livro_o_que_é_design

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    .. Arte e Utopia - Teixeira CoelhoCole

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    Copyright Wilton AzevedoProjeto gnifico e ilusttscoes:Wilton AzevedoCapa: "Wilton Azevedo sem titulo, acrflico sobre tela,

    1,46 x 0,89 m, ;olec;ao particular Laila Guimaraes.4~Capa: " diDetalhe da igreja Sagrada Farmha de Gau 1.Produciio grafica:Lourdes GabrielliRevisao:Jose W. S. MoraesISBN: 85-11-01211-7

    bras i l i ense

    e d it o ra b r a si li en s e s .a .r u a d a c o n so ta c s o , 2 6 9 70 1 4 1 6 - s a o p a u lo - s p .f o n e ( 0 1 1 ) 2 8 0 -1 2 2 2t e l e x : 1 1 3 3 2 7 1 D B lM B R

    fndicedesign e desenho

    7producoo como reproducdo1 3

    a origem da arte aplicada2 1des ign g rO fico3 1

    rupture com 0 passado43objetos para usar e pensar5 5alguns usos do design6 7des ign cultu ra l7 5indicocoes para leituro

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    Wilton Azevedo () que e DesignU n iv er s M e diu m C o nd en se d, c orp o 1 1, e n tre lin ha 1 2

    A ssim c om o 0 co tid ia no das ruas e das nove la s lance nn -vas pa lavra s com n ovo s ig nific ad o a ca da d ia , 0 m undo com suastransfnrm aeoes faz su rg ir novos s ign ificado s e , pa ra e les , su r-g em no vas pa lavra s q ue te ntam s ig nific ar 0 que 0 homem estaten t a n do com preender. A ss im acon tece com a pa lavra des i gn .o te rmo des i gn te rn aparec ido cons tan tem en te no nossod i e - a - d i e . re p resen tando parte de urn novo v o c a b u l a r i o . Mui tasv ez es p od e s ig nif ic ar a lg o n ov o q ue e ste ja a pa re ce nd o n o m e re s -do ou m esm o urn novo estilo que e l a n c a d o por u rn novo m ito ,ou a inda , ap arece q ua ndo q uere mos n os re fe rir a a lg o q ue es te jana m oda com o "voce ja v iu 0 des i gn dos novos ocu lo s P ie rre

    Card in?" .M uita g en te p rocu ra ho je a s esce la s de desenho pe rgun

    ta nd o c om o e que se fa z para se to rna r um desenh is ta do s m eiosde rep ruducan de m assa . E es ta duv ida perm anece quando nosdepa ram os nas esco la s de desenho d ia n te de urn m ode lo nu en ao d e um a c afe te ira . Q ue d iab os en ta n a s oc iedad e te rn traz idode no vo , ja q ue co ntin uam os cha man do 0 m ode lo nu de de sen hoe a ca fe te ira de ob je to?

    Ao Iid a rm os com os m eios de rep roducao , ja es tam os lid an -do com 0 que pode rem os cham ar de des i gn . 0 estilo da cop ia .

    Q ua l a d ife renca en tao en tre o lh a r u rn m ode lo v ivo e um a

    ca fe t ei ra ? E s s a e x p li ca t ;a o e b as ta nte v as ta , p rin cip al m e nte q ua nd onos dam os con ta das poss ib ilidades do que pode v ir a se r 0 at od e re pre se nta r a lg o.

    P od em os d iz er q ue a o e stu da r 0 m od elo v iv o e sta mo s tra ns .fo rm ando nosso a to de o lha r em um a m an ife s ta ceo g rM ica , nu -rna fo rm a de rep resen ta r a rea lid ade , e 0 m es mo o co rre q ua nd o.o lham os pa ra um a ca fe te ira . Is to a con tece , en tre tan to , se noslim ita rm os s im ple s m en te a cop ia r a ca fe te ira . N o m om en to emque a tran sfo rm am os em ob je to de cepia, e la nao e r n a i s dese -n ho , e la e des i gn .

    A p ala vra des i gn ve rn do ing le s e q uer d iz er p ro je ta r, c o m -

    p o r v isua lm en te ou co lo ca r em p r a t i c a u rn p la no in te nc io n al. Em uito fac il im ag ina r q ue V an G og h c om pos v is ua lm en te seu s q ua .d ros , e nao podem os desca rta r q ue , pa ra u rn dos m aio re s p in to -H IS d o im pre ss io nis mo , te nh a h av id o in te nc ao o u u rn p la no a p r io r ilin u rna p in tu ra em fo rm a de esboce ou rough . Entao po r queV l ln G ogh nao e ra u rn des i gne r? S e, a o p in ta r seu s q ira sso is , e leus tava te n tando co rnp rova r que a luz em it id a pe lo quadro se fa zn tra ve s de pon tos con tin uos e suas co res co rnp lem en ta res, esInva pe nsa ndo co mo urn p in to r.

    M as se e le v ivesse para ve r a rep roducae de rnassa , e aoJ lill ia r o s g ira ss ois q uis es se q ue 0 q ua dro estive ss e n as b anca s

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    10 Wilton

    de jo rna is , e le se ria um des igner .o hom em se insp irou na na tu reza obse rvando as form asQ ue e la nos p ropo rc iona . 0 desenho de um a flo r desab rochandoe 0 des ign d o po ster d essa flo r leva ra m 0 h om em a p en sa r so breas form as que 0 rode iam.

    A lgum as fo rm as nao sao resu ltado de p ianos tracados pe lohom em , m as produ to da pm pria na tu reza . as co lm eias , 0 ovo ,a geom e tria do cac tus , a ccerenc ia das te ias de a ranha " e ou -tra s e le tra co u in te nc io na lm en te , c om o 0 u rb an is mo d as c id ad es(e 0 tra te go d e tra ns ite ), o s o bje to sd o u sa c otid ia no , o u a s ro up as .

    A ss im com o a na tu reza tem seu p rop rio cam inho a traves

    d os o rg an is m os n atu ra ls , 0 hom em faz dos m eios u rbanos a suan atu re za , a n ature za u rb an a. P erco rre o s ca min ho s n atu ra ls , m asm uita s v ez es p re fe re p l a n e j a - l o s ,

    M esm o os an im ais e inse t os , ao desenvo lver seus ob je tos. com o as abe lhas Q uando fazem suas co lm eias ou a a ranha aofaze r sua te ia ., lim itados ao seu m undo onde p reva lece a in tu i-~ ao , f az em com Q ue esse s o bje to s ten ha m u ma fin alida de d e u sno fa to de a co lm eia te r um desenho hexagona l e p ara Q ue 0 m elnao esco rra , perm itindo a cada um a das abe lhas a rm azena lo :e o fa to de a te ia de a ranha a travessa r de um a a rvo re pa ra outra p ossibilita c ap tu re r o s inse to s v oa do re s.

    ( ) que e Design

    M as sera que a na tureza u rbana tam bem tem seu uso? V oce va i ao c inem a, com pra um t icket , se nta -se n um a ca de ira , as -s is te a um film e, sa i com a nam orada, passa em um a lanchone -te , e vo lta pa ra casa ,

    S e a na lisa rm os u ma s im ple s sa ld a p ara 0 c in em a , v ere m osque em tudo h ii des ign . Desde 0 p i co te do b ilhe te , a d ire~ ao dea rte Q ue voce v iu no film e , os t e st - f o o d s das lanchone tes Q uep ad ro niz am o s a lim entos . 0 des ign do sandu iche . e a vo lta pa raca sa , o nd e n o m in im o vo ce e sta ra co me nta nd o com seu p arce iroo Q ue voce in tenc iona fazer amanha ,

    Q uerem os co loca r a n atu re za b ucn lica d entro d e ca sa , m as

    sem pra esquecem os de regar as p lan tas ou com p le tar a aguar io aq ua rin E sta mos a pto s, e ntre ta nto , a fe ch ar 0 gas , tinn astum adas dos p lugues ou ve r se 0 a la rm e ss ta liq adu E sta ro tin ad o c ot id ia n o e Q ue nos tom a se res cu ltu ra is , se res que filtramu ma re alid ad e in sta lad a p el a re pe ti~ ao .

    A es te tica do fina l do secu lo passou a ser um a fe rram en taIIlIe ten ta Iap ida r tudo Q ue ja fo i d iscu tido e rea lizado pe lo ho-I Il 1! m . 0 des ign su rge no m undo Q uando 0 hom em com sca a fa -/e r s ua s p rim eira s fe rra me nta s, e 0 des igner co ntinu a a Iid ar co mI nr ra rn e nta s . A d ite re n ca e Q ue su a fe rra me nta ho je e 0 propr iol i t o d e g enu in fn rm aca n

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    Convive -se b e m , S e h ii um a co isa q ue 0 f in al do s e c u l o no st rouxe e a c on viv en cia in tra -o bje to s; v id e B la d e R u nn e t.

    O s m useus es ta o den tro e fo ra dos m usaus. A expecta tivado n ov o e dada de seg undo a segundo , 0 novo e rad un da nta S eo hom em do s e c u lo X X I fica r fam oso em 1 5 s eg un do s (c om od iz A ndy W arh ol), e n t a o 0 que e le fa ra nas p r n x i m a s horas?

    T en tan do es cla rec er es se s c on ce itos q ue sa o am on to ad osd e p ala vra s g era da s p elo s mass -med ia , a pessoa q ue qu ise r e s -ta r em con ta to com 0 des ign sabera c om o o lh ar a qu ele d es en hov iv o e qu al 0 uso que aque le desenho t e r a da li em d ian te , o u

    m esm o a a p l i c a c a o d e u rn d es en ho in du stria l p ara re pro du zir u macafste i ra em s aria

    N a r ea lid a de , 0 que se deve fa ze r pa ra en tende r 0 que edes ign e es ta r a ten to ao pro ce sso de rep rodu~ao em seria A s-s im com o nos som os envo lv ido s por ob je to s que nos a fe tam ea tra ves de sse p ro ce ss o p as sa mos a c ria r 0 n o ss o p ro p rio s ig n if i-c a do , a s sim e d e o bje to p ara o bje to . T en te im ag in ar v oce sa in dode casa pa ra a s fe rias e de ixando tran cada a casa du ran te u rnmeso E q uase im poss ive l im ag in a r que en tre esses ob je tos naose tra ve u rn d ialoqn

    ,.."

    c o m o PRODUC~OREPRODUCAO

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    14 WiltonEnglish Times bold, corpo 11, entrelinha 12

    A eonfeccao de urn objeto, principalmente an-tes da pas sagem do seculo, era funeao do artesao.Com suas maos habeis, e com a influencia do de-sign que passava de pai para mho, cabia a ele con-feccionar urn objeto unico. Com isso, 0 mundo erapovoado por objetos unicos como uma cadeira, umamesa, uma tina d'agua, ou seja, objetos que eramfeitos urn a um, tendo seu design refletido pelo esti-10 que cada artesao desempenhava conforme os ob-jetos que faiia - muitas vezes objetos personaliza-dos feitos para familias importantes.Com 0 surgimento da industria houve uma preo-cupaceo em aproximar as atlvidades do artesao e damaquina, e isto pode ser flicH de entender levandoem conta que a atividade do artesao nao poderia serdispensada de urn dia para 0 outro - todas as trans-formacoes socials sao lentas, princlpalmente ' nan-

    () que e Design

    do falamos numa epoca de profundas mudancas co-mo foi a Revolueao Industrial.Muitos comeeam a pensar na possibilidade dessaintegraeao, mesmo que para isso prevalecesse aindao estilo do artesao sobre a maquina, 0 homem des-sa epoca tinha multo medo de uma no s s i v e l escravi-za~ao sua pela maquina. E como ;e utilizassemosda maquina 0 seu tempo reduzido de produeao, dei-xando prevalecer 0 estilo do artesao,Duas das pessoas que mais contribuiram paraesse pensamento foram John Ruskin e WilliamMorris.Diante do mundo que comeca a se mecanizar,(Ihomem vai eontribuir definltlvamente para umagrande revolueao estetica e social que e a das for-mas dos objetos que usamos no dia-a-dia - elas pas-sam a ser diferentes de urn dado instante para ou-

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    16 Wilton Azevedo () que e Design

    tro. A ideia dessa revolueao mecanica era poder atin-gir 0grande crescimento das populacoes. Para 0 fu-turo ja se pensava em produzir artigos baratos emmenor periodo de tempo em relaeao ao produto ar-tesanal, nao restringindo mais a arte do design aselites, mas levando em conta a possibilidade de re-produzir urn objeto em serie, para que a grande po-pulaeao pudesse adquiri-lo. Partindo entao da ideiade 0 design estar Iigado a urn projeto Intencional,e facit de compreender que a propria industria iriacriar uma necessidade com relaeao ao conceito defuncionalidade. Ao objeto nao caberia apenas ser bo-nito, mas ele,t inha que adequar-se a uma funeao,designada pelo artesao, futuro designer.Nao havia apenas interesse em que a arte fossedo povo, mas que fosse tam bern para 0 povo. ~ranecessario que as fases da construcao de urn objeto

    fossem democratizadas e popularizadas para queutingissem uma finalidade social de uso, 0 desenhol'inalmente passou a ser entendido como design, ouscja, compreendido como desenho industrial. A ne-cessidade de se pesquisar a simplicidade das formasIJUraque sua popularidade pudesse ser atingida naoestava somente restrita a aquislcao do objeto pelapopulaeao, mas interessava tambem na medida emcluefacilitasse sua execucao pela maqulna.Deveriamos entao perguntar: por que a ideia deshnplicidade esta diretamente Iigada a producao emsi'rie? Bern, sem as maos do homem seria impossi-vel que a maquina fizesse tantas formas ornamen-luis. Surge entao a Ideia de adequar 0 design - ouprojeto - a urna concepeao de industria mecanica,IJUraque dai por diante pudessemos obter objetosem serie: jarros, cadeiras, vasos, ou seja, objetos

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    Wilton Azeve /1 que e Design8

    iiteis. E importante lembrar que nessa epoca surgea industria automobilistica, e seria impossivel fabri-car os automovels urn a urn. 0 automovel, na reali-dade, surge na sociedade mecanizada com a propostade ser urn objeto seriado. E dai que se criam as li-nhas de montagem, onde cada grupo de operariostern uma Iuneao, Urn coloca 0 para-lama, outro 0pneu, os vidros, calotas, e 0 carro vai ficando pron-to. E como pedir urn sanduiche no balcao do Mac-Donald's: eles sao produzidos atraves da concepcaode linha de montagem.E por isso que a atividade do designer hojemanifesta-se atraves do trabalho em grupo. Sao ar-quitetos, desenhistas industrials, muitas vezes publi-citarlos, na confeccao de embalagens ou catalogos,tudo isso para produzir urn objeto para a massa, e

    de baixo custo.E na linha de frente artesao-maqufna que surgeIIcscola Bauhaus, fundada em 1919, na Alemanha,"or W~lter Gropius. Seria impossivel entender hojeo que e design sem entender 0 que foi a Bauhaus.Para compreender melhor a atividade de urn de-signer e necessario observar, ao passar do tempo, al-Io(unsmovimentos que surgiram para incentivar a pro-cura do homem por novas formas e com isso desco-hrir novos materiais. A Revolucao Industrial trouxemudaneas profundas em nossa vida, e era necessa-rio, com 0 surgimento de uma sociedade industria-lizada, que essas manlfestacoes passassem a ser maisuma possibilidade para 0 homem entender a eramecanlzada.

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    Vamos analisar como se deu a lapidacao daideia de design junto a determinados movimen-tos que vieram enriquecer a historia do design. Co-mecemos pela Art Nouveau.o mais dificil nessa epoca seria convencer 0artesao a abandonar a ideia de trabalhar indivi-dualmente, e a Art Nouveau viria fazercom queo trabalho individual do artista fosse ressaltado porseu estilo. Por isso, sua filosofia ainda era bastan-te artesanal.A Art Nouveau surge em 1883, da necessida-de de exaltar a natureza e principalmente falar davida bucolic a que comecava a desaparecer com arapida industrializacao da Europa. Seus desenhosimitavam folhas, troncos, caules, insetos, filamen-tos de flores e asvezes ressaltavam 0 proprio dese-nho, com vinhetas - desenho ornamental- que ti-nham a intencao de circundar 0desenho principal.E com 0 artista Arthur H. Mackmurdo quesurge urn dos primeiros desenhos Art Nouveau -a pagina de rosto do livro sobre igrejas urbanasde Wren, de 1883, ou Londres -, e vamos estabe-lecer uma relacao entre 0 desenho de Mackmur-do e a ideia de design. Seu desenho usava excessi-vamente as formas onduladas, sempre no contrasteGaramond 49, corpo 12, entrelinha 13

    () que e Designpreto e branco, como se quisesse retratar ondas domar. Se nessa epoca 0 artista tivesse intencao decriar objetos com esse estilo, deveria entao adap-tar 0 objeto na producao industrial. Para isso,Mackmurdo deveria recorrer a urn designer.Porern, nao foi so na ilustracao que a Art Nou-veau teve sucesso, mas tam bern na confeccao deobjetos de vidro, 0 ferro ornamentado na arqui-tetura, madeira trabalhada como troncos de arvo-re para os rnoveis, e os metais para 0 desenho dejoias .

    Os vidros nessa epoca eram feitos de formasonduladas, dando a ideia de que estavam derre-Icndo nas maos, Surgem os vidros decorados e umaIccnologia para poder colori-los com jatos de areia.() que era curioso e que os artistas dessa epoca fo-ram obrigados a estudar botanica para poder or-namentar seus objetos.

    Os moveis surgem com esse mesmo desenhoC indulado, e os pes de cadeiras, como troncos de;I rvores, as vezes faziam lem brar galhosla mificados.

    Utilizando-se do ferro, 0 arquiteto belga Vic-lor Horta (a maioria dos seus trabalhos se encon-Ira em Bruxelas) explora tam bern os temas florais

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    Wilton Azelledl I) 1/1Il' e Design4nos corrimaos de escadas, e atraves do uso do fer-ro e que se vao obter novas possibilidades paraqualquer tipo de ornamentacao da Art Nouveau.Com esse estilo ondulado e a maneira acen-tuada de trabalhar os temas buc61icos, a arte deproduzir objetos acabou tendo como caracteristi-ca nesse movimento uma forma que ficava entreo artesao e 0 designer, pois quanta mais rebusca-do era 0 desenho de urn objeto, mais dificil erasua industrializacao, mais dificil, portanto, que anocao de desenho industrial naquela epoca ficas-se clara.

    Nao s6 nos objetos utilitarios e que estavamas maneiras de explorar 0 trabalho individual deurn artista, mas isto tam bern chega a arquitetura,pelas maos do arquiteto espanhol Antoni Gaudi(1852-1926) , quando se utiliza de materiaisde re-fugo de construcao para executar seus projetos.Gaudi nao se limitava a usar materiais tradicio-nais, mas procurou inovar fazendo colagens na de-coracao de suas construcoes, pedacos de ladrilhoe ate pe~as de louca e cacos de vidro, transforman-do sua arquitetura numa mistura de materiais que,a primeira vista, parecia ser improvisada, impos-sibilitando a confeccao de uma replica da

    construcao.E com 0 design que podemos tornar ate mes-rno a obra de Gaudi uma possibilidade dentro dareproducao em serie. E como se tivessernos umaterre Eiffel, igual a de Paris, em cada capital dornundo.A hist6ria do design esta cheia de caminhos,mas podemos adotar alguns caminhos mais faceispara que possamos compreender como 0homemdeixou de ser urn desenhista para ser urn projetis-ta, urn designer.A URSS tam bern contribuiu para que 0 de-

    signer hoje fosse uma realidade. A Vanguarda So-vietica, movimento que teve inicio no comeco des-te seculo, foi urn dos mais importantes dentro doque chamariamos Arte de Vanguarda, ou ate mes-mo design de vanguarda. .Todas as ideias dessa vanguarda estavam liga-das diretamente a uma reformulacao da esteticado design, ou seja, estavam empenhadas em ten-tar entender a forma de urn ponto de vista tal que

    permitisse levar os objetos ao povo.Esse movimento nao teve atuacao somente naarea dos objetos utilitarios, mas tam bern na ar-quitetura, escultura, e principalmente na poesia,

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    . . . .Wilton Azevedo 0 que e Design26

    o que veio contribuir mais tarde para urn novo es-tilo na diagramacao do texto. A grande preocu-pacao desses artistas era criar uma luz propria en-tre seu povo, podendo atraves da arte reforcar umaprofunda mudanca social, ja que nessa epoca co-mecou no pais a ideologia comunista.A Vanguarda Sovietica existiu sob varias no-menclaturas, todas elas tentando entender 0 de-sign de uma maneira diferente, mas a ideia cen-tral era uma so: tornar a arte popular, uma artede estilos da qual 0povo era 0maior beneficiado1Ao mesmo tempo que a Uniao Sovietica pas-sava por mudancas radicais, a Europa estava sen-do influenciada pelo Manifesto Futurista, urn ma-nifesto que pregava que a maquina nao poderiaser discriminada, que 0 homem teria que com-preender osmovimentos sociais que a maquina tra-ria e trabalhar a ideia da coletividade urbana. Naohaveria por que 0 homem ter medo do futuro.A Vanguarda Sovietica sofre uma influenciadireta deste chamado futurismo, pois poderia es-tar ai a resposta para a ligacao homern-maquinae para 0 designer como urn intermediario.Tudo e popular. A Vanguarda Sovietica e in-centivada a criar movimentos que levariam a arte

    ao povo atraves de uma nova concepcao de design.Os poetas, artistas plasticos e arquitetos se unementao para produzir cartazes e pinturas que divul-guem a ideia comunista. A palavra de ordem eraconstruir.Nao podemos pensar uma revolucao como essaapenas atraves da boa vontade, mas principalmentelevando em conta que havia interesse do governopara que se criassern instituicoes que viabilizas-sem as ideias dos artistas, criando-se atelies livresque discutiam arte e tecnica, uma grande ajudano surgimento do design construtivista, ou de urndesign que perrnitisse construir, fazer algo em no-me de urn rnovimento.

    Toda a ideia de reforrnulacao estetica atravesda Vanguarda Sovietica desaparece logo no cornecoda decada de 30, quando Stalin assume 0 podere se torna a pregar a arte tradicional figurativa co-nhecida como realismo socialista.Mas e na Bauhaus que a ideia de design co-rneca a ficar clara. Nas bases de sua ideologia, aBauhaus pregava a integracao da producao artis-tica com a industrial. Sua meta principal era de-senvolver de uma vez por todas 0que poderiamoschamar de design moderno. Urn estilo de design

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    que haveria de estar em constante contatocom asrelacoes do hom em e seu espaco.A Bauhaus foi uma das primeiras escolas a mi-nistrar aulas com a intencao de transformar 0 ar-tesao em produtor industrial. Mesmo existindo asdiferencas entre 0 artesao e 0 trabalho mecaniza-do, essa escola alerna se preocupou com que seusalunos experimentassem qualquer tipo de mate-rial para que mais tarde, qualquer que fosse a op-~ao do aluno entre arquitetura, escultura, tapeca-ria, pintura, artes graficas, sua experiencia pudes-se leva-Io a concepcao de design (para tudo issoele ja era urn designer). Cada urn de seus profes-sores desenvolvia uma atividade dentro da Bau-haus. Havia cursos de Estudos da Geometria e aintegracao ao design, estudos de maternatica, en-tre outros, deixando claro ao designer que surgianesta escola a ideia de que a arte era uma cienciaexata.A producao em serie era sua especialidade. Ca-deiras de tubo de aco niquelado eram projetadasde maneira que a rnaquina pudesse executa-las emserie. Urn dos nomes que mais se destacaram noprojeto de cadeiras foi Marcel Breuer.A Bauhaus pesquisa a fundo arquitetura e es-

    I)que e Designcultura, alern de cenarios para teatro e danca, e,atraves dos estudos que desenvolveu nessa area, po-de aplicar esses conceitos na tipografia e alfabetos.

    A arquitetura corneca a projetar predios altoscom a utilizacao de vidro, e urn dos parses que maisse iriam beneficiar com essa nova tecnologia se-riam os Estados Unidos (especialmente a cidadede Chicago), refugio de muitos professores quan-do do fechamento da Bauhaus pelos nazistas nocorneco da decada de 30.A Bauhaus criou uma consciencia dentro daera industrial que foi de sum a importancia paraa criacao de urn design moderno. Para entenderisto, basta olhar durante alguns minutos os obje-tos que foram produzidos pela escola. Urn designdesprovido de ornamentos, sem correlacao com es-tilos antes executados.Edela que surge a ideia de m6dulo, ou seja,estruturas modulares padrao que permitiam rea-lizar 0 mesmo objeto em qualquer parte domundo.

    Desenvolvendo urn design que poderia serproduzido em serie, internacionalmente, a pr6priaBauhaus ja teria com isso criado a necessidade deimpedir a escravizacao do homem pela maquina.

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    A Sagrada Familia, de Gaudi, em Barcelona,1 9 03 a 1 9 26 .

    o

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    Univers Medium, itelico. eorpo 1 1 , entrefinha 12

    Comecstnos a notar que pensar 0design naosa restringe aos objetos utiliterios ou a arquite-tura, mas abrange a palavra escrita, como vocepode perceber a cada abertura de capftulo desteJivro.Para ser comunicada, a palavra deve neces-sariamente partir de um alfabeto, e estiio conti-dos nesse alfabeto os desenhos de letras, seu es-tilo, a forma da letra. Os primeiros alfabetos queapareceram no Ocidente surgiram em civilizecoesdo Mediterraneo. Para cada letra havia um dese-nho, uma imagem correspondente. Eram simplesfiguras destinadas a representar a escrita. No Egi-to antigo, por exemplo, a letra 'j!\" era represen-tada por uma ave. 0tipo movel, que era uma ma-neira de escrever com pequenos pedacos dechumbo, inventado por Gutenberg, em 1454, naAlemanha, facilitou a entrada da escrita para 0mundo da reproduciio em serie. Comecava-se apensar pela orimeire vez na posslbilidede de dia-

    wamar uma pagina. Desde os primeiros tipos gr8-ficos de chumbo, a letra ja ganhava um cereterde proje to.

    Para isso surge 0design grMico, que e a par-10 de um projeto que se refere ao material a serimpresso.

    Vamos ver entiio como acontecem alguns de-senhos de letra.

    A princtpio, 0 homem comecou copiando Ji-vros, trabalho feito por copistas - a unice formade reproduzir um livro. Com a letra esc rita a mao,vamos ter algumas lntluencies quanto ao dese-nho de tipo - vamos ter tipos com trecos gros-50S, finos, tinellzeceo das hastes das letras atra-vessando extremidades que fazem a Ji9a9ao deuma letra a outra, conhecida como serifa, trecoscurvos nas extremidades das hastes, tipos comhastes uniformes, sem serifa, ou seja, conformeos tempos iam exigindo melhores sistemas de re-productio, 0 tipo ia exigindo um novo design pa-

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    ra a sua tormeciio.Com 0surgimento da impressiio off set, ob-

    servamos uma retorrrulleciio no sistema de repro-ductio da escrita que facilitou a reproduciio emmassa. Enquanto antigamente uma matriz dechumbo era usada para reproductio, no off set 0sistema e fotografico, projetando cada pees im-pressa como se estivesse fazendo uma cadeiraau construindo um predio. utilizando-se assim datecnologia disponfvel.

    Novamente, um dos grandes empreendedo-resdessareformulac;:iiodaescrita foi a escolaBau-haus, que trabalharia 0design dos tipos com umainovectio no sentido da legibilidade.Sopara se ter uma ideie, levantou-se pela pri-meira vez a seguinte questiio: por que no mes-mo alfabeto existem 0 'J!\u meiusculo e 0 "e" mi-nusculo (ou seja, caixa alta e caixa baixa)?

    A Bauhaus cria entiio 0 tipo Universal, queera constitufdo apenas por letras minuscules, in-

    () que e Designelusivepara infcio de Frasee nomes proprios. Comisto surge 0 design de tipos Bauhaus.

    Dois sistemas vieram facilitar 0 trabalho dodesigner grafico quanto a crisciio e productio deumprojeto impresso - uma revista, cartaz, pecespubllciteries, jornal ou qualquer material de repro-duciio -: a totocomposiciio e a fotoletra.

    Estamos falando ate agora que 0 design es-t a /igado diretamente a um projeto ou a um de-senho industrial. Hoje,entretanto, uma pagina im-pressa e tratada como um projeto dedesenho in-dustrial, e a totocomposlciio veio permitir ousa-diaspara 0designer gratico, quepode agora apro-ximar as letras, diminufdo 0 especo entre letras,sobrep6-las, tudo dependendo do projeto que sequer como produto final (vejaa dieqremsciio des-te livro para entender 0 que e projeto qretico).

    A fotoletra tornou possfvel ampliar a letra emsua altura (corpo), 0 que veio facilitar 0 trabalhododesigner. Todoaqueledesenho queantigamen-

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    te era feito a mao livre e mais tarde moldado nochumbo, agora e feito com sofisticados compu-tadores, podendo variar as hastes dos tipos emgrossura, em largura, expandindo e condensan-do a letra ou inclinando-a, obtendo-se 0 italic.o ponto de partida para um designer graficocomecer a diagramar uma pece e saber 0 tipo deletra que ele necessita, e se sua leitura dentro da-queles moldes vai ser possivel ou ntio. varian doo tamanho con forme a finalidade que 0 tipo terena pece impressa (como e 0 caso deste Iivro).Uma das vantagens deste novo sistema to-tografico para verieciio de tipos consiste em po-der criar novos designs para novos alfabetos, le-vando em considetecso os recurs os que amsqui-na pode oferecer. Um exemplo disso e 0 trabalhodo designer americana Herb Lubalin, que criou umtipo bastante conhecido - 0 Avant-Garde. E umtipo extrema mente fino em suas hastes, que s6seria possivel reproduzir etreves de processos

    fotograficos.A revista que antes era aberta para que se les-sem seus textos, agora cria uma nociio de designgrafico, fazendo com que 0 publico niio apenasleia os textos mas leia as imagens e ate mesmocertos especos que sao deixados em branco pe-10 designer grafico. Tudo em um meio impressoe iniormeceo.

    Logotipo: 0 design da escrita

    Com a industrielizeciio surgem na sociedadeasprimeiras industries privadas. Essas industriespertenciam a pessoas poderosas que faziam partede uma elite social e econ6mica dentro de um

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    quadro politico que comeceve a se industrializar.A trediciio da famflia era muito maior que a tra-diciio da industria, ja que esta estava nascendo.S~ndo assim, usava-se a nome da famflia na em-presa para que ela pudesse ser reconhecida. Eranecessaria tembem ter uma marca, emuitos usa-vam a bresiio da pr6pria famflia, a que justifica-va a imoortencie dessa famflia dentro da socie-dade. Nessa epoce, contudo, nao havia a cons-ciencie de design, au seja, traduzir a ideie da in-dustria de maneira a criar uma identidade para efa,uma identidade visual. As primeiras marcas eramuma edepteciio do bresiio da famflia para signifi-car a industria. Sem a consciencie de desenho in-dustrial, esse marca tinha tetidencie a contar ahist6ria da iebrice etreves de verios desenhoscontidos em um s6 emblema. Pode-se dizer quefoi assim que surgiram as primeiras marcas de em-presas - que chamamos hoje de logotipo.

    Havia logotipos que tinham que expressar a

    o que e Designque aquela iebrice produzia. No comeco, eram de-senhadas imagens de chemines de tijolos soltan-do tumece, uma grande engrenagem sobrepostaque significava a era mecanizada e um capacetecom asas de Minerva, a deusa da engenharia. Epara que tuio faltasse nada, todos esses desenhoseram cercados par folhas de laura.Se entendermos que a industria trouxe a pro-duceo dos objetos em eerie. temos que entenderque havia necessidade da simptiticeciio dessasformas para que pudessem ser reproduzidas emqualquer meio gratico, au seja, a logotipo have-ria de se transformar em um sfmbolo.

    o logotipo precisava institucionalizar a con-ceito da industria etreves de repeticiies em etusn-cios, e, mesmo mais tarde, nos projetos de mar-keting, esse sfmbolo passaria a ser a ideie visualda empresa. Para isso, a designer gratico teve quecomecer a trabalhar junto ao departamento demarketing da empresa, encarregado de pesquisar

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    qual publico deve ser atingido par aquele logotipo.Mas nem sempre um sfmbolo tem a finalida-

    de que queremos. Se pegarmos como exemploa logotipo do nazismo (suestice) e olharmos pa-ra ele hoje, reconheceremos nesse sfmbolo todaa desgrac;a a que a mundo se submeteu diantede um poder militar, mas a sfmbolo do nazismopara as eiemties na epoce da guerra significavaalga diverso. Era a esperanc;a de surgir uma novaAlemanha com ideies tevoluciotuuies.

    Se a intenciio primeira do designer grafico queprojetou a sfmbolo do nazismo fosse reelcer a receariana, a projeto ntio conseguiu atingir essafin alida de.Um logotipo ja nasce como um sfmbolo, e eessa consciencie que a designer deve ter. Ele temque dizer a s pessoas a que elas ja sabem etrevesde um ato grafico, podendo ser esse ato tanto umdesenho qeometrico quanta um desenho gestual:a logotipo da Rede Globo e um cfrculo dentro de

    o que e Designum cfrculo, e a das Diretes-Je, duas pinceladaslado a lado. E muitas vezes a pr6pria palavra de-senhada, um logotipo que parte de uma palavraque e a primeiro nome da empresa. 0designergr8fico da a palavra um cereter visual, e com is-so nao s6 a palavra passa a designar a sfmboloda empresa, mas a forma como ela e disposta nopapel (au pepeis da empresa, como cart6es devisita, envelopes, peoeis de carta, etc.).

    Para que a designer gr8fico possa estruturarseu trabalho de um modo coerente, a sistema to-togr8fico para reptoduciio conhecido como toto-lito veio torner-se ponto de apoio. Atreves dele,seu trabalho fa; facilitado, fazendo com que a de-signer gr8fico trabalhasse com colagens.

    Essa montagem e conhecida como paste-up.o produto final impressa pode entiio ser melhorexecutado desde a tipologia (0 desenho de tip as)ate a dieqremeciio (a maneira de utilizar a espa-copara dispor textos e imagens). Um exemplo dis-so e esta pagina que voce este lendo.

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    42 Wilton Azevedo

    Estudos preliminares de Herbert Bayer para 0Alfabeto Universal, 1925.

    R U P

    oP A S S Ao

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    44 ,Wilton Azevedo' () que e DesignG a ra m on d 4 9, c or po 12 , e n tr e li nh a 13 , c o n d e n sa d o

    C om e c a m o s a q u i u m a e t a p a q u e c a m i n h a n o s e n t i d o d e d e s -c o b r i r 0 n ov o . 0 s e c u l o X X t e r n c o m o c ar a c te r i s t i c a a s u b v e r s a on o m e i o a r t i s t i c o , e c o m i s t o s u rg e a p e s q u is a c o m n o v os m a t e -r ia is . S u r g e 0 c o n ce it o d e q u e 0 h om e m m o de r n o p re c is a r i a e s t a rc e r c a d o d e o b j e to s f u n c io n a is , a i d e i a d e f o rm a e f u n~ a o j a e ra u m an e c e s s i d a d e .

    S u r g e u m a n ov a e s t e t i c a p a r a s e m o ra r e e s t a r c om o s o b j e t ~ su ti l i t i r i o s d o d ia -a -d ia . A i d e i a d e c as a e p en sa d a n ao s 6 n o s e n ti -d o e s t e t i c o , m a s t a m b e m n a s u a f u n c io n a li d ad e . 0 a m e r i c an o F ra nkL l o y d W r ig h t ( 1 8 6 9 -1 9 5 9 ) e u rn d o s p ri n c i p a i s a rq u i t e to s a p e n sa ro m o d o d e v i d a d o h o m em m od e r n o .o m o d e rn o e st a l i g a d o a i d e i a d e n o v o n o s e n t i d o d e p e s -q u i s a co m n ov o s m a te ri a is , a n ov a c on sc ie nc ia d a c iv il i z a~ a o c on -t e m p or a n e a q u e v iv e c e r c a d a p e l a m a q u in a e m g r a n d e s c e n t r o su r b a n o s . E n e s s a m e s m a e p oc a q u e s u rg e m a s m a i s d i v e r s a s c o r -r en te s a r t i s ti c a s, e n t r e e la s a q u e m a i s i r ia i n f l u e n c ia r 0 p e n s a m e n t oq u a n t o a c o n s tr u ca o d o s o b je to s : 0 n eo p l a st i c is m o . C o m e st e m o -v im e n t o t e n t a - s e u m a r u p t u r a c o m a p i n t u r a d e o b s e r v a c a o , o us e j a , 0 o b je t o d a p in t u ra p as s a a s e r a p r6 p ri a p i n t u r a , I I

    ~--------------~----------------~

    I

    E c om l i n ha s r e t a s e c o re s p rim a r i a s q u e 0 g ru p o D e S ti j l ,d e 1 91 7 , e n ca b e c a d o p or v a n D o e s b u r g e P ie t M o n d ri a n , i r i a t r a -~ a r u r n p la no d e g ra fi s m o r a d i c a l , u s a d o s im u l t a n e a m en te p e l a e s-c o la B a u h a u s .

    E s s a s c o m p o si c o e s c om l i n h a s r et a s e c o r e s p r im a r i a s a ca b a ms e e st e n d en d o i n c l u s i v e a o s m 6 v e i s , e o n eo p la st i c is m o e r e p r e s e n -t a d o e s c u l t o ri c am e n t e p e l a c ad e i r a R e d a n d B l u e , d e R i e t v e l d .

    M a s a n ec es s i d ad e d e r u p t u ra c om 0 p a s sa d o a ce le ra o s p ro -c es s o s d e e la bo ra c a o a rt i s t i c a . 0 h om e m m o d e rn o e d if e re n t e d oh om e m d os s e c u lo s a n t e r i o r e s , p o r q u e v iv e a e r a d a i n du s t r i a , d oc o n h e c im e n to c ie n t i f i c o e d o p e n s a m e n to v o lt a d o p a r a a t e c n o l o g i a .

    A b u s c a d a f u nc i o n a l i d a d e e n c o n t r a f o r m a s e f u n~ 6e s q u es e a d a p ta m p le na m e n t e a u m a e st e ti c a q u e t e n ta q u e s t i o n a r 0 m u n -d o a p a r t i r d o z e r o .

    A s e x p e ri e nc ia s f e it a s c om n ov o s m a te ri a is , c om o 0 a ~ o tu-b u l a r e 0 C OU fO , a j u d a r a m a d i f u n d ir a i d e i a d a d e c om p o s i c so d i-n im i c a , t e n do c om o u rn d os m a io re s i n ce n ti v a d o r e s d es t a i d ei ao a r q u i t e t o e d e s i g n e r e s c oc es C h a r l e s R e n n i e M a c k in to sh( 18 6 8 - 19 2 8 ) , n a e s c o la d e G l a s go w , q u e , i n f l u e nc ia d o p e la A r t N o u -

    ,

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    46 1Wilton Azeved4 0 que e Designv e a u , m a s c o m i d e i a s l i g a d as a u r n d e s i g n d e l i n ha s r e ta s , c r i a ac a d e i r a M a c k in to s h .

    P ar a e ! e a l u z e p a n e im p o r t a n t e d o s o b j e t o s , j a q u e f o r ~ as u a p a s sa g e m a tr av e s d a s c ad e i r as r e a l c an d o a u ti l i z a c ao d o e sp a c oe m s ua c ri a ~ a o e st r u t u ra l.N a o s e p od e d es c a r t a r q u e 0 f u tu r i s m o f o i u rn d o s m o v im e n -t o s q u e m a is c on tr i b u i r a m p a r a c o lo ca r 0 s e c u lo X X n o lu g ar c e r -t o . C o m s e u m a n i f e st o , e m 2 0 .2 .1 9 0 9 , 0 m u nd o e c o lo c a d o c o m ou rn c r i a d o r d e n ov a s b e ! e z as , a b e! e z a d e u rn m u n d o m a is r a p id oe c o m e ! e a i d ei a d e v e ! o c i d a d e, 0 b a r u lh o d o s c ar r o s c or r e nd o ,a a g it a ~ ao d as m u lt i d o e s . . . P o d e- s e d iz e r q u e e a p a r t i r d es s e m o -m e n t o q u e a I t a l i a v o l t a a a s s u m ir u r n p a p e! i m p or t a n t e n a i d ei ad e m o d er n o .

    A c i d a d e e r a 0 g ra n de p ro b l e m a d es t a e po c a ,A u r b a n i z a c a o p a s s a a s e r u r n f a t o r i m p o r t a n t e q u a n d o s e

    p e n s a 0 f u tu ro . T o n y G a r n i e r , a rq u i t e t o e e n g en h e i r o f r a n ce s( 1 8 69 -1 9 4 8 ) , f o i u rn d o s p r im e i r os a p e n sa r 0 p r ob le m a p r o je ta n -d o a c i d ad e i n d u s t r i a l , u rn p on to d e p a r t i d a p ar a e n ca r a r a s o c i e -d ad e m 6 v e ! , e m q u e h ou ve ss e i n te g ra ~ ao e nt r e n at u re z a e t e c no -

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    l o g i a . A i d e i a d e s s e t r a b a lh o e ra r e v o lu c i o n i r i a p o r c on te r e m u rnm e sm o p ro je to e st a ~ a o f e r r o v i i r i a , c a i s , c as a s a d e qu a d a s a t r a b a -l h a d o r e s e r e p r e sa s p a r a f o rn ec im e n to d e e ne rg ia e l e t r i c a , E r a at e n t a ti v a d e v ia b i l i z a r u m a c id ad e q u e p a r t i l h a s s e s e u e sp a~ o c oma i n d u s tr ia .I i a tr a v e s d a p reocupado d e i n te g r a ~ a o t r a b a lh o e l a ze r q u eo m u n d o m o d e r n o p a s s a a d e s e n v o l v e r u m a n ov a concepc io d e d e -s i g n u r b a no p a ra v ia b il i z a r 0 t e m p o g a s t o n o t r a b a lh o . O s o b j e to su ti l i t i r i o s s a o m e no s o rn am e n t a i s e p a s s a m p ar a a l i n g u a g em d af un c io n al i d a d e , p o rq u e 0 t e m p o p a s s a a s e r e sc a s s o . C o m 0 f e c h a -m e n t o d a B a u h a u s e 0 f o rt a le c im e n to d e S ta li n n a U n ia o S o v ie ti -c a , hi u m a g ra nd e e v a sa o d e a rt i s t a s p a r a o s E s ta d o s U n id o s , p a l sq u e c o m 0 f i n a l d a S eg u n d a G u er r a ( 1 9 3 9 - 1 9 4 5 ) a v a n ca n as p es -q u i s a s d e n ov o s m a te ri a is p a r a o s o b j e to s p 6 s - g u e rr a .N a d e c a d a d e 5 0 h a , p o r p ar t e d o s a m e r i c a n o s , u m a f o r t et e nd e n c i a a t r a b a lh a r c om a s f o rm a s c u r v a s , p a r a bo li c as , l o ng a s eb a i x a s , c om a u s en c i a d e o rn am e n to s ( f l a m b o y a n t s ) . E s t as c r ia c o e se r a m p o s s i v e i s , p o i s o s m a te r i a is q u e a t e e n t a o t i n h am s i d o u sa -d o s n a p ro d u c s o d e o b j e to s r e q u is i t a d o s n a g u e rr a p o d e r i a m a b r i r

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    148 Wilton Azevedo t () que e Design 49" : \ : . .~

    d es e m m a de i r a l a m i n ad a. S u a s c a d ei r a s d e a r a m e t r a n ca d o t r o u -x er a m a o d e s i g n a v ia b i l i z a~ a o d o a r a m e n o d ia - a - d ia d as p e s s o a s ,m a s s u a v e r d a d e i r a r e v o lu ~ a o f o i o b t i d a a t r a v e s d a s p r i m e ir a s c a -d e ir a s d e f i b e r - g l a s s e m f o r m a t o d e c o n c h a e a m e s i n h a d e c a n t o .

    A c ad e i r a c om o o b j e to t o rn ou - s e u rn d o s p ri n c i p a i s m o ti v o sd e e x p lo r a ~ ao p e lo s d e s i g n e r s m o d e r n o s . T o d o e q u al q u er t i p o d ef u n c ao n o s e n ta r, c om r e l a ~ a o a m a te ri a l e f o rm a to , f o i e x p l o ra doc om o u m a v e r d a d e i r a d is p u t a a t r a v e s d a s f o rm a s s im p l i f i c a d as ,

    e sp a ~ o p a ra 0 c o n s u m o d e m a s s a . c ri a n d o c om i s s o n o v a s p o s s i b il i d a d e s d e a p r e e nd e r m o s a f o rm a .A b o rr ac h a , 0 a c r f l i c o , a r e s i n a d e p o l i e s t e r e 0 f i b e r - g l a s s ja o a t o d e s e n t a r e u m a i n v en ~ ao h u m an a . A e s t e t i c a d o d e s -

    e r a m p es q u is a d o s d u ra n t e a g u er r a , e i s s o a c a b ou p or t o r n a r o s c an sa r t e r n p ap e l im p o r t a n te n a v id a m o d e r n a, u m a v e z q u e e s s a sm 6 v e is m a is l e v e s , p o d en d o c om i s s o s e r r e c i c la d o s . f o r m a s p o d e r i a m s e r u s a d a s c o m o b a n c o o u m e s a . 0 p o n t o a l t o

    A p a la v ra m o d e r n o j a f a z p a r t e d a s o c i e d a d e . T u d o q u e p a - d a s p e s q u is a s d a m o d e r n i d a d e a m e r i c a n a , e n t r et a n t o , es t i n o s o far e ce n o v o e m o d e rn o : u rn n o v o q u e c on tr i b u i p a r a u rn e s t i l o d e v id a . q u e G e o r g e N e l s o n p r o j e t o u e m f o r m a t o d e m a r s h m a l l o w , f e i t oC o m a i n f l u e n c ia d o a b st r ac io n is m o , 0 d e s i g n a m e r ic a n o g a lg a d e c ou ro e f o rm a do p o r d ez o it o e s f e r a s c o m s u po rt e d e a ~ o . E im -a pos ioo d e a g u a d i v is 6 ri a e n tr e o s p e r i o do s d a g eo m e t r i a e s t r u - p o rt a n t e r es sa lt a r q u e e st e f o i u rn d o s p r im e i r o s m 6 v e i s a u ti l i z a r -t u r a l e d a s f o rm a s o rg sn ic as , s e d a o p o si c ao d e c o r ( c om o l a ra n j a , r o sa e p u r p u r a ) , i n tl u e n c i a n -

    O s p ri m e i r o s m 6 v ei s c h a m a d o s d e m o d e r n o s n a A m e r i c a t i - d o a ss jm 0 q ue m a i s t a r d e c h am a ri a r n os d e p o s - m o d e r n o,n h a m u r n d e s i g n d e b e i r a d a s a rr e do n d ad a s c h a m a d o s d e o b j e t o s E n a m e t a d e d o s e c u lo , e n t r e t a n t o , q u e s u rg e a s i n t e s e d a sb io m o r f o s , o u f o rm a s b a s e ad as e m o rg an is m o s b io lo g i c o s q u e n ao

    ir e p r e se n t a va m n en h u m o rg an is m o e s p e c if i c o . E ss a s f o rm a s a rr e -d on d a d as e r a m u rn d os p rim e ir o s i n d i c io s d o g ri t o c on tr a 0 d e -s i g n r a ci o n a li s t a d a B a u h au s . E ra m f o rm a s a ss im e tr i c as , e m n ad ap a r e c i d a s c o m a l i n g u ag e m d o s m 6 d u lo s , c o m o o s s o f a s c o m f o r -m a t o d e a m e b a c o m o s p es t o t a lm e n t e a r r e d o n d a d o s .

    O s d e s i g n e r s a m e r i c a n o s d a d e c a d a d e 5 0 C h a r l e s E am e s es u a e s p o s a R a y f o ra m o s q u e c on t r i b u i r a m p ar a a p e s q u i s a d e m o l-

    ~

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    1Wilton Azeved4 0 que e Designr----------------------------- ~.50

    c id a de s- ja rd in s e d a c id a de m e t r op o li t a n a , 0 q ue v ei o a j u d a r a d e -s en v o l y e r o s g ra n d e s c e n tr os m e t r op o li t a n o s .

    E c o m a c h e g a d a d e M i e s v a n d e r R o h e n o s E sta d os U n i d o s ,d ep o i s d e f e c h a d a a B a u h a u s , e m 1 0 d e a g o s to d e 1 9 3 3 , q u e C h i -c ag o s e e n fe i t a d e a rr a nh a- c eu s . C o m u m a v is a o m a is r a d i c al , M ie sd e s e nv o l v e u e nt r e o s a rq u i t e to s a m e ri c an o s 0 c o n c e i t o d o u so n ac on st r u c a o d e a rr a nh a- c eu s, c u j a s f a ch ad a s d e v id ro e ra m d e f u n -d a m e n ta l i rn p o rt a n c i a .

    C o m o p od em o s p e r c eb e r , 0 d e s i g n , t a n to n os o b je to s u ti l i -t a ri o s c om o n a a rq u i t e t u ra , a ss u m e p a p e l f u nd am e n t a l n a v id a m o -d er n a . C a b e a o s d e s i g n e r s u m a r e s p o n sa b i l i d ad e s o ci a l, p o i s e d es e u s p ro je to s q u e s a e m o s o b j e t o s q u e u sa r e m o s n a n o ss a v id a d ia -r i a . I s s o a c o n te c e n a o s 6 n a b u s c a d e u m a n o v a e s te t i c a , m a s p ri n -c ip a lm e n t e p ro cu ra nd o c um p r i r a s f in a l i d ad e s p ra ti c a s q u a nt o a ou so d o o b je to utilitirio.

    R e s u m in d o e s t a s c o l o c a c o es ; e n t r e a r a c i o n a l i d ad e d a B a u -h a u s e 0 e xp re ss i o n i s m o a b s t r a to f i c a u rn e no rm e e sp a c o e st e ti c oa d i s t a n c i a e n t r e a f o r m a r e t a e m o d u la r e a f o r m a o r g a n i c a , F o i

    s e m d u v i d a e s s a b r e c h a q u e e x c i t o u o s d e s i g n e r s n a s d e c a d a s d e6 0 a 8 0 a p en s a r o s o b je t o s d a p 6 s - m o de r n i d ad e .

    I n f l u e n c i a n o B r a si l

    o d e s i g n b ra si l e ir o l i g ad o a o m o b il i i r i o e o b j e to s n a s c e a p a r -t i r d e u rn p ro c e ss o d e im p o rt a c s o , e u m a ass imilado d e c o nc e it o se s t e t i c os i n te r n ac io na is . E s t a v a m e m jo go o s p e n sa m en to s e u ro -p e u e a m e r i c a n o , e e r a n e c e s s i r i o q u e 0 B r as i l p e n sa ss e t a m b e r ne s s a a d a p t a ra o d a f u n c io na li d ad e e m r e l a ~ a o a u m a e r g on om i a b ra -s i l e ir a , ( E rg o n om i a e 0 e s t u d o d a p r o p o r d o h u m a n a e m r e l a c a oa o e s p ac o o cu pa d o p el o c o r p o. )

    U r n d os p rim e ir o s a d e s e n vo lv e r c on ce i t o s m o d e r n os d e d e -s i g n n o B r a si l , c ri a nd o p o r a ss im d iz er u m a p rim e ir a e x p e r i e n c i ac o m 0 d e s en h o m o d e rn o b r a s i l e ir o , f o i 0 d e s i g n e r s u k o J o hn G r a ss ,

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    Wilton Azevedo () que e Designr--------------------------------- __ ~ r----------------------------------~ 53

    I

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    n a s c id o e m 1 89 1 , q u e c he ga a o B r a si l e m 1 92 0 , p ro je t a nd o p o l t r o -n as c om tu b o s d e a ~ o . 0 r u ss o r a d ic ad o e m S ao P a u lo G r e go ri W a r -c h a v ch i k , n a s c i d o e m 1 8 9 6 , q u e c h e g a a o B r a s i l e m 1 9 2 3 , a l e md e m o b i l i ir i o , c ri o u l u rn in a r i a s e a c as a m o d e rn is t a , e nt r e t a n to sp r o j e t o s .

    P o d em o s d iz e r q u e u rn d os p rim e ir o s a s s e nt o s m o d e rn os p ro -d u zi d o s n o B r as i l p a r a c a d e i r as f o i f e it o p e l o d e s en h i s t a -p in to r-e s c u l t o r - d e s i g n e r J o a q u im T en r e i r o , q u e c h e g o u d e P or t u g a l e m1 9 2 . 8 , .0 q u a l t o r n o u -s e a t r a v es d o s e u t r a b a l h o u m a d a s f i g u r a sm a r s i m p o r t an t es d o d e s i g n b r as il e ir o . T e n re ir o c r i a a p o l t r on a le -v e , n a q u a l d e s e nv o l v e e s t a m p a r i a s c om m o ti v e s u m b an d i s t a s . E s -s e a rt i s t a t r a b a l h a q u a s e q u e e x c l u s i v am e n t e c om a ss e n t o e e n c o s-t o d e p al h a , u rn m a t e r i a l m u i t o f a c i l d e s e e n c o n t r a r n o B r a s i l .

    E m S ao P au lo e c r i a d o 0 E sn i d io P a lm a e m 1 94 8 , p o r P ie t r oM a r i a B a r d i e L in a B o B a rd i, e xe cu ta nd o o s p ro je to s d as p r im e ir a s -c a d e i r as d o b r a v e is p a r a s er e m e m p il h a d a s .

    A i d e i a d o d o - i t - y o u r s e l f ( f a ~ a - v o c e - m e s m o ) c o r n e c o u c o m ap ro p o st a d e c om p r a r c ad e i r a s d es m o n t i v e i s e m s u p e r m e rc ad os . A sp o lt r o n a s P e g u e- L e v e p o d e r i a m s e r v e n d i d a s e m c a i x a s , r e u n in d o

    v a n ta g e n s c om o 0 p eq u en o v o l u m e d o m a t e r i a l q u an d o d ~ sm o n -t a d a s e s u a r e s i s t e nc ia q u a n d o m o n t a d as .

    O s c a r N ie m e y er , c om a c o ns t r u c a o d e B r a s i l i a , i n ic i a d a e mf e v e r e ir o d e 1 9 5 7 , f a z t r a ns p ir a r p e l a p r im e ir a v e z a n iv e l i n te rn a -c i o n a l 0 d e s i g n m o d e r n o b ra s i l e i r o e m m e io a o q u e s e a c o st u m o ua c ha m a r d e b os s a n ov a d a a r q u i t e t u ra . T ra b a l h an do s e m p re c o mf o rm a s o rg sn ic as , s u a s c o n st r u c o e s e m c on c r e to p a s s a m a s e r m o l-d ad a s a o a c as o , d an do a a r q u i t e t u ra u rn i n d i c e d a l i n g u a g e m e s -c u l t o r i c a . A a r q u i t e t u ra n ao s i g ni f i c a a p en as p e l o q ue e l a p o s s at e r d e f u n c i o n a l , m a s t a m b em p o r s u a contribuido e s t e ti ca a o d e -s i g n m o d e rn o . I n fl u en c i a d o p e l o a r q u i t e to suko L e C o r b u s i e r( 1 8 87 -1 96 5 ) , O s c a r c r i a t a m b em s u a c a d ei r a c o nh e c i d a c o m o M o -d u l o , a ti n g i n d o u rn p a d ra o d e d es t a qu e p o r s e r s u s t e n t a d a a p e n asp o r u m a h a s t e d e f e r r o .

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    Sala de estar americana da decada de 50 .. . .

    paraesar

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    56 Wilton Azevedo 57English Times italic, corpo 11 , entrelinha 12

    Sob a influencia do dadaismo e principalmenteda Pop Art nas decadas de 50 e 60, surge a ideia dapos-modernidade, uma especie de colagem da his-toria da arte. Parecendo mais um aglomerado ico-nogrdfico. esse pastiche leva em frente a ideia de re-tirar 0 novo do moderno, 0 pos-moderno.o lugar onde ficou mais evidente esse tipo deestilo foi na arquitetura. E nela que se vat concen-trar a maior parte das discussoes sobre 0 que e a pos-modernidade. Robert Venturi, um dos precursoresdo pos-moderno; comecou sua pesquisa ao obser-var a arquitetura de Las Vegas, e desse trabalho eleextraiu a importiincia estetica de se recuperar a luzneon em contraste com 0 concreto aparente.o que fica evidente e que a ideia de um designpos-moderno se coloca em oposiciio a ideia da es-cola Bauhaus. 0 design assume uma funciio opostaao funcional, lanca-se a procura de uma nova este-tica bem-humorada que denominou de. ndo-estetica,assumindo a caracteristica de design "colagem" dopassado.Quem reforca essa ideia ainda lidando com a ar-

    o que e Design

    quitetura e Charles Moore, basicamente 0 precur-sor do design pos-moderno na arquitetura. Seu tra-balho mais famoso foi 0 projeto da Piazza d'Italiaem Nova Orleans na decada de 70, utilizando umamistura deestilos de colunas gregas com contornose frisos de neon em toda a fachada entre as colunase capiteis. As estruturas de metal aparente e as gros-sas tubulacoes coloridas representam a perfeita in-tegraciio entre 0 homem e a era da mdquina, jd ter-minada. 0Centro Beaubourg, conhecido como Cen-tro Georges Pompidou, em Paris, e um dos grandesexemplos dessa colagem visual. Torna-se importan-te a relaciio entre 0 designer e 0 passado, 0 designmoderno e 0pos-moderno; tendo dentro de cada um,atraves dos objetos, um verdadeiro contraste entreo que jd foi e 0 que vird. Os designers comecam en-tao a domesticar os objetos, que silo produzidos naforma de moveis coloridos, como ategorias, algunslevando ate objetos eletronicos com luz neon. S6 nadecada de 80, entre os predios que reuniam a ideiapos-moderna, e que surge 0predio da AT & T, emNova York. Os designers Philip Johnson e John Bur-

    "r

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    ge realizaram esse projeto em 1983 para servir de mentos luxuosos lorna este predio uma torre escul-exemplo da utilizacdo do pos-moderno na arquite- tural, a concretizaciio da invencdo arquitetonica.tura comercial. Comeca entiio uma s e r i e de ideias Dentro desses aspectos de renovacdo estetica con-extravagantes, e nem 0 estilo renascentista escapa. frontando presente epassado hd tambem 0 confrontoo predio da General Foods, num suburbia nova- Oriente-Ocidente. E pode-se dizer que e nesse climaiorquino, utiliza-se da ideia renascentista para pro- de confronto que sao baseados os cendrios do filmepor uma solucdo estetica. Mishima (que conta a trajetoria do poeta japones),Hd vdrias combinacoes entre 0 velho e 0 novo. para 0 qual moveis de laca servem como pano deUm condominio em Boston, por exemplo, e proje- fundo das historias do poeta, misturando-se com 0tado como sefosse ruinas, baseadas nos designs de estilo oriental americano.igrejasneo-romanescas, que tentam combinar seu es-tilo. com armacdo deferro e tijolo; com predios cons-truidos ao redor formando um todo. Pode-se perce-ber que e defundamental importdncia a reuniiio de o design Europopmateriais de diversasfontes. Podem-se ver,por exem-plo. predios com aspectos curiosos, onde as arma-coes sao deferro intercaladascom mdrmore e, as ve-z e s , colunas romanas. o comeco dos anos 60 e marcado pela culturaMas a ideia radical fica por conta de Michael pop. Sua influencia no designfoi de substancial im-Graves, que realiza um projeto dentro do conceito porttincia, porque 0 cotidiano e agora a grande mu-da arquitetura monumental para a Humana Corp., sa inspiradora da arte. Artistas como Andy Warhol,em Louisville. Uma densa colagem de texturas e ele- Roy Lichtenstein, entre tantos, passam a usar a lin-

    \.

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    60 Wilton Azevedo o que e Design

    formou na decada de 60 dois grandes grupos de jo-vens designers que passaram a se chamar ArchizoomAssociati e Superstudio. Envolvidos por um perio-do de novas e x p e r i e n c i a s no campo do design. os gru-pos procuravam i n v e s t i g a r 0 s u r g i m e n t o de uma novaestetica atraves da linguagem pop europeia. Essasduas escolas montariam duas exposicoes importan-tes que se intitularam Superarchitecture, on de mos-travam moveis e projetos arquitetonicos influencia-dos pela cultura pop e esbocavam uma das primei-ras ideias do objeto pos-moderno.o design po s-m o d e rn o Ia z dos objetos uma novaintervencdo estetica utilizando-se das formas banaise vulgares para estabelecer 0 rompimento radical nalogica "forma efuncdo'; formalizando 0 neo-kitsch.A utopia deixa de ser realidade e assume uma pos-tura na ideia de design - ao mesmo tempo que e ale-g o r i a , ele assume a posiciio de fenomeno natural.A ironia passa a ter um papel fundamental nes-sa epoca, admitindo projetos experimentais que 0profissionalismo jamais teria permitido. Alem dis-so, nos anos 60 e 70 a decoraciio torna a emergir no

    guagem da comunicacdo de massa, assu:ni~do suascaracteristicas niio s o como arte mas principalmen-te como uma cultura visual. A imagem do mundourbano invade 0mundo artistico e tambem 0 do de-sign. Historias em quadrinhos siio pintadas e _ r ; z te-las grandes com um baliio que estabelece 0 didlogocom 0 nada ou com a propria arte. A lata de sopaCampbells pintada por Andy Warhol ou a banqeirados EUA feita por Jasper Johns (de 1954) serao oselementos da pintura mais jortemente influenciadoresdo design Europop.Depots que os artistas pop american os partici-param da Bienal de Arte de veneza na d~c~d~ de ~O,o design italiano comeca a sojrer uma serta influen-cia em s e u comportamento. Se Marcel Duchamp, nosanos 20, jd tinha introduzido 0 cotidiano como ex-p r es s ii o a r ti st ic a (ready-made) para questionar 0 ob-jeto em s e r i e , 0 neodadaismo americana e europeupassou aver na atitude Dada a nova manifestacdodo objeto em serie.A Itdlia foi um dos gran des beneficiados comessa atitude. A Faculdade de Arquitetura de Ftorenca

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    Wilton Azevedo 0 que e Design2

    cendrio das pesquisas avancadas, para aproveitar aideia de kitsch. Acompanhada da evoludio e da prd-tica de um design radical, surge 0 grupo italiano /i-derado por Alessandro Mendini, chamado Banal De-sign. Na Bienal de Veneza de 1980, juntamente comamigos, Mendini monta uma exposiciio intituladaObjeto Banal. Sao projetos de objetos que se pare-cem com escamas de peixe em cores cintilantes va-riadas. Sao objetos utilizados para estimular 0 dia-a-dia. Alem de serem usados para demonstrar 0 seusignificado tambem no codigo visual, 0 design dosobjetos agora e usado para, atraves do conceito dekitsch, fazer surgir as c a r a c t e r i s t i c a s de um redesign,ou seja, uma alteracdo do objeto existente.Em 1967, a revistaalemii Domus publicou a pri-metra coleciia de moveis de Ettore Sottsass Jr; umdos nomes mais importantes, quase urn sinonimo dodesign italiano.

    A filosofia Memphis comecou a eolocar if pro-va a utilidade do objeto dentro da questdo da ruio-funcionalidade. Sottsass desenvolve pesquisas quesubvertem 0 relacionamento tradicional dos moveis

    que iriio ocupar 0 espaco de uma casa. Em vez depropor um objeto altamente figurativo com juncoesautiinomas, ele promove um novo tipo de eompor-tamento para 0 movel residencial. Para Sottsass ndoestd em discussiio 0 conforto. 0valor emocional emrelaciio ao objeto ndo e dado atraves de sua funcio-nalidade, mas atraves de seu nivel de expressividade.

    Os objetos Memphis passam a ser caracteriza-dos por levar em conta certos principios pouco co-muns, como cheiro e tatilidade. E um objeto que pas-sa a ter uma presenca perceptiva ao envolver-se es-pacialmente. 0avanco tecnologico propiciou maio-res possibilidades na traduciio de formas e na ino-vacdo de uma linguagem cujo uso pode ser a res-posta para 0 surgimento de novos grupos sociais.

    Funnyture

    Todos os moveisMemphis tern nome de hotel,

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    silo jorrados em pldstico estampado cujos padroessilo desenvolvidos pela propria escola, e seus obje-tos inutilitdrios silo decorados com ldmpadas colo-ridas, alem do confronto de materials como mdrmorecombinando com bronze, madeira com metal, vidrocom aluminio. A ideia memphisiana existe paralivrar-se de uma r e t o r i c a institucional, e chama seusproprios trabalhos de giria suburbana. A escolaMemphis abre uma discussiio bastante prdtica so-bre ajuncionalidade do design encarado sob 0pontode vista do pos-moderno. Ela assume a funcdo uto-pica da utilidade, tornando seus moveis um verda-deiro play-ground opcional na sala de estar.Na estante Carlton, por exemplo, os livros ji-cam todos inclinados, jd que se acredita que e suavontade original.E bom ressaltar que Ettore Sottsass surge nomercado de design apos ter criado uma das primei-ras mdquinas de escrever portdteis de pldstico paraa Olivetti, em 1960, jato que pode provar 0 seu co-nhecimento prdtico sobre a funcionalidadet r a d i c i o n a l .

    o que e Design

    Mas 0 estilo Memphis niio registra sua criativi-dade somente nos moveis. Acaba por influenciartambem a area da mtdia impressa, onde a ideia mem-phisiana torna seus impressos um jogo muito inteli-gente de sobreposicoes de reticulas desenvolvidasco~ padronagens que atraves da sua diagramaciiocnam uma nova dimensiio de espaco impresso.Com isso. a Itdlia cria iniciativas na formacaode novos designers, divulgando assim para 0 restodo mundo seu novo estilo de pensar um projeto, co-locando lado a lado diferentes culturas domesticascu io funcdo pode ser explicada apenas na ergono-mta ou em term os funcionais.Esse conceito, na Europa, niio se restringe so-mente aos italian os, mas tambem encontra aliadosno design sueco. Um dos maiores escritorios de pro-jetos e design da Suecia assume, na decada de 80,o humor em seu design, Olle Anderson, um dos prin-cipals designers suecos, deixa clara a sua ideia so-bre os objetos que se fazem niio so atraves do esti-mulo da funciio; mas principalmente do humor,chamando-os de happy design ou happy furniture.

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    ~='Ia< 2 '

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    6 8 Wilton AzevedoUnivers bold, corpa 11, entrelinha 12

    Neon DesignCom a era pos-moderna recuperaram-se os

    efeitos da luz neon.No corneco do seculo, urn frances chamado

    George Claud pesquisava urn metoda que produ-zisse uma luz com maier durabilidade, cham ada~e luz de longa vida. Algum tempo depois, ela eintroduzida nos EUA, sendo usada principalmenteem. cartazes de cinema, bares e cassin os.o neon design possibilitou criar objetos commovirnento e rltrno, como urn grafitti luminoso.E interessante notar que sua linguagem cineticaobtida atraves de movimentos seqiiencials nos fazlembrar uma especle de cinema de anirnacao,

    Nos Estados Unidos 0neon tern uma presen-ca tao marcante no desenvolvimento do design,que em Los Angeles foi fundado 0Museu de NeonArt, recuperando a maio ria dos displays famososque enchem as ruas das cidades americanas.

    o que chamamos de designpode tarnbern serentendido pelo proprio percurso da luz, nao soneon, mas em lurninarias, por exemplo. A luz tam-bern e lnforrnacao de form as, movimento e criaurn espaco conforme e projetada.o cenarlo pode as vezes ser urn so, mas, con-

    o que e Designforme a poslcao da luz ou dos contornos feitospelo neon, consegue-se urn novo significadocenlco,

    Computer GraphicsPartindo do conceito de urn design clnetico

    nos deparamos com a linguagem do computergraphics (CG) ou computer design. Nos filmes,todos os efeitos visuais, como tamanho, formae superfrcie, podem ser executados por CG, alemdos movimentos que exiqern articulacdes, texturacomo efeitos de vidro, metal, marmora e pontosde luz.o CG vern ganhando novos terrenos no cam-po do design grafico. Ja e possivel hoje diagra-mar revistas, elaborar layouts e prototipos de em-balagens ou mesmo animacao em 3D (tridimen-sional). tudo isso executado por uma pessoa -o designer, na posicao de usuarlo, Seria impos-sivel hoje pensar a imagem em movimento ou pa-rada em televisao sem a utilizacao do computa-dor. A tendencia e, com 0 tempo, formar urn pro-fissional que entenda tanto de desenho como decinema, e principal mente de lluminacao uma vezque e necessaria, ao profissional que opera urncomputador grftfico, praticamente toda a infor-macae ligada a area das artes graficas e a ima-

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    70 Wilton Azevedo 0 que e Designgem em movimento.

    Dutro grande beneficiado com isso foi a TV,que, com 0 auxflio de outro computador - 0 ge-rador de caracteres - pede recuperar a sua lingua-gem bidimensional para programacao visual naescrita de textos e legendas na teia.Antes dos geradores de caracteres, a TV ope-rava com uma arte-final tipoqrafica para ser gra-vada em video, pois a linguagem da TV de entaoera de cenario,

    Foi com os sintetizadores de imagem que aTV ganhou uma caracteristica grc'ifica, pod endoutilizar-se de recursos como distorcao de imagensgeradas pelo ADO.

    Nos EUA existe hoje uma aasociacao de es-pecialistas em CG conhecida como S"IGGRAPH(Special I~terest Group on Computer Graphics),que premia os melhores designs efetuados emCG.

    Na Expo Center Tsukuba 85, no .Japao, criou-se urn espaco chamado Art & Technology, ondeforam exibidas varias possibilidades de desenhoindustrial dentro da cornputacao grc'ifica.

    A maior revolucao a nivel de CG foi vista nofilme Max Headroom, urn animador de programasdo Channel 4 na Inglaterra, que e todo projetadopor computador.

    Max Headroom e 0 resultado de uma dasmais avancadas tecnicas de CG. Ele anima pro-gramas, promove concursos, tudo atraves de urn

    sistema de voz tipo Vocoder, usado pela artistaperformatlca laurie Anderson. Esse sistema per-mite que a voz seja distorcida tanto para gravequanto para agudo sem que se perca 0 teor dacomunicacao.

    o mito do futuro sera computadorizado, mascontinuara loiro de olhos azuis.Photodesign

    Mas nao foi apenas no campo da eletronlcaque a imagem sofreu avancos. Com a evolucaoda fotografia atraves de fil~es mais sensiveis, emesmo com 0 fotolito a laser (por computador,o Scanner), urn grupo chamado Hipgnosis desen-volveu pesquisas no campo do photodesign. Es-se grupo e formado por tres photodesigners in-gleses: Aubrey Powell, Peter Christopherson eStorm Thorgerson. Photodesign sao montagensque podem ser feitas tanto atraves de ampliacoesfotogrc'ificas quanto atraves do fotolito, procuran-do recriar os ambientes e situacoes ja fotografa-dos. E como urn take extraldo de urn filme e so-mado aos recursos grc'ificos disponiveis.

    Urn dos pontos fortes desse trabalho foi 0photodesign feito para 0grupo Foreigner, criadopara 0album Silent Partner em 1981. Partindo dodesenho do formato de urn bin6culo, 0 Hipgno-

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    72 Wilton Azevedo 73sis cria sltuacoes diversasatravas de montagensonde a ilustracao e a propria colagem. Talvez nes-se trabalho esteja a sintese do significado dephotodesign.

    o prototipo designHoje 0 mundo do design volta-se para oque

    foi chamado de handicraft design, ou seja, 0 de-sign artesanal, E urn fenomeno do dlaloqo que vol-ta a ser estabelecldo entre 0 sistema de produ-~ao em serie e 0 objeto artesanal. Os designersbuscam agora 0 valor do trabalho artesanal nadescoberta de novos pad roes de organizacao ba-seados numa redescoberta individual.

    leo Krier, na Escola de Luxemburqo, porexernplo, faz reaparecer modelos que sugerem aidela de uma cidade artesanal, cujos monumen-tos sao usados para reconstruir urna paisagemurbana. Essa idela de fazer reaparecer 0 trabalhoartesanal na decada de 80 fez com que surgis-sem trabalhos como Gallery of Copisrn, do Estu-dlo Alchemya, onde quadros famosos sao copia-dos a mao. Atraves dessa proposta, Mondrian eKandinsky recebem 0 tratamento de uma coplaartesanal. E uma ideia radical, contra ria ao pro-duto industrial, mais uma possibilidade de mate-rial para se recriar 0 prototipo do final do seculoXX .

    o que e DesignEssa linguagem de prototipo tenta novamente

    dialogar com a linguagem em serie, Nesse caso,entretanto, 0 prototlpo ja e 0 objeto utilitario,Urn dos papeis mais importantes do handi-

    craft design vern sendo desenvolvido pelo Estu-dio Alchemya, que no fim da decada de 70 apre-sentou em Milao urn dos primeiros prototiposconsiderados handicraft, intitulado Colecao Bau-haus. Toda a colecao foi projetada e desenvolvi-da por Ettore Sottsass Jr., Alessandro Mendinie Michele De lucchi, e recebeu 0 nome de NewHandicraft, para 0qual uma possfvel traducao se-ria Novo Prot6tipo.

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    74 Wilton Azevedo

    Capa do livro Tiger! Tiger!, de Alfred Bester, feitaem cornputacao griifica por Wilton Azevedo em

    equipamento Alias!1 .. ..,c t u r a

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    76 Wilton AzevedoGaramond 4 9 italic, corpo 12, entrelinha 13

    A moda institucionalizou 0 design, e a deca-da de 50 sendo redesenhada com oneoplasticis-mo dos anos 80 tendo suas c o r e s primarias cedi-do lugarpara as 'coresps~'codelicasque se obti~hampo r intermedio do design das drogas da decadade 70.James Dean, 0 beroi playboy dos an?s 50 : comsua jaqueta de couro fez com que muuos jouensdaquela epoca fossem contrarios aos tons past~1 dasflamulas das universidades, 0 !fr;z~olo do discur-so ufanista amencano. Era 0 tmcto do drop out.

    o He-Man pode ser 0 Flash Gordon do !ut~-ro, mas 0 design de sua nave barroca nos inaicaque Alex Raymond, aopr?jetar ~/as~ Gordon, per-tencia a um mundo muuo mats dtstante do quepodfa~os imaginar. 0futuro do He-Man e agora.o close das no~elas brasileiras transforma-seem capa de disco - assim, 0 consumidor .identiji-ca no design impressa a imagem d_aTV !tg~da..Seantes 0 meio impressa fo i referencial de desig pa-ra a Tv. atualmente a posirao se inverte. ,Os punks acham as cidades iniaeis, e por tsS?vivem na sua inuttlidade. Pode ser que nessa att-tude a inuttlidade utopica do pos-moderno ja naotivesse mais sentido nos ponies da cidade.

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    Os punks surgem do design da ndo-reciclagem; eo que nao serve que acaba servin do.Surge naturalmente dos arranjos do lixo, do quesobra dos centros urban os, e um design baseadono refugo.o design popular estii nas ruas por falta deespafo na mfdia cultural. Parase qizer alguma c o i -sa nao basta somente planejar. E sem duvida ne-nhuma necessiirio crier meios para obter esparonos ueiculos. 1 1 naprodurao de linguagem que estaapolftica da veicularao de inJormarao visual e ver-bal atraves do design.A atitude performdtica que pertencia a umgrupo restrito da vanguard a esta nos muros e nasruas. Quafquer um foz 0 seu design performati-co, um estado intencional da escrita.o design cultural vira moda fogo, e este e 0grande problema para as classesque precise: a p a -recer socialmente. A griffe e a assinatura do obje-to em sene. 0 Giotto pos-renascentista e PierreCardin com seu design de moda que nao sai damoda, ja nasceu reciclado.o design se da nas passarelas e ocupa fugarnas ruas. Tudo e absorvido rapidamente, a moda

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    criando design para pegar aviao, trem, metro, irafesta, estudar e dormir. 0mundo visual nao nosdeixa em paz nem quando fechamos os olhos pa-ra dormir: sonhamos com afuncionalidade do nos-so ego. .Espacos aiternaiioos sao uma necessidade ur-bana. A midia tradicional passa a nao expiorar tan-to a linguagem interctidigo, e volta-se para 0pr?-grama de auditorio. 0 design dessa epoca so exzs -tia nos cendrios pintados das comedias; assim, 0design do espaco alternativo e a pirataria. A PopArt se inspirou no design do consumo, tornandoa vida das decadas de 50 e 60 mais ho/lywoodiananos supermercados. A obtenfao do produto e 0final feliz. Os designers da decada de 80 nao seinspiram no produto, mas naquele que consome.

    A politica do corpo da lugar ao design d_amen-te. A informayao viabiliza 0 tempo, e e x z s t e umtipo de design para cada coisa (inclusive para sematar 0 tempo).o meio ambiente e 0 meio e a mensagem de

    Marshall McLuhan, 0 mundo urbano nos tornacumplices nessa relafao cottdiana, e quando se tra-ta de sobreviver, temos que pensar num design cul-tural. Mesmo quando 0homem agia por instintohavia uma intenfao da preservacao da especie. Asobrevivencia. 'Os programas de TV cedem lugar aos perso-nagens computadorizados. No filme MaxHeadroom, 0 computador se espelha na imagemdo homem na TV No mundo dos objetos 0 con-vivio e rapido. Os colecionadores ainda corrematriis da imagem original, mas 0 mercado da re-prodUfao ja nao e marcado pdo fa/so - esta e afilosofia do design.Nao ha mais real ou fa/so. Depots do video-tape, a TV recupera a sua linguagem do aqui-e-agora com um jornalismo in live. Noticia nao eso 0 que acontece na T V ; mas sim tudo 0 que aeon-ieee. A TV /igada 24 horas passa a ser 0 aconteci-

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    mento da Tv, 0meio atraves dos meios. Ser astronito e estar na Tv, e ser a Tv.o animador computadorizado cumpre afun-fito dos talking heads - aqueles que leem qual-quer noticia sem uma s6 expressdo - no design daseriedade. Um homem projetado para dar confia-btlidade a leitura de urna. noticia.o mundo via s a t e i i t e traz a TV para dentrodas casas,e osartistas eletromultimidia criam umalinguagem para ser vista nas T V s dos museus. ATVfora do ar (sign off) informa que e um veicu-1 0 , e apossibtlidade de estar lidando com um in-dice que nito e mat's ruidoso, e linguagem. 0de-sign questions 0 espafo. A cultura exige espafopara poder falar de si mesma, para se mostrar aespecie como uma possibilidade de mutafito. Ndotenho duvida de que os homens dos anos 30 fo-ram r i gor os os demat's com aplastica humana cr i ada

    por Mondn'an para que nos sentiissemos. Pollockfoi a desintegrafito do dtomo artistico. E um nitoao racionai que 0 final do seculo XX nito e.A tela salta para 0 espaco aberto e invade amente informatizada, e a eletronica imita os neu-r~nios do homem com a cn'afito dos chips, que detao pequenos cabem num polegar.A especie humana corre atras do o c i o crian-do maquinas que fafam todo 0 trabalho'redun-dante da humanidade.o que e design?A J?zlvezesta petgu_nta nito tenha mat's impor-tancta no futuro, pots para se manter vivo 0 ho-m~m vai ~erque se a p o d e r a r do simuiacro que elecnou_.A zmportanct'a dessa informafito s6 vai tersentido para cobrir os poucos espacos quesobraram.

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    Como disse Marcel Breuer, "um dia, quem sa-be nos sentaremos sobre cadeiras de ar s6Iido'~, .Se 0 design sempre questtonou 0 espaco, po-de ser que 0 homem em direfao ao futuro come-ce a redesenhar 0 ar que nos resta para que possa-mos sentar, e quem sabe possamos ter 0 tem.f.odesejado para a criafaO. Mas para 0 h07_lZe_mOS-moderno, antipresente e neofuturo a cnacao e umestalo, a linguagem e consumida diretamente nasua nascente e e espalhada pelo mundo em for-ma de propaganda.

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    Neste ponto 0 design cultural adquire vanosaspectos, e entre eles passa a ser afont~ gerad~rade uma antropologia que nao esta mats debatxoda terra.Ha um ditado taoista que diz que 0artista de-

    ve ser responsavel pela influencia que ele exerce.E atraves dessa influencia que 0 design vem dia-logando com 0 homem desde 0 principia de s~aexistencia. Se nao cabe mais a discussao do ob;e-to utilitano ou inutilitano, vale pensar 0 design

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    em forma de redesign - a criafao do ob/eto atra-vis dele mesmo.Sempre se questionou 0 lado uiciirio da vida- a capacidade de simular a vivencia. 0grande pro-blema centrava-se em saber se estamos em conta-to com a vida ou se e apenas a reproduyao da re-produfao social atraves dos veiculos de comuni-

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    cayao, mas uma coisa e ceria: a logica do futurofez a linguagem pertencer a tudo, e basta estar vi-vo para que se tenha informayao.Se ligamos a Tv, lemos 0mundo nos impres-sos, vemos out doors dos nossos carros, temos aimpressdo de que tudo que 0 homem adquiriu

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    atraves da cnarao ate hoje tem um rosto, 0 rostoda COPta. 0 prototipo jii e a linguagem dareprodurao.Cabe pensar que planejar 0futuro e ter cons-c i e n c i a do caos. o design e sempre uma forma de planejaruma safda. .., . - - - - _ _ , . /

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