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Órgão OfICiai de Divulgação da Assembléia Nacional Constituinte
Volume364
lUllll~Brasília, de 9 a 15 de novembro de 1987 - N~ 24
o PLENÁRIO SE PREPARA PARA VOTAR
-IMPÕE-SE AMPLA MDBIUZAcAD PDPUlARlNAu VAMDS MUDAR oQUE ISTÁ ClBTD!
- VINCULAÇÃO PARA EDuCAÇÃII: lIIIA CIlIllIlIISJA iO PlIYO!
Constituinte JOAoCALMONConstituinte PEDRO CA!IEDO
NORTE/NORDESTECENTRO-OESTE
CONSTITUINTE
292VOTOS,
EUMASOVONTADE.
Um novo país em cartaz!Estes cartazes espelham algumas das centenas gados; permeiam a luta dos povos indígenas, dos tra- sões. O Jornal da Constituinte pretende ser o cartaz
de rei~in?icações .que c.hegam~Assembléia Nac~o?~l balhadores, .dos empre~ár~os,. ~os aer.o.nautas que de todos os cartazes. Aqui, todos devem ter o seuConstituinte. Muitos.ainda estao afIX~dos no ediffcio querem desvmcular a aVlaç~o ~1V11 da mdlta~. Outros espaço, porque a futura Carta, igualmente, deverádo Congresso ,NaCIOnal, que serve a ANC.: outros carta~es !ala.tp. sobre a carel!~la de ed?caçao ou ~a refletir os anseios de todos na proporcionalidade emforam substituídos, Os mesmos cartazes estao espa- margmahzaçao de uma regiao do paiS em relaçao ..' . .lhados por espaços públicos das cidades de todo o a outras. A máquina fotográfica registrou um certo que conseguirem se lInpor, prevalecer. Se imagmar-país. No fundo, eles refletem uma realidade precisa: número deles e o espaço dessa página seria, obvia- ~os esses cartazes senados como um fotograma .dea Constituinte é o estuário de apelos de todos os mente, insuficiente para publicar todos. São cartazes cmema, teremos claro que eles pretendem uma COIsamatizes, que vão das mais prementes necessidades que, aliás, se renovam, conforme os trabalhos e as difícil, mas que precisa de ser construída: um novodo menor abandonado até às reivindicações dos advo- votações da ANC atendam, ou não, às sua preten- país em cartaz!
Constituinte e defesa dos direitos humanos
Constituinte Paes de AndradePrimeiro-Secretário da Câmara dos Deputados
Valiosa tarefaA Assembléia Constituinte e o nos
so processo de elaboração constitucional estão sofrendo, diante da opiniãopública e até por setores que teriama obrigação de ser bem informados,uma desfiguração causada por aquelaque foi a sua ~rande característica ea dimensão mais rica: a abertura à sociedade e a inexistência de rolos compressores internos.
A demora em se ter, finalmente, aConstituição, não está nos trabalhosda Sistematização hoje, e que precisam ser profundos, discutindo bem osvariados ângulos de cada questão. Está, Sim, no fato de não ter partido deum projeto prévio.
A longa caminhada para chegar aoprojeto em 15 de julho é que foi umtempo demorado que não ocorreu aoutros processos constituintes, aqui ouem qualquer outro país.
Ainda assim, houve oportunidadeaté para a população apresentar suasemendas, e foram doze milhões de assinaturas em pouco mais de uma centena de propostas de muito diferenciadas ongens e temáticas.
O que acontece agora é a organização de um substitutivo que tenhacondições técnicas de ser o carro-chefe, a prioridade das votações em plenário.
A existência dessa organização sistematizadora é uma necessidade vitalpara o processo.
A Comissão de Sistematização, comseus 93 membros, trabalha de formaséria e aplicada. Fins de semana e feriados não têm sido respeitados. Aslongas e cansativas sessões permitemexaminar as alternativas a cada tema,as diferentes possibilidades de solução. Seria, por exemplo, de votar apenas jornada de trabalho de 48 ou 40horas. E as possibilidades intermediárias? Admitir a pena de morte de forma geral ou repudiá-la cabalmente?Ou perder um pouco de tempo e examinar alguns casos específicos?
Tenho, como cidadão e ex-parlamentar, procurado acompanhar ostrabalhos dessa comissão. Fico ali ouvindo e algumas vezes já modifiqueia convicção que tinha sobre determinado assunto, dados os ângulos novoslevantados na tribuna. Assim é quedeve acontecer.
Na Comissão de Sistematização nenhum bloco predomina. As votaçõesdão-se por conta da convicção que cada um forma. Alianças aparentementeesdrúxulas surgem e ninguém tem vergonha de votar ao lado de um adversário marcado, se suas visões daqueleassunto específico coincidem.
O País não pode ter uma Constituição feita às pressas ou representativa da verdade de um único bloco.
Não é a Constituinte que está colocando o País em crise. Ela já assumiucom o Brasil em profunda crise. Etambém, enfrenta a dura resistênciadas coisas constituídas e antigas, à suatarefa de constituir o novo, de cnare de transformar.
João GilbertoEx-Deputado Federal
Mudando asestruturas
A sintonia da AssembléiaNacional Constituinte com asaspirações da sociedade brasileira é um fato irrecusável, quese pode verificar à medida emque vão saindo da Comissão deSistematização os diversos títulos que vão compor a novaCarta. Essa identificação existedesde o momento primeiro,aquele em que o povo foi àsurnas para eleger os seus representantes. E prosseguiu no esquema adotado para a elaboração da futura Constituição,quando se decidiu recusarqualquer proposta previamente redigida para começar daconsulta direta do povo.
Como não poderia deixar deser, isso resultou em propostasavançadas, que ampliam o conceito dos direitos que se devedar à sociedade, face à novarealidade vivida hoje pelo País,que tende a modernizar-se continuamente em suas estruturas.Esse trabalho, todos reconhecem, tinha e tem de ser feitoo mais rapidamente possível,porque a ruptura de princípiose concepções, já de há muitoultrapassadas, é reclamadacom urgência pela sociedade.Mesmo assim, a ANC não sedeixou levar pelo açodamento,preferindo manter-se fiel à essência do regime democrático,que é o debate aberto e franco.Daí que, embora esgotados osprazos inicialmente previstos,o trabalho de construção donOVO texto constitucional segueum ritmo satisfatório, diante dacomplexidade da matéria coma qual trabalham os constituintes, que não é outra senão aspróprias contradições de umaSOCiedade pluralista.
Há críticas, muitas vezesfundamentadas. Mas sobramataques partidos de setores quese vão revelando intransigentese inconformados com as novasconquistas da sociedade. Issotudo o tempo é que vai mostrar, com toda a nitidez.
Paulo NevesSecretâno de Redação Adjunto
Cada um de nós avalia bem osignificado dos direitos humanosquando as liberdades violadas nosconduzem à resistência contra aviolência e o abuso do poder.
O Brasil já testou em váriasoportunidades em que as liberdades viveram um ocaso e os direitoshumanos um eclipse a capacidadede luta dos que colocam acima desuas próprias vidas o direito de serlivre e de' assegurar aos demais apossibilidade de externar o pensamento, de defender idéias e de garantir a continuidade da liberdadede todos à opinião e à informação.
A Constituinte é a grande oportumdade de afirmarmos essa vocação de liberdade e fixarmos na Carta Magna os limites dos direitos edos deveres do cidadão, para queas franquias democráticas não sejam apenas palavras sem conteúdoe sem eficácia.
No "Itinerário da Violência", livro com o qual procuramos reproduzir uma fase dolorosa de nossavida política, ficou bem evidenciada a atuação das lideranças quereagiram ao processo degradanteda ditadura. Aliás, as ditadurasnão se diferenciam senão pelo graude violência que utilizam na tentativa de preservar-se e de perpetuar-se no poder.
A defesa dos direitos humanos,no entanto, ultrapassa os limitescartográficos e, ainda agora, nossensibilizamos quando a SociedadeBntânica Antiescravatura, com sede em Londres e fundada em 1833,conforme notícia publicada peloJornal O Globo, de 13 do mês passado, afirma existirem no mundo200milhões de pessoas que vivemcomo escravos. O próprio representante dessa entidade, AlanWhitaker, esclareceu que emboranão exista uma só legislação de paísque aprove a escravidão, ela ocorre em muitos países do mundo, alcançando especialmente menores.
Nossa atuação Junto à Constituição, visando a defesa desses direitos individuais e coletivos, temraízes em nossa terra que foi, noBrasil, a primeira Província a Iibertar os escravos, antes que a LeiAurea recebesse a chancela daPrincesa Isabel.
E, se formos ainda mais distantes, vamos testemunhar na açãomilitar da Confederação do Equador, em 1824, a soltura de escravosdas nossas fazendas no Nordeste,destacando-se a figura exemplar demulher e patriota, Bárbara deAlencar, não apenas na luta antiescravagista, dando exemplo com alibertação dos seus próprios escravos, mas oferecendo o sangue e avida dos filhos pela pátria.
Inspirado nesses exemplos quevêm da terra do confederado Paesde Andrade, como de Francisco doNascimento - o Dragão do Mar-, que liderou os Jangadeiros noporto de Fortaleza para impedirque os navios negreiros descarregassem as levas de homens e mulheres arrancados do solo africano,
temos sido um vigilante defensordas liberdades públicas.
Nossas emendas nesse campo específico constituíram uma contribuição ao texto da nova Cartaconstitucional do Brasil, não apenas servindo ao seu preâmbulo,mas alcançando especificamentevários artigos relativos ao exercíciodessas liberdades.
Algumas dessas emendas nãoconseguiram obter sua inclusão notexto, mas as que o integraram sãosuficientes para significar nossacontribuição em nome daquelesque nos confiaram a tarefa de defensor desses direitos.
A questão relativa à liberdadede expressão e de imprensa e a condenação da censura poderia estarresumida em um só dispositivo, como propusemos, no sentido de quenão fossem admitidos o recebimento e a tramitação de qualquerprojeto de lei que direta ou indiretamente a permitisse.
Sabendo, no entanto, da dificuldade de aprovação de um texto tãosimples, embora tão eficaz, em face da diversidade dos tipos de comunicação de massa, preparamosuma série de emendas ao substitutivo do deputado Bernardo Cabral que tratavam da matéria emvários dos seus títulos e capítulos.
Assim, propusemos fosse considerado cnme imprescritível a tortura, idéia que vingou no projetoagora em discussão naquele órgãoe, provavelmente, adotado em redação do texto que será encaminhado dentro de alguns dias ao plenário da Assembléia NacionalConstitumte,
No Capítulo I que trata dos Direitos Individuais (art. 12, incisoXV), incluímos o de petição e representação aos poderes públicoscontra abusos da autoridade ou para sugerir medidas reguladqras doslimites da ação do Estado. Aindanessa emenda propusemos que essas sugestões, quando enviadas aoLegislativo, devessem transformar-se em projetos de lei, segundocritérios que a legislação ordináriadisciplinasse.
Nossa intenção era a de alargaro princípio do direito de petiçãoe representação, tornando a democracia mais participativa e direta,e não apenas representativa.
Era uma marcha para a convivência entre a democracia diretae representativa. Aliás, em algumas nações, é facultado ao 'povo- através de seu corpo eleitoral- até mesmo revogar mandatospor ele outor~ados. E certo queem nosso direito sempre existiu ode representação, inclusive, perante o Poder Legislativo (Constituição de 1824, n° XXX do art. 179,e art. 71, e na Carta vigente, o §30do art. 153).Trata-se, no entanto, de alargar essa faculdade, conforme expusemos na justificativade nossa sugestão.
Entre as várias emendas queapresentamos, podemos ainda destacar a de que nenhuma discriminação (art. 497, Título X) fosse tolerada contra a mulher I ajustandose a legislação ordinána ao dispositivo proposto no prazo máximode seis meses.
A mulher, hoje, está presenteem todas as áreas da atividade humana, e não apenas no lar.
Preocupou-nos o fato de que amulher ascendeu à condição departicipante, Igualando-se ao homem no trabalho, mas não na remuneração que de uma maneirageral ainda permaneceu em níveisaviltados. E a verdade é que as mulheres trabalham pelo menos duashoras diárias a mais que os homens, tendo em vista o que se convencionou chamar de "dupla jornada", com as tarefas do lar.
Nossa proposta vai determinarmodificações especialmente noCódigo Civil que data de 1916,quando a mulher vivia no lar e parao lar, sem qualquer relação socialou de trabalho autônomo na sociedade.
Quando a primeira mulher obteve, no Brasil, autorização para inscrever-se em concurso público, essa autorização deveu-se a um parecer de Rui Barbosa que interpretou o dispositivo constitucional de1891, afirmando que o vocábulo"brasileiro" ali empregado tinha osentido genérico, alcançando tantoo homem quanto a mulher.
Mas não nos limitamos a estaspropostas de emenda ao substitutivo, pois cuidamos de valonzar aindependência dos meios de cornumeação de massa com a participação das entidades de representaçãopopular e profissional, e assegurar,em lugar da censura que condenamos, a fixação simplesmente defaixas etárias em carater meramente classtficatõrio para o teatro e ocinema.
As declarações de direitos adotadas com a Revolução Francesa,com a Carta dos Estados Unidoshá dois séculos, com o importantedocumento da Organização dasNações Unidas de 10 de dezembrode 1948, estão presentes em nossaparticipação na Constituinte. Acima de tudo, porém, temos o exemplo de nossa história voltada parao respeito à pessoa humana e à suadignificação, elemento informadordas propostas que apresentamos edefendemos e que em grande parteforam incluídas como princípiosnorteadores de nossa Carta Magnaem sua fase preliminar, na Comissão de Sistematização.
Esperamos que em plenário daConstituinte essas idéias que defendemos, juntamente com outroscompanheiros, possam ser o marcodiretor de nossa lei principal, norteadora de uma pátria soberana,que consagre os direitos fundamentais da pessoa humana.
Jornal da Constituinte - Veículo semanal editado sob aresponsabilidade da Mesa Diretora da Assembléia NacionalConstituinte.MESA DA ASSEMBLÉIA NACIONAL CONSTITUINTE
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Secretário-Geral da Mesa -- Paulo Affonso M. de OliveiraSubsecretário-Geral da Mes'l - Nerione Nunes CardosoDiretor-Geral da Câmara - Adelmar Silveira SabmoDiretor-Geral do Senado - José Passos Pôrto
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2 Jornal da Constituinte
ao País uma Carta à altura dosnovos tempos.
Tomando a defesa das decisõesadotadas pela Mesa da Constituinte, Cid Sabóia de Carvalho afirmou que não há como tentar dividir os constituintes em duas categorias, colocando os da Comissãode Sistematização como privilegiados, "por que, na verdade, nãoo são". O que há - explicou é que a Constituinte tem as suasfases regimentais, que nunca foram devidamente explicadas demaneira didática ao povo, já quena sua opinião, ou por inocênciaou por dolo, as informações acercados trabalhos da ANC têm sidoveiculadas de maneira distorcida.
Cid Sabóia de Carvalho protestou contra a tentativa de rotular-setodas as atitudes dos constituintes,classificando-os como avançadosdemais ou retrógrados, e lamentou que tudo se diga contra aANC, numa campanha para desmoralizá-la.
- "A liberdade da Constituinteé vigiada pela calúnia, pela injúria, pela difamação, como se pelofato de sermos constituintes estivéssemos sujeitos a todos os crimes que pudessem ser praticados"-desabafou o parlamentar, paragarantir em seguida que, mesmocontra as resistências, a ANC dará
MATÉRIAS
Título VI(04 reuniões)
Da Tributação edo Orçamento
Título VIII(06 reuniões)
Da Ordem SOCial
Título V(02 reuniões)
Da Defesa do Estado edas InstituiçõesDemocráticas
Título VII(06 reuniões)
Da Ordem Econômicae Financeira
Título IX(06 reuniões)
Disposições Transitórias
Cid SabÓia de Carvalho
TURNOS
Manhã e Tarde
Manhã e Tarde
Manhã e Tarde
Manhã e Tarde
Manhã e Tarde
REUNIÕES
02
0202
02
02
02
02
02
02
02
02
N"
NOVO CRONOGRAMA DE VOTAÇÃO
DATAS
06.11 (6' feira)
09.11 (2' feira)
10.11 (3' feira)
11.11 (4' feira)
12.11 (5' feira)
13.11 (6' feira)
14.11 (sábado)
15.11 (domingo)
16.11 (2' feira)
17.11 (3' feira)
07.11 (sábado)
08.11 (domingo)
o Presidente Ulysses Guimarães anunciou o novo cronograma e rebateu críticas contra a ANC.
Chega a hora do voto em plenárioADIRP/Jorge Rosa o . d C .. - di 16 17 "projeto e onstituíção a ser entre os IaS e - vamos lazer
oferecido pela Comissão de Siste- o cálculo definitivo ser encaminhamatização será votado em plená- do ao Plenário.rio a partir do dia 18 próximo, de d .acordo com o novo cronograma To _os sabem que surglf_amestabelecido para o exame da ma- ques~oes.de orde~e ponderaço~s.téria naquela Comissão. Foi o que ~ pnme~ra delas e q~e a apreciacomunicou o presidente da As- çao por.tItulos ou capítulos, emb~sembléia Nacional Constituinte ra ensejada pelo art. 27 do RegiUlysses Guimarães, ao dar conhe: men~o_ Interno, não proporci<?nacimento do novo cronograma, al- va visao global detodo o proJ~tocançado depois de entendimentos ou de todo o substitutivo, para inentre a Mesa da ANC e as lideran- formar corretamente, ou conveças partidárias. ~ie~temente,o voto de cada Cons-
De acordo com esse cronogra- titumte.ma, a Comissão de Sistematização Essa a primeira objeção que foipassará a reunir-se todos <?s dias, oferecida, dentro daquele pro póde manhã e à tarde, inclusive aÇls sito inicial, que foi o de fazer umsábados e domingos, o qu~.na,,? esforço para nós acelerarmos osvinha ocorrendo. Isso possibilitará trabalhos, possibilitando o funcioum adiantamento <!e cerca de_2 namento às quartas e quintas-feisemana.s na conclusao.d~ votaçao ras do plenário da Constituinte,do projeto pela Comissão, ante- mas com apreciações parceladas,nonne~te previsto para encerrar- repetimos, do trabalho que estáse no dia 30 de novembro sendo feito pela Comissão de Sis-
Ao fazer ~ comumcaçao).Ulys: tematização.ses Guimarães rebateu crítícas a A I d dí . "decisão anterior de ir submetendo . o a o ISSO, surgl~am ai notí-ao plenário, de imediato, os títulos c~as de que e~te proce~lmento paraprovados pela Comissão de Siste- cloal vulnerana o. a.rt. 3 da Emen~amatização, à medida em que fos- n 2~, convocat~nll; da Assemb!eIasem resolvidos. Para ele, as amea- Nacional çonstItumte, e que IStOças de recorrer dessa decisão ao poderia ate, eve.ntualmente, enseSupremo Tribunal Federal repre- jar um pronuncIa.mento por partesentam uma pretensão de se aten- do Supremo Tnbunal Federal.tar contra a soberania da Assem- Em várias entrevistas que dei, re-bléia Nacional Constituinte. peli esta interpretação atentatória
A FALA DE ULYSSES à.soberania da Assembléia Nacio-O comunicado feito por Ulysses nal Constituinte. Não é absoluta
Guimarães ao plenário e o seguinte: mente aceitável esta ameaça ou es-"A Mesa, através do seu Presi- ta pseudo-ameaça, que nem
dente, desejalevar ao conhecimen- ameaça é, porque não tem qualto dos constituintes as seguintes quer fundamento jurídico. Qualconslderas~s: . quer juiz de roça julgaria prelimi-
A Presidência manteve, ontem, narmente como inepta uma preentendimentos co~ a Mesa da Co- tensão dessa ordem. Mas, de qualmissaode Sistematização, inclusive quer forma, essa objeção, quec~m o seu emme~te presidente, JU- produziu até conseqüências psiconsta Afonso Arinos, e o relator lógicas, surgiu por obra de quemBernardo Cabral, que formularam não examina com mais profundiapelo no sentido de que fossem ace- d dlerados os trabalhos da Comissão, a e o assu~to.a fim de que, dentro do menor pra- Sendo. assim, e como dentro dezo possível, o substitutivo, na sua breves dias, cerca de .10, teremosintegridade, fosse votado com a o proJeto, na sua totahd.ade, a Meapreciação das emendas destacadas sa, atraves de se~ Presidente, oupara o encaminhamento regimental vindo todas as Lideranças, se maa Mesa da Assembléia e conse- nifesta no seguinte sentido: a votaqüentemente, ao Plenário. Este ção da proposição se fará após aapelo, felizmente, pôde ser aten- sua chegada, entre 16 e 17, a estedido, após entendimentos mantidos plenário, a esta Mesa.pelas Mesas da Assembléia Nacio- Informa, também, que irá fazernal Constituinte e da Comissão de sessões noturnas extraordinárias,Sistematização com todas as Lide- se necessário, na terça, quarta eranças. . _ quinta-feira para que venha o
Conforme c~mumcaçao formal ~ substitutivo totalmente aprovado,oficial do presidente Afonso Ari- o que facilitará a votação de plenos, e!TI n?me da Comis~ão de ~is- nário.temJlt,lZaçao, esta. tambem funcio- Esta é a comunicação que a Men~a as qum:t~s-!erra~, o qut; antes sa faz, na certeza de que contribuinao acont~cIa,_ as qum~as-felfasd o para o aperfeiçoamento, para aq~e tambem nao sUl;edIaJ e aos.o- dualidade e também para a celeri-mmgos, o que também nao ocoma. -' .De conqüência, o substitutivo, aos ad~ da elaboraçao constitucio-invés do dia 30, deverá ser entregue nal.
Constituinte inova, por isso é atacadao representante cearense tam- CAMPANHA
bém acha estranho que alguns setores ameacem recorrer ao Judiciário contra decisões internas daANC, pois desde que esteja funcionando, ela é, sem dúvida alguma, a fonte não só da legalidadee da legitimidade como a fonte daprópria constitucionalidade.
A propósito, ele lembrou quetodos os que tentaram inovar eavançar as conquistas da humanidade pagaram por isso. Daí o seualerta a todos os constituintes, para que se preparem para essa realidade, que pode ser a própria história da Constituinte de 87, por estarsintonizada com os anseios do povo brasileiro.
O constituinte Cid Sabóia deCarvalho (PMDB - CE) rebateuas críticas feitas por determinadossetores e órgãos da imprensa contra a Assembléia Nacional Constituinte, dizendo que elas significampressões não só contra esse colegiado mas contra os próprios interesses do povo brasileiro e contraas conquistas que se pretende darao País. Para ele, isso resulta dofato de que é muito doloroso mudar, inovar, estabelecer uma novamentalidade e novos sistemas,num país tradicionalista como onosso, acostumado a todas as mazelas, inclusive às pressões impostas até por potências internacionais.
Jornal da Constituinte 3
ADlRP-Wllhan Prescot
Enquanto burila o texto constitucional, a ANC exibe um recorde, que é o retrato da atuação dos 559 parlamentares: 246.200.000 de linhas impressas
Números refletem participaçãoDesde que foi instalada, em 10 de fevereiro deste foram aprovadas, 33.343 rejeitadas, enquanto 11.735 anteprojetos e 1.206 projetos completos. Como um
ano, a Assembléia Nacional Constituinte produziu, foram prejudicadas, quase sempre por duplicidade. cristal de rocha que vira uma pedra preciosa, o textoalém de uma profunda avaliação institucional do país, Antes disso os computadores do Prodasen - aos poucos vai sendo esculpido numa gigantesca obrauma fabulosa estatística, com números que ajudam Serviço de Processamento de Dados do Senado Fede- coletiva.a ilustrar a atuação dos 559 parlamentares que elabo- raI, haviam registrado 72.719 sugestões oferecidas por No próximo dia 20, quando o anteprojeto deram a nova Constituição do país. brasileiros de todas as idades, de todos os credos, Constituição for para discussão e votação no grande
Praticamente encerrando a penúltima fase e pre- de todos os quadrantes. plenário, novas - talvez milhares - alteraçõesparando-se para entrar no grande plenário, os núme- Mas o que se gastou de linhas impressas consu- serão feitas em busca de uma Carta que representeros perdem a expressão diante do aprofundamento miu-se também em discursos. Foram pronunciados a média do pensamento brasileiro. Disso dependerádos diversos temas institucionais, políticos, econô- 7.674, o que dá uma média de 14 discursos para cada sua durabilidade e seu poder de produzir mudanças,micos, sociais e culturais que gastaram o fantástico constituinte. pois, como diz o poeta Octávio Paz, as palavras sónumere de 246.200.000 linhas impressas. são verdadeiras quando podem transformar-se em
Nesse quilométrico registro passaram nada me- pão e justiça.nos de 62.014 emendas apresentadas por parlamen- BURILANDO O TEXTO Na tabela abaixo apresentamos o número detares desde a fase das subcomissões até as emendas emendas que cada constituinte logrou obter aprovei-destacadas ao Substitutivo n° 2 que está em votação, Em meio a esses números, passo a passo a Cons- tamento integral por parte do substitutivo do relatorna Comissão de Sistematização. Desse total, 16.936 tituinte foi burilando seu próprio texto, em 2.994 da Comissão de Sistematização.IHelio Rosas 81 Octávio Elísio 93 Roberto Campos 'i1
NOME DO EMENDAS Adolfo Oliveira 153 Paes de Andrade 51 Sigmaringa Seixas 44CONSTITUINTE APROVADAS Haroldo Lima 53 Ismael Wanderley 70 Eduardo Bonfim 39Max Rosenmann 79 José Dutra 67 Paulo Paim 51Luís Roberto Ponte 84 Gerson Peres 54 Nelson Jobim 61
NilsonGibson 252 NelsonWedekin 74 A.C. Konder Reis 67 Flávio Palmier da Veiga 47Vivaldo Barbosa 150 Paes Landim 79 Cristina Tavares 94 César Maia 41José Ignácio Ferreira 197 Denisar Arneiro 70 Agassiz Almeida 67 Feres Nader 72Roberto Freire 183 Sotero Cunha 77 Irma Passoni 70 Ricardo Fiuza 35Vilson Souza 148 José Richa 105 Michel Temer 75 Carlos Chiarelli 51Jamil Hadad 113 João Paulo 74 João Natal 40 Alexandre Puzyna 36Alfredo Campos 148 Jutahy Magalhães 68 Antônio Salim Curiati 40 Myrian Portella 51Egídio Ferreira Lima 182 José Maurício 28 Ivo Mainardi 68 Maurício Fruet 48Nelton Friedrich 131 Israel Pinheiro Filho 54 Rita Camata 63 Mozarildo Cavalcanti 28FranciscoAmaral 96 Mendonça de Morais 74 Lúcio Alcântara 58 Mauro Miranda 40José Egreja 101 Jorge Hage 87 José Geraldo 47 Walmor de Luca 29Ricardo Izar 145 Basilio Villani 82 Sandra Cavalcanti 63 Márcio Br~a 44MaurícioCorrêa 140 Oswaldo Lima Filho 84 VirgílioTávora 68 Cid Sabóia e Carvalho 33Paulo Pimentel 117 Paulo Mincarone 47 José Serra 125 Humberto Lucena 34José Santana 121 Gastone Righi 55 Francisco Rollemberg 56 Eraldo Tinoco 49Cunha Bueno 92 FranciscoDornelles 105 Eliel Rodrigues 42 Lélio Souza 55Paulo Macarini 98 Floriceno Paixão 54 Renato Vianna 52 Samir Achôa 27Anna Maria Rattes 118 Paulo Ramos 38 Simão Sessim 67 Pompeu de Souza 65Maurício Nasser 83 Oswaldo Almeida 62 Geraldo Campos 79 Haroldo Sabóia 25Brandão Monteiro 105 Siqueira Campos 73 Alvaro Valle 41 Augusto Carvalho 57Victor Faccioni 109 Arnaldo Prieto 70 Airton Sandoval 38 Abigail Feitosa 29Fernando H. Cardoso 136 Uldurico Pinto 52 Itamar Franco 51 Antonio Ueno 36Farabulini Júnior 67 Eduardo Jorge 83 Darcy Pozza 41 Jairo Carneiro 28Mário Maia 66 Gerson Camata 66 Nelson Carneiro 69 Percival Muniz 35WilsonMartins 103 Nyder Barbosa 52 Lídice da Mata 29 José Moura 15Vasco Alves 89 MendesThame 75 Ivo Vanderlinde 37 Jofran Frejat 41José Maria Eymael 121 Geovani Borges 46 Eunice Michiles 54 Mendes Ribeiro 40Délio Braz 71 Carlos Alberto Caó 55 José Carlos Martinez 55 EnocVieira 44Antônio Britto 137 José Genoíno 37 Iram Saraiva 36 Jorge Leite 35Manoel Moreira 95 Aldo Arantes 49 Costa Ferreira 40 João Menezes 19Inocêncio Oliveira 79 Chagas Rodrigues 75 Cássio Cunha Lima 39 José Lins 35Bonifáciode Andrada 76 StélioDias 63 Joaci Góes 42 Olívio Dutra 63Paulo Roberto Cunha 100 Naphtali Alves 49 Matheus Iensen 44 LysâneasMaciel 30
4 Jornal da Constituinte
Nion Albernaz 48 José Tinoco 20 Ervin Bonkoski 10 Roberto Vital 10Aureo Mello 27 José Lourenço 27 José Freire 23 Paulo Silva 5J0x;te Arbage 43 Luiz Henrique 24 João de Deus Antunes 19 Affonso Camargo 7Ta eu França 38 Emenda Popular 40 Luiz Freire 14 Chagas Duarte 3Roberto Balestra 34 Antero de Barros 24 Juarez Antunes 9 Jesualdo Cavalcanti 6Fausto Rocha 28 Florestan Fernandes 34 Rodrigues Palma 15 Hilário Braun 8José Jorge 64 Edmilson Valentim 24 Raul Ferraz 13 Gidel Dantas 8Salatiel Carvalho 46 Hélio Manhães 10 Edivaldo Motta 11 Gil César 11Antonio Mariz 33 Benedita da Silva 24 Bosco França 13 Heráclito Fortes 13Gandi Jamil 23 Sérgio Werneck 45 Albérico Cordeiro 5 Carlos Benevides 2Ibsen Pinheiro 29 Bocayuva Cunha 20 Fernando Santana 17 Célio de Castro 9Lúcia Vânia 47 Acival Gomes 32 Ruben Figueiró 12 José Fogaça 12Victor Fontana 42 Rose de Freitas 14 Jorge Vianna 12 João Cunha 3Saulo Queiróz 26 Paulo Marques 17 Luiz Alberto Rodrigues 12 José Paulo Bisol 9Santinho Furtado 34 Gustavo de Faria 32 João Agripino 15 Narciso Mendes 2Waldyr Pugliesi 15 Felipe Mendes 17 Afonso Arinos 17 Mattos Leão . 3Joaquim Bevilácqua 38 FábIO Feldmann 25 Djenal Gonçalves 9 Alércio Dias 11Raquel Capiberibe 43 Aloysio Chaves 21 Ruy Bacelar 10 Eliézer Moreira 2Luís Eduardo 30 Ademir Andrade 17 Virgildásio de Senna 13 Hélio Duque 11Sadie Hauache 45 Expedito Júnior 18 Francisco Sales 10 Arnaldo Moraes 11Koyu Iha 38 Jose Carlos Vasconcelos 24 Francisco Pinto 17 Cardoso Alves 7Marcondes Gadelha 65 Leopoldo Peres 15 Odacir Soares 17 Maurício Pádua 6Ruy Nedel 31 Plínio Arruda Sampaio 16 Manoel Castro 15 Roberto Rollemberg 10'Waldeck Ornélas 41 Tito Costa 22 Fernando Cunha 8 Marco Maciel 11Ronan Tito 37 Pedro Canedo 29 Irapuan Costa Júnior 11 Celso Dourado 4Agripino De O. Lima 51 José Luiz Maia 30 Marluce Pinto 13 Antonio Farias 8Domingos Juvenil 38 Albano Franco 27 José Ulísses 15 Edésio Frias 5Osvaldo Bender 24 Maguito Vilela 15 Mello Reis 11 Jarbas Passarinho 7Joavanni Masini 28 Paulo Delgado 20 Miro Teixeira 14 Leur Lomanto 9Jorge Ue~ed 30 Dálton Canabrava 17 Severo Gomes 22 Raimundo Bezerra 14Ottomar into 25 Ziza Valadares 14 Artur da Távola 23 Ivan Bonato 10Prisco Viana 31 Alysson Paulinelli 14 Dirce Tutu Quadros 8 Humberto Souto 5Iberê Ferreira 46 Fernando Velasco 17 Antonio Gaspar 20 Francisco Coelho 6Alarico Abib 32 Fernando Gasparian 28 Onofre Corrêa 18 Davi Alves Silva 6Gilson Machado 35 Irajá Rodrigues 19 Moysés Pimentel 12 Aloysio Teixeira 5Renato Johnsson 33 Ronaldo Cezar Coelho 22 Rubem Branquinho 22 Milton Barbosa 2Jonas Pinheiro 34 Orlando Bezerra 13 João da Mata 11 José Luiz de Sá 5Lucia Braga 32 Darcy Deitos 16 Flávio Rocha 10 Teotônio Vilela Filho 3José Carlos Coutinho 28 Wilma Maia 22 Furtado Leite 7 Harlan Gadelha 2Oscar Corrêa 32 Sérgio Spada 33 Sérgio Brito 10 Geraldo Fleming 6Francisco Kuster 30 Evaldo Gonçalves 12 Hugo Napoleão 10 Fernando Gomes 2Domingos Leonelli 27 Osvaldo Coelho 12 Adroaldo Streck 16 José Agripino 4Chico Humberto 25 Raquel Cândido 22 Benito Gama 18 Levy Dias 4Ivo Cersósimo 17 Geraldo Alckmin 17 Joaquim Sucena 25 Vítor Buaiz 4Luiz Salomão 37 Francisco Carneiro 20 José Teixeira 10 Vinicius Cansanção 4Francisco Rossi 21 Ubiratan Spinelli 16 Luis Viana Neto 12 Sarney Filho 4Arnaldo Martins 28 Telmo Kirst 21 Mauro Sampaio 13 Mário Covas 6Aluízio Campos 30 José Costa 14 Milton Reis 12 Albérico Filho 7Antônio de Jesus 31 João Calmon 16 Nelson Aguiar 13 Del Bosco Amaral 4Carlos Sant'anna 38 César Cals Neto 11 Roberto Brant 7 Alvaro Antônio 5Noel de Carvalho 25 Amaury Müller 18 Osvaldo Sobrinho 7 Vingt Rosado 2Ronaldo Carvalho 18 Caio Pom!ceu 18 Lavoisier Maia 9 Assis Canuto 6Hélio Costa 27 José Gue es 16 Bezerra de Melo 9 Fernando Lyra 9Rosa Prata 30 Luiz Marques 10 Eraldo Trindade 7 Lezio Sathler 1Mendes Botelho 13 Leopoldo Bessone 11 Expedito Machado 12 Raimundo Lira 6Messias Góis 45 Osmar Leitão 16 Aécio Neves 8 Paulo Roberto 4Mauro Benevides 24 Edison Lobão 18 Antonio Perosa 5 Maurício Campos 2Almir Gabriel 31 Hermes Zaneti 30 Júlio Costamilan 8 Mário Bouchardet 4Adhemar de Barros PO 34 Doreto Campanari 26 Orlando Pacheco 9 Felipe Cheidde 3Theodoro Mendes 20 Antonio Ferreira 24 Olavo Pires 6 Arnold Fioravant 6Vicente Bogo 30 Luiz Gushiken 20 Márcia Kubitschek 15 Carlos Vinage 4Arolde de Oliveira 24 Joaquim Francisco 25 Wilson Campos 6 Alexandre osta 5José Camargo 15 Plínio Martins 22 João Rezek 9 Virgílio Galassi 4Christovam Chiaradia 25
Osvaldo Macedo 14 Maurílio F. Lima 15 Edme Tavares 2Francisco Benjamim 25 Meira Filho 15 Ronaro Corrêa 9 Júlio Campos 1Valter Perreira 23 José Carlos Grecco 17 Asdrubal Bentes 3 Lael Varela 1Erico Pegoraro 39 Beth Azize 7 Joaquim Haickel 2Geraldo Bulhões 17 Maluly Neto 28 Dionísio Dal-Prá 9 José Thomaz Nonô 3Adtson Motta 40 Carlos Virgílio 20 Antonio Câmara 8 Robson Marinho 4Ro erto Jefferson 23 Benedicto Monteiro 17 Gonzaga Patriota 5Lourival Baptista 42 Horácio Ferraz 22 Roberto Torres 9 Alceni Guerra 2Jutahy Júnior 40 João Alves 21 Roberto Augusto 11
Etevaldo Nogueira 2José Fernandes 28 Genebaldo Correia 31 Mauro Campos 6
Jairo Azi 5Afif Domingos 29 Fernando B. Coelho 20 Mário Assad 13
Eduardo Moreira 2Dirceu Carneiro 36 Maria de L. Abadia 21 Roberto D'Avila 12 Ruberval Pilotto 2Fábio Raunheitti 23 Marcos Lima 22 Gerson Marcondes 8 Leite Chaves 3Osmundo Rebouças 51 Luiz Viana 21 Homero Santos 7 Alair Ferreira 4Paulo Zarzur 21 Lourenberg N. Rocha 15 Henrique E. Alves 5 Aloísio Vasconcelos 4Osmir Lima 11 José Elias Murad 19 Carlos Cotta 5 João M. Rollemberg 3Francisco Diógenes 47 Rita Furtado 19 Rospide Netto 7 Ralth Biasi 7Vladimir Palmeira 32 Rubem Medina 16 Milton Lima 13 Pau o Almada 2Firmo de Castro 36 Nilso Sguarezi 14 Luiz Inácio Lula 7 Ângelo Magalhães 4Raul Belém 16 Euclides Scalco 28 José Tavares 5 Delfin Netto 1Ronaldo Aragão 27 Jacy Scanagatta 13 Nestor Duarte 12 Carlos De'Carli 1Jalles Fontoura 37 Gumercindo Milhomem 16 Mauro Borges 15 Jayme Paliarin 1Cláudio Avila 39 Cid Carvalho 13 Carlos Mosconi 9 José Mendonça Bezerra 1Borges da Silveira 26 Aécio de Borba 16 Jessé Freire 9 Mário de Oliveira 2Carlos Cardinal 20 José Queiroz 22 Valmir Campelo 7 Maria Lúcia 2Jesus Tajra 29 Mario Lima 20 Sílvio Abreu 6 Raimundo Rezende 2José Carlos Sabóia 40 Rachid Saldanha Derzi 16 Marcelo Cordeiro 2 Pimenta da Veiga 2Luiz Soyer 27 Henrique Córdova 19 Manuel Viana 7 Renan Calheiros 1Arnaldo Fana de Sá 13 Atila Lira 21 Mussa Demes 11 João Herrmann Neto 2Ézio Ferreira 18 Carrel Benevides 15 Jayme Santana 2 João Lobo 1Mansueto de lavor 26 Annibal Barcellos 14 Dionísio Hage 9 José Melo 1Nelson Seixas 32 Aluizio Bezerra 8 Divaldo Suruagy 3 França Teixeira 1Virgílio Guimarães 15 Ivo Lech 28 Amaral Netto 4 Geraldo Melo 1Moema São Thiago 31 Antônio Carlos Franco 11 Nabor Júnior 10 Guilherme Palmeira 1Daso Coimbra 23 Sergio Naya 13 Sólon Borges dos Reis 9 Carlos Alberto 1Gabriel Guerreiro 42 Amilcar Moreira 17 José Elias Moreira 10 Renato Bernardi 2
Jornal da Constituinte 5
o o
Todo fato histórico tem pelo menos dois momentos: aqueleem que acontece e outro em que é analisado já sem qualquerpaixão ou condicionamento. Desde a sua primeira edição, oJornal da Constituinte tem tido uma preocupação: colocar oleitor diante do fato, para que, posteriormente, ele seja refletidoe bem compreendido. Dentro desse espírito, a publicação integral do texto produzido pela Comissão de Sistematização, aser votada pelo 'plenário da ANC - round decisivo, é umadas missões desse jornal, razão por que prosseguimos na divulgação do projeto global. Aí estão novos capítulos, para o seuconhecimento, a fim de que você saiba, afinal, o que está sendofeito.
Trabalhadorconquista
mais direitos
CAPÍTULO V
anos;11 - Governador de Estado: trinta
anos;III - Prefeito: vinte e cinco anos;IV - Deputado Federal e Depu
tado Estadual: vinte e um anos.§ 4° São inelegíveis os inalistá
veis, os analfabetos e os que não tenham completado dezoito anos na data da eleição.
§ 5° São melegíveis para os mesmos cargos, no período subseqüente,o Presidente da República, os Governadores de Estado e do Distrito Federal, os Prefeitos e quem os houver sucedido, ou substituído nos seis mesesanteriores à eleição.
§ 6° Para concorrerem a outroscargos, o Presidente da República, osGovernadores de Estado e do DistritoFederal, e os Prefeitos devem renunciar aos respectivos mandatos, seismeses antes do pleito.
§ 7° Lei complementar estabelecerá outros casos de inelegibilidade eos prazos de sua cessação, a fim deproteger a normalidade e legitimidadedas eleições, contra a influência do poder econômico ou o abuso do exercíciode função, cargo ou emprego na administração direta ou indireta.
§ 8° São elegíveis os militares alistáveis com mais de dez anos de serviçoativo, os quais serão agregados, a partir da filiação partidária, pela autoridade superior; se eleitos, {Jassarão automaticamente para a inatividadequando diplomados. Os de menos dedez anos de serviço ativo só são elegíveis caso se afastem espontaneamenteda atividade.
§ 9" São inelegíveis para qualquercargo, no territóno de jurisdição dotitular, o cônjuge ou os parentes atéo se~undo grau, por consangüinidade,afinidade ou adoção, do Presidente daRepública, do Governador e do Prefeito que tenham exercido mais da metade do mandato, ressalvados os quejá exercem mandato eletivo.
§ 10. O mandato eletivo poderãser impugnado ante a Justiça Eleitoralno prazo de quinze dias após a diplomação, instruída a ação com provasconclusivas de abuso do poder econômico, cortppção ou fraude e transgressões eleitorais.
Art. 17 A perda ou a suspensãode direitos políticos dar-se-á nos casosde:
I - cancelamento da naturalização por sentença judicial transitadaem julgado;
11 - incapacidade civil absoluta;111 - condenação penal, enquanto
durarem seus efeitos.Art. 18. A lei que alterar o pro
cesso eleitoral só entrará em vigor umano depois de sua promulgação.
Dos Partidos Políticos
Art. 19. É livre a cnação, fusão,incorporação e extinção dos partidospolíticos, resguardados a soberanianacional, o regime democrático, o pluripartidarismo e os direitos fundamentais da pesso.a humana, e observadosos seguintes Itens:
I - caráter nacional;11 - proibição de recebimento de
recursos financeiros de entidade ougoverno estrangeiros ou de subordinação a estes;
111 - prestação de contas ao Tnbunal de Contas da União, através dobalanço financeiro e patrimonial doexercício;
IV - funcionamento parlamentarde acordo com o que dispuser a ler.
§ 19 É assegurada aos partidos políticos autonomia para definir sua estrutura interna, organização e funcionamento, devendo seus estatutos estabelecerem normas de fidelidade e disciplina partidárias.
§ 2° Os partidos adquirem personalidade jurídica mediante o registrodos estatutos no Tribunal SuperiorEleitoral.
§ 3° Os partidos políticos têm direito aos recursos do fundo partidárioe acesso gratuito ao rádio e à televisão.
§ 4° E vedada a utilização pelospartidos políticos de organização paramilitar.
CAPÍTULO IV
Dos Direitos Políticos
Art. 16. O sufrágio é universal, eo voto direto e secreto com igual valorpara todos.
§ 1° O alistamento eleitoral e ovoto são obrigatórios para os maioresde dezoito anos e facultativos para osanalfabetos, os maiores de setenta eos menores a partir de dezesseis anos.
§ 2° Não podem alistar-se eleitores os estrangeiros e, durante o período de serviço militar obrigatóno, O(
conscritos.§ 3° São condições de elegibilida
de: a nacionalidade brasileira, a cidadania, estar no pleno exercício dos direitos políticos, o alistamento, a filiação partidária, domicílio eleitoral, nacircunscrição, pelo menos durante osseis meses antenores ao pleito, e idademínima, completada até a data limitepara os respectivos registros, conforme a seguir discriminado:
I - Presidente da República e Senador da República: tnnta e cinco
a) os nascidos no Brasil, embora depais estrangeiros, desde que estes nãoestejam a serviço de seu país;
b) os nascidos no estrangeiro, depai brasileiro ou mãe brasileira, desdeque qualquer deles esteja a serviço doBrasil;
c) os nascidos no estrangeiro, de paibrasileiro ou mãe brasileira, desde <J.ueregistrados em repartição brasileiracompetente, ou desde que venham aresidir no Brasil antes da maioridadee, alcançada esta, optem pela nacionalidade brasileira em qualquer tempo;
11 - naturalizados: os que, na forma da lei, adquirirem a nacionalidadebrasileira, exigidas aos originários depaíses de língua portuguesa apenas residência por um ano minterrupto eIdoneidade moral.
§ 1° Aos portugueses com residência permanente no País, se houverreciprocidade em favor de brasileiros,serão atribuídos os direitos inerentesao brasileiro nato, salvo os casos previstos nesta Constituição.
§ 2° A lei não poderá estabelecerdistinção entre brasileiros natos e naturalizados, salvo os casos previstosnesta Constituição.
§ 3° São privativos de brasileironato os cargos de Presidente da República, Presidente da Câmara Federale do Senado da República, PrimeiroMinistro, Ministro do Supremo Tribunal Federal, e Ministro de Estado,além dos integrantes das carreiras diplomáticas e militar.
§ 4° Perderá a nacionalidade obrasileiro que:
I - aceitar de governo estrangeiro, sem licença do Presidente da República, comissão, emprego ou pensão'
ri - tiver cancelada sua naturalização por sentença judicial, por exercer atividade nociva ao interesse nacional.
Art. 15. A língua nacional é a,portuguesa, e são símbolos nacionaisa bandeira, o hino, as armas da República e o selo nacional já adotados nadata da promulgação desta Constituição.
CAPíTULO III
Da NacionalidadeArt. 14. São brasileiros:I - natos:
§ 1° É vedado ao Poder Públicointerferir na organização sindical. Alei não poderá exigir autorização doEstado para a fundação de sindicato,ressalvado o disposto no § 2°
§ 2° Não será constituída mais deuma organização sindical, em qualquer grau, representativa de categoriaprofissional ou econômica, na mesmabase territorial. Esta será definida pelos trabalhadores ou empregados interessados, não podendo ser inferior àárea de um município.
§ 3° A entidade sindical cabe a defesa dos direitos e interesses da cate~oria, individuais ou coletivos, inclusivecomo substituto processual em questões judiciais ou administrativas.
§ 4° A assembléia geral fixará acontribuição, em se tratando de categoria profissional, será descontada emfolha, para custeio do sistema confederativo de sua representação sindical.
§ 5° A lei não obrigará a filiaçãoaos sindicatos, e ninguém será obrigado a mantê-Ia.
§ 6° Aplicam-se à organização dossindicatos rurais e das colônias de pescadores os princípios adotados para ossindicatos urbanos, nas condições dalei.
§ 7° O sindicato participarã, obrigatoriamente, das negociações coletivas de trabalho.
§ 8° Os aposentados terão direitoa votar e ser votados nas organizaçõessindicais.
Art. 11. É livre a greve, vedadaa iniciativa patronal, competindo aostrabalhadores decidir sobre a oportunidade e o âmbito dos interesses quedeverão por meio dela defender.
§ 1° Na hipótese de greve, serãoadotadas providências pelas entidadessindicais que garantam a manutençãodos serviços indispensáveis ao atendimento das necessidades inadiáveis dacomunidade.
§ 2° Os abusos cometidos sujeitam os responsáveis às penas da lei.
Art. 12 É assegurada a participação dos trabalhadores e empregadosem todos os órgãos onde seus interesses profissionais ou previdenciáriossejam objeto de discussão e deliberação.
Art. 13. As empresas de mais decinqüenta empregados reservarão pelo menos dez por cento dos cargos deseus quadros de pessoal efetivo parapreenchimento por maiores de quarenta e cinco anos.
o projeto daSistematização
amplia bastanteos direitossociais dos
trabalhadores
XXIX - igualdade de direitos entre o trabalhador com vínculo empregatício permanente e o trabalhadoravulso.
§ 1° A lei protegerã o salário e definirá como cnme a retenção de qualquer forma de remuneração do trabalho já realizado.
§ 2° E proibido o trabalho noturno ou insalubre aos menores de dezoito e qualquer trabalho a menores dequatorze anos, salvo na condição deaprendiz.
§ 3° É proibida intermediação remunerada da mão-de-obra permanente, ainda que mediante locação, salvoos casos previstos em lei.
§ 4° O disposto no item I não seaplica à pequena empresa com até dezempregados.
Art. 8° São assegurados à categoria dos trabalhadores domésticos os direitos previstos nos incisos IV, VI,VIII, XIV, XVI, XVIII e XXI do artigo anterior, bem como a integraçãoà previdência social.
Art. 9° O trodutor rural e o pescador artesana , que exerçam suas atividades em regime de economia familiar, sem empregados permanentes,contribuirão para a seguridade socialatravés da aplicação de uma alíquotasobre o resultado da comercializaçãoda produção e obterão os benefícioscom valor equivalente ao salário mínimo, podendo equiparar-se ao segurado autônomo, na forma que a lei estabelecer.
Parágrafo único. Equiparam-seao produtor rural, para os efeitos daprevidência social, o parceiro, o meeiro, o arrendatário e seus respectivoscônjuges, inclusive o daquele.
Art. 10. É livre a associação profissional ou sindical.
CAPíTULO II
Dos Direitos Sociais
Art. 7° São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outrosque visem à melhoria de sua condiçãosocial:
I - garantia de emprego, protegido contra despedida imotivada, assimentendida a que não se fundar em:
a) contrato a termo, nas condiçõese prazos da lei;
b) falta grave, assim conceituadaem lei;
c) justa causa, baseada em fato econômico intransponível, razão tecnológica ou infortúnio na empresa, deacordo com critérios estabelecidos nalegislação do trabalho;
11 - seguro-desemprego, em casode desemprego involuntário;
III - fundo de garantia do tempode serviço;
IV - salário mínimo nacionalmente unificado, capaz de satisfazeràs suas necessidades básicas e às desua família, com reajustes periódicosde modo a preservar-lhe o poder aquisitivo, vedada sua vinculação paraqualquer fim;
V - piso salarial proporcional àextensão e à complexidade do trabalho;
VI - irredutibilidade de salárioou vencimento, salvo o disposto emconvenção ou acordo coletivo;
VII - salário fixo, nunca inferiorao mínimo, sem prejuízo da remuneração variável, quando houver;
VIII - décimo terceiro salário,com base na remuneração integral ouno valor da aposentadoria em dezembro de cada ano;
IX - salário do trabalho noturnosuperior ao do diurno;
X - participação nos lucros, desvinculada da remuneração, e na gestãoda empresa, conforme definido em leiou em negociação coletiva;
XI - salário-família aos dependentes, nos termos da lei;
XII - duração do trabalho normalnão superior a oito horas diárias e quarenta e quatro semanais;
XIII - jornada máxima de seishoras I?ara o trabalho realizado emturnos ininterruptos de revezamento;
XIV - repouso semanal remunerado, preferencialmente aos domingose feriados civis e religiosos, de acordocom a tradição local;
XV - remuneração em dobro doserviço extraordinário;
XVI - gozo de férias anuais, naforma da lei, com remuneração integraI;
XVII - licença remunerada à gestante, sem prejuízo do emprego e dosalário, com a duração mínima de cento e vinte dias;
XVIII - aviso prévio proporcionai ao tempo de serviço, sendo no mínimo de tnnta dias, e direito a indenização, nos termos da lei;
XIX - redução dos riscos inerentes ao trabalho, por meio de normasde saúde, higiene e segurança;
XX - adicional de remuneraçãopara as atividades consideradas penosas, insalubres ou perigosas, na formada lei;
XXI - aposentadoria;XXII - assistência gratuita aos fi
lhos e dependentes em creches e préescolas de zero a seis anos de idade;
XXIII - reconhecimento das con-venções coletivas de trabalho;
XXIV - participação nas vantagens advindas da modernização tecnológica e da automação;
XXV - seguro contra acidentesdo trabalho, a cargo-do empregador,sem excluir a indenização a que esteestá obrigado, quando incorrer em dolo ou culpa;
XXVI - não incidência da prescrição no curso do contrato de trabalho e até dois anos de sua cessação;
XXVII - proibição de diferençade salários e de critério de admissãopor motivo de sexo, cor ou estado CIvil'
XxVIII - proibição de distinçãoentre trabalho manual, técnico e intelectual ou entre os profissionais respectivos;
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Novos estados só com plebiscitoo capítulo que trata da organização político-administrativa
do país estabelece que os estados podem incorporar-se entresi, subdividir-se ou desmembrar-se para se anexarem a outrosou formarem novos estados, desde que haja aprovação das respectivas Assembléias Legislativas, das populações diretamentemteressadas, através de plebiscito, e do Congresso Nacional.No tocante à União, seus bens e suas áreas de competência,o projeto aprovado pela Comissão de Sistematização pouco modificou o texto proposto pelo relator Bernardo Cabral. Nestecapítulo, a votação foi bastante tranqüila, uma vez que nãose registraram grandes polêmicas entre os constituintes.
dades, para a administração pública,direta e indireta, nos três níveis de governo, inclusive para as fundações eempresas sob seu controle;
XXVII - defesa territorial, defesa aeroespacial e defesa civil.
Parágrafo único. Lei complementar poderá autorizar os Estados a legislarem sobre questões específicas dasmatérias relacionadas neste artigo,desde que não causem risco à soberania e unidade nacionais.
Art. 25. É competência comumda União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios:
I - zelar pela guarda da Constituição, das leis e das instituições democráticas;
11 - cuidar da saúde e assistênciapública, bem como da proteção e garantia das pessoas portadoras de deficiência;
Ill - proteger os documentos, asobras e outros bens de valor histórico,artístico e cultural, os monumentos eas paisagens naturais notáveis, bemCOmo os sítios arqueológicos;
IV - impedir a evasão, a destruição e a descaracterização de obras dearte e de outros bens de valor histórico, artístico ou cultural;
V - proporcionar os meios deacesso à cultura, à educação e à ciência'
VI - proteger o meio ambiente ecombater a poluição em qualquer desuas formas;
VII - preservar as florestas, a fauna e a flora;
VIII - fomentar a produção agropecuária e organizar o abastecimentourbano;
IX - implantar programas deconstrução de moradias, bem comopromover a melhoria das condiçõeshabitacionais e de saneamento;
X - combater as causas da pobreza e os fatores de marginalização socialdo homem, promovendo a integraçãosocial dos setores desfavorecidos.
Art. 26. Compete à União, aosEstados e ao Distrito Federal legislarconcorrentemente sobre:
I - direito tributário, financeiro,penitenciário e econômico;
11 - orçamento;III - juntas comerciais;IV - custas dos serviços forenses;V - produção e consumo;VI - florestas, caça, pesca, fauna,
conservação da natureza, defesa dosolo e dos recursos naturais, proteçãodo meio ambiente e controle da poluição;
VII - proteção ao patrimônio histórico, cultural, artfstico, turístico epaisagístico;
VIII - responsabilidade por danoao meio ambiente, ao consumidor, abens e direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico;
IX - educação, cultura, ensino edesporto;
X - criação, funcionamento eprocesso do juizado de pequenas causas'
XI - procedimentos em matériaprocessual;
XII - previdência social, proreção e defesa da saúde;
XIII - assistência judiciária e Defensoria Pública;
XIV - normas de proteção e integração das pessoas portadoras de deficiências;
XV - direito urbanístico e parcelamento do solo urbano;
XVI - normas de proteção à infância e à juventude;
XVII - organização, garantias,direitos e deveres das polícias civis.
§ 1° No âmbito da legislação concorrente, a competência da União limitar-se-á a estabelecer normas gerais.
§ 2° Inexistindo lei federal sobrematéria de competência concorrente,os Estados exercerão a competêncialegislativa suplementar para atenderàs suas peculiaridades.
A União, osestados e o
DF poderãolegislar sobrea criação dosjuizados de
pequenas causas
do gue dispuser a lei; .XXIV - estabelecer a área e as
condições para o exercício da atividade de garimpagem, em forma associativa.
Parágrafo único. O fluxo de dadostransfronteira será P,focessado por intermédio da rede publica operada pelaUnião.
Art. 24. Cabe privativamente àUnião legislar sobre:
I - direito civil, comercial, penal,processual, eleitoral, agrário e do trabalho;
11 - direito marítimo, aeronáutico e espacial;
TIl - desapropriação;IV - requisições civis e militares,
em caso de iminente perigo e em tempo de guerra;
V - águas, telecomunicações, radiodifusão, informática e energia;
VI - serviço postal;VII - sistema monetário e de me
didas, títulos e garantias dos metais;VIII - política de crédito, câm
bio, seguros e transferência de valores, comércio exterior e interestadual;
IX - diretrizes da política nacio-nal de transportes;
X - regime dos portos, navegaçãolacustre, fluvial, marítima, área e aeroespacial;
XI - trânsito e tráfego interestadual, rodovias e ferrovias federais;
XII - jazidas, minas, outros recursos minerais e metalurgia;
XIII - nacionalidade, cidadania enaturalização;
XIV - populações indígenas;XV - enngração, imigração, en
trada, extradição e expulsão de estrangeiros;
XVI - condições para o exercíciode profissões;
XVII - organização judiciária, doMinistério Público e da DefensoriaPública do Distrito Federal e dos Territórios e organização administrativadestes;
XVIII - sistemas estatístico e cartográfico nacionais;
XIX - sistemas de poupança,consórcios e sorteios;
XX - normas gerais de organização, garantias e condições de convocação ou mobilização das políticas militares e corpos de bombeiros milita-res; ,
XXI - competên'cia da polícia federal e das políticas rodoviária e ferroviária federais;
XXII - seguridade social;XXIII - diretrizes e bases da edu
cação nacional;XXIV - registro público e servi-
ços notariais; -XXV - atividades nucleares de
qu~l.quer natureza;XXVI - normas gerais de licita
ção e contratação em todas as modali-
A União poderádecretar o
estado de sitio,o estado dedefesa, e aintervenção
federal
b) os serviçose instalações de energia elétrica e o aproveitamento energético dos cursos d'água;
c) a navegação aérea, aeroespaciale a infra-estrutura aeroportuária;
d) os serviços de transporte ferroviário e aquaviário entre portos brasileiros e fronteiras nacionais, ou quetransponham os limites de Estado ouTerritório;
e) os serviços de transporte rodoviário interestadual e internacional depassageiros;
1) os portos marítimos, fluviais e lacustres;
XII - organizar e manter o PoderJudiciário, o Ministério Público e aDefensoria Pública do Distrito Federal e dos Territórios;
XIII - organizar e manter a polícia federal, a polícia rodoviária e aferroviária federais, bem como a polf(lia civil, a polícia militar e o corpode bombeiros militar do Distrito Federal e dos Territórios;
XIV - organizar e manter os serviços oficiais de estatística, geografiae cartografia de âmbito nacional;
XV - exercer a classificação, paraefeito indicativo, de diversões públicase de programas de telecomunicações;
XVI - conceder anistia;XVII - planejar e promover a de
fesa permanente contra as calamidades públicas, especialmente as secase as inundações;
XVIII - instituir sistema nacionalde gerenciamento de recursos hídricose definir critérios de outorga de direitos de seu uso;
XIX - instituir o sistema nacionalde desenvolvimento urbano, incluindohabitação, saneamento básico e transportes urbanos, entre outros;
XX - estabelecer princípios e diretrizes para o sistema nacional detransportes e viação;
XXI - executar os serviços de polícia marítima, aérea e de fronteira;
XXII - explorar os serviços e instalações nucleares de qualquer natureza e exercer monopólio estatal sobrea pesquisa, a lavra, o enriquecimentoe reprocessamento, a industrializaçãoe o comércio de minérios nuclearese seus derivados, atendidos os seguintes requisitos:
a) toda atividade nuclear em território nacional somente será admitidapara fins pacíficos e mediante aprovação do Congresso Nacional;
b) sob regime de concessão ou permissão, é autorizada a utilização deradioisótopos para a pesquisa e usosmedicinais, agrícolas, industriais e atividades análogas;
c) a responsabilidade por danos nucleares independe da existência de culpa;
XXIII - organizar, manter e executar a inspeção do trabalho, na forma
Os estados eos municípiosvão participardo resultado
da exploraçãodos recursos
naturais
pertencem ou que lhe vierem a ser atribuídos.
§ 1° É assegurada aos Estados, aoDistrito Federal, aos Municípios e órgãos da administração direta daUnião, nos termos da lei, participaçãono resultado da exploração econômicae do aproveitamento de todos os recursos naturais, em seus territórios,bem como na plataforma continentale no mar territorial respectivos.
§ 2° A faixa interna de até centoe cinqüenta quilômetros de largura,ao longo das fronteiras terrestres, designada como faixa de fronteira, é considerada fundamental para a defesa doterritório nacional, e sua ocupação eutilização serão regulamentadas em leicomplementar.
Art. 23. Compete à União:I - manter relações com Estados
estrangeiros e participar de organizações internacionais;
11 - declarar a guerra e celebrara paz;
111 - assegurar a defesa nacional;IV - permitir, nos casos previstos
em lei complementar, que forças estrangeiras transitem pelo território nacional ou nele permaneçam temporariamente, sob o comando de autoridades brasileiras;
V - decretar o estado de sítio, oestado de defesa e a intervenção federal'
VI - autorizar e fiscalizar a produção e o comércio de material bélico;
VII - emitir moeda;VIII - administrar as reservas
cambiais do País e fiscalizar as operações de natureza financeira, especialmente as de crédito, câmbio e capitalização, bem como as de seguros e deprevidência privada;
IX - elaborar e executar planosnacionais e regionais de desenvolvimento econômico e social, aprovadospelo Congresso Nacional;
X - manter o serviço postal e ocorreio aéreo nacional;
XI - explorar diretamente ou mediante concessão ou permissão:
a) os serviços nacionais, interestaduais e internacionais de telecomunicações, radiodifusão e transmissão dedados;
CAPÍTULO I
Da Organzzação
Político-Administrativa
Art. 20. A organização políticoadmmístratwa da República Federativa do Brasil compreende a União,os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, todos autônomos em sua respectiva esfera de competência.
§ 1° Brasília é a Capital Federal.§ 2° Os Territórios Federais inte
gram a União.§ 3? Os Estados podem incorpo
rar-se entre si, subdividir-se ou desmembrar-se para se anexarem a outrosou formarem novos Estados, mediante aprovação das respectivas Assembléias Legislativas, das populações diretamente interessadas, através deplebiscito, e do Congresso Nacional.
§ 4° Lei complementar disporásobre a criação de Território, suatransformação em Estado ou sua reintegração ao Estado de origem.
§ 5° Os Estados, o Distrito Federal, os Territórios e os Municípios poderão ter símbolos próprios.
Art. 21. A União, aos Estados,ao Distrito Federal e aos Municípiosé vedado:
I - adotar religião, subvencionála, embaraçar-lhe o exercício ou manter com seus representantes relaçõesde dependência, ressalvada a colaboração de interesse público, na formada lei;
11 - recusar fé aos documentospúblicos.
Art. 22. Incluem-se entre os bensda União:
I - as terras devolutas indispensáveis à defesa das fronteiras, às fortificações e construções militares, bemassim às vias de comunicação e à pre-
o servação ambiental;11 - os lagos, rios e quaisquer cor
rentes de água em terrenos de seu domínio, ou que banhem mais de umEstado, constituam limites com outrospaíses ou se estendam a território estrangeiro ou dele provenham, as terrasmarginais e as praias fluviais;
111 - as ilhas fluviais e lacustresnas zonas limítrofes com outros países;as praias marítimas; as ilhas oceânicase as marítimas, excluídas as já ocupadas pelos Estados e Municípios;
IV - os recursos naturais da plataforma continental;
V - o már territorial;VI - os terrenos de marinha e
seus acrescidos;VII - os recursos minerais e os
potenciais de energia hidráulica;VIII - as cavidades naturais sub
terrâneas, assim como os sítios arqueológicos e pré-históricos;
IX - o subsolo;X - as terras de posse imemorial,
onde se acham permanentemente localizados os índios;
XI - os bens que atualmente lhe
TÍTULO III
CAPÍTULO 11
Da União
Da Organização do Estado
·Jornal da C,onstituinte 1
o desporto merece ser tratado dentro do texto constitucional? A resposta a esta pergunta pode revelar umpreconceito cultural que muitos ainda têm consigo. Afinal, não se pode distanciar educação e esporte, na medida que o segundo faz parte do conjunto de práticaseducacionais que procuram privilegiar a formação integral do indivíduo. Este pensamento é defendido dentroda Assembléia Nacional Constituinte por um grupo expressivo de parlamentares, que tem como coordenadoro constituinte Márcio Braga. Esse grupo é integradobasicamente por diretores ou ex-diretores de clubes defutebol e que atualmente cumprem o seu mandato comoconstituinte.
Esporte fazpontos nanova Carta
"O esportecomo fato
socialinconteste
não mereceuaté hoje,no Brasil,a atençãonecessáriacomo meio
de promoçãodo homembrasileiro"
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fundado, pois essa discussão srráobjeto de legislação complementar,O que se procura estabelecer nomomento é o princípio de não-interferência do governo, sem signi~i'1ll,";entretanto, que essa autonomia luirtrapasse essa esfera de poder. I
O constituinte José Moura (Pfr;- PE) considera o esporte comoatividade essencial ao homem, cldessa forma não .pode deixar de fi~gurar na Carta Constitucional doBrasil, pois outros países como Portugal permitem que o esporte sej,l\incluído inclusive com certo destR
1'I
que. Para o parlamentar pernambucano, nos substitutivos anterío Ires, entretanto, existiam Propo~tlliwexageradas e que, portanto, criarall'1'l'conflitos. Agora, os princípios estãogarantidos em um único artigo. ~
Outro ponto que José Mourconsidera Importante é a divisão entre esporte profissional e o não-profissional, destinando recursos prio .ritariamente para a área não-pro;
"O esportereflete onível de
progressode um paíspois é umelemento
fundamentalna formação
do indivíduo"
tes têm como objetivo principalapresentar um texto que contenhasomente o essencial, sintetizando aomáximo o seu conteúdo. "E evidente que não se deve pleitear uma Carta excessivamente grande, mas também não é justo que, a pretexto do"enxugamento" do texto, a educação ffsicae o desporto permaneçammenosprezados, relegando a suanormatização a leis ordinárias,adiando, assim, mais uma vez, a elaboração de uma lei fundamentalque discipline essas relações".
Já o constituinte Pedro Canedo(PFL - Ga) afirma que retiraro esporte da Constituição, além deum erro, não iria contribuir para reduzir significativamente o texto doprojeto constitucional, pois o desporto merece apenas um artigo, ede tamanho reduzido. Pedro Canedo concorda que o esporte educacional deve merecer atenção especial do governo por ser mais um amparo dado à educação como um todo, na medida que contribuirá nãoapenas para a propagação de suaprática desde cedo, como igualmente irá valorizar o professor de educação física, atualmente muito mal remunerado, como de resto a própriacategoria dos professores. Essa medida igualmente, segundo acreditao parlamentar goiano, permitiráque se cobrem no futuro os recursosdestinados ao esporte, pois atualmente os recursos ainda são poucose restritos a uns poucos órgãos.
Pedro Canedo, por outro ladonão compreende o receio de algumas federações, sobretudo de futebol, quanto ao dispositivo que estabelece a autonomia. Segundo ele,o receio de que essa autonomia seprolongue até os clubes e o seu relacionamento com as federações é in-
ção ao direito autoral, inclusive, nocaso desportivo, e o direito de Arena. Um outro dispositivo que, naopinião do constituinte, também terá seus reflexos sobre o esporte nacional é o item 9° do art. 26, queabre espaço para que as unidadesda federação possam legislar sobreo desporto de forma mais independente.
"O esporte como fato social inconteste não mereceu até hoje, noBrasil, a atenção necessária comomeio de promoção do homem brasileiro e de melhoria da nossa sociedade. Esta omissão ocorreu, inclusive, nos textos constitucionais anteriores." Esta posição foi defendida pelo constituinte Ivo Lech(PMDB - RS), que continuou afirmando que, "desse modo, quandoa Assembléia Constituinte resgataa relevância do fato esportivo paraa evolução da própria sociedade, fica evidente que esse fenômeno, umdos mais marcantes deste final deséculo, passou realmente a ser considerado como um dos aspectos sociais importantes para o país".
O parlamentar gaúcho lembrou,entretanto, que muitos constituin-
tar na Comissão de Sistematizaçãoe que propõe justamente uma diferenciação clara do desporto profissional e do não profissional. Estaseparação Márcio Braga consideraimportante para todo o trabalhoque se fará sobre a legislação ordinária, permitindo uma maior flexibilidade, "fruto aliás de diferentesrealidades das duas categorias".
O constituinte Marcelo Cordeiro(PMDB - BA) é igualmente umdos defensores da inclusão no textoconstitucional de dispositivo quetrate da questão desportiva. Paraele, o texto precisa ser conciso, masnem por isso deve ignorar os princípios gerais de saúde mental e cultural do indivíduo, entre os quais seencontra o esporte. É importantedo mesmo modo, para o parlamentar baiano, uma definição clara doconceito e do papel do esporte naformação e no desenvolvimento dopovo. Não se deve ignorar, completou Marcelo Cordeiro, que o esporte faz parte da realidade individuale coletiva do brasileiro, pois o esporte mobiliza e comove.
Aécio de Borba, constituinte peloPDS do Ceará, por sua vez, acreditaque os elementos fundamentais foram atendidos pelo substitutivo dorelator Bernardo Cabral, principalmente no que concerne à liberdadede organização, ao apoio do governo e à autonomia relativa da justiçadesportiva perante a justiça comumnos casos de litígio. O único pontoque o parlamentar considera nãocontemplado foi o dos incentivosfiscais, mas, assim mesmo, porqueeste benefício foi retirado de todosos artigos da proposta constitucional". "Ninguém pode negar, entretanto, a força do esporte no país,pois só no futebol reúne mais decem mil pessoas em um estádio, istosem contar aqueles que assistem pela televisão. Esporte é alegria, sendo profissão para quem se dedicaa ele, e lazer para o amador. Portudo isso, o esporte não ter espaçona nova Carta seria um erro grave".
Aécio de Borba lembra ainda quenão foi apenas no art. 245 que oesporte foi beneficiado. O parlamentar cearense lembra o § 31 doart. 6°que garante a livre expressão,independente de censura, a prote-
Assim é o caso do Eróprio constituinte Márcio Braga (PMDB - RJ)que é igualmente presidente do Flamengo. O esporte atualmente, lembra ele, é o corolário da educaçãoe da saúde e vem de uma modificação no modo de considerar a atividade esportiva a partir do final daSegunda Guerra Mundial. Até essadata, acrescenta Márcio Braga, oesporte era a afirmação da superioridade de uma raça e um instrumento político. Não era dessa maneira,tratado como uma parte integranteda formação do jovem e elementode integração do indivíduo na sociedade.
O desporto hoje é dividido, conforme conta o parlamentar doPMDB, em estudantil, militar, classista e comunitário. O estudantiltem como exemplo mais representativo os Estados Unidos, onde abase está nos colégios, mas fundamentalmente nas universidades econta com o incentivo do patrocíniode empresas privadas. Já a modalidade militar e característica dos países socialistas. Márcio Braga cita como exemplo a seleção de futebolda Hungria que assombrou a todosna Copa do Mundo de 1954.O grande exemplo de esporte classista anívelmundial é o Japão, onde o confronto se localiza entre as diversasempresas g,ue mantêm clubes disputando os diversos campeonatos dasdiferentes modalidades. O esportebrasileiro está situado justamentena quarta categoria, ou seja, a docomunitário. Desde sua origem, naopinião de Márcio Braga, o desporto nacional é praticado em clubes,como o Flamengo que completa 92anos no próximo dia 15. Uma tradição que, segundo acredita o parlamentar, sempre foi mantida com apoupança popular.
O profissionalismo foi introduzido no país em 1933e provocou umadivisão em que foram formadas federações específicas para abrigaratletas profissionais e amadores.Essa situação, recorda Márcio Braga, somente foi resolvida em 1941,quando Getúlio Vargas implantoua atual estrutura, mas sem respeitoà tradição brasileira, indo buscar omodelo na Itália fascista. Dentrodessa importação de modelo vierama reboque a superioridade racial eo esporte como elemento patriótico. Esse fato, assegura Márcio Braga, criou primeiramente a noção deque cada time brasileiro 9ue vai aoexterior é na realidade ' o país dechuteiras que está em campo",mentalidade, aliás, reforçada durante os últimos 22 anos pelo governo. E por outro, até hoje o dirigentede um clube, por exemplo, não recebe remuneração, por ser esse umserviço patriótico.
Diante desse quadro, MárcioBraga acha imprescindíveis as modificações que são esboçadas emseus princípios através do projetoconstitucional. A autonomia dadaàs entidades esportivas, primeiramente, segundo análise do constituinte do Rio de Janeiro, é importante para evitar fatos como os registrados no passado em que "aArena perdia e logo em seguida,o Campeonato Nacional ganhavamais uma equipe na temporada".
Essa interferência do Estado, entretanto, estará regulada no caso doesporte educacional como um direito do cidadão do qual ele não poderá se eximir. Márcio Braga acreditaque a base da educação esportivadeve ser assegurada, mas a opçãodo atleta de alto nível é uma escolhapessoal na qual o Estado somentedeverá participar eventualmente.
Márcio Braga, por sua vez, temuma emenda que pretende apresen-
8
uma autonomia que ainda nãohaviam experimentado, excetoem decisões menores.
Pelo item segundo, o papel doEstado como viabilizador da política desportiva no sentido dedestinação de recursos fica assegurado. Mas ao contrário do quepossa parecer, isso não significaque o esporte de alto nível receberá todos os benefícios dessamedida. Antes o oposto. Pelaproposta, prioriza a aplicação derecursos no desporto educacional não profissional, deixandopara amparar o esporte de altonível somente em casos específicos a serem estudados individualmente.
O item terceiro, por seu turno,tem como finalidade resgatar asmodalidades esportivas de cunho e origem nacionais. Essamedida impedirá que as atividades culturais que se manifestamno campo desportivo sofram discriminações e marginalizações,como é o caso da capoeira, queainda é tratada, talvez por umtraço de colonização, como umamodalidade menor e não comoexpressão de uma herança cultural de um povo.
Finalmente, no parágrafo único do art. 245, coloca-se fim auma das intermináveis discussões políticas do desporto nacional, na opinião de Manoel Tubino. Por este dispositivo, fica estabelecido que o poder Judiciário somente admitirá ações relativas à disciplina e às competições desportivas, após esgotarem-se as instâncias da JustiçaDesportiva, estabelecendo damesma forma o prazo máximode 60 dias para que os julgamentos sejam encerrados e proferidaa decisão final. Com esta medida, acredita Tubino, está-se evitando a predação do esporte nacional, sem que haja, comoatualmente, um constante movimento no sentido de ferir a ética.
Manoel Tubino, entretanto,concorda com o constituinteMárcio Braga quando propõeainda um quarto item que estabeleceria uma diferenciação entre o profissionalismo e o nãoprofissional, que ele entende serum dos maiores equívocos daatual Legislação. Essa falta dediferenciação legal faz com queo surfe não seja reconhecido como esporte por não ter os seuspraticantes vinculados a clubes.Ou mesmo o fato de exigir dolutador Maguila a sua filiação aum clube para que ele possa estar em situação legal regularizada, pois ao contrário não poderiaparticipar de uma competição.Fato que o presidente do CNDconsidera uma anomalia.
Mas existe um preconceito emrelação ao esporte? Manoel Tubino acredita que sim, pois nãoexiste no país uma cultura física.Quer dizer, o indivíduo não observa o esporte como parte desua própria formação. No entanto, Tubino acredita que a novaCarta produzirá um efeito emcascata importante, na medidaem que, apoiando o esporte,permitirá que passem a existir secretarias estaduais, bem comoleis regionais, que tratem o esporte com a urgência que ele merece na integração social e íntimado indivíduo.
Para Tubino, inclusãodo 'desporto na Constituição
é um grande avançoO Presidente do CND, Ma
noel Tubino, é um pioneiro desde que praticava esporte comoatleta. Ele foi um dos primeirospraticantes de caratê no país, nostempos em que a modalidade eraministrada apenas no Rio de Janeiro. Agora, à frente do CND,Tubino promove maior descentralização do desporto nacionalcom a criação de novas confederações que serão responsáveispelo destino de modalidades queantes estavam agrupadas, muitasvezes de forma aleatória, enquanto modalidades tipicamentebrasileiras como a peteca, o tamboréu ou mesmo a capoeira,eram discriminadas.
Manoel Tubino acompanhade perto a movimentação da Assembléia Nacional Constituinte,e considera imprescindível queo esporte seja mcluído na novaCarta do país, de forma que sejam delimitados os seus preceitos fundamentais e através dosquais serão fundamentadas todas as leis complementares. Segundo Tubino, o esporte é umdos maiores fenômenos sociaismodernos, sendo inclusive tratado como direito em 19 Constituições de países consideradosdesenvolvidos.
Tubino afirma que muitosquando pensam em esporte sereferem ainda a um conceito restrito que se detém somente aoesporte de alto nível. Este concerto, entretanto, recorda o presidente do CND, foi ampliadodesde que a Unesco dedicouuma carta internacional específica que passou a incluir a atividade desenvolvida pelo homemcomum e também privilegiandoo sentido educacional do esporte.
Manoel Tubino, desta forma,considerou um avanço importante que a nova Constituição inclua o esporte em seu texto, principalmente delimitando o papeldo Estado nesse campo das relações da sociedade. O trabalhoda Constituinte para que chegasse à proposta concretizada noSubstitutivo 2 do relator Bernardo Cabral ouviu importantes setores do desporto nacional, apartir dos trabalhos da Subcomissão de Educação, Cultura eEsporte. A síntese, lembra ele,encontra-se agora no art. 245 doprojeto constitucional.
Este dispositivo, aliás, foi analisado detidamente pelo presidente do CND. De acordo comTubino, o arti~o foi bem redigido, pois praticamente abordatodos os pontos fundamentais.No preâmbulo, o texto faz umadistinção importante entre aspráticas formais e não formaisdo esporte, que Tubino considerou uma importante abertura para a incorporação na legislaçãodo país dos conceitos mais modernos desenvolvidos pela Unesco. Igualmente importante éacrescentar que cabe ao Estadofomentar a prática desportiva,atribuindo, portanto, uma responsabilidade neste setor educacional do indivíduo.
O item primeiro do artigo contraria, por sua vez, toda a atualorientação dada pela legislaçãoem vigor. Por esse dispositivo ficam fora da alçada as entidadesdesportivas, atribuindo-se a elas
um futuro desempenho em competições internacionais que seja dignodo país", lembra ele. Mas o principal, assegura, é o desenvolvimentodo esporte na juventude para quese possa criar uma juventude saudável no Brasil.
Já o constituinte Max Rosenmann (PMDB - PR) acredita queo esporte tem seu papel formadorque é importante, sem dúvida nenhuma.
O governo, afirma o parlamentarparanaense, deveria coordenarações que permitissem atividadesesportivas entre cidades, empresase colégios, de modo a, em uma primeira fase, descobrir valores e emigual grau de importância dar lazerao trabalhador. Para Max Rosenmann, o dinheiro do governo precisa ter uma destinação social emtodos os níveis. "Por exemplo, sóo dinheiro que o ex-ministro da Previdência Social, Raphael de Almeida Magalhães, gastou para a suadespedida - cifra que gira em tornode um e meio milhão de dólares poderia gerar maiores benefícios seaplicados na área esportiva. É preCISO ter zelo pelo dinheiro público".
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Aécio de Borba
dalidades praticadas e seus doisprincipais níveis. Na AssembléiaNacional Constituinte, o esporteamador, ou não profissional, é ocentro de todas as discussões, porse tratar de modalidades que necessitam de interferência e proteção doEstado para sua divulgação é prática, pelo fato de serem não apenaso trabalho de base do esporte, masprincipalmente por não terem atrativos financeiros ou serem pouco lucrativas, pelo menos do modo comovêm sendo exploradas na maior parte do territóno brasileiro". A opinião é do constituinte Maguito Vilela do PMDB de Goiás.
Asdrubal Bentes (PMDB - PA)foi dirigente do Payssandu e presidente da Federação Paraense deBasquetebol, afirma ser importanteque o esporte seja revalorizado apartir da Constituinte. "Esporte écultura, lazer, saúde, educação e vida e não há educação integral semque se dê também a educação físicae que esta esteja garantida comodireito do cidadão". Do mesmo modo o parlamentar paraense ressaltou a importância do texto comprincípios básicos e que não contemple casuísmos. A Legislação ordinária, assegura, dará maior proteção aos casos específicos.
O constituinte Mussa Demes(PFL - PI) mostrou-se cético comrelação a atual situação do esporteno país. "O esporte não é bem administrado e precisa de normas permanentes que garantam inclusive
A Carta de 1967 dedica ao desporto apenas uma linha,no Título I (Da Orgamzação Nacional), Capítulo 11 (DaUnião), ao estabelecer que compete à União legislar sobre"diretnzes e bases da educação nacional; normas gerarssobre desportos (alínea q, item XVII, artigo 8")
Já o substitutivo de Bernardo Cabral contempla o desporto com um artigo específico, englobando 3 itens e umparágrafo. Trata-se do artigo 245 do Capítulo 1II (Da Educação, da Cultura e do Desporto), Título VIII (Da OrdemSocial), cujo texto é o seguinte:
Art. 245- E dever do Estado fomentar práticas desportivas formais e não formais, dentro dos seguintes princfpios
I - respeito à autonomia das entidades desportivas, dirigentes e associações, quanto à sua organização e funcionamento internos;
II - destinação de recursos públicos para amparar e promover prioritariamente o desporto educacional, não profissional e, em casos específicos, o desporto de alto rendimento;
III - proteção e incentivos às manifestações de cnaçãonacional.
Parágrafo único - o Poder Judictáno s6 adrmtirã açõesrelativas à disciplina e às competições desportivas ap6s esgotarem-se as instâncias da Justiça Desportiva, que teráa prazo máximo de sessenta dias, contados da instauraçãodo processo, para proferir a decisão fmal.
Márcio Braga
-=~~~;;;::-==--
fissional. Pelo projeto embora se fi-
iem as áreas de competência do Esado. Em nenhum momento se resringe a possibilidade de que a iniiativa privada participe.
~Para o constituinte Ézio Ferreira
PFL - AM), o esporte precisa terlguma força de lei para evitar ostuais problemas, como a falta de
infra-estrutura que cria uma semprecrescente carência de recursos. Oesporte, de acordo com o parlamentar amazonense, reflete o nível dedesenvolvimento de um país, e onível de preocupação do governo
I Com a própria Juventude do país,. pois, segundo ele, o esporte é um
elemento fundamental não apenasna formação do indivíduo, mas tempapel precioso para afastar o jovemdos diversos vícios que o ameaçam.
O constituinte Manuel Ribeiropretende apoiar a emenda do constituinte Márcio Braga por considerar, assim como a maioria dos integrantes dessa verdadeira frente emfavor do esporte, que a distinçãoentre o esporte em sua forma profissional e sua forma amadora é crucialpara que se /?ossa inclusive aplicarcom tranqüilidade o dispositivo jáprevisto no substitutivo de destinarrecursos prioritariamente para o esporte educacional. Sem este quartoitem, os princípios defendidos nasdemais fases do artigo, podem sim-
,plesmente se perder no vazio, concluiu ele.
"Quando nos referimos ao esporte, temos em mente as diversas mo-
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PolíciaMilitar
Srs. ConstituintesNão posso aceitar que uma ins
tituição como a polícia militar, queao longo dos anos vem defendendo a sociedade contra o avançodos criminosos de alta periculosidade, entre outros, com o sacrifício da própria vida, seja simplesmente extinguida. (... )
José Nolasco LimaDuque de Caxias - RJ
DignidadeSrs. Constituintes,Lutem para que nós brasileiros
e brasileiras na infância, adolescência e velhice, como homem eI!1ulher, sintaJ!l0~ ~ go~to do quee uma Constituição digna. Nãodeixem que caia por terra a esperança desse povo que, como todosnós .sabemos, quer viver dignamente.
Reinaldo P. GonçalvesJoinville - SC
o ouro"e nosso
Srs. Constituintes,De cada 12 toneladas de ouro
extr.aídas no Bra~il apenas 4 ficamaqui e o resto so Deus sabe paraonde vai. (... ) Se existe o slogan:'~ p'etróleo é nosso", por que nãonnciar U1lla campanha nacional de"o ouro é nosso"? Aí teremos umarepercussão imediata. Façam umalei determinando que somentequem poderá comprar o nosso ouro é o Banco do Brasil, a CaixaEconômica Federal e os bancos estaduais e locais, havendo penalidades para quem violá-la. (... )
Dilvo AraújoCapão da Canoa - RS
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Eduardo Nunes de LimaRio de Janeiro - RJ
Srs. Constituintes,Uma vez que nossos dias atuais
não nos possibilitam vivermos despreocupados c011?- a nossa segurança e a de nossos filhos, eu sugeririaque fossem tomadas providênciasnecessárias no sentido de que fosse reestruturada ~ lei que abrangeas purnçoes a cnmmosos pois aatual em vez de puni-los ds protege: ~lé~ do que, quando punidos,reivindicam melhores condiçõesde vida nas penitenciárias.
Paulo Baptista de Andrade POJesuãnia - MG
LeiPenal
SistemaPenitenciário
Srs. Constituintes,Gostaria muito que a nova
Constituinte acabasse com o sistema penitenciário, e todos aquelesque tenham que cumprir penas,fossem com o trabalho, pois nointerior da Amazônia, de Minas,Bahia, existe muito o que fazer.(...)
gera empregos para as atuais. Emrelação ao controle da natalidadeo Estado deve oferecer a todo~condições igualitárias.
Célio Teixeira CunhaGuarapuava - PR
Unificaçãoda Polícia
Srs. Constituintes,Em !elaç;,ão à segur~nça a que
cada cidadão tem direito, sugiroque seja criada no Brasil uma s6polícia a nível de Estado,visto quetemos polícias civil e militar no entanto só uma faz parte do s~rviçoe ambas são pagas pelo povo. Seusarmos o efetivo atual da políciacivilpara o serviço administrativo,podemos usar o atual da políciamilitar para o serviço de patrulhamento, investigação, capturas ebuscas. (... )
Élcio Lima Soares da SilvaGravataí - RS
Srs. Constituintes,Quanto ao uso do subsolo, a ex
ortação de minérios brutos énadmissível no atual estágio inustrial brasileiro, pois, além deerar míseras divisas, exaure reursos das futuras gerações e não
Uso do Subsolo
A Comissão de Sistematização estávotando assuntos importantes da vidanacional. Se você concorda ou discordadas decisões é h?ra de se pronunciar,pOIS tudo podera ser revisto emplenário. Mais do que nunca é hora doleitor influir, participar.
Defesa daNatureza
Srs. Constituintes,Falei há pouco tempo com um
funcionáno da Polícia Florestalque me falou sobre as leis de defesa da natureza, que muitas pessoasnão sabem que existem. Uma delas, como exemplo, é que deveriahaver um determinado tempo nasemana para se falar sobre o assunto e, no entanto, não é cumprida. Sugiro que deva haver maisrigor nestas leis. Todos devem ficar a par destas leis, pois o maiorproblema está na falta de informação do povo brasileiro.
Nilton Jorge de QuadraSão Vicente - SP
10 Jornal da Constituinte
Jobim analisaas mudanças
no Judiciário
Nelson Jobim - O que se estápassando é que, com o sistema autoritário que tivemos, o CongressoNacional perdeu o seu valor comoórgão decisório. Com isso, ficaram atingidos também os partidospolíticos, porque o foro de atuação dos partidos é o CongressoNacional. Agora, paralelamente aisso, com o enfraquecimento daatividade política, começou-se acriar na sociedade uma série dearticulações cooperativas. Então,se articularam - CNBB, ABIa erepresentantes de empresários eempregados etc, e todos se articularam cooperativamente. Aí, oque se passa ? Vamos ter umaConstituinte, onde os partidos políticos são o veículo. Elegeu-seuma Assembléia Nacional Constituinte e os lobbies, quer dizer, oscooperativistas querem reproduzir seus interesses dentro da Constituição. E isso, como se passa?Passa-se da seguinte forma: aqueles que estão sendo vencidos, principalmente os mais conservadores, os lobbies da classe conservadora, estão sendo vencidos dentroda Comissão de Sistematização,começam a articular todo um movimento de descrédito da Constituinte porque a Constituição queestá sendo feita não coincide comos seus interesses. Na medida emque não coincide com seus interesses, produz todo um movimentodentro da grande imprensa, dosgrandes empresários contra a atividade da Constituinte. Porque oque se está produzindo não é bompara eles. Porque eles 'queremproduzir uma Constituição que seja a reprodução de seus interesses,interesses das diversas corporaçÕ$lS que hoje compõem a sociedade brasileira. E isto não estáacontecendo, não se está reproduzindo o interesse das corporações.E como, na medida, isso não estáacontecendo, forma um grupo antagônico contra a Constituinte. Eisto se reproduz na imprensa quetem atendido a esse tipo de coisase faz o espírito nacional.
Devo dizer que o que se temhistoricamente é 'lue quando setem toda a Constitumte trabalhando, há todo um movimento de descrédito. Foi o que aconteceu como movimento de descrédito em relação aos constituintes italianosem 1948 e o que se passou aqui,também, em 1946, com menos força, mas numa época em que a imprensa não estava totalmente desenvolvida, não havia televisãoetc.
JC - Fala-se que essa Constituinte é formada por uma predominância de parlamentares de tendência conservadora. O deputadoacredita que seja mais liberal doque a de 1946?
Nelson Jobim - Não. Não é.Difere muito da situação. Teremos que examinar em cima do quejá existe pronto e do que já foivotado. O que foi votado na Comissão de Sistematização é progressista, na definição do que dizrespeito aos direitos individuais eé pro~ressista no que diz respeitoaos direitos sociais. Nesta Constituinte, as conquistas dos trabalhadores estão postas no capítulo dosdireitos sociais e nos direitos individuais também. Você vê lá umasérie de institutos novos, de figuras novas e definições novas emdireitos individuais que não exístiam na Constituição de 1946. Euma conquista moderna.
JC - Mas pode cair em Plenário.
Nelson Jobim - É. Mas paraderrubar isso precisam de 280 votos.
"Não se estáreproduzindo o
interesse dascorporações.
Na medida emque esse fato
acontece,forma-se um
grupoantagônico
contra aConstituinte' ,
Jobim: criação da Justiça Agráriaretardaria a Reforma
sor da questão da Corte Constitucional. É assunto encerrado?
Nelson Jobim - Não. A CorteConstitucional ainda temos condição de criar na medida em quefizermos duas alterações no-projeto, no que diz respeito ao SupremoTribunal Federal. Tenho destaques que alteram a forma da composição do Supremo e a não vitaliciedade de seus membros. p também alteramos alguma coisa nacompetência do Supremo. Então,vamos ter a forma de criar a Suprema Corte Constitucional em queos juízes do Supremo seriam nomeados através de indicações dopróprio Supremo Tribunal Federal: 1/3 do Supremo Tribunal Federal; 113 através de nomeação pela Câmara dos Deputados e 113indicado pelo presidente da República e todos eles passando peloSenado Federal, com o mandatode oito anos.
JC - Como está vendo, de maneira geral, o trabalho da Constituinte, agora, na votação da Comissão de Sistematização?
Nelson Jobim - O trabalho está muito bom. O trabalho tem sidode debate, um debate profundode todas as questões. Estão acusando de que está demorando demais, mas o fato de termos votado,por exemplo, até hoje, 35 artigos,não significa que se tenha votado35 enunciados, votamos muitomais de 35, porque, vejam bem,o art. 5° tinha 56 enunciados diferentes. Então, se você fizer pornúmero de enunciados, seguramente já votamos mais de cem.Então, é um trabalho profundoque tem de ser conduzido dessaforma, porque a Comissão de Sistematização, com isso, é uma instância em que podemos discutire eventualmente votar erradamente, mas também corrigir noPlenário.
JC - Qual o sistema de governoque o deputado apóia?
Nelson Jobim - Sou favorávelao parlamentarismo. Não digoque é fácil manter o texto do relator Bernardo Cabral como está.Não creio que vá se manter comoestá. Mas, na verdade, vamos tero sistema parlamentar.
JC' - A que o senhor atribuium certo descrédito com relaçãoaos trabalhos da Constituinte?
ADIRP/Guilherme Raulel
nor Tribunal de Justiça é um Tribunal que vai exercer a função noque diz respeito às questões federais, vai ser órgão recursal extraordinário para a justiça estadual epara a Justiça federal. O antigoTribunal Federal de Recursos vaificar dividido em vários tribunaisregionais, ficando um em Brasília,para o Distrito Federal, mas ficarão vários tribunais federais regionais que vão exercer regionalmente funções do, hoje, Tribunal :federal de Recursos, e o SupenorTribunal de Justiça será o órgãorecursal desses tribunais, comotambém será o órgão recursal dostribunais estaduais das questõesfederais.
JC - O senhor é favorável àmanutenção da representação classista na Justiça do Trabalho?
Nelson Jobim - Só em primeiro grau. Só na Junta do Trabalho,não em segundo grau. Tenhoemenda inclusive suprimindo a representação classista nos tribunaisdo trabalho regionais e no Superior Tribunal do Trabalho.
JC - O deputado era um defen-
enfim, aos seus presidentes, a I?articipação, junto com o Executivo,na elaboração do Orçamento. OOrçamento não pode ser partidoentre as diversas entidades, é umOrçamento só. Então, o Judiciárioterá assento junto ao Executivopara a formulação desta proposta.
JC - O substitutivo não contemplou a criação da justiça agrária, que muitos consideraram importante para a implantação da reforma agrária. Como v~ isso?
Nelson JobiÕ1- Vejo que nãohavia necessidade nenhuma de secriar uma justiça agrária. Para secriar uma justiça agrária, retardarse-ia a reforma agrária e iria secriar uma estrutura nova. e teriaque se fazer um tribunal agráriocom juízes agrários. Há uma justiça própria que é a Justiça Federal,é só lhe atribuir competências, estabelecendo varas dentro da Justiça Federal, especializadas paraisso. Pronto está resolvido.
JC - Qual o tratamento dadono substitutivo à Procuradoria Geral da República, à Defensoria PÚblica e ao Ministério Público?
Nelson Jobim - A Procuradoria Geral da República se erigiucomo órgão autônomo. O grandeobjetivo foi descolá-la do PoderExecutivo de forma tal que pudesse a Procuradoria Geral da República erigir-se como órgão autônomo do Poder Executivo, masnão como um poder, porque aProcuradoria nunca vai chegar aser um poder pois não vai executar, não vai produzir leis. O quea Procuradoria fará, isto sim, éuma maneira de reformar o PoderJudiciário. Precisamos ter um órgão que possa ter a iniciativa dereformar a ação do Poder Judiciário para que o Poder Judiciáriopossa exercer o seu poder juntoao Estado.
JC - O Tribunal Federalde Recursos foi substituído pelo Superior Tribunal de Justiça. O que muda?
Nelson Jobim - O que é fundamental é o seguinte: o SuperiorTribunal de Justiça é completamente diferente do Tribunal Federal de Recursos. O Tribunal Federal de Recursos era um Tribunalque funcionava como segundograu da Justiça Federal. O Supe-
A criação do Conselho Nacional de Justiça, 6rgão que faráo controle externo do Poder Judiciário, "A Fiscalização da disciplina da Função e não do exercício da Função", é consideradapelo constituinte Nelson Jobim como a mais importante modificação inserida pelo 2° substitutivo, do relator Bernardo Cabralno capítulo referente ao Poder Judiciário.
Na entrevista, Jobim se diz contrário à criação da JustiçaAgrária, favorável à substituição do Tribunal Federal de Recursos pelo Superior Tribunal de Justiça, pela manutenção da repr~
sentação classista na Justiça do Trabalho apenas a nível de pnmeiro grau e, ainda, não acredita que a criação da Corte Constitucional, que t~nto d~fendeu, seja ass~n!o encerrado (esses temas) são tambem analisados pelo constituínte Paes Landim (PFL- PI), na página 12.
JC - Deputado Nelson Jobim,quais os pontos mais relevantesnasmodificações introduzidas pelo 29
substitutivo referente ao Poder Judiciário?
Nelson Jobim - O importanteé que o Conselho Nacional de Justiça funcionará como órgão decontrole externo do Poder Judiciário, mas não vai controlar a atividade do Poder Judiciário no quediz respeito ao exercício da funçãojudicante, vai controlar, isto sim,ter poderes de controle sobre aspessoas que exercem essa função.Então, não será um controladorda atividade judicante, mas, sim,um controlador das pessoas queexercitam essa função, ou seja, vaiexercer controle sobre a assiduidade, sobre as formas de trabalho,enfim, de controle disciplinar.
JC - O Judiciário se manifestou contra a criação do ConselhoNacional de Justiça. A OAB e outros setores são favoráveis, comoexplica?
Nelson Jobim - A emenda éminha. Foi assinada por mim etem origem no Conselho Federalda Ordem dos Advogados do Brasil. Acho fundamental a criaçãodo Conselho de Justiça. De outraparte, a interpretação que estásendo dada ao Conselho Nacionalde Justiça pelo órgão do Poder Judiciário é equivocada, volto a repetir, aquele órgão visa à fiscalização da disciplina da função e nãoà fiscalização do exercício da função. Não se vai fiscalizar o poderjudicante. O Conselho tem comoobjeto as pessoas que exercema'l.uela função e não a função propnamente dita. Então, não e órgão de fiscalização do poder, é órgão de fiscalização das pessoas, namedida em que elas estão exercendo o poder.
JC - A nova Constituição iráassegurar ao Judiciário a condiçãode Poder independente e soberano? Como será a autonomia administrativa e financeira do Poder Judiciário?
Nelson Jobim - Evidentemente que a autonomia administrativa do Poder Judiciário é assegurada não pela forma de se estabelecer ao Judiciário um percentual no Orçamento. Não é isso.Mas asseguramos ao Judiciário,
Jornal da Constituinte 11
Landim quero Supremo
Independente
Landim:não pode haverórgãos acimados Poderes da República
Uma veemente defesa doSupremo Tribunal Federal é oassunto principal da entrevistado constituinte Paes Landim(PFL - PI). Segundo ele, o"STF é a grande instituição republicana brasileira, que temcontribuído para o engrandecimento do direito brasileiro".Destacou Landim a construçãode institutos pelo Supremo, como o habeas corpus e o mandado de segurança. Por isso,não concorda com a criação doConselho Nacional de Justiça,porque, a seu ver, "retira, decerta maneira, esta majestadeda independência do Poder Judiciário, sobretudo do STF".
Paes Landim salienta, também, ao comentar o capítulosobre o Judiciário contido no2° substitutivo do relator Bernardo Cabral, a criação de juizados de pequenas causas, adescentralização da Justiça Federal e a restauração da figurado juiz de paz.
JC - Deputado, quais os pontos mais relevantes das modificações introduzidas pelo 29 substitutivo do relator Bernardo Cabral,no tocante ao Poder Judiciário?
PaesLandim - Em primeiro lugar, está definida a criação de juizadosde pequenas causasque facilitarão o acesso do povo à Justiça.No caso de Justiça brasileira é exatamente a justiça de distância,aquela da qual o povo, sobretudoo mais pobre, o mais sofrido, temnecessidade para se socorrer e recorrer dos seus direitos contraeventuais injustiças. Desse modo,o juizado de pequen,as causas facilitará o acesso do povo à Justiça.
Outra inovação importante, decerta maneira, é a restauração deuma importante instituição queconstou da Constituição imperialde 1824 que é a figura do juiz depaz, que desempenhou um papelmuito importante na nascente nação brasileira no século passadoe no início da República.
Há outros aspectos: ele aumenta a descentralização da JustiçaFederal com a criação dos tribunais regionais federais em algunsestados, o que facilitará o descongestionamento dos recursos daspartes contra a União e, ao mesmotempo, facilitará a apreciação decasos judiciais com esta regionalização de tribunais em alguns estados. Esses aspectos são mais importantes no que diz respeito aoPoder Judiciãrío porque, além deampliar a competência do Supremo Tribunal Federal não só naapreciação que ele faz nos casosde inconstitucionalidade de lei,atos ou normas dos Poderes comotambém a chamada inconstitucionalidade por omissão.
"A criação doConselho
Nacional deJustiça
entrega aum órgãoestranho afiscalização
de um poderque é
soberano eindependente"
JC - A nova Constituição assegurará ao Judiciário a condição depoder independente e soberano?Como será a autonomia administrativa e financeira do Judiciário?
Paes Landim - É inegável queo Supremo Tribunal Federal é agrande instituição republicanabrasileira centenária - está próxima de completar 100anos - que,além do mais, tem contribuído para o engrandecimento do direitobrasileiro, porque a tese do controle da constitucionalidade foiposta logo no início da Constituição republicana, o papel do Supremo Tribunal Federal no controleda constitucionalidade das leis, como no controle do respeito às normas constitucionais, controle essesó não exercido nos momentos deregime autoritário, porque quando a democracia no Brasil feneceu, as instituições republicanasfeneceram, o comércio feneceu ea Suprema Corte também sofreuos seus percalços.
O Supremo Tribunal Federal,de certa maneira, sofreu seus percalços, mas o certo é que ele temdesempenhado o grande papel,sobretudo na construção de institutos que não estavam previstosjudicialmente na Constituição de1891, como o habeas corpus, omandado de segurança e outrasmedidas que engrandecem a história da jurisprudência do SupremoTribunal Federal.
Tenho preocupação com o projeto porque ele cria o ConselhoNacional de Justiça e isso, de certamaneira, retira esta majestade daindependência do Poder Judiciário do Brasil, sobretudo do nossoSupremo Tribunal Federal.
JC - Porquê?
Paes Landim - Porque os Poderes da Repúblia, o Executivo,o Legislativoe o Judiciário são órgãos da soberania nacional. Então, se são órgãos da soberanianacional não pode haver outrosórgãos acima deles. Ora, seria incrível se o Congresso Nacional tivesseum órgão para fiscalizarsuasatividades, suas ações, suas atribuições, issoseria ferir a soberaniado Poder Legislativo.
No momento em que você criao Conselho Nacional de Justiça,você está ferindo a soberania doPoder Judiciário, ou se está entregando a um órgão estranho à soberania nacional a fiscalizaçãode umpoder que é soberano. Então, oConselho Nacional de Justiça é umórgão extemporâneo e que nãocondiz com a tradição de independência do Poder Judiciário que éimanente na cultura jurídica brasileira.
JC - Já o Tribunal Federal deRecursos foi substituído pelo Superior Tribunal de Justiça. Além donome, há grandes mudanças quanto às atribuições?
Paes Landim - Haverá mudanças nas atribuições, porque o Tribunal Federal de Recursos atualmente só julga causas dos particulares contra a União, de modo geral. Agora não, ele vai julgar causas em grau de recurso defendidaspelos tnbunais de justiça dos estados. Será uma espécie de Tribunalde Cassação, esse Tribunal Superior de Justiça vai julgar recursoshoje também, cuja atribuiçãoatualmente é deferida ao SupremoTribunal Federal. O Superior Tribunal de Justiça vai também julgarrecursos hoje inerentes ao Supremo Tribunal Federal. Então, vaise ampliar o significadodesse Tri-
bunal, que vai ser uma espécie decorte de cassação, deixando-se aoSupremo Tribunal exclusivamente, enfaticamente, a matéria constitucional, em última instância, esobretudo matéria que preserve aunidade do Direito Federal. Então, vai ser da maior relevânciaa criação do Tribunal Superior deJustiça, não vai ser meramenteuma mudança de nomenclatura,vai ser uma mudança de conteúdotambém e isso vai ajudar a desafogar o Supremo Tribunal Federal,para que ele concentre sua atuação aos grandes temas constitucionais e às matérias relevantíssimasde preservação da unidade do direito federal.
JC - Não consta do Substitutivo a criação da Justiça Agrária.Muitos setores acham importantepara a efetivação da reforma agrária. Como analisa a questão?
Paes Landim - Na Subcomissão do Poder Judiciário, defendiinclusive uma emenda do deputado Roberto Freire, do PartidoComunista Brasileiro, de Pernambuco, em que ele criava varas especializadas de direito agrário ligadas aos tribunais de justiça dosestados. Houve outros projetoscriando varas especializadas agrárias na Justiça Federal. O que,aliás, faz parte do Projeto AfonsoArinos. Eu achava que o ProjetoRoberto Freire era importante,porque não temos juízes federaisem todas as cidades brasileiras.Ainda que se possa permitir quena ausência de juízes federais ojuiz comum pudesse julgar as causas de natureza agrária, o grau recursal, que seriam os tribunais regionais, vai dificultar, ao invés deajudar, a aceleração dos conflitos
agrários, porque como em todosos estados há tribunais regionaisagrários, regionais federais, issovai dificultar, ao invés de facilitar.
JC - O senhor é favorável àmanutenção da representação classista na justiça do trabalho? Porquê?
Paes Landim - Fui contra naSubcomissão do Poder Judiciárioe acho que essa justiça classistadeveria ter sido transformada numjuiz arbitral para a justiça trabalhista, ou seja, que nos sindicatosdas fábricas, enfim, eleitos seusmembros, esses juízes arbitrais ououtro nome que pudesse dar, essascomissões de conciliação, pudessem tentar resolver demandas econtrovérsias, evitando a concentração, o afogamento de trabalhosna justiça do trabalho.
JC - Uma questão que não ficou clara: na sua opinião como será a autonomia administrativa e financeira do Judiciário?
Paes Landim - A autonomiaé no sentido de que ao Judiciáriosejam alocados recursos e comissopossa ele manejá-los dentro doque ele estabelecer. Sou um adepto incondicional da independênciado Poder Judiciário, da intocabilidade majestática do SupremoTribunal Federal como órgão decúpula do Poder Judiciário.
Acho que o gerenciamento derecursos financeiros não precisaestar entregue a cada um dos poderes como o próprio MinisterioPúblico também desejou. Achoque a ossificação do orçamento éfundamental para as finanças daRepública. Não me parece que ofato de o Poder Judiciário não administrar seus próprios recursossignifique inibição da majestadeda sua independência. Sinceramente não vejo maior importâncianisso.
JC - Qual o tratamento dadono substitutivo à Procuradoria Geral da União, à Defensoria Públicae ao Ministério Público?
Paes Landim - O MinistérioPúblico que tem os quadros maiscompetentes da advocacia brasileira ficou muito absorvido na defesa e interesse da União, do Estado, e ele que foi criado, que tempor missão sagrada defender, sobretudo, a sociedade envolveu-semuito na defesa dos interesses daUnião, do Estado, e esqueceutambém dos problemas da sociedade e da cidadania. Então, o projeto tenta criar uma dicotomiamuito interessante: Ministério PÚblico, cuidando dos interesses dasociedade, conseqüentementeprotegendo as próprias garantiasconstitucionais e criar-se-ia umserviço jurídico da União para cuidar de seus interesses.
Agora, também não podemosentregar os interesses da União aum órgão desorganizado, criandoa toque de caixa. O Ministério PÚblico tem uma tradição de seriedade, de concursospúblicos, através dos quais têm Sido recrutadosos advogados e juristas mais competentes deste país. Agora, vocêquerer criar um serviço público daUnião para entregar defesa de interesses vultosíssimos, bilhões ebilhões de cruzados, da maneiraque está no projeto, arroveítandoos atuais quadros de a vogados eassistentes jurídicos de algumasautarquias e ministérios que nãoentraram através de concurso público, aproveitados através de mecanismos de concursos internos,que sabemos o favoritismo inerente a esses concursos, não é justotambém.
12 Jornal da Constituinte
~A~Jdaior
deputado Geraldo Campos (PMDB - DF) naAssembléia Nacional Constituinte e que eleanalisa nesta entrevista.
Geraldo Campos comenta ainda a aprovação, na Comissão de Sistematização, da autonomia política do Distrito Federal, destacando "agrande vitória conquistada", com 83 votos afavor, num total de 93.
assemelhada a remuneração noserviço público será a mesma,houve uma alteração porque notexto original falava em diferençade remuneração, proibida a diferença de remuneração. A palavraremuneração foi suprimida e colocada em seu lugar vencimento.Ora, o vencimento é apenas umaparte do ganho. Remuneração éo total do ganho. Não é justo quese assegure que uma parte sejaigual para todos, mas que o totalnão seja. Dessa forma, é inócuoo artigo. Esperamos que a comissão ainda venha a retificá-lo.
Outra questão que estamos naluta para a sua correção é-a queassegura que os cargos em comissão, os cargos de confiança nas repartições sejam ocupados, dizíamos nós no texto anterior, privativamente por servidores do órgão,para evitar que gente de fora, quenada tinha a ver com o serviço público, fosse convidada justamentepara os cargos onde se recebemos DAS, os FAS, que são as gratificações mais polpudas. Pois bem,eles conseguiram suprimir a expressão "privativamente" e puseram preferencialmente. Ora, pondo preferencialmente não precisava constar o artigo do texto. Seé uma coisa facultativa e não temnenhuma obrigatoriedade, porque se haveria de colocar no texto?
JC - Deputado, foi aprovadana Comissão de Sistematização aautonomia do Distrito Federal. Oque ocorreu na realidade?
Geraldo Campos - Existiam 5teses. Havia a tese de determinadoconstituinte, que entendia que oDistrito Federal não deveria ternenhum tipo de autonomia. Eleachava que não poderia havernem governador, nem prefeito,nem câmara legislativa e nem mesmo os outros deputados e senadores se justiticavam pois não passavam de vereadores que viviam cuidando do asfalto e de seus buracos.
Uma segunda tese é aquela quedizia, querendo imitar o modelode Washington e de Paris, que onúcleo da capital, onde estao, opretexto era esse, a representaçãodiplomática, a sede dos três poderes, as casas onde residem as autoridades dos tribunais superiores,do presidente do Congresso, dopresidente da República, e entãoessa área a que chamamos de Brasíliapropriamente dita não tem direito à eleição de seu governante,mas que nas cidades-satélites, osadministradores regionais poderiam ser eleitos.
Uma terceira tese é a que defendia o prefeito em lugar do governador. Isso ficaria mais de acordono entender desse pessoal. Haviaa quarta corrente que achava quenão era uma questão para a Constituinte se manifestar. Não deveriaconstar do texto constitucional. Oassunto deveria ser jogado paraa lei ordinária.
Finalmente, a corrente vitoriosa, que é a que defende a eleiçãode governador e de um órgão legislativo local, que seria responsabilizado pela elaboração de umalei orgânica que traçaria as normase o ordenamento jurídico para regulamentar a vida do Distrito Federal. Essa foi a grande vitóriaconquistada, quando, de 93 membros da Comissão de Sistematização, 83votaram a favor, 8 votaramcontra e 2 se abstiveram. Foi entãoa grande e esmagadora maioriaque votou para que o povo do Distrito Federal tivesse o direito deeleger seus governantes.
-
trabalhador e ao servidor público.
JC - Na área social, esses avanços conseguidos na Comissão deSistemauzação serão mantidos emplenário ou não foram alcançadostodos os desejados?
Geraldo Campos - Ainda estãose votando artigos que envolvemdireitos específicos dos servidorespúblicos, aqueles 'l.ue mais diretamente dizem respeito aos servidores públicos. E nessa questão háum aspecto relativo à probidadeque fOI uma iniciativa ôa Subcomissão dos Trabalhadores e Servidores Públicos para garantir, primeiramente tornando imprescritívelo crime contra o eráno público. Isto nós consideramos umgrande avanço. Temos a esperança que a nova Constituição assegure para o cidadão comum quetanto cobra isso de nós e que lhedê a certeza de que o ladrão decolarinho branco, ou não, vá finalmente parar no fundo do cárcere,que ele não roube e permaneçacirculando acintosamente e desfrutando o produto do roubo, como se a ninguém tivesse lesado.
Nesse mesmo capítulo houveum senão que espero seja corrigido. Quando se refere aos reajustamentos dos civise militares. Quese dêem com a mesma vigênciae com os mesmos índices, paraacabar de uma vez por todas comas diferenças entre os civis e militar~s, gue foi uma das coisas queprejudicaram.
O artigo referente à isonomiasalarial, aquele que garante quepara a mesma função ou função
"Espero que anova Cartaassegure ao
cidadão comum,com certeza,que o ladrãode colarinho
branco váfinalmenteparar nofundo docárcere"
lãrío mínimo que vemos colocadono texto constitucional, que também é assegurado ao servidor público, impede que no futuro continuemos com a figura esdrúxula docomplemento salarial para que oservidor possa receber o saláriomínimo obrigatório. A irredutibilidade de remuneração ou vencimento também foiassegurada ao
dores e Servidores Públicos, quetive oportunidade de presidir, foide fazer com que o trabalhadorrural e urbano e o servidor públicoconstassem, em pé de igualdade,dos mesmos artigos e do mesmocapítulo de maneira a não estabelecer diferenças essenciais entre oservidor público e os demais trabalhadores. Mesmo porque não queremos mais continuar sendo chamados de funcionário público, oque dá a idéia de casta, nos separando da grande massa de trabalhadores. Queremos nos identificar com eles. Infelizmente, nãoconseguimos que, como havia sidofeito na Subcomissão dos Trabalhadores e Servidores Públicos ena Comissão da Ordem Social, essa colocação de o servidor ao ladodos demais trabalhadores fossemantida. Foi separada, como deresto nas Constituições anteriores.
No entanto, uma coisa muitosignificativa: no capítulo dos servidores, arts. 43 e 44, a referênciaa que os direitos assegurados nosvários incisos ao art. 6°, que serefere a trabalhadores, sejam extensivos aos servidores públicos.Assim é que 13 dos incisos queasseguram direitos aos trabalhadores foram também asseguradosao servidor público, tais como: osalário mínimo nacionalmenteunificado. Hoje, temos vários níveis de servidores que recebem salário mínimo porque recebemcomplemento, o nível deles estáabaixo do salário mínimo. O governo é obrigado a pagar um complemento para que eles alcancemo mínimo permitido por lei. O sa-
....."( ~%~\
""""Af&~'::"~"" '0/_ ~Geraldo Campos: o servidorpúblico tem recebido tratamento interiorizado por partedo governo.
Campos defendeservidor público
As reivindicações dos servidores públicos,entre elas o direito de greve e de sindicalização,plano de carreira que assegure ascensão e progressão funcionais, vencimentos sem grandesdisparidades entre o maior e o menor salários,evitando-se, também, que surjam "marajás",um regime jurídico único, a inexistênica de diferenças essenciais com os demais trabalhadores,constituem algumas das metas de trabalho do
Jc - Dep!"tado Gera.fdo Campos, ha poucos dias houve
o dia do servidor público. Comoum dos defensores aa classe, o queteria a dizer das reivindicações econquistas do servidor público?
Geraldo Campos - O servidorpúblico, ou seja, o trabalhador doserviço público tem sido uma dascategonas que tem recebido umtratamento mferiorizado por parteda administração pública, por parte do governo, até porque o servidor público não dispõe dos mesmos meios queos demais trabalhadores, que Já têm direito de greve,de sindicalização, que nós, só agora, estamos em via de conquistarno novo texto da Constituição, jáaprovado na Comissão de Sistematização. Esperemos que o plenário da Constituinte confirme.
Em segundo lugar, nós não temos os meios de pressão das Forças Armadas, Isso faz com que osreajustes concedidos tanto pelosgovernos da ditadura como pelosgovernos da Nova República tenham sido sempre abaixo dos índices inflacionários. Agora, estamosem luta para que os reajustes ea reposição salarial se dêem coma mesma vigência e mesmos índices dos dos militares. É uma esperança de que não fiquemos maisdefasados com os demais trabalhadores. Sabido é por todos os servidores e brasileiros que o servidorpúblico acumulou uma defasagemsalarial, um arrocho salarial, perda do poder aquisitivo ao longodos anos da ditadura muito acentuada. Os militares fizeram o cálculo e encontraram, de 80 a 87,197%. Para nós, segundo os cálculos feitos pela Federação e-Confederação dos Servidores Públicos,esses índices são muito mais elevados. Por isso, quando lutamos porreajustes com mesma vigência eíndice dos militares, ainda estamos em grande defasagem e prejuízo em relação a eles.
Os servidores lutam, já há muito tempo, pelo direito de sindicalização e de greve, que é uma esperança concreta de essa velha e antiga reivindicação se transformarem realidade. O elenco de nossasprincipais reivindicações são piano de carreira que assegure ao servidor ascensão e progressão funcionais, uma escala ou plano devencimentos que nos assegureigualdade sem grandes disparidades, uma relação entre o máximoe o mínimo, entre o maior e menorsalários, com um teto que não permita a criação de "marajás", quepossa equilibrar o ganho entre osservidores, um regime jurídicoúnico. A ditadura militar usou deum sistema para fazer com que osservidores não -narchasseni unidos em torno de suas reivindicações, criando vários regimes jurídicos: uns são estatutários, outrossão celetistas, outros conveniados,contratados. Tem ocorrido que, àsvezes, numa mesma repartição,estão sentados servidores públicosfazendo as mesmas tarefas, mascada um pertencente a um regimejurídico diferente. Na hora em quese fala nas reivindicações, pareceuma torre de Babel, cada um temreivindicações diferentes entre si,embora todos prestem serviço aomesmo patrão, executem a mesmatarefa. Assim, os servidores públicos têm essas reivindicações básicas.
JC- E os avanços conseguidosaté agora, deputado?
Geraldo Campos - Nosso propósito, dos que pensam como eu,da corrente progressista na Subcomissão dos Direitos dos Trabalha-
Jornal da Constituinte 13
Em pauta. ,.""
a organizaçaodo Judiciário
A Comissão de Sistematizaçãotambém aprovou a supressão doinciso IV do art. 121, que atribuicompetência ao Supremo Tribunal Federal para julgar recursosextraordinários contra decisõesdefinitivas do Superior Tribunalde Justiça. A proposta foi de autoria do constituinte Nelson Jobim(PMDB - RS), para quem o texto do relator cria mais um recursona Justiça, "quando é importantepreservar o STF como CorteConstitucional".
Para Nélson Jobim, se uma decisão do STJ contrariar uma sentença constitucional do STF, que"é Corte Constitucional", cabe recurso normal para todas as questões relativas a dispositivo dessaConstituição. O parlamentar asseverou que, pelo texto do projetode Constituição de Bernardo Cabral, estaria assegurada a criaçãode um quarto grau de jurisdição"absolutamente inconcebível,quando estamos hoje comprometidos com a necessidade de prestação jurisdicional rápida, eficientee imediata aos jurisdicionados",observou.
COMPETÊNCIA
EFICÁCIA
unificado, informou VÍvaldo Barbosa ao observar '1.ue os cidadãosbrasileiros estão SUjeitos à ação deinvestigadores truculentos e arbitrários, subordinados ao Executivo. O juizado de instrução é essencial à proteção dos direitos da pessoa humana - garantiu. Tambémem defesa da proposta, o constituinte Egídio Ferreira Lima(PMDB - PE) sublinhou que acriação do juizado de instruçãopoderá coexistir com o sistema hoje existente.
Contra a emenda, Ibsen Pinheiro (PMDB - RS) disse que a investigação criminal presidida pelodelegado se coaduna mais com atradição do país. Assim - enfatizou -, o magistrado se preservaráaté o momento do julgamento. Epreciso evitar, no seu entendimento, a congregação de tantos poderes nas mãos de uma só pessoa.O relator Bernardo Cabral opinoupela rejeição, alegando que o juizado de instrução seria transformado em substituto da polícia civil.
Outra supressão, dessa vez proposta pelo constituinte Bonifáciode Andrada (PDS - MG) foi acolhida pela Comissão. Pela proposição aprovada, fica retirada dotexto a expressão que definia queo STF determina a perda da eficácia de norma legal ou ato normativo imediatamente a partir da publicação de decisão declaratóriade inconstitucionalidade. Dessamaneira, cabe à Corte, pela redação aprovada, comunicar o teorda sentença ao Senado para ocumprimento da mesma.
Ao fazer a defesa de sua emenda, Bonifácio de Andrada salientou que sua proposta introduz noDireito Constitucional brasileirouma atribuição nova para o STF.Explicou que se trata de uma atnbuição de repercussões políticasque vão colocar a Corte num patamar "muito mais forte e vigorosodo que possui hoje". No seu entender, se fosse mantido o textodo relator, poderia ocorrer que oSTF considerasse inconstitucionalo Código Eleitoral, com sua vigência suspensa desde a sua decisão.Como resultado, observou ele, aseleições dos deputados, senadorese até presidente da República ficariam anuladas.
De acordo com emenda de autoria do constituinte Vivaldo Barbosa (PDT - RJ), acolhida pelaComissão de Sistematização ficaminstituídos no país os juizados deinstrução criminal, sendo que leiordinária regulamentará atribuições e competências.
Para o representante fluminense, é necessário que se promovaa unificação do processo de investigação criminal e de decisão judicial, criando-se, para tanto, a figura do juiz de instrução. Praticamente em toda a Europa e mesmona América, hoje, o processo é
Vivaldo Barbosa
CRIMINAL
vagas por mais de seis meses. Opreenchimento, segundo redaçãoJá consagrada pelo relator, sempreserá feito por concurso público deprovas e títulos.
Ao defender sua proposta, o autor acentuou que há vários anosnão são realizados concursos parao provimento dos inúmeros cartórios que se encontram vagos, emmãos de parentes dos antigos titulares ou pessoas de sua confiança,geralmente designados escrivães
. interinos. Não se justifica, a seuver, tal protelação, quando muitosserventuários da justiça aguardamuma oportunidade para se submeterem a concurso e ocupar tais cargos. É hora - acrescentou - dese limitar a duração da vacânciadas serventias, a fim de se evitara manutenção da distribuição defavores.
Carlo« Chiarelli
rá um corpo burocrático de altonível, evitará a descontinuidadeadministrativa e será essencial aoregime parlamentarista.
Do constituinte Nelson Carneiro (PMDB - RJ), a Comissãoacolheu duas emendas. A primeira dá a seguinte redação ao inciso11 do art. 92 do substitutivo: "osistema de governo e o livre exercício dos Poderes da União e dosEstados são da responsabilidadedo Presidente da República". Apresidência da República foi também o assunto de sua segundaemenda que estabelece o prazo de45 dias para nova eleição ao cargo,em caso de vacância, iniciando oeleito um novo mandato.
Em defesa dessa proposta, oconstituinte declarou que suaemenda visa transferir ao referendo popular a definição de um novomandato presidencial, ao contrário do texto do relator BernardoCabral que dá competência aoCongresso para fazer a eleição deum novo presidente da República,num prazo de 3D dias após declarado vago o cargo, caso a vacânciaocorrer na segunda metade do período presidencial.
JUDICIÁRIO
Já no capítulo do Poder Judiciário, a Comissão de Sistematizaçãoaprovou emenda do constituinteGastone Righi (PTB - SP) queimpede que as serventias da atividade notarial e registral fiquem
É necessárioque se promova
a unificaçãodo processo de
investigaçãocriminal ede decisão
judicialcriando-sea figura do
juiz deinstrução
BUROCRACIA
dade do comparecimento do primeiro-ministro, uma situação deigualdade deste com os parlamentares no caso de debates, de formaa evitar todo o ritual de situaçõeseventuais e uma posição de inferioridade de deputados e senadores perante os ministros.
A outra emenda do constituintegarante ao líder da oposição e aocolégio de seus vice-líderes, autorizados a responder por assuntosrelativos às pastas ministeriaisexistentes, o gozo, no que couber,na forma regimental, de tratamento compatível com aquele concedido em lei ao primeiro-ministroe demais membros do Conselhode Ministros. Pelo esclarecimentode Carlos Chiarelli, dado no encaminhamento da matéria, o intuitoé a definição da co-responsabilidade do partido majoritário, noexercício do poder, e do partidoou da coligação minoritária, noexercício parlamentar da oposição.
"A lei disporá sobre a criaçãode estrutura e atribuição dos ministérios, bem como sobre o secretariado permanente, organizadoem carreira e com recrutamentomediante concurso público de títulos e provas". Estes, os termos dodestague do constituinte EgídioFerreira Lima (PMDB - PE),que defendeu a necessidade dacontinuidade administrativa,quando da troca dos titulares dosministérios.
Favoravelmente à matéria, manifestou-se o constituinte José Fogaça (PMDB - RS), em nomeda relatoria, asseverando que aformação de uma carreira funcional séria, idônea e respeitada cria-
EXECUTIVO
Ao votar as matérias referentesao funcionamento do Poder ExecutjyO,'~ Comissão acolheu duasemendas do constituinte CarlosChiarelli (PFL - RS). Uma substituiu integralmente a redação dada pelo relator ao projeto deConstituição, no que trata das atribuições do primeiro-ministro. Aemenda aprovada dispõe que oRegimento Interno das duas Casasdo Congresso regule em detalhea convocação do Primeiro-Ministro, quando necessária, mas dispondo este da faculdade de comparecer às sessões legislativas e delas participar, na forma regimental.
O autor, ao encaminhar suaproposta, esclareceu que sua intenção é fazer com que o PrimeiroMinistro tenha uma competênciaregular, normal e permamente decomparecer às reuniões ordináriasdo Congresso, com Ofim de debater temas específicos da atualidadedo país. Segundo Carlos Chiarelli,a redação proposta por sua emenda proporciona além da regulari-
Aprovada a redação do substitutivo do relator Bernardo Cabral(PMDB - AM) na sua íntegra,ressalvados os destaques, a Comissão de Sistematização entra nafase de apreciar os pedidos de destaque, segundo a ordem seqüencial dos artigos do projeto constitucional. Já foram analisadosaqueles que diziam respeito ao sistema de governo - parlamentarista - e que detalham o processode relacionamento do primeiroministro com o Congresso. Os 93constituintes da Sistematização,posteriormente, apreciaram os pedidos de destaques para as emendas ao capítulo do Poder Judiciário, na sua seção I, DisposiçõesGerais, e as 11,111, IV e V, respectivamente, Do Supremo TribunalFederal, Do SUl?eriorTribunal deJustiça, Dos Tnbunais RegionaisFederais e dos Juízes Federais e,finalmente, Dos Tribunais e-Juízos do Trabalho. Foi aprovadoainda um destaque do deputadoRoberto Freire (PCB - PE), aser inserido no projeto constitucional, criando uma alternativa dejustiça na área agrária. A propostaaprovada estabelece que o Tribunal de Justiça designará juízes deentrância especial, com competência exclusiva para resolverquestões relativas aos conflitosfundiários.
A emenda, em seu parágrafoúnico, diz que, para o exercíciodas funções previstas, o juiz sedeslocará até o local do conflito,sempre que necessário à eficienteprestação do serviço jurisdicional.A propositura chegou a contarcom o apoio do relator-adjunto,José Fogaça, que, em nome da relatoria, disse ver na iniciativa umapossibilidade concreta de agilização da Justiça no que se refereàs questões do direito agrário.
14 Jornal da Constituinte
Centrão: mudanças ou golpismo?Estabilidade no emprego, direi
to de greve e pagamento da jornada extra de trabalho foram apontados como motivo do chamadogrupo "Centrão" em querer derrogar conquistas inseridas no projeto da Comissão de Sistematização. ,
- E perfeitamente válido declara o constituinte José Genoíno, do PT de São Paulo - quequalquer constituinte apresenteemendas ou destaquesao substitutivo em plenário. E tambémpossível que o Plenário da Constituinte mude o seu Regimento,porque também é soberano. Todavia, é bom frisar que o grupodenominado "Centrão" está tentando inviabilizar algumas conquistas sociais e avanços já consagrados na Comissão de Sistematização, tais como a estabilidadeno emprego, o direito de greve eo pagamento da jornada extra detrabalho.
GOLPE?Já o representante do PTB, Ro
berto Jefferson, fez ver o ridículode se chamar de golpe a pretensãoda maioria, que seria o grupo"Centrão", de mudar o Regimento. E pergunta: onde a maioria pode ser golpista? Isto é coisa parafazer rir o saudoso Stanislaw Ponte Preta.
- Golpismo foi realizado noRegimento da Comissão de Sistematização, que vem sofrendo alterações através de atos da Mesa.Cheguei a impetrar recursos juntoao Supremo Tribunal Federal'contra tais medidas, mas o STF argumentou que, sendo parlamentar,não poderia advogar em causaprópria. Mas alguns relatores, embora vencidos nas subcomissões,foram nomeados manu militaripara relatores na Comissão de Sistematização.
PREJUDICIAL
Darcy Deitos, do PMDB do Paraná, entendeu que seria prejudi..cial, sob todos os aspectos, pretender-se mudar as regras do jogoagora, pois isso iria prejudicar ostrabalhos que vêm sendo realizados pela Comissão de Sistematização, eis que o Substitutivo Bernardo Cabral já se encontra adiantado na sua apreciação, e o ritmode votação vem num crescendobastante positivo.
Se a corrente que defende talidéia conseguir o seu objetivo diz Darcy Deitos -, a grande prejudicada será a própria Nação, eo povo. Espero uma tomada deconsciência de todos os constituintes, visando a afastar, de vez, todoo resquício de idéias pessoais e àcolocação dos verdadeiros interesses do País acima de disputas político-ideológicas, nem sempre deacordo com as expectativas nacionais.
JUSTO
A modificação do RegimentoInterno, para possibilitar novoprojeto, foi considerada "perfeitamente justa e até aconselhável"pelo constituinte Jesus Tajra, doPFL do Piauí.
Os dispositivos até agora aprovados - diz Tajra - estão quasetodos superados no tempo, e sãoincompatíveis com as expectativasdo povo brasileiro. Somente a Lei
DarcyDeitos
de Greve, aprovada mostra progresso no que se refere aos reclamos da classe operária. A modificação do Regimento Interno propiciará um direcionamento maisdemocrático aos debates que deverão ainda ser travados, assim como criará condições para se fazeruma Constituição moderna, capazde atender aos reclamos da sociedade brasileira.
ASSINATURASO Líder do PDT, Brandão
Monteiro (RJ) , chamou, atençãopara o pedido, de parte de váriosparlamentares, da retirada de suasassinaturas do documento chamado "Centrão", por consideraremno danoso aos trabalhos da Assembléia Nacional Constituinte.
- O Palácio do Planalto - disse Brandão - pretende provocarum impasse na Constituinte, E atentativa de se alterar o Regimento Interno, em meio do jogo, sóinteressa 'àqueles que desejamdestruir a Constituinte, e que sempre estiveram pregando o golpe.
MANTERJá o Líder do PDS, Amaral Net
t9 (~J), disse que o "Centrão" ~sta disposto a manter uma posiçao,se obtiver 280 votos; se não obtiver, curvar-se-á à maioria.
- Apenas o grupo vai lutar pelo direito de emendar, no plenário, o projeto resultante da Comissão de Sistematização.
RETIRAEm sentido contrário foi a posi
ção do constituinte Fernando Gasparian, do PMDB de São Paulo:anunciou 'l.ue retirou sua assinatura do projeto de resolução, estabelecendo alterações no Regimento Interno da Constituinte.
ASSINOUAssinei o documento chamado
"Centrão" - anunciou o constituinte gaúcho Adylson Motta, doPDS. E o fiz na intenção únicae específica de assegurar o direitode apresentação de destaques eemendas ao Substitutivo Bernardo Cabral, ora em votação na Sistematização.
A intenção, anunciada pelo parlamentar, é a de se postar contra"a ditadura que se impôs na Constituinte", fazendo referência àaprovação do texto do relator Bernardo Cabral, ressalvados os destaques, dos quais, na sua opinião,só serão votados aqueles escolhidos pelos Líderes. Disse o constituinte se sentir traído na boa-fé,esbulhado. Na sua interpretação,
José Genoíno:"Estão tentando
inviabilizaralgumas dasconquistassociais" .Roberto
Jefferson:"Onde amaioriapode ser
golpista?"
os parlamentares deram um "cheque em branco", que foi malpreenchido.
Adylson Motta garantiu quenão deseja ver apresentado àConstituinte um novo projetoconstitucional em substituição aoque está sendo votado pela Sistematização, mas, sim, ter seu direito respeitado de poder apresentaremendas ao substitutivo. "Nãoaceito regras adotadas em gabinetes fechados, que tiram o direitolegítimo dos deputados e senadores constituintes de participar emigualdade de condições na elaboração da nova Carta constitucional "NADA REVOLUCIONÁRIO
A tentativa de mudança no Regimento Interno da Assembléiadeclarou o constituinte Jorge Hage, do PMDB da Bahia - é umgesto desesperado no sentido detentar conter alguns avanços alcançados em favor dos trabalhadores. Não houve, afinal, nenhumavanço revolucionário ate aqui;todas as medidas positivas aprovadas têm sido para ajudar o sistema capitalista brasileiro.
CONTRA
Meu voto - declara o paulistaDel Bosco Amaral, do PMDB não seguirá a orientação do presi-
dente Ulysses Guimarães, quetenta desestabilizar o País de forma a mais rapidamente para assumir o poder.
DEFESAO documento do "Centrão" é
defendido pelo Líder do PFL, JoséLourenço (BA), que informa: "Jáconta com mais de duzentas assinaturas. E na maioria da Casa seencontra a maioria da Nação".
AMEAÇASPara Fernando Santana do
PCB, as pequenas conquistas dostrabalhadores, obtidas na Sistematização, estão sendo ameaçadas pelo empresariado nacional,que deseja não só não avançar,como também dar um passo atrásno processo democrático.
- Isto - diz por sua vez o constituinte Aldo Arantes, do PC doB -, seria jogar na lata do lixotodo o exaustivo trabalho realizado pelas subcomissões e comissõesda Constituinte.
PRIVILÉGIOS- Há dois grupos, nesta hora
de definições com que se defrontaa Assembléia - diz o catarinenseFrancisco Küster, do PMDB -,o daqueles que se preocupam coma defesa de privilégios e, de outraparte, os que se esforçam em promover as mudanças reclamadaspela sociedade.
- Essa tentativa de mudar asregras em meio ao processo - declara Paulo Ramos, do PMDB doRio de Janeiro -, atribuo a interesses contrariados de grandesgrupos econômicos, tanto nacionais quanto internacionais.
REPÚDIOOlívio Dutra, do PT (RS), ma
nifestou repúdio aos setores reacionários, ligados aos grandes grupos econômicos e ao capital financeiro, que tentam tumultuar ostrabalhos da Constituinte.
ACUSAÇÃO
O chamado Centro Democrático foi acusado, da tribuna, pelaconstituinte Beth Azize, de querertrazer para o plenário um substitutivo ao projeto de Constituiçãoelaborado nos porões do Paláciodo Planalto.
OS MESMOSPara o Líder do PT, Luiz Igná
cio Lula da Silva, os que agora
querem alterar o Regimento sãoaqueles mesmos que querem umaConstituição baseada apenas emprincípios gerais, que é para quenada mude neste País.
- Vale alertar a Nação para essa campanha de desmoralizaçãoda Constituinte, destinada a levarà opinião pública a impressão deque os constituintes não estão trabalhando,
TRAMA
Oposta é a posição de MendesRibeiro, do PMDB do Rio Grande do Sul, e pelo "Centrão". Dizele:
- A trama urdida por uma sófacção transformou o partido majoritário em grupos, contradizendo a pregação de Tancredo.
Gonzaga Patriota, do PMDB dePernambuco:
- Reafirmo meu ponto de vistade que esta será não uma Constituição de grupos, mas a CartaMagna da democracia.
CHANTAGENS
Ponto de vista do constituinteAugusto de Carvalho (PCB DF), porém, é que as pressões queestariam sendo exercidas pelo chamado "Centrão" coincidem como momento em que o Brasil partepara as negociações com organismos internacionais sobre a dívidaexterna. Pelo que observou, todasas pressões sobre a Constituinteacontecem exatamente no momento em que a Comissão de Sistematização começa a discutir aordem econômica.
Augusto Carvalho denunciouverdadeiras chantagens sobre aConstituinte para se alterar as decisões sobre a ordem social, o sistema de governo, a reforma tributária, ou outras conquistas já consagradas, como a estabilidade noemprego. Ao mesmo tempo, expressou-se indignado com informações de que o Governo americano estaria apenas aguardando aconclusão das negociações sobrea dívida externa, para decretarmedidas punitivas contra o Brasil,em vista da política de reserva demercado na área de informática,a qual, a seu ver, já revelou suapujança, e por isso provoca a cobiça de "círculos imperialistas".
CAMPANHAO constituinte Aldo Arantes
(PC do B - GO), manifestandose pelo seu partido, identificouuma campanha insidiosa contra aConstituinte e, em particular, contra a Comissão de Sistematização.Ele referiu-se aos jornais comosendo os responsáveis por um movimento, cujo objetivo seria o deinduzir na opinião pública a idéiade um golpe de Estado com o fechamento da Constituinte.
Mas o presidente da Repúblicatambém foi apontado pelo parlamentar como o autor e partícipedessa campanha, na medida emque se insurge contra a decisão daComissão de Sistematização a favor da implantação, no país, dosistema parlamentarista de governo. Para Aldo Arantes, não existerazão para que haja temores naárea do Governo, no que respeitaao que já foi aprovado na Comissão. Na sua opinião, as conquistasda classe trabalhadora foram mínimas, apesar de haver consideradoque o projeto constitucional, a serentregue ao Plenário, é "liberal".
Jornal da Constituinte 15
ADlRP/Cas1fo Jónior
No cordel, a vontade de um povo
eONTAG quer o INeRA de voltaMais saúde no trabalhoProduzir carros é importante. Protegera saúde é muito mais. Sem saúde,não há produção. Essa a mensagem levadaà Assembléia Nacional Constituinte porcentenas de funcionários da FiatAutomóveis, localizada em Betim, naGrande Belo Horizonte. Através defaixas abertas num dos saguões doCongresso Nacional, eles deram o seurecado: querem trabalhar, mas exigemuma ambiente onde o trabalho seja umarealização, jamais um fator de risco.ADlRP/Jorge PRosa
Dizem que é no repente que muitas vezesse diz toda a verdade da gente. Pois foi numdesses momentos que uma baiana de 65 anosde idade, vinda de lá de Salvador, conseguiutraduzir com força e graça o desejo de milhõesde brasileiros em relação à futura Carta. AnaMaria de Santana esteve com um grupo demulheres na ANC, no legítimo direito de defender suas idéias. E ao encontrar-se com oprimeiro-secretário Marcelo Cordeiro, a velhabaiana soltou o verbo simples e direto dos cordelistas para dizer o que espera da Constituinte. E foi aí que ela cantou:
Nós abaixo-assinadosDonas-de-casa e cidadãos
neste solo brasileiro,Sim! devemos dar as mãos
esperando novos planossobre os direitos humanos
na nova Constituição.Que a lei da seguridade
queira sempre organizar;
que mantenha esse sistemae possa coordenar.
Senhora desigualdade,dê o fora por bondade,
Queremos socializar.Quanto às donas-de-casao seu trabalho é portentonesta terra das palmeiras
com todo o seu talento.A mulher em seu setor,
sua luta é vigorpelo desenvolvimento.
À Assembléia Nacionalnos dirigimos portanto
para que as donas-de-casasejam lembradas no entanto,
e possam contribuir,a Previdência adquirir
no Brasil, de canto a canto.O meu caso é saudar
nosso pendão auriverde,nossas plagas, nosso rios,a floresta, o teto, a rede.Belezas de Norte a Sul,
salve! este céu todo azul,salve! o Braszl todo verde.
Acompanhado de sua diretoria e degrande número de associados, o
presidente da ConfederaçãoNacional da Agricultura (CONTAG)
José Francisco, esteve com opresidente da ANC, Ulysses
Guimarães, para dizer que nãoconcorda com a extinção do
INCRA. Ele pediu a reativaçãodaquele órgão, argumentando que
o trabalho que ele vinha
desenvolvendo como agenteexecutor da reforma agrária, emtodo o País, é de fundamentalimportância. ParaJosé Francisco e seuscompanheiros, a eliminaçãodo INCRA podesignificar atraso naconcretização de um programaque consideram vital parao desenvolvimento do País:
1~ Jornal da Constituinte