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LUIZ CARLOS MOREIRA DE LIMA JUNIOR CERTIFICAÇÃO EM INSTALAÇÕES ELÉTRICAS DE BAIXA TENSÃO, IMPORTÂNCIA E APLICABILIDADE DA NORMA ABNT NBR 5410/2004 Monografia apresentada como requisito parcial à conclusão do curso de Engenharia Elétrica da Universidade Federal do Paraná – UFPR Orientador: Prof. Eng. Joaquim Antonio Dalledone Neto Co-orientador: Eng. José Newton Rodrigues Romeiro Filho CURITIBA 2010

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Page 1: LUIZ CARLOS MOREIRA DE LIMA JUNIOR - eletrica.ufpr.br · instalações elétricas residenciais. Palavras-chave: Instalação elétrica de baixa tensão. Certificação. Vistoria

LUIZ CARLOS MOREIRA DE LIMA JUNIOR

CERTIFICAÇÃO EM INSTALAÇÕES ELÉTRICAS DE BAIXA TENSÃO, IMPORTÂNCIA E APLICABILIDADE DA NORMA ABNT NBR 5410/2004

Monografia apresentada como requisito parcial à conclusão do curso de Engenharia Elétrica da Universidade Federal do Paraná – UFPR

Orientador: Prof. Eng. Joaquim Antonio Dalledone Neto Co-orientador: Eng. José Newton Rodrigues Romeiro Filho

CURITIBA 2010

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TERMO DE APROVAÇÃO

LUIZ CARLOS MOREIRA DE LIMA JUNIOR

CERTIFICAÇÃO EM INSTALAÇÕES ELÉTRICAS DE BAIXA TENSÃO, IMPORTÂNCIA E APLICABILIDADE DA NORMA ABNT NBR 5410/2004

Monografia apresentada ao curso de Engenharia Elétrica, da Universidade Federal

do Paraná, como requisito à obtenção do título de graduação.

PROF. ENG. JOAQUIM ANTONIO DALLEDONE NETO - UFPR

PROF. JAYME PASSOS RACHADEL - UFPR

ENG. JOSÉ NEWTON RODRIGUES ROMEIRO FILHO - COPEL

Curitiba, dezembro de 2010.

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AGRADECIMENTOS

Aos familiares, que sempre nos apoiaram, nosso muito obrigado;

Ao orientador da monografia Professor Engenheiro Joaquim Antonio

Dalledone Neto e ao co-orientador Engenheiro José Newton Rodrigues Romeiro

Filho pela orientação, atenção dedicada e incentivo no transcorrer do trabalho;

À Universidade Federal do Paraná por oferecer um ensino público, gratuito

e de qualidade;

Aos colegas em geral que estiveram ao meu lado durante toda a

caminhada.

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RESUMO Uma instalação elétrica em perfeitas condições é a exigência necessária para usufruir a energia elétrica numa edificação, sendo que sua garantia é obtida com equipamentos corretos e projeto específico para a finalidade da edificação. Com o objetivo principal de garantir a qualidade e a segurança, vários países já exigem um certificado garantindo a conformidade da instalação elétrica antes de realizar a ligação de novos consumidores, ou seja, um documento atestando que o projeto, a execução e a operação da instalação elétrica estão de acordo com as exigências das normas técnicas pertinentes. A certificação de uma instalação elétrica é um assunto que se arrasta há vários anos, uma vez que somente o uso de produtos certificados e de qualidade excelente não garante a qualidade de uma instalação elétrica, sendo um desejo da comunidade técnica, sobretudo dos que defendem a segurança, exigir que essa certificação seja aplicada antes mesmo da instalação ter sido colocada em operação. Entretanto, ainda não existe hoje uma determinação formal do INMETRO – Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial sobre como proceder a uma avaliação da conformidade das instalações elétricas, o que não impede que essa avaliação seja realizada. Enquanto essa obrigatoriedade da certificação não se torna uma realidade, o presente trabalho busca mostrar que as normas existentes, como a NBR 5410/2004, já trazem ferramentas que, quando usadas corretamente, garantem a mínima qualidade exigida em uma instalação elétrica de baixa tensão. A norma NBR 5410/2004 é também aplicada às instalações elétricas de baixa tensão comerciais e industriais, porém o presente trabalho está focado para as instalações elétricas residenciais. Palavras-chave: Instalação elétrica de baixa tensão. Certificação. Vistoria. Inspeção Visual. Ensaios. Proteção contra choques elétricos.

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ABSTRACT

A perfect electrical installation is the minimum requirement for the electricity energy consumption, which is guaranteed through proper equipments and specific design projects according to each of the facility purpose. Having quality and safety as main goals many countries require a certificate that assures the conformity of electrical installation which is issued before connecting new consumers. This document validates the installation project, its execution and operation according to minimum requirements. Electrical installation certification has been discussed for years once the application of certified and good quality products does not guarantee its quality. Also among the technical community, particularly those concerned with safety matters, the wish is the applying of this certification as an obligation before the operation of the installation. However, there is no such resolution from INMETRO - Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial on how to proceed this kind of evaluation. As there is no obligation on applying a certification methodology for electrical installation this work shows that actual normalization like NBR 5410/2004 already presents tools that once correctly applied guarantee a minimum quality of electrical installation in low voltage. The technical standard NBR 5410/2004 is also applied to low voltage electrical installations in commercial and industrial, but the present work is focused on residential electrical installations. Keywords: Electrical installation in low voltage. Certification. Survey. Visual Inspection. Tests. Protection against electric shock.

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LISTA DE TABELAS Tabela I.......................................................................................................................14 Tabela II......................................................................................................................29 Tabela III.....................................................................................................................32 Tabela IV....................................................................................................................34 Tabela V.....................................................................................................................35 Tabela VI....................................................................................................................42

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LISTA DE FIGURAS Figura 1...................................................................................................................27 Figura 2...................................................................................................................27 Figura 3...................................................................................................................28 Figura 4...................................................................................................................31 Figura 5...................................................................................................................32 Figura 6...................................................................................................................34 Figura 7...................................................................................................................37 Figura 8...................................................................................................................37 Figura 9...................................................................................................................38 Figura 10.................................................................................................................39

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 8 2. INSTALAÇÃO ELÉTRICA ................................................................................. 10

2.1. DEFINIÇÃO................................................................................................. 10

2.2. FUNCIONAMENTO .................................................................................... 11

2.3. INSTALAÇÃO ELÉTRICA DE BAIXA TENSÃO .......................................... 11

2.4. CLASSIFICAÇÃO DE INSTALAÇÃO ELÉTRICA DE BAIXA TENSÃO ...... 12

3. PROTEÇÃO CONTRA CHOQUES ELÉTRICOS .............................................. 12 4. CERTIFICAÇÃO ................................................................................................ 14

5. CERTIFICAÇÃO EM INSTALAÇÕES ELÉTRICAS DE BAIXA TENSÃO ........ 16

5.1. APLICAÇÃO DA NBR 5410/2004 NA CERTIFICAÇÃO DE INSTALAÇÃO

ELETRICA DE BAIXA TENSÃO ............................................................................ 16

5.2. CASOS EM QUE NÃO HÁ A APLICAÇÃO DA NBR 5410/2004 NA

CERTIFICAÇÃO DE INSTALAÇÃO ELETRICA DE BAIXA TENSÃO ................... 18

6. PROCEDIMENTOS PARA CERTIFICAÇÃO EM INSTALAÇÃO ELÉTRICA DE BAIXA TENSÃO ....................................................................................................... 18

6.1. VISTORIA ................................................................................................... 18

6.1.1. APLICABILIDADE DA VISTORIA ........................................................ 19

6.1.2. RECOMENDAÇÕES DA APLICABILIDADE DA VISTORIA ................ 21

6.2. PROCEDIMENTO DA VISTORIA ............................................................... 22

6.2.1. INSPEÇÃO VISUAL ............................................................................. 23

6.2.2. ENSAIOS ............................................................................................. 26

6.2.2.1. Continuidade dos condutores de proteção e das

equipotencializações principal e suplementar ................................................ 26

6.2.2.2. Resistência de isolamento da instalação elétrica ......................... 28

6.2.2.3. Resistência elétrica das partes da instalação ou separação elétrica

29

6.2.2.4. Seccionamento automático da alimentação ................................. 30

6.2.2.4.1. Esquema TN ............................................................................. 30

6.2.2.4.2. Esquema TT ............................................................................. 38

6.2.2.4.3. Esquema IT .............................................................................. 41

6.2.2.4.4. Ensaio de tensão aplicada ........................................................ 42

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6.2.2.5. Ensaios de funcionamento ............................................................ 43

7. ASPECTOS LEGAIS DE UMA VISTORIA EM INSTALAÇÃO ELÉTRICA DE BAIXA POTÊNCIA .................................................................................................... 43 8. CONCLUSÃO .................................................................................................... 47 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................... 51

ANEXO A .................................................................................................................. 54

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1. INTRODUÇÃO

As instalações elétricas de baixa tensão, tanto residenciais, quanto

comerciais e industriais, sejam elas novas ou reformas, são geridas pela norma

técnica brasileira NBR 5410/2004 – Instalações Elétricas de Baixa Tensão, que

apresenta, em seu capítulo 7, através de inspeção visual e ensaios, todos os

procedimentos necessários para se fazer uma verificação final das instalações

elétricas, antes de serem postas em uso, com a finalidade de garantir que tudo está

de acordo com as exigências e prescrições nela mostrados (ABNT, 2004, p. 163).

Uma instalação elétrica em perfeitas condições é a exigência necessária

para usufruir a energia elétrica numa edificação. A garantia dessa condição de uso é

obtida com a instalação elétrica adequada e equipamentos corretos, ou seja, a

execução segundo um projeto específico para a finalidade da edificação.

A não observância dessa condição, que se trata de responsabilidade do

projetista e do executor, além dos prejuízos materiais, pode resultar em perdas

irreparáveis à vida dos usuários, animais e seu entorno. Diante de tal gravame uma

instalação elétrica deve ser inspecionada antes, durante e depois de sua execução.

Com o objetivo principal de garantir a qualidade e a segurança, vários

países já exigem um certificado garantindo a conformidade da instalação elétrica

antes de realizar a ligação de novos consumidores, ou seja, um documento

atestando que o projeto, a execução e a operação da instalação elétrica estão de

acordo com as exigências das normas técnicas pertinentes.

A certificação de uma instalação elétrica é um assunto que se arrasta há

vários anos, pois se chegou à conclusão de que somente o uso de produtos

certificados e de qualidade excelente não garante a qualidade de uma instalação

elétrica.

Mesmo sendo uma necessidade, a certificação esbarra na “Cultura do

Mais Barato”, pois não é obrigatória e somente profissionais habilitados para a tarefa

podem realizá-la. A solução seria uma inspeção exigida por um órgão máximo e que

se tornasse um certificado de garantia da instalação elétrica (MARTINHO, 2007). Ao

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tornar compulsória a certificação das instalações elétricas, ou seja, por imposição

legal, o governo, além de garantir a segurança da sociedade e a seriedade dos

profissionais diretamente envolvidos, estará obrigando que se cumpra a legislação

atualmente vigente em nosso país.

A obrigatoriedade da certificação das instalações elétricas de baixa tensão

antes de serem postas em serviço é um sonho antigo de grande parte da

comunidade técnica, sobretudo dos que defendem a segurança. Entretanto, ainda

não existe hoje uma determinação formal do INMETRO – Instituto Nacional de

Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial na maneira de como proceder a

uma avaliação da conformidade das instalações elétricas, o que não impede que

esta avaliação seja realizada. Acredita-se que em breve as concessionárias

brasileiras farão essa exigência, através de uma regulamentação da ANEEL –

Agência Nacional de Energia Elétrica, a qual habilitará organismos (OIC - Organismo

de Inspeção ou OCP - Organismo de Certificação de Produtos) devidamente

credenciados pelo INMETRO para a realização de inspeção ou certificação de

conformidade em instalações elétricas de baixa tensão (TAMIETTI, 2002).

Enquanto essa obrigatoriedade da certificação não se torna uma

realidade, o presente trabalho busca mostrar que as normas existentes, como a NBR

5410/2004, já trazem ferramentas que, quando usadas corretamente, garantem a

mínima qualidade exigida em uma instalação elétrica de baixa tensão. Da análise

das premissas abordadas nos capítulos citados, foram emitidas as considerações

finais.

A compreensão do tema CERTIFICAÇÃO EM INSTALAÇÕES

ELÉTRICAS DE BAIXA TENSÃO, IMPORTÂNCIA E APLICABILIDADE DA NORMA

ABNT NBR 5410/2004, objeto desta monografia, requer a apreensão de alguns

conceitos de institutos, tais como: instalação elétrica, instalação elétrica de baixa

tensão, normas regulamentadoras, certificação, vistoria, ensaios, entre outros.

Além de delimitação do tema acima referenciado, nosso estudo se pautará

na norma técnica da ABNT, de 31 de março de 2005, chamada de Norma NBR

5410/2004, mais especificamente no referente as instalações elétricas residenciais,

instrumento legal necessário para certificação em instalações de baixa tensão.

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Esta monografia está estruturada em oito capítulos, sendo que o Capítulo

1 é introdutório. O Capítulo 2 apresenta os conceitos e definições de instalações

elétricas e instalações elétricas de baixa tensão.

O Capítulo 3 apresenta algumas prescrições da NBR 5410/2004 no

referente à proteção contra choques elétricos. O Capítulo 4 mostra os conceitos de

certificação. O Capítulo 5 aplica os conceitos de certificação às instalações elétricas

de baixa tensão.

O Capítulo 6 mostra os procedimentos a serem seguidos, para se certificar

uma instalação elétrica de baixa tensão, através da verificação final segundo a NBR

5410/2004. O Capítulo 7 trata dos aspectos legais da vistoria e, por fim, o Capítulo 8

apresenta as conclusões referentes ao trabalho desenvolvido.

2. INSTALAÇÃO ELÉTRICA

2.1. DEFINIÇÃO

A energia elétrica usada pelos consumidores residenciais através de “uma

estrutura física da edificação constituída de elementos condutores, de proteção, de

seccionamento e por elementos de comando”, segundo Ricardo D’Avila (2007, p. 9),

é o que se chama de instalação elétrica.

A NBR 5410/04 define instalação elétrica como “um conjunto de

componentes elétricos, associados e com características coordenadas entre si,

constituídos para uma finalidade determinada” (SOUZA; MORENO, 2001, p. 12) que

pode ser a condução de energia elétrica para quaisquer construções (residencial,

comercial, industrial) urbana ou rural.

Na redação de Cotrim a instalação elétrica “é o sistema elétrico físico, o

conjunto de componentes elétricos associados e coordenados entre si, compostos

para um fim específico” (COTRIM, 2009, p.1).

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2.2. FUNCIONAMENTO

A esta estrutura toda, que conduz a energia elétrica nas diferentes

edificações, definida como instalação elétrica, permite que o usuário utilize

equipamentos elétricos para iluminação, aquecimento de água e ambientes e para

as demais finalidades existentes.

No uso corrente do termo, para Ricardo D’Avila, essa finalidade é, via de

regra, associada à utilização de energia elétrica (D’ÁVILA, 2007, p. 9).

2.3. INSTALAÇÃO ELÉTRICA DE BAIXA TENSÃO

De acordo com a NBR 5410/2004 (ABNT, 2004, p.1), as instalações cujos

circuitos elétricos são alimentados por tensão nominal igual ou inferior a 1000 V em

corrente alternada, com freqüências inferiores a 400 Hz, ou 1500 V em corrente

contínua, são consideradas instalações elétricas de baixa tensão, doravante

instalação(ões) BT.

Em sua maioria, as instalações BT (Baixa Tensão) situam-se, total ou

parcialmente, no interior de edificações1, sejam de uso comercial, industrial ou

residencial.

No exposto na NBR 5410/2004, considera-se instalações elétricas de

baixa tensão aquelas das edificações residenciais, industriais e comerciais em geral;

as dos estabelecimentos institucionais e de uso público e de estabelecimentos

agropecuários e hortigranjeiros; das edificações pré-fabricadas e reboques de

acampamentos (trailers), de locais de acampamento (campings), marinas e

1 O termo “instalação predial”, muitas vezes utilizado para designar apenas instalações residenciais ou comerciais, corresponde, na verdade, a qualquer tipo de instalação contida num “prédio”, seja ele destinado a uso residencial, comercial ou industrial. É preferível usar o termo “edificação” ao invés de “prédio”, pois é a tradução mais precisa dos termos building e bâtiment, utilizados pela Comissão Eletrotécnica Internacional.

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instalações análogas, além de canteiros de obras, feiras, exposições e outras

instalações temporárias (ABNT, 2004).

2.4. CLASSIFICAÇÃO DE INSTALAÇÃO ELÉTRICA DE BAIXA TENSÃO

De acordo com a norma NBR5410/2004, as instalações elétricas são

classificadas de acordo com sua tensão nominal (Vn), utilizada para designar a

instalação (ANBT, 2004). São elas:

a) De baixa tensão (BT), com Vn ≤ 1000 V em corrente alternada (CA), ou com Vn

≤ 1500 V em corrente contínua (CC);

b) De alta tensão (AT), com VN > 1000 V em CA, ou com UN > 1500 V em CC;

c) De extrabaixa tensão (EBT ou ELV, de extra-low voltage), com Vn ≤ 50 V em

CA, ou com Vn ≤120 V em CC.

3. PROTEÇÃO CONTRA CHOQUES ELÉTRICOS

A premissa fundamental para que as regras sobre este item sejam

entendidas, é a compreensão dos conceitos sobre proteção contra choques

elétricos.

Partindo disso, o principio fundamental apresentado pela norma NBR

5410/2004 em seu item 5.1.1.1 diz que, segundo o Guia Em da NBR 5410 (SOUZA;

MORENO, 2001, p. 40), indistintamente para produtos e instalações, as partes vivas

perigosas não devem estar acessíveis e partes condutivas acessíveis, também

chamadas massas, não devem oferecer nenhum perigo, tanto em condições normais

quanto em casos que por alguma falha possam vir a tornar-se acidentalmente ativas.

Do parágrafo acima, pode-se concluir que a proteção conta choques

elétricos deverá ser garantida, de maneira geral, por dois tipos de proteção, proteção

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básica e proteção supletiva, que correspondem, respectivamente, aos conceitos de

proteção contra contatos diretos e de proteção contra contatos indiretos.

A proteção básica assegura a proteção contra choques elétricos em

condições normais, porém esta sujeita a falhas que devem ser levadas em conta. Os

casos de isolação básica ou separação básica, uso de barreira ou invólucros e a

limitação da tensão, são exemplos desta proteção. A proteção supletiva, tem como

propósito assegurar a proteção contra choques elétricos em casos de falha da

proteção básica. Equipotencialização e seccionamento automático da alimentação,

isolação suplementar e separação elétrica são exemplos de proteção supletiva.

A regra geral da proteção contra choques elétricos é que o princípio acima

apresentado seja assegurado, no mínimo, pela existência conjunta da proteção

básica e da proteção supletiva, através da combinação de meios independentes ou

de uma medida capaz de garantir ambas as proteções simultaneamente. Também,

do principio apresentado, deduz-se que a instalação de um equipamento elétrico

deve ser compatível com o tipo de proteção contra choques que ele possui. As

classes, segundo o Guia EM da 5410 (SOUZA; MORENO, 2001, p. 40) de

equipamentos previstas por norma são: classes 0 (zero), I, II e III, que possibilitam o

surgimento de diferentes possibilidades de combinação das proteções básica e

supletiva, porém as mais comuns são aquelas descritas na Tabela I. Deve-se notar

que esses conceitos de classes não são aplicáveis somente a equipamentos

elétricos de utilização, como eletrodomésticos, por exemplo, mas também a

disposições construtivas e componentes da instalação.

Um exemplo disso é o da classe II, podem existir desde equipamentos de

fabrica, como as ferramentas elétricas de dupla isolação, quanto arranjos ou

soluções construtivas classe II, como no caso de linhas elétricas constituídas de

condutores isolados em eletrodutos isolantes, onde tem-se um produto fabricado

apenas com isolação básica, o condutor isolado, associado a um outro componente

da instalação, o eletroduto, que resulta numa solução equivalente a classe II.

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Tabela I - Combinações mais comuns visando proteção contra choques elétricos.

Classes de equipamentos e componentes

Proteção básica Proteção supletiva

Classe 0 Isolação básica Ambiente (locais não condutores) Separação elétrica (um único equipamento alimentado)

Classe I Isolação básica Equipotencialização de proteção

Seccionamento automático da alimentação

Classe II Isolação básica Isolação suplementar Isolação reforçada ou disposições construtivas equivalentes

Classe III Limitação da tensão Separação de proteção de outros circuitos e separação básica de terra

4. CERTIFICAÇÃO

A qualidade de serviços e produtos, diante do mundo globalizado, exige

formas de garantia ao usuário. Essa garantia tem sido largamente difundida pela

certificação de produtos e serviços, criando um lastro de produtos e serviços com

sistema confiável de acompanhamento e controle de qualidade, nas diferentes

etapas de produção, ou seja, do desenvolvimento, elaboração, execução e entrega

de produto, mediante trabalho formalizado objetivando resultado seguro.

Normas estabelecem critérios que devem ser seguidos pelas empresas,

como por exemplo, a ISO 9000, da International Organization for Standardization

(ISO), sediada em Genebra – Suíça, que determina o padrão dos processos

segundo o conceito de qualidade de produtos e serviços nas diversas atividades da

área tecnológica, bem como é uma ferramenta de gestão quanto à garantia da

uniformidade de produção, nas etapas, envolvendo os meios físicos e recursos

humanos (BARATA, 2005, p. 20-6).

Este sistema de gestão de processo permite a qualidade e diferencial

competitivo das empresas, bem como a garantia da segurança dos usuários.

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Para as instalações BT diante da complexidade dos projetos e dos

produtos e serviços na fase de execução exige uma forma de acompanhamento da

qualidade dos mesmos, diante desta faculdade emerge a necessidade de

certificação das instalações BT.

A representação dos produtos das instalações de BT é controlada pelo

Instituto Nacional de Metrologia, Normatização e Qualidade Industrial – INMETRO,

órgão responsável pela fiscalização dos organismos certificados e os procedimentos

normativos para elaboração do projeto e execução das obras de instalações

elétricas BT estão na NBR 5410/2004.

No Brasil, a Associação Brasileira de Certificação de Instalações Elétricas

– CERTIEL, associação civil de fins não econômicos, cujos associados são

entidades representativas dos setores ligados e interessados ao tema segurança

das pessoas e das edificações tem como objetivo certificação das instalações BT,

sua missão é: “Contribuir para a segurança dos usuários das instalações elétricas e

para a preservação de seu patrimônio, garantindo que as normas técnicas de

instalação aplicáveis sejam respeitadas” (CERTIEL, 2009).

Ressaltam seus gestores que, associado à segurança de uma instalação,

está também à eficiência energética da edificação.

Diante desse fato, apontam que uma instalação segura é eficiente, quando

as perdas de energia sob forma de calor nas conexões e demais componentes estão

minimizadas, contribuindo com a redução do consumo geral da instalação.

Por este viés, que a certificação é processo necessário ao

acompanhamento da qualidade dos serviços de instalações BT, o qual ocorre

através de vistoria e de ensaios.

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5. CERTIFICAÇÃO EM INSTALAÇÕES ELÉTRICAS DE BAIXA TENSÃO

A norma técnica que regulamenta, principia e norteia uma certificação em

instalações elétricas de baixa tensão é a Norma Brasileira para a execução de

Instalações Elétricas de Baixa Tensão, conhecida como NBR 5410, baseada na

norma internacional IEC 60364: “Eletrical Installations of Buildings” (ABNT, 2004).

A norma vigente, na versão de 2004, é aplicada a projetos e à execução

de instalações novas e a reformas, à ampliação de instalação, ou mesmo a qualquer

substituição de componentes que implique alteração do circuito elétrico.

Esta demanda requer compromisso desde a elaboração do projeto à

execução da obra nova e para não inutilizar a segurança preexistente em caso de

reforma, trata-se da garantia do serviço dentro dos padrões legais.

5.1. APLICAÇÃO DA NBR 5410/2004 NA CERTIFICAÇÃO DE INSTALAÇÃO ELÉTRICA

DE BAIXA TENSÃO

A aplicação estende-se aos circuitos que, embora alimentados através de

instalação igual ou inferior a 1kV em CA, funcionam com tensão superior a 1kV,

como é o caso dos circuitos de lâmpadas de descarga, de precipitadores

eletrostáticos” (ABNT, 2004, p. 1) (executam-se os circuitos desse tipo que sejam

internos aos equipamentos).

Atinge, ainda, as linhas elétricas sem especificação, como linha elétrica

(ou fiação) dos equipamentos de utilização; que não seja especificamente coberta

pelas normas.

As linhas elétricas fixas de sinal também estão cobertas pela norma,

desde que sejam “aquelas correspondentes aos circuitos internos dos

equipamentos, no que se refere aos aspectos ligados à segurança (contra choques

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elétricos e efeitos térmicos em geral) e à compatibilidade eletromagnética”. (ABNT,

2004, p. 1)

Numa exposição mais acurada do tema da monografia, visando

exemplificação de procedimentos necessários ao procedimento de certificação de

instalações de BT, destaca-se a instalação elétrica em uma edificação, quer edifício

de uso coletivo ou residência, a qual requer um projeto elétrico específico a cada

realidade.

Para tanto se faz necessário conduzir o processo com atenção ao

detalhes desde a elaboração do projeto, considerando desde a entrada de serviço

de energia elétrica e sua ramificação no interior do imóvel, segundo a especificidade

de cada cômodo. É mister checar a correta execução do projeto de instalação

elétrica.

Além do que foi acima citado, a norma prevê, também, regras para

instalações temporárias, que são instalações elétricas que possuem previsão para

durar por um período limitado às circunstâncias que a motivam. Este tipo de

instalação somente é admitida durante o período de construção, reforma,

manutenção, reparo ou demolição de edificações, estruturas, equipamentos ou

atividades similares. São três os tipos de instalação temporária considerados pela

NBR 5410/2004: instalação de reparos, de trabalho e semipermanente (ABNT,

2004).

Uma instalação de reparos é a instalação temporária que substitui uma

instalação permanente, ou parte da mesma, que esteja defeituosa. As instalações de

reparos são usadas sempre quando ocorre um acidente que impede o

funcionamento de uma instalação (ou de um setor) existente.

A instalação de trabalho é uma instalação temporária que permite

reparações ou modificações em uma instalação existente sem que seu

funcionamento seja interrompido.

E a instalação semipermanente é o tipo de instalação temporária

destinado a atividades não rotineiras ou que se repetem periodicamente. Um

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exemplo típico desse modelo são as instalações elétricas de canteiros de obras, ou

seja, são consideradas instalações semipermanentes instalações destinadas:

a) À construção de edificações novas;

b) Aos trabalhos de reforma, modificação, ampliação ou demolição de

edificações existentes; e

c) A obras públicas (redes de água, gás, energia elétrica, obras viárias, etc.)

5.2. CASOS EM QUE NÃO HÁ A APLICAÇÃO DA NBR 5410/2004 NA CERTIFICAÇÃO

DE INSTALAÇÃO ELÉTRICA DE BAIXA TENSÃO

A norma não cobre com sua aplicação, as instalações de distribuição

(redes) e de iluminação pública, as de tração elétrica, de veículos automotores,

embarcações e aeronaves.

Não cobre, ainda, instalação elétrica em minas, cercas eletrificadas e

equipamentos para supressão de perturbações radioelétricas, desde que não

comprometa a segurança das instalações. (ABNT, 2004, p.1)

Neste mesmo sentido, ficam fora das especificações as instalações

especificas contra descargas atmosféricas que possuem norma própria, a

NBR5419/2001 – PROTEÇÃO DE ESTRUTURAS CONTRA DESCARGA

ATMOSFÉRICA (ABNT, 2001).

6. PROCEDIMENTOS PARA CERTIFICAÇÃO EM INSTALAÇÃO ELÉTRICA DE BAIXA TENSÃO

6.1. VISTORIA

Segundo o dicionário Michaelis, a definição de vistoria está ligada, de

forma strito senso, a inspeção, a revista de determinada coisa, e de forma latu

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19

senso, refere-se à inspeção judicial a um determinado prédio ou lugar acerca do

qual há litígio (MICHAELIS, 1998).

Para a concessionária de energia do Estado do Paraná, COPEL –

Companhia Paranaense de Energia, no que se refere à inspeção em instalações de

BT, entende-se por vistoria a inspeção técnica realizada a partir do padrão de

entradas da unidade consumidora, com objetivo de detectar a precisão de

funcionamento e possíveis defeitos dos equipamentos de medição, bem como

detectar fraudes e/ou desvios de energia e verificar erros de ligação. Estendendo a

vistoria à edificação, detalhando-se em cada cômodo, na qual se aponta as

conformidades segundo o projeto da instalação BT (COPEL, 2008).

6.1.1. APLICABILIDADE DA VISTORIA

As estruturas que compõe a instalação elétrica para que estejam em

perfeito funcionamento devem ter constante acompanhamento dos seus

componentes. Os componentes devem ser selecionados e instalados de forma a

satisfazer todas as prescrições contidas na norma NBR 5410/2004.

Os componentes da instalação devem satisfazer as normas brasileiras que

lhes sejam aplicáveis e, na falta destas, as normas IEC2 e ISO3, na inexistência

destas normas, os componentes devem ser selecionados com base em norma

regional, norma estrangeira reconhecida ou, na falta destas, mediante acordo

especial entre o responsável pela obra na qual a instalação elétrica se insere e o

responsável pela instalação elétrica (ABNT, 2004, p. 76).

O objetivo primordial da aplicação normativa quanto à vistoria é garantir a

segurança de pessoas e animais, bem como a conservação de bens, para tanto

houve o estabelecendo de normas que propiciam condições seguras das instalações

elétricas de baixa tensão, propiciando o funcionamento adequado da instalação.

De acordo com a NBR 5410/2004, em seu capítulo 7:

2 IEC: International Eletrotechnical Comission (Comissão Eletrotécnica Internacional). 3 ISO: International Organizations for Standartisation (Organização Internacional de Padronização).

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20

Qualquer instalação nova, ampliação ou reforma de instalação existente deve ser inspecionada e ensaiada, durante a execução e/ou quando concluída, antes de ser colocada em serviço pelo usuário, de forma a verificar a conformidade com as prescrições desta norma (ABNT, 2004, p. 163).

Conforme observa o Engenheiro Eletricista, Edison Martinho (2007, p. 3),

a respeito do trecho da NBR 5410/2004 citado acima, somente a aplicação das

diretivas da norma não garantem que a instalação elétrica esteja comprovadamente

segura, é indispensável, e obrigatório, segundo a norma que seja realizada uma

verificação final em toda a instalação, além de periódicas manutenções ao longo de

sua vida útil.

Da mesma maneira, segundo Tamietti (2002, p. 39), o procedimento de se

verificar a instalação antes de ser posta em funcionamento pelo usuário deve ser

realizado em todo tipo de construção desde a mais simples instalação unifamiliar

(casa) até indústrias de grande porte, guardando, obviamente, as devidas

proporções, ou seja, os pontos a serem verificados e a maneira como serão

realizados os procedimentos devem ser adequados um função das características

de cada instalação.

A verificação consiste em “um conjunto de procedimentos, que devem ser

definidos antes do início da obra” (MARTINHO, 2007, p. 4), visto que determinadas

verificações podem ser realizadas durante a execução da instalação. Destaca-se

que a verificação pode ser realizada tanto ao final quanto no decorrer da obra, mas

deve ser feita sempre antes de ser posta em funcionamento pelo usuário final.

De acordo com a NBR5410/2004, no item 7.1.5, a verificação só pode ser

realizada por profissionais qualificados, com experiência e competência em

inspeções, ou seja, somente profissionais com curso devidamente reconhecido pelos

órgãos competentes, poderão realizar uma inspeção e emitir, formalmente, relatórios

e laudos avaliando determinada instalação elétrica (MARTINHO, 2007, p. 9).

Porém, uma verificação informal, com o intuito de comprovar a segurança,

pode ser realizada por qualquer pessoa, desde que tenha o devido conhecimento

técnico dos itens que serão inspecionados.

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21

6.1.2. RECOMENDAÇÕES DA APLICABILIDADE DA VISTORIA

Os motivos principais, segundo Tamietti (2002, p. 37), para a realização

desta verificação são, primeiramente, para que se tenha certeza de que a instalação

foi executada de acordo com o projeto elétrico, empregando materiais e

procedimentos, como testes e ensaios, normalizados, ou seja, a verificação passaria

a ser uma garantia não só para o usuário como para o executor. A segunda razão é

para verificar a documentação final da obra. Como o responsável pela instalação vai,

futuramente, assegurar que o cabo, ou o disjuntor ali instalado foi o que ele utilizou?

O usuário pode, por algum motivo qualquer, fazer a troca do cabo ou do dispositivo

de proteção, pode fazer reformas e alterar a instalação. Se por ventura ocorrer um

incêndio, e durante a perícia for constatado que o equipamento ou cabo aplicado

não era recomendado para aquela situação, como o responsável pela construção vai

provar que aquele não foi o equipamento usado durante a execução?

Na grande maioria das vezes, os instaladores não têm como provar, pois

não costumam fazer a verificação final nem o “as built” (conforme construído), que é

a revisão da documentação adequando-a ao que realmente foi feito na instalação

elétrica. Sem essa documentação detalhada o responsável poderá responder

criminalmente por algo que talvez outra pessoa realizou, pelo simples fato de não ter

como provar a maneira como a instalação foi entregue ao usuário. Neste caso trata-

se, principalmente, de uma segurança para quem construiu e também para o

usuário, pois, caso queira realizar uma reforma ou ampliação irá precisar do projeto

conforme o construído, visto que o custo para uma reforma ou ampliação geralmente

é maior que o devido, pois os profissionais perdem grande parte do tempo tentando

descobrir o real estado da instalação antes que o serviço se inicie. Trabalho que

poderia ser evitado se o usuário entregasse ao profissional o “as built” quando da

contratação.

Ainda de acordo com a NBR 5410/2004, existem duas recomendações a

serem seguidas a respeito da verificação (ABNT, 2004, p. 163).

A primeira trata da segurança de pessoas e animais e dos cuidados com

a propriedade, ou seja, durante a realização da inspeção e dos ensaios, precauções

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precisam ser tomadas para que se evitem danos e avarias a propriedade, bem como

acidentes com seres humanos e animais.

A outra recomendação define como devem ser tratados os casos de

reformas e/ou ampliações, os procedimentos a serem realizados a partir de uma

instalação pré-existente, exigem cuidados que devem ser tomados para se evitar

que a obra já pronta seja danificada de qualquer maneira. Ou seja, que os

procedimentos novos não anulem a segurança já existente e sim ampliem a

segurança dos usuários, dos animais e preservem a segurança do patrimônio.

6.2. PROCEDIMENTO DA VISTORIA

A NBR 5410/2004 em seu capítulo 7 traz formatação para inspeção da

instalação de baixa tensão, como procedimento final para qualquer instalação ou

mesmo reforma (extensão ou alteração), a qual deve ser inspecionada visualmente e

ensaiada (ABNT, 2004, p. 163).

Tal procedimento deve ser executado durante e/ou quando concluída a

instalação, antes de ser posta em serviço pelo usuário, para que seja verificada a

conformidade com as prescrições desta Norma.

Para que essa vistoria seja realizada, o profissional deverá ter em mãos

toda a documentação necessária, segundo item 6.1.8.1, da NBR5410/2004 (ABNT,

2004, p. 87).

A documentação da instalação BT que um projeto deverá conter são:

a) Plantas;

b) Esquemas (unifilares e outros que se façam necessários);

c) Detalhes de montagem, quando forem necessários;

d) Memorial descritivo da instalação

e) Especificação dos componentes (descrição sucinta do componente,

características nominais e normas a que deve atender);

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f) Parâmetro de projeto (corrente de curto-circuito, queda de tensão, fatores de

demanda, temperatura ambiente etc).

É imprescindível que uma instalação elétrica possua um projeto realizado

por uma pessoa qualificada e habilitada para tal, ou seja, profissionais que possuam

a conclusão do curso específico na área elétrica reconhecido pelo sistema oficial de

ensino.

A inspeção deve ser mais completa possível, para tanto se faz necessário

uma inspeção visual e alguns ensaios.

A verificação final, segundo Tamietti (2002, p. 39) consiste das seguintes

etapas:

Trabalhos de escritório, que consiste da analise de toda a documentação do

projeto conforme construído, “as built”, e

Trabalhos de campo, no local da instalação, que é subdividido em inspeção

visual e ensaios.

6.2.1. INSPEÇÃO VISUAL

Para Tamietti (2002, p. 40) inspeção visual pode ser descrita como a

análise de todos os documentos da instalação e da própria instalação, com o intuito

de verificar, sem que sejam feitos ensaios, se as condições de execução estão

corretas.

A inspeção visual que precede os ensaios deve ser realizada com a

instalação desenergizada e tem por finalidade confirmar se os componentes elétricos

permanentemente conectados estão em conformidade com as normas aplicáveis,

segundo a marca de conformidade, certificação ou termo de responsabilidade

emitido pelo fornecedor. Se foram selecionadas e instaladas corretamente e se não

há danos visíveis, capazes de restringir o funcionamento e assim comprometer a

segurança.

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Portanto, segundo Souza (2007, p. 104), o processo da verificação final

abrange um leque enorme de exames, que a melhor forma de resumi-los seria

dizendo que o responsável pela inspeção deve ter total conhecimento da norma.

Somente a experiência e conhecimento acumulados pelo inspetor serão capazes de

detectar e identificar possíveis irregularidades e equívocos cometidos durante a

execução.

A inspeção visual deve ser iniciada com o exame de toda a documentação

“as built” da instalação. Deve incluir no mínimo a verificação dos seguintes pontos,

segundo a NBR 5410/2004 (ABNT, 2004, p. 163):

a) Medidas de proteção contra choques elétricos por contato direto ou indireto

b) Medidas de proteção contra efeitos térmicos

c) Seleção e instalação das linhas elétricas

d) Escolha, ajuste e localização dos dispositivos de proteção

e) Presença dos dispositivos de seccionamento e comando, sua adequação e

localização

f) Adequação dos componentes e das medidas de proteção às condições de

influências externas existentes

g) Identificações dos componentes

h) Presença das instruções, sinalizações e advertências requeridas

i) Execução das conexões

j) Acessibilidade

Apresentar detalhadamente tudo o que deve ser inspecionado seria o

mesmo que transcrever aqui toda a norma, porém é importante ressaltar alguns

aspectos relativos a segurança dos usuários. A regra fundamental, apresentada pela

NBR5410/2004 para esse item, e que deve ser verificada durante a inspeção visual,

é que para produtos e instalações, de forma indistinta, todas as partes vivas

perigosas, não devem estar acessíveis, e partes condutivas acessíveis, também

chamadas de massas, não devem oferecer risco, tanto em condições normais

quanto nos casos em que por alguma falha possa torná-las acidentalmente vivas.

O profissional responsável pela verificação deve inspecionar a instalação

para assegurar que nenhum componente usado possa apresentar risco de incêndio,

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visando à segurança dos usuários bem como evitar danos e avarias aos demais

materiais da instalação. Deve-se fazer uma verificação do estado de conservação e

da seleção, do estado físico dos condutores e dos dispositivos de proteção. Devem

ser inspecionados, também, todos os contatos de modo a garantir se foram

devidamente apertados.

As emendas, conexões e derivações devem estar bem isoladas e dentro

de caixas, seja de passagem ou distribuição. Essas partes da instalação visam

garantir continuidade elétrica, suportabilidade e proteção mecânica adequada que

devem estar de acordo com o item 6.2.8 da NBR5410/2004 (ABNT, 2004, p. 87). O

isolamento de uma conexão nunca deve ser realizado dentro de eletrodutos ou

qualquer outra parte da instalação que não sejam caixas de passagem ou de

derivação. Todas as conexões devem estar acessíveis para verificações, ensaios e

manutenção. A montagem dos componentes em compartimentos ou invólucros não

deve dificultar o acesso a instalação o inspetor deve Verificar se os componentes,

incluindo as linhas elétricas, foram instalados visando facilitar sua operação,

inspeção, manutenção e o acesso a suas conexões.

Todas as caixas de passagem assim como as caixas de derivação

colocadas na parte externa da construção devem ser checadas com o objetivo de

assegurar que estejam com o grau de proteção correto, principalmente aquelas que

estão dispostas próximas a locais molhados, como piscinas e saunas, por exemplo.

Também se deve verificar se o quadro de distribuição, assim como os dispositivos

de comando, manobras e proteção estão devidamente identificados por placas,

etiquetas e outros meios de identificação, como as que alertam sobre substituições

indevidas das proteções, sobre a importância do dispositivo diferencial-residual (DR),

sobre as conexões de segurança que jamais devem ser removidas, sobre a

necessidade de testes periódicos do DR, etc., ou seja, segundo Souza (2007, p.

104) a inspeção deve se certificar de que os componentes da instalação estão

claramente identificados, que as advertências sobre os riscos foram apresentados e

que a obra está sendo entregue com toda a documentação devida incluindo, ainda,

um “manual do usuário”, de forma a garantir que aquele que venha a utilizar essa

instalação tenha total conhecimento daquilo que adquiriu.

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6.2.2. ENSAIOS

Consistem em medições e outras operações efetuadas na instalação, com

a devida aparelhagem, com o objetivo de atestar sua eficiência. A NBR5410/2004

em seu item 6.3 (ABNT, 2004, p. 125) relaciona todos aqueles a que a instalação

deve ser submetida, bem como a seqüência da realização.

A seqüência dos ensaios segue uma ordem lógica devido aos aspectos de

segurança envolvidos. Não é a toa, segundo Souza (2007, p. 104), que os ensaios

que devem ser realizados com a instalação desenergizada precedem aqueles que

exigem alimentação. Portanto os ensaios aqui apresentados seguirão, também, a

ordem cronológica apresentada pela norma.

6.2.2.1. Continuidade dos condutores de proteção e das equipotencializações

principal e suplementar

Esse ensaio visa garantir que todo o sistema de aterramento (Figura 01)

esteja interligado e que possui continuidade. Devem ser realizadas medições em

toda a extensão da instalação verificando a continuidade dos condutores de

aterramento, a conexão com o eletroduto de aterramento e a interligação dos pontos

de tomada. Para isso pode-se usar uma fonte de tensão, CA ou CC, entre 4 e 24V a

vazio, com uma corrente mínima de 02A (Figura 02).

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Figura 1 - Componentes a considerar em um ensaio de continuidade dos condutores de proteção (TAMIETTI,

2002).

Figura 2 - Ensaio de continuidade com multímetro e corrente inferior a 02A (TAMIETTI, 2002).

Outra forma de se verificar a continuidade dos condutores de proteção é

conectando, no quadro de distribuição, uma das fases ou o neutro ao terminal de

terra e fazendo a verificação, em cada tomada e equipamento de utilização fixo,

entre o terminal de terra e a fase ou neutro (Figura 03).

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Figura 3 – Exemplo de ensaio de continuidade (TAMIETTI, 2002).

6.2.2.2. Resistência de isolamento da instalação elétrica

A resistência de isolamento é, segundo Tamietti (2002, p. 51) o valor da

resistência elétrica em condições especificadas entre duas partes condutoras

separadas por materiais isolantes.

O objetivo do ensaio é verificar se a resistência de isolamento, em cada

circuito da instalação elétrica, atende a valores mínimos exigidos pela norma,

conforme Tabela II.

O ensaio deve ser realizado com um instrumento que forneça a tensão

apresentada na Tabela II e forneça uma corrente de 1 mA, as medições, em CC,

devem ser realizadas entre os condutores vivos (fase-neutro/fase-fase) tomados dois

a dois e entre cada condutor vivo e o terra. Esse procedimento só pode ser realizado

com os equipamentos de utilização desconectados para que não ocorra influência

na medição. Para circuitos que possuam equipamentos eletrônicos o ensaio deve

ser realizado interligando a terra de um lado e todos os outros condutores fase e

neutro do outro lado para evitar que esses dispositivos sejam danificados.

A resistência de isolamento será considerada satisfatória se nenhum dos

valores obtidos for inferior aos valores mínimos indicados na Tabela II.

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Tabela II - Valores mínimos da resistência de isolamento.

Tensão Nominal do Circuito (V) Tensão de Ensaio (Vcc)

Resistência de Isolamento (MΩ)

SELV e extra baixa tensão funcional, quando o circuito for alimentado por um transformador de segurança e atender aos requisitos de 5.1.2.5.4*

250 ≥0,25

Até 500 V, inclusive, com exceção do caso acima 500 ≥0,5 Acima de 500 V 1000 ≥1,0

*Circuitos SELV4 e PELV5; a separação de proteção entre as partes vivas dos circuitos SELV e PELV e partes vivas dos outros circuitos, deve ser assegurada por:

i. Isolação dupla ou reforçada, dimensionada para a tensão mais elevada presente;

ii. Isolação básica e blindagem de proteção, também dimensionada para tensão mais elevada presente

6.2.2.3. Resistência elétrica das partes da instalação ou separação elétrica

A isolação básica e a separação de proteção implícitas no uso de SELV ou

PELV e no uso da separação elétrica individual devem ser verificadas pela medição

da resistência de isolamento.

Com os equipamentos de utilização, sempre que possível, conectados, os

valores obtidos devem estar de acordo com a Tabela II. alem disso, segundo

Tamietti (2002), deve-se aplicar, também, um ensaio de tensão aplicada, que será

descrito posteriormente no item 6.2.2.5, utilizando como parâmetro os valores da

quarta coluna, isolação reforçada, apresentada na Tabela VI.

Esses ensaios devem ser adotados, segundo Tamietti (2002), somente

quando algum dos dois métodos de proteção for aplicado. Quando não existir na

instalação nenhum circuito com separação elétrica ou se não foi utilizado o conceito

de paredes e pisos isolantes, não existe a necessidade de realização destes

métodos.

4 SELV (do inglês “separated extra-low voltage”): Sistema de extrabaixa tensão que é eletricamente separado da terra, de outros sistemas e de tal modo que a ocorrência de uma única falta não resulta em risco de choque elétrico. 5 PELV (do inglês “protected extra-low voltage”): Sistema de extrabaixa tensão que não é eletricamente separado da terra, mas que preenche, de modo equivalente, todos os requisitos de um SELV.

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6.2.2.4. Seccionamento automático da alimentação

Esses ensaios buscam verificar a proteção contra contatos indiretos por

seccionamento automático da alimentação e dependem do tipo de esquema usado

para o aterramento.

6.2.2.4.1. Esquema TN

Método da medição da impedância do percurso da corrente de falta. Para

a medição dessa impedância, deve-se usar a frequência nominal do circuito. No

anexo K, da NBR 5410/2004 (ABNT, 2004, p. 204), são apresentados dois métodos

para a realização da medição, o método K1 e o K2.

O objetivo desse ensaio é de verificar a conformidade com a seguinte

relação:

Onde:

ZS – impedância do percurso da corrente de falta Ia – corrente que assegura a atuação do dispositivo de proteção num determinado tempo, conforme Tabela III U0 – tensão entre fase e neutro

No método K1 é aplicada uma carga resistiva no circuito e em seguida

retirada. A tensão medida, juntamente com a corrente aplicada são substituídas na

seguinte formula, resultando na impedância.

Onde:

ZS – impedância do percurso da corrente de falta U1 – tensão medida sem carga U2 – tensão medida com carga

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IR – corrente na carga

Figura 4 – Medição da impedância do percurso da corrente de falta por meio da queda de tensão (NBR

5410/2004).

No método K2 o ensaio deve ser realizado com a alimentação normal

desconectada e o terminal primário do transformador curto-circuitado. Utilizando uma

fonte separada para alimentar o circuito, a impedância é obtida pela seguinte

fórmula:

Onde:

ZS – impedância do percurso da corrente de falta. U – tensão medida. I – corrente medida

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Figura 5 - Medição da impedância do percurso da corrente de falta por meio de fonte separada (NBR

5410/2004).

Tabela III - Tempos de seccionamento máximos no esquema TN.

U0 (V) Tempo de seccionamento (s)

Situação 1 Situação 2

115, 120, 127 0,8 0,35 220 0,4 0,20 254 0,4 0,20 277 0,4 0,20 400 0,2 0,05

NOTAS: 1 Uo é a tensão nominal entre fase e neutro, valor eficaz em corrente alternada.

Os ensaios anteriormente apresentados para a medição da impedância do

percurso da corrente de falta são esquemas relativamente simples, versáteis e

práticos, que servem para verificação da proteção contra choques elétricos por

seccionamento automático tanto dos esquemas TN quanto para esquemas TT,

porém, uma forma alternativa para se obter a impedância, em esquemas TN quando

é usado dispositivo a sobrecorrente para a proteção por seccionamento automático,

é medir a resistência dos condutores de proteção.

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Essa alternativa de medição, tão ou mais simples que a anterior, é

devidamente reconhecida pela NBR 5410, desde que obedecidas às seguintes

condições. A seção do condutor de proteção (PE) não deve ser superior a 95 mm²,

em cobre, e não podem existir elementos ferromagnéticos interpostos, o que permite

desconsiderar a reatância, e o condutor de proteção esteja incorporado à linha onde

estão os condutores de fase.

A simplicidade desse ensaio se torna mais evidente quando posto no

campo das instalações elétricas residenciais e análogas, visto que nesse tipo de

instalação, de forma geral, não apresentam condutores de seção grande. O condutor

de proteção é, na maioria das vezes, do mesmo tipo que os condutores vivos e os

acompanha, por exigência da norma, por todo o percurso sem a interposição de

elementos ferromagnéticos. Por conseqüência, devido ao fato de as seções serem

pequenas, o condutor de proteção terá a mesma seção dos condutores de fase,

portanto pode-se ignorar a reatância.

O ensaio consiste na medição da resistência do condutor de proteção

entre qualquer ponto de utilização e o barramento de equipotencialização principal

(BEP). Geralmente, em grande parte dos casos, essa medição será feita entre a

terminação fase e terra do ponto de utilização e a barra PE do quadro de distribuição

principal, isso se realmente o arranjo na entrada da instalação for igual ao BEP na

ocorrência de faltas à massa no interior da instalação, ou para os casos em que a

barra PE do quadro também acumular a função de BEP.

A medição da resistência do condutor de proteção deve ser feita, pelo

menos, nos pontos em que a condição para o atendimento da regra do

seccionamento automático seja a mais crítica, circuito por circuito. Como a

resistência será máxima nos pontos mais distantes dos circuitos, são esses os

pontos a serem verificados, no mínimo.

O ensaio deve ser realizado inicialmente com a instalação totalmente

desenergizada e o neutro seccionado. Interliga-se temporariamente fase e PE no

quadro de distribuição principal, considerando que a barra PE do quadro de

distribuição principal e o BEP são física ou eletricamente a mesma coisa. O

instrumento de medição é conectado entre fase e PE do ponto onde será feita a

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verificação (Figura 06). O valor obtido é a combinação da resistência do condutor de

fase e de proteção, ou seja, é a soma RL + RPE, que não pode ser superior ao

apresentado na Tabela IV, em função da corrente nominal e do tipo de curva do

disjuntor (C ou B).

Figura 6- Exemplo de medição da resistência do condutor de proteção de um circuito terminal de tomadas de

corrente (TAMIETTI, 2002).

Tabela IV - Valores máximos de (RL + RPE), em ohms, para circuitos protegidos por minidisjuntores.

Corrente nominal do disjuntor In (A)

Tensão nominal fase-neutro da instalação U0 = 127 V U0 = 220 v

Minidisjuntor tipo (1) B C B C

6 2,26 1,13 3,91 1,96 10 1,35 0,68 2,35 1,17 13 1,04 0,52 1,81 0,90 16 0,85 0,42 1,47 0,73 20 0,68 0,34 1,17 0,59 25 0,54 0,27 0,94 0,47 32 0,42 0,21 0,73 0,37 40 0,34 0,17 0,59 0,29 50 0,27 0,14 0,47 0,23

(1) Minidisjuntor conforme NBR IEC 60898.

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Outra possibilidade para a obtenção dessa resistência é utilizando um

condutor auxiliar, longo o bastante para cobrir a distancia entre o BEP, ou o quadro

de distribuição principal, e os pontos de medição.

Antes do inicio do ensaio, deve-se obter a resistência do condutor auxiliar

(RA) conectando o instrumento as extremidades do mesmo. Este valor deve ser

guardado. Em seguida, mantendo uma das extremidades do condutor auxiliar

conectada ao BEP ou a barra PE do quadro de distribuição principal, são feitas as

medições as medições nos pontos de interesse, mantendo sempre a outra

extremidade desse condutor sempre a mão, deve se conectar um dos terminais do

instrumento ao PE que será ensaiado e o outro à extremidade livre do condutor

auxiliar. O valor da resistência do condutor de proteção é obtido da seguinte forma:

Onde:

RPE – resistência do condutor de proteção. R – resistência medida. RA – resistência do condutor auxiliar.

O valor obtido para RPE não deve exceder aquele apresentado pela Tabela

V, em função do disjuntor do circuito.

Tabela V - Valores máximos de RPE, em ohms(1), para circuitos protegidos por minidisjuntores.

Corrente nominal do disjuntor In (A)

Tensão nominal fase-neutro da instalação U0 = 127 V U0 = 220 v

Minidisjuntor tipo (2) B C B C

6 1,13 0,56 1,96 0,98 10 0,68 0,34 1,17 0,59 13 0,52 0,26 0,90 0,45 16 0,42 0,21 0,73 0,37 20 0,34 0,17 0,59 0,29 25 0,27 0,14 0,47 0,23 32 0,21 0,11 0,37 0,18 40 0,17 0,08 0,29 0,15 50 0,14 0,07 0,23 0,12

(1) Valores válidos quando o condutor de proteção é do mesmo tipo, tem a mesma seção e o mesmo comprimento do condutor de fase. Se for do mesmo tipo e do

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mesmo comprimento, mas de seção diferente, multiplique os valores pelo fator p abaixo. Se for do mesmo tipo e mesma seção, mas de comprimento diferente, multiplique os valores pelo fator q abaixo.

Onde: SL – seção do condutor de fase; SPE – seção do condutor de proteção

– comprimento do condutor de proteção – comprimento do condutor de faze

(2) Minidisjuntores conforme NBR IEC 60898.

Para o esquema TN deve ser feita, também, a verificação das

características do dispositivo de proteção através de inspeção visual e, para caso de

utilização de DR, deve ser feito o ensaio de funcionamento do dispositivo

pressionado o botão de teste do DR e verificando sua atuação. A NBR 5410/2004

apresenta no anexo H, três métodos que podem ser usados para a verificação de

dispositivos DR (ABNT, 2004, p. 200).

O primeiro método (Figura 7) utiliza uma resistência variável RP conectada

na parte inferior do DR, entre um condutor vivo e a terra. A corrente diferencial-

residual I∆ é aumentada reduzindo-se o valor de RP. O disparo do dispositivo deverá

ocorrer para uma corrente I∆ menor que a corrente diferencial-residual de atuação

I∆n.

Este método pode ser usado para os esquemas TN-S, TT e IT, para

esquemas IT, durante o ensaio, pode ser necessário a conexão de um ponto de

alimentação diretamente à terra para que o DR atue.

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Figura 7– Método com resistência variável conectada a jusante do DR. (NBR 5410/2004)

O segundo método apresentado (Figura 8) utiliza uma resistência variável

conectada entre um condutor vivo antes do DR e outro conector vivo depois do DR.

Sua corrente é aumentada com a redução de RP. O DR é disparado quando surgir

uma corrente I∆ menor que a corrente diferencial-residual de atuação I∆n. para a

realização desse ensaio a carga deve estar desconectada.

O método pode ser usado para esquemas TN-S, TT e IT.

Figura 8 - Método com resistência variável conectada a montante e a jusante do DR.

O terceiro método (Figura 9) utiliza um eletroduto auxiliar e a corrente é

aumentada pela redução de RP. A tensão U entre a massa e o eletrodo auxiliar

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assim como a corrente I∆, inferior a I∆n, sob a qual o DR dispara devem ser

medidas.

A condição seguinte deve ser atendida:

Onde: UL – tensão de contato limite.

Figura 9 – Método utilizando eletrodo auxiliar.

6.2.2.4.2. Esquema TT

Medição da resistência de aterramento das massas da instalação. Neste

caso é necessário usar um dos dois métodos descritos no anexo J da NBR

5410/2004, porém, para o caso dessa pratica não estar disponível, o método da

medição da impedância do percurso da corrente de falta pode ser aplicado (ABNT,

2004, p. 2002).

No primeiro método (Figura 10), uma corrente alternada de valor constante

circula pelo eletrodo de aterramento que está sendo ensaiado (T) e o eletrodo

auxiliar (T1). O eletrodo T1 deve estar colocado a uma distancia tal de T que não

exista influência mútua entre os eletrodos.

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Um segundo eletrodo auxiliar (T2), que pode ser uma pequena haste

metálica cravada no solo, é aplicado na metade do caminho entre T e T1. Mede-se a

queda de tensão entre T e T2.

Presumindo-se que não exista influencia mútua entre os eletrodos, a

resistência de aterramento do eletrodo T será igual a tensão entre T e T2 dividida

pela corrente entre T e T1.

Para verificar, se o valor obtido para a resistência de aterramento está

correto, outras duas medições devem ser feitas. A primeira deslocando o eletrodo T2

cerca de 6 m na direção de T e a segunda 6m na direção de T1. Se os resultados

obtidos forem semelhantes, o resultado a ser tomado como valor para a resistência

de aterramento deve ser a media das três medidas. Caso contrário, o ensaio deve

ser refeito com uma distancia maior entre os eletrodos T e T1.

Figura 10– Medição da resistência de aterramento (NBR 5410/2004).

O segundo método apresentado também é realizado com a utilização de

dois eletrodos auxiliares, porém neste caso não existe a necessidade de

alinhamento entre os eletrodos. A corrente a ser injetada deve ser compatível com

uma tensão de ensaio máxima de 50 V.

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Injeta-se corrente entre T1 e T2, a corrente injetada e a tensão aplicada

são medidas e calcula-se a soma das resistências de T1 e T2, pela seguinte fórmula:

Onde:

R1 – resistência de aterramento do eletrodo auxiliar T1 R2 – resistência de aterramento do eletrodo auxiliar T2 U1-2 – tensão aplicada entre os eletrodos T1 e T2 I – corrente injetada

Em seguida injeta-se corrente entre T e T1 e, tomando T2 como

referencia, medem-se as tensões entre T e T2 e entre T1 e T2. Com os valores

medidos para a tensão e para a corrente, calcula-se:

Onde:

R0 – resistência de aterramento do eletrodo sendo ensaiado T R’1 – resistência de aterramento do eletrodo auxiliar T1 U0-2 – tensão aplicada entre os eletrodos T e T2 U1-2 – tensão aplicada entre os eletrodos T1 e T2 I – corrente injetada

Agora, tomando como referencia T1, injeta-se corrente entre T e T2 e

medem-se as tensões entre T e T1 e entre T2 e T1, e de maneira análoga a

realizada anteriormente, tem-se:

Onde:

R’0 – resistência de aterramento do eletrodo sendo ensaiado T R’2 – resistência do eletrodo auxiliar T2 U0-1 – tensão aplicada entre os eletrodos T e T1 U2-1 – tensão aplicada entre os eletrodos T2 e T1 I – corrente injetada

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Comparando os valores de resistência obtidos para o eletrodo sob ensaio

T (R0 e R’0), bem como a soma das resistências de T1 e T2 obtidas inicialmente

com a soma das resistências calculadas individualmente para T1 e T2 (R’1 + R’2).

Se os valores observados apresentarem semelhança entre eles, os valores obtidos

podem ser tomados como válidos caso contrário novas medições devem ser

realizadas com a distância entre os eletrodos aumentada.

Se esse ensaio estiver sendo realizado à freqüência industrial, deve-se

isolar a fonte utilizada do sistema de distribuição e a impedância interna do

voltímetro utilizado deve ser de no mínimo 200 Ω/V.

Para o esquema TT, da mesma forma que no esquema TN, existe a

necessidade da inspeção visual e de ensaios de funcionamento em dispositivos DR.

6.2.2.4.3. Esquema IT

Neste método de aterramento deve ser feito ensaio para a verificação da

proteção por equipotencialização e seccionamento automático da alimentação. Essa

verificação deve abranger:

A corrente de primeira falta, que deve ser determinada através de calculo

ou medição, e torna-se desnecessária se todas as massas da instalação estiverem

ligadas ao eletrodo de aterramento da alimentação. A medição, por sua vez, só

torna-se necessária caso não seja possível a realização do calculo, devido ao

desconhecimento dos parâmetros envolvidos. Durante a realização deste processo,

devem ser tomadas precauções para se evitar os perigos decorrentes de uma dupla

falta.

O atendimento as prescrições referentes à situação de dupla falta. A

verificação dessas condições pode recair em duas possibilidades:

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(a) Quando da ocorrência de uma dupla falta, o circuito se tornar um circuito

do tipo TN, as verificações devem seguir os procedimentos adotados para

essa configuração.

(b) Se pela segunda falta o circuito se transformar em TT, os ensaios devem

seguir os procedimentos para essa configuração, descritas anteriormente.

6.2.2.5. Ensaio de tensão aplicada

Aplica-se uma tensão de ensaio, substancialmente senoidal com a

freqüência de operação do sistema. Não devem ocorrer arcos ou disrupções em

qualquer ponto da instalação. Os valores de tensão a serem aplicados devem ser

aqueles indicados nas normas aplicáveis ao conjunto ou montagem, como se fosse

um conjunto de fabrica.

A tensão de ensaio, aplicada entre os condutores vivos e a massa, não

deve exceder os 50% da tensão indicada na Tabela VI, no instante em que for

aplicada. Deve-se aumentar esta tensão, progressivamente, para que a mesma

atinja 100% ao final de 10s, e deve assim ser mantida por um minuto. A fonte deve

ser capaz de manter a tensão de ensaio.

Tabela VI - Valores da tensão de ensaio.

U (V eficaz) * Isolação básica Isolação suplementar Isolação reforçada

50 500 500 750 133 1000 1000 1750 230 1500 1500 2750 400 2000 2000 3750 690 2750 2750 4500

1000 3500 3500 5500 * Tensão entre fase e neutro em esquemas TN e TT; tensão entre fases em

esquema IT.

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6.2.2.6. Ensaios de funcionamento

É o ensaio mais realizado e verifica a instalação quanto a montagens de

quadros elétricos, o funcionamento de todas as tomadas, interruptores, lâmpadas e

dispositivos de proteção. Os DR’s, sempre que necessário, devem também ser

testados.

Neste ensaio também se deve percorrer toda a instalação elétrica ,

realizando diversas manobras, segundo Tamietti (2002), por amostragem, com o

objetivo de verificar se o conjunto está montado de forma correta, adequadamente

ajustado e instalado de acordo com o que diz a norma NBR5410/2004. Durante esse

processo deve ser feita, também, a verificação de sinalização e identificação dos

circuitos.

7. ASPECTOS LEGAIS DE UMA VISTORIA EM INSTALAÇÃO ELÉTRICA DE

BAIXA TENSÃO

A inspeção garante o efetivo funcionamento da instalação elétrica e ao,

mesmo tempo, traz elementos que poderão dar garantia ao usuário quanto à

qualidade da mesma.

A legislação, por outro lado, garante àquele que teve seu direito

ameaçado ou lesado, o acesso à justiça, segundo ao inciso XXXV, do art. 5º, da

Constituição Federal de 1988: “Art. 5º: (...) XXXV - a lei não excluirá da apreciação

do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito” (BRASIL, 1988).

De forma mais específica a ANEEL6, agência reguladora da geração,

transmissão e distribuição de energia elétrica, traz a normativa necessária a

inspeções às edificações, além de critérios que devem ser observados para a

regular e eficiente vistoria.

6 ANEEL: Agência Nacional de Energia Elétrica, autarquia especial que tem por finalidade regular e fiscalizar a produção, transmissão, distribuição e comercialização de energia elétrica, criada pela Lei nº 9.427 de 26 de dezembro de 1996.

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De tal forma, do que já foi aventado, no início do trabalho, a não realização

do projeto e da execução da instalação elétrica BT, segundo a NBR 5410/04,

acarretará aos executores, a responsabilidade civil e até criminal (ABNT, 2004).

A responsabilidade civil tanto pode ser por ação quanto por omissão do

executor, nos termos dos artigos 186 e no artigo 924 do Código Civil Brasileiro tem-

se sobre a obrigatoriedade de reparação (BRASIL, 2002):

Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.

Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo.

Se não bastasse o artigo 942, da mesma lei, assegura que os danos serão

ressarcidos pelos bens do responsável (BRASIL, 2002):

Art. 942. Os bens do responsável pela ofensa ou violação do direito de outrem ficam sujeitos à reparação do dano causado; e, se a ofensa tiver mais de um autor, todos responderão solidariamente pela reparação.

A segurança do usuário também está assegurada constitucionalmente,

pelo inciso V, do artigo 170 da CC/88, a aplicação do Código de Defesa do

Consumidor, lei onde é tratado como consumidor todo aquele que é vítima de um

determinado evento (art.17) e o responsável ou responsáveis listados nos termos do

artigo 12 tem obrigação de responder (BRASIL, 1990):

Art. 12 - O fabricante, o produtor, o construtor, nacional ou estrangeiro, e o importador respondem, independentemente da existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos decorrentes de projeto, fabricação, construção, montagem, fórmulas, manipulação, apresentação ou acondicionamento de seus produtos, bem como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua utilização e riscos.

A qualidade dos componentes das instalações elétricas BT exigida pela

NBR 5410/2004 também tem respaldo no Código de Defesa do Consumidor, pois os

parágrafos 1º ao 2º e incisos, do artigo acima apresentam argumentos para defesa

da vítima, não sendo culpado se conseguir provar inocência, nos termos do

parágrafo terceiro e incisos (BRASIL 1990):

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Art. 12 (...) § 1º - O produto é defeituoso quando não oferece a segurança que dele legitimamente se espera, levando-se em consideração as circunstâncias relevantes, entre as quais: I - sua apresentação; II - o uso e os riscos que razoavelmente dele se esperam; III - a época em que foi colocado em circulação. § 2º - O produto não é considerado defeituoso pelo fato de outro de melhor qualidade ter sido colocado no mercado. (...) § 3º - O fabricante, o construtor, o produtor ou importador só não será responsabilizado quando provar: I - que não colocou o produto no mercado; II - que embora haja colocado o produto no mercado, o defeito inexiste; III - a culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro.

Nesta cadeia de responsabilidade caberá, nos termos dos artigos 13 e 14,

do Código de Defesa do Consumidor, respectivamente, a culpabilidade também aos

comerciantes e fornecedores (BRASIL, 1990):

Art. 13 - O comerciante é igualmente responsável, nos termos do artigo anterior, quando: I - o fabricante, o construtor, o produtor ou o importador não puderem ser identificados; II - o produto for fornecido sem identificação clara do seu fabricante, produtor, construtor ou importador; III - não conservar adequadamente os produtos perecíveis. Parágrafo único - Aquele que efetivar o pagamento ao prejudicado poderá exercer o direito de regresso contra os demais responsáveis, segundo sua participação na causação do evento danoso. Art. 14 - O fornecedor de serviços responde, independentemente da existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos relativos à prestação dos serviços, bem como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua fruição e riscos. § 1º - O serviço é defeituoso quando não fornece a segurança que o consumidor dele pode esperar, levando-se em consideração as circunstâncias relevantes, entre as quais: I - o modo de seu fornecimento; II - o resultado e os riscos que razoavelmente dele se esperam; III - a época em que foi fornecido. § 2º - O serviço não é considerado defeituoso pela adoção de novas técnicas. § 3º - O fornecedor de serviços só não será responsabilizado quando provar: I - que, tendo prestado o serviço, o defeito inexiste; II - a culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro. § 4º - A responsabilidade pessoal dos profissionais liberais será apurada mediante a verificação de culpa.

No rol de responsabilidades deve-se agregar uma ampliação porque é

possível estender para a defesa do meio ambiente, quando se trata, por exemplo,

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em dano material a bens patrimoniais culturais, nos termos do inciso VI, do artigo

170 da CF/88 (BRASIL, 1988):

Art. 170 - A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social, observados os seguintes princípios: (...) VI - defesa do meio ambiente, inclusive mediante tratamento diferenciado conforme o impacto ambiental dos produtos e serviços e de seus processos de elaboração e prestação;

Como se pode verificar, a responsabilidade de um projeto bem feito e

exemplar execução é garantia de qualidade para usuários e executores.

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8. CONCLUSÃO

O objetivo buscado na produção deste trabalho era o de mostrar que a

norma brasileira de instalações elétricas de baixa tensão, a NBR 5410/2004

apresenta um conjunto de regras e prescrições que permitem ao profissional e ao

contratante, fazer uma inspeção final na instalação seja ela uma reforma, construção

ou ate uma simples manutenção, antes de ser colocada definitivamente em

utilização. Essa verificação busca garantir ao usuário a certeza de que a instalação

elétrica possui as mínimas condições de qualidade, evitando que estes se tornem

vitimas de condições inseguras.

A certificação que serviria para melhorar a qualidade de vida de todos

esbarra, infelizmente, na burocracia e na ignorância de muitos. A inspeção das

instalações elétricas é um mercado amplo e ainda pouco explorado, porem, esse

panorama dificilmente será alterado por aqui, enquanto a mentalidade brasileira não

mudar. Oposto a isto vem ocorrendo em países como França, Suíça, Estados

Unidos, Inglaterra, entre outros, que já possuem regras legais para a execução de

instalações elétricas. Em Portugal, país usado como referência na criação da

CERTIEL Brasil, o processo de certificação é obrigatório e foi criado pelo Estado

Português, pelo Ministério da Economia da Inovação e do Desenvolvimento,

cabendo o trabalho de fiscalização à Direção Geral de Energia e Geologia desse

ministério. Caso não possua o certificado de exploração, a instalação fica proibida de

ser ligada a rede elétrica de distribuição (FISUEL, 2010).

Até hoje, em Portugal, mais de um milhão de instalações, tanto novas

quanto remodeladas, já foram certificadas, enquanto no Brasil, até o mês de junho

de 2010, a CERTIEL Brasil emitiu apenas duas certificações voluntarias, mas espera

emitir, até o final do primeiro ano de atuação, cerca duas mil certificações, tomando

como base a primeira entregue no mês de dezembro de 2009. Vale lembrar, que as

certificações são emitidas por instalação, ou seja, em um prédio comercial, onde se

encontram diferentes empresas, cada uma pode solicitar a certificação de forma

independente (FISUEL, 2010).

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O processo de certificação de uma instalação elétrica no Brasil ainda

esbarra na “cultura do mais barato”, como no caso relatado no portal do Programa

Casa Segura (2010), onde um eletricista ao ser chamado para verificar problemas

que vinham ocorrendo nas tomadas de uma lavanderia identificou um curto-circuito.

Ao realizar uma checagem mais apurada da instalação, o mesmo observou que o

circuito da lavadora se misturava a outros circuitos da residência e, para piorar, os

fios usados não eram os adequados para aquela situação. Ao informar a proprietária

do problema e explicar que o melhor a fazer era separar o circuito da tomada da

secadora e adequar a fiação, conforme a norma NBR 5410/2004, o funcionário ouviu

a seguinte resposta:

“Já faz anos que esta tomada está assim, só troque os fios (...). O senhor está aqui apenas para fazer o que te solicitamos. E se a casa pegar fogo, nosso seguro paga tudo!” (PROGRAMA CASA SEGURA, 2010)

Felizmente nem todos compactuam desse pensamento, um bom exemplo

é o do físico Délcio Rodrigues. No intervalo de apenas uma semana ocorreram duas

panes na instalação elétrica, em ambos os casos o problema foi o dimensionamento

incorreto dos disjuntores. Pensando na segurança e também em reduzir o consumo

de energia de sua residência, o proprietário consultou um engenheiro com o objetivo

de realizar uma vistoria nas instalações elétricas. Além do problema de

dimensionamento dos disjuntores, outros problemas foram encontrados como fiação

fora do padrão exigido por norma, isolamentos ruins, cabos velhos e ressecados,

enfim, uma serie de fatores que tornavam a instalação obsoleta e perigosa. Além

disso, o proprietário não possuía nenhuma documentação do projeto original, muito

menos o “as built”, o que dificultou ainda mais o trabalho dos profissionais

responsáveis pela reforma. Apesar dos inconvenientes da obra e dos custos, Délcio

afirma que a decisão foi a mais correta e que certamente lhe trará muitos benefícios,

pois alem da certeza de viver em um local seguro, existe a expectativa de uma

redução em torno de 20% no consumo de energia da residência (PROGRAMA

CASA SEGURA, 2010).

A busca por uma certificação compulsória, regulamentada por um

organismo inspetor, determinado pela ANEEL, baseada na NBR 5410/2004, mais

especificamente no disposto em seu capítulo 7 onde trata da verificação final, faz

com que aumente a esperança de se reduzir de forma considerável o numero de

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acidentes causados por imprudência de profissionais. Porem, na ocasião em que

essa medida foi proposta, a ANEEL respondeu que não era responsável pelas

instalações realizadas do portão para dentro, e por esse motivo não pode se

responsabilizar pela qualidade das instalações elétricas (FISUEL, 2010).

Como alternativa a essa atitude da ANEEL, algumas iniciativas, como Leis

municipais, vêm sendo praticadas em alguns lugares como Curitiba (Lei nº 11095 de

21 de julho de 2004), Fortaleza, Belo Horizonte, São Caetano do Sul e Ribeirão

Preto, as quais exigem a inspeção das instalações elétricas alem da implementação

da norma técnica para instalações de baixa tensão. Recentemente, na cidade do Rio

de Janeiro foi criado o projeto de Lei nº 713/2010, que institui o programa “Edifício

Seguro”, que dispõe sobre a inspeção preventiva e periódica das instalações

elétricas das edificações com mais de dez anos de uso. A lei se aplica tanto a

instalações residenciais, quanto as comerciais, industriais e de serviço, de natureza

publica ou privada.

Outra medida, tomada pelo Corpo de Bombeiros do Estado de São Paulo

na tentativa de se iniciar a fiscalização das instalações elétricas, chamada Instrução

Técnica nº 41, ou simplesmente IT-41, já passou por consulta publica e está sendo

revisada. Com sua entrada em vigor, o Corpo de Bombeiros passará a realizar

inspeções visuais nas instalacoes elétricas com o objetivo de encontrar possíveis

defeitos. Caso encontrem alguma situação que não esteja em conformidade com a

norma, os responbsaveis terão até seis meses para adequarem suas instalações.

Após esse praze começam a ser punidos. A IT-41 abrange todas as construções

novas no Estado de São Paulo, porém não inclui as habitações unifamiliares.

(CERTIEL, 2010)

Essa medida vem sendo bastante discutida, pois muitos profissionais

questionam o papel dos bombeiros como inspetores, pois alegam que estes não

possuem a formação especifica, exigida pela norma NBR 5410/2004, para

realização deste trabalho. Apesar da polemica a medida representa mais um

pequeno passo rumo à certificação compulsória no Brasil (FISUEL, 2010).

O trabalho é uma síntese da norma NBR 5410/2004, e como toda norma

da ABNT sua implementação em uma instalação elétrica de baixa tensão possui

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caráter obrigatório, assim como o código de defesa do consumidor e outros meios

que visam à segurança de todos.

Os caminhos apresentados neste documento quando aplicados em todas

as etapas de construção da instalação elétrica e no momento da entrega podem

contribuir para que os riscos causados pelo uso incorreto da energia elétrica sejam

substancialmente reduzidos.

Alem da norma técnica NBR 5410/2004, a Norma Regulamentadora nº 10,

ou simplesmente NR 10, que trata da segurança em instalações elétricas e serviços

em eletricidade, também deve ser aplicada um uma obra com o objetivo de se

reduzir os riscos de acidentes. Em anexo apresento uma lista, elaborada pelo

Engenheiro Edson Martinho (2007), dos itens mínimos que devem ser verificados em

uma instalação elétrica de baixa tensão.

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ANEXO A

Verificando uma instalação elétrica. (MARTINHO 2007)

1) Verifique se há um projeto da instalação elétrica ou reforma de acordo com o

que foi instalado.

2) Caixas de ligação devem estar sempre tampadas.

3) Os produtos e dispositivos de proteção (Disjuntores, Fios e Cabos,Reatores e

Lâmpadas Fluorescentes, Interruptores e tomadas) devem possuir o selo do

INMETRO

4) As emendas dos fios e cabos não podem estar dentro de eletrodutos, ou seja,

devem estar sempre dentro das caixas de passagens, e devem estar bem isoladas.

5) As tomadas devem ser do tipo com contato de aterramento, ou seja, 2 pólos e

terra.

6) O fio terra deve estar instalado em todas as tomadas e pontos de iluminação

e deve ser com capa nas cores verde e amarelo, ou simplesmente verde.

7) Os circuitos de iluminação não devem estar junto com os circuitos que

atendam tomadas, somente em casos especiais – Verifique as restrições na norma

NBR5410/04

8) Os circuitos de iluminação devem ser instalados com fio de seção maior ou

igual a 1,5mm2.

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9) Os circuitos de tomadas de uso geral devem ser instalados com fio de seção

maior ou igual a 2,5mm2.

10) Tem que haver pelo menos 1 (um) DR – Dispositivo Diferencial Residual – de

30mA instalado no quadro de distribuição, porém o ideal é consultar a NBR

5410/2004 para verificar as exigências sobre este dispositivo.

11) Verifique se algum condutor neutro foi usado como condutor de proteção (fio

terra) e em caso positivo elimine-o.

12) Os eletrodutos devem possuir folga de aproximadamente 50% em seu

interior.

13) O quadro de distribuição deve possuir proteção para que os usuários não

tenham acesso as partes vivas.

14) O Quadro de distribuição não deve ser de material combustível como

madeira, por exemplo, e deve ser identificado na parte externa.

15) O quadro deve estar localizado longe de áreas molhadas (Box), fonte de gás,

e tem que estar desobstruído para fácil acesso.

16) Os dispositivos de proteção (Disjuntores, Fusíveis, Dr) devem possuir

identificação para que o usuário identifique a que circuito cada proteção pertence.

17) A cor do fio neutro deve ser sempre azul clara.

18) Teste o DR acionando o botão de teste. Este deve interromper a passagem

da corrente elétrica e poder ser rearmado sem problemas.

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19) Verifique a continuidade do Condutor de proteção (Fio terra) medindo com um

Ohmimetro desde a conexão com a tomada até a conexão com o eletrodo de

aterramento.

20) Verifique se o eletrodo de aterramento existe (se não esta danificado,

corroído, ou interrompido) e esta conectado ao fio terra. Verifique também que esta

conexão esteja firme.

21) Verifique se não há fios soltos (fora de eletrodutos, bandejas etc) no piso,

nas paredes, no teto, mesmo que sobre forros ou revestimentos.

22) Após todas esta providencias, verifique o funcionamento operacional da

instalação, como tomadas e lâmpadas e interruptores funcionando corretamente, e

se não há algum componente visualmente danificado.