livro producao de sementes e mudas florestais

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UFSM - PPGEP

PRODUO DE SEMENTES E M U D A S F L O R E S TA I SORGANIZADOR:JUAREZ MARTINS HOPPE

COLABORADORES:CCERO JOO MALLMANN GENRO CRISTIANE OTTES VARGAS EDUARDO PAGEL FLORIANO EDUARDO RIGHI FABIANODE DOS

REIS

OLIVEIRA FORTES

IVANOR MLLER JORGE ANTNIODE

FARIAS

LEANDRO CALEGARI LOURDES PATRICIA ELIAS DACOSTA

Caderno Didtico N 1 - 2 edio - 2004

UFSM - PPGEP Produo de Sementes e Mudas FlorestaisOrganizador: Juarez Martins Hoppe 1 Colaboradores: Ccero Joo Mallmann Genro 3 Cristiane Ottes Vargas 2 Eduardo Pagel Floriano 2 Eduardo Righi dos Reis 3 Fabiano de Oliveira Fortes 2 Ivanor Mller 4 Jorge Antnio de Farias 2 Leandro Calegari 3 Lourdes Patricia Elias Dacosta 2 Universidade Federal de Santa Maria Programa de Ps-Graduao em Engenharia Florestal Srie Cadernos Didticos N 1, 2 edio. Santa Maria, RS.

2004

Engenheiro Florestal, Dr., Professor do Programa de Ps-Graduao em Engenharia Florestal da Universidade Federal de Santa Maria, RS. 2 Engenheiro Florestal, M.Sc., Doutorando do Programa de Ps-Graduao em Engenharia Florestal da Universidade Federal de Santa Maria, RS. 3 Engenheiro Florestal, Mestrando do Programa de Ps-Graduao em Engenharia Florestal da Universidade Federal de Santa Maria, RS. 4 Engenheiro Florestal, Dr., Professor do Curso de Especializao em Estatstica e Modelagem Quantitativa da Universidade Federal de Santa Maria, RS.

1

630*2 F000e

Hoppe, Juarez Martins et. al. Produo de sementes e mudas florestais, Caderno Didtico n 1, 2 ed./ Juarez Martins Hoppe et al. Santa Maria : [s.n.], 2004. 388 p. : il. Universidade Federal de Santa Maria, RS - Brasil. Programa de Ps-Graduao em Eng Florestal. Organizador: Juarez Martins Hoppe. 1. Sementes Produo. 2. Mudas Produo. 3. Reproduo sexuada e assexuada. 4. Srie Didtica 1. II. Ttulo.

. . . . . .

CONTEDOApresentao ...............................................................................................1 CAPTULO I Aspectos ecolgicos da produo de sementes florestais .........................................................................................................1 INTRODUO .....................................................................................................1 SURGIMENTO DA SEMENTE, DA FLOR E DO FRUTO ......................................2 FLORESCIMENTO...............................................................................................3Flor................................................................................................................................................4 Polinizao .................................................................................................................................5

FRUTIFICAO ...................................................................................................6 A SEMENTE ........................................................................................................7Estrutura da semente..............................................................................................................7

FATORES QUE AFETAM A PRODUO DE SEMENTES .................................11Aspectos gerais ......................................................................................................................11 Iniciao das gemas reprodutivas ....................................................................................13 Consideraes finais.............................................................................................................17

REFERNCIAS..................................................................................................17 CAPTULO II Colheita de sementes florestais .............................19 INTRODUO ...................................................................................................19 RVORES MATRIZES .......................................................................................21Caractersticas das rvores matrizes ..............................................................................21 Seleo de rvores matrizes..............................................................................................23

O PROCESSO DE COLHEITA ...........................................................................24poca de colheita...................................................................................................................26 Mtodos de colheita ..............................................................................................................27 Colheita de frutos de eucalipto ..........................................................................................31 Colheita de cones de Pinus ................................................................................................33 Colheita de frutos ou sementes de espcies nativas .................................................34

REA DE COLETA DE SEMENTES (ACS).....................................................35 REA DE PRODUO DE SEMENTES (APS)...............................................36Formao de uma rea de produo de sementes....................................................39

POMARES DE SEMENTES ...............................................................................40Pomar de Sementes Clonal (PSC)...................................................................................41

REA PRODUTORA DE SEMENTES CERTIFICADAS ....................................43 OBSERVAES................................................................................................43 REFERNCIAS..................................................................................................44 CAPTULO III Maturao de sementes florestais ......................46 INTRODUO ...................................................................................................46

FATORES QUE AFETAM A MATURAO ........................................................ 48Longevidade natural das sementes................................................................................. 49 Extenso do perodo de frutificao................................................................................ 51 Tipo de fruto ............................................................................................................................ 52 Predao e disperso .......................................................................................................... 52

NDICES DE MATURAO DE SEMENTES ..................................................... 53ndices visuais ........................................................................................................................ 53 ndices bioqumicos .............................................................................................................. 54 ndice de tamanho................................................................................................................. 55 Densidade aparente ............................................................................................................. 56 Teor de umidade.................................................................................................................... 56 Peso de matria seca .......................................................................................................... 59

ASSOCIAO DE NDICES DE MATURAO ................................................. 60 REFERNCIAS ................................................................................................. 61 CAPTULO IV Anlise de sementes florestais ........................... 62 INTRODUO................................................................................................... 62 AMOSTRAGEM................................................................................................. 63Denominao das amostras .............................................................................................. 63 Procedimentos e cuidados na amostragem.................................................................. 64 Peso mnimo das amostras................................................................................................ 65

TESTES ............................................................................................................ 65Anlise de Pureza ................................................................................................................. 65 Determinao da umidade ................................................................................................. 66 Anlise da germinao ........................................................................................................ 67 Mtodos indiretos para a determinao da viabilidade............................................. 68 Testes de resistncia ........................................................................................................... 68

REFERNCIAS ................................................................................................. 69 CAPTULO V Beneficiamento de sementes florestais............. 71 INTRODUO................................................................................................... 71 SECAGEM ........................................................................................................ 71Fatores que afetam o teor de umidade .......................................................................... 73 Mtodos de secagem........................................................................................................... 73 Tipos de sementes quanto ao processo de secagem ............................................... 75

EXTRAO DE SEMENTES ............................................................................. 75Frutos secos deiscentes...................................................................................................... 75 Frutos secos indeiscentes .................................................................................................. 76 Frutos carnosos ..................................................................................................................... 76 Extrao de sementes de Pinus ....................................................................................... 77 Extrao de sementes de Eucalyptus ............................................................................ 78 Extrao de sementes de Accia..................................................................................... 78

BENEFICIAMENTO DAS SEMENTES ............................................................... 79 REFERNCIAS ................................................................................................. 80 CAPTULO VI Armazenamento de sementes florestais ........... 82 INTRODUO................................................................................................... 82 LONGEVIDADE E DETERIORAO DE SEMENTES ....................................... 83 CONDIES PARA O ARMAZENAMENTO ...................................................... 87 EMBALAGENS PARA ARMAZENAMENTO ....................................................... 89

TRATAMENTOS PARA O ARMAZENAMENTO ..................................................89Secagem de sementes.........................................................................................................89 Liofilizao de sementes .....................................................................................................90 Peletizao de Sementes....................................................................................................90

REFERNCIAS..................................................................................................91 CAPTULO VII Germinao e dormncia de sementes florestais .......................................................................................................93 INTRODUO ...................................................................................................93Germinao..............................................................................................................................94 Dormncia ................................................................................................................................95

FATORES AMBIENTAIS QUE INFLUENCIAM A GERMINAO ........................97 SUPERAO DA DORMNCIA DE SEMENTES .............................................100 RECIPIENTES E SUBSTRATOS......................................................................107Recipientes.............................................................................................................................108 Substratos ..............................................................................................................................111

REFERNCIAS................................................................................................114 CAPTULO VIII Produo de mudas por via sexuada..............115 INTRODUO .................................................................................................115 SEMENTES .....................................................................................................116 PRODUO DE MUDAS .................................................................................117 SEMEADURA ..................................................................................................117Semeadura direta.................................................................................................................118 Semeadura indireta .............................................................................................................119 Densidade de semeadura .................................................................................................119 poca de semeadura..........................................................................................................120 Profundidade de semeadura ............................................................................................121 Cobertura dos canteiros.....................................................................................................121 Abrigo dos canteiros ...........................................................................................................121

RUSTIFICAO DE MUDAS ...........................................................................130Eliminao de sombra ........................................................................................................130 Reduo de irrigao..........................................................................................................131 Poda de radiciais..................................................................................................................132 Poda area.............................................................................................................................133 Regime de fertilizao ........................................................................................................134

SUBSTRATO ...................................................................................................137Tipos de Substrato...............................................................................................................139 Descrio Geral de alguns componentes de substratos.........................................142

RECIPIENTES .................................................................................................149Funes vitais dos recipientes.........................................................................................150 Classificao dos recipientes...........................................................................................150 Vantagem do uso de recipientes.....................................................................................150 Desvantagens do uso de recipientes ............................................................................151 Caractersticas fsicas do recipiente ..............................................................................151

PRODUO DE MUDAS DE EUCALYPTUS POR SEMENTES.......................154Substrato.................................................................................................................................154 Adubao................................................................................................................................155 Semeadura.............................................................................................................................156 Germinao............................................................................................................................156 Controle fitosanitrio ...........................................................................................................157

Desbaste, seleo e poda ................................................................................................ 157 Expedio das mudas........................................................................................................ 157

REFERNCIAS ............................................................................................... 158 CAPTULO IX Produo de mudas por via assexuada........... 159 INTRODUO................................................................................................. 159 MACROPROPAGAO ASSEXUADA MONOCLONAL................................... 160Estaquia.................................................................................................................................. 160 Mergulhia................................................................................................................................ 168 Clonagem nucelar ............................................................................................................... 170

PRODUO DE MUDAS DE EUCALYPTUS POR ESTAQUIA ....................... 170Seleo clonal ...................................................................................................................... 172 Produo de brotos............................................................................................................. 172 Preparao de estacas...................................................................................................... 173 Preparao de recipientes e substrato......................................................................... 174 Preparao do indutor de enraizamento...................................................................... 175 Enraizamento em casa de vegetao .......................................................................... 175 Aclimatao das mudas .................................................................................................... 176 Expedio de mudas.......................................................................................................... 177 Armazenamento de materiais e ferramentas ............................................................. 178

MACROPROPAGAO ASSEXUADA MULTICLONAL ................................... 178Influncias exercidas entre cavalo e cavaleiro .......................................................... 179 Fatores que influenciam o pegamento de enxertos ................................................. 180 Encostia .................................................................................................................................. 180 Garfagem ............................................................................................................................... 181 Sobre-enxertia ...................................................................................................................... 183 Borbulhia ................................................................................................................................ 184

MICROPROPAGAO ................................................................................... 185Cultura meristemtica ........................................................................................................ 186 Microenxertia......................................................................................................................... 187 Cultura de embries ........................................................................................................... 188 Cultura de calos ................................................................................................................... 188 Suspenso celular............................................................................................................... 189 Polinizao e fertilizao in vitro .................................................................................... 189 Cultura de ovrios ............................................................................................................... 189 Cultura de protoplastos...................................................................................................... 190 Embriognese somtica.................................................................................................... 190 Laboratrio de cultura de tecidos ................................................................................... 190 Aplicaes da cultura de tecidos.................................................................................... 197

REFERNCIAS ............................................................................................... 198 CAPTULO X Nutrio em viveiros florestais............................ 201 INTRODUO................................................................................................. 201 FUNES DOS NUTRIENTES ....................................................................... 202Exemplos de minerais constituintes .............................................................................. 202

ELEMENTOS ESSENCIAIS............................................................................. 202Macronutrientes ................................................................................................................... 203 Micronutrientes..................................................................................................................... 205

SINTOMAS DE DEFICIENCIAS NUTRICIONAIS ............................................. 207Deficincias em espcies florestais em geral (Landis, 1989) ............................... 207 Deficincia observada em Pinus spp............................................................................ 208 Deficincia observada em Eucalyptus spp. Gonalves (2004) ............................ 209 Aspectos das deficincias minerais............................................................................... 210

MTODOS PARA O ESTUDO DAS DEFICINCIAS MINERAIS.......................216Anlise de Solo.....................................................................................................................216 Analise de planta..................................................................................................................217

FERTILIZAO ...............................................................................................218Tipos de fertilizantes ...........................................................................................................218 Fertilizao de solo..............................................................................................................218 Fertilizao foliar ..................................................................................................................221 Fertilizao segundo a idade da muda.........................................................................221 Padro de fertilizao .........................................................................................................223 Fertilizao em gua de Irrigao..................................................................................223 Efeito do pH na disponibilidade dos nutrientes..........................................................225

ABSORO.....................................................................................................225Absoro de sais minerais ................................................................................................225 Fatores que afetam a absoro ......................................................................................226

REFERNCIAS................................................................................................227 CAPTULO XI Qualidade de mudas ................................................228 INTRODUO .................................................................................................228 PARMETROS MORFOLGICOS...................................................................229Altura da parte area ..........................................................................................................229 DIMETRO DO COLO.......................................................................................................234 Vigor .........................................................................................................................................238 CAPACIDADE DE ENRAIZAMENTO............................................................................242 OUTROS PARMETROS MORFOLGICOS ...........................................................244 PARMETROS FISIOLGICOS ....................................................................................245

REFERNCIAS................................................................................................245 CAPTULO XII Hidroponia e jardins clonais em viveiros florestais .....................................................................................................247 INTRODUO .................................................................................................247 INTRODUO A HIDROPONIA .......................................................................250 PRODUO DE MUDAS CLONAIS DE EUCALYPTUS ...................................252Produtividade.........................................................................................................................259

INSTALAO DE UM JARDIM CLONAL ..........................................................260Correo do solo ..................................................................................................................260 Adubao de formao ......................................................................................................260 Adubao de explorao ou restituio........................................................................261DO SISTEMA HIDROPNICO (USADO NA PRODUO DE MUDAS FLORESTAIS) ....................................................................................261

INSTALAO

Composio das solues nutritivas .............................................................................266 Sais utilizados na soluo nutritiva ................................................................................268 Preparo e manejo qumico da soluo nutritiva .........................................................269

REFERNCIAS................................................................................................270 CAPTULO XIII Micorrizas e bactrias simbiontes...................272 INTRODUO .................................................................................................272 ECTOMICORRIZAS .........................................................................................273Endomicorrizas .....................................................................................................................275

OUTROS TIPOS DE MICORRIZAS ..................................................................277

SIMBIOSE ....................................................................................................... 277 OCORRNCIA DE MICORRIZAS EM ESPCIES FLORESTAIS ..................... 277 REFERNCIAS ............................................................................................... 293 CAPTULO XIV Irrigao em viveiros florestais ....................... 295 INTRODUO................................................................................................. 295 A PLANTA ...................................................................................................... 295 IRRIGAO POR ASPERSO........................................................................ 296 OBJETIVO DA IRRIGAO ............................................................................ 297 TIPOS DE SISTEMA DE ASPERSO ............................................................ 2971. Sistemas Convencionais (Movimentao Manual).............................................. 298 2. Sistemas Mecanizados (Movimentao Mecnica) ............................................ 299 Vantagens e desvantagens da irrigao por asperso........................................... 303

PROJETO DE IRRIGAO POR ASPERSO ................................................ 3051. Levantamento de dados de campo .......................................................................... 305 Disponibilidade de energia ............................................................................................... 308 Parmetros de solo............................................................................................................. 309 Parmetros sobre a cultura .............................................................................................. 312 Dimenso, formato e topografia da rea do projeto................................................. 313 2. Planejamento e dimensionamento do sistema ..................................................... 314

REFERNCIAS ............................................................................................... 321 CAPTULO XV Manejo de mudas de espcies florestais ..... 322 INTRODUO................................................................................................. 322 DESENVOLVIMENTOS DAS MUDAS ............................................................. 323 CLIMATIZAO DAS MUDAS ........................................................................ 326 RUSTIFICAO .............................................................................................. 327 ESPERA ......................................................................................................... 329 TRANSPORTE ................................................................................................ 329 AGRADECIMENTOS ....................................................................................... 331 REFERNCIAS ............................................................................................... 331 Glossrio ................................................................................................... 332 REFERNCIAS ............................................................................................... 375 Caractersticas de algumas espcies florestais ...................... 377 REFERNCIAS ............................................................................................... 379 Fertilizantes e suas fontes.................................................................. 380 INTRODUO................................................................................................. 380 COMPOSIO DE FERTILIZANTES NITROGENADOS ................................ 380 COMPOSIO DE FERTILIZANTES FOSFATADOS ..................................... 381 COMPOSIO DE ADUBOS POTSSICOS .................................................. 384 PRINCIPAIS COMPOSTOS DE CLCIO ........................................................ 384 PRINCIPAIS COMPOSTOS DE MAGNSIO ................................................... 384

PRINCIPAIS FONTES DE ENXOFRE ..............................................................385 PRINCIPAIS FONTES DE MICRONUTRIENTES..............................................385 REFERNCIAS................................................................................................385 ndice Remissivo .....................................................................................386

. . . . . .

Apresentao .

Produzir mudas de espcies florestais , antes de tudo, uma arte com auxlio da cincia. Nos cursos de silvicultura nos ensinado a parte cientfica, mas no trabalho dirio de pessoas dotadas de um dom especial que elas so produzidas. A parte cientfica fcil de aprender, basta estudar e pesquisar. Mas, para produzir mudas necessrio a sensibilidade de um artista. So tantas as variveis que influenciam nos resultados que a cincia, embora parea-nos avanada, est apenas comeando a dar os primeiros passos. E, s vezes, aprende-se mais observando e conversando com um velho viveirista que nada sabe de cincias. Esta a segunda verso de um documento idealizado e coordenado pelo Prof. Dr. Juarez Martins Hoppe, com o objetivo de oferecer aos estudantes de Graduao e Ps-Graduao em Engenharia Florestal, um pouco do que a cincia j desvendou sobre os segredos da produo de sementes e mudas de espcies florestais. Certamente, ainda nesta verso, no foram abordados todos os tpicos necessrios. Tampouco se conseguiu demonstrar o estado da arte da produo de sementes e mudas das espcies arbreas. Mas este esforo dever ser um processo contnuo.

Santa Maria, 22 de agosto de 2005.

Eduardo Pagel Floriano

. . . . .CAPTULO I Aspectos ecolgicos da produo de sementes florestais

Jorge Antnio de Farias Juarez Martins Hoppe

INTRODUOH sculos o homem descobriu como multiplicar as plantas sem usar suas sementes. Este mtodo de reproduo se tornou extremamente sofisticado e, atualmente, so usadas a cultura de tecidos, a micropropagao, entre outras tcnicas, genericamente conhecidas como reproduo assexuada. Entretanto, essa tcnica de reproduo, ou tecnicamente falando, de melhoramento gentico, caracterizada por ser fim de linha, isto , as caractersticas fenotpicas da prxima gerao j so conhecidas e definidas. Neste mtodo no h variabilidade gentica e portanto no h chance de que ocorra uma evoluo, estagnao ou retrocesso no material gentico em reproduo. A multiplicao de plantas, especialmente as rvores, por sementes permite que determinadas caractersticas fenotpicas de interesse, sejam herdadas para a prxima gerao ao mesmo tempo em que a variabilidade gentica, caracterstica de cada espcie, esteja presente, e possibilite ganhos ao passar de uma gerao para outra, cabe as tcnicas de melhoramento gentico fazer com que as melhores caractersticas, ou caractersticas de interesse se manifestem, enquanto as demais apenas passem a constituir a base gentica necessria a evoluo. Entretanto, nem sempre foi assim, na histria da evoluo das plantas primeiro surgiram tecidos rgidos com funo de suporte e transporte de nutrientes, depois surgiram as folhas e razes, como morfologicamente conhecemos, e por fim o surgimento da semente, da flor e do fruto.

1

SURGIMENTO DA SEMENTE, DA FLOR E DO FRUTOTudo comeou a cerca de 350 milhes de anos (era paleozica), conforme Figura 1, quando surgiram as primeiras plantas vasculares, nesta escala evolutiva surgiram primeiro as gimnosperma e cerca de 50 milhes de anos depois surgem as angiospermas, na linha do tempo isso foi a 100 milhes de anos, as primeiras flores complexas surgem h 130 milhes de anos.0 Era Cenozica Tercirio 50 100 Cretssico

150

Jurssico

Primeiros vestgios de flores complexas

Era mezozica

Primeiras angiospermas

Apogeu das gimnospermas

200

250

Carbnico

Era paleozica

300

Prmico

Tri ssico

Lepidodendron, Calamites, Cordates: Plantas com folhas e razes

Devnico

Antepassados da gimnospermas Aneurophyton, Archaeropteris

350

Formao secundria de lenho em diversos grupos botnicos

... Milhes de anos

Perodo Era

Figura 1 - Escala de tempo geolgico no surgimento das plantas com sementes. Portanto, as primeiras rvores a surgirem, com um sistema vascular complexo e com capacidade para produzir sementes so as gimnospermas, cujo apogeu2

Silrico

400

. . . . .coincide com o perodo dos dinossauros, era mesozica, atualmente estima-se em apenas 550 espcies, a sua grande maioria localizada no hemisfrio norte. No perodo cretciosurgem as angiospermas, com flores mais elaboradas, complexas e o aparecimento do fruto. As angiospermas, considerando plantas em geral, dividem-se em monocotiledneas, cujo crescimento vegetativo dado por meristemas primrios, e as dicotiledneas que tem o crescimento vegetativo tanto por meristemas com caractersticas primrias, mas principalmente secundrio. possvel afirmar que as rvores pertencentes ao grupo das angiospermas so, sem exceo, designadas sempre como dicotiledneas.

FLORESCIMENTOO florescimento d inicio a todo o processo de reproduo de uma rvore, e ele se processa de forma diferente nas gimnosperma e das angiospermas. As gimnospermas no tem muita eficincia na proteo de suas estruturas de reproduo, as flores femininas apresentam os vulos nus, a polinizao feita pelo vento e a semente s pode ser acompanhada por uma quantidade limitada de reservas nutritivas, como as gimnosperma so praticamente polinizadas somente pelo vento, e so plantas diicas, as plantas masculinas produzem uma quantidade muito grande de plen e ao mesmo tempo um plen leve, o que permite que ocorra a fecundao patrocinada pela ao do vento. Nas angiospermas, pode-se dizer, so vegetais mais evoludos, seus rgos de reproduo transforma-se3

so

mais

complexos,

a

fecundao se d em ovrio fechado, que protege os vulos. Esse ovrio

depois num fruto que protege a semente at sua maturao. Nas angiospermas, devido a existncia de flores de diferentes cores e aromas, que atraem insetos e outros animais, a polinizao j no se d apenas pela ao do vento como ocorre nas gimnospermas, que apresentam flores de pouca atratividade.

FLORAs estruturas sexuais, ou florais, variam muito entre as gimnospermas e as angiospermas. Os elementos fundamentais da estrutura de uma flor so: Androceu: conjunto dos rgos reprodutores masculinos da flor, constitudo por um ou mais estames, este constitudo de filete e antera, na antera que se encontram os gros de plen. Gineceu: elemento feminino, constitudo pelo pistilo, composto pelo ovrio, estilete e estigma. No ovrio se encontram os vulos e dentro destes as clulas germinativas, que sero fecundadas pelo gro de plen. A flor ainda apresenta elementos complementares: sua funo proteger os elementos fundamentais, androceu e gineceu. O perianto, constitudo pelas ptalas e pelas spalas, que formam um clice, essas estruturas so folhas modificadas.

Tipos de floresHermafroditas, apresentam na mesma estrutura rgos masculinos e femininos, androceu e gineceu; Unisexuadas: apresentam apenas um rgo de reproduo, algumas rvores apresentam simultaneamente flores unisuxuadas masculinas e femininas, neste caso so chamadas de plantas monicas, quando a rvore apresenta apenas florestas masculinas ou apenas femininas denominada de diica, ex. Araucaria angustifolia.4

. . . . .Polgama: a planta apresenta flores hemafroditas e unisexuales.

Forma das flores:Actinomorfas, flores que se dispe em dois planos; Zigomorfas, flores que se dispe em um plano; Assimtricas.

Sazonalidade e padro de florescimentoSazonalidade - diz respeito ao perodo, ou intervalo de tempo entre um florescimento e outro, a sazonalidade fortemente afetada pelas condies climticas. O florescimento ocorre a cada intervalo determinado de tempo, por exemplo, o florescimento do Ip Amarelo ocorre de agosto a setembro, assim ocorre com outras rvores, o que se observa que a maioria das espcies florestais inicia seu florescimento no perodo em que o fotoperodo maior e as temperaturas comeam a se elevar. Padres de florescimento - Mesmo que uma determinada espcie florestal tenha um perodo de florescimento definido, a quantidade de flores pode variar em funo das condies climticas prflorescimento, dficit hdrico, alterao nas temperaturas, e tambm durante o florescimento, um excesso de chuva pode prejudicar a polinizao e conseqentemente reduzir a produo de frutos e sementes. Como todo o crescimento vegetal determinado pela fotossntese, alteraes na quantidade de horas de luz(muitos dias nublados), afetaram a produo e disponibilizao de hidratos de carbono. A adubao tambm exerce influncia sobre o padro de florescimento, a planta adubada com nitrognio, perto do perodo do florescimento, tende a ter uma produo menor de flores, uma vez que o nitrognio elemento estimulante do crescimento vegetativo, reduzindo por processos bioqumicos e hormonais a produo de hidratos de carbono, fundamentais para a produo de flores.

POLINIZAO o fenmeno da chegada do gro de plen ao pistilo. A polinizao pode estar classificada da seguinte forma: Bitica: causada por insetos e animais;5

Abitica: causada por fatores naturais como a chuva e vento. Alguns autores fazem essa mesma classificao porm denominando-as de simples para a polinizao abitica e complexa para a polinizao bitica. Uma classificao mais tcnica poderia ser feita desta maneira: Anemfila: polinizao realizada pelo vento, muito comum nas conferas; Entomfila: polinizao realizada pelos insetos; Ornitfila: polinizao realizada por pssaros.

FRUTIFICAOExcelentes produes so verificadas a cada intervalo de tempo. Os nutrientes armazenados na planta, so utilizados no perodo de florescimento e de frutificao, o que acaba por reduzir significativamente as reserva nutricionais da planta, o que acaba por requerer um perodo de tempo necessrio para que ocorra a reposio destes nutrientes. Entretanto, a indcios de so vrios fatores interagindo simultaneamente que acabam por definir o padro de frutificao e a quantia de frutos. As alteraes nas temperaturas e nos regimes de chuvas vo influenciar, entre outros fatores, a quantidade de carbohidratos e outros nutrientes nos frutos, que podero atrair pragas e doenas, que afetaro consideravelmente a produo de frutos. A forma de disperso dos frutos e sementes: Anemocoria: o ventoage como elemento de transporte e as sementes, ou frutos, possuem expanso alares membranosas (Ip, Cedro, Caroba, etc...) ou fios celulsicos que retardam a sua queda livre (paineira). Zoocoria: so os animais os agentes de transporte. Muitos frutos e sementes se prendem no pelo dos animais, outros passam inclumes pelo trato digestivo, realizando uma escarificao na semente. A ornitocoria, realizada pelos pssaros, uma diviso da zoocoria. Ex. Aroeira, Pitanga, etc... Hidrocria: os frutos ou as sementes so dispersados flutuando nas guas de arroios e rios.6

. . . . .Antropocoria: realizada pelo ser humano, que acaba multiplicando espcies e disseminando-as em diferentes regies muitas vezes fora do seu habitat natural, ex. Eucalipto.

A SEMENTEA atividade florestal no Brasil, principalmente no sul do Brasil, ocorre atravs do plantio de conferas (gimnospermas, ex. Pinus spp) e folhosas (angiospermas, ex. Eucalyptus spp). A semente resultado da fecundao do vulo da flor por gros de polens, trazidos pelo vento, insetos, pssaros, etc. Nas conferas a semente nua, no h fruto, o que protege a semente um tecido lignificado, que a envolve fazendo a sua proteo, geralmente essas sementes so providas de asa membranosa que ir facilitar sua disperso, essa estrutura pode levar mais de ano para atingir a maturao,um exemplo disso so as pinhas de Araucria angustiflia, que podem levar at 04 anos para atingir a completa maturao. Nas folhosas a semente est dentro do fruto, este resultado do desenvolvimento das paredes do ovrio da flor aps a fecundao. Nas folhosas a variabilidade de tamanhos, formas e cores, tanto para fruto como para sementes muito superior as conferas. As sementes apresentam tamanhos muito pequenos, como as de Eucalyptus spp, ou muito grandes como a Schizolobium parahyba.

ESTRUTURA DA SEMENTEO estudo da morfologia da semente permite concluir que, a exceo das flores, os demais rgos vegetativos de uma planta esto representados na semente. Quando ocorre a fecundao do vulo se iniciam diferentes processos que resultaram na formao do fruto e da semente, ocorrendo diferenciaes especficas. Quanto a estrutura da semente h autores, como Napier, 1985, que caracterizam essa estrutura em trs partes:7

Embrio; Endosperma; Tegumento ( Epispermo). Para Carneiro, 1977, a estrutura da semente caracterizada por duas partes: Tegumento; Amndoa. Na prtica ambos esto corretos, uma vez que na amndoa esto o embrio e o endosperma. A1. Tegumento O tegumento uma espcie de casca que protege a semente, sua poro mais externa denominada de testa e a camada mais interna de tegma. Esse tegumento pode variar muito quanto a forma e constituio. A membrana mais externa, testa, pode ser delgada e macia como em Ing marginata ou grossa e dura como na Accia mearnsii, tambm podem ter plos ou asas para facilitar a sua disperso, p. ex., Cedrella fisilis. possvel afirmar que a funo do tegumento, especificamente a testa, proteger o embrio de danos mecnicos (quedas), ataques de fungos, bactrias e insetos, facilitar a sua disperso e principalmente criar condies para que o embrio permanea latente at encontrar as condies ideais para germinar. A2. Amndoa A amndoa constituda pelo embrio e pelo endosperma, entretanto h casos em que no h o endosperma, apenas o embrio.

EndospermaO endosperma um tecido onde se encontram as substncia de reservas acumuladas durante o processo de maturao da semente, substncias que sero necessrias quando se iniciar o processo de germinao. O tamanho do endosperma est inversamente relacionado ao tamanho do embrio, quanto maior o endosperma, menor o embrio e vice-versa, chegando em alguns casos em que o embrio muito grande e no h o endosperma.8

. . . . .Portanto, a amndoa pode ter o embrio e o endosperma, neste caso o endosperma representa a reserva alimentcia necessria para iniciar o processo de germinao. Nos casos em que no h o endosperma, ele foi consumido para a maturao do embrio, as substncias de reservas necessria para iniciar o processo de germinao estaro nos cotildones. Essas reservas alimentcias podem ser na forma de leos ou de amido (carboidratos), nestes casos as sementes so classificadas como ortodoxas se as suas reservas forem de leo p. ex., Mimosa scabrella, o que permite uma maior longevidade do embrio, menor desidratao. Se as reservas forem amido so classificadas como recalcitrantes, p. ex., Eugenia uniflora, o que dificulta sua armazenagem, desidrata com rapidez e sua viabilidade efmera.

EmbrioNo embrio encontram-se todas as estruturas que iro formar a futura rvore, assim o embrio formado por: Radcula: transforma-se na raiz; Caulculo: aps o iniciar a germinao transforma-se em hipoctilo, constituindo a base de sustentao dos cotildones e aps dar origem ao caule; Cotildones: contm as substncias de reservas necessrias para iniciar o crescimento, so responsveis por iniciar o processo de fotossntese; Gmula: dar origem as folhas verdadeiras, por ser o primeiro boto vegetativo (gema), simultaneamente dar origem as primeiras folhas e o inicio do crescimento superior do caule. As Figuras 2 e 3, respectivamente representam a descrio morfolgica da sementes de Erythring velutina e Euterpes edulis.

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FIGURA 2 - Morfologia da sementes de Erythring velutina.

FIGURA 3 - Morfologia da semente de Euterpes edulis.

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. . . . .O processo de germinao se inicia quando ocorre: embebio de gua; alongamento das clulas; diviso celular; diferenciao das clulas em tecidos. Para que a semente germine so necessrias as seguintes condies: semente vivel; semente livre de dormncia; condies ambientais favorveis; condies mnimas de fitosanidade. O processo de germinao se encerra quando as razes j tem poder de absorver sais do solo e as folhas de realizar a fotossntese pela absoro de luz e CO2.

FATORES QUE AFETAM A PRODUO DE SEMENTES ASPECTOS GERAISA propagao de plantas se d pela reproduo sexuada ou pela propagao vegetativa, na reproduo sexuada possvel que ocorra a permuta de caractersticas genticas entre os indivduos , produzindo uma descendncia que no igual a nenhum dos progenitores. Nas espcies diicas, uma rvore no pode fecundar-se, mas essa hiptese pode se aceita em relao as espcies monicas e hermafroditas. Contudo pode acontecer que os rgos masculinos e femininos da mesma rvore no atinjam a maturidade ao mesmo tempo, o que reduz a probabilidade da autofecundao, esses e outros condicionantes so abordados a seguir.

Maturidade da PlantaA idade em que comea a florao muito varivel de espcie para espcie,podendo alm disso ser influenciada pelas condies ambientais . A propagao por via sexuada exige da rvore um grande dispndio de reservas na produo de flores, frutos e sementes, o que implica em desenvolvimento vigoroso para permitir o acumulo dessas reservas. significativo que muitas espcies s11

produzam sementes com abundncia a partir de uma idade relativamente avanada e a intervalos de alguns anos. Por outro lado algumas espcies apresentam semelhana na produo de sementes tanto em idades mais jovens como nas avanadas. Contudo, a grande maioria produz maiores quantidades de sementes durante sua idade intermediria, aps o rpido crescimento em altura. Como o perodo de vida varia consideravelmente entre as espcies, tambm h variao na idade a qual as rvores comeam a produzir significativas quantias de sementes.

Exposio da CopaAs rvores com maior rea fotossinttica apresentam maior produo de sementes devido ao volume de hidratos de carbonos produzidos no processo de fotossntese. Em uma floresta a mior parte das sementes so produzidas pelas rvores dominante, justamente as que tem maior exposio solar. Portanto, rvores dominadas no so boas produtoras de sementes, isto para povoamentos homogneos, para formaes florestais nativas cada espcie florestal tem sua adaptao em funo a sua posio do extrato florestal.

Condies de soloPara a produo de sementes, grande quantidade de elementos minerais requerido. Solos de alta fertilidade so indicativos de boas produes. Adubao balanceada pode significar um aumento na produo de sementes.

Vigor da rvoreA rvore de grande vigor, associada a um bom ritmo de desenvolvimento, produz uma maior quantidade de sementes que a de menor vigor. H uma inerente capacidade de rvores ou at de determinadas espcies serem mais propcias a produo de sementes.

HereditariedadeFreqentemente, rvores de mesma espcie idade e procedncia apresentam diferentes quantidades de produo de sementes. Estas diferenas nem sempre12

. . . . .podem ser atribudas as condies do meio. H evidncias de que a capacidade para uma grande ou pequena produo de sementes constitui uma herana gentica.

CompetioAs rvores dominantes produzem mais sementes que co-dominante e as dominadas, o mesmo ocorre com as rvores que se situam na borda dos talhes ou macios florestais. Essa inibio para a produo acentuada de sementes das rvores dominadas e co-dominantes se deve, provavelmente, a competio por luz, umidade e minerais do solo.

ClimaAs condies climticas influenciam a formao de botes florais, e conseqentemente, a produo de frutos e sementes. Perodo chuvoso ou dficit hdrico, alteraes significativas das temperaturas, durante a florao pode ocasionar um decrscimo na produo de sementes, por afetar fundamentalmente a polinizao.

Pragas e doenasOs insetos so decisivos no processo de produo de sementes, por que interferem na produo ora como agentes polinizadores, realizando a troca de plen e permitindo o aumento da produo de frutos, ora como agentes destrutivos alimentando-se da flor, do fruto e da sementes. Em relao as doenas elas podem tambm significar danos a produo de sementes, principalmente na fase de armazenamento, mas durante o processo de produo do fruto e da semente no so significativos os registro de ocorrncia de doenas em espcies florestais.

INICIAO DAS GEMAS REPRODUTIVASQuando o meristema apical cessa de produzir folhas fotossintetizantes e inicia a organizao de uma inflorescncia ou flor, sofre modificaes morfolgicas. Essas13

modificaes pelo menos esto, em parte, relacionadas com a interrupo do crescimento indeterminado, caracterstico do estgio vegetativo, pela alterao da quantidade de luz recebida pela planta. O perodo desde a iniciao at o florescimento pode durar de poucos meses at mais de um ano. Para um efetivo programa de melhoramento florestal deve conhecer a poca que inici o surgimento das gemas reprodutivas, o que afeta ou pode afetar o perodo em que inicia esse processo pode ser abiticos e biticos. Fatores abiticos: Os fatores ambientais que tem sido mais estudados so temperatura, luz, umidade do solo e nutrio mineral. Estudos sobre os efeitos da temperatura e do fotoperodo normalmente so feitos por correlao entre as variaes dos mesmos e seus reflexos no aumento do florescimento, ou na produo de sementes. Em condies tropicais conhece-se pouco sobre a iniciao das gemas reprodutivas e as correlaes entre florescimento e a produo de sementes no so to boas. O efeito da luz pode ser estudado indiretamente atravs da correlao entre espaamento e produo. Fatores biticos: Os hormnios tem atuao marcante na induo da florao. Dentre eles destacam-se as giberilinas, que podem ser especficas para cada espcies. Mais importante que a especificidade a concentrao que se aplica na planta: baixa concentraes estimulam a formao de rgos masculinos, concentraes mdias a formao de rgos femininos, e concentraes elevadas podem suprimir a formao de flores. Manejo para a produo de sementes: As tcnicas que podem aumentar a florao devem ser empregadas visando a poca de iniciao das gemas reprodutivas. A aplicao de fertilizantes e irrigao deve ser avaliada quanto ao custo/benefcio. preciso cuidado com o espaamento nas reas produtoras a fim de no reduzir a possibilidade de polinizao enquanto se garante o mximo de luminosidade das copas.

Polinizao e Fertilizao:A formao de sementes resulta da unio dos gametas masculinos e femininos, que comea com a transferncia do gro de plen dos estames (angiospermas) ou estrbilos (gimnospermas) masculinos para os pitilos ou cones

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. . . . .ovulares a polinizao - e subseqente crescimento do tubo polnico at atingir o vulo ou o arquegnio, com posterior unio dos gametas a fertilizao. Fatores biticos: Nas florestas latifoliadas predominam as espcies hermafroditas, com pequena representao de espcies diicas e monicas; nas regies temperadas o predomnio de espcies monicas, com pequena percentagem de hermafroditas e diicas. De maneira geral os agentes polinizadores das espcies hermafroditas so biticos e os das espcies diicas ou monicas so abiticos. As abelhas, como outros insetos, so benficos para o aumento da produo de sementes. Fatores abiticos: estes fatores tem um papel duplo na polinizao, podendo atuar diretamente como vetores de plen, ou indiretamente, afetando o seu transporte. A umidade relativa do ar, temperatura e velocidade do vento influenciam o transporte do plen. Indiretamente, fatores abiticos, como a baixa luminosidade, podem afetar o comportamento de agentes polinizadores. Manejo para a produo de sementes: Apesar da complexidade do processo de polinizao e fertilizao possvel maneja-los para a melhoria da produo e da qualidade das sementes. Para reas de produo de sementes ou pomares de eucaliptos recomenda-se o uso de 2-3 colmias/h, permitindo um bom suprimento de plen-nctar para as abelhas, sem gerar competio entre elas por alimento, o que poderia prejudicar a polinizao. Para as espcies com polinizao anemfila pode-se utilizar da polinizao controlada ou suplementar a fim de garantir uma boa produo de sementes. Outra estratgia seria a de estabelecer o pomar de sementes em local diferente da rea de cultivo da espcie, o que seria semelhante aos procedimentos empregados na rea agrcola para produo de sementes de hortalias

Variao gentica para florescimentoH considervel variao para o mesmo local na florao e na produo de sementes entre rvores. Essas variaes so tanto inerentes, como a capacidade de florescer, quanto ao perodo de florescimento. A capacidade de florescer pode variar entre indivduos de uma mesma espcie, como observado em clones de Eucalyptus urophylla, variando desde clones que no florescem a clones que florescem o ano todo.

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Periodicidade na produo de sementesComumente se observa uma periodicidade bianual na produo de boas quantidades de sementes em espcies perenes. No entanto, outras variaes tem sido observadas, como em Tectona grandis, que apresenta boas produes a cada 3-4 anos; Eucalyptus grandis, E. saligna e E. camaldulensis tem intervalo de 2-3 anos. Essa periodicidade pode ser provocada pelo esgotamento de nutrientes armazenados e perda de folhagens qua acompanha a produo de sementes. A grande produo em um ano acarreta em pequeno crescimento vegetativo no ano seguinte com a conseqente baixa produo.

PredaoA predao pode afetar a produo de sementes diretamente por danos s flores, frutos e sementes, ou indiretamente pela herbivoria em partes vegetativas. Provavelmente os maiores predadores sejam os insetos, cujos danos so causados principalmente no estgio de larvas. Os danos podem ocorrer pela pilhagem de plen pelos insetos adultos; pelo consumo de partes da flor ou inflorescncia; pela predao da semente ainda imatura, consumindo o material de reserva da semente. Muitas vezes os danos ainda ocorrem na fase de armazenamento das sementes, devido a falhas no tratamento das mesmas. Aves e animais predam sementes especialmente quando frutos so mais suculentos. O ataque por fungos tem sido relatado em inmeros trabalhos de tecnologia de sementes. Os gneros mais detectados so Aspergillus, Penicillium, Rhizopus, Fusarium e Rhizoctonia. Alguns destes gneros so reconhecidamente patgenos de sementes, outros so cosmopolitas e podem ser saprfitas. Os complexos envolvendo Aspergillus e Penicillium podem causar a perda de at 75% das sementes de accia-manduirana (Accia speciosa), alm de serem reconhecidamente produtores de toxinas.

Manejo para produo de sementesO controle de pragas e doenas tem sido feito de maneira generalizada, praticamente sem controle dos demais predadores. Ataques de insetos em reas16

. . . . .reflorestadas tem sido redizidos com uma boa distribuio das reas de reservas com espcies nativas. No entanto, como visto anteriormente, aves e outros animais que habitam essas reservas tambm podem ser predadores de sementes florestais. O uso de fungicidas e inseticidas para proteo de sementes ser discutido mais tarde, quando falarmos sobre viveiros florestais. A colheita de sementes em poca ideal que evita que as sementes permaneam no campo sujeitas ao ataque de predadores e exposta s condies que favoream o aparecimento de fungos.

Outros fatoresA planta em sua fase reprodutiva apresenta um descarte de flores ou frutos. Estudos realizados com Mimosa scabrella indicaram que apenas 10% das flores produzidas formaram frutos. Essa baixa produo pode ser resultado de fatores climticos, ou outros que ainda fogem nosssa compreenso.

CONSIDERAES FINAISEste diagrama ilustra os eventos que afetam a reproduo de espcies arbreas e indica algumas tcnicas de manejo que podem ser empregadas para aumentar a produo de sementes.

REFERNCIASAGUIAR, I.B., PIA-RODRIGUES, F.C.M. & FIGLIOLIA, M.B. Sementes florestais tropicais. ABTS. Braslia, 1993. 350p. BIANCHETTI, A. Produo e tecnologia de sementes de essncias florestais. Curitiba, EMBRAPA/URPFCS, 1981. 22p. BUCKUP, L. Botnica. Porto Alegre, Editora do Professor Gacho Ltda, 1978. 173p. CARNEIRO, J. G. A. Curso de silvicultura I. Curitiba, Escola de Florestas da Universidade Federal do Paran, 1977, 107p. COSTA, M. A. S. Silvicultura geral. Livraria Popular de Francisco Franco, Lisboa. 1980. 262p. ESAU, K. Anatomia das plantas com sementes. Editora Edgar Blucher Ltda, So Paulo, 1974. 293p. KRAMER, P. J. & KOZLOWSKI, T. Fisiologia das rvores. Lisboa, Fundao Calouste Gulbenkin. 1972. 745p.

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. . . . .CAPTULO II Colheita de sementes florestais

Eduardo Righi dos Reis

INTRODUOCom o descobrimento do uso mltiplo dos produtos e sub-produtos florestais, os plantios comerciais foram intensificados, gerando maior demanda de sementes para a formao de novos povoamentos, cujo xito depende em grande pane da qualidade da semente empregada. Paralelamente, necessitou-se de racionalizar e viabilizar o processo de colheita de sementes. Foram desenvolvidos diferentes mtodos de colheita para as espcies, em funo das caractersticas fsicas, morfolgicas e fisiolgicas das sementes a serem colhidas. O sucesso da colheita depende no apenas da tcnica a ser adotada, mas tambm de uma srie de fatores imprescindveis ao seu bom desempenho, como o conhecimento da poca de maturao, das caractersticas de disperso e das condies climticas durante o processo de colheita. Por outro lado, as condies fsicas do terreno e as caractersticas das rvores implicam na escolha dos materiais e equipamentos a serem utilizados. Os mtodos de melhoramento em espcies florestais tem sido bem padronizados, de empregados generalizados e no tm sofrido grandes alteraes nos diferentes pases, ficando as modificaes restritas s pequenas variaes, isto em funo das caractersticas apresentadas pelas espcies. Em descrio dos diferentes mtodos de melhoramento, mostra as diversas possibilidades de utilizao e combinao da seleo para a produo de sementes com vrios graus de melhoramento, especifica os ganhos genticos possveis de19

serem obtidos atravs da instalao de reas de Produo de Sementes (APS) e de Pomares de Sementes Clonais (PSC), mostrando que esses devem ser os estgios subseqentes para avanos genticos com seleo intra-populacional. Os ganhos previstos, para os PSC, para volume desse valor para APS. Um mtodo de melhoramento que fornecesse ganhos intermedirios entre APS e PSC, e que demandasse um curto perodo de tempo para seu estabelecimento, seria uma alternativa bastante interessante para aumentar as possibilidades de produo de sementes melhoradas. O mtodo para seleo de rvores superiores (com alta intensidade de seleo), e considerando a existncia de um certo nmero dessas rvores, aps a realizao do corte, no haveria possibilidade de seu aproveitamento para produo de sementes, a no ser atravs de propagao vegetativa em pomares clonais. A seleo de um determinado nmero de rvores no estrato dominante, junto s rvores superiores, num raio de at 10,0 m, as quais no seriam abatidas na poca do corte, alm de no prejudicar o sistema de explorao, forma um ncleo produtor de sementes. As rvores do estrato dominante agem nesse esquema como masculinas (fornecedoras de plen), e a rvore superior como feminina (produtora de sementes). O conjunto de ncleos produtores de sementes forma a "rea de Produo de Sementes Especial" (APSE). Na APSE a seleo tem diferentes intensidades nos dois sexos, ou seja, no lado feminino a intensidade de seleo bem alta (acima de 1:1000) e no lado masculino esse valor semelhante ao de APS usual (em torno de 10%). Alguns autores apresentam o mtodo como uma alternativa que pode ser considerada vivel para produo de sementes melhoradas a curto prazo. A incompatibilidade verificada na propagao vegetativa por enxertia, particularmente acentuada em Eucalyptus grandis, pode tornar o mtodo mais atrativo. Algumas das restries ao mtodo esto associadas ao atual

desconhecimento da eficincia da polinizao cruzada nessas reas, bem como s dificuldades de colheita de sementes e a sua aplicao somente nas condies de manejo especificadas.

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RVORES MATRIZESPara cada populao existe uma variao individual, ocorrendo rvores com diferentes caractersticas fenotpicas. Esta variabilidade pode ocorrer entre espcies do mesmo gnero, entre procedncias da mesma espcie e entre rvores da mesma procedncia. Como a maioria dessas caractersticas so hereditrias, provvel que uma rvore fenotipicamente boa apresente boa constituio gentica, originando bons descendentes. de grande importncia o conhecimento da origem das sementes, uma vez que para cada populao pode existir variaes entre as rvores com apresentao de diferentes caractersticas. Essas variaes ocorrem tambm dentro de espcies do mesmo gnero, entre e dentro da mesma procedncia,podendo tambm existir em espcies que crescem livremente nas florestas nativas. Assim as sementes devem ser coletadas de rvores chamadas matrizes, as quais devem apresentar caractersticas fenotpicas superiores s demais que esto ao seu redor. Assim, as sementes devem ser colhidas de rvores denominadas matrizes ou porta sementes, que devem apresentar caractersticas fenotpicas superiores s demais do povoamento.

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CARACTERSTICAS DAS RVORES MATRIZESAs caractersticas que a rvore matriz deve apresentar dependem da finalidade a que se destina a semente a ser colhida. Quando o objetivo for produo de madeira, importante a avaliao das caractersticas do fuste; se for a formao de florestas de proteo, prioritria a capacidade de proteo da copa; se for a extrao de resina, a rvore deve apresentar elevado teor desse extrativo. A seleo de rvores superiores deve basear-se nos seguintes parmetros: Ritmo de crescimento - a rvore matriz deve ter crescimento rpido e uniforme, devendo conseqentemente, apresentar boa produtividade. Porte - esta caracterstica se refere altura e ao dimetro da rvore; a matriz deve ter grande porte e fazer parte da classe de rvores dominantes do povoamento.21

Forma do tronco - caracterstica importante principalmente para a produo de madeira. O fuste deve ser retilneo e com a forma mais prxima da cilndrica. As rvores com fuste tortuoso e bifurcado no devem ser consideradas. Forma da copa - a copa deve ser proporcional altura da rvore, bem formada e bem distribuda. Para fins de proteo e produo, a rvore deve ter copa grande e densa, de maneira a ter boa exposio ao sol e rea de assimilao; para a produo de madeira, a copa deve ser de menor dimenso. Ramificao os ramos devem ser finos e inseridos o mais

perpendicularmente possvel no tronco. Esta situao favorece a desrama natural e reduz o tamanho dos ns, que um grande defeito na madeira, conseqentemente, a rvore ir adquirir forma florestal, adequada principalmente, para a produo de madeira. Vigor - o termo envolve caractersticas como tamanho da copa e da rvore, rea foliar, resistncia a pragas e molstias, bem como a outros agentes como vento, temperatura e umidade. A rvore matriz deve ser resistente aos fatores externos acima mencionados. Densidade da madeira - a madeira destinada produo de carvo vegetal, por exemplo, deve ser de maior densidade do que a destinada produo de celulose. Assim, a densidade da madeira da rvore matriz deve ser compatvel com a sua utilizao. Teor de extrativo - quando se deseja a produo de extrativos como resina, ltex, tanino ou leo essencial, a matriz deve produzir elevado teor do respectivo extrativo. Cabe ressaltar que esse parmetro, bem como o de densidade da madeira, so caractersticas de difcil avaliao. Produo de sementes - algumas rvores produzem mais flores, frutos e sementes que outras, quer seja pelas caractersticas genticas e fisiolgicas ou pelas condies ambientais favorveis, podendo receber mais luz e umidade. Desse modo. A rvore matriz deve ter copa bem desenvolvida e com boa exposio luz, de maneira a poder apresentar abundante florescimento e frutificao, o que dever tom-la boa produtora de sementes.

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. . . . .SELEO DE RVORES MATRIZESA seleo de matrizes deve ser feita em povoamentos naturais ou implantados, de modo a permitir uma adequada avaliao das caractersticas a serem analisadas. Nunca deve ser selecionada uma rvore isolada, que certamente ir resultar em problemas de autofecundao. Alguns critrios tm sido utilizados no Brasil para a seleo de rvores matrizes em povoamentos florestais. Entre esses critrios, destacam-se os que se baseiam na determinao do DAP limite de seleo e na comparao da rvore a ser selecionada com algumas rvores prximas.

DAP limite de seleoEste critrio foi inicialmente adotado pela Companhia Paulista de Estradas de Ferro, atual FEPASA. para seleo de rvores matrizes de eucalipto. Uma vez delimitada a rea do povoamento a ser utilizado, efetuada a medio do DAP de todas as rvores da rea. A seguir, calculado o DAP mdio das rvores da rea e o desvio padro (s) para DAP. O DAP limite de seleo corresponde ao DAP mdio somado ao desvio padro: DAP Lim.= DAP + s. Todas as rvores da rea que possuem DAP no mnimo igual ao DAP limite de seleo, so marcadas no campo. Em seguida, as rvores marcadas so analisadas quanto s suas caractersticas fenotpicas. As rvores que apresentam caractersticas desejveis so selecionadas como matrizes e recebem identificao. As rvores com caractersticas indesejveis so desprezadas, junto com as de menor DAP. Neste caso, o DAP limite de seleo foi igual ao DAP mdio somado a duas vezes o desvio padro: DAP Lim. = DAP + 2s, descartando as rvores cujo DAP foi igual ou inferior ao DAP limite de seleo.

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Mtodo de estratificao da populaoEste mtodo consiste em comparar a rvore candidata a matriz com as 5 rvores dominantes ao seu redor, situadas dentro de um raio de 15 metros. Este critrio tem sido utilizado principalmente para espcies do gnero Pinus. So estabelecidos diferentes valores, expressos em nmero de pontos, para as diferentes caractersticas fenotpicas analisadas. Se o total de pontos atribudos rvore candidata for superior a um limite preestabelecido (por exemplo, a mdia das 5 rvores dominantes), ela selecionada como matriz e recebe uma identificao.

O PROCESSO DE COLHEITAA colheita de sementes florestais deve ser efetuada em rvores matrizes. No caso de espcies nativas, onde dificilmente existem reas produtoras de sementes, recomenda-se a colheita em matrizes prximas, da mesma espcie, cuja distncia mnima entre elas seja em tomo de 20 metros. Este cuidado visa diminuir a possibilidade de consanginidade. Por outro lado, esse procedimento de difcil utilizao para espcies com baixa densidade como o caso de Cedrela fissilis, que apresenta 3 indivduos/ha, e de Hymeneae courbaril, com apenas O,l indivduos/ha. Nestes casos, recomenda-se ampliar a rea de colheita, de modo a obter o maior nmero de rvores possveis. Por ocasio da colheita, as rvores matrizes devem estar sadias, vigorosas e em plena maturidade. Geralmente as rvores jovens, quando iniciam a frutificao, produzem pequena quantidade de sementes e de qualidade inferior. Assim, a idade da rvore deve ser estimada previamente; porm, mais importante que isso o grau de maturidade da rvore, que pode se tomar adulta mais precocemente que outras da mesma idade. importante que os responsveis pela colheita conheam a fenologia e a forma como cada espcie dispersa suas sementes, processo esse caracterstico e distinto entre as espcies, e que se inicia aps a maturao dos frutos. A disperso das sementes pode dar-se pelo vento - anemocoria, quando se tratar de sementes pequenas e leves, como as de Jacarand e as das espcies dos24

. . . . .gneros Grevilea e Tabebuia. Tambm as sementes que possuem estruturas aladas que auxiliam ou prolongam a distncia de vo, como as espcies dos gneros Casuarina, Cedrela, Pinus e Pterocarpus, so disseminadas pelo vento. A disperso por animais zoocoria, pode ser observada para as espcies palmito (Euterpe edulis), palmeiras, Inga e Araucria angustifolia. A gua tambm funciona como agente dispersor para as espcies que margeiam os rios, como acontece com Genipa americana e Ing spp, entre outras. Em terrenos com declive acentuado, os frutos grandes e pesados podem se deslocar por gravidade. Em terrenos de menor declividade, estes frutos caem prximos da rvore matriz, onde tendem a permanecer, facilitando assim sua colheita. A maneira de coletar as sementes depende da forma e altura das rvores, e das caractersticas dos frutos. importante tambm considerar a disponibilidade e habilidade do pessoal de coleta, alm de conhecer as caractersticas dos frutos, o tipo de disperso e as caractersticas da rvore matriz. Dessa maneira, o produtor ou coletor de sementes deve ter em mente aspectos relacionados com: A - Onde coletar sementes florestais? A colheita de sementes sempre feita nas rvores porta-sementes e isso diz respeito qualidade das rvores matrizes. Sempre que possvel, coletar sementes de rvores previamente selecionadas para garantir a qualidade das sementes. B - Quando coletar sementes florestais? Este aspecto est relacionado com a poca correta de colheita que varia de espcie para espcie. Para muitos tipos de sementes florestais, a definio da poca de colheita muito importante, uma vez que grande nmero de espcies produzem frutos deiscentes, os quais abrem-se, ainda na rvore, para a disperso natural. Algumas observaes prticas proporcionam informaes seguras quanto poca correta de executar a colheita, tais como: mudana de cor dos frutos, rigidez25

das sementes, atrao pelos pssaros,peso especfico dos cones, quando se trata de Pinus spp. C - Como coletar sementes florestais? Este particular refere-se aos mtodos de colheita, os quais podem ser: Colheita diretamente da rvore em p Os frutos e/ou as sementes so coletados diretamente da copa, escalando ou no as rvores, com o auxlio de ferramentas e equipamentos especiais. Esse o melhor processo, pois asseguram a continuidade da matriz, alm de se conhecer com certeza as sementes que esto sendo coletadas. Essa atividade exige grandes cuidados ao escalar as rvores, pois sempre se corre risco ao subir nas matrizes. Nesse mtodo deve-se ter o mximo de cuidado para no danificar as rvores, com a finalidade de garantir as produes dos anos seguintes.

POCA DE COLHEITAA poca ideal de colheita aquela em que as sementes atingem o ponto de maturidade fisiolgica, no qual possuem o mximo poder germinativo e vigor, ficando praticamente desligadas da planta me. O ponto de maturidade fisiolgica varia em funo da espcie, do local e do ano, existindo parmetros que permitem a definio da poca adequada de colheita, denominados de ndices de maturao. No caso de sementes florestais, a definio da poca de colheita muito importante, porque grande nmero de espcies produzem frutos de natureza deiscente. Estes frutos abrem-se na rvore, para que ocorra a disperso natural das sementes. As modificaes morfolgicas, bioqumicas e fisiolgicas que ocorrem com os frutos e as sementes durante o processo de maturao, podem ser utilizados como ndices de maturao para o estabelecimento da poca de colheita. Geralmente estes ndices so baseados em parmetros como colorao, teor de umidade, densidade, tamanho e peso dos frutos e das sementes.

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. . . . .Na maioria das espcies florestais, efetuada inicialmente a colheita dos frutos e, posteriormente, a extrao das sementes. Desta maneira, para a definio do ponto de maturidade fisiolgica, os parmetros referentes aos frutos so relacionados com a qualidade fisiolgica das sementes. A velocidade de maturao varia muito entre espcies e mesmo entre rvores da mesma espcie, havendo alteraes entre locais e anos, por causa da influncia das condies climticas. O perodo em que ocorre frutos maduros geralmente bastante amplo, mas os primeiros frutos e sementes que caem, na maioria das vezes, so improdutivos. Um aspecto muito importante a ser considerado refere-se longevidade natural das sementes. Esta caracterstica, intrnseca da semente, varia entre as espcies: enquanto sementes de algumas espcies permanecem viveis durante anos aps sua maturao, as de outras perdem rapidamente essa viabilidade (cerca de l a 3 meses, como o caso dos ips e dos ings). Por outro lado, especial ateno deve ser dada aos frutos carnosos, pois estes tendem a sofrer predao da avifauna, roedores e mamferos, ao se apresentarem maduros, comprometendo a produo de sementes, do ponto de vista qualitativo e quantitativo. Desta maneira, ao verificar que os frutos iniciam o seu amadurecimento, necessrio efetuar vistorias peridicas ao local onde se encontram as rvores matrizes. A poca de colheita ir corresponder ao perodo em que a maioria dos frutos estiverem maduros.

MTODOS DE COLHEITAPreviamente ao processo de colheita, deve-se planejar as operaes e os materiais necessrios, para que a mesma se processe de maneira rpida e eficiente, dentro do perodo de tempo disponvel. Para se estabelecer o mtodo de colheita mais conveniente, relaciona os fatores que devem ser considerados: tamanho e quantidade das unidades de disperso e caractersticas dos fruto, da rvore, do talho e do local de colheita.

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Geralmente os frutos ou as sementes florestais so colhidos no cho, em rvores abatidas ou em p.

Colheita no choEste mtodo consiste na colheita de frutos ou sementes do cho, prximo rvore matriz, aps sua queda natural. aconselhado apenas para espcies que produzem frutos grandes e pesados que caem no solo sem se abrirem e no caso de sementes grandes que no so disseminadas pelo vento. Neste mtodo, a colheita dos frutos ou sementes realizada no cho prximo rvore matriz, aps a queda natural. Nesse caso tem-se a garantia da total maturidade das sementes, no entanto nem sempre se conhece a rvore matriz, o que aumenta a possibilidade de ataque de fungos, carunchos e roedores s sementes. Esse mtodo, alm dos inconvenientes citados, s pode ser utilizado para espcies que produzem sementes grandes. A queda dos frutos ou sementes pode ser apressada sacundido-se o tronco ou os galhos da rvore, aps a limpeza do terreno ao redor da rvore ou a forrao do solo com um encerado. Pode ser utilizada uma corda chumbada, atirada entre os galhos, permitindo a sua agitao e a queda dos frutos ou sementes sobre o encerado. Outro mtodo que pode ser empregado o uso vibradores mecnicos, muito comuns para a colheita de cones de Pinus nos Estados Unidos, o equipamento consiste de um trator, ao qual acoplado um brao mecnico que envolve o tronco da rvore e quando acionado, provoca agitao e queda dos cones. A colheita deve ser efetuada logo aps a queda dos frutos ou sementes, a fim de evitar o ataque de reodores, insetos, pssaros e fungos, que pode reduzir a produo de sementes e afetar a sua qualidade Figura 1.

Colheita em rvores abatidasA colheita em rvores abatidas deve ser efetuada apenas para aproveitar as sementes produzidas em rvores que esto sendo derrubadas. Neste caso, a poca28

. . . . .de explorao deve coincidir com a poca de colheita, devendo ser colhidas apenas s sementes de frutos maduros de rvores selecionadas. Este mtodo destri a matriz, por isso s deve ser usado em caso de extrema necessidade, e para aproveitar as sementes das rvores que esto sendo derrubadas Figura 2. Quando aplicado deve ser feito no momento em que ocorra a maturao completa das sementes. Embora este mtodo seja adotado aps o corte comercial, excepcionalmente algumas rvores podem ser abatidas com o objetivo especfico de obteno de sementes. No Brasil, este mtodo foi muito utilizado logo aps a promulgao da lei dos incentivos fiscais, quando o consumo de sementes aumentou consideravelmente. Paralelamente explorao dos povoamentos florestais, principalmente de eucalipto, os frutos eram colhidos e as sementes extradas eram vendidas a baixo custo. Estas sementes eram denominadas de sementes de machadeiros, sendo de qualidade inferior por no ter adequada identidade gentica e por no haver seleo de matrizes. As mudas produzidas com estas sementes foram utilizadas na implantao de reflorestamentos incentivados por empresas no conceituadas, dando origem a povoamentos irregulares e de baixa produtividade.

Colheita em rvores em pEste mtodo consiste em colher os frutos ou sementes diretamente na copa das rvores. Geralmente os frutos esto localizados em maior abundncia nas extremidades dos galhos e da copa. A colheita feita atravs da derrubada dos frutos ou sementes com tesouras ou ganchos apropriados, presos na extremidade de uma vara, geralmente de bambu, Figura 3.

Equipamentos para colheita de sementes de espcies florestais Para que a eficincia da coleta seja alcanada importante que o coletor carregue consigo, alm de cordas para escalar as rvores, tambm podes, faco, tesoura e recipientes para recolher os frutos ou as sementes coletadas.

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Tambm indispensvel dispor de material de anotaes para identificar a rvore matriz, o local, o proprietrio da rea, a quantidade de frutos ou sementes colhida e a data da coleta. Deve-se ainda lembrar que, ao escalar uma rvore (subir na rvore), necessrio ter o mximo de cuidado para evitar quedas, o que muito freqente e perigoso. Assim, recomenda-se ao coletor que, ao escalar rvores, tenha o mximo cuidado e que, antes de iniciar a atividade de colheita, amarrasse com segurana na copa. A tesoura utilizada a tesoura de poda alta, que efetua o corte ao ser puxada pela corda amarrada lmina cortante. O gancho pode ter formas diferentes, mas de modo geral so utilizados ganchos com forma de "C" ou "S", com corte nos dois lados da lmina. O corte efetuado pressionando-se a lmina cortante de encontro parte da copa a ser derrubada. Embora com menor freqncia, podem ser utilizados tambm a tesoura de mo ou o serrote. No caso de rvores de pequeno e mdio porte, o acesso copa pode ser conseguido do cho, com alcance equivalente altura do colhedor e do comprimento da vara. comum na colheita de cones de Pinus em pomares de sementes, onde as rvores so de menor porte e mais encopada quando jovens. Se necessrio, o colhedor pode alcanar a copa subindo em escadas comuns, colocadas ao lado das rvores. Para as rvores de maior porte, o colhedor necessita escalar a rvore para efetuar a colheita. Em rvores de ramos grossos, como no caso de vrias essncias nativas, a escalada pode ser realizada com o uso de escadas feitas de corda. Na extremidade da corda existe um dispositivo que a fixa no galho da rvore, aps ser lanada pelo colhedor. A escalada de rvores altas geralmente feita com o uso de um par de esporas e cinturo de segurana. A espora consiste de uma haste de ao tendo em suas extremidades correias de couro, as quais so presas no tornozelo e na perna do comedor. O cinturo preso cintura do comedor e dotado de uma correia de couro empregada para envolver a rvore. Ao escal-la, o colhedor troca o passo enterrando as esporas no tronco, enquanto muda a posio da correia. Alm de oferecer segurana, b cinturo permite o descanso do colhedor no ato da subida.30

. . . . .As esporas sempre causam danos ao tronco, principalmente no caso de rvores de casca fina. As espcies de Pinus, por exemplo, suportam bem as injrias causadas pelas esporas, enquanto as palmeiras adquirem marcas profundas, devendo ser escaladas de outra forma. As injrias causadas pelas esporas so normalmente insignificantes mas, se a rvore tiver que ser escalada vrias vezes, conveniente concluir a colheita com bicicletas ou com escadas seccionadas. A bicicleta formada por um aro ligado ao bloco central que envolve o tronco da rvore e dois braos laterais providos de pedal. O colhedor aciona os pedais, provocando sua locomoo na poro do tronco desprovida de ramos, at o nvel da copa viva. A bicicleta pode ser utilizada na escalada de rvores altas e de tronco reto. A escada seccionada geralmente de alumnio, sendo composta de vrias seces de 2 a 3 metros de comprimento. As seces vo sendo encaixadas umas s outras e presas ao tronco, medida que o colhedor vai subindo. Embora menos prtica e de menor rendimento que as esporas, a escada tem a vantagem de no danificar o tronco das rvores e empregar pessoas que no conseguem fazer o uso das esporas. Pode ser feita tambm a escalada mecanizada, atravs de escadas ou caambas acopladas a um veculo. No caso da caamba, o colhedor aloja-se no seu interior e um dispositivo hidrulico a conduz at a copa das rvores. Em algumas regies do Canad, so utilizados helicpteros que pairam sobre as rvores, permitindo o acesso do colhedor sua copa. So mtodos muito sofisticados onerosos, cuja utilizao aconselhada em caso especiais e em regies onde no possvel o acesso por terra.

COLHEITA DE FRUTOS DE EUCALIPTOPraticamente todas as espcies de eucalipto cultivadas no Brasil produzem sementes com relativa abundncia a partir dos 5 a 7 anos de idade. Entretanto, algumas espcies produzem sementes precocemente, como Eucalyptus urophylla aos 2 anos e Eucalyptus grandis aos 4 anos.

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As sementes so de pequenas dimenses e os frutos (cpsulas), localizados nas extremidades dos galhos, so deiscentes. Portanto, as cpsulas maduras devem ser colhidas antes de sua abertura natural. A poca de colheita bastante ampla, mas em geral o perodo principal ocorre com maior intensidade no segundo semestre. No entanto h uma variao muito grande entre anos e em funo da regio de ocorrncia: em Aguai, Casa Branca e Moji Guau (SP), a poca de colheita de sementes de Eucalyptus saligna vai de julho a setembro, a de Eucalyptus grandis de setembro a dezembro. A colheita feita com o colhedor escalando a rvore matriz e se alojando nos ramos mais grossos da copa. Com auxlio de tesoura de poda alta ou de gancho, ele corta e derruba os ramos que contm cpsulas maduras, o colhedor treinado retira em mdia 75 Kg de frutos por dia, correspondendo a 9 rvores por dia. A colorao das cpsulas o ndice mais prtico de maturao dos frutos e das sementes. Os frutos cuja colorao est passando de verde para marrom ou cinza j possuem sementes fisiologicamente maduras e podem ser colhidos. Neste estdio, os frutos ficam mais duros e secos, adquirindo aspecto rugoso e apresentando fendas radiais na sua parte superior. Aps a derrubada, o grupo de operrios arranca manualmente as cpsulas que esto presas aos ramos, operao esta denominada de pinicagem. A seguir, as cpsulas so ensacadas e levadas para as laterais do talho, de onde so transportadas, devidamente identificadas, para o local apropriado para efetuar a extrao das sementes. A colheita dos ramos elimina a produo de no mnimo 2 anos futuros uma vez que, junto com as cpsulas maduras, so colhidas tambm cpsulas imaturas, botes florais e gemas vegetativas, que seriam as produes dos anos seguintes. Por este motivo, geralmente removido 1/3 da copa da rvore a cada 3 anos. No Brasil, tem sido adotada tambm a colheita em uma mesma rvore, a cada intervalo de 3 anos. Para tanto, a rea dividida em 3 partes, colhendo-se se anualmente uma delas. Pode-se ainda colher 1/3 das rvores, uniformemente distribudas na populao, mas este mtodo no muito recomendado, pela probabilidade de aumentar a ocorrncia de autofecundao.

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. . . . .Atualmente vem sendo aplicado o mtodo de colheita em compartimentos onde cada compartimento corresponde a 1/4 da rea total, sendo que a cada ano so colhidas todas as rvores que tenham frutos, de apenas um compartimento. No ano seguinte, outro compartimento colhido, procedendo-se assim at que no 5 ano retoma-se ao primeiro compartimento. O mtodo de colheita compartimentada apresenta as seguintes vantagens: (a) a colheita de cada rvore facilitada pela poda drstica, sendo colhidas todas as rvores com pouco ou muitos frutos; (b) os colhedores concentram suas atividades em cada compartimento, o que reduz o deslocamento a procura de rvores com frutos; (c) a penetrao de luz favorece a brotao de todas as rvores e (d) o florescimento homogneo em todo o compartimento, facilitando a polinizao das amores. Nos pomares de sementes clonais, pela reduzida altura da copa das rvores, so colhidos apenas os frutos, sem que ocorram danos copa. Tal procedimento permite a colheita anual de todas as rvores, gerando aumento de produo.

COLHEITA DE CONES DE PINUSAs espcies de Pinus produzem frutos denominados cones, alguns de natureza deiscente. que devem ser colhidos maduros, antes da liberao natural das sementes aladas. As espcies cultivadas no sul do Brasil iniciam a produo de sementes por volta dos 16 anos de idade. No Paran, a colheita dos cones de Pinus elliottii var. elliottii realizada em fevereiro e maro e os de Pinus taeda em maro e abril. Em Agudos (SP), outars espcies de Pinus produzem sementes a partir dos 8 anos de idade, sendo o perodo de colheita dos cones de Pinus spp bem amplo, estendendose de abril a outubro. Para as 3 variedades de Pinus caribaea, este perodo mais restrito (dezembro a fevereiro) e a produo de sementes se inicia aos 12 anos para a variedade hondunensis aos 14 anos para a caribaea e aos 18 anos para a hondunensis. Quando amadurecem, os cones passam da colorao verde para marrom. Para algumas espcies, entretanto, este ndice no suficiente para indicar a

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maturidade dos cones e das sementes. necessrio efetuar o teste de imerso, baseado na densidade dos cones aparentemente maduros, recm colhidos. O teste consiste na imerso de uma amostra de cones em fludos de densidade varivel, dependendo