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PITANGUEIRA José Severino de Lira Júnior João Emmanoel Fernandes Bezerra Ildo Eliezer Lederman Josué Francisco da Silva Junior Recife, PE 2007 Empresa Pernambucana de Pesquisa Agropecuária - IPA

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PITANGUEIRA

José Severino de Lira Júnior

João Emmanoel Fernandes Bezerra

Ildo Eliezer Lederman

Josué Francisco da Silva Junior

Recife, PE

2007

Empresa Pernambucana de Pesquisa Agropecuária - IPA

Exemplares desta publicação podem ser adquiridos na:

Empresa Pernambucana de Pesquisa Agropecuária-IPADETC - Supervisão de Publicação e DocumentaçãoAv. Gen. San Martin, 1371 – Bonji – Caixa postal, 102250761-000 – Recife, PE Fone (PABX): (81) 21227200Fax: (81) 21227211Home page: http:/www.ipa.brE-mail: /

Comitê Editorial:Rita de Cássia Araújo Pereira Galindo (Presidente), Luiz Gonzaga Bione Ferraz, Maria Bernadete Costa e Silva, Elizabeth Araújo de Albuquerque Maranhão, Maria Marieta Andrade da Cunha Coutinho (Secretária)

Supervisão Editorial: Almira Almeida de Souza Galdino

Normalização Bibliográfica: Quitéria Sônia Cordeiro dos Santos

Revisão Lingüística: Gilberto Lobato de Medeiros

Diagramação e Arte: Ângela dos Anjos Vilela

1ª Edição1ª Impressão (2007): 1.500 exemplares

Todos os direitos reservados.A reprodução não autorizada desta publicação, no todo ou em parte, constitui violação

dos direitos autorais (Lei nº 9.610)Dados Internacionais de catalogação na Publicação - CIP

IPA

P681 Pitangueira. Recife : Empresa Pernambucana de Pesquisa Agropecuária-IPA, 2007. 87p.

ISBN 978-85-60827-00-8

1.Pitanga – Cultivo. I. Lira Júnior, José Severino de. II. Bezerra, João Emmanoel Fernandes. III. Lederman, Ildo Eliezer. IV. Silva Junior, Josué Francisco da.

CDD: 634.23_____________________________________________________________________

© IPA 2007

[email protected] [email protected]

Não és fruta que o tempo

ou copo de água

lava de nossa boca

como se nada.

Jamais PITANGA,

que lava a língua e a sede

de todo estanca.

João Cabral de Melo Neto, “Jogos Frutais”

José Severino de Lira Júnior

Engenheiro Agrônomo, M.Sc. Pesquisador da Empresa Pernambucana de Pesquisa

Agropecuária-IPA

Estação Experimental de Itambé, PE 82, Km 32

55920-000 - Itambé, PE

E-mail:

João Emmanoel Fernandes Bezerra

Engenheiro Agrônomo, M.Sc. Pesquisador da Empresa Pernambucana de Pesquisa

Agropecuária-IPA, Bolsista CNPq

Avenida General San Martin, 1371, Bonji - Caixa Postal, 1022

50761-000 - Recife, PE

E-mail:

Ildo Eliezer Lederman

Engenheiro Agrônomo, Ph.D. Pesquisador da Embrapa/IPA, Bolsista do CNPq

Avenida General San Martin, 1371, Bonji - Caixa Postal, 1022

50761-000 – Recife, PE

E-mail:

Josué Francisco da Silva Junior

Engenheiro Agrônomo, M.Sc. Pesquisador da Embrapa Tabuleiros Costeiros

Avenida Beira-Mar, 3250, Praia 13 de Julho - Caixa Postal, 44

49025-040 - Aracaju, SE

E-mail:

[email protected]

[email protected]

[email protected]

[email protected]

AUTORESAUTORES

Os autores expressam o seu agradecimento ao Programa de Apoio ao

Desenvolvimento Sustentável da Zona da Mata de Pernambuco - Promata, à

Secretaria de Agricultura e Reforma Agrária do Estado de Pernambuco-

SARA e ao Banco Interamericano de Desenvolvimento-BID.

APRESENTAÇÃOAPRESENTAÇÃO

Uma das características da flora brasileira é a ampla diversidade

genética, entre outros fatores, provocada pelas diferentes condições edafo-

climáticas presentes em nosso país.

As espécies frutíferas nativas, na sua maioria, continuam sem

estudos agronômicos que permitam o seu cultivo. Há algumas iniciativas de

exploração extrativista em formações vegetais naturais, impulsionada por

nova tendência do mercado de frutas, especialmente aquelas ricas em

vitaminas e outras substâncias que tenham características benéficas à

saúde.

A Empresa Pernambucana de Pesquisa Agropecuária-IPA participa

desse esforço, com o objetivo de disponibilizar à sociedade, de forma

sistematizada, o conhecimento acumulado com a pesquisa da pitangueira

(Eugenia uniflora L.), que foi iniciada há vários anos, com a implantação de

um banco ativo de germoplasma, onde foram observados aspectos

fenológicos, agronômicos e a seleção de clones.

Este livro reúne conhecimentos obtidos com os estudos e as

pesquisas realizados com a pitangueira nas áreas de genética, propagação,

manejo, fitossanidade, colheita, pós-colheita e industrialização. Tais

conhecimentos foram sistematizados pela equipe de pesquisadores de

fruticultura do IPA, em parceria com pesquisadores de outras instituições

que formam o Sistema Nacional de Pesquisa Agropecuária, visando a

oferecer à sociedade – pesquisadores, técnicos, estudantes e produtores -

uma publicação que contribua com o desenvolvimento da fruticultura de

Pernambuco e do Brasil.

Júlio Zoé de BritoDiretor Presidente

A pitangueira é uma fruteira nativa do Brasil e encontra-se

disseminada, praticamente, por todo o território nacional. A exploração da

planta, em diversas regiões brasileiras, ainda caracteriza-se como

extrativista, com os frutos sendo comercializados em feiras livres para

consumo ao natural e/ou utilizada na indústria. Seu cultivo comercial

restringe-se aos Estados de Pernambuco e da Bahia, detentores das

maiores áreas cultivadas.

Em função da adaptação às diferentes condições de solo e clima, a

pitangueira é encontrada em diversas partes do mundo. Há registros de

cultivos em outros países da América do Sul e Central, do Caribe, nos

Estados Unidos (Flórida, Califórnia, Havaí), China, Índia, Sri Lanka, México,

Madagascar, África do Sul, Israel e vários países do Mediterrâneo (Popenoe,

1920; Moreuil, 1971; Campbell, 1977; Correa, 1978; Sturrock, 1980; Fouqué,

1981; Lahav & Slor, 1997).

O valor comercial da pitanga resulta do seu elevado rendimento de

polpa, valor nutritivo, sabor e aroma exóticos, atraindo, principalmente, os

consumidores exigentes por produtos naturais e saudáveis (Donadio, 1983;

Ferreira et al., 1987; Lederman et al., 1992; Bezerra et al., 2000).

Deve-se ressaltar que os trabalhos de pesquisa pioneiros da Empresa

Pernambucana de Pesquisa Agropecuária-IPA com a cultura da pitangueira

nas áreas de melhoramento genético, propagação e manejo fitotécnico

foram responsáveis por diversas tecnologias geradas, bem como por grande

parte das informações existentes atualmente no Brasil sobre a cultura e que

agora são disponibilizadas nesta obra.

Esta publicação destina-se aos profissionais da área de Fruticultura

Tropical, estudantes, fruticultores e demais interessados que buscam

informações técnicas sobre o cultivo da pitangueira.

PREFÁCIOPREFÁCIO

SUMÁRIOSUMÁRIO

ASPECTOS BOTÂNICOS

MANEJO CULTURAL

PRAGAS E DOENÇAS

ESCOLHA E PREPARO DA ÁREAESPAÇAMENTOPLANTIOCALAGEM E ADUBAÇÃOCAPINAS E ROÇAGENSPODASIRRIGAÇÃO

PROPAGAÇÃO POR SEMENTEPROPAGAÇÃO VEGETATIVAENXERTIAGARFAGEM NO TOPO EM FENDA CHEIAGARFAGEM À INGLESA SIMPLESBORBULHIAESTAQUIA

DISPONIBILIDADE DE RECURSOS GENÉTICOSFORMAS DE UTILIZAÇÃOCOMPOSIÇÃO E VALOR NUTRICIONALCULTIVARESPROPAGAÇÃO

TAXONOMIADESCRIÇÃO DA PLANTAFENOLOGIAECOLOGIA

PRAGASDOENÇAS

COLHEITA E PÓS-COLHEITAINDUSTRIALIZAÇÃOIMPORTÂNCIA ECONÔMICACOEFICIENTES TÉCNICOSREFERÊNCIAS

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16162122

2329333741

42434444464747

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59

6063

6569737781

50515153545557

Aspectos BotânicosAspectos Botânicos

Taxonomia

Segundo classificação de Cronquist (1988) a pitangueira pertence à

classe Magnoliopsida, subclasse Rosidae, ordem Myrtales, família

Myrtaceae, gênero Eugenia e espécie Eugenia uniflora L.

A denominação de pitangueira, pitanga ou pitanga-vermelha é

derivada do vocábulo tupi “pi'tãg”, que significa vermelho, em referência à

coloração de seus frutos. Outras espécies do gênero Eugenia também

recebem a denominação de pitanga, como E. pitanga Kiaersk, do Pantanal,

e E. calycina Camb., do Cerrado, todavia essas não apresentam a mesma

importância econômica da E. uniflora.

Em outros países, a espécie E. uniflora recebe várias denominações,

como: arrayán e nangapiri, na Argentina; Brazil cherry, Surinam cherry,

Cayenne cherry, Florida cherry e pitanga, nos países de língua inglesa;

cereza de Surinam, grosella de México e pitanga, em países de língua

espanhola; cerisier de Cayenne e cerisier de Surinam, em países de língua

francesa (Fouqué, 1981; Villachica et al., 1996).

Descrição da planta

A pitangueira é descrita como um arbusto denso, com altura entre 2 e

4 m, podendo atingir de 6 a 9 m, ramificada, copa apresentando de 3 a 6 m de

diâmetro, com formato arredondado (Figura 1), folhagem persistente ou

semidecídua, sistema radicular profundo, com raiz pivotante e grande

volume de raízes secundárias e terciárias (Sanchotene, 1985; Lorenzi,

1998).

ASPECTOS BOTÂNICOSASPECTOS BOTÂNICOS

16

Figura 1. Pitangueira, Itambé, PE, 2006.

As folhas são classificadas como opostas, simples, com pecíolo

medindo aproximadamente 2 mm. As folhas jovens apresentam coloração

verde-amarronzada e a consistência membranácea (Figura 2A); entretanto

as folhas adultas apresentam coloração verde escura e consistência

subcoriácea (Figura 2B). O limbo oval ou oval-lanceolado apresentam

dimensões de 2,5 a 7,0 cm de comprimento, e de 1,2 a 3,5 cm de largura,

ápice acuminado-atenuado ou obtuso, base arredondada ou obtusa, glabro,

brilhante e nervura central saliente na parte inferior (Fouqué, 1981; Lorenzi,

1998).

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Figura 2. Folhas nos estádios jovem (A) e adulto (B).

A B

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As flores se formam sobre a base dos ramos com idade de

aproximadamente, um ano (Figura 3A), composta de 4 a 8 flores

hermafroditas, solitárias ou fasciculadas que surgem na axila das brácteas

florais (Figura 3B).

Figura 3. Botões florais (A) e fases anterior e posterior à antese (B).

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Figura 4. Botões florais e flor após a antese.

De acordo com Morton (1987), o fruto de pitanga é classificado como

uma baga globosa, achatada nos pólos, com 7 a 10 sulcos no sentido

longitudinal e coroado com sépalas persistentes. O epicarpo muda de

coloração a partir do início do processo de maturação, avançando do verde

para o amarelo, passando pelo alaranjado, vermelho, até vermelho-escuro,

podendo atingir a coloração quase negra (Figura 5). A espessura do

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As flores são suavemente perfumadas e melíferas, porém produzem

pouco ou nenhum néctar. Apresentam pedicelo filiforme medindo de 1 a 3 cm

de comprimento, o cálice é composto por 4 sépalas oblongo-elípticas de 2,5

a 4,0 mm de comprimento, a corola é formada por 4 pétalas, livres, de

coloração branco-creme, caducas, obovaladas, medindo de 6 a 8 mm de

comprimento (Figura 4). Elas possuem dezenas de estames, sendo as

anteras de coloração amarelada, abundantes em pólen, e os estiletes

brancos. O ovário é bilocular, glabro, com 8 saliências. O estilete é filiforme e

mede 6,0 mm de comprimento com estigma capitado (Sanchotene, 1985).

Figura 5. Frutos em diferentes estádios de maturação.

Figura 6. Sementes depois de despolpadas e secas à sombra.

endocarpo varia de 3 a 5 mm e sua coloração de rósea a vermelho. O sabor

da polpa é doce e ácido, com aroma intenso e característico. Geralmente,

uma semente é formada no interior de cada fruto, entretanto pode haver o

desenvolvimento de duas ou três sementes, proporcionalmente menores,

globosas e achatadas (Figura 6).

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Fenologia

As épocas de florescimento e frutificação da pitangueira são

influenciadas pelas variações das condições climáticas das diferentes

regiões de cultivo.

De acordo com Lederman et al. (1992) e Bezerra et al. (1995; 1997a),

a floração (Figura 7A) e a frutificação (Figura 7B) da pitangueira ocorre duas

vezes, anualmente, no Estado de Pernambuco, sendo a primeira entre os

meses de março e maio, verificando-se pico em abril, e a segunda, se não

houver déficit hídrico, entre os meses de agosto e dezembro, com pico em

outubro.

Figura 7. Floração (A) e frutificação (B), Itambé, PE, 2005.

Nas Regiões Sul e Sudeste do Brasil a floração e a frutificação podem

ocorrer duas ou até mais vezes durante o mesmo ano (Sanchotene, 1985;

Mattos, 1993; Demattê, 1997). Nessas Regiões, a floração ocorre,

normalmente, de agosto a dezembro, podendo ocorrer, novamente, de

fevereiro a julho. Já a frutificação comumente acontece entre agosto e

fevereiro, podendo também ocorrer entre abril e julho.

A B

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Ecologia

Apesar de se adaptar ao cultivo em regiões de climas temperado e

subtropical e em diferentes altitudes, o crescimento e desenvolvimento da

pitangueira são ideais em regiões de clima tropical quente e úmido. Tolera 0

diferentes níveis de geada, ventos fortes e temperaturas abaixo de 0 C, sem

desenvolver sintomas característicos de danos. Apresenta-se tolerante à

seca quando cultivada sob condições de déficit hídrico; no entanto a

frutificação é prejudicada, culminando com a queda de frutos. Desenvolve-se

bem em condições semi-áridas, desde que haja condições mínimas de

umidade no solo.

A pitangueira apresenta adequado crescimento nos mais variados

tipos de solo, como os arenosos, areno-argilosos, argilo-arenosos e

pedregosos (Morton, 1987; Sanchotene, 1985; Villlachica et al., 1996;

Demattê, 1997), contudo, apresenta-se suscetível à salinidade.

22

Disponibilidade de Recursos Genéticos

Disponibilidade de Recursos Genéticos

A pitangueira é uma frutífera de ampla distribuição geográfica. É

originária da região que se estende desde o Brasil Central até o Norte da

Argentina (Fouqué, 1981). Segundo Giacometti (1993), ela está presente em

muitos centros brasileiros de diversidade e domesticação, os quais

abrangem diferentes ecossistemas tropicais, subtropicais e temperados.

Entretanto essa espécie apresenta sua mais ampla variabilidade nos

Centros de Diversidade classificados como centros Nordeste/Caatinga, Sul-

Sudeste, Brasil Central/Cerrado, e em todos os setores do centro Mata

Atlântica, que engloba as regiões costeiras da Paraíba ao Rio Grande do Sul.

Há uma ampla diversidade genética manifestada na cor do fruto

maduro, variando do vermelho-claro até o quase negro. Mattos (1993)

registrou a existência de uma variedade botânica denominada pitanga-preta

(E. uniflora var. rubra Mattos), cujos frutos são de coloração atropurpúrea,

ocorrendo nas mesmas regiões que a pitanga típica. Outros caracteres

bastante variáveis são o tamanho do fruto (entre 1,5 e 5,0 cm de diâmetro),

presença e ausência de sulcos, acidez, teor de sólidos solúveis totais e

número de sementes (1 a 6), como encontrado em Pernambuco, ou até

mesmo ausência, como foi detectado em uma planta no interior do Rio

Grande do Sul, por Mattos (1993). Além desses, há diferenças na tolerância

às geadas e à seca. Alguns genótipos selecionados pela Empresa

Pernambucana de Pesquisa Agropecuária-IPA são mais tolerantes ao

estresse hídrico que outros (Nogueira et al., 2000).

O Brasil detém o maior germoplasma de pitangueira conservado ex

situ (Tabela 1), embora nem todos os acessos estejam sendo caracterizados

ou avaliados. Além disso, o país possui enorme variabilidade in situ ainda

não coletada nos vários centros de diversidade e domesticação.

O IPA possui a maior coleção com 117 acessos, no entanto outras

instituições, como a Embrapa Clima Temperado e a Unesp-FCAV têm

DISPONIBILIDADE DE RECURSOS GENÉTICOSDISPONIBILIDADE DE RECURSOS GENÉTICOS

24

12

enviado esforços para preservar e caracterizar o germoplasma de

pitangueira, nas regiões Sul e Sudeste, respectivamente.

A maior parte das coleções no exterior possui reduzido número de

acessos, sendo que vários deles são provenientes do Brasil, como é o caso

de todo o germoplasma do Cirad, em Guadeloupe (Bettencourt et al., 1992).

O banco de germoplasma do IPA (Figura 8) foi instalado em 1988, a

partir de prospecção realizada na Zona da Mata, no Agreste e no Sertão de

Pernambuco, na Paraíba e no Rio Grande do Norte, e de introduções da

Bahia e de São Paulo (Bezerra et al., 1990). Todos os acessos foram

propagados via semente e por isso apresentam grande variabilidade. A partir

de avaliações realizadas durante dez anos, foram selecionadas as dez

matrizes mais promissoras, como IPA-1.1, IPA-1.3, IPA-2.2, IPA-3.2, IPA-4.3,

IPA-6.3, IPA-7.3, IPA-11.3, IPA-14.3 e IPA-15.1 (Bezerra et al., 1995, 1997b).

Tabela 1. Acessos de Eugenia uniflora L. em bancos de germoplasma.

Empresa Pernambucana de Pesquisa Agropecuária – IPA

Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia – INPA

Universidade Federal de Viçosa – UFV

Empresa Baiana de Desenvolvimento Agrícola – EBDA

Universidade Estadual Paulista – UNESP

Embrapa Clima Temperado

Universidade Federal da Bahia – UFBA

Instituto Agronômico de Campinas – IAC

Itambé, PE, Brasil

Manaus, AM, Brasil

Viçosa, MG, Brasil

Conceição do Almeida, BA, Brasil

Jaboticabal, SP, Brasil

Pelotas, RS, Brasil

Cruz das Almas, BA, Brasil

Campinas, SP, Brasil

117

2

6

4

23

42

12

-

“Continua...”

25

Instituição Local Nº de Acesso

1326

New South Wales, Australia

Njombe, Camarões

Turrialba, Costa Rica

Havana, Cuba

Guadeloupe, Antilhas Francesas

Ghana

Kikuyu, Quênia

Chia-Yi, Taiwan

Arusha, Tanzania

Hilo, Havaí, Estados Unidos

Miami, Florida, Estados Unidos

Iquitos, Peru

1

1

3

2

3

1

1

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1

2

-

5

Fontes: Luna, 1988; Bettencourt et al., 1992; Veiga, 1993; Villachica et al., 1996; Bezerra et al., 2000.

Tabela 1. “Continuação”

Department of Agriculture - Tropical Fruit Research Station

Institute de Recherches Agricoles

CATIE

Dirección de Investigaciones de Citros y Otros Frutales

CIRAD – Station de Neufchateau- Sainte Marie

Crop Research Institute - Plant Genetic Unit

National Genebank of Kenya

TARI - Chia-Yi Agricultural Experiment Station

Tropical Pesticides Research Institute

USDA - ARS- National Clonal Germplasm Repository

USDA- ARS- Subtropical Reserch Station

INIA

Figura 8. Banco de germoplasma de pitangueira do IPA, Itambé, PE, 2006.

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Formas de UtilizaçãoFormas de Utilização

FORMAS DE UTILIZAÇÃOFORMAS DE UTILIZAÇÃO

No Nordeste Brasileiro, a pitanga, geralmente, é consumida ao

natural ou utilizada no preparo de sucos (Lederman et al., 1992). O principal

potencial de exploração agroindustrial da pitangueira é a produção de frutos

para obtenção da polpa integral congelada e suco engarrafado, além da

utilização da polpa na fabricação de sorvete, picolé, licor, geléia, vinho e

cosméticos (Donadio, 1983; Ferreira et al., 1987; Lederman et al., 1992).

Outras perspectivas de aproveitamento da polpa são: a mistura entre

sucos de pitanga com outras frutas de espécies nativas e exóticas; adicioná-

la a bebidas lácteas; e processá-la como refresco em pó e néctar (Bezerra et

al., 2000).

A pitangueira pode ser usada como cerca viva e planta ornamental,

pois além de crescer lentamente, essa espécie apresenta copa densa e

compacta (Correa, 1978; Villachica et al., 1996).

Países como Suriname e Nigéria extraem das folhas e frutos verdes

óleos essenciais contendo acetato de geranil, citronela, terpenos,

sesquiterpenos e politerpenos, substâncias utilizadas contra febre,

resfriados, reumatismo, gota, hipertensão e no tratamento de desordens

gastrointestinais (Sanchotene, 1985; Morton, 1987; Agbedahunsi &

Aladesanmi, 1993; Balbach & Boarim, 1993; Adebajo et al., 1989).

Adebayo & Globalate (1994) demonstraram na Nigéria que o pó das

folhas e óleos essenciais da pitangueira são eficientes na proteção de

sementes armazenadas de feijão caupi contra o ataque de insetos da família

Bruchidae (bruquídeos).

De acordo com Morton (1987), a casca da pitangueira contém de 20 a

28,5% de tanino, substância que pode ser utilizada no tratamento de couro.

Folhas da pitangueira são usadas na medicina popular na forma de chá para

controlar diarréia e, segundo Rizzo et al. (1990), são usadas para combater a

tosse.

30

O aumento do consumo de pitanga pode ser estimulado pela

divulgação do seu valor nutritivo através de campanhas de educação

alimentar, pois os frutos são ricos, principalmente, em vitamina A e sais

minerais.

31

Composição e Valor NutricionalComposição e Valor Nutricional

COMPOSIÇÃO E VALOR NUTRICIONALCOMPOSIÇÃO E VALOR NUTRICIONAL

O valor comercial do fruto de pitanga destaca-se pelo seu elevado

rendimento de polpa, alto teor de vitamina A, sabor e aroma exóticos (Bezerra

et al., 2000).

De acordo com Villachica et al. (1996), o fruto de pitanga é formado,

aproximadamente, de 66% de polpa e cerca de 34% de semente. No entanto

esses valores e outras características físico-químicas dos frutos podem ser

alterados (Tabela 2) de acordo com a variabilidade genética entre

pitangueiras e suas interações com as diferentes regiões de cultivo, bem

como o manejo dispensado à plantação.

Tabela 2. Características físicas, químicas e físico-químicas do fruto de pitangueiracultivada em diferentes regiões do Brasil.

Peso do fruto (g)% Polpa% Semente

oSST ( Brix)ATT (%)SST/ATTVitamina C (mg/100g)

4,00——

8,301,87

——

3,00 88,40 11,608,601,80 4,80

4,8074,6025,4011,601,756,62

22,87

Característica Selvíria, MS Itambé, PE Jaboticabal, SP

Fontes: Nascimento et al.,1995; Bezerra et al.,1997a; Donadio, 1997.

O peso médio de frutos é uma característica importante para o

mercado de frutas frescas, uma vez que os frutos mais pesados são também

os de maiores tamanhos, tornando-se mais atrativos para os consumidores.

Entretanto os parâmetros físico-químicos relacionados à acidez total titulável

e ao teor de sólidos solúveis totais da polpa são mais relevantes no que se

refere à elaboração de sucos, doces, picolés e sorvetes, mesmo porque a

pitanga é uma fruta essencialmente voltada para a industrialização (Araujo,

1995).

34

O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (BRASIL,

1999), através da Instrução Normativa de nº 136, de 31 de março de 1999,

estabeleceu os seguintes valores padrões referentes às características

físico-químicas à industrialização da polpa de pitanga: sólidos solúveis totais

de 6°Brix (mínimo); acidez total de 0,92% de ácido cítrico (mínimo); açúcares

totais naturais de 9,5 g/100 g (máximo); pH entre 2,5 e 3,4; polpa de cor

vermelha; sabor e aroma próprios.

Na Tabela 3 encontram-se os valores referentes à composição média

de 100g de polpa de pitanga. O fruto destaca-se como fonte de vitamina A em

função dos elevados teores encontrados na polpa. De acordo com Franco

(1989), a vitamina A, também chamada de retinol, exerce várias funções de

grande importância para o ser humano, como ação protetora na pele e

mucosas, além de papel essencial na função da retina e da capacidade

funcional dos órgãos de reprodução. Sua deficiência prejudica a visão,

ocasionando a cegueira noturna.

Tabela 3. Valor nutricional de 100 g de polpa de frutos de pitangueira.

Valor energéticoUmidadeProteínaGorduraCarboidratosFibraCinzaVitamina ATiaminaRiboflavinaNiacinaÁcido ascórbicoCálcioFósforoFerro

calgggggg

mgmgmgmgmgmgmgmg

51,0085,80 0,80 0,4012,50 0,60 0,50

635,000,300,60

0,3014,00

9,0011,000,20

Componente Unidade Valor

Fonte: Villachica et al.,1996.

35

13

Com relação à concentração de macronutrientes, o fruto da

pitangueira contém: 0,88% de nitrogênio; 0,09% de fósforo; 0,84% de

potássio; 0,25% de cálcio; 0,06% de magnésio e 0,06% de enxofre

(Nascimento et al., 1995).

Estudos realizados por Lima et al.(2002), revelaram que, quando

madura, a pitanga roxa apresenta maiores teores de compostos fenólicos e

carotenóides totais do que a pitanga vermelha (Tabela 4). Os carotenóides,

antocianinas e flavonóis encontram-se mais concentrados na película do que

na polpa do fruto maduro. Nas pitangas semimaduras, os teores desses

fitoquímicos não apresentaram diferenças significativas. Esses compostos

possuem propriedades antioxidantes, que podem estar relacionadas com o

retardamento do envelhecimento celular e a prevenção de algumas doenças

(Wang et al., 1996; Velioglu et al., 1998).

Tabela 4. Teores de compostos fenólicos e carotenóides totais em duas seleções de pitanga.

Fenólicos totais (mg/100 g)*Carotenóides totais (µg/g)**

325±24111±2

257±1298±1

257±3104±0

252±4 79±1

DeterminaçãoPitanga roxa Pitanga vermelha

Madura Semi-madura Madura Semi-madura

*mg em equivalente de catequina/100 g; **µg em equivalente de β-caroteno/gFonte: Lima et al., 2002.

36

CultivaresCultivares

CULTIVARESCULTIVARES

Levando-se em consideração os altos custos de investimentos para

implantação de um pomar, cuja maioria é formada por mudas do tipo “pé-

franco” ou que, quando enxertadas, as mudas são originadas de matrizes

não identificadas, cuidados especiais devem ser tomados na escolha da

cultivar a ser plantada, a fim de evitar sérios prejuízos na formação dos

pomares.

A única cultivar conhecida no Brasil é a “Tropicana” (Figura 9), lançada

pela Empresa Pernambucana de Pesquisa Agropecuária-IPA e

recomendada para plantio na Zona da Mata de Pernambuco. Essa cultivar

originou-se de uma população coletada em Bonito, PE, e selecionada na

coleção de germoplasma dessa Empresa (IPA-2.2). A planta é um arbusto

com altura variando de 2,0 a 2,5 m, de copa arredondada e diâmetro em torno

de 3,9 m. O rendimento médio anual de plantas cultivadas sob condições de

sequeiro é de 7.038 frutos/planta, o que corresponde a uma produção de

20,8 kg.

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Figura 9 - Pitangueira cultivar Tropicana em produção.

38

O fruto da Tropicana quando maduro, apresenta película de coloração

vermelho-escuro brilhosa, peso médio variando de 3,0 a 4,5 g, com duas a

três sementes. A polpa é avermelhada, com teor de sólidos solúveis totais de

9°Brix, acidez de 2,2% e relação °Brix/acidez de 4,1. As colheitas geralmente

ocorrem em duas épocas - março a abril e agosto a outubro (IPA, 2000;

Bezerra et al., 2002b).

Na Flórida (EUA), duas formas distintas de pitanga são conhecidas,

sendo uma com frutos vermelhos brilhantes e outra com frutos quase negros

(Campbell, 1977). Em Israel, Lahav & Slor (1997) citam quatro cultivares

comerciais: 'Gitit', 'Necha', 'Lolita' e '404'. A primeira, apresenta o fruto

piriforme, pesando de 5 a 12 g, sabor doce, polpa vermelho-clara, com vida

de prateleira de três dias, podendo ser armazenada por duas semanas em

refrigerador doméstico, enquanto as demais não apresentam características

desejáveis.

39

PropagaçãoPropagação

PROPAGAÇÃOPROPAGAÇÃO

A pitangueira pode ser propagada por semente, enxertia (garfagem e

borbulhia) e/ou estaquia (Argles, 1985; Demattê, 1997; Bezerra et al., 2000).

Propagação por Semente

A maioria dos pomares de pitangueira é formada a partir de mudas do

tipo pé-franco (Figura 10), ou seja, resultantes da propagação por sementes.

É oportuno destacar, contudo, que as mudas do tipo pé-franco não são

recomendadas para formação de pomares comerciais, pois, além de retardar

o início da produção de frutos, permitem o desenvolvimento de plantas de

baixa produtividade e desuniformes quanto ao crescimento, floração e

frutificação, dificultando as atividades de manejo da cultura, inclusive a

própria colheita. Elas devem ser utilizadas na formação de porta-enxertos

para propagação vegetativa de cultivares de alto rendimento agrícola e

industrial, adaptadas às condições de solo e clima da região de cultivo

(Simão, 1998).

Para esse tipo de propagação deve-se colher frutos maduros,

despolpar as sementes, lavá-las em água corrente, colocá-las para secar à

sombra e semeá-las o mais rapidamente possível, visando a garantir o seu

potencial germinativo. Semeiam-se duas sementes por saco plástico preto,

de polietileno, medindo 12 cm x 16 cm, contendo substrato resultante da

mistura de terra e esterco bovino ou de ave, curtido, na proporção 6:1 e 3:1

respectivamente. Os sacos contendo substrato devem ser irrigados e

cobertos com capim seco, objetivando conservar teor adequado de umidade

no substrato e garantir a germinação das sementes, o que deve ocorrer em,

aproximadamente, 22 dias. Após a germinação, o capim seco deve ser

retirado e as plântulas protegidas por uma cobertura de 1,0 m de altura na

direção do nascente e 0,6 m de altura na direção do poente, visando a evitar

exposição das plântulas ao sol nas horas mais quentes do dia. O desbaste

42

13

deve ser realizado quando as plântulas atingirem cerca de 5 cm de altura,

cortando-se a menos vigorosa rente à superfície do substrato. Quando as

mudas atingirem cerca de 25 cm de altura, normalmente aos seis meses após

a semeadura, realiza-se o transplantio para o local definitivo (Lederman et al.,

1992).

Figura 10. Mudas do tipo pé-franco, Itambé, PE, 2006.

Propagação Vegetativa

Considerando-se a expansão e o elevado potencial de cultivo

agroindustrial da pitangueira, recomenda-se a substituição de pés-francos

por mudas propagadas vegetativamente (Bezerra et al., 2000).

A propagação vegetativa possibilita a produção de mudas com

características idênticas da planta matriz, permitindo a formação de pomares

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homogêneos quanto à produtividade, qualidade do fruto, precocidade e

tolerância às pragas e doenças, além da antecipação do início da produção

comercial, a partir da redução da fase juvenil da planta.

Enxertia

De acordo com Bezerra et al. (1999), os tipos de enxertias de

garfagem no topo em fenda cheia e à inglesa simples são os mais eficientes

na propagação da pitangueira. Com essas técnicas pode-se obter até 77,5%

de pegamento dos enxertos, em porta-enxertos com 9 meses de idade. Para

ambos os tipos de enxertia recomendam-se garfos de 10 cm de comprimento

e diâmetro semelhante ao do porta-enxerto a ser enxertado. Os garfos

devem ser coletados na porção mediana de ramos anuais lignificados.

Bezerra et al. (2002a), avaliaram o pegamento da enxertia pelo

processo de garfagem no topo em fenda cheia, em porta-enxertos com nove

meses de idade, de dez genótipos de pitangueira usados como copa. Os

genótipos comportaram-se diferentemente quanto à capacidade de

pegamento de enxertia. Os maiores porcentuais de pegamento para as

combinações enxertos x porta-enxertos variaram de 53,5 a 81,5%.

Garfagem no Topo em Fenda Cheia

Na técnica de garfagem no topo em fenda cheia, utiliza-se um canivete

de enxertia para cortar a parte apical do porta-enxerto a 20 cm de altura do

colo da planta (Figura 11A). Em seguida, abre-se uma fenda longitudinal

com 2,5 cm de comprimento, a partir da área central do corte apical (Figura

11B), que permitirá o encaixe do garfo. Na extremidade inferior do garfo a ser

enxertado, realiza-se um corte em forma de cunha, com dimensões que

44

permitam o seu perfeito encaixe na fenda aberta no porta-enxerto (Figura

11C). Após encaixar o garfo no porta-enxerto (Figura 11D), deve-se amarrar

uma fita plástica na região de união entre essas partes (Figura 11E), visando

a promover maior contato entre os tecidos do câmbio vascular. Cobre-se o

garfo com saco plástico transparente, amarrando-o abaixo do ponto de

enxertia (Figura 11F), evitando o ressecamento dos tecidos. Após o

pegamento do enxerto, cerca de 45 dias após a enxertia, devem ser retirados

a fita e o saco plástico. A muda enxertada estará pronta para plantio no

campo em torno de 60 dias após a enxertia.

Figura 11.cm de altura (A); abertura da fenda longitudinal no topo do porta-enxerto (B); corte da base do enxerto em forma de cunha (C); enxerto encaixado no porta-enxerto (D); amarrio das partes com fita plástica (E); proteção da enxertia com saco plástico transparente (F).

Garfagem no topo em fenda cheia: corte do porta-enxerto aos 20

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Garfagem à Inglesa Simples

Na técnica de garfagem à inglesa simples, corta-se o topo do porta-

enxerto em bisel a uma altura de 20 cm do colo da planta (Figura 12A). A

extremidade inferior do enxerto deve ser cortada, também, em bisel, na

mesma dimensão do porta-enxerto (Figura 12B). Em seguida, realiza-se a

união entre as superfícies em bisel do enxerto e do porta-enxerto (Figura

12C). No local da enxertia, amarra-se o fitilho, de baixo para cima (Figura

12D), e cobre-se o garfo com saco plástico transparente, amarrando-o

abaixo do ponto da enxertia (Figura 12E) para evitar o ressecamento dos

tecidos.

Figura 12.bisel (A); base do enxerto cortado em bisel (B); união entre enxerto e porta-enxerto (C); amarrio das partes com fita plástica (D); proteção da enxertia com saco plástico transparente (E).

Garfagem à inglesa simples: porta-enxerto cortado em

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Borbulhia

A enxertia do tipo borbulhia de placa em janela aberta pode também

ser utilizada na produção de mudas de pitangueira. Nesse procedimento

devem ser utilizados porta-enxertos com 12 meses de idade. De acordo com

Bezerra et al. (2000), em condições de viveiro, esse tipo de enxertia

apresenta um razoável percentual de pegamento dos enxertos de 56,7%.

Estaquia

A pitangueira pode ainda ser propagada por estacas semilenhosas de

ramos anuais de aproximadamente 15 cm de comprimento. No entanto essa

forma de propagação não é usual e exige cuidados especiais no manejo das

estacas, tipo e composição do substrato, doses de fito-hormônio e uso de

sistema de irrigação por nebulização intermitente.

47

Manejo CulturalManejo Cultural

MANEJO CULTURALMANEJO CULTURAL

Escolha e Preparo da Área

Apesar de a pitangueira se adaptar às diferentes condições de solo e

clima, deve-se levar em consideração as características edafoclimáticas

favoráveis ao seu cultivo. Deve-se dar preferência aos solos férteis,

profundos, permeáveis, bem drenados e de topografia favorável à

mecanização. Deve-se apresentar boas vias de acesso para permitir o

tráfego de veículos durante todo o ano (Chandler, 1962; Gomes, 1975;

Morton, 1987). Recomenda-se que antes do preparo da área, sejam

coletadas amostras de solo para análise de fertilidade, visando a avaliar se

há necessidade de aplicação de corretivos e fertilizantes e suas quantidades.

O preparo de solo adequadamente realizado permite o aumento da

aeração e infiltração de água, além da redução da resistência do solo ao

crescimento e desenvolvimento do sistema radicular das mudas.

A área escolhida para o cultivo de pitangueira, quando necessário,

deve ser desmatada, destocada e livre de raízes, principalmente nos locais

onde serão abertas as covas para plantio das mudas. Nesse caso, deve-se

evitar a movimentação excessiva da camada superficial do solo, evitando,

assim, a sua desestruturação e, conseqüentemente, sua compactação.

A área escolhida deve ser arada, gradeada e demarcada, levando-se

em consideração sua topografia, para que sejam realizados os trabalhos de

manejo e conservação do solo se necessário. Em seguida, realiza-se a

medição da área, e marcam-se com piquetes os locais de abertura das

covas, cujas dimensões são de 0,35 m x 0,35 m x 0,35 m. Logo depois,

cavam-se as covas, tendo-se o cuidado de separar a camada de solo

superior da inferior. À primeira camada, mistura-se o calcário e, após 30 dias,

adicionam-se os fertilizantes recomendados de acordo com análise de solo,

50

13

estando a cova pronta para o plantio em aproximadamente 60 dias (Bezerra

et al., 1997b).

Espaçamento

Para o plantio comercial da pitangueira recomendam-se os seguintes

espaçamentos: a) para áreas com declividades entre 10 e 40%, utilizar 4 m

x 4 m, em quincôncio (triangular), totalizando 721 plantas por hectare; b) para

declividades de 0 a 10%, utilizar 4 m x 5 m, em retângulo, ou o de 4 m x 4 m,

em quadrado, totalizando 500 e 625 plantas por hectare, respectivamente

(Bezerra et al., 2000). Uma outra opção, seria utilizar, inicialmente, o

espaçamento de 1 m x 1 m (10.000 plantas/ha), com desbastes

progressivos. Quando as copas começarem a se tocar, elimina-se,

alternadamente, uma linha no sentido norte-sul e uma no sentido leste-

oeste, resultando em um espaçamento de 2 m x 2 m (2.500 plantas/ha).

Novamente, quando as copas começarem a se entrelaçar, elimina-se,

alternadamente, uma linha no sentido norte-sul e uma no sentido leste-

oeste, ficando, assim, o espaçamento definitivo de 4 m x 4 m. Adotando-se

essa prática, a produtividade inicial e intermediária será bem maior, não

havendo nenhuma redução na população do pomar a ser formado.

Até o terceiro ano, após a implantação da cultura, recomendam-se os

consórcios com culturas temporárias ou mesmo com outras espécies

frutícolas, como mamoeiro e maracujazeiro (Bezerra et al., 1997b).

Plantio

Recomenda-se que o plantio seja realizado no início da estação

chuvosa, de preferência em dias nublados, para evitar a desidratação das

51

mudas, ou em qualquer época do ano sob irrigação.

As covas deverão ser reabertas apenas o suficiente para plantio das

mudas (Figura 13A). Retira-se o saco plástico (Figura 13B), com cuidado

para não danificar o torrão e nem prejudicar o crescimento e o

desenvolvimento do sistema radicular. A muda deve ser posicionada no

centro da cova, de maneira que o colo fique um pouco acima da superfície

solo. Em seguida deve-se firmar a muda com terra junto ao torrão,

pressionando-os levemente (Figura 13C). Logo após o plantio, recomenda-

se fazer uma rega com 10 litros de água e, se possível, fazer cobertura morta

com capim seco ou outro material disponível ao redor das mudas recém-

plantadas (Figura 13D), a fim de diminuir a evaporação no local.

Figura 13. Reabertura da cova de plantio (A); retirada do saco plástico (B); plantio da muda ( C ); cobertura morta ao redor da muda recém-plantada (D).

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Calagem e Adubação

De acordo com o resultado da análise de solo verificam-se as

necessidades de aplicações de calcário e fertilizantes minerais e orgânicos.

Caso haja necessidade da realização de calagem deve-se utilizar o calcário

dolomítico, visando à correção do solo e ao fornecimento de cálcio e

magnésio às plantas.

As quantidades de fertilizantes minerais a serem utilizadas nas

adubações de plantio, crescimento e produção devem ser calculadas de

acordo com a recomendação (Tabela 5), levando-se em consideração os

teores de nutrientes no solo.

Tabela 5. Adubação para pitangueira no Estado de Pernambuco.

Teores no solo

Implantação

Plantio Crescimento

Idade (ano)

2º 3º A partir do 4º

--------------------------------g/planta---------------------------------

Nitrogênio (N)

(não analisado)

-3--mg dm de P--< 99 – 15> 15

-3-cmol dm de K-c

< 0,080,08 - 0,15

> 0,15

-

604030

---

20

---

302020

150

1108060

200150120

240

150120100

310240200

60Fósforo (P 0 )2 5

403020

Potássio (K 0)2

806050

Fonte: Bezerra et al. (1998).

41 53

Na adubação de fundação, realizada de 30 a 60 dias antes do plantio,

deve-se misturar, com a camada de solo superior de cada cova, todo o fósforo

e 10 L de esterco bovino curtido, ou a quantidade equivalente de outro

fertilizante orgânico. Ainda no primeiro ano, na fase de crescimento das

mudas, as quantidades de nitrogênio e potássio devem ser parceladas em

duas vezes, durante a estação chuvosa. Em cultivos irrigados, as adubações

nitrogenada e potássica devem ser parceladas em três ou quatro aplicações

anuais.

A partir do segundo ano, após o plantio, as quantidades de nitrogênio e

potássio utilizadas nas adubações em cobertura devem ser parceladas em

três aplicações, durante o período das chuvas. Todo o fertilizante fosfatado

deve ser aplicado de uma só vez, juntamente com as primeiras doses de

nitrogênio e potássio.

Recomenda-se que as adubações posteriores ao plantio sejam

realizadas na área sob a projeção da copa das pitangueiras, numa faixa

circular afastada do caule cerca de 30 cm. A adubação orgânica deve ser

praticada anualmente, no início da estação chuvosa, com a mesma dosagem

aplicada no plantio. Ao final de cada adubação deve-se incorporar ao solo os

adubos numa profundidade de 5 a 10 cm, evitando-se a perda de nutrientes

por lixiviação.

Capinas e Roçagens

Desde o primeiro ano de cultivo deve-se manter a área limpa e livre de

plantas daninhas, as quais concorrem diretamente com a pitangueira por

nutrientes e umidade. O controle pode ser realizado por meio de capinas

manuais, com o coroamento da área sob a projeção da copa das plantas

(Figura 14). Nessa operação é necessário que haja bastante atenção na

profundidade de corte da enxada, visando a evitar danos mecânicos às raízes

54

e caule e, conseqüentemente, aberturas que favoreçam a entrada de

doenças. Durante a estação chuvosa, deve-se efetuar a roçagem das

plantas daninhas em toda área de cultivo.

Figura 14. Coroamento da área sob a projeção da copa, Itambé, PE, 2005.

Outra opção é a utilização de herbicidas no controle das plantas

daninhas, tanto nas operações de coroamento, quanto de limpeza da área

total do pomar. Recomenda-se que o controle químico seja utilizado após o

estabelecimento das plantas de pitangueira, tomando-se o cuidado de não

dirigir o jato de aplicação em direção às plantas, pois ainda não existem

herbicidas seletivos registrados no Ministério da Agricultura, Pecuária e

Abastecimento (Brasil, 1999).

Podas

Estabelecidas as mudas no campo, ainda no primeiro ano após o

plantio, deve-se executar uma poda de formação, assegurando o

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crescimento e desenvolvimento do caule e da copa com ramos bem

distribuídos e conduzir a planta em haste única. Para isso, deve-se retirar os

ramos laterais, desde a base do caule até à altura de 50 cm. A partir dessa

altura, a planta é “decapitada” e inicia-se a formação da copa com três a

quatro ramos principais ou pernadas, proporcionando um formato de taça

para facilitar as atividades de manejo e colheita. Daí em diante deve-se

permitir que as brotações das gemas laterais preencham os espaços vazios

da copa.

Quando necessária deverá ser realizada uma poda de limpeza (Figura

15A) e/ou rebaixamento de copa com a retirada de ramos doentes, atacados

por pragas, quebrados, mal formados ou em locais indesejáveis que

prejudiquem a adequada formação e crescimento da copa. As podas

deverão ser efetuadas após a colheita e, preferencialmente, no início do

período chuvoso nos casos da impossibilidade de irrigação. Após a poda, em

condições favoráveis de umidade no solo, ocorrerá a brotação (Figura 15B)

em torno de 20 dias.

Figura 15. Podas de limpeza e rebaixamento da copa (A) e brotação foliar (B), Itambé, PE, 2006.

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Irrigação

Apesar de a pitangueira apresentar tolerância ao estresse hídrico na

fase vegetativa, deve-se manter umidade no solo suficiente para permitir um

contínuo fluxo de água e nutrientes durante as diferentes fases fenológicas

da cultura, principalmente durante florescimento e frutificação.

A adoção da irrigação torna-se indispensável, principalmente nas

regiões onde a quantidade e a distribuição das chuvas não atendem às

necessidades hídricas da cultura durante o ano agrícola ou parte dele.

Nas condições de clima e solo do Nordeste Brasileiro, o uso da

irrigação permite o prolongamento do período de produção, aumento da

produtividade e de melhoria da qualidade dos frutos.

A escolha e a implantação de um sistema de irrigação, adequado para

a cultura crescer e se desenvolver, devem estar baseadas nas condições do

local de cultivo. Em primeiro lugar, dentre outros fatores, devem ser

consideradas as características do solo (textura, topografia, profundidade,

drenagem e infiltração e permeabilidade) e clima (temperatura, umidade

relativa do ar e luminosidade), disponibilidade dos recursos hídricos em

quantidade e qualidade.

Diversos sistemas para irrigar a pitangueira podem ser utilizados,

desde que o escolhido mantenha o nível de armazenamento de água no perfil

do solo próximo da capacidade de campo, evitando que a planta seja

submetida a estresses hídricos.

Dentre os sistemas de aplicação de água localizada, a irrigação por

microaspersão (Figura 16), gotejamento e xique-xique são as melhores

opções, em função do fornecimento de umidade diretamente na zona

radicular, promovendo maior economia de água e eficiência de irrigação.

Bezerra et al. (2004) estudaram o comportamento de dez seleções de

pitangueira sob irrigação, em Ibimirim, região semi-árida de Pernambuco, e

obtiveram produções superiores às encontradas na Zona da Mata desse

mesmo Estado com os mesmos genótipos. Foi utilizado o sistema de

57

irrigação localizada do tipo xique-xique, que consiste na aplicação de água

através de tubos perfurados, com diâmetro de furo de no máximo 1,6 mm,

com intervalos entre regas de dois a três dias, baseado em dados

meteorológicos.

Figura 16. Sistema de irrigação por microaspersão em pitangueira, Itambé, PE, 2006.

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Os sistemas por sulcos e bacias também são outras opções de

irrigação, porém apresentam as desvantagens de utilizarem maiores

quantidades de água, maior contingente de mão-de-obra e favorecer o

processo de erosão do solo.

Em condições irrigadas, Lederman et al. (1992) citam produções de

9 t/ha em plantios comerciais com idade acima de seis anos. Plantas de

pitanga não irrigadas com 11 anos de idade, selecionadas pelo IPA,

apresentaram variação no rendimento médio de produção de 15,0 a 20,8 kg

de frutos por ano.

58

Pragas e DoençasPragas e Doenças

PRAGAS E DOENÇASPRAGAS E DOENÇAS

Pragas

Broca-do-caule-e-dos-ramos

A broca-do-caule-e-dos-ramos ou broca-das-mirtáceas [Timocratica

palpalis (Zeller, 1839) (Lepidoptera: Stenomatidae)] é a principal praga da

pitangueira. O adulto é uma mariposa de coloração branca, medindo

aproximadamente 40 mm de comprimento. Os ovos são colocados nos

galhos e troncos (Bezerra et al., 2000).

Os danos à planta são causados pelas lagartas que apresentam

coloração violeta-amarelada e medem cerca de 30 mm. A presença da praga

é facilmente reconhecida pela ocorrência de pequenos orifícios nas áreas

lesionadas, formação de teias e excrementos em seu redor (Figura 17A).

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Figura 17. Teias e excrementos formados pela broca-do-caule- e dos-ramos [Timocratica palpalis (Zeller, 1839) (Lepidoptera: Stenomatidae)] (A) e lesões em função do seu ataque (B).

60

12

As lagartas brocam os ramos e o tronco, abrindo galerias que são

posteriormente fechadas com uma teia e excrementos de cor marrom,

destruindo a casca em volta da abertura da galeria. Quando o ataque se dá

nos ramos, observa-se o secamento progressivo do galho e quando ocorre

no caule (Figura 17B), a planta fica comprometida. Somente a identificação

em tempo hábil da presença do inseto pode evitar a morte da planta.

Para controlar a broca do caule e dos ramos recomenda-se podar os

ramos lesionados e, imediatamente, destruí-los com fogo, visando a

eliminar as fases de ovo, larva e pupa do inseto.

Atualmente, não existe nenhum produto registrado para o controle

desta praga (Brasil, 1999).

Uma outra alternativa é a utilização da Fosfina em pasta, na

quantidade de 1 cm do produto comercial por cada orifício, que, em seguida,

deve ser fechado com sabão (Luna, 1997).

Moscas-das-frutas

Pertencentes à ordem Diptera e família Tephritidae, as moscas das

frutas (Ceratitis capitata Wied. e Anastrepha spp.) são pragas comuns nos

pomares de pitangueira. Suas larvas, de coloração branca (Figura 18A) se

desenvolvem no interior dos frutos, alimentando-se da polpa, tornando-os

imprestáveis para o consumo (Bezerra et al., 2000).

Figura 18. Larva da mosca-das-frutas (A), Espécies Ceratitis capitata Wied. (B) eAnastrepha spp.(C).

61

Os adultos da espécie C. capitata medem de 4 a 5 mm de

comprimento, coloração branco-acinzentada com manchas pretas

brilhantes, asas transparentes com faixas amarelas e castanhas (Figura

18B). Já os adultos da espécie Anastrepha spp. são um pouco maiores do

que a C. capitata, apresentando coloração amarelada e asas transparentes

com manchas escuras no formato de letra S (Figura 18C).

Para controlar as moscas-das-frutas recomendam-se os seguintes

procedimentos:

a) detectar sua presença no pomar através do uso de frascos caça-

moscas usando o melaço a 7% como atrativo. Utilizar dois frascos por

hectare;

b) após a constatação da presença dos adultos no pomar, iniciar o

tratamento com iscas envenenadas; as iscas são preparadas

acrescentando-se em 100 L de água, 7 L de melaço ou 5 kg de açúcar e mais

um inseticida; em casos de registro são recomendados Triclorfon e Fention. A

aplicação deve ser feita em plantas alternadas, na periferia do pomar,

pulverizando-se cerca de 150 mL da solução sobre a folhagem da planta.

Repetir o tratamento a cada sete dias. Considerando que a maior atividade

de vôo das moscas-das-frutas se verifica no período da tarde, recomenda-se

fazer o tratamento pela manhã, aumentando assim a eficiência de controle.

Como medida complementar, não deixar os frutos apodrecerem sobre o solo

do pomar (Lederman et al., 1992; Bezerra et al., 1997b).

De acordo com Maia (1993), no Estado do Rio de Janeiro foram

constatadas as espécies Neolasioptera eugeniae Maia (Diptera,

Cecidomyiidae) causando danos aos frutos, e Eugeniamya dispar (Diptera,

Cecidomyiidae, Lasiopteri) causando galhas foliares.

62

Pragas de importância secundária

Outras pragas, como um microhimenóptero, cuja espécie não foi

ainda identificada, vêm provocando prejuízos à cultura. O inseto adulto

danifica os frutos provocando pontuações escuras na pele e perfurando a

polpa até as sementes. As larvas penetram no fruto fazendo pequenos furos

e completam o seu desenvolvimento no interior das sementes. Os adultos,

quando emergem, fazem um orifício que vai da semente até a periferia do

fruto, tornando-os imprestáveis para o consumo (Lederman et al., 1992).

Outros insetos de importância secundária, como pulgões e ácaros,

também foram identificados como pragas da pitangueira. O pulgão ataca as

folhas e os ramos, enquanto que os ácaros provocam danos nos frutos e

folhas.

Doenças

No Brasil não há registros de microorganismos responsáveis por

doenças de importância econômica atacando a pitangueira (Bezerra et al.,

2000).

De acordo com Morton (1987), na Flórida foram registrados casos de

antracnose (Colletotrichum gloeosporioides), podridão-das-raízes

(Rhizoctonia solani) e manchas foliares causadas por Cercospora eugeniae,

Helminthosporium sp. e Phyllostica eugeniae.

63

Colheita e Pós-colheitaColheita e Pós-colheita

COLHEITA E PÓS-COLHEITACOLHEITA E PÓS-COLHEITA

A produção de frutos de pitanga, geralmente, inicia-se a partir do

segundo ano após o plantio de mudas enxertadas. Porém a produção

comercial ocorre a partir do terceiro ano, aumentando gradativamente até o

sexto, quando se estabiliza.

Em condições favoráveis de cultivo, a colheita concentra-se em duas

épocas do ano, podendo haver alteração no período de produção em função

de plantas precoces ou tardias, condições climáticas e manejo cultural. A

maturação dos frutos ocorre cerca de 50 dias após a floração.

Os frutos devem ser colhidos ainda na planta, cuidadosa e

manualmente logo após adquirirem a coloração avermelhada (Figura 19A).

Recomenda-se acondicioná-los em caixas plásticas próprias para colheita,

revestidas com esponjas nas partes laterais internas, permitindo a formação

de uma coluna de frutos de 15 cm (Figura 19B). As colheitas devem ser

realizadas periodicamente, pois a queda do fruto maduro ocasiona a ruptura

da película e a polpa entra rapidamente em fermentação.

Figura 19. Colheita de pitanga madura na copa (A) ; acondicionamento dosfrutos em caixas plásticas sem aberturas laterais e protegidas por esponja (B), Itambé, PE.

Fo

to;

Jo

ão

Em

ma

no

el F

ern

an

de

s B

eze

rra

66

12

Após a colheita, as caixas com frutos devem ser transportadas para

um local sombreado e protegidas com lonas ou plástico, evitando que os

frutos sofram queimaduras pela exposição direta aos raios solares, lesões e

deposição de poeira (Lederman et al., 1992; Bezerra et al., 1995, 1997b). A

pitanga madura é altamente perecível, prejudicando sua conservação e

armazenamento ao natural, o que dificulta o seu transporte e

comercialização a grandes distâncias. Depois de colhidos, os frutos

maduros suportam no máximo 24 horas em temperatura ambiente.

67

IndustrializaçãoIndustrialização

INDUSTRIALIZAÇÃOINDUSTRIALIZAÇÃO

O alto rendimento, teores adequados de acidez e açúcares, além de

aroma agradável e sabor exótico, constituem atributos desejáveis que fazem

da pitanga uma fruta apropriada para processamento e industrialização.

As dificuldades no comércio da fruta ao natural, pela alta

perecibilidade e fragilidade ao transporte a longa distância, levaram as

agroindústrias regionais a comercializarem a polpa congelada, em sacos

plásticos ou na forma de suco integral engarrafado. A polpa congelada é um

produto de grande aceitação nesse segmento de mercado, com tendência de

expansão como matéria-prima para a fabricação de sucos, sorvetes, geléias

e licores.

Embora exista um forte mercado de sucos com aditivos químicos, as

exigências dos consumidores por produtos naturais e saudáveis, sem

conservantes, têm contribuído nos últimos anos para o crescimento do

comércio de polpa congelada e suco integral.

As etapas de beneficiamento da polpa e seu congelamento estão

apresentados no fluxograma a seguir (Figura 20), constituindo-se na

principal atividade de industrialização da pitanga.

RECEBIMENTO DAS FRUTAS

LAVAGEM

SELEÇÃO

DESPOLPAMENTO

ACONDICIONAMENTO

PESAGEM

SOLDAGEM

ROTULAGEM

CONGELAMENTO

Figura 20. Fluxograma da produção de polpa congelada.

70

Segundo Soler et al. (1991), no preparo da polpa devem ser utilizados

frutos limpos, isentos de doenças, parasitas, matéria ferrosa e detritos, além

de fragmentos de sementes do próprio fruto de pitanga. Nas etapas de

recepção, lavagem e seleção, não há necessidade da separação criteriosa

dos frutos quanto ao tamanho uniforme e regularidade na sua superfície.

No despolpamento do fruto de pitanga, deve-se separar a polpa da

semente, de material fibroso e restos da casca, visando à sua

homogeneização. Para o mercado interno, deve-se acondicionar a polpa em

sacos plásticos com capacidade para 100, 200 e 400 g. Como matéria-prima

para outros segmentos da industrialização, o acondicionamento da polpa é

realizado em tambores de 200 kg. Logo após qualquer processo de

acondicionamento, deve-se congelar e armazenar a polpa sob baixa

temperatura (-18°C).

Para o engarrafamento do suco integral com aditivos químicos, em

garrafas de 500 ml e em embalagens do tipo “Tetra Pak”, ocorrem mudanças

do fluxograma nos processos de enchimento e conservação, em relação ao

fluxograma de polpa congelada.

71

Importância EconômicaImportância Econômica

13

IMPORTÂNCIA ECONÔMICAIMPORTÂNCIA ECONÔMICA

No que concerne à produção e comercialização da pitanga, não se

dispõe de dados oficiais, indicando como se comportam tanto internamente

como no exterior. No entanto acredita-se que o Brasil seja o maior produtor

mundial da fruta. Os maiores plantios estão localizados em Pernambuco,

onde somente a região de Bonito e municípios vizinhos, como Barra de

Guabiraba, possui cerca de 300 ha cultivados, formando o maior pólo

produtor do Brasil. A maior área contínua plantada do país (50 ha) pertence à

Bonito Agrícola Ltda - Bonsuco (Bezerra et al., 2000).

Segundo Goud et al. (1997), praticamente não existia oferta de polpa

de pitanga antes de 1992. A produção se dá de forma isolada em várias áreas

da Zona da Mata, mas as indústrias de sucos e polpas do Município de Bonito

tiveram um papel central na difusão do seu plantio, distribuindo mudas (como

as Indústrias Maguary) ou plantando área própria, como na Bonsuco.

A Bahia, com áreas cultivadas no Extremo Sul, destaca-se pelos

plantios da Frutelli (36 ha), conforme citado por Silveira (1997), e da Fazenda

Esperança (16 ha), em Porto Seguro (Bezerra et al., 2000).

Com relação à comercialização no Brasil, apenas a Ceasa - Recife,

dispõe de dados sobre a fruta. Nesse entreposto, a quantidade média

ofertada no período de 1995-2004, foi de 26,6 t/ano, sendo que 91,2% dos

frutos foram provenientes de Pernambuco e o restante dos Estados da

Paraíba, Rio Grande do Norte e Ceará. Os Municípios que mais ofertaram o

produto na Ceasa - Recife, naquele período, foram Bonito (188,9 t) e Barra de

Guabiraba (9 t), situados na região do Brejo pernambucano.

Essas quantidades não retratam a verdadeira produção de

Pernambuco, uma vez que a maior parte do volume produzido é

comercializado nas feiras livres ou diretamente com as fábricas de polpa,

sucos e sorvetes. A elevada perecibilidade da pitanga faz com que o mercado

da fruta in natura torne-se restrito aos centros próximos às regiões de plantio

74

12

e o seu comércio seja realizado apenas durante o período de colheita. Fora

dessa época, a polpa congelada é a principal forma de comercialização. De

uma maneira geral, segundo Goud et al. (1997), é considerada uma fruta que

não tem problema de comercialização, desde que seus plantios situem-se

próximos ao local de beneficiamento.

Com a demanda crescente dos mercados interno e externo por

produtos à base de frutas nativas e de sabor exótico, vislumbra-se a

possibilidade de crescimento do mercado interno em pelo menos 100%

sobre o volume atual. O mercado de exportação, que é completamente

inexplorado, pode vir a ser uma excelente alternativa, desde que se promova

o produto. Outras regiões produtoras, como a Florida e California, podem

tornar-se, futuramente, competidoras do Brasil na oferta da fruta no exterior

(Bezerra et al., 2000).

75

Coeficientes TécnicosCoeficientes Técnicos

COEFICIENTES TÉCNICOSCOEFICIENTES TÉCNICOS

O cultivo comercial da pitangueira deve ser bem planejado, pois o

investimento inicial é significativo e a amortização dos custos se dá em

médio prazo.

Os custos de produção estão diretamente relacionados com os

coeficientes técnicos da cultura, demonstrando a necessidade de insumos e

mão-de-obra para o preparo de solo, plantio, adubação, tratos culturais,

controle fitossanitário e colheita. O sucesso no planejamento do cultivo

comercial requer conhecimento detalhado dos coeficientes técnicos de

implantação e manutenção do pomar. Deve-se salientar que os dados

apresentados a seguir podem ser alterados conforme as recomendações

técnicas adotadas, como também os custos de produção em função da

variação dos valores dos insumos e serviços em cada região de cultivo. Nas

Tabelas 6 e 7, estão apresentadas as estimativas dos coeficientes técnicos.

Tabela 6. Coeficientes técnicos para implantação de 1 ha de pitangueira, adotando-se o espaçamento triangular de 4 m x 4 m (721 plantas).

Especificação Unidade Quantidade

1. Insumos

MudasAdubo orgânico (esterco bovino)Sulfato de amônio*Superfosfato triplo*Cloreto de potássio*Calcário dolomítico**Formicida2. Preparo de solo, plantio e adubaçãoRoçoDestocaEncoivaramentoAraçãoCalagemGradagem (2)Marcação das covasAbertura das covasMistura dos adubos na covaDistribuição e plantio das mudas

Mudas3m

KgKgKgKgKg

h/diah/diah/diah/trh/trh/trh/diah/diah/diah/dia

7503,5 80108

36 1500

2

151515

3244

10 8 8

“Continua....”

78

3.Tratos culturais e fitossanitáriosRoço (6 por ano)Coroamento (2 por ano)Adubação (2 por ano)Aplicação de formicida

h/diah/diah/diah/dia

12 7 21

Tabela 7. Coeficientes técnicos para manutenção de 1 ha de pitangueira, adotando-se o espaçamento triangular de 4 m x 4 m (721 plantas).

Especificação Quantidade por ano

1. Insumos unidade 2° 4° em diante3°

Esterco bovinoSulfato de amônioSuperfato triplo*Cloreto de potássio*InseticidaFormicida

2. Tratos culturais e fitossanitários

Roço (6 por ano)Coroamento (3 por ano)Adubação (3 por ano)Poda (2 por ano)Aplicação de inseticidaAplicação de formicida

3. Colheita

Colheita (serviços)

3mKgKgKg1

Kg

h/diah/diah/diah/diah/diah/dia

h/dia

3,5240 7296

-2

127

3-21

5

3,5600198240

12

12 7 3 92

1

30

3,5960270372

12

12 7 3 92

1

50

*Refere-se à recomendação máxima, podendo ser reduzida conforme os resultados da análise do solo.

79

Tabela 6. “Continuação”

*Refere-se à recomendação máxima, podendo ser reduzida conforme os resultados da análise do solo.**Refere-se à recomendação média, podendo ser alterada conforme os resultados da análise do solo.

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