objeto – apenas seu aspecto – e também

são usadas em programas

diversos, como tocadores de

música (audio players).

PATCHES são pacotes

mais específicos e capazes de,

além de mudar a aparência,

alterar também o funcionamento dos objetos. Costumam ser usados para introduzir novas armas,

amplificar os efeitos dos tiros e dar mais realismo a determinadas características de um jogo.

Em “Máfia”, porém, não são muito usados.

TRAINERS são adições que funcionam no lugar das dicas (“cheats”) que desde DOOM

eram usadas para trapacear, “enganando” o computador. Através de alguns comandos digitados

MOD NEW YORKER - transforma Lost Heaven emNova Iorque.

MOD ALIVE - e a máfia das garotas nuas.

Tommy com skin de Papai Noel.Toyota, versão rali.

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De Caso com o “Máfia” |114 |

durante o jogo, era possível conseguir todas as armas, munição ilimitada, invisibilidade, poder

de atravessar paredes e, só para garantir, invencibilidade. Os TRAINERS, de certa forma,

agilizaram o processo. Em vez de decorar todos os códigos, o jogador instala o programa e tem

uma lista de teclas para, dentro do jogo, contar com uma vantagem a mais. Também pode

servir, como o nome (treinamento) sugere, como treino para testar trechos mais difíceis do

game.

MAPAS e MISSÕES não fazem muito sentido em “Máfia”, já que o cenário é fixo e só

permite alterações de ambientes isolados. Foram o primeiro e grande impulso, entretanto, para

o nascimento das comunidades de “modificadores”. Desde o desenvolvimento dos jogos com

cenário 3D foi possível criar novos ambientes para abrigar as situações conhecidas das versões

originais. Através de um editor de níveis tridimensionais, o usuário determina a extensão de um

cenário, os objetos presentes e toda a aparência do lugar – pelo uso, novamente, das texturas. O

ápice dessa tendência veio com Counter Strike, MOD de Half Life, que tornou-se o mais famoso

jogo multiplayer do mundo em milhões de LAN-houses.

2.4 - A Vida Virtual

Outra experiência que “Máfia” proporciona aos jogadores é a construção de uma vida virtual

– sujeita a tantos riscos quanto aqueles da vida real. Cada carregamento do jogo representa

uma “atualização” das infinitas possibilidades existentes no universo de “Máfia”.

No controle de Tommy, o jogador não tem autonomia para decidir o que fazer (em termos

de roteiro pré-determinado), mas é livre para decidir como fazer.

No grupo MafiaGame do Orkut, o moderador criou uma seção no fórum para discutir hábitos

de pilotagem dos jogadores. Ele perguntava “Quais são os hábitos de pilotagem de vcs?” e dava

sua resposta: “Eu por exemplo gosto de dirigir no ‘MAFIA’ como se eu estivesse na vida real. Uso

a embreagem pra engatar as marchas, ando dentro do limite de velocidade, respeito os faróis,

etc. E nas perseguições eu procuro evitar o máximo de danos colaterais tipo: derrubar placas,

atropelar pedestres, e vcs?”.

Na seqüência, Pedro respondia “eu naum respeito lei alguma. faço o possível pra atropelar o

maior numero de pessoas possível”.

Outro rápido debate no grupo foi sobre estratégias para fugir da polícia, quando o mesmo

moderador escreveu: “Utilizar o Trem ou o Bondinho? Eles são ótimos recursos para se fugir da

polícia... eu prefiro o trem, pq assim que eu entro nele só vou parar lá na outra estação, o que

dificulta os guardas me alcançarem”.

Quando questionados sobre qual personagem do jogo gostariam de ser, Moysés escolheu

Sam, por ser “Fiel até a morte à familia!”, enquanto o moderador optou por ser Lucas Bertone,

“para poder ficar o dia inteiro “fuçando” aqueles automóveis”.

No questionário aplicado aos jogadores, duas perguntas a respeito dos personagens foram

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De Caso com o “Máfia”|115|

formuladas e geraram respostas interessantes.

1) Qual seu personagem preferido?

2) Se lhe fosse permitido viver no lugar de qualquer personagem de “Máfia”, quem você

escolheria?

Thiago Sousa, 20 anos.

1 - O Paulie. Pois é o personagem que mais me identifico. Repare que ele é como o Joe Pesci

nos filmes de máfia.

2 - Paulie. Um caporegime, líder nato, folgado, durão. Só é meio cabeça dura. Só não gostaria

de ter o mesmo destino que ele hehehe.

Fuad Miguel Pachá Neto, 18.

1 - Sem duvida o don Salieri, eu curto essas estórias sobre a máfia, e curto o perfil dos dons.

2 - Gostaria de ser o don Salieri, porque apesar de tudo o don sempre se da bem no final e

consegue o que quer.

Théo Azevedo, 23.

1 - Tommy, claro. Ele mexe com a ambição que cada um traz dentro de si. Você enxerga, ao

mesmo tempo, um Tommy maduro e arrependido, que denuncia a máfia à polícia, enquanto

joga com um Tommy seduzido pelo dinheiro e pela vida emocionante.

2 - Boa pergunta, não sei dizer. A vida de nenhum deles, ainda mais após ter terminando o

jogo e saber o que acontece a cada um, me soa muito atraente.

Rodrigo Fernandes, 28.

1 - Paulie. Passei o game inteiro pensando que ele iria sacanear o Tommy. No entanto, ele

mostrou ser buona gente e acabou se dando mal.

2 - Com certeza gostaria de estar na pele do Tommy. O cara tava na merda e de repente

recebe uma proposta irrecusável de ter grana fácil. Apesar de eu pensar que o crime não compensa,

Tommy não é mal, apenas não teve escolha e tem sentimentos, como mostrou por duas vezes,

ao poupar a vida da prostituta e do Frank. Tommy é apenas um cara bom que se dá mal no fim

das contas. Espero que “Máfia 2” mostre que aquela cena final era apenas sonho!

Enzo Alexandre Kuratomi, 23.

1 - O mecânico Ralph. É um cara medroso, gago, daquele que ninguém suspeitaria que está

envolvido no mundo do crime, mesmo assim é um dos personagens mais importantes do jogo.

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De Caso com o “Máfia” |116 |

2 - O Ralph, justamente por ser alguém que ninguém suspeitaria.

Bernardo Ferreira de Santana Carvalho, 22.

1 - Ralphy, aquele da garagem (é isso?). Porque ele é um retardado e eu adoro gente retardada.

2 - Sei lá, na real, acho que nenhum...

Pedro Vitor Barros Silva, 15.

1 – Paulie.

2 - Don Salieri, o chefão!!!

Humberto Franco Bueno, 12.

1 - Tommy.Porque você joga com ele.

2 - Salieri.Porque ele é o manda chuva.

Percebe-se que os jogadores assimilaram a evolução dos acontecimentos no enredo e o papel

dos principais personagens. A interpretação de cada jogador, no entanto, revela que cada um se

insere de maneira diferente no jogo.

Tendo, cada um deles, uma bagagem referencial diferente, encaram sob diversos pontos de

vista o convívio com os personagens de “Máfia”. Enquanto um classifica Paulie como personagem

tradicional de gangues mafiosas e identifica seu semelhante em filmes sobre a máfia, outros são

cativados pela aparente estupidez do mecânico Ralphy. Até mesmo as opiniões sobre um mesmo

personagem geram respostas intrigantes: a inocência do garoto que responde que o personagem

preferido é “Tommy. Porque você joga com ele” parece ser uma versão simplificada da resposta

dada pelo jornalista (Théo Azevedo).

Num balanço geral, os entrevistados revelaram ter uma visão parecida sobre os personagens

do jogo – não houve respostas discordantes quanto a isso. Don Salieri fica marcado como o

“manda-chuva”, Ralphy é “o retardado de bom coração”, Paulie é “o fiel companheiro” e Tommy,

num papel que se aproxima da situação de qualquer jogador de “Máfia”, é “o bom rapaz, que,

apesar de situações inevitáveis, age segundo sua índole”.

2.5 - Subversão

Se a máfia, na vida real, em que as punições aos criminosos são “reais”, conquistou tantos

adeptos quando admiradores – seja por necessidade, ou identificação – a diversão no mundo

virtual atinge dois pontos interessantes.

Primeiro que, em se tratando de um jogo, praticamente “tudo é possível” – de maneira que o

personagem não precisaria fazer parte da máfia para desrespeitar leis e atropelar pedestres.

Mesmo assim, o fato de Tommy ser um mafioso parece contribuir para que os jogadores liberem

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De Caso com o “Máfia”|117|

seu espírito de auto-governo.

Em segundo lugar, é curioso notar como o rótulo de fora-da-lei pode contribuir para o

despertar de um certo espírito crítico a partir da aparente “baderna” de algumas missões. Por

quê assassinar o comendador da cidade? Por que roubar uma carga de cigarros? Não posso só

ficar atropelando os pedestres? Perguntas hipotéticas assim, quando apresentadas a Tommy,

em diálogos ou missões, podem ecoar na imaginação dos jogadores.

Com suas regras, enfim, “Máfia” é um jogo que possibilita uma discussão sobre outras regras.

Estabelecem-se as regras do jogo (pontos de vida, funcionamento dos objetos, relação de

personagens, deslocamento pelo espaço) e abre-se caminho para o questionamento das regras

sociais da vida real (honra, amizade, obediência, responsabilidade).

Até mesmo atitudes cotidianas e aparentemente superficiais aparecem no jogo. Nas cenas

que antecedem o início da ação no Motel do Clark (Rotina Ordinária - #4), Tommy aguarda do

lado de fora, enquanto Paulie e Sam entram. Tom pega um cigarro e, quando vai acendê-lo,

percebe uma placa na bomba de gasolina com os dizeres: “Não Fume”. Um milésimo de segundo

dura o raciocínio que gera uma serena desaprovação com um movimento de cabeça. O suficiente

para que Tommy acenda o cigarro.

3 - Aprendizado

Depois dos exemplos de citações e comportamento de diversos jogadores, é necessário apontar

elementos de “Máfia” que podem ser aproveitados para a difusão de conhecimento.

3.1 - Carros

A não ser que o jogador seja um motorista experiente ou mais um fanático por carros, ele

pode aprender novos detalhes automobilísticos com o jogo.

O funcionamento dos carros: como ligar, desligar, manter o controle da direção, reabastecer,

derrapar (quando necessário), evitar acidentes, estacionar.

Os dados: tanto na Carrociclopédia quanto nas dicas de Ralphy estão listados diversos dados

que, aliados ao contexto do enredo, auxiliam o jogador a entender a funcionalidade dos números

técnicos. Peso, força, velocidade máxima atingida, motor e câmbio são os aspectos dos carros

apresentados. Para melhorar o aproveitamento em cada missão, é necessário dominar os

elementos responsáveis pelas diversas performances. Numa fase de perseguição, por exemplo, é

indispensável um carro leve e com bastante potência.

E, mesmo o jogador dominando qualquer informação técnica sobre carros, ele ainda estará

sujeito às leis de trânsito – que são exatamente as mesmas do mundo real. O jogador aprenderá

a conviver com sinais, limites de velocidade, colisões e atropelamentos.

3.2 - Armas

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De Caso com o “Máfia” |118 |

Com as recentes campanhas a favor do desarmamento da população, as pessoas terão cada

vez menos chances de se informar sobre armas, conhecer alguma de perto e entender seu

funcionamento. Eis um papel que os games desempenham, se não detalhadamente, pelo menos

de maneira livre, prática, judicialmente legal e isolada da paranóia que se manifesta em

determinados grupos da sociedade.

A curiosidade é despertada, em grande parte, pelos comportamentos proibidos. E, assim como

alguém fica interessado em experimentar os efeitos de um cigarro, de um copo de bebida ou de

uma droga ilegal, fica também com o desejo de visualizar as conseqüências de um disparo.

Em “Máfia”, Vincenzo é o armeiro responsável pela maioria das informações que precedem

a entrega de determinada arma para uma missão. Como já visto, o universo de “Máfia” é

detalhadamente reproduzido, de maneira que o efeito de um tiro calibre 38 em uma lata pode

satisfazer a curiosidade do jogador em saber o que pode acontecer ao executar tal ação na vida

real. Aos poucos, o jogador aprende os rudimentos básicos da utilização de cada arma, as

diferenças entre os modelos e as aplicações mais indicadas para cada caso.

E mesmo uma lei básica de segurança pública, que impede que até policiais empunhem suas

armas em locais públicos (a não ser durante ação efetiva), deve ser respeitada no jogo. Se Tommy

for visto pela polícia segurando uma arma, ele passa ser procurado e pode ser preso.

3.3 - Comportamento

O simples ato de locomover-se por Lost Heaven coloca o jogador em situações de risco que,

mesmo triviais, ensinam o mínimo sobre comportamento social. Se Tommy andar pela rua,

pode ser atropelado, já que os carros só freiam a tempo quando percebem o perigo à longa

distância. As leis de trânsito, portanto, funcionam tanto para o Tommy motorista quanto para o

Tommy pedestre.

Certas questões morais estão envolvidas na carreira de Tommy durante todo o jogo, sendo

que algumas se destacam:

Coragem de Tommy em assumir os riscos de abandonar a modesta profissão de taxista

para integrar um grupo de mafiosos (Uma Oferta Irrecusável - #1).

Resignação, ao ser obrigado por Frank a participar da corrida, mesmo não sabendo pilotar

profissionalmente e já tendo feito sua parte combinada do plano (Jogo Limpo #5 e 6).

Arrependimento, quando, depois de causar o acidente de dois “vagabundos”, Tommy hesita

em dar o tiro de misericórdia e pensa no que sua mãe e Sarah diriam se estivessem vendo a cena.

Paulie dispara e diz: “Porquê você está parado aqui com esse olhar no rosto? Lembre que esses

caras queriam sua garota ontem. Você deve se acostumar com isso” (Vá Se Acostumando Com

Isso - #7).

Misericórdia, ao deixar a prostituta viver (A Prostituta - #8) e, na missão 17 ( Campanha

Eleitoral), ao optar por matar ou não o operário que trabalha perto da entrada para a velha

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De Caso com o “Máfia”|119|

prisão.

Amizade, quando Tommy se recusa a matar Frank e forja o assassinato, liberando o contador

para a fuga (Omerta - #10).

Confiança, quando, depois da missão 12 (Uma Grande Jogada!), os homens de Salieri

ficam sabendo que o “amigo” de Paulie que dizia trazer uísque de Kentucky era, na verdade, um

ladrão de cargas que acabara de frustrar o acordo com Morello. O que Pedro aprendeu?

Integridade, quando o padre, depois de rezar pela alma do gângster e lamentar a violência

deflagrada na igreja, aceita dinheiro de Tom para reparar os estragos e abençoar o local (O

Padre - #8).

Dependência mútua nos acordos com Lucas Bertone, um dos relacionamentos constantes

durante o jogo.

Persistência durante toda a missão 15 (Você é um Sortudo!), quando Tommy fracassa

diversas vezes até conseguir assassinar Sergio Morello.

A Traição, embora seja confrontada com Tom explicitamente a partir da missão 18 (Apenas

para Relaxar), já estava implícita desde a missão 8 (A Prostituta), quando Tommy não liquida

Michele e, portanto, trai a confiança de Salieri. Depois, na missão 10 (Omerta), deixa de matar

Frank, traindo Salieri mais uma vez. Na missão 18, Paulie considera a tentativa de assalto a

banco, mas Sam e Tommy se recusam a participar. Quando conseguem a carga de cigarros e

percebem que, no lugar dos charutos, estão pedras valiosas, Tommy e Paulie desconfiam que

Don Salieri esteja traindo-os, e resolvem assaltar o banco. E, finalmente, quando Paulie é morto

por Sam, que descobre o assalto, Tommy decide se entregar e delatar a família Salieri.

3.4 - História

A reconstrução detalhada de uma época permite ao jogador uma visão imersiva de outra

realidade e a compreensão sensorial do contexto histórico. Como uma aula de história interativa

sobre determinado período do século XX, portanto, “Máfia” coloca o jogador em uma cidade que

tanto poderia ser Chicago ou Nova Iorque, mas que respira os elementos históricos fundamentais

da construção da América.

O jogador não apenas fica sabendo que os carros no começo dos anos 30 eram lentos e

tinham no máximo 3 velocidades de marcha, mas dirige esse carro e participa da evolução para

as tecnologias seguintes. Além de saber causas e conseqüências da “Lei Seca”, ele pode fazer

parte dos bastidores dessa disputa e perceber quais outras importâncias estavam em jogo.

Acompanhado, ainda, pelo jazz da década de 30, pode caminhar pela ruas de Lost Heaven e

dar de cara com um outdoor “I´m happy, I´m American” (Eu Sou Feliz por Ser Americano).

4 - Intertextualidade

Referências a filmes clássicos sobre mafiosos são nitidamente perceptíveis no enredo do jogo

“Máfia”. Geralmente, são acontecimentos pontuais que pretendem, antes de tudo, prestar uma

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De Caso com o “Máfia” |120 |

homenagem a cineastas, como Martin Scorcese, Francis Ford Coppola e Brian de Palma, mas

também não deixam de representar determinadas imagens mafiosas presentes no consciente

coletivo (tortura, suborno, segredos).

Em “OS BONS COMPANHEIROS” (1990) – Martin Scorsese:

O protagonista Henry Hill (Ray Liotta), quando jovem, era o “taxista dos mafiosos”, no bar

que ficava em frente à sua casa. MISSÃO 1 – UMA OFERTA IRRECUSÁVEL: Taxista é a

profissão de Tommy quando ele, pelas circunstâncias, se torna o “taxista dos mafiosos” por um

instante.

Henry vai “ensinar uma lição” ao vizinho que violentou sua namorada. MISSÃO 7 – SA-

RAH: Os vagabundos do bairro estão assediando Sarah, e Tommy vai acompanhá-la para

“ensinar-lhes” uma lição.

No final do filme, quando corre risco de vida, Henry delata em julgamento seus antigos

companheiros. MISSÃO 20 – A MORTE DA ARTE: Depois de encurralado pela família

Salieri, Tommy entrega os ex-companheiros em troca de proteção policial

Paul Cicero (Paul Sorvino), Tommy de Vito (Joe Pesci), Jimmy Conway (Robert De Niro).

Em “Máfia”, Don Salieri, Paulie, Sam.

Em “OS INTOCÁVEIS” (1987) – Brian de Palma:

A polícia montada canadense e os intocáveis de Chicago armam uma emboscada para os

gângsteres durante uma transação envolvendo uísque. MISSÃO 9 – PASSEIO NO CAMPO

e MISSÃO 12 – UMA GRANDE JOGADA: Ambas as missões envolvem contrabando de

bebidas. Na primeira, os tiras e a gangue rival armam uma emboscada. Na segunda, os homens

de Morello tentam frustrar as negociações.

A polícia de Chicago faz vista grossa aos mafiosos, principalmente quando os homens de Al

Capone (Robert de Niro) tentam neutralizar o capanga que foi pego pelos federais. INTER-

MEZZO 1: Morello espanca o motorista que bateu em seu carro e o policial, do outro lado da

rua, finge não perceber.

Enquanto Al Capone é julgado, Elliot Ness e Frank Vitti se confrontam em uma perseguição

pelos telhados do prédio. MISSÃO 08 – A PROSTITUTA: Depois de explodir alguns quartos

do Hotel Corleone, Tommy passa a ser perseguido pelos telhados dos prédios vizinhos.

O atirador de Al Capone, Frank Vitti, chama atenção durante o filme por ser um dos únicos

a usar sempre um terno branco. MISSÃO 16 – CRÈME DE LA CRÈME:Enquanto planejam

a perseguição a Morello, Paulie diz: “Não deve ser difícil [reconhecer Morello]. Morello gosta de

vestir suas roupas brancas, quase ninguém veste isso hoje em dia”

A perseguição ao contador de Capone, única pessoa que pode testemunhar contra o chefe.

MISSÃO 10 -OMERTA: A polícia protege Frank, contador de Salieri que entregara os livros-

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De Caso com o “Máfia”|121|

caixa e se preparava para depor.

Em “ERA UMA VEZ NA AMÉRICA” (1984) – Sergio Leone:

Pelo menos duas cenas mostram diferentes torturas. Na primeira, um homem é amarrado e

espancado para revelar o esconderijo de um comparsa. Na segunda, o patrão de uma empresa

encharca o corpo do chefe do sindicato com gasolina para forçá-lo a aceitar um acordo. MISSÃO

13 – BON APPÉTIT: Um funcionário em greve é amarrado e espancado por Sergio Morello,

o irmão mais novo de Morello.

Com o fim da “Lei Seca”, os mafiosos perdem uma boa fonte de lucros e Max (James Woods)

tenta convencer Noodles (Robert De Niro) a assaltar o Banco Federal. MISSÃO 19 – EMPREGO

À PARTE: Desconfiado das ações de Salieri, Tommy concorda em assaltar o Banco Nacional

junto com Paulie, que pretende melhorar de vida.

Além dessas situações específicas, listadas acima, outros detalhes do jogo têm referência

significativa. Na missão 18 (Apenas para Relaxar), Tommy precisa roubar as caixas que,

supostamente, armazenavam charutos no porto. Nessas caixas está a inscrição Scorsese Import

Export, que remete a Martin Scorsese, diretor de “Os Bons Companheiros”.

Hotel Corleone homenageia a família protagonista da saga “O Poderoso Chefão”, de Francis

Ford Coppola. É nesse hotel em que acontece a missão 8 (A Prostituta).

4.1 - Ovos de Páscoa

O protesto de Warren Robinett (Capítulo 2) gerou uma categoria de segredos que Steve

Wright (segundo Robinett em entrevista ao site The Jaded Gamer, Wright era, provavelmente,

coordenador de jogos da Atari, nos anos 70), chamou de “easter eggs” (ovos de páscoa). A expressão

era uma referência à alegria de uma criança que acorda e descobre um ovo na manhã de páscoa.

Steve pensou em utilizar o ataque que a Atari havia sofrido como um atrativo a mais nos jogos.

Desde então, segredos e objetos escondidos são obrigatórios em quase todo game.

Em “Máfia”, existe uma série de “easter eggs” que se espalham por Lost Heaven. Porém, o

entusiasmo de muitos jogadores não diferencia os “ovos de páscoa” (segredos escondidos) de

bugs (falhas na programação). Serão relatados aqui, portanto, somente os segredos mais

significativos, sem esquecer as premissas originais de Robinett: questionar, perturbar e divertir.

A informação sobre a maioria deles foi coletada na Internet, e alguns foram descobertos du-

rante a “jogatina”.

MISSÃO 2 – FUJA, HOMEM!

Quando Tommy começa a fugir, a pé, dos capangas de Morello que o perseguem, precisa

correr pelos becos até chegar ao Bar de Salieri. Nesses poucos minutos de correria, muitos detalhes

da vida dos moradores se revelam.

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De Caso com o “Máfia” |122 |

Tommy desce do carro para averigüar asituação do suicida

1 – Logo ao entrar no primeiro beco, um homem, armado discretamente com um pedaço de

pau, tenta arrombar a porta de uma casa. Se Tommy tiver tempo e coragem, pode se aproximar

e frustrar a invasão. O homem fugirá pela rua.

2 – Adiante, depois de alguns desvios, um sujeito se encontra em um canto fazendo uma de

suas necessidades básicas. Se Tommy quiser militar pelo pudor em Lost Heaven, o homem sairá

andando normalmente, mas continuará urinando.

3 – Logo na entrada do primeiro beco, um homem, no corredor, lamenta para si mesmo o

atraso de uma mulher: “Onde diabos ela está? Eu disse 3 horas no corredor do beco!”. Perto do

final das travessias, no lado oposto ao beco inicial, Tommy vai perceber que existe uma mulher

no corredor. Ela também reclama o atraso de um homem, dizendo que ele deveria estar ali às 3

horas – eles se confundiram. Se Tommy quiser fazer um casal feliz, pode avisar a mulher sobre

a falha na comunicação. Ela agradecerá – “Oh, obrigada. Deve ter sido um mal-entendido...” –

enquanto Tommy luta por sua sobrevivência.

MISSÃO 5 – JOGO LIMPO

1 – Saindo do Circuito de Corrida e entrando na cidade,

logo na primeira quadra, à esquerda, existem três

moradores de rua se aquecendo com uma fogueira

improvisada dentro de um latão. Tommy pode seguir

caminho ou incomodá-los – não é possível conversar com

eles. O homem (existem também duas mulheres) dirá:

“Não faça isso, eu sou casado e tenho filhos!”. Fala, aliás,

empregada em “Máfia” por todo personagem inocente que

sofra algum tipo de agressão.

2 - Ao levar o carro de corrida para Lucas Bertone sabotar, Tommy pode passar pela Ponte

Giuliano. No trajeto, existem alguns carros, uma ambulância e uma pequena aglomeração de

pessoas que tentam evitar o suicídio de um homem que ameaça se jogar da ponte. Tommy não

pode ajudar muito, já que o suicida é imune a suas ações. Mas existe a possibilidade de incomodar

os curiosos. Depois que Bertone fizer o serviço, Tommy pode voltar pela mesma ponte e perceber

que a situação ainda é a mesma.

3 – No final da corrida, é exibida a classificação final com nomes dos pilotos e seus respectivos

tempos. Os nomes dão de integrantes de famosas bandas de heavy metal.

MISSÃO 7 – VÁ SE ACOSTUMANDO COM ISSO

1 – Depois das instruções passadas por Salieri, é possível ligar o gramofone que fica perto da

mesa do chefe.

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De Caso com o “Máfia”|123|

MISSÃO 8 – O PADRE

1 – No início da fase, quando Tommy já se encontra na torre da igreja, existe um balde

pendurado em uma roldana. Se o jogador acertar o alvo, o balde cairá na rua, nocauteando o

funcionário que consertava uma caixa de correio.

2 – Descendo as escadas que levam ao altar, é possível identificar caixas do uísque canadense

que entrará em disputa na MISSÃO 9 – Passeio no Campo. Armazenamento suspeito, já que o

ano é 1932 e, portanto, a Lei Seca ainda está valendo.

MISSÃO 14 – FELIZ ANIVERSÁRIO

1 – No restaurante do navio, Tommy não pode ser servido, já que está no papel de marinheiro

da embarcação. No entanto, do lado esquerdo do balcão, um copo de vinho está cheio e sem

dono. Tommy pode dar alguns goles de graça, sem ser incomodado.

2 - Em vez de liquidar o conselheiro durante seu discurso, Tommy pode esperar pela conclusão

e seguir o aniversariante até seu quarto – que desde então estivera trancado. Quando o conselheiro

abrir a porta para entrar, Tommy pode aproveitar a brecha e dar uma espiada dentro do quarto

por alguns instantes – em seguida, os seguranças retiram o intruso.

MISSÃO 17 – CAMPANHA ELEITORAL

1 - Tommy sobe até o último andar da velha prisão para assassinar o político, que se encontra

numa ilha. Ao redor da ilha, existe um pequeno barco, ocupado por um passageiro que tenta

consertar o motor de popa. Tommy não tem como ajudar, mas pode atrapalhar de uma vez por

todas.

MISSÃO 18 – APENAS PARA RELAXAR

1 – Mais uma vez o jogador pode, depois da conversa inicial com Salieri, ligar o gramofone

da sala.

MISSÃO 19 – EMPREGO À PARTE

1 – Durante o diálogo com o Detetive Norman, Tommy cita Don Peppone, que era o protetor

de Salieri e Morello, então companheiros, nos anos 20. Quando Tom e Paulie vão fazer o

reconhecimento do banco para planejar o assalto, Peppone está na primeira repartição da

esquerda, conversando com o gerente sobre a possível construção de um parque temático em

Hoboken. Peppone justifica o pedido de empréstimo dizendo que quer dar alegria ao povo daquele

bairro e que o retorno é garantido, já que não existe concorrência. O gerente se retira, avisando

que vai buscar os formulários para aprovar o empréstimo.

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De Caso com o “Máfia” |124 |

PASSEIO EXTREMO

1 – Ao Nordeste de Hoboken, seguindo a

linha do trem, é possível encontrar a entrada

de uma caverna com o formato de uma cabeça

monstruosa cravada nas rochas. Dentro dela,

existe uma porta (fechada) que faz conexão

com o túnel por onde continua o trajeto do trem.

Espalhou-se um boato, pela Internet, de que

em “Máfia” existia um cassino escondido, e que

ele ficava dentro dessa caverna.

MENU PRINCIPAL

Como uma homenagem ao primeiro easter egg da história dos games, os criadores de “Máfia”

também deixaram sua marca no jogo. Ao fundo do menu principal, a câmera busca diversos

ângulos da sala que, supostamente, pertence a Tommy. Sobre a mesa em que se encontram um

telefone, charutos, pistolas e outros objetos pessoais, há um porta-retrato com a foto em tons

sépia de um grupo de mafiosos. Não se vê Tommy, Paulie ou Salieri, mas, sim, Petr Vochozka

(CEO da Illusion Softworks) e todos os artistas e programadores de “Máfia”, customizados em

trajes e armas da década de 30.

5 - Atributos

Todo jogo baseia-se no acordo de “reconhecimento” por determinadas habilidades

demonstradas pelo jogador. Seja valendo um campeonato, ou simplesmente a afirmação de

uma vitória, o sucesso no jogo exterioriza e confirma determinadas capacidades do competidor.

Mesmo que determinadas competições privilegiem certas características – a força sobre a rapidez,

a sorte sobre a destreza –, as regras cuidam, também, para que diversos estilos possam ter

sucesso num mesmo tipo de competição. Sem exceder as regras, afinal, vale tudo.

“Máfia” desenvolve e privilegia aspectos específicos envolvidos em diversos gêneros de jogos

eletrônicos. A seguir, uma rápida descrição dos principais atributos que garantem vantagens

para o jogador:

5.1 - Destreza – é fundamental que o jogador domine o controle de seu personagem e

tenha consciência das possibilidades de ações e movimentos possíveis de serem executados.

Basicamente, o teclado comanda o movimento (tanto de Tommy quanto do automóvel) e o

mouse responde pelas ações (olhar, pegar, abrir, acionar).

Quanto mais rápidos e precisos os toques do jogador, maiores suas chances de sucesso,

principalmente em missões que exigem determinados comportamentos:

A equipe da Illusion Softworks “em 1928”.

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De Caso com o “Máfia”|125|

Missão 5 – Jogo Limpo: Um dos trechos mais polêmicos de “Máfia” é a corrida que Tommy

acaba encarando em cima da hora. Pelo seu grau de dificuldade, já que o carros de corrida têm

o funcionamento bem diferente dos que transitam pelas ruas, muitos jogadores desistem dessa

missão ou se rendem a um desonesto atalho que evita a maior parte de cada volta no circuito.

Um trabalhoso serviço de troca manual de marchas e a sábia utilização dos freios, no entanto,

são capazes de garantir uma vitória “na raça”.

Missão 11 – Visitando Pessoas Ricas: Durante a invasão da mansão, Tommy e Salvatore não

podem ser percebidos. O jogador, então, precisa se locomover furtivamente, escondendo-se atrás

de arbustos e colunas, andando agachado e utilizando com eficácia o taco de beisebol para

“apagar” os seguranças. Até mesmo a empregada, se notar a presença dos intrusos, pode

comprometer a fase.

Missão 17 – Campanha Eleitoral: Ao chegar ao topo da prisão, Tommy tem 10 tiros para

acertar o político que faz um discurso na ilha. As chances, porém, são reduzidas quando um

primeiro disparo não atinge o alvo e obriga Tommy a acertar o político, em movimento, antes

que ele chegue ao carro para fugir.

Missão 20 – A Morte da Arte: A ação começa no apartamento de Paulie, onde Tommy,

encurralado pelos policiais, tem apenas um revólver Colt Detective Special com 6 munições. O

jogador precisa de habilidade para ser efetivo com poucos disparos.

Em seguida, na Galeria de Arte, um número de inimigos fora do comum, em comparação

com as missões anteriores, esconde-se pelas colunas e ante-salas. Tommy precisa ficar atento

aos diversos corredores e portas que servem de acesso aos rivais, e movimentar-se atentamente

entre as colunas e sofás que protegem mafiosos escondidos.

5.2 - Raciocínio – A compreensão do enredo, dos diálogos e a atenta observação dos

cenários e contextos possibilitam vantagens estratégicas ao jogador em determinados pontos do

jogo.

Missão 3 – Festa do Molotov: A chegada de Tommy ao bar rival pode ser executada de

diversas maneiras, mas não pode chamar a atenção do guarda que fica na entrada do

estacionamento. Se ele perceber a aproximação de Tommy, avisará os capangas, que dificultarão

o cumprimento da missão – já que Tommy só conta com coquetéis molotov e um taco de

beisebol. O olhar mais atento pode descobrir uma discreta entrada pelos fundos, enquanto o

olhar mais urgente pode pensar em atropelar o guarda.

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De Caso com o “Máfia” |126 |

Missão 4 – Rotina Ordinária: Enquanto Tommy aguarda no carro, Sam e Paulie entram no

motel para coletar dinheiro de proteção. Quando são baleados, Tommy precisa invadir o lugar e

resgatar Sam, que está em poder dos rivais. Existe outro carro estacionado, mas, apesar de o

motel localizar-se longe da cidade, nada explicita que aquele seja o carro dos homens de Mo-

rello. Por precaução, o jogador pode danificar as rodas, sem se esquecer dos poucos tiros que tem

para o S&W 10 Military and Police. Se nada fizer, no final da missão o sobrevivente inimigo

fugirá com o carro e o dinheiro, obrigando Tommy a persegui-lo pela estrada.

Missão 10 – Omerta: Tommy, depois de perseguir os rivais pelo aeroporto, rende Frank, que

pede a presença da esposa e da filha. Elas estão numa casa, perto da pista, esperando por Frank.

Ao chegar até elas, Tommy pode perceber também um casal se despedindo e um homem ao

telefone – ligando para a polícia. É possível ouvir o anônimo pedindo reforços e passando

informações sobre a situação. Se Tommy não interromper a ligação, mais viaturas policiais

chegarão ao aeroporto.

Missão 17 – Campanha Eleitoral: O único acesso para dentro da antiga prisão é através do

sistema de esgoto que tem saída no terreno vizinho. O problema é que existe um operário

trabalhando ali, e ele diz a Tommy que a entrada é proibida. Mesmo assim, Tommy pode entrar.

Mas, depois de cumprir a missão, quando estiver saindo do prédio, dois policiais, chamados pelo

operário, revistarão Tom em busca de armas. Caso Tom decida liquidar o operário antes de

entrar, no final da missão aparecerão 4 policiais, mais um carro-funerário, devido “a um crime

cometido ali”. Também vão revistar Tommy, à procura de armas. Em ambos os casos, Tom

pode abandonar as armas dentro da prisão, ou sair com elas. Se abandoná-las, os policiais não

acharão nada e Tommy será liberado. Se Tommy permanecer com as armas, haverá conflito

com os policiais.

Missão 18 – Apenas para Relaxar: Dentro do porto, já dirigindo o caminhão para o transporte,

Tommy percebe que não será fácil subtrair as caixas – o chefe dos estivadores está vigiando. A

escolha mais arriscada é sacar uma arma e tentar esclarecer as coisas. Mas, como Paulie dissera

antes, no planejamento da missão, “Força bruta não irá funcionar”. A saída é levar um papo

com o chefe mal-encarado e inventar uma desculpa para afastá-lo durante um tempo.

5.3 - Conhecimento – Três tipos de informação são úteis para que o jogador tenha uma

performance satisfatória em Lost Heaven. Duas delas já ilustradas anteriormente (Armas e

Carros) e uma terceira de importância crucial: Localização. Durante o jogo, pode-se pressionar

uma tecla para acionar o mapa da cidade – que aparece, então, como uma camada semi-

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De Caso com o “Máfia”|127|

transparente sobre a tela do jogo. Quando alguma missão está ativa, determinados pontos do

mapa são indicados na cor azul, através de setas e “X”. Como as fases exigem grandes

deslocamentos pela cidade, o jogador que tiver uma boa memória e um senso de localização

apurado terá menos problemas pela frente. Não só durante a Campanha, mas também nos

modos Passeio Livre e Passeio Extremo – principalmente este último, que utiliza pontos pouco

conhecidos da cidade para sediar suas missões.

Ainda, sobre Armas e Carros, o jogador que já tiver um conhecimento prático de tais elementos

leva a vantagem de complementar a simulação (jogo) com fatos de sua experiência pessoal

(conhecimento) – confirmando e assegurando sua bagagem referencial.

5.4 - Sorte e Revés – “Máfia” não é um “jogo de azar”, mas um pouco de sorte ajuda no

cumprimento das tarefas. É inviável detectar em quais missões a sorte ajuda o jogador, tanto

porque ela é imprevisível e, dificilmente, dispensável. Porém, jogadas de sorte, bem como as de

azar, ocorrem com mais freqüência nas missões que envolvem o contato do jogador com a

cidade: principalmente em perseguições de automóvel. A movimentação imprevisível de pedestres

e veículos, aliada às leis do trânsito, podem garantir o sucesso de uma fuga (forçando uma

colisão dos rivais) ou o início do fracasso (provocando acidentes que envolvam o jogador). É

claro que, acima da “sorte” e do “revés”, existem sempre as capacidades do jogador, discutidas e

exemplificadas acima, que podem resolver os problemas enfrentados durante as missões.

5.5 - Interpretação - Apesar de “Máfia” não caracterizar um RPG, em alguns momentos

do jogo é necessário compreender a situação e saber como agir, interpretando os atos de um

personagem.

Quando Tommy passa pela segurança do porto, na missão 18 (Apenas Para Relaxar), ele

não pode ser descoberto. Para tanto, precisa incorporar o perfil de um trabalhador, carregando

caixas e conversando com o chefe da seção.

Na missão alternativa de Lucas Bertone, durante a missão 20 (A Morte da Arte), Tommy

tem que seguir uma mulher, pela rua, sem chamar atenção.

O jogador precisa dominar os controles de movimentação, portanto, e saber interagir com a

situação que o rodeia.

6 - Visão de Mundo

O realismo gráfico de “Máfia” não impede o jogo de apresentar um contexto realístico. Mesmo

não deixando opções para o jogador quanto a fazer ou não determinadas ações, o enredo trata

de não romantizar os acontecimentos e de trazer à tona questões como lealdade, honestidade e

conduta moral.

Quando o jogador precisa assassinar um político (Campanha Eleitoral - #17), ele não é

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De Caso com o “Máfia” |128 |

induzido a fazê-lo sob qualquer argumento eufemístico ou alienante. Mesmo Tommy, em algumas

missões, questiona-se a razão de ser “sempre ele” o encarregado das tarefas mais complicadas.

A morte, em “Máfia”, não é uma fatalidade, muito menos uma diversão. É um ato político,

executado segundo as regras da guerra particular travada entre grupos rivais. É preciso assassinar

o político não porque isso seja divertido, ou porque “todo político é ladrão”, mas pelo significado

estratégico, na guerra particular, de eliminar um inimigo.

Ao executar as ações, portanto, o jogador está ciente das causas e conseqüências de seu ato

na seqüência do enredo.

6.1 - Um Jogo de Verdade

Enquanto finalizava as últimas etapas deste trabalho, tive a chance de acompanhar de perto,

casualmente, meu irmão retomando o jogo “Máfia”, já “zerado” e amplamente explorado por

ele. Humberto tem 12 anos e seu jogo preferido vinha sendo Need for Speed Underground 2, a

aguardada continuação da série Need for Speed que destaca a possibilidade de alterar diversos

equipamentos de velozes carros.

Por um inusitado problema no computador de casa, só era possível executar Need for Speed

depois de se ter executado “Máfia” e carregado, ao menos, uma missão. Esse estranho e

desgastante obstáculo passou a testar a paciência do garoto, até que ele resolveu voltar a jogar

“Máfia”, desde o começo. O “trainer” foi acionado e permitiu ao jogador ativar invencibilidade

(sua e dos parceiros) e munição ilimitada – entre outras vantagens descartadas por ele.

Enquanto eu fingia ler e rabiscar observações sobre o presente estudo, anotava os comentários

do moleque e servia de desinteressado interlocutor. A seguir, alguns trechos que se destacaram e

que podem fornecer pistas interessantes sobre o significado do jogo para o jogador:

MISSÃO 2 – FUJA, HOMEM!

01> Passageiro 4 – Quando Tommy deve transportar um cavalheiro, do teatro até Pompei

Bar.

‘Agora chega a parte que o carinha menos gosta’. O “carinha” é o passageiro. Lost Heaven

tem diversos becos que podem funcionar como atalhos. No caminho para o Pompei Bar, a partir

de Central Island, existe um trecho que pode encurtar a distância, mas que provoca colisões

consideráveis, já que consiste em uma descida com uma série de altos degraus. E quando Tommy

dirige de maneira arriscada, o passageiro começa a reclamar – daí “a parte que o carinha menos

gosta”. Quando se preparava para encarar a incomum descida, no entanto, Humberto atropelou

um pedestre – erro que, na missão número 2, resulta em fracasso e exige o retorno ao ponto

salvo anteriormente.

01> Passageiro 5 – O último passageiro da missão pede para ser levado até um estacionamento

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De Caso com o “Máfia”|129|

em Little Italy.

‘Deu. Agora peguei um carinha chato, que não pára de falar’. Respondeu quando voltei e

perguntei se tinha conseguido concluir a missão anterior na segunda tentativa. Realmente, alguns

passageiros são mais sensíveis aos exageros no trânsito.

‘Por que alguém vai querer parar no meio da ponte?’ – quando, observando o mapa que

indicava o destino do cliente, Humberto se confundiu com outras marcações de referência. “Nunca

vi isso”, respondi.

‘Não sei onde eu tava com a cabeça’ – quando percebeu que havia se enganado com a

localização do mapa.

02> Parada para o café – Tommy estaciona para um descanso e, perseguido, deve fugir, a

pé, até o Bar de Salieri.

‘Coisa mais legal que acontece agora. Eu vou lá, falo pro Paulie... aí você só ouve os tiros.

Ha! Closed!’ – quando, chegando ao Salieri e conseguindo proteção, o jogador ouve disparos e,

depois, vê dois corpos sendo carregados para um caminhão e Luigi, o barman, trocando a placa

OPEN para CLOSED.

MISSÃO 3 – FESTA DO MOLOTOV

01> Bar do Salieri – quando instruções são passadas e a apresentação a Vincenzo e Ralphy é

feita através das cutscenes.

‘Ah, não! Molotov....’ . Quando perguntei porque ele não gostava, respondeu ‘Porque não’ e

seguiu cancelando a exibição dos vídeos que já conhecia: ‘Caramba! Só tem vídeo, no começo’.

Enquanto a fase era carregada, Humberto pegou um livro na mesa e comentou sobre o título “O

Melhor Livro Sobre o Nada – de Jerry Sainfeld”. Disse a ele que era “sobre o nada” porque não

tinha começo, nem fim. ‘Então você pode ler o final, que não vai atrapalhar o começo?’. É isso

aí.

MISSÃO 12 – UMA GRANDE JOGADA

02 Estacionamento > Quando a negociação de uísque é frustrada e Tommy, Paulie e Sam

têm de abrir caminho pelo estacionamento para escapar.

‘O melhor jeito de matar os carinhas é explodindo os carros’. Perguntei se ele tinha desistido

de continuar a partir do ponto em que havia parado. ‘Desencanei, eu gosto de tiroteio assim’.

Seguia, armado com a cartucheira 12, disparando no motor dos carros estacionados para provocar

explosões. ‘Não dá pra ir com a 12, é muito lerda’, referindo-se ao movimento “pump” de repetição

entre um tiro e outro. Quando três ou quatro carros separavam a última passagem de nível do

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De Caso com o “Máfia” |130 |

estacionamento, ‘Olha que lugar bom pra usar a 12’. Disparou vários tiros, sem conseguir explodir

nenhum carro. ‘Não explode, tem que pegar a Thompsom mesmo’. Pegou a Thompsom e, com

um tiro, finalizou o estrago iniciado pela cartucheira, dando um riso inconformado. Mas a

carenagem dos carros destruídos ainda impedia a passagem. ‘He, he. Já sei o que eu vou fazer’.

O quê? ‘Estourão’. Pegou um carro, pelas redondezas, ainda inteiro, e usou para liberar a

passagem, trombando em todos os obstáculos desde o último andar até o térreo. ‘Abri caminho

com essa lata véia pra não machucar o caminhãozinho’, referindo-se ao já precário caminhão

carregado de uísque que deveria ser levado até o armazém de Salieri.

‘Você é chato, hein, mano?’. Quem? ‘O Paulie. Fica aqui na frente do carro, aí não dá pra eu

passar’.

‘Nossa, cara, essa missão eu coloquei pra carregar e fui no banheiro. Quando eu cheguei

aqui, tava na hora certa de começar. Tinha acabado de carregar e tava na tela preta’.

02> Perseguição de Carros – quando Tommy e Paulie devem levar o caminhão carregado de

uísque até o armazém.

‘Putz. Esqueci dos manés que vêm atrás de mim’, quando percebeu que estava sendo seguido.

Estacionou o caminhão e, com a tranqüilidade de quem ativou o código de invencibilidade,

encarou os rivais. Depois de liquidar os 3 mafiosos que o perseguiam, ‘Seus problemas acabaram.

Chegou o detonador de gângsteres’.

Enquanto corria para o armazém, ‘A camionetinha é rápida, cara. Pneu furado e tudo, tá

pegando 80 milhas’. Não é quilômetros? Eu tinha passado pra quilômetros... ‘Tá em milhas, eu

abri seu jogo, porque o meu tá faltando um monte de carro. Eu não fiz quase nenhuma missão

do Lucas Bertone. O difícil é fazer a curva’, rodando com o caminhão numa esquina.

Recuperou o controle e seguiu o trajeto até o armazém. ‘Ô, se você tiver mais 30 conto já dá

pra comprar a placa’, falando sobre uma atualização da placa de vídeo do computador. Por

que? ‘Porque eu já ganhei 180 [bônus familiares de ano-novo], e a placa vai custar o que? Uns

200 conto?’. Nem sei, cara, tem que pesquisar.

‘Sabia que no Need [... for Speed Underground 2] você ganha ponto por andar de ré? É mais

difícil controlar’, enquanto se aproximava do armazém e carregava a próxima missão.

MISSÃO 13 – BON APPÈTIT

01> Cidade – quando Tommy deve levar Salieri até o restaurante de Pepe.

‘Bon Appètit é legal, eu achei que fosse chata. Você tem que levar o Salieri no restaurante, no

carro dele mesmo’.

No meio do caminho, uma colisão de frente com outro carro civil, logo na frente da polícia.

Multa. ‘Multa’. Entra a irmã: “Mas por que você vai pagar? Você não podia fugir? Como você é

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De Caso com o “Máfia”|131|

um garoto honesto!!”. E ele: ‘Melhor pagar, senão ela [a polícia] fica enchendo o saco’.

02> Restaurante do Pepe – quando, após o almoço, Salieri e Tommy são pegos de surpresa

por capangas de Morello atirando do lado de fora.

‘Putz, Salieri, coopera aí’, dizendo ao patrão para ajudar a combater os rivais. Nessa missão,

Salieri se protege atrás de uma mesa e faz sua parte com uma pistola.

_____________________

Depois de mais de cemhoras jogando “Máfia” e outras dezenas de horas dividindo a experiência

com outros jogadores, destacam-se significados que o referido game pode representar sob o

olhar de quem assume os controles. O encadeamento das missões provoca a sensação de

participação na famiglia mafiosa e envolve o jogador nas questões morais e ideológicas – desde

a aceitação na máfia, até a confiança expressa e os primeiros problemas.

Devido à gravidade do enredo, sempre lidando com temas delicados (morte, traição), “Máfia”

exige concentração e atenção constantes, o que contribui para que o jogador assimile as

informações que contextualizam e ilustram a história (fatos históricos, dados técnicos).

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De Caso com o “Máfia” |132 |

“Máfia” vendeu milhares de cópias originais – 800 mil, segundo o site oficial. Não existem

números, porém, para quantificar as cópias ilegais reproduzidas pelos jogadores – o presente

trabalho assume responsabilidade por três delas. É interessante, portanto, que, apesar da extensa

convivência do pesquisador com o jogo, uma superficial pesquisa de campo que tenha entrevistado

apenas 10 jogadores seja capaz de produzir resultados significativos.

É certo que, a despeito do número de pessoas que deixaram de responder o questionário, as

poucas que responderam sejam as que mais se envolveram com o jogo, e isso garanta uma boa

apreciação dos efeitos de “Máfia”. Mas não há como negar a forte influência do jogo sobre quem

participa dele.

Sendo o “entretenimento” a proposta inicial de um jogo, “Máfia” é capaz de proporcionar a

diversão que o jogador procura, embora ela esteja relacionada mais enfaticamente aos pequenos

detalhes (dirigir um carro, escapar de uma emboscada) do que à jogabilidade geral (o enredo

“sério” e a estética de época inibem o descompromisso).

O jogo também mostrou ser capaz de envolver os jogadores através do enredo e seus elementos

interativos. Imersos na trama, os participantes puderam ter contato com estratégias de

sobrevivência, conhecimentos históricos e técnicos. O jogo criou um envolvimento do jogador

com os personagens, mobilizando questionamentos éticos e morais ao longo das missões.

Despertou a criatividade e o raciocínio, sem abrir mão da diversão. Seguindo a tendência dos

games modernos, “Máfia” concedeu a liberdade e a chance de se responsabilizar com as

conseqüências.

Assim, não restam dúvidas de que os jogos eletrônicos representam, além de uma natural

atualização das manifestações lúdicas, uma maneira prática e moderna de transmissão de

conhecimento, entretenimento, valores culturais e práticas sociais.

No âmbito dos estudos em comunicação, os jogos eletrônicos provam estar atualizados com

as mais recentes tecnologias e, embora se estendam entre os abismos de distantes classes sociais,

configuram uma plataforma de relacionamento cuja principal barreira é a situação econômica.

Aos profissionais jornalistas, o trabalho mostra que “Máfia” tem recursos suficientes para ser

tratado como um produto cultural tanto quanto um livro ou filme, e, à crítica especializada,

ficam as pistas indicando conteúdo para além dos requisitos técnicos nos jogos eletrônicos.

CONCLUSÃO

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De Caso com o “Máfia”|133|

G L O S S Á R I O

Arcade – a grande máquina, também conhecida por “fliperama”, que marcou a geração de1970 emulando os primeiros jogos eletrônicos.

Bug – falha no código de determinado software, que causa erros na execução.

Console – aparelho eletrônico voltado para a execução de jogos. Pode ser portátil ou conectar-se a um monitor de televisão.

Cutscenes – trechos de um filme, seja ele gravado em película ou montado em animações.

Easter egg – “Ovo de Páscoa”, em inglês. Refere-se aos elementos secretos incluídos nos jogoseletrônicos, como salas de tesouro, situações inusitadas ou mesmo mensagens de protesto.

Interface – dispositivo responsável pela interação entre duas entidades diferentes, como ser emáquina. O monitor exibe a interface.

Joystick – instrumento específico que, conectado ao console ou computador, realiza acomunicação do jogador com o jogo eletrônico.

LAN-house – estabelecimento comercial que possibilita acesso à internet ao mesmo tempo queestabelece uma rede local (LAN = Local Area Network). É popular entre os adeptos dos jogoson-line.

URL – Uniform Resource Locator, sistema de codificação que permite o acesso a endereços nainternet.

Mundo Real – as situações cotidianas externas ao ambiente e universo do jogo, seja ele eletrônicoou não.

NPC – Non Playable Characters, personagens controlados pelo computador.

Pixel – Pontos que, unidos, formam as imagens digitalizadas.

Shooter – gênero de jogo eletrônico em que o princípio básico é atirar.

ABREVIATURAS:PC – de Personal Computer, é o microcomputador.PS2 – Playstation 2.SNES – Super Nintendo.

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De Caso com o “Máfia” |134 |

LIVROS

CEVASCO, Maria Elisa. 10 Lições sobre Estudos Culturais. São Paulo: Boitempo, 2003.

HOME, Stewart. Assalto à Cultura. São Paulo: Conrad, 1999.

HUIZINGA, Johan. Homo Ludens Huizinga – o jogo como elemento da cultura.4 ed. São......Paulo: Perspectiva, 2000.

JONES, Gerard. Brincando de Matar Monstros – porque as crianças precisam de fantasia,......videogames e violência de faz-de-conta. São Paulo: Conrad, 2004.

LÉVY, Pierre. Cibercultura (trad. Carlos Irineu da Costa). São Paulo: Editora 34, 1999.

LÉVY, Pierre. O Que é Virtual? São Paulo: Editora 34, 1996.

LUPO, Salvatore. História da Máfia: das origens aos nossos dias. São Paulo: Editora Unesp,.....2002.

NICHOLAS, Negroponte. A Vida Digital. São Paulo: Companhia das Letras, 1995.

RUSHKOFF, Douglas. Cyberia: Life in the Trenches of Hyperspace. 1994. URL: http://......www.rushkoff.com/cyberia.html

VANEIGEM, Raoul. A Arte de Viver para as Novas Gerações. São Paulo: Conrad, 2002.

SITES

GAMASUTRA - URL: http://www.gamasutra.com

GAME SCREENSHOTS - URL: http://www.gamescreenshots.com

GAME SPOT - URL: http://www.gamespot.com

GAME SPY - URL: http//www.gamespy.com

GAME STUDIES - URL: http://www.gamestudies.org

GAME WORLD - URL: http://www.gameworld.com.br

LOST HEAVEN - URL: http://www.lostheaven.co.uk

MAFIA - URL: http://www.mafia-game.com

MAFIA GAME - URL: http://www.mafiagame.com.br

OUTERSPACE - URL: http://www.outerspace.com.br

R E F E R ÊNC I A S

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De Caso com o “Máfia”|135|

UOL – HISTÓRIA DOS GAMES - URL: http://jogos.uol.com.br/reportagens/historia/index.jhtm

FILMES

Trilogia “O Poderoso Chefão” (1972, 1974, 1990)“Scarface” (1983)“Era Uma Vez na América” (1984)“Os Intocáveis” (1987)“Os Bons Companheiros” (1990)“Cassino” (1995)“Máfia no Divã” (1999)“Os Gângsteres” (2000)“A Máfia Volta ao Divã” (2002)“Filhos da Máfia” (2002)“Gangues de Nova Iorque” (2002)

JOGOS ELETRÔNICOS (PC)

Max PayneMax Payne 2Grand Theft Auto 3Grand Theft Auto - Vice CityGrand Theft Auto - San Andreas