luiz adriano gonçalves borges

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Texto integrante dos Anais do XX Encontro Regional de História: História e Liberdade. ANPUH/SP UNESP-Franca. 06 a 10 de setembro de 2010. Cd-Rom. NOTAS SOBRE O CONCEITO DE ELITE PARA BRASIL DO OITOCENTOS Luiz Adriano Gonçalves Borges Doutorando UFPR [email protected] Em uma portaria da Câmara de São Paulo enviada para o presidente da província, no dia 21 de Março de 1842, são indicados os “cinco maiores capitalistas ou proprietários da província para formarem a 1ª reunião dos deputados, que tem de se constituir a Assembléia do Banco Paulistano”. Para formação deste primeiro banco da província foram designados Rafael Tobias de Aguiar, João da Silva Machado, Jose Manoel de França, Joaquim Jose dos Santos Silva, Antonio da Silva Prado (AESP, Ofícios diversos, 21/03/1842). Estes eram homens criados na província paulista e que através de suas atuações nos negócios de gado e agrícola ascenderam politicamente, atuando nos mais diversos cargos governativos. Na vida destes homens, “capitalistas ou proprietários”, o viés econômico andava lado a lado ao viés político. Para se tornarem deputados “bancais”, ocupando um cargo politicamente importante em São Paulo, tiveram que antes se constituir homens de negócios. O estudo que aqui apresento faz parte de uma pesquisa maior (BORGES, 2010), na qual analiso a Revolta Liberal de São Paulo que ocorreu em 1842 sob a ótica de elite Liberal. Aqui, a análise se focará em esboçar a teoria das elites que servirá de embasamento metodológico para a tese. O enfoque estará voltado para a delimitação do que compreendemos por elite política no contexto do Brasil na primeira metade do século XIX, revisando os principais trabalhos que influenciaram a atual concepção do termo, sem, é claro, esgotar o assunto. O que se pretende é um panorama histórico do estudo das elites. A circulação do conceito de elite nas Ciências Humanas. O conceito de elite é antes de tudo uma categoria instrumental e, enquanto tal, deve ser contextualizado para o objeto de estudo que se quer empreender. Em história e em ciências sociais, elite é um termo polivalente que assume facetas diversas dependendo do substantivo que o qualifica: política, econômica e militar, para ficar em três exemplos. Mas mesmo qualificado, este termo ainda denota imprecisões. Em

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NOTAS SOBRE O CONCEITO DE ELITE PARA BRASIL DO OITOCENTOS.

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Texto integrante dos Anais do XX Encontro Regional de História: História e Liberdade. ANPUH/SP – UNESP-Franca. 06 a 10 de setembro de 2010. Cd-Rom.

NOTAS SOBRE O CONCEITO DE ELITE PARA BRASIL DO OITOCENTOS

Luiz Adriano Gonçalves Borges

Doutorando – UFPR

[email protected]

Em uma portaria da Câmara de São Paulo enviada para o presidente da

província, no dia 21 de Março de 1842, são indicados os “cinco maiores capitalistas ou

proprietários da província para formarem a 1ª reunião dos deputados, que tem de se

constituir a Assembléia do Banco Paulistano”. Para formação deste primeiro banco da

província foram designados Rafael Tobias de Aguiar, João da Silva Machado, Jose

Manoel de França, Joaquim Jose dos Santos Silva, Antonio da Silva Prado (AESP,

Ofícios diversos, 21/03/1842). Estes eram homens criados na província paulista e que

através de suas atuações nos negócios de gado e agrícola ascenderam politicamente,

atuando nos mais diversos cargos governativos. Na vida destes homens, “capitalistas ou

proprietários”, o viés econômico andava lado a lado ao viés político. Para se tornarem

deputados “bancais”, ocupando um cargo politicamente importante em São Paulo,

tiveram que antes se constituir homens de negócios.

O estudo que aqui apresento faz parte de uma pesquisa maior (BORGES, 2010),

na qual analiso a Revolta Liberal de São Paulo que ocorreu em 1842 sob a ótica de elite

Liberal. Aqui, a análise se focará em esboçar a teoria das elites que servirá de

embasamento metodológico para a tese. O enfoque estará voltado para a delimitação do

que compreendemos por elite política no contexto do Brasil na primeira metade do

século XIX, revisando os principais trabalhos que influenciaram a atual concepção do

termo, sem, é claro, esgotar o assunto. O que se pretende é um panorama histórico do

estudo das elites.

A circulação do conceito de elite nas Ciências Humanas.

O conceito de elite é antes de tudo uma categoria instrumental e, enquanto tal,

deve ser contextualizado para o objeto de estudo que se quer empreender. Em história e

em ciências sociais, elite é um termo polivalente que assume facetas diversas

dependendo do substantivo que o qualifica: política, econômica e militar, para ficar em

três exemplos. Mas mesmo qualificado, este termo ainda denota imprecisões. Em

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Texto integrante dos Anais do XX Encontro Regional de História: História e Liberdade. ANPUH/SP – UNESP-Franca. 06 a 10 de setembro de 2010. Cd-Rom.

sentido amplo, elite se refere às categorias ou grupos que ocupam o “topo” de

“estruturas de autoridade ou de distribuição de recursos”1, “o que há de mais valorizado

e de melhor qualidade; minoria que detém o prestígio e o domínio sobre o grupo social”

(HOUAISS, 2004, verbete “elite”)2

A teoria de elites, existente na Itália do século XIX, é formulada de maneira

sistemática pelos italianos Vilfredo Pareto e Gaetano Mosca no final do século XIX e

início XX. Seu argumento principal era o de que em qualquer sociedade, em qualquer

contexto, havia sempre uma minoria, uma elite que se destacava por seus dons, sua

competência e seus recursos, e detinha o poder, dirigindo a maioria (GRYNZPAN,

1999, p. 11). Deve-se atentar que a teoria das elites nasceu e se desenvolveu com uma

especial relação com o estudo das elites políticas.

Gaetano Mosca apresenta sua teria de elites em 1896, em seu livro Elementi di

scienza política, no qual destaca a dicotomia entre maioria e minoria, entre os que

mandavam e os que obedeciam, entre uma minoria organizada e composta por

indivíduos superiores que dominam, e a maioria desorganizada que acabam sendo

governadas (GRYNZPAN, 1999, cap. 4; BOBBIO, 2002, verbete “teoria das elites”, p.

385-391). Ele também chegou a formular que havia uma relação, não somente de

domínio, mas também de interação entre elites e massas, que possibilitava o surgimento

de novas elites representantes de novas forças sociais emergentes e de seus interesses

(CAROSA, 2007, p. 80). O problema na formulação de Mosca se refere a sua

interpretação um tanto quanto mecânica das forças sociais. Em sua concepção, “o

predomínio social da força levaria a um governo de guerreiros, de riqueza, a um

governo de plutocratas, da religião, a um governo de sacerdotes e assim por diante”.

Para José Murilo de Carvalho, falta na análise de Mosca uma percepção da influência

1 O termo elite compõem a “minoria que dispõe, em uma sociedade determinada, em um dado momento,

de privilégios decorrentes de qualidades naturais valorizadas socialmente (por exemplo, a raça, o

sangue etc.) ou de qualidades adquiridas (cultura, méritos, aptidões, etc.). O termo pode designar tanto o

conjunto, o meio onde se origina a elite (por exemplo, a elite operária, a elite da nação), quanto os

indivíduos que a compõem, ou ainda a área na qual se manifesta sua preeminência. plural, a palavra

„elites‟ qualifica todos aqueles que compõem o grupo minoritário que ocupa a parte superior da

hierarquia social e que se arrogam, em virtude de sua origem, de seus méritos, de sua cultura ou de sua

riqueza, o direito de dirigir e negociar as questões de interesse da coletividade”. (BUSINO, APUD

HEINZ, 2006). 2 Segundo este dicionário, o termo aparece pela primeira vez impresso no Brasil na revista “Semana

Ilustrada”, no. 548, de 1871. Não tive acesso à essa revista, mas seria interessante a verificação do

contexto em que foi empregado o termo.

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do estado e das estruturas políticas sobre a formação e manutenção da elite (2003, p.

26).

Vilfredo Pareto, influenciado pelas idéias de Mosca, avançou na discussão sobre

a teoria das elites usando o conceito da circulação das elites. Este conceito comporta a

idéia de que as elites envelhecem e se estagnam quando se agarram ao poder, não se

mostrando flexíveis para facilitar o acesso dos membros mais capazes das massas.

Portanto, a interação das elites com as massas, notada por Mosca, não está presente em

Pareto. O que ocorreria, segundo este autor, era que a aristocratização da elite inicia a

formação de uma elite subalterna entre as massas, que acabará substituindo a elite

governante em função de sua maior capacidade ou valor. O problema nesta formulação

reside no fato de que ele não explica de maneira satisfatória a razão da substituição das

elites, seus processos de degradação e de emergência. E também não fica evidente neste

processo de substituição a inter-relação de mudanças econômicas e políticas (CAROSA,

2007, p. 79).

Nem Mosca nem Pareto analisaram como surgem as elites, fixando-se na

substituição de uma elite por outra. Mesmo assim, trouxeram importantes acréscimos e

popularizaram a teoria das elites, tornando referência fundamental neste campo. Os

processos de substituição das elites compõem-se de elementos fundamentais para se

compreender a posição de elites políticas e sua mudança ao longo de gerações. O passo

seguinte à teoria das elites seria dado pela sociologia americana, que teria Mosca e

Pareto como referenciais principais.

Wright Mills contrapõe os homens comuns, cujo poder de influência “é

circunscrito pelo mundo do dia-a-dia em que vivem, e mesmo nesses círculos de

emprego, família e vizinhança freqüentemente parecem impelidos por forças que não

podem compreender nem governar” e a Elite do poder “composta de homens cuja

posição lhes permite transcender o ambiente comum dos homens comuns, e tomar

decisões de grandes conseqüências” e também “ocupam os postos de comando

estratégico da estrutura social, no qual se centralizam atualmente os meios efetivos do

poder, riqueza e celebridade.” Mesclando análise sociológica e histórica Mills busca

demonstrar como a elite do poder nos Estados Unidos é composta por aqueles que

ocupam as posições-chave nos três setores: economia, exército e política. Para o autor, e

isto é o grande avanço em seu trabalho, as três “ordens” se interligam através de

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questões sociais, familiares e econômicas, sustentando-se e reforçando-se uns aos outros

(1981).

O conceito de elite de Mills foi criticado, de um lado, por apresentar uma

unicidade muito grande entre os membros da elite no poder, e de outro lado, por

articular em três setores a elite no poder, já que, para os marxistas, a classe dominante é

uma só, a dos detentores do poder econômico. Assim, é de interesse levar em

consideração as duas visões, a da teoria elitista e a teoria marxista, procurando

confrontá-las, já que o debate em muito contribuiu para o avanço do estudo das elites

(BOBBIO, 2002, p. 388-389).

A teoria das elites basicamente contrapõe a elite e a massa, esta elemento

passivo da sociedade, e os conflitos que ocorrem acontecem no interior das elites. Já a

teoria marxista se fundamenta na contraposição entre duas classes antagônicas, os donos

dos instrumentos de produção e os proletários, considerando o conflito entre as duas

classes sociais o principal motor da história. Na visão elitista, a relação entre elite e

massa não é antagônica (BOBBIO, 2002, p. 390).

Também é divergente nas duas correntes teóricas a forma de conceber a coesão

deste grupo minoritário: se, para a teoria das elites se trata de um grupo coerente que

detém o poder e geralmente possui riqueza, o que não é indispensável, para a teoria

marxista, por outro lado, essa minoria possui os meios de produção e é justamente nessa

posse que reside seu poder. As duas teorias também se dividem na questão da

organização. Para a teoria das elites, esta está organizada e a massa desorganizada, e

para os marxistas ambas as classes estão organizadas3. Enfim, os teóricos das elites

denunciaram o determinismo econômico como incapaz de explicar por si só a complexa

trama das relações sociais e da mudança histórica.

No Brasil a utilização direta da teoria das elites políticas nunca foi abundante

(CODATO; PERISSINOTTO, 2008). Enfatizo “utilização direta” porque, mesmo que

esta teoria não estivesse presente enquanto conceito, ela transparece direta ou

indiretamente na leitura de estudiosos do período imperial, considerados clássicos pela

3 CAROSA, (2007, p. 82-85) apresenta um interessante quadro, contrapondo a teoria de Marx e a teoria

geral das elites. Para os termos da nossa pesquisa um ponto levantado na comparação por Carosa é

bastante pertinente: “las élites, al entrar em competición entre sí o ser relevadas por otras, generan una

circulación que pueda dar lugar a câmbios sociales o „revoluciones‟. Pero esta teoria no se interesa por

(...) diferencias de riqueza de la sociedad si no es para explicar como pueden generarse élites nuevas o

circulaciones dentro dellas.” P. 84. Mais acerca do debate entre elitismo e marxismo pode ser visto em:

CODATO; PERISSINOTTO, 2009.

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historiografia brasileira. Como o objetivo nesta comunicação não é esgotar o assunto e

sim apresentar elementos do debate acerca do tema de elites, ressaltamos alguns desses

trabalhos clássicos. Destacam-se leituras marxistas (devendo-se atentar para as

discussões apresentadas até aqui neste trabalho) e weberianas. Dos marxistas, podemos

apontar Caio Prado Junior e Ilmar R. de Mattos, que abordam o estado como um

representante dos interesses de uma classe hegemônica. Na interpretação weberiana,

destacam-se Raymundo Faoro4 e Fernando Uricoechea, aplicando a noção de estado

patrimonial e estamentos.5

Para Caio Prado Junior, em “Evolução Política do Brasil”, de 1933, a classe

dominante no período imperial é proprietária de terras e escravos. É ela que triunfa na

“revolução” brasileira, a Independência, adentrando a partir daí na esfera política do

novo Estado*, transformando-o em instrumento de seus interesses. A idéia da não

organização das classes subalternas fica evidente pelo fato deste grupo não participar do

movimento (1961). Nesta mesma perspectiva de luta de classes, mais recentemente,

Ilmar Rohloff de Mattos distingue o Estado Imperial brasileiro como resultado da

hegemonia de uma classe, que se entende como classe senhorial. Em tese de doutorado

defendida em 1985, o autor centraliza sua análise no período de meados da década de

1830 até o início da década de 1860, demonstrando como um bloco de fazendeiros de

café da Região do Vale do Paraíba fluminense, recém enriquecidos, constituía um grupo

coeso em torno dos dirigentes saquaremas. Estes são políticos ativos saídos do bloco de

fazendeiros ou ligados a eles por laços de casamento, formando uma classe única.

Através do estado, utilizado como instrumento de orientação, essa classe constrói sua

unidade e expande seu poder. Mattos também empreende uma análise gramsciniana ao

compreender a supremacia da classe dominante obtida não somente pela coerção, mas

também por consentimento, construindo um consenso que leva à sua hegemonia no

estado (1990).6

4 Apesar de Faoro diz não seguir a linha de pensamento de Weber, sua noção de patrimonialismo e

estamento possui parentesco (como o próprio autor afirma) com o pensador alemão. Ver FAORO, 2001,

prefácio à segunda edição. 5 Mesmo não focando a questão de elites, os seguintes textos trazem uma pertinente revisão da

historiografia brasileira: CARVALHO, 1997; CUNHA, 2006; GRAHAM, 2001; VARGAS, 2007. * Estado no presente texto comporta dois significados: quando aparece iniciado em letra minúscula,

significa o aparato institucional, ou generalização; quando iniciado em letra maiúscula representa o Brasil

enquanto monarquia soberana. 6 Referindo-se a elite, Mattos trabalha com o conceito de “boa sociedade”, que elaborou a partir das

recordações do jurista Francisco de Paula Ferreira de Rezende, utilizando-o para designar a elite

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Assim, ambos os autores apontam uma “elite” fundamentada na questão agrária,

o que por si só é incapaz de explicar a mudança que ocorre com a instituição da

monarquia no Brasil e do surgimento de uma elite política, baseada em outros e novos

aspectos do poder. No caso de Caio Prado Jr., não havia diferença alguma entre as elites

dos dois partidos imperiais, liberal e conservador. Embora admitisse o conflito entre a

burguesia reacionária, os proprietários rurais e escravistas, e a burguesia progressista,

entre os comerciantes e financistas, o autor diz que este conflito não transparecia nos

partidos. Ilmar Mattos, por sua vez, desenvolve sua análise no sentido de haver

semelhanças e diferenças, mas também diz existir uma hierarquia entre os partidos,

sendo o topo ocupado pelos conservadores, entendidos como dirigentes da política

imperial. Como veremos, a noção de hegemonia dos conservadores e o predomínio dos

senhores de terra sobre o Estado é controversa.

Com a teoria de Weber acerca do estado patrimonial e dos estamentos, Faoro,

em “Donos do Poder”, de 1979, faz uma comparação dos conceitos de classe política de

Mosca e de estamento. O autor constrói a tese da evolução do Brasil até deixar os

traços do feudalismo e passar para um capitalismo de estado de natureza patrimonial.

Nesse processo, forma-se um estamento burocrático, que paulatinamente torna-se

autônomo do rei. O estamento compõe, desta maneira, o quadro administrativo, o

domínio de uma minoria, que não se confunde, segundo o autor, com a elite ou classe

política ou dirigente. A única semelhança entre os termos seria o conteúdo minoritário,

pois do interior do estamento, algo descolado da sociedade, é que sairia a classe política,

a elite que governa e separa governo e povo. O estamento não se configuraria uma elite

nos termos de Mosca por não se tratar de uma camada heterogênea e aberta. No

conceito de Faoro, o estamento seria uma estrutura social autônoma e fechada, típica de

um estado patrimonial, em que não há circulação de elites. No caso brasileiro o Estado

Imperial teria sido concebido esmagando a força das elites provinciais e locais,

mantendo o poder dos estamentos burocráticos (FAORO, 2001, especialmente capítulo

3, ponto 3).

Na mesma linha de pensamento weberiana, Fernando Uricoechea analisa o

Brasil Imperial através do tipo ideal do burocrata patrimonial em sua obra “O minotauro

imperial”. Segundo o autor, burocracia esta ligada a racionalização e modernização da

econômica, política e cultural do Império. Neste caso ver especificamente o capítulo 2 da obra citada. Em

trabalho futuro, ampliaremos esta discussão.

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máquina do Estado e a questão patrimonial se relaciona a uma forma de dominação

tradicional ligada à expansão do poder pessoal do monarca. Em aparente conflito, a

natureza política do Brasil desde a Colônia é um movimento de crescente

burocratização e de decrescente patrimonialização. Só que esse processo é realizado

através de uma relação de complementação e antagonismo, entre Estado e proprietários

rurais, já que nem um dos lados possuía recursos e capacidade suficiente para excluir o

outro. Esse compromisso, novidade nas interpretações weberianas, se manifesta na

formação, por exemplo, da Guarda Nacional, que foi uma milícia cujos cargos mais

altos eram ocupados por grandes proprietários rurais. A burocracia estatal em um

acordo tácito concede autoridade aos senhores de terras em troca de cooperação e

serviços (URICOECHEA, 1978).

Na historiografia que estuda especificamente o Brasil Imperial, José Murilo de

Carvalho é o autor que melhor problematizou a teoria das elites políticas, discutindo

desde a sua forma clássica em Mosca e Pareto até conceitos como estamento, presentes

na obra de Faoro. A sua obra, publicada originalmente em 1975, “A construção da

ordem” e “Teatro das Sombras” se destaca pela busca de uma comprovação empírica

dos princípios da teoria das elites. Neste sentido, dedica um capítulo sobre a burocracia

imperial, problematizando as idéias de Faoro. Sua conclusão é de que não se pode falar

em estamento burocrático se se olhar para as fontes documentais. O que Faoro chamava

estamento, “na verdade era uma elite política formada em processo bastante elaborado

de treinamento, a cujo seio se chegava por vários caminhos, os principais sendo alguns

setores da burocracia, como a magistratura” Mais a frente o autor continua: “o segredo

da duração dessa elite estava, em parte, exatamente no fato de não ter a estrutura rígida

do estamento, de dar a ilusão de acessibilidade, isto é, estava em sua capacidade de

cooptação de inimigos potenciais” (CARVALHO, 2003, p. 151). Carvalho vai além ao

dizer que o modelo de burocracia ideal de Weber é insuficiente para explicar a

administração imperial. O funcionalismo no Brasil monárquico, para além da

administração, também atuava em questões de natureza política e social. A burocracia,

entendida enquanto a elite política, provia ocupação para setores diversos da sociedade,

e também era poderosa para cooptar potenciais opositores, como grandes proprietários

rurais. Some-se a isto, o fato de o corpo de funcionários imperiais não possuir estilo de

vida próprio, não ter privilégios legais e não conseguiu desenvolver mecanismos de

proteção de sua homogeneidade e autonomia (CARVALHO, 2003, cap. 6). Estamos,

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portanto, face à uma reconfiguração da teoria das elites, empreendida de maneira

empírica.

A principal contribuição de Carvalho para o estudo das elites política no Brasil

da primeira metade do século XIX, é demonstrar a homogeneidade ideológica da elite

política brasileira, através do treinamento em Coimbra, concentrada na formação

jurídica. Essa elite homogênea foi capaz de construir um estado com ideologia própria e

unificado, apesar de revoltas contestadoras que acabaram sendo contidas. Como a

burocracia se fundamentava como refúgio para alguns setores da sociedade que percebia

o poder concentrado nos cargos públicos, a elite política se confundia com a burocracia.

Aí reside, segundo Carvalho, a própria confusão acerca da interpretação da natureza das

elites imperiais.

A longa, porém pertinente discussão da noção de elite política presente na obra

de Carvalho se faz necessária tendo em vista a sua influência na historiografia brasileira

que estuda a cultura política do Brasil do oitocentos.7 Questões caras à teoria das elites

foram apresentadas pelo autor de maneira problematizada para o contexto brasileiro.

Sua crítica à Mosca se refere a falta do elemento de influência do estado sobre a

maneira como a elite se formava e mantinha-se no poder. Já em Pareto, o problema é a

escassa explicação do processo de degradação e do surgimento da elite, enfim, da

substituição da elite.

Richard Graham, em “Clientelismo e política no Brasil do século XIX”,

publicado em 1990, empreende um estudo prosopográfico das elites políticas ao longo

do século XIX, se concentrando no processo eleitoral, local privilegiado para as relações

clientelísticas. No centro de seu estudo encontram-se considerações acerca de como o

governo central ligava-se aos proprietários de terra nas províncias por meio de uma

ampla rede clientelística (GRAHAM, 1990). Debatendo a noção de estado de Faoro,

Graham diz que o Estado imperial não era tão autônomo e livre do seu contexto social e

econômico, como apresenta este autor. E também se contrapõem à idéia de que

políticos, juizes, ou outros oficiais representavam somente os interesses de um estado

uma vez que entravam em um oficio governamental. Dialogando com Mattos, Graham

diz que o Estado Imperial não foi o domínio de “um grupo específico de fazendeiros de

café, dos arredores do Rio de Janeiro”. Para Graham, o poder vinha de “proprietários e

7 Ver, por exemplo, SOIHET; BICALHO; GOUVÊA, 2005.

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escravocratas espalhados por todo o Brasil, em fazendas e estâncias de gado, de onde

eles dominavam a política local, tomavam a iniciativa de construir um estado para

controlar a massa informe dos pobres e dos escravos” (GRAHAM, 2001, p. 35).

Jose Murilo de Carvalho concentra sua crítica ao trabalho de Graham na

utilização pouco consistente do conceito de clientelelismo. Para este autor, o

clientelismo político implica troca entre atores de poder desigual, no caso do Brasil, os

senhores rurais sendo clientela do Estado. Mas a visão de Graham indica o contrário, o

Estado como clientela dos proprietários de terras. Inclusive esta crítica também é

estendida a Mattos. No caso de Graham, Carvalho aponta que não há uma justificativa a

essa inversão do conceito (CARVALHO, 1997). Outra crítica se refere à generalização

das teses de Graham para todo o Brasil. Jonas Moreira Vargas, estudando as elites

políticas do Rio Grande do Sul para a segunda metade do século XIX, chama a atenção

para o fato de as práticas clientelistas detectadas por Graham serem generalizadas para

todo o Brasil sem levar em conta peculiaridades regionais e os atributos diferenciados

dos lideres locais de cada província (VARGAS, 2007, p. 18).

As elites caso à caso.

Recentemente a teoria de elites tem avançado no sentido de entender que uma

condição básica das análises da elite é que esta possui um caráter basicamente

posicional, tanto de poder quanto de status. Além do mais, tem que se insistir que a elite

é um grupo; apesar de estar composta de indivíduos, ela se comporta como grupo.8 Esta

condição de grupo faz com que a elite acabe agindo como um “status” (no sentido de

posição), e não como processo, no sentido de que não se é elite, e sim que se está elite.

Este ponto é fundamental nesta teoria, exposto no conceito de circulação da elite.

Este conceito é importante para se perceber a renovação de elites em um dado contexto.

Para minha pesquisa essa constatação é muito relevante, pois trato de uma elite

(configurada enquanto paulista), que ascende no século XIX, diferenciada de uma elite

colonial.

Trabalhos recentes, partindo de estudos regionais, procuram matizar o conceito

de elites políticas combinando uma análise empírica com estudo de caso, permitindo

8 CAROSA, 2007, p. 83, diz: “el término elite se refiere a una pluralidad de seres humanos, nunca solo a

uno o dos, es decir, la élite (…) es siempre un grupo de individuos, pero los individuos (en cuanto tal

individualidad) no son la élite, sino que forman parte de ella.”

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uma maior compreensão do papel de elites a nível regional e nacional. Procurando

entender a formação do Estado Imperial brasileiro, Maria Fernanda Vieira Martins

empreende um estudo sobre o Conselho de Estado, uma instância privilegiada de

relacionamento entre o Estado e as elites. Sua abordagem leva em consideração o debate

atual acerca de elites políticas, através da lupa das redes e de sua prática institucional.

Com relação à historiografia brasileira que circunscrevi acima, Martins aponta a

desconsideração pela complexidade das relações e pelo caráter multifacetado de

categorias como burocratas e classe senhorial, autoridade central e provincial, Estado e

poderes locais, conservadores e liberais. Para a autora, a análise do processo de acesso

ao aparelho de estado,

“deve ter em vista não apenas as características intrínsecas do

grupo, ligadas à homogeneidade da formação educacional e ocupação

funcional, fundamentais para entender sua coesão interna, mas

também sua vinculação a um projeto nacional estatal, de caráter

público, em detrimento dos interesses das diferentes facções da elite,

às quais, de uma forma ou de outra, os membros da burocracia e

os políticos pertenciam originalmente” (MARTINS, 2007, p. 34)

Desta maneira, a identificação da atuação de uma elite à frente do Conselho de

Estado, permitiu a autora desdobrar sua percepção à ação desta na estrutura político-

administrativa e suas relações de poder com elites provinciais e locais que,

conjuntamente, colaboraram para fundamentar um modelo de estado específico, posto

em prática pela elite política imperial.

No contexto de Minas Gerais, Marcos Ferreira Andrade analisa Campanha da

Princesa e sua elite local no século XIX. Para perceber a formação, a inserção e as

articulações das elites locais no Estado Imperial, o autor lança mão do estudo de caso da

família Junqueira. A partir deste caso, Andrade percebe estratégias familiares,

econômicas e políticas que contribuíram para a consolidação desta família como elite no

Brasil Império. Seguindo-se a essa consolidação, foi possível acessar cargos políticos à

nível nacional. Assim, pode-se tecer hipóteses acerca do papel decisivo ocupado pelas

elites regionais na construção do Estado, principalmente ao se pensar nas relações entre

municipalidades, províncias e Estado Imperial (ANDRADE, 2008).

Nesta mesma linha trabalhou Miriam Dolhnikoff, apontando o papel decisivo

das elites provinciais na construção do novo Estado. Segundo a autora, foi a atividade

política, tanto no âmbito provincial, quanto no governo central, que constituiu as elites

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provinciais em elites políticas. Uma das teses centrais em “O pacto imperial” é a de que

a consolidação da monarquia brasileira não abriu mão do poder e da autonomia das

elites provinciais, mas foi na negociação da elite política imperial com as elites

provinciais que a monarquia pôde firmar-se como modelo de governo da nação

independente.

Na construção de sua argumentação percebe-se que a coluna de sustentação de

suas idéias é a noção de uma elite paulista. A autora não chega a conceituar o que ela

entende por este termo, mas aponta uma série de elementos ao longo de sua obra para

caracterizá-lo. Os políticos paulistas, como demonstra a autora, ocupavam posições de

destaque na estrutura administrativa, como regentes, ministros, deputados e senadores.

Eram homogêneos ideologicamente e, apesar de diferenças pessoais, conseguiam

manter uma coerência no pensamento político, que tinha como base o liberalismo. A

composição desta elite liberal paulista era de grandes proprietários de terras que

cultivavam cana-de-açúcar ou criavam gado. Em discursos públicos desta elite vemos

muitas vezes a reiteração de um tipo paulista, quase simplório, buscando manter firme

os laços com a sua província (DOLHNIKOFF, 2005, p. 28-35).

A percepção da participação das elites provinciais na construção do Estado é

uma renovação na historiografia sobre elites no Brasil do século XIX. Uma percepção

ausente em autores como Faoro, Carvalho e Mattos, o que contribuiu para uma visão

parcial da construção do Estado brasileiro nestes autores. Sem entrar em discussões

teóricas acerca das elites, Dolhnikoff emprega um trabalho empírico9, aliado à

interpretação do discurso e do que ocorria na prática, que a conduz a alguns dos

principais pontos criticados na teoria elitista. A questão da natureza, da coesão interna e

da negociação das elites locais paulistas com o centro do poder imperial, flexiona a

análise da teoria das elites e lança novos elementos para sua compreensão.

Até aqui, tem se tentado apontar as fraquezas e as possibilidades de se

empreender uma análise levando em consideração a teoria das elites. O que proponho,

avançando nas discussões de Dolhnikoff, é pensar essa elite como política e, ao mesmo

tempo, como elite econômica. Segundo a hipótese que se quer lançar nesta

comunicação, esta seria a especificidade da elite paulista. Para o contexto da Província

de São Paulo, na primeira metade do século XIX, a formação das elites que chegaram

9 A autora utiliza fontes como: Anais da Assembléia Legislativa, da Câmara dos Deputados e do Senado.

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ao poder político, como deputados provinciais e gerais, presidentes de províncias,

regentes e senadores, perpassava quase que necessariamente o acúmulo econômico.

É desta forma que podemos voltar ao caso citado no inicio desta comunicação. O

documento oficial, enviado à Câmara de São Paulo no ano de 1842, nos mostra a

posição de elite econômica que os indivíduos relatados ocupavam na província, ao

chamá-los de “maiores capitalistas”. Dolhnikoff indicou como a elite paulista possuía

raízes na agricultura ou no negócio de animais. Eram homens como João da Silva

Machado, Rafael Tobias de Aguiar, Diogo Antonio Feijó, Nicolau Pereira de Campos

Vergueiro e Francisco de Paula Souza e Melo que, a partir da conjugação de suas

atividades econômica e política, formavam a elite política paulista no Império. A

Revolução Liberal que ocorreu em São Paulo no ano de 1842 foi resultado de um

processo de circulação das elites paulistas que vinha ocorrendo na primeira metade do

século XIX. A utilização da teoria das elites para compreender este processo se mostra

profícuo, pois articula a percepção de uma elite específica: sua formação, sua

manutenção no poder, sua substituição e, não menos importante, o seu caráter

multifacetado.

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