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LONDRINA: O CRESCIMENTO URBANO, O RIBEIRÃO CAMBÉ E A NATUREZA;

“TUDO FLUI” TUDO ESTÁ EM MOVIMENTO

CARDOZO, Marinalva1

ASARI, Alice Yatiyo2

RESUMO

O presente artigo é resultado da intervenção pedagógica na escola do Programa de

Desenvolvimento Educacional – PDE 2010. É um relato da aplicação do projeto no

Colégio Estadual Déa Alvarenga, localizado no Jardim São Francisco de Assis em

uma turma de 8ª série do Ensino Fundamental no município de Londrina-PR. Foi

aplicado nas aulas de Geografia, com ênfase à temática: Londrina: o crescimento

urbano, o ribeirão Cambé e a natureza; “tudo flui”, tudo está em movimento. Teve

como objetivo ampliar o conhecimento e oportunizar aos alunos uma discussão mais

aprofundada sobre as questões sócio-ambientais e inserir no âmbito da escola uma

abordagem em diferentes frentes: social, histórica e ambiental, mostrando como

ocorreu a ocupação e a colonização, partindo do local para o global. O trabalho

desenvolvido com os alunos iniciou-se com o estudo do espaço de vivência deles,

questionando as mudanças ocorridas no Ribeirão Cambé e na cidade de Londrina,

relacionando com o que se apreende na disciplina de geografia: ver, ler e

compreender o espaço habitado, para que este seja conhecido, compreendido,

desde as mudanças de moradia, na sociedade, no mercado de trabalho, na escola,

na igreja, no bairro, na cidade, na região, ou ainda entre outros espaços geográficos.

Palavras - chave: meio ambiente, cidade, bairro, cidadania, pertencimento.

1 Professora de Geografia na rede estadual de ensino do Estado de Paraná desde 1994 e participante

do Programa de Desenvolvimento Educacional do Estado do Paraná – turma 2010, com lotação no Colégio Estadual Déa Alvarenga – Ensino Fundamental e Médio – Londrina-PR Núcleo Regional de Londrina-PR Endereço eletrônico: [email protected]. 2 Professora orientadora: Profª.Drª: Alice Yatiyo Asari. Departamento de Geociências - UEL. Londrina

– PR.

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1. INTRODUÇÃO

“Aqui, ali, lá, acolá, além, longe, muito longe, onde?”

Planeta terra, América Latina, Brasil,

Região sul, norte do Paraná, bioma mata atlântica

Londrina, vermelha de paixão, ribeirão Cambé, Déa Alvarenga”.

Adaptado de: Brandão, Carlos Rodrigues (2005)

Este artigo apresenta o resultado da participação no Programa de

Desenvolvimento Educacional - PDE, ofertado pelo Governo do Paraná,

possibilitando a formação continuada de seus professores. O primeiro momento/ano

é um período em que o professor volta à universidade, na sua área de formação e

atuação com conteúdos da área específica de conhecimentos em aulas voltadas à

produção e ao desenvolvimento do projeto de intervenção pedagógica na escola.

Vale ressaltar que o projeto foi realizado com 27 alunos da 8ª série do

Ensino Fundamental do Colégio Déa Alvarenga. Inicialmente foram apresentados os

conceitos para que eles conhecessem as categorias geográficas: paisagem,

território, lugar, espaço, região, natureza e sociedade, com o objetivo de despertá-

los para a compreensão do seu espaço e com isso, pudessem intervir, exercitando a

sua cidadania. Essa intervenção ocorreu por meio de questionamentos junto aos

familiares e aos moradores sobre as mudanças socioambientais no espaço habitado

que ali ocorreram, propiciando assim, um olhar mais crítico para a paisagem e na

percepção para o problema socioambiental, fruto da crescente urbanização ocorrida

nos países em desenvolvimento nas últimas décadas do século XX. Ao mesmo

tempo ocorreu o aumento da produção industrial, do consumo e na geração dos

resíduos sólidos e a utilização dos recursos hídricos sem se preocupar com o

esgotamento e a poluição dos recursos naturais.

Objetivou-se ainda ampliar os conhecimentos e aprimorar as práticas

teórico-metodológicas, apropriando-se das inovações educacionais. Assim, no

primeiro ano de estudos no PDE, após um período de cursos na universidade na

área da ciência geográfica e da educação com a ajuda do professor orientador,

definiu-se a aplicabilidade do projeto já reescrito para ser implementado na escola

de atuação do professor.

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As atividades propostas visaram à construção do conhecimento dos

alunos, além de aulas em sala, foi feito também um trabalho de campo no fundo de

vale do Ribeirão Cambé, que faz parte da bacia hidrográfica do Ribeirão Três Bocas,

que é afluente do Rio Tibagi. Propiciou ao aluno compreender as mudanças

ocorridas na paisagem urbana e na bacia hidrográfica, assim, essa conscientização,

permitiu ao educando conhecer para poder intervir na realidade local, compreender

e questionar os acontecimentos globais.

Outro assunto discutido foi como se deu a chegada dos primeiros

migrantes para a região norte do Paraná, uma vez que, essa migração promoveu

transformações como: o desmatamento da floresta para o preparo da terra para o

plantio agrícola e, posteriormente, a expansão urbana. A ocupação urbana teve um

crescimento rápido na década de 1970, com a intensificação da mecanização para a

substituição da lavoura do café pelo binômio soja e trigo, o que levou muitos dos

trabalhadores rurais a perderem seu local de trabalho e, com isso migrarem para as

áreas urbanas, provocando mudanças rápidas no meio ambiente.

Esse processo do êxodo rural se intensificou após 1970, pois a população

do campo dirigiu-se para as médias e grandes cidades brasileiras, fato esse que foi

verificado também em Londrina – PR, causando transformações profundas, como o

rápido crescimento urbano e a ocupação de áreas de fundo de vales. Foi um

crescimento rápido e desordenado que provocou alterações nas margens dos

cursos de águas na cidade de Londrina, como por exemplo, a perda da mata ciliar

ou sua diminuição. Esse fato tem gerado discussões sobre a falta de planejamento

urbano que leve em conta também crescimento urbano sustentável e meio

ambiente.

Conforme aborda CARDOZO, et alii (2010) as discussões sobre as

questões ambientais iniciaram-se na década de 1970, tendo como marco a

Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente Humano, realizada em 1972

em Estocolmo, na Suécia. Essa foi a primeira conferência global que visava discutir

os problemas ambientais em defesa do planeta Terra. Outras ocorreram como a de

TBILISI - Geórgia em 1977 (a Conferência Intergovernamental de TBILISI, dedicada

especialmente à educação ambiental). Na ocasião, é criado o PNUMA (Programa

das Nações Unidas para o Meio Ambiente). E em 1987, é publicado o relatório

"Nosso futuro comum", que lança o conceito de desenvolvimento sustentável como

novo paradigma civilizatório.

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Neste sentido, o conceito de desenvolvimento sustentável expressa as expectativas de uma reformulação do ideário do desenvolvimento, buscando responder, de alguma forma, às críticas sociais e ecológicas que emergiram de todos os lados e já se caracterizam por uma repercussão em escala mundial. (SCOTTO, 2007, p. 28).

Em 1992 realizou-se a Conferência das Nações Unidas sobre Meio

Ambiente e o Desenvolvimento - CNUMAD (Rio de Janeiro, 1992).

Então, em 1992, realizou-se no Rio de Janeiro a primeira Cúpula da Terra, a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável. A Eco-92 ou Rio-92, como ficou conhecida, foi marcada por divergências de opinião entre os países ricos e os pobres na questão ambiental. Como documento final da Rio-92 surgiu a Agenda 21, sendo seus quarenta capítulos aprovados pelos representantes dos 179 países, propondo ações para a mitigação dos impactos ambientais, tendo em vista a entrada de forma mais sustentável no século XXI. (...) A proposta de implantação de agendas pode ser discutida em âmbito global, nacional e local, por meio de ações para todo o planeta, em cada país e em todos os municípios ou qualquer local com a atuação da sociedade organizada em conjunto com os órgãos governamentais. Tudo isso visa à complementação de ações, englobando as relações em seus mais variados aspectos, levando-se à participação ativa de diferentes segmentos da sociedade com um único objetivo: a possibilidade de melhoria na qualidade de vida. (CARDOZO, et. alii, 2010, p.161)

Em 2002 ocorreu a chamada de RIO+ 10 que foi a Cúpula Mundial sobre

Desenvolvimento Sustentável (Johanesburgo - África do Sul). E em 2012 acontecerá

a (RIO + 20)3 que será um marco importante para as discussões sobre o meio

ambiente e a sustentabilidade do planeta. Sobre a Conferência das Nações Unidas

para o Meio Ambiente Humano a ECO-92, aponta Passos (2009)

É considerado um marco histórico político internacional decisivo para o

surgimento de políticas de gerenciamento ambiental, direcionando a

atenção das nações para as questões ambientais, sobre os problemas

ambientais. (...) com a participação de 113 países, 250 organizações não

governamentais e organismos da ONU, com o intuito de buscar definir

padrões de conduta adequados à conservação da natureza, do meio

3 A RIO+20 a realizar-se no período de 13 a 22 de junho de 2012 no Rio de Janeiro-Brasil, a Conferência das

Nações Unidas sobre Meio Ambiente e o Desenvolvimento, com a participação confirmada de 193 nações, para

discussões relativas à conservação e preservação ambiental do planeta. Nesta conferência espera-se a

mobilização e ações dos países que visem um desenvolvimento sustentável para as presentes e as futuras

gerações.

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ambiente e, consequentemente, da sociedade humana global. (PASSOS,

2009, p.12)

Note-se que as questões socioambientais devem ser discutidas em todos

os âmbitos da sociedade: escolas, associação de moradores, igrejas,

estabelecimentos indústriais, de prestação de serviços, no setor público e privado,

bem como nas ONGs (Organizações Não Governamentais) e nas OSCIPs

(Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público), estudando essa temática

que consta no conteúdo estruturante da SEED-PR: Dimensão socioambiental do

espaço geográfico, disposto nas Diretrizes Curriculares da Educação Básica da

Geografia. Os impasses ambientais que inquietam o mundo de maneira mais

explícita, desde os anos de 1960, custaram a ganhar espaço no pensamento

geográfico. Essa dificuldade se deu, de acordo com Mendonça (apud Paraná, 2009)

em função de alguns fatores como:

A secundarização dos aspectos físicos do espaço geográfico, a partir da

década de 1970, com a emergência da idéia da Geografia como ciência

social; A consequente recusa da importância da dinâmica da natureza “na

constituição do espaço, do território e da sociedade”; A fé na ciência e na

tecnologia como potencialmente capazes de resolver os problemas

ambientais gerados pelo modo de produção capitalista. (PARANÁ, 2009,

p.72)

Os padrões atuais da economia capitalista provocam a escassez dos

recursos naturais e alterações no espaço geográfico, os quais têm causado sérios

problemas ambientais e sociais, com o uso das técnicas de exploração que outrora

foram utilizadas como: o machado, a foice, o serrote, entre outros artefatos e

equipamentos usados na derrubada das matas do norte do estado do Paraná, ou

ainda, pelo uso de modernos equipamentos como motosserra provocando um

acelerado desmatamento.

E, ao abordar as temáticas dos movimentos migratórios, como a

colonização e ocupação no norte do estado do Paraná nas aulas de Geografia no

ensino fundamental e médio, verificou-se que eles conseguem estabelecer uma

relação com seus ascendentes como participantes desse processo, pois são

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descendentes de imigrantes italianos, japoneses, portugueses, entre outras

nacionalidades. E de migrantes do sudeste, nordeste e outras regiões do estado do

Paraná, oriundos de áreas rurais do país, motivadas principalmente pela existência

de postos de trabalho na agricultura e às posteriores mudanças de cultivo como a

substituição da cafeicultura pelas culturas de soja e trigo que são mais mecanizadas

e utilizam menos trabalhadores.

Acerca das migrações no Brasil, no Paraná e em Londrina, alguns alunos

ressaltavam ainda que seus avós chegaram a essa região e conheceram o

município com uma rica floresta (com perobas, pau - d’alhos, figueiras, entre outros

tipos de espécies vegetais, característica do bioma Mata Atlântica). Isso gerou

interesse de muitos educandos em conhecer como era a região norte do estado do

Paraná. Dessa forma, a abordagem de suas origens ascendentes possibilitou a

motivação pelas questões sobre a sociedade e ainda, a necessidade de crescimento

urbano associado a práticas em defesa e conservação do meio ambiente

sustentável para o presente e para as próximas gerações.

Dentre a necessidade de conhecer o espaço de vivência pelos alunos,

outro fator que motivou foi que a pesquisadora é filha de migrante, cujo pai e colegas

viajaram de caminhão ‘pau-de-arara’, por sete dias até a região norte do Paraná em

1950, oriundo da região nordeste e foi trabalhar, por empreita, para desmatar as

áreas de sítios e fazendas para o plantio agrícola, principalmente do café. Esse

conhecimento adquirido por meio dos relatos de seu pai acerca de sua aventura na

chegada e nos deslocamentos pela região norte paranaense propiciou a esta

professora/pesquisadora a alongar o debate, destacando, por exemplo, a

exuberância da floresta do norte do Paraná, de como foi sua viagem, do início do

trabalho como migrante, pois segundo ele, havia árvores imensas, algumas, nem

dez homens juntos conseguiam abraçá-las. Assim, ficou mais fácil repassar

conhecimentos importantes aos alunos às migrações e a colonização das terras do

norte do estado do Paraná, possibilitando a compreensão das constantes mudanças

socioambientais, sistematizando as informações e os fatos em acontecimentos

geográficos e históricos. Para Veiga et alii. (2006):

A escola tem o objetivo fundamental de promover, de forma intencional, o

desenvolvimento de certas capacidades e a apropriação de determinados

conteúdos da cultura, necessários para que os alunos possam ser membros

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ativos em seu âmbito sociocultural de referência. (VEIGA et. alii, 2006,

p.290).

Desta forma, a educação ambiental deve e pode ser abordada, seja nas

séries iniciais até as últimas da educação básica e do ensino médio, para que o

aluno perceba que ele é o agente de mudança e não apenas o observador dos

acontecimentos ao redor.

Uma das funções mais importantes da escola é seu poder de influência e transformação da comunidade em que esta inserida. Por outro lado, é na temática ambiental que a escola poderia apresentar um impacto significativo na sociedade, mediante a criação de canais de comunicação com a população que possibilitem a discussão e reflexão sobre o papel dos cidadãos quanto ao meio ambiente. (LOUREIRO; et. alii. 2006, p.35)

A implantação do projeto teve como ponto de partida a necessidade de

relacionar o que se aprende na escola com o conhecimento do espaço de vivência,

assim, a proposta foi de que esse material pudesse subsidiar os alunos na

compreensão das mudanças ocorridas no espaço geográfico do município de

Londrina e da região norte do Paraná, especialmente no que se refere ao

crescimento populacional e as transformações provocadas pelo desmatamento e as

mudanças no meio ambiente.

O objetivo foi analisar o espaço geográfico do Colégio Estadual Déa

Alvarenga, do ribeirão Cambé e seu entorno, partindo do local para o global, para

que os alunos pudessem perceber e refletir o quanto interagem no ambiente e o

quanto se pode auxiliar no diagnóstico e na correção dos problemas ambientais. E,

que através de referenciais teóricos e metodológicos da Educação Ambiental,

possam conhecer, compreender, intervir e promover possíveis mudanças.

Primeiramente, foram relacionadas as cinco etapas do conteúdo do

caderno de implantação pedagógica na escola abordando: 1º - a localização e as

transformações do espaço geográfico, 2º - a região norte do estado do Paraná e as

migrações, 3º - o Ribeirão Cambé, 4º - o ciclo hidrológico, a precipitação e a

vegetação e o 5º - o desenvolvimento econômico sustentável e a Agenda 21.

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A primeira parte foi desenvolvida em sala de aula, onde foi visto a

localização e os conceitos necessários ao estudo da ciência geográfica. Foi

necessário esclarecer alguns conceitos como: paisagem, lugar, região, natureza,

sociedade, meio ambiente, mata ciliar, efeito estufa, poluição, agenda 21 global,

local e escolar, importantes para oportunizar a compreensão da geografia e através

deles questionar e verificar as mudanças ocorridas no município de Londrina no

decorrer de sua formação e colonização e as alterações ocorridas ao longo do e no

curso do Ribeirão Cambé.

Na segunda parte, foram objetos de estudo a região norte do Paraná e as

migrações, as mudanças nas paisagens através do crescimento da urbanização

verificadas por meio da comparação das fotografias antigas e atuais, fazendo um

contraponto das transformações ocorridas no município de Londrina.

Na terceira parte, fez-se o estudo sobre o Ribeirão Cambé e as mudanças

apresentadas em decorrência do crescimento urbano, resultado da atração de

milhares de pessoas à região norte do Paraná que, graças a cafeicultura, provocou

mudanças significativas no Ribeirão Cambé, em especial na sua nascente que ficou

estrangulada com o crescimento de vias de escoamento da produção, por duas

rodovias, sendo uma estadual, a PR-445 e outro federal, a BR-369.

Na quarta parte, realizou-se o estudo do ciclo hidrológico, da precipitação

e da vegetação, verificadas nas mudanças da paisagem urbana ao longo do curso

do Ribeirão Cambé, no fundo de vale do Jardim São Francisco até a Avenida Arthur

Thomas/Jardim Bandeirantes.

Na quinta parte, foram estudados: o desenvolvimento econômico e

sustentável e a Agenda 21, além do trabalho de campo na Mata dos Godoy e no

aterro sanitário do município, sendo aquela uma área de preservação permanente e

esta uma área destinada ao descarte dos resíduos urbanos.

Inicialmente foram estudadas as etapas do projeto de implementação e

que estão abordadas neste artigo: a localização e as transformações do espaço

geográfico; a região norte do estado do Paraná e as migrações; analise

socioambiental da paisagem urbana de Londrina; o projeto: desenvolvimento das

atividades pelos alunos; a participação e as contribuições dos professores da rede

pública no Grupo de Trabalho em Rede (GTR).

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No item 5. – o projeto: desenvolvimento das atividades pelos alunos

abordará a realização das atividades que constam no caderno pedagógico de

implementação.

2. LOCALIZAÇÃO E AS TRANSFORMAÇÕES DO ESPAÇO GEOGRÁFICO

Foram apresentados e analisados os dados referentes à localização do

município de Londrina – PR, que está situado entre 23°08’47” e 23°55’46”, de

latitude Sul e entre 50°52’23” e 51°19’11”, a Oeste de Greenwich, área territorial de

1.653 km². Na figura 3, os mapas e da localização do estado do Paraná e do

Município de Londrina.

Figura 3. Mapa localização do estado do Paraná e do município de Londrina – PR Fonte: IBGE Adaptado por: CARDOZO Marinalva.

Segundo dados do IBGE (Cidades@Londrina - PR, 2011), a criação

administrativa do distrito sede e o Município, com terras de Jatahy, ocorreu em 3 de

dezembro de 1934, pelo Decreto-Lei n.º 2.519, e a Comarca, em 18 de janeiro de

1938, a instalação do município ocorreu em 10 de dezembro de 1934. Atualmente é

composto de: Distrito Sede, e pelos distritos do Espírito Santo, Guaravera, Irerê,

Lerroville, Maravilha, Paiquerê, São Luiz, Warta, os Patrimônios de Guairacá,

Heimtal, Limoeiro, Regina, Selva, Taquaruna e Três Bocas.

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O recorte espacial abrange uma região de terra roxa, resultante da

decomposição de rochas basálticas, que há poucas décadas era apenas uma

extensa e densa floresta do bioma Mata Atlântica, com característica de mata

tropical latifoliada. A partir da intensa colonização dirigida, teve sua vasta floresta

derrubada, sendo que os desbravadores o fizeram em nome do progresso, pois

naquele momento histórico, progresso significava desmatamento, exploração dos

recursos que a floresta oferecia: a nobre madeira, da peroba, do pau d’alho, da

imbuia, do jacarandá, da figueira branca, entre outras espécies que recobriam a

vasta floresta. A região foi desbravada e desmatada por migrantes nacionais e

estrangeiros e a ocupação dos espaços geográficos do norte do Paraná teve seu

início ainda no final dos séculos XIX e começo do XX.

Essa ocupação realizou-se de forma rápida, multiplicando-se os núcleos

urbanos, como relata Nadalin.

Tomazina (1865), Santo Antonio da Platina (1866), Wenceslau Brás e São José da Boa Vista (1867), Jacarezinho (1900), Cambará (1904), Bandeirantes (1921), Cornélio Procópio (1924). A colônia de Primeiro de Maio (1923) foi concessão feita a Corain & Cia. A colônia de Sertanópolis (1924) foi concessão a Leopoldo de Paula Vieira. (...) A colônia de Assaí fundada em 1931, pertencente à sociedade colonizadora do Brasil Ltda. Graças a concessões feitas pelo governo a companhias privadas com área de 50.000 hectares. (NADALIN 2001, p.86).

Essa colonização dirigida fundou centros dinâmicos de povoamento da

região norte do estado, as áreas colonizadas deram origem às cidades de Londrina,

Maringá, Cianorte, Umuarama entre outras. À medida que o crescimento urbano de

Londrina aumentava, as áreas de florestas nativas iam sendo desmatadas, e pouco

a pouco quase nada sobrou da exuberante floresta densa de: cedro, peroba rosa,

pau-marfim, cabreúva, coração-de-negro, óleo pardo, paud’alho, pinho, caviúna,

figueira branca, retratada na figura 2, entre outras espécies.

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Figura: 2 - Homens servem de referência para dimensionar a magnitude da figueira branca.

Fotografia: José Juliani Fonte: In: BONI, Paulo César; SATO, Larissa Ayumi, 2009

Através de fotografias da época foi analisado com os alunos em sala de

aula, como era a paisagem no inicio da colonização do Brasil e do município de

Londrina, destacando as mudanças na paisagem nos dias atuais, explicando que

são poucas as áreas remanescentes da formação vegetal natural (mata pluvial

tropical e subtropical) que recobria a região norte do Paraná correspondente ao

bioma Mata Atlântica; a área de paisagem nativa e as mudanças causadas pelo

desmatamento e pela ocupação da área litorânea e do interior da Floresta Atlântica

(Mata Atlântica) podem ser verificadas na figura 3.

Figura: 3 - Ocupação da Floresta Atlântica (Mata Atlântica) / Fonte: Sociedade de Pesquisa em Vida Selvagem (SPVS) Disponível em <http://www.spvs.org.br/download/resumo_executivo_cachoeira.pdf > Acesso em 07 mar. 2011.

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Assim, foi possível relatar aos alunos que os rios, córregos e riachos que

havia na região e no município tiveram suas margens alteradas e consequentemente

a mata ciliar foi gradativamente sendo reduzida pelos colonizadores que aqui

chegavam. Desta forma, restam atualmente alguns resquícios de mata original

nativa que são as unidades de conservação do município de Londrina (LONDRINA,

U.C, 2011), a Mata do Barão e o Parque Estadual Mata dos Godoy (Reserva

Florestal Estadual), são uma (RPPN) Reserva Particular do Patrimônio Natural (é

uma unidade de conservação criada em área particular, por ato voluntário do

proprietário), a Reserva Indígena do Apucaraninha, o Parque Municipal Arthur

Thomas, o Parque Municipal Daisaku Ikeda, o Parque Municipal Fazenda Refúgio, o

Jardim Botânico de Londrina. Essas poucas áreas de conservação e preservação

atuam como corredores ecológicos para os animais.

A região norte do Paraná apresenta uma característica importante que foi

a colonização por companhias de terras que propiciou a vinda de milhares de

migrantes para desbravar e colonizar as terras férteis do latossolo roxo (onde

desmatar significava progresso), assim, as migrações mudaram de vez a paisagem

da região norte do Paraná.

3. A REGIÃO NORTE DO ESTADO DO PARANÁ E AS MIGRAÇÕES

As migrações internas ocorridas no Brasil foram importantes para a

colonização de novas áreas e para o desenvolvimento econômico do espaço

geográfico brasileiro. Os motivos que provocam as migrações são vários como

aponta Martine.

Para efeitos da análise migratória, o interessante é que cada ciclo - paubrasil,açúcar, pecuária, mineração, café ou borracha -, ao deslocar o eixo geográfico da atividade exportadora mais dinâmica, também ocupou novos territórios e provocou a aparição de novos núcleos de assentamento. (...) os deslocamentos sucessivos do eixo dinâmico eram acompanhados, ou não, por transferências de população de uma região para outra, ou se as necessidades de mão-de-obra, em cada novo ciclo, eram basicamente supridas por migrações ultramarinas, seja de colonos, seja de escravos e/ou pela captura de populações indígenas (MARTINE, 1990, p.17-19)

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Os fluxos migratórios possibilitaram mudanças significativas na paisagem

natural e na região norte do Paraná, com a derrubada da exuberante floresta virgem

deram lugar a paisagens humanizadas tanto nos primeiros núcleos urbanos quanto

na zona rural com o plantio de diversos produtos como: milho, arroz, feijão,

mandioca, algodão, rami, café e a partir da década de 1964 a mudança de cultura

para o binômio soja e trigo, entre outros produtos importantes para comercialização,

abastecendo o mercado interno e externo.

Segundo Suzuki (2002), Em 1929, o norte do Paraná era plena mata,

sendo que nesse ano, a Companhia de Terras Norte do Paraná (CTNP) tomava

posse das terras, dando início à colonização da região, nascendo o povoado de Três

Bocas, primeiro nome de Londrina. As noticias sobre a fertilidade do solo e das

características da terra serviam como atrativo aos interessados em adquirir terras-

propriedades na região norte do Paraná. Esse fato também é abordado por Zortéa,

apud Suzuki (2002).

A região é de privilegiadas terras roxas livres de saúvas, próprias para o

café. (...) As frondosas árvores deram lugar a prósperas lavouras cafeeiras,

as quais foram as responsáveis pelas nascentes cidades, que brotavam e

cresciam como cogumelos, de quinze em quinze quilômetros. (...). Tudo se

deveu ao café (ZORTÉA apud SUZUKI, 2002, p,26).

Os panfletos de divulgação eram veiculados em jornais de outros estados

e da capital paulista, divulgados em emissoras de rádios. Esse fato motivou a vinda

de um número significativo de migrantes nordestinos, paulistas, mineiros para a

região norte. Essa ocupação desordenada provocou mudanças na paisagem, da

floresta densa do bioma Mata Atlântica, em uma área agrícola produtiva.

Essas mudanças na paisagem rural com a derrubada da mata também

refletiam na construção da cidade, pois era necessária a instalação de comerciantes

para oferecer produtos (foice, machado, enxada, serrote, alimentos, tecidos, etc.).

Com isso as áreas urbanas iam se expandindo. Em Londrina, as migrações foram

intensificadas pela aquisição de áreas pela CTNP, que as comprou do governo

estadual e as loteou em pequenas e médias propriedades (CMNP,1975).

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4. ANALISE SOCIOAMBIENTAL DA PAISAGEM URBANA DE LONDRINA

A paisagem do município de Londrina tanto na zona rural quanto na zona

urbana tem sofrido grandes modificações, devido à colonização do município Essas

mudanças podem ser verificadas por meio da figura 4.

Figura: 4 - Cidade de Londrina 1934. Vista geral do núcleo urbano de Londrina Fotografia: Hans Kopp/ Acervo do Museu Histórico de Londrina Padre Carlos Weiss Fonte: In: BONI, Paulo César; SATO, Larissa Ayumi, 2009

À medida que os colonizadores transformavam a paisagem natural para

paisagem humanizada, a configuração da mesma ia alterando-se e nesse processo,

migrantes de diversas regiões, cidades e de países chegaram a Londrina a partir de

1929. Note-se que esse recurso de comparação das imagens auxilia na

compreensão das mudanças realizadas pelo homem ao longo do processo de

ocupação e colonização do espaço geográfico do município de Londrina.

Com essa análise o aluno poderá constatar como a colonização imposta

nessa região modificou o espaço geográfico. Essas transformações ocorridas ao

longo da história podem ser verificadas nas imagens a seguir, nas figuras; 4, 5 e 6

verifica-se como a cidade foi mudando sua forma e transformando seu núcleo

urbano.

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Figura: 5 Vista panorâmica da Cidade de Londrina 2010 Fonte: Prefeitura do Município de Londrina Disponível em: <http://www1.londrina.pr.gov.br> Acesso em 28 jun 2011.

Figura: 6 Barragem do Lago Igapó no município de Londrina 2010 Fonte: SEDU/PARANÁCIDADE Disponível em: <http://www.ipardes.gov.br/cadernos/> Acesso em: 28 jun. 2011.

A compreensão das transformações ocorridas nos espaços urbanos pode

ser iniciada nos bancos escolares, para tanto, deve-se entender as mudanças que a

paisagem urbana de Londrina sofreu nestas últimas décadas, principalmente as que

compreendem o entorno do colégio e a nascente do ribeirão Cambé. Esse recorte

espacial e as atividades do Projeto foram desenvolvidas no Colégio Estadual Déa

Alvarenga, localizado na região oeste, no bairro Jardim São Francisco de Assis, na

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Rua Antimônio, 140, na cidade de Londrina, estado do Paraná próximo ao Parque

de Exposições da Sociedade Rural Ney Braga e da nascente do ribeirão.

As margens da nascente do ribeirão Cambé, no limite territorial dos

municípios de Londrina e Cambé foi construído o entroncamento de duas rodovias

(a estadual - PR-445 e a federal - BR-369) ambas, são importantes para o

escoamento econômico das safras agrícolas e industrial e de deslocamento entre o

estado do Paraná e as regiões Centro-Oeste e a Sudeste. A construção das

rodovias próximas a nascente comprometeu as áreas de APPs - Áreas de Proteção

Permanente. No caso do Ribeirão Cambé, não há mais a mata ciliar nativa, o que

restou foi uma vegetação baixa que se recompôs sozinha; verificou-se a existência

de áreas de replantio, mas, ainda há necessidade de mais investimentos ao longo

do trecho estudado, da nascente à avenida Arthur Thomas. Quando chove os

detritos de diversos tipos (restos de materiais de construção, lixo) são carreados

para o leito do rio assoreando-o, verificando na realização do trabalho de campo. O

município conta com uma rica rede hidrográfica segundo Barros (apud Mendonça;

Barros, 2002, s.p.)

A área urbana de Londrina é formada pelas seguintes bacias hidrográficas: Jacutinga, Lindóia, Cambé, Limoeiro, Cafezal e Três Bocas. Os ribeirões Jacutinga e Três Bocas são os limites ao norte e ao sul, respectivamente. A direção dos canais fluviais das bacias dos ribeirões Jacutinga e Lindóia, ao norte, é no sentido oeste-leste enquanto que as demais bacias: Cambé, Limoeiro, Cafezal e Três Bocas estão orientadas no sentido noroeste-sudeste do ribeirão Cambé. A micro bacia do ribeirão Cambé corresponde a uma das sete micro-bacias que compõe as bacias do município de Londrina e que formam os lagos Igapó: IGAPÓ I, II, III e IV. (BARROS apud MENDONÇA 2002, s.p.)

Os rios são considerados de suma importância para a vida aquática da

fauna e flora e na captação e no abastecimento de água do município. As APPs são

as áreas localizadas ao longo da extensão dos cursos d’água, rios, e deve ter a

proteção mínima de 30 a 50 metros, de acordo com a largura dos cursos d’água e

dos rios e não é permitido “destruir ou danificar a floresta da área de preservação

permanente, mesmo que em formação, ou utilizá-la com infringência das normas de

proteção”. As áreas de nascentes são protegidas pelo Código Florestal, Lei nº 4.771,

de 15 de setembro de 1965. A área da nascente é uma APPs – Área de

Preservação Permanente e, portanto é protegida conforme o Art. 2º:

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Art. 2º ..................................... a) ao longo dos rios ou de qualquer curso d'água desde o seu nível mais alto em faixa marginal cuja largura mínima seja: 1) de 30 (trinta) metros para os cursos d'água de menos de 10 (dez) metros de largura; 2) de 50 (cinqüenta) metros para os cursos d'água que tenham de 10 (dez) a 50 (cinqüenta) metros de largura; 3) de 100 (cem) metros para os cursos d'água que tenham de 50 (cinqüenta) a 200 (duzentos) metros de largura; 4) de 200 (duzentos) metros para os cursos d'água que tenham de 200 (duzentos) a 600 (seiscentos) metros de largura; 5) de 500 (quinhentos) metros para os cursos d'água que tenham largura superior a 600 (seiscentos) metros. (BRASIL. LEI Nº 4.771/1965)

Nas figuras 07 e 08 constam o mapa das bacias hidrográficas do

município de Londrina e a bacia do Ribeirão Cambé, que é afluente do ribeirão Três

Bocas.

Figura: 7 - Mapa das bacias hidrográficas do Município de Londrina – PR/ Fonte: Plano Diretor Londrina/2008

Figura: 8 - Localização da Bacia Hidrográfica do Ribeirão Cambé Elaboração: ARAÚJO, R. S. de, 2004

Com o vertiginoso crescimento urbano que a cidade de Londrina teve nos

últimos cinquenta anos, a área urbana sofreu grandes transformações no seu meio

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ambiente, seja represando o ribeirão Cambé, com a construção da barragem iniciada

em 1957 e inaugurada em 1959 seja em períodos mais recentes, com a formação

dos lagos IGAPÓ I, II, III e IV. O curso do ribeirão em questão foi modificado e as

margens foram ocupadas por casas de alto padrão; nas últimas décadas, tem sido

objeto de estudos em trabalhos de conclusão de cursos graduação e de pós-

graduação.

A área em foco necessita ainda de estudos aprofundados sobre a

ocupação dos espaços geográficos no que se refere à população e a sua

interferência no meio ambiente, e essa é a proposta desse projeto de intervenção

pedagógica na escola.

Como já foi abordado, a nascente encontra-se sem a proteção da mata

ciliar, portanto, as rodovias estão localizadas na área de proteção – APPs – Área de

Preservação Permanente e pode ser observada na figura 08.

Figura: 08 – Mapa localização da área de estudo, pontos: 1. 2 e 3 a nascente do ribeirão Cambé. Observa-se também o entroncamento das PR-445 e BR- 369 (Londrina – Cambé- PR). 1. Nascente do Ribeirão Cambé; 2 Colégio Estadual Déa Alvarenga, 3 Av. Arthur Thomas). Fonte: (Adaptado por: CARDOZO, Marinalva) de Google Earth. Acesso em: 20 de mar. de 2011.

As APPs - Áreas de Preservação Permanente que estão definidas nos

artigos 2º e 3º do Código Florestal, não têm sido protegidas no Ribeirão Cambé,

pois conforme se observa na figura 8, não se respeitou a metragem de no mínimo

50 metros, como define a Lei 4771/65 (Brasil, 1965). São denominadas APP, as

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áreas que devem ser preservadas, para propiciar o equilíbrio da vida aquática da

fauna e flora dos rios, mas na cidade de Londrina, como também ocorre em outros

municípios do Brasil, a população com menos instrução considera que os rios têm

o poder de levar “tudo” que é jogado nele, ou seja, “o rio leva tudo”, sofás, garrafas

pet, pneus entre outros produtos. Lei 4771/65 (art. 2º).

E nesse contexto, os córregos, os rios e no caso, o ribeirão Cambé e o

seu entorno foram e ainda são explorados no seu curso por ocupações de suas

margens não respeitando a sua mata ciliar, por rodovias, indústrias, construções

irregulares de casas de alto padrão as margens do Lago Igapó I, ou casas,

chácaras nas proximidades de sua nascente. Para Guimarães (2003, p.88) “(...) a

natureza é explorada como um recurso inesgotável”.

Os alunos estudaram os conceitos e terminologias em sala de aula e em

“in loco” observaram e fotografaram a paisagem do bairro onde se localiza o Colégio

Estadual Déa Alvarenga, no ribeirão Cambé e no seu entorno, o desmatamento, a

falta de APPs. No retorno discutiu-se o que vivenciaram e posteriormente

produziram um texto demonstrando que compreenderam a área estudada. Não

podemos abordar as questões socioambientais sem discorrer sobre a necessidade

de conservar as áreas dos mananciais e das florestas, fonte de uma rica

biodiversidade para o presente e para as futuras gerações. As relações homem meio

ambiente carecem de discussões, pois o uso dos recursos naturais está relacionado

com as ações político-econômicas como aborda Casseti (1991).

As relações de produção (relações homem-homem), ao mesmo tempo em

que implicam as relações entre o homem e a natureza (forças produtivas),

respondem pelo comportamento da superestrutura (concepções político-

jurídicas, filosóficas, religiosas, éticas, artísticas e suas instituições

correspondentes, representadas pelo próprio Estado). (CASSETI, 1991,

p.19).

A tomada de consciência estimula o cidadão em sua prática e exercício

de cidadania com atitudes individuais e coletivas. Sorrentino (1992) argumenta que

“(...) as atividades educacionais ambientais devem ser: conhecer-se para modificar-

se e modificar-se para poder sobreviver”. É somente com este enfoque que o aluno

vivenciará a quebra de barreiras disciplinares, passando a experimentar um trabalho

interdisciplinar. Estes princípios podem melhor ser internalizados a partir das

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diretrizes do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais (IBAMA),

que assim o define: o ponto de partida não é constituído pelas disciplinas escolares

e sim por um projeto educacional para compreender e agir em face de um problema

ambiental determinado, apresentando-se alternativas para sua solução.

As manifestações socioambientais em defesa da mudança de

comportamento tem na educação o engajamento para a melhoria da qualidade de

vida e do ambiente, no exercício da cidadania criticando o uso dos recursos naturais

sem a preocupação com as gerações futuras e o consumo insustentável utilizando

as matérias-primas, além do que o meio ambiente pode repor.

Os recursos naturais não são usados de maneira sustentável, pois em

suas práticas diárias grande parte da população desperdiça alimentos e produtos.

Uma das mais renomadas ONGs ambientalistas do planeta, fundada em 11/09/1961,

na Suíça, a WWF - World Wildlife Foundation ou “Fundo Mundial da Natureza” e no

Brasil desde 1971, integra a maior rede mundial de conservação da natureza. O

WWF (2011) aborda que “em geral, o crescimento populacional e o nosso consumo

são os motivos para essa enorme perda”, e ainda:

Em termos específicos, a destruição do habitat e o comércio da fauna silvestre são as principais causas da queda da população das espécies. Nós... Coletamos, derrubamos, arrancamos e caçamos espécies de animais, árvores, flores e peixes para usar na medicina, lembranças, símbolos de status, materiais de construção e alimentos. (WWF, 2011, s.p.)

As práticas de exploração dos recursos naturais têm causado mudanças

significativas no espaço geográfico e segundo dados da Organização Não

Governamental WWF, o planeta já perdeu 30% da biodiversidade nos países

tropicais, o percentual de perda chegando a 60% da fauna e flora originais.

Note-se que desde as primeiras civilizações, os rios tiveram grande

importância, cidades surgiram às margens do Rio Tigre e Eufrates, do Ganges, do

Amarelo, portanto, os rios foram e são estratégicos para os povos.

O ribeirão Cambé ao longo do seu curso na área urbana tem expressiva

importância socioambiental, cultural e econômica para a cidade e para os moradores

de bairros próximos e até mesmo distantes ou para o cidadão que o utiliza como

ponto: turístico, de lazer, para corrida, andar, praticar canoagem e ciclismo.

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5. O PROJETO: DESENVOLVIMENTO DAS ATIVIDADES PELOS ALUNOS

O projeto de intervenção pedagógica desenvolvido na escola teve como

atividades as realizadas pelos alunos em sala de aula e em trabalho de campo para

que eles pudessem assimilar os conteúdos e conhecer o espaço habitado. Assim,

foram planejadas 12 atividades, desde pesquisar sobre os conceitos importantes

para a compreensão da área estudada como: mata ciliar, bacia hidrográfica e a

realização de dois trabalhos de campo: o primeiro foi a observação “in loco” no

Ribeirão Cambé e o segundo, que foi oportunizado por uma empresa que já vem

realizando, em parceria com o colégio um projeto sócio ambiental.

Foram realizadas atividades em sala de aula e trabalho de campo com os

alunos, conforme descritas abaixo:

ATIVIDADE 1 - Apresentação do projeto de intervenção pedagógica na escola para os

alunos. Trabalhando conceitos. Explicação dos conceitos e categorias da ciência geográfica e elaboração de um glossário. - Após a explanação das etapas do projeto de intervenção pedagógica na escola, os alunos interagiram e perguntaram sobre os conceitos. A realização da atividade foi satisfatória.

ATIVIDADE 2 - Trabalhando os conceitos de migração e analise de textos: 1ª. As

migrações foram importantes na definição do espaço geográfico no município de Londrina – PR. 2ª. Com base na interpretação de textos os alunos responderam questões utilizando a dinâmica do estudo dirigido. Conceituação de: migração, crescimento urbano e a sua importância na construção do espaço geográfico. O resultado foi satisfatório, pois foi feita uma comparação com a migração realizada por seus familiares, avós, tios e pais.

ATIVIDADE 3 - Análise socioambiental da paisagem urbana de Londrina- PR. Usando

fotografias antigas e contemporâneas: 1ª. Fazer uma análise e traçar um comparativo entre o início da colonização do município de Londrina com as transformações que são possíveis de verificar nas paisagens/fotos (passado e presente). 2ª. Identificar: as mudanças ocorridas na paisagem de Londrina em decorrência das ações humanas. – Foram usadas fotografias disponíveis no site da Prefeitura de Londrina (inicio da colonização – décadas de 1930, 1940 e 2010) traçando um comparativo das mudanças socioambientais. - Essa atividade foi realizada usando o laboratório de informática. O resultado foi satisfatório, pois os alunos compreenderam as mudanças causadas pelo homem em decorrência do crescimento urbano no espaço geográfico de Londrina.

ATIVIDADE 4 - Trabalhando com análise e interpretação de texto. 1ª. Análise do texto: a

importância da água. 2ª. Estudo de caso: O uso do rio.- Usando o texto para o desenvolvimento dessa atividade, verificou-se que ocorreu a compreensão das agressões que o homem realiza no meio ambiente. O estudo de caso auxiliou na tomada de consciência de que a água é um bem comum e não pode ser privatizada. O resultado foi satisfatório.

ATIVIDADE 5 - 1ª. Foram entregues textos aos alunos em sala de aula, para leitura e

análise em dupla. 2ª. O professor fez uma leitura em conjunto com eles. Com isso objetivou-se

explicitar as razões que atestam a importância desse tipo de vegetação para o Rio, Mata Ciliar; -

APP. Áreas de Proteção Permanente no município de Londrina; - Área de preservação Permanente.

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- com base nos textos: 7 - Mata Ciliar Fonte: SEMA/PR Disponível em:

http://www.mataciliar.pr.gov.br> Acesso em: 29 maio 2011 e 8 Áreas de Proteção Permanente –

(APPs). Fonte: Plano Diretor Londrina/2008 Disponível em: <http://www1.londrina.pr.gov.br/> Acesso

em: 20 jun 2011 que correspondem aos anexos do Caderno Pedagógica de Implementação das

atividades, os alunos responderam as atividades; propostas. O resultado foi satisfatório.

ATIVIDADE 6 - 1ª. Os alunos assistiram a vídeos sobre a MATA CILIAR. 2ª. Produziram um texto sobre o assunto, a partir das questões respondidas e da importância da mata ciliar para os rios. 3ª. Após a atividade, o professor (a) discutiu com os alunos os impactos ambientais de uma ocupação urbana e aprofundou sobre os processos hidrológicos envolvidos na animação.Após assistirem o vídeo institucional sobre a Mata ciliar e leitura dos textos, os alunos produziram um texto de no mínimo 10 linhas. - O resultado foi satisfatório

ATIVIDADE 07 - 1º. Trabalhando de campo: 1ª. Conhecendo o entorno da escola e o

ribeirão Cambé. Percurso entre os municípios de Londrina no bairro Jardim São Francisco e de Cambé- PR; estudo “in loco” na margem direita, no bairro Ana Elisa/Cambé- PR; - Saída em caminhada. Duração: 2h e 30 min. – no retorno a sala de aula foi realizado feedback do que viram no trajeto. Em seguida, elaboraram o relatório. - O trabalho de campo estava previsto para ser a última etapa da implementação do projeto pedagógico na escola. Mas, com o desenvolvimento das atividades foi antecipado para a sétima atividade. - O resultado foi satisfatório, pois em uma turma de 34 alunos somente 3 não realizaram a atividade de campo. - Os alunos participaram e envolvidos perguntaram, fotografaram, questionaram.

ATIVIDADE 8 - Os alunos confeccionaram o glossário e um mapa conceitual

relacionando com o meio ambiente. 1ª. Construindo um Mapa Conceitual 2ª. Explicando a relação entre os conceitos. - O trabalho de produção do glossário e a elaboração do mapa conceitual possibilitaram aos alunos a interação dos conceitos e a sua interdependência, pois a mata ciliar, o rio, as APP são um conjunto que necessitam de preservação.

ATIVIDADE não prevista inicialmente. - 2º Trabalho de campo: aproveitando uma

atividade realizada por uma empresa junto ao colégio. - Atividade não prevista inicialmente na Implementação do Projeto de Intervenção Pedagógica na Escola, foi realizada uma visita ao aterro sanitário do município de Londrina e a Mata dos Godoy, fazendo o contraponto entre o local de descarte de resíduos em uma área de RPPN- Reserva Particular do Patrimônio Natural. O Parque Estadual Mata dos Godoy, com área de 690, 1756 hectares, foi criado para proteger um dos últimos remanescentes de Floresta Subtropical. Até 1989, a área do parque pertencia à família Godoy e fazia parte da Fazenda Santa Helena. - Está atividade foi proposta pela direção da escola, fazia parte de uma parceria entre a escola e uma empresa privada que já a realizava a cinco anos; com o objetivos de trabalhar a questão sócio ambiental. Assim esta proposta veio de encontro a proposta que o projeto pretendia analisar; o crescimento urbano, as mudanças socioambientais e os impactos provocados no meio ambiente; o resultado foi satisfatório, pois visitamos o aterro sanitário do município de Londrina-PR, no qual são despejados diariamente mais de 400 toneladas de resíduos urbanos e uma área preservada de mata nativa e uma parte reflorestada Mata dos Godoy.

ATIVIDADE 9 - Os alunos analisaram o mapa com a localização dos pontos de estudos:

1- Nascente do Ribeirão Cambé; 2 - Colégio Estadual Déa Alvarenga, 3 - Av. Arthur Thomas, observou-se que a natureza foi explorada e pouco resta da mata virgem original denotam que não houve uma preocupação das autoridades e da população na ocupação das margens do ribeirão Cambé. 2ª. Atividades: estudo dirigido para responder as questões. - Através da analise de texto e no que foi vivenciado no trabalho de campo os alunos realizaram a tarefa. - O resultado foi satisfatório,

ATIVIDADE 10- Leitura e analise de texto: 1ª. Com base no texto: Desequilíbrios

Ambientais e na figura 19 (vegetação original). 2ª. Produza um texto no mínimo de 15 linhas, abordando as mudanças e consequências do desmatamento para a cidade de Londrina – PR. – solicitou-se a produção de texto analisando o que foi abordado sobre as agressões ambientais que o ribeirão Cambé vem sofrendo ao longo do crescimento urbano das cidades de Cambé e de Londrina, bem como as ocupações e construções as suas margens: casas, indústrias, chácaras.

ATIVIDADE 11 - 1ª atividade em grupo:- Produção de cartazes referentes à temática:

Mudanças socioambientais no Colégio Estadual Déa Alvarenga, no seu entorno e no ribeirão Cambé.

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- Produção de cartazes inicialmente não prevista na execução da implementação, mas fez-se necessário para analisar como ocorreu a apreensão dos conceitos pelos alunos. - Foi satisfatória, desenharam, pintaram, recortaram, confeccionaram os cartazes que foram expostos na escola.

ATIVIDADE 12 -1ª atividade em grupo: - Produção de painel de fotografias para ser

exposto para os demais alunos e a comunidade escolar referente à temática: Mudanças socioambientais e no Colégio Estadual Déa Alvarenga, no seu entorno e no ribeirão Cambé. Foi satisfatória, trouxeram as fotografias do trabalho de campo para serem expostas na escola em forma de painel e que será aproveitada na semana cultural.

As atividades desenvolvidas em sala de aula e nos trabalhos de campo

possibilitaram que os alunos assimilassem melhor os conceitos e entendessem

sobre seu local habitado. Ao mesmo tempo em que as atividades aconteciam nas

escolas, os professores PDE interagiam “on line” com professores da rede pública

de educação em um grupo de até quinze professores por projeto desenvolvido pelo

professor PDE 2010 e que pode ser averiguado no item a seguir com observações e

comentários sobre o projeto.

5.1. A PARTICIPAÇÃO E AS CONTRIBUIÇÕES DOS PROFESSORES DA REDE PÚBLICA, NO GRUPO DE TRABALHO EM REDE (GTR)

Como culminância das atividades do projeto de intervenção pedagógica e

da implementação na escola, os professores da rede pública de educação do Estado

do Paraná puderam se inscrever e participar através do sistema “Moodle” em um

processo online, postando suas observações sobre as etapas que o professor

estava realizando na escola. Sendo assim, o professor PDE 2010, realizava, com os

alunos, a intervenção do seu projeto na escola e interagia com os professores da

rede simultaneamente.

Assim, o professor da rede publica de ensino pôde, através de inscrição

junto ao portal educacional http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br, escolher o tema e

o projeto que lhe interessava. Como participante, o professor PDE- 2010 poderia ter

um grupo de até quinze professores seguidores tutorados, podendo conhecer o que

estava sendo desenvolvido e ao mesmo tempo participar, questionar, resolver

tarefas referentes ao projeto e ao mesmo tempo interagir com os demais

professores participantes do grupo e com o professor PDE 2010.

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Neste espaço serão dispostos alguns comentários postados pelos

professores participantes do GTR – Grupo de Trabalho em Rede, os quais

possibilitam perceber a visibilidade e o interesse suscitado pelo tema e sua

implementação.

Para a professora OLIVEIRA

(...) verificamos que ao trabalhar, inicialmente, com algo próximo à realidade de nosso aluno, nos possibilita ter maiores possibilidades de sucesso em nossa abordagem geográfica, pois o mesmo ao se identificar como ser atuante e transformador desse espaço geográfico se verá também como um agente que pode reivindicar ações para melhorar ou ao menos amenizar algum problema existente no lugar onde vive. (GTR/ SEED, 2011)

Para a professora SOUZA

(...) Acredito que você os instigou a fazer parte do seu Projeto, pois só é possível fazer com que alunos (adolescentes ou pré-adolescentes) se interessem pelo conhecimento com muita motivação e chamamento. (...) O número de atividades propostas e aplicadas. (...) Os problemas ambientais identificados pela sua pesquisa, à ciência já há muito apresentou soluções para os mesmos, entretanto, como se percebe em seu trabalho, não ocorreu mudança no concreto, por que há uma enorme distância entre saber cientifico e vida real, havendo aí um vazio. Porém a sua prática pedagógica traz uma luz sobre essa questão, que é a de envolver os novos sujeitos (os educandos) instrumentalizando-os para provocar a mudança de atitude que tanto esperamos. (GTR/ SEED, 2011)

Para a professora KENDZIERSKI

(...) a aplicabilidade de tais atividades se tornaram importantes e significativas para os alunos da 8ªsérie, já que estes eram os principais agentes participantes neste processo. A clareza das informações, orientações e a atividade prática, são subsídios que permitem um trabalho amplo e completo, e, trabalhando com essa temática, os alunos podem perceber (...) como se encontra a realidade local em que vivem e as diferentes transformações da natureza. (GTR/ SEED, 2011)

Para a professora SCOMPARIN

(...). Os esclarecimentos que você fez com relação a área de estudo e as readequações que foram feitas (...) mostram como é essencial que nós como professores tenhamos (sem perder o foco central do trabalho geográfico em sala de aula) maleabilidade para lidar com o imprevisto e com outros desafios que surgem na nossa caminhada. (GTR/ SEED, 2011).

Para o professor GONCALVES

(...) trabalharmos questões ligadas à realidade dos alunos em nossas aulas de Geografia, pois isto facilita o processo de ensino aprendizagem ao situar nossos alunos como possíveis agentes transformadores da realidade onde

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estão inseridos. Isto possibilita que as crianças e adolescentes percebam importantes e também os faz notar a importância que tem a escola e os conhecimentos que ali são apreendidos. (...) participar do PDE não é "um bicho de sete cabeças" como alguns apregoam, me deixou mais animado porque pude perceber que a idealização e a efetiva aplicação do plano de intervenção não é tão difícil e nem tão diferente do que todos nós professores de Geografia já vimos fazendo com nossos alunos há muito tempo. (GTR/ SEED, 2011)

Para a professora ARRABAL

(...) os alunos puderam perceber na implementação do projeto, com clareza como se encontra a realidade local em que vivem e as diferentes transformações da natureza, assim as atividades desenvolvidas enriqueceram a todos os participantes. Conseguir motivar e colocar alunos de 8ª série para trabalhar não é tarefa muito fácil (...). Creio que aqueles que participaram ativamente levarão para sempre as experiências que vivenciaram. (GTR/ SEED, 2011)

Para a professora FAVARAO

(...) Creio que você poderia realizar uma "coletânea" ou "dossiê" durante a realização das atividades com seus alunos e ao final eles poderiam escrever o que eles aprenderam, o que eles mais gostaram, o que poderia melhorar, entre outros. Como se fosse uma autoavaliação. (GTR/ SEED, 2011)

Para o professor PIMENTA

(...) Os resultados alcançados foram fantásticos! Você oportunizou a estes alunos, tomar conhecimento das estruturas do município onde são colocados os resíduos produzidos pelos próprios alunos. As produções de textos, desenvolvidas com muita clareza, trabalhando sobre temas específicos, onde os alunos tiveram liberdade para pensar em uma produção de texto mais eficaz. (...) poder trabalhar de forma mais direta com os alunos a temática ambiental e as transformações na paisagem urbana. (GTR/ SEED, 2011)

As diferentes atividades desenvolvidas no projeto de intervenção

pedagógica na escola e na pesquisa possibilitaram um enriquecimento aos alunos, à

escola, aos professores da escola, bem como para os professores que participaram

do GTR - Grupo de Trabalho em Rede. E, todos participaram efetivamente na

construção do conhecimento.

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6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Verificou-se que o projeto de intervenção pedagógica na escola,

possibilitou aos alunos compreenderem que o espaço onde habitam foi

gradativamente alterado desde o inicio da ocupação e colonização com o

desmatamento inicial e posteriormente com a urbanização do município de Londrina.

E que o ensino de Geografia possibilita aos alunos a informação, o conhecimento e

questionamentos sobre como ocorreram as alterações e mudanças realizadas pelo

homem ao longo do tempo histórico.

Com o desenvolvimento do projeto de intervenção pedagógica foi possível

ainda verificar o quanto foi importante para que os alunos aprendessem conceitos e

que puderam e relacionaram ao seu cotidiano fazendo com que os alunos

vivenciassem as alterações que ocorreram do espaço próximo ao distante: e que a

transformação que os mesmos veem nas reportagens, em imagens na internet, na

TV também ocorre em seu ambiente próximo, seja no entorno da escola ou de

moradia.

Os alunos, através da pesquisa dos conceitos e da realização das

atividades propostas no projeto de intervenção pedagógica na escola, puderam ao

final da implementação produzir textos sobre as mudanças socioambientais.

Por outro lado, os professores que participaram no GTR – Grupo de

Trabalho em Rede, no ambiente Moodle nas atividades “on line”, também

contribuíram para que as discussões fluíssem e que a sua interação com o professor

tutor PDE-2010 e com os demais colegas enriquecessem as discussões,

possibilitando um aprendizado significativo aos participantes desse processo

educacional.

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