ludwig van beethoven, a perseverança de um gênio

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na e tocou para uma de suas maiores inspirações, o grande Mozart, que após o recital, disse: – Esse menino vai longe! Um dia o mundo inteiro vai falar dele. O pai de Beethoven era cantor da corte e com o grande talento de seu filho, já se viu com fama e montes de ouro que as pessoas pagariam para ouvir “o me- nino prodígio”. Parece que pensava mais no dinheiro – e na bebida – do que na felicidade de Ludwig. Costumava chegar em casa cambaleando, já de ma- nhã e logo arrancava o menino da cama diretamente para o piano e forçava-o a estudar até a noite, não poupando os cascudos e safanões quando a criança, exausta, errava uma nota. É de se admirar que a maldade e bruta- lidade de seu pai não levasse Ludwig a odiar a música. Talvez, a suavidade de sua mãe o tenha ajudado a superar essas horas difíceis. Mas, quando ele tinha dezessete anos, a mãe morreu. Imedia- tamente, seu pai vendeu as roupas dela para comprar bebida. Ludwig sentiu profundamente essa per- da. Agora não havia mais ninguém para cuidar de seus dois irmãos menores. Tomando para si a responsabilidade da casa, ofereceu-se para trabalhar para o príncipe por metade do salário do pai, para sustentar os irmãos. O pedido foi atendido, a carreira do pai chegou ao fim e Ludwig se tornou imediatamente o chefe da família. Passou o resto da vida cuidando dos irmãos, embora eles fossem causa de constantes problemas e aflições. Em 1792, pouco antes de completar vinte e dois anos, Ludwig mudou-se Desde menino, Ludwig van Beethoven sabia tocar piano muito melhor do que a grande maioria dos adultos. Aos sete anos de idade, deu o seu primeiro con- certo, aos onze era organista da corte, em Colônia, na Alemanha e aos doze apresentou a sua primeira composição significativa. Com dezesseis anos de idade, foi à Vie- Beethoven, genialidade e perseverança a serviço da música. MUNDO Ludwig van Beethoven, a perseverança de um gênio Perseverança Divulgação 10 www.ines.org.br O Instituto Nacional de Educação de Surdos tem como missão a produção, o desen- volvimento e a divulgação de conheci- mentos científicos e tecnológicos na área da surdez em todo o território na- cional, promovendo e assegurando, o desenvolvimento global da pessoa sur- da, sua plena socialização e o respeito às suas diferenças.

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Matéria da revista “Meu sonho não tem fim” sobre o “grande sonhador” Beethoven.

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Page 1: Ludwig van Beethoven, a perseverança de um gênio

na e tocou para uma de suas maiores inspirações, o grande Mozart, que após o recital, disse:

– Esse menino vai longe! Um dia o mundo inteiro vai falar dele.

O pai de Beethoven era cantor da corte e com o grande talento de seu filho, já se viu com fama e montes de ouro que as pessoas pagariam para ouvir “o me-nino prodígio”. Parece que pensava mais no dinheiro – e na bebida – do que na felicidade de Ludwig. Costumava chegar em casa cambaleando, já de ma-nhã e logo arrancava o menino da cama diretamente para o piano e forçava-o a estudar até a noite, não poupando os cascudos e safanões quando a criança, exausta, errava uma nota.

É de se admirar que a maldade e bruta-lidade de seu pai não levasse Ludwig a

odiar a música. Talvez, a suavidade de sua mãe o tenha ajudado a superar essas horas difíceis. Mas, quando ele tinha dezessete anos, a mãe morreu. Imedia-tamente, seu pai vendeu as roupas dela para comprar bebida.

Ludwig sentiu profundamente essa per-da. Agora não havia mais ninguém para cuidar de seus dois irmãos menores. Tomando para si a responsabilidade da casa, ofereceu-se para trabalhar para o príncipe por metade do salário do pai, para sustentar os irmãos. O pedido foi atendido, a carreira do pai chegou ao fim e Ludwig se tornou imediatamente o chefe da família. Passou o resto da vida cuidando dos irmãos, embora eles fossem causa de constantes problemas e aflições.

Em 1792, pouco antes de completar vinte e dois anos, Ludwig mudou-se

Desde menino, Ludwig van Beethoven sabia tocar piano muito melhor do que a grande maioria dos adultos. Aos sete anos de idade, deu o seu primeiro con-certo, aos onze era organista da corte, em Colônia, na Alemanha e aos doze apresentou a sua primeira composição significativa.

Com dezesseis anos de idade, foi à Vie-

Beethoven, genialidade e perseverança a serviço da música.

MUNDO

Ludwig van Beethoven, a perseverança de um gênio

Perseverança Div

ulga

ção

10

www.ines.org.br

O Instituto Nacional de Educação de Surdos tem como missão a produção, o desen-volvimento e a divulgação de conheci-mentos científicos e tecnológicos na área da surdez em todo o território na-cional, promovendo e assegurando, o desenvolvimento global da pessoa sur-da, sua plena socialização e o respeito às suas diferenças.

Page 2: Ludwig van Beethoven, a perseverança de um gênio

para Viena, para estudar com Joseph Haydn, o mais famoso compositor da época. Foram anos de muito trabalho. Aprendeu a tocar diversos instrumentos, como trompa, viola, violino e clarinete, para assim, melhor escrever música para orquestra. Trabalhava sem cessar em suas composições, escrevendo, cor-rigindo, revisando, rejeitando e come-çando tudo de novo.

Aos poucos, espalhou-se a fama do seu talento. Os vienenses amavam a música e compareciam em massa para ouvir Beethoven. Deu uma série de concertos em 1795, um dos quais em benefício da viúva e dos filhos de Mozart. Daí por diante, seu sucesso estava garantido. Passou os anos seguintes compondo, viajando, dando concertos e afirmando-se como grande músico.

Aos vinte e sete anos, começou a notar um incômodo zumbido em seus ouvi-dos. A princípio, ignorou, mas, com o passar do tempo, o som piorava cada vez mais. Por fim, venceu a relutância e consultou alguns médicos. O diagnósti-co foi pior do que uma sentença de morte: Beethoven estava ficando surdo.

Por um longo tempo, não ousou contar à ninguém. Passou a se esquivar das pessoas. “Confesso que estou levando uma vida muito miserável”, escreveu a um amigo. “Há dois anos que evito to-das as reuniões sociais, pois é impossí-vel dizer às pessoas que estou ficando surdo. Se minha profissão fosse outra, seria mais fácil...”.

Encontrou refúgio no campo, onde dava longos passeios pelos bosques. “Aqui, a surdez incomoda menos que em qual-quer outro lugar”, escreveu. “As árvores parecem me falar de Deus”.

A Infância de Beethoven foi simples e sofrida em Bonn, Alemanha, no final do século XVIII.

Divulgação

O cachorrinho

O dono de uma pequena loja de animais colocou um anúncio na porta que dizia, “cachorrinhos a venda”. Esse tipo de anúncio sempre atrai às crianças e logo um menino apareceu perguntando:

– Qual é o preço dos cachorrinhos?

O dono respondeu:

– Entre R$ 30,00 e R$ 50,00.

O menininho colocou a mão em seu bolso e tirou umas moedas:

– Só tenho R$ 2,37. Posso vê-los?

O homem sorriu e assobiou. De trás da loja saiu sua cachorra correndo seguida por cinco cachorrinhos. Um deles estava ficando consideravelmente para trás.

O menininho imediatamente apontou o cachorrinho que estava mancando.

– O que aconteceu com esse cachorrinho?, perguntou.

O homem lhe explicou, que quando o cachorrinho nasceu, o veterinário lhe disse que tinha uma perna defeituosa e que andaria mancando pelo resto de sua vida.

O menininho se emocionou muito e exclamou:

– Esse é o cachorrinho que eu quero comprar!

E o homem respondeu:

– Não, você não pode comprar esse cachorrinho, se você realmente o quer, eu te dou de presente.

O menininho não gostou e olhando direto nos olhos do homem lhe disse:

– Eu não quero que você me dê de presente. Ele vale tanto quanto os outros cachorrinhos e eu pagarei o preço completo. Agora vou lhe dar meus R$ 2,37 e a cada mês darei R$ 0,50 até que o tenha pago por completo.

O homem respondeu:

– Você não quer de verdade comprar esse cachorrinho, filho. Ele nunca será capaz de correr, saltar e brincar como os outros cachorrinhos.

O menininho se agachou e levantou a perna de sua calça para mostrar a perna esquerda, cruelmente retorcida e inutilizada, suportada num aparato de metal.

Olhou de novo ao homem e lhe disse:

– Bom, eu também não posso correr muito bem e o cachorrinho vai precisar de alguém que o entenda.

O homem estava agora envergonhado e seus olhos se encheram de lágrimas.

Ele sorriu e disse:

– Filho, só espero e rezo para que cada um destes outros cachorrinhos tenham um dono como você.

“Na vida pouco importa como és, mas que alguém te aprecie pelo que és, te acei-te e te ame incondicionalmente. Um verdadeiro amigo é aquele que chega quan-do o resto do mundo já se foi”.

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Page 3: Ludwig van Beethoven, a perseverança de um gênio

Convencido de que morreria em breve, Beethoven confessou sua vergonha e desespero num testamento endereçado a seus irmãos: “Não podia pedir às pesso-as, ‘Fale mais alto por que sou surdo’. Como poderia admitir a fragilidade do sentido que deveria ser mais perfeito em mim do que em outros, um sentido que um dia possuí em alto grau de per-feição?... Devo viver no exílio. Se me arrisco a conviver com as pessoas, sou tomado de terror, há o risco terrível de dar a perceber a minha condição... Que humilhação passei, quando alguém a meu lado ouviu uma flauta a distância e eu não ouvi nada, ou quando alguém ouviu um pastor cantando e eu nova-mente não ouvi absolutamente nada. Esses incidentes me levaram à beira do desespero, um pouco mais e eu teria posto fim à minha vida...”.

No entanto, Beethoven fez algo muito mais corajoso do que desistir, ergueu sua cabeça e entregou-se à arte. Conti-nuou a compor, ainda que a melodia soasse cada vez mais fraca aos seus ouvidos. À medida que perdia a audi-ção, sua música adquiria uma qualidade

Quando terminou, o grande maestro baixou os braços e permaneceu imerso em silêncio, mexendo em sua partitura. Um dos cantores fez um gesto para que ele olhasse a platéia. Ele então se virou e viu todas as pessoas ovacionando-o, aplaudindo de pé, batendo palmas com os braços erguidos. O músico surdo inclinou-se e em cada rosto da platéia rolou uma lágrima.

Os anos finais de sua vida foram tristes. Já muito doente, encontrava consolo na leitura das partituras. Passava horas agradáveis lendo composições, princi-palmente de Haydn, que um velho ami-go lhe enviara. Gostava também de ler as obras de Schubert.

Morreu em 1827 e alguns de seus ami-gos diziam que suas últimas palavras foram: “No céu, certamente eu devo tornar a ouvir”.

“Não existe verdadeira inteligência sem bondade”.

Ludwig van Beethoven

muito diferente das elegantes obras de compositores que o antecederam. As composições de Beethoven se tornaram fortes, altamente emocionais e vibrantes – como sua vida, corajosa e turbulenta. Por estranho que pareça, compôs suas melhores obras, aquelas que mais co-nhecemos, depois de perder sua capaci-dade de ouvir.

Beethoven terminou por ficar totalmen-te surdo. Apesar de viver sozinho e in-feliz, compôs músicas sublimes. Sua última sinfonia, a “Nona”, termina com a famosa “Ode à Alegria”. Quando con-cluiu esta sua obra, Beethoven concor-dou em reger a orquestra e coro num concerto em Viena.

O teatro estava completamente lotado. Beethoven tomou seu lugar em frente à orquestra, de costas para a platéia e ao seu comando, a música começou. Os acordes magníficos enfeitiçaram toda a platéia. Beethoven, que nada ouvia, seguia a pauta em sua mente. Os músi-cos receberam orientação para olhar para ele, mas que não dessem atenção à sua marcação do ritmo.

www.aacd.org.br

A Associação de Assistência à Criança Deficiente tem como principal missão, tratar, reabilitar e reintegrar à sociedade crian-ças, adolescentes e adultos portadores de deficiência física.

Duas crianças

Conta a lenda, que estavam duas crianças patinando num lago congelado. Era uma tarde nublada, fria e as crianças brincavam despreocupadas.

De repente, o gelo se quebrou e uma delas caiu, ficando presa na fenda que se formou. A outra, vendo seu amigo preso e congelando, tirou um dos patins e co-meçou a golpear o gelo com todas as suas forças, conseguindo por fim, quebrá-lo e libertar o amigo. Quando os bombeiros chegaram e viram o que havia acon-tecido, perguntaram ao menino:

– Como você conseguiu fazer isso? É impossível que tenha conseguido quebrar o gelo, sendo tão pequeno e com mãos tão frágeis!

Nesse instante, um ancião que passava pelo local comentou:

– Eu sei como ele conseguiu.

Todos perguntaram:

– Pode nos dizer como?

Respondeu o idoso...

– É simples, não havia ninguém ao seu redor para lhe dizer que não seria capaz.

“No meio de toda dificuldade existe sempre uma oportunidade”. - Albert Einstein

Divulgação

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