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Uma visitaà
LEI TUTELAR EDUCATIVA(aprovada pela Lei nº 166/99, de 14 de Setembro)
Rui do Carmo
Procurador da República
Maio de 2011
Lei
de
Protecção
de
Crianças e Jovens
em Perigo
Lei nº 14/99, de 1 de Setembro (alterada pela Lei nº 31/2003, de 22 de
Agosto)
Lei
Tutelar
Educativa
Lei nº 166/99, de 14 de Setembro
OBJECTIVO
“Educação do menor para o direito e a sua inserção, de forma digna e responsável, na vida em comunidade”.
PRESSUPOSTO DA INTERVENÇÃO INICIAL
A notícia da “prática, por menor com idade compreendida entre os 12 e os 16 anos, de facto qualificado pela lei como crime”.
“Se o facto for qualificado como crime cujo procedimento depende de queixa ou de acusação particular, a legitimidade para a denúncia cabe ao ofendido”.
PRESSUPOSTOS DE APLICAÇÃO DE UMA MEDIDA TUTELAR EDUCATIVA
Prova da prática, por menor entre os 12 e os 16 anos, de um facto qualificado pela lei como crime.
Necessidade de educação do menor para o direito, “subsistente no momento da decisão”.
Não ter o menor completado 18 anos até à data da decisão em 1ª instância.
Não ter sido “aplicada pena de prisão efectiva, em processo penal, por crime praticado por menor com idade compreendida entre os 16 e os 18 anos”.
DETENÇÃO EM FLAGRANTE DELITO
QUANDO TEM LUGAR?
- No caso de facto qualificado como crime punível com pena de prisão,mas só se mantém se o procedimento criminal não depender de queixa ou de acusação particular e tiver sido cometido facto qualificado como crime facto qualificado como crime contra as pessoas a que corresponda pena mcontra as pessoas a que corresponda pena mááxima, abstractamente xima, abstractamente aplicaplicáável, de prisão superior a três anosvel, de prisão superior a três anos ou dois ou mais factos dois ou mais factos qualificados como crimes a que corresponda pena mqualificados como crimes a que corresponda pena mááxima, xima, abstractamente aplicabstractamente aplicáável, de prisão superior a três anosvel, de prisão superior a três anos..
DETENÇÃO EM FLAGRANTE DELITO
TRAMITAÇÃO POSTERIOR
- O menor será apresentado ao juiz no prazo máximo de 48 horas, a fim de ser sujeito ao primeiro interrogatório. Ser-lhe-á nomeado defensor e ao interrogatório podem assistir os pais, representante legal ou pessoa que tiver a sua guarda de facto;
- Quando não for possível apresentá-lo imediatamente ao juiz, é confiado às pessoas acima referidas ou a instituição onde se encontre internado, podendo, contudo, ficar detido se tal não for considerado suficiente.
MEDIDAS CAUTELARES
- Entrega do menor aos pais, representante legal, pessoa que tenha a sua guarda de facto ou outra pessoa idónea, com imposição de obrigações ao menor;
- Guarda do menor em instituição pública ou privada;
- Guarda do menor em centro educativo.
MEDIDAS CAUTELARES
PRESSUPOSTOS:
- Existência de indícios do facto;
- Previsibilidade de aplicação de medida tutelar; e
- Existência fundada de perigo de fuga ou de cometimento de outros factos qualificados pela lei como crime.
MEDIDAS CAUTELARES
- Entrega do menor aos pais, representante legal, pessoa que tenha a sua guarda de facto ou outra pessoa idónea, com imposição de obrigações ao menor;
- Guarda do menor em instituição pública ou privada;
- Guarda do menor em centro educativo.
Indícios de facto qualificado como crime punível com pena de prisão superior a 5 anos; ou de dois ou mais factos qualificados como crimes contra as pessoas puníveis com pena de prisão superior a 3 anos.
14 anos
semiaberto semiaberto ou fechado
MEDIDAS CAUTELARES
- Entrega do menor aos pais, representante legal, pessoa que tenha a sua guarda de facto ou outra pessoa idónea, com imposição de obrigações ao menor;
- Guarda do menor em instituição pública ou privada;
- Guarda do menor em centro educativo.
decisão 1ªinstância
trânsito em julgado
6 meses
1 ano
3 meses
+ 3 meses (especial complexidade)
“ (…)a aferição dos casos de especial complexidade não se po[de] cingir apenas aoapuramento dos indícios dos factoscorrespondentes ao(s) crime(s) cometido(s) pelomenor (a), mas também à indagação da suarealidade social, passada e contemporânea e de prognose quanto ao futuro (b), mas também sobreo apuramento da sua personalidade (c).”
(Acórdão da Relação do Porto, de 27/10/2010)
QUESTÕES DEBATIDAS NA JURISPUDÊNCIA DAS RELAÇÕES
DENÚNCIA Informação policial sobre a conduta anterior do menor e sua situação familiar, educativa e social
INQUÉRITO
PROVA
Artº 66º.2.: Admissibilidade da inquirição sobre factos relativos à personalidade, ao carácter, às condições pessoais e conduta anterior e posterior do menor, “quer para prova do facto quer para avaliação da necessidade de medida tutelar e determinação da medida a aplicar”.
Artº 71º.1.: São admitidos como meios de obtenção de prova a informação e o relatório social.
IMEDIAÇÃO
Artº 66º.3.: O ofendido e as testemunhas com menos de 16 anos são inquiridos pela autoridade judiciária.
Artº 70º: A acareação em que intervenha o menor éordenada pela autoridade judiciária e tem lugar na sua presença.
Artº 47º.1.: A audição do menor é sempre realizada pela autoridade judiciária, obrigatoriamente assistido por defensor (artº 45º2.e.).
INQUÉRITO TUTELAR EDUCATIVO(especificidades)
Artigo 71º
Informação e Relatório Social
1. Podem utilizar-se como meios de obtenção da prova a informação e o relatório social.
2. A informação e o relatório social têm por finalidade auxiliar a autoridade judiciária no conhecimento da personalidade do menor, incluída a sua conduta e inserção sócio-económica, educativa e familiar.
Relatório social Serviços de Reinserção Social
Informação social Serviços de Reinserção Social ou Outros Serviços Públicos
INQUÉRITO TUTELAR EDUCATIVO(especificidades)
MEDIAÇÃOArtigo 84º.3.: Cooperação dos serviços de mediação na elaboração e execução do plano de conduta que écondição da suspensão do processo
CONTRADITÓRIO
SESSÃO CONJUNTA DE PROVA
(artigo 81º)
Exame contraditório dos indícios recolhidos e das circunstâncias relativas à personalidade do menor e àsua inserção familiar, educativa e social, “com a finalidade de fundamentar a suspensão do processo ou o despacho final”.
PRESSUPOSTO DA INTERVENÇÃO INICIAL
“Se o facto for qualificado como crime cujo procedimento depende de queixa ou de acusação particular, a legitimidade para a denúncia cabe ao ofendido”.
E se o ofendido apresentar a desistência da queixa?
DENÚNCIAInformação policial sobre a conduta anterior do menor e sua situação familiar, educativa e social
INQUÉRITO
ARQUIVAMENTO
LIMINAR
ARQUIVAMENTO SUSPENSÃO
DO PROCESSO
REQUER. ABERT.
FASE JURISDIC.
ARQUIVAMENTO LIMINAR
Facto qualificado como crime punível com pena de prisão de máximo não superior a um ano
Se revelar desnecessária a aplicação de medida tutelar face à reduzida gravidade dos factos, à conduta anterior e posterior do menor e àsua inserção familiar, educativa e social
ARQUIVAMENTO
Inexistência do facto
Insuficiência de indícios da prática do facto
Desnecessidade de aplicação de medida tutelar, se o facto for qualificado como crime punível com pena de prisão não superior a três anos
SUSPENSÃO DO PROCESSO
Facto qualificado como crime punível com pena de prisão não superior a cinco anos
Apresentação pelo menor de um plano de conduta que evidencie estar disposto a evitar, no futuro, a prática de factos qualificados pela lei como crime
Obrigações que podem constar do plano de conduta:. Apresentação de desculpas ao ofendido;
- Ressarcimento do dano;
- Consecução de objectivos de formação pessoal;
- Prestações económicas ou de tarefas a favor da comunidade;
- Não frequência de determinados lugares ou afastamento de certas redes de companhia.
REQUERIMENTO PARA ABERTURA DA FASE JURISDICIONAL
Suficiência de indícios da prática de facto qualificado pela lei como crime
Crime punível até3 anos de prisão
Se houver necessidade de aplicação de medida tutelar
Crime punível com prisão superior a 3 anos
Mesmo que o MP entenda não haver necessidade de educação para o direito
QUESTÕES DEBATIDAS NA JURISPUDÊNCIA DAS RELAÇÕES
“Em processo tutelar, no qual estão em causa vários crimes praticados pelo mesmo menor, cada um deles punível com pena inferior a três anos da prisão mas cuja soma ultrapassa este limite, o Ministério Público, considerando desnecessária a aplicação de qualquer medida tutelar, deve submeter a proposta de arquivamento à apreciação do juiz, requerendo, para tanto, a abertura da fase jurisdicional”
(Acórdão da Relação do Lisboa, de 16/02/ 2007).
QUESTÕES DEBATIDAS NA JURISPUDÊNCIA DAS RELAÇÕES
“O requerimento do Ministério Público omisso quanto às condutas anteriores, contemporâneas ou posteriores aos factos, às condições de inserção familiar, educativa e social, não cumpre os requisitos do artigo 90º alínea d) da Lei nº 166/99, de 14 de Setembro. Contudo, não deve o mesmo ser rejeitado, pois tal omissão não constitui uma questão prévia impeditiva do conhecimento do mérito” (Acórdão da Relação do Porto, de 27 de Outubro de 2004).
“Deve ser rejeitado, por manifestamente infundado, o requerimento do Ministério Público em que, no final do inquérito tutelar educativo, pede a abertura da fase jurisdicional, se nele não são alegados os factos que integram o requisito essencial da alínea d) do artigo 90ºda Lei Tutelar Educativa (Acórdão da Relação do Porto, de 19 de Dezembro de 2007).
QUESTÕES DEBATIDAS NA JURISPUDÊNCIA DAS RELAÇÕES
O juiz não pode deixar de receber o requerimento do Ministério Público para abertura da fase jurisdicional em que é requerida a aplicação de medidas tutelar educativa, e dar prosseguimento ao processo, por entender que no caso não há necessidade de educaçãopara o direito (Acórdão da Relação de Coimbra, de 7 de Março de 2007).
QUESTÕES DEBATIDAS NA JURISPUDÊNCIA DAS RELAÇÕES
“A omissão quanto à descrição de factos no que respeita ao elemento subjectivo do ilícito torna o requerimento de abertura da fase jurisdicional manifestamente infundado, nos termos dos artigos 90ºalínea b) da Lei nº 166/99 e 311º nº2 alínea a) e 3. do CPP, aplicável por força do artigo 128 nº1 do primeiro diploma citado” (Acórdão da Relação do Porto, de 7 de Junho de 2006).
Não é admissível o recurso pelo Ministério Público do despacho que considera manifestamente infundado o requerimento de abertura da fase jurisdicional, por não conter a narração dos factos discriminados na alínea d) do artigo 90º da Lei Tutelar Educativa, uma vez que não se trata de uma decisão judicial que “ponha termo ao processo” (Acórdão da Relação de Lisboa, de 17 de Abril de 2007)
QUESTÕES DEBATIDAS NA JURISPUDÊNCIA DAS RELAÇÕES
INQUÉRITO
ATÉ 1 ANO DE PRISÃO
- Arq. Liminar
- Arquivamento
- Suspensão
- Req. Fase Jurisdicional
ATÉ 3 A NOS DE PRISÃO
- Arquivamento
- Suspensão
- Req. Fase Jurisdicional
MAIS DE 3 ANOS DE PRISÃO
- Arquivamento
- Req. Fase Jurisdicional por Desnecessidade Medida
- Suspensão
- Req. Fase Jurisdicional p/ Aplicação de Medida
REQUERIMENTO PARA ABERTURA DA FASE JURISDICIONAL
Descrição dos factos, incluindo, quando possível, o lugar, o tempo e a motivação da sua prática e o grau de participação do menor;
A qualificação jurídico-criminal dos factos;
A indicação de condutas anteriores, contemporâneas ou posteriores aos factos e das condições de inserção familiar, educativa e social que permitam avaliar da personalidade do menor e da necessidade da aplicação de medida tutelar;
A indicação da medida a aplicar ou das razões por que se torna desnecessária.
REQUERIMENTO PARA ABERTURA DA FASE JURISDICIONAL
ARQUIVAMENTO AUDIÊNCIA PRELIMINAR
AUDIÊNCIA
DECISÃO
ARQUIVAMENTO
APLICAÇÃO DE MEDIDA TUTELAR
HOMOLOGAÇÃO DA MEDIDA PROPOSTA PELO MINISTÉRIO PÚBLICO OU APLICAÇÃO DE OUTRA
MEDIDA ADEQUADA, QUE SEJA CONSENSUAL
DILIGÊNCIAS
Para aplicação de medidaParecer de arquivamento
SIGILO E PUBLICIDADE DO PROCESSO TUTELAR
O processo tutelar é secreto até ao despacho que designar data para a audiência preliminar ou para a audiência.
A publicidade do processo faz-se com respeito pela personalidade do menor e pela sua vida privada, devendo, na medida do possível, preservar a sua identidade.
Pode o juiz:
- restringir ou mesmo excluir a publicidade da audiência preliminar ou da audiência;
- determinar que a comunicação social não proceda ànarração ou à reprodução de certos actos ou peças processuais nem divulgue a identidade do menor
A leitura da sentença é sempre pública.
Razões que podem determinar a
restrição ou exclusão da publicidade
salvaguarda da dignidade das pessoas e da moral pública
garantir o normal funcionamento do tribunal
porque a presença de público pode afectar psicologicamente
o menor
MEDIDAS TUTELARES-Admoestação;
-Privação do direito de conduzir ciclomotores ou de obter permissão para os conduzir;
-Reparação do ofendido;
-Realização de prestações económicas ou de tarefas a favor da comunidade;
-Imposição de regras de conduta;
-Imposição de obrigações;
-Frequência de programas formativos;
-Acompanhamento educativo;
-Internamento em centro educativo:
- regime aberto
- regime semiaberto
- regime fechado.
não institucionais
institucional
Reparação
do
Ofendido
Apresentação de desculpas
Compensação económica
Exercer actividade
MEDIDAS TUTELARES
A medida de imposição de regras de conduta tem por objectivo criar ou fortalecer condições para que o comportamento do menor se adeque às normas e valores jurídicos da vida em sociedade.
- Não frequentar certos meios, locais ou espectáculos;
- Não acompanhar determinadas pessoas;
- Não consumir bebidas alcoólicas;
- Não frequentar certos grupos ou associações;
- Não ter em seu poder certos objectos.
Não podem, nunca, limitar de forma abusiva ou não razoável a sua autonomia de decisão ou de condução da vida.
MEDIDAS TUTELARES
A medida de imposição de obrigações tem por objectivo contribuir para o melhor aproveitamento na escolaridade ou na formação profissional e para o fortalecimento de condições psicológicas necessárias ao desenvolvimento da personalidade.
- Escolaridade;
- Formação profissional;
- Orientação psicopedagógica;
- Actividades em clubes ou associações juvenis;
- Programas de tratamento.
É necessário o consentimento do menor com idade superior a 14 anos para os programas de tratamento.
MEDIDAS TUTELARES
A medida de acompanhamento educativo consiste na execução de um programa educativo pessoal que abranja as áreas de intervenção fixadas pelo tribunal.
Podem ser impostas regras de conduta ou obrigações, e também a frequência de programas formativos.
MEDIDAS TUTELARES
1 MÊS
1 ANO
Privação do direito de conduzir
12 HORAS
Reparação ao ofendido
60 HORAS
Tarefas a favor da comunidade
2 ANOS
I
M
P
o
S
I
Ç
Ã
O
-Obrig.
_
Regras
de
conduta
6 MÊS
3 MÊSA
C
O
M
P
-
E
D
U
Frequência
de
programas
formativos
A medida de internamento visa proporcionar ao menor, por via do afastamento temporário do seu meio habitual e da utilização e programas e métodos pedagógicos, a interiorização de valores conformes ao direito e a aquisição de recursos que lhe permitam, no futuro, conduzir a sua vida de modo social e juridicamente responsável.
Regime Aberto
Regime Semiaberto
Regime Fechado
Prática de facto qualificado como crime
- Facto qualificado como crime contra as pessoas punível com prisão superior a 3 anos.- Dois ou mais factos qualificados como crime punível com prisão superior a 3 anos.- Facto qualificado como crime punível com prisão superior a 5 (8) anos; ou dois ou mais factos contra as pessoas puníveis com prisão superior a 3 (5) anos.
- Idade superior a 14 anos à data da aplicação da medida
(3 meses a 2 anos)
(3 meses a 2 anos)
(6 meses a 2 anos, ou a 3 anos)
INTERNAMENTO EM REGIME FECHADO - IDADEI – A decisão de aplicar a um menor de 13 anos à data da aplicação damedida, uma medida tutelar de internamento em centro educativo emregime fechado, viola o estatuído no artigo 17º n.º 4 alínea b) da Lei 166/99,de 14 de Outubro.II – Com efeito, no artº 17º, nº 4, al. b) da LTE, estabelece-se comorequisito de aplicação da medida de internamento, ter o menor idadesuperior a 14 anos à data da aplicação da medida, pelo que éirrelevante que o menor em causa completasse os 14 anos dali a 4 dias.III – Reportando-se a fixação daquela idade, os 14 anos, a pelo menoscinco momentos distintos - data da prática dos factos; data dainstauração do processo; data da aplicação da medida; data do trânsito em julgado da decisão que aplicou a medida e data do inícioda execução da medida -, o legislador perfilhou claramente o terceirodos apontados critérios: a data da aplicação da medida.
(Acórdão da Relação de Guimarães de 17/09/2007)
MEDIDA DE INTERNAMENTO
Regime Fechado
PERÍCIA SOBRE A PERSONALIDADE
Regime Aberto ou Semiaberto
RELATÓRIO SOCIAL
COM AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA
FINALIDADES DAS PENAS E MEDIDAS DE SEGURANÇA
Artº 40º Código Penal
“A aplicação das penas e medidas de segurança visa a protecção de bens jurídicos e a reintegração do agente na sociedade”.
FUNÇÃO SEGURANÇA
REINSERÇÃO SOCIAL
“Em definitivo, a defesa da sociedade não é critério orientador da escolha da medida tutelar.”
-Comentário da Lei Tutelar Educativa
Anabela Rodrigues; António Duarte-Fonseca
FUNÇÃO EDUCATIVA
FUNÇÃO SEGURANÇA
Prova dos factos
+Necessidade de educação para o direito
Escolha da Medida
Determinação da Duração da Medida
Adequação
Suficiência
Menor intervenção
Maior adesão
Proporcionalidade
Necessidade
Não frequentar certos meios, locais ou espectáculos
duração máxima de 2 anos
Face à gravidade do facto = 1 ano de limite máximo
Necessidade de educação do menor para o direito, manifestada na prática do facto e subsistente no momento da decisão = 10 meses
Escolha da Medida
Determinação da Duração da Medida
Adequação
Suficiência
Menor intervenção
Maior adesão
Proporcionalidade
Necessidade
Internamento em regime semiaberto
Face à gravidade do facto = duração máxima de 18 meses
Necessidade de educação do menor para o direito, manifestada na prática do facto e subsistente no momento da decisão = nunca poderá exceder os
12 meses após a decisão
Prova dos factos
+Necessidade de educação para o direito
Medida cautelar de guarda em centro educativo, com
a duração de 6 meses
Deve descontar-se na medida de internamento o tempo de medida cautelar de guarda em
centro educativo?
SIM-Trata-se de uma privação da liberdade, abrangida pela previsão da alínea e) do nº3 do artigo 27º da Constituição;
- A não previsão do desconto na Lei Tutelar Educativa é um caso omisso, cuja lacuna deve ser integrada por recurso ao artigo 80º do Código Penal;
- O nº1 do artigo 128º da Lei Tutelar Educativa, ao mandar aplicar subsidiariamente o Código de Processo Penal, não afasta a aplicação dos artigos 9ºe 10º do Código Civil.
NÃO- A medida deve ser a adequada (quanto à espécie e duração) às necessidades de educação para o direito “subsistentes no momento da decisão”;
- Não existe qualquer omissão na Lei Tutelar Educativa quanto ao desconto do tempo de medida cautelar de guarda em centro educativo;
- O nº1 do artigo 128º da Lei Tutelar Educativa, não remete para o Código Penal, pelo que não é aplicável o artigo 80ºdeste.
Constituição da República Portuguesa
Artigo 27º
(Direito à liberdade e à segurança)
1. Todos têm direito à liberdade e à segurança.
2. Ninguém pode ser total ou parcialmente privado da liberdade, a não ser em consequência de sentença judicial condenatória pela prática de acto punido por lei com pena de prisão ou de aplicação judicial de medida de internamento.
3. Exceptua-se deste princípio a privação da liberdade, pelo tempo e nas condições que a lei determinar, nos casos seguintes:
..............................................................................................................................
e) Sujeição de um menor a medidas de protecção, assistência ou educação em estabelecimento adequado, decretadas pelo tribunal judicial competente;
...............................................................................................................................
ACÓRDÃO DE FIXAÇÃO DE JURISPRUDÊNCIA Nº 3/2009
Supremo Tribunal de Justiça
Não há lugar, em processo tutelar educativo, ao desconto do tempo de permanência do menor em centro educativo, quando, sujeito a tal medida cautelar, vem, posteriormente, a ser-lhe aplicada a medida tutelar de internamento.
Diário da República 1ª Séria, de 17/02/2009
EXECUÇÃO SUCESSIVA
DE MEDIDAS TUTELARES
REGRA
Ordem decrescente de gravidade:
1º Medida Institucional e, de entre estas, a de regime mais restritivo;
2º Medida não institucional, sendo o grau de gravidade o que resulta da ordem crescente da sua enumeração legal.
MEDIDAS TUTELARES-Admoestação;
-Privação do direito de conduzir ciclomotores ou de obter permissão para os conduzir;
-Reparação do ofendido;
-Realização de prestações económicas ou de tarefas a favor da comunidade;
-Imposição de regras de conduta;
-Imposição de obrigações;
-Frequência de programas formativos;
- Acompanhamento educativo.
Projecto Educativo Pessoal (DGRS)
Homologação pelo Tribunal
REVISÃO DAS MEDIDAS TUTELARES
No decurso da execução, a medida tornou-se desajustada ao menor por forma que frustre manifestamente os seus fins
A continuação da execução está a revelar-se desnecessária devido aos progressos educativos alcançados pelo menor
A execução tornou-se impossível por facto não imputável ao menor
A execução tornou-se excessivamente onerosa para o menor
REVISÃO DA MEDIDAS TUTELARES
EFEITOS
Não InstitucionaisManter a medida aplicada
Modificar as condições de execução
Substitui-la por outra mais adequada
Reduzir a duração
Pôr termo à medida
InstitucionalManter a medida aplicada
Modificar o regime de execução
Substitui-la por medida não institucional
Suspender a execução
Pôr termo à medida
REVISÃO DA MEDIDA TUTELARES
O menor colocou-se intencionalmente em situação que inviabiliza o cumprimento da medida
O menor violou, de modo grosseiro ou persistente, os deveres inerentes ao cumprimento da medida
REVISÃO DA MEDIDAS TUTELARES
EFEITOS
Não InstitucionaisAdvertência
Modificar as condições de execução
Substitui-la por outra mais adequada
Internamento em regime semiaberto pelo período de um a quatro fins-de-
semana
InstitucionalAdvertência
Prorrogação até 1/6 da sua duração
Modificar o regime de execução
REVISÃO DA MEDIDAS TUTELARES
EFEITOS
Não InstitucionaisAdvertência
Modificar as condições de execução
Substitui-la por outra mais adequada
Internamento em regime semiaberto pelo período de um a
quatro fins-de-semana
MEDIDA DE SUBSTITUIÇÃO
ou
SANÇÃO PELO INCUMPRIMENTO?
REVISÃO DAS MEDIDAS TUTELARES
Quando o menor com mais de 16 anos cometeu infracção criminal
INTERACTIVIDADE ENTRE PENAS
E MEDIDAS TUTELARES
REGRA
Cumprimento cumulativo de medidas tutelares educativas e de penas, desde que compatíveis.
INTERACTIVIDADE ENTRE PENAS
E MEDIDAS TUTELARES
Cessação da execução da medida tutelar
Quando o jovem maior de 16 anos écondenado em prisão efectiva
Não cessa quando a medida for a de admoestação; e pode não cessar nos casos de reparação ao ofendido na modalidade de compensação económica ou de prestações económicas a favor da comunidade.
Jovem maior de 16 anos a cumprir medida tutelar de internamento
INTERACTIVIDADE ENTRE PENAS
E MEDIDAS TUTELARES
Condenação em pena
de prisão efectiva
= cessa a execução da medida
Condenação em pena de multa, prestação de trabalho a favor da comunidade ou
suspensão da execução da pena de prisão
= suspensão da execução de eventual pena de prisão que devesse ser cumprida
e adequação dos deveres, regras de conduta ou obrigações impostas
(há lugar a revisão obrigatório da medida tutelar educativa)
INTERACTIVIDADE ENTRE PENAS
E MEDIDAS TUTELARES
Jovem maior de 16 anos a cumprir pena de multa, prestação de trabalho a favor da comunidade ou
suspensão da execução da pena de prisão
Aplicação de medida tutelar de internamento
O regime da medida deve ter em conta a compatibilidade com a pena
INTERACTIVIDADE ENTRE PENAS
E MEDIDAS TUTELARES
Prisão Preventiva Medida Tutelar de Internamento
Mantém a execução da medida tutelar, em centro educativo de regime fechado, que será obrigatoriamente revista.
Execução depende do resultado do processo penal, sendo obrigatoriamente revista em caso de absolvição.
SENTENÇAComunicação à DGRS da decisão e dos elementos necessários para a execução
Escolha do centro educativo:
- Classificação do centro definida na sentença;
- Necessidades educativas do menor;
- Maior proximidade do centro relativamente à sua residência.
Execução da medida de
internamento
PLANO EDUCATIVO PESSOALHomologação Judicial
Relatórios de Execução:
- Trimestrais, quando a medida tem a duração de 6 meses a um ano;
- Semestrais, quando a medida tem duração superior a um ano.;
- Final, com a antecedência de quinze dias relativamente à data do termo.
CESSAÇÃO DO INTERNAMENTO
Revisão da medida
Execução da medida de
internamento
Artigo 1º
Finalidades da intervenção
1. A intervenção em centro educativo visa proporcionar ao educando, por via do afastamento temporário do seu meio habitual e da utilização de programas e métodos pedagógicos, a interiorização de valores conformes ao direito e a aquisição de recursos que lhe permitam, no futuro, conduzir a sua vida de modo social e juridicamente responsável.
2. A defesa da ordem e da paz social é igualmente tida em consideração na intervenção em centro educativo.
Regulamento Geral e Disciplinar dos Centros Educativos
DIREITOS DO MENOR INTERNADO
Direito à preservação da sua dignidade e intimidade, a ser tratado pelo seu nome e a que a sua situação de internamento seja estritamente reservada perante terceiros.Direito a contactar, em privado, com o juiz, com o Ministério Público e com o defensor.
Direito a ser ouvido antes de lhe ser imposta qualquer sanção disciplinar.
Direito a ser informado sobre a sua situação judicial e sobre a avaliação e evolução do PEP.Direito a efectuar pedidos, a apresentar queixas, fazer reclamações ou interpor recursos.
DIREITOS DOS PAIS OU REPRESENTANTE LEGAL
Mantêm todos os direitos e deveres relativos à pessoa do menor, que não sejam incompatíveis com a medida tutelar.
Direito a serem informados sobre todos os incidentes ocorridos no decurso da execução da medida.
Direito a serem ouvidos quanto à preparação, modificação e execução do PEP do menor e a serem informados sobre a sua evolução.
Direito a serem avisados, em tempo útil, da cessação do internamento.
Artigo 176º
Protecção da Intimidade1. Os menores internados em centro educativo têm o direito a não ser
fotografados ou filmados, bem como a não prestar declarações ou a dar entrevistas, contra a sua vontade, a órgãos de comunicação social.
2. Antes da manifestação de vontade referida no número anterior, os menores têm o direito a ser inequivocamente informados, por um responsável do centro educativo, do teor, sentido e objectivos do pedidode entrevista que lhes for dirigido.
3. Independentemente do consentimento dos menores, são proibidas:
a) Entrevistas que incidam sobre a factualidade que determinou aintervenção tutelar;
b) A divulgação, por qualquer meio, de imagens ou de registos fonográficos que permitam a identificação da sua pessoa e da sua situação de internamento.
PREPARAÇÃO DA CESSAÇÃO DO INTERNAMENTO
Envolvimento dos pais, representante legal ou pessoa que detenha a guarda do menor, e dos serviços da comunidade que possam contribuir para a sua inserção na vida em comunidade.
Quando, face à observação efectuada durante o período de internamento, aqueles, pela sua acção ou omissão, coloquem o menor em perigo, ou não sejam capazes de se opor a comportamentos que afectem a sua segurança, saúde, formação, educação e desenvolvimento, provindos de terceiros ou do próprio, deve o centro educativo informar a Comissão de Protecção ou o Ministério Público.
Quando se mostre necessário regular ou estabelecer o exercício das funções parentais, o centro educativo informa o Ministério Público.
BIBLIOGRAFIA- Reforma do Direito de Menores, Ministérios da Justiça e do Trabalho e da
Solidariedade, 1999.
- Rui do Carmo, Lei Tutelar Educativa – traços essenciais na perspectiva da intervenção do Ministério Público, Revista do Ministério Público nº 84, Out/Dez 2000, p.119.
- Anabela Miranda Rodrigues / António Carlos Duarte-Fonseca, Comentário da Lei Tutelar Educativa, Coimbra Editora, 2000.
- AAVV, Direito Tutelar de Menores. O sistema em mudança, Coimbra Editora, 2002.
- Boaventura de Sousa Santos (director científica), Os caminhos difíceis da “nova”justiça tutelar educativa: uma avaliação de dois anos de aplicação da Lei Tutelar Educativa, Observatório Permanente da Justiça Portuguesa, 2004.
- Álvaro Laborinho Lúcio, O advogado na Lei Tutelar Educativa, Revista do Ministério Público nº 104, Out/Dez 2005, p. 45.
- AAVV, 3ª Bienal de Jurisprudência de Direito da Família, Coimbra Editora, 2008.
- AAVV, 4ª Bienal de Jurisprudência de Direito da Família, Coimbra Editora, 2009
- Helena Bolieiro / Paulo Guerra, A Criança e a Família – uma questão de direitos, Coimbra Editora, 2009
- Joana Marteleiro, Análise dos internamentos em fins-de-semana – 2005, Infância e Juventude, nº3 de 2007.