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LUZPara As Almas Ansiosas

George Cutting

ÍNDICEINTRODUÇÃOO PROBLEMA ESPIRITUALDIFICULDADES ESPIRITUAIS1. Como poderei escapar do castigo pelosmeus pecados desde que Deus é justo eeu pecador?2. Ao tentar ser bom, só consegui tornar-me pior.3. Não é necessário crescer na graça atéque sejamos salvos; i.e., até que estejamos

preparados para o céu?4. Penso que sou pecador demais para sersalvo, perverso demais para merecer ofavor de Deus, não tendo mérito algumpara ter qualquer relacionamento comEle.5. Tentei reconciliar-me com Deus, masjamais me senti tranqüilo nesse sentido.Penso que não tentei da maneira certa.6. Sei perfeitamente o que Cristo fez. Seapenas pudesse aceitar isso e sentir-mesatisfeito.7. O pedido de perdão não me trouxe osentimento que ambiciono de ter sidoperdoado.8. Se apenas pudesse sentir-me feliz, achoque saberia que meus pecados foram

perdoados.9. Se Deus deu o seu Filho, não devoaceitá-lo? Meu medo é não ter ainda feitoisso, embora saiba que é um Salvadordigno e meu coração anseie por Ele.10. Sei que tudo se resume em crer etento isso, mas não posso.11. Não consigo crer que estou salvo.Tenho medo que minha fé não sejasuficientemente forte.12. Aproximei-me de Jesus da maneiracerta?13. Tenho o tipo certo de fé?14. Como posso saber que Cristo morreupor mim?15. Tenho aguardado que Deus me dê

algum tipo de indicação ou sinal interiorde perdão e aceitação.16. Tenho medo de enganar a mimmesmo supondo estar salvo quando naverdade não estou.17. Como posso crer que estou salvo atéque sinta isso?18. E necessária uma obra interior dagraça? Como posso saber se a obra dagraça de Deus e meu arrependimentoforam suficientemente profundos e reais?19. Tenho dúvidas porque não posso fixaro dia exato da minha conversão.20. Não amo a Deus como deveria. Sepudesse apenas encontrar em mim maisdo fruto do Espírito sentiria algumasatisfação em dizer, espero estar salvo.

21. Como posso estar "sempre confiante"se meu estado de espírito varia tanto?22. Será que não posso cair da graça eperecer no final? Não é "perigosa" adoutrina que ensina outra coisa?23. Eu me desviei e temo ter cometido opecado imperdoável.24. O que dizer dos meus pecados depoisde minha conversão?25. Se eu não for um dos Eleitos nãoposso ser salvo, nem posso crer se Deusnão me der poder para issoUMA PALAVRA DEACONSELHAMENTO

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LUZ PARA AS ALMAS ANSIOSAS

INTRODUÇÃOSe houve alguma coisa que pesou maissobre o coração do autor ao escrever estaspáginas, foi o pensamento de que amaioria dos que professam fé em Cristopraticam bem pouco essa fé. Em nossapreocupação com a idéia de levar paz àspessoas, existe um perigo especial queprecisamos observar e orar para nospreservarmos dele e, ou seja, intrometer-nos (embora involuntariamente) entreDeus e os exercícios espirituais doindivíduo.

Este risco nunca foi provavelmente maiordo que numa época superficial como anossa. E fácil possuir hoje uma certaloquacidade em assuntos religiosos semque a alma tenha sido absolutamentedespertada. Ou, caso haja algumaespiritualidade, o caráter da mesma é tãopouco profundo que mal se deixaperceber em sua vida e comportamentodiários.Ao mesmo tempo, não pode haver dúvidade que através de impressões erradasquanto às próprias verdades fundamentaisdo evangelho, mediante hábitos depensamento e expressão não-escriturísticos correntes em toda a Igrejaprofessante, muitos corações se acham

cheios de confusão e perplexidaderealmente trágicos; embora os mesmospudessem de outra forma estarsaboreando a doçura da "alegria e paz nafé". Isto não explica também a maneirapouco satisfatória do estilo de vida deinúmeras pessoas? Pois enquanto nãotivermos um solo firme debaixo dos pésnosso andar será sempre vacilante.Esta foi a consideração que encorajou oautor em seu objetivo de ajudar as almas,colocando estas páginas à frente delas; esua oração é no sentido de que possamservir de bênção a muitos, sem fazerninguém tropeçar. Quanto consoloencontramos nas palavras: "Pois fartou aalma sedenta, e encheu de bens a alma

faminta" (SI 107.9).

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O PROBLEMA ESPIRITUALNÃO existe problema no mundo como oespiritual. Quem pode suportar otormento de uma consciência culpada?"Mas ao espírito abatido quem olevantará?" (Pv 18.14).Um pouco menor do que a angústia deacordar na eternidade e descobrir que nossaalma está "perdida", é a amargura de fazeressa descoberta a tempo embora o grandeabismo não esteja ainda completamente

"fixado", nem a condenação da almaeternamente selada.Quando o homem despertar para averdade de que o fim da vida pecaminosa é oinferno, sendo esse no entanto, justamenteo seu estilo de vida; quando o Espírito deDeus o fizer lembrar de que o próximobater de seu pulso e de seu coraçãopodem ser os últimos e que o Deuscontra quem por tanto tempo e tãoobstinadamente rebelou-se, comanda asua respiração com o seu poder, não seráde admirar então que vá para a cama semjantar, passando a noite em vigíliasilenciosa e não em sono reparador,temendo e tremendo, debatendo-se egemendo, orando e chorando.

A condenação ou a salvação eterna daalma não é uma questão superficial, ecomo poderá ele descansar até que isso seresolva? Merece perfeitamente sercondenado, todavia deseja com fervor asalvação. Ele parece esperar contra todaesperança, no entanto espera e não podeescapar desse sentimento. De um lado ficaa "verdade", irradiando a luz de sua"lâmpada" sobre o futuro inevitável e opassado inegável expondo plenamenteambos. Do outro lado, por assim dizer, secoloca a "graça", dando-lhe testemunhode que apesar de sua perversidade einteiramente devido ao mérito deOutrem, a bênção eterna ainda pode sersua.

Quanta intensidade nesse conflitointerior, até que o perdão sobrevenha ereine a paz; até que o destino da alma naeternidade esteja garantido além dequalquer dúvida ou indagação.Existe um outro fator de importâncianesta luta feroz. Satanás com suassugestões e mentiras, está agora em plenaatividade. Ele manteve-se "quieto porlongo tempo", mas agora precisa pôr emprática todos os recursos diabólicos quepossa inventar a fim de impedir, sepossível, os propósitos da graça; casocontrário, seu ex-escravo obediente setransformará em outra testemunha dovalor do sangue do Redentor napurificação c de seu poder para salvar.

Num momento ele murmura, "Você ébom demais para perder-se afinal"; emoutro, "Você é ruim demais para sersalvo; pelo menos, ruim demais para sersalvo na condição em que se acha; espereaté melhorar". Alguém disse muito bemque o relógio de Satanás está sempremuito adiantado ou muito atrasado.Segundo os conselhos perigosos dele,sempre há "muito tempo para pensar nessascoisas", ou ele sussurra, "Deus é muitoduro e justiceiro para mostrarmisericórdia a um pecador como você; étarde demais agora".

*****

DIFICULDADES ESPIRITUAIS

1

Como poderei escapar do castigopelos meus pecados, desde que Deus é

justo e eu pecador?ESTA pergunta é tão antiga quanto olivro de Jó. E toca as próprias bases detodo descanso e paz. "Como, pois, seriajusto o homem perante Deus, e comoseria puro aquele que nasce da mulher?"(Jó 25.4). Deus não poderia deixar decorresponder ao seu caráter santo e justo.O pecado o coloca no lugar de juiz e damesma forma que Deus é justo, o pecadoprecisa ser plenamente castigado. Os

homens sentimentalizam o amor de Deuse se esquecem da sua justiça. O Senhor,porém, será tão justo ao levar alguémpara o céu através da obra de Cristo,como ao enviar o pecador para o infernopor causa de suas próprias obrasperversas.Quando Ele exaltou Cristo à sua destrana glória, declarou sua própria justiçaatravés desse ato. Quando enviar Satanásao castigo eterno no lago de fogo, estaráconforme essa mesma justiça. De fato, sequalquer pecador for salvo, Deus será tãojusto ao fazê-lo quanto o foi ao colocarCristo na radiância da glória celestial, oucomo será ao enviar Satanás para as trevasdo juízo eterno.

De que modo então, depois de calar "todaboca" na família humana inteira, epronunciar "todo homem" culpado diantedele, poderá Deus salvar qualquer um comjustiça?Ouça a resposta abençoada do Espíritode Deus: "Pois é Cristo quem morreu" (Rm8.34). "Mas ele foi ferido pelas nossastransgressões, e moído pelas nossasiniqüidades; o castigo que nos traz a pazestava sobre ele, e pelas suas pisadurasfomos sarados" (Is 53.5).A culpa do pecado recaiu sobre oCordeiro,segundo os desígnios dopróprio Deus. Toda indagação daconsciência perturbada quanto àpenalidade aplicada ao pecado é

respondida por outra pergunta, a qualperdurará por toda a eternidade, "Deusmeu, Deus meu, por que me desamparaste?"(Mc 15:34).Quem poderia responder esse "Por que?"misterioso do Calvário? Vamos fazer umapausa e investigar.Os demônios confessaram ser Ele o Santode Deus. Poderiam os poderes das trevasnos dar uma razão? Impossível. Opróprio Satanás viu-se frustrado toda vezque se aproximou daquele que podiadizer, "Porque se aproxima o príncipedeste mundo, e nada tem em mim".Os anjos ministraram a Ele depois de suatentação no deserto. Não sabiam queDeus se agradava dele e que fizera sempre

aquilo que dava prazer ao Pai? Seriapossível, no entanto, responderem a estapergunta momentosa? Repetimos,impossível: "para as quais coisas os anjosdesejam bem atentar" (1 Pe 1.12).Seus discípulos viram como a boca dosopositores fora silenciada pelo seu desafiosem resposta: "Quem dentre vós meconvence de pecado?" (Jo 8.46) Elesdeviam conhecer as palavras de Davi nasescrituras do Velho Testamento: "Fuimoço, e agora sou velho; mas nunca videsamparado o justo, nem a suadescendência a mendigar o pão" (SI37.25). Vemos agora o único Homemabsolutamente justo que já pisou nestaterra, "Jesus Cristo, o justo" e Ele foi

desamparado! Maravilha das maravilhas!Por que? O homem não tem respostapara essa pergunta; nem mesmo aquelesmais dedicados a Ele.Deus o Pai, atraíra mais de uma vez aatenção do céu e da terra para o fato deque no Abençoado e Humilde, Eleencontrara perfeita satisfação e prazer. IráEle abrir novamente os céus para dar umaresposta a esse "Por que?" misterioso?Não. O bendito portador de pecados édeixado para sentir, como só Ele poderiasentir, em meio às trevas daquelas trêshoras, o terror dessa palavra:"DESAMPARADO". Outros haviamclamado em tempos idos; suas vozesforam ouvidas, eles foram salvos; mas

atente às palavras dEle, enquantoalcançam e ferem nosso coração, em meioàquelas trevas terríveis: "Eu clamo... e tunão me ouves" (SI 22.2). Não existe,portanto, resposta à pergunta? Benditoseja Deus, ela existe, caso contrário, adeusa qualquer esperança de paz para você epara mim. A fé encontrou uma resposta. Deonde a tirou? Se os demônios, anjos,homens, não puderam fornecê-la; se Deusnão o fez, qual a sua procedência? Ela saiudos lábios dAquele que fora Esquecido!Ele justificou a Deus por Se esquecerdEle. Quão precioso! Precioso einconcebível! Repita isso sempre e jamaisdeixe que essa lembrança se apague. Elejustificou Deus por desampará-lo. Ouça assuas palavras benditas no Salmo 22.3,

PORÉM TU ÉS SANTO, o que habitasentre os louvores de Israel". Foi como sedissesse: "Sois tão santo que não poderiasfazer menos que isso, em toda justiça,além de voltar as costas ao pecado,mesmo quando teu amado Filho o levavasobre Si". É verdade! Quando se trata dejulgar o pecado, não pode haver alívio,nenhuma resposta, até que a taça dacondenação se esgote. Quanta solenidade,todavia quanta beleza nisso tudo! Como opecador perturbado se sente atraído paraesse precioso Salvador, enchendo seucoração de paz e fazendo-o transbordarde louvor. Que maior prova podemos terentão de que os pecados dos crentes emJesus já foram julgados com justiça,

julgados na pessoa de seu adorávelSubstituto? Deus pode ser agora então"justo e justificador daquele que tem féem Jesus" (Rm 3: 26) Eles não sãojustificados pelo fato de nada poder serdito contra a sua pessoa, mas sim pelosangue precioso que, de uma vez portodas, satisfez todas as acusações que opróprio Deus poderia fazer contra eles.

Adorai-Lhe, Adorai-Lhe,Sua gloriosa obra consumouLouvai-Lhe e Exaltai-Lhe,

Do pecador o juízo tirouE sobre o Filho de Deus o lançou

".Está consumado" clamou em dor

na cruz ao morrer por mimFui culpado e pecador

Mas Cristo me salva assim.Vemos assim que os pecados do crentenão escaparam do castigo. O evangelhonão fala de um Deus cujo amor foiexpresso passando por alto o pecado, masde um Deus cujo amor pelo pecador sópoderia manifestar-se quando seusdireitos santos contra o pecado tivessemsido rigorosamente satisfeitos e suapenalidade suportada até o fim.

"Que seja o pecado julgado"Sobre a cruz está escrito."E o pecador libertado"

Oh gozo bendito!

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2

Ao tentar ser bom, só consegui tornar-me pior.

Não encontramos talvez um erro maiscomum do que supor que salvaçãosignifica um aperfeiçoamento gradual doindivíduo, uma melhora, até que ele seencontre finalmente cm condições paraestar na presença de Deus, pronto para océu.Mas a Bíblia torna claro que a salvaçãovem somente pela té na obra de Cristo,

consumada na cruz de uma vez por todas.Sabemos que o apóstolo Pedro ficou"cheio do Espírito Santo" quandotestemunhou corajosamente diante dasautoridades e anciãos de Israel, "E emnenhum outro há salvação, porquetambém debaixo do céu nenhum outronome há, dado entre os homens, peloqual devamos ser salvos" (At 4.12).Torna-se necessário entender claramenteque o Espírito Santo jamais é apresentadocomo nosso Salvador, como se Ele tivessemorrido pelos nossos pecados. Atravésdo Espírito Eterno é que Cristo ofereceu-se, sem mácula, a Deus (Hb 9.14).Mediante a obra do Espírito em nossasalmas nos tornamos sensíveis à nossa

necessidade de Cristo e de Seu sacrifício.O Espírito é que efetivamente aponta aobra de Cristo a toda alma despertada.No entanto, o trabalho do Espírito emnós não é a base da paz. "Sendo poisjustificados pela fé, temos paz com Deus, pornosso Senhor Jesus Cristo" (Rm 5.1), pois foiEle que "por nossos pecados foi entregue,e ressuscitou para nossa justificação" (Rm4.25). Vamos examinar a idéia simples de"sede" usada repetidamente nasEscrituras para descrever a necessidade deum pobre pecador: "Se alguém tem sede",disse o Senhor bendito, "venha a mim, ebeba" (Jo 7.37). Até uma criança, se lheperguntássemos isso, poderia dizer que asede é o resultado de algo produzido no interiorde nosso corpo; o que mata essa sede é algo

provido exteriormente e quando estaprovisão externa é aplicada à necessidadeinterna, a sede é extinta.Quando o testemunho da palavra deDeus, quanto à morte de Cristo, érecebido pela fé por parte de um pecadorcom a consciência atormentada, oresultado é paz. Eu merecia a morte e acondenação, ele lhe dirá, mas Cristobebeu a taça do juízo e morreu em meulugar; meus pecados eram inúmeros, masDeus, que os conhecia, colocou osmesmos sobre o Seu Filho amado, comomeu substituto, e o juízo completo sobreeles recaiu sobre a Sua bendita cabeça.Toda a minha perversidade foi exposta;nada ficou oculto; nada escapou ao

julgamento. "Ele foi ferido pelas nossastransgressões", "Foi entregue pelas nossasofensas", Deus ressuscitou-o dentre osmortos e a paz da alma é obtida atravésda fé nEle e no Deus que o ressuscitou.Não se trata de um "aperfeiçoamentocada vez maior" da nossa parte. Se Deusnão pudesse salvar-nos até que fôssemossuficientemente bons para merecê-lo, nãohaveria esperança para nós. Em lugar deestabelecer um determinado padrão demérito a ser atingido pelo homem, Elenos ensina dois fatos bem dolorosossobre a nossa natureza:1. Nossa condição de pecadores.2. Nossa incapacidade de salvar-nos a nósmesmos.

Devemos aprender que não somos apenasculpados e ímpios, mas também que nãotemos poder para nos tornar aquilo quedesejaríamos ser.Só depois de repetidos esforços dereforma, após inúmeras decisões nãolevadas a termo, é que o versículo 6 docapítulo 5 de Romanos foi aplicado àalma sequiosa do escritor, "PorqueCristo, estando nós ainda fracos, morreua seu tempo pelos ímpios"; assim como aágua satisfaz a necessidade de um viajantesedento perdido no deserto, esse versículosatisfez a sua necessidade. O seu passadodera provas abundantes de que era"ímpio", enquanto todos os seus esforçosinfrutíferos para ser o que um cristão

deveria ser provaram apenas que era"fraco". Mas agora,"Minha sede foi saciada, minha almareviveu,E vivo hoje nEle".

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3

Não é necessário crescer na graça atéque sejamos salvos; i.e., até que

estejamos preparados para o céu?Esta dificuldade se assemelha à queacabamos de tratar. A resposta serásimplificada se lembrarmos que em vista

da salvação da nossa alma apoiar-seinteiramente nos méritos da obra deCristo na cruz a nosso favor, não podehaver progresso na segurança do crente, nenhumprogresso na libertação "da ira vindoura",desde que não existe progresso numaobra já "consumada"."Porque a graça de Deus se hámanifestado, trazendo salvação a todos oshomens" (Tt 2.11); "Eis aqui agora o diada salvação" (2 Co 6.2); "Hoje veio asalvação a esta casa" (Lc 19.9); "Que nossalvou" (2 Tm 1.9); "Porque pela graçasois salvos" (Ef 2.8).Deve ser notado, porém, que existe alémdeste, um outro aspecto da salvação,embora não seja o tema tratado por nós

aqui a salvação futura do corpo na vindado Senhor (Fp 3.21), e a proteção diáriados que são reconciliados com Deus (Rm5.10).Deus havia declarado em tempos idos:NÃO SUBIRÁS POR DEGRAUS AOMEU ALTAR."Não o farás de pedras lavradas; se sobreele levantares o teu buril, profana-lo-ás.Não subirás também por degraus ao meualtar" (Ex 20.25, 26). Tome nota!Nenhuma obra artesanal, nenhum progresso naobra dos pés, é o que aprendemos aqui. Emlinguagem figurada, o significado é este,"Estai quietos, e vede o livramento doSenhor". Como um altar desse tipo eraconveniente para um ladrão agonizante!

O que poderia ele ler feito caso houvessenecessidade de qualquer atividade dasmãos e dos pés? Só podia olhar paraCristo, e isso era tudo. Seu pecado levou-o à presença do Cordeiro de Deus sobreo altar. A Luz da Vida despertou a suaconsciência; o amor atraiu seu coração;sem necessidade de aguardar o progressode um dia sequer, ele foi preparado para oparaíso naquele mesmo momento. E,mais ainda, com base na maiorAutoridade, ele sabia disso.Podemos então perguntar: Não existealgo como o progresso ou crescimentocristão? Graças a Deus há, mas (erepetimos com nova ênfase) nenhumprogresso em nosso preparo para o céu, nem

nosso livramento do juízo vindouro. Que "noslivra da ira futura" (1 Ts 1.10). "Que nosfez idôneos para participar da herançados santos na luz. Que nos tirou dapotestade das trevas" (Cl 1.12,13).Vejamos uma ilustração. Um homem quenão sabia nadar caiu num rio profundo.Um senhor, desconhecido do indivíduoque se afogava, se apressa ao longo damargem até onde ele se acha lutando eafundando. Tirando o casado e o chapéu,ele corajosamente mergulha para salvá-lo.Sua coragem é recompensada. O homemé salvo. Algumas palavras deagradecimento sincero são trocadas deum lado e cumprimentos alegres dooutro. O salvador e o salvo se despedem

então, seguindo cada um o seu caminho.Uma terceira pessoa que testemunhara oincidente seguiu o homem salvo e lhedisse: Você sabe quem foi que lhe salvoua vida?"Ele me disse o seu nome", replicou este,"mas gostaria de conhecê-lo melhor"."Você quer que vá visitá-lo um dia dessese lhe fale sobre ele? É uma excelentepessoa.""Quero sim. Venha e passe comigo algumtempo esta noite."O convite foi aceito e repetido para cadanoite daquele mês. O tema da conversafoi sempre a pessoa que o salvara demorrer afogado. No fim desse período,aquele homem não estaria conhecendo

muito melhor o seu bondoso salvador, doque o conhecia no primeiro dia? Claroque sim. Mas, teria havido algumprogresso na salvação propriamente dita?Não. Todavia, houve crescimento. Elecresceu no conhecimento de seu salvador.Vamos aplicar agora nosso exemplo. OFilho bendito de Deus viu, em suapresciência, que se não interferisse anosso favor, nos afogaríamos para semprenas profundezas do juízo de Deus sobreo pecado. Não havia outro olharmisericordioso, nenhum outro braço quepudesse salvar. Mas "o amor levou-o amorrer", e na plenitude do tempo Eleveio:Desde os céus Ele veio, alta glória

Ao Calvário morrer, linda história.Ele empreendeu a obra da nossa salvação.Foi batizado nas águas escuras da morte.As enchentes do juízo levantaram a suavoz. As ondas da ira rolaram com forçaesmagadora sobre Ele; de modo que paraEle e seu povo protegido nada resta asofrer. A justiça foi satisfeita: Deusrecebeu glória nesse sacrifício de expiaçãode pecados. Através dessa obra consumada,todo culpado que nEle confia, ficou tãolivre da condenação quanto Aquele que asuportou em seu lugar. Ele está "livre daira futura". Foi feito filho de Deusmediante a fé em Cristo Jesus (Gl 3..26), epor ser filho, Deus lhe envia o Espírito deseu Filho ao seu coração, clamando Abba,

Pai (G1 4.6). Note que não recebemos oEspírito para tornar-nos filhos, mas porquesomos filhos. Nossos corpos se tornamentão o templo do Espírito Santo. (Veja 1Co 6.19.) Ele habita em nós e nos selapara o "dia da redenção", i.e., a "redençãode nosso corpo". (Compare Ef 4.30 comRm 8.23.)Não se trata de um simples visitante, queaparece ocasionalmente como o homemna ilustração; Ele permanece; fica parasempre", foi a promessa fiel (Jo 14.16). Equal o seu grande tema como habitantepermanente? Cristo. "Ele testificará demim" (Jo 15.26). "Ele me glorificará,porque há de receber do que é meu, e vo-lo há de anunciar" (Jo 16.14).

No ano de 1888 um idoso cristão morreuem Lincolnshire. Ele fora convertido em1813 e servira como pregador localdurante 50 anos. Andara a serviço doMestre cerca de 24.000km cálculo feitopor baixo. Todavia, não possuía maiormérito para a salvação, depois de todosesses anos de serviço, do que no dia emque deu o primeiro passo nela. Não hádúvida que durante 75 anos eleatravessara com segurança muitasdificuldades, fora salvo de muitasarmadilhas, ajudado em inúmerassituações complexas; aprendera tambémbastante a respeito de si mesmo e de seuMestre, cujo conhecimento não tinha noprincípio. Mas só o sangue era o seu

direito ao céu no início e também só eletinha valor no fim. Seu crescimento nagraça durante todos aqueles longos anosdependeria da medida em que andara nacompanhia do Espírito. Todavia, a nãoser que pudesse haver qualquer acréscimoao valor do sangue precioso, seu títulopara a glória não tinha condições decrescer. Impossível Se o homem salvo emnosso exemplo tivesse mantido o visitanteocupado todo o tempo, ou a maior partedele, em corrigir seu procedimentoerrado, teria havido poucodesenvolvimento no que se refere aconhecer melhor a pessoa que salvara.Não é isso que acontece com muitos denós?

Nosso comportamento é tal queentristecemos o Espírito Santo, pois Ele temde ocupar-se mais em corrigir nossas mástedências do que em exercer sua missãoagradável de desvendar as glórias deCristo. É por isso que não crescemos.Embora salvo deva crescer, o crescimento nagraça não representa salvação do juízo devidoaos nossos pecados.Devemos notar que o apóstolo Pedro nãosó nos exorta "aperfeiçoar-nos", mastambém nos ensina como conseguir isso"Desejai afetuosamente, como meninosnovamente nascidos o leite racional, nãofalsificado, para que por ele vades crescendo" (1Pe 2.2). E se alguém perguntar, "Comocrescemos, alimentando-nos da Palavra?"

E porque as Escrituras falam de Cristo."As Escrituras ... de mim testificam" (Jo5.39).Assim sendo:O Espírito dá testemunho de Cristo.As Escrituras testificam de Cristo.Ambos trazem Cristo à nossa presença,ou seja, o Espírito usa a Palavra para isso,fazendo que cresçamos no conhecimentopessoal de Cristo. Repetimos, no entanto,não existe progresso em nossa segurança.O homem na água necessitava salvaçãoteria perecido caso não a recebesse; forada água, na terra seca estava salvo.Em nossos pecados não estamos salvos.Fora de nossos pecados, mediante o sangueprecioso de Cristo, estamos salvos. A

partir de então, o Espírito Santo passa ahabitar em nós. Que maior testemunhopoderíamos ter de estarmos preparadospara a presença de Deus do que ahabitação do Espírito Santo em nós?Lembre-se, porém, Ele não faz isso emvista daquilo que somos por nós mesmos,mas devido ao valor do sangue. O azeite(tipo do Espírito) foi colocado em cima dosangue da expiação da culpa, quando oleproso foi purificado (Lv 14.17) e nãodiretamente sobre o carne dele.

*****

4

Penso que sou pecador demais paraser salvo, perverso demais para

merecer o favor de Deus, não tendomérito algum para ter qualquer

relacionamento com Ele.Ouça bem! Talvez existam milhares noinferno que se julgam bons demais parase "perderem", até que provaram a amargarealidade dessa palavra terrível, além doocaso de seu dia da graça. Mas é certo queentre as incontáveis miríades dos remidosna glória, não se pode encontrar um quediga, "Estou aqui gozando o céu porquena terra fui suficientemente bom para sersalvo". O apóstolo Pedro lá se encontra,mas ele se declara um homem "pecador",indigno de estar na presença do Mestre.

Paulo confessou ser "o principal dospecadores" e assim todos os outros. "Pelagraça" e só por ela, cada um deles foisalvo.O fato é que o pensamento de merecer asalvação é tão natural ao coração humanoquanto as ervas daninhas ao seu jardim; eSatanás sabe muito bem como tirarproveito disto, ocultando de seus olhos ocaráter amoroso da "multiforme graça deDeus", através da qual ele recebe asalvação. Satanás odeia a história da graçade Deus, pois ela não pode ser contadasem registrar a glória redentora de Cristo.É a "graça" que reina através da justiça —uma justiça declarada na cruz, onde ocastigo devido ao pecado recaiu sobre o

Substituto voluntário. Só por causa dessesangue precioso derramado é que operdão livre e imerecido poderia serpregado aos pecadores culpados.O mérito é então todo dEle, e a culpa nossa.Nós, suficientemente perversos paramerecer o juízo: e Ele, bom o bastantepara vir e livrar-nos da morte,suficientemente bondoso para beber ataça do juízo por nós. Ele bebeu-a até ofim e disse, "Está consumado". Deus sótem dois métodos para tratar com oshomens culpados. Ele lhes dará (com baseem seus próprios méritos) tudo o quemerecem, até a última gota; ou,achegando-se a Cristo como culpados eperdidos, Ele lhes dará, completamente,

aquilo que Cristo merece. Felizes,portanto, os que podem cantar:Sou salvo por seu mérito, não há outro mais fiel,Nem mesmo onde a glória habita, na terra deEmanuel".Se o leitor tivesse apenas um vislumbredo que é a graça, ele jamais falaria de serperverso demais para receber a salvação.Suponhamos que alguém tivesse decolocar sobre a sua porta estas palavras(vamos chamar essa porta de No. 2):CAFÉ DA MANHÃ NESTA CASA.BILHETES ENTREGUES NA PORTAAO LADO (No. 1) SÓ PARANEGROS. NINGUÉM PODEENTRAR DEPOIS DAS NOVEHORAS.

Qual o negro, velho ou jovem, escravo oulivre, que seria tão tolo a ponto de ficartremendo do lado de fora daquela portaaté passar do horário de entrar, commedo de ser "negro demais" paraconseguir um bilhete grátis para o café damanhã? Nada disso, quanto mais negra apele, tanto mais inegável seu direito àentrada.Suponhamos, entretanto, que um certonegro, tendo-se recusado a pedir o bilhetena porta No. 1, vá até a porta No. 2 epeça o café sem ele. Deveria surpreender-se ao descobrir que ela não se abre? Deque valeria se argumentasse: "Vocêsacabaram de receber um homem menosnegro do que eu" "Tem razão", seria a

resposta, “mas não foi por causa da corpreta, ou branca, que foi admitido.”A cor de sua pele deu-lhe a melhorrecomendação possível para a entrega dobilhete, se fosse mais branco seu direito aser chamado de negro poderia ter sidoposto em dúvida, mas é o bilhete que lheconfere o direito ao café, e foi isto quevocê recusou. Vá-se embora."Existem igualmente muitos que parecempensar que o fato de sermos todospecadores e por ouvirem que Deus vailevar alguns destes ao céu, com certezajulgam que só irão os melhores dentre eles;essas pessoas raciocinam então, se fulanoe fulano chegarem lá, eu certamente tereiuma boa possibilidade de ser admitido.

Grave porém isto, caro leitor, o fato de serpecador não lhe dá direito à glória, mesmoque pudesse afirmar ser o melhor dentre araça arruinada de Adão. O fato de serpecador lhe confere a melhorrecomendação possível para o Salvador,mas é este Salvador que lhe dá o direito àglória."Este recebe pecadores" (Lc 15.2) é ainscrição colocada sobre a porta doSalvador e nenhum deles será perversodemais. Leia de novo, "Ninguém vem aoPai, senão por mim". "O que vem a mimde maneira nenhuma o lançarei fora" (Jo14.( 6.37). Outra vez, "Vinde a mim,todos os que estais cansados e oprimidos,e eu os aliviarei" (Mt 11.28). "Se. alguém

entrar por mim, salvar-se-á" (Jo 10.9)."Olhai para mim, e sereis salvos, vós,todos os termos da terra" (Is 45.22)."Porque todo aquele que invocar o nomedo Senhor será salvo" (Rm 10.13).Tome cuidado, portanto, para nãoignorar, como o negro a porta No. 1 esupor que pode, através daquilo que é,reclamai a bênção necessária na No. 2. Sóseremos salvos em vista daquilo queCristo é e da Sua obra a nosso favor.Mesmo que você tivesse feito tantos atosmeritórios quantos grãos de areia existemnas praias do oceano e seus pecadosfossem tão poucos e tão raros como ospoderosos submarinos que singramatravés dos mares, ou tão ocultos quanto

os torpedos mortais que se escondem emseu leito, sem Cristo você não teriadireito algum, exceto ao lago de fogo. Umsó pecado seria a sua ruína, uma palavraimpensada, uma idéia maldosa, um únicoato de obstinação bastaria. Ele fecharia asportas do céu para você com tanta forçaquanto o primeiro ato de desobediênciade Adão bastou para expulsá-lo doparaíso.Não perca tempo precioso "tentandomelhorar" antes de achegar-se a Cristo. Opróprio fato de necessitar de reformaprova que o seu passado não foi bom e sevocê pensa em basear-se em seu própriomérito, lembre-se de que "DEUS PEDECONTA DO QUE PASSOU" (Ecl

3.15).Dizer que é "perverso demais" é diminuira glória da graça toda abundante de Deus,limitar o poder de purificação total dosangue de Jesus. O mar sustenta com amesma facilidade o navio de cinco miltoneladas e a pena macia de uma gaivota.Desde que Ele busca os nossos corações edesde que aqueles a quem muito éperdoado muito amam, tenha a certeza deque Ele está tão disposto a acolher osmais perversos quanto é capaz de salvaros maiores pecadores.Há alguns anos o autor visitou umpróspero homem de negócios a fim de versua filha que estava morrendo. Ela estavadoente sem esperança e sabia disso. A

pobre mãe tentara por todos os meiosaliviar o medo da filha, dizendo-lhe nãohaver uma verdadeira causa de alarmequanto ao futuro; que embora tivessepassado o verão anterior na terra em meioa toda a alegria da "temporada londrina",continuara no entanto uma "moça demente pura" em meio de tudo.Depois de considerável relutância porparte dos pais, o autor teve finalmentepermissão para subir ao quarto da doente.A enfermeira foi dispensada pelo paiafetuoso e o visitante ajoelhou-se aos pésdo leito e clamou do fundo de sua almapara que a moça agonizante fosseabençoada. Depois de levantar-se, ele leualguns versos de Romanos 5, demorando-

se um pouco no v.8, "Mas Deus prova oseu amor para conosco, em que Cristomorreu por nós, sendo nós aindapecadores".Neste ponto aquela infeliz criaturaexclamou, "Ah! o senhor não sabe o quefui, ou não estaria falando comigo sobre oamor de Deus. Não pode havermisericórdia para mim!"O autor replicou a isto, "Srta. ...............,acredito que se visse a si mesma atravésdos olhos de Deus, se julgaria dez milvezes pior do que se acha agora. Mascometeu um grande erro hoje, a meu ver".O pai idoso levantou os olhosinquiridores, através das lágrimas, comose dissesse: "Qual o erro cometido?"

"Olhe", continuou o autor, "não viajeitanto para perguntar se você acha quepossui mérito suficiente para que Deustenha confiança na sua pessoa, mas paratrazer-lhe as novas benditas de que Deusacha seu Filho suficientemente digno paraque você confie nEle. A sua bênção paraa eternidade depende disto."No momento seguinte a fisionomia delamudou, como se um raio de luz celestialacabasse de entrar.Não pode também haver dúvida de queisso aconteceu; pois o pai dela escreveupouco depois para falar da bênção de suafilha, dizendo que ela em breve estariaonde nuvem alguma surgiria paraescurecer o seu céu, ou para ocultar por

um momento sequer de seus olhos o SeuSenhor.O Senhor também envia raios de glóriada sua graça para entrarem no seucoração, caro leitor, e fazer com que vejaque Deus não está procurando mérito emsua pessoa quanto ao passado, nemqualquer decisão de que será digno nofuturo; mas Ele tem muito a dizer-lhesobre o mérito de Jesus, seu Filho amado.Ele é o "prego" colocado em "um lugarseguro" e sobre Ele você pode apoiar-secom toda tranqüilidade e confiança. Se o"prego" cair, tudo que estava penduradonele cairá, sejam utensílios de ouro polidoou o barro mais grosseiro. A segurançanão depende da qualidade dos utensílios,

mas da estabilidade do "prego". (Veja Is22:23, 24.)Creia nEle, então, porque é digno,aceitando a promessa de sua própriapalavra, de que a bênção é sua. "PorqueDeus amou ao mundo de tal maneira quedeu o seu Filho unigênito para que todoo que nele crê não pereça, mas tenha avida eterna" (Jo 3.16).

*****

5Tentei reconciliar-me com Deus, mas

jamais me senti tranquilo nesse

sentido. Penso que não tentei damaneira certa.

"Tentar da maneira certa" é coisa quenão existe. Em primeiro lugar não hánecessidade, mesmo que pudesse. Emsegundo, você não poderia mesmo quequisesse. Reconciliar-se com Deus emrelação a seus pecados, seria satisfazer asreivindicações justas dEle quanto aosmesmos, suportar seu justo juízo porcausa deles. Quem teria coragem de fazertal transação? Claro que ninguém. Graçasa Deus, não foi pedido a ninguém que ofizesse. Essa obra pertence a Outro.Cristo "havendo feito a paz pelo sangueda sua cruz" e, pelo Espírito Santo,enviado pelo grande Pacificador, o Deus

da paz, está agora "pregando a paz porJesus Cristo". É crendo no que Ele fezque a paz com Deus se estabelece."Justificados, pois, mediante a fé,tenhamos paz com Deus, por meio denosso Senhor Jesus Cristo" (Rm 5.1).O que a maioria das pessoas indica com afrase "fazer as pazes com Deus" é a idéiade apazigüá-lo fazendo algo que asrecomende junto a Ele, como Jacó tentouabrandar a ira esperada de Esaú, o irmãoroubado e frustrado. "Eu o aplacarei como presente que me antecede, depois overei; porventura me aceitará a presença"(Gn 32.20). Eles esperam, mas não passade um "porventura" afinal de contas, queem consideração aos erros corrigidos, Ele

esquecerá os pecados da vida que passoue os leve para o céu. Mas, será que opecado e a expiação são coisas assim tãosuperficiais? Estão certos em considerá-los leves, como disse alguém: "se damesma forma que meu sopro apaga a velaou uma gota d'água a extingue, umaoração, um suspiro penitente, ou algumaslágrimas derramadas, puderem extinguir aira de Deus". Tais pessoas devem sabermuito bem que uma simples expressão detristeza, um pequeno arrependimento,jamais seriam aceitos como pagamento deuma dívida entre homem e homem; noentanto, são suficientemente cegos parapensar que isso poderia satisfazer asexigências de um Deus santo em relação auma vida inteira de pecado!

Não se trata também apenas deconsiderar levianamente o pecado, mas dedesprezar o que Deus é, tanto como "luz"ou como "amor". Se o pecado tiver de sercastigado, nem todas as lágrimas de todosos arrependidos que este pobre mundojamais conheceu poderiam servir paraisso. É necessário que sangue sejaderramado e não lágrimas. Pois "semderramamento de sangue não háremissão". Mas, quais são então as boasnovas do evangelho? São estas: "Cristomorreu, uma única vez, pelos pecados, ojusto pelos injustos, para conduzir-vos aDeus" (1 Pe 3.18). Tome nota, Ele"morreu", pois o sofrimento (a morte) eraa penalidade devida pelos nossos pecados.

Em lugar de nossas obras nosrecomendarem ao amor de Deus, "Deusprova o seu próprio amor para conosco,pelo fato de ter Cristo morrido por nós,sendo nós ainda pecadores" (Rm 5.8).Quando uma dívida tem de ser paga, ummar de lágrimas não irá cancelá-la. Nemos remorsos por atos passados, emborasinceros, nem promessas para o futuro,por mais autênticas que sejam, acertariamesta conta. Mas se o devedor soubesse queum amigo tinha interferido e pago odébito inteiro, toda idéia de "tentar umacordo" como credor seria afastada.Toda alma ansiosa sem dúvida começacom o pensamento certo quando diz a simesma: "Com todos os meus pecados

diante de mim, se quiser colocar-mealgum dia na posição reta à frente de umDeus santo, alguma coisa precisa ser feita."Nesse ponto é que Satanás encontrajustamente uma brecha para murmurar:"E verdade, você vai descobrir que Deusé duro e exigente. O melhor é começarlogo", embora ninguém saiba melhor queSatanás que isso não está contido noevangelho. Não se trata de alguma coisater que ser feita e portanto eu devo fazê-la, mas sim: O que precisa ser feito já foifeito. CRISTO O FEZ: por isso Deus oexaltou tanto. O apóstolo, mediante oEspírito de Deus, chama a atenção docrente para Ele como Salvadorentronizado e diz, "Ele é a nossa paz".

"E seus ferimentos no céu declaramque a obra de expiação está feita."Alguém contou esta história: Do mesmomodo que os soldados de um exércitovitorioso exibem sua bandeira manchadade sangue e perfurada por balas, assimcomo seus vários troféus e despojos deguerra, confirmando o preço pago peladerrota do inimigo e para garantir a pazem seu país, Jesus também, triunfante eressurreto, voltando do lugar de conflitoe morte, anuncia a paz que Ele asseguroupara os que lhe pertencem (Jo 20. 19, 20);ao mesmo tempo, Ele exibe suas mãos elado feridos para lembrá-los do alto preçopago pela sua paz, silenciando Satanáspara sempre.

Será possível então, contemplar esseVencedor coroado de glória sobre " otrono da Majestade nos céus" e ainda falarde fazer paz com Deus? Não devemos emvez disso cantar, "O Senhor triunfougloriosamente" e "nos deu a vitória"?

"Dele seja a vitória;Pois veio só Ele Reinar.

Aos santos triunfantes resta a glóriaDa conquista com Cristo gozar”

*****

6

Sei perfeitamente o que Cristo fez. Se

apenas pudesse aceitar isso e sentir-me satisfeito.

As almas nestas condições podem pensarque sabem o que Cristo fez, mas serealmente compreendessem a natureza desua obra consumada não falariam dessemodo.Vejamos um caso suposto comoilustração: Um menino quebra o vidro deuma loja na cidade. Ele é preso e lheexigem pagamento pelo dano causado.Mas o garoto não tem dinheiro { se ocaso for adiante, não há outra saída paraele senão a prisão ou o reformatório.Acontece que um parente do lojistaassistiu tudo e reconheceu o rapaz comoaluno ocasional de uma escola noturna na

periferia. Sua mão é posta imediatamenteno bolso; algumas palavras de censurabranca que quase cortam c coração dojovem e depois a pergunta importante:Em quanto ficou o prejuízo?Dez cruzados, é a resposta imediata.Ei-los aqui. Está satisfeito?Aceitando o dinheiro oferecido, o donoresponde: Perfeitamente.Agora então o recibo.O recibo é dado, o lojista ficou satisfeito;e o garoto, o que aconteceu com ele?Tinha ainda de pedir misericórdia? Ficoudesejando poder aceitar o que o amigofez? Nada disso. Ele sabe que o perdão foirecebido e que ele está livre, livre dequalquer acusação. Sabe também que não

é ele que deve sentir satisfação, mas diz:"Se aquele cuja vidraça quebrei estácontente por que não devo também ficartranqüilo a esse respeito?"Se você encontrasse um rapaz nessasituação e lhe perguntasse sobre oocorrido, ele lhe diria que não lhe erapossível pensar em seu ato irrefletido semligá-lo à bondade do amigo. Suponhamosque você diga: Como sabe que o lojistanão irá pedir que você faça o pagamentoum dia?"Ah! Ele jamais faria isso. Não teriacondições de agir desse modo legalmente,seria a resposta. "De fato, ele respondepelo meu perdão junto à pessoa quepagou os dez cruzados. A minha

liberdade é devida ao meu amigo!"Você quer dizer que está dependendo docaráter retodele?Claro. Ele é honesto demais para exigirum novo pagamento da mesma dívida.Há necessidade de aplicarmos o exemplo?Cristo não se colocou na fresta abertapelo pecado entre um Deus santo e oshomens pecadores? Ele não se ofereceu,imaculado, a Deus, para a satisfação detodas as exigências justas de Deus quantoao pecado? Não foi Ele também o domdo seu amor, o Cordeiro provido por Elemesmo?A pergunta não é, portanto: "Você podeaceitar o que Ele fez?" mas, "Pode Deus

aceitar esse ato como satisfazendo aexigência infinita de sua própria justiçacontra nossos pecados?" Você não crêque Deus aceitou o sofrimento de seuFilho na cruz pelos nossos pecados? Seacredita, comece a louvar imediatamenteAquele que sofreu em seu lugar, e o Deusque o ofereceu com amor para isso.A aceitação da obra do Substituto porparte de Deus tem sido fartamenteprovada. O véu rasgado, o túmulo aberto,a glória que desceu para levantar dele oPortador de pecados esquecido, suaposição atual no lugar de maior honra àdestra do Pai, a glória que brilha em seurosto, as coroas que circundam sua testa,tudo nos assegura de que sua obra foi

aceita. Além deste coro de testemunhocelestial, acham-se as maravilhosas palavraque saíram de seus próprios lábiosbenditos, ao subir ao Pai, "Eu glorifiquei-te na terra, tendo consumado a obra queme deste a fazer" (Jo 17.4).Como nos alegra ver que a palavra de Deusestende esta obra ao pecador. "Esta é umapalavra fiel, e digna de toda a aceitação,que Cristo Jesus veio ao mundo, parasalvar os pecadores" (1 Tm 1.15; vejatambém Rm 5.6-8).Vamos imaginar o caso de um condenadoà morte que jaz em sua cela esperando odia fixado e fatal. Um mensageiro entracom notícias importantes. "Fui enviadopara dizer-lhe", afirma, "que alguém lá

fora ofereceu-se para morrer em seulugar."Como o prisioneiro parece imediatamentelouco de alegria! Como suas facesenrubescem! E não é para menos!"Ofereceu-se para morrer por MIM!Quem, Quem?" gagueja ele. "Quem fezisso?" A seguir vêm as perguntas, umaapós outra, rapidamente."Ah! Parece bom demais para ser verdade.Você acha que ele pretende mesmo fazer oque prometeu? E se estiver sendo sinceroagora, será que não vai mudar de idéia nofinal?""Não tenha medo", disse o mensageiro. Émeu privilégio informá-lo de que ele jámorreu em seu lugar!

"Mas, e as autoridades do governo? Ogovernador ficou satisfeito?""Sim. Seu amigo foi aceito como seusubstituto voluntário antes de subir aocadafalso. Agora que a execução jáacabou, Sua Excelência enviou-me paracontar-lhe que já não existem barreirasentre você, sua casa, e a liberdade. Operdão e a liberdade, através daquele quemorreu por você, lhe são graciosamenteanunciados em nome do governador.Cristo não só ofereceu-se a si mesmo,imaculado, a Deus, por você (veja Hb9.14; 10,9), mas "Cristo padeceu uma vezpelos pecados, o justo pelos injustos, paralevar-nos a Deus" (1 Pe 3.18). Por que foiacrescentado, "para levar-nos a Deus"?

Porque Deus nos queria perto dEle. Eagora o Senhor não só declarou-sesatisfeito com a obra, duplamentesatisfeito, tendo havido satisfação de seucoração amoroso e exigência santas, mastambém glorificado.Isto é da máxima importância, pois deque valeria a morte de alguém para ocondenado se o governador não tivesseaceito esse ato de substituição? (Aaceitação do substituto por parte docriminoso é naturalmente suposta aqui.)Ouça agora a palavra de Deus (Jo 13.32),"Se Deus é glorificado nele, também Deus oglorificará em si mesmo, e logo o há deglorificar".Isto Ele fez, porque lemos:

"Cristo ressuscitou dos mortos, pela glória doPai" (Rm 6.4).Ele foi "recebido acima na glória" (1 Tm3.16).Ele está "coroado de glória e de honra" (Hb2.9).Que provas maiores que essas Deuspoderia dar de que estava satisfeito com aobra de Cristo? E se Ele se considerasatisfeito, não devemos nós também ficar?Não satisfeitos conosco mesmos ounossos feitos mesquinhos, mas comCristo e a obra através da qual Eleglorificou eternamente a Deus, aoassegurar a bênção eterna para o homem.Espero que o leitor não esteja maispreocupado com seus próprios

sentimentos de satisfação, mas possadizer:

Doce descanso encontro em Sua Luz,Rico louvor que minha alma sustem.

Deus se agradou em Jesus,E Nele eu me satisfaço também.

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7O pedido de perdão não me trouxe osentimento que ambiciono de ter sido

perdoado.Ao considerar a questão do perdão depecados é importante ver, em primeiro

lugar, a base real da mesma. Se tiver deobter o perdão de Deus, é necessário queo alcance segundo a vontade dEle. Ficaclaro nas Escrituras que Deus associanosso perdão com o valor da expiaçãoatravés do sangue de Jesus. "Em quemtemos a redenção pelo seu sangue, aremissão das ofensas, segundo as riquezasda sua graça" (Ef 1.7).Dois grandes erros costumam ser comunshoje neste respeito. O primeiro é queiremos obter perdão se pedirmosinsistentemente e por longo tempo, afimde induzir Deus a concedê- lo. Osegundo, que vamos ter certeza de que oobtivemos mediante certas emoçõesinteriores. A verdade, no entanto, é esta,

1. Ele é obtido para nós pelo sangue deCristo.2. Ele é recebido pela fé.3. Isso nos é assegurado pela Palavra deDeus.Não é o fato que um cristão sensato nãose alegre ao ouvir um pedido demisericórdia saído dos lábios de umpecador. Mas que a alma ansiosa veja queo perdão não é obtido através de suaslágrimas e gritos, mas pelo sangue deCristo, e só por ele. "Sem derramamentode sangue não há remissão" (Hb 9.22).Por outro lado, também não poderíamosdeixar de alegrar-nos ao ver o coração deum pecador perdoado transbordandocom "uma alegria profunda demais para

ser traduzida em palavras". Mas devemoslembrá-lo de que deve, para obter a certezado perdão, apoiar-se em algo mais sólido doque os sentimentos profundos que aalegria confere. Quantos milharesdescobriram isto, para sua tristeza, atéagora? Enquanto a alegria e radiância doprimeiro amor perdura eles se sentemseguros; mas com o tempo sua alegria sevai e ficam perdidos na mais negraescuridão.Devemos aprender a associar nossoperdão com o preço que o obteve.Quanta tranqüilidade sentiria um pobredevedor se não tivesse apenas visto aconta paga no escritório do credor, mas aprópria nota de Cz$ 100, que um amigo

pagara por ele, presa à página do livroonde sua conta fora registrada! Com queousadia poderia dizer, "Estou livre deminha dívida. Não livrei-me medianteprestações; não fui "libertado sob fiança"até um ajuste futuro de contas! Minhadívida foi paga por inteiro, de uma vezpara sempre.Isto leva a uma outra dificuldade muitocomum.

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8

Se apenas pudesse sentir-me feliz,

acho que saberia que meus pecadosforam perdoados.

Talvez não exista uma dificuldade maisgeral que esta. As almas atormentadasouvem os cristãos falarem da alegria queexperimentaram quando souberam queseus pecados tinham sido perdoados; istoé feito algumas vezes deliberadamente deum modo que pode levar a interpretaçõeserradas. Uma pessoa aflita, ouvindo taisdeclarações, naturalmente deduz que foiatravés desse fluxo de alegria celestial queos crentes em questão souberam ter sidoperdoados.O devedor perdoado, que acabamos decitar, nos diria que o fato de sentir-se feliz éque o levou a saber que sua dívida fora

cancelada? Não diria ele, em vez disso,que tinha boas razões para sentir-se felizporque sabia que sua dívida fora cancelada?Não teria também o mesmo direito deafirmar, que o fato de sentir-se feliz ounão, de modo algum alteraria o valordaquela nota de Cz$ 100 pregada em suaconta?Mas, o que você pensaria de um vizinhodesse homem que, sendo tambémdevedor, diz um dia: "Se pudesse pelomenos sentir-me tão feliz quanto meuvizinho, eu saberia que minha dívidatambém foi cancelada".Existe um absurdo igual? Todavia,quantas almas ansiosas estão cometendojustamente esse erro tolo.

Isso é começar pelo lado errado. Vocêdeve começar com Deus em lugar de simesmo. A satisfação do credor deve ser obtidaantes que a mente do devedor possatranqüilizar-se.Não se trata também simplesmente de umcaso de satisfação justa, embora nadamenos que isso traria paz contínua; pois,por trás da grande "transação" doCalvário descobrimos os anseios e ariqueza do amor de Deus. E maravilhosodizer que o desejo de apagar nossospecados não se originou em nossoscorações, mas no dEle. Nem a obra dacruz foi o meio de atrair o coração deDeus para nós. Ela foi a expressãoperfeita, o resultado transbordante do

mesmo. Foi "pela graça de Deus" que Ele"provou a morte por todos" (Hb 2.9). "O Paienviou o Filho." Ele sabia que nada senãoo valor infinito do precioso sangue deJesus poderia expiar o pecado. "É o sangueque fará expiação pela alma", Ele declararamuito tempo antes; e, mais ainda, "Vô-lotenho dado (o sangue) sobre o altar" (Lv17.11). Na plenitude do tempo essesangue foi derramado com a declaraçãodo Espírito sobre o que ele pode realizar,"purifica de todo o pecado" vem anotícia, "Seja-vos, pois, notório . . . quepor Ele É JUSTIFICADO TODOAQUELE QUE CRÊ" (At 13.38,39).Que consolo saber que temos o privilégiode descansar sobre os pensamentos de

Deus e não sobre os nossos. Se me disserque Ele, que é o único a compreender ocaráter desesperador do meu caso, oresolveu a seu modo, pelo sangue deCristo, inclino- me e creio nEle.Se Ele me der o penhor do que essesangue pode realizar, eu aceito comgratidão. Se Ele se agrada em declarar oque pensa de todos os que têm fé nessesangue, simplesmente acredito. Acreditoporque foi Deus quem disse e não porquesinto isso. Ou, em resumo, acredito:1º Nos pensamentos de Deus sobreminha necessidade.2º Nos pensamentos dEle sobre o sanguedAquele a quem entregou para satisfazeressa necessidade.

3º Nos pensamentos dEle sobre todos osque crêem em seu testemunho a esserespeito.Não é possível crer no primeiro esegundo itens sem estar "justificado" detodas as coisas. Não é possível crer noterceiro sem se ter certeza disso. Deusdiz, "TODO o que crê é justificado deTODAS as coisas". Veja bem, o verboestá no presente e não no futuro: "É" enão "será". Todas as coisas perversas queDeus sabia a respeito dos homens nãopesam mais sobre eles; pela melhor dasrazões, a saber, que foram lançadas sobreAquele que morreu por eles e ressuscitou.Nada existe aqui sobre sentimentos defelicidade. Como posso ser realmente feliz

até saber que fui justificado? E comoposso saber isso, a não ser através damelhor autoridade possível? E quemelhor autoridade do que o Deus queafirma tal coisa?Sob a mesma autoridade, o crente tem oprivilégio de avançar mais um passo nasegurança de sua bênção. Deus declara:"aos que justificou a estes tambémglorificou" (Rm 8.30).Se o fato de crer torna a justificação certano tempo, a justificação torna a glóriacerta na eternidade; e sei de ambas ascoisas mediante a autoridade do próprioDeus.Há dois anos atrás, o autor viu ao lado dalinha da estrada de ferro um enorme

anúncio feito de chapa de ferro que caíraevidentemente de um muro onde foracolocado. Ele observou que a alvenariado muro fora recoberta com uma camadagrossa de estuque e o anúncio pregadonessa massa. Quando chegaram as geadase chuvas do inverno, o estuquedesprendeu-se em grandes blocos domuro e ao cair deitou também por terra oanúncio.Se a chapa de ferro tivesse sido fixada naalvenaria, provavelmente não sedespreenderia até que o muropropriamente dito caísse. Esta é umasugestão valiosa para você, leitor ansioso.Se prender a sua segurança de perdão aossentimentos alegres de hoje quando estes

tiverem desaparecido amanhã, sua certezatambém se irá. Mas se quiser umasegurança permanente, você deve fixá-lanaquilo que não pode ser derrubado."Para sempre, ó Senhor, a tua palavrapermanece no céu" (SI 119.89). "Apalavra de nosso Deus subsisteeternamente" (Is 40.8).Davi declarou, "Apego-me aos teustestemunhos"(Sl 119. 31), e se você fizer omesmo; ou seja, se apegar-se aotestemunho divino, a segurança divinacertamente se apegará a você. Não será"envergonhado" nem aqui nemfuturamente.

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9

Se Deus deu o seu Filho, não devoaceitá-lo? Meu medo é não ter ainda

feito isso, embora saiba que é umSalvador digno e meu coração anseie

por Ele.Esse tipo de dificuldade com certezanão surgiria em relação às associaçõesnaturais, nem quanto às coisas espirituais,se nossas almas fossem mais simples einocentes.Quando as palavras ditas pelo servo deAbraão sobre Isaque, fizeram nascer nocoração de Rebeca afeto por aquele dequem dava testemunho, a questão de

"aceitar Isaque" estava fora de cogitação!Abraão queria dar Isaque a ela e quandochegasse o momento em que ela desejasserecebê-lo, essa parte da questão estavaresolvida.Se através de um sentimento de seuestado culpado diante de Deus, você quiserter Cristo, certamente no fundo do seucoração você já o aceitou, embora sejatímido demais para confessá-lo, seja a Elemesmo ou a qualquer outro.O "amor" e o "dar"' pertencem a Deus; odom é seu Filho unigênito; e você nãopode desejá-lo realmente sem ser acolhidopor Ele.Rebeca não iria de modo algum chorarporque Abraão não queria que ela tivesse

Isaque, pois não fizera o seu servo aquelalonga e difícil viagem porque ele desejavajustamente isso?Pense então nela chorando desconsoladapor temer não tê-lo aceito! O que você diria aela senão que cada lágrima derramada erauma prova inegável de que em seucoração ela o aceitara? A que ponto asnossas preocupações pessoais nosreduzem! Que o Senhor nos conceda maissimplicidade inocente e nos livre dosraciocínios insensatos de nossos pobrescorações.

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10Sei que tudo se resume em crer e tento

isso, mas não posso.Vamos examinar mais de perto estadeclaração frequentemente repetida. Aspessoas não imaginam o que estejaenvolvido nela.Deus manifestou-se plenamente na Pessoade seu Filho bendito, agindo neste mundoem perfeita concordância consigo mesmo.Ao fazer isto, segundo o que você estádizendo, Ele perdeu todo direito à suaconfiança a ponto de você até "tentar crernele, mas não conseguir"!Mas ainda, Ele enviou uma mensagemespecial do céu através do Espírito Santo,a mensagem do evangelho; mas as notícias

enviadas por Ele são tão indignas de suaaceitação, que embora você tenha sidosuficientemente bondoso para tentar crernela, na verdade não consegue.Está escrito que "Creu Abraão a Deus"(Rm 4.3). Como é simples essa declaração!Ficamos sabendo depois (v. 19), que elenão considerou as aparências, não olhoupara si mesmo, pois tinha outra Pessoa àsua frente, alguém tão confiável queacreditou poderia fazer o que prometera.E assim, é-nos dito, "deu glória a Deus".Suponhamos que tivesse sido escrito:Abraão tentou crer em Deus, mas não pôde,que efeito grave isso teria sobre o DeusEterno que não pode mentir!Compare agora sua afirmação com esta,

caro leitor, e prostre-se diante dEle,confessando a natureza desonrosa de suaincredulidade sobre Deus.Além disto, seu modo de pensar nãomanifesta sua própria insensatez?Considere um pouco. Parece que vocêestá tentando confiar em alguém que nãoé digno de confiança! Se se tratasse deuma questão de dinheiro, que negociantetentaria confiar em uma pessoa assim?Mas eu não penso que Ele seja indigno!As suas palavras fazem então umainjustiça tanto a você como a Ele; poisquem falaria de tentar confiar em alguémem quem realmente tem confiança? Acriança precisa tentar confiar em sua mãe?E bem possível que você esteja

considerando a fé como uma grande obraque tenha de realizar, a fim de obter asalvação não será isso?Essa idéia é porém completamente errada.Devemos aprender a diferençar entre fé eas atividades da fé. Um banco lhe oferecesegurança e você prova a sua fé no mesmodepositando nele o seu dinheiro.Você está numa terra estranha, nacompanhia de amigos que conhecem bema região. Um riacho profundo e escurotem de ser atravessado e só uma tábuasolitária liga as duas margens. Os que têmcondições para julgar o informam que atábua suportará o seu peso, e porqueconfia neles você coloca sem hesitarambos os pés na mesma e atravessa.

Se embarcasse num navio, provaria a suaconfiança em suas boas condições denavegação. A sua fé pode ser firme ouvacilante; mas, no momento em que,como passageiro, você entra a bordo donavio, confessa pelo seu ato, caso não ofaça em palavras, que confia em suacapacidade de levá-lo a salvo através doimenso oceano Atlântico. Você ouviufalar no barco, sua confiança foi inspiradapor aquilo que lhe disseram e a seguirveio o ato que expressou publicamenteque o sentimento em seu coração eraverdadeiro. Lemos então: "Visto que como coração se crê para a justiça, e com aboca se faz confissão para a salvação"(Rm 10.10).

"A fé é pelo ouvir, e o ouvir pela palavrade Deus"A palavra de Deus dá testemunho de umSalvador cheio de confiabilidade.Ouço uma informação sobre Ele que, semtentar, passo a crer nEle. E quando meachego a Ele e lhe digo isso, agindo deacordo, estou confessando com a boca epela minha vida onde minha confiançarepousa.Contemple Aquele que merece todahonra e reverência na posição em que ajustiça agora o colocou e da próxima vezque seu coração disser, "não posso crer",pergunte a si mesmo:1. Em quem eu não posso crer?2. O que Ele disse que não mereça minha

aceitação?3. O que Ele fez e de que forma se comportou,para anular tanto a minha confiança?

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11Não consigo crer que estou salvo.

Tenho medo que minha fé não sejasuficientemente forte.

Alguns falam como se Deus concedesse asalvação apenas àqueles cuja fé alcançaum certo nível, medindo-a segundo estafórmula: eles são capazes de crer que estãosalvos. Isto é porém fazer da sua fé um

salvador. Uma alma ansiosa disse certavez a este autor, "Temo não ser um doseleitos"."Por que diz isso?""Porque não tenho fé suficiente para crerque fui justificado".Se tivesse, mesmo assim não seriajustificado por ela. Não é isso que Deuslhe pede para crer a fim de ser salvo. Elenão diz, Se você puder apenas crer que foijustificado, estará justificado; mas sim, sevocê crer nAquele que enviei para morrerem seu lugar e que ressuscitou, você tema autoridade de minha palavra para saberque está justificado (At 13.38,39).Uma grande fé pode trazer grandeconsolo a quem a possui, mas não oferece

salvação maior do que a concedida aos depequena fé. "Vai-te em paz" foram aspalavras do Senhor, tanto à que o tocoutimidamente como à que chegou-seousadamente a Ele. (Compare Lc 8.48;7.50.) A fé sincera, embora frágil, semprese apega a Cristo. Ela se apóia em seuprecioso sangue para a sua segurança enão confia em nada mais além do sanguede Cristo. Ela se refugia nEle como únicaproteção e não aceita qualquer outraoferta, por mais plausível que pareça.O assassino que chegasse a uma "cidadede refúgio" em Canaã não estava seguroem vista da grandeza ou força da sua fé,mas por ter alcançado uma proteçãofornecida por Deus (Dt 4:42) Ele tanto

poderia entrar e permanecer dentro deseus muros temendo e tremendo, quantoficar ali sem a menor sombra de dúvidaou apreensão, mas chegara ao refúgio eisso bastava no que dizia respeito a Deuspara garantir a sua segurança.A sua segurança também não consistia nacrença de que se encontrava a salvo. Elepoderia presunçosamente acreditar nisto,permanecer em casa e perecer. Talpensamento não serviria de nada; mastendo-se apropriado de provisão divina,estava tão seguro quanto essa provisãopoderia torná-lo.É da máxima importância pensar nointeresse do inimigo em colocar qualquercoisa diante da alma como um objeto de

fé em lugar de Cristo. Mas o Senhorbendito fala do alto e continua dizendo:"Olhai para mim, e sede salvos, vós, todosos termos da terra" (Is 45.22).

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12Aproximei-me de Jesus da maneira

certa?Só existe um meio certo: sentir em seucoração que possui uma necessidade queninguém senão Ele pode satisfazer. Nãose preocupe com o ato de aproximar-se.Veja aquela pobre mulher citada nos

evangelhos, abrindo caminho na multidãoaté poder baixar-se e tocar nas orlas dasvestes dEle. Em que o seu coração seocupava? Não com a idéia de achegar-se,mas com a Pessoa que desejava tocar.Toda ajuda anterior falhara e mesmo seum outro médico melhor e maiscompetente fosse a seu encontro naestrada, ela não tinha com que pagar seushonorários. "(Ela) gastara com osmédicos todos os seus haveres", mas"ouvira falar de Jesus" e acreditou queEle tinha poder para curar os maisdesenganados, assim como estava dispostoa curar os mais abandonados. Certa deque achegar-se a Ele significaria cura esaúde e perder-LO a deixaria doente parasempre, ela avançou até que aquele toque

tímido lhe proporcionou tudo que seucoração poderia desejar. Quão difícil deveter sido conseguir chegar no meio dopovo que a comprimia! Ninguém maispoderia fazer o mesmo caminho. Mas,graças a Deus, milhares desde então seaproximaram da mesma Pessoa,declarando:"Outro refúgio não tenho.Minh'alma desesperada depende de Ti."Sem Ti perecerei para sempre, mas Tu"jamais lançarásfora".A Ti"Ó Cordeiro de Deus, me aconchego."Todos foram acolhidos, ninguém

rejeitado.

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13Tenho o tipo certo de fé?

Esta é uma grande dificuldade paramuitos, mas trata-se realmente apenas deuma outra forma de auto-ocupação einterrogação.Quero perguntar: "De que valeria se vocêtivesse o tipo certo de fé, e não houvesse otipo certo de Pessoa em quem ter fé? Eque, se você possui qualquer percepçãode sua necessidade, pode ser essa Pessoa

outra senão Aquela que tem tantacapacidade e disposição para satisfazê-la?Qual o homem que, depois de ficarsabendo de uma grande dívida e de suaimpossibilidade de quitá-la, falaria dessemodo depois de lhe contarem que umamigo generosamente saldou-a? Coloque-se nessa posição e veja como tallinguagem soaria em seus lábios:"Acredito que meu amigo pagou tudopor mim, mas fico imaginando seacreditei da maneira certa?"Se surgisse de fato uma pergunta, nãoseria na verdade esta: "O pagamento foifeito da maneira correta e meu credorficou satisfeito com o modo como minhaconta foi liquidada?"

Mas alguém pode perguntar, "não épossível crer com a mente e não com ocoração?" Oh! eu temo que existammuitos que pensem assim.Qual é então a diferença?Crer nEle em seu coração é simplesmentecrer com a consciência de que Ele e sóEle pode solucionar o seu caso e que semEle você perecerá para sempre, e assimconfiar nEle. Trata-se de mais que umasimples aquiescência ao fato histórico deque Ele morreu e ressuscitou. E ver a simesmo sem o seu precioso sacrifíciocompletamente à mercê do juízo, entãoconfiar nEle.Uma coisa é alguém dizer, creio que numcerto ponto da costa encontra-se um

barco salva-vidas com pessoas preparadase sempre prontas a fazer uso dele; masoutra coisa é encontrar-se no tombadilhode um navio em perigo, afundando, quelança foguetes pedindo socorro, a fim deque você possa ser salvo por aquele barcosalva vidas, e subir ansioso para bordoquando ele chegar. Uma coisa é crer queum certo médico competente visita umvizinho enfermo todos os dias e outracoisa, consciente de que você apanhou amesma moléstia, ficar ansiosamente àespera de que ele chegue, a fim de colocaro seu caso nas mãos dele e, quando chega,entregar-se satisfeito e confiante aotratamento prescrito.Uma mulher fraca ouve, à meia-noite, os

passos furtivos de ladrões em sua casa.Seus dois filhos estão deitados, a maiortem apenas nove anos. Qual deles vocêacha que ela vai chamar para enfrentar osladrões? Nenhum deles. O medo maiordela é que acordem com o barulho. Amãe não tem confiança neles pararesolverem a dificuldade; ela mesma, fracacomo é, não estaria à altura da tarefa. Oque fazer, então? Ela sabe que há muitotempo um policial faz a ronda na rua emque mora. Embora durante anos nãotivesse duvidado desse fato, como selembra dele agora de modo diferente aoabrir a janela e gritar com todas as forçasque possui: "Polícia, polícia!"O chamado dela para o policial prova

duas coisas: 1) ela tem um sentido real desua necessidade. Leia agora Romanos 10 eveja que o versículo 10 diz: "Visto quecom o coração se crê para a justiça" e oversículo 13: "Porque todo aquele queinvocar o nome do Senhor será salvo"; e,de novo, no versículo 14, "Como poisinvocarão aquele em quem não creram? ecomo crerão naquele de quem nãoouviram!" A informação que ouço sobreEle conquista minha confiança. A seguir,porque creio que só Ele pode satisfazerminha necessidade, eu o invoco e recebo asegurança da sua palavra de que asalvação é minha; pois Ele diz: "Todoaquele que invocar o nome do Senhorserá salvo".

O leitor não deve ocupar-se tanto com afé em si, como se Deus deveras quisesseque tivéssemos fé na nossa fé. De que lhevaleria, repetimos, ter esse tipo de fé, pormaior que fosse, se não existir o tipocerto de Pessoa em quem colocar amesma?Por exemplo, de que valeria à mulher deque falamos se tivesse muita fé no vizinhoao lado, mas quando chamasse e batesseesse homem não estivesse em casa ou nãoacordasse? Por maior que fosse a sua fénele, ela não a salvaria dos ladrões,enquanto o chamado ao policial impelidopela mais trêmula fé trouxe salvaçãoimediata. Com esse exato propósito é queele se achava de guarda.

Você acredita então que é totalmente"fraco", completamente indefeso quanto asolucionar a questão de sua culpa epecado; que só Cristo, pela sua mortemeritória, pode salvá-lo; que Deus em suajustiça colocou sobre Ele todo o castigodo pecado, quando em amor Ele se derapara ser feito pecado por nós; e que Deusdeclarou achar-se satisfeito com essesacrifício expiatório, levantando-o dentreos mortos e coroando-o com a glóriacelestial? Você o invocou no sentido deque sem Ele estará perdido para sempre eque Ele está pronto e desejoso de salvá-lo? Aceite então a doce segurança que aspróprias palavras do Senhorproporcionam, no sentido da salvação ser

sua. Não hesite em confessá-la, nãoretenha mais o louvor que deve a Ele porisso.

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14Como posso saber que Cristo morreu

por mim?O autor encontrou certa vez no sul daInglaterra uma mulher que ficou durantealgum tempo mentalmente perturbada aosaber que seu filho morrera servindocomo soldado no exterior. Alguém vira oseu nome num jornal. O clérigo da

paróquia bondosamente escreveu aoquartel-general para saber se a notícia eraexata, descobrindo que um soldado com omesmo nome fora morto, mas não se tratavado filho dela.Se Deus publicasse o nome de todos porquem Cristo morreu, quanto tempolevaria para você examinar todos eles, afim de ver se o seu se encontrava na lista?Uma vida inteira não bastaria pararealizar essa tarefa; se encontrasseacidentalmente o seu nome, como saberiaque não se tratava de um homônimo?Graças a Deus, que Ele não fez isso. Elecoloca diante de nós seu Filho bendito eprecioso. Ele apresenta Cristo (comoalguém disse) na glória da sua Pessoa, na

ternura de seu amor, no valor de seusangue, no poder da sua ressurreição; e,crendo nEle, ficamos certos de que "nãopereceremos, mas teremos a vida eterna".Mas, como eu pude escapar desse destino?O que poderia ter-me salvo da morteeterna se Cristo não tivesse morrido pormim ? Nada.Mais que isto. Encontro na palavra deDeus esta declaração maravilhosa: "Esta éuma palavra fiel, e digna de toda aaceitação, que Cristo Jesus veio aomundo, para salvar os pecadores" (1 Tm1.15). Se o Filho de Deus é tão digno queposso apoiar-me nele com segurança, aquiestá uma palavra de Deus, igualmentedigna de ser aceita, uma "palavra fiel" e

"digna de toda a aceitação". "Qual é ela?"A saber: "Cristo Jesus veio ao mundopara salvar os pecadores". O EspíritoSanto revelou- me então que soupecador? Esta "palavra fiel" me dá assimo direito divino, diante de Deus, de dizerque Cristo veio ao mundo para salvar-me,pois sei que pertenço à classe a favor daqual Ele morreu, e somente pela suamorte poderia salvar quem quer quefosse.

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15Tenho aguardado que Deus me dê

algum tipo de indicação ou sinalinterior de perdão e aceitação.

"Se não virdes sinais e milagres, nãocrereis" (Jo 4.48) é um impedimentoantigo para a bênção. Ele é gerado pelaincredulidade de nossos corações ou pelodesejo de ter algo palpável para ver ousentir em lugar da palavra de Deus e aPessoa e obra de Cristo. Como nos alegraobservar o nobre da antigüidade,deixando de lado os raciocínios de seupróprio coração e dando ouvidos,descobrindo assim uma suficiênciasatisfatória "na palavra que Jesus lhe disse"(Jo 4.50).Mais cedo ou mais tarde todos nósteremos de aceitar isso. Quando o

conhecido pregador, Dr. Chalmers, estavamorrendo, ele disse a alguns de seusamigos teólogos que o rodeavam, "Dêem-me uma porção da pura palavra de Deuspara que eu possa morrer com isso".Quem não ouviu falar do menino cristãoque disse quando a mão fria da morte jáembaçara seus olhos: "Procure João 3.16pra mim, mamãe. Coloque agora meudedo sobre a palavra todo e deixe que eumorra com o dedo em cima dela. Tododiz respeito a mim, mamãe. A palavra deDeus bastava para ele.O escritor deste livro conheceu umfazendeiro na Inglaterra que, em grandeperplexidade de alma, pediu a Deus quelhe concedesse um sinal de aceitação. Ele

tinha um rebanho de ovelhas na fazendanaquela época, vagando por vários lugaresem suas terras e pediu a Deus que sehouvesse qualquer esperança de salvaçãopara ele, que dez destas ovelhasestivessem em um certo abrigo quandofosse até lá. Pouco depois eleencaminhou- se para o lugar estabelecidoe contou ansioso as ovelhas no abrigo.Para seu grande alívio encontrouexatamente dez! Será que isso bastou paraa sua alma ansiosa? Não. Deu-lhe apenasum raio transitório de esperança, quelogo desvaneceu. Seria uma simplescoincidência, ou um sinal autêntico deDeus em resposta à sua oração?Mais uma vez teve a ousadia de repetir o

pedido e desejou novamente dez ovelhasnaquele canto do cercado como sinal.Com enorme excitação, sem dúvida, elecomeçou a contar o rebanho e mais umavez, para seu alívio e surpresa, encontrousomente dez! "E isso lhe conferiu paz esegurança?" perguntamos. Não, disse ele,nada me deu a certeza de minha bênçãoaté que obtive a palavra infalível de Deussobre ela. Tudo permaneceu numa névoade insegurança até que ele firmou os pésna frase "Assim diz o Senhor" e norteousua vida pelo mapa das Escrituras.Se você abrir a Bíblia e procurar oprimeiro capítulo do Evangelho de Lucas,descobrirá um surpreendente contrasteentre a fé simples e a incredulidade que

pede sinais. No momento em que Mariaouviu a mensagem celestial, ela declarou:"Cumpra-se em mim segundo a tua palavra"; ea resposta à fé manifestada por ela foi:"Bem-aventurada a que creu, pois hão decumprir-se as coisas que da parte doSenhor lhe foram ditas" (v. 38, 45).Por outro lado, quando Zacarias ouviu amensagem do anjo Gabriel, ele disse,"Como saberei isto?" e ficou mudo emconseqüência. Em lugar de abir a bocapara louvar, como Maria tinha feito, elafoi fechada, silenciando-a pelo juízo deDeus.Que você, caro leitor, possa ser levadocomo o centurião nos dias de outrora, adizer ao Senhor, "Dize, porém, uma

palavra" e isso bastará. Pois "Porventuradiria ele, e não o faria? ou falaria, e não oconfirmaria?" (Nm 23.19). Que não sejadito a seu respeito, "Se não virdes sinais emilagres, não crereis". Que maiorprodígio poderia ser mostrado do que odo Calvário, o Filho de Deus morrendopor rebeldes culpados? Que maior sinalde segurança do que este: "A boca doSenhor o disse"?

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16Tenho medo de enganar a mim

mesmo supondo estar salvo quando

na verdade não estou.De todas as formas de engano, o auto-engano, e especialmente o auto-enganoreligioso, é talvez o que representa maiorperigo. As questões em jogo são tãoimportantes que não podemos ser zelososdemais nesse assunto.Existe, no entanto, uma coisa certa, ouseja, você só pode ser enganado pelapessoa ou coisa em que confia. Ananias eSafira tentaram enganar os apóstolos, masPedro não se iludiu porque não acreditouneles. A serpente murmurou uma mentiraaos ouvidos de Eva; e, crendo nela, foi"enganada". Se você quer escapar entãodas terríveis conseqüências do auto-engano, fique alerta para a armadilha

muito comum da auto-ocupação. O "eu"não pode enganar você se não confiarnele; repetimos, portanto, cuidado! O quevai no coração o homem foi declaradopor quem o conhece perfeitamente,sabendo que é "desesperadamente corrupto"(Jr 17.9). Salomão disse, portanto, muitobem: "O que confia no seu própriocoração é insensato" (Pr 28.26).Um dos bancos da Inglaterra ocidentaladotou uma frase como lema e gravou emsuas notas bancárias, “Combine a verdadecom a confiança.” A excelência desse lemaestá no fato de que não se pode confiarnas aparências. Quando Eliabe, filho deJessé, apresentou-se diante de Samuel,este disse, "Certamente está perante o

Senhor o seu ungido"; mas "a aparênciaexterna" não tinha valor. "O Senhor nãovê como vê o homem" (1 Sm 16.7). Ocapitão do navio Dunbar pensou que tudoia bem quando manobrou seu barco emdireção ao porto de Sydney. Mas,infelizmente, pensou que o farol norte erao do sul e sua imponente embarcaçãoficou reduzida em pouco tempo a ummonte de destroços. As aparências oiludiram. O patriarca Isa- que tevedúvidas sobre o filho que com um pratoapetitoso na mão, afirmando ser Esaú,pediu a bênção do pai, mas pensou quepoderia pelo menos confiar em seussentimentos. Ao fazer isso, foi enganado. Seo patriarca e o infeliz capitão tivessemcombinado a verdade com a confiança, não

seriam iludidos desse modo.O leitor talvez pergunte: "Como chegar àverdade?" Deixaremos que a Bíbliaresponda: "A tua palavra é a verdade" (Jo17.17). "As tuas palavras são em tudoverdade desde o princípio" (SI 119,160).Você quer evitar que seu barco siga umaluz falsa de farol, provocando o seunaufrágio eterno? "Lâmpada para os meuspés é a tua palavra, e luz para os meuscaminhos" (SI 119.105). "A exposição dastuas palavras dá luz; dá entendimento aossímplices" (v. 130). Você quer a verdadeisolada, sem qualquer adulteraçãohumana? "Toda a palavra de Deus é pura;escudo é para os que confiam nele. Nadaacrescentes às suas palavras, para que não

te repreenda e sejas achado mentiroso"(Pv 30.5,6). "Está a verdade em Jesus" (Ef4.21). Ele disse, "Eu sou a verdade" (Jo14.6). "A graça e a verdade vieram porJesus Cristo" (Jo 1.17). Um cristão idosodisse certa vez, "Ao examinar a palavra deDeus, nunca se esqueça de três coisas:1. Não acrescente nada a ela.2. Não subtraia nada a ela.3. Não mude nada nela.Três homens uniformizados conversavamna sala-de-espera de uma estação deestrada de ferro no interior: um policial,um soldado e o chefe da estação. Opolicial olhou para o relógio alipendurado e perguntou, apontando paraum papel colocado no mostrador do

mesmo: "O que isso significa?""Ele não está andando direito já há algumtempo," respondeu o chefe da estação, "enão querendo que ninguém se enganassecobri o mostrador. Mas se quiser a horaexata", disse ele, tirando um relógio dobolso, "posso dizê-la. Faltam exatamentetrês minutos para o trem chegar."Que coisa interessante, pensei, enquantoouvia ali perto. Ele aprendeu pelaexperiência que não se pode confiar nesserelógio e o tratou de acordo. Como seriabom se tantas almas ocupadas com o "eu"aprendessem uma lição com aquelehomem e escrevessem por sobre ossentimentos e emoções de seu coração:"Não se pode confiar". Nem sempre

nossos sentimentos estão errados,sabemos isso com certeza. Um relógioparado irá estar certo duas vezes em 24horas. Também não somos contra ossentimentos de felicidade. Pelo contrário,há alguma coisa errada no caminhar ouno estilo de vida do crente se ele não sesentir alegre. O que queremos dizer éisto: Se não quiser ser auto-enganado, nãocreia no "eu" de forma alguma. Nãocoloque a sua confiança sobre o estadomental mais otimista que jáexperimentou, nem em todos os seussentimentos de felicidade juntos. Fiquealegre em tê-los, mas no momento emque se ocupe com eles em lugar de Cristo,tudo o que houver de bom neles irádesvanecer-se e você ficará sem mapa e

sem bússola num mar tempestuoso dedúvidas e incertezas.

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17Como posso crer que estou salvo até

que sinta isso?Os sentimentos são produto da fé e não afé um resultado dos sentimentos. Porexemplo, uma mãe dedicada recebe umacarta com uma letra desconhecida. Ela foiescrita por um médico na Nova Zelândia,dando-lhe as boas notícias que seu únicofilho, que acabara de recuperar-se de uma

doença grave, estava a caminho de casa.Como ela ficou alegre com essas notícias.A sua emoção foi de tal forma intensaque chegou a chorar de alegria. Mas deonde surgiram os sentimentos alegres?Ela sabia que o filho estava chegando.Como?Acreditou na carta do médico.Por que acreditou?Soubera como ele tinha sido bondosocom seu filho e tinha a certeza de que nãotentaria enganá-la.Vemos então quatro coisas distintasassociadas a esse fato.Ela recebeu a carta.Ela acreditou, em vista do remetente.

Ela soube que o filho estava melhor e acaminho de casa, por acreditar noconteúdo da carta.Sentiu-se feliz, por saber que ele estavabem de saúde e de volta para casa.Como já deve ter percebido, ossentimentos de alegria estão em últimolugar, enquanto você os coloca emprimeiro! Ela não disse, sei que ele estávindo para casa, porque me sinto tãofeliz. Mas, sim, não posso deixar desentir-me feliz, porque meu filho estáchegando.Nós temos a carta de Deus, contandosobre a obra aprovada de Cristo e o queacontece aos que confiam nEle. A féaceita a mensagem alegre e se rejubila.

JESUS FEZ ISSO - na cruz.DEUS DIZ ISSO - em sua palavra.CREIO NISSO — em meu coração.Creio (não porque sinto, mas) porqueDeus diz isso; e Deus fez essa declaraçãoporque Jesus fez isso."Se com a tua boca confessares ao SenhorJesus, e em teu coração creres que Deus oressuscitou dos mortos, serás salvo" (Rm10.9).A fé coloca ousadamente o seu "Amém"no que é dito por Deus, PORQUE éDeus quem o diz.Que o leitor faça o mesmo.

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18É necessária uma obra interior da

graça? Como posso ter certeza de quea obra da graça de Deus e meu

arrependimento foramsuficientemente profundos e reais?

O Espírito de Deus não nos ocupa com asua obra em nosso íntimo, mas voltanossos olhos para Cristo e sua obraconsumada a nosso favor. É verdade quese não houvesse um trabalho de graça emnossas almas, jamais nos preocuparíamosem participar dos frutos do que oSalvador fez por nós na cruz. Mas a paznão repousa sobre a nossa satisfação no

que descobrimos quanto à operação doEspírito em nossos corações, e sim sobrea satisfação de Deus na obra de Cristo nacruz. Se pudéssemos apenas obter pazquando estivéssemos satisfeitos de que aobra interior da graça fossesuficientemente profunda, não haveria umcrente sincero que pudesse tê-la nestemundo. Seu clamor continuaria sendo:"Senhor, aprofunda a tua obra de graçaem minha alma; e cada dia sucessivo seriauma repetição do anterior: Mais fundo,Senhor, mais fundo ainda".Um bebedouro público foi colocado porum bondoso benfeitor em uma certapraça. Você ficaria olhando para aquelafonte perene de água, imaginando se a sua

sede era suficientemente forte, emborasoubesse que queria beber? De modoalgum, a sua sede o leva até ela, mas é aágua que sacia a sua sede quando está ali.Se compreender de fato a necessidade desua alma, de tal modo que o grito de seucoração seja: "Preciso de Cristo!", tenha acerteza de que Ele o acolherá de braçosabertos. "A quem tiver sede de graça lhedarei da fonte da água da vida"(Ap 21.6)."E quem tem sede, venha, e quem quiser,tome de graça da água da vida" (Ap22.17).Como esses últimos convites são simples,animadores e cheios de amor, convites aosedento nas últimas páginas das SagradasEscrituras!

"Darei" - "DE GRAÇA"."Tome" - "DE GRAÇA".O arrependimento é o juízo daquilo que somos,e o que fizemos de acordo com o queDeus é. Ele é o resultado da obra da graçade Deus em nós. O viajante que cai numfosso sujo na escuridão da meia-noitepode ter pelo menos uma idéia de suasujeira quando a lua lança seus raiossobre ele, por trás das nuvens; e, à medidaque amanhece gradualmente, teráconhecimento mais claro e crescente desua verdadeira condição. Assim também opecador, pela "luz do alto", é levado aoarrependimento; e quanto mais ele andacom Deus, e se aproxima da luz do "diaperfeito", tanto maior sua sensação de

indignidade. Ele jamais poderá afirmarque seu arrependimento é suficientementereal, ou seu sentimento de indignidadesuficientemente profundo. Pode, noentanto, declarar, "Quanto mais avanço,tanto mais descubro que sou mau obastante para necessitar deste Salvador, etanto mais me admiro da graça que podedescer à esse mundo para interessar-sepor um pecador!

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19Tenho dúvidas porque não posso fixar

o dia exato da minha conversão.

Essa é uma questão insignificantecomparada ao fato de você ter-se voltadopara Deus, deixando seu caminho errado,que confiou em Cristo e está agoraprocurando servi-lo. O fato de Paulo nãoter dito, ao escrever a seu filho Timóteo,sei quando cri (embora sem dúvida elesoubesse), mas "sei em quem tenho crido",foi comentado muitas vezes. Comoalguém já disse, posso não saber omomento exato em que acordei estamanhã, nem o que me despertou, mas seique estou acordado. Deus não quer quetenhamos fé em nossa conversão, mas emCristo. "O vento assopra onde quer, eouves a sua voz, mas não sabes dondevem, nem para onde vai; assim é todo

aquele que é nascido do Espírito" (Jo3.8). Quando o Espírito começa sua obragraciosa na alma, Ele não me ocupa com seutrabalho, mas com a minha necessidade da obrade Cristo. Curvo-me perante Deus comoum crente arrependido. Meu desejoardente é ter Cristo, todavia sinto-me tãovil que temo não ser aceito por Ele.Jamais penso na ocasião que tudo isto éfruto de uma obra eficaz da graça emminha alma; e, na minha ignorância,posso até datar minha bênção a partir dodia em que encontrei Cristo e, confiandono seu sangue, encontrei a paz; noentanto, o trabalho da graça teve início nodia em que o Espírito operou de talforma em mim que levou minha alma abuscá-lo. Na parábola do filho pródigo, a

obra começou quando ele "caiu em si" nopaís distante e disse, "Levantar-me-ei eirei ter com meu pai" (Lc 15 ), e nãoquando o pai "lançou-se-lhe ao pescoço eo beijou". Ela começa quando a sedeespiritual é criada e não quando ela ésaciada.

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20Não amo a Deus como deveria. Sepudesse apenas encontrar em mimmais do fruto do Espírito sentiria

alguma satisfação em dizer, espero

estar salvo.Quase cinqüenta por cento de todas asdificuldades das almas ansiosas resultamda confusão entre a obra do Espírito quenão terminará enquanto estivermos nestetabernáculo, e a obra de Cristo consumadana cruz.As pessoas lêem que "o fruto do Espíritoé amor, alegria, paz, longanimidade" etc.,e se pudessem descobrir esses frutos em simesmas, imaginariam que haveria pelomenos alguma justificação para seconsiderarem cristãs.Elas julgam, além disso, que a presençado Espírito Santo deveria fazê-las sentir-se muito bem e quando se sentemjustamente o oposto, ficam certas de que

"não têm nada a ver com o assunto".Este é um enorme erro.Ouça —"Ele não faz a alma dizer, Obrigada,Deus, por sentir-me tão bem; Mas levaos olhos a ver, A Jesus e o seu sanguetambém".Moisés não se ocupou de seu rostobrilhante, nem Estêvão fez isso, emboraoutros vissem a glória refletida em ambos.E os frutos do Espírito serão produzidosmais eficazmente em nós quando nosenvolvermos mais com o que Cristo épara nós, e o que Ele fez e está fazendopor nós. Será quando nossos coraçõesestiverem tão fixados em Cristo que nãopensemos absolutamente em nosso "eu"

bom ou mau, mas somente nEle. É ao"contemplar" a sua glória que somos"transformados de glória em glória namesma imagem, como pelo Espírito doSenhor" (2 Co 3.18).Ouvimos falar de uma senhora cristã queficou tão ocupada com seu amor porCristo que acabou chegando à conclusãode que não possuía amor algum. Umamigo crente, procurando em vãoconsolá-la, deixou finalmente seu lugar aolado da cama e foi até a janela, escrevendonum pedaço de papel estas palavras:Não amo o Senhor Jesus Cristo, e entregandoo papel,junto com um lápis, para amulher perturbada, lhe dissetranqüilamente: "Quer assinar seu nome

aqui?" Com grande energia, elaimediatamente replicou: "Preferia sercortada em pedaços, primeiro!"Como aconteceu isso? Por que mudou deidéia tão de repente? A verdade é que elatanto cria em Jesus como o amava, masestivera refletindo mais no que ela era emrelação a Ele do que naquilo que Ele eraisoladamente, em seu valor pessoal.A medida do nosso amor por Cristo é amesma que nossa apreciação do seu amorpor nós (2 Co 5 .14 ;1 Jo 4.19).

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21Como posso estar "sempre confiante"se meu estado de espírito varia tanto?

Nossas almas jamais se aquietamenquanto não percebemos que nossadisposição variável nada tem a ver com anossa aceitação diante de Deus.Quando Abel levou sua oferta ao Senhor,"os primogênitos das suas ovelhas e dasua gordura", lemos que "E atentou oSenhor para Abel e para a sua oferta". Nãofoi a excelência pessoal de Abel que Deusobservou ao considerá-lo justo, mas aexcelência do sacrifício apresentando e sua fénele. Quando alguém leva um cheque aobanco, recebe o total da quantia escrita nocheque. Não receberia mais se tivesse um

bom caráter, ou menos caso este fossemau. Não se trata de uma questão do queo portador vale, mas do valor do chequeque possuía. Foi assim com Abel e serácom todo pecador que se aproxima deDeus através de Cristo. Deus computa naconta de todo crente o total do valor daobra de Cristo.Ela é perfeita?Sim.É perfeita eternamente?Sim.A aceitação do crente é portantocomparável, a isto. Lemos então, "Porquecom uma só oblação aperfeiçoou parasempre os que são santificados", i.e., osque têm fé nEle. (Veja Hb 10.14 e At

26.18). Tome nota, não se tratasimplesmente de ser "perfeito". Não háintermissão, ruptura ou intervalo quandonão é assim.Há poucos anos, o autor, em companhiade outros cristãos, viajou da cidade dePenzance na Cornualha até Land's End.Sentado junto ao motorista, este chamousua atenção para uma igreja à distância.Vamos passar por essa igreja, disse ele, eme contaram que entre este ponto daestrada e até chegarmos à igreja vamosperdê-la de vista nove vezes. Isto levou oescritor a desejar fazer um teste dadeclaração feita por ele. Logo descemosuma pequena colina e perdemos a igrejade vista. Subimos depois até o cume da

lombada seguinte e o prédio ficouperfeitamente em nosso raio de visão. Denovo afundamos no vale e a igrejadesapareceu, chegamos a um cimo evimos outra vez a igreja. Continuamosviajando, algumas vezes perdendo de vistae outras conseguindo vê-la, até quechegamos a poucos metros da antigaconstrução, com suas cruzes peculiares,etc., bem à nossa frente. Como omotorista avisara, havíamos perdido devista o velho prédio nove vezes naquelespoucos quilômetros.Mas, por que está contando isso? o leitortalvez pergunte. Só com o propósito defazer-lhe uma pergunta sugestiva.Quantas vezes você acha que a igreja

subiu e desceu naqueles cinco ou seisquilômetros?"A igreja para cima e para baixo?" dizvocê. Nem uma vez. "Os altos e baixosaconteciam com você e não com a igreja."Exatamente. E queremos acrescentar quenas condições variáveis da alma de quevocê fala, os altos e baixos são seus e nãode Cristo. Não existe variação noconceito divino sobre o valor pessoal deCristo ou de seu sacrifício; e se Ele aceitavocê nessa base, não podem haver altos ebaixos na sua aceitação. Aquele que estáno alto não muda. Ele é o mesmo"ontem, e hoje, e eternamente" e Deus"nos fez agradáveis a si no Amado" (Ef1.6).

Se você quiser saber o que Deus pensa docrente, deve contemplar Cristo; "porque,qual ele é, somos nós também nestemundo"(1 Jo 4.17).Um pregador nosso conhecido, quepassara muitos anos no empreendimentoinútil de alcançar alguma forma deperfeição na carne, libertou-se finalmentee declarou: eu costumava pensar quetinha de ser bom o bastante a fim deobter aprovação, mas vejo agora queCristo ê que é suficientemente bom paraser aceito e Deus me aceita nEle. Se nossocomportamento tivesse algo a ver comnosso direito de aceitação, uma falha decomportamento iria significar entãonecessariamente um demérito nesse

direito. Mas, graças a Deus, a verdade éque nossa atitude deriva do conhecimentode nosso lugar de aceitação diante do Pai;ou seja, a nossa aceitação não se baseia emnosso comportamento. Somos "santoschamados", i.e., constituídos santos pelochamado de Deus e solicitados depois aandar "como convém a santos". Somoschamados a observar o amor que nos éconcedido, a ponto de sermos chamadosseus filhos e instruídos a "andar emamor" como "filhos amados" (1 Co 1.2;Ef 5.3; 1 Jo 3.1, Ef 5.1). Para usar umailustração, Deus primeiro enche a carteirae depois nos ensina como gastar o queEle nos deu.

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22Será que não posso cair da graça e

perecer no final? Não é "perigosa" adoutrina que ensina outra coisa?

Perecer? Um verdadeiro crente perecer?Que a Pessoa mais capacitada responda aessa importante pergunta. Ele diz,"Jamais!" "E dou-lhes a vida eterna, enunca hão de perecer; e niguém as arrebataráda minha mão" (Jo 10.28). O objetivo deDeus ao dar seu Filho para ser levantado,não era "para que todo aquele que nelecrê não pereça, mas tenha a vida eterna"?(Jo 3.16).

Se o Grande e Bom Pastor empenhou suasanta palavra que ovelha alguma de seurebanho jamais perecerá (os incrédulos é quenão são das ovelhas dele, veja Jo 10.26),por que não honrar a sua santa palavra econsolar sua alma perturbada com essasegurança? Dizemos mais ainda: afirmaroutra coisa seria manchar a fidelidadedEle! Vamos explicar, pois muitos podemter passado isto por alto. Eles cantamcom a maior sinceridade essa linha dohino,"Tenho um depósito a guardar," edesconsideram inteiramente o fato de queexiste um outro lado a observar; a saber,que o Senhor Jesus Cristo, em dedicaçãoamorosa à vontade do Pai, tem um

"depósito a guardar", precioso e solene.Não foi Ele que disse: "E a vontade doPai que me enviou é esta: que nenhum detodos aqueles que me deu se perca"? (Jo 6.39).Como falar então sobre a possibilidade deum dos "seus" se perder, sem sugerir aomesmo tempo a possibilidade de Cristoser infiel à perfeita execução da vontadedo Pai? Pensamentos tão desonrosos emrelação a Cristo jamais deveriam ter lugarno coração daqueles que conhecem eamam o Senhor bendito, o "Santo" e"Verdadeiro". Impossível. Ouçam aspalavras dele ao Pai: "Tenho guardadoaqueles que tu me deste, e nenhum delesse perdeu, senão o filho da perdição, paraque a Escritura se cumprisse" (Jo 17.12).

E de novo: "Dos que me deste nenhumdeles perdi" (Jo 18.9). Absolutamentenão. O grande Autor da nossa salvaçãoestá "trazendo muitos filhos à glória", nadamenos que isso é o propósito do Pai paraeles, e quando eles o cercarem ali. Ele irá,sem exceção, dizer: "Eis-me aqui a mim, eaos filhos que Deus me deu" (Hb 2.13).Nenhum deles, nem mesmo o mais fracoestará faltando, e Ele terá toda a glória portê-los levado até lá.Mas, as Escrituras não dizem quepoderemos decair da graça? Sim, da graçacomo um princípio de bênção emcontraste com a lei. O apóstolo escreveaos Gálatas: "Separados estais de Cristo,vós os que vos justificais pela lei: da graça tendes

caído" (Gl 5.4).Graça significa favor sem merecimento, agraça de Deus representa favor ilimitadopor parte dEle, sem qualquer traço demérito do nosso lado. Talvez não existanada na palavra de Deus, de que Ele semostrasse mais zeloso do que atransgressão da sua graça, abandoná-la,inutilizar suas esplêndidas característicasintroduzindo alguma razão meritória emnós pela qual Ele devesse abençoar-nos.Vejamos o caso de Geazi, nos dias deEliseu. Quanta graça representou a ida docomandante-em-chefe do exército dopoderoso inimigo de Israel, apresentando-se ao profeta israelita para ser curado epurificado e, quando foi humilhado em

seu orgulho, curvar-se à forma escolhidapor Deus para abençoá-lo e receberaquilo que tanto buscara. Como essagraça redobra de valor ao considerarmosque justamente o elo entre o homem e abênção, foi aquela pequena escravahebréia que servia em sua casa. Israel foraroubada de uma de suas filhas, isso eraevidente, todavia a própria testemunha domal sofrido tornou-se o vínculo com obem necessário.Aconteceu porém mais que isso. Oprofeta do Deus de Israel não quisreceber qualquer pagamento por essabênção, nem em moedas nem roupas. Oque todos os bens do leproso, seja emdinheiro ou glória, não poderiam ter

comprado em outra parte, ele iria receberde graça na terra de Israel. Que "graçasobre graça" isso representou! E verdade,pensou Elias (o profeta da graça deDeus), este Naamã voltará à Síria e dirá,"TUDO RECEBI SEM PAGARNADA! e justamente da nação que ajudeia oprimir e saquear! Tudo o que leveicomo um meio de obter a bênção foidesnecessário. Minha carta derecomendação do rei de nada valeu. Meusdez talentos de prata, minhas 6.000 peçasde ouro, minhas dez mudas de vestidos,tiveram de ser trazidos de volta. De fato,a única coisa que tive de deixar foi aminha lepra; tendo esta ficado nasprofundezas do rio Jordão.Tudo de graça.Que maravilha!"

Veja porém agora o que se seguiu. InfelizGeazi! Ele conseguiu estragar tudo isso.Com um golpe rude ele rouba este docefruto da graça celestial de toda a suabeleza. Uma única sentença mesquinha eegoísta bastou. "Dá-lhes, pois, um talentode prata e duas mudas de vestido." Ele dáuma idéia falsa de seu senhor; mutila otestemunho da graça; e Deus mostra seudesgosto infligindo um dos castigos maisseveros incluídos nos registros, quasecomparável à morte. "A lepra de Naamãse pegará a ti e à tua semente parasempre" (2 Rs. 5.27).No Novo Testamento, os Gálatas foramrepreendidos com mais severidade do quetalvez qualquer dos santos dignos da

censura a quem foram dirigidas cartas.Eles haviam começado com a graça eestavam voltando ao mérito. "Sois vós tãoinsensatos?" escreve o apóstolo, "que,tendo começado pelo Espírito, acabeisagora pela carne?" (Gl 3.3). E necessárioque seja sempre pela graça. Não se podemisturar "lei' com "graça"'. O Sinaijamais se tornará um subúrbio daJerusalém lá do alto. "De modo algum ofilho da escrava herdará com o filho dalivre." (Gl 4.30).Não se pode começar apoiado nosméritos de outro e terminar firmando-senos próprios méritos. Não se pode obtera bênção pela graça e retê-la pelo mérito.Vejamos um exemplo simples:

Um rico mercador decide levar para a suacasa um menino pobre que vivia na rua.Ele o veste segundo sua nova posição efaz o possível para torná-lo feliz e àvontade em seu novo ambiente, tendoêxito nisso.Certo dia o rico mercador ficouespantado ao encontrar o menino noporão, sem paletó e de avental, ocupadoem engraxar sapatos!O que você está fazendo aqui, filho?Alguém me disse, senhor, que se euapreciasse devidamente minha novaposição deveria começar a fazer algumacoisa a fim de mantê-la, e se falhasse iriaser posto para fora um dia, tornando-menovamente um garoto de rua. Eu não

queria que isso acontecesse, pensei queseria melhor então fazer alguma coisapara que me conservasse em sua casa.O garoto caíra da graça, no que respeita àilustração. A graça o colocara como filho,sem um único direito ou mérito, na salade visitas, e ele agora descera ao porão etomara o lugar do servo a fim de reter suasbênçãos valiosas.Era justamente isso que os Gálatasestavam fazendo. A graça os chamara àsbênçãos mais elevadas, dando-lhes o lugarde "filhos", com a alegria proporcionadapelo "Espírito de seu Filho'" enviado aosseus corações, e com esta também aposição de herdeiros. Em lugar de seapegarem à liberdade concedida através

de Cristo, eles estavam no entantobuscando a perfeição na carne, sendo"justificados pela lei" (veja Gl 3.3; 5.1-4).Três motivos podem ser atribuídos àrealização de boas obras.O primeiro é a fim de obter a bênção.O segundo, é retê-la depois de recebida.O terceiro (e este é o motivo doevangelho) é servir, com gratidão cheia deamor, Àquele que morreu para assegurara bênção para mim, e que vive paraguardar-me para a bênção.O escritor deste livro notou umainscrição surpreendente gravada no finalde uma fileira de bonitos chalés emLeicester- shire. Ela dizia:PARA OS PARENTES POBRES DE

THOMAS C__________ O BOM COMPORTAMENTOAPENAS DÁ DIREITO ÀPOSSE.DEPOIS DE ESTAR DE POSSE, OMAU COMPORTAMENTO PODEPROVOCAR REMOÇÃOINSTANTÂNEAEste é um exemplo dos dois primeirosmotivos citados acima e um deles ouambos são encontrados aos milhares hojeem dia.Mas, qual o motivo em tal serviço? E o"EU". Se estou trabalhando para obter asalvação, para quem trabalho? Para mimmesmo.

Se estiver trabalhando para mantê-laquando a tiver recebido, para quem estoutrabalhando? Para mim mesmo, paragarantir-me, com toda certeza.Que tipo de serviço devo eu então prestar?"E ele morreu por todos, para que os quevivem não vivam mais para si, mas paraaquele que por eles morreu e ressuscitou"(2 Co 5.15). Qual o motivo para este tipode serviço? E o amor, como o versículoprecedente mostra; "Porque o amor deCristo nos constrange"(v. 14).Um dos marinheiros da rainha daInglaterra foi certa vêz inquirido sobre arazão de usar um cordão branco nopescoço. Ele imediatamente enfiou a mãono peito e puxou um canivete que se

achava preso no cordão. Este cordãodisse ele, é chamado de colhedor. Aseguir, estendendo o braço, ele disse:"Veja, o cordão é suficientementecomprido para o canivete ser usado pornós com o braço estendido. Osmarinheiros dizem às vezes que uma denossas mãos serve à rainha e a outra a nósmesmos. Com uma delas, temos deagarrar-nos ao cabo do navio nos dias detempestade, a fim de salvar a nossa vida,enquanto com a outra servimos nossasoberana.Isso pode ser muito adequado no serviçoda rainha, mas não se aplica ao trabalhode nosso Mestre. Todavia, quantosmilhares de cristãos confessos fazem isso!

Ou seja, eles estão se apegando à salvaçãocom uma das mãos e, por assim dizerservindo o Senhor com a outra;Poderiam, no entanto, perguntar: "Comofazer então? Não é certo apegar-se,manter-se firme?"Claro que sim. Masapegar-se a que e por quê? Agarrar-nos afim e não nos perdermos? Não. Mas"tendo recebido um reino que não pode serabalado, retenhamos a graça, pela qualsirvamos a Deus agradavelmente comreverência e piedade" (Hb 12.28.)Esteja certo disto, nenhum serviço éaceitável quando não é produzido por umsentimento de gratidão pela graça em queestamos firmados. No momento em que o"eu" se torna o meu motivo, tudo se

torna inútil. Não preciso agarrar-me àsalvação com uma das mãos e servir a Elecom a outra. Devo, porém, gozar averdade abençoada que Ele me seguracom ambas as mãos e me ama de todo ocoração, a fim de que eu possa ficar livrepara servi-lo com as duas mãos e de todoo coração. Essa não é também umadoutrina perigosa, como supõem aquelesque não conhecem o constrangimento doamor.Pergunte a um pai a quem prefeririaentregar o cuidado de seu filho pequenodurante um mês de ausência: à mãe ou auma babá, e ele vai responder que essapergunta não precisa de resposta.Por que? A mãe não tem medo de ser

mandada embora em vista dorelacionamento existente, ela é sua esposa;ele não teme pelo bem-estar do filhoporque ela é a mãe. A empregada podetemer tal coisa, mas a mãe serveinstintivamente, e com a ternura epaciência incansáveis de seu amormaterno. Isto faz toda a diferença. E penaque alguém queira reduzir o serviçocristão aos limites e servidão de umsimples empregado!Você irá entristecer o coração do Senhore roubar a si mesmo de um dos maioresprivilégios de sua peregrinação nesta terrase fizer isso. Perderá a felicidade de servi-lo mediante a gratidão de um coraçãotocado pelo discernimento da graça

preciosa que recebeu dEle.

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23Eu me desviei e temo ter cometido o

pecado imperdoável.Qual é o pecado imperdoável? O próprioSenhor respondeu claramente a essapergunta em Marcos 3.29,30: "Qualquer,porém, que blasfemar contra o EspíritoSanto, nunca obterá perdão, mas será réudo eterno juízo. Porque diziam: Tem espíritoimundo".Em Mateus 12.28, o Senhor diz: "Mas eu

expulso os demônios pelo Espírito deDeus". E eles disseram, " Este nãoexpulsa os demônios senão por Belzebú,príncipe dos demônios" (v. 24). Eles estavamentão na verdade chamando o Espírito deDeus de príncipe dos demônios! Era estaa blasfêmia para a qual não havia perdão!Atribuir os milagres de Jesus a uma obrado demônio.Fica assim evidente que se alguémcontinuar desejando Cristo como seuSalvador, quaisquer que tenham sido osseus desvios, ele não cometeu este pecado.Como poderia desejar ter como Salvadoralguém que julga ser capacitado pelopoder do próprio Satanás? Se conhecesseuma tal pessoa não confiaria a guarda de

seus cães a ela nem por um dia, quantomais a salvação de sua alma por toda aeternidade!Todavia, um indivíduo perturbado podedizer, pequei muito e me desvieicompletamente. Respondemos, suaatitude é lamentável. Nada pode ser maishumilhante e triste do que umaretribuição dessas para o amor mostradopor Ele. Mas, mesmo isto não mudou ocoração do Senhor. "Como havia amadoos seus, que estavam no mundo, amou-osaté ao fim" (Jo 13.1)."É isto que me humilha e envergonha,Descobrir que Tu não mudaste."Nós perguntamos naturalmente, depoisde fazer ou dizer alguma coisa

desagradável a um amigo querido: "O queele vai pensar de mim?Isso acontece geralmente com o que sedesvia. "O que o Senhor vai pensar demim agora? " diz ele, "Quando eu mesmocondeno e odeio a minha atitude, meucomportamento que desonrou a Deus?"Na verdade, Ele continua pensando devocê o que sempre pensou. "Porque eubem sei os pensamentos que penso devós, diz o Senhor; pensamentos de paz, enão de mal, para vos dar o fim queesperais" (Jr 29.11). Ele sabia desde oinício quão mau seria o seucomportamento, mas deu mesmo assim oseu precioso sangue de vida para remi-lo.Foi em vista de tudo o que eu era, e tudo

o que viria a ser, que Ele "me amou edeu-se a Si mesmo por mim".

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24O que dizer dos meus pecados depois

de minha conversão?Lembre-se, caro leitor, que além do juízoeterno dos perdidos, Deus só tem ummeio de tratar com o pecado segundo asua justiça: pelo sacrifício e morte deJesus. Considere um santo pecador comoDavi, no Velho Testamento, e um comovocê na presente dispensação. A cruz de

Cristo satisfez cada pecado de ambos,caso contrário a condenação eterna será oseu destino. Mas existe uma grandediferença entre os dois casos. Ela pode serexplicada mais ou menos assim: QuandoCristo foi colocado na cruz comoportador de pecados, Ele não levou sobresi nenhum dos pecados de Davi, exceto oscometidos no passado; enquanto nãocarregou nenhum dos seus, exceto osfuturos. O significado é este: quando Jesusestava "levando ele mesmo em seu corpoos nossos pecados sobre o madeiro" (1 Pe2.24), os pecados de Davi estavam todosno passado e os seus todos no futuro. Comodiz o pequeno hino:Deus, que os conhecia, colocou-os sobre

Ele,E crendo, você está livre."Ou, melhor ainda, segundo expresso naEscritura (veja Is 53.6): "Todos nósandávamos desgarrados como ovelhas;cada um se desviava pelo seu caminho;mas o Senhor fez cair sobre ele a iniqüidade denós todos". Os pecados de Davi, os seus eos meus; a saber, os pecados de toda almasalva na história do mundo, todos eles sereuniram ali. Que grande atração essacruz vai ser na eternidade para cadaremido, qualquer que seja a dispensaçãoem que tenha vivido! Foi o amor insondávelque O levou até ela; e até que o juízocompleto pelo pecado tivesse sidosuportado e esgotado, até que a maior de

todas as transações tivesse sidocompletada, e ganha a maior das vitórias,foi o amor inextinguível que O mantevenela. Abençoado Salvador!O que torna tão iníqüos os nossospecados depois da conversão, é a desonraque causamos ao seu Nome, a tristezaprovocada num coração como o dEle.Mas Aquele que pensou em nós e morreupor nós em nossa condição de pecadoresperdidos, não se esqueceu de provertambém livramento para nós como santosingratos. Ele tomou nosso lugar na cruz emorreu por nós, passando depois adefender nossa causa no trono e vivendopara nós. "Porque se nós, sendo inimigos,fomos reconciliados com Deus pela morte

de seu Filho, muito mais, estando járeconciliados, seremos salvos pela suavida" (Rm 5.10). Obtemos a garantiadivina nas palavras "Muito mais", de queseremos preservados para sempre. "Meusfilhinhos, estas coisas vos escrevo, paraque não pequeis" (1 Jo 2.1). Temos,entretanto, a graciosa provisão, nãoobstante essas palavras, pois o mesmoversículo diz, "e, se alguém pecar, temosum Advogado para com o Pai, JesusCristo, o justo". A Escritura não diz, "Sealguém arrepender-se de seu pecado, temosum Advogado". Não; o arrependimento ea auto-análise que levam à confissão sãoos resultados do serviço do Advogado paranós. Ele não defende a nossa causaporque nos entristecemos; mas nos

entristecemos porque Ele nos defende."Mas eu roguei por ti, para que a tua fénão desfaleça" (Lc 22.32), foi a suabondosa declaração a Pedro. Ele sabiaque o comportamento dele iria falhar, masnão esperou até que Pedro "chorasseamargamente" para orar a seu favor."Roguei por ti, para que a tua fé nãodesfaleça". Jesus provou novamente aPedro ainda autoconfiante, naquelaocasião que tinha tanta capacidade parasustentar um discípulo que começava aafogar-se como para atrair aquele quecomeçava a andar; que se Pedro desviasseos olhos do Senhor, este não desviaria osseus dele; e que mesmo se deixasse deandar pela fé, essa seria justamente a

ocasião de manifestar as novas atividadesdo amor do Mestre, sua mão estendidaestaria agora ao serviço de seu servoinfiel. "Do justo não tira os seus olhos"(Jó 36.7). Assim sendo, mediante a suaintercessão predominante junto ao Pai nocéu, é que eu, pelo Espírito de Deus, soulevado a confessar com o coraçãocompungido. "Se confessarmos os nossospecados, ele é fiel e justo, para nosperdoar os pecados e nos purificar detoda a injustiça" (1 Jo 1.9).Você pode, portanto, aproximar-se do Paicom toda confiança e abrir todo o seucoração diante dEle. Se fizer isso, estejacerto de que, em toda fidelidade e justiçaÀquele que levou sobre Si os nossos

pecados e que "vive para sempre a fim deinterceder por nós", Ele irá perdoá-lolivremente. E quando faz isso,uma tãogrande graça irá sem dúvida tornar vocêcada vez mais zeloso, cuidando para queoutro passo em falso não ofenda eentristeça um amor assim tão fiel eimutável.

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25Se eu não for um dos Eleitos nãoposso ser salvo, nem posso crer seDeus não me der poder para isso.

Este é o resultado de um dos maisengenhosos estratagemas de Satanás, sejapara manter as almas despertadas nainfelicidade ou deixar os pecadoresendurecidos amarrados às suas algemas,lançando sobre Deus a culpa decontinuarem em seu pecado e descrença.O inimigo falsifica a verdade,interpretando-a erradamente.Deus fala, porém, ao pecador como a umpecador e com o santo como a um santo.O homem pode ir nivelando até colocá-los à mesma altura um do outro, masDeus não faz isso.Deus tem reivindicações justas sobre todopecador e jamais renunciará a essesdireitos. O homem é responsável perante

Deus e não pode de modo algum fugirdessa responsabilidade.Você é pecador? Deus falará então comvocê nessa base, seja no tempo ou naeternidade. Pense no mensageiro de umrei ou rainha visitando um assassino emsua cela, levando um documento deperdão e liberdade, e que em lugar deaceitar agradecido a graça oferecida, ficafriamente discutindo com o portadorsobre os limites da prerrogativa real emconceder perdão ou assinar sentenças demorte! Essa idéia seria consideradaterrivelmente audaciosa entre os homens.Quem se aventurasse a tomar essa atitudetalvez fosse até julgado um criminoso.Qual o seu direito de discutir o que o seu

soberano queira ou não queira fazer?Basta-lhe ser um sentenciado, condenadojustamente à morte, e que em honra deuma esplêndida vitória que o Herdeiro dotrono conquistou, uma anistia geral foiconcedida a todos os prisioneiros,inclusive ele.Quando chega finalmente o dia daexecução, quem irá apiedar-se dele? Ohomem morre com quatro acusaçõesdistintas contra ele:1. Transgrediu a lei do soberano medianteuma ofensa capital.2. Recusou orgulhosamente arrepender-see aceitar o perdão oferecido.Ao agir assim, recusou-se a compartilharda honra prestada ao Herdeiro, através de

quem foi oferecido o perdão.Ele teve a audácia de interferir com osdireitos do trono, quando seu própriodireito de viver havia sido confiscado,devido ao seu crime.Esta, caro leitor, é uma descrição tristemas não exagerada de muitas pessoas hojeem dia. Em lugar de dar honra a Cristo,aceitando o perdão oferecido (pois Cristoé honrado em cada alma salva), elas ficamdiscutindo a doutrina da graça da eleiçãode Deus; esses indivíduos estão naverdade se refugiando por trás do queafirmam conhecer quanto à soberania deDeus, a fim de continuar uma vida deiniqüidade cada vez maior (Mt 25.24).Cuidado então leitor! Se você é um

pecador, o direito soberano de Deus paraeleger você para a bênção eterna, oucondená-lo por seus pecados, não éassunto seu. O que deve chamar suaatenção e preocupá-lo é o seguinte: OEspírito escreveu, "Todos pecaram ecarecem da glória de Deus"; "toda bocaesteja fechada e todo o mundo sejacondenável diante de Deus"; Deus querque "todos os homens, e em todo lugar, searrependam"; os servos de Deusreceberam instruções para ir "por todo omundo, pregai o evangelho a toda acriatura" e "quem não crer serácondenado". (Veja também 1 Tm 2.4; 2Pe 3.9.)Você acha que "todo o mundo" não

inclui você? Que as expressões "todaboca" de "toda criatura", "em todo lugar",não incluem você? Não será possível.Existe também outra sentençapronunciada pelos lábios graciosos doSenhor que se referem tanto a Ele como avocê. "O que vem a mim de maneiranenhuma o lançarei fora" (Jo 6.37).Com essas escrituras à sua frente,queremos recomendar-lhe sinceramenteque deixe a doutrina da eleição para Deuse pense no seu evangelho da salvação.Ninguém jamais soube ser um dos eleitosaté que foi salvo. Todo salvo é um eleito.Enquanto você se mantiver fora dasalvação, Deus lhe falará como a umpecador e jamais mudará sua atitude até

você se humilhar diante dele, curvar-seaos pés de Jesus como seu digno Salvadore sujeitar-se a Ele como seu verdadeiroSenhor.Quando o Espírito de Deus se dirige aossantos (ou salvos) nas Epístolas, Ele temmuito a dizer-lhes sobre a eleição. Esteja,porém certo disto, Ele jamais falará a vocêcomo a um santo antes que se torne um deles.Alguém disse muito bem que a eleição écomo um segredo de família. Você nãoparticipa dele até que entre na família.Quanto à objeção, "não posso crer atéque Deus me conceda o poder", devemoslembrar que embora seja o Espírito deDeus que coloca Cristo diante de nós, afim de que nosso coração e confiança

sejam atraídos por Ele, e sentimos quepodemos confiar inteiramente em alguémassim tão abençoado, não é entretanto oEspírito que tem fé por nós; nós cremosem Cristo por nós mesmos. "Visto quecom o coração se crê para a justiça, e coma boca se faz confissão para a salvação"(Rm 10. 10).

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UMA PALAVRA DEACONSELHAMENTO

Há mais uma coisa que gostaria de dizer atodo leitor ansioso deste livrinho. Por tersido colocada em último lugar, não pense

que o autor a considera de menorimportância, pois é justamente ocontrário.Trata-se do seguinte: Não espere terdescanso e paz em sua alma enquantoalgum velho ídolo permanece intocado nosegredo do seu coração, algum velhohábito que não foi abandonado, algumaassociação mundana que você aindacultiva ou aceita.Ser levado a Deus é ser levado a um "Paisanto", Jesus, nosso Salvador é o "Santo eo Verdadeiro", e o Espírito de Deus é o"Espírito Santo". Se você quer ser felizprecisa ser santo. A felicidade semsantidade não tem origem celestial, mas éterrena, sensual e demoníaca.

O Apóstolo pôde dizer, "E por issoprocuro sempre ter uma consciência semofensa, tanto para com Deus como paracom os homens" (At 24.16).Que nós sejamos também assim zelosos,caro leitor.Caso o Senhor, na riqueza da sua graçavenha a agradar-se de fazer uso destelivreto para abençoar sua alma, peço-lheque o entregue a outrém e ore para queoutros façam o mesmo.

George Cutting