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Órgão OfICiai de Divulgação da Assembléia Nacional Constituinte Volume 364 Brasília, de 9 a 15 de novembro de 1987 - 24 o PLENÁRIO SE PREPARA PARA VOTAR -IMPÕE-SE AMPLA MDBIUZAcAD PDPUlARl NAu VAMDS MUDAR o QUE ISTÁ ClBTD! - VINCULAÇÃO PARA EDuCAÇÃII: lIIIA CIlIllIlIISJA iO PlIYO! Constituinte JOAoCALMON Constituinte PEDRO CA!IEDO NORTE/NORDESTE CENTRO-OESTE CONSTITUINTE 292 VOTOS, EUMASO VONTADE. Um novo país em cartaz! Estes cartazes espelham algumas das centenas gados; permeiam a luta dos povos indígenas, dos tra- sões. O Jornal da Constituinte pretende ser o cartaz de .que c.hegam Assembléia balhadores, .dos aer.o.nautas que de todos os cartazes. Aqui, todos devem ter o seu Constituinte. Muitos.ainda estao no ediffcio querem desvmcular a da Outros espaço, porque a futura Carta, igualmente, deverá do Congresso ,NaCIOnal, que serve a ANC.: outros !ala.tp. sobre a de ed?caçao ou refletir os anseios de todos na proporcionalidade em foram substituídos, Os mesmos cartazes estao espa- margmahzaçao de uma regiao do paiS em relaçao ..' . . lhados por espaços públicos das cidades de todo o a outras. A máquina fotográfica registrou um certo que conseguirem se lInpor, prevalecer. Se imagmar- país. No fundo, eles refletem uma realidade precisa: número deles e o espaço dessa página seria, obvia- esses cartazes senados como um fotograma .de a Constituinte é o estuário de apelos de todos os mente, insuficiente para publicar todos. São cartazes cmema, teremos claro que eles pretendem uma COIsa matizes, que vão das mais prementes necessidades que, aliás, se renovam, conforme os trabalhos e as difícil, mas que precisa de ser construída: um novo do menor abandonado até às reivindicações dos advo- votações da ANC atendam, ou não, às sua preten- país em cartaz!

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Page 1: lUllll~...fe, a prioridade das votações em ple nário. A existência dessa organização sis tematizadora é uma necessidade vital para o processo. A Comissão de Sistematização,

Órgão OfICiai de Divulgação da Assembléia Nacional Constituinte

Volume364

lUllll~Brasília, de 9 a 15 de novembro de 1987 - N~ 24

o PLENÁRIO SE PREPARA PARA VOTAR

-IMPÕE-SE AMPLA MDBIUZAcAD PDPUlARlNAu VAMDS MUDAR oQUE ISTÁ ClBTD!

- VINCULAÇÃO PARA EDuCAÇÃII: lIIIA CIlIllIlIISJA iO PlIYO!

Constituinte JOAoCALMONConstituinte PEDRO CA!IEDO

NORTE/NORDESTECENTRO-OESTE

CONSTITUINTE

292VOTOS,

EUMASOVONTADE.

Um novo país em cartaz!Estes cartazes espelham algumas das centenas gados; permeiam a luta dos povos indígenas, dos tra- sões. O Jornal da Constituinte pretende ser o cartaz

de rei~in?icações .que c.hegam~Assembléia Nac~o?~l balhadores, .dos empre~ár~os,. ~os aer.o.nautas que de todos os cartazes. Aqui, todos devem ter o seuConstituinte. Muitos.ainda estao afIX~dos no ediffcio querem desvmcular a aVlaç~o ~1V11 da mdlta~. Outros espaço, porque a futura Carta, igualmente, deverádo Congresso ,NaCIOnal, que serve a ANC.: outros carta~es !ala.tp. sobre a carel!~la de ed?caçao ou ~a refletir os anseios de todos na proporcionalidade emforam substituídos, Os mesmos cartazes estao espa- margmahzaçao de uma regiao do paiS em relaçao ..' . .lhados por espaços públicos das cidades de todo o a outras. A máquina fotográfica registrou um certo que conseguirem se lInpor, prevalecer. Se imagmar-país. No fundo, eles refletem uma realidade precisa: número deles e o espaço dessa página seria, obvia- ~os esses cartazes senados como um fotograma .dea Constituinte é o estuário de apelos de todos os mente, insuficiente para publicar todos. São cartazes cmema, teremos claro que eles pretendem uma COIsamatizes, que vão das mais prementes necessidades que, aliás, se renovam, conforme os trabalhos e as difícil, mas que precisa de ser construída: um novodo menor abandonado até às reivindicações dos advo- votações da ANC atendam, ou não, às sua preten- país em cartaz!

Page 2: lUllll~...fe, a prioridade das votações em ple nário. A existência dessa organização sis tematizadora é uma necessidade vital para o processo. A Comissão de Sistematização,

Constituinte e defesa dos direitos humanos

Constituinte Paes de AndradePrimeiro-Secretário da Câmara dos Deputados

Valiosa tarefaA Assembléia Constituinte e o nos­

so processo de elaboração constitucio­nal estão sofrendo, diante da opiniãopública e até por setores que teriama obrigação de ser bem informados,uma desfiguração causada por aquelaque foi a sua ~rande característica ea dimensão mais rica: a abertura à so­ciedade e a inexistência de rolos com­pressores internos.

A demora em se ter, finalmente, aConstituição, não está nos trabalhosda Sistematização hoje, e que preci­sam ser profundos, discutindo bem osvariados ângulos de cada questão. Es­tá, Sim, no fato de não ter partido deum projeto prévio.

A longa caminhada para chegar aoprojeto em 15 de julho é que foi umtempo demorado que não ocorreu aoutros processos constituintes, aqui ouem qualquer outro país.

Ainda assim, houve oportunidadeaté para a população apresentar suasemendas, e foram doze milhões de as­sinaturas em pouco mais de uma cen­tena de propostas de muito diferen­ciadas ongens e temáticas.

O que acontece agora é a organi­zação de um substitutivo que tenhacondições técnicas de ser o carro-che­fe, a prioridade das votações em ple­nário.

A existência dessa organização sis­tematizadora é uma necessidade vitalpara o processo.

A Comissão de Sistematização, comseus 93 membros, trabalha de formaséria e aplicada. Fins de semana e fe­riados não têm sido respeitados. Aslongas e cansativas sessões permitemexaminar as alternativas a cada tema,as diferentes possibilidades de solu­ção. Seria, por exemplo, de votar ape­nas jornada de trabalho de 48 ou 40horas. E as possibilidades intermediá­rias? Admitir a pena de morte de for­ma geral ou repudiá-la cabalmente?Ou perder um pouco de tempo e exa­minar alguns casos específicos?

Tenho, como cidadão e ex-parla­mentar, procurado acompanhar ostrabalhos dessa comissão. Fico ali ou­vindo e algumas vezes já modifiqueia convicção que tinha sobre determi­nado assunto, dados os ângulos novoslevantados na tribuna. Assim é quedeve acontecer.

Na Comissão de Sistematização ne­nhum bloco predomina. As votaçõesdão-se por conta da convicção que ca­da um forma. Alianças aparentementeesdrúxulas surgem e ninguém tem ver­gonha de votar ao lado de um adver­sário marcado, se suas visões daqueleassunto específico coincidem.

O País não pode ter uma Consti­tuição feita às pressas ou representa­tiva da verdade de um único bloco.

Não é a Constituinte que está colo­cando o País em crise. Ela já assumiucom o Brasil em profunda crise. Etambém, enfrenta a dura resistênciadas coisas constituídas e antigas, à suatarefa de constituir o novo, de cnare de transformar.

João GilbertoEx-Deputado Federal

Mudando asestruturas

A sintonia da AssembléiaNacional Constituinte com asaspirações da sociedade brasi­leira é um fato irrecusável, quese pode verificar à medida emque vão saindo da Comissão deSistematização os diversos títu­los que vão compor a novaCar­ta. Essa identificação existedesde o momento primeiro,aquele em que o povo foi àsurnas para eleger os seus repre­sentantes. E prosseguiu no es­quema adotado para a elabo­ração da futura Constituição,quando se decidiu recusarqualquer proposta previamen­te redigida para começar daconsulta direta do povo.

Como não poderia deixar deser, isso resultou em propostasavançadas, que ampliam o con­ceito dos direitos que se devedar à sociedade, face à novarealidade vivida hoje pelo País,que tende a modernizar-se con­tinuamente em suas estruturas.Esse trabalho, todos reconhe­cem, tinha e tem de ser feitoo mais rapidamente possível,porque a ruptura de princípiose concepções, já de há muitoultrapassadas, é reclamadacom urgência pela sociedade.Mesmo assim, a ANC não sedeixou levar pelo açodamento,preferindo manter-se fiel à es­sência do regime democrático,que é o debate aberto e franco.Daí que, embora esgotados osprazos inicialmente previstos,o trabalho de construção donOVO texto constitucional segueum ritmo satisfatório, diante dacomplexidade da matéria coma qual trabalham os constituin­tes, que não é outra senão aspróprias contradições de umaSOCiedade pluralista.

Há críticas, muitas vezesfundamentadas. Mas sobramataques partidos de setores quese vão revelando intransigentese inconformados com as novasconquistas da sociedade. Issotudo o tempo é que vai mos­trar, com toda a nitidez.

Paulo NevesSecretâno de Redação Adjunto

Cada um de nós avalia bem osignificado dos direitos humanosquando as liberdades violadas nosconduzem à resistência contra aviolência e o abuso do poder.

O Brasil já testou em váriasoportunidades em que as liberda­des viveram um ocaso e os direitoshumanos um eclipse a capacidadede luta dos que colocam acima desuas próprias vidas o direito de serlivre e de' assegurar aos demais apossibilidade de externar o pensa­mento, de defender idéias e de ga­rantir a continuidade da liberdadede todos à opinião e à informação.

A Constituinte é a grande opor­tumdade de afirmarmos essa voca­ção de liberdade e fixarmos na Car­ta Magna os limites dos direitos edos deveres do cidadão, para queas franquias democráticas não se­jam apenas palavras sem conteúdoe sem eficácia.

No "Itinerário da Violência", li­vro com o qual procuramos repro­duzir uma fase dolorosa de nossavida política, ficou bem evidencia­da a atuação das lideranças quereagiram ao processo degradanteda ditadura. Aliás, as ditadurasnão se diferenciam senão pelo graude violência que utilizam na tenta­tiva de preservar-se e de perpe­tuar-se no poder.

A defesa dos direitos humanos,no entanto, ultrapassa os limitescartográficos e, ainda agora, nossensibilizamos quando a SociedadeBntânica Antiescravatura, com se­de em Londres e fundada em 1833,conforme notícia publicada peloJornal O Globo, de 13 do mês pas­sado, afirma existirem no mundo200milhões de pessoas que vivemcomo escravos. O próprio repre­sentante dessa entidade, AlanWhitaker, esclareceu que emboranão exista uma só legislação de paísque aprove a escravidão, ela ocor­re em muitos países do mundo, al­cançando especialmente menores.

Nossa atuação Junto à Consti­tuição, visando a defesa desses di­reitos individuais e coletivos, temraízes em nossa terra que foi, noBrasil, a primeira Província a Iiber­tar os escravos, antes que a LeiAurea recebesse a chancela daPrincesa Isabel.

E, se formos ainda mais distan­tes, vamos testemunhar na açãomilitar da Confederação do Equa­dor, em 1824, a soltura de escravosdas nossas fazendas no Nordeste,destacando-se a figura exemplar demulher e patriota, Bárbara deAlencar, não apenas na luta anties­cravagista, dando exemplo com alibertação dos seus próprios escra­vos, mas oferecendo o sangue e avida dos filhos pela pátria.

Inspirado nesses exemplos quevêm da terra do confederado Paesde Andrade, como de Francisco doNascimento - o Dragão do Mar-, que liderou os Jangadeiros noporto de Fortaleza para impedirque os navios negreiros descarre­gassem as levas de homens e mu­lheres arrancados do solo africano,

temos sido um vigilante defensordas liberdades públicas.

Nossas emendas nesse campo es­pecífico constituíram uma contri­buição ao texto da nova Cartaconstitucional do Brasil, não ape­nas servindo ao seu preâmbulo,mas alcançando especificamentevários artigos relativos ao exercíciodessas liberdades.

Algumas dessas emendas nãoconseguiram obter sua inclusão notexto, mas as que o integraram sãosuficientes para significar nossacontribuição em nome daquelesque nos confiaram a tarefa de de­fensor desses direitos.

A questão relativa à liberdadede expressão e de imprensa e a con­denação da censura poderia estarresumida em um só dispositivo, co­mo propusemos, no sentido de quenão fossem admitidos o recebi­mento e a tramitação de qualquerprojeto de lei que direta ou indire­tamente a permitisse.

Sabendo, no entanto, da dificul­dade de aprovação de um texto tãosimples, embora tão eficaz, em fa­ce da diversidade dos tipos de co­municação de massa, preparamosuma série de emendas ao substi­tutivo do deputado Bernardo Ca­bral que tratavam da matéria emvários dos seus títulos e capítulos.

Assim, propusemos fosse consi­derado cnme imprescritível a tor­tura, idéia que vingou no projetoagora em discussão naquele órgãoe, provavelmente, adotado em re­dação do texto que será encami­nhado dentro de alguns dias ao ple­nário da Assembléia NacionalConstitumte,

No Capítulo I que trata dos Di­reitos Individuais (art. 12, incisoXV), incluímos o de petição e re­presentação aos poderes públicoscontra abusos da autoridade ou pa­ra sugerir medidas reguladqras doslimites da ação do Estado. Aindanessa emenda propusemos que es­sas sugestões, quando enviadas aoLegislativo, devessem transfor­mar-se em projetos de lei, segundocritérios que a legislação ordináriadisciplinasse.

Nossa intenção era a de alargaro princípio do direito de petiçãoe representação, tornando a demo­cracia mais participativa e direta,e não apenas representativa.

Era uma marcha para a convi­vência entre a democracia diretae representativa. Aliás, em algu­mas nações, é facultado ao 'povo- através de seu corpo eleitoral- até mesmo revogar mandatospor ele outor~ados. E certo queem nosso direito sempre existiu ode representação, inclusive, peran­te o Poder Legislativo (Constitui­ção de 1824, n° XXX do art. 179,e art. 71, e na Carta vigente, o §30do art. 153).Trata-se, no entan­to, de alargar essa faculdade, con­forme expusemos na justificativade nossa sugestão.

Entre as várias emendas queapresentamos, podemos ainda des­tacar a de que nenhuma discrimi­nação (art. 497, Título X) fosse to­lerada contra a mulher I ajustando­se a legislação ordinána ao dispo­sitivo proposto no prazo máximode seis meses.

A mulher, hoje, está presenteem todas as áreas da atividade hu­mana, e não apenas no lar.

Preocupou-nos o fato de que amulher ascendeu à condição departicipante, Igualando-se ao ho­mem no trabalho, mas não na re­muneração que de uma maneirageral ainda permaneceu em níveisaviltados. E a verdade é que as mu­lheres trabalham pelo menos duashoras diárias a mais que os ho­mens, tendo em vista o que se con­vencionou chamar de "dupla jor­nada", com as tarefas do lar.

Nossa proposta vai determinarmodificações especialmente noCódigo Civil que data de 1916,quando a mulher vivia no lar e parao lar, sem qualquer relação socialou de trabalho autônomo na socie­dade.

Quando a primeira mulher obte­ve, no Brasil, autorização para ins­crever-se em concurso público, es­sa autorização deveu-se a um pare­cer de Rui Barbosa que interpre­tou o dispositivo constitucional de1891, afirmando que o vocábulo"brasileiro" ali empregado tinha osentido genérico, alcançando tantoo homem quanto a mulher.

Mas não nos limitamos a estaspropostas de emenda ao substitu­tivo, pois cuidamos de valonzar aindependência dos meios de cornu­meação de massa com a participa­ção das entidades de representaçãopopular e profissional, e assegurar,em lugar da censura que condena­mos, a fixação simplesmente defaixas etárias em carater meramen­te classtficatõrio para o teatro e ocinema.

As declarações de direitos ado­tadas com a Revolução Francesa,com a Carta dos Estados Unidoshá dois séculos, com o importantedocumento da Organização dasNações Unidas de 10 de dezembrode 1948, estão presentes em nossaparticipação na Constituinte. Aci­ma de tudo, porém, temos o exem­plo de nossa história voltada parao respeito à pessoa humana e à suadignificação, elemento informadordas propostas que apresentamos edefendemos e que em grande parteforam incluídas como princípiosnorteadores de nossa Carta Magnaem sua fase preliminar, na Comis­são de Sistematização.

Esperamos que em plenário daConstituinte essas idéias que de­fendemos, juntamente com outroscompanheiros, possam ser o marcodiretor de nossa lei principal, nor­teadora de uma pátria soberana,que consagre os direitos funda­mentais da pessoa humana.

Jornal da Constituinte - Veículo semanal editado sob aresponsabilidade da Mesa Diretora da Assembléia NacionalConstituinte.MESA DA ASSEMBLÉIA NACIONAL CONSTITUINTE

Presidente - Ulysses Guimarães; Primeiro-Vice-Presidente- Mauro Benevides; Segundo-Vice-Presidente - Jorge Arbagé;Primeiro-Secretário - Marcelo Cordeiro; Segundo-Secretário- Mário Maia; Terceiro-Secretário - Arnaldo Faria de Sá.Suplentes: Benedita da Silva, Luiz Soyer e Sotero Cunha.APOIO ADMINISTRATIVO

Secretário-Geral da Mesa -- Paulo Affonso M. de OliveiraSubsecretário-Geral da Mes'l - Nerione Nunes CardosoDiretor-Geral da Câmara - Adelmar Silveira SabmoDiretor-Geral do Senado - José Passos Pôrto

. Produzido pelo Serviço de Divulgação da Assembléia Na- .cíonal Constitumte.

Diretor Responsável - Constituinte Marcelo CordeiroEditores - Alfredo Obliziner e Manoel V. de MagalhãesCoordenador - Daniel Machado da Costa e SilvaSecretário de Redação - Ronaldo Paixão RibeiroSecretário de Redação Adjunto - Paulo Domingos R. NevesChefe de Redação - Osvaldo Vaz MorgadoChefe de Reportagem - Victor Eduardo Barrie KnappChefe de Fotografia - Dalton Eduardo Dalla CostaDiagramação - Leônidas GonçalvesIlustração - Gaetano RéSecretário Gráfico - Eduardo Augusto Lopes

EQUIPE DE REDAÇAOMaria Valdira Bezerra, Henry Binder, Carmem Vergara,

Regina Moreira SUZUkl, Juarez Pires da Silva, Maria de FátimaJ. Leite, Ana Maria Moura da Silva, Vladimir Meireles de Al-

meida, Maria Aparecida C. Versiani, Marco Antônio CaetanoMaria Romilda Vieira Bornfim, Eurico Schwinden, Itelvma Al~ves da Costa, Luiz Carlos R. Linhares, Humberto Moreira daS. M. Pereira, Miguel Caldas Ferreira, Clovis Senna e PauloRoberto Cardoso Miranda.

EQUIPE FOTOGRÃFICAJoão José de Castro Júnior, Reinaldo L. Stavale, Benedita

Rodrigues dos Passos, Guilherme Rangel de Jesus Barros, Ro­berto Stuckert e William Prescott.

Composto e impresso pelo Centro Gráfico do Senado Federal- CEGRAFRedação: CÂMARA DOS DEPUTADOS - ADIRP- 70160 - Brasília - DF - Fone: 224-1569- Distribuição gratuita

2 Jornal da Constituinte

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ao País uma Carta à altura dosnovos tempos.

Tomando a defesa das decisõesadotadas pela Mesa da Constituin­te, Cid Sabóia de Carvalho afir­mou que não há como tentar divi­dir os constituintes em duas cate­gorias, colocando os da Comissãode Sistematização como privile­giados, "por que, na verdade, nãoo são". O que há - explicou ­é que a Constituinte tem as suasfases regimentais, que nunca fo­ram devidamente explicadas demaneira didática ao povo, já quena sua opinião, ou por inocênciaou por dolo, as informações acercados trabalhos da ANC têm sidoveiculadas de maneira distorcida.

Cid Sabóia de Carvalho protes­tou contra a tentativa de rotular-setodas as atitudes dos constituintes,classificando-os como avançadosdemais ou retrógrados, e lamen­tou que tudo se diga contra aANC, numa campanha para des­moralizá-la.

- "A liberdade da Constituinteé vigiada pela calúnia, pela injú­ria, pela difamação, como se pelofato de sermos constituintes esti­véssemos sujeitos a todos os cri­mes que pudessem ser praticados"-desabafou o parlamentar, paragarantir em seguida que, mesmocontra as resistências, a ANC dará

MATÉRIAS

Título VI(04 reuniões)

Da Tributação edo Orçamento

Título VIII(06 reuniões)

Da Ordem SOCial

Título V(02 reuniões)

Da Defesa do Estado edas InstituiçõesDemocráticas

Título VII(06 reuniões)

Da Ordem Econômicae Financeira

Título IX(06 reuniões)

Disposições Transitórias

Cid SabÓia de Carvalho

TURNOS

Manhã e Tarde

Manhã e Tarde

Manhã e Tarde

Manhã e Tarde

Manhã e Tarde

REUNIÕES

02

0202

02

02

02

02

02

02

02

02

N"

NOVO CRONOGRAMA DE VOTAÇÃO

DATAS

06.11 (6' feira)

09.11 (2' feira)

10.11 (3' feira)

11.11 (4' feira)

12.11 (5' feira)

13.11 (6' feira)

14.11 (sábado)

15.11 (domingo)

16.11 (2' feira)

17.11 (3' feira)

07.11 (sábado)

08.11 (domingo)

o Presidente Ulysses Guimarães anunciou o novo cronograma e rebateu críticas contra a ANC.

Chega a hora do voto em plenárioADIRP/Jorge Rosa o . d C .. - di 16 17 "projeto e onstituíção a ser entre os IaS e - vamos lazer

oferecido pela Comissão de Siste- o cálculo definitivo ser encaminha­matização será votado em plená- do ao Plenário.rio a partir do dia 18 próximo, de d .acordo com o novo cronograma To _os sabem que surglf_amestabelecido para o exame da ma- ques~oes.de orde~e ponderaço~s.téria naquela Comissão. Foi o que ~ pnme~ra delas e q~e a aprecia­comunicou o presidente da As- çao por.tItulos ou capítulos, emb~­sembléia Nacional Constituinte ra ensejada pelo art. 27 do Regi­Ulysses Guimarães, ao dar conhe: men~o_ Interno, não proporci<?na­cimento do novo cronograma, al- va visao global detodo o proJ~tocançado depois de entendimentos ou de todo o substitutivo, para in­entre a Mesa da ANC e as lideran- formar corretamente, ou conve­ças partidárias. ~ie~temente,o voto de cada Cons-

De acordo com esse cronogra- titumte.ma, a Comissão de Sistematização Essa a primeira objeção que foipassará a reunir-se todos <?s dias, oferecida, dentro daquele pro pó­de manhã e à tarde, inclusive aÇls sito inicial, que foi o de fazer umsábados e domingos, o qu~.na,,? esforço para nós acelerarmos osvinha ocorrendo. Isso possibilitará trabalhos, possibilitando o funcio­um adiantamento <!e cerca de_2 namento às quartas e quintas-fei­semana.s na conclusao.d~ votaçao ras do plenário da Constituinte,do projeto pela Comissão, ante- mas com apreciações parceladas,nonne~te previsto para encerrar- repetimos, do trabalho que estáse no dia 30 de novembro sendo feito pela Comissão de Sis-

Ao fazer ~ comumcaçao).Ulys: tematização.ses Guimarães rebateu crítícas a A I d dí . "decisão anterior de ir submetendo . o a o ISSO, surgl~am ai notí-ao plenário, de imediato, os títulos c~as de que e~te proce~lmento par­aprovados pela Comissão de Siste- cloal vulnerana o. a.rt. 3 da Emen~amatização, à medida em que fos- n 2~, convocat~nll; da Assemb!eIasem resolvidos. Para ele, as amea- Nacional çonstItumte, e que IStOças de recorrer dessa decisão ao poderia ate, eve.ntualmente, ense­Supremo Tribunal Federal repre- jar um pronuncIa.mento por partesentam uma pretensão de se aten- do Supremo Tnbunal Federal.tar contra a soberania da Assem- Em várias entrevistas que dei, re-bléia Nacional Constituinte. peli esta interpretação atentatória

A FALA DE ULYSSES à.soberania da Assembléia Nacio-O comunicado feito por Ulysses nal Constituinte. Não é absoluta­

Guimarães ao plenário e o seguinte: mente aceitável esta ameaça ou es-"A Mesa, através do seu Presi- ta pseudo-ameaça, que nem

dente, desejalevar ao conhecimen- ameaça é, porque não tem qual­to dos constituintes as seguintes quer fundamento jurídico. Qual­conslderas~s: . quer juiz de roça julgaria prelimi-

A Presidência manteve, ontem, narmente como inepta uma pre­entendimentos co~ a Mesa da Co- tensão dessa ordem. Mas, de qual­missaode Sistematização, inclusive quer forma, essa objeção, quec~m o seu emme~te presidente, JU- produziu até conseqüências psico­nsta Afonso Arinos, e o relator lógicas, surgiu por obra de quemBernardo Cabral, que formularam não examina com mais profundi­apelo no sentido de que fossem ace- d dlerados os trabalhos da Comissão, a e o assu~to.a fim de que, dentro do menor pra- Sendo. assim, e como dentro dezo possível, o substitutivo, na sua breves dias, cerca de .10, teremosintegridade, fosse votado com a o proJeto, na sua totahd.ade, a Me­apreciação das emendas destacadas sa, atraves de se~ Presidente, ou­para o encaminhamento regimental vindo todas as Lideranças, se ma­a Mesa da Assembléia e conse- nifesta no seguinte sentido: a vota­qüentemente, ao Plenário. Este ção da proposição se fará após aapelo, felizmente, pôde ser aten- sua chegada, entre 16 e 17, a estedido, após entendimentos mantidos plenário, a esta Mesa.pelas Mesas da Assembléia Nacio- Informa, também, que irá fazernal Constituinte e da Comissão de sessões noturnas extraordinárias,Sistematização com todas as Lide- se necessário, na terça, quarta eranças. . _ quinta-feira para que venha o

Conforme c~mumcaçao formal ~ substitutivo totalmente aprovado,oficial do presidente Afonso Ari- o que facilitará a votação de ple­nos, e!TI n?me da Comis~ão de ~is- nário.temJlt,lZaçao, esta. tambem funcio- Esta é a comunicação que a Me­n~a as qum:t~s-!erra~, o qut; antes sa faz, na certeza de que contribuinao acont~cIa,_ as qum~as-felfasd o para o aperfeiçoamento, para aq~e tambem nao sUl;edIaJ e aos.o- dualidade e também para a celeri-mmgos, o que também nao ocoma. -' .De conqüência, o substitutivo, aos ad~ da elaboraçao constitucio-invés do dia 30, deverá ser entregue nal.

Constituinte inova, por isso é atacadao representante cearense tam- CAMPANHA

bém acha estranho que alguns se­tores ameacem recorrer ao Judi­ciário contra decisões internas daANC, pois desde que esteja fun­cionando, ela é, sem dúvida algu­ma, a fonte não só da legalidadee da legitimidade como a fonte daprópria constitucionalidade.

A propósito, ele lembrou quetodos os que tentaram inovar eavançar as conquistas da humani­dade pagaram por isso. Daí o seualerta a todos os constituintes, pa­ra que se preparem para essa reali­dade, que pode ser a própria histó­ria da Constituinte de 87, por estarsintonizada com os anseios do po­vo brasileiro.

O constituinte Cid Sabóia deCarvalho (PMDB - CE) rebateuas críticas feitas por determinadossetores e órgãos da imprensa con­tra a Assembléia Nacional Consti­tuinte, dizendo que elas significampressões não só contra esse cole­giado mas contra os próprios inte­resses do povo brasileiro e contraas conquistas que se pretende darao País. Para ele, isso resulta dofato de que é muito doloroso mu­dar, inovar, estabelecer uma novamentalidade e novos sistemas,num país tradicionalista como onosso, acostumado a todas as ma­zelas, inclusive às pressões impos­tas até por potências internacio­nais.

Jornal da Constituinte 3

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ADlRP-Wllhan Prescot

Enquanto burila o texto constitucional, a ANC exibe um recorde, que é o retrato da atuação dos 559 parlamentares: 246.200.000 de linhas impressas

Números refletem participaçãoDesde que foi instalada, em 10 de fevereiro deste foram aprovadas, 33.343 rejeitadas, enquanto 11.735 anteprojetos e 1.206 projetos completos. Como um

ano, a Assembléia Nacional Constituinte produziu, foram prejudicadas, quase sempre por duplicidade. cristal de rocha que vira uma pedra preciosa, o textoalém de uma profunda avaliação institucional do país, Antes disso os computadores do Prodasen - aos poucos vai sendo esculpido numa gigantesca obrauma fabulosa estatística, com números que ajudam Serviço de Processamento de Dados do Senado Fede- coletiva.a ilustrar a atuação dos 559 parlamentares que elabo- raI, haviam registrado 72.719 sugestões oferecidas por No próximo dia 20, quando o anteprojeto deram a nova Constituição do país. brasileiros de todas as idades, de todos os credos, Constituição for para discussão e votação no grande

Praticamente encerrando a penúltima fase e pre- de todos os quadrantes. plenário, novas - talvez milhares - alteraçõesparando-se para entrar no grande plenário, os núme- Mas o que se gastou de linhas impressas consu- serão feitas em busca de uma Carta que representeros perdem a expressão diante do aprofundamento miu-se também em discursos. Foram pronunciados a média do pensamento brasileiro. Disso dependerádos diversos temas institucionais, políticos, econô- 7.674, o que dá uma média de 14 discursos para cada sua durabilidade e seu poder de produzir mudanças,micos, sociais e culturais que gastaram o fantástico constituinte. pois, como diz o poeta Octávio Paz, as palavras sónumere de 246.200.000 linhas impressas. são verdadeiras quando podem transformar-se em

Nesse quilométrico registro passaram nada me- pão e justiça.nos de 62.014 emendas apresentadas por parlamen- BURILANDO O TEXTO Na tabela abaixo apresentamos o número detares desde a fase das subcomissões até as emendas emendas que cada constituinte logrou obter aprovei-destacadas ao Substitutivo n° 2 que está em votação, Em meio a esses números, passo a passo a Cons- tamento integral por parte do substitutivo do relatorna Comissão de Sistematização. Desse total, 16.936 tituinte foi burilando seu próprio texto, em 2.994 da Comissão de Sistematização.IHelio Rosas 81 Octávio Elísio 93 Roberto Campos 'i1

NOME DO EMENDAS Adolfo Oliveira 153 Paes de Andrade 51 Sigmaringa Seixas 44CONSTITUINTE APROVADAS Haroldo Lima 53 Ismael Wanderley 70 Eduardo Bonfim 39Max Rosenmann 79 José Dutra 67 Paulo Paim 51Luís Roberto Ponte 84 Gerson Peres 54 Nelson Jobim 61

NilsonGibson 252 NelsonWedekin 74 A.C. Konder Reis 67 Flávio Palmier da Veiga 47Vivaldo Barbosa 150 Paes Landim 79 Cristina Tavares 94 César Maia 41José Ignácio Ferreira 197 Denisar Arneiro 70 Agassiz Almeida 67 Feres Nader 72Roberto Freire 183 Sotero Cunha 77 Irma Passoni 70 Ricardo Fiuza 35Vilson Souza 148 José Richa 105 Michel Temer 75 Carlos Chiarelli 51Jamil Hadad 113 João Paulo 74 João Natal 40 Alexandre Puzyna 36Alfredo Campos 148 Jutahy Magalhães 68 Antônio Salim Curiati 40 Myrian Portella 51Egídio Ferreira Lima 182 José Maurício 28 Ivo Mainardi 68 Maurício Fruet 48Nelton Friedrich 131 Israel Pinheiro Filho 54 Rita Camata 63 Mozarildo Cavalcanti 28FranciscoAmaral 96 Mendonça de Morais 74 Lúcio Alcântara 58 Mauro Miranda 40José Egreja 101 Jorge Hage 87 José Geraldo 47 Walmor de Luca 29Ricardo Izar 145 Basilio Villani 82 Sandra Cavalcanti 63 Márcio Br~a 44MaurícioCorrêa 140 Oswaldo Lima Filho 84 VirgílioTávora 68 Cid Sabóia e Carvalho 33Paulo Pimentel 117 Paulo Mincarone 47 José Serra 125 Humberto Lucena 34José Santana 121 Gastone Righi 55 Francisco Rollemberg 56 Eraldo Tinoco 49Cunha Bueno 92 FranciscoDornelles 105 Eliel Rodrigues 42 Lélio Souza 55Paulo Macarini 98 Floriceno Paixão 54 Renato Vianna 52 Samir Achôa 27Anna Maria Rattes 118 Paulo Ramos 38 Simão Sessim 67 Pompeu de Souza 65Maurício Nasser 83 Oswaldo Almeida 62 Geraldo Campos 79 Haroldo Sabóia 25Brandão Monteiro 105 Siqueira Campos 73 Alvaro Valle 41 Augusto Carvalho 57Victor Faccioni 109 Arnaldo Prieto 70 Airton Sandoval 38 Abigail Feitosa 29Fernando H. Cardoso 136 Uldurico Pinto 52 Itamar Franco 51 Antonio Ueno 36Farabulini Júnior 67 Eduardo Jorge 83 Darcy Pozza 41 Jairo Carneiro 28Mário Maia 66 Gerson Camata 66 Nelson Carneiro 69 Percival Muniz 35WilsonMartins 103 Nyder Barbosa 52 Lídice da Mata 29 José Moura 15Vasco Alves 89 MendesThame 75 Ivo Vanderlinde 37 Jofran Frejat 41José Maria Eymael 121 Geovani Borges 46 Eunice Michiles 54 Mendes Ribeiro 40Délio Braz 71 Carlos Alberto Caó 55 José Carlos Martinez 55 EnocVieira 44Antônio Britto 137 José Genoíno 37 Iram Saraiva 36 Jorge Leite 35Manoel Moreira 95 Aldo Arantes 49 Costa Ferreira 40 João Menezes 19Inocêncio Oliveira 79 Chagas Rodrigues 75 Cássio Cunha Lima 39 José Lins 35Bonifáciode Andrada 76 StélioDias 63 Joaci Góes 42 Olívio Dutra 63Paulo Roberto Cunha 100 Naphtali Alves 49 Matheus Iensen 44 LysâneasMaciel 30

4 Jornal da Constituinte

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Nion Albernaz 48 José Tinoco 20 Ervin Bonkoski 10 Roberto Vital 10Aureo Mello 27 José Lourenço 27 José Freire 23 Paulo Silva 5J0x;te Arbage 43 Luiz Henrique 24 João de Deus Antunes 19 Affonso Camargo 7Ta eu França 38 Emenda Popular 40 Luiz Freire 14 Chagas Duarte 3Roberto Balestra 34 Antero de Barros 24 Juarez Antunes 9 Jesualdo Cavalcanti 6Fausto Rocha 28 Florestan Fernandes 34 Rodrigues Palma 15 Hilário Braun 8José Jorge 64 Edmilson Valentim 24 Raul Ferraz 13 Gidel Dantas 8Salatiel Carvalho 46 Hélio Manhães 10 Edivaldo Motta 11 Gil César 11Antonio Mariz 33 Benedita da Silva 24 Bosco França 13 Heráclito Fortes 13Gandi Jamil 23 Sérgio Werneck 45 Albérico Cordeiro 5 Carlos Benevides 2Ibsen Pinheiro 29 Bocayuva Cunha 20 Fernando Santana 17 Célio de Castro 9Lúcia Vânia 47 Acival Gomes 32 Ruben Figueiró 12 José Fogaça 12Victor Fontana 42 Rose de Freitas 14 Jorge Vianna 12 João Cunha 3Saulo Queiróz 26 Paulo Marques 17 Luiz Alberto Rodrigues 12 José Paulo Bisol 9Santinho Furtado 34 Gustavo de Faria 32 João Agripino 15 Narciso Mendes 2Waldyr Pugliesi 15 Felipe Mendes 17 Afonso Arinos 17 Mattos Leão . 3Joaquim Bevilácqua 38 FábIO Feldmann 25 Djenal Gonçalves 9 Alércio Dias 11Raquel Capiberibe 43 Aloysio Chaves 21 Ruy Bacelar 10 Eliézer Moreira 2Luís Eduardo 30 Ademir Andrade 17 Virgildásio de Senna 13 Hélio Duque 11Sadie Hauache 45 Expedito Júnior 18 Francisco Sales 10 Arnaldo Moraes 11Koyu Iha 38 Jose Carlos Vasconcelos 24 Francisco Pinto 17 Cardoso Alves 7Marcondes Gadelha 65 Leopoldo Peres 15 Odacir Soares 17 Maurício Pádua 6Ruy Nedel 31 Plínio Arruda Sampaio 16 Manoel Castro 15 Roberto Rollemberg 10'Waldeck Ornélas 41 Tito Costa 22 Fernando Cunha 8 Marco Maciel 11Ronan Tito 37 Pedro Canedo 29 Irapuan Costa Júnior 11 Celso Dourado 4Agripino De O. Lima 51 José Luiz Maia 30 Marluce Pinto 13 Antonio Farias 8Domingos Juvenil 38 Albano Franco 27 José Ulísses 15 Edésio Frias 5Osvaldo Bender 24 Maguito Vilela 15 Mello Reis 11 Jarbas Passarinho 7Joavanni Masini 28 Paulo Delgado 20 Miro Teixeira 14 Leur Lomanto 9Jorge Ue~ed 30 Dálton Canabrava 17 Severo Gomes 22 Raimundo Bezerra 14Ottomar into 25 Ziza Valadares 14 Artur da Távola 23 Ivan Bonato 10Prisco Viana 31 Alysson Paulinelli 14 Dirce Tutu Quadros 8 Humberto Souto 5Iberê Ferreira 46 Fernando Velasco 17 Antonio Gaspar 20 Francisco Coelho 6Alarico Abib 32 Fernando Gasparian 28 Onofre Corrêa 18 Davi Alves Silva 6Gilson Machado 35 Irajá Rodrigues 19 Moysés Pimentel 12 Aloysio Teixeira 5Renato Johnsson 33 Ronaldo Cezar Coelho 22 Rubem Branquinho 22 Milton Barbosa 2Jonas Pinheiro 34 Orlando Bezerra 13 João da Mata 11 José Luiz de Sá 5Lucia Braga 32 Darcy Deitos 16 Flávio Rocha 10 Teotônio Vilela Filho 3José Carlos Coutinho 28 Wilma Maia 22 Furtado Leite 7 Harlan Gadelha 2Oscar Corrêa 32 Sérgio Spada 33 Sérgio Brito 10 Geraldo Fleming 6Francisco Kuster 30 Evaldo Gonçalves 12 Hugo Napoleão 10 Fernando Gomes 2Domingos Leonelli 27 Osvaldo Coelho 12 Adroaldo Streck 16 José Agripino 4Chico Humberto 25 Raquel Cândido 22 Benito Gama 18 Levy Dias 4Ivo Cersósimo 17 Geraldo Alckmin 17 Joaquim Sucena 25 Vítor Buaiz 4Luiz Salomão 37 Francisco Carneiro 20 José Teixeira 10 Vinicius Cansanção 4Francisco Rossi 21 Ubiratan Spinelli 16 Luis Viana Neto 12 Sarney Filho 4Arnaldo Martins 28 Telmo Kirst 21 Mauro Sampaio 13 Mário Covas 6Aluízio Campos 30 José Costa 14 Milton Reis 12 Albérico Filho 7Antônio de Jesus 31 João Calmon 16 Nelson Aguiar 13 Del Bosco Amaral 4Carlos Sant'anna 38 César Cals Neto 11 Roberto Brant 7 Alvaro Antônio 5Noel de Carvalho 25 Amaury Müller 18 Osvaldo Sobrinho 7 Vingt Rosado 2Ronaldo Carvalho 18 Caio Pom!ceu 18 Lavoisier Maia 9 Assis Canuto 6Hélio Costa 27 José Gue es 16 Bezerra de Melo 9 Fernando Lyra 9Rosa Prata 30 Luiz Marques 10 Eraldo Trindade 7 Lezio Sathler 1Mendes Botelho 13 Leopoldo Bessone 11 Expedito Machado 12 Raimundo Lira 6Messias Góis 45 Osmar Leitão 16 Aécio Neves 8 Paulo Roberto 4Mauro Benevides 24 Edison Lobão 18 Antonio Perosa 5 Maurício Campos 2Almir Gabriel 31 Hermes Zaneti 30 Júlio Costamilan 8 Mário Bouchardet 4Adhemar de Barros PO 34 Doreto Campanari 26 Orlando Pacheco 9 Felipe Cheidde 3Theodoro Mendes 20 Antonio Ferreira 24 Olavo Pires 6 Arnold Fioravant 6Vicente Bogo 30 Luiz Gushiken 20 Márcia Kubitschek 15 Carlos Vinage 4Arolde de Oliveira 24 Joaquim Francisco 25 Wilson Campos 6 Alexandre osta 5José Camargo 15 Plínio Martins 22 João Rezek 9 Virgílio Galassi 4Christovam Chiaradia 25

Osvaldo Macedo 14 Maurílio F. Lima 15 Edme Tavares 2Francisco Benjamim 25 Meira Filho 15 Ronaro Corrêa 9 Júlio Campos 1Valter Perreira 23 José Carlos Grecco 17 Asdrubal Bentes 3 Lael Varela 1Erico Pegoraro 39 Beth Azize 7 Joaquim Haickel 2Geraldo Bulhões 17 Maluly Neto 28 Dionísio Dal-Prá 9 José Thomaz Nonô 3Adtson Motta 40 Carlos Virgílio 20 Antonio Câmara 8 Robson Marinho 4Ro erto Jefferson 23 Benedicto Monteiro 17 Gonzaga Patriota 5Lourival Baptista 42 Horácio Ferraz 22 Roberto Torres 9 Alceni Guerra 2Jutahy Júnior 40 João Alves 21 Roberto Augusto 11

Etevaldo Nogueira 2José Fernandes 28 Genebaldo Correia 31 Mauro Campos 6

Jairo Azi 5Afif Domingos 29 Fernando B. Coelho 20 Mário Assad 13

Eduardo Moreira 2Dirceu Carneiro 36 Maria de L. Abadia 21 Roberto D'Avila 12 Ruberval Pilotto 2Fábio Raunheitti 23 Marcos Lima 22 Gerson Marcondes 8 Leite Chaves 3Osmundo Rebouças 51 Luiz Viana 21 Homero Santos 7 Alair Ferreira 4Paulo Zarzur 21 Lourenberg N. Rocha 15 Henrique E. Alves 5 Aloísio Vasconcelos 4Osmir Lima 11 José Elias Murad 19 Carlos Cotta 5 João M. Rollemberg 3Francisco Diógenes 47 Rita Furtado 19 Rospide Netto 7 Ralth Biasi 7Vladimir Palmeira 32 Rubem Medina 16 Milton Lima 13 Pau o Almada 2Firmo de Castro 36 Nilso Sguarezi 14 Luiz Inácio Lula 7 Ângelo Magalhães 4Raul Belém 16 Euclides Scalco 28 José Tavares 5 Delfin Netto 1Ronaldo Aragão 27 Jacy Scanagatta 13 Nestor Duarte 12 Carlos De'Carli 1Jalles Fontoura 37 Gumercindo Milhomem 16 Mauro Borges 15 Jayme Paliarin 1Cláudio Avila 39 Cid Carvalho 13 Carlos Mosconi 9 José Mendonça Bezerra 1Borges da Silveira 26 Aécio de Borba 16 Jessé Freire 9 Mário de Oliveira 2Carlos Cardinal 20 José Queiroz 22 Valmir Campelo 7 Maria Lúcia 2Jesus Tajra 29 Mario Lima 20 Sílvio Abreu 6 Raimundo Rezende 2José Carlos Sabóia 40 Rachid Saldanha Derzi 16 Marcelo Cordeiro 2 Pimenta da Veiga 2Luiz Soyer 27 Henrique Córdova 19 Manuel Viana 7 Renan Calheiros 1Arnaldo Fana de Sá 13 Atila Lira 21 Mussa Demes 11 João Herrmann Neto 2Ézio Ferreira 18 Carrel Benevides 15 Jayme Santana 2 João Lobo 1Mansueto de lavor 26 Annibal Barcellos 14 Dionísio Hage 9 José Melo 1Nelson Seixas 32 Aluizio Bezerra 8 Divaldo Suruagy 3 França Teixeira 1Virgílio Guimarães 15 Ivo Lech 28 Amaral Netto 4 Geraldo Melo 1Moema São Thiago 31 Antônio Carlos Franco 11 Nabor Júnior 10 Guilherme Palmeira 1Daso Coimbra 23 Sergio Naya 13 Sólon Borges dos Reis 9 Carlos Alberto 1Gabriel Guerreiro 42 Amilcar Moreira 17 José Elias Moreira 10 Renato Bernardi 2

Jornal da Constituinte 5

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o o

Todo fato histórico tem pelo menos dois momentos: aqueleem que acontece e outro em que é analisado já sem qualquerpaixão ou condicionamento. Desde a sua primeira edição, oJornal da Constituinte tem tido uma preocupação: colocar oleitor diante do fato, para que, posteriormente, ele seja refletidoe bem compreendido. Dentro desse espírito, a publicação inte­gral do texto produzido pela Comissão de Sistematização, aser votada pelo 'plenário da ANC - round decisivo, é umadas missões desse jornal, razão por que prosseguimos na divul­gação do projeto global. Aí estão novos capítulos, para o seuconhecimento, a fim de que você saiba, afinal, o que está sendofeito.

Trabalhadorconquista

mais direitos

CAPÍTULO V

anos;11 - Governador de Estado: trinta

anos;III - Prefeito: vinte e cinco anos;IV - Deputado Federal e Depu­

tado Estadual: vinte e um anos.§ 4° São inelegíveis os inalistá­

veis, os analfabetos e os que não te­nham completado dezoito anos na da­ta da eleição.

§ 5° São melegíveis para os mes­mos cargos, no período subseqüente,o Presidente da República, os Gover­nadores de Estado e do Distrito Fede­ral, os Prefeitos e quem os houver su­cedido, ou substituído nos seis mesesanteriores à eleição.

§ 6° Para concorrerem a outroscargos, o Presidente da República, osGovernadores de Estado e do DistritoFederal, e os Prefeitos devem renun­ciar aos respectivos mandatos, seismeses antes do pleito.

§ 7° Lei complementar estabele­cerá outros casos de inelegibilidade eos prazos de sua cessação, a fim deproteger a normalidade e legitimidadedas eleições, contra a influência do po­der econômico ou o abuso do exercíciode função, cargo ou emprego na admi­nistração direta ou indireta.

§ 8° São elegíveis os militares alis­táveis com mais de dez anos de serviçoativo, os quais serão agregados, a par­tir da filiação partidária, pela autori­dade superior; se eleitos, {Jassarão au­tomaticamente para a inatividadequando diplomados. Os de menos dedez anos de serviço ativo só são elegí­veis caso se afastem espontaneamenteda atividade.

§ 9" São inelegíveis para qualquercargo, no territóno de jurisdição dotitular, o cônjuge ou os parentes atéo se~undo grau, por consangüinidade,afinidade ou adoção, do Presidente daRepública, do Governador e do Pre­feito que tenham exercido mais da me­tade do mandato, ressalvados os quejá exercem mandato eletivo.

§ 10. O mandato eletivo poderãser impugnado ante a Justiça Eleitoralno prazo de quinze dias após a diplo­mação, instruída a ação com provasconclusivas de abuso do poder econô­mico, cortppção ou fraude e transgres­sões eleitorais.

Art. 17 A perda ou a suspensãode direitos políticos dar-se-á nos casosde:

I - cancelamento da naturaliza­ção por sentença judicial transitadaem julgado;

11 - incapacidade civil absoluta;111 - condenação penal, enquanto

durarem seus efeitos.Art. 18. A lei que alterar o pro­

cesso eleitoral só entrará em vigor umano depois de sua promulgação.

Dos Partidos Políticos

Art. 19. É livre a cnação, fusão,incorporação e extinção dos partidospolíticos, resguardados a soberanianacional, o regime democrático, o plu­ripartidarismo e os direitos fundamen­tais da pesso.a humana, e observadosos seguintes Itens:

I - caráter nacional;11 - proibição de recebimento de

recursos financeiros de entidade ougoverno estrangeiros ou de subordi­nação a estes;

111 - prestação de contas ao Tn­bunal de Contas da União, através dobalanço financeiro e patrimonial doexercício;

IV - funcionamento parlamentarde acordo com o que dispuser a ler.

§ 19 É assegurada aos partidos po­líticos autonomia para definir sua es­trutura interna, organização e funcio­namento, devendo seus estatutos esta­belecerem normas de fidelidade e dis­ciplina partidárias.

§ 2° Os partidos adquirem perso­nalidade jurídica mediante o registrodos estatutos no Tribunal SuperiorEleitoral.

§ 3° Os partidos políticos têm di­reito aos recursos do fundo partidárioe acesso gratuito ao rádio e à televisão.

§ 4° E vedada a utilização pelospartidos políticos de organização para­militar.

CAPÍTULO IV

Dos Direitos Políticos

Art. 16. O sufrágio é universal, eo voto direto e secreto com igual valorpara todos.

§ 1° O alistamento eleitoral e ovoto são obrigatórios para os maioresde dezoito anos e facultativos para osanalfabetos, os maiores de setenta eos menores a partir de dezesseis anos.

§ 2° Não podem alistar-se eleito­res os estrangeiros e, durante o perío­do de serviço militar obrigatóno, O(

conscritos.§ 3° São condições de elegibilida­

de: a nacionalidade brasileira, a cida­dania, estar no pleno exercício dos di­reitos políticos, o alistamento, a filia­ção partidária, domicílio eleitoral, nacircunscrição, pelo menos durante osseis meses antenores ao pleito, e idademínima, completada até a data limitepara os respectivos registros, confor­me a seguir discriminado:

I - Presidente da República e Se­nador da República: tnnta e cinco

a) os nascidos no Brasil, embora depais estrangeiros, desde que estes nãoestejam a serviço de seu país;

b) os nascidos no estrangeiro, depai brasileiro ou mãe brasileira, desdeque qualquer deles esteja a serviço doBrasil;

c) os nascidos no estrangeiro, de paibrasileiro ou mãe brasileira, desde <J.ueregistrados em repartição brasileiracompetente, ou desde que venham aresidir no Brasil antes da maioridadee, alcançada esta, optem pela naciona­lidade brasileira em qualquer tempo;

11 - naturalizados: os que, na for­ma da lei, adquirirem a nacionalidadebrasileira, exigidas aos originários depaíses de língua portuguesa apenas re­sidência por um ano minterrupto eIdoneidade moral.

§ 1° Aos portugueses com resi­dência permanente no País, se houverreciprocidade em favor de brasileiros,serão atribuídos os direitos inerentesao brasileiro nato, salvo os casos pre­vistos nesta Constituição.

§ 2° A lei não poderá estabelecerdistinção entre brasileiros natos e na­turalizados, salvo os casos previstosnesta Constituição.

§ 3° São privativos de brasileironato os cargos de Presidente da Repú­blica, Presidente da Câmara Federale do Senado da República, Primeiro­Ministro, Ministro do Supremo Tribu­nal Federal, e Ministro de Estado,além dos integrantes das carreiras di­plomáticas e militar.

§ 4° Perderá a nacionalidade obrasileiro que:

I - aceitar de governo estrangei­ro, sem licença do Presidente da Re­pública, comissão, emprego ou pen­são'

ri - tiver cancelada sua naturali­zação por sentença judicial, por exer­cer atividade nociva ao interesse na­cional.

Art. 15. A língua nacional é a,portuguesa, e são símbolos nacionaisa bandeira, o hino, as armas da Repú­blica e o selo nacional já adotados nadata da promulgação desta Constitui­ção.

CAPíTULO III

Da NacionalidadeArt. 14. São brasileiros:I - natos:

§ 1° É vedado ao Poder Públicointerferir na organização sindical. Alei não poderá exigir autorização doEstado para a fundação de sindicato,ressalvado o disposto no § 2°

§ 2° Não será constituída mais deuma organização sindical, em qual­quer grau, representativa de categoriaprofissional ou econômica, na mesmabase territorial. Esta será definida pe­los trabalhadores ou empregados inte­ressados, não podendo ser inferior àárea de um município.

§ 3° A entidade sindical cabe a de­fesa dos direitos e interesses da cate~o­ria, individuais ou coletivos, inclusivecomo substituto processual em ques­tões judiciais ou administrativas.

§ 4° A assembléia geral fixará acontribuição, em se tratando de cate­goria profissional, será descontada emfolha, para custeio do sistema confe­derativo de sua representação sindi­cal.

§ 5° A lei não obrigará a filiaçãoaos sindicatos, e ninguém será obri­gado a mantê-Ia.

§ 6° Aplicam-se à organização dossindicatos rurais e das colônias de pes­cadores os princípios adotados para ossindicatos urbanos, nas condições dalei.

§ 7° O sindicato participarã, obri­gatoriamente, das negociações coleti­vas de trabalho.

§ 8° Os aposentados terão direitoa votar e ser votados nas organizaçõessindicais.

Art. 11. É livre a greve, vedadaa iniciativa patronal, competindo aostrabalhadores decidir sobre a oportu­nidade e o âmbito dos interesses quedeverão por meio dela defender.

§ 1° Na hipótese de greve, serãoadotadas providências pelas entidadessindicais que garantam a manutençãodos serviços indispensáveis ao atendi­mento das necessidades inadiáveis dacomunidade.

§ 2° Os abusos cometidos sujei­tam os responsáveis às penas da lei.

Art. 12 É assegurada a participa­ção dos trabalhadores e empregadosem todos os órgãos onde seus inte­resses profissionais ou previdenciáriossejam objeto de discussão e delibe­ração.

Art. 13. As empresas de mais decinqüenta empregados reservarão pe­lo menos dez por cento dos cargos deseus quadros de pessoal efetivo parapreenchimento por maiores de qua­renta e cinco anos.

o projeto daSistematização

amplia bastanteos direitossociais dos

trabalhadores

XXIX - igualdade de direitos en­tre o trabalhador com vínculo empre­gatício permanente e o trabalhadoravulso.

§ 1° A lei protegerã o salário e de­finirá como cnme a retenção de qual­quer forma de remuneração do traba­lho já realizado.

§ 2° E proibido o trabalho notur­no ou insalubre aos menores de dezoi­to e qualquer trabalho a menores dequatorze anos, salvo na condição deaprendiz.

§ 3° É proibida intermediação re­munerada da mão-de-obra permanen­te, ainda que mediante locação, salvoos casos previstos em lei.

§ 4° O disposto no item I não seaplica à pequena empresa com até dezempregados.

Art. 8° São assegurados à catego­ria dos trabalhadores domésticos os di­reitos previstos nos incisos IV, VI,VIII, XIV, XVI, XVIII e XXI do arti­go anterior, bem como a integraçãoà previdência social.

Art. 9° O trodutor rural e o pes­cador artesana , que exerçam suas ati­vidades em regime de economia fami­liar, sem empregados permanentes,contribuirão para a seguridade socialatravés da aplicação de uma alíquotasobre o resultado da comercializaçãoda produção e obterão os benefícioscom valor equivalente ao salário míni­mo, podendo equiparar-se ao segura­do autônomo, na forma que a lei esta­belecer.

Parágrafo único. Equiparam-seao produtor rural, para os efeitos daprevidência social, o parceiro, o meei­ro, o arrendatário e seus respectivoscônjuges, inclusive o daquele.

Art. 10. É livre a associação pro­fissional ou sindical.

CAPíTULO II

Dos Direitos Sociais

Art. 7° São direitos dos trabalha­dores urbanos e rurais, além de outrosque visem à melhoria de sua condiçãosocial:

I - garantia de emprego, protegi­do contra despedida imotivada, assimentendida a que não se fundar em:

a) contrato a termo, nas condiçõese prazos da lei;

b) falta grave, assim conceituadaem lei;

c) justa causa, baseada em fato eco­nômico intransponível, razão tecnoló­gica ou infortúnio na empresa, deacordo com critérios estabelecidos nalegislação do trabalho;

11 - seguro-desemprego, em casode desemprego involuntário;

III - fundo de garantia do tempode serviço;

IV - salário mínimo nacional­mente unificado, capaz de satisfazeràs suas necessidades básicas e às desua família, com reajustes periódicosde modo a preservar-lhe o poder aqui­sitivo, vedada sua vinculação paraqualquer fim;

V - piso salarial proporcional àextensão e à complexidade do traba­lho;

VI - irredutibilidade de salárioou vencimento, salvo o disposto emconvenção ou acordo coletivo;

VII - salário fixo, nunca inferiorao mínimo, sem prejuízo da remune­ração variável, quando houver;

VIII - décimo terceiro salário,com base na remuneração integral ouno valor da aposentadoria em dezem­bro de cada ano;

IX - salário do trabalho noturnosuperior ao do diurno;

X - participação nos lucros, des­vinculada da remuneração, e na gestãoda empresa, conforme definido em leiou em negociação coletiva;

XI - salário-família aos depen­dentes, nos termos da lei;

XII - duração do trabalho normalnão superior a oito horas diárias e qua­renta e quatro semanais;

XIII - jornada máxima de seishoras I?ara o trabalho realizado emturnos ininterruptos de revezamento;

XIV - repouso semanal remune­rado, preferencialmente aos domingose feriados civis e religiosos, de acordocom a tradição local;

XV - remuneração em dobro doserviço extraordinário;

XVI - gozo de férias anuais, naforma da lei, com remuneração inte­graI;

XVII - licença remunerada à ges­tante, sem prejuízo do emprego e dosalário, com a duração mínima de cen­to e vinte dias;

XVIII - aviso prévio proporcio­nai ao tempo de serviço, sendo no mí­nimo de tnnta dias, e direito a indeni­zação, nos termos da lei;

XIX - redução dos riscos ineren­tes ao trabalho, por meio de normasde saúde, higiene e segurança;

XX - adicional de remuneraçãopara as atividades consideradas peno­sas, insalubres ou perigosas, na formada lei;

XXI - aposentadoria;XXII - assistência gratuita aos fi­

lhos e dependentes em creches e pré­escolas de zero a seis anos de idade;

XXIII - reconhecimento das con-venções coletivas de trabalho;

XXIV - participação nas vanta­gens advindas da modernização tecno­lógica e da automação;

XXV - seguro contra acidentesdo trabalho, a cargo-do empregador,sem excluir a indenização a que esteestá obrigado, quando incorrer em do­lo ou culpa;

XXVI - não incidência da pres­crição no curso do contrato de traba­lho e até dois anos de sua cessação;

XXVII - proibição de diferençade salários e de critério de admissãopor motivo de sexo, cor ou estado CI­vil'

XxVIII - proibição de distinçãoentre trabalho manual, técnico e inte­lectual ou entre os profissionais res­pectivos;

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Novos estados só com plebiscitoo capítulo que trata da organização político-administrativa

do país estabelece que os estados podem incorporar-se entresi, subdividir-se ou desmembrar-se para se anexarem a outrosou formarem novos estados, desde que haja aprovação das res­pectivas Assembléias Legislativas, das populações diretamentemteressadas, através de plebiscito, e do Congresso Nacional.No tocante à União, seus bens e suas áreas de competência,o projeto aprovado pela Comissão de Sistematização pouco mo­dificou o texto proposto pelo relator Bernardo Cabral. Nestecapítulo, a votação foi bastante tranqüila, uma vez que nãose registraram grandes polêmicas entre os constituintes.

dades, para a administração pública,direta e indireta, nos três níveis de go­verno, inclusive para as fundações eempresas sob seu controle;

XXVII - defesa territorial, defe­sa aeroespacial e defesa civil.

Parágrafo único. Lei complemen­tar poderá autorizar os Estados a legis­larem sobre questões específicas dasmatérias relacionadas neste artigo,desde que não causem risco à sobe­rania e unidade nacionais.

Art. 25. É competência comumda União, dos Estados, do Distrito Fe­deral e dos Municípios:

I - zelar pela guarda da Consti­tuição, das leis e das instituições de­mocráticas;

11 - cuidar da saúde e assistênciapública, bem como da proteção e ga­rantia das pessoas portadoras de defi­ciência;

Ill - proteger os documentos, asobras e outros bens de valor histórico,artístico e cultural, os monumentos eas paisagens naturais notáveis, bemCOmo os sítios arqueológicos;

IV - impedir a evasão, a destrui­ção e a descaracterização de obras dearte e de outros bens de valor histó­rico, artístico ou cultural;

V - proporcionar os meios deacesso à cultura, à educação e à ciên­cia'

VI - proteger o meio ambiente ecombater a poluição em qualquer desuas formas;

VII - preservar as florestas, a fau­na e a flora;

VIII - fomentar a produção agro­pecuária e organizar o abastecimentourbano;

IX - implantar programas deconstrução de moradias, bem comopromover a melhoria das condiçõeshabitacionais e de saneamento;

X - combater as causas da pobre­za e os fatores de marginalização socialdo homem, promovendo a integraçãosocial dos setores desfavorecidos.

Art. 26. Compete à União, aosEstados e ao Distrito Federal legislarconcorrentemente sobre:

I - direito tributário, financeiro,penitenciário e econômico;

11 - orçamento;III - juntas comerciais;IV - custas dos serviços forenses;V - produção e consumo;VI - florestas, caça, pesca, fauna,

conservação da natureza, defesa dosolo e dos recursos naturais, proteçãodo meio ambiente e controle da polui­ção;

VII - proteção ao patrimônio his­tórico, cultural, artfstico, turístico epaisagístico;

VIII - responsabilidade por danoao meio ambiente, ao consumidor, abens e direitos de valor artístico, esté­tico, histórico, turístico e paisagístico;

IX - educação, cultura, ensino edesporto;

X - criação, funcionamento eprocesso do juizado de pequenas cau­sas'

XI - procedimentos em matériaprocessual;

XII - previdência social, prore­ção e defesa da saúde;

XIII - assistência judiciária e De­fensoria Pública;

XIV - normas de proteção e inte­gração das pessoas portadoras de defi­ciências;

XV - direito urbanístico e parce­lamento do solo urbano;

XVI - normas de proteção à in­fância e à juventude;

XVII - organização, garantias,direitos e deveres das polícias civis.

§ 1° No âmbito da legislação con­corrente, a competência da União li­mitar-se-á a estabelecer normas ge­rais.

§ 2° Inexistindo lei federal sobrematéria de competência concorrente,os Estados exercerão a competêncialegislativa suplementar para atenderàs suas peculiaridades.

A União, osestados e o

DF poderãolegislar sobrea criação dosjuizados de

pequenas causas

do gue dispuser a lei; .XXIV - estabelecer a área e as

condições para o exercício da ativida­de de garimpagem, em forma associa­tiva.

Parágrafo único. O fluxo de dadostransfronteira será P,focessado por in­termédio da rede publica operada pelaUnião.

Art. 24. Cabe privativamente àUnião legislar sobre:

I - direito civil, comercial, penal,processual, eleitoral, agrário e do tra­balho;

11 - direito marítimo, aeronáuti­co e espacial;

TIl - desapropriação;IV - requisições civis e militares,

em caso de iminente perigo e em tem­po de guerra;

V - águas, telecomunicações, ra­diodifusão, informática e energia;

VI - serviço postal;VII - sistema monetário e de me­

didas, títulos e garantias dos metais;VIII - política de crédito, câm­

bio, seguros e transferência de valo­res, comércio exterior e interestadual;

IX - diretrizes da política nacio-nal de transportes;

X - regime dos portos, navegaçãolacustre, fluvial, marítima, área e ae­roespacial;

XI - trânsito e tráfego interesta­dual, rodovias e ferrovias federais;

XII - jazidas, minas, outros re­cursos minerais e metalurgia;

XIII - nacionalidade, cidadania enaturalização;

XIV - populações indígenas;XV - enngração, imigração, en­

trada, extradição e expulsão de estran­geiros;

XVI - condições para o exercíciode profissões;

XVII - organização judiciária, doMinistério Público e da DefensoriaPública do Distrito Federal e dos Ter­ritórios e organização administrativadestes;

XVIII - sistemas estatístico e car­tográfico nacionais;

XIX - sistemas de poupança,consórcios e sorteios;

XX - normas gerais de organiza­ção, garantias e condições de convo­cação ou mobilização das políticas mi­litares e corpos de bombeiros milita-res; ,

XXI - competên'cia da polícia fe­deral e das políticas rodoviária e ferro­viária federais;

XXII - seguridade social;XXIII - diretrizes e bases da edu­

cação nacional;XXIV - registro público e servi-

ços notariais; -XXV - atividades nucleares de

qu~l.quer natureza;XXVI - normas gerais de licita­

ção e contratação em todas as modali-

A União poderádecretar o

estado de sitio,o estado dedefesa, e aintervenção

federal

b) os serviçose instalações de ener­gia elétrica e o aproveitamento ener­gético dos cursos d'água;

c) a navegação aérea, aeroespaciale a infra-estrutura aeroportuária;

d) os serviços de transporte ferro­viário e aquaviário entre portos brasi­leiros e fronteiras nacionais, ou quetransponham os limites de Estado ouTerritório;

e) os serviços de transporte rodo­viário interestadual e internacional depassageiros;

1) os portos marítimos, fluviais e la­custres;

XII - organizar e manter o PoderJudiciário, o Ministério Público e aDefensoria Pública do Distrito Fede­ral e dos Territórios;

XIII - organizar e manter a polí­cia federal, a polícia rodoviária e aferroviária federais, bem como a polf­(lia civil, a polícia militar e o corpode bombeiros militar do Distrito Fede­ral e dos Territórios;

XIV - organizar e manter os ser­viços oficiais de estatística, geografiae cartografia de âmbito nacional;

XV - exercer a classificação, paraefeito indicativo, de diversões públicase de programas de telecomunicações;

XVI - conceder anistia;XVII - planejar e promover a de­

fesa permanente contra as calamida­des públicas, especialmente as secase as inundações;

XVIII - instituir sistema nacionalde gerenciamento de recursos hídricose definir critérios de outorga de direi­tos de seu uso;

XIX - instituir o sistema nacionalde desenvolvimento urbano, incluindohabitação, saneamento básico e trans­portes urbanos, entre outros;

XX - estabelecer princípios e di­retrizes para o sistema nacional detransportes e viação;

XXI - executar os serviços de po­lícia marítima, aérea e de fronteira;

XXII - explorar os serviços e ins­talações nucleares de qualquer natu­reza e exercer monopólio estatal sobrea pesquisa, a lavra, o enriquecimentoe reprocessamento, a industrializaçãoe o comércio de minérios nuclearese seus derivados, atendidos os seguin­tes requisitos:

a) toda atividade nuclear em terri­tório nacional somente será admitidapara fins pacíficos e mediante aprova­ção do Congresso Nacional;

b) sob regime de concessão ou per­missão, é autorizada a utilização deradioisótopos para a pesquisa e usosmedicinais, agrícolas, industriais e ati­vidades análogas;

c) a responsabilidade por danos nu­cleares independe da existência de cul­pa;

XXIII - organizar, manter e exe­cutar a inspeção do trabalho, na forma

Os estados eos municípiosvão participardo resultado

da exploraçãodos recursos

naturais

pertencem ou que lhe vierem a ser atri­buídos.

§ 1° É assegurada aos Estados, aoDistrito Federal, aos Municípios e ór­gãos da administração direta daUnião, nos termos da lei, participaçãono resultado da exploração econômicae do aproveitamento de todos os re­cursos naturais, em seus territórios,bem como na plataforma continentale no mar territorial respectivos.

§ 2° A faixa interna de até centoe cinqüenta quilômetros de largura,ao longo das fronteiras terrestres, de­signada como faixa de fronteira, é con­siderada fundamental para a defesa doterritório nacional, e sua ocupação eutilização serão regulamentadas em leicomplementar.

Art. 23. Compete à União:I - manter relações com Estados

estrangeiros e participar de organiza­ções internacionais;

11 - declarar a guerra e celebrara paz;

111 - assegurar a defesa nacional;IV - permitir, nos casos previstos

em lei complementar, que forças es­trangeiras transitem pelo território na­cional ou nele permaneçam tempora­riamente, sob o comando de autori­dades brasileiras;

V - decretar o estado de sítio, oestado de defesa e a intervenção fede­ral'

VI - autorizar e fiscalizar a pro­dução e o comércio de material bélico;

VII - emitir moeda;VIII - administrar as reservas

cambiais do País e fiscalizar as opera­ções de natureza financeira, especial­mente as de crédito, câmbio e capitali­zação, bem como as de seguros e deprevidência privada;

IX - elaborar e executar planosnacionais e regionais de desenvolvi­mento econômico e social, aprovadospelo Congresso Nacional;

X - manter o serviço postal e ocorreio aéreo nacional;

XI - explorar diretamente ou me­diante concessão ou permissão:

a) os serviços nacionais, interesta­duais e internacionais de telecomuni­cações, radiodifusão e transmissão dedados;

CAPÍTULO I

Da Organzzação

Político-Administrativa

Art. 20. A organização político­admmístratwa da República Federa­tiva do Brasil compreende a União,os Estados, o Distrito Federal e os Mu­nicípios, todos autônomos em sua res­pectiva esfera de competência.

§ 1° Brasília é a Capital Federal.§ 2° Os Territórios Federais inte­

gram a União.§ 3? Os Estados podem incorpo­

rar-se entre si, subdividir-se ou des­membrar-se para se anexarem a outrosou formarem novos Estados, median­te aprovação das respectivas Assem­bléias Legislativas, das populações di­retamente interessadas, através deplebiscito, e do Congresso Nacional.

§ 4° Lei complementar disporásobre a criação de Território, suatransformação em Estado ou sua rein­tegração ao Estado de origem.

§ 5° Os Estados, o Distrito Fede­ral, os Territórios e os Municípios po­derão ter símbolos próprios.

Art. 21. A União, aos Estados,ao Distrito Federal e aos Municípiosé vedado:

I - adotar religião, subvencioná­la, embaraçar-lhe o exercício ou man­ter com seus representantes relaçõesde dependência, ressalvada a colabo­ração de interesse público, na formada lei;

11 - recusar fé aos documentospúblicos.

Art. 22. Incluem-se entre os bensda União:

I - as terras devolutas indispensá­veis à defesa das fronteiras, às fortifi­cações e construções militares, bemassim às vias de comunicação e à pre-

o servação ambiental;11 - os lagos, rios e quaisquer cor­

rentes de água em terrenos de seu do­mínio, ou que banhem mais de umEstado, constituam limites com outrospaíses ou se estendam a território es­trangeiro ou dele provenham, as terrasmarginais e as praias fluviais;

111 - as ilhas fluviais e lacustresnas zonas limítrofes com outros países;as praias marítimas; as ilhas oceânicase as marítimas, excluídas as já ocupa­das pelos Estados e Municípios;

IV - os recursos naturais da plata­forma continental;

V - o már territorial;VI - os terrenos de marinha e

seus acrescidos;VII - os recursos minerais e os

potenciais de energia hidráulica;VIII - as cavidades naturais sub­

terrâneas, assim como os sítios ar­queológicos e pré-históricos;

IX - o subsolo;X - as terras de posse imemorial,

onde se acham permanentemente lo­calizados os índios;

XI - os bens que atualmente lhe

TÍTULO III

CAPÍTULO 11

Da União

Da Organização do Estado

·Jornal da C,onstituinte 1

Page 8: lUllll~...fe, a prioridade das votações em ple nário. A existência dessa organização sis tematizadora é uma necessidade vital para o processo. A Comissão de Sistematização,

o desporto merece ser tratado dentro do texto cons­titucional? A resposta a esta pergunta pode revelar umpreconceito cultural que muitos ainda têm consigo. Afi­nal, não se pode distanciar educação e esporte, na medi­da que o segundo faz parte do conjunto de práticaseducacionais que procuram privilegiar a formação inte­gral do indivíduo. Este pensamento é defendido dentroda Assembléia Nacional Constituinte por um grupo ex­pressivo de parlamentares, que tem como coordenadoro constituinte Márcio Braga. Esse grupo é integradobasicamente por diretores ou ex-diretores de clubes defutebol e que atualmente cumprem o seu mandato comoconstituinte.

Esporte fazpontos nanova Carta

"O esportecomo fato

socialinconteste

não mereceuaté hoje,no Brasil,a atençãonecessáriacomo meio

de promoçãodo homembrasileiro"

---------

fundado, pois essa discussão srráobjeto de legislação complementar,O que se procura estabelecer nomomento é o princípio de não-inter­ferência do governo, sem signi~i'1ll,";entretanto, que essa autonomia luirtrapasse essa esfera de poder. I

O constituinte José Moura (Pfr;- PE) considera o esporte comoatividade essencial ao homem, cldessa forma não .pode deixar de fi~gurar na Carta Constitucional doBrasil, pois outros países como Por­tugal permitem que o esporte sej,l\incluído inclusive com certo destR

1'I

que. Para o parlamentar pernambucano, nos substitutivos anterío Ires, entretanto, existiam Propo~tlliwexageradas e que, portanto, criarall'1'l'conflitos. Agora, os princípios estãogarantidos em um único artigo. ~

Outro ponto que José Mourconsidera Importante é a divisão entre esporte profissional e o não-profissional, destinando recursos prio .ritariamente para a área não-pro;

"O esportereflete onível de

progressode um paíspois é umelemento

fundamentalna formação

do indivíduo"

tes têm como objetivo principalapresentar um texto que contenhasomente o essencial, sintetizando aomáximo o seu conteúdo. "E eviden­te que não se deve pleitear uma Car­ta excessivamente grande, mas tam­bém não é justo que, a pretexto do"enxugamento" do texto, a educa­ção ffsicae o desporto permaneçammenosprezados, relegando a suanormatização a leis ordinárias,adiando, assim, mais uma vez, a ela­boração de uma lei fundamentalque discipline essas relações".

Já o constituinte Pedro Canedo(PFL - Ga) afirma que retiraro esporte da Constituição, além deum erro, não iria contribuir para re­duzir significativamente o texto doprojeto constitucional, pois o des­porto merece apenas um artigo, ede tamanho reduzido. Pedro Cane­do concorda que o esporte educa­cional deve merecer atenção espe­cial do governo por ser mais um am­paro dado à educação como um to­do, na medida que contribuirá nãoapenas para a propagação de suaprática desde cedo, como igualmen­te irá valorizar o professor de educa­ção física, atualmente muito mal re­munerado, como de resto a própriacategoria dos professores. Essa me­dida igualmente, segundo acreditao parlamentar goiano, permitiráque se cobrem no futuro os recursosdestinados ao esporte, pois atual­mente os recursos ainda são poucose restritos a uns poucos órgãos.

Pedro Canedo, por outro ladonão compreende o receio de algu­mas federações, sobretudo de fute­bol, quanto ao dispositivo que esta­belece a autonomia. Segundo ele,o receio de que essa autonomia seprolongue até os clubes e o seu rela­cionamento com as federações é in-

ção ao direito autoral, inclusive, nocaso desportivo, e o direito de Are­na. Um outro dispositivo que, naopinião do constituinte, também te­rá seus reflexos sobre o esporte na­cional é o item 9° do art. 26, queabre espaço para que as unidadesda federação possam legislar sobreo desporto de forma mais indepen­dente.

"O esporte como fato social in­conteste não mereceu até hoje, noBrasil, a atenção necessária comomeio de promoção do homem brasi­leiro e de melhoria da nossa socie­dade. Esta omissão ocorreu, inclu­sive, nos textos constitucionais an­teriores." Esta posição foi defendi­da pelo constituinte Ivo Lech(PMDB - RS), que continuou afir­mando que, "desse modo, quandoa Assembléia Constituinte resgataa relevância do fato esportivo paraa evolução da própria sociedade, fi­ca evidente que esse fenômeno, umdos mais marcantes deste final deséculo, passou realmente a ser con­siderado como um dos aspectos so­ciais importantes para o país".

O parlamentar gaúcho lembrou,entretanto, que muitos constituin-

tar na Comissão de Sistematizaçãoe que propõe justamente uma dife­renciação clara do desporto profis­sional e do não profissional. Estaseparação Márcio Braga consideraimportante para todo o trabalhoque se fará sobre a legislação ordi­nária, permitindo uma maior flexi­bilidade, "fruto aliás de diferentesrealidades das duas categorias".

O constituinte Marcelo Cordeiro(PMDB - BA) é igualmente umdos defensores da inclusão no textoconstitucional de dispositivo quetrate da questão desportiva. Paraele, o texto precisa ser conciso, masnem por isso deve ignorar os princí­pios gerais de saúde mental e cultu­ral do indivíduo, entre os quais seencontra o esporte. É importantedo mesmo modo, para o parlamen­tar baiano, uma definição clara doconceito e do papel do esporte naformação e no desenvolvimento dopovo. Não se deve ignorar, comple­tou Marcelo Cordeiro, que o espor­te faz parte da realidade individuale coletiva do brasileiro, pois o es­porte mobiliza e comove.

Aécio de Borba, constituinte peloPDS do Ceará, por sua vez, acreditaque os elementos fundamentais fo­ram atendidos pelo substitutivo dorelator Bernardo Cabral, principal­mente no que concerne à liberdadede organização, ao apoio do gover­no e à autonomia relativa da justiçadesportiva perante a justiça comumnos casos de litígio. O único pontoque o parlamentar considera nãocontemplado foi o dos incentivosfiscais, mas, assim mesmo, porqueeste benefício foi retirado de todosos artigos da proposta constitucio­nal". "Ninguém pode negar, entre­tanto, a força do esporte no país,pois só no futebol reúne mais decem mil pessoas em um estádio, istosem contar aqueles que assistem pe­la televisão. Esporte é alegria, sen­do profissão para quem se dedicaa ele, e lazer para o amador. Portudo isso, o esporte não ter espaçona nova Carta seria um erro grave".

Aécio de Borba lembra ainda quenão foi apenas no art. 245 que oesporte foi beneficiado. O parla­mentar cearense lembra o § 31 doart. 6°que garante a livre expressão,independente de censura, a prote-

Assim é o caso do Eróprio consti­tuinte Márcio Braga (PMDB - RJ)que é igualmente presidente do Fla­mengo. O esporte atualmente, lem­bra ele, é o corolário da educaçãoe da saúde e vem de uma modifi­cação no modo de considerar a ativi­dade esportiva a partir do final daSegunda Guerra Mundial. Até essadata, acrescenta Márcio Braga, oesporte era a afirmação da superio­ridade de uma raça e um instrumen­to político. Não era dessa maneira,tratado como uma parte integranteda formação do jovem e elementode integração do indivíduo na socie­dade.

O desporto hoje é dividido, con­forme conta o parlamentar doPMDB, em estudantil, militar, clas­sista e comunitário. O estudantiltem como exemplo mais represen­tativo os Estados Unidos, onde abase está nos colégios, mas funda­mentalmente nas universidades econta com o incentivo do patrocíniode empresas privadas. Já a modali­dade militar e característica dos paí­ses socialistas. Márcio Braga cita co­mo exemplo a seleção de futebolda Hungria que assombrou a todosna Copa do Mundo de 1954.O gran­de exemplo de esporte classista anívelmundial é o Japão, onde o con­fronto se localiza entre as diversasempresas g,ue mantêm clubes dispu­tando os diversos campeonatos dasdiferentes modalidades. O esportebrasileiro está situado justamentena quarta categoria, ou seja, a docomunitário. Desde sua origem, naopinião de Márcio Braga, o despor­to nacional é praticado em clubes,como o Flamengo que completa 92anos no próximo dia 15. Uma tradi­ção que, segundo acredita o parla­mentar, sempre foi mantida com apoupança popular.

O profissionalismo foi introduzi­do no país em 1933e provocou umadivisão em que foram formadas fe­derações específicas para abrigaratletas profissionais e amadores.Essa situação, recorda Márcio Bra­ga, somente foi resolvida em 1941,quando Getúlio Vargas implantoua atual estrutura, mas sem respeitoà tradição brasileira, indo buscar omodelo na Itália fascista. Dentrodessa importação de modelo vierama reboque a superioridade racial eo esporte como elemento patrióti­co. Esse fato, assegura Márcio Bra­ga, criou primeiramente a noção deque cada time brasileiro 9ue vai aoexterior é na realidade ' o país dechuteiras que está em campo",mentalidade, aliás, reforçada du­rante os últimos 22 anos pelo gover­no. E por outro, até hoje o dirigentede um clube, por exemplo, não re­cebe remuneração, por ser esse umserviço patriótico.

Diante desse quadro, MárcioBraga acha imprescindíveis as mo­dificações que são esboçadas emseus princípios através do projetoconstitucional. A autonomia dadaàs entidades esportivas, primeira­mente, segundo análise do consti­tuinte do Rio de Janeiro, é impor­tante para evitar fatos como os re­gistrados no passado em que "aArena perdia e logo em seguida,o Campeonato Nacional ganhavamais uma equipe na temporada".

Essa interferência do Estado, en­tretanto, estará regulada no caso doesporte educacional como um direi­to do cidadão do qual ele não pode­rá se eximir. Márcio Braga acreditaque a base da educação esportivadeve ser assegurada, mas a opçãodo atleta de alto nível é uma escolhapessoal na qual o Estado somentedeverá participar eventualmente.

Márcio Braga, por sua vez, temuma emenda que pretende apresen-

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Page 9: lUllll~...fe, a prioridade das votações em ple nário. A existência dessa organização sis tematizadora é uma necessidade vital para o processo. A Comissão de Sistematização,

uma autonomia que ainda nãohaviam experimentado, excetoem decisões menores.

Pelo item segundo, o papel doEstado como viabilizador da po­lítica desportiva no sentido dedestinação de recursos fica asse­gurado. Mas ao contrário do quepossa parecer, isso não significaque o esporte de alto nível rece­berá todos os benefícios dessamedida. Antes o oposto. Pelaproposta, prioriza a aplicação derecursos no desporto educacio­nal não profissional, deixandopara amparar o esporte de altonível somente em casos especí­ficos a serem estudados indivi­dualmente.

O item terceiro, por seu turno,tem como finalidade resgatar asmodalidades esportivas de cu­nho e origem nacionais. Essamedida impedirá que as ativida­des culturais que se manifestamno campo desportivo sofram dis­criminações e marginalizações,como é o caso da capoeira, queainda é tratada, talvez por umtraço de colonização, como umamodalidade menor e não comoexpressão de uma herança cultu­ral de um povo.

Finalmente, no parágrafo úni­co do art. 245, coloca-se fim auma das intermináveis discus­sões políticas do desporto nacio­nal, na opinião de Manoel Tubi­no. Por este dispositivo, fica es­tabelecido que o poder Judiciá­rio somente admitirá ações rela­tivas à disciplina e às competi­ções desportivas, após esgota­rem-se as instâncias da JustiçaDesportiva, estabelecendo damesma forma o prazo máximode 60 dias para que os julgamen­tos sejam encerrados e proferidaa decisão final. Com esta medi­da, acredita Tubino, está-se evi­tando a predação do esporte na­cional, sem que haja, comoatualmente, um constante movi­mento no sentido de ferir a ética.

Manoel Tubino, entretanto,concorda com o constituinteMárcio Braga quando propõeainda um quarto item que esta­beleceria uma diferenciação en­tre o profissionalismo e o não­profissional, que ele entende serum dos maiores equívocos daatual Legislação. Essa falta dediferenciação legal faz com queo surfe não seja reconhecido co­mo esporte por não ter os seuspraticantes vinculados a clubes.Ou mesmo o fato de exigir dolutador Maguila a sua filiação aum clube para que ele possa es­tar em situação legal regulariza­da, pois ao contrário não poderiaparticipar de uma competição.Fato que o presidente do CNDconsidera uma anomalia.

Mas existe um preconceito emrelação ao esporte? Manoel Tu­bino acredita que sim, pois nãoexiste no país uma cultura física.Quer dizer, o indivíduo não ob­serva o esporte como parte desua própria formação. No entan­to, Tubino acredita que a novaCarta produzirá um efeito emcascata importante, na medidaem que, apoiando o esporte,permitirá que passem a existir se­cretarias estaduais, bem comoleis regionais, que tratem o es­porte com a urgência que ele me­rece na integração social e íntimado indivíduo.

Para Tubino, inclusãodo 'desporto na Constituição

é um grande avançoO Presidente do CND, Ma­

noel Tubino, é um pioneiro des­de que praticava esporte comoatleta. Ele foi um dos primeirospraticantes de caratê no país, nostempos em que a modalidade eraministrada apenas no Rio de Ja­neiro. Agora, à frente do CND,Tubino promove maior descen­tralização do desporto nacionalcom a criação de novas confede­rações que serão responsáveispelo destino de modalidades queantes estavam agrupadas, muitasvezes de forma aleatória, en­quanto modalidades tipicamentebrasileiras como a peteca, o tam­boréu ou mesmo a capoeira,eram discriminadas.

Manoel Tubino acompanhade perto a movimentação da As­sembléia Nacional Constituinte,e considera imprescindível queo esporte seja mcluído na novaCarta do país, de forma que se­jam delimitados os seus precei­tos fundamentais e através dosquais serão fundamentadas to­das as leis complementares. Se­gundo Tubino, o esporte é umdos maiores fenômenos sociaismodernos, sendo inclusive trata­do como direito em 19 Consti­tuições de países consideradosdesenvolvidos.

Tubino afirma que muitosquando pensam em esporte sereferem ainda a um conceito res­trito que se detém somente aoesporte de alto nível. Este con­certo, entretanto, recorda o pre­sidente do CND, foi ampliadodesde que a Unesco dedicouuma carta internacional especí­fica que passou a incluir a ativi­dade desenvolvida pelo homemcomum e também privilegiandoo sentido educacional do espor­te.

Manoel Tubino, desta forma,considerou um avanço impor­tante que a nova Constituição in­clua o esporte em seu texto, prin­cipalmente delimitando o papeldo Estado nesse campo das rela­ções da sociedade. O trabalhoda Constituinte para que chegas­se à proposta concretizada noSubstitutivo 2 do relator Bernar­do Cabral ouviu importantes se­tores do desporto nacional, apartir dos trabalhos da Subco­missão de Educação, Cultura eEsporte. A síntese, lembra ele,encontra-se agora no art. 245 doprojeto constitucional.

Este dispositivo, aliás, foi ana­lisado detidamente pelo presi­dente do CND. De acordo comTubino, o arti~o foi bem redi­gido, pois praticamente abordatodos os pontos fundamentais.No preâmbulo, o texto faz umadistinção importante entre aspráticas formais e não formaisdo esporte, que Tubino conside­rou uma importante abertura pa­ra a incorporação na legislaçãodo país dos conceitos mais mo­dernos desenvolvidos pela Unes­co. Igualmente importante éacrescentar que cabe ao Estadofomentar a prática desportiva,atribuindo, portanto, uma res­ponsabilidade neste setor educa­cional do indivíduo.

O item primeiro do artigo con­traria, por sua vez, toda a atualorientação dada pela legislaçãoem vigor. Por esse dispositivo fi­cam fora da alçada as entidadesdesportivas, atribuindo-se a elas

um futuro desempenho em compe­tições internacionais que seja dignodo país", lembra ele. Mas o princi­pal, assegura, é o desenvolvimentodo esporte na juventude para quese possa criar uma juventude saudá­vel no Brasil.

Já o constituinte Max Rosen­mann (PMDB - PR) acredita queo esporte tem seu papel formadorque é importante, sem dúvida ne­nhuma.

O governo, afirma o parlamentarparanaense, deveria coordenarações que permitissem atividadesesportivas entre cidades, empresase colégios, de modo a, em uma pri­meira fase, descobrir valores e emigual grau de importância dar lazerao trabalhador. Para Max Rosen­mann, o dinheiro do governo pre­cisa ter uma destinação social emtodos os níveis. "Por exemplo, sóo dinheiro que o ex-ministro da Pre­vidência Social, Raphael de Almei­da Magalhães, gastou para a suadespedida - cifra que gira em tornode um e meio milhão de dólares ­poderia gerar maiores benefícios seaplicados na área esportiva. É pre­CISO ter zelo pelo dinheiro público".

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Aécio de Borba

dalidades praticadas e seus doisprincipais níveis. Na AssembléiaNacional Constituinte, o esporteamador, ou não profissional, é ocentro de todas as discussões, porse tratar de modalidades que neces­sitam de interferência e proteção doEstado para sua divulgação é práti­ca, pelo fato de serem não apenaso trabalho de base do esporte, masprincipalmente por não terem atra­tivos financeiros ou serem pouco lu­crativas, pelo menos do modo comovêm sendo exploradas na maior par­te do territóno brasileiro". A opi­nião é do constituinte Maguito Vile­la do PMDB de Goiás.

Asdrubal Bentes (PMDB - PA)foi dirigente do Payssandu e presi­dente da Federação Paraense deBasquetebol, afirma ser importanteque o esporte seja revalorizado apartir da Constituinte. "Esporte écultura, lazer, saúde, educação e vi­da e não há educação integral semque se dê também a educação físicae que esta esteja garantida comodireito do cidadão". Do mesmo mo­do o parlamentar paraense ressal­tou a importância do texto comprincípios básicos e que não con­temple casuísmos. A Legislação or­dinária, assegura, dará maior prote­ção aos casos específicos.

O constituinte Mussa Demes(PFL - PI) mostrou-se cético comrelação a atual situação do esporteno país. "O esporte não é bem ad­ministrado e precisa de normas per­manentes que garantam inclusive

A Carta de 1967 dedica ao desporto apenas uma linha,no Título I (Da Orgamzação Nacional), Capítulo 11 (DaUnião), ao estabelecer que compete à União legislar sobre"diretnzes e bases da educação nacional; normas gerarssobre desportos (alínea q, item XVII, artigo 8")

Já o substitutivo de Bernardo Cabral contempla o des­porto com um artigo específico, englobando 3 itens e umparágrafo. Trata-se do artigo 245 do Capítulo 1II (Da Edu­cação, da Cultura e do Desporto), Título VIII (Da OrdemSocial), cujo texto é o seguinte:

Art. 245- E dever do Estado fomentar práticas despor­tivas formais e não formais, dentro dos seguintes princfpios­

I - respeito à autonomia das entidades desportivas, diri­gentes e associações, quanto à sua organização e funciona­mento internos;

II - destinação de recursos públicos para amparar e pro­mover prioritariamente o desporto educacional, não profis­sional e, em casos específicos, o desporto de alto rendi­mento;

III - proteção e incentivos às manifestações de cnaçãonacional.

Parágrafo único - o Poder Judictáno s6 adrmtirã açõesrelativas à disciplina e às competições desportivas ap6s es­gotarem-se as instâncias da Justiça Desportiva, que teráa prazo máximo de sessenta dias, contados da instauraçãodo processo, para proferir a decisão fmal.

Márcio Braga

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fissional. Pelo projeto embora se fi-

iem as áreas de competência do Es­ado. Em nenhum momento se res­ringe a possibilidade de que a ini­iativa privada participe.

~Para o constituinte Ézio Ferreira

PFL - AM), o esporte precisa terlguma força de lei para evitar ostuais problemas, como a falta de

infra-estrutura que cria uma semprecrescente carência de recursos. Oesporte, de acordo com o parlamen­tar amazonense, reflete o nível dedesenvolvimento de um país, e onível de preocupação do governo

I Com a própria Juventude do país,. pois, segundo ele, o esporte é um

elemento fundamental não apenasna formação do indivíduo, mas tempapel precioso para afastar o jovemdos diversos vícios que o ameaçam.

O constituinte Manuel Ribeiropretende apoiar a emenda do cons­tituinte Márcio Braga por conside­rar, assim como a maioria dos inte­grantes dessa verdadeira frente emfavor do esporte, que a distinçãoentre o esporte em sua forma profis­sional e sua forma amadora é crucialpara que se /?ossa inclusive aplicarcom tranqüilidade o dispositivo jáprevisto no substitutivo de destinarrecursos prioritariamente para o es­porte educacional. Sem este quartoitem, os princípios defendidos nasdemais fases do artigo, podem sim-

,plesmente se perder no vazio, con­cluiu ele.

"Quando nos referimos ao espor­te, temos em mente as diversas mo-

9

Page 10: lUllll~...fe, a prioridade das votações em ple nário. A existência dessa organização sis tematizadora é uma necessidade vital para o processo. A Comissão de Sistematização,

PolíciaMilitar

Srs. ConstituintesNão posso aceitar que uma ins­

tituição como a polícia militar, queao longo dos anos vem defenden­do a sociedade contra o avançodos criminosos de alta periculosi­dade, entre outros, com o sacri­fício da própria vida, seja simples­mente extinguida. (... )

José Nolasco LimaDuque de Caxias - RJ

DignidadeSrs. Constituintes,Lutem para que nós brasileiros

e brasileiras na infância, adoles­cência e velhice, como homem eI!1ulher, sintaJ!l0~ ~ go~to do quee uma Constituição digna. Nãodeixem que caia por terra a espe­rança desse povo que, como todosnós .sabemos, quer viver digna­mente.

Reinaldo P. GonçalvesJoinville - SC

o ouro"e nosso

Srs. Constituintes,De cada 12 toneladas de ouro

extr.aídas no Bra~il apenas 4 ficamaqui e o resto so Deus sabe paraonde vai. (... ) Se existe o slogan:'~ p'etróleo é nosso", por que nãonnciar U1lla campanha nacional de"o ouro é nosso"? Aí teremos umarepercussão imediata. Façam umalei determinando que somentequem poderá comprar o nosso ou­ro é o Banco do Brasil, a CaixaEconômica Federal e os bancos es­taduais e locais, havendo penali­dades para quem violá-la. (... )

Dilvo AraújoCapão da Canoa - RS

'---------

Eduardo Nunes de LimaRio de Janeiro - RJ

Srs. Constituintes,Uma vez que nossos dias atuais

não nos possibilitam vivermos des­preocupados c011?- a nossa seguran­ça e a de nossos filhos, eu sugeririaque fossem tomadas providênciasnecessárias no sentido de que fos­se reestruturada ~ lei que abrangeas purnçoes a cnmmosos pois aatual em vez de puni-los ds prote­ge: ~lé~ do que, quando punidos,reivindicam melhores condiçõesde vida nas penitenciárias.

Paulo Baptista de Andrade POJesuãnia - MG

LeiPenal

SistemaPenitenciário

Srs. Constituintes,Gostaria muito que a nova

Constituinte acabasse com o siste­ma penitenciário, e todos aquelesque tenham que cumprir penas,fossem com o trabalho, pois nointerior da Amazônia, de Minas,Bahia, existe muito o que fazer.(...)

gera empregos para as atuais. Emrelação ao controle da natalidadeo Estado deve oferecer a todo~condições igualitárias.

Célio Teixeira CunhaGuarapuava - PR

Unificaçãoda Polícia

Srs. Constituintes,Em !elaç;,ão à segur~nça a que

cada cidadão tem direito, sugiroque seja criada no Brasil uma s6polícia a nível de Estado,visto quetemos polícias civil e militar no en­tanto só uma faz parte do s~rviçoe ambas são pagas pelo povo. Seusarmos o efetivo atual da políciacivilpara o serviço administrativo,podemos usar o atual da políciamilitar para o serviço de patrulha­mento, investigação, capturas ebuscas. (... )

Élcio Lima Soares da SilvaGravataí - RS

Srs. Constituintes,Quanto ao uso do subsolo, a ex­

ortação de minérios brutos énadmissível no atual estágio in­ustrial brasileiro, pois, além deerar míseras divisas, exaure re­ursos das futuras gerações e não

Uso do Subsolo

A Comissão de Sistematização estávotando assuntos importantes da vidanacional. Se você concorda ou discordadas decisões é h?ra de se pronunciar,pOIS tudo podera ser revisto emplenário. Mais do que nunca é hora doleitor influir, participar.

Defesa daNatureza

Srs. Constituintes,Falei há pouco tempo com um

funcionáno da Polícia Florestalque me falou sobre as leis de defe­sa da natureza, que muitas pessoasnão sabem que existem. Uma de­las, como exemplo, é que deveriahaver um determinado tempo nasemana para se falar sobre o as­sunto e, no entanto, não é cum­prida. Sugiro que deva haver maisrigor nestas leis. Todos devem fi­car a par destas leis, pois o maiorproblema está na falta de infor­mação do povo brasileiro.

Nilton Jorge de QuadraSão Vicente - SP

10 Jornal da Constituinte

Page 11: lUllll~...fe, a prioridade das votações em ple nário. A existência dessa organização sis tematizadora é uma necessidade vital para o processo. A Comissão de Sistematização,

Jobim analisaas mudanças

no Judiciário

Nelson Jobim - O que se estápassando é que, com o sistema au­toritário que tivemos, o CongressoNacional perdeu o seu valor comoórgão decisório. Com isso, fica­ram atingidos também os partidospolíticos, porque o foro de atua­ção dos partidos é o CongressoNacional. Agora, paralelamente aisso, com o enfraquecimento daatividade política, começou-se acriar na sociedade uma série dearticulações cooperativas. Então,se articularam - CNBB, ABIa erepresentantes de empresários eempregados etc, e todos se articu­laram cooperativamente. Aí, oque se passa ? Vamos ter umaConstituinte, onde os partidos po­líticos são o veículo. Elegeu-seuma Assembléia Nacional Consti­tuinte e os lobbies, quer dizer, oscooperativistas querem reprodu­zir seus interesses dentro da Cons­tituição. E isso, como se passa?Passa-se da seguinte forma: aque­les que estão sendo vencidos, prin­cipalmente os mais conservado­res, os lobbies da classe conserva­dora, estão sendo vencidos dentroda Comissão de Sistematização,começam a articular todo um mo­vimento de descrédito da Consti­tuinte porque a Constituição queestá sendo feita não coincide comos seus interesses. Na medida emque não coincide com seus interes­ses, produz todo um movimentodentro da grande imprensa, dosgrandes empresários contra a ati­vidade da Constituinte. Porque oque se está produzindo não é bompara eles. Porque eles 'queremproduzir uma Constituição que se­ja a reprodução de seus interesses,interesses das diversas corpora­çÕ$lS que hoje compõem a socie­dade brasileira. E isto não estáacontecendo, não se está reprodu­zindo o interesse das corporações.E como, na medida, isso não estáacontecendo, forma um grupo an­tagônico contra a Constituinte. Eisto se reproduz na imprensa quetem atendido a esse tipo de coisase faz o espírito nacional.

Devo dizer que o que se temhistoricamente é 'lue quando setem toda a Constitumte trabalhan­do, há todo um movimento de des­crédito. Foi o que aconteceu como movimento de descrédito em re­lação aos constituintes italianosem 1948 e o que se passou aqui,também, em 1946, com menos for­ça, mas numa época em que a im­prensa não estava totalmente de­senvolvida, não havia televisãoetc.

JC - Fala-se que essa Consti­tuinte é formada por uma predomi­nância de parlamentares de tendên­cia conservadora. O deputadoacredita que seja mais liberal doque a de 1946?

Nelson Jobim - Não. Não é.Difere muito da situação. Tere­mos que examinar em cima do quejá existe pronto e do que já foivotado. O que foi votado na Co­missão de Sistematização é pro­gressista, na definição do que dizrespeito aos direitos individuais eé pro~ressista no que diz respeitoaos direitos sociais. Nesta Consti­tuinte, as conquistas dos trabalha­dores estão postas no capítulo dosdireitos sociais e nos direitos indi­viduais também. Você vê lá umasérie de institutos novos, de figu­ras novas e definições novas emdireitos individuais que não exís­tiam na Constituição de 1946. Euma conquista moderna.

JC - Mas pode cair em Ple­nário.

Nelson Jobim - É. Mas paraderrubar isso precisam de 280 vo­tos.

"Não se estáreproduzindo o

interesse dascorporações.

Na medida emque esse fato

acontece,forma-se um

grupoantagônico

contra aConstituinte' ,

Jobim: criação da Justiça Agráriaretardaria a Reforma

sor da questão da Corte Constitu­cional. É assunto encerrado?

Nelson Jobim - Não. A CorteConstitucional ainda temos condi­ção de criar na medida em quefizermos duas alterações no-proje­to, no que diz respeito ao SupremoTribunal Federal. Tenho desta­ques que alteram a forma da com­posição do Supremo e a não vitali­ciedade de seus membros. p tam­bém alteramos alguma coisa nacompetência do Supremo. Então,vamos ter a forma de criar a Supre­ma Corte Constitucional em queos juízes do Supremo seriam no­meados através de indicações dopróprio Supremo Tribunal Fede­ral: 1/3 do Supremo Tribunal Fe­deral; 113 através de nomeação pe­la Câmara dos Deputados e 113indicado pelo presidente da Repú­blica e todos eles passando peloSenado Federal, com o mandatode oito anos.

JC - Como está vendo, de ma­neira geral, o trabalho da Consti­tuinte, agora, na votação da Co­missão de Sistematização?

Nelson Jobim - O trabalho es­tá muito bom. O trabalho tem sidode debate, um debate profundode todas as questões. Estão acu­sando de que está demorando de­mais, mas o fato de termos votado,por exemplo, até hoje, 35 artigos,não significa que se tenha votado35 enunciados, votamos muitomais de 35, porque, vejam bem,o art. 5° tinha 56 enunciados dife­rentes. Então, se você fizer pornúmero de enunciados, segura­mente já votamos mais de cem.Então, é um trabalho profundoque tem de ser conduzido dessaforma, porque a Comissão de Sis­tematização, com isso, é uma ins­tância em que podemos discutire eventualmente votar errada­mente, mas também corrigir noPlenário.

JC - Qual o sistema de governoque o deputado apóia?

Nelson Jobim - Sou favorávelao parlamentarismo. Não digoque é fácil manter o texto do rela­tor Bernardo Cabral como está.Não creio que vá se manter comoestá. Mas, na verdade, vamos tero sistema parlamentar.

JC' - A que o senhor atribuium certo descrédito com relaçãoaos trabalhos da Constituinte?

ADIRP/Guilherme Raulel

nor Tribunal de Justiça é um Tri­bunal que vai exercer a função noque diz respeito às questões fede­rais, vai ser órgão recursal extraor­dinário para a justiça estadual epara a Justiça federal. O antigoTribunal Federal de Recursos vaificar dividido em vários tribunaisregionais, ficando um em Brasília,para o Distrito Federal, mas fica­rão vários tribunais federais regio­nais que vão exercer regionalmen­te funções do, hoje, Tribunal :fe­deral de Recursos, e o SupenorTribunal de Justiça será o órgãorecursal desses tribunais, comotambém será o órgão recursal dostribunais estaduais das questõesfederais.

JC - O senhor é favorável àmanutenção da representação clas­sista na Justiça do Trabalho?

Nelson Jobim - Só em primei­ro grau. Só na Junta do Trabalho,não em segundo grau. Tenhoemenda inclusive suprimindo a re­presentação classista nos tribunaisdo trabalho regionais e no Supe­rior Tribunal do Trabalho.

JC - O deputado era um defen-

enfim, aos seus presidentes, a I?ar­ticipação, junto com o Executivo,na elaboração do Orçamento. OOrçamento não pode ser partidoentre as diversas entidades, é umOrçamento só. Então, o Judiciárioterá assento junto ao Executivopara a formulação desta proposta.

JC - O substitutivo não con­templou a criação da justiça agrá­ria, que muitos consideraram im­portante para a implantação da re­forma agrária. Como v~ isso?

Nelson JobiÕ1- Vejo que nãohavia necessidade nenhuma de secriar uma justiça agrária. Para secriar uma justiça agrária, retardar­se-ia a reforma agrária e iria secriar uma estrutura nova. e teriaque se fazer um tribunal agráriocom juízes agrários. Há uma justi­ça própria que é a Justiça Federal,é só lhe atribuir competências, es­tabelecendo varas dentro da Jus­tiça Federal, especializadas paraisso. Pronto está resolvido.

JC - Qual o tratamento dadono substitutivo à Procuradoria Ge­ral da República, à Defensoria PÚ­blica e ao Ministério Público?

Nelson Jobim - A Procurado­ria Geral da República se erigiucomo órgão autônomo. O grandeobjetivo foi descolá-la do PoderExecutivo de forma tal que pu­desse a Procuradoria Geral da Re­pública erigir-se como órgão autô­nomo do Poder Executivo, masnão como um poder, porque aProcuradoria nunca vai chegar aser um poder pois não vai execu­tar, não vai produzir leis. O quea Procuradoria fará, isto sim, éuma maneira de reformar o PoderJudiciário. Precisamos ter um ór­gão que possa ter a iniciativa dereformar a ação do Poder Judi­ciário para que o Poder Judiciáriopossa exercer o seu poder juntoao Estado.

JC - O Tribunal Federalde Re­cursos foi substituído pelo Supe­rior Tribunal de Justiça. O que mu­da?

Nelson Jobim - O que é funda­mental é o seguinte: o SuperiorTribunal de Justiça é completa­mente diferente do Tribunal Fede­ral de Recursos. O Tribunal Fede­ral de Recursos era um Tribunalque funcionava como segundograu da Justiça Federal. O Supe-

A criação do Conselho Nacional de Justiça, 6rgão que faráo controle externo do Poder Judiciário, "A Fiscalização da disci­plina da Função e não do exercício da Função", é consideradapelo constituinte Nelson Jobim como a mais importante modifi­cação inserida pelo 2° substitutivo, do relator Bernardo Cabralno capítulo referente ao Poder Judiciário.

Na entrevista, Jobim se diz contrário à criação da JustiçaAgrária, favorável à substituição do Tribunal Federal de Recur­sos pelo Superior Tribunal de Justiça, pela manutenção da repr~­

sentação classista na Justiça do Trabalho apenas a nível de pn­meiro grau e, ainda, não acredita que a criação da Corte Consti­tucional, que t~nto d~fendeu, seja ass~n!o encerrado (esses te­mas) são tambem analisados pelo constituínte Paes Landim (PFL- PI), na página 12.

JC - Deputado Nelson Jobim,quais os pontos mais relevantesnasmodificações introduzidas pelo 29

substitutivo referente ao Poder Ju­diciário?

Nelson Jobim - O importanteé que o Conselho Nacional de Jus­tiça funcionará como órgão decontrole externo do Poder Judiciá­rio, mas não vai controlar a ativi­dade do Poder Judiciário no quediz respeito ao exercício da funçãojudicante, vai controlar, isto sim,ter poderes de controle sobre aspessoas que exercem essa função.Então, não será um controladorda atividade judicante, mas, sim,um controlador das pessoas queexercitam essa função, ou seja, vaiexercer controle sobre a assidui­dade, sobre as formas de trabalho,enfim, de controle disciplinar.

JC - O Judiciário se manifestou contra a criação do ConselhoNacional de Justiça. A OAB e ou­tros setores são favoráveis, comoexplica?

Nelson Jobim - A emenda éminha. Foi assinada por mim etem origem no Conselho Federalda Ordem dos Advogados do Bra­sil. Acho fundamental a criaçãodo Conselho de Justiça. De outraparte, a interpretação que estásendo dada ao Conselho Nacionalde Justiça pelo órgão do Poder Ju­diciário é equivocada, volto a re­petir, aquele órgão visa à fiscali­zação da disciplina da função e nãoà fiscalização do exercício da fun­ção. Não se vai fiscalizar o poderjudicante. O Conselho tem comoobjeto as pessoas que exercema'l.uela função e não a função pro­pnamente dita. Então, não e ór­gão de fiscalização do poder, é ór­gão de fiscalização das pessoas, namedida em que elas estão exer­cendo o poder.

JC - A nova Constituição iráassegurar ao Judiciário a condiçãode Poder independente e sobera­no? Como será a autonomia admi­nistrativa e financeira do Poder Ju­diciário?

Nelson Jobim - Evidente­mente que a autonomia adminis­trativa do Poder Judiciário é asse­gurada não pela forma de se esta­belecer ao Judiciário um percen­tual no Orçamento. Não é isso.Mas asseguramos ao Judiciário,

Jornal da Constituinte 11

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Landim quero Supremo

Independente

Landim:não pode haverórgãos acimados Poderes da República

Uma veemente defesa doSupremo Tribunal Federal é oassunto principal da entrevistado constituinte Paes Landim(PFL - PI). Segundo ele, o"STF é a grande instituição re­publicana brasileira, que temcontribuído para o engrande­cimento do direito brasileiro".Destacou Landim a construçãode institutos pelo Supremo, co­mo o habeas corpus e o man­dado de segurança. Por isso,não concorda com a criação doConselho Nacional de Justiça,porque, a seu ver, "retira, decerta maneira, esta majestadeda independência do Poder Ju­diciário, sobretudo do STF".

Paes Landim salienta, tam­bém, ao comentar o capítulosobre o Judiciário contido no2° substitutivo do relator Ber­nardo Cabral, a criação de jui­zados de pequenas causas, adescentralização da Justiça Fe­deral e a restauração da figurado juiz de paz.

JC - Deputado, quais os pon­tos mais relevantes das modifica­ções introduzidas pelo 29 substitu­tivo do relator Bernardo Cabral,no tocante ao Poder Judiciário?

PaesLandim - Em primeiro lu­gar, está definida a criação de jui­zadosde pequenas causasque faci­litarão o acesso do povo à Justiça.No caso de Justiça brasileira é exa­tamente a justiça de distância,aquela da qual o povo, sobretudoo mais pobre, o mais sofrido, temnecessidade para se socorrer e re­correr dos seus direitos contraeventuais injustiças. Desse modo,o juizado de pequen,as causas faci­litará o acesso do povo à Justiça.

Outra inovação importante, decerta maneira, é a restauração deuma importante instituição queconstou da Constituição imperialde 1824 que é a figura do juiz depaz, que desempenhou um papelmuito importante na nascente na­ção brasileira no século passadoe no início da República.

Há outros aspectos: ele aumen­ta a descentralização da JustiçaFederal com a criação dos tribu­nais regionais federais em algunsestados, o que facilitará o descon­gestionamento dos recursos daspartes contra a União e, ao mesmotempo, facilitará a apreciação decasos judiciais com esta regiona­lização de tribunais em alguns es­tados. Esses aspectos são mais im­portantes no que diz respeito aoPoder Judiciãrío porque, além deampliar a competência do Supre­mo Tribunal Federal não só naapreciação que ele faz nos casosde inconstitucionalidade de lei,atos ou normas dos Poderes comotambém a chamada inconstitucio­nalidade por omissão.

"A criação doConselho

Nacional deJustiça

entrega aum órgãoestranho afiscalização

de um poderque é

soberano eindependente"

JC - A nova Constituição asse­gurará ao Judiciário a condição depoder independente e soberano?Como será a autonomia adminis­trativa e financeira do Judiciário?

Paes Landim - É inegável queo Supremo Tribunal Federal é agrande instituição republicanabrasileira centenária - está próxi­ma de completar 100anos - que,além do mais, tem contribuído pa­ra o engrandecimento do direitobrasileiro, porque a tese do con­trole da constitucionalidade foiposta logo no início da Constitui­ção republicana, o papel do Supre­mo Tribunal Federal no controleda constitucionalidade das leis, co­mo no controle do respeito às nor­mas constitucionais, controle essesó não exercido nos momentos deregime autoritário, porque quan­do a democracia no Brasil fene­ceu, as instituições republicanasfeneceram, o comércio feneceu ea Suprema Corte também sofreuos seus percalços.

O Supremo Tribunal Federal,de certa maneira, sofreu seus per­calços, mas o certo é que ele temdesempenhado o grande papel,sobretudo na construção de insti­tutos que não estavam previstosjudicialmente na Constituição de1891, como o habeas corpus, omandado de segurança e outrasmedidas que engrandecem a histó­ria da jurisprudência do SupremoTribunal Federal.

Tenho preocupação com o pro­jeto porque ele cria o ConselhoNacional de Justiça e isso, de certamaneira, retira esta majestade daindependência do Poder Judiciá­rio do Brasil, sobretudo do nossoSupremo Tribunal Federal.

JC - Porquê?

Paes Landim - Porque os Po­deres da Repúblia, o Executivo,o Legislativoe o Judiciário são ór­gãos da soberania nacional. En­tão, se são órgãos da soberanianacional não pode haver outrosórgãos acima deles. Ora, seria in­crível se o Congresso Nacional ti­vesseum órgão para fiscalizarsuasatividades, suas ações, suas atri­buições, issoseria ferir a soberaniado Poder Legislativo.

No momento em que você criao Conselho Nacional de Justiça,você está ferindo a soberania doPoder Judiciário, ou se está entre­gando a um órgão estranho à sobe­rania nacional a fiscalizaçãode umpoder que é soberano. Então, oConselho Nacional de Justiça é umórgão extemporâneo e que nãocondiz com a tradição de indepen­dência do Poder Judiciário que éimanente na cultura jurídica brasi­leira.

JC - Já o Tribunal Federal deRecursos foi substituído pelo Supe­rior Tribunal de Justiça. Além donome, há grandes mudanças quan­to às atribuições?

Paes Landim - Haverá mudan­ças nas atribuições, porque o Tri­bunal Federal de Recursos atual­mente só julga causas dos particu­lares contra a União, de modo ge­ral. Agora não, ele vai julgar cau­sas em grau de recurso defendidaspelos tnbunais de justiça dos esta­dos. Será uma espécie de Tribunalde Cassação, esse Tribunal Supe­rior de Justiça vai julgar recursoshoje também, cuja atribuiçãoatualmente é deferida ao SupremoTribunal Federal. O Superior Tri­bunal de Justiça vai também julgarrecursos hoje inerentes ao Supre­mo Tribunal Federal. Então, vai­se ampliar o significadodesse Tri-

bunal, que vai ser uma espécie decorte de cassação, deixando-se aoSupremo Tribunal exclusivamen­te, enfaticamente, a matéria cons­titucional, em última instância, esobretudo matéria que preserve aunidade do Direito Federal. En­tão, vai ser da maior relevânciaa criação do Tribunal Superior deJustiça, não vai ser meramenteuma mudança de nomenclatura,vai ser uma mudança de conteúdotambém e isso vai ajudar a desafo­gar o Supremo Tribunal Federal,para que ele concentre sua atua­ção aos grandes temas constitucio­nais e às matérias relevantíssimasde preservação da unidade do di­reito federal.

JC - Não consta do Substitu­tivo a criação da Justiça Agrária.Muitos setores acham importantepara a efetivação da reforma agrá­ria. Como analisa a questão?

Paes Landim - Na Subcomis­são do Poder Judiciário, defendiinclusive uma emenda do depu­tado Roberto Freire, do PartidoComunista Brasileiro, de Pernam­buco, em que ele criava varas es­pecializadas de direito agrário li­gadas aos tribunais de justiça dosestados. Houve outros projetoscriando varas especializadas agrá­rias na Justiça Federal. O que,aliás, faz parte do Projeto AfonsoArinos. Eu achava que o ProjetoRoberto Freire era importante,porque não temos juízes federaisem todas as cidades brasileiras.Ainda que se possa permitir quena ausência de juízes federais ojuiz comum pudesse julgar as cau­sas de natureza agrária, o grau re­cursal, que seriam os tribunais re­gionais, vai dificultar, ao invés deajudar, a aceleração dos conflitos

agrários, porque como em todosos estados há tribunais regionaisagrários, regionais federais, issovai dificultar, ao invés de facilitar.

JC - O senhor é favorável àmanutenção da representação clas­sista na justiça do trabalho? Porquê?

Paes Landim - Fui contra naSubcomissão do Poder Judiciárioe acho que essa justiça classistadeveria ter sido transformada numjuiz arbitral para a justiça traba­lhista, ou seja, que nos sindicatosdas fábricas, enfim, eleitos seusmembros, esses juízes arbitrais ououtro nome que pudesse dar, essascomissões de conciliação, pudes­sem tentar resolver demandas econtrovérsias, evitando a concen­tração, o afogamento de trabalhosna justiça do trabalho.

JC - Uma questão que não fi­cou clara: na sua opinião como se­rá a autonomia administrativa e fi­nanceira do Judiciário?

Paes Landim - A autonomiaé no sentido de que ao Judiciáriosejam alocados recursos e comissopossa ele manejá-los dentro doque ele estabelecer. Sou um adep­to incondicional da independênciado Poder Judiciário, da intocabi­lidade majestática do SupremoTribunal Federal como órgão decúpula do Poder Judiciário.

Acho que o gerenciamento derecursos financeiros não precisaestar entregue a cada um dos po­deres como o próprio MinisterioPúblico também desejou. Achoque a ossificação do orçamento éfundamental para as finanças daRepública. Não me parece que ofato de o Poder Judiciário não ad­ministrar seus próprios recursossignifique inibição da majestadeda sua independência. Sincera­mente não vejo maior importâncianisso.

JC - Qual o tratamento dadono substitutivo à Procuradoria Ge­ral da União, à Defensoria Públicae ao Ministério Público?

Paes Landim - O MinistérioPúblico que tem os quadros maiscompetentes da advocacia brasi­leira ficou muito absorvido na de­fesa e interesse da União, do Esta­do, e ele que foi criado, que tempor missão sagrada defender, so­bretudo, a sociedade envolveu-semuito na defesa dos interesses daUnião, do Estado, e esqueceutambém dos problemas da socie­dade e da cidadania. Então, o pro­jeto tenta criar uma dicotomiamuito interessante: Ministério PÚ­blico, cuidando dos interesses dasociedade, conseqüentementeprotegendo as próprias garantiasconstitucionais e criar-se-ia umserviço jurídico da União para cui­dar de seus interesses.

Agora, também não podemosentregar os interesses da União aum órgão desorganizado, criandoa toque de caixa. O Ministério PÚ­blico tem uma tradição de serie­dade, de concursospúblicos, atra­vés dos quais têm Sido recrutadosos advogados e juristas mais com­petentes deste país. Agora, vocêquerer criar um serviço público daUnião para entregar defesa de in­teresses vultosíssimos, bilhões ebilhões de cruzados, da maneiraque está no projeto, arroveítandoos atuais quadros de a vogados eassistentes jurídicos de algumasautarquias e ministérios que nãoentraram através de concurso pú­blico, aproveitados através de me­canismos de concursos internos,que sabemos o favoritismo ineren­te a esses concursos, não é justotambém.

12 Jornal da Constituinte

Page 13: lUllll~...fe, a prioridade das votações em ple nário. A existência dessa organização sis tematizadora é uma necessidade vital para o processo. A Comissão de Sistematização,

~A~Jdaior

deputado Geraldo Campos (PMDB - DF) naAssembléia Nacional Constituinte e que eleanalisa nesta entrevista.

Geraldo Campos comenta ainda a aprova­ção, na Comissão de Sistematização, da autono­mia política do Distrito Federal, destacando "agrande vitória conquistada", com 83 votos afavor, num total de 93.

assemelhada a remuneração noserviço público será a mesma,houve uma alteração porque notexto original falava em diferençade remuneração, proibida a dife­rença de remuneração. A palavraremuneração foi suprimida e colo­cada em seu lugar vencimento.Ora, o vencimento é apenas umaparte do ganho. Remuneração éo total do ganho. Não é justo quese assegure que uma parte sejaigual para todos, mas que o totalnão seja. Dessa forma, é inócuoo artigo. Esperamos que a comis­são ainda venha a retificá-lo.

Outra questão que estamos naluta para a sua correção é-a queassegura que os cargos em comis­são, os cargos de confiança nas re­partições sejam ocupados, dizía­mos nós no texto anterior, privati­vamente por servidores do órgão,para evitar que gente de fora, quenada tinha a ver com o serviço pú­blico, fosse convidada justamentepara os cargos onde se recebemos DAS, os FAS, que são as grati­ficações mais polpudas. Pois bem,eles conseguiram suprimir a ex­pressão "privativamente" e puse­ram preferencialmente. Ora, pon­do preferencialmente não precisa­va constar o artigo do texto. Seé uma coisa facultativa e não temnenhuma obrigatoriedade, porque se haveria de colocar no tex­to?

JC - Deputado, foi aprovadana Comissão de Sistematização aautonomia do Distrito Federal. Oque ocorreu na realidade?

Geraldo Campos - Existiam 5teses. Havia a tese de determinadoconstituinte, que entendia que oDistrito Federal não deveria ternenhum tipo de autonomia. Eleachava que não poderia havernem governador, nem prefeito,nem câmara legislativa e nem mes­mo os outros deputados e senado­res se justiticavam pois não passa­vam de vereadores que viviam cui­dando do asfalto e de seus bura­cos.

Uma segunda tese é aquela quedizia, querendo imitar o modelode Washington e de Paris, que onúcleo da capital, onde estao, opretexto era esse, a representaçãodiplomática, a sede dos três pode­res, as casas onde residem as auto­ridades dos tribunais superiores,do presidente do Congresso, dopresidente da República, e entãoessa área a que chamamos de Bra­síliapropriamente dita não tem di­reito à eleição de seu governante,mas que nas cidades-satélites, osadministradores regionais pode­riam ser eleitos.

Uma terceira tese é a que defen­dia o prefeito em lugar do gover­nador. Isso ficaria mais de acordono entender desse pessoal. Haviaa quarta corrente que achava quenão era uma questão para a Cons­tituinte se manifestar. Não deveriaconstar do texto constitucional. Oassunto deveria ser jogado paraa lei ordinária.

Finalmente, a corrente vitorio­sa, que é a que defende a eleiçãode governador e de um órgão le­gislativo local, que seria responsa­bilizado pela elaboração de umalei orgânica que traçaria as normase o ordenamento jurídico para re­gulamentar a vida do Distrito Fe­deral. Essa foi a grande vitóriaconquistada, quando, de 93 mem­bros da Comissão de Sistematiza­ção, 83votaram a favor, 8 votaramcontra e 2 se abstiveram. Foi entãoa grande e esmagadora maioriaque votou para que o povo do Dis­trito Federal tivesse o direito deeleger seus governantes.

-

trabalhador e ao servidor público.

JC - Na área social, esses avan­ços conseguidos na Comissão deSistemauzação serão mantidos emplenário ou não foram alcançadostodos os desejados?

Geraldo Campos - Ainda estãose votando artigos que envolvemdireitos específicos dos servidorespúblicos, aqueles 'l.ue mais direta­mente dizem respeito aos servido­res públicos. E nessa questão háum aspecto relativo à probidadeque fOI uma iniciativa ôa Subco­missão dos Trabalhadores e Servi­dores Públicos para garantir, pri­meiramente tornando imprescrití­velo crime contra o eráno públi­co. Isto nós consideramos umgrande avanço. Temos a esperan­ça que a nova Constituição asse­gure para o cidadão comum quetanto cobra isso de nós e que lhedê a certeza de que o ladrão decolarinho branco, ou não, vá final­mente parar no fundo do cárcere,que ele não roube e permaneçacirculando acintosamente e des­frutando o produto do roubo, co­mo se a ninguém tivesse lesado.

Nesse mesmo capítulo houveum senão que espero seja corri­gido. Quando se refere aos reajus­tamentos dos civise militares. Quese dêem com a mesma vigênciae com os mesmos índices, paraacabar de uma vez por todas comas diferenças entre os civis e mili­tar~s, gue foi uma das coisas queprejudicaram.

O artigo referente à isonomiasalarial, aquele que garante quepara a mesma função ou função

"Espero que anova Cartaassegure ao

cidadão comum,com certeza,que o ladrãode colarinho

branco váfinalmenteparar nofundo docárcere"

lãrío mínimo que vemos colocadono texto constitucional, que tam­bém é assegurado ao servidor pú­blico, impede que no futuro conti­nuemos com a figura esdrúxula docomplemento salarial para que oservidor possa receber o saláriomínimo obrigatório. A irredutibi­lidade de remuneração ou venci­mento também foiassegurada ao

dores e Servidores Públicos, quetive oportunidade de presidir, foide fazer com que o trabalhadorrural e urbano e o servidor públicoconstassem, em pé de igualdade,dos mesmos artigos e do mesmocapítulo de maneira a não estabe­lecer diferenças essenciais entre oservidor público e os demais traba­lhadores. Mesmo porque não que­remos mais continuar sendo cha­mados de funcionário público, oque dá a idéia de casta, nos sepa­rando da grande massa de traba­lhadores. Queremos nos identifi­car com eles. Infelizmente, nãoconseguimos que, como havia sidofeito na Subcomissão dos Traba­lhadores e Servidores Públicos ena Comissão da Ordem Social, es­sa colocação de o servidor ao ladodos demais trabalhadores fossemantida. Foi separada, como deresto nas Constituições anteriores.

No entanto, uma coisa muitosignificativa: no capítulo dos servi­dores, arts. 43 e 44, a referênciaa que os direitos assegurados nosvários incisos ao art. 6°, que serefere a trabalhadores, sejam ex­tensivos aos servidores públicos.Assim é que 13 dos incisos queasseguram direitos aos trabalha­dores foram também asseguradosao servidor público, tais como: osalário mínimo nacionalmenteunificado. Hoje, temos vários ní­veis de servidores que recebem sa­lário mínimo porque recebemcomplemento, o nível deles estáabaixo do salário mínimo. O go­verno é obrigado a pagar um com­plemento para que eles alcancemo mínimo permitido por lei. O sa-

....."( ~%~\

""""Af&~'::"~"" '0/_ ~Geraldo Campos: o servidorpúblico tem recebido tratamento interiorizado por partedo governo.

Campos defendeservidor público

As reivindicações dos servidores públicos,entre elas o direito de greve e de sindicalização,plano de carreira que assegure ascensão e pro­gressão funcionais, vencimentos sem grandesdisparidades entre o maior e o menor salários,evitando-se, também, que surjam "marajás",um regime jurídico único, a inexistênica de dife­renças essenciais com os demais trabalhadores,constituem algumas das metas de trabalho do

Jc - Dep!"tado Gera.fdo Cam­pos, ha poucos dias houve

o dia do servidor público. Comoum dos defensores aa classe, o queteria a dizer das reivindicações econquistas do servidor público?

Geraldo Campos - O servidorpúblico, ou seja, o trabalhador doserviço público tem sido uma dascategonas que tem recebido umtratamento mferiorizado por parteda administração pública, por par­te do governo, até porque o servi­dor público não dispõe dos mes­mos meios queos demais trabalha­dores, que Já têm direito de greve,de sindicalização, que nós, só ago­ra, estamos em via de conquistarno novo texto da Constituição, jáaprovado na Comissão de Siste­matização. Esperemos que o ple­nário da Constituinte confirme.

Em segundo lugar, nós não te­mos os meios de pressão das For­ças Armadas, Isso faz com que osreajustes concedidos tanto pelosgovernos da ditadura como pelosgovernos da Nova República te­nham sido sempre abaixo dos índi­ces inflacionários. Agora, estamosem luta para que os reajustes ea reposição salarial se dêem coma mesma vigência e mesmos índi­ces dos dos militares. É uma espe­rança de que não fiquemos maisdefasados com os demais trabalha­dores. Sabido é por todos os servi­dores e brasileiros que o servidorpúblico acumulou uma defasagemsalarial, um arrocho salarial, per­da do poder aquisitivo ao longodos anos da ditadura muito acen­tuada. Os militares fizeram o cál­culo e encontraram, de 80 a 87,197%. Para nós, segundo os cálcu­los feitos pela Federação e-Confe­deração dos Servidores Públicos,esses índices são muito mais eleva­dos. Por isso, quando lutamos porreajustes com mesma vigência eíndice dos militares, ainda esta­mos em grande defasagem e pre­juízo em relação a eles.

Os servidores lutam, já há mui­to tempo, pelo direito de sindica­lização e de greve, que é uma espe­rança concreta de essa velha e an­tiga reivindicação se transformarem realidade. O elenco de nossasprincipais reivindicações são pia­no de carreira que assegure ao ser­vidor ascensão e progressão fun­cionais, uma escala ou plano devencimentos que nos assegureigualdade sem grandes disparida­des, uma relação entre o máximoe o mínimo, entre o maior e menorsalários, com um teto que não per­mita a criação de "marajás", quepossa equilibrar o ganho entre osservidores, um regime jurídicoúnico. A ditadura militar usou deum sistema para fazer com que osservidores não -narchasseni uni­dos em torno de suas reivindica­ções, criando vários regimes jurí­dicos: uns são estatutários, outrossão celetistas, outros conveniados,contratados. Tem ocorrido que, àsvezes, numa mesma repartição,estão sentados servidores públicosfazendo as mesmas tarefas, mascada um pertencente a um regimejurídico diferente. Na hora em quese fala nas reivindicações, pareceuma torre de Babel, cada um temreivindicações diferentes entre si,embora todos prestem serviço aomesmo patrão, executem a mesmatarefa. Assim, os servidores públi­cos têm essas reivindicações bá­sicas.

JC- E os avanços conseguidosaté agora, deputado?

Geraldo Campos - Nosso pro­pósito, dos que pensam como eu,da corrente progressista na Subco­missão dos Direitos dos Trabalha-

Jornal da Constituinte 13

Page 14: lUllll~...fe, a prioridade das votações em ple nário. A existência dessa organização sis tematizadora é uma necessidade vital para o processo. A Comissão de Sistematização,

Em pauta. ,.""

a organizaçaodo Judiciário

A Comissão de Sistematizaçãotambém aprovou a supressão doinciso IV do art. 121, que atribuicompetência ao Supremo Tribu­nal Federal para julgar recursosextraordinários contra decisõesdefinitivas do Superior Tribunalde Justiça. A proposta foi de auto­ria do constituinte Nelson Jobim(PMDB - RS), para quem o tex­to do relator cria mais um recursona Justiça, "quando é importantepreservar o STF como CorteConstitucional".

Para Nélson Jobim, se uma de­cisão do STJ contrariar uma sen­tença constitucional do STF, que"é Corte Constitucional", cabe re­curso normal para todas as ques­tões relativas a dispositivo dessaConstituição. O parlamentar asse­verou que, pelo texto do projetode Constituição de Bernardo Ca­bral, estaria assegurada a criaçãode um quarto grau de jurisdição"absolutamente inconcebível,quando estamos hoje comprome­tidos com a necessidade de presta­ção jurisdicional rápida, eficientee imediata aos jurisdicionados",observou.

COMPETÊNCIA

EFICÁCIA

unificado, informou VÍvaldo Bar­bosa ao observar '1.ue os cidadãosbrasileiros estão SUjeitos à ação deinvestigadores truculentos e arbi­trários, subordinados ao Executi­vo. O juizado de instrução é essen­cial à proteção dos direitos da pes­soa humana - garantiu. Tambémem defesa da proposta, o consti­tuinte Egídio Ferreira Lima(PMDB - PE) sublinhou que acriação do juizado de instruçãopoderá coexistir com o sistema ho­je existente.

Contra a emenda, Ibsen Pinhei­ro (PMDB - RS) disse que a in­vestigação criminal presidida pelodelegado se coaduna mais com atradição do país. Assim - enfati­zou -, o magistrado se preservaráaté o momento do julgamento. Epreciso evitar, no seu entendimen­to, a congregação de tantos pode­res nas mãos de uma só pessoa.O relator Bernardo Cabral opinoupela rejeição, alegando que o jui­zado de instrução seria transfor­mado em substituto da polícia ci­vil.

Outra supressão, dessa vez pro­posta pelo constituinte Bonifáciode Andrada (PDS - MG) foi aco­lhida pela Comissão. Pela propo­sição aprovada, fica retirada dotexto a expressão que definia queo STF determina a perda da eficá­cia de norma legal ou ato norma­tivo imediatamente a partir da pu­blicação de decisão declaratóriade inconstitucionalidade. Dessamaneira, cabe à Corte, pela reda­ção aprovada, comunicar o teorda sentença ao Senado para ocumprimento da mesma.

Ao fazer a defesa de sua emen­da, Bonifácio de Andrada salien­tou que sua proposta introduz noDireito Constitucional brasileirouma atribuição nova para o STF.Explicou que se trata de uma atn­buição de repercussões políticasque vão colocar a Corte num pata­mar "muito mais forte e vigorosodo que possui hoje". No seu en­tender, se fosse mantido o textodo relator, poderia ocorrer que oSTF considerasse inconstitucionalo Código Eleitoral, com sua vigên­cia suspensa desde a sua decisão.Como resultado, observou ele, aseleições dos deputados, senadorese até presidente da República fica­riam anuladas.

De acordo com emenda de au­toria do constituinte Vivaldo Bar­bosa (PDT - RJ), acolhida pelaComissão de Sistematização ficaminstituídos no país os juizados deinstrução criminal, sendo que leiordinária regulamentará atribui­ções e competências.

Para o representante fluminen­se, é necessário que se promovaa unificação do processo de inves­tigação criminal e de decisão judi­cial, criando-se, para tanto, a figu­ra do juiz de instrução. Pratica­mente em toda a Europa e mesmona América, hoje, o processo é

Vivaldo Barbosa

CRIMINAL

vagas por mais de seis meses. Opreenchimento, segundo redaçãoJá consagrada pelo relator, sempreserá feito por concurso público deprovas e títulos.

Ao defender sua proposta, o au­tor acentuou que há vários anosnão são realizados concursos parao provimento dos inúmeros cartó­rios que se encontram vagos, emmãos de parentes dos antigos titu­lares ou pessoas de sua confiança,geralmente designados escrivães

. interinos. Não se justifica, a seuver, tal protelação, quando muitosserventuários da justiça aguardamuma oportunidade para se subme­terem a concurso e ocupar tais car­gos. É hora - acrescentou - dese limitar a duração da vacânciadas serventias, a fim de se evitara manutenção da distribuição defavores.

Carlo« Chiarelli

rá um corpo burocrático de altonível, evitará a descontinuidadeadministrativa e será essencial aoregime parlamentarista.

Do constituinte Nelson Carnei­ro (PMDB - RJ), a Comissãoacolheu duas emendas. A primei­ra dá a seguinte redação ao inciso11 do art. 92 do substitutivo: "osistema de governo e o livre exer­cício dos Poderes da União e dosEstados são da responsabilidadedo Presidente da República". Apresidência da República foi tam­bém o assunto de sua segundaemenda que estabelece o prazo de45 dias para nova eleição ao cargo,em caso de vacância, iniciando oeleito um novo mandato.

Em defesa dessa proposta, oconstituinte declarou que suaemenda visa transferir ao referen­do popular a definição de um novomandato presidencial, ao contrá­rio do texto do relator BernardoCabral que dá competência aoCongresso para fazer a eleição deum novo presidente da República,num prazo de 3D dias após decla­rado vago o cargo, caso a vacânciaocorrer na segunda metade do pe­ríodo presidencial.

JUDICIÁRIO

Já no capítulo do Poder Judiciá­rio, a Comissão de Sistematizaçãoaprovou emenda do constituinteGastone Righi (PTB - SP) queimpede que as serventias da ativi­dade notarial e registral fiquem

É necessárioque se promova

a unificaçãodo processo de

investigaçãocriminal ede decisão

judicialcriando-sea figura do

juiz deinstrução

BUROCRACIA

dade do comparecimento do pri­meiro-ministro, uma situação deigualdade deste com os parlamen­tares no caso de debates, de formaa evitar todo o ritual de situaçõeseventuais e uma posição de infe­rioridade de deputados e senado­res perante os ministros.

A outra emenda do constituintegarante ao líder da oposição e aocolégio de seus vice-líderes, auto­rizados a responder por assuntosrelativos às pastas ministeriaisexistentes, o gozo, no que couber,na forma regimental, de tratamen­to compatível com aquele conce­dido em lei ao primeiro-ministroe demais membros do Conselhode Ministros. Pelo esclarecimentode Carlos Chiarelli, dado no enca­minhamento da matéria, o intuitoé a definição da co-responsabili­dade do partido majoritário, noexercício do poder, e do partidoou da coligação minoritária, noexercício parlamentar da oposi­ção.

"A lei disporá sobre a criaçãode estrutura e atribuição dos mi­nistérios, bem como sobre o secre­tariado permanente, organizadoem carreira e com recrutamentomediante concurso público de títu­los e provas". Estes, os termos dodestague do constituinte EgídioFerreira Lima (PMDB - PE),que defendeu a necessidade dacontinuidade administrativa,quando da troca dos titulares dosministérios.

Favoravelmente à matéria, ma­nifestou-se o constituinte José Fo­gaça (PMDB - RS), em nomeda relatoria, asseverando que aformação de uma carreira funcio­nal séria, idônea e respeitada cria-

EXECUTIVO

Ao votar as matérias referentesao funcionamento do Poder Exe­cutjyO,'~ Comissão acolheu duasemendas do constituinte CarlosChiarelli (PFL - RS). Uma subs­tituiu integralmente a redação da­da pelo relator ao projeto deConstituição, no que trata das atri­buições do primeiro-ministro. Aemenda aprovada dispõe que oRegimento Interno das duas Casasdo Congresso regule em detalhea convocação do Primeiro-Minis­tro, quando necessária, mas dis­pondo este da faculdade de com­parecer às sessões legislativas e de­las participar, na forma regimen­tal.

O autor, ao encaminhar suaproposta, esclareceu que sua in­tenção é fazer com que o Primeiro­Ministro tenha uma competênciaregular, normal e permamente decomparecer às reuniões ordináriasdo Congresso, com Ofim de deba­ter temas específicos da atualidadedo país. Segundo Carlos Chiarelli,a redação proposta por sua emen­da proporciona além da regulari-

Aprovada a redação do substi­tutivo do relator Bernardo Cabral(PMDB - AM) na sua íntegra,ressalvados os destaques, a Co­missão de Sistematização entra nafase de apreciar os pedidos de des­taque, segundo a ordem seqüen­cial dos artigos do projeto consti­tucional. Já foram analisadosaqueles que diziam respeito ao sis­tema de governo - parlamenta­rista - e que detalham o processode relacionamento do primeiro­ministro com o Congresso. Os 93constituintes da Sistematização,posteriormente, apreciaram os pe­didos de destaques para as emen­das ao capítulo do Poder Judiciá­rio, na sua seção I, DisposiçõesGerais, e as 11,111, IV e V, respec­tivamente, Do Supremo TribunalFederal, Do SUl?eriorTribunal deJustiça, Dos Tnbunais RegionaisFederais e dos Juízes Federais e,finalmente, Dos Tribunais e-Juí­zos do Trabalho. Foi aprovadoainda um destaque do deputadoRoberto Freire (PCB - PE), aser inserido no projeto constitu­cional, criando uma alternativa dejustiça na área agrária. A propostaaprovada estabelece que o Tribu­nal de Justiça designará juízes deentrância especial, com compe­tência exclusiva para resolverquestões relativas aos conflitosfundiários.

A emenda, em seu parágrafoúnico, diz que, para o exercíciodas funções previstas, o juiz sedeslocará até o local do conflito,sempre que necessário à eficienteprestação do serviço jurisdicional.A propositura chegou a contarcom o apoio do relator-adjunto,José Fogaça, que, em nome da re­latoria, disse ver na iniciativa umapossibilidade concreta de agiliza­ção da Justiça no que se refereàs questões do direito agrário.

14 Jornal da Constituinte

Page 15: lUllll~...fe, a prioridade das votações em ple nário. A existência dessa organização sis tematizadora é uma necessidade vital para o processo. A Comissão de Sistematização,

Centrão: mudanças ou golpismo?Estabilidade no emprego, direi­

to de greve e pagamento da jorna­da extra de trabalho foram apon­tados como motivo do chamadogrupo "Centrão" em querer der­rogar conquistas inseridas no pro­jeto da Comissão de Sistematiza­ção. ,

- E perfeitamente válido ­declara o constituinte José Genoí­no, do PT de São Paulo - quequalquer constituinte apresenteemendas ou destaquesao substi­tutivo em plenário. E tambémpossível que o Plenário da Consti­tuinte mude o seu Regimento,porque também é soberano. To­davia, é bom frisar que o grupodenominado "Centrão" está ten­tando inviabilizar algumas con­quistas sociais e avanços já consa­grados na Comissão de Sistema­tização, tais como a estabilidadeno emprego, o direito de greve eo pagamento da jornada extra detrabalho.

GOLPE?Já o representante do PTB, Ro­

berto Jefferson, fez ver o ridículode se chamar de golpe a pretensãoda maioria, que seria o grupo"Centrão", de mudar o Regimen­to. E pergunta: onde a maioria po­de ser golpista? Isto é coisa parafazer rir o saudoso Stanislaw Pon­te Preta.

- Golpismo foi realizado noRegimento da Comissão de Siste­matização, que vem sofrendo alte­rações através de atos da Mesa.Cheguei a impetrar recursos juntoao Supremo Tribunal Federal'con­tra tais medidas, mas o STF argu­mentou que, sendo parlamentar,não poderia advogar em causaprópria. Mas alguns relatores, em­bora vencidos nas subcomissões,foram nomeados manu militaripara relatores na Comissão de Sis­tematização.

PREJUDICIAL

Darcy Deitos, do PMDB do Paraná, entendeu que seria prejudi..cial, sob todos os aspectos, preten­der-se mudar as regras do jogoagora, pois isso iria prejudicar ostrabalhos que vêm sendo realiza­dos pela Comissão de Sistemati­zação, eis que o Substitutivo Ber­nardo Cabral já se encontra adian­tado na sua apreciação, e o ritmode votação vem num crescendobastante positivo.

Se a corrente que defende talidéia conseguir o seu objetivo ­diz Darcy Deitos -, a grande pre­judicada será a própria Nação, eo povo. Espero uma tomada deconsciência de todos os constituin­tes, visando a afastar, de vez, todoo resquício de idéias pessoais e àcolocação dos verdadeiros interes­ses do País acima de disputas polí­tico-ideológicas, nem sempre deacordo com as expectativas nacio­nais.

JUSTO

A modificação do RegimentoInterno, para possibilitar novoprojeto, foi considerada "perfeita­mente justa e até aconselhável"pelo constituinte Jesus Tajra, doPFL do Piauí.

Os dispositivos até agora apro­vados - diz Tajra - estão quasetodos superados no tempo, e sãoincompatíveis com as expectativasdo povo brasileiro. Somente a Lei

DarcyDeitos

de Greve, aprovada mostra pro­gresso no que se refere aos recla­mos da classe operária. A modifi­cação do Regimento Interno pro­piciará um direcionamento maisdemocrático aos debates que de­verão ainda ser travados, assim co­mo criará condições para se fazeruma Constituição moderna, capazde atender aos reclamos da socie­dade brasileira.

ASSINATURASO Líder do PDT, Brandão

Monteiro (RJ) , chamou, atençãopara o pedido, de parte de váriosparlamentares, da retirada de suasassinaturas do documento chama­do "Centrão", por considerarem­no danoso aos trabalhos da As­sembléia Nacional Constituinte.

- O Palácio do Planalto - dis­se Brandão - pretende provocarum impasse na Constituinte, E atentativa de se alterar o Regimen­to Interno, em meio do jogo, sóinteressa 'àqueles que desejamdestruir a Constituinte, e que sem­pre estiveram pregando o golpe.

MANTERJá o Líder do PDS, Amaral Net­

t9 (~J), disse que o "Centrão" ~s­ta disposto a manter uma posiçao,se obtiver 280 votos; se não obti­ver, curvar-se-á à maioria.

- Apenas o grupo vai lutar pe­lo direito de emendar, no plená­rio, o projeto resultante da Comis­são de Sistematização.

RETIRAEm sentido contrário foi a posi­

ção do constituinte Fernando Gas­parian, do PMDB de São Paulo:anunciou 'l.ue retirou sua assina­tura do projeto de resolução, esta­belecendo alterações no Regimen­to Interno da Constituinte.

ASSINOUAssinei o documento chamado

"Centrão" - anunciou o consti­tuinte gaúcho Adylson Motta, doPDS. E o fiz na intenção únicae específica de assegurar o direitode apresentação de destaques eemendas ao Substitutivo Bernar­do Cabral, ora em votação na Sis­tematização.

A intenção, anunciada pelo par­lamentar, é a de se postar contra"a ditadura que se impôs na Cons­tituinte", fazendo referência àaprovação do texto do relator Ber­nardo Cabral, ressalvados os des­taques, dos quais, na sua opinião,só serão votados aqueles escolhi­dos pelos Líderes. Disse o consti­tuinte se sentir traído na boa-fé,esbulhado. Na sua interpretação,

José Genoíno:"Estão tentando

inviabilizaralgumas dasconquistassociais" .Roberto

Jefferson:"Onde amaioriapode ser

golpista?"

os parlamentares deram um "che­que em branco", que foi malpreenchido.

Adylson Motta garantiu quenão deseja ver apresentado àConstituinte um novo projetoconstitucional em substituição aoque está sendo votado pela Siste­matização, mas, sim, ter seu direi­to respeitado de poder apresentaremendas ao substitutivo. "Nãoaceito regras adotadas em gabine­tes fechados, que tiram o direitolegítimo dos deputados e senado­res constituintes de participar emigualdade de condições na elabo­ração da nova Carta constitucio­nal "NADA REVOLUCIONÁRIO

A tentativa de mudança no Re­gimento Interno da Assembléia­declarou o constituinte Jorge Ha­ge, do PMDB da Bahia - é umgesto desesperado no sentido detentar conter alguns avanços al­cançados em favor dos trabalha­dores. Não houve, afinal, nenhumavanço revolucionário ate aqui;todas as medidas positivas apro­vadas têm sido para ajudar o siste­ma capitalista brasileiro.

CONTRA

Meu voto - declara o paulistaDel Bosco Amaral, do PMDB ­não seguirá a orientação do presi-

dente Ulysses Guimarães, quetenta desestabilizar o País de for­ma a mais rapidamente para assu­mir o poder.

DEFESAO documento do "Centrão" é

defendido pelo Líder do PFL, JoséLourenço (BA), que informa: "Jáconta com mais de duzentas assi­naturas. E na maioria da Casa seencontra a maioria da Nação".

AMEAÇASPara Fernando Santana do

PCB, as pequenas conquistas dostrabalhadores, obtidas na Siste­matização, estão sendo ameaça­das pelo empresariado nacional,que deseja não só não avançar,como também dar um passo atrásno processo democrático.

- Isto - diz por sua vez o cons­tituinte Aldo Arantes, do PC doB -, seria jogar na lata do lixotodo o exaustivo trabalho realiza­do pelas subcomissões e comissõesda Constituinte.

PRIVILÉGIOS- Há dois grupos, nesta hora

de definições com que se defrontaa Assembléia - diz o catarinenseFrancisco Küster, do PMDB -,o daqueles que se preocupam coma defesa de privilégios e, de outraparte, os que se esforçam em pro­mover as mudanças reclamadaspela sociedade.

- Essa tentativa de mudar asregras em meio ao processo - de­clara Paulo Ramos, do PMDB doRio de Janeiro -, atribuo a inte­resses contrariados de grandesgrupos econômicos, tanto nacio­nais quanto internacionais.

REPÚDIOOlívio Dutra, do PT (RS), ma­

nifestou repúdio aos setores rea­cionários, ligados aos grandes gru­pos econômicos e ao capital finan­ceiro, que tentam tumultuar ostrabalhos da Constituinte.

ACUSAÇÃO

O chamado Centro Democrá­tico foi acusado, da tribuna, pelaconstituinte Beth Azize, de querertrazer para o plenário um substi­tutivo ao projeto de Constituiçãoelaborado nos porões do Paláciodo Planalto.

OS MESMOSPara o Líder do PT, Luiz Igná­

cio Lula da Silva, os que agora

querem alterar o Regimento sãoaqueles mesmos que querem umaConstituição baseada apenas emprincípios gerais, que é para quenada mude neste País.

- Vale alertar a Nação para es­sa campanha de desmoralizaçãoda Constituinte, destinada a levarà opinião pública a impressão deque os constituintes não estão tra­balhando,

TRAMA

Oposta é a posição de MendesRibeiro, do PMDB do Rio Gran­de do Sul, e pelo "Centrão". Dizele:

- A trama urdida por uma sófacção transformou o partido ma­joritário em grupos, contradizen­do a pregação de Tancredo.

Gonzaga Patriota, do PMDB dePernambuco:

- Reafirmo meu ponto de vistade que esta será não uma Consti­tuição de grupos, mas a CartaMagna da democracia.

CHANTAGENS

Ponto de vista do constituinteAugusto de Carvalho (PCB ­DF), porém, é que as pressões queestariam sendo exercidas pelo cha­mado "Centrão" coincidem como momento em que o Brasil partepara as negociações com organis­mos internacionais sobre a dívidaexterna. Pelo que observou, todasas pressões sobre a Constituinteacontecem exatamente no mo­mento em que a Comissão de Sis­tematização começa a discutir aordem econômica.

Augusto Carvalho denunciouverdadeiras chantagens sobre aConstituinte para se alterar as de­cisões sobre a ordem social, o sis­tema de governo, a reforma tribu­tária, ou outras conquistas já con­sagradas, como a estabilidade noemprego. Ao mesmo tempo, ex­pressou-se indignado com infor­mações de que o Governo ameri­cano estaria apenas aguardando aconclusão das negociações sobrea dívida externa, para decretarmedidas punitivas contra o Brasil,em vista da política de reserva demercado na área de informática,a qual, a seu ver, já revelou suapujança, e por isso provoca a cobi­ça de "círculos imperialistas".

CAMPANHAO constituinte Aldo Arantes

(PC do B - GO), manifestando­se pelo seu partido, identificouuma campanha insidiosa contra aConstituinte e, em particular, con­tra a Comissão de Sistematização.Ele referiu-se aos jornais comosendo os responsáveis por um mo­vimento, cujo objetivo seria o deinduzir na opinião pública a idéiade um golpe de Estado com o fe­chamento da Constituinte.

Mas o presidente da Repúblicatambém foi apontado pelo parla­mentar como o autor e partícipedessa campanha, na medida emque se insurge contra a decisão daComissão de Sistematização a fa­vor da implantação, no país, dosistema parlamentarista de gover­no. Para Aldo Arantes, não existerazão para que haja temores naárea do Governo, no que respeitaao que já foi aprovado na Comis­são. Na sua opinião, as conquistasda classe trabalhadora foram míni­mas, apesar de haver consideradoque o projeto constitucional, a serentregue ao Plenário, é "liberal".

Jornal da Constituinte 15

Page 16: lUllll~...fe, a prioridade das votações em ple nário. A existência dessa organização sis tematizadora é uma necessidade vital para o processo. A Comissão de Sistematização,

ADlRP/Cas1fo Jónior

No cordel, a vontade de um povo

eONTAG quer o INeRA de voltaMais saúde no trabalhoProduzir carros é importante. Protegera saúde é muito mais. Sem saúde,não há produção. Essa a mensagem levadaà Assembléia Nacional Constituinte porcentenas de funcionários da FiatAutomóveis, localizada em Betim, naGrande Belo Horizonte. Através defaixas abertas num dos saguões doCongresso Nacional, eles deram o seurecado: querem trabalhar, mas exigemuma ambiente onde o trabalho seja umarealização, jamais um fator de risco.ADlRP/Jorge PRosa

Dizem que é no repente que muitas vezesse diz toda a verdade da gente. Pois foi numdesses momentos que uma baiana de 65 anosde idade, vinda de lá de Salvador, conseguiutraduzir com força e graça o desejo de milhõesde brasileiros em relação à futura Carta. AnaMaria de Santana esteve com um grupo demulheres na ANC, no legítimo direito de de­fender suas idéias. E ao encontrar-se com oprimeiro-secretário Marcelo Cordeiro, a velhabaiana soltou o verbo simples e direto dos cor­delistas para dizer o que espera da Constituin­te. E foi aí que ela cantou:

Nós abaixo-assinadosDonas-de-casa e cidadãos

neste solo brasileiro,Sim! devemos dar as mãos

esperando novos planossobre os direitos humanos

na nova Constituição.Que a lei da seguridade

queira sempre organizar;

que mantenha esse sistemae possa coordenar.

Senhora desigualdade,dê o fora por bondade,

Queremos socializar.Quanto às donas-de-casao seu trabalho é portentonesta terra das palmeiras

com todo o seu talento.A mulher em seu setor,

sua luta é vigorpelo desenvolvimento.

À Assembléia Nacionalnos dirigimos portanto

para que as donas-de-casasejam lembradas no entanto,

e possam contribuir,a Previdência adquirir

no Brasil, de canto a canto.O meu caso é saudar

nosso pendão auriverde,nossas plagas, nosso rios,a floresta, o teto, a rede.Belezas de Norte a Sul,

salve! este céu todo azul,salve! o Braszl todo verde.

Acompanhado de sua diretoria e degrande número de associados, o

presidente da ConfederaçãoNacional da Agricultura (CONTAG)

José Francisco, esteve com opresidente da ANC, Ulysses

Guimarães, para dizer que nãoconcorda com a extinção do

INCRA. Ele pediu a reativaçãodaquele órgão, argumentando que

o trabalho que ele vinha

desenvolvendo como agenteexecutor da reforma agrária, emtodo o País, é de fundamentalimportância. ParaJosé Francisco e seuscompanheiros, a eliminaçãodo INCRA podesignificar atraso naconcretização de um programaque consideram vital parao desenvolvimento do País:

1~ Jornal da Constituinte