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dezembro Caro PRÉ-SEMINARISTA! O mês que temos pela frente é, com certeza, um mês diferente e muito especial. Neste mês termina o 1º período lectivo e vêm as primeiras avaliações, aparece um sempre apetecível tempo de férias; e também acontecem as festas do fim de um ano para logo dar lugar a outro. Mas, acima de tudo, há o Natal que, entre nós, as pessoas muitas vezes chamam FESTA, a festa por excelência, como se não houvesse mais nenhuma outra. É verdade que acontece no dia 25, mas o Natal não é apenas um dia; é um conjunto de dias, a que também se dá o nome de “quadra natalícia”. Uma quadra de tanta alegria e de tantas tradições: Missas do Parto, presépios, iluminações, ornamentos próprios um pouco por toda a parte, prendas, encontros familiares, etc.. Tudo muito bem: Mas é pena acontecer muitas vezes com muitas pessoas uma coisa que não devia mesmo acontecer, que é esquecer a razão de tudo isto. É verdade. Para muitas pessoas e em muitas famílias, a Festa não vai além de algumas coisas que não têm nada a ver com ela, como é o caso do Pai Natal e da Árvore de Natal. Natal significa nascimento. A festa de Natal é, acima de tudo, uma festa de nascimento, ou, dito de outra maneira, “a festa de um nascimento”. É um dia de anos – o dia de anos de Jesus, que é Deus que Se fez homem. Fez-Se homem, sem deixar de ser Deus por nosso amor e por nossa salvação. Ele não precisava de Se fazer homem. Nós é que precisávamos, porque não conseguíamos ser felizes por nós mesmos. E, por nosso amor só por nosso amor é que baixou até nós, sujeitando-Se à nossa condição humana, ao sofrimento e à morte. Podemos até dizer que foi por uma verdadeira loucura, loucura de amor. E o objectivo não era o seu bem, o seu interesse, a sua satisfação pessoal. Apenas o nosso bem, a nossa felicidade. É isso que significam as palavras “para a nossa salvação”. É certo que o nosso destino era ir ter com Deus, como foi recordado no mês passado. Mas estávamos impedidos de o conseguir devido aos nossos pecados. Sem Ele, o nosso destino era a perdição. Mas, fazendo-Se homem e, depois, derramando o Sangue e dando a Vida por nós, libertou-nos do pecado, permitiu-nos tornarmo-nos seus filhos adoptivos e tornou possível a nossa entrada na felicidade eterna com Deus. Isto, naturalmente, se formos fiéis, vivendo como Ele nos ensinou. Não é pena as pessoas esquecerem tudo isto? Ao menos tu não esqueças. Vive bem este mês especial, aproveita-o da melhor maneira e que o teu Natal seja um verdadeiro NATAL! Pe. Fernando Ribeiro, SCJ E m Fr m Fr m Frente Publ. Mensal - nº 194 - Dezembro de 2009 - Preço 0,25€ (IVA incl.) Contacto com os Pré Contacto com os Pré- seminaristas Dehonianos seminaristas Dehonianos

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Caro PRÉ-SEMINARISTA! O mês que temos pela frente é, com certeza, um mês diferente e

muito especial. Neste mês termina o 1º período lectivo e vêm as primeiras avaliações, aparece um sempre apetecível tempo de férias; e também acontecem as festas do fim de um ano para logo dar lugar a outro.

Mas, acima de tudo, há o Natal que, entre nós, as pessoas muitas vezes chamam FESTA, a festa por excelência, como se não houvesse mais nenhuma outra.

É verdade que acontece no dia 25, mas o Natal não é apenas um dia; é um conjunto de dias, a que também se dá o nome de “quadra natalícia”. Uma quadra de tanta alegria e de tantas tradições: Missas do Parto, presépios, iluminações, ornamentos próprios um pouco por toda a parte, prendas, encontros familiares, etc..

Tudo muito bem: Mas é pena acontecer muitas vezes com muitas pessoas uma coisa que não devia mesmo acontecer, que é esquecer a razão de tudo isto. É verdade. Para muitas pessoas e em muitas famílias, a Festa não vai além de algumas coisas que não têm nada a ver com ela, como é o caso do Pai Natal e da Árvore de Natal.

Natal significa nascimento. A festa de Natal é, acima de tudo, uma festa de nascimento, ou, dito de outra maneira, “a festa de um nascimento”. É um dia de anos – o dia de anos de Jesus, que é Deus que Se fez homem. Fez-Se homem, sem deixar de ser Deus por nosso amor e por nossa salvação.

Ele não precisava de Se fazer homem. Nós é que precisávamos, porque não conseguíamos ser felizes por nós mesmos. E, por nosso amor – só por nosso amor – é que baixou até nós, sujeitando-Se à nossa condição humana, ao sofrimento e à morte. Podemos até dizer que foi por uma verdadeira loucura, loucura de amor.

E o objectivo não era o seu bem, o seu interesse, a sua satisfação pessoal. Apenas o nosso bem, a nossa felicidade. É isso que significam as palavras “para a nossa salvação”. É certo que o nosso destino era ir ter com Deus, como foi recordado no mês passado. Mas estávamos impedidos de o conseguir devido aos nossos pecados. Sem Ele, o nosso destino era a perdição.

Mas, fazendo-Se homem e, depois, derramando o Sangue e dando a Vida por nós, libertou-nos do pecado, permitiu-nos tornarmo-nos seus filhos adoptivos e tornou possível a nossa entrada na felicidade eterna com Deus. Isto, naturalmente, se formos fiéis, vivendo como Ele nos ensinou.

Não é pena as pessoas esquecerem tudo isto? Ao menos tu não esqueças. Vive bem este mês especial, aproveita-o da melhor maneira e que o teu Natal seja um verdadeiro NATAL! Pe. Fernando Ribeiro, SCJ

EEEm Frm Frm Freeennnttteee Publ. Mensal - nº 194 - Dezembro de 2009 - Preço 0,25€ (IVA incl.)

C o n t a c t o c o m o s P r éC o n t a c t o c o m o s P r é -- s e m i n a r i s t a s D e h o n i a n o ss e m i n a r i s t a s D e h o n i a n o s

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O amor inspira a alegria, que é o segundo fruto do Espírito Santo, uma vez que a caridade é o primeiro. E que alegria! Uma alegria pura e inalterável, alegria que é antegozo da dos bem-aventurados. O amor mantém a alma na paz que é também, depois da alegria, fruto do Espí-rito Santo.

O amor nunca causa perturbação. A perturbação da alma tem três origens: ou a má consciência, ou o amor-próprio ou o demónio.

O amor mantém a consciência no melhor estado, luta sem cessar para destruir o amor-próprio; despreza as negras sugestões do demó-nio, resiste e triunfa. Deus é a paz. Mas como a paz nunca se a possui na terra senão pelo amor, o amor é também o único meio para gozar da paz.

COMENTÁRIO:

Este texto é extraído de uma das muitas obras espirituais do Pe. Dehon. Fala- -nos de alguns frutos do Espírito Santo. Seria bom saberes que o Espírito Santo, que é a Terceira Pessoa da Santíssima Trindade está na Igreja e em cada um de nós. À Igreja foi dado no dia de Pentecostes. Nós recebemo-lo no nosso Baptismo. Com o Espírito Santo vêm-nos os seus sete dons a saber: Sabedoria, Inteligência, Ciência, Piedade, Conselho, Fortaleza e Temor de Deus. Mas pelo Novo Testamen-to sabemos que, além dos dons...

O Pe. Dehon refere três causas de perturbação ou de falta de paz. Uma delas é o ‘amor-próprio’. Esta palavra composta designa o amor exagerado de cada um a si próprio, no fundo o egoísmo, ao qual se opõe o amor verdadeiro.

Para ti, A PALAVRA DO PADRE DEHON

Frutos do Am r

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Quem está destinado a perpetuar este mistério salvífico ao longo dos séculos, até ao regresso glorioso do Senhor, são os presbíteros, que podem precisamente contemplar em Cristo eucarístico o modelo exímio de um «diálogo vocacional» entre a livre iniciativa do Pai e a resposta confiante de Cristo. Na celebração eucarística, é o próprio Cristo que age naqueles que Ele escolhe como seus ministros; sustenta-os para que a sua resposta cresça numa dimensão de confiança e de gratidão que dissipe todo o medo, mes-mo quando se faz mais intensa a experiência da própria fraqueza (cf. Rm 8, 26-30), ou o ambiente se torna mais hirto de incompreensão ou até de per-seguição (cf. Rm 8, 35-39).

COMENTÁRIO:

Estas palavras de Bento XVI são, como de costume, muito densas. Vamos procurar compreendê-las o melhor possível.

O Papa fala dos “presbíteros” que são, como deves saber, os Padres, ou seja, aque-les que receberam o 2º grau do sacramento da Ordem. E fala deles em relação com o sacramento da Eucaristia, quando usa as expressões “Cristo eucarístico” e “celebração eucarística”.

Primeiro começa por dizer que são os sacerdotes que, ao longo dos séculos, estão destinados a dar continuidade (“perpetuar”) o mistério da salvação.

Depois, diz que eles (os sacerdotes) contemplam em Cristo eucarístico o mais perfei-to modelo de um “diálogo vocacional”. E que diálogo é esse? É o diálogo entre o Pai que toma a livre iniciativa de chamar e o Filho (Cristo) que dá a sua resposta com toda a confiança. A vocação, toda a vocação, realmente é isto: a livre iniciativa de Deus que chama e a resposta daquele que é chamado.

Depois, o Papa recorda que é o próprio Cristo que age naqueles que “Ele escolhe como seus ministros” (os sacerdotes). Quer dizer que o sacerdote, quando celebra os sacramentos, como que empresta a sua pessoa a Jesus, para que seja Ele a fazer tudo. Assim, o sacerdote não perdoa os pecados, não consagra o pão e o vinho, etc., em seu próprio nome ou por si mesmo, mas na pessoa de Cristo, ou seja, é Cristo que faz tudo isso servindo-Se dele como seu instrumento. É neste sentido que os sacerdotes são “ministros de Cristo”, quer dizer “servidores” de Cristo, na medida em que deixam Cris-to servir-Se deles para agir em benefício das pessoas.

A PALAVRA DO PAPA, para ti

Frutos do Am r

Modelo de

dialogo vocacional i

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Finalmente, o Papa afirma que é Cristo que “sustenta” (apoia e dá força) aos sacer-dotes, para que a sua resposta ao chamamento de Deus cresça. “Cresça na confian-ça” (é em Cristo que o sacerdote pode e deve confiar) e “cresça na gratidão”. (ou seja, o sacerdote deve sempre agradecer a Deus a honra que lhe deu ao chamá-lo para o sacerdócio). E esta “confiança” e esta “gratidão” fazem desaparecer toda a espécie de medo, mesmo nas maiores dificuldades e nas situações mais complicadas, como seja, quando o sacerdote sente a própria fraqueza, ou quando encontra pela frente incom-preensões e até mesmo perseguições.

Mas fica acima de tudo a ideia do “diálogo vocacional”, que consiste no chama-mento e na resposta: chamamento da parte de Deus, que é quem toma livremente a iniciativa, e resposta da parte da pessoa humana. E Jesus é, não só para o sacerdote mas para todos, modelo desse diálogo, porque nos ensina a disponibilidade sem condi-ções para todas as suas vontades.

UMA HISTÓRIA DE CADA VEZ

uem tomará o lugar deles? o -

O jovem Kota Senemadego, natural da diocese de Melegbe, no Zaire, país africano onde trabalham, já desde o tem-po do Pe. Dehon, tantos missionários dehonianos, conta assim a história da sua vocação.

Como foi que Jesus me chamou? Eu fui baptizado na idade de 14 anos;

mas já pensava no sacerdócio ainda antes do meu Baptismo. A figura do velho mis-sionário, Pe. Floribert, que trabalhava na nossa região, gravara-se profundamente em mim. Ele já tinha barba e cabelos brancos, era fraquinho de saúde, mas

tinha um ardor apostólico impressionan-te.

Eu perguntava-me: “Donde lhe vem tanta energia? Se ele parasse, pararia também todo este magnífico trabalho missionário que é a esperança desta região. Haveria alguém pronto para subs-tituí-lo?”.

Tudo isso fazia-me pensar muito. Um ano depois do meu Baptismo, apresentei--me a ele:

- Padre, desejo ser sacerdote. Ainda hoje vejo o seu sorriso de ale-

gria.

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Passado algum tempo, mandou-me estudar no Seminário da diocese. Foi penoso para mim afastar-me da minha família, viver noutro ambiente, onde as pessoas falavam uma língua diferente e tinham hábitos tão diferentes dos que eu conhecia desde a infância.

Acontecia-me chorar e desanimar. Mas, quando o meu pai me ia visitar, tinha palavras sempre tão cheias de sabe-doria e encorajamento!

Sê muito bem comportado, filho; esquece a tua casa, lembra-te do Pe. Flo-ribert, que deixou na longínqua Europa a sua família, a sua cidade, a sua pátria e vive alegre entre nós. Tu, ao menos, estás no Zaire. Se o teu pai ou a tua mãe morressem, deverias continuar neste caminho, que nos dá tanta alegria.

Naquele ano, muitos estudantes de Filosofia deixaram o Seminário. O nosso Bispo dizia-nos aflito:

Olhem como é grande a nossa dioce-se: 79.000 km, e não temos Padres sufi-cientes para as nossas paróquias! Os Padres missionários que trabalham con-nosco são idosos. Quem tomará o lugar deles, se vocês deixarem o Seminário?

Durante os meus anos de Seminário, assisti à saída de alguns Padres que dei-xaram o sacerdócio: várias paróquias

ficaram abandonadas. Este facto fez-me tremer de medo a respeito da minha vocação. “Como explicar esta deserção? Se o Senhor os tinha chamado, como justificar esta traição aos compromissos assumidos? Se pessoas mais capazes do que eu não conseguiram resistir, como o poderia eu?”

Desabafei com o meu Director Espiri-tual, que me respondeu:

A resposta ao chamamento de Deus é livre e responsável: e é preciso renová-la todos os dias. Tudo isso não deve desani-mar-te, mas antes deve fortalecer-te na tua vocação.

- Eu disse a mim mesmo: “Se o Senhor me chama a segui-l’O, também me vai dar a ajuda necessária”.

No fim dos anos de Filosofia, o meu Bispo aceitou o meu pedido de entrar na Teologia e mandou-me para Roma, a fim de completar os meus estudos no Colé-gio da Congregação para a Evangelização dos Povos.

É com muita alegria e muita felicidade que espero o fim dos meus estudos, para voltar para o meu Zaire. Eu serei sacerdo-te e quero ajudar o meu Bispo na enorme tarefa que o Senhor lhe confiou na minha querida diocese de Melegbe.

A resposta ao chamamento de Deus é livre e responsável:

e é preciso renová-la todos os dias.

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A Bíblia traz em suas páginas as mais comoventes respostas ao chamamento de Deus. Nem sem-pre o chamamento é compreendi-do e isso determina uma grande luta interior. Moisés é tirado da corte do faraó, atraído pela curio-sidade – uma sarça que ardia sem se consumir – entra na esfera do divino e Deus o envolve na subli-me missão de libertar e salvar o povo de Israel da escravidão e da idolatria no Egipto. Com alguns profetas, o chamamento acontece através de uma manifestação que ultrapassa os sentidos humanos, como Isaías, Jeremias e outros.

Com a aproximação da pleni-tude dos tempos, o chamamento vai-se tornando ainda mais claro. Antes era um convite à fidelidade à Aliança e, através dela, à salva-ção, agora o plano de Deus vai se definindo para um caminho de conversão e de preparação para a vinda do Messias. Nessa linha do chamamento de Deus, encontra-

se João Batista, que prepara o caminho para Cristo. O povo pres-sentia n’Ele uma presença extraordinária do Altíssimo e pro-curava-o para ouvir, arrepender- -se de seus pecados e deixar-se baptizar.

Finalmente, o céu inclina-se sobre Nazaré para buscar a res-posta de adesão total ao plano de Deus: o "sim" de Maria. Ao res-ponder "Eis aqui a serva do Senhor", ela torna-se paradigma da humanidade que ama a Deus acima de todas as coisas. Não faz dessa escolha motivo de orgulho, mas ocasião de serviço. E parte para visitar Isabel, sua parenta. Nada lhe diz. É o Espírito Santo que deverá revelar a grande notí-cia e será o mesmo Espírito que continuará sendo o grande procla-mador das realidades divinas na vida dos homens: São José, os Apóstolos e toda a multidão dos santos e santas que se estabelece daí em diante.

PÁGINA VOCACIONAL

Adesão ao plano de Deus

Ao responder "Eis aqui a serva do Senhor", Maria torna-se paradigma da humanidade que ama a

Deus acima de todas as coisas.

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No início do ano sacerdotal, o secretário de Estado do Vaticano, primeiro colabora-dor do Papa, falou sobre a sua vocação.

– Quando descobriu sua vocação? Cardeal Bertone: Descobri exactamente

durante o ensino secundário, no Instituto Salesiano de Turim, o primeiro instituto fundado por Dom Bosco. Eu frequentei o ensino básico e, para dizer a verdade, não tinha sentido até aquele momento o desejo de me tornar sacerdote, mas vivia entre sacerdotes exemplares, que foram meus professores e educadores. O que eu deseja-va era estudar línguas e dedicar-me ao conhecimento do mundo e, portanto, a uma profissão muito diferente, uma activi-dade de relações internacionais, em todo o caso.

Um dia um padre salesiano, meu profes-sor de grego, fez-me uma proposta: "Vamos fazer três dias de discernimento vocacional – como se diz hoje –; se quiser vir connosco, pensar no seu futuro...". Acei-tei e, após esses três dias vocacionais, eu decidi, ser sacerdote, ingressar na congre-gação salesiana. Comuniquei no dia 24 de Maio de 1949 aos meus pais. Eles ficaram

um pouco admirados, porque nunca me tinham ouvido falar em ser sacerdote, e disseram-me: “Se o Senhor quer, não faze-mos qualquer objecção, ficamos felizes, mas lembra-te de que dependerá de ti ser fiel e, portanto, que tu é que decidiste”. E assim começou o caminho da vocação…

– Quem o ajudou a seguir este cami-nho?

Cardeal Bertone: De maneira especial os salesianos e, no princípio, o mestre de novi-ços. Com 16 anos fiz a profissão religiosa. Fui acompanhado pelos salesianos e por óptimos confessores.

Logo no princípio, fui manifestar a minha decisão e aconselhar-me com um confessor, um padre octogenário, que con-fessava no altar da Basílica de Maria Auxilia-dora, com quem eu regularmente me con-fessava. Ele deu-me o seu conselho. Disse- -me: "Olha, isso é algo muito sério, terás de te preparar bem. Mas não esqueças que eu sou sacerdote há 60 anos e nunca me arre-pendi de ser padre”. Então, diante da força desse testemunho, eu segui o caminho, com algumas saudades e vontade de voltar para casa.

O testemunho do

Cardeal Bertone

TESTEMUNHO

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– Quais foram as dificuldades e, por outro lado, as mais belas satisfações?

Cardeal Bertone: Eu tive algumas dificul-dades no caminho da formação, por causa de alguma saudade do passado, da vida com os meus amigos, porém mantive-me firme no seguimento da vocação. Mas os meus amigos, que não pensavam que eu seguiria aquele caminho, sobretudo os meus amigos do liceu, porque frequentei o liceu já como salesiano, mas com cerca de trinta companheiros, que agora são profis-sionais na vida e desempenham um belo papel na sociedade italiana, ajudaram-me. Diziam-me: "Se fores padre, torna-te um sacerdote como Francesco Amerio”. Era o nosso grande professor de História e Filoso-fia, e também de Religião. Foi para mim um modelo que me sustentou e de quem guar-dei as anotações das aulas de Religião. Até hoje. Isto para dar a ideia da influência e do impacto deste sacerdote, deste professor, que os meus companheiros me indicavam como modelo.

Depois enfrentei algumas dificuldades, especialmente durante o período de 1968 a 1972, porque eu estava aqui em Roma, era professor na Universidade Salesiana, for-mador dos candidatos ao sacerdócio, quan-do tivemos, no então Pontifício Ateneu Salesiano, 140 estudantes de Teologia, que enfrentaram as pressões e sofreram a influência do movimento de 1968, dos debates, da agitação pública. Era depois do Concílio. Eu vivi como estudante, como jovem sacerdote, este belo tempo do Con-cílio. Mas houve momentos de grande atri-to e conflitos de opinião e de pessoas; como superior, eu tinha de dar o parecer para a ordenação desses estudantes. Tive-mos um diálogo próximo com os alunos. Aquele era o tempo das grandes assem-bleias de estudantes, com discussões que duravam horas, até mesmo ao fim da tarde ou pela noite... Então eram momentos de tensão, mas também de superar as ten-sões.

Depois, como bispo, e como arcebispo de duas arquidioceses que conduzi, ambas por encargo do Papa João Paulo II, houve algum momento de confronto, por vezes difícil, às vezes com problemas que surgi-ram no âmbito da Igreja local. Já quando eu era secretário da Congregação para a Dou-trina da Fé, havia questões doutrinárias para a nossa análise, o nosso juízo, e eram problemas muito graves, doutrinais, morais, disciplinares. Mas tinha no desem-penho desse papel uma grande satisfação. Há o facto de ter guiado e de integrar uma comunidade fraterna, viver em comunhão fraterna, de forte amizade, que continua até agora. Vivi momentos de verdadeira comunhão, de amizade fraterna na alegria e na fidelidade ao Papa, na alegria do cum-primento do nosso ministério sacerdotal e episcopal, e pelo facto de ter conduzido muitos jovens para o sacerdócio. E depois há a paternidade episcopal nas ordenações sacerdotais e nas ordenações episcopais, que agora naturalmente se multiplicam ainda mais, no meu cargo de secretário de Estado, com a ordenação de muitos colabo-radores do Papa e de muitos bispos locais… Este povo que caminha junto em profunda unidade é realmente um belo sinal da bondade de Deus para com a Igreja e para com toda humanidade, que eu vivo nos encontros que tenho agora com as Igrejas locais, seja como representante do Papa à volta do mundo, e também com os chefes de Estado que vêm visitar o Vaticano e demonstrar o seu apreço, a sua gratidão pelo trabalho da Igreja, tanto no campo formativo, especialmente na educação, como no âmbito da promoção humana, da promoção social, da assistência particular para com os mais fracos da sociedade.

Tenho de agradecer ao Senhor pelo dom do sacerdócio e pelo dom do episco-pado. Desejo a todos um bom Ano Sacerdo-tal!

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sabedoria

10 grãos de

1. Quem praticar os mandamentos e os ensinar, será grande no Reino dos Céus. (Jesus)

2. Quem atribui a si algum bem, impede que a graça de Deus venha a ele; porque a graça do Espírito Santo procura sempre um coração humilde. (Imitação de Cristo)

3. Tende sempre um grande respeito por aqueles que junto de vós fazem as vezes de Deus. (Padre Dehon)

4. Senhor, que a minha vida seja simples e recta como uma flauta sil-vestre, para que a enchas de música. (Tagore)

5. Ninguém calcula o bem que faz, quando faz tudo bem. (Alguém)

6. O mundo reclama evangelizadores que lhe falem de um Deus que eles conheçam e lhes seja familiar como se vissem o invisível. (Paulo VI)

7. A importância da vida não está na sua duração, mas no seu uso. (Berthier)

8. Se deste tudo menos a vida, ainda não deste nada. (Ibsen)

9. Caros jovens, se o Senhor vos chama a viver mais intimamente ao seu serviço, respondei com generosidade. Estais certos: a vida dedicada a Deus nunca foi gasta em vão. (Bento XVI)

10. Todos os corações humanos têm a nostalgia de Deus. Os cristãos, no entanto, vão mais longe… não só sentem a nostalgia de Deus, mas possuem o tesouro da sua presença continua no meio deles na Eucaristia. (Madre Teresa de Calcutá)

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PARA LER E MEDITAR

Precisas de parar!

Precisas de parar um pouco para pensar. Apesar da tua idade, acredita que és capaz, se quiseres. Experimenta. Pensa, em primeiro lugar, que Deus te criou e te ama: a ti, a mim, a todos sem distinção. Ele chama-nos a ser feli-zes.

Pode chamar-te a ser feliz no matrimónio, como aos teus pais, partici-pando na maravilhosa obra da criação. É o chamamento que Ele faz à maior parte das pessoas.

Mas há um chamamento muito especial que Ele reserva aos seus maio-res amigos, àqueles que merecem a sua confiança pessoal, porque têm qua-lidades que muitos não têm.

Já pensaste que Ele te pode chamar a dizer “sim” à entrega total, à vida consagrada, à obra missionária? Ele pode chamar-te para anunciares o Evan-gelho àqueles que não o conhecem, a consolar s tristes, a socorrer os aflitos, a curar os doentes, a apontar a todos caminhos de felicidade.

Pensa na felicidade que tu sentirias ao fazer os outros felizes. Eu pessoalmente pensei e já descobri. Ainda não realizei o meu sonho.

Mas já me sinto tão feliz, que gostava que todos os jovens pudessem ser como eu. Não tenho ilusões. Sei que o Senhor me aponta um caminho difícil e exigente. Mas também sei que Ele está comigo. E essa certeza anima-me, dá-me coragem e uma grande paz.

Do fundo do coração te peço que não te deixes iludir pelo que vês à tua volta. Acredita no amor de Jesus que te chama, e põe-te ao seu dispor.

Jorge Luís

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[eler] [eflectir] [esponder]

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6. 7. 8.

a) Quem são os santos que celebramos a 1 de Novembro? b) Que é que devemos saber e não esquecer? c) Qual é o segredo para sermos santos? d) Por que é importante sabermos qual é a nossa vocação pessoal? e) Que realidade nos recordam os dias 1 e 2 dos Novembro?

a) Onde é que Jesus quer ser honrado sobretudo? b) Que nos pede Jesus e para quê? c) Que corações pede Jesus?

a) Que alimenta cada Eucaristia nos crentes? b) E que deve suscitar a consciência de sermos salvos pelo amor de Cristo? c) Que faz o “vocacionado” que adere ao projecto salvífico do Senhor?

a) Frei Bartolomeu dos Mártires escolheu ser Bispo? Então? b) Que fizeram os homens de Viana do Castelo depois da sua morte? c) Por que queria ele que também os Cardeais aceitassem a reforma? d) De que “reforma” se tratava? (Pede a alguém que te explique, se não fores capaz de compreender.)

a) Que é que verifica o autor do “testemunho” que lês nas páginas 7 e 8, ao olhar para a sua vida? b) Qual é a melhor maneira de viver em plenitude? c) Por que é que não devemos ter medo de nos entregar a Cristo?

a) No dizer do Pe. Dehon, o que são o “pensamento” e a “acção”? b) Que acontece ao homem que não tem o hábito de orar?

a) Basta rezar para que haja mais Padres? Que mais é preciso? b) Para que precisamos nós de abrir os olhos e os ouvidos?

Perguntas sobre o “Directório” (páginas 26-27) a) Que aconteceria, se faltasse a parte do pré-seminarista? b) Por que podemos dizer que o pré-seminarista é um verdadeiro protagonista? c) De que é que o pré-seminarista deve estar consciente? d) Que deve procurar fazer o pré-seminarista? e) Que é que não pode perder de vista o seminarista? f) Que é que deve ter sempre presente no seu espírito? g) Como deve o pré-seminarista cumprir as suas obrigações?

Em Frente (Contacto com os Pré-seminaristas Dehonianos) Publicação Mensal - Ano IX - nº 194 - Dezembro de 2009

Proprietário, Director e Editor: Pe. Fernando Ribeiro, SCJ Redacção e Administração: Caminho do Monte, 9 | Ap. 430 | 9001-905 - FUNCHAL

Telf.: 291 22 10 23 | Website: emfrente.wordpress.com | Email: [email protected] Impresso nos Serviços Privativos do Colégio Missionário Sagrado Coração - FUNCHAL

Depósito Legal nº 120 306

Vem aí o Natal e vêm também as respectivas férias. Logo no início delas, vamos viver juntos alguns momentos felizes dessa quadra tão bela e significativa. Vamos ter mais um dos nossos “encontros formativos”, para o qual tens aqui a respectiva “convocatória”.

Desta vez, entre outras coisas, vamos tentar compreender melhor o que representa o Natal para quem é de verdade amigo de Jesus. E tam-bém aquilo que significou para o Padre Dehon, o qual precisamente numa noite de Natal tomou a grande decisão da sua vida.

Ainda estamos à espera de um “encontro” em que todos os pré- -seminaristas marquem presença. Será desta? Até agora sempre tem falta-do algum e nem sempre por motivos suficientemente razoáveis.

Presta agora atenção aos seguintes pontos: DATA: 19-20 de Dezembro. CHEGADA: entre as 9.00 e as 10.30, sem falta. Às 11.00 h. começamos, como habitualmente, as nossas actividades. REGRESSO A CASA: como de costume, após o almoço (depois das 13.30 h. e possivelmente antes das 14.00).TRAZER: as coisas do costume, mas com especial cuidado para não esquecer mesmo nada, desde os chine-los, até às coisas que são para entregar (Cartão de pré-seminarista, Folhinha da Fidelidade e RRR) e os últimos dois “Em Frente”.

que podes sempre visitar a versão on-line do EM FRENTE em

emfrente.wordpress.com

LEMBRA-TE