lona – 25/09/2007 – 362

8
Curitiba, terça-feira, 25 de setembro de 2007 | Ano VIII | nº 362| [email protected]| Jornal-Laboratório do Curso de Jornalismo do Centro Universitário Positivo | UnicenP| DIÁRIO d o B R A S I L Daniel Mocelin/LONA Comerciante inicia abaixo-asssinado contra empresas de telemarketing Página 7 Geral Ana Luisa Toledo/LONA Haru Matsuri comemora 100 anos da imigração japonesa Ensaio fotográfico mostra as belezas de Palmas do Arvoredo Página 8 Idosos fazem novas amizades nos grupos de convivência em Curitiba Página 6 Comunidade Feira da Primavera abre oportunidades para pequenos comerciantes Página 3 Geral A 17ª edição do festival Haru Matsuri celebrou os 100 anos da vinda dos japoneses ao Brasil. O evento, realizado no Museu Oscar Niemeyer nos dias 21, 22 e 23 de setembro, apresentou manifestações artísticas japone- sas como poesia, pintura, dança e música. Quem compareceu à celebra- ção pôde degustar comidas típi- cas e apreciar a cultura oriental dos mangás, origamis e bonsais. Página 3 Festa reúne descendentes de japoneses de todas as idades

Upload: lona-2007

Post on 23-Feb-2016

228 views

Category:

Documents


0 download

DESCRIPTION

JORNAL-LABORATÓRIO DIÁRIO DO CURSO DE JORNALISMO DA UNIVERSIDADE POSITIVO.

TRANSCRIPT

Page 1: LONA – 25/09/2007 – 362

Curitiba, terça-feira, 25 de setembro de 2007 | Ano VIII | nº 362| [email protected]|Jornal-Laboratório do Curso de Jornalismo do Centro Universitário Positivo | UnicenP|

DIÁRIO

do

BRASIL

Daniel Mocelin/LONA

Comerciante in ic ia

a b a i x o - a s s s i n a d o

contra empresas de

telemarketing

Página 7

Geral

Ana Luisa Toledo/LONA

Haru Matsuri comemora

100 anos da imigração japonesa

Ensaio fotográfico mostra as belezas de Palmas do Arvoredo

Página 8

Idosos fazem novas

amizades nos grupos

de convivência

em Curitiba

Página 6

Comunidade

Feira da Primavera

abre oportunidades

para pequenos

comerciantes

Página 3

Geral

A 17ª edição do festival Haru

Matsuri celebrou os 100 anos da

vinda dos japoneses ao Brasil.

O evento, realizado no Museu

Oscar Niemeyer nos dias 21, 22

e 23 de setembro, apresentou

manifestações artísticas japone-

sas como poesia, pintura, dança

e música.

Quem compareceu à celebra-

ção pôde degustar comidas típi-

cas e apreciar a cultura oriental

dos mangás, origamis e bonsais.

Página 3

Festa reúne descendentes de japoneses de todas as idades

Page 2: LONA – 25/09/2007 – 362
Page 3: LONA – 25/09/2007 – 362

Curitiba, terça-feira, 25 de setembro de 2007 3

Geral

Amanda Lara

A Feira da Primavera, aber-ta no último sábado na PraçaOsório, é mais uma oportunida-de de negócios para pequenos co-merciantes e artesãos que, nor-malmente, participam de outrasfeiras de época, como a da Pás-coa, do Natal ou do Pinhão. Osvisitantes podem encontrar bar-racas de comida e bebida, comosanduíches, chocolate caseiro,água de coco e sorvete, e tambémbarracas de artesanato que vãodesde enfeites com temas de pri-mavera até roupas e sapatos.O céu nublado e o tempo

abafado do fim de semana nãoimpediu que muitas pessoasfossem prestigiar o primeirodia da primavera na feira, quehomenageia a estação. Apesardo movimento, os comercian-tes reclamavam da falta de di-vulgação do evento e tambémdas condições precárias dasbarracas.Henrique Celso Tortora

atua em feiras há 40 anos eatualmente está trabalhandona Praça Osório, na barraca daPamonha e do Mel. A barracapossui alimentos derivados demilho e mel, e o feirante ga-rante que para manter a cli-entela é necessário um bomatendimento. “Os vendedorestêm que ter mais respeito comos consumidores, pois quemtrata bem tem freguês”.Para Fabiano Barbosa, de

21 anos, a feira é um lugaragradável para passear e com-prar. Mas o que não agrada aoconsumidor é a falta de aten-ção dos vendedores em relaçãoaos visitantes. “Tem vendedorque nem levanta para atendere quando o fazem tratam mal,falta educação e respeito”.Mas as reclamações não pa-

ram por aí. Hilson da Silva, de62 anos, é visitante assíduo detodas as feiras, pois mora perto

Feirantes reclamam de falta de manutenção

Feira da Primavera da Praça Osório vai até 13 de outubro

da Praça Osório. O consumidorsempre acompanha os feirantese suas barracas e faz uma crí-tica: “Há muitos anos o entãoprefeito da época, Rafael Greca,inaugurou a primeira feira naPraça Osório, e de lá pra cánunca foi feita uma manuten-ção nas barracas. Elas estão ve-lhas pra caramba, sujas e aspeças não encaixam, o que aca-ba sendo perigoso para os visi-tantes e também para os pró-prios feirantes”.O aluguel de cada barraca

custa R$ 800 e normalmente osespaços são divididos para re-duzir custos. Nas barracas deartesanato são até quatro pes-soas e as barracas de comida sãocompartilhadas por duas pesso-as. Além do aluguel os feiran-tes têm que pagar R$ 200 paraos seguranças, que abrem e fe-cham as barracas e, claro, fa-zem a segurança durante amadrugada.O feirante Zaqueu Fernan-

des trabalha na barraca de brin-quedos artesanais, diz que des-de que a feira foi inauguradanunca houve mudanças nasbarracas, nunca é feita manu-tenção e o que é pior, os feiran-tes não têm incentivo da prefei-tura. Ele comenta que muitasvezes o dinheiro que se investenas feiras não tem retorno. Osprodutos não são caros, masestão faltando compradores eprincipalmente a atenção daprefeitura. “Só com o dinheiroda feira não dá para sobreviver,é necessário ter uma outra fun-ção”, comenta Zaqueu.Maria Luiza Tortora, 54

anos, casada com Henrique, dabarrada da Pamonha e Mel, dizque o baixo movimento da feiraé por falta de divulgação da Pre-feitura. Mas, mesmo com tan-tas reclamações, ela comentaque a feira não perde seu char-me. “Muitas pessoas nem com-pram, mas sempre arranjamum tempinho para passear econversar um pouco”, diz.Para as próximas sema-

nas, os curitibanos esperamdias mais quentes, roupasmais leves e, claro, ruas maisfloridas, afinal a primavera,estação das cores e das flores,começou oficialmente no últi-mo domingo.

Renato Amendola Ana Luisa

Toledo Natu Marques Lisiane

Amarante

O Museu Oscar Niemeyerdeu lugar à comemoração daCentésima Primavera daImigração Japonesa – HaruMatsuri Imin 100, entre osdias 21 e 23 de setembro;esta é a 17ª edição do festivalem Curitiba. Com diversasatrações e muita alegria, osdescendentes de japoneses ebrasileiros celebram juntos achegada da estação das flo-res. O Japão é considerado

um dos países que mais seidentifica com a primavera nomundo. Para os japoneses, naprimavera a alma das plan-tas está nas flores; no verãonas folhas, no outono no cau-le e no inverno repousa nasraízes. Por isso a importân-cia de festejar a primavera,pois quando a alma está naflor, os seres humanos devemprestar homenagens à natu-reza, para garantir boas co-lheitas durante o ano. As homenagens são feitas

através de manifestações ar-tísticas, como a poesia, pin-tura, dança e a música. Tudoisso estava reunido nos doispalcos do Haru Matsuri.Dentre as barracas, os

visitantes podiam apreciaras diversas formas da cultu-ra japonesa, como o mangá(histórias em quadrinho),origami (dobraduras), bon-sai (árvore anã) e a famosaculinária, que atraiu muitagente nas duas estruturasque compunham a praça dealimentação.Os pratos mais procura-

dos eram sushi, sashimi,hamuraki (rolinho primave-

ra) e o tempurá (fritura crocan-te com legumes empanados emfarinha fina).Uma das mais belas apre-

sentações foi a de um grupo com-posto por crianças e jovens quetocavam taikô, espécie de tam-bor que animou quem paroupara assistir. O grupo apresen-tou a música “Kizuna”, que temum significado de elo entre oJapão e o Brasil.No sábado, aconteceu a

apresentação das tradicionais“deusas da primavera” – YumieNakahashi, de 18 anos e Yzu-mi Tomazawa, de 32 anos - be-las e simpáticas moças respon-sáveis pela propagação do amore da alegria durante o evento,distribuindo fitinhas da sorteaos visitantes do festival.O palco um foi lugar da apre-

sentação de cantores infanto-ju-

venis e adultos, bandas, ar-tes marciais e várias outrasformas de manifestação ar-tística japonesa. Para Alwssa, 12 anos e

Narumi, 11 anos, que parti-cipam do festival há quatroanos, esta é a grande oportu-nidade para fazerem o quegostam: cantar músicas ja-ponesas, preferencialmenteinfantis.“Eu adoro cantar aqui,

espero o ano todo! Mas é umpouco difícil porque eu nãofalo japonês ainda, mas façoaulas”, disse Narumi aindaofegante após a apresentação.Ao mesmo tempo, o palco dois– que era comandado por jo-vens – estava bastante ani-mado com a Matsuri Dance,desfile Cosplay, duelos, gin-canas, karaokê.

Festival Haru Matsuri marca

100 anos da imigração japonesa

A Feira da Primavera daPraça Osório acontecediariamente das 10h às22h e vai até o dia 13de outubro.

Serviço

Ana Luisa Toledo/ LONA

Artesanato e muitas atrações culturais no MON

Page 4: LONA – 25/09/2007 – 362

Curitiba, terça-feira, 25 de setembro de 20074

Apesar dos riscos, trabalhadores estão satisfeitos com o que fazem

Profissionais se arriscam no dia-a-dia

Aline Sajnaj

Suelen Ivanovski

Pressa, correria, cobranças,hora marcada. Assim é a vidados motoboys, que diariamenteenfrentam as movimentadasruas de Curitiba. Foi num diasdestes que o motoboy Elton daSilva se acidentou. Ao fazer umaconversão proibida, bateu naporta dois do biarticulado e foiparar na porta cinco. A seqüelaque adquiriu foi um braço me-nor do que o outro, mas há vá-rias conseqüências de outrosacidentes. No momento, ele estáfazendo implante de dentes de-vido a uma batida na traseirade um táxi.

Os riscos da profissão dos mo-toboy são inúmeros, pois eles en-frentam chuva e trânsito prati-camente sem proteção. "Com amoto, queira ou não, caiu vocêse rala", afir-ma. Há quatroanos na ativi-dade, Elton jáperdeu as con-tas de quantostombos levou e,mais de umavez, pensou emtrocar de em-prego. Segundoele, não vale apena passar por todos estes ris-cos, mas a necessidade de traba-lhar o faz enfrentá-los diariamen-te. "Para falar a verdade, issoaqui é uma arma engatilhada nasua cabeça, mas fazer o quê... temque trabalhar", desabafa.

Outros profissionais quetambém estão diariamente notrânsito são os taxistas que,além dos perigos nas ruas, so-frem com a criminalidade. Com25 anos de profissão, João Sil-veira de Azevedo acredita quehoje o trabalho do taxista se tor-nou mais perigoso por causa docrescimento de Curitiba: "Comisso, além das coisas boas vêmas coisas ruins também". Silvei-ra conta que é necessário tomarcertos cuidados, como calotescom cheques ou pessoas quemandam alguém mais novo pe-gar um táxi e no final da corri-da tem assaltantes esperando.

Segundo ele, o taxista deve fi-car atento com pedidos de corri-da pelo celular: “Outra coisa, é aforma com que pedem troco. Sepedem troco para R$ 50 é semprebom ficar alerta, já que corremoso risco de sermos assaltados por-que não é troco que às vezes elesquerem, mas é para ver se o mo-torista vem com a certa quantiaque eles pedem e assaltam".

Apesar de sempre tomar es-tes cuidados, Silveira já foi assal-tado várias vezes: "É uma lote-ria, no mesmo instante que vocêestá no ponto, você pode ser esco-lhido". Atualmente ele acreditaque o perigo está em todos os lu-gares, em qualquer tipo de tra-balho. "Não tem escolha, ou vocêtrabalha sem pensar em riscosou você acaba não trabalhando."

Duplo Perigo

Outra profissão que, além dacriminalidade, também é afeta-

da pelo trânsi-to é a PolíciaMilitar. O Co-mandante da 4ºCompanhia do12º Batalhão,Hudson Leôn-cio Teixeira, po-licial militarhá 19 anos,conta que ospoliciais estão

muito mais expostos à situaçõesde criminalidade do que outraspessoas: "Nós vamos de encon-tro a tudo o que as pessoas fo-gem. Elas fogem de assaltos, defurtos, de veículos roubados. Opolicial tem que ir atrás e ten-tar localizar o infrator."

O risco é eminente e os cui-dados indispensáveis. O polici-al tem que estar bem prepara-do em todas as horas.

O comandante afirma que aomesmo tempo em que eles podemestar lidando com uma pessoa dobem, um pai de família ou umasenhora, pode ser também uminfrator. É por esta razão quemuitas vezes são feitas aborda-gens e revistas. Tudo isso é pelasegurança do policial em serviço.

Os perigos são vividos diari-amente pelos policiais. Confron-tos armados, roubos a banco,situações com reféns e luta cor-

poral são apenas alguns dos ris-cos da profissão. Hudson contaque uma vez pegaram uma se-nhora como refém em Pinhaise passaram a telefonar para acasa da vítima para solicitarresgate. Na época ele trabalha-va na Rondas Ostensivas deNatureza Especial (Rone), queassumiu a ocorrência e passoua negociar. Nessa negociaçãoeles conseguiram localizar oparadeiro, porém o seqüestra-dor não acatou a ordem parase entregar, houve confronto eo infrator morreu.

O policial já se envolveu emdiversos acidentes com motoci-cletas. Para ele, os motoristasde hoje são mal educados. "Àsvezes o condutor de um veículocomum não abre passagem paraa viatura em ocorrência, a mo-tocicleta policial também não évista e aí o policial acaba se aci-dentando, tentando salvar avida de outras pessoas", conta.

O estresse é mais um pro-blema enfrentado pelos polici-ais, pois eles lidam com coisasruins. "As pessoas procuram opolicial não para conversar,mas sim para passar proble-mas. Elas vêem no policial umcaminho, uma alternativa desolução para aquele problema.E por mais preparado que seja,ele acaba assimilando um pou-co deste estresse, do problemaque a pessoa tem".

Apesar dos riscos e preocu-pações, Hudson resume sua de-dicação à profissão em uma pa-lavra: "É gratificante ser polici-al, muitas vezes ver um sorrisode uma pessoa numa ação quevocê obteve êxito é gratificante".Ele lembra de um casal de ido-sos que levou um bolo ao postopolicial como forma de agrade-cimento. O motivo? Uma sim-ples ajuda que os policiais de-ram ao senhor para subir umaescada da qual ele havia caído.

Primeiro lugar: vida

Bombeiros. Atividade perigo-sa. Fogo, altura e, o trânsito tam-bém. O subtenente do Corpo deBombeiros de Santa Felicidade,Ubiratam Choviski, está na cor-poração há 26 anos e conta que operigo também faz parte do dia-

a-dia dos Bombeiros. A ocorrên-cia que mais marcou todos estesanos foi quando ele ainda traba-lhava em Campo Largo e umônibus sofreu um acidente nadescida da Serra de São Luís doPurunã. Quando os bombeiroschegaram havia 42 vítimas, en-tre elas somente seis ainda esta-vam vivas e presas nas ferragens,o resto havia morrido.

Apesar de sempre ficar aba-lado com os acidentes que aten-de, Ubiratam sente que estácumprindo sua missão profissi-onal e de vida. “Nosso trabalhoé atender bem a população, ésalvar vidas”, emociona-se.

Para atender as ocorrênci-as eles deveriam levar de cincoa sete minutos, mas com o cres-cimento da cidade e o movimen-to intenso no trânsito, este tem-po aumenta para 10 a 15 mi-nutos até o local do acidente.

Diariamente perto de fogo,

altura e resgates, Ubiratam seacidentou logo no trânsito.Como de costume, eles estavamindo atender um chamado, masno caminho bateram em umônibus expresso e o caminhãotombou. Mesmo usando cinto desegurança ele sofreu algumaslesões, como corte-contuso nocrânio e face, além de uma fra-tura no braço direito.

Ubiratam não gosta de fa-lar, mas já passou por outrasvárias situações em que esca-pou da morte. No trânsito, elesnão podem e nem devem ultra-passar sinal vermelho duranteo atendimento da ocorrência. "Agente tem prioridade, mas nãoa preferência".

Assim como o comandanteHudson, o subtenente Ubiratamtambém reclama dos motoquei-ros, que, aliás, igualmente pre-cisam chegar a tempo no desti-no. "Infelizmente os motoquei-

Na hora de trabalhar os equipamentos são indispensáveis

Arquivo LONA

Especial

Os riscos para os

motoboy são inúme-

ros, pois eles en-

frentam chuva e

trânsito pratica-

mente sem proteção

Page 5: LONA – 25/09/2007 – 362

Curitiba, terça-feira, 25 de setembro de 2007 5

ros de hoje em Curitiba não res-peitam emergência nem sinaissonoros." O trabalho exige aten-ção, traz o medo. Mas não é so-mente sentimento ruim. Além desalvar vidas, a profissão formafamílias. "Tudo o que tenho naminha vida, a minha família etudo o que consegui foi graças aoCorpo de Bombeiros", completa.

Profissões diferentes, perigosparecidos, cada um de acordocom a atividade. Altura, fogo,trânsito, violência. Quem tam-bém vive nas alturas são os ele-tricistas, mas com um acrésci-mo de perigo a mais: a eletrici-dade. Cleiton Pereira Ramosexplica que a corrente elétrica eas quedas dos postes são os prin-cipais ricos da profissão. "A gen-te pode às vezes levar um cho-quinho de nada, mas através dosusto do choquinho pode acon-tecer uma queda lá de cima".

Para se proteger destes pe-rigos é necessário o uso de equi-pamentos, como capacete, cin-to, cordão umbilical e luva. Clei-ton enfatiza que o mais impor-tante é a atenção. Já perdeucolegas de profissão que leva-ram choque, caíram do poste emorreram por causa da queda.Apesar de tudo ele está feliz como trabalho, gosta do que faz e oque o motiva a passar por todosos riscos é a "recompensa" tãoesperada no fim do mês.

Um poste pode ter até 12metros, mas um prédio ultra-passa esta altura, e muito. E élá que estão os pedreiros degrandes obras. Mas o perigo nãoestá só no alto, no momento emque o profissional entrou no can-teiro, já tem que ter toda a se-gurança, do capacete às botas.

A atenção também é essen-cial para o trabalho deles e cadaum tem que pensar na segu-rança de toda a equipe. "Às ve-zes os andaimes são feitos mui-to rápido e acabam causando aqueda". O pedreiro Vilson Tei-xeira toma sustos todos os dias:a torre que está sendo levanta-da balança, o andaime ameaçaderrubá-lo e, com isso, o medode cair e a atenção redobram.

Vilson lembra de um rapazque caiu da obra dentro de umesgoto, foi soterrado e morreu.

Estes acidentes fatais servemde alerta para todos os pedrei-ros. Além dos equipamentos eatenção, a única segurança queeles têm é a garantia de quereceberão atendimento caso seacidentem no local de trabalho.Apesar de tudo, Vilson está sa-tisfeito e não tem nada do quereclamar. "A gente tem que gos-tar do que faz, não dá para irtrabalhar mal humorado."

Segurança na

construção Civil

Na construção civil cada eta-pa da obra exige uma qualifica-ção dos trabalhadores, sendoassim, há uma rotatividademuito grande de funcionários.Em função da necessidade dasconstrutoras, que praticamen-te terceirizam todo o serviço, háum problema muito sério coma qualificação do trabalhador.Muitos funcionários entram naobra sem equipamento, infor-mação, orientação e, entre dosacidentes do trabalho que têmocorrido na construção civil, amaioria envolve justamenteisso, a qualificação e treina-mento dos profissionais.

O técnico de segurança naconstrução civil, Anderson Pi-

vovarski, conta que o Brasil teveum gasto em 2005 superior a20 bilhões de reais com aciden-tes de trabalho em todas as áre-as. Mas a construção civil foi aque mais se destacou, com umaparcela maior de acidentes gra-ves, com afastamento de maisde 15 dias, onde a pessoa neces-sita do benefício do INSS, sen-do que muitos não retornammais ao trabalho e são aposen-tados precocemente.

O que preocupa é a estatísti-ca de que 99% dos acidentes naconstrução civil acontecem porfalha humana, ou seja, por fa-lha da empresa, quando não pro-porciona condições de trabalhoao funcionário; ou ela oferece osequipamentos e o funcionárionão usa, seja por autoconfian-ça, descuido ou falta de atenção.

Os 20 bilhões gastos por anono Brasil somam os custos commedicamentos, benefícios, próte-ses e readaptação profissional, ouseja, aquele trabalhador que cor-tou a mão na serra não pode maisfazer aquela atividade, então eleé treinado para outra função.

O Ministério do Trabalho temintensificado as fiscalizações nasempresas e multado muito e, porsinal, multas altíssimas. Em re-

Doenças ocupacionais

Arquivo LONA

A altura é um dos principais riscos para os trabalhadores

Os trabalhadores do Bra-sil têm algumas proteçõesprevistas pela legislação. Nototal são 32 normas regula-mentadoras de segurança notrabalho, que abrangem to-dos os setores produtivos daeconomia, tanto a indústria,como o campo e o setor de ser-viços e comércio.Na questão da insalubrida-

de existem três níveis de adi-cionais: 10 % o mínimo, 20%o médio e 40% o máximo. "Se-ria uma forma de premiar otrabalhador ou de compensarpela exposição ao ambiente po-tencialmente promotor de do-enças ocupacionais ao coletivoprodutivo", explica o chefe doSetor de Saúde e Segurança daDelegacia Regional do Traba-lho, Sérgio de Barros.

São de três naturezas os agen-tes de insalubridade: físicos, quí-micos e biológicos. Os agentes fí-sicos são as temperaturas extre-mas. Um exemplo são os traba-lhadores que ficam em câmerasfrias, onde a temperatura chegaao zero grau. Outro, é o local pró-ximo de caldeiras, onde a tempe-ratura fica exageradamente altae o trabalhador perde líquido, sedesidrata e precisa de redução detempo de exposição.Os agentes químicos estão

presentes no cotidiano daquelesque operam com ácidos, bases,solventes. Um exemplo é o ben-zeno que está em estudo no pro-cesso produtivo que, por ser can-cerígeno já foi eliminado de vá-rios produtos químicos.Os biológicos são bactérias,

vírus e protozoários encontra-

dos em hospitais, frigoríficos,cemitérios, serviço de manuten-ção de rede de esgoto e em ater-ros sanitários. Dependendo danatureza do agente insalubre,há a necessidade de se fazeruma avaliação no local, verifi-car a operação do trabalhador eindicar medidas saneadoras.Tem algumas funções que

podem gerar explosões, incêndi-os, queimaduras e muitas vezeso óbito. Para essas, há o adicio-nal de periculosidade, ou seja,30% a mais sobre o salário base.O eletricista Cleiton, além doseguro de vida, recebe um pou-co mais pelo perigo da função.Algumas empresas contra-

tam o seguro de vida privado,mas isso não é obrigatório.Quem fornece a seguridade parao trabalhador é o Ministério da

Previdência e Assistência So-cial. Em caso de morte, a fa-mília recebe uma pensão. Naincapacidade para trabalhar,o empregado ganha uma apo-sentadoria por invalidez. Emafastamento por acidente, queexige terapia, vai receber umauxílio acidentário.Quando ocorrem aciden-

tes, o trabalhador deve pro-curar o Ministério do Traba-lho ou o sindicato da catego-ria, que vai até a empresapara verificar se o estabele-cimento está em ordem emrelação à segurança no tra-balho. Se preciso, a institui-ção será autuada para a re-gularização das falhas. Valelembrar que o funcionárionão pode ser demitido em ca-sos de afastamento.

lação ao uso de equipamentos, ovalor chega até 4 mil reais porinfração. Sendo assim, Andersonalerta as empresas para que re-almente se conscientizem doquanto é importante o investi-mento de segurança no trabalho.

DireitosOs direitos que cada trabalha-

dor vão depende de qual área eleatua. O motoboy Elton não rece-be nenhum benefício a mais nosalário. Vale lembrar que mui-tos motoboys são autônomos. Ostaxistas se encontram na mes-ma situação dos motoboys.

O sub tenente explicou que

os integrantes do Corpo de Bom-beiros têm direito de uma apo-sentadoria especial, com 25 anosde serviço. Mas há alguns des-contos. Para se aposentar com100%, eles devem trabalharcomo todos os empregados deoutras áreas, de 30 a 35 anos.

O eletricista e instaladorCleiton ganha um adicional etambém pode se aposentar maiscedo, mas nas mesmas condi-ções do que Ubiratam. Não éobrigatório, mas a empresaonde ele trabalha oferece segu-ro de vida. O pedreiro Vilsonrecebe o que está de acordo como Sindicato da sua categoria.

Trânsito: importante fator de risco

Page 6: LONA – 25/09/2007 – 362
Page 7: LONA – 25/09/2007 – 362

Curitiba, terça-feira, 25 de setembro de 2007 7

Geral

Juliana Galliano

O dono da banca de revistase jornais Babiak, situada nobairro Alto São Francisco, emCuritiba, Roberval Babiak é umcrítico do sistema de teleatendi-mento, como muitas outras pes-soas. A diferença é que ele estáagindo para que a situação sejamelhorada, promovendo umabaixo-assinado para exigir umapostura mais profissional dasempresas diante da questão.O início da campanha de

Babiak se deu no dia 20 de agos-to quando, ao ligar para um0800 pedindo a segunda via deuma fatura, se deparou com ademora do sistema e a intermi-nável passagem de ligação deum setor para o outro para re-solver o problema. Foi nesse diao estopim para o comerciante,que registrou sua reclamação naAgência Nacional de Telecomu-nicações (Anatel), mas achou queapenas isso não era o suficientee resolveu iniciar a campanha. “Nos call centers, ninguém

resolve os pro-blemas por nãohaver autono-mia para isso.É por isso quea demora acon-tece e passa-sea ligação deum setor parao outro. A idéiada campanhanão é apenasmelhorar oatendimento ao cidadão, masque as empresas melhoremtambém as condições de traba-lho de seus funcionários. Osoperadores de telemarkenting,muitas vezes, ficam doentes,com depressão, por viveremnum ambiente de alta pressão.Portanto, pedimos a soluçãopara o todo. O respeito ao cida-dão que utiliza o sistema eàqueles que trabalham com osistema”, afirma Babiak.

Comerciante pede melhora

nos teleatendimentosNo desfile de Sete de Setem-

bro, o comerciante colocou umafaixa que dizia: “Abaixo CallCenters – Disk 1,2,3 e ninguémresolve nada outra vez”, comoforma de protesto. “Não insul-tei ninguém, fui sutil. Com edu-cação, passei para as pessoas acampanha. Os militares e co-ronéis que estavam no local meparabenizaram pela iniciativa.”Então, o abaixo-assinado come-

çou a ser preenchido e hoje já con-tém mais de 2.500 assinaturas.Para tornar lei automaticamen-te são necessárias seis milhões deassinaturas. Mas Babiak acredi-ta que não será preciso atingiresse número para que a proble-mática seja resolvida. “Acioneidiversas emissoras de televisãoinformando sobre a campanha ecom todos que converso, falo so-bre a situação. Acredito que pormeio da divulgação intensa doprojeto, as empresas vão se sen-tir pressionadas e por si só vãoentrar em contato para tentarchegar numa solução, sem pre-cisarmos partir para o extremo.”Ele diz ainda que a campanha

envolve o prestí-gio e a credibili-dade das empre-sas e que quemquiser manterisso, terá quese aliar.O presiden-

te do Sindicatodos Trabalhado-res em Teleco-m u n i c a ç ã o(Sinttel), Eugê-

nio Popenda, informa sua opi-nião sobre a campanha: “Soubedo projeto por terceiros. Concor-do plenamente que tenha que sefazer algo para melhorar estaquestão, pressionar mesmo. Masque se lute também pela melho-ria no atendimento em geral, nãosó em telecomunicação. Até embancos, quando se quer fecharuma conta, a demora é grande.”Popenda diz que tinha que

haver mais uma via para solu-

cionar os problemas dos clien-tes além dos teleatendimentos,talvez uma política que tirassealgumas questões dos call cen-ters para serem resolvidas noatendimento pessoal.O sindicalista também cita

uma pesquisa realizada por au-ditorias independentes para aAnatel que revela que o grau desatisfação dos clientes com os te-leatendimentos é de 81,2%, su-perando, portanto, a média exi-gida pela agência que é de 80%.“Para mim, quase 19% de pesso-as insatisfeitas é uma margemgrande e que deve ser considera-da, mas como passou pela mé-dia, não há o que falar. Por me-lhor que seja o serviço de telea-tendimento, ele não me satisfaz,não supre as minhas necessida-des. Por isso, esse projeto é váli-do. Tudo que se faça para melho-rar a sociedade, temos o dever deapoiar”, completou Popenda.A operadora de telemarketing

Hellen dos Santos Pereira tam-bém apóia a aniciativa do abaixo-

assinado. Ela trabalha no ramohá seis meses e já sente a pressãono ambiente de trabalho.“Temosque bater metas de ligações. Comotrabalho na parte de telecobran-ça, temos metas também de fa-zer com que o cliente faça pro-messas que vai pagar a dívida.Além disso, tudo é cronometra-do até para ir ao banheiro. Nãopodemos estourar pausas.”Hellen diz que o primeiro pas-

so para alcançar a qualidade dosprofissionais nos call centers é adiminuição na carga horária.“Acho uma falta de educação li-gar para os clientes aos sábadospra fazer uma cobrança. Essesdias aconteceu um caso engra-çado. Liguei pro cliente nesse ho-rário e pedi pra ele confirmar osdados. Ele simplesmente faloucom uma voz meia embriagada:‘Fiá, tu me pede isso em plenosábado as oito horas da noite edepois que eu tomei uns gorós ?Vamos deixar isso pra segunda,vamos ?’ Então, eu falei: ‘Tudobem, senhor!’. Não podemos co-

brar quando o cliente não está afim de conversar.”Ela reivindica também uma

maior remuneração e valoriza-ção por parte das empresas.“Deveríamos ser mais valoriza-dos. Não é pra todo mundo essetipo de profissão. Tem que sereducado, atencioso e principal-mente responsável por tudo oque se fala para o cliente.”Outra questão que a opera-

dora comenta é que dentro doscall centers as pessoas são des-cartáveis. A qualquer momen-to podem perder o emprego, poisa política da maioria das em-presas é sempre renovar a equi-pe. Hellen já viu serem despe-didas mais de duzentas pesso-as ao mesmo tempo.Mas apesar de tudo, ela diz

que gosta da profissão. “Traba-lhar em call center é legal, fa-zemos amizades e aprendemosuns com os outros. Mas pode-ria haver melhorias no sistemapara que possamos trabalharcom maior qualidade”.

O abaixo-assinado

contém mais de 2,5

mil assinaturas. Para

tornar-se lei auto-

maticamente são

necessárias 6 mi-

lhões de assinaturas

Juliana Galliano/ LONA

Babiak criou um abaixo-assinado para exigir postura profissional das empresas

Comerciante reclama da falta de autonomia dos atendentes para resolver os problemas

Page 8: LONA – 25/09/2007 – 362