m - geraÇao de 45 e concretismo

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GERAÇAO DE 45 E CONCRETISMO 1. (Fuvest-SP) É correto afirmar que no poema dramático Morte e vida severina, de João Cabral de Melo Neto: a) A sucessão de frustrações vividas por Severino faz dele um exemplo típico de herói moderno, cuja tragicidade se expressa na rejeição à cultura a que pertence. b) A cena inicial e a final dialogam de modo a indicar que, no retorno à terra de origem, o retirante estará munido das convicções religiosas que adquiriu com o mestre carpina. c) O destino que as ciganas prevêem para o recém-nascido é o mesmo que Severino já cumprira ao longo de sua vida, marcada pela seca, pela falta de trabalho e pela retirada. d) O poeta buscou exprimir um aspecto da vida nordestina no estilo dos autos medievais, valendo-se da retórica e da moralidade religiosa que os caracterizavam. e) O "auto de natal" acaba por definir-se não exatamente num sentido religioso, mas enquanto reconhecimento da força afirmativa e renovadora que está na própria natureza. Resposta 2. (Unicamp-SP) Morte e vida severina, de João Cabral de Melo Neto, traz como subtítulo “auto de natal pernambucano”. Sabendo-se que a palavra auto ”designa toda peça breve, de tema religioso ou profano, em circulação durante a Idade Média” (Massaud Moisés, Dicionário de termos literários), responda: a) Explique o porquê das adjetivações "de natal" e "pernambucano", contidas no subtítulo, considerando o enredo da peça.

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Page 1: M - GERAÇAO DE 45 E CONCRETISMO

GERAÇAO DE 45 E CONCRETISMO

1. (Fuvest-SP) É correto afirmar que no poema dramático Morte e vida severina, de João Cabral de Melo Neto:

a) A sucessão de frustrações vividas por Severino faz dele um exemplo típico de herói moderno, cuja tragicidade se expressa na rejeição à cultura a que pertence.

b) A cena inicial e a final dialogam de modo a indicar que, no retorno à terra de origem, o retirante estará munido das convicções religiosas que adquiriu com o mestre carpina.

c) O destino que as ciganas prevêem para o recém-nascido é o mesmo que Severino já cumprira ao longo de sua vida, marcada pela seca, pela falta de trabalho e pela retirada.

d) O poeta buscou exprimir um aspecto da vida nordestina no estilo dos autos medievais, valendo-se da retórica e da moralidade religiosa que os caracterizavam.

e) O "auto de natal" acaba por definir-se não exatamente num sentido religioso, mas enquanto reconhecimento da força afirmativa e renovadora que está na própria natureza.

Resposta

2. (Unicamp-SP) Morte e vida severina, de João Cabral de Melo Neto, traz como subtítulo “auto de natal pernambucano”. Sabendo-se que a palavra auto ”designa toda peça breve, de tema religioso ou profano, em circulação durante a Idade Média” (Massaud Moisés, Dicionário de termos literários), responda:

a) Explique o porquê das adjetivações "de natal" e "pernambucano", contidas no subtítulo, considerando o enredo da peça.

b) Qual é o sentido do adjetivo "severina" aplicado a "morte e vida"?

c) Comumente usa-se a expressão "vida e morte"; no título da peça de João Cabral, entretanto, a seqüência é "morte e vida". Explique o porquê dessa inversão.

Resposta

3. (Mackenzie-SP) Leia as afirmações a seguir a respeito da obra de João Cabral de Melo Neto.

I. A Espanha e suas paisagens ocupam parte importante de sua poesia.

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II. Apresenta preocupação com a estética e a arquitetura da poesia.

III. A própria arte e suas várias manifestações aparecem como tema constante em seus poemas.

Assinale:

a) Se todas são corretas.

b) Se apenas II e III são corretas.

c) Se apenas I e III são corretas.

d) Se apenas I e II são corretas.

e) Se nenhuma é correta.

Resposta

4. (UFRJ)

Texto I

"Naquela terra querida,Que era sua e não era,Onde sonhara com a vidaMas nunca viver pudera,Ia morrer sem comidaAquele de cuja lidaTanta comida nascera."

GULLAR, Ferreira. João Boa-Morte, cabra marcado pra morrer. 1964. In: AGUIAR, F. (Org.). Com palmos medida: terra, trabalho e conflito na literatura brasileira. São Paulo: Fundação Perseu Abramo, 1999. p. 309.

Texto II

"Os moradores desta costa do Brasil todos têm terra de sesmarias dadas e repartidas pelos capitães da terra, e a primeira coisa que pretendem alcançar são escravos para lhe fazerem e granjearem suas roças e fazendas, porque sem eles não se podem sustentar na terra: e uma das coisas porque o Brasil não floresce muito mais, é pelos escravos que se alevantarão e fugirão para suas terras e fogem cada dia: e se esses índios não foram tão fugitivos e mutáveis, não tivera comparação a riqueza do Brasil."

Page 3: M - GERAÇAO DE 45 E CONCRETISMO

GANDAVO, Pero de Magalhães. 1576. Tratado das terras do Brasil. Lisboa. In: AGUIAR, F. (Org.). 1999. Com palmos medida: terra, trabalho e conflito na literatura brasileira. São Paulo: Fundação Perseu Abramo, 1999. p. 35.

Qual o aspecto, na relação de trabalho, que une os Textos I e II, apesar de escritos em épocas tão distintas, séculos XX e XVI, respectivamente?

Resposta

5. (UFMT) Uma das tendências da vanguarda poética brasileira é o Concretismo iniciado com a revista Noigrandes na década de 1950. São características do Concretismo, exceto:

a) Abandono do discurso tradicional, privilegiando os recursos gráficos das palavras.

b) Exploração do significante: do aspecto concreto da palavra.

c) Possibilidade de leitura múltipla: linear, vertical e até diagonal.

d) Significação dos espaços tipográficos e da disposição das palavras no papel.

e) Renovação dos temas, privilegiando a expressão dos estados psíquicos dos poetas.

Resposta

6. (Vunesp)

Epitáfio para um banqueiro

"n e g ó c i o e g o ó c i o 0"

José Paulo Paes. Anatomias.

Este Epitáfio para um banqueiro enfoca um tema literário bastante atual: o egoísmo, a solidão do indivíduo, a falta de comunicação que o leva a fechar-se nos limites de sua própria existência e, conseqüentemente, a ver o mundo sempre deformado por uma visão individualista. Tomando por base estas observações:

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a) Faça uma descrição do plano semântico-visual do texto, de modo a revelar sua compreensão do poema como um "epitáfio";

b) Aponte a palavra que, numa das linhas do poema, demarca a característica do indivíduo como ser em si, exclusivista e isolado.

Resposta

7. (UFGRS) Considere as seguintes afirmações sobre o Concretismo.

I. Buscou na visualidade um dos suportes para atingir rupturas radicais com a ordem discursiva da língua portuguesa.

II. Teve como integrantes fundamentais Haroldo de Campos, Augusto de Campos e Décio Pignatari.

III. Foi um projeto de renovação formal e estética da poesia brasileira, cuja importância fica restrita à década de 1950.

Quais estão corretas?

a) Apenas I. b) Apenas II. c) Apenas III. II. e) I, II e III.

Resposta

8. (UEL/PR) A partir da análise dos textos literários, do quadro e da fotografia, assinale a alternativa correta.

a) O texto de João Cabral de Melo Neto, por ser um poema dramático, exprime com menos intensidade que o romance realista de Graciliano Ramos a crítica à realidade social nordestina.

b) O quadro de Cândido Portinari mostra figuras humanas disformes, o que torna sua pintura uma representação acrítica da realidade social nordestina.

c) A fotografia de Sebastião Salgado afasta-se da crítica social, privilegiando em seu enquadramento motivos com forte apelo estético.

d) As imagens visuais representam melhor que as palavras escritas a crítica à realidade, pois há nos textos dos escritores um tratamento lírico distante da problemática nordestina.

e) Graciliano Ramos, ao apresentar no texto ficcional sua leitura sobre a miséria nordestina, assume um posicionamento diante dos problemas sociais.

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Resposta

9. (UEL/PR) A recorrência temática verificada nos textos e nas imagens destaca mazelas presentes no cenário social brasileiro. Sobre o tema, considere as afirmativas a seguir.

I. No poema Morte e Vida Severina, a descrição do biótipo próprio aos “Severinos” remete para uma outra forma de morte: a negação da existência pela privação das condições materiais, a morte Severina.

II. Na pintura “Os Retirantes”, Portinari aborda a miséria a partir de um foco diferenciado, que situa os indivíduos como sujeitos ativos de suas histórias.

III. Em Graciliano Ramos, o abraço dos esfarrapados revela a inquietação dos que ousam superar o pavor e temem retornar ao estado de prostração anterior.

IV. A fotografia de Sebastião Salgado contextualiza as mudanças observadas na paisagem nordestina, decisivas para conter o fluxo migratório.

Estão corretas apenas as afirmativas:

a) I e III.

b) I e IV.

c) II e III.

d) I, II e IV.

e) II, III e IV.

Resposta

10. (ESPM/SP) Sobre a poesia concreta, Alfredo Bosi afirma:

“Se procurarmos um princípio lingüístico geral subjacente a esses processos compositivos, ressaltará, sem dúvida o da substituição da estrutura frásica, peculiar ao verso, por estruturas nominais; estas, por sua vez, relacionam-se espacialmente, tanto na direção horizontal como na vertical.

Outra forma comum à maioria dos poemas concretos já compostos é a exploração das semelhanças sonoras (paronomásia), no pressuposto de que há relações-não-arbitrárias entre o significante e o significado.”

Assinale a opção cujo poema se enquadra na definicão acima:

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a) “De sol a sol soldadode sal a salsalgadode sova a sovasovadode suco a sucosugadode sono a sonosonadosangradode sangue a sangue” (Haroldo de Campos);

b) “E não há melhor respostaque o espetáculo da vida:vê-la desfiar seu fio,que também se chama vida” (João Cabral de Melo Neto);

c) “A mulher do fim do mundoDá de comer às roseiras,Dá de beber às estátuas,Dá de sonhar aos poetas” (Murilo Mendes);

d) “E um grande silêncio fêz-seDentro do seu coraçãoUm silêncio de martíriosUm silêncio de prisãoUm silêncio povoadoDe pedidos de perdão” (Vinícius de Moraes);

e) “Ditadura!... Há muita genteQue a considera ventura!Concordo: é dita,Mas dita dura De roer...” (Artur Azevedo).

Resposta

11. (PUCPR/PR)

“de sol a solsoldadode sal a salsalgadode sova a sovasovadode suco a sucosugado

Page 7: M - GERAÇAO DE 45 E CONCRETISMO

de sono a sono sonadosangrado de sangue a sangue.” O poema concretista, acima transcrito, apresenta as seguintes inovações no campo verbal e visual:

a) Abolição do verso tradicional; desintegração do sistema em seus morfemas; a palavra dá lugar ao símbolo gráfico.

b) Apresentação de um ideograma; uso de estrangeirismos; esfacelamento da linguagem.

c) Ausência de sinais de pontuação; uso intensivo de certos fonemas; jogos sonoros e uso de justaposição.

d) Uso construtivo dos espaços brancos; neologismo; separação dos sufixos e dos prefixos; uso de versos alexandrinos.

e) Apresentação de trocadilhos; usos de termos plurilingüísticos; desintegração da palavra e emprego de símbolos gráficos.

Resposta

12. (UPE) O Modernismo no Brasil teve três fases, e podemos dizer que cada um dos poetas abaixo representa uma dessas fases, conforme se descreve nas proposições abaixo.

1) Manuel Bandeira foi um dos pioneiros do Modernismo. Compôs o poema Os Sapos, para a Semana de Arte Moderna de 22.

2) Carlos Drummond de Andrade, da segunda fase do Modernismo, tem como um dos temas freqüentes o desajustamento do indivíduo no mundo.

3) João Cabral de Melo Neto pertenceu à chamada geração de 45. Entre as características de sua poesia estão o racionalismo, a lógica e o rigor formal, o que não o impede de fazer denúncia social.

Está(ão) correta(s):

a) 1 apenas

b) 1 e 2 apenas

c) 1 e 3 apenas

d) 1, 2 e 3

e) 2 e 3 apenas

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Resposta

13. (UPE) Em relação às obras Riacho Doce e Morte e vida severina, a seus respectivos autores e aos excertos abaixo, é CORRETO afirmar que:

Texto I “O vento norte gelara o seu Nô, secara o verde de suas folhas. Estava seco, frio, duro, ao abandono , acabado para sempre. Não havia primavera ou sol de primavera que fizesse brotar outra vez o Nô da beira do mar, o que cantava e amava como um filho de Deus.”

REGO, José Lins do. Riacho Doce. 15. ed. Rio de Janeiro: J. Olympio, 2000, p. 319.

Texto II

“O meu nome é Severino,/Não tenho outro de pia./Como há muitos Severinos,/que é santo de romaria,/deram então de me chamar/Severino de Maria;/como há muitos Severinos/com mães chamadas Maria,/fiquei sendo o da Maria/do finado Zacarias.”

MELO NETO, João Cabral de. Morte e vida severina.4. ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2000, p. 45.

01. Riacho Doce e Morte e vida severina são obras de caráter regionalista ambientadas no Nordeste, que abordam, entre outros aspectos, desigualdades sociais e econômicas.

02. O Texto 3 faz alusão a características mar-cantes de Nô, identificando-o, metaforica-mente, com a natureza e ressaltando, compa-rativamente, a pureza de seu canto e de seu amor.

04. No Texto 3, as palavras verde e abandono estão funcionando como substantivos.

08. No trecho ‘O vento norte gelara o seu Nô, secara o verde de suas folhas', as palavras sublinhadas podem ser substituídas por tinha gelado e tinha secado , respectivamente, sem alteração de seu valor temporal.

16. O nome ‘Severino', no Texto 4, caracteriza o personagem narrador, que se identifica, em relação aos muitos Severinos, pela descrição definida encontrada nos versos ‘fiquei sendo o da Maria/do finado Zacarias'.

Resposta

14. (UEPB) Assinale a alternativa cuja estrofe tem o mesmo estilo citado pelo cronista, a seguir:

“Estilo concretista – Dead dead man man mexe mexe Mensch Mensch MENSCHEIT.” Paulo Mendes Campos

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a) “Senascemorre nascemorre nasce morre” (Haroldo de Campos)

b) “Stop. A vida parou ou foi o automóvel.” (Carlos Drummond de Andrade)

c) “– Qué apanhá sordado?– O quê? – Qué apanhá?Pernas e cabeças na calçada.” (Oswald de Andrade)

d) “Lua mansapedaço perdidodo anel partido de alguma esperança” (Cecília Meireles)

e) “Faz de conta que os sabugos são boisFaz de contaFaz de conta”(Jorge de Lima)

Resposta

15. (UEPB) Considere as afirmações de três críticos literários brasileiros a respeito da poesia de Carlos Drummond de Andrade, de João Cabral de Melo Neto e do Concretismo:

I. Partindo-se do dado histórico de que foi No meio do caminho da renovação da poesia brasileira que a obra de Drummond começou a aparecer como portadora de uma lição poética mais sólida, embora, inicialmente, na direção nacionalista de seus contemporâneos, é possível ver o conjunto de sua obra através de duas atitudes estilísticas. Na verdade, são atitudes complementares, dois estágios que se prolongam: da objetividade e da preocupação social. O poeta é realmente objetivo, mas no sentido de que se encontra mais próximo das coisas. A exibição de termos e construções do português brasileiro vai-se diluindo à medida que se aproxima de 1945, quando começam a predominar a contenção expressiva e a experiência técnica, quase desconhecida dos primeiros livros. Realmente, é com Sentimento do mundo e principalmente com A rosa do povo que os grandes temas sociais e populares atingem os mais altos arremessos da poesia social no Brasil, desde Castro Alves. (Gilberto Mendonça Teles)

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II. É com O engenheiro (1945) e Psicologia da composição (1947) que o poeta atinge a maturidade criativa. João Cabral passará a se distinguir pelo combate sistemático ao sentimentalismo e ao irracionalismo em poesia, através de um processo de desmistificação dos mitos que a cercam. Ao mesmo tempo que desaliena a poesia, exibindo-lhe as entranhas, João Cabral procede a uma auto-análise da composição poética, chegando a dissociar a imagem física da palavra, do seu conceito. Além disso, o poeta-engenheiro fraciona os versos com uma técnica precisa de cortes que lhes confere uma estrutura, por assim dizer, arquitetônica, funcional. Não há, entretanto, em João Cabral, uma recusa ao “humano”; há, isto sim, uma recusa do poeta a se deixar transformar em joguete de sentimentalismos epidérmicos e a busca do verdadeiramente humano na linguagem, tomada em si mesma, como fonte de apreensão sensível da realidade. (Augusto de Campos)

III. A poesia concreta, ou Concretismo, impôs-se, a partir de 1956, como a expressão mais viva e atuante de nossa vanguarda estética. No contexto da poesia brasileira, o Concretismo afirmou-se como antítese à vertente intimista e estetizante dos anos 40 e repropôs temas, formas e, não raro, atitudes peculiares ao Modernismo de 22 em sua fase mais polêmica e mais aderente às vanguardas européias. Os poetas concretos entenderam levar às últimas conseqüências certos processos estruturais que marcaram o futurismo (italiano e russo), o dadaísmo e, em parte, o surrealismo. São processos que visam explorar as camadas materiais do significante. A poesia concreta quer-se abertamente antiexpressionista. Em termos mais genéricos: o Concretismo toma a sério, e de modo radical, a definição de arte como techné, isto é, como atividade produtora. (Alfredo Bosi)

Assinale a alternativa correta

a) Apenas II e III estão corretas

b) Apenas I e II estão corretas

c) Todas as afirmações são corretas

d) Apenas III está correta

e) Nenhuma afirmação está correta

Resposta

16. (PUC-PR)

A gente nas calçadas

“– O ataúde que lhe preparam é mais estreito que sua cela. – Sepultura de sete palmos, não se poderá andar nela. – Como pôde existir imóvel

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quem tem a cabeça inquieta? – Não estranhará a sepulturaquem pôde existir nessa cela. – Pôde ver o negro da morte durante o tempo da cadeia.”

O fragmento do Auto do frade, de João Cabral de Melo Neto, demonstra alguns recursos comuns à poética do autor. Assinale a alternativa correta que os identifica:

a) Versos octossilábicos, metáforas ligadas à terra, oposições violentas, regionalismo, visão trágica do mundo.

b) Versos octossilábicos, metáforas ligadas à noite, oposições binárias, regionalismo, visão trágica do mundo.

c) Versos heptassilábicos, estrofes curtas, paradoxos, historicismo, visão trágica do mundo.

d) Versos decassilábicos, estrofes curtas, historicismo, visão dramática do mundo.

e) Versos octossilábicos, repetição de palavras e estruturas, oposições, diálogos.

Resposta

17. (UFV-MG) Leia atentamente o poema abaixo, de João Cabral de Melo Neto:

A educação pela pedra “Uma educação pela pedra: por lições; para aprender da pedra, freqüentá-la; captar sua voz inenfática, impessoal (pela de dicção ela começa as aulas).A lição de moral, sua resistência friaao que flui e a fluir, a ser maleada; a de poética, sua carnadura concreta; a de economia, seu adensar-se compacta: lições de pedra (de fora para dentro, cartilha muda), para quem soletrá-la.Outra educação pela pedra: no Sertão (de dentro para fora, e pré-didática).No Sertão a pedra não sabe lecionar, e se lecionasse não ensinaria nada; lá não se aprende a pedra: lá a pedra, uma pedra de nascença, entranha a alma.”

MELO NETO, João Cabral de. A educação pela pedra. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1996. p. 21.

Assinale a alternativa que NÃO traduz uma leitura possível do poema acima:

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• O poeta apreende da pedra a própria vivência na vida agreste do Sertão: de austeridade, resistência silenciosa e sempre capaz de dar lições de vida e de poesia.

b) Os versos metalingüísticos revelam a própria poética cabralina: concreta, impessoal, concisa, embora profundamente social.

c) Ao partir do pressuposto de que a pedra é muda, e, portanto, não ensina nada, o poeta suscita uma reflexão sobre a situação educacional precária no Nordeste.

d) O eu lírico também apreende da pedra os próprios versos enxutos, num esforço de dissecação de quaisquer sentimentalismos.

e) No poema, de intensa economia verbal, a pedra faz-se metáfora da paisagem do Sertão, que “entranha a alma”, e espelha o fazer poético do autor pernambucano.

Resposta

18. (UFRN) Os versos seguintes pertencem ao poema Morte e Vida Severina (1954), de João Cabral de Melo Neto.

“– Todo o céu e a terralhe cantam louvor. Foi por ele que a maré esta noite não baixou. – Foi por ele que a maré fez parar o seu motor: a lama ficou coberta e o mau-cheiro não voou. [...] – E este rio de água cega,ou baça, de comer terra, que jamais espelha o céu, hoje enfeitou-se de estrelas.” MELO NETO, J.C. de. Morte e vida severina e outros poemas para vozes. 4. ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2000. p. 73-74.

No contexto desse auto de Natal, os versos citados significam

a) A esperança que surge com o nascimento do filho do mestre carpina, após a trajetória frustrante do retirante em direção ao Recife.

b) A esperança que surge com o nascimento do filho de Severino, após a perda dos seus parentes no caminho do sertão para o litoral.

c) O louvor da natureza em homenagem à chegada do retirante à cidade grande, com previsão de um futuro promissor.

d) O louvor da natureza em homenagem à chegada do retirante, apesar da certeza de que a morte o espera no Recife.

Page 13: M - GERAÇAO DE 45 E CONCRETISMO

Resposta

19. (UFT) A respeito do poema Meu povo, meu poema de Ferreira Gullar, e da literatura brasileira, julgue os itens que se seguem.

“Meu povo, meu poema Meu povo e meu poema crescem juntoscomo cresce no fruto a árvore nova No povo meu poema vai nascendo como no canavial nasce verde o açúcar

No povo meu poema está madurocomo o sol na garganta do futuro

Meu povo em meu poema se reflete como a espiga se funde em terra fértil

Ao povo seu poema aqui devolvo menos como quem canta do que planta”

GULLAR, Ferreira. Toda poesia / Dentro da noite veloz. Rio de Janeiro: José Olympio, 2000, p. 155.

I. As estruturas poéticas e o tema do poema apresentado confirmam que Ferreira Gullar enquadra-se entre os poetas do Parnasianismo que estavam preocupados com a denúncia social.

II. O jogo de palavras: “Meu povo e meu poema/No povo meu poema/Meu povo em meu poema/Ao povo seu poema” constitui recurso estilístico que é mais próprio da criação poética em versos, pois na prosa esses efeitos são geralmente evitados.

III. O emprego da palavra “devolvo” (v.13) esclarece que, antes de escrever, o poeta leu os textos escritos pelos agricultores.

IV. No último verso, o poeta se coloca como alguém que com seu trabalho age como um semeador.

Resposta

20. (Ufam) A Educação pela Pedra, A Escola das Facas e Morte e Vida Severina são livros de poesia publicados por:

Page 14: M - GERAÇAO DE 45 E CONCRETISMO

a) Jorge de Lima

b) Carlos Drummond de Andrade

c) Ferreira Gullar

d) João Cabral de Melo Neto

e) Murilo Mendes

Resposta

21. (Ufam) Leia:

“Estreou com um romance que renovou e, de certo modo, definiu a tendência introspectiva da ficção brasileira dos anos 30: “Perto do Coração Selvagem”. Especializou-se no conhecimento da psicologia feminina e desenvolveu personagens burguesas, mulheres entediadas em busca de um sentido para a existência. Só muito depois é que escreveu sobre outro tipo de mulher: uma nordestina pobre, chamada Macabéa, que migrou para o Rio de Janeiro, cidade que lhe era em tudo adversa.” A afirmativa acima se refere a:

a) Clarice Lispector

b) Lygia Fagundes Teles

c) José J. Veiga

d) Dalton Trevisan

e) João Ubaldo Ribeiro

Resposta