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Londrina · novembro 2016 · ano XVI · n°198 Foto: Angelita Santini Niedziejko

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Londrina · novembro 2016 · ano XVI · n°198†

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Vida em Ação N°198 Novembro | 2016

Expediente

2 Voz do Pastor

Desde a eternidade...

(43) 3339 0252 [email protected]

DIRETOR: Pe. José Rafael S. Durán

JORNALISTA: Carolina Thomaz

PASTORAL DA COMUNICAÇÃO Rosângela Vale, David Dequech Neto, Paulo Briguet, Rosana de Andrade, Katia Baggio, Larissa Testa e Angelita Santini Niedziejko

TIRAGEM: 1.500 exemplares

DESIGN e DIAGRAMAÇÃO Somma Studio sommastudio.com

Padre José Rafael Solano Durán ∂ Pároco

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Prezados Paroquianos e Paroquianas: Ruvlov é um dos grandes nomes da iconografia Russa. Ele soube desenhar e plasmar no rosto de cada ícone, a grandeza do eterno.

Somos partícipes da eternidade desde sempre, antes de existir e ao longo da nossa existência. Há um ícone na igreja de Santo Isaac em São Petesburgo onde aparece uma mão forte no meio ao deserto. Uma mão estendida, aberta e acolhedora. A Mão de Deus. Ele nos espera, nos acolherá e então teremos um diálogo especial. Pode ser um diálogo como aquele do evangelho de Mateus ou como aquele do livro do Apocalipse, que sabemos será um diálogo sustentado no amor, na misericórdia e na bondade de quem nos criou.

Desde a Eternidade só contemplaremos e participaremos da presença constante de Deus. O eterno não poderá ser jamais medido com nossos conceitos cronológicos. Na Eternidade e desde a Eternidade possuiremos o que mais almejávamos aqui na terra: Deus.

Saber que Deus é eterno é algo que quase sempre sai dos lábios das pessoas, mas afirmar que Ele nos faz partícipes da eternidade é algo verdadeiramente sobrenatural.

Nossa passagem por este mundo, nossa transitoriedade e sobretudo nossa contingencia nos leva a ver com alegria que

3Mundo católico

Deus assim nos fez à sua imagem e semelhança. E aqui é onde reside a maior de todas as alegrias, nos fez para Ele.

As mãos de Deus sempre acolhedoras, sempre disponíveis, mãos providentes e carregadas de ternura. A Escritura afirma que Ele nos modelou, que o seu aconchego e regaço são como o de uma mãe e precisamente por isso Nele esperamos.

Todo este mês de novembro é um mês marcado por aquela “Escatologia” que nos une com os que já participam da vida eterna, com aqueles e aquelas que nos precedem na fé. Novembro já é uma preparação direta para o Advento, novembro se ilumina com a festa de todos os santos e santas, dos fiéis defuntos e a solenidade de Cristo Rei. A liturgia toda nos abre um caminho para vivenciar aqui na terra o que nossa fé e esperança nos motivam a celebrar no céu.

Não esqueçamos que ao longo de todo este ano fomos agraciados com a Misericórdia, o Perdão e a Reconciliação. Continuemos sendo artífices desta misericórdia com a qual o Senhor nos chama a sermos sinais e testemunhas do seu amor.

Bom Advento para todos.

BF/CM (Rádio Vaticano)

Todos teremos um fim!

O Papa interpretou a reflexão com a qual a Igreja conduz a última semana do Ano Litúrgico como “um chamado do Senhor para pensar seriamente no fim, no fim de cada um de nós, porque cada um de nós terá o seu fim”

CADA UM DE NÓS TERÁ SEU FIM: PENSEMOS NO RASTRO QUE DEIXAREMOS“Não gosta de pensar nessas coisas”, observou, “mas ali está a verdade”. “E quando um de nós terá ido embora, passarão anos e quase ninguém se lembrará”. Eu tenho “uma ‘agenda”, revela Francisco, “onde escrevo quando uma pessoa morre” e todos os dias vejo aquela “recorrência” e “como o tempo passou”. “E isso nos obriga”, “a pensar no que deixaremos, qual é o “rastro” da nossa vida. E depois no final, como se lê no trecho de hoje do Apocalipse de João, haverá o juízo para cada um de nós:

“E nos fará bem pensar: “Mas como será o dia em que eu estarei diante de Jesus? Quando Ele me perguntará sobre os talentos que me deu, que uso fiz deles; quando ele me pergun-tará como estava o meu coração quando a semente caiu, como foi o caminho, os espinhos: essas Parábolas do Reino de Deus. Como recebi a Palavra? Com coração aberto? Eu a fiz germinar para o bem de todos ou a escondi?”

TODOS SEREMOS JULGADOS: NÃO SE DEIXAR ENGANAR PELAS COISAS SUPERFICIAISCada um de nós, portanto, estará diante de Jesus no dia do juízo, então – advertiu o Papa retomando as palavras do Evan-gelho de Lucas, “não os deixe enganar”. E a enganação de que fala é “alienação”, “o estranhamento”, a enganação das “coisas que são superficiais, que não têm transcendência”, de “viver como se jamais fôssemos morrer”. “Quando virá o Senhor”, como me encontrará? Esperando ou em meio a tantas alien-ações da vida?

“Eu me lembro quando era criança e fazia catecismo, nos ensinavam quatro coisas: morte, juízo, inferno ou glória. Depois do juízo havia esta possibilidade. ‘Mas padre, isto é para nos assustar...’ – ‘Não, é a verdade! Porque se não cuidares do coração para que o Senhor esteja contigo e vives afastado sempre do Senhor, talvez haja o perigo, o risco de continuar afastado da eternidade do Senhor’. É horrível isso!”.

“Não teremos medo da morte se formos fiéis ao Senhor no momento de prestar contas. E concluindo, Francisco se inspira na leitura do Apocalipse de João; no conselho do Apóstolo: ‘Seja fiel até a morte – diz o Senhor – e te darei a coroa da vida’”.

“A fidelidade ao Senhor não desilude. Se cada um de nós for fiel ao Senhor, quando a morte chegar, diremos como Francis-co: ‘vinde, irmã morte’... Ela não nos assustará. E quando será o dia do juízo, diremos ao Senhor: ‘Senhor, tenho tantos pecados, mas tentei ser fiel’. E o Senhor é bom. Este é o conselho que lhes dou: ‘Sejam fieis até a morte e lhes darei a coroa da vida’. Com esta fidelidade não teremos medo no fim, não teremos medo no dia do juízo”.

Vida em Ação N°198 Novembro | 2016Cristão Leigo4 Cristão leigo

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Os leigos são protagonistas e agentes principais no esforço da Igreja em dialogar com o mundo e apresentar os valores do Evangelho.

Dentro da comunidade eclesial são chamados a desempenhar diversas tarefas em pastorais mas, apesar desses serviços que desempenham dentro das paróquias, a missão mais importante dos leigos é no mundo.

Os cristãos leigos e leigas estão inseridos de modo direto na construção da vida social, ainda que seja essa uma

Cristãos que têm uma missão especial na Igreja e na sociedade e que vivem a serviço do Reino de Deus

Larissa Testa

receber aquilo que você está indo levar. Porque é uma missão de evangelização, e no meio dessa conversa a respeito de batismo, surgem muitas perguntas”.

O trabalho de Devanir Mazzia também indica a importância dos leigos. Ele ministra aulas de catequese para adultos, mas a sua prioridade é o serviço de capelania no hospital Santa Casa aos sábados. “Fui convidado a servir a eucaristia, nunca quis ser ministro de altar, mas sempre levei a comunhão aos enfermos. Algumas coisas acontecem na nossa vida que nos transformam”. Além de levar a eucaristia aos enfermos, Devanir faz visitas às pessoas internadas “acredito que o dom maior é o da vida e as pessoas que lá estão, estão em risco. Meu trabalho é de conversar com as pessoas, e realmente conseguir entender essa alma nesse momento e deixar uma mensagem para elas”. O trabalho de escutar e levar conforto ao próximo é um desafio. “Encontrei pessoas, em termos humanos, em uma situação muito complicada e elas totalmente alegres, outras vezes, conversava com uma pessoa passando por momento até simples e estava totalmente revoltada”, conta Devanir.

O reino de cristo cresce onde se manifesta a atitude de serviço, doação em prol dos irmãos. Rita de Cassia de Aragão Miguita ministra aulas de teclado e francês há mais de 30 anos. O amor ao próximo é a sua maior motivação, “muitos não tem oportunidade de estudar, de aprender um pouco mais de cultura, de outra língua”. Além das aulas, Rita se dispões ajudar as famílias carentes, doa roupas a conversa com as mães das famílias que auxilia, além disso, leva em uma entidade alimentos doados pelo Ceasa.

Os cristãos leigos espalham inspiração de fé e amor. “A gente muda e percebe que não só na gente, mas nas pessoas que nos rodeiam. A gente influencia muito mesmo, temos esse compromisso essa responsabilidade. Eu percebo especialmen-te dentro da minha casa. Dos meus filhos, o quanto que eu influenciei cada um para buscar também. Assim também nos conta Rita de Cassia “você cresce você se transforma, mui-tas coisas vão ficando para trás você vai apagando algumas arestas, você amadurece é um processo maravilhoso” aponta a coordenadora da pastoral do batismo Marcia Aquino.

Ao se dispor ao próximo e em meio a missão, como sal, luz e fermento, leigos e leigas testemunham sua identidade cristã, como ramos na videira, na comunidade, na fé, na oração e partilha. “Eu sou chamada a fazer isso e eu quero

Cristãos que têm uma missão especial na Igreja e na sociedade e que vivem a serviço do Reino de Deus.

tarefa complexa. Marcia Maria de Oliveira Aquino participa da pastoral do batismo. No começo a formação era feita na paróquia e hoje eles vão até a casa da pessoa a ser batizada para dar a formação “cada um de nós da pastoral tem que ir à casa e ao encontro dessas pessoas e falar sobre tudo. Desenvolver o assunto por completo”. A igreja em saída a serviço da comunidade encontra seus desafios e suas motivações. Marcia nos conta que “o desafio maior é a gente chegar na casa das pessoas e encontra-las abertas a

Infelizmente idosos são deixados em lares e esquecidos por lá. A parte boa dessa história é que alguns voluntários leigos se dispõem a visitar e “adotar” sentimentalmente os vovôs e vovós. A leiga Norma Regina de Andrade começou a visitar duas senhoras: Dona Bia e Dona Lena, mas, nessas visitas, percebeu que a maioria dos idosos estavam abandonados. Como Norma não conseguia dar atenção a todos, ela resolveu espalhar esse ato de amor. Hoje, depois da “campanha de conscientização” que Norma realizou, mais de cem voluntários dedicam um pouco de seu tempo para dar atenção e carinho aos vovôs e vovós.

Trabalho voluntário com idosos: amor ao próximo e compromisso com DeusA realidade de muitos que chegam à velhice é a mesma: o abandono!

conseguir com a graça de Deus trazer mais pessoas, porque não adianta você ir falar e bateu a porta batizou e acabou. Tenho que estimular a pessoa a participar e eu procuro motivar essencialmente para que eles também cumpram a sua missão”, diz Marcia.

Muitas vezes o cansaço e o trabalho desanimam a continuidade do trabalho, “mas sempre acontece um fato que motiva, porque esse trabalho não é meu, quem trabalha na Santa Casa não sou eu”, o senhor Devanir acredita que é um instrumento nas mãos de Deus.

A experiência do encontro pessoal com Jesus Cristo sempre renovada é a única capaz de sustentar a missão. Essa renovação para Rita de Cassia acontece ao ver a felicidade nos olhos das crianças, que muitas vezes só quer um pedaço de pão “natal é todo dia para mim. Jesus nasceu dia 25 mas, Jesus nasce todos os dias no coração da gente”.

Os leigos e leigas, participantes de uma igreja viva e em saída, concretizam e exercem a promessa de Jesus: "O Reino de Deus está presente no meio de vós."

Leigos e Leigas: Sal da Terra e Luz do mundo

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Pastoral do Batismo a serviço da comunidade

Leiga Rita de Cassia de Aragão Miguita

Leiga Norma Regina

Vida em Ação N°198 Novembro | 20166 Corrente do bem 7Corrente do bem

Um projeto chamado Esperança

Era uma vez um bairro muito carente que carregava a esper-ança no próprio nome. Até que uma semente foi plantada, começou a germinar e, desde então, o que era promessa começou a se transformar em realidade. A história do Projeto Empreendedorismo Social no Jardim Nova Esperança pode ser contada assim, como uma fábula, com muitas fadas madrinhas ajudando gatas borralheiras a se descobrirem cinderelas.

“Estou aqui há 17 anos, algumas dessas meninas ainda não tinham nascido. Conheço muitas desde pequenas. Elas não olhavam na cara, não cumprimentavam. Agora estão diferentes. Estão maravilhosas. Tudo mudou: postura, sorrisos, interesse,

em equipe e perseverança para ir atrás dos sonhos. A professora cita o psicoterapeuta Leo Fraiman para justificar a importância desse aprendizado. Segundo ele, só é possível ter atitudes empreendedoras dignas se a pessoa tiver valores bem construídos.

O projeto, portanto, incluiu música, livros clássicos e paradidáticos, interpretação de texto, oportunidade de conversa, escuta e reflexão, ampliando, assim, as possibilidades de autoconhecimento, comunicação e entendimento do mundo. Tudo associado ao ensino das técnicas de produção das peças de bijuterias e de difusores de aroma, incorporadas ao projeto no decorrer do ano.

Dessa forma, abriu-se a oportunidade para pensar em todos os aspectos de um negócio empreendedor: recursos necessários, custos, estratégias de vendas, características dos consumidores, marketing pessoal e do negócio. A experiência da venda foi feita durante a Feira de Empreendedorismo Social do Colégio Universitário, no início de outubro. A ideia, segundo Eunice, é utilizar o lucro para a compra de computadores destinados a novos projetos na comunidade.

Para as meninas atendidas no Nova Esperança, o sentimento geral é de alegria e gratidão. Falam com extremo carinho sobre as professoras. Se sentiram acolhidas e abraçadas pelas “tias”, como se referem às voluntárias que semanalmente encontravam, levando conhecimento, atenção, amor e deliciosos quitutes. Um laço de afeto foi formado ali, durante as aulas.

É o que fica claro nas cartas de agradecimento que as alunas escreveram para a festa de encerramento. Depoimentos como o de Ana Beatriz Soares: “Estimados empreendedores, obrigada por terem escolhido o Jardim Nova Esperança. Aprendi a confiar e conviver com as outras meninas, e foi por meio das atitudes empreendedoras do autoconhecimento e inteligência emocional. Podem tirar tudo de mim, menos o conhecimento”. E o da Cleonice: “ Durante esse ano, aprendi a fazer bijuterias, a respeitar os colegas, as pessoas mais velhas, a ser gentil, agradecida, a ter autoconhecimento, a ser humilde, ser justa e fazer o bem. Obrigada por vocês existirem. Que Deus proteja todos os voluntários”.

Para Eunice, o resultado é emocionante. “É uma experiência única. É o ser humano em desenvolvimento percebendo que pode ser útil ao outro. Precisamos conscientizar as pessoas que um projeto de voluntariado educativo tem uma proposta pedagógica com começo, meio e fim. E que deve ser visto como algo sério que precisa de planejamento e propósito. Só tenho que agradecer a todos os professores e mediadores.”

Ah, e o projeto continua em 2017? “Se Deus quiser!”, apressa-se em responder Sara da Silva Almeida, 9 anos, a mascote da turma. Assim seja.

autoestima”, conta a irmã Lisa, que tem acompanhado o projeto no Retiro Monte Carmelo.

Tudo começou com o Projeto Voluntariado Educativo, iniciativa do padre Rafael Solano que foi incorporada pela Corrente do Bem, do Colégio Universitário. O trabalho no Jardim Nova Esperança iniciou-se em 2015, com 22 atitudes empreendedoras por meio da leitura de fábulas. “Nosso propósito era que as crianças da comunidade tivessem noções de boas atitudes para construir um projeto de vida digno, consciente e autêntico”, explica a professora Eunice Fernandes Azevedo Silva, coordenadora do projeto ao lado da Rosângela Aparecida Vale

Com a missão de desenvolver habilidades para um projeto de vida digno, Projeto de Empreendedorismo Social semeia conhecimento e prosperidade no bairro que leva a Esperança no nome

professora Walderez Okano.Este ano, o desafio proposto pelo padre Rafael foi a

realização de uma oficina de bijuterias, com peças doadas à paróquia pela empresária Rosi Andrade e pela empreendedora social Isabela Baccaro. “No primeiro momento, ficamos preocupadas se seríamos capazes, mas as palavras do pároco vinham sempre à mente: ‘Tudo primeiro passa pelo coração, depois pelo cérebro’. Sabíamos, como educadoras, que precisávamos fixar as atitudes empreendedoras estudadas em 2015”, relata Eunice.

Outras voluntárias abraçaram a causa e assim nasceu a oficina carinhosamente batizada de “Penélopes Vitoriosas”. Cerca de 20 pessoas do bairro foram atendidas com o projeto; a maioria, meninas entre 10 e 18 anos. Também participaram dois meninos e duas senhoras. As reuniões foram feitas semanalmente, por duas horas, de março a outubro deste ano. Ao todo, foram 30 encontros. Eunice conta que o objetivo era criar um ambiente de aprendizado, com noções básicas de cooperação, respeito ao diferente, práticas de trabalho

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Vida em Ação N°198 Novembro | 2016 Reflexão 9

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A Solenidade de Cristo Rei do Universo, comemorada no último domingo do Ano Litúrgico, foi instituída pelo papa Pio XI por meio da carta-encíclica “Quas Primas”, publicada em 11 de dezembro de 1925. É importante refletir sobre as razões que levaram o pontífice a instituir essa celebração da Igreja.

Embora a encíclica tenha sido escrita e publicada em 1925, as suas raízes espirituais situam-se em outra data, ainda no pontificado de Bento XV. Trata-se do fatídico ano de 1917. Naquela ocasião, o mundo encontrava-se mergulhado nos hor-rores da Grande Guerra (como era então chamada a Primeira Guerra Mundial). A Europa havia sido transformada numa terra de ninguém, onde as pessoas morriam como insetos. A ciência e a tecnologia industrial, concebidas para servir à humanidade, eram agora utilizadas para levar milhões de seres humanos à morte. No mesmo ano, estourou a Revolução Russa, em duas etapas: em março, houve a abdicação do czar Nicolau II; em novembro (outubro, segundo o calendário ortodoxo), os comu-nistas liderados por Lênin e Trotsky tomaram o poder na Rússia e instauraram o primeiro Estado socialista da história, que viria a ser um dos regimes mais sanguinários já vistos. Ainda em 1917, promulgou-se no México uma das constituições mais an-ticlericalistas de todos os tempos, que abolia o ensino religioso, extinguia as ordens monásticas, criminalizava o culto fora das igrejas e proibia os padres de usar hábitos, votar e discutir assuntos da vida pública. Essas leis antirreligiosas viriam a provocar a Guerra Cristera (1926-1929), quando o sangue dos mártires fecundou o solo mexicano. Mas 1917 também teve a marca da esperança, com as majestosas aparições de Nossa Senhora aos três pastorzinhos em Fátima, Portugal.

Tudo em 1917 prenunciava o que estava por vir: totalitaris-mo, terror e genocídio. Na visão de Pio XI, a escalada de morte e opressão tinha origem na tentativa de afastar o homem de Deus. Diz o papa na encíclica de 1925: “Os frutos amargosos (...) desta apostasia são os germes do ódio expostos por toda parte, as invejas e rivalidades entre as nações, que alimentam as discórdias internacionais e dificultam ainda agora a restau-ração da paz; frutos desta apostasia as ambições desenfrea-

Na Solenidade de Cristo Rei, que encerra o Ano Litúrgico, celebramos o governante máximo de todo o universo

se a tranquilidade e a paz; embora o cidadão reconhecesse nos príncipes e chefes de governo homens iguais a si pela natureza ou mesmo, por algum respeito, indignos ou repreensíveis, não deixará por isto de lhes obedecer, por depreender neles a ima-gem e autoridade de Cristo, Deus-Homem”.

Desde que Jesus Cristo veio ao mundo, durante o reinado de Augusto, o fantasma de César tenta de todas as maneiras combater e destruir o Reinado de Deus. “Meu reino não é deste mundo”, disse Jesus a Pilatos (Jo 18, 36). Mas, a cada perseguição, aumenta a nossa certeza: quanto mais os potentados do mundo derramarem o sangue dos que pertencem a Cristo, mais a Igreja se fortalece e santifica.

Entronizar Cristo é servir a um Rei diferente de todos os reis. Um Rei cuja coroa é feita de espinhos. Pesquisadores discutem se a coroa de Cristo foi tecida com os espinhos da Acácia, árvore comum em Israel, ou outra planta da região. Mas a dis-cussão botânica é menor diante do fato incontestável: os ver-dadeiros espinhos da coroa de Cristo são os nossos pecados. É a nossa inveja, é a nossa ira, é a nossa luxúria, é a nossa gula, é a nossa avareza, é a nossa preguiça, é a nossa vaidade. É nossa incapacidade de amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a nós mesmos. Os espinhos da nossa desobe-diência e falta de humildade continuam a fazer jorrar o sangue do Salvador. Por que nós insistimos em blasfemar, desrespeitar, desonrar, matar, ofender, roubar, mentir, ferir, cobiçar? A coroa de Cristo não é aquela que está na Catedral de Notre-Dame e para a qual o Rei S. Luís mandou construir a maravilhosa Saint-Chapelle. Não, ela está sendo tecida agora, com nossos atos, palavras, pensamentos e omissões.

Para atingir a paz prometida pelo Rei coroado de espinhos, será necessário combater as forças do mal a partir de nós mes-mos, como nos ensina São Paulo na Carta aos Efésios: “Revesti-vos da armadura de Deus, para que possais resistir às ciladas do demônio. Pois não é contra homens de carne e sangue que te-mos de lutar, mas contra os principados e potestades, contra os príncipes deste mundo tenebroso, contra as forças espirituais do mal espalhadas nos ares. Tomai, por tanto, a armadura de Deus, para que possais resistir nos dias maus e manter-vos inabaláveis no cumprimento do vosso dever. Ficai alerta, à cintura cingidos com a verdade, o corpo vestido com a couraça da justiça, e os pés calçados de prontidão para anunciar o Evangelho da paz. Sobretudo, embraçai o escudo da fé, com que possais apagar todos os dardos inflamados do Maligno. Tomai, enfim, o capac-ete da salvação e a espada do Espírito, isto é, a palavra de Deus”.

A vitória de Cristo depende da morte e da ressurreição. De-pende de morremos para os nossos pecados e renascermos para a glória daquele diante do qual todo joelho se dobrará. É hora de dizer, como os mártires da Guerra Cristera: “¡Viva Cristo Rey!”

É um grito que ecoa do Gólgota e nos faz renascer para a vida eterna.

Paulo Briguet

8 Reflexão

das, que muitas vezes se encobrem com a máscara do inter-esse público e do amor da pátria, e suas tristes consequências: dissensões civis, egoísmo cego e desmedido, sem outro fito nem outra regra mais que vantagens pessoais e proveitos par-ticulares. Fruto desta apostasia a perturbação da paz domés-tica, pelo esquecimento e desleixo das obrigações familiares, o enfraquecimento da união e estabilidade no seio das famílias, e por fim o abalo na sociedade toda, que ameaça ruir”.

Não lhe parece, caro leitor, que essas palavras foram escritas não há 91 anos, mas na manhã de hoje? Ora, a situação per-

siste porque o mundo ainda não aceitou, e está longe de aceitar, Nosso Senhor Jesus Cristo como regente único dos destinos da humanidade. Pio XI apontava o caminho ao instituir a Festa de Cristo-Rei: “Se os príncipes e governos legitimamente constituí-dos tivessem a persuasão de que regem menos no próprio nome do que em nome e lugar do Rei Divino, é manifesto que usariam do seu poder com toda a prudência, com toda a sabedoria pos-síveis. Em legislar e na aplicação das leis, como haveriam de atender ao bem comum e à dignidade humana de seus súditos! Então floresceria a ordem, então víramos difundir-se e firmar-

O Rei coroado de espinhos

Ecce Homo, por Peter Paul Rubens (1612)

Vida em Ação N°198 Novembro | 2016

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10 Finados 11Eventos e avisos

Ela tinha apenas 13 anos de idade. Lutou contra um câncer devastador. Depois de dois anos e meio, partiu. “Pai, todo mun-do vai morrer, não se desespera”. Essas eram as palavras da filha, conta Eduardo Leal dos Santos. “Minha filha se foi com um sorriso no rosto. Ela foi a pessoa que mais nos consolou e nos transmitiu paz.” A garota valente lutou, e demonstrou ao longo do tratamento a plena consciência de que esta vida é apenas uma passagem.

Na missa de Finados deste ano, o Papa Francisco disse que o dia celebra dois momentos, tristeza ao relembrar os entes queridos, e esperança. “...também nós devemos fazer este caminho, todos nós, antes ou depois, mas todos. Com dor, mais dor ou menos dor, mas com a flor da esperança. Com aquele fio forte ancorado ao lado de lá. Esta âncora, a esperança da ressurreição, não decepciona.”

O APOIO CERTO NA HORA CERTADiante do sofrimento, um gesto de carinho, poucas, mas sábias palavras, ou até mesmo o silêncio solidário fazem toda a diferença. Mas, e quando a morte faz parte da rotina de trabalho? Na ACESF – Administração dos Cemitérios e Serviços Funerários de Londrina, 100 servidores estão envolvidos com as demandas bu-rocráticas que a morte provoca. O Jornal Vida em Ação perguntou como é receber diariamente pessoas que estão com o emocional abalado, mas precisam tomar decisões práticas? “Elas vem aqui contra

a vontade, no pior momento de suas vi-das, a última coisa que precisam é de um serviço desorganizado, com funcionários despreparados”, diz o superintendente da autarquia, Ademir Gervásio. Ele trabalha há oito anos na instituição. Diz que, do de-sespero à revolta, a pessoa em sofrimento merece respeito e profissionalismo.

Há quase um ano a autarquia contra-tou uma psicóloga para capacitar os fun-cionários no atendimento e no cerimonial de luto. “Mas, também há um trabalho no aspecto emocional aos servidores. Até famílias ela já atendeu, relata Gervásio.

O OMBRO AMIGO, A PALAVRA CERTAFrancisco Lucena foi responsável pelo plantão funeral da Acesf por três anos. Formado na área de gestão pública, nas-ceu com a habilidade de um psicólogo. Diz que são comuns casos em que a família impede o coveiro de fazer o sepul-tamento. “Eles sabem que é a última des-pedida e muitos entram em desespero. Nesse momento nós precisamos intervir com muito cuidado, inclusive os coveiros são experientes e sabem esperar todos retomarem o equilíbrio”.

viatura comigo, para acompanhar o amigo pela última vez. Foi assim que nós leva-mos o corpo até o cemitério”. Francisco se emociona ao fazer o relato, demonstra que ninguém se acostuma com o sofri-mento, nem mesmo o alheio.

Mas, ele também passou por uma situação pessoal. Três meses depois de assumir a função de plantonista na Acesf foi chamado para recolher um corpo en-contrado em um matagal. Fez o trabalho. Quando pegou os documentos da vítima, leu o nome de um amigo de muitos anos. “Quando cheguei na Acesf estava a família dele, que era praticamente minha tam-bém. Choramos muito juntos porque não há quem não sofra com a realidade da morte. Eu vivi a orientação da direção, de sempre se colocar no lugar de quem está passando pelo momento do luto para que o trabalho seja o mais humano possível.”

A MORTE NÃO TEM RELIGIÃOFrancisco já se viu em uma saia justa por conta de divergências religiosas. “A pes-soa responsável declarou que a família era evangélica. Quando outras pessoas da família entraram na sala, pergunta-ram onde estavam as velas e a figura de Jesus Cristo, pois todos eram católicos. Nessa hora, a experiência nos diz que é preciso perceber quem está tomando as decisões e chamar para conversar. Nesse caso, chamei os dois lados para amenizar os ânimos.“ A habilidade do Francisco revela, na verdade, respeito pelo outro. Ele dá lição de humanidade, em um mundo contaminado pela intolerância.

Quanto à morte, Eduardo Leal dos Santos tem total confiança que será su-perada. “Só espero pelo reencontro com minha filha”.

Papa Francisco reacendeu a luz da esperança, nas últimas palavras da missa de Finados. “Voltemos para casa hoje com esta recordação do passado, de nossos entes queridos que morreram, mas com um olhar para o futuro, para onde iremos, confiantes nas palavras de Jesus: “Eu o ressuscitarei no último dia”.

FinadosAlém da morte, antes de tudo, há a esperança

Um velório marcou o servidor. Ninguém da família chorou. “Eu fiquei admirado. Até que entrou na sala um vizinho do falecido. Ele chorava e gritava pela perda do amigo. Se agarrou ao caixão. Na hora do enterro, os familiares tentavam separar o vizinho do caixão, sem sucesso. Eu me aproximei, dei um abraço. Sugeri que ele fosse na

Ademir, superintendente da Acesf: "do desespero à revolta, a pessoa em sofrimento merece respeito"

Katia Baggio

EM 2017 TEREMOS UM NOVO ARCEBISPO NA ARQUIDIOCESE

DE LONDRINAPara a escolha do futuro arcebispo de Londrina

o Santo Padre Francisco escolherá um candidato que fará parte de uma terna (3) candidatos.

No código de direito canônico existem algumas condições que este candidato deve possuir. O mais

importante é que seja um pastor dedicado e solicito às necessidades do rebanho que a ele será confiado. Desde

já, vamos rezar pelo futuro arcebispo de Londrina.

Agradecemos ao Dom Orlando Brandes pelos anos que dedicou à nossa arquidiocese.

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Capela Mãe da Divina Providência

Paróquia São Vicente de Paulo

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Paróquia São Vicente de Paulo

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Missas

Calendário Fim do Ano

OS LIVROS PARA A NOVENA DE NATAL JÁ ESTÃO DISPONÍVEIS. VAMOS NOS PREPARAR PARA ESSA DATA TÃO IMPORTANTE!

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Vida em Ação N°198

Nos dias 10 e 11 de dezembro iremos visitar nossos irmãos do Jardim Nova Esperança.

Vamos com a gente? Esperamos a presença de

todos os paroquianos da São Vicente de Paulo!

Aquele que se ajoelha diante de Deus não se curva diante de nenhuma dificuldade.

Dia: Terças-feirasHorário: 20h00

Local: Capela Mãe da Divina ProvidênciaRua José Nogueira Franco, 435 - Jardim Alcântra

Venha participar!

RCC . Renovação Carismática Católica

Atenção comunidade São Vicente de Paulo!

Não haverá expediente paroquial

do dia 26/12/2016 ao dia 02/01/2017.

12 Eventos e avisos

FÁBRICA DE MÓVEIS PARA: HOSPITAIS, CLÍNICAS E LABORATÓRIOS

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AVISOS