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LOGISTICA REVERSA APLICADA A RESÍDUOS ELETROELETRÔNICOS:
ESTUDO DE CASO
Anderson Spolavori Pereira
Universidade Luterana do Brasil – ULBRA
Graduando da Engenharia Ambiental
Albert Welzel
Universidade Luterana do Brasil – ULBRA
Professor do curso de Engenharia Ambiental
Dalva Verônica Mendonça Santana
Universidade Luterana do Brasil – ULBRA
Professora do curso de Tecnólogo em Logística
RESUMO:
O presente artigo busca identificar como a logística reversa, seja de pós-venda como de pós-
consumo, poderia recuperar o valor dos produtos tecnológicos após o fim de sua vida útil.
Tomando como principio básico as considerações apresentadas na Política Nacional de
Resíduos Sólidos - Lei Nº. 12.305 de 02 de agosto de 2010, regulamentada pelo Decreto Nº.
7.404 de 23 de dezembro de 2010, que define e reforça a prática da logística reversa como
uma alternativa eficaz para o gerenciamento destes resíduos, de maneira que contemple todos
os aspectos do tripé da sustentabilidade (econômico, social e ambiental). Identificando,
através de um estudo de caso em uma empresa que recebe e segrega resíduos
eletroeletrônicos, seu sistema de logística reversa, e propondo a utilização de Ecopontos como
uma alternativa para expandir seu sistema logístico.
Palavras-chaves: Resíduo Eletroeletrônico. Logística Reversa. Pós-venda. Pós-consumo.
ABSTRACT:
The present study attempts to identify how the reverse logistics, after-sales or post-consumer,
can recover the value of technology products after end of his life. Taking as basic principle
the considerations presented in National Solid Waste Politics – Law nº 12.305/2010 of august
2, 2010, regulated by the Proclamation nº 7.404/2010 of december 23, 2010, that defines and
reinforces the practice of reverse logistics as an effective alternative for managing theses
wastes, so that covers all aspects of sustainability tripod (economic, social and
environmental). Identifying, through a case study in a company that receives and segregates
waste electronics, their reverse logistics system, and proposing the use of Ecopoints as
alternative to expand their system logistics.
Keywords: Electronics Waste. Reverse Logistics. After-sales. Post-consumer.
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1. INTRODUÇÃO
Com o avanço cada vez mais acelerado da tecnologia, todos os anos, milhões e
milhões de computadores, celulares, televisores, monitores e os mais diversos equipamentos
eletroeletrônicos se tornam obsoletos e são descartados como resíduo. Junto com estes
resíduos encontram-se metais e substâncias altamente nocivas para o meio ambiente e para a
saúde humana. Esse descarte gera um tipo específico de resíduo sólido urbano, os
denominados resíduos eletroeletrônicos, conhecidos também como resíduos tecnológicos ou
e-lixo.
A segregação deste tipo de resíduo, bem como recuperação de seus componentes,
não traz benefícios apenas ao meio ambiente, pois no cenário de escassez de recursos naturais
que poderemos presenciar, a gestão destes resíduos passa a ser uma importante fonte de
matéria-prima para a indústria.
Seguindo essa linha, cabe às empresas produtoras, levar em conta a questão
ambiental na seleção dos materiais usados em sua fabricação, formas e processos de produção
menos poluentes e design do produto, visando facilitar o futuro reaproveitamento destes, e
também planejar e estruturar um método para que estes equipamentos, pós-venda ou pós-
consumo, retornem a empresa de origem, para que ocorra seu reaproveitamento ou a
disposição ambientalmente adequada deste equipamento. Concomitante a estas ações por
parte das indústrias, fica também imprescindível o abandono dos velhos hábitos e formas de
disposição tomada pelos consumidores, uma vez que não há mais como ignorar o perigo que
estes equipamentos obsoletos representam ao meio ambiente e seres vivos.
A necessidade de um destino apropriado para o resíduo eletrônico, bem como sua
reutilização como matéria-prima para novos produtos; a crescente conscientização dos
consumidores frente à sustentabilidade e a exigência da logística reversa, determinada na Lei
Nº. 12.305 de 02 de agosto de 2010, que Institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos,
regulamentada pelo Decreto Nº. 7.404, de 23 de dezembro de 2010, que Regulamenta a Lei
N°12.305, de 02 de agosto de 2010, que institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos
(PNRS), cria o comitê interministerial da Política Nacional de Resíduos Sólidos e o Comitê
Orientador para a Implantação do Sistema de Logística Reversa (LR), e da outras
providências. - estão levando muitas organizações brasileiras a buscarem soluções para a sua
sucata tecnológica.
Logo, a premissa deste trabalho é conciliar a sustentabilidade empresarial à
necessidade das empresas em se adequar à legislação, mostrando, através de um estudo de
caso, um exemplo de logística reversa de uma empresa que trabalha com a coleta e
segregação de resíduos tecnológicos, identificando assim, seus Canais de Distribuição
Reversos e a característica de sua logística reversa, propondo posteriormente um projeto que
possa auxiliá-la na coleta e expansão de seus negócios.
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2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
2.1. Logística Reversa
A Logística pode ser entendida como um dos fatores responsáveis pelo sucesso ou
insucesso de uma organização, pois o conceito da mesma estende-se a junção de quatro
atividades básicas: aquisição, movimentação, armazenagem e entrega de produtos.
A Associação Brasileira de Logística (ABL) define logística como o processo de
planejamento, implementação e controle de fluxo e armazenagem, bem como os serviços e
informações associados, desde o ponto de origem até o ponto de consumo, com o objetivo de
atender aos requisitos do cliente (DAHER, SILVA, FOSECA, [20--]).
Resumidamente, a logística estuda como a administração de uma organização deve
encarar melhores níveis de rentabilidade nos serviços de distribuição aos clientes e
consumidores, através do planejamento, organização e controles efetivos para as atividades de
movimentação e armazenagem de produtos. Ou seja, consiste em comprar, receber,
armazenar, separar, expedir, transportar, e entregar o produto ou serviço certo, na hora e local
certo, ao menor custo possível.
Na logística reversa têm-se todos os processos descritos anteriormente, porém de
modo inverso, pois engloba as informações desde o ponto de consumo até seu ponto de
origem, com o propósito de recuperação de valor ou descarte apropriado para coleta e
tratamento do resíduo. Portanto, Dahe, Silva, Foseca, [20--] resumem o termo “logística
reversa” como as atividades logísticas de coletar, desmontar e processar produtos, materiais e
peças usados a fim de assegurar seu reaproveitamento ou estabelecer outra destinação final
ambientalmente adequada.
Logo, toda a área da logística empresarial que planeja, opera e controla o fluxo, e as
informações logísticas correspondentes, do retorno dos bens de pós-venda e de pós-consumo
ao ciclo de negócios ou ao ciclo produtivo, através dos canais de distribuição reversos (CDR),
agregando-lhes valor de diversos tipos, tais como econômico, ecológico, legal, logístico e de
imagem corporativa, é caracterizado como logística reversa (Leite, 2008).
Segundo Rogers & Tibben-Lembke (1998), as atividades da logística reversa
consistem basicamente em coleta de materiais usados, danificados ou rejeitados, produtos fora
de validade e a embalagem e transporte do ponto do consumidor final até o revendedor.
“Em outras palavras, a logística reversa trata de mover o produto da destinação final
para o retorno ao ciclo de negócios, ou para disposição final adequada” (SANTANA, 2008).
Ainda nessa direção, Miguez (2010) aponta sobre a importância do retorno como
forma de agregação de valor ao resíduo bem como uma disposição correta.
2.2. Logística Reversa de Pós-consumo e Pós-venda
A logística reversa dos bens de pós-venda e/ou pós-consumo e seus Canais de
Distribuição Reversos (CDR) devem ser estruturadas levando em conta as três divisões de
categorias de bens produzidos: os bens descartáveis, os bens semiduráveis e os bens duráveis.
Leite (2008) adota as seguintes características gerais desses bens:
Bens descartáveis: São bens que apresentam vida útil de algumas semanas,
raramente meses. Tais bens podem ser exemplificados por embalagens,
brinquedos, pilhas e equipamentos eletrônicos, fraldas e jornais.
Bens duráveis: São bens que apresentam vida útil de alguns anos ou décadas.
Pode ser entendido como bens produzidos para satisfazer as necessidades da
vida social. Como exemplo de bens duráveis, pode-se citar os automóveis,
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eletrodomésticos/eletroeletrônicos, máquinas, equipamentos industriais, aviões e
navios.
Bens semiduráveis: São bens que apresentam vida útil de alguns meses,
raramente superiores a dois anos. Sob o enfoque de CDR dos materiais,
apresentam características tanto de bens duráveis como descartáveis. Tratam-se
de bens tais como baterias de veículos, óleos lubrificantes, computadores e seus
periféricos e baterias de celulares.
Assim, conceituadas as três características de bens produzidos, a logística reversa de
bens de pós-venda e pós-consumo podem ser definidas a seguir, conforme Liva et al. (2003)
apud Nhan et al. (2003, p.2):
Logística reversa de bens pós-venda: Constitui-se como a específica área que se
encarrega do fluxo logístico de produtos de pós-venda, sem uso ou com pouco uso, que por
diferentes motivos retornam à cadeia de distribuição direta. Seu objetivo é agregar valor a um
produto devolvido por razões comerciais, onde nesta categoria incluem-se erros nos
processamentos de pedidos, garantia dada pelo fabricante, defeitos ou falhas do produto,
pontas de estoques (LEITE, 2008).
Estes produtos pós-venda podem ser de natureza durável, semidurável ou
descartável, que, devido a sua tendência a descartabilidade e rápida obsolescência, acabam
gerando um grande aumento nos volumes operacionalizados pela logística reversa.
O fluxo de uma logística reversa de pós-venda funciona de tal maneira que o produto
é coletado e selecionado, para então ser destinado a mercados secundários e varejos para ser
reutilizado, ou então ser reenviado ao desmanche e reciclagem para que este possa entrar na
cadeia de logística reversa de pós-consumo, como pode ser visualizado na Figura 1.
Figura 1 - Fluxo Reverso de Pós-Venda
Fonte: LEITE 2003 apud SANTOS et al., 2010, p. 43.
Logística reversa de bens de pós-consumo: Resume-se como bens de pós-
consumo, todo aquele produto descartado pela sociedade, que não possui nenhuma utilidade.
Logo, logística reversa de bens de pós-consumo é entendida como fluxo físico e as
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informações correspondentes de produtos descartados pela sociedade ao fim de sua vida útil
ou usados com possibilidade de recuperação, e os resíduos industriais que retornam ao ciclo
de negócios ou ao ciclo produtivo pelos canais de distribuição reversos específicos (LEITE,
2008). “Estes produtos de pós-consumo poderão originar-se de bens duráveis ou
descartáveis que poderão sofrer reuso normalmente em mercado de segunda mão até
atingir o “fim da vida útil” (desmanche). Após o produto ser desmontado, os seus
componentes poderão ser aproveitados ou remanufaturados, onde os materiais
constituintes são reaproveitados e se constituirão em matérias-primas secundárias
retornando ao ciclo produtivo” (LIVA et al., 2003 apud NHAN et al., 2003, p.02).
Para a logística reversa pós-consumo, o fluxo logístico realiza a ação de transformar
um produto considerado obsoleto em matéria-prima secundária para produção de outro
material, através das etapas mostradas na Figura 2.
Figura 2 - Fluxo Logístico de Pós-consumo
Fonte: LEITE 2003 apud SANTOS et al., 2010, p. 45.
Resumidamente, os dois tipos de logística reversa descritos acima demandam uma
série de atividades típicas do processo logístico reverso que encontram-se representados na
Figura 3.
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Figura 3 - Atividades típicas do processo de logística reversa
Fonte: LACERDA 2002 apud NHAN et al., 2003, p. 3.
A Figura 3 demonstra que a logística reversa utiliza as mesmas atividades da
logística direta. Para tanto, Nhan et al. (2003) mostra que os materiais podem retornar de
várias formas ao fornecedor, tais como revenda, recondicionamento e reciclagem. Todas essas
alternativas geram materiais reaproveitados, destinados aos canais reversos de revalorização
entrando de novo no sistema logístico direto. Em último caso, o retorno dos materiais
encaminha para o descarte final.
2.3. Razões para Logística Reversa
Como o processo logístico é visto como um sistema que liga a empresa ao
consumidor e seus fornecedores, são vários os fatores que contribuem positivamente para a
implementação do sistema de logística reversa. Empresas modernas utilizam a logística
reversa de pós-venda, diretamente ou por meio de terceirização com empresas especializadas,
objetivando cobrir os seguintes motivos destacados por Rodrigues (2003):
a) Sensibilidade ecológica: A crescente conscientização dos consumidores faz com que
estes valorizem as empresas que possuem políticas de retorno de produtos;
b) Imagem diferenciada: A empresa pode alcançar a imagem diferenciada de ser
ecologicamente correta, por meio de marketing ligado à questão ambiental, ou mesmo
políticas mais liberais e eficientes de devolução de produtos; Além disso, a logística reversa
pode ser utilizada estrategicamente para manter os compradores fiéis aos seus respectivos
fornecedores, pois a habilidade do fornecedor em providenciar o rápido retorno de produtos
defeituosos, creditando o usuário o mais rápido possível, é uma dentre as diversas formas de
cativá-lo e dificultar seu afastamento.
c) Redução de custos: Fator originado pelo uso de produtos que retornam ao processo
de produção, ao invés de altos custos gerados no correto descarte dos resíduos;
d) Redução do ciclo de vida dos produtos: O acelerado desenvolvimento tecnológico
vem provocando uma obsolescência precoce dos bens, gerando grandes quantidades de
resíduos e produtos ultrapassados, necessitando, portanto, de alternativas para destinação final
de bens de pós-consumo.
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e) Pressões legais: A responsabilidade dos impactos ambientais, que antes era do
governo, passa a ser dos fabricantes, forçando as empresas a retornarem seus produtos e
cuidar do tratamento necessário e disposição adequada para tal.
No que concerne à legislação ambiental em que ressalta a obrigação da utilização de
sistemas de logística reversa, no Brasil pode-se citar como exemplo a Lei N°12.305, de 02 de
agosto de 2010 que Institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), regulamentada
pelo Decreto Nº. 7.404, de 23 de dezembro de 2010 que instituindo a Política Nacional de
Resíduos Sólidos (PNRS), cria o comitê interministerial da Política Nacional de Resíduos
Sólidos e o Comitê Orientador para a Implantação do Sistema de Logística Reversa (LR), e da
outras providências.
De acordo com a PNRS, a logística reversa tem por objetivo a implementação da
responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos entre o setor privado, o poder
público e a sociedade civil (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE RESÍDUOS SÓLIDOS E
LIMPEZA PÚBLICA, 2011).
O Art. 33 da Lei Nº. 12.305 (PNRS), afirma que os fabricantes, importadores,
distribuidores e comerciantes de diversos materiais são obrigados a estruturar e implementar
sistemas de LR, mediante retorno dos produtos após o uso pelo consumidor, de forma
independente do serviço público de limpeza urbana e de manejo dos resíduos sólidos, para
que possa ser dada uma destinação ambientalmente adequada.
Assim, através da responsabilidade compartilhada, base no contexto de logística
reversa, é gerada uma cadeia de responsabilidade diferenciada entre os diversos intervenientes
na gestão integrada de resíduos de equipamentos eletroeletrônicos (REEE). Obrigando
produtores e fabricantes a ter uma responsabilidade pelo produto eletroeletrônico, mesmo
após o fim da sua vida útil, promovendo a logística reversa, e também uma correta rotulagem
ambiental para possibilitar a efetivação dessa logística. Os comerciantes e distribuidores
deverão informar os clientes e consumidores sobre a logística reversa e também a respeito dos
locais onde podem ser depositados o resíduo eletrônico e de que forma esses resíduos serão
valorizados (Lei Nº. 12.305, 2010);
3. METODOLOGIA
O procedimento metodológico utilizado neste trabalho foi uma pesquisa de natureza
exploratória, tendo como principais características a informalidade, a flexibilidade e
criatividade, procurando obter um primeiro contato com a situação a ser explorada e um
melhor conhecimento sobre o objeto em estudo.
A natureza exploratória exalta a idéia de proporcionar maior familiaridade ao
problema, ou caso estudado, através de levantamentos bibliográficos e entrevistas com as
pessoas que convivem com o objeto, visando assim identificar hipóteses que possam vir a
resolvê-lo (GIL, 1991 apud SILVA, MENEZES, 2001).
O método de pesquisa utilizado foi o estudo de caso, sendo esta definida como uma
pesquisa qualitativa cujo objeto é uma unidade que se analisa profundamente. Pode ser
caracterizado como “uma investigação empírica que investiga um fenômeno contemporâneo
dentro do contesto da vida real” (YIN, 2001, p.32), tendo como principal característica a
preservação do objeto estudado e seu caráter unitário.
Foi realizado um único estudo de caso em uma empresa que atua na coleta e
segregação de resíduos tecnológicos, já que o caso exige maior profundidade devido a seu
propósito de revelar a forma de medir e planejar o desempenho da logística reversa.
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A amostragem é do tipo intencional, em que o critério básico para unidade de análise
é sua relevância (contribuição para o desenvolvimento do assunto), bem como facilidade de
acesso, já que, segundo Gil (1999), a amostragem intencional constitui-se de um tipo de
amostragem não probabilística, o que gera a impossibilidade de generalização de resultados.
O instrumento de coleta de dados utilizado nesta pesquisa foi uma única visita à
empresa objeto do estudo de caso, para realização de uma entrevista, realizada em abril de
2011, e contatos via e-mail com o diretor da organização, com o propósito de coletar
informações sobre o processo de descaracterização dos resíduos realizado pela empresa, e
identificar os canais reversos de pós-consumo e pós-venda (coleta, triagem, destinação),
adaptados de acordo com o pesquisado. Garantindo a flexibilidade necessária para captar as
informações com maiores detalhes e, assim, levantar os indicadores de desempenho utilizados
para logística reversa e propor um projeto que auxilie no crescimento de sua atividade.
4. LOGISTICA REVERSA APLICADA A RESÍDUOS ELETROELETRÔNICOS:
ESTUDO DE CASO
4.1. Caracterização da empresa e suas atividades
A empresa utilizada como unidade de analise neste estudo é a Reverse –
Gerenciamento de Resíduos Tecnológicos Ltda., organização que atua no processo de coleta,
segregação e destinação de Resíduos Sólidos Industriais Classe I, identificados como resíduos
tecnológicos. Sua área de atuação consiste na segregação de todos os materiais contidos em
um resíduo eletroeletrônico (plástico, ferro, fios de cobre, placa mãe, conectores e HD, etc.),
para assim enviá-los ao destino correto, separadamente, visando um maior aproveitamento
destes materiais, através da reciclagem, ou outro destino final ambientalmente adequado.
Sua unidade, localizada no Município de Novo Hamburgo, no Estado do Rio Grande
do Sul, criada desde o ano de 2009, atende a toda e qualquer empresa que necessita desfazer-
se de resíduos eletroeletrônicos, pilhas e baterias inservíveis.
Criada para atender a necessidade de empresas que buscam as melhores soluções
ambientais, a Reverse é a única empresa deste segmento no Rio Grande de Sul, a possuir um
Sistema de Gestão Ambiental certificado pela Norma ABNT NBR ISO 14.001:2004, em maio
de 2010. A Reverse não promove práticas como revenda, leilão, doação, entre outras
disposições finais ambientalmente duvidosas de equipamentos. O destino final dos materiais
recebidos pela Reverse é a utilização como matéria prima em outros ciclos produtivos, ou
senão, a total destruição do material para posterior disposição em aterros industriais
devidamente registrados e licenciados pelo órgão ambiental estadual, que neste caso é á
Fundação Estadual de Proteção Ambiental Henrique Luiz Roessler - FEPAM.
De acordo com o Sr. André Senger1, Diretor da Empresa Reverse e técnico
entrevistado, o processo de desmonte dos resíduos tecnológicos começa a partir de uma
avaliação do produto, pesando-os e comparando o valor obtido na pesagem com o valor
discriminado nas notas fiscais do cliente. Para que assim, estes resíduos possam ser
descaracterizados e separados de acordo com suas composições (plásticos, eletrônicos, metais,
cabos), em uma mesa, onde, atualmente, 03 (três) funcionários responsáveis pelo desmonte
possam realizar tal ação, conforme apresentado nas Figura 4 e Figura 5.
1 Entrevista realizada pessoalmente, no dia 28 de abril de 2011, com o Senhor André Senger, Diretor da empresa
Reverse Gerenciamento de Resíduos Tecnológicos Ltda.
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Figura 4 - Pesagem dos resíduos a ser descaracterizado
Fonte: REVERSE, 2011.
Figura 5 - Descaracterização dos resíduos tecnológicos.
Fonte: REVERSE, 2011.
O processo de desmonte do equipamento obsoleto é totalmente manual, visto que,
para o diretor da Reverse, tal processo utilizado, é devido à variedade de materiais e formatos
de equipamentos recebidos para descaracterização. O técnico ressalta que todo o processo de
segregação do equipamento é realizado com os devidos equipamentos de proteção individual
(EPI), através da utilização de luvas, sapatos e óculos de proteção.
Além dos 03 (três) funcionários responsáveis pelo desmonte do produto, a
organização conta com mais um funcionário devidamente habilitado para transporte de cargas
perigosas, visto que esta é uma das condicionantes imposta pelo órgão ambiental para que tal
empreendimento possa realizar seus serviços, já que este tipo de resíduo contem diversas
substâncias perigosas à saúde humana e ao meio ambiente, caracterizando-se como um
Resíduo Classe I - Perigoso.
Após a descaracterização do produto, realizado manualmente, os materiais não
perigosos são alocados em containeres, sacos plásticos e caixas de papelão, na própria área da
empresa, até que se consiga um volume e peso satisfatório para envio à próxima etapa. Todo
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material perigoso é armazenado, provisoriamente, em tonéis, alocados em áreas isoladas e
identificadas.
Os materiais considerados Resíduos Perigos Classe I, segundo a Norma ABNT NBR
10.004:2004, neste processo são as placas de circuito, pilhas e baterias, aparelhos celulares,
disco rígido, telas de CRT (Tubo de Raio Catódico), lâmpadas fluorescentes, entre outras.
Os materiais denominados Resíduo Classe II – Não perigoso – neste contexto, são
todo o material de cobre, ferro, alumínio e plástico.
As telas CRT (tubo de raio catódico), após sua retirada dos televisores e
computadores, são devidamente manuseadas e condicionadas em caixas de papelão,
separando-as por uma proteção, também de papelão, para que não exista contato entre elas,
evitando assim a possibilidade de quebra das mesmas durante o transporte ao local de
tratamento.
Fitas de backup, e compact disc (CD), materiais que geralmente possuem
informações importantes sobre seus clientes, e muitas vezes sigilosas, são totalmente
destruídos em uma máquina trituradora, localizada na empresa, e posteriormente enviados a
aterros industriais, devidamente licenciados pela FEPAM.
Após a descaracterização total dos resíduos tecnológicos, e armazenamento
temporário de seus componentes individuais, estes passam para uma próxima etapa, que é seu
envio a empresa responsável pelo seu reaproveitamento, reciclagem ou destinação final em
aterro industrial.
O técnico entrevistado exalta que cerca de 90% do material recebido e
descaracterizado é reenviado e centralizado em São Paulo. Pilhas, baterias e tubos de
imagens, obtidos no processo de segregação, são armazenados em locais adequados no
próprio pólo empresarial até a obtenção de um volume e peso satisfatório para posterior envio
a empresa Suzaquim Indústrias Químicas Ltda., localizada no Município de Suzano - São
Paulo, onde são reprocessados, transformando-os em sais e óxidos metálicos que serão
posteriormente utilizados em indústrias de colorifício cerâmico, vidros, tintas, refratários e
indústria química em geral (SUZAQUIM, [20--]).
Placas de circuito obsoletas, aparelhos celulares e discos rígidos obsoletos são
destinados à empresa Cimélia Reciclagem Ltda., localizada no Município de Campinas, São
Paulo. Ferro, alumínio, fios de cobre e o plástico obtido na segregação, são enviados a centros
industriais localizados na própria região metropolitana de Porto Alegre. Geralmente os metais
são enviados a Gerdau Brasil, localizada no Município de Sapucaia do Sul, Rio Grande do
Sul, e os termoplásticos são enviados a empresas que os reprocessam e os transformam em
móveis ou outro produto similar.
Segundo o diretor da Reverse, as placas de circuito impresso ainda são um desafio
para o segmento, dado que sua composição é heterogênea, não existindo uma solução
sustentável para sua destinação final, portanto, são exportadas para empresas instaladas no
exterior, tais como a UNICORE, na Bélgica. Exportação esta realizada somente pela empresa
Cimélia Reciclagem Ltda.
4.2. Logística Reversa na Prática
Após reportar o diretor da Empresa, pode-se verificar que, atualmente, todos os seus
clientes são caracterizados como consumidores de produtos eletroeletrônicos e não
fabricantes. Logo, sua empresa é direcionada única e exclusivamente àquelas organizações
que possuem uma diversidade de resíduos tecnológicos em seus depósitos, e não sabem o que
fazer e nem para onde destinar. Considerando a afirmação de Senger de que as empresas
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fabricantes de eletroeletrônicos buscam destino direto nas empresas que realizam o
reprocessamento dos materiais, tais como as anteriormente citadas.
Seus canais de distribuições reversos (CDR) são vistos como um canal esporádico,
onde todo processo de logística é realizado em total particularidade com o cliente, logo, a
Reverse Gerenciamento de Resíduos Tecnológicos Ltda. não possui nenhum ponto de coleta
para recebimento do material a ser segregado (resíduo tecnológico), pois a mesma cobra de
seus clientes o trabalho de coleta segregação e destino ambientalmente seguro de seus
resíduos.
Sendo assim, a coleta do material, geralmente, é realizada por um veículo próprio da
empresa, retirando o resíduo nas dependências do cliente, com todos os cuidados necessários
e documentos de registro legal, tais como Licença para transporte e movimentação
operacional de produtos perigosos, Manifesto para Transporte de Resíduo (MTR), por se
tratar de um resíduo classificado, segundo a Norma Brasileira ABNT NBR 10.004:2004,
como Resíduo Classe I – Perigoso -, para posterior segregação e reenvio do material já
separado a centrais de tratamento.
A média atual de resíduos comercializados é de aproximadamente 06 (seis) a 08
(oito) toneladas de resíduos mensais. Sendo que o empreendimento está licenciado para
receber mensalmente até 20 (vinte) toneladas de resíduos de sucatas ferrosas; 10 (dez)
toneladas de resíduos de placas de memórias; 03 (três) toneladas de fios de cobre; 02 (duas)
toneladas de resíduos de cobre; 07 (sete) toneladas de sucatas plásticas e 02 (duas) toneladas
de resíduos de bateria.
O valor comercial, cobrado pela empresa, atualmente é de R$ 3,15 por kilograma de
resíduo recebido. Tal valor justifica-se pelo fato da mesma oferecer um serviço totalmente
diferenciado, em observação aos quesitos ambientais, tanto durante o seu transporte como
descaracterização e acondicionamento, possuindo uma certificação referente ao seu Sistema
de Gestão Ambiental certificado pela norma ISO 14.001:2004, constituindo-no um diferencial
na oferta de serviço.
Logo, partindo-se do pressuposto de que todo o material, exceto fitas de backup e
CD ROM, coletado e segregado nesta empresa é transformado em um novo produto, ou
recuperado, através de técnicas de reciclagem e recuperação utilizadas pelas empresa
Suzaquim Indústrias Químicas Ltda., Cimélia Reciclagem Ltda., Gerdau Brasil, e demais
pólos industriais que recuperam materiais pós-consumo, pode-se resumir que o processo de
logística estudado abrange seus dois conceitos; Uma logística reversa pós-venda, realizada
pela própria Reverse, através da coleta e segregação dos produtos pós-consumo, para
posterior reenvio a parceiras que recuperam e transformam estes materiais, visto como
resíduos até então, em matérias primas para diversos outros processos produtivos,
caracterizando assim, esta segunda fase (da transformação do resíduo em matéria-prima)
realizada pela Suzaquim Indústrias Químicas Ltda., por exemplo, como uma logística reversa
de pós-consumo.
Desta forma, a empresa Reverse Gerenciamento de Resíduos Tecnológicos Ltda.,
trabalha apenas com o sistema de logística reversa pós-venda, para equipamentos pós-
consumo, através da venda de serviços prestados à descaracterização de resíduo tecnológico, a
um valor fixo por kilograma de resíduo recebido, para posterior reenvio e reprocessamento –
ou disposição final, pagando um valor, também fixo, por quilograma de material a ser enviado
para uma de suas parceiras, visando seu reprocessamento e caracterizando esta parceira como
um complexo que utiliza um sistema de logística reversa pós-consumo.
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4.3. Proposta de Projeto
4.3.1. Ecopontos
Seguindo a idéia de que a otimização de uma logística reversa depende da análise do
ciclo de vida de um produto, bem como da responsabilidade compartilhada entre os diversos
integrantes e setores envolvidos no processo tradicional de logística, e partindo-se do
pressuposto de que cabe ao consumidor dispor seletivamente seu resíduo de equipamento
eletroeletrônico em locais identificados pelos comerciantes e distribuidores, facilitando sua
coleta e segregação, fica claro que uma das medidas a ser proposta, após a realização deste
trabalho é a criação de ecopontos alocados em uma rede de venda e distribuição de
eletroeletrônicos que, por si só, podem estar inseridos em diversos municípios, ou até mesmo
Estados brasileiros, facilitando assim a expansão dos negócios da Empresa Reverse, bem
como a ação das empresas clientes, localizadas tanto na região Metropolitana de Porto Alegre
como no interior do estado do Rio Grande do Sul e nos demais estados brasileiros, em dispor
seu eletroeletrônico em locais mais próximos de sua organização.
Portanto, como é sabido que Ecopontos são contentores, ou alojamentos provisório
para a recolha seletiva de um produto a ser reciclado, de forma a proteger o meio ambiente,
esta rede de distribuição tornar-se-á responsável pela alocação e armazenamento, até obtenção
de um volume apropriado para busca por parte da Reverse, aliando assim, a comodidade de
seus clientes em identificar locais de disposição de seus resíduos à praticidade da Reverse em
transportar um maior volume de material, na busca dos mesmos, e consequentemente reduzir
os custos de transporte na coleta destes containeres.
Tais Ecopontos podem ser criados, seguindo a idéia transcrita na Lei Federal Nº.
12.305/2010, em que define os acordos setoriais como uma alternativa de implementação de
logística reversa para os mais diversos materiais. Este acordo setorial poderá ser realizado
entre a Reverse e a rede de distribuição desejada, em que, a proposta central da Reverse a esta
rede parceira, pode ser a aquisição por parte da parceira, a um percentual do valor cobrado de
seus clientes por kilograma de material estocado nas dependências desta rede de distribuição.
Haja visto que qualquer acordo setorial entre duas ou mais organizações devem ser elaborado
obtendo certa vantagem para ambas as instituições envolvidas, tanto mercadológico, como
financeiro.
A empresa que desejar destinar seus resíduos de forma ambientalmente adequada,
utilizando a Reverse como meio apropriado para tal ação, poderá identificar os Ecopontos
através de um Logotipo simples, presente na Rede de Distribuição parceira que servirá como
ponto de coleta, como por exemplo, o representado na Figura 6.
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Figura 6 - Exemplo de Logotipo para Ecopontos da Empresa Reverse
Fonte: Adaptado de REVERSE GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS TECNOLÓGICOS LTDA,
2011.
Assim, a empresa Reverse poderá negociar a peridiocidade de recolhimento destes
materiais de acordo com o espaço disponível para alocação temporária de cada sede ou filial
desta rede de distribuição parceira. Estima-se que o tempo de coleta dos containeres
aproximar-se-á de uma coleta/mês ou uma coleta/bimestre.
4.3.2. Vantagens e desvantagens a ser obtidas com a implantação do projeto
É visto que a empresa Reverse Gerenciamento de Resíduos Tecnológicos Ltda., é
pioneira no ramo de descaracterização e reciclagem de resíduos eletroeletrônicos, tanto na
concepção do ramo de atividade como no gerenciamento e gestão ambiental em sua atuação.
Mas também é visto que, no rumo que a conscientização ambiental por parte dos
consumidores vem aumentando, bem como a crescente importância da logística reversa para
empresas deste segmento, designado na Lei Nº. 12.305 de 02 de agosto de 2010, logo outros
organizações surgirão com este mesmo propósito.
Sendo assim, o posicionamento de propor este tipo de parceria com uma rede de
distribuição logística comercial, de pequeno, médio ou grande porte, denominada Ecopontos,
caracterizado como um canal de distribuição reverso – CDR, mesmo que oferecido apenas
para pessoas jurídicas, pode ser mais um diferencial oferecido pela Reverse Gerenciamento de
Resíduos Tecnológicos Ltda.
Logo, além da exposição ao marketing, bem como uma melhor campanha de
logística e aquisição de mais clientes, considerando-se que muitas empresas que possuem
certificação ISO 14.000:2004 somente poderão realizar parcerias com demais organizações de
mesmo requisito, a criação de Ecopontos pode vir a anexar muitos vínculos favoráveis perante
o meio empresarial, favorecendo assim a publicidade da Reverse perante estas companhias.
Já em relação à rede de distribuição logística, pode-se resumir suas vantagens ao
aderir a esta parceria com a Reverse Gerenciamento de Resíduos Tecnológicos em dois
grandes e principais benefícios:
Marketing:
Conveniência denominada “Marketing Verde”, cuja conseqüência parte devido ao
uso de uma imagem ligada à questão ambiental por preocupar-se com a destinação dos
Resíduos de Equipamentos Eletroeletrônicos, seja para reciclagem, recuperação ou disposição
em local adequado e devidamente orientado as questões ambientais no que tange proteção a
sinistros ambientais.
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Tal imagem servirá como peça chave para suprir uma importante exigência do
mercado, aumentando assim sua publicidade perante a sociedade, levando-a a possibilidade de
conquista de novos clientes. Logo, quando uma organização enviar seus resíduos, poderá o
mesmo aderir a uma aquisição de um novo produto no estabelecimento acolhedor, caso este
revenda algum eletroeletrônico do mesmo porte.
Benefício financeiro:
Ao acordar com a Empresa Reverse, a rede de distribuição poderá requisitar um
bônus financeiro para cada kilograma de resíduo alocado em suas dependências, utilizando,
no mínimo, duas propostas financeiras referenciadas como item A e B a seguir:
Proposta A - Aquisição de uma percentagem dos R$ 3,15 cobrada pela Reverse por
kilograma de resíduo recolhido ou recebido.
Através de contatos realizados via e-mail com o Sr. André Senger, Diretor da
empresa Reverse, este informou sua disponibilidade em poder repassar à sua parceira um
valor de R$ 0,25 por kilograma de material recebido e alocado temporariamente nas
dependências da rede parceira. Sendo que este valor poderá subir para R$ 0,50 a R$ 0,75 por
kilograma de material, caso esta rede venha a oferecer também um trabalho logístico de
entrega dos resíduos na sede da Reverse, em Novo Hamburgo/RS.
Proposta B - Acréscimo no valor cobrado pela Reverse, por kilograma de resíduo
coletado.
Conforme ressaltado anteriormente, a maioria das empresas situadas fora da região
metropolitana de Porto Alegre realiza o transporte de seus resíduos de forma própria até as
dependências da Reverse, concluindo-se que, logo, há um custo adicional para o cliente,
considerando o valor gasto devido ao transporte do material até o ponto de segregação.
Portanto, pode-se sugerir que, para estas empresas situadas fora da região
metropolitana de Porto Alegre, ou até mesmo fora do Estado do Rio Grande do Sul, seja
cobrado um valor maior pela coleta realizada, como R$ 4,00 por kilograma de resíduos
recebido, por exemplo. Visto que haverá uma redução dos custos desta empresa cliente,
passando esta e levar a um Ecoponto mais próximo de sua instituição, reduzindo seus custos
com transporte, e até mesmo facilitando assim a adesão do mesmo em realizar o pagamento
deste valor adicional.
Partindo-se da consideração de que caberá a um terceiro receber e armazenar,
temporariamente o resíduo a ser segregado pela Reverse, presume-se que uma desvantagem
apontada com este sistema de logística reversa proposto será a necessidade de maior controle
da Reverse sobre o material a ser recebido, devido a possíveis incompatibilidades de material
e volume acordados entre a Reverse e seu cliente.
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Utilizando a Empresa Reverse Gerenciamento de Resíduos Tecnológicos Ltda. como
objeto deste estudo de caso, é possível avaliar e propor a criação de Ecopontos, em parceria
com uma rede de distribuição logística inserida em todo o Estado do Rio Grande do Sul e no
Brasil, como uma alternativa viável para expansão de seus negócios e introdução de um canal
de distribuição reverso em seu sistema de logística reversa.
Tal proposta é fruto das considerações apresentadas na Política Nacional de Resíduos
Sólidos - Lei N° 12.305 de 02 de agosto de 2010, regulamentada pelo Decreto Nº. 7.404 de 23
de dezembro de 2010, que define e reforça a prática da logística reversa como uma alternativa
eficaz para o gerenciamento de resíduos eletroeletrônicos, utilizando-se de alternativas tais
como acordos setoriais para efetivação da mesma. Estes resíduos caracterizam-se como todo
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aquele gerado a partir de aparelhos eletrodomésticos ou eletroeletrônicos e seus componentes,
incluindo os acumuladores de energia (baterias e pilhas) e produtos magnetizados, de uso
doméstico, industrial, comercial e de serviços, que estejam em desuso e sujeitos à disposição
final.
Todo Eletroeletrônico obsoleto é classificado, segundo a Norma Brasileira ABNT
NBR 10.004/2004, como Resíduo Classe I – Perigoso, por conter em sua composição
substâncias físico/químicas carcinogênicas e cumulativas no organismo dos seres vivos, tais
como chumbo, cádmio e mercúrio, além de metais nobres como ouro, prata e cobre. Portanto,
a utilização de uma logística reversa de pós-venda e pós-consumo é vista como uma
importante oportunidade de gestão destes resíduos que até a pouco era classificado como
resíduo sólido urbano.
A Logística Reversa de pós-venda é definida como todo o sistema que trabalha com
mecanismos que visam coletar e armazenar o produto no ponto de consumo, para então ser
destinado a mercados secundários e varejos para ser reutilizado, ou então ser reenviado ao
desmanche e reciclagem para que este possa entrar na cadeia de logística reversa de pós-
consumo. Enquanto que a logística reversa de pós-consumo é o fluxo físico correspondente de
produto descartado pela sociedade ao fim de sua vida útil onde após sua coleta, há a
oportunidade de recuperação e reutilização deste resíduo como insumo para novos produtos.
Partindo-se destas definições, pode-se afirmar que a metodologia de trabalho
realizada pela empresa Reverse Gerenciamento de Resíduos Tecnológicos Ltda., pode ser
constatada como tendo no momento o fluxo de logística reversa pós-venda, por caracterizar-se
pela ação de coleta triagem e separação de equipamentos pós-consumo. Seus canais de
distribuições reversos (CDR) são vistos como um canal esporádico, onde todo processo de
logística é realizado em total particularidade com o cliente, dessa forma, a empresa não possui
atualmente nenhum ponto de coleta para recebimento do resíduo tecnológico, pois a mesma
cobra de seus clientes o trabalho de coleta segregação e destino ambientalmente seguro de
seus resíduos.
O fluxo conhecido como logística reversa de pós-consumo é obtida somente na etapa
posterior a da Reverse, que é quando o material já separado é enviado a empresas
responsáveis pelo seu reaproveitamento e reciclagem, transformando o material, que até então
era visto como resíduo, em insumos para obtenção de novos materiais.
Portanto, ao identificar que a empresa não possui nenhum canal de distribuição
reverso aplicável aos seus clientes neste primeiro momento, conclui-se que a elaboração e
implantação de Ecopontos, em parceria com uma rede de distribuição de grande ou médio
porte, é uma alternativa viável e importante para adequação da logística reversa da empresa,
visto que ambas as instituições envolvidas terão suas respectivas vantagens. A empresa
Reverse por vir a obter um maior número de clientes, pois facilitará a adesão daqueles que
situam-se a grandes distâncias da região metropolitana de Porto Alegre. E a rede de
distribuição parceira, por vir a ser beneficiada com uma percentagem do valor cobrado pela
empresa por kilograma de resíduo coletado, além de obter um marketing chamado marketing
verde, por usar uma imagem ligada à questão ambiental por preocupar-se com a destinação
destes resíduos.
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