loucura de mário de sá carneiro realizado por ana luísa silva

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Ficha Relatório de Autor: Mário de Sá-Carneiro Editora: Alma Azul Ano da edição: edição, Outubro de 2009 Período de Leitura: Aproximadamente uma hora. Apresentação geral do livro: Mário de Sá-Carneiro nesta pequena obra narra a história de vida do seu melhor amigo que se suicidou, de seu nome Raul, com o intuito de “estas páginas desfazerem as estúpidas fantasias que se propalaram sobre os motivos que teriam conduzido o jovem artista ao seu acto de desespero.” Raul sempre fora um rapaz fora do comum, um louco, e tinha atitudes que Sá-Carneiro sempre reprovara. No entanto, esta amizade começa quando Raul se dá por culpado de um acto que Mário de Sá-Carneiro cometera. 1 L O U C U R Registo de Apresentação de Livros

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Page 1: Loucura de Mário de Sá Carneiro realizado por Ana Luísa Silva

Ficha técnica

Relatório de apresentação

Autor: Mário de Sá-Carneiro

Editora: Alma Azul

Ano da edição: 4ª edição, Outubro de 2009

Período de Leitura: Aproximadamente uma hora.

Apresentação geral do livro: Mário de Sá-Carneiro nesta pequena obra narra a história de vida do seu melhor amigo que se suicidou, de seu nome Raul, com o intuito de “estas páginas desfazerem as estúpidas fantasias que se propalaram sobre os motivos que teriam conduzido o jovem artista ao seu acto de desespero.”

Raul sempre fora um rapaz fora do comum, um louco, e tinha atitudes que Sá-Carneiro sempre reprovara. No entanto, esta amizade começa quando Raul se dá por culpado de um acto que Mário de Sá-Carneiro cometera.

Num baile a que Raul foi com o seu amigo conheceu a mulher da sua vida, Marcela, que era o sonho de qualquer homem.

Para espanto de Sá-Carneiro (“O fim do mundo, ter-me-ia causado menos espanto.”), casou-se com Marcela e desde aí nunca mais foi o mesmo,

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Registo de Apresentação de LivrosPor Ana Luísa Cota Mateiro da Silva, turma A do 12ºano

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deixou a sua loucura de parte vivendo apenas o seu amor, tornando-se completamente obsessivo.

Mas não tardava muito a que um pecado mortal o atraiçoasse, foi com Luísa que o praticou, a sua musa inspiradora para mais uma escultura.

Marcela descobrira e desde aí passou a não acreditar no seu marido crendo que Raul já não a amava. Este comprometeu-se a dar-lhe uma prova do seu amor. O sentimento de culpa por não conseguir provar realmente o quanto a amava e a ideia de envelhecer andou a perturbar-lhe a cabeça até que, certo dia, uma ideia lhe surgiu: o homem só ama a mulher pela sua beleza. A solução estava em acabar com a beleza de Marcela e continuar a ama-la, assim provar-lhe-ia que o sentimento que nutria por ela era tão forte, tão verdadeiro que era capaz de a amar sendo ela feia.

Seduzindo Marcela, Raul levou-a para o seu atelier, pensando ela que sabia o que a esperava.

Foi assim que lhe tentou tirar a sua beleza, queimando-lhe o rosto e o resto do corpo fazendo dela uma mulher feia, dessa forma mais nenhum homem olharia para ela, mas Marcela conseguiu fugir e livrar-se daquele louco. Raul acabou por beber o seu próprio veneno e assim morreu da sua própria loucura.

Relação título-livro: Loucura é um título que se adequa muito bem ao livro. É a palavra-chave de todo o desenlace desta narrativa. Raul era um louco e sendo o livro baseado na sua vida de loucuras não haveria melhor título que a sua própria essência, a loucura.

Transcrição de ideias / frases relevantes:

“-Gostava que morresse toda a gente…todos os animais e que só eu ficasse vivo…

-Para quê? – Perguntei espantado.

-Para experimentar o medo de me ver completamente só num mundo cheio de cadáveres. Devia ser delicioso! Que calafrio de horror!...“ (Raul)

“O meu maior prazer – exclamava – seria passear com o teu corpo nu, mostrá-lo pelas ruas para que toda a gente pudesse admirar a minha obra-prima! Sim! Fui eu que formei, que dei fogo… vida a este corpo!...” (Raul)

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Page 3: Loucura de Mário de Sá Carneiro realizado por Ana Luísa Silva

“ – Eu quero que tu me ames como eu te amo… Com todo o teu corpo; com as mãos…com os braços… Com a boca…”( Luísa)

“Procriar, é uma malvadez: é fazer desgraçados. É um crime matar, preceituam as leis. Crime muito maior é formar assassinos.” (Escrito por Raul no seu diário)

“Não era banalmente no leito burguês – às escuras – que os seus corpos se estreitavam; era em plena luz, em estofos caros e moles, nos divãs do atelier, donde, na fúria do amplexo, rolavam para o chão – abraçados, confundidos…” (Mário de Sá-Carneiro)

“Marcela aparecia envolta em qualquer roupagem transparente. A carne nua mostrava-se do delgado tecido; os seios erectos oscilavam com as suas pontas rosadas a enfolarem a pano… Ah! Como ele gostava de morder esses seios! Beijava-os, mordia-os tão sofregamente, que uma vez o sangue correra…” (Mário de Sá-Carneiro)

Reacção pessoal ao livro: Sendo breve e explícita, adorei o livro. É pequeno e de leitura muito acessível, ao contrário daquilo que esperava. Surpreendeu-me bastante pela positiva, pois, sendo Mário de Sá-Carneiro muito amigo de Fernando Pessoa, tinha medo do que me esperava.

Fevereiro de 2011

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Mário de Sá-Carneiro nasceu em Lisboa, a 19 de Maio de 1890. Suicidou-se em Paris, a 26 de Abril de 1916.

Em 1912 veio a conhecer aquele que foi, sem dúvida, o seu melhor amigo – Fernando Pessoa. Era um dos mais reputados membros da Geração d’Orpheu.

As cartas que trocou com Pessoa, entre 1912 e o seu suicídio, são como que um autêntico diário onde se nota paralelamente o crescimento das suas frustrações interiores.

Sobre ele escreveu Fernando Pessoa: “Mário de Sá-Carneiro não tem biografia, só génio.”