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III

ABEL LUÍS BERNARDO DA ROCHA

Estudo da Dramaturgia Musical em L'Orfeo,

de Claudio Monteverdi, realizado a partir da linguagem

tonal do compositor: Uma proposta de orquestração moderna

como recurso dramatúrgico.

São Paulo

2008

Tese apresentada para o programa de Pós-

graduação em Música do Instituto de Artes da

Universidade Estadual de Campinas, para a

obtenção do título de Doutor em Música.

Orientador: Prof. Dr. Eduardo Auguto Ostergren

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IV

FICHA CATALOGRÁFICA ELABORADA PELA

BIBLIOTECA DO INSTITUTO DE ARTES DA UNICAMP

Título em ingles: “Study of the Musical Dramaturgy in L'Orfeo, by Claudio Monteverdi, conducted from the tonal language of the composer: a proposal for a modern orchestration as dramaturgic appeal.” Palavras-chave em inglês (Keywords): Opera; Conducting; Ancient music; Musical analysis; Instrumentation and orchestration; Monteverdi. Titulação: Doutor em Música. Banca examinadora: Prof. Dr. Eduardo Ostergren Profª. Dra. Helena Jank Prof. Dr. Emerson Luiz de Biaggi Profª. Dra. Martha Herr Profª. Dra. Mônica Lucas Data da defesa: 25-02-2008 Programa de Pós-Graduação: Música.

Rocha, Abel Luis Bernardo da.

R582e Estudo da Dramaturgia Musical em L\'Orfeo, de Claudio Monteverdi, realizado a partir da linguagem tonal do compositor: uma proposta de orquestração moderna como recurso dramatúrgico. / Abel Luis Bernardo da Rocha. – Campinas, SP: [s.n.], 2008.

Orientador: Prof. Dr. Eduardo Ostergren. Tese (doutorado) - Universidade Estadual de Campinas,

Instituto de Artes.

1. Ópera. 2. Regencia (Musica). 3. Musica antiga. 4. Análise musical. 5. Instrumentação e orquestração. 6. Monteverdi. I. Ostergren, Eduardo. II. Universidade Estadual de Campinas. Instituto de Artes. III. Título.

(em/ia)

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V

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VII

Dedico este trabalho a Luísa e

Mariana, minhas filhas e queridas

companheiras, pela compreensão e carinho

que ofereceram, ao abrir mão de tantos

momentos de convivência com o pai nos

últimos anos.

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IX

Agradecimentos

Aos músicos da Banda Sinfônica do Estado de São Paulo, ao diretor

William Pereira e aos solistas que participaram da montagem de L'Orfeo e

compartilharam o desafio dessa realização;

A Marisa Ramires, que com suas leituras, perguntas e comentários,

contribuiu para que eu cada vez mais aprimorasse o conteúdo e redação deste

trabalho;

Ao Leonardo Martinelli, por sua assistência na realização da

orquestração, e suas infindáveis (porém sempre bem vindas) críticas e sugestões;

Aos meus ex-alunos José Consani e Louise Santos, por sua colaboração

na etapa final de editoração de partituras e imagens.

Ao meu orientador, Prof. Dr. Eduardo Ostergren e à Profa. Dra. Helena

Jank por sempre me incentivarem concluir este trabalho.

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XI

Ma rieschi come si voglia: alla

fine son per contentarmi d’essere

piuttosto poco lodato nel novo che

molto nel’ordinario scrivere;

C l a u d i o Mon t ev e r d i

MDCXXXI I I

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XIII

RESUMO

Este trabalho tem por objetivo apresentar a realização de uma

PARTITURA CONTEMPORÂNEA DE EXECUÇÃO da ópera L’Orfeo - Favola in Musica,

de Claudio Monteverdi, composta em 1607, apresentada aqui como uma

transcrição historicamente informada, sugerindo a utilização de uma mescla de

recursos e instrumentos contemporâneos combinados àqueles específicos da

prática musical do repertório setecentista. Tal realização embasou-se na teoria e

prática musical do século XVII. Num primeiro momento, foi realizada a análise da

linguagem harmônica de Claudio Monteverdi, especialmente empregada nesta

ópera, tomada dentro da prática musical sua contemporânea, a partir de tratados

teóricos da época, de escritos de Monteverdi e críticas à sua obra. Numa segunda

parte, estudaram-se as necessidades técnicas e estéticas para realizar a

transcrição da partitura original e a recuperação do significado simbólico dessa

linguagem harmônica. E, finalmente, apresenta os passos de construção de uma

dentre várias possíveis orquestrações contemporâneas, com sugestões de soluções

orquestrais modernas que visam a recuperação dos significados dramáticos

sugeridos pela escrita de Monteverdi, sugerindo um conjunto de recursos

expressivos, que possam incutir no público de nosso século os afetos de “terror” e

“piedade”, como definidos na teoria clássica do teatro.

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XV

ABSTRACT

The purpose of this study is to present a modern realization of the

orchestral score of Claudio Monteverdi´s L'Orfeo - Favola in Musica, originally

written in 1607. It is presented here as a historically informed transcription,

suggesting the use of a mix of contemporary instrumental resources and tools

combined with those specific to practices of the seventeenth century. As an initial

step, an analysis of the specific harmonic language employed by Claudio

Monteverdi in L'Orfeo was done, approached from within his own contemporary

musical practice and writings and based on theoretical treatises of the time as well

as criticisms of his work. In a second part, technical and aesthetic needs to

perform the transcription of the original orchestral score and the recovery of the

symbolic significance of this harmonic language are studied as well. At last, it

presents steps for the contemporary elaboration of one of the many possible

orchestrations of this work proposing modern orchestral solutions that seek the

recovery of specific meanings suggested by the dramatic writing of Monteverdi, a

suggestive set of expressive resources that can instill in our contemporary public

the affects of "terror" and "mercy" as defined in the classical theory of theater.

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XVII

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Ilustração 1: Thomas Morley: quadro de solmização. .............................................. 26 Ilustração 2: Quadro de solmização: tradução dos termos em inglês. ....................... 27 Ilustração 3: Hexacorde Durus .............................................................................. 28 Ilustração 4: Hexacorde Natural ............................................................................ 28 Ilustração 5: Hexacorde Mollis ............................................................................... 29 Ilustração 6: Exemplos de solmização: clave de G sol re ut. ..................................... 30 Ilustração 7: Exemplos de solmização: clave de C sol fa ut e F fa ut. ........................ 31 Ilustração 8: Espécies de Oitavas .......................................................................... 35 Ilustração 9: Sistema de Modos de Zarlino. ............................................................ 35 Ilustração 10: Kircher, Mensa Tonographica ........................................................... 43 Ilustração 11: Os doze modos de Kircher. .............................................................. 44 Ilustração 12: Cruda Amarilli, compasso 13 ............................................................ 63 Ilustração 13: Cruda Amarilli, compassos 11 a 14 ................................................... 63 Ilustração 14: Exemplo de grafia original................................................................ 89 Ilustração 15: Prologo, fac-símile. .......................................................................... 96 Ilustração 16: Prologo, Matriz. ............................................................................... 98 Ilustração 17: Ato I, recitativo Pastor. Fac-símile .................................................... 99 Ilustração 18: Ato I, recitativo Pastor. Matriz .......................................................... 99 Ilustração 19: Sinfonia final Ato I. Fac-símile. ...................................................... 100 Ilustração 20: Sinfonia final Ato I. Matriz. ............................................................ 101 Ilustração 21: Ária de Orfeo Ato II. Fac-símile. ..................................................... 101 Ilustração 22: Ária de Orfeo Ato II. Matriz ............................................................ 102 Ilustração 23: Sinfonia final Ato I. Versão final. ................................................... 102 Ilustração 24: Ária de Orfeo Ato II. Versão final. ................................................... 103 Ilustração 25: Ritornello, ato I, p. 19. .................................................................. 103 Ilustração 26: Ritornello, ato I, p. 21. .................................................................. 104 Ilustração 27: Ritornello, ato I, Matriz. ................................................................. 104 Ilustração 28: Mudança de prolação. Fac-símile. ................................................... 105 Ilustração 29: Mudança de prolação. Matriz. ......................................................... 106 Ilustração 30: Mudança de prolação: Matriz adaptada. .......................................... 106 Ilustração 31: Redução de valores: Versão Final. .................................................. 107 Ilustração 32: Proporção entre andamentos. ........................................................ 107 Ilustração 33: Utilização de acidentes. Original ..................................................... 109 Ilustração 34: Modernização de acidentes. ........................................................... 109 Ilustração 35: Utilização de acidentes na linha do contínuo. ................................... 110 Ilustração 36: Ato II. Dueto de pastores, p 45. Fac-símile. ..................................... 111 Ilustração 37: Ato II. Dueto de pastores. Matriz. ................................................... 112 Ilustração 38: Aspecto final da Matriz .................................................................. 114 Ilustração 39: Parte de harpa, Prologo ................................................................. 123 Ilustração 40: Parte de harpa, Rosa del Ciel. ........................................................ 124

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XVIII

LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Distintas nomenclatura dos modos musicais. ............................................ 36 Tabela 2: Natureza dos modos .............................................................................. 40 Tabela 3: Nomenclatura dos modos, de acordo com Kircher. ................................... 45 Tabela 4: II ato: Qualitas tonorum ...................................................................... 135

EXEMPLOS MUSICAIS

Exemplo 1: Cantus Durus...................................................................................... 30 Exemplo 2: Cantus Mollis ...................................................................................... 30 Exemplo 3: Dórico, cantus durus ........................................................................... 37 Exemplo 4: Dórico (transposto) Cantus Mollis ......................................................... 37 Exemplo 5: Diversas transposições de um modo. .................................................... 38 Exemplo 6: Morte de EurídiceErro! Indicador não definido.. .................................... 49 Exemplo 7: Lamento d'Ariana: Lasciatemi Morire ................................................... 51 Exemplo 8: Lamento della Ninfa ............................................................................ 51 Exemplo 9: Morte de Clorinda. .............................................................................. 53 Exemplo 10: 1ª. Entrada de Caronte. ................................................................... 129 Exemplo 11: Contraste E x G ............................................................................... 134 Exemplo 12: II ato, c. 152. Entrada da Messaggera .............................................. 136 Exemplo 13: Orquestração da entrada da Messaggera .......................................... 138 Exemplo 14: Ato III, c 64: Esperança: Lasciate ogni Speranza. .............................. 139 Exemplo 15: Ato III, c64: Lasciate ogni Speranza – Orquestração .......................... 141 Exemplo 16: Ato II: Despedida de Orfeo .............................................................. 143 Exemplo 17: Ato III, c. 224: Rendetemi il mio ben. ............................................... 144 Exemplo 18: Claves em Lasciatemi morire ............................................................ 155 Exemplo 19: Lasciatemi morire, parte A ............................................................... 156 Exemplo 20: Resolução da síncope ...................................................................... 157 Exemplo 21: Lasciatemi morire, parte B ............................................................... 158

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XIX

SUMÁRIO

PROLOGO .................................................................................................... 1

I. Introdução ....................................................................................... 3

1. Ecco Orfeo ................................................................................... 3

2. Objetivo deste trabalho ................................................................. 7

ATTO PRIMO................................................................................................ 9

II. Dramaturgia Musical ....................................................................... 11

1. Dramaturgia - Conceituação ........................................................ 11

2. Dramaturgia Musical ................................................................... 14

III. O aspecto dramatúrgico da Seconda Pratica ..................................... 19

IV. Sistemas e Modos ........................................................................... 25

1. Introdução ao sistema hexacordal ............................................... 25

2. Nomenclatura de modos e sistemas. ............................................ 34

3. Simbologia dos modos ................................................................ 39

3.1. Natureza dos Modos, segundo Zarlino ......................................... 39

3.2. Athanasius Kircher e sistema de modos ....................................... 41

V. Representação musical em Monteverdi. ........................................... 47

1. Representação musical na Morte de Eurídice. ............................... 49

VI. Monteverdi e interpretação musical ................................................. 57

1. Reflexões sobre a Seconda Pratica ............................................... 57

2. A interpretação da música de acordo com Monteverdi ................... 67

2.1. Le nozze di Tetide e di Peleo ...................................................... 70

ATTO SECONDO ......................................................................................... 79

VII. Problemas de uma execução contemporânea de L’Orfeo. .................. 81

1. Considerações sobre «interpretação histórica» ............................. 81

2. Execução Contemporânea ........................................................... 87

2.1. Texto Musical............................................................................ 89

2.2. Texto literário ........................................................................... 91

VIII. Construindo a Transcrição ............................................................... 93

1. Oportunidade ............................................................................. 93

2. A rotina dos trabalhos de transcrição ........................................... 94

2.1. Digitação e modernização da grafia musical................................. 95

2.2. Adaptação Técnico-musical ........................................................ 99

i. Adaptações nas fórmulas e métricas de compasso. ....................... 100

ii. Redução de valores. ................................................................... 107

iii. Adaptações do texto. .................................................................. 108

iv. Acidentes ................................................................................... 108

3. Elaboração do contínuo .............................................................. 115

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XX

3.1. Utilização dos instrumentos de contínuo em L'Orfeo. .................. 116

3.2. Realização das partes de Harpa. ............................................... 120

4. Instrumentação ......................................................................... 126

4.1. Distribuição Orquestral ............................................................ 129

4.2. Orquestrando os contínuos. ..................................................... 132

i. Entrada da mensageira, Ato II. ................................................... 135

ii. Cena da Speranza, Ato III. .......................................................... 138

IX. Ao modo de uma conclusão ........................................................... 145

EPILOGO ................................................................................................... 81

I. Apêndice: A 'Morte' como expressividade lírica ................................ 149

II. Apêndice B: Lasciatemi morire! Um madrigal dramático .................. 153

III. Anexos ......................................................................................... 163

1. Textos originais de Monteverdi ................................................... 163

1.1. Cartas .................................................................................... 163

i. a Vincenzo Gonzaga, ?/12/1604 .................................................. 163

ii. a Annibale Iberti, 28/07/1607 ..................................................... 164

iii. a Annibale Iberti, 21/11/1615 ..................................................... 164

iv. a Alessandro Striggio, 9/12/1616................................................. 165

v. a Alessandro Striggio, 29/12/1616 ............................................... 166

vi. a Alessandro Striggio, 06/01/1617 ............................................... 167

vii. a Alessandro Striggio, 07/05/1627 ............................................... 168

viii. a Alessando Striggio, 13/06/1627 ................................................ 169

ix. a Giovanni B. Doni, 22/10/1633 .................................................. 169

1.2. Prefácios a madrigais............................................................... 171

i. Studiosi Lettori ........................................................................... 171

ii. Avvertimenti .............................................................................. 171

iii. Claudio Moteverdi a chi legge ...................................................... 172

iv. Combattimento in musica di Tancredi e Clorinda .......................... 174

v. Lamento della Ninfa ................................................................... 175

vi. Il Ballo delle Ingrate ................................................................... 176

2. Atribuídos a Monteverdi ............................................................. 177

2.1. de L'Ottuso Academico a Artusi ................................................ 177

2.2. Dichiaratione della Lettera ....................................................... 179

3. Cronologia da obra de Claudio Monteverdi .................................. 189

3.1. Livros de Madrigais ................................................................. 189

3.2. Obras Sacras .......................................................................... 191

3.3. Música Cênica ......................................................................... 192

3.4. Obras perdidas ....................................................................... 193

IV. Bibliografia .................................................................................... 195

V. Partitura de execução: L'Orfeo ....................................................... 203

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1

PPPPPPPPRRRRRRRROOOOOOOOLLLLLLLLOOOOOOOOGGGGGGGGOOOOOOOO

Dal mio Permeßo amato à voi ne vengo,

Io la Muƒica ƒon, ch' à i dolci accenti

sò far tranquillo ogni turbato core,

& hor di nobil ira, & hor d' amore

poßo infiammar le più gelate menti.

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3

I. Introdução

1. Ecco Orfeo

Io la Musica son, ch' à i dolci accenti sò far tranquillo ogni turbato core, et hor di nobil ira, et hor d' amore

posso infiammar le più gelate menti. 1

eu envolvimento com a música de Claudio Monteverdi teve

início em 1980 quando ingressei no coro Collegium Musicum

de São Paulo, grupo vocal dedicado à execução do repertório

pré-barroco, e dirigido à época por Roberto Schnorrenberg. 2

A princípio, em madrigais esparsos, tais como “Ecco mormorar

l’onde”, “Non sono in queste rive”, “Lasciatemi morire”, e finalmente, uma

execução integral de seu Quarto libro de Madrigali a cinque voci e seu Magnificat a

6 voci con organo. O período coincidiu com minha iniciação às óperas italianas, em

obras de Mozart, Donizetti, Menotti, Leoncavallo e Rossini, junto ao Teatro Lírico

de Equipe, associação cultural promotora de óperas, em cujas montagens se

iniciaram, na cena lírica, importantes cantores e regentes de São Paulo.

Em decorrência disso, meu aprendizado do italiano se deu a partir dos

textos dessas óperas e madrigais, antes mesmo que eu passasse por um estudo

1 "Eu sou a Música, e com suaves palavras, sei tranquilizar os corações conturbados, e hora com nobre ira e hora com amor, inflamo as mais geladas mentes" La Musica – Prólogo, L'Orfeo. 2 Roberto Schnorrenberg (1929-1983) Regente e professor paulista. Foi diretor dos Festivais de Música de Curitiba de 1965 a 1970. A partir 1968 foi regente da Orquestra Sinfônica Municipal de São Paulo. Regente do Collegium Musicum de São Paulo de 1966 a 1983. Membro fundador e primeiro presidente da Sociedade Brasileira de Musicologia.

MM

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4

regular da gramática da língua italiana. Aprendi o significado de termos, palavras e

expressões dessa língua, diretamente vinculados à música que lhes dava suporte.

Para mim, expressões como “Si, ch’io vorrei morire!” e “Ah, dolente partita”, 3 ou

“Ed io piangendo giungo al fin del viver mio” 4 ou ainda “O Dei! Quello é il

carnefice del padre mio”, 5 tinham seus significados poético-literários

intrinsecamente ligados aos procedimentos melódicos e harmônicos que se lhes

acompanhavam e faziam parte integrante de sua significação.

Tome-se, por exemplo, o madrigal a 5 vozes “Si, ch’io vorrei morire!”,

de Monteverdi, incluído em seu IV livro de madrigais. O júbilo inicial de fundo

sensual insinuado nas tríades homofônicas descendentes e de harmonia errante; a

superposição seqüencial de segundas em entradas sucessivas das vozes e com

resoluções retardadas ao máximo (Ai, cara e dolce língua); as ondas de

movimentos do agudo ao grave (Deh, stringetemi fin ch’io venga menno) que se

transformam, no fim do madrigal, num aumento da tensão, elevando rapidamente

as tessituras das vozes (Ai bocca, ai baci ai língua), em progressões rápidas do

grave ao agudo antes da explosiva repetição do texto inicial (Si, ch’io vorrei

morire!) revelam, per se, o caráter erótico latente no texto e externado a partir da

música composta por Monteverdi, transformando e ampliando o significado poético

do verbo morire. 6 Ou, por sua vez, no madrigal “Ah, dolente partita”, a

transformação do uníssono inicial em choque insistente de segundas, numa

alternância redundante de vozes que transforma a interjeição inicial num gemido

pungente, colabora para a intelecção e define um significado próprio para a

3 MONTEVERDI, C. Il Quarto Libro de madrigali. 1603. 4 ARCADELT, J. Il bianco e dolce cigno. 5 MOZART. W. A. Don Giovanni. Ária de Donna Anna, Ato I, Cena IV. 6 Na poesia franco-italina do séc. XVI o verbo morrer (morire—mourire), é constantemente utilizado como figura de linguagem poética para o ápice do prazer sexual, comumente nominado la petite mort.

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5

palavra “dolente”, 7 aumentando a abrangência do termo, extrapolando sua

simples tradução literária.

Do mesmo modo, a significação poética de determinados procedimentos

musicais é ampliada pelo relacionamento direto que tais procedimentos tinham

com o texto dramático ajuntado. As dissonâncias, antecipações, harmonias

errantes, contrapontos e outros recursos da composição musical ganhavam um

significado dramático-poético único, cuja lógica em sua utilização no discurso

musical só se faz sentir se tomadas em conjunto com as possibilidades

dramatúrgicas e emocionais que o texto literário lhes agregava.

Assim, sempre me chamou a atenção o quanto o aspecto poético da

linguagem musical era pouco ressaltado em aulas de harmonia, contraponto,

análise musical e composição nas classes dos cursos de música de nossas

universidades. E, quanto mais convivia com esse repertório, maior era minha

certeza de que a intelecção completa de obras musicais (sejam as que existem

acompanhadas por textos literários ou dando suporte a estes, ou aquelas

exclusivamente instrumentais) necessitaria passar pela decodificação dramática -

no sentido poético do termo- dos procedimentos composicionais utilizados a cada

instante, entendidos nas relações que têm com cada prática e a teoria musical do

momento histórico em que foram geradas.

Instigavam minha curiosidade e minha percepção as semelhanças em

procedimentos de escritura musical, que passo a chamar de Dramáticos, em

autores tão diversos como Monteverdi, Mozart e Puccini, para citar somente três.

Claro está que tais semelhanças não se dão em aspectos intrínsecos de práticas

musicais que sejam comuns aos autores citados, mas em construções de tensão,

quebras e interrupções do discurso musical, que visam, em meu entender, efeitos

teatrais, efeitos cênicos, que gerem na platéia as emoções contrastantes e opostas

de Terror e Piedade, como definidas na teórica clássica aristotélica de teatro.

7 Dolente (it.): dolente; magoado; triste, lastimoso.

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6

Questionava, com isso, qual o modo de ser “fiel” ao texto musical

desses compositores. Diversos procedimentos de fundo técnico, ligados a aspectos

da composição musical, nos planos melódico, harmônico, formal ou mesmo em

aspectos de “orquestração” vocal e instrumental, são utilizados com o intuito de

interromper a seqüência do discurso, de chocar a audiência, de ressaltar um

aspecto poético escondido, ou mesmo “mover” a alma do ouvinte, fazendo-o

apiedar-se deste ou daquele personagem, ou temer esta ou aquela situação.

Porém, um recurso musical que fosse inusitado no século XVI, por ser alheio ou

contrário à prática musical da época e que poderia gerar na audiência certo tipo de

estranheza, de espanto, de surpresa, seja qual fosse o efeito pretendido, terá

dificuldade em alcançar o mesmo resultado em nosso público do século XXI,

acostumado a peripécias harmônicas, melódicas e formais muito mais ousadas que

aquelas.

Para comover nossa audiência contemporânea com a música do século

XVII; para levá-la a sentimentos opostos de piedade e terror, de ira e amor, visto

que o ambiente harmônico e melódico já não mais a surpreende na mesma

medida que o podia fazer a seus ouvintes contemporâneos; para, seguindo as

palavras do próprio Monteverdi, “sapendo che gli contrarii sono quelli che movono

grandemente l’animo” 8 permitir que a música “hor di nobil'ira et hor d'amore

poss'infiammar le più gelate menti" 9 faz-se necessária, enquanto intérprete, uma

postura crítica desse repertório, julgando-o e conhecendo-o a partir de suas

características próprias e únicas, entendidas no bojo da teoria, da prática e da

crítica musical suas contemporâneas. É preciso decodificar suas intenções

dramático-poéticas, a partir da simbologia musical e do pensamento de seus

autores, para que o intérprete possa recuperar o efeito dramático-emocional

8 Claudio Moteverdi a chi legge. In Madrigali Guerrieri, et Amorosi, Libro ottavo. 1638. 9 Vide nota de rodapé n° 1.

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sugerido no texto musical, e, conhecedor de seu próprio público e com seus

recursos contemporâneos, ressaltar os “contrários” e “comover as almas”.

2. Objetivo deste trabalho

Este trabalho propõe a realização de uma PARTITURA CONTEMPORÂNEA DE

EXECUÇÃO da obra L’Orfeo, Favola in Musica, de Cláudio Monteverdi, composta em

1607. Tal partitura será apresentada como uma “transcrição historicamente

informada”, 10 utilizando-se recursos e instrumentos contemporâneos, porém

embasada na teoria e prática musical do século XVII, e, principalmente, voltados

ao público de nosso século, cuja audição, já familiarizada com toda a música

composta desde então, está desacostumado a reconhecer simbologias intrínsecas

relacionadas aos procedimentos tonais daquele período.

Para esse fim, é necessário, numa primeira parte:

a) Apresentar uma proposta de significado para o termo “Dramaturgia

Musical” baseada nas diversas teorias do teatro e acepções a que o

termo pode se propor;

b) Realizar uma análise da linguagem harmônica utilizada por Claudio

Monteverdi, especialmente em sua ópera L’Orfeo, tomada dentro da

prática musical sua contemporânea, a partir de escritos de

Monteverdi, críticas à sua obra e de tratados teóricos da época;

c) Estabelecer um relacionamento entre essa linguagem harmônica e

seus objetivos, ressaltando as implicações dramáticas de “terror” e

“piedade”, como definidas na teoria clássica do teatro;

E numa segunda parte:

10 Por analogia com o conceito de “interpretação historicamente informada”, como apresentado no capítulo VII, p. 77

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8

d) na função de Dramaturgo Musical (como será discutido nos capítulos

posteriores), elaborar uma PARTITURA CONTEMPORÂNEA DE EXECUÇÃO da

obra, para um conjunto vocal/instrumental específico.

Tal elaboração de uma partitura de execução é uma dentre as infinitas

propostas que poderão ser criadas, pois cada uma deverá refletir as opções que

cada intérprete (maestro, orquestrador) deverá tomar após o estudo dos

elementos aqui apresentados, levando em consideração o conjunto musical que

tem disponível para tal execução e o público para o qual se destina.

Creio que, mais que uma recuperação do modo de tocar este ou aquele

instrumento, a maneira de realizar este ou aquele ornamento, utilizar cantores

com tais ou quais características vocais, devamos entender a linguagem musical

utilizada pelo compositor para recuperar suas intenções dramáticas, pois o mesmo,

utilizando os recursos que dispunha, fossem vocais ou instrumentais, estéticos ou

técnicos, objetivava, como se pode depreender de diversas declarações, causar

sensações distintas em sua audiência, movendo as almas aos mais opostos afetos,

surpreendendo-os a cada momento.

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9

AAAAAAAATTTTTTTTTTTTTTTTOOOOOOOO PPPPPPPPRRRRRRRRIIIIIIIIMMMMMMMMOOOOOOOO

In que†o lieto e fortunato giorno

ch' hà po†o fine a gli amoroƒi affanni del noƒtro Semideo,

cantiam, paƒtori, in sì soavi accenti

che sian degni d ' Orfeo

noƒtri concenti.

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11

II. Dramaturgia Musical

al quais distintos conceitos teóricos modernos ligados às

diversas práticas musicais, o de Dramaturgia Musical ainda está

em construção. Sua característica intrínseca de aglutinar dois

conceitos distintos -Drama e Música- induz à formação de um

terceiro, que, por si, extrapola o sentido individual de ambos.

Uma proposta final de conceituação de Dramaturgia Musical precisará

necessariamente oferecer uma abordagem que una a prática composicional e o

conhecimento histórico-estético de períodos diversos da produção musical às

teorias do teatro em suas distintas abordagens ao longo da história.

Para propor um entendimento e uma definição geral do termo, faz-se

necessária, primeiramente, uma discussão sobre o significado do conceito de

Dramaturgia.

1. Dramaturgia - Conceituação

Patrice Pavis, em seu Dicionário de Teatro, 11 nos apresenta três

acepções principais do termo Dramaturgia:

a) Sentido original clássico: é a “arte da composição de peças de teatro.

Em seu sentido mais genérico, é a técnica (ou poética) da arte

dramática, que procura estabelecer princípios de construção da obra

... a partir de princípios abstratos. Pressupõe um conjunto de regras

especificamente teatrais, cujo conhecimento é indispensável para

11 PAVIS, P. Dicionário de Teatro. 1999.

TT

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12

escrever uma peça e analisá-la corretamente. Examina

exclusivamente o trabalho do autor e a estrutura narrativa da obra.”

b) No sentido pós-brechtiano, é a “estrutura ideológica e formal da

peça, a prática totalizante do texto encenado e destinado a produzir

um certo efeito sobre o espectador. Abrange tanto o texto de origem

quanto os meios cênicos empregados pela encenação”.

c) No sentido de Atividade do Dramaturgo, 12 dramaturgia “designa o

conjunto de escolhas estéticas e ideológicas que a equipe de

realização é levada a fazer. A Dramaturgia se pergunta como são

dispostos os materiais da fábula no espaço textual e cênico e de

acordo com qual temporalidade”.

Em seu livro Introdução à Dramaturgia (1988), Renata Pallottini 13

apresenta uma rápida porém clara abordagem a respeito dos diversos conceitos

relativos ao termo dramaturgia, defendido por teóricos distintos durante a história

do teatro. Variáveis em suas filosofias de utilização técnica ou poética do texto

(como o que significa 'escrever um bom texto dramático’ nos séc. XVI ou no séc.

XX), as abordagens dos diversos teóricos que se dedicaram ao assunto convergem

numa busca da essência do texto dramático, e da estrutura dramatúrgica das

obras teatrais.

Pallottini ressalta, citando Dryden 14 e seu Ensaio sobre a poesia

dramática (1668), que “ação dramática é a que provém da execução de uma

vontade humana, com intenção e buscando cumprir essa intenção”. Adiante,

comentando a obra de Hegel 15 em duas passagens distintas, aponta que “a poesia

12 Dramaturgo: Por intermédio da tradução do termo e de seu uso em alemão Dramaturg: designa atualmente conselheiro literário e teatral agregado a uma companhia teatral, a um encenador ou responsável pela preparação de um espetáculo. Distinto de Dramatiker: autor de textos teatrais. PAVIS, P. Dicionário de teatro. 1999 13 Doutora em Artes, poeta e dramaturga. Professora aposentada da ECA/USP. 14 John Dryden (1631-1700). Dramaturgo inglês. 15 Georg Wilhelm Friedrich Hegel (1770-1831). Filosofo alemão. Sua Estética abrange todos os assuntos referentes às artes.

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13

dramática nasce da necessidade humana de ver a ação representada, mas não

pacificamente, e sim através de conflitos de circunstâncias, paixões e caracteres,

que caminha até o desenlace final”; e que “a finalidade de uma ação só é

dramática se produzir outros interesses e paixões opostas”. (grifos meus)

Nesse momento, somos remetidos a Aristóteles e sua Poética, que trata

principalmente da tragédia como gênero literário importante, e a define como

imitação de ações humanas, que, por si, sem a necessidade da encenação, deve

alcançar sua finalidade estética, moral e educacional ao promover a catarse 16 e

mover o ouvinte ao terror e compaixão.

No capítulo XIV de sua Arte Poética, Aristóteles, ao tratar da

composição da obra literária, defende que:

“O terror e a compaixão podem nascer do espetáculo cênico, mas podem

igualmente derivar do arranjo dos fatos, o que é preferível...

Independentemente do espetáculo oferecido aos olhos, a fábula precisa de

ser composta de tal maneira que o público, ao ouvir os fatos que vão

passando, sinta arrepios ou compaixão...” 17

Numa obra dramática (teatral), faz-se necessário que as ações de

determinado personagem influenciem o destino seu e dos outros personagens que

com ele interagem; que tais ações movam a fábula 18 e a levem a seu desenlace.

Desse modo, entende-se que ações do cotidiano não podem ser consideradas

como ações dramáticas.

16 Do grego katharsis: purgação. De acordo com Aristóteles (Poética, 1449b) a catarse é conseqüência e finalidade da própria tragédia, que “provocando piedade e terror, opera a purgação adequada a tais emoções” no espectador, que se identifica com o herói trágico no momento da produção de tais paixões. 17 Aristóteles. Arte Poética. 2004. p. 54. 18 Do latim fabula (fala, relato) corresponde ao grego mythos e designa a seqüência de fatos que constituem o elemento narrativo de uma obra. Seus inúmeros empregos nos permitem compreender duas concepções opostas; a) fábula é o material narrativo que existe anteriormente à criação da obra; e, b) fábula é a estrutura narrativa da história em si.

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14

Como posto por Aristóteles, a função dramática de gerar a catarse, de

fazer o público sentir arrepios e compaixão, deve estar contida preferivelmente na

própria elaboração poética do texto (Dramaturgia, primeira acepção), e não ser

alcançada exclusivamente pela encenação (Dramaturgia, terceira acepção). Assim,

é imprescindível à tragédia (na acepção clássica do termo), por parte do autor,

uma excelente construção de sua trama, com eventos e ações que gerem o

contraste necessário à percepção de tais emoções antagônicas.

Porém, espera-se também de um bom encenador (dramaturgo) que

reconheça no texto tais características e as revele para seu público através dos

recursos que tiver a sua disposição.

2. Dramaturgia Musical

Poucos são os textos que sugerem uma definição para o termo

Dramaturgia Musical, apesar de o mesmo já aparecer constantemente em diversos

contextos, notadamente relacionados à música de cinema.

Dentre os textos de teóricos brasileiros que se propõem a tratar do

assunto, estão aqueles de Maristella Pinheiro Cavini 19 e Marcus Mota. 20

Há também o trabalho de Ibaney Chasin, 21 que apesar de não utilizar o

termo, estuda as relações e propostas de interpretação da obra musical de

Monteverdi a partir das características miméticas da composição, no sentido

poético aristotélico clássico do termo, oferecendo assim uma visão dramatúrgica

19 Doutoranda em Ciências sobre Arte, especialidade História, Teoria e Crítica da Música, no Instituto Superior de Arte de Havana/Cuba desde junho/2002. Graduada em Instrumento (piano), realizou cursos de aperfeiçoamento pianístico em Moscou (1997) e Havana (1999). Foi pianista na Orquestra de Câmara da Universidade do Sagrado Coração (Bauru/SP). É professora na Faculdade de Música dessa mesma Instituição. 20 Doutor em História (UnB, 2002), professor na Universidade de Brasília, orienta na linha de pesquisa Processos Composicionais para a Cena. É Dramaturgo e Diretor do LADI (Laboratório de Dramaturgia e Imaginação Dramática). 21 CHASIN, I. O Canto dos Afetos, um dizer humanista. 2004.

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15

da atividade musical, enquanto opções de execução embasadas em estudos

estéticos e históricos.

De acordo com Maristela Cavini, citando Boris Asáfiev, 22 “a Dramaturgia

Musical é um sistema de meios expressivos e procedimentos, por meio dos quais

se realiza a ação dramática de uma obra. Em suas bases estão as leis do drama

como manifestação artística”. 23

Buscando uma análise dramatúrgica do Requiem de W. A. Mozat, ela

propõe a organização do pensamento de dramaturgia musical em dois itens

principais:

a) a presença de um centro de conflito claramente definido que se

descobre na luta das distintas forças de ação;

b) uma determinada seqüência das etapas do desenvolvimento da idéia

dramática: exposição – trama – desenvolvimento – culminação –

conclusão.

Assim, ela compara a organização dramática de uma obra à própria

estrutura composicional do Réquiem, refletida, inclusive no aspecto externo da

forma sonata.

Na Alemanha, encontra-se o termo Musikdramaturgie, modernamente

identificado com a área de composição de música para filmes. Como Dramaturgia

Musical, “descreve-se o conhecimento da forma (Gestalt) e modo de

funcionamento de toda a música de um filme. A realização do sentido e a mudança

de significado em um filme realizam-se sempre ao mesmo tempo em campos

diversos e independentemente, mas referenciados uns nos outros, todos estes

22 Boris Asáfiev (1884-1949). Compositor e escritor nascido na União Soviética, autor de A forma musical como processo. Principais composições para ballet e obras para violão. 23 CAVINI, M. P. A morte e o sentimento místico humano: Dramaturgias musicais contidas no Réquiem de Mozart. 2005. p. 213.

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níveis contribuindo eficazmente e de maneira diferente à mudança de significado

do conteúdo”. 24

Em determinadas cadeiras de cursos superiores de música,

principalmente de universidades americanas, aparece também relacionado à

elaboração de programas de concerto, isto é, a escolha das peças que serão

executadas, a determinação de sua ordem a partir da duração, tonalidades,

orquestração, forma, etc. Nesse caso, nota-se a extrema semelhança com a

função do Dramaturg: “Escolher as peças do programa em função de uma

atualidade ou de uma utilidade qualquer; combinar textos escolhidos para uma

mesma encenação; efetuar pesquisa de documentação sobre e em torno da obra;

adaptar e modificar o texto; redigir programa documentário, etc.”. 25

Assim, ao traçarmos os paralelos entre a dramaturgia teatral e aquela

musical, e, partindo das referências anteriormente expostas, uma conceituação

abrangente de Dramaturgia Musical precisará, necessariamente, incluir:

a) a atitude do compositor, responsável pela criação de obra musical

para um “texto dramático”, 26 o compositor responsável pela poética

musical, que organiza os elementos intrinsecamente musicais numa

seqüência de “ações dramáticas”, os quais gerarão no público afetos

contrastantes, que, ao ouvi-los, vivenciarão terror e piedade, na

acepção clássica dos termos. Tal atitude deverá levar em conta as

práticas composicionais de seu período, os recursos técnicos e

estéticos disponíveis e a elaboração de procedimentos que gerem as

emoções opostas;

24 WOLLERMANN, T. Zur Musik in der "Drei Farben"-Trilogie von Krzysztof Kieslowski.. 2002. 25 PAVIS, P. Dicionário de Teatro. 1999. 26 Ibid., No verbete Texto Dramático ressalta a dificuldade moderna de uma definição limitativa de texto dramático, “pois a tendência atual da escritura dramática é reivindicar não importa qual texto para uma eventual encenação... Todo texto é teatralizável”. Do mesmo modo, por analogia, qualquer texto pode ser posto em música, mesmo que não contenha em si elementos intrínsecos à tragédia. (Todo texto é musicalizável).

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17

b) a análise e estudo técnico-estéticos das características de cada obra

cênico-musical. Correspondente à análise realizada pelo Dramaturgo,

e, neste caso, é aquela análise necessária ao intérprete (diretor

musical/regente) para uma clara decodificação dos aspectos poéticos

dos textos musicais, levando em consideração os aspectos

composicionais acima descritos;

c) a interpretação (encenação/execução) musical dessas obras. As

opções, as propostas e soluções apresentadas pelos intérpretes para

o texto musical que se propõem a trazer a público, baseadas na

análise. Levará em consideração tanto o texto musical em si,

observadas sua origem e características estéticas, quanto as

características do público para o qual deverá ser apresentado.

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III. O aspecto dramatúrgico da Seconda Pratica

laudio Monteverdi e suas composições continuam a oferecer

material para diversos e distintos estudos. Tenho plena

consciência de que, no início da proposta de realização deste

trabalho, incorri no mesmo erro confessado por alguns autores

de pretender entender e explicar todas as facetas que perfazem

sua obra, e que poderiam vir a descrever integralmente o estilo de composição

musical que ele mesmo batizou de Seconda Pratica. O próprio Monteverdi, apesar

de ter-se proposto a escrever um tratado teórico sobre esse novo gênero intitulado

“Melodia overo seconda pratica musicale”, 27 ao que se conhece, nem ao menos o

iniciou.

São bem conhecidas e estudadas as discussões que circundaram as

publicações de Monteverdi de seu Quarto e Quinto livros de madrigais, nos quais

ele defende essa nova maneira de escrever música, em resposta a críticas

externadas por Giovanni Maria Artusi (1540-1613) 28 a respeito, principalmente, de

seu madrigal “Cruda Amarilli”. Claudio Monteverdi defende, em suas cartas e

prefácios de publicações, que, se emprega procedimentos melódicos e harmônicos

diferentes dos reconhecidos como corretos pelos teóricos da época, não o faz por

desconhecimento da técnica e da regras, mas por procurar um conjunto de efeitos

27 Como declarado em sua carta para G. B. Doni, em 22 de outubro de 1633. MONTEVERDI, C. Lettere. 1994. 28 Teórico e compositor do sec. XVII, que publicou diversas críticas contra madrigais de Monteverdi.

CC

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poéticos (dramáticos) que ele acreditava não poder alcançar se subjugado às

regras vigentes de contraponto e harmonia. 29

Com as seguintes palavras, Artusi 30 define tais composições como

ofensivas às regras tradicionais, e ataca aqueles que por ventura às defendam:

E ben vero che in questa vostra Seconda Pratica nova, quelli che (per

usare le vostre parole) fanno contra la natura; & confondono le cose, e le

Regole de nostri passati, questi reputate per i migliori; e per ingegni più

elevati, & con questo mezo vi credete che s'habbino, & voi, ed essi ad

imortalare, & molto v'ingannate. Cercano tutti gl'Artefici di imitare la

natura, & quanti Filosofi sono, & sono stati, in altro non pensano, ne

filosofano, se non intorno alle operationi da lei fatte; & voi quelli, che

contra la natura operano, maggiormente lodate, & osservate? & le cose

da loro fatte chiamate Artificii, Fiori, Fioretti, Suppositi, Ingangi, &

accenti? 31

Ao acusar tais composições e compositores seguidores dessa Seconda

Pratica de “atuar contra a natureza e confundir as coisas e regras dos

antepassados”, ou mesmo de pretender considerarem-se melhores, mais

engenhosos e, portanto, imortalizáveis, Artusi critica, na verdade, a utilização de

29 As discussões em torno da controvérsia Artusi Monteverdi não são o objeto principal deste trabalho. Para um estudo mais aprofundado, consulte-se (1) FABBRI, P. Monteverdi. 1985; (2) ARNOLD, D, e FORTUNE, N. The New Monteverdi Companion. 1985; (3) OSSI, M. Divining the Oracle: Monteverdi's Seconda prattica. 2003. 30 ARTUSI, G. M. Esamine della sopraposta lettera. In Seconda parte dell’Artusi 1603, p. 22. 31 “È bem verdade que nesta vossa segunda prática, aqueles que (usando vossas palavras) atuam contra a natureza e confundem as coisas e as regras de nossos antepassados, estes considerais melhores e de mais elevada engenhosidade, e com esses meios acreditam que vós e eles serão imortais, e vos enganais. Procuram todos os autores imitar a natureza. E quantos filósofos existem e existiram que não pensam nem filosofam senão nas operações por ela [natureza] realizadas. E vós pretendeis louvar e seguir aqueles que operam contra a Natureza? E pretendeis chamar artifícios, floridos, ornamentos, supostos, enganos e acentos as coisas feitas por eles?”

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determinadas figuras e procedimentos composicionais vinculados a procedimentos

melódicos e harmônicos, conflitantes com as regras tradicionais da composição

musical.

Artusi foi reconhecidamente um conservador que se remetia não apenas

à prática musical tradicional da Renascença, mas de certa forma, da Medieval

também. Nesse sentido, a música deve “imitar” a Natureza e essa “mimética”

musical se refere à dimensão matemática e proporcional da música, como

metáfora da organização do universo e do mistério divino. E as extrapolações

harmônicas apresentadas por Monteverdi são, de certa forma, uma corrupção

desse ideal.

Num texto anterior, 32 ao criticar determinada utilização do intervalo de

sétima no madrigal Cruda Amarilli, Artusi expressa claramente sua opinião,

embasada na prática e na teoria musical de seus antepassados, de que a função

de embelezamentos melódicos é a de tornar a harmonia suave, evitando que as

dissonâncias sejam percebidas e que, com isso ofendam a audição, perturbando o

discurso musical:

Ho voluto dire che maggiormente, mentre non è accompagnata questa

settima, come si deve; cioè come è stata usata da nostri passati, il senso

dell'udito maggiormente la scuopre, & scuoprendola ne viene offeso più,

che non sarebbe; & cosi offeso, in lui non può nascere effetto, se non di

perturbatione; & non di concento vero; perche non vi è Harmonia soave,

essendo il concento fatto, & formato, di consonanze, & non di dissonanze

per natura sua. 33

32 ARTUSI, G. M. L’Artusi: overo delle imperfettione della moderna musica, 1600. p. 11 e 12. 33 “Quero dizer, que, enquanto esta sétima não é acompanhada como se deve, isto é, como era usada por nossos antepassados, o sentido da audição a descobre, e a descobrindo, é mais ofendido do que deveria ser, e assim ofendido, nele não poderá nascer outro efeito que não o da

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22

Cita Paolo Fabbri em seu livro Monteverdi 34 que as primeiras críticas de

Artusi aos madrigais de Monteverdi deram-se a partir da audição de alguns deles,

no dia 16 de novembro de 1598, numa reunião privada na casa de Antonio Goretti,

na cidade de Ferrara. Os madrigais em questão foram: “Cruda Amarilli”, “Anima

mia, perdona”, “Che se tu se’il cor mio” e “O Mirtillo, Mirtillo anima mia”. O

primeiro e o último foram incluídos no Quinto Livro de madrigais, publicado em

1605 e os dois centrais no Quarto Livro, de 1603.

De acordo com o texto de Artusi, Delle imperfettioni della moderna

musica 35 (escrito tradicionalmente em forma de diálogo entre os personagens

Vario, nobre de Arezzo e Luca, austríaco da cidade de Craic), as peças

furono cantati una & due volte; ... introduce nuove regole, nuovi modi, &

nuova frase del dire, sono però aspri, & all’udito poco piacevoli, né

possono essere altrimenti; perche mentreche, si trasgrediscono le buone

Regole, parte fondate nella esperienza madre di tutte le cose: parte

speculate dalla Natura; & parte dalla demostratione demostrata: bisogna

credere che siano cose deformi dalla natura, & proprietà dell’Harmonia

propria, & lontane dal fine del Musico, che ... è la dilettatione. 36

perturbação, e não de verdadeiro concento [consonância, harmonia], pois não é de Harmonia suave, por sua natureza., sendo o concento feito de consonâncias e não de dissonâncias.” 34 FABBRI, P. Monteverdi. 1989, p. 81. 35 ARTUSI, G. M. L’Artusi: overo delle imperfettione della moderna musica, 1600. Ragionamento Secondo. p. 39 e 40. 36 “foram cantadas uma e duas vezes... introduz novas regras, novos modos e novas maneiras de dizer; porém são ásperas e pouco agradáveis ao ouvido; e não poderia ser de outro modo, pois transgridem as boas regras, em parte fundamentadas na experiência materna de todas as coisas, em parte calcada na Natureza, e parte na demonstração demonstrada. Deve-se crer que são coisas disformes no que diz respeito à natureza e propriedade da própria Harmonia, e afastadas das finalidades dos músicos, ..., que é o deleite.”

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Percebe-se nesses textos a importância dada pela crítica de então à

manutenção de uma tradição musical que promovesse o “deleite” do ouvinte, e, ao

mesmo tempo, que tais procedimentos musicais eram claramente perceptíveis ao

público a partir da audição.

Não podemos negar que, se de fato, como mostrado, a escrita de

Monteverdi era intencionalmente distinta da prática vigente, ou daquela defendida

pela crítica, era sua finalidade, ao usar tais procedimentos, promover uma ruptura

à prática do discurso musical como deleite. E seria também um objetivo consciente

de Claudio Monteverdi o resultado de tornar tal música áspera e rude ao ouvido

(tomando-se essa aspereza em seu sentido poético), forçando, assim, uma nova

percepção das estruturas musicais, desvinculando-as do aspecto prazeroso que a

música pudesse ter.

Tal utilização da dissonância foi claramente uma opção dramatúrgica,

não tendo sido gerada pelas necessidades estruturais internas da música, mas,

sim, pelo aspecto teatral inerente aos textos utilizados por ele, e contribuindo

fortemente para que, num futuro próximo, tais estruturas se modificassem a ponto

de permitir e incentivar uma nova organização tonal da música.

Assim, observamos que na Seconda Pratica muda-se o referencial de

“mimética” musical e de conceito de Natureza a ser imitada. Antes vista como a

perfeição numérica, cujas proporções deveriam estar refletidas na própria

construção musical, a emoção é agora o foco desta arte.

Concentro-me, neste trabalho, no aspecto referente à linguagem

harmônica da obra de Monteverdi, em seus procedimentos harmônicos e

decorrentes movimentações melódicas, aspecto que apenas recentemente começa

a ser mais estudado.

Acredito que o estudo harmônico da música anterior ao século XVIII

tenha sido em grande parte obscurecido pelo fato de, tradicionalmente,

contrapormos o termo Tonal ao termo Modal, tratando-os prioritariamente como

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antônimos, e, em decorrência disso, não nos permitindo reconhecer na música dos

séculos XVI e XVII a possibilidade de estruturar-se a partir da criação de tensões e

relaxamentos baseados no afastamento e retorno aos centros tonais de suas

composições. Utilizaremos aqui, portanto, o termo “harmônico” para aquelas

relações reconhecidas como inerentes ao sistema musical dos séculos XVI e XVII,

e não exclusivamente àquelas baseadas nas relações de tônica/dominante

estabelecidas no século XVIII.

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IV. Sistemas e Modos

1. Introdução ao sistema hexacordal

az-se necessária, para um correto entendimento do sistema de

hexacordes e os respectivos modos (tons), a distinção existente, na

teoria musical dos séc. XVI a XVII, entre os graus dos hexacordes (Ut,

Re, Mi, Fa, Sol, La) utilizados no processo de solmização, e as alturas

musicais (genericamente a, b, c, d, e, f, g). Tal distinção é pouco clara

em português e nas demais línguas latinas, pela utilização corriqueira do sistema

de Guido D'Arezzo 37 referindo-se às alturas musicais.

A representação das alturas musicais por volta do séc. XVI, bem como

no final da idade média, fazia-se concomitantemente pela utilização de letras

(littera, corde, significando as cordas tangidas nos instrumentos ou ainda clavis, no

sentido de teclas) e de sílabas (voces ou syllabae)

A gama completa de alturas musicais abarcava três oitavas,

correspondentes à tessitura vocal considerável à época, isto é, de sol(1) a mi(4),

na nomenclatura brasileira, e as alturas das notas musicais (corde, clavi) 38 eram

representadas pelo seguinte conjunto de letras:

37 Sistema de solmização criado por Guido d'Arezzo, monge italiano (990-1050), utilizando os seis primeiros versos do Hino a São João, escrito por Paulus Diaconus (ca. 720–799): Ut queant laxis, Resonare fibris, Mira gestorum, Famuli tuorum, Solve polluti, Labii reatum 38 Os termos clavi e chiavi eram usados tanto para denominar o que, em português, atualmente chamamos de alturas musicais, quanto o que chamamos de clave ou armadura de clave. Pela etimologia do termo, significava primeiramente ‘tecla’, referindo-se a instrumentos de teclado, em especial, o órgão.

FF

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26

Γ A n C D E F G a b c d e f g aa bb cc dd ee

As alturas (clavis, corde) representadas pelas letras maiúsculas de Γ

(Gama) a G, eram nomeadas de 'Grave' ou 'Baixo'; as por minúsculas de 'Media', e

as por letras duplas de 'Duplas' ou 'Agudas'.

Um exemplo é apresentado por Thomas Morley, em seu livro A plain

and easy introduction to practical music. 39

Ilustração 1: Thomas Morley: quadro de solmização.

39 MORLEY, T. A plain and easy introducton to practical music. 1597. p. 11

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2 notes, 2 cliffes = 2 voci, 2 cantus. 40

Prima sex vocum deductio = Primeira escala de seis notas, etc.

Quinta ut seconda = quinta [deductio] como a primeira [deductio]

Ilustração 2: Quadro de solmização: tradução dos termos em inglês.

40 Veja as definições de cantus durus e mollis apresentadas a seguir, na pág. 30

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O Sistema Hexacordal baseia-se numa seqüência escalar (deduttione)

de seis graus (voci), desenvolvida por Guido D'Arezzo, denominado Hexacorde.

Notável nesse Hexacorde é o fato de somente existir um intervalo de semitom,

entre o terceiro e quarto graus (entre Mi e Fa).

As sílabas Ut, Re, Mi, Fa, Sol, La representam os seis diferentes graus

de um hexacorde, constituído por dois conjuntos de segundas maiores (tono) Ut-

Re-MI e Fa-Sol-La, que formam as terças maiores (ditono) Ut-Mi e Fa-La,

separadas por um semitom diatônico (semitono minore) Mi-Fa.

Distribuídos pelas alturas demonstradas na tabela, encontraremos três

espécies diferentes:

a) de 'Γ' a 'E' e suas respectivas oitavas: Hexacorde 'Durum' e seu

terceiro grau (Mi) será sempre (hexacorde de sol a mi, com si

natural, em nossa atual nomenclatura);

Ilustração 3: Hexacorde Durus

b) de 'C' a 'a' e suas respectivas oitavas: Hexacorde chamado 'Naturale'

(hexacorde de do a lá, em nossa nomenclatura moderna);

Ilustração 4: Hexacorde Natural

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c) de 'F' a 'd' e suas respectivas oitavas: Hexacorde 'Molle'. Note-se

que, neste caso, o quarto grau (Fa) equivalerá à nota B/ (ou si

bemol em nossa atual nomenclatura)

Ilustração 5: Hexacorde Mollis

A solmização das notas, baseadas nesse princípio, dá-se pela utilização

das sílabas de cada hexacorde, adaptados às alturas que deverão representar.

Cada nota musical pode pertencer a diversos hexacordes. As Sílabas,

portanto, não representam as alturas absolutas das notas musicais, mas suas

'qualidades' (qualitas tonorum). Com auxílio das silabae do hexacorde, torna-se

possível uma representação clara das espécies (species) de quintas e quartas

(diapente e diathesaron) a partir da localização do intervalo de semitono, espécies

estas tão fundamentais para a caracterização dos modos, sem, porém, vinculá-las

a alturas específicas.

Portanto, a quinta da espécie Re-La (tono-semitono-tono-tono) poderá

ser entoada como as notas extremas das tríades D-F-a, a-c-e ou g-b-dd.

Caso uma melodia ultrapasse a tessitura de um hexacorde, a solmização

das notas externas ao hexacorde deverá ser transferida para o próximo hexacorde,

superior ou inferior, processo nomeado de mutatio (mutação), definidos pela clavi

específica (armadura de clave), como já dito cantus 'durus' ou 'mollis'.

Por exemplo, se uma melodia iniciar na região de D-F-a para uma

quarta superior A- -c-d, deverá haver uma mutação da quinta de espécie Re-La do

hexacorde natural na quarta de espécie Re-Sol (tono-semitono-tono) do próximo

hexacorde superior.

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30

Se, da mesma quinta D-F-a (Re-La) do hexacorde natural, houver a

movimentação da melodia para a região de A- -c-d, deve-se passar do hexacorde

natural para o próximo hexacorde durus superior.

Tal organização de hexacordes dá origem a dois distintos sistemas,

também chamados cantus: 'Durus' e 'Mollis', representados por duas diferentes

'claves' (cliffes, para Morley, chiavi, para os italianos, ou armaduras de clave em

nossa nomenclatura moderna), assim designadas e distinguidas pela ausência ou

presença do (si bemol).

Exemplo 1: Cantus Durus

Exemplo 2: Cantus Mollis

Assim, em exemplos do próprio Morley:

Ilustração 6: Exemplos de solmização: clave de G sol re ut.

Todos os intervalos de semitom descendentes são solmizados Fa-Mi, as

demais alturas de acordo com cada mutação no direcionamento melódico. A

segunda nota do exemplo poderia também ser solmizada como Re, por fazer parte

do mesmo hexacorde que a primeira nota, no caso, Hexacorde naturale, quinta

deductio.

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Ilustração 7: Exemplos de solmização: clave de C sol fa ut e F fa ut.

Perceba-se nos exemplos acima a inclusão de novos antes das notas

'e' e 'aa' na clave C-sol-fa-ut, e das notas 'E' e 'a' na clave F-fa-ut (respectivamente

mi bemol e lá bemol, em nossa nomenclatura). Todas a três notas bemolizadas

são solmizadas como Fa, pois são tratadas sempre como a nota superior de um

semitono. Porém, diferentemente, no terceiro exemplo, o último F antes do G final,

alterado com um #, mantém a solmização de Fa, pois a sensível dos modos,

alterada ascendentemente com o #, não deve ser considerada como o terceiro

grau de um hexacorde, mas como fictus tonus.

Outra importante implicação da alteração do antes de 'E', sendo essa

nota (mi bemol) nomeada na solmização Fa implica que o Ut seja usado para o 'B'

(si bemol). Tal fato implica numa mudança, inclusive, do sistema de afinação, pois

na escala Guidoniana B é sempre .

Nesses tratados, as relações e modulações de cada modo em cada um

desses sistemas eram tratadas como senso comum. Nos tratados consultados,

poucas são as observações sobre a maneira de utilizar, por exemplo, alterações no

decorrer de cada modo.

Thomas Morley, em seu livro já citado anteriormente, apresentado em

forma de diálogo entre um aprendiz (Philomathes) e seu mestre (Master)

apresenta observações sobre o sistema de Modos, e algumas de suas

características, quando Master corrige um dos primeiros exercícios de Philomathes:

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Phi.: But master, do you find no other thing discommendable in my

lesson?

Ma.: Yes, for you have in the closing gone out of your key, which is one of

the grossest faults which may be committed.

Phi.: What do you call going out of the key?

Ma.: The leaving of that key wherein you did begin and ending in

another.

Phi.: What fault is in that?

Ma.: A great fault, for every key hath a peculiar air proper unto itself, so

that if you go into another than that wherein you begun you change the air

of the song, which is a much as to wrest a thing out of his nature, making

the ass leap upon his master and the spaniel bear the load. The perfect

knowledge of these airs (which the antiquity termed ‘Modi') was in such

estimation amongst the learned as therein they placed the perfection of

music, as you may perceive at large in the fourth book of Severinus

Boethius his Music; and Glareanus hath written a learned book which he

took in hand only for the explanation of these modes; and though the air

of every key be different one from the other yet some love (by a wonder of

nature) to be joined to others, so that if you begin your song im Gam ut

you may conclude it either in C fa ut other D sol and from thence come

again to Gam ut; likewise if you begin your song in D sol re you may end

in A re and come again to D sol re, etc

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Phi.: Have you no general rule to be given for an instruction for keeping

of the key?

Ma.: No, for it must proceed only of the judgment of the composer; yet the

churchmen for keeping their keys have devised certain notes commonly

called the Eight Tunes, so that according to the tune which is to be

observed at that time, if it begin in such a key it may end in such and such

others, as you shall immediately know. And these be, although not the

true substance, yet some shadow of the ancient ‘modi' whereof Boethius

and Glareanus have written so much. 41

Sair de um modo era considerado um erro grave e devia a todo custo

ser evitado. Notável a observação no último parágrafo de que, para Morley, não há

regras para se permanecer num determinado tom durante o desenvolvimento da

composição, estando tal feito exclusivamente sujeito ao julgamento do compositor.

41 Phi.: Mas mestre, o senhor não encontra outras coisas não recomendáveis em minha lição? / Ma.: Sim, o fato de você ter, no final, saído de sua clave [tom], que é um dos maiores erros que podem ser cometidos. / Phi.: O que o senhor chama de sair do tom? / Ma.: Abandonar o tom em que você começa [uma peça] e terminar em outro. / Phi.: Que tipo de erro é esse? / Ma.: Um grande erro, pois cada tom tem um ar [um caráter] peculiar seu próprio, de modo que se você entrar em um outro que não o em que você começou, você muda o caráter da canção, que é o mesmo que arrancar algo fora da sua Natureza, colocando o burro em cima de seu patrão e fazer o cachorrinho suportar a carga. O perfeito conhecimento destes ares [caráter] (que os Antigos nominavam "Modi"), era de tal importância entre os eruditos, que nisso depositaram a perfeição da música, como você pode perceber, em geral, no quarto livro de Severinus Boethius, sua Musica; e Glareanus escreveu um livro unicamente para a explicação desses modos, e apesar do ar [caráter] de cada tom [modo] ser diferente dos outros, ainda alguns desejam (por uma maravilha da natureza) a ser juntados aos outros, sendo assim que, se você iniciar a sua canção em Gam ut você pode concluí-la tanto em C-fa-ut quanto em D-sol-re e [deve] então retornar ao Gam ut; do mesmo modo, se começar sua canção em D-sol-re poderá terminar em A-re para novamente para voltar D-sol-re, etc. / Phi.: O senhor não pode citar uma regra a ser dada como instrução para a permanência num tom [numa clave]? / Ma.: Não há, pois depende exclusivamente do julgamento do compositor; ainda os compositores sacros, para a manutenção dos tons, conceberam certas notas que chamaram de Oito Tons, de modo que, de acordo com a afinação a ser observada, se começam em tal clave, pode acabar em tais e tais outras, como você já sabe. E isto é, embora não seja a verdadeira substância, uma sombra dos antigos "Modi", sobre os quais Boethius e Glareanus tanto escreveram. 41 MORLEY, T. A plain and easy introducton to practical music. 1597. P. 249.

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Apesar de referir-se aos tratados de Boecio e Glareanus, e de referir-se aos Oito

Tons (modos), como ele mesmo diz, principalmente na música sacra, Morley deixa

a entender que a prática musical sua contemporânea reconhece os centros tonais

dos modos, e que, mesmo que a música venha a modular, isto é, cadenciar em

outros graus no seu decorrer (e ele exemplifica especificamente as mutatio de

hexacorde 'Durus' para 'Naturale', aceitando assim as transposições de quartas e

quintas), deve-se retornar a tais centros na finalização da peça.

2. Nomenclatura de modos e sistemas.

Dentre as diversas nomenclaturas dos modos e sistemas em uso

durante os séculos XVI e XVII, aquelas descritas por Glareanus (Dodekachordon,

1547), Zarlino (L'Istitutioni Harmoniche, 1589), Kircher (Musurgia Universalis,

1650) e Banchieri (L'organo suonarino, 1605) nos indicam possíveis seqüências de

utilização dos sistemas e modos, que acabam culminando com o aparecimento de

nosso atual sistema tonal.

Os diversos modos eram baseados nas sete espécies de oitavas,

classificadas a partir da posição dos dois semitoni minori, a saber:

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Ilustração 8: Espécies de Oitavas

Os modos eram definidos como qualidades de cada espécie de oitava

(diapason) e classificados em Autênticos e Plagais, considerados a partir da divisão

harmônica ou aritmética da oitava, 42 respectivamente.

Com isso, definiam-se os 12 modos musicais, como expostos por

Zarlino:

Ilustração 9: Sistema de Modos de Zarlino.

Essa nomeação dos modos, porém, não era única.

42 Resumidamente, uma oitava dividida harmonicamente resulta numa quinta seguida de uma quarta (do-sol + sol-do) e a divisão aritmética numa quarta seguida de uma quinta (do-fá + fá-do)

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A tabela abaixo mostra a correspondência entre as nomenclaturas dos

modos nos distintos tratados dos autores citados. A finalis de cada modo está

grafada por suas letras correspondentes:

Tabela 1: Distintas nomenclatura dos modos musicais.

Tradicional Glareanus Zarlino Banchieri(*) e Morley(!) Número e

finalis do modo Número e

finalis do modo Nome do

modo Número e

finalis do modo Nome do

modo Número e

finalis do modo 1. D, autêntico 1. Dórico 3. Frígio 1. (*) (!) 2. D, plagal 2. Hipodórico 4. Hipofrígio 8. (*) 43 3. E, autêntico 3. Frígio 5. Lídio 3. (*) (!) 4. E, plagal 4. Hipofrígio 6. Hipolídio 4. (*) (!) 5. F, aut.

cantus durus

Lídio 7. Mixolídio 5. (!)

6. F, plag. cantus durus

Hipolídio 8. Hipomixolídio

6. (!)

5. F, aut. cantus mollis

11. transposto Jônio 1. transposto Dórico

6. F, plag. cantus mollis

12. transposto Hipojônio 2. transposto Hipodórico 6. (*); 8. (*) (transp.)

7. G, autêntico 7. Mixolídio 9. Jônio 8. G, plagal 8. Hipomixolí

dio 10. Hipojônio 8. (!)

9. a, autêntico Eólio 11. Eólio 7. (!) 10. a, plagal Hipoeólio 12. Hipoeólio 5. transposto para C 11. c, autêntico Jônio 1. Dórico 5. (*) 6. transposto para c 12. c, plagal Hipojônio 2. c, plagal Hipodórico 2. (*): G plagal,

(transp.) cantus mollis, hipodórico

7. (*): D (trasnp.) cantus mollis

Percebe-se já aqui a possibilidade de um mesmo modo ser apresentado

em alturas distintas, no caso, a transposição dos modos baseados na nota C-fa-ut

para F-fa-ut, e vice-versa, que se dá pela mutação do hexacorde natural para o

hexacorde mollis e, em decorrência disso, de cantus durus para cantus mollis.

Assim, comum também era o 1. modo, dórico (Glareanus), 44 cantus durus em D-

sol-re, ser grafado em cantus mollis, tendo G-sol-re como finalis.

43 Banchieri em sua Barca di Venezia per Padova apresenta também esta possibilidade para o oitavo modo, distinta daquela registrada em seu L'organo suonarino. 44 Correspondente ao 3. modo, frígio, de Zarlino.

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Exemplo 3: Dórico, cantus durus

Exemplo 4: Dórico (transposto) Cantus Mollis

Voltando agora aos exemplos de solmização retirados do livro de

Morley, apresentados na Ilustração 6 e Ilustração 7, podemos notar que o terceiro

exemplo, Ilustração 7 na página 31, escrito na clave de F-fa-ut, apresenta já 2

bemóis na clave, B e E, que não corresponde a nenhum dos dois cantus

conhecidos. Porém, considerando-se a prática da transposição dos modos, e sua

modulatio para os hexacordes vizinhos, podemos supor a seguinte gênese, para

alcançar tal grafia:

O tom primário seria aquele definido por Zarlino como 11. tom, eólio,

grafado em cantus durus. O exemplo apresenta uma única nota alterada, a sétima

nota, grafada com um . As primeiras quatro notas serão solmizadas Re-Fa-Fa-MI.

Numa primeira transposição de todo o trecho musical uma quarta superior, para

cantus mollis, passamos para o segundo hexacorde (seconda deductio), com a

solmização das notas Re-Fa-FA-LA. Finalmente, numa terceira transposição de

quarta superior (e a subseqüente oitava inferior) chega-se à necessidade de se

incluir mais um bemol na clave. Nesse ponto, as primeiras quatro notas serão

solmizadas Sol-Fa-Fa-LA. (Prima, secunda & tertia deductio, transpostas para a

oitava inferior)

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Exemplo 5: Diversas transposições de um modo.

De acordo com o proposto por Eric Chafe em seu livro Monteverdi's

Tonal Language, os dois sistemas de hexacordes mollis e durus dão suporte a

conjuntos distintos de modos em cada uma das descrições dos teóricos acima.

Duas eram as transformações dos sistemas a partir de transposições

dos hexacordes: Mixtio tonorum, ou a mudança de um modo em seu parente mais

próximo (mesma finalis), como por exemplo do I. para o II. ou vice versa. 45 E

Commixtio tonorum, a transposição para uma finalis distinta, ou transposição “per

b-molle”, 46 transformando um hexacorde durus (C, d, e , F, G, a) em um mollis (F,

g, a, Bb, C, d). 47 Ou seu inverso, “per -quadro” (be quadro).

Uma segunda transposição em ambas as direções nos leva a um

universo tonal composto pelos hexacordes (Bb, c, d, Eb, F, g) e (G, a, b, C, d, e).

Sendo que as tríades menores, por processos cadenciais internos de cada modo,

podem apresentar-se como maiores, seja pela costumeira finalização em acordes

maiores nas cadências de tons menores, denominadas 'picardias', seja pelas

45 Isto é: a modulação do modo autentico para seu plagal . 46 MEIER, B. Alte Tonarten. 1992. 3ª parte. 47 Letras maiúsculas e minúsculas são utilizadas aqui para indicar a tipologia das tríades formada sobre cada um dos graus do hexacorde: maiúsculas para tríades maiores e minúsculas para menores.

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alterações melódicas nas sensíveis (música ficta/dominantes), chegamos a um

universo de sonoridades onde encontramos dois acordes maiores em extremos

opostos de nossa gama: Eb e E, o primeiro no extremo da relação de bemóis

(mollis) e o segundo no extremo da relação de sustenidos (durus).

E, ao fixar-se nas claves os bemóis (ou sustenidos) de cada uma das

transposições per b-molle e per b-quadro, nos aproximaremos de um universo de

relações harmônicas já muito assemelhado ao sistema tonal que se estabeleceu na

segunda metade do séc. XVII.

3. Simbologia dos modos

Uma das principais características dos modos, ao lado de sua

configuração estrutural, era sua natureza 'afetiva'. Em todos os tratados, de

alguma maneira, as características emocionais que diferenciam os diversos modos

são apontadas, principalmente quando relacionadas aos oito modos eclesiásticos,

mas não somente a eles. O porquê dessa relação parece estar muito mais ligado

aos textos das composições que se utilizaram deste ou daquele modo, e por

decorrência, de uma tradição dessas sonoridades, do que na própria estrutura dos

mesmos. Obras específicas de autores anteriores ou contemporâneos àqueles que

escreveram os livros teóricos são citadas e algumas vezes transcritas, para

exemplificar ou justificar tal ou qual aspecto 'afetivo' dos modos. Porém é

imprescindível ressaltar que uma sonoridade específica estava relacionada ao afeto

de cada modo, e, portanto, passível de um reconhecimento a partir da audição.

3.1. Natureza dos Modos, segundo Zarlino

Na quarta parte de seu L'Istitutioni Harmoniche (1589), Zarlino elabora

suas considerações sobre a história, construção, classificação, divisão e natureza

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dos modos. Discorre sobre a divisão harmônica e aritmética das oitavas (diapason)

em cada tipo de modo. Sobre esse último aspecto, para cada um dos doze modos

apresentados na Ilustração 9, na p.35, exemplifica suas características, citando

obras de mestres 'antigos' (Ockeghem, Josquin, Willaert, Isaac, dentre outros).

Na ilustração seguinte, apresento uma tabela com os afetos

relacionados e a utilização de cada um dos 12 modos: 48

Tabela 2: Natureza dos modos

Divisão Modos Características Cadências Regulares

Finalis – indifferente – mezana

Aut

êntic

os

(div

isão

har

môn

ica

do d

iapa

son)

Primeiro É, por natureza, apto a exprimir danças e bailes, e por isso chamado por alguns de 'modo lascivo'.

C – E – G

Terceiro É, por natureza, considerado triste, porque tem na parte grave de sua quinta a terça menor

D – F – a

Quinto Instiga o pranto, e nele se acomodam palavras lamentosas. E – G –

Sétimo Por sua natureza, é modesto, jovial e prazeroso. E por isso nele se acomodam palavras que contenham algo de vitorioso

F – a – c

Nono Neste é conveniente por palavras lascivas & alegres e também que signifiquem vingança, perturbação & ira. G – – d

Décimo primeiro

Pode-se acomodar neste modo palavras alegres, doces, suaves e assuntos que contenham prazer, apreço.

A – c – e

Pla

gais

(d

ivis

ão a

ritm

étic

a do

dia

paso

n)

Segundo Este é apto a exprimir coisas amáveis que não contenham lamento, e sua natureza é triste e lânguida.

[Γ] – C – E – G

Quarto Pranto, tristeza, solidão, calamidade e todo tipo de miséria lhe é conveniente.

[A] – D – F – a

Sexto Palavras que contenham ócio, sossego, tranqüilidade, adulação, fraude, maledicência são postas neste modo E – G – (c)

Oitavo Este não é muito alegre, e por isso é usado em canções sérias, e espera-se que contenha comiseração e lagrimas.

[C] F – a – c

Décimo

Dizem os práticos que contem em si uma suavidade natural e doçura abundante; que preenche de alegia as almas dos ouvintes. È afastado de toda malícia & vício, por isso nele se acomodam palavras e assuntos mansos, gentis e sérios, contendo coisas profundas e reflexivas e divinas

[D] – G – – (c) d

Décimo segundo

Aproxima-se à natureza do quarto e do sexto. [E] – A – c – e

48 As características (passioni) de cada modo, aqui apresentadas, foram retiradas de L'Arte del Contraponto, p. 44, de Artusi que, por sua vez, resume as palavras e exemplos de Zarlino em L'Istitutioni Harmoniche, parte quarta, cap. XVIII.

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3.2. Athanasius Kircher e sistema de modos

Athanasius Kircher, (1601 – 1680) foi um sacerdote jesuíta, um erudito

em diversas áreas do saber, que passou a maior parte de sua vida no Collegium

Romanum, como aluno e professor. Apresentou ao mundo uma enorme

quantidade de textos em egiptologia, geologia, medicina, matemática e teoria

musical.

Em sua obra Musurgia Universalis (1650), 49 Kircher expõe sua visão

sobre Música e a teoria dos afetos "Affektenlehre", apresentada num latim de difícil

compreensão, e com um caráter quase rapsódico. Não é de se estranhar que,

apesar de seu volume, seja ainda uma obra pouco explorada. Como os teóricos

antigos, ele defendia que a Harmonia da música espelhava as proporções do

Universo. Seu trabalho apresenta diversos exemplos musicais de compositores

seus contemporâneos, planos de construção de instrumentos (em especial um

órgão de água) e descrição de canto de pássaros.

A obra, de caráter enciclopédico, é dividida em dez livros, em dois

tomos, e aborda desde a fisiologia da voz, passando pela origem da música,

funcionamento do monocórdio, teoria da composição, etc. O Livro VII é uma das

pincipais fontes da teoria dos afetos barroca. O Livro IX trata de efeitos medicinais

da música, que de acordo com ele poderia combater o veneno de tarântulas. O

Livro X trata das teorias da harmonia das esferas.

No Liber Octavus de Musurgia Mirifica 50 está sua notável proposta de

um algorítmo para composição musical, e é onde encontramos sua exposição

sobre modos e tons musicais. Tais algoritmos englobam tabelas de construção de

melodias e harmonias a 4 vozes, com cadências diversificadas, e estrutras rítmicas

49 KIRCHER, A. Musurgia Universalis. 1650 50 Neologismo latino, provavelmente criado pelo próprio Kircher, e passível de ser traduzido como 'Maravilhosa arte de forjar a música'

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a serem adequadas a textos diversos. De acordo com Kircher, este tratado visava

antes de tudo dar ferramentas para padres jesuitas, que utilizavam a música como

elemento catequizador nas culturas ditas pagãs, com as quais entravam em

contato. A prática dessa ordem religiosa era adaptar as melodias litúrgicas cristãs

aos textos que eram cantados nas línguas indígenas, o que de certo apresentaria

um resultado pouco satisfatório. Kircher oferecia um método de criação musical

para um texto específico, em qualquer que fosse a língua, observados os acentos

tônicos próprios. Assim, a Musurgia Mirifica contribuíu de modo decisivo para a

divulgação da Musurgia Universalis, pois 300 exemplares foram distribuídos por

Roma a jesuítas em todas as partes do mundo. 51

Ao seguirem-se os algoritmos de composição apresentados em Musurgia

Mirifica, chega um momento no qual o compositor deve transformar as cifras das

diversas tabelas em notas, escrevê-las em um pentagrama e escolher o tom de

base e, por conseguinte, o colorido expressivo do trabalho. A mensa

tonographica 52 (Ilustração 10, p. 43) se trata, na verdade, de uma tabela que

expõe o sistema de escalas e modos utilizados em sua Musurgia Mirifica, cifradas

com os respectivos numeri harmonici, e unidas a uma descrição "affettiva" dos

modos. 53 A mensa tonographica reserva, porém, algumas surpresas ao mesmo

tempo em que apresenta alguns erros. De acordo com Carlo Maria Chierotti, 54

várias correções na musurgia universalis foram feitas por Caspar Schott, 55 aluno

de Kircher. Em vários exemplos e passagens do texto, o próprio Kircher descreve

51 De acordo com: CHIEROTTI, C. M. Comporre senza conoscere la musica. 1994. 52 KIRCHER, A. Musurgia Universalis. Tomus II, Libri VIII, IX & X. 1650 (facsimile). 53 Kircher foi um dos principais autores da Affektenlehre (Teoria dos afetos), e quem em primeiro lugar referiu-se aos quatro afetos fundamentais, relacionando-os à teoria das quatro têmperas, de Claudius Galenus. As outras obras importantes foram de Michael Praetorius (Syntagma musicum, 1619), Marin Mersenne (Harmonie universelle, 1636) e Johann Mattheson (Der vollkommene Kapellmeister, 1739). Apesar disso, na mensa tonographica, os relacionamentos dos modos aos afetos são simplificados e quase estereotipados 54 CHIEROTTI, C. M. Comporre senza conoscere la musica. 1994. 55 Caspar Schott (1068 - 1666). Também jesuíta, foi professor de matemática e física; discípulo e compilador de algumas obras que o próprio Kircher não teve tempo de escrever.

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preceitos que corrigem as escalas da mensa tonographica. Apesar de a colocação

dos modos numa tabela, ao modo de tratados mais antigos, assemelhar-se a uma

aparência bastante tradicional, as doze escalas ou modos apresentados por Kircher

já apontam a uma polarização entre os modos maior e menor (harmônico).

Ilustração 10: Kircher, Mensa Tonographica

Transcritos com alturas musicais, os treze modos acima apresentam o

seguinte aspecto geral:

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Ilustração 11: Os doze modos de Kircher.

Da mensa tonographica apresentada acima, pode-se extrair o esquema

particular de Athanasius Kircher, 56 em especial os significados ou qualidades

(Qualitas Tonorum) que são relacionados com cada um dos modos.

56 in CHAFE, E. T. Monteverdi’s Tonal Language. 1992. capítulo 3. p. 41-49

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Tabela 3: Nomenclatura dos modos, de acordo com Kircher.

A. Kircher Numeração Kircher

Tom Nome Sistema Qualitas Tonorum

I D Dórico Durus Plus religiosus suavis II G Hipodórico Mollis Laetus vagus III A Frígio Durus Lachrymosus IV E Hipofrígio Durus Tristis querelus V B Lídio Mollis Hilaris VI F Hipolídio Mollis Bellicosus VII G Mixolidio Durus Voluptuosis VIII C Dórico Durus Amenus VIII C Hipomixolídio Mollis Jucundus IX D Jônio Mollis Fidúcia plenus X A Hipojônio Durus Mollis vanus XI C Iastico Durus Magnificus XII F Hipoiastico Mollis Severus vehemens

A conclusão mais importante da comparação dos diversos sistemas de

nomeação e representação dos modos é que, enquanto os sistemas tradicionais de

Glareanus e Zarlino preocupam-se em registrar e resgatar a origem antiga de tal

sistema, isto é, apresentar suas relações numéricas e proporcionais, (e, portanto

naturais, no sentido de que a natureza expressa-se através de números e a arte

deve imitar essas relações numéricas encontradas na natureza), o quadro de

Kircher, exatamente pela sua inserção num tratado musical com objetivos

extremamente diretos de oferecer a uma grande comunidade de catequistas a

possibilidade de compor obras musicais de modo eficiente e prático (aqui, em

oposição a teórico), nos apresenta uma visão da utilização prática que seus

contemporâneos faziam desses sistemas.

A contínua inserção de novas notas alteradas nos modos tradicionais

revela-se como utilização de recursos expressivos, e, portanto, recursos

dramáticos, pois não eram decorrentes de necessidades estruturais internas dos

modos, mas sim da necessidade estética de representar afetos.

Tais modificações nos modos foram aparecendo de maneira gradual, a

princípio como recursos musicais utilizados por este ou aquele compositor, e, ao

serem reproduzidos na escrita de outros compositores, que imitavam tais

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procedimentos por serem diferentes, por chamarem a atenção e por caírem no

gosto de sua audiência, passaram de elementos estranhos à linguagem musical em

que se apresentavam, a elementos definidores de um estilo.

Assim, na virada do séc. XVI para o XVII, procedimentos composicionais

relacionados à estrutura tonal dos modos e que aproximam-se das descrições de

Kircher, devem ser entendidos exatamente como recursos dramatúrgicos, por

significarem um rompimento com as bases teóricas que definiam as relações tonais

de então.

E aqui reside grande parte de nosso desafio enquanto intérpretes desse

repertório: Sendo que esses novos procedimentos baseados nas relações tonais

dos modos, por serem conflitantes com uma determinada tradição e estética

estabelecida, seriam reconhecidos exatamente pela estranheza que causariam aos

ouvintes, e, desse modo, eficientes em sua função dramático-expressiva, como

recuperar exatamente essa estranheza, visto que tais procedimentos já foram há

muito tempo incorporados à linguagem musical e não conseguem, por si, chocar

nossa audiência moderna ?

Acredito que nossa função, enquanto intérpretes especializados nesse

repertório, é oferecer a nossas platéias a possibilidade de se comoverem com

essas obras do modo pretendido por seus autores, e que, para tanto, devamos

utilizar todos os recursos que possamos dispor para mover suas almas aos

sentimentos clássicos de 'terror' e 'piedade'.

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V. Representação musical em Monteverdi.

ara propor uma abordagem analítica de aspectos composicionais

referentes à utilização de processos harmônicos e sua significação

alegórica em obras dramáticas de Claudio Monteverdi, utilizados

como delineadores da estrutura dramatúrgica de suas obras, foram

escolhidos trechos de duas de suas óperas, especificamente de

personagens femininos próximos à hora da morte, 57 a saber:

a) Da ópera L'Orfeo (Mantua, 1607): 58

IV Ato, Recitativo de Eurídice: “Ai vista troppo dolce...”;

b) De Il combattimento di Tancredi et Clorinda (Veneza, 1624): 59

Recitativo final de Clorinda: “S'apre il ciel, io vado in pace”

Os exemplos escolhidos pertencem a duas obras distantes 17 anos na

produção musical de Monteverdi. A primeira, L'Orfeo, foi estreada em 1607, após a

publicação dos IV e V Livros de Madrigais a cinco vozes, em 1603 e 1605,

respectivamente, em cujo prefácio Monteverdi defende a criação de um novo estilo

de composição, batizado por ele mesmo de Seconda Pratica. 60

Já Il combattimento di Tancredi et Clorinda foi incluído no VIII Livro de

Madrigais (1638), primeira parte, intitulado Madrigali guerrieri et amorosi.

57 Para uma discussão sobre a função dramática da morte, veja o Apêndice B:, p. 147. 58 MONTEVERDI, C. L’Orfeo. 1609. 59 Id., Madrigeli Guerrieri. 1638. In Tutti le Opere, vol. 8. Universal, 1930. 60 Monteverdi não cumpriu sua “promessa” de escrever seu tratado sobre os fundamentos da Seconda Pratica. Vários são os textos e autores que tratam das características musicais desse gênero musical. Consulte-se a respeito, por exemplo, LEOPOLD, S. “Seconda Pratica” oder Die Herrschaft des textes über die Musik in Claudio Monteverdi und seine Zeit. Laaber Verlag. 1982.

PP

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As obras compostas por Monteverdi entre essas duas datas, 61 sejam

madrigais ou suas obras cênicas, apresentam, como desenvolvimento musical

primordial na escritura musical do compositor, uma clara transição entre uma

escritura altamente contrapontística, típica de sua escritura madrigalesca, para a

escritura precipuamente monódica.

A estrutura musical proposta por Monteverdi em L'Orfeo mescla todo

um conjunto de gêneros musicais correntes à época de sua composição, desde os

tradicionais ritornelli, passando por madrigais, canzonette, e o recém criado

recitativo, gênero musical que encontra em Monteverdi seu grande expoente.

Il Combattimento, por sua vez, estrutura-se na utilização quase

exclusiva do recitativo, e da definição de um novo gênero musical, batizado por

Monteverdi de stilo concitato. 62

Apesar de distintas na forma e nos gêneros musicais utilizados, ambas

as obras apresentam semelhanças profundas nas questões harmônicas que as

estruturam. Entenderemos, aqui, como “harmonia” as relações reconhecidas como

aquelas inerentes ao sistema musical dos séculos XVI e XVII, e não às relações de

tônica/dominante estabelecidas no século XVIII. Basearei minhas observações a

respeito dessas questões harmônicas principalmente em dois textos: “Alte

Tonarten”, de Bernhard Meier e “Monteverdi´s Tonal Language”, de Eric Chafe.

A morte de Euridice, noiva de Orfeo, representada no recitativo “Ai vista

troppo dolce...” L'orfeo, IV ato será nosso ponto de partida para essa discução.

Para essa finalidade, útil é a comparação desse trecho com o recitativo final de

Clorinda: “S'apre il ciel…”, de Il combattimento... também no momento da morte

da personagem.

61 Scherzi Musicali, 1607; Arianna, 1608 (perdida); Teti e Peleo, 1617 (perdida); Vespro della Beata Vergine, 1610; Sesto Libro, 1614; Settimo libro, 1619; La finta pazza Licori, 1627 (perdida) Scherzi Musicali, 1632. 62 Conforme descrito no prefácio de seu VIII Livro de madrigais.

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1. Representação musical na Morte de Eurídice.

No Exemplo 6, o recitativo de Eurídice (seu segundo e último na ópera,

compasso 6 a 15 do exemplo), consideremos a seqüência dos acordes utilizados:

Exemplo 6: Morte de EurídiceErro! Indicador não definido..

O trecho de EurídiceErro! Indicador não definido. está grafado em

cantusErro! Indicador não definido. mollis (B na clave) no tom de g. Este tom,

por si, é uma transposição do IV. tom –hipofrígio– de ZarlinoErro! Indicador não

definido., correspondente ao II. tom –hipodórico– de GlareanusErro! Indicador

não definido., escritos originalmente em cantus durus, com finalis sobre a nota

D. KircherErro! Indicador não definido. e Banchieri também o nomeiam como

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II. tom, mas à época desses autores, o II. tom –hipodórico– já estava consolidado

em cantus mollis (B na clave) sobre a nota G, e não mais sobre D.

A passagem estrutura-se em três cadências principais, sendo as duas

primeiras sobre a nota D (mezzana do tom), compassos 8 e 12, e a última sobre G

(finalis do tom), compasso 15. As duas cadências externas (comp. 8 e 15)

encontram-se no tom principal, g ('sol menor') e a central, através de uma

modulação “per -quadro” (compassos 10 a 12), no tom de d ('ré menor'), estando

ambas no mesmo modo, hipodórico. Nesses compassos, 10 a 12, a nota b ,

característica da modulação “per -quadro” não aparece explicitamente, nem na

linha vocal nem, na linha do baixo, devendo ser subentendida pelo contexto.

Para o grito de dor de Eurídice, “Ahi”, Monteverdi utiliza uma messa di

voce sobre a nota d, consonância no primeiro acorde de g, que se transforma

numa dissonância extremamente rude (sétima maior) sobre um acorde de E , o

mais bemolizado de toda sua parte. Ao chegar ao texto “troppo dolce”

(extremamente doce), a harmonia transforma-se subitamente num E , em

modulação “per b-quadro”, o acorde mais sustenizado de seu canto. Em “e troppo

amara” (extremamente amarga) retoma ao baixo E , porém agora não num

acorde triádico, mas numa superposição de uma 3ª maior e uma 4ª aumentada

sobre a nota do baixo, numa cadência frigia (E , D) utilizada por Monteverdi, já

naquele momento, com características de cadência suspensiva.

De acordo com o exposto no capítulo anterior (Introdução ao sistema

hexacordal, p. 25), o aparecimento único do acorde de E , por si só, não

caracteriza uma modulação, pois ele aparece isolado, sem outras referências

modais que o contextualizem.

Nessa seqüência, as três notas principais do baixo (compasso 5 a 7) Γ,

E , D encontram-se todas dentro do mesmo sistema (do mesmo cantusErro!

Indicador não definido.). A inserção do E apresenta-se como um choque tonal,

pois é uma nota estranha ao conjunto de notas pertencentes àquele tom. Essa

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relação de E versus E era conhecida como mi contra fa. Como esse modo é uma

transposição para G do modo originalmente em D, essa relação mi contra fa

referia-se à relação original de B versus B decorrente da mudança súbita de

cantus mollis para cantus durus, de uma transposição de um hexacorde mollis para

um durus, pois a nota B somente poderia ser solmizada como Fa, enquanto B

solmizava-se como Mi. 63

Aquela harmonia utilizada em “e troppo de amara”, uma terça maior

sobreposta a uma 4ª justa, é a mesma utilizada por Monteverdi em outras

passagens que representam profunda dor de personagens femininos, expressos

em seus Lamentos, como por exemplo no “Lamento d'Arianna” - Livro VII

(Exemplo 7) e no“Lamento da Ninfa” - livro VIII; tomo 2 (Exemplo 8).

Exemplo 7: Lamento d'Ariana: Lasciatemi Morire

Exemplo 8: Lamento della Ninfa

63 De acordo com o capítulo Introdução ao sistema hexacordal, p. 25.

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Voltando agora ao recitativo de Eurídice, no compasso 11, uma

transposição do tipo commixtio tonorum leva o trecho musical para o universo de

d jônio mollis. De acordo com a Mensa Tonographica de Kircher, p. 43, a Qualitas

Tonorum deste modo é fiducia plena (fidelidade plena), extremamente significativo

ao levar-se em consideração que a dor sentida a Eurídice é causada por excesso

de amor, e ela sofre por perder seu “bem mais caro”, seu esposo.

Melodicamente, são notáveis os extremos de linhas vocais baseados em

trítonos, seja por salto direto (Io misera, comp. 10; Ò mio, comp. 14) ou

direcionamento melódico por graus conjuntos e terças (Ahi... até ...dolce, comp.

6/7; cosi per troppo amor... até ...perdi, comp. 9/10), localizados exatamente nos

pontos de mudança de tons. O trítono, considerado tanto como intervalo melódico

quanto como notas extremas de uma melodia ou mesmo como encontro

harmônico, era considerado intervalo proibido, como ensinado até hoje em nossos

cursos de contraponto. A utilização de tal intervalo por Monteverdi, como também

sétimas e outros intervalos ditos dissonantes, dá-se em momentos de alta

expressividade dramática de seus personagens, ou mesmo em passagens com

forte apelo dramático em seus madrigais.

Diferentemente de outros personagens, como por exemplos os dois

espíritos que emolduram o canto de EurídiceErro! Indicador não definido., e

mantém-se fieis e fixos a um único tom e sistema, fortes em suas decisões, (o

espírito que a precede, por exemplo, canta em f mollis mixolidio, cuja Qualitas

tonorum é bellicosus, segundo Kircher), pode-se entender a seqüência harmônica

que sublinha o canto de Eurídice como um enfraquecimento do personagem, por

não se manter nos centros tonais esperados para a passagem. Tal

enfraquecimento se justifica tanto pelo caráter feminino da personagem, quanto

pelo momento em que se insere no enredo, apresentando o presságio de sua

morte.

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Assim, partindo-se do princípio que a audiência da época poderia, a

partir da audição, reconhecer tais variações harmônicas, por serem contrárias às

regras tonais vigentes, esse trecho, com suas dissonâncias melódicas e harmônicas

(considerando-se como dissonância harmônica uma seqüência horizontal de

acordes que não apresentam entre si relações referenciadas a um úncio centro

tonal , como por exemplo a harmonia resultante da relação mi contra fa existente

entre os acordes E e E no compasso 7) é um típico momento onde se pode

reconhecer que tal utilização dos recursos harmônicos é o modo de Monteverdi

inserir em sua música os recursos dramatúrgicos necessários a criar sentimentos

de terror e piedade.

Do mesmo modo como abordado para a morte de Eurídice em L`Orfeo,

pode-se apontar na morte de Clorinda, em Il Combattimento di Tancredi et

Clorinda, aspectos semelhantes.

O tom é d dórico durus (terminando em picardia), e sua Qualitas

Tonorum, de acordo com Kircher é Plus religiosus suavis. Porém, dentro de uma

única frase encontramos três transformações de hexacordes. Marcante é a

progressão das terças menores E, G e B , com os extremos durus (E) e mollis

(B ).

Exemplo 9: Morte de Clorinda.

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Tais relações desestabilizam o centro tonal, principalmente numa

seqüência cujo início se encontra fora da finalis do modo.

Se, como proposto por Chafe, a expansão do sistema de hexacordes

mollis e durus a partir de transposições e modulações, e, em decorrência, a

transformação dos aspectos dos diversos modos em si, direcionou a linguagem

harmônica para o surgimento do nosso sistema tonal, 64 pode-se concluir que

Monteverdi, consciente dessas relações e transformações nos aspectos particulares

dos modos, servia-se das relações harmônicas de T/D, usando-as como recursos

expressivos, seja pelo seu sentido de atração e afastamento (transposições de

quintas ascendentes) quanto pelo seu aspecto de unificação ou esfacelamento no

discurso harmônico.

Utilizadas a partir de seu aspecto simbólico, as transposições de modos,

as inserções súbitas de acordes estranhos aos sistemas hexacordais, e outros

procedimentos harmônicos podem ter oferecido um tipo específico de codificação

para um círculo de iniciados contemporâneos a Monteverdi, capazes de reconhecer

os acordes e relacioná-los com seus significados pré-acordados. Chafe ressalta o

fato de existir uma coerência na dimensão tonal-alegórica nas obras de

Monteverdi, e que o mesmo teria compartilhado suas idéias com jovens

compositores. Segundo Chafe, isto só poderia ocorrer existindo uma linguagem

alegórica comum aos compositores venezianos da época, permitindo que outros

ouvidos percebessem as intenções de Monteverdi.

Num segundo nível, para uma audiência que não tenha conhecimento

prévio de tal simbologia, e que não venha a decodificar individualmente os acordes

que fazem parte do discurso musical, mas percebam tais passagens como um todo

de sonoridades e relações harmônicas construídas pelo discurso musical, as

inserções de harmonias estranhas aos centros tonais (referidos aqui como centro

de tons modais), ao desestabilizar a compreensão do discurso harmônico centrado

64 CHAFE, E. T. Monteverdi's tonal Language. 1992 capítulo 3.

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neste ou naquele modo, induzem o ouvinte ao reconhecimento de uma ruptura no

desenvolvimento dramático do trecho em questão.

Tal ruptura poderá representar uma infinidade de situações e afetti, mas

é inegável seu caráter de conflito (no sentido dramatúrgico do termo) dentro da

linguagem harmônica do compositor.

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VI. Monteverdi e interpretação musical

1. Reflexões sobre a Seconda Pratica

definição de Seconda Pratica não se relaciona simplesmente a

uma questão de técnica composicional: ela estabelece uma

discussão acerca de polifonia vocal ou monodia, melodia versus

harmonia. Ela representa nada mais que uma possível

representação dramática de um padrão textual, e pode servir

de base estética tanto para a composição de um madrigal polifônico quanto para

recitativos de óperas. Como garantias para a essa Seconda Pratica e justificativa

para sua escritura musical, o próprio Monteverdi cita, entre outros, os

compositores Cipriano de Rore (1515?—1565), seu professor Marc'Antonio

Ingegneri (1547—1592) e os monodistas florentinos Jacopo Peri (1561—1633) e

Giulio Caccini (1551—1618) como precursores de uma determinada expressividade

vocal defendida por Monteverdi e por ele batizada de Seconda Pratica.

A Seconda Pratica não pode, portanto, ser considerada como um

conjunto pré-definido de leis e regras, mas uma delicada tentativa de representar

as necessidades dramáticas de um texto poético. O título Pratica foi escolhido por

Monteverdi de modo muito consciente, conforme se depreende da famosa

Dichiaratione della lettera... 65 escrita por seu irmão Giulio Cesare. Ele escreve que

Claudio

65 MONTEVERDI, G. C. Dichiarationi della lettera: stampata nel Quinto libro de suoi Madregali. 1607.

AA

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ha detto prattica e non Teorica perciocché intende versar le sue ragioni

intorno al modo di adoperar le consonanze e dissonanze nel atto prattico,

non ha detto Istitutioni melodiche, perciocché egli confessa non essere

soggetto di così grande impresa, ma lascia al Cavalier Ercole Bottrigari e

al Rev. Zerlino il componimento di così nobili scritti. 66

Nesse trecho, onde se percebe, de modo discreto, certa ironia da parte

dos irmãos Monteverdi, podemos realçar três distintos aspectos.

O termo Pratica, usado em oposição a Teorica, rebate as colocações de

Artusi em suas críticas aos madrigais de Monteverdi, publicadas em Delle

imperfettioni..., 67 que constantemente utiliza o termo pratico referindo-se a

compositores que escrevem suas músicas negligenciando os bons ensinamentos

dos grandes teóricos do passado.

Ao dizer que deixará a cargo de Bottrigari e Zarlino a escritura de tais

obras teóricas, unindo dois teóricos e críticos musicais rivais e contemporâneos,

bem provavelmente devem ter pretendido fazer uma sutil referência às acusações

de plágio que Bottrigari fez a Artusi, 68 por utilizar textos de seu Trimerone de'

fondamenti armonici no Secondo Ragionamento de Delle imperfeittioni... e, assim,

desautorizar as críticas de Artusi às suas obras.

Intencionalmente, ao utilizar o termo Istitutioni melodiche (fundamentos

melódicos) o faz em oposição ao tratado de G. Zarlino: Istitutioni Harmoniche

(fundamentos harmônicos). O termo harmônico referia-se aos procedimentos

musicais como um todo, sendo harmonia, nesse aspecto, sinônimo de música, e

com certeza tal conceito não era estranho a Monteverdi. Mas é extremamente

66 "disse prática e não teórica, porque pretende difundir suas razões relativas ao modo de se trataras dissonâncias e consonâncias do modo prático; não disse Fundamentos Melódicos, pois acredita confessa não ser sujeito para tão árdua tarefa, mas deixa aos senhores Ercole Bottrigari e ao reverendo Zarlino a composição de tão nobres escritos" 67 ARTUSI, G. M. L’Artusi: overo delle imperfettioni della moderna musica. 1600 68 Conforme Giuseppe Vecchi em sua introdução a L’Artusi: overo delle imperfettioni della moderna musica. Forni, 2000.

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significativo o fato dele utilizar agora uma contraposição clara aos termos

melodiche e harmoniche, numa declaração explícita de que uma nova ordem de

processos composicionais estava definida. Tal contraposição sugere que as

diversas notas que compõe um acorde não mais precisariam ser consideradas

como consonâncias ou dissonâncias a partir da proporção existente entre os

intervalos formados sobre a nota do baixo, conforme os preceitos teóricos antigos

(nominados por Monteverdi de prima pratica), mas, sim, tratando a harmonia e

melodia como duas estruturas complementares, porém independentes.

Em relação aos conceitos de melodia e harmonia, Ernest Schurmann

define, ao discordar dos conceitos musicais habituais no capítulo referente à

monodia de seu livro 'A música como linguagem' (1988), que 'melodia'

não se trata, em absoluto, de uma sucessão de sons individuais, mas muito

antes de uma voz em movimento. E é exatamente nesta noção de 'uma

voz em movimento' que, segundo a nossa opinião deve basear-se o conceito

de melodia. Note-se que o termo voz, aqui, já não se refere meramente aos

fenômenos sonoros produzidos com auxílio do aparelho fonador, mas

adquire a conotação de um objeto sonoro – ou um som objetivado – que é

dotado de mobilidade. Por outra parte, as categorias de tempo e espaço

mélico passam a servir de coordenadas do meio no qual se realiza o

movimento da voz,, isto é, onde essa voz descreve sua trajetória.

Chegamos, portanto a um conceito bem diverso daquele da teoria

tradicional e definiremos a melodia como sendo o movimento executado por

uma voz que descreve sua trajetória num meio determinado pelas

categorias de tempo e espaço mélico. 69

69 SCHURMANN, E. A música como linguagem. 1988. p. 47 e 48

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E, mais adiante no mesmo livro, defende que, até o século XVIII, antes

de assumir as características modernas decorrentes do racionalismo pós Descartes

de ser o relacionamento entre "acordes que passaram a ser concebidos como

projeções artificialmente explicitadas da própria natureza física do som", e como

desenvolvido por Rameau em seu primeiro Tratado de Harmonia (1722), o

conceito de Harmonia

nesse tempo, não designava ainda a atual disciplina normativa voltada à

produção musical no âmbito do sistema tonal, mas se referia à própria

essência da música, concebida como linguagem dos afetos. 70

Estas definições de melodia e harmonia, apesar de modernas, nos

oferecem uma clara visão do conceito barroco de concento, que pode ser definido

como o prazer estético gerado da junção desses dois patamares, ou seja, a junção

das diversas melodias, dos diversos "movimentos executados por cada uma das

vozes de uma polifonia, que descrevem sua trajetória num meio determinado pelas

categorias de tempo e espaço mélico" criam a "própria essência da música,

concebida como linguagem dos afetos".

Embora o termo Seconda Pratica tenha sido utilizado pela primeira vez

em referência a Claudio Monteverdi nas cartas do anônimo L'Ottuso Academico

incluídas na Seconda parte dell'Artusi (1603), é evidente que Monteverdi não

"inventou" a Seconda Pratica.

Havia, já naquele momento, um "recognition of two diverse approaches

to composition": 71 uma que seguia as antigas regras de Zarlino, e outra que

procurava um aumento da expressão musical. Esta segunda encontrou seus

primeiros fundamentos no "Dialogo della musica antica, et Della moderna" de

Vincenzo Galilei (1581). Visto que a Camerata Florentina ocupava-se

70 SCHURMANN, E. A música como linguagem. 1988, p. 122. 71 'Reconhecimento de duas abordagens distintas de composição' Prima Prattica, no Grove.

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conjuntamente com estudos sobre música e sobre a cultura clássica (antiga),

Galilei desenvolveu "primary requirements for the development of the solo song ...

monody, and the union of a recitation of the text with it affective content". 72 Tais

estudos foram retomados nas obras L'Euridice de Jacopo Peri (1600) e Le nuove

musiche, de Giulio Caccini (1601), entre outros. E também Giulio Cesare

Monteverdi, em sua Dichiaratione... (1607), traça as suas origens de volta a

Cipriano de Rore (1516-1565).

De fato Zarlino declarara, 23 anos antes, que as composições devem

expressar a idéia (il concetto), as paixões (le passioni) e os afetos (gli effeti),

através da harmonia (l'armonia). Assim se expressa Zarlino 73 quando diz que,

segundo o pensamento de Platão, a harmonia (música) deva acompanhar as

parole (texto) porque...

... la Melodia è un composto d'Oratione, d'Harmonia, & di Numero; &

par che in tal compositione l'una di queste cose non sia prima dell'altra;

tuttavia pone l'Oratione, come cosa principale, & l'altre due parti, come

quelle che servono à lei; ... l'Harmonia & il Numero debbono seguitar

l'Oratione; ... se nell'Oratione, ò per via della narratione ò della

imitatione (cose, che si trouano in lei) si può trattare materie, che siano

allegre ò meste ... gravi, ...materie honeste, over lascive, fà dibisogno,

ch'ancora noi facciamo una scielta d'Harmonia & di un Numero simile

alla natura delle materie che sono contenute nell'Oratione; accioche dalla

72 'procedimentos básicos para o desenvolvimento do canto solo.... monodia, bem como a união de uma recitação do texto com seu conteúdo afetivo'. ibid. 73 ZARLINO, G. Istitutioni Harmorniche. Quarta parte: In qual maniera l'Harmonie s'accommodino alle soggette parole. Cap. XXXII. 1558.

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compositione di queste cose messe insieme con proportione, risulti la

Melodia secondo 'l proposito. 74

Tal declaração de Zarlino em quase tudo corresponde e justifica a

colocação monteverdiana de que a harmonia [música] deva ser serva da oração

[texto]. Porém, com a afirmação expressa na última parte do texto de que os

diversos parâmetros deveriam ser 'postos juntos com proporção' (grifo meu), isto

é, que a música, sendo uma arte mimética, que imita os Números [proporções]

encontrados na natureza, deva também refletir em si tais proporção naturais,

refere-se à Harmonia como sendo a junção de dois procedimentos intrinsecamente

relacionados: o primeiro, visto como o desenvolvimento melódico escalar de cada

uma das vozes individualmente, chamada modulatione 75 (sentido horizontal) e o

segundo sendo o encontro vertical das notas das várias vozes, consideradas em

relação à nota do baixo, como dito por Zarlino, que soam "sopra la corda più grave

del concento".

Assim, a Harmonia dá-se como resultado da junção de todas as vozes

de uma escritura polifônica, com ritmos melodicamente proporcionais e intervalos

classificados como consonantes graças às proporções intervalares naturais

existentes em relação à nota mais grave (baixo).

E é exatamente nessa questão da proporção na escritura musical que

Artusi embasa suas críticas ao madrigal Cruda Amarilli.

74 "a melodia é um mistura de oração [texto], harmonia e número [ritmo], para que em uma composição uma destas coisas não seja maior que as outras; todavia põe a oração como coisa principal, e as outras partes servindo a ela; ... a harmonia e o número devem seguir a oração; ... se na oração, seja pela narração ou da imitação (coisas que nela se encontram) possa-se tratar de assuntos alegres ou tristes, .... sérios, ... assuntos honestos ou lacivos, é necessário que façamos a escolha de harmonias e números semelhantes à natureza dos assuntos contidos na oração; assim que, da composição destas coisas postas juntas com proporção, resulte a Melodia, de acordo com o desejo" 75 E desse modo, muito se assemelha ao conceito de melodia apresentado por Schurmann, como transcrito na p. 57.

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Para o objetivo deste texto, será suficiente comentar duas das críticas

de Artusi, e as respectivas respostas de Giulio Cesare. A passagem mais

significativa nas críticas de Artusi é esta:

Ilustração 12: Cruda Amarilli, compasso 13

Artusi questiona qual "relação harmônica pode haver entre a soprano e

o baixo" nesse exemplo que em tudo contraria as regras de contraponto:

dissonância (uma nona!) atacada sem preparação, após uma pausa e saltando

para outra dissonância (uma sétima).

Na seqüência, as críticas ficam mais severas, quando se refere aos

choques de segundas resultantes das movimentações melódicas das vozes internas

(contralto e tenores) nos compassos 12 e 13.

Ilustração 13: Cruda Amarilli, compassos 11 a 14

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E, complementando suas discordâncias com relação a essas passagens,

critica a falta de proporção no aspecto rítmico [numero] das melodias individuais

[modulatione]. Importante ressaltar que Artusi (L'Artusi, overo delle

imperfeitione... p. 39) transcreve os exemplos musicais, porém sem incluir o texto

correspondente.

A defesa a essas críticas é apresentada a Artusi em carta a ele entregue

em 1599, e incluída na Seconda parte del'Artusi. 76 Seu autor é identificado

somente por L'Ottuso Accademico. Considerava-se que fosse Claudio Monteverdi o

autor da carta, usando o pseudônimo, porém tal identificação não é possível de

modo indubitável. Artusi simplesmente se refere ao autor como sendo "huomo di

molta autorità; & perchè egli faceva del Musico assai..." 77

Assim se espressa L'Ottuso na referida carta: que as coisas serão

sempre como são, e que tal acontecerá sempre com a sétima

la qual per se è sempre dissonanza; ...che per se sarà sempre tale; ma però

per accidente potrà bene essere diversa, non essendovi alcuna dissonanza

per se, che per accidente non possa si far buona rispetto alle

accompagnamenti, co i quali sarà fraposto quello intervallo dissono. E se

bene la settima usata dal Signor etc. tramezata (com'ella dice) nel grave

con una quinta, et nell'acuto con il semiditono, non serva l'ordine

dimostrato da lei; ... Ma per il contrario, come accento, come inganno,

overo come dissonanza a si, ma raddolcita dallo accompagnamento delle

76 ARTUSI, G. M. Seconda parte. 1603. p. 5. 77 “homem de muita autoridade, e músico importante...”

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altre parti; senza dubbio non solo farà buono effetto, ma come cosa nova

sarà di maggior diletto all'udito, che non sarebbe stata l'ottava. 78

Fica clara, assim, a real oposição do procedimento melódico da linha

vocal superior (melodia, monodia) contraposta ao acompanhamento dado pelas

outras vozes (polifonia, harmonia); procedimentos opostos, sim, porém

complementares, mas que elevam a melodia a um patamar hierárquico superior ao

da harmonia.

Os modernos estudos que procuram descrever e delinear os aspectos

composicionais da Seconda Pratica concordam que ela não possa ser definida

como um único conjunto de regras, diferentemente da Prima Pratica, que tendo a

proporção numérica da natureza como base para seu auto julgamento, pode ser

descrita num conjunto de regras dogmáticas.

Ulrich Siegele, 79 ao perguntar-se 'como a técnica composicional da

Seconda Pratica de Monteverdi deva ser entendida' e propor sua teoria de porque

Monteverdi não tenha chegado a escrever seu prometido livro, sugere considerar a

Prima e a Seconda Pratica pelo aspecto se suas dimensionalidades:

Seconda Pratica bedeutet also nicht, dass es nun zwei lehrbare Arten zu

setzen gegeben hätte, sondern dass auf der Grundlage der ersten Schicht,

deren Eindimensionalität sie für die Lehre prädestinierte, eine zweite

Schicht ausgearbeitet wurde. Diese zweite Schicht war eine melodische

78 "a qual é, por si, sempre dissonância;... e assim sempre será; mas, talvez, por uma peripécia [sucesso repentino] poderá ser bem distinta, não havendo dissonância que não possa se transformar em boa dependendo do acompanhamento sobre o qual se colocará tal intervalo dissonante. E, bem que a sétima usada pelo Senhor Etcetera [Monteverdi], acompanhada (como o Senhor diz) no grave por uma quinta e no agudo por uma segunda não sirva como exemplo de suas demonstrações; ... mas pelo contrário, como pronúncia, como engano, ou mesmo como dissonância em si, adocicada pelo acompanhamento das outras partes, sem dúvida não só fará um bom efeito, como também dará maior prazer ao ouvido, que não poderia dar a oitava". 79 SIEGELE, U. Cruda Amarilli. In METZGER, K, e RIEHN, R. Claudio Monteverdi. Vom madrigal zur Monodie. 1994. p. 97.

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Dartstellung der harmonischen Grundlage; sie war ein Darstellungsmodus

der ersten Schicht. Welcher Darstellungsmodus gewählt, wie das

Verhältnis der zweiten zur erten Schicht angelegt und die

Zweidimensionalität bestimmt wurde, war der individuellen Entscheidung

anheimgegeben. Monteverdi hat nicht eine Dualität von Stilen im Sinne

bestimmter Setzweisen begründet, sondern die Dualität der Ausarbeitung.

Darin lag für ihn die Schwierigkeit, sein Buch zu beschreiben. Denn wo

war die musiktheoretische Tradition, die nicht verbindliche Regeln gegeben,

sondern ein Feld offener Möglichkeiten beschrieben hätte? 80

E assim a dualidade da melodia versus harmonia, da polifonia versus

monodia deve ser entendida. A dissonância melódica, tomada enquanto proporção

intervalar entre o baixo e a nota considerada, sempre será uma dissonância. E,

nesse aspecto, não imitará as proporções 'agradáveis' da natureza. Porém, é

exatamente esse o resultado pretendido, pois a dissonância deve ser aqui

considerada no seu aspecto dramático: uma pronúncia ressaltada, um engano,

contraposta a um acompanhamento que lhe dê suporte e, assim, cause um outro

tipo de prazer no ouvinte, não mais o prazer estético de uma mimese que

reproduza as proporções da natureza, mas agora uma mimese das emoções

humanas sugeridas pelo texto.

Com isso, novas possibilidades expressivas passaram a estar

disponíveis, pois foi permitido ao 'feio' (cativo, nas palavras de Artusi) a

80 Seconda Pratica não significa, portanto, que haveria então dois modos de compor a serem ensinados, mas que sobre as bases de uma primeira camada [Prima Pratica], cuja unidimensionalidade predestinava-se a ser uma doutrina, uma segunda camada [Seconda Pratica] seria elaborada. Essa segunda camada era a representação melódica das bases harmônicas; era um modo representacional da primeira camada. A escolha de um modo representacional, tal qual a relação adotada da segunda camada sobre a primeira e que afirmava sua bidimensionalidade, era resultado de decisões individuais. Monteverdi não fundou uma dualidade de estilos, no sentido de um específico modo de composição, mas a dualidade da elaboração. Essa a razão da dificuldade de Monteverdi em escrever seu livro. Pois, como apresentar uma tradição teórico musical que não descreve um conjunto de regras rígidas, mas um campo aberto de possibilidades?

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possibilidade de transformar-se num bom recurso estético, e, portanto,

transformar-se em 'belo', assim como a dissonância, per accidente, poderá

oferecer maior prazer ao ouvido que a consonância.

Como referido anteriormente, o fundamento essencial da Seconda

Pratica foi a expressão do texto. Este princípio fundamental, mais do que

quaisquer diferenças audíveis ou visíveis entre a Seconda e a Prima Pratica, nos

leva a duas abordagens distintas da música. A principal, partindo do ponto de vista

de Zarlino, e, de certa forma, da diferença entre a certeza da racionalidade da

Renascença e o pensamento antitético emocional do Barroco, não foi o surgimento

de uma nona sem preparação, mas uma mudança no próprio conceito da arte

Musical.

2. A interpretação da música de acordo com Monteverdi

Os escritos de Monteverdi que nos revelam seus pensamentos a

respeito da prática, composição e interpretação de música agrupam-se em dois

conjuntos de fontes: os prefácios a seus livros de madrigais e sua

correspondência.

Devemos ter em mente, porém, ao considerar seus livros de madrigais

ou mesmo de música sacra, que cada um deles apresenta uma coleção de obras

que muitas vezes foram escritas anos, ou mesmo décadas antes de sua impressão,

e que por isso, apesar de reunidos num mesmo volume, podem apresentar

diferenças estilísticas marcantes. Tomemos por exemplo o VIII livro de madrigais,

impresso em 1638, que traz obras distantes 30 anos umas das outras, dentro da

produção do compositor. Numa mesma edição, encontram-se Il ballo delle ingrate,

de 1608; Tirsi & Clori, de 1616; Il combattimento de Tancredi & Clorinda, de 1624;

Volgendo Il ciel, de 1637 e todos os madrigais "Guerrieri & amorosi" escritos

provavelmente no decorrer de diversos anos.

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Enquanto o Ballo delle ingrate e Tirsi & Clori assemelham-se

estilisticamente a L'Orfeo , em seu aspecto formal externo, com um claro

revezamento de árias, recitativos, coros e ballets, já o Combattimento... introduz

muitas inovações em sua grafia instrumental que passariam a fazer parte da

escrita de Monteverdi a partir de sua composição, como o genero concitato,

descrito e defendido por Monteverdi como o resultado artístico de uma proposta e

pesquisa estéticas realizadas a priori.

Suas cartas, principalmente quando endereçadas aos libretistas de suas

obras ou a seus patrões que as encomendaram, revelam suas preocupações com

diversos assuntos relacionados à montagem dos espetáculos para os quais ele

escrevia a música. Encontramos observações sobre a organização musical de

balés, duração de cenas ou números musicais, tipologia da voz dos cantores,

soluções instrumentais e espaciais, que revelam sua intenção de conseguir um

determinado efeito dramático (Conforme Dramaturgia Musical, primeira

acepção). 81 Tais opções, tomadas pelo compositor no momento da criação de

seus trabalhos, nos são apresentadas na forma de partituras musicais, poucas

delas precedidas de algum tipo de observação além da própria grafia musical.

Nesse sentido, é imprescindível lembrar que o próprio compositor era o encenador

de seu espetáculo, dividindo por vezes algumas funções com os coreógrafos.

Em Lax 3, 17 82 Monteverdi escreve ao duque Vincenzo Gonzaga que

seria importante, para ele poder escrever a música de uma determinada obra,

saber o número exato de mulheres que participariam numa determinada cena de

dança, para ele poder propor uma organização musical específica e variada,

81 Conforme discutido no capítulo II. 82 A numeração Lax: 22, 54 indica a ordenação da carta no livro Lettere, editado por Eva Lax, seguida da página onde se encontra a citação. No exemplo: carta número 22, página 54.

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volendolo fare intercalato, como mi pare che sarebbe statto novo, bello e

gustevole, cioè facendo sonare prima da tutti li ustrimenti un’aria allegra e

corta e danzata da tutte le stelle parimente, dipoi in un subito le cinque

viole da brazzo pigliando un’aria diversa da la deta, fermandosi li altri

ustrimenti, ballandola solamente due stelle; restando le altre, e, nel fine di

detta partita a due, di novo ripigliar la prima aria con tutti li ustrimenti e

stelle, seguitando questo ordine sino che avessero ballato a due a due tutte

le dette stelle; ma non avendo aùto il detto numero, e questo essendo di

necessario il saperlo... 83

Percebe-se nessas palavras a preocupação de Monteverdi em oferecer

uma seqüência musical que contemplasse ao mesmo tempo o interesse sonoro

(revezamento de tutti instrumental e grupo de cordas) e o interesse visual, com o

revezamento de duos e tuttis das Stelle, ao mesmo tempo que disponibiliza

espaço para a atuação individual de cada uma delas no trecho em questão. Ele

mesmo afirma que tal organização dramática dos efeitos cênicos seria nova, bela e

agradável (novo, bello e gustevole), demonstrando assim seus argumentos para

que tal proposta de organização musical da partitura fosse aceita por quem a

encomendou.

Em carta a Annibale Iberti, conselheiro da corte (Lax 4,19), Monteverdi

envia um madrigal escrito sobre um soneto que lhe fora entregue, para ser

musicado para o duque Vicenzo Gonzaga. Monteverdi solicita, então, que antes

83 "desejando fazer-lo alternado, como me parece que seria uma proposta nova, bela e agradável, isto é, fazendo primeiramente com que todos os instrumentos toquem uma música alegre, curta e dançada por todos as Stelle aos pares, e depois, subitamente, fazer com que 5 viole da braccio iniciem uma música contrastante, tocando uma música distinta da primeira, enquanto os outros instrumentos se calam, e dançam somente duas Stelle, sem as outras, e no fim dessa parte somente com duas, novamente retomar a primeira música com todos os instrumentos e Stelle, seguindo essa ordem até que tenham dançado de duas em duas todas as Stelle; Mas como não consegui esse número [de quantas mulheres haverá disponível], e sendo muito necessário sabê-lo..."

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que o madrigal fosse apresentado para a avaliação do Duque, que o mesmo fosse

ensaiado pelo seu vice-maestro di cappella, Bassano Cassola, para que esse possa

... provarla e pigliarne la sicurezza del’aria, insieme con li altri signori

cantori; perché è cosa molto difficile al cantore rapresentare un’aria che

prima non abbi pratticato , ed è di molto danno a quella composizione

musicale, come, nella prima volta che vien cantata, non viene intesa

interamente. 84

A música era escrita para agradar a quem ouvisse, pois a função do

compositor da corte, mais do que simplesmente escrever o que fosse necessário

para os eventos sociais, religiosos e políticos,era saber reconhecer o gosto de sua

audiência e saber dosar os momentos em que devia satisfazê-lo ou surpreendê-lo.

2.1. Le nozze di Tetide e di Peleo

Uma seqüência cartas trocadas com Alessandro Striggio, datadas de 9

de dezembro de 1616 a 14 de janeiro de 1617 (Lax 19 a Lax 23), e que tratam da

composição da música para Le nozze di Tetide e di Peleo, favola marítima, revelam

um conjunto de questionamentos e de soluções propostas por Monteverdi a

respeito de aspectos dramáticos sugeridos na obra.

Essas observações de Monteverdi nos revelam diversas informações a

respeito do pensamento dramático do autor, e apontam um conjunto de

possibilidades de como tratar sua obra.

Para um entendimento mais imediato desses exemplos, apresento

diretamente suas traduções, acompanhadas das referências aos originais, cujas

84 ensaiá-la e deixá-la segura, juntamente com os outros cantores, porque é muito difícil para o cantor representar uma canção que não tenha antes praticado, e é muito prejudicial à composição que, na primeira vez que seja executada, não seja entendida corretamente.

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transcrições podem ser encontradas nos anexos, na seção Cartas, a partir da

página 163.

Primeiramente, com relação aos afetos da obra, Le nozze di Tetide e di

Peleo foi provavelmente projetado como um Intermezzo, espetáculo a ser

apresentado sobre a água, em virtude de seu argumento. Peleo é um dos

argonautas, que desposa Tetide (também chamada Teti), uma das Nereidas,

ninfas marinhas filhas de Nereo.

Monteverdi escreve, a respeitos dos personagens do Intermezzo:

Como ... poderei imitar o falar dos ventos, se não falam? E como poderei

através deles mover os afetos? Move a Arianna por ser mulher, e move

Orfeo por ser homem e não vento. As harmonias imitam seus afetos, e não

o texto; [e também imitam] o estrépito dos ventos, o balir das ovelhas, o

relincho dos cavalos e muito mais, mas não imitam o falar dos ventos, pois

esses não falam. 85

A fábula .... não compreendo a qual fim me mova: l'Arianna me leva a

um verdadeiro lamento, e l'Orfeo a uma verdadeira oração [súplica]. Ma

questa [Le nozze...], não sei a qual fim. 86

Monteverdi unifica, aqui, sua necessidade de um afeto claro a ser

imitado pela música, visto como o grande objetivo da narração da obra em si, e

que mova os sentimentos humanos com afetos humanos, de personagens como

Arianna e Orfeo, ao mesmo tempo em que afirma, de modo irônico, a capacidade

de a própria música representar até mesmo os sons de animais (ovelhas e cavalos)

85 Lax 19, 49 86 Lax 19, 49

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ou mesmo ruídos da natureza (estrépito dos ventos), mas não a fala daqueles que

não falam.

Mais à frente, na mesma carta, ao falar de sua obrigação profissional de

escrever música para tal texto num prazo curto e concomitantemente às suas

obrigações com as festas de natal, e considerando que no texto mais entidades

que outros personagens falam, ele sugere que

as partes das Sereias poderão ser cantadas e até mesmo compostas pelas

irmãs [Basile], Adriana e as outras (e o mesmo poderá fazer o senhor

Rasso com sua parte, e o senhor don Francesco do mesmo modo)... pois, se

tal espetáculo tendesse a um só fim, como a Arianna e Orfeo, aí sim seria

necessária somente uma mão [para escrever a música], isto é [se fosse

espetáculo] que tendesse ao parlar cantando e não como este, ao

cantar parlando. 87

Dois aspectos merecem destaque: primeiramente, Monteverdi já esboça

aqui um conceito de unidade composicional na obra musical, decorrente da sua

necessidade de unificar a representação musical dos afetos do drama, visando um

objetivo afetivo.

Outro aspecto diz respeito à diferenciação, mais uma vez irônica, entre

o parlar cantando, isto é, a construção de recitativos e árias que expressem a

oração, de um cantar parlando. Ele desconsidera, como afetos dignos de

representação, as palavras escritas para determinado conjunto de entidade – os

vários tipos de ventos, zeffiretti, boreais, sereias, etc. – que sugere deixar a cargo

dos próprios artistas a composição de suas partes, como já fora feito em outras

87 Idem.

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comédias de outros autores. 88 Assim, insinua que textos com essas características

não necessitam da intervenção especializada de um compositor como ele.

Cabe aqui distinguir dois conceitos encontrados nas cartas de

Monteverdi, relacionados aos diversos tipos de escrita para as partes vocais:

a) canto di vaghezze, ou canto di garbo: significando canto

ornamentado, elegante, gracioso: canto figurado, em contraste com

o recitativo;

b) soliloqui: solilóquios, sempre usado em referência aos recitativos.

Monteverdi escreve que no libreto que lhe fora enviado, para as

diversas entidades há "poucos diálogos, e nos poucos [que há, essas entidades]

falam, e não cantam di vaghezze conjuntamente." 89 Essa reclamação diz respeito

à falta de oportunidades que o libreto oferece para a construção de números

musicais, que por si, possam direcionar a audição da platéia, no sentido de

oferecer variedade na sonoridade dos diversos trechos musicais que farão parte do

intermezzo.

Também sugere alterações em estruturas do texto, que possam permitir

seqüências musicais mais interessantes e variadas:

Tenho objeções aos três cantos das Sereias: se cantarem todas

separadamente, a ópera se tornará muito longa aos ouvintes, e com pouca

variedade, pois entre uma e outra será necessário incluir sinfonias

88 Um dos cantores citados é Rasso – Francesco Rassi – que foi o primeiro intérprete de L'Orfeo. Talvez essa seja a razão da existência de dois pentagramas para a parte vocal de Orfeo na ópera homônima: um linha simples, com valores longos e consonantes, e uma linha extremamente ornamentada, quiçá resultado de uma construção melódica realizada pelo próprio Rasso quando da estréia da obra, e registrada na edição. 89 Lax 20, 52.

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intercaladas, que sustentem o falar e os trilos [recitativos e árias], e em

gênero serão muito semelhantes. Sugiro que, alternadamente, os dois

primeiros madrigais sejam cantados hora por uma, e hora por duas vozes,

e o terceiro com as três juntas. 90

Em diversas passagens de suas cartas reencontramos referências à

duração das obras, e sua preocupação com os ouvintes. E também a necessidade

de oferecer variedade de gênero nos números musicais, sejam árias, duos, balés,

coros, etc.

ao meu ver, após a conclusão, falta uma canzonetta ... cuja harmonia

possa ser ouvida do céu e da terra da cena ... e se os versos que cantarão as

nereidas fossem escritos em metro de dança... me pareceria algo muito

próprio. 91

A expressão "ser ouvida do céu e da terra da cena" refere-se à música

executada concomitantemente por instrumentos e cantores sobre o palco (céu ou

no ar) e pelos instrumentos que se posicionam no proscênio (terra), mais uma das

variedades de sonoridade que Monteverdi sugere para tornar a audição mais

interessante. Lembremos que em 1613, três anos antes da realização de Tetide e

Peleo, Monteverdi havia sido nomeado maestro di cappella em Veneza, cidade

acostumada com a prática da música poli-coral desenvolvida por seu antecessor no

cargo, Andrea Gabrieli. 92 Não é de se estranhar a profusão de referências à

90 Lax 22, 55 91 Lax 22, 54 92 Andrea Gabrieli (1557-1612) publicou suas Sinfonie sacre, em 1597. Uma coleção com motetos a dois, três e quatro coros, que estariam dispostos nos vários coros da catedral de San Marco, criando assim efeitos de quadrifonia inéditos.

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música em cena (no palco), fora de cena (fora do palco) e instrumentos tocados

pelos próprios cantores.

Essa preocupação com a variedade reflete-se também em opções de

timbres instrumentais a acompanhar esta ou aquela passagem, e mesmo à escolha

do conjunto de instrumentos de contínuo:

pois creio que a harmonia de tritões e outras divindades marinhas deverão

ser feitas sobre trombones e cornetos, e não sobre cítaras ou cravos e

harpas, pois esta cena, sendo marítima é fora da cidade; e Platão ensina:

"Cithara debet esse in civitate et thibia in agris." 93

A passagem acima, na verdade, insere-se numa discussão maior sobre

os inconvenientes da proposta de tal projeto: uma ópera com entidades não

humanas, que não leva a um afeto definido, que será encenada provavelmente

sobre um barco, e além de oferecer dificuldades técnicas para sua resolução,

obrigará incompatibilidades estéticas. Nesse sentido, Monteverdi argumenta que,

as soluções "delicadas serão impróprias e as próprias não delicadas", 94 pois as

opções sonoras que melhor descreveriam determinadas passagens ou não

resultariam numa audição delicada (como a necessidade de ter-se que dobrar

harpas, cítaras e cravos para que possam ser adequadamente ouvidos), ou

implicariam em enormes dificuldades de solução técnica, (como colocar conjuntos

instrumentais inteiros fora de cena).

Algumas soluções apresentadas beiram a descrição imagética do texto:

Creio que seria bom que a parte de Venus, que vem após o pranto de

Peleo, antes de ser ouvida a cantar di garbo, ... fosse cantada com voz

plena pela senhora Andriana [sic], e pelas senhoras suas irmãs em eco,

93 Lax 19,4 9 94 Lax 19, 49

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pois diz o texto: 'E sfavillin d'amor li scogli e l'onde, 95 mas antes

preparando as almas da audiência com uma sinfonia de instrumentos que

tomasse metade do palco, pois viriam antes desses verso de Peleo, após seu

pranto: 'Ma qual per l'aria sento / Celeste, soavissimo concento?' 96 E

assim creio que a senhora Addriana [sic] teria tempo de se trocar, ou

mesmo uma de suas irmãs.

Além dos efeitos previstos, de eco no canto de Vênus ao falar dos

penhascos e ondas, e de sugerir a criação de uma introdução emocional para o

canto de Peleo, que justificasse sua fala "Que sons escuto?", Monteverdi revela

aqui uma preocupação típica, necessária e exclusiva de compositores

acostumados e conscientes das necessidades teatrais: oferecer um tempo musical

que permita ao cantor/ator trocar seu figurino.

De acordo com a primeira acepção de Dramaturgia, apresentada no

capítulo II: Dramaturgia Musical, p. 11 —técnica da arte dramática, que procura

estabelecer princípios de construção da obra a partir de princípios abstratos,

pressupondo um conjunto de regras especificamente teatrais— podemos

reconhecer diversas opções dramatúrgicas propostas por Monteverdi para vários

aspectos da construção do 'texto musical' que, em última instância, passará a ser,

mais que o texto que lhe fora apresentado, a própria representação estética de Le

nozze di Tetide e Peleo, não importando aqui se a obra chegou a ser finalizada ou

não.

Essas opções revelam um homem "de teatro", como coloquialmente são

chamados, desde o séc. XIX , aqueles que trabalham bem com o espetáculo

95 "E reluzam de amor os penhascos e as ondas"; no sentido de 'céus e terras' [NA] 96 "Mas, quais sons celestes e suavíssimos são esses que escuto pelo ar?"

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cênico. E opções voltadas a revelar à sua audiência, com os mais eficientes

recursos dramático-musicais, o conjunto de afetos apresentados pelo texto.

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AAAAAAAATTTTTTTTTTTTTTTTOOOOOOOO SSSSSSSSEEEEEEEECCCCCCCCOOOOOOOONNNNNNNNDDDDDDDDOOOOOOOO

Vi ricorda ò boƒchi ombroƒi,

de' miei lunghi aƒpri tormenti,

quando i saßi a' miei lamenti

riƒpondean fatti pietosi ?.

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VII. Problemas de uma execução contemporânea de

L’Orfeo.

1. Considerações sobre «interpretação histórica»

entre os vários fatores aos quais a execução contemporânea de

uma obra musical composta em épocas passadas estará

sempre vinculada, talvez o gosto estético do público ouvinte

seja um dos mais marcantes e direcionadores das práticas

interpretativas.

Uma rápida consulta à vasta discografia que registra o repertório

musical composto antes do século XIX nos mostrará uma gama bastante diversa

de interpretações, que divergem entre si, em alguns casos, em quase todos os

parâmetros musicais.

Comparando-se uma execução de, por exemplo, um oratório de Bach ou

Haendel (cujas regras de grafia musical aproximam-se muito das de nossa grafia

contemporânea) dirigida por Karl Böhm 97 e outra por John Eliot Gardiner, 98

quesitos como efetivo musical, afinação, andamentos, valores rítmicos,

articulações, dinâmicas e mesmo instrumentos utilizados e sua técnica de

execução são perceptivelmente distintos.

A execução de Böhm traz em si a tradição da prática interpretativa

musical da Alemanha do final do século XIX e começo do séc. XX, com suas

formações orquestrais e corais de grande vulto; de uma sonoridade influenciada

97 Karl Böhm (* 28/08/1894, Graz; † 14/08/1981, Salzburg, Áustria), regente. 98 Sir John Eliot Gardiner (* 20/04/1943, Fontmell, Dorset, Inglaterra.), regente.

DD

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pelo alto romantismo do século XIX, onde o texto musical, independentemente de

seu autor, está a serviço do regente, que nele impõe sua interpretação, e que

espelha em sua personalidade o gosto musical de seu tempo.

Já a execução de Gardiner é sucedânea de escolas interpretativas

iniciadas por Thurston Dart e Nadia Boulanger e também de Nikolaus

Harnoncourt 99 e seu grupo "Concentus Musicus Wien", formado em 1953, que

propunham novas execuções do repertório pré-clássico. Essas escolas impuseram,

em meados dos anos 1950, uma grande modificação no modo de ouvir e executar

o repertório barroco, baseando sua interpretação, então, em pesquisas históricas

que revelaram aspectos até então desconhecidos ou negligenciados na prática

musical, como aspectos da construção de instrumentos, quantidade de

instrumentistas, técnicas de execução baseadas em tratados de época, como os de

Quantz, 100 Carl Philipp Emanuel Bach, 101 ou Leopold Mozart, 102 dentre vários

outros.

A partir da década de 60, diversos grupos e pesquisadores dedicados

exclusivamente à execução e decodificação desse repertório surgiram, buscando

novos autores, novas fontes bibliográficas, que apontassem e elucidassem o modo

de execução "autêntico" dessas obras. Pode-se citar, por exemplo, Thurston Dart,

Noah Greenberg, Raymond Leppard, Alfred Deller, etc. Por muito tempo, tal

prática foi batizada de "música de época", ou "interpretação de época", e

modernamente de "interpretação histórica" ou "historicamente informada". 103

99 Johannes Nicolaus Conde de la Fontaine und d’Harnoncourt-Unverzagt, (* 6/12/1929, Berlin, Alemanha), viloncelista e regente. 100 Johann Joachim Quantz (* 30/01/1697, Scheden; † 12/07/1773, Potsdam, Alemanha), músico, compositor e flautista: Versuch einer Anweisung die Flöte traversière zu spielen. 1752. 101 Carl Philipp Emanuel Bach (* 8/03/1714, Weimar; † 14/12/1788, Hamburg, Alemanha), compositor, 2º filho de J.S. Bach: Versuch über die wahre Art das Clavier zu spielen. 1753. 102 Leopold Mozart (* 14/11/1719, Augsburg; † 28/05/1787, Salzburg, Áustria), violinista e compositor, pai de W.A. Mozart: Versuch einer gründlichen Violinschule, 1756. 103 “Música de época, música histórica - Movimento da música erudita que busca recuperar, na execução de obras antigas - medievais, barrocas, clássicas ou mesmo românticas - as formações, técnicas de execução e os instrumentos característicos da época em que foram compostas. Criada

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Hoje em dia, tal conhecimento já faz parte do estudo regular de instrumentistas e

cantores em geral, que se dedicam tanto ao estudo da "música antiga" quanto ao

repertório sinfônico tradicional dos séculos XVIII a XX.

Para o gosto do ouvinte dos anos 1960 e 1970, os instrumentos de

época eram considerados instrumentos "menores", pois sua sonoridade peculiar

perdia em volume e "qualidade" para os instrumentos modernos. Não podemos

negligenciar o fato de que a utilização de réplicas ou mesmo de instrumentos

originais construídos até o século XVIII representava, para a audição musical

impregnada pela sonoridade romântica, um retrocesso no processo histórico, uma

vez que os mesmos foram abandonados no início do século XIX em favor de novos

instrumentos, tecnicamente mais desenvolvidos e adaptados para as novas

características e necessidades musicais, tais como obras sinfônicas de maior

duração, que exigiam maior efetivo instrumental; salas de ópera e de concerto

com mais capacidade de público, etc.

Com o passar do tempo e com o aumento da oferta de registros

fonográficos dessa nova maneira de executar o repertório pré-clássico, o gosto do

público foi também se moldando a esse novo estilo. A descoberta (ou

redescoberta) de novas obras e novos compositores, principalmente de obras

cênicas (óperas), o investimento das gravadoras nesse repertório (como, por

exemplo, Deutsche Gramophon, Harmonia Mundi, Erato-Warner Classics)

delinearam de tal forma a aceitação definitiva dessa prática interpretativa, que nas

na Europa na década de 1950, por inspiração dos maestros Nikolaus Harnoncourt (fundador do Concentus Musicus de Viena), de Gustav Leonhardt e a adesão posterior de Christopher Hogwood, a música de época ou histórica acredita recriar, com grande aproximação, a forma peculiar dos fraseados, das texturas e dos timbres originais, valendo-se de pesquisas históricas e da análise de partituras de cada um dos estilos ou períodos a que se referem. A idéia de revivescência musical já havia surgido, entretanto, no século XVII, sob a inspiração de Johann Pepusch, compositor e teórico alemão, que chegou a fundar uma academia de música antiga ou histórica, incumbida de restaurar a música eclesiástica renascentista. Posteriormente, em 1923, o compositor Ivo Cruz lançou o Renascimento musical em Portugal, divulgando, criteriosamente, as músicas renascentista e barroca de sua terra. No Brasil, o maestro e lutiê Roberto de Regina pode ser considerado um representante dessa vertente.” Dicionário Sesc: a linguagem da cultura / Newton Cunha. São Paulo: Perspectiva: Sesc São Paulo, 2003

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últimas décadas orquestras especializadas em "interpretações históricas" do

repertório clássico e inclusive romântico foram fundadas. 104

Um fator importante também para a aceitação desse repertório durante

a década de 60 foi o aparecimento de uma enorme quantidade de grupos

amadores ao redor do mundo, pesquisando, estudando e executando essas obras,

gerando um verdadeiro 'boom' na prática da música antiga, causado, talvez, pela

aparente facilidade técnica de execução de uma parte desse repertório, se

comparada àquele do alto romantismo, que permitia que essa música

(renascentista, em especial) fosse executada por diletantes, inclusive com pouca

formação musical. 105

Num primeiro momento, houve um período de uma quase 'ortodoxia

interpretativa', no qual, para os iniciados e defensores dessa nova maneira de

encarar e executar a música do período pré-clássico, não era admissível qualquer

execução dessas obras que não utilizasse instrumentos originais ou réplicas dos

mesmos; que não se baseasse em técnicas específicas de execução de

instrumentos de corda, expurgadas de efeitos que eram taxados de

"romanticismos", tais como o vibrato, por exemplo; não era admissível que

cantores transitassem entre o repertório lírico do séc. XVII e aquele do séc. XIX,

algo corriqueiro hoje em dia, pois se considerava serem necessárias vozes

completamente distintas para cantar Monteverdi e Strauss, como se a sonoridade

adequada à execução de obras de cada uma dessas épocas fosse resultado mais

das características fisiológicas dos cantores do que de suas opções estéticas. Hoje,

aceita-se como corriqueiro o fato de cantores, como por exemplo Anne Sofie von

Otter, transitarem entre óperas de estilos distintos, tais como "Ariadne auf Naxos"

e L'Orfeo.

104 A Orchestre Révolutionnaire et Romantique, foi fundada por Sir John Eliot Gardiner em 1990, com instrumentos “autênticos” visando a execução histórica do repertório do século XIX. 105 Cf. HASKELL, H. The Early Music Revival: A History. 1988.

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Em seu primeiro livro, Musik als Klangrede, Wege zu einem neuen

Musikverständnis, 106 publicado em 1982, Nikolaus Harnoncourt defendia uma

observação quase rígida de preceitos interpretativos nesse repertório. O livro traz

uma coletânea de textos sobre diversos aspectos da interpretação histórica do

repertório pré-romântico, escritos no decorrer de quase uma década. Analisa

questões da interpretação de obras do período pré-clássico, desde as modificações

técnicas pelas quais os instrumentos passaram (quase sempre descritas como um

tipo de perda, se compararmos os modernos aos instrumentos barrocos) 107 até as

técnicas de execução e interpretação decorrentes da análise dos tratados de

época.

Já em seu segundo livro, Der musikalische Dialog: Gedanken zu

Monteverdi, Bach und Mozart, 108 de 1984, Harnoncourt praticamente autoriza

execuções menos radicais do repertório barroco e clássico, ressaltando

principalmente o aspecto emocional e dramático desse repertório, especialmente

ao tratar de Monteverdi e questionar a própria estética sonora, perguntando-se:

"Será que o feio é belo?"

Estou convencido, porém, de que para Monteverdi a veracidade musical e

a mais perfeita interpretação possível do texto (isto é, da palavra) eram

mais importantes do que a simples beleza sonora. Não existem limites

estéticos para a representação sonora desta veracidade musical. Com o

conhecimento que temos do instrumental e do tratamento vocal da música

daquela época, não é lícito presumir que o som belo e imaculadamente

puro fosse o ideal então procurado. Muitas vezes, é bem mais fácil atingir

106 HARNONCOURT, N. O discurso dos sons: Caminhos para uma nova compreensão musical. 1998. 107 "No conjunto, observa-se um empobrecimento da paleta sonora, já que na orquestra moderna todos os instrumentos tendem para uma sonoridade redonda, pobre em harmônicos agudos, enquanto que na orquestra barroca a diferenciação dos grupos instrumentais era muito mais marcada e conseqüentemente mais rica". HARNONCOURT, N. op. cit., p. 132. 108 HARNONCOURT, N. Diálogo Musical: Monteverdi, Bach e Mozart. 1993.

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a veracidade dramática por meio do ruído e da dissonância do que através

da perfeita beleza sonora. 109

A declaração de que "não existem limites estéticos para a representação

sonora desta veracidade musical" é muito mais condizente com as gravações do

repertório monteverdiano que Harnoncourt nos ofereceu, 110 do que as regras de

execução do repertório barroco listadas em seu primeiro livro.

Aqui, Harnoncourt ressalta, inclusive, a função do intérprete de

reproduzir a "veracidade dramática" do texto musical. 111 E que tal veracidade, que

poderíamos chamar de fidelidade às idéias do autor, não é alcançada através de

uma interpretação que busque somente uma sonoridade bela, desconectada dos

significados expressivos a que o texto musical se propõe. Ao comparar termos

díspares como "ruído" e "dissonância", ele revela um dos aspectos mais

importantes da grafia e composição musical desse período, quando a dissonância

(que deve sempre ser considerada como um momento de expressividade no

discurso musical), antes um efeito melódico que devia ser tratado e escondido no

decorrer do texto musical, com procedimentos técnicos utilizados pelos

compositores para amenizar no ouvinte o choque intervalar dos intervalos de

segunda ou sétima, passou a ser um ruído, um evento rude aos ouvidos, colocado

em momentos que somente poderiam ser justificados pela expressividade dos

textos que lhes davam suporte.

Em seu texto, Harnoncourt fala exclusivamente do "conhecimento do

instrumental e do tratamento vocal" que temos daquela época, nunca se referindo

aos processos harmônicos da música de Monteverdi. Porém, no texto musical

deste compositor, as dissonâncias eram utilizadas não somente em encontros

109 Ibid. p. 29. 110 Marcantes nesse sentido são as gravações de L’Orfeo (1975), Poppea (1977) e Ulisses (1977) encenadas em parceria com Jean-Pierre Ponnelle. 111 Dramaturgia, 3ª acepção, conforme apresentado no capítulo II Dramaturgia Musical, p. 12.

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verticais de notas, que constituíam entre si os intervalos definidos como

dissonantes, tais como segundas e sétimas, mas também, e principalmente, na

seqüência horizontal de acordes, que, ao inserir acordes estranhos ao modo

utilizado, ao se aproximar ou se afastar dos centros dos tons de suas composições,

criavam "dissonâncias horizontais", responsáveis em grande parte pela construção

da dramaturgia musical em suas obras. 112

2. Execução Contemporânea

Para a execução contemporânea desse repertório, faz-se necessária,

antes de mais nada, a transcrição do texto musical da grafia impressa original para

a notação musical moderna.

Mesmo para instrumentistas especializados na interpretação histórica

desse repertório a notação musical típica dos originais monteverdianos e de seus

contemporâneos apresenta características gráficas que dificultam sua execução por

grupos instrumentais modernos.

A grafia musical impressa dos séculos XVI e XVII em muito difere da

nossa moderna, desde a técnica empregada, passando pelo aspecto da forma das

notas, como de seu espaçamento e distribuição das informações na partitura.

Também a instrumentação a ser usada não é completamente definida

na partitura. Note-se na página usada como exemplo que, após a intervenção do

pastor, tem início um ritornello instrumental, porém sem indicação de quais

instrumentos devem ser usados para sua execução. Após a segunda intervenção

do pastor há a indicação:

112 Como exposto no capítulo V: Representação musical em Monteverdi.

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Questo Ritornello fu sonato da duoi Violini ordinarij da braccio, vn

Basso de viola da braccio vn Clauicembano, & duoi Chittaroni. 113

A colocação do verbo no passado (fu sonato), por sua vez, revela mais

uma explicação de como a obra fora executada quando de sua estréia anos antes

da edição impressa, do que uma determinação específica da instrumentação

pretendida pelo autor no momento da composição.

No exemplo a seguir, podemos identificar os seguintes elementos

gráficos relativos à grafia musical típica de partituras impressa no séc. XVII:

Número de página A Barra de compasso I Indicação do personagem B Guião (indica a nota do próximo pentagrama) J

Indicação do ato C Pausa de mínima K Letra capitular D Pausa de semínima L

Clave de dó 4ª linha E Pausa de colcheia M Clave de dó 1ª linha F Ponto de aumento N Clave de fá 4ª linha G Ligadura de valor O

Cantus (armadura de clave) H Fórmula de compasso P Sustenido Q

113 “Este ritornello foi tocado por dois violinos normais da braccio (para diferenciar das violas da gamba), um Baixo de Viola da braccio (violoncello), um cravo e dois Chitarroni”. N.A.

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Ilustração 14: Exemplo de grafia original

2.1. Texto Musical

A grafia dos valores musicais depende da formula de compasso

adotada. No exemplo acima encontramos dois tipos de figuras que correspondem

à nossa mínima:

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A figura de cabeça branca e haste, semelhante à nossa mínima moderna, utilizada nas fórmulas de compasso correspondentes, por exemplo, aos nossos atuais compassos simples;

A figura de cabeça negra, sem haste, utilizadas em tempos rápidos, e com fór-mulas de compasso corres-pondentes aos nossos compassos compostos.

Outros valores musicais reconhecíveis no exemplo:

Semínima Colcheia Semicolcheia

Pela técnica tipográfica disponível na época, baseada em tipos, onde

cada peça da impressão é uma unidade independente, não era possível a grafia de

grupos de 4 colcheias ou semicolcheias ligadas numa mesma haste. Tal fato

propiciava vários erros de edição, como, por exemplo, grupos de 5 colcheias

colocados sobre uma mínima, decorrentes da impossibilidade de um alinhamento

visual preciso entre grupos de colcheias e semicolcheias e as semínimas

correspondentes.

As barras dividem a música em particelle, correspondente ao nosso

compasso moderno, que dividem a música em unidades métricas nem sempre

regulares, e sua colocação muitas vezes não reflete os acentos téticos do texto

musical e literário.

Percebe-se uma inconsistência, no segundo ritornello, entre a fórmula

de compasso dos instrumentos agudos (Violini da braccio) C 3/2 e do contínuo,

somente 3/2

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91

Cada um desses pontos necessita de tratamento específico quando da

transcrição moderna, para que seja possível a execução do trecho em questão.

2.2. Texto literário

A edição do texto literário para uma execução contemporânea

pressupõe a decodificação da grafia impressa do século XVI e sua modernização.

Como primeiro passo, é necessário conhecer o formato das letras, em muitos

casos bastante distintos dos nossos atuais; abreviaturas de conjuntos de letras

eram utilizados para economia de espaço. Atualizações da ortografia também se

fazem necessárias.

Algumas letras, como a letra "s", tinham até cinco tipos de desenho:

Musica Neceƒƒaria Scienza debolißimo poƒƒa

Musica necessaria Scienza debolissimo Possa

Outras, como a letra "v" e "u" eram usadas, em muitos casos,

indiscriminadamente uma pela outra. Na Ilustração 14: Exemplo de grafia original,

página 89: su e vn, onde as duas letras são usadas como "u", e clauicembano e

voce, onde ambas são utilizadas no lugar de "v".

un Clavicembano

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92

Abreviaturas de conjuntos de letras eram utilizados para economia de

espaço, como por exemplo, a utilização do til (~) como substituto de "n" e "m"

após vogais. Assim, usava-se ciascũ por ciascun, e õbra por ombra.

Ciascun Ombra

A conjunção e aparece geralmente com duas grafias: "&" e "et",

podendo adquirir outros formatos quando em itálico: & e &, não existem no

italiano moderno. Necessitam ser atualizadas para "e" (ou "ed" quando antes de

vogais).

Os plurais masculinos que normalmente grafados ij são modernizados

para ii.

O encontro ti, seguido de vocal, foi atualizado para zi. Assim, palavras

como silentio foram atualizadas para silenzio.

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93

VIII. Construindo a Transcrição

este capítulo, é apresentado o processo de elaboração de

uma possível orquestração contemporânea da ópera L'Orfeo,

de Claudio Monteverdi, tendo por base tanto as

características dramatúrgicas de sua composição, quanto o

aspecto técnico da grafia do séc. XVII, como exposto nos

capítulos anteriores.

1. Oportunidade

Como apresentado na introdução deste trabalho, convivo com a música

de Monteverdi desde 1980. No decorrer desses anos, tive a oportunidade de

cantar, executar e, finalmente, reger diversas de suas obras. Pude dirigir, além de

diversos madrigais e peças sacras, a integral dos madrigais de seus livros II, IV, V

e VIII; o Vespro della Beata Vergine; suas missas A 4 voci da cappella e a In illo

tempore; os dois Magnificat; diversos números da Selva Morale & Spirituali e

todas suas obras em Genere Rapresentativo: Il Combattimento di Tancredi e

Clorinda, Volgendo il Ciel, Il ballo delle Ingrate, Tirsi e Clori e o Lamento della

Ninfa.

O desejo de executar também L'Orfeo existia há muito tempo, mas,

acostumado às produções de óperas das quais participei, sabia que, para uma

representação digna da obra, era necessária uma boa infra-estrutura artística e

administrativa.

NN

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Meu ingresso no programa de pós-graduação da Unicamp deu-se em

2003. Por uma dessas boas coincidências do destino, fui convidado, no final do

mesmo ano, a assumir a direção da Banda Sinfônica do Estado de São Paulo—

BSESP. O grupo é uma orquestra de sopros composta por 82 instrumentistas,

criada em 1979, sendo um dos grupos sinfônicos da Secretaria de Estado da

Cultura. Dentre minhas atribuições artísticas, está a definição da programação

musical anual. A proposta para minha atuação artística frente ao grupo era trazer

para a BSESP uma programação diferenciada e inovadora e que mostrasse todas

as possibilidades artísticas da Banda Sinfônica. Assim, foram programados

espetáculos que juntaram a música da BSESP a diversas outras expressões

artísticas e que refletiam minha formação musical e passado artístico, tais como

teatro, cinema, música popular, e, finalmente, música antiga e ópera.

Naquele momento, fazia-se necessária a escolha de um título que

oferecesse um desafio, uma oportunidade de crescimento artístico e que causasse

uma profunda estranheza no público e na mídia.

Assim, a opção de executar L'Orfeo, numa versão original para a Banda

Sinfônica foi uma decorrência natural desse meu histórico.

2. A rotina dos trabalhos de transcrição

O processo de transcrição e orquestração da partitura original de

Monteverdi foi feita entre março e novembro de 2004, visando a execução da obra

dentro da programação de assinatura da BSESP.

A rotina de trabalho compreendeu 4 fases principais, a saber: 114

a) Digitação e modernização da grafia;

b) Adaptação técno-musical;

114 Como processo da rotina de trabalho, contei com a assistência de Leonardo Martinelli para a digitação da partitura e como auxiliar na instrumentação. A digitação dos textos foi feita por Juliano Suzuki.

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c) Orquestração;

d) Editoração final.

2.1. Digitação e modernização da grafia musical

A primeira parte da digitação consistiu-se na transcrição da grafia dos

textos originais monteverdianos do século XVII, a partir do fac-símile da primeira

edição da ópera, para a grafia musical moderna. A partitura assim gerada foi

nomeada de 'Matriz', pois a partir delas as adaptações vindouras seriam realizadas.

A decodificação do texto musical foi feita a partir dos parâmetros

apresentados no capítulo 'Problemas de uma execução contemporânea de

L’Orfeo.', p. 81. Foi necessário estabelecer critérios e procedimentos editoriais para

essa primeira fase.

a) Utilizar claves modernas de sol e fá;

b) Transcrever as métricas de compassos e valores de notas originais

com os mesmos valores utilizados por Monteverdi, indicando, porém

todas as mudanças de fórmula de compasso modernizadas;

c) Unir os colchetes nos grupos de colcheias e semicolcheias;

d) Transcrever as repetições de trechos musicais por extenso;

e) Digitar as partes de contínuo num sistema de dois pentagramas;

f) Somente digitar os textos na partitura após a conclusão de todas as

adaptações e orquestrações.

As fórmulas de compasso até meados do séc. XVII indicavam a

proporção entre os valores das notas, e as barras de compasso não indicavam uma

relação de métrica regular como conhecemos hoje. O termo 'compasso'

corresponde, no italiano moderno , a battuta. O termo 'Battuta' indica, e indicava

então, a métrica regular de um pulso, o ato de bater o tempo. O termo

correspondente a nossa noção moderna de 'compasso', entendido como unidades

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de agrupamento métrico, que aparece nos textos usados como referência neste

trabalho era particelle (partezinhas), indicativas dos espaços entre cada uma das

barras verticais.

A seguir, dois exemplos desse processo. O primeiro exemplo é o

primeiro Ritornello e Prologo – La Musica - da ópera, logo após a Toccata inicial.

Ilustração 15: Prologo, fac-símile.

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No exemplo anterior, percebemos que não há indicação definida de

quais instrumentos devam tocar. Não há indicação de sistemas de pentagramas, e

concluímos que as cinco linhas iniciais sejam instrumentais pela ausência de texto,

e que devam tocar concomitantemente pela distribuição gráfica das claves,

indicação de tempo, barras, notas e fermatas.

São utilizadas 5 claves distintas para os instrumentos, na seguinte

ordem: duas claves de sol, 1 clave de dó na 3ª. linha, uma clave de dó na 4ª. linha

e uma clave de fá de quarta linha. Ao final da 5ª. particelle há um sinal de

repetição.

A indicação de tempo é CCCC, que indica prolação imperfeita em tempo

imperfeito. 115 Corresponde ao nosso 4/2 atual.

A quarta particelle do Prólogo foi desmembrada, perceptivelmente por

questões gráficas, sendo que a última mínima dessa particelle foi grafada no

pentagrama seguinte. A fermata na última particelle indica o final do trecho.

Após terem sido feitas as adaptações estabelecidas, resultou uma Matriz

assim elaborada:

115 'Prolação imperfeita em tempo imperfeito' significa a subdivisão da longa em duas breves, da breve em duas semibreves e esta em duas mínimas.

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Ilustração 16: Prologo, Matriz.

Como no momento da elaboração da Matriz os instrumentos que viriam

a executar a partitura não precisariam ser definidos, utilizaram-se somente as

claves de sol e de fá, de acordo com as tessituras de cada trecho. Manteve-se o

pulso por mínimas, e a grafia do compasso em 4/2.

Todos os compassos foram mantidos no mesmo pentagrama, evitando-

se seu desmembramento em sistemas distintos, como ocorre regularmente no

original. Para uma navegação mais fácil na partitura, os compassos foram

numerados a partir do início de cada ato.

Os guiões de fim de pentagrama foram eliminados.

No original, os últimos compassos de cada trecho musical são

normalmente grafados somente com uma semibreve ou mínima,

independentemente de sua métrica. Na Matriz, tais compassos foram completados

com pausas, como por exemplo, o compasso 23 da Ilustração 16, para adequar-se

ás regras de grafia modernas.

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A digitação das partes do contínuo foi feita num sistema de dois

pentagramas, deixando espaço para uma futura realização dos mesmos.

Aos compassos foram mantidos na Matriz com a mesma métrica do

original.

Ilustração 17: Ato I, recitativo Pastor. Fac-símile

É possível reconhecer a métrica de cada particelle do original pela

quantidade de mínimas entre as barras. Assim, a cada mudança do metro, foi

inserida a respectiva mudança de fórmula de compasso na Matriz.

Ilustração 18: Ato I, recitativo Pastor. Matriz

2.2. Adaptação Técnico-musical

Chamo aqui de adaptações todas as modificações que foram feitas na

Matriz visando compatibilizar a grafia da obra com as necessidades técnicas e

musicais contemporâneas.

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i. Adaptações nas fórmulas e métricas de compasso.

A característica das fórmulas de compasso barrocas de representar a

proporção entre os valores musicais, mas não necessariamente o metro dos

compassos, faz com que alguns trechos da partitura original sejam escritos em

agrupamentos métricos que não correspondem à quadratura métrica em que a

música soa.

Um exemplo disso, em L'Orfeo, é a sinfonia que encerra o primeiro ato,

seguida da ária do personagem título que dá início ao segundo. 116

A partitura original está assim:

Ilustração 19: Sinfonia final Ato I. Fac-símile.

E seguindo os critérios estabelecidos de transcrição de grafia, a Matriz

foi realizada da seguinte maneira:

116 MONTEVERDI, C. L'Orfeo. 1609. p. 26 e 27.

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Ilustração 20: Sinfonia final Ato I. Matriz.

A proporção grafada é o mesmo CCCC, prolação imperfeita em tempo

imperfeito, e as particelle estão dispostas a cada quatro mínimas. O material

temático dessa sinfonia a 5 vozes é o mesmo da ária que lhe dá seqüência.

Ilustração 21: Ária de Orfeo Ato II. Fac-símile.

E sua transcrição para grafia moderna:

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Ilustração 22: Ária de Orfeo Ato II. Matriz

Os dois trechos em questão, apesar de grafados em particelle com 4

mínimas, apresentam seu resultado de execução sonora e musical como

compassos ternários (3/2), com as semibreves do baixo (na ária) soando como

tempos fortes e as seqüências de duas semínimas como anacruses. Para sua

execução moderna, a opção foi de reagrupá-los graficamente em compassos

ternários, por melhor representar a sonoridade pretendida.

Com essas opções, os dois números musicais ficaram assim:

Ilustração 23: Sinfonia final Ato I. Versão final.

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Ilustração 24: Ária de Orfeo Ato II. Versão final.

Outra situação onde adaptações na grafia dos compassos se fazem

necessárias, dizem respeito a inconsistências encontradas na partitura original na

métrica de trechos musicais que, apesar de serem repetidos identicamente, estão

grafados em agrupamentos métricos diferentes:

Ilustração 25: Ritornello, ato I, p. 19.

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No exemplo acima, referente à primeira aparição desse ritornelo, as

barras de compasso estão dispostas a cada 3 mínimas.

Ilustração 26: Ritornello, ato I, p. 21.

Na segunda e na terceira aparições desse mesmo ritornello, as barras

estão colocadas a cada 6 mínimas, como no exemplo acima. Mantive, em todas as

repetições desse trecho, a divisão do compasso com 6 mínimas, como mostrado

abaixo.

Ilustração 27: Ritornello, ato I, Matriz.

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Portanto, em todas as situações na obra em que um determinado trecho

musical é repetido, foi adotada, na transcrição, uma única e mesma grafia para

todas as repetições.

Em outros trechos da partitura, especialmente em mudanças de

prolação, é comum a colocação de particelle separando as duas seções. Isso pode

acarretar, na transcrição, no aparecimento de compassos que não correspondem

às necessidades da realização musical.

Os próximos três exemplos apresentam a 2ª. transição de prolação

dentro do coro "Lasciate i monti", no primeiro ato. Apresento o original, Matriz e a

adaptação sugerida.

Ilustração 28: Mudança de prolação. Fac-símile.

A sua transcrição direta, em caracteres modernos:

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Ilustração 29: Mudança de prolação. Matriz.

Na Ilustração 28, a mudança de prolação ocorre na segunda particelle,

passando de 3:2 para 6:4. 117 Após a indicação de 6:4, há uma nova barra,

gerando um grupo de 4 semínimas na 3ª. particelle. O resultado musical, porém, é

uma seqüência de compassos binários compostos, devendo o ritornello ser

executado num andamento mais rápido que o coro anterior.

A sugestão de modernização da grafia, portanto, reflete essa

regularidade na quadratura musical dos compassos.

Ilustração 30: Mudança de prolação: Matriz adaptada.

117 As indicações 3:2 e 6:4 representavam uma proporcionalidade de valores, em transições que propunham um novo tempo, mais rápido que o anterior. Seu significado era algo como: 3:2 = toque 3 mínimas onde antes cabiam 2.

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ii. Redução de valores.

Como regra, manteve-se a grafia dos valores das notas idênticas à do

original, sendo a mínima o valor de referência de pulso no decorrer de toda a obra.

Nos trechos musicais correspondentes aos modernos compassos compostos, os

valores foram reduzidos à metade por conveniência de leitura, respeitando-se,

porém, a proporção entre os valores originais, nas passagens onde a as indicações

de prolação representavam uma nova relação rítmica.

Como exemplo desse critério, o mesmo trecho musical apresentado na

Ilustração 23 ficou com a seguinte versão final:

Ilustração 31: Redução de valores: Versão Final.

A proporcionalidade entre os andamentos do ritornello e o coro anterior

será posteriormente incluída na partitura finalizada, com expressões modernizadas,

no caso:

Ilustração 32: Proporção entre andamentos.

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iii. Adaptações do texto.

Todo o texto de personagens e coros foi digitado de acordo com as

especificações citadas na seção Texto literário do capítulo VII, página 91. A

digitação do texto somente foi feita na partitura após todas as adaptações e

finalização da orquestração, em decorrências das características técnicas do

software "Finale" utilizado para esse fim.

Sua revisão foi feita baseada no fac-símile original, com atualização da

ortografia italiana.

iv. Acidentes

Assim como diversos outros parâmetros de escrita musical do séc. XVI e

XVII, a grafia dos acidentes musicais não seguia uma única regra de utilização e

escritura.

Como descrito no capítulo IV; Sistemas e Modos, os sinais e eram

utilizados, a princípio, para indicar a mudança do sistema mollis para durus, e vice

versa, como alterações da nota 'B', que hora seria solmizada como Fa (B - be

molle), hora como Mi (B - be quadro). Por sua vez, o sustenido era utilizado

como alteração ascendente para sensíveis modais e também picardias em

cadências finais.

Com as diversas transposições dos hexacordes, o passou a indicar a

alteração descendente também nas notas 'E' e 'A', e, muito raramente, 'D'. 118

As alterações eram grafadas com e , dependendo de sua função

harmônica. E a anulação dessas alterações era feita com os mesmos sinais. O

anula o , e o anula o .

118 Em L'Orfeo encontramos uma única ocorrência de um D , no III. ato, no recitativo da Speranza, quando canta "in quei campi di pianto e di dolore", sendo o acorde mais bemolizado de toda a ópera.

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Ilustração 33: Utilização de acidentes. Original

No exemplo acima, na segunda particelle, todas as notas fá# são

grafadas com o sinal de alteração antes de cada uma delas, enquanto a

anulação é feita com um único para todas as notas seguintes.

Na matriz, foram mantidas as regras modernas de grafia: o sinal de

alteração vale para todas as notas do mesmo compasso, e o foi utilizado como

sinal de neutralização dos acidentes anteriores, como mostrado abaixo:

Ilustração 34: Modernização de acidentes.

O não foi utilizado por Monteverdi em L'Orfeo. A mudança de cantus

mollis para durus é indicada pela inserção de novas claves sem acidentes (como

mostrado, por exemplo, na Ilustração 28, segunda particelle). E vice versa.

Outra característica com relação ao uso dos sinais e diz respeito à

sua utilização como referência de realização de contínuo. Banchieri 119 descreve

119 BANCHIERI, A. L’organo suonarino. 1605. p. 2.

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três possibilidades de colocação desses acidentes na linha do contínuo, sempre

postos à esquerda da nota do baixo:

Ilustração 35: Utilização de acidentes na linha do contínuo.

a) Na mesma linha ou espaço da nota: altera a altura da própria nota

(A);

b) Acima da nota: indica alteração na terça ou décima (B);

c) Abaixo da nota: indica alteração na sexta ou décima terceira

(C). 120

Assim, na Ilustração 33, segunda particelle, encontramos a indicação de

uma tríade maior montada sobre o primeiro ré, e uma tríade menor sobre o

segundo.

Na transcrição, mantivemos apenas os acidentes que representam

alterações na própria altura da nota (do tipo A). Os acidentes referentes à

realização do contínuo foram posteriormente substituídos pela própria realização

do contínuo ou por cifras, diferenciadas para cada tipo de instrumento que

executará o contínuo, de acordo com a especificidade de cada instrumentista:

cifras numéricas colocadas sobre as notas do baixo para teorba, cravo e órgão, e

cifragem alfabética de acordes para guitarra barroca e também teorba.

120 Monteverdi, em L'Orfeo, não utiliza nenhuma grafia específica para indicar alteração nos intervalos de sexta com relação à nota do baixo (acordes de 6ª. - ou primeira inversão). Todas essas alterações devem ser deduzidas a partir da linha melódica do canto. Por outro lado, diversas são as indicações de acordes de 4 (suspensões de dominante, ou acordes de 4ª. e 6ª. – segunda inversão)

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Apesar de haver uma certa coerência de escrita, o original apresenta

diversos problemas de impressão na grafia e revisão da partitura, como por

exemplo: valores de notas errados; falta de acidentes; acidentes colocados após as

notas por falta de espaço antes delas; claves trocadas; falta de cifras no contínuo,

notas erradas, etc. A correção desses problemas e erros por vezes é facilmente

realizada pela análise musical do trecho, e por comparação com outras passagens

semelhantes na obra. Porém, a solução de diversas dessas inconsistências só pode

ser feita a partir de opções estéticas. Para tanto, outras fontes foram consultadas

para comparar as soluções que diferentes editores e intérpretes apresentaram.

Tais fontes foram:

a) Edições revisadas: Malipiero (1930); Denis Stevens (1967); Edward

Tarr (1973).

b) Gravações em audio: Gardiner (1985 CD); Corboz (1968 LP).

c) Vídeos: Harnoncourt (1978 VHS); Savall (2002 DVD).

d) Orquestração e adaptação moderna: Respighi (1935).

Abaixo, um exemplo de trecho original que apresenta diversas

inconsistências, que necessitam de correções:

Ilustração 36: Ato II. Dueto de pastores, p 45. Fac-símile.

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As inconsistências encontradas no exemplo acima, que necessitam de

correção:

a) Não há nenhuma indicação de realização de contínuo. Todos os

acordes precisam ser especificados a partir das linhas vocais;

b) Na segunda particelle, na voz do primeiro tenor, falta a indicação do

acidente ascendente no primeiro fá, que deve ser sustenido por ser

sensível cadencial;

c) Na segunda particelle, na voz do segundo tenor, terceira nota, falta

indicação de alteração ascendente na nota si;

d) Na mesma particelle, segundo tenor, a quarta nota deve ser uma

semínima, e não uma colcheia.

A transcrição do trecho fica, então, assim, após as correções:

Ilustração 37: Ato II. Dueto de pastores. Matriz.

Após todos esses procedimentos, foi gerada uma partitura da obra que

apresenta uma transcrição modernizada da grafia típica do séc. XVII, adaptada às

necessidades de leitura e organização técnica de ensaios, e voltada à execução por

nossos instrumentistas e cantores atuais.

Tal Matriz pode ser utilizada, então, como uma base intermediária para

a elaboração de qualquer nova orquestração que se deseje fazer da ópera L'Orfeo.

Seu aspecto final assemelha-se ao mostrado na Ilustração 38, na página 114.

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113

A elaboração final de uma orquestração moderna supõe, a partir desta

etapa, uma série de opções estéticas que devem ser tomadas pelo orquestrador

(regente, diretor musical), decisões estas que devem ser embasadas numa

decodificação DRAMÁTICA do texto musical de Monteverdi, visando sua execução

para um público determinado.

É esse conjunto de opções que construirá uma e uma única versão

dessa obra, refletindo um conjunto específico de significados e simbologias, e

criando uma obra musical, por assim dizer, inédita. Essa construção musical vem

ao encontro da definição de DRAMATURGIA (terceira acepção, como definida no

capítulo I).

Nesse sentido, a elaboração da orquestração da ópera, ao lado das

opções específicas de interpretação (dinâmicas, andamentos, ornamentações,

expressividade, etc.) será um dos parâmetros de construção de sua

DRAMATURGIA MUSICAL.

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Ilustração 38: Aspecto final da Matriz

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115

3. Elaboração do contínuo

O baixo contínuo foi uma das principais inovações inseridas na prática

musical no final do séc. XVI e início do séc. XVII. Sua primeira utilização é a de

servir de base harmônica para uma elaboração mais livre da linha melódica do que

seria possível numa escritura polifônica. A prática de utilizar um instrumento

harmônico acompanhando o desenvolvimento da realização melódica vocal não é

invenção daquele período, sendo descrita desde a antiguidade. O grande apogeu

da prática de se acompanhar uma canção por instrumento harmônico deu-se na

segunda metade do séc. XVI, com os madrigalistas ingleses. Porém, a escrita para

alaúde, por exemplo, não diferia da escrita polifônica para vozes ou instrumentos

do mesmo período, sendo a execução por um ou outro meio (seja por distintos

instrumentos harmônicos ou grupo polifônico) perfeitamente intercambiável. A

linha vocal, apesar de apresentar características melódicas próprias, era uma das

várias linhas polifônicas que podiam ser decodificadas da textura instrumental que

lhe dava suporte. O desenvolvimento do conceito do baixo contínuo muda

drasticamente essa relação, retirando a trama polifônica do acompanhamento.

Uma segunda e importante característica é a possibilidade de

caracterizar personagens ou situações dramáticas a partir da alternância dos

timbres e das possibilidades interpretativas distintas dos diversos instrumentos

harmônicos utilizados como contínuo.

Como apresentado no capítulo VI, 'Monteverdi e interpretação musical',

vários são os escritos do próprio Monteverdi sugerindo a variedade de

instrumentos harmônicos, sugerindo distintas combinações de instrumentos ou

diferentes maneiras de dispô-los na cena, buscando com isso enfatizar os afetos

sugeridos no texto de suas obras. Tais possibilidades são muito mais opções

estéticas, tomadas a partir de propostas dramatúrgicas da realização das obras, do

que necessidades intrínsecas da própria escrita musical.

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116

3.1. Utilização dos instrumentos de contínuo em L'Orfeo.

Na edição original de L'Orfeo (1609) há impressa, na página 2, uma lista

de instrumentos a serem utilizados na ópera. Dessa lista, constam que os

seguintes instrumentos harmônicos foram utilizados como contínuos quando de

sua estréia em 1607:

Duoi Gravicembani (sic); Una Arpa doppia; Duoi Chitarroni; Duoi Organi

di legno; Un Regale. 121

No decorrer da partitura, porém, outros instrumentos são listados. A

grafia de gravicembano é abandonada e substituída por clavicembano. Um terceiro

Chitarroni é descrito às páginas 10, 11 e 32. Também ceteroni 122 são listados,

como instrumentos distintos dos clavicembani.

Em várias passagens musicais, há a descrição: com tutti li stromenti. 123

Pode-se supor, que, além dos listados, outros instrumentos que estivessem

disponíveis pudessem também ser utilizados.

No decorrer da partitura, as indicações de instrumentos estão,

geralmente, colocadas no passado, descrevendo o modo como o trecho musical foi

executado quando de sua estréia:

Fu sonato questo ritornello di dentro da cinque Viole da braccio, un

contrabasso, duoi clavicenmabi e tre chitarroni.

A expressão di dentro refere-se ao espaço cênico. Nas cartas de

Monteverdi, além das expressões di dentro e di fora, também são usadas as

expressões in ciel (no céu, isto é sobre o palco, no mesmo espaço que é utilizado

121 Dois cravos, uma harpa dupla, duas teorbas, dois órgãos de madeira (órgão portativo, com timbres de flauta), um regal (órgão portativo, com timbres de palhetas). 122 Ceteroni: Cítara grave. Um instrumento da família dos alaúdes, de menores dimensões e estrutura mais simples. 123 Com todos os instrumentos

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para a cena) e in terra (na terra, isto é no proscênio, à frente da cena) para

descrever os locais onde os instrumentos devem ser colocados, quando da

execução.

Ambas as práticas, seja de variar a sonoridade dos instrumentos de

acompanhamento, quanto de dispô-los de diversas maneiras sobre o palco são

descritas em sua correspondência. Numa carta a Anibale Iberti (Lax 16, 44-45), ao

tratar da execução de seu balleto Tirsi e Clori, escreve Monteverdi que

...giudicherei per bene che fosse concertato in mezza luna, su li angoli de la

quale fosse posto un chitarone e un clavicembano per banda, sonando il

basso l’uno a Clori e l’altro a Tirsi, e che anch’essi avessero un chitarone

in mano, sonandolo e cantando loro medesimi nel suo e li detti duoi

ustrimenti (se vi fosse un’arpa in loco del chitarone a Clori, sarebbe anco

meglio) 124

Além da espacialização da sonoridade advinda dos instrumentos de

contínuo, Monteverdi sugere algumas possibilidades de variação nesses

instrumentos, e percebe-se pelo conteúdo das cartas, que ele adapta suas idéias

musicais às possibilidades do local de execução e disponibilidade dos instrumentos.

No seu prefácio a Il ballo delle ingrate, Monteverdi descreve assim os

instrumentos a serem utilizados:

124 ... acharia interessante se fossem dispostos em meia lua, nos ângulos da qual fossem postos uma teorba e um cravo, tocando um como contínuo para Clori e o outro para Tirsi, e se também ele tivesse uma teorba [alaúde] nas mãos, tocando e cantando o seu instrumento juntamente com os outros dois. Se fosse uma harpa ao invés da teorba de Clori, seria ainda melhor)

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Cinque Viole da brazzo, Clavicembalo e Chitarrone, li quali istrumenti

si raddoppiano secondo il bisogno della grandezza del loco in cui devisi

rapresentare. 125

Nesse sentido, percebe-se as opções de caráter prático de Monteverdi,

ao sugerir a execução de suas músicas, tanto em relação a opções de

revezamento de sonoridades que visam ressaltar com mais eficácia as

características individuais dos personagens que acompanham (como no caso de

Tirsi e Clori), quanto pela melhor adaptação aos espaços físicos onde serão

apresentadas. O fato de haver uma descrição dos instrumentos utilizados quando

da estréia, não significa necessariamente uma indicação precisa que esses

instrumentos devessem ser obrigatoriamente usados em montagens futuras.

Em L'Orfeo, Monteverdi utiliza ambos recursos: propõe o revezamento

de instrumentos de contínuo para caracterizar a alternância das paixões de seus

diversos personagens, e a adição de diversos deles em passagens musicais onde

uma maior sonoridade é necessária, seja em razão do grupo vocal que participa da

cena (cenas corais) ou nos números instrumentais de maior força dramática, como

aberturas e encerramento de atos, danças, etc.

Alguns timbres são reservados para associações com situações

dramáticas específicas.

O regal é utilizado somente nas cenas relacionadas ao inferno: na

abertura do terceiro ato [ato em que Orfeo dirige-se às portas do inferno]; como

acompanhamento para o canto do barqueiro Caronte; juntamente com trombones

e órgão no coro de espíritos Nulla impera..., e, no final do IV ato, quando da volta

do mesmo ritornello utilizado no prólogo e relacionado com a divindade da Música

e de Orfeo, encontramos a indicação Tacciono li Cornetti, Tromboni & Regali, isto

125 Cinco violas da braccio, cravo e teorba, instrumentos cuja quantidade pode ser dobrada, de acordo com as dimensões do local da apresentação.

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é: param de tocar os cornetos, trombones e regais [no plural!]. Pode-se supor que

no decorrer dos atos III e IV, mesmo que não especificado na partitura original,

trombones e regais acompanhassem todas as cenas e cantos dos personagens dos

mundos subterrâneos.

O cravo normalmente é indicado como instrumento dos personagens da

terra: pastores e ninfas.

O órgão é indicado como acompanhamento da Messaggera, quando

essa vem narrar a morte de Euridice; também como acompanhamento para Orfeo

e para o duo de pastores, quando cantam a perda de Euridice; juntamente com

metais nas cenas dos infernos; no V ato, nos cantos de Orfeo e Apollo.

A Harpa, por sua vez, é citada somente em três lugares: no coro

Lasciate i monti, ato I, na grande ária de Orfeo, no III ato e na abertura do V ato,

no mesmo ritornello relacionado à Música e executado no Prólogo.

Percebe-se uma preocupação em delinear as características de

personagens, ambientes ou situações dramáticas com a variação dos timbres de

acompanhamento, apesar da especificação de onde e quais instrumentos tenham

sido usados ser bastante incompleta. Creio que isso aconteça em decorrência de

uma tradição onde essas especificidades não eram consideradas como o cerne da

própria execução, mas como um conjunto de opções a serem tomadas a cada

momento, dependentes das disponibilidades de onde as obras seriam executadas.

Assim, numa proposta estética de se executar essa ópera, ou outras

com características estéticas semelhantes, será mais importante definir um

conjunto de sonoridades a ser utilizado em cada situação dramática, que auxilie o

ouvinte ou o expectador a localizar-se dentro do drama, do que tentar reproduzir

inconsistentemente indicações nem sempre precisas e completas relacionadas à

instrumentação.

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3.2. Realização das partes de Harpa.

A realização da parte da harpa insere-se na proposta defendida acima,

de se definir um conjunto de sonoridades que representem personagens ou

situações dramáticas.

Na partitura original, como dito anteriormente neste capítulo, existem

somente três menções à utilização da Harpa:

a) Ato I, no coro Lasciate i monti;

b) Ato III, na grande ária de Orfeo,

c) Ato V ato, no ritornello relacionado à Música.

Dessas três passagens, somente na ária de Orfeo a parte de Harpa é

escrita por extenso. Nas outras é relacionada ao lado de diversos instrumentos que

participam da execução do referido número musical, e deve comportar-se como

um dos instrumentos de realização de contínuo.

Nesse ponto, devemos considerar o fato de que Orfeo é um semi-deus,

conhecido como o cantor da Trácia, e tendo a lira (representada na ópera pelo

som da harpa) como seu símbolo. A simbologia de Orfeo nos tratados sobre

mitologia nos permite traçar um paralelo entre o personagem e a atividade do

artista.

Orfeu é um semi-deus, e sua benção divina, sua arma e seu poder, está

em seu canto, isto é, em sua arte. Cantando, e tocando sua lira, ele é invencível e

alcança todos seus intentos. Cantando ao som de sua lira, amansa as feras, faz

Caronte dormir, ingressa no reino dos mortos, encanta Proserpina e comove

Plutão, o deus das profundezas e dos espíritos. Porém, ao ser desafiado enquanto

homem, enquanto humano mortal, ele falha e perde sua Euridice. Assim também é

o artista, um ser humano mortal, porém com o poder de comover e encantar com

sua arte, e com isso aproximar-se da divindade.

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121

Deste modo, se considerarmos que Monteverdi é um compositor com

opções dramáticas claras em suas obras, e que a harpa não seria incluída em

números musicais se não houvesse razões dramáticas para isso, podemos propor

que a mesma deva ser utilizada como instrumento de contínuo para Orfeo, todas

as vezes que o personagem expressar sua divindade. Assim, em todos os

momentos de alegria relacionada ao amor por Euridice, em seus cantos joviais

para os pastores no primeiro ato, em seus cantos que encantam os seres

subterrâneos, em sua redenção no V ato, a harpa será sua acompanhante. Porém,

ao perder o controle de seus sentimentos, ao sofrer pela morte de Euridice, ao

sentir-se abandonado pela Esperança, enfim, ao tornar-se humano e mortal, seu

instrumento de acompanhamento deverá ser de outro tipo. Monteverdi sugere o

órgão como a sonoridade para os momentos de pranto.

Também no prólogo da ópera, a sonoridade da harpa é evocada pela

referência que a Música faz à Cetra d'or, (cítara dourada), à Lira del ciel, (Lira

celeste), pois, "cantando suaves harmonias ao som da cítara e da lira, pode

envolver mais almas".

E, dadas as características do instrumento e suas possibilidades

técnicas, creio ser de grande vantagem que a elaboração das partes de harpa seja

realizada por extenso, e não simplesmente como acordes cifrados.

Nas páginas seguintes, apresento alguns exemplos da realização das

partes de Harpa efetuadas.

O primeiro exemplo (Ilustração 39) refere-se a duas das cinco estrofes

do prólogo, quando a Música se identifica : "Io la musica son" e "Io su cetra d'or".

Reservou-se a sonoridade da harpa para as instâncias em que e Música

canta, deixando os três compassos que unem cada uma das estrofes a cargo de

outros instrumentos, para realçar o contraste. Após as ornamentações vocais

cadenciais, propusemos a realização de movimentos melódicos de harpa para

concluir cada trecho.

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122

O segundo exemplo (Ilustração 40) é a ária de Orfeo: Rosa del Ciel,

número central no I ato da ópera, momento em que Orfeo canta a divindade de

seu amor por Euridice.

As grandes pausas e notas longas na linha vocal oferecem a

oportunidade da realização de passagens com mais movimentação por parte da

Harpa, preparando a audição da audiência para o canto, preenchendo os vazios.

Na parte central da ária, c. 136, tem início um arioso, reconhecível pela

característica de apresentar uma movimentação rítmica em semínimas mais

regular na base harmônica do baixo e de apresentar células melódicas repetidas no

canto, típicas de árias e não de recitativos.

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123

Ilustração 39: Parte de harpa, Prologo

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124

Ilustração 40: Parte de harpa, Rosa del Ciel.

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125

Rosa del Ciel, Continuação.

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Como a execução das partes de contínuo pressupõe um conjunto de

opções do próprio intérprete em relação à distribuição da tessitura dos acordes,

dos desenhos rítmicos utilizados, da quantidade de notas a serem executadas a

cada momento, etc., as realizações em questão refletiram o meu modo particular

de acompanhamento ao contínuo das passagens em que optei seriam executadas

pela harpa.

Todas as sugestões de realização das partes de harpa foram

previamente enviadas à intérprete, Silvia Ricardino, para sua avaliação no que diz

respeito à adequação das mesmas à linguagem instrumental específica do

instrumento. Nas passagens em que algum procedimento conflitante com a

linguagem harpística ou com grafia idiomática específica do instrumento foi

detectado, a mesma passou por revisão, até chegarmos numa solução final

coerente com as opções estéticas propostas, e correta do ponto de vista das

necessidades modernas de um executante.

4. Instrumentação

Pelas razões expostas anteriormente, os relacionamentos tonais

estabelecidos por Monteverdi como procedimentos dramatúrgicos no decorrer de

sua obra não mais revelam a nosso público moderno, por si, os significados e

simbologias próprias ao séc. XVII. Naquele momento, em virtude da própria

linguagem tonal comum a diversos compositores –e em decorrência disso, também

comum à audição de seu público– e que definiam o que podemos chamar de

estilo, procedimentos alheios à utilização comum da linguagem musical, tais como

acordes estranhos a uma determinada seqüência ou cadência, séries de

modulações que se afastem do centro tonal, um conjunto de dissonâncias

melódicas montadas sobre um suporte harmônico, causariam, por si só, uma

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sensação de estranheza. E essa sensação, por estar incluída numa determinada

situação dramática, seria emocionalmente decodificada pela audiência.

Acredito que compete ao intérprete buscar soluções para que sua

execução desse repertório reflita a análise da linguagem musical feita do

compositor escolhido.

Neste trabalho, a escolha do conjunto instrumental e as opções de sua

distribuição no decorrer da ópera foi o cerne da questão relativa às opções a

serem tomadas, visando a organização de sonoridades que direcionassem a

audição do público, auxiliando a percepção das situações dramáticas presentes no

texto musical, decodificadas a partir dos conceitos anteriormente apresentados.

Outros parâmetros interpretativos também foram organizados e

trabalhados para colaborar no todo que é a execução de uma ópera. Esses

parâmetros disseram respeito à escolha do elenco de solistas, tanto pela suas

características vocais como artísticas; às opções de encenação tomadas, sem a

utilização de cenários e figurinos realistas; redistribuição das partes corais; a opção

por recursos de iluminação; as definições de dinâmica e andamento adotados, bem

como toda a variação agógica emocional; a elaboração de ornamentações e

variações vocais; ... todas essas opções refletiram o presente estudo da

dramaturgia musical de Monteverdi, criando uma execução única da obra, no

sentido de que tais opções foram tomadas levando-se em consideração o grupo

orquestral que a executaria, os solistas que a cantariam, e o público que a ouviria.

Diversas podem ser as opções de escolha de conjunto instrumental para

a realização de uma orquestração moderna de L'Orfeo. Este trabalho específico foi

feito para ser executado pela Banda Sinfônica do Estado de São Paulo.

A Banda Sinfônica é uma orquestra de sopros formada por madeiras

(7, 4, 20, 4) e metais (6, 7, 5, 4) presentes numa orquestra tradicional, acrescido

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de eufônios (3), um naipe de saxofones (7), contrabaixos (5) percussão (7) e

piano (1).

Para a realização de L'Orfeo, o grupo foi reduzido para uma formação

que, apesar de pequena, mantivesse como característica a representação de todos

os timbres e famílias que existem na Banda Sinfônica.

Outro ponto importante, foi estabelecer o relacionamento entre os

timbres sugeridos por Monteverdi e aqueles disponíveis na Banda.

A formação final escolhida foi:

a) 2 flautas (que tocam flautins); 2 oboés, 5 naipes de clarinetes (Cl.1,

Cl.2, Cl.3, Cl.alto e Clarone); 1 fagote;

b) 2 trompetes; 1 trombone; 1 eufônio; 1 tuba.

c) 2 saxofones (alto e tenor) e 2 trompas;

d) 2 contrabaixos;

e) 1 percussionista (tambores, pandeiro, teclados).

Além dos instrumentos modernos da própria banda, outros foram

convidados para complementar o conjunto de sonoridades necessárias às diversas

caracterizações:

a) 2 cravos e 1 órgão positivo (tocados por duas instrumentistas);

b) 1 harpa;

c) 1 violoncelo;

d) 1 violino;

e) 1 teorba (também guitarra barroca).

Desse modo, as sonoridades sugeridas por Monteverdi em sua partitura

original foram preservadas.

A única substituição foi com relação às partes de regal. Como não há

instrumento disponível, optamos por transcrever a realização do contínuo, nos dois

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trechos onde Caronte canta acompanhado por regal, por uma harmonia de

instrumentos de metal utilizando surdinas (acrescida de ataques de percussão),

baseado na própria relação simbólica que Monteverdi faz desses instrumentos.

Exemplo 10: 1ª. Entrada de Caronte.

4.1. Distribuição Orquestral

Nesta seção, os exemplos indicados referem-se às páginas do Volume

II, Partituras de execução.

As primeiras opções disseram respeito ao estabelecimento de um jogo

dramático entre palco e platéia, relativo aos timbres, que explicitasse seu

relacionamento desde o principio. Assim como várias simbologias dramáticas e

convenções teatrais que são estabelecidas logo no início do espetáculo, era

necessário estabelecer as regras desse jogo timbrístico com a platéia já nos

primeiros compassos.

A simbologia dos instrumentos de metal relacionados aos personagens

subterrâneos (Caronte, Plutão, espíritos) é muito forte. Porém, pelas próprias

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indicações do original eles deveriam participar, inclusive, dos tuttis do prólogo e

dos primeiros dois atos, atos basicamente pastoris, com suas cenas transcorrendo

ao ar livre. Então se fez necessária uma organização na utilização dos três

conjuntos de timbres – madeiras, metais e contínuos (aqui agrupados todos os

instrumentos harmônicos e violoncelo, contrabaixo e o violino)– em relação ao seu

equilíbrio.

No tuttis da primeira parte da ópera, (prólogo, atos 1 e 2) e no ato V, a

predominância na sonoridade deveria estar a cargos dos instrumentos de madeira,

enquanto nos atos 3 e 4, a sonoridade principal seria aquela dos metais.

As três repetições da toccata foram orquestradas com 3 conjuntos

sonoros distintos: A primeira vez, com predominâncias dos metais, a segunda das

madeiras e a última repetição em tutti (exemplos nas p. 9, 11 e 14 do II. Volume,

partituras)

Com isso estabeleceu-se desde o início as duas distintas e diversas

sonoridades que seriam contrapostas no decorrer da ópera.

Desse modo, as seções musicais ligadas aos seres da superfície

(pastores) no Prólogo e nos atos I e II poderão ter sua sonoridade primordial

ligada aos instrumentos de madeira. E para os tuttis desses atos, os instrumentos

de metal também poderão participar, na função de reforço da dinâmica, sem

assumir partes principais.

Um exemplo é o desenvolvimento das seis repetições do ritornello do

Prólogo.

O primeiro deles (p. 17), que vem logo após os tuttis da toccata, foi

orquestrado para todas as madeiras e sua repetição feita apenas com palhetas

simples (clarinetes e saxofones), visando uma redução progressiva da sonoridade,

preparando a entrada da Speranza. Os dois ritornelli seguintes (p. 18 e 19), com

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grupos ainda menores ou somente solos acompanhados de contínuos, para

permitir sempre um bom equilíbrio de volume entre instrumentos do ritornello e a

voz, que será acompanhada pela harpa.

O ritornello do compasso 77 apresenta o violino pela primeira vez,

executando a melodia principal, chamando a atenção para seu timbre. As

ornamentações e variações melodicas elaboradas no decorrer da partitura, em

grande parte da ópera, ficarão a cargo desse instrumento. Esse opção foi feita em

razão do timbre e agilidade do instrumento.

O ritornello da p. 20 apresenta a primeira variação/ornamentação

melódica proposta. Tal como a parte de harpa, todas as variações realizadas foram

enviadas previamente ao violinista, Fabio Nascimento, para as mesmas avaliações

no tocante à adequação das variações à linguagem técnica do instrumento. Os

dois últimos ritornelli retomam a sonoridade da toccata, sendo o primeiro

apresentado novamente pelo violino e seguido pelo ataque de toda a orquestra,

para a finalização deste primeiro bloco.

Deste modo, a entrada do timbre dos metais, tocando linhas

secundárias, não se sobrepõe à sonoridade das madeiras, violinos e contínuos,

porém colaboram para o aumento do volume sonoro, sem interferir na sonoridade

timbrística proposta para a seção.

Proposta semelhante foi adotada, por exemplo, nas sinfonias que

encerram o coro Lasciate i monti, no primeiro ato, p. 33. Enquanto as madeiras

executam as linhas principais, o violino realiza variações melódicas e os metais

participam nos ataques de tempos fortes e cadências.

Já nos atos III e IV, quando Orfeo ingressa nos infernos e convive com

as criaturas subterrâneas, a sonoridade principal foi deixada para os instrumentos

de metal, sendo que nos trechos com tessituras amplas e notas agudas (sinfonias)

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com a distribuição para todo o grupo de metais, e naqueles mais graves (coros de

espíritos) sem trompetes, com as linhas melódicas em trompas e saxofones.

Tome-se, por exemplo, as três sinfonias temáticas do III ato. (p. 109,

131 e 140), onde há a inversão da proposta de tutti apresentada para os atos I e

II.

A primeira sinfonia, de abertura do ato, foi orquestrada somente para

metais. Já nas duas últimas, as madeiras participam, porém como dobra das linhas

escritas para metais, funcionando assim como uma ampliação do espectro sonoro

(como os timbres de um órgão). Nesses dois trechos, as ornamentações melódicas

ficaram exclusivamente a cargos dos trompetes, para manter o interesse melódio

do trecho no timbre dos metais.

A alternância e variação de instrumentos e timbres em seções que

apresentem séries de repetições da mesma idéia temática foi usada como princípio

básico para toda a ópera, como no prólogo ou nos ritornelli do II ato (p. 73 e

seguintes), sinfonias e etc.

4.2. Orquestrando os contínuos.

Uma segunda proposta de orquestração apresentada, no intuito de

ressaltar aspectos dramáticos da ópera, diz respeito à realização instrumental para

a execução de trechos originalmente previstos unicamente com acompanhamento

de contínuos.

A interpretação de partes de contínuos, sejam elas executadas por

instrumentos de teclado (cravo, órgão) ou de cordas (teorbas, alaúdes) resulta de

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um conjunto de opções tomadas pelo instrumentista no momento da execução,

em vários parâmetros musicais. Sensações como volume e colorido do som

dependerão da quantidade de notas executadas concomitantemente, da tessitura

escolhida, do tipo de ataque, da textura (se uma execução mais ou menos

polifônica), do desenho rítmico escolhido, etc. Muitas dessas opções, inclusive, são

tomadas de modo subjetivo ou intuitivo por parte do executante, que busca

adequar sua execução a um ambiente musical estético resultante das inflexões do

canto, dos instrumentos participantes, do caráter musical e do contexto dramático

em que se insere. E, tal qualquer outra prática musical, quanto maior sua

experiência e intimidade com o repertório executado, maior sua liberdade

interpretativa. Desse modo, muitas das soluções de execução encontradas pelo

intérprete numa obra, serão reproduzidas ou adaptadas para outras, variadas, ou

desenvolvidas. Assim, tais soluções incorporam-se a seu toque e expressam-se

como um estilo próprio do intérprete, que o diferenciam de todos os outros.

Como já declarei anteriormente, várias das opções apresentadas aqui

refletem o meu modo particular de realizar o acompanhamento de partes vocais do

repertório monteverdiano, decorrentes de minha experiência particular com a obra

de Monteverdi nos últimos 28 anos, que expressam minhas opiniões, certezas e

incertezas sobre o compositor.

Partindo do princípio de que a sonoridade do acompanhamento para

partes cantadas colabora para a decodificação dos afetos descritos pela música e

pelo texto, como sugerido por Monteverdi em cartas e decodificado de sua escrita

musical, optou-se por ampliar a sonoridade do acompanhamento em passagens

que se desejava criar uma atenção diferenciada no ouvinte.

Seja pela substituição completa dos instrumentos regulares de continuo

(cravo, órgão, teorba, celo) de um trecho por um determinado conjunto

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instrumental, ou pela adição de outros instrumentos aos contínuos em algumas

passagens, buscou-se magnificar os contrastes dramáticos sugeridos na partitura.

Os contrastes mais importantes são aqueles que dizem respeito à

linguagem tonal do compositor. A expressividade na escritura tonal de Monteverdi

em L'Orfeo, como discutido neste trabalho, se constrói nos relacionamentos tonais

de cada trecho musical.

Os principais dizem respeito ao antagonismo durus X mollis, expresso de

diversas maneiras:

a) Como choque entre acordes contíguos (Mi contra Fa—como

descrito na p. 51);

b) Como contraposição de centros tonais diametralmente afastados

no espectro do sistema hexacordal: Mi maior e sol menor; (cena

Messaggera, ato II).

c) Modulações para fora do centro tonal (cena Speranza: Ato III);

d) Cromatismos melódicos e harmônicos;

e) Cadências em outros graus que não os três principais – mezzana,

indiferente, finalis;

Exemplo 11: Contraste E x G

Outras intervenções dos instrumentos melódicos nos contínuos foram

realizadas visando uma representação imagética do texto e da situação dramática

em que se inserem, ou mesmo como recurso complementar para realçar

timbristicamente diversos contrastes dramáticos.

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135

A seguir, apresento algumas dessas orquestrações realizadas como

recurso dramatúrgico. Duas passagens em especial merecem destaque: A cena da

Mensageira, no segundo ato, e a cena da Esperança, no IV.

i. Entrada da mensageira, Ato II.

O segundo ato inicia-se com as festividades das bodas de Orfeo. A

seqüência musical de números e tons pode ser assim descrita:

Tabela 4: II ato: Qualitas tonorum

Comp. Número musicais Sistema Tom Qualitas 1 Sinfonia Mollis G: Hipodórico Laetus vagus 13 Ária Orfeo Mollis G: Hipodórico Laetus vagus 25, 33 Ritornello I Mollis G: Hipodórico Laetus vagus 29, 36 Ária Pastor Mollis G: Hipodórico Laetus vagus 40, 58 Ritornello II Mollis G: Hipodórico Laetus vagus 50, 68 Duo Pastores Mollis G: Hipodórico Laetus vagus 75, 86 Ritornello III Durus C: Dórico Amenus 80, 91 Duo (Quinteto) Pastores Durus C: Dórico Amenus 97 Ària estrófica orfeo (4 estrofes) Durus G: Mixolidio Voluptuosis 142 Ària Pastor Durus C: Iastico Magnificus

Cada par de ritornelo e ária dos pastores é repetido duas vezes cada. A

ária de Orfeo apresenta 4 ritornelos e estrofes.

A seqüência de números musicais, comparada a seus respectivos tons e

qualidades como descritos na mensa tonographica de Kircher (Tabela 3, p. 45),

nos apresenta uma progressão de afetos expressos por Orfeo e comentados pelos

pastores: jovialidade errante, aprazível, voluptuoso e sublime.

Esse crescendo de afetos, que faz com que Orfeo abandone sua

tonalidade básica (G: mollis, passando para G: Durus), é expresso pela seqüência

de tons e também por um acelerando nas figurações rítmicas temáticas de cada

trecho. Subitamente, toda essa comemoração é interrompida pela entrada de

Silvia, a mensageira e companheira de Euridice, que irrompe na cena para contar o

triste fato de sua morte. (comp. 155).

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136

Sua entrada desesperada leva o tom para uma região distante. O

cromatismo do baixo (de dó, no final da ária do pastor, para dó#) nos leva agora

para o tom A: Frígio (durus) e sua qualitas tonorum é lachrymosus.

Exemplo 12: II ato, c. 152. Entrada da Messaggera

Todos os parâmetros expressivos nessa entrada da mensageira são

extremos: O ataque no extremo do registro vocal (mi 4, a nota mais aguda da

gama); os intervalos melódicos dissonantes; as antecipações rítmicas de ataques e

resoluções; os apoios téticos das unidades melódicas do canto em notas

dissonantes ao acorde; a repetição insistente da interjeição Ahi; as palavras de

caráter antagônico à felicidade anteriormente demonstrada (acerbo, crudele,

ingiuriose, avaro).

Comparando este momento dramático à definição teórica clássica, este

é um ponto de criação do "terror", resultante da inesperada entrada da

Mensageira, contraposto à "piedade" com que se acompanha a felicidade de Orfeo

nas cenas anteriores

Como recurso tonal simbólico, bastou a Monteverdi a mudança de tom:

um simples cromatismo na linha do contínuo. Simples, porém carregado de todos

os significados decorrentes dos trechos musicais que o precederam.

Essa entrada da Mensageira será repetida mais 4 vezes no decorrer do

ato: uma pelos pastores, e mais três vezes pelo coro. Neste segundo ato, são os

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mortais que expressam a dor pela perda de Euridice, com seu desespero humano

representado como exposto no exemplo acima. Orfeo, porém, pranteia a morte de

sua amada com um único ohimè!

A orquestração do trecho musical buscou criar toda uma sonoridade

festiva nos primeiros números, e subitamente, na exata entrada da Mensageira,

propor um choque na sonoridade até então apresentada, com timbres ainda não

ouvidos na ópera:

a) Os trechos instrumentais, sinfonia e ritornelos, ganharam uma

roupagem que os distinguisse uns dos outros, porém as repetições de cada

ritornelo mantiveram a mesma orquestração.

b) Cada estrofe de pastores ou de Orfeo foi acompanhada por inserções

instrumentais, complementares aos contínuos, e variadas a cada nova estrofe.

c) a última ária do pastor antes da entrada da Mensageira, (c. 142) foi

realizada unicamente por um quarteto de madeiras mais o violoncelo, sem a

participação dos contínuos tradicionais, para realçar ainda mais o contraste com a

seção a seguir.

d) Julgou-se importante, para a entrada da mensageira, que a

orquestração chocasse a audição, com um novo timbre, com um conjunto ataques

súbitos que representassem os gritos de dor, porém que permitisse uma boa

audição da cantora.

Juntamente com o órgão sugerido por Monteverdi, foram acrescentados

ataques do grupo de metais com surdinas, ataques de vibrafone com rotor, e

pizzicato "bartok" 126 para violoncelo e contrabaixo: Exemplo 13, p. 138.

Desse modo, com a interrupção súbita da seqüência festiva, com o

contraste de timbres, com o recurso de sonoridades inesperadas, buscou-se

126 Apesar de conhecido como pizzicato bartok, esse efeito de puxar as cordas e, ao soltá-las, fazê-las bater no espelho do instrumento foi primeiramente descrito no "Il combatimento de Tancredi e Clorinda”, do próprio Monteverdi, quando no meio da luta dos dois personagens, eles abandonam as espadas e passam a se agredir com escudos e punhos: "Qui si lascia l'arco e si strappano le corde com due ditta" : Aqui se larga o arco e se arrancam as cordas com dois dedos

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ressaltar a quebra dramática, reconhecida a partir das relações harmônicas

estabelecidas por Monteverdi, e assim, surpreender a audiência, e movê-la ao

"terror".

Exemplo 13: Orquestração da entrada da Messaggera

ii. Cena da Speranza, Ato III.

A cena da Esperança dá início ao III ato em L'Orfeo. Orfeo resolve ir ao

reino dos mortos e resgatar Euridice. Para isso, precisa atravessar os portões do

inferno e convencer Caronte, o barqueiro, a deixá-lo atravessar.

O III ato começa com a Esperança guiando Orfeo até a entrada do

reino de Plutão. Chegando às margens do rio, diz a Orfeo que além daquele ponto

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139

não poderá acompanhá-lo, pois "uma amarga lei a impede. Lei escrita a ferro na

rocha dura no portal real, e nestas notas exprime seu feroz sentido: Abandonai

toda a Esperança, ó voz que entrais". 127

O canto da Esperança está escrito em cantus mollis, numa transposição

do XII tom, Hipoiastico, cuja qualitas tonorum é Severus vehemens.

É nesse trecho que encontramos o acorde de ré , o acorde mais

bemolizado de toda a ópera, na forma de um acorde de sexta sobre a nota fá do

baixo. Após cadenciar em Fa (mezzana) Monteverdi repete o texto referente à

entrada no inferno duas vezes.

Exemplo 14: Ato III, c 64: Esperança: Lasciate ogni Speranza.

A primeira instância do texto cadencia em G: mollis, e o segundo

apresenta uma mudança súbita de cantus, de mollis para durus, afastando-se

momentaneamente do universo de si para aquele de mi, na relação tonal

contrastante especificada na p. 134. Essa modulação é extremamente afastada das

cadências esperadas para o tom em questão. A repetição de um mesmo texto

literário, com tratamento musical diverso, mais do que repetir o texto lhe agrega

outros signifcados. No exemplo da Esperança, a primeira aparição do texto dá-se

sobre um acorde de ré, e a segunda sobre um acorde de Mi. Essa progressão na

idéia musical (repetição um tom acima) incorpora novos significados às palavras

lidas na porta do Ades, ao mesmo tempo em que reforça que não poderá

acompanhar Orfeo no seu trajeto em busca de Euridice. No momento em que a

Esperança se retira da cena, Orfeu, desesperançado, externa suas primeiras

emoções humanas, a saber, medo e insegurança.

127 Citação retirada do "Inferno" de Dante, Canto III, v. 1-9.

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140

Para a realização orquestral desse trecho (p. 111), desejando que os

ditos da Esperança fossem significativos e emocionantes para a platéia, evitou-se

de oferecer muita informação timbrística no decorrer dessa cena. Orfeo é

acompanhado pela Harpa, e a Esperança pela teorba. Na primeira instância de

"Lasciate ogni speranza..." a harmonia do contínuo foi completada pelos clarinetes,

e na mudança de cantus, o acompanhamento do canto de Esperança é feito pelo

tutti orquestral (p. 113), para ressaltar a progressão e o afastamento do primeiro

tom B severus vehemens para o seguinte E tristis querelus.

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141

Exemplo 15: Ato III, c64: Lasciate ogni Speranza – Orquestração

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142

Um outro exemplo, que procurou ressaltar a expressividade emocional

do personagem, foi a orquestração de duas passagens do próprio personagem

Orfeo.

A primeira delas é sua última intervenção no II ato, antes de sua

viagem ao reino dos mortos (ato II, c. 255 a 258, p. 91). Aqui, Orfeo se despede

do mundo com as palavras: Adio terra, adio cielo, e sole... adio.

A progressão sugerida no texto, indo do mais próximo ao chão até as

esferas mais afastadas – terra, céu, sol– foi a razão de se construir a orquestração

em três patamares de sonoridade. O primeiro compasso para instrumentos de

metal (terra) o segundo para clarinetes (céu) e o terceiro para flautas e oboés

(sol). Acompanhado pela Harpa nos dois primeiros blocos, após a interrupção da

progressão ascendente da linha vocal, acaba se canto novamente no grave,

acompanhado unicamente pela Harpa.

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143

Exemplo 16: Ato II: Despedida de Orfeo

O outro trecho encontra-se no terceiro ato, onde, após encantar

Caronte com seu canto, Orfeo por duas vezes desafia e implora aos deuses do

Tártaro, que lhe devolvam Euridice.

Orfeo vem de uma passagem onde já demonstra mais as emoções de

sua metade mortal. Sua tessitura, no trecho anterior encontra-se no registro

extremo agudo da voz, com canto em valores rítmicos rápidos.

Para dar suporte a toda sua exaltação e energia, para colorir sua

exigência veemente, foram sendo agregados instrumentos no suporte harmônico

de seu canto, realçando o elevar de sua emoção, já representada pelos

cromatismos, tanto harmônicos como melódicos.

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Exemplo 17: Ato III, c. 224: Rendetemi il mio ben.

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145

IX. Ao modo de uma conclusão

s realizações orquestrais anteriormente descritas basearam-se

nas relações tonais presentes em Orfeo. Diversas outras

situações dramáticas podem sugerir maneiras de realizar uma

orquestração moderna para L'Orfeo.

No começo deste trabalho, afirmei que o mesmo se propunha a

apresentar uma transcrição historicamente informada, embasada na teoria e na

prática musical do séc. XVII. No decorrer do trabalho como um todo, os aspectos

estruturais ligados à linguagem harmônica de Monteverdi transformaram-se no

grande desafio de decodificação. Como todo processo de criação dramática,

mesmo relações que possam ter nascido no bojo de um simbolismo direto (como

pode-se perceber pelas concordâncias emocionais reconhecidas, por exemplo, com

a mensa tonographica de Kircher) passam a fazer parte de uma fluência estilística

do compositor, e seu significado não mais poderá ser decodificado de forma

categórica e cartesiana, mas sim, de forma subjetiva, principalmente pelos seus

aspectos emocionais.

E a junção desses aspectos, os emocionais e os de fundo técnico teórico

reconhecidos do ambiente teórico onde as obras se inserem, podemos afirmar

que a escrita de Monteverdi é Dramática, pois pudemos reconhecer nela uma

atitude do compositor, que cria a obra musical para um “texto dramáticoErro!

Indicador não definido.”, e organiza sua poética e os elementos

intrinsecamente musicais numa seqüência de “ações dramáticas”, entendidas como

as opções tomadas em criar expectativas, cumpri-las ou frustrá-las, e assim

AA

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gerando no público afetos contratantes de terror (choque, estranhamento) e

piedade (beleza, fluência).

Oferecemos bases teóricas para que outros intérpretes possam exercer

sua função de Dramaturgo, decodificando os aspectos poéticos dos textos

musicais, levando em consideração os aspectos teóricos composicionais que

cercam a obra.

E, finalmente, pudemos exemplificar algumas das várias maneiras como

tal estudo pode transformar-se em interpretação, com propostas e soluções

apresentadas baseadas na análise, levando em consideração o texto musical em si,

sua origem e características estéticas. E, principalmente ao público ao qual se

destina, que é o objetivo final de qualquer representação.

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147

EEEEEEEEPPPPPPPPIIIIIIIILLLLLLLLOOOOOOOOGGGGGGGGOOOOOOOO

Io fin qui t' ho condotto,

hor più non lice teco venir, chè amara legge il vieta.

Legge ƒcritta col ferro in duro saƒƒo

de l ’ima reggia in ƒu l 'orribil ƒoglia, che in que†e note il fiero senƒo eƒprime.

LASCIATE OGNI SPERANZA O VOI CH' ENTRATE.

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149

I. Apêndice: A 'Morte' como expressividade lírica

m sua Arte Poética, Aristóteles divide a poesia em três grandes

gêneros: lírico, épico e dramático. Talvez o aspecto mais importante

de sua obra seja o estudo dos gêneros poéticos tratados pela ótica

de Mimese e Verossimilhança, como apresentado em seus textos.

Os três gêneros poéticos são, portanto, formas de

imitação, no sentido de representação mimética verossímil da realidade criada pelo

homem.

Esses três gêneros podem ser assim descritos:

Poesia Lírica: de caráter subjetivo, é aquela que expressa os afetos do

eu poético, do 'Eu - lírico', que, exposto a situações ou emoções específicas, revela

seus sentimentos, desejos ou sua visão do mundo. Nesse gênero fundem-se num

só emissor e personagem, e por essa razão, é escrito em primeira pessoa.

Poesia Épica: Também chamado de narrativo, o poema épico narra

fatos e histórias. Para tanto, é escrita normalmente em terceira pessoa, com a

presença de um narrador onisciente, que está apto a contar os episódios narrados

por conhecer o passado, o presente e o futuro dos personagens que nos

apresenta.

Poesia Dramática: Divide-se em dois tipos diversos; a Tragédia e a

Comédia, ambas artes miméticas, por imitarem (representarem), respectivamente,

homens melhores e piores do que os seres humanos reais. Nesse gênero, os

personagens são os próprios autores da representação. Cada um conhece

unicamente seu passado, desconhecendo seu destino, que, no decorrer do

conjunto de ações executadas por esses mesmos personagens durante a peça

EE

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teatral, sofrerá mudanças. Tais mudanças nos destinos de cada personagem

causarão conflitos, e o desenlace desses conflitos leva à resolução dramática da

peça teatral.

O objetivo primeiro da tragédia é provocar no espectador reações de

dor e violência, que causarão os sentimentos esperados de terror e piedade. E,

sendo que as peças teatrais eram consideradas educativas, no sentido de elevar a

moral dos cidadãos, levando-os a se tornarem cidadãos melhores, por almejarem

os bons valores retratados no palco 128 faz da tragédia uma espécie melhor de

imitação.

A comédia, por sua vez, é descrita como a pior 129 espécie de imitação,

ao provocar o riso, e assim estimular sentimentos próprios a seres humanos

'piores' que os reais, tais como aventura, rebeldia, destemor, etc.

Claro está que essas definições referem-se aos gêneros puros. Os

sentimentos opostos de terror e piedade, numa obra dramática, serão causados na

audiência tanto através das ações desenvolvidas pelos personagens, quanto pela

narração de fatos e episódios, quanto pela descrição que os personagens poderão

fazer de seus sentimentos, quando submetidos a determinada situação. Assim,

uma peça teatral poderá será composta, na verdade, de todos os três gêneros

poéticos.

A narração de sentimentos (poesia lírica) 130 correspondente nas peças

teatrais aos monólogos, reflete-se na ópera, até meados do séc. XIX, na forma de

árias, que são, na verdade a expressão do 'Eu - lírico' de cada personagem, 131

128 E, nesse sentido, o sentimento de piedade pode desmembrar-se em docilidade, passividade ou conformidade, disciplinadoras do cidadão numa vida em sociedade. 129 Pior e melhor devem ser entendidos neste contexto não como qualidades absolutas, mas como qualidades relativas aos gêneros específicos (tragédia e comédia), do mesmo modo que utilizados para referir-se a homens melhores e piores que os reais. 130 Na acepção clássica, poesia é texto em versos, rimado e metrificado. Portanto, qualquer peça teatral em versos será considerada como gênero dramático 131 Razão pela qual a ópera também é chamada de 'canto lírico'.

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enquanto os diálogos (poesia dramática), responsáveis pelo desenvolvimento do

Drama, encontram sua representação musical no Recitativo.

Uma das principais funções do monólogo (e, por conseguinte, da ária) é

explicitar ao ouvinte as emoções geradas no personagem, quando submetido a

esta ou aquela ação. Assim, a audiência poderá, através da catarse, expurgar os

sentimentos devidos.

Dentre as várias situações às quais os personagens são submetidos, e

cujos sentimentos e emoções correspondentes deverão expor à sua audiência, a

Morte é um dos mais importantes, pois ela jamais poderá ser verdadeiramente

'vivenciada', no sentido de permitir uma decodificação de seu significado, pois, se

o homem real for submetido a ações que causem sua morte, não haverá

aprendizado moral para ser posto em prática após esse fato.

Desse modo, a representação musical da morte é momento de grande

significado no decorrer de qualquer escritura musical dramática.

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II. Apêndice B: Lasciatemi morire! Um madrigal dramático

termo MADRIGAL, assim como vários outros da linguagem

musical, tem sua origem na terminologia própria às formas

literárias, e com o passar do tempo assumiu diversos

significados.

Hoje em dia pode indicar inclusive um pequeno conjunto vocal dedicado

à prática da música sem acompanhamento instrumental.

Originariamente, dizia respeito a uma forma poético-literária da Itália do século

XIV. Estrofes de 3 versos (às vezes 2) e um ritornello final com mais 1 ou 2 linhas,

a música utilizada era geralmente distinta para os primeiros versos e para o

ritornello, repetindo-se nas estrofes seguintes. A maioria dos exemplos existentes

são a 3 vozes, com alguns poucos a 2.

Esse gênero literário-musical entrou em desuso na primeira metade do

século XV.

O madrigal (poético) italiano do Cinquecento deve seu estilo a Petrarca.

O estilo musical em voga —a Frotolla, também um nome emprestado da forma

literária que lhe servia de suporte— não possuía o requinte musical equivalente

aos novos textos. Os compositores começam a buscar uma representação musical

das principais idéias e sentimentos inerentes aos textos. Isso levará a uma forma

musical independente da forma do poema, pois não mais será possível representar

com a mesma música os sentimentos diversos das diferentes estrofes.

Disseminado por toda a Europa, o madrigal foi mais e mais assumindo

características dramáticas (principalmente na Itália), dando espaço às mais

OO

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diferentes experimentações musicais (madrigais cromáticos de Scheidt ou

Gesualdo), infiltrando-se na música sacra, gerando conjuntos de obras que

beiravam a teatralidade (comédias madrigalescas de Banchieri e Vecchi), tendo

sobrevivido até o início do Barroco, e passado por profunda modificações na

primeira metade do séc. XVII.

Nossa grande dificuldade hoje em dia, enquanto intérpretes, é conseguir

recuperar o efeito dramático de tais peças, pois o ouvido de nosso público,

acostumados aos mais de 400 anos de prática musical que nos separam dessa

prática, não mais está apto a se chocar com a linguagem musical daquele

repertório.

Muitos crêem que essas peças devam ser executadas por serem

“fáceis” de entoar, por serem “bonitas” e “agradáveis ao ouvido”, por serem uma

“boa escola para o canto coral”, pois as comparam com a linguagem harmônica do

romantismo do século XIX e da música do século XX, desconhecendo as regras

próprias que orientam a música do século XIV ao XVIII (que em nada se

assemelham aos conceitos atuais de harmonia e contraponto como ministradas em

nossas escolas).

Quanto desse repertório não foi escrito para chocar os ouvintes, para

ser agressivo, rude e até mesmo feio? Quanto não foi escrito para romper com a

tradição musical de sua época, procurando ser mais “expressivo” na representação

do texto literário do que a prática musical até então vigente? Quantas e quantas

peças não procuraram ressaltar a sensualidade embutida no texto, o aspecto

cômico ou trágico?

Executá-las, desconhecendo suas próprias regras musicais, é perder a

oportunidade de mostrar o quanto esse repertório é vivo, forte e emocionante.

Não podemos esquecer que, diferentemente de hoje em dia, onde

nosso público, com medo de ouvir a produção musical contemporânea

(provavelmente temendo encontrar nela um reflexo de nossa contemporaneidade)

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volta-se para aquela do passado, a música ouvida até o início do século XX era

exclusivamente “contemporânea”, escrita para um público consumidor ávido de

novidades e surpresas.

Uma peça que pode exemplificar bem essas características é “Lasciatemi

morire”, de Claudio Monteverdi. Originalmente escrita como ária para a

personagem título de sua ópera perdida “Ariana” (1608), ganhou do próprio

compositor uma versão a cinco vozes em seu sexto livro de madrigais (1614).

Esse madrigal é baseado na

primeira parte da ária —o único trecho

remanescente da ópera— um “Lamento”

da personagem Ariana, após perder seu

amado e com ele a esperança na

felicidade.

Monteverdi organiza a composição da ária em três partes: um ABA onde

na primeira e na última (A) utiliza o primeiro verso, repetido 2 vezes e na segunda

(B) utiliza os versos 2 a 5. Na versão para coral, a estrutura se transforma em

AB’aBA (o primeiro “B” do madrigal transposto uma 5ª abaixo da ária original e o

“a” central correspondendo aos primeiros três compassos do “A”).

Considerando-se as claves usadas por Monteverdi, as vozes originais

seriam: S, S, A, T e B (Exemplo 18).

Exemplo 18: Claves em Lasciatemi morire

Porém, pela tessitura de cada uma delas e a utilização dadas às vozes

—o primeiro “B” é claramente um trio de vozes graves, o “a” nitidamente uma

oposição das vozes femininas (Arianna) contra a linha do baixo (contínuo)—

Lasciatemi morire Deixai-me morrer.

E chi volete voi E quem desejais

che mi conforte que me conforte

in cosi dura sorte em tão dura sorte

in cosi gran martire? em tão grande martírio?

Lasciatemi morire Deixai-me morrer.

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acredito que a melhor distribuição vocal para a execução desta peça seja SATTB,

conseguindo assim os efeitos dramatúrgicos sugeridos na partitura.

Começando pela parte “A”. (Exemplo 19)

Exemplo 19: Lasciatemi morire, parte A

Se tomarmos por base todas as regras de escritura a vozes de nossas

infindáveis aulas de contrapondo e harmonia, poderemos ver quantos “erros”

cometeu Monteverdi num trecho tão curto:

Logo de início, o intervalo de sexta maior (!) entre contralto e baixo

(uma consonância imperfeita). Nesta época, o # só apareceria como sensível de

tonalidades —utilizado apenas em cadências— ou como picardias em acordes

finais. O Intervalo caminha para uma dissonância (7ª) e, pelas características

harmônicas do período, deveria retornar à sexta (sensível), resolvendo a tensão,

com as duas vozes terminando então em sol. Porém, sol não é a tônica. O

paralelismo de contralto e soprano poderia ocorrer como dupla bordadura superior

SE o baixo fosse um ré, porém, feitas sobre a nota lá do baixo, transformam esse

lá em dissonância, forçando sua resolução descendente.

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Pela colocação rítmica da nota sol do baixo (sincope), ele deveria

continuar seu passo melódico por grau conjunto descendente no compasso 2

(Exemplo 20).

Exemplo 20: Resolução da síncope

Porém é, novamente transformado em consonância, numa situação

onde nenhuma das três vozes muda de nota no tempo forte do segundo compasso

(!). Logo em seguida, a voz da soprano salta por 4ª descendente para outra

dissonância (!), indo entoar uma nota mais grave que a voz da contralto

sustentava (!).

Seguem as entradas sucessivas dos tenores em notas dissonantes do

acorde sustentado por SAB (a nota ré contra o acorde de lá maior, comp. 3 e 4); o

duplo cromatismo nas vozes de soprano e tenor (comp. 5), salto para a

dissonância (7ª, no tenor II, comp. 5), intervalos de sextas descendentes seguidos

de grau conjunto também descendente (!) na contralto (sexta maior) e soprano

(sexta menor) no comp. 6, com a soprano saltando para uma dissonância

formando uma sétima com o baixo.

A parte 'A' revela a construção de uma enorme tensão. Após uma curta,

porém contida e dolorida pronúncia do verso inicial, com as três vozes que entoam

o 'morire' distantes apenas uma terça entre si, Monteverdi inicia a repetição

insistente desse texto, tal qual um grito de dor que se eleva nas 5 entradas

consecutivas de 'lasciatemi' (comp. 3 a 6), para, numa movimentação

descendente, onde (comp. 7), mais que entoar em intervalos melódicos proibidos

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(sétimas), as três vozes superiores (soprano, alto e tenor) mudam subitamente de

registro, na palavra “morire”, encerrar sua expressão de dor, como se não

tivessem mais força para sustentar suas vozes.

A parte B’ (Exemplo 21) apresenta o questionamento da personagem.

Exemplo 21: Lasciatemi morire, parte B

Repare nos saltos para dissonâncias entre as vozes de Tenor I e Baixo

nas palavras “volete” e “dura”; a falsa relação (fá# - fa natural) no “che mi

conforte”, cria uma enorme instabilidade harmônica. Essa nova tensão é

novamente interrompida pelo grito de dor 'lasciatemi morire'. Na segunda aparição

do B, todo o trecho é repetido, agora uma quinta acima e com as 5 vozes,

ampliando a densidade dramática da música em seus diversos parâmetros.

É fácil perceber que o importante para Monteverdi —como ele próprio já

afirmara no prefácio de seu V. livro de madrigais, ao contrapor a Prima e a

Seconda Pratica— é a representação da emoção do texto. Todo o sofrimento, a

instabilidade emocional, a perda de forças, os momentos de sentimentos opostos,

estão musicalmente representados.

Imagine o efeito causado para os ouvidos do século XVII, acostumado

às consonâncias e ao tratamento melódico da dissonância palestriniano. Se

observarmos esse repertório baseado no seio da prática musical em que foi

concebido, perceberemos o quanto ele é ousado. Devemos sempre lembrar que os

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compositores da música que hoje chamamos de antiga eram compositores de

vanguarda em suas épocas.

A questão de como executar esse repertório hoje em dia, visando

provocar emoções semelhantes no nosso público, acostumado às harmonias e

melodias dos séculos XIX e XX abre campo para diversas novas discussões. O que

significa execução histórica (também já chamada de música de época ou antiga)?

O que deve fazer o intérprete (cantor, regente, etc.)? O que significa ser “fiel à

partitura”? Executar as alturas e ritmos escritos, fazendo soar “bonito” uma peça

concebida para chocar o ouvinte, ou recuperar a emoção escondida atrás da grafia

musical?

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III. Anexos

1. Textos originais de Monteverdi

1.1. Cartas

Os trechos das cartas aqui transcritas foram retirados das Lettere de

Monteverdi, editado por Eva Lax. 132

O título indica nome e cidade do destinatário, seguido da cidade e data

de quando a carta foi escrita. A numeração 'Lax: 1,13', abaixo de cada título,

indica a ordenação da carta no livro, seguida da página onde se encontra a

citação.

i. a Vincenzo Gonzaga, ?/12/1604

Carta ao Duque Vincenzo Gonzaga, Mantova. Cremona, dezembro de

1604.

Lax: 3, 17..

...

Così con un desiderio ardentissimo di ubbidire e servire

prontissimamente alli comandi de l’Altezza Vostra Serenissima, sì come sempre ho

aùto e fatto, e averò sin ch’io mora, e farò sempre, mi posi per fare prima quello

delle stelle; ma non trovando nella istruzione quante di numero hanno ad essere

132 MONTEVERDI, C. Lettere. Firenze: Leo S. Olschki Editore. 1994.

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nel ballarlo, volendolo fare intercalato, como mi pare che sarebbe statto novo,

bello e gustevole, cioè facendo sonare prima da tutti li ustrimenti un’aria allegra e

corta e danzata da tutte le stelle parimente, dipoi in un subito le cinque viole da

brazzo pigliando un’aria diversa da la deta, fermandosi li altri ustrimenti, ballandola

solamente due stelle; restando le altre, e, nel fine di detta partita a due, di novo

ripigliar la prima aria con tutti li ustrimenti e stelle, seguitando questo ordine sino

che avessero ballato a due a due tutte le dette stelle; ma non avendo aùto il detto

numero, e questo essendo di necessario il saperlo (piacendole però alla Altezza

Vostra Serenissima in tal maniera d’invenzione intercalata come ho detto) per

tanto, sino ch’io lo sappia, ho tralasciato il farlo, e per saperlo ho scritto a messer

Giovanni Battista Ballarino aciò, per mezzo di mio fratello, me ne dia il numero

preciso...

ii. a Annibale Iberti, 28/07/1607

Carta a Annibale Iberti, Gênova. Cremona, 28 de julho de 1607.

Lax: 4, 19.

...

Questa è la musica da me fatta, ma mi farà grazia, avanti che Sua

Altezza Serenissima l’oda, darla prima nelle mani al signor Don Bassano aciò possa

provarla e pigliarne la sicurezza del’aria, insieme con li altri signori cantori; perché

è cosa molto difficile al cantore rapresentare un’aria che prima non abbi pratticato

, ed è di molto danno a quella composizione musicale, come, nella prima volta che

vien cantata, non viene intesa interamente.

...

iii. a Annibale Iberti, 21/11/1615

Carta a Annibale Iberti, Mantova; Veneza, 21 de novembre de 1615.

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Lax: 16, 44-45.

...

O se, per bona fortuna, il presente fosse di suo gusto, giudicherei per

bene che fosse concertato in mezza luna, su li angoli de la quale fosse posto un

chitarone e un clavicembano per banda, sonando il basso l’uno a Clori e l’altro a

Tirsi, e che anch’essi avessero un chitarone in mano, sonandolo e cantando loro

medesimi nel suo e li detti duoi ustrimenti (se vi fosse un’arpa in loco del chitarone

a Clori, sarebbe anco meglio); e gionti al tempo del ballo, dopo dialogati che

averanno insieme, giongere al ballo sei altre voci, per essere a otto voci, otto viole

da braccio, un contrabasso, una spinetta arpata (se vi fossero anco duoi leuttini

piccioli, sarebbe bene), e battuto con la misura a proprietà della natura delle arie,

e senza inforcare 133 li cantori e sonatori, e con la inteligenza del signor Ballarino,

che spero non debba dispiacere in questo modo cantato all’Altezza Serenissima

Sua. (Se, avanti anco che l’Altezza Serenissima Sua lo sentisse, lo facesse per

un’ora vedere alli signori cantori e sonatori, sarebbe cosa ottima.)

...

iv. a Alessandro Striggio, 9/12/1616

Carta a Alessandro Striggi, Mantova; Veneza, 9 de dezembro de 1616

Lax: 19, 48.

...

Come, caro Signore, potrò io imitare il parlar de’ venti, se non

parlanno?! E come potrò io con il mezzo loro movere li affetti? Mosse l’Arianna per

essere donna, e mosse parimente Orfeo per essere omo, e non vento. Le armonie

imittano loro medesime, e non con l’orazione, e li streppiti de’ venti, e il bellar dele

133 Affaticare.

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pecore il nitrire de’ cavalli e va discorendo, ma non imitano il parlar de’ venti che

non si trova!

Li balli, poi, che per entro a tal favola sono sparsi, non hanno piedi da

ballo.

La favola tutta, poi, quanto alla mia non poca ignoranza, non sento che

ponto mi mova, e con difficoltà anco la intendo, né sento che lei mi porta con

ordine naturale ad un fine che mi mova: l’Arianna mi porta ad un giusto lamento e

l’Orfeo ad una giusta preghiera; ma questa – non so a qual fine. Sì che, che vole

Vostra Signoria Illustrissima che la musica possa in questa? Tuttavia il tutto sarà

sempre da me acettato con ogni riverenza e onore quando che così Sua Altezza

Serenissima comandasse gustasse, poiché è padrona di me senza altra replica.

...

v. a Alessandro Striggio, 29/12/1616

Carta a Alessandro Striggi, Mantova; Veneza, 29 de dezembro de 1616.

Lax: 20, 51-52.

...

Io l’ho ritornata a riguardare più minutamente e diligentemente e,

quanto a me, li veggo molti soprani far de bisogno e molti tenori; pochissimi

dialogi, e que’ pochi parlano e non cantano di vaghezze 134 insieme. Cantar a cori

altri non vi sono che li Argonauti nella nave, e questo sarà il più vago e il più

galiardo e si risolverà poi in sei voci e sei istromenti. Vi sono ben sì li Zefiretti e li

Venti Boreali, ma questi non so come abbino a cantare, ma ben so che soffiano o

sibillano; e aponto Virgilio, parlando de’ venti, dopera questo verbo sibillare, quale

aponto imita, nel prononciarlo, l’effetto del vento. Vi sono altri duoi cori, l’uno de

Nereidi e l’altro de Tritoni, ma questi pare a me che anderebbono concertati sopra

134 Come cantar di garbo na carta anterior, significa ‘canto figurato’, ornamentado, em oposição ao recitativo.

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ad ustrimenti da fiato; che, se dovesse essere così, adimando a Vostra Signoria

Illustrissima che diletto ne riuscirà al senso?

...

vi. a Alessandro Striggio, 06/01/1617

Carta a Alessandro Striggi, Mantova; Veneza, 6 de janeiro de 1617.

Lax: 22, 54-55.

...

Manca però, al mio parere, per conclusione del tutto, dopo l’ultimo verso

che dice: “Torni sereno il ciel, tranquillo il mare”, manca, dicco, una canzonetta in

lode de’ serenissimi prencipi sposi, l’armonia dela quale possa essere udita in cielo

e in terra dela sena, e alla quale possano nobili ballarini far nobil danza, ché così

nobil chiusa mi par convenire a così nobil vista proposta. E insieme, se si potesse

acomodare a metro di ballo li versi che le Nereidi averanno a cantare, al tempo de’

quali si potesse far ballare con legiadro modo esperti ballarini, mi par che sarebbe

cosa molto più propria.

Ho un poco di opposizione contro a li tre canti de le tre Sirene, ed è

questa che dubito: se averanno a cantar tutte tre separatamente, che troppo lunga

riuscirà l’opera ali ascoltanti, e con poca differenza, 135 poiché tra l’una e l’altra farà

de bisogno sinfonia che tramezzi, tirate che sostentino il parlare, e trilli, e in

genere riuscirà una certa similitudine, che perciò giudicherei, anco per variazione

del tutto, che, interzatamente, li duoi primi madrigaletti or da una e or da due voci

insieme fossero cantati e il terzo da tutte tre insieme.

La parte di Venere, parte prima che viene dopo il pianto di Peleo e

prima ad essere udita nel cantar di garbo, cioè in tirate e trilli, averei giudicanto

per bene che dovesse essere cantata forsi anco dalla signora Andriana come voce

135 Varietà.

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forte, e dale due altre sue signore sorelle servita per risposte di eco, stando che

l’orazione ha dentro questo verso: “E sfavillin d’amor li scogli e l’onde”, ma prima

preparando li animi de li ascoltanti con una sinfonia di ustrimenti contenenti, se

fosse possibile, mezza la sena, perché prevengono avanti questi duoi versi di

Peleo, dopo fatto il pianto: “Ma qual per l’aria sento/ Celeste, soavissimo

concento?” – e creddo che la signora Addriana averebbe tempo di transvestirsi, o

purre ad una de le tre altre signore.

Sino a quest’ora io mi vo credendo che sarà in essere da cento e

cinquanta e forsi più versi, e creddo che questa altra settimana non sarà fuori che,

se piacerà al Signore, tutti li soliloqui saranno fatti, cioè quelli che parlano; mi

ponerò poi dietro a quelli che cantano di garbo.

...

vii. a Alessandro Striggio, 07/05/1627

Carta a Alessandro Striggi, Mantova; Veneza, 7 de maio de 1627.

Lax: 93, 153-154.

...

È vero Che La parte di Licori, per esser molto varia, non doverà cadere

in mano di donna che or non si facci omo e or donna con vivi gesti e separate

passioni, perchè, la immitazione de tal finta pazzia docendo aver la considerazione

solo che nel presente e non nel passato e nel futuro (per consequneza la

immitazione dovendo vel il suo appoggiamento sopra alla parola e non sopra al

senso dela clausola), quando dunque parlerà si guerra, bisognerà imitar di guerra,

quando di pace, pace, quando di mote, di morte, e va seguitando, e perchè el

transformazioni si faranno in brevisssmo spazio, e le immitazioni. Chi dunque averà

da dire tal principalissima parte che move al riso e alla compassione che la

presentanea, che gli somministreràla parola che averà da dire.

...

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[P.S.] ...

Quie, per camera, non abiamo di meglio che il Rapalino mantoano, che

ha nome don Iacomo quale petre, ma è baritono e non basso; dal resto fa

intendere la orazione, ha un poco di trillo e un poco di gorgia e canta ardito.

viii. a Alessando Striggio, 13/06/1627

Carta a Alessandro Striggi, Mantova; Veneza, 13 de junho de1627.

Lax: 97, 160-161.

...

Qui di presente è giunto in Venezia, venuto da Bologna, um tal

giovanotto ... qual fa professioe di cantar una parte di un bassetto da camera.

L'ho udito cantar un motteto suo in chiesa con alquanto tiradinette per entro e

garbetti, con onesto trillo. La voce è grata assai, ma non fonda troppo; espicca

molto la parola, e la voce sua ariva ad un tenore con gratezza del senso, ed è

sicurissimo nel cantare.

ix. a Giovanni B. Doni, 22/10/1633

Carta a Giovanni Battista Doni, Roma; Veneza, 22 de Outubro de 1633

Lax: 124, 201-202.

....

Sappia dunque como che è vero ch’io scrivo, ma però sforzatamente,

essendo che l’acidente che già anni mi spinse a così fare, fu di così fatta natura

che mi tirò, non accorgendomi, a promettere al mondo quello che, dopo

avedutomente, non potevano le debil forze mie. Promisis, dicco, in stampa di far

conoscere ad un certo teorico di prima pratica che ve ne era un’altra da

considerare intorno al’armonia, non conosciuta da lui, da me adimandata seconda;

e la causa fu perché si pigliò per gusto di far contro, purre in stampa, ad un mio

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madregale, cioè in alcuni passi armonici suoi, fondato sopra alle ragioni di prima

pratica, cioè sopra alle regole ordinarie come che se fossero statte solfe fatte da

un fanciullo che incominciasse ad imparar notta contra notta, e non in ordine alle

cogizione melodica; ma udito egli una certa divisione mandata in stampa in mia

diffesa da mio fratello, si quetò in maniera che per làvenire non solamente si fermò

di passar più olter, ma, clgendi la penna in lode, cominciò ad amarmi e a stimarmi.

La promessa publica però non volle che mancassi alla promessa, per lo che

sforzatamente tendo a pagar il debitto. La suplico dunque a tenermi per iscusato

del’ardire.

Il titolo del libro sarà questo: Melodia overo seconda pratica musicale.

Seconda (intendo io) considerata in ordine alla moderna, prima in ordine all’antica.

Divido il libro in tre parti rispondenti alle tre parti de la melodia: nella prima

discorro intorno al’orazione, nella seconda intorno all’armonia, nella terza intorno

alle parte ritmica. Vado credendo che non sarà discaro al mondo, posciaché ho

provato in pratica che quando fui per scrivere il Pianto dela’Arianna, non trovando

libro che mi aprisse la via naturale alla immitazione, né meno che mi illuminasse

que dovessi essere immitatore, altro che Platone (per via di un suo lume rinchiuso

cosi che appena potevo scorgere di lontano, con la mia debil vista, quel poco che

mi mostrava), ho provato, dicco, la gran fatica che mi bsigno fare in far quel poco

ch’io feci d’immitazione, e percio spero sii per non dispiacere. Ma rieschi come si

voglia: alla fine son per contentarmi d’essere piuttosto poco lodato nel novo che

molto nel’ordinario scrivere; e di questa altra parte d’ardire ne chieggio novo

perdono.

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1.2. Prefácios a madrigais

i. Studiosi Lettori

Prefácio de Il quinto libro de madrigali a cinque voci, 136 Veneza, 1605.

Studiosi Lettori

Non vi maravigliate ch’io dia alle stampe questi Madrigali senza prima

rispondere alle oppositioni, che fece l’Artusi contro alcune minime particelle d’essi,

perche sen d’io al servigio di questa Serenissima Altezza di Mantoa non son

patrone di quel tempo che tal’hora mi bisognarebbe: hò nondimeno scruta la

risposta per far conoscere ch’io non faccio la mie cose à caso, & tosto che sia

rescritta uscirà in luce portando in fronte il nome de SECONDA PRATICA, overo

PERFETTIONE DELLA MODERNA MUSICA, delche forse alcuni s’ammireranno non

credendo che vi sia altra pratica che l’insegnata dal Zerlino; ma siamo sicuri, che

intorno alle consonanze, & dissonanze, vi è anco un’altra consideratione differente

dalla determinata, la qual con quietanza della ragione, & del senso diffende il

moderno comporre, & questo hò voluto dirvi si perche questa voce SECONDA

PRATICA tal’hora non fosse occupata da altri, si perche anco gli ingegnosi possino

fra tanto considerare altre seconde cose intorno all’armonia, & credete che il

moderno Compositore fabrica sopra li fondamenti della verità. Vivete felici.

ii. Avvertimenti

Prefácio de Scherzi musicali a tre voci, 137 Veneza, 1607.

136 Fac-símile do original, in MONTEVERDI, Claudio. Tutte le opere. Tomo V. 1927. 137 Fac-símile do original, in MONTEVERDI, Claudio. Tutte le opere. Tomo X. 1929.

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Prima che si comincia a cantare, si dovrá sonare due volte il ritornello. I

ritornelli dovranno esse sonati in fine d'ogni stanza nei soprani da due violini da

braccio, & nel basso dal chitarone, o clavicembalo, o altro simile instrumento. Il

primo soprano, cantata, che sia la prima stanza a tre voci con i violini portrà esser

cantato solo, o vero all'otava bassa nelle stanze che seguono, ripigliando però

l'ultima stanza con l'istessi tre voci; e i violini stessi. Dove si vedranno tirate alcune

linee nella sede delle parole, a quelle note che sono ad esse sopraposte dovranno

esser sonate, ma non cantate.

iii. Claudio Moteverdi a chi legge

Prefácio de Madrigali Guerrieri, et Amorosi 138

con alcuni opuscoli in genere rapresentativo, che saranno per brevi

Episodii frà i canti senza gesto

LIBRO OTTAVO, Venezia 1638

Claudio Moteverdi a chi legge

Havendo io considerato le nostre passioni, od'affezzioni, del animo,

essere tre le principali, cioè, Ira, Temperanza & Humilta o Suplicazione, come bene

gli megliori Filosofi affermano, anzi la natura stessa de la voce nostra in ritorvarsi,

alta, bassa & menzzana: & come l'árte Musica lo notifica chiaramente in questi tre

termini di concitato, molle & temperato, ne havendo in tutte le composizioni de

passati compositori potuto ritrovare esempio dei concitato genere, mà ben si del

molle & temperato; genere però descritto da Platone nel terzo de Rethorica, con

queste parole: (suscipe Harmoniam illam quæ ut docet imitatur fortiter cantis in

pretam, voces i arq accentus;) & sapendo che gli contrarii sono quelli chemovono

grandemente l’animo, fine del movere che deve havere la bona Musica, come

138 Ibid., Tomo VIII. 1930.

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afferma Boetio, dicendo: (Musicam nobis esse comniunnctam, mores, vel hoestare,

vel evertere;) perciò mi posi con non poco mio studio & fatica per ritrovarlo, &

considerato nel tempo piricchio che è tempo veloce, nel quale tutti gli migliori

filosofi affermano in questo essere stato usato le faltarioni, belliche, concitate, &

nel tempo spondeo tempo tardo le contrarie, comincia: dano la semibrevi a

cogitare, la qual percossa una volta dal sono, proposi che fosse un tocco di tempo

spondeo, la quale poscia ridotta ei sedeci semicrome, & ripercosse ad una per una,

con agionzione di orazione contenente ira & sdegno, udii, in questo poco esempio

la similitudine del affetto che reicercavo, benche l’orazione non seguitasse con

piedi la velocità del istromento & per venire a maggior prova, diedi di piglio al divin

Tasso, come poeta che esprime con ogni proprietà & naturalezza con la sua

orazione quelle passioni, che tnde a voler deferivere & ritrovai la descrizzione, che

fa del combatimento di Tancredi con Clorinda, per haver io le due passioni

contrarie da mettere in canto Guerra cioè preghiera & morte & l’ano 1624 fattolo

poscia udire à migliori de la Nob. Cità di Venezia, in una nob. Sanza del Illust. &

Ecc. Sig. Gerolamo Mozzenigo Cavaglier principale & ne comandi de la

Sereniss.Rep. di primi, & mio particola padrone, & parzial protettore, fù com molto

aplauso ascoltato, & lodato; il qual principio havendolo veduto a riuscire alla

immitazione del ira; seguitai ad investigarlo maggiormente con maggiori studii, &

ne feci diversi composizioni altre cosi Ecclesiastiche, come da Camera, & fu cosi

grato tal genere anco a gli compositori di Musica, che non solamente l’hanno

lodato in voce, ma anco in pena a la imitazione mia l’hanno in opera mostrato a

molto mio gusto & honore.

Mi e parso bene perciò il far sapere che da me é nata la investigazione,

& la prova prima di tal genere, tanto necessario al arte Musica senza il quale, e

statta si puo dire con ragione, sino al hora imperfetta, non havendo havuto che gli

duoi generi, molle & temperato; Et perchea primo il principio (in particolare a quali

sonare il basso continuo) il dover tanpellare sopra ad una corda sedeci volte in una

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battuta gli pareva più tosto tal cosa da riso che da lode, perciò riducendo ad una

percossa sola durante una batuta (sic) tal multiplicità, & in guida di far udire il

piricchio piede facevano udire il spondeo, & levavano la similitudine al orazione

concitata.

Perciò aviso dover essere sonato il basso continuo con gli suoi

compagnamenti, nel modo & forma il tal genere che sta scritto, nel quale si trova

parimente ogni altro ordine che i han da tenere nelle altre composizioni d’altro

genere; perche le maniere di sonare devono essere di tre sorti, orattoria,

Armonica, & Rethmicha; la ritrovata da me qual genere da guerra, mi há datto

occasione di scrivere alcun Madrig da me intitolati Guerrieri; & perche la Musica de

Gran. Prencipi viene adoperata nelle loro Regie Camere in tre modi per loro delicati

gusti; da Teatro, da camera, & da ballo; perciò nella presente mia opera, hò

accennato gli detti tre generi con la intitulazione Guerriera, Amorasa &

rapresentativa; sò che sarà imperfetta, perche poco vaglio in tutto, in particolare

nel genere Guerriero per essere novo & perche (omne principium est debile);

prego perciò il benigno Lettore agradite la mia bona volontà, la quale stara

attendendo da sua dotta penna maggior perfezzione in natura del detto genere;

perche (inventis facile estadere) & viva felice.

iv. Combattimento in musica di Tancredi e Clorinda

Prefácio de Combattimento di Tancredi e Clorinda 139

Parole del Signor Torquato Tasso

LIBRO OTTAVO, Venezia 1638

«Combattimento in Musica di Tancredi et Clorinda, descritto dal Tasso; il

quale volendosi esser fatto in genere rappresentativo, si farà entrare alla sprovista

139 Fac-símile do original, in MONTEVERDI, Claudio. Tutte le opere. Tomo VIII. 1930

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(dopo cantatesi alcuni Madrigali senza gesto) dalla parte de la Camera in cui si farà

la Musica. Clorinda a piedi armata, seguita da Tancredi armato sopra ad un Cavallo

Marrano, et il Testo all'hora comincerà il Canto. Faranno gli passi et gesti nel modo

che l'orazione esprime, et nulla di più né meno, osservando questi diligentemente

gli tempi, colpi et passi, et gli ustrumentisti gli suoni incitati e molli; et il Testo le

parole a tempo pronunciate, in maniera, che le creazioni venghino ad incontrarsi in

una immitazione unita; Clorinda parlerà quando gli toccherà, tacendo il Testo; così

Tancredi. Gli ustrimenti, cioè quattro viole da brazzo, Soprano, Alto, Tenoreet

Basso et contrabasso da Gamba, che continuerà con il Clavicembalo, doveranno

essere tocchi ad immitazione delle passioni dell'orazione; la voce del Testo dovrà

essere chiara, ferma et di bona pronunzia alquanto discostada gli ustrimenti, atiò

meglio sii intesa nel ordine. Non doverà fare gorghe né trilli in altro loco, che

solamente nel canto de la stanza, che incomincia Notte;il rimanente porterà le

pronuntie et similitudine delle passioni del'orazione. In tal maniera (già dodici Anni)

fu rapresentato nel Pallazzo del'Illustrissimo et Eccelentissimo Signor Girolamo

Mozzenigo, mio particolar Signore. Con ogni compitezza, per essere Cavaliere di

benissimo et delicato gusto; In tempo però di Carnevale per passatempo di veglia;

Alla presenza di tutta la nobiltà, la quale restò mossa dall'affetto di essere statto

canto di genere non più visto né udito

v. Lamento della Ninfa

Prefácio de Lamento Della Ninfa, 140 Ottavio Rinuccini

LIBRO OTTAVO, Venezia 1638

Modo di rappresentare il presente canto. Le tre parti, che cantano fuori

del pianto della Ninfa, si sono così separatamente poste, perché si cantano al

140 Fac-símile do original, in MONTEVERDI, Claudio. Tutte le opere. Tomo VIII. 1930

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tempo della mano; le altre tre parti che vanno commiserando in debole voce la

Ninfa, si sono poste in partitura, accio seguitano il pianto di essa, qual va cantato a

tempo dell'affetto del animo, e non a quello de la mano.

vi. Il Ballo delle Ingrate

Prefácio de Il Ballo Delle Ingrate, 141 (in genere rappresentativo)

LIBRO OTTAVO, Venezia 1638

Interlocutori

Amore, Venere e Plutone

Quattro Ombre d'Inferno. Otto Anime Ingrate che ballano

Cinque Viole da brazzo, Clavicembalo e Chitarrone,

li quali istrumenti si radoppiano secondo

il bisogno della grandezza del loco

in cui devisi rapresentare.

Prima si fa una scena la cui prospettiva formi una bocca d'Inferno con

quattro strade per banda, che gettino fuoco, da quali usciscono a due a due le

Anime Ingrate, con gesti lamentevoli, al suono della entrata che sarà il principio

del ballo, il qual va cotante volte ripetito da suonatori fino che trovino poste nel

mezzo del loco in cui assi da dar principio al ballo, Plutone sta nel mezzo

conducendole a passi gravi, poi ritiratosi alquanto, dopo finita la entrata, danno

principio al ballo, poscia Plutone fattolo fermare nel mezzo, parla verso alla

Principessa, e Damme, che saranno presenti, nel modo che sta scritto; Delle Anime

141 Ibid.

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Ingrate, il lor vestito sarà di color cenerito, adornato di lacrime finte; finito il ballo

tornano nel Inferno, nel medesimo modo del'uscita, e al medesimo suono

lamentevole, restandone una nella fine in scena, facendo il lamento che sta scritto,

poi entra nel'Inferno. Al levar de la tela si farà una sinfonia a beneplacito.

2. Atribuídos a Monteverdi

2.1. de L'Ottuso Academico a Artusi

Carta entregue a Giovanni Maria Artusi em Ferrara, 1559.

Impressa em Delle imperfeittione della Moderan Musica, Parte Seconda.

1603, p. 11 a 13.

Qual varietà de pensieri, & de considerationi caminassero per la menre

dell'Ottuso; non lo sò, se non dalla data della mia alla riceuuta della risposta corse

di tempo vn Mese, ò poco più, & la registrarò qua di sotto. In tanto perche io

conosco, che in questa mia lettera vi sono alcune cose le quali possono

diuersamente essere intese da quello, che io ho voluto dire, sarà bene, che io mi

dichiari, acciò altri non habbino fatica di stiracchiare in contrario senso le mie

parole. Dico adunque, che quando io ho detto, che se per natura sua la settima è

dissonante, che maggiormente resta dissonante, essendo diuisa da termine

mezano, che non è secondo alcuna delle quattro medietà; & perciò non facci, ne

possi fare nouo concento. Ho voluto dire che maggiormente, mentre non è

accompagnata questa settima, come si deue; cioè come è stata vsata da nostri

passati, il senso dell'vdito maggiormente la scuopre, & scuoprendola ne viene

offeso più, che non sarebbe; & cosi offeso, in lui non può nascere effetto, se non

di perturbatione; & non di concento vero; perche non vi è Harmonia soaue,

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essendo il concento fatto, & formato, di consonanze, & non di dissonanze per

natura sua; se bene questi noui inuentori; Per fare al contrario de tutti, vogliono

che si facci di dissonanze, più che di consonanze, & per questo non fa, ne può fare

secondo li dotti concento, sia poi accomodata quella settima, & l'altre dissonanze in

qual maniera si vogliano. Perche il senso dell'udito, che ha da riceuere suoni, che

siano soaui, & grati, gl'intende al contrario in un tempo istesso, non può se non

restar confuso. La onde disse Simplicio: Et contraria simul pati impossibile est.

Confrontandosi con Aristotele, che nel quarto della Metaphisica disse: Contraria

simul eidem inesse non contingit, quia vnum contrarium est negatio alterius. Et

nell'ottauo della Fisica pur ancora disse: Contraria se mutuo corrumpunt, &

impediunt. Di modo che non potendosi in vno istesso tempo secondo il Filosofo la

consonanza, & la dissonanza, che sono contrarie comportare, si impediscono l'una

& l'altra insieme, ne possono fare il concento, come farebbe se altrimenti fossero

accomodate. Ma perche ho detto, che la settima resta maggiormente dissonante

diuisa altrimenti quasi, che ella patisca maiorità, & minorità di natura sua, & di

dissonanza; dico che resti, cioè che il senso dell'vdito la scopre per tale vna volta

più che l'altra rispetto al rumore dell'altre parti che impediscono il senso dell'udito,

in quella maniera, che nel mezo di qualche strepito; se due ragionano insieme,

l'uno più, e manco intende, e sente l'altro secondo che lo strepito è fatto maggiore,

e minore. Quando poi io dico, che à prouare per introdurre nouo modo di

comporre che vuole la autorità de Vecchi, ò la demostratione; intendo non

l'autorità d'ogni sorte di Vecchio; perche in ogni età ci sono stati di quelli, che più

de gl'altri hanno fatto il bello ingegno; ma de gl'eccellenti, & di quelli che hanno

insegnato il buono, e 'l bello della Musica, le tradittioni de quali sono regole cauate

dalla Demostratione, & dalla natura istessa della cosa, confermate dalla esperienza

Madre di tutte le cose, & dalla lunga consuetudine. Et questi sono quei Vecchi,

dalle tradittioni de quali gli Moderni Dottori s'allontanano. Posso ancora auisare in

questo luogo, che nelle mie Canzonette à quattro Voci, vi sono occorsi alcuni errori

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di Stampa, & altri n'ho fatto io à gusto mio, cose che gl'auersarij se ne seruono per

arme contra di me; ma sò che gl'huomini in questa scienza giudiciosi,

s'accorgeranno benissimo dal mio ragionamento, & dalle cose, che in cosi fatto

negotio io ho detto; quali saranno le cose occorse per errore di Stampa, & quali à

mio gusto ho fatto io; dalle quali cose considerarà il Lettore la malitia, tal hora la

poca intelligentia dello auuersario, & quando habbi, e sia soprapreso dal spirito

della contradittione. Voglio hora uenire per breuità al raporto della lettera

promessa in risposta della mia di sopra posta; la qual ueduta in faccia si conoscerà

quanto dica il falso, & quanto s'inganna in questo suo nouo modo di Comporre, per

tirare l'acqua al suo Molino; di donde potrassi argomentare quanto egli per se

stesso in questa professione uagli, non hauendo lingua da altri.

2.2. Dichiaratione della Lettera

Dichiaratione della Lettera Stampata nel Quinto Libro de suoi madrigali.

Escrita por seu irmão, Giulio Cesare Monteverdi.

Apêndice de Scherzi musicali a tre voci, 1607. 142

Fu dalle stampe (alcune mesi adietro) publicata una lettera di Claudio

Monteverde mio fratello, la qual diede materia, ond’altri s’affatticassero, sotto fitto

nome di un Antonio Braccini da Todi, di farla parer al mondo una chimera & vanità,

ond’io spinto si dall’amore che porto a mio fratello, ma molto più dalla verità, che

in essa lettera si contiene, vedendo lui compiacenteli d’attendere a fatti, poco

prezzar l’altrui parole, ne potendo soffrir, che l’opere sue fossero a si gran torto

142 Fac-símile do original, in MONTEVERDI, Claudio. Tutte le opere. Tomo X. 1929.

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180

biasimate, ho voluto per questa volta rispondere alle opposotione fattele,

dichiaratione di parte in parte, più largamente, quel tanto che allo fratello ha in

detta lettera sotto breve termini ristretto affinche quegli conosca, & chiunque il

segue, la verità che in lei si contiene, esser molto differente da quel un’egli nel suo

discorso dimostra. Dice a dunque la lettera cosi:

Non vi maravigliate ch’io dia a le stampe questi Madregali

senza prima rispondere a le oppositioni che fece l’Artusi.

Per l’Artusi, si va da intendere, l’Artusi overo Delle Imperfetioni De La

Moderna Musica, libro che porta in fronte questo titolo; che nulla prezzando quel

civil precetto d’Horatio. Nec tua laudabis studia, band altena reprendes; & senza

alcuna causa dattali, al torto perciò, dice quel peggio che può di alcune

compositioni musicali di Claudio mio fratello.

Contro alcune minime particelle d’essi.

Quello particelle dette da l’Artusi passaggi, & che si veggono cosi

lacerati dal detto Artusi, nel raggionamento secondo; son parte dell’armonia del

Madregale Cruda Amarilli di mio fratello, & l’armonia di esso, parte de la melodia

ond’è composto; perciò in rispetto al tutto di che consta la melodia, particelle ha

quelli nominati, & non passaggi.

Perche essendo io al servitio de questa Serenissima Altezza,

non sono padrone di quel tempo che tall’hora mi bisognerebbe.

Ciò ha detto mio fratello, non solo per il carico de la musica tanto da

chiesa quanto da camera che tiene, mi per altri servitii non ordirarii, essendo che

(servendo a Gran Prencipe) la maggior parte del tempo si trova occupato hora in

Tornei, hora in Belletti, hora in Comedie, & in varii concerti, & finalmente nello

concertar le due Viole bastarde, il quale carico, & flautio non e sorti cosi comune

come si potrebbe dare ad intendere l’oppositore; & non tanto per la regione, &

vera scusa prodotta, ha tardato & va tardando mio fratello, una perche conosce

ancora che: properantet omnia perverse agunt; & che il bene non sta con il presto,

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conciosia cosa che, le verità della virtù voi tutto l’home, & tanto piu cetrando di

tratar di cosa apena tocca di lontano da intelligenti Teorici armonici, & non come

sia fatto l’oppositore, di cosa Nota Lippis arque tonsoribus.

Ho nondimeno scritta la risposta per far conoscere ch’io non

faccio le mie cose a caso.

Dice mio fratello che non fa le sue cose a caso; atteso che la sua

intentione è stata (in questo genere di musica) di far che l’oratione sia padrona del

armonia e non serva; e in questo modo, sarà la sua compositione giudicata nel

composto della melodia, del che parlando Platone, dice queste parole, ‘Melodiam

ex tribus constare, oratione, harmonia, Rithmo’, e poco più a basso ‘ Quin etiam

consonum ipsum et dissonum eodem modo, quando-quidem Rithmus et Harmonia

orationem sequitur non ipsa oratio Rithmum et Harmoniam sequitur’, dopo (per

dare più forza all’oratione seguita con queste parole): ‘quid vero loquendi modus

ipsaque oratio non ne animi affectionem sequitur?’ e poi, ‘orationem vero cetera

quoq; sequuntur’ ma in questo l’Artusi, da bon maestro piglia certe particelle, o

passaggi (come lui dice) del Madregale Cruda Amarilli di mio fratello, nulla

curandosi dell’oratione, tralasciandola in maniera tale, conte se nulla havesse

chetare con la musica, mostrando poi delle passaggi privi de la sua oratione, dei

tutto de la sua armonia & del suo Rithmo, ma s’havesse nelli passaggi notati da lui

per falsi, sposta l’oratione loro, il mondo senza altro havrebbe conosciuto dove e

trascorso il suo giuditio, & egli non havebbe detto che fossero chimere, e castelli in

aria; per non essere osservanti interamente de le regole de la prima pratica. Ma

bella ragione sarebbe certo, le si faceste il simile anco de li madregali di Cipriano

«Dalle belle contrade», «Se ben il duol», «E se pur mi mantieni amor», «Poiche

m’invita amore», «Crudel acerba», «Un'altra volta», & finalmente altri, l’armonia de

quali serva esattamente alla sua oratione, che certo ? come corpi senz'anima,

rimanendo senza questa piu importante & principal parte de la musica, significando

l'oppositore col sindicar senza l'orattione questi passaggi che tutto il buono & il

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bello si stia nella osservatione esatta de le dette regole di prima pratica, li quali

pongono l’arme ma signora del oratione (come ben sarà vedete mio fratello) il

quale sapendo alla musica, ( in tal genere di cantilena come questa sua) versar

ritorno alla perfetione de la Melodia, nel qual modo l’armonia considerata, di

padrona diventa serva al oratione, & l’oratione padrona del armonia , al qual

pensamento tende la seconda pratica overo l’uso moderno, per tal fondamento,

vero promette mostrare contro l’oppositore, che l’armonia del madregale Cruda

Amarille non e fatta. Caso, ma si bene a bel arte, & a buono studio non inteso da

l’Aversario, & non conosciuto, & perche mio fratello promette mostrare con la

prosa, contro l’oppositore in rispetto alla perfetione della melodia, che le cose

feritte, da l’Aversario non sono sondare nella verità del arte, l’oppositore anc’egli,

contro al madregale di mio fratello, con armonia osservante le regole de la prima

pratica, ciò non risguardante alla perfetione della melodia, nel qual modo

considerata l’armonia, di serva di vien padrona, mostri l’errore d’altri, per mezzo

delle stampe con simile atto pratico; perche purpura iuxta purpuram di indicanda;

che per dir solamente parole contro a facci d’altri. Nil agit exemplum litem quod

lite resoluit.

Et lasci all’hora che il mondo sia poi giudire, & non mostrando egli fatti,

ma dicendo solamente parole, & i fatti essendo quelli che lodano il Maestro, mio

fratello ritroverassi a meritar la lode & non egli, che sicome l’amalato non predica

la intelligenza nel medico per udirlo solamente imitare d’Hippocrate, & di Galeno,

ma si bene all’hora quando per mezzo del suo aiutto ottiene la sanità. Cosi il

mondo non predica la intelligenza nel musico per udirlo far maneggi di lingua,

sopra gli honorati Theorici armonici; che Timoteo non mosse Alessandro all’armi in

cosi fatta guisa; ma si bene col canto; A questo atto pratico invita mio fratello

l’oppositore & non altri poiche a tutti cede, tutti honora, & riverisce e a questo

l’invita per sempre percioche sole attendere al canto, & non a la prosa, fuori che

l’una sol volta promessa; seguitando il Divino Cipriano Rore, il Sig. Prencipe di

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Venosa, Emiglio del Cavagliere, il Conte Alfonso Fontanelle e il Conte di Camerata,

il Cavalier Turchi, il Pesci, & altri Signori di questa Eroica scola, & non attendere

alle ciancie & chimere.

Et tosto che si a rescritta uscira in luce portando in fronte il

nome de seconda pratica

perche intende l’oppositore far contro alla moderna musica, & diffendero

la vecchia, le quali veramente trovansi differente fra di loro, (nel modo de adoperar

le consonanze & dissonanze, come ben fara vedere mio fratello) non conosciuta

cotal differenza dal oppositore, per maggior chiarezza adunque del vero, sia intesa

da tutti qual sia l’una, & qual sia l’altra, amendue honorare da mio fratello,

reverite, & lodare alla vecchia ha posto nome prima pratica, per essere primo uso

praticale, & la moderna ha nominato seconda pratica, per essere secondo uso

praticale; prima prattica intende che sia quella che versa intorno alla perfetione del

armonia; cioè che considera l’armonia non comandata, ma comandante, e non

serva ma signora del oratione, e questa fu principiata, da que’ primi che ne’ nostri

caratteri composero le loro cantilene a più de una voce, seguitata poi, e ampliata,

da Occheghem, Josquin des Pres, Pietro della Rue, Iovan Motton, Crequillon,

Clemens non Papa, Gombert, e altri di que’ tempi, perfettionata ultimamente da

Messer Adriano con l’atto prattico, e dal Eccellentissimo Zerlino con regole

giudiciosissime. Seconda pratica dela quale è statto il primo rinovatore ne nostri

caratteri il Divino Cipriano Rore, come ben fara vedere mio fratello, seguitata, &

ampliata, non solamente da li Signori detti; ma dal Ingegneri, dal Marenzo, da

Giaches Wert, dal Luzzasco, & parimente da Giaccoppo Peri, da Giulio Caccini, &

finalmente da li spiriti più elevati, & intendenti de la vera arte, intende che sia

quella che verta in torno alla perfetione e la melodia, cioè che considera l’armonia

comandata, & non comandante, & per signora del armonia pone l’oratione, per

cotali ragioni balladetta seconda & non nona; ha detto prattica e non Teorica

perciocché intende versar le sue ragioni intorno al modo di adoperar le consonanze

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e dissonanze nel atto prattico, non ha detto Istitutioni melodiche, perciocché egli

confessa non essere soggetto di così grande impresa, ma lascia al Cavalier Ercole

Bottrigari e al Rev. Zerlino il componimento di così nobili scritti. Che perciò disse

institutioni Armoniche perche vola le insegnare le leggi & le regole del armonia, ma

mio fratello, ha detto seconda pratica, cioè secondo uso praticale, perche vol

servirsi delle considerationi di questo uso, cioè della considerationi melodiche, &

ragioni sue, adoperando qual tanto di loro solamente, che a lui apartiene per

diffendersi dal oppositore.

Overo perfetioni della moderna musica.

Chiamar alla perfetioni della moderna musica, mosso dall’autorità di

Platone che dice, Non ne & musica circa perfectionem melodia versatur?

Del che forsi alcuni si ammireranno non credendo che vi sia

altra pratica che la insegnata dal Zerlino.

Ha detto alcuni & non tutti, per solamente intendersi l’oppositore & suoi

seguaci, ha detto si ammireranno, perche sa al sicuro mio fratello questi essere

privi non solamente della cognitione della seconda prattica, ma gran parte ancora

della prima (come ben farà vedere) non credendo che vi sia altra prattica che la

insegnata dal Zerlino, cioè non credendo che vi sia altra prattica che quella di

meser Adriano, che d’altra prattica il Rever. Zerlino non s’intende trattare come

bene afferma dicendo, Non fu mai, ne anco è mia intentione di scrivere l’uso de la

prattica, locoando il modo de li Aurichi, o Greci, o Latini, se bene a le siate la vò

adombrando, ma solamente il modo di quelli, che hanno ritrovato questa nostra

maniera, nel far cantate insieme molte parti, con diverse modulationi & diverse

arte, specialmente secondo la via & il modo tenuto da messer Adriano; Si chedunq;

l’istello Rever. Zerlino confessa, non essere quel una verità, & sola de la prattica la

sua insegnata, & perciò mio fratello intende servirsi de le ragioni insegnate da

Platone & pratticare dal Divino Cipriano & da l’uso moderno, differentemente dalle

insegnate, & determinate, dal Rever. Zerlino, & pratticate da messer Adriano.

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Ma siano sicuri che intorno alle consonanze & dissonanze.

Mai oppositore & suoi seguaci, siano sicuri, che intorno alle consonanze,

& dissonanze; cioè che intorno al modo di adoperale consonanze & dissonanze;

Vi è anco una consideratione differente della determinata,

pela consideratione determinata che versa intorno al modo di adoperarle

consonanze & dissonanze; intende mio fratello, quelle regole del Rever. Zerlino,

che nel terzo delle sue institutioni si vedono ; le quali tendono mostrare la

perfetione pratticale del armonia, & non de la melodia, (come ben si scopre questo

da li esempi musicali suoi in quel luoco) li quali mostrando in atto prattico, il

contenuto de li detti documenti, & leggi, si vedono senza risguardo di oratione;

perciò mostrano l’armonia essere signora, & non serva; per il che proverà mio

fratello all’oppositore, & a suoi segnaci, l’armonia serva al oratione, nel modo di

adoperarle consonanze, & dissonanze, non essere determinata nel modo sudetto,

perciò questa, differente da quella in questa parte.

La quale con quietanza della ragione, & del senso, diffende il

moderno comporre.

Con quietanza della ragione, percioche appogierassi sopra le

consonanze & dissonanze dalla mathematica aprobare, perciò ha detto intorno al

modo di adoperarle, & appogierassi parimente sopra comando del oratione,

signora principal del atte nella perfetione della melodia considerata, (come afferma

Platone nel terzo de R.P.) perciò ha detto seconda prattica, con quietanza del

senso, percioche il composto di oratione comandante di Rithmo & armonia

servienti a lei ( & dico servienti che non cale il composto solo a perfetionare la

melodia) movono le affetioni del animo, & ecco Platone: sola enim melodia ab

omnibus quoteunque distrabunt animunt retrahens contrahit in se ipsum; & non

l’armonia sola, sia purre perfetta quanto si vole, & lo confessa il Rever. Zerlino con

queste parole: Se noi pigliamo la semplice armonia senza agiongerle alcuna altra

cosa, non haver possanza alcuna di face alcuno effetto estrinseco; & agionge più

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aabsso, prepara, & dispone, ad un certo modo intrinsicamente alla allegrezza,

overo alla mestitia, ma non induce però ad esprimere alcuno effetto estrinseco.

Et questo ho voluto dirvi si perche questa voce seconda prattica

tall’hora non fosse occupata da altri,

ha fatto sapere al mondo mio fratello questa voce essere sicuramente

sua, accioché si sappia, & si concluda che quando l’aversario disse nel secondo

Artusi queste parole; seconda prattica che si può dire con ogni verità essere la

feccia della prima, che ciò disse per dir male de le opere di mio fratello, & che fu

nel anno 1603, nel qual tempo propose mio fratello, d’incominciar a scrivere per

diffendersi dal oppositore, che apena questa voce seconda prattica, ei si era

lasciato uscire di bocca, indicio vero, che vorrebbe potere l’aversario lacerare nella

istessa aria, nonché in iscritto, le parole di mio fratello, & le sue notte insieme. &

per qual causa poi? diccalo chi lo sà, vedalo chi lo può trovavate in carta, ma

perche si stupisse l’aversario, in quel suo discorso, sopra a ciò dicendo. Vene

mostrate tanto geloso di questo nome, che temete non vi sia rubbato: Quasi voglia

dire in suo linguaggio, non occorre che temiate di rappina tale, perche non sete

sogetto meritevole da essere imitato non che rubbato; li faccio sapere che se si

havesse a considerare la cosa per questo verso, haverebbe non pochi argomenti in

suo favore, mio fratello, in particolare per il canto alla francese in questo modo

moderno che per le stampe da tre o quattro anni in qua si va mirando, or sotto a

parole de motetti, or de madregali, or di canzonette, & d’arie, chi fu il primo di lui

che lo riportasse in Italia di quando venne da libagni di Spà, l’anno 1599? & chi

incominciò a porlo sotto ad orationi lattine e a volgari nella nostra lingua, prima di

lui? Non fece questi scherzi all’ora? Dunque vi farebbe che dire in suo prò; & di più

ancora (s’io volessi)per altre cose; le quali mi taccio perche come ho detto, la cosa

non si ha da intendere per questo verso; chiamaralla seconda prattica in quanto al

modo di adoperarla, che in rispetto al origine si potrebbe dir prima,

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Si perche anco l’ingegnosi possino fra tanto considerare altre

seconde cosi intorno all’armonia.

Altre, cioè non star semini nel credere, che tutto il bisogno del arte, in

altro luogo non sia per ritrovarsi, che solamente nel comando de regole di prima

prattica, perche l’armonia farebbe sempre vai in tutti li generi de cantilene,

essendo terminata, & cosi non potrebbe servire al’oratione perfettamente seconde

cose, cioè cose versanti intorno alla seconda prattica overo alla perfetione della

melodia; intorno al armonia, cioè intorno non alle particelle o passaggi della

cantilene solamente tua allo suo tutto; che se havesse in tal guisa pensato

l’oppositore l’armonia del madrigale O Mirtillo di mio fratello, haverebbe in quel suo

discorso detto quelle esorbitanze intorno al tuono di esso, se ben pare che parla in

generale, havendo detto. Ha parimente ragionato l’Artusi & di, mostrato, la

confusione che apportano alle cantilene quelli che incominciano di un tuono; segui,

tando di un altro al fine terminano di quello che totalmente è dal primo e secondo

pensiero lontano, il che è come sentite un pazzo ragionare in quale dia un colpo,

come si dice, hor sopra al cerebro & hor sopra la botte; poverello e non s’avede,

che mentre vol mostrarsi al mondo regolato precertore, cade nel errore del negare

li tuoni misti, li quali te non vi fossero l’inno de le Apostoli che in comincia del

sesto, & finisce del quarto, non darebbe hor sopra cerebro, & hor sopra la botta

parimente l’introito Spiriatus Domini replevit orbem terrarum, & maggiormente il

Te Deum laudamus? losquino non sarebbe stato un ignorante ad haver

incominciato la messa sua Fait faut Regrez del sesto, & finita del secondo? Nasce

la pena mia del eccel. Striggio, l’armonia del qual canto (nella prima prattica

considerata) ben si può chiamar divotia, non sarebbe una chimera, essendo

fabricata sopra d’un Touno che consta di primo di ottavo, di undecimo, & di quarto

il madregale del Divino Cipriano Rore. Quando signor lasciaste, che incomincia del

undecimo nel mezzo scorre nel seconde, & decimo, & la fine conclude nel primo, &

la seconda parte nel ottavo, non sarebbe stata questa di Cipriano una vanitate ben

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legger, & messer Adriano che si chiamarebbe et li ad haver pricipiato. Ne proicias

nos in tempore senestivis (motetto a cinque che si li una nella fine de suo

primolibro) del primo tuono, & il mezzo fattolo del secondo, & e la fine del quarto

ma che lega il Rever. Zarlino l’oppositore nel quarto de le institutioni a cap. 14 che

imparerá

Et credere che il moderno compositore fabrica sopra a li

fondamenti della vività & vivere felici.

Questo ha detto mio fratello ultimamente, perche sapendo che il

comporre moderno non osserva, & non può osservare, in virtù del comando del

oratione, le regole de la prima prattica, & purre con il modo di comporre, vien dal

mondo abracciato , in maniera tale che uso con giusta ragione si può chiamare,

perciò non può credere, ne crederà mai, quando anco le ragioni me, non fossero

bono per sostentamento de la verità di cotal uso, che il mondo s’inganni, ma si

bene l’oppositore & vivete felici.

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3. Cronologia da obra de Claudio Monteverdi

3.1. Livros de Madrigais

1584 (Veneza): Canzonette a tre voci di Claudio Monteverde Cremonese

discepolo del Sig. Marc'Antonio Ingegnieri, novamente poste in

luce. Libro Primo. In Venetia: Presso Giacomo Vincenti, &

Ricciardo Amadino compagni, MDLXXXIIII.

1587 (Veneza): Madrigali a cinque voci di Claudio Monteverde Cremonese

discepolo del Sig.r Marc'Antonio Ingegnieri... Libro primo;

1590 (Veneza): Il secondo libro de madrigali a cinque voci di Claudio

Monteverde Cremonese discepolo del Sig.r Ingegneri. In Venetia:

Appresso Alessandro Raverij, MDCVII.

1592 (Veneza): Di Claudio Monteverde il terzo libro de madrigali a cinque voci.

In Venetia: Appresso Ricciardo Amadino, MDXCII

1603 (Veneza): Il quarto libro de madrigali a cinque voci di Claudio Monteverdi

Maestro della Musica del Ser.mo Sig.r Duca di Mantova.

1605 (Veneza): Il quinto libro de madrigali a cinque voci di Claudio Monteverde

Maestro della Musica del Serenissimo Sig.r Duca di Mantoa, col

basso continuo per il Clavicembano, Chittarone, od altro simile

istromento; fatto particolarmente per li sei ultimi, & per li altri a

beneplacito.

1607 (Veneza): Scherzi Musicali a tre voci di Claudio Monteverde. Raccolti da

Giulio Cesare Monteverdi suo fratello & novamente posti in luce.

Con la Dichiaratione di una Lettera, che si ritrova stampata nel

Quinto libro de suoi madregali. In Venetia: Appresso Ricciardo

Amadino, MDCVII.

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1614 (Veneza): Il sesto libro de madrigali a cinque voci, con uno dialogo a

sette, con il suo basso continuo per poterli concertare nel

clavacembano, et altri stromenti. Di Claudio Monteverde Maestro

di Cappella della Sereniss. Sig. di Venetia in S. Marco.

1619 (Veneza): Concerto. Settimo libro de madrigali a 1.2.3.4. sei voci, con

altri generi de canti di Claudio Monteverde Maestro di Capella

della Serenissima Republica.

1632 (Veneza) Scherzi Musicali, cioè Arie, & Madrigali in stil recitativo con una

Ciaccona a 1. & 2. voci. Del M.to Ill.te & M.to R.do Sig.r Claudio

Monteverde. Maestro di Capella della Sereniss. Repub. Di

Venetia. Raccolti da Bartholomeo Magni.

1638 (Veneza): Madrigali guerrieri, et amorosi con alcuni opuscoli in genere

rappresentativo, che saranno per brevi Episodii fra i canti senza

gesto. Libro ottavo di Claudio Monteverde Maestro di Capella

della Serenissima Republica di Venetia

1651 (Veneza): Madrigali e canzonette a due e tre voci del signor Claudio

Monteverde già Maestro di Cappella della Serenissima Republica

di Venezia... Libro nono. Apresso Alessandro Vincenti. In

Venetia: Appresso Alessandro Vincenti, MDCLI. (op. posth.)

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191

3.2. Obras Sacras

1582 (Veneza): Sacrae Cantiunculae tribus vocibus Claudini Montisviridi

cremonensis Egregii Ingegnerii Discpuli. Liber Primus. Venetiis:

Apud Angelus Gardanum, MDLXXXII.

1583 (Brescia): Madrigali spirituali a quattro voci posti in musica da Claudio

Monteverde Cremonese, discepolo del Signor Marc'Antonio

Ingegneri.

1610 (Veneza): Sanctissimæ Virgini Missa senis vocibus ad ecclesiarum choros.

Ac Vespere pluribus decantanda cum nonnullis sacris concentibus

ad Sacella sive principum cubicula accommodata. Missa da

Capella a 6 voci, fatta sopra il motetto In illo tempore del

Gomberti; Vespro della beata vergine da concerto composto

sopra canti fermi, 6 vocibus et 6 instrumentis. Venetijs: Apud

Ricciardum Amadinum, MDCX.

1640 (Veneza): Selva morale e spirituale di Claudio Monteverde, Maestro Di

Capella della Serenissima Republica Di Venetia. Alla Sacra

Cesarea maesta dell'Imperatrice ELEONORA GONZAGA. In

Venetia: Appresso Bartolomeo Magni, MDCXXXX.

1650 (Veneza): Messa a 4 voci et salmi a una, due, tre, quattro, cinque, sei,

sette et otto voci, concertati, e parte da cappella & con le litanie

della B.V. del Signor Claudio Monteverdi già Maestro di Cappella

della Serenissima Republica di Venetia. (op. posth.)

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3.3. Música Cênica

1607 (Mantua): L’Orfeo. (Alessandro Striggio) Favola in Musica da Claudio

Monteverdi rappresentata in mantova l'Anno 1607. & novamente

data in luce. In Venetia: apresso Ricciardo Amadino, MDCIX.

1608 (Mantua): L’Arianna. (Ottavio Rinunccini) Música perdida, exceto o

Lamento.

1608 (Mantua): Il ballo delle ingrate. Ballett (Alessandro Striggio). Incluída no

VIII livro de madrigais.

1616 (Venezia): Tirsi e Clori, Ballett. (Alessandro Striggio) Incluída no VII livro

de madrigais.

1624 (Veneza): Combattimento di Tancredi e Clorinda, (Torquato Tasso)

Incluída no VIII livro de madrigais.

1637 (Viena): Volgendo Il Ciel Ballo in onore dell’Imperatore Ferdinando III.

Incluída no VIII livro de madrigais.

Parte 1. Introdutione al ballo; parte 2. Ballo Movete al mio bel

suon le piante snelle.

1641 (Veneza): Il ritorno d’Ulisse in patria. (Giacomo Badoaro) Drama in

Musica rappresentato in Venetia nel Teatro di San Cassiano,

l’Anno 1641. Poesia di Giacomo Badoaro N.V., Musica di Claudio

Monteverdi.

1642 (Veneza): L’incoronazione di Poppea. (Giovanni Francesco Busenello)

Drama in Musica rappresentato in Venetia nel Teatro Grimano,

l’Anno 1642. Poesia di Gio. Francesco Busenello, Musica di

Claudio Monteverdi.

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3.4. Obras perdidas

1608 (Mantua) Prologo para L’idroppica (Giovanni Battista Guarini).

1617 Maddalena. Prologo.

1617 Le nozze di Tetide e di Peleo. Intermezzo

1617 Andromeda.

1620 (ca.) Lamento d’Apollo.

1627 (Mantova) La finta pazza Licori.

1627 Armida

1628 (Parma) Gli amori di Diana e di Endimione. Intermezzo (Ascanio Pio)

1628 Torneo Mercurio et Marte.

1630 (Veneza) Proserpina rapita. (Giulio Strozzi)

1641 (Veneza) Le nozze d’Enea con Lavinia (Giacomo Badoaro)

1641 (Piacenza) La vittoria d’amore. Ballett.

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Wiering disponível em http://www.neoismo.gamersrevolt.com (PDF) e em

http://www.euromusicology.org (HTML).

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203

V. Partitura de execução: L'Orfeo

A partitura de execução é apresentada como um exemplar completo,

em volume anexo, e reflete os princípios e estudos realizados neste presente

trabalho.

Foi executada Pela Banda Sinfônica do Estdo de São Paulo, em 2004, no

teatro Sergio Cardoso, com o seguinte elenco:

Direção Musical

ABEL ROCHA

Direção Cênica

WILLIAM PEREIRA

Banda Sinfônica do Estado de São Paulo

Coral Jovem do Estado de São Paulo

Paulo Szot: Orfeo Cèline Imbert: La musica & La Speranza Marcos Tadeu: Pastor I & Spirito I José Antonio Soares: Plutão & Pastor II Sebastião Câmara: Pastor III & Spirito III

Manela Freua: Euridice Silvia Tessuto: Messaggera Rosi Moreira: Proserpina & Ninfa Carlos Eduardo Marcos: Caronte & Spirito IV Manoel Alvarez: Apollo & pastor IV

Stela Almeida: Cravo e positivo Teresinha Saghaard: Cravo e positivo Guilherme Camargo: Teorba e Guitarra barroca

Silvia Ricardino: Harpa Ana Marica Chamorro: Violoncelo Fabio Nascimento: Violino

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L' O R F E OFAVOLA IN MUSICA

DE CLAUDIO MONTEVERDI

Volume II da tese de doutorado

"Estudo da dramaturgia musical em L'Orfeo, de Claudio Monteverdi,realizado a partir da linguagem tonal do compositor:

Uma proposta de Orquestração moderna como recurso dramatúrgico"

realizada por:ABEL LUÍS BERNARDO ROCHA

orientador:EDUARDO AUGUSTO OSTERGREN

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Manuela Freua - EuridiceSilvia Tessuto - Messaggera

Rosi Moreira - Proserpina & NinfaCarlos Eduardo Marcos - Caronte & Spirito IV

Manoel Alvarez - Apollo & Pastor IV

Silvia Ricardino - Harpa Ana Maria Chamorro - Violoncelo

Fabio Nascimento - Violino

Executado pela Banda Sinfônica do Estado de São PauloCoral Jovem do Estado de São Paulo

em novembro/2004Teatro Sergio Cardoso

Paulo Szot - OrfeoCèline Imbert - La musica & La SperanzaMarcos Tadeu - Pastor I & Spirito IJosé Antonio Soares - Plutão & Pastor IISebastião Câmara - Pastor III & Spirito III

Stela Almeida - Cravo e positivo Teresinha Saghaard - Cravo e positivoGuilherme Camargo - Teorba e Guitarra barroca

L' O R F E OFAVOLA IN MUSICA

DE CLAUDIO MONTEVERDI

Versão para Banda Sinfônica do Estado de São Paulo:

Abel RochaAssistente de Orquestração:

Leonardo Martinelli

São Paulo - Setembro/Novembro de 2004

Direção Musical

ABEL ROCHADireção Cênica

WILLIAM PEREIRA

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Sumário

I Parte

II Parte

Tocata e Prologo:................................pg 09Atto Primo:......................................pg 25.Atto Secondo:...................................pg 61

Atto Terzo:.......................................pg 109Atto Quarto:.....................................pg 143Atto Quinto:.....................................pg 161

Page 210: Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp140802.pdf · 1. Ópera. 2. Regencia (Musica). 3 ... Exemplo de grafia original..... 89 Ilustração 15: Prologo, fac-símile

L' O R F E OFAVOLA IN MUSICA

DE CLAUDIO MONTEVERDI

I PARTE

Tocata & PrologoAtto PrimoAtto Secondo

Page 211: Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp140802.pdf · 1. Ópera. 2. Regencia (Musica). 3 ... Exemplo de grafia original..... 89 Ilustração 15: Prologo, fac-símile

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Flauta 2

Oboés

Clarinete Sib 1

Clarinete Sib 2

Clarinete Sib 3

Clarinete Alto Mib

Clarinete Baixo Sib

Fagote

Sax Alto Mib

Sax Tenor Sib

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Trompete 2

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L'Orfeo, favola in musica

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L'Orfeo, favola in musicaCLAUDIO MONTEVERDI

1567-1643

Versão para

Banda Sinfônica do Estado de São Paulo:

Abel Rocha

Assistente de Orquestração:

Leonardo Martinelli

São Paulo - Setembro/Novemrbo de 2004

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Page 212: Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp140802.pdf · 1. Ópera. 2. Regencia (Musica). 3 ... Exemplo de grafia original..... 89 Ilustração 15: Prologo, fac-símile

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L'Orfeo, favola in musica

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L'Orfeo, favola in musica

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- 15 -

L'Orfeo, favola in musica

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- 16 -

L'Orfeo, favola in musica

.

Page 219: Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp140802.pdf · 1. Ópera. 2. Regencia (Musica). 3 ... Exemplo de grafia original..... 89 Ilustração 15: Prologo, fac-símile

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- 17 -

L'Orfeo, favola in musica

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L'Orfeo, favola in musica

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L'Orfeo, favola in musica

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- 20 -

L'Orfeo, favola in musica

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- 22 -

L'Orfeo, favola in musica

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- 23 -

L'Orfeo, favola in musica

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- 24 -

L'Orfeo, favola in musica

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Orfeo: Atto Primo

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Orfeo: Atto Primo

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- 26 -

Orfeo: Atto Primo

.

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1.

2.

3.

4.

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CORAL

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bre, e lun geIho

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- 28 -

Orfeo: Atto Primo

.

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44

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- 29 -

Orfeo: Atto Primo

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Orfeo: Atto Primo

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Va goIil bel

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- 31 -

Orfeo: Atto Primo

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- 32 -

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- 33 -

Orfeo: Atto Primo

.

Page 236: Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp140802.pdf · 1. Ópera. 2. Regencia (Musica). 3 ... Exemplo de grafia original..... 89 Ilustração 15: Prologo, fac-símile

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- 34 -

Orfeo: Atto Primo

.

Page 237: Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp140802.pdf · 1. Ópera. 2. Regencia (Musica). 3 ... Exemplo de grafia original..... 89 Ilustração 15: Prologo, fac-símile

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[CHORO, repetição]

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- 35 -

Orfeo: Atto Primo

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Page 238: Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp140802.pdf · 1. Ópera. 2. Regencia (Musica). 3 ... Exemplo de grafia original..... 89 Ilustração 15: Prologo, fac-símile

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- 36 -

Orfeo: Atto Primo

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Orfeo: Atto Primo

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- 38 -

Orfeo: Atto Primo

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- 39 -

Orfeo: Atto Primo

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Page 242: Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp140802.pdf · 1. Ópera. 2. Regencia (Musica). 3 ... Exemplo de grafia original..... 89 Ilustração 15: Prologo, fac-símile

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- 40 -

Orfeo: Atto Primo

.

Page 243: Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp140802.pdf · 1. Ópera. 2. Regencia (Musica). 3 ... Exemplo de grafia original..... 89 Ilustração 15: Prologo, fac-símile

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24

24

24

24Vc.

Cont.

110

Œ œPastore

.jœ rœ œ œ œ .œ jœMa tu gentil cantor s'a

wCravo w˙ œ œn œ œ ˙˙ ˙ ˙ ˙˙ ˙ ˙ ˙

.œ jœ ˙ ˙ œ œtuoi la men ti già fe

˙ ˙ ˙ œ œ˙ ˙ œ œ ˙˙ ˙ ˙ ˙

˙ ˙ ˙ ˙

jœ jœ jœ# jœ œn œ .˙ .jœ rœsti la gri mar que ste cam

˙ ˙ wœ œ# œn œ œ œ ˙˙ ˙ ˙ œ œ˙ ˙ ˙ œ œ

˙ ˙ ‰ jœ jœ jœ œ# ‰ jœpa gne per ch'o raIal suon de

˙# ˙n w#.˙ œ# w∑ Ó ˙w ww w

jœ jœ jœ jœ ˙# œ# jœ jœ œ# jœ# jœla fa mo sa ce tra non fai te co gio

˙ .w˙ .w#w œ œ# ˙˙ .w

˙ .w

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bVc.

Cont.

115 jœ jœ jœ jœ# œ œ ‰ jœ# jœ jœ .œ#jœ

ir le val liIeIi pog gi? Sia te sti mon del

w ˙ ˙#˙ w# ˙˙# w ˙˙ w ˙˙ w ˙

˙ ˙ Œ jœ jœ œ jœ jœco re qual che lie ta can

w ww# ww w#w ww w

˙# ‰ jœ# .jœ rœ œ# ˙ œ#zon che det tiIA mo

w œ# ˙ œ#w# ww œ œ ˙w w

w w

wure.

w ∑wU ∑w#U ∑

wu ∑

wu ∑

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bVc.

Hp./Teo.

Cont.

119

∑Orfeo .˙n .Jœrœ

Ro sa del

˙ ˙

œf œ œ

œ œ œ œ3

œ œ œœ œ œ Rœ w

wT A C E T ww ww ww w

wT A C E T

w

˙ Œ œ œ .jœ rœ ˙ciel vi ta del mon

˙ ˙ ˙ ˙w w

w ww ww ww w

w w

˙ ‰ jœ jœ jœ .œ rœ rœ ˙do e de gna pro le di lui

˙ ˙ ˙ œ œœ œ œ œ ˙

wwww ww ww ww w

w w

‰ jœ jœ jœ .œ jœ ˙ ˙che l'u ni ver soIaf fre na

www ˙ œ œ œ œwww ˙

˙

.w ˙w ww ww w

w w

Œ œ ‰ Jœ Jœ Rœrœ .œ Jœ .œ Jœ

sol ch'el tut to cir condiIe'l tut to

wwww wwww w

w ww ww ww w

w w

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24Vc.

Hp./Teo.

Cont.

124 ˙ œ ‰ jœ jœ jœ .jœ rœ œ œmi ri da gli stel laIan ti gi ri

www ˙ ˙

w ˙ ˙

w ww ww ww w

w w

˙ œ ‰ JœDim mi ve

œ œ œ œ ˙˙ ˙

˙www˙ œ œ

˙ ˙FT O C A

.œb Jœ œ Rœ Rœ Rœrœ .Jœ Rœ Jœ Jœ .œb Jœ

de sti mai di me più lie to e for tu na toIA

œœœb œœœ ˙ ˙ œœœb œœœœœ œœ ˙ ˙ œœbb œœÓ Œ œ wœb œ w œ œœ œ w œb œœ œ w œb œ

˙ ˙ Œ œ .Jœ rœ .Jœ rœman te? Fu ben fe li ceIil

˙œ œ ˙ Œ œœœ œœœ œœœ˙ ˙ Œ œ œ œ

œ œ ˙ Œ œ œ œ˙ ˙ Œ œ œ œ˙ ˙ Œ œ œ œ

˙ ˙ Œ œ œ œ

- - - - - - - - - - - - - - - - -

- 41 -

Orfeo: Atto Primo

.

ª ª

ª ª

ª ª

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bVc.

Hp./Teo.

Cont.

128

œ jœ jœ .œ œ œ# .Jœ rœn .jœ rœ# ˙gior no mui ben che pria ti vi

˙ œnrit.

œ œ œ# ˙#˙ wœ œn œ œ# ˙

˙ ˙n ˙ ˙#˙ w# ˙˙ w ˙

˙ ,w> ˙

˙ Œœ .Jœn Rœ .Jœ rœ œ œdi e più fe li ce l'ho ra

Ó ˙n œœœn œœœ ˙#Ó ˙ œ œ ˙Ó ˙ œ œ ˙#Ó ˙n œ œ ˙Ó ˙ œ œ ˙Ó ˙ œ œ ˙

Ó ˙ œ œ ˙

jœ jœ œ jœ ‰ jœ jœ ˙# ˙che per te so spi ra i,

˙# ˙ œœœ œ# ˙˙ ˙# w# ˙

˙ ˙ w#˙ ˙ w˙ ˙ w˙ ˙# w

˙ ˙# w

‰ jœ# jœ# jœ .œ jœ œn ‰œ œ ‰ jœn jœpoi ch'al mio so spi rar tu so spi

˙# ˙œ œ œœœn œœœ ˙b˙ ˙ œ œn ˙w .˙ œnw# œ œ ˙w œn œ œœ œ œw œ œn ˙w œ œn ˙

˙ ˙ Œ Jœ jœ œ jœ jœra sti fe li cis si moIil

œœœœrit.

œœœœ# ˙#,˙f œ œ# œ œ

˙ ˙ w˙#

f˙ ˙

,w˙# ˙ w

Œ œ ˙ w˙ ˙ w

> ˙ ,wT A C E T

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bVc.

Hp./Teo.

Cont.

133

Jœn Jœ Jœ Jœ œ jœ jœ œ œ ˙pinto che la candi da ma no pe

˙n ˙n œœ œn œ œœœ œ˙ ˙ ˙˙n ˙

w w˙ ˙ w˙n ˙ w˙ ˙ w˙ ˙ w

œ .jœ rœ .œ jœ ˙ œ ‰Jœgno di pu ra fe de a

˙ ˙œrit.

œ www˙ ˙ www˙ ˙ w˙ ˙ w˙ ˙ w˙ ˙ w

˙ ˙ w

˙ .œ jœ ˙ ˙me por ge te

˙b ˙ ˙ ˙˙ ˙ ˙ ˙

˙ .w˙ ˙ ˙ ˙˙ ˙ ˙ ˙˙ ˙ ˙ ˙˙ ˙ ˙ ˙

‰ Jœ .Jœ Rœ .œ jœ œ jœ jœ# jœ jœ Jœ JœSe tan ti co riIhavessi quant'occh'il ciel e

œœœArioso

œœœ ˙ ˙ œ œœ œ ˙ .˙ œœAriosoœ ˙ .˙ œ˙ ˙ .˙ œœ œ ˙ .˙ œ

œ œ ˙ .˙ œ

œT O C A

Arioso

œ ˙ .˙ œ

œ œ ‰Jœ .Jœ Rœ œ jœ jœ jœ jœ# jœ jœterno e quante chiome han que sti colliIa

˙ œœœ œœœ ˙ ˙˙ œ œ ˙ ˙˙ Œ œ ˙ ˙˙ Ó ˙ ˙˙ Ó ˙ ˙˙ œ œ ˙ ˙˙ œ œ ˙ ˙

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nVc.

Hp./Teo.

Cont.

138

Jœjœ .Jœ Rœ œ œ Œ Jœ Jœ œ Jœ Jœ

me niIil ver de mag gio tut ti col mi sa

œ œ ˙ ˙ ˙∑ ˙ ˙∑ ˙ ˙œ œ ˙ ˙ ˙

œ œ ˙ ˙ ˙œ œ ˙ ˙ ˙œ œ ˙ ˙ ˙œ œ ˙ ˙ ˙

œ œ ˙ ˙ ˙

˙ jœ Jœ Jœ jœ œ jœ jœ jœ jœn jœ Jœrie noIe tra boc can ti di quel pia cer ch'og

˙ ˙ œœœœœœ œ ˙

˙ .w˙

˙ .w˙ .w˙ .w˙ .w˙ .wp

œ .Jœrœ ˙ œ ‰ jœ ˙

gi mi fa con ten

∑ œrit.

œ œ œ#˙ ˙ ˙œ œœ œ

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wUto.

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œ œ# wwww wwwUwU

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24Vc.

Cont.

142œEuridicejœ jœ .œ Jœ ˙# ˙

Io non di rò qual si a

wCravoT O C A

w#.˙ œn w.˙ œ w.˙ œ# w

.˙ œ# w

‰ jœn jœ jœ œ œ .œ Jœ .œ Jœnel tuo gioir O Or feo la gio ia

.˙n œ ww ˙ ˙.˙ œ ˙ ˙.˙ œ ˙ ˙

.˙ œ ˙ ˙

.œ Jœ œ .Jœrœ œ ˙ œ

mi a che non ho me coIil

œ œ ˙ wW w ˙˙ w ˙˙ w ˙

˙ .œ jœco re ma

˙ ˙˙ ˙˙ ˙˙ ˙˙ ˙

- - - - - - -

- 42 -

Orfeo: Atto Primo

.

ª ª

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24Vc.

Cont.

146

.œ jœ œ œ ‰ jœ .jœ rœ .œ jœte co stas si in com pa gnia d'a

˙ w œ œ˙ w# ˙˙ w ˙˙ .˙ œ œ œ˙ .˙ œ œ œ

˙ ˙ œ jœ jœmo re Chie di lo

˙ ˙ ˙˙# ˙ ˙˙ ˙ ˙˙ w

˙ w

œ œ ˙ Jœ Jœ .Jœ Rœ ˙dunqueIa lui s'intender bra

˙ w ˙#˙ ˙ w˙ ˙ ˙ ˙˙ ˙ ˙ ˙

˙ ˙ ˙ ˙

œ ˙ œ œ jœ jœ œ œmi quan to lie to gio is ca

w wn˙ ˙ ˙ ˙n.w ˙˙ w ˙

˙ w ˙

œ ˙b œ we quan to t'a

˙ ˙b ˙ ˙˙ ˙ w˙ ˙ w#˙ ˙ w

˙ ˙ w

wU ∑mi.

w#wUwU

wuwu

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Fl.1

Fl.2

Cl.Sib 1

Cl.Sib 2

Cl.Sib 3

Cl.Mib

Cl.B.Si b

Fg.

Sx.A.Mib

Sx.T.Sib

1.

2.

3.

4.

5.

Vl.

Vc.

Cb.

CORAL

Cont.

CHORO

CHORO

152

˙Piccolo

non legato

œ œ œ œ œ œ∑ ˙

Piccolo

non legato

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œ œ œ œ œ œ∑ ˙

non legato

œ∑∑∑

.˙f non legato

œ .˙ œ∑∑

152

˙ œ œ œ œ œ œ œLa scia teIi mon ti la scia teIi

∑ ˙ œ œLa scia teIi

∑152

œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ

.˙ œ .˙ œ.˙ œ .˙ œ.˙ œ .˙ œ.˙ œ .˙ œ

.˙f non legato

œ .˙ œ∑

œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œœ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œœ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œœ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ∑ Œ

f œnon legato∑

∑.˙ œ .˙ œ

∑ Œ ˙f

œnon legato∑

œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œfon ti Nin fe vez

œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œmon ti la scia teIi fon ti

∑ Œ˙ œ œ

Nin fe vez

œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ

.˙ œ .˙ œ.˙ œ .˙ œ.˙ œ .˙ œ.˙ œ .˙ œ

.˙ œ .˙ œ∑

œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œœ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œœ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œœ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ

.˙ œ ˙ œ œŒ

f œnon legato

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f œnon legato

.˙ œ.˙ œ .˙ œ.˙ œ ˙ œ œ

∑ Œf

œnon legatoœ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ

zo s'e lie

œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œNin fe vez zo

.˙ œ ˙ œ œzo seIe lie te vez

∑ Œ ˙ œ œNin fe vez

Œ ˙ œ œ .˙ œNin fe vez zo s'e

œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ

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non legato

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œ œ œ œ w

œ œ œ œ wœ œ œ œ wœ œ œ œ wœ œ œ œ wœ# œ ˙ w

œ œ ˙ wte.

œ# œ œ œ# ws'e lie te.

œ œ œ œ wzo seIe lie te.

œ# œ ˙ wzo s'e lie te.

œ œ œ œ wlie te.

œ# œ œ œ œ œ# w

œ# œ œ œ# wœ œ œ œ wœ œ ˙ wœ œ œ œ wœ œ œ œ wœ œ œ œ w

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- 43 -

Orfeo: Atto Primo

.

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Fl.1

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Cl.Sib 1

Cl.Sib 2

Cl.Sib 3

Cl.Mib

Cl.B.Si b

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Sx.A.Mib

Sx.T.Sib

1.

2.

3.

4.

5.

Vl.

Vc.

Cb.

CORAL

Cont.

156

˙ œ œ œ œ œ œ œ∑ ˙ œ œ

˙ œ œ œ œ œ œ œ∑ ˙ œ œ

∑∑∑

.˙ œ .˙ œ∑∑

156

˙ œ œ œ œ œ œ œEIin que sti pra ti ai bal liIu

∑ ˙ œ œEIin que sti

∑156

œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ

.˙ œ .˙ œ.˙ œ .˙ œ.˙ œ .˙ œ.˙ œ .˙ œ

.˙ œ .˙ œ∑

œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œœ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œœ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œœ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ∑ Œ ˙ œ

∑∑

.˙ œ .˙ œ∑ Œ ˙ œ

∑œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œsa ti va goIil bel

œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œpra ti ai bal liIu sa ti

∑ Œ˙ œ œ

Va goIil bel

œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ

.˙ œ .˙ œ.˙ œ .˙ œ.˙ œ .˙ œ.˙ œ .˙ œ

.˙ œ .˙ œ∑

œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œœ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œœ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œœ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ

.˙ œ ˙ œ œŒ

˙ œ .˙ œŒ ˙ œ .˙ œ.˙ œ .˙ œ.˙ œ ˙ œ œ

∑ Œ ˙ œœ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œpiè ren de

œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œva goIil bel piè

.˙ œ ˙ œ œ œpiè ren de te il bel

∑ Œ ˙ œ œva goIil bel

Œ ˙ œ œ .˙ œva goIil bel piè ren

œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ

.˙ œ .˙ œ.˙ œ .˙ œ.˙ œ .˙ œ

.˙ œ .˙ œ

.˙ œ .˙ œŒ ˙ œ .˙ œ

œ œ ˙œ# œ œ œ#œ œ ˙œ# œ œ œ#œ œ œ œ

œ œ œ œœ œ œ œœ œ œ œœ œ œ œœ# œ ˙

œ œ ˙

œ# œ œ œ#ren de

œ œ œ œpiè ren de

œ# œ ˙piè ren de

œ œ œ œde

œ# œ œ œ œ œ#

œ# œ œ œ#œ œ œ œœ œ ˙œ œ œ œ

œ œ œ œœ œ œ œ

- - - - - - - - - - - - - - - - -

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- 44 -

Orfeo: Atto Primo

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Fl.1

Fl.2

Ob.1

Ob.2

Cl.Sib 1

Cl.Sib 2

Cl.Sib 3

Cl.Mib

Cl.B.Si b

Fg.

Sx.A.Mib

Sx.T.Sib

Tpa.Fá 1

Tpa.Fá 2

1.

2.

3.

4.

5.

Vl.

Vc.

Cb.

CORAL

Cont.

160

˙ Œ Ó Œ˙ Œ Ó ŒÓ œ

f˙non legato

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˙non legato

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œ160

˙ œ ˙b œte. Qui mi riIil

˙ œ ˙ œte. Qui mi riIil

˙ œ ˙ œbte. Qui mi riIil

˙n œ ˙ œte. Qui mi riIil

˙ Ó Óte.

160 ˙ Ó Ó

˙"œ ˙ œ˙ œn ˙ œ˙n œ ˙b œ

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˙ Ó Ó

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∑˙ œ ˙ œ

∑˙ œ ˙ œ˙ œ ˙n œ˙ œ ˙ œœ œ œb ˙ œso le vo stre ca

œ œ œ ˙ œso le vo stre ca

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œ œ œ ˙ œso le vo stre ca

˙ œ ˙ œ˙ œ ˙n œ˙ œ ˙ œ˙ œ ˙ œ

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˙ œ ˙ œ∑

˙ œ ˙ œn˙ œ ˙ œ

˙ œ ˙ œœ œ œ ˙ œro le più va gheIas

œ œ œ ˙ œro le più va gheIas

œ œ œ ˙ œro le più va gheIas

œ œ œ ˙ œnro le più va gheIas

˙ œ ˙ œ˙ œ ˙n œ˙ œ ˙ œ˙ œ ˙ œ

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sai di quel

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Orfeo: Atto Primo

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Orfeo: Atto Primo

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Page 250: Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp140802.pdf · 1. Ópera. 2. Regencia (Musica). 3 ... Exemplo de grafia original..... 89 Ilustração 15: Prologo, fac-símile

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Orfeo: Atto Primo

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Page 251: Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp140802.pdf · 1. Ópera. 2. Regencia (Musica). 3 ... Exemplo de grafia original..... 89 Ilustração 15: Prologo, fac-símile

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Orfeo: Atto Primo

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- 50 -

Orfeo: Atto Primo

.

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- 51 -

Orfeo: Atto Primo

.

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- 52 -

Orfeo: Atto Primo

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- 53 -

Orfeo: Atto Primo

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- 54 -

Orfeo: Atto Primo

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- 55 -

Orfeo: Atto Primo

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- 57 -

Orfeo: Atto Primo

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Orfeo: Atto Primo

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Orfeo: Atto Primo

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Clarinete Sib 2

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SINFONIA h»112

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- 61 -

Orfeo: Atto Secondo

.

Orfeo: Atto Secondo

Page 264: Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp140802.pdf · 1. Ópera. 2. Regencia (Musica). 3 ... Exemplo de grafia original..... 89 Ilustração 15: Prologo, fac-símile

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-

- 62 -

Orfeo: Atto Secondo

.

Page 265: Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp140802.pdf · 1. Ópera. 2. Regencia (Musica). 3 ... Exemplo de grafia original..... 89 Ilustração 15: Prologo, fac-símile

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Guitarra barroca

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- 63 -

Orfeo: Atto Secondo

.

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RITORNELLO h»112

RITORNELLO h»112

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Guitarra barroca

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- 64 -

Orfeo: Atto Secondo

.

ª ª

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RITORNELLO

RITORNELLO

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Pastore

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∑∑

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∑∑

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∑∑

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∑∑∑

∑∑

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∑∑

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∑ Ó 3Ó œF

∑ Ó 3Ó œF∑ Ó 3Ó œF∑ Ó 3Ó œ

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∑ ÓGuitarra barroca 3Ó ÛG m

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3

˙ "œ˙ ˙ ˙ 3Óarco

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- - - - - - - - - - - - - -

- 65 -

Orfeo: Atto Secondo

.

ª ª

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- 66 -

Orfeo: Atto Secondo

.

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50 ˙ œ œ ˙ques to pra toIa

˙ œ œ ˙ques to pra toIa

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dor no o

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˙b œ œ ˙˙ œ œ ˙

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- 67 -

Orfeo: Atto Secondo

.

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Page 270: Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp140802.pdf · 1. Ópera. 2. Regencia (Musica). 3 ... Exemplo de grafia original..... 89 Ilustração 15: Prologo, fac-símile

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- 68 -

Orfeo: Atto Secondo

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- 69 -

Orfeo: Atto Secondo

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Page 272: Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp140802.pdf · 1. Ópera. 2. Regencia (Musica). 3 ... Exemplo de grafia original..... 89 Ilustração 15: Prologo, fac-símile

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- 70 -

Orfeo: Atto Secondo

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- 71 -

Orfeo: Atto Secondo

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- 72 -

Orfeo: Atto Secondo

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- 73 -

Orfeo: Atto Secondo

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Page 276: Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp140802.pdf · 1. Ópera. 2. Regencia (Musica). 3 ... Exemplo de grafia original..... 89 Ilustração 15: Prologo, fac-símile

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- 74 -

Orfeo: Atto Secondo

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Page 277: Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp140802.pdf · 1. Ópera. 2. Regencia (Musica). 3 ... Exemplo de grafia original..... 89 Ilustração 15: Prologo, fac-símile

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Orfeo: Atto Secondo

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- 76 -

Orfeo: Atto Secondo

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Orfeo: Atto Secondo

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Orfeo: Atto Secondo

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- 79 -

Orfeo: Atto Secondo

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Û Û Û Û Ûmeno f JÛ Û JÛ

A m F C D

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-

- 80 -

Orfeo: Atto Secondo

.

Page 283: Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp140802.pdf · 1. Ópera. 2. Regencia (Musica). 3 ... Exemplo de grafia original..... 89 Ilustração 15: Prologo, fac-símile

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Tpt.1

Tpt.2

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Orfeo

Jœ œ Jœ œ JœSol per te bel laIEu ri134 œ œ. ∑

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œ œ jœ jœ œ jœ œ jœdi ce, sol per te bel laIEu ri

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œ œ jœ Jœ œ œ Jœ Jœdi ce, be ne di coIil mio tor

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œ œ Jœ Jœ œ Jœ Jœ œmen to, do poIil duol viè più con

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œ œ œ œ œ Jœ œJœ

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- - - - - - - - - - - - - - -

- 81 -

Orfeo: Atto Secondo

.

Page 284: Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp140802.pdf · 1. Ópera. 2. Regencia (Musica). 3 ... Exemplo de grafia original..... 89 Ilustração 15: Prologo, fac-símile

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œ œ Jœ Jœ œ Jœ œ Jœli ce, Sol per te bel laIEu ri

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œ œ œ œ Jœ œ Jœ

œ œ jœ jœn .œ œ Jœ œ jœdi ce, sol per te bel laIEu ri

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˙Pastore œ ‰ Jœb œ œMi ra deh mi raIOr

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.˙T A C E T

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w Ófeo

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che d'o gniIin tor

w œ œ#.˙ œn ˙˙ ˙ ˙˙ ˙ ˙

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w Óno

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œ œ œ œ ˙œ œ œ œ ˙œ œ œ œ œ ˙ri deIil pra

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˙ Ó Óœ œ œ œ œ œ œ œ T

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w Óto,œ œ ˙ ˙w ˙.˙ œ ˙

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w ˙Se gui

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- - - - - - - - - - - -

- 82 -

Orfeo: Atto Secondo

.

ª ª

ª ª

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plet tr'au ra

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˙ ˙ œ œl'a riaIin si be˙ ˙ ˙.˙ œ œ œ.˙ œ œ œ

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T O C A

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fpizz. BartókÓ

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Ahi fa t'em pioIe cru

w ˙ ˙#w w˙ ˙# w

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œ# œn œ œ ˙ œ ˙ œstel leIingiu ri o se ahi ciel

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- - - - - - - - - - - -

- 83 -

Orfeo: Atto Secondo

.

ª ª

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œ œ œb œsuon do len teIil

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œ œ œn œ œ œlie to dì per tur ba?

œ œ œœ œnœ œ œn œœ œ œ œ

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Cont.

165 ∑ ˙#Messaggiera

˙Las sa

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Ó .wÓrgãoÓ wn ˙

Ó .w

Ó .w

Œ ˙ œ œ ˙ œdun que deb b'i o

.w ˙#.w ˙

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œ Œ œ# œ# œ# œ .œ# œ ˙men treIOr feo con sue no

œ œ# ˙# œ œ# ˙w ww wœ œ# ˙# œ œ# ˙w ww ww w

œ œ œ œ# ˙n ˙teIil ciel con so la

.˙ œ# ˙n ˙œ œ œ œ ˙ ˙

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.˙ œ# ˙n ˙œ œ œ œ ˙ ˙.˙ œ ˙ ˙

.˙ œ ˙ ˙

‰ œ œ œ .œ jœ ˙ œ œcon le pa ro le mie pas san

˙ ˙ ˙ ˙.˙ œ# ˙ ˙˙ ˙ ˙ ˙

˙ ˙ ˙ ˙.˙ œ# ˙ ˙˙ ˙ ˙ ˙

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.˙ ‰ Jœ ˙ ˙gliIil co re.

˙ ˙ ˙# ˙ ".w ˙˙ ˙ ˙ ˙ "

˙ ˙ ˙# ˙ ".w ˙˙ ˙ ˙ ˙ "˙ ˙ ˙ ˙ "

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Cont.

171

.˙Pastore

œ ˙ œ œQue staIè Sil via gen

.˙nCravo œ ˙ œ œ.˙ œ ˙ œ œ

.˙ œ ˙ œ œ

.˙p

œ ˙ œ œ

˙ ˙ Œ œ .œ jœti le dol cis si

˙ ˙,

.˙ œ˙ ˙ .˙ œ˙ ˙ .˙ œ˙ ˙ ,

.˙ œ

œ œ ˙ œ œ œ œ œ œma com pa gna del la bell' Eu ri

œ œ w ˙œ œ .wœ œ .w

œ œ .w

˙ ˙ Œ ˙# œ œdi ce O quan toIeIin

w,

˙# ˙w ˙ ˙w , ˙ ˙

w > ˙

- - - - - - - - - - - - - -

- 84 -

Orfeo: Atto Secondo

.

ª ª

ª ª

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Hp./Teo.

Cont.

175

˙# œ œ œ wvi sta do lo ro

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w# Œ œ .œ jœsa hor che

∑∑

w,

ww# ww ww , w

˙ Ó .˙ œ œsia deh som mi

∑∑

w ww wwn w

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œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ .œ œDe i non tor ce te da noi be ni gnoIil

∑∑

w ww ww w

w w

˙ ˙ ∑guar do.

∑ Œ œMessaggiera˙Pas tor

∑ ˙Teorba ˙∑ ˙ ˙

∑ ˙ ˙#

˙ ˙ " ˙Órgão

˙˙ ˙ ˙ ˙˙ ˙ " ˙ ˙#˙ ˙ ∑

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Hp./Teo.

Cont.

180 ∑Œ œ# œ œ ˙ ˙

la scia teIil can to

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∑Œ œ œ œ œ œ ˙ œ ‰ Jœ

ch'o gni no straIal le grez za in

w ww ww w

w ww ww w

∑.˙ œ w

do gliaIè vol

˙n ˙ w#W˙ ˙ w

˙n ˙ w#W˙ ˙ w

∑ Œ ˙Orfeo

œD'on de

w ∑ta.

ww "

œ

Harpa

œ œœ œ œ œ

w ww " w

Cravo

w .˙ œw w>p∑ w>p

˙ ˙ Œ œ œ ˙vie ni? o ve vai?

wwwwnn œb œ œ œb ˙w ˙

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.˙n œ ˙b ˙w œ œ ˙w >F

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Hp./Teo.

Cont.

185

œ ˙ œ œ ˙ ˙Nin fa che por ti?

œ œ œ œ˙œ œ# ˙nn# Ó

˙ ˙>f˙ Ó

˙n ˙ ˙ Ó˙ œ œ# ˙# Ó˙ >f

˙ Ó

˙ >f˙ Ó

∑Œ œMessaggiera˙ ‰ œ# œ œ ˙#

A te ne ven goIOr feo

˙#Teorba

w ˙#˙ w ˙˙ w# ˙

˙# w ˙#˙ w ˙˙ w# ˙

œ œ# œ œ œ œn œ œ Œ ‰ jœ#mes sag ge raIin fe li ce di

˙ ˙# ˙n ˙˙# ˙# ˙ ˙n˙ ˙ w

˙ ˙# ˙n ˙˙# ˙# ˙ ˙n˙ ˙ w

œ œ œ œ ˙ œ œ œ œ ˙#ca so piùIin fe li ceIe più fu nes

˙ ˙# ˙ ˙#˙ ˙ ˙ ˙w ˙ ˙

˙ ˙# ˙ ˙#˙ ˙ ˙ ˙w ˙ ˙

˙# Œ œ œ œ# œ# œ# ˙to la tua bel laIEu ri di

˙# ˙ ˙ ˙˙ ˙ ww w#

˙# ˙ ˙ ˙˙ ˙ ww w#

- -

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- 85 -

Orfeo: Atto Secondo

.

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Cont.

190 Ó Œ œOrfeo .˙b œOhi mè che

˙ Ó ∑ce

˙ " œHarpa

œb œn œ wwwwbb˙ "˙ " wwnn ˙

˙ " wCravo ˙b˙ " wb ˙n˙ " wn ˙

Ó w ˙

˙ ˙ ‰ ‰ Œ Óo do?

∑ ‰ œnMessaggieraœ œ .œ# jœ#La tua di let ta

wwwwb " ˙#Teorba ˙∑ ˙n ˙n

wwbb " ˙n ˙#

w " ˙#Órgão

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wb " ∑

∑œ œ Œ œn ˙ ˙

spo sa è mor ta

˙ ˙n w˙ ˙ w˙ ˙ w˙ ˙n w˙ ˙ w˙ ˙ w

Lento q = 112Ó ˙Orfeo

w#Ohi mè.

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Harpa

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wT A C E T

w#w ww w

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P.G.

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Cont.

195

.˙nMessaggiera

œ œ .œ jœ ˙In un fio ri to pra

WnTeorba

WWWFWnÓrgão

T O C A

WWWpWp

˙ Œ œ .œ jœ œ œ œto con l'al tre sue com pa

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˙ ˙ Œ ˙ œ œgne gi va co

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.œ jœ ˙ ˙ Œ œglien do fio ri per

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w w

œ œ œ œ œ .œb œ œb œ ˙# ˙far neIu na ghir lan daIa le sue chio me,

˙ ˙b w˙ ˙ w#w w˙ ˙ w˙ ˙b w˙ ˙ w#w w˙ ˙ w

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Hp./Teo.

Cont.

200

œ œ œ œ œ œ ˙n œ œquan d'an gue in si dio so ch'e

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œ œ œ# .œ œ œ œ Œ œ .œ Jœra fra l'er beIas co so, le pun seIun

˙ Ó ˙ ˙n˙ Ó ˙ ˙#.w˙ Ó ˙ ˙

˙ Ó ˙ ˙n˙ Ó ˙ ˙#.w˙ Ó ˙ ˙˙ Ó ˙ ˙

œ# œ œ# œ œ .œ jœ ˙ ˙piè con ve leno so den te.

.w Ó˙# ˙# ˙# Ó˙ ˙ ˙ Ó˙ ˙# ˙ Ó.w Ó˙# ˙# ˙# Ó˙ ˙ ˙ Ó˙ ˙# ˙ Ó˙ ˙# ˙ Ó

Ó ‰ Jœb œ œ ‰ Jœb œ œ œ œ œ œEd ec co imman ti nen te sco lo

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- 86 -

Orfeo: Atto Secondo

.

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Cont.

204 ˙b œb œ ˙n ˙rir siIil bel vi so

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‰ œ œ œ œ œ œ œ œb ˙e nei suoi lu mi spa rir que lam

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œ .jœ Rœn ˙ œ œ ˙#nul la val seIahi las

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Hp./Teo.

Cont.

213

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˙ ‰ jœ jœ jœ .œ Jœ œ œdo e te chia man doIOr fe o

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- 87 -

Orfeo: Atto Secondo

.

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˙ œ# œn œ œ ˙ œ œstel leIin giu ri o se, ahi

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- - - - - - - - - - - - - -

- 88 -

Orfeo: Atto Secondo

.

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œ œ œ œ œ œ .˙ œ œpri vo d'o gni tuo ben mi se roIa

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˙ ˙ œ .˙˙ ˙ œ œ ˙˙ ˙ œ œ ˙˙ ˙ œ œb ˙˙ ˙ œ ,> œb

œ œ œ .œ jœ œ œ .œ œ œ œche sei ver siIalcu na co sa ponno,˙ œ œ ˙ ˙w ˙# ˙w ˙ ˙.w ˙˙ œ œ ˙ ˙w ˙# ˙w ˙ ˙.w ˙.w ˙

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247

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Ó ˙ œ œ# œ .œ jœeIin te ne ro toIil

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‰ œ œ œn œ œ ‰ œ œ œ œ œme co trar rot ti a ri ve der le

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- 89 -

Orfeo: Atto Secondo

.

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œ œ œ œ œ ‰ œ œ œ ˙ri mar rò te co in com pa gnia

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- 90 -

Orfeo: Atto Secondo

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- 91 -

Orfeo: Atto Secondo

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Ahi stel le ingiurio˙ ˙ œ œ œ# œ ˙Ahi stel le ingiuriow œ œn œ œ ˙

Ahi stel le ingiurio

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Orfeo: Atto Secondo

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- 93 -

Orfeo: Atto Secondo

.

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5.

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- 94 -

Orfeo: Atto Secondo

.

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Hp./Teo.

Cont.

[RECITATIVO]

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275

Œ œMessaggiera

˙ Œ œ .œ jœMa io ch'in que sta

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w ww wwÓrgão

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˙ ˙ Œ œ œ œ œ œlin gua ho por ta toIil col

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œ ˙b œn œ wfeo l'a ni maIa man

˙ ˙ wœ ˙b œn w˙# œ œ w˙ ˙ w

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w Œ œn œ œ œ œte. O dio sa si Pa

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280

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285

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- 95 -

Orfeo: Atto Secondo

.

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- 96 -

Orfeo: Atto Secondo

.

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- 97 -

Orfeo: Atto Secondo

.

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CHORO304

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˙ œ œn .˙ œb œgl'oc chi un vi vo

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Cont.

309

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Cont.

314

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w wsto Og

w wsto Og

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- 98 -

Orfeo: Atto Secondo

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Hp./Teo.

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318

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Cont.

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- 99 -

Orfeo: Atto Secondo

.

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Ahi stel le in giu rio

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- 100 -

Orfeo: Atto Secondo

.

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336

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340

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- 101 -

Orfeo: Atto Secondo

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Page 304: Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp140802.pdf · 1. Ópera. 2. Regencia (Musica). 3 ... Exemplo de grafia original..... 89 Ilustração 15: Prologo, fac-símile

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Cont.

348

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œ# œn œ œ œb œ œ œ œ# œ œre il do vu to tri bu to per noi si

œ œ œ# œ œ œ# œ# œ œ œbu to per noi si pa ghi, per noi si

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- 102 -

Orfeo: Atto Secondo

.

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Page 305: Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp140802.pdf · 1. Ópera. 2. Regencia (Musica). 3 ... Exemplo de grafia original..... 89 Ilustração 15: Prologo, fac-símile

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CHORO

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Ahi ca soIa cer

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! difere da passagem semelhante no c. 243 e do c. 303 !Jœ ˙

Ahi ca soIa cerw .œ Jœ ˙#Ahi ca soIa cer

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Ahi stel le in giu rio

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- 103 -

Orfeo: Atto Secondo

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- 104 -

Orfeo: Atto Secondo

.

Page 307: Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp140802.pdf · 1. Ópera. 2. Regencia (Musica). 3 ... Exemplo de grafia original..... 89 Ilustração 15: Prologo, fac-símile

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Sx.T.Sib

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T O C A

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- 105 -

Orfeo: Atto Secondo

.

Page 308: Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp140802.pdf · 1. Ópera. 2. Regencia (Musica). 3 ... Exemplo de grafia original..... 89 Ilustração 15: Prologo, fac-símile

L' O R F E OFAVOLA IN MUSICA

DE CLAUDIO MONTEVERDI

II PARTE

Atto TerzoAtto QuartoAtto Quinto

Page 309: Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp140802.pdf · 1. Ópera. 2. Regencia (Musica). 3 ... Exemplo de grafia original..... 89 Ilustração 15: Prologo, fac-símile

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Sax Tenor Sib

Trompa Fá 1

Trompa Fá 2

Trompete 1

Trompete 2

Eufônio

Trombone

Tuba

Percussão

Contínuo

SINFONIA

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- 109 -

Orfeo: Atto Terzo

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Orfeo: Atto Terzo

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Page 310: Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp140802.pdf · 1. Ópera. 2. Regencia (Musica). 3 ... Exemplo de grafia original..... 89 Ilustração 15: Prologo, fac-símile

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- 110 -

Orfeo: Atto Terzo

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Page 311: Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp140802.pdf · 1. Ópera. 2. Regencia (Musica). 3 ... Exemplo de grafia original..... 89 Ilustração 15: Prologo, fac-símile

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Cont.

[RECITATIVO]

27

.˙Orfeo jœ jœ .œ jœ ˙

Scor to da te mio nu

wwwwbHarpa ˙ ÓPoco harpejado

w ˙ Ó

wbT O C AÓrgão

˙ Ów ˙ Ów ˙

Ów ˙ Ó

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˙ Œ œ ˙ ˙me Spe ran za,

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Œ œb œ ˙ jœ jœ ˙bSpe ran zaIu ni co be

Ó ....wwwwbÓ .wÓ w ˙Ó w ˙Ó wb ˙Ó w ˙Ó w ˙

˙b Œ jœ jœ œ jœ jœ ˙ne de gl'af flit ti mor ta

Ó wwwb ˙nÓ w ˙Ó w ˙nÓ ˙ ˙ ˙Ó wb ˙Ó w ˙Ó w ˙

˙ Œ ‰ Jœ œ ‰ Jœ œ œli O mai son giun to

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Hp./Teo.

Cont.

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Œ jœ jœ œ jœ jœb .œ jœ .œ jœO ve rag gio di sol gi mai non

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˙ œ ˙ Jœ Jœ .œb jœgion se. Tu mia com pa gnaIe

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˙ ˙ ‰ jœ jœ jœ œ Rœ Rœ Rœ Rœdu ce in co s stra naIe sco no

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Hp./Teo.

Cont.

37

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œ ˙ ‰ jœ ˙ jœ jœb jœb jœte, on d'og giIan co ra

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œ œ jœ jœ jœ jœ .œ jœ jœ jœ .jœ rœnspero di ri ve der quel le be a te

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˙ œ ‰ jœ ˙ Jœ Jœ .Jœrœ

lu ci che so l'a gl'oc chi

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œ .œ Jœ œ wmiei por ta n'il gior

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Cont.

43

.˙Speranza

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˙ Œ œ .œ jœ jœ jœ œbro che tra l'ig nu di spir

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œ œb .œ jœ ˙ ˙tiIa l'al tra ri va,

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Œ œ .œ jœ ˙ Œ œdo veIha Plu ton de

Ó ˙ wÓ ˙ ˙ ˙nÓ ˙ wÓ ˙ ˙ ˙Ó ˙ wÓ ˙ ˙ ˙nÓ ˙ wÓ ˙ ˙ ˙Ó ˙ ˙ ˙

.œ Jœ .œ jœ wl'om breIil va stoIim pe

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- 111 -

Orfeo: Atto Terzo

.

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Cont.

49

w Œ œ jœ jœ jœ jœro ol tre quel ne ro

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stag n'ol tre quel fiu me,

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Œ Jœ Jœ œ Jœ Jœ ˙b .œ jœbin quei cam pi di pian toIe

˙ ˙ wb˙ ˙ wbw wb˙ Ó w

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jœb jœ ˙ .˙ Œ œbdi do lo ri. De

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w ˙ Ó

˙ Œ œ ˙ ˙stin cru de le

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Cont.

54 Œ ˙b jœ jœ .œ jœ ˙o gni tuo ben t'as con

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w œ jœ jœ jœ jœ œde. Hor d'uo po d'un gran cuo

˙n Ó ˙bb ˙˙ Ó wb˙n Ó ˙bb ˙˙ Ó wb

˙ Ó wb

œ œb .œ Jœ ˙ ˙reIe d'un bel can to.

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Œ ˙ œ .˙ .jœ rœnIo fin qui t'ho con

w ˙ ˙w ˙ ˙w ˙ ˙w ˙ ˙w ˙ ˙w ˙ ˙w ˙ ˙w ˙ ˙w ˙ ˙

˙ ˙ Œ ˙ jœ jœdot to, hor pi non

w ˙ ˙wn ˙ ˙w ˙ ˙w ˙ ˙w ˙ ˙wn ˙ ˙w ˙ ˙w ˙ ˙w ˙ ˙

.œ jœ œ jœ jœ ˙ ‰ jœ jœ jœli ce te co ve nir ch'a ma ra

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Cont.

60 .œ jœ œ œ Ó .œ jœleg geIil vie ta leg geIi

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œ jœ jœ .œ Jœ Jœ Jœ ˙ œscrit ta col fer roIin cru do sas so

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‰ jœ .jœ rœ ˙ ˙ ‰ jœ jœ jœde l'i ma reg gia in su l'or

˙ ˙ ˙ ˙˙ ˙ ˙ ˙˙ ˙ ˙ ˙˙ ˙ ˙ ˙˙ ˙ ˙ ˙˙ ˙ ˙ ˙˙ ˙ ˙ ˙˙ ˙ ˙ ˙˙ w ˙

.œ jœ œ œ ‰ jœ .jœ rœ œ œri bil so glia ch'in que ste no te

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Œ œ .œ jœ .œ jœ œ œil fe ro sen soIes pri me:

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- 112 -

Orfeo: Atto Terzo

.

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‰ jœ jœ jœ ˙ œ .˙o gni spe ran za voi

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œ œ ˙ wch'en tra te.

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Lascia teIogni speran

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za voi ch'en

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tra te.

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- 113 -

Orfeo: Atto Terzo

.

Page 314: Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp140802.pdf · 1. Ópera. 2. Regencia (Musica). 3 ... Exemplo de grafia original..... 89 Ilustração 15: Prologo, fac-símile

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Cont.

71 ˙ Jœ Jœ Jœ Jœ œ ˙ .jœ rœDun que se sta bi li toIhai pur nel

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˙ ˙ ‰ jœ jœ jœ .œ jœco re di por reIil pi nel

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jœ jœ œ ˙b ˙ ˙la cit t do len te,

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‰ jœ jœn Jœ œ œ Œ œ ˙da te me'n fug go e tor

˙b ˙ ˙n ˙œb œ ˙ ˙ ˙˙b ˙ ˙n ˙œb œ ˙ ˙ ˙œb œ ˙ ˙ ˙

œ jœ jœ .˙ jœ jœ ˙no a l'u sa to sog gior

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Cont.

78 Œ .˙ œ Jœ# Jœ œ œah, do ve te'n va i

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Œ ˙ jœ jœ jœ Jœ ˙# œ#u ni co del mio cor dol

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œ .Jœ Rœ ˙ ˙ ‰ Jœ Jœ Jœce con for to, poi che non

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.œ Jœ ˙# œ# Jœ# Jœ# œ Jœ Jœlun geIho ma i del mio lun go cam

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.œ Jœ .œ Jœ ˙ ˙min si sco pr'il por to

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Cont.

83 ‰ Jœ Jœ Jœ .œ Jœ Jœ Jœ ˙ œ#per ch ti par tiIe m'ab ban do niIahi

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˙# Jœ Jœ Jœ Jœ .œ Jœ ˙las so sul pe ri glio so pas

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˙ Œ œ .œ Jœ Jœ Jœn œso qual be neIhor pi m'a van

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sord.

F wwsord.

Fw

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Fw

wsord.

F w88 wCaronte ˙ Jœ Jœ .Jœ Rœ

O tu ch'in nan zi

wwDead stroke*Marimba

f (* assim que se percute a tecla,

mantem-se a baqueta,

abafando a ressonânica, ficando apenas ataque.)

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mor t'a que ste ri

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- 114 -

Orfeo: Atto Terzo

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Page 315: Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp140802.pdf · 1. Ópera. 2. Regencia (Musica). 3 ... Exemplo de grafia original..... 89 Ilustração 15: Prologo, fac-símile

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- 115 -

Orfeo: Atto Terzo

.

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- 116 -

Orfeo: Atto Terzo

.

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- 117 -

Orfeo: Atto Terzo

.

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- 118 -

Orfeo: Atto Terzo

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Orfeo: Atto Terzo

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- 120 -

Orfeo: Atto Terzo

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- 121 -

Orfeo: Atto Terzo

.

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Page 322: Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp140802.pdf · 1. Ópera. 2. Regencia (Musica). 3 ... Exemplo de grafia original..... 89 Ilustração 15: Prologo, fac-símile

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˙#Teorba

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˙ ˙˙ ˙Cravo

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bro se a re ne,

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∑‰ Jœ .œ œ .Jœ R

œ .œ œ .Jœ rœ .œ œ .jœ Rœ .œ œO ve gi mai

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∑ Ó ˙∑ Ó ˙

œ œ œ œ œn œ œ œn œ œ œ œ œ œ œb œper huom mor

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- 122 -

Orfeo: Atto Terzo

.

ª ª

Page 323: Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp140802.pdf · 1. Ópera. 2. Regencia (Musica). 3 ... Exemplo de grafia original..... 89 Ilustração 15: Prologo, fac-símile

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lu ci mie lu ci se

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˙ ˙# œœ œœ œœ œœ˙ ˙ œ œ œ œ

˙ ˙ œ œ œ œ

.œ œ œ# ˙ Œ ˙ œvi ta, ahi chi

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˙ œ œ œ ˙ œnie gaIil con for toIa le

˙n ˙ ˙ ˙˙ ˙ ˙ ˙˙n ˙ ˙ ˙

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œ œ œ ˙ œ œ œ œ# ˙mie pe ne,

˙b ww˙ ˙# ˙˙b w ˙˙b ww˙ ˙# ˙˙b w ˙˙b w ˙

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- 123 -

Orfeo: Atto Terzo

.

ª ª

Page 324: Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp140802.pdf · 1. Ópera. 2. Regencia (Musica). 3 ... Exemplo de grafia original..... 89 Ilustração 15: Prologo, fac-símile

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Ó ˙ .˙ œpuoi dar miIa

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Ne te mer dei che so pr'un'196

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w ˙ ˙Œ ˙ œ ˙ œn œ

Sol di cor de so

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w ˙ ˙nwn ˙ ˙w ˙ ˙w ˙ ˙

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w ˙ ˙˙ w œ .Jœb

rœa vi ar mo le

w ˙ œ œw ˙ ˙w ˙ ˙bw ˙ ˙w ˙ ˙w ˙ ˙w ˙ ˙bw ˙ ˙w ˙ ˙w ˙ ˙

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w wdi ta

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Con tra cui ri gi

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- 124 -

Orfeo: Atto Terzo

.

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Page 325: Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp140802.pdf · 1. Ópera. 2. Regencia (Musica). 3 ... Exemplo de grafia original..... 89 Ilustração 15: Prologo, fac-símile

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202

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.œ# œ .œ œ# .œ œ œ œ œ œ œ# ˙ œ#s'im pe

˙dim.

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FWsord.

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Jœn Jœ .œ Jœ ˙Ben mi lu sin gaIal quan

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WWDead stroke*Marimba

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˙ .˙ œ ˙˙ .˙ œ ˙

˙ .˙ œ ˙˙ Œ jœ jœ œ jœ jœ ˙to di let tan do miIil co

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∑∑

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˙ Œ jœ jœ œ jœ jœn ˙re scon so la to can to

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˙ w ˙208

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re il tuo pian t'el tuo can

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˙ Œ œ .˙ œto, ma lun geIah

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˙ .wœ œ .˙ œ .œ jœ

lun ge sia da que sto

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pet to pie t

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˙ ˙ ˙ ˙˙ ˙ w˙ ˙ w

˙ ˙ wJœ Jœ Jœ Jœ .˙ œ œ œ

di mio va lor non de gnoIef

˙ ˙ ww˙ ˙ w

˙ ˙ w˙ ˙# ww w#

w w

w wfet to.

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- 125 -

Orfeo: Atto Terzo

.

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Page 326: Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp140802.pdf · 1. Ópera. 2. Regencia (Musica). 3 ... Exemplo de grafia original..... 89 Ilustração 15: Prologo, fac-símile

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Cont.

214Œ ˙Orfeo

Rœ Rœ Rœ Rœ œ Jœ Jœ œ œAhi sven tu ra toIa man te, spe rar dun

.wCravo ˙˙ ˙ ww w#w w#

œ Jœ Jœ .œ Jœ œ Jœ Jœ ˙que non li ce ch'o dan miei prie

w w˙ w ˙˙ .w˙ .w

œ Jœ Jœ .œ Jœ œ ˙ Œghi cit ta din d'A ver no

˙ w ˙˙ ˙ w˙ ˙ w

˙ ˙ w

œ Jœ Jœ .œ Jœ ˙ œ Jœ JœOn de qua l'om braIer ran te d'in se

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Tpa.Fá 1

Tpa.Fá 2

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Cont.

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∑218 œ Jœ Jœ .œ Jœ Jœ Jœ ˙ œ

pol to ca da ve reIeIin fe li ce,

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∑œ Jœ Jœ .œ Jœ œ Rœ Rœ Rœ Rœ ˙

pri vo sa r del Cie loIe del l'In fer

.w ˙.w ˙

.w ˙

.w ˙

Ó w>F

˙Ó w>F

˙

Ó w>F

˙

˙ Œ Jœ Jœ œ ˙ œno. Co s vuol em pia

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˙ w ˙

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Tpa.Fá 1

Tpa.Fá 2

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Cont.

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221 œ œ Jœ Jœ Jœ Jœ .œ Jœ œ Jœ Jœsor te ch'in que st'or ror di mor te, da

w w.w ˙w# ww# w

˙ ˙ Œ œ œ œœ ˙n œ w˙ .w.œ Jœb .œ jœ œ œ œ jœ jœ

te cor mio lon ta no chia mi tuo

˙ ˙ wœ ˙b œ œ œ œ œ˙ .w˙ .w

w w

˙ w ˙.w ˙b.œ jœ ˙ œ jœ jœ œ jœ jœ

no meIin va no, e pre gan doIe pian

˙ ˙ w.w ˙.w ˙b.w ˙b

- - - - - - - - - - - - -

- 126 -

Orfeo: Atto Terzo

.

ª ª

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Tpa.Fá 1

Tpa.Fá 2

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224

.œ jœ .œ jœ wgen doIio mi con su

˙ ˙n ˙ ˙.˙ œ œ# œ ˙˙ ˙ w˙ ˙ w

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π ˙∑ œnπ œ ˙∑ œbπ œ ˙

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w ∑

˙ Œ œb .Jœ Rœ Jœ Jœ ˙nmi. Ren de te miIil mio ben,

w# ˙ ˙w ˙b ˙n˙ ˙w œb œ ˙w œb œ ˙

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ren de te miIil mio ben, ren

˙ ˙ w˙ ˙n w#˙ ˙ w˙ œ œn w

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∑.Jœ Rœ Jœ Jœ w œ# œ

de te miIil mio ben, Tar ta

œn œ œ œ œb œ ˙˙ w ˙n˙œ œ œb œ œ œ ˙b

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œ œ œ ˙ wUmuta Picc.

˙ ˙# Ÿ wUmuta Picc.

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- 127 -

Orfeo: Atto Terzo

.

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- 128 -

Orfeo: Atto Terzo

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- 129 -

Orfeo: Atto Terzo

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- 130 -

Orfeo: Atto Terzo

.

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- 131 -

Orfeo: Atto Terzo

.

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- 132 -

Orfeo: Atto Terzo

.

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- 133 -

Orfeo: Atto Terzo

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- 134 -

Orfeo: Atto Terzo

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Orfeo: Atto Terzo

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- 137 -

Orfeo: Atto Terzo

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Orfeo: Atto Terzo

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Orfeo: Atto Terzo

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- 140 -

Orfeo: Atto Terzo

.

Page 341: Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp140802.pdf · 1. Ópera. 2. Regencia (Musica). 3 ... Exemplo de grafia original..... 89 Ilustração 15: Prologo, fac-símile

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Fl.1

Fl.2

Ob.1

Ob.2

Cl.Sib 1

Cl.Sib 2

Cl.Sib 3

Cl.Mi b

Cl.B.Sib

Fg.

Sx.A.Mib

Sx.T.Sib

Tpa.Fá 1

Tpa.Fá 2

Tpt.1

Tpt.2

Euf.

Tbn.

Tb.

Perc.

Cont.

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- 141 -

Orfeo: Atto Terzo

.

Page 342: Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp140802.pdf · 1. Ópera. 2. Regencia (Musica). 3 ... Exemplo de grafia original..... 89 Ilustração 15: Prologo, fac-símile

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24

24

24

24Violoncelo

Contínuo

ŒProserpina

œ ˙ Œ ˙ .Jœ RœSi gnor quel in fe

WCravo

WWWW

œ œ Œ jœ jœ œ .jœ rœb œ œli ce che per ques ste di mor teIam

.w ˙b.w ˙.w ˙

.w ˙

.w ˙

œ .jœ rœ ˙ ˙ Œ jœ jœpie cam pa gne va chia

˙ w ˙˙ w ˙˙ w ˙˙ w ˙˙ w ˙

œ jœ jœ ˙n ˙ Œ œbmand d'Eu ri di ce, ch'u

˙ w ˙˙ wn ˙˙ w ˙b˙ w ˙˙ w ˙

- - - - - - - - - - - - - - -

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b

bbbVc.

Cont.

5

œ ˙ jœ jœ ˙ ˙di t'hai pur tu dian ci

˙ w ˙b˙ w ˙˙ w ˙˙ w ˙˙ w ˙

Œ œ .jœ rœ .jœ rœ# ˙ jœ jœ# jœ# jœ#co sì so a ve men te la men

˙ ˙ w#w ww ww w

w w

˙ ˙ Œ .Jœ Rœ ˙tar si, moss 'ha tan

w ww w.w ˙WW

œ .jœ rœ# ˙ Œ ˙ .Jœ Rœta pie tà den tr'al mio

œ œ œ œ ˙ ˙œ œ œ œ ˙# ˙˙b .w˙ w ˙˙ w ˙

- - - - - - - - - - - - - -

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b

bbbVc.

Cont.

9

˙ ˙ Œ œ# .jœ rœ jœ jœco re ch'un' al tra vol taIio

w ww# ww ww ww w

˙ Jœjœ .Jœ rœ ˙# ˙#

tor noIa por ger pre ghi,

.˙ œ w.˙ œ w#˙ ˙b ˙ ˙˙ ˙ w˙ ˙ w

Œ œ .œ Jœ œ œ ‰ jœ œper chèIil tuo Nu me al suo

w ww ww ww ww w

jœ jœ ˙ œ ˙# ˙pre gar si pie ghi.

w ˙# ˙˙ ˙b w˙ œ œ ˙ ˙˙ ˙ ˙ ˙˙ ˙ ˙ ˙

- - - - - - - - - -

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b

bbbVc.

Cont.

13

˙ Œ ˙ Jœ Jœ .Jœ Rœ œDeh, se da que ste lu

˙ .wn˙ .w˙ .w˙ .w

˙ .w

œ Jœ Jœ œ jœ jœ œ œ ‰ jœ .jœ Rœci a mo ro sa dol cez za un qua tra

w ˙ ˙bw ˙b ˙w ˙ ˙w ˙b ˙

w ˙b ˙

˙ ˙ Œ Jœ Jœ œ Jœ Jœhe sti, se ti pia cqu'il se

w ww ww ww ww w

.Jœrœ .jœ rœ ˙ ˙ Œ jœ jœ

ren di que sta fron te, che tu

˙ w ˙˙ wb ˙˙ w ˙˙ .wb

˙ .wb

- - - - - - - - - - - - - -

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b

bbbVc.

Cont.

17

œ .Jœ Rœ ˙ ˙ Œ œchia mi tuo cie lo, on

œ œ .w˙ .wœ œn .w˙ .w˙ .w

œ .jœ rœ œ œ ‰ jœ rœ rœ rœ Rœ .Jœ Rœ .jœ rœde mi giu ri di non in vi di ar sua sor teIa

.w ˙.w ˙.w ˙

.w ˙

.w ˙

˙ ˙ Œ ˙# œGio ve, pre go

.w ˙.w ˙.w ˙#

.w ˙

.w ˙

˙# Œ ˙ jœ jœ œ Jœ jœti, pre go ti per quel

œ œ ˙ w˙ ˙ w#˙ ˙ w˙ ˙ w˙ ˙ w

- - - - - - - - - - - - -

- 143 -

Orfeo: Atto Quarto

.

Orfeo: Atto Quarto

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ª ª

ª ª

ª ª

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bbbVc.

Cont.

21

œn Jœ Jœ œ Rœ rœ rœ rœn .jœ Rœb .Jœ Rœ ˙fo co con cui già la gran d'al maIa mor t'ac ce

˙ ˙ ˙ ˙˙ ˙ ˙n ˙˙n ˙ ˙ ˙˙ ˙ ˙ ˙

˙ ˙ ˙ ˙

œ ‰ Jœ Jœ jœ .Jœ rœ œ jœ .Jœ Rœ jœ Jœ jœse, fa ch'Eu ri di ce tor ni a go der di quei

˙ œ œ œ ˙ œ œ œ˙ œ œ ˙ œn œ˙ œ œ ˙# œ œ˙ œn œb ˙ œn œb

˙ œn œb ˙ œn œb

- - - - - - - - - -

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bbbVc.

Cont.

23

˙ œ œ# œ rœ# rœ# rœ# rœ .œ jœgior ni che trar so lea vi ven d'in

w ww w#w# wWW

.œ jœ ˙ ˙ Œ jœ jœfe steIeIin can to, e del

˙ w ˙˙ w ˙n˙ w ˙˙ w ˙˙ w ˙

.˙ jœ jœ œ ˙ œmi ser Or feo con so

W ˙ ˙ ˙#˙ .w˙ ˙# ˙ ˙n˙ ˙# ˙ ˙n

œ œ ˙ wula'l pian to.

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˙n ˙ wu˙n ˙ wu

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Hp./Teo.

Cont.

27

∑Plutone Œ ˙ .jœ rœBen chè se

w ˙ ˙w ˙ ˙wTeorba

˙ ˙w ˙ ˙w ˙ ˙w ˙ ˙wÓrgão

˙ ˙w ˙ ˙

˙ ˙ ‰ jœ jœ jœ .œ jœve ro e im mu ta bil

w ww ww ww ww ww ww wwb w

˙ ˙ Œ œ .œ jœfa to con tra sti,Ia

w ww ww ww ww ww ww ww w

.jœ Rœ .œ Jœ .Jœ Rœ ˙ ˙ma ta spo sa,Ii tuoi de si ri

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Hp./Teo.

Cont.

31

Œ œ .œ jœ .jœ rœ jœ rœ rœ .œ jœnPur nul l'ho mai si nie ghi a tal bel

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˙ Œ œ .œ Jœ .œb Jœtà con gion taIa tan ti

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.w ˙

w wprie ghi.

w ˙ ˙w wnwn ww ww ˙ ˙w wnwn ww w

Œ Jœ Jœ œ .Jœ Rœb ˙b œb .Jœ RœLa sua ca raIEu ri di ce con tra

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Hp./Teo.

Cont.

35 œ .Jœ Rœ œ œ Œ œ .œ Jœl'or din fa ta le Or feo ri

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w wco vri

w ww ww ww ww ww ww ww w

Œ œ œ rœ rœ rœ rœ ˙ Jœ jœn .jœ rœMa pria chetra g'il piè da que stiIa

w .˙n œwn .˙ œw .˙ œw .˙ œw .˙n œwn .˙ œw .˙ œw .˙ œ

˙ ˙ Œ œ œ œbis si, non mai vol

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- - - - - - - - - -

- 144 -

Orfeo: Atto Quarto

.

ª ª

ª ª

ª ª

ª ª

Page 344: Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp140802.pdf · 1. Ópera. 2. Regencia (Musica). 3 ... Exemplo de grafia original..... 89 Ilustração 15: Prologo, fac-símile

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Hp./Teo.

Cont.

39

Jœ Jœ œ œ .œ Jœ œ ˙ga ver lei gliIa vi di lu

˙ w ˙˙ wb ˙˙ w ˙#˙ w ˙˙ w ˙˙ wb ˙˙ w ˙#˙ w ˙

w Œ Jœ Jœ œ Jœ Jœmi, che di per di taIe

w wwn wb˙ ˙ ww ww wwn wb˙ ˙ ww w

˙ œ Jœ Jœ œ Jœjœ ˙

ter na gli sia cer ta ca gion

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Jœ Jœ Jœjœ ˙ œ .˙

un so lo sguar do Io

œ œ wn ˙˙ w ˙˙ w ˙˙ w ˙œ œ wn ˙˙ w ˙˙ w ˙˙ w ˙

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Hp./Teo.

Cont.

43

Jœ jœ jœ Rœ Rœ ˙ wco sì sta bi li sco.

w ˙ ˙˙ ˙ w˙ ˙n w˙ ˙ ww ˙ ˙˙ ˙ w˙ ˙n w˙ ˙ w

Œ ˙ Jœ Jœ ˙ œ œHor nel mio re gno fa

˙ œ œb ww ww ww w

˙ œ œb ww ww ww w

œ .Jœ Rœ ˙ ˙ ‰ Jœ Jœ JœteIo mi ni stri il mio vo

˙ w ˙˙ w ˙˙ w ˙˙ w ˙

˙ w ˙˙ w ˙˙ w ˙˙ w ˙

.œ Jœ ˙ ˙ ‰ Jœ Jœ Jœler pa le se, si che l'in

˙ w# ˙˙ w ˙˙ w ˙˙ w ˙˙ w# ˙˙ w ˙˙ w ˙˙ w ˙

- - - - - - - - - - - -

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Hp./Teo.

Cont.

47 .œ# Jœ ˙ œ Jœ Jœ œ# Jœ# Jœten daIOr fe o e l'in ten daIEu ri

˙ w ˙˙ w ˙#˙ w ˙˙ w ˙˙ w ˙˙ w ˙#˙ w ˙˙ w ˙

˙ ˙ Œ œ œ œdi ce ne di can

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.w ˙

.œ Jœ .˙ œ ˙giar l'al trui spe rar

W w ˙˙ w ˙˙ w ˙W w ˙˙ w ˙˙ w ˙

œ œ ˙ wupiù li ce.

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œn œ ˙n wuWw wU

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Cl.B.Sib

Cont.

51

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˙Uno spirito del coro. Un tono più altojœ jœ jœ jœ .œ jœ .œ jœ

O de gliIha bi ta tor de l'on deIe

WÓrgãoWWWF

.w ˙˙ œ ‰ Jœ .œ Jœ ˙

ter ne, pos sen te Re,

.w ˙n.w ˙.w ˙

.w ˙

˙ ˙ ˙ ˙œn Jœ Jœ .œ Jœn ˙n ˙

leg ge ne sia tuo cen no.

˙ .˙ œ# ˙˙ w ˙˙ ˙ ˙n ˙˙ ˙ ˙ ˙

˙ w ˙‰ Jœ Jœ Jœn ˙ œ Jœ Jœ

.œ JœChe ri cer car al tre ca gio niIin

˙ w œ œn˙ .w˙ w ˙˙ w ˙

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Cl.B.Sib

Cont.

55

w w55 œ œ ‰ Jœ .Jœ Rœn ˙ œn Jœn

jœter ne di tuo vo ler no stri pen

w wwn wbw ww w

˙ ˙ wu.œ jœ .œ jœ# wu

sier non den no.

œ œ ˙n wu.˙ œ# wU

w w#U

˙ ˙ wu

w wÓUn altro spirito del coroŒ œ œ rœ rœ rœ rœ .œ jœ

Trar rà da que st'or ri bi

w ww ww ww w

˙ w ˙œ œ œ œ Œ œ .œn jœli ca ver ne sua spo saIOr

œ œn w ˙˙ w ˙˙ w ˙˙ w ˙

- - - - - - - - - - - - - -

- 145 -

Orfeo: Atto Quarto

.

ª ª

ª ª

ª ª

ª ª

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24

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Cl.B.Sib

Cont.

59

w ˙ ˙59

œ œ ‰ jœ jœ jœ .œ jœ ˙feo, s'a do pre rà suoIin ge

w ˙ ˙w ˙ ˙w ˙ ˙#w ˙ ˙

˙ ˙ ˙ w ˙˙ ‰ jœ# jœ jœ œ œ œ jœ jœ .œ jœ œn œ

gno, si che nol vin ca gio ve nil de si o

˙# ˙ ˙ w ˙˙ ˙ ˙ w ˙n˙ ˙ ˙ w ˙˙ ˙ ˙ w ˙

.w ˙nŒ œ .œ jœ œ œ ˙

Ne' gra viIim pe ri suoi

.w ˙b.w ˙.w ˙

.w ˙b

w ˙ uŒ ˙b jœ jœ ˙ u

spar ga d'o bli o.

wb ˙ ˙u

w ˙# ˙U

w ˙ ˙nU

w ˙ u

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Cont.

63

.˙Proserpina

œ ˙ .œ JœbQua li gra zie ti

wCravo

wwb ww ww ww w

˙ ˙ œ jœ jœ jœ jœ œren do, hor che si no bil do

˙ ˙ ww ww ww w

w w

œ .œ jœ jœ jœ jœ jœ .œ jœ œno con ce d'a pre ghi miei Si gnor

w ww ww ww ww w

œ œ ˙ wcor te se

w w˙ ˙ w˙ ˙ w˙n ˙ w

˙n ˙ w

œ Jœ Jœ œ œ œ œ œ œSia be ne det toIil dì che pria ti

w ww ww wwb w

wb w

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bbbVc.

Cont.

68

˙ ˙ Jœ Jœ œ œ œpiac qui, be ne det ta la

˙ ˙ w˙ ˙ w˙ ˙ w˙ ˙ w˙ ˙ w

œ Rœ Rœ Rœ Rœ ˙ ˙ œ jœ jœpre daIe'l dol c'in gan no, pio chè per

œ œ w ˙˙ w ˙˙ w ˙˙ w ˙

˙ w ˙

.œ jœ ˙ ˙ .œ jœmia ven tu ra fe ciIac

œ œ .w˙ .w˙ .w˙ .w˙ .w

œ jœ jœ .œ jœ .˙ œqui sto di te pren den do

˙ ˙ ˙ ˙˙ ˙ ˙ ˙˙ ˙ ˙ ˙˙ ˙ ˙ ˙˙ ˙ ˙ ˙

w wuso le.

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˙ ˙# wuw wU

w wU

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Hp./Teo.

Cont.

73

ÓPlutone .œ Jœ œ ˙ Jœ JœTue so a vi pa

.wTeorba

˙.w ˙.w ˙w ˙ ˙

.wÓrgão

˙.w ˙.w ˙w ˙ ˙

˙ ˙ ‰ Jœ# œ Jœ jœ# .jœ Rœro le d'a mor l'an ti ca

w ˙ ˙w ˙ ˙w# ˙ ˙w ˙ ˙#

w ˙ ˙w ˙ ˙w# ˙ ˙w ˙ ˙#

˙ ˙ Œ œ .œ# Jœpia ga rin fre sca

W#WWWW#WWW

.œ Jœn ˙ wnel mio co re.

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Hp./Teo.

Cont.

77

Œ œn ˙ œ jœ jœ œ rœ Rœ Rœ RœCo sì l'a ni ma tua non sia più

w ww ww wwn ww ww ww wwn w

Rœ Rœ Rœ Rœ Jœ Rœ Rœ ˙ ˙va ga di ce le ste di let to

œ œn wœ œ wœ œ wœ œ wœ œn wœ œ wœ œ wœ œ w

Œ ˙ Jœjœ œ œ ‰ Jœ Jœ Jœ

sì ch'ab band do ni il ma ri

˙ ˙ ˙n ˙w ˙ ˙w ˙ ˙˙ ˙ ˙ ˙˙ ˙ ˙n ˙w ˙ ˙w ˙ ˙˙ ˙ ˙ ˙

.œ Jœ ˙ wutal tuo let to.

&

.˙ œn wuw wU˙ ˙ wU

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uw wU˙ ˙ wU

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- - - - - - - - - - - - - -

- 146 -

Orfeo: Atto Quarto

.

ª ª

ª ª

ª ª

ª ª

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22

22

22

22

22

Cl.B.Sib

Fg.

Sx.A.Mib

Sx.T.Sib

Tpa.Fá 1

Tpa.Fá 2

Euf.

Tbn.

Tb.

1.

2.

3.

4.

5.

Vc.

Cb.

CORAL

Cont.

CHORO DI SPIRITI

CHORO DI SPIRITI

81

Œ œp ˙ wŒ œ

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w .˙ œmo re tri

w .˙ œmo re tri

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w œ œ ˙mo re tri on

w .˙ œmo re tri

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˙ œ œ ˙ œ œon fan, tri on fan tri

˙ œ œ ˙ œ œon fan, tri on fan tri

˙ œ œ ˙ ˙on fan, tri on fan

œ œ ˙ œ œ ˙fan, tri on fan, tri on

˙ œ œ ˙ œ œon fan, tri on fan tri

˙ œ œ ˙ œ œ˙ œ œ ˙ œ œ˙ œ œ ˙ œ œ˙ œ œ ˙ œ œ˙ œ œ ˙ œ œ˙ œ œ ˙ œ œ

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w ˙ ˙˙ ˙ ˙ ˙

on fan nel l'In.˙ œ ˙ ˙on fan ne l'In

w ˙ ˙ne l'In

w ˙ ˙fan ne l'In

.˙ œ ˙ ˙on fan ne l'In

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w wuw wuw w#uœ œ# œ# œ ˙ wU

w w#uœ œ# œ# œ ˙ wuœ œ# œ# ˙ wU

w wU

w wuw w#U

fer no.

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œ œ# œ# œ ˙ wufer no.

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œ œ# œ# ˙# wufer no.

w wufer no.

w wUfer no.

w w#u˙ ˙# wUw wU

w wuw wuw wu

- - - - - - - - - - - - - - -

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##22

22

22

22

22

Ob.1

Cl.B.Sib

Cont.

87

wF87 œ Uno spirito del coro*jœ jœ .œ jœEc coIil gen til can

wÓrgão

www

w˙ œ œto re che

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w.œ Jœ .œ jœ

sua spo sa con

wwww

˙ ˙œ œ ‰ jœ œ

du ce al ciel

˙ ˙˙ ˙˙ ˙˙ ˙

˙ ˙œ ‰ Jœb ˙

su per

œ ˙ œ˙ ˙#˙b ˙˙ ˙

ww

no.

w#www

- - - - - - - - -

- 147 -

Orfeo: Atto Quarto

.

ª ª

Page 347: Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp140802.pdf · 1. Ópera. 2. Regencia (Musica). 3 ... Exemplo de grafia original..... 89 Ilustração 15: Prologo, fac-símile

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24

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Cl.Sib 1

Vl.

Vc.

Cb.

Hp./Teo.

Cont.

RITORNELLO

RITORNELLO

Harpa

93

Œ œfSolo œ

non legato

.œ œ93

∑93

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œnon legato

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∑∑

˙Cravo œ œ œnœ ˙ œ#œ œ œ œ

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œ œ œ

œ œ œ œ œ# œ .œ œ# .œ œ .œ œ .œ œ .œ œ

œ œ œ œ œ œ .œ œ .œ œ .œ œ .œ œ .œ œ

∑∑

˙ œ œ œ œ# w˙ œ œ .˙ œ œœ œ œ œ œ œ œ œ œ œ

œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ

œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ

˙ œ œ œ œ œ# œ œ œ# ˙ Ó

∑ Ó Œ .JœOrfeo rœ

Qual ho

˙ œ œ œ œ œ œ œ œ ˙ Ó

∑ Œ œHarpa

œœ œœ#∑ Œ œ œ œ.˙ œ# ˙ œ œ#œ œ ˙ ˙ œ œ

Tacet

œ œ œ œ œ œ œ œ œ

œ œ œ œ œ œ œ œ œœ œ œ œ œ œ œSoloœ œ

∑˙ Jœ jœ .jœ# rœ œ jœ jœ Jœ Jœ Jœ jœnor di te sia de gno mia ce traIon ni po

œœ œ œ œ œœœ# œ œ œ#œ œ œ œ œ œ œ œw œ# œ œ œ#œ œ œ œ wœ œ œ œ œ œ œ œ

œ œ œ œ œ œ œ œœ œ œ œ œ œ œ œ

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Vc.

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Cont.

97

∑97

œ .˙ ‰ Jœ Jœ Jœ .œ Jœten te, s'hai nel tar ta reo

97

œœœ œ œ œœ œœ œ# œ œœ œ œ œ œ œ œ œ#˙ œ œ œ œ œ œ˙ w œ œœ œ œ œ œ œ œ œ#

œ œ œ œ œ œ œ œ#

œ œ œ œ œ œ œ œ#

œ Jœjœ .œ Jœ œ ˙ .Jœ

rœre gno pie gar po tu toIo gniIin du

œœœ œ œ œn œœ œ œ œœ#œ œn œ œ œ œ œ œœ œ ˙ .˙ œ#˙ œ œn œ œ œ œœ œn œ œ œ œ œ œœ œn œ œ œ œ œ œœ œn œ œ œ œ œ œ

RITORNELLO

RITORNELLO

∑ Œ œf

Solo œ .œ œ

.œ jœ ˙ œ Œ Óra ta men te.

∑ Œ .œfœ œ .œ œ

œœ œ œ œœ# œœœn Œ Óœ œ œ œ œ Œ Óœ ˙n œ# œ œ œ œ œœ œ œ œ œ ˙ œ#

Toca

œ œ œ œ œ œ œ œ

œ œ œ œ œ œ œ œ

œ œ œ œ œTutti

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œ œ œ œ œ# œ .œ œ# .œ œ .œn œ .œ œ .œ œ

œ œ œ œ œ œ .œ œ .œ œ .œ œ .œ œ .œ œ#

∑∑

˙ œ œ œ œ# w˙ œ œ .˙ œ œœ œ œ œ œ œ œ œ œ œ

œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ

œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ

- - - - - - - - - - - -

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##Cl.Si b 1

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Hp./Teo.

Cont.

101 ˙ œ œ œ œ œ œ œ œ ˙ Ó101

∑ Ó Œ .Jœrœ

Luo goIa101 ˙ œ œ œ# œ œ œ œ œ# ˙ Ó

∑ Œ œHarpa

œœ œœ#∑ Œ œ œ œ.˙ œ# ˙ œ œ#œ œ ˙ ˙ œ œ

Tacet

œ œ œ œ œ œ œ œ œ

œ œ œ œ œ œ œ œ œœ œ œ œ œ œ œSolo œ œ

∑˙ Jœ Jœ Jœ Jœ œ Jœ Jœ Jœ Jœ .Jœ Rœvrai fra le più bel le i ma gi ni ce

œœ œ œ œ œœœ# œ œ œ#œ œ œ œ œ œ œ œw œ# œ œ œ#œ œ œ œ wœ œ œ œ œ œ œ œ

œ œ œ œ œ œ œ œœ œ œ œ œ œ œ œ

œ jœ jœ Jœ Jœ Jœ Jœ œ ˙ .Jœ Rœle sti, on d'al tuo suon le stel le dan ze

œœœ œ œ œœ œœ œ# œ œœ œ œ œ œ œ œ œ#˙ œ œ œ œ œ œ˙ w œ œœ œ œ œ œ œ œ œ#

œ œ œ œ œ œ œ œ#

œ œ œ œ œ œ œ œ#

- - - - - - - - - - - -

- 148 -

Orfeo: Atto Quarto

.

ª ª

ª ª

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##Cl.Si b 1

Vl.

Vc.

Cb.

Hp./Teo.

Cont.

104

∑104 œ jœ jœ œ œ œ œ œ œ œ œ œ ˙ .Jœ

rœran no in gi r'hor tar d'hor

104

œœœ œ œ œn œœ œ œ œœ#œ œn œ œ œ œ œ œœ œ ˙ .˙ œ#˙ œ œn œ œ œ œœ œn œ œ œ œ œ œœ œn œ œ œ œ œ œœ œn œ œ œ œ œ œ

RITORNELLO

RITORNELLO

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∑ Œ .œf

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Toca

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∑∑

˙ œ œ œ œ# w˙ œ œ .˙ œ œœ œ œ œ œ œ œ œ œ œ

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œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ

- - - - - - - - - - -

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##Cl.Si b 1

Vl.

Vc.

Cb.

Hp./Teo.

Cont.

107 ˙ œ œ œ œ œ# œ œ œ# ˙ Ó107

∑ Ó Œ .Jœrœ

Io per

107 ˙ œ œ œ œ œ œ œ œ ˙ Ó

∑ Œ œHarpa

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Tacet

œ œ œ œ œ œ œ œ œ

œ œ œ œ œ œ œ œ œœ œ œ œ œ œ œSoloœ œ

∑˙ Jœ Jœ Jœ Jœ œ jœ jœ jœ jœ# jœ jœte fe li ceIa pie no ve drò l'a ma to

œœ œ œ œ œœœ# œ œ œ#œ œ œ œ œ œ œ œw œ# œ œ œ#œ œ œ œ wœ œ œ œ œ œ œ œ

œ œ œ œ œ œ œ œœ œ œ œ œ œ œ œ

œ ˙ Jœ Jœ .˙ Jœ Jœvol to, e nel can di do

œœœ œ œ œœ œœ œ# œ œœ œ œ œ œ œ œ œ#˙ œ œ œ œ œ œ˙ w œ œœ œ œ œ œ œ œ œ#

œ œ œ œ œ œ œ œ#

œ œ œ œ œ œ œ œ#

œ jœ jœ .œ jœ œ ˙ .Jœrœ

se no de la mia Don n'og gi fa

œœœ œ œ œn œœ œ œ œœ#œ œn œ œ œ œ œ œœ œ ˙ .˙ œ#˙ œ œn œ œ œ œœ œn œ œ œ œ œ œœ œn œ œ œ œ œ œœ œn œ œ œ œ œ œ

- - - - - - - - - - - - -

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Vc.

Cb.

Hp./Teo.

Cont.

111

œ œ œ œ œ œ Jœ jœ œ ˙ Œ œrò rac col to. Ma

œœ œ œ œœ# ˙n ˙bTeorba

œ œ œ œ ˙ ˙œ ˙n œ# ˙ ˙bœ œ œ œ ˙ ˙œ œ œ œ ˙ ˙œ œ œ œ ˙ ˙œ œ œ œ ˙ ˙

T A C E T

.œ jœ ˙ œ ‰ .œ œ#men treIio can to oi mè

˙ w ˙˙ w ˙˙ w ˙#˙ w ˙˙ w ˙˙ w ˙˙ w ˙#˙ w ˙

˙ w ˙

˙ w ˙

‰ Jœ Jœ jœ Jœbjœ ˙ .Jœ Rœb œ œ

chi m'as si cu ra ch'el la mi se gua

œ œ œb œ œ œ œ œb˙ œ œ# œ œ# œ# œ˙ .w.w œ œ

œ œ œb œ œ œ œ œb˙ œ œ# œ œ œ œ˙ .w.w œ œ.w œ œ.w œ œ

- - - - - - - - - -

- 149 -

Orfeo: Atto Quarto

.

ª ª

ª ª

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Vc.

Cb.

Hp./Teo.

Cont.

114

∑U Œ ˙ œ#Ohi mè,

∑U Ó ˙Teorba∑ Ó ˙∑ Ó ˙#∑U Ó ˙∑U Ó ˙Cravo

∑ Ó ˙∑ Ó ˙#∑U Ó ˙

∑U Ó ˙∑U Ó ˙T O C A

‰ Jœ Jœ Jœn Jœ Jœ Jœ Jœ .˙ .Jœ Rœchi mi nas con de de l'a ma te pu

œ œ œ œ œ œ œ œ˙ œ œ# œ œ œ œ˙ .wWœ œ œ œ œ œ œ œ˙ œ œ# œ œ œ œ˙ .wWWW

Jœ Jœ Jœ Jœ œ œ ∑pil leIil dol ce lu me?

œ œ œ# œ ∑œ# œ œ œ# ∑w ∑.˙ œ ∑

œ œ œ# œ ∑œ# œ œ œ# ∑w ∑.˙ œ ∑.˙ œ ∑.˙ œ ∑

Jœ Rœ Rœ .Jœ Rœ œ Jœ Jœ Jœ Jœ .Jœ Rœ œ Jœ jœFor se d'in vi dia pun te le de i tà d'A ver no per

.wn ˙.w ˙.w ˙

.w ˙

.wn ˙.w ˙.w ˙

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.w ˙

- - - - - - - - - - - - - - - - - -

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Vc.

Cb.

Hp./Teo.

Cont.

118

œ Rœ Rœ Rœrœ .jœ rœ jœ jœ œ œ ‰ jœ jœ jœ

ch'io non sia qua giù fe li ceIa pie no, mi tol go

WWWWWWWWWW

jœ Jœ Jœ Jœ w Jœ Jœ Jœ jœnoIil mi rar vi lu ci be a teIe

w .˙ œw w˙ w ˙w ww .˙ œw w˙ w ˙w ww ww w

œ œ ‰ jœ# jœ jœ œ œ Œ œlie te che sol col sguar do al

.w ˙w w˙# .wW.w ˙w w˙# .w

WWW

Jœ Jœ Jœ Jœ ˙ ˙ Ótrui be ar po te te?

w ˙ Ów ˙ Ów ˙ Ó

w ˙ Ów ˙ Ów ˙ Ów ˙ Ó

w ˙ Ó

w ˙ Ó

w ˙ Ó

- - - - - - - - - - - - - - - -

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Vc.

Cb.

Hp./Teo.

Cont.

122

Œ Jœ Jœ œn Jœ Jœ œ œ Œ jœ jœMa che te mi mio co re ciò che

˙ ˙ w˙ ˙ w#˙ .w˙ ˙ w

˙ ˙ w˙ ˙ w#˙ ˙ w˙ ˙ w

˙ ˙ w

˙ ˙ w

œ jœ Jœ .Jœ# Rœ .Jœ Rœ ˙ ˙vie ta Plu ton co man daIA mo re.

.w ˙.w ˙.w ˙.w ˙

.w ˙.w ˙.w ˙.w ˙

.w ˙

.w ˙

Ó Œ œ œ Rœ rœ rœ rœ œ Jœ jœA Nu me più pos sen te che

Ó w# ˙Ó w ˙Ó w ˙Ó w ˙Ó w# ˙Ó w ˙Ó w ˙Ó w ˙

Ó w ˙

Ó w ˙

Jœ .Jœ Rœjœ œn Jœ .œ jœ jœ .œ jœ

vin ceIhuo mi niIe De i, ben u bi dir do

˙ .wn˙ w ˙˙ w ˙˙ w ˙˙ .wn˙ w ˙˙ w ˙˙ w ˙˙ w ˙˙ w ˙

- - - - - - - - - - - - - - - - - -

- 150 -

Orfeo: Atto Quarto

.

ª ª

ª ª

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b

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Vc.

Cb.

Hp./Teo.

Cont.

126

˙ uQui si fa strepito

dietro la telaŒ ˙Segue Orfeo cantando nel clavicembano,

viola da braccio, e chittarone.‰ Jœvre i. Ma che

w ∑˙ U ∑˙# U ∑˙ u ∑w w

Cravo˙ Uw˙# Uw

˙ uw

˙ uw

˙ uw

œ œ Ó ‰ Jœ œ# ˙o do? Ohi mè las

∑∑

w ˙ ˙.w ˙.w ˙#.w ˙.w ˙.w ˙

œ œ# Œ .Jœ Rœ œ Jœjœ œ Jœ ≈ Rœ

so. S'ar ma for seIa miei dan ni con

∑∑

WWWWWW

Rœ Rœ Rœ Rœ Rœ Rœ Rœ Rœ Rœ Rœ Rœ Rœ Jœ Rœ Rœ œ ≈ Rœ Rœ Rœ œ œtal furor le furieIinnamorate per rapir miIil mio ben ed io'l consento?

∑∑

˙ w ˙˙ ˙ ˙ ˙˙ ˙ w˙ ˙ ˙ ˙˙ ˙ ˙ ˙˙ ˙ ˙ ˙

- - - - - - - - - - - - - - - -

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&

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b

bbb

Cl.B.Sib

Vc.

Cont.

130

∑130

Ó ˙nQui si volta Orfeo, e canta al suono

dell'organo do legnojœ jœ jœ rœ rœ œ Jœjœ

O dol cis si mi lu mi io

WÓrgão

WWWW

.œ jœ œ œ ‰ Jœ ˙b Œpur vi veg gio, io pur...

˙ w ˙˙ w ˙˙ w ˙b˙ w ˙

˙ w ˙

Ó ‰ jœ#Qui canta Orfeo al suono del clavicembano,

viola da braccio e un chittarone.jœ jœ œn ˙ Jœ jœ#Ma qual E clis siIohi mè v'os

Ó .wn CravoÓ .w#Ó .wÓ .w

Ó .w

∑wF

˙n ˙ Œ œUno spirito.œ Jœcu ra? Rot t'hai la

?

w ww ww wÓrgão

w ww ∑

w wœ œ ‰ Jœ Jœ Jœ .œ Jœ ˙

leg ge e se' di gra ziaIin de

w ˙ ˙nw wnw ˙ ˙w w

- - - - - - - - - - - - - - -

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b

bbb

Cl.B.Sib

Vc.

Cont.

135

wu ∑135

wu Ó ˙Euridice

gno. Ahi

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w ˙Cravo ˙

wU

wbwU

wu w

∑U w

∑˙ .œ œ œ œ ˙# ˙

vi sta trop po dol ce,

˙ ˙ wnw w#wb wnwb wn

‰ œ œ œ ˙ we trop poIa ma ra.

.˙ œ w˙# ˙n w#˙ ˙b w˙ ˙b w

Œ ‰ jœ# œ œ œ œ œ Œ œn œ œCo sì per trop poIa mor, dun que mi

w wbw ww ww w

œ œ Œ œ ˙ .œ# jœper di? et io mi se

w ˙ ˙w ˙ ˙#w ww w

- - - - - - - - - - - - -

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b

bbb

n

nnnVc.

Cont.

140

œ# ˙ œ Œ œ œ œ œ œra per do il po ter più go

.w ˙˙ ˙ w˙ .w#˙ .w#

œ œ œ œ œ œn œ œ œ Œ œde re e di lu ceIe di vi sta, e

˙ ˙n ww ww w

w w

.œ jœ œ œ Œ ˙ œ œper doIin sie me te, d'o gni

˙ .w˙ .w .w˙ .w˙ .w

.œ jœ œ œ .˙ œ#ben più ca ro o mio

˙ ˙ ˙ ˙˙ ˙ ˙ ˙˙ ˙ ˙ ˙#˙ ˙ ˙ ˙˙ ˙ ˙ ˙

Œ œ ˙ wucon sor te.

œ œ ˙ wuœ œ ˙# wUœ œ .ww wuw wu

- - - - - - - - - - - - -

- 151 -

Orfeo: Atto Quarto

.

ª ª

ª ª

ª ª

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&

&

&?

## 22

22

22

22

Cl.B.Sib

Cont.

145

WF145 .œ Uno spirito del coro canta

Jœ œ œ œ œ# œ Œ œ œTor n'a l'om bre di mor te in fe

WW#WÓrgão

W

˙ w ˙œ œn œ œ œ ‰ œ œ œ œ œ œ œ œli ceIEu ri di ce, ne più spe rar di ri ve

˙ w ˙˙ w# ˙˙ w ˙˙ w ˙

˙ w ˙.œ jœ œ œ ‰ œ .œ œ# œ œ

der le stel le ch'o mai sia sor do

˙ w ˙˙ w ˙˙ w ˙˙ w ˙

˙ w ˙‰ œ œ œ .œ# jœ# ˙# ˙

a prie ghi tuoi l'in fer no.

˙ w# ˙˙ w# ˙˙ w ˙#˙ w ˙

- - - - - - - - - - - - - - - - - -

&

&??

22

22

22

22

24

24

24

24Vc.

Cont.

149

Œ œ#Orfeo .œ œ œnDo ve te'n vai

˙ œ œnwwCravo

w#w#

œ ‰ Jœn œ œ Œ .˙mia vi ta? Ec

œ œ œ œ wwn w˙ w ˙œ œ# w ˙

œ œ# w ˙

œ œ# ˙ œ Œ .˙coIio ti se guo, ma

˙# ˙ ˙ ˙b˙ ˙ ˙n ˙˙ ˙# ˙ ˙˙ w ˙b˙ w ˙b

œ œn œb œ ˙# œ œn œ œ# œchi me'l nieg' ohi mè so gn'o va neg gio

œ œ w# ˙˙ w ˙#œ œ wn ˙˙ w ˙

˙ w ˙

- - - - - - - -

&

&??

25

25

25

25

24

24

24

24Vc.

Cont.

153

Œ œn œ œ œ œ œb ˙Qual oc cul to po ter

.wn ˙b.wn ˙.wb ˙

.w ˙

.w ˙

‰ œ œ œ œ œ ‰ œ œ œ .œ# jœdi que stiIor ro ri da que stiIa ma tiIor

˙ w ˙˙ w ˙˙ w# ˙˙ w ˙#˙ w ˙#

˙ ˙ œn œ ˙ œ œro ri mal mio gra do mi

.w œ œ.w œ œw ˙ ˙WW

œ œ œ œ# œ œ œ# œ# œ œ œ ˙ Utrag geIe mi con du ce a l'o di o sa lu ce.

œ œ œ œ ˙ œ wœn œ œ# œ ˙ œ wU

œ œ œ œ# œ# œ wUU

w ˙# wuw ˙# wu

- - - - - - - - - - - - - - - - - - -

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24

24

24

24

24

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24

24

Sx.A.Mib

Sx.T.Sib

Tpa.Fá 1

Tpa.Fá 2

Tpt.1

Tpt.2

Euf.

Tbn.

Tb.

SINFONIA

SINFONIA

157

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- 152 -

Orfeo: Atto Quarto

.

ª ª

ª ª

ª ª

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Sx.A.Mib

Sx.T.Sib

Tpa.Fá 1

Tpa.Fá 2

Tpt.1

Tpt.2

Euf.

Tbn.

Tb.

164

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- 153 -

Orfeo: Atto Quarto

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Orfeo: Atto Quarto

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Orfeo: Atto Quarto

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- 159 -

Orfeo: Atto Quarto

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Flauta 1

Flauta 2

Oboé 1

Oboé 2

Clarinete Sib 1

Clarinete Sib 2

Clarinete Sib 3

Clarinete Mib

Clarinete Baixo Sib

Fagote

Sax Alto Mib

Sax Tenor Sib

Trompa Fá 1

Trompa Fá 2

Trompete 1

Trompete 2

Eufônio

Trombone

Tuba

Violoncelo

Contrabaixos

Harpa-Teorba

Contínuo

RITORNELLO

RITORNELLO

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- 161 -

Orfeo: Atto Quinto

.

Orfeo: Atto Quinto

Page 360: Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp140802.pdf · 1. Ópera. 2. Regencia (Musica). 3 ... Exemplo de grafia original..... 89 Ilustração 15: Prologo, fac-símile

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- 162 -

Orfeo: Atto Quinto

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œ œ ‰ jœ jœn jœ .œ jœ .œ jœsas si al di par tir del nos tro

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˙ ˙ Œ ‰ Jœ Jœ Jœ œso le et io con vo

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˙ ˙ Œ jœ jœ œ# jœ jœsem pre. E mai sem pre da

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œ jœ jœ ˙b œ ‰ Jœ ˙nrom mi ahi do glia, ahi pian

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œn Œ Ó Ó Œ ‰ jœOrfeo

to Cor

Œ ‰ JœEco ˙ ˙ Ó

Hai pian to

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˙n Ó Ó ˙nÓ ˙˙ Ó Ó ˙n

˙ Ó Ó ˙n

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34

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.œ jœ ˙# ˙ ‰ jœ Jœ Jœla ta se i, e con so

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.Jœ Rœ# œ œ œ œn œ ˙lar mi voi ne' do lor mie

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˙ Œ œ ˙ œb .jœ rœi Ben chè que ste mie

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œ œ Œ œ ˙b Jœ jœ jœ jœlu ci sien già per la gri

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- 163 -

Orfeo: Atto Quinto

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Œ Jœ Jœ œ jœ jœ œ# ˙ Jœ Jœ#non ho pian to pe rò tan to che

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˙ ˙# Ó Óba sti,

∑ ˙Eco ˙#Ba sti

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‰Orfeo

Jœn Jœ Jœ .œ jœ œ œ Œ jœ jœse gl'oc chi d'Ar g'a ves si, e span

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œ œ œ œ œ ˙ œ œ œ#des se ro tut tiIun mar di pian

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œ œ# ‰ œ œ œ# .˙ œ#to non sa ràIil duol con

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œ œ Œ ‰ Jœ œ œ ˙n œfor me a tan ti gua i.

˙# Ó ∑˙n Ó ∑

˙# Ó ˙# ˙n˙n Ó ˙ ˙˙n Ó ˙ ˙

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Cont.

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˙Eco ˙A hi

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œ#Orfeo jœ jœ .œ jœ ˙b œ œ#

S'hai del mio mal pie ta de io

˙# ˙ wwwbbn˙ ˙# wb˙# ˙ wwwbbn˙ ˙# wb

œ jœ Jœb œ# œ ‰ Jœ .Jœ Rœb .œ jœti rin gra zio di tua be ni gni

˙b ˙# ˙ ˙b œb œ˙ ˙ ˙ œb œ˙b ˙# ˙ ˙b œb œ˙ ˙ ˙ œb œ

˙ ˙n Œ œ œn œta de. Ma men tr'io

˙# ˙n Ó ˙˙ ˙ Ó ˙˙# ˙n Ó ˙∑ Ó ˙∑ Ó ˙˙ ˙ Ó ˙

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- 164 -

Orfeo: Atto Quinto

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œ œn œn œ ww w˙ .w˙ ˙ w#

Jœ Jœ Jœ Jœ ˙ Jœ jœ œ ˙#spon di sol con gl'ul ti m'ac cen

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˙# œ Jœ Jœ œ œ .œ Jœti, ren di mi tut t'in te riIi

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.œ Jœ œ œ wmiei la men ti.

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Œ œ ˙ Œ ˙ .jœn rœ#Ma tu a ni ma

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.˙# œ .œ jœ œ œmia se mai ri tor na

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œ ‰ Jœ .œ jœ ˙ ˙la tua fred d'om bra

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w ˙ Ó

Œ œn œ œ .œ Jœ ˙a que st'a mi ca piag

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gia pren di da me ques

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.jœ rœ ˙ œb ˙ œ œte tue lo diIes tre me, ch'or

˙ œ œb ˙ Ó˙ ˙ ˙ Ó˙ œ œ ˙# Ó˙n œn œ ˙ Ó

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œ .jœ rœ œ ˙ .jœ rœ ˙a te sa cro la mia ce

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˙ ˙ ˙ Œ Jœ JœtraIe'l can to, co meIa

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63

˙ ˙ ‰ Jœ Jœ Jœ ˙te già so pra l'al tar

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Œ œ ˙# ˙ Œ œdel co re lo

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.œ jœ œ œspir toIac ce so

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Œ œ .œ jœin sa cri

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.˙ œ wfi zioIof fer

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Œ ˙ .jœ rœ ˙ ˙Tu bel la fu sti

˙Harpa

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œ ‰ Jœ ˙ ˙ ‰ Jœ œe sag gia eIin te

˙b ˙ ˙ ˙˙b ˙ ˙b ˙#˙b ˙ ˙b ˙#

œ ‰ jœ ˙# œ ˙ Jœ Jœri po se tut te le

˙ ˙# ˙ ˙˙ w ˙˙ w -

Jœ jœ .œ Jœn œ .œ Jœ ˙gra zie sue cor te seIil cie

˙ ˙# ˙bb ˙

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˙ Œ ˙# œ Œ .jœ rœlo. Men tre ad o

˙n ˙b ˙# ˙w ˙ ˙

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- 165 -

Orfeo: Atto Quinto

.

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Page 364: Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp140802.pdf · 1. Ópera. 2. Regencia (Musica). 3 ... Exemplo de grafia original..... 89 Ilustração 15: Prologo, fac-símile

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Hp./Teo.

74 œ ˙ .jœ# rœ .˙ œgn'al tra dei suoi don fu

˙n ˙ ˙b ˙n˙ ˙b ˙ ˙n˙ ˙b ˙ ˙n

w wscar sa.

˙ ˙# ˙n Ów ˙ Ów ˙ Ó

Œ .œ œ .˙ .œb œn ˙D'o gni lin guaIo gni lo

˙bn ˙ ˙b ˙wb ˙b ˙wb ˙b ˙

˙ ‰ Jœ ˙b ‰ jœ ˙de a te con vien

˙ ˙ ˙b ˙w ˙b ˙

w ˙b ˙

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Hp./Teo.

78

˙ Œ Jœb Jœ œ ˙ œ#si, ch'al ber ga stiIin bel

˙ ˙ ˙ ˙bw ˙ ˙b

w ˙ ˙b

œ ˙ Jœ Jœ ˙ ˙cor poIal ma più bel la

˙b ˙˙b ˙# ˙n˙ ˙ ˙ ˙˙ ˙ ˙ ˙

‰ Jœ .jœ# rœn œ# ˙ .Jœrœ œ ‰ jœ

fa sto sa men quan to d'ho nor più

˙b ˙# ˙# ˙

˙ ˙ ˙# œ œ

˙ ˙ ˙# œ œ

w wUde gna.

˙˙ ˙# ˙nU Ó

w wuw wu

- - - - - - - - - - -

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Cont.

82

Œ œ jœ jœ jœ jœ .œ jœ .œ jœHor l'al tre don ne son su per beIe

˙Cravo

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.œ jœ ˙ ‰ jœ jœ jœ œ rœ rœ rœ rœper fi de ver chi leIa do ra di spie

˙# ˙ ˙ ˙W.w Ó

.œ Jœ .œ# Jœ ˙ œ jœ jœta teIin sta bi li, pri ve di

˙˙˙ ˙# ˙# ˙˙ w >

> w >

˙# Jœ Jœjœ jœ .œ# jœ .œ jœ

sen noIe d'o gni pen sier no bi

˙# ˙# ˙# ˙#w ˙ ˙

˙ Ó ˙ ˙

- - - - - - - - - - - - - - - - - - - -

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Cont.

86

˙ œ jœ jœ œ rœ rœ rœ rœ .œ jœle, on d'a ra gion o pra di lor non

˙# ˙n ˙ ˙˙ w ˙˙ ˙ Ó ˙

.œ Jœ ˙ œ# rœ# rœ# rœ rœ .œ jœlo dan si. Quin ci non fia gia mai che

˙ ˙ ˙# ˙#w w

w ˙ Ó

.œ# Jœ .œ Jœ ˙ ‰ jœ jœ jœper vil fe mi na, a mor con

˙# ˙# ˙ ˙˙ w ˙n

˙ w ˙n

jœ jœ ˙ ‰ jœ .œn Jœ .œ jœau reo stral il cor tra fig ga

˙n ˙ ˙# ˙#w w˙ Ó w>

wUmi.

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- 166 -

Orfeo: Atto Quinto

.

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Page 365: Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp140802.pdf · 1. Ópera. 2. Regencia (Musica). 3 ... Exemplo de grafia original..... 89 Ilustração 15: Prologo, fac-símile

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Cl.B.Sib

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Tpa.Fá 1

Tpa.Fá 2

Tpt.1

Tpt.2

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Hp./Teo.

SINFONIA

SINFONIA

91

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wwwTeorba

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w ˙ ˙∑∑∑∑∑

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w# Ó ˙∑ Ó ˙#

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w wuw wu˙ ˙# wU

˙ ˙ wuw w

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w w#u˙ ˙# wu

w wn˙ ˙ wU

w wuw wu˙ ˙# wUww wwnw wu

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Cb.

Cont.

100

ŒApollo descende in una nuvola cantando

œ .œ jœ# œ œ ‰ jœ jœ jœPer ch'a lo sde gno e al do

wwFCravo ˙ ˙.w ˙.wf ˙.wf ˙

.œ Jœ ˙ ˙ Œ œlor in pre da co

˙ ˙ ˙ ˙

.w ˙

.w ˙

.w ˙

.œ Jœ ˙ ˙n ˙sì ti do niIo fi

˙ ˙ ˙ ˙˙ ˙ ˙ ˙

˙ ˙ ˙ ˙

˙ ˙ ˙ ˙

˙ w Œ œglio? Non

˙ ww ˙˙ .w˙ ˙ Ó ˙˙ ˙ Ó ˙

.œ jœ .œ jœ ˙ ˙è non è con si glio

˙ ˙ ww˙ ˙ w˙ ˙ w˙ ˙ w

- - - - - - - - -

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Cb.

Cont.

105

‰ Jœ Jœ Jœ .œ jœ wdi ge ne ro so pet

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W>W>

˙ Œ œ .œ jœ .œ jœto ser vir al pro prioIaf

ww ˙ ˙w ˙ ˙w ˙ ˙w ˙ ˙

w wfet to.

w ww#˙ ˙#w w

w w

w w

Ó .œ# jœ œ jœ# jœ# œ œQuin ci bias moIe pe ri glio

ww# ˙# ˙.w ˙.w> ˙.w> ˙

‰ jœ jœ jœ .œ jœ ˙ ˙già so vra star ti veg gio

˙n ˙ www w

w w ,

w w ,

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- 167 -

Orfeo: Atto Quinto

.

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Tpa.Fá 1

Tpa.Fá 2

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Tpt.2

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Cb.

Cont.

110

∑∑

∑∑∑∑∑

110

Œ ˙ œ ˙ .œ jœOn de mo vo dal

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w ww w

∑∑

∑∑∑∑∑

.œ Jœ .˙ œ ˙ciel per dar ti ai

˙ ˙ ˙ ˙˙˙ ˙ ˙ ˙˙ ˙ ˙ ˙˙ ˙ ˙ ˙

∑ Ó >

∑ Ó >∑ Ó >∑ Ó >∑ Ó >

∑ Ó >

∑ Ó>

˙ w ˙ta. Hor

˙ w ˙˙˙ w ˙

˙ w Ó˙ w Ó

œ œ w ˙˙ w ˙œ œ w ˙œ œ w ˙œ œ w ˙œ œ w ˙

œ œ w ˙œ œ w ˙tu m'as col ta

œœ œœ ww ˙œ œ w ˙

∑∑

∑∑

∑∑∑∑∑

˙ Œ œ œ œ .œ jœe n'ha0vra lo

ww ˙ ˙.w ˙

Ó w ˙Ó w ˙

∑∑

∑∑∑∑∑

.œ jœ ˙ wdeIe vi ta.

˙ ˙# wwn˙ ˙ w

˙ ˙ w˙ ˙ w

- - - - - - - - - -

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Cont.

116

ŒOrfeo

˙# jœ jœ ˙ ˙Pa dre cor te se

w#Órgão

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w

‰ Jœ Jœ Jœ .œ Jœ ˙# ˙#al mag gior uo poIar ri vi

w ww wnw w#w ww w

‰ jœ jœ jœ .œ jœ# ˙ ˙ch'a di spe ra to fi ne

w ww w#w ww w

w w

Œ Jœn Jœ œ Jœ Jœ ˙ ˙con es tre mo do lo re

w wnw ww ww ww w

‰ Jœ Jœ Jœ .Jœ Rœ ˙ ˙ Jœ Jœm'ha vean con dot to già sde gn'e A

WWWw ww w

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24

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24Vc.

Cont.

121

˙ ˙ œ# jœ jœ .œ jœmo re. Ec co mi dun queIat

˙ ˙ w˙# ˙ w#w w˙ ˙

, w˙ ˙

, w

.œ jœ .œ jœ œ Jœ Jœ .œ jœten toIa tue ra gio ni ce le ste

˙ ˙ w˙n ˙ ww ww ww w

˙ œ œ œ œ œ# œ# œpa dre, hor ciò che vuoi m'im

w ˙ œ# œw ww ˙ œ œw ˙ ˙

w ˙ ˙

.œ jœ# ˙Upo ni.

œ œ# œ# œ ˙w ˙U

˙ u˙ u

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- 168 -

Orfeo: Atto Quinto

.

ª ª

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24

24

24

24

24Vc.

Cb.

Hp./Teo.

125 .œApollo

Jœ .˙ .Jœ Rœ ˙Trop po, trop po gio i

˙b ˙ ˙b ˙˙F

Teorba

˙b ˙ ˙˙F

˙b ˙ ˙˙F

˙b ˙ ˙

˙ œ œ ˙ œ œsti di tua lie ta ven

˙b ˙ ˙ ˙˙b w ˙

˙b w ˙

˙b w ˙

˙ ˙ Œ ˙ .jœ rœtu ra, hor trop po

˙ ˙ Ó ˙˙ ˙ Ó ˙˙ ˙ Ó ˙˙ ˙ Ó ˙

˙ œ œ œ œ .œ jœpia gni tua sor teIa cer baIe

w Ó œ œw# Ó ˙w Ó ˙w Ó ˙w Ó ˙

˙ ˙ ‰ jœ .jœ rœ œn œdu ra An cor non sa i

˙# ˙# ˙n ˙n˙ w ˙˙ w ˙˙ w ˙

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Cb.

Hp./Teo.

130

Œ Jœ Jœ œ .jœ rœ .œ Jœ .œb jœcome nulla quaggiù di let taIe

˙n ˙n ˙ ˙b

˙ ˙ ˙ ˙˙ ˙ ˙ ˙˙ ˙ ˙ ˙

˙ ˙ wdu ra? Dun

˙# ˙ ww˙ ˙ , w

f˙ ˙ , w

f˙ ˙ , w

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˙ Œ œ œ œ ˙que se go der bra

ww ˙ ˙.w

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>.w

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œ ‰ jœ œ œ wmi im mor tal vi

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w œ jœ jœ œ œta, vien te ne me coIal

ww ˙ œœ œœ.w œ œ.w œ œ.w œ œ

˙ Œ œ .˙ œciel ch'a sè t'in

˙ ˙ ˙ ˙w ˙ ˙

w ˙ ˙

w ˙ ˙

w wUvi ta.

˙ ˙# ww wnw wuw wuw wu

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Hp./Teo.

Cont.

137

‰ Orfeo

Jœ Jœ Jœ .œ jœ ˙# ˙Si non ve drò più ma i

∑∑

wCravo

w.˙ œ w.˙ œ w#.˙ œ w.˙ œ w

Œ Jœ Jœ œn Jœ Jœ .œ Jœ .œ jœde l'a ma taIEu ri di ceIi dol ci

∑∑

w ww ww ww ww w

w wUra i.

∑ ∑U

∑ ∑U

˙ ˙# wuWw wU

w wuw wu∑ ∑U

ŒApollo

œ œ rœ rœ rœ rœ œ .œ jœ jœ jœNel so leIe nel le stel le va gheg ge

ww ˙ ˙w ˙ ˙

∑∑

w ˙ ˙w ˙ ˙

œ Rœrœ rœ rœ .œ Jœ ˙ ˙

rai le sue sem bian ze bel le.

˙ ˙ ˙# ˙#˙ ˙ ˙ ˙

∑∑

˙ ˙ ˙ ˙

˙ ˙ ˙ ˙

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bVc.

Cont.

142

œOrfeo

Jœ Jœ .œ jœ œ Jœ Jœ .œ jœBen di co tan to pa dre sa rei non

WWWW

W

.œ jœ œ œ ‰ jœ jœ jœ œ œde gno fi glio se non se guis si

˙ w ˙˙ w ˙˙ w ˙˙ w ˙

˙ w ˙

‰ Jœ Jœ Jœ .œ Jœ ˙ Uil tuo fe del con si glio.

˙ .˙ œ ˙u˙ w ˙U

˙ ˙ ˙ ˙˙ ˙ ˙

u

˙ ˙ ˙u

- - - - - - - - - - -

- 169 -

Orfeo: Atto Quinto

.

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Hp./Teo.

Cont.

145

ÓApollo e Orfeo ascendo al cielo cantando

Œ œ .œ œ .œ œ# .œ œ# .œ œSa liam,

w ww ww ww ww ww ww ww w

w w

˙ Œ œ .œ œ# .œ œ .œ œ .œ œnsa liam

Ó Œ œ .œ œ .œ œ# .œ œ# .œ œsa liam

˙ .w˙ .w˙ .w˙ .w˙ .w˙ .w˙ .w˙ .w

˙ .w

˙ Œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œcan tan

˙ Ó ∑

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Hp./Teo.

Cont.

148 œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ# œ œ œ œ œ œ œ œ# œ œ œ œ œ .œ œ

∑ Ó Œ œCan

˙ œ œ ˙ œ# œ˙ œ œ# ˙ ˙w ˙ œ œW˙ œ œ ˙ œ# œ˙ œ œ# ˙ ˙w ˙ œ œW

W

.œ jœ .œ# jœ œ œ# œ œd'al Cie

œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œtan d'al

.w# ˙.w ˙.w ˙

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˙ ˙ Œ œ .œ jœlo, do veIha vir

˙ ˙# Œ œ# .œ# jœ#Cie lo, do veIha vir

˙ w ˙˙ w# ˙˙ w ˙˙ w ˙

˙ w ˙˙ w# ˙˙ w ˙˙ w ˙

˙ w ˙

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Hp./Teo.

Cont.

151

œ œ ˙ œ ˙ œtù ve ra ce de gno

œ# œ ˙ œ ˙n œtù ve ra ce de gno

œ œ .wœ œ .w˙ .wœ œ .w

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œ œ .w

˙ .œn jœ ˙ Œ œpre mio di sè di

˙ .œ jœ ˙ Ópre mio di sè

˙ .œn jœ ˙ ˙˙ .œ Jœn ˙ ˙˙ ˙ ˙ ˙˙ ˙ ˙ ˙˙ .œn jœ ˙ ˙˙ .œ Jœn ˙ ˙˙ ˙ ˙ ˙˙ ˙ ˙ ˙˙ ˙ ˙ ˙

.œ œ .œ œ .œb œ .œ œ .œ œb .œ œ .œ œ .œ œlet

˙ œ œ œb œ ˙˙ w œ œb˙ w œ œ˙ œ œ œ œ œ œ˙ œ œ œb œ ˙˙ w œ œb˙ w œ œ˙ œ œ œ œ œ œ

˙ œ œ œ œ œ œ

.œ œ .œ œ .œ œ .œ œ œb œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ

˙ w ˙˙ wb ˙˙ w ˙˙ w ˙˙ w ˙˙ wb ˙˙ w ˙˙ w ˙˙ w ˙

œ# œ ˙ ˙ Œ œ#toIe pa ce, do

∑ Ó Œ œdo

œ œ ˙ ˙ ˙œ# ˙ œ# ˙ ˙#w ˙ ˙w ˙ ˙œ œ ˙ ˙ ˙œ# ˙ œ# ˙ ˙#w ˙ ˙w ˙ ˙

w ˙ ˙

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- - - - -

- 170 -

Orfeo: Atto Quinto

.

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24Vc.

Hp./Teo.

Cont.

156

.œ# jœ œ œ ˙ œ œnveIha vir tù ve ra ce de

.œ jœ œ œ ˙ œ œveIha vir tù ve ra ce de

.˙ œ w.˙# œ ww wn

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.˙ œ w.˙# œ ww wn

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.˙ œ w

œ œ ˙ .œ jœ ˙gno pre mio di sè

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w .œn jœ ˙w .œ Jœn ˙w ˙ ˙w ˙ ˙w .œn jœ ˙w .œ Jœn ˙w ˙ ˙w ˙ ˙w ˙ ˙

Œ œ .œ œ .œ œ .œ œ .œ œ .œ œ .œ œdi let

Œ œ .œ œ .œ œ .œb œ .œ œ .œ œ .œ œdi let

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œ œ ˙ wUtoIe pa ce.

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22

22

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Fl.1

Fl.2

Ob.1

Ob.2

Cl.Si b 1

Cl.Si b 2

Cl.Si b 3

Cl.Mib

Cl.B.Sib

Fg.

Sx.A.Mib

Sx.T.Sib

Vl.

Vc.

Cb.

Cont.

RITORNELLO

RITORNELLO

161

ÓPiccoloŒ œfœ .œ Jœ œ œ œ œ

ÓPiccoloŒ œfœ .œ jœ .œ jœ∑

Ó Œ œfœ .œ Jœ œ œ œ œ

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Ó Œ œfœ .œ jœ .œ Jœ

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- 171 -

Orfeo: Atto Quinto

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Orfeo: Atto Quinto

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se mi na fra do glie d'o gni

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Guitarra barroca

187

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- 177 -

Orfeo: Atto Quinto

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- 178 -

Orfeo: Atto Quinto

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Page 377: Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp140802.pdf · 1. Ópera. 2. Regencia (Musica). 3 ... Exemplo de grafia original..... 89 Ilustração 15: Prologo, fac-símile

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Orfeo: Atto Quinto

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Orfeo: Atto Quinto

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