livro recursos naturais baixa

Upload: cado-nani-demetrechen

Post on 14-Jan-2016

81 views

Category:

Documents


0 download

DESCRIPTION

Livro Curso Técnico

TRANSCRIPT

  • SRIE MEIO AMBIENTE

    RECURSOSNATURAIS

  • Srie meio ambiente

    RECURSOSNATURAIS

  • CONFEDERAO NACIONAL DA INDSTRIA CNI

    Robson Braga de AndradePresidente

    DIRETORIA DE EDUCAO E TECNOLOGIA - DIRET

    Rafael Esmeraldo Lucchesi RamacciottiDiretor de Educao e Tecnologia

    SERVIO NACIONAL DE APRENDIZAGEM INDUSTRIAL SENAI

    Conselho Nacional

    Robson Braga de AndradePresidente

    SENAI Departamento Nacional

    Rafael Esmeraldo Lucchesi RamacciottiDiretor Geral

    Gustavo Leal Sales FilhoDiretor de Operaes

  • Srie meio ambiente

    RECURSOSNATURAIS

  • SENAI

    Servio Nacional de Aprendizagem Industrial Departamento Nacional

    Sede

    Setor Bancrio Norte Quadra 1 Bloco C Edifcio Roberto Simonsen 70040-903 Braslia DF Tel.: (061) 3317-9001 Fax: (061) 3317-9190 http://www.senai.br

    2012. SENAI Departamento Nacional

    2012. SENAI Departamento Regional da Bahia

    A reproduo total ou parcial desta publicao por quaisquer meios, seja eletrnico, me-cnico, fotocpia, de gravao ou outros, somente ser permitida com prvia autorizao, por escrito, do SENAI.

    Esta publicao foi elaborada pela equipe da rea de Meio Ambiente em parceria com o Ncleo de Educao Distncia do SENAI Bahia, com a coordenao do SENAI Departa-mento Nacional, para ser utilizada por todos os Departamentos Regionais do SENAI nos cursos presenciais e a distncia.

    SENAI Departamento Nacional Unidade de Educao Profissional e Tecnolgica UNIEP

    SENAI Departamento Regional da Bahia rea de Meio Ambiente - AMA Ncleo de Educao Distncia - NEAD

    FICHA CATALOGRFICA

    S491r

    Servio Nacional de Aprendizagem Industrial. Departamento Nacional.

    Recursos naturais / Servio Nacional de Aprendizagem Industrial. Departamento Nacional, Servio Nacional de Aprendizagem Industrial. Departamento Regional da Bahia. - Braslia : SENAI/DN, 2012. 130 p. : il. (Srie Meio Ambiente)

    ISBN 0000000000000

    1.Recursos Naturais. 2. Meio Ambiente II. Servio Nacional de Aprendizagem Industrial. Departamento Regional da Bahia III. Ttulo

    IV. Srie.

    CDU: 502.35

  • Lista de ilustraesFigura 1 - Galxia de Andrmeda ...............................................................................................................................19Figura 2 - Sistema Solar ..................................................................................................................................................20Figura 3 - Vista espacial do planeta Terra ................................................................................................................21Figura 4 - Esquema do experimento de Miller, 1953...........................................................................................22Figura 5 - A descoberta do fogo na pr-histria mudou a forma de vida do ser humano....................24Figura 6 - gua, um recurso natural essencial .......................................................................................................25Figura 7 - Representao do Pr-sal ..........................................................................................................................26Figura 8 - Cana-de-acar, insumo que origina o lcool ..................................................................................27Figura 9 - Classificao dos recursos naturais e exemplos ................................................................................28Figura 10 - Esquema dos recursos naturais no renovveis e exemplos .....................................................29Figura 11 - Lata de alumnio, um recurso no-renovvel reciclvel ..............................................................30Figura 12 - Relao entre os componentes populao, recursos naturais e poluio ............................32Figura 13 - Modelo de desenvolvimento sustentvel ideal ..............................................................................33Figura 14 - Distribuio da gua no mundo...........................................................................................................35Figura 15 - A Deriva Continental ................................................................................................................................39Figura 16 - Parte da Cordilheira do Himalaia .........................................................................................................40Figura 17 - Cristal de sal (NaCl) ....................................................................................................................................41Figura 18 - Radical Sulfato da Barita ..........................................................................................................................42Figura 19 - Classificao dos minerais ......................................................................................................................43Figura 20 - Diamante, que possui dureza 10 na escala de Mohs ....................................................................45Figura 21 - Vulco .............................................................................................................................................................47Figura 22 - Mrmore ........................................................................................................................................................48Figura 23 - Ciclo das rochas ..........................................................................................................................................49Figura 24 - Perfil de solo ................................................................................................................................................50Figura 25 - Horizontes do solo ....................................................................................................................................52Figura 26 - Poo de gua ...............................................................................................................................................56Figura 27 - Localizao do Aqufero Guarani destacado em azul ...................................................................57Figura 28 - Exemplo de colina .....................................................................................................................................58Figura 29 - Bssola ...........................................................................................................................................................61Figura 30 - Chichen Itza, obra da civilizao Maia................................................................................................66Figura 31 - Rio de uso coletivo por uma cidade (Londres) ................................................................................67Figura 32 - Anel de diamante ......................................................................................................................................68Figura 33 - Biodiesel proveniente de matrizes vegetais ....................................................................................69Figura 34 - Porquinho, usado como cofre para guardar as economias ........................................................70Figura 35 - O dinheiro o objeto que representa o lucro .................................................................................71Figura 36 - gua, recurso essencial para o ser humano .....................................................................................77Figura 37 - Distribuio da gua no planeta ..........................................................................................................78Figura 38 - Sistema de irrigao .................................................................................................................................81Figura 39 - A natao uma forma de recreao realizada na gua .............................................................82Figura 40 - Reuso da gua domstica na lavagem de automveis ................................................................84

  • Figura 41 - Fssil de origem animal ...........................................................................................................................92Figura 42 - Turbinas elicas para a produo de energia eltrica ..................................................................95Figura 43 - Esquema simplificado de uma usina elica .....................................................................................95Figura 44 - Aquecimento solar passivo e ativo em uma casa ..........................................................................97Figura 45 - Painis fotovoltaicos para obteno de energia solar para irrigao .....................................98Figura 46 - Fileiras de cilindro-parablico para a captao de energia solar .............................................98Figura 47 - Esquema de aproveitamento de energia a partir das variaes do nvel do mar ........... 100Figura 48 - Explorao de energia cintica das mars ..................................................................................... 101Figura 49 - Relao entre produtividade do urnio e combustveis fsseis ............................................ 103Figura 50 - Esquema de aproveitamento da biomassa para produo de energia .............................. 106Figura 51 - Cartografia digital ................................................................................................................................... 112Figura 52 - Camadas de representao da realidade em sistemas computacionais ............................ 114Figura 53 - Exemplos das entidades bsicas que compem a representao vetorial ....................... 117Figura 54 - Esquema da captao de imagem no sensoriamento remoto .............................................. 118Figura 55 - Espectro eletromagntico ................................................................................................................... 119Figura 56 - Resoluo espacial ................................................................................................................................. 120Figura 57 - Diferentes bandas espectrais do sensor Thematic Mapper a bordo do satlite Landsat, 1990 ............................................................................................................................................................. 121Figura 58 - Imagens em tempo diferente de uma mesma rea ................................................................... 122Figura 59 - Resoluo radiomtrica ........................................................................................................................ 122Figura 60 - Separao dos Estados Unidos nas 32 ecorregies monitoradas pelo Servio Nacional de Parques ................................................................................................................................................ 129Figura 61 - Representao do universo, malha e pontos de coleta para monitoramento dos recursos naturais ..................................................................................................................................... 131Figura 62 - Ferramentas empregadas na amostragem de solo para monitoramento ......................... 133Figura 63 - Esquema de localizao das estaes de coleta (as setas indicam o sentido do fluxo da gua)...................................................................................................................................................... 133Figura 64 - Exemplos de equipamentos utilizados na coleta de diferentes tipos de amostras........ 135Figura 65 - Estao de monitoramento de qualidade do ar .......................................................................... 136Figura 66 - Exemplos de EPIs .................................................................................................................................... 136Figura 67 - Diretrizes para a elaborao do EIA/RIMA ..................................................................................... 137Figura 68 - Representao das fases em que possvel realizar o monitoramento dos recursos naturais ....................................................................................................................................................... 139

    Quadro 1 - Classificacao dos solos .............................................................................................................................53Quadro 2 - Tipos de combustveis fsseis................................................................................................................93

  • Sumrio1 Introduo ........................................................................................................................................................................13

    2 Formao do universo, da Terra e dos recursos naturais .................................................................................172.1 A estrutura e formao do Universo .....................................................................................................182.2 O Planeta Terra .............................................................................................................................................202.3 Recursos naturais ........................................................................................................................................23

    2.3.1 Tecnologia....................................................................................................................................252.3.2 Economia .....................................................................................................................................26

    2.4 Recursos naturais renovveis ..................................................................................................................282.5 Recursos naturais no-renovveis .........................................................................................................292.6 Degradao dos recursos naturais ........................................................................................................322.7 Distribuio dos recursos naturais no planeta e suas caractersticas .......................................34

    3 Geologia ............................................................................................................................................................................393.1 Os minerais ....................................................................................................................................................41

    3.1.1 Caractersticas ............................................................................................................................413.2 As rochas ........................................................................................................................................................46

    3.2.1 O ciclo das rochas .....................................................................................................................493.3 Formao dos solos ....................................................................................................................................50

    3.3.1 Tipos de solos .............................................................................................................................523.4 Hidrogeologia ...............................................................................................................................................54

    3.4.1 Movimentao da gua no solo ..........................................................................................543.4.2 Aquferos ......................................................................................................................................55

    3.5 Geossistemas ................................................................................................................................................573.5.1 Interaes entre Geologia, Geomorfologia, Climatologia e os Recursos naturais ....583.5.2 Dinmica interna e externa da Terra ..................................................................................60

    4 Utilizao racional dos recursos naturais ..............................................................................................................654.1 Reduo do consumo e a problemtica ambiental ........................................................................664.2 Economia dos recursos naturais ............................................................................................................694.3 A cobrana pelo uso dos recursos naturais .......................................................................................73

    5 Recursos hdricos ...........................................................................................................................................................775.1 Distribuio dos recursos hdricos ........................................................................................................785.2 Consumo da gua .......................................................................................................................................805.3 Reuso da gua ..............................................................................................................................................83

    6 Fontes alternativas de energia ..................................................................................................................................916.1 Energia elica ................................................................................................................................................946.2 Energia solar ..................................................................................................................................................966.3 Energia a partir das mars ........................................................................................................................99

    6.3.1 Energia potencial ................................................................................................................... 100

  • 6.3.2 Energia cintica ...................................................................................................................... 1006.4 Energia nuclear ......................................................................................................................................... 1026.5 Biomassa ...................................................................................................................................................... 1056.6 Geotrmica ................................................................................................................................................. 107

    7 Geoprocessamento .................................................................................................................................................... 1117.1 Cartografia e fundamentos de cartografia digital ........................................................................ 1137.2 Aplicaes de mapeamento digital da rea ambiental .............................................................. 1157.3 Caractersticas dos bancos de dados georreferenciados ........................................................... 1167.4 Sensoriamento remoto .......................................................................................................................... 1177.5 Tipos de sensores, caractersticas das imagens e suas aplicaes .......................................... 119

    8 Monitoramento dos recursos naturais ................................................................................................................ 1278.1 Definio e objetivo do monitoramento ......................................................................................... 1288.2 Matrizes de monitoramento ................................................................................................................. 1308.3 Definio da malha amostral, amostra e delineamento amostral .......................................... 1308.4 Orientaes gerais para coleta ............................................................................................................ 1328.5 Tipos de coleta e equipamentos ......................................................................................................... 1348.6 Monitoramento ambiental e avaliao de impactos .................................................................. 138

    Referncias

    Minicurrculo dos autores

    ndice

  • introduo

    1

    Prezado Aluno,

    com grande satisfao que o Servio Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI) promove mais um Curso Tcnico na rea Ambiental. Este curso tem como objetivo desen-volver a sua competncia tcnica para coordenar, no mbito de sua atuao, os processos de implantao, monitoramento e avaliao de projetos, sistemas de gesto ambiental e controle ambiental, considerando os aspectos tcnicos, econmicos e legais, com vistas ao desenvolvi-mento sustentvel.

    A Unidade Curricular Recursos Naturais compe o mdulo bsico comum aos Cursos de Habilitao Profissional da rea Ambiental oferecidos pelo SENAI.

    Ao longo desse curso, voc ser estimulado a desenvolver a capacidade de coordenar tec-nicamente a implantao e manuteno do sistema de gesto ambiental, bem como participar da implementao de projetos ambientais. Esperamos que voc compreenda como sua atua-o profissional importante para a transformao de realidades, especificamente no que se refere a um mundo mais consciente dos aspectos relativos sustentabilidade, tema esse a ser tratado durante sua formao.

    Ao final de cada Unidade Curricular, voc ter subsdios para atuao tcnica e cientfica qualificada, o que se dar em funo dos conhecimentos apresentados para form-lo Tcnico na rea ambiental. Isso o tornar um profissional diferenciado no mercado de trabalho!

    Durante o estudo deste livro, abordaremos tpicos que lhe permitiro desenvolver as seguintes capacidades:

    CAPACIDADES TCNICAS:

    a) Reconhecer as matrizes ambientais: gua, solo, sedimento e flora;

    b) Identificar alternativas energticas;

    c) Compreender processos geolgicos associados formao de recursos naturais;

    d) Valorar os recursos naturais, contribuindo para seu uso racional;

    e) Aplicar a ferramenta de geoprocessamento.

  • recursos naturais14

    CAPACIDADES SOCIAIS, ORGANIZATIVAS E METODOLGICAS:

    a) Possuir uma viso global e coordenada de todas as fases do desenvolvi-mento dos processos, considerando os aspectos tcnicos, organizativos, econmicos e humanos;

    b) Respeitar e fazer respeitar os procedimentos tcnicos e a legislao espec-fica;

    c) Prever racionalmente os recursos materiais, considerando os aspectos tc-nicos e econmicos;

    d) Demonstrar interesse de autodesenvolvimento frente s mudanas tecno-lgicas, organizativas, profissionais e socioculturais do mundo do trabalho e que incidem nas suas atividades profissionais;

    e) Analisar opes e tomar deciso na resoluo de problemas que afetam ati-vidades sob sua responsabilidade ou que lhe so delegadas;

    f) Coordenar e/ou atuar em equipes de trabalho, identificando potenciali-dades, capacitando seus integrantes, aplicando ferramentas de gesto e qualidade, demonstrando postura crtica e tica;

    g) Mediar situaes de conflito, analisando as variveis envolvidas e suas pos-sveis causas, buscando o consenso na resoluo dos impasses ocorridos.

    h) Ter conscincia quanto legislao trabalhista vigente, bem como quanto a seus direitos e deveres como cidado.

    Este livro est dividido em oito captulos. O captulo 1 apresenta o objetivo e as capacidades propostas para esta unidade curricular. A partir do captulo 2, voc conhecer um pouco mais da formao do universo, da Terra e dos recursos naturais. Em seguida, estudaremos a geologia, base importante para a compreen-so dos captulos seguintes, bem como a utilizao racional dos recursos naturais. No captulo 5, abordaremos aspectos relevantes acerca dos recursos hdricos, que so de fundamental importncia para sua formao como profissional da rea de ambiental, como tambm as fontes alternativas de energia no captulo 6. Conheceremos a ferramenta do geoprocessamento e sua importncia para a anlise de dados do espao geogrfico no captulo 7. Finalmente, concluiremos nossos estudos falando sobre o monitoramento dos recursos naturais. Construi-remos um conhecimento que o habilitar a se desenvolver tanto como pessoa, mas, sobretudo, como profissional especializado na rea ambiental. Esperamos que voc obtenha xito na construo do seu conhecimento e da sua formao!

    No esquea que voc o principal responsvel por:

    a) Sua formao;

    b) Estabelecer e cumprir um cronograma de estudo realista;

  • 1 introduo 15

    c) Separar um tempo para descansar;

    d) No deixar as dvidas para depois;

    e) Consultar seu professor/tutor sempre que tiver dvida.

    Sucesso e bons estudos!

  • Formao do universo, da terra e dos recursos naturais

    2

    A origem do planeta Terra est diretamente relacionada com a formao do nosso universo, do sol, dos demais planetas e estrelas, todos compostos por poeira interestelar1 e nuvens de gs. Por esse motivo, muito importante conhecer a estrutura e a formao do universo para entender a origem do nosso planeta, compreendidos atravs de informaes de diferentes reas que pesquisam estes assuntos: astrofsica, fsica, astronomia, qumica, entre outras.

  • recursos naturais18

    2.1 a eStrutura e Formao do univerSo

    A teoria que explica a origem do universo a teoria do Big Bang, ou o que muitos fsicos chamam de a grande exploso. Esta grande exploso resultou na origem de todo o universo e se deu em um nico ponto que con-centrava toda a matria e energia existentes.

    Aps a exploso, o espao foi crescendo e expandindo continuamente e quatro foras principais se originaram: fora eletromagntica, fora nuclear forte, fora nuclear fraca e a fora gravitacional. A posterior formao da matria, por conta da diminuio da temperatura e da densidade de energia, surgiu com as primeiras partculas: os prtons, nutrons, eltrons e tomos (CORDANI, 2000), sendo o tomo de Hidrognio (H) um dos primeiros a aparecer por ser leve. Muito tempo depois, com o resfriamento da tempera-tura, foi possvel a origem das estrelas e das galxias.

    Uma estrela pode passar por diferentes fases de desenvolvimento (gi-gante vermelha e an branca, por exemplo) e uma delas a sua exploso, que resulta no belssimo fenmeno chamado de supernova. Acredita-se que foi atravs de uma supernova que nosso sistema solar nasceu, h 4,6 bilhes de anos.

    Vamos falar um pouco sobre as estrelas? As estrelas se formam pelo colapso de uma nuvem composta, principalmente, de hlio e traos de ou-tros elementos mais pesados. Uma vez que o ncleo estelar seja suficiente-mente denso, parte do hidrognio aos poucos transformado em hlio pelo processo de fuso nuclear. As estrelas so corpos celestes que possuem luz prpria. O universo, como conhecido, constitudo por bilhes de es-trelas, e todas as noites, se olharmos para o cu, conseguiremos perceber vrios pontos luminosos; a maioria so as estrelas, outros so planetas. Du-rante o dia, a nica estrela que conseguimos enxergar a olho nu o sol, que com sua luz incidindo diretamente na superfcie terrestre, ofusca a viso das outras estrelas que s conseguimos perceber a noite. Por sua vez, durante a noite no enxergamos o sol por conta do movimento que a Terra faz em torno de si mesma, esse movimento chama-se rotao.

    A primeira vista, pode no parecer, mas se olharmos para o cu durante a noite com calma e com o auxlio de um mapa das constelaes, conse-guiremos observar que as estrelas possuem organizao. Em algumas situ-aes os agrupamentos de estrelas formam as galxias, cujas dimenses so da ordem de 100.000 anos-luz (distncia percorrida velocidade da luz, 300 mil km/s, durante um ano). Uma galxia , portanto, um grande siste-ma, que consiste de estrelas, restos de estrelas, poeira interestelar, e um componente chamado de matria escura (ainda pouco conhecido).

    1 POEIRA INTERESTELAR::

    As partculas mais comuns da poeira interestelar so fragmentos microscpi-cos de grafite - carbono - e grandes molculas orgnicas. O gs e a poeira formam as nuvens interes-telares (SOARES, 2007).

  • 2 Formao do univerSo, da terra e doS reCurSoS naturaiS 19

    VOC SABIA?

    Que existem cerca de 170 bilhes de galxias no univer-so que conseguimos observar?

    A estrutura interna de uma galxia pode conter cerca de 100 bilhes de estrelas de diferentes tamanhos e particularidades (CORDANI, 2000). Exis-tem bilhes de galxias e a que o nosso planeta faz parte chama-se Via Lctea. Na imagem abaixo, temos o exemplo de outra galxia, de formato (espiral) semelhante Via Lctea, Andrmeda.

    Figura 1 - Galxia de AndrmedaFonte: DREAMSTIME, 2012.

    O sol uma estrela que est ao centro do nosso sistema solar, que, por sua vez, est localizado em um brao na periferia da Via Lctea, representando, assim, apenas uma pequena parte dela. Existem outros sistemas solares na Via Lctea e em outras galxias, assim conseguimos ter ideia de quo pequeno o nosso planeta.

    O conjunto de galxias forma um aglomerado. Andrmeda, Via Lctea e ou-tras galxias esto agrupadas no mesmo aglomerado chamado de Grupo Local. Os aglomerados formam os superaglomerados que so o maior nvel hierrqui-co do universo. Observe o esquema a seguir, que apresenta a hierarquia das uni-dades formadoras do universo:

  • recursos naturais20

    Estrelas {Galxias {Aglomerados {Superglomerados {Universo

    2.2 o PLaneta terra

    Agora que compreendemos a formao do universo, precisamos situar o nos-so planeta, a Terra, que est localizado dentro de um sistema solar, composto por mais 8 planetas. Ocupado centralmente pelo Sol, uma estrela de mdia gran-deza que concentra 99,8% da massa de todo o sistema, o nosso sistema solar composto tambm por outras estrelas, satlites, cometas, asteroides, poeira e gs, todos de origem comum e concomitante2. Na figura a seguir, encontramos um esquema da conformao do nosso sistema solar, composto pelos planetas (do mais prximo ao mais distante do sol): Mercrio, Vnus, Terra, Marte Jpiter, Saturno, Urano, Netuno e Pluto.

    Figura 2 - Sistema SolarFonte: DREAMSTIME, 2012.

    Entre todos os planetas que constituem o sistema solar, o nico em que at ento so encontradas formas de vida o planeta Terra, o terceiro mais prximo do sol. Com inmeras particularidades, inclusive pela existncia de vida, a bios-fera do nosso planeta pode estar relacionada principalmente com a presena da gua em trs estados fsicos (slido, lquido e gasoso) e a presena de uma atmos-fera diferenciada que mantm a temperatura constante e amena. A viso espacial da Terra transmite uma ideia de um planeta azul por conta dos gases formadores da atmosfera, como podemos perceber na figura a seguir:

    2 CONCOMITANTE:

    Ao mesmo tempo.

    3 TECTNICA DE PLACAS:

    Movimentao de placas rgidas que se localizam no interior litosfera, parte mais externa da superfcie da Terra.

    4 MAGMA:

    o nome dado a rocha fundida debaixo da super-fcie da Terra que, quando expelida por um vulco, d origem lava.

    5 ABIOGNESE:

    A vida surge a partir da matria no viva.

    6 BIOGNESE

    A vida surge a partir de outro organismo vivo.

  • 2 Formao do univerSo, da terra e doS reCurSoS naturaiS 21

    Figura 3 - Vista espacial do planeta TerraFonte: DREAMSTIME, 2012.

    O planeta Terra possui fontes internas e externas de calor. O sol a fonte de calor externa e as fontes internas fornecem energia para suas atividades de din-mica interna, como, por exemplo, a tectnica de placas3 e a formao do magma4. Externamente, a Lua o satlite natural da Terra e, apesar de no possuir atmos-fera prpria, apresenta uma interessante relao gravitacional com o planeta por conta da sua massa. Uma combinao de fatores, entre eles, temperatura, presso e atmosfera, permitiram a existncia da gua nos trs estados fsicos no nosso planeta, um elemento fundamental para a origem e manuteno da vida.

    As teorias acerca da origem da vida na Terra remontam de muitos anos, quan-do cientistas chegaram a propor a ideia de que os organismos surgiam a partir da matria no-viva (inorgnica), a chamada Hiptese da Abiognese5, ou Gerao Espontnea. Posteriormente substituda pela Teoria da Biognese6, os cientistas confirmaram que organismos s surgem de outros pr-existentes (atravs da re-produo). Ento, uma pergunta pode surgir: como surgiu o primeiro organismo vivo?

    Antes de responder a esta pergunta, vamos conhecer um pouco da atmosfera primitiva do planeta Terra. O surgimento da vida s foi possvel a partir da exis-tncia de condies particulares e molculas especficas. Por milhes de anos, a composio da atmosfera girava em torno de 80% CO2, e os 20% restantes dis-tribudos entre nitrognio, monxido de carbono e metano. O oxignio pratica-mente no existia na sua forma livre, o que foi muito positivo inicialmente por conta da sua toxicidade a elementos orgnicos. Com a constante presena de descargas eltricas, estas molculas foram separadas e rearranjadas, e outros fa-tores foram sendo desencadeados, como, por exemplo, a formao de gua no

  • recursos naturais22

    estado lquido e o consequente resfriamento da superfcie terrestre. Assim, come-avam a se formar condies mais amenas7 para o surgimento da vida.

    Os elementos mais importantes para a configurao de molculas orgnicas foram CHON (Carbono-Hidrognio-Oxignio-Nitrognio). Com o resfriamento contnuo do planeta, foi possvel o acmulo de gua em depresses e a formao dos primeiros oceanos primitivos. As molculas orgnicas formadas principal-mente pelos elementos CHON iam sendo arrastadas pelas chuvas at as forma-es aquticas, resultando no chamado Caldo Primitivo. Na figura a seguir, percebemos uma simulao da atmosfera primitiva para a formao de molcu-las orgnicas mais complexas os aminocidos.

    Para abomba de vcuo

    Eletrodos

    Descargade centelha

    Sada de guaCondensador

    Entrada de gua

    gua contendocompostos orgnicos

    Armadilhagua fervendo

    Gases

    CH4NH3H2OH2

    Figura 4 - Esquema do experimento de Miller, 1953Fonte: SENAI, 2012.

    O experimento de Miller foi elaborado com tubos e bales de vidro interli-gados, onde foram adicionados compostos existentes na atmosfera primitiva, a partir da composio proposta por um cientista chamado Oparin: amnia (NH3), metano (CH4), hidrognio (H2) e vapor de gua (H2O). O sistema era aquecido e recebia descargas eltricas, simulando a temperatura elevada e as constantes tempestades da poca. No condensador, a mistura dos gases era resfriada, simu-lando o resfriamento da Terra, que por sua vez, simulava as chuvas, provocando o escorrimento das gotculas de gua acumuladas. Era um processo cclico.

    Miller manteve esse sistema por uma semana. Aps esse tempo, a gua da armadilha foi analisada atravs de vrios experimentos e mostrou a presena de aminocidos e outras substncias qumicas mais simples, compondo o caldo pri-mitivo.

    Hoje, afirmamos que os gases presentes na atmosfera eram diferentes dos propostos por Oparin e testados por Miller, sendo realmente formados por gs

    7 AMENAS:

    adj. Agradvel, aprazvel. Suave, doce, brando.

  • 2 Formao do univerSo, da terra e doS reCurSoS naturaiS 23

    carbnico (CO2), metano (CH4), monxido de carbono (CO) e gs nitrognio (N2). Apesar de no ter utilizado os mesmos gases, o experimento de Miller provou que, nas condies da Terra primitiva, era possvel a formao de aminocidos.

    Um rearranjo constante das molculas pr-existentes e a adio de outros ele-mentos (como o enxofre, por exemplo) foram capazes de formar a primeira estru-tura orgnica considerada viva, formada por aminocidos, que foi encontrada no oceano o coacervado. As condies que afirmam que um organismo con-siderado vivo so a sua capacidade de se duplicar (uma forma de se reproduzir) e o fato de possuir um metabolismo prprio, ou seja, uma fonte de gerao e liberao de energia. E assim se originou a primeira forma de vida na Terra.

    SAIBA MAIS

    Todos os organismos vivos encontrados hoje tm sua origem e complexidade explicadas pela Teoria da Evoluo proposta por Charles Darwin no sculo XIX. No abordaremos esta teoria no nosso livro, mas voc pode ler A Origem das Esp-cies de Charles Darwin para complementar a leitura deste captulo.

    Aps todo este conjunto de informaes sobre a formao do universo, da Terra e a origem da vida, vamos comear a falar dos recursos naturais que podem ser encontrados no planeta. Os prprios seres vivos, as matas, as formas de ve-getao, alguns animais ou partes deles tambm podem ser classificados como recursos naturais.

    2.3 reCurSoS naturaiS

    muito importante entender a formao do nosso planeta e da vida para compreender a sua estrutura e constituio. As mudanas que aconteceram na Terra ao longo de bilhes de anos proporcionaram a existncia da vida e hoje o abrigo de toda a humanidade. nesta casa que vivemos, construmos a nossa moradia e retiramos todos os recursos necessrios para a nossa sobrevivncia.

    O primeiro passo da humanidade na interveno nos processos naturais se deu atravs do domnio do fogo (CORDANI; TAIOLI, 2000), como podemos ob-servar na figura abaixo (Figura 5). A partir da, uma srie de modificaes foram acontecendo na superfcie do planeta, como, por exemplo, a explorao mineral por volta de 40.000 atravs do uso da hematita8 para fins decorativos. Porm o grande motivador de modificaes da superfcie da Terra foi a revoluo agrcola em 4000 a.C., com a contnua e crescente explorao dos recursos naturais do planeta. Veja a figura a seguir:

  • recursos naturais24

    Figura 5 - A descoberta do fogo na pr-histria mudou a forma de vida do ser humanoFonte: SENAI, 2012.

    Os recursos naturais so componentes da paisagem geogrfica (incluindo os prprios seres vivos), mas que ainda no tenham sofrido importantes transforma-es pelo homem. So atribudos aos recursos naturais, historicamente, valores econmicos, sociais e culturais, e, portanto, s podem ser estudados a partir da relao homem-natureza.

    Recurso natural qualquer insumo obtido do meio ambiente que os orga-nismos, as populaes e os ecossistemas necessitem para sua manuteno. Podemos afirmar que alguns recursos naturais so teis, ou at mesmo indis-pensveis para a vida dos organismos. Um exemplo clssico de recurso natural indispensvel para a sobrevivncia dos seres vivos a gua. Os recursos hdricos esto, contidos nos mares, rios, lagos, etc. Eles so essenciais para a manuteno dos processos de todos os organismos e, sem a gua, a vida na Terra provavel-mente nem teria existido.

    Recursos como a energia solar, o ar limpo, o vento, a gua superficial doce, o solo frtil e as plantas selvagens comestveis esto diretamente disponveis para o uso. Outros recursos como o petrleo, ferro, gua subterrnea, no esto pron-tamente disponveis. Eles se tornam teis para ns somente por meio de algum esforo e inveno tecnolgica, e so obtidos por uma relao que os humanos possuem com a demanda econmica que estes recursos agregam. Na imagem abaixo, podemos perceber a representao que a gua tem na vida de todos os indivduos.

    8 HEMATITA :

    Mineral brilhoso utilizado em decoraes.

  • 2 Formao do univerSo, da terra e doS reCurSoS naturaiS 25

    Figura 6 - gua, um recurso natural essencialFonte: DREAMSTIME, 2012.

    Os recursos naturais esto relacionados com dois importantes tpicos a serem discutidos: tecnologia e economia, ambos com o foco no meio ambiente.

    2.3.1 Tecnologia

    Tecnologia o conjunto de conhecimentos e princpios cientficos que se apli-cam ao planejamento, construo e utilizao de um recurso em um determi-nado tipo de atividade. Um exemplo bem moderno de como a tecnologia poten-cializa a utilizao dos recursos naturais o pr-sal. O termo pr-sal refere-se a um conjunto de rochas localizadas nas pores marinhas de grande parte do litoral brasileiro, com potencial para a gerao e acmulo de petrleo. O termo pr utilizado porque, ao longo do tempo, essas rochas foram sendo depositadas antes da camada de sal. Convencionou-se chamar de pr-sal, porque forma um intervalo de rochas que se estende por baixo de uma extensa camada de sal, que em certas reas da costa atinge espessuras de at 2.000m (PETROBRAS, 2009).

    Antes era impossvel utilizar o petrleo encontrado na espessa camada de pr-sal debaixo da terra, o acesso era invivel, devido profundidade (Figura 7). Hoje, j existem estudos e afirmaes de que estamos prximos de alcanar a tecnologia adequada para este tipo de explorao pioneira. Ento, o petrleo no pr-sal passar em breve a ser um recurso natural, potencializado pelo avano da tecnologia.

  • recursos naturais26

    Fundo do mar

    Camadaps-sal

    Camada de sal

    Camadade pr-sal

    2000m

    3000m

    5000m

    7000m

    PETRLEO

    Figura 7 - Representao do Pr-salFonte: SENAI, 2012.

    Porm, existe o lado perigoso da utilizao de ferramentas tecnolgicas para a extrao de recursos, a explorao abusiva, chamada de sobre-explorao. Quan-do excedemos a taxa de reposio natural de um recurso, este comea a diminuir, levando degradao ambiental.

    VOC SABIA?

    As maiores descobertas de petrleo, no Brasil, foram feitas recentemente pela Petrobrs na camada pr-sal localizada entre os estados de Santa Catarina e Esprito Santo, onde foram encontrados grandes volumes de leo leve. Na Bacia de Santos, por exemplo, o leo j identificado no pr-sal tem uma densidade de 28,5 API, baixa acidez e baixo teor de enxofre. So caractersticas de um petrleo de alta qualidade e maior valor de mer-cado. Fonte: PETROBRAS, 2009.

    2.3.2 economia

    Anteriormente dcada de 70, quando houve a crise do petrleo, o lcool produzido a partir da cana-de-acar, possua um preo elevado por conta do seu alto custo de produo. Com a crise e o aumento da demanda pelo combustvel alternativo, o lcool se tornou um recurso natural estratgico e muito importante por conta da sua possibilidade de renovao (diferente do petrleo). Um proble-ma inicialmente econmico, a crise do petrleo fez a humanidade aprimorar as tcnicas de processamento do lcool para diminuir seu valor econmico e, ao mesmo tempo, trouxe grandes benefcios quanto utilizao de um combustvel alternativo.

    9 PERENES:

    Inesgotveis, eternos, dura-douros.

    10 OPERACIONAIS:

    Uma definio operacio-nal um procedimento que atribui um significado comunicvel a um conceito atravs da especificao de como o conceito aplicado dentro de um conjunto especfico de circunstncias.

  • 2 Formao do univerSo, da terra e doS reCurSoS naturaiS 27

    Hoje, j contamos com biocombustveis, ou seja, combustveis gerados a partir de outros insumos agrcolas, que no a cana-de-acar, graas crise econmica que se estabeleceu por conta do petrleo. Na figura a seguir, observe a cana-de--acar que d origem ao lcool.

    Figura 8 - Cana-de-acar, insumo que origina o lcool Fonte: DREAMSTIME, 2012.

    Do ponto de vista do ser humano, um recurso natural dotado de valor eco-nmico, obtido do meio ambiente para atender necessidades e desejos. Como por exemplo, temos alimentos, gua, abrigo, produtos manufaturados, transpor-te, comunicao e lazer. Em nossa curta escala de tempo humana (comparada ao tempo geolgico da Terra, por exemplo), classificamos os recursos naturais em perenes9 (luz do sol, vento), renovveis (ar e gua limpos, solo, produtos florestais, gros) e no renovveis (combustveis fsseis, metais e areia) (MILLER JR., 2007). Estes conceitos so operacionais10, uma vez que todos os recursos so renovveis, se lhes for dado tempo suficiente (em uma escala de tempo muito superior ao tempo do ser humano). Portanto, podemos concluir que um recurso pode ser no renovvel somente para a escala de tempo humana e este con-ceito que trataremos no decorrer do livro. A seguir, temos um esquema com a classificao dos recursos naturais.

  • recursos naturais28

    Fsforo ClcioAreia

    Mineraisenergticos

    Petrleo

    Perenes Renovveis No renovveis

    Luz do solVento

    gua limpaAr limpo

    Solo frtil

    Recursos

    Figura 9 - Classificao dos recursos naturais e exemplosSENAI, 2012.

    A gua limpa um exemplo interessante a se destacar, pois classificada en-quanto recurso natural renovvel. Observe que esta classificao existe por conta do seu ciclo hidrolgico, capaz de renovar a gua dentro de certos limites. O que no levado em considerao neste conceito de renovvel a poluio ou con-taminao da gua durante alguma fase, comprometendo a continuidade de seu ciclo. Neste caso, a gua ou outro recurso renovvel que se torne invivel, pode ser considerado potencialmente renovvel.

    Para entender melhor o papel dos recursos naturais na vida dos organismos, vamos aprender um pouco mais sobre os recursos renovveis e no renovveis a seguir.

    2.4 reCurSoS naturaiS renovveiS

    Os recursos naturais renovveis so aqueles que, aps serem utilizados se tornam disponveis novamente em um tempo relativamente curto, graas aos ciclos naturais, por exemplo, florestas, campos, gua doce, ar limpo e solo frtil. Por conta deste tempo de reposio, os recursos naturais renovveis podem se esgotar, desencadeando um processo de degradao ambiental. Isso ocorre quando a sua explorao acontece em uma velocidade e intensidade maior do que o recurso naturalmente recomposto, ultrapassando a sua taxa de reposio.

    Alguns exemplos de esgotamento de recursos e a consequente degradao ambiental esto relacionados com a urbanizao de terras produtivas, eroso (desgaste) excessiva do solo, poluio, desmatamento e uso exagerado de gua subterrnea.

  • 2 Formao do univerSo, da terra e doS reCurSoS naturaiS 29

    SAIBA MAIS

    A gua, em seu ciclo hidrolgico, um bom exemplo de re-curso renovvel. Caso tenha se esquecido desse contedo, relembre o ciclo da gua, ser muito til para a compreenso do captulo de recursos hdricos que veremos adiante.

    Agora que j entendemos um pouco o que so os recursos naturais renov-veis, veremos, a seguir, os recursos naturais no-renovveis.

    2.5 reCurSoS naturaiS no-renovveiS

    Os recursos naturais no-renovveis so aqueles que existem em uma quantidade limitada e possuem um estoque fixo no meio ambiente. Na ver-dade, como j falamos anteriormente, em uma escala de bilhes de anos estes recursos podem ser renovados, mas pelo fato de o ser humano no viver nesta escala de tempo para constatar a renovao, os consideramos no-renovveis.

    Entre estes recursos, esto os minerais metlicos, como o ferro, cobre e alu-mnio, que podem ser reciclados (e reaproveitados); os minerais no-metlicos, como sal, argila, areia, que so muito difceis ou muito caros para serem recicla-dos; e, por fim, os de matriz energtica, responsveis por fornecer energia para a sobrevivncia das indstrias, das cidades e da tecnologia em geral: carvo, gs natural e petrleo que no podem ser reciclados (MILLER JR., 2007). Observe o esquema a seguir para compreender melhor os recursos naturais no-renovveis.

    RecursosEnergticos

    Minerais MetlicosMinerais

    No metlicos

    Recursos NaturaisNo Renovveis

    FerroCobre

    Alumnio

    AreiaArgila

    Sal

    CarvoGs Natural

    Petrleo

    Figura 10 - Esquema dos recursos naturais no renovveis e exemplosFonte: SENAI, 2012.

    Alguns minerais metlicos, como o cobre e o alumnio podem ser reaprovei-tados ou reciclados. Esse tipo de medida tem sido bastante incentivada e adota-

  • recursos naturais30

    da para no esgotar to rapidamente a matria bruta encontrada na natureza e, como isso, h diminuio no seu custo. A reciclagem envolve a coleta de res-duos, seu processamento em novos materiais e a comercializao do novo produto. o que acontece com as latinhas de refrigerante que so de alumnio. Estas so coletadas, esmagadas, derretidas e do origem a novas latinhas ou ou-tros produtos. Na imagem abaixo, o detalhe de uma latinha de alumnio que ser reciclada:

    Figura 11 - Lata de alumnio, um recurso no-renovvel reciclvelFonte: DREAMSTIME, 2012.

    A reciclagem e o reaproveitamento de materiais metlicos no-renovveis es-to relacionados com a economia de energia, gua e outros recursos naturais, alm de diminuir a poluio e degradao ambiental, que ocorreriam na explora-o dos recursos metlicos in natura (na natureza).

    Os recursos naturais no-renovveis energticos so sempre muito disputados economicamente por conta do potencial financeiro que eles possuem. Na verda-de, no conseguiremos esgotar totalmente um recurso no-renovvel, como por exemplo, os minerais, pois quando sua quantidade for absurdamente reduzida ele se torna economicamente exaurido, ou seja, seus custos de extrao e uso ficam muito superiores ao seu valor econmico no mercado.

    Agora, vamos falar um pouco sobre um recurso no-renovvel muito disputa-do economicamente: o petrleo. Motivador de guerras e disputas polticas, ainda hoje estremece relaes internacionais. O preo do barril de petrleo varia com as condies econmicas de cada pas, dependendo dos custos de extrao, re-fino, distribuio e repasse sociedade. Do petrleo bruto (que sai do solo) at o petrleo refinado (separado em leo combustvel, gasolina e outros) existe a agregao de valor. Todo este processo atribui cifras ao lquido viscoso que co-mumente conhecemos pela cor preta. A seguir, entenderemos um pouco do pro-cesso de refino do petrleo na seo de Casos e Relatos.

  • 2 Formao do univerSo, da terra e doS reCurSoS naturaiS 31

    CaSoS e reLatoS

    Como funciona uma refinaria de petrleo?

    O petrleo, quando retirado no campo de produo, denominado leo cru e, a depender da Rocha Reservatrio de onde o mesmo foi extrado, pode apresentar diversos aspectos visuais e caractersticas diferentes. Por isso, existem petrleos de vrias cores: amarelo, marrom, preto e verde. Uma refinaria tem a funo bsica de decompor o petrleo em diferentes subprodutos, como gasolina, diesel e querosene.

    A refinaria recebe o petrleo na forma do chamado leo cru das platafor-mas de extrao e o submete a diversos processos qumicos. O primeiro e mais importante desses processos a destilao, que ocorre dentro de uma grande torre. Nela, o petrleo aquecido a altas temperaturas, evapora e, quando volta forma lquida novamente, j tem boa parte de seus princi-pais subprodutos separados.

    Os subprodutos saem da torre, ainda um pouco contaminados uns pelos outros. Todos vo para um processo de purificao: em tanques, passam por reaes qumicas para quebrar e recombinar suas molculas at esta-rem puros. Os subprodutos obtidos ficam em outros tanques de armazena-gem. Da refinaria, eles saem por oleodutos at as indstrias petroqumicas (que usam o GLP gs liquefeito de petrleo ou gs de cozinha - para fazer plsticos, por exemplo) ou rumo s distribuidoras de combustvel.

    Fonte: BIANCHIN; CARDOSO, 2012 (Adaptado).

    importante conhecer as propriedades do petrleo e dos seus derivados. Em sua atuao como profissional da rea de Meio Ambiente necessrio estar aten-to ao mercado de trabalho e as questes ligadas a essa rea, especialmente para aqueles que desejam atuar na rea petrolfera. Com certeza, voc j ouviu falar em grandes impactos ambientais relacionados ao derramamento de petrleo em mares do Brasil.

  • recursos naturais32

    FIQUE ALERTA

    Todos os funcionrios de uma refinaria de petrleo preci-sam utilizar os equipamentos de proteo individual (EPIs) para executar o seu trabalho no campo com segurana.

    A forma e a intensidade com que os recursos naturais so extrados podem ser realizadas inconsequentemente, gerando a degradao destes recursos, como veremos adiante.

    2.6 degradao doS reCurSoS naturaiS

    A sobrevivncia de uma populao est diretamente relacionada com o con-sumo e utilizao de recursos naturais. Este processo natural gera resduos e poluio. A figura a seguir, representa a relao equilibrada que deve haver entre estes trs elementos (populao, recursos naturais e poluio).

    POPULAO

    POLUIORECURSOS NATURAIS

    Figura 12 - Relao entre os componentes populao, recursos naturais e poluioFonte: SENAI, 2012.

    Alm do elemento poluio, medida que os recursos naturais so utilizados, eles podem estar sendo degradados. A perigosa combinao entre poluio e degradao dos recursos naturais causa o processo de degradao ambiental. Podemos perceber que poluio e degradao ambiental, apesar de originados da utilizao de recursos naturais, tm significados distintos e complementares.

    importante avaliar que a degradao de um recurso natural pode impactar em diversos organismos, na atmosfera e, principalmente, em outros recursos. Va-mos trabalhar um pouco com o exemplo das queimadas em florestas. Ao mesmo

    11 MONOCULTURA:

    s.f. Sistema de explorao do solo com especializao em um s produto.

    12 DESENVOLVIMENTO SUSTENTVEL :

    Desenvolvimento econmi-co, social e coletivo, baseado na manuteno e susten-tabilidade dos recursos naturais.

  • 2 Formao do univerSo, da terra e doS reCurSoS naturaiS 33

    tempo em que os recursos esto sendo queimados, esta degradao causa uma enorme poluio com a liberao de CO2 na atmosfera. As queimadas, geralmen-te ocorrem para a limpeza de uma rea que se tornar pastagem de gado. A retirada das rvores e suas razes para a manuteno da monocultura11 de gram-neas (para o consumo dos animais) causar a degradao do solo, outro recurso natural.

    O desenvolvimento de nossa sociedade ocorreu de forma desordenada e sem planejamento, com nveis crescentes de poluio e degradao dos recursos na-turais. Esses nveis de degradao comearam a causar impactos negativos signi-ficativos, comprometendo a qualidade do ar e a sade humana em vrias cidades pelo mundo, a exemplo da transformao do rio Tiet, em So Paulo, que, em funo dos despejos sem tratamento, transformou-se em um verdadeiro esgoto a cu aberto.

    Para a minimizao da degradao dos recursos, poluio e gerao de res-duos, interessante compreender a estrutura do desenvolvimento sustentvel12. Para isso, vamos analisar a figura a seguir:

    Energia

    Recuperaodo recurso

    Resduo/Impacto

    Uso de RecursosModicaodos recursos

    Transporte Consumo

    Impacto minimizado pela restaurao ambiental

    Figura 13 - Modelo de desenvolvimento sustentvel idealFonte: SENAI, 2012.

    Neste modelo, esto includos a reciclagem e o reuso dos recursos, aliados restaurao do meio ambiente. Por trs deste sistema ideal, esto previstas as seguintes premissas (BRAGA, 2006):

    a) dependncia do suprimento (recurso);

    b) uso racional da energia e da matria com nfase na conservao13;

    c) promoo da reciclagem e reutilizao dos materiais;

    d) controle da poluio, com menor gerao de resduos;

    e) controle do crescimento populacional, com perspectivas de estabilizao.

  • recursos naturais34

    Este tipo de desenvolvimento est aliado diminuio da degradao dos re-cursos naturais, para tanto, precisa ser rigorosamente cumprido, desejo de todas as sociedades que mantm o capitalismo como seu sistema econmico enraizado no consumo.

    A seguir, vamos construir um breve panorama da distribuio de alguns recur-sos naturais no mundo e finalizar o captulo.

    2.7 diStribuio doS reCurSoS naturaiS no PLaneta e SuaS CaraCterStiCaS

    Muitos depsitos minerais encontram-se associados a magmas, e o conhe-cimento detalhado dos processos da tectnica de placas auxilia os gelogos a indicar com preciso onde mais provvel que os prospectores14 encontrem conjuntos especficos de minerais. Os depsitos de minerais no subsolo so iden-tificados por meio de vrios mtodos fsicos e qumicos. Alguns recursos tecno-lgicos, como fotos areas, imagens de satlite, por exemplo, podem revelar aflo-ramentos rochosos15 associados a certos minerais.

    De acordo com Braga (2006), o Servio Geolgico dos Estados Unidos (U.S. Geological Survey) classifica os recursos minerais no-renovveis em quatro cate-gorias principais, quanto sua localizao e disponibilidade:

    a) Recursos Identificados: depsitos de um recurso mineral no-renovvel com localizao, quantidade e qualidade conhecidas ou cuja existncia tem como base evidncia geolgica direta e medies;

    b) Recursos no descobertos: sabe-se que existem fontes potenciais de re-cursos minerais no renovveis, porm a localizao, quantidade e qualida-de so desconhecidas;

    c) Reservas: recursos identificados dos quais um mineral no-renovvel pode ser extrado de forma proveitosa a preos bem acessveis;

    d) Outros recursos: recursos no descobertos e recursos identificados que no so classificados como reservas.

    Geralmente quando um mineral explorado, estamos nos referindo s reser-vas. Elas podem aumentar quando novos depsitos so encontrados ou quando a extrao deste mineral fica mais barata.

    Outro recurso que conseguimos avaliar a distribuio no planeta e que possui acesso bem definido a gua. A Organizao das Naes Unidas para a Educao, a Cincia e a Cultura (UNESCO) divulgou uma avaliao das propores de distri-buio da gua no planeta, como veremos na figura a seguir:

    13 CONSERVAO:

    A conservao envolve uso dos recursos ofertados pe-los ambientes naturais, mas de forma sustentvel.

    14 PROSPECTORES :

    Aqueles que realizam prospeco, explorao de recursos.

    15 AFLORAMENTOS ROCHOSOS:

    Conjunto de rochas que emergem do subsolo e so encontradas na superfcie da Terra.

  • 2 Formao do univerSo, da terra e doS reCurSoS naturaiS 35

    97,5%gua

    salgada

    0.3% Lagos doces, erios. Apenas esta poro

    renovvel.

    29.9% guaSubterrnea

    0.9%Outros

    (solo,pntanos e permaforst)

    68.9%reas glaciais

    e nevepermanentes

    2.5% do total global de gua doce

    gua Total Global

    Figura 14 - Distribuio da gua no mundoFonte: SENAI, 2012.

    Como podemos perceber, do total de gua que est disponvel na Terra, ape-nas 2,5% doce e destes, 0,3% utilizvel. Ainda assim, a gua considerada um recurso renovvel, por conta do seu ciclo hidrolgico e de suas formas de reutilizao. Estima-se que desperdiamos dois teros da gua que usamos, mas, poderamos reduzir esse desperdcio para 15% (MILLER JR., 2007).

    medida que formos estudando a formao dos recursos minerais nos prxi-mos captulos, abordaremos um pouco da sua distribuio de forma mais espe-cfica.

  • recursos naturais36

    reCaPituLando

    Neste captulo, estudamos a formao do Universo atravs da teoria do Big Bang e seus componentes principais: as estrelas, galxias, aglomerados e superaglomerados. Com a grande exploso e a formao do Universo, vi-mos que a nossa galxia, a Via Lctea, possui outros sistemas e o sistema so-lar que vivemos est localizado em um dos seus braos. A origem do nosso sistema solar, foi concomitante dos planetas que o compem e eles tm, basicamente, a mesma origem e formao. O Planeta Terra o terceiro mais prximo do sol e sua formao data de 4,6 bilhes de anos. As constantes mudanas que ocorreram na Terra e a presena da gua nos trs estados fsicos (uma grande particularidade) permitiu a existncia da matria viva a partir da agregao de estruturas orgnicas no oceano. O resfriamento gradual do planeta e sua dinmica interna desencadearam a formao dos recursos naturais que hoje utilizamos como forma de sobrevivncia.

    Muitos recursos naturais so fundamentais manuteno da vida humana e de outros organismos, porm, certos recursos esto relacionados com a produo de materiais para a manuteno de indstrias, da tecnologia e da economia. Estes recursos esto classificados como perenes, renovveis e no-renovveis; e sua utilizao indiscriminada e degradao pode ocasio-nar a degradao do meio ambiente.

    Vimos tambm que os recursos minerais esto distribudos no mundo de forma no contnua, e muitas pesquisas so necessrias antes de ini-ciar sua explorao. A gua, considerada um recurso renovvel, apesar de abundante no planeta, s 0,3% est em disponibilidade para o consumo humano, importante fator para refletir acerca de sua constante manuten-o e economia. Todos esses conceitos so de grande relevncia para o aprofundamento da sua formao como profissional da rea de Meio Am-biente, aproveite e avance em seu aprendizado com a pesquisa dos temas aqui mencionados em outras referncias bibliogrficas e eletrnicas. V em frente com autonomia e entusiasmo.

  • 2 Formao do univerSo, da terra e doS reCurSoS naturaiS 3737

    Anotaes:

  • geologia

    3

    Algumas vezes, conseguimos observar em encostas de morros ou at mesmo em cortes no solo, que a superfcie da Terra formada por diferentes camadas, com cores e at substra-tos diferentes. no solo e nas suas profundezas que encontramos muitos recursos naturais no-renovveis. A cincia que estuda os processos dinmicos que ocorrem na superfcie terrestre e em seu interior (MILLER JR., 2007) chamada de Geologia (Geo Terra; logia estudo) e, neste captulo, entenderemos um pouco dos seus conceitos.

    Se ficarmos parados, com os ps no cho, no sentimos nada se mover, mas isso no signi-fica que esta terra abaixo de voc estvel e imvel. A superfcie e o interior do nosso planeta esto mudando constantemente, mas em uma velocidade muito lenta que ns no consegui-mos perceber quando colocamos os ps no cho. Por um lado, isso muito positivo, imagine como as nossas construes seriam abaladas se essas mudanas fossem perceptveis? Seria como um terremoto constante!

    O tempo geolgico est dividido em eras, que so formadas por centenas de milhares de anos. Atualmente, estamos vivendo na era Cenozoica, na poca Holoceno. Porm, h mi-lhes de anos atrs, os continentes no estavam posicionados no planeta como esto hoje, eles passaram por uma movimentao que chamamos de Deriva Continental, observe a figu-ra a seguir com as datas de quando as modificaes ocorreram.

    JURSSICO135 milhes de anos

    CRETCIO65 milhes de anos

    ATUALMENTEPERMIANO250 milhes de anos

    P A N G A E ATRISSICO

    200 milhes de anos

    GONDWANALAND

    L A U R A S I A

    Figura 15 - A Deriva ContinentalFonte: SENAI, 2012.

  • recursos naturais40

    1 FUNDIDAS:

    Que sofreu fuso, passou do estado slido para o lquido.

    2 ELEMENTO INORGNICO:

    Que no tem origem a partir de elementos biolgicos ou vivos.

    H 250 milhes de anos, os continentes estavam unidos em um bloco nico, que era chamado de Pangeia. No interior da Terra, enormes fluxos cclicos de rochas fundidas1 quebraram a superfcie do planeta em uma srie de placas enor-mes (chamadas de tectnicas), que se movem lentamente por conta da dinmi-ca interna do planeta. A movimentao destas placas que foi responsvel pela deriva continental, e seus choques causam os atuais terremotos. O Brasil nunca foi afetado por terremotos, porque est localizado em uma nica placa tectnica, a Sul-Americana. Alm da movimentao dos continentes, a movimentao das placas formou uma srie de falhas geolgicas, montanhas e cordilheiras (ex.: Cor-dilheira dos Andes na Amrica do Sul e Cordilheira do Himalaia, na sia), como podemos ver na imagem a seguir.

    Figura 16 - Parte da Cordilheira do HimalaiaFonte: DREAMSTIME, 2012.

    Com todas essas mudanas que ocorreram ao longo de milhares de anos no interior da Terra, os recursos naturais foram se formando, mudando e se adap-tando. Associado energia do sol e ao poder de transformao da gua corren-te, formaram-se montanhas, vales, plancies e as bacias ocenicas. Vamos, ento, comear a compreender as caractersticas de alguns recursos naturais que foram formados atravs das dinmicas do planeta. Comearemos pelos minerais.

    VOC SABIA?

    Que as regies mais propcias a terremotos localizam--se na juno das placas tectnicas? Isso explica a maior incidncia de tremores em pases como Chile (entre a placa sul-americana e a placa de Nazca), Japo (princi-palmente entre a placa do pacfico e a placa das Filipi-nas) e Ir (entre a placa africana, euroasitica e arbica).

  • 3 geoLogia 41

    3.1 oS mineraiS

    Os minerais so as unidades formadoras das rochas. Encontramos mine-rais em diversos locais, desde as joias que contm pedras preciosas at no asfalto que pavimenta as ruas. O mineral um elemento inorgnico2 sempre nico que ocorre na natureza, slido e possui uma estrutura cristalina interna especfica e regular, que confere sua exclusividade (MADUREIRA FILHO, 2000). Poucos so formados por um nico elemento, como o caso do ouro, a prata, o diamante (que formado por carbono) e o enxofre.

    Existem cerca de dois mil minerais identificados, e a maioria se apresenta como componentes inorgnicos formados por diferentes combinaes entre elementos (MILLER JR., 2007). Exemplos comuns desses minerais, formados de composies entre elementos, so o sal (NaCl) e o quartzo (SiO2). So considera-dos minerais os elementos na sua forma slida, com exceo do mercrio, o nico lquido considerado mineral. O gelo formado naturalmente considera-do mineral, mas a gua lquida no. Analisaremos, a seguir, suas caractersticas.

    3.1.1 caracTersTicas

    Cada mineral chamado de espcie mineral, justamente por conta de suas particularidades. Sempre que sua cristalizao ocorrer em condies geolgicas ideais, a organizao de seus tomos vai dar origem a uma forma geomtrica externa com o aparecimento de faces, vrtices e arestas. Nestas condies, a amostra do mineral pode ser chamada de cristal (MADUREIRA FILHO, 2000).

    Um cristal de um mineral possui um arranjo interno tridimensional (em trs dimenses), com tomos ordenados, formando o retculo cristalino, que nada mais do que a repetio do arranjo de tomos que formam o mineral. Veja a figura a seguir como a estrutura do mineral de sal (NaCl) para facilitar a compre-enso da estrutura cristalina.

    Cl -

    Na+

    Figura 17 - Cristal de sal (NaCl)Fonte: SENAI, 2012.

  • recursos naturais42

    Na natureza, os cristais perfeitos dos minerais so rarssimos e, quando encon-trados, constituem as joias do reino mineral. A forma mais comum de se encontrar o mineral no seu formato irregular, como vimos na figura anterior (Figura 17). O vidro e os gis, por exemplo, apesar de serem substncias slidas, no possuem forma definida (ou seja, so amorfos) e, portanto, no podem ser considerados minerais. Por outro lado, algumas substncias possuem forma definida, como o caso das prolas e do mbar, mas possuem origem biolgica (orgnica), no fazendo parte do conceito de minerais, que so de origem inorgnica.

    possvel, em laboratrio, combinar substncias e formar outras sintticas3. Os minerais sempre so encontrados na natureza, e seus equivalentes sintticos no so considerados minerais, mesmo que tenham todas as caractersticas de seus naturais ou, ainda, que tenham sido formados a partir de materiais artificiais com ao do ar ou da gua. Falar mineral sinttico, portanto, incorreto.

    CLaSSiFiCao

    Alm da forma usual, os minerais podem ser polimorfos ou isomorfos. Os polimorfos (poli = muitas; morfos = formas) so aqueles que possuem a mesma composio qumica, mas estruturas cristalinas diferentes, resultando em formas distintas. Um exemplo a grafita e o diamante, ambos polimorfos de carbono. Os minerais isomorfos (iso = iguais; morfos = formas) so aqueles que possuem forma cristalina semelhante e composio qumica diferente. Por exemplo, temos a Calcita (CaCO3) e a Magnesita (MgCO3), ambos com a mesma forma cristalina.

    Outra classificao dos minerais quanto cristalizao, o uso e a compo-sio qumica. O critrio qumico o mais utilizado pelos livros didticos e pes-quisadores e os nomes criados esto de acordo com o radical4 que ele apresenta na sua frmula qumica. Observe, a seguir, o exemplo da Barita que, assim como outros compostos que possuem o radical sulfato, classificada no grupo Sul-fatos. Os minerais que possuem o mesmo radical tm mais afinidade e, conse-quentemente, uma tendncia a estarem associados na natureza.

    BaSO4

    Ba+2 SO4-2

    Brio Sulfato Radical Sulfato

    Figura 18 - Radical Sulfato da BaritaFonte: SENAI, 2012.

    3 SINTTICAS:

    Obtidas artificialmente. Oposto de natural..

    4 RADICAL:

    Termo que se refere ao grupo de tomos combinados em uma molcula (orgnica ou inorgnica) capaz de manter sua individualidade na reao qumica, podendo ser substitudo integralmente por um elemento ou outro radical dentro de um composto.

  • 3 geoLogia 43

    Com o exemplo da Barita, podemos perceber que o radical da frmula qumica do composto o responsvel pela sua classificao. Observe, a seguir, a classifica-o completa dos minerais, o sulfato apenas um deles:

    a) Elementos Nativos;

    b) Sulfetos;

    c) Sulfossais;

    d) xidos;

    e) Haloides;

    f) Carbonatos;

    g) Nitratos;

    h) Boratos;

    i) Sulfatos e Cromatos;

    j) Fosfatos, Arseniatos e Vanadatos;

    k) Tungstatos e Molibdatos;

    l) Silicatos.

    Devido a sua grande importncia, por constituir 97% da crosta continental, os silicatos apresentam uma classificao parte dos seus grupos minerais, como podemos ver na imagem a seguir.

    Classe mineral Espcie ou grupo mineral %em vol.

    Silicatos

    feldspatos

    piroxnios e anblios

    quartzo

    micas, clorita, argilominerais

    olivina

    epdoto, cianita, andaluzita

    silimanita, granadas,

    zelitas etc.

    Total 100

    3

    2

    3

    10

    11

    13

    58

    Carbonatos,xidos,

    Halides etc.Sulfetos,

    Figura 19 - Classificao dos mineraisFonte: SENAI, 2012.

  • recursos naturais44

    VOC SABIA?

    Que o termo Minrio s utilizado quando o mine-ral ou at mesmo a rocha possui importncia econ-mica?

    nomenCLatura e identiFiCao

    Os novos nomes de minerais devem seguir a regra instituda pela Associao Mineralgica Internacional (AMI), e terminar com o sufixo ita. Os minerais anti-gos e de nomes j consagrados no precisam seguir a regra (MADUREIRA FILHO, 2000). Para a criao de um nome novo, alm do sufixo -ita, algumas recomen-daes precisam ser seguidas na nomenclatura:

    a) Indicar a localizao geogrfica da descoberta;

    b) Indicar uma de suas propriedades fsicas;

    c) Indicar a presena de um elemento qumico predominante;

    d) Homenagear uma pessoa importante da rea.

    Para conseguir identificar um mineral, a observao de suas propriedades fsi-cas e morfolgicas decorrentes da estrutura cristalina e da composio qumica, geralmente so suficientes. Para esse rpido diagnstico, so observadas algu-mas propriedades, de acordo com Madureira Filho (2000):

    a) Hbito Cristalino: como vimos anteriormente, a forma geomtrica que o arranjo de tomos proporciona. O mineral pode apresentar diferentes hbi-tos (ou formas): prismtico, laminar, fibroso, acicular, tabular e equidimen-sional;

    b) Transparncia: quanto menos luz o mineral absorve, mais transparente ele . Um mineral que no absorve luz alguma tem a transparncia mxima. O mineral que absorve muita luz chamado de translcido, e o capaz de ab-sorver totalmente a luz o opaco. A depender da espessura, essa regra pode ser quebrada, j que um mineral translcido pode se tornar transparente se estiver em uma espessura bem fina;

    c) Brilho: a quantidade de luz refletida pela superfcie de um mineral. A maioria dos minerais opacos geralmente reflete 75% da luz, provocando um brilho metlico. Os outros minerais, com percentual de refletncia5 inferior a 75%, apresentam o brilho do tipo no-metlico. Algumas vezes, o brilho um dos primeiros critrios de identificao;

    d) Cor: tambm est relacionada com os nveis de absoro da luz branca e a sua decomposio. um difcil critrio de identificao, porque muito mine-rais variam a cor de sua superfcie a depender do formato que se encontrem,

    5 REFLETNCIA:

    Refletncia - Relao entre o fluxo luminoso refletido por uma superfcie.

  • 3 geoLogia 45

    ou at mesmo da presena de outros elementos qumicos na sua composi-o. O quartzo, por exemplo, existe em diferentes cores;

    e) Trao: a cor do p do mineral que pode ser obtido riscando-o em uma superfcie de porcelana branca. Uma propriedade interessante, mas que s pode ser avaliada em minerais ferrosos e metlicos, pois os translcidos e os transparentes apresentam traos brancos;

    f) Dureza: a resistncia que o mineral apresenta ao ser riscado. A escala de dureza (chamada escala de Mohs) vai de 1 a 10, onde 1 o talco e 10 o diamante.

    Figura 20 - Diamante, que possui dureza 10 na escala de MohsFonte: DREAMSTIME, 2012.

    g) Fratura: a superfcie formada a partir da quebra do mineral;

    h) Clivagem: quando a superfcie de quebra extremamente regular (poden-do ser boa, perfeita ou imperfeita) a quebra do mineral passa a ser chamada de clivagem;

    i) Densidade relativa: a densidade do mineral em relao gua. Para me-dir, se compara o mesmo volume do mineral ao de gua a 4C;

    j) Geminao: a propriedade de alguns cristais em crescer de forma irregular sob si mesmo. A geminao pode ser simples ou mltipla. O tipo de gemina-o , muitas vezes, uma propriedade diagnstica do mineral;

    k) Propriedades eltricas e magnticas: alguns metais (ouro, prata e cobre) so excelentes condutores de eletricidade, mas a maioria dos minerais so maus condutores. No caso da atrao magntica, poucos conseguem ser atrados por campo magntico, caso quase exclusivo da magnetita e da pir-rotita.

    Agora que compreendemos as principais caractersticas dos minerais, en-quanto unidades formadoras de rochas, vamos estud-las de forma mais ampla e perceber que nem sempre simples encontrar e extrair os recursos minerais.

  • recursos naturais46

    FIQUE ALERTA

    O trabalho em campos de minerao um dos mais arriscados do setor industrial, com altos ndices de aci-dentes graves ou fatais.

    SAIBA MAIS

    Para compreender a forte relao econmica do ser hu-mano com os recursos minerais, vale a pena conferir um filme de fico: Diamante de Sangue (2006), que retrata a histria do garimpo de diamantes na Serra Leoa, fri-ca.

    3.2 aS roChaS

    A unio natural de minerais consolidados forma as rochas, que possuem seus cristais ou gros constituintes, bem unidos entre si, originando a estrutura rochosa. Opostos s rochas, estariam os sedimentos, que apresentam uma estru-tura sem fora de ligao, como a areia da praia, por exemplo.

    Pelo fato de a rocha ser formada por minerais, sua avaliao da composio mineralgica um importante estudo a ser feito para compreender as caracte-rsticas das rochas. Existem os minerais essenciais sempre presentes e mais abun-dantes, e sua proporo vai determinar o nome da rocha. Os minerais acessrios podem ou no estar presentes.

    A principal forma de classificar as rochas de acordo com seu modo de for-mao na natureza, que podem ser gneas ou magmticas, sedimentares e meta-mrficas. Vamos ver com calma cada uma das classificaes a seguir.

    roChaS gneaS ou magmtiCaS

    Possuem este nome por serem originadas a partir do resfriamento do mag-ma (material rochoso fundido). Pode ser que o resfriamento ocorra ainda dentro da crosta terrestre, originando a rocha gnea intrusiva, ou se o magma chegar superfcie antes de esfriar, a rocha se chamar vulcnica ou gnea extrusiva.

    simples separar uma rocha intrusiva de uma extrusiva, a intrusiva tem o res-friamento muito mais lento, dando tempo dos minerais se organizarem de uma forma que fiquem plenamente visveis. A rocha extrusiva tem o resfriamento su-per-rpido, pouco tempo depois que entra em contato com a superfcie terrestre e no tem mais as condies de presso e temperatura que tinha anteriormente, ela se resfria e endurece, no dando tempo para os cristais crescerem, resultando

    6 INTEMPERISMO:

    Processo em que fenmenos fsicos, qumicos e biolgicos, como a ao do calor, vento, chuva, substncias qumicas, razes de plantas, provocam o enfraquecimento e degradao das rochas.

  • 3 geoLogia 47

    em uma rocha de granulao fina. O granito a rocha intrusiva mais abundante na crosta terrestre, material que muitas pessoas possuem em bancadas de cozi-nhas e banheiros. Na figura a seguir, a imagem de um vulco que pode expelir a lava ou magma, que dar origem rocha gnea extrusiva.

    Figura 21 - VulcoFonte: DREAMSTIME, 2012.

    roChaS SedimentareS

    As rochas sedimentares so formadas a partir do intemperismo6 (conjun-to de modificaes fsicas e qumicas) e da formao dos solos (chamada pe-dognese), que veremos mais a frente quando estudarmos os solos. Estes dois fatores principais resultam na compactao de diversos fragmentos de minerais que formaro as rochas sedimentares.

    Vamos tentar visualizar a seguinte sequncia de fatos para compreender a ori-gem das rochas sedimentares:

    a) Rocha pr-existente que pode ser gnea, metamrfica ou sedimentar (que ser chamada de protlito);

    b) ao do vento, da gua, do tempo e/ou do gelo sob esta rocha;

    c) decomposio (eroso) da rocha em partculas e/ou compostos qumicos;

    d) deposio deste sedimento sobre a superfcie terrestre;

    e) compactao cimentao do sedimento com a ao do solo;

    f) uma nova rocha, agora sedimentar, foi formada.

  • recursos naturais48

    Agora que entendemos o passo a passo da formao das rochas sedimentares, vamos adicionar a nomenclatura de termos que ocorrem em algumas etapas. As partculas que formaro a futura rocha so chamadas de clastos (etapas 3 e 4); o processo geolgico que rene estas partculas recebe o nome de litificao ou diagnese (etapas 4 e 5) que nada mais do que uma combinao entre as fases de compactao e cimentao. O lento processo de deposio dos clastos forma uma sequncia de camadas horizontais com diferentes espessuras, e esta carac-terstica levada em considerao na identificao da rocha.

    Alm das rochas sedimentares de origem clstica, existem as no-clsticas e as orgnicas. As no-clsticas tambm podem ser chamadas de qumicas e so originadas a partir da deposio de partculas salinas que esto dissolvidas nos rios, lagos e mares. Os depsitos sedimentares de origem orgnica no podem ser considerados rochas verdadeiras por no possurem origem mineral. So for-mados a partir, por exemplo, de restos de vegetais, conchas e fezes de animais, o que chamamos de matria orgnica.

    roChaS metamrFiCaS

    Alm do intemperismo e das aes que so responsveis pelas modificaes do protlito que origina as rochas sedimentares, existem outros processos de al-terao da estrutura de uma rocha. As rochas metamrficas formam-se quando uma rocha preexistente sujeita a altas temperaturas, presses, substncias qumicas ativas ou uma combinao destes fatores (MILLER JR., 2007). Estes agentes podem modificar uma rocha, alterando sua estrutura cristalina interna, suas propriedades fsicas e tambm sua forma. Um exemplo de rocha metamrfi-ca bastante conhecida o mrmore (originado da exposio do calcrio ao calor e a presso), muito utilizado em decoraes, veja na figura a seguir:

    Figura 22 - MrmoreFonte: DREAMSTIME, 2012.

  • 3 geoLogia 49

    3.2.1 o ciclo das rochas

    As variaes de temperatura, presso, movimentos de placas, terremo-tos, vulcanismo, luz do sol, ventos, chuvas, geleiras e outros fatores cons-tantes que ocorrem no planeta Terra so responsveis pela dinmica das rochas. Estes processos so fundamentais para a formao de sedimentos que originaro as rochas sedimentares. Observe a figura a seguir com o ciclo das rochas:

    CimentaoCompactao

    Eroso e TransporteSedimentao

    Temperatura e Presso

    Eroso

    Temperatura e Presso

    FusoArrefecimentoSolidicaoCristalizao

    SedimentosRochas

    Sedimentares

    RochasMagmticas

    RochasMetafricas

    Magma

    Figura 23 - Ciclo das rochasFonte: SENAI, 2012.

    Como podemos observar na Figura 23, os sedimentos so formados a partir de rochas magmticas, rochas metamrficas e tambm de rochas sedimentares, por diferentes razes, inclusive eroso. A eroso o desgaste da rocha por diferentes fatores (ex.: gua da chuva, vento, ao do gelo).

    Para a formao de rochas magmticas (ou gneas), a presena do magma determinante, e o arrefecimento (ou esfriamento) pode acontecer dentro ou fora da crosta terrestre, originando diferentes tipos de rochas magmticas, as in-trusivas e as extrusivas, como vimos anteriormente.

    Observe que o ciclo das rochas contnuo e dependente de fatores externos, como temperatura, presso, eroso, transporte de sedimentos. Essa relao bem estabelecida fundamental para que o sistema se torne equilibrado. Porm, uma das alternativas do meio ambiente em estabelecer uma afinidade entre os diferentes tipos de rochas existentes.

    O solo outro elemento de fundamental importncia para compreender o sistema de relaes entre as rochas, j que faz parte da fase de sedimentao, cimentao e compactao. Vamos entender a formao dos solos a seguir.

  • recursos naturais50

    3.3 Formao doS SoLoS

    Solo um componente dinmico da natureza, que o resultado da ao conjugada entre o intemperismo, a desagregao e decomposio das ro-chas e os organismos vivos (TOLEDO; OLIVEIRA; MELFI, 2000). Esta ao condi-cionada quando o relevo e a superfcie da Terra so propcios, ou seja, em regies planas ou de relevo suave.

    Para entendermos como os solos so formados, precisamos compreender o conceito de intemperismo, um dos processos responsveis pela formao do solo. O intemperismo o conjunto de modificaes qumicas (decomposio) e fsicas (desagregao) que as rochas sofrem ao entrar em contato com a superf-cie terrestre (TOLEDO; OLIVEIRA; MELFI, 2000). O solo, portanto, um dos produ-tos do intemperismo, assim como as rochas modificadas.

    Alguns fatores controlam a ao do intemperismo, como o clima, o relevo, a fauna e flora (com fornecimento de matria orgnica), a rocha e o tempo de ex-posio. Para que ocorra a formao do solo (o termo geolgico pra formao do solo pedognese) as modificaes das rochas ocasionadas pelo intemperismo precisam ser no s qumicas, mas, sobretudo, estruturais (TOLEDO; OLIVEIRA; MELFI, 2000).

    A ao do intemperismo associado ao processo de pedognese gera o que os estudiosos chamam de perfil do solo. Imagine um corte vertical feito em um solo, l conseguiremos ver todas as suas camadas at a rocha matriz que deu in-cio sua origem; este o seu perfil. Observe a figura a seguir:

    Rocha

    Figura 24 - Perfil de soloFonte: SENAI, 2012.

    7 AERADO:

    Com ar.

  • 3 geoLogia 51

    Observe que, no perfil do solo (Figura 24), a ltima camada destacada a ro-cha. Para os gelogos, o solo o produto da alterao das rochas, resultado do intemperismo, do remanejamento e da organizao das camadas superiores da crosta terrestre, sob a ao da atmosfera, da hidrosfera, da biosfera e das trocas de energia envolvidas (TOLEDO; OLIVEIRA; MELFI, 2000).

    Agora que j entendemos o conceito de solo, vamos compreender como ele formado. muito importante lembrar que, alm das rochas e do intemperismo, os microrganismos e os vegetais tm um papel relevante nesta composio. Os solos que so frteis e aerados7 dependem muito dos organismos vivos para ad-quirir esta condio.

    De acordo com Toledo, Oliveira e Melfi, (2000), os solos podem ser argilosos (com mais argila) ou arenosos (com mais areia), variando a sua textura; podem ser vermelhos, amarelos ou cinza esbranquiados; podem ser ricos ou pobres em matria orgnica; podem ser espessos ou rasos; podem tambm ser homogneos ou com camadas (horizontes) muito diferentes. Os horizontes mais superficiais do perfil, por conterem quantidades maiores de matria orgnica, apresentam uma tonalidade mais escura, enquanto os horizontes mais profundos so mais ricos em argila e minerais e mais claros em regies temperadas ou mais avermelhado--amarelados em regies tropicais.

    O solo formado a partir de uma rocha matriz. Desta rocha, comeam a desa-gregar sedimentos que daro incio formao da primeira e mais profunda ca-mada (chamada de horizonte R) do solo. Associado a este sedimento, aparecero outras matrias de fontes externas como poeiras minerais vindas da atmosfera, matria orgnica (de origem vegetal e animal) e sais minerais. Estes componentes geralmente so carregados pela gua e outras solues que conseguem penetrar na crosta at chegar rocha. A fauna e/ou as solues que infiltram na crosta modificam constantemente a composio do solo, devido aos movimentos ver-ticais e laterais que realizam. Mais acima, na regio em contato com as razes das plantas e prximo superfcie, os organismos decompositores comeam a atuar, criando uma camada de matria orgnica.

    Em cada regio do perfil do solo, existe uma composio diferenciada de ma-teriais e substncias, devido aos fatores descritos acima. Estas camadas so cha-madas de horizontes e so classificadas de acordo com sua composio e outras caractersticas fsicas (cor e granulometria tamanho do gro, por exemplo). Nem todo solo possui todos os horizontes, alguns podem no existir por conta de es-pecificidades climticas.

    O primeiro e mais profundo, como vimos anteriormente, o horizonte R, for-mado pela rocha matriz. Em seguida, a regio da rocha modificada o horizonte C. O horizonte B onde a argila, matria orgnica, ferro e alumnio (na forma de xidos e hidrxidos) se acumulam. O horizonte E mais claro e marcado pela

  • recursos naturais52

    remoo de partculas argilosas, matria orgnica, ferro e alumnio (na forma de xidos e hidrxidos). O horizonte mais escuro que mantm um ritmo intenso de atividade biolgica associado aos minerais o horizonte A. Por fim, o ltimo e mais superficial, o horizonte O rico em restos orgnicos em vias de decompo-sio. Veja, na imagem a seguir, um exemplo de solo com todos os horizontes.

    O

    A

    E

    B

    C

    R

    Figura 25 - Horizontes do soloFonte: SENAI, 2012.

    3.3.1 Tipos de solos

    Os solos presentes no planeta apresentam uma diversidade de composies e condies, muito influenciadas pela combinao de diferentes fatores de forma-o. No um trabalho fcil identificar os tipos de solos, inclusive porque existem composies semelhantes, cores parecidas e detalhes so utilizados para fazer

    8 LATERIZADOS:

    Laterizao o processo caracterstico das regies intertropicais dos climas quentes e midos, acarretando a remoo da slica e o enriquecimento dos solos e rochas em ferro. Quando este processo se completa, temos solos transformados em lateritas (rochas).

  • 3 geoLogia 53

    esta diferenciao. Os prprios critrios de classificao mudam de uma rea para outra. De forma geral, existe a classificao mundial, estabelecida por uma insti-tuio estadunidense, a Soil Taxonomy, que institui 12 ordens de solos (subdivi-didos ainda em subordens, grandes grupos, grupos, famlias e sries), enquanto no Brasil, a Empresa Brasileira de Pesquisas Agropecuria (EMBRAPA) foi o res-ponsvel por estabelecer esta tipologia. No quadro a seguir, podemos observar a classificao mundial e a brasileira.

    Quadro 1 -

    SOIL TAXONOMY

    Neossolo

    Aridissolo Cambissolo

    Entissolo Chernossolo

    Histossolo Luvissolo

    Inceptissolo Alissolo

    Molissolo Argissolo

    Oxissolo Nitossolo

    Espodossolo Espodissolo

    Ultissolo Latossolo

    Vertissolo Vertissolo

    Solos de reas montanhosas Planossolo

    Solos de reas geladas Plintossolo

    Gleissolo

    Organossolo

    Classificacao dos solosFonte: SENAI, 2012.

    Alm da disponibilidade de alguns minerais por regio, outros fatores como latitude, altitude, clima e vegetao influenciam diretamente na composio e na formao do solo. Na regio tropical, onde o Brasil est localizado, os solos em geral possuem um conjunto de caractersticas comuns, como a composio mi-neralgica simples (quartzo, caulinita, xidos e hidrxidos de ferro e de alumnio), horizontes espessos e cores amarelas e vermelhas de forma mais dominante. De forma geral, os solos tropicais so menos frteis do que os solos do clima tem-perado, pois no possuem muitos elementos qumicos necessrios para o meta-bolismo das plantas e so relativamente pobres em argilominerais. Tais caracte-rsticas influenciam na rpida degradao dos solos tropicais devido constante explorao humana.

    O Brasil encontra-se no domnio tropical mido, exceto as regies sul e nor-deste. Este fator climtico permitiu que os Latossolos (altamente evoludos, la-terizados8, ricos em argilominerais e xidos e hidrxidos de ferro e alumnio) se

  • recursos naturais54

    tornassem os dominantes e mais importantes do territrio brasileiro, ocorrendo em praticamente todas as regies do pas.

    Os solos so recursos naturais finitos, no-renovveis e, se esgotados, podem desaparecer ou levar milhares de anos para se tornar uma terra frtil e produtiva. Uma situao problemtica o desmatamento de florestas para a criao de re-as agricultveis, soluo ilusria, pois os solos d