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LUTO E LUTA NA VIGÍLIA A Vigília pela Educação realizada no dia 4 de Outubro juntou centenas de docentes no Jardim Municipal, onde o luto e a luta contra o ME dominaram. Pág. 7 Págs. 23 a 25 Entrevista nas Págs. 26, 27 e 28 Sindicato dos Professores da Madeira Nº 72 - Outubro/Novembro de 2006 - 0,50 euros - DIRECTOR: Marília Azevedo

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LUTO E LUTA NA VIGÍLIAA Vigília pela Educaçãorealizada no dia 4 de Outubrojuntou centenas de docentesno Jardim Municipal, onde oluto e a luta contra o MEdominaram.

Pág. 7

Págs. 23 a 25

Entrevista nas Págs. 26, 27 e 28

Sindicato dos Professores da MadeiraNº 72 - Outubro/Novembro de 2006 - 0,50 euros - DIRECTOR: Marília Azevedo

Prof - Publicação do Sindicato dos Professores da Madeira - nº 72 - Outubro/Novembro de 20062

Ficha técnica

LUTO E LUTA NA VIGÍLIAA Vigília pela Educaçãorealizada no dia 4 de Outubrojuntou centenas de docentesno Jardim Municipal, onde oluto e a luta contra o MEdominaram.

Pág. 7

Págs. 23 a 25

Entrevista nas Págs. 26, 27 e 28

Sindicato dos Professores da MadeiraNº 72 - Outubro/Dezembro de 2006 - 0,50 euros - DIRECTOR: Marília Azevedo

PROF - Publicação do SPM(Sindicato dos Professores daMadeira)

PROPRIEDADE, REDACÇÃOE ADMINISTRAÇÃO:Sindicato dos Professores da MadeiraRua Elias Garcia, Bloco V, 1º A9045-524 FunchalTels: 291 206 360/1Fax: 291 206 369E-mail: [email protected]

www.spm-ram.org

DIRECTOR: Marília Azevedo

CONSELHO DE COORDENAÇÃO:Comissão Executiva do SPM

COORDENADOR-EDITOR:João Sousa

"DE PAPO PRÓ AR"Coordenação-edição de Adília Andrade

COLABORADORES NESTA EDIÇÃO:Amélia Carreira, Ana Magalhães,André Escórcio, Conceição Gouveia,Dulce Gonçalves, Helena Paula Freitas,Isabel Cardoso, João Cunha Serra,João Sousa, José Diogo, José PauloOliveira (jornalista), Lídia Barbeito,Manuel Menezes, MargaridaFazendeiro, Marília Azevedo e VandaLeal Teixeira.

ARTE GRÁFICA: TrampolimPERIODICIDADE: BimestralIMPRESSÃO: Eco do FunchalTIRAGEM MÉDIA: 4.000 exemplares

O PROF está aberto à colaboração dosprofessores, particularmente os daRAM, mesmo quando não solicitada.Reserva-se, todavia, o direito de con-densar ou não publicar quaisquer arti-gos, em função do espaço disponívele do Estatuto Editorial desta publica-ção. Os artigos assinados são daexclusiva responsabilidade dos seusautores.

Editorial 3

Registo Biográfico: Gilda Gonçalves 4

Apontamentos: Partir pedra 6

(Ex)citações 6

Luto e luta nas comemorações do Dia do Professor 7

Recepção a Sócrates: Docentes reprovam Governo 8

Greve de 17 e 18 de Outubro: Resposta positiva na Madeira 9

Interrupções lectivas: SRE secundariza função educativa 10

Opinião: O Estado de Sítio 11

Rankings das escolas: Avaliação descontextualizada 12

Contrato Colectivo de Trabalho: Inércia domina negociações 14

DE PAPO PRÓ AR:

Gostar 15

Descobrir Yourcenar 16

Todas juntas estivemos 16

Fui Professora 17

Horário das Actividades Lectivas 2006/07 18

Uma visita a Santa Clara 18

Ensino Superior Público: Despedimentos não são indispensáveis 19

Opinião: Ensaio sobre a Cegueira 20

Opinião: Quem não sabe ensinar forma professores 21

Bloco Nêspera 22

ECD: A luta continua 23

Entrevista a Mário Nogueira 26

Pedagogia 2007 em Havana 29

Novos Protocolos com o SPM 29

Notas Jurídicas 30

Avaliação: Aprovado e Reprovado 31

Contracapa: Palavras para quê! 32

Sumário

Editorial3Prof - Publicação do Sindicato dos Professores da Madeira - nº 72 - Outubro/Novembro de 2006

1. Coragem e determina-ção. O estado de inanimismoque grassa os cidadãos maisdesatentos deste país foi vio-lentamente sacudido pelacoragem, determinação epela lição de cidadania cívicaque milhares de educadores eprofessores portuguesesmostraram, primeiro a 5 deOutubro e depois nos dias 17e 18 do mesmo mês. É acoragem de quem assumenas próprias mãos a defesados valores em que acredita ea determinação que expressaem lutar, contra ventos emarés, na defesa de umacarreira digna e valorizada.

Houve, contudo alguns,poucos, cidadãos deste Paísque não quiseram ver e que serecusaram ouvir o clamor devozes que se ergueram emprotesto.

Cidadãos que pairam lápara os lados da "5 deOutubro" da capital, lideradospor um qualquer D. Quixoteque elegeu os funcionáriospúblicos, em geral, e osdocentes, em particular, os"moinhos de vento" a abater.

E, como qualquer D.Quixote que se preze, temtambém uma Dulcineia aquem pretende oferecer asbatalhas e as demandas quenão vence. Uma Dulcineiaque, dada a sua fragilidade einquietude, não sabe o quefazer com as grandes e com-plexas responsabilidades quese lhe exigem e, tal como oseu pretenso cavaleiro, temtendência para fugir da reali-dade e refugiar-se em nebu-losos pensamentos que nin-guém consegue entender.

Na verdade, é cada vezmais visível a patologia davisão toldada que afecta osresponsáveis políticos deste

País. Só assim se explica avergonhosa chantagem (aspalavras existem para seremusadas!) com que os educa-dores e professores portugue-ses foram confrontados no dia19 de Outubro.

No chamado "day after" àmaior greve nacional de pro-fessores, que mais uma vezninguém (leia-se Ministério daEducação) viu, o que compro-va o diagnóstico oftalmológicojá referido, são os docentesconfrontados com a mais ver-gonhosa proposta que algumavez um responsável político seatrevera a fazer a uma classeprofissional em Portugal.

Isto é, aquilo que os res-ponsáveis consideram impres-cindível para o sucesso edu-cativo e para a excelência deeducação poderia ser alcança-do desde que os sindicatos,ou seja, os docentes "puses-sem termo à conflitualidadeque nas últimas semanas setem desenvolvido e criassemum clima de serenidade nasescolas".

Já todos sabíamos o quea Ministra da Educação e osseus Secretários de Estadopensam dos educadores eprofessores e das organiza-ções sindicais que os repre-sentam. As expectativasque reconhecessem oimportante papel que têmna sociedade nunca foramaltas, porém achar que osdocentes portugueses sevendem por um prato delentilhas, confesso que foium murro no estômago.

Porque foi exactamente umprato de lentilhas que o M.E.ofereceu. Porque de outraforma não se compreendeque, se o acepipe gastronómi-co é tão útil para os docentese para as escolas, se faz

depender a sua degustaçãoem troca da conivência e dosilêncio dos docentes e dasorganizações sindicais que osrepresentam.

O comportamento insanodos responsáveis da educa-ção, mostrado pela hipocrisia,a falta de ética e a chantagem,só confirma que os educado-res e professores portuguesestêm razões acrescidas paralutar e para resistir estoica-mente à destruição do seuEstatuto. É o único compro-misso que assumimos, porquea dignidade profissional não sevende.

2. A Zaida deixou-nos. Foiassim, desta maneira, querecebi a notícia. Logo me veioà memória o sorriso rasgadoque sempre mantinha e a con-fiança na vida, apesar dasadversidades. A mesma con-fiança e vontade com queacedeu, prontamente, a fazerparte da Direcção do SPM. Acoragem e a determinaçãoque sempre demonstrou, naforma como conduzia a suavida profissional e pessoal,não foram suficientes pararesistir à rasteira que o destinolhe impôs. Pelos valores quesempre defendeste e peloempenho que sempredemonstraste, prometo-te quecontinuaremos a lutar. Atésempre Zaida, porque asmemórias não se apagam!

Zaida Bargado era profes-sora na Escola Básica eSecundária Dr.FranciscoFreitas Branco - Porto Santo -e membro da Direcção doSindicato dos Professores daMadeira. À sua família, osCorpos gerentes do SPMapresentam as suas sentidascondolências.

Marília AzevedoCoordenador do SPM

Porque a dignidade profissionalnão se vende

Registo BiográficoProf - Publicação do Sindicato dos Professores da Madeira - nº 72 - Outubro/Novembro de 20064

Tristeza ee rrevolta ssão ssentimentosmanifestados ppela ccolega GGildaGonçalves, pperante aas ggravesacusações dde qque oos ddocentestêm ssido aalvo. AApesar ddisso, ccon-fessa qque, sse ppudesse vvoltar aatrás, sseguiria oo ssonho dde ccriança,pois ttem oorgulho nna cclassedocente.

Prof. MMagazine - QQuando ee ccomodecidiu sser pprofessora?

Gilda Gonçalves - Penso quedecidi ser professora desde muitocedo, possivelmente em criança,quando calçava os sapatos desalto alto da minha Mãe e davaaulas às minhas bonecas…

Prof. MM - RRefira ddificuldades ssen-tidas nna cconcretização ddessadecisão.

Gilda - Não senti dificuldades naconcretização da minha decisão,não poderia nunca escolher outraprofissão.

Prof. MM - DDescreva aa pprimeiraaula ddada. EEla ddecorreu ccomoesperava?

Gilda - A minha primeira aulainseriu-se num meio escolar enuma região (a Madeira) que,para mim, eram totalmente des-conhecidos. Superei todas as"barreiras" e integrei-me perfeita-mente. A primeira aula marcasempre muito um professor!

Prof. MM - CConte aalguns eepisódiosmarcantes - ppositiva ee nnegativa-mente - dda ssua vvida pprofissional.

BOAS RRECORDAÇÕES

Gilda - Lembro-me sempre quan-do comecei a dar aulas dePortuguês, num teste escrito (alu-nos de 5º ano / 2º Ciclo). Escolhiuma história sobre um camaleão(animal do meu imaginário infan-til), mas, para grande espantomeu, apercebi-me que, na

Madeira, não existem camaleões,os alunos desconheciam.Analisando este episódio, à luzde uma metodologia recente, nãofoi assim tão grave, pois os hori-zontes das nossas criançasdevem ser alargados através daaquisição de novos conhecimen-tos.Positivamente, tive alguns, deque me recordo melhor, quandoos meus ex-alunos me encontramna rua e dizem "nunca mais meesqueci das Preposições…","ainda tenho o meu caderno dePortuguês guardado…", etc…etc… todas boas recordações.

Prof. MM - DDos vvários pprojectosescolares eem qque pparticipou,mencione oo qque mmais pprazer llhedeu.

Gilda - O que mais prazer me deufoi o Projecto "Aula Diversificada"(orientado pelo Prof. Dr. JoãoBellem), por ser uma metodolo-gia/estratégias de trabalho deaula que motivava todos os alu-nos, sendo atingidos os objecti-vos (agora, falamos em compe-tências) propostos na Disciplinade Português.

Prof. MM - QQue ccomentário llhemerece oo iinsucesso eescolar?

Gilda - O insucesso escolar foisempre uma minha preocupação,vendo-o como resultado de fac-tores como: indisciplina na salade aula, não adequação de estra-tégias individuais, Pais desinte-ressados na vida escolar dosseus filhos, professores desmoti-vados, falta de EscolasProfissionais e não adaptação

(motivação intrínseca) dos alunosaos Programas exigidos, estes,por vezes, não têm a ver com osinteresses dos jovens.

APELOÀ PPARTICIPAÇÃODOS PPAIS

Prof. MM - CComo aavalia aa pparticipa-ção ddos-ppais ee eencarregados ddeeducação nna vvida eescolar ddosseus eeducandos, nnas eescolasonde lleccionou?

Gilda - Quanto à participação dosPais não podemos "tomar o todopelas partes", seria injusto.Contudo, há pais que não partici-pam na vida escolar dos seuseducandos talvez, até, por receio,por acharem que não "usam" alinguagem dos professores, porfalta de cultura, ou até por acha-rem que a Escola é que deveresolver tudo. Apelo, aqui, à parti-cipação activa de todos os Pais,motivando os seus filhos para aEscola, falando bem dos seusProfessores.

Prof. MM - AAborde oos ""pecados" ee"virtudes" ddo ssistema dde eensinoportuguês.

Gilda - Começando pelas "virtu-des" do sistema de ensino portu-guês, apontaria:- Ter professores que, contratodas as correntes trabalham,fazem o seu melhor para osucesso dos seus 95% dos alu-nos.- Tentativa de melhoria dosrecursos materiais (melhoresEscolas).- Introdução das chamadas"Disciplinas Não Curriculares" (1ºe 2º Ciclos).Os "pecados" serão:- Não se fazer uma avaliação"séria" antes de se mudar de umsistema de ensino para outro,sem que os Professores sejamouvidos.- Falta de lógica e, até, de bom

Gilda Gonçalves:

«O insucessoescolar

foi sempreuma minha

preocupação»

Registo Biográfico5

senso, na obrigatoriedade de sedar novos conteúdos (por exem-plo, na T.L.E.B.S. - TerminologiaLinguística dos Ensinos Básico eSecundário) a meio de um ciclo,sem ter havido, previamente,uma sensibilização aosProfessores a leccionarem osreferidos conteúdos programáti-cos.- Não oferece alternativas parafazer face ao alarmante abando-no escolar, verificado emPortugal.- Sucessivos "curricu-la", sem auscultaçãodos que estão no terre-no - falta de realismodidáctico.

Prof. MM - AAponte vvanta-gense ddesvantagens dde uumaeventual rregionalizaçãoda eeducação.

Gilda - As vantagens,na minha perspectiva,serão:- Articulação correctaentre a aprendizagemde certas temáticas, porexemplo na História(História Local) com arealidade socio-econó-mica da Região.- Não aplicação de cer-tos Despachos/Decretos-LeiNacionais por serem inviáveis(ex: o Despacho sobre "AComponente Não Lectiva").- Orçamentos mais flexíveis, afim de se apoiar os alunos maisdesfavorecidos, adquirir-se maise melhor material didáctico.As "desvantagens" senti umpouco, quando orientei estágiosde Professores (já lá vão uns 30anos) e que estava impedida deme deslocar ao Continente paracertos Encontros, Reuniões, queachava imprescindíveis para omeu trabalho, na altura.

Prof. MM - AAssinale oo ppapel qque,na ssua óóptica, eestá rreservado aaos

sindicatos, nno ssistema eeducativo.

Gilda - Na minha óptica, cabeaos Sindicatos:- exigir que se oiçam osProfessores, após uma avaliação,antes de se mudar de sistema deensino (saber o que está mal, oque mudar, como mudar);- maior firmeza face ao diálogocom o poder político;- despertar nos seus sócios uma"nova" vontade de lutarem, de

participarem na vida sindical,conseguir uma maior consciênciacívica.

Prof. MM - QQue ssente qquando oouveacusações ppúblicas qque ccolocamem ccausa oo bbrio pprofissional ddosdocentes, ccomo ttemos vvindo aaassistir nnos úúltimos ttempos?

Gilda - Quando oiço, como temacontecido, nos últimos tempos,acusações públicas e bastantegravosas contra os Professores,sinto-me muito triste e revoltada.Sempre pautei o meu trabalhocom seriedade, honestidade eprofissionalismo. Adaptei, quantopossível, as estratégias às dificul-

dades reveladas pelos meus alu-nos, mostrei um entusiasmoconstante a tudo que era "novo"- só com o objectivo determinadono sucesso das minhas crianças.Sinto-me revoltada por ver asociedade portuguesa (Governo,políticos, Pais, etc… etc…) contraa classe dos Professores - hábons e maus, como em qualqueroutra profissão - mas tenhoorgulho na classe a que pertenço,pelos colegas com quem partilho

o dia-a-dia.Bem Haja Professores!

SINDICALIZAÇÃOCOMO CCIDADANIA

Prof. MM - CComo ee pporque rrazão sse ffez ssóciado SSindicato ddosProfessores ddaMadeira?

Gilda - Fiz-me sócia doS.P.M. logo após o 25de Abril de 1974,embalada por um cha-mamento que não nosera indiferente, "novos"tempos se avizinhavam- havia muito a fazer,por uma vontade departicipação políticaactiva, eu diria por umaquestão de cidadania.

Prof. MM - SSe ppudesse rrecuar nnotempo, vvoltaria aa eescolher aadocência ccomo aactividade pprofis-sional?

Gilda - Se pudesse recuar notempo faria tudo o que fiz, nãosei ser outra coisa do que serProfessora!

Prof. MM - DDeixe uuma mmensagemaos pprofessores.

Gilda - Que sejam Professorescom P grande, façam sempre omelhor para ajudarem as crian-ças a crescerem e sorriam...sorriam... sorriam…

«Não sei ser outra coisa do que ser Professora»

ImpressõesProf - Publicação do Sindicato dos Professores da Madeira - nº 72 - Outubro/Novembro de 20066

"O Ministério da Educaçãonão assume as responsabilida-des políticas que nos conduzi-ram à situação actual da edu-cação e do ensino emPortugal."

Marília Azevedo,

Tribuna da Madeira, 15/9

"...eu penso que os profes-sores podem estar muitoinquietos e preocupados comaquilo que vai ser a evoluçãodas condições socioeconómi-cas do seu trabalho, mas issonão significa que, quotidiana-mente, na escola, não gostemde ensinar, não estejam decorpo e alma com os seus alu-nos e não dêem o seu melhor".

Lurdes Rodrigues, Ministra da

Educação, Acção Socialista, 27/9

"Os professores estão legiti-mamente preocupados porquealgumas das alterações nãovão no sentido do que espera-riam e são radicalmente dife-rentes."

Lurdes Rodrigues,

Ministra da Educação, 3/10

"O razoável seria que o pesodos salários no nosso orçamen-to fosse na ordem dos 75%.Agora está nos 93%."

Lurdes Rodrigues,

Ministra da Educação, DN, 13/9

"Aquilo que dissemos foi, nofundo, o seguinte: o sindicatosou querem parar de tentar afun-dar o barco, com o risco deserem os primeiros a afogar-se,ou querem entrar no barco con-nosco e conduzi-lo a bomporto."

Jorge Pedreira, Secretário de

Estado Adjunto da Educação,

Rádio Renascença, 19/10

"E saberá esta ministra quelançou o ensino às urtigas - àarena onde, rebaixado, o pro-fessor se retrai e, reforçadopela desautorização do mestre,o aluno proclama a sua irres-ponsabilidade e professor ealuno se combatem, em vez dedialogarem?"

Manuel Poppe,

[email protected]

"...a despesa portuguesacom os salários e benefíciossociais dos funcionários públi-cos é inferior à mesma despe-sa média dos restantes paísesda Zona Euro."

Santana Castilho,

Professor do Ensino Superior,

em carta aberta a José Sócrates

"O Governo tem vindo adesviar a pontaria, responsabi-lizando os docentes pelo quesão as debilidades da escolapública."

Alda Macedo, deputada do BE na

Assembleia da República, 16/10

"...a comparação doGoverno entre os docentes eos directores de serviço decarreira não convence, umavez que não se conhece nen-hum serviço que tenha umterço de directores, nem talcomparação pode ser utilizadanuma classe com funções tãosemelhantes."

Ricardo Gonçalves, deputado

do PS na Assembleia da

República, 16/10

"É necessário colocar naMadeira a aposta educativacomo a prioridade das priori-dades."

Edgar Silva, DN, 4/10

(Ex)citações

A sabedoria popular diz que "Águamole, em pedra dura, tanto bate queaté fura!". Esta máxima aplica-se aoactual momento do relacionamentoentre os docentes e o Ministério daEducação, que se caracteriza por umaforte crispação, uma espécie de "diá-logo de surdos", em torno da revisãodo Estatuto da Carreira Docente. Deum lado, a Ministra da Educação e osseus secretários de Estado, protegidospor José Sócrates e a sua maioriaabsoluta, desde o início deste proces-so, manifestaram-se e continuamindisponíveis para alterar as suas pro-postas, numa clara inflexibilidade earrogância nunca vistas no Portugaldemocrático. Do outro, os professorese educadores, através da plataformasindical, exigindo respeito, diálogo everdadeiras negociações, onde asposições extremadas dessem lugar acedências de parte a parte.

As sucessivas (a)versões e projec-tos de ECD que o ME foi apresentan-do chegaram a criar, na classe docen-te, a expectativa de que o Governo iriaceder. Debalde! A filosofia subjacentena primeira proposta manteve-se nasseguintes, porque, na verdade, o gran-de objectivo ministerial é cortar nadespesa pública à custa da degrada-ção da qualidade do ensino e dossalários dos professores e educadores.Que não haja ilusões, quanto ao queestá em jogo com a revisão/liquidaçãodo nosso Estatuto!

Há colegas que, perante tantaintransigência ministerial, não vislum-bram maneira de derrubar tamanhoobstáculo ou montanha de pedra dura.A esses e a todos os docentes reco-mendo que tenham presente a liçãopopular acima transcrita, ou seja, aonda de revolta e protesto dos profes-sores e educadores madeirenses con-tinuará a crescer e a ganhar forçaneste mar de contestação nacional atépartir toda(o)s a(o)s Pedreiras e afinsque encontrar pela frente...

ApontamentosPartir pedra

João Sousa

Acção Sindical7

O JJardim MMunicipal ddoFunchal aacolheu, nno ddia 44de OOutubro, vvéspera ddoDia ddo PProfessor, ccentenasde pprofessores ee eeducado-res dde lluto ee eem lluta ccontraas ppropostas dde rrevisão ddoEstatuto dda CCarreiraDocente ((ECD) aapresenta-das ppelo MMinistério ddaEducação.

A "Vigília pelaEducação", uma iniciativaconjunta do Sindicato dosProfessores da Madeira, doSPLIU e do SIPE - transpo-sição para a Madeira daplataforma sindical nacio-nal, na área da Educação -ficou marcada pelas inter-venções de Rita Pestana edas coordenadoras dossindicatos presentes, que

relevaram a falta de consi-deração do Ministério daEducação pelos professo-res e educadores, ao tentarimpor as suas propostas,numa atitude classificadade prepotente e anti-nego-cial.

Marília Azevedo, coor-denadora do SPM, refor-çou a ideia da disponibili-dade da classe docentepara "lutar até onde forpreciso", numa clara alu-são a previsíveis formas deluta.

MÁRIO AANDRÉ(EN)CANTOU

O conhecido músicomadeirense Mário André,que também é professor,ajudou a criar o ambiente

propício para os discursos,através da sua reconhecidacapacidade musical, bemservida por canções deintervenção adequadas aomomento presente da clas-se docente. O público par-ticipou no espectáculo,cantando e aplaudindocom enorme entusiasmo.

Antes da actuação doreferido músico, foram pro-jectadas imagens da histó-rica concentração da clas-se docente, no Parque deSanta Catarina, aquandoda greve do dia 14 deJunho, e um documentáriosatírico-humorístico daautoria de um professor,sobre as posições infelizesde algumas figuras públi-cas da área da educação.

A Vigília pela Educação

serviu para assinalar o Diado Professor, na Madeira,embora tivesse ocorrido navéspera desta efeméride,antecipação esta que ficoua dever-se ao facto de per-mitir aos dirigentes sindi-cais e demais interessadosparticiparem na grandemanifestação que estavaagendada para o diaseguinte, em Lisboa.

Associaram-se a esteevento muitas figuraspúblicas, sendo de desta-car a presença de proemi-nentes dirigentes políticosregionais, nomeadamenteda CDU e do BE, e históri-cos sindicalistas madeiren-ses, designadamenteDiamantino Alturas, GuidaVieira e Leonel Nunes.

João Sousa

Luto e luta nas comemoraçõesdo Dia do Professor

Vigília pela Educação

Acção Sindical8

Centenas dde pprofesso-res ee eeducadores mmadei-renses mmanifestaram-sse,no ddia 88 dde OOutubro,junto aao HHotel TTivoli, nnoFunchal, ccontra aas ppro-postas ggovernamentaispara aa áárea ddaEducação, aacusandoJosé SSócrates dde ""aldra-bão" ee ""mentiroso".

Em visita à Madeira naqualidade de recandidatoa secretário-geral socia-lista, José Sócrates, teveuma recepção complica-da, que nem os aplausosdos militantes socialistas- em número inferior aodos manifestantes - con-seguiu disfarçar. Osdocentes deixaram clarocom esta iniciativa quereprovam o Governosocialista, liderado pelocontestado visitante,nomeadamente nasmatérias relacionadascom a revisão doEstatuto da CarreiraDocente.

A faixa que algunsdirigentes sindicais daárea educativa empun-

havam era bem elucida-tiva do estado de espíri-to dos docentes madei-renses: "Professores eEducadores, todos jun-tos, em luta por umEstatuto digno e valori-zado".

FORTE PPRESENÇAPOLICIAL

Vários meios policiaisforam mobilizados paragarantir a segurança dosecretário-geral socialis-ta. Para além da Brigadade Intervenção Rápida(BIR) e da PSP, registe-sea presença de agentes àpaisana da Brigada deAcção Criminal (BAC) edo próprio comandante eo seu adjunto. A surpresafoi enorme para todos osque se juntaram no pro-testo.

Muitos dos docentesque participaram nestarecepção a JoséSócrates dirigiram-se àsforças policiais, questio-nando-as sobre os moti-vos da sua presençanaquele local, pois consi-

deravam que deveriahaver algum engano porestarem lá. Segundoeles, quem estava a rou-bar os madeirenses, emgeral, e os docentes, emparticular, estava dooutro lado, ou seja, noHotel. Como respostarecebiam ordem para cir-cular longe da faixa derodagem.

Havia quem questio-nasse a legalidade dapresença policial numainiciativa de carácter par-tidário, já que JoséSócrates não veio à RAMem funções governa-mentais.

MANIFESTANTESEM TTRIBUNAL?

O ambiente aqueceuquando um agente à pai-sana pediu a identifica-ção de alguns manifes-tantes e dirigentes sindi-cais, o que fez com quealguém chamasse umaequipa de reportagemtelevisiva que se encon-trava nas imediações.Intimidado com a pre-

sença da câmara de fil-mar, o polícia abandonouo local. No entanto, tudoindica que será efectua-da participação judicialcontra os manifestantesidentificados, segundo oque apurou o ProfMagazine junto de fontesegura. O motivo daqueixa é a participaçãoem manifestação nãoautorizada.

A confirmar-se a entra-da deste processo judi-cial no Ministério Públicoe a consequente notifica-ção dos manifestantes esindicatos identificados,apenas porque algumaspessoas se juntaramespontaneamente paramanifestar o seu direito àindignação, "estaremosperante o regresso àspráticas do Estado Novo,que julgávamos definiti-vamente enterrado",como afirmou IsabelCardoso do Sindicatodos Professores daMadeira, quando con-frontada com esta even-tualidade.

João Sousa

8

Docentes reprovam GovernoRecepção a José Sócrates

Prof - Publicação do Sindicato dos Professores da Madeira - nº 72 - Outubro/Novembro de 2006

Rui Marote / DN

Acção Sindical9

Na RAM os professo-res responderam deuma forma firme e posi-tiva às propostas, àdemagogia e às provo-cações do ME, aderin-do a uma greve de doisdias, que financeira-mente é pesada e difícilde suportar. Como con-sequência, dezenas deescolas não abriram asportas.

Houve uma flutuaçãoligeira entre a adesão àgreve nos dois dias.Assim, no dia 18, aadesão dos professoresdo 1º CEB e do pré-escolar foi ligeiramenteinferior à do dia 17,sendo que se verificouo inverso no 2º, 3º cicloe secundário, como sepode verificar no qua-dro, abaixo destacado.

Em termos absolu-tos, os resultados apu-rados apontam para

uma adesão à greve naordem dos 62%, que,no contexto regional, éconsiderada boa.

O Sindicato dosProfessores da Madeirasentiu imensas dificul-dades no apuramentodos dados da grevejunto dos estabeleci-mentos de ensino dos2.º, 3.º Ciclos eSecundário porque oselementos prestados,após o primeiro blocode cada turno, incluíamo número total dedocentes que tinhamserviço nessa parte dodia, aos quais eramsubtraídos apenas osque faltaram nessebloco. Como facilmentese depreende, este cál-culo não é rigoroso eproduz taxas de adesãoà greve muito abaixo darealidade. Assim seexplica o porquê dos

números oficiais nor-malmente serem inferio-res aos dos sindicatos.

85% NNO CCONTINENTE

Acima de 85% deprofessores e educado-res em greve; mais de90% dos alunos portu-gueses sem aulas ousem a maioria dasaulas; milhares de esta-belecimentos encerra-dos - é esta a extraordi-nária resposta dosdocentes continentais

ao Ministério daEducação.

Segundo dados daFENPROF, esta foi umagreve histórica porqueatingiu níveis de adesãoinimagináveis, sinal doforte descontentamentoque existe na classedocente em relação àspropostas do ME dealteração do Estatuto daCarreira Docente e àinflexibilidade reveladapela equipa ministerial, àmesa das negociações.

João Sousa

Resposta positiva na MadeiraGreve de 17 e 18 de Outubro

SSPPMM pprrooppõõeerreefflleexxããoo

Na habitual conferên-cia de imprensa deabertura do novo anolectivo, o Sindicatodos Professores daMadeira, através dasua Coordenadora,Marília Azevedo, pro-pôs uma reflexão profunda "sobre asopções estratégicasna área da políticaeducativa regional",passados que estão30 anos de autono-mia.

Foram também referi-das matérias que pre-ocupam, nestemomento, os profes-sores e educadores,nomeadamente aintransigência do MEem relação às suaspropostas de altera-ção do ECD, o des-emprego na classedocente, o crescimen-to do pré-escolar àcusta quase exclusivado investimento priva-do, a fraca aposta dasescolas secundáriasnos cursos profissio-nais, entre outras.

J. S.

Arranque das aulasMMoobbiilliizzaaççããoo iinntteennssaa

Esta greve começou a ser prepa-rada desde o início do ano lectivoporque era previsível que fossenecessário recorrer a formas deluta extremas, dada a manifestaincapacidade do Ministério daEducação em dialogar com ossindicatos.Depois de uma ronda de reuniõespelas principais escolas da RAM,em Setembro, o Sindicato dosProfessores da Madeira, depoisdo anúncio do pré-aviso degreve, voltou às sessões deesclarecimento junto do docen-tes, desta feita de âmbito conce-lhio.A 12 de Outubro, realizou-se uma

Assembleia Geral de Sócios,muito concorrida por sinal, ondefoi aprovada a realização dagreve como determinam osEstatutos.Três dias depois, o SPM deu umaconferência de imprensa paraexplicar os motivos da adesão àgreve e apelar à participação dosdocentes na mesma.No dia 16, véspera do primeirodia de greve, o SPM patrocinou aextensão à Madeira da platafor-ma sindical, num esforço notávelde convergência com os demaissindicatos da área educacional,que teve o seu expoente máximona conferência de imprensa con-junta.

J. S.

Preparativos

1º CEB e Pré-Escolar 2º, 3º CEB e Sec Total Geral Escolas encerradas17 OOUT18 OOUT

70%69%

55%56%

62,5%62,5%

3032

Pré-Escolar10

Calendário eescolar aaprovado ppelaSecretaria RRegional dde EEducaçãonão rrevela ppreocupações ppedagó-gicas, jjá qque ddá pprimazia àà ccom-ponente ssocial dde aapoio àà ffamília.

No final do mês de Julho de2006, foi publicado o Despachon.º 18/2006 - Calendário Escolar2006/2007 (ver caixa), que introdu-ziu novidadesao nível daeducação pré-escolar, no quediz respeito àduração dosperíodos deinterrupção daactividade lecti-va do Natal eda Páscoa -cinco diasúteis, seguidosou interpola-dos, a decorrerem em determina-da data.

A Secretaria Regional deEducação, com a publicaçãodeste Calendário Escolar, clarifi-cou, uma vez mais, a sua posiçãorelativamente ao percurso escolardas crianças em idade pré-esco-lar, valorizando essencialmente acomponente social de apoio àfamília, secundando a função edu-

cativa deste sector de educação. Ao prolongar o período das

actividades lectivas na educaçãopré-escolar, a SRE comprometeuseriamente os períodos de avalia-ção, negando aos educadores deinfância os mesmos espaços/tempos de avaliação definidospara o ensino básico, inviabilizan-do a articulação dos momentos

de avaliação ede reflexãosobre o trabal-ho realizado,nomeadamentenas escolas atempo inteiro.

Em suma, ocalendárioescolar aprova-do pela SREnão tem quais-quer preocupa-ções pedagógi-

cas, evidencia um profundo des-respeito pela função educativadeste sector de educação e con-substancia uma perda de direitosdos educadores de infância atra-vés do não reconhecimento doseu estatuto profissional docente.

Margarida Fazendeiro(Coordenadorado Pré-Escolar)

SRE secundariza função educativaInterrupções lectivas

CCaalleennddáárriioo EEssccoollaarr22000066//22000077

(...)2. As actividades educativas comcrianças das Creches, Jardins deInfância, Infantários e Unidades deEducação Pré-escolar funcionam,obrigatoriamente, durante 11meses, de acordo com o artigo 14ºdo Decreto Legislativo Regional nº16/2006/M, de 2 de Maio, devendoas famílias optar por um período denão frequência de um mês entreJulho e Setembro, que pode serdividido em dois períodos distintos,devendo esta decisão ser comuni-cada à Direcção Regional deEducação, até 27 de Abril de 2007.

2.1. As interrupções nos períodosdo Natal e da Páscoa, das activida-des educativas com crianças nosestabelecimentos referidos noponto 2, devem corresponder a umperíodo de cinco dias úteis, segui-dos ou interpolados, a ocorrer res-pectivamente, entre os dias 18 deDezembro de 2006 e 2 de Janeirode 2007, inclusive, e entre os dias26 de Março e 9 de Abril de 2007,inclusive, de acordo com o artigo16º do Decreto Legislativo Regionalnº 16/2006/M, de 2 de Maio.

2.2. Haverá igualmente um períodode interrupção das actividades edu-cativas com crianças entre os dias19 de Fevereiro e 21 de Fevereirode 2007, inclusive.(...)

Despacho n.º 18/2006

Prof - Publicação do Sindicato dos Professores da Madeira - nº 72 - Outubro/Novembro de 2006

1º Ciclo11

Opinião

Iniciamos mais um ano escolarda pior maneira possível.Continuamos numa nebulosa con-fusão de perda de direitos eganho de deveres e obrigações.Um Estado cego e enviesado pelocontrolo da despesa não olha ameios para atingir os fins.Corremos o risco de sermos, infe-lizmente, os pioneiros de uma

mudança radical, em que oEstado quer, definitivamente, ver--se livre das suas obrigações -não nos esqueçamos que oEstado tem o dever de garantir oacesso a uma educação de quali-dade a todos.

A par desta (ir)realidade temosainda a nível regional uma Escolaa duas velocidades. O eternoparente pobre da Educação con-tinua a ser alvo de uma discrimi-nação negativa em todas as ver-tentes.

Por um lado, confronta-se coma pseudo gratuitidade da educa-ção, mas, e somente por umaquestão de sobrevivência (leia-sefuncionamento mínimo de qualida-de), vê-se forçada a cobrar umpreço por este direito constitucio-nal e coloca sobre os professoresa obrigação moral e profissionalde explicar a sua necessidade.

Por outro lado, não se permitea verdadeira autonomia das esco-las em várias frentes. Quero nestemomento centrar-me no direito deorganizar e estruturar a Escola aTempo Inteiro de acordo com asnecessidades das famílias. Não seentende como é que passada umadécada sobre a implementaçãodeste novo regime, não seja per-mitido à Escola estruturar-se porforma a ganhar a sua maioridade.Todos os anos, os professoressão obrigados a explicar aos pais,

o inexplicável! Como é que se jus-tifica que, pese embora a capaci-dade física da escola de poderdesenvolver as actividades curri-culares no turno da manhã, seveja essa possibilidade coarctada,por alguém que não percebe aessência da Educação?

Felizmente, e para o bem detodos, principalmente das nossas

crianças, parece haver luz aofundo do túnel. Pelo menos assimparece transparecer um ofício cir-cular da DRE que refere a aplica-ção do descruzamento das activi-dades no próximo ano lectivo.Esperamos sinceramente que osonho de muitos professores efamílias se torne realidade - e a"teimosia" do Sindicato terá validoa pena!

Ana Magalhães(Coordenadora do 1º Ciclo)

O Estado do Sítio

2º, 3º Ciclos e SecundárioProf - Publicação do Sindicato dos Professores da Madeira - nº 72 - Outubro/Novembro de 200612

Avaliação descontextualizadaRankings das escolas

O SSindicato ddos PProfessores ddaMadeira, aatravés ddaCoordenadora ddo 22.º, 33.º CCiclos eeSecundário, IIsabel CCardoso, mmani-festa aa ssua ttotal ooposição àà ""ran-kinguetização" ddas eescolas pporvárias rrazões, ddestacando-sseentre eelas aa ddescontextualizaçãoem qque ttal aavaliação oocorre.

A publicação dos rankings dasescolas públicas e privadas, apesarde ser a quinta vez em que aconte-ce, suscita, segundo a referida diri-gente sindical, um sem número deconsiderações acerca dos objecti-vos que presidem a esta opção doMinistério da Educação e às suasreais consequências. Isabel Cardosoquestiona se a principal delas é "aconsagração do direito à informaçãoou a "rankinguetização" (ranking +gueto)".

Acrescenta ainda que a "posiçãocrítica do SPM sempre foi muitoclara a este respeito: é inaceitávelque se comparem escolas inseridasem contextos diferenciados e ser-vindo populações com característi-cas socioculturais e económicasdiversas".

Mesmo assim, a dirigente sindicalrealça que "importa reflectir agorasobre as consequências que este

acontecimento público tem tidosobre a vida das nossas escolas, ouseja, em que é que melhorou o sis-tema educativo com a publicaçãodo ranking das escolas?". A respos-ta à questão por si levantada surgede imediato: "aparentemente nada,porque mantém-se sensivelmenteconstante o lugar que cada escolaocupa desde 2001, ou seja, cincoanos passados, as escolas conti-nuam a revelar incapacidade parapromover no seu seio condiçõespara superar as eventuais deficiên-cias que conduziram aos lugaresmais baixos da tabela".

Para Isabel Cardoso, esta é aaltura para ir mais longe na reflexão:"estas deficiências são essencial-mente de natureza exógena ouendógena à escola? Que responsa-bilidades recaem sobre a estrutura-ção e a dinâmica de cada comuni-dade educativa? Ou, em última aná-lise, de que defeitos padece o pró-prio regime de avaliação dos alu-nos?"

LISTAGEM FFOMENTAA EELITIZAÇÃO

A dirigente do SPM classifica osrankings como "rotulagem negativade um número elevado de escolas",

que em nada contribui para a valo-rização do seu papel dentro decada contexto social que integram."As famílias com maiores possibili-dades económicas passam a regeros seus critérios de escolha emfunção do lugar na listagem agoraapresentada, sendo esta a peçafundamental para a engrenagem daelitização", acusa ainda IsabelCardoso.

A sindicalista vai mais longe, afir-mando que este não é o modelo deescola pública que o SPM defendee que a nossa Constituição consa-gra. Na sua opinião, ao serviço daselecção por "pre-conceito" ideoló-gico ou confessional estará a esco-la privada e à "escola pública cabea tarefa de promover a qualidadede tal modo que sejam garantidasas condições presentes e futuraspara uma cidadania plena, condi-ção primeira da democracia".

Em jeito de conclusão, IsabelCardoso afirma que "este modelode avaliação externa sumativabaseada exclusivamente nos exa-mes nacionais tem-se revelado pro-fundamente perverso e injusto,contribuindo para o agravamentodo isolamento e da estigmatizaçãodas escolas".

João Sousa

12

No interior13

Mistério no MinistérioEstatuto proposto esquece esta área

Os ddocentes dda EEducaçãoEspecial fforam eesquecidos nnasdiferentes ppropostas dde aalteraçãoapresentadas ppelo MMinistério ddaEducação, iincluindo aa fformaçãoespecializada.

Parece já ter-se tornado umhábito os professores acabarem ecomeçarem o ano lectivo emconstante sobressalto e constran-gimento. A Dra. Maria de Lurdesaproveitou o Verão e, enquanto os"mandriões" dos professoresgozavam as férias, diabolicamentecongeminava com a sua equipaministerial (porque ela é apologistado trabalho de equipa!), todas asjogadas possíveis para fazer che-que-mate à vida profissional dosprofessores e educadores do país.

A Sra. Ministra está determina-da em dar o exemplo aos seuscolegas ministros e assim, à custado genocídio da classe docente,ela prevê recuperar financeiramen-te o país e entrar gloriosamentepara a história.

O Ministério da Educação apre-sentou, até à data, três versões dealteração ao Estatuto da CarreiraDocente, cada uma delas pior doque a anterior. Inexplicavelmente,nenhuma dessas versões mencio-na a educação especial nem osprofessores e educadores destaárea. Ou melhor, retirava-os da"Formação especializada - desem-

penho de outras funções educati-vas", com as consequênciasóbvias que todos calculamos…

O coordenador nacional daEducação Especial, Vítor Gomes,que integrou a Mesa Negocial 4 daFENPROF, mostrou a sua preocu-pação e descontentamento comessa falta de referência. Conformeo combinado e num esforço nego-cial, enviou ao Chefe de Gabineteda SEAE (Secretaria de Estado daAdministração Educativa), Dr.Vasco Manuel Alves, um docu-mento sobre o conteúdo funcionalda Educação Especial que constado Despacho 10856/2005 de 13de Maio (ler caixa, ao lado).

Entretanto o ME fez sair umaresposta à contra-proposta daFrente Comum, assinada pelastreze organizações sindicais deprofessores e educadores do país.Essa resposta foi uma clara tentati-va de chantagem que foi confirma-da por todos os que a leram. Évergonhoso que Portugal, umEstado Democrático há 32 anos,tenha chegado ao cúmulo de terum governo deste cariz.

Visto que o ME não conseguiu aaprovação dos sindicatos e dosprofessores para a pretendidamanipulação, avançou depressacom a quarta versão de alteraçãoao Estatuto (última até à data). AEducação Especial continua a nãoser considerada, apesar de apare-cer de fugida no Artigo 77º daComponente Lectiva. Isto levantauma questão: afinal a especializa-ção já não nos vai servir paranada? Bom, sabemos bem queela há-de ser sempre uma maisvalia, mas parece é que não vãoquerer reconhecê-la. A julgar pelaexperiência a que já nos acostu-mou a Sra. Ministra, esta lacunadeverá fazer parte de uma maquia-vélica estratégia.

Helena Paula Freitas(Coordenadora do Ensino

Especial)

CCoonntteeúúddoo ffuunncciioonnaall ddooss ddoocceenntteess ddee EEdduuccaaççããoo EEssppeecciiaall

Eis a proposta de Vítor Gomes:a) Apoiar os alunos e respectivos docentes,no âmbito da sua área de especialidade,nos termos que forem definidos nos pro-jectos educativo e curricular da escola e noprograma educativo individualizado doaluno;

b) Contribuir activamente para a diversifica-ção de estratégias e métodos educativosde forma a promover o desenvolvimento ea aprendizagem das crianças e jovens daescola;

c) Colaborar no desenvolvimento dasmedidas previstas no Decreto-Lei nº319/91, de 23 de Agosto, relativas a alunoscom necessidades educativas especiais;

d) Promover a existência de condições nasescolas para a inclusão sócio-educativadas crianças e jovens com necessidadeseducativas especiais;

e) Elaborar os relatórios individuais de cadaaluno, bem como das actividades realiza-das, e enviá-los ao conselho de turma oudocentes, ao órgão de gestão e à equipade coordenação de apoio educativo;

f) Colaborar com os órgãos de gestão e decoordenação pedagógica da escola nadetecção de necessidades educativasespecíficas e na organização e incrementodos serviços educativos adequados;

g) Colaborar com os órgãos de gestão ede coordenação pedagógica da escola ecom os docentes na gestão flexível doscurrículos e na sua adequação às capaci-dades e aos interesses dos alunos, bemcomo às realidades locais;

h) Contribuir para a igualdade de oportu-nidades de sucesso educativo para todasas crianças e jovens, promovendo a exis-tência de respostas pedagógicas diversi-ficadas adequadas às suas necessidadesespecíficas e ao seu desenvolvimentoglobal;

i) Articular as respostas a necessidadeseducativas com os recursos existentesnoutras estruturas e serviços;

j) Participar na melhoria das condições edo ambiente educativo da escola numaperspectiva de fomento da qualidade e dainovação educativa.

Proposta da FENPROF

Ensino ProfissionalProf - Publicação do Sindicato dos Professores da Madeira - nº 72 - Outubro/Novembro de 200614

Contrato Colectivo de Trabalho

As nnegociações ddo CContratoColectivo dde TTrabalho ccaíramnuma ccerta iinércia.Empenhamento rreivindicativo eeunião ddos ddocentes ppoderão ddarum fforte iimpulso.

Mas passemos ao ponto emque estão as negociações para oContrato Colectivo de Trabalho.

Primeiro, não existe umContrato Colectivo de Trabalho. Oque as escolas profissionais têmfeito é orientar-se pelo contrato doEnsino Particular e Cooperativoque, como todos sabemos, é maispenalizador para os docentes e

não se enquadra no sistema doEnsino Profissional por ser umensino por módulos.

Segundo, desde que se falanesta questão à ANESPO,(Associação Nacional do EnsinoProfissional) criou-se uma inérciaque se mantém há alguns meses.

A FENPROF, na qual se integrao SPM, alerta uma vez mais osprofessores e educadores paraum empenhamento reivindicativono que toca à igualdade de condi-ções de carreira, trabalho e remu-nerações entre todos os docentesdo país.

Exigimos do Ministério da

Educação/Ministério do Trabalho eda ANESPO um ContratoColectivo de Trabalho para os pro-fissionais do Ensino.

Perante o contexto políticosocial em que vivemos, hoje maisdo nunca, temos que estar alertase coesos. Divididos ficamos maissós, tornamo-nos mais frágeis emenos capazes de lutar porobjectivos comuns. Tal como ummolho de varas unidas, seremosmais fortes. Lá diz o velho ditado"a união faz a força".

José Diogo (Coordenadorda Formação Profissional)

Procuram-sse ddireitosOs anos oitenta foram anos de relan-

çamento do Ensino Profissional emPortugal. Surgiu para fazer face aoaumento do insucesso escolar de mui-tos jovens.

Simultaneamente o país tinha neces-sidade de crescer em desenvolvimentoperante as dimensões da inovação tec-nológica.

Com o passar dos anos as EscolasProfissionais têm-se constituído comouma alternativa de formação académi-ca, técnica, tecnológica e profissionalpara muitos estudantes.

A maior procura e correspondenteresposta satisfatória têm apontado aosalunos perspectivas a vários níveis: deinserção qualificada no mundo do tra-balho, de prosseguimento de estudossuperiores e de valorização pessoal dosjovens.

No que toca à valorização, esta infe-lizmente, não se refere aos docentesque trabalham neste sector, pois nãobeneficiam dos mesmos direitos que osoutros colegas dos vários ramos deensino. Será absurdo considerar queeducadores e professores sejam discri-minados em função do local de trabal-ho ou do sector em que exerçam a sua

actividade. Pergunta-se: terão as mes-mas responsabilidades? É claro quesim. Então, devem ter os mesmos direi-tos. Deixar para amanhã as reivindica-ções, será tarde. Urge fazer sentir aosproprietários dos estabelecimentos doEnsino Profissional e à opinião públicaque não poderá haver Ensino de quali-dade enquanto não for reconhecido aosdocentes, a todos os docentes, o res-peito por uma profissão digna.

Se o valor social de um professor ea sua dignidade não forem entendi-dos, respeitados, qualquer outra pro-fissão dos futuros homens deixa deter crédito.

Opinião

Inércia domina negociações

Gosto da cor azul do céuA reflectir-se em seu espelho: o mar,Do azulão que ostentam as hortênsiasNa berma das estradas a enfeitar!

Gosto do quinhão saboroso que me cabeQuando as pessoas partilham a amizade...E de ouvir falar quem sabeE me empresta à alma felicidade.

Gosto do pôr-do-sol de OutubroQue derrame cores púrpuras no horizonte,Gosto do cantar da fonte,Que da rocha dura, saiEm busca da levada.Gosto de ficar paradaE olhar, olhar, em redorE em tudo ver amor.

E se há sinfonia que, por nada, perco,É o cantar dos pássaros ao amanhecerGosto do toque das "Ave-Marias"Quando o dia se prepara pr'a morrer.

Com gosto vejo a LuaQuando coloca sua face circularE jorros de prata, brilhante (sua luz)Põe à tona d'água a cintilar!

Gosto do cheiro da murtaQue é espalhada pelo chãoE que o povo, crente, vai pisandoDepois de passar a procissão.

Gosto de ouvir o som do violinoPelas naves da igreja a ecoar...Eleva a alma para o que é divinoDeixa-nos, sem palavras, a rezar!

Gosto de estar - e não me canso -Com pessoas lindas por dentroE, com sorte, o tenho feito na apresentaçãoA todas elas a minha gratidão.

E de que coisas mais, gosto eu?De viver tranquila e de pensarQue um dia terei lugar no Céu...

28/06/2006Dulce Gonçalves

Gostar* avança sem demorasporque a caminhada é longa

* estende a mão aos que caírame assim se deixaram ficar

* sopra como a aragem fresca doamanhecer e afastarás todo o desânimo

* recorda sem mágoa o tempodesperdiçadoe não voltes a repeti-lo

* ergue o olhar e, muito baixinho,no silênciodo teu ser, diz apenas: Obrigado!

* olha em redor e canta a cançãoda Esperança.

Grasiela Camacho

Coragem

"Desejo morrer de mortelenta para sentir

o processo impregnar-seem mim."

Marguerite Yourcenar

Apaixonei-me por Yourcenar, no momento em que asua escrita veio até mim ("Se Maomé não vai à Montanha,vai a Montanha a Maomé").

Tive este contacto no Círculo de Leitura e Escrita. Nesteespaço dedicamo-nos ao estudo de escritores e suasobras.

Yourcenar, mulher bonita, simpática e inteligente, abdi-cou do seu meio burguês, abastado e brasonado no qualnasceu e viveu parte da sua vida, inserindo-se no outrolado da sociedade, onde a liberdade é escolha. Estaopção deu-lhe vivências, ricas de ingredientes, suficientespara enriquecer a bagagem de uma escritora que assen-tou a sua obra num conhecimento humano e profundo,que nos encanta.

A escrita de Yourcenar é fluida, criativa e muito profun-da. "Desejo morrer de morte lenta para sentir o processoimpregnar-se em mim". É impossível ficar indiferente aopeso deste pensamento.

No género narrativo, o encanto é o mesmo. As palavrasescorrem levemente, claras, transparentes, cantantes,como a água num regaço. A lucidez que imprime ao queescreve é uma constante na sua obra.

Na opinião de alguns críticos, altamente especializados,só encontram paralelo na "intuição vernácula" de TomasMan e, é considerada ainda por outros, como um dosmaiores vultos da literatura Francesa do pós-guerra, aonível de Jean Paul Sartre e Louis Aragon.

Yourcenar é completa, versando a sua obra, tanto aprosa como a poesia, ou a ficção e romances históricos.

Muito fica por dizer. Deixo para quem de direito lhepossa fazer justiça.

A minha paixão por esta escritora, não fica apenas naleitura privada, mas no desejo de compartilhá-la, comalguém mais. Assim, cá estou, reduzida à minha dimen-são, impressionando esta folha com palavras simples, ten-tando testemunhar a grandeza deste vulto da Literatura.

Descobrir Marguerite Yourcenar é enriquecer o nossomundo literário e humanístico. Descobri-la é um desafio.

Conceição Gouveia

O mar abraça a terra."Venha de onde vier, o poeta estará

sempre no meio do oceano.""Esteja onde estiver, a ilha

será sempre um acto poético."Poema e ilha abraçam-se.

Os momentos nascem e são os seres humanos que osgeram, lhes dão visibilidade e os engrandecem.

Dentro desta Ilha, o nosso Círculo de Leitura e Escritaconstruiu e viveu momentos que ficarão fortemente grava-dos na memória. Poder-se-ia considerá-lo igualmente umailha, não fossem os caminhos que desbravámos, os voosque realizámos e as pontes que erguemos. Tudo para ate-nuar a "insularidade" deste grupo de professoras aposen-tadas.

Todas juntas estivemos. Todas juntas ouvimos. Todasjuntas lemos. Todas juntas rimos. No meio, flutuavamprosa e poesia em ondas de emoção.

Foi muito bom estar aqui com as colegas. Com todas ecom cada uma. Experimentámos o prazer de uma viagemque espicaçou qualidades, avivou sentimentos e propor-cionou conhecimentos renovados. E o barco lá ia navegan-do por mares e oceanos literários, seguindo, quase invisí-vel, uma já longa rota de afectos sob um céu, umas vezes,estrelado de palavras brilhantes e cristalinas, outras, nubla-do de dúvidas e interrogações.

O nosso espírito tornou-se mais rico e tanto mais ricoquanto mais ampla era a partilha; alegrias, inquietações,saberes brotavam da fonte inesgotável das palavras. Seresvivos da escrita, essas palavras, como nichos de sentido,alcançado pelo refinamento da arte de as combinar, ilumi-navam-se à nossa leitura e extasiavam-nos, muitas vezes,pelos traços de beleza da expressão poética. Carregadasde humanismo, até nos faziam sonhar com um mundomelhor, sem ambições desmedidas, sem violências, semguerras, sem ódios, sem terror nem injustiças. Nessemundo de sonho, as consciências mudavam enquanto eradestronado o individualismo do "cada um por si".

Mas não há tempo para demoras. O melhor é deixar delado "as palavras", retomar a viagem, pois o barco está achegar ao porto para mais uma escala.

Estes passageiros voltam a confiar em quem os coman-dou e não se esquecem de dizer reconhecidamente, commuito carinho e amizade, o seu "muito obrigado".

29-06-2006Lídia Barbeito

Descobrir YourcenarTodas juntas estivemos

Fui ProfessoraFui professora mais de trinta anos, por acaso. Se fui boa,

má ou assim-assim os meus ex-alunos é que sabem. Masdurante esses anos tive presente na memória alguns dosmeus professores. A uns, confesso, que me esforcei por imitá--los, mas a outros, a grande maioria, nem pensar...

Quando entrei para o Liceu Jaime Moniz, o edifício aindanão estava totalmente acabado. As raparigas entravam pelarua da Rochinha, atravessando as ruínas dos casebres que aíhavia. Os rapazes entravam pela "Bela de São Tiago". As tur-mas, a maior parte, eram mistas mas as entradas e os pátioseram separados. O exagero era de tal ordem e estava tãoentranhado que mesmo quando se saía do liceu, fora da alça-da de professores e contínuos, continuavam as raparigas paraum lado e os rapazes para o outro. Uns olhares, uns sorrisos,umas "catrapiscadelas" e pronto.

Os professores?Durante muitos anos, gerações mesmo, mantinham-se os

mesmos. Concediam uma espécie de chancela, de certificado.Andar no Liceu significava ser aluno da D. Eulália, do Dr.Nóbrega, do Dr. Camacho, do Dr. César Figueira César e doDr. Horácio Bento.

Tantos anos passados aindaestremeço ao lembrar o tor-mento que eram para mim asaulas de Matemática e deFísico-química. Matemática,então, era um trauma, comoagora se diz. Ficava marcadadesde o primeiro exercício edos "estenderetes" nas idas aoquadro. Tive de passar sempre"cambada" a Matemática e afazer os exames como alunaexterna. Surpreendentementepassei sempre e com treze!

Recordo o sarcasmo e asobranceria com que o profes-sor de Física nos tratava. E senão fosse o Sr. Cró (o contínuo do laboratório de Física) a ensi-nar-nos, nas aulas de Trabalhos Práticos, ficávamos sem sabernada.

Mas há pormenores para mim inesquecíveis como porexemplo: passarmos aulas a talhar rolhas de cortiça paracaberem no gargalo dos frascos, quando as havia à medida,nas lojas de ferragens, e custavam uma tuta-e-meia! E aindahoje quando pego num frasco ou numa garrafa faço-o semprecom o rótulo virado para a palma da mão, como se se tratassede frascos de laboratório.

Quando mais tarde mudei de professor é que compreendique se podia aprender física e química de uma maneira bemmais interessante.

Tive a Português um competente professor e uma jóia depessoa, o que compensou o do 7º ano, temperamental eagressivo, chamando-nos nomes, o mais suave dos quais era"suas mulas".

Com o professor de História esta disciplina parecia-me acoisa mais enfadonha do universo. Quando nos dirigia a pala-vra - coisa muito rara - era pelo número e nem nos olhava.

Passeava à nossa frente, da porta para a janela, da janela paraa porta num vaivém entorpecente que nos fazia cabecear edormitar. Com o calor e com as aulas às duas e meia era defugir!

Tive vários professores de geografia. Um deles era muito"folclórico". O sinal de "baleia à vista" fazia-o abandonar a aulaa meio para acompanhar mais de perto os preparativos dopessoal da fábrica de que era sócio para a captura do cetá-ceo... E nós, claro, com grande desgosto, já se vê... Masquando resolvia dar uma aula a sério era mesmo bom.

Outra, foi uma professora do continente que nos deu, pes-simamente, a geografia. Veio efectivar-se para a Madeira e porisso teve de deixar o marido no continente. Quando ouvia assirenes dos navios que aqui passavam, choramingava e diziaque só se lembrava do marido que tanta falta lhe fazia! Asraparigas achavam isso muito romântico, mas os rapazes nemtanto... Fungavam de riso o resto da aula...

Quem nos punha alteradas era o professor de Latim. Comuma memória inenarrável, apavorava-nos com a velocidadecom que ditava apontamentos e com as ameaças de chumbo

certo, dada a nossa ciclópicaignorância.

O professor de Inglês, deapelido “O Capicua”, divertia-nos com os seus exemplossurrealistas em que era vulgarhaver "vacas em cima dos tel-hados" sob a vista das "tias deum leão".

Ouvido de "tísico", o profes-sor de Canto Coral detectavaimediatamente qualquer tentati-va de desafinação que se fizes-se para ficar "dispensada" dasaulas. Bastava eu sussurrarqualquer coisa à colega do ladopara que ele, de costas, orde-nasse logo: Carreira! Rua! Tinha

pachorra e pulso forte para ensaiar uns cânticos em latim,chatérrimos, que se cantavam na Sé, no 1º de Dezembro.

Não posso deixar de recordar a professora de Lavores. Deum estrabismo aflitivo (para ela e para nós) remoçou e tornou-se chiquíssima, depois de ter sido operada à vista com umêxito retumbante.

A Filosofia, no 7º ano, "apanhei" uma professora que creiosó cá ter estado um ano, para se efectivar. Foi uma maravilha:sabedora, alegre, bem disposta, nem demos pelo peso da"cadeira"

Por recordar agora tantos professores vejo que entraram naminha vida. Alguns marcaram-na para o bem ou para o mal.

Fecho os olhos para me concentrar e imagino-os ainda apassar nos corredores do Liceu.

E penso: Que Professora fui eu? Consegui imitar os meusbons mestres ou ainda fiquei com alguns "tiques" dos maus?

Como saber? Havia meios, talvez, mas parece que prefiroficar na incerteza. É mais cómodo...

Amélia Carreira

Ficara-me de menina o desejo de visitar oConvento de Santa Clara quando assistia às "Missasdo Galo", acompanhadas de cânticos de Natal, ento-ados pelas vozes misteriosas das freiras de clausura,ocultas atrás das grades da Igreja.

Mais tarde, sempre que passava perto doMiradouro das Cruzes e contemplava a elegantetorre com a magnífica cúpula azulejada que se erguesobre o casario, sentia renascer com mais premênciaesse desejo.

A oportunidade surgiu quando nos "Encontros deArte e Património" do Departamento de ProfessoresAposentados do SPM, orientados pela EscultoraTeresa Brazão, foi sugerida a visita guiada aoConvento.

No dia aprazado, subi a íngreme calçada de SantaClara, actualmente mais aprazível e segura, libertaque está de carros estacionados e encontrei-me como numeroso grupo de colegas, junto ao portal enci-mado pelo símbolo franciscano.

Guiadas pela Teresa, que nos explicou tudo empormenor, passámos pelo pátio e entrámos no con-vento por duas portas de arco abatido, encimadaspela imagem de Santa Clara. A partir daí foi um des-

lumbramento: os painéis de azulejos com moldurabarroca, os altares, os retábulos em talha dourada,com pinturas e em talha policromada, os tectos"mudéjar" e oitavados com entalhe, a grande varie-dade de azulejos dos séc. XVI e XVII, que forram asparedes e o chão, alguns muito raros e mesmo úni-cos em Portugal, os nichos, as imagens, as telas, oslampadários, o cadeiral com espaldar geométrico e"misereris", as pias, as colunas em madeira e pedra,as portas com pinturas, o sacrário em prata, o órgãoe o túmulo manuelino do séc. XVI, a Igreja de ondesaímos por uma porta lateral, em ogiva, para oalpendre, com colunas, que dá acesso ao pátio poronde entráramos e onde terminou a visita que, paramim, foi a mais marcante embora as outras quepasso a citar também tenham sido bastante ricas eesclarecedoras: Igreja do Colégio, Sé Catedral,Museu de Arte Sacra, Museu da Quinta das Cruzes,Igreja de São Bento e sala das pratas, na RibeiraBrava, Igreja Matriz e Capela da Lombada na Pontado Sol e Capela das Angústias na Quinta Vigia.

Parabéns Teresa, por teres partilhado tão bemconnosco os teus conhecimentos.

Vanda Leal Teixeira

Uma visita a Santa Clara

ACTIVIDADE HORÁRIO DDUURRAAÇÇÃÃOO

IINNGGLLÊÊSS CCOOLLOOQQUUIIAALL ((NNíívveell IIII))HHIISSTTÓÓRRIIAA DDEE AARRTTEEPPOOWWEERR PPOOIINNTT ((NNoovveemmbbrroo))GGIINNÁÁSSTTIICCAA AAEERRÓÓBBIICCAA VVÍÍDDEEOO EE TTRRAATT.. FFOOTTOOGGRRAAFFIIAA ((JJaann..))AALLIIMMEENNTTAAÇÇÃÃOO NNAATTUURRAALL ((FFeevv//MMaarr)) ****CCAANNTTOO CCOORRAALLTTÉÉCCNNIICCAASS DDEE DDEESSEENNHHOO EE PPIINNTTUURRAA **CCOORRPPOO EEMM MMOOVVIIMMEENNTTOO DDAANNÇÇAASS DDEE SSAALLÃÃOO IINNTTEERRNNEETT ((JJaanneeiirroo))IINNTTEERRNNEETT - 22ºº nníívveell - ((FFeevv..//MMaarr..))AARRTTEE EE PPAATTRRIIMMÓÓNNIIOO ((22ºº ppeerrííooddoo))IINNGGLLÊÊSS CCOOLLOOQQUUIIAALL ((NNíívveell II))SSEENNSSIIBBIILLIIZZAAÇÇÃÃOO MMÚÚSSIICCAA CCLLÁÁSSSSIICCAA PPIINNTTUURRAA EEMM AAZZUULLEEJJOOSS CCIIRRCCUULLOO DDEE LLEEIITTUURRAA EE EESSCCRRIITTAA AARRRRAANNJJOOSS FFLLOORRAAIISSIINNTTRROODDUUÇÇÃÃOO ÀÀ IINNFFOORRMMÁÁTTIICCAA ((WWoorrdd))

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* IIntegrado nno CClube dda EEscola FFrancisco FFranco

Ensino Superior19

Os ccortes dde ddinheiro ppara aasuniversidades pprevistos nnoOrçamento dde EEstado ((OE) dde2007 ""vão ccriar mmuitos ppro-blemas" nno eensino ssuperior,prevendo-sse ddespedimentos.

Os cortes orçamentaispara o ensino superior em2007 chegam a atingir os7,5% em algumas instituições,apesar do aumento global donúmero de alunos ingressa-dos, provocando ou acen-tuando a situação de muitosorçamentos não chegaremsequer para pagar ao pessoal.

A proposta de lei doOrçamento de Estado para2007 pretende ainda obrigaras instituições a entregaremà Caixa Geral deAposentações 7,5% dasremunerações sujeitas a cotapara aquela entidade, o que,a concretizar-se, agravaráainda mais as suas dificulda-des financeiras.

Como consequência, asinstituições estão sobre pres-são para adoptarem solu-ções de recurso destinadas aacomodar os gastos compessoal aos parcos orça-mentos que lhes estão a serimpostos.

NÃO RRENOVAÇÃODE CCONTRATOS

Recorrem (ou prevêemrecorrer) à não renovação de

numerosos contratos, e lan-çam mão de expedientes"criativos" (mais ou menos ile-gais) destinados a reduzir oprazo de duração e/ou osencargos salariais de muitosoutros. Há propostas de"renovação" de contratos por3, 5 ou 11 meses, de passa-gens a tempo parcial e decompromissos forçados denão solicitação de passagemao regime de dedicaçãoexclusiva. Há a imposição decargas lectivas para além docontratado ou do estabeleci-do nos estatutos de carreira.

Contudo, é importanteacentuar que estes despedi-mentos e estas reduções dedireitos não são inevitáveis!

É possível pressionar oMinistério para que sejam atri-buídos os reforços orçamen-tais necessários.

Tal implica que os respon-sáveis institucionais reclamemdo Ministério esses reforços,de modo fundamentado nanecessidade de manter aqualidade do ensino e asse-gurar a continuidade dos con-tratos dos docentes, semredução dos respectivos direi-tos, realçando os esforçosque têm desenvolvido paraaumentar a relevância socialdas formações que oferecem.

É, assim, preciso que osReitores e os Presidentes,cujas Universidades eInstitutos Politécnicos se

encontrem em ruptura finan-ceira, bem como os respecti-vos docentes e os sindicatos,desenvolvam acções conver-gentes com vista à defesados postos de trabalho noensino superior público, poisa capacidade instalada emrecursos humanos não édemais para as necessidadesdo país na formação dapopulação, na investigação ena inovação.

MINISTRO FFALOU EM DDISPONIBILIDADEORÇAMENTAL

O Ministro Mariano Gagoafirmou à FENPROF e aoSNESup, em 31 de Julho,que haveria disponibilidadeorçamental para um reforçodos contratos-programa noscasos de instituições que, jus-tificadamente, se encontras-sem em dificuldades paraassegurar o pagamento dossalários.

É preciso reclamar doMinistro que demonstre queaquelas afirmações são paravaler, que efectivamente de-seja promover o empregocientífico (a começar pela suanão redução) e que, em con-sequência, assegure o finan-ciamento necessário para semanterem os actuais postosde trabalho no ensino supe-rior público.

Entretanto, é inaceitável

que continue sem ser concre-tizado o direito ao subsídio dedesemprego. Esta luta man-tém-se e será reforçada. Esteproblema tem que ser resolvi-do, embora nos empenhe-mos, por outro lado, para quenão haja necessidade de oaplicar a colegas nossos. Éimportante também a imedia-ta concretização do sistemade bolsas para docentes queestiveram vinculados ao ensi-no superior (público ou priva-do), acordado com o Ministroem 31 de Julho, após grandepressão sindical.

A FENPROF irá dar conti-nuidade ao trabalho que temdesenvolvido com o SNESupe esforçar-se por estar à altu-ra das exigências da situaçãoactual.

COLEGA,

Participe nestas batalhas!É urgente informar os sindica-tos sobre os casos de nãorenovação de contratos ou deredução de direitos que sejamdo seu conhecimento!Defenda o seu emprego esolidarize-se com os seuscolegas mais vulneráveis! Dêmais força a este objectivo!Sindicalize-se! (se não é essajá a sua situação).

João Cunha Serra(Coordenador do Ensino

Superior na FENPROF)

Despedimentos não são inevitáveisCortes às Universidades

Expressão LivreProf - Publicação do Sindicato dos Professores da Madeira - nº 72 - Outubro/Novembro de 200620

Bloco Nêspera

UUmmaa nnêêssppeerraa

eessttaavvaa nnaa ccaammaa

ddeeiittaaddaa

mmuuiittoo ccaallaaddaa

aa vveerr

oo qquuee aaccoonntteecciiaa

cchheeggoouu aa VVeellhhaa

ee ddiissssee

oollhhaa uummaa nnêêssppeerraa

ee zzááss ccoommeeuu-aa

éé oo qquuee aaccoonntteeccee

ààss nnêêssppeerraass

qquuee ffiiccaamm ddeeiittaaddaass

mmuuiittoo ccaallaaddaass

aa eessppeerraarr

oo qquuee aaccoonntteeccee

Mário HHenrique LLeiria

(Novos CContos ddo GGin TTonic)

http://olhodefogo.blogspot.com/O ex-Coordenador-Editor do Prof Magazine, Nélio deSousa, possui um blogue, neste endereço, muito interes-sante para os cibernautas, em geral, e para os docentes,em particular, porque apresenta informação detalhadasobre a actualidade da Educação, entre outras temáticascomo o surf, a cultura, o ambiente, a política,... O própriocaracteriza o Olho de Fogo como a "Região autónoma deexpressão, na potência máxima de vida, de um cidadãofreelance". Recomenda-se!

Professores na Net

Expressão Livre21

Li, há pouco tempo, jánão sei onde, e transcrevipara os meus registos dereflexão, uma parte de umtexto do ProfessorUniversitário AméricoNunes Peres. A páginastantas achei curioso o seuposicionamento que aquitranscrevo: "(...) A propó-sito dos formadores, tra-zemos à colação o troca-dilho atribuído a BernardShaw (1920): Quem sabe,faz. Quem não sabe, ensi-na. Alguém completoueste pensamento acres-centando: Quem não sabeensinar, forma professo-res. Quem não sabe for-mar, faz investigaçãopedagógica (Nóvoa, 1991:75). Embora este rifão ridi-cularize, de uma formairónica, o papel do forma-dor e do investigadorpedagógico, em nossaopinião contém algo deverdade. As investigaçõessobre a figura do forma-dor de professores sãopraticamente inexistentes.Em Portugal, e em muitosoutros países, a formaçãode professores é feitapelas Universidades eEscolas Superiores de

Educação, sem uma liga-ção estreita com asEscolas do mesmo níveldos formandos. Os forma-dores ignoram os contex-tos reais onde os futurosprofessores vão exercer asua profissão. Por outrolado, os critérios de selec-ção destes formadoresapenas levam em contaas habilitações académi-cas, menosprezandocompetências pedagógi-co-didácticas e, ainda,outras capacidades /habilidades tais como:sensibilidade, liderança,comunicação, motivação,cooperação, abertura críti-ca, etc. (...)".

Da experiência docenteque transporto, sublinha-da nos últimos anos atra-vés da função de orienta-dor pedagógico de pro-fessores estagiários, leva--me a dizer que aqueleacadémico acertou emcheio em um dos proble-mas que afectam o ensi-no. Há, de facto, a par demuitos outros factores,uma evidente e genéricaignorância dos formado-res relativamente à reali-dade com que o professor

se confronta hoje no exer-cício da docência. Aasserção: quem não sabeformar faz investigaçãopedagógica, pode signifi-car, grosso modo, a pre-valência da investigaçãopedagógica, baseada emteorizações, algumaspouco fundamentadas(tenho assistido a situa-ções de puro fundamenta-lismo pedagógico) que, namor das vezes, conduzema discutíveis paradigmas,quando é bem diferente arealidade da escola nosplanos social, económicoe cultural das populaçõesque a demandam. Ecomo se isso não bastas-se, o ano de estágiopedagógico, pelo menosna área onde tenho tidoresponsabilidades, consti-tui-se, por teimosia, naaplicação de um quadroque não tem em conta arealidade e as necessida-des que o académicoenaltece e eu sublinho.

Há excepções, é certo,todavia, a maioria dosjovens professores denun-ciam, pelo menos nos pri-meiros anos de docência,evidentes fragilidades

quando em causa estão acapacidade de liderança,de comunicação e, ainda,de sensibilidade no exer-cício do seu mister. Tenho,por isso, como adquiridoque não basta transportarum dado conhecimentotécnico-científico e debitá--lo, programaticamente,ao longo do ano escolar.Para que isso aconteçacom resultados positivos,na formação geral, espe-cífica e humanista doaluno, há que atender, nãoa uma pedagogia tiporeceita que serve qualquerpopulação, mas a umacapacidade acrescentadaque conduza o professora descobrir o sentido dasua acção pedagógicaface à Escola que serve eàs turmas (todas diferen-tes) onde lecciona, nopressuposto de que a vidae o Mundo são muitomais que um exercícioque se resolve ou umahabilidade motora que seaprende. E nisso, manifes-tamente, as universida-des, em geral, estão emdéfice.

André Escórcio

Quem não sabe ensinar...forma professores

Opinião

Expressão LivreProf - Publicação do Sindicato dos Professores da Madeira - nº 72 - Outubro/Novembro de 200622

Lá para as bandas da Serra daEstrela, numa aldeia quase fantas-ma, onde meia dúzia de velhotesvão resistindo heroicamente, tenhouma tia de 80 anos, com a terceiraclasse completa, mas com a univer-sidade de uma vida de resistência elabuta. Apenas por uma vez lheconsegui mostrar o mar. Duas outrês viagens até à Covilhã e uma idaa Coimbra devem ter sido os outrosmomentos em que conseguimos,ainda que por pouco tempo, afastá--la do seu cantinho na serra.

Na noite de 5 de Outubro teve ainiciativa de me telefonar.Naturalmente, com a ajuda de umavizinha, que "esta vista cansada émais teimosa do que eu". Estavapreocupada. Viu "a manifestaçãodos professores na SIC" e ficou apensar se com "esse rio de gentenas ruas não houve para aí algumadesgraça…".

Esta minha tia também já ouvemal. Por isso, falei bem alto daMarcha e expliquei-lhe, pausada-mente, que correra tudo muito bem.Já mais calma, pormenorizou:

"O rapaz da SIC que costuma leras notícias à noite disse que foi amaior manifestação de professores;depois, as filmagens mostraramtudo. E a avenida, com aquelas

árvores de um lado e do outro, tãocolorida, tão bonita, com aquelagente toda. Aqui as minhas vizinhastambém viram no canal 1 e na TVI.Toda a gente viu. Tenham fé, filhos…".

Penso que, tal como a minhavelha tia da serra, a grande partedos portugueses, de norte a sul,dos Açores à Madeira e por essemundo fora, acabou por ver aMarcha.

Regista-se, entretanto, umaexcepção: há uma cidadã portugue-sa que por acaso é ministra doGoverno em exercício que não viu:

"Não vvi aa mmanifestação. VVi aape-nas rreportagens ccurtas" (declara-ções em 9/10 aos jornalistas, àsaída de uma sessão de apresenta-ção dos resultados da fase piloto deavaliação externa das escolas, noConselho Nacional de Educação,em Lisboa).

Também não se pensava que aministra fosse pelo seu pé até à Av.da Liberdade na tarde de 5 deOutubro (possivelmente de gabardi-na e óculos escuros, para passardespercebida…)

Portanto, recapitulando: 1. A ministra não viu a manifesta-

ção (não participou!);2. Viu apenas reportagens curtas

(estaria à espera de uma longametragem na TV?).

Conclui-se então que a ministravê mal. Vê muito pior que a minhavelha tia serrana, que não se deixaoperar às cataratas e que viu tudo,ao ponto de ficar impressionada.

A ministra não viu. Ou seja: nãoquer ver. Mas, pelos visto, viu qual-quer coisa O suficiente para darmais uma alfinetada nos professo-res:

"Pareceu-mme qque oos pprofessoresinquiridos nnão cconheciam dde ffactoas ppropostas eem ccima dda mmesa"(sequência das declarações emLisboa).

Os professores já foram acusa-dos de tudo: não trabalham, faltammuito, só querem férias, não se pre-ocupam com as aprendizagens dosalunos, são responsáveis por tudo oque há de pior na educação e noensino, desestabilizam as contas doorçamento do Estado, não ensinambem, etc...

Só faltava dizer que não sabemler.

Cuidado srª ministra: o ódio, porvezes, cega.

JPO* Com a devida vénia ao nosso

Nobel, José Saramago

Ensaio sobre a cegueira*Opinião

Sublinhado23

Realizou-sse nno 331 dde OOutubroa úúltima rreunião ddo pprocesso"normal dde nnegociação" dderevisão ddo EEstatuto ddaCarreira DDocente ((ECD). OO MMEacabou ppor cconfirmar qque, eemrelação aao qque éé eessencial,nada mmudou nnas ssuas pposiçõ-es dde ppartida. AAlgumas eevolu-ções rregistadas eem pposiçõesdo MME, rreferem-sse, eexclusiva-mente, aa aaspectos aacessóriosou aa ccorrecções dde oordemtécnica oou llegal. AAos ddocentescabe ccontinuar aa lluta.

De resto, no que concerne àdivisão da carreira em catego-rias, à existência de quotas deavaliação e de vagas paraacesso aos escalões de topo,ao aumento dos horários detrabalho, ao exame paraingresso na profissão, à extin-ção dos quadros de escola, àperda de tempo de serviçopor razões de doença legal-mente comprovada, entremuitas outras das medidasincluídas neste documentofinal do ME, nada o distinguedo seu ponto de partida.Apesar desta ter sido a últimareunião do processo "normalde negociação", a existênciade um novo texto legal quefixe um ECD revisto continualonge de se concretizar. Defacto, as organizações sindi-cais podem, agora, até dia 8de Novembro, accionar osmecanismos da negociaçãosuplementar; podem, e nestecaso já decidiram, recorrer ajuristas e constitucionalistas

que emitam pareceres relati-vos ao texto que o ME preten-de impor; podem, e tambémjá decidiram, desenvolver umconjunto de contactos institu-cionais, o primeiro dos quaisserá a reunião com aComissão de Educação,Ciência e Cultura daAssembleia da República, jáno dia 7 de Novembro.

NOVAS FFORMAS DDE LLUTA

Mas, e será essa a acçãomais relevante, a FENPROF,em conjunto com as restantesorganizações sindicais dedocentes irá agora debatercom os professores e educa-dores as formas de luta a des-envolver para combateremeste documento ministerialque, efectivamente, consubs-tancia a liquidação do actualestatuto profissional e decarreira dos docentes portu-gueses, constituindo, tam-bém, um profundo ataque àorganização da Escola Públicae à qualidade das suas res-postas educativas.As posições manifestadas nareunião, e que a FENPROFpretendeu que constassem naacta da reunião, são asseguintes: 1. Encerramento doProcesso "negocial" do ECD e2. Protesto por procedimentosincorrectos.A FENPROF garante que

ficou claro, nesta reunião, queo Ministério da Educação pre-tende suprimir as interrupçõesde actividade docente, actual-

mente previstas no ECD. Tal,decorre da substituição desseartigo por outro que apenasse refere às interrupções deactividade lectiva e que prevêque, durante esses períodos,os professores apenas pode-rão vir a estar dispensados decomparecer nas escolas seestiverem em formação (que,mesmo assim, terá de serautorizada).

DESVALORIZAÇÃO DA FFUNÇÃO DDOCENTE

Não havendo cedências porparte do Governo, confirma-se que a função docente, noque lhe é mais importante - aactividade na sala de aula e arelação com os alunos - sofre,a concretizar-se esta propostafinal/inicial do ME, uma enor-me desvalorização, pois oMinistério da Educaçãoimpõe, na verdade, duas"carreiras", a que chama cate-gorias, sendo que, na subca-rreira de Professor, por maiscompetente que este seja,nunca poderá passar de umpatamar salarial situado apouco mais de meio da actualcarreira.Já a "carreira" de professortitular, a que corresponderiamfunções de coordenação den-tro da escola, seria fortementecondicionada por um regimede acesso que dependeria,exclusivamente, da vontadearbitrária do ME e da sua dis-posição para abrir vagas (e,consequentemente, o acessoaos escalões que são hoje osde topo).Ao longo deste conjunto dereuniões, à flexibilidade nego-cial manifestada pelaPlataforma de Sindicatos deProfessores [que apresentousucessivas contrapropostas,que representaram um esfor-ço efectivo de aproximação eprocura de consenso], o MErespondeu com uma posturaverdadeiramente fechada enão hesitou em recorrer a

diversas formas de pressãosobre as organizações sindi-cais, que foram desde asameaças às mentiras postas acircular (ler comunicado daFENPROF, na pág. 24).Contudo, as organizações sin-dicais não cederam e recusa-ram dar o seu aval a umdocumento que representauma verdadeira declaração deguerra aos professores e edu-cadores portugueses.

DIMENSÃO DDO ""ROUBO"

Como se não bastassem asmedidas propostas anterior-mente, que levarão a brutaisperdas salariais por parte dosdocentes, a perdas de tempode serviço, a um aumento sig-nificativo do desemprego e aum elevado número de "exce-dentes" que ficariam sujeitos aregras de mobilidade especial(supranumerários), confirma-ram-se hoje, ainda, outraspropostas que contribuiriampara a degradação da quali-dade do ensino e para a des-valorização da organizaçãoescolar. Por exemplo, a possi-bilidade de a um professorpoderem ser atribuídas 8horas lectivas por dia (a queacresceriam outras não lecti-vas) ou a eliminação dos perí-odos de interrupção da activi-dade docente, essenciais paraque os professores possamdescansar e recuperar para operíodo lectivo seguinte.Quanto à intenção de suprimiro direito à negociação colecti-va (com consagração no ECD)que, na reunião de dia 19 deOutubro, chegou a admitirmanter, o ME manteve-seigualmente inflexível.Chocante é também a inflexi-bilidade ministerial relativa-mente a situações de doençacomprovada com consequên-cias extremamente negativas,tais como a possibilidade deum docente que adoeça ummês poder perder três anosna carreira.

A luta continua!Revisão do ECD

SublinhadoProf - Publicação do Sindicato dos Professores da Madeira - nº 72 - Outubro/Novembro de 200624

Só ppor ddesconhecimento,distracção oou ttentativa ddeenganar aa oopinião ppública,o PPrimeiro-MMinistro, JJoséSócrates, ppoderá tter aafir-mado qque aas oorganizaçõ-es ssindicais dde ddocentesteriam, ffinalmente, cconcor-dado ccom aa iintrodução ddemecanismos dde aavaliaçãodo ddesempenho nna ccarrei-ra ddocente ee ccom aa ssuadivisão eem dduas ccatego-rias.

Relativamente à ava-liação do desempenho,os Sindicatos deProfessores concordamcom a sua existência há,pelo menos, 16 anos, ouseja, desde que foiaprovado o primeiroEstatuto da CarreiraDocente. O que temseparado (e continua aseparar!) os Sindicatos,do Ministério daEducação, é que, paraas organizações sindi-cais, a avaliação dodesempenho deverá terum carácter essencial-

mente formativo, servin-do para melhorar a qua-lidade do desempenhodos docentes. Já para oME, os objectivos sãooutros: castigar os pro-fessores, retirar-lhestempo de serviço quecumpriram, impedi-losde chegar ao topo dacarreira e, em situaçãolimite, expulsá-los daprofissão. Daí que, tam-bém sobre esta matéria,as divergências entre osSindicatos e o Ministérioda Educação se man-tenham!

A admissão, em sedede negociação e numesforço extraordináriode procura de consen-so, de uma eventualaceitação do modelo (domodelo!) proposto peloME, dependeria sempreda sua disponibilidadepara deixar cair osconstrangimentos decarreira que propõe(quotas e vagas). O MEnão aceitou o esforçosindical, logo essa flexi-bilidade negocial assu-

mida pelos Sindicatosdeixou de existir!

Quanto às duas cate-gorias, trata-se de outraquestão fracturante noactual processo de revi-são que, na reunião rea-lizada ontem com o ME,ocupou a maior parte dadiscussão. Para osSindicatos deProfessores, a existên-cia de duas categoriassignificaria a negaçãoda própria profissão,pois deixaria a meio dacarreira milhares de pro-fessores e educadoresque são dos melhoresque existem nas esco-las!

Já a admissão(admissão!) de introduzirno debate a existênciade um ou dois patama-res salariais (que não seconfundem com catego-rias!) de acesso condi-cionado, para osSindicatos dependeriade um compromisso aassumir pelo ME: nen-hum professor ou edu-cador actualmente nosistema poderia ser

impedido de atingir oactual topo da carreira(10º escalão - índicesalarial 340), pelo quetais escalões, a existi-rem, teriam sempre deser superiores ao actualtopo. Este compromissoexigido pelos Sindicatosfoi desde logo recusadopelo ME, pelo que taldiscussão terminou nomomento em que secolocou!

Assim sendo, o des-acordo global manifes-tado pelas 14 organiza-ções sindicais dedocentes que consti-tuem a PlataformaSindical de Professoresmantém-se em absolutoe a FENPROF exige queo Primeiro-Ministro,José Sócrates, corrija assuas afirmações, poisfica mal a um governan-te com as responsabili-dades de Primeiro-Ministro, fazer afirma-ções que não são verda-deiras!

Por fim, a FENPROFapela aos professores eeducadores para que semantenham atentos,pois, como se prova, oGoverno, neste momen-to, não olha a meiospara atingir os seus finsque parecem ser a cria-ção de confusão e dedivisões entre os profes-sores. A consulta dossites dos Sindicatos daFENPROF será sempreo meio de informaçãomais adequado sobre oponto da situação nego-cial.

O Secretariado Nacionalda FENPROF

26/10/2006

Primeiro-Ministro está a mentir!Processo de revisão do ECD

Sublinhado25

Salários dos docentes portuguesesestão abaixo da média da OCDEOs ddados ddivulgadospublicamente ssobre ooestado dda EEducação nnospaíses dda OOCDE, cconfir-mam oo qque aa FFENPROFtem aafirmado ee ccontrariao qque oo GGoverno ggosta-ria qque ffosse vverdade:os ssalários ddos pprofes-sores ee eeducadores ppor-tugueses ssituam-sseabaixo dda mmédia ddos ddeoutros ppaíses.

Na verdade, o estudoagora divulgado refereque no ingresso na carrei-ra e nos escalões inter-médios, os salários dosdocentes portuguesessituam-se abaixo da

média dos salários prati-cados nos países daOCDE e só no final ultra-passam esse nível médio.

Contudo, e isso não éreferido mas correspondeà verdade, ao longo detoda a sua vida profissio-nal (actualmente de, pelomenos, 40 anos de servi-ço) os professores e edu-cadores em Portugalauferem um rendimentoinferior ao da média dosseus colegas de outrospaíses.

Releva ainda o factode, em Portugal, o acessoao topo da carreira demo-rar mais anos para seratingido do que acontece,

em média, nos países daOCDE (26 em Portugal e24, em média, na OCDE).

Apesar dessa desvan-tagem, os docentes por-tugueses vêem-se agoraconfrontados com umaproposta do Governo quepretende aumentar para32 essa duração e restrin-gir a um universo muitopequeno (entre os 10 e os20% dos docentes) oacesso aos três níveisremuneratórios mais ele-vados, o que não aconte-ce nos restantes países.

Por fim, quanto a umeventual aumento dossalários no início decarreira, é uma ilusão

criada pelo discursodemagógico da Ministrada Educação que compa-ra o incomparável. Naverdade, o que se prevê éa eliminação dos esca-lões mais baixos (1.º e2.º) por se referiremexclusivamente a docen-tes "bacharéis" que, porforça da alteração à Leide Bases do SistemaEducativo, em 1998, dei-xaram de existir em prin-cípio de carreira, porqueapenas nela ingressam osdocentes habilitados como grau de licenciatura.

Secretariado Nacional daFENPROF

Os educadores de infância podem vir areceber a mesma formação que osprofessores do 1.º ciclo do ensino bási-co, assim como estes poderão vir a tero mesmo curso que os do 2.º ciclo.

Em declarações à Rádio Renascença,secretário de Estado da Educação,Valter Lemos, confirmou que oMinistérioda Educação vai alterar as regras para

a habilitação à docência eapresentá-las às universidades e poli-técnicos que formam estesprofissionais.

Lusa, 116/09

Docência com novas regras

Estudo confirma

Discurso DirectoProf - Publicação do Sindicato dos Professores da Madeira - nº 72 - Outubro/Novembro de 200626

"O ddiscurso dde aafronta ddirectaaos pprofessores nnão aamolecedo ppé ppara aa mmão. NNão nnospodemos eesquecer qque oo MMEtem àà ssua ffrente qquem jjá aafir-mou qque uum ddos pproblemasda eeducação éé qque uum aalunoquando aabandona aa eescola jjáfoi aabandonado ppelos pprofes-sores!…Acho qque oos pprofes-sores pportugueses nnão ppode-rão eesquecer oou pperdoar eestadeclaração…"

São palavras de MárioNogueira, membro doSecretariado Nacional daFENPROF e coordenador doSindicato dos Professores daRegião Centro (SPRC), numapassagem da entrevista àrevista "O Prof", concedidaem meados de Outubro, nummomento de intensa activida-de e de luta em torno dasnegociações do ECD com oMinistério da Educação. Ocoordenador do grupo nego-cial da FENPROF destaca aimportância da unidade e daacção da Plataforma Sindicaldocente, observando a dadopasso: "Se queremos que oseducadores e professores seunam nas escolas, as suasorganizações sindicais têmque dar um sinal inequívocode unidade na acção, deintervenção conjunta e decooperação".

O PProf - AA ddinâmica ddaPlataforma SSindical ddocenterepresenta uuma eetapa hhistóri-ca nna lluta ddos eeducadores eeprofessores pportugueses. NNãohá oo pperigo dde rrecuo pporparte dde aalguma oou aalgumasdas oorganizações ppresentes?

Mário NNogueira ((M. NN.) -Quando contribuímos para aconstrução da convergênciacom outras organizações,fazemo-lo em torno de ques-

tões concretas e objectivoscomuns. Naturalmente,enquanto esses objectivos semantêm a FENPROF mantémas suas posições. Se houverorganizações - e isso já acon-teceu no passado - que, per-manecendo a situação quelevou à convergência, enten-dem não querer continuar ealteram a sua posição, isso éuma questão que só diz res-peito a essas organizações.

Quem faz o julgamentosão os professores. O queaconteceu em Novembro doano passado, em que umaorganização decidiu desistirde uma greve que estava pre-vista, fez com que a indigna-ção dos professores aumen-tasse não só devido às posi-ções negativas do Ministério,como, também, devido àposição daquela organização.Mas repito: esse é um julga-mento que deixamos sempreaos educadores e professo-res, pois na relação entre asorganizações devemos sem-pre respeitar as opções decada uma em cada momento,sem prejuízo de procurarmosque convirjam.

"SE QQUEREMOS QQUE

OS PPROFESSORES SE UUNAM NNAS ESCOLAS…"

O PProf - MMas aa eestratégiada FFENPROF dde eempenha-mento nna pprocura ee rreforçoda uunidade ddos ddocentes eeda ccooperação ddas ssuasorganizações éé ppara mmanterhoje ee nno ffuturo…

M.N. - Sem dúvida.Deixando para outra oportuni-dade a análise do processoutilizado, há, porém, hoje, umfactor que me parece muitoimportante na relação entre asorganizações: a medição darepresentatividade. Hoje sabe--se o que cada organizaçãovale e é dentro deste quadro,em que 14 organizações têma noção do que cada umavale e representa, que temostrabalhado, que nos temosrespeitado e que vamos conti-nuar a trabalhar juntos nummomento particularmente difí-cil para os educadores e pro-fessores portugueses.

Aproveito para sublinharque tem sido notável a firme-za, a coerência, a honestidadee o elevado sentido de res-ponsabilidade que têm sido

manifestados pelos represen-tantes das 14 organizaçõesque integram uma PlataformaSindical que mobilizou muitosmilhares de docentes para aMarcha de 5 de Outubro epara todo o processo de lutaque tem decorrido nas últimassemanas, em defesa da pro-fissão e da dignidade dosdocentes portugueses. Temo--nos entendido com facilidadee enquanto continuar assim émuito positivo. Se queremosque os educadores e profes-sores se unam nas escolas,as suas organizações sindi-cais têm que dar um sinalinequívoco de unidade naacção, de intervenção conjun-ta e de cooperação.

VIRA-CCASACAS, TTACHOS,GOLPES DDE RRINS EEOUTROS EEXERCÍCIOS

O PProf - OO qque éé qque oo ssin-dicalista MMário NNogueira ssentequando, nnas rreuniões nnego-ciais, oouve oo eex-ssindicalistaJorge PPedreira ddefender pposi-ções qque ttanto pprejudicam oosprofissionais ddo eensino ee oofuturo dda EEducação eemPortugal?

M.N. - Posso afirmar quetenho alguma experiêncianessa matéria (sorrisos)…Oprimeiro presidente doSindicato dos Professores daRegião Centro (SPRC), quehoje coordeno, passadoalgum tempo era DirectorRegional Adjunto do Centro…Nestas coisas nunca se deveconfundir a relação pessoal(quando existe, naturalmente)com a questão política. Aspessoas, enquanto tal, paramim, valem sempre muito.Politicamente valem, em cadamomento pelo lugar que ocu-pam, pelas posições queassumem e pela forma como

"Protesto no Funchalmotivou outras iniciativas"

Mário Nogueira ao "Prof"

Discurso Directo27

desempenham as suas tare-fas e responsabilidades.Quando estão do lado correc-to, neste caso do lado dosprofessores, são nossos alia-dos e, naturalmente, tudo émais simples.

Se quando passam para ooutro lado mantêm, no essen-cial, as posições que tinhamanteriormente eu diria quealguma coisa de positivo teráacontecido neste País…

O problema é que, pornorma, essas pessoas aca-bam por passar completa-mente para o outro lado, alte-rando as suas posições sobretodas as coisas. Eles é quetêm de explicar como é queconseguem fazê-lo!... Eu nãoera capaz. Alguns conseguemesse golpe de rins porquecolocam acima do interessecolectivo e social, acima dointeresse de todos, eventuaisinteresses pessoais. Há quemchame a isso apetência pelos"tachos"…Pela minha parte,abstenho-me de adjectivar…

"DISCURSOS PPÚBLICOSEIVADOS DDE TTOTAL HHIPO-CRISIA"

O PProf - AAo ddirigente ssindi-cal ccom uuma eexperiêncianegocial ttão pprofunda, nnãoserá ddifícil sseleccionar ee pparti-lhar ccom oos ddocentes mmadei-renses uum aaspecto mmais pposi-tivo ee ooutro mmais nnegativo nnasatitudes ddo MMinistério ddaEducação…

M.N. - Uma situação queeu considero positiva foi, porexemplo, o processo de revi-são do Estatuto da CarreiraDocente, em 1997, que aca-bou por resultar no actualECD, publicado em 1998. Foiuma negociação longa, dura,com momentos de algumaabertura e de convergência,mas também com outras eta-pas mais difíceis, que, noentanto, acabou por terminarcom um consenso global ecom um acordo negocial quefoi extremamente importante,que me marcou positivamen-te. Foi importante porquenaquela negociação as partesforam realmente iguais.

Entre outros aspectos, por-que me fez perceber que,mesmo com acentuados des-

acordos de princípio e dife-renças de perspectiva e deopinião, mesmo com longos epor vezes difíceis períodos dediscussão e negociação, épossível chegar a acordos.

Por outro lado, um aspectonegativo é, por exemplo, otipo de negociação queactualmente decorre, em quetodos percebemos (e nemsão precisos grandes conhe-cimentos sobre a matéria) queaquilo que se pretende dolado do Ministério é pura esimplesmente poupar dinhei-ro, impedir que as pessoasatinjam determinados pata-mares salariais, liquidarexpectativas profissionais ede vida, retirar direitos, fazercom que haja perdas detempo de serviço, etc. Edepois, como pano de fundo,ouvimos na comunicaçãosocial discursos em que pare-ce que aquilo que está emcausa são coisas completa-mente diferentes, projectan-do-se a questão dos méritose da selecção dos melhores,tentando cavar divisões naclasse e tentando voltar a opi-nião pública contra os profis-sionais. Neste processo con-creto, o ME e o Governoforam mais longe ainda, comameaças, chantagens, menti-ras… Mas fomos fortes! Isto étudo muito negativo, desde jáporque revela o elevado graude hipocrisia a que chegaramos nossos governantes.

Podemos estar em desacordo com os represen-tantes da entidade com quemnegociamos, pode, cada umadas partes, defender comconvicção as respectivasposições; outra coisa é fazerdiscursos públicos eivados detotal hipocrisia, que anulam anegociação no seu verdadeiro

sentido. Confesso que sãoprocessos que provocamgrande desgaste e até angús-tia mas, e é isso o principal,não fazem desistir…

UM PPM QQUE AABRE EE FFECHAOS TTELEJORNAIS EE QQUEGERE MMAL AA CCONTESTA-ÇÃO…

O PProf - OO PPrimeiroMinistro nnão ggostou dda"recepção" qque oos pprofesso-res llhe ffizeram rrecentementeno FFunchal. MMas aa lluta ee ooprotesto ssão ffundamentaisnum mmomento eem qque aa cclas-se ssofre uum aataque ssem ppre-cedentes. QQue mmensagempode oo ddirigente ssindicalMário NNogueira ddeixar aaoseducadores ee pprofessores ddaRegião AAutónoma ddaMadeira?

M.N. - Em primeiro lugar,permite-me uma rápidaobservação ao mal-estar queo Primeiro Ministro sentequando os cidadãos justa-mente protestam. O PM gos-taria que a comunicaçãosocial, aliás isso tem sido visí-vel nos últimos tempos, fosseum exclusivo seu. Ele abre,fecha e aparece nas notíciasdo meio dos telejornais.Depois, não gosta que, numapeça que deveria ser feita sópara ele e para o seu discur-so, apareçam outros interve-nientes que contestam assuas políticas.

Acho que os educadores eprofessores da Madeira fize-ram muito bem e o facto de oprotesto no Funchal, aquandoda presença do senhorPrimeiro Ministro, ter passadoem directo na televisão aca-bou por ser exemplo e moti-vou outras iniciativas de pro-

testo que têm ocorrido emdiferentes pontos do País.

Mas independentementedesse bom exemplo, queroaqui deixar claro que os edu-cadores e os professores daRegião Autónoma da Madeirasão uma parte muito impor-tante neste processo de lutaem defesa de um Estatutodigno que valorize, aos olhosda sociedade, mas tambémprofissionalmente a actividadedos docentes que é estratégi-ca para o desenvolvimento doPaís e para a construção dofuturo.

É muito importante que aluta que decorre seja efectiva-mente de todos os educado-res e professores.Independentemente de algunspormenores ligados à situa-ção regional, um mau ECDtanto afecta um professor doAlgarve como um professorda Madeira, dos Açores ou deTrás-os-Montes…esteja noinício ou nos últimos escalõesda carreira.

Por razões óbvias (aMadeira está a 950 km docontinente, mas não há estra-da…), os educadores e pro-fessores madeirenses têmdificuldade em participar nasiniciativas nacionais (veja-se oexemplo da Marcha).

No entanto, há que subli-nhar a capacidade de iniciati-va do Sindicato dosProfessores da Madeira, queacompanha, a nível regional,as grandes acções que de-correm no plano nacional. Porexemplo, na véspera daMarcha de 5 de Outubro emLisboa decorreu no Funchaluma vigília com os mesmosobjectivos.

Aproveito para sublinhar otrabalho intenso que o SPMdesenvolve na região. Osnossos camaradas sãoincansáveis na ida às esco-las, no esclarecimento doscolegas, na mobilização paraas acções necessárias.Tenho dado algum contributoa esse trabalho, participandoem plenários para os quaistenho sido convidado peladirecção sindical e tenhomuito orgulho nesses convi-tes e nessa colaboração,nomeadamente em acçõessobre as questões dascarreiras e concursos.

Discurso DirectoProf - Publicação do Sindicato dos Professores da Madeira - nº 72 - Outubro/Novembro de 200628

UM GGOVERNO QUE CCONGELA CARREIRAS EE PPRINCÍPIOS

O PProf - OO MMinistro TTeixeirados SSantos jjá aanunciou oocongelamento ddas pprogres-sões nna AAdministraçãoPública eem 22007. CComo ééque iisto sse rreflecte nna áárea ddaEducação?

M. NN. - Para já isso é umavergonha, pois significa queos professores estão a traba-lhar, a dar o melhor de si àssuas escolas e aos seus alu-nos, e esse tempo a não serconsiderado.

Os professores já tiveramum ano e meio de congela-mento das progressões. Nodia em que esta revista che-gar a casa dos associados doSPM, que será um determina-do dia de Novembro de 2006,os professores terão ainda otempo de serviço de 29 deAgosto de 2005. Os professo-res tinham a legítima expecta-tiva que a sua carreira desblo-queasse em 1 de Janeiro de2007, que era o que estavaprevisto, embora sendo nega-tivo porque estiveram a traba-lhar sem que o tempo contas-se.

Agora, ficaram a saber queeste Governo, que congelouquaisquer princípios de res-peito pelos trabalhadores (eos professores são trabalha-dores), decidiu que agora fica-rão mais um ano a trabalharsem que esse tempo contepara a sua carreira. Isto signi-fica, por exemplo, que os pro-fessores que em 29 deAgosto de 2005 estavam aum dia, a uma semana ou aum mês de mudar de escalãoficaram a um ano e meio eum dia, uma semana ou ummês (consoante o caso) demudar de escalão.

Neste momento, ficam asaber que afinal tinham ficadoa dois anos e meio e um dia,dois anos e meio e umasemana ou dois anos e meioe um mês de mudar de esca-lão. E como os novos esca-lões para os quais iriam tran-sitar são de duração maislonga, esses professores terãoainda de somar esse tempoque, no mínimo, é mais umano.

Não me lembro de tantainjustiça! Isto são perdas bru-tais! E tanto mais injustasquanto sabemos que conti-nua tanta gente, que se limi-tou a passear pelos corredo-res do Poder, a garantir refor-mas, pensões e subvençõesvitalícias que são uma autênti-ca afronta…

UMA LLUTA DDESIGUAL

O PProf - AA ccampanha ddedesinformação dda oopiniãopública ee ddos pprofessoresdesenvolvida ppelo GGovernodetermina uuma lluta ddes-igual…

M.N. - É sem dúvida umaluta desigual! Eles têm acessoa meios que nós não temos.E quando os secretários deEstado ou a ministra vão à TV"vender" uma das suas men-sagens contra os profissionaisda educação, nós deveríamoslá estar. Porque é olhos nosolhos, em simultâneo, queeles têm que dizer algumasdas coisas que dizem quandonós não estamos presentes.

Ainda recentemente, foramregistados, para um canal deTV, esclarecimentos nossossobre determinadas matériasda revisão do Estatuto; o MEfez o mesmo, mas com gra-vações autónomas, distantes,nem sequer sabíamos o que éque cada um tinha dito. É evi-dente que não rejeitamos estaintervenção, mas o que seriacorrecto era estarmos senta-dos à mesa a discutir com osrepresentantes do ME, olhosnos olhos, em directo.

MINISTÉRIO EESTIMULA O DDESCRÉDITO SSOCIALDOS PPROFESSORES

O PProf - OO ddiscurso ddo MMEcontra oos eeducadores ee ppro-fessores eestá aactualmentemenos dduro?

M.N.- Penso que não estámenos duro, nem mais soft.Diria que está mais aperfeiço-ado, mais meticuloso e, pos-sivelmente, mais perigoso.

Hoje já não se diz a toda ahora que os professores sãouns malandros, que faltammuito, que só querem férias;hoje, diz-se assim: há muito

insucesso escolar e a respon-sabilidade reside essencial-mente nos professores, quetêm de alterar os seus méto-dos de trabalho.

O discurso de afrontadirecta aos professores nãoamolece do pé para a mão.Não nos podemos esquecerque o ME tem à sua frentequem já afirmou que um dosproblemas da educação éque um aluno quando aban-dona a escola já foi abando-nado pelosprofessores!…Acho que osprofessores portugueses nãopoderão esquecer ou perdoaresta declaração…

Entretanto, prossegue umdiscurso político carregado deinverdades ("temos que alteraro Estatuto porque não sepode admitir que um profes-sor progrida automaticamen-te apenas esperando que otempo passe…"). Esta tentati-va de criar uma má imagemdos professores na sociedadetem um objectivo: criar indi-gnação porque, perante umEstatuto penalizador, a opi-nião pública apoie e diga:bem se eles são os responsá-veis pelo que há de mau nosistema, então toca a pô-losna ordem!

O Ministério da Educaçãonão está sequer a medir asconsequências do que está afazer. Se quer uma escola dequalidade tem que ter profes-sores respeitados e valoriza-dos socialmente. O ME esti-mula o descrédito dos profes-sores e depois espanta-seque os professores sejamdesrespeitados e percamautoridade na escola…

O PProf - NNesse ccontextode lluta ddesigual, eem qque eestáem ccausa aa iinformação ddoscidadãos, oo qque éé qque ppode-remos ffazer ppara ttentar ddarvolta àà ssituação? QQue iiniciati-

vas, qque aatitudes sse ddevemtomar?

M. NN. - A resposta podepassar por campanhas desensibilização da opinião públi-ca, mas, no essencial, passapela atitude profissional dosprofessores. Ouvimos algunscomentadores políticos dizermal dos professores e garanti-rem, uns em bicos de pésoutros com a mão no peito,que até são fãs da senhoraMinistra, mas a esmagadoramaioria dos pais e encarrega-dos de educação não pensaassim. Para eles, o professornão é aquela figura anónimaque é atacada na televisão ounos jornais; os pais que têmcrianças e jovens nas escolasconhecem as educadoras,conhecem os professores do1º Ciclo, conhecem o directorde turma do 2º Ciclo, do 3ºCiclo e do Secundário (e osque não conhecem é porquenão vão à escola) e sabem oque esses professores fazempelos seus filhos. É evidenteque os professores não sãotodos óptimos. Mas que pro-fissionais são todos óptimos?!

Os pais sabem que naesmagadora maioria, os pro-fessores dos filhos são profis-sionais competentes, sãogente empenhada e dedicada.Os pais sabem isso, mas nãoé não por o verem reflectidonuma eventual campanha,com cartazes bonitos e docen-tes sorridentes, mas porquequando vão à escola e têmcontacto com os professoresdos seus filhos é o que encon-tram: profissionais dedicadosque trabalham (muitas vezesem precárias condições), queapoiam, integram e ajudammilhares de crianças e jovensna sua caminhada de cidada-nia para o futuro.

José Paulo Oliveira(Jornalista)

Intervalo29

Educação aambiental pparaum ddesenvolvimento ssus-tentado; ppromoção ee eedu-cação ppara aa ssaúde eemmeio eescolar; iinvestigaçãona áárea ddas cciências ddaeducação; aalfabetização eeeducação dde jjovens eeadultos; fformação iinicial eecontínua ddo ppessoaldocente; eeducação ffísica,desporto ee ddesenvolvi-mento ssocial; eensinosuperior - eestes ssão aape-nas aalguns ddos ttemascentrais ddo CCongressoPedagogia 22007, aa rrealizarna ccapital ccubana dde 229de JJaneiro aa 22 ddeFevereiro ppróximos.

Já na sua 10ª edição, oPedagogia reunirá milharesde educadores e professo-res de todo o Mundo, compresença acentuada dedelegados da AméricaLatina e Caribe, num dinâ-mico espaço de debate e detroca de experiências, comvaliosos contributos para odesenvolvimento de umaeducação de qualidade paratodos, apontada à constru-ção de um futuro de pro-gresso.

O Congresso é organiza-do pelo Ministério daEducação de Cuba, com acolaboração de numerosasentidades internacionais,

como a UNESCO, a UNI-CEF, a Organização dosEstados Ibero-Americanos,a Associação de TelevisãoIbero-Americana e oConselho de Educação deAdultos da América Latina.

O programa científico doPedagogia 2007 inclui umdiversificado conjunto depropostas, contemplando,entre outras actividades,conferências temáticas espe-ciais, simpósios e fóruns dedebate. A dinamização esta-rá a cargo de especialistas einvestigadores de reconheci-do mérito internacional.

O programa inclui ainda arealização de cursos (antes e

durante o evento) e visitas ainstituições de ensino, cientí-ficas e culturais da capital.

Nos custos da inscrição eno momento da acreditaçãopara o Congresso, estáincluída uma visita a umdaqueles centros. Estáigualmente prevista umaexposição permanente noPalácio das Convenções,uma gala cultural (31 deJaneiro) e uma sessão deencerramento no dia 2 deFevereiro.

A anterior edição doPedagogia, realizada em2005, reuniu em Havana5395 participantes.

JPO

Pedagogia 2007 em Havana

Os educadores, professores einvestigadores portuguesesinteressados em participar noPedagogia 2007 devem con-tactar com a maior brevidadepossível Elisabeth RRodriguez:Best Cuba, CBN Viagens e

Turismo, Lda, CC OlivaisShopping, Loja 104, RuaCidade de Bolama, Lote 23,1800-079 Lisboa, telef.- 218550 884, fax - 218550888;telem.- 963902726; e-mail:[email protected]

O papel estratégico da educação e do ensinona construção de um futuro de progresso

Nota JurídicasProf - Publicação do Sindicato dos Professores da Madeira - nº 72 - Outubro/Novembro de 200630

O qque éé oo eespaço ""Notas JJurídicas"?

Este espaço pretende divulgar as notícias de natureza jurídica e

a legislação que se julgue de maior relevo ou pertinência para

os Educadores e Professores bem como para o Sistema

Educativo. Pretende também ser um espaço de divulgação de

questões e/ou esclarecimentos dos sócios colocadas no aten-

dimento diário (presencial, por telefone ou por e-mail) que, pela

sua abrangência e interesse, possam ser úteis aos demais.

Notícias JJurídicas

- DDevolução dde vverbas nna EEducação EEspecial aanulada ppelos ttri-

bunais

O Despacho n.º86/2005, do Secretário Regional de Educação,

que ordenava a devolução de subsídios de especialização e de

itinerância que, no entendimento do Tribunal de Contas (TC),

tinham sido abonados indevidamente, foi anulado pelo Tribunal

Administrativo e Fiscal (TAF) do Funchal, numa acção requerida

por vários docentes da Educação Especial e "patrocinada" pelo

SPM.

A SRE recorreu para o Tribunal Central Administrativo Sul

(TCAS) tendo este confirmado a decisão do TAF e, inconforma-

da, apelou ao Supremo Tribunal Administrativo (STA) que, não

vislumbrando qualquer razão por parte da Secretaria Regional,

decidiu não admitir o recurso.

- EExames RRegionais ddo 66.º AAno. SSRE mmais uuma vvez ""chumba-

da" nnos ttribunais

Os exames regionais de Matemática e Língua Portuguesa, que

tanta polémica causaram e não se realizaram em 05/06, por

ordem do TAF do Funchal, acabam de ser novamente "chum-

bados", agora pelo Tribunal Central Administrativo Sul.

Este tribunal confirmou não ter o Secretário Regional de

Educação competência para "criar" exames regionais, dando

assim razão à acção do Ministério Público (MP) do Funchal e ao

SPM que sempre alertou a SRE para a ilegalidade da medida.

Mais, este tribunal central sentencia que a RAM também não

tem competência para introduzir exames regionais por decreto

legislativo regional, como anunciou publicamente o Sr.

Secretário Regional.

- DDocentes ddo CConservatório dde MMúsica dda MMadeira dde ddespe-

didos aa eefectivos

O Conservatório - Escola das Artes da Madeira, notificou alguns

colegas em fim de contrato de que não pretendia renovar os

contratos pelo que seriam despedidos no final dos mesmos.

Com o apoio do SPM, conseguiu-se um acordo entre as partes,

em sede do Tribunal de Trabalho, para que fossem reintegrados

e assim passam agora a fazer parte dos Quadros de Pessoal

do estabelecimento.

Legislação ppublicada

- Lei n.º 47/2006, 28/08 - Manuais escolares.

- Portaria n.º 102-A/2006, 31/08, da SRE - Contratos

Administrativos de Provimento do pessoal docente (revoga a

Portaria 161-A/2004, 20/08).

- Portaria n.º 96/2006, 17/08, da SRE e SRPF - tabela de taxas

para utilização das instalações desportivas.

Questões ddo aatendimento aa ssócios

- QQuais oos ccritérios dde ddistribuição dde sserviço/escolha dde hhorá-

rios?

Na Educação Pré-Escolar e no 1ºCEB os critérios para a distri-

buição de serviço/escolha do horário estão definidos nas

Portarias n.º e n.º , respectivamente, que estabelecem como

primeiro patamar os critérios decididos em Conselho Escolar

por maioria absoluta (mais de metade dos presentes). No caso

de não se registar essa maioria seguem-se os critérios definidos

nas portarias sendo a primeira prioridade da Directora, a segun-

da dos dirigentes e delegados sindicais, a terceira dos docentes

com filhos menores de 3 anos, ….

No 2ºe 3º CEB e Ensino Secundário a competência para a ela-

boração de horários e distribuição do serviço docente, nos ter-

mos do art.º 15º do DLR 21/2006, 21/06 (Autonomia, Gestão e

Administração), é do órgão de gestão, no respeito pelo definido

no Regulamento Interno do estabelecimento e no ECD.

- OO ttempo dde sserviço dde 22005 ee 22006 cconta ppara eefeitos dde ppro-

gressão?

Com a publicação da Lei n.º43/2005, 29/08, o tempo de serviço

para efeitos de progressão fica "congelado" entre 30/08/2005 e

31/12/2006. Só reinicia a contagem em 01/01/2007 (embora o

Governo da República já tenha anunciado que vai fazer novo

"congelamento" por mais um ano) até perfazer o tempo que fal-

tar para nova progressão (já nos moldes definidos pelo novo

ECD que vier a ser aprovado). Por ex., se faltar um ano e 3

meses só completará esse tempo de serviço em Março de

2008 se não houver novo congelamento e em Março de 2009

se houver novo congelamento.

Manuel Menezes

(Coordenador do Atendimento

e Apoio a Sócios do SPM)

Avaliação31

O SPM continua a estabelecer protocolos com instituiçãovárias, tendo em vista melhorar as regalias dos seus sócios.Eis as mais recentes:

- Alojamento/ViagensLugar ao Sol

- Saúde e bem-estarCentro de Acupunctura do Funchal

Nota: recomenda-se a consulta do sítio electrónico doSPM, sobre estes e outros protocolos, cujos detalhesencontram-se aí.

Em estudo: Serviços Médicos de UrgênciaCaro(a) Colega,É imprescindível o seu parecer e o seu comprometimento,se assim o desejar, no estabelecer de mais um protocolo,desta feita com os Serviços Médicos de Urgência, vulgo"Serviços Médicos Nocturnos".Sem o veredicto dos seus associados, o SPM não terá res-

posta conclusiva, não terá dados que possibilitem a efecti-vação de tal desiderato. Vamos pensar em conjunto com os dados que possuímos: Para um sócio comum, a quota mensal é de €7,50 (seteeuros e cinquenta cêntimos).Se entre os associados surgir um número considerável deinteressados, a quota passará a ter uma redução de 50% oque equivale a €3,75 (três euros e setenta e cinco cêntimos).Assim, caro(a) colega, passaria a beneficiar de:- Atendimento médico nocturno em sua casa, gratuito entreas 19h e as 7h para cuidar de si e da sua família.- Consultas de clínica geral de 2ª a 6ª feira das 9h às 19h(mediante pagamento de duas quotas adicionais).- Possibilidade de efectuar análises de controlo· Outros benefícios dos quais poderá tomar conhecimentoem tempo oportuno no SPM. Sendo um protocolo que nos proporciona vários benefíciose para uma decisão final, caso esteja interessado, necessi-tamos que informe o SPM. Pode dar resposta por telefone,pessoalmente, através da funcionária Dora, ou usando ocorreio electrónico.A sua informação, para ser válida, tem de entrar no SPMaté final do mês de Novembro de 2006.

A Direcção do SPM

Regalias aos Sócios

Jorge PPedreira

O Secretário de Estado Adjunto daEducação, Jorge Pedreira, responsável pelacondução das negociações em torno darevisão do Estatuto da Carreira Docente, proferiu afir-mações graves à comunicação social, no dia 19/10,chegando à chantagem pura, quando disse que nãohaveria possibilidade de evitar que o "barco da educa-ção" naufragasse, "se as organizações sindicais persis-tirem em manter um clima de conflitualidade e conti-nuarem a programar acções de luta como as das últi-mas semanas". Se ele tem consciência desse perigo,em vez de chantagear as organizações sindicais, porque razão não evita o naufrágio, abdicando das suasposições negociais inflexíveis?

Desemprego nna cclasse ddocente

A racionalização dos recursos humanos na área daEducação, feita ao sabor das teses economicistas eorçamentais, tem gerado desemprego na classedocente, por via da diminuição de contratados e daatribuição do serviço destinado aestes aos professores e educado-res existentes no sistema educati-vo. Na Madeira, são cerca de trêscentenas os que não consegui-ram contrato e, no Continente,são milhares. Numa Região enum país com graves atrasos emtermos de alfabetização, é umdesperdício grave não rentabilizaros investimentos feitos na forma-ção destes profissionais daEducação!

Reprovado

Debate ddo CCNE

O debate promovido peloConselho Nacional deEducação, na Madeira,merece o nosso aplauso,não só porque conseguiu atrair muito público, mas,sobretudo, por ter permitido aos madeirenses interes-sados pelas questões da Educação um espaço detroca de ideias e de pontos de vista, que é poucousual nestes lados do Atlântico.

Luta ddos DDocentes

A Marcha Nacional de Professores e Educadores dodia 5 de Outubro, em Lisboa, e a greve dos dias 17 e18 do mesmo mês ultrapassaram todas as expectati-vas em termos de adesão - cerca de 30 mil, no pri-meiro caso, e 85%, no segundo - e constituem umsinal claro do protesto e revolta de uma classe contraa forma como tem vindo a ser tratada pelos responsá-veis governamentais deste país.

Aprovado

Vigília pela Educação

Recepção a Sócrates

Palavras para quê?

Rui Marote / DNRui Marote / DN