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[email protected] @jornallona Curitiba, segunda-feira, 2 de maio de 2011 Ano XII - Número 619 Jornal-Laboratório do Curso de Jornalismo da Universidade Positivo Recursos coletivos sustentam projetos de interesse social Pág. 4 e 5 Colunas O lirismo do rock e o universo da comédia Pág. 6 Chegar no Terminal Campo Comprido com antecedência não é ga- rantia de pontualidade nas aulas da Univer- sidade Positivo. Os ôni- bus que cobrem a linha da UP costumam sair lotados e para conseguir Alunos reclamam da falta de ônibus para a Universidade Positivo entrar em um deles muitas vezes é preciso esperar até três ônibus. Os universitários também demonstram grande insatisfação com o preço da tarifa, que aumentou mais de 13%, indo de R$2,20 para R$ 2,50. A relação de custo-benefíco entre o serviço oferecido pela Urbs e o valor atual da tarifa é um dos prin- cipais questionamen- tos dos estudantes. Pág.7 O secretário especial para assuntos da Copa do Mundo afirma em entrevista à Rede Teia que Curitiba es- tará preparada para 2014. Pág 3 Copa em Curitiba Isabella Mayer Camila Bonn Collita

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JORNAL-LABORATÓRIO DIÁRIO DO CURSO DE JORNALISMO DA UNIVERSIDADE POSITIVO.

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Curitiba, segunda-feira, 02 de maio de 2011

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Curitiba, segunda-feira, 2 de maio de 2011 Ano XII - Número 619

Jornal-Laboratório do Curso de Jornalismo da Universidade Positivo

Recursos coletivos sustentam projetos de interesse social

Pág. 4 e 5

ColunasO lirismo do rock e o universo da comédia

Pág. 6

Chegar no Terminal Campo Comprido com antecedência não é ga-rantia de pontualidade nas aulas da Univer-sidade Positivo. Os ôni-bus que cobrem a linha da UP costumam sair lotados e para conseguir

Alunos reclamam da falta de ônibus para a Universidade Positivo

entrar em um deles muitas vezes é preciso esperar até três ônibus.

Os universitários também demonstram grande insatisfação com o preço da tarifa, que aumentou mais de 13%, indo de R$2,20 para

R$ 2,50. A relação de custo-benefíco entre o serviço oferecido pela Urbs e o valor atual da tarifa é um dos prin-cipais questionamen-tos dos estudantes.

Pág.7

O secretário especial para assuntos da Copa do Mundo afi rma em entrevista à Rede Teia que Curitiba es-tará preparada para 2014.

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Copa em Curitiba

Isabella MayerCa

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Curitiba, segunda-feira, 02 de maio de 2011

Expediente

EditorialAs edições de 2011 do Lona

circulam com o objetivo de repensar o jornalismo gráfico. Temos sérios motivos pra isso.

É de domínio público o sig-nificante impacto das novas mídias na circulação e influên-cia dos periódicos impressos no cotidiano dos leitores – e consumidores de informação. A cada dia, periódicos tradi-cionais anunciam seu fecha-mento e migram para portais eletrônicos sob o argumento da adaptação aos novos tem-pos (embora o declínio de alguns veículos de comuni-cação tenha mais relação com crises administrativas do que com novos rumos editoriais).

Historicamente, nenhum meio que surgiu soterrou o outro. Assim como a televisão não acabou com o rádio, o jornalismo impresso também não irá acabar – passará, sim, por um processo de adap-tação necessário e urgente.

Neste ano, buscaremos uma nova forma de fazer jor-nalismo impresso, propondo-se a contextualizar os fatos e não

meramente noticiá-los. Não é possível imaginar um jornal que queira competir com a ve-locidade e instantaneidade do rádio e da internet. Entretanto, o jornalismo impresso pos-sui características próprias e fundamentais, como o registro dos fatos, a análise depurada e as diferentes for-mas de apresentar a opinião.

Nesse contexto de reforma e adequação, traremos al-gumas novidades ao leitor do Lona. Com o retorno da impressão colorida, voltare-mos com os ensaios fotográ-ficos. Em cada edição, uma re-portagem aprofundada sobre temas de interesse público e colunas que abordarão edito-rias clássicas como cinema, movimentos sociais, es-portes, política e gênero.

Nas páginas centrais, a novi-dade são os drops informati-vos, notícias curtas de rodapé.

Esperamos que o Lona seja um jornal abrangente e analíti-co, de múltiplas leituras e pos-sibilidades.

Boa leitura a todos.

A primeira edição do Lona do ano demarca um novo período em nosso jornal-la-oratório. Além das seções de análise e das reportagens mais aprofundadas, teremos nesta temporada a inserção semanal do ombudsman - colunista do periódico com a função básica de criticar, ana-lisar tecnica-mente as coberturas jornalísti-cas e estabelecer uma conexão entre as reclamações, elogios e sugestões dos leitores.

Historicamente, o termo ombudsman é derivado do idioma sueco e tem a definição primária de representante do povo. De fato, em 1809 surgi-ram na Suécia normas legais que criaram o cargo de agente parlamentar de justiça para limitar os poderes do rei. No decorrer dos anos, diversas in-stituições passaram a adequar o termo para designar um elo imparcial entre a instituição e a sua comunidade de usuários.

No jornalismo, ombuds-man opera mais no sentido

de ouvidoria interna, ponte entre o trabalho jornalístico e a recepção da informação. A função foi popularizada nos EUA na década de 60.

No Brasil, a Folha de S. Paulo foi o primeiro veículo impresso a designar um om-budsman para analisar a cobe-rtura jornalística. A primeira coluna dominical do ouvidor circulou em 24 de setembro de 1989. Atualmente, a jornalista responsável pela seção na Fol-ha é Suzana Singer.

Para exercer o cargo com independência, o jornal instituiu o mandato de um ano para cada ombudsman, com a possibilidade de apenas uma única renovação de mais um ano. Essa possibilidade, poste-riormente, foi expandida para duas renovações (três anos de mandato). O profissional não pode ser demitido durante o mandato e tem estabilidade de mais seis meses no jornal após deixar a função.

Em tempos de jornalismo

impresso cada vez mais descaracterizado e perden-do terreno para novas plata-formas de mídia, acreditamos que seja essencial pensar mais o próprio fazer da informação.

Durante a circulação do Lona neste ano ouvidores-jornalistas serão convidados pela equipe do periódico e analisarão a semana de publi-cação, com tribuna livre para dissecar os erros e acertos internos e dar voz aos seus leitores.

Na primeira semana, o res-ponsável pelo espaço será Emerson Castro, jor-nalista desde 1986 e profes-sor desde 2001. Ele já pro-duziu jornais-laboratórios e revistas. Atualmente na UP, atua nas disciplinas de Pro-jetos Inovadores, Jornalismo Literário, Planejamento e História do Brasil.

Os leitores podem entrar em contato com o ombudsman da semana através do e-mail: [email protected].

O senador Roberto Requião, ex-governador do Paraná, é nacionalmente conhe-cido por usar palavras e ex-pressões preconceituosas nas mais diversas situações em que concede entrevistas ou se manifesta publicamente.

Recentemente, uma pérola do senador foi lançada ao co-mentar um incidente envolven-do Valter Pagliosa, ex-chefe re-gional do Instituto Ambiental do Paraná (IAP) em Cascavel.

Pagliosa participou em 2006 de um filme erótico intitulado “A outra metade”. Comentan-do o fato, Requião publicou em seu twitter que um ex-ator pornô não estaria preparado para assumir o IAP. O sena-dor disse também, ironica-mente, que a próxima nomea-ção seria Bruna Surfistinha. O governador Beto Richa, mostrando-se influenciado por Requião, demitiu o ex-ator.

Defendendo-se, Pagliosa disse que o filme é erótico e não pornográfico. “Fiz teatro, peças infantis e dois filmes: um de conteúdo religioso e outro com classificação erótica. Porém o filme não tem sexo explicito. É uma história de

amor com cenas de sexo simu-lado. Nada que o Big Brother não mostre também”, disse Pagliosa à Gazeta do Povo.

Embora Requião tenha se mostrado incomodado com Pa-gliosa no IAP, não se mani-festou quanto a Ítala Nandi, atriz nomeada para atuar no governo do Estado na segunda gestão do pemedebista. Ítala foi chamada para ocupar o cargo de diretora da Escola de Cin-ema. Ainda que seja atriz, Ítala não é professora de cinema, for-mação necessária para o cargo.

Os exageros de Requião não são novidade. Nas eleições de 2010, o senador postou uma foto dos tucanos José Serra e Fernando Henrique Cardoso com o ex-jogador Ronaldo, com a seguinte declaração: “Este Ronaldo precisa parar de andar com travestis. Toma jeito, me-nino!!!”, fazendo referência ao episódio que envolveu Ronaldo e a travesti Andreia Albertini.

Outra mostra pública dos preconceitos de Requião, de-sta vez em relação aos gays, foi quanto ao câncer de mama. Ele fez o seguinte comentário: “A ação do governo não é só em defesa do interesse público. É

da saúde da mulher também. Embora hoje o câncer de mama seja uma doença masculina também, né? Deve ser conse-quência dessas passeatas gays”.

Mais uma demonstração pública das boçalidades do ex-governador foi quando o repórter Victor Boyadijan, da Rádio Bandeirantes, questi-nou sobre a aposentadoria de Requião. Este arrancou o gravador das mãos do jor-nalista e perguntou: “Você já pensou em apanhar?”.

O senador, em seguida, apa-gou as gravações que havia no equipamento e devolveu-o ao repórter. Mais tarde, Boy-adijan revelou ter se sentido intimidado com a ameaça do senador. Já Requião disse es-tar em um mau dia, e não faria isso se estivesse bem.

Para encerrar o currículo do senador eleito com 2.691.557 votos nas eleições 2010, Ro-berto Requião é formado em Direito pela Universidade Federal do Paraná e em Jor-nalismo pela Pontifícia Uni-versidade Católica do Paraná. O jornalista Requião é contra a obrigatoriedade do diplo-ma para exercer a profissão.

As pérolas de Requião

OMBUDSMAN

Opinião

Débora Mariotto Alves

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Reitor José Pio Martins

Vice-Reitor e Pró-Reitor de Administração Arno Gnoatto

Pró-Reitor de Graduação Renato Casagrande

Pró-Reitor de Planejamento e Avaliação Institucional Cosme Damião Massi

Pró-Reitor de Pós-Graduação e Pesquisa Bruno Fernandes

Coordenadora do Curso de Jornalismo Maria Zaclis Veiga Ferreira

Professores-orientadores Elza Aparecida Oliveira Filha e Marcelo Lima

Editores-chefes Daniel Zanella, Laura Bordin, Priscila Schip

O LONA é o jornal-laboratório do Curso de Jornalismo da Universi-dade Positivo. Rua Pedro Viriato Parigot de Souza, 5.300 -

Conectora 5. Campo Comprido. Curitiba -PR CEP 81280-30

Fone: (41) 3317-3044.

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Curitiba, segunda-feira, 02 de maio de 2011

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Curitiba estará preparada para a Copa, garante Mario Celso

A Rede Teia de Jornalis-mo entrevistou na última sexta-feira, 29 de abril, o vereador e secretário especial para Assun-tos da Copa do Mundo, Mario Celso Cunha. O vereador falou sobre os preparativos para a Copa de 2014 na cidade de Cu-

ritiba, uma das 12 cidades que sediará os jogos.

Em 2007, o Brasil foi eleito país-sede e rece-beu uma série de responsabili-dades da Feder-ação Internacio-nal de Futebol A s s o c i a d o – FIFA. Nesse d o c u m e n t o , constam exigên-cias em relação a estádios, alo-jamentos, trans-porte, finanças etc., para que o país possa se-diar o evento.

ANÁLISE

Copa 2014: mico à vista?A Federação Interna-

cional de Futebol Associado (FIFA) – instituição que dirige as associações de futebol do mundo –, definiu que o Bra-sil sediaria a Copa do Mundo de 2014 em outubro de 2007. Já se passaram quatro anos e até agora pouca coisa foi feita.

Fato que começa a preocupar setores que estão envolvidos diretamente com os jogos. Na semana passada, a presidente Dilma Rousseff afirmou que os aeroportos terão que ficar prontos em 2013 e não 2014, como estava pre-visto. Além disso, ela pretende se reunir com representantes das cidades-sedes para uma reunião no final deste mês.

Ainda na última se-

mana de abril, a cidade de Curitiba passou a ser dúvida para o mundial. Isso porque o secretário estadual para os Assuntos da Copa do Mundo de 2014, Mário Celso Cunha (PSB), declarou que a capital paranaense pode fi-car de fora da competição.

Segundo ele, as novas exigências da FIFA com os estádios brasileiros podem complicar a situação da Arena da Baixada, que irá receber as partidas. O secretário afirmou que “a única opção é a Arena, se não for na Arena, não tem Copa”. Se o estádio precisar de dinheiro, o Clube Atlé-tico Paranaense já garantiu que não irá gastar mais que o previsto para as reformas.

Unindo a fragilidade dos aeroportos, a questão da Arena e também dos outros estádios brasileiros – que es-tão longe de ser liberados – com questões de transporte e hotéis, a dúvida se o Brasil irá cumprir todas as exigências começa a aparecer. Fato que, se não acontecer, colocaria o país como um grande mico mundi-al. E com certeza, decepciona-ria milhões de brasileiros, an-siosos por ter a oportunidade de ver uma Copa ao vivo, além de seleções e jogadores que não imaginavam ver de perto.

Mas até que ponto vale a pena realizar essa Copa? Não seria mais fácil, em vez de manchar a imagem do país, assumir que não terá

condições de sediá-la e passar a vez para outro, que tenha como realizar a maior com-petição de futebol do mundo?

Além disso, outras questões estão em jogo. Al-gumas informações apontam que aproximadamente R$ 20 bilhões serão gastos para a realização do mundial.Di- nheiro que poderia ser redu-zido, talvez, até pela metade, se houvesse um bom plane-jamento e sem a vontade de exagerar e querer fazer tudo maior e melhor, tendo em vis-ta que a África do Sul – sede do ano passado – não chegou nos R$ 10 bilhões de gastos.

Com todo esse din-heiro, será que a educação não poderia ser melhorada?

Seja em infraestrutura ou na qualidade de livros e profes-sores. A área da saúde, com a construção de mais hospi-tais; as estradas esburacadas; a segurança, que cada a cada dia se mostra mais precária. Enfim, são vários os aspectos que, com esse montante, sofre-riam grandes melhoras para que o Brasil apresentasse um quadro diferente do que é hoje.

Pobreza, fome, miséria. Quesitos presentes no cenário brasileiro, com crianças na rua, jovens envolvidos com dro-gas e bebidas alcóolicas, ido-sos que sofrem com questões hospitalares. Problemas que talvez não fossem completa-mente solucionados, mas redu-zidos e dando esperança de vida.

Camila Bonn Collita A três anos da com-petição, as especulações de que o Brasil não está pron-to para sediar a Copa são grandes. O presidente da FIFA, Joseph Blatter, o sena-dor paranaense Álvaro Dias (PSDB) e até o famoso joga-dor Pelé deram declarações criticando o atraso das obras.

O secretário especial afirmou que há muita dis-cussão política envolvida nas negociações do evento: “Ál-varo Dias não é contra a Copa, mas como ele foi presidente da CPI contra a Confederação Brasileira de Futebol, acaba não simpatizando com o Ri-cardo Teixeira, presidente da CBF, e o Blatter já deu outra declaração dizendo que rece-beu números corretos e mani-festou seu apoio ao país.”

Segundo Cunha, essas críticas também foram feitas na Copa da África do Sul, mas, ao contrário do que se presu-miu, “aconteceu um evento muito bem feito, eles deram um show de competência e estão orgulhosos do que fizeram.”

O secre-tário também criticou a posição da mídia com relação ao assunto. “Esse lin-chamento feito pela imprensa

afastou os turistas da África do Sul, prejudicando a eco-nomia do país. Nós queremos evitar essa deturpação aqui, que já está acontecendo”.

O secretário defende o setor de transportes de Curitiba e afirma que este é um exemplo para o mundo. “Nós recebemos cerca de 50 a 100 delegações estrangei-ras para avaliar o transporte da cidade, várias cidades do mundo seguem esse modelo. Muita gente per-gunta do metrô, e apesar de não ser um encargo da FIFA, ele ainda pode acontecer.”

Q u e s -tionado so-bre o impac-to negativo dos recentes episódios vi-olentos que marcaram o futebol pa-r a n a e n s e

– como o vandalismo ocor-rido na cidade, às vésperas do clássico Atletiba pelas

torcidas dos dois times mais populares —, Cunha relativizou seus efeitos.

“Com a participação do Ministério Público e da Justiça, esses casos caíram muito, porque hoje está ha-vendo punição. Nós teremos um grande patrulhamento, mas não podemos com-parar isso a um tumulto de Copa do Mundo, em que o comportamento da tor-cida é bem diferenciado.”

O país está lutando contra o tempo para exe-cutar projetos e finalizar as obras necessárias para rece-ber, além de vários turistas de todo o mundo, cerca de 32 delegações. Mas, Cunha afirma que o Paraná está dentro do prazo estabeleci-do pela Federação. “Nós acreditamos na Copa aqui no estado, temos a possibilidade de reali-zar um bom evento e va-mos buscar os caminhos para isso, trabalhando pra que não saia do rumo”.

Camila Bonn Collita

O país está lutando contra o tempo para executar projetos e finalizar as obras necessárias

Miguel Basso Locatelli

Mário Celso Cunha falou sobre o atraso das obras da Copa

O secretário especial para Assuntos da Copa do Mundo defende o mundial no Paraná e critica postura da imprensa

INVESTIMENTO 3

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Curitiba, segunda-feira, 02 de maio de 2011

Recursos coletivos sustentam projetos de interesse socialO crowdfunding é o novo modelo de financiamento que utiliza a internet para iniciativas cada vez mais interativas

ECONOMIA

Ter uma ideia e não ter dinheiro para pôr em prática. Muita gente já passou por essa situação em algum momento da vida. Para tirar um projeto do papel, seja uma empresa ou um projeto cultural, é pre-ciso que, além de vontade do idealizador, alguém esteja dis-posto a investir alguns - ou muitos - reais e ter consciência que o risco é grande e o retor-no acontece a médio ou longo prazo.

Como de uma maneira geral é difícil conseguir esse inves-

tidor, a maioria dos projetos acaba morrendo na praia por falta de dinheiro. Contudo, um novo jeito de captar recursos está ganhando cada vez mais espaço, o crowdfunding. O ter-mo pode remeter a algo difícil e complicado, mas seu princípio é muito simples. Traduzido como financiamento em massa ou financiamento colabora-tivo, o crowdfunding é quando várias pessoas se juntam para realizar projetos através de minipatrocínios. É um modelo mais democrático que as for-mas de financiamento tradicio-nais existentes, já que o dinheiro

vem de gente realmente interes-sada no conteúdo a ser produ-zido e no que ele pode ser útil à sociedade.

As cotas nesses minipa-trocínios estão ligadas a recom-pensas. Quanto maior o valor investido, maior o retorno - em formas que o autor do projeto vai definir.

O pioneiro da iniciativa foi o site Kickstarter (kickstarter.com), que ajuda a financiar desde livros, até sites e docu-mentários. Lançado em abril de 2009, o portal já arrecadou cerca de US$ 20 milhões de dólares, com a ajuda de mais de 250 mil

colaboradores, e é hoje referên-cia mundial em crowdfunding.

O sucesso do site demon-strou que existem milhares de projetos interessantes e com gente bem intencionada, pre-cisando apenas de incentivo financeiro.

Bicicleta e a cidade

Natália Garcia é jornalista e conta com a força da internet para financiar o seu projeto através do crowdfunding. Ela criou o Cidade para Pessoas há dois anos, quando resolveu parar de se locomover de carro

pelas ruas de São Paulo. A jornalista adotou a bicicle-

ta como meio de transporte e viu sua relação com o ambiente mudar. Começou a se sentir muito mais vulnerável à cidade - para o bem e para o mal. Po-luição, problemas com chuvas e impermeabilidade do solo e com o trânsito. Apesar de não ser mais uma com o carro preso na longa fila dos con-gestionamentos e, de bicicleta, conseguir chegar muito mais rápido aos lugares, Natália ainda se sente vítima da lógica da priorização dos carros em vez das pessoas.

Paola Marques

Silk Zum Serigrafia: Investimento coletivo de internautas ajuda empresas a crescerem

Paola Marques

4

Divulgados nesta sexta-feira (29), os primeiros dados do

Censo 2010 revelam crescimento populacional do país, agora com

190.755.799 habitantes.

A pesquisa demonstra que apesar do aumento da popu-lação, desde 1960 a taxa de fecundidade brasileira vem diminuindo. 84,4% da população é urbana, maior taxa já registrada. As regiões Norte e Centro-Oeste tiveram aumento da porcentagem rural da população, com 5,8

milhões de habitantes.

Censo 2010 População

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Curitiba, segunda-feira, 02 de maio de 2011

Essa nova maneira de viver a cidade a levou a pedir demissão do seu antigo emprego na Edi-tora Abril e passar a se dedicar a estudar e escrever sobre crowd-funding. A jornalista passou um mês em Bogotá estudando o modelo urbano da cidade e tentando entender os motivos que levaram a capital colom-biana a promover uma revolução na maneira de se locomover dentro do espaço urbano.

A principal inspiração foram as ideias de Jan Gehl, arquiteto dinamarquês que tem como lema priorizar as pessoas na hora de pensar uma cidade. Assim surgiu o projeto Cidade para Pessoas. “Vou passar um ano viajando por 12 cidades do mundo, morando por um mês em cada uma delas, para buscar boas ideias de plane-jamento urbano que possam inspirar cidades brasileiras. As reportagens produzidas terão como meta mostrar o que, nes-sas empreitadas, deu certo (e o que não deu), como foram os processos de implementação desses projetos e como eles im-pactaram a vida das pessoas que moram lá. Mais do que um projeto sobre cidades ‘in-críveis’, este é um projeto sobre cidades ‘possíveis’, diz Natália.

O Cidade para Pessoas é, se-gundo Natália, um projeto de interesse público, que presta um serviço real à população, já que se propõe a buscar in-formações de qualidade que possam se converter em ações práticas.

Quando a jornalista soube que o Catarse, site com plata-forma inspirada no Kickstarter, seria lançado com a proposta de captar recursos para proje-tos com microfinanciamento, e que permitia que pessoas físicas comprassem cotas a partir de R$ 20, achou que isso teria total sintonia com seu projeto.

A ajuda começou com os amigos e familiares, mas hoje são cerca de 150 pessoas que estão contribuindo financeira-mente com o projeto. São ciclis-tas, urbanistas, jornalistas que acreditam que existem maneiras de melhorar a forma de se viver

em grandes cidades, e querem ajudar essa melhora.

Até agora pouquíssima gente se mostrou desconfiada com o destino do dinheiro doado. Natália acredita que o fato de ter feito um vídeo ela mesma, de possuir um site que explica o projeto (cidadeparapessoas.com.br) no qual demonstra todo o seu envolvimento e bagagem profissional conta pontos para não gerar desconfianças.

Impulso

A organização não governa-mental Impulso nasceu dentro da Aliança Empreendedora, entidade fundada em 2005 que apoia microempreendedores de baixa renda. Ao longo do tempo, e do trabalho realizado em campo, os participantes da ong perceberam que existiam problemas nos empreendimen-tos que barravam o desenvolvi-mento dos negócios. Faltavam aos pequenos gestores uma dose de conhecimento sobre mercado, obtenção de crédito e maneiras de melhorar a comer-cialização dos seus produtos.

Foi então que, em 2006, uma linha de crédito para microem-preendedores foi criada dentro da entidade. As experiências envolvendo o empréstimo de capital resultaram no portal Impulso, que no começo era uti-lizado como uma ferramenta de educação financeira para os em-preendimentos atendidos pela ong e um aliado para conectar pessoas (anjos investidores) aos microempresários.

O projeto inicial era se tornar um representante local do Kiva (kiva.org), site que através de doações de pessoas do mundo inteiro, empresta dinheiro para empreendedores de vários países, mas a ideia esbarrou em uma série de barreiras legais.

A política do Kiva é de-volver o dinheiro para as pes-soas que emprestaram aos mi-croempreendedores pelo site, em qualquer lugar do mundo. O problema é que a legislação brasileira não permite que or-ganizações sem fins lucrativos, caso da Impulso, realizem a

captação de crédito ou inves-timento diretamente com pes-soas físicas, somente doações. A outra barreira que impossi-bilita a filial brasileira do Kiva é não ser permitido mandar recursos financeiros para fora do Brasil. Todo dinheiro arreca-dado precisa ser reinvestido no país, nunca enviado para fora.

O jeito foi criar um portal que integrasse os pontos posi-tivos do Kiva e que permitisse uma maior proximidade do empreendedor local. No site (impulso.org.br) o chamado “anjo investidor” escolhe en-tre um rol de trinta microem-presários onde vai aplicar sua doação, que funciona de ma-neira redirecionável. “Quando o microempreendedor paga o crédito recebido, o mesmo valor volta para o investidor virtualmente. Não é possível sacar, mas investir novamente. Assim ele participa de algo que vai gerar mais transformação além de uma simples doação”, diz Lina Useche, diretora ex-ecutiva e co-fundadora da Im-pulso.

Diferentemente de outras plataformas, a Impulso não co-bra seus custos operacionais. Segundo Lina, todo recurso investido no site é 100% repas-sado para o empreendedor. “A gente tem algumas taxas que as plataformas de pagamento cobram, e esse valor é cobrado em cima do valor doado. O anjo arca com essas taxas também.” Mas a organização pretende mudar esse quadro: “Estamos tentando fazer parcerias para reduzir o valor dessas taxas, deixar cada vez mais barata até

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conseguir isen-ção delas, para que aqueles R$ 100 que você realmente quer investir, sejam direcionados para o em-preendimento escohido”.

S e g u n d o Lina, a grande maioria dos e m p r e e n d i -

mentos apoiados é da região metropolitana de Curitiba.

Os passos do dinheiro

Todo bom investidor se preocupa em acompanhar os rumos que o capital investido está tomando. Mesmo que seja em uma relação filantrópica. No caso do portal Impul-so, existem os assessores de crédito. São pessoas que estão sempre presentes nas comuni-dades e acompanham o trabalho do empreendedor durante todo o período do crédito. Esse acom-panhamento dá a garantia para o anjo investidor de que existe alguém trabalhando na base do negócio. Através de relatórios e fotos, é possível perceber os impactos gerados pelo crédito, desde o aumento nas vendas, de clientes, quali-dade do produto final, até o aumento no capital de giro da empresa.

Aparecido de Paula, dono da Silk Zum Serigrafia, foi um dos empreendedores que conseguiu 100% do crédito que precisava para investir na empresa. Os R$ 500 foram investidos em uma impres-sora a laser para melhorar o processo de fabricação dos produtos. “Meu objetivo era aumentar a qualidade. Pra ter uma produção maior e com qualidade maior eu precisei recorrer ao microcrédito”, diz Cido, como é conhecido pelos clientes.

Nos financiamentos de proje-tos culturais, o retorno é medido de um jeito diferente. Quanto maior o valor investido, maior as

vantagens.No Cidades para Pessoas

quem doa R$ 20, recebe por e-mail um boletim semanal sobre todos os posts e reporta-gens feitas. Quem paga R$ 130 recebe tudo isso compilado em um livro, no conforto de casa. Quem investir mais de R$ 1000 receberá, além do compilado de matérias e do livro, um dos-siê de cada cidade, que conterá diversas informações, estudos, pesquisas, dados, contatos in-teressantes de projetos ou ini-ciativas da sociedade civil para melhorar as cidades e a decu-pagem na íntegra de algumas entrevistas. Todas essas in-formações passam a ser do fi-nanciador, para que ele possa reproduzi-las livremente.

Caso o projeto não atingir o investimento mínimo ne-cessário, quem doou recebe o dinheiro de volta. E se por al-gum motivo o resultado final do trabalho ficar a desejar, pode-se pedir o estorno do dinheiro.

Negócio do futuro Apesar se ser uma forma de

negociar ainda muito recente, o crowdfunding já mostra a direção democrática e interativa que o mercado está tomando. Para Na-tália, o futuro do financiamento coletivo é agora: “Eu acho que crowdfunding vai revolucionar a forma de fazer negócios quando se trata de pequenos empreend-edores e start-ups. O grande lance é: um projeto que tem relevância vai ter um grande número de pes-soas comprando cotas. E isso vai atrair o interesse de grandes finan-ciadores que, por serem mais con-servadores, poderiam ter receio de investir nesse projeto”.

Cresce o número de brasileiros que se consideravam pardos ou pretos. Em 2000, 38,4% representavam negros e

6,2% pardos. Em 2010, os números foram para 43,1% e 7,6%.

De 12% a taxa de analfabetismo brasileiro caiu para 9%, representando 14,6 milhões de pessoas acima de dez

anos, idade média para a conclusão da alfabetização.

O IBGE revela que o saneamento bási-co é a maior deficiência do país, com

44,6% das habitações sem o devido acesso à rede de esgoto.

Etnia Educação Saúde

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Curitiba, segunda-feira, 02 de maio de 2011

Depois do escândalo Char-lie Sheen, e do cancelamento de Dois Homens e Meio (Two and a Half Men) até segunda ordem, as pessoas começam a se per-guntar o futuro das sitcoms sem a “comédia mais bem-sucedida do mundo”. Bom, o mundo das comédias está indo muito bem, obrigado. Se você é um seriador ou costuma entrar em fóruns e sites dedicados a discutir o uni-verso das séries de TV, você já deve estar familiarizado com nomes como The Big Bang The-ory, Community, How I Met Your Mother, e outras. Se não costuma, aqui ficam umas dicas.The Big Bang Theory, do mesmo criador de Two and a Half Men é apontada como uma das mel-hores comédias da atualidade. Conhecida como uma comédia sobre nerds aprontando altas confusões e vivendo grandes aventuras, The Big Bang The-ory na verdade mostra perso-nagens muito bem construí-dos – e hilários obviamente – e suas relações com outros perso-nagens não tão nerds assim.

Em suas primeiras tempo-radas era uma série nerd, com referências e citações a esse uni-verso, mas agora ela se tornou uma série sobre relações. Nem por isso menos interessante ou divertida (OK, talvez ela es-corregue em alguns episódios, mas que série não escorrega?).

Já Community, considerada a maior concorrente da série de

Do rock ao

lirismoO universo das comédias

O novo álbum do Foo Fight-ers, “Wasting Light” já foi dis-ponibilizado no início do mês para streaming no site oficial da banda. Não se engane ao ouvir os solos de guitarra iniciais, o ál-bum é o mais pesado da carreira deles. No entanto, excelente!

Acredito que por ter sido gravado na garagem da casa de Dave Grohl (vocalista) e pro-duzido por Butch Vig, produ-tor de “Nevermind” do Nir-vana, o álbum traz um Foo Fighters renovado, sem vícios e com a antiga essência Rock’n Roll de seus primeiros álbuns.

O site oficial diz que a per-formance está mais forte, coesa. Tenho que concordar, é percep-tível a diferença para o álbum anterior, “Echoes, silence, pa-tience & grace”, de 2007. Resta saber por eles se esse resultado deve-se a uma nova fase da banda ou simplesmente à sensa-ção da volta aos tempos de “ga-ragem, amigos e Rock’n Roll”.

Música Televisão

Sofia Ricciardi Luciana dos Santos

“Wasting Light “ é o álbum mais pesado da carreira do Foo

Fighters

O que me surpreendeu ain-da mais em Wasting Light foi a possível inspiração de Grohl em Abba e Bee Gees. O vocalista afir-mou que sempre teve um grande amor pelo Pop e seus refrões-hi-nos que, segundo ele, nos causam a “sensação irresistível à qual conseguimos nos conectar”. Bom, se houve mesmo isso, as guitar-

ras distorcidas e dissonantes da banda disfarçaram bem.

Ao menos é interessante pen-sar como uma inspiração pode reger a composição e produção de um álbum inteiro sem neces-sariamente estar presente nele.

Wasting Light tem 11 faixas, iniciadas pela frenética “Bridge Burning”, seguida da já popu-lar “Rope” até a bipolar “Walk”.

O endereço para streaming é wastinglight.foofighters.com.

Para acalmar guitarras

Não sei falar só do que é de fora. Surpreendentemente desco-bri que Marcelo Jeneci esteve em Curitiba. Não pude ir ao show, mas morri de vontade de escrev-er! O cantor paulistano lançou o álbum “Feito pra Acabar” em no-vembro do ano passado e já está na lista de favoritos de 2011. O pop-lirismo do CD é acompanha-do de piano e sanfona no maior es-tilo romântico rebuscado, defini-do assim pelo próprio cantor.

Marcelo já apareceu na BRA-VO!, recebeu o Prêmio Multishow e foi eleito a melhor trilha sonora da rádio FARM. O que pouca gente percebeu é que o mesmo Marcelo Jeneci que faz sucesso com seu lançamento atual é aquele que compôs “Longe”, pro-duzida em parceria com Arnaldo Antunes, e “Amado”, que na voz de Vanessa da Mata foi uma das músicas mais tocada em 2009.

Ou seja, Marcelo estava ali o tempo todo e agora aparece em um álbum delicioso cheio de si mesmo! Fica a sugestão! Para ouvir as músicas: http://w w w . m y s p a c e . c o m / j e n e c i

Chuck Lorre, é uma comédia verdadeiramente nerd. Conta a história de um grupo de amigos que frequenta uma universidade comunitária. Em sua segunda temporada, Community conquis-tou uma legião de fãs, tanto por suas referências quanto por seus personagens cativantes. Commu-nity me faz achar a universidade chata. Ninguém marca RPG de Dungeons & Dragons por aqui.

Como o universo das comé-dias não é feito só de nerds, vamos falar de How I Met Your Mother, que conta a história de um pai que resolveu contar a seus fil-hos a exata história de como ele e a mão se conheceram. O problema é que o indivíduo precisa contar a história de sua vida e de seus melhores amigos antes de chegar até a parte em que ele encontrou a tal mãe. How I Met Your Mother tem o dom de fazer rir e chorar ao mesmo tempo, e seu enredo é tão bem construído que chega a impres-sionar, incluindo desde comédia a musicais dignos da Broadway.

Eu poderia escrever páginas inteiras com mais sugestões de séries para você, meu caro leitor que assistia, que não gostava ou que nunca ouviu falar de Two and a Half Men, mas que tal conferir uma des-sas primeiro, enquanto espera (ou não) a tal segunda ordem sobre o cancelamento? E se al-guém marcar um RPG, não se esqueça de me convidar.

Divulgação

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@sofiaricci_

Cursa o 3ºperíodo da noite e publica seus textos no endereço: http://sofisticada.wordpress.com

@luciawinchester

Cursa o 3ºperíodo da manhã e publica seus textos no endereço http://spnhunter.blogspot.com/

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Curitiba, segunda-feira, 02 de maio de 2011

Alunos da Universidade Positivo estão sendo prejudi-cados com os poucos ônibus disponíveis nos horários onde há uma maior movimenta-ção de estudantes no terminal Campo Comprido, de onde sai a linha que leva até a in-stituição. Como consequên-cia desse número insufici-ente de ônibus universitários, mesmo chegando em horário razoável no terminal, não con-seguem embarcar e se atrasam para as primeiras aulas.

Os frequentes atrasos difi-cultam a pontualidade de quem utiliza o transporte. Es-ses atrasos acarretam falta para os alunos e estas, quando atingem mais de 25% do total de aulas, levam à reprovação.

A estudante de jornalismo Luciana dos Santos diz que sai de casa às 6h30 e mesmo as-sim não consegue chegar no horário. “Na maioria das vezes chego com tempo útil ao termi-nal, mas preciso esperar outro ônibus por causa da superlota-ção do Universidade Positivo”.

Segundo ela, a falta de ônibus acarreta superlota-ção. “São centenas de alu-nos tentando se enfiar dentro de um ônibus minúsculo”.

Falta de ônibus na linha Universidade Positivo prejudica estudantesIsabella Mayer O professor Emerson de

Castro também utiliza o trans-porte coletivo para ir à facul-dade e diz que, dependendo do horário, só há um ônibus da linha UP a cada meia hora. “Veículos em horários mais próximos seria o ideal”.

Aumento da tarifaO preço da passagem de

ônibus era R$ 2,20 um mês atrás. Hoje, com o aumento de 13,6% em decorrência, se-gundo a URBS (Urbanização de Curitiba S/A), do aumento de mão-de-obra e de insumos no setor de transporte cole-tivo, o valor da tarifa é R$ 2,50.

A passagem aumentou, porém o número de veícu-los disponíveis em várias linhas, inclusive na Univer-dade Positivo, não. Luciana acredita que se o serviço do transporte público tivesse melhorado, o aumento da tarifa não seria um problema.

“Não me importaria de pagar R$3 por um trans-porte que não atrasa, não me deixa na mão, tem qualidade e ainda ajuda o meio ambi-ente. Infelizmente esse não é o caso, e pelo transporte que eu sou obrigada a pegar diari-amente, R$ 2,50 é praticamente um assalto”, diz Luciana.

A aluna de jornalismo Aline

Lima também está insatisfeita com o transporte: “A pas-sagem aumentou. Os ônibus continuam iguais: atrasam, estão sempre lotados e a quan-tidade de ônibus está longe de ser suficiente. Só quem já pegou um ônibus lotado, a ponto de não poder mexer o pé de lugar, sabe como é difícil.”

Universidade Positivo

Alunos acreditam que a universidade não deve ter

tolerância quanto aos atrasos dos alunos em decorrência da limitação do número de ônibus, mas que caso a facul-dade conseguisse que hou-vesse o aumento de veículos na linha, já que isso pode in-fluenciar em desistência de quem mora longe do cam-pus, colaboraria bastante.

A coordenadora do curso de jornalismo, Zaclis Veiga, diz imaginar que deve ser bem complicado não depender dos seus horários e sim dos horários do ônibus, mas que essa situação tem que ser trans-mitida pelos alunos ao setor administrativo da faculdade.

Isabella Mayer

Isabella Mayer

Segundo Jane Gutierre, que trabalha no setor admin-istrativo e utiliza o trans-porte público, os estudantes ligam pedindo ajuda para o problema e a universidade faz o que está ao alcance dela para auxiliar os alunos. “Os alunos reclamam bastante dos ôni-bus na parte da manhã, mas principalmente dos ônibus na saída das turmas da noite. A gente pede para que os alunos reclamem porque daí a gente liga na URBS e tenta resolver”.

Contatada duas vezes pela reportagem, a assessoria de imprensa da URBS não respon-deu aos questionamentos.

A passagem aumentou mas a superlotação continua

Muitos alunos não conseguem embarcar no terminal do Campo Comprido

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Ponto: Terminal Campo CompridoHorário válido para dias uteis

Fonte: Urbs

Na universidade, a primeira aula termina às 9h10. Os alu-nos que saem nesse horário não conseguem pegar o ôni-bus das 9h, precisam esperar o das 9h30, que chega à uni-versidade por volta das 9h40. A segunda aula começa às 9h30, os alunos que perdem o ônibus das 9h, só conseguem chegar às 9h40 para a aula. No período da noite, os ônibus são bastante escassos, o aluno que sai durante o horário de aula tem de esperar muito tempo até o próximo carro.

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Curitiba, segunda-feira, 02 de maio de 2011

O Lona acompanhou a equipe de reportagem do programa que mostra as notícias policiais do Paraná para todo o Brasil

O Lona acompanhou durante uma noite o trabalho dos profissionais de um dos programas mais assistidos da hora do almoço, o 190, gerado de Curitiba para todo o Brasil, pela Central Nacio-nal de Televisão (CNT).

A atração corrobora para a afirmação do jor-nalismo policial na capital paranaense. De segunda a sexta-feira, em duas edições, o programa da CNT aborda assassinatos, assaltos, se-questros, acidentes de trân-sito, atendimento à popula-ção, dentre outros assuntos. O 190 é apresentado por Ro-berto Aciolli, ex-vereador de Curitiba e eleito, em 2010, ao cargo de deputado estadual, em exercício no momento.

Além de Curitiba, há repórteres do 190 em outras cidades do interior do Estado. Na capital, são seis repórteres que se revezam diariamente para que os as-suntos policiais mais impor-tantes do dia não sejam es-quecidos. Além das equipes de reportagem, o programa conta também com dois fun-cionários responsáveis por fazer o papel de rádio-escu-ta, que consiste em sintoni-zar a frequência da Polícia Militar para selecionar quais são os acontecimentos que merecem a cobertura.

E por meio da sinto-nia, a primeira ocorrência relevante do plantão no-turno ocorreu no bairro Fa-zendinha, onde uma mulher foi assassinada. Às pressas, o repórter Jotapê, comunica-dor experiente e também ex-vereador de Curitiba, saiu da redação da televisão, para onde só voltaria no término do trabalho, por volta de quatro horas da manhã.

Viver diariamente fa-zendo reportagens desse tipo acaba por tornar situa-ções como essa – assassinato de uma mulher – que causa indignação na maior parte da população, em algo cor-riqueiro entre os profission-ais que cobrem esses acon-tecimentos. “Vamos lá ver o ‘presunto’, então?!”, disse o cinegrafista ao descer do carro.

Na sequência, após fazer um rápido registro de imagem da jovem morta na estrada e de conversar com policiais e possíveis teste-munhas, a equipe de reporta-gem da CNT deixou o local do crime por conta de haver um outro chamado para o bairro do Cajuru, onde teori-camente outra pessoa teria sido assassinado. Alarme falso. Quem convive diaria-mente na área sabe que isso é bastante comum.

“A informação da Polícia Militar era de que ha-via uma pessoa assassinada. Nós percorremos várias ruas do bairro, a informação que chega agora é de que apenas uma pessoa foi baleada, mas a viatura do SIATE o levou até o Hospital Cajuru. Isso acontece muito na ronda, às vezes nós recebemos uma ligação e quando chegamos ao local não tem nada”, diz Jotapê.

Apesar do tempo per-dido, logo outra ocorrência é ouvida por meio do rádio e passada para a equipe de reportagem, que outra vez se desloca, desta feita para a cidade de Piraquara, na Região Metropolitana de Curitiba. Chegando ao lo-cal do crime, um homem estava morto com cerca de seis tiros. Muitos populares acompanhavam o trabalho da polícia.

Aparentemente o rela-cionamento entre os jornalis-

tas policiais e os integrantes da Polícia Militar é pacífico, o que é confirmado pelo sub-tenente Kodageski, lotado no Centro Integrado de Atendi-mento ao Cidadão da Região Sul (CIAC-Sul), localizado no Portão. “Em geral, é um tratamento amistoso, tran-quilo. Tenho vários amigos que trabalham na cobertura policial e o relacionamento com a imprensa é muito bom”, afirma.

Depois disso, Jotapê e a equipe do programa foram para o CIAC-Sul acompanhar a prisão de um casal que foi preso porque, na versão da Polícia, carregava uma arma no veículo. Essa hipótese foi colocada em discussão e o caso foi levado para in-vestigação na Delegacia de Homicídios.

Às duas horas da madrugada, a equipe do LONA parou de acompanhar o plantão noturno, que ainda teve mais duas horas de duração. “A noite está só começando e quando acabar o nosso plantão, outra equi-pe assume a cobertura, nós não paramos nunca”, con-cluiu Jotapê.

Ilustrar sem chocar

Caminhando diaria-mente na linha tênue entre a ética jornalística e o sensacio-nalismo, não fica fácil a vida do profissional responsável pelo conteúdo de programas policiais.

O jornalista respon-sável pela produção do 190 é Cristiano Santos, que apesar de ser jovem, tem experiên-cia na área. Além de trabalhar na CNT, ele também comanda diariamente o Jornal da Tarde 190, na Rádio Difusora AM 590, com a mesma temática.

O conflito de saber como ilustrar uma reporta-gem policial sem chocar o

telespectador não é simples de ser resolvido. “Eu res-peito todas as opiniões, mas eu acho que só uma palavra não resolve. É claro que nós não vamos encher a tela com pessoas mortas, isso é um desrespeito à família. Eu re-conheço que nós do 190 er-ramos muito no início, quan-do estávamos em fase de adaptação, mas nós fomos nos adequando e hoje não mostramos tantas imagens fortes”, diz Cristiano.

Mesmo com esse posicionamento, ele sabe que a maneira por meio da qual a imagem é exibida pode atrair de maneira mais precisa quem está as-sistindo. “De certa forma você tem que fazer alguma coisa para chamar a aten-ção do seu telespectador, mas tudo dentro de um bom senso”, afirma.

Filho do apresen-

tador do programa 190, Roberto Aciolli, Cristiano Santos acredita que o apre-ndizado conseguido por meio do jornalismo policial é algo que pode somar efeti-vamente na carreira do pro-fissional jornalista. “Dife-rente de outras editorias, essa é uma escola de vida. No jornalismo policial você aprende sobre leis, regras de comportamento, rela-cionamento com as pes-soas”, explica.

O repórter da Rede Massa, Marc Sousa con-corda que trabalhar na área do jornalismo policial é im-portante para construir o profissional de comunica-ção. “O jornalismo policial é uma das melhores áreas do jornalismo. Nós falamos brincando que morto não fala, então o repórter tem que ir atrás da informação”, comenta o jornalista.

Cristiano Santos (CNT) e Márcio Barros (Rede Massa) fazendo acobertura de um acidente na Região Metropolitana

Diego Sarza

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Diego Felipe Sarza

190: A rotina do jornalista policial em Curitiba