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MERCADO DEVALORES MOBILIRIOSBRASILEIRO
TOPPROGRAMA DE TREINAMENTO
DE PROFESSORES
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MERCADO DEVALORES MOBILIRIOSBRASILEIRO
Comisso de Valores Mobilirios
1a edio
Rio de Janeiro2013
Comisso de Valores Mobilirios
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Convidamos os leitores a entrarem em contato conosco para o envio de sugestes e dvidassobre este material.
Centro de Estudos em Mercado de Capitais
Superintendncia de Proteo e Orientao aos InvestidoresComisso de Valores MobiliriosRua Sete de Setembro 111, 5 andarCEP 20.050-901 Rio de Janeiro/[email protected]
1 edioData da ltima atualizao:07/03/2013
C733m
COMISSO DE VALORES MOBILIRIOS (Brasil).O Mercado de Valores Mobilirios Brasileiro / Comisso de Valores Mobilirios, ComitConsultivo de Educao. - Rio de Janeiro: CVM, 2013.372p.
ISBN
1. Mercados de valores mobilirios. 2. Comisso de Valores Mobilirios.
I. Ttulo. II. Comit Consultivo de Educao.
CDD 332.6322
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2013, Comisso de Valores Mobilirios
odos os direitos reservados e protegidos pela Lei n 9.610, de 19 de evereiro de 1998.
Este livro distribudo nos termos da licena Creative Commons Atribuio - Uso no comercial
- Vedada a criao de obras derivadas 3.0 Brasil. Qualquer utilizao no prevista nesta licenadeve ter prvia autorizao por escrito da Comisso de Valores Mobilirios.
Comisso de Valores Mobilirios
PresidenteLeonardo P. Gomes Pereira
Diretores
Ana Dolores Moura Carneiro de NovaesLuciana Pires DiasOtavio YazbekRoberto adeu Antunes Fernandes
Superintendente GeralAlexandre Pinheiro dos Santos
Superintendente de Proteo e Orientao aos InvestidoresJos Alexandre Cavalcanti Vasco
Chefe do Centro de Estudos em Mercado de CapitaisLus Felipe Marques Lobianco
Equipe TcnicaAnalistas do Centro de Estudos em Mercado de CapitaisJlio Csar DahbarMarcelo Gomes Garcia Lopes
Comit Consultivo de EducaoAssociao Brasileira das Companhias Abertas ABRASCA, Associao Brasileira das Entidadesdos Mercados Financeiro e de Capitais ANBIMA, ANCORD Associao Nacional dasCorretoras e Distribuidoras de tulos e Valores Mobilirios, Cmbio e Mercadorias, Associaodos Analistas e Prossionais de Investimento do Mercado de Capitais APIMEC NACIONAL,BM&FBOVESPA S.A. Bolsa de Valores, Mercadorias & Futuros, Instituto Brasileiro deGovernana Corporativa IBGC e Instituto Brasileiro de Relaes com Investidores IBRI
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Colaboradores
Adriane C. S. de Almeida (IBGC), Alexandre Fischer (ABRASCA), Aloisio Vileth Lemos(APIMEC), Ana Paula Iervolino (IBGC), Ana Paula Marques dos Reis (ABRASCA), AndrCelestino enrio de Oliveira (IBGC), Cssio S. Namur (ABRASCA), Christianne Bariquelli
(BM&FBOVESPA), Daniela Rede Barreto Amaral (IBGC), Eduardo Werneck Ribeiro deCarvalho (APIMEC), Elizabeth Piovezan Benamor (IBRI), Francisco Drto (APIMEC),Guilherme Marconi Neto (ANCORD), Gustavo de Souza e Silva (BM&FBOVESPA), HlioDarwich (APIMEC), Jennier Almeida (IBRI), Jos Alberto Netto Filho (BM&FBOVESPA),Jos Alexandre Vasco (CVM), Jos David Martins Junior (ANCORD), Jlio Csar Dahbar(CVM), Leandro Martins (APIMEC), Luis Felipe Marques Lobianco (CVM), Luiz FernandoDalla Martha (IBGC), Luiz Fernando Rudge, Luiz Roberto Cardoso (IBRI), Marcelo Billi(ANBIMA), Marcelo Gomes Garcia Lopes (CVM), Patrcia Quadros (BM&FBOVESPA),Ricardo Martins (APIMEC), Rodney Vergili (IBRI), Rodrigo Jorge de Lima (IBGC), RodrigoMiguel rentin (IBGC), atiana Itikawa (ANBIMA), Tais Pessoa (ANBIMA) e Vinicius Correae S (APIMEC)
Diagramao e Capa
Leticia Brazil (Partnersnet)
Agradecimento
Agradecemos a todos os colaboradores da Comisso de Valores Mobilirios CVM, daAssociao Brasileira das Companhias Abertas ABRASCA, da Associao Brasileira dasEntidades dos Mercados Financeiro e de Capitais ANBIMA, da ANCORD AssociaoNacional das Corretoras e Distribuidoras de tulos e Valores Mobilirios, Cmbio e Mercadorias,da Associao dos Analistas e Prossionais de Investimento do Mercado de Capitais APIMECNACIONAL, do Instituto Brasileiro de Governana Corporativa IBGC e do Instituto Brasileirode Relaes com Investidores IBRI, do Instituto Educacional BM&FBOVESPA, bem como aosproessores do 11 Programa OP de reinamento de Proessores, realizado entre 28 de janeiro e1 de evereiro de 2013, que colaboraram com valiosas sugestes para a reviso deste material.
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Esta obra disponibilizada de acordo com os termos da licena Creative Commons Atribuio- Uso no comercial - Vedada a criao de obras derivadas 3.0 Brasil (by-nc-nd)
Tem o direito de:
Compartilhar reproduzir, distribuir e transmitir o trabalho
De acordo com as seguintes condies:
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LIVRO DE DISTRIBUIO GRATUITA. VEDADA A SUA COMERCIALIZAO
A verso eletrnica deste livro pode ser obtida gratuitamente em:www.portaldoinvestidor.gov.brwww.cvm.gov.br
Este livro oi elaborado com nalidade educacional. Sua redao procura apresentarde orma didtica os conceitos relacionados aos temas aqui abordados. Os exemplosutilizados e a meno a servios ou produtos nanceiros no signicam recomendaode qualquer tipo de investimento.
As normas citadas neste livro esto sujeitas a mudanas. Recomenda-se que o leitorprocure sempre as verses mais atualizadas.
As opinies, conceitos e concluses existentes nesta publicao e de seus colaboradoresno reetem, necessariamente, o entendimento da Comisso de Valores Mobilirios ou
de quaisquer das instituies integrantes do Comit Consultivo de Educao.
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Realizao:
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APRESENTAO
com grande prazer que apresento o livro sobre mercado de capitais, elaborado peloComit Consultivo de Educao da Comisso de Valores Mobilirios CVM.
A edio deste livro vem em um momento extremamente oportuno, no qual enti-
dades do governo e representantes de diversas entidades privadas, representativas
de um amplo espectro de participantes do mercado, discutem alternativas para o
desenvolvimento do mercado de capitais brasileiro.
Na minha viso, a educao deve gurar como um dos principais pilares de qualquer
iniciativa que vise o desenvolvimento sustentvel e sadio do mercado de capitais.
undamental que todos os participantes do mercado reguladores, autorregulado-
res, bolsas, corretoras, administradores de companhias abertas, auditores, para citar
apenas alguns compreendam adequadamente seus direitos e deveres. Essa compre-
enso, a meu ver, no pode ser adequadamente construda sem uma viso geral sobre
o que e como se organiza o nosso mercado de capitais.
Este livro oi desenvolvido com o propsito de servir como material de reerncia
para um curso sobre mercado de capitais, com durao de um semestre em uma ins-tituio de ensino superior. A obra tambm ser utilizada no Programa OP, curso
promovido semestralmente e voltado para a atualizao de docentes que j lecionam
disciplinas sobre o mercado de capitais. O livro cobre diversas matrias aeitas ao
mercado de capitais, como, por exemplo, o Sistema Financeiro Nacional, os dieren-
tes valores mobilirios (incluindo captulos especcos para discutir os undos de in-
vestimento e os derivativos), e as regras aplicveis s companhias abertas (incluindo
uma discusso sobre as melhores prticas de governana corporativa).
O livro vem para se somar a outras importantes iniciativas da CVM que visam oere-
cer aos participantes do mercado instrumentos de educao. Dentre tais iniciativas,
destaco o Portal do Investidor (http://www.portaldoinvestidor.gov.br/), as cartilhas
e guias que apresentam ao pblico investidor, de orma bastante didtica, alguns dos
principais participantes e produtos do mercado de capitais, e as diversas palestras
que tem sido eitas pela CVM.
Este livro oi ruto do trabalho do Comit Consultivo de Educao da CVM, insti-tudo pela Deliberao CVM 498/06, e que congrega, alm da CVM, a Associao
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Brasileira das Companhias Abertas ABRASCA, a Associao Brasileira das Enti-
dades dos Mercados Financeiro e de Capitais ANBIMA, a ANCORD - Associao
Nacional das Corretoras e Distribuidoras de tulos e Valores Mobilirios, Cmbio e
Mercadorias, a Associao dos Analistas e Prossionais de Investimento do Mercado
de Capitais - APIMEC Nacional, a BM&FBOVESPA S.A. Bolsa de Valores, Mercado-rias & Futuros e o Instituto Brasileiro de Relaes com Investidores IBRI, e tam-
bm contou com a participao do Instituto Brasileiro de Governana Corporativa
IBGC. Gostaria de parabenizar a todos os envolvidos no processo de elaborao
desse livro pelo trabalho realizado.
Por m, acho importante destacar que este livro car disponvel na Internet e est
sendo licenciado em Creative Commons, sendo, portanto, autorizada a sua livre im-
presso, reproduo e utilizao, sem necessidade de prvia autorizao da CVM,desde que sem carter comercial. Esperamos assim poder contribuir para a dissemi-
nao de conhecimento de mercado de capitais, medida salutar para a existncia de
um mercado justo e eciente.
Boa leitura!
LEONARDO P. GOMES PEREIRAPresidente da Comisso de Valores Mobilirios
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INTRODUO
A ideia da presente publicao oi amadurecida ao longo de sucessivas edies doPrograma de reinamento de Proessores (Programa OP), que oerecido pelo Co-
mit Consultivo de Educao da CVM, como reerido na Apresentao. Este pro-
grama comeou em 2006 quando o Comit oi institudo e, logo em sua primeira
reunio, decidiu realizar um curso de atualizao para proessores universitrios em
temas relacionados ao mercado de capitais, tendo sido realizada a primeira edio
em julho daquele ano. Ao longo dos anos, oram introduzidos ajustes nos contedos
disseminados, o que levou, nalmente, consolidao de um conjunto de temas que
orma, atualmente, sua estrutura bsica.
O desenvolvimento desta primeira edio do livro Mercado de Valores Mobilirios
Brasileiro segue a estrutura atual do Programa OP, apresentando contedos que
abordam, observando o encadeamento lgico da iniciativa, os principais conceitos
e inormaes sobre a estrutura e o uncionamento desse importante Mercado do
Sistema Financeiro Nacional.
Evidentemente, o objetivo de apresentar uma viso abrangente de um vasto setor da
vida nacional orosamente em um nico livro requer algumas escolhas, no apenasdos temas, mas principalmente do grau de aproundamento em que cada tpico ser
explorado. Nesse sentido, os contedos de cada captulo podero ser estudados de
orma mais detalhada com o apoio de outras publicaes e materiais especializados.
Materiais complementares esto previstos para o uturo, de orma que esta publica-
o, sem perder seu carter introdutrio, progressivamente incorpore novos assuntos
e evolua acompanhando o desenvolvimento do mercado de capitais e os desdobra-
mentos do prprio Programa OP.
O livro, por essa razo, est estruturado em onze captulos que dialogam com o con-
tedo do Programa OP. No captulo inicial apresentada uma viso mais ampla da
intermediao nanceira e do papel dos mercados nanceiros, seguida da estrutura
do Sistema Financeiro Nacional. So realizadas breves reerncias a essas institui-
es, antecedendo uma exposio mais detalhada da Comisso de Valores Mobili-
rios. Essa introduo complementada pelo captulo seguinte, em que so tratados
os valores mobilirios segundo a Lei n 6.385/76, diploma legal que instituiu a CVM
e disciplinou esse mercado, sendo tambm apresentadas inormaes sobre outrostipos de investimento.
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O Captulo 3 dedicado aos undos de investimento, apresentando os principais con-
ceitos e caractersticas para, em seguida, detalhar as dierentes classes de undos.
Algumas inormaes de interesse do investidor, apesar de no serem matrias de
competncia da CVM, oram includas pela sua evidente utilidade, como orientaes
sobre assuntos tributrios.
Os quatro captulos seguintes exploram, em bloco, com bastante anidade temtica,
uma introduo s companhias abertas, seguida de um detalhamento de temas espe-
ccos relacionados.
O Captulo 4 trata das sociedades por aes que tenham valores mobilirios de sua
emisso admitidos negociao em mercado. Para abordar tema to amplo, que
poderia abranger diversos volumes de um livro, oram eitas algumas escolhas, demodo a apresentar as principais estruturas e conceitos. Priorizou-se, assim, uma
abordagem dos direitos dos acionistas, da disciplina da divulgao de inormaes,
da administrao da companhia, das assembleias e, alm disso, uma breve nota sobre
governana corporativa.
Como mencionado, os trs captulos seguintes tratam de temas bastante relaciona-
dos, ainda que no exclusivamente, vida das companhias abertas. Os Captulos 5 e
6 tratam de governana corporativa e das relaes com investidores, enquanto o Ca-ptulo 7 explora as oertas pblicas de distribuio de valores mobilirios, tratando
inclusive da abertura de capital, e as oertas destinadas aquisio de aes (OPA),
detalhando as principais hipteses de ocorrncia.
O livro encerrado em um bloco de 4 captulos que tratam, os dois primeiros, da
bolsa de valores e do uncionamento do mercado, em que so detalhados os partici-
pantes e os prprios sistemas e instrumentos que permitem a negociao de valores
mobilirios nesse mercado. O Captulo 10 aborda os mercados derivativos, de extre-ma importncia atual pelo papel que desempenham na administrao de riscos dos
participantes e para desenvolvimento de estratgias mais sosticadas de investimen-
to. Finalmente, o Captulo 11 discorre, de orma sucinta, sobre tcnicas de anlise
de investimentos, apresentando uma introduo aos principais modelos utilizados,
oerecendo um guia que pode ser til para orientar o aproundamento da temtica
em publicaes especializadas.
Pela prpria dinmica do mercado de capitais, o lanamento deste livro apenaso incio de um projeto. A inteno do Comit Consultivo de Educao da CVM
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manter o livro atualizado e, para alcanar este objetivo, contamos com a participao
dos leitores para o envio de comentrios e sugestes, que podero ser encaminhados
atravs do Portal do Investidor (www.portaldoinvestidor.gov.br).
Esperamos que o livro possa colaborar com as discusses e os estudos sobre o mer-cado de capitais entre proessores universitrios e alunos, bem como contribuir para
disseminar o conhecimento sobre o Mercado de Valores Mobilirios Brasileiro para
o pblico em geral.
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1. SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL
1.1.Mercado Financeiro
1.1.1.Intermediao Financeira e Mercados Financeiros
1.1.2.O Mercado de Capitais
1.1.3.Estrutura do Sistema Financeiro Nacional
1.2.Comisso de Valores Mobilirios CVM
1.2.1.Histria do mercado de capitais1.2.2.Estrutura
1.2.3. As principais atribuies e competncias da CVM
1.2.4.A ao scalizadora e os poderes da CVM
1.2.5.Direito de ampla defesa
1.2.6.Normatizao e Audincia Pblica
1.2.7. Regulao x Autorregulao
1.2.8. Participao em organismos internacionais
2. VALORES MOBILIRIOS
2.1.Ttulos Emitidos por Companhias
2.1.1.Aes
2.1.2.Debntures
2.1.3.Bnus de Subscrio
2.1.4.Notas Promissrias
2.1.5.Letra Financeira
2.2.Fundos de Investimento
2.3.Clubes de Investimentos
2.4.Brazilian Depositary Receipts - BDRs
2.5.Certicado de Recebveis Imobilirios (CRI)
12
SUMRIO
12
17
21
39
39
43
43
45
46
46
47
56
56
58
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62
64
65
67
49
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2.6.Certicados de Potencial Adicional de Construo (CEPAC)
2.7.Contratos de Investimento Coletivos
2.8.Outros Investimentos
2.8.1.Poupana
2.8.2.CDB
2.8.3.LCI e LH
2.8.4.Ttulos Pblicos
3. FUNDOS DE INVESTIMENTO
3.1.Vantagens e Desvantagens
3.2.Fundos Abertos, Fechados e Exclusivos
3.3.Negociao em Bolsa de Valores
3.4.Tipos de Fundos
3.4.1.Fundos de Curto Prazo
3.4.2.Fundos Referenciados
3.4.3.Fundos de Renda Fixa
3.4.4.Fundos de Aes
3.4.5.Fundos Cambiais
3.4.6.Fundos de Dvida Externa
3.4.7.Fundos Multimercado
3.4.8.Fundo de Investimento em Direitos Creditrios
3.4.9.Fundo de Investimento Imobilirio (FII)3.4.10.Fundo de ndices
3.4.11.Fundo de Investimento em Participaes
3.4.12.Outros Fundos de Investimento
3.4.13.Fundos de Investimento em Cotas de Fundos de Investimento
3.5.Administrador e Gestor
3.6.Assembleia de Cotistas
3.7.Divulgao de Informaes
73
74
74
82
82
86
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84
79
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89
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71
75
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3.7.1.Regulamento
3.7.2.Prospecto
3.7.3.Lmina de Informaes Essenciais
3.7.4.Informaes Peridicas3.8.Riscos
3.9.Custos e Taxas
3.10.Tributao
3.11.Classicao dos Fundos
3.11.1.Classes de Fundos CVM
3.11.2.Classicao Anbima de Fundos
4. COMPANHIAS
4.1.As Sociedades por Aes
4.2.O Acionista e seus Direitos
4.2.1.Participao nos Resultados
4.2.2.Os Lucros e Dividendos4.2.3.Aes Preferenciais e Distribuio de Dividendos
4.2.4.O Direito de Preferncia para a Subscrio de Aes
4.2.5.Bonicaes
4.2.6.Direito de Voto
4.2.7.Direito de Convocar Assembleias
4.2.8.O Direito de Requerer o Adiamento de Assembleias
4.3.Divulgao de Informaes
4.3.1.Convergncia Internacional de Normas
4.3.2.Demonstraes Financeiras
4.3.3.Formulrio de Referncia
4.3.4.Informaes trimestrais
4.3.5.Demonstraes Financeiras Padronizadas (DFP)
4.3.6.Atos ou fatos relevantes4.3.7.Informaes Voluntrias
97
97
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115
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98
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103
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106
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4.4.Governana Corporativa
4.5.Assembleias
4.5.1.Assembleia Eletrnica
4.6.Estrutura de Administrao
4.6.1.O acionista controlador
4.6.2.Conselho Fiscal
4.6.3.Conselho de Administrao
4.7.Reorganizaes Societrias
5. GOVERNANA CORPORATIVA
5.1.A necessidade de Boas Prticas de Governana
5.2.Institucionalizao da Governana
5.3.Origens das Discusses sobre Governana Corporativa
5.4.Desenvolvimento da Governana no Brasil
5.5.A relao entre Acionistas e Administradores
5.6.Princpios de Governana Corporativa
5.6.1.Transparncia
5.6.2.Equidade
5.6.3.Prestao de Contas (Accountability)
5.6.4.Responsabilidade Corporativa
5.7.O Sistema de Governana Corporativa
5.8.O Conselho de Administrao
5.8.1.Gesto de Riscos
5.8.2.Estratgia
5.8.3.Gesto de pessoas
5.8.4.Estrutura de capital
5.9.Governana, stakeholders e sustentabilidade
5.10.Sustentabilidade Empresarial 164
131
132
159
157
156
157
157
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5.11.Linha do Tempo
6. RELAES COM INVESTIDORES
6.1.A Atividade de Relaes com Investidores
6.1.1.O papel dentro da companhia
6.1.2.Disseminao da cultura de capital aberto
6.1.3.O Porta-voz da Companhia
6.1.4.Administrao de Crises
6.2.O Pblico da Companhia
6.2.1.Buy Side
6.2.2.Sell Side
6.2.3.Investidores Institucionais
6.2.4.Investidores Pessoas Fsicas
6.2.5.Relacionamento Internacional
6.3.A Estratgia de Comunicao
6.3.1.Reunies Pblicas
6.3.2.Reunies Individuais
6.3.3.Teleconferncias
6.3.4.A Internet como ferramenta de divulgao
6.4.Os Princpios ticos
6.4.1.Transparncia
6.4.2.Equidade6.4.3.Franqueza e Independncia
6.4.4.Integridade E Responsabilidade
7. OFERTA PBLICA
7.1. Motivao e Objetivos
7.1.1.Acesso a Capital
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174
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7.1.2.Liquidez Patrimonial
7.1.3.Imagem Institucional
7.1.4.Reestruturao de passivos
7.2.A Caracterizao da Oferta Pblica
7.3.Tipos de Oferta
7.3.1.Oferta Primria e Oferta Secundria
7.3.2.Oferta Inicial e Oferta Subsequente
7.4.Prospecto
7.5.Modelos de Precicao
7.6.Oferta Pblica de Aquisio de Aes (OPA)
7.6.1.OPA para Aquisio de Controle
7.6.2.OPA para Cancelamento de Registro
7.6.3.OPA por Aumento de Participao
7.6.4.OPA por Alienao de Controle (tag along)
8. BOLSA DE VALORES
8.1.A BM&FBOVESPA
8.1.1.Histrico
8.1.2.Situao atual
8.1.3.Empresas do grupo
8.2.Ativos negociados
8.2.1.Segmento Bovespa8.2.2.Segmento BM&F
8.2.3.Cmbio
8.3.Funcionamento da Bolsa de Valores
8.3.1.As etapas da negociao
8.3.2.Sistemas de negociao da BM&FBOVESPA
8.3.3.Formas de acesso BM&FBOVESPA
8.3.4.Compensao e Liquidao
231
231
234
236
201
224
203
227
231
230
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205
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222
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8.4.Central Depositria
8.5.Segmentos de listagem
8.5.1.Novo Mercado
8.5.2.Nveis 1 e 2
8.5.3.Bovespa Mais
8.5.4.Comparativo dos Segmentos de Listagem
8.6.Os ndices
8.6.1.O Ibovespa
8.6.2.Outros ndices calculados pela Bolsa
8.7.Integrao das Clearings
9. FUNCIONAMENTO DO MERCADO
9.1.Participantes do Mercado
9.1.1.Corretoras e Distribuidoras
9.1.2.Agentes Autnomos de Investimento
9.1.3.Administrador de Carteira
9.1.4.Analista de Valores Mobilirios
9.1.5.Consultor de Valores Mobilirios
9.2.Sistemas para Negociao
9.2.1.Home Broker
9.2.2.Mesa de Operaes
9.2.3.Registro das Operaes
9.3.Tipos de Ordens
9.4.Prego
9.5.After Market
9.6.Leiles
9.7.Suspenso de Negociaes / Circuit Breaker
9.8.Formador de Mercado
9.9.Taxas e Custo das Operaes
241
246
242
245
259
258
250
251
252
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9.10.Avisos e Comunicao com o Investidor
9.11.Emprstimo de Aes
9.12.Processo de Recompra de Ativos
9.13.Mecanismo de Ressarcimento de Prejuzos
9.14.Investidor no Residente
9.14.1.Representante Legal
9.14.2.Custodiante
10. MERCADOS DERIVATIVOS
10.1.Conceitos Bsicos
10.2.Finalidades
10.2.1.Hedge
10.2.2.Arbitragem
10.2.3.Especulao
10.3.Tipos de Mercados de Derivativos
10.3.1.Mercado a termo
10.3.2.Mercado futuro
10.3.3.Mercado de opes
10.3.4.Mercado de swap
10.4.Derivativos no Padronizados e Padronizados
10.5.Classicao dos Derivativos
10.6.Funcionamento do Mercado
10.6.1.Abertura de Posio
10.6.2.Liquidao de Operaes
10.7.Benefcios na utilizao de Derivativos
10.8.Mercado a termo
10.9.Mercado futuro
10.9.1.Ajuste dirio
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10.9.2.Liquidao por inadimplncia
10.9.3.Margem de garantia
10.9.4.O papel das cmaras de compensao
10.10.Mercado de opes10.10.1.Tipos de opes
10.10.2.Classicaes
10.10.3.Titulares e Lanadores
10.11.Swap
10.11.1.Tipos de swap
10.12.Comparativo entre os Mercados Derivativos
11. ANLISE DE INVESTIMENTOS
11.1.Anlise Fundamentalista
11.1.1.Objetivos da Anlise Fundamentalista
11.1.2. Principais Conceitos de Valor
11.1.3. Mtodos de Anlise Fundamentalista
11.1.4. Anlise de Informaes Contbeis
11.1.5. Modelos de Projeo de Valor Potencial
11.1.6. Os Desaos da Sustentabilidade
11.2. Anlise Tcnica
11.2.1. Teoria de Dow
11.2.2. Teoria De Elliot
11.2.3. Tipos de Grcos
11.2.4. Figuras
11.2.5. Indicadores Tcnicos
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1 SISTEMA FINANCEIRONACIONAL
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26/36912 Mercado de Valores Mobilirios Brasileiro
1. Sistema Financeiro Nacional
1.1. Mercado Financeiro
1.1.1. Intermediao Financeira e Mercados Financeiros
O sistema nanceiro parte integrante e importante de qualquer sociedade econ-
mica moderna. Portanto, undamental introduzir algumas noes bsicas sobre ouncionamento da economia, antes de tratar especicamente do sistema nanceiro,
para que se compreenda melhor as unes e o uncionamento dos mercados.
A cincia econmica, pode-se dizer, preocupa-se com o estudo da alocao de recur-
sos da economia. Esse assunto torna-se relevante devido constatao de que os indi-
vduos tm necessidades e desejos ilimitados, enquanto os recursos disponveis para
atend-los so escassos. De ato, se pensarmos nas economias modernas, os desejosde consumo das amlias esto em geral acima de sua capacidade econmica. Quan-
do pensamos em pases, cil perceber essa noo de escassez dos recursos. Anal,
o nmero de pessoas disponveis para trabalhar e os recursos naturais, nanceiros e
tecnolgicos existentes so limitados.
O importante aqui destacar que as decises dos agentes econmicos (amlias, empre-
sas e governo) que compem esse sistema econmico moderno, embora individuais,
esto interligadas e impactam o todo. De um lado, as amlias oerecem os insumos
necessrios para a produo das empresas, como o trabalho, o capital e os imveis, em
troca dos rendimentos do salrio, juros, lucros e aluguis, o que em conjunto ormam
a renda dessas amlias. Com essa renda, as amlias adquirem os produtos e servios
oertados pelas empresas. O governo, por sua vez, recolhe impostos e taxas dessas a-
mlias e empresas, e devolve para a sociedade em orma de projetos sociais ou servios
bsicos no oertados pelas empresas. Esse uxo est representado na gura 1.
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27/36913Sistema Financeiro Nacional
Figura 1
Entre essas decises econmicas, uma de especial importncia para a compreenso
do sistema nanceiro e diz respeito ao consumo, poupana e investimento. Deter-
minada amlia pode decidir consumir menos que sua renda atual, seja para a sua
segurana nanceira, para a aposentadoria ou para a compra utura de bens, or-
mando, assim, poupana. Por outro lado, pode haver amlias que decidam consumir
mais do que sua renda em determinado momento, e, portanto, demandam recursos,motivadas pelo aparecimento de situaes inesperadas, ou mesmo por precisar inves-
tir em mais educao, na expectativa de retorno uturo. As empresas, para realizar
sua produo, precisam investir em mquinas e equipamentos, treinamentos e novas
tecnologias. Para isso, precisam de dinheiro, que pode vir, por exemplo, da poupana
das amlias. O governo, por sua vez, pode, em determinado momento, ter gastos
maiores que as suas despesas, tomando recursos no mercado, e em outros momentos,
gastar menos e contribuir para a ormao de poupana.
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28/36914 Mercado de Valores Mobilirios Brasileiro
Quando os agentes econmicos ormam poupana, ou seja, consomem menos do que
ganham, so chamados de agentes superavitrios. Quando, por outro lado, conso-
mem mais que sua renda e precisam recorrer poupana de terceiros, so conhecidos
como agentes decitrios.
No entanto, para que um agente decitrio possa utilizar os recursos disponveis dos
agentes superavitrios para realizar suas decises de consumo ou investimento,
preciso que esse uxo de recursos entre eles seja viabilizado. Isso porque, na maioria
dos casos, as necessidades de poupana e emprstimo individuais dierem em alguns
aspectos, como por exemplo, valor e prazo. Uma amlia pode querer aplicar R$
10.000,00 por um ano, enquanto outra queira apenas R$ 5.000,00 por seis meses, ou
uma empresa demande R$ 1.000.000,00 em investimentos para pagar em cinco anos.
Se cada poupador tivesse que encontrar um tomador de recursos com as mesmasnecessidades de volume e prazo, para a realizao de um emprstimo, seria muito
dicil a eetivao dos negcios.
Foi para suprir essa demanda do mercado que surgiram e desenvolveram-se institui-
es especializadas em intermediar essas operaes. Inicialmente, sua uno bsica
era pegar emprestado daqueles que poupam, pagando uma remunerao representada
pelos juros, e emprestar para os demais, naturalmente a uma taxa mais alta, ganhando
com a dierena. Essas instituies concentram a poupana e a distribuem aos tomado-res de recursos, atendendo, ao mesmo tempo, as necessidades de volume nanceiro e
prazo de cada um. Com o passar do tempo, essas instituies oram se especializando
e oerecendo outros servios, como veremos adiante. Da mesma orma desenvolveram-
se novos instrumentos, sistemas e produtos para organizar, controlar e desenvolver esse
mercado. Chamamos este sistema, como um todo, de Sistema Financeiro.
Sistema Financeiro: conjunto de instituies e instrumentos que viabilizam o
uxo nanceiro entre os poupadores e os tomadores na economia.
Assim, podemos conceituar o Sistema Financeiro como o conjunto de instituies e
instrumentos que viabilizam o uxo nanceiro entre os poupadores e os tomadores
de recursos na economia. No dicil perceber a importncia desse sistema para o
adequado uncionamento e crescimento econmico de uma nao. Se, por exemplo,
determinada empresa, que necessita de recursos para a realizao de investimentos
para a produo, no conseguir capt-los de orma eciente, provavelmente ela no
realizar o investimento, deixando de empregar e gerar renda. Com o papel desem-penhado pelas instituies nanceiras, esse problema se reduz.
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29/36915Sistema Financeiro Nacional
importante compreender, porm, que o modelo tradicional de intermediao
inanceira no oi capaz de suprir todas as demandas existentes no mercado. Esse
processo oi sendo aprimorado ao longo da histria. Desenvolveram-se novos
ativos inanceiros e caractersticas operacionais especicas para cada tipo de
demanda. Essas caractersticas podem dierir em razo do prazo, tipo de instru-mento utilizado para ormalizar a operao, assuno de riscos, entre outros as-
pectos que delimitam o que se convencionou chamar de mercados inanceiros.
Atualmente, essa dierente classiicao ajuda a compreender um pouco mais
cada um desses mercados, suas peculiaridades, riscos e vantagens. De orma
geral, como se pode observar na igura 2, o sistema inanceiro segmentou-se em
quatro grandes mercados: mercado monetrio, mercado de crdito, mercado de
cmbio e mercado de capitais.
Figura 2
O oco de discusso principal deste livro o mercado de capitais, que abordar,
em cada um dos captulos, dierentes assuntos relacionados. A seguir, abordare-mos apenas de orma resumida a respeito do mercado monetrio, de cmbio e de
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30/36916 Mercado de Valores Mobilirios Brasileiro
crdito. Em seguida ser eita uma apresentao do mercado de capitais.
Mercado monetrio
As transerncias de recursos a curtssimo prazo, em geral com prazo de um dia,como aquelas realizadas entre as prprias instituies nanceiras ou entre elas e o
Banco Central, so realizadas no chamado mercado monetrio. rata-se de um mer-
cado utilizado basicamente para controle da liquidez da economia, no qual o Banco
Central intervm para conduo da Poltica Monetria. Resumidamente, se o volume
de dinheiro estiver maior do que o desejado pela poltica governamental, o Banco
Central intervm vendendo ttulos e retirando moeda do mercado, reduzindo, assim,
liquidez da economia. Ao contrrio, caso observe que a quantidade de recursos est
inerior desejada, o Banco Central intervm comprando ttulos e injetando moedano mercado, restaurando a liquidez desejada.
Mercado de cmbio
o mercado em que so negociadas as trocas de moedas estrangeiras por moeda na-
cional. Participam desse mercado todos os agentes econmicos que realizam transaes
com o exterior, ou seja, tm recebimentos ou pagamentos a realizar em moeda estrangei-
ra. Esse mercado regulado e scalizado pelo Banco Central do Brasil, que dele tambm
participa para execuo de sua Poltica Cambial.
Mercado de crdito
o segmento do mercado nanceiro em que as instituies nanceiras captam recur-
sos dos agentes superavitrios e os emprestam s amlias ou empresas, sendo remune-
radas pela dierena entre seu custo de captao e o que cobram dos tomadores. Essa
dierena conhecida como spread. Assim, as instituies nanceiras nesse mercado
tm como atividade principal a intermediao nanceira propriamente dita.
Em geral, so operaes de curto e mdio prazo, destinadas ao consumo ou capital de
giro das empresas. As operaes so usualmente ormalizadas por contratos, como
por exemplo, cheque especial, conta garantida e crdito direto ao consumidor, e as
instituies nanceiras assumem o risco de crdito da operao. So exemplos de
instituies participantes desse mercado os bancos comerciais e as sociedades de cr-
dito, nanciamento e investimento, conhecidas como nanceiras. O Banco Central
do Brasil o principal rgo responsvel pelo controle, normatizao e scalizaodeste mercado.
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31/36917Sistema Financeiro Nacional
O mercado de crdito undamental para o bom uncionamento da economia, na
medida em que as instituies nanceiras assumem dois papis decisivos. De um
lado, atuam como centralizadora de riscos, reduzindo a exposio dos aplicadores a
perdas e otimizando as anlises de crdito. De outro, elas uncionam como um elo
entre milhes de agentes com expectativas muito distintas em relao a prazos e vo-
lumes de recursos. Quando o sistema inexiste ou existe de orma ineciente, muitas
das necessidades de aplicaes e emprstimos de recursos cariam represadas, ou
seja, no circulariam no mercado, o que inevitavelmente causaria uma reada brusca
na economia.
Entretanto, em alguns casos, o mercado de crdito insuciente para suprir as ne-
cessidades de nanciamento dos agentes. Isso pode ocorrer, por exemplo, quando
determinada empresa necessita de um volume de recursos muito superior ao queuma instituio poderia, sozinha, emprestar. Alm disso, pode acontecer de os cus-
tos dos emprstimos no mercado de crdito, em virtude dos riscos assumidos pelas
instituies nas operaes, serem demasiadamente altos, de orma a inviabilizar os
investimentos pretendidos. Isso ocorre, em geral, nos investimentos produtivos de
durao mais longa, de valores mais altos e, que, portanto, envolvem riscos maiores.
Porm, esse tipo de investimento undamental para o crescimento econmico. De-
senvolveu-se, assim o Mercado de Capitais, ou Mercado de Valores Mobilirios.
1.1.2. O Mercado de Capitais
O que se pretende quando se estuda o mercado nanceiro compreender as prin-
cipais caractersticas das operaes nele realizadas. So assuntos de interesse, entre
outros, conhecer os agentes econmicos envolvidos nas operaes, os intermedi-
rios, os ativos e produtos nanceiros que esto sendo negociados, os meios utilizados
para a captao dos recursos, a nalidade da aplicao desses recursos, o prazo da
operao, a ormalizao, entre outros aspectos.
O estudo dessas caractersticas que permite que os mercados nanceiros sejam classi-
cados em dierentes segmentos. Evidentemente que pode haver dierentes classicaes,
considerando a natureza do que se est estudando. possvel, por exemplo, classicar os
mercados nanceiros quanto ao prazo da operao, quanto aos ativos e produtos nan-
ceiros utilizados ou quanto nalidade da aplicao.
Da surgem os desaos dessa classicao. O mercado monetrio e o mercado decmbio so muito bem delimitados e dicilmente geram alguma conuso. Porm,
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32/36918 Mercado de Valores Mobilirios Brasileiro
dependendo das caractersticas consideradas, pode haver dvida em relao ao
mercado de crdito e o mercado de capitais. Por exemplo: se determinada empresa
contrata um emprstimo em uma instituio nanceira, para pagamento em longo
prazo, com o objetivo de instalar uma nova planta industrial, a operao ocorre no
mercado de crdito ou de capitais? O que se pretende mostrar que os conceitos uti-
lizados neste livro consideram essa operao como do mercado de crdito.
Como se pode observar, a caracterstica marcante nesse exemplo no oi o prazo da
operao e nem a nalidade do investimento, mas to somente as caractersticas da
intermediao nanceira propriamente dita, o que envolve o tipo de ativo utilizado,
a maneira utilizada para a captao dos recursos, e em alguns casos at mesmo o
tipo de intermedirio. sob essa perspectiva que o mercado de capitais ser apre-
sentado. Portanto, inicialmente sero apresentadas as principais caractersticas dessemercado, destacando exemplos e dierenas, especialmente em relao ao mercado
de crdito, para que, ao nal, se possa chegar a algum conceito que melhor o dena.
o que ser eito nos prximos pargraos.
No mercado de crdito, as instituies nanceiras captam recursos dos poupadores
e os emprestam aos tomadores, assumindo os riscos da operao. So remunera-
das por uma dierena entre as taxas de captao e de aplicao desses recursos.
No mercado de capitais, por outro lado, os agentes superavitrios emprestam seusrecursos diretamente aos agentes decitrios. Porm, as operaes ocorrem sem-
pre com a intermediao de uma instituio nanceira. No entanto, nesse merca-
do, essas instituies atuam principalmente como prestadoras de servios, estru-
turando as operaes, assessorando na ormao de preos, oerecendo liquidez,
captando clientes, distribuindo os valores mobilirios no mercado, entre outros
trabalhos. So remuneradas pelo servio prestado. Os diagramas das guras 3 e 4
ilustram essas duas ormas de atuao das instituies nanceiras nos mercados de
crdito e de capitais.
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33/36919Sistema Financeiro Nacional
Figura 3
Figura 4
Na relao que se estabelece no mercado de capitais, os investidores, ao emprestarem
seus recursos diretamente para as empresas, adquirem ttulos, que representam as
condies estabelecidas no negcio, chamados de valores mobilirios. Podem ser t-
tulos de dvida, em que se estabelece uma relao de crdito entre as partes tomadora
e poupadora, como o caso das debntures, ou podem ser ttulos patrimoniais, ou
de capital, em que os investidores se tornam scios do negcio, com todos os direitos
e deveres inerentes, como o caso das aes. Os investidores podem adquirir esses
valores mobilirios diretamente, ou indiretamente por meio de estruturas de inves-
timento coletivo, como os undos ou clubes de investimento. Valores mobilirios,
undos de investimento e companhias so assuntos que sero abordados em captulosespeccos deste livro.
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34/36920 Mercado de Valores Mobilirios Brasileiro
As instituies nanceiras que atuam como prestadoras de servios no assumem a res-
ponsabilidade pelo cumprimento das obrigaes estabelecidas e ormalizadas entre os
emissores dos ttulos e os investidores. Assim, a responsabilidade pelo pagamento dos
juros e do principal de uma debnture, por exemplo, da emissora, e no da insti-
tuio nanceira que a tenha assessorado ou participado do processo de colocao
dos ttulos no mercado. So participantes desse mercado, entre outros, os Bancos
de Investimento, as Corretoras e Distribuidoras de ttulos e Valores Mobilirios, as
entidades administradoras de mercado de bolsa e balco, alm de diversos outros
prestadores de servios.
Em sntese, uma empresa que esteja diante da necessidade de novos investimentos
possui trs possveis ontes para captao de recursos. A escolha de uma das alter-
nativas uma deciso nanceira e estratgica da empresa, que dever avaliar os
custos e benecios de cada opo:
Utilizao de recursos prprios, como os lucros acumulados pela companhia.
Contratao de nanciamento bancrio, atravs das linhas de crdito tradi-
cionais ou linhas de nanciamento governamentais, como o BNDES.
Utilizao do mercado de capitais, por meio de emisso pblica de ttulosdiretamente aos investidores.
Do ponto de vista dos investidores, o mercado de capitais surge como alternativa s
aplicaes tradicionais em produtos oerecidos pelos bancos ou pelo governo. nesse
mercado que os poupadores tm a oportunidade de participar de empreendimentos
que consideram interessantes, desde que dispostos a assumir os riscos da decorren-
tes. Espera-se, em especial nos ttulos patrimoniais, uma rentabilidade superior aos
investimentos adicionais, embora com risco tambm superior. Isso porque, dierentedo mercado de crdito, em que o risco das operaes centralizado nos bancos, no
mercado de capitais o risco da operao em que os recursos so aplicados assumido
pelos prprios investidores.
Conceitua-se o mercado de capitais, portanto, como o segmento do mercado nan-
ceiro em que so criadas as condies para que as empresas captem recursos direta-
mente dos investidores, em volume e custos satisatrios, atravs da emisso de ins-
trumentos adequados quanto ao retorno, prazo e liquidez, com o objetivo principalde viabilizar projetos de investimentos.
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35/36921Sistema Financeiro Nacional
Portanto, grande a importncia do mercado de capitais, na medida em que estimula
a poupana e o investimento produtivo, o que essencial para o crescimento de qual-
quer sociedade econmica moderna.
1.1.3. Estrutura do Sistema Financeiro Nacional
At o momento o sistema nanceiro oi estudado considerando a sua uno principal
de alocao de recursos na economia. Nesse sentido, o oco de ateno oram os diver-
sos segmentos que o compem. Nessa parte, o Sistema Financeiro ser analisado sob
outro ngulo, considerando a estrutura do Sistema Financeiro Nacional, em que o oco
de estudo se direciona para as instituies que o compem. O Banco Central do Brasil
prope, conorme tabela a seguir, uma subdiviso do sistema nanceiro nacional emtrs nveis: os rgos normativos; as entidades supervisoras e operadores.
RGOS
NORMATIVOS
ENTIDADES
SUPERVISORASOPERADORES
CONSELHO MONET-RIO NACIONAL
(CMN)
Banco Central do
Brasil
(Bacen)
Instituies Financeiras Captadoras
de Depsitos vista
Demais Inst ituies Financeiras
Outros interme-
dirios nancei-
ros e administra-
dores de recursos
de terceirosComisso deValores
Mobilirios
(CVM)
Bolsas de Mercadorias e Futuros
Bolsas de Valores
CONSELHO NACIONAL
DE SEGUROS PRI-
VADOS
(CNSP)
Superintendn-
cia de Seguros
Privados
(Susep)
Resseguradores
Sociedades Seguradoras
Sociedades de Capitalizao
Entidades Abertas de Previdncia Complementar
CONSELHO NACIONAL
DE PREVIDNCIA
COMPLEMENTAR
(CNPC )
Su p e rint e nd n-
cia Nacional de
Previdncia Com-
plementar
(PREVIC)
Entidades fechadas de previdncia complementar (fundos
de penso)
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36/36922 Mercado de Valores Mobilirios Brasileiro
Os rgos normativos so os responsveis pela denio das polticas e diretrizes
gerais do sistema nanceiro, sem unes executivas. So entidades governamen-
tais colegiadas, criadas por lei, com atribuies especicas. Em geral, apoiam-se
em estruturas tcnicas de apoio para a tomada das decises, que so regulamen-
tadas e iscalizadas pelas entidades supervisoras. Atualmente, no Brasil, uncio-
nam como rgos normativos:
Conselho Monetrio Nacional (CMN) - rgo superior do sistema nan-
ceiro nacional;
Conselho Nacional de Seguros Privados(CNSP) - responsvel pelas dire-
trizes dos segmentos de seguros, capitalizao e previdncia privada;
Conselho Nacional de Previdncia Complementar (CNPC) - para deni-
o das polticas dos undos de previdncia echados.
As entidades supervisoras assumem diversas unes executivas, como a scalizao
das instituies sob sua responsabilidade, assim como unes normativas, com o
intuito de regulamentar dispositivos legais ou normas editadas pelos rgos norma-
tivos. As entidades supervisoras do Sistema Financeiro Nacional so:
Banco Central do Brasil (BCB ou BACEN);
Comisso de Valores Mobilirios (CVM);
Superintendncia de Seguros Privados (SUSEP);
Superintendncia Nacional de Previdncia Complementar (PREVIC);
Os operadores, por outro lado, incluem as demais instituies, pblicas ou privadas,
envolvidas diretamente, ou como instituies auxiliares, nas atividades de captao,
intermediao e aplicao de recursos no sistema nanceiro nacional. comum, di-
daticamente, subdividi-los em instituies nanceiras monetrias, rgos ociais,
demais instituies nanceiras, outros intermedirios nanceiros, instituies auxi-
liares e instituies dos segmentos de seguro e previdncia.
A seguir sero apresentadas as principais caractersticas das principais instituiescomponentes do sistema nanceiro nacional.
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37/36923Sistema Financeiro Nacional
rgos Normativos
Conselho Monetrio Nacional (CMN)
o rgo deliberativo mximo do Sistema Financeiro Nacional. Foi criado pela Lei4595/64, conhecida como a Lei da Reorma Bancria, em substituio extinta Su-
perintendncia da Moeda e do crdito, em uma dcada em que o sistema nanceiro
passou por proundas mudanas estruturais e regulamentares.
Conorme a lei, o CMN oi criado com a nalidade de ormular a poltica da moeda
e do crdito, objetivando o progresso econmico e social do Pas. A poltica do CMN
ter como principais objetivos:
adaptar o volume dos meios de pagamento s reais necessidades da
economia;
regular o valor interno e externo da moeda e o equilbrio do balano de
pagamentos;
orientar a aplicao dos recursos das instituies nanceiras;
propiciar o apereioamento das instituies e dos instrumentos nanceiros;
zelar pela liquidez e solvncia das instituies nanceiras;
coordenar as polticas monetria, creditcia, oramentria e da dvida p-
blica interna e externa.
Atualmente, o CMN composto por trs membros: Ministro da Fazenda (Presiden-
te), Ministro do Planejamento, Oramento e Gesto e Presidente do Banco Central.
Em conjunto com o CMN unciona a Comisso cnica da Moeda e do Crdito
(Comoc), que tem como atribuies o assessoramento tcnico na ormulao da
poltica da moeda e do crdito do Pas. As matrias aprovadas so regulamentadas
por meio de Resolues, normativos de carter pblico, sempre divulgadas no Dirio
Ocial da Unio e na pgina de normativos do Banco Central do Brasil. ambm
uncionam junto ao CMN comisses consultivas representantes dos principais seto-res do mercado.
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38/36924 Mercado de Valores Mobilirios Brasileiro
Conselho Nacional de Seguros Privados (CNSP)
o rgo normativo do setor de seguros do Pas. Inicialmente, sua principal
uno era determinar as normas gerais da poltica governamental para os seg-
mentos de Seguros Privados e Capitalizao. Posteriormente, o CNSP recebeutambm atribuies relacionadas Previdncia Privada aberta.
Desde a edio da Lei 10.190/01, o CNSP composto por seis membros: Ministro de Es-
tado da Fazenda ou seu representante (Presidente), Superintendente da SUSEP (Vice-
Presidente) e representantes do Ministrio da Justia, Banco Central do Brasil, Mi-
nistrio da Previdncia e Assistncia Social e da Comisso de Valores Mobilirios.
O CNSP desempenha, entre outras, as seguintes atribuies:
Fixar as diretrizes e normas da poltica de seguros privados;
Regular a constituio, organizao, uncionamento e scalizao dos que
exercem atividades subordinadas ao Sistema Nacional de Seguros Privados, bem
como a aplicao das penalidades previstas;
Fixar as caractersticas gerais dos contratos de seguros, previdncia privada
aberta e capitalizao;
Estabelecer as diretrizes gerais das operaes de resseguro;
Prescrever os critrios de constituio das Sociedades Seguradoras, de Pre-
vidncia Privada Aberta e de Capitalizao, com xao dos limites legais e tc-
nicos das respectivas operaes;
Disciplinar a corretagem do mercado e a prosso de corretor.
Conselho Nacional de Previdncia Complementar (CNPC)
O CNPC tem a uno de regular o regime de previdncia complementar operado pelas
entidades echadas de previdncia complementar (Fundos de Penso).
O CNPC composto pelo Ministro de Estado da Previdncia Social, que o Presi-
dente, e por representantes da Superintendncia Nacional de Previdncia Comple-
mentar (Previc), da Secretaria de Polticas de Previdncia Complementar (SPPC), daCasa Civil da Presidncia da Repblica, dos Ministrios da Fazenda e do Planeja-
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39/36925Sistema Financeiro Nacional
mento, Oramento e Gesto, das entidades echadas de previdncia complementar,
dos patrocinadores e instituidores de planos de benecios das entidades echadas de
previdncia complementar e dos participantes e assistidos de planos de benecios
das reeridas entidades.
Entidades Supervisoras
Banco Central do Brasil (BCB)
O Banco Central do Brasil oi criado em 1964 com a promulgao da Lei da Reorma
Bancria (Lei n 4.595 de 31.12.64), mesma Lei que instituiu o Conselho Monetrio
Nacional.
uma autarquia ederal que tem como principal misso institucional assegurar a
estabilidade do poder de compra da moeda nacional e um sistema nanceiro slido
e eciente.
Entre as vrias competncias do BCB destacam-se:
Assegurar a estabilidade do poder de compra da moeda nacional e a solidez
do Sistema Financeiro Nacional;
Executar a poltica monetria mediante utilizao de ttulos do esouro
Nacional;
Fixar a taxa de reerncia para as operaes compromissadas de um dia,
conhecida como taxa SELIC;
Controlar as operaes de crdito das instituies que compem o Sistema
Financeiro Nacional;
Formular, executar e acompanhar a poltica cambial e de relaes nancei-
ras com o exterior;
Fiscalizar as instituies nanceiras e as clearings (cmaras de compensao);
Emitir papel-moeda (a partir da Constituio de 1988, a emisso de moeda
cou a cargo exclusivo do BCB);
Executar os servios do meio circulante para atender demanda de
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40/36926 Mercado de Valores Mobilirios Brasileiro
dinheiro necessria s atividades econmicas;
Manter o nvel de preos (inao) sob controle;
Manter sob controle a expanso da moeda e do crdito e a taxa de juros;
Operar no mercado aberto, de recolhimento compulsrio e de redesconto;
Executar o sistema de metas para a inao;
Divulgar as decises do Conselho Monetrio Nacional;
Manter ativos de ouro e de moedas estrangeiras para atuao nos mercados
de cmbio;
Administrar as reservas internacionais brasileiras;
Zelar pela liquidez e solvncia das instituies nanceiras nacionais;
Conceder autorizao para o uncionamento das instituies nanceiras.
O presidente do BCB e os seus diretores so nomeados pelo Presidente da Repblicaaps a aprovao prvia do Senado Federal, que eita por uma arguio pblica e
posterior votao secreta.
Sua sede em Braslia e possui representaes regionais em Belm, Belo Horizonte,
Curitiba, Fortaleza, Porto Alegre, Recie, Rio de Janeiro, Salvador e So Paulo.
Comisso de Valores Mobilirios (CVM)
A CVM oi criada em 07 de dezembro de 1976 pela Lei 6.385, com a nalidade dedisciplinar, scalizar e desenvolver o mercado de valores mobilirios no Brasil. Con-
siderando que o objeto de estudo deste livro o mercado de capitais e que a CVM
a autarquia ederal por ele responsvel, ser dedicado a seguir um tpico especco
para tratar do assunto.
Superintendncia de Seguros Privados (SUSEP)
A Susep oi criada em 1966 pelo Decreto-Lei 73/66, que tambm instituiu o SistemaNacional de Seguros Privados, como rgo responsvel pelo controle e scalizao
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41/36927Sistema Financeiro Nacional
dos mercados de seguro, previdncia privada aberta, capitalizao e resseguro.
uma autarquia vinculada ao Ministrio da Fazenda, administrada por um Conselho
Diretor, composto pelo Superintendente e por quatro Diretores.
Suas principais atribuies so:
Fiscalizar a constituio, organizao, uncionamento e operao das Socie-
dades Seguradoras, de Capitalizao, Entidades de Previdncia Privada Aberta e
Resseguradores, na qualidade de executora da poltica traada pelo CNSP;
Atuar no sentido de proteger a captao de poupana popular que se eetua
atravs das operaes de seguro, previdncia privada aberta, de capitalizao e
resseguro;
Zelar pela deesa dos interesses dos consumidores dos mercados super-
visionados;
Promover o apereioamento das instituies e dos instrumentos opera-
cionais a eles vinculados, com vistas maior ecincia do Sistema Nacional de
Seguros Privados e do Sistema Nacional de Capitalizao;
Promover a estabilidade dos mercados sob sua jurisdio, assegurando suaexpanso e o uncionamento das entidades que neles operem;
Zelar pela liquidez e solvncia das sociedades que integram o mercado;
Disciplinar e acompanhar os investimentos daquelas entidades, em especial
os eetuados em bens garantidores de provises tcnicas;
Cumprir e azer cumprir as deliberaes do CNSP e exercer as atividades
que por este orem delegadas;
Prover os servios de Secretaria Executiva do CNSP.
Superintendncia Nacional de Previdncia Complementar (PREVIC)
A Previc atua como entidade de scalizao e de superviso das atividades das enti-
dades echadas de previdncia complementar (undos de penso) e de execuo das
polticas para o regime de previdncia complementar operado por essas entidades. uma autarquia vinculada ao Ministrio da Previdncia Social.
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42/36928 Mercado de Valores Mobilirios Brasileiro
Operadores
Banco do Brasil
O Banco do Brasil o mais antigo banco comercial do Brasil e oi criado em 12 de ou-tubro de 1808 pelo prncipe regente D. Joo. uma sociedade de economia mista de
capitais pblicos e privados. tambm uma empresa aberta que possui aes cotadas
na Bolsa de Valores de So Paulo (BM&FBOVESPA). O Banco do Brasil opera como
agente nanceiro do Governo Federal e o principal executor das polticas de crdito
rural e industrial. A cada dia mais tem se ajustado a um perl de banco mltiplo
tradicional.
Banco Nacional do Desenvolvimento Econmico e SocialCriado em 1952 como autarquia ederal, hoje uma empresa pblica vinculada ao
Ministrio do Desenvolvimento, Indstria e Comrcio Exterior, com personalida-
de jurdica de direito privado e patrimnio prprio. responsvel pela poltica de
investimentos a longo prazo do Governo Federal, necessrios ao ortalecimento da
empresa privada nacional.
Com o objetivo de ortalecer a estrutura de capital das empresas privadas e desenvol-
vimento do mercado de capitais, o BNDES conta com linhas de apoio para nancia-mentos de longo prazo a custos competitivos, para o desenvolvimento de projetos de
investimentos e para a comercializao de mquinas e equipamentos novos, abrica-
dos no pas, bem como para o incremento das exportaes brasileiras.
Os nanciamentos so eitos com recursos prprios, emprstimos e doaes de enti-
dades nacionais e estrangeiras e de organismos internacionais, como o BID. ambm
recebe recursos do PIS e PASEP.
Conta com duas subsidirias integrais, a FINAME (Agncia Especial de Financia-
mento Industrial) e a BNDESPAR (BNDES Participaes), criadas com o objetivo,
respectivamente, de nanciar a comercializao de mquinas e equipamentos; e de
possibilitar a subscrio de valores mobilirios no mercado de capitais brasileiro. As
trs empresas, juntas, compreendem o chamado Sistema BNDES.
Caixa Econmica Federal
Criada em 12 de janeiro de 1861 por Dom Pedro II com o propsito de incenti-var a poupana e de conceder emprstimos sob penhor, a Caixa uma empresa
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43/36929Sistema Financeiro Nacional
pblica vinculada ao Ministrio da Fazenda. a instituio nanceira responsvel
pela operacionalizao das polticas do Governo Federal para habitao popular e
saneamento bsico.
Alm das atividades comuns de um banco comercial, a CEF tambm atende aos tra-balhadores ormais, por meio do pagamento do FGS, PIS e seguro-desemprego, e
aos benecirios de programas sociais e apostadores das loterias.
As aes da Caixa priorizam setores como habitao, saneamento bsico, inraestru-
tura e prestao de servios.
Instituies Financeiras Monetrias
As instituies inanceiras monetrias, ou bancrias, so aquelas autorizadasa captar depsitos vista do pblico. Atualmente, apenas os Bancos Comer-
ciais, a Caixa Econmica Federal, as Cooperativas de Crdito e os Bancos
Mltiplos com carteira comercial possuem essa autorizao.
Bancos Comerciais
Os Bancos Comerciais so as instituies nanceiras mais tradicionais, que operam
uma rede de agncias, captam depsitos vista, de livre movimentao, depsitos a
prazo e disponibilizam recursos para nanciar, a curto e mdio prazo, as pessoas -
sicas e as empresas. Podem ser instituies pblicas ou privadas. Devem ser constitu-
dos sob a orma de sociedade annima (sociedade por aes) e na sua denominao
social deve constar a expresso Banco (Resoluo CMN 2099, de 1994).
Cooperativas de Crdito
As sociedades cooperativas so uma orma societria, conorme previsto na Lei
5764/71, em que as pessoas que dela participam comprometem-se a contribuir combens ou servios para o exerccio de uma atividade econmica, de proveito comum,
sem objetivo de lucro. As cooperativas de crdito, portanto, exploram servios -
nanceiros a elas permitidos. Dividem-se em: singulares, que prestam servios nan-
ceiros de captao e de crdito apenas aos respectivos associados, podendo receber
repasses de outras instituies nanceiras e realizar aplicaes no mercado nancei-
ro; centrais de cooperativas ou ederaes de cooperativas, que prestam servios s
singulares liadas, e so tambm responsveis auxiliares por sua superviso; e con-
ederaes de cooperativas centrais, que prestam servios a centrais e suas liadas.As cooperativas de crdito equiparam-se a uma instituio nanceira e, portanto
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44/36930 Mercado de Valores Mobilirios Brasileiro
esto sujeitas legislao e s normas gerais aplicveis ao sistema nanceiro, como
tambm Lei Complementar n 130, de 17 de abril de 2009, que instituiu o Sistema
Nacional de Crdito Cooperativo, Lei n 5.764, de 16 de dezembro de 1971, que ins-
tituiu o regime jurdico das sociedades cooperativas, e Resoluo n 3.859, de 27 de
maio de 2010, que disciplina sua constituio e uncionamento.
Bancos Mltiplos com carteira comercial
Os bancos mltiplos so instituies nanceiras autorizadas a se constituir com no
mnimo duas dentre as carteiras comercial, de investimento ou desenvolvimento,
de crdito imobilirio, de crdito nanciamento e investimento e de arrendamento
mercantil, sendo que uma delas deve ser obrigatoriamente comercial ou de investi-
mento. As atividades realizadas pelos bancos mltiplos esto sujeitas s mesmas nor-mas legais e regulamentares aplicveis s instituies singulares correspondentes s
suas carteiras, inclusive no que diz respeito s operaes ativas, passivas e acessrias.
Somente bancos pblicos podem operar a carteira de desenvolvimento. vedado ao
banco mltiplo emitir debntures. Salvo os casos previstos em legislao e regula-
mentao especcas, no h vinculao entre as ontes de recursos captados e as
aplicaes do banco mltiplo. Os bancos mltiplos com carteira comercial podem
captar depsitos vista.
Demais Instituies Financeiras
Incluem as instituies nanceiras no autorizadas a receber depsitos vista. De-
senvolvem as operaes tpicas de um intermedirio nanceiro, como captao de
recursos e emprstimo, alm da prestao de servios nanceiros. Dividem-se em ca-
tegorias, a depender do oco principal de atuao, das ormas permitidas de captao
e aplicao dos recursos e da composio e controle societrio. Entre elas, podemos
citar:
Agncias de Fomento
Agncias de omento so instituies criadas por Unidade da Federao que tm
como objeto social nanciar capital xo e de giro associado a projetos na Unidade da
Federao onde tenham sede. So constitudas sob a orma de sociedade por aes de
capital echado com controle acionrio da Unidade da Federao que a instituiu. A
constituio e o uncionamento das agncias de omento dependem de autorizao
do Banco Central do Brasil, sendo que cada Unidade s pode constituir uma agn-cia. Na denominao social da instituio deve constar obrigatoriamente a expresso
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45/36931Sistema Financeiro Nacional
Agncia de Fomento, acrescida da indicao da Unidade da Federao controladora.
No podem ser transormadas em nenhum outro tipo de instituio autorizada a
uncionar pelo Banco Central do Brasil. Alm de recursos prprios, permitido s
agncias de omento empregar em suas atividades recursos provenientes de undos
e programas ociais, oramentos ederal, estaduais e municipais, organismos e ins-tituies nanceiras nacionais e internacionais de desenvolvimento e captao de
depsito nanceiro associados a operaes de micronanas. Essas operaes devem
observar regras especcas da Resoluo CMN 2.828, de 2001, que regula a constitui-
o e o uncionamento dessas instituies e determina as atividades e operaes que
podem ser realizadas por esse tipo de instituio. expressamente vedado s agn-
cias de omento captar recursos junto ao pblico, recorrer ao redesconto, ter conta
de reserva no Banco Central, contratar depsitos internanceiros na qualidade de
depositante ou de depositria e nem ter participao societria em outras instituiesnanceiras. As agncias de omento devem constituir e manter, permanentemente,
undo de liquidez equivalente, no mnimo, a 10% do valor de suas obrigaes, a ser
integralmente aplicado em ttulos pblicos ederais.
Associaes de Poupana e Emprstimo
As associaes de poupana e emprstimo so instituies constitudas sob a orma
de sociedade civil e de propriedade comum de seus associados, restritas por regio.
Suas operaes ativas so, em geral, de nanciamento imobilirio. Elas captam re-
cursos pela emisso de letras e cdulas hipotecrias, depsitos de cadernetas de pou-
pana, depsitos internanceiros e emprstimos externos. Os depositantes adquirem
vnculo societrio e, por isso, so remunerados pelos resultados operacionais da APE
e no por juros.
Bancos de Cmbio
Os bancos de cmbio so instituies nanceiras especializadas na realizao deoperaes de compra e venda de moeda estrangeira, transerncias de recursos do
e para o exterior, nanciamento de exportao e importao, adiantamento sobre
contratos de cmbio e outras operaes, inclusive de prestao de servios, pre-
vistas na regulamentao do mercado de cmbio. Podem ainda: atuar no mercado
nanceiro nacional, inclusive em bolsas de mercadorias e uturos, bem como em
mercado de balco, para realizao de operaes, por conta prpria, reerenciadas
em moedas estrangeiras ou vinculadas a operaes de cmbio; eetuar depsitos in-
ternanceiros; e realizar outras atividades que vierem a ser autorizadas pelo BancoCentral do Brasil. Podem captar recursos de repasses interbancrios, depsitos in-
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46/36932 Mercado de Valores Mobilirios Brasileiro
ternanceiros e no exterior. permitido aos bancos de cmbio manter contas de
depsito no movimentveis pelo titular, sem remunerao, cujos recursos sejam
destinados realizao de operaes ou contratao de servios relacionados a seu
objeto social. Na denominao dessas instituies deve constar a expresso Banco
de Cmbio.
Bancos de Desenvolvimento
Os bancos de desenvolvimento so instituies nanceiras pblicas no ederais,
constitudas sob a orma de sociedade por aes, com sede na capital do Estado da
Federao que detiver seu controle acionrio. Em sua denominao deve constar
obrigatoriamente a expresso Banco de Desenvolvimento, seguida do nome do
Estado em que tenham sede. Os Bancos de Desenvolvimento tm como objetivo
proporcionar os recursos necessrios ao nanciamento, a mdio e longo prazo, de
programas e projetos que visem a promover o desenvolvimento econmico e social
dos respectivos Estados da Federao onde tenham sede. As principais operaes
ativas so emprstimos e nanciamentos, investimentos e arrendamento mercantil,
direcionados prioritariamente ao setor privado. Podem captar recursos de terceiros
provenientes de depsitos a prazo, emprstimos externos, emisso ou endosso de
cdulas hipotecrias, emisso de cdulas pignoratcias de debntures e de tulos deDesenvolvimento Econmico.
Bancos de Investimento
Os bancos de investimento so instituies nanceiras especializadas em operaes
estruturadas para empresas. ais operaes podem envolver participao acionria
ou societria de carter temporrio em empresas ou nanciamentos, a mdio e longo
prazos, para suprimento de capital xo ou de giro, mediante a aplicao de recursosprprios ou captados junto ao pblico. Possuem natureza privada, devem ser consti-
tudos sob a orma de sociedade por aes e adotar, obrigatoriamente, em sua deno-
minao social, a expresso Banco de Investimento. No possuem contas correntes
e captam recursos via depsitos a prazo, repasses de recursos externos, internos e
venda de cotas de undos de investimento por eles administrados. Alm de institui-
rem, organizarem e administrarem undos de investimentos, administram carteiras
de ttulos e valores mobilirios, assessoram negcios, realizam lanamentos de aesde empresas e prestam outros servios do gnero.
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47/36933Sistema Financeiro Nacional
Companhias Hipotecrias
As companhias hipotecrias so instituies nanceiras que tm por objeto social:
conceder nanciamentos destinados aquisio, produo, reorma ou co-
mercializao de imveis residenciais ou comerciais e lotes urbanos;
conceder emprstimos e nanciamentos, garantidos por hipoteca ou pela
alienao duciria de bens imveis;
comprar, vender, reinanciar e administrar crditos garantidos por hi-
poteca ou pela alienao iduciria de bens imveis, prprios ou de terceiros;
administrar undos de investimento imobilirio, desde que autorizadas pelaComisso de Valores Mobilirios; e
repassar recursos destinados ao nanciamento da produo ou da aquisio
de imveis residenciais ou comerciais.
Devem ser constitudas sob a orma de sociedades por aes e em sua denominao
social deve constar a expresso Companhia Hipotecria. s companhias hipotec-
rias acultado emitir letras hipotecrias, cdulas hipotecrias, debntures e obteremprstimos e nanciamentos no Pas e no exterior. As normas do Sistema Financei-
ro da Habitao (SFH) no se aplicam s companhias hipotecrias.
Sociedades Crdito, Financiamento e Investimento
As sociedades de crdito, nanciamento e investimento, ou nanceiras, como so
conhecidas, so instituies nanceiras privadas com o objetivo de prover nancia-
mento para a compra de bens e servios, e para capital de giro. Foram institudas
pela Portaria do Ministrio da Fazenda 309, de 30 de novembro de 1959.Devem ser
constitudas sob a orma de sociedade annima (sociedade por aes) e na sua deno-
minao social deve constar a expresso Crdito, Financiamento e Investimento.
Captam recursos por meio de aceite e colocao de Letras de Cmbio e Recibos de
Depsitos Bancrios.
Sociedades de Crdito Imobilirio
As sociedades de crdito imobilirio so instituies nanceiras especializadas emoperaes de nanciamento imobilirio. Foram criadas pela Lei 4.380, de 21 de agos-
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to de 1964, no mbito do Sistema Financeiro da Habitao (SFH). Devem ser consti-
tudas sob a orma de sociedade por aes e em sua denominao social deve constar
a expresso Crdito Imobilirio. Podem captar recursos por meio de depsitos de
poupana, da emisso de letras e cdulas hipotecrias e de depsitos internanceiros.
Operam principalmente em: nanciamento para construo de habitaes, abertura
de crdito para compra ou construo de casa prpria, nanciamento de capital de giro
a empresas incorporadoras, produtoras e distribuidoras de material de construo.
Sociedades de Crdito ao Microempreendedor e Empresa de Pequeno Porte
As sociedades de crdito ao microempreendedor e empresa de pequeno porte so
instituies que tm como objeto social a concesso de nanciamentos a pessoas
sicas, a microempresas e a empresas de pequeno porte, com vistas viabiliza-o de empreendimentos de natureza prossional, comercial ou industrial. Foram
criadas pela Lei 10.194, de 14 de evereiro de 2001. So impedidas de captar, sob
qualquer orma, recursos junto ao pblico, bem como emitir ttulos e valores mobi-
lirios destinados colocao e oerta pblicas. Devem ser constitudas sob a orma
de companhia echada ou de sociedade por quotas de responsabilidade limitada e
devem adotar em sua denominao social a expresso Sociedade de Crdito ao
Microempreendedor e Empresa de Pequeno Porte, vedado o emprego da palavra
banco (Resoluo CMN 2.874, de 2001).
Outros Intermedirios Financeiros
So tambm intermedirios do Sistema Financeiro Nacional:
Administradoras de Consrcio
A administradora de consrcio uma pessoa jurdica prestadora de servios res-ponsvel pela ormao e administrao de grupos de consrcio. O grupo de con-
srcio uma sociedade no personiicada, que tem como objetivo a captao de
poupana, em um sistema de autoinanciamento, que permite aos consorciados a
aquisio de bens e servios. O grupo de consrcio tem prazo de durao e nme-
ro de cotas previamente determinados. As administradoras de consrcio devem
ser constitudas sob a orma de sociedade por aes ou sociedade limitada. A
administradora pode cobrar taxa de administrao, a ttulo de remunerao pela
prestao de seus servios, durante o prazo de vigncia do grupo de consrcio.As atividades do sistema de consrcio so reguladas pela Lei n 11.795, de 8 de
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49/36935Sistema Financeiro Nacional
outubro de 2008, bem como pela Circular n 3.432 , de 3 de evereiro de 2009, e
so supervisionadas pelo Banco Central do Brasil.
Sociedades de Arrendamento Mercantil
As sociedades de arrendamento mercantil so instituies que tm como objeto a rea-
lizao de operaes de arrendamento mercantil (leasing). Nessa operao, o arrenda-
dor coloca um determinado bem disposio do arrendatrio, para uso, durante um
prazo especco, tendo em troca de uma contraprestao nanceira. uma espcie de
locao, em que o arrendatrio, ao nal do contrato, pode adquirir o bem por um valor
residual, devolv-lo ao arrendador ou ainda renovar o contrato. H dierentes tipos
de leasing, a depender das caractersticas contratadas. As sociedades de arrendamento
mercantil so constitudas sob a orma de sociedade por aes e, em sua denominaosocial, deve constar obrigatoriamente a expresso Arrendamento Mercantil. Entre as
principais ormas de captao de recursos esto a emisso de debntures, dvida exter-
na e emprstimos e nanciamentos de instituies nanceiras. Podem aplicar recursos
em ttulos da dvida pblica, cesso de direitos creditrios e, principalmente, nas ope-
raes de arrendamento mercantil de bens mveis, de produo nacional ou estrangei-
ra, e bens imveis adquiridos pela entidade arrendadora para ns de uso prprio do
arrendatrio. So supervisionadas pelo Banco Central do Brasil.
Sociedades Corretoras de Cmbio
As sociedades corretoras de cmbio so instituies que tm como objeto social
exclusivo a intermediao em operaes de cmbio e a prtica de operaes no
mercado de cmbio de taxas lutuantes. Dever ser constituda sob a orma de
sociedade por aes ou por quotas de sociedade limitada e em sua denominao
social deve constar obrigatoriamente a expresso corretora de cmbio. So su-
pervisionadas pelo Banco Central do Brasil.
Sociedades Corretoras de Ttulos e Valores Mobilirios
So instituies nanceiras com mltiplas unes e, at o incio de maro de 2009
com a edio da Deciso-Conjunta BACEN/CVM N 17 (conorme mencionado no
item abaixo), eram as nicas autorizadas a operar em bolsas de valores. Necessitam
de autorizao prvia do Banco Central do Brasil para serem constitudas, estando
sujeitas scalizao da prpria bolsa de valores, da CVM e do Banco Central. Sua
principal atividade a execuo de ordens de compra e de venda de ativos paraseus clientes. Podem auxiliar o investidor na medida em que disponibilizam para
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50/36936 Mercado de Valores Mobilirios Brasileiro
seus clientes inormaes provenientes de seus departamentos tcnicos ou de an-
lises de terceiros. Podem tambm administrar Fundos de Investimentos. Em geral,
cobram taxas e comisses por seus servios. As sociedades corretoras de ttulos
e valores mobilirios so constitudas sob a orma de sociedade por aes ou por
quotas de responsabilidade limitada.
Sociedades distribuidoras de ttulos e valores mobilirios
So instituies nanceiras tambm autorizadas a uncionar pelo Banco Central do
Brasil e pela CVM, atuando na intermediao de ttulos e valores mobilirios. Pos-
suem diversas unes, em especial, atividades relacionadas ao mercado de capitais.
At o incio de maro de 2009, as Sociedades Distribuidoras de tulos e Valores
Mobilirios no estavam autorizadas a operar em bolsas de valores e, quando o a-ziam, operavam por meio de uma Corretora de Valores. Contudo, em 02.03.2009, a
Deciso-Conjunta BACEN/CVM N 17 estabeleceu que as Sociedades Distribuido-
ras de tulos e Valores Mobilirios cariam autorizadas a operar diretamente nos
ambientes e sistemas de negociao dos mercados organizados de bolsa de valores.
Da mesma orma que as Corretoras, as Distribuidoras de Valores cobram taxas e
comisses por seus servios. So constitudas sob a orma de sociedades por aes ou
por quotas de sociedade limitada e, em sua denominao social, deve constar obriga-
toriamente a expresso Distribuidora de tulos e Valores Mobilirios.
Instituies Auxiliares
ambm compem o Sistema Financeiro Nacional, como operadores auxiliares, as
entidades administradoras de mercados organizados de valores mobilirios, como
Bolsas de Valores, Mercadorias e Futuros, de Balco Organizado, assunto que ser
tratado em captulo especco.
Instituies do Segmento de seguros, capitalizao e previdncia
Alm das entidades relacionadas acima, tambm integram o SFN as sociedades segu-
radoras, as sociedades de capitalizao, as entidades abertas de previdncia comple-
mentar e os undos de penso.
Sociedades Seguradoras
As sociedades seguradoras so especializadas nos contratos de seguros, por meio dos
quais assumem a obrigao de indenizar o contratante (segurado), ou a quem este de-signar, caso o risco indicado no contrato venha a ocorrer. Recebe, para isso, o prmio
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51/36937Sistema Financeiro Nacional
estabelecido. So constitudas sob a orma de sociedades por aes.
Sociedades de Capitalizao
As sociedades de capitalizao negociam os contratos ou ttulos de capitalizao, emque os contratantes comprometem-se a depositar, periodicamente e durante perodo
estabelecido, prestaes pecunirias, para, ao m do prazo contratado, resgatar parte
dos valores corrigidos por uma taxa estabelecida contratualmente. Quando previsto,
os contratantes tm ainda o direito de concorrer a sorteios de prmios em dinheiro.
Essas sociedades so constitudas sob a orma de sociedades por aes.
Entidades Abertas de Previdncia Complementar
As Entidades Abertas de Previdncia Complementar EAPCs tm por objetivo ins-tituir e operar planos de benecios previdencirios, direcionados a quaisquer pesso-
as sicas. Esses benecios podem ser concedidos na orma de renda continuada ou de
pagamento nico. As EAPCs so constitudas sob a orma de sociedades por aes.
Fundos de Penso
As entidades echadas de previdncia complementar (undos de penso) tambm
tm por objetivo operar planos previdencirios, porm so acessveis somente aos
empregados de uma empresa ou grupo de empresas ou aos servidores da Unio, dos
Estados, do Distrito Federal e dos Municpios, ou aos associados ou membros de
pessoas jurdicas de carter prossional, classista ou setorial. So organizadas sob
a orma de undao ou sociedade civil, sem ns lucrativos. No que diz respeito
aplicao dos recursos, as entidades de previdncia echada esto sujeitas s regras
estabelecidas pelo Conselho Monetrio Nacional, na Resoluo 3.121, de 25 de setem-
bro de 2003. ambm so regidas pela Lei Complementar 109, de 29 de maio de 2001.
1.1.4. Crimes contra o Sistema Financeiro Nacional
Os crimes contra o sistema nanceiro nacional e de lavagem de dinheiro esto pre-
vistos no ordenamento jurdico brasileiro e visam a coibir condutas lesivas que aten-
tem contra o prprio sistema nanceiro e contra a economia nacional. Direta ou
indiretamente, protegem tambm o investidor e o mercado.
Crimes do Colarinho Branco
Em relao aos crimes conhecidos como crimes do colarinho branco, endereados
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52/36938 Mercado de Valores Mobilirios Brasileiro
especicamente pela Lei n 7.492/86, destacamos algumas condutas consideradas
prejudiciais e que so coibidas:
Imprimir, reproduzir ou por em circulao, sem autorizao, certicado,
cautela ou outro documento representativo de ttulo ou valor mobilirio;
Emitir, oerecer ou negociar, de qualquer modo, ttulos ou valores mobilirios
alsos, sem registro, sem lastro ou sem autorizao;
Divulgar inormao alsa ou prejudicialmente incompleta sobre instituio
nanceira;
Gerir raudulentamente instituio nanceira;
Apropriar-se ou desviar em proveito prprio ou alheio, como administrador
de instituio nanceira, de dinheiro, ttulo, valor ou qualquer outro bem mvel
de que tem a posse;
Induzir ou manter em erro, scio, investidor ou repartio pblica com-
petente, relativamente a operao ou situao nanceira, sonegando-lhe inor-
mao ou prestando-a alsamente;
Fazer inserir elemento also ou omitir elemento exigido pela legislao, em
demonstrativos contbeis de instituio nanceira, seguradora ou instituio in-
tegrante do sistema de distribuio de ttulos de valores mobilirios;
Obter, mediante raude, nanciamento em instituio nanceira.
Violar sigilo de operao ou de servio prestado por instituio nanceira
ou integrante do sistema de distribuio de ttulos mobilirios de que tenhaconhecimento em razo de ocio;
Lavagem de Dinheiro
O crime de lavagem de dinheiro caracteriza-se por um conjunto de operaes co-
merciais ou nanceiras que buscam a incorporao na economia de cada pas, de
modo transitrio ou permanente, de recursos, bens e valores de origem ilcita e que
se desenvolvem por meio de um processo dinmico que envolve, teoricamente, trsases independentes que, com reqncia, ocorrem simultaneamente.
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53/36939Sistema Financeiro Nacional
O COAF, a unidade de inteligncia nanceira brasileira, integra Ministrio da Fa-
zenda e possui um papel central no sistema brasileiro de combate lavagem de
dinheiro e ao nanciamento ao terrorismo. Ele tem a incumbncia legal de coor-
denar mecanismos de cooperao e de troca de inormaes que viabilizem aes
rpidas e ecientes no combate lavagem de dinheiro, disciplinar e aplicar penas
administrativas e receber, examinar e identicar ocorrncias suspeitas. O COAF
tambm coordena a participao do Brasil em vrias organizaes internacionais
relacionadas a este tema.
Com relao s medidas preventivas, a legislao brasileira designa autoridades para
supervisionar as instituies nanceiras e garantir uma maior vigilncia de ativida-
des nanceiras suspeitas ou incomuns, ou ainda transaes envolvendo jurisdiescom regimes decientes de combate lavagem de dinheiro e ao nanciamento ao
terrorismo.
Alm do COAF, outras autoridades e instituies, tais como a Polcia Federal, a Re-
ceita Federal, a Controladoria-Geral da Unio e o Ministrio Pblico, Comisso de
Valores Mobilirios e Banco Central do Brasil, tm se engajado de orma sistemtica e
progressiva na identicao, na preveno e no combate lavagem de dinheiro, o que
pode ser visto no aumento do nmero de investigaes e condenaes. Essas autori-dades tm ampliado suas capacidades de atuao, quer seja ampliando recursos, quer
seja cooperando com outros rgos para intercmbio de inormaes e experincias.
Alm disso, os tribunais especializados recm-criados para julgar estes processos
tambm aumentaram os esoros na luta contra o crime de lavagem de dinheiro.
1.2. Comisso de Valores Mobilirios
1.2.1. Histria do mercado de capitais
Antes da dcada de 60, os brasileiros investiam principalmente em ativos reais (im-
veis), evitando aplicaes em ttulos pblicos ou privados. A um ambiente econmico
de inao crescente principalmente a partir do nal da dcada de 1950 se somava
uma legislao que limitava em 12% ao ano a taxa mxima de juros, a chamada Lei daUsura, tambm limitando o desenvolvimento de um mercado de capitais ativo.
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54/36940 Mercado de Valores Mobilirios Brasileiro
Essa situao comea a se modicar quando o Governo que assumiu o poder em
abril de 1964 iniciou um programa de grandes reormas na economia nacional,
dentre as quais gurava a reestruturao do mercado nanceiro, quando diversas
novas leis oram editadas.
Entre aquelas que tiveram maior importncia para o mercado de capitais, podemos
citar a Lei n 4.537/64, que instituiu a correo monetria, atravs da criao das
ORN (Obrigao Reajustvel do esouro Nacional), a Lei n 4.595/64, denominada
lei da reorma bancria, que reormulou todo o sistema nacional de intermediao -
nanceira e criou o Conselho Monetrio Nacional e o Banco Central e, principalmen-
te, a Lei n 4.728, de 14.04.65, primeira Lei de Mercado de Capitais, que disciplinou
esse mercado e estabeleceu medidas para seu desenvolvimento.
A introduo da legislao acima reerida resultou em diversas modicaes no
mercado acionrio, tais como: a reormulao da legislao sobre Bolsa de Valores,
a transormao dos corretores de undos pblicos em Sociedades Corretoras, or-
ando a sua prossionalizao, a criao dos Bancos de Investimento, a quem oi
atribuda a principal tarea de desenvolver a indstria de undos de investimento.
Com a nalidade especca de regulamentar e scalizar o mercado de valores mo-
bilirios, as Bolsas de Valores, os intermedirios nanceiros e as companhias de
capital aberto, unes hoje exercidas pela CVM, oi criada uma diretoria no Banco
Central - Diretoria de Mercado de Capitais.
Ao mesmo tempo, oram introduzidos alguns incentivos para a aplicao no mercado
acionrio, dentre os quais destacamos os Fundos 157, criados pelo Decreto Lei n 157,
de