livro orientacao desporto com pes e cabeca

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António Aires, Luis Quinta-Nova, Luis Santos Natália Pires, Raquel Costa e Rui Ferreira FEDERAÇÃO PORTUGUESA DE ORIENTAÇÃO - FPO

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  • Antnio Aires, Luis Quinta-Nova, Luis Santos

    Natlia Pires, Raquel Costa e Rui Ferreira

    FEDERAO PORTUGUESA DE ORIENTAO - FPO

  • Federao Portuguesa de Orientao - FPO

    Rua Jos Valentim Mangens, lote 3 - r/c A

    EC Mafra - Apartado 2 - 2641-909 Mafra

    261 819 171 / 919 919 801

    www.fpo.pt

    [email protected]

    Seleco de Contedos e Paginao:

    Antnio Aires

    2 Edio revista (para distribuio digital): Fevereiro 2011

  • Federao Portuguesa de Orientao - FPO Orientao - Desporto com Ps e Cabea

    -- 1 --

    Contedo

    Introduo ....................................................................................................... 2

    Orientao: Desporto Para Toda a Vida ........................................................... 4

    Mapas de Orientao .....................................................................................15

    Orientao Pedestre - Traado de Percursos ..................................................29

    Orientao em BTT - Traado de Percursos.....................................................53

    Corridas Aventura ..........................................................................................60

    Orientao de Preciso ...................................................................................66

    Jogos Didcticos .............................................................................................77

    Aprendizagem da Orientao .........................................................................85

    Treino tcnico ............................................................................................... 108

    Desenvolvimento das Competncias Psicolgicas ........................................ 124

    Organizao de um Evento ........................................................................... 128

    A Orientao e o Ambiente .......................................................................... 141

    Glossrio de Termos de Orientao .............................................................. 150

    Bibliografia ................................................................................................... 156

    Orientao .............................................................................................. 158

  • Orientao - Desporto com Ps e Cabea Federao Portuguesa de Orientao - FPO

    -- 2 --

    Introduo

    Orientao, Desporto com Ps e Cabea o resultado da inteno, j com

    alguns anos, de produzir um documento que abordasse, de forma transversal,

    todas as mltiplas reas relacionadas com a modalidade desportiva Orientao.

    Desta inteno nasceu este livro, constitudo por um conjunto de captulos que

    so, por um lado, textos j existentes, reproduzidos integralmente ou revistos e

    adaptados para se enquadrarem com os restantes captulos e, por outro, textos

    escritos de raiz.

    O captulo Orientao: Desporto Para Toda a Vida, embora utilizando como

    base alguns textos j existentes, foi todo reescrito para dar uma introduo

    generalista ao mundo da Orientao.

    O segundo captulo aborda a base da Orientao: o mapa. Assim, Mapas de

    Orientao fala sobre todo o universo dos mapas utilizados nas suas diversas

    disciplinas.

    De seguida surgem os captulos Orientao Pedestre - Traado de Percursos e

    Orientao em BTT - Traado de Percursos, que se debruam de forma

    aprofundada sobre o mais importante aspecto tcnico para o sucesso de uma

    prova de Orientao, o trabalho do Traador de Percursos.

    O captulo Corridas Aventura trata de forma separada esta disciplina, devido

    s diferenas substanciais face s restantes disciplinas da Orientao.

    Tambm a Orientao de Preciso, designada, na lngua inglesa, por Trail-O,

    tem o seu captulo prprio. Nele se apresentam as virtudes desta disciplina e se

    faz uma descrio em pormenor do funcionamento de um percurso de Ori-

    Preciso. Alguns dos contedos deste captulo so transversais aprendizagem

    de diversas questes tcnicas da Orientao.

    Os trs captulos seguintes surgem numa ideia de crescendo ao nvel da

    preparao de actividades de aprendizagem e treino da Orientao. Jogos

    Didcticos descreve alguns jogos de abordagem s bases da Orientao,

    dirigidos essencialmente para crianas. Aprendizagem da Orientao aborda

    de forma detalhada as actividades a desenvolver nas diversas etapas de

    aprendizagem da Orientao. Treino Tcnico explora, de forma

  • Federao Portuguesa de Orientao - FPO Orientao - Desporto com Ps e Cabea

    -- 3 --

    simultaneamente terica e prtica, o desenvolvimento das diversas capacidades

    tcnicas e tcticas essenciais para um bom orientista.

    Desenvolvimento das Competncias Psicolgicas analisa de forma superficial

    os diversos processos psicolgicos que contribuem para a performance do

    praticante de Orientao.

    Com o captulo Organizao de um Evento, faz-se uma resenha das tarefas

    inerentes ao planeamento e organizao de uma prova de Orientao,

    analisando os recursos tcnicos, logsticos e humanos necessrios.

    Sendo a Orientao uma modalidade intimamente ligada ao meio natural, este

    livro no podia deixar de ter o captulo A Orientao e o Ambiente que

    aborda as questes ambientais ligadas a esta modalidade.

    A terminar este livro, trs anexos que incluem um glossrio de termos de

    Orientao, as referncias bibliogrficas e Orientao .

    Para alm dos autores que escreveram os diversos captulos, muitos foram os

    atletas, tcnicos e dirigentes que de alguma forma contriburam para os

    contedos aqui presentes e para que este livro fosse publicado. A todos eles o

    nosso muito obrigado.

    As fotos presentes neste livro so da responsabilidade dos autores do livro, de

    Joaquim Margarido ou dos atletas retratados nas fotos.

    Sendo a Orientao uma modalidade em constante evoluo, foi necessrio

    proceder a um conjunto de correces relativamente 1 edio,

    principalmente do foro tcnico, para reflectir as alteraes aos regulamentos

    quer da FPO quer da IOF para a poca 2011.

    Neste contexto, surge esta 2 edio revista e preparada para distribuio

    digital.

    Antnio Aires

  • Orientao - Desporto com Ps e Cabea Federao Portuguesa de Orientao - FPO

    -- 4 --

    Captulo 1

    Orientao: Desporto Para Toda a Vida

    Introduo

    A Orientao, embora relativamente recente em Portugal, um desporto

    organizado j com mais de 100 anos de existncia.

    Os registos indicam que ter sido em Bergen, na Noruega, no dia 31 de Outubro

    de 1897, que se organizou a primeira actividade desportiva de Orientao. Os

    pases nrdicos so, ainda hoje, aqueles onde a modalidade tem maior

    implantao, mobilizando um nmero de praticantes que coloca a Orientao

    entre os cinco desportos mais praticados na Escandinvia. A maior prova do

    mundo, o O-Ringen, realiza-se anualmente na Sucia com um nmero de

    participantes que chegou a alcanar os 25.000.

    Ao longo destes mais de cem anos de existncia a modalidade foi evoluindo,

    tornando-se num desporto altamente desenvolvido, que praticado em

    simultneo, no mesmo espao e ao mesmo tempo, por todos, indepen-

    dentemente do nvel fsico ou tcnico, da idade ou do gnero do praticante.

  • Federao Portuguesa de Orientao - FPO Orientao - Desporto com Ps e Cabea

    -- 5 --

    O Que ?

    Na partida, cada praticante recebe um mapa especfico de Orientao onde

    esto marcados pequenos crculos que correspondem a pontos de controlo.

    Estes so materializados no terreno pelas "balizas" (prismas de cores laranja e

    branca) que tm de ser visitados na ordem indicada. Para permitir que a prova

    seja efectivamente aberta a todos, existem sempre diversos percursos

    adaptados condio fsica e tcnica de cada participante.

    A Orientao pode ser praticada em qualquer lugar desde que exista um mapa

    de Orientao dessa rea. Floresta, montanha, montado, zona urbana, qualquer

    local adequado para a sua prtica. O terreno deve ser agradvel e com

    pormenores de relevo e de vegetao, e possuir caractersticas que o tornem

    acessvel a todos os grupos, desde o que se inicia na modalidade quele que a

    pratica ao mais alto nvel.

    As provas em parques ou jardins citadinos e em reas urbanas, embora

    reduzam o factor do contacto com a natureza, so cada vez em maior nmero

    conferindo mais visibilidade s competies.

    As provas de Orientao so, regra geral, realizadas durante o dia. No entanto

    existem tambm provas nocturnas.

    Definio

    Tomando por base a sua disciplina mais praticada, a Orientao Pedestre,

    poderemos definir a modalidade como uma corrida individual, contra-relgio,

    em terreno desconhecido e variado, geralmente de floresta ou montanha, num

    percurso materializado no terreno por pontos de controlo que o orientista deve

    descobrir numa ordem imposta. Para o fazer, ele escolhe os seus prprios

    itinerrios, utilizando um mapa e, eventualmente, uma bssola.

    As definies para as restantes disciplinas, como ser visto mais frente, tm

    de receber algumas adaptaes relativamente a esta.

    Tutela

    A nvel internacional a modalidade tutelada pela Federao Internacional de

    Orientao (IOF - International Orienteering Federation), englobando quatro

  • Orientao - Desporto com Ps e Cabea Federao Portuguesa de Orientao - FPO

    -- 6 --

    disciplinas: Orientao Pedestre, Orientao em BTT, Orientao em Esqui e

    Orientao de Preciso (Trail-O), esta ltima criada originalmente para pessoas

    portadoras de deficincia motora.

    Em Portugal a Orientao tutelada pela FPO - Federao Portuguesa de

    Orientao que, embora no tendo calendrio competitivo de Orientao em

    Esqui, engloba uma outra disciplina, as Corridas Aventura.

    Breve Histria

    Embora o registo mais antigo remonte a 1897, apenas em 1912 a Orientao

    comeou a dar os primeiros passos de uma forma mais estruturada. Tendo

    como base o desdobramento da distncia da Maratona por trs provas, o Major

    Killander, de nacionalidade sueca e lder escuteiro, adicionou-lhe a componente

    de leitura de mapa.

    A extraordinria adeso dos jovens motivou o primeiro Campeonato Nacional

    na Sucia em 1922.

    No incio da dcada de 70, Portugal aderiu prtica desta actividade desportiva,

    e, em 1973, disputou-se o primeiro Campeonato das Foras Armadas, em

    Mafra. S em 1987, com a formao da Associao Portuguesa de Orientao

    (APORT), se comearam a promover alguns encontros e a produzir mapas

    adequados sua prtica, obedecendo s normas da IOF.

    Pode considerar-se o ano de 1984 como o incio da prtica da Orientao no

    meio civil em Portugal. At essa data, a prtica da modalidade era restrita ao

    meio militar que, at meados da dcada de 90, ainda permaneceu como a

    principal fora dinamizadora da modalidade em Portugal.

    A 19 de Dezembro de 1990, criada a FPO - Federao Portuguesa de

    Orientao, tornando-se Portugal membro efectivo da IOF.

    De forma cronolgica e sinttica, so os seguintes os principais marcos

    histricos da modalidade:

    Nvel mundial

    1897 - 1 Prova de Orientao (Noruega) 1918 - Orientao como modalidade desportiva por Ernst Killander 1919 - 1 Campeonato Oficial (Estocolmo)

  • Federao Portuguesa de Orientao - FPO Orientao - Desporto com Ps e Cabea

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    1925 - Oficializao da Orientao (Noruega) 1961 - Fundao da Federao Internacional de Orientao (IOF) 1962 - 1 Campeonato da Europa (Noruega) 1965 - 1 Campeonato do Mundo Militar (Sucia) 1966 - 1 Campeonato do Mundo (Finlndia) 1977 - Reconhecida pelo Comit Olmpico Internacional 1994 - IOF engloba 45 pases 1995 - Primeira edio da Taa dos Pases Latinos (Romnia) 2011 (Fev) - IOF engloba 72 pases-membros (51 efectivos e 21 provisrios)

    Nvel nacional

    1973 - 1 Campeonato das Foras Armadas (Mafra) 1977 - 1 Participao no Campeonato do Mundo Militar 1980 - 1 Contacto da modalidade com a sociedade civil 1981 - Execuo do 1 mapa de Orientao em Portugal - Aoteias (Albufeira) 1987 - Criada a Associao Portuguesa de Orientao - APORT 1990 - Criao da FPO 1991 - 1 Participao no Campeonato do Mundo (Checoslovquia) 1992 - 1 Campeonato Ibrico (Tria) 1993 - 1 Campeonato com um sistema de ranking 1995 - conferido FPO o Estatuto de Utilidade Pblica Desportiva. 1996 Celebrado Protocolo com Desporto Escolar 1996 - 1 Edio do Portugal O Meeting (Mafra) 2000 - Organizao da etapa final da Taa do Mundo (Leiria e Lisboa) 2001 - Organizao do Campeonato do Mundo Militar (Beja) 2002 - Organizao do Campeonato do Mundo de Desporto Escolar (M.Grande) 2003 - Incio da transmisso regular das provas de Orientao na RTP 2 2007 - Assinatura de Protocolo com DGIDC (Desporto Escolar) 2007 - Primeiro ttulo europeu de jovens (Diogo Miguel, Hungria) 2008 - Organizao do Campeonato do Mundo de Veteranos (3500 atletas) 2008 - Primeiro ttulo mundial de Desporto Escolar (Vera Alvarez, Esccia) 2010 - Organizao do Campeonato do Mundo de Ori-BTT (Montalegre) 2013 - Organizao do Campeonato do Mundo de Desporto Escolar (Algarve)

    Intercmbio Desporto Federado / Desporto Escolar

    Um dos esteios para o crescimento e desenvolvimento da Orientao em

    Portugal tem sido o intercmbio com o Desporto Escolar, o qual se foi

    desenvolvendo ao longo dos anos:

  • Orientao - Desporto com Ps e Cabea Federao Portuguesa de Orientao - FPO

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    1989 - Entrada da Orientao nos Programas de Educao Fsica

    1996 - Celebrado protocolo de cooperao entre Gabinete Coordenador do

    Desporto Escolar e a FPO

    1997 - Primeiro Campeonato Nacional de DE (Jamor)

    1997 - Primeira participao num Campeonato do Mundo DE (Itlia)

    2002 - Organizao em Portugal do Campeonato do Mundo DE (M. Grande)

    2004 - Difuso generalizada e gratuita do DVD Aprender pelas escolas;

    2007 - Celebrado protocolo de cooperao com a DGIDC;

    2010 Distribuio pelas escolas do livro Orientao Desporto com Ps e

    Cabea;

    2013 - Organizao em Portugal do Campeonato do Mundo DE (Algarve)

    No desenvolvimento do intercmbio entre Desporto Escolar e Desporto

    Federado a FPO decidiu adequar os seus escales aos do Desporto Escolar de

    forma a permitir a organizao, num mesmo evento, de competies do quadro

    competitivo federado e escolar.

    No mbito do protocolo entre FPO e DGIDC assiste-se actualmente a uma

    colaborao alargada ao nvel das organizaes de estgios e de eventos locais,

    regionais e nacionais, e da participao em eventos internacionais.

    Quem pode praticar Orientao?

    As provas do calendrio da Federao Portuguesa de Orientao, sejam elas de

    nvel local, regional, nacional ou internacional, realizam-se segundo um formato

    que permite, em simultneo, a partilha do mesmo espao de prtica por todo e

    qualquer indivduo, com ou sem vnculo federativo, de diferentes nveis de

    condio fsica, masculino ou feminino, jovem ou idoso, portador ou no de

    deficincia fsica, com objectivos competitivos ou apenas recreativos.

    O Jogo da Orientao

    Uma prova de Orientao pode ter diferentes caractersticas consoante a sua

    natureza. Tradicionalmente composta por um percurso que consiste num

    conjunto de pontos de controlo que tm todos de ser visitados de forma

    sequencial.

    Este percurso est desenhado num mapa especfico de Orientao.

  • Federao Portuguesa de Orientao - FPO Orientao - Desporto com Ps e Cabea

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    As provas oficiais so, na sua maioria, realizadas em sistema de contra-relgio,

    tendo cada orientista um tempo especfico de partida.

    A distncia dos percursos, assim como o seu nvel de dificuldade fsica e tcnica,

    varivel consoante o escalo do atleta. Existem escales para todas as idades,

    desde os infantis at aos veteranos (por exemplo, no Campeonato do Mundo

    de Veteranos, existe o escalo H95 que significa Homens com mais de 95

    anos), divididos em homens e mulheres; alguns escales etrios contemplam

    ainda subdivises. Em Portugal existem obrigatoriamente, em todas as provas

    de Orientao Pedestre e BTT, escales de Iniciao e Promoo.

    A escolha do itinerrio entre cada ponto de controlo uma opo do prprio

    orientista. Cada ponto de controlo uma meta e, simultaneamente, o incio de

    um novo desafio.

    O jogo desenvolve-se atravs de prados, florestas, montanhas, onde o

    praticante se sente parte integrante do espao que percorre. A velocidade de

    movimento tem que ser acompanhada pela velocidade de raciocnio. Em causa

    est a leitura do mapa, a interpretao da relao mapa / terreno, a

    ponderao sobre as vrias opes de itinerrio e a capacidade de deciso. Em

    cada escalo declarado vencedor o atleta que realize correctamente o seu

    percurso em menos tempo.

  • Orientao - Desporto com Ps e Cabea Federao Portuguesa de Orientao - FPO

    -- 10 --

    Disciplinas da Orientao

    Orientao Pedestre

    A Orientao Pedestre a disciplina da

    Orientao com maior tradio e nmero de

    praticantes, tanto em Portugal como a nvel

    internacional.

    So utilizados mapas especficos para

    Orientao Pedestre.

    Ao longo deste livro, quando algum texto no

    referir nenhuma das disciplinas, significa que o

    comentrio se refere Orientao Pedestre.

    Orientao em BTT

    A Orientao em BTT uma disciplina

    semelhante Orientao Pedestre, mas

    onde a deslocao feita em BTT e

    apenas por caminhos.

    A Orientao em BTT a disciplina da

    Orientao em fase de maior desen-

    volvimento a nvel internacional, sendo

    reconhecidas as suas enormes poten-

    cialidades de futuro.

    So utilizados mapas especficos para

    Orientao em BTT.

  • Federao Portuguesa de Orientao - FPO Orientao - Desporto com Ps e Cabea

    -- 11 --

    Corridas Aventura

    Disciplina da Orientao, por equipas,

    que consiste numa prova de um ou

    vrios dias com diversas etapas:

    Orientao Pedestre, Orientao em

    BTT, em canoa, manobras de cordas e

    outros.

    Esta disciplina, embora seja tutelada em

    Portugal pela FPO, a nvel internacional

    no reconhecida pela Federao Internacional de Orientao.

    So utilizadas cartas militares 1:25000 ou, sempre que possvel, mapas de

    Orientao Pedestre ou de Orientao em BTT.

    Orientao de Preciso (Trail-O)

    Disciplina da Orientao direccionada para pessoas

    com deficincia motora, mas normalmente aberta a

    todos e com grandes potencialidades ao nvel da

    aprendizagem da Orientao.

    Na Orientao de Preciso, o nico factor avaliado a

    capacidade de leitura do mapa e interpretao do

    terreno.

    So utilizados mapas da Orientao Pedestre mas

    normalmente com escalas maiores.

    Orientao em Esqui

    Disciplina da Orientao adaptada a terrenos com neve. Tal como na

    Orientao em BTT, a deslocao apenas se pode realizar nos caminhos

    indicados no mapa.

    So utilizados mapas especficos para Orientao em Esqui.

    Pelas caractersticas prprias do clima, a sua prtica no se verifica em Portugal.

  • Orientao - Desporto com Ps e Cabea Federao Portuguesa de Orientao - FPO

    -- 12 --

    Os Mapas de Orientao

    Embora seja possvel praticar Orientao com qualquer tipo de mapa, enquanto

    deporto organizado a Orientao praticada com mapas criados exclusiva-

    mente para o efeito. Esses mapas so precisos, detalhados e esto preparados

    para uma "escala humana", ou seja, o terreno e as caractersticas que aparecem

    no mapa so aquelas que uma pessoa, ao mover-se nessa rea, observa

    facilmente.

    Os mapas de Orientao so desenhados segundo um conjunto de regras bem

    definidas pela IOF que tm como objectivo normalizar a sua criao em todo o

    mundo.

    Pelo facto dos atletas de Orientao utilizarem bssolas, os mapas de

    Orientao no apontam o Norte Cartogrfico, mas sim o Norte Magntico.

    O Percurso de Orientao

    Um percurso de Orientao constitudo por uma partida, uma srie de pontos

    de controlo identificados por crculos no mapa, e por uma meta.

    Na partida, cada praticante recebe um mapa onde esto marcados, a cor

    prpura (magenta):

    - Um tringulo que corresponde ao ponto onde se inicia a orientao

    propriamente dita e materializado no terreno por uma baliza (prisma de

    cores laranja e branca), sem cdigo nem picotador;

    - Crculos que correspondem a pontos de controlo, materializados no terreno

    pelas "balizas", com um cdigo definido para cada uma e que esto

    acompanhadas de uma estao electrnica e/ou um picotador. Introduzindo o

    seu identificador electrnico (em Portugal utiliza-se um chip Sport-Ident) que

    transportado preso num dedo, ou picotando o seu carto de controlo, o

    praticante comprova a passagem por cada ponto;

    - Dois crculos concntricos que correspondem chegada, materializada no

    terreno por uma baliza, tambm ela acompanhada de uma estao

    electrnica (e/ou um picotador). Introduzindo o seu identificador (ou

    picotando o seu carto de controlo) o praticante comprova o termo do seu

    percurso.

  • Federao Portuguesa de Orientao - FPO Orientao - Desporto com Ps e Cabea

    -- 13 --

    Num percurso tradicional de Orientao tero de ser visitados todos os pontos

    de controlo pela ordem indicada sob pena de desclassificao.

    O percurso a seguir entre os pontos de controlo no est definido e decidido

    por cada participante. Este elemento de escolha do percurso e a capacidade de

    se orientar atravs da floresta so a essncia da Orientao.

    A maioria das provas de Orientao utiliza o sistema de contra-relgio com

    partidas intervaladas para que o orientista tenha a possibilidade de realizar

    individualmente as suas prprias opes. Mas existem muitas outras formas

    populares, incluindo estafetas e provas de partida em massa.

    Bssola

    A bssola o nico auxiliar permitido para ajudar na orientao, embora no

    seja obrigatrio. Por exemplo, em diversas fases da formao de jovens

    importante no utilizar bssola.

    Uma bssola um aparelho com uma agulha magntica que atrada para o

    plo magntico terrestre. Os atletas utilizam-na para orientar o mapa para

    norte fazendo coincidir a agulha da bssola com as linhas de norte presentes no

    mapa.

    Existem bssolas prprias de competio que se transportam presas ao dedo e

    directamente em cima do mapa. No entanto, mesmo em competio, pode ser

    utilizada qualquer tipo de bssola.

    No hemisfrio sul as bssolas tm de ser diferentes das utilizadas no hemisfrio

    norte, devido diferente influncia do campo magntico terrestre entre os dois

    hemisfrios.

    Os Plos Magnticos

    O fenmeno que faz a agulha da bssola apontar na direco Norte-Sul o

    Magnetismo terrestre. A Terra como um man gigante. Apesar de o

    magnetismo ter sido descoberto h muito tempo, a sua utilizao como auxiliar

    de orientao bastante mais recente.

  • Orientao - Desporto com Ps e Cabea Federao Portuguesa de Orientao - FPO

    -- 14 --

    Origem da Bssola

    Os Chineses tero sido os primeiros a explorar o fenmeno

    do magnetismo para indicar o Norte (ou o Sul). "Si Nan" (Si =

    Apontar para; Nan = Sul) considerada como a primeira

    bssola e consiste numa pedra magntica, esculpida em

    forma de concha, cuja pega aponta para Sul.

    De acordo com alguns escritos chineses, as primeiras

    bssolas, desenvolvidas a partir da Si Nan) foram utilizadas

    no mar por volta do ano 850. A inveno foi ento espalhada para o ocidente

    por astrnomos e cartgrafos.

    A bssola foi desenvolvida atravs dos sculos e conheceu um avano

    considervel quando se descobriu que uma pea fina de metal (agulha) podia

    ser magnetizada podendo depois ser envolvida e encerrada num invlucro

    cheio de ar e transparente, ficando assim a agulha protegida.

    Inicialmente, as agulhas das bssolas demoravam muito tempo a estabilizar. As

    bssolas modernas so instrumentos de preciso e a sua agulha, agora

    geralmente encerrada num invlucro cheio de lquido, rapidamente aponta o

    norte (ou o Sul no hemisfrio Sul).

    Sinaltica

    A sinaltica a descrio da localizao exacta dos pontos de controlo indicados

    pelo mapa.

    Para alm disso, indica qual a colocao da baliza relativamente ao elemento

    caracterstico onde est o ponto de controlo e assegura ao orientista, atravs

    do cdigo, que se trata do ponto procurado.

    No deve ser confundida com a simbologia do mapa, embora exista semelhana

    entre a maioria dos smbolos utilizados no mapa e os utilizados na sinaltica.

    Para o transporte da sinaltica normalmente utilizado um porta-sinaltica que

    se adapta ao antebrao do atleta.

  • Federao Portuguesa de Orientao - FPO Orientao - Desporto com Ps e Cabea

    -- 15 --

    Captulo 2

    Mapas de Orientao

    Cartografia Especfica de Orientao

    Uma das caractersticas da Orientao enquanto modalidade desportiva a

    cartografia especfica necessria, tanto para a Orientao Pedestre como para a

    Orientao em BTT. Assim, todas as provas oficiais dos calendrios competitivos

    da IOF (e, como tal, tambm as da FPO) tm forosamente de ser organizadas

    em Mapas de Orientao. As Corridas Aventura no so abrangidas por esta

    obrigatoriedade, utilizando principalmente Cartas Militares na escala 1:25000,

    embora por vezes algumas etapas utilizem Mapas de Orientao.

    A produo dos mapas de Orientao feita mediante as regras definidas pela

    IOF. Estas especificaes esto definidas em trs diferentes documentos,

    consoante a natureza da prova:

    - ISOM: International Specification for Orienteering Maps (Especificao

    Internacional para Mapas de Orientao)

    - ISSOM: International Specification for Sprint Orienteering Maps (Especificao

    Internacional para Mapas de Orientao - Sprint)

    - ISmtbOM: International Specification for Mountain Bike Orienteering Maps

    (Especificao Internacional para Mapas de Orientao em BTT)

    Pode-se ler na introduo do ISOM que a Orientao um desporto praticado

    em todo o mundo, sendo por isso essencial uma abordagem comum ao desenho

    e interpretao dos mapas de Orientao para uma competio justa e para o

    crescimento futuro desta modalidade. As Especificaes Internacionais para

    Mapas de Orientao tm como

    objectivo a definio de um conjunto de

    regras que consigam abranger todos os

    diferentes tipos de terreno existentes no

    mundo e todas as diferentes formas de

    praticar Orientao.

    essencial que o mapa seja preciso e

    exacto de forma a permitir que nele se desenhem percursos que testem as

    capacidades de navegao dos atletas.

    "O Mapa o maior dos poemas picos. As suas linhas e cores mostram a realizao de grandes sonhos" - Gilbert H. Grosvenor. Editor da National Geographic

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    -- 16 --

    A informao contida no mapa deve ser relevante para as necessidades do

    atleta, no sentido em que no deve conter pormenores em excesso nem ter

    falta de elementos importantes.

    tambm muito importante que o terreno seja rico em elementos que

    permitam criar desafios de navegao aos atletas.

    Histria da Cartografia de Orientao

    Nos primeiros anos de existncia da Orientao, os atletas utilizavam qualquer

    tipo de mapas disponveis, normalmente mapas topogrficos locais. Por

    exemplo, nos anos 40, realizavam-se eventos na Escandinvia onde se

    utilizavam mapas na escala 1:100000 (1 cm = 1 Km), geralmente a preto e

    branco e sem curvas de nvel para

    mostrar o relevo do terreno. Depois, e

    principalmente na Escandinvia,

    comearam a ser utilizados mapas com

    uma escala maior 1:50000, 1:40000,

    1:20000.

    Na imagem ao lado est ilustrado um

    dos primeiros mapas feitos especifi-

    camente para a Orientao.

    Nos pases onde no existiam mapas

    topogrficos com uma escala grande,

    eram utilizados frequentemente mapas

    tursticos.

    O primeiro mapa de Orientao a cores,

    com trabalho de campo e desenho feito

    especificamente para a prtica da

    Orientao, foi publicado na Noruega

    em 1950.

    Gradualmente comearam a ser

    desenhados mapas que respondessem

    s caractersticas especficas da

  • Federao Portuguesa de Orientao - FPO Orientao - Desporto com Ps e Cabea

    -- 17 --

    Orientao, ou seja, com informao mais detalhada. A escala destes primeiros

    mapas era de 1:25000 ou 1:20000, com equidistncias de 10m ou 5m.

    Jan Martin Larsen foi o grande pioneiro no desenvolvimento de mapas

    especficos de Orientao, tendo presidido primeira Comisso de Mapas de

    IOF, em 1965. Esta Comisso de Mapas a responsvel, entre outras funes,

    por desenvolver os ISOMs, tendo no ano da sua fundao criado a primeira

    verso desta especificao.

    Uma grande inovao na produo de mapas de Orientao foi o surgimento de

    programas informticos especficos para o desenho dos mapas que levou

    simplificao desta tarefa. O lder destes programas o O-Cad, actualmente

    utilizado de forma generalizada pelos cartgrafos de Orientao a nvel

    mundial.

    Escala

    Para a competio de Orientao Pedestre, os mapas tm normalmente escalas

    de 1:15000 (Distncia Longa), 1:10000 (Distncia Mdia e Estafetas) ou 1:4000 e

    1:5000 (Distncia Sprint). Para os escales mais jovens, abaixo dos 15 anos, e

    para os mais velhos, acima de 45 anos, no se devem utilizar mapas 1:15000.

    Para actividades de Iniciao de jovens e Promoo da modalidade comum

    utilizarem-se mapas de parques, jardins ou escolas, com escalas entre 1:1000 e

    1:5000.

    Na Formao de jovens dever existir uma progresso de escalas. Mapas numa

    escala muito grande, como por exemplo 1:2000, contm normalmente

    informao adicional mais detalhada.

    Para a Orientao em BTT as escalas so menores, sendo utilizadas escalas

    1:20000 (Distncia Longa), 1:15000 (Distncia Mdia) e 1:10000 (Distncia

    Sprint).

    Mas o que que representa a escala? Os valores indicados, por exemplo, numa

    escala 1:15000 significam que o mapa representa o terreno reduzido 15000

    vezes. Assim, 1 cm no mapa corresponde a 15000 cm no terreno, ou seja, 150

    metros.

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    Antes de se produzir um mapa necessrio avaliar tambm se o grau de

    complexidade do terreno no demasiado elevado que impea a incluso no

    mapa de todos os elementos essenciais a uma boa orientao.

    Equidistncia

    A equidistncia distncia vertical, ou desnvel, entre cada curva de nvel. Nos

    mapas de Orientao normalmente de 5 metros em terreno de maior relevo,

    ou de 2,5 metros em terreno menos desnivelado.

    Norte Geogrfico e Norte Magntico

    Relativamente aos mapas tradicionais, para alm da simbologia especfica,

    existe uma outra caracterstica nos Mapas de Orientao que especfica deste

    desporto: os meridianos dos mapas esto orientados no para o Norte

    Geogrfico, mas sim para o Norte Magntico.

    Linhas de Norte

    As Linhas de Norte so linhas paralelas desenhadas do Sul Magntico para o

    Norte Magntico, espaadas geralmente 500 metros (1:15000) ou 250 metros

    (1:10000). Estas linhas so normalmente azuis ou pretas.

    As Linhas de Norte dos mapas de Orientao no apontam para o Norte

    Geogrfico como na maioria dos restantes mapas, pelo facto das bssolas

    indicarem o Norte Magntico e no o Norte Geogrfico. Assim, os mapas de

    Orientao tm apenas linhas de norte magntico.

    Declinao magntica

    A declinao magntica o ngulo entre a linha do norte real (Norte

    Geogrfico) e a linha apontada pela bssola (Norte Magntico), para Este

    positivo ou Oeste negativo. Esta declinao varia consoante o local do mundo.

    Em certas zonas do Canad ultrapassa os 40 graus, mas, por exemplo, na

    Escandinvia ela insignificante.

    A declinao magntica varia tambm ao longo do tempo, calculando-se que

    varie cerca de 1o a cada 8 anos.

    Em Portugal continental, em 2011, a declinao de cerca de 4o

    oeste, ou seja,

    negativa.

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    Caractersticas de um bom mapa

    Tal como em todos os desportos, necessrio assegurar que as condies de

    competio sejam iguais para todos. Neste sentido, quanto mais preciso for o

    mapa, mais facilmente isso ser conseguido e melhores condies havero para

    traar um bom e justo percurso.

    Relativamente ao orientista, s um mapa preciso e legvel ser uma ajuda eficaz

    para a escolha de trajectos que se adaptem s suas capacidades tcnicas e

    fsicas. No entanto, a boa capacidade para fazer opes correctas perde todo o

    significado se o mapa no for uma imagem real do terreno, ou seja, se for

    impreciso, desactualizado ou de pouca legibilidade.

    Tudo o que impea a progresso considerado informao essencial: falsias,

    gua, vegetao densa. A rede de caminhos indica onde a progresso e a

    orientao so mais fceis. Uma classificao detalhada dos nveis de

    progresso e obstculos auxilia o orientista na tomada de decises. A

    orientao acima de tudo baseada na leitura do mapa. Idealmente, nenhum

    competidor dever ganhar vantagem ou sofrer desvantagem devido a erros do

    mapa.

    O objectivo do traador de percursos conseguir percursos onde o factor

    decisivo dos resultados seja a capacidade de orientao. Isso s poder ser

    conseguido se o mapa for suficientemente exacto, completo e fivel e tambm

    claro e legvel em situaes de competio. Quanto melhor for o mapa,

    melhores possibilidades ter o traador para desenhar percursos bons e justos,

    tanto para os atletas experientes como para os principiantes.

    Os pontos de controlo (em conjunto com a qualidade das pernadas) so a mais

    importante componente de um percurso. A escolha dos locais, colocao de

    marcas, verificao da sua posio e colocao dos pontos para a prova, so

    tudo tarefas que exigem bastante de um mapa. O mapa dever oferecer uma

    imagem do terreno completa, exacta, detalhada e dever estar actualizado em

    todos os pormenores que possam afectar o resultado final.

    A tarefa do cartgrafo saber que elementos do terreno colocar no mapa e

    como as representar. Um bom envolvimento neste desporto importante para

    uma compreenso bsica dos requisitos de um Mapa de Orientao: o seu

    contedo, a necessidade de exactido, o nvel de detalhe e, acima de tudo, a

    legibilidade.

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    Contedo de um Mapa

    Sendo o Mapa de Orientao um mapa topogrfico detalhado, dever conter as

    caractersticas do terreno que sejam bvias para um orientista em corrida. Nele

    se insere tudo o que possa influenciar a leitura do mapa ou a escolha de

    trajectos: relevo, formaes rochosas, tipo de superfcie, velocidade de

    progresso atravs da vegetao, reas de cultivo, hidrografia, zonas privadas e

    casas individuais, rede de caminhos, outras linhas de comunicao e todas as

    demais caractersticas teis orientao.

    A forma do terreno uma das caractersticas mais importantes num Mapa de

    Orientao. A utilizao de curvas de nvel essencial para a representao de

    uma imagem tridimensional do terreno (a sua forma e variao em altitude).

    A magnitude das diversas caractersticas do terreno, a densidade da floresta e a

    velocidade de progresso, devem ser consideradas aquando do trabalho de

    campo, tendo em vista a homogeneidade do produto final.

    Os limites entre os diferentes tipos de superfcie fornecem importantes pontos

    de referncia para o utilizador do mapa. muito importante a correcta

    apresentao destes elementos no mapa.

    A velocidade do orientista e a suas opes de itinerrio so influenciadas por

    muitos factores. Informao sobre todos estes factores deve, portanto, ser

    fornecida no mapa atravs da classificao dos caminhos, da indicao da

    transponibilidade de zonas alagadias, zonas aquticas, paredes rochosas e

    vegetao e mostrando os tipos de superfcie e a presena de reas abertas.

    Limites de vegetao bem definidos no terreno tambm devem ser desenhados

    no mapa, visto que so teis para a sua leitura.

    O mapa deve conter todos os elementos visveis no terreno que sejam teis

    sua leitura. Durante o trabalho de campo deve-se promover a clareza e

    legibilidade do mapa. As medidas mnimas definidas para uma boa visualizao

    de um determinado elemento devero ser levadas em conta aquando da

    escolha do grau de generalizao.

    O mapa dever conter linhas de norte magntico e poder conter nomes de

    locais e outro texto perifrico que possam ajudar o seu utilizador a orient-lo

    para Norte. Este texto dever ser escrito de oeste para este. Texto dentro da

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    -- 21 --

    rea do mapa dever ser colocado de modo a que no obscurea outras

    informaes e o seu estilo de letra dever ser simples.

    As linhas de Norte Magntico devem ser paralelas aos limites da folha do mapa,

    podendo conter setas na sua extremidade superior.

    Preciso

    A preciso do mapa depende da exactido das medidas (posio, altura e

    forma) e do desenho. As posies relativas dos elementos num Mapa de

    Orientao devero ser consistentes com as obtidas atravs de bssola e

    contagem de passos. Um objecto dever ser posicionado com um nvel de

    preciso tal, que o orientista em competio, utilizando bssola e contagem de

    passos, no encontre qualquer discrepncia entre o mapa e o terreno.

    Geralmente, este objectivo alcanado quando a distncia para outros objectos

    vizinhos tenha um erro menor que 5%.

    O valor exacto da altitude absoluta de pouca importncia num mapa de

    Orientao. Por outro lado, importante que o mapa indique, o mais

    correctamente possvel, as altitudes relativas entre dois objectos vizinhos.

    Uma representao exacta do relevo de grande importncia para o orientista,

    visto que uma imagem detalhada e por vezes exagerada da forma do terreno

    essencial para uma boa leitura do mapa. Deve evitar-se a incluso em demasia

    de pequenos detalhes de forma a no se esconder os elementos principais.

    Generalizao e legibilidade

    Um bom terreno de Orientao dever conter um grande e variado nmero de

    elementos. Aqueles que sejam essenciais ao orientista em competio devero

    ser representados no mapa. Para conseguir este objectivo de modo a que o

    mapa seja legvel e fcil de interpretar, necessrio aplicar uma generalizao

    cartogrfica. Existem duas fases de generalizao: generalizao selectiva e

    generalizao grfica.

    Generalizao selectiva a deciso de quais os detalhes e elementos do terreno

    que devero ser apresentados no mapa. Duas consideraes importantes

    influenciam esta deciso: a importncia do elemento do ponto de vista do

    orientista e a sua influncia na legibilidade do mapa. Estas duas consideraes

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    so, por vezes, incompatveis, mas a legibilidade nunca dever ser sacrificada a

    favor da apresentao em excesso de pequenos detalhes ou elementos no

    mapa. Como tal, necessrio, no trabalho de campo, definir tamanhos mnimos

    para muitos tipos de detalhes. Estes tamanhos mnimos podero variar

    consideravelmente de um mapa para outro de acordo com a quantidade

    existente dos detalhes respectivos. No entanto, a consistncia uma das mais

    importantes qualidades de um Mapa de Orientao.

    A generalizao grfica pode afectar bastante a clareza do mapa. So utilizados

    para este fim a simplificao, o deslocamento de posio e o exagero de

    dimenses.

    Para uma boa legibilidade essencial que o tamanho dos smbolos, a espessura

    das linhas e o espao entre elas sejam bem visveis luz do dia. Na criao dos

    smbolos, devero ser considerados todos os factores, excepto a distncia entre

    smbolos vizinhos.

    A dimenso do elemento mais pequeno representado no mapa depende, por

    um lado, das qualidades grficas do smbolo (forma, formato e cor) e, por outro,

    da localizao relativa dos smbolos vizinhos. Para elementos muito prximos,

    que ocupem mais espao no mapa que no terreno, essencial que seja mantida

    a correcta relao entre estes e outros elementos vizinhos.

    Simbologia

    Os elementos do mapa esto classificados em cinco categorias: relevo; terreno

    rochoso e pedras; gua e pntanos; vegetao; elementos construdos. Para

    alm destes, existem tambm os smbolos utilizados para os percursos que, ao

    nvel das especificaes oficiais,

    so considerados como smbolos

    dos mapas.

    Obs: No verso da contra-capa

    deste livro esto ilustradas legen-

    das a cores para as diferentes

    simbologias existentes.

    "O mapa de Orientao como um livro. Para o utilizador importante ser capaz de o interpretar. O cartgrafo, como o escritor, tem de saber faz-lo. Para se compreenderem tm que falar a mesma linguagem. Esta linguagem a dos smbolos. Alexander Shirinian

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    Relevo (castanho)

    A forma do terreno representada a castanho por curvas de nvel detalhadas e

    por alguns smbolos especiais para representar cotas, depresses, etc. O relevo

    complementado a preto com os smbolos para rochas e falsias.

    Terreno rochoso e pedras (preto + cinzento)

    A incluso das rochas til para avaliar perigos e velocidades de progresso.

    Fornece tambm elementos para uma melhor leitura do mapa e para pontos de

    controlo. As rochas so representadas a preto para se distinguirem de outros

    elementos de relevo.

    gua e pntanos (azul)

    Este grupo inclui zonas aquticas e tipos especiais de terreno criados pela

    presena de gua (pntanos). A classificao importante visto que indica o

    grau de dificuldade que se apresenta perante o orientista e fornece elementos

    (poos, nascentes e outros) para a leitura do mapa e para pontos de controlo.

    Vegetao (verde + amarelo)

    A representao da vegetao importante para o orientista porque indica a

    velocidade de progresso e a visibilidade, fornecendo tambm elementos

    (rvores, troncos, etc) para a leitura do mapa.

    Elementos construdos (preto)

    A rede de caminhos fornece informao importante ao orientista e a sua

    classificao deve ser facilmente reconhecvel no mapa. particularmente

    importante a classificao de trilhos menores. Deve ser considerada no apenas

    a largura mas tambm a visibilidade do caminho para o orientista.

    Outros elementos construdos (casas, vedaes, etc), so tambm importantes

    tanto para a leitura do mapa como para a colocao de pontos de controlo.

    Smbolos dos percursos (magenta)

    Conjunto de smbolos utilizados para a representao do percurso no mapa.

    Inclui smbolos para partida, chegada, ponto de controlo, etc.

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    Cartografia especfica para provas de Sprint

    As provas de Sprint divergem em vrios aspectos das mais longas e tradicionais

    formas de Orientao Pedestre. Enquanto as provas de Orientao so

    organizadas tradicionalmente em zonas de floresta, as provas de Sprint

    organizam-se normalmente em zonas de parque e terreno urbano.

    Esta expanso do clssico terreno de floresta para parques e zonas urbanas

    apresenta novos desafios cartografia de Orientao. A Especificao

    Internacional para Mapas de Orientao (ISOM 2000) j contm smbolos que

    formam a base para a representao dessas zonas. No entanto, para assegurar

    competies justas de Sprint, esse conjunto de smbolos necessitou de uma

    reviso e extenso de forma a melhor incorporar as referidas zonas de parque e

    urbanas.

    Existe um conjunto de razes para que a representao cartogrfica do terreno

    para provas de Sprint necessite de uma abordagem diferente da utilizada para a

    representao do terreno de floresta clssico:

    - Maior nmero de obstculos que afectam a escolha de itinerrios em parques

    e terrenos urbanos, como muros intransponveis, reas com acesso proibido

    ou estruturas com diversos nveis;

    - Quantidade de detalhes em terreno urbano, particularmente no centro de

    cidades antigas, geralmente muito superior ao dos terrenos de floresta.

    Na criao da especificao para mapas de Sprint, teve-se em considerao no

    apenas os novos tipos de terreno, mas tambm a finalidade do mapa. O

    formato dos mapas para estas provas foi definido pela IOF da seguinte forma:

    As provas de Sprint so rpidas, com maior visibilidade e mais fceis de

    acompanhar. So provas em parques, ruas e florestas onde seja possvel a

    corrida a alta velocidade. O tempo do vencedor, tanto masculino como feminino

    dever ser entre 12 e 15 minutos, de preferncia na zona inferior do intervalo.

    Assim, derivado das referidas restries e obrigatoriedades, foi criada uma

    especificao de mapas (ISSOM) prpria para mapas de Sprint, com alguns

    princpios que, em certas situaes, se afastam significativamente dos definidos

    no ISOM.

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    Cartografia especfica para Orientao em BTT

    Os mapas para Orientao em BTT baseiam-se nas especificaes para os

    mapas de Orientao Pedestre. No entanto, de modo a respeitar as

    necessidades especficas do mapa face natureza da Orientao em BTT, foi

    necessrio criar variaes, suplementos e supresses relativamente

    simbologia dos mapas de Orientao Pedestre.

    Assim, foi criado o ISmtbOM (Especificao para Mapas de Orientao em BTT)

    que tem recebido sucessivas actualizaes.

    Como os atletas apenas podem circular por caminhos, s os pormenores que

    influenciem opes de percursos e localizao, necessitam de ser representados

    no mapa.

    Assim, por um lado os mapas de Ori-BTT tm de ter um sistema de classificao

    de caminhos mais detalhado; por outro, tm de omitir a maioria dos

    pormenores em terreno livre (fora dos caminhos) de modo a ser possvel

    exagerar a rede de caminhos e carreiros e a simplificar a apresentao do

    relevo.

    Classificao de caminhos

    A Orientao em BTT requer duas classificaes para caminhos e carreiros:

    a) Velocidade (ou transitabilidade);

    b) Largura.

    Existem quatro classes para velocidade e duas classes para largura, num total

    de oito combinaes.

    Classificao da transitabilidade

    Existem quatro nveis de classificao: DIFCIL, LENTO, MDIO, RPIDO.

    Classificao da largura

    Existem dois nveis de largura:

    - Mais de 1,5m de largura (Caminho): pode ser utilizado por veculos de

    quatro rodas, carros, tractores, etc. sempre possvel ultrapassar ou cruzar

    com outros ciclistas;

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    - Menos de 1,5m de largura (Carreiro): muito estreito para um veculo de

    quatro rodas. normalmente um carreiro pedestre.

    Mapas para Orientao de Preciso (Trail-O)

    Os mapas para a Orientao de Preciso so semelhantes aos mapas de

    Orientao Pedestre. A escala do mapa normalmente de 1:5000 ou 1:4000,

    desenhado de acordo com as especificaes convencionais (ISOM), com os

    smbolos ampliados para 150% (por vezes 200%) comparando com as

    dimenses dos mapas 1:15000. Esta dimenso de smbolos semelhante dos

    mapas de Sprint (ISSOM), podendo os mapas ser desenhados segundo esta

    especificao.

    Embora se utilizem mapas de Orientao Pedestre, estes tm de ter uma

    preciso bastante elevada na zona dos pontos de controlo, visto que a

    resoluo dos problemas a colocados exige uma anlise mais detalhada do

    terreno e do mapa.

    Mapas para Corridas Aventura

    Nas provas de Corridas Aventura, so normalmente utilizados mapas militares

    na escala 1:25000 da srie M888 do IGeoE - Instituto Geogrfico do Exrcito.

    Sempre que possvel so utilizados, em algumas etapas, mapas especficos de

    Orientao Pedestre ou Orientao em BTT. Esporadicamente podem ser

    utilizados tambm outros tipos de suporte cartogrfico, como mapas

    ortofotogramtricos (fotografias areas), mapas hidrogrficos, e outros, com

    escalas variadas.

    Produo dos Mapas

    Pode-se decompor a produo de um mapa de Orientao em quatro etapas:

    mapa-base, trabalho de campo, desenho e impresso.

  • Federao Portuguesa de Orientao - FPO Orientao - Desporto com Ps e Cabea

    -- 27 --

    Mapa-base

    O mapa-base pode ser um mapa topogrfico simples produzido para outras

    finalidades, ou um mapa fotogramtrico especfico produzido a partir de uma

    fotografia area.

    Idealmente o mapa-base deve ser produzido j com a necessria declinao

    magntica, ou seja, j orientado para o norte magntico.

    Embora o trabalho de campo seja imprescindvel, pois o detalhe necessrio a

    um mapa de Orientao s se consegue no terreno, a qualidade do mapa-base

    influencia directamente o tempo necessrio para o trabalho de campo.

    Trabalho de campo

    O trabalho de campo feito utilizando uma parte do mapa-base fixo numa

    prancheta e com um papel especial semitransparente aplicado por cima que

    permite o desenho sobre ele do mapa com lapiseiras de cor.

    Este trabalho de campo deve ser feito com grande preciso para que o mapa e

    o terreno sejam consistentes. Nos casos em que esta preciso e consistncia

    no sejam completamente asseguradas nalguma zona ou elemento especfico,

    esse local no deve ser utilizado para a marcao de pontos.

    O trabalho de campo feito normalmente com uma escala 2x superior

    relativamente ao mapa final, para que o cartgrafo consiga desenhar de forma

    clara os elementos necessrios. Por exemplo, se um mapa final for 1:15000, o

    trabalho de campo deve ser realizado a 1:7500.

    Um cartgrafo poder demorar 20 a 30 horas por Km2 de trabalho de campo

    para mapas de Orientao Pedestre (1:10000 ou 1:15000). Os mapas de

    Orientao de Sprint, devido escala maior (1:4000 ou 1:5000) e consequente

    maior detalhe, necessitam de mais tempo de trabalho por Km2. Os mapas de

    Orientao em BTT necessitam de menos tempo de trabalho por Km2 devido

    no s escala menor, mas tambm ao facto de serem mapas mais

    simplificados ao nvel do contedo.

    Desenho

    Hoje em dia o desenho final dos mapas feito em programas especiais de

    computador, dos quais o O-CAD sem dvida o mais utilizado mundialmente.

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    -- 28 --

    Este programa permite que o cartgrafo digitalize o trabalho de campo e depois

    o coloque como base para o desenho final utilizando as ferramentas prprias do

    programa.

    O programa tem j as ferramentas de desenho com as medidas e caractersticas

    de cada elemento definidas nos ISOMs, o que significa que o cartgrafo nesta

    fase j no tem de se preocupar com as espessuras de trao correctas, com as

    cores exactas, etc, porque o programa faz tudo isso automaticamente

    consoante o elemento escolhido.

    Actualmente comea a vulgarizar-se a utilizao de meios informticos

    portteis que permitem fazer o desenho directamente aquando da execuo do

    trabalho de campo.

    Impresso

    O mtodo de impresso que ainda exigido pela IOF nas competies

    internacionais e que permite uma maior qualidade e exactido de cores e

    padres, a impresso offset. No entanto, para pequenas quantidades, este

    tipo de impresso torna-se muito dispendioso devido necessidade de se ter de

    criar os fotolitos para cada impresso diferente. Como a maior parte dos mapas

    so impressos j com os percursos respectivos, a quantidade de cada verso

    do mapa a imprimir nunca muito elevada, pelo que a impresso a laser se

    torna menos dispendiosa.

    Com o surgimento da impresso digital, com o aumento da sua qualidade e

    diminuio do seu preo, tornou-se de tal forma comum a impresso dos

    mapas de Orientao em impressoras laser a cores que em Portugal j

    praticamente no so feitas quaisquer impresses de mapas em offset.

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    -- 29 --

    Captulo 3

    Orientao Pedestre - Traado de Percursos

    Introduo

    Este captulo tem como objectivo fornecer ao traador de percursos os

    princpios bsicos do planeamento de percursos para Orientao Pedestre.

    Num desporto de competio como a Orientao, essencial que exista justia

    desportiva, o que s conseguido se existirem condies iguais de participao

    para todos os atletas.

    Assim, estes princpios visam estabelecer um padro comum para o traado de

    percursos de Orientao, de modo a assegurar uma competio justa e

    salvaguardar o carcter nico da Orientao.

    Os percursos, em todas as provas oficiais da FPO, devem ser planeados de

    acordo com estes princpios. Podem tambm servir como linhas-guia para a

    organizao de eventos de outra natureza.

    Este documento composto por uma parte principal com princpios genricos e

    especficos para Orientao Pedestre. No captulo seguinte abordaremos os

    princpios especficos para a Orientao em BTT.

    Objectivo de um bom planeamento de percursos

    O objectivo de um bom planeamento de percursos oferecer a todos os

    orientistas percursos adaptados s suas capacidades. O resultado da

    competio deve reflectir tanto as capacidades tcnicas como as fsicas do

    orientista.

    Um bom traador de percursos aquele que consegue potenciar ao mximo o

    mapa, atravs dos locais onde coloca os pontos e das pernadas que constri,

    utilizando as melhores zonas do mapa e evitando as zonas de menor interesse

    ou onde a cartografia de pior qualidade. Entenda-se por pernada o espao

    que medeia entre dois pontos de um percurso.

    O traador deve saber escolher bons locais para a chegada, ou seja, locais

    bonitos, agradveis, onde seja possvel aos atletas/familiares/pblico concen-

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    trarem-se para assistir chegada dos companheiros. Sempre que possvel deve

    existir um ponto de espectadores visvel a partir da chegada.

    Um mapa pode ser bom ou mau, mas do trabalho do traador que nasce uma

    possvel ideia negativa dos orientistas, j que um bom mapa pode ter percursos

    que no o potenciam minimamente. No entanto, tambm possvel que num

    mapa mau se faam percursos bons, utilizando as zonas interessantes e

    pensando com cuidado em cada pernada que se constri. Nestes casos, mais

    vale um bom percurso curto, que um vulgar ou mau percurso longo.

    O Traador de Percursos

    A pessoa responsvel pelo planeamento dos percursos deve conseguir avaliar

    um bom percurso, a partir da sua experincia pessoal. Deve tambm estar

    familiarizado com a teoria do traado de percursos e ter em considerao os

    requisitos para os diferentes escales e tipos de competio.

    O traador de percursos deve ser capaz de avaliar no terreno os vrios factores

    que podem afectar a competio, tais como as condies do terreno, a

    qualidade do mapa, a eventual presena de orientistas e espectadores, etc.

    O traador responsvel pelos percursos e pelo decorrer da competio entre

    o local de partida e o de chegada. O seu trabalho deve ser verificado pelo

    Supervisor, de forma a minimizar as inmeras possibilidades de erros que

    podero ter graves consequncias no decorrer da prova.

    O traador de percursos deve estar completamente familiarizado com o

    terreno, antes de decidir utilizar qualquer rea para o percurso.

    Regras de ouro do traador de percursos

    O traador de percursos deve manter os seguintes princpios em mente:

    - O carcter nico da Orientao enquanto corrida com orientao;

    - Garantir uma competio justa;

    - Satisfao dos orientistas;

    - Proteco do ambiente e da vida selvagem;

    - Necessidades dos espectadores e dos media.

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    Carcter nico

    Cada desporto tem o seu carcter prprio. O carcter nico da Orientao

    consiste em encontrar e seguir o melhor itinerrio, atravs de terreno

    desconhecido, numa luta constante contra o tempo. Isto exige diversas

    capacidades de orientao: boa leitura do mapa, avaliao de opes, utilizao

    da bssola, concentrao sob stress, rapidez na tomada de deciso, corrida em

    terreno acidentado, etc.

    Justia

    A justia um requisito bsico nos desportos competitivos. Se no houver

    grande cuidado durante o traado e marcao dos percursos, o factor sorte

    pode ter um peso muito grande nos resultados. O traador de percursos deve

    considerar todos estes factores, de modo a assegurar que a competio justa

    e que todos os atletas so confrontados com as mesmas condies, em toda a

    extenso do percurso.

    Satisfao dos orientistas

    A popularidade da Orientao s pode ser alcanada se os orientistas ficarem

    satisfeitos com os percursos que fazem. necessrio um planeamento

    cuidadoso, de forma a assegurar que os percursos so apropriados em termos

    de extenso, dificuldade tcnica e fsica, localizao dos pontos de controlo, etc.

    de extrema importncia que os percursos estejam adaptados ao nvel dos

    orientistas que os vo executar.

    Deve-se evitar passar em locais desagradveis (principalmente no que se refere

    aos percursos de promoo e de formao), com entulho, locais com ces ou

    onde existam zonas urbanas que impliquem alguns possveis riscos de

    segurana para os orientistas.

    Ambiente e vida selvagem

    O ambiente sensvel: a vida selvagem pode ser perturbada e o solo, bem

    como a vegetao, podem sofrer com o excesso de utilizao. O ambiente

    tambm inclui as pessoas que vivem nas reas de competio, os muros, as

    vedaes, os terrenos agrcolas, as casas, etc.

    normalmente possvel encontrar formas de no interferir com as reas mais

    sensveis. A experincia e a investigao demonstraram que mesmo grandes

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    eventos podem ser realizados em reas sensveis sem causar danos se forem

    tomadas as devidas precaues e se o traado dos percursos for correcto.

    muito importante que o traador de percursos obtenha as autorizaes para a

    utilizao do terreno e que todas as reas sensveis sejam detectadas com

    antecedncia.

    Espectadores e media

    A necessidade de transmitir uma boa imagem da Orientao para o pblico

    deve ser uma preocupao constante do traador de percursos. Ele deve ter a

    preocupao de dar condies aos espectadores e aos media para

    acompanharem o decorrer da competio sem, no entanto, comprometer a

    verdade desportiva.

    Principais erros a evitar

    Planeamento Distncia

    O traador de percursos nunca dever planear um ponto de controlo ou uma

    pernada sem conhecer detalhadamente o terreno e o mapa, particularmente

    nas zonas dos itinerrios possveis.

    Deve tambm ter em considerao que no dia da prova as condies do terreno

    podem ser diferentes das existentes no momento em que os percursos foram

    planeados.

    No deve escolher os pontos de controlo priori e depois limitar-se a combin-

    los para os diversos percursos, j que dessa forma a qualidade das opes

    intermdias ficar comprometida.

    Percursos demasiado difceis para escales de promoo e de formao

    O planeamento de percursos adequados a jovens e principiantes to ou mais

    difcil do que o planeamento de percursos para os escales de Elite.

    bastante comum encontrar esses percursos com demasiada dificuldade fsica

    e/ou tcnica. O traador deve ter o cuidado de no estimar a dificuldade

    baseado na sua prpria capacidade quer fsica quer tcnica.

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    Percursos demasiado fceis para escales de Elite

    Para os escales Elite e Juniores A essencial que se consiga um conjunto de

    pernadas e de pontos de controlo de elevada dificuldade tcnica. prefervel

    diminuir um pouco um percurso, do que utilizar zonas demasiado fceis para

    estes escales.

    importante potenciar ao mximo as zonas interessantes do mapa, colocando

    pontos de controlo em locais que obriguem interpretao do mapa at ao

    elemento caracterstico e fazendo com que no seja possvel ver os pontos ao

    longe.

    Percursos demasiado exigentes fisicamente

    O percurso deve ser planeado de forma que um atleta mdio possa fazer a

    maior parte do percurso a correr.

    O desnvel acumulado de um percurso no deve, normalmente, exceder 4% da

    sua extenso total, medido pelas melhores opes.

    A dificuldade fsica dos percursos deve diminuir progressivamente com o

    aumento da idade nos escales veteranos.

    Pontos de controlo inadequados

    Por vezes o desejo de conseguir as melhores pernadas possveis, leva o traador

    de percursos a escolher locais inadequados para os pontos de controlo.

    essencial perceber que raramente os atletas notam a diferena entre uma boa

    e uma excelente pernada, mas vo ser bastante crticos se perderem tempo

    num ponto devido baliza estar escondida, se existir ambiguidade na sua

    localizao, sinaltica enganadora, etc.

    Pernadas com opes demasiado complicadas

    O traador de percursos pode ver opes de itinerrio, que nunca sero

    utilizadas pelos atletas e assim perder tempo a construir intricados problemas.

    No esquecer que o atleta em competio tem tendncia a escolher opes que

    no envolvam percas de tempo em planeamento. Como excepo temos as

    situaes que podero ser criadas na distncia Longa, obrigando os atletas a

    procurar opes mais longas mas mais rpidas.

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    Percursos no testados

    O Traador de percursos deve testar os diversos percursos, podendo recorrer a

    elementos da organizao de acordo com as suas capacidades tcnicas e fsicas

    adaptadas aos percursos correspondentes.

    O Percurso de Orientao

    Definio de um percurso de Orientao

    Um percurso de Orientao definido por uma partida, pelos pontos de

    controlo e pela chegada. Entre os pontos de controlo, dos quais dada a

    localizao exacta no terreno, atravs do mapa, o itinerrio da livre escolha

    dos atletas.

    As distncias dos percursos so medidas desde a partida, passando em linha

    recta por todos os pontos at chegada, desviando-se por, e apenas por,

    obstculos intransponveis (vedaes altas, lagos, falsias, etc.), reas interditas

    e itinerrios obrigatrios.

    Partida, Tringulo e Primeira Pernada

    A partida deve ter uma rea para aquecimento, podendo ser fornecido um

    pequeno mapa da rea para ser usado durante o mesmo.

    A partida deve estar colocada num local e organizada de forma a que os

    orientistas, para l chegarem e enquanto esperam para partir, no consigam

    ver as opes dos atletas em prova (excepto num eventual ponto de especta-

    dores).

    A escolha do local para a partida deve ter em ateno a necessidade de permitir

    o planeamento de percursos fceis. Se necessrio, e de forma a permitir bons

    percursos tanto de formao como de Elite, podero existir dois locais

    diferentes de partidas (um para os percursos mais curtos e outra para os

    percursos mais longos).

    Para isso, o terreno est balizado desde a linha de partida (local onde comea a

    contar o tempo, no indicado no mapa) at ao local a partir do qual os atletas

    se comeam a orientar (geralmente designado por tringulo). Este ponto deve

    estar marcado no terreno com uma baliza sem sistema de controlo, caso no

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    coincida com o local de recolha do mapa, e no mapa por um tringulo (com 7

    mm de lado).

    O tringulo deve estar posicionado de

    forma a que no seja vantajoso no

    passar por ele a caminho do primeiro

    ponto (no exemplo ao lado, P representa

    o local efectivo de partida). Recorda-se

    que no obrigatrio passar pelo

    tringulo, a menos que isso seja

    indicado no mapa.

    Os orientistas devem ser confrontados com problemas de Orientao logo

    desde o incio. No entanto, a primeira pernada (entre o tringulo e o ponto 1)

    no dever ser demasiado difcil nem fisicamente nem tecnicamente, de forma

    a permitir ao orientista ambientar-se ao mapa e ao tipo de terreno.

    Por vezes torna-se necessrio criar uma pr-partida como forma de compensar

    a exiguidade do espao disponvel, de reduzir o desnvel ou de controlar o

    acesso dos atletas partida quando possa interferir com os percursos.

    No entanto, para a escolha dos locais de partida e de chegada tem de existir

    estreita colaborao entre traador de percursos e director da prova, pois

    existem outros factores a ter em ateno, como sejam a comodidade dos

    participantes, o local de concentrao, a existncia de infra-estruturas de apoio

    para funcionamento do secretariado e das classificaes, etc.

    Pernadas

    As pernadas (em conjunto com a qualidade da localizao dos pontos de

    controlo) so o elemento mais importante de um percurso de Orientao e

    determinam a sua qualidade.

    Boas pernadas oferecem problemas de Orientao interessantes, conduzem os

    orientistas atravs de bom terreno, dando alternativas para opes

    individualizadas e escolha da informao necessria para navegar. A escolha de

    boas pernadas facilita tambm a disperso dos atletas.

    Num mesmo percurso devem existir diferentes tipos de pernadas, alternando a

    necessidade de pormenorizada leitura do mapa com opes mais fceis e

    rpidas. Deve tambm haver variaes no que diz respeito extenso e

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    dificuldade das pernadas, para forar o atleta a usar diferentes tcnicas de

    orientao e velocidades de corrida.

    Devero, sempre que possvel, existir pernadas que ofeream ao orientista a

    possibilidade de seleccionar, entre vrias opes de itinerrios numa pernada, a

    que se adequar melhor s suas capacidades.

    O traador de percursos deve tambm provocar alteraes na direco geral de

    pernadas consecutivas, pois isto fora os atletas a se reorientarem

    frequentemente.

    Cada tipo de percurso existente (longa, mdia ou sprint) tem as suas caracte-

    rsticas prprias que tero de ser tidas em considerao pelo traador de

    percursos.

    Situaes a evitar

    ngulos agudos - necessrio ter muito cuidado ao escolher a localizao dos

    pontos de controlo, por forma a evitar ngulos agudos (entrada e sada do

    ponto pelo mesmo itinerrio), para que os atletas que esto a sair do ponto de

    controlo, no denunciem a sua posio aos que chegam.

    Esta situao pode ser evitada, por exemplo, colocando-se um ponto de

    controlo suplementar (ver figura abaixo - esquerda).

    necessrio ter em ateno que este ngulo agudo pode ser provocado pelo

    terreno e no pelo ngulo real entre as pernadas (ver figura acima - direita).

    Uma situao semelhante pode ocorrer quando diferentes escales percorrem

    um conjunto de pernadas em direco oposta.

    Pernadas cruzadas - Quando existirem pernadas cruzadas deve-se evitar que o

    trao que une os pontos passe junto ou sobre outro ponto de controlo.

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    Factor sorte - Nenhuma pernada deve conter opes que dem qualquer

    vantagem ou desvantagem que no possa ser prevista atravs do mapa por um

    atleta em competio.

    Zonas interditas ou perigosas - No devem ser escolhidas pernadas que

    encorajem os orientistas a atravessar reas interditas (p.ex. zonas privadas ou

    cultivadas) ou perigosas (p.ex. falsias, rios, estradas).

    Pontos de controlo

    Localizao dos pontos de controlo

    Os pontos de controlo so materializados no terreno por uma baliza de

    orientao, equipada com um sistema de controlo e assinalados no mapa por

    um crculo (com 5 a 7 mm de dimetro).

    As balizas devem ser colocadas em elementos do terreno que estejam

    marcados no mapa. Num percurso tradicional, estes tm que ser visitados pelos

    orientistas pela ordem imposta pela organizao, mas seguindo as suas prprias

    opes de itinerrio. Isto exige cuidadoso planeamento e verificaes no

    terreno, para garantir justia na competio.

    de particular importncia que o mapa represente fielmente o terreno na rea

    do ponto de controlo e que as distncias e ngulos de aproximao estejam

    correctos.

    As balizas no devem estar situadas em elementos pequenos, s visveis a curta

    distncia, se no existirem outros elementos de referncia prximos.

    As balizas no devem ser colocadas em locais onde a visibilidade da baliza para

    atletas vindos de vrias direces, no possa ser avaliada atravs do mapa ou

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    da sinaltica. Devem ser tambm evitadas situaes em que a presena de um

    atleta junto ao ponto ajude outro atleta a localiz-lo.

    As balizas devem estar colocadas de forma a que s sejam visveis quando o

    orientista veja o elemento em que ele est colocado, do lado indicado na

    sinaltica. No entanto, os pontos no devero estar escondidos de forma a que

    dificultem a sua localizao pelo orientista que j tenha chegado ao elemento

    onde est o ponto.

    Considera-se que o ponto est escondido quando o orientista que tenha

    chegado ao elemento caracterstico onde est o ponto de controlo no o

    consegue ver na exacta localizao indicada pela sinaltica. Quer isto dizer que

    se o ponto de controlo est no lado Norte de uma pedra, o atleta deve avist-lo

    logo que veja a base Norte dessa pedra.

    A baliza deve ter a mesma visibilidade para os primeiros que partem como para

    os ltimos. Como tal deve-se evitar colocar os pontos junto a vegetao que

    fique mais aberta medida que os participantes vo passando.

    O equipamento do ponto de controlo deve estar de acordo com as regras para

    competies internacionais de Orientao.

    Funo dos pontos de controlo

    A principal funo do ponto de controlo marcar o incio e o fim de uma

    pernada.

    Por vezes h necessidade de usar pontos com outros fins especficos, como por

    exemplo:

    - obrigar os orientistas a contornar reas perigosas ou interditas, ou seja,

    colocar pontos onde se quer que exista uma passagem obrigatria (por

    exemplo numa ponte para atravessar um rio);

    - evitar ngulos agudos entre pernadas;

    - abastecimento;

    - ponto de espectadores.

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    Proximidade dos pontos de controlo

    Pontos de controlo de diferentes percursos colocados muito prximos uns dos

    outros, podem enganar atletas que navegam correctamente at rea do

    ponto.

    Os pontos de controlo s devem ser colocados a menos de 60 metros uns dos

    outros, quando os elementos onde se encontram so distintamente diferentes

    no terreno e no mapa. Neste caso a distncia mnima de 30 metros.

    Nas provas de Sprint em zonas urbanas, comum existir a necessidade de no

    se cumprir esta regra. Neste caso, deve existir autorizao do Supervisor da

    prova para colocar pontos mais prximos que o regulamentado.

    Sinaltica do ponto de controlo

    A posio da baliza em relao ao elemento representado no mapa, descrita

    pela sinaltica. A correspondncia entre o elemento no terreno e o ponto

    marcado no mapa no deve suscitar qualquer dvida. Os pontos de controlo

    que no possam ser definidos pelos smbolos da IOF, no so normalmente

    adequados e devem ser evitados.

    A chegada

    O ltimo ponto de controlo , geralmente, comum a todos os percursos

    (geralmente com o nmero 100 ou 200), de forma a que todos os atletas

    abordem a chegada pela mesma direco. Este ponto no dever ser de grande

    dificuldade tcnica.

    Os espectadores na zona de chegadas no devero conseguir ver o percurso

    dos orientistas antes destes chegarem ao ltimo ponto.

    A distncia entre o ltimo ponto de controlo e a chegada dever ser curto.

    Poder ser mais longa caso se pretenda dar visibilidade chegada dos atletas,

    por exemplo, numa zona de espectadores e/ou para cmaras de televiso.

    O itinerrio desde o ltimo ponto de controlo at chegada poder ser ou no

    balizado. No entanto, como em Portugal normal este itinerrio ser balizado,

    deve ser comunicado aos atletas antes da partida caso o balizado seja

    incompleto ou no exista.

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    Tipo de Provas (Perfil e Distncias)

    Embora as competies oficiais sejam todas baseadas no mesmo conceito e

    regras, existem diversas distncias oficiais (Sprint, Mdia, Longa, Ultra-Longa)

    onde dever existir uma variao considervel no equilbrio entre a leitura do

    mapa, escolha do itinerrio e capacidade fsica.

    Consoante o tipo de prova a realizar existem tambm diferentes tipos de

    terreno mais adequados sua especificidade.

    A escala do mapa deve ser escolhida tendo em considerao que se deve

    privilegiar a fcil leitura do mapa, ou seja, no deve ser difcil ver qualquer

    elemento no mapa.

    Sprint

    Preferencialmente mapas de grande complexidade tcnica e que permitam uma

    elevada velocidade de progresso. Embora exista em Portugal uma grande

    tradio de organizar provas de Sprint em meio urbano, possvel e desejvel a

    realizao de provas desta natureza em floresta aproveitando zonas muito

    pormenorizadas de terreno.

    Caso sejam realizadas em meio urbano, devem-se planear percursos onde seja

    muito importante a rapidez de interpretao do mapa com muitas mudanas de

    direco.

    Escala 1:5000 ou 1:4000.

    Distncia Mdia

    Mapa rico em pormenores de difcil e de fcil interpretao, diferentes tipos de

    navegao e velocidade quer derivado do tipo de floresta e dos seus

    pormenores (relevo, reas rochosas, vegetao), quer pelos prprios percursos,

    suas mudanas de direco e localizao dos pontos de controlo.

    Deve exigir aos orientistas um grande nvel de concentrao ao longo de todo o

    percurso.

    Escala 1:10000. Em caso de terreno com muito detalhe pode-se utilizar a escala

    1:7500 mediante autorizao da FPO.

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    Distncia Longa

    Baseia-se na boa escolha de pernadas longas em terreno fisicamente exigente.

    Devem-se utilizar mapas que tenham barreiras naturais, principalmente ao nvel

    do relevo, mas tambm da vegetao, falsias ou zonas muito tcnicas. Poder

    tambm ser interessante a existncia de alguns caminhos que possibilitem uma

    opo mais longa, para evitar zonas tcnicas (caso esta seja a melhor opo,

    nunca dever ser bvia nem fcil de descortinar).

    Em geral, o ponto de controlo ser apenas o ponto de chegada de uma pernada

    longa e no necessariamente difcil de encontrar.

    Escala 1:15000 (1:10000 para escales de formao e escales menos jovens).

    Caso o mapa fique muito confuso (como consequncia do desenho dos

    percursos ou do terreno muito detalhado) pode-se utilizar 1:10000 para todos

    os escales mediante autorizao da FPO.

    Distncia Ultra-Longa

    Um percurso que exija ao atleta a necessidade de gerir o esforo fsico e

    psicolgico com predominncia de opes longas. aconselhvel a realizao

    deste tipo de provas em terrenos montanhosos, de grande exigncia fsica e

    tcnica.

    Escala 1:15000

    Estafetas

    O traado de percursos para estafetas deve ter em conta a necessidade dos

    espectadores poderem seguir de perto a evoluo da competio. Deve ser

    usado um bom sistema de juno/separao nos percursos, para aumentar o

    nmero de combinaes de percursos possveis, de forma a minimizar as

    colas.

    A parte final dos vrios percursos deve ser idntica, de forma a aumentar a

    espectacularidade da prova, j que atletas que terminam juntos esto a

    competir directamente entre si.

    Escala 1:10000 ou 1:15000.

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    Escales de Formao

    Para alm dos cuidados especiais que se devem ter com os percursos para estes

    escales, dever tambm ser dada muita ateno escala a utilizar. Caso o

    terreno seja muito detalhado, devem-se utilizar (para as provas de distncia

    Longa e Mdia) escalas de 1:7500 ou at mesmo 1:5000 para facilitar a leitura

    do mapa por parte dos jovens.

    Outras Caractersticas de um Percurso

    Terreno

    Terreno exigente

    Um terreno exigente e adequado dever ter vrias das seguintes caractersticas:

    Zonas de floresta; visibilidade limitada; terreno com muitos detalhes e

    pequenos elementos; rede de caminhos reduzida; desnvel moderado; zonas

    sem construes e no cultivadas; piso que permita a corrida; vegetao

    moderada; terreno com muitas variaes.

    Terreno pouco exigente ou inadequado

    A combinao de vrias das seguintes caractersticas tornam um terreno

    inadequado para uma prova de orientao (no seu formato tradicional): reas

    abertas com muita visibilidade; uniformidade; poucos elementos que permitam

    a orientao; muitas estradas e caminhos; muitos elementos lineares e

    fechados; zonas muito cultivadas; encostas com grande desnvel; povoaes;

    lagos extensos.

    Tambm se deve ter em considerao o nvel de conhecimento que alguns

    atletas possam ter do terreno e/ou do mapa. Em Portugal, as regras exigem a

    utilizao de mapas novos em Campeonatos Nacionais.

    A leitura do mapa

    Num bom percurso de Orientao os orientistas so forados a concentrar-se

    na navegao, durante todo o percurso.

    Devem ser evitadas seces que no solicitem leitura do mapa, a no ser que

    elas sejam resultado de opes de itinerrio particularmente boas (como as

    aconselhadas no tpico anterior Terreno para a Distncia Longa).

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    -- 43 --

    Opes de itinerrio

    Os percursos devem ter opes de itinerrio alternativas, para forar os

    orientistas a consultar o mapa frequentemente. As opes de itinerrio

    alternativas fazem os orientistas pensar individualmente, dividindo-os pelas

    vrias opes, reduzindo assim as possibilidades de colas.

    O grau de dificuldade

    Para qualquer tipo de terreno e mapa, um traador de percursos pode planear

    percursos com vrios nveis de dificuldade. O grau de dificuldade das pernadas

    pode ser aumentado ou diminudo, fazendo, por exemplo, os atletas seguir

    mais perto ou mais longe de referncias lineares (caminhos, vedaes, linhas

    elctricas, etc), ou escolhendo pontos mais prximos ou mais afastados de

    grandes referencias. A direco de abordagem dos pontos tambm influencia a

    sua dificuldade.

    Os orientistas devem ter a possibilidade de avaliar a dificuldade de aproximao

    ao ponto, a partir da informao disponvel no mapa, e assim utilizar a tcnica

    de aproximao mais apropriada.

    Deve ser tida em ateno a capacidade tcnica dos atletas, a sua experincia e a

    sua capacidade de compreender os pormenores do mapa. particularmente

    importante conseguir o nvel correcto de dificuldade, quando o percurso se

    destina a principiantes e crianas.

    Como foi j referido antes, um erro comum fazer os percursos de formao e

    de promoo demasiado difceis. O traador de percursos deve ter cuidado para

    no avaliar a dificuldade do percurso de acordo com a sua prpria capacidade

    tcnica e velocidade de execuo.

    Um bom mtodo para traar percursos de forma a tornar o nvel dos percursos

    adequado, comear pelos percursos mais fceis (Infantis) e mais difcil (H21E)

    e depois a partir dessas referncias extremas fazer todos os restantes

    percursos.

    Medio da Distncia e do Desnvel

    A distncia de um percurso deve ser medida em linha recta desde a partida (e

    no apenas do tringulo) passando por todos os pontos de controlo e at

    chegada, devendo ser considerados desvios na medio apenas em zonas de

  • Orientao - Desporto com Ps e Cabea Federao Portuguesa de Orientao - FPO

    -- 44 --

    transposio impossvel (lagos, falsias intransponveis, vedaes altas, etc),

    reas marcadas como fora de prova e itinerrios balizados.

    O desnvel deve ser medido pelo itinerrio em linha recta apenas com os

    desvios que todos os orientistas fariam de grandes elevaes e depresses,

    como tal, o itinerrio desta medio geralmente no ser a opo perfeita.

    Marcao do percurso no mapa

    Caso se trate de um elemento de pequenas dimenses, os

    crculos que indicam a localizao dos pontos devem estar

    centrados no elemento especfico, sendo a sinaltica que

    indica o lado do elemento onde est colocado. O crculo no

    deve ser desviado para tentar indicar esse lado.

    essencial a verificao, em todos os pontos de controlo e pernadas, se os

    respectivos crculos e traos no se sobrepem informao relevante do

    mapa. Isto consegue-se cortando os traos e os crculos de forma a no

    esconder os elementos importantes do mapa.

    tambm importante que os traos e crculos no se sobreponham entre si, ou

    seja, que no existam crculos atravessados por traos, ou crculos que se

    sobreponham. Tambm os traos das pernadas devem ser cortados nos locais

    onde se cruzam, ficando contnuo o trao da primeira pernada.

    Em relao aos nmeros dos pontos de controlo, nunca devero ser cortados,

    mas sim colocados numa posio que no esconda informao importante do

    mapa. Em caso de pontos demasiado prximos, a localizao dos nmeros deve

    ser cuidada de forma a no se confundir o ponto a que pertence cada nmero.

    O tamanho dos diversos elementos (tringulo, crculos, nmeros dos pontos,

    etc) deve ser o indicado nas especificaes para a elaborao de mapas (ISOM

    e ISSOM).

    Tempos Recomendados

    Tempos dos vencedores

    A tabela seguinte contm os tempos de vencedor recomendados para cada

    escalo em cada distncia (Longa, Mdia e Sprint) indicados no Regulamento de

    Competies 2011 da FPO.

  • Federao Portuguesa de Orientao - FPO Orientao - Desporto com Ps e Cabea

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    Distncia longa

    Distncia mdia

    Sprint Estafetas

    (percurso)

    D H D H D H D H

    Seniores 70-80 90-100 30-35

    12-15

    30-40

    Juniores 50-55 65-70 30-35 25-30

    Veteranos I 50-55 65-70 30-35 25-30

    Veteranos II 45-50 55-60 30-35 25-30

    Veteranos III 40-45 50-55 30-35 25-30

    Veteranos IV 35-40 45-50 25-30 25-30

    Juvenis 45-50 50-55 25-30 20-25

    Iniciados* 35-40 20-25 15-20

    Infantis* 20-25 - * N mnimo recomendado de pontos por percurso: 12.

    Os pernadas destes escales no devem ter distncias superiores a 400 metros

    (iniciados) e 300 metros (infantis).

    Provas de Floresta

    Provas Urbanas / Sprint

    Estafetas (por percurso)

    Promoo 1 20-25

    15-20

    Popular Curta 15-20 Promoo 2 25-30

    Promoo 3 45-50 Popular Longa 25-30 Promoo 4 45-50

    Distncias oficiais

    Apesar de existirem e serem referidas apenas 3 distncias oficiais (longa, mdia

    e sprint) comum encontrarem-se percursos de distncia intermdia entre a

    Longa e a Mdia. Devem-se incentivar os clubes a realizar Longas, mas, caso

    no seja possvel, os traadores de percursos podero fazer a mdia entre os

    tempos de vencedor das duas tabelas para encontrar os valores para estes

    percursos intermdios.

    Provas de Sprint

    As provas de sprint podem e devem ser em Floresta, aproveitando as zonas

    tecnicamente mais interessantes dos mapas. No entanto, devero ser em

    terrenos que permitam uma elevada velocidade de progresso.

  • Orientao - Desporto com Ps e Cabea Federao Portuguesa de Orientao - FPO

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    Escales de formao

    Para os escales de formao (Infantis e Iniciados) as pernadas devero ter, no

    mximo, 300 e 400 metros respectivamente. Estes escales devero ter,

    preferencialmente, um mnimo de 12 pontos de controlo, tanto nas provas de

    distncia Longa como de Mdia.

    Escales Veteranos

    Os escales Veteranos superiores (D55, D60, H55, H60, H65, H70), devero ter

    dificuldade tcnica relativamente elevada, mas necessrio ter especial

    ateno exigncia fsica do percurso que dever ser baixa.

    Nmero de pontos no terreno

    De forma a conseguir a especificidade do nvel de dificuldade dos pontos de

    controlo de cada percurso, e para minimizar as colas necessrio diminuir o

    nmero de pontos de controlo comuns entre percursos, o que s se consegue

    se o traador de percursos no tiver problemas em aumentar o nmero de

    pontos de controlo no terreno (sem entrar em exageros que dificultem a

    logstica da montagem dos pontos). Isto torna-se crucial nos escales de

    formao que, em geral, no devero ter pontos coincidentes com os percursos

    tecnicamente mais difceis (excepto, claro, no ltimo ponto, pontos de

    espectadores ou de passagem obrigatria).

    Percursos de Promoo

    Para os percursos de Promoo devem ser aproveitados ao mximo