livro planejamento e politicas educacionais final

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P lanejamento e Políticas Educacionais

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PLANEJAMENTO EDUCACIONAL

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  • Planejamento e Polticas Educacionais

  • Planejamento e Polticas Educacionais

  • Copyright 2013 da Laureate. permitida a reproduo total ou parcial, desde que sejam respeitados os direitos do Autor, conforme determinam a Lei n. 9.610/98 (Lei do Direito Autoral) e a Constituio Federal, art. 5, inc. XXVII e XXVIII, "a" e "b".

    Dados Internacionais de Catalogao na Publicao (CIP)(Sistema de Bibliotecas da UNIFACS Universidade Salvador - Laureate International Universities)

    F586p

    Silva, Tattiana Tessye Freitas da

    Planejamento e polticas educacionais. / Tattiana Tessye Freitas da Silva. Salvador: UNIFACS, 2013.

    188 p. ; 18,3 x 23,5cm.ISBN 978-85-87325-73-0

    1. Polticas educacionais Brasil. I. Educao Polti-ca e ensino II. Ttulo.

    CDD:379.981

  • Importante: Os links para sites contidos neste livro podem ter expirado aps a sua ltima edio, em novembro de 2013.

  • Sumrio

    ( 1 ) Introduo ao estudo das polticas p-blicas em Educao, 15

    1.1 Perodo colonial, 191.2 Perodo imperial, 221.3 Perodo Vargas, 251.4 Redemocratizao e Lei de Diretrizes e Ba-ses da Educao Lei n 4.024/1961, 271.5 Redemocratizao e novos debates, 30

    ( 2 ) Sistema educacional brasileiro orde-namento legal, 37

    2.1 O que voc sabe sobre essa Lei?, 40

  • ( 3 ) Do Ministrio da Educao aos Conselhos Municipais de Educao o regime de cola-borao e o papel dos entes federados, 57

    ( 4 ) Estrutura e funcionamento da Educao Bsica, 75

    ( 5 ) A lei de diretrizes e bases e as determi-naes comuns a docentes, escolas e siste-mas, 97

    ( 6 ) Educao Infantil e Ensino Fundamen-tal: bases legais e polticas em vigor, 117

    6.1 Sobre a forma de organizao, 1256.2 Sobre o currculo, 1266.3 Sobre a matrcula, 1276.4 Sobre a organizao do sistema, 1286.5 Sobre a avaliao do aluno, 1296.6 Sobre os programas e projetos em vigor, 131

    ( 7 ) Caracterizao das polticas para o En-sino Mdio e modalidades da Educao B-sica, 137

    7.1 Ensino Mdio: caracterizao e polticas em vigor, 1407.2 Modalidades da Educao Bsica e suas caractersticas, 148

    7.2.1 Educao de Jovens e Adultos, 1487.2.2 Educao Profissionalizante, 151

    7.2.3 Educao no Campo, Indgena e Quilombola, 1537.2.4 Educao Especial, 156

  • ( 8 ) Planos decenais, financiamento e valori-zao do Magistrio no Brasil e a Educao na Bahia, 163

    8.1 Plano Nacional de Educao e Plano Esta-dual de Educao, 1668.2 Financiamento e valorizao do Magist-rio, 1728.3 Educao na Bahia algumas polticas contemporneas, 1758.4 Gesto democrtica da Educao na Bahia, 178

  • Tattiana Tessye Freitas da Silva

    Planejamento e Polticas Educacionais

    Nesta disciplina, sero apresentadas as orientaes bsi-cas acerca das Polticas que regem a Educao no Brasil: o con-ceito de poltica educacional, a estrutura e o funcionamento da Educao, com seus nveis, etapas e modalidades, os direi-tos e os deveres de toda escola, professor e alunos, as leis que embasam o funcionamento da Educao e as leis que orientam a valorizao e o desenvolvimento do magistrio no pas.

    Para saber como utilizar todo esse conhecimento na prtica, essa disciplina tem como objetivo conhecer, identifi-car e analisar: a estrutura, a organizao e o funcionamento do sistema educacional brasileiro luz de sua legislao e polticas implantadas.

  • Assim, podemos afirmar que o estudo das polti-cas educacionais nos propiciar a compreenso dos vrios aspectos que regem a Educao no Brasil: como deve se organizar, que direitos so dados aos cidados e aos docen-tes. Conhecer a poltica acerca de uma determinada etapa de ensino ou de uma determinada modalidade d ao professor os instrumentos bsicos para que ele possa lutar por direitos e atuar defendendo o cumprimento de deveres. Em ltima instncia, essa ao tem como objetivo a oferta de uma edu-cao de qualidade, associada valorizao consciente do profissional de Educao.

    Este material est assim organizado: na primeira uni-dade, ser trabalhado o conceito de poltica educacional e ser mostrado como a mesma se fez presente na histria da Educao no Brasil. Em seguida, ser apresentado o ordena-mento legal dos sistemas de Educao no Brasil, destacando os nveis, as etapas, os entes federados e seus papis com rela-o Educao. Nas unidades seguintes, passaremos an-lise dos diferentes aspectos relacionados Educao Bsica, envolvendo desde a legislao at os programas hoje existen-tes para cada etapa e modalidade da Educao. Para finalizar,

    estudaremos as determinaes que versam sobre gesto da Educao e sobre os planos existentes na Educao Brasileira: plano decenal e plano de carreira do professor. Tudo isso ser estudado olhando-se para o Brasil e para a Bahia.

    As reflexes sobre a Educao e sobre o papel que o

    professor tem a exercer em seu meio de trabalho so discuti-das nesse material. O conhecimento das polticas que regem a Educao no Brasil, mais do que ser um exerccio de cida-dania, um caminho que levar o professor a duas aes fundamentais: assumir-se como profissional que tem uma

    extrema importncia para o pas e da a necessidade de um

  • compromisso para com a Educao e, garantir, atravs de seu trabalho, um direito constitucional que deve chegar a todos: uma Educao de qualidade!

    Bons estudos!Tattiana Tessy

  • ( 1 )

    Introduo ao estudo das polticas pblicas em Educao

  • Tattiana Tessye Freitas da Silva

    Caro(a) aluno(a),

    Seja muito bem-vindo ao estudo das Polticas para Educao! Comearemos com uma viagem pelo tempo e, ao final do curso, acredito que entenderemos o porqu do nosso

    atual contexto educacional e a importncia de polticas pblicas! Nesta primeira unidade, apresentaremos um breve percurso das polticas educacionais desenvolvidas ao longo da histria do pas.

    Para comeo de conversa, falar sobre poltica pblica para a Educao Bsica requer, antes de qualquer debate, o esclarecimento sobre o que significa a expresso poltica

    pblica. Para tanto, vale lembrar-se de Aristteles, que afir-mava ser o homem um animal poltico. Com isso, o filsofo

    queria dizer que, independente de nossa vontade, a poltica faz parte de nossas vidas, visto que expressa nas escolhas

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    cotidianas que fazemos. E se a poltica se manifesta atravs de nossas escolhas, a poltica pblica est presente nas aes governamentais s quais temos acesso durante a nossa vida.

    Tomemos um exemplo. Todos os dias, acordamos e nos preparamos para ir escola ou ao trabalho. No trajeto, ou vamos de carro prprio ou usamos o transporte cole-tivo. Em um caso ou noutro, usamos a via pblica. Durante a realizao dessas aes, a poltica pblica se fez presente de vrias formas: em casa, ao usarmos a energia eltrica, a gua ou a segurana da rua; no caminho para o trabalho, ao usarmos a via pblica ou o transporte coletivo; e na escola, sendo pblica ou privada. Ou seja, em todas as aes que praticamos no nosso cotidiano, existe alguma relao com uma determinada rea da poltica pblica desenvolvida pelo governo. Diante disso, o conceito de poltica pblica pode ser concebido como o governo em ao, visando a sanar proble-mas detectados em determinadas reas da sociedade. Essas polticas podem ter um foco bem definido ou podem ser des-tinadas a toda populao.

    Podemos dizer, portanto, que a expresso polticas

    pblicas para a Educao significa o conjunto de aes que

    o governo desenvolve tendo o objetivo de resolver proble-mas ou melhorar contextos relacionados Educao no pas. Nesse cenrio, dois atores se destacam: governo e estado.

    Voc sabe qual a diferena entre governo e Estado?O Estado a instituio permanente que garantir,

    atravs de seus rgos, a realizao da poltica pblica, e o governo, seja ele da Unio, do estado ou do municpio, um ente provisrio visto que seus integrantes mudam a cada quatro anos que dever propor, aprovar, executar e ava-liar cada poltica pblica implementada, seja ela referente Educao ou a outro campo, como a sade, a moradia ou a segurana. Assim, cada novo currculo que proposto, cada

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    alterao nos nmeros de dias e horas letivos, cada ao refe-rente avaliao das escolas, cada alterao sobre a merenda escolar ou sobre o livro didtico representa uma poltica edu-cacional implementada pelo governo.

    Mas como comeou a implementao de polticas edu-cacionais no Brasil? isto o que veremos a seguir.

    1.1

    Perodo colonial

    No Brasil, no campo educacional, historicamente, a ao do governo foi iniciada desde o perodo colonial, com as determinaes da Metrpole Portuguesa, permitindo a aber-tura de escolas no ento Brasil Colnia. Dessa forma, possvel afirmar que um dos primeiros atos referentes a uma poltica

    pblica educacional no Brasil foi a autorizao para que aqui funcionassem as primeiras escolas primrias, sob a responsa-bilidade dos Padres da Companhia de Jesus, os Jesutas.

    Nesse primeiro momento, a poltica educacional assu-miu uma dupla vertente: tinha um nvel limitado, pois, a princpio, estava relacionada s escolas primrias e era vol-tada, em primeiro plano, para a formao de uma pequena elite instalada no pas e, em segundo plano, para a formao/catequizao dos ndios e outros imigrantes que aqui viviam.

    Fundada em 1534, por Incio de Loyola, a Companhia de Jesus foi reconhecida pela Igreja Catlica, em 1540, e mar-cou presena na Amrica Portuguesa, atendendo tanto aos objetivos do Estado Portugus, quanto aos da Igreja Catlica, catequizando atravs da educao. Naquele momento, no havia a preocupao de implantar uma poltica que garantisse a educao para todos; os elementos de poltica educacional

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    eram restritos determinao do currculo e, neste, das tem-ticas a serem estudadas. escola da Colnia no cabia desen-volver mentes crticas e capazes de questionar ou querer transformar a ordem vigente.

    Durante boa parte do perodo colonial, os jesu-tas dominaram a educao e definiram os aspectos polti-cos, pedaggicos e administrativos referentes a esse setor. Observando uma linha de tempo desse perodo, Silva (2010) aponta os seguintes fatos e caractersticas com relao pol-tica educacional no Brasil Colnia:

    Educao no Brasil Colnia: Linha do tempo

    Em explicao linha do tempo, temos os seguintes fatos relacionados poltica educacional da Colnia:

    chegada dos jesutas e abertura das primeiras escolas;

    definio dos aspectos curriculares importantes

    escola primria: ler, escrever e contar;

    expulso dos jesutas em 1759;

    definio de uma nova poltica atravs da criao

    das aulas rgias.

    1549

    1551: colgio no Terreiro de Jesus: meninos de Jesus. Latim e portugus.

    Chegada na Bahia. Manoel da Nbrega.Vicente Rodrigues 1o mestre escola.Catequizar ndios com crianas portu-guesas.

    1759

    1o colgio povoado dos Pereiras. Ler, escrever e contar.Pblico: filhos de funcionrios do reino. Formao de lderes

    Expulso dos Jesutas.Implantao das aulas rgias.

    Colnia

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    A partir do momento em que as aulas rgias foram criadas, houve a tentativa de se estabelecer uma nova forma de se ensinar no Brasil. No entanto, as condies aqui existentes e que apontavam, inclusive, para a escas-sez de professores, no permitiram o sucesso das aulas rgias. Assim, no perodo imperial, outras prticas passa-ram a ser adotadas.

    Voc sabia?As aulas rgias compreendiam o estudo das humanida-des. Sendo pertencentes ao Estado e no mais restritas Igreja, foi a primeira forma do sistema de ensino pblico no Brasil. Apesar da novidade imposta pela Reforma de Estudos realizada pelo Marqus de Pombal, em 1759, o primeiro concurso para professor somente foi reali-zado em 1760 e as primeiras aulas efetivamente implan-tadas em 1774, de Filosofia Racional e Moral. Em 1772 foi criado o Subsdio Literrio, um imposto que incidia sobre a produo do vinho e da carne, destinado manu-teno dessas aulas isoladas. Na prtica o sistema das Aulas Rgias pouco alterou a realidade educacional no Brasil, tampouco se constituiu numa oferta de educao popular, ficando restrita s elites locais. Ao rei cabia a criao dessas aulas isoladas e a nomeao dos professo-res, que levavam quase um ano para a percepo de seus ordenados, arcando eles prprios com a sua manuten-o. Azevedo (1943, p. 315) menciona a abertura de uma aula rgia de desenho e de figura, em 1800, nas princi-pais cidades da orla martima e em algumas raras do pla-nalto e do serto. Em 1816 consta que o pintor Manoel da Costa Athade solicitou uma aula rgia de desenho em Vila Rica, obtendo a aprovao.Fonte: http://www.histedbr.fae.unicamp.br/navegando/glos-sario/verb_c_aulas_regias.htm (acesso em julho de 2013).

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    1.2

    Perodo imperial

    Com a chegada do Imprio, e a necessidade de se for-mar no povo que aqui habitava o sentimento de pertencer a uma nao, foi organizado o que deveria ser o sistema de Educao no Brasil. J contando com as Faculdades de Medicina, fundadas na Bahia e no Rio de Janeiro em 1808, a poltica educacional em vigor defendia a abertura de escolas primrias e secundrias em todas as provn-cias. Para tanto, o trabalho seria dividido. Assim, cabia s Assembleias Provinciais legislar sobre instruo pblica

    e estabelecimentos prprios a promov-las, no compreen-dendo as Faculdades de Medicina, os Cursos Jurdicos e as Academias j existentes, e outros quaisquer estabeleci-mentos de instruo que para o futuro forem criados por lei geral (BRASIL, Ato Adicional de 1834, art. 10). A par-tir de tal norma, e apesar de diferentes exegeses, prevale-ceu a definio de que s Assembleias Provinciais cabia a

    responsabilidade pela educao primria e mdia nas pro-vncias e Assembleia Nacional, as aes sobre a educao mdia, na Corte (Rio de Janeiro), e superior, em todo pas. Deste modo, temos a seguinte definio para a formao de

    um embrionrio sistema de educao no pas: O ensino primrio e o secundrio ficariam a cargo

    de cada provncia.

    O ensino secundrio, na Corte, e o ensino superior, em todo pas, ficariam a cargo do Poder Central, repre-sentado pelo Imperador.

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    Considerando o perodo imperial, o conjunto de polti-cas trouxe para o cenrio educacional brasileiro as seguintes modificaes:

    Polticas da Educao no perodo imperial

    Considerando as informaes na linha anteriormente apresentada, no que toca s polticas educacionais para o perodo imperial, podemos, ento, destacar:

    Voc sabia?Da mesma forma que nos primeiros anos do Imprio, a organizao dos sistemas de educao cabe a cada um dos entes federados. Assim, Unio, estados e municpios assu-mem a responsabilidade por diferentes nveis e etapas da Educao no Brasil.

    1824ConstituioImperial

    Imprio

    1832 1842 1861 1871

    1836criao da escola normal

    1859

    1862aulas rgias apenas em Salvador; interior: apenas o primrio

    1872Educao para artistas e operrios - liceu

    Educao primria gratuita

    Idade mnima para ensinar: 21 anos

    Lei para criao deescolas primrias na BA

    Criao de es-cola de artes e ofcios - 1 ano de curso

    Funciona-mento da es-cola normal - 1850Escola normal para senhoras

    Escola Baiana de Agricultura

    2 escolas normais: masc. e fem. Curso com 3 anos

    Meninos e meninas at os 7 anos estudando juntos

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    a oferta da educao primria gratuita;

    a criao de escolas de cunho profissionalizante,

    como os liceus de artes e ofcios;

    a oferta de escola normal para a formao de professores;

    a instituio de aulas rgias, representando a etapa a ser cumprida aps o perodo da escola primria;

    o acesso dos meninos e das meninas escola prim-ria a partir dos sete anos de idade;

    a criao de colgios secundrios, nas provncias, com destaque para o D. Pedro II, no Rio de Janeiro;

    a criao de faculdades de Direito, em So Paulo e Olinda, e das faculdades de Engenharia de Ouro Preto e do Rio de Janeiro.

    Observando essas aes relacionadas poltica educa-cional, possvel se ter uma viso do comeo da organizao da estrutura do sistema de ensino que hoje existe no Brasil. A oferta de ensino gratuito, a abertura de novas faculdades, a oferta de cursos secundrios e a abertura de liceus repre-sentaram algumas das primeiras aes do governo brasileiro, embora ainda no houvesse um Ministrio para cuidar exclu-sivamente da Educao.

    Essa estrutura ficou historicamente conhecida por

    uma ambiguidade: existncia de uma escola para ricos, mais associada ao estudo das humanidades, e de uma outra escola para os menos abastados, que estudavam o mnimo para realizarem as tarefas mais bsicas do mer-cado. Assim, enquanto os mais ricos chegavam s faculda-des, o mais pobres cursavam, em grande maioria, apenas o ensino primrio.

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    1.3

    Perodo VargasO fato de no termos um Ministrio exclusivo para

    a Educao, manteve-se no perodo da Primeira Repblica, entre os anos de 1889 e 1930, sendo modificado no Governo

    de Getlio Vargas, que, pela primeira vez na histria do pas, criou o Ministrio da Educao. Associado ao Ministrio, tambm foi criado o Conselho Nacional de Educao, rgo responsvel pela proposio, deliberao e normatizao de polticas pblicas educacionais no Brasil.

    Durante o perodo em que Vargas esteve no poder, medida que o pas crescia e se industrializava, mais aes educacionais eram demandadas pela populao. Assim, o tom das polticas edu-cacionais foi dado por um conjunto de reformas que, aos poucos, delinearam muito do sistema com o qual convivemos hoje.

    A primeira reforma foi realizada pelo primeiro Ministro da Educao, Francisco Campos. No organograma, a seguir, podemos ver que essa primeira grande reforma representou um olhar diferenciado para o ensino secundrio, que, em ltima instncia, deveria preparar os trabalhadores para a ento indstria nacional.

    Reforma de Francisco Campos: principais determinaes

    Ensino secundrio

    Normas para inspeo e normas para contratar professores

    Ciclo I - Fundamental, com durao de 5 anos

    Ciclo II - Complementar com durao de 2 anos e preparao para universidade

    Reforma F. Campos

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    Observando o organograma, o maior destaque, em ter-mos de poltica, a oferta de um curso preparatrio, para que todos que fizessem o ensino secundrio estivessem prepara-dos para enfrentar a seleo de acesso universidade. Houve avanos, mas ainda no foi garantida a democratizao do ensino fundamental.

    A implantao do Estado Novo, em 1937, trouxe novas determinaes para o campo da poltica educacional no Brasil atravs da Reforma Capanema, a saber:

    criao do ensino supletivo visando a combater o analfabetismo;

    estmulo ao planejamento escolar;

    estruturao da carreira docente;

    garantia de melhor remunerao do professor;

    centralizao das diretrizes para formao de pro-fessores, no mbito do Ministrio da Educao;

    organizao da estrutura do chamado ensino secun-drio, para oferta de 4 anos de ginsio e 3 anos de colegial.

    Analisando essa reforma e, mais especificamente, o

    formato do Ensino Secundrio, Aranha (2006) declara que: A julgar pelo texto da lei, o ensino secundrio deveria: a)

    proporcionar cultura geral e humanstica; b) alimentar uma ideologia poltica definida em termos de patriotismo e nacio-nalismo de carter fascista; c) proporcionar condies para ingresso no curso superior; d) possibilitar a formao de lide-ranas (ARANHA, 2006, p. 246).

    Mais uma vez, o texto da lei que determinava a pol-tica a ser seguida mantinha restrito o acesso de grande parte da populao aos nveis superiores da Educao e, ao mesmo tempo, tentava manter as mentes a favor do modelo pol-tico e econmico ento implantado. Com isso, foi reforada

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    a prtica de que os filhos das camadas mais baixas da popu-lao eram o pblico natural das escolas profissionalizantes,

    disseminadas pela criao, na dcada de 1940, do sistema S: SESI, SESC, SENAI e SENAC.

    1.4

    Redemocratizao e Lei de Diretrizes e Bases da Educao Lei n 4.024/1961

    Passado o perodo da Ditadura de Getlio Vargas, entramos no processo de redemocratizao do pas. Nesse momento, a estrutura de um sistema educacional j estava montada, pois tnhamos escolas primrias, escolas secund-rias, escolas profissionalizantes e a educao superior, que

    era realizada em faculdades e universidades.Foi nesse cenrio que passamos a assistir discusso

    do Congresso Nacional em torno da aprovao de nossa pri-meira Lei de Diretrizes e Bases da Educao. Assim, em 1961, aps anos de longos debates, foi aprovada a Lei 4.024, que definia as diretrizes e bases da Educao no Brasil. Essa lei

    legitimou algumas prticas j existentes e apresentou novas determinaes para a Educao, tais como:

    garantia do ensino laico;

    manuteno da estrutura do ensino;

    ensino secundrio menos enciclopdico e mais vol-tado para as necessidades;

    repasse de verbas da Unio para o ensino privado;

    criao do Conselho Federal de Educao e dos

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    Conselhos Estaduais de Educao;

    pouca ateno aos ensinos tcnico e agrcola;

    no estado de So Paulo, treinamento de funcion-rios promovido pelas empresas.

    Como alguns dos resultados dessas aes, podemos citar:

    o descompasso entre a estrutura educacional e o sistema econmico;

    a aprovao de uma legislao educacional que refletia os interesses das classes mais altas.

    As alteraes nesse modelo ocorreram atravs da Ditadura Militar e da instaurao de um novo contexto pol-tico que atingiu diretamente as escolas e o sistema educacional brasileiro, realizando aes que, mais uma vez, contriburam para o cenrio educacional que vemos hoje. Assim, obser-vando a linha do tempo, temos os seguintes aspectos rela-cionados poltica educacional do perodo militar no Brasil:

    Linha do tempo: Ditadura Militar

    A linha apresentada nos leva a perceber que os dois grandes momentos referentes poltica educacional foram a reforma do ensino superior e a reforma do ensino de 1 e 2 graus. Um dos documentos que guiou essas reformas foi o Acordo MEC-USAID, feito entre o Ministrio da Educao do

    Linha do tempo1968 1971 19851979

    GOLPE Reforma do Ensino Superior

    Reforma do 1o e 2o graus

    Abertura poltica Nova Repblica -

    fim da ditadura

    1964

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    Brasil e a agncia de educao norte-americana. As linhas que regiam tal acordo eram dadas pelas seguintes orientaes:

    racionalizao da produo;

    educao alinhada sociedade tecnolgica, porm com a garantia de menos custo;

    educao como capital humano;

    ampla burocracia nas redes pblicas fiscalizao

    de aes planejadas verticalmente;

    professor: executor de tarefas;

    base de ideias: tecnicismo.

    O reflexo direto dessas aes na gesto da Educao

    gerou a associao da escola a uma empresa, devendo haver um planejamento bem estruturado para que as metas e os objetivos fossem atingidos.

    A reforma de 1968, atravs da Lei n. 5.540/68, conhe-cida como Lei da Reforma Universitria, determinava aes como: o fim da ctedra; a concentrao de poder nas mos dos

    reitores; a implantao do sistema de campus universitrio; a criao do ciclo bsico, comum a todos os cursos; a unificao

    do vestibular; a implantao da ps-graduao; e a matrcula por disciplina.

    J a reforma de 1971, realizada atravs da Lei 5.692/71, que atingiu o primeiro e o segundo graus, tinha como obje-tivo oferecer uma formao que contribusse para a autorre-alizao do educando e para a qualificao para o trabalho

    atravs das seguintes mudanas: a ampliao da obrigatoriedade de estudo de quatro

    para oito anos; o fim do exame de admisso;

    a integrao entre os ensinos primrio, secundrio e tcnico;

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    o currculo que propiciaria uma formao geral at a oitava srie e uma formao especfica no segundo

    grau (magistrio, contabilidade, acadmico etc.);

    a extino de Histria, Geografia, Filosofia e

    Sociologia e, no lugar dessas disciplinas, a entrada de Estudos Sociais, Organizao Social e Poltica do Brasil e Educao Moral e Cvica.

    Mesmo com muitas mudanas e com a ampliao do ensino obrigatrio, velhos problemas ainda se faziam presen-tes, a saber: o analfabetismo e o domnio das classes mais altas no ensino superior. A mo de obra ainda era pouco qua-lificada e a separao de uma escola para ricos e outra para

    pobres continuou a existir.

    1.5

    Redemocratizao e novos debates

    Os anos 1970 e 1980, no campo da poltica educacio-nal, foram marcados por debates que deram origem a alguns programas e polticas que temos hoje em dia. Durante as manifestaes que culminaram com a abertura poltica, em 1979, e a Campanha para as Diretas J, em 1984, tivemos, no mbito educacional, debates voltados para a democratizao

    Voc sabia?Aps a abolio do exame de admisso, com a Lei n. 5.692/71, foi ampliada a matrcula no curso ginasial, ocor-rendo, consequentemente, o acesso da populao mais pobre a essa etapa de ensino.

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    da Educao, a ampliao de vagas nas universidades, a implantao da gesto democrtica, a aprovao de um Plano Nacional de Educao, a organizao de programas de com-bate ao analfabetismo. Sobre estes programas, possvel afir-mar que consistiram em vrias tentativas mal sucedidas, como o Movimento Brasileiro de Alfabetizao (MOBRAL), que funcionou nacionalmente desde 1967, tendo sido criado pela Lei 5.379 e o Projeto Nordeste, mais voltado para os esta-dos do Nordeste brasileiro.

    Alm dos programas de combate ao analfabetismo, os anos 1980 foram marcados por causas em defesa da demo-cratizao do acesso Educao, lideradas por movimentos sociais, como o Movimento Nacional em Defesa da Escola Pblica, cuja luta por uma escola pblica de qualidade pas-sava pela implantao da gesto democrtica da Educao.

    necessrio considerar, ainda, que, durante essas dcadas, foi iniciada na Amrica Latina, em especial no Chile, a implantao de polticas de cunho neoliberal, cujas aes apontavam para a privatizao da educao e a pro-gressiva presena do mercado atuando na elaborao de pol-ticas educacionais. Naquele momento, o Estado volta-se para os interesses do mercado e abre mais espao para a priva-tizao e para polticas que formassem o aluno de acordo com as necessidades do mercado. Os organismos internacio-nais, como o Fundo Monetrio Internacional (FMI) e o Banco Mundial, passaram a definir alguns dos programas voltados

    para educao nos pases do ento chamado terceiro mundo. O foco das polticas nos documentos oficiais era a educa-o bsica e o objetivo principal era controlar a pobreza e, ao mesmo tempo, formar o cidado para atender s exigncias do mercado.

    Em paralelo a essas aes, os debates para a insero de determinaes que garantissem novas polticas educacionais

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    estavam acontecendo no processo de elaborao da nova Constituio Federal. Assim, em torno desse novo docu-mento que as polticas sero adotadas a partir da dcada de 1990. E esse o tema de nossa prxima aula!

    SN T ESEDurante esta unidade, vimos como se organizou historicamen-te o sistema de Educao do Brasil. Viajamos pelas diferentes etapas, reformas e pelo caminho trilhado, a partir das polticas educacionais, para a criao da escola e da educao que temos hoje. Percebemos que, em cada momento histrico, a educao teve uma orientao dada pelos diferentes governos. Foi visto que, durante os 500 anos do Brasil, muito foi feito, mas ainda temos problemas, como o analfabetismo e a luta pelo maior acesso ao ensino superior. Ao longo desse perodo, muitas leis foram criadas e reformas foram realizadas. Atualmente, temos um conjunto de aes e polticas que tentam resolver os proble-mas deixados por essa herana histrica.

    QU ESTO PA R A R EFLEX ODurante todo o perodo de desenvolvimento das polticas para a Educao no Brasil, duas escolas pareciam existir: uma para os mais ricos e outra escola para os mais pobres; uma preparava para a universidade e outra para o mercado de tra-balho. O que voc conhece sobre a educao contempornea que pode sinalizar uma mudana nessa situao?

    LEI T U R AS I N DICA DASARANHA, M. L. de A. Histria da educao. So Paulo: Mo-derna, 2006.

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    GHIRALDELLI, P. Histria da educao no Brasil. So Paulo: s. ed., 2008.

    LERCHE, S. V. Introduo poltica educacional. So Paulo: Autntica, 2007.

    SI T E I N DICA DOhttp://www.histedbr.fae.unicamp.br/navegando/glossario/

    verb_c_aulas_regias.htm

    R EF ER NCI ASARANHA, M. L. de A. Histria da educao. So Paulo: Mo-derna, 2006.

    BRASIL. Lei n. 4.024, de 20 de dezembro de 1961. Fixa as dire-trizes e bases da educao nacional. In: SENADO FEDERAL; Secretaria de Informao e documentao; Subsecretaria de Informaes. Legislao Republicana Brasileira. Braslia, 2002. CD-ROM.

    BRASIL. Lei n. 5.540, de 28 de novembro de 1968. Fixa normas de organizao e funcionamento do ensino superior e sua ar-ticulao com a escola mdia, e d outras providncias. In: SENADO FEDERAL; Secretaria de Informao e documenta-o; Subsecretaria de Informaes. Legislao Republicana Brasileira. Braslia, 2002. CD-ROM.

    BRASIL. Lei n. 5.692, de 1971. Fixa normas de organizao e funcionamento do ensino de primeiro e segundo graus. In: SENADO FEDERAL; Secretaria de Informao e documenta-o; Subsecretaria de Informaes. Legislao Republicana Brasileira. Braslia, 2002. CD-ROM.

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    BRASIL. Ato Adicional de 1834. In: SENADO FEDERAL; Se-cretaria de Informao e documentao; Subsecretaria de Informaes. Legislao Republicana Brasileira. Braslia, 2002. CD-ROM.

    CAMBI, F. Histria da pedagogia. So Paulo: Ed. Unesp, 1999.

    GHIRALDELLI, P. Histria da educao no Brasil. So Paulo: s. ed., 2008.

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  • ( 2 )

    Sistema educacional brasileiro ordenamento legal

  • Tattiana Tessye Freitas da Silva

    Caro(a) aluno(a),

    Na unidade passada, iniciamos uma abordagem hist-rica da poltica educacional no Brasil: passamos pela Colnia, pelo Imprio e pelos primeiros anos da Repblica. Agora, vamos viajar pelos tempos atuais.

    Bem-vindo(a) s polticas da educao do Brasil Contemporneo!

    Vamos comear retomando a questo da unidade ante-rior: h, na educao contempornea, algum movimento que indique o fim da existncia de dois tipos de escola, uma para

    os mais ricos e outra para os mais pobres?O caminho para comearmos a responder a essa

    reflexo iniciado pela anlise das atuais determina-es legais que levam s polticas de Educao Bsica no Brasil, que nos ajudaro a entender melhor nosso sistema

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    existente: a Constituio Federal (CF), a Lei de Diretrizes e Bases da Educao Nacional (LDB) e a atual organiza-o educacional.

    Todos ns sabemos que a Constituio a lei maior que rege um pas. a partir dela que todas as outras leis so fei-tas e muitas polticas so implementadas. No caso do Brasil, a Constituio em vigor foi promulgada em 5 de outubro de 1988 e conhecida como a Constituio Cidad.

    2.1

    O que voc sabe sobre essa Lei?

    No campo da Educao, a Constituio de 1988 trouxe inovaes e garantiu a permanncia de polticas j existentes. Vejamos, a seguir, o que determina essa norma e como tais determinaes criaram desdobramentos na poltica educacio-nal e nas escolas.

    Para iniciarmos essa conversa, necessrio destacar que o Captulo da Educao, na CF de 1988, iniciado no artigo 205 e vai at o artigo 214. Assim, a primeira determi-nao dessa lei :

    Art. 205. A educao, direito de to-dos e dever do Estado e da famlia, ser promovida e incentivada com a colaborao da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pes-soa, seu preparo para o exerccio da cidadania e sua qualificao para o trabalho (BRASIL, 1988).

    Nessa determinao, dois fatos so novos: a obrigao da oferta da Educao pelo Estado e os seus focos: trabalho, cidadania e desenvolvimento da pessoa. com base nesse

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    artigo que todos os outros se apresentaro. Assim, temos no texto constitucional a definio dos princpios da educao:

    Art. 206. O ensino ser ministrado com base nos seguintes princpios:I. igualdade de condies para o acesso e permanncia na escola;II. liberdade de aprender, ensinar, pes-quisar e divulgar o pensamento, a arte e o saber;III. pluralismo de idias e de concep-es pedaggicas, e coexistncia de instituies pblicas e privadas de en-sino;IV. gratuidade do ensino pblico em es-tabelecimentos oficiais;V. valorizao dos profissionais da educao escolar, garantidos, na for-ma da lei, planos de carreira, com in-gresso exclusivamente por concurso pblico de provas e ttulos, aos das redes pblicas;VI. gesto democrtica do ensino p-blico, na forma da lei;VII. garantia de padro de qualidade;VIII. piso salarial profissional nacional para os profissionais da educao es-colar pblica, nos termos de lei federal (BRASIL, 1988).

    So esses princpios que definem os diversos movi-mentos da poltica educacional no Brasil. Eles geram aes, programas e metas que fazem as escolas pblicas e priva-das funcionarem. Assim, associando alguns desses prin-cpios a aes do governo e a sua significao, temos o

    seguinte quadro:

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    Princpio constitucional versus aes realizadas

    Princpio Ao Significado

    Igualdade de condi-es para o acesso e permanncia na escola.

    Criao de progra-mas de transporte escolar, merenda escolar e do ensino fundamental de nove anos.

    Cada uma dessas aes, apesar de no garantirem a quali-dade do ensino, tem promovido a amplia-o da permanncia da criana na escola.

    Liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divul-gar o pensamento, a arte e o saber.

    Liberdade de cria-o, em cada escola, de seu projeto pol-tico-pedaggico.

    Com um projeto pedaggico prprio, a escola tem mais capacidade de se adequar realidade onde est inserida.

    Valorizao dos profissionais da educao escolar, garantidos, na forma da lei, planos de car-reira, com ingresso exclusivamente por concurso pblico de provas e ttulos, aos das redes pblicas.

    Obr igator iedade da realizao de concurso pblico e da elaborao do plano de cargos e salrios em todos os municpios do pas.

    Melhor valorizao do profissional da educao e garan-tia de ascenso na carreira.

    Gesto democrtica do ensino pblico, na forma da lei.

    Cada estado e cada municpio devem estabelecer como ser a gesto democrtica de suas escolas.

    Obrigatoriedade da criao de colegia-dos escolares para a participao na gesto da escola.

    Garantia de padro de qualidade.

    Criao de pro-gramas de avalia-o como a Prova Brasil e o ENEM. Incentivos qualifi-cao docente.

    A ideia de avaliar vlida, mas ela, por si s, no garante a qualidade da edu-cao. necessrio que o professor se atualize, ponha em prtica seu apren-dizado e tenha con-dies de trabalho.

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    Apesar de a gesto educacional brasileira ser conside-rada democrtica, no determina a obrigatoriedade de elei-es para diretor de escolas e, por isso, cada ente federado estabelece suas regras para que tal cargo seja ocupado. Tal fato ocorre, porque o art. 211 da CF88 define que a Unio, os

    estados, o Distrito Federal e os municpios organizaro em regime de colaborao seus sistemas de ensino (BRASIL, 1988). Ou seja, o regime de colaborao d a possibilidade de cada estado e cada municpio organizarem sua forma de ges-to das escolas.

    Alm dos direitos dados aos entes federados, tam-bm existem os seus deveres. Voc sabe quais so os deveres do Estado para com a Educao? Se no sabe, observe o que determina o art. 208 da CF88 sobre os deveres dos dirigentes para com a Educao:

    I. ensino fundamental obrigatrio e gratuito, assegurada, inclusive, sua oferta gratuita para todos os que a ele no tiverem acesso na idade prpria;II. progressiva universalizao do en-sino mdio gratuito;III. atendimento educacional especial-izado aos portadores de deficincia, preferencialmente na rede regular de ensino;IV. educao infantil, em creche e pr-escola, s crianas at 5 (cinco) anos de idade;

    Voc sabia?A atual Constituio Federal foi a primeira Constituio votada aps vinte anos de ditadura militar. Para sua ela-borao, foi eleita a Assembleia Nacional Constituinte e essa assembleia, composta por mais de 500 congressis-tas, aprovou a gesto democrtica da Educao, mas no garantiu na lei, a exigncia de eleies diretas para dire-tores de escolas.

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    V. acesso aos nveis mais elevados do ensino, da pesquisa e da criao artsti-ca, segundo a capacidade de cada um;VI. oferta de ensino noturno regular, adequado s condies do educando;VII. atendimento ao educando, no ensi-no fundamental, atravs de programas suplementares de material didtico-escolar, transporte, alimentao e as-sistncia sade (BRASIL, 1988).

    Ou seja, se voc tem um filho com idade entre 4 e 17

    anos, ele tem o direito a ter uma escola para estudar; se voc conhece algum que no estudou quando deveria, ele tem direito a ter acesso Educao; se voc dirigente municipal, deve garantir a oferta de creches e pr-escolas para crianas de 0 a 5 anos de idade; se voc mora na zona rural, deve ter acesso a transporte escolar; se voc estiver matriculado, deve ter acesso ao livro didtico, merenda escolar e aos programas de assistncia mdica. Cada uma dessas aes uma poltica educacional que deve ser respeitada e cumprida no Brasil.

    Outro aspecto novo, presente somente na CF88, no art. 208 1, a determinao de que o acesso ao ensino obrigat-rio um direito pblico subjetivo (BRASIL, 1988). Voc sabe o que isso significa?

    Outra determinao da CF88 faz referncia aos per-centuais que devem ser empregados pelos entes federados no financiamento da Educao. Assim, temos o seguinte cenrio:

    Art. 212. A Unio aplicar, anualmente, nunca menos de dezoito, e os estados, o Distrito Federal e os municpios vinte e cinco por cento, no mnimo, da receita

    O fato de o acesso ao ensino obrigatrio ser um direito pblico subjetivo define que qualquer pessoa pode acio-nar o Ministrio Pblico contra o governante que no esti-ver cumprindo tal determinao.

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    resultante de impostos, compreendida a proveniente de transferncias, na ma-nuteno e desenvolvimento do ensino (BRASIL, 1988).

    Tal determinao, no entanto, ainda no se mostrou suficiente para o investimento em Educao. Assim, ainda

    estamos com um investimento abaixo do percentual que praticado pelos pases desenvolvidos. Essa realidade gera problemas de estrutura e de qualidade na oferta da educa-o pblica.

    Assim, apesar das polticas, ainda temos crianas que ficam menos de 4 anos na escola e outras que, mesmo ficando

    esse perodo, saem como analfabetos funcionais. Temos uma aplicao em Educao de menos de 5% do PIB e um ensino que, se por um lado j chega para muitos, atingindo certo grau de quantidade, por outro, deixa a desejar em termos de qualidade.

    Para finalizar, a CF88 determina a criao de um Plano

    Nacional de Educao e traa algumas das metas a serem cumpridas num prazo de dez anos, a saber:

    I. erradicao do analfabetismo;II. universalizao do atendimento es-colar;III. melhoria da qualidade do ensino;IV. formao para o trabalho;V. promoo humanstica, cientfica e tecnolgica do Pas;

    VI. estabelecimento de meta de aplicao de recursos pblicos em edu-cao como proporo do produto in-terno bruto (BRASIL, 1988).

    O no cumprimento dessas metas fez com que che-gssemos a 2010 organizando um novo Plano Nacional de Educao, tomando como base o que foi feito e o que ainda est por fazer. O analfabetismo persiste e a luta por um ensino pblico de qualidade est apenas comeando.

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    Concomitante s aes previstas pela CF88, temos as determinaes definidas na LDB, Lei n. 9.394, de 20 de dezem-bro de 1996, que outro documento que define normas e regras

    para o funcionamento de sistemas de ensino e de escolas.Aprovada em 1996, aps onze anos de debate no

    Congresso Nacional, a LDB, apesar de no ter um texto que atenda a todas as necessidades da Educao no pas, trouxe determinaes que mudaram o cotidiano das escolas no Brasil. Analisando tal cenrio de expectativas e de frustra-es com relao LDB, Cury (2006) destaca o seguinte:

    A LDB aprovada no como tambm as outras no foram um texto, mas um intertexto. Ao final, a lei aprovada acabou por conjugar diferentes vozes com distintas potncias. As vozes dom-inantes, as recessivas, as abafadas e as ausentes que a constituem continuam sendo uma rede intertextual a ser lida e reconstruda. De seu movimento correlativo participam diferentes inten-cionalidades presentes na prtica social e nas referncias legais identificadoras de cada projeto. A voz da ausncia tambm um modo de se fazer presente e de se fazer ouvir em outra dimenso (CURY, 2006, p. 18).

    Ou seja, para se trabalhar e compreender o conjunto de polticas originadas a partir da LDB, no basta apenas olhar para o que nela est determinado. necessrio que tambm olhemos para os desejos que no foram concretizados e para as esperanas que foram frustradas com o texto aprovado. Tais aspectos muito podem nos ensinar sobre os caminhos trilhados pela Educao no Brasil.

    Iniciando pelo reforo ao do Estado e da famlia na garantia do acesso Educao a todos os indivduos, a Lei n. 9.394/96, refora os princpios da Educao previstos na CF88, bem como a garantia do acesso e da permanncia, a garantia

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    do direito pblico subjetivo e os objetivos de formar o cidado para o trabalho e para a continuao dos estudos. As novida-des presentes nos princpios da Educao citados na LDB esto nos incisos X e XI do art. 3, que determinam, respectivamente: a valorizao da experincia extraescolar e a vinculao

    entre educao escolar, trabalho e prticas sociais.Na prtica, dentro da escola, o que isso pode significar?

    Vejamos a resposta nas outras determinaes da LDB.No art. 4, um aspecto muito importante a ser reco-

    nhecido e registrado por todos aqueles que trabalham com Educao so os deveres do Estado. Assim, est definido em

    lei que:

    Art. 4. O dever do Estado com educa-o escolar pblica ser efetivado me-diante a garantia de:I. ensino fundamental, obrigatrio e gratuito, inclusive para os que a ele no tiveram acesso na idade prpria;II. universalizao do ensino mdio gratuito;1III. atendimento educacional especial-izado gratuito aos educandos com ne-cessidades especiais, preferencialmente na rede regular de ensino;IV. atendimento gratuito em creches e pr-escolas s crianas de zero a seis anos de idade;V. acesso aos nveis mais elevados do ensino, da pesquisa e da criao artsti-ca, segundo a capacidade de cada um;VI. oferta de ensino noturno regular, adequado s condies do educando;VII. oferta de educao escolar regu-lar para jovens e adultos, com carac-tersticas e modalidades adequadas s suas necessidades e disponibilidades, garantindo-se aos que forem trabal-

    1. Redao dada pela Lei n. 12.061/09.

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    hadores as condies de acesso e per-manncia na escola;VIII. atendimento ao educando, no en-sino fundamental pblico, por meio de programas suplementares de material didtico-escolar, transporte, alimenta-o e assistncia sade;IX. padres mnimos de qualidade de en-sino, definidos como a variedade e quan-tidade mnimas, por aluno, de insumos indispensveis ao desenvolvimento do processo de ensino-aprendizagem.X. vaga na escola pblica de educao infantil ou de ensino fundamental mais prxima de sua residncia a toda cri-ana a partir do dia em que completar 4 (quatro) anos de idade2 (BRASIL, 1996).

    Antes de tratarmos das determinaes previstas nesse art. 4 que geraram polticas educacionais, vamos falar sobre suas mudanas. Cury (2006) destaca os silncios e os movi-mentos do texto da lei que revelam sua intencionalidade. Assim, as mudanas ocorridas nesse mesmo texto tambm mostram as intenes de quem o aprovou, por isso interes-sante analisar como ocorreram.

    Um inciso desse artigo foi modificado e um foi inse-rido. O inciso modificado foi o II, que previa, no texto origi-nal, a progressiva extenso da obrigatoriedade e gratuidade

    ao ensino mdio. O que isso significava? Que o ensino mdio,

    apesar de fazer parte da Educao Bsica, no tinha sua uni-versalizao, ou seja, no tinha o acesso a todos como norma a ser cumprida. Pois bem, em 2008, com a aprovao do Fundo de Manuteno e Desenvolvimento da Educao Bsica e de Valorizao dos Profissionais da Educao (FUNDEB) e con-sequente aumento de investimento em Educao, o inciso II passou a ter a universalizao do ensino mdio garantida.

    2. Includo pela Lei 11.700 de 2008.

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    Tambm foi novidade a obrigatoriedade da vaga na educao infantil em escola pblica para a criana a partir dos quatro anos de idade. Essas duas determinaes legais atendem a um desejo histrico das polticas educacionais no Brasil: fazer com que o brasileiro fique mais tempo estudando.

    As outras determinaes desse art. 4 esto claras e envolvem, em ltima instncia, a garantia do acesso e per-manncia a todos os que precisem da escola pblica, sejam crianas em idade escolar ou jovens e adultos que no estu-daram no perodo em que deveriam.

    A partir do art. 8 at o art. 27, so tratados temas gerais acerca da diviso de tarefas entre Unio, estados e munic-pios, currculo, avaliao, normas gerais para o funciona-mento de escolas, gesto democrtica e direitos e deveres dos professores. Tais determinaes geraram um conjunto de informaes que sero apresentadas a seguir. Para comear, vamos trabalhar esse tpico sobre a LDB a partir de pergun-tas e respostas.

    Voc agora uma me que acabou de chegar a uma cidade e gostaria de abrir uma creche. Que entidade voc pro-curaria para lhe orientar sobre os documentos necessrios? A Secretaria Estadual da Educao, a Secretaria Municipal ou o Ministrio da Educao?

    Para responder a essa pergunta, vamos LDB. Os art. 9, 10 e 11 definem as obrigaes para cada ente federado, com

    base no regime de colaborao entre ambos. Assim, em se tratando da Educao e seus diferentes nveis, os encargos de cada ente fica assim distribudo:

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    Obrigaes dos entes federados com a Educao

    Essa separao, no entanto, no quer dizer que cada um dos entes aja sozinho. O regime de colaborao e cada um traa suas normas, obedecendo ao que determinam a LDB e a CF88. Assim, a Unio, apesar de cuidar da educao superior, responsabilizando-se pelas escolas federais universidades, institutos federais de Educao e escolas tcnicas federais e pela avaliao das universidades e faculdades privadas, ainda contribui de forma suplementar, no oramento dos estados e municpios. Tal diviso, apesar de complexa e ainda no com-pletamente concretizada, contribui para que, aos poucos, esta-dos e municpios organizem seus sistemas de ensino.

    Ento, j sabe que rgo voc procuraria? A Secretaria Municipal de Educao, pois creche faz parte da educao infantil, cuja oferta e cuja regulamentao, por sua vez, ficam

    a cargo do municpio.Passemos, agora, a outros questionamentos: ensino

    fundamental nvel ou etapa? Em quantos nveis se organiza a Educao brasileira? O que ou quais so as modalidades da Educao que ns temos hoje no Brasil e como isso gera pol-tica educacional? No Brasil, temos dois nveis de Educao: a educao bsica e a educao superior. A educao bsica aquela que comea na educao infantil e vai at o ensino mdio. A educao superior envolve duas etapas: a gradua-o e a ps-graduao.

    Unio. Educao Supe-rior do seu sistema e escolas federais

    Estados. Ensino Funda-mentale prioridade para o Ensino Mdio

    Municpios. Educao Infantil e prioridade para o Ensino Funda-mental

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    Nveis e etapas da Educao no Brasil

    As etapas da educao bsica so a educao infan-til (creche e pr-escola, de 0 a 5 anos); o ensino fundamental (anos iniciais e anos finais, de 6 a 14 anos) e o ensino mdio

    (de 15 a 18 anos). Passada essa fase, temos a educao supe-rior, dividida em cursos de graduao (de 18 a 24 anos) e ps--graduao (especializao, mestrado e doutorado).

    Para cada um desses nveis e etapas, existe um con-junto de polticas. Por exemplo, para a educao infantil, temos a garantia das creches pelo poder municipal; para o ensino fundamental, temos a sua ampliao para nove anos; para o ensino mdio, temos a sua avaliao feita atravs do Exame Nacional do Ensino Mdio (ENEM). Cada uma dessas aes deve refletir o que determina a legislao para os dife-rentes nveis e etapas de ensino.

    Mas, o que so as modalidades e quais so as nossas modalidades de ensino?

    Educao - nveis

    Bsica (etapas) Superior(etapas)

    EducaoInfantil

    EnsinoFundamental

    Ensino Mdio

    GraduaoPs-graduao

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    Simples! Vejamos o quadro a seguir.

    Modalidades de ensino na Educao Bsica

    Observando esse quadro, podemos perceber que as modalidades de ensino geram polticas educacionais cujo pblico especfico e, nesse caso, tais polticas respeitam as

    necessidades e especificidades desse pblico.

    Para finalizar nossas perguntas: voc sabe por quan-tos dias uma escola deve funcionar? O que base nacional comum? Sabe quantas horas um ano letivo deve ter? Veja o quadro, a seguir, com as determinaes legais que toda escola deve cumprir:

    Modalidade PblicoEducao de Jovens e Adultos (EJA)

    Jovens e adultos em descompasso com a idade escolar.

    Educao Indgena Educao para ndios.

    Educao quilombola Educao para os que vivem nos quilombos.

    Ensino profissionalizanteFormao que prepara para o mer-cado de trabalho com uma profisso especfica.

    Educao Especial Atende a pessoas com necessidades educacionais especiais.

    Educao no campo Atende a pessoas que habitam na zona rural dos municpios.

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    Determinaes legais bsicas escola

    Como tudo isso funciona na prtica? Quais so as pol-ticas e os rgos envolvidos? Qual o papel do professor nesse sistema? Esses sero os temas de nossa prxima uni-dade! At l!

    SN T ESENesta unidade, o aluno entrou em contato com as diferentes caractersticas da organizao da Educao no Brasil, anali-sou questes referentes s determinaes constitucionais e da LDB, conheceu as diferentes responsabilidades de cada ente federado para com a Educao e entrou em contato com os diferentes nveis, etapas e modalidades que constituem a Educao Brasileira.

    Temtica Determinao legalDias letivos 200 dias, obrigatoriamente.Horas anuais 800 horas.

    Currculo

    Deve ter uma base nacional comum (portu-gus, matemtica, histria, geografia, cin-cias, educao fsica, artes e ensino religioso) e uma parte diversificada (uma lngua estran-geira a partir do 5 ano e disciplinas relacio-nadas realidade local.

    Avaliao

    Deve ser contnua e cumulativa. Ou seja, deve ser processual e os resultados do aluno ao longo do ano no podem ser desprezados no momento da prova final.

    Proposta pedaggica

    obrigao de toda escola constru-la e dever de todo professor participar da elaborao.

    Histria e cultura afro-brasileira

    Estudo obrigatrio, mas no uma disciplina. Deve ser estudada em histria, artes, lngua portuguesa ou estrangeira e geografia.

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    QU ESTO PA R A R EFLEX OTodas essas determinaes legais geram polticas e suas pr-ticas so fundamentadas em investimentos na Educao. Nos ltimos anos, conseguimos aumentar o nmero de alunos matriculados, mas ainda somos um dos pases do mundo com o menor ndice de escolarizao. O discurso de que a Educao a soluo conhecido e defendido por todos, en-to, o que cabe ao professor para melhorar esse cenrio?

    LEI T U R AS I N DICA DASCOSTA, M. A educao nas Constituies do Brasil: dados e direes. Rio de Janeiro: DP&A, 2002.

    CURY, C. R. J. LDB. Lei de Diretrizes e Bases. Lei 9394/96. Rio de Janeiro: DP&A, 2006.

    FREITAG, B. Escola, estado & sociedade. So Paulo: Autn-tica, 2005.

    HFLING, E. de M. Estado e Polticas (Pblicas) Sociais. In: Cadernos CEDES, Campinas, v. 21, n. 55, p. 30-41, nov. 2001.

    SI T E I N DICA DOhttp://www.senado.gov.br/legislacao

    R EF ER NCI ASBRASIL. Constituio da Repblica Federativa do Brasil de 1988. So Paulo: Saraiva, 2003.

    BRASIL. Lei n. 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabele-ce as diretrizes e bases da educao nacional. In: SENADO FEDERAL; Secretaria de Informao e documentao; Subse-

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    cretaria de Informaes. Legislao Republicana Brasileira. Braslia, 2002. 1 CD-ROM.

    CURY, C. R. J. LDB. Lei de Diretrizes e Bases. Lei 9394/96. Rio de Janeiro: DP&A, 2006.

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    Do Ministrio da Educao aos Conselhos Municipais

    de Educao o regime de colaborao e o papel dos entes

    federados

  • Tattiana Tessye Freitas da Silva

    Carssimo(a),

    Vamos, agora, entrar numa seara pouco presente no cotidiano de aes e de conhecimento do professor: o conhe-cimento sobre o regime de colaborao e sobre os conselhos que organizam a Educao no pas.

    Conhecer esse mundo significa ter um saber diferen-ciado, que muito pode contribuir no nosso dia a dia profissio-nal. Assim, o objetivo desta unidade oferecer a voc, futuro profissional da Educao, o conhecimento a respeito de como

    os conselhos nacional, estadual e municipal de Educao desenvolvem suas aes junto a cada ente federado e como o papel de cada conselho importante para a construo de um ensino de qualidade.

    Bom estudo!

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    Retomando o que vimos na unidade passada, um dos aspectos estudados foi o Regime de Colaborao. Determinado pela CF1988 e reforado pela LDB, n. 9.394/96, o Regime de Colaborao s poder ser de fato consolidado quando Unio, estados e municpios fizerem a sua parte com

    relao Educao.Devido grande importncia para o processo de con-

    solidao das polticas educacionais, estudaremos, nesta uni-dade, o regime de colaborao e a sua relao com a Unio, os estados e os municpios.

    Para comearmos a entender o que o regime de cola-borao, observe a figura a seguir:

    Sistemas de Ensino e as obrigaes dos entes federados

    perceptvel, atravs desta figura, que cada ente fede-rado possui seu respectivo sistema de Educao, vinculado a determinado nvel e a determinadas etapas e modalidades de ensino. Essa organizao fruto de uma definio cons-titucional que institui o Regime de Colaborao. Fazer com que esses sistemas funcionem corretamente em colaborao, para que se tenha, de forma consistente, o Sistema Nacional de Educao, o desafio a ser realizado.

    A cada um desses entes federados cabe, portanto, a responsabilidade sobre determinadas etapas, modalidades e

    SistemaFederal

    . Educao Superior: universidades federais, uni-versidades privadas, faculdades privadas;. Escolas federais.

    SistemaEducacional

    . Universidades estaduais e municipais;

    . Escolas estaduais de ensino mdio, fundamental, EJA e profissionalizante.

    SistemaMunicipal

    . Educao infantil, ensino fundamental, EJA e profissionalizante;. Escolas municipais, creches e pr-escolas munici-pais e privadas.

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    determinados nveis de ensino. O funcionamento desses trs sistemas deveria compor o que chamamos de sistema nacio-nal de educao e o elo entre esses sistemas seria exatamente o regime de colaborao.

    Segundo Werle (2006),

    Regime vem do latin regimen, que significa ao de guiar, de governo, direo. Regime significa modo de administrar, regra ou sistema, regula-mento. Colaborar implica trabalhar na mesma obra, cooperar, interagir com outros. Colaborar no significa concor-rer ou desvencilhar-se de um trabalho ou de uma obra, mas contribuir, as-sumir responsabilidades, ter parte nos resultados e em compromissos e despe-sas comuns (WERLE, 2006, p. 23).

    No caso do regime de colaborao proposto em nossa CF88, todas essas aes se fazem presentes. Associada a elas, a colaborao tambm gera descentralizao de responsabilidades, causando processos, como a municipalizao da Educao, atra-vs da qual, vrias escolas estaduais do ensino fundamental pas-saram a ser de responsabilidade dos municpios. Analisando essa ao e mostrando tanto o lado bom, relacionado autonomia, quanto o lado perigoso desse processo, Cury (2006) enfatiza que:

    A descentralizao para baixo tam-bm possibilidade de acobertamento da precariedade dos sistemas. A pre-cariedade como ausncia de condies objetivas e adequadas para um salto de qualidade permite, atravs da fra-seologia moderna ou ps-moderna, a ocultao e o aprofundamento do fosso entre as escolas de primeiro mundo e as escolas de terceiro mundo. Essas ltimas situadas em reas e zonas onde a pobreza se cruza com a inorganizao

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    compe-se de pauperizados, excludos e marginalizados (CURY, 2006, p. 20).

    Ou seja, se por um lado a descentralizao pode aju-dar, pois permite maior autonomia aos municpios, por outro lado, esse mesmo processo pode exigir aes para as quais o prprio municpio no est preparado. Resultado: no che-gamos realizao de um ensino de qualidade. A distncia entre a escola para ricos e a escola para pobres tende a ser ampliada.

    Nesse cenrio, e sabendo da condio da escola pblica no pas, um dos caminhos encontrados e presentes na prpria LDB so a criao e a efetiva participao de Conselhos de Educao e Colegiados Escolares.

    Se a sua resposta foi no, no desanime! Saiba que voc no est sozinho(a). A maioria dos pais e dos cidados que uti-lizam os sistemas de Educao no tem conhecimento acerca desses rgos. Vamos conhec-los? Observe o esquema:

    Sistemas de Educao e seus conselhos

    Pense a respeito:Na sua vida de estudante, voc j ouviu falar do Conselho Municipal de Educao? E do Colegiado Escolar?

    Sistemas. Federal. Estadual. Municipal

    Conselhos. Nacional de Educao. Estadual de Educao. Municipal de Educao

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    Como voc interpretaria esse esquema? Iniciemos pelo lgico: para cada sistema, h um Conselho de Educao fun-cionando. Esse Conselho um rgo que, em ltima instn-cia, dever contribuir no processo de definio de diretrizes

    e regulamentao de determinaes legais sobre a Educao em cada um dos entes federados. Atua ao lado do poder executivo, representado pelo Ministro da Educao, pelo Secretrio de Estado da Educao e pelo Secretrio Municipal da Educao.

    A LDB assim caracteriza tais conselhos:

    Art. 8. A Unio, os estados, o Distrito Federal e os municpios organizaro, em regime de colaborao, os respec-tivos sistemas de ensino.Art. 9. A Unio incumbir-se- de: [...] 1 Na estrutura educacional, haver um Conselho Nacional de Educao, com funes normativas e de super-viso e atividade permanente, criado por lei. [...]Art. 10. Os Estados incumbir-se-o de:I. organizar, manter e desenvolver os rgos e instituies oficiais dos seus sistemas de ensino; [...]Art. 11. Os Municpios incumbir-se-o de:I. organizar, manter e desenvolver os rgos e instituies oficiais dos seus sistemas de ensino, integrando-os s polticas e planos educacionais da Unio e dos estados [...] (BRASIL, 1996).

    Assim, ao cumprirem o determinado em lei, estados e municpios, para criar e fazer funcionar os seus sistemas de ensino, trabalhando em regime de colaborao com a Unio, instituram os seus respectivos Conselhos de Educao.

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    Mas, o que faz cada um desses Conselhos? Como so compostos e de que forma auxiliam na gesto do poder executivo?

    Mais uma vez, o Conselho Nacional de Educao (CNE), o nico citado efetivamente em lei, apresentado com as funes normativas e de superviso. Definindo melhor

    essa determinao legal, a Lei n. 9.131/95, que explicita as fun-es do CNE, estabelece que:

    Art. 7. O Conselho Nacional de Educa-o, composto pelas Cmaras de Edu-cao Bsica e de Educao Superior, ter atribuies normativas, delibera-tivas e de assessoramento ao Ministro de Estado da Educao e do Desporto, de forma a assegurar a participao da sociedade no aperfeioamento da edu-cao nacional. 1 Ao Conselho Nacional de Educa-o, alm de outras atribuies que lhe forem conferidas por lei, compete:a) subsidiar a elaborao e acompanhar a execuo do Plano Nacional de Educao;b) manifestar-se sobre questes que abranjam mais de um nvel ou modali-dade de ensino;c) assessorar o Ministrio da Educa-o e do Desporto no diagnstico dos

    Voc sabia?O Conselho Estadual de Educao da Bahia, criado em 1842, como Concelho de Instruo Pblica, o mais antigo do Brasil. Do Imprio Repblica e aos nossos dias, teve atribuies que variaram com a poca e com o contexto poltico. Hoje, reestruturado pela Lei Estadual n. 7.308, disciplina as atividades do ensino pblico e privado no Estado, assumindo as funes, normativas, deliberativas, fiscalizadoras e consultivas.Disponvel em: http://www.sec.ba.gov.br/cee/institucio-nal_apresentacao.html

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    problemas e deliberar sobre medidas para aperfeioar os sistemas de ensino, especialmente no que diz respeito integrao dos seus diferentes nveis e modalidades;d) emitir parecer sobre assuntos da rea educacional, por iniciativa de seus conselheiros ou quando solicitado pelo Ministro de Estado da Educao e do Desporto;e) manter intercmbio com os sistemas de ensino dos Estados e do Distrito Federal;f) analisar e emitir parecer sobre questes relativas aplicao da legis-lao educacional, no que diz respeito integrao entre os diferentes nveis e modalidade de ensino;g) elaborar o seu regimento, a ser aprovado pelo Ministro de Estado da Educao e do Desporto (BRASIL, 1995).

    O que tudo isso significa na prtica? simples. Vamos

    supor que voc trabalha em uma escola de ensino fundamen-tal, dando aula nos anos iniciais. Um aluno seu tem 28% de faltas, mas apenas nas aulas de lngua portuguesa, pois ele fal-tou muito num determinado dia da semana. No entanto, o seu aluno cumpriu todas as tarefas e foi aprovado por mdia nas provas. Chegou o final do ano e veio a dvida: o seu aluno est

    aprovado ou reprovado? A dvida existe, pois voc sabe que o aluno deve ter pelo menos 75% de frequncia. Dvida posta, feita uma consulta ao CNE para que tal questo seja resolvida!

    Assim, o CNE traa diretrizes e d orientaes acerca do cumprimento da legislao, tomando como fundamento as normas existentes no pas. Para que suas determinaes sejam legalmente vlidas, o Ministro da Educao deve homolog-las e public-las em Dirio Oficial. Ou seja, o CNE

    autnomo, mas no soberano. Essas normas, depois de homologadas, passam a valer para todo sistema educacional ao qual faz referncia.

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    E como funcionam os Conselhos Estaduais e Municipais? Da mesma forma que o Nacional: exercem as funes normativas e deliberativas, mas precisam da homo-logao de suas decises por parte do Secretrio de Educao.

    Com relao especificamente aos Conselhos Municipais

    de Educao, vale destacar que, assessorando a Secretaria Municipal de Educao, eles garantem no apenas a existn-cia efetiva de um sistema municipal de Educao, como tam-bm o exerccio de uma gesto democrtica do sistema.

    Dessa forma, outra pergunta surge: voc sabe o que faz o Conselho Municipal de Educao (CME) de sua cidade? E ainda: quem pode participar do CME? Por lei, as etapas que envolvem a criao do Conselho so as seguintes:

    O conselho precisa ser criado por lei municipal. Esta norma dever definir a composio bsica do

    rgo, o nmero de membros efetivos e substitutos e os mandatos.

    O Poder Executivo sanciona a lei que cria o Conselho e, em seguida, os rgos envolvidos indica-ro seus participantes.

    Com a lista completa, os membros sero nomeados pelo Prefeito.

    Nomeados e devidamente empossados, os conse-lheiros aprovaro o regimento do Conselho e definiro

    aes como a frequncia das reunies.

    Entenda um pouco mais sobre as funes do CME:

    Consultiva: Responder a consultas so-bre leis educacionais e suas aplicaes, submetidas a ele por entidades da so-ciedade pblica ou civil (Secretaria Municipal da Educao, escolas, uni-versidades, sindicatos, Cmara Munici-pal, Ministrio Pblico), cidados ou grupos de cidados.

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    Propositiva: Sugerir polticas de educa-o, sistemas de avaliao institucional, medidas para melhoria de fluxo e de rendimento escolar e propor cursos de capacitao para professores.Mobilizadora: Estimular a participa-o da sociedade no acompanhamento dos servios educacionais; inform-la sobre as questes educacionais do mu-nicpio; tornar-se um espao de unio dos esforos do executivo e da comuni-dade para melhoria da educao; pro-mover evento educacional para definir ou avaliar o PME; e realizar reunies sistemticas com os segmentos repre-sentados no CME.Deliberativa: desempenhada so-mente em relao a assuntos sobre os quais tenha poder de deciso. Essas atribuies devero ser definidas na lei que cria o conselho, que pode, por ex-emplo, aprovar regimentos e estatutos; credenciar escolas e autorizar cursos, sries ou ciclos; e deliberar sobre os currculos propostos pela secretaria.Normativa: S exercida quando o CME for, por determinao da lei que o criou, o rgo normativo do sistema de ensino municipal. Ele pode assim elaborar normas complementares em relao s diretrizes para regimentos escolares; autorizar o funcionamento de estabelecimentos de Educao In-fantil; determinar critrios para acol-himento de alunos sem escolaridade; e interpretar a legislao e as normas educacionais.Fiscalizadora: Promover sindicn-cias; aplicar sanes a pessoas fsicas ou jurdicas que no cumprem leis ou normas; solicitar esclarecimento dos re-sponsveis ao constatar irregularidades e denunci-las aos rgos competentes, como o Ministrio Pblico, o Tribunal de Contas e a Cmara de Vereadores (BRASIL, 2007).

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    Observando tais aes, percebemos que a existncia e a atuao do CME oferecem maior autonomia ao sistema muni-cipal de Educao. No entanto, vale ressaltar que tal determi-nao, que pode levar ao efetivo funcionamento de polticas educacionais, s funcionar bem se as pessoas que o compem tiverem compromisso, conhecimento e atualizao constante.

    Segundo a orientao do prprio Ministrio da Educao, em documento que ajuda o municpio a constituir o seu Conselho, fica definido que o mesmo deve ser composto

    da seguinte forma:

    Para garantir a ampla participao, o CME poder ser composto por repre-sentantes de pais, alunos, professores, associaes de moradores, sindicatos, Secretaria Municipal de Educao e demais rgos e entidades ligados educao municipal do setor pblico e privado, indicados e/ou eleitos demo-craticamente. Nesse caso interessante a garantia, por meio de lei, de que a escolha dos representantes se faa de forma democrtica salientando que a composio deste rgo observe uma proporcionalidade. O nmero de mem-bros que integram o Conselho Mu-nicipal depende de cada realidade. No Brasil a maioria dos CME possui de 6 a 11 membros titulares (66% dos CME) (BRASIL, 2009).

    Devem, portanto, participar do CME representantes de todos os segmentos que estejam envolvidos com a Educao no municpio. Tais representantes, reforando o exposto anteriormente, devem ser escolhidos de forma democrtica. Nos ltimos anos, tambm passou a fazer parte do CME um representante do Conselho Tutelar do municpio e um repre-sentante do Conselho do FUNDEB.

    Sintetizando, ento, podemos dizer que, por lei, no Brasil, a estrutura que elabora, implementa, fiscaliza e avalia

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    a execuo de polticas educacionais, passa pela existncia desses diferentes Conselhos de Educao.

    A existncia de um Conselho Municipal de Educao o fato que sustenta a existncia de um Sistema Municipal de Educao. Assim, atuando de forma descentralizada, mas ao mesmo tempo integrada ao que determinado pelas leis nacionais, esse Conselho Municipal o rgo responsvel por atos como:

    fiscalizao e autorizao para o funcionamento de

    creches e pr-escolas pblicas e privadas;

    fiscalizao e autorizao para o funcionamento

    de escolas municipais dos primeiros anos do ensino fundamental;

    deliberaes, atendendo s demandas da Secretaria Municipal de Educao, acerca dos processos relacio-nados implementao e avaliao de polticas educa-cionais no municpio;

    orientaes acerca de dvidas relacionadas ao cum-primento da legislao educacional, atravs da emis-so de pareceres;

    emisso de resolues que organizem processos como a inspeo e a autorizao de escolas.

    As aes dos Conselhos Municipais de Educao devem ter um impacto decisivo nas polticas de cada muni-cpio. A existncia desse rgo, teoricamente, aproxima mais as polticas, a sua elaborao e a sua implementao daqueles que vo coloc-las em prtica, a saber: gestores, professores e alunos. Tal fato traz mais autonomia e mais responsabilida-des para cada municpio, que deve pr em prtica as determi-naes legais. Que determinaes so essas? Isso assunto para a prxima unidade!

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    Qual a maior dificuldade encontrada? Professores

    que conheam a legislao e possam fazer o conselho muni-cipal de Educao funcionar de forma efetiva!

    Aps esse conjunto de informaes que recebemos, importante que alguns dados fiquem claros:

    1. cada um dos sistemas de Educao tem suas obri-gaes e, em cada um deles, h um Conselho de Educao para contribuir no processo de gesto da Educao;

    2. para o efetivo funcionamento desses conselhos, a atuao participativa do professor fundamental, pois, atravs de seu trabalho junto aos conselhos, garantimos nossos direitos, bem como os direitos dos alunos e o cumprimento de deveres;

    3. numa gesto democrtica, a atuao dos conselhos fundamental, pois atravs deles que a comuni-dade escolar tem direito participao.

    Alm disso, os conselhos e, em especial, o Conselho Municipal da Educao, devem fiscalizar e deliberar sobre

    o mnimo que deve ser cumprido pela escola, para garantir uma educao de qualidade. Mas, isso assunto para a pr-xima unidade!

    Voc sabia?A maior parte dos municpios brasileiros j tem criado o seu CME. O grande desafio fazer com que esses con-selhos funcionem efetivamente, exercendo, de fato, o seu papel de rgo que fiscaliza, delibera e prope aes rela-cionadas Educao municipal.

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    SN T ESENesta unidade, vimos como se estruturam os diferentes siste-mas de Educao atravs da atuao de determinados rgos. Estudamos a origem, o formato e as atribuies dos diferen-tes conselhos de Educao existentes na estrutura educacio-nal do pas e, ao mesmo tempo, foi dada ateno especial aos Conselhos Municipais de Educao, sua formao e seus campos de atuao. Vale ressaltar que os elementos estuda-dos mostram, ao final, que os processos de descentralizao

    e de municipalizao da Educao, ao mesmo tempo que do maior autonomia para os municpios, exigem maior respon-sabilidade do mesmo. Nesse processo, a criao, execuo e avaliao de polticas educacionais ganham um peso maior na atuao do Conselho Municipal de Educao.

    QU ESTO PA R A R EFLEX OComo professor ou futuro professor, de que forma voc avalia o conhecimento de seus colegas de profisso acerca do CME e

    acerca das atribuies a ele dadas? Que elementos voc colo-caria no campo de atuao desse conselho, em se tratando de garantir a qualidade da Educao?

    LEI T U R AS I N DICA DASBRASIL. Pro-Conselho: perguntas e respostas. Braslia: Mi-nistrio da Educao, 2007. Disponvel em: http://portal.mec.

    gov.br. Acesso em: jul. 2013.

    BRASIL. Secretaria de Educao Bsica: perguntas e respos-tas. Braslia: Ministrio da Educao, 2009. Disponvel em: http://portal.mec.gov.br. Acesso em: jul. 2013.

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    BRASIL. Constituio da Repblica Federativa do Brasil (1988). So Paulo: Saraiva, 2003.

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    Estrutura e funcionamento da Educao Bsica

  • Tattiana Tessye Freitas da Silva

    Eu nunca ensino meus pupilos. Apenas tendo dar-lhes condies nas quais possam aprender.

    [Albert Einstein]

    Caro(a) aluno(a),

    Continuando nossa jornada, veremos, nesta unidade, os objetivos associados Educao Bsica e algumas das pol-ticas que existem para que os mesmos possam ser alcana-dos. Por isso, lembro: no existem polticas sem a atuao de professor e a cobrana da sociedade. Sendo assim, no basta apenas conhecer os objetivos e as polticas; temos que coloc--los em prtica!

    Diante disso, o objetivo desta unidade apresentar a voc os principais elementos que compem as bases do funcio-namento da Educao Bsica, atravs do estudo do conjunto de

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    polticas educacionais j implantadas para esse nvel de ensino. Tambm nosso objetivo apresentar a voc aspectos acerca de dois debates que h muito se fazem presentes na Educao no Brasil: a valorizao do professor e o fim do analfabetismo.

    Ambos so essenciais e esto diretamente relacionados a outro desafio, que a oferta de Educao de qualidade.

    Finalizamos a unidade 3 com os seguintes questiona-mentos: Como professor ou futuro professor, de que forma voc avalia o conhecimento de seus colegas de profisso

    acerca do Conselho Municipal de Educao (CME) e acerca das atribuies a ele dadas? Que elementos voc colocaria no campo de atuao desse conselho em se tratando de garantir a qualidade da Educao?

    Considerando que o ato de avaliar algo muito subje-tivo, deixarei voc formular uma resposta primeira reflexo,

    mas explicitarei a minha percepo: como professores, temos que aprender muito sobre o funcionamento dos Conselhos e Colegiados escolares e, mais ainda, temos que fazer valer cada tarefa que destinada a esses rgos!

    Quanto relao entre a atuao dos Conselhos e a oferta de um ensino de qualidade, podemos dizer que esta uma tarefa que est diretamente relacionada, a princpio, ao cumprimento do que determina a legislao em vigor. Sendo assim, voltaremos LDB, para nos aprofundarmos sobre os objetivos e as finalidades da educao nacional. Vale lembrar

    que tais determinaes servem de fundamento para a proposi-o e para a elaborao de polticas pblicas para a Educao.

    Reza o art. 2 da Lei 9.394/96 que:

    A educao, dever da famlia e do Es-tado, inspirada nos princpios de liber-dade e nos ideais de solidariedade humana, tem por finalidade o pleno desenvolvimento do educando, seu

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    preparo para o exerccio da cidada-nia e sua qualificao para o trabalho (BRASIL, 1996).

    A partir dessa determinao, deve-se considerar como o primeiro aspecto referente s polticas educacionais o con-ceito do ato de educar. Assim, a Educao est diretamente relacionada criao de condies para que o aluno possa ser preparado para duas aes fundamentais da vida em socie-dade: o trabalho e o exerccio da cidadania. Os responsveis por tais aes so a famlia e o Estado. Da o fato reconhecido de que o ato de educar pode ocorrer tanto em espaos educa-cionais formais, quanto nos espaos educacionais informais. Essa determinao de associao entre educao, cidadania e trabalho o que vai guiar, num primeiro momento, outras definies acerca das polticas educacionais.

    E voc deve estar se perguntando: Como isso ocorre? Como uma determinao legal passa do papel para a poltica e dela para a realidade dentro da escola?

    Um exemplo que temos desse caminho dado quando, nessa mesma lei, no art. 26, fica definido que uma parte do

    currculo deve ser diversificada, associada realidade local:

    exigida pelas caractersticas regionais e locais da sociedade,

    da cultura, da economia e da clientela (BRASIL, 1996). Ou seja, na formao que dada na escola, uma parte do curr-culo, ao ser vinculada realidade local, pode oferecer algo associado vocao econmica de uma regio.

    Vale lembrar que essa possibilidade de cada escola defi-nir o que vai ensinar na parte diversificada do currculo deve

    ser fundamentada na misso, nas aes, nas metas e nos obje-tivos previstos no Projeto Poltico-Pedaggico. Ou seja, no basta o fato de as disciplinas serem inseridas na matriz curri-cular; necessrio que haja uma base argumentativa que jus-tifique a insero daquelas disciplinas no currculo da escola.

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    A realizao dessa determinao legal se transformaria em poltica da escola com o respeito s seguintes determinaes:

    Organizao do currculo

    Observando o quadro acima, podemos confirmar a

    liberdade de a escola, atravs da escolha das disciplinas que iro compor a parte diversificada do currculo, organizar, em

    seu espao, aspectos que so prprios da poltica educacio-nal escolar.

    Outra ao, que reflete a determinao de relacio-nar o que a escola oferece realidade onde ela est inserida e que envolve uma poltica mais ampla, pode ser vista no crescimento do nmero de escolas profissionalizantes e na

    existncia, em cada escola, de projetos que discutam aspec-tos relacionados vivncia cidad e relao do aluno e da escola com a realidade local.

    Com isso, percebemos que a poltica no suficiente

    quando se manifesta apenas na lei. necessrio que aes mais diretas existam para que as polticas sejam de fato rea-lizadas. Voltando aos exemplos dados, uma outra concluso observada: o espao-mor da poltica educacional, o espao onde ela se realiza e onde ela ganha sentido e significado, a

    escola. Professor, aluno e gestor so, portanto, os atores prin-cipais nesse cenrio.

    Base Nacionalcomum (75%)

    . Portugus, matemtica, histria, geografia, cincias, artes, educao artstica, ensino religioso, educao fsica.

    Base diversificada

    (25%)

    . Lngua estrangeira moderna.

    . Realidade e necessidades do espao onde a escola se encontra. Base: projeto poltico-pedaggico.

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    Outro aspecto legal presente na LDB que merece aten-o o conjunto de atos que asseguram o exerccio da obriga-toriedade da oferta da Educao pelo Estado. Dessa forma, o art. 5 define que:

    Art. 5. O acesso ao ensino fundamen-tal direito pblico subjetivo, podendo qualquer cidado, grupo de cidados, associao comunitria, organizao sindical, entidade de classe ou outra le-galmente constituda, e, ainda, o Minis-trio Pblico, acionar o Poder Pblico para exigi-lo (BRASIL, 1996).

    Se seguirmos o que foi o determinado nesse artigo, como dito anteriormente, qualquer pessoa pode acionar o Ministrio Pblico para exigir o acesso Educao, mas no apenas isso. Ao Estado cabe a realizao de um conjunto de tarefas necessrias ao cumprimento da determinao de acesso Educao e de permanncia da criana e do adoles-cente na escola.

    Olhando para seu histrico na escola, que tipo de aes voc poderia identificar que contriburam para que os alunos

    tivessem o acesso e a permanncia garantidos? E ainda, como ter certeza de que os alunos so de fato matriculados? Vejamos.

    Antes de propor um caminho a ser seguido, temos primeiro que analisar todas as possibilidades. Para tanto, necessrio mapear a situao. No caso das polticas educacio-nais, para a proposio, a implantao e a avaliao de aes, necessria a realizao de algumas tarefas, continuamente. Assim, o art. 5 determina que:

    1 Compete aos estados e aos mu-nicpios, em regime de colaborao, e com a assistncia da Unio:I. recensear a populao em idade es-colar para o ensino fundamental, e os jovens e adultos que a ele no tiveram acesso;

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    II. fazer-lhes a chamada pblica;III. zelar, junto aos pais ou respon-sveis, pela freqncia escola. 2 Em todas as esferas administrati-vas, o Poder Pblico assegurar em primeiro lugar o acesso ao ensino obrigatrio, nos termos deste artigo, contemplando em seguida os demais nveis e modalidades de ensino, con-forme as prioridades constitucionais e legais. 3 Qualquer das partes mencionadas no caput deste artigo tem legitimidade para peticionar no Poder Judicirio, na hiptese do 2 do art. 208 da Consti-tuio Federal, sendo gratuita e de rito sumrio a ao judicial correspondente. 4 Comprovada a negligncia da au-toridade competente para garantir o oferecimento do ensino obrigatrio, poder ela ser imputada por crime de responsabilidade. 5 Para garantir o cumprimento da obrigatoriedade de ensino, o Poder Pblico criar formas alternativas de acesso aos diferentes nveis de ensino, independentemente da escolarizao anterior (BRASIL, 1996).

    O que significa tais determinaes? Vamos imagi-nar o cumprimento das mesmas atravs da prtica. Se voc matricula um aluno numa escola, pblica ou privada, esse aluno deve ser includo no Censo Escolar. Ele ter uma ficha

    e uma identidade nica que o acompanhar no sistema, para qualquer escola que ele for. Assim, se e