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O Livro Negro da Previdência

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Page 1: Livro Negro 2009

O Livro Negroda Previdência

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LIVRO NEGRO DA PREVIDÊNCIA SOCIAL

CAPA - HMPTEXTO - Paulo César Régis de SouzaCOLABORAÇÃO - Prof. JB Serra e GurgelIMPRESSÃO - Studio9 ComunicaçãoREVISÃO - Mania do LivroTodos os direitos reservados àANASPS - ASSOCIAÇÃO NACIONAL DOS SERVIDORESDA PREVIDÊNCIA E DA SEGURIDADE SOCIAL

© ANASPS - Associação Nacional dos Servidores da Previdência e da Seguridade Social

Livro Negro 2009

Ficha catalográfica

Livro Negro da Previdência, Texto: Paulo César Régis de Souza; Colaboração: Prof. JB Serrae Gurgel360 p.ISBN 85 98760-02-01Temas: 1) Previdência Social pública e privada; 2) custeio, financiamento, arrecadação, fisca-lização, recuperação de crédito; déficit; 3) benefícios previdenciários, acidentários e assistenciais;4) previdência complementar; 5) previdência dos regimes próprios; 6) gestão, administração,fraudes, recursos humanos, Prevcidade; 7) Dataprev; 8) fórum e 3ª. reforma; 9) crédito con-signado; 10) demografia , cálculo atuarial, fator previdenciário

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Apresentação..................................................................................................................................05

A Previdência no Pré-Sal........................................................................................................08

Considerações do Ministério Público........................................................................................10

Defesa da Previdência Social Pública.........................................................................................14

Plano de Carreira do INSS............................................................................................................16

Produtividade dos Servidores do INSS......................................................................................19

Evolução da Previdência Social...................................................................................................21

Previdência Urbana........................................................................................................................23

Ação da Advocacia-Geral da União............................................................................................26

Fundo de Previdência do Servidor Público – Funpresp.........................................................29

Lei de Greve.....................................................................................................................................35

Servidores.........................................................................................................................................38

Censo Previdenciário.....................................................................................................................53

Reforma da Previdência................................................................................................................56

Envelhecimento da População....................................................................................................65

Crédito Consignado – endividamento de aposentados e pensionistas...........................78

Previdência Privada.......................................................................................................................82

Desoneração Previdenciária.........................................................................................................88

Previdência do Microempreendedor..........................................................................................96

Previdência Rural.........................................................................................................................101

Refis 5 – Super Refis, Refis da Crise.........................................................................................105

Ação do Supremo Tribunal Federal..........................................................................................114

Renúncia Contributiva................................................................................................................123

Ação do Tribunal de Contas da União......................................................................................128

Dataprev...................................................................................................................................................................135

Projetos Paulo Paim....................................................................................................................137

Benefícios Acidentários..............................................................................................................164

Benefícios Previdenciários.........................................................................................................170

Índice

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O LIVRO NEGRO DA PREVIDÊNCIA SOCIAL 2009

Prevcidade...............................................................................................................................183

Dívida Ativa...................................................................................................................................188

Previdência Complementar........................................................................................................191

Administração Previdenciária....................................................................................................202

Regimes Próprios.........................................................................................................................216

Acordos e Decisões Judiciais......................................................................................................240

Déficit.............................................................................................................................................250

Filantrópicas..................................................................................................................................257

Reajuste dos Benefícios Acima do Mínimo.............................................................................306

Reajuste de Benefícios do Salário-Mínimo..............................................................................309

Receita Previdenciária................................................................................................................314

Combate à Fraude........................................................................................................................326

Ação do Ministério Público Federal........................................................................................351

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ANASPS - Associação Nacional dos Servidores da Previdência e da Seguridade Social

A Associação Nacional dos Servidores da Previdência e da Seguridade Social – ANASPSapresenta a 6a edição do Livro Negro, relativa a 2009, publicação que se tornou referência noprograma institucional da ANASPS.

Há pelo menos duas razões que convalidam esta referência. Uma, a credibilidade daANASPS, instituição que reúne 53 mil dos 80 mil servidores ativos, inativos e instituidores depensão da Previdência Social, especialmente do INSS. Outra, a seriedade com que elaboramosnossos documentos, com o selo da isenção e da responsabilidade.

Nenhuma das edições anteriores teve qualquer crítica negativa, restrição, contestação;muito pelo contrário. A avalanche das manifestações de acolhida, difundidas na nossa publica-ção ANASPS ON LINE, via web, serve de estimulo para que prossigamos nesta diretriz edito-rial. Foram manifestações de ministros dos tribunais superiores, senadores, deputados, governa-dores, juízes, desembargadores, promotores, procuradores, professores de Direito, especialistasem Previdência Social, ou não, todos expressando o reconhecimento da importância e do nívelda publicação. Em alguns casos, professores solicitaram exemplares adicionais para que servis-sem de apoio a estudos acadêmicos em suas instituições.

Quando lançamos o Livro Negro, lá atrás, em 2003, nosso propósito era um só: contri-buir para que se criasse no país massa crítica e consciência, principalmente na elite pensante,sobre a Previdência Social, o gigantesco programa de inclusão social, de promoção humana, devalorização da vida, iniciado em 1923 por Eloy Chaves.

Constatamos que nestes 86 anos os avanços foram poucos, pois, como já dissemos emoutras oportunidades, “ainda é imensa a ignorância e má-fé, inclusive das autoridades públicas do Executi-

vo, do Legislativo e do Judiciário, sobre seus fundamentos, princípios, elementos constitutivos do pacto de gerações,

segurança, bem-estar social, tranquilidade, futuro, aspirações e desejos das pessoas que dela participam como

segurados contribuintes ou beneficiários”.

O Ministério da Previdência Social segue fragilizado por sucessivos ministros incompe-tentes e ignorantes. Foi duramente desfigurado quando lhe arrancaram a receita previdenciária,perdendo, com este gesto extemporâneo, sua capacidade de formulação de políticas de Previ-dência Social, já que não tem o comando ou ingerência sobre o financiamento do Regime Geralde Previdência Social – RGPS, assim como não tem sobre os demais regimes, seja os Próprios(públicos, da União, Estados e Municípios), seja os complementares, fechados ou abertos. Éespantoso que não tenha. Não se trata de uma deformação formal de gestão, mas de umadeformação estrutural. O INSS paga um preço altíssimo por isto, e o seguro social acabounivelado por padrões frontalmente inversos aos propósitos do que seja Previdência Social.

Ao invés de sonho e esperança de gerações, a Previdência Social foi transformada empesadelo.

O Estado parece distante, e a sociedade ainda mais, desta questão que é a essência daPrevidência Social.

Ninguém contribui para um sistema de previdência social para receber o benefício mí-nimo. Este é assegurado pelo Estado a quem trabalhe ou não quando não tiver capacidade

Apresentação

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laborativa e meio de prover sua própria subsistência. A contribuição deveria garantir, em princí-pio, que o aposentado tivesse a mesma renda que tinha quando trabalhava, a fim de manter opadrão de vida adquirido ao longo dos anos.

Dos 26,8 milhões de benefícios previdenciários e assistenciais mensalmente pagos pelogoverno, em março de 2009, cerca de 6,2 milhões (42,4%) dos 14,6 milhões de aposentados epensionistas urbanos recebem um salário-mínimo de benefício. A estes “pobres” acrescentem-se os 7,6 milhões de “aposentados e pensionistas rurais” e os 3,1 milhões que recebem benefí-cios assistenciais.

É um empobrecimento que se acentuou a partir do fator previdenciário, em 1999, e doaumento diferenciado para os que recebem o mínimo e acima do mínimo.

O sonho de se aposentar com 10 salários-mínimos há muito virou pó. Na concessão, amédia de 2007 foi de apenas R$ 614,76, menos de dois salários; e na manutenção, R$ 602,30.

Uma Previdência que não mais assegura uma velhice tranquila serve para quê?Ainda bem que não se levou adiante, em 2008, a 3a Reforma da Previdência Social,

urdida no Fórum da Previdência Social.Os ministros Luiz Marinho e José Pimentel não tiveram entusiasmo pelo eixo da 3a

Reforma, que seria o de reduzir os benefícios assistenciais a 50% do salário-mínimo, adotar noRGPS o teto do mínimo, mandando para a previdência privada aberta quem desejasse um bene-fício superior ao mínimo, e elevar a idade mínima para 70 anos (homens) e 65 anos (mulheres),mantendo-se o modelo do fator previdenciário que retarda a concessão e estabelece mais tempode contribuição.

O ministro Pimentel tem enfrentado questões objeto de críticas da ANASPS, nas edi-ções anteriores do Livro Negro, tais como a melhoria salarial dos servidores, a modernização dasinstalações, ampliação da rede de atendimento, recuperação da Dataprev, revisão do Prevcidade,criado pelo tucanato para fazer politicagem, que tem tocado no financiamento da PrevidênciaRural, mesmo não considerando a proposta da ANASPS de transferir tais benefícios para oorçamento fiscal.

A lógica perversa desta solução é que o sistema atual de financiamento, da contribuiçãosobre a folha, não tem como financiar a massa de aposentados e pensionistas. Mas tal sistema jáfoi impactado, desde 2003, pelas transferências de grandes parcelas da Seguridade Social queentraram no fluxo de caixa, cobrindo o déficit corrente, ou a “necessidade de financiamento”,no eufemismo contábil do MPS.

No fracassado Fórum, “nenhuma proposta – insisto, nenhuma proposta – foi apresen-tada para se corrigir as distorções existentes, persistentes e candentes, seja no financiamento doRGPS, seja na Receita Previdenciária, incluindo dívida administrativa e dívida ativa. Nós daANASPS fizemos o possível e o impossível para propor a discussão do financiamento (Receita)no tal Fórum, mas fomos barrados, com a alegação de que não somos sindicato...”.

Nesta edição, quebramos o paradigma das edições anteriores, sem prejuízo da qualidadede nosso projeto editorial, de expor com a mesma veemência e mesma seriedade os “buracosnegros” que perpassam a Previdência Social, cuja situação estrutural se agravou substancialmen-te em 2008.

Os agravos se deram especialmente no âmbito da receita previdenciária, extratada doMPS e alocada na Fazenda, uma situação que, insistimos, é no mínimo atípica

Exemplos disto estão contidos nas propostas e nas intervenções feitas pelo Executivo,sem que o MPS tivesse sido consultado: na reforma tributária, com a desoneração da contribui-ção do empregador, de 22% sobre a folha de salários, mexendo numa estrutura de financiamen-to que não está esgotada, na efetivação da renúncia da contribuição do empregador para os

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ANASPS - Associação Nacional dos Servidores da Previdência e da Seguridade Social

exportadores de produtos de informática, na ampliação da renúncia dos microempreendores,no alongamento do prazo de 20 anos para o “não” pagamento das dívidas dos Estados e dosMunicípios e santas casas para com a previdência social, prática desejada, por isonomia, portodos os devedores, no escândalo da filantrópicas, ou pilantrópicas, impondo-se ao MPS, deten-tor dos direitos econômicos da renúncia, papel secundário no processo de concessão, cedendoseus direitos a ministérios despreparados, como os da Educação, Saúde e Assistência Social, e naexpansão desmedida da “indústria dos parcelamentos e reparcelamentos”, agora já banalizadano Refis 5, Super-Refis, ou Refis da Crise, com prêmios e bônus aos caloteiros da previdência eno perdão indiscriminado aos caloteiros, por absoluta incapacidade gerencial de cobrança dedívidas e recuperação de créditos.

Outros agravos, decorrentes da incapacidade do MPS de defender seus próprios inte-resses, transferidos a outras esferas de poder, completamente descompromissadas das obriga-ções contratuais pactuadas com contribuintes e beneficiários do RGPS, resultaram de decisõesjudiciais que reduziram a decadência dos devedores de dez para cinco anos, apagando parte dasdívidas, liberaram os apropriadores indébitos da prisão e do pagamento dos valores de que seapropriaram.

Ressaltamos que nossas observações e críticas não são dirigidas a pessoas.Julgamo-nos detentores de responsabilidades e compromissos de evitar que o ideário

de Eloy Chaves, que caminha para completar 87 anos, o ideário de várias gerações de brasileiros,se deteriore ainda mais.

Registramos os esforços empreendidos pelo ministro José Pimentel que funcionaramcomo sopro de modernização no MPS, estancaram momentaneamente o desmanche da Previ-dência Social, sua privatização. Ao seu esforço deliberado se acentuou a crise mundial, que deuum tranco nas previdências complementar, aberta e fechada, atreladas que estavam à desenfre-ada especulação financeira. Afirmamos que a politização e partidarização da previdência com-plementar fechada, pública, é uma ameaça ao seu futuro e seu equilíbrio atuarial, do mesmomodo que proclamamos que o foco da previdência complementar aberta, que transforma títu-los de investimentos especulativos de alto risco, custo de administração e carregamento, emtítulos de previdência, é um grande engodo, cujas consequências mais cedo ou mais serão apre-sentadas à sociedade brasileira.

É bem verdade que o MPS está distante das questões cruciais e estruturais. Está confi-nado a tratar apenas da forma, e não da essência do problema.

Assim como na Previdência Social não existe benefício sem contribuição, e todas asiniciativas nesta direção são assistencialistas, paternalistas, proselitistas e fraudam um dos princí-pios básicos do sistema, não se pode conceber um programa que não tenha controle sobre seufinanciamento nem uma autarquia ,como o INSS, sem receita.

Paulo César Régis de Souza

Presidente da ANASPS

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A Previdência no Pré-Sal

A Previdência social pública em seus 86 anos foi alvo de múltiplas ações de desmonte,tendo os vários governos utilizado seus recursos, que são dos trabalhadores para várias obras,como CSN (Companhia Siderúrgica Nacional), Brasília, Belém-Brasília, Itaipu, Transamazônica,Ponte Rio Niterói etc, etc, etc. nenhuma como se vê com a finalidade de melhorar os benefíciospelos quais os trabalhadores pagaram por 35 anos para uma aposentadoria decente.

O RGPS (Regime Geral de Previdência Social) brasileiro, por não ser de capitalização,mas de repartição simples, foi mal interpretado pelos governos que sacaram a fundo perdidosobre o patrimônio do trabalhador, dilapidando-o.

Além disso, governo e parlamentares, com a omissão das lideranças dos trabalhadores,criaram ao longo dos anos vários benefícios, sem a devida fonte de custeio, entre elas aposenta-doria para índio, pai de santo, prostituta, mãe solteira...

Hoje o INSS, paga em dia 26, 9 milhões de beneficiários, em 2008 teve uma arrecada-ção líquida de R$ 163,3 bilhões, efetuou pagamentos de R$ 199,5 bilhões, e contabilizou umdéficit nominal de R$ 36,2 bilhões. As contas porem fecharam em azul com as transferências daSeguridade Social de R$ 62,3 bilhões que também cobriram os pagamentos com os benefíciosassistenciais.

Lamenta-se porem que a Previdência tenha mais de R$ 300 bilhões de créditos públicose privados a receber, créditos administrativos e judiciais, decorrentes de uma gestão temeráriade sua receita, em má hora transferida à Receita Federal e à PGF (Procuradoria Geral da Fazen-da Nacional). Mais do que isso: tem uma sonegação de 30% a 40% e vem sendo desequilibradapelos subsídios dados aos aposentados rurais e autônomos, e pelas renuncias contributivas deR$ 17,0 bilhões projetadas para 2009, com benefícios concedidos às filantrópicas,microempresários, exportadores rurais, exportadores de produtos de informática.

Tudo criado por quem?Bem agora esta na hora da retribuição, por parte dos governantes, está na hora de

reajustar com a justiça devida as aposentadorias e pensões, está na hora de acabar com o fatorprevidenciário, está na hora de devolver a dignidade aos nossos aposentados, está na hora dedevolver a esperança aos atuais 36,4 milhões de contribuintes (futuros aposentados), está nahora de acabar com o falso déficit, amplamente atenuado pelos recursos da Seguridade Social(COFINS – Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social e CLSS – ContribuiçãoSocial sobre Lucro Líquido) e que poderá desaparecer de vez através da criação de um fundoprevidenciário com parte dos recursos do pré-sal.

O ministro da Previdência Social, deputado José Pimentel, está propondo ao Presiden-te Lula que uma parcela dos recursos gerados pelo petróleo extraído no pré-sal sejam destina-dos ao financiamento da inclusão previdenciária aos trabalhadores rurais, autônomos emicroempresários. A idéia foi lançada em outubro de 2008 pelo ministro quando reivindicouque recursos do pré-sal se destinassem ao custeio da previdência rural, altamente deficitária eque impacta e trava a previdência urbana. Hoje, o custeio de tal previdência, a exemplo do queacontece com os benefícios assistenciais, já é feito com recursos da Seguridade Social.

Paulo César Régis de Souza (*)

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ANASPS - Associação Nacional dos Servidores da Previdência e da Seguridade Social

A proposta do ministro Pimentel teve acolhida do Presidente Lula e da ministra DilmaRoussef que inicialmente pensaram direcionar os recursos do pré-sal para a educação. Lula eDilma admitiram todavia que seria possível a criação de um fundo previdenciário com parte dosrecursos do pré-sal.

A abertura do debate sobre a destinação dos recursos do pré-sal que ficarão com aUnião, não se sabendo ainda o percentual, fez com que vários ministérios se interessassem ementrar no rateio. Não há a fórmula jurídica definitiva e nem se sabe se a comissão interministerialdo pré-sal está trabalhando numa proposta legislativa sobre tal destinação. Também não hádecisão do governo sobre a gestão do pré-sal, havendo os que defendem que a Petrobrás assu-ma tudo e outros que seja criada uma nova estatal de finalidade específica.

Para a ANASPS a idéia do fundo previdenciário é a melhor alternativa, lembrando queno passado existiu uma cota de previdência cobrada sobre a venda de derivados de petróleo paracusteio da Previdência Social urbana.

Hoje, a previdência urbana pode ter condições de se equilibrar e de ser superavitária seo governo adotar providências gerenciais na arrecadação, mas a previdência rural continua defi-citária. Arrecada um pouco mais 10% do que necessita. Em 2008, necessita de R$ 39,9 bilhões/ano, e arrecadou apenas R$ 4,9 bilhões/ano”.

Por outro lado, o vigoroso programa de inclusão previdenciária deflagrado pelo gover-no do Presidente Lula, tentando a universalização da Previdência Social pública, está demandan-do recursos adicionais. O Tesouro, com recursos da Seguridade Social, já paga todos os 3,3milhões de benefícios assistenciais e os 7,7 milhões de benefícios rurais. Os subsídios de contri-buição oferecidos aos autônomos e aos micro-empreendedores terão que ter cobertura para ofechamento de contas. No momento, o Tesouro já paga os autônomos e poderá assumir com osrecursos do pré-sal o custeio dos micro-empreendedores.

Dados do DatANASPS indicam que parte dos beneficiários urbanos, na faixa de umsalário mínimo, quase 7,0 milhões, são autônomos.

Onde há vida inteligente há esperança, me parece que o Ministro Pimentel de bancáriopassou a ser previdenciário de carteirinha, preocupado que está em encontrar uma solução paraequacionar o financiamento do RGPS.

Os atuais e os futuros segurados da previdência social agradecem.

(*) Paulo César Regis de Souza é presidente da Associação Nacional dos Servidores da Previdência e

da Seguridade Social - ANASPS.

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O LIVRO NEGRO DA PREVIDÊNCIA SOCIAL 2009

MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL

PROCURADORIA FEDERAL DOS DIREITOS DO CIDADÃO

OFÍCIO No 585/2009/PFDC/MPF – GPC

Brasília, 19 de maio de 2009.

Ao SenhorPAULO CÉSAR RÉGIS ICE SOUZAPresidente da ANASPS – Associação Nacional dos Servidores da Previdência e

Seguridade Social – SCS Qd. 01 – Bloco K, no 30, Salas 1001/1004 Ed. Denasa70398-900 – BRASÍLIA – DF

Assunto: Encaminha relatório de análise do Livro Negro da Previdência, edição de2008.

Senhor Presidente,

Cumprimentando-o, encaminho a Vossa Senhoria o relatório de análise do Livro Negroda Previdência, edição de 2008, realizado pelos Procuradores Regionais da República Geisa deAssis Rodrigues e Robério Nunes dos Anjos Filho, designados pela PFDC a analisarem o livroe proporem medidas judiciais e extrajudiciais que se fizerem necessárias.

Na oportunidade, ressalto o compromisso do Ministério Público Federal na proteção edefesa dos direitos do cidadão, prestigiando a interlocução com os órgãos de classe que têmigual compromisso com os direitos sociais.

Atenciosamente,

GILDA PEREIRA DE CARVALHO

Subprocuradora-Geral da República

Procuradora Federal dos Direitos do Cidadão

Considerações do Ministério

Público

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ANASPS - Associação Nacional dos Servidores da Previdência e da Seguridade Social

MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL

PROCURADORIA REGIONAL DA REPÚBLICA DA 38a REGIÃO

RELATÓRIO DE ANÁLISE DO “LIVRO NEGRO DA PREVIDÊNCIA”

1.0 Considerações Gerais

Foi remetida à Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão o trabalho da AssociaçãoNacional dos Servidores da Previdência e da Seguridade Social (ANASPS), intitulado “LivroNegro da Previdência”, edição de 2008, contendo várias ponderações sobre o regime de previ-dência do Brasil. Foi então nomeada uma Comissão, formada pelos subscritores do presenterelatório, para examinar o mencionado texto com o objetivo principal de subsidiar o Grupo deTrabalho Previdência e Assistência Social, e propor a adoção de medidas judiciais e extrajudiciaiscabíveis para apurar os fatos noticiados.

A publicação consiste basicamente na apresentação das opiniões da ANASPS, atravésde seu representante legal, o Sr. Paulo César Régis de Souza, sobre diversos aspectos relaciona-dos ao sistema previdenciário, abrangendo tanto o regime de previdência dos servidores públi-cos como a previdência dos trabalhadores em geral, e de uma coletânea de reportagens de váriosveículos jornalísticos sobre esses temas. As questões são retratadas de forma bastante genérica,sem a divulgação de denúncias específicas, o que não impede que alguns dados registrados naobra possam ensejar linhas de investigação do Ministério Público Federal.

Como é cediço, o Ministério Público tem como atribuição velar pelo cumprimento doordenamento jurídico, estruturado nos princípios e normas constitucionais, e na legislaçãoinfraconstitucional. Ainda que, em virtude da características do sistema jurídico hodierno, ohermeneuta tenha que lidar com a interpretação de enunciados mais elásticos, de conceitosjurídicos indeterminados e de normas eminentemente principiológicas, o certo é que o estatutojurídico é o limite da atuação do Ministério Público. Destarte, as questões de esfera política queantecedem à elaboração normativa não estão no âmbito de controle da instituição.

Portanto, várias importantes questões suscitadas no trabalho, que são adequadamentesubmetidas ao crivo do debate político pela ANASPS, refogem do campo de atribuições doMinistério Público, como, por exemplo, o tratamento jurídico dado a algumas questões peloconstituinte e pelo poder de reforma: a adoção de regras diferenciadas para a previdência dotrabalhador rural, baseada no princípio da solidariedade com o regime contributivo do trabalha-dor urbano; o chamado fator previdenciário, introduzido pela Emenda Constitucional no 20/1998; a previsão da previdência complementar; a atual política de implementação dos benefíciosassistenciais; a possibilidade de regulamentação da greve de servidor público; o indicativo cons-titucional de ampliar a cobertura previdenciária para donas de casa e trabalhadores de baixarenda, introduzido pela Emenda Constitucional no 47/2005; dentre outros.

Ademais, em outras hipóteses ali discutidas temos opções legislativas que não contrari-am manifestamente a Constituição, como os projetos de lei relativos à isenção e redução decontribuição previdenciária, à ampliação da licença-maternidade, à possibilidade de reajustesdiferenciados dos valores dos benefícios previdenciários, e aos casos de redução do benefício dapensão por morte.

Anote-se, de outro lado, que embora tenha havido controvérsia à época, inclusive como acompanhamento do Ministério Público, não prevaleceu o entendimento de que a “SuperReceita”, concebida pela Lei no 11.457/2007, padeça de alguma inconstitucionalidade (prece-dentes admitindo a nova organização tributária: TRF 1a Região, AC 200534000169473, 7a T.,

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O LIVRO NEGRO DA PREVIDÊNCIA SOCIAL 2009

DJU de 06/03/2006, p.142; TRF 2a Região, 3a T., AC 200702010093372, DJU de 07/01/2008;TRF 3a Região, la T., 200661000142284, DJ de 19/01/2009, p. 295).

Existem, ainda, críticas a outras propostas de alteração constitucional e infraconstitucional,tais como a mudança da idade mínima para a aposentadoria, principalmente no bojo de umafutura Reforma da Previdência Social, o que não enseja, ao menos no presente momento, umaatuação específica do Ministério Público, tendo em conta que se trata de um debate restrito àinstância política.

Há menção, também, a questões que já vêm sendo tratadas pelo Ministério PúblicoFederal ou para as quais já existe pronunciamento do Poder Judiciário, como, aliás, é retratadono próprio livro. Podemos citar como exemplo o combate à apropriação indébita previdenciária,rotina cotidiana dos colegas que oficiam em matéria criminal, sobretudo na luta pela revisão dosentendimentos jurisprudenciais que admitem a causa de excludente de culpabilidade dainexigibilidade de conduta diversa para os empresários que deixam de repassar as contribuiçõesdescontadas dos trabalhadores, em virtude de dificuldades financeiras e o pagamento da dívidacomo causa de extinção da punibilidade. Quanto aos programas desproporcionais derefinanciamento de dívidas, como o REFIS 1, a Procuradoria-Geral da República já intentouação direta de inconstitucionalidade por violação ao princípio republicano e à igualdade, nãotendo sido a iniciativa exitosa (Adin 3002). Do mesmo modo, o Supremo Tribunal Federal já sepronunciou sobre a constitucionalidade da cobrança da contribuição previdenciária de servidorinativo (ADIN 3105-8, rel. Min. César Peluso).

Saliente-se, de outra monta, a existência de investigações específicas e de medidas jáadotadas sobre renúncias previdenciárias relativas a instituições filantrópicas e a empresas ru-rais; adequação da política de empréstimo consignado; redução dos prejuízos dos segurados;combate aos efeitos deletérios da alta programada. Tais ações e medidas estão sendo levadas acabo em diversas esferas do Ministério Público Federal, como consta na base de dados daProcuradoria Federal dos Direitos do Cidadão, acessível no site www.pfdc.pgr.gov.br.

Quanto à má gestão do atendimento da Autarquia Previdenciária, existem várias inicia-tivas já adotadas em inquéritos civis e ações judiciais, bem como no bojo do Grupo de Previdên-cia e Assistência Social, como o “Dia Nacional da Inspeção das Agências Previdenciárias”, ereuniões realizadas com a Presidência do INSS e com o Senhor Ministro da Previdência eAssistência Social.

No que concerne ao Projeto de Lei no 92/2007, que versa sobre a criação da FundaçãoEstatal, cumpre informar que o Ministério Público, especialmente através dos colegas que ofici-am em matéria de saúde, vem acompanhando detidamente estas discussões, e que apenas com aaprovação do projeto se poderá avaliar o efetivo cumprometimento ou não dos princípios cons-titucionais reitores da Administração Pública pela iniciativa legislativa.

Cumpre lembrar, por pertinente, que os fatos relacionados à previdência gerida pelosEstados e Municípios, assim como as discussões sobre os benefícios de acidente de trabalho,não estão na alçada do Ministério Público Federal.

2.0 Sugestões de atuação

De qualquer sorte, existem aspectos abordados no trabalho que se revelam úteis para oaprimoramento do exercício das nossas atribuições. O primeiro ponto é que temos que conju-gar o atendimento da legislação previdenciária aos cidadãos, sem descuidar da higidez do siste-ma previdenciário, e o necessário combate à alta sonegação, que segundo o documento estariapor volta de 30% a 40% do total da arrecadação, sendo ínfima a recuperação dos créditos

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sonegados.Deve-se continuar o trabalho de verificação da cobrança dos maiores devedores do

INSS, de há muito iniciado. Do mesmo modo, talvez fosse interessante uniformizar as medidasadotadas para fiscalizar o cumprimento das condições legais pelas instituições filantrópicas emtodo o país. Deve-se, ainda, acompanhar de forma mais detida a política de incentivos fiscaisque comprometam a arrecadação do INSS em áreas específicas, como o campo da informática,que também é retratado no documento sob análise.

Além das observações apresentadas no trabalho, a própria história brasileira sobre aprevidência complementar demanda uma atuação coordenada para a garantia da liquidez futurados vários fundos previdenciários, sobretudo examinando a legislação vigente e o efetivo papelfiscalizatório das instituições responsáveis.

Devemos, também, divisar um trabalho mais efetivo no que tange à implementação dosregimes próprios de previdência, no âmbito federal, de modo que os direitos constitucionais dosservidores não sejam comprometidos.

Um ponto que merece destaque é a necessidade do controle da implementação dosprogramas de reabilitação e requalificação dos segurados doentes e inválidos, uma vez que háum reconhecido déficit de atuação do Poder Público nesta matéria. A questão é bastante comple-xa, pois demanda a conjugação da ação de vários setores da Federação e até mesmo da socieda-de.

Não identificamos a existência de nenhum procedimento de acompanhamento dastratativas sobre o leilão da folha da previdência, proposta que provavelmente será implementadano decurso do ano de 2009 pelo governo federal, diante de recomendação do Tribunal deContas da União. Há que se ponderar o interesse público de obter ganhos com a administraçãode uma folha de 26 milhões de beneficiários geradora de vantagens econômicas para instituiçõesfinanceiras e o interesse social de garantir a comodidade de todas as pessoas usuárias do serviçode pagamento da previdência social.

Do mesmo modo, desconhecemos medidas de acompanhamento do funcionamentodo “Prevcidade”, que existe nos Municípios onde não há agência da previdência social, paraverificar a adequação dos serviços aos interesses da comunidade local, sem o seu indevido usopolítico-partidário. Talvez fosse interessante obter uma listagem do INSS sobre todos os locaisonde existem convênios que permitem que órgãos municipais atuem como agência federal, eavaliar se há algum tipo de comprometimento dos interesses que estão sob o encargo de nossainstituição.

Por fim, gostaríamos de reconhecer a importância deste diálogo com a sociedade parasubsidiar e aprimorar o exercício das atribuições do Ministério Público Federal.

GERSA DE ASSIS RODRIGUES

PROCURADORA REGIONAL DA REPÚBLICA

ROBÉRIO NUNES DOS ANJOS FILHO

PROCURADOR REGIONAL DA REPÚBLICA

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O LIVRO NEGRO DA PREVIDÊNCIA SOCIAL 2009

ANASPS sugere a criação de uma secretaria no MPS para tratar do financiamento daprevidência

Em 02.10, a ANASPS propôs a criação de uma Secretaria no âmbito do MPS paraformulação de políticas públicas voltadas para o financiamento do sistema.

A proposta foi feita considerando que a exclusão do Ministério da Previdência Social edo INSS de qualquer participação no planejamento, execução e controle do financiamento daPrevidência Social pública, desde que a Receita Previdenciária foi incorporada pela Receita Fe-deral, tem resultado em sucessivas ações legislativas e judiciárias contra o equilíbrio,sustentabilidade e liquidez do Regime Geral de Previdência Social (RGPS).

O presidente da ANASPS assinalou que o Presidente Lula poderia acolher a propostada ANASPS e determinar que seja criada no âmbito do Ministério da Previdência Social umasecretaria com finalidade específica de acompanhar o comportamento da receita previdenciária,já que a execução está com a Receita Federal, cabendo-lhe definir políticas e alternativas definanciamento, combater os desequilíbrios estruturais do descasamento da contribuição e adespesa da previdência rural, concessão de renúncias contributivas e adoção de políticas com-pensatórias caso ocorra a desoneração da folha. Tais estudos e propostas não devem ser daFazenda mas da Previdência.

ANASPS denuncia várias intervenções oficiais que agravam o futuro da previdênciaEm15.08, a ANASPS voltou a denunciar uma série de intervenções oficiais que tendem

a agravar as dificuldades da Previdência Social pública, aumentar o déficit de caixa, reduzir acapacidade de financiamento, afetar o equilíbrio atuarial e a sustentabilidade do RGPS, queconta com 35,6 milhões de segurados contribuintes e de 25,6 milhões de segurados beneficiários.

A ANASPS listou os últimos golpes:– exclusão pura e simples do Ministério da Previdência e do INSS de que qualquer

iniciativa proposta sobre o financiamento do RGPS;– implantação dos Refis 1,2,3,4 e 5 beneficiando os caloteiros;– ampliação do prazo de 5 para 20 anos para que os devedores públicos e santas casas

“não paguem” os débitos previdenciários;– incorporação da Receita Previdenciária pela Receita Federal, com 4 mil auditores

fiscais e 5 mil servidores de nível médio;– transferência da dívida ativa do INSS inicialmente para a AGU e depois para a PGFN;– redução pelo Supremo do prazo de decadência (prescrição) dos débitos de 10 para 5

anos;– inclusão da desoneração previdenciária, sem que o Ministério da Previdência fosse

consultado, na proposta de reforma tributária,– ampliação da renúncia previdenciária para o Supersimples sem que igualmente o

Ministério da Previdência fosse consultado, e das entidades “pilantrópicas” de todos os calibres,chegando a R$15 bilhões/anuais.

Defesa da Previdência

Social Pública

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ANASPS - Associação Nacional dos Servidores da Previdência e da Seguridade Social

– instituição da renúncia previdenciária para os produtores e exportadores de produtosde informática, sem que o Ministério da Previdência fosse consultado;

– adoção de novo entendimento segundo o qual a apropriação indébita contra a previ-dência social não é crime, mas somente um “desvio” do dinheiro que descontou do empregadoe dele se apropriou por alguma necessidade premente e, por isso, não recolheu;

– omissão total e completa, nos últimos dois anos, dos órgãos responsáveis pela fiscali-zação, cobrança, recuperação de crédito dos débitos previdenciários, que passam dos R$ 300bilhões.

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ANASPS propõe emendas ao Plano de Carreira

Em 15.09, a ANASPS admitiu, depois de analisar a proposta do governo, que “aindanão temos um Plano de Carreira, Cargos e Salários na sua verdadeira concepção, com princípio,meio e fim, como o que apresentamos ao ex-ministro e ao atual ministro da Previdência. O quetemos é um conjunto de ações emergenciais para compor uma situação salarial emergencial, jáque estamos e continuaremos sendo muito mal pagos. Contra isto, vamos ao Congresso proporemendas.

O custo total decorrente da implementação da proposta de reestruturação da Carreirado Seguro Social será da ordem de R$ 205.113.802,00 em 2008; R$ 1.441.929.358,00 em 2009;R$ 2.220.829.474,00 em 2010; R$ 3.410.050.808,00 em 2011; e de R$ 3.620.610.644,00 nosexercícios subsequentes, alcançando 33.898 servidores ativos, 29.615 aposentados e 6.558instituidores de pensão, totalizando 70.071 beneficiários.Os dados são oficiais.

As novidades foram a adoção de uma jornada de trabalho de 40 horas semanais, prati-camente liquidando na prática com carreiras de 30 horas, em vigor há mais de 30 anos, já queserá assegurada aos que optarem por 40 horas uma remuneração maior; alterando o pagamentodas aposentadorias e pensões instituídas até 19/02/2004 para 40 pontos a partir de 1o/07/2008,e 50 pontos em 1o/07/2009, passando nesta data a remuneração dos servidores a ser compostapelo Vencimento Básico – VB + Gratificação de Atividades Especiais – GAE + Gratificação deDesempenho de Atividades do Seguro Social – GDASS, não fazendo mais jus à percepção daVantagem Pecuniária Individual – VPI . Em 1o/07/2010, a GAE será incorporada ao VB.

ANASPS mostra que aposentados do INSS terão perdas no novo plano de car-

reira aprovado pelo governo

Em 18.08, a ANASPS divulgou dados elaborados pelo DatANASPS provando que osaposentados do INSS terão perdas com o novo Plano de Carreiras, Cargos e Salários do INSS.Os de nível superior terão perdas de 33% já em julho de 2008, e chegarão a 36% em novembrode 2011. Os de nível intermediário saltarão para 32% de perdas já em julho de 2008, e baterão os33% em novembro de 2011.

O presidente da ANASPS citou, por exemplo, a enxurrada de gratificações de desempe-nho, criadas por FHC e Lula, muitas vezes umas se superpondo a outras, como estratégia para aquebra de paridade, sem que meçam desempenho de nada, e são concedidas aos ativos, na basede 100 pontos, e quando não negadas, são repassadas aos aposentados na base de 40/50 pontos.Tais gratificações estão excluídas das futuras aposentadorias, mas têm se constituído na únicamelhoria salarial possível. Em diversas oportunidades manifestamos nossa opinião a esse siste-ma.

Vejam os dados do DatANASPS:

Plano de Carreira do INSS

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ANASPS protesta contra exclusão de aposentados e pensionistas do novo plano

de carreira da previdência

Em 30.06, o Presidente da ANASPS manifestou-se vigorosamente contra a exclusãodos aposentados e pensionistas da nova Proposta de Carreira previdenciária proposta pelo Mi-nistério da Previdência Social para os servidores do INSS e disponibilizada no Canal Pontual, aintranet da Previdência, em 26.06.

“Não foi isto o que vínhamos negociando com o governo.”A ANASPS reconheceu, entretanto, que a proposta do governo traz uma a pequena

melhoria na tabela salarial dos servidores do INSS, nos níveis superiores e intermediário, nasclasses inicial e na final, mas denunciou que em agosto próximo as remunerações desses servi-dores de nível superior (NS) continuarão inferiores às remunerações dos cargos de nível inter-mediário (NI) da SUSEP em dezembro de 2007, autarquia do Ministério da Fazenda responsá-vel pela Previdência Privada.

Em fevereiro de 2009, a proposta apresenta um avanço com a criação de uma novaclasse, embora a remuneração final dos NS, de R$ 6.019,49, ainda permaneça inferior à inicialdos técnicos da SUSEP, R$ 8.484,53, e Auditores Fiscais, de R$ 10.155,82.

Por outro lado, acirra as desigualdades de remuneração entre os servidores ativos eaposentados, conforme podemos observar no quadro abaixo:

ANASPS propõe seu plano de carreira

Em 30.04, a Diretoria Executiva da ANASPS, liderada pelo presidente Paulo CésarRegis de Souza, acompanhado pelos Vice-Presidentes, Elienai Ramos Coelho, Verônica Rocha eFrancisco Rayol, entregou ao ministro da Previdência Social, Luiz Marinho, uma nova propostade Plano de Carreira para os servidores da Previdência, incluindo o Ministério e o INSS.

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Os principais pontos do novo Plano de Carreira:– Institui uma única Carreira Especialistas com dois cargos, um de NS (Nível Superior)

e um de NI (Nível Intermediário), acabando com as cinco Carreiras e 64 cargos de NS e 99 deNI, nas duas carreiras do INSS – Seguro Social e Previdenciária e duas do PMS e do PGPE;

– Mobilidade e flexibilização, sendo possível a movimentação de servidores do INSSpara o MPS e vice-versa, dentro das mesmas áreas de atividade, ou seja, previdência social,corrigindo-se a distorção atual;

– Será implantado moderno modelo de Sistema Integrado de Gestão de Pessoas porcompetências;

– Perspectivas de crescimento em função de complexidade ou dificuldade das tarefasexecutadas, com o desempenho atrelado ao crescimento na carreira

– Estrutura do cargo / carreira atrelada à estrutura salarial, ao crescimento e à melhoriade remuneração. Ganhará melhor quem executar tarefas de maior complexidade e proficiência.

O Presidente da ANASPS informou que a folha total do INSS, em 2007, foi de R$863.468.185,00. Os Auditores Fiscais e os Procuradores, aposentados e instituidores de pensãocustaram R$ 309.613.049,00, enquanto os demais servidores do INSS, de nível superior e inter-mediário, custaram R$ 445.120.344,00.

Acrescentou que a força de trabalho do INSS hoje é composta por 34.220 servidoresativos, sendo 30.012 de Nível Intermediário e 4.208 de Nível Superior.

Outra proposta da ANASPS é que na nova Carreira sejam recrutados especialistas paracompor tanto o quadro técnico do Ministério quanto do INSS, no plano estratégico e operacional,especialmente para atuar na Previdência Complementar, no RGPS e nos Regimes Próprios.Com isto poderiam ser devolvidos, em futuro próximo, os 380 Auditores-Fiscais da ReceitaFederal do Brasil, que exercem atividades de especialistas no Ministério e no INSS, colocandoem foco questões atinentes À desvalorização e ao achatamento salarial dos servidores especialis-tas da previdência, de níveis superior e intermediário, enquadrados nos menores patamares daTabela de Remuneração dos Servidores Públicos Federais.

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O DatANASPS mostra a produtividade dos servidores do INSS

Nestes dois quadros do DatANASPS são apresentados dados que comprovam a altaprodutividade dos servidores do INSS, nem sempre reconhecida.

O 1o, de forma consolidada, anual, mostra que passaram pela mãos dos servidores, noexercício de 2008, 22,5 milhões de processos de benefícios previdenciários e acidentários.

O 2o atesta a capacitação profissional dos servidores que, em 2008, tiraram da folha depagamentos do INSS – sem traumas ou alardes – nada menos de 5,7 milhões de benefícios, gerandouma economia de R$ 3,8 bilhões, e incluíram outros 4,4 milhões no valor de R$ 2,9 bilhões.

Produtividade dos Servidores

do INSS

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Servidores do INSS realizaram 35 milhões de atendimentos em 2007

Em 15.10, dados do Anuário Estatístico da Previdência divulgado pelo MPS revelaram que,em 2007, os servidores do INSS realizaram 35 milhões de atendimentos nas 1.219 agências daPrevidência Social, com média mensal de 2,9 milhões de atendimentos, cerca de 145 mil/dia,efetuados pelos 39.398 servidores ativos, inclusive 5.090 médicos peritos.

Os dados levantados se diferenciam dos acompanhados pelo DatANASPS, com baseno Boletim Estatístico do MPS, compreendendo entradas, indeferimento e represamento de bene-fícios previdenciários e acidentários, benefícios concedidos, cessados e suspensos.

Servidores do INSS movimentaram em 2007cerca de 23,7 milhões de processos

Em 20.03, o DatANASPS divulgou dados mostrando que os 30 mil servidores doINSS que atuam na linha de frente de análise, concessão, manutenção e auditoria de benefíciosprevidenciários e acidentários movimentaram 23,7 milhões de processos em 2007, contra 26,1milhões em 2006, com média mensal de quase 2,0 milhões em 2007, e de 2,2 milhões em 2006.

O DatANASPS leva em conta nos benefícios previdenciários, entrada, indeferimento,represamento, cessação, suspensão e concessão; nos acidentários, entrada, indeferimento,represamento.

Os dados revelam ainda que, em relação aos benefícios acidentários, a ação da períciamédica própria, em 2006 e 2007, funcionou como um inibidor de benefícios (auxílio-doença,auxílio-acidente e aposentadoria por invalidez): para uma entrada de 2,8 milhões de pedidos em2006, registrou-se um indeferimento de 1,6 milhão, 59,71%. Já em 2007, os pedidos chegarama 3,6, e os indeferimentos alcançaram 2,3 milhões, 64,19%.

Paulo César Régis de Souza informou ainda que, em 2007, “os servidores tiraram dafolha cerca de 5.662.210 benefícios, produzindo uma economia de R$ 3,6 bilhões. Enquantoforam incluídos 4.173.350 benefícios, no valor de R$ 2,5 bilhões”.

Em 10.02, a ANASPS revelou que em 2007 o INSS concedeu 4,7 milhões de benefíci-os, no valor de R$ 2,5 bilhões, sendo o valor médio de R$ 614,76 (urbanos, R$ 692,32, e rurais,R$ 373,83 – abaixo do mínimo de R$ 380,00). No período de jan.-nov. de 2007, os servidores daPrevidência Social tiraram da folha 5,1 milhões de benefícios no valor de R$ 3,3 bilhões esuspenderam outros 258,1 mil. A cessação de benefícios é muito maior do que a concessão,tanto em quantidade quanto em valor. Na concessão, a média mensal foi de 347,7 mil benefíci-os/mês. Na cessação, 469,6 mil.

O DatANASPS divulgou ainda uma tabela que mostra a evolução de cessação e con-cessão entre 2004 e 2007:

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ANASPS - Associação Nacional dos Servidores da Previdência e da Seguridade Social

Os 200 anos da chegada da família real ao Brasil, em 1808, e os 85 anos da Lei EloyChaves, de 1923, foram lembrados pela FUNPREV Fundação ANASPS, Associação Nacionaldos Servidores da Previdência e da Seguridade Social –ANASPS, com o lançamento do livroEvolução da Previdência Social, do prof. JB Serra e Gurgel, da Universidade de Brasília, com prefá-cio do ex-ministro da Previdência Social, Jarbas Passarinho, apresentação do presidente daFUNPREV Fundação ANASPS, Paulo César Regis de Souza, e nota de contracapa do ministroda Previdência, Luiz Marinho.

O primeiro marco da Previdência brasileira foi um decreto real, de 1821, antes da Inde-pendência portanto, concedendo a jubilação ou aposentadoria para os professores que comple-tassem 30 anos de serviços no Reino do Brasil, Portugal e Algarves. Nesta época, a família realestava no Brasil. Não é exagero que coube a dom João VI criar a Previdência no Brasil, ainda quetenha sido a previdência para os servidores públicos.

Mais tarde, a partir da Independência, as aposentadorias dos servidores públicos, civis emilitares, davam-se mediante proposta do Primeiro-ministro e aprovação do Parlamento. Aindano Império, em 1835, instituiu-se a previdência privada dos montepios, que eram instituiçõesprivadas, de concessão pública, e recebiam afiliações de servidores públicos e de trabalhadores.A nossa Previdência, tal como a conhecemos, só surgiria em 1923 com a Lei Eloy Chaves, quecriou as caixas de Previdência.

No livro, de 286 páginas, que a FUNPREV Fundação ANASPS está enviando aosestudiosos, especialistas, professores, centros de estudos, pesquisadores de Previdência Social,cadastrados na ANASPS pelas colaborações nos Cadernos FUNPREV de Previdência, o prof.JB Serra e Gurgel, que desde 1974 vem trabalhando com Previdência Social, ex-servidor decarreira do Ministério da Previdência e Assistência Social, lista os grandes marcos institucionaise os acontecimentos cronológicos mais significativos. “O livro”, afirma o professor, “tem apreocupação de mostrar como ocorreu a evolução da Previdência no Brasil, facilitando suacompreensão e contribuindo para que seja mais bem entendida”.

Para o prof. JB Serra e Gurgel, os Grandes Marcos Institucionais da Previdência foram:Século XIX1815 – 1o Decreto do Reino de Portugal, Brasil e Algarves, concedendo jubilação aos

mestres professores com 30 anos de serviços.1835 – Aprovação do 1o montepio no Brasil, de caráter privado.Século XX1923 – Aprovação da 1a legislação de Previdência Social, com a criação da 1a caixa de

pensões e aposentadoria.1933 – Criação do 1o instituto de aposentadorias e pensões de caráter público.1960 – Edição da Lei Orgânica da Previdência Social.1966 – Unificação dos IAPs e criação do INPS.1971 – Instituição do Programa de Assistência ao Trabalhador Rural.

Evolução da Previdência

Social

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1974 – Reconhecimento das políticas públicas de Previdência e Assistência Social ecriação do 1o Ministério da Previdência e Assistência Social.

1974 – Instituição da Renda Mensal Vitalícia para os maiores de 70 anos.1977 – Criação do Sistema Nacional de Previdência e Assistência Social – SINPAS.1988 – Inclusão do conceito de Seguridade Social na Constituição.1990 – Extinção do SINPAS e do MPAS e criação do INSS.1993 – Instituição do Benefício de Prestação Continuada, pela Lei Orgânica da Assis-

tência Social.1998 – Promoção da 1a Reforma da Previdência, com supressão de conquistas constitu-

cionais e direitos sociais de trabalhadores privados e servidores públicos.Século XXI

2003 – Promoção da 2a Reforma da Previdência, com supressão de conquistasconstitucionais e direitos sociais de trabalhadores privados e servidores públicos, e taxação dosservidores públicos inativos.

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ANASPS - Associação Nacional dos Servidores da Previdência e da Seguridade Social

Em 2007, contribuintes somavam 40,1 milhões

Por Gerusa Marques, da Agência Estado, Jornal do Commercio, RJ, em 06.10O número de contribuintes da Previdência Social chegou a 40,1 milhões em 2007,

contra 37,4 milhões no ano anterior. Esses dados dizem respeito aos trabalhadores com carteiraassinada e fazem parte do Anuário Estatístico da Previdência Social de 2007, divulgado nestaquinta-feira pelo ministro da Previdência Social, José Pimentel. O aumento do número de con-tribuintes foi de 11,7% se comparado ao de 2005, que era de 35,9 milhões.

O estudo revelou que a maioria dos empregados que pagam INSS, 67,6% estão na faixade renda entre um e dois salários-mínimos. O ministro destacou que, apesar de a participaçãodas mulheres ter aumentado nos últimos anos, elas ainda são minoria entre os contribuintes. Em2007, as mulheres representavam 36% do total, e os homens, cerca de 60%. O alto índice deinformalidade entre os trabalhadores domésticos, cuja grande maioria é formada por mulheres,tem contribuído para esse quadro.

O ministro citou números da última Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios(PNAD), que revelam que dos 7 milhões de empregados domésticos 5,3 milhões não têmdireito à Previdência. Pimentel destacou ainda o aumento do número de trabalhadores quepagam as 12 parcelas anuais do INSS. Esse crescimento foi de 19,4% em 2007, chegando a17,35 milhões de pessoas. “Isso mostra uma maior regularidade na contribuição”, afirmou osecretário de Previdência Social, Helmut Schwarzer. Há ainda cerca de 23 milhões que deixamde contribuir em algum mês. O universo de contribuintes sobe para 51,2 milhões se foremconsideradas as pessoas que pagam individualmente o INSS, como os profissionais liberais.

Outro dado relevante do anuário é o aumento de 20% do grupo mais jovem, até 19anos, e de cerca de 10% do segmento entre 50 e 59 anos no total de contribuintes empregados.“Quando a economia está crescendo, o primeiro emprego vem junto”, disse o ministro. Segun-do Pimentel, as micro e pequenas empresas são as que mais contratam jovens.

Cresce 20% o total de jovens contribuintes

Publicou a Gazeta Mercantil, Caderno A, p. 5, São Paulo, em 03.10O aumento no número de contribuintes para a Previdência Social, entre pessoas com

até 19 anos e as que têm entre 50 e 59 anos, foi um dos destaques do anuário estatístico daprevidência social, divulgado ontem pelo Ministério da Previdência Social.

Os dados mostram que de 2006 para 2007 o número de jovens com até 19 anos quecontribuem para a Previdência cresceu 20,54%. Na faixa entre 55 e 59 anos, o aumentou foi de11,03%. A alta foi de 9,15% dos contribuintes que têm idade de 50 a 54 anos.

De acordo com o ministro da Previdência Social, José Pimentel, o dado é reflexo docrescimento econômico brasileiro. “Estamos assistindo, com o crescimento econômico, a gera-ção do primeiro emprego. E na outra faixa, as pessoas com maior experiência voltando aomercado de trabalho por conta dessa necessidade de mão de obra mais qualificada”, explicou.

Previdência Urbana

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Pimentel afirmou ainda que as micro e pequenas empresas são as responsáveis porcontratar os jovens até 19 anos e empresas de tecnologia e de exportação estão empregando aspessoas cima de 50 anos.

Mais jovens contribuem para a Previdência Social

Publicou Carlos Alberto, em O Globo, em 03.10:Mais jovens estão contribuindo para a Previdência Social, de acordo com o Anuário

Estatístico da Previdência Social de 2007. Com o aquecimento do mercado de trabalho, o uni-verso de segurados até os 19 anos saiu de 1,57 milhão em 2006 para 1,89 milhão no ano passado– alta de 20,54%.

Em seguida, aparecem os contribuintes entre 55 e 59 anos, cuja participação subiu11,03%, para 2,12 milhões.

O grupo entre 20 e 40 anos representa a maioria dos filiados ao INSS. Entre os 20 e 24 anos,o crescimento foi de 2,74%, numa demonstração de que o desemprego juvenil ainda é alto no Brasil.

A Previdência Social fechou 2007 com 40 milhões de contribuintes, uma alta de 7,1%em relação ao ano anterior.

Total de empregados que recolhem a contribuição todo mês para o INSS salta

de 45,5%, há dez anos, para 51,2% em 2007

Por Sandra Kiefer, do Estado de Minas (MG), em 1o.10:A Previdência Social está recuperando o público que havia perdido para os camelôs, os

trabalhadores por conta própria e os terceirizados em geral. Pesquisa divulgada ontem peloInstituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) mostra que, no ano passado, a proporção deempregados que recolhiam a contribuição todo mês para o Instituto Nacional do Seguro Social(INSS) atingiu 51,2%, esbarrando no mesmo patamar verificado 20 anos antes (51,8%), em1987. “Deu um empate técnico entre os indicadores, por arredondamento de vírgula”, defineMilko Matijascic, especialista em seguridade social e diretor do Centro Internacional de Pobrezado Ipea pelas Nações Unidas. Ele lembra que, entre 2001 e 2007, o número de pessoas quearrecadam o INSS aumentou 32%, enquanto a população ocupada cresceu apenas 19%.

Até 1997, o número de pessoas que recolhiam o INSS era de apenas 45,5%. Durante todaa década de 1990, os indicadores mostram uma forte queda e, a partir de 2001, o início de umarecuperação. “Estamos saindo de uma catástrofe no mercado de trabalho. Ainda não retornamosaos níveis dos anos 80, mas tivemos uma alta importante. O trabalhador sem Previdência estásujeito não apenas ao desamparo na velhice, mas também à perda total de renda na família casovenha a sofrer um acidente na rua ou no ambiente de trabalho”, alerta o pesquisador.

Nas metrópoles, o índice de contribuição para o INSS caiu ainda mais, de 69,7% para57,6%, na mesma base de comparação. Já em relação à zona rural, o número de contribuintes daPrevidência Social subiu de 18,2% para 26,2%, entre 1987 e 2007. Apesar do crescimento, seteem cada dez ocupados não contribuem para a Previdência no campo. “Isso mostra que, naverdade, muitos trabalhadores abandonaram o mundo rural em 10 anos, passando a contribuirpara o INSS”, compara.

Pela primeira vez na história, a proporção de contribuintes da Previdência que estãoempregados ultrapassou a marca de 70%, alcançando 71% em 2007. “Esse número nunca foitão alto. É um motivo para festejar, apesar de 29% ainda estarem descobertos”, observa opesquisador, lembrando que no melhor ano (1987) da série histórica, o índice era de 63,4%.Segundo ele, o alto índice de formalização deixa o mercado de trabalho brasileiro mais fortale-cido em relação à crise financeira americana. “É consenso entre as autoridades que nenhum país

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sairá totalmente imune se a crise for muito séria. No Brasil, entretanto, o movimento podedemorar mais a afetar o mercado de trabalho, que está mais formalizado”, considera.

Previdência registra aumento de segurados jovens em 2007

Publicou a Folha Online, Brasília, em 02.03:Os trabalhadores de 16 a 19 anos foram os que mais cresceram entre as pessoas que

contribuem para a Previdência Social entre 2006 e 2007, seguidos pelos contribuintes entre 55 e 65anos. Os dados fazem parte do Anuário Estatístico da Previdência Social de 2007, divulgado hoje.

O número de trabalhadores jovens que contribuem para a aposentadoria pública au-mentou 20,5%, para 1,89 milhão. Na faixa que estaria entre 55 e 65 anos, houve um aumentomédio de 10%, totalizando 3,1 milhões.

Os percentuais estão acima do crescimento médio entre os contribuintes da Previdên-cia de todas as faixas etárias, que aumentou 6,89%, de 47,9 milhões para 51,2 milhões entre osdois anos.

Segundo a Previdência, o aumento do emprego entre os mais jovens se deve a um fatopositivo, a formalização do mercado de trabalho no Brasil. Já o crescimento nas faixas etáriasmais elevadas se deve à dificuldade das empresas de encontrar trabalhadores mais qualificados,o que fez muitas pessoas voltarem ao mercado de trabalho.

Carteira assinada

Dos 51,2 milhões de trabalhadores que contribuíram para a Previdência em 2007, 40,1milhões possuíam carteira assinada e 11,1 milhões eram contribuintes individuais ou autôno-mos. O primeiro grupo cresceu 7,15%, enquanto o segundo ficou praticamente estável.

A formalização também puxou o aumento dos contribuintes nas faixas salariais maisbaixas. Houve aumento de cerca 9,5% dos contribuintes que ganham até 2 salários-mínimos.

A Previdência verificoutambém uma menor rotatividade nomercado de trabalho. Isso pode sermedido pelo número de trabalha-dores que contribuíram em todosos 12 meses do ano, que cresceu17,4%, para 22 milhões.

Assim, cerca de 30 milhõesde pessoas não conseguiram man-ter a regularidade nas contribuiçõesao longo do ano passado.

Em relação aos trabalhado-res com carteira assinada, 60% doscontribuintes são homens. A parti-cipação menor das mulheres sedeve, segundo a Previdência, aogrande número de trabalhadorasdomésticas sem carteira e tambémàs autônomas. Das 7 milhões dedomésticas, apenas 1,7 milhão con-tribui para a aposentadoria pública.

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Em 17.11, o Procurador-Geral Federal e o Procurador Chefe da Procuradoria FederalEspecializada junto ao INSS assinaram Portaria Conjunta constituindo “grupo de trabalho de-nominado ‘GT – Prevenção de Demandas’, com a finalidade de promover estudos e propormedidas visando à prevenção de demandas judiciais e redução do nível de litigiosidade em facedo Instituto Nacional do Seguro Social – INSS”.

PORTARIA CONJUNTA No 128, DE 17 DE NOVEMBRO DE 2008

O PROCURADOR-GERAL FEDERAL e o PROCURADOR CHEFE DA PRO-CURADORIA FEDERAL ESPECIALIZADA junto ao INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL – INSS, no uso de suas atribuições legais,

Considerando que o Instituto Nacional do Seguro Social – INSS vem sofrendo grandeprejuízo pelo pagamento de honorários advocatícios, custas processuais e juros de mora decor-rentes de condenações judiciais em razão da manutenção, em alguns casos, de entendimentoadministrativo contrário à jurisprudência pacificada nos Tribunais Superiores;

Considerando que parte desses entendimentos já foi revista pela Advocacia-Geral daUnião através de Enunciados de Súmula da Advocacia-Geral da União, as quais vinculam osProcuradores Federais e, assim, impedem a sua defesa em juízo;

Considerando o acordo de cooperação técnica firmado entre o Conselho Nacional deJustiça – CNJ, o Conselho da Justiça Federal – CJF, a Advocacia-Geral da União – AGU e oMinistério da Previdência Social – MPS, com a interveniência do Instituto Nacional do SeguroSocial – INSS, com intuito de fomentar o estudo, promover o intercâmbio de informações eestabelecer a definição, padronização e implantação de procedimentos administrativos e judici-ais que permitam maior celeridade, qualidade, segurança, controle e transparência na tramitaçãode processos e na prestação jurisdicional aos segurados da Previdência Social e beneficiários daAssistência Social;

Considerando que a Advocacia-Geral da União e o Ministério da Previdência Socialeditaram a Portaria Interministerial no 08, de 03 de junho de 2008, instituindo o Programa deRedução de Demandas Judiciais do Instituto Nacional do Seguro Social – INSS, com o objetivode reduzir a quantidade de ações ajuizadas contra o INSS;

Considerando a necessidade de dar aplicação ao Programa de Redução de DemandasJudiciais do Instituto Nacional do Seguro Social – INSS, resolvem:

Art. 1o Constituir grupo de trabalho denominado “GT – Prevenção de Demandas”,com a finalidade de promover estudos e propor medidas visando à prevenção de demandasjudiciais e redução do nível de litigiosidade em face do Instituto Nacional do Seguro Social –INSS. (...)

AGU aceita direitos do servidor

Advocacia-Geral da União reconhece que Estado deve pagar auxílio-alimentação retro-ativo ao funcionário público em férias ou licença entre outubro de 1996 e dezembro de 2001.

Ação da Advocacia-Geral

da União

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Por Luciano Pires, do Correio Braziliense, em 20.09:Derrotada sistematicamente nos tribunais superiores, a Advocacia-Geral da União (AGU)

resolveu editar um pacote com oito súmulas reconhecendo direitos dos servidores públicosfederais. O gesto põe fim a pendências jurídicas que se arrastavam havia décadas e serve dealento para quem ainda busca reaver ou manter benefícios funcionais.

Com as súmulas, os advogados públicos ficam automaticamente desobrigados de con-testar decisões desfavoráveis. No curto prazo isso deverá reduzir de forma drástica o volume deprocessos que tratam de temas semelhantes e que abarrotam não só a AGU, mas também oSuperior Tribunal de Justiça (STJ) e o Supremo Tribunal Federal (STF). O governo não sabe aocerto quantas ações perderão a razão de existir nem o total de recursos envolvido.

Entre as súmulas está a que reconhece o direito de pagamento do auxílio-alimentaçãoretroativo ao servidor em férias ou licença entre outubro de 1996 e dezembro de 2001. Outradetermina que valores recebidos de “boa-fé” por falha na lei não precisam ser devolvidos. Umaterceira prevê que servidores aposentados que possuem os requisitos legais têm direito aos“quintos”.

A favor dos servidores AGU desiste de recorrer em milhares de ações movidas

por funcionários

Por Maria Eugênia, do Jornal de Brasília, em 19.09:A Advocacia-Geral da União (AGU) publicou oito súmulas que beneficiam milhares de

servidores públicos federais. Basicamente, elas desobrigam os advogados que representam osinteresses do governo a recorrem. O objetivo é desafogar o Poder Judiciário bem como otrabalho da AGU, já que atualmente cerca de 40% dos processos que exigem atuação do órgãotratam de demandas do funcionalismo.

Serão beneficiados pela medida servidores, por exemplo, que têm tíquete-alimentaçãopara receber em período de férias e quintos. Além disso, os funcionários que receberam recursosa maior por erro da administração pública ficam desobrigados a devolver o dinheiro aos cofrespúblicos

Com as súmulas, os representantes judiciais da União, suas autarquias e fundações pú-blicas ficam autorizados a não contestar os pedidos, não recorrer das decisões desfavoráveis, etambém, a desistir dos recursos já interpostos. As súmulas servirão de orientação aos órgãos eautoridades administrativas, além de propiciar a redução de ações judiciais em trâmite nos tribu-nais brasileiros.

Por lei, a AGU é obrigada a recorrer de qualquer ação que perca, assim que, ao desobri-gar o advogado público de insistir em teses já rechaçadas pela jurisprudência dos tribunaissuperiores, as súmulas permitem que o advogado se dedique às ações que efetivamente poderãoobter êxito.

Tíquete

As oito súmulas referem-se a assuntos distintos e são todas igualmente relevantes. A Súmula33, por exemplo, trata do direito dos servidores públicos federais de receber, a partir de 2002, oauxílio-alimentação também no período das férias, com efeitos retroativos. O Ministério do Planeja-mento já havia reconhecido o direito dos servidores, mas não havia atribuído o efeito retroativo.Dessa forma, multiplicaram-se as ações, com decisões desfavoráveis à União, suas autarquias e funda-ções, relativas às férias gozadas entre os anos de 1997 e 2001. Com a edição da súmula, os advogadospúblicos não terão mais que recorrer da decisão e os servidores receberão os atrasados.

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AGU publica súmulas que vão desafogar o Judiciário e garantir benefíci-

os ao cidadão

Em 18.09, a Advocacia-Geral da União editou oito súmulas que “servirão de orientaçãoaos órgãos e autoridades administrativas da instituição, além de propiciar a redução de açõesjudiciais em trâmite nos tribunais brasileiros. Por meio das súmulas, os representantes judiciaisda União, suas autarquias e fundações públicas ficam autorizados a não contestar os pedidos,não recorrer das decisões desfavoráveis e, também, a desistir dos recursos já interpostos”.

A Súmula no 34 dispõe sobre a devolução ao erário de parcelas remuneratórias recebi-das por servidores públicos, mesmo que recebidas de boa-fé. A Administração Pública tinha oentendimento de que era obrigatória a devolução. O Supremo Tribunal Federal (STF) decidiupelo não cabimento da devolução, assim como o TCU. Um exemplo: advogado público é pro-movido, recebe por isso e, depois, a Administração Pública considera a promoção indevida. Elenão terá que restituir a quantia recebida, pois a Administração Pública errou.

A Súmula no 35 trata dos critérios aplicáveis aos exames psicotécnicos nos editais deconcurso, que não previam a oportunidade do recurso administrativo. Por esta razão, foramajuizadas milhares de ações por candidatos reprovados nesta etapa. Diante da discussão, o STFe o Superior Tribunal de Justiça (STJ) firmaram entendimento de que o exame psicotécnicodeve estar previsto de forma clara e objetiva no edital do concurso, que deve prever, também, apossibilidade de o candidato recorrer.

A Súmula no 38 trata de uma questão, que não é recente, relativa à incidência da corre-ção monetária sobre verbas de natureza alimentar (salário ou remuneração). A AGU já haviaeditado o Parecer AGU/MF 01, em março de 1996, aprovado pelo Parecer GQ 111 do Advo-gado-Geral da União, no qual restou concluído que parcelas remuneratórias devidas pela Admi-nistração a seus servidores, se pagas com atraso, devem ser atualizadas desde a data em que eramdevidas até a do efetivo pagamento. No entanto, tais parcelas não estavam sendo pagas com adevida atualização, o que resultou em milhares de ações judiciais. A partir da vasta jurisprudên-cia do STJ, foi firmado entendimento de que o caráter alimentar, tanto do benefício previdenciário,quanto dos vencimentos do servidor, impõe que a correção monetária incida desde a parcelaque se tornou devida. Esta exigibilidade surge a partir do momento em que o servidor ou obeneficiário da previdência satisfaçam os requisitos legais e regulamentares em relação ao direitode receber determinada parcela do salário ou do benefício previdenciário. Após julgamento emúltima instância em que a parcela resulta devida, o servidor vai receber valor corrigido.

A Súmula no 40 trata dos servidores que se aposentaram após a revogação do art. 192da Lei no 8.112/90, pela Lei no 9.527/97, e não estão recebendo de forma cumulada vantagensdeste artigo, com o denominado quintos. Assim, em razão de centenas de questionamentosjudiciais, o STJ firmou entendimento quanto à possibilidade desta acumulação nos proventos deaposentadoria, permitida para aqueles servidores que detinham os requisitos legais para se apo-sentarem quando o art. 192 foi revogado. O TCU e o Ministério do Planejamento, Orçamentoe Gestão – MPOG também reconheceram este direito aos servidores públicos federais.

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Governo reage à elevação de alíquota patronal na Previdência de Servidores

Por Mônica Izaguirre,do Valor Econômico, em 06.06:O Ministério do Planejamento reagiu ao anúncio do deputado Nelson Marquezelli (PTB-

SP) e criticou a proposta de elevar a alíquota máxima de contribuição patronal ao futuro regimede previdência complementar dos servidores da União. Como relator do projeto de lei que criaesse regime, Marquezelli pretende apresentar, na próxima semana, um substitutivo elevando acontribuição máxima da União de 7,5% para 11%. Segundo o Planejamento, porém, além deimplicar maior custo fiscal, esse aumento não é necessário para garantir aposentadoria equiva-lente ou muito próxima ao salário da ativa. Com 11% de cada parte, alerta o ministério, osservidores que entrarem no novo regime, sobretudo os mais novos, poderão se apostar combenefício até 20% superior à média salarial dos últimos anos de carreira.

Quando propôs 7,5%, o governo baseou-se em critérios técnicos, disse, em entrevistaao Valor, Luis Antônio Padilha, diretor de um dos departamentos da Secretaria de Gestão doministério. Foi ele quem mais assessorou o ministro da Pasta, Paulo Bernardo, na elaboração doprojeto original, agora relatado por Marquezelli, encaminhado em setembro de 2007 ao Legislativo.

A alíquota foi proposta com base em estudos atuariais que consideram, entre outrositens, a idade média de ingresso no serviço público. Por esses estudos, levando em consideraçãoque o novo regime será de capitalização, 7,5% de contribuição da União e mais 7,5% do servi-dor, em média, bastam para assegurar aposentadoria praticamente integral ou integral, diz Padilha.Nos regimes capitalizados de previdência, as contribuições formam uma reserva, com controlecontábil individualizado, que rende juros e dividendos ao ser aplicada nos mercados financeiroe de capitais. Por isso, explica ele, a alíquota pode ser inferior à praticada no atual regimeprevidenciário próprio dos servidores federais, que é de caixa. Nos regimes de caixa, não háacumulação; as contribuições entram e já vão para o pagamento de benefícios.

Mesmo com alíquota de 11% do servidor e de 22% da União, o atual regime é deficitá-rio porque, além de não formar reserva, esse nível de contribuição não foi praticado desde oinício da vida laboral dos atuais aposentados e de parte dos ativos, acrescenta Padilha. Antes daConstituição de 1988, muitos contribuíam para a Previdência Social e não para um regimepróprio da União. Mesmo após a Constituição, a alíquota só se firmou em 11% a partir de 1998.

As contribuições do servidor e da União para o futuro regime complementar de previ-dência vão incidir sobre a parcela do salário que exceder montante equivalente ao teto de bene-fícios do Instituto Nacional de Seguro Social (o INSS, da Previdência Social), atualmente R$3.038,99. Essa é a parcela a ser garantida na aposentadoria pelo futuro Fundo de PrevidênciaComplementar dos Servidores Públicos Federais (Funpresp). Aposentadorias inferiores ou iguaisao teto do INSS a União continuará bancando, por intermédio de um regime previdenciáriobásico, a ser criado por outro projeto de lei, ainda a ser enviado. Para os servidores atuais, aadesão ao fundo será opcional. A ideia do relator é elevar o prazo de opção para cinco anos. Peloprojeto original, eles teriam 180 dias. Marquezelli pensa em deixar 180 dias apenas para servido-

Fundo de Previdência do

Servidor Público – Funpresp

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res que entrarem após a aprovação do projeto e antes da criação efetiva do Funpresp. Para quementrar depois, o regime complementar será na prática obrigatório, se o servidor tiver saláriosuperior ao teto do INSS, pois, caso contrário, ele só poderá receber o teto na aposentadoria.

O projeto que criará o regime básico também vai prever sua centralização num únicoórgão federal. Esse órgão, ainda não definido, também centralizará a gestão do atual regimepróprio, que terá que ser mantido por causa dos atuais servidores que não quiserem aderir aoFunpresp. Hoje, essa gestão é descentralizada. Cada Poder cuida do seus aposentados. Mas issoterá que mudar por força da Emenda Constitucional no 41. Um único órgão vai cuidar dasaposentadorias do Judiciário, Legislativo e Executivo.

Relator prevê contribuição de até 11% da União para previdência de servidor

Por Mônica Izaguirre, do Valor Econômico, em 05.06:O deputado Nelson Marquezelli (PTB-SP) promete concluir seu parecer ao projeto de

lei que institui um regime de previdência complementar para os servidores federais, apresentadoem setembro de 2007 pelo Poder Executivo. Responsável pela relatoria na Comissão de Traba-lho e Serviço Público da Câmara, ele proporá um substitutivo elevando para 11% a contribuiçãomáxima da União para esse regime.

A alíquota proposta pelo parlamentar supera a pretendida pelo governo, fixada em7,5% na versão original do projeto. Em contrapartida, contrariando pressões corporativas deservidores do Judiciário e do próprio Legislativo, o relator decidiu manter o que chama de“espinha dorsal” do projeto, que é a criação de um único fundo de previdência complementarpara os três poderes da União, o Funpresp. As pressões eram no sentido de permitir um fundopor Poder, o que, na visão do deputado, geraria perda de economia de escala.

No regime atual, os servidores já contribuem com 11% sobre todo o seu salário. AUnião, por sua vez, contribui com 22%. Esses percentuais deverão prevalecer para o regimebásico (aquele que vai pagar a parte da aposentadoria equivalente à da Previdência Social). Jápara o futuro regime complementar, a União poderá contribuir no máximo com 11% e aindaassim se prevalecer a versão proposta por Nelson Marquezelli. O deputado prefere essa alíquotaà do projeto original, para manter o princípio da paridade de contribuições previsto na legislaçãocomplementar à Emenda Constitucional no 41. Prevalecendo 7,5%, ou o servidor terá que redu-zir sua contribuição ou não haverá paridade, destaca o deputado.

O Funpresp será uma fundação pública de direito privado e, portanto, não poderá terquadro de pessoal próprio formado por servidores públicos. Terá que contratar pessoal pelomesmo regime de contratação do setor privado. Isso, no entanto, ainda depende de outro pro-jeto, que tramita paralelamente ao que cria o fundo.

O substitutivo de Marquezelli vai manter a estrutura prevista para o conselho deliberativodo fundo. Serão seis conselheiros, dois de cada Poder da União, metade indicada pelos trabalha-dores e metade pelos chefes de Poder.

Sistema seguirá o regime de capitalização e terá o mesmo teto do INSS. Uma

nova previdência

Publicou o Jornal de Brasília, em 05.06:Está confirmado. Técnicos dos ministérios da Previdência e do Planejamento iniciaram

estudos para criar um órgão gestor único da previdência social dos servidores públicos da União,em cumprimento ao previsto na Emenda Constitucional no 41, de 2003. A previdência seguirá oregime de capitalização, que vai formar um estoque de capital, uma reserva que, investida, serentabiliza e será capaz de cobrir os benefícios dos novos servidores que se aposentar. E não é

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só isso. A partir da criação do fundo de previdência complementar do servidor (projeto já emtramitação no Congresso Nacional), o valor da aposentadoria ou pensão terá o mesmo limiteaplicado aos trabalhadores do setor privado, hoje R$ 3.038,99.

Mas não há motivo de alarde para os atuais servidores públicos. No período de transi-ção, as aposentadorias e pensões dos atuais funcionários continuarão a ser pagas com recursosdas contribuições dos atuais servidores e do Tesouro Nacional.

A Emenda Constitucional no 41 estabelece que cada esfera de poder – União, Estados eMunicípios – tenha uma coordenação unificada do regime próprio de previdência para os servi-dores de todos os poderes, incluindo autarquias, fundações e Ministério Público. Isso será feitomediante aprovação de projeto de lei a ser enviado ao Congresso Nacional. Trata-se, portanto,apenas da regulamentação do que foi determinado, e não de uma nova alteração nas regras daprevidência do servidor. De acordo com o governo, com a nova proposta de capitalização, aolongo de uma geração, o sistema permitirá diminuir a pressão da previdência do funcionalismosobre o orçamento federal.

A ideia em discussão é investir os recursos em títulos do Tesouro Nacional, por meio deuma conta em uma instituição oficial, como o Banco do Brasil ou Caixa Econômica. A transiçãodo regime de repartição para o de capitalização será feita ao longo de três décadas, o que signi-fica um impacto menor do que seria o custo de uma transição drástica.

A partir da criação do fundo de previdência complementar do servidor, as pessoas queingressarem no serviço público vão contribuir para o regime de previdência do servidor comuma alíquota de 11% até o valor correspondente ao teto do INSS. Se o funcionário quiser teruma aposentadoria acima do teto, deverá contribuir com o fundo de previdência complementar,com uma alíquota de 7,5% sobre o valor do salário que exceder o teto do INSS.

Previdência. Técnicos querem previdência unificada

Publicou o Jornal de Brasília, em 02.06:Os técnicos do Ministério do Planejamento e do Ministério da Previdência vão aprovei-

tar a brecha do § 2º da reforma aprovada em 2003 ainda sem regulamentação para unificar ossistemas previdenciários do Executivo, Legislativo, Judiciário e Ministério Público, que hojeoperam separadamente e não se comunicam entre si.

“Estamos quebrando a cabeça para construir um órgão gestor, sem criar uma novaautarquia. A intenção é criar uma estrutura nova no Ministério da Previdência, com instância

política de coordenação em umasecretaria própria para os servido-res e, gradativamente, concentrarum banco de dados no INSS, queseria ampliado, incorporando umaárea nova”, explica o secretário dePrevidência Social, HelmutSchwarzer. Ampliado, o INSSpassará a receber as contribuiçõesprevidenciárias dos servidoresnovos e contabilizá-las em umaconta única, separada de outrasreceitas da Previdência.

A grande novidade ago-ra é que os recursos desta conta

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única serão entregues a um banco público (possivelmente o Banco do Brasil) que irá capitalizá-los e obter rendimentos, aplicando-os no mercado financeiro, de preferência em títulos do Te-souro. Hoje, o dinheiro arrecadado com as contribuições dos servidores e dos governos mistu-ra-se com outras receitas no Tesouro e nada rende.

“Para os servidores que já estão na ativa só muda o modelo de gestão, não as regras decálculo dos benefícios, que continuarão sendo pagos com contribuições deles e do governo”,explica Schwarzer. A ideia é forjar um sistema misto, de capitalização e repartição, pelo qual odinheiro terá rendimentos financeiros, mas não haverá contas individuais por servidor. Quemestá na ativa continuará pagando os benefícios de quem se aposentou. Mas isso só acontecerádaqui a cerca de 30 anos, quando os primeiros servidores do novo sistema começarem a seaposentar. Enquanto isso, a conta única continuará sendo capitalizada.

Publicou O Globo, em 12.05:

O governo quer mudar aposentadoria de servidor. Proposta é que novos funcio-

nários públicos entrem em sistema de capitalização. Recursos seriam aplicados.

Por Geralda Doca, de O Globo, em 12.05:O governo prepara novas mudanças no regime de aposentadoria dos funcionários pú-

blicos para garantir a sustentabilidade do sistema a longo prazo e evitar que os ganhos obtidoscom a reforma feita no início do mandato do PT se percam. O modelo que está sendo discutidoentre técnicos dos ministérios da Previdência e do Planejamento prevê a separação entre a atualmassa de servidores e os futuros. A ideia é que quem ingresse no serviço público entre numsistema de capitalização. Ou seja, em vez de as novas contribuições serem usadas para bancar as

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aposentadorias correntes, elas seriam destinadas a uma conta única, e os valores aplicados nomercado financeiro, de forma a construir uma reserva de capital para fazer frente ao crescimen-to das despesas no futuro.

Segundo o secretário de Previdência Social, Helmut Schwarzer, o objetivo é colocar emprática no funcionalismo público federal um mecanismo que já é adotado pelos regimes própri-os de aposentadoria de Estados e Municípios, que juntos têm aplicados R$31,4 bilhões. Outrospaíses, como os Estados Unidos, já adotaram o sistema.

Projeto iguala aposentadoria do servidor com a do INSS. Ideia do governo é

adotar para o funcionalismo teto de dez salários-mínimos

Por Suely Caldas, de O Estado de S. Paulo, em 02.03:O governo vai enviar ao Congresso, até o fim do ano, projeto propondo que as regras

de aposentadoria dos funcionários públicos sejam as mesmas que já vigoram para os trabalha-dores da iniciativa privativa. A ideia é que seja adotado para a aposentadoria dos servidores olimite de dez salários-mínimos aplicado ás aposentadorias do INSS. Esse teto equivale, hoje, aR$ 4.150. Se o projeto for aprovado, a mudança valerá apenas para quem ingressar no serviçopúblico após a promulgação da lei.

Os servidores que já estão na ativa poderão se aposentar com o último salário, geral-mente acima do teto do INSS. Os militares serão excluídos da reforma e continuarão regidospelas normas atuais. A diferença entre servidores públicos e trabalhadores privados faz com queo déficit da previdência da União, Estados e Municípios se aproxime de R$ 100 bilhões, mais doque o dobro do rombo do INSS.

Frase de Helmut Schwezser – Secretário da Previdência:“A intenção é aproveitar o ano não eleitoral e aprovar o projeto em 2009.”

Governo quer igualar Previdência. Projeto de lei está sendo elaborado para nive-

lar as regras para aposentadoria dos servidos públicos e privados

Por Suely Caldas, de O Estado de S. Paulo, Rio, em 02.03:Até o fim deste ano, o governo vai enviar ao Congresso Nacional um projeto de lei

igualando regras de aposentadorias e pensões dos funcionários públicos com as que vigorampara os trabalhadores privados, entre elas a limitação do valor da aposentadoria ao máximo de10 salários-mínimos aplicado aos aposentados do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS).

O secretário de Previdência Social, Helmut Schwarzer, anunciou ao Estado que a mu-dança valerá apenas para quem ingressar no serviço público após a promulgação da lei e não seráaplicada aos que estão na ativa hoje, que continuarão se aposentando com o último salário,geralmente muito acima do teto do INSS. Um desembargador, por exemplo, se aposenta commais de R$ 20 mil. Os militares do Exército, Marinha e Aeronáutica serão excluídos das mudan-ças e continuarão regidos pelas regras atuais.

Entre novos e antigos, haverá uma faixa intermediária daqueles que ingressaram noserviço público desde 1o de janeiro de 2004 – data da implementação da reforma previdenciáriado governo Lula –, que poderão optar entre a regra atual ou a nova – esta implica contribuirpara o INSS com até 11% sobre o teto de 10 mínimos e aplicar um excedente no fundo deprevidência complementar da União que tramita na Câmara dos Deputados, mas que precisa seraprovado simultaneamente ou até antes do novo projeto de lei.

Esta é a principal mudança nas regras de aposentadorias e pensões dos servidores queos técnicos dos Ministérios da Previdência e Planejamento trabalham para começar a ser deba-tida no governo este mês, no Congresso no próximo semestre e com aprovação prevista para o

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ano que vem, revelou o secretário Helmut Schwarzer. “A intenção é aproveitar o ano não eleito-ral e aprovar o projeto em 2009, a tempo de implementá-lo em 1o de janeiro de 2010.”

Não haverá perdas para os funcionários atuais porque, para eles, não serão alteradas asregras de cálculo da contribuição e dos benefícios. O peso das mudanças vai recair sobre osnovos que ingressarem no serviço público a partir de 2010, que passarão a receber aposentado-rias e pensões equivalentes ao que ganham trabalhadores privados.

Hoje o abismo separando os servidores públicos e privados faz com que o déficit daprevidência pública da União, Estados e Municípios some mais do que o dobro do INSS, apro-ximando-se de R$ 100 bilhões. Só o rombo da União fechou 2006 em R$ 30,4 bilhões, resultan-tes de despesas de R$ 46,5 bilhões (pagamentos de aposentadorias e pensões) e receitas (R$ 10,7bilhões de contribuições do governo federal e R$ 5,4 bilhões dos servidores). Proporcionalmen-te, a previdência pública custa para o contribuinte brasileiro mais do que a dos trabalhadoresprivados, visto que o INSS paga 25 milhões de benefícios e a União só 1 milhão (650 mil paraservidores civis e 350 mil militares).

Novas RegrasValerão só para os novos servidores que ingressarem a partir de janeiro de 2010Serão equiparados aos trabalhadores privadosTeto da aposentadoria será limitado a 10 salários-mínimosAcima desse valor, só contribuindo para um fundo de pensãoMilitares serão excluídosServidores dos poderes Executivo, Judiciário, Legislativo e Ministério Público terão

uma única previdênciaContribuições irão para uma conta única capitalizada pelo Banco do BrasilINSS ampliado vai administrar também a previdência públicaEstados e Municípios vão aderir às regras depois

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País teve 316 greves no ano passado, diz Dieese. Embora número geral tenha

ficado estável em relação a 2006, houve aumento de paralisações no setor privado

Por Cleide Silva, de O Estado de S. Paulo, em 1o.07:Trabalhadores brasileiros realizaram 316 greves no ano passado, o que resultou em 29

mil horas paradas e um total de 1,43 milhão de funcionários públicos e privados envolvidos nosprotestos. Pouco mais da metade (51%) das paralisações ocorreu no setor público, 47% noprivado e 2% foram mistas, de acordo com estudo divulgado ontem pelo DepartamentoIntersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese).

Os números estão próximos aos do ano anterior, mas, na comparação com 2004, quan-do a economia brasileira teve forte crescimento, houve queda de 13% nas greves promovidaspor funcionários públicos e aumento de 31% entre trabalhadores privados.

O número de grevistas no mesmo período cresceu 157% nas empresas privadas (para641,7 mil participantes), e caiu 14% no público (para 713,2 mil). “Com o crescimento econômi-co, houve maior possibilidade de buscar ganhos maiores no setor privado”, diz o diretor técnicodo Dieese, Clemente Ganz Lúcio. Na área pública, houve melhora nas negociações entre gover-no e trabalhadores, principalmente na esfera federal, afirma ele.

“Mudou também o caráter das reivindicações”, constata Lúcio. Segundo ele, até 2004predominavam reivindicações defensivas, contra perda de direitos já conquistados e reposiçãosalarial. A partir daquele ano, predominaram as reivindicações propositivas, por novas conquis-tas ou avanços nas condições vigentes. Os trabalhadores passaram a buscar novos direitos,como aumento real e participação nos lucros.

Salários

Lúcio ressalta que as paralisações organizadas pelos trabalhadores do setor públiconormalmente reúnem maior contingente de manifestantes, por envolver categorias como a deprofessores e policiais, e a duração da greve costuma ser mais longa. Um exemplo citado pelodiretor do Dieese foi a greve dos policias civis de Alagoas, deflagrada em 1o de agosto e encer-rada apenas em fevereiro deste ano, com a participação de 2,2 mil profissionais.

Do total de 29 mil horas paradas no ano passado, apenas 14% foram de responsabilida-de dos trabalhadores privados.

Dos movimentos realizados no ano passado, cinco de cada seis reivindicações estavamrelacionadas às questões de remuneração, como reajustes, participação nos lucros e planos decargos e salários. O estudo do Dieese, de acordo com Lúcio, tem como base a divulgação deparalisações pela imprensa em geral.

Números

1,43 milhão de trabalhadores de diversos setores paralisaram suas atividades em 2007157% é o aumento do número de grevistas do setor privado em relação a 200429 mil é o total de horas não trabalhadas por causa de movimentos grevistas dos funci-

onários dos setores público e privado

Lei de Greve

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320 foi o total de greves realizadas em todo o País em 2006, ante 209 em 2005, e 302 em2004

Avança lei de greve de servidores. Projeto foi aprovado na Comissão de Traba-

lho da Câmara dos Deputados. Confira o texto, na íntegra, da matéria publicada no

jornal Correio Braziliense

Publicou o Correio Braziliense, em 08.05:Com um atraso de 20 anos, o Congresso Nacional deu em 07.05 o primeiro passo para

estabelecer regras, punições e limites às greves no funcionalismo. A Comissão de Trabalho, deAdministração e Serviço Público da Câmara aprovou o Projeto de Lei no 4.497, que regulamentao direito de paralisação a servidores da União, Estados e Municípios. A proposta impõe a gover-nos e trabalhadores novos papéis.

A negociação prévia passa a ter importância fundamental. Antes de decretar greve, ossindicatos deverão apresentar ao órgão propostas claras e objetivas. O administrador públicoterá 30 dias para avaliar as reivindicações e, se for o caso, apresentar ressalvas ou ajustes. Odiálogo prosseguirá por mais 45 dias. Nesse período, se houver paralisação, ela será declaradaautomaticamente ilegal. Impasses serão solucionados pela Justiça do Trabalho.

Outro avanço refere-se ao corte de ponto de funcionários. Durante a greve haverá odesconto dos dias parados e o lançamento das faltas na ficha e no contracheque dos servidores.O ressarcimento do dinheiro retido poderá ocorrer, mas isso dependerá de novas rodadas denegociações entre representantes de órgãos públicos e das categorias. “Haverá diálogo. As par-tes vão se acertar ou não. É como acontece no setor privado”, explicou Tarcísio Zimermmann(PT-RS). O texto, de autoria de Rita Camata (PMDB-ES), sofreu alterações, incorporando ou-tros projetos, inclusive o substitutivo do próprio Zimermmann.

Os parlamentares decidiram retirar do texto final a lista de setores consideradosprioritários ou essenciais para o funcionamento pleno da máquina pública. A relação fazia refe-rência a segmentos da segurança pública, da saúde, ligados à fiscalização e repressão, entreoutros, e por muitos anos acabou sendo foco de atritos entre partidos da base aliada e daoposição.

O projeto seguirá para a Comissão de Constituição e Justiça, depois para o plenário daCâmara e, em seguida, para o Senado. A proposta regulamenta o art. 37, inciso VII, da Consti-tuição Federal de 1988 e, de acordo com Rita Camata, sua aprovação representará um marco nahistória da Câmara e do Senado. “O texto melhorou bastante. Ter passado pela Comissão foiuma vitória de todos, um alívio e uma satisfação”, resumiu. Para ela, trata-se de uma lei cidadã.“É uma forma de valorizar o servidor, dando regras, e também à sociedade, que terá a certeza deque poderá contar com o serviço. Diferente do que ocorre hoje”, reforçou.

Muleta

Atualmente, as greves no setor público seguem as mesmas normas previstas na lei querege as paralisações na iniciativa privada. Só é assim porque no ano passado o Supremo TribunalFederal (STF) decidiu legislar sobre este tema.

Desde que essa definição legal passou a ser adotada as paralisações de servidores públi-cos ganharam contornos diferentes. Os grevistas passaram a respeitar limites mínimos, manten-do em seus postos de trabalho pelo menos 30% do efetivo, aprovando indicativos de greve emassembleias com um maior número de participantes e, sobretudo, informando à sociedade opasso a passo da negociação com os governos.

Governo não tem pressa para lei de greve do funcionalismo

Publicou a Folha de S. Paulo, da Sucursal em Brasília, em 19.04:

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Seis meses depois de o Supremo Tribunal Federal ter decidido que a lei de greve dosetor privado também deve ser aplicada ao funcionalismo, o Governo ainda não fechou a pro-posta para regulamentar os movimentos grevistas no serviço público. A Folha apurou que, naavaliação do Ministério do Planejamento, a atual situação é a mais favorável ao Governo.

Ao aplicar as regras do setor privado aos funcionários públicos, o Planejamento consi-dera estar adotando normas mais duras que as previstas na proposta legislativa do Executivopara disciplinar as greves no funcionalismo. Por esse motivo, técnicos afirmam que o Governo“relaxou” na intenção de enviar um projeto sobre o tema para o Congresso.

Além disso, ao colocar o assunto em banho-maria, o Planejamento atende a uma de-manda dos sindicatos de servidores, que concordam em tratar do assunto somente depois de oExecutivo enviar ao Congresso uma proposta de emenda constitucional para assegurar as nego-ciações coletivas no setor público.

No início do ano, o presidente Lula encaminhou ao Congresso uma proposta de ratifi-cação de convenção da OIT (Organização Internacional do Trabalho) que trata da negociaçãocoletiva no serviço público.

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Contra reajustes para servidores. Mantega pede a senadores que impeçam au-

mento salarial concedido pelo governo ao funcionalismo

Por Vicente Nunes, Edna Simão e Letícia Nobre, da equipe do Correio, Correio Braziliense,em 31.10:

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, fez em 30.10 um apelo aos senadores para quevetem qualquer tentativa de aumento aos servidores públicos e de despesas da PrevidênciaSocial. Ao ser indagado pelo senador Arthur Virgílio (PSDB-AM), durante depoimento naComissão de Assuntos Econômicos do Senado, sobre os constantes reajustes dados ao funcio-nalismo, Mantega foi enfático: “Conto com os senhores para que não aprovem mais nenhumaumento de gastos com os servidores e com a previdência”, disse.

Segundo Mantega, até agora, o governo tem conseguido manter os gastos com o fun-cionalismo dentro da normalidade.

ANASPS solicitou ao MPS mais servidores

Em 15.10, o presidente da ANASPS solicitou ao Ministro da Previdência Social, JoséPimentel, a recomposição do quadro de servidores do Ministério, hoje um dos baixos daEsplanada.

Servidores

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O MPS, que tinha 4.660 servidores em 2005, e 4.844 em 2006, tem agora 2.698, sendoapenas 666 ativos, 1.730 aposentados e 1.293 pensionistas.

O MPS tem 286 comissionados, 176 requisitados,70 sem vínculo e 55 em exercíciodescentralizado da carreira, no total 462 servidores, correspondendo a 88 % dos ativos.

Sindicatos de servidores ameaçam ir à Justiça para barrar imposto sindical

Por Jailton de Carvalho, de O Globo, Brasília, em 09.10:Sindicatos que representam o funcionalismo público federal reagiram em 08.10 à deci-

são do ministro do Trabalho, Carlos Lupi, de determinar a cobrança de imposto sindical detodos os 7,4 milhões de servidores federais, de Estados e Municípios, conforme revelou a colu-na Panorama Político, do Globo. Os sindicalistas ameaçam recorrer à Justiça para barrar a co-brança.

Os líderes sindicais já pediram audiência para convencer o ministro de desistir do im-posto antes que a contribuição comece a ser recolhida. Caso não tenham sucesso na negociação,os sindicalistas deverão recorrer ao Supremo Tribunal Federal (STF). Para eles, o ministro nãoteria poderes para editar uma instrução normativa com alcance tão abrangente.

Arrecadação de R$ 450 milhões anuaisPela Instrução Normativa no 1, publicada no Diário Oficial da União por ordem de Lupi,

todos os servidores públicos terão que contribuir com o equivalente a um dia de trabalho todoano para os sindicatos. O dinheiro seria repassado ao Ministério do Trabalho e depois rateadoentre as entidades sindicais. No país, são 7.434.832 servidores públicos no Executivo, no Legislativoe no Judiciário com remuneração média de R$ 1.815,91. O governo projeta arrecadação de R$450 milhões anuais.

Hoje, só pagam imposto os servidores que, por iniciativa própria, se filiam aos sindica-tos. Em geral, os sindicatos cobram contribuições mensais equivalentes a 1% do salário dosservidores. Os servidores não filiados não pagam.

Em nota oficial, Carlos Lupi disse que a cobrança do imposto não era iniciativa exclusi-va do ministério. O ministro explica que está cumprindo ordens do Supremo Tribunal Federal edo Superior Tribunal de Justiça. Os tribunais já teriam decidido que os servidores públicos sãoobrigados a recolher a contribuição sindical anual da mesma forma que fazem os trabalhadoresda iniciativa privada.

Imposto Sindical: R$450 milhões

Por Ilimar Franco, em sua coluna em O Globo, em 08.10:Este é o montante de recursos que o ministro Carlos Lupi (Trabalho) está injetando nas

entidades sindicais do funcionalismo público federal, estadual e municipal. Os 7,4 milhões deservidores do Executivo, Legislativo e Judiciário, a partir de agora, terão que pagar impostosindical no valor de um dia de salário. A decisão de Lupi é de 30 de setembro, mas só foipublicada na sexta-feira.

Servidores vão pagar pela primeira vezA cobrança do imposto sindical dos funcionários públicos está prevista na Constitui-

ção, mas não havia sido regulamentada até hoje. Sua adoção, no entanto, ocorre num momentoem que o governo encaminhou ao Congresso lei substituindo a cobrança do imposto sindicaldos trabalhadores privados pela contribuição negocial. Lupi explicou que fez isso provocadopor três acórdãos do STF, determinando a inclusão dos servidores no “regime da contribuiçãolegal compulsória”.

“A Constituição diz que é devido e há acórdãos judiciais. Eu só regulamentei. Se não

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fizesse isso, poderia ser preso”, diz Lupi.

Lula concedeu reajuste a servidores da previdência

Eis, na íntegra, as disposições da MP no 441, de 29.08, que “dispõe (...) sobre a estruturaçãoda Carreira de supervisor Médico-Pericial, de que trata a Lei no 9.620, de 2 de abril de 1998 (...)da Carreira da Seguridade Social e Trabalho, de que trata a Lei no 10.483, de 3 de julho de 2002,da Carreira Previdenciária, de que trata a Lei no 10.355, de 26 de dezembro de 2001, (....) daCarreira do Seguro Social, de que trata a Lei no 10.855, de 1o de abril de 2004, (...) da Gratificaçãode Desempenho da Carreira da Previdência, da Saúde e do Trabalho – GDPST, de que trata aLei no 11.355, de 2006, (...) dispõe sobre a estruturação da Carreira do Médico PeritoPrevidenciário, no âmbito do Quadro de Pessoal do Instituto Nacional do Seguro Social – INSS

(...)Seção V

Da Carreira de Médico Perito Previdenciário e da Carreira de Supervisor Médi-

co-Pericial

Art. 30. Fica estruturada a Carreira de Médico Perito Previdenciário, no âmbito doQuadro de Pessoal do Instituto Nacional do Seguro Social – INSS, composta pelos cargos denível superior, de provimento efetivo, de Médico Perito Previdenciário.

§ 1o São transpostos para a carreira de que trata o caput os cargos de Perito Médico daPrevidência Social da Carreira de Perícia Médica da Previdência Social, de que trata a Lei no

10.876, de 2 de junho de 2004.§ 2o Os cargos a que se refere o § 1o transpostos para a Carreira de Médico Perito

Previdenciário passam a denominar-se Médico Perito Previdenciário.§ 3o Compete privativamente aos ocupantes do cargo de Médico Perito Previdenciário

ou de Perito Médico Previdenciário e, supletivamente, aos ocupantes do cargo de SupervisorMédico-Pericial da carreira de que trata a Lei no 9.620, de 2 de abril de 1998, no âmbito doInstituto Nacional do Seguro Social – INSS e do Ministério da Previdência Social – MPS, oexercício das atividades médico-periciais inerentes ao Regime Geral da Previdência Social deque tratam as Leis nos 8.212, de 24 de julho de 1991, e 8.213, de 24 de julho de 1991, e à Lei no

8.742, de 7 de dezembro de 1993, e, em especial:I – emissão de parecer conclusivo quanto à capacidade laboral para fins previdenciários;II – inspeção de ambientes de trabalho para fins previdenciários;III – caracterização da invalidez para benefícios previdenciários e assistenciais; eIV – execução das demais atividades definidas em regulamento.§ 4o Os titulares de cargos de que trata o § 3o poderão executar, ainda, nos termos do

regulamento, o exercício das atividades médico-periciais relativas à aplicação da Lei no 8.112, de11 de dezembro de 1990.

§ 5o Os titulares de cargos referidos no § 3o poderão requisitar exames complementarese pareceres especializados a serem realizados por terceiros contratados ou conveniados peloINSS, quando necessários ao desempenho de suas atividades.

§ 6o A mudança na denominação dos cargos a que se refere o caput e o enquadramentona Carreira de Médico Perito Previdenciário não representam, para qualquer efeito legal, inclu-sive para efeito de aposentadoria, descontinuidade em relação à carreira, ao cargo e às atribui-ções atuais desenvolvidas pelos seus titulares.

§ 7o Os cargos vagos e os que vierem a vagar de Perito Médico da Previdência Social daCarreira de Perícia Médica da Previdência Social, de que trata a Lei no 10.876, de 2004, sãotransformados em cargos de Médico Perito Previdenciário da Carreira de Médico Perito

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Previdenciário.Art. 31. Os cargos da Carreira de Médico Perito Previdenciário e da Carreira de Supervisor

Médico-Pericial, de que trata a Lei no 9.620, de 1998, são agrupados em classes e padrões, naforma do Anexo XII.

Art. 32. A estrutura remuneratória dos cargos da Carreira de Médico Perito Previdenciárioe da Carreira de Supervisor Médico-Pericial terá a seguinte composição:

I – Vencimento Básico; eII – Gratificação de Desempenho de Atividade de Perícia Médica Previdenciária –

GDAPMP.Parágrafo único. Os integrantes da Carreira de Médico Perito Previdenciário e da

Carreira de Supervisor Médico-Pericial não fazem jus à percepção da Gratificação de Desempe-nho de Atividade Médico-Pericial – GDAMP e da Gratificação Específica de Perícia Médica –GEPM, instituídas pela Lei no 10.876, de 2004.

Art. 33. O regime jurídico dos titulares dos cargos da Carreira de Médico PeritoPrevidenciário é o instituído pela Lei no 8.112, de 1990, observadas as disposições desta MedidaProvisória.

Art. 34. Os servidores titulares dos cargos de Perito Médico da Previdência Social serãoautomaticamente enquadrados na Carreira de Médico Perito Previdenciário, de acordo com asrespectivas atribuições, os requisitos de formação profissional e a posição relativa na Tabela, nostermos do Anexo XIII.

§ 1o O posicionamento dos aposentados e pensionistas na tabela remuneratória seráreferenciado à situação em que o servidor se encontrava na data da aposentadoria ou em que seoriginou a pensão, com vigência a partir da data de publicação desta Medida Provisória.

§ 2o O enquadramento de que trata o caput dar-se-á automaticamente, salvo manifesta-ção irretratável do servidor, a ser formalizada no prazo de noventa dias, a contar da data depublicação desta Medida Provisória, na forma do Termo de Opção constante do Anexo XIV,com efeitos financeiros a partir da data de implantação das Tabelas de Vencimento Básicoreferidas no Anexo XV.

§ 3o O servidor que formalizar a opção pelo não enquadramento na Carreira de MédicoPerito Previdenciário no prazo estabelecido no § 2o permanecerá na situação em que se encon-trar na data de publicação desta Medida Provisória, não fazendo jus aos vencimentos e às vanta-gens por ela estabelecidas.

§ 4o O prazo para exercer a opção referida no § 2o deste artigo, no caso de servidoresafastados nos termos dos arts. 81 e 102 da Lei no 8.112, de 1990, estender-se-á até trinta diascontados a partir do término do afastamento, assegurado o direito à opção a partir da data depublicação desta Medida Provisória.

§ 5o Para os servidores afastados que fizerem a opção após o prazo geral, os efeitosfinanceiros serão contados a partir das datas de implementação das tabelas de vencimento bási-co constantes do Anexo XV ou da data do retorno, conforme o caso.

§ 6o Ao servidor cedido para órgão ou entidade no âmbito do Poder Executivo Federalaplica-se, quanto ao prazo de opção, o disposto no § 2o deste artigo, podendo o servidor perma-necer na condição de cedido.

§ 7o O disposto neste artigo aplica-se aos aposentados e pensionistas.Art. 35. O ingresso nos cargos da Carreira de Médico Perito Previdenciário é condici-

onado ao cumprimento obrigatório da jornada de trabalho estabelecida no art. 19 da Lei no

8.112, de 1990, vedada a sua redução.Parágrafo único. Fica mantida para os ocupantes dos cargos de que trata o art. 30 a

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jornada semanal de trabalho dos cargos originários, conforme estabelecido na legislação vigentena data de publicação desta Medida Provisória, sendo assegurado o regime de quarenta horaspara aqueles que, em 18 de fevereiro de 2004, se encontravam no exercício de jornada de qua-renta horas, com base nos §§ 1o e 2o do art. 1o da Lei no 9.436, de 5 de fevereiro de 1997.

Art. 36. O ingresso nos cargos de Médico Perito Previdenciário dar-se-á sempre noprimeiro padrão da classe inicial, mediante habilitação em concurso público, de provas ou deprovas e títulos, conforme dispuser o regulamento, exigindo-se como pré-requisito a habilitaçãoem medicina.

Parágrafo único. O concurso referido no caput poderá ser realizado em uma ou maisfases, incluindo curso de formação quando julgado pertinente, conforme dispuser o edital deabertura do certame.

Art. 37. O desenvolvimento dos servidores da Carreira de Médico Perito Previdenciárioe da Carreira de Supervisor Médico-Pericial ocorrerá mediante progressão funcional e promoção.

§ 1o Para efeito do disposto no caput, progressão funcional é a passagem do servidorpara o padrão de vencimento imediatamente superior dentro de uma mesma classe, e promoção,a passagem do servidor do último padrão de uma classe para o primeiro da classe imediatamentesuperior.

§ 2o A progressão funcional e a promoção observarão os requisitos e as condições aserem fixados em regulamento, devendo levar em consideração os resultados da avaliação dedesempenho do servidor.

§ 3o Sem prejuízo de outros requisitos e condições estabelecidos no regulamento deque trata o § 2o, são pré-requisitos mínimos para promoção à Classe Especial da Carreira deMédico Perito Previdenciário e da Carreira de Supervisor Médico-Pericial:

I – possuir, no mínimo, dezoito anos e meio de efetivo exercício no cargo;II – possuir habilitação em avaliação de desempenho individual com resultado médio

superior a oitenta por cento do limite máximo da pontuação das avaliações realizadas no interstícioconsiderado para a progressão na Classe D; e

III – possuir certificado de curso de especialização específico, compatível com as atri-buições do cargo, realizado após ingresso na classe D, promovido em parceria do INSS cominstituição reconhecida pelo Ministério da Educação, na forma da legislação vigente.

§ 4o O INSS deverá incluir, em seu plano de capacitação, o curso de especialização deque trata o inciso III do § 3o deste artigo.

§ 5o Até que seja regulamentado o § 2o deste artigo, as progressões funcionais e promo-ções serão concedidas observando-se, no que couber, as normas aplicáveis aos servidores doPlano de Classificação de Cargos da Lei no 5.645, de 10 de dezembro de 1970.

Art. 38. Fica instituída a Gratificação de Desempenho de Atividade de Perícia MédicaPrevidenciária – GDAPMP, devida aos titulares dos cargos de provimento efetivo da Carreirade Médico Perito Previdenciário e da Carreira de Supervisor Médico-Pericial, em função dodesempenho individual do servidor e do alcance de metas de desempenho institucional.

§ 1o A GDAPMP será paga observado o limite máximo de cem pontos e o mínimo detrinta pontos por servidor, correspondendo cada ponto, em sua respectiva jornada de trabalhosemanal, ao valor estabelecido no Anexo XVIII, produzindo efeitos financeiros a partir de 1o dejulho de 2008.

§ 2o A pontuação referente à GDAPMP será assim distribuída:I – até oitenta pontos serão atribuídos em função dos resultados obtidos na avaliação de

desempenho institucional; eII – até vinte pontos serão atribuídos em função dos resultados obtidos na avaliação de

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desempenho individual.§ 3o A avaliação de desempenho individual visa a aferir o desempenho do servidor no

exercício das atribuições do cargo ou função, com foco na contribuição individual para o alcan-ce dos objetivos organizacionais.

§ 4o A parcela referente à avaliação de desempenho institucional será:I – paga integralmente, quando o tempo médio apurado entre a marcação e a realização

da perícia inicial no âmbito da Gerência Executiva de lotação do servidor for igual ou inferior acinco dias;

II – paga conforme percentual definido em ato do Ministro de Estado da PrevidênciaSocial, quando o tempo médio apurado entre a marcação e a realização da perícia inicial noâmbito da Gerência Executiva de lotação do servidor for inferior a quarenta e superior a cincodias; e

III – igual a zero, quando o tempo médio apurado entre a marcação e a realização daperícia inicial no âmbito da Gerência Executiva de lotação do servidor for igual ou superior aquarenta dias.

§ 5o Os critérios de avaliação de desempenho individual e o percentual a que se refere oinciso II do § 4o deste artigo poderão variar segundo as condições específicas de cada GerênciaExecutiva.

Art. 39. O servidor titular do cargo de Médico Perito Previdenciário ou do cargo deSupervisor Médico-Pericial, em efetivo exercício nas atividades inerentes às atribuições do res-pectivo cargo no Ministério da Previdência Social ou no INSS, perceberá a parcela da GDAPMPreferente à avaliação de desempenho institucional no valor correspondente ao atribuído à Ge-rência Executiva ou unidade de avaliação à qual estiver vinculado e a parcela da GDAPMPreferente à avaliação de desempenho individual segundo critérios e procedimentos de avaliaçãoestabelecidos nos atos de que trata o art. 46.

Art. 40. Os ocupantes de cargos efetivos da Carreira de Médico Perito Previdenciárioou da Carreira de Supervisor Médico-Pericial que se encontrarem na condição de dirigentesmáximos de Gerência Regional, de Gerência Executiva, de Agência da Previdência Social e deChefia de Gerenciamento de Benefícios por Incapacidade perceberão a GDAPMP conformeestabelecido no art. 39.

Art. 41. O titular de cargo efetivo de que trata o art. 40, em exercício no Ministério daPrevidência Social ou do INSS, quando investido em cargo em comissão ou função de confian-ça fará jus à GDAPMP da seguinte forma:

I – os investidos em função de confiança ou cargos em comissão do Grupo-Direção eAssessoramento Superiores – DAS, níveis 3, 2, 1, ou equivalentes, perceberão a GDAPMPcalculada conforme disposto no art. 39; e

II – os investidos em cargos em comissão do Grupo-Direção e Assessoramento Supe-riores – DAS, níveis 6, 5, 4, ou equivalentes, perceberão a GDAPMP em valor correspondenteà pontuação máxima possível de ser atribuída a título de desempenho individual somada àpontuação correspondente à média nacional da pontuação atribuída a título de avaliaçãoinstitucional às unidades do INSS.

Art. 42. O titular de cargo efetivo referido no art. 40 que não se encontre em exercíciono Instituto Nacional do Seguro Social ou no Ministério da Previdência Social só fará jus àGDAPMP quando requisitado pela Presidência ou Vice-Presidência da República ou nas hipó-teses de requisição previstas em lei, e a perceberá integralmente quanto a sua parcela de desem-penho individual e pela média nacional em relação a sua parcela de desempenho institucional.

Art. 43. Ocorrendo exoneração do cargo em comissão, com manutenção do cargo

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efetivo, o servidor que faça jus à GDAPMP continuará percebendo a respectiva gratificação dedesempenho correspondente ao último valor obtido, até que seja processada a sua primeiraavaliação após a exoneração.

Art. 44. Em caso de afastamentos e licenças considerados como de efetivo exercício,sem prejuízo da remuneração e com direito à percepção de gratificação de desempenho, oservidor continuará percebendo a GDAPMP correspondente à última pontuação obtida, atéque seja processada a sua primeira avaliação após o retorno.

Parágrafo único. O disposto no caput não se aplica aos casos de cessão.Art. 45. Até que seja processada a primeira avaliação de desempenho individual que

venha a surtir efeito financeiro, o servidor recém-nomeado para cargo efetivo e aquele quetenha retornado de licença sem vencimento, de cessão ou de outros afastamentos sem direito àpercepção de gratificação de desempenho no decurso do ciclo de avaliação receberá a GDAPMPno valor correspondente a oitenta pontos.

Art. 46. Ato do Poder Executivo disporá sobre os critérios gerais a serem observadospara a realização das avaliações de desempenho individual e institucional da GDAPMP.

§ 1o Os critérios e procedimentos específicos de avaliação individual e institucional e deatribuição da GDAPMP serão estabelecidos em ato do Ministro de Estado da Previdência Social.

§ 2o As metas referentes à avaliação de desempenho institucional serão fixadas anual-mente em ato do Presidente do INSS.

§ 3o Enquanto não forem publicados os atos a que se referem o caput e o § 1o e até quesejam processados os resultados da avaliação de desempenho, para fins de percepção da GDAPMP,os servidores integrantes da Carreira de Médico Perito Previdenciário e da Carreira de SupervisorMédico-Pericial perceberão a gratificação de desempenho calculada com base na última pontu-ação obtida na avaliação de desempenho para fins de percepção da GDAMP, de que trata a Leino 10.876, de 2004.

§ 4o O disposto neste artigo aplica-se aos ocupantes de cargos em comissão e funçõesde confiança.

Art. 47. O resultado da primeira avaliação de desempenho, para fins de percepção daGDAPMP, gera efeitos financeiros a partir do início do período de avaliação, devendo ser com-pensadas eventuais diferenças pagas a maior ou a menor.

Art. 48. Os servidores ativos beneficiários da GDAPMP que obtiverem na avaliação dedesempenho individual pontuação inferior a cinquenta por cento da pontuação máximaestabelecida para esta parcela serão submetidos a processo de capacitação ou de análise daadequação funcional, conforme o caso, sob responsabilidade do INSS.

Parágrafo único. A análise de adequação funcional visa a identificar as causas dosresultados obtidos na avaliação de desempenho e servir de subsídio para a adoção de medidasque possam propiciar a melhoria do desempenho do servidor.

Art. 49. A GDAPMP não poderá ser paga cumulativamente com qualquer outra grati-ficação de desempenho de atividade ou de produtividade, independentemente da sua denomi-nação ou base de cálculo.

Art. 50. A GDAPMP integrará os proventos da aposentadoria e as pensões, de acordocom:

I – para as aposentadorias e pensões instituídas até 19 de fevereiro de 2004, a GDAPMPserá:

a) a partir de 1o de julho de 2008, correspondente a quarenta pontos, considerados onível, classe e padrão do servidor; e

b) a partir de 1o de julho de 2009, correspondente a cinquenta pontos, considerados o

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nível, classe e padrão do servidor;II – para as aposentadorias e pensões instituídas após 19 de fevereiro de 2004:a) quando percebida por período igual ou superior a sessenta meses e ao servidor que

deu origem à aposentadoria ou à pensão se aplicar o disposto nos arts. 3o e 6o da EmendaConstitucional no 41, de 19 de dezembro de 2003, e no art. 3o da Emenda Constitucional no 47,de 5 de julho de 2005, aplicar-se-á a média dos valores recebidos nos últimos sessenta meses;

b) quando percebida por período inferior a sessenta meses, ao servidor de que trata aalínea “a” deste inciso, aplicar-se-á o disposto nas alíneas “a” e “b” do inciso I; e

III – aos demais, aplicar-se-á, para fins de cálculo das aposentadorias e pensões, o dis-posto na Lei no 10.887, de 18 de junho de 2004.

Art. 51. A aplicação do disposto nesta Medida Provisória em relação à Carreira deMédico Perito Previdenciário e à Carreira de Supervisor Médico-Pericial aos servidores ativos,aos inativos e aos pensionistas não poderá implicar redução de remuneração, de proventos daaposentadoria e das pensões.

§ 1o Na hipótese de redução da remuneração, provento ou pensão decorrente da aplica-ção desta Medida Provisória, a diferença será paga a título de Vantagem Pessoal NominalmenteIdentificada – VPNI, a ser absorvida por ocasião do desenvolvimento no cargo, da reorganiza-ção, ou reestruturação da carreira, da reestruturação de tabela remuneratória, concessão de rea-justes, adicionais, gratificações ou vantagem de qualquer natureza, conforme o caso.

§ 2o A VPNI de que trata o § 1o estará sujeita exclusivamente à atualização decorrentede revisão geral da remuneração dos servidores públicos federais.

Seção IX

Da Carreira da Seguridade Social e do Trabalho

Art. 67. O art. 3o da Lei no 10.483, de 3 de julho de 2002, passa a vigorar com a seguinteredação:

Art. 3o O vencimento básico dos cargos que integram a Carreira da Seguridade Social edo Trabalho é o constante dos Anexos II, III e III-A, com efeitos financeiros a partir das datasneles especificadas.

§ 1o A partir 1o de julho de 2009, os titulares dos cargos de que trata o caput deixarão defazer jus à Vantagem Pecuniária Individual – VPI, de que trata a Lei no 10.698, de 2003.

§ 2o A partir de 1o de julho de 2010, os titulares dos cargos de que trata o caput deixarãode fazer jus à Gratificação de Atividade – GAE, de que trata a Lei Delegada no 13, de 1992.

§ 3o A partir de 1o de julho de 2010, os valores da GAE ficam incorporados ao venci-mento básico dos servidores de que trata o caput. (NR)

Art. 68. A Lei no 10.483, de 2002, passa a vigorar acrescida do Anexo III-A, nos termosdo Anexo XXIX, com efeitos financeiros a partir das datas nele estabelecidas.

Seção X

Da Carreira Previdenciária

Art. 69. O art. 3o da Lei no 10.355, de 26 de dezembro de 2001, passa a vigorar com aseguinte redação:

Art. 3o O vencimento básico da Carreira Previdenciária é o constante dos Anexos II eII-A.

§ 1o A partir 1o de julho de 2009, os titulares dos cargos de que trata o caput deixarão defazer jus à Vantagem Pecuniária Individual – VPI, de que trata a Lei no 10.698, de 2003.

§ 2o A partir de 1o de julho de 2010, os titulares dos cargos de que trata o caput deixarão

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de fazer jus à Gratificação de Atividade – GAE, de que trata a Lei Delegada no 13, de 1992.§ 3o A partir de 1o de julho de 2010, os valores da GAE ficam incorporados ao venci-

mento básico dos servidores de que trata o caput. (NR)Art. 70. A Lei no 10.355, de 26 de dezembro de 2001, passa a vigorar acrescida do

Anexo II-A, nos termos do Anexo XXX, com efeitos financeiros a partir das datas neleestabelecidas.

Seção XXVII

Da Carreira do Seguro Social

Art. 159. Os arts. 2o, 6o, 16 e 21-A da Lei no 10.855, de 1o de abril de 2004, passam avigorar com a seguinte redação:

Art. 2o (...)§ 3o A estrutura dos cargos de provimento efetivo de níveis superior, intermediário e

auxiliar da Carreira do Seguro Social é a constante do Anexo I-A, observada a correlaçãoestabelecida na forma do Anexo II-A. (NR)

Art. 6o Até 31 de maio de 2009, a remuneração dos servidores integrantes da Carreirado Seguro Social será composta das seguintes parcelas: (...) (NR

Art. 16. (...)I – para as aposentadorias concedidas e pensões instituídas até 19 de fevereiro de 2004,

a gratificação a que se refere o caput será paga aos aposentados e pensionistas:a) a partir de 1o de julho de 2008, em valor correspondente a quarenta pontos; eb) a partir de 1o de julho de 2009, em valor correspondente a cinquenta pontos.II – (...)a) quando o servidor que deu origem à aposentadoria ou à pensão enquadrar-se no

disposto nos arts. 3o e 6o da Emenda Constitucional no 41, de 19 de dezembro de 2003, e no art.3o da Emenda Constitucional no 47, de 5 de julho de 2005, aplicar-se-á o constante das alíneas“a” e “b” do inciso I do caput deste artigo; (...)(NR)

Art. 21-A. Os cargos vagos de nível superior e nível intermediário da CarreiraPrevidenciária instituída pela Lei no 10.355, de 26 de dezembro de 2001, do Plano de Classifica-ção de Cargos – PCC instituído pela Lei no 5.645, de 10 de dezembro de 1970, do Plano Geralde Cargos do Poder Executivo – PGPE instituído pela Lei no 11.357, de 19 de outubro de 2006,e de planos correlatos, do Quadro de Pessoal do INSS, em 19 de março de 2007, ficam transfor-mados em cargos de Analista do Seguro Social e de Técnico do Seguro Social, respeitado o nívelcorrespondente. (NR)

Art. 160. A Lei no 10.855, de 2004, passa a vigorar acrescida dos seguintes dispositivos:Art. 4o-A. É de quarenta horas semanais a jornada de trabalho dos servidores integran-

tes da Carreira do Seguro Social.§ 1o A partir de 1o de junho de 2009, é facultada a mudança de jornada de trabalho para

trinta horas semanais para os servidores ativos, em efetivo exercício no INSS, com reduçãoproporcional da remuneração, mediante opção a ser formalizada a qualquer tempo, na forma doTermo de Opção, constante do Anexo III-A.

§ 2o Após formalizada a opção a que se refere o § 1o, a alteração de jornada de trabalhodo servidor só poderá ocorrer no interesse da administração, devidamente justificado pelo INSS.

§ 3o O disposto no § 1o não se aplica aos servidores cedidos. (NR)Art. 6o-A. A partir de 1o de junho de 2009, a remuneração dos servidores integrantes da

Carreira do Seguro Social será composta das seguintes parcelas:I – Vencimento Básico, nos valores indicados nas Tabelas constantes do Anexo IV-A

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desta Lei;II – Gratificação de Atividade Executiva, de que trata a Lei Delegada no 13, de 1992; eIII – Gratificação de Desempenho de Atividade do Seguro Social – GDASS, nos valo-

res indicados nas Tabelas constantes do Anexo VI-A desta Lei. (NR)Parágrafo único. A partir de 1o de junho de 2009, os servidores integrantes da Carreira

do Seguro Social não farão jus à percepção da Vantagem Pecuniária Individual – VPI, de quetrata a Lei no 10.698, de 2003. (NR)

Art. 161. A Tabela I, do item “b”, Cargos de Nível Intermediário, do Anexo V, da Lei no

10.855, de 2004, passa a vigorar nos termos do Anexo CVIII.Art. 162. A Lei no 10.855, de 2004, passa a vigorar acrescida dos Anexos I-A, II-A, III-

A, IV-A e VI-A, na forma dos Anexos CIII, CIV, CV, CVI e CVII, respectivamente. (...)

Seção XXXVI

Da Gratificação de Desempenho da Carreira da Previdência, da Saúde e do Tra-

balho – GDPST

Art. 227. O art. 5o-B da Lei no 11.355, de 19 de outubro de 2006, passa a vigoraracrescida dos seguintes parágrafos:

§ 7o Ato do Poder Executivo disporá sobre os critérios gerais a serem observados paraa realização das avaliações de desempenho individual e institucional da GDPST.

§ 8o Os critérios e procedimentos específicos de avaliação de desempenho individual einstitucional e de atribuição da GDPST serão estabelecidos em atos dos dirigentes máximos dosórgãos ou entidades de lotação, observada a legislação vigente.

§ 9o As metas de desempenho institucional serão fixadas anualmente em atos dos titu-lares dos órgãos e entidades de lotação dos servidores.

§ 10. O resultado da primeira avaliação gera efeitos financeiros a partir da data depublicação dos atos a que se refere o § 8o deste artigo, devendo ser compensadas eventuaisdiferenças pagas a maior ou a menor.

§ 11. Até que seja publicado o ato a que se refere o § 8o deste artigo e processados osresultados da primeira avaliação individual e institucional, os servidores que fazem jus à GDPSTperceberão a referida gratificação em valor correspondente a oitenta pontos, observados o nível,a classe e o padrão do servidor.

§ 12. O disposto no § 10 deste artigo aplica-se aos ocupantes de cargos comissionadosque fazem jus à GDPST.

§ 13. O titular de cargo efetivo integrante da carreira de que trata o caput, em exercícionas unidades do Ministério da Previdência Social, do Ministério da Saúde, do Ministério doTrabalho e Emprego e da Fundação Nacional de Saúde – FUNASA, quando investido em cargoem comissão ou função de confiança fará jus à GDPST da seguinte forma:

I – os investidos em função de confiança ou cargos em comissão do Grupo-Direção eAssessoramento Superiores – DAS, níveis 3, 2, 1, ou equivalentes, perceberão a respectiva grati-ficação de desempenho calculada conforme disposto no § 2o deste artigo; e

II – os investidos em cargos em comissão do Grupo-Direção e Assessoramento Supe-riores – DAS, níveis 6, 5, 4, ou equivalentes, perceberão a respectiva gratificação de desempenhocalculada com base no valor máximo da parcela individual, somado ao resultado da avaliaçãoinstitucional do período.

§ 14. O titular de cargo efetivo integrante da carreira de que trata o caput, quando não seencontrar em exercício nas unidades referidas no § 13, somente fará jus à GDPST:

I – requisitados pela Presidência ou Vice-Presidência da República ou nas hipóteses de

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requisição previstas em lei, situação na qual perceberá a GDPST calculada com base nas regrasaplicáveis como se estivesse em efetivo exercício nas unidades referidas no § 13; e

II – cedido para órgãos ou entidades da União distintos dos indicados no inciso I einvestido em cargos de Natureza Especial, de provimento em comissão do Grupo-Direção eAssessoramento Superiores – DAS, níveis 6, 5, 4, ou equivalentes, perceberá a GDPST calculadacom base no resultado da avaliação institucional do período.

§ 15. A avaliação institucional referida no inciso II do §§ 13 e 14 será a do órgão ouentidade de lotação do servidor. (NR)

§ 16. A GEAAPST integrará os proventos da aposentadoria e as pensões. (NR)

Lula concede reajuste a servidores e revoga MP que cria ministério da pesca

Por Yara Aquino, da Agência Brasil, em 29.08:Brasília – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva assinou em 29.08 as duas medidas

provisórias que concedem reajuste a 350 mil servidores do Executivo, de 54 categorias. Umaterceira medida provisória assinada pelo presidente concede crédito para o Banco de Desenvol-vimento Econômico e Social (BNDES), no valor de R$ 15 bilhões, e revoga a medida provisóriaque transforma a Secretaria Especial de Aquicultura e Pesca em Ministério da Pesca. As infor-mações são do Palácio do Planalto.

De acordo com dados divulgados pela Casa Civil, a norma vai contemplar 350 milservidores de 54 careiras. O reajuste é retroativo a 1o de julho.

O ministro de Relações Institucionais, José Múcio Monteiro, afirmou que o governo iráenviar ao Congresso Nacional um projeto de lei com pedido de urgência para criar o Ministérioda Pesca.

O governo vai gastar R$ 22 bilhões a mais com o funcionalismo no próximo ano

Por Wellton Máximo, da Agência Brasil, e Fabio Rodrigues Pozzebom 29/04/2008.Brasília – Com os reajustes concedidos recentemente para o funcionalismo público, os

gastos com pessoal no próximo ano terão alta de 16,5%. A previsão consta da proposta doorçamento da União de 2009, enviada ao Congresso Nacional. Pelo projeto, os gastos compessoal vão aumentar de R$ 133,3 bilhões para R$ 155,3 bilhões no ano que vem.

Na comparação com o Produto Interno Bruto (PIB), a despesa com o funcionalismosaltará de 4,65% em 2008 para 4,93% no ano que vem. O aumento é o maior dos últimos quatroanos, mas o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, negou que haja risco de descontrole nosgastos com os servidores.

“De fato, o gasto com pessoal está se aproximando de 5% do PIB. Não fixamos umteto, mas posso assegurar que a equipe econômica está preocupada em não deixar essas despesasexplodir”, disse.

Paulo Bernardo destacou que, mesmo com a alta, os gastos com pessoal em 2009 ape-nas retornarão aos níveis vigentes em 2002, quando também somaram 4,93% do PIB. “Desde oprimeiro mandato do presidente [Luiz Inácio Lula da Silva], os gastos com o funcionalismoforam bem menores que os registrados anteriormente”, rebateu.

Pelo levantamento apresentado pelo ministro, as despesas com pessoal, em 2003, atin-giram 4,51% do PIB, caindo para 4,39% em 2004, e para 4,38% em 2005. A proporção aumen-tou para 4,61% em 2006, 4,63% em 2007 e 4,65% neste ano.

De acordo com Paulo Bernardo, a prova de que o governo não está perdendo o contro-le sobre os gastos é que os reajustes aprovados neste ano foram escalonados (parcelados) até2010. Ele, inclusive, descartou a possibilidade da concessão de novos reajustes em 2009.

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“Atendemos o que podíamos, mas não vejo a menor necessidade de aumentos salariaispara o ano que vem”, afirmou. Segundo ele, o último reajuste será para 300 mil servidores doPoder Executivo, que será concedido por meio de duas medidas provisórias (MPs) a seremenviadas ao Congresso até amanhã (28).

“A LDO [Lei de Diretrizes Orçamentárias] estabelece que qualquer aumento de despe-sa com pessoal tem de ser encaminhado ao Congresso até 31 de agosto”, informou PauloBernardo. “Acredito que as MPs serão enviadas amanhã para serem publicadas na sexta-feira”,concluiu

Lula assina MPS que reajustam salários de 350 mil servidores públicos

Por Lísia Gusmão, colaboração para a Folha Online, em Brasília, em 29.08:O presidente Luiz Inácio Lula da Silva assinou duas medidas provisórias que reajustam

os salários de cerca de 350 mil servidores públicos. Serão beneficiadas 54 categorias do funcio-nalismo público – entre elas os do Ministério das Relações Exteriores, Advocacia-Geral daUnião, Receita Federal e Banco Central.

A edição das MPs encerra as rodadas de negociação para reajustes salariais iniciadas emmaio pelo governo – quando foram beneficiados cerca de 800 mil civis e 600 mil militares,incluindo aposentados e pensionistas.

O Senado aprovou medida provisória que reajusta os salários de 1,4 milhão de servido-res da administração pública federal, entre civis, militares, aposentados e pensionistas. Como otexto já foi aprovado pela Câmara, segue agora para a sanção do presidente Luiz Inácio Lula daSilva.

No total, servidores de 17 carreiras serão beneficiados com o reajuste. Os aumentosserão progressivos, com reajustes anuais até 2010 ou 2011, de acordo com cada setor beneficia-do com a medida.

O reajuste vai ser repassado a cerca de 800 mil servidores civis e 600 mil militares, como impacto de R$ 7,5 bilhões nos cofres públicos somente este ano. Entre os servidores que vãoser beneficiados pela medida, estão docentes de universidades federais, servidores administrati-vos das universidades federais, servidores do Incra (Instituto Nacional de Colonização e Refor-ma Agrária), do Hospital das Forças Armadas e de ministérios.

Avaliação da GDASS. Gratificação levará em consideração critérios individuais

e institucionais

Em 02.07, informou o MPS que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva regulamentou aGratificação de Desempenho de Atividade do Seguro Social – GDASS, que é paga aos servido-res da carreira do Seguro Social. De acordo com o decreto, publicado nessa terça-feira (1), noDiário Oficial da União, 80% da gratificação serão definidos em função do desempenho institucional.Os 20% restantes levarão em conta o desempenho de cada servidor.

A GDASS é resultado de negociação que pôs fim a uma longa greve, realizada em 2005.Desde então, ela já representa um incremento nos rendimentos dos servidores. O objetivo éque, com a edição do decreto, a gratificação, além de trazer ganhos financeiros adicionais, setransforme em uma importante ferramenta de gestão para o Instituto Nacional do Seguro Soci-al – INSS, permitindo aumento de produtividade e melhor atendimento aos segurados.

O objetivo da avaliação individual é aferir o desempenho do servidor e estimular acontribuição individual para o alcance dos objetivos gerenciais do INSS. Serão levados em con-sideração fatores de desempenho que reflitam os conhecimentos, as habilidades e atitudes ne-cessárias ao adequado desempenho das tarefas e atividades. Por este motivo, os critérios serão

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diferenciados para servidores em cargos de chefia e para os membros das equipes de trabalho eque não atuem na gestão de equipes.

Os servidores que obtiverem avaliação de desempenho individual inferior a 50% dapontuação máxima prevista passarão por processo de capacitação. Os servidores com baixapontuação deverão participar dos cursos de aperfeiçoamento e capacitação oferecidos pelo INSS.Para 2008 foram oferecidas 37 mil vagas para capacitação de servidores, em cursos presenciais,e 46 mil, em cursos a distância.

Já a avaliação de desempenho institucional tem como objetivo garantir o alcance dasmetas gerenciais que serão fixadas semestralmente, por portaria do ministro da PrevidênciaSocial. Essas metas poderão ser revistas, a qualquer tempo, na ocorrência de fatores que exer-çam influência significativa e direta em sua consecução, desde que o INSS não tenha dado causaa tais fatores.

Governo reestrutura carreira do seguro social. Melhoria do Atendimento passa

pela valorização do servidor

Em 1o.07, o MPS informou que o Governo Lula encaminhará Medida Provisória aoCongresso Nacional para reestruturar a carreira do seguro social. A medida faz parte do conjun-to de ações que objetivam a melhoria do atendimento da Previdência Social à população. Segun-do o ministro José Pimentel, serão beneficiados 34 mil servidores do INSS, com reajustes de até480% no período de 2003 a 2014. É que serão criadas mais quatro faixas salariais, para que osservidores possam ascender. O processo de passagem para essas faixas mais altas começa em2010 e será concluído em 2014.

Um servidor de nível médio, em início de carreira, ganhava R$ 702,00 em janeiro de2003. Ao final da carreira, esse trabalhador receberia R$ 1.218,44. De acordo com a nova tabela,o servidor do mesmo nível que iniciar a carreira em fevereiro de 2010, por exemplo, receberá R$3.255,78. Quem encerrar a carreira em 2014 poderá ter remuneração de R$ 7.295,00.

Já o servidor de nível superior que iniciou a carreira em janeiro de 2003 recebia R$1.214,26, com previsão para R$ 2.021,85 ao final da carreira. A partir da implantação da novatabela salarial, a remuneração para o início de carreira, em fevereiro de 2010, será de R$ 5.358,20.Quem encerrar a carreira em 2014, poderá receber R$ 10.124,34.

Para o nível auxiliar as remunerações passam de R$ 620,00 e R$ 694,02 (início e final decarreira em janeiro de 2003) para R$ 2.490,41 e R$ 2.598,31 (início e final de carreira em feverei-ro de 2010).

Reajuste de servidor será em folha extra

Por Ricardo Allan, do Correio Braziliense, em 27.05:O ministro do Planejamento, Orçamento e Gestão, Paulo Bernardo, reiterou a decisão

do governo de pagar o aumento concedido aos servidores públicos por uma folha salarial extra.Segundo Bernardo, o governo vai enviar ao Congresso, nos próximos dias, um projeto

de lei abrindo os créditos extraordinários necessários para o aumento ser acomodado no orça-mento deste ano. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva havia editado uma MP determinando oreajuste e outra autorizando créditos num valor de R$ 7,56 bilhões. Mas o Supremo TribunalFederal (STF) decidiu que os valores do orçamento não podem ser alterados por MP, o quecriou um impasse.

Funcionalismo. Lula assina MP que reajusta salário de 800 mil servidores. Sai

reajuste para servidores. Oitocentos mil funcionários civis do Poder Executivo e 700 mil

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militares terão remunerações maiores. Medida provisória que estabelece os aumentos

foi assinada ontem pelo presidente Lula

Por Luciano Pires, da equipe do Correio, Correio Braziliense, em 15.05:Às voltas com ameaças de greves em setores estratégicos do funcionalismo e pressiona-

do pelos sindicatos, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva assinou a medida provisória (MP) queprevê reajustes a cerca de 800 mil servidores civis do Executivo federal e 700 mil militares,inclusive da reserva. Para que o pacote tenha efeito, o Orçamento deste ano precisará de verbaextra. Nada menos do que R$ 7,5 bilhões foram solicitados por Lula, mas não há garantiasjurídicas de liberação dos recursos.

No contracheque, o ganho será de até 137,28%, dependendo da carreira, do nível fun-cional e do perfil do servidor. Entre as categorias contempladas estão professores das universi-dades federais, servidores administrativos da Polícia Federal, funcionários do Instituto Nacionalde Colonização e Reforma Agrária (Incra), servidores do Hospital das Forças Armadas (HFA),do Plano Geral de Cargos do Poder Executivo (PGPE), da Previdência, da Saúde e do Trabalho,além de fiscais agropecuários. Só com os civis o gasto total estimado é de R$ 3,5 bilhões – R$100 milhões a mais do que consta no Orçamento.

Já a folha de pagamento dos militares passará de R$ 27,6 bilhões para R$ 31,8 bilhõesneste ano. Em abril, o governo anunciou reajustes para as Forças Armadas em percentuaisdiferenciados por patente e parcelados anualmente. O índice médio de aumento para a tropaficou em 47,19%. O primeiro, retroativo a janeiro, será de 8%. Os outros dois, de 3,64% cadaum, incidirão sobre os ganhos de julho e outubro. Com isso, o menor salário entre os militaresserá o dos 82,2 mil recrutas (R$ 471). A maior remuneração bruta será de R$ 15.048,19, paga aosoficiais generais de quatro estrelas, o último posto da carreira.

Pressão

Remuneração média do funcionalismo

Funcionalismo

Em meio à negociação salarial com dez carreiras, o Ministério do Planejamento afirmaque a remuneração média da administração pública federal dobrou entre o último ano do gover-no FH e o início do segundo mandato do presidente Lula. Diz ainda que atualmente apenas oitoservidores têm salário superior a R$ 24,5 mil, embora recebam esse valor, fixado como teto porlei (aplica-se o abate-teto)

Funcionalismo. Reajuste para quase 800 mil .Dez categorias de servidores serão

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beneficiadas com aumentos de até 137,28%. MP será enviada ao Congresso

Publicou o Correio Braziliense, em 14.03:O governo decidiu acertar as contas com o funcionalismo e enviará ao Congresso Na-

cional uma medida provisória (MP) que reajusta os salários de cerca de 800 mil servidorespúblicos federais de pelo menos 10 categorias. No contracheque, o ganho será de até 137,28%, dependendo da carreira, do nível funcional e do perfil do servidor. Como há negociações emcurso, outros setores ainda poderão ser incluídos na MP. O ministro do Planejamento, PauloBernardo, avisou, no entanto, que aumentos no atacado e em níveis tão elevados como os deagora não se repetirão nos próximos anos.

Seguridade: reajuste até 137%

Por Maria Eugênia, Ponto do Servidor, do Jornal de Brasília, em 12.03:Os 250 mil servidores da carreira da seguridade social, que engloba funcionários dos

ministérios da Previdência, Saúde e do Trabalho terão reajuste entre 32,97% e 137,28%, segun-do proposta apresentada pelo Governo Federal. Ao contrário do que o governo propôs natabela do pessoal do Plano Geral de Cargos do Poder Executivo (PGPE), os maiores reajustesvão para o pessoal da ativa, dependendo do nível de escolaridade, classe e padrão do servidor.

O reajuste será pago em quatro parcelas, a primeira este ano e a última em 2011. Para oscargos de nível superior, o aumento varia entre 112,05% e 137,28% (ativos) e entre 68,01% e87,04% (inativos). Para a turma do nível intermediário, a proposta do governo prevê reajustesentre 60,23% e 87,92% (ativos) e entre 32,97% e 54,03% (inativos). No caso dos servidores donível auxiliar em atividade, o aumento varia entre 40,70% e 50,75%; e para os aposentados epensionistas, entre 37,25% e 47,16%. Os servidores estão analisando a tabela, mas adiantam quevão lutar para reduzir a diferença entre os salários dos ativos e inativos. A categoria reivindica,ainda, que os percentuais maiores sejam aplicados ainda este ano.

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Regras estão definidas em Lei. Segurado com mais de 80 anos vai responder ao

Censo em casa

Em 24.06, o MPS divulgou que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva sancionouem 20.06 a Lei no 11.720, publicada no Diário Oficial da União (DOU) de 23.06, que contémum conjunto de medidas que nortearão qualquer recadastramento que venha a ser realizadopela Previdência Social. As novas normas serão aplicadas, inclusive, no próximo CensoPrevidenciário, previsto para 2009.

Entre as novidades previstas na Lei, que ainda serão regulamentas pelo InstitutoNacional do Seguro Social (INSS), estão: 1) os bancos terão de agendar dia e hora para queos beneficiários com 60 anos ou mais compareçam às agências para se recadastrar; e 2) ossegurados com 80 anos ou mais ou aqueles que, por recomendação médica, não puderem sedeslocar, independentemente da idade, deverão responder ao Censo em casa.

A maioria das regras, no entanto, já foi aplicada no primeiro Censo Previdenciário,realizado entre outubro de 2005 e dezembro de 2007. Nesse período, o INSS convocou17.201.665 beneficiários – base de dados de dezembro de 2003 – para fazer orecadastramento. Um total de 16.655.207 beneficiários foi às agências bancárias ou às Agên-cias da Previdência Social, no caso dos que perderam o prazo dado pelo INSS, e se recen-searam.

Entre as regras já utilizadas no último recadastramento e confirmadas na Lei, estãoa suspensão do benefício apenas nos casos em que os beneficiários não comparecerem aoslocais e prazos determinados para fazer o recadastramento. E como ocorreu no primeiroCenso, todos os beneficiários serão previamente notificados sobre o processo derecadastramento através de avisos eletrônicos nos terminais de autoatendimento, através daCentral 135 e do site da Previdência (www.previdencia.gov.br). Depois de receber o aviso, obeneficiário tem, no mínimo, 90 dias para se recadastrar, caso contrário seu benefício

será suspenso.

Novas regrasA Lei no 11.720 determina que os órgãos recadastradores (instituições financeiras

onde os segurados recebem seus benefícios) terão de agendar dia e hora em que beneficiárioscom 60 anos ou mais farão seu recenseamento. A convocação será feita em função da datade aniversário ou da data de concessão do benefício. O INSS ainda vai regulamentar oescalonamento das convocações e como será o processo de agendamento.

Os segurados com 80 anos ou mais ou aqueles que, por recomendação médica, nãopuderem se deslocar, independentemente da idade, deverão receber um recenseador em casa.No primeiro Censo Previdenciário, o segurado tinha a opção de realizar o Censo por intermé-dio de seu procurador ou representante legal, mas depois recebia a visita de um funcionáriodo INSS em sua residência. Este funcionário confirmava os dados e completava o levanta-mento e checagem dos dados. O INSS também vai regulamentar esse procedimento.

Censo Previdenciário

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Câmara aprova novas regras para recadastramento no INSS

Publicou o Jornal da Câmara, em 07.03:Em 06.03, a Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania aprovou o Projeto de

Lei no 5.886/05, do ex-senador Sérgio Cabral, que impede o bloqueio prévio de benefíciospagos pela Previdência Social a segurados durante período de recadastramento. O relator, depu-tado Pastor Manoel Ferreira (PTB-RJ), apresentou parecer favorável quanto à constitucionalidadeda matéria.

A proposta regulamenta os recadastramentos, que deverão obedecer a prévia notifica-ção pública e a um prazo mínimo de 90 dias para início e conclusão do processo. Os seguradoscom 60 anos ou mais deverão contar com sistema de agendamento prévio, e os beneficiadoscom mais de 80 anos terão atendimento em casa. Também será atendida em casa a pessoa que,independentemente da idade e por recomendação médica, estiver impossibilitada de se deslocar.

Estatuto do IdosoO projeto ainda define que qualquer procedimento que envolva a Previdência Social, e

que tenha como beneficiário o segurado com idade igual ou superior a 60 anos, deverá obedecerao que dispõe o Estatuto do Idoso (Lei no 10.741/03).

Ferreira lembra que diversos segurados, alguns com idade avançada, tiveram seus bene-fícios bloqueados antes da complementação do recadastramento sob pretexto de combate àfraude. Tal bloqueio, segundo ele, violou várias normas do Estatuto do Idoso, submetendo ossegurados a tratamento humilhante e discriminatório. “O projeto visa evitar fatos tão lamentá-veis”, disse o relator.

Já o relator do projeto na Comissão de Seguridade Social e Família, deputado AlceniGuerra (DEM-PR), afirmou que, apesar da necessidade de recadastramento para evitar fraudes,o respeito aos cidadãos deve ser mantido. Para Guerra, é inaceitável retirar dos segurados o quese constitui, na maior parte das vezes, sua única fonte de renda e de sobrevivência. “A propostabusca proteger o exercício de direito social constitucionalmente assegurado, o direito à previ-dência social, com a garantia do respeito à dignidade da pessoa humana, um dos fundamentosda nossa República”, concluiu.

Censo irá reavaliar aposentadorias. Convocações do INSS para o chamado cen-

so da invalidez deverão começar em março

Por Juca Guimarães, da Gazeta de Alagoas, em 02.01:SÃO PAULO – Neste ano, o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) irá retomar,

após 16 anos, a rotina de reavaliação dos 2,7 milhões de segurados que recebem aposentadoriapor invalidez em todo o País. As convocações para o chamado censo deverão começar emmarço, após a conclusão do processo de investigação dos segurados que voltaram a trabalharenquanto ainda recebiam o benefício. “Não queremos criar confusão. Por isso, primeiro vamosconcluir a verificação de quem voltou ao trabalho sem cancelar o benefício, para depois entrarcom o censo da aposentadoria por invalidez”, disse o ministro da Previdência Luiz Marinho.

Desde 1992, o INSS não faz a reavaliação da capacidade de trabalho dos seguradosconsiderados incapazes para o trabalho. Segundo o instituto, um dos motivos pelos quais asreavaliações não foram mais realizadas é a falta de verba. Até 2003, as perícias do INSS eramterceirizadas, e médicos particulares recebiam do Governo por cada consulta feita. A contrataçãode médicos peritos por meio de concurso viabilizou a retomada dos exames de reavaliação. Aotodo, o INSS tem 4.800 médicos peritos no país.

Pela regra, o exame de reavaliação deve ser realizado de dois em dois anos, o que passaráa ser feito a partir de agora. Caso o segurado seja considerado apto ou parcialmente apto ao

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trabalho, o benefício será cancelado. No caso da recuperação parcial da capacidade de trabalho,o cancelamento do benefício será feito em três etapas, que tem duração de seis meses cada uma.O benefício será reduzido gradualmente até ser extinto.

Na avaliação da capacidade de trabalho, os peritos vão levar em conta exames, laudosmédicos e tratamentos feitos pelo segurado que comprovem a incapacidade. “O INSS está certoem cumprir a regra, mas o segurado tem direito a um atendimento correto. O censo terá que serbem organizado para evitar grandes transtornos”, disse o deputado federal Arnaldo Faria de Sá(PTB-SP).

Projeto

Os segurados que recebem a aposentadoria por invalidez e têm hoje mais de 60 anos deidade podem escapar do exame de reavaliação caso seja aprovado um projeto de lei do senadorPaulo Paim (PT-RS).O texto dispensa das perícia médica os aposentados que já são sexagenários.“Antes, o limite”,disse o senador.

De acordo com o ministro da previdência, os segurados poderão usar o período derecebimento do benefício por invalidez na contagem do tempo para a aposentadoria por idade.

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Aposentadoria sem perdas exige mais tempo de serviço. Serão necessários mais

54 dias de trabalho; aumento é porque expectativa de vida é maior. De acordo com os

dados do IBGE, a expectativa de vida dos brasileiros aumentou de 72,3 anos em 2006

para 72,6 anos no ano passado

Por Julianna Sofia, da Folha de S. Paulo, em 1o.12:O brasileiro precisará trabalhar 54 dias a mais a partir de agora para conseguir se apo-

sentar sem perdas no valor do seu benefício, segundo estimativa do Ministério da Previdência.Com o aumento da expectativa de vida no país anunciado ontem pelo IBGE (Instituto Brasilei-ro de Geografia e Estatística), o cálculo das aposentadorias foi alterado, exigindo do trabalhadormais tempo em atividade para se aposentar.

Até 30 de novembro, um trabalhador com 63 anos de idade e 35 anos de contribuiçãoconseguiria se aposentar usando para o cálculo do seu benefício um fator previdenciário próxi-mo de 1. A partir de 1o de dezembro, com a nova tábua de mortalidade do IBGE, esse mesmotrabalhador precisará trabalhar 54 dias a mais para obter o mesmo fator.

O fator previdenciário, que entrou em vigor em 1999, é um mecanismo usado no cálcu-lo das aposentadorias que reduz o valor dos benefícios de quem se aposenta mais cedo. Paraquem fica mais tempo no mercado de trabalho, o fator pode elevar o valor do benefício.

Um fator igual ou superior a 1 significa que o trabalhador não terá perdas na hora emque a Previdência calcular seu benefício. Entram na fórmula de cálculo a idade do segurado, otempo de contribuição e a expectativa de vida a partir da aposentadoria. O mecanismo é obriga-tório no cálculo dos benefícios por tempo de contribuição.

No Congresso, o fator previdenciário corre risco de ser extinto. Um projeto de autoriado senador Paulo Paim (PT-RS) acaba com o mecanismo. O governo vem afirmando que o fimdo cálculo só poderá ocorrer se, em substituição, for criada uma idade mínima para as aposen-tadorias – o que não há pelas regras atuais.

Sem o fator, o governo alerta que o rombo da Previdência – estimado em R$ 38 bilhõespara este ano – seria ainda maior. Entre 2000 e 2008, calcula-se que a economia com o fatorchegue a R$ 14,5 bilhões.

“Infelizmente, o fator vem funcionando muito mais para modificar o valor do benefíciodo que para postergá-lo. As pessoas preferem um benefício menor a permanecer mais tempotrabalhando”, afirmou o secretário de Previdência Social, Helmut Schwarzer. O secretário dizque, em 1999, a idade média das aposentadorias era concedida aos 51 anos. Hoje, mesmo como fator previdenciário, é aos 53 anos.

Depois de amanhã, as centrais sindicais participarão de reunião no Ministério da Previ-dência para reivindicar o fim do fator. Os sindicalistas, no entanto, são contra a instituição deuma idade mínima.

A Previdência considera que a nova tábua de mortalidade trouxe aumento na expecta-tiva de vida dos brasileiros dentro do esperado. De acordo com os dados do IBGE, a sobrevida

Reforma da Previdência

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passou de 72,3 anos em 2006 para 72,6 anos em 2007.Segundo Schwarzer, o efeito do fator varia individualmente. No caso de trabalhadores

mais velhos, o ajuste ocorrido tem menor efeito porque o peso da idade acaba sendo maior.A Previdência Social explicou que o novo fator vale para todas as aposentadorias solici-

tadas desde ontem.

“Sucessor de Lula deve fazer reforma da Previdência logo.” Para Fábio

Giambiagi, tarefa deve ser realizada no primeiro ano de governo

Publicou a Folha de S. Paulo, em 1o.09:O primeiro ano do próximo governo, independentemente de quem vença as eleições de

2010, será uma oportunidade para o avanço da reforma previdenciária. A afirmação foi feitapelo chefe do Departamento de Risco de Mercado do Banco Nacional de DesenvolvimentoEconômico e Social (BNDES), Fabio Giambiagi, durante o Fórum Estadão Crescimento xPrevidência, promovido pelo Estado e pela Agência Estado.

“O futuro presidente deve tomar a tarefa para si porque a questão previdenciária nãocostuma ter iniciativa popular nem do Congresso”, afirmou. “Não haverá passeata nas ruaspedindo aumento da idade mínima para aposentadoria”, brincou.

Ele admitiu que a crise global torna mais complexo o debate, pois as preocupaçõesrecaem sobre problemas mais imediatos.

“Chega a ser surrealista falar de longo prazo em um momento como o que estamosvivendo, mas o problema dos gastos públicos com a Previdência não pode ser adiado indefini-damente.”

Giambiagi lembrou que em 1991 os gastos com a Previdência representavam 14% doProduto Interno Bruto (PIB) e no próximo ano devem chegar a 23% – um gasto desproporci-onal em relação à população idosa (65 anos ou mais), em comparação com outros países. Oproblema tende a se agravar com o envelhecimento da população.

“Qualquer reforma é para 2050”

Por Isabel Sobral, de O Estado de S. Paulo, em 11.08:O governo federal não tem interesse em promover um novo ajuste nas regras da previ-

dência até o fim de seu mandato. “O que a gente tem que ter clareza é que qualquer reformaprevidenciária é para 2050”, disse o ministro da Previdência Social, José Pimentel. No cargo hádois meses, Pimentel afirmou que as prioridades até 2010 são investir na gestão administrativa,melhorar o atendimento aos segurados do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) e tirarpelo menos parte das contas previdenciárias do vermelho. “Nós estamos fazendo uma opçãopela gestão”, afirmou o ministro nesta entrevista ao Estado.

Além da gestão, Pimentel diz que o governo tem como horizonte imediato a ampliaçãoda cobertura previdenciária, “com a criação da figura do microempreendedor individual”, cujoprojeto está na Câmara. “É o feirante, o camelô, o sacoleiro, o pipoqueiro, o borracheiro, acabeleireira, a manicure, que, se tiverem renda de até R$ 36 mil por ano, poderão ter um CNPJnacional e único que valerá para Municípios, Estados e União. Eles serão isentos de contabilida-de e terão tributação zero de todos os impostos federais devidos pelas pessoas jurídicas”, resu-miu Pimentel, lembrando que eles terão todos os benefícios, exceto aposentadoria por tempo decontribuição.

O ministro informou que quer chegar a um entendimento com o presidente da Câma-ra, Arlindo Chinaglia (PT-SP), e os líderes partidários para enviar um projeto de lei à Câmaraainda este ano tornando automática a concessão de aposentadorias, sem a necessidade de o

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contribuinte comprovar seu direito, invertendo o ônus da prova para o INSS. O projeto vairetomar ainda um antigo desejo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que é mudar formal-mente a contabilidade da previdência.

As contas dos benefícios dos trabalhadores urbanos seriam separadas das contas daprevidência rural, além de deixar transparente os valores das renúncias previdenciárias em favor,por exemplo, das entidades filantrópicas. “Podemos chegar em 2010 com a previdência urbanasuperavitária”, completou.

O governo Lula ainda pretende fazer uma nova reforma da Previdência?Os nossos cálculos apontam que, até 2050, (o Brasil) não precisa de reforma

previdenciária. A questão é gestão e crescimento econômico. A partir de 2050 é que uma refor-ma será necessária por causa da queda na taxa de natalidade e o aumento de expectativa de vidade quem completa os 60 anos. Em 2010, por exemplo, estará em 79,6 anos essa sobrevida paraos homens e em 82,9 anos para as mulheres. Em 2050, passará para 82,7 anos para os homens e87 anos para mulheres. Não é melhor, então, começar a discutir agora uma reforma previdenciáriaque entre em vigor nesse futuro? Evidente que se pode começar a pensar já em fazer isso, masnós estamos fazendo uma opção pela gestão, vamos cuidar da gestão.

O que a gente tem que ter clareza é que qualquer reforma previdenciária é para 2050. Oque será feito ainda na gestão da Previdência?

O presidente Lula determinou que seja feita a separação das aposentadorias rurais eurbanas na contabilidade da previdência, algo que já fazemos administrativamente e agora va-mos formalizar. Com isso, queremos deixar clara para a sociedade brasileira a situação do siste-ma previdenciário público brasileiro. Explicitar que as aposentadorias especiais (rurais, artesanaise extrativistas) serão sempre subsidiadas pela sociedade, mas que a previdência urbana nós que-remos superavitária.

E como ela pode ser superavitária?A leitura é que, se a economia continuar a crescer em 2009 pelo menos 4% e outros 4%

em 2010, ao final desse ano a previdência urbana será superavitária. Os dados do primeirosemestre mostram uma queda de 17,5% no déficit em relação ao mesmo período do ano passa-do. Boa parte desses R$ 18,5 bilhões de déficit acumulado nos seis meses vem das aposentado-rias especiais. Aliado a esse esforço de redução do déficit, vamos aumentar o reconhecimentodos direitos previdenciários.

Trata-se da proposta de inverter o ônus da prova para os segurados?Isso mesmo. A atual legislação, de 1991, determina que o contribuinte comprove o

direito ao benefício. Vamos implantar o CNIS (Cadastro Nacional de Informações Sociais), quepermitirá ao trabalhador chegar ao balcão da agência da previdência, puxar o seu extrato ehomologar na hora seu pedido de aposentadoria. O objetivo é simplificar o atendimento e, aomesmo tempo, combater as fraudes. Porque nós passaremos a ter um banco de dados prévio ecertificado. Para quem tem direito às aposentadorias por idade, de 60 anos para mulher e 65anos para homens, com tempo mínimo de contribuição de 13,5 anos, já temos condições decertificar porque o nosso banco de dados de julho de 1994 para cá está completo. Portanto, nahora em que o Congresso Nacional alterar a lei, nós temos condições de implantar a nova regraimediatamente para quem pedir aposentadorias por idade no meio urbano.

E a aposentadoria por tempo de contribuição, que exige 30 anos das mulheres e 35 anosdos homens?

Para esse pessoal, estamos montando o banco de dados que começará em 1976 (data decriação da Relação Anual de Informações Sociais (Rais). Esse está dando mais trabalho porqueprecisamos dos dados mês a mês. Já fizemos um primeiro grande batimento de dados e em mais

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ou menos 40% do cadastro ainda falta alguma complementação. Na hora em que o Congressoautorizar, vamos pedir informações aos empregadores e depois aos trabalhadores, se necessário.

O sr. tem falado em atrair mais contribuintes pessoas físicas para o INSS pagandoalíquota reduzida, de que forma?

A nossa grande preocupação é ampliar a cobertura previdenciária e mais um passo paraisso será a criação da figura do microempreendedor individual, cujo projeto está na Câmara. Éo feirante, o camelô, o sacoleiro, o pipoqueiro, o borracheiro, a cabeleireira, a manicure que, setiverem renda de até R$ 36 mil por ano, poderão ter um CNPJ nacional e único que valerá paraMunicípios, Estados e União. Eles serão isentos de contabilidade e terão tributação zero detodos os impostos federais devidos pelas pessoas jurídicas. Aí poderão contribuir com 11%sobre o salário-mínimo para a previdência e terão direito a todos os benefícios, exceto aposen-tadoria por tempo de contribuição.

Mas já existe um plano simplificado de contribuição, com alíquota de 11%, criado pelaLei Geral das Micro e Pequenas Empresas em 2007.

Esse é um segundo passo, pois agrega a possibilidade de formalização domicroempreendedor, algo que o primeiro plano simplificado não prevê. No próximo dia 12 deagosto, vamos ter uma grande manifestação, em São Paulo, em favor desse novo sistema. Esseprojeto de lei tem acordo entre governo e oposição, mas só não foi votado ainda porque a pautada Câmara está trancada por medidas provisórias.

“Mantido um crescimento (da economia) de 4% ao ano, não precisa de reforma

previdenciária até 2050”, José Pimentel, ministro da Previdência Social. Mudanças sem

risco de gritaria. Governo propõe mudar Previdência para conter déficit, mas sem refor-

ma mais profunda

Por Gustavo Paul, de O Globo, 21.07:O governo enviará ao Congresso Nacional, no mês que vem, dois projetos de lei com

mudanças na Previdência Social, para tentar melhorar o atendimento dos segurados e tirar ascontas da Previdência do vermelho ainda nesta gestão. Em reunião no Palácio do Planalto nasemana passada, o ministro da Previdência Social, José Pimentel, recebeu o sinal verde do presi-dente Luiz Inácio Lula da Silva para finalizar os textos. Sem interesse em retomar as polêmicaspropostas de reformas constitucionais no setor neste mandato, o governo vai continuar inves-tindo em mudanças de gestão para tentar aprimorar a eficiência do sistema. O primeiro projetoprevê a inversão do ônus da prova quando o trabalhador for pedir aposentadoria.

Desde 1991, cabe ao segurado provar que contribuiu e tem direito à aposentadoria. Ameta do ministério é fazer com que, a partir de janeiro de 2009, caiba ao INSS levantar os dadosdo servidor para os casos de aposentadoria por idade. Em 2010, o sistema passaria a funcionarpara quem pedir aposentadoria também por tempo de serviço.

Queremos que o aposentado, quando chegar ao guichê da agência, em vez de ele com-provar as condições (para aposentar), a Previdência que faça isso. Já podemos fazer essas apo-sentadorias por idade tão logo o Congresso aprove o projeto – disse Pimentel. Rurais ficarão naconta do Tesouro Para conseguir isso, o governo está investindo R$140 milhões na Dataprev(empresa de processamento de dados da Previdência) para implantar o Cadastro Nacional dasInformações Sociais (CNIS). Atualmente, já existem dados disponíveis desde 1994 e o objetivoda Dataprev é estendê-los até 1976. O banco de dados do ministério irá cruzar dados do cadas-tro de empregos, do FGTS e do CPF, por exemplo.

O segundo projeto foi concebido para fazer a separação formal das contas das aposen-tadorias urbanas das especiais (rural, pesca artesanal e atividade extrativista). Hoje, boa parte do

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déficit da Previdência vem das aposentadorias rurais – que não têm a contrapartida da contri-buição –, e o governo quer deixar isso claro para a sociedade. Dos R$15,5 bilhões do rombo daPrevidência acumulado até maio, R$13,3 bilhões são das aposentadorias especiais, e apenasR$2,2 bilhões são resultado da Previdência urbana.

Para Pimentel, trata-se de um problema, pois apenas os urbanos efetivamente contribu-em para o sistema. Este fenômeno é antigo, mas só no ano passado o governo resolveu atacá-lo.

O nosso esforço é fazer a Previdência ser superavitária ainda neste governo. O projetovai dar mais transparência à contabilidade previdenciária no Brasil. Já fazemos a separação admi-nistrativa, e vamos transformá-la em algo legal – explicou o ministro.

Pimentel acredita que o crescimento da economia e o controle de gastos serão

suficientes para garantir o equilíbrio das contas. Ministro descarta novas regras para

aposentadoria

Por Marcelo Tokarski, da equipe do Correio, Correio Braziliense, 19.07:O governo Lula deve mesmo desistir de propor ao Congresso uma reforma nas atuais

regras de concessão de aposentadorias. Pelo menos no que depender do novo ministro daPrevidência Social, José Pimentel. No cargo há pouco mais de um mês, o petista – que em 2003foi relator no Congresso da reforma da previdência do setor público – defende a tese de que ocrescimento econômico vai garantir a sustentabilidade da previdência brasileira nos próximos40 anos. Em entrevista ontem ao Correio, Pimentel disse que a conjuntura favorável no mercadode trabalho precisa apenas ser complementada por medidas de gestão e controle de gastos, quejá vêm sendo tomadas desde 2003.

“Nós estamos trabalhando com 2050. Mantido um crescimento (da economia) de 4%ao ano, não precisa de reforma previdenciária até 2050”, garante o ministro. Segundo ele, aprevidência urbana está prestes a se tornar superavitária. Nos primeiros cinco meses deste ano,do déficit de R$ 15,5 bilhões registrados pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), ape-nas R$ 2,2 bilhões vieram do meio urbano, na qual há contribuição por parte de trabalhadores eempresas. Todo o restante (o equivalente a quase 86%) foi provocado pelas aposentadoriasrurais, onde não há contribuição.

Para separar bem esses dois universos, o governo vai enviar em breve ao Congresso umprojeto de lei que altera a forma de contabilidade do déficit da Previdência, separando urbano erural. “É para dar a transparência necessária”, argumenta Pimentel. A ideia é mostrar que aparcela urbana, na qual há contribuição dos trabalhadores, está equilibrada. “A questão da Pre-vidência no Brasil é muito mais de gestão e de crescimento econômico. Como de 2003 para cáa Previdência mudou uma série de regras, de controles, de gestão, isso nos permite visualizaruma Previdência superavitária num curto espaço de tempo”, afirmou.

Fator

O novo ministro disse ainda ser contrário ao fim do fator previdenciário, que reduz ovalor da aposentadoria de quem se aposenta antes dos 63 anos, mesmo tendo cumprido otempo mínimo de contribuição ao INSS (de 30 anos para as mulheres e de 35 anos para oshomens). De autoria do senador petista Paulo Paim (RS), um projeto que extingue o fator foiaprovado pelo Senado e agora tramita na Câmara. “O Brasil é um dos poucos países do mundoque aboliu a idade mínima para aqueles que vão se aposentar por tempo de contribuição. Eintroduziu o fator previdenciário. Todos os outros países têm a idade mínima. Se nós revogar-mos o fator, obrigatoriamente terá que voltar a idade mínima”, afirmou Pimentel. Segundo ele,a idade mínima média hoje praticada nos demais países é de 67,5 anos.

Na avaliação do ministro, o fim do fator seria extremamente prejudicial às camadas

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mais pobres da população. Segundo ele, um homem que começa a trabalhar aos 18 anos pode seaposentar após 35 anos de contribuição, aos 53 anos de idade. Com o fim do fator e a adoção daidade mínima, esse mesmo homem teria que trabalhar até os 65 anos, ou seja, contribuiria por 47anos. São 12 anos a mais. “Os pobres começam a trabalhar mais cedo. Portanto, a revogação dofator é muito boa para os mais ricos e extremamente injusta com os mais pobres. Esse é o debateque a sociedade precisa fazer”, defende.

Com relação à outra bomba-relógio armada no Congresso – uma emenda, de autoriado senador Paim, que vincula todos os benefícios previdenciários aos reajustes do salário-míni-mo –, o ministro aposta no bom-senso dos parlamentares. Ele classificou a volta da indexaçãodas aposentadorias ao mínimo como o “abraço dos afogados”. Hoje, dois terços dos aposenta-dos e pensionistas do INSS recebem até um salário-mínimo (R$ 415). Os 8 milhões restantestêm seu benefício corrigido de acordo com a inflação.

Idade mínima teria resistência

Por Marcelo Tokarski, do Correio Braziliense, em 17.03:O secretário de Políticas de Previdência Social, Helmut Schwarzer, reconhece que a

média de 18 anos de contribuição ao INSS é muito baixa e também o pequeno efeito que teriaum aumento do tempo mínimo. Segundo ele, a adoção de uma idade mínima, como já ocorre noserviço público, seria tecnicamente mais eficiente, mas uma proposta como essa teria ainda maisdificuldades em ser aprovada no Congresso.

Schwarzer ressalta ainda que o aumento da exigência não poderia se limitar às aposen-tadorias por tempo de contribuição. No caso das aposentadorias por idade, defende, o prazomínimo exigido deveria subir dos atuais 15 para 20 anos, gradativamente. “Isso levaria a umpequeno aumento no tempo médio de contribuição de quem se aposenta por idade”, afirma.

Na avaliação do secretário, o baixo tempo médio de contribuição reflete as condiçõesdo mercado de trabalho. “É uma média muito baixa, consequência de mais de duas décadas dedificuldades na formalização do mercado de trabalho brasileiro”, afirma. Segundo ele, tambémexerce influência a falta de uma consciência previdenciária por parte da população. “O brasileiroainda vê a Previdência apenas como sinônimo de aposentadoria, e não como um seguro, queinclui licença-maternidade e auxílio-doença”, afirma.

Schwarzer ressalta que o tempo médio de contribuição vem crescendo ao longo dosúltimos anos. Em 2003, a média era de 16,8 anos. Chegou a 18,4 anos em 2006, caindo para 17,8no ano passado – foi a primeira redução da média. “Isso ocorreu porque, no ano passado, houveum leve aumento dos pedidos de aposentadoria, devido ao medo das pessoas em relação a umareforma da Previdência por causa das discussões do fórum”, explica o secretário.

Memória

Longe do consensoCriado no início de 2007, o Fórum Nacional da Previdência Social (FNPS) reuniu re-

presentantes de governo, empresários e trabalhadores. Durante 12 reuniões, eles ouviram espe-cialistas, debateram a situação demográfica brasileira e discutiram propostas de mudanças nasregras de concessão de aposentadorias e pensões do Regime Geral de Previdência Social (RGPS),que beneficia os trabalhadores da iniciativa privada.

O fórum não conseguiu dirimir as divergências entre patrões e empregados. Os empre-sários defenderam a adoção de uma idade mínima de 63 anos para os homens e de 58 anos paraas mulheres, subindo gradativamente até 67 e 62 anos, respectivamente. Os trabalhadores nemsequer aceitaram discutir a questão, rechaçando também o aumento do tempo de contribuição.

Na prática, o FNPS chegou apenas a alguns consensos gerais, como a necessidade de se

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estimular a formalização no mercado de trabalho.(MT)

Ministério quer estimular aposentadoria tardia

Por Julianna Sofia, da Folha de S. Paulo, em 03.02:O Ministério da Previdên-

cia pretende criar um “abono depermanência” para estimular traba-lhadores que já podem se aposen-tar e continuar no mercado. Com amedida, que deve ser encaminha-da neste semestre ao Congresso,esses trabalhadores ficarão livres dacontribuição previdenciária e pode-rão garantir um ganho adicional naaposentadoria.

Diante do fracasso doFórum Nacional da PrevidênciaSocial em desenhar uma reformaprofunda no sistema, o “abonode permanência” faz parte dosajustes pontuais pregados peloministro da pasta, Luiz Marinho.À Folha ele disse que o abono se-ria uma forma indireta e voluntá-ria de alterar o atual cálculo dosbenefícios.

Os ajustes pontuais nosistema tratariam de mudançasinfraconstitucionais, já que o go-verno não vê ambiente políticopara enviar uma reforma ao Con-gresso neste ano.

O fórum, que reúne tra-balhadores, empresários e gover-no, foi criado no início de 2007pelo presidente Lula para discutira reforma da Previdência. Semconsenso, o grupo se limitou aproduzir um relatório com propostas genéricas de mudanças no sistema de aposentadorias. Odocumento ainda não foi entregue ao presidente por problemas de agenda.

Com o abono, Marinho afirma que seria possível compensar o efeito nulo que o fatorprevidenciário teve na postergação das aposentadorias. O fator está em vigor desde o final de1999 e surgiu com o objetivo de adiar a aposentadoria do trabalhador. O mecanismo de cálculofunciona como um redutor no benefício de quem decide se aposentar mais cedo.

A análise técnica da Previdência, no entanto, concluiu que o fator não gerou o efeitoesperado. O diagnóstico é que o trabalhador prefere se aposentar com benefício menor a adiaro momento do descanso.

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“Já com o abono de permanência, o cidadão que já cumpriu os requisitos para a aposen-tadoria poderá continuar trabalhando e terá um ganho mensal na sua renda”, disse Marinho. Acontribuição previdenciária do trabalhador varia de 8% a 11% até o teto de contribuições (R$318,37).

O ministro acrescenta que o tempo de permanência no mercado será usado para efeitosde aplicação do fator previdenciário. Ou seja, o período adicional em atividade influenciarápositivamente no cálculo, elevando o valor do benefício a ser concedido. “Estamos oferecendodois ganhos para o trabalhador”, afirmou.

Segundo ele, o “abono de permanência” já existe no funcionalismo público desde 2003e deu resultados expressivos. Mais de 40 mil servidores federais adiaram suas aposentadorias. Adiferença é que o ganho mensal para esse funcionário é mais atrativo. No serviço público, todossofrem desconto de 11% do salário e não há teto para essa contribuição.

Para Marinho, dificilmente a medida encontrará resistência, pois contou com o apoiodas bancadas no fórum. O ministro avalia, porém, o melhor momento para levar o projeto aopresidente Lula. “Vamos apresentar primeiro o relatório e depois tirar os pontos para transfor-mar em projeto de lei.”

Reforma não será feita em 2008. Mudanças na Previdência serão pontuais, diz ministro

Por Isabel Sobral, de O Estado de S. Paulo, em 23.01:O ministro da Previdência, Luiz Marinho, disse que o governo poderá enviar este ano

ao Congresso Nacional propostas de alterações pontuais nas regras da Previdência, praticamen-te descartando um projeto mais amplo de reforma previdenciária em 2008. “Muito provavel-mente o governo vai priorizar o debate da reforma tributária este ano”, afirmou Marinho apósanunciar o resultado nas contas do INSS em 2007.

“Quanto à Previdência, poderemos mandar projetos pontuais ao Congresso e ir avan-çando na criação de condições para uma reforma mais ampla, mas tudo também vai dependerdas condições políticas”, completou. Ele evitou antecipar temas que poderiam ser alvo de mu-danças por projetos de lei

O Fórum Nacional de Previdência Social, realizado no segundo semestre do ano passa-do, não chegou a um consenso sobre qualquer mudança de regras, mas entre os debates estevea possibilidade de novas regras para concessão de pensões por morte.

Em 2007, o estoque de pensões atingiu 6 milhões de benefícios, ante 5,9 milhões do anoanterior. Alguns estudos de especialistas em Previdência mostraram que as regras brasileiras

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estão entre as mais generosas do mundo na concessão de pensões. Na Europa, Estados Unidose Ásia, os valores das pensões são fixados de acordo com a idade do cônjuge viúvo ou a existên-cia de filhos menores deixados pelo segurado falecido.

Marinho disse que a elevação do déficit do INSS em “apenas 2,4%” entre 2006 e 2007é um sinal de que as contas estão controladas no curto prazo, mas alertou que a situação devemudar no longo prazo.

“Para o futuro, precisamos insistir na necessidade de ajustes da Previdência às mudan-ças demográficas”, afirmou, lembrando que o envelhecimento populacional e a maior longevidadedas pessoas podem sobrecarregar o sistema.

As alternativas de fixar idades mínimas para aposentadoria ou aumentar o tempo decontribuição para o INSS, como ajustes demográficos, só podem ser feitos por emendas àConstituição Federal.

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Prazo de contribuição aumenta com a expectativa de vida

Por Ayr Aliski, da Gazeta Mercantil, de 7.12:Os brasileiros estão vivendo mais e por isso terão de trabalhar mais tempo para garantir

a aposentadoria. Um trabalhador que entrasse com pedido de aposentadoria na última sexta-feira, 28 de novembro, comprovando ter 63 anos de idade e 35 anos de contribuição à Previdên-cia conseguiria garantir pagamento de benefício pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS)em valor integral referente à média dos salários-de-contribuição.

A demora para conseguir a aposentadoria ocorre porque o Ministério da PrevidênciaSocial mudou a tabela do fator previdenciário (FAP), mecanismo de cálculo para o valor daaposentadoria que leva em conta o tempo de serviço acumulado pelo trabalhador. É uma exi-gência da Lei no 9.876, de 1999, que vinculou o fator previdenciário à divulgação anual das novastábuas de expectativa de vida pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Foi oque aconteceu ontem, quando o IBGE anunciou que a expectativa de vida do brasileiro chegoua 72,6 anos em 2007, contra os 72,6 anos do ano anterior.

Para o governo, é natural que seja necessário adiar um pouco a aposentadoria, no mo-mento em que a população brasileira está garantindo uma vida cada vez mais longa. “É a formaque todos os países do mundo enfrentam a situação”, afirmou o secretário de Políticas dePrevidência Social, Helmut Schwarzer. “O aumento da expectativa de vida é muito positivo paraa sociedade, mas, para a Previdência, isso significa que as pessoas precisam permanecer maistempo contribuindo”, disse o secretário.

Segundo explicou Schwarzer, esse trabalhador hipotético com 63 anos de idade e 35anos de contribuição teria fator previdenciário de 1,003 pela tabela anterior, mas esse índicecairia para 0,998 com a tabela nova. Se o fator previdenciário for igual a 1, a aposentadoria serápaga em relação à média integral do salário-de-contribuição. Se for menor do que 1, haveráredução do valor da aposentadoria em relação à média do salário-de-contribuição. Isso querdizer que, para não perder dinheiro na sua aposentadoria, esse trabalhador terá que trabalharquase dois meses a mais para manter o valor do benefício da Previdência. As mudanças valempara aposentadorias solicitadas desde ontem, esclarece o Ministério da Previdência Social. Osbenefícios que foram solicitados até o final de novembro serão concedidos de acordo com atabela anterior.

Também não haverá mudanças para aposentadorias que já estão sendo concedidas. OMinistério da Previdência Social destaca que o fator previdenciário é utilizado somente no cál-culo de aposentadoria por tempo de contribuição, não incidindo sobre aposentadorias porinvalidez. Em aposentadorias por idade, a regra vale somente se for beneficiar o segurado.

Expectativa de vida sobe para 72,57 anos no País. IBGE mostra que aumento foi

de 3 meses e 14 dias entre 2006 e 2007

Por Alexandre Rodrigues, de O Estado de S. Paulo, em 02.12 :

Envelhecimento da População

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O brasileiro ganhou três meses e14 dias em sua expectativa de vida entre2006 e o ano passado. É o que mostra aTábua de Mortalidade da População Bra-sileira 2007, divulgada ontem pelo Institu-to Brasileiro de Geografia e Estatística(IBGE). Os brasileiros que nasceram em2007 tinham, em média, 72,57 anos pelafrente. Em 2006, essa estimativa era de72,28 anos.

A comparação com os dados de1991 (os mais antigos disponíveis nessecaso) permite notar que, em 16 anos, osbrasileiros ganharam, em média, 5 anose meio a mais de vida. No início da dé-cada de 1990, o brasileiro vivia 67 anosem média.

A Tábua é divulgada desde 1999no primeiro dia de dezembro por deter-minação de uma lei federal. Isso porque aesperança de vida apurada pelo instituto éutilizada pelo Ministério da PrevidênciaSocial para o cálculo do fator previ-denciário das aposentadorias do InstitutoNacional do Seguro Social (INSS), subme-tidas ao Regime Geral da Previdência So-cial. Trata-se de um multiplicador que vaidefinir o valor da pensão de acordo com aexpectativa de vida do beneficiado que seaposenta por tempo.

As regiões mais pobres do Paísforam as que mais avançaram na esperan-ça de vida, mas ainda estão abaixo da mé-dia nacional. Apesar de ter avançado 6,88anos entre 1991 e 2007, a Região Nordes-te ainda tem índice abaixo de 70 anos, omenor do País. Alagoas e Maranhão conti-nuam na lanterninha na comparação entreEstados – 66,77 e 67,64. Já a Bahia apre-senta índices próximos do Centro-Sul, comduração média de vida de 72 anos. O Dis-trito Federal continua na liderança da longevidade, com 75,34 anos. São Paulo é o quinto doranking, perdendo a quarta posição para Minas Gerais. Enquanto os paulistas ganharam 4,71anos entre 1991 e 2007, atingindo 74,23 anos de vida média, os mineiros avançaram mais, atin-gindo 74,62 anos, diferença de 5,65 anos.

A vida média dos homens teve um ganho ligeiramente maior do que o das mulheresnos últimos anos, mas eles continuam vivendo menos. Enquanto as mulheres viviam mais de

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76,44 anos em 2007, os homens não tinham conseguido ainda passar de 70: a expectativa de vidamasculina no ano passado foi de 68,82 anos.

A explicação está na sobremortalidade dos homens em relação às mulheres, que estáaumentando entre os jovens. A chance de um homem na faixa de 20 a 24 anos morrer era quatrovezes maior do que a de uma mulher na mesma idade em 2007. Essa relação aumentou quase26% na comparação com 1991. Em São Paulo, a sobremortalidade masculina entre jovens éainda maior: quase 6 vezes. Essa relação aumentou 32,86% entre 1991 e 2007 em São Paulo, queultrapassou o Rio (5,15) nesse quesito.

Segundo o gerente de Estudos e Análises da Dinâmica Demográfica do IBGE, Juarezde Castro Oliveira, se fossem eliminados os altos índices de morte por causas externas (violênciaurbana, acidentes de trânsito, acidentes de trabalho, afogamentos, etc.) entre os homens jovens,o brasileiro poderia ter mais 2 ou 3 anos de vida.

O impasse da Previdência. Longevidade cresce e efeito será sentido no bolso de

futuro aposentado e no cofre do INSS

Por Chico Otavio, de O Globo, de 1o.12:O aumento da esperança de vida da população brasileira, mostrado em pesquisa do

IBGE divulgada, ampliou também o tempo de contribuição dos trabalhadores para efeito deaposentadoria. Como os brasileiros ganharam, em um ano (de 2006 para 2007), mais três mesese 14 dias de expectativa de vida ao nascer, chegando agora à média de 72,57 anos, o Ministérioda Previdência Social calcula que, para se aposentar, um trabalhador de 63 anos, com 35 anos decontribuição, necessite agora recolher esse tributo por mais 54 dias corridos para não ter obenefício alterado.

Os dados da pesquisa “Tábua da mortalidade 2007” servem para a Previdência Socialaplicar o fator previdenciário (cálculo das aposentadorias por tempo de contribuição e poridade), cujo fim é previsto por um projeto no Senado. Embora o aumento da esperança de vidaindique a melhoria das condições de saúde da população, esse crescimento impõe ao aposenta-do contribuir por mais tempo e se aposentar mais tarde.

O aumento da esperança de vida, explicou Helmut, não é um fenômeno só brasileiro,mas mundial. Ele disse que nos países que mantêm sistema previdenciário, as opções para asse-gurar o equilíbrio são criar incentivos para que as pessoas permaneçam mais tempo no mercadode trabalho e postergar o tempo de aposentadoria (o fator previdenciário é uma destas alterna-tivas) e reduzir o tempo de afastamento do trabalho.

Sem violência, mais dois anos de vidaDe acordo com o IBGE, a expectativa ao nascer da população brasileira aumentou cinco

anos, seis meses e 26 dias entre 1991 e 2007. O instituto calculou que, se as mortes por causasexternas, particularmente as violentas entre a população jovem masculina, não atingissem os atuaispatamares, a esperança de vida dos brasileiros poderia ser elevada em mais dois anos.

Os números mostram que mulheres vivem mais que homens. Em 2007, enquanto aesperança de vida de homens ficou em 68,82 anos, mulheres chegaram a 76,44 (diferença de7,62 anos). A distância chega a 16,32 anos entre a esperança de vida de uma mulher do DistritoFederal (79,18) e um homem de Alagoas (62,86).

Na faixa etária entre 20 e 24 anos, em que a diferença é mais acentuada, a relação entrea mortalidade de homens e mulheres passou de 3,34 em 1991 para 4,20 em 2007. O IBGEconcluiu que, entre homens, a causa externa mais comum é homicídio. Já entre mulheres, aci-dentes de trânsito.

O gerente de Estudos e Análises de Dinâmica Demográfica do IBGE, Juarez de Castro

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Oliveira, disse que, com base no cálculo de que cada uma das vítimas ou o causador da morteestá relacionada a 2,5 famílias, em média, a morte violenta por trânsito ou crime envolveu, em2005, 1,5 milhão de famílias brasileiras, que sofreram as consequências sociais e econômicas daperda repentina de um parente.

A pesquisa também constatou que a mortalidade infantil diminuiu em 46% no país de1991 a 2007. Todos os Estados nordestinos tiveram declínio considerável, principalmente Alagoas,com 58, 23%.

Envelhecimento causa impacto na Previdência

Em 1o.12, o MPS informou que o impacto do processo de envelhecimento da popula-ção brasileira na Previdência Social deve ser considerado mais detalhadamente, a partir da leiturados números da expectativa de vida das faixas etárias que requerem benefícios previdenciários.Essa é a opinião do secretário de Políticas de Previdência Social, Helmut Schwarzer, após anali-sar estudo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Pelas projeções do IBGE, a expectativa de vida dos brasileiros continuará crescendo naspróximas décadas. A vida média do brasileiro, por exemplo, chegará ao patamar de 81 anos, em2050. Atualmente, a média de vida do brasileiro (expectativa de vida ao nascer) é de 72,3 anos.

Tanto esses dados como a projeção oficial da população brasileira serão utilizados peloMinistério da Previdência Social nos cálculos de longo prazo, feitos para dar sustentabilidade aosistema previdenciário brasileiro. O estudo do IBGE incorpora informações da Pesquisa Naci-onal por Amostra de Domicílios (PNAD) de 2002 a 2006. Os dados das PNADs são utilizadosanualmente pelo Ministério para medir o impacto da cobertura previdenciária.

Schwarzer alerta, também, para a queda da taxa de natalidade, que atingirá o chamado“crescimento zero” em 2039. A seu ver, é outro dado relevante da pesquisa que merece atençãoespecial. “Essa taxa é que vai determinar quantas pessoas estarão em condições de contribuirpara o sistema previdenciário nas próximas décadas”.

Políticas públicas

Schwarzer concorda com as conclusões do estudo, de que o processo de envelhecimen-to da população se deve basicamente às transformações que vêm ocorrendo na sociedade bra-sileira e na própria família. Mas vai além: “O sucesso das políticas públicas dos últimos anos e odesejo da maioria das pessoas de viver mais e com melhor qualidade de vida também édeterminante para explicar essa tendência”. Segundo o secretário, a redução do número defilhos por mulher não pode ser analisada de forma negativa. “As mulheres cada vez mais parti-cipam do mercado de trabalho, além de desempenharem papel preponderante nas questões

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políticas, econômicas, culturais e sociais do nosso país. Isso, juntamente com o acesso delas aosmétodos de planejamento familiar, obviamente tem reflexos no perfil reprodutivo”.

Desafios

Outro ponto destacado por Helmut Schwarzer é que essa transição demográfica – alémde outras transformações pelas quais passa a sociedade brasileira – apresenta alguns desafiospara a sociedade brasileira. Um deles é o impacto sobre o sistema previdenciário, com o aumen-to de duração dos benefícios e a diminuição do número de futuros contribuintes. O que vailevar, evidentemente, à definição de novas regras de sustentabilidade para o sistema previdenciáriono longo prazo.

Ao comentar a constatação do estudo de que o Brasil passa pela chamada “janelademográfica”, em que o número de pessoas com idades potencialmente ativas está em plenoprocesso de ascensão, Schwarzer afirma que o país não pode desperdiçar esse momento. “Pre-cisamos aproveitar esse bônus demográfico e universalizar urgentemente a cobertura dos traba-lhadores ativos e formalizar sua contribuição ao sistema previdenciário”.

O estudo “Uma abordagem demográfica para estimar o padrão histórico e os níveis desubnumeração de pessoas nos censos demográficos e contagens da população” traz a projeção dapopulação do Brasil, por sexo e idade, para o período de 1980-2050. Os dados divulgados peloinstituto fazem uma revisão de projeções do IBGE, sobre o mesmo tema, publicadas em 2004.

Envelhecimento

O levantamento do IBGE mostra que a população brasileira continua envelhecendo emritmo acelerado e, em 2039, para de crescer, quando atingirá o chamado “crescimento zero”. Apartir desse ano, as taxas serão negativas.

Dados da pesquisa mostram que, enquanto no período 1950-1960 a taxa de crescimen-to da população do país era de 3,04% ao ano, em 2008 não ultrapassou 1,05%. E o levantamentoindica que, em 2050, a taxa de crescimento cairá para menos 0,291%, projetando para umapopulação de 215,3 milhões de habitantes.

O estudo também aponta que, se o ritmo de crescimento da população tivesse se man-tido no mesmo nível observado na década de 1950 (aproximadamente 3% ao ano), a populaçãobrasileira em 2008 chegaria a 295 milhões de pessoas, e não aos atuais 189,6 milhões divulgadospelo IBGE.

População brasileira encolhe a partir de 2039, afirma IBGE. Queda mais intensa

na fecundidade alterou projeção, que apontava redução só após 2062. Número de ido-

sos deve superar o de crianças em 2036; em 2050, haverá 6,8 milhões de mulheres a mais

que homens

Por Antônio Gois, da Sucursal do Rio, Folha de S.Paulo, em 28.11:O Brasil que o IBGE projeta para o futuro é um país mais envelhecido, com menos

crianças e com número crescente de mulheres a mais na população. É também uma nação queatravessa um período único em sua história, que pode ser aproveitado para acelerar o crescimen-to econômico e preparar melhor o país para os desafios de atender a uma proporção cada vezmaior de idosos.

As projeções também indicam que há um longo caminho até que o Brasil se aproxime,em indicadores de qualidade de vida, do nível verificado hoje nas nações mais ricas.

Essas são conclusões da nova estimativa populacional do IBGE, divulgada ontem. Elasubstitui a divulgada em 2004, que não previa uma queda tão intensa na fecundidade quanto averificada nos últimos anos.

Em 2004, o IBGE projetou que a fecundidade chegaria 1,85 filho por mulher só em

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2043. As últimas Pnads (Pesquisas Nacionais por Amostra de Domicílios), no entanto, já apon-tavam que a queda ocorria num ritmo mais intenso, tendo chegado, já no ano passado, à médiade 1,95 filho, abaixo do nível de reposição populacional.

Segundo o gerente de Estudos e Análises da Dinâmica Demográfica do IBGE, JuarezOliveira, não houve erro: “Quando divulgamos a projeção de 2004, ainda não era possíveldetectar com segurança que a fecundidade caía de forma mais intensa. Esperamos então osresultados de 2001 a 2006 para confirmar essa tendência”.

Pela projeção antiga, a população só começaria a diminuir após 2062. Agora, a estima-tiva mudou para 2039. Houve alteração também no ponto em que o total de idosos deve superaro de crianças: de 2049 para 2036.

O envelhecimento populacional mais acelerado significará também que haverá um ex-cedente cada vez maior de mulheres na população, já que a expectativa de vida delas é superiorà dos homens. Hoje, elas são 3,4 milhões a mais. Em 2050, serão 6,8 milhões.

Além de fatores culturais, como maior resistência masculina a buscar ajuda médica,Oliveira explica que o excedente feminino cresce devido a mortes por causas violentas, comoacidentes de trânsito e assassinatos, que vitimam sobretudo jovens do sexo masculino.

Sem essas mortes, diz Oliveira, a expectativa de vida dos homens seria de dois a trêsanos superior à atual, que é de 69,1 anos. A das mulheres é de 76,7; a da população total, 72,8anos.

Bônus demográfico

Para o demógrafo José Eustáquio Diniz Alves, da Escola Nacional de Ciências Estatís-ticas do IBGE, há pontos positivos e negativos na queda mais intensa da fecundidade. Uma dasvantagens é o chamado bônus demográfico. Com uma proporção maior de jovens e adultos emenor de crianças e idosos, há, em tese, mais espaço para aumento da produtividade, desde quesejam dadas oportunidades à população em idade ativa.

Esse período, porém, tem prazo para acabar, já que a população idosa será proporcio-nalmente cada vez maior, o que terá impacto nos gastos públicos na saúde e Previdência. ParaAlves, o bônus demográfico deve acabar entre 2050 e 2055 – dependendo do comportamentoda fecundidade.

Ipea: população cairá a partir de 2030

Segundo instituto, alto número de idosos exigirá políticas para evitar colapso no INSS

Por Bernardo Mello Franco, de O Globo, em 08.10:A população brasileira está cada vez mais velha e, a partir de 2030, começará a diminuir. A

previsão, divulgada ontem pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), deve obrigar ogoverno a buscar alternativas para ampliar a vida útil dos trabalhadores e evitar um colapso daPrevidência. No ritmo atual, o país levará mais 22 anos até atingir o pico de 204,3 milhões dehabitantes. Depois disso, a curva de crescimento deve se inverter para uma redução gradual dapopulação e um percentual cada vez maior de idosos.

O cálculo surpreendeu os pesquisadores e forçou o Ipea a rever suas próprias previsões.Há dois anos, o Ipea estimava 225,3 milhões de brasileiros em 2030. Para o diretor de EstudosSociais do instituto, Jorge Abrahão, as novas estimativas exigirão um ajuste rápido das políticasoficiais, já que o país terá mais gente fora do mercado de trabalho e dependente de aposentadorias.

“Levamos um susto. Se essas tendências se confirmarem, vamos chegar a uma popula-ção máxima muito menor do que se imaginava. Isso tem implicações seriíssimas para as políticaspúblicas”, alerta Abrahão.

O aumento da expectativa de vida e a redução acelerada da taxa de fecundidade são

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apontados como principais motivos paraa tendência de queda da população. Em1992, as brasileiras tinham em média 2,8filhos. Ano passado, essa taxa caiu para 1,8.A mudança vai acelerar o envelhecimentoda população, fenômeno mundial que ga-nha velocidade no Brasil e já aproxima aestrutura etária do país à de Japão e na-ções europeias.

A participação dos jovens entre 15e 29 anos atingiu seu topo em 2000 e, se-gundo as projeções, vai registrar quedaacelerada nos próximos anos. Comoconsequência, a política de geração deempregos terá que se voltar para os brasi-leiros acima dos 45 anos, que, em 2030,serão quase metade da população econo-micamente ativa. Segundo a pesquisadoraAna Amélia Camarano, o país precisa co-meçar a investir em programas de saúde ocupacional, para prolongar a vida útil dos trabalhado-res:

“Também teremos que rever preconceitos como a aposentadoria compulsória aos 70anos. Isso vai ter que mudar, porque o país passará a ter uma população superenvelhecida.”

População está mais velha e reduzindo taxa de fertilidade. Em 2030, o país terá

204 milhões de habitantes, muitos dos quais idosos

Publicou o Jornal de Brasília, em 08.10:A queda acelerada das taxas de fecundidade e de mortalidade registradas no país provo-

ca mudanças rápidas no ritmo de crescimento da população. A mais importante, de acordo como Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), é o envelhecimento dos brasileiros. Osdados fazem parte de um estudo divulgado, ontem, pelo instituto, elaborado com base na Pes-quisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) 2007.

De acordo com a pesquisa Pnad 2007: Primeiras Análises, a taxa de fecundidade totalno ano passado foi de 1,83 filho por mulher. A média foi inferior à chamada taxa de reposição(de 2,1), que significa o mínimo de filhos que cada brasileira deveria gerar para que, no períodode 30 anos, a população total do país seja mantida.

A queda teve início na segunda metade dos anos 1960 e poderá, a partir de 2030, refletirem uma população “superenvelhecida” no Brasil, reproduzindo experiências de países da Euro-pa Ocidental, além de Rússia e Japão.

Teto em 2030

A projeção é que a população brasileira irá atingir o seu máximo em 2030, com umcontingente de aproximadamente 204,3 milhões de habitantes. Para 2035, a expectativa cai para200,1 milhões.

Como consequência direta, a população com idade inferior a 15 anos, que representou33,8% da população total em 1992, passou a responder por 25,2% em 2007. Já a populaçãoidosa que, em 1992 representava 7,9% da população, passou a responder por 10,6% no anopassado.

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O estudo mostra que, além do envelhecimento da população total, a proporção depessoas com idade superior a 80 anos está aumentando. O percentual de brasileiros nesse grupopassou de 1%, em 1992, para 1,4%, no ano passado, o que representa um universo de 1,6milhões de pessoas.

Os dados, de acordo com o Ipea, indicam uma maior demanda por cuidados de longaduração e por pagamento de benefícios previdenciários e assistenciais por um período de tempotambém mais longo.

Segundo o instituto, alguns grupos populacionais no país já experimentam taxas nega-tivas de crescimento, como as pessoas com menos de 3 anos de idade. Entre 2030 e 2035, osúnicos grupos populacionais que deverão apresentar crescimento, de acordo com o estudo, sãoformados por pessoas com idade superior a 45 anos.

Crescimento do número de idosos altera perfil do País

Por Márcio de Morais, da Gazeta Mercantil,em 08.10:

O Brasil está deixando de ser um país dejovens e entrando em um novo perfil de estruturapopulacional, com envelhecimento da população ecrescimento da faixa etária de idosos, informouontem o Instituto de Pesquisa Econômica Aplica-da (Ipea). Em termos populacionais, alertou a ins-tituição, o Brasil será em 2030, quando alcançar(204,3 milhões), o que o Japão ou a Europa sãohoje, “países com grande população idosa e neces-sidades cada vez maiores de políticas públicas paraocupar a pessoa madura e retardar o fim da idadeeconomicamente ativa”.

O fim do Brasil de jovens e a transição paraum novo perfil populacional, em que o envelheci-mento avança e requer adaptações até do mercadode trabalho, é decorrência da redução da taxa defecundidade da população brasileira para 1,83 filhopor mulher em 2007, detectada pelos técnicos doIpea. “A taxa está abaixo do nível de reposição dapopulação, que é de 2,1”, esclarece Ana AméliaCamarano, chefe do Grupo Técnico de Populaçãoe Cidadania do Ipea. Sem reposição, a populaçãovai manter a tendência de redução.

Demografia: previdência desse jeito, quebra.

O envelhecimento da população pressiona gastos com aposentados. Sem uma re-

forma, a Previdência explode

Publicou a Revista Veja, em 30.07:A queda na taxa de fecundidade e o envelhecimento populacional são movimentos

positivos, comuns aos países que atingiram um patamar mediano de desenvolvimento – umcaminho que o Brasil agora começa a trilhar com maior rapidez. Mas esses avanços sociaistrazem consigo desafios no que diz respeito aos gastos com o sistema previdenciário. É fácil

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entender por quê. Se as pessoas vivem mais, elas receberão aposentadoria durante um períodode tempo maior. Por mais nobre que seja uma despesa destinada a assegurar a velhice digna, aquestão é: como financiá-la?

A cada ano, cresce o número de aposentados no país. Já a quantidade de pessoas naativa, contribuindo para o INSS (o sistema previdenciário oficial dos trabalhadores da iniciativaprivada), não avança na mesma velocidade. Com base na atual taxa de fecundidade das brasilei-ras, de 1,8 filho por mulher, o economista Marcelo Caetano, do Instituto de Pesquisa Econômi-ca Aplicada (Ipea), estimou que, se o ritmo se mantiver estável nos próximos anos, já em 2032haverá mais gente recebendo aposentadoria do que contribuintes sustentando o INSS. Se nãohouver ajuste no sistema, o rombo nas contas da Previdência assumirá proporções explosivas.Atualmente, o déficit entre receitas e despesas é da ordem de 2% do produto interno bruto(PIB) – ou 50 bilhões de reais ao ano. Pelas projeções de Caetano, sem reformas, o buracodeverá quadruplicar e superar 8% do PIB dentro de quatro décadas, diz o Pesquisador. “Apressão sobre os gastos é óbvia. Por isso, em todo o mundo os países correm para reformar seusistema antes que o desequilíbrio saia do controle.”

Esse cenário comprova que as reformas feitas nos últimos anos foram insuficientes. Osbrasileiros terão de se conformar com a realidade de que serão obrigados a se aposentar maistarde. Entre os ajustes necessários – mas sempre adiados, por ser impopulares – está o aumentodo período de contribuição e o estabelecimento de uma idade mínima obrigatória para que aspessoas se aposentem. A idade média de aposentadoria entre os trinta países membros da Orga-nização para Cooperação e Desen-volvimento Econômico (OCDE) é de 62 anos; no Brasil, é de57 anos para homens e de 52 para mulheres. Esses números ajudam a entender por que, sendouma nação ainda relativamente jovem, o Brasilgasta tanto com os seus aposentados. No Japão,mais de 20% dos habitantes têm 65 anos ou mais,e o país gasta o equivalente a 7% de seu PIBcom o pagamento de benefícios previdenciários.Já os aposentados brasileiros custam 12% do PIB.mas os idosos não chegam a 7% da população.Lidar com a questão previdenciária não deixa deser um bom desafio, daqueles típicos dos paísesdesenvolvidos. Postergar sua reforma, por outrolado, significará sacrificar recursos que poderiamser investidos no futuro do país, como a melho-ra da educação e da infraestrutura.

Fecundidade em queda pode ajudar

a economia do país

Publicou a Folha de S. Paulo, da Sucursaldo Rio, em 21.07:

A diminuição das taxas de fecundidadetraz também oportunidades que podem ser apro-veitadas pelo país para acelerar o crescimentoeconômico e investir mais na infância, afirmampesquisadores.

Um trabalho divulgado no mês passadopelo pesquisador Sergei Soares, do Ipea (Institu-

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to de Pesquisa Econômica Aplicada), mostra, por exemplo, que o Brasil já vive um bônusdemográfico no acesso à escola.

Ou seja, o número de crianças a serem atendidas a cada geração é decrescente, o quefacilita que haja um aumento de recursos por aluno.

Esse “bônus”, para muitos pesquisadores, pode ser aproveitado também para acelerar ocrescimento econômico.

Essa situação acontece quando a população em idade ativa de um país começa a sesobrepor à inativa.

A tese deles é de que um trabalhador que tenha menos crianças ou idosos para sustentarpode ser mais produtivo do que um que tenha mais filhos ou inativos como dependentes.

OportunidadesEssa situação, no entanto, só é aproveitada se forem dadas oportunidades de trabalho a

essa população.Além disso, essa condição tem prazo para terminar, já que, a partir de algum momento,

a queda no número de crianças é compensada pelo aumento no total da população idosa, fazen-do com que a proporção de dependentes passe a crescer novamente.

Para o demógrafo José Eustáquio Alves, estudioso do tema, o país precisará saber apro-veitar esse momento.

“Antes do envelhecimento e da redução da população, o Brasil vai passar por uma janelade oportunidade demográfica que possibilitará uma arrancada do desenvolvimento e um au-mento da qualidade de vida, desde que este bônus seja inteligentemente aproveitado”, afirma opesquisador.

País envelhece com mais rapidez do que se previa. Taxa de natalidade atingiu

1,8 filho por mulher em 2006, nível esperado para 2043. Com cada vez mais velhos e

menos crianças, políticas públicas terão que ser revistas para se adaptar à realidade da

população

Por Antônio Gois, da Folha de S. Paulo, em 21.07:O envelhecimento populacional brasileiro chegará antes do que se estimava. A divulga-

ção, no início deste mês, da PNDS (Pesquisa Nacional de Demografia e Saúde) mostrou que opaís chegou, em 2006, a uma taxa de fecundidade de 1,8 filho por mulher. O IBGE, em suaestimativa oficial, feita em 2004, previa que esse patamar só seria atingido em 2043.

Nem mesmo projeções da ONU menos conservadoras indicavam uma taxa abaixo de2,0 antes de 2010. Diante dessa e de outras pesquisas que registraram fecundidade menor, oIBGE revisará suas estimativas. Mais do que uma simples revisão de um cálculo estatístico, aconstatação de que o Brasil terá cada vez mais idosos e menos crianças antes do previsto temimpacto em cálculos de aposentadoria e traz desafios para políticas públicas, que terão que seadaptar a uma estrutura populacional envelhecida.

A demógrafa Elza Berquó, do Centro Brasileiro de Análise e Planejamento e coordena-dora da PNDS, lembra que as Pnads (Pesquisas Nacionais por Amostra de Domicílios, feitasanualmente pelo IBGE) já indicavam que a fecundidade caía num ritmo mais acelerado do queo estimado pelo instituto.

Em 2004, a taxa chegou ao nível de 2,1 filhos por mulher, patamar que indica tendênciade reposição populacional e que, pelas estimativas do IBGE, só seria atingido em 2014.

“O movimento de transição da fecundidade se iniciou há 40 anos e os dados recentessão coerentes com a série histórica. Não sei por que o IBGE continuou trabalhando com essaestimativa [de queda menor]. Não faço projeções, mas, a julgar por essa tendência, acho que a

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fecundidade continuará caindo”, diz Berquó.Fernando Albuquerque, que participou da elaboração das estimativas do IBGE, diz que

o instituto projetou queda menor porque o Censo de 2000 e a Pnad de 2001 não sugeriamqueda acentuada. “As Pnads de 2002 a 2006, no entanto, registraram um declínio mais rápido.Por isso, já estamos revendo a projeção para incorporar os resultados recentes.”

O demógrafo José Eustáquio Alves, da Escola Nacional de Ciências Estatísticas doIBGE, diz que a queda mais rápida da fecundidade indica que a população começará a diminuirantes. Pela estimativa do IBGE, isso aconteceria somente a partir de 2062. A projeção da ONUcom taxas mais próximas das verificadas recentemente, no entanto, aponta que isso deve acon-tecer já na década de 2030. O envelhecimento mais rápido que o estimado traz desafios ao país.Um deles é aumentar os investimentos em saúde para atender melhor aos idosos.

Previdência

Outro diz respeito ao equilíbrio das contas da Previdência. Anualmente, quando o IBGEdivulga aumento da expectativa de vida, isso altera o fator previdenciário, índice que acabaaumentando o tempo que o trabalhador precisa contribuir com o INSS para se aposentar como mesmo benefício.

Carlos Guerra, vice-presidente da Federação Nacional de Previdência Privada, diz queos impactos também serão sentidos no setor particular, que poderá absorver mais insatisfeitoscom os resultados da Previdência oficial, mas que, igualmente, precisará se adaptar.

“O equilíbrio ideal é ter cinco contribuintes para cada inativo, mas já estamos nos apro-ximando da situação de um para um”, diz Guerra. Segundo ele, planos que garantem rendavitalícia mensal perderão espaço para outros com opção de fazer um resgate maior do benefício.

Apesar dos desafios que a queda mais intensa da fecundidade trará, Eustáquio Alvesalerta que não se deve trocar o mito da “explosão populacional” pelo da “implosão populacional”.“Não há por que ficar apavorado com a redução da população. Ela pode ser boa ou ruimdependendo de como a sociedade e as políticas públicas respondem a isso.”

Mudanças demográficas pressionam por reforma. País tem mais idosos e me-

nos crianças

Por Geralda Doca, de O Globo, em 12.05:Brasília – O governo avalia que, embora os dois regimes de aposentadorias e pensões –

o dos servidores públicos e o INSS dos trabalhadores da iniciativa privada – tenham passadopor duas reformas recentes, será necessário fazer novos ajustes, mirando os próximos 30 anos.A maior pressão vem das mudanças demográficas: o país passa por envelhecimento da popula-ção, aumento da expectativa de vida e redução do número de filhos.

A curto prazo, o governo está colhendo os frutos da reforma no regime dos servidorespúblicos de 2003 e comemora o fato de os funcionários, nos últimos quatro anos, estarempostergando o pedido de aposentadoria. A idade média da mulher que solicita aposentadoriasubiu de 54 anos em 2003 para 58 anos em 2006, e a dos homens, de 57 para 61 anos.

Isso fez com que a relação entre trabalhadores ativos e inativos caísse de 84,74%, hácinco anos, para 69,3% em 2007. Apesar do crescimento do déficit em termos nominais, odesequilíbrio em relação ao Produto Interno Bruto (PIB) caiu de 2,13% para 2,01% em 2006,quando o rombo foi de R$46,5 bilhões.

“Com os ganhos, o governo pode, por exemplo, abrir novos concursos públicos”, ex-plicou Helmut Schwarzer, secretário de Previdência Social.

Entre as principais mudanças feitas nas regras do regime público em 2003 estão a insti-tuição da contribuição de 11% para os inativos, a isenção desta para quem decide continuar

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trabalhando na burocracia e o abatimento do vencimento de 5% por ano antecipado no caso deo servidor requerer aposentadoria antes dos 60 (homem) ou 55 anos (mulher). Em todos oscasos de aposentadoria de servidores, o tempo de contribuição é de 35 anos para homens e 30anos para mulheres.

Já no INSS, apesar do aumento da receita com o aquecimento da economia e aformalização do mercado de trabalho, o governo luta para derrubar no Congresso dois proje-tos: um que muda as regras da reforma de 1998 – que instituiu o fator previdenciário, que levaem conta o tempo de contribuição, a idade e a expectativa de vida – e outro que vincula oaumento do salário-mínimo a todos os benefícios pagos.

Além disso, a proposta do Executivo que cria fundos de pensão para o serviço públicofederal está emperrada no Congresso.

Precocemente envelhecidos

Por Martha Beck, de O Globo, em 28.04:O forte ritmo de envelhecimento da população da América Latina fará com que os

países da região tenham menos tempo que as nações desenvolvidas para se adaptar às mudançasque ocorrerão em sua estrutura populacional. A avaliação é do diretor do Centro Latino-Ame-ricano e Caribenho de Demografia (Celade) da Comissão Econômica para América Latina eCaribe (Cepal), Dirk Jaspers. Em entrevista ao Globo, ele afirmou que a população de 60 anos oumais cresce, em média, 3,5% por ano na região. Isso fará com que o grupo de pessoas nessa faixaetária seja quadruplicado entre 2000 e 2050.

“No Brasil, por exemplo, a proporção de pessoas idosas (hoje em torno de 11%) chega-rá a 25% da população em 2050. Trata-se de um aumento mais rápido que o registrado nospaíses desenvolvidos da Europa. A principal conclusão desse fenômeno é que os países emdesenvolvimento terão menos tempo para se adaptar às consequências do envelhecimento dapopulação”, afirmou Jaspers.

Ele lembrou que o Brasil é um dos países da América Latina que passam por um pro-cesso de envelhecimento moderado, assim como México, Costa Rica e Colômbia, mas que temum ritmo de crescimento acima da média. Segundo estimativas da Cepal, a população idosa noBrasil crescerá, em média, 3,7% por ano até 2025. Já na Argentina e no Uruguai, países comprocesso de envelhecimento avançado, essas taxas estão em torno de 1,8% e 1,1%, respectiva-mente.

Um dos principais desafios gerados por esse fenômeno está na criação de uma rede deproteção social para a população idosa. Outro desafio são os custos que isso pode ter para ospaíses. Segundo Jaspers, os governos precisam usar o atual momento de crescimento econômi-co para realizar reformas que tornem a Previdência Social mais eficiente e ampliar as oportuni-dades no mercado de trabalho. No entanto, especialistas ouvidos pelo Globo afirmam que umareforma dificilmente deve ocorrer no Brasil a curto prazo.

Reforma tem alto custo político, diz ex-ministroPara o ex-ministro da Previdência Social José Cechin, o governo brasileiro não está

levando suficientemente a sério o processo de envelhecimento da população. Ele afirmou que ofato de a população idosa estar crescendo num ritmo acima de 3% ao ano, enquanto a popula-ção brasileira em geral está crescendo a um ritmo de 1,2%, mostra a gravidade do problema.

“A reforma da Previdência representa um alto custo político presente, enquanto o be-nefício é futuro. O que já foi feito para melhorar a gestão do sistema no Brasil é pouco e estálonge de solucionar os efeitos das mudanças na população. Não estão levando suficientementea sério o que está ocorrendo com a população idosa”, disse Cechin.

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Segundo a responsável pela coordenação da Política Nacional do Idoso do Ministériodo Desenvolvimento Social, Patrícia de Marco, oito em cada dez idosos brasileiros recebemalgum benefício da Previdência ou de Assistência Social, o que tem sido importante para aredução da pobreza nessa faixa etária. Ela afirmou, ainda, que o governo vem adotando medidaspara tornar a cobertura previdenciária mais eficiente no país, de modo que o sistema receba maisparticipantes e fique equilibrado.

Entre essas medidas, estão a possibilidade de patrões abaterem do Imposto de Rendaparte do que pagam como Previdência Social de empregados domésticos e o plano simplificadode inclusão previdenciária. Por ele, pessoas de baixa renda têm a alíquota da contribuiçãoprevidenciária reduzida de 20% para 11%.

“Essas ações vão no sentido de trazer mais pessoas para a formalidade e ampliar acontribuição à Previdência”, destacou Patrícia.

Para Marcelo Caetano, especialista em previdência e economista do Instituto de Pesqui-sa Econômica Aplicada (Ipea), as medidas citadas por Patrícia de Marco são importantes paragarantir o acesso da crescente população idosa aos benefícios previdenciários. Mas a grandequestão é como manter os benefícios a longo prazo:

“O Brasil é um país que tem cobertura previdenciária compatível com a renda da popu-lação. Estimular a entrada de pessoas no sistema é positivo para garantir o direito dos idosos aosbenefícios sociais. Mas outra coisa é o custo disso. É preciso mudar algumas regras para garantira sustentabilidade do regime.”

Segundo Caetano, outras medidas de gestão, como a fixação de regras mais rígidas paraa concessão do auxílio-doença, foram importantes para melhorar o sistema, mas os maioresproblemas estão na falta de uma idade mínima para a concessão do benefício, nas regras lenientespara a concessão de pensões por morte e também no atrelamento do benefício ao salário-mínimo.

“No caso das pensões por morte, o Brasil é o único país onde o benefício é integral,vitalício e independente da idade do viúvo”, lembrou Caetano, reforçando o argumento deCechin: “O governo já fez o que podia do ponto de vista administrativo. Agora, é hora dereformar o sistema de verdade, mas não vejo chances de isso ocorrer a curto prazo. Reformar aPrevidência é difícil no mundo inteiro. As medidas têm um custo político muito alto e só terãoefeitos no longo prazo”.

“De forma geral, os idosos são protegidos no Brasil em termos de Previdência. Aquestão é que as pessoas buscam proteção com idades muito baixas”, afirmou Cechin.

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Saldo de operações e volume de crédito consignado cresceram menos em no-

vembro

Em 07.01.2009, o MPS informou que as operações de crédito consignado – emprésti-mo e cartão de crédito – realizadas por instituições financeiras conveniadas com o InstitutoNacional do Seguro Social (INSS), em novembro, cresceram R$ 115,5 milhões no volume derecursos no mercado. Em novembro, foi registrado um saldo de 16.365 contratos a mais que nomês anterior.

No total, as operações ativas de empréstimo chegaram a um total de 12.695.997 emnovembro, enquanto as operações com cartões de crédito somaram 2.292.622. Em outubro,aposentados e pensionistas tomaram empréstimos no valor de R$ 198,4 milhões, em 60,7 miloperações.

Desde 2004, o total de crédito injetado no mercado pelas operações de crédito consig-nado chegou a R$ 23,828 bilhões. Em novembro havia 14,98 milhões de operações ainda ativas,3.594.779 operações encerradas, 1.766.905 canceladas e 3.576.793 liquidadas. Elas correspondemaos contratos de 9.369.167 aposentados e pensionistas que, ao longo desse mesmo período,recorreram ao crédito com desconto em folha.

Em média, os empréstimos consignados tomados por aposentados e pensionistas sãode R$ 1.589,81, com quitação em 33 parcelas no valor de R$ 78,20. Beneficiários que recebematé um salário-mínimo são responsáveis pela maior parcela dos contratos com empréstimos deR$ 1.163,17, em média, e pagos em 34 parcelas de R$ 55,58.

Aqueles com benefícios entre um e três salários-mínimos tomam empréstimos de R$ 1.747,23,em média, pagos em 32 parcelas de R$ 87. Já os beneficiários que recebem mais de três salários-mínimos têm a média dos empréstimos em R$ 3.041,34, saldados em 32 parcelas de R$ 154,37.

Contratação de crédito segue estável, apesar da crise mundial. Aposentados e

pensionistas tomaram R$ 172 milhões em setembro

Em 23.10, o MPS informou que aposentados e pensionistas do Instituto Nacional doSeguro Social (INSS) realizaram, em setembro, 77,3 mil operações de crédito consignado –empréstimo e cartão de crédito –, com utilização de R$ 172 milhões. Até o mês passado, foramregistradas 14,91 milhões de operações ativas, que somaram R$ 23,514 bilhões. Desde 2004,9.348.723 de aposentados e pensionistas fizeram uso do crédito consignado.

Os resultados demonstram que o beneficiário do INSS continua cauteloso. Entre asoperações ativas, 36,44% são contratadas para serem quitadas entre 31 e 36 meses. Outros36,89% dos aposentados e pensionistas acham mais vantajoso liquidá-las em até seis parcelas.Cerca de 10% preferem encerrar suas dívidas em prazos entre sete meses e um ano. E apenas5,47% fecham contratos para quitação em mais de 48 parcelas.

O aposentado toma emprestado, em média, R$ 1.577, que salda em 33 parcelas de R$78,55. Os beneficiários que recebem até um salário-mínimo são responsáveis por 60,6% das

Crédito Consignado

endividamento de

aposentados e pensionistas

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operações e por 44,49% do dinheiro utilizado. Eles tomam empréstimos médios de R$ 1.155,60,pagos em 34 parcelas de R$ 56,28.

Aqueles com benefícios entre um e três salários-mínimos respondem por 24,3% dasoperações e por 26,75% do volume, com empréstimos de R$ 1.736,32, em média, pagos em 32parcelas de R$ 87,88.

Os beneficiários que recebem mais de três salários-mínimos atendem por 15,1% dasoperações e por 28,76% da quantidade de dinheiro. Eles são responsáveis por empréstimos deR$ 3.002,54, que são saldados em 32 parcelas de R$ 155,03.

Segurança

Para aumentar a segurança no crédito consignado e reduzir o endividamento excessivodos segurados, o INSS editou uma série de normas, em vigor desde 3 de junho. Entre as medi-das, destacam-se a proibição do saque em espécie com o cartão de crédito consignado e anecessidade de o empréstimo ser creditado diretamente na conta de quem recebe o benefício.

No caso de cartão magnético, o valor deverá ser depositado em conta-corrente oupoupança na qual o aposentado ou pensionista seja titular. Se não tiver conta, a ordem depagamento irá para a agência bancária em que o segurado recebe o benefício. O limite de créditono cartão também foi reduzido de três para duas vezes o valor do benefício.

Mudanças técnicas

O INSS mudou a metodologia de balanço das operações do crédito consignado. Oobjetivo é permitir uma apuração mais precisa das informações e evitar qualquer possibilidadede duplicação dos dados.

Foram reavaliados conceitualmente dados como, por exemplo, o de aquisição do cartãocom seu uso mensal. Assim, evita-se a soma da quantidade de cartões de crédito contratadospelos beneficiários com a quantidade mensal descontada em função do seu uso.

Também foram revistos os valores publicados desde janeiro de 2008 (veja abaixo astabelas com a série histórica do consignado antes e após as mudanças).

Aposentados e pensionistas do INSS realizaram menos operações em maio.

Foram feitas 270 mil operações, que movimentaram R$ 42 milhões no último mês

Em 26.06, o MPS informou que o Instituto Nacional de Seguro Social (INSS) registrou269,8 mil novas operações de crédito consignado – empréstimo e cartão de crédito – em maio,mês em que os aposentados e pensionistas movimentaram R$ 42,2 milhões. O total de opera-ções ativas do mês passado, considerando o acumulado das operações realizadas, chegou a 15,2milhões, que correspondem a uma movimentação de R$ 22,9 bilhões.

Apesar de as novas regras do consignado terem entrado em vigor apenas no último dia3 de junho, o total de operações realizadas em maio foi menor do que no mês anterior. Em abril,os segurados movimentaram R$ 56,5 milhões em 389 mil operações de crédito – o mês termi-nou com um acumulado de 14,970 milhões de operações ativas (R$ 22,8 bilhões).

Atualmente, a taxa máxima de juros é de 2,5% para o empréstimo consignado e 3,5%

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para o cartão.Balanço

Desde setembro de 2004, quando o consignado foi autorizado pelo Ministério da Previ-dência Social, 28,9 milhões de operações de crédito foram realizadas, no valor de R$ 33,8 bilhões.Esse montante considera tanto as operações ativas quanto as canceladas ou já liquidadas.

De 2004 até maio, 9.617.800 aposentados e pensionistas recorreram ao crédito consigna-do. As estatísticas mostram uma divisão entre a preferência dos beneficiários quanto ao prazo parapagamento. Das 15,2 milhões de operações ativas, 42,5% são contratadas para serem quitadasentre 31 e 36 meses, enquanto 31,3% dos beneficiários preferem liquidá-las em apenas seis meses.

Ainda entre as operações ativas, 60% são feitas por aposentados e pensionistas comrenda de até um salário-mínimo. O valor médio dessas operações é de R$ 1.119, saldada em 32parcelas de R$ 56,76. Outras 24,4% das operações atendem beneficiários que recebem entre ume três salários-mínimos. Eles tomam, em média, R$ 1.641, que pagam em 30 meses, com parce-las de R$ 87,25.

Aposentados e pensionistas que recebem mais fazem empréstimos maiores e saldamsuas dívidas em menos tempo. Os beneficiários que ganham acima de três salários-mínimoscontratam, em média, R$ 2.785, pagos em 29 parcelas de R$ 151,92.

Cai número de operações em relação a meses anteriores. Prazo médio de paga-

mento demonstra cuidado com taxas de juros e endividamento

Em 24.03, o MPS informou que aposentados e pensionistas do Instituto Nacional doSeguro Social (INSS) realizaram menos operações de empréstimo consignado em fevereiro.Foram registradas 642.512 operações, com volume emprestado de R$ 558.074.736,80, contra1.248.652 operações e R$ 469.204.568,88 em janeiro. Os valores também são inferiores aos dedezembro, que registrou 692.662 operações, totalizando R$ 834.760.495,32.

O tempo médio para quitação dos empréstimos se mantém em 31 meses, mesmo como aumento do prazo do consignado para 60 meses, com pagamentos mensais de R$ 80,94. Issodemonstra a preocupação do segurado com as taxas de juros e a atenção com a sua capacidadede endividamento.

Desde o lançamento do empréstimo consignado, em setembro de 2004, foram feitas25.526.363 operações, com volume negociado de R$ 31.672.397.873,51. Entre as 14.479.392ainda ativas, 8.624.881 foram realizadas por aposentados com renda até um salário-mínimo. Ovalor médio desses empréstimos é de R$ 1.165,39.

Os beneficiários com renda entre um e três salários-mínimos foram responsáveis por3.443.190 operações, com saques médios de R$ 1.695,85. E aqueles com renda entre três e cincosalários-mínimos respondem por 2.411.321 operações, com empréstimos médios de R$ 2.857,56.

Do acumulado de 25,5 milhões de operações, 17.548.944 são na modalidade de emprés-timo, e correspondem a R$ 30.871.880.102,65. O restante, 7.977.419, com cartões de crédito,totaliza R$ 800.517.770,83.

O total de empréstimos cancelados, aqueles excluídos do sistema antes mesmo do pa-gamento da primeira parcela – o que é comandado pelos bancos –, é de 1.318.974 (R$753.771.132,22); e o de liquidados – quando o segurado quita o empréstimo antes do prazoprevisto –, é de 2.254.408 (R$ 4.166.811.333,41).

Juros

O INSS recomenda que aposentados e pensionistas pesquisem as taxas de juros ofere-cidas pelos diversos bancos conveniados antes de concretizarem o negócio. As taxas atualizadasestão disponíveis na página da Previdência Social na internet.

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Atualmente, o teto da taxa de juros para o empréstimo com desconto em folha na redebancária, estipulada pelo Conselho Nacional da Previdência Social (CNPS), é de 2,5% ao mês.Para as operações com cartão de crédito, os juros máximos são de 3,5% – no caso de uso docrédito rotativo –, bem abaixo dos juros médios do mercado de cartão de crédito, que estão emtorno de 10%. O limite dos juros do empréstimo consignado acompanha a taxa básica de juros(Selic), determinada pelo Comitê de Política Econômica (Copom) do Banco Central. O prazomáximo para parcelamento de empréstimo é de até 60 meses, com comprometimento máximode até 20% para empréstimo consignado e até 10% para cartão de crédito.

Segurança

Para coibir a ação de fraudadores e aproveitadores, é proibido aos bancos realizaremempréstimos consignados por telefone. O INSS alerta os beneficiários que, caso necessitem doempréstimo, procurem a instituição financeira, pois isso evita a atuação de fraudadores.

As reclamações sobre descontos indevidos devem ser feitas pelo telefone 135, da Previ-dência Social. A ligação é gratuita, se feita de telefone fixo, ou terá o valor de uma ligação local,se feita de celular. As instituições têm dez dias úteis para responder às reclamações. Quando elaé procedente, o banco tem 48 horas para depositar de volta os valores descontados indevidamente.

O INSS também orienta os aposentados e pensionistas a não passarem dados pessoaiscaso alguém apareça em sua casa prometendo acelerar a liberação do empréstimo e pedindo,para isso, o cartão, a senha do banco ou outros documentos.

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Mercado de Previdência Privada registra recorde de captação em 2008: 31,8 bi-

lhões com crescimento de 13,36%. Os recursos acumulados pelos participantes do sis-

tema de previdência complementar cresceram 17,16% no ano, somando R$ 141,9 bi-

lhões. O mercado de planos para menores impulsionaram o crescimento do setor, arre-

cadando R$ 2,9 bilhões.

Divulgou a Fenaprevi:O mercado de previdência privada teve o seu melhor ano em 2008. A captação dos

planos bateu recorde histórico e alcançou a marca de R$ 31,8 bilhões, com avanço de 13,36% nacomparação com 2007, quando foram captados R$ 28 bilhões. Os dados são da Fenaprevi(Federação Nacional de Previdência Privada e Vida), entidade que reúne 86 empresas do setor.

O VGBL – produto indicado para quem não declara imposto de renda ou o faz peloformulário simplificado – se manteve como destaque nas vendas ao longo do ano. O produtorespondeu por 73,98% da captação total registrada em 2008, atingindo a marca de R$ 23,5bilhões. O volume supera em 16,99% os R$ 20,1 bilhões acumulados em 2007.

Já o volume de contribuições de PGBL somou R$ 5 bilhões, com 9,84% a mais que overificado em 2007. O produto é adequado para quem faz a declaração completa do Imposto deRenda. Os planos tradicionais – que garantem rendimento do IGPM mais taxa de juros de até6% – apresentaram queda de 3,49% em 2008, registrando captação de R$ 3,2 bilhões contra R$3,3 bilhões em 2007. Os outros produtos de previdência (FAPI, PRGP e VGRP) responderampela captação de R$ 21,7 milhões, alta de 10,20% em relação a 2007, quando foi arrecadado R$19,7 milhões.

Desempenho por segmento – Planos para menores cresceram 46,73%

Os planos para menores definitivamente se popularizaram entre os investidores inte-ressados em acumular poupança a longo prazo e garantir a segurança dos filhos. Essa modalida-de de planos apresentou crescimento de 46,73% em 2008, acumulando R$ 2,9 bilhões, contraR$ 1,9 bilhão no ano anterior.

Na sequência, os planos empresariais tiveram um crescimento de 18,78% no volumeacumulado ao longo do ano, registrando a marca de R$ 4,5 bilhões, contra R$ 3,8 bilhões em2007.

Os planos individuais, por sua vez, fecharam o ano com evolução de 9,44% em relação a2007. Responderam por R$ 24,3 bilhões do volume captado, contra R$ 22,2 bilhões no anterior.

Ranking – Acumulado 2008

A Bradesco Vida e Previdência liderou o ranking de captação em 2008, com 34,37% dototal arrecadado, seguido pela Itaú Vida e Previdência (17,83%), Brasilprev (12,71%), CaixaVida & Previdência (8,11%), Unibanco Seg e Prev (6,83%), Real Tokio Marine (4,71%), HSBCVida e Prev (4,19%), Santander Segs (4,07%), Icatu Hartford (1,30%) e SulAmerica Seg e Prev(0,83%). As demais seguradoras somam, no total, 5,05% da captação.

Provisões

Previdência Privada

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As provisões – recursos acumulados pelos participantes do sistema de previdência com-plementar – somaram R$ 141,9 bilhões em 2008 (dado acumulado desde o início da série), o querepresentou uma alta de 17,16% na comparação com o ano de 2007, quando as reservas dosetor somaram R$ 121,1 bilhões.

As provisões do VGBL tiveram o crescimento mais expressivo, 22,76%, passando deR$ 57,8 bilhões para R$ 71 bilhões entre 2007 e 2008. O PGBL cresceu 16,96% em 2008 e asreservas do produto passaram de R$ 33,7 bilhões para R$ 39,4 bilhões entre 2007 e 2008.

As reservas de planos tradicionais passaram de R$ 29 bilhões para R$ 31 bilhões, o querepresentou um crescimento de 6,59%.

Com relação a market share, os planos VGBL mantiveram a liderança no volume dedepósitos no sistema de previdência complementar, com 50,02% do total, seguidos pelos PGBL,com 27,78% do volume total de provisões, enquanto os planos tradicionais contaram com21,85% do volume total de provisões. Outros produtos – incluindo os Fapi - completam aequação, com 0,36%.

Carteira

Em relação à carteira de investimentos – que corresponde aos ativos que garantem asprovisões técnicas – o mercado de previdência complementar cresceu 15,71% em 2008 na com-paração com o ano de 2007 (acumulado desde o início da série). Com isso, a carteira do setorsomou R$ 147,4 bilhões.

O VGBL obteve alta de 23,02% do total de recursos, passando de R$ 57,5 bilhões paraR$ 70,8 bilhões. Já o PGBL cresceu 17,11% no período. A carteira do produto passou de R$33,8 bilhões para R$ 39,6 bilhões entre 2007 e 2008. Por fim, a carteira de planos tradicionaispassou de R$ 35,7 bilhões para R$ 36,5 bilhões, o que representou um avanço de 2,35%.

Resultado MensalEm relação ao mês de dezembro de 2008, os planos de previdência captaram R$ 4,4

bilhões, o que representou um crescimento de 17,47% na comparação com o mesmo períodode 2007, um novo recorde na captação.

O VGBL no período captou R$ 3,1 bilhões, com alta de 19,10% em comparação adezembro de 2007. O PGBL, por sua vez, apresentou alta de 29,42%, arrecadando R$ 1,024bilhão ante os 791,9 milhões.

Os planos tradicionais apresentaram queda de 16,60% no período. Em dezembro de2008, foram captados R$ 334,2 milhões, contra uma captação de R$ 400,7 milhões registradosem dezembro de 2007.

No resultado mensal por segmento o destaque mais uma vez fica por conta dos planospara menores de idade, que cresceram 167,20% em relação a dezembro de 2007. Os planoscorporativos cresceram 43,04% e os individuais 0,39%.

OPINIÃO DA ANASPS

A ANASPS continua afirmando:– os planos de previdência privada são títulos de investimento no mercado financeiro;– gozam de isenção- fiscal;– não se tem ideia precisa sobre fiscalização da SUSEP, historicamente sem estrutura de

fiscalização;– não tem blindagem ou defesa das aplicações pelos investidores;– apesar do sucesso apregoado em relação a 2008, teme-se que não seja verdade, em

face dos prejuízos sofridos por todos os investidores em bolsa; e as seguradoras tinham pesadosinvestimentos em bolsa, seja no capital especulativo.

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– cobram alto pela administração e carregamento dos investimentos;– muitos investidores pensam que estão investindo em previdência, quando a verdade é

diferente.

Veja se não é hora de mudar de previdência

Publicou o Diário de Pernambuco, em 07.10:Os investidores em planos de previdência privada começam a ficar inquietos com as

turbulências do mercado financeiro. Em especial aqueles que investem em fundos de rendavariável, aplicações consideradas mais vulneráveis ao sobe e desce das bolsas de valores. Muitacalma neste momento. Especialistas do mercado financeiro recomendam cautela e paciência.Não custa nada voltar no tempo de criança e brincar de “estátua”. A ordem é ficar parado ondeestá porque qualquer movimento brusco vai trazer prejuízos para o bolso. Lembre-se que aprevidência complementar é um investimento de médio e longo prazo para usufruir no futuro.

As aplicações da previdência privada são feitas em três tipos de fundos: conservador,moderado e agressivo. Dependendo do perfil do investidor o risco é considerado maior oumenor.

A outra parte dos investidores que aplicam em fundos mais agressivos com até 25%,ligada à rentabilidade da renda variável, deve ficar com a orelha em pé. O professor de Mer-cado Financeiro, Alcides Leite recomenda que esses investidores esperem a recuperação dasbolsas. Nada de se apressar e resgatar o dinheiro porque vai ter que pagar taxas de resgate eImposto de Renda (IR). Até mesmo a migração para planos moderados ligados à rentabilida-de de renda fixa devem ser evitados. “O momento é de deixar como está. Mexer agora é terprejuízo”, avisa Leite.

Previdência para jovens dispara em meio à turbulência do mercado. O cresci-

mento do mercado de previdência para crianças e jovens é mais uma prova de que o

Brasil não está vulnerável aos reflexos da crise internacional

Publicou o Valor Econômico, em 05.10:

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Enquanto o mercado geral de previdência cresceu 10,8%, até julho de 2008, com reser-vas acumuladas de R$ 133,4 bilhões, as reservas acumuladas no segmento para crianças e jovenscresceram 42%, somando R$ 6 bilhões.

Segundo o diretor da área de Seguros, Vida & Previdência do Banco Itaú, OsvaldoNascimento, o setor de previdência brasileiro não é autorizado a aplicar em fundos de alavancagem,portanto não há risco de grandes perdas com a volatilidade do mercado. Segundo ele, as regraspara a previdência no Brasil são mais conservadoras devido às experiências anteriores de crisesanteriores no País

“Só quem já passou sufoco sabe se prevenir. Além disso, a taxa Selic é bastante atrativapara nossos rendimentos”, diz. Para Nascimento, se a alavancagem das carteiras de previdênciabrasileira fosse permitida, com certeza os fundos teriam interesse em aplicar uma boa parcelados seus ativos nessa opção. De acordo com Nascimento, a crise vai ter um maior efeito nasrelações internacionais do Brasil, já que o crédito ao exportador vai diminuir devido à queda noconsumo externo. “A participação do mercado de previdência brasileiro gira em torno de 1,5%do PIB. É muito pequena para ser atingida pela crise”, afirma. Segundo ele, o segmento deprevidência para crianças e jovens representa 4,5% das reservas do mercado geral de previdên-cia. “Temos uma grande oportunidade de crescimento.”

Fundo de previdência com taxa negativa? É a crise. Carteiras com parcela em

ações têm perda média de até 4,9%, mas desempenho não vem afetando captação

Por Ronaldo D’Ercole, de O Globo, São Paulo, em 1o.09:Investidores de previdência privada que, em busca de maior rentabilidade, incluíram

uma parcela de renda variável em seus fundos, agora sentem na pele os estragos da crise que seabateu sobre o mercado de ações. Os chamados fundos de previdência balanceados e osmultimercados com renda variável, que podem ter até 49% dos recursos aplicados em ações,acumulam este ano rentabilidades negativas médias de 4,93% e 2,31%, respectivamente, segun-do dados da Associação Nacional de Bancos de Investimentos (Anbid).

A perda do Ibovespa, no mesmo período, chega a 12,84%. Num horizonte de 12 meses,contudo, esses fundos ainda têm ganhos líquidos médios de 3,90%, nos balanceados, e de 5,83%nos multimercados com carteira de ações. Os fundos de previdência que investem somente emrenda fixa acumulam rendimento de 7,44% em 2008 e de 11,15% nos últimos 12 meses.

Mas, diferentemente do que ocorreu com os investidores de fundos convencionais si-milares, que amargam perda de patrimônio nos últimos meses, os participantes de planos deprevidência complementar não arredam pé das suas posições. De janeiro até a semana passada,os planos com recursos aplicados em fundos balanceados apresentavam captação líquida positi-va de R$ 1,48 bilhão, enquanto nos multimercados com ações o ganho era de R$ 2,1 bilhões.

O mercado de previdência complementar bateu recorde de captação de recursos noprimeiro semestre: R$ 15,3 bilhões, volume 23,3% maior que os R$ 12,4 bilhões do mesmoperíodo de 2007, segundo balanço da Federação Nacional de Previdência Privada e Vida(FenaPrevi). As provisões, recursos acumulados pelas 89 empresas de previdência complemen-tar do país, aplicadas em fundos, somam R$ 102,8 bilhões. Desse total, apenas R$ 11,4 bilhõesestão alocados nas modalidades com renda variável, pouco mais de 11% do total de recursos dosetor.

Ao todo, 7,69 milhões de pessoas contribuem atualmente com planos de previdênciaprivada no país. Outras 286,6 mil já recebem os benefícios do patrimônio que acumularam aolongo dos anos.

O dentista Roberto Mercante Júnior tem há cinco anos um plano da Icatu Hartford,

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cuja carteira é composta por 20% de papéis de renda variável e 80% de títulos de renda fixa. Elediz que, apesar da rentabilidade ruim dos últimos meses, não pensa em mudar sua estratégia depoupança.

Aposentadoria: Previdência privada passa por desaceleração em outubro

Publicou a Folha de S. Paulo, em 24.08:O mercado de previdência privada se desacelerou em agosto, com captação de R$ 2,20

bilhões, volume apenas 3,7% maior em comparação com o mesmo período de 2007. No acumu-lado do ano, porém, o setor registra cifras recordes, com captação de R$ 20 bilhões, crescimentode 18,5% em relação ao mesmo período de 2007. Segundo a Fenaprevi (Federação Nacional dePrevidência Privada e Vida), o resultado no ano foi impulsionado pelo VGBL (Vida Gerador deBenefício Livre), que não gera dedução de R$ 15 bilhões, ante R$ 12 bilhões registrados nomesmo período de 2007.

A Caixa Vida e Previdência tranquiliza os seus 600 mil clientes. A assessoria de comuni-cação do banco informa que a crise norte-americana não afetou a carteira de negócios, cujocrescimento de janeiro a julho deste ano foi de 51%, sem registro de fuga de investidores oumovimento brusco de resgate. Em todo o país 7,6 milhões de brasileiros investem hoje emprevidência complementar.

OPINIÃO DA ANASPS

Como já escrevemos mais acima: o lobby dos bancos e seguradoras que vendem planosde investimentos como se fossem planos de previdência é muito forte. Fortíssimo. Com elesninguém pode, como não podem as agências que deveriam fiscalizar as telefônicas, etc.

Não são fiscalizadas por ninguém. A SUSEP não tem como fiscalizar, e nem chegarperto;

Não prestam contas a ninguém. O Banco Central está ocupado com a inflação, e ponto.Seus ativos, de R$ 102 bilhões, ninguém sabe onde estão. Ninguém fiscaliza.Os 7,6 milhões de brasileiros que se iludiram com os planos de investimentos, como se

fossem de previdência, com nomes exóticos de PGBL e VGBL, também não sabem e não estãonem aí, mas um dia estarão. No passado, os que se “atreveram a entrar na ciranda financeira”receberam o mico que compraram. Entendemos que é uma situação de desespero diante deuma Previdência Social pública impedida de oferecer segurança aos que se aposentarão.

Leiam a nota e vejam que desde 1998 estão autorizados a aplicar até 49% em ações.Muitos deles, nesta crise do mercado, TÊM TIDO PERDAS DE ATÉ 4,9%.

Vocês acham que eles vão perder mesmo? Primeiro tirarão suas taxas de administraçãoe carregamento, em cima dos investidores, e depois utilizarão a massa dos 7,9 milhões para obtervantagens do Governo? O que vai acontecer? O governo que afunda o INSS vai socorrê-los.

Aguardem.

Fundos de previdência investem mais em ações

Por Lucia Rebouças, da Gazeta Mercantil, São Paulo, em 26.02:A captação dos fundos de previdência que investem em ações cresceu este ano, apesar

das quedas registradas pela Bovespa, e superou a renda fixa. Até 14 de fevereiro, os fundos comrenda variável captaram R$ 1,69 bilhão, 168% mais que no mesmo período de 2007, segundopesquisa da consultoria NetQuant. No mesmo período, os fundos com renda fixa perderam R$746,8 milhões.

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Brasilprev tem lucro recorde

Por Altamiro Silva Júnior, do Valor Econômico, São Paulo, em 21.02:A Brasilprev, braço de previdência complementar do Banco do Brasil, anunciou ontem

resultado recorde em 2007. O lucro líquido subiu 18% e ficou em R$ 184,2 milhões, o maiordos 14 anos da empresa. A arrecadação com a venda dos planos de previdência bateu em R$ 3,3bilhões, aumento de 24,1%. A rentabilidade patrimonial ficou em 63,5%.

O destaque continuou sendo o Vida Gerador de Benefício Livre (VGBL), que registrouexpansão de 43%, bem acima do crescimento do mercado, que foi 31% maior, segundo aFenaprevi (a federação do setor). Já o Plano Gerador de Benefício Livre (PGBL) teve aumentode 22%, enquanto o mercado continuou estável.

Os ativos sob gestão da Brasilprev subiram 30% e chegaram a R$ 16,2 bilhões. Essesativos vêm aumentando R$ 1 bilhão a cada 90 dias. Pesquisas internas da companhia com clien-tes mostram índice de satisfação de 90,2%. Mesmo assim, a meta é tentar melhorar as informa-ções para os aplicadores, principalmente dos extratos, ainda muito confusos. O índice de resgateficou em 8,3%. Segundo ranking da Fenaprevi, a Brasilprev é a terceira maior do mercado, comfatia de 11,6%, atrás do Bradesco, com 38%, e do Itaú, com 18%.

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Governo cede, e reforma tributária fica para 2009. Base governista e oposição

concordaram em adiar votação do projeto para março. Lula havia pedido que o texto

fosse votado ainda neste ano, mas oposição de governadores do Sul e do Sudeste foi

mais forte

Gustavo Patu, Folha On Line, Mato Grosso do Sul, 04.12:No dia em que o presidente Lula decidiu intervir diretamente na tentativa de aprovar a

reforma tributária ainda neste ano, a base governista na Câmara dos Deputados cedeu à oposi-ção e finalmente concordou em adiar a votação do projeto para março de 2009.

O acordo não significa o apoio de tucanos e de democratas ao texto do relator SandroMabel (PR-GO), aprovado no mês passado em uma comissão especial, mas bombardeado pelamaior parte dos governadores do Sul e do Sudeste. Os deputados do PSDB e do DEM concor-daram, porém, em encerrar as manobras regimentais que obstruíam a votação da reforma e deoutras propostas em tramitação na Casa.

Quinta proposta

Desde o governo FHC, esta é a quinta proposta patrocinada pelo Executivo de reformado sistema de impostos, taxas e contribuições – que, embora condenado quase unanimementepor políticos e especialistas, tem produzido recordes sucessivos de arrecadação para a União,Estados e Municípios.

Como suas antecessoras, a reforma busca atenuar a principal anomalia da tributaçãonacional: o excesso de impostos e contribuições incidentes sobre a produção e o consumo debens e serviços, que gera burocracia para as empresas e prejudica os mais pobres, obrigados adespender parcela maior de sua renda para pagar os tributos embutidos nos preços.

Reforma tributária compromete recursos para seguridade, diz estudo

Por Marta Watanabe, do Valor Econômico, em 29.08:A reforma tributária prevista pelo Governo federal retira as garantias existentes ao

financiamento da Seguridade Social e pode comprometer a manutenção dos programas sociais.Essa é a conclusão de um grupo de pesquisadores do Instituto de Economia da UniversidadeEstadual de Campinas (Unicamp).

O coordenador do trabalho, Eduardo Fagnani, explica que a reforma tributária extin-gue contribuições sociais cuja arrecadação é destinada à seguridade, como CSLL, Cofins e PIS/Pasep. Em troca, o texto da proposta de reforma vincula à seguridade 38,8% da arrecadaçãototal do Imposto sobre Valor Adicionado Federal (IVA-F), Imposto de Renda (IR) e IPI, alémde outros 6,7% para financiar o benefício do seguro-desemprego. “Não há, porém, nenhumagarantia de que esse percentual será suficiente para a manutenção do sistema.”

Fagnani lembra que há uma grande indefinição sobre a forma de cobrança do IVA-F esua arrecadação, o que impede a execução de cálculos precisos. Uma simulação feita pelo pes-quisador Flávio Tonelli Vaz demonstra que a reforma traria pequenas perdas para o total de

Desoneração Previdenciária

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recursos da Seguridade Social, mas um grande efeito negativo sobre as receitas aos programasde seguro-desemprego, abono salarial e para as transferências para o Banco Nacional de Desen-volvimento Econômico Social (BNDES).

Para esses três últimos itens, considerando a arrecadação de 2006, o volume de recursoscairia de R$ 23,06 bilhões para R$ 20,2 bilhões. Na comparação da situação atual com a propos-ta de reforma, os recursos para a seguridade social total teriam queda de apenas R$ 692 milhõesem 2006 e praticamente se igualariam em 2007.

A contribuição patronal representou em 2007 um total de R$ 54,8 bilhões, cerca de40% da receita previdenciária. Estudos mostram que o impacto da desoneração de cada pontopercentual da alíquota da contribuição sobre a folha devida pelas empresas e órgãos do poderpúblico representa uma queda de receita de R$ 3,12 bilhões. Assim, se a atual alíquota de 20%fosse reduzida para 15%, haveria necessidade de compensação de R$ 15,6 bilhões.

Reforma prevê medida que tiraria R$ 18 bi da Previdência

Mônica Izaguirre, do Valor Econômico, em 15.05:A redução de seis pontos percentuais na alíquota das contribuições patronais vai tirar da

Previdência Social no mínimo R$ 18,72 bilhões por ano em receitas próprias, quando totalmen-te implantada. Essa seria a perda levando em conta preços e parâmetros de 2006 e, portanto, jádefasados. A cifra foi apresentada ontem pelo secretário de Políticas de Previdência Social doMinistério da Previdência, Helmut Shwarzer, à comissão especial da Câmara dos Deputadosque analisa a nova proposta de emenda constitucional (PEC) da reforma tributária, encaminha-da em fevereiro pelo governo.

Um dos principais pontos da reforma, no âmbito federal, é a desoneração da folhasalarial das empresas. O texto determina que, 90 dias após a aprovação da emenda, o Executivoencaminhe ao Congresso projeto de lei reduzindo a alíquota patronal das contribuiçõesprevidenciárias. Em função disso, o governo já se comprometeu a diminuí-la dos atuais 20%para 14%, fazendo uma desoneração de fato, isto é, sem compensar a queda com elevação dequalquer tributo. A alíquota cairia um ponto percentual ao ano, durante seis anos.

Cada ponto de redução, disse Helmut, representa perda de R$ 3,12 bilhões por ano,com igual impacto sobre o déficit da Previdência. O Ministério da Fazenda acredita que, com adesoneração da folha, haverá aumento de emprego formal e, portanto, de base de arrecadaçãoprevidenciária. Dificilmente, porém, esse aumento será suficiente para compensar totalmente aredução da alíquota, reconheceu o secretário de Política Econômica, Bernard Appy, tambémouvido ontem pela comissão da reforma tributária.

Segundo HelmutSchwarzer, para haver plenacompensação por aumento debase, o país teria que criar,liquidamente, 5,3 milhões denovos vínculos formais de tra-balho nos seis anos previstosde transição. A queda daalíquota para 18%, no segun-do ano, já exigiria 1,51 milhãode novos empregos formais.Não bastaria crescimento dospostos de trabalho. A massa

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salarial também teria que crescer cerca de 27% até o último ano de transição para a nova alíquota.Já no primeiro ano, a elevação da massa teria que ser de 3,7%.

O Tesouro Nacional é obrigado a cobrir o déficit da Previdência Social, seja ele qual for(em 2007, por exemplo, o déficit foi de R$ 46 bilhões). Ainda assim, Helmut defendeu, peranteos deputados, que seja definida, na PEC ou na sua regulamentação, uma “garantia institucional”de que a Previdência ganhará uma fonte alternativa de receita própria, que poderia ser, porexemplo, a vinculação de parte do futuro Imposto sobre Valor Adicionado Federal (IVA-F). Areforma vincula 38,8% do IVA-F à seguridade social (que inclui saúde e assistência social), masnão há parcela específica para a Previdência.

Appy disse que a Fazenda está disposta a discutir a criação da garantia institucionalcobrada por Shwarzer, a fim de encaminhar sugestão ao relator da PEC, deputado SandroMabel (PR-GO). Mas não quis antecipar que fonte alternativa poderia ser colocada como receitaprópria da Previdência. Apenas assegurou que isso não implicará elevação de qualquer imposto.Ainda conforme Appy, uma das questões que precisa ser definida antes é se o volume de recur-sos decorrentes dessa nova fonte levará em conta o efeito de crescimento de emprego e demassa salarial.

INSS cobra fonte que vai financiar desoneração. Política industrial provoca im-

pacto de R$ 18,7 bi

Por Juliana Rocha, da Folha de S. Paulo, em 15.05:O secretário da Previdência Social, Helmut Schwarzer, cobrou ontem do relator da

reforma tributária e do governo a definição de uma fonte de financiamento da Previdência paraevitar o aumento do déficit com a desoneração da folha de pagamentos.

Em audiência na Câmara, ele apresentou cálculo mostrando que, conforme a propostada área econômica, o impacto será de R$ 18,7 bilhões ao ano nas contas do INSS (InstitutoNacional do Seguro Social), sem contar os efeitos da inflação. A cada redução de um pontopercentual na parcela patronal da contribuição, a perda estimada é de R$ 3 bilhões ao ano.

Presente na audiência, o secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda,Bernard Appy, que coordenou a proposta de reforma tributária, afirmou que o governo não iráconceder outra desoneração setorial da folha, como a concedida nesta semana para a indústriade software.

Schwarzer mostrou preocupação com desonerações diferentes para cada setor. Ele lem-brou que políticas diferenciadas estimulam o lobby de empresas em benefício próprio, além deeliminar o efeito de distribuição da arrecadação entre as intensivas em mão de obra e as nãointensivas.

A PEC (proposta de emenda constitucional) da reforma tributária prevê que, depois deo Congresso aprovar o texto, o governo terá 90 dias para desonerar a folha de pagamentos.

Previdência e Receita divergem sobre reforma

Por Marcos Seabra, do Jornal do Brasil, em 13.05:O projeto de consolidação das leis e normas da Previdência, aliado à proposta de refor-

ma tributária, ambos em tramitação no Congresso, está colocando em xeque as relações entrealgumas áreas do Ministério da Previdência e a antiga Receita Federal.

O secretário de Políticas de Previdência Social do Ministério da Previdência, HelmutSchwarzer, chegou a acusar a Receita de estar “atropelando” seus afazeres. Schwarzer afirmouque, se não for para a Secretaria formular Políticas de Previdência Social, é melhor extingui-la.“Muitas decisões foram tomadas unilateralmente (pela Receita do Brasil ou Super-Receita, jun-

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ção da Receita Federal com os órgãos de arrecadação do INSS), sem consultar o Ministério daPrevidência”, reclamou.

Atribuições

O projeto de reforma tributária, por sua vez, tornou política uma discussão até entãorestrita aos corredores do Palácio do Planalto: o financiamento da Previdência. Schwarzer tam-bém criticou a absorção de atribuições de sua Secretaria pela Super-Receita, que desde 2006concentra a arrecadação de todos os tributos na esfera da União, incluindo as contribuiçõesprevidenciárias até então recolhidas pelo INSS.

O secretário aponta que o esvaziamento da Secretaria da qual é titular prejudicará oscontribuintes. “É importante ficar claro que a formulação de políticas de previdência continuasendo atribuição da Secretaria de Políticas de Previdência Social; e que cabe à Super-Receita aoperacionalização da política de arrecadação”, afirmou. “Gradativamente, estamos consolidan-do esse processo para que não haja nenhum prejuízo a nenhum contribuinte.”

O secretário reclamou, ainda, que a Receita tem causado prejuízos ao Instituto Nacionaldo Seguro Social (INSS). Ele citou, como exemplo, decisão recente da Super-Receita que deter-minou a devolução de valores pagos indevidamente por segurados agentes políticos ao INSS,após o Supremo Tribunal Federal (STF) decidir que a lei sobre tais recolhimentos erainconstitucional.

De acordo com o secretário, os benefícios pagos a contribuintes que foram excluídosdo INSS pela decisão judicial não foram reavidos.

Para Schwarzer, a Super-Receita deveria ir atrás das viúvas que estavam recebendo be-nefícios com base na lei declarada inconstitucional, cancelar seu benefício e reaver os valoresque a Previdência já tivesse desembolsado.

Após a criação da Super-Receita, o órgão passou a se encarregar da cobrança de débitosprevidenciários e ao Ministério da Previdência restou apenas gerenciar a concessão de benefícios.

“Acho equivocado tratarmos financiamento e benefícios como duas coisas diferentes”,criticou.

Reforma tributária

O que Schwarzer deixou transparecer em suas críticas à interferência da Super-Receitana Previdência se consolida em alguns trechos da proposta da reforma tributária. No bojo doprojeto, o governo altera a forma de financiamento da Previdência no País. Mas o secretário dePolítica Econômica do Ministério da Fazenda, Bernard Appy, afirma que a reforma é neutra doponto de vista da seguridade social.

Appy lembra que a seguridade é financiada pela Cofins e pela CSLL. A reforma tributá-ria unificará a Cofins com o PIS, a Cide e o salário-educação, que serão incorporados ao Impos-to sobre Valor Adicionado Federal (IVA-F). Já a CSLL será unificada com o Imposto de Rendada Pessoa Jurídica (IRPJ).

Desonerações de R$ 21,4 bi

Publicou o Jornal de Brasília, em 13.05:A nova política industrial do governo federal, anunciada no Rio, visa baratear o investi-

mento e a produção e ampliar as exportações do país. Para isso, a chamada Política de Desenvol-vimento Produtivo estima desonerações da ordem de R$ 21,4 bilhões entre 2008 e 2011, segun-do o ministro Guido Mantega (Fazenda).

“É um plano ousado. Talvez em muito tempo não se apresente nada parecido. Dos idosdos anos 70 para cá, nenhum plano deste porte foi apresentado”, afirmou Mantega. “O plano éambicioso, mas realista, que tem condições de ser implementado. (...) É ousado nas desonerações,

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para baratear custo de investimentos e exporta-ções, que visam garantir a sustentabilidade dociclo de crescimento”, afirmou.

Ministro quer “desoneração radical”

Por Iuri Dantas e Julianna Sofia, da Su-cursal em Brasília, Folha de S. Paulo, em 30.04:

O governo começou a delinear uma novaproposta de reforma trabalhista e sindical. De-pois de seis meses de discussão, o ministro extra-ordinário de Assuntos Estratégicos, MangabeiraUnger, fechou as diretrizes do que chama de “re-construção das relações trabalho/capital”, infor-ma reportagem publicada nesta quarta-feira naFolha pelos repórteres Iuri Dantas e Julianna so-fra (íntegra disponível para assinantes do jornal eUOL). Segundo a reportagem, o ministro plane-ja enviar, a partir de 2009, um conjunto de mu-danças ao Congresso Nacional. O ponto de par-tida deverá ser a “desoneração radical” da folhade pagamento.

Em entrevista à Folha, Mangabeira afir-mou que a desoneração não virá de “mão beijada”. A ideia é que o alívio tributário seja acompa-nhado de “contrapartidas” por parte do empresariado, o que inclui a criação de um regimeespecial para trabalhadores terceirizados e temporários, a participação efetiva dos trabalhadoresno lucro das empresas e o acesso à contabilidade das corporações.

O fórum ensaiou debater ainda a reforma trabalhista, mas novas divergências acabaramsepultando os trabalhos.

Reforma TrabalhistaA proposta de MangabeiraObjetivos

Diminuir a informalidade, reverter a queda da participação dos salários na renda nacio-nal e reforma do sistema sindical

Estratégia

A ideia é fechar até o final do ano para serem apresentadas ao Congresso em 2009 deforma gradativa.

Desoneração da FolhaMangabeira propõe uma desoneração “radical” da folha de pagamento A desoneração

não seria substituída pela tributação do faturamento das empresas. A previdência passaria a serfinanciada pelos impostos gerais.

Contrapartida por parte dos empresários1 – Terceirizados e TemporáriosTrabalhadores temporários e terceirizados passariam a ter um regime legal próprio.2 – LucrosEfetivar o princípio legal de participação dos trabalhadores nos lucros das empresas.3 – ContabilidadeAcesso de representantes dos trabalhadores à contabilidade das empresas.

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4 – Agente SindicalCriar a figura dos representantes de sindicatos dentro da unidade fabril.

ANASPS afirma que desoneração da folha ameaça previdência pública

Em 15.03, o presidente da Associação Nacional dos Servidores da Previdência e daSeguridade Social externou a posição da entidade sobre a pretendida desoneração da folha, comredução da contribuição patronal do INSS, assinalando que é uma grave ameaça ao futuro daPrevidência Social pública.

“É tudo que setores do Governo do PT, industriais, comerciantes, banqueiros e segura-doras pretendem, na escalada de implosão do INSS. O impacto de R$ 20 bilhões/ano para umaredução de 5%-6%/ano é maior do que o conjunto das renúncias das contribuiçõesprevidenciárias”, acrescentou.

A ANASPS mostra os passos já dados nesta direção:· implantação do fator previdenciário;· duas reformas previdenciárias que tirou direitos e conquistas de trabalhadores e servidores;· o reajuste dos benefícios acima do mínimo abaixo da inflação;· o achatamento dos benefícios concedidos e por conceder;· a transferência dos procuradores do INSS para a AGU e dos auditores fiscais para a

Receita Federal;· a explosão das renúncias contributivas para as filantrópicas, agrobusiness e

microempresários;· os REFIS 1,2,3 e 4, premiando os caloteiros públicos e privados com prazo de 20 anos

para “não pagar”, e já estão pedindo 30 anos.A ANASPS lembra que a bandeira do fator previdenciário e das reformas era a redução

do déficit, o que não ocorreu, pois desde 1994 que a Previdência Social pública convive com odéficit. A receita de contribuição de trabalhadores e empregadores não cobre a despesa, o quelevou o Tesouro a transferir recursos de R$ 67,7 bilhões, em 2006, e R$ 61, 7 bilhões, em 2007,para zerar as contas.

O plano de liquidação da Previdência Social pública tinha ainda outros três pontos:· achatamento do valor médio do benefício para um salário-mínimo, em processo, já

que quase 70% dos 25 milhões de beneficiários da previdência recebem o mínimo;· privatização e terceirização do atendimento, parcialmente em curso com o Prevcidade,

em processo com prefeituras que entram com instalações e servidores;· transferência da conta de pagamento de benefícios ao Tesouro.

Perda com reforma pode chegar a R$ 15 bi. Valor do prejuízo calculado pela

Fazenda é referente à diferença entre a desoneração das empresas e os ganhos com o

fim da guerra fiscal

Por Mariana Mainenti, do Correio Braziliense, em 06.03:O secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, Bernard Appy, admitiu

ontem que a reforma tributária proposta pelo governo trará uma perda de arrecadação próximaa R$ 10 bilhões e que pode chegar a até R$ 15 bilhões. Esse valor foi calculado a partir dadiferença entre as estimativas da desoneração prevista da folha de pagamento das empresas –equivalente a pelo menos R$ 24 bilhões – e o que deve ser recomposto com o fim da guerrafiscal entre os Estados, valor que se situa entre R$ 10 bilhões e R$ 15 bilhões.

Durante debate, representantes das prefeituras manifestaram a preocupação de que oprojeto inclua a garantia de que haverá um aumento na proporção da arrecadação que é hoje

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repassada às unidades da Federação. “Não tem como discutir a reforma tributária sem discutira máquina”, afirmou o presidente da Confederação Nacional dos Municípios (CNM), PauloZiulkoski, argumentando que nos últimos anos novas legislações impuseram às prefeituras aresponsabilidade de arcar com novos serviços em áreas como saúde e educação.

O secretário de Política Econômica, no entanto, deixou claro que este é um tema que sóserá levado ao Congresso após a aprovação do texto já remetido aos parlamentares. O governoluta para aprovar o projeto atual e não fatiá-lo. “Franknstein por Franknstein nós ficamos como modelo que nós já temos aí”, declarou o ministro das Relações Institucionais, José MúcioMonteiro. “É melhor que se estude, que se tire a emoção da discussão, e que todos tenhamconsciência de que é uma matéria absolutamente técnica e é preciso sair das discussões setorizadaspara que se aprove ela (a reforma) de maneira globalizada”, acrescentou Múcio, indicando aindaque, para que a reforma seja aprovada, o governo não descarta a hipótese de que a oposiçãofique com um cargo decisivo na comissão que avaliará o projeto.

Reforma elevará PIB, diz governo. Para secretário de Política Econômica, pro-

posta gerará alta de pelo menos 10% nas riquezas do país em 20 anos. Bernard Appy

nega que as mudanças sugeridas pelo Planalto ao Congresso acabem provocando um

aumento da carga tributária

Por Deise de Oliveira, da Folha de S. Paulo, em 1o.03:O governo projeta crescimento adicional de 0,5 ponto percentual no PIB (Produto

Interno Bruto) do país a cada ano se a reforma tributária for aprovada. Segundo o secretário dePolítica Econômica, Bernard Appy, o impacto corresponderá a um aumento estimado de 10,9%a 12% sobre o valor atual das riquezas do país ao longo de 20 anos.

“O PIB do Brasil pode ser 12% maior que hoje com a aprovação da reforma. Será 0,5ponto percentual [maior] a cada ano durante 20 anos”, disse Appy em São Paulo, em palestraorganizada pelo Lide (Grupo de Líderes Empresariais).

Ao falar sobre a PEC (proposta de emenda constitucional) da reforma tributária, entre-gue anteontem pelo ministro Guido Mantega (Fazenda) ao Congresso, Appy reconheceu que otexto não é o projeto perfeito.

“Não é ideal do ponto de vista técnico, mas uma tentativa de resolver ao máximo as distorçõese ter o mínimo de resistência política ao projeto, para que não se inviabilize a aprovação.”

Reforma adia desoneração da folha. Redução da contribuição patronal ao INSS

mereceu apenas um artigo do texto, prevendo um novo projeto após aprovação da reforma.

Por Gustavo Patu e Juliana Rocha, da Folha de S. Paulo, em 29.02:Finalmente enviado ao Congresso, o novo projeto de reforma tributária do governo

Luiz Inácio Lula da Silva adia para um futuro indefinido a promessa de desonerar a folha desalários e, diferentemente do que chegou a ser indicado pela área econômica, não impõe limitesa um eventual aumento da carga fiscal.

O texto, originalmente previsto para agosto de 2007, extingue cinco tributos cobradospela União e cria um imposto federal, incidente sobre a venda de bens e serviços.

A redução da contribuição patronal para a Previdência Social, vendida como atrativopara o empresariado e estímulo à geração de empregos, foi bombardeada pelas centrais sindicaise, no texto da emenda constitucional, mereceu apenas um artigo prevendo que um projeto nessesentido será apresentado 90 dias após a aprovação da reforma.

O expediente é antigo: na tentativa de reforma de cinco anos atrás, uma lei propostapelo Executivo estipulou prazo de 120 dias para a mesma medida. O prazo foi adiado e a lei

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acabou sendo revogada, porque, até hoje, o governo não sabe como pôr em prática a desoneração– que depende de uma simples medida provisória.

Reforma tributária. Mudanças previstas são de médio prazo

Por Marcello Larcher, do Jornal da Câmara, em 29.02:A nova proposta de reforma tributária do governo (PEC no 233/08) chegou à Câmara

em meio a um esforço para que sua análise seja rápida. Mas, apesar da ansiedade em torno doprojeto, a proposta tem efeitos de médio prazo, com vigências que vão de dois a oito anos apósa aprovação da PEC.

Principais pontos da PEC– simplificação do sistema;– fim da guerra fiscal;– implementação de medidas de desoneração tributária;– correção de distorções sobre bens e serviços;– aperfeiçoamento da política de desenvolvimento regional;– melhora das relações federativas.Texto do Executivo extingue o salário-educaçãoA principal desoneração prevista na reforma tributária recai sobre a receita federal, que

abrirá mão do salário-educação, hoje cobrado das empresas em 2,5% de suas folhas de paga-mento. Essa contribuição será extinta, mas o governo garante que o montante de recursos paraa educação será mantido e será vinculado dentro do novo IVA-Federal.

A PEC promete mais uma desoneração da folha, uma redução da alíquota para a contri-buição à Previdência Social por parte das empresas. Embora ainda não exista uma proposta,Mantega adiantou que, dos atuais 20%, seria retirado 1% anual até o patamar de 6%. Ele expli-cou que o governo pretende criar outra fonte de financiamento para compensar as perdas daPrevidência.

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Supersimples formaliza 500 mil empresas

Por José Carlos Oliveira, do Jornal da Câmara,em 15.09:

O Simples Nacional, ou Supersimples, registra, em seu primeiro ano, a primeira série deresultados positivos para a economia do País. Especialistas avaliam que o sistema unificado detributação das micro e pequenas empresas beneficiou não apenas esse segmento específico, mastambém ajudou a ampliar o número de empregos formais e a arrecadação tributária de União,Estados e Municípios.

De acordo com o Sebrae Nacional, 500 mil novas empresas do setor se formalizaramentre julho de 2007 e julho deste ano, juntando-se às mais de 1,5 milhão que aderiram aoSupersimples desde o início. A arrecadação do tributo saltou de R$ 1,4 bilhão em agosto de2007, para pouco mais de R$ 2 bilhões no mês passado. Ainda na avaliação positiva, o Sebraeressalta a efetiva redução de tributos para a maioria das micro e pequenas empresas, a consolida-ção de benefícios e incentivos fiscais e o aumento da participação do setor nas licitações gover-namentais.

Entre os entes da federação, os Municípios foram os mais beneficiados. Em algunscasos, a arrecadação de ISS das micro e pequenas empresas aumentou 50% desde o início davigência do Supersimples. As prefeituras de São Paulo e do Rio de Janeiro lideram a arrecadação,segundo o Comitê Gestor do Simples Nacional. O Cadastro Geral de Empregados e Desem-pregados (Caged), ligado ao Ministério do Trabalho, registrou ainda crescimento de 5,85% nonúmero de empregos formais no setor, enquanto o Departamento Nacional do Registro deComércio, órgão do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, detectou

Previdência do

Microempreendedor

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aumento de 13,82% na abertura de empresas.Tramitação

O Supersimples foi criado por meio da Lei Complementar no 123/06, que instituiu oEstatuto Nacional da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte, também conhecido comoLei Geral da Micro e Pequena Empresa. O Projeto de Lei Complementar no 123/04, de autoriado deputado Jutahy Junior (PSDB-BA), que deu origem à lei, tramitou no Congresso Nacionalpor mais de dois anos, até ser aprovado na forma de um substitutivo do relator, deputado LuizCarlos Hauly (PSDB-PR). A lei foi sancionada pelo presidente Lula no fim de 2006, mas oSupersimples só passou a vigorar efetivamente em 1o de julho de 2007.

Na prática, o sistema unificou oito tributos federais, estaduais e municipais que incidiamsobre as micro e pequenas empresas: Imposto de Renda, IPI, CSSL, Confins, PIS/Pasep, Con-tribuição Patronal para a Previdência Social, ICMS e ISS. Eles foram substituídos pela aplicaçãoda alíquota global de 4% a 17,42% sobre a receita bruta da micro ou pequena empresa, confor-me seu setor e faturamento. Beneficiam-se da lei as microempresas com faturamento anual deaté R$ 240 mil reais, e as empresas de pequeno porte, que faturam entre R$ 240 mil e R$ 2,4milhões.

OPINIÃO DA ANASPS

O lobby dos microempresários ou dos “microempresários” é forte.Tão forte quanto o dos bancos, seguradoras, telefônicas, ruralistas, donos de postos de

gasolina, etc.Alardeiam o que existe. A ficção e a mentira acabam se transformando em realidade.Na nota acima, contam vantagens de que a contribuição de 2.000.000 deles chegou a R$

2 bilhões/mensais.Trocando por mariola, estão pagando mil reais/mês.Desconhecem, claro, que só a Previdência está perdendo R$ 15,0 bilhões/ano. E a

Receita Federal? E as receitas estaduais e municipais? E o FGTS?Por que não dizem, claramente, que seus trabalhadores amanhã terão suas aposentado-

rias pagas por toda a sociedade brasileira?Seriam mais corretos e honestos.

Receita pode tirar 400 mil do Simples. Micro e pequenas empresas têm débitos

atrasados e já estão sendo notificadas sobre o risco de exclusão

Por Adriana Fernandes, de O Estado de S. Paulo, Brasília, em 05.09:A Receita Federal informou que cerca de 400 mil empresas poderão ser excluídas do

Supersimples – sistema simplificado de pagamento de tributos federais, estaduais e municipaisde micro e pequenas empresas. Sem dar detalhes, a Receita informou, em uma curta nota àimprensa, que iniciou os procedimentos para exclusão dessas empresas, que têm débitos atrasa-dos e precisam regularizar a situação para permanecer no programa.

Será a primeira exclusão do Supersimples desde que o regime de tributação foi criado,em julho do ano passado. A lei que criou Supersimples não permite que os contribuintes comdébitos atrasados permaneçam no sistema.

O Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) manifestousurpresa com o volume elevado de empresas sujeitas à exclusão e com a forma como o anúnciofoi feito pela Receita. “A notícia é péssima e nos coloca numa situação de extrema preocupação.Não temos conhecimento dos detalhes. Devido à repercussão de uma informação como esta, ocuidado com a comunicação se faz necessário”, disse o gerente de Políticas Públicas do Sebrae,

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Bruno Quick. Ele destacou que o esforço de criação do Simples Nacional foi justamente paraestimular a formalização das empresas.

Na nota, a Receita informou que começou a enviar ontem às empresas notificação paraque regularizem o pagamento das dívidas. Elas terão prazo de um mês após a notificação paraacertar as contas. Do contrário, serão automaticamente excluídas do Supersimples a partir dejaneiro de 2009. O sistema tem hoje 3 milhões de empresas inscritas e 1,7 milhão pagam regu-larmente o tributo por mês.

De acordo com a Receita, as empresas que receberem o documento de notificação terãotodas as informações disponíveis para a regularização das dívidas. Os débitos não previdenciáriosde até R$ 100 mil podem ser parcelados diretamente na internet, no site www.receita.fazenda.gov.br, sem que o devedor precise comparecer aos Centros de Atendimento ao Contri-buinte.

Câmara aprova criação da figura do microempreendedor individual. Projeto

autoriza também o aumento da base certificada do CNIS

Em 13.08, o MPS informou que a Câmara dos Deputados aprovou, por 307 votos a 1,a emenda substitutiva ao Projeto de Lei Complementar no 2/07, criando a figura domicroempreendedor individual no Supersimples e autorizando o aumento da base de dadoscertificada do Cadastro Nacional de Informações Sociais (CNIS) incluindo dados de 1976 emdiante.

O projeto será encaminhado ao Senado Federal, mas o ministro explicou que, tambémentre os senadores, há o compromisso de colocar a matéria em votação o mais rápido possível.“Os senadores já se comprometeram em aprovar o projeto assim que chegar à Casa. O presi-dente do Senado já se comprometeu em colocar a matéria em votação na primeira sessão apóso recebimento da matéria”, disse Pimentel.

Microempreendedor

O projeto permitirá a formalização e a inclusão previdenciária de pipoqueiros, cabelei-reiros, manicures, camelôs entre outros trabalhadores que atuam em pequenos negócios infor-mais com faturamento anual de até R$ 36 mil. Para isso terão que contribuir para o InstitutoNacional do Seguro Social (INSS) com a alíquota de 11% sobre o salário-mínimo.

Para os microempreendedores com atividades ligadas à indústria e comércio, haveráisenção de seis impostos (IRPJ, PIS/PASEP, IPI, COFINS, INSS patronal e ISS). O ICMS seráde R$ 1,05. A contribuição total, em valores atuais, será de R$ 46,70.

Para os microempreendedores prestadores de serviço, também haverá isenção de seistributos (IRPJ, PIS/PASEP, IPI, COFINS, INSS patronal e ICMS). A título de ISS será cobra-do 2% sobre o salário-mínimo. A contribuição total, neste caso, será de R$ 53,95.

Previdência simplificada

Publicou o Correio Braziliense, em 26.06:O governo vai criar uma forma simplificada de contribuição previdenciária para

microempreendedores individuais com faturamento anual de até R$ 36 mil. A ideia é substituiro pagamento de sete impostos federais, incluindo Imposto de Renda, PIS e CSSL, por umacontribuição fixa mensal de R$ 50. De acordo com o ministro da Previdência, José Pimentel, amedida pode beneficiar 4 milhões de microempresários. “São feirantes, ambulantes, cabeleirei-ros, manicures, mecânicos que poderão se formalizar”, disse o ministro, após participar da reu-nião do Conselho Nacional de Previdência Social.

Pimentel explicou que não será necessário emitir uma guia de recolhimento da taxa,pois a cobrança será feita na conta de luz. Além do valor fixo, esses profissionais deverão contri-

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buir com 11% sobre um salário-mínimo, o equivalente hoje a R$ 45,65, para ter direito aosbenefícios oferecidos pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), incluindo aposentadoriapor idade ou invalidez e auxílio-doença – a alíquota reduzida já está em vigor desde o anopassado.

Para aprovar a nova modalidade de contribuição, o ministro disse contar com o apoiodos líderes partidários no Congresso e da frente parlamentar da micro e pequena empresa.Segundo Pimentel, o projeto, que promove alterações no Simples Nacional, será votado nopróximo dia 9. O ministro disse não haver projeções de aumento na arrecadação. “Não estamospreocupados com a arrecadação, mas sim com a formalização. Temos 30 milhões de pessoasentre 16 e 60 anos sem cobertura previdenciária”, afirmou Pimentel.

Pimentel abre encontro Previdência como instrumento de proteção social. Mi-

nistro defende novo programa de inclusão previdenciária para microempreendedor

Em 18.06, O MPS informou que o ministro da Previdência Social, José Pimentel,participou da abertura do segundo seminário Previdência como Instrumento de Proteção Social.No encontro, está sendo traçado um panorama da Previdência Social no Brasil e os desafiosfuturos, dentro das comemorações pelos 85 anos da instituição. À tarde, serão debatidas asperspectivas para as novas décadas, a expansão da cobertura previdenciária e a inclusãosocial.

O ministro anunciou a criação de um novo sistema de inclusão previdenciária para osmicroempreendedores individuais, como feirantes, camelôs, sacoleiros, pipoqueiros, borracheirose outras figuras jurídicas que hoje estão na informalidade, como forma de ampliar a proteçãosocial dos trabalhadores. O Ministério da Previdência Social estima que, atualmente, existamaproximadamente quatro milhões de pessoas nessas atividades no Brasil.

Segundo levantamento do Ministério, a cobertura previdenciária já vem sendo amplia-da. Exemplo disso é o número crescente de contribuintes, que passou de 27 milhões, em 2003,para 36,9 milhões, em maio deste ano. A intenção é promover a inclusão de outros 30,3 milhõesde não contribuintes.

Além de citar a nova modalidade de contribuição, o ministro da Previdência Sociallistou outros desafios: melhora contínua, sistemática e permanente do atendimento ao segura-do; valorização do servidor público; investimento em capacitação profissional; fortalecimentodas negociações salariais; instituição de política habitacional e desenvolvimento de programasde saúde e segurança no trabalho; combate a fraudes, sonegação e falsificação, com investimen-to em tecnologia e novos processos de trabalho.

Novo sistema

Poderão fazer parte dessa nova modalidade os microempreendedores com renda anualde até R$ 36 mil. Hoje, as pessoas jurídicas pagam, em média, 35% do seu faturamento mensalem tributos. O microempreendedor individual contribuirá com R$ 50 ao mês e terá isenção detodos os tributos federais e do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS),estadual. A contribuição poderá ser feita de forma a mais simplificada possível, até mesmo poruma concessionária de serviços, que repassará o valor para a Previdência Social. Além dos R$50, esse novo contribuinte pagará 11% do salário-mínimo para aderir ao Plano Simplificado dePrevidência e ter direito à aposentadoria por idade e outros benefícios, exceto aposentadoria portempo de contribuição.

Para que essa nova forma de contribuição entre em vigor, o governo enviou ao Con-gresso Nacional, em maio último, projeto de lei que atualmente tramita na Câmara dos Deputa-dos. A expectativa é a de que o projeto seja aprovado antes do recesso parlamentar.

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Meta de Pimentel é formalizar 4 milhões de empreendedores

Publicou o DCI, de São Paulo, em 11.06:Coordenador da Frente Parlamentar das Micro e Pequenas Empresas, o futuro ministro

da Previdência Social, deputado José Pimentel (PT-CE), toma posse com a missão de dar umchoque de formalização em benefício de 4 milhões de empreendedores populares em atividadeno País. Ele assegurou ao DCI que, à frente do ministério, vai lutar pela implantação da figura doMicroempreendedor Individual para tirar da informalidade os responsáveis pelos chamadosnanonegócios, como vendedores ambulantes, donos de cachorro-quente, camelôs, feirantes,pipoqueiros e sacoleiros.

“Eles só terão de pagar R$ 50 mensais para a Previdência e mais R$ 30 para a prefeitura,se a atividade for prestação de serviços”, disse Pimentel. “Não precisará ter contabilidade e seutributo será pago na conta de energia. A meta é formalizar quatro milhões de empreendimen-tos”, explica o relator. Em contrapartida, o microempreendedor terá seu negócio regularizado,deixando de ficar à mercê da apreensão de sua mercadoria, poderá emitir nota fiscal e ter acessoaos benefícios da Lei Geral das Micro e Pequenas Empresas, a exemplo de participar das com-pras do poder público. Em 2006, Pimentel foi relator da Lei Geral.

Novas isençõesOutra mudança inserida no pacote relatado por Pimentel prevê que as microempresas

inscritas no Simples Nacional com faturamento anual de até R$ 120 mil serão isentas de tributa-ção, exceto para a Previdência Social, cuja alíquota será de 3% do faturamento. O ICMS, paraessas empresas, será zero. O objetivo, segundo Pimentel, é estimular a formalização de novemilhões de empreendimentos. Vários Estados já adotam limites maiores de isenção, outros têmlimites abaixo de R$ 120 mil. No Paraná e em Sergipe, por exemplo, a isenção atinge empresascom faturamento anual de até R$ 360 mil. Se a proposta for aprovada, esse valor passa a ser olimite mínimo de isenção, para todos os Estados do País.

O relator também incluiu na Lei Geral das Micro e Pequenas Empresas novas ativida-des econômicas que serão autorizadas a ingressar no Simples Nacional. Algumas das novasáreas beneficiadas pela proposta são: as escolas técnicas, profissionais e de ensino médio; oscursos preparatórios para concursos; creches e estabelecimentos de ensino fundamental; labora-tórios de análises clínicas; provedores de acesso a redes de comunicação; serviços de decoraçãoe paisagismo; representação comercial e corretagem de seguros; empresas de produção cinema-tográfica e de artes cênicas, dentre outros.

Dados da Receita Federal, citados no relatório de Pimentel, apontam que quase 3 mi-lhões de empresas já aderiram ao Simples Nacional, que passou a vigorar em julho do anopassado. O futuro ministro ainda lembra que esse número é mais que o dobro de empresasbeneficiadas pelo extinto Simples Federal.

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Sancionada lei que altera previdência do trabalhador rural. Legislação mantém

qualidade de segurado após contrato temporário

O Diário Oficial da União publicou em 23.06 a Lei no 11.718, sancionada no dia 20 pelopresidente Luiz Inácio Lula da Silva, que cria um mecanismo simplificado para contratação detrabalhadores rurais em atividades temporárias, por curtos períodos. A lei, originária da MedidaProvisória no 410, estabelece que o trabalhador rural pode ser contratado por até dois meses noperíodo de um ano. Se o empregador for pessoa física, não é obrigatória a assinatura na carteira.Basta a celebração de um contrato escrito com o trabalhador, desde que seja feito o devidorecolhimento das contribuições à Previdência Social.

A nova lei faz uma total reformulação na legislação previdenciária rural. Institui, porexemplo, um mecanismo diferenciado para a apuração do período de contribuição dos trabalha-dores rurais para efeito de aposentadoria. Entre 2010 e 2015, cada mês de contribuição por anoequivalerá a três, o que significa que, se o trabalhador rural contribuir por quatro meses numano, a Previdência contará como se ele tivesse efetivamente contribuído o ano todo. Já para operíodo de 2016 a 2020, a contagem será em dobro, ou seja, o trabalhador rural terá que contri-buir por pelo menos seis meses por ano. Até o ano de 2010, prevalece a regra atual.

A Lei no 11.718 trata o pequeno produtor rural, que explora a atividade em regimefamiliar, como empreendedor, permitindo a ele agregar valor à sua produção. Ele poderá explo-rar diversas atividades, como turismo rural e artesanato. E ainda poderá contratar empregadospor 120 dias por ano e também trabalhar para terceiros nos períodos de entressafra.

MP polêmica de Lupi e Marinho

Por Fernanda Odilla, do Correio Braziliense, em 16.03:Ao editar medida provisória que desobriga o empregador rural de assinar a carteira de

trabalhadores contratados por no máximo dois meses, Ministério do Trabalho ignorou doispareceres que alertavam para o risco de aumento da informalidade e incentivo à utilização demão de obra escrava.

Inspirado por grandes produtores e apresentado por entidade de trabalhadores, textodispensa empregador rural pessoa física de registrar a mão de obra e pode facilitar trabalhoescravo.

Na avaliação dos próprios técnicos do Ministério do Trabalho, que assinaram dois pare-ceres contrários à MP, a proposta traz um conjunto de medidas “radicais e devastadoras” capa-zes de incentivar até mesmo o trabalho escravo no campo.

Por pressão do lobby ruralista no Congresso, as duas notas técnicas do Ministério doTrabalho alertando para as graves consequências da MP, assinadas por servidores da Secretariade Inspeção do Trabalho em novembro e dezembro do ano passado, foram ignoradas por Lupie Marinho. Ao editar a MP, eles dispensaram os produtores rurais (pessoas físicas) de assinar acarteira de trabalho e de anotar no livro e na ficha de registro de empregados os contratos de

Previdência Rural

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menos de dois meses.O auditor fiscal do trabalho Marcelo Campos e o secretário de Inspeção substituto,

Leonardo Oliveira, responsáveis por um dos alertas contra a MP, lembram que a contrataçãopor curto período no campo já está prevista na legislação, com os chamados contratos de safra.Ponderam ainda que existe um grupo de trabalho, criado em 2007 a pedido do movimentoGrito da Terra, para discutir novas formas de se firmarem contratos para o trabalho rural.

Prejuízos

As advertências fizeram questão de apontar todos os potenciais prejudicados com aMP. “O envio ao Congresso Nacional de Medida Provisória com o conteúdo sugerido trarágraves prejuízos aos trabalhadores, à inspeção do trabalho e, finalmente, provocará um desgastena imagem deste ministério, não somente pelo simbolismo representado pela CTPS (carteira detrabalho e previdência social) bem como pelo método de encaminhamento da proposta”, avi-sam os autores do segundo parecer.

Em outras ocasiões críticas do excesso de medidas provisórias, a bancada ruralista vi-brou com a MP. “Essa proposta vem para resolver um problema. Em plantações de cebola,erva-mate e alho, cuja colheita não dura mais que uma semana, nem os trabalhadores queremassinar a carteira. Já tínhamos pedido providências para o problema ao ministro Lupi”, observao deputado Valdir Colatto (PMDB-SC), presidente da bancada ruralista no Congresso.

Mudanças no texto

O presidente da Contag, Manoel dos Santos, diz que o texto da MP será modificadopelo relator Assis do Couto (PT-PR). Uma das mudanças vai exigir a assinatura da carteira,exceto quando o contrato for firmado por convenção coletiva, por meio dos sindicatos, centraisou cooperativas. “Reconheço que as críticas à MP ajudaram na redação final. Hoje os sindicatosainda não estão preparados para a tarefa. Mas se não houver a lei, eles nunca vão conseguirassumir a missão”, afirma Santos.

As mudanças no mais polêmico artigo – que desobriga a assinatura da carteira paracontratos menores que dois meses – fazem sentido, se levado em conta o passado do relator daMP. Em fevereiro deste ano, durante discurso no plenário da Câmara, Assis do Couto explicoua própria origem. “Sou um pequeno agricultor lá do interior do Paraná, que chegou a esteparlamento depois de caminhadas no movimento sindical”, disse da tribuna.

Aprovada MP da aposentadoria rural

O plenário da Câmara dos Deputados aprovou em 18.03 o projeto de lei de conversãodo deputado Eudes Xavier (PT-CE) à Medida Provisória no 385/07, que prorroga o prazo parao trabalhador rural requerer sua aposentadoria por idade no valor de um salário-mínimo. Noprojeto de conversão, o relator incorporou as novas regras estabelecidas pela Medida Provisóriano 410/07. Ela trata deste e de outros temas de Previdência Social e substituiu a MP no 385/07depois de sua revogação pela MP n 397/07.

Como o Senado rejeitou a medida revogatória na semana passada, a MP no 385/07voltou a tramitar e valer juridicamente. Entretanto, a solução constante da Medida no 410/07 émais abrangente. Xavier estendeu até 31 de dezembro de 2010 o prazo para todos os trabalha-dores rurais conseguirem comprovar o tempo de trabalho necessário à aposentadoria por idade.O texto original prorrogava o prazo até 25 de julho de 2008 somente para os trabalhadoresrurais autônomos.

Contagem especial

A aposentadoria rural por idade no valor de um salário-mínimo precisa da comprova-ção de exercício da atividade por 180 meses. Como o governo considera insuficiente a nova data

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final (dezembro de 2010) para a mudança de comportamento dos empregadores quanto àformalização das relações de trabalho, o projeto de lei de conversão adota um mecanismo decontagem especial do tempo de serviço.

Na discussão do mérito da matéria, o deputado Vicentinho (PT-SP) afirmou que aaprovação da MP no 385/07 é um gesto de solidariedade com os trabalhadores rurais que nãotêm emprego fixo. Efraim Filho (DEM-PB) pediu aos deputados que não votassem a MP no

385 para não prejudicar a MP no 410 que, em sua avaliação, melhor atende às reivindicações dostrabalhadores rurais.

Descasamento da Previdência Rural

Em 20.02, o presidente da ANASPS informou que para reverter a situação de crise daPrevidência Rural, que é amplamente desfavorável aos segurados da Previdência, o PresidenteLula poderia acelerar a reforma do financiamento da Previdência, efetuando a transferência dosbenefícios rurais para um novo Regime Próprio, custeado pelo Tesouro Nacional, já que suasreceitas representaram apenas 4,35% da Arrecadação Líquida da Previdência e 37,55% da des-pesa e, em 2007, determinando que o Tesouro reembolse anualmente a Previdência pelas renún-cias contributivas que foram de R$ 14,3 bilhões em 2007, 10% da Arrecadação Líquida.

O DatANASPS divulgou o seguinte quadro sobre o descasamento da Previdência Rural:

Arrecadação Líquida, Benefícios Previdenciários e Resultado Previdenciário,segundo clientela urbana e rural (2005 a 2007)

Marinho defende aposentadoria

Em 10.02, o Supremo informou que o ministro da Previdência, Luiz Marinho, esteveno Supremo Tribunal Federal (STF) para pedir pressa no julgamento da ação direta deinconstitucionalidade (Adin) que contesta parecer favorável a aposentadorias para trabalhadoresrurais que exercem atividade em terras invadidas. Ao deixar ontem o gabinete da presidente dacorte, Ellen Gracie, Marinho disse que está seguro com relação à constitucionalidade da medidae afirma que o DEM, autor da ação, tenta tratar o assunto com um “ranço ideológico epreconceituoso”.

Direito

O DEM protocolou a Adin sob o argumento de que o Estado não pode confundirinvasores de terras que produzem em propriedades ocupadas ilegalmente com trabalhadoresrurais. Marinho argumentou no Supremo que o parecer da consultoria jurídica do Ministério daPrevidência simplesmente garante o direito de aposentadoria a todos que comprovarem tempode serviço na atividade rural, sem levar em conta a propriedade da terra onde o beneficiáriotrabalhou. “Não estamos discutindo invasão de terra. Não entramos nesse mérito e não é papeldo Ministério da Previdência analisar a titularidade da área”, justifica Marinho.

De acordo com o ministro, o governo é rigoroso na concessão de aposentadorias. “So-

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mos até mais rígidos do que a Justiça”, sustenta. O processo será julgado diretamente no mérito,sem análise de liminar, porque a presidente do STF considera o assunto relevante para o interes-se público.

Aposentadoria para sem-terra

Publicou o Jornal de Brasília, em 22.01:A decisão do Ministério da Previdência de garantir cobertura previdenciária a invasores

de terra que estejam trabalhando em áreas ocupadas – inclusive públicas – será contestada noCongresso e no Supremo Tribunal Federal (STF). O deputado Ronaldo Caiado (DEM-GO) jáavisou que na volta do recesso parlamentar vai elaborar um decreto legislativo para derrubar amedida aprovada pelo ministro da Previdência, Luiz Marinho.

O parecer aprovado por Marinho foi feito pela Consultoria Jurídica do ministério. Coma decisão, os invasores de terra podem usar o tempo de atividade rural para se aposentar. “Se oGoverno começar a banalizar crimes e dar benesses e até aposentadoria, daqui a pouco jovensque atuam no tráfico de drogas também vão tentar se aposentar”, afirmou Caiado. “Isso éinsanidade. O Governo quer legalizar um crime.”

A peça aprovada por Marinho é mais um capítulo da polêmica que se instaurou noministério, segundo funcionários da própria pasta, em relação a trabalhadores que exercematividades agrárias em terras às margens de rodovias, que são públicas. O caso foi registrado pelagerência do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), em Teófilo Otoni (MG). A partir deentão, a Procuradoria Federal Especializada do INSS considerou que os invasores de terra po-dem ser enquadrados no regime de previdência, pois entendem que a titulação da terra “éirrelevante” para tanto.

De acordo com as regras da Previdência, para obter a aposentadoria de um salário-mínimo basta completar 60 anos no caso de homens e 55 anos no caso das mulheres e cumprirprazo de carência no exercício da atividade rural. Atualmente, o prazo é de 13,5 anos para osfiliados à Previdência antes de 1991 e de 15 anos para os inscritos posteriormente. O seguradoespecial não recolhe INSS para se aposentar, apenas paga contribuição em caso de comercializara produção.

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Caos fiscal não es-

clarece parcelamentos que

beneficiam devedores do

INSS e da Receita

Uma das razões me-nores para a incorporação daReceita Previdenciária pelaReceita Federal foi a sua de-sorganização.

Os números abaixoestão no relatório da ReceitaFederal do Brasil, de janeirode 2009, referentes ao exercí-cio de 2008.

A Receita Previ-denciária nunca teve acessopleno aos dados do REFIS,implantado em 2001,à reveliado INSS, e administrado pelaReceita Federal.

Aqui estão quatrogrupo de dados:

a) Parcelamentosb) Refisc) PAES e PAEXd) Débitos em co-

brança.A leitura dos dados é

difícil, em face de sua diversi-dade.

Uma tentativa som-bria revela que ao final de 2008 quase 200 mil contribuintes tinham parcelamentos de todos ostipos de débitos no valor de R$ 142,0 bilhões referentes a mais de 640 mil processos.

A arrecadação do REFIS em 2008 foi pífia, R$ 779 milhões.A arrecadação do PAES foi de R$3,4 bilhões de pessoas jurídicas e R$ 78 milhões de

pessoas físicas.Os débitos em cobrança seriam de R$ 165,5 bilhões, sendo apenas R$ 16,9 bilhões de

débitos previdenciários, sem se precisar a origem.

Refis 5 – Super Refis,

Refis da Crise

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Lula assina medida que perdoa dívidas tributárias até R$ 10 mil

Por Simone Iglesias, da Folha de S. Paulo, em 04.12:O presidente Luiz Inácio Lula da Silva assinou a medida provisória que perdoa parte

das dívidas de pessoas físicas e jurídicas com a União.Os débitos somam hoje R$ 1,316 trilhão. Com a MP, que será publicada no Diário Oficial

da União, as dívidas de até R$ 10 mil, vencidas há mais de cinco anos, serão perdoadas. Issorepresenta R$ 3,6 bilhões (0,28% do total) ou 1,8 milhão de processos judiciais.

A medida vinha sendo discutida no Ministério da Fazenda desde o começo do ano e aproposta foi apresentada em agosto ao presidente Lula pelo ministro Guido Mantega.

Há duas semanas, ele apresentou à Câmara dos Deputados uma série de medidas para arenegociação de dívidas, entre elas a anistia. Na segunda, Mantega voltou ao Congresso, masdesta vez para apresentar as medidas aos senadores.

Além da anistia para os contribuintes com dívidas vencidas há mais de cinco anos,haverá desconto e parcelamento para pagamento de dívidas desse mesmo valor – R$ 10 mil –vencidas há menos de cinco anos, que representam cerca de R$ 10 bilhões. O prazo para paga-mento varia de 6 a 120 meses. Os procedimentos para solicitar o parcelamento devem ser divul-gados pela Receita Federal nos próximos dias.

Cerca de 50% do R$ 1,316 trilhão devidos ao governo corresponde a dívidas cobradasadministrativamente, e o restante está em fase judicial. O governo resolveu adotar a medidadevido à burocracia para renegociar as dívidas e também porque o custo de cobrança dos débi-tos supera o valor a receber.

Segundo informação dada por Mantega aos congressistas, a medida provisória vai per-mitir também o parcelamento em condições especiais de dívidas acima de R$ 100 mil.

Refis III entra na barganha da reforma

Por Mônica Izaguirre e Arnaldo Galvão, Valor Econômico, Brasília, em 26.11:

Dada como certa, a coesão da base governista em favor de uma aprovação rápida dareforma tributária na Câmara dos Deputados vai custar ao governo federal um novo programade parcelamento de débitos fiscais. A disposição de criar algo semelhante ao antigo Refis, comoparte das negociações com os partidos em torno da reforma, foi anunciada ontem pelo relatorda proposta, deputado Sandro Mabel (PR-GO), e confirmada pelo líder do governo na Casa,deputado Henrique Fontana (PT-RS).

O acerto final entre o governo e a sua base foi feito durante reunião dos líderes dospartidos aliados com os ministros da Fazenda, Guido Mantega, e da Coordenação Política, JoséMúcio Monteiro.

Fontana lembrou que os débitos tributários em atraso com a União passam de R$ 1,3trilhão e que só em torno de 1% do valor devido é pago anualmente pelos contribuintes. Elefalou após uma reunião de líderes partidários, na Câmara, que terminou sem perspectiva deacordo com a oposição para votar a reforma.

Os planos do governo, no entanto, podem ser atrapalhados por uma decisão tomadapelo Senado, ao votar a Medida Provisória no 440, uma das que tratam de aumentos salariais dofuncionalismo público federal. Ao emendar a MP, os senadores forçaram a volta do respectivoprojeto de conversão à Câmara, onde passa a trancar a pauta.

Para não permitir a votação da reforma, os três maiores partidos de oposição estãodispostos a obstruir outros projetos que chegarem ao plenário. E devem ganhar, agora, a ajudada bancada rural, que despertou para a possibilidade de a unificação de tributos num impostosobre valor agregado derrubar, numa só penada, todos os incentivos fiscais concedidos à agri-

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cultura, agroindústria e frigoríficos.Em princípio, a estratégia valeria apenas para a pauta da Câmara. Mas o líder do DEM,

ACM Neto (BA), sinalizou que seu partido poderá estender a obstrução à pauta do Congresso,o que atrapalharia a votação do orçamento para 2009. Já o líder do PSDB na Câmara, deputadoJosé Anibal (SP), descartou qualquer tentativa de sua bancada de atrapalhar o Orçamento.

Anibal, ACM Neto e Fernando Coruja (SC), este último líder do PPS, acusaram SandroMabel de fazer da reforma tributária uma “colcha de retalhos, pior do que a PEC original”, porcausa das concessões feitas a Estados ou setores empresariais, em troca do apoio a seu relatório.Mabel, por sua vez, defendeu-se dizendo que os ajustes tornaram a reforma palatável para osEstados, ao dar mais segurança sobre o ressarcimento de perdas. Ele desafiou os líderes deoposição a provar com números que a reforma vai aumentar carga de tributos. Os três oposici-onistas, por sua vez, reclamaram que não há simulações seguras sobre o impacto da reforma eque por isso ela seria perigosa – “um tiro no escuro”.

Acordo para reforma tributária prevê perdão de dívidas

Por Cristiane Jungblut, de O Globo, em 21.11:Brasília – O primeiro passo para a aprovação da reforma tributária foi dado. Numa sessão

que atravessou a madrugada, a Comissão Especial concluiu a votação do texto base e de todos osdestaques apresentados pelos deputados. O relator da reforma na Câmara, Sandro Mabel (PR-GO), fez várias alterações na proposta original do governo com o objetivo de torná-la mais palatáveljunto a governadores e empresários. E se comprometeu a negociar com o governo proposta quepermite a renegociação de dívidas antes da apreciação do texto no plenário.

Essa mudança, porém, pode emperrar os próximos passos, já que a área econômica nãoquer abrir essa brecha. Dependerá de vontade política e muita articulação a inclusão da reformana pauta do plenário da Câmara ainda este ano.

Satisfeito com a aprovação do relatório, Mabel acredita que há possibilidade de votaçãoem plenário já na próxima semana, depois de um encontro dos partidos da base com o ministroda Fazenda, Guido Mantega. A reforma tributária tem como principal objetivo mudar as regrasde cobrança do ICMS e criar o IVA Federal

Para conseguir concluir a votação, mesmo contra a vontade da equipe econômica, orelator se comprometeu com o PMDB a apresentar no plenário da Câmara uma proposta crian-do um novo refinanciamento das dívidas de tributos federais que serão extintos com a reforma,já que será criado o Imposto de Valor Adicionado, o IVA Federal.

Fazenda evita aprovação de um novo Refis

A Fazenda conseguiu evitar a aprovação de uma ampla proposta sobre o assunto, eavisou que tentará derrubar o novo texto em plenário. Pontos como esse, a taxação do petróleoe o percentual da alíquota do ICMS que permanecerá nos Estados de origem dos produtos sãopolêmicos e certamente serão rediscutidos.

No caso do refinanciamento de dívidas, o deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) avi-sou que o partido defendia a aprovação de uma emenda apresentada pelo PV, que criava umaespécie de novo Refis (programa de refinanciamento de débitos feito pelo governo de temposem tempos).

A proposta acordada com Mabel prevê que os débitos junto à Receita ou com a Procu-radoria da Fazenda, com vencimento até 30 de dezembro de 2007, poderão ser parceladosexcepcionalmente em até 240 prestações mensais e sucessivas. O benefício atingiria débitosinscritos ou não na dívida ativa. Os defensores da proposta argumentam que impostos comoCofins e PIS serão transformados em IVA Federal, e que é preciso permitir que seus devedores

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acertem os débitos.“Se for aprovado, vamos apresentar destaque para derrubar. Não há problema em fazer

parcelamento de dívidas, o governo já fez sete ou oito. O problema é que a reforma tributárianão é ambiente para fazer isso. A reforma na Constituição não é para tratar de inadimplência”,disse o vice-líder do governo na Câmara, Ricardo Barros (PP-PR), que comandou a base.

Mantega apresenta pacote para abater dívida. Ministro defende limpeza no es-

toque de créditos da União; montante chega a R$ 1,3 tri. Proposta apresentada a Lula

prevê eliminação de dívidas até R$ 10 mil, abatimento de débitos e reparcelamento de

financiamentos

Por Guilherme Barros, da Folha de S. Paulo, em 20.08:O ministro da Fazenda Guido Mantega, apresentou a Lula novo modelo de cobrança

da dívida tributária federal para limpar o estoque de créditos da União com o setor privado. Aproposta prevê eliminar dívidas até R$10 mil, desconto no pagamento antecipado e alteraçõesno parlamento ordinário de tributos, entre outras medidas. Segundo Mantega, o total dos crédi-tos da União é de R$1,3 trilhão.

A proposta apresentada por Mantega é composta por nove itens e prevê, entre outrasmedidas, a eliminação das dívidas até R$ 10 mil, a facilitação e desconto no pagamento antecipa-do de dívidas e alterações no parcelamento ordinário de tributos. Será o terceiro programa derefinanciamento de dívida do governo Lula – os outros dois foram o PAES e o PAEX.

Segundo a apresentação de Mantega ontem às lideranças políticas, o valor total doscréditos da União soma R$ 1,3 trilhão. O montante é dividido da seguinte forma: R$ 624 bilhõesinscritos na dívida ativa; R$ 649 bilhões não inscritos na dívida ativa; e R$ 43 bilhões de créditosnão tributários. Ao todo, existem hoje 11,6 milhões de processos correndo na Justiça nessa área.

Apesar do valor exorbitante, Mantega mostrou na reunião que esses créditos são dedifícil recebimento. No ano passado, só foram resgatados R$ 3 bilhões por meio de cobrançajudicial e R$ 10 bilhões em depósitos judiciais. Pela apresentação do ministro, o tempo médio decobrança de um crédito da União é de cerca de 16 anos, sendo 4 anos de processo administrati-vo e os 12 anos restantes de processo na Justiça.

O objetivo da Fazenda é aumentar a arrecadação desses recursos com a série de incen-tivos que estarão sendo criados para a liquidação desses créditos da União. Pela apresentação deMantega, o governo deve encaminhar a proposta ao Congresso por meio de medida provisória.Alguns parlamentares que estavam ontem na reunião pediram que a proposta fosse encaminha-da por meio de projeto de lei.

De acordo com a proposta de Mantega, só a extinção dos débitos antigos e de pequenovalor – de até R$ 10 mil, em 31 de dezembro de 2007, vencidos há cinco anos ou mais –eliminaria 2,1 milhões de processos, 18,1% do total. A medida também iria reduzir em R$ 3,6bilhões o total de créditos da União.

Outra medida importante é a de incentivo aos pagamentos à vista e ao parcelamentodos débitos relativos à alíquota zero e ao crédito-prêmio do IPI (Imposto sobre Produtos In-dustrializados). As empresas que desistirem do contencioso envolvendo o IPI teriam uma sériede reduções na cobrança de multas de mora e de ofício, de juros de mora e de encargos legaisrelativos a esses débitos.

Se o pagamento desses débitos for parcelado em até 24 prestações mensais, por exem-plo, a redução chega a 80% nas multas de mora e de ofício, a 30% nos juros de mora e a 100%nos encargos legais.

Outra medida do pacote tributário de Mantega é a de promover alterações no

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parcelamento ordinário de tributos. O pacote prevê a possibilidade de parcelamento das dívidastributárias de acordo com o fluxo de caixa do contribuinte. O principal objetivo dessa medida éo de possibilitar o reparcelamento de débitos para empresas em atraso.

Também está previsto no pacote tributário uma depuração da base de dados do CNPJ(Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica). Uma das medidas compreende o cancelamento de ofí-cio do cadastro de pessoas jurídicas que, nos últimos cinco anos ou mais, não apresentaramdeclarações de Imposto de Renda e não observaram os requisitos estabelecidos pela ReceitaFederal. A medida prevê ainda anistia de multas por descumprimento de obrigações acessórias.

Outra medida considerada importante pela Fazenda é a de unificação dos órgãos decobrança dos créditos judiciais da União. Hoje, existem três Conselhos de Contribuintes e umaCâmara Superior de Recursos Fiscais. A ideia é fundir esses órgãos e criar o Conselho de Recur-sos Administrativos Fiscais para agilizar os julgamentos dos tributos na esfera administrativa.Segundo a Folha apurou, Lula pediu empenho a Mantega e a colaboração das lideranças políticaspara imprimir velocidade ao encaminhamento da proposta.

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União analisa abrir mão de R$3,6 bi em dívidas para agilizar pagamento. Proje-

to prevê perdão de débitos de no máximo R$10 mil vencidos em 2002

Por Gustavo Paul, de O Globo, em 05.07:Brasília – Para acelerar a recuperação de mais de R$ 1,3 trilhão em débitos, a União está

disposta a abrir mão de R$ 3,6 bilhões, o equivalente a 0,28% do total devido. A ideia consta doesboço de um novo modelo de cobrança da dívida ativa da União que, se aprovado pelo Con-gresso Nacional, permitirá o perdão de dívidas de no máximo R$10 mil vencidas até 31 dedezembro de 2002. Além disso, o projeto facilita o pagamento de débitos vencidos após essadata. A intenção do Ministério da Fazenda é tornar mais ágil o processo de cobrança e eliminarcustos de manutenção de processos cujo valor, diante do total de créditos da União, não ésignificativo.

Do total da dívida, R$ 624 bilhões já passaram da fase de recursos e estão inscritos naDívida Ativa. Outros R$ 649 bilhões ainda estão em fase de recurso. O governo soma ainda R$43 bilhões de créditos não relacionados a tributos. Ao todo, são 11,6 milhões de processos, dosquais 8,5 milhões são de dívidas de pequeno valor, ou seja, de até R$ 10 mil.

Débitos vencidos entre 2003 e 2005 terão desconto

Elaborada pela Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional (PGFN), a proposta prevêainda incentivos para quitar à vista débitos de até R$ 10 mil vencidos entre 1o de janeiro de 2003e 31 de dezembro de 2005. Se pagar em até seis prestações, o devedor fica isento das multas demora e de ofício e terá uma redução de 30% nos juros de mora. Se o pagamento for em até 30meses, as multas são reduzidas em 60%, mas os juros devem ser pagos integralmente. Paraprazo de 60 meses, as multas são reduzidas em 40%. Em todos os casos, o governo não vaicobrar encargos legais, ou seja, o acréscimo de 20% sobre o total, quando ela é inscrita na DívidaAtiva.

O projeto também prevê a contratação de instituições financeiras oficiais, como Bancodo Brasil e Caixa Econômica Federal, para cobrança amigável dos débitos de pequeno valor jáinscritos na Dívida Ativa.

Isenção de encargos legais também está em estudo

Quem pagar em até seis meses terá isenção de multas e desconto de 30% nos juros. Aquitação em até dois anos terá a redução das multas em 80%, mais o desconto do imposto.

A PGFN quer ainda reduzir progressivamente a incidência dos encargos legais de acor-do com o prazo de pagamento. Hoje, há desconto de 10% se o pagamento ocorrer antes daremessa da certidão para a Justiça. A proposta permite a isenção do encargo se for quitado até60 dias após a comunicação da cobrança, por exemplo.

Pagamento da dívida será facilitado

Por Adriana Fernandes e Ribamar Oliveira, de O Estado de S. Paulo, em 02.07:O Governo enviará ao Congresso projeto de lei que, entre outros pontos, cancela débi-

tos antigos de baixo valor O governo quer fazer uma ampla reforma no modelo de cobrança dadívida tributária federal e vai encaminhar ao Congresso Nacional uma proposta que prevê aextinção de débitos antigos e de pequenos valores, e o incentivo ao pagamento das dívidas, comredução de juros e multa.

Também está prevista a contratação de instituições financeiras oficiais para a cobrança“amigável” dos créditos inscritos em dívida ativa com valor até R$ 10 mil.

A proposta, apresentada pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega, aos líderes dospartidos que integram o Conselho Político do governo Luiz Inácio Lula da Silva, prevê aindaalterações na forma de pagamento do parcelamento ordinário de dívidas tributárias.

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A grande novidade é que será permitido o pagamento de acordo com o fluxo de caixado contribuinte. O contribuinte que quiser, no entanto, parcelar débitos acima de R$ 100 milterá obrigatoriamente de oferecer garantias.

No documento, o ministro reconhece que o atual sistema de cobrança de dívidas é“ineficiente”. Segundo fontes ouvidas pelo Estado, o ministro concordou com o pedido doslíderes para que proposta não fosse enviada ao Congresso Nacional por meio de Medida Provi-sória (MP), mas sim por projeto de lei.

O governo também tem a intenção, com o projeto, de uniformizar a legislação sobrecréditos tributários (previdenciários e demais tributos) e a revogação da exigência de multa de20% no parcelamento ou reparcelamento de créditos previdenciários.

De acordo com a proposta apresentada, serão extintos os débitos antigos e de pequenovalor até R$ 10 mil, em 31 de dezembro de 2007, vencidos há cinco anos ou mais. Com isso, ogoverno espera eliminar 2,1 milhões dos 11,6 milhões de processos de cobrança de dívida tribu-tária federal.

Esses débitos somam atualmente R$ 3,6 bilhões, menos de 0,28% do total de R$ 1,3trilhão de dívida inscritos e não inscritos em dívida ativa.

À vista com desconto

O projeto também inclui um programa de incentivo ao pagamento à vista e ao paga-mento dos débitos até R$ 10 mil, inscritos em dívida ativa ou não, vencidos até 31 de dezembrode 2005. Para o pagamento à vista ou em até seis prestações mensais, serão reduzidas em até100% as multas de mora e ofício; em 30% os juros de mora e 100% dos encargos legais. Nopagamento em até 30 prestações mensais, o projeto do governo oferece a redução de 60% dasmultas de mora e de ofício e 100% dos encargos legais.

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De acordo com o texto, o contribuinte que optar em pagar em até 60 prestações men-sais receberá desconto de 40% das multas e 100% dos encargos legais.

Alívio aos devedores

– R$ 10 mil é o teto de dívidas que podem ser perdoadas caso o projeto seja aprovado.O critério do governo toma como base o dia 31 de dezembro de 2007 e inclui débitos ematraso há mais de cinco anos.

– 2,1 milhões é a quantidade de processos de cobrança de dívida tributária federal queo governo espera eliminar. Atualmente, há 11,6 milhões de processos

– R$ 3,6 bilhões é a soma dos débitos desses 2,1 milhões de processosGoverno debate nova lei de execução fiscal

Por Paulo de Tarso Lyra e Fernando Teixeira, do Valor Econômico, em 12.06O ministro da Fazenda, Guido Mantega, deve se encontrar com líderes da base aliada,

somados ao presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP) e do Senado, Garibaldi Alves(PMDB-RN), para discutir novas formas de acelerar a cobrança da dívida ativa da União, anova Lei de Execução Fiscal. Mantega apresentou, durante reunião da Câmara de PolíticaEconômica, o teor da nova lei que pretende encaminhar ao Congresso. Segundo relato deassessores palacianos, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva gostou da proposta, mas aconse-lhou o diálogo com o Legislativo para facilitar a tramitação da iniciativa.

Cálculos da própria Fazenda apontam que a dívida ativa da União – composta depessoas físicas e pessoas jurídicas – é de aproximadamente R$ 700 milhões, sendo R$ 200milhões só de débitos com o INSS. O Planalto não divulgou mais detalhes da proposta, masuma das alternativas pode ser a concessão de benefícios para os inadimplentes que quiseremquitar suas pendências fiscais com a União

O diálogo com o Congresso pode ser importante para tentar desmontar uma dasprincipais barreiras ao texto: a possibilidade de os procuradores da Fazenda Nacional bloque-arem os bens e as contas de devedores do Fisco. Pela legislação atual, apenas juízes têmcondições de dar uma autorização desse tipo. Pelo novo texto, os procuradores teriam condi-ções de colocar uma senha nas contas dos grandes devedores para garantir o pagamento dosdébitos.

Essa iniciativa tem gerado bastante resistência dos magistrados e da Ordem dos Ad-vogados do Brasil. Para tentar minimizar as reações contrárias, já foi sugerido, por exemplo,que essa decisão poderia ser tomada pelos procuradores, mas que, posteriormente, teria deser ratificada por um magistrado. Essa confirmação – ou recusa, se for o caso – aconteceriaem uma semana em alguns casos e em até 30 dias em outras situações.

Em relação ao bloqueio dos bens, existe uma reclamação do próprio governo sobre adificuldade de mapear bens móveis e imóveis dos grandes devedores da União. Para isso, umaalternativa é instituir um Cadastro Nacional de Patrimônio, que englobaria registros de bensem cartórios, Detrans (automóveis), patentes, ações e títulos públicos, entre outros.

Para agilizar a cobrança da dívida ativa, a proposta da PGFN é que o próprio órgãopasse a indicar, no processo de cobrança judicial, a existência de bens por parte dos devedo-res. Atualmente, essa tarefa fica a cargo da Justiça Federal. Deste modo, além de a PGFNentrar com o pedido de cobrança, também informará, no pedido, quais bens podem ser utili-zados no pagamento, ou penhorados.

Outro ponto polêmico seria a inclusão dos devedores no Serviço de Proteção aoCrédito (SPC). Atualmente, pessoas físicas e empresas só são inscritas no SPC se tiveremdívidas com empresas ou bancos. Dívidas com o Fisco ou a Previdência Social recebem umtratamento diferenciado.

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Devedor em atraso que não entregar bem ficará livre de prisão, decide STF. Deter-

minação do Supremo, porém, não afeta quem deve pensão alimentícia

Por Carolina Brígido, de O Globo, em 04.12:Pessoas que têm dívida com bancos e empresas garantidas por um bem e se recusam a

entregá-lo ou quitar o débito não correm mais o risco de prisão. A decisão foi tomada ontem peloSupremo Tribunal Federal (STF) no julgamento de ações movidas pelo Itaú e pelo Bradescocontra clientes nessas condições. Juridicamente, estes cidadãos são conhecidos como depositáriosinfiéis civis.

Com a decisão, podem ser beneficiados, por exemplo, titulares de leasing que não pagam adívida e não entregam o carro ao banco. Ou ainda agricultores que obtêm empréstimo em bancose apresentam equipamentos rurais como garantia, mas não os devolvem na hora do pagamento.

No julgamento, os ministros derrubaram a Súmula no 619 do próprio STF, segundo a qualdepositários infiéis poderiam ser presos se não quitassem suas dívidas. A decisão, no entanto, nãoafeta pessoas que devem pensão alimentícia e não pagam deliberadamente. Essa é a única possibi-lidade de alguém ser preso no Brasil em decorrência de ação civil.

STF acaba com a prisão de depositários infiéis. Prisão pode ocorrer nos casos de

dívida de pensão alimentícia, mas não em contratos de leasing

Por Mariângela Gallucci, de O Estado de S.Paulo, em 04.12:Ninguém poderá ser preso por ter uma dívida e se desfazer do bem que foi dado como

garantia ao empréstimo, de acordo com decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) em 03.12. Naprática, deixa de existir a prisão civil dos chamados depositários infiéis. Por maioria de votos, o STFconcluiu que esse tipo de prisão somente pode ocorrer nos casos de dívida de pensão alimentícia,mas nunca em contratos como leasing.

Durante o julgamento, os ministros do STF fizeram questão de deixar claro que a Cons-tituição Federal prevê como um dos direitos fundamentais a liberdade e não se deve privar um serhumano dessa garantia por causa de uma dívida. Ou seja, para eles, a prisão de uma pessoa nãoresolve o problema do pagamento da dívida.

Ao tomar a decisão, os ministros do STF também revogaram uma súmula segundo a qual“a prisão do depositário judicial pode ser decretada no próprio processo em que se constituiu oencargo, independentemente da propositura de ação de depósito”.

O entendimento do STF foi firmado durante o julgamento de recursos envolvendo osbancos Itaú e Bradesco contra clientes. Também foi julgado o recurso de uma pessoa que teve suaprisão decretada. No recurso, essa pessoa alegou que se fosse mantida a decisão que determinou asua prisão estaria “respondendo pela dívida através de sua liberdade, o que não pode ser aceito nomoderno estado democrático de direito”.

Vale deve recolher contribuição sobre participação nos lucros entre 88 e 91

Ação do Supremo

Tribunal Federal

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Em 22.09, por maioria, os ministros da Primeira Turma do Supremo Tribunal Fe-deral (STF) deram provimento ao Recurso Extraordinário (RE) 398284, do INSS (InstitutoNacional do Seguro Social), e reconheceram que a Vale (Companhia Vale do Rio Doce)deve recolher contribuição social sobre a participação dos lucros dos funcionários, referen-te ao período de outubro de 1988 até a edição da Medida Provisória (MP) no 794, em 1991.

No julgamento, três dos cinco ministros da Primeira Turma entenderam que a par-ticipação nos lucros das empresas, previsto no art. 7o, XI, da Constituição Federal, só pas-sou a ficar isenta de recolhimento para fins de contribuição previdenciária após a edição daMP, convertida mais tarde na Lei no 10.101/00.

O RE contestava decisão do Tribunal Regional Federal da 1a Região (TRF-1), queconsiderou autoaplicável o art. 7o, XI, da Constituição Federal. O dispositivo diz que é diretodo trabalhador a participação nos lucros das empresas, desvinculada da remuneração.

Para a Procuradoria da Fazenda Nacional (PFN), contudo, a norma seria de eficácialimitada, necessitando de lei ordinária para sua regulamentação. Como argumento, a PFNlembrou o conteúdo do art. 201, § 11, no sentido de que os ganhos do trabalhador, aqualquer título, devem ser incorporados ao salário para efeito de contribuição previdenciária.

Com o recurso, a Fazenda pretendia apenas receber os valores que deveriam tersido recolhidos – referentes à participação nos lucros dos funcionários da Vale, entre a datada promulgação da Constituição Federal e a edição da Medida Provisória no 794/91.

Para o advogado da empresa, contudo, o art 7o, XI, é autoaplicável. A MP veiodepois apenas para estabelecer parâmetros mínimos, como forma de proteger os trabalha-dores. A Constituição diz, claramente, que a participação nos lucros é desvinculada daremuneração.

STF nega execução de contribuição ao INSS

Publicou o Valor Econômico, em 15.09:

Uma decisão tomada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) em 11.09 deverá difi-cultar a cobrança de contribuições previdenciárias pela Justiça do Trabalho, hoje responsá-vel pela arrecadação de cerca de R$ 1 bilhão ao ano aos cofres do Instituto Nacional doSeguro Social (INSS). Em decisão unânime, o tribunal entendeu que os juízes trabalhistasnão podem executar dívidas previdenciárias de empresas no caso de sentenças declaratórias– aquelas que reconhecem vínculos de trabalho.

Pelo entendimento proferido pelo Supremo, a Justiça trabalhista é responsável pelaexecução de dívidas previdenciárias resultantes de sentenças condenatórias – quando umempregado com carteira exige diferenças salariais – e das sentenças que homologam acor-dos entre empresas e empregados. Mas nas sentenças declarando a existência de vínculo detrabalho, o caso precisará ser encaminhado para a Justiça federal.

O ministro Menezes Direito, relator do caso no Supremo, entendeu que a sentençadeclaratória não tem valor de título executivo, pois apenas reconhece o vínculo trabalhista.Esse tipo de decisão, entendeu Direito, não apresenta um valor de condenação salarial quepossa servir de base de cálculo para a condenação previdenciária. Os ministros decidiramtambém editar uma súmula vinculante sobre o novo entendimento, que deverá ser votadano pleno da corte na próxima semana.

O Tribunal Superior do Trabalho (TST) possui uma súmula no mesmo sentido – aSúmula no 368 –, mas, segundo a procuradoria do INSS, o TST já havia deixado de aplicá-la e aguardava o julgamento do Supremo para sua revogação, o que não deve mais ocorrer.Juiz da 89a Vara do Trabalho de São Paulo, Marcos Neves Fava lamentou a decisão do

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Supremo, que, segundo ele, afetará um grande volume de processos em que se coíbe ocontrato clandestino de trabalho – aquele em que há serviço subordinado, mas sem vínculoformal.

O maior prejudicado não será o INSS, afirma Fava, mas o trabalhador, uma vez quepara conseguir o direito à aposentadoria o que conta é o tempo de contribuição, e não o detrabalho – e se a dívida fiscal não for cobrada, o trabalhador nunca conseguirá o reconheci-mento do tempo de serviço. (FT)

OPINIÃO DA ANASPS

Este é mais um “assalto jurídico”, numa lista interminável nos últimos tempos, contraas combalidas contas do INSS, e mais uma vitória dos caloteiros e da impunidade.

Tememos que o Judiciário esteja a serviço do crime organizado com o rosário de deci-sões adotadas, legalizando a fraude e os procedimentos desonestos de que utilizam os devedo-res relapsos da Previdência.

Repetimos que são relapsos e desonestos, pois 70% dos empregadores brasileiros agemcom correção e dignidade no recolhimento das contribuições previdenciárias.

Súmula Vinculante limitará competência da Justiça do Trabalho para cobrança

de contribuição previdenciária

Em 11.09, por unanimidade, o Plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) decidiueditar uma Súmula Vinculante determinando que não cabe à Justiça do Trabalho estabelecer, deofício, débito de contribuição social para com o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS)com base em decisão que apenas declare a existência de vínculo empregatício. Pela decisão, essacobrança somente pode incidir sobre o valor pecuniário já definido em condenação trabalhistaou em acordo quanto ao pagamento de verbas salariais que possam servir como base de cálculopara a contribuição previdenciária.

A decisão foi tomada no julgamento do Recurso Extraordinário (RE) 569056, interpos-to pelo INSS contra decisão do Tribunal Superior do Trabalho (TST), que negou pretensão doINSS para que também houvesse a incidência automática da contribuição previdenciária refe-rente a decisões que reconhecessem a existência de vínculo trabalhista. Por unanimidade, aquelecolegiado adotou o entendimento constante do item I, da Súmula no 368 do TST, que disciplinao assunto. Com isso, negou recurso lá interposto pelo INSS.

O TST entendeu que a competência atribuída à Justiça do Trabalho pelo inciso VIII doart. 114, da Constituição Federal (CF), quanto à execução das contribuições previdenciárias,“limita-se às sentenças condenatórias em pecúnia que proferir e aos valores objeto de acordohomologado, que integrem o salário-de-contribuição”, excluída “a cobrança das parcelasprevidenciárias decorrentes de todo período laboral”.

Supremo e STJ abrandam crime de apropriação indébita de INSS

Por Zínia Baeta, do Valor Econômico, em 11.08:O Poder Judiciário tem adotado um novo entendimento sobre o crime de apropriação

indébita que, na prática, poderá resultar no trancamento de milhares de inquéritos policiaiscontra empresários que descontaram do funcionário a contribuição, mas não a repassaram parao Instituto Nacional do Seguro Social (INSS).

No início deste ano, o Supremo Tribunal Federal (STF) passou a entender que esse tipo decrime é o que se chama de “formal”. Nesse sentido, para responder criminalmente pelo não repassedas contribuições, seria necessário comprovar que o responsável pela empresa obteve lucro – ou seja,usou os recursos em proveito próprio, na aquisição de bens, por exemplo. O Supremo tambémjulgou ser necessário o término do processo administrativo, que comprovasse tal possibilidade, para

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que o empresário pudesse responder criminalmente pelo desvio da contribuição.Seguindo a linha da corte suprema, a Quinta Turma do Superior Tribunal de Justiça

(STJ) também mudou de entendimento em junho deste ano e mandou suspender um inquéritopolicial sobre o tema até o julgamento final do processo administrativo de um empresário. Arelatora do habeas corpus, ministra Laurita Vaz, cita em sua decisão o precedente do Supremo e ofato de a corte ter passado a considerar que não só os crimes contra a ordem tributária seriammateriais, mas também os crimes de sonegação e apropriação indébita previdenciária tambémestariam no rol dos crimes materiais.

Até então, o entendimento geral do Judiciário era o de que bastava ocorrer o não repas-se à Previdência para que ficasse demonstrada a existência do crime de apropriação indébita,cuja pena varia de dois a cinco anos de reclusão e multa. “O mero não repasse da contribuiçãocaracterizava o crime, quase que em uma presunção de dolo”, afirma o criminalista sócio doescritório André Kehdi e Renato Vieira Advogados, Renato Vieira. Segundo o advogado, onovo entendimento sobre a necessidade de comprovação do uso dos recursos fica claro a partirdo momento em que tanto Supremo quanto STJ dizem que se trata de um crime material, e nãocrime formal.

Por essa razão, na prática o que deve ocorrer é a propositura de inúmeros habeas corpus

por advogados para seus clientes que já respondem a inquéritos criminais, tendo por base osprecedentes das cortes superiores. O mesmo deve ocorrer para os milhares de inquéritos crimi-nais abertos em razão do não repasse das contribuições sem que neles se discuta a apropriaçãodo dinheiro para uso próprio pelo empresário.

Empresários estrangeiros pedem arquivamento de ação penal sobre sonegação

de contribuições previdenciárias

Em 22.07, o industrial italiano radicado no Brasil, P.R., e os suíços radicados no BrasilR. B., economista, e E.J.C. e P.W., ambos administradores de empresas, impetraram o HabeasCorpus (HC) 95392, com pedido de liminar, no Supremo Tribunal Federal (STF), com a finali-dade de arquivar ação penal que lhes é movida na 3a Vara Federal da Subseção Judiciária de SãoBernardo do Campo (SP), sob acusação de sonegação de contribuições previdenciárias (art.337-A, do Código Penal – CP).

P.R., que é também presidente do Centro São Paulo de Design (CSPD) e diretor doDepartamento de Competitividade Industrial da Federação das Indústrias do Estado de S. Pau-lo (Fiesp), e os três suíços são acusados de, na qualidade de membros da administração daempresa Rieter Automotive Brasil – Artefatos de Fibras Têxteis Ltda., terem supostamentesonegado, em períodos distintos entre os anos de 1998 e 2003, um total de R$ 920;402,05, emvalores atualizados até novembro de 2006.

Débitos ainda não estariam constituídos

Os valores constam de três Notificações Fiscais de Lançamento de Débitos (NFLDs) econsistiriam na omissão, nas Guias de Recolhimento do Fundo de Garantia do Tempo de Ser-viço e Informações à Previdência Social (GFIP), dos pagamentos realizados aos empregados daempresa sob a rubrica “participação nos lucros e resultados” (R$ 546.295,57); na omissão, nasmesmas guias, dos pagamentos efetuados aos contribuintes individuais que prestaram serviçosà empresa (R$ 321.818,79) e, nas mesmas GFIPs, dos pagamentos por serviços prestados porcooperados por meio das cooperativas de trabalho Unimed Betim Cooperativa de TrabalhoMédico e Unimed de Taubaté Cooperativa de Trabalho Médico.

Os empresários alegam que estão sofrendo constrangimento ilegal, porquanto os crédi-tos tributários em favor do INSS ainda não estariam definitivamente constituídos, o que somen-te se daria com o julgamento definitivo no âmbito administrativo. Sustentam que esses créditos

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ainda estão em fase de análise, seja perante a própria Secretaria da Receita Previdenciária, seja,em grau de recurso, perante o Conselho de Contribuintes

Mesmo assim, o Juízo da 3a Vara Criminal da Subseção Judiciária de São Bernardo doCampo recebeu a denúncia do Ministério Público contra eles, expedindo precatórias para suacitação e interrogatório. Um dos empresários já teria, até, sido interrogado na 10a Vara CriminalFederal da Subseção Judiciária de São Paulo, o que comprovaria “grave e patente ilegalidadederivada da abrupta e precipitada ação penal instaurada contra os pacientes”.

STF concede aposentadoria especial por insalubridade

Por Juliano Basile, do Valor Econômico, Brasília, em 04.07:Se o Congresso demora a aprovar lei, deixando pessoas sem a garantia de um direito

previsto na Constituição, o Supremo Tribunal Federal (STF) se reúne e determina qual regradeve ser aplicada. Esse entendimento foi aplicado pela segunda vez na terça-feira, durante aúltima sessão de julgamentos do semestre e deverá custar caro ao governo federal.

Por unanimidade, os ministros do STF decidiram conceder aposentadoria especial a umservidor público que trabalhou em condições de insalubridade. A aposentadoria especial existeapenas para a iniciativa privada. Ela permite a redução dos anos necessários para se aposentaraos trabalhadores que atuam em locais com risco à saúde. O problema é que os parlamentaresestão desde 1988 sem aprovar lei que beneficie os funcionários públicos que trabalham sobcondições desgastantes ou de risco. Assim, o STF determinou que eles devem ser atendidos pelaLei no 8.213, de 1991, que favorece os trabalhadores da iniciativa privada.

Foi a segunda vez que o STF impôs uma norma ao constatar a demora do Congressoem aprovar leis. No ano passado, o STF mandou aplicar a Lei de Greve do setor privado para asparalisações de servidores públicos. Naquela decisão, pesou o fato de o governo enfrentar ame-aças de paralisações de controladores de voo em plena crise aérea. Ficou decidido, então, que osservidores teriam de garantir a continuidade dos serviços, como ocorre na iniciativa privada, eentrar em procedimentos de negociação com o governo. A decisão envolvendo a greve dosservidores foi extremamente inovadora, pois, no passado, sempre que o STF recebia mandadosde injunção cobrando a aprovação de leis do Congresso, apenas declarava a demora e alertava oParlamento. A partir daquela decisão, o STF passou a impor uma norma na falta de votação noCongresso.

Supremo decide que INSS só pode cobrar dívida até 5 anos

Por Marcos Cézari, da Folha de S. Paulo, em 29.06:O STF (Supremo Tribunal Federal) reduziu de dez para cinco anos o prazo para que o

INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) cobre contribuições previdenciárias devidas pelasempresas. A decisão, unânime, adotada no dia 11 deste mês durante julgamento de recursosextraordinários, segue a mesma regra válida para os demais tributos administrados pela ReceitaFederal.

A regra dos dez anos já havia sido declarada inconstitucional pelo STJ (Superior Tribu-nal de Justiça) em agosto do ano passado. Assim, o Supremo seguiu a mesma linha, confirman-do os cinco anos.

Para o leitor entender o alcance da decisão do STF, o INSS somente poderá cobrar ascontribuições que não foram pagas de junho de 2003 para cá. Contribuições de maio de 2003 ouanteriores, mesmo que não pagas, não poderão mais ser exigidas pelo INSS.

Os ministros declararam inconstitucionais os arts. 45 e 46 da Lei no 8.212/91, que fixamo prazo de dez anos para a cobrança das contribuições da seguridade social. Para eles, apenas leicomplementar pode dispor sobre normas gerais em matéria tributária, como prescrição e deca-

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dência. Como o prazo foi fixado por lei ordinária, os ministros entenderam que ele éinconstitucional.

Mas a inconstitucionalidade não se aplica aos contribuintes que já fizeram os pagamen-tos. Segundo o presidente do Supremo, ministro Gilmar Mendes, “são legítimos os recolhimen-tos efetuados nos prazos previstos nos arts. 45 e 46 da lei e não impugnados antes da conclusãodo julgamento”.

Significa dizer que os valores já pagos ao INSS com base no prazo de dez anos nãoprecisarão ser devolvidos aos contribuintes que não ajuizaram ações. Mas aqueles que ingressa-ram com ações contra o prazo de dez anos antes do dia 11 (data do julgamento) terão direito dereceber de volta os valores pagos indevidamente.

Em nota, a Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional considerou que a decisão do STFfoi uma “vitória relevante”, já que “os valores que foram pagos nessas condições nos últimoscinco anos somam R$ 12 bilhões, segundo levantamento feito pela Receita Federal”.

Esse valor equivale a contribuições que excederam o prazo de cinco anos, foram cobra-das pelo fisco e pagas pelas empresas sem contestação. Como pagaram e não contestaram, agoranão haverá devolução.

Sem efeito retroativo

Especialista acha decisão “equivocada” que pode prejudicar a PrevidênciaPara o advogado Wladimir Novaes Martinez, especialista em legislação previdenciária, a

decisão do STF foi “equivocada”. Para ele, as contribuições previdenciárias não podem serequiparadas a outros tributos.

“Contribuição previdenciária não é tributo, mas contribuição social. Logo, deve tertratamento diferenciado.” Ele toma como exemplo as contribuições ao FGTS, cujo prazo deprescrição é de 30 anos.

Segundo Martinez, a decisão do STF pode levar algumas empresas a não recolher ascontribuições dos empregados, “apostando” que não serão fiscalizadas no prazo de cinco anos.Assim, o atraso superior a cinco anos não precisará ser pago em caso de fiscalização.

Ele diz que o encurtamento do prazo à metade prejudica a Previdência Social. E dá umexemplo: se uma empresa não recolheu as contribuições descontadas do salário de um emprega-do nos anos de 2001 e 2002, não dá mais para cobrá-las devido à decisão do STF.

Mas, na hora de pedir a aposentadoria, esse prazo será contado em favor do empregado.O prejuízo: o INSS terá de contar o tempo correspondente às contribuições sem ter recebido osvalores devidos.

Além do prejuízo, Martinez diz que a decisão fere o princípio da isonomia – todos sãoiguais perante as leis. É que, se um contribuinte individual (facultativo, autônomo, doméstico)não pagar as contribuições durante determinado período, mesmo tendo trabalhado, esse temponão será contado para sua aposentadoria.

Plenário define efeitos do julgamento sobre prazos quanto à exigência de con-

tribuições sociais

Em 12.06, os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) decidiram modular osefeitos da declaração de inconstitucionalidade dos dispositivos que tratam dos prazos de pres-crição e decadência em matéria tributária. Por maioria de votos, o Plenário decidiu que a Fazen-da Pública não pode exigir as contribuições sociais com o aproveitamento dos prazos de 10 anosprevistos nos dispositivos declarados inconstitucionais, na sessão plenária de 11.06. A restriçãovale tanto para créditos já ajuizados, como no caso de créditos que ainda não são objeto deexecução fiscal. Nesse ponto, a decisão teve eficácia retroativa, ou seja, a partir da edição da lei.

A modulação dos efeitos da decisão faz uma ressalva, no entanto, quanto aos recolhimen-

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tos já realizados pelos contribuintes, que não terão direito a restituição, a menos que já tenhamajuizado as respectivas ações judiciais ou solicitações administrativas até a data do julgamento.

Dessa forma, o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Gilmar Men-des, explicou que “são legítimos os recolhimentos efetuados nos prazos previstos nos arts. 45 e46 e não impugnados antes da conclusão deste julgamento”.

Assim, os contribuintes que ajuizaram ações até a data do julgamento no STF, serãobeneficiados com a declaração de inconstitucionalidade e deverão receber de volta o tributo quefoi recolhido indevidamente. Já aqueles contribuintes que não ajuizaram ações até a últimaquarta-feira, não terão direito a reaver o que já pagaram.

Essa proposta de modulação, inédita no âmbito do Supremo, foi feita pelo presidenteda Corte, ministro Gilmar Mendes, e tem o poder de garantir a necessária segurança jurídica naresolução da matéria. A Procuradoria da Fazenda Nacional havia se pronunciado, durante ojulgamento de ontem, alegando que a questão envolve em torno de R$ 96 bilhões, entre valoresjá arrecadados e em vias de cobrança pela União com base nas leis declaradas inconstitucionais.

Súmula Vinculante no 8

Após ouvir a opinião favorável do vice-procurador-geral da República, Roberto MonteiroGurgel, os ministros aprovaram a Súmula Vinculante no 8, sobre o tema julgado, que passa avigorar com a seguinte redação: “São inconstitucionais o parágrafo único do art. 5o do Decreto-lei no 1.569/77 e os arts. 45 e 46 da Lei no 8.212/91, que tratam de prescrição e decadência decrédito tributário”.

Supremo define prazo de prescrição previdenciária e fará nova súmula vinculante.

INSS só pode cobrar cinco anos

Por Fernando Teixeira, do Valor Online, Brasília, em 12.06:O pleno do Supremo Tribunal Federal (STF) declarou, por unanimidade, a

inconstitucionalidade do prazo de dez anos usado pelo fisco para cobrar contribuiçõesprevidenciárias devidas pelos contribuintes. As empresas reclamavam que o prazo usado pelafiscalização e pela Procuradoria do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) para cobrarpendências tributárias deveria ser de cinco anos, como ocorre com todos os demais tributos. Osministros do Supremo entenderam que o prazo da chamada “decadência” tributária – ou seja, otempo que o fisco tem para cobrar créditos – é de cinco anos em qualquer hipótese, inclusivepara as contribuições previdenciárias. A regra dos dez anos já havia sido declarada inconstitucionalpelo Superior Tribunal de Justiça (STJ) em agosto do ano passado, e a expectativa era a de queo Supremo seguisse a mesma linha – e que ontem foi confirmada.

O tema é considerado uma das disputas tributárias mais importantes em tramitação noSupremo devido ao seu impacto financeiro. Segundo o procurador-geral adjunto da FazendaNacional, Fabrício Da Soller, o caso significa para a União um prejuízo de R$ 95 bilhões emtributos que deixarão de ser cobrados ou precisarão ser devolvidos, caso já tenham sido pagos.Dos R$ 72 bilhões em contribuições hoje cobrados pela via administrativa, R$ 21 bilhões serãoperdidos, assim como R$ 20 bilhões dos tributos parcelados e R$ 42 bilhões já inscritos emdívida ativa. Além disso, pela decisão a Fazenda será obrigada a devolver R$ 12 bilhões já cobra-dos indevidamente. Advogados tributaristas costumam dizer que quase todas as açõesprevidenciárias envolvem essa discussão, aspecto que em geral derruba em quase a metade ovalor cobrado pelo INSS – atingindo quase todas as 300 mil ações judiciais de cobrança dadívida ativa previdenciária, que totaliza R$ 150 bilhões.

Contribuições Sociais: apenas lei complementar pode alterar prazos de prescri-

ção e decadência

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Em 11.06, os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) reconheceram que apenaslei complementar pode dispor sobre normas gerais em matéria tributária – como prescrição edecadência, incluídas aí as contribuições sociais. A decisão se deu no julgamento dos RecursosExtraordinários (REs) 556664, 559882, 559943 e 560626, todos negados por unanimidade.

Os ministros declararam a inconstitucionalidade dos arts. 45 e 46 da Lei no 8.212/91,que havia fixado em dez anos o prazo prescricional das contribuições da seguridade social, etambém a incompatibilidade constitucional do parágrafo único do art. 5o do Decreto-lei no

1.569/77, que determinava que o arquivamento das execuções fiscais de créditos tributários depequeno valor seria causa de suspensão do curso do prazo prescricional.

O entendimento dos ministros foi unânime. O art. 146, III, “b”, da Constituição Fede-ral, afirma que apenas lei complementar pode dispor sobre prescrição e decadência em matériatributária. Como é entendimento pacífico da Corte que as contribuições sociais são considera-das tributos, a previsão constitucional de reserva à Lei Complementar para tratar das normasgerais sobre tributos se aplica a esta modalidade.

Supremo abre precedente que abranda crime de apropriação. Segurado tem di-

reito a certidão

Em 29.05, a Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) manteve decisão doministro Celso de Mello que reconheceu a legitimidade do Ministério Público Federal (MPF)para ajuizar ação no sentido de garantir aos segurados da Previdência Social o direito de recebercertidão relativa a tempo de serviço.

A matéria chegou ao STF por meio de um Recurso Extraordinário (RE 472489), instru-mento jurídico apropriado para contestar, na Corte, decisões de outros tribunais que suposta-mente feriram a Constituição. No caso, o INSS contestou decisão do Tribunal Regional Federalda 4a Região (TRF-4), sediado em Porto Alegre, que reconheceu a legitimidade de o MPFpropor a ação civil pública em defesa dos segurados e decidiu a favor dos segurados.

Como o ministro Celso de Mello negou o pedido feito no recurso extraordinário, nosentido de anular a decisão do TRF-4, o INSS interpôs outro recurso, dessa vez para levar aquestão para análise da Turma. Ao julgar a matéria, todos os ministros decidiram manter oentendimento de Celso de Mello.

Segundo o ministro, o MP somente defendeu que fosse reconhecido o direito dos segu-rados da Previdência Social a obter a certidão parcial de tempo de serviço, questão de relevanteabrangência social. “Nesse contexto, põe-se em destaque uma das mais significativas funçõesinstitucionais do Ministério Público, consistente no reconhecimento de que lhe assiste a posiçãoeminente de verdadeiro ‘defensor do povo’”, disse.

Prerrogativa

Celso de Mello acrescentou que “o direito à certidão traduz prerrogativa jurídica, deextração constitucional, destinada a viabilizar, em favor do indivíduo ou de uma determinadacoletividade, como, por exemplo, a dos segurados do sistema de Previdência Social, a defesa,individual ou coletiva, de direitos ou o esclarecimento de situações”.

Supremo abre precedente que abranda crime de apropriação

Por Zínia Baeta, do Valor Econômico, em 02.04:Inúmeros empresários do país poderão deixar de responder a processos criminais pelo

não repasse de contribuições previdenciárias, descontadas dos funcionários, ao Instituto Nacio-nal de Seguro Social (INSS). A possibilidade poderá ocorrer se um precedente aberto no mês demarço pelo Supremo Tribunal Federal (STF) passar a ser o entendimento recorrente na Justiçano país. A corte, ao confirmar um julgamento do ministro Marco Aurélio de Mello, entendeu

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ser a apropriação indébita um crime material – o que, em outras palavras, quer dizer que, paraque o empresário ou representante da empresa seja responsabilizado criminalmente, deveráficar comprovado que ele utilizou a contribuição não recolhida em proveito próprio – como nacompra de bens, por exemplo. Assim, o empresário deixa de responder por crime pelo mero nãorepasse das contribuições em função das dificuldades financeiras da empresa. Atualmente, hámilhares de inquéritos criminais abertos em razão do não repasse das contribuições sem queneles se discuta a apropriação do dinheiro para uso próprio pelo empresário. Este tem sido oentendimento, por exemplo, do Superior Tribunal de Justiça (STJ) sobre o tema em diversoscasos.

No mesmo julgamento, o Supremo entendeu ser necessário ocorrer a finalização doprocesso administrativo, onde se discute o débito com o INSS, para que um inquérito criminalpossa ser aberto contra o contribuinte. De acordo com o advogado Renato Nunes, do escritórioNunes e Sawaya Advogados, neste sentido a decisão do Supremo também é importante, porqueo STJ tem vários precedentes no sentido de que não é necessária a conclusão do processoadministrativo em que se impugna os débitos previdenciários para que seja proposta uma açãopenal por crime de apropriação indébita de contribuições previdenciárias.

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Renúncia Contributiva

Renúncias contributivas na era Lula chegam a R$ 100 bilhões

As renúncias contributivas impostas sobre as contribuições dos empregadores, especial-mente das filantrópicas, das microempresas e dos exportadores rurais, pelo Ministério da Fazen-da, sem consultar a Previdência Social, devem ultrapassar os R$100 bilhões na era Lula,tendoalcançado, entre 2003 e 2009, segundo dados do DatANASPS, R$ 92,0 bilhões.

A ANASPS sustenta que tais renúncias podem ser instrumentos de política fiscal, masa Previdência deveria ser indenizada, o que nunca aconteceu.

ANASPS lamenta crescimento de 20% nas renúncias contributivas de 2009

Em 10.07, a ANASPS divulgou que as renúncias contributivas na Previdência Social em2009 serão de R$ 17,1 bilhões, com crescimento de quase 20% sobre as de 2008, que foram deR$ 14,7 bilhões, representando 9,45% da arrecadação previdenciária, estimada em R$ 181,3bilhões e 0,55% do PIB, igualmente estimado em R$ 3,1 trilhões. Serão contemplados com asrenúncias expressivos setores da economia, como as empresas do Simples, as entidades filantró-

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picas e a exportação da produção rural. As renúncias significam a desoneração de 100% dacontribuição patronal, o que contribui para o déficit da Previdência e o descasamento na relaçãocontribuição benefício.

As renúncias de 2009:

Simples – R$ 9,0 bilhõesEntidades Filantrópicas – R$ 5,4 bilhõesExportação da Produção Rural – R$ 2,4 bilhõesDados do DatANASPS assinalam que, de 2000 a 2009, as renúncias contributivas che-

garão a R$ 111,7 bilhões, e que só no governo Lula (2003-2009) ascenderão a R$ 92,7 bilhões,com média anual de R$ 13,8 bilhões.

Os setores mais beneficiados foram o Supersimples, com R$ 46,0 bilhões, as filantrópi-cas, com R$ 30,7 bilhões e os exportadores rurais, com R$ 16,0 bilhões.

O DatANASPS estima que as renúncias ocultas são maiores que as renúncias explícitas.As renúncias dos últimos quatro anos, segundo o DatANASPS:2006 – R$ 14,0 bilhões2007 – R$ 12,6 bilhões:2008 – R$ 14,7 bilhões2009 – R$ 17,1 bilhões

Ministro critica desoneração em softwares. Marinho teme perdas na Previdên-

cia com isenções à folha de pagamento do setor. Pasta não participou das discussões

Por Geralda Doca, Eliane Oliveira e Luciana Rodrigues, de O Globo, em 14.05:

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ANASPS - Associação Nacional dos Servidores da Previdência e da Seguridade Social

Brasília e Rio – O ministro da Previdência, Luiz Marinho, criticou a desoneração dacontribuição previdenciária (de 20% da folha de pagamento para até 10%) concedida às empre-sas exportadoras de software e tecnologia da informação (TI), sem uma fonte alternativa dereceita que possa compensar a perda de arrecadação. O setor foi um dos contemplados napolítica industrial anunciada pelo governo na segunda-feira. Marinho lembrou que, numa con-versa com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, chamou a atenção para este ponto.

“Não é possível sugerir a desoneração da folha sem a efetiva compensação, e não é umacompensação em tese, como alegam a Fazenda e os amigos da Receita Federal.”

Sem mencionar o nome do ministro da Fazenda, Guido Mantega, que no dia do lança-mento da nova política disse que o Tesouro Nacional se responsabilizará por possíveis perdas dereceitas pela Previdência Social, Marinho afirmou:

“Isso não é suficiente.”O ministro defendeu que a desoneração da folha de pagamento, um pleito antigo dos

empresários, somente seja discutida na reforma tributária, em tramitação no Congresso. Segun-do fontes da Previdência, a pasta foi surpreendida com a desoneração para o setor de software.Os técnicos da pasta não participaram das discussões na Fazenda e no Ministério do Desenvol-vimento.

Entre os empresários do setor, a medida foi recebida com um misto de entusiasmo eceticismo. Enquanto a Brasscom, associação que reúne exportadores de software e serviços emTI, prevê aumentar as vendas externas do setor dos atuais US$ 800 milhões para US$ 5 bilhõesaté 2010 – acima até da meta do governo na política industrial, que é de R$ 3,5 bilhões, ou US$2,1 bilhões – outras entidades defendem que é preciso apoiar a competitividade do setor tam-bém no mercado doméstico.

“A medida foi um passo inicial muito importante, porque nosso setor não havia sidocontemplado antes por nenhuma política do governo”, disse o presidente da Associação dasEmpresas Brasileiras de Tecnologia da Informação, Software e Internet (Assespro), RicardoKurtz. “Mas nosso setor tem peculiaridades e não dá para pôr o foco só em exportações.”

Déficit comercial do setor é estimado em US$ 4 bilhões

Kurtz explicou que, diferentemente de outras indústrias, no setor de software, queexporta serviços, as fronteiras entre mercados interno e externo são mais tênues. Ele alega que,sem presença forte no mercado nacional, fica difícil exportar.

Marinho critica redução do INSS. Ministro quer compensação pelo corte da

contribuição patronal das empresas exportadoras de tecnologia

Por Isabel Sobral, de O Estado de S. Paulo, em 14.05:Um dia depois de anunciada como uma das novidades da política industrial, a redução

da contribuição patronal ao Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) das empresas exporta-doras de tecnologia da informação foi criticada ontem pelo ministro da Previdência Social, LuizMarinho. O ministro defendeu uma fonte de recursos para compensar a Previdência peladesoneração, pois considera “insuficiente” o Tesouro cobrir eventuais perdas de arrecadaçãocom a medida.

“Não é possível sugerir desoneração da folha de salários sem a efetiva compensação(para a Previdência). E não é uma compensação ‘em tese’, como dizem a Fazenda e os amigos daReceita”, disse Marinho, sem citar o ministro da Fazenda, Guido Mantega, que garantiu a cober-tura pelo Tesouro de uma eventual queda de receitas, durante anúncio das medidas no Rio deJaneiro.

A desoneração da cota patronal para o INSS das empresas de tecnologia da informação

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será proporcional ao volume de exportações sobre a produção total. A cada 10% de exportaçõesde softwares ou serviços, a empresa poderá descontar 1 ponto porcentual da contribuiçãoprevidenciária patronal, de 20% sobre a folha de pagamento. Se exportar 100%, a redução seráde 10% da folha e a empresa deixará ainda de pagar 3,1% do Sistema S – contribuições aentidades como Sesc e Sebrae.

Além da venda de softwares, o setor de tecnologia da informação também exportaserviços para corporações multinacionais, como operação de centrais de atendimento e de ban-cos de dados. O governo acredita que o Brasil pode se inserir nesse mercado e criar mais postosformais de trabalho. Mas a Previdência teme abrir precedente para reivindicações semelhantesde outros setores.

Marinho disse que já alertou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva para a necessidadede compensar as receitas do INSS em caso de desoneração da folha. Ele sugeriu, por exemplo,que na reforma tributária fique claro que uma parte da receita do Imposto sobre Valor Agrega-do (IVA) nacional seja vinculada à Previdência.

OPINIÃO DA ANASPS

A atitude unilateral do ministro Mantega merece repulsa.Que ele queira desonerar a Previdência e acabar com a contribuição patronal para a

Previdência é uma posição conhecida. Agora, que aja no governo sem consultar as outras pastas,é um desastre.

Tá certo que a Receita Previdenciária foi incorporada pela Fazenda. Tá certo que osauditores fiscais da Previdência Social não queriam a receita no MPS.

Mas o que está despontando será um desastre total da Previdência Social Pública. Ostemores do ministro Marinho e do Secretário de Previdência Social são igualmente nossos.

A coisa começou na elaboração da proposta de reforma tributária em que o Ministérioda Previdência não foi consultado.

Lamentavelmente, nem o Supremo ainda entendeu que a contribuição previdenciárianão é imposto, não pode ir para o saco comum dos impostos. É uma contribuição definida, comfinalidade específica.

O governo dela dispõe para o que der e vier.Como sempre dispôs da desoneração, na forma de renúncia contributiva, para favore-

cer determinados setores econômicos, em prejuízo do financiamento do RGPS.

Eis o nó da questão:

MEDIDA PROVISÓRIA No 428, DE 12 DE MAIO DE 2008Altera a legislação tributária federal e dá outras providência(...)Art. 14. As alíquotas de que tratam os incisos I e III do art. 22 da Lei no 8.212, de 24 de

julho de 1991, em relação às empresas que prestam serviços de tecnologia da informação – TIe de tecnologia da informação e comunicação – TIC, poderão ser reduzidas pela subtração deum décimo do percentual correspondente à razão entre a receita bruta de venda de serviços parao mercado externo e a receita bruta total de vendas de bens e serviços, observado o dispostoneste artigo.

§ 1o Para fins do disposto neste artigo, devem-se considerar as receitas auferidas nosdoze meses imediatamente anteriores a cada trimestre-calendário.

§ 2o A alíquota apurada na forma do caput e do § 1o será aplicada uniformemente nosmeses que compõem o trimestre-calendário.

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ANASPS - Associação Nacional dos Servidores da Previdência e da Seguridade Social

§ 3o No caso de empresa em início de atividades, a apuração de que trata o § 1o poderáser realizada com base em período inferior a doze meses, observado o mínimo de três mesesanteriores.

§ 4o Para efeito do caput, consideram-se serviços de TI e TIC:I – análise e desenvolvimento de sistemas;II – programação;III – processamento de dados e congêneres;IV – elaboração de programas de computadores, inclusive de jogos eletrônicos;V – licenciamento ou cessão de direito de uso de programas de computação;VI – assessoria e consultoria em informática;VII – suporte técnico em informática, inclusive instalação, configuração e manutenção

de programas de computação e bancos de dados; eVIII – planejamento, confecção, manutenção e atualização de páginas eletrônicas.§ 5o O disposto neste artigo aplica-se também para empresas que prestam serviços de

call center.§ 6o As operações relativas a serviços não relacionados nos §§ 4o e 5o não deverão ser

computadas na receita bruta de venda de serviços para o mercado externo.§ 7o No caso das empresas que prestam serviços referidos nos §§ 4o e 5o, os valores das

contribuições devidas a terceiros, assim entendidos outras entidades ou fundos, ficam reduzidosno percentual referido no caput, observado o disposto nos §§ 1o e 3o.

§ 8o O disposto no § 7o não se aplica à contribuição destinada ao Fundo Nacional deDesenvolvimento da Educação – FNDE.

§ 9o Para fazer jus às reduções de que tratam o caput e o § 7o, a empresa deverá:I – implantar programa de prevenção de riscos ambientais e de doenças ocupacionais

decorrentes da atividade profissional, conforme critérios estabelecidos pelo Ministério da Previ-dência Social; e

II – realizar contrapartidas em termos de capacitação de pessoal, investimentos empesquisa, desenvolvimento e inovação tecnológica e certificação da qualidade.

§ 10. A União compensará o Fundo do Regime Geral de Previdência Social, de quetrata o art. 68 da Lei Complementar no 101, de 4 de maio de 2000, no valor correspondente àestimativa de renúncia previdenciária decorrente da desoneração de que trata este artigo, deforma a não afetar a apuração do resultado financeiro do Regime Geral de Previdência Social.

§ 11. O não cumprimento das exigências de que trata o § 9o implica a perda do direitodas reduções de que tratam o caput e o § 7o ensejando o recolhimento da diferença de contribui-ções com os acréscimos legais cabíveis.

§ 12. O disposto neste artigo aplica-se pelo prazo de cinco anos, contado a partir doprimeiro dia do mês seguinte ao da publicação do regulamento referido no § 13.

§ 13. O disposto neste artigo será regulamentado pelo Poder Executivo.(...)NE: A MP foi assinada pelo Presidente Luiz Inácio Lula da Silva e pelo ministro Guido

Mantega.O ministro Luiz Marinho não subscreve nem a Exposição de Motivos nem a MP.

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O LIVRO NEGRO DA PREVIDÊNCIA SOCIAL 2009

TCU confirmou o que o DatANASPS estimava: os créditos do INSS em R$ 252,0

bilhões em 2005

Em 18.06, a ANASPS divulgou documento do Tribunal de Contas da União – TCUque fez acompanhamento relativo à relação de devedores do Instituto Nacional do SeguroSocial (INSS) no exercício de 2005 e apurou que os recursos envolvidos, referentes aos créditosdo instituto alcançaram o montante de R$ 252 bilhões, com acréscimo de 24,3% em relação a2004. Deste total, aproximadamente R$ 119 bilhões estavam em âmbito administrativo, e R$133 bilhões em âmbito judicial. Chama atenção a magnitude dos créditos, que correspondem acerca de 224% da receita anual do INSS.

Para o DatANASPS, pelo descaso que atingiu a Receita Previdenciária, em 2006 e 2007,antes, durante e depois da incorporação pela Receita Federal, não será desproporcional estimar-se que o volume de créditos tenha alcançado, no final de 2007, R$ 350 bilhões.

O TCU verificou que o setor privado respondia por 81,6% dos créditos, e o setorpúblico, pelos restantes 18,4%, com aumento relativo na dívida dos Municípios, que respondi-am por 5,8% do total, em 2004, e passaram a responder por 12,3% em 2005; a recuperação decréditos de todas as categorias em 2005 (R$ 5,250 bilhões) foi de apenas 2,1% do total doscréditos (R$ 252 bilhões); os 1.000 maiores devedores (0,1% dos devedores) representavam50,43% (R$ 127 bilhões) do total de créditos; e que dos 102.327 devedores em condições de serinscritos no Cadin, apenas 33.013 (32,2%) efetivamente o foram.

O TCU determinou ao INSS e à Procuradoria-Geral Federal – PGF que apurem osmotivos da aparente inconsistência no procedimento de inscrição de devedores no Cadin, me-diante cruzamento entre créditos passíveis de inscrição neste cadastro existentes na base dedados do INSS e os efetivamente remetidos ao Bacen, bem como informem o estágio atual deimplementação e os resultados do projeto de execução fiscal eletrônica dos créditos previdenciáriose do Sislocdb – Sistema Integrado de Localização de Devedores e Bens.

O TCU também determinou ao INSS que informe o resultado dos grupos de trabalhocriados para sistematizar o perfil dos devedores e do projeto piloto para definição dos 300maiores devedores da Previdência Social; e, ainda, recomendou que a PGF, em conjunto com aSecretaria da Receita Federal, ao classificar créditos judiciais quanto à dificuldade de recupera-ção, leve em consideração, além da fase processual em que se encontra a execução, informaçõessobre a situação econômico-financeira e patrimonial dos devedores da Previdência

Tribunal condena 374 gestores a devolver R$ 139 milhões

Publicou o site do TCU, em 06.06:O presidente do Tribunal de Contas da União, Walton Alencar Rodrigues, encaminhou

ao presidente do Congresso Nacional, senador Garibaldi Alves, relatório de atividades referenteao 1o trimestre de 2008. Com 89 páginas, o documento ressalta que, levando-se em conta apenasas decisões passíveis de quantificação, o benefício financeiro potencial da ação do TCU, no

Ação do Tribunal de

Contas da União

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ANASPS - Associação Nacional dos Servidores da Previdência e da Seguridade Social

trimestre, superou R$ 2,75 bilhões. Esse dado confirma que para cada real alocado ao tribunal,no período, o retorno ao país foi superior a R$ 12,16. No período, foram condenados 374responsáveis ao recolhimento de débito e pagamento de multa em montante superior a R$ 139milhões.

Além disso, o TCU fez acompanhamento relativo à relação de devedores do InstitutoNacional do Seguro Social (INSS) no exercício de 2005. Os recursos envolvidos, referentes aoscréditos do instituto, alcançaram o montante de R$ 252 bilhões. Por determinação constitucio-nal, o Tribunal encaminha ao Congresso Nacional, trimestral e anualmente, relatório de suasatividades. Os relatórios são distribuídos a todos os parlamentares e podem ser encontrados noportal do TCU.

Veja o Relatório do TCU:Instituto Nacional do Seguro Social – INSS e Secretaria da Receita Federal do BrasilO TCU fez acompanhamento relativo à listagem de devedores do Instituto Nacional

do Seguro Social – INSS no exercício de 2005. Os recursos envolvidos, referentes aos créditosdo Instituto, alcançaram o montante de R$ 252 bilhões. (Acórdão no 86/Plenário, de 30.1.2008,TC no 020.225/2005-9, Relator: Ministro Aroldo Cedraz, Unidade Técnica: 4a Secex). Síntesedessa decisão é apresentada no item 2.2.11 – Previdência Social.

2.2.11 – Previdência Social

São apresentados, a seguir, trabalhos relacionados ao tema previdência social apreciadospelo TCU no período e que se destacaram pela importância ou interesse das questões envolvidas.

Instituto Nacional do Seguro Social – INSS, Secretaria da Receita Federal do

Brasil – SRFB

O TCU fez acompanhamento relativo à listagem de devedores do Instituto Nacionaldo Seguro Social – INSS no exercício de 2005.

Verificou-se que os créditos do Instituto alcançaram o montante de R$ 252 bilhões eque houve um acréscimo de 24,3% em relação a 2004. Deste total, aproximadamente R$ 119bilhões estavam em âmbito administrativo e R$ 133 bilhões, em âmbito judicial. Chama atençãoa magnitude dos créditos, que correspondem a cerca de 224% da receita anual do INSS.

O TCU realizou acompanhamento de devedores do INSS em um total de créditos

no valor de R$ 252 bilhões

O Tribunal também verificou que: o setor privado respondia por 81,6% dos créditos eo setor público, pelos restantes 18,4%, com aumento relativo na dívida dos Municípios, querespondiam por 5,8% do total em 2004 e passaram a responder por 12,3% em 2005; a recupe-ração de créditos de todas as categorias em 2005 (R$ 5,250 bilhões) foi de apenas 2,1% do totaldos créditos (R$ 252 bilhões); os 1.000 maiores devedores (0,1% dos devedores) representavam50,43% (R$ 127 bilhões) do total de créditos; e que dos 102.327 devedores em condições deserem inscritos no Cadin, apenas 33.013 (32,2%) efetivamente o foram.

O TCU determinou ao INSS e à Procuradoria-Geral Federal – PGF que apurem osmotivos da aparente inconsistência no procedimento de inscrição de devedores no Cadin, medi-ante cruzamento entre créditos passíveis de inscrição no Cadin existentes na base de dados doINSS e os efetivamente remetidos ao Bacen, bem como informem o estágio atual deimplementação e os resultados do projeto de execução fiscal eletrônica dos créditos previdenciáriose do Sislocdb – Sistema Integrado de Localização de Devedores e Bens.

O Tribunal também determinou ao INSS que informe o resultado dos grupos de traba-lho criados para sistematizar o perfil dos devedores e do projeto piloto para definição dos 300maiores devedores da Previdência Social; e, ainda, recomendou que a PGF, em conjunto com aSecretaria da Receita Federal, ao classificar créditos judiciais quanto à dificuldade de recupera-

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ção, leve em consideração, além da fase processual em que se encontra a execução, informaçõessobre a situação econômico-financeira e patrimonial dos devedores da Previdência Social.(Acórdão no 86/Plenário, de 30.1.2008, TC no 020.225/2005-9, Relator: Ministro Aroldo Cedraz,Unidade Técnica: 4a Secex)

Empresa de Tecnologia e Informações da Previdência Social – Dataprev

O TCU tem acompanhado a implementação do Plano de Modernização Tecnológicada Previdência Social – PMT/PS, mediante realização de reuniões mensais e análise de relatóri-os, conforme previsto no Acórdão no 1510/2007-TCU-Plenário. Destaca-se a importância dotrabalho devido à necessidade de mudança de equipamentos e sistemas da Previdência paraoutros que possibilitem controles mais efetivos de erros e fraudes.

Foi verificado que a Empresa de Tecnologia e Informações da Previdência Social –Dataprev tem encontrado dificuldades na implementação do Plano de Modernização Tecnológicada Previdência Social e os prazos inicialmente previstos não foram cumpridos. A conclusão e aconsequente desativação do Programa CNIS – Cadastro Nacional de Informações Sociais, pro-grama prioritário e que fará a migração para a nova plataforma tecnológica de todo CNIS,deveriam ter ocorrido em 20.12.2007, mas estão previstas para junho e julho de 2008. Com isso,a Dataprev não usufruirá das vantagens contratuais de antecipação da devolução de equipamen-tos e deixará de economizar R$ 6.486.648,00, correspondentes a R$ 926.664,00 por mês deatraso na devolução.

Em relação ao SIBE – Sistema Integrado de Benefícios, também programa prioritário eem atraso, de igual modo levará a Dataprev a deixar de economizar R$ 1.212.843,00 mensais,devido a gastos com a Unisys para prestação de serviços de locação e manutenção de hardwaree software dos equipamentos de grande porte. A Dataprev informou ao TCU que a principalcausa para adiamentos e atrasos dos projetos do PMT está nos problemas com a execução docontrato da Fábrica de Software, a cargo do Consórcio Info-Prev-BR, para prestação de servi-ços de desenvolvimento e manutenção de sistemas de informação do projeto de implantação doNovo Modelo de Gestão do INSS.

O TCU fez diversas determinações à Dataprev, entre as quais que apresente na próximareunião mensal para acompanhamento da implementação do PMT/PS: síntese dos fatores quelevaram à baixa execução orçamentária em 2007, em que somente R$ 20.772.191,00 foramexecutados, do total de R$ 65.169.245,00 orçados para o exercício; bem como medidas adotadaspara incluir, nas informações do PMT sobre previsão orçamentária e execução financeira, osrecursos oriundos do orçamento do INSS.

O Tribunal alertou o Ministério da Previdência Social, o Instituto Nacional do SeguroSocial e a Dataprev para os baixos índices de execução dos programas SIBE-1a etapa e SIBE-2a

etapa, que apresentavam, até dezembro de 2007, percentuais de execução de 8% e 0%, respec-tivamente; bem como para o adiamento de prazo de conclusão dos programas CNIS e SIBE, epara o atraso acumulado no programa CNIS, que fará com que a Dataprev deixe de economizarR$ 6.486.648,00. (Acórdão no 443/Plenário, de 19.3.2008, TC no 017.553/2005-8, Relator: Mi-nistro Ubiratan Aguiar, Unidade Técnica: Secex-RJ)

TCU aponta prejuízo de R$ 300 milhões no INSS. Tribunal dá 90 dias para que

conselho responsável pela anulação de débitos com a previdência reexamine as deci-

sões e recupere os valores

Por Lúcio Vaz, da equipe do Correio, Correio Braziliense, em 19.05:Irregularidades ocorridas na anulação de débitos pelo Conselho de Recursos da Previ-

dência Social (CRPS) podem resultar em prejuízo de cerca de R$ 300 milhões ao Instituto

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ANASPS - Associação Nacional dos Servidores da Previdência e da Seguridade Social

Nacional de Seguro Social (INSS), segundo apurou o Tribunal de Contas da União (TCU). Paraestabelecer a legalidade nos processos e recuperar esse dinheiro, o Tribunal deu prazo de 90 diaspara que o Conselho e a Receita Federal procedam ao saneamento dos processos cujos débitostenham sido anulados. Também determinou ao Ministério da Previdência Social a abertura deprocedimento administrativo para apurar responsabilidades pela anulação indevida das dívidas.

Segundo denúncia feita ao TCU, as anulações tratam de débitos apurados e cobrados deempresas que contrataram prestadoras de serviços, em razão da solidariedade tributária previstana legislação. O CRPS entendeu que faltou nas notificações fiscais a indicação específica danorma aplicável ao débito, o que teria prejudicado a ampla defesa do contribuinte. A falta come-tida pelo INSS teria preterido o direito de defesa. A 4a Secretaria de Controle Externo (Secex)realizou pesquisas e identificou 665 processos relativos a anulações que vieram a excluir débitoslevantados em fiscalizações. Desse total, 597 anulações, ocorridas de setembro de 2003 a marçode 2006, se relacionavam com a denúncia.

Em valores nominais, o prejuízo alcançou R$ 198 milhões, mas a atualização monetáriae a aplicação de juros e multas deverão elevar esse valor para R$ 300 milhões, calculam técnicosdo Tribunal. Outra conclusão da equipe de auditores: do total das anulações, 502 resultaram dedecisões da 4a Câmara de Julgamento. A falha nas notificações de débitos apontada pelo CRPSfoi considerada improcedente pelo TCU. O INSS aplicou os débitos com base no art. 33 da Leino 8.212/91. A anulação aprovada pelo Conselho se baseou na falta de indicação do § 3o do art.33 como fundamentação legal. Ocorre que o § 3o faz parte do art. 33, concluiu o tribunal.

Grandes empresa

As irregularidades foram cometidas por empresas prestadoras de serviços que traba-lham para grandes empresas públicas e privadas. Pela legislação, essas empresas são responsáveissolidariamente pelo débito, porque tinham o dever de fiscalizar o recolhimento das contribui-ções previdenciárias pelas suas contratadas. O maior volume de débito foi lançado contra aCompanhia Siderúrgica Nacional (CSN): R$ 52,7 milhões. Em seguida, aparecem a Prefeiturade Guarulhos, com R$ 21 milhões; a Companhia Distribuidora de Gás do Rio de Janeiro, comR$ 15,7 milhões; Furnas Centrais Elétricas, com R$ 14 milhões; e Telemar Norte/Leste, com

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R$ 13,6 milhões. Entre as empresas privadas, destacam-se aItaúsa Investimentos (Itaú), com R$ 7,1 milhões, e a FiatAutomóveis, com R$ 4,7 milhões.

O Tribunal concluiu que, ao anular as notificaçõesfiscais, o CRPS infringiu diversos princípios, como o daeficiência, porque serão necessárias novas fiscalizações parareinscrever os lançamentos, onerando a administração pú-blica. Outro princípio atingido foi o da legalidade, porquebeneficiou os sujeitos passivos, decretando nulidade foradas hipóteses previstas em lei. O ministro-relator no TCU,Aroldo Cedraz, alerta que as deliberações do CRPS “po-dem também causar grave prejuízo ao erário, visto tratar-sede R$ 198 milhões em débitos anulados, em valores origi-nais. Mesmo que as notificações sejam refeitas, muito sepode perder, por decadência do valor a ser inscrito comodébito em novas fiscalizações ou por não se repetir a fisca-lização para corrigir a falha”.

O relator do processo salientou, ainda, que, sendoo CRPS um órgão administrativo colegiado, suas delibera-ções são imputadas ao corpo deliberativo, e não a cada qualde seus componentes. Suas decisões são terminativas naesfera administrativa. “Apesar dessas características, não restaafastado o constitucional mister do TCU para exercer so-bre o órgão a fiscalização de atos que envolvam recursospúblicos federais ou qualquer procedimento que possa cau-sar dano aos cofres públicos federais”, argumentou Cedraz.

Para saber mais

Quem integra o conselho:O Conselho de Recursos da Previdência Social

(CRPS) julga, em última instância, processos relativos aoINSS. É presidido por representante do governo, com no-tório conhecimento da legislação previdenciária, nomeadopelo ministro da Previdência;

As juntas e as câmaras, presididas por representan-te do governo, são compostas por quatro membros, deno-minados conselheiros, nomeados pelo ministro da Previdência, sendo dois representantes dogoverno, um das empresas e um dos trabalhadores. O mandato é de dois anos, permitida arecondução. Os representantes do governo são escolhidos entre servidores federais, com cursosuperior e notório conhecimento da legislação previdenciária;

Os representantes classistas são escolhidos dentre os indicados, em lista tríplice, pelasentidades de classe ou sindicais das respectivas jurisdições. O que diz a Lei no 8.212/91, quedispõe sobre a organização da Seguridade Social e institui Plano de Custeio :

“Art. 33. Ao INSS compete arrecadar, fiscalizar, lançar e normatizar o recolhimento dascontribuições previstas nas alíneas ‘a’,’b’ e ‘c’ do parágrafo único do art. 11 (...); e à Secretaria daReceita Federal compete arrecadar, fiscalizar, lançar e normatizar o recolhimento das contribui-ções sociais previstas nas alíneas ‘d’ e ‘e’ do parágrafo único do art. 11, cabendo a ambos osórgãos promover a cobrança e aplicar as sanções previstas.(...) § 3o Ocorrendo recusa ou sonega-

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ção de qualquer documento ou informação, ou sua apresentação deficiente, o INSS e o Depar-tamento da Receita Federal podem, sem prejuízo da penalidade cabível, inscrever de ofícioimportância que reputarem devida, cabendo à empresa ou ao segurado o ônus da prova emcontrário.”

Fiscalização. Segundo o Tribunal de Contas da União, 53 instituições recebe-

ram ilegalmente correção monetária sobre os benefícios que repassavam. Bancos de-

vem devolver R$ 417 mi ao governo

Por Lúcio Vaz, da Equipe do Correio, Correio Braziliense, em 10.05:Decisão do Tribunal de Contas da União (TCU), sem possibilidade de recurso, determi-

nou a cobrança judicial de R$ 417 milhões contra 53 bancos em favor do Ministério da Previ-dência. As instituições teriam recebido ilegalmente pagamento da correção monetária entre ototal de benefícios previdenciários pagos e o total das contribuições arrecadadas, apuradas nasmovimentações financeiras diárias em novembro e dezembro de 1991. O maior débito é doBanco do Brasil, seguido do Bradesco (leia quadro pág. 132). A Federação Brasileira de Bancos(Febraban) afirmou, por intermédio da sua assessoria, que os bancos deverão recorrer à Justiça.

A investigação começou com uma auditoria interna do Instituto Nacional de SeguroSocial (INSS), concluída em 1994. Naquele ano, foi constatada a autorização dada pelo entãopresidente da autarquia, José Arnaldo Rossi, em caráter excepcional e sem amparo legal, paraque o reembolso aos bancos credenciados à Previdência Social fosse corrigido pela TaxaReferencial Diária (TRD), entre a data da operação nas instituições financeiras e a data do ajustefinanceiro com o INSS, dois dias depois. Tomada de Contas Especial do INSS concluiu pela“responsabilidade dos bancos pelo recebimento indevido, ficando obrigados a restituírem osvalores”.

Sem amparo legal

Em setembro de 1988, as autarquias IAPAS e INPS firmaram contrato com 53 bancospúblicos e privados para a prestação, pela rede bancária, dos serviços de arrecadação de contri-buições e pagamentos de benefícios previdenciários. O contrato previa, a título de remuneração,que os bancos perceberiam valor fixo por cada documento processado e permaneceriam com osvalores por eles arrecadados durante aproximadamente dez dias úteis. Em agosto de 1989, oprazo de vigência dos referidos contratos expirou e não houve prorrogação.

De acordo com os autos, Rossi autorizou à Febraban, de maneira informal, por meio demensagens via telex, em outubro e dezembro de 1991, que, no acerto de contas entre o INSS eos bancos credenciados, fosse realizada a correção pela TRD. Os bancos só podem agora recor-rer ao Poder Judiciário.

Após 16 anos, TCU condena bancos a devolverem R$ 417 milhões ao INSS.

Contribuições sem correção

Por Gustavo Paul, de O Globo, em 09.05:Brasília – Numa ação que se arrasta há 16 anos, o Tribunal de Contas da União (TCU)

condenou 47 bancos a devolver R$ 417 milhões ao Instituto Nacional do Seguro Social (INSS).Nos últimos dez dias, as notificações começaram a ser expedidas às instituições, que terão pelomenos 24 meses para parcelar sua dívida. Este valor corresponde à diferença – corrigida pelainflação e a taxa básica de juros – entre as contribuições previdenciárias recebidas pelos bancose o valor repassado ao INSS em 1991, período de hiperinflação.

Com autorização do então presidente do instituto, José Arnaldo Rossi, os bancos fica-vam dois dias com o dinheiro dos contribuintes aplicados no mercado financeiro antes de repassá-

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lo ao INSS, sem a correção monetária. Ela era apropriada pelas instituições financeiras.Entre as instituições condenadas estão os maiores do país, como Banco do Brasil, Caixa

Econômica Federal, Bradesco, Itaú e Unibanco, e outros que já foram liquidados, como BancoNacional, Econômico e Banerj.

Hoje, a assessoria da Federação Brasileira dos Bancos (Febraban) informou que as ins-tituições financeiras vão recorrer judicialmente. O entender da entidade é que o Tribunal deContas é uma instância administrativa e não jurídica e que o acordo de 1991 foi autorizado peloINSS.

Tomada em abril, a decisão do TCU não permite mais recursos, e reitera o primeirojulgamento contrário a Rossi e os bancos, concluído em 2002. A partir de então foram impetradasvários ações para modificar a sentença, até a decisão final.

O acordo assinado entre os bancos e o INSS, sem contrato formal, era uma compensa-ção pelo adiantamento que as instituições financeiras faziam ao instituto para garantir que aspensões e aposentadorias fossem pagas na data certa, independentemente de os recursos jáestarem de fato disponíveis.

O TCU entendeu que a autorização do INSS era um benefício indevido ao sistemabancário. Principalmente porque os bancos já recebiam a correção monetária pelo adiantamentoconcedido ao instituto, conforme decisão do próprio Rossi.

De acordo com Marcelo Eira, secretário de Macroavaliação Governamental do TCU, osbancos não estão sendo multados, já que havia a permissão de uma autoridade:

“Eles estão sendo cobrados a pagar a dívida com o INSS.”O percurso desta ação foi longo. Em 1992, a então deputada federal Cidinha Campos

(PDT-RJ), atual deputada estadual, entrou com uma representação contra Rossi no TCU ques-tionando o acordo. O processo foi aberto pelo Tribunal em 1996 e julgado em 2002.

Segundo Eira, os bancos poderão recorrer ao Supremo Tribunal Federal (STF).

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ANASPS - Associação Nacional dos Servidores da Previdência e da Seguridade Social

DATAPREV promete orçamento de R$ 80 milhões

Por Arnaldo Galvão, do Valor Econômico, em 1o.04:A Empresa da Tecnologia e Informações da Previdência Social (Dataprev) está sendo

reforçada para ampliar sua atuação. Seu novo presidente, Lino Roque Camargo Kieling, informaque a empresa vai ocupar mais espaço na prestação de serviços para outros ministérios das áreassociais, principalmente Trabalho e Desenvolvimento Social. “Somos uma empresa em atualiza-ção. Nosso foco é a prestação de serviços para o governo federal”, diz Kieling.

A Dataprev completará 33 anos em novembro e Kieling revela que o ministro da Previ-dência, Luiz Marinho, evitará cortes no orçamento de R$ 80 milhões previsto para este ano.Afinal, diz, sem um eficiente processamento de dados é impossível dar bom atendimento aaposentados e pensionistas. A estimativa é a de que o lucro de 2007, cerca de R$ 40 milhões, sejarepetido este ano.

Segundo o que comenta o presidente, a Dataprev viveu momentos “muito difíceis” em2003 e 2004 porque, em governos anteriores, havia o plano de privatizar e, por esse motivo,foram suspensos investimentos necessários. Na avaliação de Kieling, é “gravíssimo” impor auma empresa de tecnologia da informação essa situação porque é grande a velocidade da evolu-ção. O investimento e o pagamento das dívidas foram retomados em julho de 2006.

O plano de reforçar a musculatura da Dataprev vem sendo intensificado. Em 2006,depois de muitos anos, foi realizado um concurso para contratar 325 analistas. Agora, são 3.122profissionais, o que significa metade do pessoal que trabalhava nos anos 90. Além da moderni-zação dos equipamentos e de novos contratos com as operadoras de telecomunicações, Kielingdiz que serão integradas as três unidades de processamento, atualmente isoladas no Rio, SãoPaulo e Brasília.

A rede de telecomunicações também passou a ter maior segurança e velocidade. Segun-do a empresa, contratos de 36 meses de duração foram assinados com as operadoras BrasilTelecom (R$ 27,49 milhões), Embratel (R$ 54,56 milhões) e Telefônica (R$ 17,75 milhões).

Também vem sendo dedicada atenção especial ao serviço prestado aos bancos queoperam com o crédito consignado do INSS, criado em 2004. Essa atividade respondeu por7,12% da receita do ano passado. Em 2004, foi processado pouco mais de 1,1 milhão de regis-tros (informações). Em 2007, esse volume de trabalho saltou para 24,6 milhões de registros.Com relação às finanças, o INSS, principal cliente, ainda deve R$ 255,76 mil à Dataprev. Há umrombo de R$ 222,4 mil no fundo de pensão Prevdata, mas ainda não se definiu o destino dessepassivo.

Neste ano, o orçamento para a evolução de hardware, software, qualificação e contrataçãode pessoal é de R$ 80 milhões. A área de TI vai receber R$ 40 milhões, a gestão de imóveis teráR$ 15 milhões e os equipamentos outros R$ 4 milhões.

A receita total em 2007 foi de R$ 552,28 milhões, e consignações atingiram R$ 39,32milhões, correspondendo a 7,12%. A previsão de receita para 2008 é de R$ 634 milhões. O valor

Dataprev

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do contrato assinado em fevereiro de 2007 com o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE),por cinco anos, é de R$ 90 milhões.

Os equipamentos da Dataprev começaram a ser atualizados em 2007, com a chegadadas máquinas da HP. O custo foi de US$ 1,73 milhão. Kieling garante que , em abril de 2010, aempresa deixará de usar equipamentos da Unisys, conforme o acordo firmado para resolver umconflito com a empresa. “Queremos liberdade de escolha de fornecedores. Concorrência égarantia de qualidade e preços adequados”, justifica.

O presidente da Dataprev admite que prazos intermediários foram perdidos. Em ses-são realizada em 19 de março, os ministros do Tribunal de Contas da União (TCU) julgaram oprocesso que acompanha a implementação do Plano de Modernização Tecnológica da Previ-dência Social (PMT-PS). O relator é o ministro Ubiratan Aguiar. O tribunal requisitou informa-ções ao ministro da Previdência e aos presidentes do INSS e da Dataprev sobre os baixosíndices de execução das duas primeiras etapas do Sistema Integrado de Benefícios (Sibe). Atédezembro de 2007, os percentuais de execução delas foram de 8% e 0% respectivamente.

O atraso acumulado na devolução de equipamentos de grande porte da Unisys farácom que a Dataprev deixe de economizar, de janeiro a julho deste ano, R$ 6,48 milhões. Osministros do TCU também questionam a baixa execução orçamentária da empresa no ano pas-sado, quando R$ 20,77 milhões foram usados do total de R$ 65,17 milhões.

Segundo o acórdão do TCU, o adiamento da conclusão dos programas Cadastro Naci-onal de Informações Sociais (CNIS) e Sibe significa, até dezembro de 2007, atraso acumuladode seis e nove meses, respectivamente, em relação ao cronograma original. De acordo com aassessoria da Dataprev, o TCU e o Ministério Público Federal vêm acompanhando com rigor –relatórios mensais – esse programa de modernização tecnológica e o prazo final de migração daplataforma Unisys (abril de 2010) será cumprido.

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Governo quer regra de servidor para as aposentadorias do setor privado. Propos-

ta é usar Fator 95, a soma da idade e do tempo de contribuição ao INSS falta o quadro

Por Julianna Sofia, da Folha de S. Paulo, em 05.12O governo propôs às centrais sindicais acabar com o fator previdenciário – mecanismo

usado no cálculo das aposentadorias do INSS – e, em seu lugar, criar uma nova fórmula paradefinir o valor do benefício, o Fator 95. Segundo o Ministério da Previdência, o dispositivo já éaplicado nas aposentadorias do setor público e tem um efeito menos “duro” para os trabalhadores.

O Fator 95 conjuga dois elementos: idade do segurado no momento da aposentadoriae tempo de contribuição ao INSS. Somados, os dois devem resultar em 95 anos, no caso dehomens; para mulheres, a conta final deve ser 85 anos.

A ideia do governo é oferecer “incentivos” aos trabalhadores para que atinjam Fator95/85. Isso garantirá ao segurado um benefício sem perdas em relação às contribuições recolhi-das ao longo da vida profissional.

Alvo de ataques dos trabalhadores desde sua criação, em 1999, o fator previdenciáriosurgiu para adiar a concessão de aposentadorias. O mecanismo reduz o valor do benefício dequem se aposenta mais cedo, ao embutir em sua fórmula a expectativa de sobrevida do aposen-tado. O problema é que a maioria prefere se aposentar com benefício 25% menor a trabalharmais tempo.

Por iniciativa do senador Paulo Paim (PT-RS), o Senado já aprovou projeto para extin-guir o fator. A proposta está na Câmara. Por se tratar de projeto com apelo popular, o governoteme uma derrota na Casa e decidiu negociar uma alternativa. Ontem, os sindicalistas se reuni-ram com o ministro José Pimentel (Previdência) e com o relator do projeto, deputado PepeVargas (PT-RS).

Os sindicatos querem o fim do fator, mas não aceitam a criação de idade mínima para aaposentadoria. “Não aceitamos [a idade mínima] porque o Brasil é diferente dos países euro-peus, em que os trabalhadores entram no mercado depois de 20 anos”, afirmou João Felício,representante da CUT (Central Única dos Trabalhadores).

O secretário de Previdência Social, Helmut Schwarzer, destacou que não é possívelacabar com o fator sem adotar outro mecanismo no lugar. “A fórmula 95 é boa para o trabalha-dor e para o governo.”

Na avaliação do ex-ministro da Previdência José Cechin, a proposta é temerária. “Para otrabalhador, ficará mais leve. Se olharmos as contas públicas, no curto prazo pode empatar como fator. Em dez anos, será ruim; em 20 anos, será muito ruim. O efeito do fator previdenciáriovem sendo calculado de forma equivocada. Estão deixando de considerar quem adiou suasaposentadorias desde 1999”, declarou Cechin.

Governo pode flexibilizar cálculo para aposentadoria

Por Isabel Sobral e Denise Madueño, de O Estado de S. Paulo, em 05.12:

Projetos Paulo Paim

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Diante da oposição das centrais sindicais à fixação de idade mínima para as aposentado-rias pelo INSS, o governo anunciou ontem que pode flexibilizar o fator previdenciário, mas nãoextingui-lo. A ideia é alterar a fórmula atual de modo que o tempo de contribuição e a idade dotrabalhador, somados, atingissem 95 (homens) e 85 (mulheres), para que o benefício seja equiva-lente a 100% da média das contribuições.

Essa combinação existe hoje no cálculo das aposentadorias dos servidores públicos quejá trabalhavam antes da reforma previdenciária de 1998. O mecanismo, conhecido como “fór-mula 95”, foi criado no Congresso com a ajuda do senador Paulo Paim (PT-RS). Quem entrouno serviço público após a reforma de 2003 tem de cumprir, cumulativamente, 35 anos de con-tribuição e 60 anos de idade (homens) e 30 e 55 anos (mulheres).

Para o governo, levar esse mecanismo para as aposentadorias do setor privado podeamenizar as queixas de que o fator previdenciário pune quem começa a trabalhar jovem, poisestuda a criação de um bônus para quem atingir a composição de idade e tempo de contribuição.O governo, contudo, não abre mão de um mecanismo que adie as aposentadorias precoces. Oministro da Previdência, José Pimentel, reconheceu ser difícil a fixação de idade mínima porqueisso exige alteração na Constituição. Uma mudança no cálculo do fator pode ser feita por proje-to de lei, que requer maioria simples de votos.

“Queremos trazer para o Regime Geral (do INSS) regras que hoje já incentivam osservidores a permanecerem em atividade e não dependam de emenda constitucional”, disse oministro.

O deputado Pepe Vargas (PT-RS), relator, na Câmara, do projeto de Paim que extingueo fator previdenciário, considerou a alternativa “um pouco melhor”. “Não é uma ideia tãodraconiana, mas não tenho posição definida”, disse. Ele se diz convencido de que o fatorprevidenciário não atingiu o objetivo, algo com o qual o governo também concorda.

“A avaliação técnica é que as pessoas não estão postergando a aposentadoria por causada aplicação do fator”, reconheceu o secretário de Previdência, Helmut Schwarzer. A idademédia atual de aposentadoria pelo INSS dos homens é 54 anos e das mulheres, 52 anos, aindalonge da expectativa do governo de que o fator faria essa média se elevar para próximo dos 60e 55 anos exigidos dos servidores públicos.

Cálculo de aposentadoria será revisado. Planalto quer proteger quem começou

a trabalhar mais cedo

Por Carolina Bahia, do Diário Catarinense, em 05.12:Pressionado pelas centrais sindicais, o governo Luiz Inácio Lula da Silva chegou a um

consenso sobre a necessidade de extinguir o fator previdenciário. Uma das alternativas em estu-do prevê combinar idade do trabalhador e tempo de contribuição, fórmula inspirada nas regrasdo funcionalismo público.

A equação, no entanto, não resolve uma prioridade do Planalto: proteger quem come-çou a trabalhar muito cedo.

Oficialmente, o Ministério da Previdência não escolheu o modelo que poderá substituiro fator previdenciário. Criado em 1998 para coibir aposentadorias precoces, o fator hoje enfren-ta resistência de trabalhadores e parlamentares porque reduz a média dos benefícios concedidos.

O ministro da Previdência, José Pimentel, recebeu os sindicalistas em seu gabinete paradebater saídas. Uma equipe de técnicos apresentou números e alertou para os riscos de déficit.Sem apresentar uma proposta concreta, Pimentel comentou que há regras na aposentaria doserviço público que poderiam ser adaptadas para a iniciativa privada.

Alternativas estão em negociação

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Para quem estava na reunião, ficou claro que o ministro falava da modalidade conhecidacomo 85-95. Ela leva em consideração a soma da idade com que o trabalhador se aposenta e otempo de contribuição. Esses dois elementos somados precisam chegar a 85 para mulher e 95para homem se o trabalhador quiser alcançar o benefício integral.

“Não onera o sistema e fica melhor para o cidadão do que a aplicação do fator. Mas é sóuma alternativa. Estamos negociando”, afirma o deputado Pepe Vargas (PT), relator na Câmarado projeto que elimina o fator previdenciário.

Pepe garante que o governo descartou a troca do fator pela simples exigência da idademínima. Por isso, busca fórmulas que possam adaptar o cálculo do benefício sem estimular aaposentadoria precoce. As centrais se reúnem na terça-feira em São Paulo para apontar suges-tões a serem apresentadas ao governo.

Relator negocia fim do fator previdenciário

Por Cristiane Jungblut, de O Globo, em 02.12:Brasília – Escalado pelo governo para ser relator do polêmico projeto do senador Paulo

Paim (PT-RS) que acaba com o fator previdenciário, o deputado Pepe Vargas (PT-RS) deflagraas negociações da proposta em sua primeira reunião com o ministro da Previdência, José Pimentel.

O fator previdenciário é uma fórmula de cálculo das aposentadorias, que puxa parabaixo o valor do benefício, cujo objetivo é desestimular as aposentadorias precoces. De 1999para cá, o mecanismo já resultou numa economia de R$ 10,1 bilhões. Pimentel ainda se reuniráesta semana com as centrais sindicais, que pressionam pelo fim do fator previdenciário.

Para ele, a conclusão do IBGE de que a expectativa de vida dos brasileiros saltou para72 anos é um indicativo de que, no futuro não muito distante, a população idosa será maioria.Integrante da base governista, o deputado acredita que o desafio é encontrar uma saída viávelpara a Previdência.

“O maior problema da Previdência não é o hoje. Temos que encontrar um equilíbrio delongo prazo. O próprio senador Paim tem uma proposta de emenda constitucional que trata deidade mínima. E isso é um começo”, disse Pepe Vargas.

Além de discutir uma alternativa para o fator previdenciário, o deputado disse que seriainteressante se o governo concedesse um reajuste maior aos benefícios com valor acima do pisoprevidenciário. Hoje, o piso previdenciário é reajustado no mesmo valor do salário-mínimo,enquanto os valores acima do piso recebem um reajuste um pouco maior do que a inflação.

Para se ter uma ideia, o piso, desde o início do governo Lula, teve ganho real (acima dainflação) de 37,05%, enquanto as demais faixas de benefício tiveram ganho real (acima da infla-ção) de 0,89%.

“Seria positivo que houvesse uma recuperação do valor das aposentadorias, emboratenha que ressaltar que os que ganham acima de um mínimo não perderam para a inflação”,disse Pepe Vargas.

Aposentadoria pode ter idade mínima de 60 anos. Governo admite acabar com o

fator previdenciário, mas, em troca, trabalhador só poderia pedir o benefício após com-

pletar 60 anos

Publicou O Popular, Goiás, em 1o.12:O polêmico fator previdenciário, criado durante a gestão do ex-presidente Fernando

Henrique Cardoso na tentativa de equilibrar as contas da Previdência Social, pode ser extinto. Ogoverno admitiu pela primeira vez que poderá negociar o fim desse indicador.

Contudo, isso não viria de graça. Em contrapartida, o presidente Luiz Inácio Lula da

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Silva poderia instituir uma outra regra: além de completar o tempo de contribuição (35 anospara homens, e 30 para mulheres), os segurados também seriam obrigados a atingir uma idademínima para solicitar o benefício – que deve ficar em 60 anos.

A principal crítica atribuída a esse fator é que ele achata o valor inicial da aposentadoriaem praticamente todos os casos. Pelas regras vigentes, o Instituto Nacional do Seguro Social(INSS) calcula o valor do benefício com base na seguinte fórmula: pega-se a média das 80%maiores contribuições à Previdência feitas desde 1994 e, com base no resultado, aplica-se opolêmico indicador.

Esse último causaria um rombo de R$ 76,6 bilhões nos cofres da Previdência em 2009.Paim disse que contará, na vigília, com a presença de deputados, inclusive do PT, e de represen-tantes das principais centrais sindicais, como CUT e Força Sindical.

“O governo já concorda com a adoção de uma idade mínima, mas o problema dogoverno é saber qual a idade mínima. Quero, pelo menos, que os aposentados do INSS e doserviço público tenham as mesmas regras”, disse Paim, anunciando que Pepe Vargas passariapela vigília, o que não foi confirmado pelo relator.

No caso dos servidores, para ter o benefício integral eles têm que cumprir 30 anos decontribuição e ter 55 anos de idade, para as mulheres, e 35 anos de contribuição e 60 anos deidade, para os homens. Mas, depois de aposentados, contribuem com uma alíquota de 11% aosistema previdenciário.

Se o fator previdenciário acabar no âmbito do INSS, para receber o benefício a pessoateria que cumprir o tempo de contribuição e ter a idade mínima exigida.

Idade mínima para aposentadoria já enfrentou a resistência das centrais

Por Isabel Sobral, de O Estado de S. de Paulo, em 1o.12:A proposta de fixar uma idade mínima para aposentadorias do setor privado em troca

do fim do fator previdenciário foi colocada na mesa durante as discussões do Fórum Nacionalde Previdência Social, no ano passado. Porém, o governo acabou se conformando com a rejei-ção dos sindicalistas e, com isso, perdeu o melhor momento para encaminhar a medida.

Convocado para discutir a necessidade de mudanças estruturais na Previdência, o Fórum,que reuniu governo, empresários e trabalhadores, acabou sem produzir consenso. Agora, diantedos sinais do governo de que quer reabrir a discussão, na tentativa de conter o avanço dosprojetos do senador Paulo Paim (PT-RS), o assunto terá de ser conduzido no Congresso, numambiente menos propício a um acordo e com maior risco de que o fator previdenciário acabeextinto, sem que nada seja colocado no lugar.

O fator pode ser abolido por um projeto de lei. Já a fixação da idade mínima exige umaemenda constitucional, que precisa da aprovação de três quintos dos congressistas.

Os sindicalistas deixaram claro, ao fim das discussões do Fórum, que queriam simples-mente o fim do fator, sem nenhuma exigência de limite de idade nas aposentadorias por tempode contribuição do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS).

“A bancada dos trabalhadores mantém sua posição pelo fim do fator previdenciário”,afirmaram as centrais sindicais no documento oficial sobre os trabalhos do Fórum. Numa de-claração à parte da bancada, os sindicalistas completaram:

“Não foi possível construir consenso em relação ao fim do fator previdenciário, pois acondição seria a fixação de uma idade mínima para aposentadorias e/ou o aumento do tempode contribuição”.

O governo escreveu no documento final: “A transição demográfica requer, parasustentabilidade do pacto de gerações da Previdência Social, um ajuste do tempo de contribui-

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ção e/ou da idade de aposentadoria para o futuro”. Os empresários concordaram com o gover-no e foram os únicos a propor claramente um limite de idade.

“Para os novos ingressantes (no mercado de trabalho, a partir da entrada em vigor daregra), a idade mínima deve ser de 67 anos para homens e 62 anos para mulheres”, afirmaram.Na visão dos patrões, seria preciso também instituir uma idade mínima de transição para osempregados que já estivessem no mercado de trabalho.

Ao final do fórum, em outubro do ano passado, o ministro da Previdência à época, LuizMarinho, declarou que, apesar da falta de consenso, o governo poderia debater internamente apossibilidade de propor ao Congresso Nacional a elevação em cinco anos do tempo de contri-buição ao INSS exigido para obtenção da aposentadoria.

Hoje, homens têm de comprovar no mínimo 35 anos, enquanto das mulheres são exigi-dos 30 anos. A ideia, no entanto, não foi adiante por decisão do presidente Luiz Inácio Lula daSilva, que incentivou a continuidade do debate. A outra modalidade de acesso às aposentadoriaspelo INSS é pela exigência de idade – 65 anos (homens) e 60 anos (mulheres) –, mas essa acabasendo a opção dos trabalhadores mais carentes, que não conseguem comprovar tempo suficien-te de contribuição.

No Senado, Paim anuncia nova vigília

Por Rosa Costa, de O Estado de S. Paulo, em 29.11:Uma série de atos públicos em São Paulo e no Rio Grande do Sul, além de uma nova

vigília no plenário do Senado, desta vez atraindo também sindicalistas, terão início na próximasemana, como parte da pressão para convencer o governo a negociar, o quanto antes, novasregras para o regime geral da Previdência.

O senador Paulo Paim (PT-RS) disse acreditar que a mobilização atingirá boa parte dos25 milhões de segurados do INSS que serão favorecidos pelos três projetos de sua iniciativa: oque acaba com o fator previdenciário, o que vincula os reajustes de pensões e aposentadorias aodo salário-mínimo e o projeto de recomposição do valor dos benefícios. A pressão gerada pelaspropostas, já aprovadas pelo Senado, repercutiu no Executivo e, de acordo com o líder do

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governo, senador Romero Jucá (PMDB-RR), será oferecida alternativa aos projetos.Paim anunciou ontem da tribuna a realização da terceira vigília no plenário do Senado.

Será na terça-feira com a participação de parlamentares, representantes das centrais sindicais ede associações. O senador informou que no próximo dia 5 mais de 90 entidades sindicais farãouma paralisação simbólica de duas horas em Santos (SP). Segundo ele, atos semelhantes ocorre-rão nas câmaras de vereadores de Santo André, Piracicaba, Limeira, e Jundiaí. Em Porto Alegre,a vigília será feita na Assembleia Legislativa.

Governo admite rediscutir fator previdenciário. Deputado petista vai relatar pro-

posta de Paim que acaba com mecanismo de cálculo das aposentadorias do INSS

Por Cristiane Jungbut, de O Globo, em 29.11:Diante da pressão de sindicalistas que se reuniram com o presidente Luiz Inácio Lula da

Silva esta semana, o governo sinalizou para a reabertura de negociações em torno dos projetos dosenador Paulo Paim (PT-RS) que mudam as regras de aposentadoria do INSS. O deputado PepeVargas (PT-RS) foi escolhido relator do projeto de Paim que acaba com o fator previdenciáriocomo fórmula de cálculo das aposentadorias e cujo objetivo é desestimular as aposentadoriasprecoces. Depois de uma conversa com Paim, Vargas disse que tentará encontrar uma alternativa.

Uma das ideias debatidas é aceitar o fim do fator previdenciário desde que seja fixadauma idade mínima para aposentadoria. Desde abril o governo tem um Plano B para o eventualfim do fator previdenciário. Na ocasião, quando a proposta foi aprovada no Senado, O Globo

revelou estudo da Previdência chamado “Opções ao Fator Previdenciário”. Nos próximos dias,Vargas conversará com o ministro da Previdência, José Pimentel, e com as centrais sindicais.

“Devemos ter alternativa ao fator previdenciário, que embute uma grande injustiça,quando chuta para baixo o valor das aposentadorias. O próprio Paim tem uma proposta deemenda constitucional que trata de idade mínima”, disse Vargas.

“Há alternativas. Defendo que o fim do fator previdenciário pode ser discutido, substi-tuído por um limite de idade. E que se discuta a recomposição das aposentadorias, mas que oíndice não seja o salário-mínimo”, confirmou o líder do governo, Romero Jucá (PMDB-RR).

O projeto de Paim, aprovado no Senado, está parado desde abril na Câmara. Só passoupela Comissão de Seguridade Social. Vargas será relator na Comissão de Finanças. A pressãoaumentou depois que o outro projeto de Paim – que cria um índice de recuperação do valor dasaposentadorias – foi aprovado no Senado. O rombo desse projeto nas contas do INSS seria deR$76,6 bilhões em 2009.

Hoje, a pessoa se aposenta por idade (65 anos para homens e 60 para mulheres) ou como mecanismo do fator previdenciário – nesse caso, é necessário ter 35 anos de contribuição, paraos homens, e 30 para as mulheres. Uma das alternativas é adotar as regras do funcionalismo: 30anos de contribuição e 55 anos de idade, para as mulheres, e 35 anos de contribuição e 60 anosde idade, para os homens, para ter o benefício integral. Após a aposentadoria, contribuem comuma alíquota de 11% ao sistema previdenciário.

O estudo “Opções ao Setor Previdenciário” tem duas alternativas. Nova fórmula parao fator, onde o valor do benefício é preservado, mas o tempo de contribuição passa dos 35 anospara 42. Ou a fixação de uma idade mínima para a aposentadoria por tempo de serviço.

Opinião

Fórmula Explosiva

O Senador Paulo Paim (PT-RS) deve ler com atenção a última projeção populacionalfeita pelo IBGE.

ELE FICARÁ sabendo que a idade média dos brasileiros sobe em passo acelerado.

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Com isso, também aumentará com rapidez o número de aposentados.E ASSIM, caso a Previdência seja usada da forma como deseja – para conceder aumen-

to real a pessoas que já não trabalham –, ele terá instituído fórmula infalível de explodir asfinanças públicas de qualquer país.

E PERDERÃO todos, inclusive aqueles que o senador pretende ajudar.

“Encontrem uma fórmula intermediária”, disse Lula

Por Tânia Monteiro, de O Estado de S. Paulo, em 28.11:Por duas vezes, recentemente, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva sinalizou que não

morre de amores pelo fator previdenciário. Mas o presidente sempre acrescenta que, para derru-bar o fator, é preciso botar algo no lugar, achar “uma fórmula intermediária”.

Anteontem à noite, durante um jantar com sindicalistas e outros representantes demovimentos sociais, na Granja do Torto, o assunto entrou no cardápio. Em setembro, numaentrevista à emissora estatal de TV, a Rede Brasil, o presidente não rejeitou o fim do mecanismopara conter as aposentadorias precoces.

No jantar, Lula pediu que as os sindicalistas conversem, “o quanto antes”, com o minis-tro da Previdência, José Pimentel, para discutir uma “fórmula intermediária”. Sinalizou, ao mesmotempo, que, se for alcançado o consenso, ele não vetaria a proposta saída de um entendimentocoletivo.

“Tem de encontrar uma alternativa entre o que existe e a proposta que está lá [dosenador Paulo Paim (PT-RS)]”, disse o presidente, segundo relato do Antônio Neto, da CentralGeral dos Trabalhadores do Brasil (CGTB), e de outros sindicalistas que não quiseram se iden-tificar ao falar do jantar com Lula.

O argumento do presidente, de acordo com Neto, é que “não é possível, num mundode hoje, uma pessoa receber aposentadoria mais anos do que pagou de previdência para chegaràquela aposentadoria”. O presidente exemplificou que a média de vida dos trabalhadores era de48 anos e hoje é de 70, e, por causa desse aumento da expectativa de vida, é preciso que sejamfeitas novas regras.

Mas o presidente também acha que o fator previdenciário, do jeito que foi criado, nogoverno Fernando Henrique Cardoso (1995-2002), pune e exige sacrifícios extras de quemcomeçou a trabalhar muito cedo. Por isso, no jantar com os sindicalistas, Lula acrescentou:“Acho que não é possível continuar do jeito que está, mas também não pode ser do outro jeitoque queriam [no projeto de Paim]”.

Pressionado, governo negocia mudança no cálculo da aposentadoria

Por Isabel Sobral e Rosa Costa, de O Estado de S. Paulo, em 28.11:Acuado pelos projetos que beneficiam aposentados, mas aumentam o rombo da Previ-

dência Social, o governo admite, pela primeira vez, negociar o fim do fator previdenciário emtroca da exigência de idade mínima nas aposentadorias.

“Estamos caminhando para o fim do fator previdenciário e vamos trabalhar pelo limitede idade”, disse Jucá. “Vamos construir uma solução, um programa de recuperação (dos bene-fícios) da Previdência até dois, três salários-mínimos.”

Para o líder do governo, as alternativas analisadas mostram que nem ele nem ninguémdo governo se opõe ao mérito dos três projetos do senador Paulo Paim (PT-RS). Há, no entanto,preocupação com o impacto nas contas da Previdência. Já aprovados no Senado e aguardandovotação na Câmara, os textos provocaram duas reações: a oposição de técnicos da equipe eco-nômica e a mobilização de aposentados e pensionistas a favor dos projetos.

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Segundo as projeções dos técnicos do Ministério da Previdência, somente a proposta dePaim, que reajusta os benefícios pela indexação ao número de salários-mínimos a que eles equi-valiam no momento da concessão, custaria R$ 76,6 bilhões por ano aos cofres do INSS. Outroprojeto estende a todos os benefícios o reajuste de 9,2% dado este ano ao salário-mínimo. Asaposentadorias e pensões de valor superior a um mínimo tiveram 5% de reajuste (inflação acu-mulada pelo INPC). Isso resultaria num impacto anual de R$ 9 bilhões.

A declaração de Jucá sinalizando o fim do fator previdenciário mostra que o governovai negociar para evitar o pior. “A grande contribuição é a gente se debruçar para construir umaalternativa. Isso é possível.”

O fator previdenciário foi criado em 1999 para controlar o crescimento das despesasprevidenciárias em consequência do aumento da expectativa de vida da população. A fixação deuma idade mínima para aposentadoria também funciona como freio às aposentadorias precoces.

Para a área técnica do governo, entretanto, o fim do fator só é aceitável se ocorrergradualmente, porque a fixação de uma idade mínima, além da necessidade do tempo mínimode contribuição ao INSS (35 anos para homens e 30 anos para as mulheres), só pode ocorrer pormeio de emenda constitucional que, para valer, tem de receber pelo menos três quintos de votosfavoráveis no Congresso.

Segundo Jucá, o governo quer condicionar a negociação ao que chama de “limite dacapacidade da Previdência no sistema futuro”. Ou seja, adotar uma idade limite compatível coma expectativa de vida do brasileiro, que está crescendo, e se reflete nas contas da Previdência.

Tirando o sono do governo. Os projetos de PaimFator Previdenciário: Elimina do cálculo das aposentadorias por tempo de contribuição a

fórmula que tenta desestimular as aposentadorias. Com o Fator Previdenciário, quanto maisjovem é o segurado, menor o valor do benefício. A proposta muda também a forma de calcularo benefício: em vez de tomar por base a média das contribuições feitas ao INSS desde 1994, elaretoma o critério antigo de considerar apenas os últimos três anos de contribuição.

Já aprovado no Senado e aguardando votação no plenário da Câmara

Reajuste: Repassa a todos os benefícios de valores superiores a um salário-mínimo oíndice de 9,2% de aumento aplicado ao mínimo este ano. Esses benefícios foram reajustados em5%, índice correspondente à variação anual do INPC.

Já aprovado no Senado e aguardando votação no plenário da Câmara.Vinculação ao salário-mínimo: A proposta cria um mecanismo que vincula as aposentado-

rias e pensões ao salário-mínimo e reajusta os benefícios atuais para que voltem a ter, em núme-ro de salários-mínimos, valor equivalente ao que tinham na época em que foram concedidos.

Já aprovado no Senado, em caráter terminativo, seguiu esta semana para análise dascomissões da Câmara.

“Compreendo as críticas ao fator. Para saber impacto do fim do fator

previdenciário, é preciso considerar quais seriam as mudanças no cálculo”, diz Giambiagi

Por Irany Tereza, de O Estado de S. Paulo, em 28.11:Um dos principais defensores do fator previdenciário, o economista Fabio Giambiagi

atribui ao instrumento uma classificação de fomentador de justiça social. Ele acredita que, parasaber o real impacto de sua eventual extinção, outros critérios têm de ser considerados. Osprincipais: a fixação da idade mínima para aposentadoria e a manutenção do cálculo da médiadas contribuições. “Defendo o fator previdenciário, mas compreendo as críticas”, diz o econo-mista.

O que significaria hoje o fim do fator previdenciário?

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É difícil opinar sem conhecer pontos fundamentais dessa eventual mudança.Qual seria, por exemplo, a idade mínima?Uma coisa é fixar 50 anos para mulheres e 55 anos para homens; outra seria 55

para mulheres e 60 anos para homens. Em segundo lugar: há o compromisso da basealiada e das centrais sindicais de apoiarem efetivamente uma emenda constitucional paramudar a idade para, por exemplo, a idade mínima para 55 anos para as mulheres e 60 anospara os homens?

Este seria o limite ideal para manter o equilíbrio nas contas?É o que eu e outros colegas temos defendido. Essa ideia não passou no Fórum da

Previdência de 2007 e foi vetada pelas centrais sindicais em uma posição marcadamente ideoló-gica. É preciso saber se as centrais sindicais mudaram de opinião ou se o governo vai enfrentara reação das centrais. O fator previdenciário é uma lei que diz o seguinte: o benefício de quem seaposenta por tempo de contribuição é o resultado da multiplicação do próprio fator pelo valorcorrespondente à média contributiva posterior a 1994.

Se for revogado o fator, volta o princípio de referência dos últimos três anos de contri-buição?

Anteriormente, a pessoa tinha muitas vezes um valor de contribuição muito pequeno equando faltavam três anos para a aposentadoria, registrava um valor superior e se aposentavapor ele.

O fim do fator previdenciário significaria uma volta a este esquema?Defendo o fator previdenciário, mas compreendo as críticas. A defesa da utilização da

média de contribuição em vez de apenas os últimos três anos é muito clara. Embora o fatorprevidenciário seja elemento de controvérsia, acho que a utilização da média deveria ser defen-dida com unhas e dentes pelo governo.

Ordem é ganhar tempo

Publicou o Jornal de Brasília, em 27.11:Os ministros da Previdência Social, José Pimentel, e do Planejamento, Paulo Bernardo,

encaminharam ofício em 26.11 ao presidente da Comissão Mista de Orçamento, deputado MendesRibeiro, propondo a criação de grupo de trabalho para analisar os impactos dos Projetos de Leinos 01-D/2007 e 3.299/2008 e PLS no 58/2003 e apresentar alternativas às questões. Caso asugestão seja aceita, o grupo de trabalho será composto por representantes do Executivo e doLegislativo.

O ministro explicou que o objetivo é verificar as possibilidades orçamentárias para fazerfrente aos novos gastos que estão sendo propostos. “O Congresso tem todo o direito de legislar.Mas tem, também, que cumprir a Lei de Responsabilidade Fiscal e apontar a fonte de custeiopara os gastos que cria”, disse Pimentel. Atualmente, tramitam 105 projetos sobre Previdênciano Congresso. Caso todos sejam aprovados, a despesa com benefícios previdenciários saltariade 7,2% do PIB este ano para 25% do PIB em 2050.

Apenas o Projeto de Lei no 58, o que estabelece a equiparação dos benefícios em salári-os-mínimos à época da concessão, representa gastos adicionais de R$ 76,6 bilhões a cada ano,considerando-se o pagamento de 12 meses mais o 13o salário.

De acordo com a lei, os benefícios da Previdência Social devem ser reajustados a cadaano de forma a manterem seu poder de compra. O índice adotado para a correção nos últimos15 anos foi o INPC, considerado o mais adequado para as características familiares dos idosos.Já o salário-mínimo, que ao longo dos anos teve perdas consideráveis, é objeto de uma políticade recuperação de seu poder de compra desde 2003.

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Projeto da Previdência será vetado, diz Bernardo. Proposta aprovada pelo Sena-

do cria rombo de R$ 76,6 bilhões nas contas do governo

Publicou O Estado de S. Paulo, em 18.11:O ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, afirmou que o presidente Luiz Inácio

Lula da Silva não terá alternativa a não ser a de vetar o projeto de lei que atualiza pelo valor dosalário-mínimo os benefícios pagos aos aposentados e pensionistas da Previdência Social. Aproposta, aprovada na semana passada em caráter terminativo pelo Senado, ainda precisa servotada pela Câmara dos Deputados.

Bernardo disse que o projeto é “absurdo” e “corrosivo” porque significaria um impactode R$ 76,6 bilhões nas contas da Previdência Social em 2009. Segundo o ministro, esse valor équase a metade do que o governo gastará com a Previdência durante todo este ano. Bernardodisse que, se o projeto for aprovado, também anulará todos os ganhos da política de valorizaçãodo salário-mínimo. “Isso significa que a política feita para valorizar o salário-mínimo vai seranulada. O aposentado (que ganha mais de um salário-mínimo) não teve perdas”, afirmou.

O ministro argumentou que os benefícios e pensões pagos de 2003 a 2007 tiveram umganho real (acima da inflação) de 0,89%. “O que teve é que valorizamos mais o salário-mínimo.Mas, se transportar isso para todo mundo, significa que de fato anulou o ganho do salário-mínimo.”

Previdência: projeto de Paim custaria R$ 76 bilhões anuais

Por Cristiane Jungblut e Adriana Vasconcelos, de O Globo, em 14.11:Brasília – Um dia depois de ser surpreendido pela aprovação de mais um projeto do

senador Paulo Paim (PT-RS), o ministro da Previdência, José Pimentel, apresentou cálculosindicando que a proposta de assegurar a aposentados e pensionistas a recuperação do poderaquisitivo que eles tinham na época de suas aposentadorias causaria um rombo mensal de R$5,89 bilhões na folha de outubro. Ou de R$ 76,6 bilhões ao longo de um ano, considerando 13folhas de pagamento do INSS. Os cálculos iniciais do governo eram de um custo de R$ 9bilhões extras ao ano.

O ministro irá novamente ao Senado, na terça-feira, para fazer um apelo contra osprojetos. Se nenhum senador recorrer da proposta, o projeto segue para a Câmara, onde ogoverno tentará barrá-la.

Pimentel critica decisão de senadoresPimentel criticou duramente a decisão dos senadores de aprovar mudanças na Previ-

dência sem apontar a fonte de recursos para bancar os custos da medida. Ele lembrou que já foitrês vezes ao Senado tratar dos projetos de Paim e de outros sobre o setor.

O ministro faz cálculos sombrios:

“O projeto que transforma todos os 25,7 milhões de benefícios, aposentadorias e pen-sões em salários-mínimos à época em que foram concedidos obrigará, em 2009, um aporte deR$ 76,6 bilhões. Se reajustarmos os benefícios acima do mínimo pelo mesmo valor de reajustedo salário-mínimo (outro projeto de Paim), em 2009 vamos precisar de R$ 6,9 bilhões”, disse,acrescentando: “E se os 105 projetos que estão em tramitação no Congresso entrassem emvigor em 2009, precisaríamos de 25% do PIB para pagá-los”.

O ministro disse esperar “sensibilidade” dos parlamentares aos novos números.“A gente espera que o Congresso compreenda o que representa isso para as finanças

públicas.”No Senado, o presidente Garibaldi Alves (PMDB-RN) contestou a aprovação em cará-

ter terminativo do projeto de Paim, mas evitou críticas:

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“Não é o momento de se aprovar esse tipo de projeto. Antes de se pensar em aprovaresse tipo de projeto, é preciso saber o limite que a realidade financeira do país, a PrevidênciaSocial e a perspectiva de alongamento dessa crise internacional suportam.”

Senado abre rombo na Previdência. Propostas do senador Paulo Paim (PT-RS)

podem custar até 25% do Produto Interno Bruto até o ano de 2050

Por Isabel Sobral e Rosa Costa, de O Estado de S. Paulo, Brasília, em 14.11:A equipe econômica está perdendo o sono com as ideias de um único senador. E ele é

da base aliada e do partido do presidente da República. Três propostas do senador Paulo Paim(PT-RS), que ele chama de “pacote de valorização dos aposentados”, são vistos no Planalto e noMinistério da Fazenda como a “tragédia das contas públicas”. Os projetos já passaram emdefinitivo pelo Senado e estão liberados para votação na Câmara – um deles, porém, ainda podeser submetido ao plenário do Senado.

Paim quer o fim do fator previdenciário e que todos os benefícios pagos pela Previdên-cia sejam corrigidos e os aposentados recuperem a quantidade original de salários-mínimos comque se aposentaram. Por último, ele propõe a criação do Índice de Correção Previdenciária(ICP), um mecanismo para manter o poder de compra das aposentadorias e pensões.

Pelos cálculos da Previdência, segundo o ministro José Pimentel, a entrada em vigor daspropostas de Paim, a partir de 2009, faria a despesa previdenciária pular dos atuais 7% doProduto Interno Bruto (PIB) para algo em torno de 25% do PIB em 2050.

No caso das correções acima da inflação para os benefícios superiores ao salário-míni-mo, haveria um gasto anual a mais estimado em R$ 9 bilhões. E para 2009, há uma preocupaçãoadicional para as contas previdenciárias: o reajuste do salário-mínimo poderá girar um poucoacima de 10% (soma de 5,4% de crescimento econômico de 2007 mais a inflação acumulada em2008) e ainda terá que ser concedido (antecipadamente) em 1o de fevereiro, com impacto nafolha de março.

No caso do ICP, Pimentel disse ontem que o impacto do índice na folha de outubroseria de R$ 5,8 bilhões. Ao longo de um ano, contabilizando também o 13o salário-benefício, oICP custaria aos cofres da Previdência R$ 76,6 bilhões.

Paim rebate os números do governo com uma pergunta: “De onde os técnicos tiram

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esses cálculos?. A correção dos benefícios superiores ao mínimo custaria por ano muito me-nos”, afirmou o senador gaúcho, mas sem detalhar seus números. “Se há dinheiro para bancos,montadoras, construção civil e ruralistas, por que só os aposentados é que ficam sobrando?”,questiona Paim, referindo-se à ajuda financeira que o governo Lula está dando a esses setores daeconomia.

Paim lembra, ainda, da MP do reajuste de servidores públicos que, segundo ele, implicagastos de “algo em torno de R$ 50 bilhões”. E volta a rebater: “Se tem tudo isso para osservidores, por que não tem para nossos idosos?”.

Já passou na Comissão de Assuntos Sociais (CAS) do Senado o projeto que estabeleceum novo parâmetro de atualização do poder de compra dos benefícios pagos a aposentados.Pelo Índice de Correção Previdenciária, Paim espera atualizar em cinco anos o valor dos bene-fícios.

Pela proposta, na data da aposentadoria cada segurado passará a ter um ICP individual, aser usado para cálculo dos reajustes por toda a vida. “E quem se aposentou com, por exemplo, trêssalários-mínimos mantém o valor anos depois”, explica. “Ou seja, é preciso manter uma Repúblicasó para os projetos do Paim”, disse a líder do governo, a senadora Ideli Salvatti (PT-SC).

OPINIÃO DA ANASPS

O governo espalhou através de seus porta-vozes que o fator previdenciário produziueconomia de R$ 10 bilhões.

O número mágico, como tantos outros números, é contestado pela ANASPS e pelosenador Paulo Paim.

Na realidade, o governo deveria ter vergonha de anunciar “economia” à custa da des-graça humana.

O governo não divulga, por exemplo,os prejuízos causados a milhões brasileiros vitima-dos pelo fator previdenciário.

Depois dele, aumentou o número de aposentados e pensionistas empurrados para osalário-mínimo e tornou impossível a qualquer brasileiro alcançar o teto do salário de benefício.

Isto significa que sacrifícios e perdas foram impostos aos segurados da PrevidênciaSocial.

Paim chamou de “terrorismo” dizer que há risco de quebrar a Previdência Social. “Va-mos ser francos: ao longo da história – e não só nesse governo –, quando se fala em algunsbilhões para bancos, para montadoras, para construção civil e para ruralistas, buscamos saída.Quando chega na questão dos idosos, dos velhinhos, parece que se cria um mundo irreal”, disse.

O recurso final para barrar as propostas de Paim é o veto do presidente Lula.

Governo quer tentar barrar projeto no plenário

Por Cida Fontes, de O Estado de S. Paulo, em 14.11:O líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), informou que pretende

apresentar recurso para que o projeto que prevê correção anual das aposentadorias e pensõespagas pela Previdência seja votado pelo plenário. O projeto foi aprovado na Comissão de As-suntos Sociais (CAS) e, como tem caráter terminativo, poderá seguir direto para a Câmara, sempassar pelo plenário, a não ser que um senador apresente recurso.

Paralelamente à estratégia de impedir a correção anual dos salários dos aposentados doINSS, o líder do governo trabalha para aprovar a Medida Provisória (MP) no 440, que reajusta osalário de servidores públicos ativos e inativos, o que terá impacto de R$ 22,8 bilhões em 2011.Além disso, a MP provocará mais despesas para a Previdência, uma vez que esses funcionários

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– integrantes das chamadas carreiras de Estado, portanto, com salários altos – vão incorporar aseus salários gratificações e adicionais que não podiam ser incluídos na aposentadoria.

Se a correção dos salários dos aposentados do INSS for ao plenário, o líder do PSB,senador Renato Casagrande (ES), disse que votará favoravelmente à proposta de Paim.

Senado aprova atualização de aposentadorias e pensões

Por Raquel Ulhôa, do Valor Econômico, em 14.11:Projeto de lei aprovado na Comissão de Assuntos Sociais (CAS) do Senado garante aos

aposentados e pensionistas da Previdência Social a atualização dos benefícios, de tal forma quevoltem a receber o mesmo número de salários-mínimos fixados na data da concessão da apo-sentadoria ou da pensão. Pela proposta, o poder de compra deverá estar recuperado em cincoanos.

De autoria do senador Paulo Paim (PT-RS), o projeto havia sido alterado na Comissãode Constituição e Justiça (CCJ) e ontem foi aprovado na CAS em turno suplementar e emcaráter terminativo, ou seja, será remetido diretamente à Câmara dos Deputados, caso não hajarecurso dos senadores para ser submetido ao plenário da Casa. Pela proposta, os valores deaposentadorias e pensões pagas pela Previdência Social serão atualizados a cada ano.

Na CCJ, o então relator, Rodolpho Tourinho (DEM-BA), criou um novo parâmetropara atualizar os benefícios. Trata-se do Índice de Correção Previdenciária (ICP), calculado apartir da divisão do valor da aposentadoria pelo menor salário de benefício pago pelo RegimeGeral da Previdência Social. Esse cálculo será feito na data da concessão do benefício, de formaindividualizada. Cada segurado terá um ICP individual. Esse índice passará a ser aplicado apósuma transição de cinco anos.

Segundo Paim, esse projeto faz parte de um pacote de propostas para beneficiar apo-sentados e pensionistas. Estão incluídos dois projetos que tramitam na Câmara: um garante aosaposentados, a partir de 2009, o mesmo percentual de reajuste concedido ao salário-mínimo e ooutro acaba com o fator previdenciário – regra aplicada para cálculo das aposentadorias portempo de contribuição e idade. Leva em conta quatro itens: alíquota de contribuição, idade dotrabalhador, tempo de contribuição à Previdência Social e expectativa de sobrevida do segurado(conforme tabela do IBGE).

O senador afirmou ter proposto ao ministro da Previdência, José Pimentel, a substitui-ção dos três por uma única proposta, “que seja algo equilibrado, que o orçamento comporte,que o Executivo acorde, e que o Congresso aprove”.

Área econômica tenta derrubar projetos já aprovados no Senado

Por Cristiane Jungblut, de O Globo, em 13;11:Em abril passado, numa sessão do plenário do Senado em que os líderes governistas

cochilaram, Paulo Paim conseguiu aprovar, com apoio da oposição, dois projetos de sua autoriacom forte impacto nas contas da Previdência. O primeiro propõe o fim do fator previdenciário,um mecanismo com regras mais rigorosas que inibe aposentadorias precoces e que, desde 2000,já produziu uma economia de mais de R$ 10 bilhões, segundo cálculos do governo. O fatorprevidenciário foi aprovado em 1998.

O outro projeto de Paim estabelece a isonomia para os reajustes de todos os benefíciospagos pelo INSS. Pelas regras atuais, o governo aplica o mesmo índice de aumento do salário-mínimo aos benefícios equivalentes ao piso. As aposentadorias e pensões acima do mínimorecebem reajustes menores. A bondade custaria ao governo mais de R$ 4,5 bilhões por ano. Aárea econômica do governo quer derrubar na Câmara esses dois projetos que, na prática, signi-

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ficam uma minirreforma da Previdência. E também a terceira proposta de Paim, aprovada nestaquarta no Senado.

Reajuste de aposentadorias causaria rombo de R$ 4,5 bilhõesNo caso do reajuste para as aposentadorias acima do mínimo, o aumento dado pelo

governo tem por base a inflação do período. Em 2008, por exemplo, o mínimo e os benefíciosno mesmo valor foram reajustados em 9,21% (variação da inflação mais a variação do PIB). Osbenefícios acima do mínimo ganharam 5%, pouco mais do que a inflação.

Segundo dados da Previdência, a extensão do reajuste dado ao salário-mínimo a todasas aposentadorias pagas pelo INSS causaria um rombo de R$ 4,5 bilhões em 12 meses. A longoprazo, as despesas do INSS saltariam dos atuais 7,14% do PIB para até 26% em 2049, segundoas estimativas.

O governo argumenta que, desde 2002, o piso da Previdência teve ganho real de 37,05%– ou seja, acima da inflação. Já os benefícios com valores acima do mínimo obtiveram ganho realde 0,89% no período. Com esses números, o governo rebate também o projeto de criar umafórmula para manter o poder aquisitivo das aposentadorias, argumentando que o poder decompra foi preservado.

Senado sobe aposentadorias e rombo pode ser de R$ 9 bi

Publicou O Globo, em 13.11:O Senado aprovou projeto criando um índice de reajuste para aposentadorias e pensões

que, se virar lei, causará um impacto anual de R$ 9 bilhões nos cofres da Previdência Social. Deautoria do senador Paulo Paim (PT-RS), a proposta, que visaria a assegurar a recuperação dopoder de compra das aposentadorias e pensões, segue agora para votação na Câmara.

O governo, que não agiu para barrá-la no Senado, tentará fazê-lo na Câmara, onde temmaioria. Esse e outros dois projetos de Paim, se aprovados, causariam impacto anual de R$ 18 binos cofres públicos. A líder do PT no Senado, Ideli Salvatti (SC), criticou o colega: “Daqui apouco será preciso criar uma República só para os projetos do Paim”.

Tramitam hoje na Câmara 105 propostas sobre aposentadorias que, se aprovadas, com-prometeriam 25% do PIB com o pagamento de benefícios previdenciários até 2050.

Novo abalo na Previdência. Comissão do Senado aprova projeto de petista que,

se virar lei, custará R$ 9 bi por ano

Por Adriana Vasconcelos, de O Globo, em 13.11:Embalada pelos reajustes sucessivos concedidos ao funcionalismo e pela proposta de

criação de cerca de 85 mil cargos até o final deste ano, a Comissão de Assuntos Sociais (CAS) doSenado aprovou ontem, em caráter terminativo, projeto do senador Paulo Paim (PT-RS) que, sevirar lei, aumentará o rombo da Previdência, que já passa dos R$ 32 bilhões nos últimos 12meses. A proposta assegura aos aposentados e pensionistas a recuperação do poder aquisitivoque eles tinham na época de suas aposentadorias, criando um sistema de reajuste. O governonão tem um cálculo fechado sobre o impacto da correção, por esse sistema, dos benefícios de22,6 milhões de aposentados do INSS. Mas estima que seja de R$ 9 bilhões a mais por ano.

A estimativa é que a aprovação desses projetos teria impacto anual nos cofres da Previ-dência de R$ 18 bilhões.

“Só as duas primeiras medidas provisórias que estão trancando a pauta do Senado, queconcedem reajustes ao funcionalismo, terão impacto de R$ 50 bilhões (nos anos subsequentes)no Orçamento da União. Se tem dinheiro para o funcionalismo, por que não tem para os velhi-nhos?”, ponderou Paim. “Meu projeto só quer garantir que um aposentado que recebia três

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salários-mínimos quando se aposentou e hoje recebe apenas um volte a ter o mesmo poderaquisitivo da época da aposentadoria.”

Embora a base governista não tenha tentado barrar mais esse projeto, a líder do PT noSenado, Ideli Salvatti (SC), criticou a iniciativa do colega:

“Daqui a pouco será preciso criar uma República só para os projetos do Paim. Não tema menor condição de a Câmara aprovar isso.”

Projetos podem causar rombo

O ministro da Previdência, José Pimentel, não esconde a preocupação com a tramitaçãono Congresso de nada menos do que 105 projetos sobre aposentadorias que, se aprovados,levariam a União a comprometer 25% do Produto Interno Bruto (PIB) com o pagamento debenefícios previdenciários até 2050. O líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR),ex-ministro da Previdência, tentou dividir com a oposição a responsabilidade de barrar iniciati-vas que aumentem gastos:

“Temos de discutir o modelo de Previdência que o país quer. Essa não é uma conta parao governo Lula pagar, mas para o futuro.”

“O Paim é da base do governo e se entende diretamente com o presidente Lula o tempotodo. Se o governo concordou, não somos nós que vamos discordar”, retrucou o líder doDemocratas, José Agripino (RN).

A oposição lembrou que foi a própria base que não atendeu ao pedido do ministro GuidoMantega (Fazenda) para que o Senado não aprovasse projetos com impacto na Previdência.

“É preciso que se aponte a fonte de custeio para novas despesas”, tem repetido oministro Pimentel.

Lula pede a Chinaglia que represe proposta de Paim

Por Mônica Izaguirre, do Valor Econômico, em 10.11:A expectativa de que a crise financeira afete o ritmo de crescimento da economia e, por

consequência, também o da arrecadação federal deixou o governo mais alerta em relação a doisprojetos de lei já aprovados pelo Senado e com enorme potencial de impacto sobre os gastos daPrevidência Social. Preocupado em evitar qualquer aumento de percepção de risco fiscal porparte dos agentes econômicos, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva pediu ao presidente daCâmara, deputado Arlindo Chinaglia (PT-SP), que evite a votação das propostas, ambas deautoria do senador Paulo Paim (PT-RS), portanto, de um membro da própria base aliada.

Um dos projetos é o que vincula o reajuste de todos os benefícios à evolução do salário-mínimo. O outro é o que acaba com o fator previdenciário e ainda retoma os últimos 36 salári-os-de-contribuição como referência para cálculo das aposentadorias no momento da concessão(pela regra atual, valem os 80% maiores desde 1994).

Chinaglia já achava as propostas de Paim insustentáveis sob o ponto de vista fiscal.Diante da crise e do pedido presidencial, ele se comprometeu, recentemente, a não colocar ospolêmicos projetos na pauta de votações do plenário da Câmara, pelo menos não enquanto nãohouver sinal verde do governo.

Essa sinalização, segundo o vice-líder do governo no Congresso, deputado GilmarMachado (PT-SP), vai depender de alternativas que estão sendo estudadas pelo Ministério daPrevidência para contrapropor aos deputados – a maioria simpáticos à causa de Paim, por causade seu grande apelo popular.

Gilmar Machado admite que o governo bem que gostaria de poder defender os proje-tos. Mas sabe que não pode e nem vai defendê-los, pela falta de viabilidade fiscal. Atualmente, osgastos da Previdência Social com pagamento de benefícios estão na casa de 7,2% do Produto

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Interno Bruto por ano, diz o ministro da pasta, José Pimentel. Ele pretende divulgar nos próxi-mos dias dados atualizados sobre o potencial impacto dos dois projetos. Mas números forneci-dos pelo seu antecessor, Luiz Marinho, a diversos senadores, há poucos meses, dão uma noçãodo tamanho do problema.

Conforme esses dados (que não deverão mudar muito com a atualização), na hipótesede as duas propostas de Paim serem aprovadas ainda este ano, o Brasil chegará ao ano de 2050gastando por ano 26,4% de seu PIB com pagamentos de aposentadorias e pensões, só no âmbi-to do Regime Geral de Previdência Social (RGPS). Em pouco mais de 30 anos, portanto, osgastos quase se quadruplicariam como proporção do PIB, crescendo gradualmente.

Nem toda a diferença em relação aos atuais 7,2% do PIB ao ano refere-se ao efeito dosdois projetos. Ainda que não mudem as atuais regras de concessão e de reajuste, as despesas doRGPS com benefícios vão atingir 11% do PIB até 2050, só em função de fatores demográficos(queda da taxa de natalidade, aumento da expectativa de sobrevida na velhice, portanto, envelhe-cimento da população e queda no ritmo de ingressos de novos contribuintes no regime). Nahipótese de ser aprovado apenas o projeto que põe fim ao fator previdenciário e retoma o antigoperíodo de cálculo (36 meses), já considerado o fator demográfico, o nível de gastos atingiria16% do PIB. Já na hipótese de aprovação somente da vinculação de todos os benefícios aomínimo, o impacto seria maior, pois as despesas subiriam para 18% do PIB. Na hipótese deaprovação de ambos, a projeção indica despesas anuais de 26,4% porque um projeto teria efeitosobre o outro, explica técnico ouvido pelo Valor.

Esse número é assustador porque ultrapassa em muito o nível de arrecadação líquida dereceitas primárias do governo. Pelas estimativas do orçamento encaminhado em agosto, antesdo agravamento da crise, portanto, o governo esperava obter, em 2009, receita primária líquidade 20,85% do PIB. Mesmo a receita primária bruta, estimada em 25,38% do PIB, não seriasuficiente.

Senado aprova correção

Publicou o Jornal de Brasília, em 06.11:Com onze votos favoráveis, a Comissão de Assuntos Sociais (CAS) do Senado aprovou,

em caráter terminativo, projeto de lei que dispõe sobre a atualização das aposentadorias e pen-sões pagas pela Previdência Social aos seus segurados. Pelas regras aprovadas, a recomposição écorrespondente a um período de cinco anos. O objetivo é que o valor do benefício volte acorresponder ao mesmo número de salários-mínimos da data da concessão. Serão beneficiadosos 8,5 milhões de segurados do INSS que hoje recebem mais que o salário-mínimo. Um impactoda medida nos cofres do governo será de R$ 4 bilhões.

Pela proposta, depois da correção, serão aplicados, sempre, os mesmos índices paratodos os segurados, independentemente do valor do benefício. Desde 1991, as aposentadorias epensões do INSS têm índices diferenciados para quem ganha o piso (um salário-mínimo) e paraquem recebe mais. Pelos cálculos da Federação dos Aposentados de São Paulo, de 1991 a 2008,a defasagem no benefício cujo valor é maior que o piso chega a 60%.

Paulo Paim disse que o projeto não é arrojado, mas singelo, e agradeceu o apoio dapresidente da CAS, do relator e demais senadores que apoiam o PLS no 58/03. “O ex-senadorRodolpho Tourinho produziu o parecer e pediu que a senadora Rosalba relatasse o projeto.”Paim pediu, também, que fosse feita a leitura do parecer e havendo quórum, que a matéria fossevotada imediatamente, o que ocorreu.

Apelo

Os senadores fizeram um apelo ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva para que tão

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logo o projeto que tramita há cinco anos no Congresso Nacional tenha sua apreciação concluídano Parlamento, seja sancionado pelo Executivo. A aprovação se deu um dia depois da passagemdo ministro da Previdência Social, José Pimentel, pelo Senado. Ele foi pedir que os senadoresnão aprovassem a proposta, que vai triplicar, segundo ele, os gastos com a previdência do traba-lhador da iniciativa privada.

Além dessa proposta, outros 104 projetos de lei sobre aposentadorias tramitam noCongresso Nacional. “Se esses 105 forem aprovados, vamos comprometer 25% do ProdutoInterno Bruto com benefícios previdenciários. O Congresso Nacional sempre agiu com respon-sabilidade.”

Comissão aprova fim do fator previdenciário. Projeto passará por mais duas

votações antes de ir ao plenário

Publicou O Globo, em 09.10:Brasília – O projeto de lei do Senado que acaba com o fator previdenciário foi aprovado

pela Comissão de Seguridade Social da Câmara dos Deputados.O projeto passará por outras duas comissões antes de ir a plenário. O governo é contra

a extinção, embora o projeto seja de autoria do senador petista Paulo Paim (RS).Criado no governo Fernando Henrique, o fator previdenciário é um mecanismo que

tenta dar sustentabilidade à Previdência Social e baseia-se em quatro pontos para cálculo deaposentadorias: alíquota de contribuição, idade do trabalhador, tempo de contribuição à Previ-dência e expectativa de sobrevida.

Antes de o projeto ir ao plenário da Câmara, o governo calculará o impacto da extinçãonas contas da Previdência para justificar a necessidade de sua permanência. O ministro PauloBernardo (Planejamento) disse anteontem na Câmara que não seria bom para o sistema o fimdo fator.

Com a extinção, as aposentadorias poderiam aumentar em média 30%, segundo econo-mistas, o que aumentaria ano a ano o déficit da Previdência.

Para o senador Paim, o fim do fator favorece o trabalhador e acaba com o que considerauma distorção, que é o uso da Previdência, pelo governo, como instrumento de ajuste fiscal.

Comissão de Seguridade aprova extinção do fator previdenciário

Em 08.10, a Comissão de Seguridade Social e Família, da Câmara dos Deputados, apro-vou o Projeto de Lei no 3.299/08, do Senado, que extingue o fator previdenciário. Esse índice éusado para calcular as aposentadorias e leva em conta a idade do trabalhador, o tempo de con-tribuição e a expectativa de sobrevida no momento de aposentadoria. Na aposentadoria portempo de contribuição (30 anos para mulheres e 35 para os homens), o fator funciona como umredutor do benefício.

Em abril, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou a aprovação do projeto peloSenado, pelo fato de não indicar a fonte de recursos para custear o aumento de despesas, eameaçou vetar a proposta. No mês passado, no entanto, Lula admitiu a possibilidade de sancio-nar o projeto, se ele for aprovado pela Câmara.

A Comissão de Seguridade aprovou o parecer do relator, deputado Germano Bonow(DEM-RS), que foi favorável à proposta, sem alterações.

Voto em separado

Durante a reunião, a deputada Rita Camata (PMDB-ES) apresentou voto em separadopara que o projeto considerasse, no cálculo da aposentadoria, os melhores salários-de-contribui-ção referentes a 70% do período contributivo. A proposta do Senado considera os últimos 36meses, o que a deputada afirma ser um prazo muito curto. “Quando as pessoas chegam a uma

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idade mais avançada, acabam se submetendo a um trabalho com menor remuneração. Essecálculo [do projeto] vai fazer com que o benefício seja reduzido”, afirmou.

Diversos deputados reconheceram a importância da emenda apresentada por Rita Camata,mas argumentaram que qualquer alteração no texto do Senado poderia atrasar a tramitação daproposta. Germano Bonow lembrou que a possibilidade de veto existe em qualquer projeto edefendeu a aprovação sem alterações, como foi aceito na comissão. “A proposta da deputada Ritaé excelente, vem até do Ministério da Previdência, que apresentou um gráfico. Mas, se nós emen-darmos aqui, vai para o Senado e vai atrasar mais. As pessoas que hoje se aposentam aos 55, 56anos talvez não estejam conosco daqui a 10 anos. Elas têm muita pressa, sim.”

Aposentados poderão ter reajuste entre 7% e 9%

Por Márcio Falcão, da Gazeta Mercantil, em 23.09:O governo mandou emissários ao Congresso para tratar da recuperação salarial de cer-

ca de 7,5 milhões de aposentados e pensionistas do Instituto Nacional de Seguro Social (INSS).A ideia é emplacar, no Orçamento de 2009, uma política de reajuste superior à praticada nosúltimos anos, que para esta parcela de beneficiados tem levado em consideração só a inflação.Os técnicos da Comissão Mista do Orçamento (CMO) começaram a fazer as contas, mas nãofecharam os números. A expectativa é de que o aumento seja algo em torno de 7% a 9%.

A variação ainda é menor do que a praticada no salário-mínimo, mas representa umavanço, segundo deputados da comissão. Pela proposta do Orçamento da União para 2009,encaminhada em agosto ao Congresso, o salário-mínimo será reajustado em 12% a partir do dia1o de fevereiro de 2009 e as aposentadorias teriam 6,2% de aumento. Com isso, o valor domínimo passará dos atuais R$ 415 para R$ 464,72 – ou seja, aumento de R$ 49,72 (11,98%).

Atualmente, 65,5% dos 25,3 milhões de aposentadorias têm o mesmo valor do mínimo.Por isso, também são reajustadas de acordo com a variação da inflação e do crescimento daeconomia. Segundo o Ministério da Previdência, a extensão da regra teria um impacto de R$ 4,5bilhões por ano.

O governo lançou desde 2003 uma política diferenciada para o mínimo. O último rea-juste da menor remuneração paga no país foi aplicado em março deste ano, quando ele passoua valer R$ 415, com aumento de 9,21%.

Desde o ano 2000, o valor do salário já teve reajuste de 324%, considerando os valoresprevistos para o ano que vem. Se for comparado o reajuste do mínimo com o aumento dosbenefícios do INSS, os aposentados e pensionistas tiveram uma perda de 40%, segundo dadosda CMO. Em 2005, por exemplo, enquanto o mínimo foi ampliado em 10%, o acréscimo doINSS foi de 4%.

Fonte de recursos

A proposta de equiparar os benefícios dos aposentados e pensionistas do INSS aoreajuste concedido ao salário-mínimo encontra, nos bastidores, bastante resistência. Governis-tas argumentam que sem o Congresso apontar a fonte de receita específica para custear avinculação e o aval do Ministério da Fazenda, ficaria impossível desenvolver o texto.

Desde abril, o governo montou no Congresso uma força-tarefa para impedir que aCâmara avançasse na votação de um projeto aprovado no início do ano pelo Senado, que equi-para o reajuste concedido ao salário-mínimo para os benefícios do INSS e que põe fim ao fatorprevidenciário.

ANASPS afirma que fator previdenciário não reduziu déficit, e ainda levou se-

gurados à miséria

Em 15.09, a ANASPS responsabilizou o fator previdenciário pelo agravamento da se-

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ANASPS - Associação Nacional dos Servidores da Previdência e da Seguridade Social

gurança dos segurados do INSS que estão recebendo aposentadorias miseráveis, ao revelar quedos 2.550.081 benefícios concedidos de janeiro a julho de 2008, no valor de R$ 1.677 mil,52,96% foram para benefícios de até 1 salário-mínimo, R$ 415,00, ou seja, 1.350.052 pessoas. Ofator previdenciário foi criado para reduzir o déficit previdenciário, complicar, retardar e achataro valor do benefício. Não reduziu o déficit, mas realmente complicou, retardou e achatou ovalor do benefício.

Concessão de Benefícios – Jan.-jul. de 2008 – até um salário, até dois, entre

cinco e seis e mais de oito (%)

Os dados do DatANASPS são contundentes, pois mostram que 79,54% foram aposen-tados com até dois salários-mínimos R$ 830,00, compreendendo um grupo de 2.028.334 segu-rados contribuintes, o que é muito expressivo, sendo que o contingente entre 1 e 2 salários-mínimos envolveu 678. 282 pessoas.

Os 2,09% que se aposentaram com 5 a 6 salários-mínimos, recebendo entre R$ 2.075,00e R$ 2.490,00, foram 53.296 pessoas. Nenhum conseguiu nove ou dez salários-mínimos deaposentadoria ou pensão. o que transforma o teto previdenciário de R$ 3.088,99 inalcançável,mesmo já se sabendo que não representam 10 salários-mínimos, R$ 4.150,00, exatos 74,4%. Poroutro lado, apenas 0,01% chegou aos 8 salários-mínimos, o que é um grupo ínfimo.

Bonow pode acolher fim do fator previdenciário. “São pessoas que trabalharam

a vida inteira e que ganham pouco mais que o salário-mínimo e estão sendo prejudica-

das agora”, diz Germano Bonow

Por Janary Júnior, Jornal da Câmara, Brasília, em 11.07:O deputado Germano Bonow (DEM-RS) deverá apresentar em agosto seu parecer ao

projeto de lei que extingue o fator previdenciário (PL no 3.299/08). Até lá, ele espera receberalguns dados do Ministério da Previdência, como o número de aposentadorias atingidas pelofator e o montante arrecadado pela Previdência dos segurados que se aposentaram usando ofator, mas retornaram ao mercado de trabalho. O anúncio do deputado foi feito ontem, duranteaudiência pública da Comissão de Seguridade Social e Família.

Apesar de não ter firmado ainda uma opinião sobre a proposta, Bonow adiantou que,neste momento, sua tendência é concordar com o fim do fator – que tende a reduzir o valor daaposentadoria. Segundo o Ministério da Previdência, o fator permitiu uma economia de R$ 10,1bilhões entre 2000 e o ano passado. “São pessoas que trabalharam a vida inteira e que ganhampouco mais que o salário-mínimo e estão sendo prejudicadas agora. Precisamos encontrar umasolução para elas”, disse o deputado, que na terça-feira se reuniu com o autor da proposta, osenador Paulo Paim (PT-RS). Bonow disse que ainda não foi procurado por integrantes doPoder Executivo para discutir o assunto.

Para os representantes do Poder Executivo, ainda que o fator previdenciário não seja omelhor mecanismo, ele não pode ser extinto enquanto não for encontrada uma fórmula alterna-

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O LIVRO NEGRO DA PREVIDÊNCIA SOCIAL 2009

tiva. Segundo Leonardo Alves Rangel, técnico de Planejamento e Pesquisa do Instituto de Pes-quisa Econômica Aplicada (Ipea, órgão vinculado ao Ministério do Planejamento), a simplesextinção do fator vai provocar o aumento de aposentadorias precoces, piorando as contas doINSS.

O técnico do Ipea também informou que a redação do PL no 3.299 – que prevê comocritério de concessão da aposentadoria a média aritmética dos salários-de-contribuição dos últi-mos 36 meses – vai na contramão de outros países que adotam um cálculo baseado em médiasmais longas. Ele citou a Espanha, que leva em conta os rendimentos de 180 meses antes dopedido.

Líder afirma que projeto não preocupa. Presidente da comissão especial que

aprovou proposta diz que cumpriu dever

Publicou O Globo, em 13.06:A decisão sobre a validade ou não da aprovação da proposta de reajuste das aposenta-

dorias está sendo analisada pela assessoria jurídica da Mesa da Câmara. O líder do governo,Henrique Fontana (PT-RS), preferiu desconversar quando indagado sobre o descuido. Reafir-mou que o governo estuda mecanismos para melhorar a renda de todos os aposentados doINSS, mas que isso não precisará se dar por meio do projeto de Paulo Paim.

“Não estamos preocupados com esse projeto e não podemos nos fixar numa só ideia.Não posso entrar na negociação dos mil projetos que estão tramitando. Vamos nos concentrarnos que estão na antessala.”

No Planalto, Lula demonstrou irritação:“O Congresso precisa ter a mesma responsabilidade que tem o Executivo. O presidente

da República não gera recursos. O governo federal colhe os tributos que a sociedade paga e faza distribuição em função das necessidades da própria sociedade. Uma delas é pagar benefíciosprevidenciários. Se o aumento concedido é maior do que a capacidade de arrecadação do pró-prio sistema, não tem como pagar. Eu gostaria que toda vez que as pessoas aprovassem umadespesa, aprovassem uma receita. Porque é assim na minha casa. No Congresso, na hora queaprovam uma despesa para a previdência social, é preciso dizer de onde virá o dinheiro. Não temninguém que mais goste de dar aumento para trabalhador do que eu. Agora, só posso dar aquiloque tenho.”

Mudança no cálculo beneficia mais ricos

Publicou a Gazeta do Povo, em 02.05:O fim do fator previdenciário fará com que as despesas da Previdência Social cheguem

a 20% do Produto Interno Bruto em 2050, causando má distribuição de renda O fim do fatorprevidenciário e a vinculação do reajuste dos benefícios previdenciários ao aumento do salário-mínimo, ambos aprovados pelo Senado e em tramitação na Câmara dos Deputados, farão comque as despesas da Previdência Social venham a corresponder, em 2050, a 20% do ProdutoInterno Bruto (PIB), segundo projeções do Ministério da Previdência.

De acordo com estudo divulgado pela Secretaria de Políticas de Previdência Social, asduas medidas, além da proposta que altera a forma de cálculo que dá origem às aposentadorias,não vão beneficiar os mais pobres, e sim aqueles com as aposentadorias mais altas. “É um tirono pé, em termos de distribuição de renda”, afirmou o secretário de Políticas de PrevidênciaSocial, Helmut Schwarzer. Conforme o levantamento, se for considerado apenas o envelheci-mento natural da população, o impacto dos gastos com a Previdência em relação ao PIB, hojeestimado em 7%, chegará a cerca de 11% em 2050. Schwarzer argumentou, durante reunião do

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ANASPS - Associação Nacional dos Servidores da Previdência e da Seguridade Social

Conselho Nacional de Previdência Social (CNPS), que o fim do fator previdenciário, além decausar desequilíbrio fiscal das contas da Previdência, vai gerar um impacto “ruim” do ponto devista da distribuição de renda.

O público beneficiado com um eventual fim do fator previdenciário, segundo Schwarzer,é pequeno. Correspondeu, no mês de março, a 6% do total de benefícios concedidos e a 15%das aposentadorias emitidas. O secretário explicou que esses percentuais têm participação signi-ficativa em termos de valores pagos pelo INSS: 10,3% dos benefícios concedidos e 28,5% dosemitidos. Outro argumento utilizado pelos técnicos da Previdência para que a Câmara rejeite ofim do fator previdenciário é a arrecadação.

Governo avalia impacto de fator previdenciário

Publicou o Valor Econômico, em 02.05:O fim do fator previdenciário e a vinculação do reajuste dos benefícios previdenciários

ao aumento do salário-mínimo, ambos aprovados pelo Senado e em tramitação na Câmara dosDeputados, farão com que as despesas da Previdência Social venham a corresponder, em 2050,a 20% do Produto Interno Bruto (PIB), segundo projeções do Ministério da Previdência.

De acordo com estudo divulgado pela Secretaria de Políticas de Previdência Social, asduas medidas, além da proposta que altera a forma de cálculo que dá origem às aposentadorias,não vão beneficiar os mais pobres, e sim aqueles com as aposentadorias mais altas. “É um tirono pé, em termos de distribuição de renda”, afirmou o secretário de Políticas de PrevidênciaSocial, Helmut Schwarzer.

Conforme o levantamento, se for considerado apenas o envelhecimento natural da po-pulação, o impacto dos gastos com a Previdência em relação ao PIB, hoje estimado em 7%,chegará a cerca de 11% em 2050. Schwarzer argumentou, durante reunião do Conselho Nacio-nal de Previdência Social (CNPS), que o fim do fator previdenciário, além de causar desequilíbriofiscal das contas da Previdência, vai gerar um impacto “ruim” do ponto de vista da distribuiçãode renda.

Para Schwarzer, uma das alternativas para recompor as perdas ocasionadas pelo fim dofator previdenciário seria o aumento de impostos ou do valor da alíquota previdenciária. “Te-mos que praticamente dobrar as alíquotas de contribuição para a Previdência Social, a fim depodermos financiar somente uma das medidas que estão sendo discutidas [no Congresso]”,disse o secretário.

Aposentadoria sem idade mínima

Publicou o Jornal de Brasília, de 1o.05:Os trabalhadores que já completaram 35 anos de contribuição ao INSS (Instituto Naci-

onal do Seguro Social), no caso de homens, ou 30, no caso de mulheres, não precisam maisesperar por uma idade mínima para conseguir receber o seu benefício. De acordo com umaregra que está na Emenda no 20, de 1998, a reforma da Previdência de Fernando HenriqueCardoso, os trabalhadores que já estavam contribuindo antes de 1998 deveriam ter 53 anos(homens) ou 48 (mulheres) para conseguir a aposentadoria por tempo de contribuição, mesmoque já tivessem contribuído pelo tempo mínimo.

A TNU (Turma Nacional de Uniformização) da Justiça Federal decidiu que essa regrade 1998 não deve ser mais aplicada. Segundo a Justiça, há uma contradição na norma, já que aEmenda no 20 também fala que não deveria existir idade mínima para o pedido de aposentadoriaintegral. No entanto, alguns postos do INSS tinham o entendimento de que a idade mínimadeveria ser usada, negando a aposentadoria a segurados mais jovens. “Existia uma divergência

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de critérios, o que é uma situação esdrúxula”, diz o juiz Edilson Pereira Nobre Jr., da TNU.A decisão da TNU analisou o caso de um segurado do Rio de Janeiro que, em 2003,

tentou se aposentar com 35 anos de contribuição e 48 anos de idade. O pedido foi negado peloINSS. Com essa decisão, que vai orientar as futuras sentenças na Justiça Federal, o segurado vaiconseguir se aposentar com qualquer idade, desde que comprove o tempo de contribuição.

Por exemplo, um segurado que começou a trabalhar com 16 anos de idade poderá, aos51 anos, conseguir a aposentadoria. Para a mulher que começou a trabalhar com 16 anos, obenefício pode ser pago aos 46 anos de idade – após 30 anos de contribuição. “A decisão daTNU é muito positiva, pois acaba com uma exigência desnecessária”, disse a advogadaprevidenciária Daniela Carvalho, do escritório Maluly Jr. Advogados.

Gastos da Previdência podem subir para 23% do PIB

Por Isabel Sobral, de O Estado de S. Paulo, Brasília ,em 1o.05:As despesas da Previdência Social poderão chegar ao equivalente a 23% do Produto

Interno Bruto (PIB) em 2050, caso entrem em vigor os projetos de lei, de autoria do senadorPaulo Paim (PT-RS), que mudam regras de cálculo e correção de aposentadorias. A projeção foiapresentada hoje pelo secretário de Políticas de Previdência, Helmut Schwarzer, ao ConselhoNacional de Previdência Social (CNPS). Segundo o secretário, ao final deste ano, os gastos combenefícios fecharão em torno de 7% do PIB.

Já aprovadas pelo Senado e agora em tramitação na Câmara, as propostas são a extinçãodo fator previdenciário nas aposentadorias por tempo de contribuição; a volta do cálculo daaposentadoria pela média dos últimos três anos de contribuições ao Instituto Nacional do Segu-ro Social (INSS); e a vinculação do reajuste de todos os benefícios aos índices de aumento dosalário-mínimo.

Hoje, para calcular o valor de um pedido de aposentadoria, o fator é aplicado sobre amédia das contribuições feitas ao INSS desde 1994. “As propostas significam, pelo menos,dobrar o nível de despesas previstas na relação com o PIB do País nos próximos 40 anos, e nãovemos qualquer fonte de recursos possível para suportar esse aumento”, afirmou secretário.

Se nenhuma regra existente hoje for alterada, os técnicos esperam um crescimento dasdespesas dos atuais 7% para 11,2% do PIB, em 2050, motivado apenas pelo maior número debenefícios a serem concedidos futuramente. Se forem feitas as três mudanças propostas peloSenado, o ministério projeta que, somadas, provocarão uma elevação das despesas para 23% doPIB, um adicional de mais de doze pontos porcentuais frente ao cenário previsto sem alterações.

“Para se ter um parâmetro de comparação, na Europa hoje, em média, as despesas comtodas as políticas de proteções sociais (inclusive previdência) representam cerca de 30% do PIBdaquela região”, afirmou o secretário.

Governo não tem como financiar reajuste de benefícios do INSS, diz Paulo

Bernardo

Publicou o site do Senado, em 29.04:O ministro do Planejamento, Orçamento e Gestão, Paulo Bernardo, afirmou, em 29.04,

que o governo federal não tem como financiar aumentos de gastos com benefícios do InstitutoNacional de Seguro Social (INSS).

Dois projetos de lei com essa finalidade foram aprovados no início de abril pelo Senado,e encaminhados à Câmara dos Deputados. Enquanto projeto de lei da Câmara (PLC no 42/07),emendado pelo senador Paulo Paim (PT-RS), estende aos benefícios da Previdência Social omesmo percentual de reajuste concedido anualmente ao salário-mínimo, projeto de lei do Sena-

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ANASPS - Associação Nacional dos Servidores da Previdência e da Seguridade Social

do (PLS no 296/03), de autoria de Paim, extingue o “fator previdenciário”, um redutor aplicadono cálculo do valor de aposentadorias e pensões pagas pelo INSS.

Lula reprova aliados no Senado que aprovaram aumento a aposentado. Presi-

dente diz que “não dá para aprovar o que não tem dinheiro para pagar”

Publicou a Folha de S. Paulo, em 25.04:Alegando preocupação com as contas públicas, o presidente Lula criticou seus aliados

no Senado que aprovaram projetos que preveem aumento de gastos na Previdência Social e nasaúde sem que sejam apontadas as fontes para cobrir tais despesas.

A pedido de Lula, a base aliada na Câmara deverá engavetar até depois das eleições oprojeto aprovado no Senado que estimula aposentadorias mais cedo. A proposta é a que acabacom o chamado fator previdenciário e prevê que todos os aposentados, inclusive os que ganhamacima do mínimo, terão o mesmo reajuste anual.

Segundo relatos de deputados e senadores presentes à reunião, o presidente deixouclaro que não abandonará nem o ajuste fiscal nem os investimentos previstos, sobretudo com oPAC. E que, por isso, o governo não tem como pagar o impacto da aprovação dos projetos emquestão.

O primeiro deles estende a aposentados e pensionistas a política de valorização domínimo. O segundo estabelece a extinção do fator previdenciário, mudando a forma de cálculodos benefícios da Previdência.

O terceiro trata da Emenda no 29, que aumenta os repasses obrigatórios da União paraa saúde. Esses projetos foram aprovados no Senado há duas semanas, mas ainda precisam serapreciados pela Câmara.

Na reunião, Lula taxou de irresponsável a atitude dos senadores Paulo Paim (PT-RS) eTião Viana (PT-AC), autores dos projetos aprovados no Senado, e cobrou mais sintonia da basealiada. Disse, segundo relatos de presentes, que “não dá para aprovar o que não tem dinheiro parapagar”. E deixou claro que não quer passar pelo constrangimento de ter de vetar os projetos.

ANASPS mostra os estragos do fator previdenciário nas contas dos aposentados

Em 10.04, a ANASPS considerou inaceitáveis as pressões do governo contra a aprova-ção pela Câmara dos Deputados da proposta, aprovada pelo Senado, que acaba com o fatorprevidenciário.

Acrescentou que o fator previdenciário foi instituído, por pressão do FMI, para, supos-tamente, reduzir o déficit da Previdência, mas nada disto aconteceu. “Muito pelo contrário, nosúltimos dez anos do fator, o déficit da previdência chegou a R$ 236,8 bilhões (10,15% do PIBde 2007), dos quais R$ 190,4 bilhões só na era Lula (8,16% do PIB). Portanto, foi uma baitafarsa aplicada aos segurados e beneficiários da previdenciária!

A ANASPS considerou que a afirmação de que a previdência teve, entre 2000 e 2007,uma economia de R$ 10,1 bilhões “é uma afronta à dignidade dos segurados e beneficiários,duramente penalizados, já que tiveram seus benefícios retardados e achatados por artifícios quedesrespeitaram os direitos adquiridos e rasgaram os seus contratos com o INSS”.

A ANASPS divulgou dados do DatANASPS que mostram o achatamento dos benéfi-cos na concessão, que foram de R$ 304,00 em 2000 (mínimo de R$ 153); R$ 339,81 em 2001(mínimo de R$ 175,00); R$ 379,66 em 2002 (mínimo de R$ 198,00); R$ 451,00 em 2003 (míni-mo de R$ 234,00); R$ 471,65 em 2004 (mínimo de R$ 257,00); R$ 524,70 em 2005 (mínimo deR$ 290,00); R$ 579,10 em 2006 (mínimo de R$ 340,00); R$ 614,76 em 2007 (mínimo de 373,00);e R$ 654,87 em março de 2008 (mínimo de R$ 415,00).

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Outros dados do DatANASPS revelam que o achatamento vem se acentuando namanutenção dos benefícios: em 2000, 19,5 milhões de benefícios, valor médio R$ 274; em 2001,20,0 milhões, valor médio R$ 309; em 2002, 21,1 milhões, valor médio R$ 345; em 2003, 21,8milhões, valor médio R$ 415; em 2004, 23,1 milhões, valor médio R$ 449; em 2005, 23,9 mi-lhões, valor médio R$ 473; em 2006, 24,5 milhões, valor médio R$ 513; em 2007, 25,1 milhões,valor médio R$ 540; em março de 2008, 25,3 milhões, valor médio R$ 579.

Senado estende aos aposentados do INSS reajustes reais do salário-mínimo

Publicou o site da Agência Senado, em 09.04:O plenário do Senado aprovou em 09.04, por unanimidade e em votação simbólica,

projeto (PLC no 42/07) que garante reajustes anuais do salário-mínimo até 2011, recebendosempre a inflação passada acrescida do mesmo percentual do crescimento real da economia dedois anos antes. Os senadores aprovaram uma emenda apresentada pelo senador Paulo Paim(PT-RS) que estende aos aposentados do INSS os mesmos reajustes concedidos ao salário-mínimo. Assim, no dia 1o de fevereiro de 2009 o salário-mínimo e as aposentadorias receberão,além da inflação de 2008, um aumento de 5,4%, que foi o percentual do crescimento do Produ-to Interno Bruto de 2007.

O projeto voltará ao exame dos deputados por causa da emenda de Paulo Paim. Caso aproposta seja aprovada pela Câmara e receba sanção do presidente da República, o governo teráde conceder, de forma retroativa a 1o de março, aumento real aos aposentados do INSS – elesreceberam apenas a reposição referente à inflação.

Durante a discussão da matéria, o senador Aloizio Mercadante (PT-SP) subiu à tribunapara afirmar que o Congresso não podia estender aos aposentados o mesmo aumento real dosalário-mínimo, pois não indicou fonte permanente do novo gasto. Ponderou que se a emendado senador Paulo Paim não for rejeitada pelos deputados e receber sanção do presidente daRepública, haverá novo fato de desequilíbrio das contas da Previdência, hoje com déficit anualpróximo de R$ 44 bilhões.

O projeto original foi apresentado no ano passado pelo governo, depois de negociaçõescom as centrais sindicais e parlamentares da base governista. Com a fixação em lei da fórmula decálculo do salário-mínimo até 2011, o governo quer dar previsibilidade às empresas e aos traba-lhadores, depois de um período em que o mínimo teve aumentos reais substanciais negociadoscom o Congresso. A partir de agora, os reajustes estarão sempre ligados ao crescimento daeconomia.

A proposta estabelece que até o final de março de 2011 o governo enviará ao Congressoprojeto de lei fixando como será a política de valorização do salário-mínimo de 2012 a 2013. Oprojeto determina ainda que o governo constitua um grupo de trabalho, com representantesdos ministérios, das centrais sindicais e de entidades patronais, para definir e acompanhar apolítica para o salário-mínimo.

Paim pede atenção dos deputados aos projetos dos aposentados

Publicou o site da Agência Senado, em 09.04:Após aprovadas no Senado as matérias reivindicadas há anos por aposentados e pensi-

onistas, o senador Paulo Paim (PT-RS) fez um apelo para que os projetos sejam agora analisadoscom atenção e sensibilidade pela Câmara dos Deputados.

“Espero que a Câmara entenda o raciocínio que fizemos aqui, para que os aposentadose pensionistas tenham uma política de recuperação permanente de seus benefícios, assim comoteve o salário-mínimo”, disse o senador.

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ANASPS - Associação Nacional dos Servidores da Previdência e da Seguridade Social

A Emenda apresentada por Paim ao PLC no 42/07, aprovado em 09.04 no Plenário,estende aos benefícios de aposentados e pensionistas a política de reajuste do salário-mínimo até2023. O PLS no 296/03, de autoria do próprio Paim, por sua vez, acaba com o chamado fatorprevidenciário. Requerimento apresentado também pelo senador e aprovado nesta quarta dis-pensou do parecer da Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) o PLS no 58/03, que atualizaos valores das aposentadorias e pensões. Isso permite que a matéria seja enviada à Comissão deAssuntos Sociais (CAS), onde será analisada em decisão terminativa, ou seja, de lá, será remetidadiretamente à Câmara.

Senado aprova extinção do fator previdenciário e modifica forma de calcular

benefícios

Publicou o site da Agência Senado, em 09.04:Em regime de urgência, foi aprovado em 09.04, pelo Plenário, o Projeto de Lei do

Senado (PLS) no 296/03, de autoria de Paulo Paim (PT-RS), que extingue o chamado “fatorprevidenciário” e modifica a forma de cálculo dos benefícios da Previdência Social. Como so-freu alterações, a matéria retornará à Câmara dos Deputados.

Na avaliação do senador, o resgate dos critérios anteriores de cálculo dos benefíciosprevidenciários evitará que o governo utilize a Previdência Social como instrumento de ajustedas contas públicas, em prejuízo dos contribuintes e beneficiários.

O fator previdenciário é calculado considerando, na data de início do benefício, a idadee o tempo de contribuição do segurado, a expectativa média de sobrevida para ambos os sexose uma alíquota de 31%, que equivale à soma da alíquota básica de contribuição da empresa(20%) e da maior alíquota de contribuição do empregado (11%).

Em sua justificação, Paim assinalou que, dependendo do grau de formalização do traba-lhador e de sua evolução salarial, a ampliação gradativa do período básico de cálculo do salário-benefício, com o fator previdenciário, acarreta perda em seu valor, tanto maior quanto maior foressa ampliação.

O senador frisou que essa forma de cálculo é aplicada sob a alegação de se adequar osistema previdenciário aos impactos atuarial e financeiro da evolução demográfica, mas, de fato,tem sido utilizado para diminuir as despesas com benefícios da Previdência Social, principal-mente da aposentadoria por tempo de contribuição, reduzindo seu valor ou retardando suaconcessão.

Entre as distorções no fator previdenciário apontadas por Paulo Paim, destaca-se aintrodução do critério da idade no cálculo da aposentadoria por tempo de contribuição, via leiordinária, critério que já foi derrotado em nível constitucional no Senado.

Previdência. Idade média de quem se aposenta por tempo de contribuição está

estagnada em 53 anos. Brasileiro usa benefício como renda adicional. Esgotado o efeito

do fator previdenciário

Por Marcelo Tokarski, da equipe do Correio, Correio Braziliense, em 10.02:Criado há quase nove anos justamente para retardar os pedidos de aposentadoria por

tempo de contribuição, o fator previdenciário teve seu efeito esgotado. Depois de elevar emcinco anos a idade média de quem requer o benefício (de 48 para 53 anos), o fator já não forçao brasileiro a permanecer mais tempo no mercado de trabalho para ter direito à aposentadoriaintegral. Nos últimos quatro anos, a idade média de quem se aposenta por tempo de contribui-ção está estagnada em torno dos 53 anos.

“Entre 1998 e 1999, quando o fator foi criado, a idade média estava entre 48 e 49 anos.

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Subiu gradativamente e há três ou quatro anos estacionou ao redor dos 53. Muito provavelmen-te, o fator previdenciário não terá impactos adicionais”, reconhece Helmut Schwarzer, secretá-rio de Políticas de Previdência Social do Ministério da Previdência Social. Hoje, a aplicação dofator reduz o valor da aposentadoria de quem está na iniciativa privada e para de trabalhar antesdos 63 anos (veja quadro).

Critérios

Acima de um, o fator eleva o valor do benefício. Em contrapartida, abaixo de um reduza aposentadoria. Segundo a atual tabela, o fator só passa a ficar positivo quando o candidato aobenefício tem 63 anos. Por esses critérios, um homem de 53 anos, com 35 anos de contribuição,pode se aposentar, mais será submetido a um fator igual a 0,679. Na prática, o valor de suaaposentadoria sofrerá uma redução de 32,1%.

Na avaliação do secretário de Políticas de Previdência Social, nem mesmo uma eventualalteração na fórmula de cálculo do fator previdenciário seria suficiente para continuar elevandoa idade média de quem se aposenta. Para Schwarzer, esse fenômeno só voltaria a ocorrer emcaso de aumento do tempo mínimo de contribuição, hoje em 35 anos para os homens e 30 anospara as mulheres. “Se você exigir que as pessoas contribuam por mais tempo, é claro que elas seaposentarão mais tarde. Mas, ainda assim, elas poderão continuar se aposentando antes de com-pletar 65 anos (ou 60 anos, no caso das mulheres)”, afirma.

Por idade

Em compensação, um eventual aumento do tempo mínimo de contribuição não teriagrande impacto sobre a outra modalidade de concessão de aposentadorias, por idade. A leiprevê a concessão do benefício para o homem que completar 65 anos (60 anos no caso dasmulheres), desde que tenha contribuído para a Previdência por no mínimo 15 anos. “Para au-mentar essa idade média (hoje em 60,5 anos), seria preciso elevar, por exemplo, de 15 para 20anos o tempo de contribuição”, explica Helmut Schwarzer.

Outra opção, de acordo com o secretário, seria mudar a fórmula de cálculo do benefí-cio. Hoje, o valor é definido da seguinte maneira: 70% com base nos 80% maiores salários-de-contribuição desde julho de 1994, mais 1% por ano de contribuição, chegando a no máximo100%. “Uma possibilidade seria colocar mais peso no tempo de contribuição. Por exemplo: ser50% com base nos 80% maiores salários, mais 1,5% por ano de contribuição”, afirma o secre-tário. No entanto, ele ressalta que não há qualquer estudo nesse sentido.

MEMÓRIA

Mecanismo criado em 1999

O fator previdenciário foi criado pelo governo Fernando Henrique em novembro de1999, após duas tentativas de promover uma reforma da Previdência que instituísse a idademínima para concessão de todas as aposentadorias, como já existe no setor público.O principalobjetivo da medida era retardar ao máximo a concessão dos benefícios e fazer com que aspessoas permanecessem mais tempo no mercado de trabalho.De um lado, a Previdência pagariaa aposentadoria por menos tempo. De outro, o trabalhador continuaria contribuindo por maistempo.

Os efeitos foram imediatos. A idade média de quem se aposenta por tempo de contri-buição subiu em torno de cinco anos e o volume de concessão do benefício despencou. Em2006, foram 186,9 mil aposentadorias por tempo de contribuição. Nos quatro anos anteriores àinstituição do fator, a média anual era de 339,8 mil.

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INSS vai à Justiça cobrar das empresas gastos com acidentes. Somente em 2007,

o INSS gastou R$ 5,075 bilhões com benefícios previdenciários decorrentes de aciden-

tes de trabalho

Publicou a Gazeta Mercantil, em 19.09:Cada vez mais a legislação aperta o cerco contra empregadores que não atendem às

normas de segurança do trabalho, especialmente no que se refere a evitar expor o empregado ariscos de desenvolver patologias devido ao ambiente de trabalho. Hoje, já é comum ver asempresas responderem por ações judiciais interpostas pelo Instituto Nacional do Seguro Social(INSS), as chamadas ações regressivas.

“Essas ações visam obrigar o empregador a ressarcir o INSS pelos gastos destinados abenefícios acidentários (aposentadoria por invalidez, auxílio-doença, auxílio-acidente ou pensãopor morte) ou decorrentes da prestação de serviços de reabilitação profissional”, explica aadvogada Karla Bernardo, da Pactum Consultoria.

Do ano passado para cá, foram julgadas doze ações regressivas, todas em favor doINSS, que deverá ser ressarcido em R$ 2,455 milhões. “Apenas em Manaus há 31 ações re-gressivas em andamento, sendo que em Londrina são 30 ações interpostas desde 2007, issocomprova o endurecimento do instituto com os empregadores negligentes”, afirma o coor-denador-geral de cobrança e recuperação de crédito da Procuradoria-Geral Federal, AlbertCaravaca.

Somente em 2007, o INSS gastou R$ 5,075 bilhões com benefícios previdenciáriosdecorrentes de acidentes de trabalho. Em 2006, foram R$ 4,387 bilhões. A escalada de aumentocomeçou em 2002. Naquele ano, foram R$ 2,752 bilhões; em 2003, R$ 3,408 bilhões; e em 2004,R$ 4 bilhões. Especialistas consideram que parte desses valores poderão ser restituídos aoscofres da Previdência por meio das ações regressivas, pois teriam ocorrido por negligência doempregador.

As ações regressivas do INSS estão previstas na Lei no 8.213, de 1991, mas somente em2003, com base na Resolução no 1.291 do Conselho Nacional da Previdência Social, empresáriosforam acionados na Justiça pelos gastos destinados a acidentes do trabalho.

Atualmente, o Brasil é o 4o colocado na lista da Organização Internacional do Trabalho(OIT) em acidentes ocupacionais com morte, e ocupa a 15o colocação em números gerais deacidentes do trabalho, que incluem os com morte, com incapacidade permanente e afastamentotemporário. “O empregador tem de acompanhar o estado de saúde do trabalhador para seeximir de qualquer responsabilidade, fazendo exames anuais, como prevê a legislação”, alertaKarla Bernardo.

Segundo informações da Advocacia-Geral da União, em todo o País foram registrados,somente no ano passado, 503.890 acidentes, sendo que a maioria (47%) foi identificada no setorindustrial, que soma, aproximadamente, 237.188 acidentes. Em segundo lugar, está o setor deserviços que é responsável por 45% dos acidentes no trabalho. Em outubro, o Ministério da

Benefícios Acidentários

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Previdência Social deverá publicar um novo balanço indicando os gastos com a saúde do traba-lhador, bem como estatísticas de doenças ocupacionais e que setores são os mais afetados.

Empresas terão de arcar com custos do INSS

Por Felipe Recondo, de O Estado de S. Paulo, Brasília, em 07.09:Uma série de decisões judiciais movidas pela Advocacia-Geral da União (AGU) tem

obrigado as empresas que não cumprem normas de segurança a devolver aos cofres públicos odinheiro gasto pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) com o pagamento de benefíciospor acidente de trabalho.

Somente no Amazonas, onde as ações estão adiantadas, a Justiça condenou empresas adevolverem R$ 4,683 milhões aos cofres públicos neste ano. Outras 20 ações aguardam julga-mento e podem render à União mais R$ 10 milhões.

A mais recente decisão da Justiça no Amazonas condenou a Igreja Universal do Reinode Deus (Iurd) a pagar todos os gastos do INSS com auxílio-doença e acidente de um serventeque se acidentou ao manusear uma serra elétrica de bancada. A Igreja terá de pagar R$ 9 milmais as parcelas a vencer do benefício, estimadas em R$ 160 mil.

As ações da AGU tentam vedar um ralo nas contas públicas e diminuir a quantidade deacidentes, que aumenta ano a ano. No ano passado, os benefícios pagos pelo INSS somaram R$5,075 bilhões, em mais de 503 mil acidentes de trabalho. Em 2006, o INSS gastou R$ 4,387bilhões com 499 mil acidentes.

Em São Paulo, Estado que responde por aproximadamente 40% do total de acidentesde trabalho do País, as ações ainda não foram movidas por falta de condições técnicas da AGU.

Nos próximos meses, porém, esses processos começarão a chegar à Justiça. Uma dasprimeiras deve atingir as construtoras Odebrecht, OAS, Camargo Corrêa, Queiroz Galvão eAndrade Gutierrez, que compõem o Consórcio Via Amarela, responsável pela construção daLinha 4-Amarela, onde sete pessoas morreram no acidente na Estação Pinheiros, em janeiro de2007.

Em Londrina (PR), a AGU pode reaver, em 30 ações, cerca de R$ 15 milhões. Outras 70ações devem ser propostas nos próximos meses e podem render R$ 45 milhões. A maior parteenvolve empresas da construção civil, do setor bancário, de supermercados e do comércio.

STF garante aposentadoria especial por trabalho insalubre

Em 1o.07, o Plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) garantiu o direito a aposenta-doria especial a Carlos Humberto Marques por exercer trabalho em ambiente insalubre, en-quanto servidor da Fundação Oswaldo Cruz, no Rio de Janeiro. O caso foi debatido no Manda-do de Injunção (MI) no 758.

O relator, ministro Marco Aurélio, lembrou que o STF já tem precedentes em quedetermina a aplicação da Lei no 8.213/93 “ante a inércia do Congresso Nacional” em legislarsobre o tema. A lei trata dos planos de benefícios da Previdência Social.

Ao votar pela concessão da aposentadoria, o ministro reconheceu o direito de CarlosHumberto ter a contagem de tempo de serviço diferenciada. “Julgo procedente o pedido for-mulado para, de forma mandamental, assentar o direito do impetrante à contagem diferenciadado tempo de serviço em decorrência de atividade em trabalho insalubre”, afirmou o ministro.

A decisão foi unânime e o ministro Carlos Ayres Britto reforçou dizendo que “esse éum caso típico de preenchimento de uma lacuna legislativa pelo Poder Judiciário em se tratandode direito constitucionalmente assegurado”. Ou seja, é um direito garantido pela ConstituiçãoFederal, mas que ainda depende de regulamentação por parte do Congresso Nacional.

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Acidentes de Trabalho. O Brasil gasta 4% do PIB. Anuário da Previdência Social

mostra que o número de ocorrências cresceu 84,25% de 2005 para 2006. Pelas estatísticas,

um trabalhador morre a cada três horas. Há oito anos dados não são repassados à OIT

Por Luciana Navarro, da equipe do Correio, Correio Brazíliense, em 28.04:Com números piores, as estatísticas de acidentes de trabalho brasileiras refletem uma

triste realidade. De acordo com o Anuário da Previdência Social de 2006, último a ser publicado,a quantidade de acidentes subiu 84,25% em relação a 2005. Para o governo, isso sai caro. Foramgastos R$ 10,7 bilhões, 4% do Produto Interno Bruto (PIB), o conjunto de todas as riquezasproduzidas pelo país.

Esse resultado, no entanto, é ignorado pela Organização Internacional do Trabalho(OIT), cujo relatório analisado pelo Correio traz informações apenas de oito anos atrás. Osdados da entidade não levam em conta todos os acidentes ocorridos desde então. Segundo anumeralha oficial brasileira, ocorre um acidente de trabalho por minuto no país e, a cada trêshoras, morre um trabalhador. O número de acidentes típicos e de trajeto, percurso de ida e voltapara a empresa, aumentou 1,2% e 8,8% em 2006 quando comparado ao ano anterior. As doen-ças de trabalho e os óbitos, no entanto, caíram 19,5% e 2,5%, respectivamente. Das 26,6 mildoenças registradas, 45% delas envolvem mãos, braços, antebraços, punhos, dedos e ombros(veja quadro).

Helmut Schwarzer, secretário de Políticas de Previdência Social, alerta para a possibili-dade de crescimento das estatísticas daqui para a frente. Isso, no entanto, não refletirá, necessa-riamente, uma expansão do número de acidentes. Por conta do novo modelo de registro adota-do pelo governo desde 1o de abril do ano passado, o Nexo Técnico Epidemiológico (NTE), querelaciona as atividades econômicas com as principais doenças e riscos para a saúde, muitosproblemas que antes não eram classificados como consequência do trabalho passarão a serassim descritos.

Novas regras

Outra mudança prevista pelo governoé o chamado fator acidentário. As empresas se-rão divididas conforme uma tabela de classifi-cação de risco, elaborada de acordo com a quan-tidade de acidentes registrada por cada setor deatividade econômica. O pagamento do Segurode Acidente de Trabalho (SAT) será feito se-gundo essa classificação que, este ano, era parater entrado em vigor, mas foi adiada para 2009.A implantação do NET e do novo sistema decobrança do SAT deve reduzir a quantidade deacidentes de trabalho a médio prazo.

Dados da OIT colocam o Brasil emquarto lugar em relação ao número de aciden-tes com mortes no mundo. O país perde apenaspara a China, com 14,9 mil óbitos, EstadosUnidos, com 5,7 mil e Rússia, com 3 mil. Asestatísticas brasileiras poderiam ser ainda pioresse os cálculos do governo levassem em consi-deração o mercado informal, onde atua mais dametade dos trabalhadores.

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Registro de doenças ocupacionais

cresce 134%

Por Arnaldo Galvão, do Valor Econômi-

co, de Brasília, em 08.04:O registro de doenças ocupacionais deu

um salto nos últimos 11 meses. As notificaçõesde doenças do sistema osteomuscular, nas quaisse incluem as lesões por esforço repetitivo (LER)e que representam 84,77% do total de doençasdo trabalho, aumentaram 512,3%, segundo da-dos do Ministério da Previdência.

A impressionante variação é creditadaao Nexo Técnico EpidemiológicoPrevidenciário (NTEP), mecanis-mo que relaciona determinadadoença às atividades nas quais amoléstia ocorre com maior inci-dência. Em vigor desde abril doano passado, o nexo obriga a pe-rícia do Instituto Nacional do Se-guro Social (INSS) a aplicar umalista que relaciona cada uma dasprofissões às doenças de maiorincidência na atividade. Como re-sultado, dessa correlação, a doen-ça é classificada automaticamente como ocupacional. Assim, o que aconteceu, preponderante-mente, não foi um maior número de casos de doenças, mas uma elevação no volume de molés-tias classificadas como ocupacionais.

Para medir o efeito do nexo epidemiológico, o ministério comparou o número de mo-léstias ocupacionais registradas nos 11 meses antes (maio de 2006 a março de 2007) e depois(abril de 2007 a fevereiro de 2008) da adoção da regra. O maior salto é no capítulo do CódigoInternacional de Doenças (CID) referente às doenças infecciosas e parasitárias: 3.701%. De-pois, vem a alta no grupo dos tumores (2.102%), seguido pelas doenças do aparelho circulatório(1.406%). No total, o aumento foi de 134%.

Para a Previdência, o salto revela que, antes do novo mecanismo, grande parte dasdoenças ocupacionais era anteriormente classificada como moléstias comuns, sem relação como trabalho. O diretor de Saúde Ocupacional do Ministério da Previdência, Remígio Todeschini,diz que o nexo vem mostrando a deliberada conduta anterior das empresas em tratar as molés-tias como comuns e não notificar as doenças como ocupacionais. Na prática, isso acontece coma emissão da Comunicação de Acidente do Trabalho (CAT).

“O NTEP é uma boa radiografia do ambiente de trabalho e revela a enormesubnotificação. Antes dele, em 2006, a média era de 30 mil notificações por ano. Depois dele,saltou para 144 mil”, diz o diretor.

O nexo, segundo ele, dá mais clareza sobre onde estão adoecendo os trabalhadores equais são as políticas públicas necessárias.

A Previdência tem um gasto bilionário com o pagamento de benefícios acidentários –principalmente auxílio-doença – e aposentadorias especiais concedidas em decorrência de ambi-

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entes insalubres, perigosos e penosos. Em 2005, a despesa foi de R$ 9,83 bilhões. Em 2007,subiu para R$ 10,72 bilhões. O aumento dos registros como acidentários (relacionados à profis-são) não indica que a conta da Previdência vai crescer na mesma velocidade. Esses auxílios jáeram pagos, mas como benefícios “previdenciários”, como se a doença fosse comum.

O diretor comparou os números de 2006 da Relação Anual de Informações Sociais(Rais) – detalhamento do emprego formal – com os acidentes registrados nas Comunicações deAcidentes de Trabalho (CATs) naquele ano e concluiu que, proporcionalmente, a faixa etáriamais exposta a acidentes foi de trabalhadores até 19 anos. Em números absolutos, a faixa foi a de30 a 35 anos.

Esse cruzamento entre os números da Rais e das CATs, em 2006, também mostra queo setor com mais ocorrências no âmbito da saúde ocupacional foi o dos serviços industriais deutilidade pública. Naquele ano, nos 344.365 postos de trabalho, foram levadas ao INSS 12.302CATs. Nessa classificação, seguem-se, em ordem decrescente: indústria de transformação, extra-ção mineral, agropecuária, construção civil, serviços, comércio e administração pública.

Com a evolução do nexo, a Previdência vai definir o Fator Acidentário de Prevenção(FAP) que passa a valer no ano que vem. Atualmente, as empresas recolhem de 1% a 3% dovalor de suas folhas de pagamento como a contribuição ao Seguro Acidente Trabalho (SAT). Oobjetivo é premiar a empresa que investir em segurança e reduzir suas ocorrências. Nesse caso,ela vai pagar contribuição menor ao SAT.

Por meio do FAP, o critério será por empresa e a contribuição ao seguro será de 0,5%até 6% da folha de pagamentos. Hoje, o critério setorial, pela Classificação Nacional de Ativida-des Econômicas (CNAE) e vai de 1% a 3% da folha. Mas a mudança provocada pelo FAP teráo teto equivalente ao dobro do percentual pago atualmente. Portanto, não vai haver o salto de1% para 6% nessa contribuição.

Todeschini recomenda que, em benefício próprio e dos seus trabalhadores, as empresasdevem aperfeiçoar seus programas de prevenção, prestigiar a Comissão Interna de Prevenção deAcidentes (Cipa) e fomentar a cultura permanente da educação e da prevenção. Mas ele tambémreconhece que o governo tem muito a realizar. Como exemplo, cita a retomada da PolíticaNacional de Segurança e Saúde do Trabalhador, que deve articular ações de três ministérios:Trabalho, Previdência e Saúde.

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Outra falha do governo, na opinião de Todeschini, é a insuficiente estrutura de fiscali-zação. Numa comparação que ele chama de “grosseira”, a Alemanha tinha, em 1992, populaçãoeconomicamente ativa (PEA) de 45 milhões de pessoas e aproximadamente cinco mil fiscais dotrabalho. No Brasil, a PEA atual é de 90 milhões de pessoas, mas há apenas 3,8 mil fiscais. Umagravante da situação brasileira é a alta informalidade da economia que exclui milhões de traba-lhadores das redes de proteção previdenciária.

Cresce 89% aposentadoria por invalidez

Por Viviane Monteiro, da Gazeta Mercantil, Brasília, em 18.03:O Ministério da Previdência Social registrou no início do ano o afastamento de mais de

16 mil pessoas por falta de capacidade de voltar ao trabalho. Assim, o número de aposentadospor invalidez cresceu 89,32%, chegando a 16,992 mil, ante os 8,975 mil de igual mês de 2007. Ainformação foi dada pelo diretor de saúde ocupacional do Ministério da Previdência Social,Remígio Todeschini.

Segundo ele, o resultado está dentro da programação do ministério para o período, emdecorrência do número de pessoas que se encontravam na lista da perícia médica programadapelo INSS. “Essas pessoas foram analisadas pelos peritos do INSS, que constataram a falta decondições delas para voltar ao trabalhar”, diz Todeschini, sem revelar o número total de pessoasque nos últimos dois anos estavam na lista da perícia programada.

A entrada das 16,9 mil pessoas na lista de aposentados por invalidez, entretanto, nãodeve se refletir em novas despesas da Previdência Social. Pois, segundo Todeschini, os gastosserão os mesmos que saíam do caixa do INSS para o pagamento de auxílio-doença para taispessoas. “Essas pessoas saem da conta auxílio-doença e vão para a lista de aposentadorias porinvalidez.”

Ele garante que o governo vem fazendo sua parte, concedendo benefício permanentequando constata que a pessoa não tem mais nenhuma capacidade física de voltar ao trabalho.Em 2007, o governo desembolsou R$ 13,6 bilhões para o pagamento de auxílios-doença porincapacidade de trabalho, o equivalente a 1,382 milhão de pessoas. A cifra é 5,4% maior àregistrada um ano atrás, quando chegou a R$ 12,9 bilhões e beneficiou 1,569 milhão de pessoas.

Para Todeschini, o Ministério do Trabalho precisa aumentar a fiscalização dentro dasempresas, que demitem o funcionário com perda de capacidade laboral. Em 2007, cerca de61,94 mil pessoas entraram no processo de reabilitação profissional, das quais apenas 21,5 milpessoas foram reabilitadas, o equivalente a 34,78% do total. “É preciso continuar dando priori-dade à questão de reabilitação para que as pessoas possam voltar ao mercado de trabalho”, disse.“A previdência está dando prioridade à melhora da saúde para que a pessoa possa voltar aomercado”, emendou.

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CCJ aprova renúncia à aposentadoria

Em 17.10, a Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJ), da Câmara dosDeputados, aprovou, em caráter conclusivo, o substitutivo da Comissão de Seguridade Social eFamília ao Projeto de Lei no 7.154/02, do deputado Inaldo Leitão (PL-PB), que assegura o direitode renúncia à aposentadoria concedida pelo Regime Geral de Previdência Social, por outro bene-fício mais vantajoso. O projeto acrescenta parágrafo único ao art. 54 da Lei no 8.213/91.

A votação seguiu parecer do relator, deputado Maurício Rands (PT-PE), que apresen-tou subemenda substitutiva para a redação final. Para o tempo de contribuição da aposentadoriarenunciada passar ao outro benefício, será necessário comprovar o recolhimento das contribui-ções relativas ao período que se deseja declarar, com acréscimos previstos em lei.

O autor do projeto explica que a iniciativa corrige equívocos cometidos pelos órgãos daPrevidência Social, que, com base na ausência de previsão legal, indeferem o direito de renúnciaà aposentadoria já concedida por tempo de contribuição e à aposentadoria especial.

Lula sanciona, com vetos, licença-maternidade maior. Afastamento poderá ser

de 6 meses, com isenção fiscal para empresas que aderirem; integrantes do Simples são

excluídos

Por Cristiane Jungblut, de O Globo, em 10.09:Brasília – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva sancionou, com dois vetos, a lei que

permite a ampliação de quatro para seis meses a licença-maternidade. A ampliação da licençanão é obrigatória, mas por adesão. As empresas poderão optar se concederão ou não o afasta-mento da mulher por tempo maior em troca de dedução no Imposto de Renda. Mas o primeiroveto de Lula praticamente exclui a participação das empresas integrantes do Simples do progra-ma que permite a licença de seis meses.

Por recomendação da área econômica, foi retirado do texto o artigo que dava incentivofiscal às empresas integrantes do Simples – sistema simplificado de cobrança de tributos – queaderirem ao programa. O texto vetado permitiria que as empresas do Simples descontassem doImposto de Renda os gastos com os dois meses adicionais de licença-maternidade. A justifica-tiva é que as empresas do Simples já pagam um imposto especial, bem menor, e não o IR. Paraos técnicos, seria impossível essas empresas descontarem esses gastos, pois já são beneficiadascom carga tributária menor.

O segundo veto foi pedido pelo Ministério da Previdência, por considerar que o textocriaria uma contribuição previdenciária fictícia, o que seria inconstitucional. O texto estabeleciaque a empresa deixava de recolher a contribuição previdenciária, mas permitia que a trabalhado-ra contasse o tempo para aposentadoria. Com o veto, as empresas continuam obrigadas a reco-lher a contribuição previdenciária patronal e, consequentemente, o tempo poderá ser contadopara a aposentadoria da mulher.

A lei sancionada prevê isenção fiscal para as empresas que concederem o benefício. A

Benefícios Previdenciários

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adesão das empresas é facultativa ao chamado programa Empresa Cidadã. Podem aderir aoEmpresa Cidadã empresas da iniciativa privada e órgãos da administração pública direta, indire-ta e fundacional.

Regra só entrará em vigor na iniciativa privada em 2010

As novas regras podem ser aplicadas imediatamente para as servidoras públicas, mas sódeverão entrar em vigor para a iniciativa privada em 2010. Isso porque qualquer renúncia fiscaltem que estar prevista no Orçamento.

A empresa poderá abater do Imposto de Renda os dois meses de licença extra pagos àtrabalhadora. Hoje, os quatro meses de licença-maternidade custam mais de R$ 2 bilhões àPrevidência. A empresa paga o salário, mas depois compensa no recolhimento da contribuiçãoprevidenciária. Trabalhadoras autônomas e empregadas domésticas não terão direito ao benefí-cio. O setor empresarial resiste à proposta.

O Ministério da Fazenda tentou fazer com que Lula vetasse a lei na íntegra, reclamandoque trará perda de R$ 800 milhões anuais na arrecadação federal, devido à isenção fiscal.

Hoje, a licença é de quatro meses, com o salário sendo bancado pelo INSS, e trabalha-dora e empresário pagando as respectivas contribuições previdenciárias. Já nos dois meses adi-cionais da licença-maternidade, quem banca o salário é o empregador, que descontará os gastosposteriormente no IR da empresa.

Previdência quer recursos do pré-sal para aposentadoria rural

Por Natuza Nery, da Reuters, em 27.08:O ministro da Previdência Social, Fernando Pimentel, disse nesta quarta-feira que está

trabalhando para que os recursos gerados com a exploração do petróleo sob a camada pré-salajudem, no futuro, a reduzir o déficit da previdência rural.

“Continua sendo do Tesouro, mas uma parte dos recursos poderia vir do pré-sal”,reivindicou o ministro em entrevista a jornalistas. “Nós estamos trabalhando para que parte dosrecursos do pré-sal vá para a previdência rural”, reforçou.

Desde a Constituição de 1988, os benefícios rurais deixaram de ser consideradosassistenciais e passaram ao status de previdenciários, subsidiados pelo governo.

Até julho, a previdência social urbana registrava um superávit de 461 milhões de reais,segundo o Ministério da Previdência, enquanto a previdência rural tinha uma necessidade definanciamento (déficit) de 2,6 bilhões de reais.

“Enquanto a previdência urbana arrecadou até julho 12,8 bilhões de reais para paga-mento de benefícios de 12,3 bilhões de reais, a rural arrecadou 426 milhões de reais para pagarbenefícios de 3 bilhões de reais”, informou a assessoria do ministério.

A discussão sobre a destinação dos recursos do petróleo que será extraído da camadapré-sal, uma faixa que se estende do Espírito Santo a Santa Catarina e que pode conter bilhõesde barris de petróleo, está no âmbito de uma comissão interministerial, que deve apresentar umaproposta ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva em setembro.

Lula diz que vai sancionar ampliação da licença-maternidade para 6 meses.

Equipe econômica, porém, alertou para aumento de custos e renúncia fiscal

Em 21.08, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que vai sancionar o projeto de leique estende para seis meses o período de licença-maternidade.

A recomendação para que vetasse partiu do ministro da Fazenda, Guido Mantega, ale-gando que o benefício custaria R$ 800 milhões em renúncia fiscal aos cofres da União.

“Vou sancionar. Não sei quem disse que vou vetar. Estou achando muito engraçado acapacidade de adivinhação de coisas que eu não digo.”

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Ao contrário do que afirma a equipe econômica, Lula negou que a medida vá afetar aeconomia.

Ele endossou as informações repassadas pelo ministro da Previdência, José Pimentel(PT), que o acompanhava em solenidade de inaugurações no Porto do Pecém (CE), e afirmouque a renúncia vai envolver cerca de 200 grandes empresas – e ainda assim será repartida comEstados e Municípios.

O impacto seria menor do que o previsto pelo Ministério da Fazenda por causa daspequenas e médias empresas optantes do Simples que “não têm imposto de renda direto”.

O presidente destacou a importância do benefício dizendo que, ao permanecerem maistempo perto de suas mães, as crianças adoecem menos, o que acaba representando uma econo-mia de gastos com a saúde: “Penso que a gente vai investir para cuidar das mulheres no pós-parto. Vai ficar mais barato do que a quantidade de crianças que, por falta de a mãe poder cuidar,ficam doentes e precisam de hospital”.

Aprovado pela Câmara no dia 13, o projeto oferece incentivo fiscal às empresas queoptarem por estender a licença dos atuais quatro meses para seis. O benefício valerá automatica-mente para as servidoras federais após a sanção. No setor privado, entretanto, só entrará emvigor em 2010.

INSS deixa de contabilizar R$ 1 bi ao ano em benefícios

Por Gilmara Santos, Gazeta Mercantil, de 20.08A Previdência Social deixa de repassar mais de R$ 1 bilhão por ano no cálculo de

aposentadoria ou outros benefícios de trabalhadores que ganham demandas judiciais ou fazemacordo na Justiça. Atualmente, para ter o valor ganho no Judiciário incorporado ao cálculo, otrabalhador tem que recorrer à Justiça Federal. “O valor recolhido pelas empresas em demandasjudiciais ao empregado não repercutem no cálculo da aposentadoria”, diz o advogado SólonCunha, do Machado, Meyer, Sendacz e Opice Advogados. Um projeto de lei encaminhado pelopresidente Luiz Inácio Lula da Silva no final de maio pode mudar essa situação.

De acordo com o projeto, o segurado que ganhar ação na Justiça do Trabalho poderácomprovar mais facilmente seu tempo de serviço junto à Previdência Social. Atualmente, segun-do informações da assessoria de imprensa da Previdência, o INSS só contabiliza o tempo decontribuição que tenha base em prova documental. Ou seja, cartões de ponto, carteira de traba-lho ou algo semelhante. Como, em muitos casos, os direitos na Justiça do Trabalho são reconhe-cidos com base em prova testemunhal, o trabalhador só terá esse valor incorporado ao cálculoprevidenciário se recorrer à Justiça Federal.

Extensão da licença-maternidade terá impacto de R$ 1 bi

Por Luciana Navarro e Marcelo Tokarski, do Correio Braziliense, em 15.08:A extensão da licença-maternidade dos atuais quatro para seis meses – prevista no

Projeto de Lei no 2.513, aprovado pelo Congresso na última quarta-feira – causaria um impactode aproximadamente R$ 1 bilhão nos cofres públicos, caso fossem beneficiadas as cerca de 820mil mulheres que todos os anos se afastam do trabalho por causa do nascimento de um filho. Deacordo com cálculos do Ministério da Previdência Social, em torno de 70% desse custo se dariana forma de renúncia fiscal. Os 30% restantes seriam custeados pelos regimes próprios dePrevidência da União, dos Estados e dos Municípios.

No entanto, o impacto fiscal deve ser bem menor. Isso porque, caso a lei seja mesmosancionada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a concessão da licença de 180 dias seráopcional. Para isso, o empregador terá que aderir ao Programa Empresa Cidadã. Pelas regras

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aprovadas, o patrão pagará o salário da mãe durante os dois meses adicionais, mas poderá abaterintegralmente o valor do Imposto de Renda devido à União. O problema é justamente esse. Asmicro e pequenas empresas, que empregam mais de 90% da mão de obra do país, alegam terdificuldades para aderir à legislação.

“As pequenas empresas não têm capital de giro para custear o salário durante esses doismeses e só abater do IR um ano depois. A saída seria pegar um empréstimo, mas o custo (taxade juros) é muito elevado. A adesão (ao programa) deve ser muito limitada”, aposta CarlosThadeu de Freitas, economista chefe da Confederação Nacional do Comércio (CNC).

“O problema é justamente esse. O pequeno empresário não tem cacife para custeardois salários (da mulher licenciada e de sua substituta temporária) ao mesmo tempo”, ressalta ovice-presidente da Federação do Comércio do Distrito Federal, Miguel Setembrino. “A lei é boa,mas dificilmente a adesão será grande nas pequenas empresas.” A presidente da AssociaçãoComercial do DF (ACDF), Danielle Bastos, teme que a medida atrapalhe a contratação demulheres no varejo local. “Aqui se trata de empresas pequenas que só contratam quem é neces-sário. Ficar sem uma funcionária por mais dois meses pode ser prejudicial”, pondera.

Depois de sancionada a lei, o governo terá 60 dias para regulamentar a nova licença.Nesse prazo, a União deve decidir se vai oferecer o benefício a servidoras públicas – a lei apro-vada não obriga. Ontem, a Casa Civil da Presidência da República informou que o assunto aindaserá discutido pelos ministérios do Planejamento, da Previdência e do Trabalho.

Previdência quer aposentadoria automática. Intenção é iniciar concessão de

benefícios em 2010; no ano que vem, aposentadoria urbana por idade deve passar a ser

automática, diz ministro

Por Julianna Sofia, da sucursal de Brasília, Folha de S. Paulo, 03.08:A partir de janeiro do próximo ano, o Ministério da Previdência vai promover uma

espécie de recadastramento dos trabalhadores ativos cujos dados estejam incompletos no CNIS(Cadastro Nacional de Informações Sociais). Com a inclusão das informações, a pasta esperacobrir todos os furos de seu cadastro para permitir, a partir de 2010, a concessão automática deaposentadorias por tempo de contribuição.

O ministro da Previdência, José Pimentel, informou que, já em 2009, o governo preten-de passar a conceder automaticamente as aposentadorias urbanas por idade – benefícios desti-nados a quem completa 65/60 anos (homem/mulher). Pimentel antecipou à Folha que a Previ-dência buscará, inicialmente, as empresas para obter as informações. Em seguida, serão procu-rados os próprios trabalhadores.

“Neste segundo semestre, estamos cruzando o CNIS com outros cadastros. Em 2009,vamos procurar as empresas para preencher as lacunas que ainda estiverem faltando. Em umsegundo momento, procuraremos os próprios trabalhadores”, afirmou o ministro da Previdên-cia. Atualmente, existem 37 milhões de trabalhadores inscritos na Previdência, dos quais 82%estão nas cidades, e o restante, no campo.

A concessão automática de aposentadorias depende de mudanças legais. Pimentel jáhavia anunciado que o governo pretende enviar neste mês ao Congresso um projeto de lei comas alterações. À Folha ele admitiu que as mudanças podem ser feitas por medida provisória. “Opresidente me deu carta branca para discutir com o Congresso e chegar à melhor forma: projetode lei ou medida provisória”, afirmou.

Pimentel diz estar otimista quanto à rapidez na implementação das mudanças. Para ele,mesmo que as alterações sejam encaminhadas ao Legislativo por projeto de lei, não há motivospara resistências por parte dos parlamentares, já que se trata de um assunto de interesse de todos

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os trabalhadores.Prova

As mudanças na legislação previdenciária visam inverter o chamado “ônus da prova” naconcessão de benefícios. Hoje, os trabalhadores são obrigados a comprovar com documentos otempo trabalhado. Com o CNIS atualizado, a Previdência dispensará o trabalhador dessa obri-gação, e o benefício poderá ser concedido automaticamente com base nas informações cadastraisdo segurado sobre toda a sua vida profissional.

De acordo com o ministro, o CNIS tem informações certificadas somente de julho de1994 até hoje. Os dados anteriores ainda estão passando pelo processo de cruzamento comoutros bancos de informação do governo, entre eles os da Receita Federal, da Caixa EconômicaFederal, da Justiça Eleitoral e do Ministério do Trabalho.

Pimentel explicou que a concessão automática da aposentadoria por idade virá maisrápido porque utilizará as informações já validadas do CNIS. Pelas regras atuais, para o trabalha-dor ter direito à aposentadoria por idade, basta ter contribuído 13 anos e seis meses para aPrevidência. Ou seja, o tempo requerido para o benefício abrange o período após julho de 1994.

Já a aposentadoria por tempo de contribuição exige que o trabalhador tenha recolhidopara a Previdência por 35/30 anos (homem/mulher). “Para a concessão automática desses be-nefícios, precisamos homologar as informações do CNIS desde 1976 (ano de criação do cadas-tro)”, disse o ministro.

Rurais

Pimentel disse ainda que será editado um decreto definindo os nomes das entidadesque ajudarão o governo a iniciar um processo de cadastramento de trabalhadores rurais, pesca-dores artesanais e extrativistas.

“O Incra deverá entrar nos fornecendo todas as titulações de pequenas propriedades. Osistema financeiro passará os dados da agricultura familiar (Pronaf)”, exemplificou.

Outra mudança legal que o ministro proporá ao Congresso é a separação da contabili-dade da Previdência, segregando as aposentadorias rurais das urbanas. A medida terá efeitosapenas contábeis, já que os trabalhadores rurais continuarão sob as regras previdenciárias.

Benefícios do INSS serão liberados sem comprovação

Por Arnaldo Galvão, do Valor Econômico, em 03.07:O governo vai enviar ao Congresso projeto de lei que inverte o ônus da prova na

concessão de benefícios previdenciários. Dessa maneira, é o INSS que terá de provar que umapessoa não tem direito a aposentar-se ou, por exemplo, não tem direito a receber salário-mater-nidade ou pensão por morte. Para viabilizar essa mudança, a Dataprev terá de certificar seubanco de dados e restaurar os registros de 1976 a 1994. A base para o deferimento será oCadastro Nacional de Informações Sociais (CNIS). Essa é uma das propostas que não obtive-ram consenso de representantes dos empresários, dos trabalhadores e do governo no FórumNacional da Previdência Social, mas serão defendidas pelo Executivo no Congresso.

O novo ministro da Previdência, José Pimentel, informa que outras propostas tambémvão mudar o perfil da Previdência durante sua gestão. Ele se refere a outro projeto que vai proporaos parlamentares – a separação das contabilidades rural e urbana no Regime Geral da PrevidênciaSocial (RGPS). O objetivo, segundo o ministro, é dar mais transparência às contas e deixar explíci-to que há forte subsídio na área rural, mas, na área urbana, a tendência é de superávit.

Pimentel revela que está na Casa Civil o projeto de recriação da Superintendência dePrevidência Complementar (Previc). A ideia é dar mais autonomia e estrutura para essa autarquiapoder regular e fiscalizar melhor os 396 fundos de pensão fechados que têm de administrar

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patrimônio de R$ 457,6 bilhões. O texto já recebeu o sinal verde da Advocacia-Geral da Uniãoe do Ministério da Fazenda.

Além desses três pontos, Pimentel deixou claro que a desoneração da folha de paga-mento e o teto para o aumento das despesas de pessoal da União estão sem perspectiva de seremaprovados rapidamente. No caso da desoneração, disse que, sem determinar a substituição dosrecursos que serão retirados da Previdência, nada vai andar. O ministro também afirmou que98% das empresas industriais e comerciais já estão no regime do Simples Nacional e, portanto,já têm desoneração da folha. No comércio, essa fatia cai para 75%.

No lado da disciplina fiscal do Estado, Pimentel informou que o projeto que limita oaumento das despesas da União com pessoal – ele era o relator – está com sua tramitaçãosuspensa até que o governo conclua as negociações salariais com os funcionários públicos, o quedeve ocorrer nesta semana.

Nascido em Picos, no Piauí, o novo ministro da Previdência deixou seu quarto mandatode deputado federal, pelo Ceará, para substituir, em 11 de junho, o também petista Luiz Mari-nho. Antes da Câmara, foi diretor jurídico do sindicato dos bancários do Ceará. A seguir, osprincipais trechos da entrevista:

Valor: Ministro, como e quando o sr. irá encaminhar as propostas discutidas no FórumNacional de Previdência Social?

José Pimentel: Estamos terminando de formatar um projeto de lei que inverte o ônus daprova em benefício do contribuinte da Previdência. Quando ele pedir sua aposentadoria, não vaimais precisar levar documentos que comprovem esse direito. Para isso, o Cadastro Nacional deInformações Sociais (CNIS) vai ser consultado. Temos de adaptar o banco de dados da Dataprevpara que as aposentadorias por idade e por tempo de contribuição sejam processadas. Os regis-tros de 1994 até hoje serão certificados. Numa segunda etapa, o período de 1976 a junho de1994 terá recomposição de dados, mas muita coisa já está processada. O objetivo é encerrar ostrabalhos em dezembro de 2009.

Valor: Somente para esses dois benefícios?Pimentel: Também valerá para aposentadorias especiais, salário-família, salário-materni-

dade, auxílio-reclusão e pensão por morte. Auxílio-doença e auxílio-acidente de trabalho conti-nuarão como estão. Na terça-feira, deveremos enviar o projeto para os outros ministérios.

Valor: Há outros projetos do fórum aos quais o ministério está dando sequência?Pimentel: Posso citar a proposta, já enviada ao Congresso, que retira do âmbito da Previ-

dência os certificados de entidade filantrópica. Outro projeto, cuja análise na Previdência estásendo concluída, separa as contabilidades rural e urbana no Regime Geral da Previdência Social(RGPS). É uma posição defendida pelo ministério há algum tempo para dar mais transparênciaaos números e deixar claro para a sociedade quais são as renúncias e as fontes de financiamento.A área rural é fortemente subsidiada, como acontece em muitos países. Na área urbana, a pers-pectiva é a de chegar ao superávit. Até o fim de julho, vamos concluir as análises na Previdência.

Valor: O que vai mudar no âmbito da previdência complementar?Pimentel: Vamos propor a recriação da Superintendência Nacional da Previdência Com-

plementar (Previc). Ela já foi criada por medida provisória, mas o tema não foi aprovado noCongresso. Agora, o texto do projeto já saiu da Previdência e recebeu o sinal verde do Ministé-rio da Fazenda e da Advocacia-Geral da União (AGU). Desde 1o de junho ele está na Casa Civil,e trabalhamos para que seja levado rapidamente ao Legislativo. O objetivo é transformar aSecretaria de Previdência Complementar em autarquia com maior autonomia e estrutura. Refor-çada, ela poderá fiscalizar e regular uma indústria de 369 fundos de pensão fechados, que admi-nistra ativos avaliados em R$ 457,6 bilhões.

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Valor: Como estão os julgamentos de recursos das entidades filantrópicas?Pimentel: Temos a obrigação de julgar cerca de 2 mil processos, mas não temos afinidade

com o assunto. São os ministérios da Saúde, da Educação e do Desenvolvimento Social quepodem julgar essas entidades. Nem mesmo a arrecadação está conosco, é da Receita Federal doBrasil. O projeto que exclui a Previdência dessas análises está na Comissão de Educação da Câma-ra, relatado pelo deputado Gastão Vieira (PMDB-MA). Valor: O projeto de desoneração dafolha de pagamento das empresas vai sair?

Pimentel: Está no art. 11 da proposta de emenda constitucional da reforma tributária.Valor: O ministro da Fazenda, Guido Mantega, prometeu esse avanço, mas os empresá-

rios ficaram desapontados quando perceberam que ela estava condicionada à aprovação dareforma tributária...

Pimentel: Mas 98% das empresas industriais e comerciais estão no Simples Nacional e játêm o benefício. Nos serviços, são 75%. Para todas essas, não há cobrança da contribuiçãopatronal ao INSS. Ainda não resolvemos a questão da Emenda 3, que tratava do trabalho deprofissionais por meio de pessoa jurídica. Essa questão tem travado o processo e precisamosavançar.

Valor: Mais uma questão sem perspectiva?Pimentel: Está parada. Precisamos dar mais rapidez. O que chama a atenção é que esses

98% ficaram com apenas 17% de todo o faturamento dos segmentos da indústria e comércio.Portanto, os 2% restantes que estão fora do Simples Nacional responderam por 83% dofaturamento bruto. É a concentração de renda.

Valor: Os que defendem a desoneração da folha afirmam que ela terá impacto positivono emprego...

Pimentel: É verdade, e a Previdência ganha com a formalização do emprego.Valor: Qual a sua posição sobre a polêmica Emenda 3?Pimentel: A maior dificuldade é das situações nas quais o empregador obriga o emprega-

do a constituir uma pessoa jurídica. É um tema recorrente. Uma MP sobre o problema foiderrubada no fim de 2002. Depois, a MP no 232 foi malconduzida e enfrentou muita resistência.Na tramitação da lei que criou a Receita Federal do Brasil, veio a chamada Emenda 3. Todosquerem a desoneração da folha, mas precisamos da fonte financiadora para a Previdência.

Valor: O tema perdeu importância?Pimentel: Estamos empenhados. A Comissão de Trabalho da Câmara está ouvindo re-

presentantes de todos os segmentos. No governo, a coordenação é do secretário da Receita,Jorge Rachid. A PEC da reforma tributária prevê a desoneração da folha, mas não estabelece deonde virão os recursos para custear a Previdência Social. Esse é o debate da comissão especial.Todos querem a desoneração da folha, mas precisamos da fonte financiadora para a Previdên-cia. Da maneira como está, vai aumentar o déficit da Previdência e toda a sociedade trabalha norumo oposto. A melhoria da gestão, o crescimento da economia e do emprego e a inclusãoprevidenciária vão tornar superavitária a área urbana no RGPS. O governo sabe que tem dedesonerar e garantir, ao mesmo tempo, a sustentabilidade das contas públicas.

Valor: Como está o projeto do governo, relatado pelo senhor na Câmara, que prevêlimite para o aumento da folha de pagamento da União?

Pimentel: O líder do governo, Henrique Fontana (PT-RS), determinou a suspensão datramitação até que terminem as negociações com o funcionalismo, que estão em curso. Cami-nha para uma definição nesta semana, por força da lei eleitoral.

Valor: Qual sua opinião sobre os projetos do senador Paulo Paim (PT-RS) que ampliambenefícios e elevam os gastos da Previdência?

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Pimentel: A Emenda Constitucional no 20 acabou com a idade mínima para aposentado-ria por tempo de contribuição. Definiu 30 anos para a mulher e 35 anos para o homem. Naépoca, o argumento mais forte era o de que a mudança era justa, porque permitia a quemcomeçou a trabalhar mais cedo, aposentar-se mais cedo. Atualmente, a expectativa de vida paraquem chega aos 50 anos é de 79,6 anos para o homem e 82,9 anos para a mulher. O censoencontrou duas aposentadas com 128 anos. Nas projeções para 2050, o planejamento da Previ-dência conta com idades mínimas de 82,7 anos para o homem e 87 anos para a mulher. Em2050, serão 14% da população. Hoje, são 9% da população os que têm mais de 60 anos.

Valor: No cenário de 2050, o que o governo faria com as propostas do senador Paim?Pimentel: É preciso um amplo debate na sociedade. Não basta discutir em ano eleitoral.

No Fórum da Previdência, não houve consenso entre trabalhadores, empresários e governo.Precisamos fazer essa discussão para construir a melhor proposta. Previdência tem de ser base-ada em um pacto entre gerações.

Valor: Se o Congresso aprová-los, têm de ser vetados pelo presidente?Pimentel: O debate não está maduro na sociedade. Acredito que a tendência da Câmara

é aprofundar essa discussão. Aposto no entendimento e no diálogo. O que fazemos hoje teráimpacto forte daqui a 30 ou 50 anos. No formato dado pelo Senado, é impossível aprová-los,sob risco de cair por terra todo o esforço que estamos fazendo.

Valor: Qual é a situação das medidas de inclusão previdenciária?Pimentel: Hoje, são 36,9 milhões de pessoas, contra 27 milhões em 2003. Dois grandes

fatores impulsionaram esse crescimento. O primeiro é o aumento do emprego formal e o cres-cimento da economia. Em segundo lugar, vem o Simples Nacional, que entrou em vigor emjulho do ano passado. No período do Simples Federal, de 1996 a 2007, tivemos 1,33 milhão deempresas inscritas. Nos dez meses contados de julho de 2007 a maio de 2008, foram 3,02milhões de inscrições.

Valor: Mas muita gente foi barrada...Pimentel: Cerca de 570 mil empreendedores pediram para entrar no sistema e foram

rejeitados. A maior causa foi a falta de alvará de funcionamento, negado pelas prefeituras. Namaioria desses casos, o alvará fica condicionado à regularização do imóvel utilizado. Precisamosmudar a lei do Simples Nacional para dar um alvará provisório de dois anos. O PAC (Programade Aceleração do Crescimento) tem recursos para regularizar essas áreas de ocupação.

Valor: Como surgiu a ideia do alvará provisório?Pimentel: Apresentamos um substitutivo no projeto de reforma do Simples Nacional

para dar maior flexibilidade. Além disso, queremos criar a figura do microempreendedor indivi-dual (MEI), integrando à Previdência feirantes, pipoqueiros, camelôs, sacoleiros, borracheiros,manicures etc. São pessoas cuja receita bruta anual não passa de R$ 36 mil. É o grupo daqueleprojeto chamado pré-empresa.

Valor: Como está a tramitação desse projeto?Pimentel: Fui o relator e, agora, o presidente da Câmara deve designar o deputado Carlos

Melles (DEM-MG). Ele presidiu a comissão especial do Congresso que criou o Simples Nacio-nal. Para esse grupo de 570 mil profissionais que não conseguiram entrar na Previdência, oalvará provisório é a única solução. Veja o absurdo da situação. Um empresário pede ao Estadopara contribuir e recebe como resposta que isso não é possível. Formalizar esse pessoal significasaber onde estão e o que fazem.

Valor: Quantos são esses microempreendedores individuais?Pimentel: Dados preliminares indicam que as prefeituras já cadastraram cerca de 4 mi-

lhões de pessoas. Esse registro foi feito pelos Municípios para terem uma mínima organização

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deles em feiras e nos espaços coletivos. Tornando-se pessoa jurídica, eles ficarão dispensados decontabilidade e não pagarão guia de recolhimento de tributos.

Valor: É um regime mais simplificado que o das microempresas?Pimentel: Sim. O Código Civil não trata da pré-empresa e seria complicado reformá-lo.

Optamos pela criação do microempreendedor individual. A cultura do empreendedorismo émuito forte na academia, nos meios de comunicação e no Congresso.

Valor: Quais serão as facilidades?Pimentel: Um projeto de lei complementar vai estabelecer que eles não pagarão sete

tributos: Imposto de Renda da Pessoa Jurídica, PIS/Pasep, Cofins, Contribuição Social sobre oLucro Líquido, IPI, contribuição previdenciária patronal e ICMS. Para o INSS, essa pessoajurídica pagará R$ 50 por mês. A pessoa física do microempreendedor pagará aquela modalida-de simplificada de 11% sobre o salário-mínimo, o que dará direito a aposentadorias por idade,auxílio-doença, auxílio-acidente de trabalho, salário-maternidade, salário-família, auxílio-reclu-são e pensão por morte. É o mesmo que está previsto no Simples Nacional.

Valor: Serão dispensados de emitir nota fiscal?Pimentel: Não. Isso é importante para combater a pirataria e a sonegação. O projeto de

lei está pronto, com tramitação de urgência. O líder Fontana disse que pretende votá-lo em 9 dejulho.

INSS começa em breve a cobrar empresas por benefícios pagos

Por Fernando Teixeira, do Valor Econômico, em 26.06:Desde o início do ano, o processo sobre o acidente da cratera da linha 4 do Metrô de

São Paulo foi parar nas mãos de procuradores federais responsáveis pela arrecadação do Institu-to Nacional do Seguro Social (INSS). Eles procuram indícios de responsabilidade ou negligên-cia do consórcio encarregado pela obra para cobrar das empresas as despesas com o pagamentode pensões às viúvas e dependentes das sete vítimas do acidente, ocorrido em janeiro de 2007.Confirmada a suspeita, o caso da linha 4 será uma das primeiras ações regressivas do INSSmovidas em São Paulo e marcará o início de uma política nacional de recuperação dos gastosprevidenciários com acidentes de trabalho. As ações envolvem pensões por morte, invalidez eauxílio-doença – benefícios que custam anualmente R$ 16 bilhões ao INSS.

Conhecida entre servidores do INSS e Ministério do Trabalho como uma velha pro-messa, a disseminação das ações regressivas deve decolar ainda neste ano, afirma a coordenado-ra-geral de cobrança da Procuradoria-Geral Federal (PGF), Fernanda Campolina. Até hoje, diza procuradora, havia apenas iniciativas isoladas em algumas procuradorias locais, como Manaus,Vitória e algumas outras cidades. Mas tudo começará a mudar nesta semana. No Estado de SãoPaulo, onde estão 40% dos acidentes de trabalho do país, acontece desde ontem o primeiroevento dedicado exclusivamente a difundir técnicas para a produção em série de ações regressi-vas. Em 60 dias, deverá ser ajuizado o primeiro pacote com algumas dezenas de ações, e a partirda experiência paulista o modelo será levado para outras capitais, como Rio de Janeiro, BeloHorizonte, Porto Alegre, Salvador, Recife e Florianópolis.

O modelo de produção das ações regressivas foi lançado em 2003 em Manaus peloprocurador Bruno Bisinoto. Segundo ele, foram investigados 80 casos e ajuizadas 26 ações, edos nove casos julgados, houve nove condenações. O valor total cobrado nas 26 ações ajuizadasé de R$ 13 milhões, e envolve 33 empresas – entre responsáveis e corresponsáveis. As investiga-ções, diz o procurador, devem ser concentradas em um primeiro momento em casos de pensãopor morte, pois são causas de maior valor, mas em segundo lugar devem estar medidas pararecuperar benefícios por invalidez e, em um terceiro momento, ações sobre auxílio-doença por

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acidente de trabalho – ajuizadas em processos coletivos, para que os valores justifiquem a aber-tura dos processos. “Por exemplo, em um banco, vamos levantar todos os casos de lesão poresforço repetitivo (LER) nos últimos dois, três anos, verificar se houve negligência do emprega-dor e ajuizar uma única ação”, diz.

A nova política de cobrança do INSS é uma tentativa de aplicação de um dispositivoconsiderado esquecido: o art. 120 da Lei no 8.213 de 1991. Segundo a regra, nos casos denegligência quanto às normas de segurança e higiene do trabalho, a Previdência Social devepropor ações regressivas contra os responsáveis. Por ser de difícil aplicação prática, a previsãoacabou esquecida.

Bloqueio do pagamento de benefício da previdência social

LEI No 11.720, DE 20 DE JUNHO DE 2008Dispõe sobre o bloqueio do pagamento de benefício da previdência social e dá outras

providências.O PRESIDENTE DA REPÚBLICA

Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:Art. 1o O recadastramento de segurados da Previdência Social, por qualquer motivo,

não poderá ser precedido de prévio bloqueio de pagamento de benefícios.Art. 2o O recadastramento de segurados da Previdência Social, seja qual for a sua moti-

vação, obrigatoriamente, será efetivado da seguinte forma:I – prévia notificação pública do recadastramento;II – estabelecimento de prazo para início e conclusão do recadastramento, nunca infe-

rior a 90 (noventa) dias.§ 1o O recadastramento de segurados com idade igual ou superior a 60 (sessenta) anos

será objeto de prévio agendamento no órgão recadastrador, que o organizará em função da datado aniversário ou da data da concessão do benefício inicial.

§ 2o Quando se tratar de segurado com idade igual ou superior a 80 (oitenta) anos ouque, independentemente da idade, por recomendação médica, estiver impossibilitado de se des-locar, o recadastramento deverá ser realizado na sua residência.

Art. 3o Para todo e qualquer procedimento que envolva a Previdência Social, que tenhacomo destinatário segurado com idade igual ou superior a 60 (sessenta) anos, o tratamento a lheser dispensado deverá observar o que dispõe a Lei no 10.741, de 1o de outubro de 2003 –Estatuto do Idoso.

Art. 4o (VETADO)

Art. 5o Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.Brasília, 20 de junho de 2008; 187o da Independência e 120o da República.LUIZ INÁCIO LULA DA SILVAJosé PimentelJosé Antonio Dias Toffoli

Governo estuda ampliar benefícios a domésticos. Empregados teriam assegura-

dos os mesmos direitos de outros trabalhadores. Categoria poderá ter direito a horas

extras e à multa de 40% sobre o FGTS; para especialista, terceirização no setor pode

aumentar

Publicou a Folha de S. Paulo, em 29.05:O governo federal estuda alterar a Constituição para que direitos trabalhistas como

horas extras e o recolhimento obrigatório do FGTS sejam garantidos aos empregados domésti-

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cos. Hoje, o art. 7o da Constituição restringe esses e outros direitos à categoria.Caso ocorra a ampliação dos direitos, devem ser beneficiados 6,78 milhões de funcioná-

rios domésticos, entre empregadas, cuidadores de idosos, zeladores e motoristas.Já o senador Paulo Paim (PT-RS) disse ser favorável às mudanças. “Sempre que ampli-

amos os direitos dos domésticos, falou-se que haveria menos contratações, mas isso nuncaocorreu”, afirmou.

O deputado federal Duarte Nogueira (PSDB-SP) estranhou a mudança de orientaçãono governo, já que há dois anos o presidente Lula vetou emenda que garantia o FGTS aosdomésticos. Nogueira disse que “a oposição vai se posicionar a favor do que for justo para otrabalhador e viável legalmente”.

Ampliar os direitos é uma medida importante. Mas mais importante é adotar medidaspráticas que obriguem os patrões a registrar os domésticos. Afinal, de cada 4 domésticos quetrabalham (6,5 milhões), só 1 é registrado (1,7 milhão).

Seguridade aprova licença-maternidade de seis meses

Em 15.05, a Comissão de Seguridade Social e Família da Câmara dos Deputados apro-vou o Projeto de Lei no 2513/07, do Senado, que permite a ampliação da licença-maternidadepor mais 60 dias, em caráter facultativo, em troca de incentivo fiscal aos empregadores. Para isso,o projeto cria o Programa Empresa Cidadã e quem participar poderá descontar, na íntegra, doImposto de Renda devido o valor dos salários pagos durante os dois meses adicionais da licençaconcedida à empregada. O projeto tramita em caráter conclusivo e será analisado ainda pelascomissões de Finanças e Tributação; e de Constituição e Justiça e de Cidadania.

Salário integral

Para ter direito ao benefício da licença de 180 dias, a funcionária deverá requerer aprorrogação do período até o final do primeiro mês após o parto, ou adoção, pois o projetotambém inclui as mães adotivas. Durante os 60 dias de prorrogação da licença, a remuneraçãoserá integral. A proposta autoriza também a administração pública, direta, indireta e fundacional,a instituir programa que garanta prorrogação da licença-maternidade pago pelo Regime Geralde Previdência Social.

O texto aprovado pela Comissão de Seguridade é de autoria da senadora Patrícia Saboya(PDTCE) e foi idealizado pela Sociedade Brasileira de Pediatria, que tem acompanhado todas asvotações.

INSS falha na tentativa de atrair informais. Plano simplificado de contribuições

só teve 800 mil adesões até 2007

Por Isabel Sobral, de O Estado de S. Paulo, em 11.05:Ampliar a cobertura previdenciária no Brasil foi quase uma obsessão no início do go-

verno Lula, em 2003. No entanto, somente há um ano, em 1o de abril de 2007, o Ministério daPrevidência conseguiu tirar do papel um plano simplificado de contribuições para o InstitutoNacional do Seguro Social (INSS) com alíquota reduzida, de 11%, para as pessoas sem vínculoempregatício que podem ser contribuintes individuais ou facultativos. Até então, a alíquota maisbaixa de contribuição para essas pessoas era de 20%.

O plano simplificado surgiu no âmbito da Lei Geral das Micro e Pequenas Empresas,visando a atrair pelo menos 3,5 milhões de donos de pequenos negócios que estão fora dacobertura do INSS. Em 2003, no entanto, o discurso oficial era mais ousado: a ideia era filiar aoINSS cerca de 20 milhões de brasileiros que o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas(IBGE) apontava exercendo trabalhos informais.

Com um ano de vigência, o plano simplificado de contribuições não foi alvo de nenhu-

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ma campanha de divulgação para se tornar mais conhecido da população de baixa de renda, oque, talvez, explique o fato de, até setembro de 2007, apenas cerca de 800 mil pessoas teremoptado por ele. O INSS foi procurado para dar um número mais atual, mas disse não ter aestatística pronta.

O plano prevê a alíquota de 11% sobre o salário-mínimo (R$ 415) de contribuição, oque significa o desembolso de R$ 45,65. Isso é quase a metade da contribuição mais baixadisponível até então para os trabalhadores sem vínculo empregatício, que é de R$ 83, equivalen-te a 20% do mínimo. Se, por um lado, fica mais barato se filiar, por outro há um acesso maisrestrito aos benefícios. Na categoria simplificada, não há direito às aposentadorias por tempo,que exigem 35 anos de contribuição dos homens e 30 anos das mulheres.

Esse tipo de aposentadoria tem valores unitários mais altos que outros benefícios. Emmarço, por exemplo, o valor médio foi de R$ 1.173, enquanto a média das aposentadorias poridade foi de R$ 506. Também em março as aposentadorias por tempo representaram 6% dovolume de concessões de benefícios, mas significaram 10,3% das novas despesas.

O plano dá direito, no entanto, a pedidos de auxílio-doença – que representa uma rendatemporária para o trabalhador em caso de incapacidade para a atividade por mais de 15 dias –,salário-maternidade, pensões por morte e aposentadoria por invalidez ou idade.

Comissão de Trabalho aprova licença-maternidade opcional de 6 meses

Em 12.03, a Comissão de Trabalho, de Administração e de Serviço Público, da Câmarados Deputados, aprovou o Projeto de Lei no 2.513/07, do Senado, que institui o ProgramaEmpresa Cidadã, que permite a ampliação da licença-maternidade por mais 60 dias, em caráterfacultativo, em troca de incentivo fiscal ao empregador.

O projeto tramita em caráter conclusivo e agora será analisado pelas comissões deSeguridade Social e Família; de Finanças e Tributação; e de Constituição e Justiça e de Cidadania.

A Constituição fixa em 120 dias o período da licença-maternidade. O projeto estabelece quetodas as empregadas das empresas privadas que aderirem ao projeto – inclusive as mães adotivas –terão o direito de requerer a ampliação do benefício, devendo fazê-lo até o final do primeiro mês apóso parto. A licença-maternidade, portanto, poderá chegar a 180 dias, ou seis meses.

O empregador que aderir voluntariamente ao Programa Empresa Cidadã poderá des-contar do Imposto de Renda devido, na íntegra, o valor dos salários pagos durante os doismeses adicionais da licença.

Saúde do bebê

A relatora, deputada Thelma de Oliveira (PSDB-MT), apresentou parecer favorável àproposta. Segundo a deputada, trata-se de uma medida importante para a saúde do bebê, eportanto do interesse não só das mães, mas de toda a família.

Thelma de Oliveira cita dados da Sociedade Brasileira de Pediatria que apontam que aamamentação regular, por seis meses, reduz 17 vezes as chances de a criança contrair pneumo-nia; 5,4 vezes a possibilidade de anemia; e 2,5 vezes a ameaça de crises de diarreia.

Durante a prorrogação da licença-maternidade, a empregada terá direito à remuneraçãointegral. Os dois meses adicionais de licença serão concedidos imediatamente após o período de120 dias previsto na Constituição.

Redução do auxílio-doença

Publicou O Estado de S. Paulo, em 21.02:O número de beneficiários do auxílio-doença concedido pelo Instituto Nacional do

Seguro Social (INSS) caiu 12% entre 2006 e 2007, de 1,57 milhão para 1,38 milhão, segundo

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reportagem do Estado (18/2, B5). Interrompeu-se, assim, a escalada de aumentos desse benefí-cio ocorrida no governo Luiz Inácio Lula da Silva, graças às medidas de combate às fraudesadotadas pela Previdência.

Até 2000, a média anual de concessão de auxílios-doença era da ordem de 600 mil. Houveaumento substancial, nesta década, atribuído em parte pelo então ministro da Previdência, NelsonMachado, às fraudes. Estas foram estimuladas pelas regras de concessão do auxílio-doença.

Mais da metade dos beneficiários recebeu, a título de auxílio-doença, um valor 30%superior ao que teria recebido se estivesse trabalhando. Isto provocou a formação de quadrilhasespecializadas na obtenção do benefício, suspeitando-se da participação de funcionários do INSS.Caracterizou-se, então, uma verdadeira “indústria de perícias” funcionando nos Estados de SãoPaulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul – ou seja, nos Estados mais populosose nos quais a clientela tem maior poder econômico, mas também em Estados como a Bahia ePernambuco.

Várias providências foram adotadas pelo INSS para combater essa onda de fraudes, entreas quais a convocação dos segurados que recebiam o benefício há mais de dois anos para fazernova perícia e a limitação – aos mesmos dois anos – do período máximo de concessão dos novosbenefícios. Na segunda-feira, o INSS expediu cartas a 21 mil beneficiários do auxílio há mais dedois anos. Foi o oitavo lote de intimações do tipo, com a determinação de agendar nova perícia.

Em 2005, 3 mil médicos haviam sido contratados como peritos do INSS, pondo fim àterceirização de número igual de médicos. E durante duas semanas, em setembro de 2007, aPrevidência fez uma campanha publicitária para informar os segurados do INSS sobre quemtem direito ao auxílio-doença, em que situação o benefício é devido e qual o trabalho dosmédicos peritos.

A queda do número de beneficiários de auxílio-doença faz supor que há, de fato, gravesdistorções nas concessões.

O pesquisador Marcelo Caetano, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea),aprova as ações da Previdência. “Houve anos de aumentos assustadores (na concessão dosbenefícios), como em 2002, quando a quantidade de auxílios cresceu 48% em relação a 2001, eem 2003, quando a elevação bateu nos 28%.”

Mas é preciso, para evitar as fraudes no auxílio-doença, regras melhores, argumentaCaetano. “Mas como o governo está enfrentando dificuldades para fazer ajustes nas regras, tembuscado as ações administrativas para conter os gastos.”

Governo decide vetar projeto de aposentadoria

Publicou o Diário de São Paulo, em 12.01:O presidente Luiz Inácio Lula da Silva vetará integralmente o projeto que dava o direito de

os aposentados do INSS renunciarem a um aposentadoria menor, em benefícios de outra maior. Adecisão do presidente será publicada no Diário Oficial. Os ministérios da Previdência, Justiça, Fazendae Planejamento recomendaram o veto ao projeto aprovado em dezembro pelo Congresso.

Os aposentados devem receber a notícia como um balde de água fria. Se fosse aprova-do, o projeto garantiria aos segurados que já têm uma aposentadoria, mas reúnem condições derequerer um benefício maior, de renunciar à primeira para reivindicar o de valor mais alto.

A brecha poderia beneficiar aqueles que se aposentaram por tempo de contribuiçãoproporcional, mas continuaram trabalhando e recolhendo ao INSS.

Hoje, os requerimentos feitos ao INSS são negados sob a alegação de que “o benefícioé irreversível e irrenunciável a partir do primeiro pagamento”, o que leva os interessados aprocurar a Justiça.

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PREVCidade: Novas instalações terão que ter aval do legislativo

Em 27.11, o MPS informou que as próximas unidades de atendimento da PrevidênciaSocial a serem inauguradas no país, em convênio com as prefeituras, só poderão funcionardepois de aprovadas pelas Câmaras municipais. Está em estudo, também, a realização de convê-nio com os Estados, com a necessidade de aprovação pelas Assembleias Legislativas.

Pelo estudo, o compromisso para a instalação de uma unidade do PREVCidade nãoserá mais diretamente com o prefeito, mas sim com a prefeitura. O documento com alteraçõespara a abertura dessas unidades está em fase final de análise.

O que motivou essa mudança foi uma pesquisa realizada pela Diretoria de Atendimento(Dirat), do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), que verificou que 67% dos chefes das Agên-cias da Previdência Social (APS) e gerentes executivos do órgão informaram que, no fim dos manda-tos, a manutenção das atividades do PREVCidade fica prejudicada com a mudança do prefeito. Paraque os segurados não sejam prejudicados, a finalização do processo passa a ser diferente.

Atualmente, a Previdência Social conta com 228 unidades do PREVCidade em em todoo país. Outras 195 solicitações, de diversas cidades, estão em análise no INSS. O objetivo daPrevidência Social é ampliar a rede de atendimento, dando aos usuários um canal de acesso àsinformações e à prestação dos serviços previdenciários, mas com a garantia de não sofrer inter-rupções.

O PREVCidade é uma unidade de atendimento do INSS, instalado em parceria com asprefeituras, para oferecer os serviços previdenciários à população em locais onde não há APS.Assim, o cidadão não precisa percorrer longas distâncias para fazer um pedido de aposentadoriaou de salário-maternidade, por exemplo, ou mesmo para se inscrever no INSS.

Para instalar um PREVCidade, a prefeitura interessada precisa assinar um convênio deparceria com a Previdência Social.

As unidades de Atendimento PREVCidade são classificadas em dois tipos de acordocom os serviços prestados: Tipo A – Oferece aos cidadãos todos os serviços prestados pelaPrevidência Social, ou seja, requerimentos, concessão e manutenção de benefícios previdenciáriose acidentários, serviços ao contribuinte individual e orientação e informações. O usuário concluio serviço desejado.

Já a do Tipo B oferece os serviços rápidos e de baixa complexidade, ou seja, de orienta-ção e informação, requerimento de salário-maternidade, pensão e auxílio-doença disponíveistambém pela Internet. A unidade PREVCidade tipo “B” pode ser instalada em Municípios quejá possuam uma APS ou que a distância máxima da agência mais próxima seja de, no máximo,100 quilômetros.

Critérios

Pela proposta em estudo, os Municípios ou os Estados deverão apresentar lei aprovadapela Câmara Municipal ou Assembleia Legislativa, autorizando o chefe do Poder Executivo afirmar convênio com o INSS. O Município deve comprovar a sua regularidade fiscal, nos ter-

PREVCidade

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mos previstos pelo art. 29 da Lei no 8.666, de 21 de junho de 1993.A unidade deve ser instalada em local cedido pela prefeitura ou órgão do governo

estadual, onde funcione com exclusividade e autonomia, ressalvada a possibilidade de instalaçãoem local em que são prestados outros serviços públicos, mediante parcerias. Não podem serinstaladas, no entanto, nas sedes dos governos.

Para as unidades do tipo A, exige-se que, no Município, tenha pelo menos um órgãopagador (agência bancária, casa lotérica e/ou correspondente bancário) para pagamento de be-nefícios; deve ter pelo menos um servidor administrativo do INSS e um médico perito. Naimpossibilidade de localizar médico perito na unidade, a Gerência Executiva terá que atuar nosentido de garantir disponibilidade orçamentária para cobrir os custos de eventuais deslocamen-tos desse servidor.

Essas unidades do tipo A somente poderão prestar os serviços de manutenção de bene-fícios quando houver, pelo menos, dois servidores administrativos do INSS na unidade, comconhecimento técnico para atender à demanda; a guarda de processos em manutenção nasunidades, que oferecerem este serviço, deverá ser por prazo máximo de seis meses (após, serãoencaminhados ao Centro de Documentação ou à APS à qual está vinculada).

O acesso aos sistemas corporativos da Previdência Social é exclusivo para os servidoresde carreira do INSS, sendo proibida a permissão aos servidores das prefeituras ou órgãos esta-duais. As unidades de atendimento PREVCidade do tipo A deverão ser instalados em Municípi-os com população a partir de quatro mil habitantes.

Artur Nogueira, em São Paulo, ganha PREVCidade

Em 03.09, o MPS informou que a Previdência Social e a Prefeitura de Artur Nogueira(SP) vão inaugurar uma unidade de atendimento conhecida como PREVCidade. A instalaçãodas PREVCidades ocorre por meio de convênio com as prefeituras. O objetivo é dar maiorcomodidade à população de Municípios onde a Previdência Social não possui agência própria.

Nesse tipo de convênio, o INSS fornece treinamento e suporte técnico, enquanto aprefeitura cede funcionários, imóvel e equipamentos. No caso específico do Município de ArturNogueira, a prefeitura cedeu quatro servidores, além do imóvel, mobiliário e equipamentos.Nessa unidade, a população poderá obter informações e entregar a documentação necessáriapara requerer todos os benefícios da Previdência. No caso do auxílio-doença, a unidade agendarápara que a perícia médica seja feita na Agência da Previdência Social em Limeira.

A previsão é que a PREVCidade Artur Nogueira atenda em torno de 100 pessoas pordia, entre a população da própria cidade e do Município de Engenheiro Coelho. Esses Municí-pios têm uma população de 45 mil habitantes, sendo 35 mil em Artur Nogueira e 10 mil emEngenheiro Coelho. Estarão presentes na cerimônia o presidente do INSS, Marco Antonio deOliveira, a gerente regional do INSS em São Paulo, Elisete Berchiol da Silva Iwai, a gerenteexecutiva do INSS em Piracicaba, Maria Sílvia Bueno de Oliveira Cordeiro dos Santos, e autori-dades locais.

Atendimento na região

Com a unidade de Artur Nogueira, a Previdência passa a contar com 49 PREVCidadesno Estado de São Paulo, além das 178 agências próprias. A região em que está situado o Muni-cípio de Artur Nogueira é administrada pela Gerência Executiva do INSS em Piracicaba. Essagerência conta com seis agências da Previdência Social e também com PREVCidades em MonteMor, Iracemápolis, Cordeirópolis, Laranjal Paulista e Cerquilho. A Gerência Piracicaba controlao pagamento de 196,1 mil aposentados, pensionistas e outros beneficiários que, juntos, recebemmensalmente R$ 141,3 milhões.

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PREVCidade beneficia população do Vale do Jequiriçá/BA

Em 14.08, o MPS informou que os 22 mil habitantes de Mutuípe, no Vale do Jequiriçá(BA), já não precisam mais percorrer cerca de 70 quilômetros para chegar a uma Agência daPrevidência Social (APS). O Município do Recôncavo Baiano já conta com um PREVCidade,que é uma unidade da Previdência Social criada em convênio com a prefeitura.

No PREVCidade, os servidores cedidos pela prefeitura local irão recepcionar os reque-rimentos de benefícios (auxílio-doença, auxílio-acidente, salário-maternidade e pensão por mor-te) e pedidos de prorrogação e reconsideração dos benefícios por incapacidade. Além disso, apopulação terá acesso à simulação de aposentadorias, cadastramento de Comunicação de Aci-dente de Trabalho (CAT), cartas de concessão e memória de cálculo, Guia da Previdência Social,número de identificação do trabalhador (NIT), entre outros serviços.

Com a criação do PREVCidade, a Previdência Social amplia a rede de atendimento naregião e fica cada vez mais próxima do cidadão. Com a unidade em Mutuípe, será reduzido,também, o fluxo diário de segurados na Agência da Previdência em Santo Antônio de Jesus, queestá com sua demanda acima da capacidade.A previsão é a abertura de mais duas unidades, umaem São Felipe e outra em Vera Cruz.

São Paulo e Paraná com mais duas unidades do PREVCIDADE

Em 27.06, o MPS informou que em convênio com as prefeituras de Cunha, em SãoPaulo, e Santa Helena, no Paraná, o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) inaugurou maisdois PREVCidades, em Cunha/SP e Santa Helena/PR.

O PREVCidade do Município de Cunha foi aberto ao público em 02.07. Na agênciaserão atendidos também os moradores dos Municípios vizinhos de São José do Barreiro, Areiase São Luiz do Paraitinga. A previsão de atendimento na unidade é de 850 segurados por mês,incluindo o atendimento da perícia médica.

Paraná

Em Santa Helena, o PREVCidade terá previsão mensal de atendimento na unidade de1.100 segurados – inclusive moradores de Diamante do Oeste –, sendo 100 de perícias médicas.

Mais unidades do PREVCIDADE em SP e PR

Em 26.06, o MPS informou que o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) inaugu-rou o PREVCidade em convênio com as prefeituras de Morro Agudo e de Teodoro Sampaio,no Estado de São Paulo, e de Alvorada do Sul, no Paraná.

Esses convênios são realizados com prefeituras de cidades onde não existem Agênciasda Previdência Social (APS). Em muitos casos, a criação destas unidades evita que os seguradostenham que se deslocar a outros Municípios em busca de atendimento previdenciário. Peloconvênio, o INSS fornece treinamento e suporte técnico, e a prefeitura cede funcionários, oimóvel, as instalações e os equipamentos.

São Paulo

No Município de Morro Agudo, a nova unidade está preparada para atender a cerca de720 pessoas por mês.

A unidade de Teodoro Sampaio terá previsão de atendimento de 400 pessoas por mês.Paraná

O PREVCidade de Alvorada do Sul deverá prestar em torno de mil atendimentos men-sais. Além da população de Alvorada do Sul, também serão atendidos os moradores dos Muni-cípios de Porecatu, Florestópolis e Primeiro de Maio. Até agora, os segurados destes Municípi-os, que necessitavam de serviços previdenciários, tinham que percorrer uma distância de 70quilômetros até a agência mais próxima, em Londrina.

PREVCidade de Bariri/SP ganha novas instalações

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Em 13.06, o Ministério da Previdência Social e a Prefeitura de Bariri, em São Paulo,inauguraram as novas instalações do PREVCidade. Com a reforma, foi ampliada a capacidadede atendimento da unidade, que passará a prestar todos os serviços previdenciários, inclusiveperícia médica e manutenção de benefícios.

Além da população de Bariri, também serão atendidos pelo PREVCidade os moradoresdos Municípios vizinhos de Boraceia e Itajú. Para atender aos segurados, a nova unidade dispõede dois peritos médicos, quatro servidores e seis guichês de atendimento. A ampliação dosserviços evitará que muitos segurados precisem se deslocar até a Agência da Previdência Social(APS) mais próxima, em Jaú.

PREVCidade: Ministro inaugurou mais uma unidade em Aguaí/SP

Em 16.05, a população da cidade de Aguaí, a cerca de 200 quilômetros de São Paulo,passou a contar a com uma unidade de atendimento da Previdência Social em convênio com aPrefeitura. O PREVCidade foi inaugurado pelo ministro Luiz Marinho.

O PREVCidade Aguaí funcionará na Rua 7 de Setembro, 33, Centro, das 8h às 17h. Oatendimento será feito por dois funcionários cedidos pela Prefeitura e, uma vez por semana,também por um servidor do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). A cidade de Aguaí tem30.181 habitantes e a expectativa é a de que a nova unidade atenda, por mês, a aproximadamente900 pessoas.

Convênio

O convênio para instalação do PREVCidade é feito com prefeituras de cidades em quea Previdência Social não possui agência própria. Nesse acordo, o INSS fornece treinamento esuporte técnico e a prefeitura cede funcionários, o imóvel, as instalações e os equipamentos. Oobjetivo é dar mais comodidade aos segurados, evitando deslocamentos para uma Agência daPrevidência Social (APS) de outra cidade. Em todo o país, há 239 unidades funcionando emconvênio com Municípios.

Em Aguaí, o segurado que for requerer benefícios, como aposentadorias, pensões eauxílios, terá a documentação recebida, verificada e encaminhada para a APS de São João da BoaVista. É essa agência que fará a análise do processo para verificar a possibilidade de concessãodo benefício. Outros serviços que serão prestados pelo PREVCidade são inscrição de contribu-intes na Previdência, atualização do cadastro no INSS, desbloqueio de benefícios, além de infor-mações ao público.

A APS de São João da Boa Vista paga mensalmente R$ 17,2 milhões em benefícios a28,3 mil aposentados, pensionistas e outros beneficiários. Já a gerência executiva – que adminis-tra a agência da própria cidade e dos Municípios de Espírito Santo do Pinhal, Itapira, Leme,Mococa, Mogiguaçu, Mojimirim, Pirassununga, São José do Rio Pardo e Porto Ferreira, e osPREVCidades de Santo Antônio de Posse, Vargem Grande do Sul e, agora, Aguaí – paga R$118,2 milhões por mês a 183,9 mil beneficiários na região abrangidos por suas 13 unidadessubordinadas. No Estado de São Paulo, a Previdência Social possui 177 agências e, com a unida-de de Aguaí, passará a contar com 45 PREVCidades.

INSS de Cascavel inaugura PREVCidade em Capanema/PR

Em 15.04, a Gerência Executiva do INSS em Cascavel e a Prefeitura Municipal deCapanema inauguram a unidade de atendimento do INSS PREVCidade.

O PREVCidade Capanema irá atender os cidadãos do Município e da cidade vizinha dePlanalto, população estimada em mais de 32 mil pessoas. As unidades PREVCidades prestamtodos os serviços disponíveis em uma Agência da Previdência Social, como requerimento deaposentadorias, pensões, auxílio-doença, salário-maternidade, orientação e informação, entreoutros.

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A Previdência Social já mantém, nos dois Municípios, aproximadamente oito milbeneficiários, o que representa um investimento de R$ 3,4 milhões.

PREVCidade: INSS e prefeitura inauguram agência de Praia Grande e São João

do Sul /SC

Em 10.04, o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) inaugurou no Município dePraia Grande a nona agência PREVcidade de Santa Catarina. A nova unidade irá beneficiar 14mil habitantes de Praia Grande e São João do Sul, que antes precisavam se deslocar até Sombrio,distante 42 quilômetros, em busca dos serviços previdenciários. Há em funcionamento, no país,230 unidades em convênio com as prefeituras, que são criadas em localidades onde não háagências próprias.

Equipada para prestar todos os serviços de uma agência fixa, incluindo perícia médica,habilitação, concessão e manutenção de aposentadorias e benefícios de todas as espécies, oPREVCidade foi inaugurado pela gerente regional Sul do INSS, Eliane Schmidt, pelo prefeitoJoão José de Matos e pela gerente executiva de Criciúma, Marilú Scalambrini.

A partir da inauguração, a Gerência Executiva de Criciúma passa a contar com dezunidades fixas, uma unidade móvel e um PREVCidade. O INSS investe R$ 742,7 mil por mêsno pagamento de benefícios para a população de Praia Grande.

No Paraná, Previdência terá atendimento em Coronel Vivida/PR

Em 28.03, a Gerência Executiva do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) emCascavel e a Prefeitura de Coronel Vivida inauguram a Unidade de Atendimento PREVCidade,resultado de convênio entre a Previdência Social e o Município. A solenidade será às 10h30, naAv. Rua da Liberdade, s/n, Centro.

O PREVCidade Coronel Vivida, que funcionará de segunda a sexta-feira, das 8h às 14h,irá prestar todos os serviços disponíveis numa Agência da Previdência Social (APS), comorequerimento de aposentadorias, pensões, auxílio-doença, salário-maternidade, orientação e in-formação, entre outros. O PREVCidade atenderá uma população de 23 mil habitantes, dosquais quatro mil são segurados da Previdência Social. A Previdência paga em benefícios noMunicípio, mensalmente, R$ 1,8 milhão.

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Fazenda vai permitir negociação de dívida de grandes devedores

Por Arnaldo Galvão, do Valor Econômico, de São Paulo, em 21.08:O governo mantém, até agora, a polêmica proposta que autoriza os procuradores da

Fazenda Nacional a realizarem, ainda na fase administrativa das cobranças de tributos federais,penhoras de bens dos devedores. Na terça-feira, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, levouaos líderes dos partidos da base aliada uma apresentação com as principais alterações das nor-mas da execução fiscal e parte do Código Tributário Nacional.

No pacote que o Executivo mandará ao Congresso, um dos objetivos é dar mais velo-cidade às cobranças de tributos e a penhora administrativa contribui para essa maior rapidez.Atualmente, segundo o ministro, a média de duração desses processos na Justiça é de 15 anosporque “há vários instrumentos protelatórios”. O governo quer encurtar alguns prazos, masMantega reconhece que há grandes contribuintes que têm “dívida de boa-fé”. Ele garante queos fraudadores continuarão sendo “implacavelmente cobrados” e ninguém pode dizer que aReceita não é bastante severa com isso.

Outro ponto inovador do pacote é a possibilidade de o valor da dívida ser negociado.Mudando a lei para que seja possível a transação, a proposta é criar uma comissão acompanhadapor procuradores que vai discutir com o devedor o valor que pode ser pago de acordo com suascondições econômicas. “Ele vai dizer que não pode pagar 30, mas pode pagar 15, 17 e em quecondições. Grandes devedores com dívida inscrita poderão pagar essas dívidas. Para nós, nãointeressa ter dívida inscrita e pendurada. Interessa que o devedor possa pagá-la”, afirmou.

Na avaliação do ministro da Fazenda, a anistia não significa prêmio aos inadimplentes.Ele argumenta que o governo federal acumula dívida ativa de R$ 1,3 trilhão, praticamentemetade do Produto Interno Bruto (PIB), e admite que boa parte dela é “ilusória”, “não existe”.“Os pequenos devedores são os que, no passado, deixaram de pagar algum tributo, por razãoaté justificável, e essa dívida com multa, juros e correção fica impagável”, explicou.

A MP, que ainda não foi publicada, vai anistiar esses pequenos devedores, mas estabe-lece que a dívida tem de estar consolidada há cinco anos. “Não são dívidas prescritas, estãoativas. Queremos limpar essas fichas sujas de modo que o cidadão passe a ter todos seus direi-tos, como, por exemplo, crédito e atividade econômica”, defendeu. O governo calcula que vaibeneficiar dois milhões de contribuintes e, nas palavras de Mantega, “não adianta fingir que háum crédito se não vamos recebê-lo”.

Receita cruza dados e cobra R$ 37 bi não recolhidos ao INSS

Por Marta Watanabe, do Valor Econômico, de São Paulo, em 14.07:A criação da Super-Receita, há pouco mais de um ano, já traz impactos significativos

para as empresas. Pelo menos em relação à “contribuição ao INSS” calculada sobre a folha desalários. A reconhecida eficiência da Receita Federal em lançar intimações com base em cruza-mento de informações fornecidas em declarações e documentos diversos está sendo aplicada

Dívida Ativa

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para fiscalizar a contribuição previdenciária. De janeiro a maio deste ano, a Receita emitiu emtodo o país 128,29 mil intimações cobrando R$ 37,36 bilhões em contribuições previdenciáriasdeclaradas e não pagas.

O cruzamento de informações já existia no INSS. Antes, porém, a notificação erafeita na empresa, com a ida de fiscais ao estabelecimento. “Agora as intimações são geradas eemitidas automaticamente com o cruzamento de dados internos”, explica o chefe da divisãode fiscalização da Receita Federal em São Paulo, Fábio Kirzner Ejchel. Ele não tem registrosdo volume desse tipo de notificação no antigo INSS, mas os tributaristas são testemunhas damudança.

“Há uma preocupação a mais na questão da contribuição previdenciária, que é a reper-cussão criminal e a responsabilidade dos diretores”, explica. Por isso localizar a inconsistênciaantes da Receita é duplamente importante. Isso dá à empresa a oportunidade de corrigir o erro.“Se a intimação chega antes, já vem com multa. A repercussão criminal, que pode trazer o nãorecolhimento da contribuição previdenciária de empregados, também causa receio de constran-gimento aos administradores.”

“Como o cruzamento automático de informações, o corpo de fiscais antes dedicado aisso pôde ser deslocado para outras atividades”, diz Ejchel. Entre elas, processos de fiscalizaçãomais sofisticados e, principalmente, ações contra sonegação na área previdenciária.

Novamente o domínio num único sistema de dados antes apartados em dois órgãosdistintos revolucionou a fiscalização. Somente nos últimos 90 dias, a Receita deflagrou em SãoPaulo 1,53 mil ações de combate à sonegação. Pelo menos 1,36 mil dessas iniciativas tornaram-se viáveis apenas com a integração de informações. Desse total, 661 foram ações dentro de umprograma nacional da Receita.

O chefe de fiscalização lembra que o levantamento alimentará outras iniciativas paraoutros tributos. “Para a fiscalização de contribuição previdenciária, fomos atrás de quem tinharelação massa salarial/receita abaixo da média, o que é indício de sonegação de contribuiçãoprevidenciária. Mas houve casos em que a relação estava muito acima da média, o que podeindicar omissão de receitas”, afirma ele.

ANASPS considera desalentadora transferência da dívida ativa do INSS para a

Procuradoria da Fazenda Nacional

Em 10.04, o anúncio de que a divida ativa do INSS, estimada em R$ 200 bilhões,estaria sendo transferida da Advocacia-Geral da União – AGU para a Procuradoria-Geral daFazenda Nacional – PGFN foi considerada “desalentadora” pela Associação Nacional dosServidores da Previdência e da Seguridade Social – ANASPS, assinalando que não há a menorchance de a Previdência recuperar o passivo, considerando que a PGFN apresenta baixaperformance na recuperação de créditos. Antes, a Receita Previdenciária e a dívida ativa esta-vam no INSS. Primeiro transferiram a divida para a AGU e depois a Receita para a ReceitaFederal.

Dados do DatANASPS, de janeiro de 2008, indicam que a PGFN está vergada sobreuma montanha de divida de R$ 486,5 bilhões e 7,5 milhões de inscrições em cobrança, com umcrescimento anual “vergonhoso” de 22%, em termos de valores nominais, e de 10% em termosde inscrições em cobrança, não se observando na área financeira qualquer empenho para arecuperação de crédito, que se mantém em níveis críticos de apenas 2,5%, apesar do amplofavorecimento proporcionado pelo governo, por pressão de sua base política, aos devedores,tidos como caloteiros.

O DatANASPS divulgou dados dos últimos cinco anos sobre o valor da dívida, volumede inscrições , recuperação de crédito, que confirmam as preocupações da ANASPS.

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PGFN assume dívida ativa do INSS

Por Alessandro Cristo, do Valor Econômico, em 31.03:Passam amanhã para as mãos de Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional (PGFN) cerca

de R$ 200 bilhões em créditos tributários em discussão na Justiça. O montante se refere a açõesrelacionadas a contribuições previdenciárias que estavam na dívida ativa do Instituto Nacional daSeguridade Social (INSS) e que, por causa da unificação das Secretarias da Receita Previdenciária eda Receita Federal, passarão a ser administradas pela Fazenda Nacional. A medida, formalizadapelas Portarias Conjuntas nos 2 e 3, publicadas no Diário Oficial da União na sexta-feira, inicia aúltima fase do processo de integração que os dois órgãos realizam já há 13 meses.

A partir da criação da chamada Super-Receita, com a promulgação da Lei no 11.457, demarço de 2007, todos os novos débitos previdenciários inscritos em dívida ativa foram subme-tidos à PGFN. Porém, os valores inscritos antes da edição da lei só agora poderão ser transpor-tados, após a conclusão do “Sistema Dívida”, banco de dados que concentrará os créditos sob aresponsabilidade da Fazenda.

De acordo com o procurador-geral adjunto da PGFN, Agostinho Nascimento Netto, paraatender à nova demanda deverão ser contratados mais 1,2 mil novos procuradores. O órgão conta hojecom 1,5 mil funcionários ativos na função. Segundo o procurador, um concurso previsto para terminarem maio deverá admitir mais 250. “Vamos precisar de investimentos maciços para contratar tambémservidores da esfera administrativa e adequar a estrutura física”, diz. As mudanças, no entanto, deverãoocorrer gradativamente, conforme a Portaria Conjunta no 3. O prazo previsto é de seis meses.

BB e Caixa devem meio bi ao INSS

Por Claúdio Humberto, do Jornal de Brasília, em 03.03:O Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal estão inscritos na dívida ativa do INSS

por um calote de quase meio bilhão de reais (exatos R$ 467 milhões), segundo a lista de devedo-res do Ministério da Previdência. O Banco de Brasília (BRB) também acumulou dívida expres-siva, que, aliás, não reconhece, por não recolher a contribuição previdenciária dos seus funcioná-rios. No total, o BRB deve R$ 89,6 milhões ao INSS.

Explicações

O Banco do Brasil não reconhece sua dívida de R$ 167 milhões ao INSS. A Caixa sim,mas informa que os valores são questionados na Justiça.

Pagar que é bom...

O banco Itaú, que bateu recorde com o lucro de R$ 8,4 bilhões em 2007, bem quepoderia pagar o que deve ao INSS: R$ 10.598.743,96.

Olha quem fala

O J. P. Morgan, mesmo minúsculo, já deve R$ 2,9 milhões ao INSS. Esse banquinho éque atormenta o Brasil medindo o tal “risco país”.

Nossa dívida

A Previdência informa que a Nossa Caixa deve mais de R$ 51 milhões ao INSS. Obanco alega que esses valores são discutidos na Justiça.

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Fundos de pensão têm pior desempenho no governo Lula. Com desvalorização

das ações, rendimento fica quase 15% abaixo da meta em 2008. Governo avalia que, em

um cenário de queda de juros, fundos terão de correr mais riscos para recuperar renta-

bilidade

Publicou a Folha de S. Paulo, da Su-cursal de Brasília, em 19.03.2009:

Os fundos de pensão registraramno ano passado o pior resultado em suascontas desde o início do governo Lula. Orendimento das aplicações feitas por essasentidades ficou quase 15% abaixo da metade rentabilidade do setor por causa da que-da no mercado acionário causada pela cri-se financeira.

“O ano passado foi realmente ruimpara o setor de previdência complementar.Mas, se analisarmos (o desempenho) des-de 2003, esse foi um período privilegiado:os fundos acumularam rentabilidade 30%superior à exigência mínima”, disse o se-cretário de Previdência Complementar,Ricardo Pena.

As aplicações totais caíram de R$ 436 bilhões em 2007 para R$ 416 bilhões no anopassado. As ações foram as que mais sofreram, registrando uma perda contábil de R$ 31 bilhões,compensada parcialmente pelos ganhos em outros investimentos. A queda nas Bolsas fez opeso desses investimentos, que representavam 34% do total aplicado pelos fundos em 2007,encolher para 28%.

A Bolsa afetou também o superávit das instituições. Em 2007, o patrimônio acumuladopor essas entidades superava em R$ 76 bilhões o valor dos benefícios que deveriam ser pagos.Em 2008, o valor havia se reduzido para R$ 39 bilhões.

No ano passado, 90 dos mais de 1.000 planos de previdência registravam superávit, e120 tinham déficit de R$ 15 bilhões, que está sendo coberto pelo aumento nas contribuições dosparticipantes e dos empregadores que patrocinam os planos.

Segundo Pena, os fundos que não alcançaram a rentabilidade de 6% acima da inflação –parâmetro usado pela maior parte do setor – terão dois anos para se recuperarem, pois asanálises feitas pelo governo sobre a saúde financeira das instituições têm prazo mínimo de trêsanos. Conforme a Folha antecipou, 90% dos 372 fundos de previdência estão nessa situação.

Para conseguir se recuperar, essas entidades terão que correr mais riscos. Num cenário

Previdência Complementar

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de redução de juros, o governo avalia que devem aumentar as aplicações em imóveis, infraestruturae ações. “No passado, era confortável (aplicar em títulos públicos). Tinha retorno alto e riscobaixo. Isso mudou. Os fundos vão ter que correr mais risco para se rentabilizar”, disse Pena.

O governo se prepara para mudar as metas de retorno exigidas dos fundos. Hoje, o tetoé de 6% ao ano. Segundo Pena, esse percentual pode ser reduzido para um máximo de 5%.

A Secretaria também quer propor mudanças nas taxas de administração dos fundos. Asentidades estatais devem ter o teto de 15% reduzido para cerca de 10% das contribuições dosparticipantes. Já as entidades privadas terão de estabelecer percentuais máximos

Previ perde 11% em 2008 e espera um ano difícil

Por Catherine Vieira e Rafael Rosas, do Valor Econômico, Rio, em 12.03.2009:Com uma rentabilidade média negativa de 11,49% da carteira, a Previ, fundo de pensão

do Banco do Brasil, teve seu superávit, que estava acumulado em R$ 52,937 bilhões em 2007,reduzido para R$ 26,312 bilhões no fim do ano passado. Esses resultados são relativos ao plano1, o maior da Previ, com R$ 115,3 bilhões, quase a totalidade dos R$ 116,7 bilhões do patrimônioglobal. Maior fundação do país e muito aplicada em renda variável – 57% da carteira –, a Previvislumbra para este ano um cenário talvez ainda mais difícil do ponto de vista de planejamentoe administração da carteira.

“Ano passado foi difícil em termos de resultado, mas tudo aconteceu tão abruptamente,que nossa margem de manobra era pequena”, observou o presidente da Previ, Sérgio Rosa.“Acho que, sob esse ponto de vista, 2009 pode ser pior”, acrescentou ele, lembrando que hámuita instabilidade e dificuldade em traçar cenários, o que torna mais complexas as decisões dealocação de recursos. De acordo com o dirigente, o maior desafio dos gestores será interpretaros sinais corretos a respeito da profundidade e da duração da crise.

O patrimônio do plano 1 da Previ, que era de R$ 137, 1 bilhões em 2007, caiu para R$115,3 bilhões, sendo que cerca de R$ 6 bilhões correspondem ao montante usado para pagar osbenefícios e outros R$ 15,3 bilhões equivalem às perdas com as aplicações financeiras. Em 31 dedezembro passado, 57,45% da carteira estava aplicada em renda variável, fatia mais afetada pelacrise internacional, com perda de 24,04%.

A queda, inferior à do Ibovespa, foi amortecida por conta das participações em blocode controle, como ocorre na Vale, CPFL e Neoenergia, por exemplo. Nesses casos, a contabilizaçãoé feita por avaliação econômica e não pelas variações dos papéis em bolsa.

Os ativos de renda fixa somavam R$ 42,7 bilhões no fim de 2008, representando 37,04%da carteira do Plano 1 e uma rentabilidade de 12,23% em relação a 2007. Já os imóveis, quecorrespondem a 2,82% da carteira, apresentaram os melhores ganhos em 2008, de 21,61%.Além do Plano 1, há o Plano Previ Futuro, mais novo, que fechou 2008 com patrimônio de R$1,104 bilhão. Como é menos aplicado em renda variável, teve perda menor em 2008, de -2,6%.

Durante a apresentação dos dados de 2008, Rosa admitiu que não é animador apresen-tar dados negativos, mas procurou ressaltar que ainda existe um superávit consistente. O chama-do índice de cobertura, que mostra o quanto de sobra existe para cobrir todas as obrigações doplano e que era de 1,85 em 2007, é agora de 1,4.

“Ninguém fica feliz de apresentar resultados negativos, mas levando em consideraçãoessa crise inusitada e a impossibilidade de fazer mudanças bruscas no plano 1, acho que passa-mos por um teste bastante importante no ano passado”, disse Rosa. Ele lembrou que no fim de2002 a fundação tinha déficit e entre 2003 e 2007 e acumulou ganhos que resultaram no superá-vit acumulado.

“Se este ano nosso resultado pode ter ficado abaixo da média (dos outros fundos), nos

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anos anteriores ficou muito acima e nos possibilitou ter este colchão, isso nos dá a convicção deque a direção da estratégia no longo prazo foi correta”, disse ele, ressaltando que o fundoacumulou na época das “vacas gordas” e poderá enfrentar melhor os tempos de “vacas magras”.

Desenquadramento das fundações preocupa Secretaria de Previdência

Por Catherine Vieira, do Valor Econômico, Rio, em 05.11:Apesar de o sistema de fundos de pensão como um todo estar atravessando bem a crise

financeira, a Secretaria de Previdência Complementar (SPC) afirmou que está monitorando trêsou quatro fundações que estão desenquadradas, ou seja, acima dos limites permitidos, em ações.De acordo com o secretário Ricardo Pena Pinheiro, um dos casos é o do fundo CBS, fundo depensão dos CSN. O titular da SPC observou que a regra do setor permite uma exposição àpatrocinadora limitada a 10% dos ativos, sendo que o CBS já chegava a ter 60%. Isso ocorreuporque na época da privatização o fundo ficou com uma pequena parcela na patrocinadora, mascom a enorme valorização da companhia, o percentual se tornou alto e gerou o desenquadramento.

“Esse é um dos casos que preocupa por conta da exposição muito acima do limite àsações da empresa patrocinadora. Enviamos uma equipe de fiscalização para acompanhar maisde perto se há algum risco para os fluxos do fundo”, disse Pinheiro, que participou do 29o

Congresso Brasileiro dos Fundos de Pensão, no Rio. Ele explicou ainda que a fundação CBStinha acertado um aumento de prazo, até dezembro desse ano, para o enquadramento do plano.

O diretor financeiro do fundo do CBS, Ricardo Esch, afirmou que esse percentualestava em 40% no fim de outubro, quando os ativos do fundo estavam em torno de R$ 2,5bilhões. Esch disse que o fundo está trabalhando na modelagem de um plano que será subme-tido ao conselho deliberativo da entidade, mas ponderou que existe, desde meados do anopassado, uma liminar obtida pela associação de aposentados que impede o fundo de venderativos. A preocupação é que o processo ocorresse dentro de um valor justo.

Questionado sobre as sanções aplicáveis quando problemas são detectados, Pinheiroafirmou que são as que existem no regime disciplinar do sistema, ou seja, vão desde autuação emulta até intervenção, nos casos mais graves.

Cai rentabilidade de fundos de pensão. Sistema conseguiu metade da receita

prevista entre janeiro e agosto

Por Geralda Doca, de O Globo, em 11.10:A crise vai prejudicar a rentabilidade dos fundos de pensão neste ano. Pela primeira vez

desde 2002, eles não vão conseguir cumprir a meta atuarial. Segundo cálculos da Secretaria dePrevidência Complementar do Ministério da Previdência, de janeiro a agosto o sistema conse-guiu a metade das receitas previstas no período.

Dos R$ 41 bilhões necessários, foram obtidos 19 bilhões. “Neste ano, os fundos nãovão conseguir cumprir a meta de rentabilidade”, afirmou o secretário de Previdência Comple-mentar, Ricardo Pena.

As perdas, porém, não comprometem o pagamento das aposentadorias porque a maio-ria das entidades tem boas condições de liquidez e fluxo de caixa. Seria preciso uma sucessão deresultados ruins, por anos, para haver comprometimento.

Pena contou que a crise impediu ainda o Conselho Monetário Nacional de flexibilizar asregras de aplicações dos fundos de pensão (renda variável, fixa, imóveis e empréstimos paraparticipantes), de acordo com o perfil do plano. Com as mudanças, os fundos poderiam come-çar a investir até no exterior.

Os R$ 19 bilhões obtidos pelos fundos correspondem a uma rentabilidade de 4,35%, de

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uma meta de 9,25%, entre janeiro e agosto. Em 2007, as entidades superaram a meta de 11,46%;a rentabilidade foi de 22,82%.

Governo enquadra fundos de pensão. Novas regras estabelecem critérios mais

rígidos para uso do superávit dos fundos, que chegou a R$ 64 bi em julho

Por Gerusa Marques, O Estado de São Paulo, em 30.09:Em meio ao agravamento da crise financeira, o Conselho de Gestão de Previdência

Complementar aprovou uma resolução estabelecendo critérios mais rígidos para a utilização dosuperávit dos fundos de pensão do País, que em julho deste ano era de R$ 64 bilhões.

O secretário de Previdência Complementar do Ministério da Previdência Social, RicardoPena, explicou que o objetivo das novas regras é preservar a solvência, a liquidez e o equilíbrioeconômico-financeiro dos planos de benefícios administrados pelas entidades fechadas de pre-vidência complementar.

O conselho estabeleceu condições que têm de ser cumpridas antes de o fundo decidir odestino do superávit, que nos últimos anos vem sendo distribuído entre os participantes paraaumentar o benefício. As medidas valem para os planos de benefício definido, quando o partici-pante sabe o valor que receberá quando se aposentar. Esses planos apresentam o maior riscoatuarial, segundo Pena. Ao todo, as medidas alcançam 100 planos de 70 entidades.

Pelas novas regras, as entidades têm de informar corretamente o valor dos ativos e dasdívidas para apurar os resultados do plano de benefícios.

Os fundos de pensão também terão de adotar como referência a chamada tábua AT-2000, que é uma tabela de expectativa de vida elaborada pelo IBGE. Esses planos terão deconsiderar uma taxa de juros de 5%, e não mais de 6%. “Isso torna o plano mais rigoroso, maisconservador e mais prudente”, afirmou o secretário.

Outra medida obriga os fundos a abaterem do superávit as dívidas das empresas patro-cinadoras, para apurar a real disponibilidade de recursos que serão aplicados na revisão do planode benefícios. As dívidas contratadas, segundo Pena, alcançaram R$ 16 bilhões em julho.

Os fundos terão ainda de se enquadrar nos limites estabelecidos pelo Conselho Mone-tário Nacional para as aplicações, principalmente na Bolsa de Valores. O Previ, fundo de pensãodo Banco do Brasil, por exemplo, tem R$ 20 bilhões aplicados em ações além do permitido.Segundo o secretário, de um patrimônio total de R$ 460 bilhões dos fundos de pensão, 36%estão aplicados em bolsa.

Na prática, com as novas regras, do superávit de R$ 64 bilhões, terão de ser desconta-dos, pelo menos, R$ 16 bilhões de dívidas e R$ 20 bilhões do Previ, reduzindo o valor total paraR$ 28 bilhões. O secretário afirmou que não está prevendo nenhum cenário de déficit com aimplantação dessas medidas.

O superávit, que era de R$ 76 bilhões em dezembro do ano passado, caiu para R$ 64bilhões em julho, e, de acordo com o secretário, pode ser ter sido reduzido ainda mais de lá paracá por causa da queda nas bolsas. Os números de agosto só serão contabilizados a partir dequarta-feira.

“Não estamos imunes a crises”, disse o secretário, ponderando que o conselho nãoacompanha só situações conjunturais, e sim um período de 36 meses.

As regras atingem imediatamente quem ainda não recebeu autorização do conselhopara aplicar o superávit, o que representa a maioria das entidades, segundo Pena. As que járeceberam autorização têm até dezembro deste ano para se adaptar às regas. Entre elas estãoPrevi, Centrus (Banco Central), Valia (Vale do Rio Doce) e Sistel (antiga Telebrás).

Números

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ANASPS - Associação Nacional dos Servidores da Previdência e da Seguridade Social

36% do patrimônio de R$ 460 bilhões dos fundos de pensão estão aplicados em bolsade valores

R$ 20 bilhões além do permitido é o que o fundo Previ, dos funcionários do Banco doBrasil, tem aplicado em bolsa de valores

R$ 16 bilhões era o total, em julho, das dívidas das empresas patrocinadoras com osfundos de pensão

R$ 76 bilhões era o tamanho do superávit dos fundos de pensão em dezembro do anopassado. Esse número foi reduzido para R$ 64 bilhões em julho e pode ter caído ainda mais comas recentes quedas na Bolsa

SPC: Governo manda ao Congresso projeto que recria Previc. Superintendência

de Previdência Complementar terá Câmara de Recursos

Em 1o.09, o MPS informou que o projeto de lei recriando a Previc – SuperintendênciaNacional de Previdência Complementar chegou à Câmara dos Deputados, onde tramita comoPL no 3.962/08.

A Previc será uma autarquia de natureza especial, dotada de autonomia administrativa efinanceira, e vinculada ao Ministério da Previdência Social (MPS). Uma das novidades introduzidasno projeto do Executivo, com relação à Previc que funcionou em 2005, é a inclusão de umaCâmara de Recursos da Previdência Complementar, instância de julgamento a ser instalada naSuperintendência.

A previdência complementar exercida por patrocinadores e participantes possui hoje369 entidades fechadas, que acumulam um patrimônio superior a R$ 420 bilhões, correspondendoa 17% do PIB brasileiro. Esse sistema conta com a participação de 2,5 milhões de participantes,entre trabalhadores ativos e assistidos, totalizando cerca de 6,7 milhões de pessoas. Já a modali-dade de Previdência Associativa, também fiscalizada e regulada pela atual SPC, tem 18 entidadese 46 planos, reunindo 250 associações de classe, sindicatos e cooperativas, com 100 mil partici-pantes e uma reserva acumulada de R$ 246 milhões.

O secretário da SPC, Ricardo Pena, comemorou o rápido início da tramitação do proje-to de lei na Câmara dos Deputados. Ele lembrou que o trabalho já feito pela SPC será agoraconsolidado com a criação de uma estrutura de supervisão, um órgão de Estado nos moldes daPrevic, “comprometido com políticas de longo prazo e com quadro técnico próprio, responsá-vel pela promoção do desenvolvimento do sistema de previdência complementar do país.”

EM Interministerial nº 00090/2008/MP/MPS/AGU, Brasília, 29 de maio de 2008.

Excelentíssimo Senhor Presidente da República,Submetemos a superior deliberação de Vossa Excelência a anexa proposta de projeto de

lei que tem como principal finalidade a criação da Superintendência Nacional de PrevidênciaComplementar – Previc.

2. A PREVIC será constituída na forma de autarquia de natureza especial, dotada deautonomia administrativa e financeira, patrimônio próprio, vinculada ao Ministério da Previdên-cia Social, com sede e foro no Distrito Federal e atuação em todo o território nacional, respon-sável pela supervisão do regime de previdência complementar operado por entidades fechadasde previdência complementar.

3. As entidades fechadas de previdência complementar, mais conhecidas como fundosde pensão, apresentam números expressivos que demonstram sua importância social e econô-mica para o País. Segundo dados de abril de 2008, o sistema conta com a participação de 2,5milhões de participantes, entre trabalhadores ativos e assistidos, alcançando, com os dependen-tes, cerca de 6,7 milhões de pessoas. Atualmente, há 369 entidades fechadas de previdência

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complementar em funcionamento no País, que operam 1.044 planos de benefícios, patrocina-dos por 2,3 mil empresas. Tais entidades acumulam um patrimônio superior a R$ 456 bilhões,correspondendo a 17% do Produto Interno Bruto (PIB).

4. A previdência complementar operada pelos fundos de pensão tem papel expressivonão somente em termos de ampliação da cobertura social, na medida em que garante umacomplementação de aposentadoria do trabalhador, mas também como fonte de acumulação depoupança de longo prazo, estável, nacional e essencial para o fomento da atividade produtiva.

5. A Lei Complementar nº 109, de 29 de maio de 2001, ao trazer novas regras de funcio-namento dos fundos de pensão brasileiros, prevê expressamente, em seu art. 5º, a edição de uma leiordinária que trataria do aparato oficial de regulação e fiscalização das entidades de previdênciacomplementar. Com efeito, o art. 74 da Lei supramencionada estabelece que “até que seja publicadaa lei de que trata o art. 5º desta Lei Complementar, as funções do órgão regulador e do órgãofiscalizador serão exercidas pelo Ministério da Previdência e Assistência Social, por intermédio,respectivamente, do Conselho de Gestão da Previdência Complementar (CGPC) e da Secretariade Previdência Complementar (SPC), relativamente às entidades fechadas”.

6. Pela proposta, continuam no Ministério da Previdência Social as atribuições deregulação e formulação das políticas e diretrizes da previdência complementar. Nesse sentido,mantêm-se as atribuições regulatórias atualmente exercidas pelo Conselho de Gestão da Previ-dência Complementar no âmbito do Conselho Nacional de Previdência Complementar, colegiadocuja criação está sendo também proposta, conservando, assim, a instância com participação doGoverno, participantes e assistidos, patrocinadores e instituidores e fundos de pensão. Tambémno âmbito do referido Ministério está sendo criada uma instância recursal e de julgamento: aCâmara de Recursos da Previdência Complementar.

7. Portanto, a presente proposta de projeto de lei, que atende à exigência da Lei Com-plementar nº 109, de 2001, cria a Previc como instrumento de fiscalização das entidades fecha-das de previdência complementar, vinculada ao Ministério da Previdência Social, tendo em vistaque estas são entidades sem fins lucrativos, cujo principal objetivo é o pagamento de benefíciosprevidenciários, em razão do vínculo empregatício do participante com o patrocinador (empre-gador) ou do seu vínculo associativo com o instituidor (entidade de classe).

8. Regulados em 1977, ao longo dessas três décadas os fundos de pensão cresceram econsolidaram. Em 2001, foi aprovada uma nova legislação com regras que permitiram maiorvisibilidade e ofereceram novos instrumentos para expansão do sistema, entre os quais se en-contram os institutos da portabilidade e do benefício proporcional diferido. Por seu turno, osmecanismos de gestão de ativos e do passivo previdenciário se aprimoraram e se tornaram maiscomplexos. No entanto, o aparato oficial de supervisão não acompanhou essa evolução, care-cendo de um fortalecimento institucional, indispensável para um regime de previdência pautadoem regras de longo prazo.

9. As entidades fechadas de previdência complementar, em razão do perfil de longoprazo de que se revestem suas atividades, devem estar inseridas em ambiente de previsibilidade,estabilidade de regras e de comportamento, com elevado grau de especialização. O Estado, paradar conta de sua atribuição fiscalizatória, deve contar com estrutura institucional que tenhaquadros estáveis, especializados e capazes de transcender os diversos governos e concepçõesque se sucedem num regime democrático.

10. Em face da dimensão e da complexidade que vem tomando, é absolutamente im-prescindível que o sistema seja estruturado com mais segurança e transparência, mediante amodernização dos instrumentos de fiscalização e controle, de modo a permitir a proteção plenados interesses dos participantes e assistidos, a promoção do respeito aos patrocinadores e

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ANASPS - Associação Nacional dos Servidores da Previdência e da Seguridade Social

instituidores e o fortalecimento da poupança nacional.11. Para cumprir com seus objetivos institucionais, pretende-se que a Previc conte com

uma estrutura organizacional de uma Diretoria Colegiada, composta pelo Diretor Superinten-dente e quatro Diretores, Procuradoria Federal, Coordenações Gerais, Corregedoria e Ouvidoria.

12. A Diretoria, nomeada pelo Presidente da República, será indicada pelo Ministro deEstado da Previdência Social, e seus membros serão escolhidos entre pessoas de ilibada reputa-ção e notória competência na área de previdência complementar. A Procuradoria Federal, órgãovinculado à Advocacia-Geral da União, nos termos do art. 9º da Lei nº 10.480, de 2002, terá seuquadro constituído por Procuradores Federais, com conhecimento na matéria, o que contribuipara a profissionalização e a estabilidade dos quadros da Administração Previdenciária.

13. Em consonância com os princípios constitucionais que regem a AdministraçãoPública, será instituída a Ouvidoria para atuar junto à Diretoria, mas sem subordinação hierár-quica a esta, o que lhe assegura autonomia e independência no cumprimento de suas atividadesinstitucionais.

14. Ainda, a presente proposta prevê o estabelecimento, pelo Ministério da PrevidênciaSocial, de metas de gestão e desempenho para a Previc, mediante acordo a ser celebrado entre oMinistro de Estado e a Diretoria Colegiada da autarquia. As metas de gestão e desempenhoconstituir-se-ão no instrumento de acompanhamento da atuação administrativa da Previc e deavaliação de seu desempenho.

15. Não obstante as relevantes responsabilidades atinentes ao sistema, o novo aparatooficial de supervisão dará ao regime de previdência complementar estabilidade de regras, auto-nomia orçamentária – com a instituição da taxa de fiscalização – e capacidade operacional paranormatizar, coordenar e supervisionar o universo dos fundos de pensão.

16. Além dos auditores fiscais, oriundos da Secretaria da Receita Federal do Brasil,pretende-se que haja na Previc um quadro de pessoal com 100 cargos de Especialista em Previ-dência Complementar, 50 cargos de Analista Administrativo e 50 cargos de Técnico Adminis-trativo.

17. Para organização da Previc, propomos a criação de 96 cargos em comissão do Gru-po Direção e Assessoramento Superiores (DAS), que integrarão a estrutura da autarquia, assimdistribuídos: um DAS-6; um DAS-5; quatorze DAS-4; trinta e oito DAS-3; vinte e nove DAS-2;e treze DAS-1.

18. Para reestruturação da outra vertente da previdência complementar, que trata dasentidades abertas de previdência complementar e da fiscalização desse segmento, está sendoproposta a criação de 34 cargos em comissão do Grupo-DAS para a Superintendência de Segu-ros Privados (SUSEP), assim distribuídos: quatro DAS-4; treze DAS-3; e dezessete DAS-2.

19. No que tange aos cargos em comissão, estima-se impacto orçamentário de R$ 1,920milhões no presente exercício, considerando-se o período de outubro a dezembro, e de R$ 7,676milhões anuais nos exercícios subsequentes. Esse impacto é compatível com as dotações consig-nadas na Lei Orçamentária Anual e com os demais dispositivos da legislação orçamentária e deresponsabilidade fiscal.

20. O redimensionamento das tabelas de remuneração de 34 cargos efetivos de servido-res do Ministério da Previdência Social em exercício na Secretaria de Previdência Complemen-tar em 31 de dezembro de 2007 resultará numa despesa total estimada de R$ 1,515 milhões em2008, R$ 3,028 milhões em 2009, R$ 3,521 milhões em 2010 e R$ 3,789 milhões em 2011, cujoimpacto está compatível com as normas orçamentárias e de responsabilidade fiscal.

21. A criação dos cargos efetivos previstos no projeto não ocasionará impacto orça-mentário imediato, que apenas se efetivará na medida em que houver o seu provimento, após a

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realização dos correspondentes concursos públicos. Quando estiverem todos providos, o quepoderá ocorrer a partir de 2009, estima-se impacto orçamentário anual da ordem de R$ 28,882milhões.

22. Além da relevância da matéria demonstrada, a criação desse novo aparato de regulaçãoe fiscalização é medida urgente, uma vez que o sistema a ser regulado já atinge 17% do PIB e,com a retomada do crescimento econômico e a modernização da legislação, novas empresas eentidades associativas estão criando planos de previdência complementar, o que demanda maiorcapacidade de atuação do Estado. Além disso, dando sequência à reforma da previdência (EmendaConstitucional nº 41, de 19 de dezembro de 2003), encontra-se em discussão na Câmara oProjeto de Lei nº 1.992, de 2007, que estrutura a previdência complementar dos servidorespúblicos, modalidade previdenciária que será objeto de supervisão e de fiscalização do novoórgão que ora se pretende criar.

23. Essas, Senhor Presidente, são as razões que nos levam a propor a Vossa Excelênciao encaminhamento da proposta de Projeto de Lei em questão.

Respeitosamente,Paulo Bernardo Silva, Ministro de Estado do Planejamento, Orçamento e GestãoJosé Barroso Pimentel, Ministro de Estado da Previdência SocialJosé Antônio Dias Toffoli, Advogado-Geral da União

Pimentel reforça compromisso governamental de recriar Previc. Crescimento

da Previdência Associativa justifica fortalecimento da SPC

Em 17.07, o ministro da Previdência Social, José Pimentel, reforçou o compromisso dogoverno Lula de criar a Superintendência Nacional de Previdência Complementar (Previc), vin-culada ao ministério. Para o ministro, o objetivo é “o aprimoramento institucional, a estabilidadee o fortalecimento da previdência complementar”. O ministro participou da cerimônia come-morativa dos cinco anos da Previdência Associativa, uma modalidade de previdência comple-mentar direcionada para os sindicatos, cooperativas e associações de classe.

A Previdência Associativa, conforme lembrou o ministro Pimentel, surgiu da estratégiado governo federal “de democratizar o acesso de expressiva parcela da população à previdênciacomplementar”. Ele citou as categorias profissionais que hoje integram o universo de previdênciacomplementar fechada, como advogados, atuários, administradores, médicos, arquitetos, magistra-dos, servidores da educação, comerciários, dentistas, atores, músicos e artistas, dentre outros.

Para o ministro, esses avanços registrados no sistema trazem para a Secretaria de Previ-dência Complementar (SPC), do Ministério da Previdência Social, uma série de desafios, visan-do à proteção dos direitos dos participantes e assistidos dos planos de benefícios. Daí porque,segundo Pimentel, a importância de se incentivar uma das linhas de atuação da SPC, que é aeducação previdenciária, bem como aumentar sua capacidade de supervisão visando seu forta-lecimento, o que se daria por meio da criação da Previc.

A Previdência Associativa no país já registra alcance considerável, uma vez que, emcinco anos, já foram criadas 18 entidades e 46 novos planos, reunindo 250 associações de classe,sindicatos e cooperativas, com 100 mil participantes e uma reserva acumulada de R$ 246 mi-lhões. A esses dados se somam aqueles constituídos por outro segmento da previdência comple-mentar fechada – os fundos de pensão –, que reúne, atualmente, 370 entidades, administrandomais de mil planos de benefícios, com valores superiores a R$ 430 bilhões.

Portuários ameaçam fazer greve e pressionam por fim de crise no Portus

Em 06.05, durante debate realizado na Comissão de Direitos Humanos e Legislação

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Participativa (CDH), do Senado Federal, o presidente da União Nacional das Entidades Repre-sentativas dos Participantes do Portus, Vilson Balthar Arsenio, defendeu a paralisação de todosos portos brasileiros como forma de pressionar por uma saída para a crise enfrentada pelofundo de pensão da categoria. Segundo informou, os portuários tentam resolver a situação pormeio de negociação há mais de 10 anos, sem sucesso.

Em sua opinião, os problemas relacionados à dívida do fundo – que podem levar a suainsolvência – não foram causados pelos trabalhadores, que tiveram descontada em folha a con-tribuição devida. O sindicalista explicou que o Portus é patrocinado por diversas companhiasdocas, que são instituições estatais. Tal condição obrigaria, portanto, o governo a responderpelas dívidas dessas companhias para com o fundo.

A representante da Associação Nacional dos Participantes de Fundos de Pensão (Anapar),Claudia Muinhos Ricaldoni, também concorda que as dívidas do Portus são passíveis de nego-ciação com o governo. Na sua avaliação, essa crise pode contribuir para a eficiência dos portosbrasileiros.

O diretor presidente do Fundo de Pensão Portur, Eduardo Celso de Araújo Marinho,defendeu saldar o plano porque, segundo ele, as companhias docas não têm condições de atua-lizar as contribuições devidas. No seu ponto de vista, a adoção de alternativas, como aumentaro valor das contribuições, deverão agravar a situação tanto dos trabalhadores – que terão des-contados maiores valores – como dos patrocinadores, que enfrentam dificuldades financeiras.

Pacto entre governo e portuários pode solucionar crise do fundo Portus

Em 06.05, em audiência pública da Comissão de Direitos Humanos e LegislaçãoParticipativa (CDH), do Senado Federal, que discutiu a situação do fundo de pensão Portus, opresidente da comissão, senador Paulo Paim (PT-RS), defendeu um pacto entre governo e tra-balhadores dos portos brasileiros para que não seja tomada nenhuma medida em relação aofundo antes de o Executivo apresentar alternativas no sentido de resolver a situação. Há aprevisão de que no dia 14 deste mês a Secretaria de Previdência Complementar (SPC), doMinistério da Previdência Social, decida pela liquidação do fundo devido a dívidas do Portus novalor aproximado de R$ 1,5 bilhão.

Paim garantiu que os ministros da Previdência Social, Luiz Marinho, e da Casa Civil,Dilma Rousseff, se comprometeram a resolver a situação do fundo de pensão dos portuários.Segundo Paim, o ministro Marinho pediu prazo para que o ministério apresente uma solução. Jáa ministra Dilma, ressaltou o senador, está realizando reuniões com a finalidade de encontraruma solução que viabilize o funcionamento dos portos de forma mais efetiva.

O senador também sugeriu a eleição de uma comissão de representantes dos portuáriosde todo o país para discutir o problema por que passa o Portus com ministros e parlamentarese buscar resolver a situação. Paulo Paim afirmou que o governo está disposto a dialogar e“encontrar uma saída”.

Na opinião do secretário da Previdência Complementar, Ricardo Pena Pinheiro, a situ-ação do Portus aponta para a insolvência, uma vez que o fundo não possui reservas exigidasconstitucionalmente para se manter ativo. Para resolver a crise enfrentada pelo Portus, o secre-tário sugeriu medidas como o aumento da contribuição; o fechamento do Portus – que traráprejuízo a mais de 40 mil pessoas, vinculadas aos 13 mil participantes do fundo; saldar o fundo– o que significa assegurar os direitos dos participantes e fechá-lo legalmente; e instituir umnovo plano. Para ele, apesar de a SPC estar comprometida em resolver de forma urgente asituação do Portus, caso não haja uma solução em curto prazo, a SPC terá de exercer sua funçãoe dissolver o Portus.

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Renato Casagrande cobra intervenção do governo em fundo de pensão

Em 06.05, o senador Renato Casagrande (PSB-ES) defendeu em audiência públicana Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa (CDH), que o governo saldeas dívidas que as companhias docas têm com o fundo de pensão Portus. Quando bancosestão com dificuldades, salientou o parlamentar, o governo costuma aportar recursos parasocorrer a instituição e, assim, preservar o direito dos correntistas. Da mesma forma, eleentende que o Poder Executivo deveria interferir no caso para garantir o direito dos parti-cipantes do Portus.

“Se pode proteger o setor econômico, deve proteger os trabalhadores brasileiros”, cobrou.O senadores José Nery (PSOL-PA), Heráclito Fortes (DEM-PI), Eduardo Suplicy (PT-

SP) e Gilberto Goellner (DEM-MT) também manifestaram apoio aos portuários. Participaramainda da audiência os deputados Iriny Lopes (PT-ES), Raymundo Veloso (PMDB-BA) e AlicePortugal (PCdoB-BA).

Ameaça de liquidação. Atolado em dívidas e sem suporte das patrocinadoras,

fundo que paga aposentadorias dos portuários pode fechar em dois meses

Publicou o Correio Braziliense, em 22.03:Com dívidas superiores a R$ 1,5 bilhão, o fundo de pensão Portus pode ser liquidado

em dois meses, afirma o presidente do Sindicato dos Empregados na Administração Portuáriade Santos (Sindaport), Everandy Cirino. Segundo ele, a determinação veio da Secretaria dePrevidência Complementar (SPC), órgão do Ministério da Previdência Social que fiscaliza asatividades dos fundos, no começo da semana, durante reunião em Brasília com representantesdos trabalhadores portuários e das companhias docas de todo o país. “Nessa reunião, deramduas opções: ou as patrocinadoras pagam as dívidas, ou o governo federal as socorre e assumeo prejuízo. Se não cumprirem isso, a liquidação ocorre em 60 dias”, explica Cirino. Segundo osindicalista, das 13 patrocinadoras do fundo, a Companhia Docas do Estado de São. Paulo(Codesp) é a única que está pagando a dívida. Também é a administradora portuária de Santosa maior devedora do fundo, com 40% do total.

O fundo atende 40 mil portuários ativos e aposentados de todo o país, comcomplementação de aposentadorias, pensões e licenças médicas. “Os trabalhadores não têmculpa, eles pagam, não são inadimplentes”, argumenta o sindicalista, que já marcou uma assembleiapara 1o de abril em Santos para discutir o problema com os associados. As assembleias serãorealizadas em todo o país e poderão inclusive agendar uma greve nos portos caso o governo nãoapresente uma solução satisfatória.

Os problemas financeiros do Portus não são novidade. Em 2005, diretores do fundodepuseram na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Correios, pois a Portus era umadas clientes da Globalprevi, empresa de assessoria atuarial investigada por suspeita de participa-ção no esquema valerioduto.

Advogadas condenadas

A condenação de duas advogadas levou à recuperação, pela União, de aproximadamen-te R$ 2 milhões que haviam sido pagos a título de reajuste de aposentadorias e pagamentoretroativo de benefícios. Segundo a assessoria de imprensa da Advocacia-Geral da União, aProcuradoria Federal Especializada junto ao Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) conse-guiu na Justiça a condenação das advogadas Maria Alice Adão Antunes e Marly dos SantosAbreu.

De acordo com a AGU, as advogadas cometeram os crimes de estelionato judiciário eindução de erro das autoridades judiciais para obtenção de vantagem indevida

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Governo vai sugerir a recriação da Previc

Por Mônica Izaguirre, do Valor Econômico, em 21.02:O governo encaminhará ao Congresso, até final de março, projeto de lei propondo a

recriação da Superintendência Nacional de Previdência Complementar (Previc). Se não for no-vamente rejeitada pelos parlamentares, a futura autarquia ocupará o lugar da atual Secretaria dePrevidência Complementar (SPC) como órgão fiscalizador dos fundos de pensão. O envio doprojeto foi anunciado ontem pelo ministro da Previdência, Luiz Marinho, ao dar posse ao novotitular da SPC, Ricardo Pena Pinheiro.

A Previc chegou a existir temporariamente, em 2005, por força de uma Medida Provi-sória baixada pelo governo em 30 de dezembro de 2004. Mas foi extinta quando a medidaperdeu eficácia, por falta de apreciação, em 14 de junho de 2005. A Câmara dos Deputadoschegou a aprová-la. No Senado, porém, a oposição conseguiu obstruir a votação, fazendo comque a MP vencesse por decurso de prazo. A medida, que era específica da Previc, criava cerca de800 cargos públicos tanto na Previc quanto em outros órgãos federais já existentes, entre elesAdvocacia-Geral da União. Por isso, senadores do PSDB e do então PFL (hoje DEM) viramnela uma tentativa de criação de “cabide de empregos”.

O novo projeto se restringirá à criação, estruturação e financiamento da Previc. Segun-do Leonardo Paixão, que ontem entregou o cargo de titular da SPC a Ricardo Pena, o desenhoinstitucional deverá ser o mesmo que foi proposto em 2004. Isso significa que o novo órgão seráuma autarquia de natureza especial, dotada de autonomia administrativa e financeira e patrimôniopróprio, vinculada ao Ministério da Previdência.

O órgão poderá receber recursos do Tesouro Nacional. Mas deverá se sustentar princi-palmente com receita própria, proveniente de uma taxa trimestral de fiscalização a ser pagapelos fundos fiscalizados e que vai variar conforme o patrimônio de cada um. Denominada deTafic, essa taxa chegou a ser cobrada em 2005. Naquela época, calculava-se que renderia R$ 36milhões por ano.

A SPC continuará a existir, mas só como órgão formulador de políticas e com umaestrutura reduzida em relação à atual. Conforme Paixão, o projeto de lei deverá prever a criaçãode aproximadamente 500 cargos no âmbito da nova superintendência, incluindo a absorção de200 que deixarão de existir na SPC. Ele esclareceu ainda que os cargos adicionais não serãopreenchidos de imediato e sim aos poucos, na medida da necessidade. “É preciso criar umaroupa maior porque a criança vai crescer”, disse o ex-secretário, que pediu demissão por moti-vos pessoais.

O sucessor Ricardo Pena defendeu que a criação da Previc é necessária porque, com ocrescimento do mercado de previdência complementar, no futuro, só um órgão com mais estru-tura e autonomia dará conta de fiscalizar e monitorar adequadamente os fundos de pensão.“Temos que nos preparar para a demanda que vem.”

Conforme o ministro Luiz Marinho, o Brasil já tem o oitavo maior sistema de previdên-cia complementar do mundo. Existem no país cerca de 370 entidades fechadas de previdênciacomplementar (fundos de pensão), gerindo cerca de mil planos de benefícios e administrandoativos totais em torno de R$ 410 bilhões. No final de 2002, 361 entidades administravam R$ 188bilhões em recursos. Ao se despedir, Leonardo Paixão ressaltou que o governo Lula tem seesforçado para desenvolver e aprimorar o mercado de previdência privada, entre outras razões,por entender que essa é uma fonte de poupança interna que ajuda a financiar o desenvolvimentoeconômico do país.

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Previdência puniu 76 servidores com demissão em 2008 e cassou 15 aposenta-

dorias

Em 29.12, o MPS informou que demitiu 76 servidores punidos em Processo Adminis-trativo Disciplinar (PAD) este ano. Outros 15 tiveram a aposentadoria cassada, 11 foram suspensose dois foram advertidos. No entanto, 11 foram reintegrados, um teve a aposentadoria restabelecida,quatro tiveram a suspensão extinta. Outros nove foram absolvidos.

Pelo balanço do Ministério, dois processos – um de reconsideração e outro de reinte-gração – foram indeferidos. Um processo foi anulado. Quatro servidores conseguiram ser ex-cluídos do processo e um teve a punição de advertência extinta. Três servidores não consegui-ram a reversão de suas penalidades, mas outros dois foram atendidos

Entre 2003 e 2007, o total de penalidades aplicadas pelo MPS foi de 1.171. De 2006para 2007, o número de punições pulou de 161 para 297 e o ministério ficou no topo dos órgãosda administração que mais punem servidores que cometeram irregularidades. As principaispenalidades aplicadas foram: demissão, cassação de aposentadoria, advertência e suspensão.

O número de punições vem aumentando, desde o ano passado, em relação aos anosanteriores, devido ao empenho do ministério de tornar mais ágil as análises dos PAD. A inicia-tiva do MPS é não arquivar nada por decurso de prazo. A advertência é a penalidade com maisocorrência no período de 2003 a 2007, com 463 casos, grande parte por atraso. A legislaçãotolera atrasos quatro vezes por mês, de 15 minutos no máximo. A segunda mais aplicada foi ademissão, subindo de 46 casos, em 2006, para 121, em 2007, totalizando, em quatro anos, 349servidores demitidos.

As demissões acontecem na grande maioria por concessão irregular de benefíciosprevidenciários. Cerca de 90% das demissões são provenientes de fraude no sistema. A fraudeocorre quando um segurado do INSS não tem direito ao benefício e o servidor sozinho ou emconluio com particulares interfere no sistema do órgão e faz com que o segurado receba apo-sentadoria, pensão ou outro benefício.

Outra penalidade aplicada ao servidor é a suspensão. Em 2006 aconteceram 35 casos e,em 2007, o número aumentou para 58. Entre os anos de 2003 e 2007, o total foi de 330 suspen-sões. Os casos de cassação de aposentadoria também são comuns entre as punições aplicadas.Em 2007 foram 15 aposentadorias cassadas, contra quatro casos no ano anterior.

Os servidores que sofreram mais punições durante o ano de passado ocupavam oscargos de agentes administrativos (19,3%), datilógrafos (5,13%), agentes de portaria (3,59%) eperitos médicos (2,82%).

Medidas reduzem tempo médio de concessão de benefícios. INSS antecipa agen-

da e cria 1,3 milhão de novas vagas em 2008

Em 24.12, o MPS informou que as medidas de gestão, modernização e melhoria deatendimento têm refletido diretamente na redução do tempo de espera para os segurados da

Administração Previdenciária

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Previdência Social e no aumento da oferta de vagas. Somente de janeiro a novembro deste ano,foram abertas mais 1.338.015 novas vagas em todas as Agências da Previdência Social (APS) dopaís, um crescimento de 30,53% em relação ao mesmo período do ano passado. De janeiro anovembro, passaram pelas agências da Previdência 5.720.325 pessoas.

Com as medidas de gestão e a redução da agenda, o Tempo Médio de Concessão (TMC)de benefícios também vem sendo reduzido em todo o país, registrando uma queda de 18,21%.De janeiro a novembro de 2007, o TMC era de 33 dias, passando para 27 dias no mesmoperíodo de 2008.

A partir de janeiro de 2009, com a ampliação da base e validação dos dados do CadastroNacional de Informações Sociais (CNIS), será possível conceder aposentadoria por idade, paraos trabalhadores urbanos, em apenas 30 minutos, com reconhecimento automático de direitos.Essa medida, proposta pela Previdência ao Congresso Nacional e sancionada pelo presidenteLuiz Inácio Lula da Silva, evitará que o segurado perca tempo juntando os documentos exigidospara requerer a aposentadoria.

O ministro da Previdência Social lembra que o segurado não precisa mais “recolher umsaco de documentos”, porque caberá à Previdência ter todos os dados do cidadão. “Nós estamosaposentando o saco de documentos que se exige do trabalhador quando ele vai requerer o seubenefício previdenciário”, explicou Pimentel.

O segurado precisará apresentar apenas documento de identidade. Caso haja discordânciapor parte do trabalhador, ele poderá solicitar inclusão de informações, desde que apresenteprovas contemporâneas dos dados inexistentes no sistema.

A implantação do novo sistema será gradativa para os demais benefícios. Em março de2009, começa a vigorar o reconhecimento automático de direitos para aposentadorias por tem-po de contribuição. Em julho, será a vez da inclusão de aposentadoria para segurados especiais(área rural).

Agendamento

O Tempo Médio de Espera de Agendamento (TMEA) também caiu, no mesmo perío-do e para todos os serviços do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), em 23,21%, passan-do de 56 dias, em 2007, para 43 dias, em 2008.

Essa redução dos tempos de espera foi possível a partir da adoção de um controleefetivo dos agendamentos marcados, tanto pela Central 135 como pela página da internet, osdois canais remotos da Previdência Social. As vagas constatadas como ociosas, após confirma-ção do horário agendado, estão sendo repassadas para segurados que têm agendamentos supe-riores à meta institucional de 30 dias.

Os operadores da Central 135 ligam para os segurados, até 72 horas antes da datamarcada, para confirmar o atendimento. Além do controle pela central, as APS mantém umsistema de antecipação da agenda. A própria agência telefona para os segurados que estão comdata marcada superior à meta institucional de 30 dias.

Com essas medidas de controle da agenda, a Previdência constatou, ainda, que muitasmarcações eram feitas por terceiros – agenciadores –, que depois “vendiam” a vaga para ossegurados em diversas cidades.

Edital sai nos próximos dias

Publicou o Jornal de Brasília, em 06.11:Quem não perde a leitura do Diário Oficial da União garimpando editais de concursos

públicos deve ficar atento, pois o Ministério da Previdência já definiu a empresa que irá organi-zar o concurso do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). Serão abertas 900 vagas para o

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cargo de analista de seguro social em vários pontos do País.O certame será organizado pela Fundação de Apoio a Pesquisa, Ensino e Assistência

(Funrio). De acordo com a Assessoria de Imprensa do ministério, o edital deve ser divulgadonos próximos dias. O salário inicial para o cargo de analista do seguro social, com formaçãosuperior em serviço social, será de R$ 3.586,26. Os assistentes sociais irão trabalhar nas agênciasda Previdência Social (APS).

Este será o segundo processo seletivo do INSS para a contratação de analistas de segurosocial. Em março deste ano, 508 mil pessoas fizeram o concurso para duas mil vagas – 1,4 milvagas para o cargo de técnico do seguro social (nível médio) e 600 para analista do seguro social(nível superior). O concurso para o INSS recebeu 593 mil inscrições e foi um dos maiores dosúltimos dois anos realizados pelo Cespe/UnB – ficou atrás apenas do Banco do Brasil, queregistrou 660.873 inscritos em 2007.

.Edifício JK é vendido por R$ 2,3 milhões. Valor inicial oferecido pelo imóvel

havia sido de R$ 3,6 mi

Por Maurício Coutinho, da Folha de Pernambuco, em 31.10:O edifício JK, que sediou o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) de Pernambuco,

no bairro de Santo Antônio, foi vendido, em leilão público realizado no auditório da GerênciaExecutiva do INSS Recife, por R$ 2,3 milhões. O arremate foi feito pelo engenheiro DennisNunes, que comprou o prédio de 20 andares para fins comerciais, que não foram especificados.O valor inicial para a venda do imóvel foi estabelecido em R$ 3,6 milhões, o que implica dizerque a oferta foi inferior a 60% do montante.

“No início do ano foi lançado um edital para que órgãos públicos estaduais ou munici-pais adquirissem o prédio através de leilão. Mas, já que nenhum representante ligado a essessegmentos governamentais demonstrou interesse em comprar o JK, lançamos o edital para queo prédio fosse comprado por empresas particulares ou pessoa física”, justificou o gerente execu-tivo do INSS Recife, George Sóstenes. O valor arrecadado com a venda do imóvel irá integraro fundo orçamentário para a expansão da rede de atendimento da Previdência Social.

De acordo com Sóstenes, a venda do prédio – que estava em desuso há, pelo menos,sete anos – faz parte do plano de expansão da rede de atendimento do Ministério da Previdên-cia, que visa instalar postos de atendimentos em Municípios onde habitam mais de 20 milpessoas, nos próximos dois anos. Através desta iniciativa, além das 1.110 agências já instaladasno País, a Previdência pretende criar 715 novas unidades.

Segundo a assessoria do INSS no Recife, o arrematador cumpriu a exigência de recolhi-mento da caução inicial de 5% em cima do valor do imóvel. O engenheiro terá o prazo de 60meses para quitar o negócio. Para o gerente da Gerência Regional do INSS, José Nunes Filho, avenda do JK atingiu seus propósitos, tanto financeiros quanto estratégicos, uma vez que oprédio constava em uma lista nacional de 700 imóveis não operacionais, alienáveis pela modali-dade de leilão público.

Previdência vai abrir concurso para contratar 1.227

Publicou o Diário de São Paulo, em 31.10:O Ministério da Previdência vai publicar neste mês os editais para concursos públicos,

que preencherão um total de 1.227 vagas no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) e naEmpresa de Tecnologia e Informações da Previdência Social (Dataprev). A expectativa é de queas provas e as contratações dos aprovados ocorram em fevereiro do próximo ano.

A informação foi dada pelo ministro da Previdência, José Pimentel.

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Segundo o ministro, 900 empregos serão para assistentes sociais no INSS. “Em 2004, opresidente Lula resgatou essa carreira, que havia sido extinta em 1997”, explicou.

As outras 327 vagas ficarão para os analistas de tecnologia da informação (TI) na Dataprev.Neste caso, as chances foram abertas dentro de um novo plano de cargos da empresa.

Porém, Pimentel não adiantou detalhes de datas ou os salários oferecidos. “Vamosprecisar de novos profissionais para preencher as vagas”, avaliou.

Médicos do INSS vão ter mais segurança. Justiça determina que instituto instale

portas detectoras de metais e câmeras em postos onde são feitas perícias

Por Ludmila Curi, de O Globo, em 22.10:Responsáveis por atestarem doenças que incapacitam para o trabalho, os médicos peri-

tos do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) correm risco de vida nos consultórios casonão renovem o laudo de invalidez dos seus pacientes. Na Agência da Previdência Social deItaguaí, por exemplo, três profissionais já passaram por situações de violência. Uma médicasofreu uma tentativa de esganadura, depois de dar um parecer negativo a uma segurada.

No mesmo lugar, um médico foi intimidado com uma tesoura e outro afastado porsíndrome do pânico, depois de receber muitas ameaças.

Por conta disso, o Sindicato dos Médicos entrou com uma ação na Justiça, que determi-nou, no último dia 16, que o INSS melhore, num prazo de 90 dias, a segurança das agências.

O instituto será obrigado a instalar portas detectoras de metais e câmeras de segurançanos locais onde trabalham os 600 médicos peritos que atuam no Estado do Rio.

No mesmo ano, o médico perito Salvador Moreno, de 56 anos, foi golpeado na cabeçapor um monitor de vídeo na agência de São João de Meriti.

“A pessoa recebe o resultado desfavorável, invade a sala e agride o perito com o que ela puder.Os seguranças vieram porque escutaram o barulho. Se ele tivesse acertado em cheio, eu não estava vivo.Ele quase me matou, era forte, tinha uns dois metros de altura e pesava 120 quilos”, contou.

Em mais de 10 anos de profissão, Salvador conta que já foi ameaçado mais de 50 vezes:“O cara parte pra cima para que eu mude o laudo, dizendo ‘se você não mudar, eu vou te bater’.Esse homem da agressão voltou depois, pediu desculpa, mas encaminhei a perícia para outroprofissional e dei queixa sobre ele na Polícia Federal de Nova Iguaçu”.

O segurado que agrediu o médico em São João de Meriti é até hoje beneficiário daprevidência por sofrer do mesmo problema: lombalgia (dor na região lombar). A doença é acausa de cerca de 35% dos benefícios concedidos na agência do local. O número chama aatenção de Salvador. “Não tem razão pra tanta lombalgia no mesmo lugar!”

INSS diz já ter tomado as medidas pedidas por juiz. Segundo a assessoria de imprensado INSS, a decisão judicial só chegou ontem a Brasília.

O órgão diz estar aberto para reforçar a segurança dos médicos peritos e alega queconcluiu recentemente a instalação de portais detectores de metais em todas as 1.110 agênciasdo país. A novidade custou R$ 4 milhões, mas já sofre críticas.

“Os portais apitam e fica por isso mesmo. Ninguém revista”, disse o presidente doSindicato dos Médicos do Rio de Janeiro (SinMed), Jorge Darze.

No primeiro semestre deste ano, a Associação Nacional dos Médicos Peritos (ANMP)registrou 60 episódios de violências, entre ameaças e agressões, em todo o Brasil. Em 2006, emMinas Gerais, a médica perita Maria Cristina de Souza Felipe foi morta a tiros por denunciaruma quadrilha que fraudava documentos de concessão de auxílio-doença. No ano passado,também em Minas, José Rodrigues de Souza morreu após levar um tiro em plena agência daPrevidência Social.

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Crédito para mais de 100 mil. Previdência fecha convênio com Caixa e BB para

financiar casa própria no modelo consignado

Por Luciene Braga, de O Dia, Rio, em 24.10:O Ministério da Previdência vai assinar, dia 31, convênio com Caixa Econômica Federal

e Banco do Brasil para conceder financiamento habitacional via crédito consignado. O acordofacilitará o acesso à casa própria para 100.800 servidores ativos, inativos e pensionistas do minis-tério (5 mil), INSS (39.500 ativos, 39 mil inativos e 13 mil pensionistas) e Dataprev (3.100 ativose 1.200 inativos e pensionistas).

O ministro da Previdência, José Pimentel, anunciou a medida no encontro de gerentesda Dataprev para o planejamento estratégico 2009-2011, no Rio. Segundo ele, a interiorizaçãodas agências do INSS, que prevê abertura de mais 715 no País – 172 no Sudeste –, precisa gerarinteresse por cidades com média de 20 mil habitantes: “O servidor que for para essas unidadeschegará às cidades com mais segurança, com condições de ter casa própria. Mas o convênio épara todos”.

A Caixa só deverá divulgar taxas em uma semana. Segundo o modelo para funcionáriosda Universidade Nacional de Brasília (UNB), eles terão desconto de 100% na taxa de adminis-tração antecipada no consórcio de imóveis e automóveis e ampliação do prazo de pagamento nacompra de material de construção, até 60 meses. Caso recebam no banco, servidores têm taxasdiferenciadas no cheque especial e cartão de crédito sem anuidade.

Dataprev faz seleção para contratar 347O ministro da Previdência, José Pimentel, anunciou que o edital de contratação de 347

servidores para a Dataprev será divulgado mês que vem. São 23 vagas para assistente de Tecnologiada Informação (Nível Médio) e 324 (Superior) para analista de TI. Os exames deverão seraplicados em janeiro ou fevereiro, e os aprovados serão contratados em breve.

O presidente da Dataprev, Lino Kieling, afirmou que poderá haver mais contratações:“Formaremos um cadastro de reserva, e esses aprovados serão chamados ao longo dos doisanos de validade do concurso”. Segundo ele, a Dataprev passa por modernização, acompanhan-do os novos modelos de gestão da Previdência.

O ministério já anunciou que a automatização de todos os dados vai permitir concessãoda aposentadoria em meia hora a partir de 2010. “Os próximos anos serão decisivos. Estamossubstituindo o sistema que era vinculado a um único fornecedor (Unysis) e adotando platafor-mas abertas, com o Java”, explica Kieling.

A Diretoria de Desenvolvimento de Projetos da Dataprev está preparando um sistemapara integrar dados do Ministério do Trabalho ao Cadastro Nacional de Informações Sociais(CNIS). O diretor Rodrigo Darlem acrescentou que a empresa está aprimorando o sistema desegurança dos dados.

Pimentel quer expandir rede para atender a mais 30 milhões de brasileiros. Apoio

do Congresso beneficiará população de 1.384 Municípios

Em 14.10, o MPS infornou que na Comissão Mista de Orçamento do Congresso Naci-onal, o ministro da Previdência Social, José Pimentel, solicitou apoio dos parlamentares paragarantir recursos orçamentários necessários à expansão da rede de Agências da PrevidênciaSocial (APS). O objetivo, segundo o ministro, é melhorar o atendimento e interiorizar e aumen-tar o número de unidades do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) em todo o país. Aexpansão prevê a criação de 715 novas agências fixas, que passariam das atuais 1.110 para 1.825unidades.

Atualmente, o INSS está presente com unidades fixas em 950 Municípios, e a ideia é

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estender esta participação para todas as cidades com mais de 20 mil habitantes que não possuamAgências da Previdência Social. Com as novas instalações e suas áreas de abrangência, a previsãoé a de atender a uma população estimada em 30,8 milhões de pessoas. “Além de evitar o deslo-camento dos segurados para os grandes centros, vamos reforçar as cidades de porte médio e,ainda, melhorar o atendimento das nossas agências”, explicou.

O ministro citou um estudo realizado pelo Ministério da Previdência Social em que seconstatou que muitos segurados são obrigados a percorrer mais de 150 quilômetros para serematendidos em uma unidade do INSS. José Pimentel pediu para que os parlamentares conversem,não apenas com suas bancadas, mas também com os prefeitos dos Municípios que representampara que ajudem na formação de parcerias. “Em contrapartida, precisamos que as prefeiturasnos cedam os terrenos para que possamos instalar as agências”, ressaltou. Ele afirmou que acriação das novas unidades terá impacto significativo na prestação dos serviços previdenciários.

Durante a reunião, o ministro apresentou aos parlamentares gráficos com a distribuiçãodas unidades por Estados e regiões (veja tabela abaixo) que deverão estar funcionando em 2009e em 2010. O plano prevê a criação de 336 unidades na Região Nordeste; 172 na Região Sudeste;102 na Norte; 29 na Centro-Oeste; e 76 na Região Sul. Cada APS deverá custar cerca de R$ 570mil, totalizando R$ 404,7 milhões para a implantação de todo o projeto.

Conforto

Além da criação das novas agências, a rede atual está passando por um amplo processode recuperação. Todas as unidades do país estão sendo reformadas, ampliadas ou, até mesmo,transferidas para novos prédios. O objetivo é proporcionar maior conforto a segurados e servi-dores, bem como garantir celeridade na análise para concessão e manutenção dos benefíciosprevidenciários.

As novas instalações seguem um layout padronizado, que tem como meta a moderniza-ção das APS, com dispositivos de segurança – como portais detectores de metais –, sinalizaçãointerna, para orientar o cidadão, equipamentos de informática e acessibilidade para pessoasportadoras de deficiência.

Ministro pede recursos no Orçamento para criar 715 agências do INSS

O ministro da Previdên-cia, José Pimentel, pediu em 09.10aos presidentes da Câmara,Arlindo Chinaglia, e do Senado,Garibaldi Alves Filho, apoio paraa inclusão, no Orçamento de2009, de recursos para a instala-ção de agências do INSS em 715cidades (uma em cada) com maisde 20 mil habitantes que ainda nãodispõem de sede do instituto. Eleexplicou que as agências serãocriadas por decreto presidencial,mas o presidente Lulacondicionou o ato à garantia dosrecursos orçamentários.

Pimentel informou quecada agência vai custar R$ 550

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mil. Ele disse que, com a instalação dessas 715 novas unidades, todos os Municípios com maisde 20 mil habitantes terão agências do INSS.

O ministro também vai se reunir com integrantes da Comissão Mista de Orçamento napróxima semana para discutir o assunto. Ele explicou que, além dos recursos orçamentários para2009, o ministério também quer incluir a ampliação da rede no Plano Plurianual.

As novas agências deverão estar funcionando em 2009 e em 2010. O plano prevê acriação de 336 unidades na Região Nordeste; 172 na Região Sudeste; 102 na Norte; 29 naCentro-Oeste; e 76 na Região Sul. Cada nova Agência deverá custar cerca de R$ 570 mil.

Previdência atinge inéditos 40 milhões de contribuintes

Publicou A Gazeta, ES, em 11.08:A Previdência Social alcançou a marca história de 40 milhões de trabalhadores com

carteira assinada como contribuintes em 2007. O número de contribuintes individuais, em queestão, entre outros, os trabalhadores autônomos, atingiu 11 milhões de pessoas no mesmo ano.O salto no número de filiados é expressivo, já que em fins de 2002 eram 30,8 milhões oscontribuintes empregados e cerca de 28 milhões descontavam regularmente para o INSS.

Em relação ao ano anterior, houve crescimento de 7,15% no contingente de emprega-dos filiados ao Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). A taxa de crescimento no segmentodos individuais foi de 5,4%. Os números são inéditos e foram revelados pelo ministro da Previ-dência, José Pimentel. “Ampliamos a cobertura previdenciária e social no País.”

Ele explicou que, nesse universo de 40 milhões de pessoas, estão cerca de 36,1 milhõesde contribuintes efetivos, ou seja, pagaram de forma contínua nos 12 meses. Os demais 3,9milhões de trabalhadores contribuíram por menos meses, o que indica alguma ocupação tempo-rária. O salto no número de filiados é expressivo, já que em fins de 2002 eram 30,8 milhões oscontribuintes empregados e cerca de 28 milhões descontavam regularmente para o INSS.

“É um reflexo direto da maior formalização de mão de obra, fruto de maior crescimen-to econômico”, comentou o ministro. Embora no curto e médio prazos o aumento no númerode contribuintes do INSS ajude a melhorar o resultado das contas previdenciárias, pois eleva asreceitas para o custeio dos benefícios, especialistas alertam para o fato de que, no longo prazo,os contribuintes baterão à porta do INSS para pedir aposentadorias e pensões.

Unidades do INSS ganham reforço com novos servidores. Aprovados em con-

curso iniciam atividades após curso de ambientação

Em 04.08, o MPS informou que após concluírem o curso de ambientação, os novosservidores do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) começam as atividades nos locais detrabalho para onde foram designados. Os técnicos do seguro social irão reforçar o atendimentona rede de Agências da Previdência Social (APS) de todo o país. Já os analistas do seguro socialirão desempenhar suas funções nas gerências – regionais e executivas – e na direção central doInstituto.

No final do mês, os novos servidores passam por um novo treinamento, desta vez nospróprios locais de trabalho. Foram nomeados 1.991 candidatos, aprovados no último concursodo INSS, realizado em março deste ano. Como só entraram em exercício 1.775, o INSS irá fazeruma segunda chamada para nomear cerca de 200 servidores.

Depois de 18 anos sem concurso e com um déficit de quase 20 mil vagas, o quadropessoal do INSS passa por um processo de recuperação. Nos últimos cinco anos, entre 2003 emaio deste ano, 14 mil novos servidores ingressaram no Instituto. Foram realizados quatroconcursos públicos para substituir os servidores que mudaram de carreira, se aposentaram ou

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faleceram e, principalmente, os terceirizados. Do total de contratados durante este período,3.520 são peritos médicos. O restante foi nomeado para os cargos de técnico (nível médio) eanalista (nível superior).

DéficitO diretor do Departamento de Recursos Humanos do INSS, Desilson Nunes, conside-

ra de fundamental importância o processo que vem sendo adotado desde 2003 para reestruturaro quadro de pessoal do Instituto. Ele, no entanto, ressalta que o número de contratações éinsuficiente para suprir o déficit acumulado a partir de 1990. Em um levantamento realizado emmaio do ano passado foi identificada uma defasagem na carreira do seguro social de 18.493vagas. Para suprir esta carência, o Ministério do Planejamento autorizou a abertura de 8.322vagas, que já começaram a ser liberadas, gradativamente, a partir de 2007.

O longo período sem concurso, segundo o diretor, não apenas impossibilitou a renova-ção dos quadros, como também impediu que fossem agregadas novas experiências à carreira.Desilson Nunes ressalta que existem hoje cerca de 10 mil servidores em condições de se apo-sentar, quase 13% do total de ativos.

Lula assina decreto que antecipa 13o na folha de agosto. A partir do dia 25, INSS

pagará cerca de R$ 6,9 bilhões de abono natalino

Em 1o.08, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva assinou decreto em que anteci-

pa a primeira parcela do 13o salário para os beneficiários do Instituto Nacional do Segu-

ro (INSS). O pagamento para cerca de 21,45 milhões de beneficiários será feito junto

com a folha de agosto, depositada entre os cinco últimos dias úteis do mês e os cinco

primeiros dias úteis de setembro no Diário Oficial da União.(rever: falta texto??)

Para o ministro da Previdência Social, José Pimentel, a decisão do governo tem comoobjetivo dar comodidade aos beneficiários. “As pessoas não precisarão ir duas vezes ao banco,uma para receber o benefício e outra para sacar o abono”, afirmou Pimentel. A unificação dopagamento, explicou Pimentel, também evita filas na rede bancária e reduz custos, pois a Dataprevnão precisará rodar duas folhas de benefícios.

Com a antecipação, a folha do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) para o mêsde agosto somará cerca de R$ 21,9 bilhões. Apenas o 13o representa uma injeção de cerca de R$6,9 bilhões a mais na economia. É a terceira vez que os beneficiários da Previdência recebemparte da gratificação adiantada. A primeira foi em 2006, como resultado de acordo firmadoentre o governo e as entidades representativas de aposentados e pensionistas. O acordo prevêque a antecipação do 13o será mantida até 2010, último ano do governo do presidente Lula. Acada ano será editado novo decreto estabelecendo a antecipação.

DECRETO No 6.525, DE 31 DE JULHO DE 2008.

Dispõe sobre a antecipação do abono anual devido ao segurado e ao dependente daPrevidência Social, no ano de 2008.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso da atribuição que lhe confere o art. 84,inciso IV, da Constituição, e tendo em vista o disposto no art. 40 da Lei no 8.213, de 24 de julhode 1991,

DECRETA:Art. 1o No ano de 2008, o pagamento do abono anual de que trata o art. 40 da Lei no

8.213, de 24 de julho de 1991, será em duas parcelas, sendo a primeira, equivalente a até cinquentapor cento do valor do benefício correspondente ao mês de agosto, paga juntamente com obenefício correspondente a esse mês.

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Parágrafo único. A segunda parcela corresponderá à diferença entre o valor total doabono anual e o valor da parcela antecipada.

Art. 2o Este Decreto entra em vigor na data de sua publicação.Brasília, 31 de julho de 2008; 187o da Independência e 120o da República.LUIZ INÁCIO LULA DA SILVAJosé Pimentel

Governo e representantes dos servidores do INSS fecham acordo salarial. Mi-

nistro Pimentel celebra a vitória do diálogo

Em 16.07, o MPS informou que o governo e representantes da Central Única dosTrabalhadores (CUT) e da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Seguridade Social(CNTSS) assinaram um Termo de Acordo que reestrutura e assegura o reajuste dos servidoresda Carreira do Seguro Social. O reajuste será concedido de 2008 a 2011 e varia de 29,4% a141,8%.

Para o ministro da Previdência Social, José Pimentel, o acordo celebra a vitória dodiálogo entre os servidores e o governo, por meio da negociação coordenada pelo Ministério doPlanejamento, uma vez que quase 40 mil servidores do Instituto Nacional do Seguro Social(INSS) serão beneficiados com o reajuste.

Jornada

Além de reajustar o salário dos servidores do INSS, o acordo cria a opção da jornada deseis horas, possibilitando ao servidor optar pela redução da carga horária atual, de oito horas.Caso opte pela redução, ele passa a receber o vencimento previsto na tabela de remuneraçãopara carga horária de seis horas que consta no acordo.

O acordo prevê também a ascensão de três padrões na tabela de remuneração dosservidores de nível intermediário e superior, desde que o servidor esteja colocado até o padrãoS III da tabela. Também ficou acordado que será criado, a partir de agosto de 2008, um grupode trabalho, com a coordenação da Secretaria de Recursos Humanos do Ministério do Planeja-mento (SRH/MP), para elaborar um estudo sobre a reestruturação da carreira do seguro social.

O acordo também garante a incorporação ao Vencimento Básico da Vantagem PecuniáriaIndividual (VPI). Os aposentados da categoria passam a ter direito a um percentual maior dagratificação de desempenho, que é paga aos servidores ativos da categoria. Os novos índices sãode 40%, em 2008, e 50%, em 2009.

A nova lei também estabelece maior rigor na fiscalização do cumprimento das metasdeterminadas em lei durante a vigência do certificado; e o fim da responsabilidade do Ministérioda Previdência Social pelo julgamento de recursos encaminhados contra decisões do CNAS.

INSS capacita 23 mil servidores do atendimento. Objetivo é preparar pessoal

para melhorar a relação com os segurados

Em 23.06, o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) iniciou o curso básico deAtendimento, na Gerência Regional de Brasília, e no dia 30, nas regionais de Recife e BeloHorizonte. Estão programados cursos ainda até o fim do ano nas regionais São Paulo eFlorianópolis. A meta do INSS para esses cursos é a de qualificar e capacitar 23 mil servidoresdas Agências da Previdência Social (APS), para melhorar o atendimento ao cidadão.

No curso, serão desenvolvidas as competências pessoais de cada um, incentivando açõestransformadoras, de cooperação e de solidariedade. Com a capacitação, o INSS pretende ofere-cer um serviço de melhor qualidade, eficiente e ágil, proporcionando ainda ao servidor maissegurança para tomar decisões.

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Gestor

A partir de 26.06, cerca de 3.700 gestores do INSS participam da oficina “Moderniza-ção da Gestão”, como parte do Programa de Educação Continuada, a ser realizada em Brasília,São Paulo, Recife, Belo Horizonte e Florianópolis, sede das cinco gerências regionais do INSS.

O objetivo deste curso é o de capacitar os gestores para o desenvolvimento e a constru-ção de um novo paradigma de gestão, voltado para a formação integral do ser humano – nasdimensões do indivíduo, sociedade, trabalho e cultura – de acordo com as diretrizes estratégicasdo INSS.

Participam dirigentes dos níveis estratégico, tático e operacional, entre eles diretores,procurador chefe, corregedor e auditor, gerentes regionais e executivos, coordenadores gerais ede área, chefes de agência, entre outros.

No dia 16.07, os dois mil novos servidores, nomeados desde 26 de maio, começam o“Curso de Ambientação”, que será realizado em três semanas, sendo as duas últimas em setepolos: Brasília, Fortaleza, Recife, Salvador, Belo Horizonte, São Paulo e Porto Alegre. O objeti-vo, nesse caso, é receber e ambientar os novos servidores no INSS e conscientizá-los sobre a suafunção social para a sociedade brasileira.

Em 2007, o Programa de Educação Continuada do INSS ofereceu 28.316 oportunida-des de cursos aos servidores. Este ano, serão mais 50.993 oportunidades para as áreas de Aten-dimento, Gestão, Competências Técnicas e também para a Ambientação dos novos servidores,sendo 29.693 presenciais e 21.300 a distância.

Além dos cursos presenciais e a distância promovidos pela Coordenação Geral de Re-cursos Humanos do INSS, em 2007 foram oferecidas mil bolsas de estudo para cursos degraduação e pós-graduação lato sensu, do Programa de Incentivo à Educação Formal. Este ano,mais de 2.500 servidores serão beneficiados. O resultado da seleção dos candidatos inscritospara as bolsas deve ser publicado.

Ministério tenta conter atravessadores de filas

Por Marcelo Tokarski, da equipe do Correio, Correio Braziliense, em 03.04:O Ministério da Previdência Social adotou novas medidas para combater a ação dos

atravessadores de vagas na agenda de atendimento do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS).Além de cancelar os agendamentos quando há erros nos dados informados, como telefoneerrado ou números falsos de CPF, por exemplo, o INSS vem testando em São Paulo o sistemade overbooking, amplamente utilizado pelas companhias aéreas. A estratégia consiste em marcarpara um mesmo período um número maior de agendas do que a capacidade de atendimento,esperando que uma parte dos segurados não irá comparecer na hora marcada.

A ação dos atravessadores da fila virtual foi descoberta pelo governo em meados doano passado, conforme o Correio mostrou em outubro. O ministério detectou que em 30% dos1,4 milhão de agendamentos feitos por mês o segurado não comparecia à agência no dia marca-do, o que causava muita lentidão no sistema. A partir de junho, o INSS passou a confirmar oatendimento por telefone. No entanto, na metade das conferências os atendentes da centraltelefônica não encontraram os segurados. Na maioria dos casos, quem agendou o horário forne-ceu telefone errado ou o número do escritório de um intermediário.

“Estamos introduzindo outras medidas, como o cancelamento das agendas com dadosincorretos ou inválidos. Também passamos a exigir o CPF”, disse o ministro Luiz Marinho,durante participação em um seminário sobre os 85 anos da Previdência Social. “O intermediárioque ficava vendendo lugar na fila (na porta das agências) agora vende agendamento”, reconhece.Ao marcar uma data, o usuário aceita um termo de condições que permite o cancelamento em

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caso de informações erradas.Além disso, antes de confirmar o agendamento por telefone, o INSS passou a fazer

uma checagem dos dados fornecidos. Entre eles está a verificação do Número de Identificaçãodo Trabalhador (NIT) com o Cadastro Nacional de Informações Sociais (CNIS) e o sistema deóbitos, com o objetivo de evitar que os atravessadores utilizem números de aposentados jáfalecidos. Também passou a ser proibida a utilização de um NIT correspondente a um benefíciojá concedido ou em análise, outra estratégia usada pelos golpistas.

Vem sendo testada em São Paulo a antecipação do atendimento. Quando há vagas nosistema, o INSS liga para o usuário oferecendo um dia mais próximo para o atendimento. Noentanto, 40% das pessoas não aceitam a antecipação. Para a Previdência, podem ser osatravessadores que ainda não conseguiram um segurado para “encaixar” no horário marcado.

Por isso, quando o segurado não aceita a antecipação, perde direito à contagem de prazopara concessão do benefício. E que, pela lei, a Previdência tem 45 dias para conceder ou nãouma aposentadoria ou pensão. Caso esse prazo não seja cumprido, a pessoa recebe os valoresretroativos à data em que o agendamento foi feito. No entanto, quem se recusa a receber antesperde esse direito.

Para melhorar gestão, INSS venderá 3,5 mil imóveis em Rio e São Paulo

Por Geralda Doca, de O Globo, em 31.03:Brasília – O governo vai se desfazer de todos os 3.501 imóveis do INSS que não estão

sendo utilizados como agências e postos de atendimento. A maioria está localizada nos Estadosdo Rio e de São Paulo, inclusive em áreas valorizadas, como é o caso de um prédio da RuaAlcindo Guanabara, que fica ao lado do Theatro Municipal do Rio. Para se desfazer dos bens, oMinistério da Previdência assinará nas próximas semanas um contrato com a Caixa EconômicaFederal (CEF), que fará os leilões, a avaliação e a regularização (escritura) dos imóveis a seremvendidos. Ainda não há um cronograma definido, mas a intenção do ministro Luiz Marinho éiniciar a venda ainda este ano.

A proposta foi apresentada ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva há cerca de duassemanas e integra o pacote de medidas de melhoria da gestão do INSS. Em 2007, a PrevidênciaSocial arrecadou R$ 5,3 milhões com aluguel de parte dos imóveis, mas teve uma despesa de R$3,5 milhões com serviços de limpeza, vigilância, manutenção e impostos, como IPTU. Há tam-bém imóveis ocupados irregularmente e outros vazios. Muitos estão em fase avançada de dete-rioração, disse o ministro.

“O INSS não é imobiliária”, afirmou Marinho.Ele disse que a Caixa se encarregará também de resolver conflitos no caso dos imóveis

ocupados irregularmente e todo o tipo de pendências, como contas de água, luz e condomínio.Na falta de interessados, os imóveis serão destinados ao Programa de Arrendamento

Residencial (PAR), que visa reduzir o déficit habitacional na baixa renda.

Fila virtual do INSS só faz crescer

Por Raphael Bruno, do Jornal do Brasil, em 23.03:Os brasileiros deixam de receber algo em torno de R$ 163 milhões devido à demora do

Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) nas análises de requerimentos de concessão debenefícios. O número é uma estimativa e leva em conta o valor médio dos benefícios, atualmen-te em R$ 559,90.

Em janeiro deste ano, último mês em que os dados foram tornados públicos pelo Mi-nistério da Previdência Social, 292 mil pedidos aguardavam há mais de 45 dias por uma resposta

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do instituto. São os “represados”, pela própria nomenclatura do órgão.Desde abril de 2006, o INSS oferece aos segurados a possibilidade de agendar eletroni-

camente o atendimento em uma de suas agências. O agendamento passou a ser feito por meioda central telefônica do órgão, que atende pelo número 135, ou na página virtual do ministério.

O objetivo da mudança era acabar com as famosas e longas filas de segurados em buscade benefícios que se formavam na porta das agências. Para se ter uma ideia, cerca de 80% dasligações para a central são de segurados em busca de informações sobre a concessão de benefí-cios. Gente que até pouco tempo lotava agências do instituto em todo o país atrás de simplesesclarecimentos. A medida funcionou. Mas não completamente.

Longe das agências

Agora, as filas abandonaram as agências e tomaram conta do ambiente virtual. As esta-tísticas oficiais do ministério indicam que o tempo médio de espera entre um pedido de benefí-cio e sua concessão não ultrapassa os 32 dias. De acordo com o órgão, a unidade da federaçãoem que mais se espera pelo atendimento é o Maranhão, em torno de 50 dias. No Rio de Janeiro,o prazo médio é de 37 dias.

O problema é que, em alguns postos de atendimento das principais cidades brasileiras,a espera pode chegar a longos seis meses.

Para piorar, em muitos casos o segurado chega à agência, meses depois, apenas paradescobrir de que nada valeu o agendamento. O atendimento é remarcado para outra data. Outroproblema é que o sistema é marcado pela atuação dos chamados agenciadores de fila. Osfraudadores, já familiares do sistema antigo, descobriram uma forma de burlar o agendamentoeletrônico também.

Dificuldades e facilidades

O esquema funciona de acordo com a velha tática de criar dificuldades para venderfacilidades. Os fraudadores agendam atendimentos utilizando números de inscrição do traba-lhador falsos. Depois, vendem os lugares na fila, ou seja, os atendimentos com um período deespera muito menor do que se o segurado fizesse o agendamento por si mesmo. Na hora doatendimento, o segurado diz que houve um erro qualquer na coleta de dados feita por telefone.

A existência do problema foi admitida pelo INSS. O ministro da Previdência Social,Luiz Marinho, chegou a pedir ajuda ao ministro da Justiça, Tarso Genro, para combater asfraudes. Técnicos do INSS em São Paulo identificaram um golpista que havia agendado mais decem perícias médicas.

Para enfrentar as ações dos criminosos, ainda em 2007 o órgão passou a ligar para ossegurados agendados com 72 horas de antecedência para confirmar a intenção do atendimento.Um levantamento interno mostrava que 30% dos segurados agendados não compareciam nadata prevista para atendimento. Resultado: de 587 mil ligações realizadas no ano passado, apenas191 mil segurados confirmaram o atendimento. Quase 40 mil telefones estavam errados. Norestante dos casos, o segurado simplesmente não foi encontrado.

Mas os problemas de demora para atendimento vão muito além das fraudes. Desde2002, o número de requerimentos de concessão de benefícios represados passou por uma ver-dadeira gangorra. Pela legislação vigente, o órgão tem até 45 dias para formular uma respostafinal para os pedidos. Os represados são os que ultrapassam esse período.

Ao final de 2002, eram 204 mil pedidos nessa situação. Três anos depois, em 2005, essenúmero já havia quase triplicado, para 594 mil. O crescimento rápido do número de pedidossem resposta do INSS era um forte sinal da incapacidade do órgão em lidar com o volume dedemandas.

Plano para acabar com fila virtual do INSS será fiscalizado judicialmente. Em troca,

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ação do MPF em São Paulo para diminuir atrasos no agendamento do atendimento do INSSestá suspensa até janeiro de 2009.

Em 17.03, a juíza federal substituta da 5a Vara Federal Cível de São Paulo Maria Fernandade Moura e Souza suspendeu até janeiro de 2009 a ação civil pública movida pelo MinistérioPúblico Federal contra os atrasos no agendamento para atendimento do Instituto Nacional doSeguro Social (INSS) em São Paulo.

Na decisão, a juíza determina que o INSS apresente um detalhamento do plano nacio-nal de metas de atendimento para o Município de São Paulo, em que deverão constar as metaspara junho, setembro e dezembro de 2008. Segundo o plano, até o final do ano o problema doatendimento eletrônico será solucionado. Além disso, o órgão terá que comunicar à Justiçasobre como está o andamento e o cumprimento deste organograma.

Em fevereiro, o MPF entrou com ação civil pública na Justiça Federal com pedido deliminar para que o INSS fosse obrigado a reduzir para pelo menos 15 dias o tempo de esperaentre o agendamento eletrônico, feito por telefone 135 ou pela internet, no site da Previdência,e o início do atendimento efetivo em uma agência da Previdência social em São Paulo.

Na época, o MPF apurou que havia intervalo de até cinco meses entre o dia em que foimarcado o atendimento por telefone e a data determinada. A lei determina que não pode passarde 45 dias o intervalo entre o início do atendimento do INSS e a resposta da instituição sobre opedido de benefício ou outro serviço solicitado ao órgão.

Com a fiscalização das metas de atendimento do INSS pelo Judiciário, o procurador daRepública Marcio Schusterschitz, autor da ação, acredita que algumas ações para diminuir a “filavirtual” poderão ser efetivadas mais rapidamente pelo órgão, como a contratação de mais servi-dores aprovados em concurso

Mais de 600 mil candidatos fazem provas do concurso do INSS

Publicaram O Globo e Agência Brasil, em 16.03:Brasília – Quase 600 mil candidatos são esperados para fazer as provas do concurso do

Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). A seleção oferece 2 mil vagas, sendo 1,4 mil paratécnico e 600 para analista do seguro social.

Pela manhã, as provas são direcionadas aos candidatos que disputam uma vaga de ana-lista e à tarde, de técnico. Segundo a assessoria de imprensa do Ministério da Previdência Social,os locais de prova são os mesmos divulgados na semana passada pelo Centro de Seleção e dePromoção de Eventos (Cespe), instituição responsável pela organização do concurso.

Aprovada ampliação de dias para pagar INSS

Em 11,03, o Plenário da Câmara dos Deputados aprovou a Medida Provisória no 404/07, que amplia de cinco para dez o número de dias de pagamento dos benefícios da PrevidênciaSocial de até um salário-mínimo na rede bancária. O objetivo é evitar filas de aposentados epensionistas. A matéria será analisada agora pelo Senado.

Antes da edição da MP, relatada pelo deputado Walter Brito Neto (PRB-PB), todos osbenefícios eram pagos do primeiro ao quinto dia útil do mês seguinte ao de sua competência.Permanecem nessa regra apenas os benefícios de valor acima de um salário-mínimo.

O deputado Arnaldo Faria de Sá (PTB-SP) criticou a medida provisória por permitir aantecipação do pagamento dos aposentados para os cinco últimos dias úteis do mês. Em suaavaliação, a MP “livra apenas a cara dos bancos, que não precisam contratar mais funcionáriospara reduzir as filas”. Além disso, ele disse que o texto é discriminatório, porque só beneficiaquem recebe até um salário-mínimo. Para Eduardo Valverde (PT-RO), porém, a medida benefi-

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ciará quase 19 milhões de pessoas. Para Eduardo Sciarra (DEM-PR), a MP faz justiça aos queganham menos no INSS.

Com a nova sistemática, vigente desde dezembro de 2007, quem tem direito a benefíciomensal de um salário-mínimo poderá recebê-lo entre o quinto dia útil que anteceder o final domês de sua competência e o quinto dia útil do mês subsequente. Entretanto, o total de beneficiáriosserá distribuído proporcionalmente entre todos os dias de pagamento.

Para evitar filas em dias nos quais o expediente bancário é parcial (como 24 de dezem-bro ou quarta-feira de cinzas), a MP considera dia útil, para fins de pagamento de benefício,aquele no qual o expediente bancário tem horário normal de atendimento.

Agências ganham detector de metais. Previdência espera concluir instalação até

o dia 15 em 1.279 unidades

Publicou o Extra, Rio, em 02.03:Até o dia 15, 1.279 agências do INSS do país deverão concluir a instalação de portais

com detectores de metais. A previsão é da Previdência Social, que, no ano passado, iniciou acolocação dos equipamentos, após agressões sofridas por servidores, vítimas de armas de fogoe objetos cortantes. Na gerência regional que engloba o Rio e Minas Gerais, 69% do trabalho jáfoi concluído. Considerando apenas o Estado do Rio, a previsão era de instalar 107 aparelhos, oque já foi feito. Em São Paulo, 72,6% dos portais previstos já estão em funcionamento.

Inicialmente, a colocação dos portais visava a garantir a segurança a servidores e segu-rados nas agências de maior movimento nos grandes centros urbanos. O objetivo principal eraproteger os médicos peritos, vítimas de pessoas inconformadas por terem auxílios-doença ouaposentadorias por invalidez negados após perícias. Muitos segurados veem o benefício comofonte alternativa de renda diante do desemprego.

A pedido do ministro Marinho, iniciouse um levantamento da situação das agências.Também nessa época, o médico perito José Rodrigues de Sousa, da cidade de Patrocínio (MG),foi agredido por um segurado e morreu. A violência até em pequenas localidades levou a Previ-dência a optar por dotar todas as unidades do país com detectores de metais.

Para a colocação dos portais, foi autorizada a liberação de R$ 367 milhões, aplicadostambém em reformas e na abertura de agências exclusivas para benefícios por incapacidade, quenecessitam de perícias para concessão.

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Rioprevidência começa a pagar precatórios

Mônica Izaguirre, do Valor Econômico, em 03.10:O Rioprevidência, gestor do regime próprio de previdência dos servidores do Estado

do Rio, destinará, a partir deste mês, R$ 6 milhões para pagar precatórios decorrentes de passi-vos previdenciários do Estado. Esses recursos serão adicionais aos R$ 12 milhões por mês quejá eram e continuarão sendo liberados pela Secretaria estadual de Fazenda para pagamentos deprecatórios em geral.

O anúncio foi feito pelo presidente da autarquia, Wilson Risolia, e pelo secretário esta-dual da pasta, Joaquim Levy. A decisão foi tomada diante da perspectiva de continuidade e deaumento da geração de superávits financeiros anuais pelo órgão. Em 2007, a sobra do fluxo decaixa do Rioprevidência, após pagamento de todas as obrigações, foi em torno de R$ 300 mi-lhões, lembra Risolia. Para o biênio 2008/2009, não há dado oficial divulgado, mas o mercadoestima superávit anual bem maior, em torno de R$ 1 bilhão.

O aumento de recursos para precatórios (dívidas decorrentes de sentenças judiciais játransitadas em julgado) faz parte de um programa maior de saneamento de passivosprevidenciários do Rio, incluindo os do seu antigo instituto de previdência, o Iperj. SegundoRisolia, o programa também inclui a quitação total, até dezembro, de uma dívida estimada emR$ 40 milhões em despesas de exercícios anteriores (DEAs) que não chegaram a ser objeto decontestação, nem administrativa nem judicial. Esse dinheiro é devido pelo Estado principalmen-te a cerca de 4 mil servidores que efetuaram contribuições previdenciárias a maior e que aguar-dam ressarcimento há mais de oito anos. No mesmo grupo, também há casos relacionados aresíduos de pensão, que aguardam solução desde 1980, portanto, há quase 30 anos. “A impor-tância dessa medida é ainda maior porque quase dois terços dos beneficiados têm mais de 60anos de idade”, diz Risolia.

No que se refere à parte que já virou precatório, a dívida previdenciária que a Secretariada Fazenda está transferindo para o Rioprevidência é estimada em R$ 531 milhões. ConformeRisolia, os R$ 6 milhões por mês a serem destinados ao pagamento desse passivo superam ofluxo mensal de novos precatórios e, portanto, vão representar abatimento líquido a longoprazo. Com isso, o atendimento da fila desses credores será acelerado, permitindo que comecema ser pagos precatórios emitidos a partir de 2001, todos pendentes. A expectativa é de que oatraso da fila seja reduzido em quatro anos até 2009, ano até o qual estariam pagos todos aquelesgerados de 2001 a 2004.

O pagamento desses precatórios levará sempre em conta a ordem cronológica, mas semprejuízo de parcelamentos, quando for de interesse mútuo, informa ele. O parcelamento degrandes valores é bem-vindo porque abre espaço para atendimento de um número maior decredores com valores menores a receber, sem risco para a previsibilidade do processo ou dasegurança do recebimento pelo beneficiário, destaca.

O programa de saneamento anunciado prevê ainda repactuação, a partir do primeiro

Regimes Próprios

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trimestre de 2009, de passivos relacionados a pedidos de revisão de benefícios que chegaram aser objeto de contestação administrativa e/ou judicial, mas que ainda não se transformaram emprecatórios, porque o processo é demorado. O montante dessa parte da dívida é estimado emR$ 2 bilhões.

Auditoria mostra rombo de R$ 200 mi em fundos de pensão. Suspeita é que em

três Estados e 112 prefeituras tenham ocorrido operações financeiras irregulares

Por Sônia Filgueiras, de O Estado de S. Paulo, em 1o.10:Investigação conjunta realizada pelo Ministério da Previdência e pelo Banco Central

detectou nova fronteira de ataque aos cofres públicos que já causou prejuízos de quase R$ 200milhões a fundos de pensão de pelo menos de três Estados e 112 prefeituras. As auditoriasrealizadas entre 2003 e o segundo semestre de 2007, e só agora reunidas, mostram que osfundos de pensão do chamado Regime Próprio de Previdência Social (RPPS), destinados abancar as aposentadorias dos funcionários de prefeituras e Estados, foram alvo de operaçõesfinanceiras suspeitas.

Os relatórios de auditoria foram remetidos ao Ministério Público Federal e aos dos Esta-dos e também já estão sob análise na Polícia Federal. O objetivo é apurar a legalidade das operaçõese identificar os responsáveis por eventuais fraudes, que inclui administradores dos fundos, emgeral ligados às prefeituras e governos estaduais, e das instituições financeiras citadas.

As perdas identificadas seguem um padrão: os institutos pagaram caro ao comprarpapéis federais ou os venderam a preços inferiores à média do mercado. Assim, as operaçõesforam aparentemente desfavoráveis aos institutos em relação a negócios semelhantes realizadosna mesma data, gerando, na linguagem técnica utilizada pelo Ministério da Previdência, “dife-renças negativas contra os regimes próprios”.

As perdas correspondem, em média, a 10% do volume operado, mas em casos extre-mos, institutos chegaram a pagar 38% acima do preço médio do mercado. Uma dessas opera-ções foi realizada em novembro de 2005 pelo fundo dos funcionários de Machadinho do Oeste,em Rondônia, uma cidade de 32,2 mil habitantes e pouco mais de mil servidores. Ao comprarR$ 1,5 milhão em Notas do Tesouro Nacional (NTN), o instituto pagou preços 37,97% superi-ores à média cobrada pelo mercado naquela data para títulos idênticos. De uma só tacada,perdeu R$ 412 mil, equivalentes a 10% de todo o dinheiro aplicado pelo fundo.

O maior prejuízo individual foi registrado pelo fundo de previdência dos funcionáriosdo Tocantins, o Igeprev. As operações causaram R$ 24 milhões de perdas entre dezembro de2005 e janeiro de 2006. Ao comprar títulos públicos, o Igeprev chegou a pagar 28% a mais doque a média do mercado. Parte das perdas chegou a ser investigada pela CPI dos Correios.Passados mais de dois anos, os responsáveis ainda não foram apontados. O Ministério Públicono Tocantins informa que habeas corpus obtidos por dirigentes do fundo na Justiça atrasaram asapurações. O Tribunal de Contas do Estado, que chegou a ordenar a suspensão das operaçõescom a Euro e a Senso, corretoras envolvidas nas operações, ainda não julgou o caso.

Sergipe

No caso do instituto de previdência dos servidores de Sergipe, os prejuízos foram pro-vocados pelo Banco do Estado de Sergipe (Banese). Auditoria revelou que até dezembro de2006, o fundo registrou perdas em relação à média do mercado na negociação de Letras Finan-ceiras do Tesouro (LFT). O banco estadual oferecia sistematicamente ao instituto, tambémsubordinado ao governo do Estado, taxas 30% inferiores às praticadas pelo mercado. A diferen-ça paga a mais pelo fundo na negociação das letras chega a R$ 6,7 milhões, considerada “extre-mamente alta” pelos auditores.

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A partir da troca na administração estadual, em 2007, o Banese passou a negociar como fundo taxas mais próximas da média do mercado. “As operações apenas ajudaram a preservaro lucro do Banese em detrimento da rentabilidade do fundo, ou seja, o Banese tomou recursosdo RPPS a taxas extremamente baixas e os repassou para outras instituições financeiras a taxasde mercado, ficando com o lucro da operação”, apontaram os técnicos no relatório.

Mas há vários casos de operações que causaram prejuízos reais. Na que mais chamou aatenção dos fiscais, em 9 de março de 2006, o Manausprev comprou R$ 4,879 milhões emtítulos e os vendeu no dia seguinte por R$ 4,059 milhões – em 24 horas, prejuízo de R$ 819 mil.Quase metade dos resultados atípicos registra a intermediação de uma mesma corretora.

A Euro DTVM, apontada pela CPI dos Correios como suspeita em operações idênticascom fundos de pensão federais, participou de negócios que deram perdas de pelo menos R$ 90milhões. Outra corretora identificada pela CPI, a Quantia, também aparece como intermediáriade operações que teriam gerado prejuízo de R$ 26 milhões. No total, 15 instituições foramidentificadas.

O secretário de Políticas de Previdência Social, Helmut Schwarzer, não comenta casosespecíficos, mas confirma a série de auditorias. Segundo ele, hoje a Secretaria dispõe de estrutu-ra e conhecimento suficientes para identificar aplicações atípicas. “Fizemos um progressivoaperfeiçoamento das normas e intensificamos o treinamento de pessoal”, diz. Desde outubrodo ano passado, também, compras e vendas de títulos por fundos desse tipo só podem serrealizadas dentro do Sistema Especial de Liquidação e Custódia (Selic).

Paraná tem a 5a maior dívida previdenciária. Governo retira do Tesouro Estadu-

al R$ 170 milhões por mês para cobrir déficit de fundo criado antes da Paranaprevidência

Por Caio Castro Lima, da Gazeta do Povo, em 20.09:Com uma dívida previdenciária de R$ 1,2 bilhão, o Paraná é o quinto Estado da federa-

ção com as maiores despesas do sistema de aposentadorias e pensões. O dado, do Ministério daPrevidência, é relativo a 2007. Para equacionar esse déficit, o Executivo estadual levará cerca de30 anos. Essa é a previsão feita pelo presidente da Paranaprevidência, Munir Karan.

Esse tempo, segundo Karan, é o que os técnicos previdenciários do Estado calculamque levará para que os 90 mil aposentados e pensionistas beneficiados pelo fundo financeiro doParaná venham a falecer. “Infelizmente, só quando isso ocorrer essa despesa corrente do Estadoserá zerada. O fundo financeiro irá decrescer com o tempo, ou seja, com a diminuição donúmero de participantes dele”, afirmou Karan, explicando que esse fundo não tem qualquerrelação com o fundo previdenciário do Paraná, gerido pela Paranaprevidência.

Antigo

O fundo financeiro é o mais antigo. Nele estão 88% dos aposentados e pensionistas doEstado. “Atualmente, o governo retira do Tesouro estadual R$ 170 milhões por mês para pagaresse fundo. O regime de caixa é da Secretaria Estadual da Fazenda”, informou Munir Karan,lembrando que foi justamente para modernizar, liquidar e acabar com essa despesa com aposen-tadorias e pensões que, há dez anos, criou-se a Paranaprevidência e o fundo previdenciário, queé autossustentável e tem, atualmente, R$ 4 bilhões em caixa.

“A Paranaprevidência foi criada justamente para desonerar o Estado dessa obrigaçãosocial que é o pagamento da previdência funcional. Em 2007, o superávit do fundo previdenciárioera de R$ 1 bilhão. Mas existe um impedimento de ordem legal que proíbe o uso dessa verba emoutra medida que não o pagamento dos aposentados”, disse Karan. Ele explicou ainda que, paranão aumentar a despesa do fundo financeiro, o Estado tem de ter um enorme equilíbrio orça-mentário. “Isso porque o governo recorre às suas receitas para pagar essa conta e, com isso, está

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retirando verba de outros setores, como educação e saúde, por exemplo.”Contribuições

Munir Karan disse também que o Ministério da Previdência chegou ao número de R$1,2 bilhão após contabilizar todas as “contribuições que o Estado do Paraná recebeu dos seusservidores e tudo aquilo que foi pago a aposentados e pensionistas e deduziu uma da outra”. Porisso, de acordo com ele, o resultado negativo. “Não se calculou em cima do fundo previdenciário,da Paranaprevidência.”

O presidente do instituto previdenciário paranaense explicou que se utiliza um ativo emeio para pagar um aposentado, o que dá um resultado sempre negativo.

“A contribuição de 11% de um funcionário e meio não paga pensão ou aposentadoriaintegral de quem está recebendo. Por isso há dez anos criou-se um plano separado, que é capi-talizado para que com seus rendimento próprios ele possa cobrir os benefícios dos novos servi-dores. Os antigos continuam no fundo financeiro.” Karan afirmou que, no ano passado, aParanaprevidência pagou cerca de oito mil aposentadorias e 3 mil pensões, o que dá um valoraproximando de R$ 300 milhões.

Sistema de previdência é motivo de denúnciasA dívida previdenciária do Paraná e os problemas com o sistema de aposentadorias e

pensões já foram temas de denúncias e discussões em junho deste ano, quando da demissão doentão diretor jurídico da Paranaprevidência Francisco Alpendre. Ao ser demitido, ele acusouque o governo do Estado deixou de fazer, só em 2007, um aporte financeiro no valor de R$ 1,4bilhão na instituição previdenciária paranaense. O Executivo negou que isso ocorresse.

Ontem, Alpendre afirmou que a dívida de R$ 1,2 bilhão que o Ministério da Previdên-cia levantou relativa ao sistema previdenciário do Paraná já constava de uma auditoria internaque a própria Paranaprevidência realizou. “No balanço, isso já constava.” Segundo ele, o gover-no poderia ter quitado a atual dívida previdenciária com os R$ 1,4 bilhão que teria deixado derepassar à instituição.

Todo o caso gerou discussão na Assembleia Legislativa. Os deputados de oposição aogovernador Roberto Requião (PMDB) chegaram a propor a abertura de uma Comissão Especi-al de Investigação (CEI) para o tema. Os parlamentares governistas, maioria na Casa, no entan-to, não permitiram o procedimento.

Quanto ao não repasse dos R$ 1,4 bilhão, o governo explicou que o que tinha era um“passivo atuarial” para com a Paranaprevidência e que isso surgiu quando os aposentados epensionistas do Estado deixaram de ter descontos previdenciários sobre seus vencimentos men-sais. Foi o próprio Requião quem decidiu suspender o desconto previdenciário dos inativos epensionistas. Quando a Paranaprevidência foi criada, em 1998, estava previsto que servidoresaposentados e pensionistas também contribuiriam, bem como funcionários ativos.

Serra fecha acordo com Lula na previdência. Acerto estabelece que a União não

cobrará dívida de R$ 15 bilhões de SP com o INSS que Estado contestava na justiça

Por Kennedy Alencar, da Folha de S. Paulo, em 15.09:O presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o governador José Serra fecharam acordo para

a União não cobrar dívida de cerca de R$ 15 bilhões de São Paulo com o INSS (InstitutoNacional de Seguro Social).

O acordo se refere à regularização da contribuição previdenciária de 200 mil funcioná-rios ativos e aposentados contratados pelo governo paulista desde 1974. Em troca do “perdão”dos R$ 15 bilhões, Serra reconhecerá uma dívida com o INSS de cerca de R$ 400 milhões,relativa a 5.000 dos 200 mil funcionários. Serra assumirá oficialmente no sistema previdenciário

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do Estado a responsabilidade pelos outros 195mil, o que já faz na prática.

O acerto porá fim a uma disputa iniciadaem 1999, quando o então governador Mário Co-vas entrou na Justiça contra o governo do tam-bém tucano Fernando Henrique Cardoso. Em2001, São Paulo obteve na primeira instância fe-deral decisão favorável para que não fosse exigidacontribuição ao INSS de exatamente 199.397 ser-vidores ativos e inativos. Mas essa decisão foi anu-lada, e hoje há embate no STF (Supremo Tribu-nal Federal).

Na próxima semana, a AGU (Advocacia-Geral da União) apresentará o acordo ao relator dadisputa no STF, Joaquim Barbosa. A AGU pediráparecer do procurador-geral da República, Anto-nio Fernando Souza. A Folha apurou que já há en-tendimento para que o Ministério Público apoie eo Supremo homologue o acordo. Consultado porLula, o advogado-geral da União, José Antonio DiasToffoli, disse que não valia a pena “litigar por liti-gar” e defendeu um ajuste de contas.

A confusão começou em 1974, quandoSão Paulo contratou em caráter temporário servi-dores, a maioria professores, usando um artifício:o funcionário era contratado em janeiro e demiti-do em dezembro vários anos seguidos.

O INSS entendeu que era um serviço denatureza permanente e que esses funcionáriosdeveriam contribuir à Previdência federal. Um grupo menor de servidores, em cargos de confi-ança, também não contribuiu ao INSS. Desde então, 200 mil funcionários contribuíram aoregime previdenciário paulista, não ao INSS.

Em maio deste ano, Serra se reuniu com o então ministro da Previdência Social, LuizMarinho, hoje candidato a prefeito de São Bernardo do Campo pelo PT. Sindicalista, Marinhopropôs um acordo para legalizar a situação dos 200 mil e evitar que a Receita Federal inscrevesseo débito de R$ 15 bilhões do INSS na dívida ativa da União, o que inviabilizaria operações deempréstimo no exterior a São Paulo e até repasses de recursos federais.

Ao mesmo tempo, o entendimento é vantajoso para o governo federal, por evitar que oINSS tenha de arcar com a aposentadoria de servidores e lutar na Justiça por anos para receberos R$ 15 bilhões.

Boas relações

O acordo também interessa a Lula por manter boa relação com Serra, que virá sucedê-lo no Palácio do Planalto, caso se viabilize no PSDB e vença a eleição.

Opinião da ANASPS

É por essas e por outras que a Previdência social está no fundo do poço.Se o presidente Lula perdoar a dívida de São Paulo com a Previdência terá que perdoar

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as dívidas de todos os Estados e, certamente, de todos os Municípios. Estima-se que sejam deR$ 30 bilhões.

Vergada em déficit e sitiada pelos caloteiros, apadrinhados ou não, espoliada pelosaproveitadores – as filantrópicas, os microempresários e os exportadores rurais –, a Previdênciavai sobrevivendo reduzindo o valor dos benefícios dos 25,7 milhões dos já aposentados e dos37,5 milhões que estão correndo para se aposentar com uma merreca que é negação da Previ-dência.

É uma situação constrangedora para o país produzida por uma política que pune edilapida o patrimônio do povo brasileiro.

Previdência de Estados registra rombo de R$ 20,5 bi. Hoje, 21 governos têm

déficit em sistemas de aposentadoria. SP melhora contas, mas saldo negativo de R$ 6,3

bi é o maior. RS tem o maior rombo proporcional; em 16 unidades da Federação, as

contas pioraram no ano passado

Por Julianna Sofia, da Folha de S. Pau-

lo, em 13.09:A saúde financeira dos regimes

previdenciários dos Estados piorou. Levan-tamento do Ministério da Previdência nas 27unidades da Federação mostra que o rombonas contas dos sistemas de aposentadoria dosservidores estaduais alcança R$ 20,5 bilhões– 0,8% do PIB (soma das riquezas produzi-das no país). Houve deterioração nos núme-ros de 16 Estados.

Atualmente, 21 governos estaduaisamargam déficits em seus regimes próprios,como tecnicamente é chamado o sistema deaposentadorias dos servidores públicos. OEstado de São Paulo continua figurandocomo o detentor do maior rombo: R$ 6,3bilhões. Mas é o Rio Grande do Sul que apre-senta, em termos proporcionais, a situaçãomais grave, com saldo negativo de R$ 3,8bilhões.

Não há relação entre o déficit doregime previdenciário paulista e a dívida ne-gociada entre O Estado de São Paulo e ogoverno federal para acerto de passivo refe-rente aos quase 200 mil funcionários con-tratados desde 1974.

O levantamento da Previdência foirealizado com base nos dados apresentados pelos Estados em maio, mas expõe o retrato ao finalde 2007. “Ninguém aqui (no levantamento) está muito confortável. Quanto mais velho o Esta-do, mais amadurecido está o funcionalismo e pior é a situação”, disse à Folha o secretário dePrevidência Social, Helmut Schwarzer.

Embora o desequilíbrio global dos sistemas estaduais seja de R$ 20,5 bilhões, os 21

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Estados que estão no vermelho registram um déficit de R$ 22,7 bilhões. Esse resultado é com-pensado, em parte, pelas contas dos seis Estados com Previdência superavitária.

Quando os números de 2007 são confrontados com os de 2006, chega a ocorreruma discreta queda (3%) no valor nominal do déficit. A redução é influenciada pelo desem-penho do governo paulista, que conseguiu diminuir a necessidade de financiamento doregime previdenciário de seus servidores. Em 2006, o saldo estava negativo em R$ 7,4bilhões, caindo 14,8% no ano passado.

Piora

Em 16 unidades da Federação, as contas previdenciárias apresentaram piora em2007. Em 15 (Amazonas, Bahia, Ceará, Distrito Federal, Espírito Santo, Goiás, Maranhão,Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Pernambuco, Piauí, Paraná, Rio Grande do Sul, SantaCatarina e Sergipe) o rombo cresceu em 2007. No Acre, o resultado foi positivo, mas ficoumenor que o superávit de 2006.

Em outros nove Estados, o quadro melhorou de um ano para outro. Nos governosde Mato Grosso, Paraíba, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte e São Paulo, os regimesdeficitários conseguiram reduzir o desequilíbrio, apesar de permanecerem negativos.

O Pará foi o único Estado que conseguiu inverter sua posição, saindo de déficitpara superávit. No Tocantins, em Rondônia e em Roraima, os regimes conseguiram elevaros seus superávits.

Herança

Na avaliação do secretário, o atual quadro da Previdência nos Estados é reflexo da“herança” criada na década de 1990. “Com o Regime Jurídico Único, de 1991, criou-se umdesequilíbrio estrutural. Pessoas que não tinham contribuído para a aposentadoria no servi-ço público, de repente, passaram a ter direito. A situação vai ficar mais favorável dentro de30 a 40 anos”, afirma Schwarzer.

Ele acrescenta que os Estados aprovaram alíquotas de contribuição para os inati-vos, o que contribui para reduzir o desequilíbrio. E a profissionalização dos fundos deprevidência e a fiscalização do governo federal vêm auxiliando na recuperação dos regimes.

Procurado, o Ipesp (Instituto de Previdência do Estado de São Paulo) informouque o Estado é o maior ente federativo em número de servidores. “É perfeitamente cabívelque o valor de sua folha de pagamentos e sua consequente insuficiência financeira sejam osmaiores do país”, disse o superintendente Carlos Flory.

Ele acrescenta que a situação é de equilíbrio, pois o Estado está abaixo dos limitesde gasto com pessoal estabelecidos na Lei de Responsabilidade Fiscal. A previsão do insti-tuto é que neste ano o déficit volte a cair, para R$ 6 bilhões. Mas, no longo prazo, a tendên-cia é preocupante. “A tendência é que a folha de pagamento de benefícios afete o desenvol-vimento do Estado. Por isso, alternativas estão sendo buscadas.”

No caso do Rio Grande do Sul, a Secretaria da Fazenda afirma que o Estado temum dos maiores déficits previdenciários do país por ter sido um dos primeiros a criar umsistema próprio de previdência. Segundo a Fazenda gaúcha, o saldo negativo continuarácrescendo neste ano, chegando a R$ 4,6 bilhões.

Municípios de SP tiveram perdas de R$ 80 milhões

Por Sônia Filgueiras, de O Estado de S. Paulo, em 1o.09:Do total de R$ 190 milhões evaporados por conta de negociações fora do padrão

de mercado, mais de R$ 80 milhões emagreceram os regimes de Previdência de Municípiospaulistas. E pelo menos R$ 8 milhões derivaram da compra ou venda de certificados de

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pouca procura no mercado, lançados pelo governo na renegociação de dívidas antigas. Osauditores identificaram dezenas de operações com CVS (Certificado de Variação Salarial)de vários tipos, negociados com deságios que podem superar 50%.

Do total de R$ 6,3 milhões em perdas registradas por Osasco, R$ 4,4 milhões ocor-reram na compra e venda de papéis do tipo. Entre novembro de 2005 e maio de 2007, oinstituto de Previdência de Araras negociou R$ 8,5 milhões em notas do tesouro, comperdas de R$ 1,1 milhão. As vendas foram feitas pela Euro DTVM, com preços até 34,45%acima do mercado.

Empresas e fundos acusados negam fraudes

Por Sônia Filgueiras, de O Estado de S. Paulo, em 1o.09:O advogado da Euro DTVM, Antônio Augusto Figueiredo Basto, afirma que a

empresa sempre atuou dentro da legalidade. “Não há fraude, não há enriquecimento ilícitopor parte da Euro”, declarou. Segundo ele, todos os preços praticados pela empresa foramautorizados pelos fundos. Ele informa, ainda, que em muitos casos a empresa teve partici-pação lateral, tendo sido apenas acionada pela mesa de alguma instituição financeira maior,como um banco, para realizar a operação.

A reportagem tentou contato com a Quantia nos telefones disponíveis nos cadas-tros do BC e na lista telefônica de São Paulo, sem sucesso.

O Tribunal de Contas do Tocantins informou que, no processo que apura as perdasde R$ 24 milhões atribuídas ao Igeprev, os auditores opinaram pela irregularidade das con-tas do ordenador de despesas, em parecer datado de 25/04/2007. Em 19/05/2008, outroparecer, do procurador do Ministério Público de Contas, opinou pela “regularidade comressalvas”. O caso está nas mãos do conselheiro relator Manoel Pires dos Santos e poderáser julgado em outubro.

Alexandre Carvalho, operador da Senso, informa que a corretora prestou serviçosao Igeprev uma única vez, em dezembro de 2005. O trabalho praticado na operação foidecisão da direção do fundo, diz.

O presidente do Igeprev, Joel Milhomem, divulgou nota dizendo que a carteira comgestão própria obteve rentabilidade muito superior à rentabilidade das carteiras de investi-mentos de todas as instituições financeiras que operaram com o instituto no mesmo período.

Márcio Novaes, diretor do Manausprev, informou desconhecer as operaçõesidentificadas nas auditorias. “O Ministério da Previdência fez uma auditoria recente emtodas as operações do Manausprev, que incluiu 2006, e não apontou qualquer irregularida-de”, disse.

O ex-presidente do Banco do Estado de Sergipe (Banese), Jair de Araújo, afirmaque todas as taxas fechadas pelo banco com o instituto de previdência dos funcionários doEstado foram regulares, negociadas com o fundo, e o lucro, revertido em favor do próprioEstado.

A Prefeitura de Araras informou que o fundo de pensão do Município tem perso-nalidade jurídica própria e as decisões sobre a gestão dos recursos dos segurados são decompetência de seus conselhos administrativo e fiscal. Segundo a Araprev, as operaçõesnão registraram prejuízo, mas ganhos, e “tão logo foi detectada a imprevisibilidade e com-plexidade da aplicação em NTNB, a autarquia desfez-se dos papéis na forma da legislaçãovigente, sem prejuízo”.

A reportagem fez contato com o instituto de Previdência do Amapá, mas não ob-teve resposta. Também não obteve resposta do instituto de Osasco.

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Regime público terá regra mais rígida

Por Mônica Izaguirre, do Valor Econômico, em 11.08:O Ministério da Previdência pretende exigir de Estados e Municípios mais rigor na

apuração do déficit atuarial dos regimes de aposentadorias e pensões dos seus servidores. Oobjetivo é explicitar “esqueletos” fiscais previdenciários para evitar que reservas já acumuladaspor esses regimes sejam desviadas para outra finalidade. Só em aplicações nos mercados finan-ceiro e de capitais, os Regimes Próprios de Previdência Social (RPPS) do setor público já tinhamativos de R$ 31,4 bilhões em 2007.

Os entes da federação não serão obrigados a cumprir a nova norma, que será umaportaria ministerial. Aqueles que não a observarem, porém, não terão acesso ao Certificado deRegularidade Previdenciária (CRP), necessário para receber transferências voluntárias de recur-sos da União e que precisa ser renovado a cada 90 dias, diz Helmut Schwarzer, titular da SPS.Além dos 26 Estados e do Distrito Federal, terão de seguir a Portaria 1.909 Municípios. Essessão os que mantêm regime previdenciário próprio. Os demais, de um total de 5.562, não serãoafetados porque seus servidores estão no Regime Geral de Previdência Social (RGPS), o mesmodos trabalhadores da iniciativa privada.

Um dos problemas atacados pela portaria é a falta de padronização e a defasagem decritérios de cálculo e de apresentação dos resultados atuariais. Em relação à expectativa de vida,por exemplo, 85% dos RPPS ainda adotam a tábua biométrica AT 49, baseada no censopopulacional dos Estados Unidos de 1949, que prevê sobrevida média de 18,5 anos aos 60 anosde idade.

O ministério propõe adotar a tábua do IBGE de 2006, na qual a expectativa de sobrevidanessa idade chega a 20,9 anos. Isso elevará o volume de reservas necessárias para bancar com-promissos futuros com pagamentos de benefícios em, pelo menos, 4%, acredita o ministério.Ainda assim, os dirigentes dos fundos devem apoiar a mudança. “A AT 49 não espelha a nossarealidade”, diz Wilson Risolia Rodrigues, presidente da Rio Previdência, gestora do RPPS doEstado do Rio.

Sob o ponto de vista do fluxo financeiro – receitas de contribuições versus despesas compagamento de benefícios num determinado período –, o déficit dos RPPS dos Estados e Muni-cípios está em torno de R$ 20 bilhões por ano (dado de 2007). Já sob o ponto de vista atuarial,que leva em consideração o volume de reservas necessárias para cobrir o valor presente de todasas obrigações, atuais e futuras, com aposentadorias e pensões, o ministério prefere, por enquan-to, não informar o montante consolidado do rombo desses regimes justamente porque não há,ainda, uma padronização de critérios de apuração.

Helmut Schwarzer esclarece que a minuta da nova portaria ainda está sujeita a ajustes.Mas, em princípio, além de nova tábua biométrica, o texto exige que os entes federados apuremo déficit tomando como hipótese que os regimes devem ser de capitalização e não de repartiçãosimples. Na repartição simples, não há acúmulo de reservas. Gerações novas de trabalhadoresfinanciam as aposentadorias dos mais antigos, pois as contribuições referentes a servidoresativos ajudam a pagar os benefícios dos já aposentados e pensionistas.

Os regimes de capitalização, por sua vez, pressupõem formação de reservas. As contri-buições são acumuladas e o dinheiro é investido. Nesses regimes, o equilíbrio ou superávit sóexiste quando a soma dos ativos com o valor presente das contribuições futuras é suficiente ousuperior ao valor presente das obrigações atuais e futuras. Como não houve acumulação nopassado, formou-se um déficit.

A adoção de uma ou outra hipótese faz enorme diferença. No penúltimo demonstrati-vo entregue ao ministério, que considerava regime de capitalização, o Estado de São Paulo, por

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exemplo, informou que seu regime tinha um déficit atuarial de R$ 121 bilhões, já contando R$8,3 bilhões em ativos imobiliários. No demonstrativo mais recente, que considera regime derepartição simples, o Estado informa déficit zero, mesmo sem contar com os ativos.

O Núcleo Atuarial de Previdência da Universidade Federal do Rio de Janeiro (NAP/UFRJ) calcula que o déficit atuarial dos RPPS dos Estados seja de R$ 425 bilhões, pelo menos,se tomada a hipótese de que os regimes previdenciários devem ser de capitalização, informaBenedito Passos, coordenador do NAP. O número exclui Minas Gerais. Ainda que Minas esti-vesse dentro, a cifra ainda estaria subestimada, pois considera um déficit de R$ 15,5 bilhões naRioprevidência. Segundo Wilson Risolia, os R$ 15,5 bilhões referem-se somente aos servidoresdo Poder Executivo, excetuado Ministério Público. Ele estima que, incluindo MP, Legislativo eJudiciário, o déficit atuarial chegue a R$ 33 bilhões.

Portaria vai prever criação de dois fundos diferentes

Por Mônica Izaguirre, do Valor Econômico, Brasília, em 11.08:A portaria ministerial que criará novos parâmetros de cálculo atuarial para os regimes

próprios de previdência do setor público também exigirá, de Estados e Municípios, um plano deamortização do déficit, em, no máximo, 35 anos. Havendo insuficiência de reservas pelos novoscritérios, os governos locais terão que propor e cumprir um cronograma de aportes de recursosaos seus fundos previdenciários, sob pena de ficarem sem o Certificado de RegularidadePrevidenciária (CRP).

Para aqueles com déficit muito alto e que, por isso, não quiserem se comprometer comesse tipo de solução, a minuta da portaria prevê uma alternativa: separar, em fundos diferentes,servidores mais antigos, incluindo inativos, e servidores admitidos mais recentemente, adotan-do, para tais efeitos, uma data de corte a ser definida pelos próprios governos.

O fundo responsável por pagar as aposentadorias dos mais antigos será de caráter ape-nas financeiro, cujo déficit poderá ser coberto pelos tesouros estaduais e municipais em regimede caixa, ou seja, somente no montante da insuficiência das respectivas contribuições a cadamês. O outro tipo de fundo será o previdenciário, que continuará a receber novos servidores eterá que obedecer um regime de capitalização, portanto, de acumulação de reservas.

Com o tempo (em função da morte dos beneficiários), os fundos financeiros vão seextinguir, sobrando os previdenciários. Enquanto houver coexistência, porém, a segregaçãoentre eles terá que ser total, diz Helmut Schwarzer, secretário de Previdência Social do Ministé-rio da Previdência. Para evitar que futuros governantes caiam em tentação e usem reservasprevidenciárias em outra finalidade (obras, por exemplo), mesmo havendo superávit o fundoprevidenciário jamais poderá transferir recursos ao financeiro – uma forma indireta de liberardinheiro para obras, ao reduzir o déficit a ser coberto a cada mês.

O fundo financeiro, por sua vez, não poderá transferir obrigações ao previdenciário, anão ser que haja mudança na data de corte. Havendo retroatividade da data de corte, no entanto,as reservas relativas a esses mais antigos também terão que ser transferidas.

A questão divide os dirigentes dos regimes. Dácio Rossiter Filho, presidente da Funape,fundação de previdência do Estado de Pernambuco, onde ainda não houve segregação, defendeque o ministério seja mais flexível e permita transferência de obrigações. Para ele, havendosuperávit no fundo previdenciário, não há razão para não desonerar os cofres públicos dasaposentadorias mais antigas.

Wilson Risolia, presidente da Rioprevidência, apoia a proposta do ministério. Separar osservidores em dois grupos e depois misturar, na sua opinião, “seria uma heresia, contrária àsboas práticas de gestão previdenciária”, pois a contaminação poderia colocar em risco a saúde

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financeira e atuarial dos fundos novos.Estados com passivos previdenciáriosantigos devem manter um fundo único,defende. O Rio não pretende separar aRio Previdência, informa.

Ministério moderniza sistemas

estaduais de previdência. Licitação irá

adquirir servidores e computadores

com recursos do Tesouro e do Bird

Em 05.08, informou o MPS quevai fazer uma licitação para compra deequipamentos de informática, como ser-vidores e microcomputadores, para mo-dernizar tecnologicamente os regimespróprios de previdência social (RPPS) dosEstados e do Distrito Federal. Esta é umadas ações previstas na segunda etapa doPrograma de Apoio à Reforma dos Sis-temas Estaduais de Previdência (Parsep),financiado com recursos do Banco Mun-dial (Bird) e do Tesouro Nacional.

A expectativa do secretário dePolíticas de Previdência Social, HelmutSchwarzer, é concluir a modernizaçãotecnológica até o próximo ano. O ParsepII prevê investimentos de US$ 10 milhões,até 2011, na modernização dos institutosde previdência dos servidores estaduais.

Na primeira fase do programa,chamada Parsep I, as ações tiveram comofoco os servidores do Poder Executivo,que já passaram pelo recadastramento.Agora, o Ministério vai apoiar o recadastramento dos servidores dos poderes Legislativo e Judi-ciário, do Ministério Público e dos Tribunais de Contas estaduais. A ideia, informa Schwarzer, éfazer o recadastramento em 2009, de forma a evitar a coincidência com anos eleitorais.

Com a reestruturação do cadastro dos regimes próprios, suas bases de dados serãoincorporadas ao Sistema Integrado de Informações Previdenciárias (Siprev), desenvolvido peloMinistério para auxiliar a gestão das entidades. O Siprev permite fazer o cruzamento de infor-mações com outros bancos de dados, como o Sistema de Óbitos (Sisob) e o Cadastro Nacionalde Informações Sociais (CNIS).

Além da compra de equipamentos e recadastramento dos funcionários públicos, o ParsepII prevê ainda ações de capacitação dos servidores dos institutos previdenciários e a contratação,pela Secretaria de Políticas de Previdência Social, de consultores nas áreas de atuária, legislaçãoe para fortalecer o desenvolvimento de sistemas do Departamento de Regimes Próprios. Serárealizado um workshop de capacitação dos funcionários dos servidores dos regimes própriosem legislação previdenciária e de continuidade de treinamento do Siprev.

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Rioprevidência seleciona seis gestores externos

Por Ana Cecilia Americano, da Gazeta Mercantil, em 07.07:O segundo maior fundo de previdência social do País, com ativos de R$ 50 bilhões, o

Rioprevidência, anuncia duas medidas para aumentar o profissionalismo da gestão de seus ati-vos. Nesta segunda-feira, a autarquia do governo fluminense divulgará a Portaria no 136/2008,anunciando um processo de cadastramento e seleção de seis instituições financeiras para gerir osativos provenientes do seu superávit. Em dezembro passado, ele chegou a R$ 300 milhões.

Em paralelo, Wilson Risolia Rodrigues, presidente da instituição, prepara uma operaçãode securitização de um ativo imobiliário em regime próprio de previdência, a ser lançada naprimeira semana de agosto. Cinco andares que compreendem 5 mil metros quadrados sobre oTeatro Casa Grande, no Leblon, avaliados em R$ 75 milhões deverão ser repassados para umfundo imobiliário. A intenção do executivo é oferecer o imóvel em troca de recursos e cotas nofundo. Os recursos obtidos serão usados para melhorar a composição dos ativos doRioprevidência, minimizando a sazonalidade do seu fluxo de caixa.

Rodrigues, ex-vice-presidente da Caixa Econômica Federal, assumiu o Rioprevidênciaem junho do ano passado, quando o governo do Cstado do Rio era obrigado a financiar mensal-mente R$ 190 milhões para garantir o pagamento de cerca de R$ 550 milhões em pensões dosservidores públicos. Hoje, o mesmo fundo de previdência social assumiu o ingresso dos servi-dores do Instituto de Previdência do Estado do Rio de Janeiro (IPERJ) e contabiliza um total134 mil aposentados e 88 mil pensionistas.

Na base, conta com a contribuição de 250 mil servidores. Entre seus ativos estão osrecursos provenientes dos royalties de petróleo, Certificados Financeiros do Tesouro (CFTs) euma problemática carteira de imóveis com uma taxa mensal de retorno inferior a 0,1%. Outroproblema, de longo prazo, é o déficit atuarial de cerca de R$ 30 bilhões. “Fomos obrigados afazer um plano de ação para diminuir o déficit financeiro e um fluxo de caixa repleto de anoma-lias, que recebia pouca reversão no primeiro semestre e concentrava boa parte delas na segundametade do ano”, conta Rodrigues.

A portaria para credenciar e selecionar os bancos que irão gerir o superávit do fundo émais um passo no plano de ação de Rodrigues. A sua intenção é selecionar seis instituiçõesfinanceiras, que serão avaliadas semestralmente. Das seis, a que obtiver pior resultado será subs-tituída, informa o executivo.

O Banco do Brasil, líder no mercado de gestão de recursos previdenciários de regimepróprio, avalia se irá participar da seleção do Rioprevidência. Segundo o gerente executivo daunidade de gestão previdenciária, Jorge Magalhães Divino, a política da casa é não participar delicitações que têm por base a disputa de preços nas taxas administrativas. Segundo ele, o Bancodo Brasil já oferece serviços para 1.012 clientes de um total de 1.910 institutos de previdênciasocial no País.

SP gasta por ano R$ 30 bi e déficit chega a R$ 13 bi

Por Marta Watanabe, do Valor Econômico, São Paulo, em 25.06:No Estado de São Paulo a unificação da Previdência foi feita em junho de 2007 e desde

setembro os pagamentos dos 400 mil aposentados e pensionistas são rodados de forma integra-da. O pagamento é de R$ 30 bilhões anuais. O déficit é calculado em R$ 13 bilhões, segundo oúltimo levantamento, com dados de 2006. O Tesouro tem complementado os valores.

Com a unificação, o desconto em folha pago pelo servidor para sustentar a Previdênciacontinuou em 11% no total (antes eram 6% para pensionistas e 5% destinados a aposentadorias,e agora são 11% para uma cesta só). A participação do Estado aumentou de 6% para 22%.

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Ainda não há cálculos do impacto da nova contribuição no déficit do sistema previdenciário.O Estado aguarda a aprovação na Assembleia Legislativa de um projeto de lei que deve

estabelecer a formação de uma estrutura para o SPPrev, instituição responsável pela gestão doregime unificado. O projeto prevê contratações para o novo órgão, já que antes da reunião ocorpo responsável pela administração dos benefícios estava espalhado em vários órgãos. Segun-do a assessoria de imprensa, o novo instituto terá cerca de 300 funcionários. No dia 2 tomaramposse os membros do Conselho Administrativo e Fiscal da SPPrev, que terão poder fiscalizatóriopara acompanhar a gestão e a contabilidade do novo órgão.

Estados ainda devem unificação à Previdência

Por Marta Watanabe, Sérgio Bueno, Ana Paula Grabois e Vanessa Jurgenfeld, do Valor

Econômico, em 25.06:Dos oito Estados que no início do ano estavam em situação pendente frente ao Minis-

tério da Previdência porque não unificaram a gestão dos seus regimes previdenciários – Alagoas,Amapá, Mato Grosso do Sul, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Rondôniae Santa Catarina –, três ainda não têm a lei aprovada. O Distrito Federal aprovou sua lei ontemà noite. O prazo para essa unificação – prevista na emenda constitucional que reformou aprevidência em 2003 – acaba em 30 de junho, e a sanção é o bloqueio de transferências de verbasvoluntárias da União para o respectivo Estado.

Entre os retardatários (RN, AL, MS), apenas dois estão em situação mais complicada:Alagoas e Rio Grande do Norte. O primeiro informa que não conseguirá cumprir o prazo e osegundo ainda não enviou seu projeto de lei de unificação para a Assembleia Legislativa. MatoGrosso do Sul espera aprovar a lei esta semana ou antes que expire a validade de seu certificadode regularidade previdenciária.

Os demais Estados já aprovaram os projetos de lei para unificar a previdência do Esta-do, colocando sob o mesmo regime os funcionários dos poderes Executivo, Legislativo e Judi-ciário. Apesar da aprovação, Rondônia e Rio de Janeiro ainda não possuem todos os dadosnecessários para fazer a conta básica de qualquer sistema previdenciário: qual o gasto atual e odo futuro, qual o volume de contribuições de hoje e o de amanhã. No Amapá alguns cenários jáchegaram a ser traçados, mas não se sabe ainda como evitar o déficit que deverá surgir em algunsanos. O Rio Grande do Sul já tem déficit representativo e ainda não conseguiu aprovar umprojeto de aposentadoria complementar.

O Ministério da Previdência estabeleceu prazo até 30 de junho para que os governosestaduais e o DF aprovassem leis próprias reunindo a gestão e o pagamento dos aposentados epensionistas. Quem não cumprir o prazo deixará de renovar o Certificado de RegularidadePrevidenciária (CRP). Emitido pelo Ministério da Previdência, o documento é necessário parareceber recursos voluntários da União.

Alagoas entrou na justiça – e por enquanto tem uma liminar que lhe é favorável –,enquanto o Rio Grande do Norte espera enviar esta semana o projeto de lei à Assembleia. Asituação do Estado é crítica porque a validade de seu certificado expira em 30 de junho, informaNereu Batista Linhares presidente substituto do Ipern, instituto de previdência potiguar. Segun-do ele, os repasses voluntários federais são significativos para o Estado. “Nossa rede de sanea-mento é mantida com os recursos de convênios com a União.”

Alagoas ainda não tem sequer projeto de lei para a unificação. Mesmo assim, OrtegalJucá, presidente da AL Previdência, instituto de previdência do Estado, defende que odescumprimento do prazo não deverá impedir o envio de recursos voluntários pela União.Segundo ele, o Estado mantém o CRP com base em liminar judicial. “Temos o certificado com

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validade até dezembro de 2008.”Atualmente, a AL Previdência unifica apenas os funcionários dos três poderes aposen-

tados a partir de 2005. Os anteriores têm os benefícios pagos separadamente e Jucá não sabeinformar quantos aposentados estão nesse grupo nem o déficit atual. Os pensionistas estãotodos unificados e Jucá alega que o Estado ainda fará o recadastramento dos inativos.

No Rio Grande do Norte o pagamento dos aposentados dos três poderes é unificado,mas a gestão é separada. “A concessão das aposentadorias e controle do tempo de trabalho éfeita separadamente. Inclusive cada poder arrecada a contribuição e depois repassa os valorespara o instituto de previdência”, diz Nereu Linhares. Ele conta que um projeto de lei chegou apropor a unificação de gestão em 2005, mas foi questionado pelos magistrados e ainda não hádecisão judicial definitiva. Segundo Linhares, o Estado possui 24 mil aposentados e um déficitmensal em torno de R$ 4 milhões.

Em muitos Estados, a mudança no regime previdenciário é importante para sanear ascontas do Estado. Considerado pelo governo do Rio Grande do Sul como fundamental para oreequilíbrio das finanças públicas, ainda que num horizonte de longo prazo, o projeto de criaçãodo regime de previdência complementar ainda espera pela apreciação da Assembleia. Até o fimde março o governo ainda pretendia colocar o regime complementar na pauta em maio oujunho, mas com a crise política enfrentada pela governadora Yeda Crusius (PSDB) a partir deuma CPI sobre desvios de recursos do Detran já não há prazo previsto.

O projeto gaúcho determina um novo regime previdenciário. Hoje os servidores gaú-chos recebem aposentadoria integral e a proposta do Executivo limita os benefícios dos queforem contratados após a aprovação da nova lei ao teto do regime geral de previdência social, deR$ 3.096. Quem quiser ganhar mais terá que contribuir com um adicional.

Os cálculos do governo indicam que mesmo com o novo regime o déficit da previdên-cia gaúcha vai crescer até 2020, para só então iniciar uma trajetória descendente. Em 2007, adiferença entre benefícios pagos e contribuições recebidas pelo sistema chegou a R$ 4,6 bilhões,o equivalente a 18 vezes os investimentos públicos.

O tamanho do déficit ou a forma de resolvê-lo ainda continuam sendo incógnitas emoutros Estados com previdência unificada. No Rio a lei foi aprovada em 11 de junho, mas segundoo presidente do Rioprevidência, o fundo de pensão do Estado, Wilson Risolia, os números sódevem estar de fato unificados em 2009. Até o momento, o Estado do Rio paga os servidores doTribunal de Contas, Ministério Público, Judiciário e Legislativo estaduais sem ter os dados abertos.O Estado só tem os valores dos salários, idade e tempo de serviço dos funcionários do poderExecutivo. “Os demais poderes nos passam apenas o valor da folha. Não tínhamos como fazer ocálculo atuarial das aposentadorias futuras de todo o funcionalismo”, diz.

Com a lei, Risolia prevê que até o final do ano terá todos os dados em separado, o quepermitirá a realização da previsão dos gastos futuros com aposentadorias. Atualmente, o déficitatuarial do Rioprevidência corresponde a R$ 15 bilhões, mas Risolia diz que a diferença deveaumentar.

Em Santa Catarina, cuja lei de unificação foi aprovada neste mês, também já há umdéficit. As contribuições previdenciárias somam R$ 40 milhões por mês enquanto as despesaschegam a R$ 120 milhões, com déficit de R$ 80 milhões coberto pelo Tesouro. Com a unifica-ção, Santa Catarina terá dois regimes. Um deles é o fundo financeiro onde ficarão os servidoresque hoje já trabalham e contribuem, além dos inativos. Outro é um fundo previdenciário para osque ingressarem no serviço público a partir da publicação da lei.

Em Estados mais novos, como Rondônia e Amapá, não há déficit ainda porque a quan-tidade de aposentados e pensionistas é baixa em relação aos funcionários ativos. A preocupação

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é com o futuro, quando crescer o número de inativos. Em Rondônia, onde já há lei de unificaçãoaprovada, o cálculo atuarial com todos os inativos já unificados deve ser feito até o fim de julho.Os três poderes rondonienses reúnem hoje cerca de 4,5 mil aposentados e pensionistas. Com odesconto de 11% pago pelos servidores e 11% patrocinado pelo Estado, a receita do Iperon,fundo de previdência do Estado, é de R$ 12 milhões ao mês, para uma despesa mensal de R$ 8milhões com os benefícios.

Cálculos atuariais preliminares mostram, contudo, que será necessário aumentar a par-ticipação patronal e contar com outras fontes de financiamento para a previdência porque den-tro de um ano e meio ou dois a receita gerada estará empatada com as despesas. Segundo CésarLicório, presidente do Iperon, a ideia é que o Estado aumente sua contribuição paulatinamente.O financiamento do déficit futuro é também um dos pontos em estudo no Amapá, Estado noqual os inativos já estão considerados unificados, embora falte agregar ao regime único 32 fun-cionários que se aposentaram antes de 1999, quando foi criado o sistema com a união dos trêspoderes.

Segundo Ivana Contente Gonçalves, diretora de benefícios e fiscalização da Amprev, naprevidência amapaense ainda há espaço para fazer caixa com a arrecadação de 23% sobre ossalários – 11% dos servidores e 12% do Estado. O Estado paga R$ 587 mil mensais a 418aposentados e pensionistas. Ivana diz que hoje a arrecadação cobre perfeitamente as despesas,mas deverá haver déficit em cerca de 30 anos. O governo já estuda formas de cobrir a diferençano futuro.

Repasses podem ser cancelados em julho

Por Mônica Izaguirre, do Valor Econômico, em 25.06:O Ministério da Previdência considerará irregular, a partir de 1o de julho, a situação de

todos os Estados sem uma lei que centralize num único órgão a gestão do regime próprio dePrevidência de seus servidores. O alerta foi feito pelo secretário de Políticas de PrevidênciaSocial do ministério, Helmut Schwarzer, diante da proximidade do fim do prazo para aprovaçãodessas leis, negociado com os governadores para 30 de junho.

A perda do prazo não impede que esses Estados venham a regularizar sua situaçãodepois. O problema é que, a partir de julho, enquanto a lei estadual exigida não for aprovada esancionada, eles não conseguirão mais renovar o Certificado de Regularidade Previdenciária(CRP), que vence a cada 90 dias. Emitido pelo ministério, o CRP é necessário para receber osrepasses voluntários da União (verbas de convênio) e ter acesso a avais do Tesouro Nacionalpara contratação de empréstimos e a crédito de bancos federais.

A centralização da gestão dos regimes próprios da Previdência do setor público é umaexigência da reforma previdenciária promovida pela Emenda Constitucional no 41, em 2003.Em alguns Estados e também na União, essa gestão, hoje, é descentralizada. Cada Poder cuidade recolher a contribuição de seus servidores ativos e pagar seus aposentados, o que dificulta ocontrole atuarial e a fiscalização do cumprimento de normas relacionadas à concessão de bene-fícios, para evitar abusos.

Em fins de 2007, o ministério negociou com os governadores o prazo de 30 de junhode 2008 para adaptação à Emenda no 41; das 27 unidades da federação, nove ainda não tinhamlei local centralizando a gestão dos respectivos regimes de previdência. Além do Distrito Fede-ral, estavam na lista os Estados de Alagoas, Amapá, Mato Grosso do Sul, Rio de Janeiro, RioGrande do Sul, Rio Grande do Norte, Rondônia e Santa Catarina. Desde então, informa HelmutSchwarzer, somente Rondônia já encaminhou oficialmente ao ministério documento compro-vando aprovação e sanção da lei exigida. Mas o secretário destaca que outros Estados também

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cumpriram a exigência e só não comunicaram ainda. Ele cita como exemplo Rio de Janeiro eSanta Catarina.

Ainda que algum Estado se atrase um pouco, as consequências práticas da não aprova-ção da lei só serão sentidas na medida em que vencerem os atuais CRPs. O do Rio Grande doSul, por exemplo, só precisa ser renovado em 6 de agosto. O do DF venceu dia 16 passado, mas,até o dia 30, o governo pode tirar outro, que valerá por mais três meses.

O caso mais complicado é o de Alagoas, cujo governo se recusou a assinar com oMinistério da Previdência termo de compromisso para providenciar a centralização exigida. Oministério vem renovando o CRP do Estado, mas exclusivamente por força de ordem judicial.O último CRP emitido para Alagoas vence em 11 de setembro.

O governo federal, por sua vez, planeja apresentar o projeto referente ao regime dosservidores da União até o fim do ano. É que a exigência de um único órgão gestor vale paratodos os entes da federação com regimes previdenciários próprios. Segundo Helmut, o maisprovável é que, no caso da União, esse órgão seja uma nova secretaria, que seria criada no âmbitodo Ministério da Previdência.

No caso dos Municípios, a exigência da Emenda no 41 não abrange todos, pois a maio-ria não tem regime próprio, preferindo contribuir com o Regime Geral de Previdência Social, omesmo dos trabalhadores do setor privado. Mesmo nos Municípios com regime próprio, acentralização é mais fácil, pois só envolve Executivo e Legislativo, já que não existe Judiciáriomunicipal.

Previdência na maioria dos Estados, contribuição de servidor é

insuficiente.(checar: não falta alguma coisa??) Déficit de R$ 425 bilhões

Publicou o Jornal de Brasília, em 08.06:Os Estados brasileiros acumularam juntos um déficit previdenciário de R$ 425 bilhões

em 2007. O número é resultado da terceira edição do Índice de Desenvolvimento Previdenciário(IDP) dos Estados, pesquisa do Núcleo Atuarial de Previdência (NAP), da Universidade Fede-ral do Rio de Janeiro. Apenas Goiás, Pará, Amazonas, Espírito Santo, Rio Grande do Norte eRoraima apresentaram superávit, ou seja, as contribuições dos servidores públicos e a patronalforam superiores à folha de benefícios. O DF apresenta déficit acumulado de R$ 8,5 bilhões.

Segundo Benedito Passos, coordenador-geral do núcleo, o resultado geral é maior doque o de 2006, quando o déficit registrado foi de R$ 400,7 bilhões. Mesmo melhorando suascontas em relação a 2006, quando registrou um déficit de R$ 154,3 bilhões, o Estado de SãoPaulo ainda é o que possui maior resultado negativo: R$ 129,6 bilhões. O Rio de Janeiro passoude um déficit de R$ 23 bilhões, em 2006, para R$ 15,5 bilhões no ano passado. O resultado aindaé reflexo do Decreto no 37.571, de maio de 2005, que repassou os royalties e participações espe-ciais de petróleo e gás natural para a receita do Rioprevidência.

Índices

Mais do que quantificar o déficit, o IDP mede o nível de desenvolvimento técnico egerencial dos Regimes Próprios de Previdência Social (RPPS) dos servidores públicos, baseadoem indicadores atuariais, financeiros, jurídicos e administrativos operacionais. O índice varia dezero (sistema em ruína ou em extrema dificuldade) a um (sistema financeiro e atuarialmente emequilíbrio, possuindo gestão em nível de excelência). Os Estados que alcançam média entre zeroe 0,49 são considerados de nível baixo; de 0,5 a 0,79, nível médio; e acima, nível alto.

O estudo desenvolvido pelo Núcleo confirma o Estado de Roraima em primeiro lugarno ranking. Tocantins subiu duas posições em relação ao IDP de 2006, empatando com Roraima.Os dois Estados têm uma característica comum, que proporcionou a boa performance: ambos

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possuem poucos inativos e pensionistas. O Estado de Santa Catarina é o Estado com nível maisbaixo (zero) de desenvolvimento, ocupando a 27a posição no ranking. Entre ativos, inativos epensionistas, os 26 Estados brasileiros contam com 3,7 milhões de segurados em seus sistemasde previdência. O Estado de Minas Gerais não integrou a pesquisa.

Distrito Federal

O Índice de Desenvolvimento Previdenciário (IDP) mostra o Distrito Federal na 24a

posição no ranking, apresentando um baixo índice de desenvolvimento (0,28). Em 2006, a situ-ação era um pouco melhor e o DF aparecia no 14o lugar. O sistema previdenciário brasiliense écusteado pelo regime orçamentário (ou de caixa), no qual as deficiências de contribuição sãocobertas diretamente pelo Tesouro local.

“Podemos perceber que, apesar de permanecer com a mesma pontuação, o DF caiuposições no ranking. Isso se deve ao fato de quase todos os Estados terem apresentado algumamelhora em seus índices, elevando a média da qualidade dos sistemas previdenciários”, explicouBenedito Passos. Atualmente, o DF possui 165 mil segurados, sendo 115 mil funcionários ati-vos, que custam anualmente ao governo R$ 6,6 bilhões. Já os quase 50 mil inativos e pensionis-tas geram despesa de R$ 2,8 bilhões, dos quais apenas R$ 600 milhões são arrecadados, o quegera um déficit de R$ 2,2 bilhões.

Segundo o GDF, essa situação vai mudar com a criação do sistema próprio de previdên-cia do funcionalismo local, sancionado na semana passada.

Cai rombo da previdência pública. Déficit em relação ao PIB recuou de 2,3%

para 2,2% em 2007

Por Isabel Sobral, de O Estado de S. Paulo, em 08.06:As contas da previdência dos servidores públicos federais e estaduais fecharam o ano de

2007 com um déficit de R$ 57,5 bilhões. O rombo aumentou 8,7% em relação a 2006, de R$52,9 bilhões. Entretanto, em relação ao Produto Interno Bruto (PIB), o governo federal desta-cou que o saldo negativo caiu de 2,3% para 2,2% nesse período.

A consolidação das receitas e despesas com aposentadorias e pensões dos funcionáriosda União e dos Estados só ocorreu nesta semana porque os governos estaduais tinham até o fimde maio para enviar os dados do ano anterior ao Ministério da Previdência.

O secretário de Políticas de Previdência do ministério, Helmut Schwarzer, em conversacom o Estado, classificou de “relativamente estável” o resultado, se comparado ao PIB, o quedecorre, em parte, do efeito de medidas que entraram em vigor em 2004 por força da reformaprevidenciária feita nas regras dos regimes próprios de previdência dos servidores.

Ele citou como exemplo o pagamento de um abono de permanência aos servidores quecompletam os requisitos de idade e tempo de contribuição para aposentadoria mas optam porcontinuar em atividade. Esse abono equivale ao desconto que era feito no salário como contri-buição previdenciária.

“De outro lado, à medida que os Estados implantam uma organização administrativanos seus regimes, algo que a União também terá de fazer, eles deixam mais estável o financia-mento dessa previdência.”

Mudanças

Os servidores públicos, por definição constitucional, seguem regras de aposentadoriase pensões diferentes – e bem mais generosas – das que se aplicam aos trabalhadores da iniciativaprivada, cujo regime de previdência é administrado pelo Instituto Nacional do Seguro Social(INSS). Elas permitem, por exemplo, que os servidores se aposentem com salário integral. NoINSS, a aposentadoria tem um teto, atualmente de R$ 3.038,99.

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Em 2003, o governo fez uma reforma previdenciária com o objetivo de aproximar asregras aplicadas aos funcionários públicos dos demais trabalhadores. No entanto, dois pontosda reforma ainda dependem de regulamentação para surtirem efeitos. Um deles é a criação deum fundo de previdência complementar para os servidores públicos da União.

Quando estiver funcionando, o fundo permitirá que haja um teto de aposentadoriatambém para os servidores. A proposta de criação do fundo está em tramitação na Câmaradesde o ano passado.

Quando for aprovada, os servidores contratados após 2004 terão uma aposentadoriabásica de no máximo o teto pago pelo INSS aos trabalhadores privados. O servidor que quisergarantir um valor adicional terá de contribuir para o fundo durante o período de trabalho.

Outro ponto diz respeito à melhoria da gestão do regime dos servidores. SegundoSchwarzer, alguns Estados, como São Paulo, Bahia e Paraná, já estão fazendo a centralização dagestão da previdência de seus servidores.

Algo semelhante é o que o governo federal pretende começar a fazer ainda este ano como envio ao Congresso de um projeto de lei que criará uma estrutura responsável pela administraçãoda previdência de todos os servidores federais. Hoje, as responsabilidades são fragmentadas, poisficam a cargo dos departamentos de recursos humanos de cada órgão público.

Segundo o secretário, o formato dessa estrutura ainda está em discussão, mas caminhapara ser uma secretaria dentro do Ministério da Previdência. “Com uma gestão única, haverámais transparência e maior capacidade de prevenção de irregularidades”, afirmou.

Ministérios preparam novo órgão para fiscalizar fundos de pensão

Por Mônica Izaguirre, do Valor Econômico, em 03.06Os ministros do Planejamento, Paulo Bernardo, e da Previdência, Luiz Marinho, assina-

ram projeto de lei para recriar a Superintendência Nacional de Previdência Complementar (Previc).Agora, o encaminhamento da proposta ao Congresso depende do Palácio do Planalto. Se nãofor novamente rejeitada pelos parlamentares, a futura autarquia ocupará o lugar da atual Secre-taria de Previdência Complementar (SPC) como órgão fiscalizador dos fundos fechados depensão.

A Previc existiu temporariamente, por cerca de seis meses, em 2005. Foi criada porMedida Provisória de 30 de dezembro de 2004. Mas a MP perdeu eficácia ao não ser apreciadapelo Senado até junho de 2005. Os deputados chegaram a aprová-la. Na época, o governoenfrentou resistência porque, no texto da MP, incluiu a criação de cargos públicos em outrosórgãos federais, já existentes, entre eles Advocacia-Geral da União.

Agora, além de usar projeto de lei, o governo pretende restringir o texto à criação,estruturação e financiamento da Previc. O desenho institucional será o mesmo que foi propostoem 2004. O novo órgão será uma autarquia de natureza especial vinculada ao Ministério daPrevidência, mas dotada de autonomia administrativa e financeira e de patrimônio próprio.Com isso, o governo planeja melhorar a estrutura de fiscalização.

A futura superintendência poderá receber recursos do Tesouro, mas sua principal fontede custeio será a receita própria proveniente de uma taxa trimestral de fiscalização a ser pagapelos fundos fiscalizados. Denominada Tafic, a taxa, que chegou a ser cobrada em 2005, vaivariar conforme o patrimônio do fundo. Em 2005, o governo calculava que ela geraria R$ 36milhões por ano.

A SPC não vai desaparecer. Será apenas um órgão formulador de políticas e com estru-tura reduzida em relação à atual. A expectativa da Previdência é que sejam criados, no âmbito danova superintendência, cerca de 500 cargos, incluindo a absorção de 200 que deixarão de existir

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na SPC. Os cargos adicionais deverão ser criados aos poucos, conforme a necessidade.Os ministros Paulo Bernardo e Luiz Marinho entendem que a recriação da Previc é

necessária diante da “complexidade e das dimensões tomadas pelo sistema de previdência com-plementar” no Brasil. Existem no país 367 entidades fechadas de previdência complementar,administrando cerca de mil planos de benefícios. Juntas, elas são responsáveis pela gestão de umpatrimônio superior a R$ 350 milhões, algo próximo a 17% do PIB brasileiro. O número departicipantes desses fundos chega a 2,5 milhões de trabalhadores. Incluindo os dependentes, ouniverso de pessoas envolvidas no sistema vai na 6,7 milhões.

Governo gaúcho propõe redução de teto para novas aposentadorias

Por Sérgio Bueno, do Valor Econômico, em 28.03:O governo do Rio Grande do Sul está negociando com a Assembleia Legislativa para

colocar em votação até maio ou junho o projeto de lei ordinária que cria o regime de previdênciacomplementar para os servidores públicos estaduais. A proposta, que foi encaminhada aoLegislativo pela governadora Yeda Crusius (PSDB) em outubro de 2007, vincula o limite para asaposentadorias e pensões pagas pelo Estado aos funcionários de todos os poderes contratadosa partir da aprovação da lei ao teto do regime geral de previdência social, no qual estão enqua-drados os trabalhadores da iniciativa privada, hoje de R$ 3.096.

A proposta é a mais importante iniciativa dentro do programa de ajuste fiscal do gover-no gaúcho, que desde 2007 vem trabalhando para cortar gastos e aumentar receitas e aindareestruturar parte da dívida consolidada líquida de quase R$ 36 bilhões com um empréstimo deUS$ 1 bilhão que está sendo contratado junto ao Banco Mundial (Bird). Hoje os servidorespúblicos gaúchos contribuem com 11% dos vencimentos e têm direito à aposentadoria integrale, no ano passado, o déficit da previdência estadual chegou a R$ 4,6 bilhões, informou o secre-tário da Fazenda, Aod Cunha de Moraes Júnior.

O rombo superou em 2,5 vezes os desembolsos com amortização e encargos da dívidaestadual em 2007, que totalizaram R$ 1,83 bilhão, e em 18 vezes os investimentos feitos peloEstado, quase que exclusivamente com repasses da União. As aposentadorias e pensões repre-sentaram ainda 52% dos gastos totais de R$ 10,1 bilhões com pessoal e se nada for feito asituação só tende a se agravar. De 1993 a 2006, a relação de 2,32 servidores ativos para cadainativo caiu para 1,46 e daqui a dois anos o número de aposentados e pensionistas deve superaro de funcionários trabalhando, disse Moraes.

A lei proposta pelo governo gaúcho segue a mesma linha da reforma que em 2003modificou as regras previdenciárias para os funcionários da União. De acordo com o secretárioda Fazenda, tomando como base a distribuição atual dos salários do Estado, apenas 10% dosnovos servidores terão que optar pelo regime complementar para receber mais do que o teto deaposentadoria, principalmente no Judiciário, no Legislativo e no Ministério Público. Entre osprofessores, por exemplo, menos de 1% seria atingido pela mudança.

Para aposentadorias até o teto salarial previsto na lei, as contribuições previdenciáriasdo Estado e dos servidores permanecerão em 22% e 11%, respectivamente. Já o regime com-plementar prevê a contribuição igual das duas partes para a formação dos fundos de reservaindividuais, limitada a 7,5% do salário recebido na atividade. Os recursos serão administradospor uma instituição financeira contratada mediante licitação pela Fundação de Previdência Com-plementar do Servidor Público do Estado (Funprev-RS), que será formada por representantesdos três poderes, do Ministério Público, do Tribunal de Contas e dos funcionários.

Segundo Moares, mesmo com a aprovação da lei o déficit da previdência gaúcha conti-nuará crescendo até 2020 para só então iniciar uma trajetória descendente. Ainda assim, a inici-

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ativa é “vital para o Estado”, afirmou. Desde 1970 o Rio Grande do Sul só obteve superávitsorçamentários em cinco anos, sendo que em 2007 as contas fecharam no azul porque o governoarrecadou R$ 1,287 bilhão com a venda de parte de ações preferenciais do Banco do Estado doRio Grande do Sul (Banrisul).

Sem a operação e sem um convênio de R$ 210 milhões assinado com a União no fim doano, o déficit seria de R$ 873 milhões. O resultado primário, sem receitas e despesas financeiras,foi positivo em R$ 954 milhões e para 2008 a meta é superar o patamar de R$ 1 bilhão. Peloconceito de caixa, o déficit caiu dos R$ 2,4 bilhões projetados no início de 2007 para R$ 1,2bilhão e a expectativa é de uma nova redução, para R$ 600 milhões, neste ano. Segundo Moraes,o Estado passou a contratar apenas despesas que serão efetivamente pagas no exercício paraigualar os resultados orçamentários e de caixa e a meta é zerar as duas contas no fim de 2009.

Portaria definirá cronograma de certificação. Dispositivo também regulamenta-

rá política de investimento para 2009

Em 10.03, o MPS informou que os diretores de investimentos dos regimes próprios deprevidência social dos Estados deverão passar, ainda neste ano, pela certificação profissional,informa o secretário de Políticas de Previdência Social, Helmut Schwarzer. Portaria do Ministé-rio da Previdência Social vai estabelecer o cronograma para a implantação da certificação.

A mesma portaria regulamentará dispositivo da Resolução no 3.506, do Conselho Mo-netário Nacional, que exige que as instituições de previdência dos servidores apresentem aoMPS políticas de investimento. Esses assuntos foram discutidos na reunião do Conselho Naci-onal de Dirigentes dos Regimes Próprios de Previdência Social (Conaprev), encerrado na últimasexta-feira (7).

A política de investimento traçará os parâmetros a serem seguidos pelos gestores dosregimes próprios, com o objetivo de preservar os recursos das instituições. Embora a previsãoseja de publicação da portaria nos próximos dias, a exigência de apresentação da política deinvestimento só deve valer a partir de 2009.

Schwarzer informou que também ficará para 2009 a certificação dos diretores de inves-timento dos Municípios. É que, durante a reunião do Conaprev, os representantes dos Municí-pios argumentaram que a realização de eleições municipais, neste ano, poderia dificultar o pro-cesso, já que muitos dirigentes devem ser trocados.

A certificação e a política de investimento farão parte dos critérios exigidos pelo MPSpara a emissão do Certificado de Regularidade Previdenciária (CRP).

Padronização

O Conaprev aprovou o estabelecimento de um modelo padrão para a emissão de certi-ficados de tempo de contribuição pelas diversas instituições previdenciárias dos servidores pú-blicos. Para o secretário, a padronização da comunicação entre os regimes próprios é um impor-tante mecanismo de controle e de combate às fraudes.

A portaria, que deve ser publicada em duas semanas, estabelecerá que só serão emitidoscertificados para ex-servidores e somente a unidade do regime próprio terá poder para emiti-los.A proposta é que os certificados sejam emitidos eletronicamente de uma instituição para outra.

Sislex

O Sistema de Legislação da Previdência Social (Sislex) será ampliado para armazenar aslegislações previdenciárias dos Estados e Municípios. Segundo Schwarzer, a ideia é que o minis-tério receba as leis em papel e em meio magnético para facilitar a sua inclusão no site.

O MPS, em conjunto com os Estados e Municípios, trabalha também na digitalizaçãode todas as normas dos regimes próprios. A meta é ter todo o acervo legal em meio eletrônico

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até o final deste ano. Com a digitalização, explica o secretário, ficará mais fácil pesquisar ecomparar as legislações das diversas instituições de previdência.

Previdência de servidor público ainda é deficitária

Por Fernando Travaglini, do Valor Econômico, em 07.03:Um dos segmentos de previdência que vêm atraindo a atenção dos bancos é o de insti-

tutos de pensão de Estados e Municípios. As áreas de gestão de recursos dos bancos (assets)estão de olho na administração dos investimentos previdenciários, que já somam R$ 30 bilhões.Esses institutos, no entanto, ainda são deficitários.

As entidades de pensão dos servidores públicos estaduais e municipais substituem osistema do INSS (nos Municípios que aderiram ao Regime Próprio de Previdência Social). A Leique criou os planos é de 1998. Os fundos, mais de dois mil, são, portanto, ainda novos e a gestãovem se profissionalizando.

João Carlos Figueiredo, presidente da Associação Brasileira de Instituições de Previdên-cia Estaduais e Municipais (Abipem), afirma que maioria dos fundos previdenciários possuidéficit técnico, ou seja, os ativos ainda não são suficientes para cobrir as previsões de pagamen-tos futuros.

Os que têm condições melhores, segundo ele, são os que trabalham com a chamada“segregação de massa”, isto é, divisão entre os ativos garantidores dos aposentados e os recur-sos dos atuais trabalhadores. “Isso diminui a necessidade de alocação de recursos pelos gover-nos estaduais e municipais”, disse.

Nesses casos, segundo Ronaldo de Oliveira, da consultoria RiskOffice, são criados doisfundos. Um meramente financeiro, para cobrir os benefícios dos aposentados e próximos de seaposentar, coberto com recursos do tesouro municipal. O segundo fundo, previdenciário, paraatender à população mais jovem, capitalizado pelas contribuições e com os ativos investidospara gerar receita futura.

Um exemplo é o do Fundo Único de Previdência Social do Estado do Rio de Janeiro, oRioprevidência. O instituto possui investimentos próximos a R$ 10 bilhões, mas com os recur-sos de royalties futuros de petróleo, de 2007 a 2022, repassados pelo governo estadual, o patrimôniototal já se aproxima de R$ 60 bilhões.

O valor o deixa como o segundo maior fundo de pensão, atrás apenas da Previ (R$ 138bilhões). Ainda assim, existe a necessidade de capitalização de recursos, da ordem de R$ 33bilhões, para que atinja a cobertura total das reservas matemáticas, estimadas mediante cálculoatuarial. O fundo, portanto, tem potencial para atingir R$ 100 bilhões.

Os ativos de investimentos, segregados, são direcionados para investimentos no merca-do, como fundos ou títulos públicos, para que o volume cresça. De acordo com o plano deinvestimentos para 2008 do Rioprevi, aplicações em renda variável não são prioridades, mas jáestão na mira.

“Poderá ser disponibilizada uma parcela dos recursos em moeda corrente para essasaplicações, mas somente por intermédio de fundos de investimento. Essas aplicações terão comoobjetivo a diversificação dos investimentos do Fundo, tendo em vista a realização de aplicaçõesfinanceiras mais rentáveis.”

Esses recursos é que têm atraído a atenção de bancos e gestoras de recursos. Os ativosestão na casa dos R$ 30 bilhões e podem crescer, já que atendem cerca de metade dos Municí-pios (cerca de dois mil) e todos os Estados. Existe ainda um projeto de Lei para a criação dofundo de pensão dos servidores federais.

O Ministério da Previdência Social alterou uma série de regras recentemente (outubro

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do ano passado) para aumentar a profissionalização do setor. Entre as medidas, passou a exigircertificação profissional dos gestores dos institutos e aumentou o rigor das fiscalizações eresponsabilização desses gestores.

Todos os diretores de investimentos das entidades de previdência dos servidores esta-duais e municipais que têm patrimônio acima de R$ 10 milhões deverão estar certificados.Técnicos do Ministério da Previdência Social discutem com a Associação Nacional dos Bancosde Investimentos (Anbid) quais os critérios para qualificação e certificação desses gestores.

Aprovada MP que facilita pagamento para aposentados e pensionistas

Em 12.01, o Plenário da Câmara dos Deputados aprovou a Medida Provisória no 396/07, que autoriza o Tesouro Nacional a resgatar antecipadamente títulos emitidos para fundos deprevidência estaduais. A operação tem como objetivo ajudar os governos estaduais com dificul-dades de caixa a pagar despesas com aposentados e pensionistas. A matéria será analisada agorapelo Senado.

O texto acatado pelos deputados é do projeto de lei de conversão do relator EduardoCunha (PMDB-RJ). Ele retomou a redação da primeira lei sobre o tema (no 1.0841/04) e vincu-lou a recomposição dos fundos pelos tesouros estaduais aos recursos recebidos a título deroyalties, participação especial, compensações financeiras ou Fundo de Participação dos Estados(FPE). “Isso garante aos fundos de pensão que não haverá nenhuma confusão com os déficitsregulares que estejam sendo recompostos pelos tesouros estaduais com outros recursos. Essamudança preserva os fundos de pensão”, destacou.

A MP no 396/07 prevê a assinatura de um contrato entre o governo estadual e seusfundos previdenciários para recompor o fluxo de caixa original dos fundos. O governo estadualdeverá arcar com a diferença de remuneração projetada pelo fundo porque o ganho estavabaseado em certificados mais antigos.

O contrato de recomposição dos fundos deve incluir o pagamento dos juros e atualiza-ções monetárias calculados nos mesmos critérios dos certificados resgatados.

Valor de mercado

O resgate ocorrerá com a troca de Certificados Financeiros do Tesouro (CFT) comvencimentos até 2024 por outros com base no valor atual de mercado do certificado resgatado.A remuneração conseguida no período será o ganho do fundo a ser usado para o pagamento dasaposentadorias e pensões no limite do montante resgatado.

Para o Estado que participa do fundo de previdência, a operação significa um ganhoimediato que os desobriga temporariamente do pagamento de sua parte na aposentadoria epensão dos servidores.

Para o Tesouro Nacional, mantidas as perspectivas positivas para a economia, o ganhoocorre porque os papéis que deveriam pagar valores maiores na data de resgate programadaserão trocados por outros títulos, de menor risco e possivelmente mais baratos.

Tesouro Nacional

Desde a edição da MP, no início de outubro do ano passado, a Secretaria do TesouroNacional já celebrou contratos com Santa Catarina e Rio de Janeiro. No primeiro caso, o Tesou-ro liberou CFTs no valor de R$ 650,253 milhões em nome do Instituto de Previdência doEstado de Santa Catarina (Ipesc), com resgate em 2018. Os títulos trocados tinham vencimentoem 2024.

O Fundo Único de Previdência Social do Estado do Rio de Janeiro (Rioprevidência)receberá R$ 1,583 bilhão da STN, com vencimento em 2010. Os CFTs em poder do fundotinham prazo de resgate em 2014.

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TST mantém entendimento sobre INSS

Publicou o Valor Econômico, de Brasília, em 20.11:O Tribunal Superior do Trabalho (TST) decidiu manter sua Súmula no 368, pela qual os

juízes trabalhistas não podem executar dívidas previdenciárias associadas a sentenças de efeitomeramente declaratório. O enunciado estava prestes a ser revogado até meados deste ano, evários tribunais regionais do trabalho (TRTs), inclusive o de São Paulo, já não aplicavam mais oentendimento. Em setembro, entretanto, o Supremo Tribunal Federal (STF) pronunciou-se arespeito e, de forma inesperada, adotou o entendimento antigo do TST, limitando as execuçõesprevidenciárias na Justiça trabalhista.

A Justiça do Trabalho arrecada cerca de R$ 1 bilhão ao ano aos cofres do INSS. Umaparte desse valor refere-se a sentenças condenatórias contra empresas que cobram diferençasem verbas trabalhistas pagas aos empregados. Outra parte, as sentenças declaratórias, nas quaisa empresa não é condenada ao pagamento de verbas ao trabalhador, mas apenas a reconhecer ovínculo empregatício exercido em contratos fictícios, pedidos que servem para os trabalhadorescontabilizarem o tempo de atividade para suas aposentadorias.

Com base nessas ações declaratórias, os juízes trabalhistas costumavam cobrar as pen-dências devidas ao INSS. Mas os ministros do Supremo entenderam que a ação declaratória nãotem valor de título executivo nem liquidez, pois não apresenta um valor de condenação salarialque possa servir de base de cálculo para a condenação previdenciária. Os ministros tambémmanifestaram a intenção de editar uma súmula vinculante sobre o assunto – o que deveráafastar eventuais resistências na Justiça do Trabalho. Para juízes trabalhistas, a decisão do Supre-mo foi ruim para o trabalhador, pois a contagem do tempo para aposentadoria depende dorecolhimento da contribuição previdenciária, e não do reconhecimento do vínculo empregatício.Com a transferência do processo de execução fiscal para a Justiça federal, reiniciando todo oprocesso de cobrança da empresa, a comprovação do recolhimento para a Receita Federal ficarámuito mais difícil, comprometendo os pedidos de aposentadoria.

Para as empresas, a decisão do Supremo deverá dificultar a cobrança das pendênciasprevidenciárias. A Procuradoria do INSS foi pega de surpresa, pois até então a jurisprudênciana Justiça do Trabalho tinha se fixado na execução das sentenças declaratórias. Com o novoentendimento, a dívida deverá passar por todo o processamento administrativo do fisco, queleva em torno de cinco anos, para só então voltar a uma nova execução na Justiça federal. Partesuperior do formulário

Sentença garante INSS sobre folha salarial a agroindústria

Publicou o Valor Econômico, em 20.10:Uma agroindústria foi autorizada pela Justiça a recolher contribuições previdenciárias

com base na folha de salários mesmo com a vigência da Lei no 10.256, de 2001. A legislaçãoalterou a base de cálculo das contribuições do setor de folha de pagamentos para receita bruta,

Acordos e decisões judiciais

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com uma alíquota de 2,5%. A sentença, da primeira instância da Justiça federal, é a primeira quese tem conhecimento sobre o tema.

O juiz declarou o art. 1o da Lei no 10.256 inconstitucional por entender que, segundo aConstituição, não poderia haver mais uma contribuição além do PIS e da Cofins que tivesse ofaturamento ou a receita bruta como base de cálculo. Com base nesse entendimento ele cance-lou as autuações do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) contra a empresa.

Diante das autuações, a empresa resolveu contestar a constitucionalidade da lei quealterou a base de cálculo da contribuição previdenciária no Judiciário. Como o juiz da primeirainstância da Justiça federal declarou a própria lei inconstitucional, não houve discussão sobre avalidade da instrução normativa. Segundo Dalazen, o precedente pode servir para que outrasempresas contestem a nova base de cálculo na Justiça.

De acordo com o procurador-geral adjunto da Fazenda Nacional, Fabrício Da Soller, oórgão deverá recorrer da decisão da primeira instância da Justiça federal. Segundo ele, a Fazendaentende que não há inconstitucionalidade na Lei no 10.256, já que o art. 195, § 9o da ConstituiçãoFederal estabelece que as contribuições sociais, entre elas a previdênciária, poderão ter alíquotasou bases de cálculo diferenciadas, em razão da atividade econômica.

STJ libera previdência privada de IR. Decisão vale para quem tinha plano e

pagou imposto entre 1989 e 1995

Por Renata Veríssimo e Mariângela Gallucci, de O Estado de S. Paulo, de 10.10:O Superior Tribunal de Justiça (STJ) decidiu que o governo tem de devolver com cor-

reção monetária o Imposto de Renda (IR) que foi pago indevidamente por pessoas que contri-buíram para planos de previdência privada de 1989 a 1995, período em que vigorou uma lei queisentava os contribuintes do pagamento do IR.

A decisão foi tomada pela 1a Seção do STJ durante o julgamento de um recurso movidopor um grupo de aposentados que contribuiu para um plano e, apesar da isenção, pagou o IR até1995. O resultado do julgamento será aplicado a outros casos idênticos que tramitam no pró-prio STJ e nas instâncias inferiores da Justiça.

A Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional não recorrerá da decisão. O procurador-geral adjunto, Fabrício Da Soller, disse que já há uma pacificação do STJ em ações da mesmanatureza. Por isso, um ato declaratório da Procuradoria – de novembro de 2006 – liberou osprocuradores de contestarem as decisões sobre esse assunto.

Da Soller disse que a decisão do STJ só beneficia as contribuições para fundos depensão realizadas entre 1989 e 1995, quando o regime tributário vigente isentava de Imposto deRenda os rendimentos com aposentadoria complementar.

Desde 1996, as regras mudaram. A partir daquele ano, as pessoas que pagam previdên-cia complementar podem abater da Declaração Anual de Imposto de Renda o valor dessascontribuições, até o limite de 12% do rendimento bruto anual. Em compensação, serão tributa-dos de IR quando passarem a receber suas aposentadorias.

Segundo o procurador, a decisão do STJ reconhece o direito de isenção tributária paraas contribuições realizadas no período entre 1989 e 1995. Mas ele não sabe calcular quanto aUnião terá de devolver aos aposentados, com correção monetária. Segundo ele, na maioria doscasos, essas pessoas pagarão menos IR quando forem receber suas aposentadorias. Terá de serfeito um cálculo proporcional do imposto devido pelo aposentado, isentando de IR o períodoenglobado na decisão do STJ.

O procurador admite que será complicado achar uma fórmula de cálculo. “Terá que sercalculado individualmente”, afirmou. No passado, a Procuradoria da Fazenda Nacional, a Re-

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ceita Federal e representantes de fundos de pensão já tentaram fechar um cálculo, mas nãochegaram a um acordo.

Justiça nega cobrança de INSS sobre PLRs e anula autuações

Publicou o Valor Econômico, em 26.09:Empresas largaram na frente na briga com o fisco em torno dos programas de participa-

ção nos lucros e resultados – os chamados PLRs. Ainda que não haja uma jurisprudência formadasobre o tema no Poder Judiciário, as primeiras decisões da Justiça Federal dão vitória aos contribu-intes ao anular pesadas multas aplicadas pela Receita Federal do Brasil em autuações.

O fisco começou a autuar empresas na tentativa de cobrar contribuições previdenciáriassobre os valores distribuídos aos funcionários em programas de participação nos lucros em2006, quando essa função ainda estava a cargo da Receita Previdenciária. Mas a criação daSuper-Receita, que unificou a arrecadação tributária e previdenciária na Receita Federal do Brasilem 2007, apertou o cerco às empresas.

Previstos no art. 7o da Constituição Federal, o programa de participação nos resultadosprevê a distribuição de lucros aos funcionários mediante o cumprimento de metas e foi regula-mentado apenas no ano 2000 pela Lei no 10.101, resultado da conversão de uma medida provi-sória de 1991. O PLR tem a intenção de ser um mecanismo para aumentar a produtividade dasempresas por meio de incentivos aos trabalhadores sem incrementar os custos – já que sobre asverbas pagas não incidem contribuições previdenciárias.

De acordo com a legislação, a formalização do programa pode ser feita por uma comis-são de trabalhadores, integrada por um representante indicado pelo sindicato da categoria, oupor meio de uma convenção coletiva. O que vem motivando as multas durante a fiscalização daReceita são falhas em detalhes formais dos programas – como a exigência de um representantedo sindicato da categoria na negociação do PLR e o intervalo de seis meses entre cada pagamen-to efetuado aos trabalhadores. Para o fisco, há programas que “maquiam” o pagamento desalários – sobre os quais incidem contribuições previdenciárias.

Ainda não há uma jurisprudência formada no Judiciário em ações que contestam asmultas e a cobrança das contribuições impetradas pelas empresas. Há recursos no aguardo deuma análise do Superior Tribunal de Justiça (STJ), mas a corte ainda não se pronunciou sobre otema. Nos tribunais regionais federais (TRFs), no entanto, o entendimento que tem prevalecidoé o de que valores distribuídos a título de distribuição de lucros não configuram pagamentos denatureza salarial, sendo ilegítima a incidência da contribuição social com base na folha de salári-os. No TRF da 4a região, com jurisdição nos Estados do Sul do país, há pelo menos seis decisõesnesse sentido.

Sexta Turma julga incidência de juros e multa sobre recolhimentos ao INSS

Publicou o site do TST, em 25.09:Em caso de inadimplência da empresa, a partir de quando deve ela pagar juros e multa

moratória sobre as contribuições previdenciárias incidentes sobre as remunerações relativas aoperíodo de vínculo empregatício reconhecido por decisão judicial? Para a Sexta Turma do Tri-bunal Superior do Trabalho, nesse caso, os juros e a multa devem ser exigidos apenas a partir domês seguinte ao da intimação da liquidação de sentença.

A União, em recurso de revista ao TST, sustentou que o recolhimento da dívida paracom o INSS deveria incluir os juros e a multa desde a prestação de serviço, desde a ocorrênciado fato gerador do tributo. A questão surgiu a partir de decisão do Tribunal Regional do Traba-lho da 15a Região (Campinas/SP), que analisou a competência da Justiça do Trabalho para a

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execução das contribuições sociais decorrentes do vínculo empregatício reconhecido judicial-mente, em ação de uma trabalhadora rural de Mirassol (SP).

Empregada da Alma Citrus Ltda., com o salário de R$ 150,00 por semana, mas semregistro do contrato de trabalho na CTPS, a trabalhadora pleiteou na 3a Vara do Trabalho de SãoJosé do Rio Preto o reconhecimento de vínculo de emprego com a empresa e as demais verbasdaí decorrentes. Em acordo judicial, a empresa comprometeu-se a pagar R$ 1.400,00 e assinarsua carteira, conforme o pedido. Na sentença homologatória, o juiz afirmou não haver incidên-cia de contribuições previdenciárias sobre as parcelas do acordo, por serem de naturezaindenizatória e por entender que a Justiça do Trabalho não tinha competência para a execuçãodas contribuições sociais decorrentes de reconhecimento do vínculo. Foi nesse momento que aUnião recorreu, com pedido de reconhecimento da competência da JT.

O TRT da 15a Região, ao examinar o recurso ordinário, reconheceu a competência daJT e determinou o prosseguimento da execução quanto ao crédito previdenciário. No entanto,julgou que a incidência dos juros e multa moratória somente poderiam ser exigidos a partir dosegundo dia do mês seguinte ao da intimação da liquidação de sentença, e não desde a ocorrên-cia do fato gerador do tributo (o início da prestação de serviço) ou da data de apuração doscréditos trabalhistas.

Crime fiscal ainda persiste na Justiça

Por Zínia Baeta, do Valor Econômico, Belo Horizonte, em 1o.09:Apesar de o Supremo Tribunal Federal (STF) ter decidido em 2003 que os contribuin-

tes só podem responder por crimes tributários após o término dos processos administrativosem que se discutem os débitos e, recentemente, tanto o Supremo quanto o Superior Tribunal deJustiça (STJ) terem aplicado o mesmo posicionamento para as discussões relativas a contribui-ções previdenciárias, a abertura de inquéritos policiais e as denúncias contra contribuintes con-tinuam a ocorrer. Segundo advogados criminalistas, o problema persiste principalmente emrelação às contribuições à Previdência. Já para as questões tributárias, houve uma redução donúmero de denúncias, porém ainda há casos em que os empresários são denunciados por falsi-ficação de documentos, que seria o chamado “crime-meio” para a prática do “crime-fim”, queseria a sonegação.

“Nesta semana recebi o caso de um cliente denunciado pelo Ministério Público porfalsidade documental”, afirma o criminalista Marcelo Leonardo, titular do escritório que levaseu nome. Segundo Leonardo, no caso de seu cliente, não houve ainda o esgotamento da viaadministrativa. O advogado Roberto Delmanto Júnior, sócio do escritório Delmanto AdvocaciaEmpresarial, também confirma que denúncias têm se baseado no crime-meio e não no principal– o que, para ele, seria uma forma de burlar a jurisprudência sobre o tema já definida pelostribunais superiores.

Aposentados. Prazo para pedir IRSM vai até novembro. 380 mil ainda têm direi-

to a revisão

Por Marcello Casal, do Jornal de Brasília, em 22.03:Quem teve a aposentadoria concedida entre os anos de 1994 e 1997 e não aderiu a

acordo com o Ministério da Previdência, ainda pode requerer a revisão da aposentadoria. Se-gundo o ministério, 380 mil dos 2,6 milhões de benefícios que têm direito à revisão de até39,67%, referente ao Índice de Reajuste do Salário-Mínimo (IRSM), ainda não foram recalculados.

Em 2004, por meio da Medida Provisória no 201, o governo reconheceu a dívida eestabeleceu as condições para negociação direta do pagamento. O prazo para adesão ao acordo

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encerrou em 30 de junho de 2005. Mas, segundo advogados especialistas em Previdência, épossível recorrer a Juizados Especiais Federais dos Estados e Distrito Federal.

Os interessados em recorrer, porém, terão que ser rápidos. O prazo legal para recalcularo benefício termina em novembro de 2008. Como o INSS já reconheceu a dívida e não pretendecontestá-la, especialistas afirmam que a decisão a favor dos aposentados é líquida e certa e podeser decidida rapidamente.

Apesar de a dívida ser referente aos anos de 1997 a 1999, o INSS só deverá responderpelos últimos cinco anos. Assim, o recálculo do benefício deverá ser feito com base nos últimos60 meses, sobre os quais será aplicado o percentual de correção.

No caso do acordo feito diretamente com o governo, foi estabelecido o parcelamentodos valores em até oito anos. Na época, este prazo teve de ser bastante negociado. Representan-tes de sindicatos dos aposentados e pensionistas do INSS argumentaram que quanto maior oprazo, menores as chances de receber em função da idade avançada de muitos beneficiários.

Quem recorrer, agora, aos Juizados Especiais deve estar ciente de que os valores equi-valentes a até 60 salários-mínimos (R$ 24,9 mil, considerado o mínimo de R$ 415) são pagos àvista, enquanto os superiores a esse teto são pagos por meio de precatórios. Neste último caso,se a sentença sair até o meio deste ano, o pagamento será feito em 2008. Após essa data, só em2010. Ou seja, se o valor a receber não for muito maior do que os 60 salários-mínimos, érecomendável abrir mão de uma parcela e garantir um pagamento mais rápido. Os sindicatoscalculam que a média das indenizações pagas fica em torno de R$ 10 mil.

Previdência já economizou mais de R$ 50 milhões em precatórios fraudulentos.

Ações na Justiça podem ampliar a economia para mais de R$ 140 milhões

Em 18.03, o MPS informou que por determinação do ministro da Previdência Social, LuizMarinho, o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) está analisando criteriosamente, desde o anopassado, todos os precatórios, inclusive os coletivos, com valores acima de R$ 300 mil.

A Procuradoria Federal Especializada detectou que, há anos, muitos processos judiciaisestão sendo pagos indevidamente: em duplicidade ou com cálculos superestimados. Há pessoasque recebem duas ou mais vezes porque entram com processos patrocinados por diferentesentidades de classe ou advogados próprios.

Somente em 2007, a Previdência pagou R$ 5,285 bilhões com essas sentenças judiciais– os gastos com decisões da Justiça Federal cresceram 13,9% e, com a Justiça Estadual, 22,1%.

Economia

Os procuradores do INSS já comprovaram e impediram o pagamento de precatórioscom valores muito acima do efetivamente devido, o que resultou em economia aos cofres públi-cos de cerca de R$ 51,2 milhões. No total, a economia pode chegar a R$ 140 milhões.

Em Pernambuco, numa única ação, a Procuradoria conseguiu economizar R$ 48 mi-lhões aos cofres da Previdência Social, que tinha sido condenada a pagar R$ 53 milhões aoSindicato dos Servidores Públicos Federais em Saúde e Previdência de Pernambuco. Depois dorecurso, o Tribunal Superior do Trabalho (TST), onde tramitava o precatório, reconheceu que ovalor devido era muito inferior ao cobrado.

No Maranhão, o INSS foi condenado a pagar R$ 2,4 milhões de indenização à famíliade um segurado que morreu no trajeto para o trabalho. Depois da contestação da Procuradoria,o juiz reduziu a dívida a R$ 271 mil. Em outro processo, no mesmo Estado, os procuradoresconseguiram reduzir o valor da dívida de R$ 1,2 milhão para R$ 160 mil.

Em outra ação, o INSS pode deixar de pagar mais de R$ 43 milhões. Isto porque o valorinicial da ação de R$ 44 milhões – o instituto fez o depósito judicial – caiu para apenas R$ 10 mil

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depois que o órgão recalculou o processo. Essa ação não é de segurados, que já receberam o quereivindicavam, e sim de um escritório de advocacia que está cobrando honorários advocatíciosdo INSS referente a este mesmo processo.

Na Justiça Trabalhista de Pernambuco há uma dívida de R$ 54 milhões inscrita emprecatório, mas o cálculo feito pelos técnicos do INSS mostrou que está superestimado. Naverdade, o valor devido é de R$ 7 milhões. A Procuradoria do INSS entrou com uma açãocorrecional no TST, que já determinou a suspensão do pagamento.

Duplicidade

O INSS vai cobrar administrativamente, ainda este mês, e caso não tenha êxito, cobrarájuridicamente, a devolução do pagamento feito em duplicidade a servidores e ou segurados – jáforam identificadas 200 pessoas nessa situação. Se for funcionário público, responderá ainda aprocesso administrativo e pode, inclusive, ser demitido.

São casos de processos – com origem em diversos lugares ou entidades – movidostanto por segurados como por funcionários e ex-servidores, que reclamam correções salariaisatrasadas e indenizações pelos mais diversos motivos. No final, eles recebem várias vezes.

A Previdência pagará somente o que é justo e usará todos os recursos judiciais paraimpedir que fraudadores se apropriem do dinheiro público, diz Marinho, que determinou que ogrupo de procuradores e contadores não se desloque mais para os Estados. Isso contribui paraa segurança da equipe e dos procuradores locais. Na maior parte do tempo a análise é feita emBrasília e o grupo somente viaja em caso de necessidade.

O maior rigor do INSS no pagamento de dívidas judiciais deve ter impacto, ainda, nomercado de precatórios, onde empresas compram as dívidas com deságio para usar no paga-mento de impostos. “As pessoas têm que ficar atentas, porque se comprarem um precatório enão tiverem direito, não vão receber nunca”, alerta o ministro. “O INSS não vai pagar precatórioacima do valor justo”, acrescenta.

Pente-fino nas ações contra INSS. Previdência vai mapear sentenças judiciais

indevidas e pode cobrar dinheiro de volta

Por Geralda Doca, de O Globo, Brasília, em 17.03:O Ministério da Previdência Social decidiu passar um pente-fino nas sentenças judiciais

acima de R$300 mil contra o INSS. A ordem é questionar na Justiça todos os valores considera-

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dos exorbitantes, pagar somente o que for devido e cobrar a devolução do que já foi pago amais. A Procuradoria Federal Especializada (PFE) junto ao órgão tem pronta uma lista com 211nomes de segurados que apresentam algum tipo de irregularidade no valor da aposentadoria oupensão. Serão os primeiros a cair nesta espécie de malha fina previdenciária montada para pegarfraudes que são responsáveis em boa parte pelo aumento, desde 2003, de 415,1% no pagamentode precatórios pela Previdência.

Entre os casos já mapeados, há pessoas que ganharam ações em instâncias inferiores,perderam posteriormente após recursos apresentados pelo órgão, mas inexplicavelmente rece-beram do INSS. Existem também situações em que os beneficiários recebem em duplicidade,pois entraram com as mesmas ações em localidades diferentes e foram incorporando os ganhosao longo do tempo. Sem falar em indenizações abusivas.

Gastos na Justiça quintuplicaramQuando o Tesouro Nacional já tiver feito o repasse à Justiça, serão disparadas ações

para bloquear os pagamentos abusivos. Quem já está recebendo o valor incorreto poderá ter dedevolver dinheiro ao INSS.

“O INSS sempre foi réu. Sempre foi pontual no pagamento dos precatórios, muitasvezes sem questionar os valores. Agora, passaremos a ser autores e vamos entrar com açõesregressivas para receber o que foi pago indevidamente”, afirmou o procurador chefe da PFE.

De acordo com o ministério, o valor do desembolso da Previdência com sentençasjudiciais saiu de R$1 bilhão em 2003 para R$ 5,2 bilhões em 2007. Só no ano passado, a despesasubiu 13,9%, no caso das ações na Justiça Federal, e 22,1% nas disputas na esfera estadual. Aexplosão pode ser vista também por outro indicador: os precatórios, que representavam 3,6%do déficit do INSS cinco anos atrás, fecharam dezembro a 11,5%.

Para 2008, há uma previsão preliminar de gastos com sentenças de R$ 4 bilhões. A cadamês, ingressam na Justiça 50 mil processos contra o INSS, de trabalhadores de forma geral e deservidores da Previdência. O procurador disse não ter condições de estimar os prejuízos que assentenças judiciais indevidas estão causando à Previdência Social. Mas ele reconhece que este éum dos males que impedem a redução do descasamento entre receitas e pagamento de benefí-cios. O mapeamento ainda está em andamento, e estão sendo detalhados particularmente osúltimos oito anos, mas Nogueira crava: “Sem dúvida, faremos uma boa economia”.

Há um grupo de trabalho formado por procuradores e contadores que está avaliandoos processos suspeitos na sede do INSS, em Brasília. Para evitar ameaças, os participantes deoutros Estados foram deslocados à capital federal, contou o procurador, deixando claro que aforça-tarefa espera se deparar com máfias especializadas em fraudes ao instituto.

Segundo Nogueira, já é possível afirmar que não há parâmetros nos valores que a Justi-ça manda o INSS pagar. Num único processo, o órgão foi condenado a pagar R$ 1,3 bilhão.Entre os exemplos, há também um processo movido pelo Sindicato dos Aposentados do RioGrande do Norte, em que, só em honorários, o advogado pediu R$ 44 milhões, quando o valordevido é de apenas R$ 10 mil. Os procuradores conseguiram bloquear o pagamento na Justiça.

Em vez de reforma, caça às fraudesExiste ainda um processo do Maranhão com pedido de indenização por morte de R$

2,4 milhões, mas os novos cálculos apontam que a vida é de apenas R$ 271 mil. Em causasemelhante no mesmo Estado, os procuradores estimam que uma dívida de R$ 1,2 milhão nãopassa, na verdade, de R$ 160 mil.

A operação de caça às fraudes com amparo judicial é parte da política de atacar defici-ências administrativas e irregularidades nos órgãos ligados à Previdência Social. E visa a recupe-rar e economizar recursos, substituindo, na avaliação do Executivo, uma Reforma Previdenciária.

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A estratégia ficou particularmente clara após a ida de Luiz Marinho para o comando doministério, há um ano. Apesar de estar instituído o Fórum da Previdência, que pretendia debatera reforma com a sociedade e listar as alterações de consenso, Marinho dedicou-se preferencial-mente à elaboração de medidas administrativas, algumas delas adiantadas pelo Globo. O proble-ma é que parte delas não vai adiante.

Por exemplo, em março do ano passado, o ministério anunciou um recadastramentocomo o objetivo de rever as aposentadorias por invalidez de 2,6 milhões de segurados, com oobjetivo de economizar R$ 11,3 bilhões. Também pretendia tornar mais rígida a classificação deinvalidez. Nada disso foi implementado.

Ministério faz acordos em causas de derrota certa

Por Geralda Doca, de O Globo, Brasília, em 17/03/2008Enquanto avança no combate às sentenças indevidas, em outra frente a Previdência

Social decidiu procurar o Judiciário para fechar acordos nas causas em que a perda da ação épraticamente certa. Nesta primeira fase, os acordos estão valendo para processos envolvendoaposentadoria rural e o benefício da Lei Orgânica de Assistência Social (Loas), concedido aidosos e deficientes de baixa renda, para processos que tramitam há cinco anos. A proposta éincluir outras causas no futuro.

O primeiro acordo foi fechado na semana passada com o Tribunal Regional Federal(TRF) da 1a Região, que abrange 13 Estados (entre eles Bahia, Goiás, Maranhão, Minas Gerais,Mato Grosso e Piauí), além do Distrito Federal. A proposta é ampliar a iniciativa para todo opaís, sobretudo Rio e São Paulo, onde o volume de processos é gigantesco.

O acordo do INSS prevê um deságio de 20% sobre o valor solicitado (depois de checagemdos cálculos). Em contrapartida, o trabalhador poderá receber o valor pleiteado em até 60 dias,se não for superior a 60 salários-mínimos. Os montantes superiores entram na fila dos precatórios.

Para tocar as negociações, a Previdência irá montar salas próprias nas dependências dosTRFs, com equipe especializada, composta por procuradores e servidores administrativos. Ocontato é feito entre o INSS e os advogados dos trabalhadores.

Segundo o procurador chefe da Procuradoria Federal Especializada junto ao INSS, RicardoPanquestor Nogueira, tudo indica que os acordos terão boa adesão. Ele disse que, dos 70 proces-sos previamente selecionados em Brasília, 50 caminharam nesse sentido. A estimativa é que asnegociações durem apenas três meses. Hoje, há ações que tramitam por mais de cinco anos.

Só no âmbito da Justiça Federal, há mais de dez milhões de processos questionando aPrevidência. Dos 71 mil processos correndo no TRF da 1a Região, já em grau de recurso, 45 milsão relativos a benefícios rurais e Loas, cujos segurados encontram dificuldades para reunirprovas para a concessão do benefício. Por isso, a primeira fase de acordos está centrada nestacategoria.

“O nosso foco nessa ação é o beneficiário”, disse o procurador. Ele informou ainda quebaixou uma circular para orientar os procuradores a não recorrerem em 15 situações envolven-do Loas e aposentadoria rural, para facilitar o fechamento dos acordos. Por exemplo, o brasileiropode solicitar o benefício como segurado especial mesmo que o tempo de trabalho não sejacontínuo. Se o segurado especial deixou de contribuir porque ficou doente, independentementedo tempo, também não perde mais a condição de beneficiário.

Além disso, contou o procurador chefe, o ministro da Previdência, Luiz Marinho, deter-minou a revisão das normas de todos os demais procedimentos utilizados pelos procuradorespara recorrer em processos de outras categorias, no sentido de facilitar os entendimentos.

“Nos casos em que o Judiciário bate com razão, vamos reavaliar nossa postura. Agora,

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quando tivermos razão, vamos brigar até o fim”, disse o procurador.

Ministro quer resolver demanda no Judiciário com as conciliações. Previdência

e TRF iniciam mutirão de acordos judiciais

Em 12.03, o MPS informou que o ministro da Previdência Social, Luiz Marinho, e apresidente do Tribunal Regional Federal da 1a Região, desembargadora Assusete Magalhães,deram início aos trabalhos de seleção dos processos que tramitam há mais de cinco anos, emgrau de recurso, no TRF, englobando 13 Estados e o Distrito Federal.

Assusete Magalhães destacou a transformação da cultura da Previdência Social. Segun-do ela, “sobram processos litigantes em todos os fóruns do país. E o MPS e o INSS (InstitutoNacional do Seguro Social) estão trabalhando na mudança de paradigma, transformando umacultura de litígio em uma cultura de louvores”, afirmou ela.

Atualmente, no âmbito da Justiça Federal, há mais de 10 milhões de processos emtramitação, segundo ela. O crescimento da demanda nos últimos 20 anos impressiona muito.Apenas na 1a Região tramitaram, em janeiro deste ano, mais de dois milhões de processos, sendo1.176.886 nas varas comuns; 661.312 nos Juizados Especiais Federais; 82.251 nas turmas recursaisdos juizados e 253.688 recursos e ou ações originárias no TRF1.

Dos 71 mil processos em tramitação no TRF1, em grau de recurso, 45 mil são relativosà matéria previdenciária. De acordo com a Procuradoria Federal Especializada do INSS, a mai-oria dessas ações se refere a benefícios rurais e assistenciais (Loas), cujos segurados apresentamdificuldades para reunir provas que facilitem a concessão do benefício.

AcordoCom o mutirão, quando houver a proposta de acordo pelo INSS, sendo aceita pelo

segurado, a implantação do benefício (concessão inicial ou revisão) será imediata, com a expedi-ção da requisição de pequeno valor (RPV) e o pagamento dos atrasados em até 60 dias. O RPVengloba até 60 salários-mínimos nesses casos.

A expectativa é de que o trabalho do mutirão dure em torno de três meses. A ideia é queesse serviço se estenda a todos os Estados. “Devemos ter uma reunião daqui a três semanas paraanalisar os próximos lugares onde será feito mais um mutirão”, adianta o procurador-chefe daProcuradoria Especializada do INSS, Ricardo Panquestor.

MutirãoO mutirão, formado por procuradores e servidores administrativos, vai trabalhar na

sede do TRF, em Brasília, onde está montada uma estrutura para poder tornar mais ágil asdecisões judiciais. Doze profissionais especializados ocupam uma sala com computadores ondevão se encarregar de fazer os cálculos e apresentar as petições com a proposta de acordo àJustiça.

O tribunal é responsável pela análise de processos de 13 Estados (toda a Região Norte,Bahia, Goiás, Maranhão, Minas Gerais, Mato Grosso e Piauí) e do Distrito Federal.

INSS e TRF começam mutirão para definir acordos judiciais. Ministro e presi-

dente do Tribunal lançam início dos trabalhos

Em 07.03, o MPS informou que o ministro da Previdência Social, Luiz Marinho, e apresidente do Tribunal Regional Federal da 1a Região, desembargadora Assusete Magalhães,lançaram os trabalhos de seleção dos processos que tramitam há mais de cinco anos, em grau derecurso, no TRF, que engloba 13 Estados e o Distrito Federal. A expectativa é a de que ostrabalhos durem em torno de três meses.

Nos processos em que houver proposta de acordo pelo INSS, sendo aceita pelo segura-

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do, a implantação do benefício (concessão inicial ou revisão) será imediata, com a expedição darequisição de pequeno valor (RPV), com pagamento dos atrasados em até 60 dias. O RPVengloba até 60 salários-mínimos nesses casos.

A desembargadora Assusete assinou, em 07.03, resolução que autoriza a implantaçãode Projeto de Conciliação nos processos de ações previdenciárias que tramitam na região. Aequipe trabalhará na sede do TRF, em Brasília, onde será montada uma estrutura para podertornar mais ágil as decisões judiciais. Uma sala com computadores abrigará 12 profissionaisespecializados que se encarregarão de fazer os cálculos e apresentar as petições com a propostade acordo à Justiça.

Os processos que serão analisados durante essa ação são provenientes de toda a RegiãoNorte, Bahia, Goiás, Maranhão, Minas Gerais, Mato Grosso, Piauí e do Distrito Federal.

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Déficit

Desaceleração deve causar alta do déficit da Previdência em 2009

Por Isabel Sobral, de O Estado de S. Paulo, em 21.12:O déficit da Previdência, estimado em R$ 38 bilhões este ano, a primeira queda em três

anos, voltará a subir para R$ 40 bilhões em 2009 por causa da desaceleração da economia, quedeve afetar o mercado formal de trabalho. A previsão é do secretário de Políticas de PrevidênciaSocial, Helmut Schwarzer. Ainda assim, o valor ficará abaixo do maior déficit anual, em 2007, deR$ 44,8 bilhões.

Neste ano, o déficit vem caindo sistematicamente, num reflexo combinado de receitasem alta e despesas sob controle. Em outubro, o saldo negativo das contas do Instituto Nacionaldo Seguro Social (INSS) foi de R$ 1,9 bilhão, o menor valor mensal nos últimos dois anos e33,9% mais baixo que o de outubro de 2007.

De janeiro a outubro, o déficit soma R$ 34,5 bilhões, 17,6% menor que o de igualperíodo de 2007. “Caminhamos para que este ano a Previdência tenha, pela primeira vez, umdéficit anual menor que o do ano anterior”, disse Schwarzer. Na comparação com o ProdutoInterno Bruto (PIB), o déficit deve fechar o ano em torno de 1,5%, ante 1,75% no fim de 2007.

A arrecadação previdenciária cresceu 9,4% de janeiro a outubro, ante os mesmos meses de2007, por causa das contratações de empregados com carteira assinada pelas empresas privadas.

Déficit deve cair para 1,27% do PIB em 2008

Por Ayr Aliski, da Gazeta Mercantil, em 17.12O déficit da Previdência Social em 2008 pode chegar, no máximo, a R$ 36 bilhões,

representando 1,27% do Produto Interno Bruto (PIB). É uma situação mais cômoda que a doano passado, quando o déficit de R$ 44,8 bilhões refletiu parcela de 1,75% do PIB. A projeçãoé do secretário de Políticas de Previdência Social, Helmut Schwarzer, que ontem apresentou osdados oficiais do Regime Geral de Previdência Social acumulados até novembro. Caso se con-

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firmem as previsões do secretário, será a primeira vez desde 1995 – quando começaram a serregistrados os déficits no setor – que a curva do déficit previdenciário estará em declínio. Desdeque os rombos da Previdência começaram a ser registrados, o percentual do PIB que represen-tava a “necessidade de financiamento” aumentava anualmente.

Até novembro, o déficit da Previdência alcança R$ 37,9 bilhões em valores correntes,corrigidos pela inflação. É resultado de um total de R$ 140,4 bilhões de arrecadação líquida e deR$ 178,3 bilhões em pagamento de benefícios. Em 2007, no acumulado entre janeiro e novem-bro, o rombo da Previdência chegava a R$ 44,7 bilhões, saldo de uma arrecadação de R$ 140,4bilhões e de despesas de R$ 185,3 bilhões.

Auxílio do 13o salário

O pagamento da última metade do 13o salário teve um impacto de R$ 1,43 bilhão paraas contas da Previdência. O déficit do mês foi de R$ 4,2 bilhões, fruto de um total de despesasde R$ 17,7 bilhões e arrecadação de R$ 13,56 bilhões, o melhor resultado da série histórica(exceto para meses de dezembro, que tradicionalmente têm excelentes recolhimentos vincula-dos ao pagamento do 13o salário dos trabalhadores).

Em novembro do ano passado, o déficit foi menor, de R$ 2,7 bilhões, mas não contem-plou pagamento do 13o, que recaiu sobre a folha de dezembro. Schwarzer é otimista com 2009,e acredita que será mantido o ritmo de geração de empregos, o que significa maior recolhimentoprevidenciário.

Para isso será aplicado o índice de inflação mais a variação do PIB de 2007, que foi de5,7%. Ou seja, os benefícios vão subir cerca de 12%. “Devemos manter a arrecadação”, apostaSchwarzer.

Sistema dá início à fase de recuperação. Rombo na Previdência ficará 17% abai-

xo do registrado em 2007, fechando em R$ 38 bilhões

Publicou o Valor Econômico, em 25.09:Em meio à discussão no Congresso Nacional em torno da possível extinção do fator

previdenciário, que pode mudar o cálculo para o pagamento das futuras aposentadorias no país,o modelo atual adotado dá, pela primeira vez, mostras reais de quedas mais ousadas no déficit daPrevidência Social neste e nos próximos anos.

Apesar das discordâncias em relação aos percentuais de diminuição do rombo, especia-listas e governo são unânimes ao afirmar que os percentuais de despesas previdenciárias emrelação ao Produto Interno Bruto (PIB) nacional serão inferiores aos já projetados pelas LDOs(Leis de Diretrizes Orçamentárias) dos últimos anos. As razões são várias e vão de fatoresmacroeconômicos à melhora na gestão administrativa de dados e dos recursos. O crescimentomais robusto da economia brasileira e a elevação, por conseguinte, da massa salarial, gerada peloaumento do emprego formal e das contribuições são fatores que pesam a favor. Do lado oposto,está a elevação do número de idosos no Brasil.

O secretário de Previdência Social do ministério, Helmut Schwarzer, prevê que o rom-bo nas contas do Regime Geral de Previdência social (RGPS) este ano ficará 17% abaixo doobtido no ano passado, fechando em R$ 38 bilhões, mas não descarta a hipótese da queda serainda maior.

Para o ex-secretário de Finanças da Prefeitura de São Paulo, Amir Khair, o sistemaprevidenciário do RGPS é fiscalmente saudável, considerando a evolução demográfica da popu-lação idosa, e “vem cumprindo bem seu papel de maior política de seguridade social do país”.

Nos cálculos do economista, a taxa de crescimento da população até 2021 atinge 4,1%.A partir daí começa a cair, e em 2030, fica abaixo de 3%. De 2040 em diante, começa a descer

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para níveis inferiores a 2,5%, prosseguindo em quedas sucessivas até ficar inferior de 1% a partirde 2060.

A previdência, por ser um plano de aposentadoria, tem tema atuarial de 25 anos e estásempre abordada nas LDOs, onde se projetam receitas e despesas considerando elevação doPIB, massa salarial e crescimento da população. Aí é que os números não batem.

O governo é sempre mais conservador nessas previsões e essas projeções passam porconstantes revisões. A LDO de 2007, por exemplo, previa um déficit de 2% do PIB da Previ-dência em 2010 e de 2,7% em 2026. Como os resultados macroeconômicos do ano passadoforam melhores do que o previsto, para a LDO de 2008, essas contas caíram para 1,4% em 2010e 1,9% em 2026. “Esses desvios de projeções atrapalham muito na percepção real nos númerosenvolvidos. Este ano, na minha avaliação, deve chegar a 1,35% de déficit previdenciário emrelação ao PIB.” Khair considera um saldo negativo de R$ 36 bilhões ou menos.

Outro erro contábil que atrapalha os números da Previdência e que joga na sua contadespesas que não são suas são os precatórios que, só em 2008, devem somar entre R$ 5 bilhõese R$ 6 bilhões.

Além das despesas com benefícios, existem custos como os auxílios-doença, acidente,reclusão, salário-família e salário-maternidade, por exemplo.

Meta do governo é déficit zero até 2010

Publicou O Estado de S. Paulo, Brasília, em 24.09:Confiante na capacidade de o Brasil suportar o impacto da crise internacional no cres-

cimento econômico, o ministro da Previdência Social, José Pimentel, disse ontem que o gover-no trabalha com a meta de zerar o déficit das contas da previdência urbana em 2010. “Essa tesedo rombo na Previdência vai sair da agenda”, afirmou.

O ministro minimizou os efeitos da crise financeira no crescimento e, consequentemente,na arrecadação da Previdência. Segundo ele, o mercado de consumo do País vem se expandindoe vai sustentar o crescimento. “O esforço dos empreendedores é continuar com o processo decrescimento muito forte. Nós temos um mercado nacional de massa significativo”, disse.

De acordo com Pimentel, a Previdência Urbana tem de se autofinanciar. “A previdênciarural é sempre subsidiada. Não é contributiva.” Ele defendeu a mudança na contabilidade daPrevidência para separar os gastos com o pagamento dos benefícios para aposentados das zonasurbana e rural. “A Constituição de 88 determinou que a previdência rural é subsidiada”, justifi-cou.

Na avaliação do ministro, a melhoria das contas da previdência urbana tem sido obtidagraças ao aumento da formalização do trabalho, à recuperação da massa salarial, com a maiorprodutividade das empresas, e ao controle maior na gestão das despesas e receitas. Do déficit deR$ 4,060 bilhões registrado em agosto, R$ 3,131 bilhões são referentes à previdência rural.

Ele previu um déficit de R$ 38 bilhões nas contas do INSS em 2008. Segundo ele, aestimativa é menor que a previsão de R$ 44 bilhões incluída no Orçamento da União. “Foi umerro saudável”, destacou o ministro, que, como deputado federal, foi relator da proposta deOrçamento de 2008.

Déficit é revisto para R$ 40,4 bi

Por Marcelo Tokarski, do Correio Braziliense, em 23.04:O governo divulgou uma nova previsão de déficit do Regime Geral de Previdência

Social (RGPS), que paga as aposentadorias e pensões aos trabalhadores do setor privado. Aestimativa, de R$ 40,4 bilhões, consta do relatório de receitas e despesas do orçamento federal

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divulgado ontem pelo Ministério do Planejamento. O dado é inferior à projeção da própriaPrevidência, que estima um rombo de R$ 43 bilhões. De qualquer maneira, os dois númerosrepresentariam uma inédita redução no déficit previdenciário, que no ano passado foi de R$44,8 bilhões.

De acordo com o documento, o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) deve fe-char o ano com uma arrecadação líquida de R$ 159,9 bilhões. A despesa com o pagamento debenefícios deve superar a inédita casa dos R$ 200 bilhões (atingindo R$ 200,3 bilhões). Apesarde inferiores às projeções do governo, todos os números superam as estimativas incluídas peloCongresso na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2008. O texto aprovado pelos parla-mentares trabalhava com um déficit de R$ 37,6 bilhões, número distante de qualquer previsãofeita pelo Executivo.

Responsável pelas projeções do ministério, o secretário de Políticas de Previdência So-cial, Helmut Schwarzer, não quis comentar ontem as previsões do relatório de receitas e despe-sas do orçamento federal. No mês passado, quando divulgou sua projeção de R$ 43 bilhões parao déficit deste ano, Schwarzer disse que a melhora das contas é influenciada principalmente pelocrescimento da economia e pela forte recuperação domercado de trabalho formal. “A arrecadação continuoucrescendo devido ao aumento da formalidade no mer-cado de trabalho e as despesas estão praticamente está-veis”, justificou.

Pagamento de sentenças judiciais faz o dé-

ficit da Previdência aumentar 30,7%

Por Julianna Sofia, da Folha de S. Paulo, em 27.02:No primeiro mês de 2008, o déficit da Previ-

dência Social cresceu 30,7% em relação a janeiro do anopassado e atingiu R$ 5,088 bilhões. Apesar do aumentoda arrecadação previdenciária e da estabilidade nos gas-tos com benefícios, a despesa com o pagamento de sen-tenças judiciais apresentou expansão de 1.284% em re-lação a janeiro de 2007, pressionando as contas da Pre-vidência.

De acordo com o secretário de Previdência So-cial, Helmut Schwarzer, o Poder Judiciário vem adotan-do como praxe concentrar em um mês grande parte doorçamento anual para pagamento de sentenças judiciaisfavoráveis aos aposentados. Em janeiro deste ano, o gastocom esse tipo de despesa somou R$ 2,4 bilhões.

“Janeiro está marcado pelo valor das sentençasjudiciais. O que torna difícil fazer comparações. Mas issonão muda nossas projeções para o ano. Nos demaismeses, o pagamento das sentenças deve ficar em tornode R$ 250 milhões.”

Para 2008, a previsão é que a Previdência Socialgaste R$ 5,167 bilhões com o pagamento de sentençasjudiciais. O déficit estimado para este ano, de acordocom Schwarzer, é de R$ 43,9 bilhões.

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No mês passado, a arrecadação total da Previdência (antes dos repasses legais) alcançouR$ 12,7 bilhões. Esse é o maior valor registrado na história, exceto em meses de dezembro,quando há recolhimento de contribuições previdenciárias sobre o 13o salário. O secretário des-taca que o bom momento do mercado de trabalho influenciou positivamente o resultado.

Além disso, medidas de gestão podem ter provocado aumento da arrecadação. A receitalíquida da Previdência, no entanto, ficou em R$ 11,2 bilhões – valor abaixo da média dos últi-mos meses de 2007.

Na explicação da secretaria, isso ocorreu porque houve um volume elevado de repasses,principalmente para o Sistema S (entidades como Sesi, Senai, Senac e Sesc).

Esse movimento ocorre sempre nos meses de janeiro porque é o período em que aPrevidência transfere para essas entidades os valores recolhidos sobre o 13o salário. O totalrepassado foi de R$ 2,1 bilhões.

Quem cobre o déficit da Previdência Social Pública

Em 10.02, o DatANASPS confirmou também que há muito tempo que a Previdênciavem sendo salva de uma situação de risco graças às transferências da União:

Déficit da Previdência pode cair após 12 anos

Por Marcelo Tokarski, da Equipe do Correio, Correio Braziliense, em 02.01.O ano de 2007 pode ter sido o último de um longo ciclo para a Previdência Social do

país. Medido como proporção do Produto Interno Bruto (PIB), o déficit do regime – que desde1996 cresceu todos os anos, com exceção de 2000 – entrará em trajetória de queda a partir de2008, acredita o governo. Se a economia se comportar como esperado, favorecendo a expansãoda massa salarial e de postos formais de trabalho, o ciclo que se inicia também pode ser longo.“Se tudo der certo, as necessidades de financiamento do regime cairão gradualmente em relaçãoao PIB, por uma ou até duas décadas”, disse o secretário de Políticas de Previdência Social doMinistério da Previdência, Helmut Schwarzer. Ele prevê que, já em 2011, a relação déficit/PIBestará em torno de 1,3%. Isso representaria queda de meio ponto percentual em relação a 2006,quando as despesas com o pagamento de benefícios superaram a receita líquida de contribui-ções previdenciárias em montante equivalente a 1,8% do produto.

Para 2007, Helmut projeta déficit de R$ 46,65 bilhões, com despesas de R$ 185,95bilhões e uma arrecadação de R$ 139,3 bilhões. Esse resultado corresponde a 1,84% do PIB, seconsiderada a última estimativa de PIB nominal feita pela equipe econômica. O secretário pon-dera, no entanto, que o crescimento do déficit por mais um ano está influenciado pela mudançano calendário de pagamento de benefícios, fator que antecipou para dezembro gastos que seri-am feitos só em janeiro deste ano (2008). Sem esse efeito, o rombo ficaria próximo de 1,72% doPIB em 2007. Tanto governo quanto Congresso apostam numa virada de tendência este ano.No projeto original do orçamento de 2008, encaminhado em agosto, o Executivo previu déficitde R$ 41,6 bilhões – ou 1,51% do PIB nominal estimado na mesma proposta. O Congresso foiainda mais otimista e reduziu a projeção para 1,35% do PIB. O percentual ficou menor pelareestimativa de receitas previdenciárias e do aumento do PIB nominal projetado para 2008.

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Mesmo com ajustes na despesa, o déficit esperado caiu nominalmente para R$ 37,2 bilhões nanova versão do projeto, ainda em tramitação.

O Regime Geral de Previdência Social (RGPS) é aquele para o qual contribuem e peloqual se aposentam trabalhadores do setor privado, de empresas estatais e ainda a parcela dofuncionalismo público sem regime próprio de previdência, como os servidores da maioria dosMunicípios. Já os servidores da União, dos Estados e de Municípios maiores estão fora doRGPS, porque têm regimes próprios.

Bancado pelo Tesouro Nacional, o déficit entre receitas e despesas do RGPS tende acair como proporção do PIB “em função do ciclo favorável no qual entrou a economia brasilei-ra”, explica Schwarzer, referindo-se à aceleração da taxa de crescimento. No seu projeto dePlano Plurianual (PPA) até 2011, o governo demonstra que espera crescimento de pelo menos5% ao ano, durante os próximos anos.

Há, porém, economistas que veem com ceticismo essa possibilidade. É o caso de RaulVelloso, especialista em finanças públicas. Em 2007, admite ele, o PIB pode até ter crescidonesse ritmo. “Mas isso não é sustentável”, alerta. Na sua opinião, diante da demora e da escassezde investimentos em infraestrutura, na melhor das hipóteses, o país crescerá 4% ao ano nomédio prazo. E, combinada com a política de reajustes do salário-mínimo, que prevê incremen-to real até 2011, essa taxa não é suficiente para assegurar queda do déficit da Previdência Socialcomo proporção do PIB.

Na visão do governo, as perspectivas para a Previdência Social são favoráveis não ape-nas pela aceleração do crescimento, mas também por suas características, pois o país cresce comaumento de massa salarial e formalização de empregos, o que favorece a arrecadação de contri-buições previdenciárias.

Na comparação dos primeiros onze meses de 2006 e 2007, por exemplo, a arrecadaçãolíquida da Previdência demonstrou aumento vigoroso, de 9,2% acima da inflação do ÍndiceNacional de Preços ao Consumidor (INPC). Também houve elevação de despesas, principal-mente por causa do aumento do salário-mínimo, ao qual é atrelada a maioria das aposentadoriase pensões do Instituto Nacional de SeguroSocial (INSS, órgão que concede e paga osbenefícios do RGPS). Mas o ritmo, nessecaso, foi menor; os gastos cresceram 6,3%acima da inflação.

Ao contrário de Velloso, o gover-no entende que a definição de uma políti-ca de reajustes para o salário-mínimo nospróximos anos ajuda nas expectativas fa-voráveis sobre as contas da Previdência, namedida em que dá previsibilidade sobre ocomportamento dos gastos. O governoconta ainda com medidas de gestão, que játrazem ganhos.

Uma delas é a fusão das antigassecretarias da Receita Previdenciária e daReceita Federal num só órgão – a Secreta-ria da Receita do Brasil. Isso tornou a fis-calização indireta mais eficiente, melhoran-do o combate à sonegação de contribui-

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ções. “É poderoso poder cruzar informações e comparar o que uma empresa arrecadou emoutros tributos com o que ela recolheu à Previdência”, diz Schwarzer.

Houve medidas também para melhorar o controle de gastos. O secretário consideraque uma das mais importantes foi a ampliação do quadro próprio de médicos peritos do INSS,que verificam e atestam a real necessidade ou não de pedidos de auxílios-doença e de aposenta-dorias por invalidez. A realização de concursos para substituição de médicos peritos terceirizados,a partir de 2005, colocou um freio no até então crescente ritmo de concessões de auxílios-doença. Em 2000, ano a partir do qual houve forte processo de terceirização, o estoque debenefícios dessa modalidade era próximo de meio milhão, lembra Helmut. Até 2005, triplicou,chegando a 1,5 milhão. Agora está sob controle, em patamar ligeiramente inferior a esse, infor-ma o secretário.

Houve também alteração de regras. Agora, a duração dos auxílios-doença é previamen-te definida na concessão. Se o trabalhador não pede prorrogação e nova perícia, o benefíciodeixa de ser pago automaticamente. Antes, a duração era indeterminada. O pagamento só podiaser suspenso após o trabalhador receber alta em nova perícia médica.

Apesar do freio no ritmo de crescimento, os auxílios-doença e as aposentadorias porinvalidez somam quase 3 milhões de benefícios. “Isso significa que cerca 14% do total de con-tribuintes do regime está em situação de incapacidade laboral, o que está muito acima da relaçãointernacionalmente aceitável, que é de 7%”, diz Schwarzer. Embora seja ruim, o indicador mos-tra que ainda há espaço para redução de gastos. A tarefa, nesse caso, é “melhorar a prevenção deacidentes do trabalho, de doenças ocupacionais e a saúde e segurança do trabalhador de umaforma geral”, afirma o secretário do Ministério da Previdência, que já trabalha políticas nessesentido. “Esse é um item importante quando se trata da sustentabilidade do RGPS no longoprazo”, explica.

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Senado ressuscita MP da filantropia

Por Rosa Costa, de O Estado de S. Paulo, em 12.12:Produzido às pressas para substituir a MP da Filantropia, que anistiava entidades

beneficentes suspeitas de irregularidades, o projeto de lei apresentado pelo senador RomeroJucá (PMDB-RR) já cria novo foco de problemas. A proposta recebeu 64 emendas, quereproduzem vícios da medida provisória editada pelo Palácio do Planalto e rejeitada peloSenado.

O senador Gim Argello (PTB-DF), por exemplo, quer retirar do texto o dispositivoque exige das candidatas ao título de filantropia as certidões capazes de mostrar que estão emdia com suas obrigações tributárias e trabalhistas. Se a emenda for aprovada, elas não terão demostrar certidões negativas da Receita Federal, da dívida ativa da União, do Fundo de Garantiado Tempo de Serviço (FGTS) ou as que são emitidas pelo Cadastro Informativo de CréditosNão Quitados do Setor Público Federal (Cadin).

A alegação do senador é que esse inciso é “limitador do direito constitucional à isen-ção”. Ou seja, na prática, Argello amplia a anistia prevista pela medida provisória rejeitada.

Outra emenda que vai na linha da isenção foi apresentada pela senadora SerysSlhessarenko (PT-MT), que propôs o “cancelamento das multas e juros aplicados sobre débitosfiscais parcelados em programas do governo federal das instituições sem fins lucrativos”. Asenadora argumenta que essas entidades “prestam inestimáveis serviços ao Estado brasileiro,assumindo atribuições e encargos que seriam dos poderes constituídos e que nem sempre sãosupridos por estes”.

Uma das emendas do senador Francisco Dornelles (PP-RJ) especifica que as entidadesbeneficentes poderão requerer que o pagamento das contribuições previdenciárias seja efetua-do alternativamente mediante concessão de bolsas de estudos postas à disposição do Ministériode Educação. É também de Dornelles a emenda que pega carona no projeto para favorecer ospartidos políticos, ao dispor que eles só perderão a imunidade tributária após trânsito em julga-do de decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Filantropia: ministério não julgava processos. Segundo MPF, Previdência

engavetou 479 deles; com edição da MP, governo anistiou entidades suspeitas

Por Leila Suwwan, de O Globo, em 06.12:Brasília – Uma inspeção feita pela Controladoria-Geral da União (CGU) e um levanta-

mento do Ministério Público Federal (MPF) mostram que o Ministério da Previdência foi oprincipal responsável pelo acúmulo de processos e recursos de entidades filantrópicas não julga-dos pelo governo. Segundo o MPF, pelo menos 479 processos já estavam prontos para julga-mento final na Previdência, mas ficaram na gaveta. A falta de tempo para julgar esses casos foiuma das justificativas apresentadas pelo Executivo para editar a medida provisória que anistiouas filantrópicas.

Filantrópicas

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Segundo o levantamento da CGU, a Previdência mantinha sem julgamento 742 proces-sos de filantrópicas. Alguns casos estavam na gaveta desde 2002, mas a maioria é do período de2006 e 2007, gestões dos ex-ministros Nelson Machado e Luiz Marinho.

Nas pilhas de documentos estão contestações que variam de filantrópicas suspeitas defraude e corrupção na investigação da Operação Fariseu da PF até parceiras estratégicas dogoverno, como os hospitais Albert Einstein e Sírio Libanês, ambos prestigiados em evento pelopresidente Lula uma semana após a assinatura da MP.

Para técnicos do Ministério Público, não houve vontade política para tomar as decisões,especialmente porque a maioria dos pareceres pediam a cassação dos certificados de filantropia,passo que remove a última barreira para que a Receita Federal possa cobrar dívidas milionáriasde entidades que fraudaram as exigências ou descumpriram as obrigações.

Oficialmente, o governo sustenta que a medida foi necessária para limpar o passivo deanos de acúmulo e culpa a gestão anterior. E diz que não houve anistia, mesmo com a determi-nação para que todos os recursos contra as entidades suspeitas fossem extintos, às vésperas doprazo de cobrança de dívidas. A MP segue em vigor até que um projeto alternativo seja votado,e não há prazo.

CGU: equipe jurídica da Previdência estava reduzida

A CGU não comentou pressões políticas. Concluiu que a equipe jurídica da Previdênciaestava reduzida à metade, com apenas 14 advogados quando o mínimo necessário eram 27. Enão há técnicos em contabilidade para o devido assessoramento.

Os auditores pediram apuração de responsabilidade “de quem deu causa ao acúmulo”,mas a Advocacia-Geral da União sustenta que tal pedido nunca foi recebido.

Providências de fato só foram tomadas após a intervenção do MPF, que já investigava asituação. E, em julho, os ministros de Previdência, Educação, Saúde e Desenvolvimento Socialcriaram uma força-tarefa para limpar o estoque, que aumentou para 928 processos.

O esforço rendeu pareceres finais para no mínimo 479 processos, referentes a 103hospitais, 53 entidades de assistência social e outras 23 filantrópicas. Estavam todos aguar-dando despacho do ministro Pimentel, alguns há meses, quando a MP no 446 jogou todo otrabalho no lixo.

E deixou a Receita de mãos atadas, já que refazer recursos demoraria anos, e as dívidascomeçam a prescrever neste mês.

Com a MP, todas essas entidades tiveram seus certificados de filantrópicas renovadosou restaurados, sem qualquer análise.

A maioria dos pareceres era pela cassação do diploma de filantrópica. Uma amostraobtida pelo MPF de 23 pareceres engavetados na Previdência indica que os recursos eramprotelatórios: todos eram a favor da anulação dos respectivos certificados.

E antes de a força-tarefa atuar, 11 processos chegaram a ser julgados em 2008. Outravez, todos anularam os certificados.

A MP no 446 foi devolvida ao Planalto pelo presidente do Senado, Garibaldi Alves(PMDB-RN), que a classificou de inconstitucional e imoral. Um recurso do líder do governo noSenado, Romero Jucá, questiona o ato e, até ser decidido, a MP segue em vigor.

Mas, o governo recuou e apresentou um projeto de lei no qual dá prazo de um ano paraos ministérios analisarem os processos pendentes. Mas não há previsão para a aprovação final eestá sujeito a modificações.

Para Pedro Machado, é preciso definir o público-alvo da filantropia, já que bolsas deestudo e atendimentos hospitalares que não atendem à população carente são aceitos hoje nocálculo de requisitos mínimos.

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MP das filantrópicas vai parar na Justiça

Por Leila Suwwan, de O Globo, em 04.12:Brasília – Quase um mês depois de editar a polêmica Medida Provisória no 446 e ser

obrigado a recuar, o governo federal enfrenta ação na Justiça Federal. O Ministério Públicoquestiona a legalidade das novas regras de concessão de certificados de filantrópicas, considera-dos “passaportes da isenção tributária”. Os procuradores federais pedem liminar para garantirque a Receita Federal possa cobrar tributos das entidades que têm suspeitas de irregularidades.

As dívidas começam a prescrever neste mês. A estimativa é de que a Receita possarecuperar até R$ 2,1 bilhões dos R$ 4,4 bilhões renunciados indevidamente em 2007.

O Ministério Público pede ainda que a Justiça fixe em seis meses o prazo para que osministérios da Saúde, da Educação e do Desenvolvimento Social analisem mais de 2,9 mil recur-sos engavetados. A MP extinguia todos os questionamentos de Receita, INSS e Ministério Pú-blico Federal. Agora, o governo defende um projeto de lei novo no qual as pastas têm prazo até31 de dezembro de 2009 para analisar todos os casos.

Os procuradores também pedem que a Justiça condene a União por conceder certifica-dos para entidades que atuam nos setores de saúde e educação (30% do total). Isto porque aConstituição garante a isenção apenas para entidades de assistência social, e as tentativas feitasde incluir os outros dois setores na Carta foram rejeitadas pelo plenário. Hoje, hospitais e uni-versidades privadas que atendem pelo SUS e dão bolsas de estudos podem ser certificadas eficam isentas de tributos.

De acordo com os procuradores, a Justiça também deve obrigar o governo a estipularquem é o público-alvo da filantropia. Eles acusam hospitais privados, por exemplo, de fornecergratuidades para pacientes ricos no lugar da população carente, ao computar o percentual míni-mo de atendimentos.

Dados da Receita Federal enviados ao MPF indicam que os recursos administrativospendentes, sem julgamento pelo governo, custaram à União R$ 2,1 bilhões apenas em 2007,considerando a renúncia da cota patronal do INSS (20% da folha de pagamento). O certificadode filantropia também isenta a entidade de recolher a CSLL (Contribuição Social sobre o LucroLíquido), o PIS (Programa de Integração Social) e a Cofins (Contribuição para o Financiamentoda Seguridade Social).

Jucá apresenta alternativa à MP das Filantrópicas

Publicou O Globo, em 03.12:Brasília – O líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), apresentou em

03.12 projeto de lei que deverá substituir a Medida Provisória no 446, que garantiu a renovaçãodo certificado de filantropia de 2.274 entidades, muitas delas suspeitas de irregularidades. A MPfoi devolvida ao Executivo pelo presidente da Casa, Garibaldi Alves (PMDB-RN). A expectati-va de Jucá é que o projeto seja votado em dez dias. Feito isso, ele retiraria o recurso que apresen-tou contra a decisão de Garibaldi e a MP perderia a validade:

“Finalmente encontramos uma solução que não vai expor a decisão do senador Garibaldi,que teve o respaldo da maioria da Casa e foi aplaudido pela sociedade, sem que ela abra umprecedente, já que não teve a corroboração da Comissão de Constituição e Justiça e nem mesmodo plenário. Não estamos anistiando ninguém e as investigações terão continuidade.”

Pelo projeto, as filantrópicas que quiserem renovar certificados terão de se submeter àanálise prévia do ministério afim. Aquelas que tiveram certificados renovados na vigência da MPe não apresentam problemas também terão de se submeter à análise dos ministérios afins até 31de dezembro de 2009. As que foram autuadas pela Receita Federal e não foram renovadas, assim

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como as que tiveram a renovação garantida pela MP, terão seus débitos emitidos automatica-mente, mas a cobrança só será efetivada após a decisão da pasta responsável.

MP da Filantropia gera divergência no governo

Por Tiago Pariz e Luciano Pires, da equipe do Correio, Correio Braziliense, em 29.11:A devolução da Medida Provisória da Filantropia pelo presidente do Senado, Garibaldi

Alves Filho (PMDB-RN), causou um forte embaraço jurídico ao Palácio do Planalto. Divergên-cia entre técnicos da Receita Federal e assessores do Palácio do Planalto gera dúvidas sobre avalidade da lei. Enquanto assessores do presidente Luiz Inácio Lula da Silva sustentam que aproposta está vigente, o Fisco levanta questionamentos. Mas um alerta foi dado por integrantesda Casa Civil: entidades beneficiadas com o certificado de isenção fiscal poderão recorrer àJustiça, caso a Receita se aproveite desse vácuo para cobrar impostos não recolhidos.

Até dezembro deste ano, 1.239 entidades filantrópicas perderão seus certificados. Nocaso de a medida provisória caducar ou não for encontrada uma solução para o impasse, aReceita vai iniciar a fiscalização em cima dos institutos para saber se os tributos estão sendopagos conforme a legislação. As filantrópicas estarão sujeitas a multas e outras penalidades.Poderão ser inscritas em cadastros de maus pagadores e até constar da dívida ativa. O Fisco temainda a competência de cobrar os tributos retroativos.

O advogado-geral do Senado, Luiz Fernando Bandeira de Mello, está em sintonia coma visão do Planalto sobre a validade da MP graças ao recurso à Comissão de Constituição eJustiça (CCJ), que suspendeu a decisão de Garibaldi. Essa mesma certeza não é dividida portécnicos da Receita.

Enquanto Chinaglia pressiona para o Senado resolver o imbróglio e esclarecer se opresidente da Casa poderá devolver medidas provisórias, assessores de Lula avaliam ser poucoprovável que o recurso da CCJ seja julgado. Nesse cenário, o Planalto aposta na saída do “jeiti-nho”, pelo qual o gesto de Garibaldi ficará apenas como mais um movimento antiMPs do queum precedente jurídico.

Com o fim do ano legislativo se aproximando, o Planalto crê que o próximo presidentedo Senado reverterá a decisão do atual comandante da Casa.

Governo aceita mudar Medida Provisória no 446

Por Márcio Falcão, da Gazeta Mercantil, em 25.11:O governo deve apresentar hoje aos líderes governistas e oposicionistas a minuta de um

projeto de lei para substituir a Medida Provisória no 446, que trata do recadastramento dasentidades filantrópicas – chamada pela oposição de “MP da pilantropia”. O líder do governo noSenado, Romero Jucá (PMDB-RR), responsável por costurar a proposta, sustenta que a novaversão do texto vai excluir a parte mais polêmica da MP que prevê a aprovação automática dospedidos de renovação de certificados de filantropia pendentes no Conselho Nacional de Assis-tência Social (CNAS). Na semana passada, o presidente do Senado, Garibaldi Alves Filho (PMDB-RN), devolveu a MP ao governo. Foi a primeira vez desde 1989 que isso ocorreu.

A medida recai sobre as 2.274 entidades filantrópicas que atuam nas áreas de assistênciasocial, saúde e educação, mas estavam em situação irregular junto à Receita Federal e receberiamuma anistia fiscal do governo calculada em R$2 bilhões. “Estamos construindo um novo méri-to”, declarou Jucá. “A ideia é construirmos um texto mais rigoroso, que leve à punição de quemestá incorrendo em crime fiscal.”

A movimentação do líder governista já sensibiliza a oposição. “Jucá quer transformar aMP em projeto de lei e nós vamos apoiar o projeto”, disse o líder do DEM no Senado, José

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Agripino Maia (DEM-RN). A cordialidade da oposição se explica pela intenção dos senadorespara incluir no texto do novo projeto uma medida para reaver a isenção fiscal contestada pelaReceita Federal em 2007. Sob as bênçãos do PMDB e do DEM, o senador Francisco Dornelles(PP-RJ) apresentou emenda à MP impedindo a Receita de iniciar procedimentos junto aospartidos enquanto o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) não se pronunciar de forma definitivasobre o caso. A proposta de Dornelles deve ser mantida. “Isso é uma coisa que está sendoconversada”, afirmou Maia. “Mas não vamos misturar a situação das filantrópicas com a dospartidos.”

Apesar do empenho dos senadores, os deputados também prometem entrar na disputapara regulamentar a situação dos certificados das filantrópicas. Prometem acelerar a tramitaçãodo Projeto de Lei no 3.021/08, que tramita na Comissão de Educação, e trata do mesmo tema.O relator, deputado Gastão Vieira (PMDB-MA), apresentou parecer que não oferece anistiapara entidades sob investigação do Ministério Público Federal (MPF) ou que tenham recursoscontra a concessão ou renovação dos certificados. Os senadores, no entanto, preferem ignorar otrabalho da Câmara.

Apesar de “devolvida”, medida ainda está valendo

Publicou O Estado de S. Paulo, em 22.11:A Medida Provisória no 446, devolvida ao governo pelo presidente do Senado, Garibaldi

Alves (PMDB-RN), continua valendo. “Como houve recurso à Comissão de Constituição eJustiça, ela dará o parecer e este virá ao plenário. Se o plenário confirmar minha decisão, a MPperderá a validade”, disse Garibaldi ao Estado. O recurso é do líder do governo no Senado,Romero Jucá (PMDB-RR).

Diante da situação, em que ninguém sabe o que ocorrerá num prazo muito curto, ogoverno corre contra o tempo. A presidente do Conselho Nacional de Assistência Social (CNAS),Valdete Martins, disse ontem que – com base na MP – foram constituídos dois grupos detrabalho destinados a, dentro de 30 dias, encaminhar os 8 mil processos que estão lá para osMinistérios da Educação, da Saúde e do Desenvolvimento Social. Pela MP, os registros serãoconcedidos por essas três pastas.

Valdete disse que a decisão de Garibaldi de devolver a MP ao governo aumentou aconfusão em torno das filantrópicas, que já era grande desde a Operação Fariseu, da PolíciaFederal, que prendeu um ex-presidente do conselho e dois conselheiros. “As entidades estãoperdidas. Nos procuram dizendo que não sabem o que fazer”, disse ela.

AcúmuloO CNAS enfrenta outro grande problema. Com medo da Polícia Federal e da Justiça, os

seus 18 conselheiros não querem atuar nos processos. Hoje estão acumulados 8 mil casos. “Nósentramos em colapso. Esse é o fato”, disse Valdete.

Lobby por anistia a filantrópicas teve início na Previdência. Consultoria jurídica

do ministério avalizou em março perdão a entidades acusadas de irregularidades

Por João Domingos, de O Estado de S. Paulo, em 22.11:A anistia concedida pela Medida Provisória no 446 às entidades filantrópicas devedoras

da Previdência Social vinha sendo defendida desde março pelo Ministério da Previdência, cujotitular era, na época, Luiz Marinho – hoje prefeito eleito de São Bernardo do Campo, pelo PT.

Informações de bastidores do governo dão conta de que a opinião de Marinho teveinfluência decisiva no texto final redigido pela Casa Civil, devolvido ao governo na última quar-ta-feira pelo presidente do Senado, Garibaldi Alves (PMDB-RN), sob a alegação de que é

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“inconstitucional e imoral”.De acordo com documento obtido pelo site Congresso em Foco, no dia 10 de março a

consultora jurídica do ministério, Maria Abadia Alves, nomeada por Marinho, aprovou notaconjunta do advogado da União Daniel Demonte Moreira e do procurador federal Felipe deAraújo Lima. Os dois consideraram constitucional a decisão do poder público de conceder aanistia às entidades, quando ainda estava sendo feito um anteprojeto de lei a respeito das filan-trópicas.

Sete dias depois do parecer que autorizava a anistia, o governo enviou ao Congresso umprojeto de lei regulamentando as entidades filantrópicas, o registro e fiscalização. Retirou a parteque concedia os registros a elas, mesmo que estivessem sendo processadas. É que, no dia 13 demarço, a Polícia Federal desencadeou a Operação Fariseu e desbaratou uma quadrilha que atu-ava no Conselho Nacional da Assistência Social (CNAS). Seis pessoas foram presas, entre elasdois conselheiros do CNAS e um ex-presidente da entidade. Foi pedida ainda a prisão de outras16 pessoas, uma delas o presidente do conselho na época, Sílvio Iung, que acabou por renunciar.

Luiz Marinho disse que responde pelo que assinou, que foi o projeto de lei sobre asfilantrópicas que está tramitando na Câmara. “Nós tivemos esse debate sobre a concessão dosregistros às entidades, mas naquele momento decidimos não contemplar eventuais anistias. Adefesa que fiz no CNAS é de que era necessário tirar dele o papel de conceder o benefício,passando-o diretameante aos ministérios responsáveis. Não respondo pela MP.”

O projeto de lei que está no Congresso desde março prevê a descentralização das fun-ções do CNAS e transferência dos exames das entidades filantrópicas para os ministérios daEducação, da Saúde e do Desenvolvimento Social.

Como o Congresso não deu encaminhamento ao projeto de lei das filantrópicas, oministro do Desenvolvimento Social, Patrus Ananias, pediu audiência no início do mês ao pre-sidente Luiz Inácio Lula da Silva e defendeu a edição de uma medida provisória para resolver asituação. A Casa Civil aproveitou parte do texto que está no Congresso e parte da sugestão dosetor jurídico do Ministério da Previdência, a da anistia, e preparou a MP. O ministro da Educa-ção, Fernando Haddad, chegou a procurar o presidente Lula para dizer que haveria problemasse constasse a parte da anistia. Mas não foi ouvido.

A MP foi então assinada por Lula e enviada ao Congresso. O impacto da notícia de queentidades investigadas pela Polícia Federal estavam na lista das que seriam anistiadas foi grande.O presidente do Senado, Garibaldi Alves, fez chegar ao governo a sugestão de que a medidafosse retirada. Caso contrário, poderia devolvê-la.

Jucá articula alternativa à MP devolvida por Garibaldi. Filantrópicas sob investi-

gação receberão tratamento diferente

Por Adriana Vasconcelos, de O Globo, em 21.11:O líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), começou ontem a negociar

a aprovação de um projeto de lei para substituir o texto da Medida Provisória no 446, queprorroga os certificados de entidades filantrópicas suspeitas de irregularidades. Anteontem, aMP foi devolvida ao Executivo por decisão do presidente da Casa, Garibaldi Alves (PMDB-RN). Em conjunto com técnicos da Previdência Social e da Receita Federal, Jucá promete apre-sentar na próxima terça-feira um substitutivo ao texto de um projeto de iniciativa do Executivo,já em tramitação na Câmara, que daria tratamento diferenciado para as entidades filantrópicasque estão apenas com os certificados vencidos e aquelas sob investigação.

“Esss seria a melhor opção técnica para solucionarmos o impasse a partir da devoluçãoda MP. Mas entre uma decisão técnica e uma política, há ainda um deserto a ser percorrido. Se

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não houver um acordo para a aprovação desse projeto de lei em regime de urgência, vou levaradiante o recurso que apresentei contra a decisão do Garibaldi”, explicou Jucá.

Governo vai tentar evitar vácuo jurídico

Se conseguir aprovar esse substitutivo nas duas Casas, Jucá admite retirar o recursoapresentado contra a decisão de Garibaldi de devolver a MP no 446. Até lá, porém, ele alega queterá de manter o recurso, já encaminhado à Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Sena-do, para que os efeitos da MP não sejam suspensos, evitando assim que se crie um vácuojurídico. Esse recurso, porém, não deixa de ser uma garantia para o governo, que poderá tentaraprová-lo na CCJ e depois no plenário da Casa, caso fracasse o acordo costurado por Jucá.

“Se o acordo fracassar, vamos levar adiante o recurso. Mas a mim não interessa derrotarGaribaldi, que é o presidente do Senado, e nem mesmo ao governo. Meu objetivo é encontraruma solução”, disse Jucá.

Para levar adiante a estratégia, Jucá teve, primeiro, de convencer o presidente Lula deque não seria bom para o Executivo nem para o Legislativo levar adiante o confronto deflagradopela decisão de Garibaldi. Lula não escondeu a surpresa com o gesto do presidente do Senado:

“O Garibaldi podia ter falado comigo, nós almoçamos.”Lula deixou a cargo de Jucá a construção de uma alternativa para a crise. A ideia de Jucá,

a princípio, foi bem recebida pelos líderes, até de oposição.Garibaldi voltou a justificar sua decisão, respaldada pelo art. 48 do Regimento Interno,

que atribui ao presidente do Senado o dever de velar pelo respeito às prerrogativas da Casa e àsimunidades dos senadores, bem como impugnar proposições que lhes pareçam contrárias àConstituição, às leis ou ao próprio regimento, devolvendo-as ao seu autor.

“Essa MP, além de inconstitucional, é inoportuna. E, a não ser que seja modificada, nãotemos outro caminho a não ser fazer o que fiz. Isso não pode ser objeto de manipulação peloExecutivo. Há muito tempo, o Executivo está extrapolando. Isso é uma coisa séria.”

Projeto vai substituir MP das filantrópicas. Lula evita confronto e autoriza líder

a elaborar texto para corrigir falhas

Por Cida Fontes, de O Estado de S. Paulo, Brasília, em 21.11:O governo deu uma resposta técnica ao gesto político do presidente do Congresso,

senador Garibaldi Alves (PMDB-RN), de devolver ao Executivo a Medida Provisória no 446,que concede anistia a entidades filantrópicas. Mesmo contrariado com a atitude de Garibaldi, opresidente Luiz Inácio Lula da Silva evitou o confronto e autorizou o líder do governo noSenado, Romero Jucá (PMDB-RR), a preparar um novo projeto de lei para corrigir as falhas daMP, que beneficia inclusive entidades acusadas de irregularidades. Uma saída é apresentá-locomo substitutivo a uma proposta do Executivo que está na Câmara.

Depois da conversa com Lula, Jucá consultou os líderes partidários da base aliada e daoposição, que apoiaram a ideia. O próprio líder seria o autor da iniciativa. Mas, ao longo desucessivas reuniões ontem com dirigentes da Receita Federal e do Ministério da Fazenda, Jucáfoi alertado de que, como a MP envolve matéria tributária, apenas o Executivo teria a prerroga-tiva de apresentar o projeto.

A partir daí, Jucá deflagrou outra maratona para negociar com os deputados. Assim, oprojeto do governo deve ser substitutivo a uma proposta que está na Comissão de Educação eque também trata das entidades filantrópicas.

A nova proposta visa a atender as entidades filantrópicas que não estão sob suspeita deconduta irregular. Mas as que estão sob questionamento poderiam renovar o cadastramento, sóque dentro de um regime especial de fiscalização por parte da Receita. “Não podemos dar o

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mesmo tratamento de voto de confiança a quem quebrou a confiança. Não podemos beneficiarpicaretas”, afirmou Jucá.

As negociações políticas estão sendo feitas com cuidado para que o impasse não setransforme em crise institucional e abra precedentes perigosos, uma vez que o governo nãopode abrir mão da edição de medidas provisórias.

Na reunião com Jucá, Lula disse que Garibaldi poderia ter avisado que iria devolver aMP, pois almoçaram juntos na quarta-feira. Até ontem, o presidente do Senado não tinha rece-bido nenhum telefonema de Lula, que deixou o assunto nas mãos de Jucá. Garibaldi disse quenão se arrependeu da decisão: “Há muito tempo o Executivo está extrapolando. Isso é umacoisa séria”, observou.

Frases

Garibaldi Alves, Presidente do Senado: “Há muito tempo o Executivo está extrapolando. Isso

é uma coisa séria”

Romero Jucá, Líder do governo: “Não podemos dar o mesmo tratamento de voto de confiança a

quem quebrou a confiança”

Governo já admite rever anistia a filantrópicas

Por Leila Suwwan, de O Globo, em 19.11:Uma semana depois da polêmica edição da MP da Filantropia, que concede anistia a

entidades beneficentes suspeitas de irregularidades, o governo reuniu seus líderes no Congresso,reconheceu erros de “condução política” e passou a admitir modificações nos artigos que reno-vam automaticamente milhares de certificados de filantropia, inclusive para aqueles que já tive-ram o benefício recusado e outros que são questionados pela Receita.

As mudanças na MP, cobradas na semana passada pelo presidente do Senado, Garibaldi

Alves (PMDB-RN), foram rotuladas de aprimoramentos e aperfeiçoamentos pelos líderes alia-dos, e serão feitas para garantir a aprovação no Congresso.

Segundo informou o ministro Patrus Ananias (Desenvolvimento Social), na reunião aportas fechadas com os deputados, o governo aceita corrigir a MP, desde que seja encontradasolução jurídica para as entidades que têm recursos pendentes.

A MP autorizou a renovação de certificados sem análise de mérito dos recursos.A reunião política serviu para alinhar o discurso. Os líderes defenderam em coro que

não há anistia. A anistia, na realidade, é concedida na medida em que as renovações protegem asentidades com irregularidades de serem cobradas pela Receita do valor que deixaram de reco-lher por conta de isenção indevida.

O custo do perdão é estimado em mais de R$ 2 bilhões pelo Ministério Público Federal.Além das dezenas de emendas já apresentadas para derrubar a anistia, o deputado Raul

Jungmann (PPS-PE) entrou com ação popular na Justiça Federal, na qual pede a suspensãoimediata de sua vigência.

“Não há nenhum tipo de anistia. O que há é uma renovação automática porque haviamilhares de processos parados. Sem isso, 1,3 mil entidades ficariam sem certificados e isso iriaparalisar o atendimento ao público”, disse Henrique Fontana (PT-RS), líder do governo.

O ministro José Múcio afirmou, após o encontro, que lamenta não ter discutido oprojeto com a base aliada antes do envio da MP:

“Já existem centenas de emendas à MP. Agora que resolvemos a questão política, osdeputados irão analisar as sugestões e mudanças poderão ser negociadas.”

Segundo o líder do PT, Maurício Rands (PE), a MP não atinge as entidades comirregularidades:

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“O conselho (Nacional de Assistência Social) não tinha estrutura para analisar osprocessos, e precisamos preservar a presunção de inocência. Vamos separar o joio do trigo. AMP não impede que as irregulares sejam cobradas pela Polícia Federal e pelo Ministério PúblicoFederal.”

Porém, segundo informações prestadas pelo próprio ministério, os recursos da Receitacontra a certificação de algumas entidades, uma vez derrubados pela MP, precisarão ser apresen-tados novamente. Isso pode acarretar mais atrasos, já que o novo modelo de certificação nãoestá funcionando ainda.

A prorrogação de certificados permitirá que os ministérios da Saúde, Educação e Assis-tência Social, novos responsáveis pela certificação de filantrópicas, preparem estruturas paraassumir a tarefa, que inclui milhares de processos atrasados.

Garibaldi ameaça dificultar tramitação da MP das filantrópicas

Por Raquel Ulhôa, do Valor Econômico, em 18.11:O presidente do Senado, que também preside o Congresso, Garibaldi Alves (PMDB-

RN), ameaça dificultar a tramitação da Medida Provisória no 446 – que concede anistia a entida-des filantrópicas –, caso o próprio governo não modifique a proposta.

“Não tem aquela famosa história da pedra no caminho? Eu quero colocar uma pedri-nha no caminho dessa MP, mas não vou revelar agora a vocês”, disse. Garibaldi defendendo quesejam retiradas da MP as entidades acusadas de irregularidades. O senador disse ter ouvido de“autoridades do governo” que a MP seria modificada por causa da repercussão negativa.

Se isso não acontecer, ele afirmou que agirá para que a proposta “não tramite tão facil-mente” na Casa. Lembrou que já suspendeu temporariamente a leitura de medidas provisórias,adiando o início da tramitação.

A MP no 446 foi editada na segunda-feira (10) pelo governo federal e torna automáticaa aprovação dos pedidos de renovação de certificados de filantropia pendentes no ConselhoNacional de Assistência Social (CNAS).

Filantropia: hospital investigado foi beneficiado por MP

Por Leila Suwwan, O Globo, em 15.11:Brasília – Ao “zerar o jogo” para as entidades filantrópicas que corriam o risco de

perder seus certificados e sua isenção tributária, a Medida Provisória no 446 regularizou automa-ticamente a situação do Hospital Mãe de Deus, em Porto Alegre. Dirigentes da entidade foramdenunciados pelo Ministério Público Federal (MPF) por corrupção e formação da quadrilha noesquema de fraude desbaratado em março pela Operação Fariseu da Polícia Federal. (O quevocê acha da MP?).

Nesta sexta-feira, o governo flertou com a possibilidade de modificar a anistia concedi-da pela MP, especialmente se casos suspeitos fossem identificados, conforme afirmou a secretá-ria executiva do Ministério do Desenvolvimento Social (MDS), Arlete Sampaio. A PF encon-trou pelo menos 60 entidades que podem estar envolvidas na concessão fraudulenta de certifi-cados de filantropia. O Mãe de Deus foi o primeiro a vir à tona.

O hospital vinha há anos lutando para regularizar seu certificado de filantrópica e seusdirigentes foram flagrados em grampos telefônicos com integrantes do Conselho Nacional deAssistência Social (CNAS), que acabaram denunciados por montar um esquema para manipu-lar, fraudar e obter benefícios em negociações para a concessão do Cebas (Certificado de Enti-dade Beneficente de Assistência Social). O documento permite a isenção de pagamento da cota

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patronal do INSS, CSLL, PIS e Cofins.“O hospital sempre manteve seu caráter de filantropia”Apesar de ter recursos ainda pendentes no CNAS e enfrentar agora acusações criminais

na Justiça, o Hospital Mãe de Deus ficou em situação completamente regular após a edição daMP no 446. Seu último certificado oficial venceu em 1991. As dívidas da isenção concedida de1992 até hoje só poderiam ser cobradas com uma decisão administrativa final, negando o Cebasdo hospital. E tais cobranças só podem retroagir pelos últimos cinco anos.

“O hospital sempre cumpriu todos os requisitos, mas ficou preso na burocracia, numentendimento da Receita com o qual não concordamos, é subjetivo.”

“A MP veio para sanar um problema de uma burocracia tremenda, foi uma espécie deválvula de escape. O hospital sempre manteve seu caráter de filantropia, sempre cumpriu todosos requisitos, mas ficou preso na burocracia, num entendimento da Receita com o qual nãoconcordamos, é subjetivo”, disse o advogado do hospital, Lúcio de Constantino. “A parte crimi-nal é outra questão. Aí houve um equívoco do promotor porque a Polícia sequer acusou ohospital, apenas a suposta quadrilha dentro do conselho.”

O MPF não se manifesta sobre a denúncia, que corre em segredo de Justiça

O Ministério do Desenvolvimento Social (MDS), que abriga o CNAS, não respondeu aquestionamentos sobre a situação do certificado dessa entidade. Na lista oficial de filantrópicas,não consta o nome do hospital, apenas de sua mantenedora, a Associação de Educadores de SãoCarlos. A MP no 446 renovou certificados de processos ainda não analisados e até dos que jáforam recusados.

Segundo a auditoria da Receita Federal e do INSS, o hospital não cumpria o requisitomínimo de atendimento gratuito à população, distribuía patrimônio e pagava salário de até R$50 mil a dirigentes, o que é vedado.

Senado já ameaça devolver MP que perdoa filantrópicas

Publicou O Globo, em 14.11:O presidente do Senado, Garibaldi Alves (PMDB-RN), advertiu o governo de que vai

trabalhar para impedir a tramitação da MP da Filantropia, pela qual o presidente Lula concedeuanistia a entidades sob investigação por irregularidades, se ela não for retirada ou modificada.“Esta MP está sendo muito questionada pelas mais diversas vozes, dos mais diversos segmentosda sociedade. Não há clareza sobre a renúncia fiscal”, disse Garibaldi, endossando críticas delíderes da oposição. Diante da polêmica, o governo já age para amenizar o forte desgaste políti-co e impedir que a MP seja rejeitada. A secretária executiva do Ministério do DesenvolvimentoSocial, Arlete Sampaio, disse que o governo aceita rever o texto da MP para não anistiar entida-des suspeitas de irregularidades.

Perdão polêmico. Presidente do Senado ameaça devolver MP que concede anis-

tia fiscal a filantrópicas

Publicaram Chico de Gois, Maria Lima e Leila Suwwan, de O Globo, em 14.11:Brasília e Rio – Cresceu a polêmica sobre a Medida Provisória que concedeu anistia a

entidades filantrópicas sob investigação por irregularidades. A reação mais forte veio do presi-dente do Senado, Garibaldi Alves (PMDB-RN), que mandou um recado duro ao governo. Eledeixou claro que vai agir para impedir a tramitação da MP da Filantropia se ela não for modifi-cada. Pressionado, o Executivo começou ainda nesta quinta – seis dias depois de o presidenteLula assinar a medida – um trabalho para tentar brecar o forte desgaste político e impedir que ainiciativa vá para o lixo, conforme ameaça a oposição.

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A secretária executiva do Ministério do Desenvolvimento Social, Arlete Sampaio, disse queo governo aceita até rever o texto da MP para não anistiar entidades suspeitas de irregularidades.

“Se acharem uma fórmula jurídica perfeita para que as entidades não possam constar nalista de prorrogação de renovação dos certificados, não temos nada contra.”

Mas o governo ainda não divulgou qualquer dado oficial sobre estimativa de perdascom a anistia, e segue sem dar explicações sobre como deixou os processos das filantrópicas sobsuspeita emperrados, sem decisão. No final do ano, começa a vencer o prazo progressivo decinco anos para cobrança de dívidas, o que só pode ser feito após a cassação do certificado.

Garibaldi quer que sejam revistos, entre outros pontos da MP, a parte que detalha oscritérios utilizados para beneficiar as instituições que tiveram anistia de suas dívidas. Garibaldidisse que vai sugerir ao presidente Lula que retire a MP do Congresso para revisão. Caso contrá-rio, adotará medidas para impedir sua tramitação.

“Estou sugerindo ao governo que, diante deste questionamento que está sendo coloca-do, peça a MP de volta para revisão”

“Essa MP está sendo muito questionada pelas mais diversas vozes, dos mais diversossegmentos da sociedade. Não há clareza sobre a renúncia fiscal e os critérios adotados parabeneficiar esta ou aquela instituição. Estou sugerindo ao governo que, diante deste questionamentoque está sendo colocado, peça a MP de volta para revisão. Se ele não pedir de volta, eu possofazer outras coisas, mas daí já é um segundo capítulo”, disse Garibaldi.

Para petista, MP é moralizadora

Ao mesmo tempo, a base governista começou uma mobilização para defender a MP,tentando centrar o debate apenas na mudança de regras para a isenção tributária das filantrópi-cas no futuro. A ideia é encerrar a discussão sobre o perdão potencial de bilhões de reais emdívidas com o INSS e a Receita e evitar que a medida seja batizada de “MP das Pilantrópicas”,conforme discursos da oposição na quarta-feira.

O líder do governo na Câmara, Henrique Fontana (PT-RS), saiu de reunião com líderesda base aliada afirmando que o objetivo da MP é moralizador, mas disse aceitar negociaçõespara alterar o texto.

“Não há anistia. Na verdade, a MP tem um objetivo moralizador em relação aos contro-les da filantropia no país, porque ela muda substancialmente a forma de conceder o certificadode filantropia. Não podemos criar preconceito contra as entidades”, disse Fontana.

De acordo com o líder, há excesso de processos a serem analisados e, pela proposta dogoverno, o prazo será reduzido. Serão criados três grupos, formados por servidores de carreira,para avaliar as propostas de filantrópicas: saúde, educação e assistência social.

“Se alguma entidade estiver envolvida com irregularidades poderá ter o certificado cas-sado”, declarou.

O Ministério do Desenvolvimento Social emitiu uma nota exaltando apenas as mudan-ças futuras no processo de certificação filantrópica, que darão mais participação à Receita Fede-ral e agilizarão as cobranças, em caso de irregularidade. E o Ministério da Previdência emitiunota técnica explicando os pontos positivos. Os dois ministérios afirmam não saber o valor dosrecursos que deixarão de ser arrecadados com a anistia. Segundo o Ministério Público, a MPdará isenção de R$ 2,144 bilhões às filantrópicas.

A Medida Provisória no 446 concede uma espécie de anistia para entidades filantrópicasque estavam ameaçadas de perder os benefícios de isenção fiscal. Pela MP foram renovadosautomaticamente os certificados de pelo menos 2.274 entidades beneficentes, inclusive as queestão sob suspeita de fraudar o governo federal para obter ou renovar o título de filantropia.

Parte das entidades beneficiadas pela MP foi alvo da Polícia Federal em março, na Ope-

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ração Fariseu, por participação num esquema de pagamento de propina para obter ou renovarcertificados.

MP das filantrópicas pode mudar. Reunião do conselho político do governo ex-

põe mal-estar com medida que concede anistia irrestrita a entidades

Por Vera Rosa, de O Estado de S. Paulo, Brasília, em 14.11:Pressionado até por parlamentares da base aliada, o governo já admite mudar a Medida

Provisória no 446, que concede anistia a entidades filantrópicas ameaçadas de perder os benefí-cios de isenção fiscal. O mal-estar foi escancarado ontem durante reunião do conselho políticodo governo, que reúne representantes de 14 partidos da coalizão.

Ministros e líderes deixaram o encontro falando em modificações no texto. Artigospolêmicos da MP, que tornam automática a aprovação de pedidos para renovar certificados defilantropia pendentes no Conselho Nacional de Assistência Social (CNAS), terão a redaçãomodificada ou podem ser cortados.

“A MP tem mérito e conteúdo excelentes, mas talvez tenha desafinado no canto”, afir-mou o ministro de Relações Institucionais, José Múcio Monteiro. “Precisamos consertá-la paranão sacrificar a coerência que vem a bem do serviço público.”

Para Múcio, as entidades filantrópicas que agem corretamente não podem pagar peloserros dos praticantes de “pilantropia”. “A ação do governo é necessária, moralizadora, mastalvez a pressa tenha causado algum mal-entendido”, admitiu.

Publicada no Diário Oficial da União, a MP provocou protestos porque renovou de umasó vez certificados de 2.274 entidades beneficentes, mesmo das que cometeram irregularidades.A Operação Fariseu, da Polícia Federal, descobriu um intrincado esquema de propina pararenovação fraudulenta dos certificados.

O governo alega que a MP foi necessária para prorrogar o prazo de cinco anos, quevence em 31 de dezembro, estabelecido para prescrição das dívidas tributárias dessas entidades,cobradas pela Receita Federal. Motivo: o CNAS não conseguirá analisar os recursos em tempohábil, tamanho o volume acumulado. A MP mudou, ainda, o método para concessão dos títulosde filantropia. Além do Ministério do Desenvolvimento Social – que comanda o CNAS –, ocertificado passará pelo crivo das pastas de Saúde e Educação.

Apagão

Segundo o Ministério Público, a MP provocará renúncia de R$ 2 bilhões a R$ 3 bilhões.“Trata-se de um número virtual”, reagiu o ministro do Desenvolvimento Social, Patrus Ananias.O líder do governo na Câmara, Henrique Fontana (PT-RS), disse que 2 mil entidades poderiamperder o registro, se o prazo para cobrança não fosse adiado.

“O objetivo não é anistiar ninguém, mas acelerar o processo de análise para punir omais rápido possível os que cometeram ilegalidades”, argumentou Fontana. “Vamos corrigirequívocos, mas não podemos correr o risco de ter um apagão na prestação de serviço assistencial.”

Senado. Oposição reage à MP que concede anistia a filantrópicas suspeitas.

PSOL recorre ao STF e PPS pede informações a ministério sobre entidades

Leila Suwwan e Cristiane Jungblut, de O Globo, em 13.11:A Medida Provisória das Filantrópicas, que concede anistia às dívidas de entidades

beneficentes com suspeita de irregularidades, provocou reações no Congresso. Partidos de opo-sição na Câmara e no Senado protestaram contra a decisão do governo de renovar registros defilantropia até para entidades que estavam sob investigação da Polícia Federal por suspeita depagamento de propina.

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O PSOL decidiu entrar com uma ação no Supremo Tribunal Federal contra a medida.E o PPS protocolou ontem um pedido de informações para que o Ministério do Desenvolvi-mento Social divulgue os nomes das entidades favorecidas. O valor da anistia é desconhecidopelo governo, mas pode ultrapassar R$ 2,144 bilhões, se for considerada a isenção concedida aentidades que têm recursos pendentes no Ministério da Previdência. Há mais de 8 mil processose recursos parados no Conselho Nacional de Assistência Social (CNAS), responsável pelacertificação das filantrópicas.

Pelo menos 2.274 entidades vão conseguir renovações de seus certificados de filantropia– isso inclui pedidos que foram rejeitados inicialmente pelo próprio governo, pedidos que se-quer foram analisados, e que são contestados, por exemplo, pela Receita Federal.

“Uma anistia dessas não pode ser generalizada. Vamos contestar o fato da relevância eurgência da MP e ainda que ela compromete a moralidade da administração pública”, disseChico Alencar, um dos autores da ação do PSOL.

“Precisamos saber quais são as entidades. Se não há irregularidade, ela tem direito consti-tucional à isenção e não deve nada. Mas as outras não. Não podem ganhar assim uma anistia amplae irrestrita. Dizer, como justificativa, que o governo não tem capacidade de analisar os pedidos nãotem cabimento. Tem que analisar sim”, insistiu o deputado Fernando Coruja (PPS-SC).

Deputado acusa a MP de premiar “pilantropia”Segundo Coruja, é preciso identificar os processos e as entidades para impedir o perdão

injustificado das dívidas de isenções tributárias concedidas irregularmente. Além disso, ele pre-tende apresentar uma emenda à MP no 446 para obrigar a total publicidade da concessão erenovação de certificados de todas as filantrópicas, para possibilitar o controle social.

O deputado Paulo Bornhausen (DEM-SC) acusou a MP no 446 de premiar a“pilantropia”, já que apenas os fraudadores serão beneficiados. Segundo ele, o Democratastentará impedir que essa “insensatez” aconteça.

“É inadmissível que o Planalto encontre tempo para promover um absurdo desse. Éuma falta de respeito à nação, à Justiça, ao Congresso, ao povo brasileiro”, disse Bornhausen, datribuna. “A MP 446 concede perdão total a entidades filantrópicas de fachada, que têm processona Justiça, legaliza a situação das que tiveram registro negado regularmente.”

O líder do PT, Maurício Rands (PE), defendeu a MP e sustentou que a anistia não égeneralizada. No Senado, tucanos também protestaram.

“Chamo a atenção da Casa para essa aberração, que precisa ser contida, até porque,asseguro, a MP 446 não passará”, disse o senador Arthur Virgílio (PSDB-AM).

Congresso pode resistir à anistia a filantrópicas. PSOL recorreu ao Supremo

contra Medida Provisória e emenda de Jungmann propõe excluir quatro artigos

Por Lisandra Paraguassú, de O Estado de S. Paulo, em 13.11:A medida provisória que concedeu anistia geral às entidades filantrópicas deve ter vida

curta no Congresso, onde ainda será votada. Apesar da defesa da MP feita pelo ministro daSaúde, José Gomes Temporão, as reações da base aliada do governo foram negativas. O deputa-do Raul Jungmann (PPS-PE) já apresentou a primeira emenda supressiva à MP, propondo aretirada dos arts. 36, 37, 39 e 40, que concedem a anistia.

Nem mesmo os líderes incondicionalmente alinhados com o governo apoiaram a medi-da. “Ainda não tive tempo de ler o texto, mas, se apenas um décimo do que estão dizendo forverdade, é um absurdo. Vamos ter de mudar”, afirmou a líder do PT no Senado, Ideli Salvatti(SC). O líder do governo na Câmara, Henrique Fontana (PT-RS), chegou a defender o texto,mas, confrontado com o teor do art. 39 – que dá o certificado de filantropia a entidades que já

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tiveram o processo negado pelo Conselho Nacional de Assistência Social (CNAS), mas haviamrecorrido –, reconheceu o problema. “Temos de ter a segurança de que não estamos beneficiandonenhum malfeitor da Previdência. O governo está aberto a negociar e vamos ter de mudar isso.”

O deputado Gastão Vieira (PMDB-MA), relator do projeto de lei que o governo en-viou ao Congresso antes de optar pela MP, não gostou do texto. “Realmente, tínhamos delimpar o passivo que havia, mas da forma que foi feita a limpeza dá ares de uma coisa pecamino-sa. A MP não dá nenhuma garantia de que haverá uma fiscalização rigorosa.”

No fim da MP, três artigos tornam automática a aprovação dos pedidos de renovaçãode certificados de filantropia pendentes no CNAS. Além disso, extinguem todos os processosque contestavam as renovações de certificados e concedem pedidos que já haviam sido negados,mas estavam com recurso das entidades. A alegação do governo é que era preciso zerar o passi-vo – haveria mais de 5 mil processos no CNAS, cerca de 1,3 mil de certificados já negados – paraque se começasse de novo com a análise, agora dentro dos Ministérios da Saúde, AssistênciaSocial e Educação, que passaram a ser responsáveis pelos processos.

Defesa

“Estamos olhando para a frente”, justificou o ministro da Saúde. “Para trás o que haviaera uma grande confusão.” Segundo ele, as regras em vigor apresentavam distorções, muitasreclamações e exigências pouco factíveis. “A situação estava inadministrável. As novas regrasdão mais transparência e agilidade.”

Arlete Sampaio, secretária executiva do Ministério do Desenvolvimento Social – que vaicontrolar 69% das entidades beneficentes existentes no País –, que chegou a defender a propos-ta, ontem não quis mais falar sobre o assunto. O Ministério da Educação, que era contrário àanistia inicial, informou que vai aumentar o rigor da fiscalização

MP disfarça anistia irrestrita a filantrópicas. Medida Provisória torna automáti-

ca a aprovação dos pedidos de renovação de certificados de filantropia

Por Lisandra Paraguassú, de O Estado de S. Paulo, em 12.11:O governo patrocinou esta semana uma anistia geral e irrestrita às instituições que

tentam renovar seus certificados de filantropia.Publicada sem alarde pelo governo, a MP retira do conselho a atribuição de conceder os

Certificados de Entidade Beneficente de Assistência Social (Cebas) e repassa aos Ministérios daEducação, Saúde e Desenvolvimento Social a obrigação de conceder ou não o aval.

A Operação Fariseu, da Polícia Federal, revelou em março que integrantes do conselhose ligaram a advogados de entidades para fraudar processos e obter certificados. A PF calculouque as fraudes teriam causado um prejuízo de R$ 2 bilhões em impostos sonegados. Antes dedestituir o conselho, no entanto, foi concedida a anistia.

O art. 39 da MP é o que pode trazer mais problemas aos cofres públicos. O texto dizque pedidos de renovação dos certificados que já houverem sido negados pelo conselho, masestiverem sendo contestados pelas entidades – a grande maioria deles –, serão consideradosaprovados a partir de agora.

A medida provisória extingue ainda recursos que tenham sido apresentados pelo pró-prio governo federal contra entidades certificadas pelo conselho, mas sob investigação.

Absurdo

Os recursos, normalmente, são estruturados com base em informações da Receita Fe-deral e do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), que apontam irregularidades das institui-ções. A partir de agora, no entanto, essas investigações estão sendo desconsideradas.

“Uma anistia nesse caso é um absurdo e extremamente temerária. Acredito que o go-

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ANASPS - Associação Nacional dos Servidores da Previdência e da Seguridade Social

verno não atinou para o enorme problema que está sendo criado”, disse a senadora Lúcia Vânia(PSDB-GO), integrante da CPI das ONGs, que investiga, entre outros temas, a ação das filan-trópicas. “Se tem um lado bom, que é passar para os ministérios a atribuição de conceder oscertificados, essa anistia é um absurdo.”

Dentro do próprio governo houve enormes resistências à MP. Pelo menos um dosministérios envolvidos no processo era contrário à anistia e chegou a apresentar uma contaainda maior que a da PF sobre os prováveis prejuízos: cerca de R$ 5 bilhões em impostossonegados por entidades que não deveriam ser consideradas filantrópicas.

No entanto, um dos ministros envolvidos – então próximo de se tornar candidato aprefeito nas eleições – teria pressionado, ajudando a vitória da tese da anistia.

As pastas de Educação e Desenvolvimento Social prometem recadastrar, o mais rápidopossível, todas as entidades filantrópicas existentes no País. A expectativa dos dois ministérios éde que o número atual, de 5.630, caia consideravelmente

OPINIÃO DA ANASPS

Uma das maiores “baixarias” do governo.Mais uma vitória do crime organizado. Mais um assalto à Previdência Social, consuma-

do na calada da noite, à socapa, com cuspe na cara da sociedade brasileira.Nem precisava de MP. A Exposição de Motivos é de 27.09. Um projeto de Lei correria

o risco de não ser aprovado pelo Congresso, e a bandidagem tem pressa.Não bastam os R$ 5 bilhões de renúncia previdenciária para as “pilantrópicas”, na

verdade uma pilhagem organizada contra os cofres da Previdência Social, contra o patrimôniodo trabalhador.

A rigor, em qualquer país sério, não haveria renúncia porque as vantagens concedidas aesse grupo de sanguessugas serão pagas pelos trabalhadores brasileiros. O governo faz gentilezacom o que não é dele, mas foi por ele apoderado quando incorporou a Receita Previdenciária àReceita Federal, na lei e na marra, com a conivência de uma base política corrupta e um Judici-ário omisso.

A ANASPS, a única entidade dos servidores da Previdência Social, condena com vee-mência mais esta imoralidade que integra um rosário de medidas do Executivo, do Legislativo edo Judiciário que estão liquidando o financiamento da Previdência social pública, favorecendo ocrime organizado, a pilantragem, os caloteiros, os maus pagadores.

Esperamos que tal MP seja rechaçada pelo Congresso e que o MPF, como defensor dasociedade civil, se erga contra a anistia que representa um assalto de R$ 2,1 bilhões aos cofres daPrevidência.

Está na hora de se dar um basta à imoralidade e à corrupção.O mais incrível é que a Previdência, que perderá receita e financiamento, foi excluída até

do processo de verificação de aplicação da reníncia contributiva! Ministérios omissos e semcultura e estrutura assumirão a concessão do benefício.

Governo reabilita 2.274 filantrópicas suspeitas

Publicou O Globo, em manchete de primeira página, em 12.11Uma medida provisória editada pelo presidente Lula concede uma espécie de anistia a

pelo menos 2.274 entidades filantrópicas que estavam ameaçadas de perder o direito à isençãofiscal. A decisão renova automaticamente o certificado de filantropia dessas entidades, que forasuspenso ou cancelado pelo Conselho Nacional de Assistência Social por suspeita de irregulari-dades. Entre as beneficiadas estão organizações investigadas pela Polícia Federal na Operação

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Fariseu, que apurava fraudes na concessão de títulos de filantropia. Segundo o Ministério Públi-co, a medida assegura isenção fiscal de R$ 2,1 bilhões. “A MP beneficia quem cometeu fraudese quem não atende aos requisitos legais para ser entidade filantrópica”, afirmou o procuradorPedro Antônio Machado

Vitória da quadrilha do “pagou passou”. Governo renova, por MP, títulos de

filantropia de 2.274 empresas envolvidas em fraude

Por Leila Suwwan, de O Globo, em 12.11Brasília – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva editou uma medida provisória que

concede uma espécie de anistia para entidades filantrópicas que estavam ameaçadas de perder osbenefícios de isenção fiscal. Com uma canetada, foram renovados automaticamente os certifica-dos de pelo menos 2.274 entidades beneficentes, inclusive as que estão sob suspeita de fraudaro governo federal para obter ou renovar o título de filantropia.

Parte das entidades beneficiadas pela medida provisória foi alvo da Polícia Federal emmarço, na Operação Fariseu, por participação num esquema de pagamento de propina paraobter ou renovar certificados. O Ministério Público Federal estima que a MP deverá garantiruma isenção de R$ 2,144 bilhões às filantrópicas.

Mas esse número pode ser ainda maior porque existem outros 8,3 mil processos queestavam sendo analisados no Conselho Nacional de Assistência Social (CNAS), de entidadesque também podem ser beneficiadas pela decisão do governo. Órgão do Ministério do Desen-volvimento Social, o CNAS é responsável pela concessão e renovação dos Certificados de En-tidade Beneficente de Assistência Social (Cebas).

Esse certificado dá direito a isenção. Quem perde o certificado por alguma irregularida-de é obrigado a devolver o dinheiro dos impostos que deixou de recolher aos cofres públicospor causa da isenção.

A edição da MP impedirá, portanto, que a Receita Federal recupere as dívidas fiscais queseriam cobradas das entidades. Parte dos débitos começará a prescrever em dezembro. Nogoverno, ninguém sabe precisamente o impacto financeiro dessa anistia.

PF prendeu seis envolvidos na fraude

A Operação Fariseu desbaratou um esquema de concessão fraudulenta de certificadosdentro do CNAS. Após quatro anos de investigação, foram reunidas provas, inclusive gravaçõestelefônicas, que resultaram em denúncia do Ministério Público Federal contra o ex-presidentedo conselho, Silvio Iung, e três ex-conselheiros, Misael Barreto, Ademar Marques e EuclidesMachado.

Eles são acusados de crimes de advocacia administrativa fazendária, corrupção ativa epassiva, e formação de quadrilha. O esquema conseguia, em troca de propina, concessões e

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renovações de Cebas para entidades que não se enquadravam nas exigências legais. Ainda estãosob sigilo outros desdobramentos da Fariseu, que podem resultar em novas denúncias contraoutras entidades filantrópicas.

“Entidades investigadas podem se beneficiar da isenção”, disse o procurador da Repú-blica Pedro Machado, responsável pela denúncia contra os ex-conselheiros.

Segundo ele, além da anistia concedida, há preocupação sobre as novas regras de con-cessão dos Cebas, já que os ministérios não estão equipados para fazer a análise técnica e contábil.

Hoje, existem 5.630 entidades certificadas atuando nas áreas de assistência social, saúdee educação. Elas são isentas de pagamento da contribuição previdenciária patronal (20% dafolha de pagamento), CSLL (Contribuição Social sobre o Lucro Líquido), PIS e Cofins. Essaisenção gerou uma renúncia de R$ 4,4 bilhões em 2007 e R$ 3,6 bilhões de janeiro a setembrodeste ano.

No final deste ano, começa a vencer o prazo de cinco anos para a Receita cobrar dívidasde empresas que têm 1.654 recursos administrativos parados no Ministério da Previdência ouno CNAS. O governo sustenta que não há tempo hábil ou estrutura para fazer a análise dosprocessos, muitos dos quais abertos a partir de questionamentos feitos pela própria Receita, quedetectou irregularidades.

MP considera recursos em tramitação extintos

A MP no 446, assinada na última sexta e publicada na segunda no Diário Oficial da União,considera extintos os recursos em tramitação e decide sempre a favor das entidades. Todas asfilantrópicas que pediram renovação da isenção fiscal serão atendidas automaticamente. Atéaquelas que já tiveram seus pedidos de renovação negados, mas entraram com algum recurso,também conseguirão um novo certificado, sem maior análise. E ficam extintos os recursos quequestionam os certificados de parte das entidades.

“É um equívoco dizer que a medida provisória concede uma anistia. Os governos ItamarFranco e Fernando Henrique Cardoso fizeram isenções semelhantes, com a diferença de quenão solucionaram o problema. Nós estamos acabando com o cartório que o CNAS é hoje. Osprocessos estão parados, os novos conselheiros têm medo de ações civis públicas”, disse ArleteSampaio, secretária executiva do Ministério do Desenvolvimento Social, referindo-se à Opera-ção Fariseu.

Além de renovar certificados sob questionamento, a MP muda responsabilidades. Pelotexto, caberá agora a três ministérios a concessão do título de filantropia: DesenvolvimentoSocial, Saúde e Educação.

“Caberá aos ministérios fazer essa preparação. Os recursos que estão aí serão extintos eas entidades ficarão com seus certificados, mas os casos voltarão para certificação em cada pastae serão reavaliados. Depois, a Receita ou a Fazenda poderão recorrer novamente. Não há nadaconsolidado ad infinitum. Todos estão olhando essa anistia e estão esquecendo que estamosresolvendo o problema num sistema que estava todo errado. Era preciso zerar o jogo”, disseArlete.

Porém, ela não soube precisar quanto tempo isso vai demorar nem qual será o impactoda transição, já que não é possível cobrar dívidas de irregularidades ocorridas há mais de cincoanos, segundo decisão do Supremo Tribunal Federal (STF). As equipes dos ministérios aindaterão de ser montadas.

O governo alegou pressa para editar a MP no 446 justamente por causa do vencimentodos prazos para cobrar as dívidas. Em nota, o Ministério da Previdência, que antes sediava oCNAS, informou que “o julgamento destes processos em tão curto prazo de tempo poderiacomprometer a análise, com impacto na prestação de serviço à população”.

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“Antes era quase sem controle, agora vai ficar ainda mais solto, poderão entrar maisfatores políticos nas análises. E a anistia é absolutamente inadequada, pois vai perdoar o ninhode pilantragem que existe”, disse Ovídio Palmeira Filho, dirigente da Associação Nacional dosAuditores Fiscais da Receita Federal do Brasil (Anfip).

Procuradoria irá à justiça contra anistia a filantrópicas. Isenções podem ultra-

passar R$ 2 bilhões, segundo Ministério Público Federal do DF. Para Ministério Públi-

co, medida provisória do governo Lula é inconstitucional; Casa Civil disse que não faria

comentário sobre o caso

Publicaram Andreza Matais, Sucursal de Brasília, e Ricardo Westin, Reportagem Local,da Folha de S. Paulo, em12.11:

O Ministério Público Federal do DF estuda apresentar ação à Justiça para anular amedida provisória do governo Lula que anistiou as entidades filantrópicas que, por suspeitas deirregularidades, corriam o risco de perder o título. A mesma norma renovou automaticamente ocertificado de todas as entidades que haviam feito o pedido.

Na avaliação do Ministério Público, a medida é inconstitucional. A Casa Civil da Presi-dência, procurada pela Folha, disse que não comentaria.

Com o certificado, as entidades ficam obrigadas a prestar serviços gratuitos em saúde,educação ou assistência social. Em contrapartida, recebem isenções tributárias do governo.

O país tem hoje cerca de 5.600 entidades filantrópicas, que em 2007 obtiveram isençõesde cerca de R$ 4 bilhões.

A anistia dada pela medida provisória pode ultrapassar os R$ 2,144 bilhões, segundodados da Receita Federal obtidos pelo Ministério Público. O valor foi calculado com base nos1.700 recursos que estavam pendentes no Ministério da Previdência até 2007.

A conta não inclui os recursos que deveriam ser julgados pelo CNAS (Conselho Naci-onal de Assistência Social) nem as isenções que serão renovadas automaticamente.

“A quem a medida traz benefício? A quem fraudou. Quem já tinha direito iria conseguiro certificado. Quem eventualmente praticou fraude vai ser beneficiado com a concessão

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indiscriminada”, disse o procurador Pedro Machado.Após a Operação Fariseu, da Polícia Federal, oito conselheiros do CNAS, suspeitos de

dar título de filantropia a órgãos que não atendiam aos requisitos, foram afastados.Para o Ministério Público, a medida provisória descumpre o art. 195 da Constituição,

que condiciona a isenção fiscal a exigências estabelecidas em lei. Segundo o procurador, a normanão deveria ser mandada ao Congresso como medida provisória por não ter urgência e relevân-cia para tal.

A medida provisória transferiu do CNAS para os ministérios da Educação, da Saúde edo Desenvolvimento Social o poder de conceder ou renovar os títulos de filantropia.

O CNAS não tem estrutura para analisar todos os pedidos. Acumula hoje cerca de8.500 solicitações de títulos.

Com a anistia, o governo permite aos três ministérios entrar no terreno da filantropia apartir do zero, sem pendências.

Terão seus títulos renovados automaticamente, por exemplo, os hospitais Sírio-Libanêse Albert Einstein, de São Paulo.

A senadora Lúcia Vânia (PSDB-GO), que foi secretária nacional de Assistência Socialno governo Fernando Henrique, classificou de “temerária” a anistia dada às filantrópicas e disseque vai trabalhar para que senadores e deputados “botem um limite nisso”.

Escândalo na Filantropia

Editorial da Folha de S. Paulo, em 12.11Imaginava-se que a sucessão de escândalos na área da filantropia fosse arrefecer. Mas o

governo federal resolveu inovar. Diante da dificuldade de moralizar e corrigir desvios, adotou asolução mais fácil. Acaba de anistiar todas as entidades envolvidas em irregularidades. É o queestabelece a Medida Provisória no 446, publicada anteontem.

A renúncia fiscal favorece escolas, hospitais e outras instituições que prestam bonsserviços à sociedade. No país, cerca de 10 mil entidades deixam de recolher R$ 4 bilhões anuaisem impostos. Tamanha isenção fiscal, no entanto, atrai fraudes.

Até aqui, o governo exercia uma fiscalização insuficiente, a cargo do CNAS (ConselhoNacional de Assistência Social), vinculado ao Ministério do Desenvolvimento Social. Agora afiscalização das entidades passa a ser feita pelos ministérios pertinentes – como Saúde e Educa-ção. É o único mérito da iniciativa, que no mais coroa a impunidade.

São débeis os argumentos que tentam justificar a anistia. Alega-se que havia grandepassivo de concessões de certificados de filantropia na fila do deferimento.

Além disso, também estavam pendentes de decisão 1.300 representações que questio-nam prestação de contas, pedem o cancelamento de certificados e cobram ressarcimento devalores. Em vez de separar o joio do trigo, criando por exemplo um mutirão para rever rapida-mente os processos, o governo optou pela anistia geral.

O histórico de irregularidades no segmento é extenso. Em março passado, a operaçãoFariseu, da Polícia Federal, prendeu seis pessoas acusadas de fraudar a concessão de certificadosde filantropia. Graças aos títulos falsos, 60 entidades investigadas deixaram de pagar R$ 2 bi-lhões em impostos desde 2004.

Cabe agora ao Ministério Público Federal contestar a anistia na Justiça.

MP aumenta benefícios tributários de filantrópicas

Por Arnaldo Galvão, do Valor Online, em 11.11:As filantrópicas acabam de obter do governo uma série de vantagens adicionais. Or-

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ganizações que tinham apresentado pedido de renovação do Certificado de Entidade Benefi-cente de Assistência Social (Cebas) terão deferimento automático. Também serão extintos osrecursos sobre renovação ou concessão de certificados que ainda não foram julgados. Essassão as normas mais polêmicas da Medida Provisória no 446, publicada ontem no Diário Oficial

da União.A obtenção do Cebas dá à entidade grandes vantagens tributárias, mas, por outro lado,

também garante à população a continuidade de serviços públicos de saúde, educação e assistên-cia social que a estrutura governamental não consegue oferecer. Entidades filantrópicas – geral-mente hospitais, universidades e casas de assistência social – ficam livres da contribuiçãoprevidenciária patronal, equivalente a 20% da folha de pagamento, e das contribuições CSLL(sobre o lucro líquido), PIS e Cofins (9,25% sobre o faturamento).

A renúncia fiscal que beneficia entidades filantrópicas reduziu em R$ 3,67 bilhões aarrecadação previdenciária de janeiro a setembro deste ano. No ano passado, o privilégio custouR$ 4,4 bilhões. A MP no 446 ainda retira da Previdência o julgamento de recursos contra deci-sões do Conselho Nacional de Assistência Social (CNAS) e distribui aos ministérios da Saúde,Educação e Desenvolvimento Social a concessão e controle dos Cebas.

A secretária nacional de Assistência Social do Ministério do Desenvolvimento Social,Ana Lígia Gomes, explica que o governo optou pela publicação de uma MP porque reconheceuque não tem estrutura para julgar rapidamente o enorme estoque de processos administrativos.No âmbito do CNAS, são 8.515 casos sem decisão, envolvendo cerca de R$ 4 bilhões emtributos. Para que a Receita Federal pudesse cobrar dívidas das filantrópicas que perdessem oCebas, 1.274 casos teriam de ser julgados até o fim deste ano no CNAS. Outros mil recursosaguardam julgamento na Previdência, sendo que, desses, 380 também terão cobrança de tribu-tos inviabilizada sem decisão até 31 de dezembro.

Ana Lígia também argumenta que a Súmula o 8, do Supremo Tribunal Federal (STF),publicada em junho, foi decisiva para a questão, porque reduziu de dez para cinco anos osprazos de cobrança das contribuições sociais. “As filantrópicas são indispensáveis para a presta-ção de serviços públicos e a MP 446 melhorou a regulação, atribuindo a cada ministério ocontrole das entidades. Agora, há mais segurança jurídica”, afirma.

De acordo com a secretária, havia um projeto do Executivo tratando do tema no Con-gresso, mas devido aos prazos de prescrição reduzidos à metade, não foi possível aguardar atramitação. Existem atualmente 5.630 entidades filantrópicas certificadas, sendo que 69% delasatuam na assistência social, 15,9% na saúde e 15,1% na educação.

As novas normas da MP no 446 determinam, por exemplo, que, para obter certificadona área de saúde, é necessário cumprir 60% do atendimento por meio de convênio com oSistema Único de Saúde (SUS). No âmbito do MEC, a filantropia vai ser regulamentada seguin-do padrões do Programa Universidade para Todos (Prouni), que exigem a concessão de bolsasde estudos em troca de redução no pagamento de tributos.

A MP no 446 prevê que, na educação, 20% da receita bruta dos estabelecimentos deensino terão de ser correspondentes a bolsas de estudo, sendo metade delas integrais e metadecom descontos de 50% para os alunos. Isso vai garantir a imunidade do tributo conhecido comocota patronal, previsto na Constituição.

No início do ano, a ideia da MP no 446 já era discutida abertamente pelo governo. Oentão ministro da Previdência Luiz Marinho alegava que a anistia seria proposta em projetoseparado da reforma da regulação das filantrópicas. Ele dizia que a Previdência não tem estrutu-ra para essa atribuição e, por razões meramente burocráticas, poderia quebrar uma entidadeséria, que cumpre sua obrigação social.

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Medida provisória cancela ações contra filantrópicas. Entidades que poderiam

perder título manterão isenções tributárias automaticamente. Mudanças estão em nor-

ma assinada pelo presidente Lula, que muda regras da filantropia na educação, saúde e

assistência social

Ricardo Westin, Reportagem Local, da Folha de S. Paulo, em 11.11:Uma medida provisória do governo federal publicada ontem concedeu automatica-

mente o título de filantrópica a todas as entidades que o solicitaram. Deu ainda o mesmo privi-légio às que haviam solicitado a renovação do título.

Além disso, acabou com processos no CNAS (Conselho Nacional de Assistência Soci-al) contra entidades que eram investigadas por supostas irregularidades na prestação de contas epoderiam perder o título.

O título de filantropia garante milhões de reais em isenções tributárias a grupos quetrabalham nas áreas de saúde, educação e assistência social. Ficam isentos do pagamento da cotapatronal ao INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) e da Cofins (Contribuição FinanceiraSocial), por exemplo.

Para ter direito às vantagens financeiras, porém, as entidades devem seguir regras eprestar contas ao governo a cada três anos. Os hospitais filantrópicos precisam reservar 60% dasinternações para pacientes do SUS (Sistema Único de Saúde). As escolas devem dar, para cadagrupo de dez alunos, pelo menos uma bolsa de estudos.

A medida provisória, assinada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, tirou do CNASa tarefa de analisar os pedidos de concessão e renovação dos títulos de filantropia. O trabalhopassa a ser dos ministérios da Saúde (no caso de hospitais), da Educação (escolas e faculdades)e do Desenvolvimento Social (entidades beneficentes).

Para que os ministérios assumam a tarefa, ainda é necessário que cada um publique umanorma a esse respeito. Por isso, todos os processos que já chegaram ao CNAS serão automati-camente favoráveis às entidades – são 8.500 pedidos de concessão e de renovação de títulos e1.300 representações que questionam as prestações de contas, pedem o cancelamento dos certi-ficados e cobram os valores que deixaram de ser pagos em razão das isenções.

Apenas os pedidos apresentados a partir de agora serão analisados – não mais peloCNAS, mas pelos ministérios. Os certificados que vencerem dentro dos próximos 12 meses,porém, serão automaticamente renovados por outros 12 meses.

Na defesa da medida, o governo diz que os títulos de filantropia precisam ser concedi-dos pelos ministérios que realmente entendem do tema. “Assistência social não é fazer qualquercoisa para pobre. É preciso estar dentro de uma política pública”, afirma Ana Lígia Gomes,secretária de Assistência Social do Ministério do Desenvolvimento Social.

Além disso, o governo argumenta que a medida evita a interrupção dos serviços presta-dos por entidades assistenciais, em razão do excesso de papéis que precisam de análise.

Procurado pela Folha, o Ministério da Previdência Social não soube precisar as cifrasenvolvidas no setor de filantropia.

Somente os hospitais Moinhos de Vento, do Coração, Sírio-Libanês, Albert Einstein,Samaritano e Oswaldo Cruz, que recentemente ganharam uma regra especial para obter o certi-ficado, receberão isenções de R$ 240 milhões em um ano. Alguns enfrentam questionamentosno CNAS e se beneficiarão da “anistia” dada ontem.

CEBAS: MP estabelece novas regras para certificação de entidades beneficen-

tes. Normas são mais rígidas e três ministérios farão a análise dos certificados

Publicou o site do MPS, em 10.11:

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O governo federal decidiu encaminhar ao Congresso Nacional a Medida Provisória no

446 que estabelece novas regras para certificação das entidades beneficentes de assistência soci-al. A MP, publicada no Diário Oficial da União em 10.11, regula os procedimentos de isenção decontribuições para a seguridade social e resolve o passivo de pedidos de renovação/concessãoexistentes. A medida evita a interrupção dos serviços prestados por entidades assistenciais – oque poderia ocorrer a partir de 31 de dezembro.

A MP tem basicamente o mesmo teor do Projeto de Lei no 3.021/08 e estabelece umnovo e mais rigoroso marco legal para a concessão e renovação dos Certificados de EntidadeBeneficente de Assistência Social (Cebas). Segundo o ministro da Previdência Social, José Pimentel,a solução encontrada pelo governo é mais rigorosa e coerente do que as regras atuais, pois cadaministério analisará os pedidos de forma apropriada e com o conhecimento afeto à sua área.

A urgência e relevância da MP ocorrem em função da Súmula Vinculante no 8, doSupremo Tribunal Federal (STF). Publicada no DOU em junho deste ano, a súmula reduz dedez para cinco anos o prazo de decadência para cobrança das contribuições da SeguridadeSocial, inclusive as previdenciárias. Para possibilitar que a Receita Federal do Brasil – responsá-vel pela arrecadação previdenciária – pudesse cobrar as dívidas das entidades filantrópicas queperdessem o Cebas, 1.274 recursos interpostos junto ao Conselho Nacional de Assistência So-cial (CNAS), órgão vinculado ao Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome,deveriam ser analisados até o final deste ano.

No Ministério da Previdência Social, outros mil processos de recursos aguardam julga-mento, sendo que 380 também deveriam ser analisados pelo ministro José Pimentel até o finaldo ano para possibilitar a cobrança pela Receita Federal, caso o certificado fosse indeferido.Atualmente, quase nove mil processos de concessão e renovação estão pendentes para análiseno CNAS.

Com a edição da MP, são considerados como concedidos os pedidos de renovação decertificados ainda não apreciados pelo CNAS. Os pedidos de renovação de Cebas indeferidospelo CNAS, mas cujos recursos ainda não foram apreciados pelo conselho, também estão auto-maticamente deferidos. O mesmo ocorre com os pedidos de Cebas deferidos pelo CNAS, masque haja recurso contra sua concessão. O entendimento do governo é de que o julgamentodestes processos em tão curto espaço de tempo poderia comprometer a análise, com impacto naprestação de serviço à população.

Critérios

A Medida Provisória muda radicalmente os critérios para a certificação das entidadesbeneficentes. A partir de agora, os ministérios da Educação (MEC), Saúde (MS) e Desenvolvi-mento Social (MDS) passam a analisar e julgar os processos de concessão, renovação e recursosde suas áreas de atuação. Até então, o CNAS analisava os processos de concessão e renovação eo ministro da Previdência julgava os recursos. Com a mudança, o Conselho ficará somente coma incumbência de elaborar políticas para a área de assistência social.

A repartição da competência para a certificação irá garantir maior celeridade à análisedos processos. O MEC, por exemplo, fica com a responsabilidade de analisar os pedidos deconcessão, renovação e recurso da certificação das universidades, o MS dos hospitais e o MDSdas entidades de assistência social.

A medida possibilita mais eficácia no julgamento dos pedidos, pois cada órgão dispõede conhecimentos técnicos e informações específicas que permitem melhor embasamento dosprocessos. Para se ter um certificado na área de saúde, por exemplo, é necessário fazer 60% doatendimento por meio de convênio com o Sistema Único de Saúde (SUS). Como estão noMinistério da Saúde as informações sobre a quantidade e a qualidade do atendimento, torna-se

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mais viável o exame do pedido de certificação e de eventuais recursos pelo próprio ministério.Cada ministério irá definir também o prazo de validade da certificação, que poderá

variar entre um a três anos. Hoje, o Cebas tem validade de três anos. A fiscalização para cumpri-mento dos critérios de concessão da certificação, que atualmente só é realizada três anos após aentidade receber a isenção, poderá ser feita periodicamente. As entidades certificadas estão isen-tas do pagamento da cota patronal ao Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), Contribuiçãosobre o Lucro Líquido (CSL), Programa de Integração Social (PIS) e também da ContribuiçãoFinanceira Social (Cofins)

EXPOSIÇÃO DE MOTIVOS SOBRE A CERTIFICAÇÃO DE ENTIDADES

BENEFICENTES

E.M.I. 00034 MPS/MDS/MEC/MF/MSBrasília, 17 de setembro de 2008.Excelentíssimo Senhor Presidente da República,Temos a honra de submeter à apreciação de Vossa Excelência o anexo projeto de Medi-

da Provisória que dispõe sobre a certificação das entidades beneficentes de assistência social eregula os procedimentos de isenção de contribuições para a seguridade social.

2. O conteúdo básico da presente proposição já se encontra sob a apreciação do Con-gresso Nacional, mediante o Projeto de Lei no 3.021, de 2008, encaminhado por Vossa Excelên-cia, por meio da Mensagem no 114, de 12 de março de 2008, especialmente no que se refere ànova sistemática proposta para a certificação das entidades beneficentes de assistência social eaos procedimentos para fins da isenção de contribuições para a seguridade social, em substitui-ção à atual sistemática pela qual o Certificado de Entidade Beneficente de Assistência Social –Cebas é concedido pelo Conselho Nacional de Assistência Social – CNAS, órgão vinculado aoMinistério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome.

3. Nos termos do mencionado Projeto de Lei no 3.021/08, os processos relativos àconcessão originária e à renovação de Cebas em tramitação no CNAS, bem assim os recursosinterpostos perante o Ministro de Estado da Previdência Social contra decisões finais daqueleConselho seriam remetidos aos Ministérios do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, daEducação e da Saúde, conforme a área de atuação da entidade interessada, para que cada Minis-tro os julgue, nos termos da legislação em vigor à época do requerimento, cabendo aos mesmossolicitar às entidades as informações necessárias para a análise de cada pedido ou recurso.

4. Contudo, com o advento neste exercício da Súmula Vinculante no 08, editada peloSupremo Tribunal Federal – STF e publicada no Diário Oficial da União de 20 de junho de2008, que declarou a inconstitucionalidade dos arts. 45 e 46 da Lei no 8.212, de 1991, os quaisfixavam em dez anos os prazos decadencial e prescricional para o lançamento e a cobrança dascontribuições da Seguridade Social, sobreveio um novo cenário, uma vez que o prazo decadencialpara constituição de créditos tributários das mencionadas contribuições passou a ser quinquenal,nos termos do art. 150, § 4º, ou do art. 173, inciso I do Código Tributário Nacional, dependen-do de eventual recolhimento, ainda que parcial, das aludidas contribuições.

5. Por força dessa nova situação seria necessário que até o final do corrente ano fossemanalisados e julgados, sob pena de incidência do instituto da decadência dos créditos tributáriosporventura devidos pelas entidades, pelo menos cerca de 1.274 (mil duzentos e setenta e quatro)processos de renovação de Cebas, em tramitação no CNAS, e cerca de 380 (trezentos e oitenta)recursos interpostos perante o Ministro de Estado da Previdência Social.

6. O julgamento desses processos, seja por parte do CNAS, seja por parte dos Ministé-rios responsáveis pelas áreas de atuação das entidades, torna-se inviável em tão curto espaço de

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tempo – até o final do presente exercício. Corre-se o risco de se ter que indeferir liminarmentegrande parte dos pedidos, negar provimento a recursos de entidades, ou acolher os recursoscontra decisões do CNAS que concederam o Cebas sem a necessária análise detida de cada casoconcreto, o que certamente poderá redundar, em última instância, em prejuízo à população quenecessita dos relevantes serviços prestados por grande parte das entidades beneficentes nasáreas da educação, da saúde e da assistência social.

7. Desse modo, ao tempo em que se ratifica o entendimento já expresso no citado PL no

3.021/08 de que é necessário que se modifique radicalmente o modelo adotado até o presentemomento no processo de reconhecimento do direito das entidades beneficentes à isenção decontribuições à seguridade social pelo Poder Público, é importante, também, que se busqueequacionar adequadamente a restrição decorrente do cenário a que já nos referimos, no qualnem o CNAS nem os Ministérios dispõem das condições necessárias para o julgamento dosprocessos de renovação de Cebas e de recursos interpostos contra decisões tomadas pelo men-cionado Conselho, ainda no decorrer do presente exercício.

8. Propõe-se, assim, a exemplo do que decidiu o legislador em relação a situações seme-lhantes, quando da edição das Leis de nos 8.909, de 6 de julho de 1994, e 9.429, de 26 de dezem-bro de 1996, para que não haja solução de continuidade na prestação de serviços pelas entidadesbeneficentes nas áreas de educação, saúde e assistência social, a inclusão de dispositivos no textoda Medida Provisória que considerem: (i) concedidos os pedidos de renovação de certificadosainda não apreciados pelo CNAS; (ii) deferidos os pedidos de renovação de Certificado deEntidade Beneficente de Assistência Social indeferidos pelo CNAS e que sejam objeto de pedi-do de reconsideração ou de recurso pendentes de julgamento; e (iii) extintos os recursos, emtramitação até a data de publicação desta Medida Provisória, relativos a pedido de renovação oude concessão originária de Certificado de Entidade Beneficente de Assistência Social deferidospelo CNAS.

9. São mantidos na presente proposição, de maneira geral, os termos dos demais dispo-sitivos constantes do PL no 3.021/08, ressalvadas algumas modificações de forma, com a inclu-são de dispositivos que procuram atender a entendimentos e aperfeiçoamentos mantidos comParlamentares por ocasião das discussões havidas no âmbito do Congresso Nacional, no trâmitedo mencionado PL. Dentre as modificações propostas, cabe mencionar a inclusão de artigosque objetivam disciplinar as situações em que a entidade que pleiteia a certificação como entida-de beneficente atue em mais de uma das áreas (saúde, educação, assistência social), conformedispositivos inseridos nos arts. 23 e 24, combinados com o art. 35. Nos termos desses disposi-tivos, a entidade que auferir receita anual superior a R$ 2,4 milhões e atuar em mais de uma áreafica obrigada a criar uma pessoa jurídica para cada uma dessas áreas, com número próprio noCadastro de Pessoas Jurídicas – CNPJ, devendo requerer a certificação e sua renovação em cadaum dos Ministérios responsáveis pelas respectivas áreas de atuação. Entidades com receita anualinferior a esse patamar deverão requerer a certificação e sua renovação no Ministério responsá-vel pela área de atuação preponderante da entidade.

10. Assim, além do conteúdo já mencionado, o presente projeto de Medida Provisóriatem os seguintes objetivos, que já estavam contemplados no mencionado Projeto de Lei no

3.021, de 2008:a) estabelecer os requisitos para a caracterização e certificação das entidades beneficen-

tes de assistência social;b) estabelecer os requisitos e a forma para que as entidades certificadas como benefi-

centes de assistência social gozem da isenção das contribuições para a seguridade social; ec) redistribuir os processos de concessão originária do Cebas pendentes de julgamento

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no âmbito do CNAS aos Ministérios competentes, conforme a área de atuação da entidaderequerente.

11. Para permitir melhor compreensão das propostas quanto aos procedimentos decertificação e isenção das entidades beneficentes de assistência social impõe-se fazer um breverelato acerca da matéria.

12. O art. 55 da Lei no 8.212, de 24 de julho de 1991, estabelece, atualmente, os requisi-tos para a concessão e manutenção da isenção de contribuições sociais previstas nos arts. 22 e 23da citada Lei. Um dos requisitos para a concessão da isenção é a entidade ser possuidora doCebas.

13. O Decreto no 2.536, de 6 de abril de 1998, que revogou o Decreto no 752, de 16 defevereiro de 1993, encontra-se, atualmente, regendo os processos de concessão e renovação doCebas. Dentre os requisitos estabelecidos naquele Decreto para a concessão do Cebas desta-cam-se os previstos no inciso VI e no § 4o do art. 3o, que tratam da questão da gratuidade.

14. Nos termos do inciso II do art. 55 da Lei no 8.212, de 1991, e do § 2o do art. 3o doDecreto no 2.536, de 1998, o Cebas tem validade de três anos. A cada renovação a entidade temque comprovar em seu requerimento, que atendeu as exigências nos últimos três anos, paraobter o Cebas com validade para os três anos seguintes. Se a entidade já possuía o Cebas e pediusua renovação dentro do prazo, o novo Cebas, caso deferido, valerá a partir do termo final doanterior, nos termos do § 3o do art. 3o do supracitado Decreto.

15. Esse procedimento precisa ser aperfeiçoado, dado o considerável lapso temporalentre o período considerado para o cumprimento dos requisitos e a sua análise pelo órgãoresponsável, o que causa diversas restrições tanto para o administrado quanto para a Adminis-tração.

16. Tal prática é prejudicial às entidades por diversos motivos, dos quais quatro podemser citados:

a) a análise do Poder Público quanto aos requisitos evolui, naturalmente, ao longo dotempo, sendo dinâmica a interpretação dessa matéria;

b) com o passar do tempo, caso a prática beneficente não seja devidamente documenta-da, fica inviabilizada a sua demonstração no momento da análise das exigências;

c) a adaptação das entidades às exigências é lenta e não acompanha a evolução normativada matéria; e

d) o indeferimento do Cebas representa um impacto significativo na entidade, que pas-sará a ser devedora de contribuições sociais relativas a três anos.

17. É inegável que a situação é grave e reclama providências imediatas, impondo-se areformulação da atual sistemática relativa à certificação e à isenção, de forma a permitir umjulgamento rápido e eficaz por parte do Poder Público.

18. Assim, a solução encontrada passa, necessariamente, pela extinção da figura doCebas da forma como existe hoje, substituindo-o pela certificação das entidades beneficentes deacordo com sua área de atuação – saúde, educação e assistência social. Há a preocupação deseparar os requisitos da certificação, que resultam no reconhecimento do caráter beneficentedas entidades, dos requisitos da isenção. Embora a certificação seja pressuposto da fruição daisenção, esta exige outros requisitos que serão fiscalizados pela Secretaria da Receita Federal doBrasil, do Ministério da Fazenda.

19. Com essa finalidade, a presente proposta de Medida Provisória apresenta uma novasistemática, cujos principais componentes são adiante relatadas.

20. O primeiro deles, conforme já mencionado, é o estabelecimento dos requisitos paraa certificação das entidades beneficentes, em substituição ao Cebas, com a alteração da com-

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petência para o julgamento dos processos conforme a área de atuação da entidade. A entidade daárea de saúde deve ter o seu pedido julgado pelo Ministério da Saúde. No mesmo sentido, osrequerimentos das entidades de educação deverão ser julgados pelo Ministério da Educação e dasentidades de assistência social pelo Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome.

21. Esse componente está embasado no fato de que cada órgão setorial da União dispõede conhecimento técnico diretamente voltado para a sua área de atuação, o que facilita, e muito,o estudo das atividades desempenhadas pelas respectivas entidades beneficentes e,consequentemente, o julgamento do pedido de concessão da certificação.

22. Assim, o Ministério da Saúde dispõe, diretamente, das informações relativas aoatendimento prestado por meio de convênio com o Sistema Único de Saúde – SUS (um dosrequisitos para as entidades de saúde é fazer 60% de atendimento pelo SUS), além de deter oconhecimento necessário para verificar o percentual deste atendimento em relação à atividadeglobal da entidade requerente.

23. Já o Ministério da Educação, após a criação do Programa Universidade para Todos– PROUNI, dispõe de todas as informações acerca dos alunos bolsistas das entidades educaci-onais, especialmente das suas condições socioeconômicas, o que lhe permite verificar, com maissegurança, o percentual de bolsas concedidas e a situação financeira dos bolsistas.

24. Por sua vez, o Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome conhece deperto a realidade das entidades de assistência social que realizam suas atividades conforme a LeiOrgânica de Assistência Social – Lei no 8.742, de 7 de dezembro de 1993.

25. Além disso, atualmente, o julgamento do Cebas, em sede recursal, é feito tão somen-te pelo Ministério da Previdência Social. A alteração dessa competência se justifica pelas modi-ficações de organização da estrutura do Poder Executivo Federal, conforme se demonstrará.Com a edição da Lei no 10.683, de 28 de maio de 2003, foi criado, por meio do seu art. 27, incisoII, o Ministério da Assistência Social – MAS, retirando do então Ministério da Previdência eAssistência Social a competência relativa aos programas e políticas de assistência social, passan-do este a ser denominado Ministério da Previdência Social. O referido dispositivo legal foialterado pela Lei no 10.869, de 13 de maio de 2004, que modificou a denominação do MAS paraMinistério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome – MDS.

26. Desde a sua criação, o Ministério da Assistência Social, atual Ministério do Desen-volvimento Social e Combate à Fome, abarcou o CNAS. Assim, em princípio, tendo em vista apertinência temática e a subordinação do CNAS, o julgamento dos recursos contra as decisõesfinais deste Colegiado deveriam ser da competência do Ministério do Desenvolvimento Social eCombate à Fome, até mesmo porque tal recurso sempre teve natureza estritamente hierárquica.

27. No entanto, foi editada a Lei no 10.684, de 30 de maio de 2003, que atribuiu aoMinistro de Estado da Previdência Social a competência para julgar os recursos interpostoscontra as decisões finais do CNAS, relativas à concessão ou renovação do Cebas.

28. Observa-se que a Lei no 10.684, de 2003, criou uma situação de confusão hierárqui-ca: o Ministro de Estado da Previdência Social passou a ser competente para julgar os recursosinterpostos contra as decisões proferidas pelo CNAS, enquanto que este Colegiado encontra-sevinculado ao Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome.

29. Ressalte-se que não há conflito entre a sistemática proposta para a certificação (emque cada Ministério aprecia o requerimento das entidades da sua área de atuação) e a competên-cia da Secretaria da Receita Federal do Brasil, que é órgão responsável pelo planejamento, execu-ção, acompanhamento e avaliação das atividades relativas a tributação, fiscalização, arrecadação,cobrança e recolhimento das contribuições sociais para a seguridade social.

30. Outra providência desta Medida Provisória é disciplinar o direito das entidades

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beneficentes de assistência social, desde que devidamente certificadas na forma do Capítulo II,à isenção das contribuições sociais de que tratam os arts. 22 e 23 da Lei no 8.212, de 1991, quepoderá ser exercido a contar da data da sua certificação pelo Ministério competente, atendidasas disposições da Seção I do Capítulo III.

31. Por fim, o projeto de Medida Provisória trata dos processos de concessão e renova-ção dos Cebas pendentes de julgamento no âmbito do CNAS e do Ministério da PrevidênciaSocial.

32. Em razão da sistemática, os processos de concessão e renovação de Cebas acumula-ram-se no CNAS e no Ministério da Previdência Social. Hoje, aguardam julgamento no aludidoMinistério cerca de 1.000 (mil) recursos em processos de concessão ou renovação de Cebas. Jáno CNAS, são 8.357 (oito mil trezentos e cinquenta e sete) processos aguardando julgamento,entre concessões originárias, renovações e representações.

33. Esses processos não demandam um julgamento simples ou fácil, pelo contrário, amatéria é bastante complexa, com a demanda de delicados cálculos contábeis e análises técnicase jurídicas. Em alguns casos, como no das entidades da área de saúde, é imprescindível a obten-ção de informações de outros órgãos, como o Ministério da Saúde, o que retarda ainda mais aapreciação dos processos.

34. Como corolário dessas ponderações, os processos de concessão e renovação deCebas estão levando, em média, três anos para serem julgados no CNAS e quatro anos paraserem apreciados pelo Ministro de Estado da Previdência Social.

35. Para que as entidades tenham um julgamento justo e em prazo razoável, a presenteproposta prevê a repartição dos processos relativos a concessão originária de Cebas, pendentesde julgamento, para cada um dos Ministérios responsáveis pelas áreas de educação, saúde eassistência social.

36. Nesse particular, é necessário destacar que a apreciação e o julgamento de processosdessa natureza exigem um exame percuciente e demorado, uma vez que se trata de matériacomplexa que, na maioria das vezes, ainda demanda a necessidade de elaboração de análisetécnica dos balanços contábeis das entidades.

37. Além disso, cabe lembrar as consequências advindas da Lei no 8.909, de 1994, queprorrogou os certificados emitidos até 31 de maio de 1992 para 31 de dezembro de 1994. Coma prorrogação, a validade dos Cebas de mais de 4.000 entidades expirarão no mesmo período.Devido a essa coincidência dos triênios de validade dos Cebas, espera-se o recebimento deaproximadamente 4.000 novos processos de renovação de Cebas até o final de 2009.

38. Por todo o exposto, a solução dessas restrições demanda a imediata redistribuiçãodos processos relativos a concessão originária de Cebas, pendentes de julgamento entre as res-pectivas Pastas e a alteração dos requisitos e procedimentos de certificação a partir da publica-ção da presente Medida Provisória, a fim de dar maior celeridade às análises, seja por meio dadistribuição dos processos entre os Ministérios afins, seja em razão do domínio da matéria quecada Pasta detém, o que certamente contribuirá para a aceleração e acuidade do exame.

39. Resta, portanto, inquestionavelmente justificada a relevância e a urgência para aedição da Medida Provisória ora proposta, uma vez que é inadiável a necessidade de se instituiruma nova sistemática para o processo de reconhecimento do direito das entidades beneficentesà isenção de contribuições à seguridade social pelo Poder Público, com a extinção da figura doCebas da forma como existe hoje, substituindo-o pela certificação das entidades beneficentes deacordo com sua área de atuação – saúde, educação e assistência social –, pelos Ministérioscompetentes.

40. São essas, Senhor Presidente, as razões que nos levam a propor a Vossa Excelência

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a edição da Medida Provisória em comento.Respeitosamente,Guido MantegaFernando HaddadMárcia Bassit Lameiro da Costa MazzoliJosé Barroso PimentelPatrus Ananias

Previdência questiona filantropia de hospitaisPor Fabiane Leite, de O Estado de S. Paulo, em 29.10:Os certificados de filantropia dos hospitais privados Albert Einstein, HCor, Sírio-Liba-

nês e Moinhos de Vento, que lhes garantem isenção do pagamento de impostos e contribuições,estão sendo questionados no Ministério da Previdência Social em razão de possíveis irregulari-dades. A pasta solicitou auxílio do Ministério da Saúde para se posicionar até o próximo mêssobre o assunto.

As unidades hospitalares são as mesmas que, ao lado dos hospitais Samaritano e OswaldoCruz, serão beneficiadas por uma flexibilização das regras da filantropia, anunciada anteontempelo ministro da Saúde, José Gomes Temporão. Em vez de ter de ceder 60% dos leitos aosistema público de saúde ou aplicar 20% das receitas em atendimentos gratuitos para ter direitoà isenção, eles poderão ofertar um pacote de serviços, como realização de pesquisas e treina-mento de pessoal.

O presidente do hospital Albert Einstein, Claudio Lottenberg, disse ontem que aflexibilização, oficializada por meio de decreto, não tem relação com os questionamentos aoscertificados das entidades. “É normal no trâmite de renovação do certificado que questionamentossejam feitos. Mas isso nada tem a ver com o futuro. O decreto fala da atividade futura, e não daatividade passada”, disse.

A previsão é de que as unidades passem a funcionar sob as novas regras no próximomês, quando serão assinados convênios com o Ministério da Saúde. A pasta alegou ter escolhidoas instituições somente em razão de terem atestados de qualidade concedidos por entidadesindependentes.

Segundo a Portaria Interministerial 241, publicada em 1o de agosto deste ano, osquestionamentos sobre os certificados de filantropia do Einstein, Moinhos de Vento, Sírio e HCorfazem parte de um rol de mais de 300 recursos sobre certificados de filantropia feitos ao Ministérioda Previdência, que tem de analisar todos os casos até o próximo mês sob risco de o governo nãopoder mais cobrar tributos ou contribuições eventualmente devidas pelas entidades.

Transparência

O diretor do Departamento de Atenção Especializada do Ministério da Saúde, AlbertoBeltrame, disse não ver problema no fato de a mudança ocorrer ao mesmo tempo em que ocumprimento da lei atual pelas unidades é analisado.

Beltrame destacou que as novas regras não são um benefício, mas um meio para garan-tir maior transparência sobre as atividades filantrópicas dos hospitais. De acordo com ele, asunidades beneficiadas pela mudança seguem hoje principalmente a regra de aplicação de 20%das receitas em atendimentos gratuitos, e o governo tem dificuldades para acompanhar seucumprimento. O total de isenções fiscais, calculados em R$ 300 milhões anuais, terão de serrevertidos no pacote de serviços ao setor público de saúde, afirmou. Com a mudança, a manu-tenção de serviços gratuitos, sem vínculo com o SUS, como atendimento preventivo em comu-nidades carentes, terá de ser discutida com as prefeituras, destacou.

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Projeto de lei gera preocupação nas entidades beneficentes

Por Gilmara Santos, da Gazeta Mercantil, em 15.08:A pedido do secretário executivo do Ministério da Previdência Social, Carlos Eduardo

Gabas, o tributarista e professor Ives Gandra da Silva Martins fará um parecer jurídico sobre oProjeto de Lei no 3.021/08, que disciplina a certificação de entidades beneficentes e de assistên-cia social e discute a isenção fiscal para essas organizações. O anúncio foi feito ontem durantedebate sobre o tema promovido pelo Centro de Integração Empresa-Escola (CIEE) em parce-ria com o jornal Gazeta Mercantil. “Todos nós sabemos o peso de um parecer do professor Ives.Pedi a ele que me mande um parecer sobre o tema que levarei pessoalmente à Casa Civil paradiscutirmos melhor a questão”, garantiu o representante do governo.

Ao falar do projeto de lei e da questão da isenção fiscal para as entidades beneficentes,o tributarista Ives Gandra lembrou que o Supremo Tribunal Federal (STF) já reconheceu quenão se trata de uma isenção fiscal, mas de imunidade, conforme prevê a Constituição Federal.“O primeiro erro do projeto de lei é tratar como um favor a renúncia fiscal. O constituintedeterminou que não se pode tributar, ao Estado cabe verificar se as entidades estão cumprindoou não com as suas obrigações”, disse o tributarista. “O constituinte proibiu o Estado de preju-dicar o terceiro setor porque precisa dele para o desenvolvimento do País”, complementou IvesGandra ao perguntar: a intenção do governo é prestigiar o terceiro setor ou torná-lo uma fontearrecadadora? E foi aplaudido por uma plateia com mais de 400 estudiosos, empresários epessoas ligadas ao terceiro setor.

Importância

Carlos Gabas reconheceu a importância do terceiro setor para o desenvolvimento dasociedade. “Hoje dependemos do trabalho dessas entidades”, afirmou. Ele tentou demonstrarque o projeto estava sendo mal compreendido pela sociedade e entidades e que foi feito comboas intenções. “O projeto não veicula as boas intenções”, rebateu Ives Gandra. “Não adiantapropor algo que já nasce morto”, comentou a advogada Flávia Regina de Souza Oliveira, doescritório Mattos Filho, Veiga Filho, Marrey Jr. e Quiroga. Para ela, o governo está chamandopara si a responsabilidade da área social ao propor diretrizes para todas as ações realizadas pelasentidades filantrópicas.

Insegurança jurídica

Além disso, a advogada lembrou da insegurança que vive o terceiro setor por conta detantas normas. “Eles (entidades beneficentes) têm que procurar advogados e gastar dinheiroque podia ser investido em outras áreas”, disse Flávia Regina.

O empresário Nelson Tanure, presidente do Conselho de Administração da Compa-nhia Brasileira de Multimídia, que edita a Gazeta Mercantil e o Jornal do Brasil, destacou a impor-tância das entidades filantrópicas e disse que, apesar do projeto de lei, a sociedade não podedeixar o Estado brasileiro frustrar ou inibir as ações sociais. “Tem muita gente fazendo o bem,apesar do Estado brasileiro, e o projeto de lei, que eu espero que não passe, é mais um obstáculopara quem quer fazer o bem”, disse Tanure.

O presidente executivo do CIEE, Luiz Gonzaga Bertelli, também destacou a importân-cia do terceiro setor para a sociedade e ressaltou a preocupação das entidades de que possa seiniciar um processo para acabar com as isenções fiscais. Bertelli aproveitou a ocasião para fazeruma retrospectiva dos 11 anos de eventos sobre o terceiro setor realizados em parceria com aGazeta Mercantil. “Percebemos que ainda há um longo caminho a percorrer.” Realizados anual-mente, os seminários já mobilizaram mais de 2,6 mil pessoas a discutirem temas pertinentes aodesenvolvimento da sociedade. Nesse ano, o tema do evento foi: “Isenção fiscal das entidadesde assistência social”.

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Consolidação

Bertelli lembrou que esse setor se consolida em todo o mundo a ponto de movimentar,só nos Estados Unidos, cerca US$ 1 trilhão por ano. E disse que o último censo identificou aexistência de 25 milhões de voluntários no Brasil.

Receita FederalGabas reconheceu também a rigidez da Receita Federal em relação às entidades filan-

trópicas. De acordo com ele, 100% dos certificados emitidos pelo Conselho Nacional de Assis-tência Social (CNAS) são questionados pela Receita. “Não é maldade dos auditores, é a lei queestá equivocada porque estabelece requisitos rígidos que as entidades não conseguem cumprir”,disse. Ele lembrou que no Rio Grande do Sul, um empresário resolveu abrir uma escola paraatender aos seus funcionários e filhos. “O Fisco autuou todos os meses que a escola funcionoupor considerar que era um salário indireto e ele agora tem que pagar a contribuição de todo operíodo”, disse.

Lembrou ainda que há 800 processos de entidades beneficentes sendo analisados. “Selevarmos a lei à regra todas seriam fechadas”, comentou ao enfatizar que o problema é que aregra está equivocada. Um exemplo, conta ele, é uma entidade de São Paulo mantida por freirasque, por desconhecimento, não formalizaram o pedido de isenção fiscal, apesar de ter todos osrequisitos. “Pela lei, ela teria que ser fechada porque nenhuma entidade sobrevive se tiver quepagar contribuições anteriores”, comentou.

Projeto do governo sobre CEBAS deverá tramitar em regime de urgência. Pedi-

do foi feito à Comissão de Educação e Cultura

Em 08.08, o MPS informou que o Projeto de Lei no 3.021, que regulamenta a concessão

do Certificado de Entidade Beneficente de Assistência Social (Cebas) para entidades filantrópi-cas, poderá tramitar em regime de urgência, se aprovado o pedido feito na Comissão de Educa-ção e Cultura pelo deputado Maurício Rands (PT/PE).

Enquanto o projeto tramita no Congresso, uma força-tarefa jurídica – composta pelosministérios da Previdência Social, da Saúde, da Educação, do Desenvolvimento Social e daAdvocacia-Geral da União – irá julgar, até o final do ano, 380 recursos sobre concessão ourenovação dos Certificados de Entidades Beneficentes de Assistência Social (Cebas) de 214entidades filantrópicas.

A medida foi adotada para se adequar à Sumula Vinculante no 8, do Supremo TribunalFederal (STF), que reduziu de dez para cinco anos o prazo para a cobrança de contribuiçõesprevidenciárias. O novo prazo foi estabelecido em junho, que considerou inconstitucional oprazo de dez anos que vigorava por determinação da Lei no 8.212/91.

A criação da força-tarefa, oficializada pela Portaria no 241 publicada no Diário Oficial da

União do dia 1o de agosto, foi uma solução adotada pelo governo para agilizar a apreciação dosprocessos e evitar prejuízo aos cofres da União. Todos os recursos a serem julgados se referema certificados que garantiriam às entidades filantrópicas isenção de impostos devidos no ano de2003.

Projeto

O texto do PL no 3.021 recebeu 54 emendas, apresentadas por nove deputados, e foramrealizadas três audiências públicas para debater as propostas, mas o projeto ainda não recebeuparecer do relator na comissão deputado Gastão Vieira (PMDB/MA). O PL também será ana-lisado e deverá receber emendas nas comissões de Seguridade Social e Família, de Finanças eTributação e de Constituição e Justiça. Somente depois é que a proposta vai a plenário paravotação.

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O PL no 3.021, encaminhado pelo governo à Câmara em março, prevê o fim da atribui-ção do Conselho Nacional de Assistência Social (CNAS), órgão vinculado ao Ministério doDesenvolvimento Social e Combate a Fome (MDS), de conceder ou não o Cebas. Pelo projeto,caberia aos Ministérios da Saúde, Educação e Desenvolvimento Social conceder o certificado,de acordo com o setor de atuação da entidade requerente.

ANASPS chama atenção para os R$ 31,5 bilhões de renúncias em favor das filan-

trópicas

Em 30.03, a ANASPS chamava a atenção para os R$ 31,5 bilhões de renúnciascontributivas da Previdência Social concedidas no período de 2000 a 2008, sem qualquercontrapartida efetiva, dos quais R$ 25,1 bilhões se deram na era Lula, de 2003 a 2008.

“Em tese a ANASPS não é contra as isenções”, afirmava o presidente da ANASPS,Paulo César Régis de Souza, “desde que o Tesouro Nacional promova o ressarcimento ao INSS.O princípio universal da Previdência é o da contribuição. Fazer isenção com dinheiro da Previ-dência é fazer gentileza com o chapéu alheio. Como não existe benefício sem contribuição, asociedade acabará financiando-o, o que é lamentável”.

A ANASPS divulgou dados agregados sobre as renúncias para as filantrópicas:Renúncias das filantrópicas – 2000-2008R$ 1,8 bilhões em 2000R$ 2,1 bilhões em 2001R$ 2,5 bilhões em 2002R$ 2,9 bilhões em 2003;R$ 3,8 bilhões em 2004;R$ 3,9 bilhões em 2005;R$ 4,3 bilhões em 2006R$ 4,7 bilhões em 2007R$ 5 ,2 bilhões em 2008.Total – R$ 31,5 bilhõesFonte: DataANASPS, (1) 2000-2006, valores correntes; (2) 2007 e 2008, valores estima-

dos pela SPS, do MPS; (3) Os dados são iniciais, inexistindo dados finais, corrigidos e publica-dos pela SPS do MPS.

Cerca de 9,3 mil instituições gozam de isenção da contribuição previdenciária, e muitasdelas se beneficiam de isenções estatuais e municipais, dado o Certificado de Entidade Benefi-cente de Assistência Social. Há mais de 1,7 mil processos contra elas tramitando nos órgãosfederais, incluindo 1.800 recursos no Ministério da Previdência e 8.000 no Conselho Nacionalde Assistência Social – CONAS.

Por isso é que a ANASPS sustenta a necessidade de se criar no INSS um grupo deservidores especialistas, com atribuições específicas de fiscalizar as filantrópicas, as universida-des do PROUNI, os hospitais universitários, as santas casas para que possam verificar se estãohonrando seus compromissos. “A estrutura de hoje é incipiente, não profissional, e trabalhacontra os interesses da Previdência”, declarou Paulo César Regis de Souza.

Projeto das Filantrópicas já recebeu mais de 50 emendas na Câmara. PL ainda

vai passar por 3 comissões

Em 23.03, o MPS informou que a Câmara dos Deputados aprovou requerimento pararealização de nova audiência pública para debater o Projeto de Lei no 3.021. Enviado pelo gover-no para regulamentar a concessão do Certificado de Entidade Beneficente de Assistência Social

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(Cebas), o PL tem como objetivo fortalecer a rede com entidades que trabalham corretamente.A audiência, ainda sem data definida, foi convocada pelas comissões de Educação e

Cultura, Finanças e Tributação e de Seguridade Social e Família e terá, também, a participaçãode representantes das entidades filantrópicas. O primeiro debate sobre o projeto ocorreu no diatrês de abril, na Comissão de Seguridade Social e Família, com a presença do ministro da Previ-dência Social, Luiz Marinho, e de representantes dos Ministérios do Desenvolvimento Social eCombate à Fome (MDS), da Saúde e do Conselho Nacional de Assistência Social (CNAS).

Para Marinho, que propôs ao presidente Lula alterações na legislação atual, é precisoreorganizar o funcionamento do setor e garantir que a fiscalização seja, de fato, feita durante avigência do certificado.

O projeto de lei, encaminhado à Câmara no dia 17 de março, com tramitação em regimede urgência, já recebeu 54 emendas, apresentadas por nove deputados, apenas na comissão deEducação e Cultura. O texto também será analisado e receberá emendas nas comissões deSeguridade Social e Família, de Finanças e Tributação e de Constituição e Justiça. Somentedepois a proposta vai a plenário para votação.

Entre as principais medidas previstas no PL no 3.021 estão o fim da atribuição doConselho Nacional de Assistência Social (CNAS), órgão vinculado ao Ministério do Desenvol-vimento Social e Combate à Fome (MDS), de conceder ou não o Cebas; maior rigor na fiscali-zação do cumprimento das metas determinadas em lei durante a vigência do certificado; e o fimda responsabilidade do Ministério da Previdência Social pelo julgamento de recursos encami-nhados contra decisões do CNAS.

Pelo projeto, cabe aos Ministérios da Saúde, Educação e Desenvolvimento Social conce-der o Cebas, de acordo com o setor de atuação da entidade requerente. As regras em avaliação naCâmara também preveem que os ministérios poderão iniciar a fiscalização tão logo consideremnecessário, sem a necessidade de esperar por três anos, conforme determina a legislação atual.

Marinho explica que a única participação da Previdência Social no processo de conces-são de isenções fiscais está relacionada à contabilidade. “Não é justo a Previdência Social julgarrecursos ou conceder isenção para as instituições porque o órgão só tem relação com o recolhi-mento, com a receita. A Previdência só tem de receber a compensação financeira do TesouroNacional”, conclui o ministro.

Previdência quer devassa em filantrópicas. Proposta é fiscalização anual para

“depurar” o cadastro das instituições, que deixam de pagar mais de R$ 4 bi por ano.

Validade do certificado de filantropia pode baixar de três para um ano; proposta enfren-

ta resistência de outros ministérios

Por Julianna Sofia, Sucursal de Brasília, da Folha de S. Paulo, em 23.03:O Ministério da Previdência Social quer endurecer as regras da filantropia e propõe

uma devassa nas 7.000 entidades que anualmente deixam de recolher mais de R$ 4 bilhões parao sistema previdenciário.

A proposta é “depurar” gradualmente o atual cadastro das instituições, promovendouma fiscalização anual nas contas das filantrópicas.

Um projeto de lei para alterar as normas da filantropia já foi encaminhado para a CasaCivil para detalhamento técnico e deve ser encaminhado ao Congresso nos próximos meses,mas ainda não há consenso sobre a fiscalização anual.

Essa é a proposta do ministro da Previdência, Luiz Marinho, e enfrenta grande resistên-cia entre os demais ministérios envolvidos na discussão (Saúde, Educação e DesenvolvimentoSocial), conforme admitiu Marinho em entrevista à Folha.

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O Planalto precisará arbitrar a questão. “Há resistência dos outros ministérios, porqueeles acham que é muito trabalho para ser feito em um ano. Mas vou insistir nesse ponto”,afirmou Marinho.

A proposta da Previdência é reduzir de três para um ano a validade do certificado defilantropia. Durante a vigência do novo prazo, as instituições seriam submetidas à fiscalizaçãodos ministérios das áreas (saúde, educação e assistência social) e perderiam a isenção previdenciáriacaso fossem constatadas irregularidades.

Prestação de contas

Atualmente, somente depois de três anos do gozo do benefício a instituição tem deprestar contas ao governo e não há controle por parte dos ministérios das áreas atendidas pelaatividade filantrópica.

Havendo descumprimento das regras da filantropia, as instituições são obrigadas a re-colher à Receita Federal as contribuições previdenciárias que deixaram de pagar. Isso, no entan-to, não impede que um novo certificado seja concedido à instituição, explica o ministro.

“Não será preciso analisar todo o cadastro em um ano. Aprovado o projeto em 2008,por exemplo, embora ache que não dá tempo, aí a partir de 2009 seria fiscalizado um grupo deentidades para cassar o certificado de quem não cumpre as regras. No ano seguinte, um novogrupo seria fiscalizado, e assim por diante, até depurar todo o cadastro.”

Com a limpeza do cadastro, a fiscalização anual das entidades poderia ser feita por meiode um monitoramento a distância ou por amostragem. “Seria uma forma mais inteligente paraseparar a verdadeira filantropia da ‘pilantropia’.”

Recuo

Ao detalhar o projeto de lei, Marinho recuou na proposta de conceder anistia a dívidasantigas das entidades. Recentemente, o ministro havia declarado publicamente que esses crédi-tos eram moeda podre e não valia a pena cobrar a dívida acumulada. Haveria o perdão e acriação de regras mais duras para o futuro.

“A Receita Federal continuará cobrando as dívidas. A não ser que o Congresso Nacionaldecida dar o perdão às entidades na discussão do projeto. Mas não é isso que vai estar naproposta do governo”, declarou Marinho, reconhecendo que tais créditos dificilmente são recu-perados pelo fisco. “Isso envolve disputas judiciais e as dívidas acabam prescrevendo.”

Já está certo que o projeto de lei estabelecerá que cada área de governo deverá se res-ponsabilizar pela concessão, fiscalização e controle da filantropia, assim como repassar para aPrevidência o valor correspondente às renúncias fiscais.

Pelas regras em vigor, a concessão do documento é feita pelo Conselho Nacional deAssistência Social e eventuais recursos são encaminhados ao ministro da Previdência. “As coisasmudaram. No passado, quando a Previdência incluía a Saúde e a Assistência, isso fazia sentido.Hoje não é mais assim, e a educação também passou a fazer parte da filantropia”, explicouMarinho. “Além de financiar o setor, tenho que fazer o trabalho dos outros”, brincou.

Ministro Marinho pedirá votação urgente sobre filantropia

Publicou o Correio Braziliense, em 18.03:O ministro da Previdência Social, Luiz Marinho, disse que o governo vai pedir regime

de urgência para a tramitação do projeto de lei que muda as regras da concessão do título deinstituição filantrópica a escolas, hospitais e entidades de assistência social.

O projeto foi enviado ao Congresso na semana passada, quando a Polícia Federal pren-deu seis pessoas acusadas de formar uma quadrilha que fraudava a concessão dos certificados,permitindo que, indevidamente, 60 empresas deixassem de pagar todos os impostos federais.

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No entanto, Marinho disse que essas entidades suspeitas não deverão perder o direito à filantropia,pelo menos por enquanto. “Eu não sei quais são as entidades. Não sou da Polícia Federal.Enquanto isso, devemos aguardar”, afirmou.

O projeto de lei que retira os poderes do Conselho Nacional de Assistência Social(CNAS) em conceder os certificados de filantropia e passa a responsabilidade para os respecti-vos ministérios de cada área envolvida, como Saúde e Educação. Além disso, a análise doscertificados poderá ser feita a qualquer momento. Hoje, a fiscalização só ocorre ao final doprazo, de três anos.

Marinho quer urgência na tramitação do projeto das filantrópicas. Objetivo é

reordenar concessão e fiscalização de Cebas

Em 17.03, o MPS informou que o ministro da Previdência, Luiz Marinho, afirmou queexiste a possibilidade de o governo pedir que o projeto de lei das filantrópicas tramite em regimede urgência. Marinho destacou que o objetivo do projeto é reordenar o processo de concessãode Certificados de Entidade Beneficente de Assistência Social (Cebas) e, o ideal, é que isto sejafeito o mais rápido possível. “Estamos propondo uma mudança radical no sistema de concessãode Cebas. Não faz sentido o ministro da Previdência julgar recursos em última instância, assimcomo, para nós, não faz sentido o CNAS (Conselho Nacional de Assistência Social) fazer aanálise de concessão ou não”, disse Marinho.

A proposta enviada ao Congresso estabelece que a competência para conceder ou nãoos certificados passa a ser dos respectivos ministérios. Ou seja, o Ministério da Saúde decide sea instituição presta bons serviços à população e deve gozar do benefício pois cumpre a funçãode complementar a rede pública em determinada localidade. O mesmo ocorre com as institui-ções de ensino e de assistência social, que terão certificados concedidos pelos Ministérios daEducação e de Desenvolvimento Social.

Outra vantagem é que estes ministérios terão maior capacidade para cumprir a obriga-ção de fiscalizar se as entidades contempladas estão realmente cumprindo com as obrigações eoferecendo à sociedade serviços de qualidade e na quantidade exigida em lei. Com a aprovaçãodo projeto, os ministérios passarão a ter a possibilidade de iniciar a fiscalização das entidades tãologo considerem necessário, sem a necessidade de esperar por três anos, conforme prevê alegislação atual. “Ao analisar se a entidade está prestando um serviço de qualidade, se serve parao complemento da rede pública ou não, o ministério poderá interromper a isenção a qualquermomento e determinar que a Receita passe a cobrar os impostos devidos”, afirmou Marinho.

O ministro explicou que, pelas regras atuais, os Cebas têm validade de três anos e, sóapós esse período, são fiscalizados. Caso a entidade não tenha cumprido as determinações legaise usufruído das isenções de forma indevida, a Receita Federal deverá cobrar os impostos refe-rentes a todo o período.

Segundo o ministro, os critérios para concessão de isenção de impostos federais paraentidades beneficentes não funcionam como deveriam. Entre outros motivos, ele aponta o fatode não ser atribuição do Ministério da Previdência Social fazer o controle social, fiscalizar edecidir se, para complementar a política das áreas da saúde, educação e desenvolvimento social,interessa dar isenção a uma entidade, de uma determinada cidade. “São os ministérios responsá-veis por essas áreas que têm instrumentos, ferramentas para fiscalizar e decidir quem deve ounão gozar de isenções para complementar a atuação do Estado”, disse Marinho.

O Cebas é o reconhecimento de que a instituição presta relevantes serviços à comuni-dade. As entidades que possuem o documento podem usufruir de diversos benefícios concedi-dos pelo governo federal. Elas passam a ter isenção da cota patronal da contribuição previdenciária

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e também deixam de recolher PIS, Cofins, CSL e a extinta CPMF. Para ter direito ao certificadoessas instituições têm que cumprir uma série de exigências, entre elas, oferecer serviços gratuitosà população. Anualmente, as isenções concedidas às entidades consideradas beneficentes repre-sentam, apenas para a Previdência, uma renúncia fiscal de cerca de R$ 5 bilhões por ano.

Decreto presidencial reduz poderes do CNAS

Publicou o Jornal do Brasil, em 14.03:O ministro da Previdência Social, Luiz Marinho, bem que tentou emplacar a ideia de

que o resultado da Operação Fariseu e o projeto de lei anunciado pelo presidente Luiz InácioLula da Silva, retirando do Conselho Nacional de Assistência Social (CNAS) o poder de conce-der ou renovar certificados de filantropia, era uma feliz coincidência. No fim da entrevista,ontem de manhã, na sede da Superintendência da Polícia Federal, Marinho acabou admitindoter conhecimento das investigações.

O projeto de lei que o governo enviou em 13.03 ao Congresso devolvendo aos ministé-rios o poder de concessão e reduzindo o CNAS a mero órgão de análise é, na verdade, umatentativa de estancar o processo de corrupção sobre um segmento completamente ignoradopelos controles oficiais e que se escondia sob a fachada da filantropia. O governo só tomouconhecimento da fraude com as investigações da Polícia Federal.

Processo estranhoDesde que assumiu o Ministério da Previdência, há dez meses “e alguns dias”, Marinho

disse que estranhou o processo de concessão de certificados, que passavam à margem dosministérios aos quais estão vinculadas as atividades das entidades beneficiadas – assistênciasocial, saúde e educação. O formato, segundo ele, favorece as fraudes por falta de controle dasoutras pastas e também porque joga para o Ministério da Previdência Social a responsabilidadede decisão nos casos em que a Receita Federal aponta suspeitas de irregularidades.

Marinho informou que tomou decisão sobre 20 processos encaminhados ao seu gabi-nete, dos quais indeferiu 15 por irregularidades nas decisões que já haviam sido tomadas peloCNAS. Segundo ele, 75% de rejeição é um índice forte, embora não sirva como amostragempara avaliar a corrupção que atinge o setor. O próprio ministro admite que a fiscalização sóalcança o período de três anos em que a entidade diz ter atuado como filantrópica e, mesmoquando os desvios são comprovados, a única punição possível é a não renovação do certificado.Segundo ele, com o novo projeto, haverá mais segurança.

Quadrilha roubou R$ 4 bi da União

Publicou o Jornal do Brasil, em 14.03:A Polícia Federal prendeu seis integrantes do Conselho Nacional de Assistência Social,

acusados de fraudar a concessão de títulos de filantropia. Os investigadores calculam que aquadrilha desviou cerca de R$ 4 bilhões, entre Imposto de Renda, contribuições e demais tribu-tos que deixaram de ser pagos. A megafraude levou o governo a apresentar projeto que reduzpoderes do conselho.

A Polícia Federal desmantelou, ontem, uma megafraude envolvendo concessão irregularde Certificado de Entidade Beneficente de Assistência Social (Cebas) a 60 entidades. Prendeu seispessoas e fez devassa em 27 endereços em Brasília, Rio, Espírito Santo, Rio Grande do Sul e MinasGerais. De quebra, forçou o governo a apresentar ao Congresso projeto de lei cassando as atribui-ções do Conselho Nacional de Assistência Social (CNAS), endereço do mais novo antro de corrupçãodescoberto nos Ministérios do Desenvolvimento Social e da Previdência.

As investigações correm desde 2004 e, embora não exista ainda uma estimativa oficial,

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a PF calculam em cerca de R$ 4 bilhões o rombo em Imposto de Renda, contribuições e demaistributos que deixaram de ser pagos em quatro anos.

Os presos

A operação foi deflagrada às 6h da manhã de ontem. Foram presos os conselheiros daCNAS Euclides Machado, em Brasília, Márcio José Ferreira, em Belo Horizonte, o ex-conselhei-ro Carlos Ajur, em Vitória, os advogados Ricardo Vianna Rocha, no Rio e Luiz Vicente Dutra,em Joinville, e a secretária deste, Adriana Scharam, em Porto Alegre. O atual presidente doCNAS, Silvio Iung, escapou, por pouco, da prisão, mas sua casa, em Brasília, acabou sendorevirada por agentes da Polícia Federal em busca de documentos com indícios de participaçãona fraude.

A prisão de Iung chegou a ser pedida pela polícia, mas a justiça indeferiu. O ministro daPrevidência, Luiz Marinho, e a superintendente da Polícia Federal no Distrito Federal, ValquiriaAndrade, comemoram um fato inédito descoberto durante as investigações: foi um dos primei-ros esquemas de fraudes desmantelados na máquina governamental que não contam com aparticipação de agentes públicos.

As investigações começaram com a denúncia de uma entidade que se recusou a pagarpropina e avisou à Polícia Federal. A polícia passou, então, a acompanhar as atividades do con-selho e descobriu que as fraudes eram articuladas por advogados, com a conivência de conse-lheiros indicados por entidades ligadas à sociedade civil. A corrupção, neste raro caso, tinhaknow-how privado. Os diálogos captados em grampos telefônicos autorizados pela justiça apon-taram que os advogados não só ditavam as notas técnicas sobre os processos em julgamento noconselho, como também antecipavam e indicavam os votos favoráveis à concessão do benefício.

“O certificado de entidade filantrópica é muito valioso”, disse a delegada Tatiane daCosta Almeida ao explicar que, em média, cada entidade beneficiada economiza 20% de suasreceitas em Imposto de Renda e contribuições sociais que deixavam de ser arrecadadas por umperíodo de três anos. O governo deixa de arrecadar todos os anos uma montanha calculadaentre R$ 4,5 bilhões a R$ 5 bilhões com a concessão dos Cebas s entidades nem sempre idôneas.

Apelidada de Fariseu por envolver conselheiros do CNAS – uma analogia à referênciabíblica em que Jesus critica a hipocrisia dos conselheiros judeus –, a operação quebrou a espinhade um esquema de fraudes, a chamada pilantropia, organizada desde 1993 quando o conselhofoi criado. Integrado por 18 membros (nove deles oriundos de instituições governamentais e osoutros nove indicados pela sociedade civil), o CNAS aprovou ou renovou mais de 9 mil proces-sos de concessão de Cebas sem despertar suspeitas de corrupção. Muitos deles serão reavaliadose, se houver indícios de fraude, seus dirigentes responderão por formação de quadrilha, tráficode influência, advocacia administrativa e corrupção ativa ou passiva.

Vinculado ao Ministério do Desenvolvimento Social, mas estabelecido no primeiro andardo prédio da Previdência, as salas foram interditadas para que a PF cumprisse mandados debusca. O órgão decidia também a concessão de certificados envolvendo as áreas de saúde eeducação.

Pilantropia: Procurador da República critica mudança proposta pelo governo.

Lula agora quer transferir decisão sobre filantropia para ministérios

Por Evandro Eboli e Jailton de Carvalho, de O Globo, em 14.03:Brasília – O governo agora quer acabar com o poder do Conselho Nacional de Assis-

tência Social (CNAS) de analisar e decidir quais entidades podem ser consideradas filantrópicas.O presidente Lula enviou projeto ao Congresso transferindo a decisão para três ministérios:Educação, Saúde e Desenvolvimento Social. O esquema de corrupção no Conselho foi a gota

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d’água para a proposta de praticamente extinguir o CNAS, que passaria a ter papel quase figurativo.Se o projeto for aprovado, o Certificado de Entidade de Assistência Social (Cebas),

reconhecimento de que uma instituição é filantrópica, será emitido pelo ministério de cada área.O Ministério da Saúde julgará os pedidos de filantropia feitos por hospitais e Santas Casas. OMinistério da Educação analisará os pleitos de faculdades e universidades. E o Ministério deDesenvolvimento Social ficará responsável por instituições como as Apaes e entidades quecomandam obras sociais.

“Cada um desses ministérios é que entende da área e sabe se deve ou não consideraressa ou aquela entidade filantrópica”, disse o ministro da Previdência Social, Luiz Marinho.

O ministro disse ter sido só coincidência o governo anunciar a alteração no funciona-mento do CNAS na véspera da operação da PF:

“Não sabia que essa operação estava em curso”.Mas, no final da entrevista, Marinho caiu em contradição:“Ouvi um disse me disse e tomei conhecimento que a PF estava investigando”.O procurador da República Pedro Antônio Machado criticou o projeto do governo por

mudar apenas parcialmente as regras de concessão de títulos de filantropia para ONGs deinteresse público. Para ele, a simples transferência de competência do CNAS para os ministériosnão terá impacto nos esquemas de corrupção que envolvem falsas entidades filantrópicas. Ma-chado acha que os ministérios não têm estrutura para analisar as informações e fiscalizar aatuação das entidades:

“Esse projeto do governo é muito ruim. Os Ministérios da Educação e da Saúde nãotêm condições de analisar as informações fornecidas pelas entidades. Quem teria que fazer issoé a Receita”, disse.

“Entendeu? Esse é o procedimento.” PF grava presidente do CNAS detalhando

a manipulação de votações

Por Francisco Leali, de O Globo, em 14.03:Brasília – Gravações telefônicas do serviço de inteligência da Polícia Federal flagraram

comprometedoras conversas entre o presidente do Conselho Nacional de Assistência Social(CNAS), Sílvio Iung, e outros integrantes da organização acusada de fraudar a concessão detítulos de entidades filantrópicas. Nas conversas, Iung fala abertamente sobre manipulação dosprocessos e até antecipa resultados de votações. A PF e o Ministério Público pediram a prisão deIung, mas a Justiça só autorizou a apreensão de documentos na casa dele.

Entre as conversas destacadas no relatório da polícia há uma entre Iung e o advogadoLuiz Vicente Dutra, um dos principais operadores do esquema, em 16 de outubro de 2006.Dutra pergunta a Iung se ele votou a favor da concessão do título para determinada entidade.Iung responde que não. A estratégia é fingir que acompanha a indicação dos auditores do con-selho contra o pedido de filantropia para, após um pedido de vistas de outro conselheiro, votarpela concessão do título. Já estava combinado que, depois do pedido de vista, o conselheirodaria voto a favor do benefício.

– Você pediu o deferimento, né? – pergunta Dutra.– Não, eu acompanhei a equipe de análise. Lembra que nós fizemos isso como estraté-

gia, e o Ademar (Oliveira Marques, conselheiro), este sim pegou aquele voto e mudou o voto. Opedido de vista dele já é pelo deferimento. O que vai acabar acontecendo agora é o seguinte: elesvão me perguntar se eu acompanho o voto de pedido de vista. E é isso que vou fazer. Agoracom o pedido de vista, eu mudo meu voto – diz Iung.

Dutra fica satisfeito com o que ouve, mas, ainda assim, o presidente do CNAS faz

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questão de dar detalhes da trama:– Entendeu? Esse é o procedimento. Tem um pedido de vista e aí é perguntado ao

relator original se ele mantém o voto ou modifica. Evidentemente que eu vou modificar.A intimidade entre Dutra e os integrantes do CNAS fica explícita numa outra gravação

da PF em dia 17 de outubro de 2006. O advogado liga para Iung, passa orientações sobreprocessos em tramitação no conselho e, em seguida, pede para falar com Ademar Marques, queestá ao lado do presidente do CNAS.

Para delegados e procuradores do caso, Iung não poderia nem conversar com os repre-sentantes das entidades interessadas nos títulos de filantropia, muito menos tramar votos.

A quadrilha do “pagou, isentou”. PF prende seis envolvidos em esquema de

concessão de títulos de filantropia na CNAS

Por Jailton de Carvalho e Evandro Éboli, de O Globo, em 14.03:Depois de quatro anos de investigação, a Polícia Federal prendeu ontem seis pessoas

envolvidas num esquema de corrupção no Conselho Nacional de Assistência Social (CNAS). Aquadrilha é acusada de fraudar a concessão de títulos de entidade filantrópica e, assim, facilitar odesvio de milhões de verbas federais em isenção de impostos. Foram presos advogados e diri-gentes do CNAS, entre eles Carlos Ajur Costa, ex-presidente do conselho.

Ao todo, a PF pediu a prisão de 16 pessoas suspeitas de participarem da quadrilha, masa Justiça Federal indeferiu o pedido de dez. Entre os envolvidos está o atual presidente doCNAS, Silvio Iung, que, apesar de não ter sido detido, teve sua casa, em Porto Alegre, revistadapor agentes federais.

Anteontem, Iung foi citado pelo ministro do Desenvolvimento Social, Patrus Ananias,numa cerimônia de comemoração dos quatro anos de existência da pasta. Patrus afirmou que Iungé um de seus principais parceiros na implantação dos programas sociais. Na solenidade, o presi-dente do CNAS até recebeu placa comemorativa da data. Patrus anunciou que ele estava receben-do em nome dos movimentos sociais, “atores essenciais na consolidação dos programas”.

Foram presos ainda Márcio José Ferreira (conselheiro do CNAS), Euclides da SilvaMachado (conselheiro suplente), os advogados de entidades Ricardo Vianna e Luiz VicenteDutra e a secretária de Dutra, Andréa Schramm Moraes. As prisões ocorreram em Porto Alegre,Rio, Brasília e Vitória.

A PF pediu a prisão ainda de outros conselheiros e servidores do CNAS e advogados,entre eles o conselheiro Ademar de Oliveira Marques e o ex-conselheiro Misael Lima Barreto. OMinistério Público Federal, que participava desde o início das investigações, concordou com opedido, que acabou sendo negado pela Justiça.

Esquema envolve 60 entidadesA superintendente da Polícia Federal em Brasília, Valquiria Teixeira de Andrade, disse

que até agora foi identificado o envolvimento de 60 entidades no esquema, principalmentehospitais e faculdades. Valkiria disse que ainda não há como estimar o prejuízo causado, masafirmou que é na casa dos milhões. A superintendente alegou não poder revelar os nomes dasinstituições porque o processo tramita em segredo de Justiça.

Segundo a PF, o esquema da quadrilha funcionava da seguinte maneira: os advogadosdas entidades que pleiteiam o Certificado de Entidade de Assistência Social (CEAS), ou a suarenovação, faziam contato com os conselheiros. Os advogados chegavam a elaborar o relatóriode alguns dos conselheiros e até ditavam, por telefone, trechos do parecer.

A PF informou que foi constatada somente a participação de conselheiros que repre-sentam entidades da sociedade civil. Nenhum dos nove representantes do governo – que com-

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põem metade do conselho – teria participado do esquema.Em trechos de conversas gravadas com autorização da Justiça, a quadrilha, que se deno-

mina “tropa de choque”, reclama da posição dos representantes do governo e os chama de“conselheiros fiscalistas”. Uma das estratégias era driblar a resistência dos representantes dogoverno principalmente em sessões de quórum baixo. O conselho é composto por 18 integran-tes, nove do governo e nove indicados por entidades civis. A “tropa de choque” era compostapor representantes das entidades civis.

O artifício do grupo aparece numa conversa entre os conselheiros Euclides da SilvaMachado e Misael Lima Barreto. No diálogo, gravado em 22 de novembro de 2006, Machadopede autorização a Barreto para emitir voto em favor de uma determinada entidade. E explicaos motivos da pressa para votar o processo naquela sessão:

– Porque somente quatro membros do governo estão presentes e vai ser uma barbada.Um dos relatórios da PF detalha como atuava a quadrilha e revela que uma das estraté-

gias era retirar de pauta processos e pedidos de diligência, atendendo a pedidos de advogados deentidades interessadas.

“Assim, com o objetivo de driblar as exigências do CNAS (exigências legais), que pode-riam levar ao indeferimento da concessão do certificado, ou mesmo impedir a reversão depedido já indeferido, é que conselheiros e advogados mantêm um estreito relacionamento, ge-rando benefícios para ambos e as entidades envolvidas. Obviamente, tais ‘benefícios’ geramgrande prejuízo ao Fisco, notadamente aos cofres da Previdência, vez que o certificado forneci-do pelo CNAS isenta as entidades do pagamento da contribuição patronal incidente sobre afolha de pagamento dos funcionários”, diz o relatório.

O ministro da Previdência Social, Luiz Marinho, informou que há cerca de dez milentidades filantrópicas no país, e que o total de isenção de impostos concedidos a elas atinge omontante de R$ 4 bilhões por ano. A PF só descobriu a fraude após a denúncia de um dirigentede uma pequena entidade de assistência social de Sergipe, feita em 2004. O então presidente doCNAS, Carlos Ajur, o procurou e pediu propina para renovar o certificado de sua instituição.Ele procurou a polícia e contou a abordagem de Ajur.

A Fraude

Investigação iniciada em 2004 pela Polícia Federal descobriu um esquema de corrupçãona concessão e renovação de certificados de entidades filantrópicas, como hospitais e faculda-des. O então presidente do CNAS, Carlos Ajur, pediu propina a urna dessas entidades, deSergipe, no momento da renovação do documento. Dirigentes da empresa denunciaram a Ajurà Polícia Federal. O esquema apurou, ao longo de quatro anos, que as entidades contratavamadvogados e, em conluio com conselheiros, que recebiam dinheiro, se aprovava e renovavacertificados.

Essas entidades não preenchiam as exigências e compravam conselheirosOs Crimes

Corrupção passiva, corrupção ativa, tráfico de influência e advocacia administrativaSilvio: Entendeu, esse é o procedimento, tem um pedido de vista e aí é perguntado ao

relator original se ele mantém o voto ou modifica. Evidentemente eu vou modificar.Dutra: Claro, até porque tu teve a participação naquele caso de Curitiba, né?Silvio: Isso, exatamente. Tá tudo dentro da estratégia.Dutra: Agora eu tô entendendo, eu não me lembrava do teu acompanhamento...Silvio: Lembra, se eu apresentasse o voto contrário, o Elias (representante da Previdência

no CNAS) ia pedir vista, e aí haveria o flanco de uma das defesas. Nós queríamos evitar por isso.4 Nov 2006

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O advogado Dutra e o conselheiro Euclides da Silva Machado falam de outra estratégiapara aprovar pedido de entidade. Dutra pergunta de um caso específico, e Euclides diz que está“preparando o material”. O conselheiro afirma ter duas estratégias: a primeira é que como ocaso foi objeto de pedido de vista, ele (Euclides) “faz todo material e passa para o conselheiroMisael Lima Barreto relatar” e que “vira de indeferido para deferido”. A segunda: Euclidestratou com dois servidores do CNAS para fazerem uma nova nota técnica sobre a entidade emudando a indicação para que o pedido da entidade fosse aceito. Dutra afirma que se eles(técnicos) refizessem, “seria ótimo”. Euclides sustenta que assim “desafogaria no plenário”. “Édiferente o analista mudar e não o conselheiro”, comenta. Dutra pede a Euclides que solicite oreexame do caso, e o conselheiro avisa que “já está combinado lá”. Dutra comenta que “émelhor do que fazer o voto”.

5 set 2005

Carlos Ajur, na época presidente do CNAS, conversa com homem identificado comJoão Ângelo, supostamente representante de uma entidade

Carlos Ajur: Vou protocolar o processo, não precisa ter pressa. Vou protocolar o proces-so e qualquer irregularidade que tiver vai ser uma diligência. Aí vai ser bom que a gente sótrabalha em cima da diligência. O senhor está entendendo?

João Ângelo: Se puder jogar logo é melhor né?Carlos Ajur: Sim, sim, sim. Porque aquele parecer do auditor eu substituiria ele antes de

protocolar.João Ângelo: Sei, exato, exatamente.Carlos Ajur: O senhor entendeu? Eu substituiria ele.João Ângelo: Conversei com o contador, e ele disse que não tinha problema, porque o

balanço dele já não tem, já não consta isso.Carlos Ajur: É, não está aberto.João Ângelo: Só nos balancetes. E ele disse que dificilmente. A minha preocupação é se

houver uma auditoria em cima dos balancetes. Dificilmente eles abrem em cima dos balancetes,eles abrem em cima do balanço. Mas, então, ele disse que não vê problema de jogar aquilo comoreceita ... (corte na ligação)

16 nov 2006

Mulher identificada apenas como Ione liga para o conselheiro Márcio José Ferreira. Eladiz que uma amiga de nome Simone está cobrando “o negócio do certificado” que Márcioprometeu. O conselheiro pergunta o que vai ganhar em troca, “que tem que variar senão para”.

Como foi a Operação Fariseu. Conversas gravadas pela PF1 mar 2007

O advogado Luiz Vicente Dutra conversa com representante de uma universidade pri-vada e deixa claro que ele mesmo elabora os votos dos conselheiros.

Segundo a PF, o representante da universidade pergunta como está o processo (daentidade) e o conselheiro (não identificado) Dutra afirma que “não vai forçar o CNAS”, masque se entrar em pauta ele (Dutra) prepara o voto. “A boa novidade é que os conselheirosfiscalistas não estão mais no CNAS, e isso diminui bastante a pressão”.

17 nov 2006

Pessoa identificada como irmã Lúcia conversa com o presidente do CNAS, Silvio Iung,sobre seu processo. Lúcia diz para Silvio que o advogado Dutra ligou para ela avisando que oprocesso da entidade dela vai entrar em pauta, mas “deu pouca esperança no julgamento, por-que existem poucos conselheiros conhecidos que poderiam fazer o parecer favorável”. Silvio dizque o quadro “é favorável, pois existem vários conselheiros do governo que não vão estar e que

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acha que conseguiriam fazer um trabalho de reversão”. O presidente do CNAS disse que Dutrasabe que “a gente faz isso: tendo uma situação desfavorável se pede vista do processo”. Ele avisaque o caso ainda não está na fase final de julgamento e promete “fazer uma tropa de choque”para cuidar desse processo

17 out 2006

Dutra liga para o presidente do CNAS, Silvio Iung, e pede para falar com outro conse-lheiro, Ademar de Oliveira Marques (os dois estavam embarcando num avião). Dutra passaorientações sobre processos no CNAS. A conversa mostra como o advogado tem intimidadecom os dois conselheiros. Dutra diz que tem uma sugestão para Ademar. Sugere uma diligênciapara “esclarecer algumas coisas que não ficaram claras no processo”. “Pode ser?” Ademar dizque foi isso que pediu. Dutra avisa que mandará um pedido de diligência. “Claro”, respondeAdemar. Combinam um churrasco em Porto Alegre junto com o presidente do CNAS.

Silvio Iung: Tu quer falar com ele, né? Nós tamo embarcando aqui no avião eu vou tepassar ele, tá bom? Um abraço!

Dutra: Tu visse? Agora eu tenho secretário, hein?Ademar: É... tô vendo! Tá forte, hein?Dutra: ... primeiro passo pro secretário...Ademar: Tô percebendo. Tá bem assim!16 out 2006

O advogado Dutra e Silvio Iung revelam como será a estratégia para aprovar pedido deuma entidade. Dutra conta que recebeu o voto do conselheiro Misael Lima Barreto e elogia o“belíssimo voto” a favor de uma entidade. “Como é que tu vai fazer agora?”, pergunta Dutra aopresidente do CNAS. Silvio diz que passou o voto para o conselheiro Ademar. Silvio diz queacompanhou a equipe de análise e propôs o indeferimento. Em seguida Ademar pediu vista.

Dutra: Você pediu o deferimento, né? – estranha DutraSílvio: Não, eu acompanhei a equipe de análise (auditores negavam pedido da entidade).

Lembra que nós fizemos isso como estratégia, e o Ademar, esse sim, pegou aquele voto emudou o voto. O pedido de vista dele já é pelo deferimento. O que vai acabar acontecendoagora é o seguinte, eles vão me perguntar se eu acompanho o voto de pedido de vista. E é issoque eu vou fazer (...) Agora com o pedido de vista eu mudo meu voto

Dutra: Ah tá!

Títulos falsos de filantropia levam 6 à prisão

Por Hudson Correa, Sucursal de Brasília, da Folha de S. Paulo, em 14.03:A Polícia Federal prendeu ontem seis pessoas acusadas de fraudar a concessão de certifi-

cados de filantropia a entidades. Graças a esses títulos falsos, 60 entidades investigadas deixaram depagar R$ 2 bilhões em impostos desde 2004, ano em que foi iniciada a investigação, diz a PF.

Ao lado da superintendente da Polícia Federal no Distrito Federal, Valquiria TeixeiraAndrade, que falava sobre a operação, o ministro da Previdência, Luiz Marinho, anunciou umprojeto a ser enviado hoje ao Congresso para tirar do CNAS (Conselho Nacional de AssistênciaSocial) o poder de emitir certificado.

A função passaria a ser feita pelos ministérios, de acordo com cada área de atuação daentidade.

Atualmente, se houver recurso a uma decisão do CNAS, a palavra final é do ministro daPrevidência.

A mensagem do presidente Luiz Inácio Lula da Silva encaminhando o projeto ao Con-gresso foi publicada ontem no Diário Oficial da União.

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O Conselho Nacional de Assistência Social é formado por 18 conselheiros, dos quaisnove são representantes do governo e a outra metade, de indicados pelas entidades.

A fraude envolve – segundo a PF – pagamento de propina a conselheiros por entidadese advogados para emissão do certificado. Com o título de filantrópica, uma instituição deixa depagar impostos.

Tributos

Segundo o ministro da Previdência, cerca de 10 mil entidades filantrópicas no Brasilficam livres de recolher R$ 4 bilhões em tributos por ano.

Apesar de a investigação ainda não estar concluída, a superintendente da Polícia Federaldestacou que não há indícios de que conselheiros indicados pelo governo teriam participado dafraude.

A operação foi batizada de Fariseu em referência a uma passagem da Bíblia: “Ai de vós,escribas e fariseus, hipócritas! Pois que sois semelhantes aos sepulcros caiados, que por forarealmente parecem formosos, mas interiormente estão cheios de ossos de mortos e de toda aimundícia”.

Foram presos o ex-presidente do CNAS, Carlos Ajur Cardoso Costa (2004 a 2006), oatual membro do Conselho Márcio José Ferreira, o suplente Euclides da Silva Machado, osadvogados Ricardo Vianna Rocha e Luiz Vicente Dutra, além da funcionária desse último,Andrea Schram.

A PF também pediu à Justiça Federal a prisão do atual presidente do CNAS, Sílvio Iung.O pedido foi negado. Houve apenas busca e apreensão na casa de Iung e na entidade que elerepresenta, a Instituição Sinodal de Assistência, Educação e Cultura, em Porto Alegre (RS).

No total, foram 27 mandados de busca e apreensão. A PF pediu 16 prisões, mas aJustiça decretou apenas seis. O inquérito está em segredo de Justiça.

Não foram divulgados os nomes das entidades envolvidas nem o valor da fraude. Asprisões ocorreram no Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Joinville (SC), Porto Alegre, Brasília eVitória (ES), disse a PF.

Segundo Marinho, o projeto de tirar o poder do CNAS de emitir certificação nada tema ver com a investigação da PF, da qual disse que não tinha conhecimento. Depois, o ministroafirmou que “no decorrer do tempo ouviu muito disse que disse e tomou conhecimento que aPF estava investigando”.

O ministro afirmou que quando assumiu o cargo há 11 meses encontrou processosacumulados para decidir se entidades realmente tinham ou não direito ao certificado de entidadefilantrópica, após questionamento da Receita. De 20 processos, o ministro julgou 15 a favor daReceita.

Não recebi nada, diz presidente

O presidente do CNAS (Conselho Nacional de Assistência Social), Sílvio Iung, afirmouque não recebeu dinheiro para facilitar a emissão de certificado de filantropia

O presidente do CNAS (Conselho Nacional de Assistência Social), Sílvio Iung, afirmouque não recebeu dinheiro para facilitar a emissão de certificado de filantropia. “Minha tranquilidadeé absoluta em relação a isso.”

“É provável que a PF tenha quebrado meu sigilo [bancário]. Não recebi nada”, afirmou.Ainda segundo Iung, o CNAS “sempre teve maior esforço para dar transparência a suas

decisões”, ou seja, não teria intenção de esconder fraudes.Iung disse que “pelos caminhos do CNAS é bastante difícil” uma fraude na concessão

dos certificados. “Mas nada é impossível. Vamos aguardar as investigações”, afirmou.Segundo Iung, não houve indícios de irregularidades na gestão anterior a sua de Carlos

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Ajur Cardoso, preso ontem. A reportagem não localizou Ajur.O Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome disse que o CNAS não se

insere em sua estrutura hierárquica.Segundo o MDS, em 2007, foram constatados indícios de irregularidades no CNAS e

encaminhado ao Ministério da Justiça e à Controladoria-Geral da União um pedido de apuraçãode supostos favorecimentos que estariam acontecendo no conselho.

O escritório de advocacia de Ricardo Vianna Rocha disse que não se manifestaria sobreo assunto.

O escritório de Luiz Vicente Dutra não ligou de volta. A reportagem não localizou oconselheiro Márcio José Ferreira e o suplente Euclides da Silva Machado.

Filantropia. Quadrilha é acusada de irregularidades na concessão de certifica-

dos a 60 escolas, hospitais, universidades e entidades assistenciais. PF prende seis por

fraude que pode atingir R$ 20 bi

Por Marcelo Tokarski, do Correio Braziliense, em 14.03:Após quatro anos de investigações, a Polícia Federal (PF) desmontou ontem uma qua-

drilha acusada de fraudar, no Conselho Nacional de Assistência Social (CNAS), a concessão decertificados a 60 escolas, universidades, hospitais e entidades assistenciais classificadas comofilantrópicas. Seis pessoas foram presas, sendo uma delas em Brasília. O esquema permitiu queessas instituições deixassem de pagar impostos federais, como PIS/Cofins, CSLL e Imposto deRenda (IR), além da contribuição patronal de 20% ao Instituto Nacional do Seguro Social. Deacordo com a PF, as 60 entidades beneficiadas pela fraude deixaram de recolher pelo menos R$2 bilhões aos cofres públicos. No entanto, fontes ligadas à investigação calculam que o rombodeixado seria muito maior, podendo chegar a R$ 20 bilhões – as irregularidades eram praticadaspelo menos desde 2000.

Foram presos na Operação Fariseu o ex-presidente do CNAS Carlos Ajur; os conse-lheiros Márcio José da Silva (representante da União Brasileira de Cegos) e Euclides da SilvaMachado (representante da entidade Obra Social Santa Isabel, de Brasília); os advogados RicardoVianna Rocha e Luiz Vicente Dutra; e a secretária Andréia Schran. Os agentes federais tambémcumpriram 27 mandados de busca e apreensão no Distrito Federal e mais cinco estados (Paraíba,Pernambuco, Espírito Santo, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul).

A PF também queria prender o atual presidente do CNAS, Sílvio Iung, mas o pedido deprisão temporária foi negado pela Justiça Federal – além desse, outros nove pedidos foramnegados. No entanto, Iung continua sendo investigado pela operação, que a partir de agoraconvocará para depor os dirigentes das 60 entidades envolvidas. Ontem, os policiais recolheramdocumentos e computadores na casa do presidente, no município de São Leopoldo (RS), e emseu gabinete na sede do CNAS, em Brasília. Apesar da negativa da Justiça, fontes da PF dizemter provas concretas do envolvimento de Iung com o esquema.

Ontem à tarde, por telefone, ele negou ao Correio qualquer participação e disse queapoia as investigações. “Há pouco mais de um ano, eu mesmo enviei um pedido de investigaçãoà PF”, afirmou Iung, que no entanto disse desconhecer o suposto envolvimento dos conselhei-ros Márcio José e Euclides com a fraude. Iung afirmou ainda desconhecer quais seriam assupostas provas contra ele. Anteontem, ele havia participado de uma cerimônia do Ministériodo Desenvolvimento Social em Brasília, com a presença do presidente Lula.

As investigações começaram em 2004, a partir de denúncia feita pelo dirigente de umaentidade assistencial que havia sido assediada pela quadrilha. A partir de escutas telefônicas equebras de sigilo, a PF comprovou o esquema fraudulento, que incluía o pagamento de propina

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para os conselheiros envolvidos. De acordo com a Polícia, os cabeças do esquema seriam CarlosAjur, presidente do CNAS quando a denúncia foi feita, e o advogado Luiz Dutra. O conselho éformado por 18 integrantes, sendo nove do governo e nove indicados pelas próprias entidadesassistenciais. De acordo com a superintendente da PF em Brasília, ValquiriaTeixeira de Andrade,não foi descoberto qualquer indício de participação dos representantes do governo no esquema.

Para ter direito à isenção de impostos e ao recebimento de verbas federais para obrassociais, as entidades filantrópicas não podem auferir lucro e precisam cumprir determinadoscritérios. Entre eles estão, no caso dos hospitais, a destinação de 60% de seus serviços, incluindointernações, para pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS). Instituições de ensino devemdestinar até 20% de sua receita ao atendimento de alunos carentes. Quem não atende às exigên-cias perde direito ao benefício e fica obrigado a recolher todos os impostos, retroativamente.

Era justamente aí que entrava em ação a quadrilha, ao conseguir junto ao CNAS arenovação irregular do Certificado de Entidade Beneficente de Assistência Social (Cebas). Comisso, instituições que não cumpriam os requisitos da filantropia deixavam de pagar à Uniãomilhões de reais em impostos e contribuições. “Tinha conselheiro criando dificuldade paravender facilidade”, afirmou o ministro da Previdência Social, Luiz Marinho.

Conforme o Correio mostrou anteontem, o governo elaborou um projeto de lei paraalterar a legislação que regulamenta a filantropia. A proposta prevê maior fiscalização sobre asentidades beneficiadas e retira todo o poder do CNAS. De acordo com o ministro, o modeloatual favorece a ocorrência de fraudes.

O projeto prevê que a concessão dos Cebas e a fiscalização sobre as instituições seráfeita por cada um dos ministérios envolvidos (Saúde, Educação e Desenvolvimento Social eCombate à Fome), e não mais pelo CNAS. Além disso, caso irregularidades sejam constatadas,o certificado pode ser suspenso a qualquer momento. Hoje, a fiscalização só é feita ao final detrês anos. Mais de 9,3 mil entidades são consideradas filantrópicas. Por ano, elas deixam de pagarcerca de R$ 5 bilhões em impostos.

Exposição de Motivos sobre certificação das entidades beneficentes

Eis a íntegra:E.M.I. no 00001 – MDS/MPS/MEC/MS/MFBrasília, 10 de março de 2008.Excelentíssimo Senhor Presidente da República,1. Temos a honra de submeter à apreciação de Vossa Excelência o anexo anteprojeto de

lei que dispõe sobre a certificação das entidades beneficentes de assistência social e regula osprocedimentos de isenção de contribuições para a seguridade social.

2. O presente projeto de lei tem os seguintes objetivos:a) estabelecer os requisitos para a caracterização e certificação das entidades beneficen-

tes de assistência social;b) repartir a competência para a certificação das entidades beneficentes entre os Minis-

térios da Saúde, da Educação e do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, conforme aentidade requerente atue na área de saúde, de educação e de assistência social;

c) estabelecer os requisitos e a forma para que as entidades certificadas como beneficen-tes de assistência social gozem da isenção das contribuições para a seguridade social; e

d) redistribuir os processos de concessão e renovação do Certificado de Entidade Bene-ficente de Assistência Social – Cebas pendentes de julgamento no âmbito do Conselho Nacio-nal de Assistência Social – CNAS e do Ministério da Previdência Social aos Ministérios compe-tentes, conforme a área de atuação da entidade requerente.

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3. Para esclarecer as propostas quanto aos procedimentos de certificação e isenção dasentidades beneficentes de assistência social impõe-se fazer um breve relato acerca da matéria afim de permitir sua melhor compreensão.

4. O art. 55 da Lei no 8.212, de 24 de julho de 1991, estabelece, atualmente, os requisitospara a concessão e manutenção da isenção de contribuições sociais previstas nos arts. 22 e 23 dacitada Lei. Um dos requisitos para a concessão da isenção é a entidade ser possuidora do Cebas.

5. O Decreto no 2.536, de 6 de abril de 1998, que revogou o Decreto no 752, de 16 defevereiro de 1993, encontra-se, atualmente, regendo os processos de concessão e renovação doCebas. Dentre os requisitos estabelecidos naquele Decreto para a concessão do Cebas desta-cam-se os previstos no inciso VI e no § 4o do art. 3o, que tratam da questão da gratuidade.

6. Nos termos do inciso II do art. 55 da Lei no 8.212, de 1991, e do § 2o do art. 3o doDecreto no 2.536/98, o Cebas tem validade de três anos. A cada renovação a entidade tem quecomprovar, em seu requerimento, que atendeu as exigências nos últimos três anos, para obter oCebas com validade para os três anos seguintes. Se a entidade já possuía o Cebas e pediu suarenovação dentro do prazo, o novo Cebas, caso deferido, valerá a partir do termo final doanterior, nos termos do § 3o do art. 3o do supracitado Decreto.

7. Este procedimento precisa ser aperfeiçoado, dado o considerável lapso temporalentre o período considerado para o cumprimento dos requisitos e a sua análise pelo órgãoresponsável, o que causa diversas restrições tanto para o administrado quanto para a Adminis-tração.

8. Tal prática é nefasta para as entidades por diversos motivos, dos quais quatro podemser citados:

a) o entendimento do Poder Público quanto aos requisitos evolui, naturalmente, aolongo do tempo, pois o que era considerado regular quatro anos atrás pode não ser assimentendido hoje, em vista de uma nova interpretação da matéria;

b) com o passar do tempo, a prática beneficente que não foi devidamente documentadaperde-se, o que inviabiliza a sua demonstração no momento da análise das exigências;

c) a adaptação das entidades às exigências é lenta e não acompanha a evolução normativada matéria; e

d) o indeferimento do Cebas representa um impacto significativo na entidade, que pas-sará a ser devedora de contribuições sociais relativas a três anos.

9. Observa-se que a situação é crítica e não pode ser perpetuada, impondo-se areformulação da atual sistemática relativa à certificação e à isenção, de forma a permitir umjulgamento rápido e eficaz por parte do Poder Público.

10. Assim, a solução encontrada passa, obrigatoriamente, pela extinção da figura doCebas da forma como existe hoje, substituindo-o pela certificação das entidades beneficentes deacordo com sua área de atuação – saúde, educação e assistência social. Há a preocupação deseparar os requisitos da certificação, que resultam no reconhecimento do caráter beneficentedas entidades de saúde, educação e assistência social, dos requisitos da isenção. Embora acertificação seja pressuposto da fruição da isenção, esta exige outros requisitos que serão fisca-lizados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil, do Ministério da Fazenda.

11. Com essa finalidade, o projeto apresenta as soluções adequadas, as quais serão adi-ante relatadas.

12. A primeira delas é o estabelecimento dos requisitos para a certificação das entidadesbeneficente, em substituição ao Cebas, com a alteração da competência para o julgamento dosprocessos conforme a área de atuação da entidade. A entidade da área de saúde deve ter o seupedido julgado pelos órgãos e entidades vinculados ao Ministério da Saúde. No mesmo sentido

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os requerimentos das entidades de educação, para o Ministério da Educação e das entidades deassistência social, para o Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome.

13. Isso porque cada órgão setorial da União dispõe de conhecimento técnico direta-mente voltado para a sua área de atuação, o que facilita, e muito, o estudo das atividades desem-penhadas pelas respectivas entidades beneficentes e, consequentemente, o julgamento do pedi-do de concessão da certificação.

14. O Ministério da Saúde dispõe, diretamente, das informações relativas ao atendimen-to prestado por meio de convênio com o Sistema Único de Saúde – SUS (um dos requisitos paraas entidades de saúde é fazer 60% de atendimento pelo SUS), além de deter o conhecimentonecessário para verificar o percentual deste atendimento em relação à atividade global da entida-de requerente.

15. O Ministério da Educação, após a criação do Programa Universidade para Todos –PROUNI, dispõe de todas as informações acerca dos alunos bolsistas das entidades educacio-nais, especialmente das suas condições socioeconômicas, o que lhe permite verificar, com maissegurança, o percentual de bolsas concedidas e a situação financeira dos bolsistas.

16. Por sua vez, o Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome conhece deperto a realidade das entidades de assistência social que realizam suas atividades conforme a LeiOrgânica de Assistência Social – Lei no 8.742, de 7 de dezembro de 1993.

17. Além disso, atualmente, o julgamento do Cebas, em sede recursal, é feito tão somen-te pelo Ministério da Previdência Social. A alteração dessa competência se justifica pelas modi-ficações de organização da estrutura do Poder Executivo Federal, conforme se demonstrará.Com a edição da Lei no 10.683, de 28 de maio de 2003, foi criado, por meio do seu art. 27, incisoII, o Ministério da Assistência Social – MAS, retirando do então Ministério da Previdência eAssistência Social a competência relativa aos programas e políticas de assistência social, passan-do este a ser denominado Ministério da Previdência Social. O referido dispositivo legal foialterado pela Lei no 10.869, de 13 de maio de 2004, que modificou a denominação do MAS paraMinistério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome – MDS.

18. Desde a sua criação, o Ministério da Assistência Social, atual Ministério do Desen-volvimento Social e Combate à Fome, abarcou o – CNAS. Assim, em princípio, tendo em vistaa pertinência temática e a subordinação do CNAS, o julgamento dos recursos contra as decisõesfinais deste Colegiado deveriam ser da competência do Ministério do Desenvolvimento Social eCombate à Fome, até mesmo porque tal recurso sempre teve natureza estritamente hierárquica.

19. No entanto, foi editada a Lei no 10.684, de 30 de maio de 2003, que atribuiu aoMinistro de Estado da Previdência Social a competência para julgar os recursos interpostoscontras as decisões finais do CNAS, relativas à concessão ou renovação do Cebas.

20. Observa-se que a Lei no 10.684/03 criou uma situação de confusão hierárquica: oMinistro de Estado da Previdência Social passou a ser competente para julgar os recursos inter-postos contra as decisões proferidas pelo CNAS, enquanto que este Colegiado estava subordi-nado ao Ministério da Assistência Social.

21. Ressalte-se que não há conflito entre a sistemática proposta para a certificação (emque cada Ministério aprecia o requerimento das entidades da sua área de atuação) e a competên-cia da Secretaria da Receita Federal do Brasil, que é órgão responsável pelo planejamento, execu-ção, acompanhamento e avaliação das atividades relativas a tributação, fiscalização, arrecadação,cobrança e recolhimento das contribuições sociais para a seguridade social.

22. Outra providência deste projeto é disciplinar o direito das entidades beneficentes deassistência social à isenção das contribuições sociais, que poderá ser exercido a contar da data dasua certificação pelo Ministério competente, atendidas as disposições da Seção I do Capítulo III.

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23. Por fim, o anteprojeto de lei trata dos processos de concessão e renovação dosCebas pendentes de julgamento no âmbito do CNAS e no Ministério da Previdência Social.

24. Os processos de concessão e renovação de Cebas acumularam-se no CNAS e noMinistério da Previdência Social. Hoje, aguardam julgamento no aludido Ministério mais de1.800 (mil e oitocentos) recursos em processos de concessão/renovação de Cebas. Já no CNAS,são mais de 8.000 (oito mil) processos aguardando julgamento, entre concessões originárias,renovações e representações.

25. Esses processos não demandam um julgamento simples ou fácil; pelo contrário, amatéria é bastante complexa, com a demanda de delicados cálculos contábeis, e a legislaçãocomporta inúmeras interpretações. Em alguns casos, como no das entidades da área de saúde, éimprescindível a obtenção de informações de outros órgãos, como o Ministério da Saúde, o queretarda ainda mais a apreciação dos processos.

26. Como corolário destas ponderações, os processos de concessão e renovação deCebas estão levando, em média, três anos para serem julgados no CNAS e quatro anos paraserem apreciados pelo Ministro da Previdência Social.

27. Para que as entidades tenham um julgamento justo e em prazo razoável, a presenteproposta prevê a repartição dos processos pendentes de julgamento para cada um dos Ministé-rios responsáveis pelas áreas de educação, saúde e assistência social.

28. São essas, Senhor Presidente, as razões que nos levam a propor a Vossa Excelênciao encaminhamento do anteprojeto de lei em comento.

Respeitosamente,Patrus Ananias de Sousa, Ministro de Estado do Desenvolvimento Social e Combate à

Fome,Fernando Haddad, Ministro de Estado da Educação,Luiz Marinho, Ministro de Estado da Previdência Social,José Gomes Temporão, Ministro de Estado da SaúdeGuido Mantega, Ministro de Estado da Fazenda

STF nega recurso do INSS em processo contra fundação beneficente

Em 10.03, o STF informou que, por maioria de votos, vencido o ministro Gilmar Men-des, o Plenário do Supremo Tribunal Federal negou, nesta segunda-feira (10), recurso de agravoregimental interposto pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) contra decisão tomadapelo ministro Marco Aurélio em 2002, quando presidente da Corte, de arquivar pedido desuspensão de liminar obtida pela Fundação São Judas Tadeu, do Ceará, isentando-a da contri-buição previdenciária patronal, por ser considerada entidade beneficente.

O processo (PET 1534) deu entrada no STF em 1998. Tinha sido encaminhado inicial-mente ao Tribunal Regional Federal da 5a Região (TRF-5), que o remeteu ao STJ. Este, por suavez, por entender que se tratava de matéria constitucional, remeteu-o ao STF. No curso doprocesso, a Fundação apresentou, em 2002, prova de que, em processo administrativo junto aoConselho de Recursos da Previdência Social, ganhou o direito à imunidade da contribuição.

Consultado se, diante disso, o processo por ele ajuizado perdera o objeto, o INSS não semanifestou, embora em outras ocasiões se tenha afirmado seu interesse pelo prosseguimentodo processo. Isso levou o ministro Marco Aurélio a arquivar o processo. No julgamento de hoje,ele ratificou sua posição, afirmando que “incumbe às partes colaborarem com o Judiciário,quando menos na defesa de seus próprios interesses”. Segundo ele, o silêncio do Institutocaracterizou falta de interesse no caso.

Este entendimento foi endossado pela maioria dos ministros presentes à sessão. O

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ministro Carlos Alberto Menezes Direito ponderou, no entanto, que o arquivamento do pedidonão inviabiliza um novo pedido de suspensão da segurança pelo INSS.

Já Gilmar Mendes, que havia pedido vista do processo quando começou a ser julgadopelo Plenário em 2003, na sessão de hoje entendeu que a imunidade obtida pela Fundação nãoera geral quanto a todas as suas obrigações previdenciárias. Além disso, ele considerou o fato deo INSS ter-se pronunciado, em ocasiões anteriores, pelo prosseguimento do feito. Portanto, noentender dele, o silêncio do Instituto, num determinado momento, não significava ausência deinteresse.

União estuda perdão de dívidas de filantrópicas

Por Arnaldo Galvão e Raymundo Costa, do Valor Econômico, de 31.01:O governo estuda perdoar dívidas de entidades filantrópicas num pacote que tornará

mais rigorosa a concessão de benefícios fiscais. A polêmica proposta é do ministro da Previdên-cia, Luiz Marinho. Em entrevista ao Valor, o ministro explicou que uma possível anistia deveráser apartada – do pacote de medidas em estudo – e remetida ao Congresso por meio de projetode lei.

A ideia do perdão é justificada pelo ministro. Ele alega que a Previdência não temestrutura para essa atribuição e, por razões meramente burocráticas, poderia quebrar uma enti-dade séria que cumpre sua obrigação social. “Nada contra a filantropia. Quero separar a‘pilantropia’”, diz.

A falta de estrutura da Previdência é indiscutível porque, nesses processos de filantrópi-cas que envolvem cerca de 750 entidades, atuam apenas quatro procuradores federais. Portanto,quanto maior a demora no julgamento, mais podre fica o crédito. Com esse perdão Marinhocalcula que vai aumentar a arrecadação. Além disso, revela que muitas entidades, principalmentehospitais e universidades, têm planos de abrir capital e, portanto, precisam deixar de ser filantró-picas.

O cenário dessas propostas de Marinho é contabilidade da Previdência Social. Em 2007,deixaram de ser arrecadados R$ 14 bilhões devido às renúncias fiscais que beneficiaram micro epequenas empresas enquadradas no regime tributário do Simples, entidades filantrópicas e ex-portadores de produtos rurais. Desse rombo, R$ 4,4 bilhões foram das filantrópicas e o ministroquer acabar com parte da sangria. Ele defende uma ampla reforma da legislação para tornarmais rigorosa a concessão do Certificado de Entidade Beneficente de Assistência Social (Cebas).Quer ainda análise prévia dos pedidos e redução de três anos para um ano na validade dessescertificados.

No Palácio do Planalto, a delicada reforma da lei das filantrópicas é tratada como “ex-plosiva” porque manobras equivocadas podem perturbar gravemente a relação do governo comas igrejas católica e evangélica e também com muitos parlamentares. Em ano eleitoral, as chancesdessa mudança ficam mais reduzidas. Marinho confirma que ministros e políticos de todos ospartidos procuram a Previdência para defender esses interesses.

De posse do Cebas, as entidades filantrópicas – geralmente hospitais, universidades ecasas de assistência social – ficam livres da contribuição previdenciária patronal, equivalente a20% da folha de pagamento, e os tributos PIS e Cofins (9,25% sobre o faturamento).

Marinho diz que a única relação dessas entidades com a Previdência é o que deixam depagar. Além disso, cabe a ele julgar os recursos contra as decisões do Conselho Nacional deAssistência Social (CNAS). Nesse aspecto, também quer se livrar dessa carga burocrática. Criti-ca a atual falta de controle e pretende que os Ministérios da Saúde, da Educação e do Desenvol-vimento Social sejam responsáveis pela fiscalização. “É o ministro da área que tem de saber, de

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acordo com suas políticas públicas, se a entidade está auxiliando”, diz.O presidente do CNAS, Sérgio Iung, informa que o país tem aproximadamente 7 mil

entidades com o Cebas e reconhece que é urgente a definição de um novo marco legal paracontrolar as atividades. Mas se preocupa com a capacidade de a máquina pública processar comrapidez análises anuais, se prevalecer a proposta de Marinho. “No ano passado, julgamos 4,3 milprocessos. Teremos estrutura burocrática para evitar a paralisação de hospitais e escolas?”, per-gunta.

Desde que chegou à Previdência, Marinho negou 12 recursos de filantrópicas. Entreessas estão o Instituto Presbiteriano Mackenzie e a Sociedade Hospital Samaritano, ambas deSão Paulo. Pela legislação, a análise do desempenho da filantrópica somente é feita depois dostrês primeiros anos. Muitas entidades estão com dois ou três períodos sem julgamento, o quesignifica até nove anos sem decisão da administração pública.

Desde julho de 2007, Marinho integrou um grupo de trabalho para tratar das filantró-picas. Também participaram José Gomes Temporão (Saúde), Fernando Haddad (Educação),Patrus Ananias (Desenvolvimento Social) e o Ministério da Fazenda. Segundo a assessoria daCasa Civil, a proposta está sendo analisada pelos ministros.

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Cai paridade nos reajustes de aposentadorias. Câmara derruba emenda que ha-

via sido aprovada pelo Senado na MP que reajustou salário-mínimo para R$ 415

Por Denise Madueño, de O Estado de S. Paulo, em 08.05:A Câmara dos Deputados rejeitou ontem à noite a proposta que previa o reajuste das

aposentadorias pagas pelo INSS pelo mesmo índice de aumento do salário-mínimo. A proposta,que já havia sido aprovada pelo Senado, foi derrubada durante a votação em que os deputadosaprovaram a medida provisória que aumentou o mínimo de R$ 380 para R$ 415 a partir de 1o demarço deste ano – um reajuste de 9,21%.

O placar registrou 275 votos a favor do parecer do relator da MP, deputado RobertoSantiago (PV-SP), que era contrário à paridade. Foram 170 votos contrários ao parecer, ou seja,a favor do reajuste igual das aposentadorias e do salário-mínimo.

Com a decisão da Câmara, as aposentadorias de valor superior ao salário-mínimo con-tinuarão sendo reajustadas com base no Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC).Apenas aposentados que ganham o piso previdenciário, equivalente ao mínimo, continuarãotendo o benefício atualizado pelo índice do salário-mínimo.

A paridade no reajuste foi incluída na MP em abril pelo Senado, que aprovou emendanesse sentido de autoria do senador Paulo Paim (PT-RS). A aprovação da emenda acendeu a luzamarela no governo – a área econômica calculou que as despesas da Previdência Social cresce-riam R$ 4,5 bilhões neste ano.

Diante da possibilidade de agravamento do déficit do INSS, estimado em R$ 43 bilhõesem 2008, o governo passou a trabalhar para derrubar a emenda de Paim. O presidente LuizInácio Lula da Silva disse a aliados que estava disposto a vetar a proposta, caso ela passasse pelaCâmara, mesmo considerando o custo político do veto.

O ministro da Previdência, Luiz Marinho, classificou a proposta de “enganadora”. Umdos argumentos do governo é que a vinculação tornaria inviável a política de recuperação dosalário-mínimo. Seguindo a orientação do Planalto, os partidos governistas votaram contra aemenda, na sessão de ontem à noite. Os partidos de oposição – DEM, PSDB, o PPS e o Psol –ficaram a favor.

O governo vai tentar barrar na Câmara outro projeto aprovado no Senado que extingueo chamado fator previdenciário, que faz parte da fórmula de cálculo das aposentadorias portempo de contribuição. Na prática, estimula o adiamento dos pedidos de aposentadoria e contri-bui para evitar o aumento do déficit previdenciário.

Aposente-se com dez e leve três. Com o reajuste desvinculado do mínimo, apo-

sentado que recebe mais que o piso perdeu 42,86% em 14 anos

Por Max Leone, do Extra, RJ, de 23.03:Ano após ano, os aposentados e pensionistas do INSS que ganham mais de um salário-

mínimo sentem na pele a perda do poder aquisitivo em relação aos segurados que recebem o

Reajuste dos Benefícios

Acima do Mínimo

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piso nacional. Levantamento feito pela Conde Consultoria, a pedido do Extra, constatou que osbenefícios de inativos que recebem acima do mínimo tiveram reajuste de 266%, nos últimos 14anos. No mesmo período, de julho de 1994 a março de 2008, o piso foi corrigido em 540,5%.

O resultado da política de desvinculação dos benefícios previdenciários do reajuste domínimo, adotada em 1991, é um abismo entre os valores recebidos hoje e o que deveria ser pago.

Segundo o levantamento do consultor Newton Conde, com os reajustes baseados noINPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor), o aposentado que ganhava dois salários-mínimos em julho de 1994 (R$ 129,58) recebe, hoje, R$ 474,27. Pouco mais que o novo piso deR$ 415, em vigor desde 1o de março.

Comparação

Se tivesse acompanhado a correção do mínimo, sua aposentadoria hoje seria de R$ 830.Portanto, a perda é de R$ 355,73 (42,86%).

“Mesmo a Previdência concedendo, em alguns meses, reajustes acima da inflação, adiferença é grande em relação ao que foi repassado ao mínimo”, disse Conde.

Todos ganhando igual

O sentimento entre os aposentados é de total desvalorização. O ex-funcionário da LightWaldemar Bianco, de 64 anos, se aposentou, em 1995, ganhando dez mínimos. Hoje, o valor deseu benefício não passa de R$ 1.300, pouco mais de três salários:

“A cada ano, a diferença aumenta. Gasto cerca de R$ 55 com remédio para diabetes,mesmo assim, porque compro na farmácia popular. Daqui a pouco todo mundo vai ganhar amesma coisa.”

A preocupação do ex-eletricitário procede. De acordo com projeções do advogadoLásaro da Cunha, professor de direito previdenciário da PUC-MG, persistindo a atual políticadiferenciada de reajustes do governo até 2030, os valores estarão unificados:

“Estão valorizando o mínimo sob o risco de achatar os demais benefícios.”Mesmo em desvantagem os aposentados que recebem acima do piso tiveram reajustes

maiores que a variação da cesta básica do Dieese. De julho de 1994 a fevereiro de 2008, osprodutos da cesta subiram 217,37% no Rio.

Aposentados reclamam perdas de 80% para os benefícios acima do mínimo

Por Jony Torres, do Jornal Correio da Bahia, em 14.03:Os aposentados e pensionistas reclamam perdas de até 80% no valor do benefício,

acumuladas desde que o reajuste da Previdência Social foi desvinculado dos aumentos do salá-rio-mínimo, em 1992. A análise é da Associação dos Pensionistas e Aposentados da PrevidênciaSocial da Bahia (Asaprev-BA), uma das muitas instituições que repudiaram o reajuste de 5%confirmado na última quarta-feira e seguem reivindicando os mesmo 9,21% concedidos aosalário-mínimo.

Em função da diferença dos reajustes praticada desde 1992, o benefício de quem ganhaacima de um salário-mínimo vem sendo sucessivamente achatado. Nas contas do SindicatoNacional dos Aposentados e Pensionistas (Sindnap), aproximadamente 800 mil aposentadosserão incluídos no grupo de pessoas que ganham o piso nacional. Segundo a Previdência Social,16,4 milhões, do total de 25 milhões de aposentados brasileiros, passarão a receber R$ 415 apartir do próximo mês. Em 2000 eram 12 milhões.

“Nós não podemos continuar perdendo o nosso poder de compra, pois daqui a poucosó vamos ter aposentados ganhando o mínimo. Isto é muito injusto, pois quando contribuímosfoi sobre um valor muito superior ao mínimo”, afirmou Gilson Costa de Oliveira, presidente daAsaprev-BA. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) fechou fevereiro em 4,97%

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e foi usado de base para o cálculo do aumento da aposentadoria.A partir do próximo mês o valor máximo do benefício passa de R$ 2.894,28 para R$

3.038,99. O piso foi corrigido em 9,2%, de acordo com o mínimo, e agora é R$ 415. Uma dasesperanças dos aposentados é ver aprovada uma das propostas de reajuste apresentadas peloSindnap em Brasília. Uma delas é a adoção para todos os benefícios dos mesmos 9,21% conce-didos a quem ganha o piso. A outra ideia é garantir para quem ganha até R$ 700, um abono deR$ 35.

“Se eles aceitarem nos dar pelo menos o abono, vamos beneficiar 3,2 milhões de pesso-as. Isso mostra como poucas pessoas ganham acima de um salário-mínimo”, justificou NilsonSantos Bahia, presidente regional do Sindnap. Outra aposta dos pensionistas é verem aprovadosos projetos PLS nos 58/03 e 296/03, ambos de autoria do senador Paulo Paim (PT-RS). Oprimeiro pretende garantir aos aposentados o recebimento dos mesmos percentuais de reajustesaplicados ao salário-mínimo, enquanto o segundo extingue o fator previdenciário do cálculo dasaposentadorias.

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Reajuste de Benefícios do

Salário-Mínimo

Piso previdenciário tem ganho real de 37% em cinco anos. Valores acima do

mínimo mantiveram poder de compra

Em 20.03, o MPS informou que o reajuste de 9,21% do salário-mínimo resultou emaumento real do piso previdenciário (equivalente ao salário-mínimo) de 37,05%, entre 2003 e2008. Nesse período, o acumulado foi de 107,5%, até atingir os R$ 415 em vigor desde 1o demarço, enquanto a inflação medida pelo INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor)ficou em 51,41%.

Os ganhos acumulados nos últimos anos decorrem da aplicação da política de recupe-ração do valor do salário-mínimo e, em consequência, do piso previdenciário. “Há uma políticade valorização do salário-mínimo, com reajuste do salário-mínimo acima da inflação”, ressalta osecretário de Políticas de Previdência Social, Helmut Schwarzer.

Com a elevação de R$ 380 para R$ 415, o piso previdenciário ficou equivalente, nestemês, a US$ 246,51 (considerando a cotação média do câmbio). O valor atual do salário-mínimoé o maior desde a década de 1980. Em abril de 1982, chegou a valer o equivalente hoje a R$390,25. A recuperação, segundo Schwarzer, é decorrência de uma política de redistribuição derenda, com reajustes maiores para quem ganha o piso.

Poder de compraAo reajustar em 5% os benefícios previdenciários de valor superior ao salário-mínimo,

o Ministério da Previdência Social preservou o poder de compra dos aposentados e pensionis-tas. “A Constituição Federal estabelece que esses benefícios devem ser reajustados de forma apreservar o seu poder de compra. Isso significa que é preciso utilizar um índice de inflação, quemede quanto os preços variaram de um período de reajuste a outro, para repor o poder de

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compra dos aposentados e pensionistas da Previdência Social”, explica o secretário.A Constituição também proíbe que o salário-mínimo seja utilizado como indexador

para o reajuste dos demais benefícios. Com a implantação da política de valorização do salário-mínimo, portanto, o piso aumentou mais do que os demais benefícios. “Isso faz com que pareçaque os benefícios acima do salário-mínimo tenham perdido seu poder de compra, o que não éverdade”, diz.

O governo optou pelo uso do INPC para corrigir os valores dos benefícios porque éum índice consolidado, calculado há décadas pelo IBGE, com pesquisa de preços em todas ascapitais. Além disso, destaca Schwarzer, o INPC mede a variação dos preços para a faixa derenda de até oito salários-mínimos, onde se situa a clientela da Previdência Social.

De 2003 a 2008, os benefícios previdenciários acima do mínimo foram reajustados em51,58%, enquanto o INPC acumulou alta de 50,25%. Já o IPCA (Índice de Preços ao Consumi-dor Amplo), que mede a inflação para a faixa de renda de até 20 salários-mínimos, ficou em48,52%, considerando sempre os períodos entre os reajustes. Já o IPC-3I (Índice de Preços aoConsumidor da Terceira Idade), calculado pela Fundação Getúlio Vargas, ficou em 41,25%entre 2003 e 2007 (os números de fevereiro ainda não foram divulgados).

“Ninguém perdeu poder de compra”, afirma o secretário ao comparar os diversos índi-ces de inflação. De 1996 para cá, o IPC-3I tem ficado próximo ao INPC. No Governo Lula,ficou abaixo do índice do IBGE. Embora reconheça que os aposentados têm custos diferentesda média da população, Schwarzer ressalta que o IPC-3I tem vários inconvenientes. Primeiro,ele mede a variação de preços apenas em São Paulo e Rio. Em segundo lugar, ele lembra que aPrevidência paga benefícios também a pessoas que não são idosas.

Marinho anuncia reajuste para quem ganha acima do piso

Em 07.03, o MPS informou que o ministro da Previdência Social, Luiz Marinho, anun-ciou em São Paulo que os benefícios do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) serão reajus-tados em 5%. A correção é retroativa a 1o de março. Com isso, o valor máximo dos benefícios e dascontribuições passa de R$ 2.894,28 para R$ 3.038,99. A decisão foi tomada em comum acordocom o Ministério da Fazenda e autorizado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Marinho disse que a Dataprev já está preparando a folha de pagamento de benefíciosdeste mês com esse aumento. O governo decidiu antecipar a decisão para ter tempo de rodar afolha com os novos valores, que são reajustados anualmente com base no INPC. Como o índicede fevereiro só será divulgado pelo IBGE no dia 11, o governo decidiu fixar em 5% o reajustee fazer eventuais ajustes posteriormente, caso a inflação seja diferente desse número. A estima-tiva inicial é que a inflação acumulada de março de 2007 a fevereiro deste ano fique em 4,97%.

A portaria, assinada pelos ministros da Previdência Social e da Fazenda, deve ser publicadano Diário Oficial da União em 10.03. A norma estabelece também os novos valores da tabela decontribuição ao INSS e corrige os diversos benefícios pagos pela Previdência Social, comopensões especiais, salário-família e auxílio-reclusão.

O piso das aposentadorias e pensões foi corrigido anteriormente, com o aumento dosalário-mínimo, que passou de R$ 380 para R$ 415 em 1o de março.

Salário-mínimo sobe para R$ 412 no sábadoPublicou O Estado de S. Paulo, em 27.02:O novo salário-mínimo negociado pelo governo, de R$ 412,40, começará a valer em 1o

de março. A informação foi dada pelo ministro do Planejamento, Paulo Bernardo. Sobre omínimo atual, de R$ 380, o reajuste é de 8,52%.

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Segundo o ministro, o valor foi negociado com as centrais sindicais. “Nós estamos noscomprometendo a anualmente corrigir o mínimo com base no crescimento do PIB (ProdutoInterno Bruto) de dois anos anteriores, no caso de 2006, e mais a variação da inflação.”

O acerto com as centrais sindicais antecipando a data do reajuste do salário-mínimopara 1o de março foi posto no texto de um projeto de lei, encaminhado pelo governo ao Con-gresso Nacional em janeiro de 2007, no âmbito do Programa de Aceleração do Crescimento(PAC). O projeto já foi aprovado na Câmara, mas aguarda votação no Senado. Em 2009, peloprojeto, o mínimo será reajustado em 1o fevereiro e, em 2010, em 1o de janeiro.

Em 2011, a data também será 1o de janeiro. O projeto define ainda que o piso salarialserá reajustado com base no crescimento real da economia de dois anos anteriores, acrescido dainflação do período, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC).

Mínimo deve subir para ao menos R$ 412

Por Gustavo Patu, Sucursal de Brasília, da Folha de S. Paulo, em 12.02:O salário-mínimo terá neste

ano um reajuste superior ao previstooriginalmente pelo governo e deverásubir para pelo menos R$ 412 a partirdo próximo mês. Hoje está em R$ 380.Mesmo com a nova conta, porém, oaumento do poder de compra do míni-mo será o menor desde 2005.

Pela regra proposta no ano pas-sado pelo governo Luiz Inácio Lula daSilva, o reajuste deve ser igual à varia-ção da inflação medida pelo INPC maiso crescimento da economiacontabilizado dois anos antes. A revi-são dos indicadores para o Orçamentode 2008, divulgada ontem pelo Con-gresso, aponta que a inflação ultrapassará as previsões anteriores.

Quando elaborou o projeto de lei orçamentária, em agosto passado, estimava-se ummínimo de exatos R$ 407,33, a partir de um INPC acumulado de 3,7% entre abril de 2007 efevereiro deste ano. Com a recente aceleração dos preços, resultado, principalmente, da alta dosalimentos, a nova previsão subiu para 4,6%.

A nova taxa força o governo a acrescentar R$ 5,07 ao valor do mínimo, o que significarámais gastos com previdência, assistência social e seguro-desemprego. Cada R$ 1 acrescentadoao mínimo significa cerca de R$ 180 milhões em gastos da União por ano.

Para quem recebe o mínimo, porém, o ganho real são os mesmos 3,75% referentes aocrescimento do Produto Interno Bruto em 2006, um meio-termo entre os magros índices doinício de seu governo e a bonança dos últimos anos.

Na primeira metade do primeiro mandato, Lula concedeu reajustes reais que somaramapenas 2,4%. Depois, com folga na economia e dificuldades na seara política, os ganhos dosalário-mínimo dispararam, chegando a 13% na campanha eleitoral de 2006.

Dependendo dos números da inflação em fevereiro, a conta pode sair maior. Se usadasas estimativas dos analistas de mercado para a variação dos preços, o mínimo subiria para R$413,54 – e a praxe do governo tem sido a de arredondar para cima e usar valores múltiplos de

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dez. Como as despesas vinculadas ao salário são obrigatórias, será necessário cortar em outras áreas.Ainda assim, o corte total a ser divulgado será menor que os R$ 20 bilhões menciona-

dos pelo governo, graças à nova estimativa de arrecadação concluída pelo senador FranciscoDornelles (PP-RJ).

Fisco facilita restituição de contribuições à Previdência

Por Laura Ignacio, do Valor Econômico, em 13.01:As empresas que contratam serviços executados mediante cessão de mão de obra ou

empreitada, como as construtoras, já podem pedir a restituição de saldos remanescentes deretenções antecipadas de contribuições previdenciárias por meio do programa eletrônico daReceita Federal – o chamado PER/DCOMP.

A novidade, trazida pela Instrução Normativa no 900, publicada em 31 de dezembro de2008 no Diário Oficial da União, é importante para o setor porque, segundo especialistas, vaifacilitar e, possivelmente, acelerar a restituição do tributo para o setor. Até então, o único proce-dimento possível era o preenchimento de formulários em papel – conforme determina a Instru-ção Normativa no 3, de 2005, da antiga Secretaria da Receita Previdenciária – e a espera pelojulgamento do processo administrativo.

Outra novidade trazida pela instrução normativa é que se a contratante fizer a retençãoa maior, a restituição poderá ser pedida tanto pela prestadora de serviço como pela contratante.

A Lei no 9.711, de 1998, tornou obrigatória a retenção da contribuição previdenciária de11% pelas empresas que contratam serviços executados mediante cessão de mão de obra, calcu-lada sobre o valor bruto das notas fiscais ou faturas de prestação de serviços emitidas pelasempresas cedentes. Mas a legislação permite ainda que a contribuição assim descontada podeser compensada, depois, com a que for devida sobre a folha de pagamento da empresa cedentede mão de obra.

É comum entre as empresas haver saldo remanescente após a dedução do valor retidoantecipadamente com a própria contribuição previdenciária. A advogada Bianca Delgado Pi-nheiro, gerente tributária do escritório Décio Freire & Associados, afirma que o acúmulo decréditos decorrentes das retenções é um grande problema das prestadoras de serviços por meiode cessão de mão de obra e empreitada. “Muitas vezes, o total da contribuição a ser recolhidosobre a folha de salários é superior ao valor retido e a saída, nesses casos, é a restituição”, diz.

O problema é que o processo para que o contribuinte obtenha efetivamente a restitui-ção é demorado. Ao desburocratizar o procedimento, o sistema PER/DCOMP pode fazer comque os efeitos no caixa das empresas sejam sentidos mais rapidamente. A advogada do Sindicatoda Construção (Sinduscon) em São Paulo, Rosilene Carvalho Santos, contabiliza que a restitui-ção requerida via papel tem levado entre dois e cinco anos.

“A restituição de tributos administrados pela Receita sempre foi mais rápida por serinformatizada”, diz a advogada. Com o uso da compensação por meio do sistema PER/DCOMP,o fisco permite o abatimento de débitos tributários com créditos e depois tem cinco anos paraverificar se foi correto. Se não for, a empresa é autuada.

O fato de a restituição poder ser pedida tanto pela contratada como pela contratante, sea contratante fizer a retenção a maior, é outra nova disposição da nova norma, segundo Rosilene.Bastará juntar uma autorização expressa da contratada com poderes específicos para receber arestituição e a declaração da contratada de que ela não compensou nem pediu restituição daque-le valor.

As inúmeras limitações à compensação de créditos de contribuições previdenciáriasfazem a restituição via PER/DCOMP ganhar relevância. O advogado Celso Costa, do escritó-

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rio Machado, Meyer, Sendacz e Opice Advogados, lembra, por exemplo, que a legislação vedaque a matriz de uma empresa possa compensar créditos de contribuições previdenciárias comdébitos do tributo de filiais da mesma empresa. “Já recebemos diversas consultas a respeito”,afirma.

Por outro lado, a informatização dos pedidos de restituição de contribuiçõesprevidenciárias vai fazer com que o fisco tenha mais controle sobre as operações envolvidas,segundo Régis Palotta Trigo, do escritório Demarest e Almeida Advogados.

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ANASPS mostra que Lula implantou na prática o orçamento da seguridade para

financiar a despesa de benefícios da Previdência Social

O presidente da Associação Nacional dos Servidores da Previdência e da SeguridadeSocial – ANASPS, Paulo César Régis de Souza, disse hoje que o presidente Lula está implantan-do na prática o Orçamento da Seguridade Social, consideradas as transferências maciças anuaisda Seguridade Social para a cobertura das despesas da Previdência Social.

O DatANASPS, centro de análises estatísticas da ANASPS, concluiu levantamentoassinalando que nos dois governos de Lula, 2003-2008, a arrecadação líquida do INSS no perí-odo alcançou R$ 710,2 bilhões, para uma despesa de R$ 929,3 bilhões, gerando um déficit de R$219,1 bilhões, financiados pelas transferências da União que ascenderam a R$ 324,7 bilhões,também utilizados para pagamento dos benefícios assistenciais e dos Encargos Previdenciáriosda União – EPU.

A ANASPS divulgou dados do DatANASPS sobre as transferências fiscais da Uniãoentre 2003/2008:

Receita Previdenciária

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ANASPS - Associação Nacional dos Servidores da Previdência e da Seguridade Social

Previdência mantém queda na necessidade de financiamento. Arrecadação lí-

quida é a segunda maior da série histórica desde 1995

Em 23.09, o MPS informou que a Previdência Social voltou a registrar queda na necessi-dade de financiamento do regime geral. O percentual foi 13,7% menor, se considerados os valoresacumulados de janeiro a agosto deste ano, em relação ao mesmo período de 2007. Nos oitoprimeiros meses de 2008, a necessidade de financiamento acumulada chegou a R$ 24,9 bilhões, oque representa R$ 4 bilhões a menos do que os R$ 28,9 bilhões do mesmo período de 2007.

A queda na necessidade de financiamento é ainda maior se os cálculos excluírem adespesa de R$ 1,4 bilhão feita excepcionalmente no mês de agosto, com o pagamento da ante-cipação de metade do 13o salário dos benefícios previdenciários de até um salário-mínimo. Nes-sa situação, o valor acumulado nos oito primeiros meses de 2008 atingiu R$ 23,5 bilhões, R$ 5,4bilhões a menos do que o acumulado no mesmo período do ano passado – redução de 18,5% nanecessidade de financiamento.

Os dados foram destacados pelo ministro da Previdência Social, José Pimentel, duranteanúncio do Resultado do Regime Geral de Previdência Social (RGPS) de agosto. Pimentel afir-mou que os números só vêm confirmando o viés de baixa apontado por ele desde que assumiuo ministério.

Com os novos dados, o ministro voltou a afirmar que a necessidade de financiamentoda Previdência poderá fechar 2008 com valor próximo de R$ 38 bilhões, e não de R$ 44 bilhões,como foi previsto no orçamento. Para Pimentel, três fatores impactam positivamente sobre ascontas da previdência: o aumento da formalização do mercado de trabalho; o ganho real dossalários, resultante do crescimento econômico; e a adoção de medidas de gestão internas maiseficientes pelo ministério, que reduzem as despesas e estimulam o aumento do número decontribuintes.

Dados mensais

Os dados do RGPS do mês de agosto mostram que a arrecadação líquida registrada foia segunda maior, se considerada a série histórica desde 1995. A receita foi de R$ 13,2 bilhões,valor 5,4% maior que a arrecadação registrada em agosto de 2007, de R$ 12,5 bilhões.

A despesa com benefícios chegou a R$ 17,3 bilhões, resultando numa necessidade definanciamento de R$ 4,1 bilhões, valor 86% maior do que os R$ 2,1 bilhões gastos em julho. Oaumento das despesas, segundo o secretário de Políticas de Previdência Social, Helmut Schwarzer,ocorreu em função da antecipação da primeira parcela do 13o salário.

Também foram apresentados dados excluindo o pagamento da metade do 13o. Nestecaso, a despesa com benefícios ficou em R$ 15,9 bilhões, resultando numa necessidade de finan-ciamento de R$ 2,7 bilhões.

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Do total pago em benefícios previdenciários em agosto – sem levar em consideração aantecipação da parcela do 13o salário –, R$ 12,5 bilhões foram destinados a benefícios de segu-rados urbanos e R$ 3,2 bilhões aos de trabalhadores rurais.

Acumulado

De janeiro a agosto de 2008, a arrecadação líquida atingiu o montante de R$ 102 bi-lhões, o que corresponde a um aumento de 9,6% em relação aos R$ 93 bilhões arrecadados nomesmo período de 2007.

As despesas, por sua vez, chegaram a R$ 126,9 bilhões, um aumento de 4,1% em relaçãoao mesmo período de 2007, quando a Previdência gastou R$ 121,9 bilhões.

Superávit

O ministro José Pimentel também destacou o superávit de R$ 181 milhões registradono setor urbano, no mês de agosto, se forem excluídas as despesas com o 13o salário. “Emboramenor que outros valores já registrados, o superávit deste mês é uma tendência que deve semanter”, destacou.

Pimentel comemora recorde de arrecadação em 13 anos. Déficit da Previdência

cai 37% e reduz projeção do ano

Em 26.08, o MPS informou que a Previdência Social registrou, em julho, recorde dearrecadação líquida e de redução da necessidade de financiamento do Regime Geral de Previ-dência Social (RGPS). A arrecadação chegou a R$ 13,2 bilhões e a despesa com benefícios ficouem R$ 15,4 bilhões, resultando numa necessidade de financiamento de R$ 2,2 bilhões.

Os dados foram divulgados pelo ministro da Previdência Social, José Pimentel, e mostramque a arrecadação foi 9,9% maior, em comparação com os R$ 12 bilhões recolhidos no mesmo mêsdo ano passado, se considerada a série histórica registrada desde 1995. Já a queda na necessidade definanciamento foi de 37%, se comparados com os R$ 3,45 bilhões de julho de 2007. A despesa combenefícios previdenciários também diminuiu 0,6% em relação a julho de 2007.

O ministro afirmou, durante entrevista coletiva, que o aumento da arrecadação foiresultado principalmente do aumento da formalização da mão de obra no mercado de trabalho.Segundo dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério doTrabalho e Emprego, 309 mil novos postos de trabalho foram criados em todo o país em junho,um crescimento de 1,03% em relação ao estoque de empregos de maio.

O ganho real dos salários pagos no país foi outro fator destacado pelo ministro para amelhora das contas previdenciárias. Ele destacou, ainda, as melhorias de gestão dos benefíciosprevidenciários, promovidas pelo ministério, como ponto determinante para a redução das despesas.

Segundo Pimentel, a soma desses fatores tem garantido as condições para que a Previ-dência Social consolide sua trajetória superavitária. O ministro confirmou essa tendência dequeda com projeções que indicam uma necessidade de financiamento de R$ 38 bilhões até ofinal de 2008. Isso demonstra, disse ele, que a previsão de R$ 43 bilhões para 2009, aprovada naLei de Diretrizes Orçamentárias, poderá ser reduzida.

Pela nova contabilidade – que considera como receita as renúncias –, os recursos financei-ros necessários para equilibrar as contas da Previdência Social de julho seriam de R$ 907,1 milhões,e não de R$ 2,2 bilhões. A explicação é simples: a Previdência Social deixou de arrecadar 1,270bilhão com entidades filantrópicas, com o Simples e com a exportação da produção rural.

Acumulado

De janeiro a julho deste ano, o total de recursos que faltaram para equilibrar as receitas edespesas da Previdência Social foi de R$ 20,8 bilhões, o que corresponde a uma queda de 20,1%em relação à necessidade de financiamento da Previdência nos primeiros sete meses de 2007.

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De janeiro a julho de 2008, a arrecadação líquida atingiu o montante de R$ 88,6 bilhões,o que corresponde a um aumento de 10,2% em relação aos R$ 80,3 bilhões arrecadados nomesmo período de 2007.

Receita Federal começa operação para comprovar sonegação em Contribuições

Previdenciárias. Indícios de sonegação no âmbito das Contribuições Previdenciárias

estarão sob o foco do novo programa de fiscalização da Receita Federal

Em 23.06, anunciou a Secretaria da Receita Federal do Brasil que iniciará o terceiroprograma integrante da Estratégia Nacional de Atuação da Fiscalização – ENAF para o ano de2008. O anúncio da operação foi feito hoje em Brasília pelo Secretário Adjunto da RFB, PauloRicardo, e pelo Coordenador Geral de Fiscalização, Marcelo Fisch.

A nova ação estará direcionada a contribuintes com indícios de sonegação no âmbitodas Contribuições Previdenciárias, e abrangerá inicialmente 1.700 empresas de um total de6.455 contribuintes com indícios que demonstram possível existência de sonegação, apresentan-do divergências na base de cálculo em valores aproximados de R$ 15 bilhões.

Os contribuintes selecionados apresentaram divergências entre os dados declarados naGuia de Recolhimento do FGTS e na Guia de Informações à Previdência Social – GFIP, e osdados informados na Declaração do Imposto de Renda Retido na Fonte – DIRF ou na Decla-ração de Informações Econômico-Fiscais da Pessoa Jurídica – DIPJ.

Esta ação decorre principalmente do cruzamento de dados possibilitado pela unifica-ção das antigas Secretaria da Receita Federal e Secretaria da Receita Previdenciária.

Abrangência Nacional

Em atenção aos preceitos da ENAF, este novo programa será efetivado em todo oterritório nacional, com a participação simultânea e integrada de todas as unidades da Secretariada Receita Federal do Brasil.

Desta forma, a RFB mantém seu compromisso de combate à sonegação e aos ilícitosfiscais, buscando paralelamente o cumprimento espontâneo das obrigações tributárias, em vistada elevação da percepção de risco por parte do sujeito passivo.

Contribuições Previdenciárias

A RFB efetuou o cruzamento da remuneração “dos empregados” ou “dos contribuin-tes individuais” declarada em GFIP com os valores constantes da DIRF ou da DIPJ, conformea situação analisada.

Os contribuintes selecionados apresentaram inconsistências, tais como divergênciasdetectadas entre os:

• valores declarados em DIRF, com vínculo empregatício, e a remuneração de emprega-dos declarada em GFIP;

• valores declarados em DIRF, sem vínculo empregatício, e a remuneração de contribu-intes individuais declarada em GFIP;

• rendimentos do trabalho assalariado declarado na DIPJ e a remuneração de emprega-dos declarada na GFIP;

• rendimentos do trabalho sem vínculo empregatício declarado na DIPJ e a remunera-ção de contribuintes individuais declarada na GFIP.

Nos dois primeiros casos mencionados (confronto entre a GFIP e a DIRF), a RFBselecionou 3.426 contribuintes, para os quais há indícios de sonegação, com divergências deaproximadamente R$ 7,8 bilhões na base de cálculo das contribuições em questão.

Outros 2.257 contribuintes foram identificados após o cotejo da GFIP com os “rendi-mentos do trabalho assalariado” declarados na DIPJ. Nesse caso foram encontrados na base de

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cálculo das contribuições indícios de omissão que somam aproximadamente R$ 4,4 bilhões.Também foram selecionados mais 772 contribuintes, em razão do cruzamento da GFIP

com os “rendimentos do trabalho sem vínculo empregatício” declarados em DIPJ. Para estasituação constataram-se indícios de sonegação na base de cálculo das contribuições previdenciárias,com divergências de aproximadamente R$ 2,8 bilhões.

Procedimentos FiscaisA partir de 23.06.2008, a Receita Federal iniciará os procedimentos de fiscalização, inti-

mando 1.700 contribuintes. No decorrer de 2008, novos procedimentos fiscais poderão serinstaurados.

Os contribuintes que optarem por regularizar a sua situação, desde que antes do recebi-mento da intimação inicial da Receita Federal, deverão providenciar a retificação da declaração,pagando eventuais diferenças das contribuições, devidamente acrescidas de juros e multa de mora.

Na hipótese de comprovação dos indícios de irregularidades apontados, os contribuintesestarão sujeitos à autuação, incorrendo em juros de mora e multa, que variará de 24% a 100%. Noscasos em que for comprovada fraude, os autuados poderão responder criminalmente.

Déficit da Previdência cai mais de 22% em maio. Arrecadação líquida cresceu

9,5%, enquanto aumento das despesas foi de 1,8%

Em 19.06, o MPS informou que a necessidade de financiamento do Regime Geral dePrevidência Social (RGPS) caiu 22,9% em maio deste ano em relação ao mesmo mês de 2007. Oresultado – R$ 2,753 bilhões – ficou abaixo da previsão do Ministério da Previdência Social, queesperava um déficit de R$ 3,1 bilhões. O número, segundo o secretário de Políticas de Previdên-cia Social, Helmut Schwarzer, confirma a projeção de fechar o ano com necessidade de financi-amento de R$ 42 bilhões – no início do ano, o Ministério trabalhava com estimativa de déficit deR$ 43,9 bilhões para 2008.

Mesmo a previsão de R$ 42 bilhões é conservadora e pode ser bastante reduzida nodecorrer do segundo semestre, afirmou o secretário. Ele disse que a estimativa de R$ 40 bilhões,feita pelo Tesouro Nacional, “é factível”. Se confirmada a projeção, será a primeira vez, desde1995, quando teve início a sequência de déficits previdenciários crescentes, que ocorre umainversão de tendência. A tendência de queda começou a ser registrada no ano passado, quandoa necessidade de financiamento caiu de 1,8% para 1,75% do PIB.

Apesar desses números positivos, a Previdência Social continua registrando déficit. Ascontas do mês de maio fecharam com resultado negativo de quase R$ 3 bilhões, diferença entreos R$ 12,6 bilhões de arrecadação líquida e as despesas de R$ 15,4 bilhões com pagamento debenefícios.

“A receita continua num patamar extremamente elevado em função do bom desempe-nho do mercado de trabalho, fundamentalmente o urbano”, explicou hoje Schwarzer, durante adivulgação dos números do mês maio.

No mês passado, as receitas líquidas da Previdência Social aumentaram 9,5% em com-paração com maio do ano passado, cinco vezes mais do que as despesas, que cresceram 1,8%. Jána comparação com abril deste ano, houve queda de 0,9% nas receitas e de 1,1% nas despesas.O “leve recuo”, entretanto é, segundo o secretário, um fenômeno atípico, já que a tendênciasempre foi de crescimento. Schwarzer disse que uma possível explicação para o comportamentodas despesas também pode ser a recuperação do mercado de trabalho, que estaria levando aspessoas a procurarem menos os benefícios sociais.

Acumulado

De janeiro a maio deste ano, a necessidade de financiamento da Previdência Social foi

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de R$ 15,538 bilhões, com queda de 16,8% em relação a igual período do ano passado. Foramarrecadados R$ 61,422 bilhões no período (aumento de 10,3%) e gastos R$ R$ 76,960 bilhõescom pagamento de benefícios previdenciários (crescimento de 3,5%).

A necessidade de financiamento da previdência urbana no período foi de R$ 2,2 bi-lhões, enquanto a da previdência rural fechou em R$ 13,329 bilhões. Os dados divulgados hoje(19) mostram queda significativa no déficit da previdência urbana, que no mesmo período doano passado acumulou saldo negativo de R$ 5,821 bilhões. Já o déficit da previdência rural subiude R$ 12,849 bilhões para R$ 13,329 bilhões.

Na nova contabilidade, entretanto, a previdência urbana acumulou superávit de R$ 3,265bilhões no período. Essa nova metodologia considera como receitas as renúncias de contribui-ções concedidas a entidades filantrópicas, à exportação da produção rural e às empresas optantespelo Simples. Neste ano, a Previdência Social já deixou de arrecadar R$ 6,4 bilhões por causa dasrenúncias. Somente o Simples custou R$ 3,4 bilhões à Previdência. Com as filantrópicas, aPrevidência perdeu outros R$ 2 bilhões.

Déficit da previdência cai 15,3% no quadrimestre. Mesmo com queda despesas

ainda superam receitas em R$ 12,6 bilhões

Publicou o site do MPS, em 20.05:O MPS informou que a necessidade de financiamento da Previdência Social caiu 15,3%

de janeiro a abril deste ano, em comparação com igual período de 2007, e fechou o quadrimestreem R$ 12,663 bilhões, de acordo com dados divulgados pelo secretário de Políticas de Previdên-cia Social, Helmut Schwarzer. A queda no déficit é resultado de arrecadação líquida de R$48,308 bilhões e despesa de R$ 60,971 bilhões.

A arrecadação líquida da Previdência aumentou, no período, 10,5% em valores reais,principalmente por causa do comportamento favorável do mercado de trabalho. As despesascresceram 3,9% no quadrimestre, refletindo o impacto do aumento real do salário-mínimo e dareposição da inflação para os demais benefícios, feitos em março.

Schwarzer disse que as despesas têm ficado abaixo do projetado inicialmente pelo Mi-nistério da Previdência Social. E as receitas têm superado as previsões devido ao bom desempe-nho da economia. “A continuar este cenário, vamos ter uma queda significativa no déficit desteano”, afirmou. No início do ano, o Ministério previa um déficit de R$ 44 bilhões para 2008.Com o resultado do primeiro quadrimestre, a previsão foi reduzida para R$ 42 bilhões, “comviés de baixa”, explicou.

Se a expansão do mercado de trabalho se mantiver no mesmo ritmo até o final do ano,a necessidade de financiamento pode ficar abaixo dos R$ 42 bilhões. No ano passado, o déficitficou em R$ 46 bilhões (em valores corrigidos pelo INPC).

Abril

A necessidade de financiamento de abril foi de R$ 2,787 bilhões, valor 8,1% inferior aoregistrado no mesmo mês do ano passado. Em relação a março, porém, o déficit cresceu 5,1%,porque as despesas foram impactadas pelo aumento real, em março, do salário-mínimo e doreajuste de 5% nos demais benefícios. Schwarzer informou que o reajuste do salário-mínimoacima da inflação representou aumento de gastos de R$ 800 milhões em março e de R$ 600milhões em abril. Neste ano, a Previdência terá um gasto extra de R$ 8,736 bilhões em funçãodo reajuste dos benefícios.

Com o reajuste dos valores dos benefícios, a despesa previdenciária de abril ficou em R$15,428 bilhões. Já a arrecadação líquida do mês foi de R$ 12,641 bilhões e as receitas correntesfecharam em R$ 13,081 bilhões. O valor da arrecadação, informou Schwarzer, é recorde histó-

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rico, só superado pelos meses de dezembro (a receita de dezembro é maior por causa do 13o

salário). “A taxa de expansão da arrecadação tem sido forte”, comentou.Fator

As propostas de extinção do fator previdenciário e de reajuste de todos os benefíciospelo mesmo índice de correção do salário-mínimo, em discussão na Câmara dos Deputados,afetam o equilíbrio da Previdência Social no longo prazo, e não ajudam a reduzir as desigualda-des no país. “Do ponto de vista financeiro e do equilíbrio, esses projetos são inviáveis”, afirmouo secretário. Ele explicou que os dois projetos “têm efeito negativo sobre a distribuição derenda”, já que os mais pobres não conseguem comprovar 35 anos de trabalho com registro emcarteira e contribuição ao Instituto Nacional do Seguro Social (INSS).

Previdência reclama da Receita Federal

Por Marcos Seabra, da Gazeta Mercantil, São Paulo, em 13.05:O secretário de Políticas de Previdência Social do Ministério da Previdência, Helmut

Schwarzer, afirmou à Gazeta Mercantil que a Receita Federal está “atropelando” seus afazeres.Schwarzer disse que se não for para a secretaria formular políticas de previdência social, é me-lhor extingui-la. O secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, Bernard Appy,nega as acusações. O conflito começou com a criação da Receita do Brasil ou Super-Receita,fusão da Receita Federal com os órgãos de arrecadação do INSS, e piorou depois que a propostade reforma tributária, enviada pelo governo ao Congresso, modificou o sistema de financiamen-to da Previdência.

O projeto de consolidação das leis e normas da Previdência, aliado à proposta de refor-ma tributária, ambos em tramitação no Congresso, está colocando em xeque as relações entrealgumas áreas do Ministério da Previdência e a antiga Receita Federal O projeto de consolidaçãodas leis e normas da Previdência, aliado à proposta de reforma tributária, ambos em tramitaçãono Congresso, está colocando em xeque as relações entre algumas áreas do Ministério da Previ-dência e a antiga Receita Federal.

O secretário de Políticas de Previdência Social do Ministério da Previdência, HelmutSchwarzer, chegou a acusar a Receita de estar “atropelando” seus afazeres. Schwarzer afirmouque, se não for para a secretaria formular Políticas de Previdência Social, é melhor extingui-la.“Muitas decisões foram tomadas unilateralmente (pela Receita do Brasil ou Super-Receita, jun-ção da Receita Federal com os órgãos de arrecadação do INSS), sem consultar o Ministério daPrevidência”, reclamou.

O projeto de reforma tributária, por sua vez, tornou política uma discussão até entãorestrita aos corredores do Palácio do Governo: o financiamento da Previdência. Schwarzer tam-bém criticou a absorção de atribuições de sua secretaria pela Super-Receita, que desde 2006concentra a arrecadação de todos os tributos na esfera da União, incluindo as contribuiçõesprevidenciárias – até então recolhidas pelo INSS.

O secretário aponta que o esvaziamento da secretaria da qual é titular vai prejudicar oscontribuintes. “É importante ficar claro que a formulação de políticas de previdência continuasendo atribuição da Secretaria de Políticas de Previdência Social; e que cabe à Super-Receita aoperacionalização da política de arrecadação”, afirmou. “Gradativamente, estamos consolidan-do esse processo para que não haja nenhum prejuízo a nenhum contribuinte.”

O secretário reclamou ainda que a Receita tem causado prejuízos ao Instituto Nacionaldo Seguro Social (INSS). Ele citou, como exemplo, decisão recente da Super-Receita que deter-minou a devolução de valores pagos indevidamente por segurados agentes políticos ao INSS,após o Supremo Tribunal Federal (STF) decidir que a lei sobre tais recolhimentos era

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inconstitucional. De acordo com o secretário, os benefícios pagos a contribuintes – que foramexcluídos do INSS pela decisão judicial – não foram reavidos.

Para Schwarzer, a Super-Receita deveria ir atrás das viúvas que estavam recebendo be-nefícios com base na lei declarada inconstitucional, cancelar seu benefício e reaver os valoresque a Previdência já tivesse desembolsado.

Após a criação da Super-Receita, o órgão passou a se encarregar da cobrança de débitosprevidenciários e ao Ministério da Previdência restou apenas gerenciar a concessão de benefícios.“Acho equivocado tratarmos financiamento e benefícios como duas coisas diferentes”, criticou.

Reforma tributária

O que Schwarzer deixou transparecer em suas críticas à interferência da Super-Receitana Previdência se consolidam em alguns trechos da proposta da reforma tributária. No bojo doprojeto, o governo altera a forma de financiamento da Previdência no País. Mas o secretário dePolítica Econômica do Ministério da Fazenda, Bernard Appy, afirma que a reforma é neutra doponto de vista da seguridade social.

Appy lembra que a seguridade é financiada pela Cofins e pela CSLL. A reforma tributá-ria unificará a Cofins com o PIS, a Cide e o salário-educação, que serão incorporados ao Impos-to sobre Valor Adicionado Federal (IVA-F). Já a CSLL será unificada com o Imposto de Rendada Pessoa Jurídica (IRPJ). Appy argumenta que, após a reforma, a seguridade vai receber oequivalente a 38,8% do valor arrecadado com os tributos. Esse percentual, segundo ele, manteráo valor correspondente ao que a seguridade recebe hoje da Cofins e da CSLL.

O secretário disse ainda que a vantagem da reforma tributária é que haverá menosvolatilidade das fontes de financiamento da Previdência. Ele lembrou que, atualmente, há osci-lação na quantia arrecadada por alguns tributos de acordo com as variações da economia. Coma reforma, segundo Appy, o financiamento terá uma base ampla de arrecadação e tende a variarmenos.

O professor Fernando Antonio Rezende da Silva, da Escola de Administração da Fun-dação Getúlio Vargas, acredita que ainda não é possível saber o que significará a substituição deitens específicos do financiamento da Previdência, como as contribuições sociais, por uma per-centagem dos recursos arrecadados com alguns tributos.

Porém, o professor alertou sobre a possibilidade de que os recursos para a Previdênciadiminuam em caso de crise econômica, um período em que há maior demanda de benefícios.

Para o professor, a nova regra sugerida pelo governo é semelhante ao que ocorre com aeducação. Segundo ele, a vantagem é que “o Imposto de Renda estará na base do financiamentoda Previdência, o que aumentará a distribuição de renda no sistema”. Haverá ainda a redução daalíquota de contribuição patronal à Previdência, que será compensada com a criação de umanova fonte de financiamento.

Déficit da Previdência cai 31,2% em fevereiro. Na área urbana, houve superávit

pela primeira vez desde 2003

Em 27.03, o MPS informou que a necessidade de financiamento do Regime Geral dePrevidência Social (RGPS) caiu 31,2% em fevereiro deste ano em comparação com o mesmomês do ano passado, informou hoje (27) o secretário de Políticas de Previdência Social, HelmutSchwarzer. Ele destacou que pela primeira vez desde 2003 houve superávit nas contas da previ-dência da área urbana tanto no conceito tradicional quanto na nova metodologia de cálculo.

Com o resultado de fevereiro, o Ministério reduziu a projeção de déficit para este anoem quase R$ 1 bilhão, passando de R$ 43,9 bilhões para R$ 43 bilhões. “Podemos hoje comcerto grau de segurança reduzir a projeção do ano para R$ 43,0 bilhões, com viés de baixa”,

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afirmou o Schwarzer.A nova projeção, segundo ele, já incorpora o impacto do reajuste dos benefícios

previdenciários em vigor desde 1o de março. Nessa projeção, o Ministério prevê uma arrecada-ção de R$ 158 bilhões e despesas de R$ 201 bilhões.

Arrecadação

A arrecadação líquida das receitas previdenciárias aumentou 8,4% na comparação comfevereiro de 2007 e atingiu R$ 11,927 bilhões, enquanto as despesas se estabilizaram em R$13,954 bilhões. O resultado foi um déficit de R$ 2,027 bilhões, que corresponde a uma queda de31,2% em relação ao déficit de R$ 2,947 bilhões de igual mês de 2007.

Schwarzer atribuiu o bom resultado ao crescimento da arrecadação devido ao nível deatividade econômica e ao bom desempenho do mercado de trabalho, que continuou a ampliar onúmero de vagas com carteira assinada neste início de ano. Outro fator que contribuiu para aqueda do déficit foi a estabilização das despesas. “O resultado nos surpreendeu”, comentou osecretário, que esperava que a necessidade de financiamento ficasse em torno de R$ 2,4 bilhões.

A arrecadação líquida ficou próxima do recorde de agosto de 2007, quando ficou emR$ 12,05 bilhões. “O cenário continua favorável com a recuperação do emprego e crescimentoda economia”, disse. Schwarzer explicou que a estabilização das despesas deve-se, provavelmen-te, à queda no estoque de auxílio-doença.

Previdência urbana

Helmut Schwarzer disse que a arrecadação líquida da previdência dos trabalhadoresurbanos foi de R$ 11,623 bilhões. As despesas totalizaram R$ 11,218 bilhões, o que resultou emsuperávit de R$ 405,7 bilhões, pela contabilidade tradicional (metodologia que não inclui comoreceita as renúncias de receitas). Se for considerada a nova metodologia, aprovada no FórumNacional de Previdência Social, o superávit da previdência urbana sobre para R$ 1,484 bilhão.

O resultado, segundo Schwarzer, indica que a previdência urbana pode fechar este anoequilibrada ou até com superávit, conforme já disse o ministro Luiz Marinho. “Tivemos um fatoinusitado na área urbana, porque houve superávit também na contabilidade tradicional”, co-mentou o secretário.

Arrecadação da Previdência bate recorde em janeiro. Mas pagamento de

precatórios aumenta necessidade de financiamento

Em 26.02, o MPS informou que as receitas correntes do Regime Geral de PrevidênciaSocial, em janeiro, chegaram a R$ 12,7 bilhões, 16,8% acima da arrecadação de igual mês do anopassado, de acordo com dados divulgados pelo secretário de Políticas de Previdência Social,Helmut Schwarzer. A arrecadação é recorde histórico, só superada pelos meses de dezembro.Mas houve crescimento na necessidade de financiamento, que atingiu R$ 5,088 bilhões, porcausa da concentração de pagamentos de sentenças judiciais em janeiro, o que elevou as despe-sas em 17,4% (R$ 16,295 bilhões).

A Previdência Social pagou, em janeiro, R$ 2,437 bilhões em sentenças judiciais, o queexplica a elevação do déficit de R$ 3,894 bilhões para os R$ 5,088 bilhões no período. A concen-tração de pagamentos de precatórios, segundo o secretário, foi um fato atípico: a média mensalde gastos com sentenças é normalmente em torno de R$ 250 milhões. Se fosse mantida a média,haveria queda na necessidade de financiamento. Em compensação, com esses pagamentos emjaneiro, o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) eliminou boa parte das despesas de 2007com precatórios. O orçamento do MPS prevê gastos de R$ 5,167 bilhões para pagamento desentenças.

Essa despesa, ressaltou Schwarzer, já estava prevista na projeção da necessidade de

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financiamento deste ano, estimada pelo ministro Luiz Marinho em R$ 43,9 bilhões. A concen-tração dos pagamentos em algum mês também já era esperada. No ano passado, houve concen-tração no mês de março, quando foram pagos R$ 2,22 bilhões em precatórios. Em 2006, houveconcentração em janeiro, com o pagamento de R$ 1,63 bilhão de sentenças.

Medidas de gestão

O resultado das contas do INSS em janeiro “foi muito favorável”, disse o secretário.Além do aumento das receitas correntes e da continuidade da recuperação do mercado detrabalho, as despesas do INSS, excluindo os pagamentos de sentenças judiciais, cresceram ape-nas 1,1% em relação a janeiro do ano passado. Segundo o secretário, as medidas de gestão têmmantido os gastos sob controle.

“A despesa está bastante estável e o que contribuiu para isso foi a redução do auxílio-doença”, comentou Schwarzer. O estoque de auxílio-doença caiu de 1,402 milhão para 1,183milhão, o equivalente a 15,7%, entre janeiro de 2007 e janeiro deste ano. Parte desses benefíciosfoi reclassificada como auxílio-doença por acidente de trabalho, item que cresceu 38,4% noperíodo devido à entrada em vigor, em abril, do Nexo Técnico Epidemiológico (Ntep). A quan-tidade de benefícios pagos também está estabilizada no patamar próximo ao de 2006 e 2007.

Transferências

As transferências da Previdência Social ao sistema S (Sesi, Senai, Sesc, Senac e Sebrae) eao Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) aumentaram 40,7% no mêspassado em comparação com janeiro de 2007. Foram R$ 2,105 bilhões. Schwarzer explicou queas transferências recordes refletem a boa arrecadação de dezembro, já que os recursos são repas-sados no mês seguinte.

Devido às transferências, a arrecadação líquida da Previdência ficou em R$ 11,206 bi-lhões, com incremento de 12,2% no período.

Caos nos balcões da Receita está longe do fim. Regras que tornam mais atraente

carreira na Previdência podem provocar fuga de técnicos, piorando atendimento

Por Herinque Gomes Batista, de O Globo, em 07.09:O caos no atendimento da Receita Federal, admitido pela secretária do órgão, Lina

Maria Vieira, um mês depois de tomar posse, não só se mantém como tende a se agravar,segundo servidores e líderes sindicais. Além de não ter anunciado até o momento qualqueralteração na relação do Fisco com o contribuinte, o problema da debandada de servidores daReceita para outros órgãos deve se intensificar. O motivo? As novas correções salariaisestabelecidas pelo governo, que tornam a carreira previdenciária mais atraente que a fazendária.Os dois órgãos estão juntos na Super-Receita.

“Esse atendimento está pior que o de empresa de telefonia celular”, afirmou MaristelaBatista, atendente comercial de 40 anos que vive em Gama, cidade satélite de Brasília, referindo-se ao posto da Receita na capital da República.

Ela passou dois dias completos nas dependências do posto central de Brasília, pararesolver uma pequena pendência em seu CPF. Acompanhada do pai, o potiguar Assis Paes, de80 anos, teve mais sorte: só conseguiu resolver o problema dele, após uma hora de espera, graçasao privilégio no atendimento a idosos. Ela lembrou que teve de se deslocar 40 quilômetros, poisexistem apenas dois postos da Receita no Distrito Federal.

Paulo Antenor de Oliveira, presidente do Sindicato Nacional dos Analistas Tributáriosda Receita Federal do Brasil (Sindireceita), disse que situações como essa são constantes.

Segundo ele, tudo se mantém da mesma forma desde que Lina – que foi procurada peloGlobo, mas não quis dar entrevista – reconheceu que o atendimento era caótico: “Não vimos

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qualquer mudança prática. Por enquanto, está tudo nas ideias e, mesmo assim, as propostas sãoinsuficientes”.

Ele afirmou que não existe treinamento adequado, mesmo dos servidores que tiveramde passar a atender questões previdenciárias. Oliveira conta que nenhuma das propostas levan-tadas até o momento prevê a desburocratização do órgão: “Às vezes, um problema pequeno,um erro de guia de cem reais, passa por três Estados antes de ser resolvido”.

Essa situação é a vivida pelo servidor público Jânio César Lopes dos Santos, de 31 anos.Também tentando resolver um antigo débito em seu CPF, ele terá de voltar mais uma

vez à Receita: “Paguei a minha multa, vim até aqui com o documento do Banco do Brasil emmãos, mas eles me disseram que não podem fazer nada, que tenho de aguardar o envio docomprovante do banco pelo sistema”, disse

Secretária da Receita diz que atendimento ao cidadão vive um “caos”

Por Henrique Gomes Batista, de O Globo, em 07.08:Brasília – Em um evento interno, a nova secretária da Receita Federal, Lina Viera, recla-

mou do atendimento ao contribuinte da Receita Federal, órgão que ela assumiu na semanapassada. Segundo ela, “estamos correndo atrás do prejuízo em relação ao caos que estamosvivendo na ponta (final do atendimento ao contribuinte)”.

Ela também criticou a forma como foi feita a fusão da antiga Secretaria da ReceitaFederal com a Secretaria de Receita Previdenciária, ocorrida no ano passado.

“Temos passado por muitas dificuldades principalmente no atendimento, algumas alte-rações e vivências constrangedoras para quem trabalha atendendo ao cidadão”, afirmou noevento, sem saber da presença da imprensa.

Lina Maria Vieira assumiu o cargo na semana passada após a saída de Jorge Rachid, queestava à frente da Receita desde o início do governo Luiz Inácio Lula da Silva.

A secretária afirmou ainda que já possui uma minuta para criar a carreira fazendária,pedido da categoria. Segundo ela, é necessário resolver algumas pendências decorrentes da fu-são dos dois órgãos de arrecadação:

“Estamos lutando para que saia logo a tal carreira fazendária para que eles (os originá-rios da Receita Previdenciária) possam enxergar alguma luz nessa organização que os acolheu”,disse, lembrando que alguns destes funcionários recebem menos do que se estivessem no INSSe alguns, insatisfeitos, estão voltando para a Previdência.

Ela admitiu que muitos servidores estão “magoados” com a forma que foram recebi-dos na organização.

“Nós precisamos abrir a nossa casa e recebê-los bem. Foi a orientação que recebemos.Quando cheguei à casa, a fusão já tinha acontecido. Não vivi esse momento. Mas sinto, pelo queestamos colhendo, que algumas coisas não foram bem feitas nessa área de pessoal”, admitiu.

De acordo com ela, agora é preciso um preocupação maior com a situação, pois asorganizações são feitas de pessoas.

Sobre a saída de Jorge Rachid, Lina Vieira afirmou ter sido uma perda, porque o ex-secretário fez um “excelente trabalho enquanto ficou à frente da Receita Federal”, mas que atemporariedade no cargo e as mudanças são salutares para que as pessoas tenham a chance de“um dia” administrar o órgão. Esta foi a primeira vez que a nova secretária falou em públicosobre as mudanças na Receita.

“Acho importante essa visão. Não temos que ficar só lastimando. Temos que aproveitaro que transcorreu com muito êxito. Com muita competência”, disse.

Em comunicado, o Ministério da Fazenda anunciou no dia 31 de julho que Lina Maria

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Vieira substituiria Rachid na Receita Federal. Funcionária de carreira desde 1976, Lina foi duasvezes secretária da Fazenda do Rio Grande do Norte e é presidente do Fórum Fiscal dos Esta-dos Brasileiros. Atualmente, ela é superintendente regional da Receita em Pernambuco.

Aos 57 anos, tem fama de durona com as metas de fiscalização e arrecadação. Malassumiu e já está sendo chamada de “Leoa”, em alusão ao símbolo do Fisco. Não é um persona-gem, porém, de consenso. Sua indicação causou surpresa e dividiu opiniões.

Lina Vieira participou da abertura do Seminário sobre Planejamento Estratégico doperíodo 2008-2011 organizado pela Coordenação Geral de Tributação, em Brasília.

MP revoga depósito prévio em recurso administrativo ao INSS

Por Fernando Teixeira e Zínia Baeta, de Brasília e São Paulo, do Valor Econômico, em 07.01:O pacote de medidas fiscais do governo federal trouxe, ao menos, uma boa notícia para

os contribuintes. O governo revogou, por meio da Medida Provisória no 413, a obrigatoriedadedo depósito prévio para recorrer administrativamente em processos que tratam de questõesprevidenciárias. No percentual de 30% do valor discutido, o depósito ainda vinha sendo exigidodos contribuintes mesmo após o julgamento do Supremo Tribunal Federal (STF) que em 2007considerou inconstitucional a exigência para os recursos ao Conselho de Contribuintes da Re-ceita Federal em uma ação direta de inconstitucionalidade (Adin) e o mesmo para o INSS,porém, em um recurso extraordinário.

A medida é bem recebida, pois as empresas vinham propondo mandados de segurançano Poder Judiciário para não serem obrigadas a efetuar os depósitos. A euforia dos contribuin-tes com a novidade, no entanto, pode receber um balde de água fria. Com o fim da exigência,advogados e empresas esperavam levantar os valores depositados em processos antigos. Istoporque a Receita Federal, em um ato normativo do ano passado, já liberou as empresas dearrolarem bens como garantia em processos administrativos, assim como desvencilhou os bensoferecidos em processos anteriores. O mesmo não ocorreu para o INSS, que ao contrário daReceita, exigia os depósitos em dinheiro.

O procurador-geral adjunto da Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional (PGFN), Fa-brício Da Soller, afirma que a decisão de dar fim à exigência do depósito ocorreu por questõesde economia processual, para evitar recursos judiciais desnecessários. Mas, segundo ele, não háplanos de se estender o benefício aos casos antigos em que o depósito já foi efetuado. Da Sollerdiz que a Procuradoria chegou a estudar o fim da exigência para as empresas que já haviamrealizado o depósito, mas a ideia esbarrou na falta de uma estimativa precisa sobre o impactoorçamentário que a medida teria, uma vez que não se sabe quanto há em depósitos.

De acordo com Da Soller, a decisão do Supremo sobre o depósito prévio do INSSocorreu em uma ação de controle difuso de constitucionalidade – um recurso extraordinário –e, neste caso, o Poder Executivo não é obrigado a seguir a decisão. A Procuradoria achou melhorrevogar a exigência porque as empresas entravam com mandados de segurança contra a obriga-ção, inevitavelmente deferidos em razão do precedente do Supremo, mas os procuradores daFazenda eram obrigados a recorrer.

Outro problema é que a decisão do Supremo declarou inconstitucional a Lei no 8.870,de 1994, mas a redação do dispositivo em vigor está em uma nova lei, de 2005. Assim, se aPGFN emitir um ato declaratório para autorizar os procuradores a não recorrerem, a medidaficaria limitada ao dispositivo abordado pelo Supremo. A empresa que tentar reaver os depósi-tos antigos continuará a enfrentar recursos da Fazenda, a não ser que a exigência do depósitopelo INSS seja alvo de uma súmula vinculante do próprio Supremo ou de uma resolução doSenado Federal endossando a decisão do tribunal.

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1a Turma nega recurso que tentava reduzir pena por fraude ao INSS

Em 09.12, a Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) confirmou decisão doministro Ricardo Lewandowski que, em março último, negou liminar no Habeas Corpus (HC)94125, por meio do qual a defesa de Jurandir Anastácio da Silva pretendia reduzir a pena depouco mais de cinco anos de reclusão, em regime inicialmente fechado, aplicada a seu cliente,por fraudes cometidas contra o INSS (Instituto Nacional do Seguro Social).

Condenado inicialmente a onze anos de reclusão por peculato e formação de quadrilha,Anastácio conseguiu reduzir a pena para os atuais cinco anos, em recurso no Superior Tribunalde Justiça (STJ). Mas o advogado queria reduzir ainda mais a pena de seu cliente, e por issorecorreu ao STF.

Após analisar os autos e a decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ), Lewandowskidisse concordar com a dosimetria da pena aplicada pelo STJ. A fixação da pena deve resultar “docontexto da motivação global da sentença condenatória”, frisou o ministro.

O crime foi cometido no início da década de 90, alegava a defesa, e por isso não poderiater sido considerado o contexto atual da Previdência Social para sopesar as consequências daconduta no cálculo da pena. Para o ministro, contudo, as bases do nosso sistema de seguridadesocial já estão assentadas desde 88.

Desarticulada quadrilha que fraudava a Previdência em Curitiba/PR

Em 02.12, o MPS informou que a Força-Tarefa Previdenciária, composta pela PolíciaFederal, Ministério da Previdência Social e Ministério Público, desarticulou uma quadrilha quefraudava benefícios de auxílio-doença em Curitiba (PR). O grupo vinha agindo desde 2004 e eraformado por intermediários que conseguiam, para seus clientes, atestados médicos falsificados.As investigações foram iniciadas em 2007, a partir de denúncia anônima.

O esquema contava com a participação de médicos particulares, que incluíam nos ates-tados patologias inexistentes. Além dos atestados falsificados, os intermediários instruíam ossegurados sobre o modo de agir e de como se comportar durante os exames médicos. Elessimulavam enfermidades inexistentes, induzindo a erro os médicos peritos, que concediam au-xílio-doença a segurados que, na verdade, tinham condições de exercer suas atividades laborais.

A gerente regional Sul do INSS, Eliane Schmidt, explicou que os benefícios envolvidosna fraude serão reavaliados e os segurados serão chamados para fazer nova perícia médica.Comprovada a fraude, os benefícios serão cancelados. Ela ressaltou que os serviços da Previ-dência Social são gratuitos e não necessitam de intermediários. “Quem aparece oferecendovantagens é passível de desconfiança”, afirmou a gerente. Eliane lembrou que qualquer pessoapode fazer denúncias pelo telefone número 135, de forma anônima.

Distimia

O prejuízo estimado aos cofres da Previdência Social é de R$ 8 milhões e o número debeneficiados com a fraude pode chegar a quatro mil pessoas. A operação foi denominada

Combate à Fraude

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“Distimia”, em alusão à simulação psiquiátrica dos segurados, que fingiam depressão leve crôni-ca para obter o benefício previdenciário. Foram expedidos oito mandados de busca e apreensãoe cinco mandados de prisão temporária. Entre os presos encontram-se um servidor público doEstado de Curitiba e um médico particular.

Os envolvidos responderão pelo crime de estelionato e formação de quadrilha, compenas que variam de dois a oito anos de prisão. Os beneficiários do esquema poderão ser pro-cessados como coautores de crime de estelionato, cuja pena prevista varia entre um e cinco anosde prisão. Além disso, terão que devolver os benefícios recebidos indevidamente aos cofres daPrevidência Social.

Esta é 40a operação realizada pela Força-Tarefa Previdenciária este ano. As ações de2008 resultaram em 506 mandados de busca e apreensão e 313 mandados de prisão temporária.De 2003 até hoje, foram realizadas 181 operações, expedidos 1.580 mandados de busca e apre-ensão e cumpridos 1.164 mandos de prisão temporária

R$ 3 bi desviados em cinco anos. Ações de repressão a fraudes levaram a mais de

mil prisões desde 2003. Mesmo assim, desvios continuam, em valores impressionantes

Por Maria Clara Prates, do Correio Braziliense, em 23.11:As ações de repressão às fraudes na Previdência Social pela força-tarefa formada por

Procuradoria da República, Polícia Federal e INSS permitem uma economia de R$ 2,2 milhõespor mês, segundo as contas do governo. Mas o valor ainda está muito longe do que é perdidoano a ano. Balanço da Previdência Social aponta que, até dezembro, o prejuízo estimado com asfraudes em 2008 ficará na casa dos R$ 660 milhões. Isso apenas com os golpes de concessão debenefícios fraudulentos, sem considerar os valores desviados da arrecadação, que atingem a casados bilhões. Números do INSS indicam que nos últimos cinco anos quase R$ 3 bilhões foramdesviados das aposentadorias, licenças médicas, auxílio-doença e pensões frias.

Mas não só os valores desviados dão a dimensão da voracidade dos piratas no cofre doINSS. O número de prisões e presos nos últimos seis anos, durante as operações policiais derepressão, também impressiona. No período, segundo balanço da Secretaria Executiva do Mi-nistério da Previdência, foram desencadeadas, com a ajuda da Polícia Federal, 179 operações,que resultaram na prisão de 1.158 pessoas. Ainda atrás de provas dos crimes, foram feitas 1.582buscas e apreensões. Entre os presos, 262 eram servidores do INSS. Somente neste ano, 75funcionários foram demitidos por terem sido pegos colaborando ou comandando os desvios.(...)

Somente neste mês, foram desencadeadas três operação de combate à pilhagem docofre da Previdência, sendo uma em Minas Gerais e duas no Rio Grande do Sul. A últimaaconteceu no dia 18, e, além da prisão de 13 pessoas, foi apreendido vasto patrimônio dosfraudadores, como joias, entre elas esmeraldas, dólares, reais e cinco carros de luxo. A investidaestancou uma sangria de R$ 12 milhões. “O conhecimento e a coleta de provas nos permitereaver parte das perdas também com o pedido de ‘perdimento’ dos bens dos fraudadores adqui-ridos com o dinheiro da Previdência. Nesse caso, a Procuradoria da Previdência já está cuidandode fazer o confisco”, diz o auditor.

Força-Tarefa prende 13 pessoas no Rio Grande do Sul

Em 18.11, o MPS informou que a Força-Tarefa Previdenciária – integrada pelo Minis-tério da Previdência Social, Polícia Federal e Ministério Público Federal – realizou duas opera-ções no Rio Grande do Sul. Foram desarticuladas duas quadrilhas que atuavam em Porto Ale-gre, Viamão (Região Metropolitana) e em mais quatro Municípios do Vale do Taquari (região

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O LIVRO NEGRO DA PREVIDÊNCIA SOCIAL 2009

central do Estado). Na operação de combate às fraudes contra o Instituto Nacional do SeguroSocial (INSS) foram presas 13 pessoas, sendo um prefeito eleito e três servidores do INSS, eexpedidos 21 mandados de busca e apreensão.

O prejuízo estimado nas duas operações pode atingir R$ 12 milhões. As duas quadrilhasatuavam de forma semelhante, fraudando benefícios previdenciários com a utilização de docu-mentos falsos e inclusão de tempo de serviço e contribuição fictícios para a concessão de apo-sentadoria. Estima-se que foram concedidas, pelo menos, 160 aposentadorias no Vale do Taquari.(...)

Na residência dos presos foram apreendidos 53 mil dólares, R$ 39 mil, além de joias eveículos. As investigações começaram em junho deste ano, motivadas por denúncias encami-nhadas ao Ministério da Previdência Social. As pessoas favorecidas pelas fraudes serão chama-das pela Previdência Social para devolver os valores recebidos irregularmente.

Durante este ano, a Força-Tarefa realizou 38 operações em todo o país, com um preju-ízo estimado em R$ 105 milhões na área de benefícios. De janeiro até agora, foram presas 308pessoas, sendo 75 servidores, e expedidos 498 mandados de busca e apreensão.

Preso grupo acusado de fraudar o INSS

Por Eduardo Kattah, do Jornal A Tarde, em 13.11:A Polícia Federal prendeu sete pessoas acusadas de integrar uma quadrilha que fraudava

a Previdência Social em Minas Gerais, por meio da obtenção de benefícios previdenciários eassistenciais irregulares. A Operação Fraude S/A foi deflagrada com base na investigação deuma força-tarefa composta pela PF, Ministério Público Federal (MPF) e Ministério da Previdên-cia Social. Segundo a PF, já foram identificados cerca de 400 segurados que se beneficiaramilegalmente do esquema, que teria provocado um rombo de pelo menos R$ 5 milhões aos cofrespúblicos.

A suspeita da PF é que o grupo criminoso atuava há pelo menos quatro anos e contavacom a ajuda de quatro servidores do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). Os funcioná-rios públicos serão ouvidos. Eles não foram afastados, mas vão responder a processo adminis-trativo. A base da quadrilha, segundo a PF, era um escritório de despachantes, localizado naregião central de Belo Horizonte, “verdadeira empresa especializada em fraudar a Previdência”.

A chefe do escritório, outras quatro mulheres e dois homens foram presos temporaria-mente. Conforme a PF, os beneficiários eram aliciados nas entradas das agências do INSS nacapital mineira e em cidades da região metropolitana.

Geralmente, os despachantes abordavam pessoas que tiveram algum benefício negado,como auxílio-doença ou aposentadoria por invalidez. A quadrilha prometia a concessão dobenefício irregular em troca de uma parte do recurso liberado. O delegado Roger Lima deMoura disse que o grupo criminoso também forjava a documentação apresentada ao INSS paraa obtenção do benefício.

“Muitas vezes acompanhava o contribuinte até o INSS para assinar perícia, como sefosse um parente.” A PF cumpriu também 21 mandados de busca e apreensão em residências,escritórios, agências da Previdência Social na capital e nas cidades de Porto Firme, Canápolis,Caeté, Vespasiano, Santa Luzia e Sabará. Os 400 auxílios suspeitos de irregularidades serãorevistos. (...)

Mantida ação penal contra ex-presidente do INSS

A Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) negou em 11.11 pedido dearquivamento de ação penal contra o ex-presidente do Instituto Nacional do Seguro Social

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(INSS), Crésio de Matos Rolim, por suposto crime contra a Lei no 8.666/93 (Lei das Licitações).O julgamento confirma decisão liminar do relator, ministro Carlos Ayres Britto, no Habeas

Corpus (HC) 92246.A ação, que tramita na 10a Vara Federal, em Brasília, investiga se houve alguma irregu-

laridade cometida por Rolim na assinatura de convênio do INSS com o Centro Educacional deTecnologia em Administração (Cetead), em 1998, para execução de serviços no valor de R$7,252 milhões sem a realização de concorrência. O relator do processo revelou em seu voto quese deparou, nos autos, com informações que demonstram haver indícios da prática do delitoprevisto no art. 89 da Lei no 8.666/93 pelo então presidente do instituto.

De acordo com Ayres Britto, o Cetead encaminhou, em junho de 1998, proposta deplano de trabalho ao INSS, sem que houvesse nenhum pedido do instituto nesse sentido. Osauditores do próprio INSS disseram que chamou a atenção o fato de que, em um único dia – 29de junho de 1998 –, o processo teve diversos trâmites, sendo que no dia seguinte o entãopresidente do órgão, Crésio de Matos Rolim, assinou o convênio.

O documento era tão amplo e genérico, confirmaram os auditores, que permitiu arealização de diversos outros convênios sob o mesmo contrato, na forma de sucessivos aditivos,prolongando o convênio inicial, de forma provavelmente irregular, de 1998 até 2000.

Auditoria do Tribunal de Contas da União (TCU), conforme afirmou Ayres Britto,também concluiu que o ato do ex-presidente do INSS foi inadequado. Como não foi demons-trada motivação para que a Cetead fosse contratada sem concorrência, deveria ter havido umprocesso licitatório, como prevê a Lei no 8.666/93.

As informações, ressaltou o ministro, demonstram existir indícios de que o instrumen-to serviu para a contratação de terceiros por uma pessoa jurídica privada. Tanto é assim, disseAyres Britto, que o TCU salientou o fato de 57,76% dos recursos recebidos pelo Cetead teremsido repassados para uma única empresa subcontratada – Unitec –, que foi a verdadeira respon-sável pela realização dos serviços. O INSS poderia contratar esta empresa diretamente, concluiuo ministro, negando o pedido para arquivar a ação penal.

Presos acusados de fraudar INSS por 20 anos no Rio. PF desmonta quadrilha

que teria dado prejuízo de R$ 7 mi à Previdência; um dos detidos tem 72 anos

Por Marcelo Auler, de O Estado de S. Paulo, Rio, em 06.11:A Polícia Federal desarticulou, com a Operação Fantoche, parte de uma quadrilha que

havia 20 anos vinha fraudando aposentadorias do INSS, com prejuízos em torno de R$ 7 mi-lhões aos cofres da Previdência. Dos nove mandados de prisão expedidos pela 8a Vara CriminalFederal, dois deixaram de ser cumpridos. Foram realizadas 19 operações de busca e apreensão.(...)

Embora só tenham sido expedidos nove mandados de prisão, a Polícia Federal sabe queo grupo é maior. Com as apreensões de ontem os agentes da Delegacia de Prevenção e Repres-são a Crimes Previdenciários querem chegar aos responsáveis pelas falsificações de documentosde identidade, expedidos pelo Instituto Félix Pacheco, com os quais retiravam CPF de pessoasinexistentes.

O procurador da República Rodrigo Ramos Poerson denunciou os nove réus peloscrimes de estelionato qualificado, inserção de dados falsos em sistemas informatizados e forma-ção de quadrilha. Outros envolvidos terão sua situação analisada a partir dos documentos apre-endidos ontem.

Segundo agentes federais, com identidades falsificadas a quadrilha conseguia criar umbeneficiário da Previdência. Para apresentar um tempo de contribuição que permitisse a conces-

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são da aposentadoria, muitas vezes eles transferiam dados de um contribuinte real para outroforjado – que os federais denominaram “fantoche” e acabou batizando a operação.

Auditores da Previdência que investigam as fraudes contra o INSS admitiram que tam-bém pode ter havido falsificação de contribuições, isto é, com a ajuda de servidor do órgãoteriam sido lançadas no sistema contribuições que nunca foram pagas. Além do benefício dasaposentadorias falsificadas, os membros da quadrilha aproveitavam também para levantar em-préstimos consignados nos bancos. (...)

Presos dez fraudadores no Paraná. Entre os detidos estão cinco servidores e

dois presidentes de sindicatos rurais

Em 09.10, o MPS informou que a Força-Tarefa Previdenciária desarticulou uma qua-drilha que fraudava a Agência da Previdência Social em Cornélio Procópio, na região de Londri-na, no Paraná. Foram presas dez pessoas (cinco prisões preventivas e cinco temporárias), inclu-indo cinco servidores do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) e os presidentes dos sindi-catos de trabalhadores rurais de Abatiá e Itambaracá e um intermediário.

Eles fraudavam aposentadorias por tempo de contribuição, aposentadorias por idadeurbanas e rurais e pensões por morte, desde 2004. Também foram cumpridos 14 mandados debusca e apreensão. A Força-Tarefa é composta por servidores da Previdência Social, PolíciaFederal e Ministério Público Federal.

Até o momento foram identificados 350 benefícios com indícios de fraude. O prejuízocausado aos cofres da Previdência Social está estimado em R$ 3,5 milhões. Em termos mensais,o desfalque é de aproximadamente R$ 171 mil. Os envolvidos serão indiciados pela prática doscrimes de estelionato qualificado (pena de 1 a 5 anos mais acréscimos pelo fato de o lesado serórgão público), formação de quadrilha (pena de 1 a 3 anos), falsidade ideológica (pena de 1 a 3anos mais acréscimo no caso dos servidores públicos), corrupção ativa (pena de 2 a 12 anos),corrupção passiva (pena de 2 a 12 anos) e advocacia administrativa (pena de 1 a 3 anos). (...)

A operação foi denominada Encosto, em alusão ao fato de que os segurados procura-vam o intermediário para ficarem encostados no INSS por meio de algum benefício.

Além da operação de hoje, este ano já foram presas 272 pessoas pela Força-TarefaPrevidenciária, sendo 64 servidores. Também foram cumpridos 425 mandados de busca e apreensão.

Veias abertas do INSS. Contabilizados R$ 120 milhões em fraudes só em 2008

Por Júnia Gama, do Jornal de Brasília, em 07.09:A crescente frequência com que as fraudes contra o Instituto Nacional do Seguro Social

(INSS) vêm ocorrendo deixa em estado de alerta o poder público. Só este ano, foramcontabilizados cerca de R$ 120 milhões que deixaram de ser arrecadados pelo Tesouro porconta das fraudes, deixando um verdadeiro rombo nas contas previdenciárias.

O mais preocupante é que acredita-se que este número seja apenas uma fração ínfimado montante real desviado, já que é impossível determinar os prejuízos em um curto prazo. OMinistério da Previdência Social (MPS) afirma que não há como precisar o prejuízo total causa-do pelas fraudes contra a previdência, por tratar-se de um número variável, que depende dacontinuidade das investigações e do tipo de fraude. (...)

Apesar da frequente presença de servidores do INSS envolvidos em denúncias de frau-des, o MPS acredita que o número não é representativo. Em 2008, 54 dos 240 indiciados porparticipar nas fraudes eram funcionários. O número representa 0,093% do total de 55 mil servi-dores da Previdência Social. “Por esses números acredita-se que a grande maioria de servidoresda instituição é composta por trabalhadores que se dedicam as suas atribuições de forma hones-

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ta e decente”, assegura o Ministério.Atividade intensa

A partir de 1997, o Ministério da Previdência Social estruturou uma equipe especializa-da no combate às fraudes, inicialmente para investigar fraudes na arrecadação. Com a expansãodas atividades ao longo dos anos, a Força-Tarefa foi articulada em 18 Estados pelo Brasil. Hoje,a abrangência é nacional e as equipes trabalham por caso de apuração, que pode envolver diver-sos Estados de uma só vez.

A quantidade de operações da Força-Tarefa vem crescendo progressivamente. Em 2003,apenas oito foram realizadas. Dois anos depois, este número cresceu para 28, o mesmo que já foicontabilizado apenas no primeiro semestre deste ano. As prisões também aumentamexponencialmente. Em 2003, 87 pessoas foram presas. Em 2005 foram 158 e desde o primeirosemestre de 2008 já são 239 detidos em operações. Os investimentos para a intensificação dasações da PF também se multiplicaram. O termo do convênio entre o MPS e a PF foi reajustadode R$ 1 milhão para R$ 2 milhões este ano.

Acusada nega irregularidades e aponta ganho de R$ 4,8 bi para a Previdência

Publicou a Folha de S. Paulo, da Sucursal de Brasília, em 1o.09:A secretária adjunta da Receita para assuntos previdenciários, Liêda Amaral de Souza,

disse acreditar no projeto desenvolvido pelo Instituto Vias na Previdência, e disse que pretendeimplantá-lo também no fisco.

Segundo ela, a ação movida pelo Ministério Público Federal decorreu da falta de conhe-cimento técnico dos procuradores. Liêda diz que o Ministério Público analisou apenas os crité-rios para a criação de sistema (conjunto de softwares) de gerenciamento de risco, não levandoem conta a metodologia do gerenciamento de risco.

“Essa nova metodologia de trabalho gerou uma economia de R$ 4,8 bilhões para aPrevidência Social”, disse.

Ela negou que conhecesse o representante do Instituto Vias, o professor universitárioRicardo Barcia. Disse que só assistiu a uma palestra apresentada por ele em 1998.

Questionada por que fez a contratação sem a realização de licitação ou convite a outrasempresas e universidades, ela afirmou que a metodologia desenvolvida pelos professores doInstituto Vias era completamente revolucionária na área. Segundo ela, nem mesmo no exteriorhavia esse tipo de tecnologia.

Liêda contou que requisitou à CGU uma nova perícia no trabalho desenvolvido peloInstituto Vias. “A alegação é que [o projeto] não serve para a administração pública. Eu provoque serve. Então qual é a melhor forma quando você tem dúvidas de algo? Traga alguém isentoe tecnicamente competente para fazer a avaliação”, disse ela, acrescentando que a CGU concor-dou em realizar uma nova perícia.

Tribunal de Justiça leiloa bens de fraudador da Previdência. Procurador diz que

recursos desviados atingem US$ 600 milhões

Em 12.08, o MPS informou que o Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiroleiloou nove imóveis do fraudador da Previdência Social Luiz Mendes Filho.

No dia 30 de julho, o Tribunal realizou um leilão de 12 imóveis do mesmo fraudador,para recuperar parte dos recursos desviados do INSS pela quadrilha de Jorgina Maria de FreitasFenandes. No leilão, foram arrematadas duas propriedades, em Petrópolis e Ambrosina, por R$106 mil e R$ 120 mil, respectivamente.

As fraudes ocorreram entre 1988 e 1990, em Nova Iguaçu, e envolveram a realização

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falsa de perícias médicas e o superfaturamento de cálculos em ações de acidentes de trabalho.O leilão é consequência do trabalho realizado pelo grupo instituído pela Portaria no 50,

de 1992, sediado no Rio de Janeiro, que desde a década de 90 trabalha para recuperar os recursosdesviados fraudulentamente dos cofres do INSS. De acordo com o presidente do grupo, oprocurador Marcilio da Silva, a estimativa é que o total de recursos desviados atinja US$ 600milhões.

Força-tarefa Previdenciária desarticula esquema em Araxá/MG. Indícios levam

a 100 benefícios fraudados, com prejuízos de até R$ 15 milhões

Em 12.08, o MPS informou que um esquema de corrupção contra o Instituto Nacionaldo Seguro Social (INSS) foi desarticulado em Araxá (MG). A Força-Tarefa Previdenciária, com-posta por servidores da Previdência Social, Polícia Federal e Ministério Público, cumpriu quatromandados de busca e apreensão expedidos pela 2a Vara da Justiça Federal em Uberaba (MG).

O esquema consistia na inserção de vínculos trabalhistas fictícios nos sistemas da Previ-dência Social, suficiente para a concessão da aposentadoria por tempo de contribuição.

As investigações tiveram início há cerca de nove meses, a partir de informações daAssessoria de Pesquisas Estratégicas da Previdência Social. Há indícios de que mais de 100benefícios tenham sido fraudados. Contudo, esse número pode aumentar, pois há cerca de 350procedimentos de concessão sob auditoria no INSS. A estimativa é a de que a fraude podeatingir um prejuízo de R$ 15 milhões aos cofres públicos.

Operação Lama

Uma alusão às termas de Araxá – contou com a participação de 23 pessoas, entre poli-ciais federais e servidores previdenciários. As buscas ocorreram nas residências dos envolvidos,incluindo a de uma servidora do INSS, e em um escritório de contabilidade.

Mulher é presa em Catanduva com atestado falso. Intenção era continuar a rece-

ber auxílio-reclusão fraudulentamente

Em 11.08, o MPS informou que a Polícia Militar prendeu em Catanduva (SP) umafaxineira no momento em que ela apresentava na Agência da Previdência Social (APS) da cidadeum atestado falso com a intenção de provar que seu companheiro se encontra detido, em regimefechado, numa penitenciária da região.

A mulher, presa em flagrante em 08.08, já vinha recebendo do Instituto Nacional doSeguro Social (INSS) um auxílio-reclusão, mas como seu companheiro deixou a prisão e está emliberdade condicional ela perderia o direito a esse benefício. A mulher é acusada de estelionato efoi ouvida pela Polícia Federal de São José do Rio Preto.

Histórico

Os funcionários da APS em Catanduva desconfiaram do último atestado apresentadohá cerca de três meses pela mulher e consultaram a penitenciária da cidade de Lavínia sobre averacidade do documento. A administração do presídio respondeu que o detento está em liber-dade condicional e que se tratava de atestado falso. (...)

Juiz do Rio condena 12 auditores fiscais. Trabalho de investigação foi iniciado

pela Força-Tarefa Previdenciária

Em 11.08, o MPS informou que o trabalho da Força-Tarefa Previdenciária – compostapor servidores da Previdência Social, Polícia Federal e Ministério Público Federal – levou maisfraudadores para a cadeia. Doze auditores fiscais que lesavam a Previdência Social foram conde-nados à prisão pelo juiz da 3a Vara Federal Criminal do Rio de Janeiro, Flávio Roberto de Souza.

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Os fiscais haviam sido presos temporariamente em fevereiro de 2005, acusados de libe-rar dívidas de devedores do INSS mediante propina, na Operação Ajuste Fiscal deflagrada noRio de Janeiro.

Segundo relatório da Força-Tarefa, a quadrilha causou prejuízo avaliado em R$ 1 bilhão,ao longo de dez anos, referente a dívidas não cobradas de empresas com o Instituto Nacional doSeguro Social (INSS), mediante o pagamento de propinas: os fiscais anulavam débitos sem novafiscalização, julgavam improcedentes débitos legítimos ou autuavam empresas em valores bemmenores que os esperados. As investigações apontaram também que a quadrilha extorquiu maisde 140 empresas de vários setores e portes.

Na sentença, o juiz determinou ainda que os bens dos condenados, adquiridos entre1994 e 2005, devem ser revertidos em favor da União. Os réus podem recorrer da sentença emliberdade.

Justiça condena à prisão 12 fiscais do INSS. Grupo é acusado de montar um

esquema de extorsão que desviou R$ 1 bilhão da Previdência em dez anos

Por Chico Otavio, de O Globo, em 09.08:A descoberta, há três anos, de um grupo de fiscais do INSS que extorquia dinheiro de

empresas, em vez de cobrar impostos, desviando cerca de R$1 bilhão da Previdência, não termi-nou em pizza. O juiz Lafredo Lisboa, da 3a Vara Federal Criminal, condenou ontem 12 dos 13auditores envolvidos no esquema a penas de oito a 11 anos de prisão em regime fechado. Elesforam acusados de concussão (extorsão ou peculato cometido por empregado público), corrupção,crime tributário e peculato.

O caso foi revelado em fevereiro de 2005, quando a operação Ajuste Fiscal, deflagradapela Polícia Federal, levou à prisão 11 fiscais da Previdência. De acordo com as investigações,cerca de 140 companhias de médio e grande porte instaladas no Estado, inclusive multinacionais,foram alvo da prática de extorsão pelos fiscais ao longo de uma década de atuação da quadrilha.

Os auditores conseguiam vantagens financeiras das empresas que fiscalizavam com osuperfaturamento ou do subfaturamento das dívidas que os empresários tinham junto ao INSS.No caso do subfaturamento dos débitos, os auditores encontravam irregularidades contábeisnas empresas, mas não as comunicavam ao INSS – também em troca de vantagens financeiras.(...)

O juiz, ao também condenar o grupo à perda dos cargos públicos, afirmou que os réus“foram incompatíveis com o que se exige daqueles que pretendem continuar exercendo a fun-ção pública, ainda mais levando em conta a extensão do dano ao erário e as condições pessoaisdesses réus acima mencionados”.

As investigações mostraram que o auditor, apontado como líder do grupo, tinhapatrimônio declarado incompatível com seus rendimentos: 17 imóveis, uma fazenda em Rio dasFlores (Estado do Rio), casa em Búzios e três veículos.

O advogado, João Mestieri, disse ontem que vai recorrer da decisão. Seu cliente e osdemais réus vão continuar soltos, aguardando o julgamento dos recursos junto ao TribunalRegional Eleitoral (TRF-RJ)

“Não há prova de nada. A situação patrimonial está em concordância com o que declarano imposto de renda. A prova acusatória foi simplesmente aproveitar o que havia no inquéritoe alegar formação de quadrilha. Vamos recorrer com toda veemência.”

Corregedoria do INSS recebe relação de servidores presos na Operação Quime-

ra. Processo administrativo possibilita exercício de ampla defesa

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O LIVRO NEGRO DA PREVIDÊNCIA SOCIAL 2009

Em 08.08, o MPS informou que a Assessoria de Pesquisas Estratégicas (APE) do Mi-nistério da Previdência Social já enviou à Corregedoria do INSS a relação dos servidores daAgência da Previdência Social (APS) da cidade mineira de Alfenas, presos em 06.08 pela PolíciaFederal. Eles foram acusados de fraudar benefícios por incapacidade, como auxílio-doença eaposentadoria por invalidez. Além do inquérito policial, esses servidores respondem a ProcessoAdministrativo Disciplinar (PAD), no qual têm ampla defesa.

Foram presos na Operação Quimera três peritos médicos, um chefe de Benefícios, doisagentes de serviços diversos e três técnicos do seguro social, todos da APS Alfenas. Como aprisão foi temporária, os servidores ficam detidos por cinco dias, prorrogáveis por mais cinco.Os processos administrativo e penal tramitam paralelamente.

A Operação Quimera, que prendeu ainda outras 11 pessoas e cumpriu 37 mandados debusca e apreensão, foi motivada por investigação da Força-Tarefa Previdenciária, composta porservidores da Previdência Social, Polícia Federal e Ministério Público Federal.

A quadrilha atuava em Alfenas, Monte Belo, São Sebastião do Paraíso e Varginha, noSul de Minas, e também em São Paulo, na capital, e em Limeira, Jundiaí e Embu. Os prejuízoscausados podem chegar a R$ 20 milhões.

PF prende 20 suspeitos de fraudar Previdência. Rombo apontado é de R$ 6 mi-

lhões, mas pode ser cinco vezes maior

Por Eduardo Kattah, de O Estado de S. Paulo, em 07.08A Polícia Federal prendeu ontem 20 pessoas suspeitas de envolvimento com um esque-

ma de fraudes contra a Previdência Social no sul de Minas Gerais e interior de São Paulo. Entreos presos temporariamente durante a Operação Quimera estão servidores públicos, médicosperitos, advogados, agenciadores e beneficiários das fraudes e uma vereadora da cidade mineirade Monte Belo. A PF já identificou um prejuízo de R$ 6 milhões, mas estima que o rombo possachegar ao montante de R$ 30 milhões.

“O segurado, tendo ciência de que não teria direito ao benefício pelos caminhos legais,procurava os agenciadores. Estes, previamente ajustados com os servidores públicos, direcionavamas perícias para os médicos integrantes do esquema, os quais sugeriam deferimento de determi-nado benefício. Esse grupo tem envolvimento com fraude previdenciária, notadamente auxílio-doença e aposentadoria por invalidez”, disse o delegado da PF em Varginha, João Carlos Girotto.

De acordo com o Ministério Público Federal, o modo de atuação é similar ao de outrasfraudes já desvendadas pelos procuradores, pela PF e pelo setor de inteligência do InstitutoNacional do Seguro Social (INSS) em outros Municípios mineiros.

“Segundo se apurou até o momento, o grupo atuava mediante a obtenção de vantagempecuniária, que é obtida junto aos segurados, como custo pelo acompanhamento de seu pedidojunto ao INSS. Os médicos, por sua vez, recebiam pelas consultas que realizam em seus consul-tórios particulares previamente à realização da perícia”, afirma o Ministério Público. (...)

Desarticulada quadrilha em Minas Gerais e em São Paulo. Sobe para 20 o núme-

ro de presos, dos quais seis são servidores e três peritos médicos

Em 07.08, o MPS informou que uma quadrilha de fraudadores contra o Instituto Naci-onal do Seguro Social (INSS) foi desarticulada, no sul de Minas Gerais, pela Força-TarefaPrevidenciária – integrada pelo Ministério da Previdência Social, Polícia Federal e MinistérioPúblico Federal. Os policiais federais prenderam 20 pessoas, dos quais nove servidores, sendotrês peritos médicos, e cumpriram 37 mandados de busca e apreensão. Os prejuízos estão esti-mados inicialmente em R$ 8 milhões, mas podem chegar a R$ 20 milhões. (...)

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As primeiras investigações começaram em novembro de 2007, quando a Assessoria dePesquisas Estratégicas (APE) da Previdência Social identificou indícios de fraude em concessãode benefícios na Agência da Previdência Social (APS) de Alfenas. Os fraudadores arregimentavampessoas interessadas em obter auxílio-doença e aposentadoria por invalidez, e clínicas e consul-tórios médicos emitiam laudos falsos. Aos servidores cabia a tarefa de intermediar a períciadiretamente para os três peritos envolvidos.

Site do MPS destaca ações da Força-Tarefa Previdenciária

Em 1o.08, o MPS informou que todas as operações da Força-Tarefa Previdenciáriaestarão disponíveis no site da Previdência Social. Somente neste ano, foram realizadas 27 ações,totalizando 329 mandados de busca e apreensão e 219 mandados de prisão. Entre os presos, 45são servidores públicos, que integravam ou chefiavam quadrilhas que se especializaram em frau-dar a Previdência Social.

Para consultar as operações da Força-Tarefa Previdenciária, no sitewww.previdencia.gov.br (...). Na página há um pequeno histórico sobre a Força-Tarefa, um qua-dro com histórico das operações realizadas no período de 2003 a 2007 e um outro detalhando asações deste ano.

Para saber detalhes sobre cada operação, basta clicar sobre o nome da ação que aparece-rá um pequeno resumo sobre ela.

Desvio de quadrilha em Minas pode chegar a R$ 10 milhões. Ação consistia em

concessão irregular retroativa de benefícios rurais

Em 30.07, o MPS informou que mais uma ação da Força-Tarefa Previdenciária, com-posta por servidores do Ministério da Previdência Social, Polícia Federal e Ministério PúblicoFederal, impediu que uma quadrilha continuasse a fraudar a Previdência Social, em Coramandel,no Triângulo Mineiro. Levantamento inicial estima prejuízos da ordem de R$ 10 milhões.

Com os três mandados de busca e apreensão cumpridos, recolheu documentos na Agênciada Previdência Social de Coromandel, onde foram apreendidos 65 processos, na residência deuma servidora, suspeita de envolvimento, e no Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Coromandel.

Os indícios são de formação de quadrilha para fraudar a Previdência Social na conces-são de benefícios rurais/especial a trabalhadores urbanos. A fraude consistia em conceder bene-fício pensão por morte a dependentes de beneficiários falecidos, com pagamento retroativo aóbitos ocorridos antes de 1997.

Foram identificados mais de 700 benefícios concedidos com suspeita de irregularida-des. Desses, 65 são de pensão por morte, na condição de trabalhador rural/segurado especial,que confirmam a retroação da data do início de pagamento dos benefícios, gerando um mon-tante de atrasados no valor de R$ 1,035 milhão.

Além dos 65 processos apreendidos pela Polícia Federal, outros 700 sob investigação,numa média de R$ 20 mil por processo, devem resultar num prejuízo estimado de R$ 10 mi-lhões. Levando-se em conta que o “dinheiro é do povo”, o gerente regional do INSS em BeloHorizonte, Manoel Ricardo Palmeira Lessa, lamenta por mais esse grande prejuízo para a popu-lação. (...)

Operação prende 11 pessoas no Rio Grande do Sul. Quadrilha desviou R$ 500

mil inserindo dados falsos no sistema da Previdência

Em 17.07, o MPS informou que a Força-Tarefa Previdenciária, composta por servido-res do Ministério da Previdência Social, Polícia Federal e Ministério Público Federal, prendeu 11

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pessoas, entre eles um servidor do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), e cumpriu 14mandados de busca e apreensão. A quadrilha incluía dados falsos no sistema da Previdência paraa obtenção de benefícios retroativos. Pelas investigações, o desvio causou aos cofres públicosprejuízos na ordem de R$ 500 mil. (...)

Essa ação da Força-Tarefa Previdenciária – a 26a deste ano e integrada por 54 policiaisfederais e seis servidores da Previdência – levou o nome de Operação Norne em referência àmitologia nórdica, em que três seres representam o passado, o presente e o futuro. O represen-tante do futuro, com sua espada, rompe o fio da vida da roca e põe fim à existência.

Investigações iniciadas no MPS contribuem para a prisão de mais de 200

fraudadores do INSS. Eficiência do trabalho da APE/MPS ajuda Polícia Federal a des-

baratar quadrilhas

Em 26.06, o MPS informou que em apenas seis meses a Força-Tarefa Previdenciáriarealizou 24 operações e prendeu 207 fraudadores do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS),incluindo as 31 prisões feitas na última segunda-feira (23) nos Estados do Rio de Janeiro e doEspírito Santo. Esse número representa mais de 95% de todas as prisões realizadas no anopassado: 217 pessoas, em 41 operações.

O rigor no combate às fraudes, em todas as áreas, é uma determinação deste governo euma das prioridades do ministro José Pimentel, da Previdência Social. “Quem tiver a intençãode fraudar a Previdência deve pensar duas vezes, porque o destino dos fraudadores será a cadeia.Não vamos medir esforços para punir os que tentam se apropriar indevidamente do dinheiropúblico”, afirma Pimentel.

Além de prender fraudadores e atuar, inclusive judicialmente, para recuperar o dinheirodesviado, o trabalho da Força-Tarefa também tem um caráter preventivo. Prova disso, é que ocombate rigoroso às fraudes contribui para reduzir significativamente a quantidade de requeri-mentos indevidos de determinados benefícios previdenciários. Em Minas Gerais, por exemplo,foram desarticuladas, no ano passado, quadrilhas que fraudavam benefícios por incapacidade –auxílio-doença e aposentadoria por invalidez. Depois das operações, o volume de pedidos dessetipo de benefício caiu 30% no Estado. No Município de Governador Valadares, a queda chegoua 52%.

A Força-Tarefa Previdenciária, formada por representantes da Assessoria de PesquisasEstratégicas (APE), do Ministério da Previdência Social, Polícia Federal e Ministério PúblicoFederal, estima que as quadrilhas desbaratadas em 2008 causaram um prejuízo aproximado deR$ 2,121 bilhões à Previdência Social – só as fraudes com o uso indevido de títulos de filantropia,identificadas na Operação Fariseu, realizada em março, provocaram perda de R$ 2 bilhões aoINSS. (...)

Mais de mil prisões

Desde 2003, a Força-Tarefa realizou 165 operações, que resultaram em 1.058 prisões,incluindo 230 servidores do INSS. Os funcionários públicos envolvidos com as quadrilhas defraudadores, além de presos e de serem processados criminalmente, ainda são demitidos, depoisda conclusão dos Processos que escaparam da prisão durante as operações responderam a pro-cesso interno e foram exonerados ou tiveram suas aposentadorias cassadas.

“É importante destacar que estamos falando de uns poucos servidores que se aliam aocrime e denigrem a imagem da Previdência. Eles envergonham o funcionalismo público, que sededica com afinco à prestação de bons serviços à população”, afirma Pimentel.

Parcerias

O ministro alerta que os criminosos, incluindo os servidores inescrupulosos, não fica-

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rão impunes, porque o Ministério está tomando todas as providências para intensificar o com-bate às fraudes. Além de dobrar o repasse de recursos à Polícia Federal (de R$ 1 milhão para R$2 milhões) de 2007 para 2008, nos próximos dias a APE vai iniciar o cruzamento dos dados doINSS com o banco de dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que cancelou quase doismilhões de títulos eleitorais nos últimos dias. (...)

Ações

Este ano, a Força-Tarefa Previdenciária já atuou nos seguintes estados: Alagoas, Ama-zonas, Bahia, Espírito Santo, Maranhão, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Paraíba, Pará, Riode Janeiro, Santa Catarina, São Paulo. Também foi realizada uma operação no Distrito Federal.Atualmente, tem mais de 20 grupos atuando em todo o país. A APE está investigando cerca deseis mil denúncias. Outras oito mil estão passando pelo procedimento de triagem, que é feitopela Auditoria do INSS.

Força-Tarefa prende 31 no Rio de Janeiro e no Espírito Santo. Quadrilha forma-

da por servidores e políticos desviou R$ 11 milhões

Em 23.06, a Força-Tarefa Previdenciária prendeu 31 pessoas envolvidas em um esque-ma de fraudes contra a Previdência Social. A quadrilha atuava em 15 cidades do Rio de Janeiroe do Espírito Santo.

As investigações, feitas pela Assessoria de Pesquisas Estratégicas (APE), do Ministérioda Previdência Social, em conjunto com a Polícia Federal, levaram ao esquema que funcionavana Agência da Previdência Social de Bom Jesus do Itabapoana, onde a quadrilha fraudava bene-fícios de auxílio-doença e aposentadorias por invalidez. (...)

A juíza Maria Cristina Ribeiro Botelho Kanto, da Vara Federal de Itaperuna, expediu 31mandados de prisão, sendo 19 preventivas e, o restante, temporária, que foram cumpridos nosMunicípios limítrofes entre o Estado do Rio de Janeiro e o Espírito Santo. Os Municípios são:Bom Jesus do Itabapoana, Itaperuna e Campos do Goytacazes (RJ) e Apiacá, Bom Jesus doNorte, São José do Calçado e Mimoso do Sul (ES). Além destes, há mandados de prisão tam-bém para moradores de Municípios da Região Metropolitana do Rio de Janeiro: na capital,Duque de Caxias e Rio Bonito.

As investigações, realizadas em conjunto com a APE, tiveram início em abril de 2007. Oprejuízo causado aos cofres da Previdência Social nos últimos três anos foi estimado em cercade R$ 11 milhões.

PF prende 14 no Maranhão por fraudar INSS. Quadrilha usava documentos de

mortos para sacar proventos

Por Efrém Ribeiro, de O Globo, em 20.06:Teresina – A Polícia Federal prendeu, na Operação Balaiada, 14 pessoas, entre elas um

funcionário do INSS em Caxias (MA), por fraude contra a Previdência Social. O esquema usavadocumentos de aposentados e beneficiados mortos para continuar sacando proventos e benefí-cios. O delegado da Polícia Federal de Caxias, Ronaldo Marcelo Prado de Oliveira, informouque a quadrilha formada por funcionários do INSS e aliciadores fraudou documentos que per-mitiram homens receber salário-maternidade e jovem de 23 anos se aposentar por idade.

O juiz Hélio Campelo, da Justiça Federal em Caxias, decretou a prisão temporária de 15pessoas e expediu 38 mandados judiciais. O superintendente da Polícia Federal do Maranhão,Gustavo Ferraz Gominho, disse que uma das aliciadoras continua foragida.

Aliciadores iam a velórios de aposentadosSegundo ele, os aliciadores compareciam aos velórios dos aposentados e pensionistas

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do INSS e convenciam as viúvas e parentes a entregar os cartões de saque dos benefícios com afalsa promessa de transformar os proventos em pensões para as famílias. As famílias não podi-am comunicar a morte dos aposentados e pensionistas ao INSS. O delegado Ronaldo MarceloPrado de Oliveira informou que, com os cartões e senhas, os integrantes da quadrilha usavam oscartões para fazer empréstimos consignados de R$ 4 mil a R$ 5 mil cada, para desconto nosfuturos proventos.

Quadrilha é desarticulada no Maranhão. Foram cumpridos 15 mandados de pri-

são e 23 de busca e apreensão

Em 19.06, a Força-Tarefa Previdenciária, composta pelo Ministério da PrevidênciaSocial (MPS), Polícia Federal (PF) e Ministério Público (MPF) desarticulou uma quadrilha queatuava em Caxias (MA). Foram cumpridos 14 dos 15 mandados de prisão, pois um dos crimino-sos está foragido. Também foram cumpridos 23 mandados de busca e apreensão. Entre ospresos está um servidor do INSS, responsável pela concessão de benefícios.

De acordo com as investigações, que começaram em abril de 2007, os criminosos obti-nham irregularmente benefícios, como pensão, aposentadoria por idade e salário-maternidade.Entre as irregularidades apontadas pela Força-Tarefa, está a manipulação de dados no sistema,possibilitando que homens recebessem salário-maternidade. O que levantou suspeita em rela-ção a estes casos foi o grande número de pedidos deste tipo de benefício em Caxias em relaçãoaos Municípios vizinhos.

Os criminosos também visitavam velórios de segurados e pediam às famílias os cartõesdos benefícios, com a falsa promessa de transformá-los em pensionistas. Na verdade, a quadri-lha continuava a sacar o dinheiro e ainda solicitava, junto ao INSS, empréstimos consignados emnome dos falecidos.

Técnicos da Força-Tarefa Previdenciária informaram que a análise preliminar em bene-fícios, por amostragem, revelou prejuízo de R$ 351.812,00, valor que pode chegar a R$ 1,7milhão.

Participaram da Operação Balaiada 130 policiais federais, oriundos dos Estados doMaranhão, Piauí, Ceará e Rio Grande do Norte, e servidores do Ministério da PrevidênciaSocial. A ação foi resultado de investigação iniciada em abril de 2007. O nome da operação éuma alusão à revolta de cunho social, ocorrida entre 1838 e 1841 na região onde hoje é oMunicípio de Caxias, motivada pela disputa de poder.

Os presos foram interrogados na sede da Superintendência da Polícia Federal, em Teresina(PI), e na Delegacia da Polícia Federal em Caxias (MA).

Os currais eleitorais no INSS. Vereadores do interior do Rio são acusados de

fraudar benefícios em troca de votos

Por Chico Otavio, de O Globo, em 08.06:A agência do INSS em Bom Jardim, cidade serrana a 166 quilômetros do Rio, ficou na

semana passada, de uma só vez, sem o chefe e o adjunto. José Nilton Pereira Pinto e VantuilMarques Chiapini se afastaram dos cargos a fim de disputar a reeleição para a Câmara Munici-pal. Embora a campanha oficial só comece mês que vem, na prática Zé Nilton e Vantuil estão hátempos batalhando pelo voto.

“Zé Nilton disse que, pela lei, não tinha como me aposentar. Mas prometeu que dariaum jeito, desde que eu ajudasse também”, conta a lavradora Zilda Muzi Souza, de 66 anos.Perguntada sobre o tipo de ajuda pedido pelo chefe da agência do INSS, a lavradora abaixa acabeça e, com um sorriso tímido, responde:

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“Ah, ele pediu os nossos votos.” José Nilton, Vantuil e dona Zilda são personagens deum fenômeno que cria raízes na política da Região Metropolitana do Rio e no interior do Esta-do: o uso dos benefícios da Previdência Social como uma máquina de fabricar votos. Funcioná-rios do INSS e médicos peritos se aproveitam das deficiências do sistema, que dificulta a vidados mais pobres e facilita a dos mal-intencionados, para formar currais eleitorais que os tornamquase imbatíveis a cada pleito. (...)

Em grotões onde toda a família tem alguém na fila dos benefícios, Zé Nilton conquis-tou cadeira cativa na elite política. Seu prestígio foi construído à custa de pessoas como a lavradoraJudith Freze Tardim, de 65 anos. Viúva e analfabeta, ela vive com quatro filhos em CórregoSanto Antônio, distrito de Bom Jardim. Há dez anos, tenta inutilmente aposentar-se pelo Funrural.Enquanto aguarda, continua dedicando quatro horas de seu dia a roçar, limpar, cavucar, cortare colher batatas no terreno em frente. O trabalho é penoso e, no fim do mês, ela ainda é obrigadaa repassar 20% dos R$ 400 mensais que consegue produzir para o dono do terreno, que chamade meu patrão. Judith não perde a esperança:

“Na última vez que estive com Zé Nilton, ele prometeu que ia mandar de novo o meupedido e me pediu voto em troca. Se ele conseguir, arrumo o meu e de toda a minha família.”

Por e-mail, o vereador José Nilton disse que todo funcionário público pode ser candida-to, mesmo ocupante de cargos de chefia, desde que observe os prazos legais de licenciamento,como afirma ter feito. Nilton disse que é funcionário do INSS há 22 anos, com ficha funcional“absolutamente imaculada”, e que seu trabalho é resolver os problemas dos segurados – o quealega ter feito “com absoluto respeito aos cidadãos” e agindo sempre conforme os regimentosinternos do INSS. “Sou vereador há apenas 3,5 anos, pré-candidato em 2008 e sofri as mesmasfofocas políticas no pleito passado. São comuns nesse período”, disse o vereador por e-mail.

Vereadores já respondem a processos. Para procurador-geral eleitoral, controles

frágeis do sistema favorecem manipulação

Publicou O Globo, em 08.06:Junto com a esperteza, a fraude é o outro combustível que alimenta a máquina de

produzir votos com a rede do INSS. No ano passado, o vereador Carlos Alberto Balbi Moura,de Nova Friburgo (Região Serrana), foi preso com mais nove pessoas, incluindo sua mulher edois funcionários da agência local do instituto, por fraude na concessão de auxílio-doença.

A operação se chamou Anos Dourados.

Por conta da investigação, a Previdência mandou suspender mais de 1.500 benefíciosconcedidos ilegalmente pela quadrilha. Balbi e seu grupo simulavam vínculos trabalhistas paracriar supostos períodos de contribuição. Aos favorecidos, além de cobrar dinheiro, pediam votos.

Processado criminalmente na Justiça Federal, ele também está prestes a ser denunciadopela Procuradoria-Geral Eleitoral. Sob o risco de ficar inelegível, Balbi não pagou para ver. Noinício do ano, renunciou ao mandato. O vereador Efer Soares de Souza, de São Fidélis, tambémfoi preso, na operação Saideira, por envolvimento com outra quadrilha que lesava o INSS.

Outros três vereadores, todos no exercício do cargo, enfrentam inquéritos e processospor fraude previdenciária.

Dois deles são de Nova Iguaçu. Marcos de Oliveira Fernandes, servidor do INSS lotadona agência de Queimados e eleito em primeiro mandato, responde a inquérito civil público einquérito policial por autorizar, sem amparo legal, a concessão de benefícios para eleitores deNova Iguaçu, quando chefiava a agência de Japeri (outro Município), entre novembro de 2000 ejulho de 2004. O procurador da República responsável pelo caso, Carlos Bruno Ferreira daSilva, disse que está solicitando à Previdência auditoria em todos os benefícios do período, antes

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de decidir se Marcos será denunciado. Bruno também encaminhou o caso à Justiça Eleitoral.“Há várias pessoas favorecidas que nunca moraram em Japeri, mas só a auditoria pode-

rá nos dar essa certeza”, disse o procurador.Seu colega de Câmara, Alexandre José Adriano, o Xandrinho, é também funcionário da

Previdência Social. Atual líder do governo na Casa, ele já foi ex-procurador e ex-chefe do setorfinanceiro do INSS no Município. No sistema da Justiça Federal, seu nome aparece como inte-grante do grupo liderado pela fraudadora Jorgina Maria de Freitas. O processo, que incluiu osequestro de bens, ainda não foi concluído. Outro vereador com problemas é Lenilson PaesRangel, o “Lenilson do INSS”, de Itaguaí, cujo nome consta em três processos sobre fraudeprevidenciária.

Mas, como os demais parlamentares, Lenilson se prepara para disputar mais uma reeleição.O procurador-geral eleitoral, Rogério Nascimento, disse que o INSS virou um podero-

so cabo eleitoral na região metropolitana e no interior do Estado porque os controles do sistemasão frágeis e favorecem a manipulação política de seus benefícios.

Ele, que já estava preocupado com a capacidade de influência de concessionárias doserviço público no processo eleitoral, reconhece que enfrenta também a fraude previdenciáriacomo um fator de multiplicação de votos nos grotões.

“A possibilidade de decidir por um benefício, devido ou não, concede a essa pessoa,servidor ou perito, muito poder. É muita gente querendo e a Previdência não dando a devidaresposta. Isso gera uma poderosa máquina de premiação. Um orçamento daquele tamanho, paradistribuir a quem lhe é fiel, é sinônimo de muito voto.”

Parecer mostra dispensa de checagem de dados do INSS

Por Leonencio Nossa, de O Estado de S. Paulo, em 05.06:Documento de cinco páginas com o parecer do então procurador-geral da Agência

Nacional de Aviação Civil (Anac), João Ilídio Lima Filho, mostra que a Anac dispensou até achecagem dos débitos com a Previdência Social (INSS) de um dos empresários que compraram,há dois anos, a VarigLog. O documento confirma a informação da ex-diretora da Anac DeniseAbreu. Em entrevista ao Estado, ela disse que, por pressão da ministra-chefe da Casa Civil,Dilma Rousseff, a agência dispensou também a análise da declaração do Imposto de Renda, averificação da origem do dinheiro dos sócios e a participação de cada um.

A decisão foi tomada com base em um parecer produzido em menos de 24 horas porLima Filho. No parecer, ele rejeita as exigências feitas pela Superintendência de Serviços Aéreos(SSA), um órgão da agência, para garantir o limite máximo de 20% de participação de capitalestrangeiro na empresa, como determina o Código Brasileiro de Aviação, e evitar a venda para“laranjas”.

A agência concordou com a venda da VarigLog para a Volo do Brasil (empresa formadapelo fundo de investimentos americano Matlin Patterson e por três sócios brasileiros) na ma-drugada de 24 de junho de 2006, menos de um dia depois de o procurador iniciar a elaboraçãodo parecer.

Lima Filho diz, no Parecer 13/2006, de 23 de junho, que não era o “caso” de apresen-tação da declaração do Imposto de Renda do empresário brasileiro Marco Antonio Audi, umdos sócios da Volo, porque seria da competência da agência apenas “pautar pela análise dacomposição de capital das concessionárias”. O procurador ressalta que o respeito ao limite departicipação de estrangeiros estaria garantido pelos documentos apresentados.

Os recursos usados na negociação foram provenientes de empréstimos diretos contra-tados nos Estados Unidos pelos sócios com o JP Morgan Chase Bank, segundo o documento.

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“Quanto aos demais relacionados pelos técnicos da SSA, não se encontra disposiçãolegal que justifique tal exigência, devendo, dessa forma, ser dispensada tal obrigatoriedade”,destaca o parecer.

Fazenda nega favorecimento para beneficiar Varig

Por Adriana Fernandes, de O Estado de S. Paulo, em 05.06:Brasília – O Ministério da Fazenda, em comunicado oficial distribuído pela assessoria

de imprensa, negou que tenha havido favorecimento da Procuradoria-Geral da Fazenda Nacio-nal para beneficiar a Varig.

Em entrevista publicada hoje pelo jornal O Estado de S. Paulo, a ex-diretora da AgênciaNacional de Aviação Civil (Anac) Denise Abreu denunciou que o ex-procurador-geral da Fazen-da Nacional Manoel Felipe Brandão foi afastado do cargo por ter dado declarações afirmandoque o comprador da Varig herdaria as velhas dívidas.

Segundo Denise Abreu, Brandão foi substituído por Luís Adams, que emitiu um pare-cer garantindo que não havia necessidade de sucessão das dívidas.

Sobre as declarações da ex-diretora da Anac em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo,a Assessoria de Comunicação Social do Ministério da Fazenda esclarece que “não houve nenhu-ma solicitação direta ou indireta para emissão de parecer da Procuradoria-Geral da FazendaNacional que beneficiasse a Varig”, afirma o comunicado.

O procurador Luís Adams não quis se pronunciar. Procurada, a assessoria de Adamsinformou que seria a assessoria do ministro da Fazenda, Guido Mantega, que comentaria o caso.Denise Abreu relatou ainda que foi pressionada pela ministra da Casa Civil e pela secretáriaexecutiva da pasta, Erenice Guerra, a tomar decisões favoráveis à venda da VarigLog e da Varigao fundo americano Matlin Patterson e a três sócios brasileiros.

Na entrevista, Denise conta que Brandão deu algumas declarações dizendo que a suces-são de dívidas não estava afastada.

Presos vice-prefeito e vereador por fraude ao INSS

Publicou O Globo, em 25.04:Quarenta e oito pessoas foram presas ontem pela Polícia Federal na Operação Auxílio-

Sufrágio, que investiga fraudes contra a Previdência no Espírito Santo. Entre os detidos estãoum vereador e o vice-prefeito de uma cidade do interior. Segundo a polícia, a quadrilha é co-mandada pelo deputado estadual Wolmar Campostrini (PDT-ES), médico perito licenciado daPrevidência Social que, por meio de assessores, parentes, empregados, despachantes e servido-res públicos, orientaria a concessão dos benefícios fraudulentos. Segundo a polícia, o esquemafuncionava desde 2003 e pode ter desviado R$ 5 milhões nos últimos seis meses.

Policiais cumpriram mandado de busca e apreensão na residência, na clínica e no gabi-nete do deputado, onde foram recolhidos seis HDs (dispositivo de computador que armazenadados) e documentos.

Procurador federal e juiz aposentado envolvidos em fraude contra INSS. Esque-

ma foi montado em Salvador e mais três Municípios baianos

Em 10.04, a Força-Tarefa Previdenciária cumpriu, na Bahia, nove mandatos de busca eapreensão nas residências de um procurador federal, de sua filha, de um juiz de direito da Bahiaaposentado e de uma advogada. A Força-Tarefa é composta por servidores da PrevidênciaSocial, Polícia Federal e Ministério Público Federal.

De acordo com o inquérito policial, o procurador federal utilizava informações privile-

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giadas que possuía, em função do exercício do cargo, para orientar os integrantes da quadrilhanas seções judiciárias de Vitória da Conquista e de Salvador, onde o Instituto Nacional doSeguro Social (INSS) estava sendo questionado. Os crimes atribuídos aos fraudadores são: ad-vocacia administrativa, violação de sigilo funcional e formação de quadrilha.

As buscas e apreensões ocorreram em Salvador e nos Municípios de Vitória da Con-quista, Ituaçu e Tanhaçu. Os mandados requeridos pelo MPF, em Vitória da Conquista, e pelaPF, em Ilhéus, foram expedidos pelo juiz João Batista de Castro Júnior, da Vara Federal deVitória da Conquista. O juiz decretou também o afastamento cautelar do procurador federal,considerado cabeça da quadrilha, a fim de preservar as provas do esquema.

A Operação Terra, como foi denominada a ação, faz parte das investigações realizadaspela Força-Tarefa Previdenciária. Por força da Constituição, somente o Poder Judiciário podeconsiderar alguém culpado de um crime, valendo nesta etapa a presunção da inocência a favordos denunciados.

Quatro fraudadores presos em Salvador/BA. Estão sendo cumpridos 9 manda-

dos de busca e apreensão

Em 26.03, informou o MPS que mais quatro fraudadores da Previdência Social foramretirados de circulação. A Força Tarefa Previdenciária (Polícia Federal, Previdência e MinistérioPúblico federal) realizou as prisões na Região Metropolitana de Salvador (BA), e cumpre nestemomento nove mandados de busca e apreensão. Os prejuízos estão estimados em R$ 5 milhões.

Um dos detidos era servidor do INSS. Também foram presos um médico particular edois atravessadores. A quinta pessoa que seria presa, também servidor, faleceu na semana passada.

A Força-Tarefa Previdenciária prendeu 21 fraudadores no Estado de Alagoas. Entreeles, dois atravessadores. A Previdência Social alerta que nenhum segurado deve contratar ter-ceiros para ter acesso aos seus serviços. Hoje, existem inúmeras facilidades para os segurados,como, por exemplo, o agendamento do atendimento em uma unidade do INSS, pelo telefonenúmero 135 ou pela internet. Alguns serviços e benefícios podem ser solicitados pela internet,a exemplo da pensão por morte e do salário-maternidade. Além disso, nenhum atravessadorconsegue facilidades, como apressar o atendimento ou aumentar o valor dos benefícios, comoprometem aos segurados. (...)

Presa quadrilha que fraudava Previdência Social. Bloqueados bens móveis, imó-

veis e contas bancárias dos investigados

Em 25.03, a Polícia Federal de Alagoas (PF/AL) cumpriu mandados de prisão, de buscae apreensão e de sequestro de bens requeridos pelo Ministério Público Federal em Alagoas(MPF/AL) e pela própria PF no inquérito que investiga fraudes cometidas contra a PrevidênciaSocial. As ordens judiciais da chamada Operação Bengala foram determinadas pela 8a VaraFederal em Arapiraca.

Segundo o procurador da República Rodrigo Tenório, que atua na Procuradoria daRepública em Arapiraca, o grupo investigado falsificava documentos no interior do Estado quedepois eram utilizados na obtenção de benefícios fraudulentos junto ao Instituto Nacional doSeguro Social (INSS). Para tanto, recebiam ajuda de servidores públicos federais da ReceitaFederal e do INSS. Os primeiros atuavam produzindo CPFs falsos. Já os servidores do INSS,inseriam os dados no sistema de concessão de benefícios. A quadrilha também contava com oapoio de servidores dos Correios e de cartórios do interior do Estado, que também produziamdocumentação falsa. Os envolvidos também arregimentavam pessoas para fazer uso dos docu-mentos falsos no momento da obtenção dos benefícios.

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O esquema de fraude vinha sendo investigado desde maio do ano passado e aconteciaem vários Municípios alagoanos, entre eles Arapiraca, São Miguel dos Campos e Teotônio Vilela.Em setembro, a PF chegou a pedir a prisão de vários envolvidos à 8a Vara Federal, mas oMinistério Público Federal, como titular exclusivo da ação penal, se opôs ao pedido e requisitounovas provas e análise dos dados financeiros dos investigados.

Após a obtenção dessas novas provas, o MPF pediu o bloqueio de bens móveis, imóveise de contas bancárias dos investigados, além das prisões, que foram determinadas pela JustiçaFederal e cumpridas hoje pela PF. Ao todo, foram presas 21 pessoas (uma delas, em flagrante) ecumpridos 21 mandados de busca e apreensão. “O levantamento do patrimônio financeiro dosenvolvidos é essencial para impedir a continuidade do funcionamento do esquema e permitir oressarcimento ao erário do que foi desviado”, explicou o procurador da República.

O MPF não divulgou os nomes das pessoas investigadas e que tiveram as prisões decre-tadas. As prisões preventivas e temporárias foram pedidas para preservar as provas e impedir acontinuidade da prática dos crimes, em especial a lavagem do dinheiro.

Após a conclusão do inquérito policial, os autos serão encaminhados para o MinistérioPúblico Federal para que sejam adotadas as medidas judiciais cabíveis nas áreas criminal e cível.

Marinho e Andrade anunciam a prisão de seis fraudadores. Quadrilha era ligada

a entidades beneficentes de assistência social

Em 13.03, o MPS informou que o ministro da Previdência Social, Luiz Marinho, e asuperintendente da Polícia Federal em Brasília, Valquiria Teixeira de Andrade, anunciaram aprisão de seis pessoas acusadas de fraudar a concessão do Certificado de Entidade Beneficentede Assistência Social (Cebas). O certificado isenta a entidade considerada filantrópica do paga-mento de impostos, contribuições sociais e outros tributos.

Entre os presos estão dois conselheiros do CNAS: Márcio José da Silva, representanteda União Brasileira de Cegos, e Euclides da Silva Machado, da Obra Social Santa Isabel. Tam-bém foram detidos Carlos Ajur, ex-presidente do CNAS, Ricardo Vianna Rocha (advogado),Luiz Vicente Dutra (advogado), e Andréa Schran (secretária de Dutra). Foram cumpridos, tam-bém, 27 mandados de busca e apreensão no Distrito Federal, Paraíba, Pernambuco, EspíritoSanto, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul, inclusive no escritório e na casa do presidente doCNAS, Sílvio Iung. As prisões foram efetuadas em Brasília, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul eSanta Catarina.

O CNAS é composto por 18 membros, sendo nove representantes de entidades civis enove representantes do governo. As investigações não detectaram nenhum indício de irregula-ridade entre representantes governamentais.

O ministro da Previdência elogiou a parceria entre MPS, Polícia Federal e MinistérioPúblico para realizar a operação. O ministro destacou que o governo está firmemente empenha-do em combater toda forma de corrupção no país. Em relação à concessão de Cebas, o ministroinformou que o projeto de lei que será enviado ao Congresso modificando as regras para aconcessão do certificado e a fiscalização das entidades beneficiadas deverá corrigir o problema.“Quando cheguei à Previdência, constatei que o formato era equivocado, portanto sujeito afraudes como a que está sendo desvendada hoje”, afirmou Marinho. (...)

Atualmente, os Cebas têm validade de três anos e, só após esse período, são fiscalizados.O Ministério tem vários recursos de uma mesma entidade para julgar – tem entidades com trêsrecursos aguardando julgamento. Se o ministro ou o Conselho Nacional de Assistência Social(CNAS), órgão ligado ao Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS),julgarem recursos pendentes há nove anos e os indeferirem, podem arruinar uma entidade séria,

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que cumpre sua obrigação social, mas, por exemplo, não preenchem corretamente a papelada. Jáoutras entidades, que não cumprem sua função social, mas preenchem corretamente a papelada,continuam com o direito a isenção. Às vezes indefinidamente. Isso porque não existe fiscaliza-ção sobre a prestação do serviço – quantidade e qualidade – para a população. “O modelo temde mudar em benefício dos bons”, diz Marinho.

Investigações

O caso começou a ser investigado em 2004, quando a Polícia Federal recebeu umadenúncia de que conselheiros do CNAS ofereciam facilidades para a obtenção de Cebas. Oconselho é composto por nove representantes do governo e nove de entidades civis. De acordocom as investigações, conselheiros ligados a entidades civis combinavam a aprovação de pedi-dos de Cebas e só submetiam os processos escolhidos ao plenário quando tinham certeza deque determinados conselheiros, propensos a pedir vistas de processos, não compareceriam àreunião. A quadrilha também gerenciava a pauta de votações, retirando e incluindo processos.

A Polícia Federal apurou que pelo menos 60 entidades teriam recebido o Cebas deforma indevida. Um dos presos, que atua como advogado de entidades, chegava a ditar votos enotas técnicas para conselheiros do CNAS.

O certificado é, na prática, o reconhecimento de que a instituição presta relevante servi-ço à comunidade. As entidades que possuem o documento podem usufruir de diversos benefí-cios concedidos pelo governo federal. As entidades que obtêm Cebas passam a ter isenção dacota patronal da contribuição previdenciária e também deixam de recolher PIS, Cofins, CSL e aextinta CPMF. Para ter direito ao certificado as entidades têm que cumprir uma série de exigên-cias, entre elas, oferecer serviços gratuitos à população. Anualmente, as isenções concedidas àsentidades consideradas beneficentes representam, apenas para a Previdência, uma renúncia fis-cal de cerca de R$ 5 bilhões por ano.

Presos oito acusados de golpe no INSS

Por Fábio Vasconcellos, de O Globo, em 22.02:A Polícia Federal (PF) e o Ministério Público Federal (MPF) desarticularam ontem uma

quadrilha acusada de elaborar e usar documentos falsos em ações para obter aposentadoriasrurais fraudulentas no INSS.

Oito pessoas foram presas temporariamente – cinco advogados, um estudante de direi-to e dois aliciadores. A operação foi batizada de Kabuf, em alusão à expressão usada pelossuspeitos quando se cumprimentavam por telefone. Os acusados, dois deles filhos de um juiz,foram levados para a sede da PF no Rio, onde prestaram depoimento e ficarão presos por cincodias. Segundo estimativa, as fraudes dariam um prejuízo de R$ 6 milhões ao INSS.

As investigações apontam que o grupo percorria cidades como Cantagalo, Cordeiro,São Sebastião do Alto, Miracema, Santo Antonio de Pádua, São Fidélis e Cambuci, convencen-do moradores a entrarem com ações contra o INSS para requerer a aposentadoria rural. Oserviço era oferecido gratuitamente e as vítimas assinavam procurações que autorizavam o gru-po a mover ações judiciais.

Um monitoramento telefônico, determinado pela Justiça, confirmou que os advogadosretinham as carteiras de trabalho das vítimas. Os procuradores e a PF já identificaram 1.346processos apresentados pelo grupo desde 2006 e que ainda não tiveram o pagamento autoriza-do pelo INSS.

Em pelo menos 50 já analisados, há indícios de irregularidades.A principal delas é o pedido de benefício para pessoas que sequer eram agricultoras.Também eram apresentadas informações erradas sobre o tempo que as pessoas tinham

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de trabalho rural.De acordo com o superintendente da PF, delegado Valdinho Jacinto Caetano, o bando

chegava às cidades anunciando que estavam a serviço do INSS. Os aliciadores eram responsá-veis por atrair o maior número de interessados.

O grupo chegava a usar carros de som para anunciar o trabalho e dizia estar a serviço dogoverno federal. “Vamos analisar uma série de documentos apreendidos e também ouvir algu-mas testemunhas, para termos certeza de quando eles começaram a atuar”, afirmou Caetano.

O rendimento do grupo, segundo a PF, poderia ocorrer de duas formas: com o recebi-mento dos valores atrasados ou, ainda, no recebimento de até 12 salários dos supostos agricul-tores (a aposentadoria dos trabalhadores rurais era de um salário-mínimo).

Os acusados responderão pelos crimes de falsidade ideológica, falsificação de docu-mentos e falso testemunho, além de formação de quadrilha.

As penas variam de quatro a 26 anos de prisão. Os presos são Tales Donato Scisinio,Mateus Donato Scisinio, Diogo Tostes Dias, Renato José Fernandes, Marcos Tadeu DuartePeçanha, Igor Scisinio Pontes, Nimer Juni Titoneli Mansur e Carlos Nicolau Curcio.

Presos dez acusados de fraudar o INSS

Publicaram a Agência Brasil e a Gazeta Mercantil, em 21.02:A Polícia Federal, com o apoio do Ministério da Previdência Social e do Ministério

Público Federal, prendeu ontem pelo menos dez integrantes da organização criminosa quefraudava o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) em Manaus. As prisões ocorreram du-rante a Operação Hígia. De acordo com estimativa do INSS, a projeção anual dos prejuízospode chegar a R$ 14 milhões. De acordo com o superintendente da PF no Amazonas, JoséRenan Ribeiro, “o caso possivelmente já está encerrado, apesar de não descartarmos a possibili-dade de novas investigações para outros crimes”.

“A quantidade de pessoas beneficiadas nós ainda não sabemos. O que de fato existe é aparticipação comprovada de três servidores do INSS nesse esquema. São dois servidores admi-nistrativos e um médico perito”, disse o gerente regional do INSS, André Fidelis. Desde 2003existe entre o INSS e a PF um acordo técnico para inibir fraudes. A ação conjunta resultou, em2006, na prisão de 58 servidores envolvidos em fraudes. No ano passado, foram presos 27servidores

Força-tarefa federal prende 10 pessoas por fraude no Amazonas

Publicou o Correio Braziliense, em 21.02A Força-Tarefa Previdenciária no Amazonas, composta por servidores do INSS, Polícia

Federal e Ministério Público Federal, prendeu dez pessoas envolvidas em um esquema de frau-des contra a Previdência Social.

A quadrilha é suspeita de ter causado aos cofres públicos um prejuízo de ao menos R$1,2 milhão, valor que pode chegar a R$ 14 milhões no período de um ano.

A operação, intitulada “Hígia”, contou com 110 policias federais e técnicos do INSSpara cumprir dez mandados de prisão e 13 de busca e apreensão. Entre os presos, segundo oinformado até agora pela PF do Amazonas, estão um médico perito, dois servidores, quatromédicos particulares e três agenciadores.

O esquema envolvia fraudes em benefícios previdenciários de auxílio-doença e aposen-tadoria por invalidez em Manaus. As investigações, iniciadas em maio de 2007, concluíram quea quadrilha era composta por um médico perito do INSS, dois servidores, quatro médicosparticulares e seis agenciadores – além de titulares de benefícios supostamente fraudados, essas

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pessoas aliciavam beneficiários e ficavam com metade do valor dos benefícios conseguidos.De acordo com a PF, o esquema consistia no uso de atestados falsos, exames maquiados

ou fraudados, laudos e perícias inidôneas e agendamento e direcionamento criminosos de perí-cias por parte dos servidores envolvidos para o médico integrante da quadrilha

Dinheiro misterioso

Por Erika Klingl, do Correio Braziliense, em 15.02O Ministério Público do Distrito Federal quer que a Fundação de Empreendimentos

Científicos e Tecnológicos (Finatec) devolva R$ 24,3 milhões aos cofres públicos. De acordocom os promotores que acompanham o caso, a decisão foi tomada depois da descoberta deirregularidades, como dispensa de licitação e superfaturamento do preço oferecido no contratono 24, de 1998, com o Ministério da Previdência Social. A entidade sem fins lucrativos foicontratada sem licitação pelo Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS), até 2002, paraserviços de modernização do atendimento e realização de concurso para contratação de funci-onários.

No início do processo, a Finatec terceirizou a contratação de mil trabalhadores para aatividade que não tem relação com o fomento à pesquisa. “Após a execução do serviço houveuma sobra de R$ 24 milhões que foi diluída em contas bancárias de outros convênios numatentativa de maquiar a origem desse dinheiro”, acusou o promotor Ricardo Antônio de Souza,da Promotoria de Justiça de Tutela das Fundações e Entidades de Interesse Social. (...)

De acordo com o promotor, essa é considerada uma das mais graves acusações do MPcontra a fundação. “Houve a ocultação de R$ 24 milhões e, após a descoberta desse montante,ouvimos que se tratava de sobra do contrato de terceirização do serviço prestado no INSS.” Em2 de janeiro de 2004, o dinheiro teria aparecido na contabilidade da fundação e sido depositadoem uma conta do Banco do Brasil, onde está até hoje.

Para o promotor, os R$ 24 milhões devem ir imediatamente para os cofres públicos,numa tentativa de corrigir as irregularidades no processo. “Vamos tomar as medidas legaiscabíveis para garantir o ressarcimento à União. A sobra desse montante associada às informa-ções que temos deixa claro que houve superfaturamento”, disse Ricardo Souza.

Conta únicaO advogado da Finatec, Francisco Caputo Neto, disse que a fundação não tem receio

de ser investigada “por quem quer que seja” e rebateu as acusações. “O dinheiro sempre esteveem uma conta única e, entre os anos de 2002 e 2004, ficou como uma espécie de reserva estra-tégica para o caso de ações trabalhistas”, explicou Caputo Neto. De acordo com ele, a lei garanteaos mais de mil funcionários contratados para a execução do contrato o prazo de dois anospleitear indenizações. “Em nenhum momento havia dinheiro escondido. Ele estava estampadoem todas as prestações de conta e em todas as auditorias externas realizadas desde 1999 nafundação a pedido do MP.” (...)

Previdência ajuda PF a prender 31 fraudadores no Pará

Em 13.02, o MPS informou que a Força-Tarefa Previdenciária prendeu, em 13.02, 31pessoas que fraudavam a Previdência Social em Belém (PA). Entre os fraudadores, sete sãoservidores administrativos – um deles é o chefe da Agência da Previdência Social de Mosqueiro,que estava funcionando na capital paraense – e dois são peritos médicos. Os outros 22 presossão intermediários, entre eles dois são falsos médicos.

A Força-Tarefa, que é composta por servidores do Ministério da Previdência Social,Polícia Federal e Ministério Público Federal, concluiu as investigações iniciadas pelo INSS em

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outubro de 2006.Estão sendo investigados 517 benefícios concedidos a partir de 2003, entretanto, há

suspeitas de que a quadrilha tenha fraudado 17 mil benefícios. A estimativa inicial é de que oprejuízo seja de mais de R$ 10 milhões para os cofres da Previdência.

EsquemaA quadrilha arregimentava pessoas que tinham interesse em conseguir benefícios frau-

dulentos (auxílio-doença, aposentadoria por tempo de contribuição, por idade/invalidez, pen-são por morte ao idoso e portador de deficiência) a participarem do esquema.

Depois confeccionavam a documentação falsa necessária para solicitar o benefícioprevidenciário e em seguida davam entrada no requerimento do benefício em uma das APSonde trabalhava um membro da quadrilha – o servidor que habilitava e concedia o benefício, ouo médico perito que atestava a existência de doença ou invalidez.

Dois fraudadores foram presos em Santa Inês, no Maranhão. Nos dois casos, apósobter os benefícios fraudulentos, eles fizeram empréstimos consignados para pagar a quadrilha.Essa prática era usual. Se o beneficiário não tivesse dinheiro para adiantar o pagamento, depoisda concessão era realizado um empréstimo consignado para ratear entre os membros da quadri-lha que intermediou a concessão do benefício fraudulento.

Entre 2003 e 2008, já foram realizadas 145 operações pela Força-Tarefa Previdenciária,sendo que 4 delas foram realizadas este ano (em MG, SC, SP e esta do PA). Neste período,foram presos 868 fraudadores, sendo 48 deles em 2008. Entre os presos desde 2007, 38 sãoservidores do INSS.

Nos cartões da previdência despesas subiram 202% em um ano, totalizando

R$1,4 milhão, quase tudo em saque

Por Maiá Menezes, Odilon Rios e Paulo Yafusso, de O Globo, em 10.02:Área sensível da gestão federal – chegou ao fim do ano passado com um déficit de R$

46 bilhões –, a Previdência Social aumentou em 202,5%, em um ano, os gastos com cartãocorporativo. Passou de R$ 471,7 mil, em 2006, para R$ 1,4 milhão em 2007. A grande maioriados recursos, R$ 999,9 mil, foi retirada dos cofres públicos em saques na boca do caixa. Nãohouve uma média de gastos entre as superintendências do INSS. Variaram de R$ 70 mil, comoocorreu em Belo Horizonte, a R$ 50, em Campinas.

Uma consulta aos dados do Portal da Transparência, do governo federal, leva a umquestionamento sobre as prioridades do órgão. Há casos em que servidores fizeram comprasem confecções de roupas, lojas de sapatos, perfumarias, lojas de brinquedos, camelôs e salões debeleza. No posto do INSS de Maceió, que gastou R$ 59.837,15 em 2007, recursos do cartãocorporativo foram usados para pagar roupas, sombrinhas de praia e carrinhos de picolé e decachorro-quente. No Estado, 15 funcionários com cargos de confiança no instituto podemadquirir de tudo com o cartão corporativo. Basta justificar o uso da verba pública, através denotas fiscais.

“A sociedade tem que questionar isso. Desde moleque, ouço dizer que o aumento dosalário-mínimo ia quebrar a Previdência. Mas, na verdade, são escolhas como essa que quebramo setor, que não consegue garantir o padrão mínimo de compras para os aposentados”, reclamao presidente do Sindicato Nacional dos Aposentados, João Baptista Vicentini. (...)

INSS diz que despesas são comprovadas. Órgão afirma também que faz fiscali-

zação sobre os gastos com cartão

Em 10.02, o governo federal afirmou que os gastos com cartão crescem na mesma

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proporção em que diminuem as despesas pagas com a chamada conta B. As contas, nos minis-térios, estão sendo extintas aos poucos, por determinação do mesmo decreto que criou o novosistema. Os servidores, à medida que se habituam com os cartões, substituem a maneira degastar a verba pública.

A opção pelo sistema de saques e crédito foi criada em 2001 e implantada pelo Execu-tivo em 2002.

De acordo com a assessoria de imprensa do INSS, as superintendências locais recebemorçamentos diferentes para serem gastos com o cartão corporativo, que atendem ao tipo deserviço oferecido ao público e à quantidade da demanda. Os valores mais altos correspondem àscifras máximas que uma superintendência pode gastar. Existem casos de locais que não preci-sam gastar todo o valor.

A assessoria do órgão também explicou que todos os gastos devem ser comprovadoscom notas fiscais. Se for constatada alguma irregularidade, o próprio ordenador de despesas dolocal determina a devolução do dinheiro.

A gerente em exercício do INSS em Maceió, Isabel Almeida, afirma que os cartõesevitam a burocracia das licitações públicas e dá agilidade ao programa Reabilita, de inclusãosocial dos segurados.

“Os cartões são importantes porque temos uma lista do que pode e não pode comprar.E mesmo assim temos que justificar toda esta compra. Além disso, se os cartões não existissem,não poderíamos fazer compra emergenciais de materiais para o funcionamento do INSS oupara o segurado do Reabilita”, afirma Isabel.

A assessoria de imprensa do INSS, em Brasília, confirmou que as compras de roupasfeitas em Maceió foram para um segurado que integrou o programa Reabilita, que funcionaexclusivamente para beneficiários do auxílio-doença. O beneficiário foi um homem que fez umcurso de capacitação para exercer a função de vigilante. Todos os integrantes são obrigados apassar por uma avaliação médica. (...)

Quadrilha fraudava Previdência Social em Santa Catarina

Em 28.01, o MPS informou que a Força-Tarefa Previdenciária – Polícia Federal, Previ-dência Social e Ministério Público Federal – iniciou em 28.01 a Operação Iceberg, cumprindodez mandados de prisão e 18 de busca e apreensão, desmantelando uma organização criminosaque agia na Agência da Previdência Social em Tijucas, litoral norte de Santa Catarina, ondeforam detectados benefícios concedidos irregularmente a partir de 2002.

O prejuízo aos cofres públicos está estimado em, aproximadamente, R$ 6 milhões emfalsos benefícios.

O Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) começou a averiguar as irregularidadesna APS em Tijucas em 2005, suspeitando do envolvimento de servidores no esquema de frau-des. Mas somente em meados de 2007 a situação tomou dimensão alarmante, com as apuraçõesde irregularidade em aposentadorias rurais.

Todos os benefícios da APS Tijucas serão revisados e, os que foram concedidos irregu-larmente, serão cancelados. A APS mantém 15.683 benefícios, dos quais 8.903 emitidos pelaprópria agência. Os responsáveis, serão punidos criminalmente, além de ter que indenizar oprejuízo causado ao INSS.

De acordo com as investigações, a quadrilha, composta por agenciadores e servidoresdo INSS, arregimentava pessoas a participarem do esquema e a requerer benefícios. Algumasdessas pessoas, após serem beneficiadas passavam a ser aliciadoras.

Esquema

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Os fraudadores atuavam principalmente em concessões de benefícios de aposentadoriapor tempo de contribuição, pensão por morte e aposentadoria por idade. O esquema consistiaem corromper servidores do INSS para que fossem inseridos dados falsos no sistemainformatizado da Previdência Social, a partir de simulação de ações judiciais inexistentes pararecolhimento de tempo de serviço.

Entre as prisões decretadas estão a de um servidor do INSS e de nove intermediáriosidentificados. Eles responderão por crimes de estelionato, formação de quadrilha, corrupçãoativa e outros correlatos, com penas que somadas chegam 22 anos de reclusão. Outros envolvi-dos ainda poderão ser identificados no decorrer nas apurações

PF prende cinco por suspeita de fraude contra previdência em MG

Em 25.01, a Folha de S. Paulo

Cinco pessoas foram presas e duas estão foragidas após ação da Polícia Federal e doMinistério da Previdência Social, realizada nesta sexta-feira em Governador Valadares (MG),com o objetivo de desmontar uma quadrilha especializada em fraudes à Previdência. Levanta-mento inicial indica que os prejuízos podem superar R$ 10 milhões.

Segundo o Ministério da Previdência Social, entre os presos está um servidor da Previ-dência Social, além de advogados, agenciadores, procuradores e beneficiários.

“A prisão no entanto, não prejudicou o atendimento da perícia médica na Agência daPrevidência Social Governador Valadares. O gerente regional do INSS Belo Horizonte, ManoelLessa, explicou que todo o agendamento, anteriormente marcado para o preso, foi transferidopara os demais profissionais da casa”, informou o ministério.

Durante a chamada Operação Hemostasia foram cumpridos ainda 27 mandados debusca e apreensão nos endereços residenciais e de escritórios de advocacia, contabilidade e declínicas e consultórios médicos da região.

Segundo o Ministério da Previdência, a fraude consistia na concessão irregular dosbenefícios por incapacidade, auxílio-doença e aposentadoria por invalidez. Na maioria dos ca-sos, os beneficiados eram aqueles que tinham o benefício por incapacidade negado por falta dequalidade de segurado junto à Previdência (falta de contribuição). Eles tinham a perícia remar-cada e direcionada para o médico perito que participava do esquema, informou o ministério.

O grupo teria agido na concessão de dez mil benefícios, sendo que em 500 já foramencontradas irregularidades.

O delegado responsável pela Operação, José Otávio Cançado, afirmou que o esquema defraudes se iniciou em 2000, “quando o também acusado e preso pelo envolvimento no assassinatoda médica Maria Cristina de Souza Felipe da Silva, o perito Milson Brige, fazia as articulaçõesnecessárias ao esquema fraudulento no exercício da atividade na Previdência Social”.

A Força-Tarefa Previdenciária foi criada em março de 2000 e é composta por servidoresda Assessoria de Pesquisas Estratégicas da Previdência Social, do Ministério Público Federal eda Polícia Federal. Conforme o Ministério da Previdência, somente no ano passado foram rea-lizadas 41 operações e 217 pessoas foram presas, das quais 27 servidores.

Operação em Guarulhos reprime fraude na região

Em 19.01, o MPS informou que a Força-Tarefa Previdenciária – Polícia Federal, Previ-dência Social e Ministério Público Federal – iniciou em 29.01 a operação Fake para reprimircrimes previdenciários na região de Guarulhos, em São Paulo, cumprindo sete mandados debusca e apreensão em empresas, escritórios de advocacia e de contabilidade e em residências.

Desde 2006, a Força-Tarefa Previdenciária acompanhava a atuação da quadrilha de in-

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termediários, que era especializada na obtenção fraudulenta de benefícios com falsificação dedocumentos, criação de vínculos empregatícios fictícios em empresas de fachada e alteração delaudos médicos. A atuação da quadrilha causou um prejuízo de aproximadamente R$ 1 milhãoaos cofres públicos.

Os fraudadores inseriam dados falsos no sistema informatizado da Previdência e seutilizavam de empresas fantasmas para criar vínculos empregatícios fictícios, visando à conces-são de benefícios por incapacidade.

Essa é a terceira ação deste ano. Nas duas anteriores – em Minas Gerais e em SantaCatarina – foram presas 17 pessoas, sendo dois servidores

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MPF/RJ denuncia fraudadores do INSS que atuavam em Miguel Pereira.

Acusados responderão por inserção de dados falsos e desvio de recursos públicos

Em 17.12, após seis meses de investigação, o Ministério Público Federal no Rio deJaneiro (MPF/RJ) denunciou sete integrantes de uma quadrilha de fraudadores do INSSque atuava na agência de Miguel Pereira (RJ). A Polícia Federal, que fez interceptaçõestelefônicas com autorização judicial, cumpriu, nesta quarta-feira, dia 17, mandados de bus-ca e apreensão expedidos pela 2a Vara Federal Criminal do Rio de Janeiro. (...)

Para os procuradores responsáveis pela denúncia, o esquema evidencia que os réusdesprezavam as instituições públicas e escarneciam da administração pública quando a usa-ram como instrumento do seu projeto criminoso.

Estima-se que os valores indevidos desembolsados pelo INSS alcancem dez mi-lhões de reais. A denúncia foi recebida pela 2a Vara Federal Criminal. Apesar do pedido deprisão de todos os denunciados, o juiz deferiu apenas o afastamento cautelar de ClaudioRegi e Carlos Dias de suas funções, além da suspensão do pagamento de parte dos seusvencimentos, restringindo-os a um salário-mínimo, sob o fundamento de que tal medidaseria suficiente para inibir a reiteração dos crimes.

MPF/DF responsabiliza oito por concessão indevida de certificado de

filantropia. Entre os envolvidos estão ex-conselheiros e um servidor do Conselho

Nacional de Assistência Social

Em 11.12, o Ministério Público Federal no Distrito Federal (MPF/DF) ajuizou naúltima sexta-feira, 5 de dezembro, ação de improbidade administrativa contra oito pessoasenvolvidas na concessão indevida do Certificado de Entidade Beneficente de AssistênciaSocial (Cebas) ao Hospital Mãe de Deus pelo Conselho Nacional de Assistência Social(CNAS), em dezembro de 2006. O grupo é acusado de interferir nos processos de interesseda entidade para garantir que ela pudesse gozar, indevidamente, da isenção de contribui-ções sociais. A fraude foi descoberta durante as investigações da Operação Fariseu, deflagradapelo MPF e Polícia Federal em março deste ano. Entre os envolvidos estão quatro ex-conselheiros e um servidor do CNAS, o advogado e dois dirigentes do hospital.

De acordo com o MPF, os agentes públicos utilizaram a posição que ocupavampara patrocinar interesses privados e favorecer, indevidamente, o hospital Mãe de Deus.Eles facilitaram o acesso do advogado da entidade a documentos internos, intercederamjunto a outros conselheiros, realizaram manobras para colocar ou retirar o processo dapauta de julgamento e combinaram estratégias de defesa da instituição. Eram “verdadeirosconsultores da entidade dentro do CNAS, prestando-lhe assessoria e fornecendo-lhe infor-mações privilegiadas”, afirmam na ação os procuradores da República Pedro Antônio Ma-chado e José Alfredo de Paula Silva. Em troca, receberam dinheiro, viagens, vinhos e outrasvantagens indevidas.

Ação do Ministério

Público Federal

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A análise dos documentos apreendidos demonstrou que a Associação EducadoraSão Carlos (com sede em Caxias do Sul/RS), mantenedora do hospital Mãe de Deus (comunidades em Porto Alegre/RS, Capão da Canoa/RS, Campo Bom/RS, Torres/RS), nãocumpria os requisitos necessários para receber o certificado de entidade filantrópica. Pelomenos três irregularidades foram apontadas pela auditoria fiscal: descumprimento dopercentual mínimo em gratuidade (20% da receita bruta); distribuição de patrimônio daentidade; e remuneração direta e indireta de dirigentes. O diretor-superintendente do hos-pital filantrópico, Cláudio Seferim, declarou, em depoimento à Polícia Federal, receber sa-lário mensal de 50 mil reais. Ainda segundo Seferim, a remuneração de outros dirigentesvaria de 30 mil a 40 mil reais por mês.

Denúncia

O esquema montado no CNAS para favorecer o hospital Mãe de Deus já é alvo dedenúncia criminal proposta pelo MPF em setembro deste ano. As acusações são pelos cri-mes de advocacia administrativa fazendária, corrupção ativa e passiva e formação de qua-drilha. A denúncia aguarda apreciação da 12a Vara da Justiça Federal no Distrito Federal.

No âmbito cível, além da responsabilização dos envolvidos por improbidade admi-nistrativa, a ação judicial cobra a devolução do prejuízo causado à União durante o períodoem que o hospital deixou de recolher as contribuições sociais devidas aos cofres públicos,entre 2000 e 2006. Para isso, a Receita Federal deve calcular e fazer o lançamento das dívi-das da entidade imediatamente. O MPF pede ainda a indisponibilidade dos bens dos envol-vidos, como forma de garantir que esses valores sejam pagos futuramente, em caso decondenação.

A ação será julgada pela 20 a Vara da Justiça Federal no DF. Processo2008.34.00.038771-7.

Veja a lista dos requeridos na ação civil pública:Sivio Iung – ex-presidente e conselheiro do CNASMisael Lima Barreto – ex-conselheiro do CNASAdemar de Oliveira Marques – ex-conselheiro do CNASEuclides da Silva Machado – ex-conselheiro do CNASCelyo Rodrigues Nunes – ex-analista do CNASLuiz Vicente Vieira Dutra – advogado do Mãe de DeusLúcia Boniatti – presidente e diretora do hospital Mãe de DeusCláudio Seferin – diretor executivo do hospital Mãe de Deus

Deputado estadual de Rondônia é denunciado por sonegar contribuição

previdenciária. Miguel Sena deixou de recolher a contribuição previdenciária en-

quanto estava na presidência da Caerd

Em 20.11, a Procuradoria Regional da República da 1a Região (PRR-1) denunciou odeputado estadual Miguel Sena Filho e mais duas pessoas por não terem recolhido as con-tribuições previdenciárias ao INSS na época em que dirigiam a Companhia de Águas eEsgotos de Rondônia (Caerd).

Raimundo Marcelo Ferreira, Armando Nogueira Leite e o deputado estadual esta-vam na direção da companhia no período de 2003 a 2007, sendo responsáveis entre outrasatribuições pelo recolhimento do imposto previdenciário.

Durante a auditoria da Delegacia da Receita Previdenciária em Porto Velho foiconstatado que a Caerd tem dívidas previdenciárias de 2001 a 2006, somando mais de 19milhões de reais. Segundo o procurador regional da República Osnir Belice, os acusados

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“deixaram de recolher aos cofres da previdência social as contribuições devidas, emborativessem retido de seus empregados, prestadores de serviços e cooperadores, porque aempresa preferiu privilegiar o pagamento de outros débitos, mesmo tendo plena ciência daobrigatoriedade de recolhimento”.

A denúncia aguarda agora a decisão do Tribunal Regional Federal da 1a Região(TRF-1). Se condenados os acusados poderão cumprir pena de dois a seis anos de reclusão.

MPF/RJ processa fraudador reincidente do INSS. Denunciado na Operação

Anos Dourados foi flagrado em outra atividade ilícita

Em 21.10, a pedido do Ministério Público Federal (MPF) em Nova Friburgo (RJ),a Justiça determinou, em liminar, a suspensão da concessão de aposentadoria a Wilton daCosta Melo, acusado de fraudar o INSS para receber ilegalmente mais de 143 mil reais. Aliminar impede ainda que a União pague o benefício previdenciário ao réu, evitando assimprejuízos aos cofres públicos. A decisão, da 1a Vara Federal do Município, resulta de açãocivil pública proposta pelo MPF em setembro passado (processo no 2008.51.05.001381-3).

Esta não foi a primeira vez na qual Wilton da Costa Melo se envolveu num caso defraude. Em outubro de 2006, na Operação Anos Dourados, resultado da atuação conjuntaentre o MPF, a PF e o INSS para combater fraudes à Previdência Social, foi denunciado porse beneficiar de uma aposentadoria falsa e uma série de benefícios fraudulentos. Na oca-sião, o MPF moveu ação penal acusando Wilton de envolvimento direto no desvio ilegal demais de 246 mil reais. O processo, que trata do desvio de milhões de reais, tem outros 14acusados e aguarda sentença. (...)

No pedido principal da ação, a Procuradoria da República em Nova Friburgo pedeque a Justiça invalide definitivamente o ato do CRPS que garantiu a concessão de aposen-tadoria ao réu. O MPF solicita ainda que qualquer valor que Wilton venha a receber nofuturo seja compensado com as dívidas que ele tem com o INSS, referentes aos atos ilícitoscometidos na Operação Anos Dourados.

Pecuarista paraense é condenado por sonegação previdenciária

Em 20.10, o MPF em Belém/PA anunciou que o pecuarista José Maurício BicalhoDias, dono da Agropecuária Bacuri, de Cumaru do Norte, sudeste do Pará, foi condenadopela Justiça Federal de Marabá a seis anos de prisão e a pagar 124 mil reais de multa.

Ele foi condenado por fraudar os registros contábeis de sua empresa com a finali-dade de sonegar as contribuições previdenciárias, que descontou dos salários dos emprega-dos durante quatro anos, mas nunca repassou ao Instituto Nacional de Seguridade Social(INSS).

“Os motivos do crime basearam-se na realização de transações comerciais e paga-mentos irregulares, com vistas à obtenção de maiores lucros financeiros. Os crimes forampraticados ao longo de vários anos, pois houve apropriação de contribuições previdenciáriasreferentes a 52 meses compreendidos entre fevereiro de 1999 e maio de 2003”, diz o juizfederal Carlos Henrique Borlido Haddad na sentença.

A condenação foi definida no início de outubro e, além da prisão, prevê uma multade 124 mil reais, rigorosa para os padrões da justiça brasileira, que o juiz diz ter fixado ematenção “às condições econômicas do réu, que possui patrimônio de 100 milhões de reais eaufere renda mensal em torno de 120 mil”.

As fraudes na Agropecuária Bacuri S/A foram descobertas depois de uma fiscaliza-ção do INSS em 2003, em que a empresa foi autuada 9 vezes pelas fraudes, com débitos

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previdenciários num total de mais de R$ 1,2 milhão. Os débitos com a previdência sãocobrados independente da condenação judicial.

Ainda cabe apelação da sentença no Tribunal Regional Federal da 1a Região. Oprocesso tramitou na Justiça Federal de Marabá com o número 2004.39.01.001189-4

MPF/SP denuncia e Justiça abre processo contra fraudadores do INSS em

Ribeirão

Em 17.10, a Justiça Federal recebeu denúncia do Ministério Público Federal emRibeirão Preto e decretou a prisão preventiva de cinco pessoas envolvidas com uma quadri-lha, desbaratada pela Operação “24 de Janeiro”, acusada de fraudes contra o INSS. Asinvestigações estimam que cerca de 3.000 benefícios tenham sido concedidos irregular-mente. O prejuízo aos cofres públicos é de, aproximadamente, R$ 350 mil.

A Operação “24 de Janeiro” teve início em 26 de fevereiro de 2008, a partir deinformações trazidas ao conhecimento do MPF pelo gerente executivo do INSS em Ribei-rão, informando que havia sido procurado pela filha de uma segurada que à época estavasendo assediada por um servidor do INSS e um comparsa. Ambos pretendiam “intermediar”o pedido de benefício de sua mãe. A denunciante, por medo de eventuais represálias pelobando, optou por não formalizar nenhuma representação contra os acusados, mas apenasinformou à Gerência Executiva sobre o que ocorreu.

A partir dessa informação, começou uma investigação sigilosa, por meio deinterceptações telefônicas autorizadas judicialmente, que resultaram no desbaratamento deuma quadrilha que aliciava segurados em situação de extrema vulnerabilidade (a maioriapacientes de doenças incapacitantes ou extremamente pobres, mas que não mais ostenta-vam a condição de segurado do INSS) a participarem de um esquema fraudulento que lhesgarantiria benefícios em valores muito próximos ao teto legal estipulado para o INSS.

Constatou-se que a quadrilha, organizada nos moldes de uma organização crimino-sa, era formada e liderada por um servidor da agência do INSS em Ribeirão Preto-SP, ecomposta por pelo menos mais quatro indivíduos, um deles diretor de escola. (...)

No mesmo dia, o MPF pediu a prisão preventiva do grupo, tendo em vista que,uma vez soltos, os acusados poderão fugir do país, bem como dificultar a produção deprovas, seja ameaçando e coagindo os segurados que serão ouvidos pelo INSS e pelo juízo,seja constrangendo os próprios servidores do INSS que, a partir de deflagração da opera-ção, estarão, por meio de uma “força-tarefa” instaurada pela Gerência Executiva do INSS,auditando todos os procedimentos cujo processamento foi realizado pelo servidor infrator.

MPF/PA: quadrilha que fraudava o INSS é denunciada. Entre os acusados

estão servidores do instituto e uma vereadora

Em 13.10, o Ministério Público Federal (MPF) denunciou à Justiça 14 integrantesde um grupo que desviava dinheiro do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) emAltamira, no Pará. Entre os acusados estão uma vereadora de Uruará, Município vizinho aAltamira, e servidores do INSS que faziam registros falsos no banco de dados do órgãopara conseguir os recursos.

O grupo foi denunciado por crimes como formação de quadrilha, corrupção, falsi-ficação de documentos e peculato (apropriação indevida de dinheiro ou bens públicos porfuncionário público). As penas para esses delitos podem chegar a 12 anos de prisão.

A denúncia foi baseada em dados coletados na operação Xingu, realizada em marçode 2007 pela Polícia Federal, Ministério da Previdência Social e MPF, com o cumprimento

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de 11 mandados de prisão e de 12 mandados de busca e apreensão.De acordo com o procurador da República Alan Rogério Mansur Silva, autor da

ação, por meio dos documentos apreendidos foi possível identificar que o bando agiu des-de 2001, pelo menos, até a data da operação.

Atuação organizada

Para conseguir desviar a maior quantidade possível de recursos, os servidores doINSS integrantes da quadrilha incluíram no esquema criminosos que atuavam fora do ins-tituto. Alguns deles – chamados na ação de intermediários – agiam aliciando pessoas inte-ressadas em receber benefícios aos quais não tinham direito, enquanto outros atuavam nafalsificação de documentos.

Os documentos mais vezes falsificados foram declarações de exercício de atividaderural, contratos de comodato rural, radiografias e carteiras de trabalho. Depois que o bene-fício era obtido, a quadrilha ficava com parte do dinheiro pago pela Previdência Social aosaposentados e pensionistas irregulares.

“Foi verificado que, em alguns casos, os servidores do INSS acompanhavam osbeneficiários até o banco, exigindo como ‘propina’ o primeiro benefício”, ressalta o procu-rador da República na ação encaminhada à Justiça Federal em Altamira.

Devido a outra ação da Procuradoria da República no Município, os servidores doINSS denunciados estão com os bens bloqueados desde agosto de 2007, mesma situação datambém denunciada Carmelinda Fátima Freitas dos Santos, servidora pública do Municípiode Vitória do Xingu/PA.

Além da prisão de todos os servidores públicos envolvidos, o procurador da Repú-blica Alan Rogério Mansur Silva pediu à Justiça a perda dos respectivos cargos públicos. (...)

Procuradores fazem blitz no INSS

Por Marcelo Tokarski, da equipe do Correio, Correio Braziliense, em 25.04.O Ministério Público Federal (MPF) realizou uma série de vistorias nas principais

agências do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) em todo o país. No Distrito Fede-ral, os procuradores visitaram os postos de atendimento do Plano Piloto — no Setor Ban-cário Norte (SBN) — e de Ceilândia. O objetivo era detectar os principais gargalos noatendimento aos segurados da Previdência Social e pressionar o governo a investir na melhoriado serviço.

De acordo com a procuradora federal dos Direitos do Cidadão, Ela Wiecko, 10%das reclamações feitas por consumidores ao MP se referem ao atendimento do INSS. “É osegundo maior índice de problemas, atrás apenas da Saúde (com 24% das reclamações)”,afirmou. Segundo a procuradora, entre os principais gargalos estão a demora no atendi-mento, o despreparo dos servidores públicos e problemas na realização das perícias médi-cas, necessárias à concessão de benefícios como o auxílio-doença – pago a quem precisa seausentar do trabalho por mais de 15 dias consecutivos.

Durante a visita à agência do Plano Piloto, os procuradores conversaram com segu-rados, como a aposentada Sebastiana Conceição, de 72 anos. Ela foi ontem ao posto doINSS em companhia do filho, que é surdo-mudo e passaria por uma perícia médica pararevisão do seu benefício. “O atendimento demora demais”, reclamou. A artesã Maria daGraça Carvalho Arruda, de 67 anos, também teve que levar o filho com síndrome de Downpara fazer o exame pericial. “Levei três horas apenas para conseguir marcar a data da perí-cia, que só será no dia 8”, protestou.

A procuradora Ela Wiecko explicou que será elaborado um relatório da operação

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em todo o país. “Vamos sentar com o INSS para discutir os problemas e ver quais são assoluções viáveis”, afirmou. De acordo com o procurador Peterson de Paula, que comandoua vistoria na agência de Ceilândia, o posto presta um atendimento “caótico”. “O espaçofísico é pequeno, faltam funcionários. Uma pessoa leva até três horas apenas para conseguirinformações”, afirmou.

Em nota, o Ministério da Previdência informou que o sistema de atendimento doINSS passa por uma profunda reformulação, que inclui reforma e construção de novasagências, qualificação de servidores e contratação de 8 mil novos funcionários até 2010. Noentanto, o governo não quis se manifestar sobre a blitz do Ministério Público.

Procuradoria Federal dos Direitos dos Cidadão promove hoje o “Dia Nacio-

nal de Inspeção em Agências da Previdência Social”.

Em 24.04, o Ministério Público Federal fez inspeções em agências da PrevidênciaSocial em todo o país. As inspeções acontecem a partir das 10h – horários locais. A inicia-tiva é da Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão (PFDC) que, por meio de seuGrupo de Trabalho Previdência e Assistência Social, promove o “Dia Nacional de Inspeçãoem Agências da Previdência Social”.

O objetivo das inspeções é averiguar a qualidade dos serviços prestados aos cida-dãos pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). Elas serão realizadas por procurado-res da República de todo Brasil que atuam, em primeira instância, com questões relaciona-das à previdência. As agências inspecionadas serão escolhidas a critério dos procuradores, apartir do conhecimento dos problemas locais.

O atendimento prestado pelas agências ao público é, em regra, dividido em serviçode orientação e informação, atendimento simples e atendimento especializado (dentro des-te último tipo estão as perícias médicas). No Plano de Ações Prioritárias do INSS (disponí-vel no sítio da PFDC na internet), o Ministério da Previdência Social descreve ações aserem implementadas até o fim de 2007 para melhorar a gestão e o atendimento do INSS.O MPF pretende avaliar o que realmente foi feito nesse sentido. (...)

MPF/SP move ação contra atrasos no agendamento do INSS. Sistema de

agendamento eletrônico tem tempo de espera entre marcação e atendimento que

supera os 45 dias determinados em lei.

Em 12.02, o Ministério Público Federal em São Paulo entrou com ação civil públicana Justiça Federal com pedido de liminar para que o Instituto Nacional do Seguro Social(INSS) seja obrigado a reduzir para pelo menos 15 dias o tempo de espera entre oagendamento eletrônico feito por meio da internet (http://www.mps.gov.br ), do telefone135 ou qualquer outro método que seja criado, e o atendimento efetivo em uma agência daPrevidência Social na cidade de São Paulo.

A lei determina que transcorram 45 dias entre o início do atendimento do INSS e aresolução sobre o pedido de benefício ou outro serviço solicitado ao órgão. Entretanto, emdiligências realizadas nas agências do INSS em São Paulo, o MPF apurou em agosto de2007 que já havia agendamentos previstos para o mês de janeiro deste ano, ou seja, cincomeses depois do telefonema ou inscrição na internet.

Foi apurado pelo MPF que segurados que procuraram as agências Centro e VilaPrudente para requerer aposentadoria estavam sendo agendados para janeiro de 2008. Naagência Centro, o MPF apurou ainda que os agendamentos para realização de perícias mé-dicas estavam temporariamente bloqueados, conforme determinação da Gerência Executi-va Centro. Na agência Brás, o MPF apurou espera de três meses entre o agendamento e o

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efetivo atendimento. Na agência Brás Leme, foi informado da interrupção temporária noprocessamento de benefícios previsto na Lei Orgânica da Assistência Social (LOAS) a fimde priorizar outros agendamentos com data distante.

“Um absurdo, quando se deveria ter o procedimento administrativo concluído emum prazo de quarenta e cinco dias, o segurado começa a ser atendido em um prazo maiorque esse”, afirma na ação civil o procurador da República Márcio Schusterschitz da SilvaAraújo, que investiga desde 2004 a qualidade do serviço prestado pelo INSS na capital eGrande São Paulo e moveu ações para melhorar o atendimento prestado pelas agências deSanto Amaro e do Tatuapé.

Em 2005, o INSS iniciou o Programa de Gestão de Atendimento (PGA) com ointuito de melhorar o atendimento ao público. Em 2006, foi criada a Central deTeleatendimento da Previdência Social (135) e aberta a possibilidade para os usuários mar-carem pelo telefone e pelo site www.mps.gov.br o dia e a hora do atendimento pretendidona agência do INSS de sua preferência.

Fila virtual

A nova política foi criada para combater as longas filas que, sabidamente, se forma-vam nos postos de atendimento do INSS, até mesmo antes do horário de funcionamento.Apesar da redução do número de pessoas à espera de atendimento nas agências, constatou-se a existência, agora, da formação de filas virtuais, nas quais permanece a demora noatendimento e a prestação inadequada do serviço público.

Ano passado, o MPF continuou a apuração iniciada em 2004, agora visando aferirse houve melhoria no atendimento prestado pelo INSS, mas os problemas persistem, espe-cialmente na longa espera sofrida pelo cidadão entre a data de realização de agendamentoeletrônico e o dia do atendimento. O MPF apurou no ano passado que, em algumas agên-cias, o atendimento era marcado para janeiro deste ano, mas encontrou também casos debloqueio a novos pedidos de agendamento em virtude de marcações acumuladas e ematraso.

Depois do sistema de agendamento, o INSS criou o Plano de Ações Prioritárias(PAP) implementado em agências previdenciárias que apresentam maior grau derepresamento de pedidos, o que deixou a meta do agendamento eletrônico em segundoplano. Apesar de a demora para atendimento, mesmo com o uso do agendamento eletrôni-co, ocorrer em quase todos os postos do INSS, apenas pouco mais de 15 agências paulistasestão incluídas no PAP, que ainda não conseguiu reduzir o tempo de espera nessas agências.

Para Schusterschitz, o ato do agendamento já vincula o atendimento ao prazo pre-visto na lei, de 45 dias, para processamento da requisição feita pelo segurado. O INSS,afirma o procurador, pode e deve adotar medidas para organizar o serviço que presta, massem reduzir o volume de serviço que lhe é exigido pela sociedade. Para o MPF, 15 dias é umprazo razoável entre a ligação ou registro no site e o atendimento, e este foi o prazo suge-rido no pedido de liminar. Entretanto, caberá ao juiz que analisar a ação, caso seja concedi-da a liminar, definir qual seria esse prazo.

MPF/AL denuncia empresário por crimes contra a Previdência. Moacir

Beltrão é acusado de sonegação previdenciária e apropriação indébita.

Em 31.01, o Ministério Público Federal em Alagoas (MPF/AL) ofereceu denúnciacontra o empresário Moacyr João Beltrão Brêda por crime de apropriação indébitaprevidenciária, previsto no art. 168-A do Código Penal. Como responsável pela Meta Em-preendimentos Imobiliários, ele foi denunciado à Justiça Federal por ter efetuado descon-

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tos referentes à contribuição previdenciária dos empregados e não repassar os valores aoInstituto Nacional do Seguro Social (INSS).

O empresário também foi denunciado por crime de sonegação previdenciária pre-visto no art. 337-A do Código Penal, por ter suprimido e reduzido a contribuição socialprevidenciária, por meio da inserção de elementos inexatos e omissão de informações quedeveriam constar nos livros contábeis da empresa.

Segundo consta na representação fiscal para fins penais apresentada pela auditoriado INSS em Alagoas, o contribuinte omitiu em folhas de pagamento e guias de recolhimen-to do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) e informações a Previdência Socialnome de segurados e seus dados pessoais, a remuneração, a vigência do contrato de traba-lho e da prestação de serviços, o que resulta na sonegação da contribuição. Os crimesocorreram no período de janeiro de 1999 a outubro de 2003.

Os débitos apurados foram parcelados em 30 de janeiro de 2006, ficando suspensaa pretensão punitiva do Estado enquanto a dívida estivesse sendo quitada conforme oacordo firmado. Entretanto, conforme o ofício encaminhado pela Receita Federal em no-vembro do ano passado, a empresa está inadimplente desde dezembro de 2006. “Tal fatopossibilita o oferecimento da denúncia, uma vez que o parcelamento do débito fiscal nãoextingue a punibilidade do agente, apenas suspende a pretensão punitiva estatal, podendo oMinistério Público propor a ação penal, desde que seja comprovado o inadimplemento”,observa a denúncia.

MPF/PA exige que INSS atenda a Justiça e regularize benefícios em Marabá.

Sentença de março de 2007 não estava sendo cumprida

Em 22.01, o Ministério Público Federal (MPF) no Pará solicitou à Justiça Federalque faça cumprir sentença de março do ano passado e obrigue a agência do Instituto Naci-onal do Seguro Social (INSS) de Marabá a conceder benefícios mesmo quando a instituiçãonão tiver médicos contratados para realizar perícias.

Feita em dezembro pelo procurador da República Marco Otávio Mazzoni, que atuano Município, a solicitação foi aceita pelo juiz federal Carlos Henrique Haddad em 18 dejaneiro. Dirigentes do INSS no Estado serão intimados pessoalmente da decisão judicial.Caso não tomem providências para cumpri-la, terão que pagar multa de quinhentos reaispor dia.

Em junho de 2006, o MPF ajuizou ação civil pública contra o INSS devido a inú-meras reclamações que recebeu de segurados que estavam tendo seus benefícios canceladosem virtude da demora, por parte do INSS, em agendar perícia. Os benefícios eram cancela-dos enquanto nova perícia não fosse realizada.

Na sentença que deferiu em parte o pedido liminar (urgente) do MPF, Haddaddeterminou que o INSS deveria conceder benefícios previdenciários independentementeda realização de exame médico pericial, em todos os casos em que é exigido, e mediante aapresentação de atestado médico assinado por dois médicos, um deles especialista no ramoda medicina relacionado à doença do segurado, com a necessidade de se mencionar a inca-pacidade para o trabalho. (...)

MPF/AC consegue na Justiça que INSS mude regras para avaliação de inca-

pacidade. Decisão tem validade em todo o território nacional

Em 10.01, a 3a Vara da Justiça Federal no Acre atendeu pedido do Ministério Públi-co Federal e, a partir de agora, o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) deverá consi-

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derar como incapaz, para efeito de concessão de benefícios, a pessoa, idosa ou não, que sejaincapaz de se manter por outros meios que não o trabalho.

Até agora, o INSS considerava que a pessoa que tinha condições de realizar atoscomuns da vida diária, tais como fazer sua própria higiene, alimentar-se ou vestir-se demaneira independente, não teria direito ao recebimento do benefício.

Para decidir, a Justiça levou em conta o que dispõe a Constituição Federal, queexige apenas dois requisitos para a concessão do benefício: ser idoso ou deficiente, e acondição de desamparo, que é exatamente não possuir meios de prover o próprio sustentoou de tê-lo provido por sua família.

Segundo o argumento apresentado na ação civil pública pelo procurador da Repú-blica José Lucas Perroni Kalil, “o INSS inviabiliza o exercício de direito por parte depostulantes, ao criar requisitos sem previsão de lei, obrigando os interessados a procurarseus direitos em Juízo”.

Pelo pedido do MPF/AC, acatado pelo julgador da ação, a decisão terá validade emtodo o Brasil, já que o INSS atua de igual maneira em todos os Estados.

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