logistica reversa: análise do instituto quanto ao direito...

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LETRAS JURÍDICAS | N.6 | 1 o semestre de 2016 | ISSN 2358-2685 CENTRO UNIVERSITÁRIO NEWTON PAIVA 177 LOGISTICA REVERSA: ANÁLISE DO INSTITUTO QUANTO AO DIREITO AMBIENTAL, A SUA VIABILIDADE E PARCIAL APLICABILIDADE ANTE A INEFICIÊNCIA DO PODER PÚBLICO Igor de Paula Lages 1 RESUMO: O artigo tem como objetivo a análise do instrumento do direito ambiental denominado logística reversa, demonstrando que, apesar de sua instituição na legislação ambiental brasileira em âmbito nacional e regional, há pouca aplicação prática em razão da pouca informação sobre o assunto. Para tanto, serão demonstradas as legislações federal, estadual e municipal, que tratam do tema, os institutos criados para fiscalização e regulação das normas ambientais, iniciando-se o tema a partir da demonstração de necessidade de se preservar o meio ambiente como meio de sobrevivência do próprio ser humano, tentando, finalmente, constatar ou demonstrar a inaplicabilidade do instituto, em que pese a necessidade de realização do instrumento como mais um meio de proteção deste bem da vida. PALAVRAS-CHAVE: Desenvolvimento sustentável. Direito ambiental. Logística reversa. Meio ambiente. Política nacional de resíduos sólidos. 1 INTRODUÇÃO O presente trabalho tem como objetivo a análise do instituto do direito ambiental denominado logística reversa, vertentes doutrinárias, a visão empresarial, para explicação do instituto e, sua aplicação jurí- dica, tendo em vista o seu objetivo e a regulamentação. Necessário se faz analisar o meio ambiente e sua influência na vida do seu humano, para que seja demonstrado o impacto na vida dos seres vivos na busca por um desenvolvimento a todo custo. Inicia-se o trabalho analisando o que seria meio ambiente, na tentativa doutrinária de conceituação do tema, passando à influên- cia do ser humano neste ambiente e a busca pelo desenvolvimento, demonstrando o consequente impacto ambiental causado. Após, de- monstrando-se a consciência das ações prejudiciais, demonstra-se o nascimento da teoria do desenvolvimento sustentável, através de criação de legislação e princípios específicos para a proteção do meio -ambiente no direito nacional e internacional, passando-se a analisar este instituto inserido pela Lei Nacional de Resíduos Sólidos, denomi- nado logística reversa, demonstrando a sua aplicação legal, compa- tibilidade com o Estado Democrático de Direito, o desenvolvimento doutrinário sobre o tema e as práticas governamentais praticamente vazias para aplicação do referido instituto. 2 O MEIO AMBIENTE E O SER HUMANO 2.1 O Conceito de Meio Ambiente Inicialmente, cumpre conceituar o objeto global do estudo apre- sentado, sendo certo que este será o bem da vida a ser tutelado pela ciência jurídica que busca proteger as mais diversas formas de vida existentes do planeta. Conceitualmente, doutrinadores entendem que meio am- biente é aquilo que nos rodeia, sendo considerado, inclusive, um termo redundante em razão da terminologia utilizada (FIORILLO, 2010, p. 69). Legalmente, ressalta-se que há alguns dispositivos legais, prin- cipalmente regionais, que tentam definir o que seria meio ambiente, contudo, destaca-se a definição apresentada pela Lei nº 6.938/81, que institui a Política Nacional do Meio Ambiente, já que todas as de- mais seguem esta definição: Art. 3º - Para os fins previstos nesta Lei, entende- se por: (...) I - Meio ambiente, o conjunto de condições, leis, influências e interações de ordem física, química e biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas. (BRASIL, 1981) Apesar de anterior à Constituição (1988), a definição apresentada pelo dispositivo legal acima apresentado encontra-se em total conso- nância com a Carta Magna, considerado pela doutrina, portanto, con- ceito recepcionado e ainda, indeterminado, atendendo justamente a necessidade de aplicação da norma da forma ampla (MILARÉ, 2009). Destaca-se que apesar de ser tratado como conceito jurídico in- determinado (MILARÉ, 2009), a doutrina classifica o meio ambiente le- vando em consideração os aspectos que o compõe, com o objetivo de identificar o bem jurídico a ser tutelado, tendo em vista a agressão di- reta a ser realizada pelo ser humano. Assim, o meio ambiente pode ser classificado em meio ambiente natural, artificial, cultural e do trabalho. Em todos os casos, na legislação brasileira, a proteção ao meio ambiente inicia-se na Constituição, respectivamente, através dos arti- gos 225; 182; 21, XX; 5º, XXIII; 226; 200, VIII; 7º. XXIII (BRASIL, 1988); dentre outros dispositivos legais, conforme restará demonstrado. 2.2 O MEIO AMBIENTE E O SER HUMANO O ser humano utiliza tudo o que está a seu redor, desde os pri- mórdios, como se fonte renovável fosse (FREITAS, 2012). A busca de- senfreada pelo desenvolvimento, esquecendo-se das consequências, principalmente para o que o rodeia, acaba por prejudicar o próprio ser humano e todas as espécies de vida, colocando em risco a própria existência da terra. Demonstrando a ação desenfreada do ser humano Edis Milaré (2009) destaca que não só o desenvolvimento traz duras consequên- cias para ausência e escassez de recursos naturais, mas apresenta ainda que justamente a finitude de recursos ocasiona, diversas vezes, conflitos entre comunidades globais: 1 Graduando da Escola de Direito do Centro Universitário Newton Paiva.

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LETRAS JURÍDICAS | N.6 | 1o semestre de 2016 | ISSN 2358-2685 CENTRO UNIVERSITÁRIO NEWTON PAIVA177

LOGISTICA REVERSA: AnáLISE dO InSTITuTO quAnTO AO dIREITO AmbIEnTAL, A SuA VIAbILIdAdE E pARCIAL ApLICAbILIdAdE AnTE A InEfICIênCIA dO pOdER púbLICO

Igor de Paula Lages1

RESUMO: O artigo tem como objetivo a análise do instrumento do direito ambiental denominado logística reversa, demonstrando que, apesar de sua instituição na legislação ambiental brasileira em âmbito nacional e regional, há pouca aplicação prática em razão da pouca informação sobre o assunto. Para tanto, serão demonstradas as legislações federal, estadual e municipal, que tratam do tema, os institutos criados para fiscalização e regulação das normas ambientais, iniciando-se o tema a partir da demonstração de necessidade de se preservar o meio ambiente como meio de sobrevivência do próprio ser humano, tentando, finalmente, constatar ou demonstrar a inaplicabilidade do instituto, em que pese a necessidade de realização do instrumento como mais um meio de proteção deste bem da vida.

PALAVRAS-CHAVE: Desenvolvimento sustentável. Direito ambiental. Logística reversa. Meio ambiente. Política nacional de resíduos sólidos.

1 INTRODUÇÃO

O presente trabalho tem como objetivo a análise do instituto do direito ambiental denominado logística reversa, vertentes doutrinárias, a visão empresarial, para explicação do instituto e, sua aplicação jurí-dica, tendo em vista o seu objetivo e a regulamentação.

Necessário se faz analisar o meio ambiente e sua influência na vida do seu humano, para que seja demonstrado o impacto na vida dos seres vivos na busca por um desenvolvimento a todo custo.

Inicia-se o trabalho analisando o que seria meio ambiente, na tentativa doutrinária de conceituação do tema, passando à influên-cia do ser humano neste ambiente e a busca pelo desenvolvimento, demonstrando o consequente impacto ambiental causado. Após, de-monstrando-se a consciência das ações prejudiciais, demonstra-se o nascimento da teoria do desenvolvimento sustentável, através de criação de legislação e princípios específicos para a proteção do meio-ambiente no direito nacional e internacional, passando-se a analisar este instituto inserido pela Lei Nacional de Resíduos Sólidos, denomi-nado logística reversa, demonstrando a sua aplicação legal, compa-tibilidade com o Estado Democrático de Direito, o desenvolvimento doutrinário sobre o tema e as práticas governamentais praticamente vazias para aplicação do referido instituto.

2 O MEIO AMBIENTE E O SER HUMANO

2.1 O Conceito de Meio AmbienteInicialmente, cumpre conceituar o objeto global do estudo apre-

sentado, sendo certo que este será o bem da vida a ser tutelado pela ciência jurídica que busca proteger as mais diversas formas de vida existentes do planeta.

Conceitualmente, doutrinadores entendem que meio am-biente é aquilo que nos rodeia, sendo considerado, inclusive, um termo redundante em razão da terminologia utilizada (FIORILLO, 2010, p. 69).

Legalmente, ressalta-se que há alguns dispositivos legais, prin-cipalmente regionais, que tentam definir o que seria meio ambiente, contudo, destaca-se a definição apresentada pela Lei nº 6.938/81,

que institui a Política Nacional do Meio Ambiente, já que todas as de-mais seguem esta definição:

Art. 3º - Para os fins previstos nesta Lei, entende-se por:(...)I - Meio ambiente, o conjunto de condições, leis, influências e interações de ordem física, química e biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas. (BRASIL, 1981)

Apesar de anterior à Constituição (1988), a definição apresentada pelo dispositivo legal acima apresentado encontra-se em total conso-nância com a Carta Magna, considerado pela doutrina, portanto, con-ceito recepcionado e ainda, indeterminado, atendendo justamente a necessidade de aplicação da norma da forma ampla (MILARÉ, 2009).

Destaca-se que apesar de ser tratado como conceito jurídico in-determinado (MILARÉ, 2009), a doutrina classifica o meio ambiente le-vando em consideração os aspectos que o compõe, com o objetivo de identificar o bem jurídico a ser tutelado, tendo em vista a agressão di-reta a ser realizada pelo ser humano. Assim, o meio ambiente pode ser classificado em meio ambiente natural, artificial, cultural e do trabalho.

Em todos os casos, na legislação brasileira, a proteção ao meio ambiente inicia-se na Constituição, respectivamente, através dos arti-gos 225; 182; 21, XX; 5º, XXIII; 226; 200, VIII; 7º. XXIII (BRASIL, 1988); dentre outros dispositivos legais, conforme restará demonstrado.

2.2 O MEIO AMBIENTE E O SER HUMANOO ser humano utiliza tudo o que está a seu redor, desde os pri-

mórdios, como se fonte renovável fosse (FREITAS, 2012). A busca de-senfreada pelo desenvolvimento, esquecendo-se das consequências, principalmente para o que o rodeia, acaba por prejudicar o próprio ser humano e todas as espécies de vida, colocando em risco a própria existência da terra.

Demonstrando a ação desenfreada do ser humano Edis Milaré (2009) destaca que não só o desenvolvimento traz duras consequên-cias para ausência e escassez de recursos naturais, mas apresenta ainda que justamente a finitude de recursos ocasiona, diversas vezes, conflitos entre comunidades globais:

1 Graduando da Escola de Direito do Centro Universitário Newton Paiva.

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Tudo ocorre em um fenômeno correntio, segundo o qual os homens, para satisfação de suas novas e múltiplas necessidades, que são ilimitadas, disputam os bens da natureza, por definição limitados. E é esse fenômeno, tão simples quanto importante e pouco avaliado, que está na raiz de grande parte dos conflitos que se estabelecem no seio das comunidades locais e da sociedade global. (MILARÉ, 2009, pag. 58)

Assim, diante da necessidade da preservação, aliada a busca continua do crescimento e desenvolvimento, o ser humano passou a buscar meios de proteção do patrimônio que o circunda, seja atra-vés de instrumentos práticos que evitem ou reduzam a agressão, seja através de meios jurídicos em que buscará dar efetividade a esta pro-teção através de mecanismos de coerção do Estado, que igualmente atuará na busca de instituir e aplicar meios de proteção do meio am-biente, além de atuar na fiscalização dos mecanismos criados, papel que cabe ao direito ambiental resguardar.

3 O DIREITO AMBIENTAL

3.1 Pequeno Escorço Histórico e Natureza JurídicaO direito ambiental é tema considerado recente pelos doutrina-

dores (MACHADO, 2014), já que seu início efetivo, ocorreu em 1972, com a conferência de Estocolmo, desencadeando, dali o movimento jurídico para a tutela do meio ambiente. Contudo, a sua conceituação e nomenclatura ainda encontra grande dificuldade de uniformização da nomenclatura da disciplina jurídica, seja no Brasil, seja em outros países.

Dentre as várias conceituações apresentadas, demonstra-se a que foi apresentada pelos doutrinadores brasileiros, os professores Sérgio Ferraz (1972) e Diogo Figueiredo Moreira (1975, citados por Paulo Affonso Machado (2014), que denominaram a disciplina como Direito Ecológico, tendo em vista, respectivamente, que seriam regras e instrumentos jurídicos que assegurariam um comportamento que não atenderiam a sanidade mínima do meio ambiente (MACHADO, 2014, p.56). Tal conceituação encontra várias críticas, dentre elas cita-se o doutrinador Edis Milaré (2009), por entender que o citado concei-to limita a atuação da disciplina jurídica aos recursos naturais.

Contudo, ampliando o conceito de Direito Ecológico, foi apresen-tada a denominação de Direito Ambiental, conceituado, segundo Ty-cho Brahe Fernandes Neto (s/d., apud: MACHADO, 2014, p. 56) como: “conjunto de normas e princípios editados objetivando a manutenção de um perfeito equilíbrio nas relação do homem com o meio ambiente”.

Destaca-se que o citado conceito não só amplia o conceito de proteção quanto ao comportamento agressivo contra o meio ambiente, anteriormente definida no direito ecológico, mas demonstra que o bem da vida a ser tutelado pelo direito ambiental, suas normas e instrumentos terão como objeto a integração de todo o local de atuação do ser huma-no e aquilo que o rodeia, tendo em vista, conforme demonstrado, que o meio ambiente é tudo aquilo que circunda e interage com o ser humano.

Pode-se dizer, ainda, que o direito ambiental integra os direi-tos considerados difusos, por serem considerados transindividuais, já que ultrapassam a esfera individual, tais como o direito das águas, das terras, da biodiversidade, da genética, entre outros (MILARÉ, 2009), aplicando a jurisprudência, doutrina e leis para, principalmente, reduzir a agressão ao meio ambiente, através da prevenção, precau-ção, reparação e outros meios de regulação que, foram incorporados para o direito ambiental através de princípios, informadores de criação das normas, que serão abaixo apresentados.

3.2 Princípios do Direito AmbientalOs princípios são considerados o início do estudo da ciência

(MILARÉ, 2009), sendo deles as regras e direitos que formam o alicer-ce de qualquer estudo ou disciplina. Neste sentido, os doutrinadores da ciência ambiental buscam legitimar o direito ambiental através da identificação de princípios próprios do Direito Ambiental e, também, os comum com os demais ramos do direito.

Na Constituição de 1988, alguns princípios de direito ambiental restaram positivados, sejam de forma expressa, seja de forma implíci-ta, além de estarem previstos nas Declarações Sobre o Meio Ambien-te instituídas a partir de 1972, iniciando-se pela Declaração de Direitos de Estocolmo sobre o Ambiente Humano. Pode ser notado que os princípios relacionam-se entre si, formando uma cadeia específica de proteção do direito ambiental.

Apesar da importância do tema, cabe esclarecer que não serão esgotados todos os princípios do direito ambiental. Serão apresen-tados a seguir alguns princípios que se relacionam com o tema para que seja elucidada a importância do desenvolvimento do direito am-biental para proteção da própria espécie humana.

3.1.1 PRINCíPIO DO AMBIENTE ECOLOGICAMENTE EqUILIBRADO

COMO DIREITO FUNDAMENTAL DA PESSOA HUMANA

Apesar de não estar previsto no artigo 5º da Constituição (BRA-SIL, 1988), em que estão previstos os direitos e garantias fundamen-tais, a interpretação sistemática do citado artigo com o artigo 225 da Constituição (BRASIL, 1988) apresenta o ambiente ecologicamente equilibrado como princípio fundamental da pessoa humana.

O referido princípio, instituído na Declaração de Estocolmo so-bre o Meio Ambiente, de 1972, no princípio nº 1, decorre do direito à vida, sendo considerado, assim, um dos preceitos fundamentais da existência do ser humano, diante da necessidade de preservação da qualidade de vida como consequência da dignidade mínima e preser-vação dos meios essenciais de sobrevivência:

O homem tem o direito fundamental à liberdade, à igualdade e ao desfrute de condições de vida adequadas em um meio ambiente de qualidade tal que lhe permita levar uma vida digna e gozar de bem-estar, tendo a solene obrigação de proteger e melhorar o meio ambiente para as gerações presentes e futuras. A este respeito, as políticas que promovem ou perpetuam o apartheid, a segregação racial, a discriminação, a opressão colonial e outras formas de opressão e de dominação estrangeira são condenadas e devem ser eliminadas. (ONU, 1972)

Por isso, diante da amplitude deste princípio, Edis Milaré (2009) o defende como princípio cláusula pétrea, devendo, portanto, ser mantido inalterado na legislação brasileira.

3.1.2 PRINCíPIO DA SOLIDARIEDADE INTERGERACIONAL

Diante da necessidade de preservação do meio ambiente, bem como do seu caráter transindividual e finito, criou-se o princípio em que se prevê a responsabilidade de todas as gerações pela preserva-ção do meio ambiente.

Cabe destacar que o referido princípio foi instituído exclusiva-mente em razão dos recursos naturais, conforme previsão na Declara-ção de Direitos de Estocolmo sobre o Ambiente Humano:

“Os recursos naturais da terra incluídos o ar, a água, a terra, a flora e a fauna e especialmente amostras representativas dos ecossistemas naturais devem ser preservados em benefício das gerações presentes e futuras, mediante uma cuidadosa planificação ou ordenamento”. (ONU, 1972)

O referido princípio consagra a preocupação de que os bens

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disponibilizados pela natureza são finitos, devendo a humanidade pre-servar para convivência harmônica e duradoura desta com a natureza.

Cabe destacar que a além da Declaração de Estocolmo, a De-claração do Rio de Janeiro sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento (1991) confirmou o citado princípio, que foi inserido na Constituição (BRASIL, 1992), no artigo 225, e confirmada no Acordo de Paris sobre o Clima, assinado em abril de 2016, que reconhece a importância in-tergeracional do clima.

3.1.3 PRINCíPIO DA NATUREzA PúBLICA DA PROTEçãO AMBIENTAL

Diante da natureza difusa do meio ambiente, que possui utiliza-ção por toda a humanidade, este é considerado como de uso comum, sendo considerado pela doutrina como bem público de uso comum do povo, conforme destaca Cristiane Derani: “o caráter jurídico do meio ambiente ecologicamente equilibrado é de um bem de uso co-mum do povo. Assim, a realização individual deste direito fundamental está intrinsecamente ligada à sua realização social.” (DERANI, apud, MILARÉ, 2008, p. 245)

Assim, diante do caráter público do Direito Ambiental, cabe ao Estado a sua proteção que, através de criação de meios de controle, fiscalização e penalização pela má utilização do bem, buscará a sua preservação ou reparação.

No mesmo sentido, extrai-se que a proteção do meio ambiente, por ser de interesse público, prevalecerá sobre o interesse privado, apropriando-se assim, do caráter indisponível próprio do direito admi-nistrativo, razão pela qual, o meio ambiente possui natureza pública.

3.1.4 PRINCíPIO DO CONTROLE DO POLUIDOR PELO PODER PUBLICO

Relacionado ao princípio acima e ainda, demonstrando o cará-ter público do meio ambiente, o princípio do controle do poluidor pelo poder público impõe à administração pública a fiscalização de usu-fruto do meio ambiente pelo particular, impondo limites de uso, além de criação de mecanismos de educação ambiental e conscientização para preservação do meio ambiente, bem como seu caráter coletivo (MILARÉ, 2009).

3.1.5 PRINCíPIOS DA PREVENçãO E DA PRECAUçãO

Ao estudar os princípios constitucionais do direito ambiental, necessariamente haverá a passagem pelo estudo dos princípios da prevenção e da proteção.

Embora umbilicalmente relacionados, já que buscam a pre-venção do dano ambiental, e com semântica parecida, os referidos princípios possuem previsões de incidência distintas. O princípio da prevenção deverá ser aplicado quando os riscos da atividade a ser executada causarão dano ambiental conhecido e determinado, por-tanto, previsível (CARVALHO, 2014). Assim, através da aplicação do princípio o poder Público exigirá do responsável a adoção de medidas para eliminar ou reduzir os riscos ao meio ambiente, antes do início efetivo da atividade.

Já o princípio da precaução, apesar de possuir o mesmo objeti-vo, será aplicado quando não se puder ter conhecimento do prejuízo que a atividade a ser exercida poderá causar (CARVALHO, 2014), des-ta forma, pode-se dizer que a fiscalização ambiental será ainda mais incisiva quanto a liberação do exercício da atividade, na medida em que deverá resguardar um potencial prejuízo, ainda não conhecido ao patrimônio ambiental.

Destaca-se que o princípio da precaução só foi inserido no re-gramento ambiental internacional na Declaração do Rio de Janeiro, de 1992, enquanto o princípio da prevenção é consagrado como princípio desde a Conferencia do Clima em Estocolmo, que gerou a Declaração de Estocolmo sobre o Meio Ambiente Humano, de 1972.

3.1.6 PRINCíPIO DA CONSIDERAçãO DA VARIáVEL AMBIENTAL NO

PROCESSO DECISóRIO DE POLíTICAS DE DESENVOLVIMENTO

Também conhecido como princípio da ubiquidade (MACHADO, 2014), o princípio da consideração da variável ambiental, está inseri-do no ordenamento jurídico brasileiro no artigo 225, §1º, inciso IV da Constituição (BRASIL 1988), e determina que em qualquer decisão, seja ela proferida por ente público ou privado, deve considerar as con-sequências que podem causar ao meio ambiente.

Cabe destacar o paralelismo importante que o doutrinador Cel-so Antônio Pacheco Fiorillo (2010, p. 123), faz entre o direito à vida e o princípio aqui abordado:

Isso porque, na medida em que possui como ponto cardeal de tutela constitucional a vida e a qualidade de vida, tudo o que se pretende fazer, criar ou desenvolver deve antes passar por uma consulta ambiental, enfim, para saber se há ou não a possibilidade de que o meio ambiente seja degradado.

Nos termos destacados acima, os princípios se correlacionam, o que resta evidenciado pelo posicionamento acima destacado, em conjunto com os demais princípios até aqui apresentados, mas princi-palmente, o princípio do ambiente ecologicamente equilibrado como direito fundamental, diante da sua relação com a proteção ao direito à vida e à dignidade da pessoa humana.

3.1.7 Princípio do poluidor-pagadorE assim, interligado aos demais princípios, tem-se o princípio

do poluidor-pagador que determina que aquele que causa ou poderá causar algum dano ambiental, através da sua atividade, deverá ser responsabilizado pelo mesmo, devendo, portanto, repará-lo. (MILA-RARÉ, 2009).

Conforme restará demonstrado, o sistema aqui em estudo, tem ligação direta com o citado princípio, já que prevê a responsabilização pela destinação final ou reinserção dos produtos consumidos ao fabri-cante, gerando uma destinação ecologicamente correta.

3.1.8 Princípio do Desenvolvimento sustentávelMarco teórico e histórico do meio ambiente, a busca pelo de-

senvolvimento de forma sustentável busca conscientizar o ser huma-no quanto a possibilidade de crescimento e desenvolvimento, sem prejuízos ou impactos ambientais (MACHADO, 2014).

Conforme restará demonstrado em tópico próprio, a constata-ção de que o meio ambiente possui recursos limitados, ascendeu na espécie humana a preocupação quanto a necessidade de preserva-ção do meio ambiente, sem que isto pudesse prejudicar o seu desen-volvimento, reprodução e manutenção das atividades na terra.

Norteador das atividades humanas, o desenvolvimento susten-tável, como princípio, possuiu ampla aplicação e está constantemen-te em evidência nas legislações federais e regionais, possibilitando a criação de mecanismos que buscam o desenvolvimento sem prejudi-car a sustentabilidade do meio ambiente.

4 O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

Apresentadas as noções introdutórias do direito ambiental, inicia-se a análise do tema de forma aprofundada, partindo do ponto principal em que fez nascer na espécie humana a consciência da necessidade de mudança na forma em que ocorre a sua vivência na terra.

Pode-se dizer que a preocupação jurídico-social com o meio am-biente começou em razão do nascimento da noção de que os bens na-turais são escassos e, a cada vez mais, a terra vem cobrando do ser

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humano a modificação do modo em que são utilizados os bens naturais.Edis Milaré (2009) descreve um cenário catastrófico em que res-

ta demonstrado não só a razão de inúmeros conflitos, mas expressa a verdadeira ausência de expectativa de vida futura na terra:

Os conflitos – sob os mais diversos pretextos – não passam, como regra, de dissenções entre países ou nações na busca do controle sobre os bens essenciais e estratégicos da natureza. Durante muito tempo, e ainda nos dias que correm, a questão ideológica nada mais tem sido do que um biombo a esconder essa verdade.De outro lado, o processo de desenvolvimento dos países se realiza, basicamente, à custa dos recursos naturais vitais, provocando a deterioração das condições ambientais em ritmo e escala até ontem ainda desconhecidos. A paisagem natural da Terra está cada vez mais ameaçada pelas usinas nucleares, pelo lixo atômico, pelos dejetos orgânicos, pela ‘chuva ácida’, pelas indústrias e pelo lixo químico. Por conta disso, em todo o mundo - e o Brasil não é nenhuma exceção -, o lençol freático se contamina, a água escasseia, a área florestal diminui, o clima sofre profundas alterações, o ar se torna irrespirável, o patrimônio genético se degrada, abreviando os anos que o homem tem para viver sobre o Planeta. Isto é, do ponto de vista ambiental o planeta chegou quase ao ponto de não retorno. Se fosse um empresa estaria à beira da falência, pois dilapida seu capital, que são recursos naturais, como se eles fossem eternos. O poder da autopurificação do meio ambiente está chegando ao limite. (MILARÉ, 2009, p. 58-59)

Destaca-se que os problemas ambientais começaram a inter-ferir no próprio crescimento do ser humano, seja no desenvolvimento de novas tecnologias, seja em sua saúde. As constantes catástrofes ambientais, provocadas a curto e longo prazo pela ação direta e indi-reta do ser humano, acabava por causar um trabalho para reconstruir o que a natureza destruía. Por outro lado, cidades vinham tornando-se inabitáveis, com ar irrespirável, diante da poluição (FREITAS, 2012).

Diante dos sucessivos problemas ambientais que começaram a interferir no desenvolvimento do ser humano, a partir da década de 70 iniciou-se uma grande discussão sobre a preservação do meio am-biente. Foi divulgado nesta época um estudo denominado “desenvol-vimento zero”, realizado pelo Instiute of Technology (MIT), em que foi proposta uma total estagnação do crescimento econômico mundial com a finalidade de impedir o prosseguimento das tragédias ambien-tais (COSTA; DAMASCENO; SANTOS, 2012).

Em 1972, na Suécia, as Nações Unidas realizou a conferên-cia de Estocolmo sobre o Meio Ambiente, marcada pela disputa dos países desenvolvidos, que defendiam a política do desenvolvimento zero, contra os países subdesenvolvidos, que defendiam a necessi-dade de continuidade do crescimento, ambas com fundamento no estudo divulgado pelo MIT. Desta conferência foi criando um primeiro tratado internacional, Declaração de Estocolmo (ONU, 1972), materia-lizando-se, assim, o início efetivo da política ambiental, com mecanis-mos internacionais de fiscalização de utilização dos recursos naturais, com o objetivo de se utilizar os recursos naturais de forma consciente (COSTA; DAMASCENO; SANTOS, 2012).

Demonstrando que o desenvolvimento econômico e o meio am-biente devem andar em conjunto, os itens um a sete da declaração evidenciam o objetivo e as metas da declaração é buscar a harmoni-zação entre o ser humano e o ambiente, em seus vários conceitos. Cita-se, por exemplo, as proclamações de número um e seis, em que resta ressaltada a importância do desenvolvimento conscientizado:

1. O homem é ao mesmo tempo obra e construtor

do meio ambiente que o cerca, o qual lhe dá sustento material e lhe oferece oportunidade para desenvolver-se intelectual, moral, social e espiritualmente. Em larga e tortuosa evolução da raça humana neste planeta chegou-se a uma etapa em que, graças à rápida aceleração da ciência e da tecnologia, o homem adquiriu o poder de transformar, de inúmeras maneiras e em uma escala sem precedentes, tudo que o cerca. Os dois aspectos do meio ambiente humano, o natural e o artificial, são essenciais para o bem-estar do homem e para o gozo dos direitos humanos fundamentais, inclusive o direito à vida mesma.

(...)6. Chegamos a um momento da história em que devemos orientar nossos atos em todo o mundo com particular atenção às consequências que podem ter para o meio ambiente. Por ignorância ou indiferença, podemos causar danos imensos e irreparáveis ao meio ambiente da terra do qual dependem nossa vida e nosso bem-estar. Ao contrário, com um conhecimento mais profundo e uma ação mais prudente, podemos conseguir para nós mesmos e para nossa posteridade, condições melhores de vida, em um meio ambiente mais de acordo com as necessidades e aspirações do homem. As perspectivas de elevar a qualidade do meio ambiente e de criar uma vida satisfatória são grandes. É preciso entusiasmo, mas, por outro lado, serenidade de ânimo, trabalho duro e sistemático. Para chegar à plenitude de sua liberdade dentro da natureza, e, em harmonia com ela, o homem deve aplicar seus conhecimentos para criar um meio ambiente melhor. A defesa e o melhoramento do meio ambiente humano para as gerações presentes e futuras se converteu na meta imperiosa da humanidade, que se deve perseguir, ao mesmo tempo em que se mantém as metas fundamentais já estabelecidas, da paz e do desenvolvimento econômico e social em todo o mundo, e em conformidade com elas. (ONU, 1972)

Pode-se dizer que desde a elaboração do citado documento, há uma compatibilização quanto a observação da criação de tecnolo-gias, desenvolvimento, crescimento e a natureza.

A partir das proclamações acima apresentadas a doutrina (MI-LARÉ, 2009) passou a conceituar e a estudar de forma aprofundada a harmonização entre a problemática ambiental dentro dos estudos para o desenvolvimento, vida diária dentre outros:

Compatibilizar meio ambiente e desenvolvimento significa considerar os problemas ambientais dentro de um processo contínuo de planejamento, atendendo-se adequadamente às exigências de ambos e observando-se as suas inter-relações particulares a cada contexto sociocultural, político, econômico e ecológico, dentro de uma dimensão tempo/espaço. Em outras palavras, isto implica dizer que política ambiental não se deve erigir em obstáculo ao desenvolvimento, mas sim em um de seus instrumentos, ao propiciar a gestão racional dos recursos naturais, os quais constituem a sua base material. (MILARÉ, 2009, p. 65).

Contudo, destaca-se que a nomenclatura conhecida atualmente como desenvolvimento sustentável, apesar de implícita na Declaração de Estocolmo, ganhou formalmente a referida terminologia a partir do desenvolvimento do Relatório de Brutland, de 1987, realizado por solici-tação da Organização das Nações Unidas, que culminou na elaboração e concretização da Declaração do Rio Sobre Meio Ambiente e Desen-volvimento, de 1992, que apresentou, em grande parte dos princípios do referido tratado, os objetivos e as responsabilidades do ser humano, ressaltando a importância de se alcançar o desenvolvimento sustentável em seus diversos aspectos (COSTA; DAMASCENO; SANTOS, 2012).

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A partir do citado tratado, o desenvolvimento sustável passou a ser considerado como princípio geral do direito ambiental, conforme exposto no tópico acima, já que se relaciona intrinsecamente com a dignidade da pessoa humana, a solidariedade intergeracional, tendo em vista o direito ao futuro de toda a humanidade.

Destaca-se que a necessidade de se considerar a variável ambiental em quaisquer decisões na vida diária dos cidadãos, seja pelo Estado, seja pelos próprios cidadãos, ficou expressa, diante da imprescindibilidade de se conscientizar, de forma solidária, pelo de-senvolvimento em todas as suas variáveis, tendo em vista sempre, a importância do meio ambiente.

Juarez Freitas (2012), em seu livro “Sustentabilidade, Direito ao Futuro”, analisa de forma clara que a preocupação deve ser ampliada observando-se não só o comportamento, mas os aspectos jurídicos e políticos que tem o condão de delimitar e fiscalizar a ação do homem em relação ao meio ambiente, tornando eficaz a proteção deste, ob-jetivada nos tratados:

É que, para enfrentar os desafios de tornar o mundo habitável, convém não esquecer, ao lado das causas físicas externas, o peso dos males comportamentais e jurídico-políticos, tais como o antropocentrismo excessivo e despótico, a bizarra dificuldade de implementar políticas alinhadas ou a carência de poupança para manter taxas de investimentos estratégicos em processos qualitativos, sem os quais o desenvolvimento duradouro não passa de miragem. (FREITAS, 2012, pag. 24)

O Brasil, grande atuante na política internacional, além de ser sig-natário dos tratados acima demonstrados, participou e assinou muitos outros tratados internacionais e já em 1916, no Código Civil (NETO, apud, SANTOS, 2009) iniciava a sua legislação sobre o direito ambien-tal. O Código Civil daquele ano previa, ainda que como forma de pro-teção ao direito de vizinhança, típico do direito privado, a proteção indi-reta ao meio ambiente: “o proprietário, ou inquilino de um prédio tem o direito de impedir que o mau uso da propriedade vizinha possa preju-dicar a segurança, o sossego, e a saúde dos que o habitam” (BRASIL, 1916). Há ainda precisão do artigo 584: “São proibidas construções capazes de poluir, ou inutilizar para uso ordinário, a água de poço ou fonte alheia, a elas preexistente”(BRASIL, 1916).

Remanescem ainda, legislações que foram instituídas para re-gulação do direito de patrimônio ambiental, entretanto, sem que fos-se observada a responsabilidade compartilhada, o uso consciente em atenção à escassez dos recursos naturais. Nota-se nas referidas legislações a proteção ao meio ambiente, entretanto, tendo em vis-ta a propriedade, ou seja, o homem ainda no centro, sem observar a natureza em suas políticas. Cita-se, por exemplo, observando a sua redação original, o Código das águas, Decreto nº 24.643/1934; o Código Florestal, Lei nº 4.771/1965; o Código da Fauna, Lei nº 5.197/1967; o Código da Pesca, Lei nº 221/1997.

Com a mudança na consciência ambiental, a legislação bra-sileira passou a sofrer importantes alterações, passando a regular a atividade humana de forma a não prejudicar ou esgotar os bens naturais, cita-se por exemplo, a Lei de Parcelamento do Solo, Lei nº 6.766/1967 e a Política Nacional do Meio Ambiente, Lei nº 6.938/1981. Ressalta-se desta última, o artigo 13 em que há, entre as atividades a serem desenvolvidas pelo Poder Público incentivo ao desenvolvi-mento com observância ao meio ambiente.

Destaca-se que a redação original da Política do Meio Ambien-te, não evidencia a responsabilidade compartilhada ou solidária pela preservação do meio ambiente e, apesar de dispor de forma mais clara quanto a necessidade de proteção do patrimônio ambiental,

inexiste instrumentos que evidenciem a atuação conjunta do Estado e do cidadão.

Contudo, a alteração mais importante na legislação interna, que deu origem às demais legislações que efetivamente buscaram o meio ambiente como patrimônio a ser protegido, deu-se com a pro-mulgação da Constituição de 1988, que dedicou, em seu capitulo VI, no artigo 225, uma redação que efetivamente mostrou-se preocupa-da com o meio ambiente como direito fundamental do ser humano. As demais constituições que precederam a atual, apesar de tratar do meio ambiente, sempre o fizeram de forma objetiva, com vistas a apresentar a competência para regulamentação da matéria. Ao rea-lizar uma análise do Direito Constitucional comparado, Adib Antônio Neto (2009) explica:

De uma certa maneira nas cartas supratranscritas, vê-se uma superficial preocupação com o meio ambiente, sendo completamente alheias ao assunto as Constituições de 1824 e 1891. Pode-se perceber a frieza das letras ao serem transcritas nestas Constituições, através, por exemplo, da não conjugação da preservação ambiental com a poluição e seus reflexos na saúde humana. Somente de forma objetiva as preocupações com água, caça, pesca, floresta e paisagens naturais são elencadas. O bem-estar necessário à saúde humana, bem como a preocupação com os direitos e anseios das futuras gerações foram cabalmente ignorados, sendo estes tão somente verificados na Carta de 1988.

A partir desta importante alteração Constitucional, bem como tendo em vista o parâmetro internacional, a legislação interna que trata da matéria iniciou a sua profunda e ainda constante alteração. No do Decreto nº 4.297/2002, com a criação do zoneamento Ecoló-gico-Econômico (zEE), nota-se que o princípio da variável ambiental passou a ser evidente nas políticas públicas. Do texto da lei, pode ser citada a criação de instrumentos efetivos para que as ativida-des econômicas e de desenvolvimento do ser humano passem a observar o meio ambiente. Cita-se por exemplo, os artigos 2º e 3º, da referida Lei:

Art. 2o. O ZEE, instrumento de organização do território a ser obrigatoriamente seguido na implantação de planos, obras e atividades públicas e privadas, estabelece medidas e padrões de proteção ambiental destinados a assegurar a qualidade ambiental, dos recursos hídricos e do solo e a conservação da biodiversidade, garantindo o desenvolvimento sustentável e a melhoria das condições de vida da população.Art. 3o. O ZEE tem por objetivo geral organizar, de forma vinculada, as decisões dos agentes públicos e privados quanto a planos, programas, projetos e atividades que, direta ou indiretamente, utilizem recursos naturais, assegurando a plena manutenção do capital e dos serviços ambientais dos ecossistemas.Parágrafo único. O ZEE, na distribuição espacial das atividades econômicas, levará em conta a importância ecológica, as limitações e as fragilidades dos ecossistemas, estabelecendo vedações, restrições e alternativas de exploração do território e determinando, quando for o caso, inclusive a relocalização de atividades incompatíveis com suas diretrizes gerais. (BRASIL, 2002).

Importantes leis que já haviam sito promulgadas foram alteradas ou revogadas por outras que passaram a melhor tratar do tema e a criar instrumentos de ação do Estado para resguardar o meio ambien-te. A Política Nacional do Meio Ambiente, por exemplo, vem passando por profundas alterações com o objetivo de criara instrumentos para

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resguardar o meio ambiente. Foi instituído o Ministério do Meio Ambiente, através da Lei nº

9.433/1997, que revogou as disposições do Código das águas, além de criar novas políticas para recursos hídricos e novos órgãos para instituir recursos de proteção das águas e fiscalizar a atuação do ser humano, assegurando o desenvolvimento.

Contudo, para o presente caso, destacam-se as Leis nº 11.445/2007 e 12.305/2010, que estabeleceram diretrizes para o sanea-mento básico, assim considerado como conjunto de serviços, infra-es-trutura e instalações operacionais de abastecimento de água, esgota-mento sanitário, limpeza urbana e drenagem de águas (BRASIL, 2007), considerando a gestão compartilhada de todos os entes da federação; e, a instituição da política de resíduos sólidos, respectivamente.

Com ambas as leis, foram regulamentadas as responsabilida-des solidárias pelo uso, fabricação e destinação do resto de produtos, considerados prejudiciais ao meio ambiente, além de criação de me-canismos, tais como a logística reversa, para tentar amenizar o impac-to da geração de resíduos.

Há a evidente abordagem da responsabilidade cíclica, demons-trando de forma clara a responsabilidade do poder público, do produ-tor, do fabricante, do comerciante, do consumidor, ou seja, de todos os que participam da cadeia que termina na geração do resíduo que é potencialmente prejudicial ao meio ambiente.

Desta forma, passa-se a abordar o mecanismos denominado logística reversa, que expressa de forma clara o desenvolvimento sus-tentável criado e instituído visando possibilitar o crescimento do ser humano, sem prejudicar a natureza.

5 LOGÍSTICA REVERSA

Nos termos da Lei nº 12.305 de 2010, a logística reversa constitui um instrumento econômico de destinação consciente do resíduo. A Lei conceitua o referido instrumento, no artigo 3º, inciso XII, como sendo:

“Instrumento de desenvolvimento econômico e social caracterizado por um conjunto de ações, procedimentos e meios destinados a viabilizar a coleta e a restituição dos resíduos sólidos ao setor empresarial, para reaproveitamento, em seu ciclo ou em outros ciclos produtivos, ou outra destinação final ambientalmente adequada

De acordo com Paulo Afonso Leme Machado (2014), comple-mentando o disposto na lei, a logística reversa tem a finalidade de devolver o rejeito e o resíduo à sua fonte de produção para reaprovei-tamento ou para que ocorra a destinação ambientalmente adequada.

Nota-se que o referido instituto é adequado à política de desen-volvimento sustentável, já que se poderá fabricar e utilizar o produto, desde que haja a destinação ambientalmente correta ou, sendo pos-sível, o seu reaproveitamento e recolocação do mercado de consumo.

Por outro lado, Fabio Shibao, Roberto Moori e Mario Dos Santos, citando Roggers e Tibben-Lembke (2010), fundamentam que a logís-tica reversa se tornou um recurso interessante para as empresas sob o aspecto gerencial, viabilizando a fabricação de produtos com maior valor de mercado, aliados a menores custos, além de ecologicamen-te corretos. Por isso analisam que a “a logística tem se posicionado como uma ferramenta para o gerenciamento empresarial pela sua contribuição na obtenção de vantagens econômicas, sem, contudo, desconsiderar os aspectos ambientais (SHIBAO; MOORI; DOS SAN-TOS; apud ROGGERS E TIBBEN-LEMBkE, 2010).

A partir do referido posicionamento, que logística reversa possui natureza jurídica ampla, podendo ser aplicada em diversos campos no âmbito empresarial:

A logística reversa está ligada ao mesmo tempo, a questões legais e ambientais e as econômicas, o que coloca em destaque e faz com que seja imprescindível o seu estudo no contexto organizacional, porque é o processo por meio das quais as empresas podem se tornar ecologicamente mais eficiente por intermédio da reciclagem, reuso e redução da quantidade de materiais usados (ShIBAO; MOORI; DOS SANTOS, apud CARTER; ELLRAM,2010).

No artigo denominado “A Logística Reversa e a Sustentabilidade Empresarial”, os autores Fabio Shibao, Roberto Moori e Marios Dos Santos (2010), apresentam, de forma sucinta as etapas da logística reversa:a) Planejamento, implantação e controle do fluxo de materiais e do fluxo de informações do ponto de consumo ao ponto de origem;b) Movimentação de produtos na cadeia produtiva, na direção do consumidor para o produtor;c) Busca de uma melhor utilização de recursos, seja reduzindo o consumo de energia, seja diminuindo a quantidade de materiais empregada, seja reaproveitando, reutilizando ou reciclando resíduos;d) Recuperação de valor e e) Segurança na destinação após utilização.

Argumentam ainda que os benefícios da logística reversa con-sistiriam na nova forma de raciocínio das empresas, no que tange às embalagens por elas produzidas; eficiência econômica, conforme já citado acima, além do marketing decorrente da utilização de desti-nação ambientalmente correta dos seus produtos (SHIBAO; MOORI; DOS SANTOS, apud CARTER; ELLRAM,2010).

Compreende-se, portanto, que diferentemente da logística co-mum em que o produto é apenas disponibilizado para consumo, a logística reversa compreende ainda a retirada do produto do meio ambiente e reciclando-o ou destinando-o a aterros sanitários. No caso específico do instrumento aqui estudado a preocupação é a reinser-ção do produto ou o resíduo na cadeia de produção, tornando-o por-tanto, ambientalmente correto.

5.1 A Logística Reversa, o Direito Ambiental e o Papel EstatalA logística reversa, apesar de pouco conhecida, vem sendo am-

plamente regulamentada pelos Estados e Municípios. Já que apesar de ter a sua previsão na Lei nº 12.305/2010, a mesma determina que cada um dos entes da federação deverão se organizar para regula-mentar a aplicação da referida norma, tendo em vista a necessidade de aplicação setorial.

Destaca-se que o referido sistema tem ampla aplicabilidade no Estado Democrático de Direito, além de ser com ele compatível, tendo em vista a participação efetiva de toda a população, além do próprio Estado, conforme descreve Paulo Affonso Leme Machado (2014, 653):

O compartilhamento da responsabilidade previsto na Lei nº 12.305 entrelaça pessoas físicas e jurídicas de direito privado com as pessoas jurídicas de direito público. É de se colocar em relevo o art. 26 da mencionada lei que afirma “O titular dos serviços públicos de limpeza urbana e de manejo de resíduos sólidos é responsável pela organização e prestação direta ou indireta desses serviços, observados o respectivo plano municipal de gestão integrada de resíduos sólidos, a Lei nº 11.445, de 2007, e as disposições desta Lei e seu regulamento”. O lixo doméstico e o lixo decorrente da varrição e limpeza de logradouros e vias públicas continuam de responsabilidade do titular dos serviços públicos e de limpeza urbana e de manejo do solo.

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O referido sistema estampa de forma clara a busca ou a distri-buição da responsabilidade pelo dano ambiental, compreendida, no presente estudo, pela reinserção do produto na cadeia de consumo, neste sentido cita-se o artigo 19, inciso XV, da Lei nº 12.305/2010: “descrição das formas e dos limites da participação do poder público local na coleta seletiva e na logística reversa, respeitado o disposto no art. 33, e de outras ações relativas à responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos” (BRASIL. 2010).

Cabe ressaltar que o instituto da responsabilidade civil busca a reparação de um dano causado pela violação de algum bem jurídico, podendo a referida reparação ocorrer através de uma ação ou mesmo através de prestação pecuniária (TEIXEIRA, 2013). Com isto, ao apre-sentar a responsabilidade do produtor, do consumidor e revendedor, o sistema representa a aplicação do princípio do poluidor pagador, previsto no art. 6º, inciso II, da própria Lei nº 12.305/2010 (BRASIL, 2010), em razão da destinação final dos produtos ou a reparação pelo dano a ser causado ao meio ambiente pela má destinação do resíduo ou produto já utilizado.

Assim, diante da ampliação da cadeia de responsabilidades pela destinação do produto, a problemática que se instaura quanto ao sistema em estudo é a sua pouca aplicabilidade, tendo em vista que ainda que instituídos pelo poder público, há pouca eficiência ante ausência efetiva de informação. Apesar de disposições legais que de-terminem ao próprio ente público o dever de educar sobre o tema, o mesmo busca nas empresas a sua aplicação forçada.

Cita-se, por exemplo, a Lei Municipal nº 10.534 do Município de Belo Horizonte que determina ao consumidor a destinação adequada do produto consumido, bem como a criação do sistema de logística reversa pelos fabricantes ou produtores, mas principalmente, nos ter-mos do artigo 54, a educação ambiental, a ser realizada pelo Poder Público, para criação do sistema de logística reversa:

Art. 54 - A educação ambiental na gestão dos resíduos sólidos tem como objetivo o aprimoramento do conhecimento, dos valores, dos comportamentos e do estilo de vida relacionados com a gestão e o gerenciamento ambientalmente adequado dos resíduos sólidos e da limpeza urbana.(...)§ 2º - O Município adotará as seguintes medidas, dentre outras, visando ao cumprimento do objetivo previsto no caput deste artigo: (...)II - ações educativas voltadas para os agentes envolvidos direta e indiretamente com os sistemas de coleta seletiva e logística reversa. (BELO hORIZONTE, 2012)

O Estado do Rio de Janeiro, através da Lei Estadual nº 6.805/2014, instituiu no parágrafo único do art. 22 a possibilidade de incentivo financeiro aos consumidores para participação no sistema de logística reversa, mas pouco se ouve falar em aplicação do siste-ma no referido Estado.

No mesmo sentido, há ainda Leis Municipais, como a de Novo Hamburgo, no Rio Grande do Sul, Lei Municipal nº 2.663 de 2013; em Ourinhos, no Estado de São Paulo, Lei Municipal nº 5.731/2011, dentre várias outras.

Pode-se dizer que no que tange à regulamentação, o Poder Pú-blico atendeu de forma completa os objetivos de instituição do sistema, abarcando assim, os objetivos efetivos do desenvolvimento sustentável.

Contudo, o Poder Público se omite quanto a sua aplicação de forma eficaz, apresentando, quando cabível as penalidades legalmen-te previstas pela inobservância do particular, principalmente às em-presas, o que se pode afirmar em razão da metodologia utilizada no presente trabalho que adotou, além da técnica bibliográfica, o método

observacional e experimental, já que há um trabalho prático desenvol-vido sobre o tema. Assim, pode-se dizer que há grande judicialização das demandas que decorrem do referido direito, isto porque, ao ser penalizado pela inaplicabilidade das disposições da Lei, o particular irá buscar a tutela do judiciário para se eximir de cumprir o que o po-der público cuidou de criar, mas não instituiu.

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O instituto da logística reversa constitui um sistema que de-monstra de forma prática o conceito de desenvolvimento sustentável, aplicando-se os principais princípios do Direito Ambiental e buscando o consumo de forma consciente, bem como a reposição do lixo ou resíduo do que foi consumido, em retorno na cadeia de consumo.

As empresas têm buscado a inserção do instituto tendo em vista os benefícios ambientais e econômicos que o instituto pode trazer, contudo, a inserção no âmbito empresarial se torna necessária na me-dida em que o Poder Público, embora adote pouca política educacio-nal e informativa sobre o tema, busca a coerção daqueles que ainda não praticam a logística reversa.

Entretanto, tendo em vista que se aborda um sistema de respon-sabilidade compartilhada, a conscientização e educação do consumi-dor é necessária na medida em que o que se objetiva com a logística reversa é a destinação ambientalmente adequada do lixo decorrente do consumo e, sem a consciência que existem políticas e meios cor-retos de destinação do lixo, o correto desenvolvimento de legislação ambiental torna-se ineficaz.

Outrossim, apesar de caber às empresas a adequação para instituição do sistema de logística reversa, conforme ensina Paulo Af-fonso Machado (2014), cabendo ao ente público a fiscalização, cabe a este também a educação quanto a existência do sistema, sua forma de desenvolvimento, objetivos e benefícios, razão pela qual, consta-ta-se pela sua pouca inaplicabilidade diante da imposição apenas a pequena parte da cadeia que é responsável pelo produto.

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BANCA ExAMINADORAMaraluce Maria Custódio (Orientadora) karen Myrna Castro Mendes Teixeira (Examinadora)