livro metodologia da pesquisa 2016
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Carmen Ballão
Metodologia daPesquisa
Atribuição - Não Comercial - Compartilha Igual
INSTITUTO FEDERAL DO PARANÁ – EDUCAÇÃO A DISTÂNCIAEste Caderno foi elaborado pelo Instituto Federal do Paraná para a rede e-Tec Brasil.
Presidência da República Federativa do Brasil
Ministério da Educação
Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica
Elio de Almeida CordeiroReitor pro tempore
Izaias Costa FilhoChefe de Gabinete
Ezequiel WestphalPró-Reitor de Ensino – PROENS
Evandro Cherubini RolinPró-Reitor de Planejamento e Desenvolvimento Institucional – PROPLAN
Rubens Felipe RibeiroPró-Reitor de Administração – PROAD
Valdinei Henrique da CostaPró-Reitor de Gestão de Pessoas – PROGEPE
Ezequiel BurkarterPró-Reitor de Extensão, Pesquisa e Inovação – PROEPI
Fernando Roberto Amorim de SouzaDiretor de Educação da Distância
Eduardo FofoncaDiretor de Ensino e Desenvolvimento de Recursos Educacionais
Carmen Sílvia da CostaCoordenadora de Tecnologias Educacionais
Ana Luísa PereiraFranciane Heiden RiosLoureni ReisRoberta SoteroDesigners Instrucionais
Diego WindmöllerDiagramador
Ana Luísa PereiraHelena Sobral ArcoverdeRevisão editorial
Diego WindmöllerProjeto Gráfico
SumárioApresentação ......................................................................................................4
1. Ciência e conhecimento ...................................................................................6
1.1 O surgimento da Ciência .......................................................................6
1.2 Definição de Ciência ..............................................................................8
1.3 Síntese da evolução da Ciência ............................................................9
1.4 Classificação da Ciência ........................................................................11
1.5 Tipos de conhecimento .........................................................................12
1.6 Meios de Aquisição do Conhecimento ................................................13
1.7 Fatos, leis e teorias ...............................................................................14
1.8 Pesquisa ...............................................................................................16
1.9 Método Científico ..................................................................................18
2. Ética e as técnicas de pesquisa .....................................................................23
2.1 Aspectos éticos na pesquisa envolvendo seres humanos ..............23
2.2 Técnicas de pesquisa ...........................................................................28
3. Projeto de Pesquisa ........................................................................................36
3.1 Estruturado projeto de pesquisa .......................................................37
3.2 Descrição dos Elementos do Projeto ................................................38
4. Registro e divulgação de pesquisa: artigo científico e paper ....................41
4.1 Conceito de Artigo Cientifico ou Paper .............................................41
4.2 Tipos de artigo ......................................................................................42
4.3 Estrutura do artigo .............................................................................42
5. Formatação do trabalho acadêmico .............................................................47
5.1 Apresentação gráfica do trabalho acadêmico .................................47
5.2 Referências ..........................................................................................58
Considerações Finais ..........................................................................................67
Referências ..........................................................................................................68
Anexo ....................................................................................................................70
Apresentação
Estudar Metodologia Científica nem sempre parece, à primeira vista, agradar aos alunos,
sejam estes de graduação ou pós-graduação. Muitos questionam a concreta necessidade
de se conhecer e utilizar normas para padronização e formatação de trabalhos acadêmi-
cos, como se essas regras retirassem-lhes a espontaneidade da produção.
Isso se deve ao fato de parecer que o tempo é escasso diante de tantas atividades e
cobranças que um estudante do ensino superior possui, fato que tem favorecido a pro-
liferação de trabalhos acadêmicos resultantes de práticas antiéticas, como o plágio de
textos da internet que se tornou a alternativa mais rápida e fácil para cumprir todos com-
promissos. O prejuízo disso está no deixar de pensar, ou seja, o estudante não lê, logo,
não analisa e muito menos interpreta um texto. É possível retomar o prazer de ler e pensar? Ler e pensar são atividades necessárias para produzir? Fazer pressupõe o uso de um método? Qual a importância do método para vida profissional das pessoas? É possível utilizar os conhecimentos metodológicos adquiridos neste curso no seu dia a dia de trabalho?
Diante desses questionamentos, este material de Metodologia da Pesquisa Científica
proposto para os Cursos do IFPR, tem como base três principais objetivos:
Primeiro, provocar a reflexão, incentivando a leitura crítica, a análise e a interpretação
de textos.
Segundo, estimular o fazer, provocando a interpretação prática e reflexiva dos problemas
que se apresentam à sociedade.
Terceiro, apresentar os métodos e as técnicas disponíveis para a elaboração da pesquisa
científica.
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Metodologia da P
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Portanto, além de orientar o estudante na elaboração de seu trabalho de conclusão de
curso, pretende-se levá-lo a valorizar o método como forma de pensamento e ação. Isto
porque, o uso do método no dia a dia profissional abre caminhos, auxilia no planejamen-
to de ações, no enfrentamento de desafios e alcance de metas, evitando o improviso
que, por vezes, pode ser desastroso.
O profissional que segue os princípios da metodologia científica adquire um modo de
pensar e ver que vai além do que lhe é dito ou mostrado, sendo capaz de inovar e produ-
zir com qualidade. Isso se deve ao fato de ele ter aprendido a definir o problema, levantar
e testar hipóteses, traçar metas e objetivos, ou seja, aprender a pensar e fazer.
1. Ciência e conhecimento
Neste capítulo, será discutido o conceito de ciência, seu surgimento e evolução histórica,
para em seguida analisar-se os diferentes tipos de conhecimento. São quatro os tipos de
conhecimento: popular, científico, filosófico, e religioso, conforme poderá ser ob-
servado. Tudo isso para que a importância da produção do conhecimento científico seja
compreendida e para que os demais tipos de conhecimento sejam valorizados.
Além disso, serão discutidos três principais temas: fatos, leis e teoria. Pode-se dizer que
estes, de certa forma, estão interligados e relacionados diretamente à pesquisa científica.
O objetivo na discussão é reconhecer a importância dos fatos para a formulação das leis e teorias. Por fim, será apresentada a natureza, os objetivos e os proce-dimentos da pesquisa científica. Serão discutidos, também, os diferentes métodos de abordagem e de procedimento utilizados durante a produção do conhecimento
científico.
1.1 O surgimento da Ciência
O que motiva a humanidade a desenvolver explicações “científicas” sobre os fenômenos da natureza e da sociedade? Por que não nos bastam os conheci-mentos que são passados de geração a geração? Por que sentimos necessidade de entender como e por que funcionam os fenômenos?
Para responder a essas questões, pode-se remeter a uma “Teoria Crítica” formulada por
pensadores do início do Século XX: Max Horkheimer, e Theodor Adorno, representantes
da “Escola de Frankfurt”. No conjunto de textos que formam a obra intitulada a “Dia-
lética do Esclarecimento”, a origem do conhecimento ou do esclarecimento estaria no
medo, isto é, na reação que temos ao senti-lo. Observe a citação que segue:
No sentido mais amplo do progresso do pensamento, o esclarecimento tem perseguido
sempre o objetivo de livrar os homens do medo e investi-lo na posição de senhores.
(ADORNO, HORKHEIMER, 1985)
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Segundo essa perspectiva, o homem tem como objetivo primário se livrar do medo ante
as forças naturais. Para se livrar desse medo, o homem precisa dominar o desconhecido,
modificá-lo e/ou não ser refém dele. A lógica dessa “dialética do esclarecimento”1, con-
forme Adorno e Horkheimer, é uma lógica da dialética da negação, da recusa determi-
nada de ser conformado com o estabelecido.
Para a ciência do nosso tempo, os sujeitos estão implicados na construção da
realidade
A realidade depende daquele que a vê ou a descreve. Você já teve a oportunidade de observar um acidente de carro que envolveu duas ou mais pessoas? Como a situação é vista por cada um dos envolvidos? E qual é a versão do observador? Será que todos contam a mesma história? Qual seria a “verdadeira” história? Quem poderia apresentar a “verdade”?
Validade: Trata-se de uma construção histórico/cultural, afinal quem tem autoridade para
dizer o que é certo ou errado. Não há neutralidade, não há uma realidade objetiva e para
conhecer a realidade é preciso considerar a subjetividade do observador.
O medo foi, por muito tempo, a reação dos homens pré-históricos diante do desconhe-
cido, dos fenômenos da natureza, como tempestades, furacões, etc.
O misticismo começou a ser utilizado pelos povos primitivos como forma de apresentar
as respostas aos questionamentos sobre os fenômenos desconhecidos, ou seja, as cren-
ças e superstições eram usadas para explicar os fenômenos da natureza. O mito preten-
dia relatar, denominar, precisar a origem, mas também expor, fixar e explicar.
“Aqui destaca-se a tese de que os mitos, à medida em que apresentem tentativas de
esclarecer o mundo aos primitivos habitantes da terra, exercitam já um pouco de escla-
recimento” (DUARTE, 1993, p. 59).
A partir do momento em que a explicação mística não era suficiente para compreender
os fenômenos, o homem começou a buscar novos caminhos que pudessem comprovar
os fenômenos, surgindo, assim, a Ciência.
1 Nessa concepção, esclarecimento (crítica esclarecedora/crítica com o engajamento da razão), como projeto epistemológico, tem o sentido de permitir a libertação dos homens da sua incapacidade de perceber o que é real, “é libertá-lo da culpa que é consequência de sua falta de consciência, da culpa de ter que ser responsável pela sua própria acomodação a um destino social de injustiça e de sofrimentos” (SCHWEPPENHAEUSER, 2003). Fonte: <http://antivalor2.vilabol.uol.com.br/textos/frankfurt/debate_de_12.html>. Acesso em: 21 ago. 2012.
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1.2 Definição de Ciência
Diante do histórico surge a questão: O que exatamente é a Ciência?
Ciência:
Ciência é o conjunto de atividades que buscam a aquisição sistemática2 do conhe-
cimento sobre a natureza física, biológica, social, econômica, tecnológica, entre
outras.
Para Ferrari (1974, p. 48), Ciência é “um conjunto de atitudes e atividades racionais,
dirigidas ao sistemático conhecimento com objeto limitado, capaz de ser submetido à
verificação”.
A principal função da Ciência “é o aperfeiçoamento do conhecimento em todas as áreas
para tornar a existência humana mais significativa”. (OLIVEIRA, 2000, p. 48).
MosaicoA Ciência se ocupa em estudar tudo aquilo que está ao nosso redor
Referências para a construção do mosaico
2 Aquisição sistemática do conhecimento significa adquirir o conhecimento ou construí-lo de forma ordenada, organizada.
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1.3 Síntese da evolução da Ciência
Embora a história da humanidade revele que os egípcios foram os primeiros povos a pos-
suir o conhecimento técnico nas áreas de matemática, medicina e geometria, pode-se
dizer que os primeiros a se preocuparem com a sistematização do conhecimento foram os gregos. Estes, utilizando-se da intuição, conseguiram comprovar a separação
do saber racional do saber místico, realizando estudos em diversas áreas, como a mate-
mática, a astronomia, a botânica, a zoologia, e outras (CHASSOT, 1994). Foi na Grécia
que a observação passou a ser encarada como uma ferramenta para a descoberta de um
mundo “científico”.
Ciência grega para principiantes
Até o final do século VII a.C., da mesma forma que os demais povos da Antiguida-
de, os gregos explicavam os fenômenos da Natureza em termos de Mitologia e de
Religião; na Grécia, a especulação científica emergiu, aos poucos, da Filosofia.
Os primeiros “cientistas” conhecidos, em certa medida, foram os primeiros filóso-
fos gregos [...]. Embora não tivessem instrumentos adequados de medida e nem
fizessem experiências para comprovar suas ideias, como os cientistas modernos,
eles preocuparam-se em achar explicações racionais para o mundo e seus fenôme-
nos sem recorrer aos mitos e à religião.
Entre o final do século V a.C. e a primeira metade do século IV a.C., época de
Sócrates (469-399 a.C.) e Platão (427-347 a.C.), o interesse dos cientistas pelos fe-
nômenos naturais foi substituído pelo interesse no comportamento humano e suas
causas. A única ciência que se desenvolveu nessa época foi a Medicina, que logo
conseguiria se desvincular da Filosofia.
[...]
Fonte: GRÉCIA ANTIGA. Ciência grega para principiantes. Disponível em: <http://greciantiga.org/arquivo.
asp?num=0214>. Acesso em: 13 jun. 2012
Já na Idade Média, a religião católica influenciou muito a produção do conhecimento,
pois este não era popularizado, desta maneira. Os integrantes da Igreja eram responsá-
veis pela publicação do conhecimento que dificilmente ultrapassava os limites da Igreja,
além disso, esse conhecimento gerado pela Igreja servia de base para a formulação das
principais ideias científicas. Nesse período, o poder da Igreja sobre a Ciência cresceu, pois
a produção do conhecimento era restrita aos mosteiros.
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MosteirosNa Idade Média, os monges católicos eram os grandes responsáveis pelas pesquisas científicas.
Na Idade Moderna, iniciou-se um período de grandes mudanças no conceito da Ciên-
cia. O Renascimento e o Iluminismo.
Renascimento: período compreendido entre o fim do século XIII e o início do sé-
culo XVII. No Renascimento, a sociedade deixou de ser feudal e o sistema vigente
passou a ser o capitalismo. Foi nesse período que Copérnico e Galileu Galilei, dois
grandes cientistas, afirmaram que a Terra é quem girava em torno do Sol (Geocen-
trismo), e não o contrário (Heliocentrismo).
Iluminismo: conhecido como a Era da Razão, o iluminismo caracterizou um perío-
do no qual o homem passa a ser o centro do Universo, e não mais Deus. Compre-
endido entre os séculos XVIII e XIX, o iluminismo teve seu apogeu na França, e entre
os grandes nomes do período pode-se citar Isaac Newton, John Locke, Immanuel
Kant, e outros.
Com base nessas correntes de pensamento, o método científico mostrou-se como um
meio de sistematizar a produção do conhecimento, necessário ao domínio das leis da
natureza.
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1.4 Classificação da Ciência
Tradicionalmente, em função do objeto estudado a Ciência é dividida em dois tipos:
a) Ciências factuais: as Ciências Factuais também são conhecidas como Ciências Aplica-das, por terem como objetivo elucidar, como o próprio nome diz, fatos que ocorrem na re-alidade.- Estudam o concreto.- Os objetos de estudo são materiais.- Seus métodos são a observação e a experimen-tação.- O enunciado é, predominantemente, a síntese.
b) Ciências Formais: as Ciências Formais, também conhecidas como Ciências Puras, são aquelas que têm nas ideias o foco principal do seu estudo.- Estudam o abstrato e o relacional.- Os objetos de estudo são os ideais.- Seu método é o dedutivo.- Os enunciados são analíticos.
Veja na prática o que cada uma delas estuda3:
ESQUEMA – Classificação da CiênciaFonte: OLIVEIRA, 2000, p. 51.
3 O esquema representado é só uma exemplificação, por isso não apresenta áreas como a Psicologia, a Linguís-tica e outras.
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1.5 Tipos de conhecimento
Segundo Lakatos e Marconi (1991), existem quatro tipos de conhecimento, a saber: científico, popular, filosófico e religioso.
Conhecimento Popular:
O conhecimento popular é considerado: valorativo (conforme valores da sociedade),
reflexivo, assistemático (não é organizado logicamente), verificável (pode ser testado),
falível (evolui permanentemente) e inexato.
Conhecimento Científico:
O conhecimento científico é real (fatos), contingente (baseado nas experiências), sis-
temático (ordenado logicamente), verificável, falível e aproximadamente exato (aceito
provisoriamente).
Ao se comparar esses dois tipos de conhecimento, verifica-se que ambos não apresen-
tam exatidão absoluta e, portanto, são passíveis de erros, ou seja, são falíveis.
Outra importante diferença diz respeito à sua organização, sendo o popular assiste-
mático e o científico sistemático, ou seja, o conhecimento científico para ser produzido,
necessariamente deve seguir os procedimentos estabelecidos pelo método utilizado.
Conhecimento Religioso e Filosófico
Quanto ao conhecimento religioso e o filosófico é possível reconhecer mais seme-
lhanças do que diferenças entre eles.
Ambos possuem as seguintes características: valorativo, sistemático, não verificável, in-
falível (não pode ser testado) e exato (aceito permanentemente). A única diferença entre
eles é o uso da razão pelo conhecimento filosófico enquanto o conhecimento reli-gioso está fundamentado na intuição.
No entanto, a separação entre os quatro tipos de conhecimento é apenas metodológica,
pois o pesquisador pode utilizar-se de todos eles para complementar seu estudo.
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1.6 Meios de Aquisição do Conhecimento
Não existe um método perfeito, mas pode-se dizer que o conhecimento pode ser adqui-
rido de três maneiras: por meio da intuição, da experimentação e da racionalização.
A intuição
A intuição considera o fenômeno psíquico natural, próprio da mente humana. É
uma função específica da mente humana, que age pelo pensamento, independente-
mente da pessoa formação que a pessoa tem ser científica ou técnica. Todos os seres
humanos possuem, alguns em maior ou menor grau para obter conhecimentos sem a
utilização da experiência ou da razão. Exemplo: Formular ideias sobre um novo produto.
A experimentação
A experimentação (empirismo) foi considerada por Galileu e Bacon (XVII) como a úni-
ca maneira do conhecimento ser obtido. Exemplo: Projetar, construir e testar um novo
produto.
Galileu Galilei e Francis Bacon
A racionalização
A racionalização (razão) foi defendida por Descartes (séc. XVII) como a única fonte
do conhecimento. Os racionalistas defendem a ideia que os sentidos humanos são
passíveis de engano, portanto não podem conduzir ao conhecimento verdadeiro, que é
lógico. Exemplo: Explicar porque o novo produto funciona.
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1.7 Fatos, leis e teorias
Fatos
Fatos são constatações feitas a partir da observação. Por meio da observação dire-
ta, Newton constatou a queda de uma maçã, um fato. Embora não haja certeza sobre a
história da maçã, o fato é que Newton observou que a mesma força que atrai uma maçã
para o chão, mantém em órbita a Terra e os demais planetas.
Relato original de Isaac Newton e da maçã revelado ao público
Royal Society disponibiliza «online» a biografia escrita por William Stukeley, em
1752
Um dia, Isaac Newton (1643-1727) estava sentado à sombra de uma macieira no
jardim de sua casa quando de repente de interrogou: “Por que é que as maçãs caem sempre perpendicularmente ao solo?”.
Neste momento, um dos mais relatados na História da Ciência, a noção de gravida-
de começava a ganhar forma. Pela primeira vez, é revelado ao público o manuscrito
em que originalmente é contado esse episódio.
O manuscrito de “Memoirs of Sir Isaac Newton’s Life”, escrito por William Stuke-
ley, em 1752, estava nos arquivos da Royal Society, de Londres, e é agora dado a
conhecer através do website www.royalsociety.org/turning-the-pages, elaborado a
propósito do 350º aniversário daquela instituição britânica.
William Stukeley foi amigo e o primeiro biógrafo de Newton. Este antiquário e ar-
queólogo pioneiro no estudo de Stonehenge acompanhou sempre os pensamentos
de Newton. Muitas vezes com ele se sentou debaixo da famosa macieira e foi lá
que testemunhou as primeiras reflexões do físico acerca da teoria da gravidade.
Na biografia, Stukeley relata que Newton lhe contou que foi nessa mesma situação,
num momento de contemplação, que a queda de uma maçã fez luz na sua mente.
Fonte: CIÊNCIA HOJE. Relato original de Isaac Newton e da maçã revelado ao pú-blico. Disponível em: <http://www.cienciahoje.pt/index.php?oid=38782&op=all>.
Acesso em: 14 jun. 2012
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A análise pormenorizada do fato conduz o pesquisador à elaboração de uma teoria,
que pode conter uma ou várias leis.
Newton formulou, assim, a Teoria da Gravitação Universal, com base na Lei das ór-
bitas de Kepler e na Lei da Queda Livre dos Corpos (Lei de Newton). Ao analisar a Lei
de Newton, Einstein propôs a Teoria Geral da Relatividade. Desta maneira, partindo dos
fatos, leis podem ser definidas se propostas teorias.
Albert EinsteinCom base na teoria de Newton, Einstein elaborou uma das mais conhecidas teorias, a da Relatividade.
Leis
As leis científicas são as explicações sistemáticas para os fenômenos que se manifes-
tam sempre da mesma forma, com elevado grau de precisão. As principais funções de
uma lei são: o resumo de vários fatos, a previsão de novos fatos e a regularidade de
fatos.
Trata-se do nível mais elevado do saber científico, tendo um grau de confiabilidade
superior ao da teoria.
Teoria
Teoria é a síntese de um campo do conhecimento, que teve suas hipóteses testadas por
meio da aplicação de métodos científicos. Trata-se da ordenação sistemática dos fa-tos, que orienta os objetivos da Ciência.
Teoria e fato não são opostos, mas estão inter-relacionados e são objetos de interesse
dos cientistas.
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Metodologia da P
esquisa
A teoria resume o conhecimento, formula um sistema conceitual, permite a previsão
de novos fatos, e, indica lacunas no conhecimento. O fato dá início à teoria, poden-
do ainda redefini-la ou rejeitá-la.
1.8 Pesquisa
Pesquisa científica é a atividade sistemática realizada com a finalidade de descobrir
novos conhecimentos, que auxiliem na resolução de um problema.
Quanto à natureza
Quanto à natureza, a pesquisa científica pode ser básica ou aplicada.
Pesquisa básica
A pesquisa básica gera conhecimento sem finalidade imediata. O conhecimento produ-
zido será utilizado nas pesquisas aplicadas. Seu objetivo é a divulgação do conhecimento
por meio da produção de artigos científicos. Exemplo: produção de conhecimento na
área de Química Orgânica.
Pesquisa em Química Orgânica
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Metodologia da P
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Pesquisa aplicada
A pesquisa aplicada gera produtos ou processos com finalidade imediata. Utiliza-se
do conhecimento produzido na pesquisa básica. Seu objetivo é aplicar o conhecimento,
podendo gerar patentes. Exemplo: produção de medicamentos.
Pesquisa farmacêutica
Quanto aos objetivos
Quanto aos objetivos, a pesquisa científica pode ser exploratória, descritiva, expli-cativa.
Quanto aos procedimentos
Quanto aos procedimentos, a pesquisa pode ser: bibliográfica, documental, experimen-
tal, operacional, estudo de caso, e outros.
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1.9 Método Científico
Ao definir o tema de seu estudo, o pesquisador necessariamente deve decidir como o
realizará, ou seja, deve selecionar um ou mais métodos que conduzirão o desenvolvi-
mento de sua pesquisa.
Segundo Costa (2001, p.7), “método, etimologicamente, é o caminho que conduz a
determinado fim”.
Para Lakatos e Marconi (2001, p. 83):
Método é o conjunto das atividades sistemáticas e racionais que, com maior seguran-
ça e economia, permite alcançar o objetivo – conhecimentos válidos e verdadeiros–,
traçando o caminho a ser seguido, detectando erros e auxiliando as decisões do cien-
tista.
Os métodos científicos devem apresentar a abordagem do tema e os procedimentos
seguidos para o alcance dos objetivos previamente definidos. Desta maneira, são dois
os tipos de métodos utilizados na pesquisa científica o método de abordagem e de procedimento.
Método de abordagem
O método de abordagem se caracteriza pela forma ampla e abstrata como se trata o
fenômeno estudado.
São quatro os métodos de abordagem: indutivo, dedutivo, hipotético-dedutivo e dialético.
Método indutivo (Galileu e Bacon, séc. XVII)
O método indutivo proposto por Galileu conduz o estudo de casos particulares à for-
mulação de uma lei geral. A aplicação desse método induz a uma conclusão geral sobre
todos os casos, embora apenas um ou alguns tenham sido analisados.
O método que Bacon propôs baseia-se na observação sistemática e na experiência dos
fenômenos e fatos naturais.
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Para utilizar este método é necessário ter como base as seguintes etapas: observação dos
fenômenos, descoberta da relação entre os fenômenos observados e generalização da
relação dos fenômenos.
É possível justificar as inferências indutivas partindo-se do princípio que existe regularida-
de nos fenômenos, ou seja, o que ocorreu no passado ocorrerá no futuro.
O risco de utilizar o método indutivo está na insuficiência da amostra apresentada para
legitimar a conclusão geral. Desta maneira, pode-se dizer que o método utiliza, invaria-
velmente, uma amostra, neste caso diz-se que essa amostra é insuficiente e tendenciosa.
De qualquer maneira, quando utilizado, o método indutivo concorda com a ideia de que,
mesmo sendo verdadeiras todas as premissas, a conclusão não será necessariamente
verdadeira, ou seja, a conclusão pode ser verdadeira, pois as informações concluídas não
estavam implícitas nas premissas.
Método dedutivo (Descartes, séc. XVII)
René Descartes
O método dedutivo, ao contrário do indutivo, parte da verdade universal para os casos
particulares. Exemplo: Todas as aves têm penas. Todos os tucanos são aves. Logo, todos
os tucanos têm penas.
No método dedutivo considera-se que todas as premissas são verdadeiras, logo, a con-clusão deve ser verdadeira. Todas as informações da conclusão já estavam implícitas
nas premissas.
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Método hipotético-dedutivo (Popper, séc. XX)
Karl Popper
O método hipotético-dedutivo parte de um problema (P¹), ao qual é oferecido uma
solução provisória (teoria-tentativa TT). A solução é criticada, com vistas à elimina-ção do erro (EE). Desta maneira, o processo pode ser renovado a partir do surgimento
de novos problemas (P²). A partir das hipóteses levantadas deduz-se a solução para o
problema.
Enquanto o método dedutivo busca a confirmação da hipótese, o hipotético-dedutivo
procura evidências para derrubá-la. (GIL, 1999 ).
O esquema a seguir apresenta o método proposto por Karl R. Popper:
P¹__________TT___________EE___________ P²
Segundo Bunge , as etapas do método hipotético-dedutivo são:
a) Identificação do problema.
b) Construção de um modelo teórico.
c) Dedução de consequências particulares.
d) Teste de hipóteses.
e) Adição ou introdução das conclusões na teoria.
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Metodologia da P
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Método dialético
Pode-se dizer que as quatro leis fundamentais da dialética são:
a) Ação recíproca, unidade polar ou “tudo se relaciona”.
b) Mudança dialética, negação da negação ou “tudo se transforma”.
c) Passagem da quantidade à qualidade ou mudança qualitativa.
d) Interpenetração dos contrários, contradição ou luta dos contrários.
Métodos de procedimentos
Esse método se caracteriza por uma abordagem mais ampla, em nível de abstração mais
elevado dos fenômenos da natureza e da sociedade. Os métodos de procedimento são etapas mais concretas da investigação. Pressupõem uma atitude concreta em relação
ao fenômeno. Podem se usados concomitantemente.
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Metodologia da P
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Linha do tempo: a evolução da CiênciaFonte: a autora
2. Ética e as técnicas de pesquisa
Neste capítulo será discutida a ética nas pesquisas realizadas com seres humanos, assim
como serão apresentadas as técnicas e as etapas para a construção de um projeto de
pesquisa. As técnicas são divididas em quatro: documentação indireta, documenta-ção direta, observação direta intensiva e observação direta extensiva. Lembrando
ainda que a pesquisa científica deve ser desenvolvida por meio de várias etapas. O proje-
to se constitui em uma das mais importantes, sendo fundamental para que o pesquisa-
dor não perca o rumo do seu estudo.
2.1 Aspectos éticos na pesquisa envolvendo seres humanos
As pesquisas científicas envolvendo seres humanos devem seguir as diretrizes e normas
regulamentadoras apresentadas na Resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde
do Ministério da Saúde.
A ética na pesquisa inicia-se pela obtenção do consentimento livre e esclarecido dos
indivíduos pesquisados e pelo respeito e proteção aos grupos vulneráveis e incapazes. O
pesquisador, ainda, deve garantir a confidencialidade e a privacidade das informações e
imagens, assegurando que o indivíduo ou a comunidade não sejam prejudicados.
Células-tronco: o que são e para que servem
15 de fevereiro de 2005
Elas são de diversos tipos e um verdadeiro tesouro, pois podem originar outros tipos
de células e promover a cura de diversas doenças como o câncer, o Mal de Alzhei-
mer e cardiopatias. Estamos falando das células-tronco, foco de discussões entre
cientistas, leigos e políticos.
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Metodologia da P
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O fato é que a legislação brasileira sobre pesquisas com células-tronco de embriões
humanos, já aprovada no Congresso Nacional, permite o uso dessas células para
qualquer fim. Mas a lei de Biossegurança aguarda aprovação na Câmara dos Depu-
tados. E muita polêmica ainda pode surgir, já que a Igreja e outros grupos são contra
a utilização de células-tronco embrionárias.
Para explicar o que é e para que serve a célula-tronco, entre outros temas, Alexan-
dra Vieira, farmacêutica e bioquímica, pesquisadora da Fundação Zerbini/INCOR,
em São Paulo, concedeu esta entrevista exclusiva ao Terra. Confira!
Terra: O que são células-tronco?
Alexandra: De forma bem simplificada, células-tronco são células primitivas, pro-
duzidas durante o desenvolvimento do organismo e que dão origem a outros tipos
de células. [...]
Terra: Para que servem as células-tronco?
Alexandra: Uma das principais aplicações é produzir células e tecidos para terapias
medicinais. [...]
[...]
Terra: As células-tronco podem ajudar na terapia de quais doenças? Como os tra-
tamentos são feitos?
: Algumas doenças que seriam beneficiadas com a utilização das células tronco em-
brionárias são: Câncer - para reconstrução dos tecidos; Doenças do coração - para
reposição do tecido isquêmico com células cardíacas saudáveis e para o crescimento
de novos vasos; Osteoporose - por repopular o osso com células novas e fortes; Do-
ença de Parkinson - para reposição das células cerebrais produtoras de dopamina;
Diabetes - para infundir o pâncreas com novas células produtoras de insulina; Ce-
gueira - para repor as células da retina; Danos na medula espinhal - para reposição
das células neurais da medula espinal; Doenças renais - para repor as células, tecidos
ou mesmo o rim inteiro; Doenças hepáticas - para repor as células hepáticas ou o
fígado todo; Esclerose lateral amiotrófica - para a geração de novo tecido neural
ao longo da medula espinal e corpo; Doença de Alzheimer - células-tronco pode-
riam tornar-se parte da cura pela reposição e cura das células cerebrais; Distrofia
muscular - para reposição de tecido muscular e possivelmente, carreando genes
que promovam a cura; Osteoartrite - para ajudar o organismo a desenvolver nova
cartilagem; Doença autoimune - para repopular as células do sangue e do sistema
imune; Doença pulmonar - para o crescimento de um novo tecido pulmonar.
[...]
25
Metodologia da P
esquisa
Terra: No Brasil, onde já se faz tratamentos com células-tronco?
Alexandra: Aqui, os tratamentos com células-tronco são feitos apenas em gran-
des centros de pesquisa, como os grandes hospitais e somente para pacientes que
assinam um termo de consentimento e concordam em participar desses estudos
clínicos.
Recentemente, o Ministério da Saúde aprovou um orçamento de R$ 13 milhões
em três anos para a pesquisa das células-tronco da qual participam alguns grandes
hospitais brasileiros como o Instituto do Coração - SP, Instituto Nacional de Cardio-
logia de Laranjeiras - RJ, entre outros. Serão estudadas as cardiopatias chagásicas
(decorrente da doença da Chagas), o infarto agudo do miocárdio, a cardiomiopatia
dilatada e a doença isquêmica crônica do coração.
[...]
Fonte: PORTAL TERRA. Células-tronco: o que são e para que servem? Disponível em: <http://noticias.terra.com.br/
ciencia/interna/0,,OI472268-EI1434,00.html>. Acesso em: 15 jun. 2012.
A discussão da utilização de células-tronco pela medicina é alguns dos pontos que a
Ética na Ciência precisa pensar, por envolver seres humanos que podem estar sujeitos a
qualquer risco.
Assim, toda pesquisa envolvendo seres humanos deve ser submetida a um Comitê de
Ética em Pesquisa. Esse comitê emitirá um parecer consubstanciado num prazo de 30
dias. De acordo com a Resolução CNS 196/96, o parecer apresentará um dos seguintes
resultados:
– aprovado;
– com pendência: quando o Comitê considera o protocolo como aceitável, porém
identifica determinados problemas no protocolo, no formulário do consentimento
ou em ambos, e recomenda uma revisão específica ou solicita uma modificação
ou informação relevante, que deverá ser atendida em 60 (sessenta) dias pelos
pesquisadores;
– retirado: quando, transcorrido o prazo, o protocolo permanece pendente;
– não aprovado.
26
Metodologia da P
esquisa
De acordo com a Resolução CNS 196/96 antes de iniciar a pesquisa envolvendo seres
humanos, o pesquisador deve protocolar seu projeto de pesquisa e aguardar o pro-
nunciamento do Comitê de Ética em Pesquisa (CEP). Quando dada a possibilidade do
desenvolvimento do projeto, o pesquisador deve elaborar e apresentar ao CEP relatórios
parciais e final, além de apresentar dados quando solicitados pelo CEP. Todos os dados
levantados durante a pesquisa devem ser arquivados pelo pesquisador por um prazo de
cinco anos. Os resultados da pesquisa devem ser encaminhados para publicação, caso
não sejam ou o projeto seja interrompido o CEP deve ser comunicado.
A vulnerabilidade dos Sujeitos da Pesquisa
Este é um dos pontos centrais na discussão da ética na pesquisa. A vulnerabilidade dos
sujeitos de pesquisa nas instituições públicas é um fator crucial na fidelidade dos dados
resultantes, pelo fato de serem indivíduos institucionalizados e de alguma forma depen-
dentes daquela instituição objeto da pesquisa.
As questões ligadas às finanças, relações trabalhistas, satisfação dos trabalhadores em
relação à empresa, salários e tantas outras questões que são comumente objeto de pes-
quisas expõem o indivíduo a situações de vulnerabilidade pelo fato de que nem sempre
a sua opinião é aquela que pode ser exposta por meio dos resultados.
Mesmo que os questionários ou entrevistas não necessitem de identificação, os indivídu-
os podem preferir não serem fiéis aos questionamentos por medo de represálias. Desta
forma, os próprios questionamentos precisam ter uma redação clara, objetiva e impar-
cial, a qual não pode dar margem à dupla interpretação.
Durante aplicação de um questionário, é preciso cuidar com o tratamento dispensado.
Todas as possibilidades de constrangimento, desconforto, humilhação, demonstração de
poder numa escala hierárquica precisam ser minimizadas pelo pesquisador, já que isto irá
colocar a ética como pano de fundo dos resultados encontrados nas pesquisas envolven-
do seres humanos institucionalizados.
27
Metodologia da P
esquisa
A manipulação dos dados provenientes de pesquisas em organizações
As pesquisas realizadas em ambientes organizacionais para que resultem em dados fide-
dignos precisam de certos cuidados, os quais o pesquisador precisa atentar. Em muitos
casos, a pesquisa envolve dados da empresa que não são obtidos por meio de entrevistas
ou questionários, mas sim por análises de dados secundários, como registros, balanços,
planilhas envolvendo valores financeiros, níveis de produtividade, números importantes
e que nem sempre as organizações e de modo especial as empresas permitem acesso a
outras pessoas.
Esses dados precisam ser tratados de forma que a organização permita a sua publicação,
ou seja, os dados devem ser tratados com cautela para buscar o equilíbrio entre a sua
veracidade e de forma que não exponham a empresa e os sujeitos pesquisados a ne-
nhum constrangimento ou a situações nas quais os dados possam prejudicar a imagem
ou idoneidade dos mesmos e nem da organização a qual pertencem.
Quando se trata de dados envolvendo resultados financeiros de organizações, muitas
delas não admitem que a pesquisa seja elaborada, ou a permissão é dada caso um ges-
tor ou responsável pela organização repasse esses dados, o que por muitas vezes pode
ser manipulado, prejudicando consideravelmente a análise por parte dos pesquisadores.
Já nas pesquisas que envolvem os recursos humanos das empresas, o prejuízo também
pode ser grande, uma vez que os gestores da área poderão impedir que a realidade do
tratamento para com os funcionários seja retratada por uma pesquisa científica.
Em muitas vezes, os pesquisadores podem abordar questões como condições de traba-
lho, satisfação do funcionário, qualidade de vida na empresa, equipamentos de segu-
rança e proteção individual dentre tantos outros temas que são muito delicados para as
empresas, já que uma pesquisa publicada pode expor a empresa aos órgãos reguladores,
causando além de prejuízos de imagem, prejuízos de ordem material.
Isso significa dizer que a realização de pesquisas em empresas não é viável?
Nem sempre. No entanto, ao envolver questões como as relatadas acima em uma pes-
quisa, corre-se o risco de que os dados repassados pela organização aos pesquisadores
estejam manipulados, restringindo a pesquisa e ocasionando uma invalidação ou até
mesmo a desistência da análise dos dados.
28
Metodologia da P
esquisa
2.2 Técnicas de pesquisa
“Técnica é um conjunto de preceitos ou processos de que se serve uma ciência.” (MAR-
CONI; LAKATOS,1999, p.64).
O êxito da pesquisa dependerá da adequação das técnicas aos métodos utilizados.
Documentação indireta
Para desenvolver a pesquisa é necessário coletar variados dados, independentemente da
escolha das técnicas ou dos métodos.
O levantamento dos dados é feito através da pesquisa documental (ou de fontes primá-
rias) e da pesquisa bibliográfica (ou de fontes secundárias).
Pesquisa documental
A principal característica da pesquisa documental é a utilização de documentos (ou fon-
tes primárias) para a coleta de dados. Os documentos (escritos ou não) podem ser obti-
dos de arquivos particulares, arquivos públicos ou órgãos estatísticos como, por exemplo,
o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)1.
Pesquisa bibliográfica
Fontes de Pesquisa
1 Para mais informações acesse o site: <www.ibge.gov.br>.
29
Metodologia da P
esquisa
A pesquisa bibliográfica é desenvolvida a partir de material já elaborado, obtido na im-
prensa escrita (jornais e revistas), nos meios audiovisuais (rádio e televisão), em materiais
cartográficos (mapas e gráficos) e, principalmente, em publicações (livros, teses, artigos,
revistas científicas e outros).
A pesquisa em publicações compreende quatro fases distintas:
a) Identificação: reconhecimento do assunto referente ao tema em estudo.
b) Localização: localização das referências bibliográficas nas bibliotecas públicas, nas
faculdades e em outras instituições.
c) Compilação: fotocopiado material contido em livros, revistas científicas, e outros.
Esse procedimento deve ser adotado quando a aquisição do material se torna impos-
sível.
d) Fichamento: transcrição dos dados mais importantes para fichas. As fichas devem
ser ordenadas para facilitar sua manipulação. Devem conter os seguintes elementos
de referência: autor, título e subtítulo, número de edição (se não for a primeira), local
de publicação, editora, ano da publicação. Os fichamentos podem ser de comentário,
informação geral, glossário, resumo e citações.
Documentação Direta
A documentação direta constitui-se, geralmente, da coleta de dados no local onde os
fenômenos ocorrem. Esses dados podem ser obtidos por meio da pesquisa de campo
ou da pesquisa de laboratório.
Pesquisa de campo
Segundo Lakatos e Marconi (1999), a pesquisa de campo consiste na observação de
fatos e fenômenos tal como ocorrem.
30
Metodologia da P
esquisa
Pesquisa de campo
Antes de coletar os dados é necessário realizar as seguintes etapas:
e) Pesquisa bibliográfica para a construção de um modelo teórico de referência.
f) Definição das técnicas a serem utilizadas na coleta de dados.
g) Estabelecimento das técnicas de registro dos dados.
h) Definição das técnicas que serão utilizadas em sua análise posterior.
Após essas etapas, o pesquisador deve:
a) Selecionar e enunciar um problema, levando em consideração a metodologia apro-
priada.
b) Apresentar os objetivos da pesquisa, sem perder de vista as metas práticas.
c) Estabelecer a amostra correlacionada com a área de pesquisa e o universo de
seus componentes.
d) Estabelecer os grupos experimentais e de controle.
e) Introduzir os estímulos, controlar e medir os efeitos.
As pesquisas de campo dividem-se em três grupos:
a) Quantitativo-Descritivas.
b) Exploratórias.
c) Experimentais.
Pesquisa de Laboratório
A pesquisa de laboratório é um procedimento de investigação mais difícil, porém mais
exato. Ela descreve e analisa o que será ou ocorrerá em situações controladas. Exige ins-
trumental específico e preciso, além de ambiente adequado. É a pesquisa utilizada em
áreas da saúde, principalmente.
Pesquisa em Saúde
Observação direta intensiva
A observação direta intensiva é realizada por meio de duas técnicas: observação e en-trevista.
Observação
A observação é uma técnica de pesquisa que utiliza os sentidos na obtenção de determi-
nados aspectos da realidade. Os fatos não devem apenas ser vistos ou ouvidos, é indis-
pensável o exame detalhado dos mesmos.
A observação pode ser:
– Assistemática: sem nenhum sistema específico de pesquisa.
– Sistemática: com uma técnica específica.
– Não participante: dados coletados por outra fonte.
– Participante.
– Individual.
– Em equipe.
– Na vida real.
– Em laboratório.
32
Metodologia da P
esquisa
Entrevista
A entrevista é o encontro de duas ou mais pessoas, a fim de que uma delas obtenha
informações a respeito de determinado assunto, mediante uma conversação de natureza
profissional.
Os tipos de entrevistas variam de acordo com o propósito do entrevistador. Podem ser:
– Estruturadas: com questões já elaboradas anteriormente, tendo como base o objetivo
da pesquisa.
– Semiestruturadas ou desestruturadas: com um tema definido apenas ou com base na
intuição ou caminho que a conversa toma.
– Painéis.
Preparação da entrevista
A entrevista deve ser preparada de acordo com os seguintes passos:
a) Planejamento da entrevista.
b) Conhecimento prévio do entrevistado.
c) Oportunidade da entrevista.
d) Condições favoráveis.
e) Contato com líderes.
f) Conhecimento prévio do campo.
g) Preparação específica.
Diretrizes da entrevista
As diretrizes a serem seguidas em uma entrevista são as seguintes:
a) Contato inicial.
b) Formulação de perguntas.
c) Registro de respostas.
d) Término da entrevista.
Entrevista
Observação direta extensiva
A observação direta extensiva realiza-se por meio de questionários, formu-lários, medidas de opinião e atitudes, e outras.
Questionário
O questionário é um instrumento de coleta de dados, constituído por uma
série ordenada de perguntas, que devem ser respondidas pelo informante.
Em geral, o pesquisador envia o questionário ao informante e esse o devolve
respondido.
O questionário deve ser limitado em extensão e finalidade. Deve conter de
20 a 30 perguntas e demorar cerca de 30 minutos para ser respondido. Deve
ser acompanhado por instruções definidas e notas explicativas, para que o
informante tome ciência do que se deseja dele. O aspecto material e a esté-
tica devem ser observados.
O pré-teste pode ser aplicado mais de uma vez tendo em vista seu aprimo-
ramento.
Quanto à forma, as perguntas são classificadas sem três categorias: abertas, fechadas e de múltipla escolha.
Perguntas abertas
Ex.: Qual é sua opinião sobre os fatores que devem abranger a legalização
do aborto?
34
Metodologia da P
esquisa
Perguntas fechadas
Ex.: O aborto deve ser legalizado no Brasil?
( ) Sim ( ) Não
Perguntas de múltipla escolha
Ex.: Qual é, para você, a principal vantagem do trabalho temporário?
a) Maior liberdade no trabalho. ( )
b) Maior liberdade em relação ao chefe. ( )
c) Variação no serviço. ( )
d) Poder escolher um bom emprego para se fixar. ( )
e) Maiores salários. ( )
Quanto ao objetivo, podem ser: de fato, de ação, de opinião e outros.
Durante a elaboração de um questionário, deve-se iniciá-lo com perguntas gerais, che-
gando aos poucos às específicas, colocando as questões de fato no final. Essa ferramenta
de pesquisa deve também conter perguntas pessoais e impessoais alternadas.
Formulário
O formulário é um dos instrumentos essenciais para a investigação social, cujo sistema de
coleta de dados consiste em obter informações diretamente do entrevistado. Portanto,
o que caracteriza o formulário é o contato face a face entre pesquisador e informante e
o roteiro de perguntas a ser preenchido pelo entrevistador no momento da entrevista.
35
Metodologia da P
esquisa
TÉCNICAS DE COLETA DE DADOS
Modos de coleta Vantagens Limites
Entrevista
- Pode ser utilizada em todos os seg-mentos da população.- Fornece uma amostragem geral da população.- Oferece maior oportunidade para avaliar atitudes.- Dá oportunidade para a obtenção de dados que não se encontram em fontes documentais.- Há possibilidade de conseguir infor-mações mais precisas.- Permite que os dados sejam quanti-ficados.
- Dificuldade de expressão.- Incompreensão do significado das perguntas.- Possibilidade de o entrevistado ser influenciado.- Disposição do entrevistado em dar as informações necessárias.- Retenção de dados importantes.- Pequeno grau de controle sobre uma situação de coleta de dados.- Ocupa muito tempo e é difícil de ser realizada.
Questionário
- Economiza tempo.- Atinge maior número de pessoas si-multaneamente.- Abrange uma área geográfica ampla.- Economiza pessoal.- Obtém respostas rápidas.- Maior liberdade de respostas.- Maior segurança.- Menor influência do pesquisador.- Maior tempo para responder.- Mais uniformidade na avaliação.
- Percentagem pequena de questio-nários que voltam.- Grande número de perguntas sem respostas.- Impossibilidade de ajudar o infor-mante em questões mal compreen-didas.- Devolução tardia.- Difícil controle e verificação.- Exige um universo mais homogê-neo.
Formulário
- Utilizado em todos os segmentos da população.- Possibilidade de orientação no preen-chimento.- Reajuste do formulário à compreen-são década informante.- Facilidade na aquisição de um núme-ro representativo de informantes.
- Menos liberdade nas respostas.- Risco de distorção.- Menos prazo para responder.- Mais demorado.- Insegurança das respostas.- Aplicação difícil, demorada e dis-pendiosa.
FONTE: LAKATOSEMARCONI, 2000 .
3. Projeto de Pesquisa
Existem diferentes formas de se construir um projeto de pesquisa, porém a metodologia
científica define uma estrutura formal, conforme se verifica a seguir:
Tema (O quê?)
Delimitação do tema (Quem? O quê? Quando? Onde?)
Objetivos (Para quê? Para quem?)
Justificativa (Para quê?)
Problema (O quê?)
Hipótese (Provável resposta)
Metodologia (Como? Com quê?)
Fundamentação Teórica (Quem?)
Cronograma (Quando?)
Antes de redigir o projeto de pesquisa, o primeiro passo a ser dado é a realização de
estudos preliminares para a verificação do estado atual do tema que se pretende de-
senvolver. É importante observar aspectos teóricos e outros estudos já elaborados. Pos-
teriormente, essas informações serão incluídas no projeto sob o título de “revisão de
literatura”.
A revisão de literatura deve auxiliar o pesquisador na identificação do problema. A
busca da solução do problema deve ser orientada pela hipótese formulada e pelo
objetivo geral.
A verificação da hipótese e do objetivo geral será realizada através da análise qualitativa
e quantitativa dos dados coletados.
37
Metodologia da P
esquisa
Ao elaborar o projeto de pesquisa alguns aspectos devem ser considerados:
a) O tema escolhido deve ser de interesse do pesquisador.
b) O problema a ser pesquisado deve ser claro.
c) O pesquisador deve elaborar sozinho um rascunho do projeto de pesquisa.
d) Um projeto é sempre preliminar, ou seja, é o planejamento da pesquisa.
e) O pesquisador deve dedicar tempo à elaboração do projeto.
f) A utilização de uma linguagem simples, correta e coerente.
3.1 Estruturado projeto de pesquisa
A estrutura a ser seguida durante a elaboração do projeto de pesquisa deve ser a seguin-
te:
1. CAPA
2. FOLHA DE ROSTO
3. OBJETIVO
a) TEMA
b) DELIMITAÇÃO DO TEMA
c) OBJETIVO GERAL
d) OBJETIVOS ESPECÍFICOS
4. JUSTIFICATIVA
5. OBJETO
6. PROBLEMA
7. HIPÓTESE BÁSICA
8. METODOLOGIA
9. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
10. CRONOGRAMA
11. INSTRUMENTOS DE PESQUISA
12. REFERÊNCIAS
38
Metodologia da P
esquisa
3.2 Descrição dos Elementos do Projeto
– TÍTULO: deve ser preciso e curto. Preciso no sentido de indicar realmente o conteúdo,
o assunto pesquisado. Curto, evitando o uso de palavras desnecessárias. Se a pesquisa
realizar-se em um determinado espaço geográfico, este deve constar no título.
– CAPA: contém informações sobre o autor, a pesquisa e a instituição que o pesquisador
representa.
– FOLHA DE ROSTO: contém informações sobre o autor, a natureza da pesquisa e a
instituição.
– TEMA: assunto que se deseja desenvolver.
– DELIMITAÇÃO DO TEMA: dotado necessariamente de um sujeito, um objeto, uma
delimitação geográfica e temporal.
– OBJETIVO GERAL: define o que se quer alcançar na pesquisa. Está ligado a uma
visão global e abrangente do tema.
– OBJETIVOS ESPECÍFICOS: possuem função intermediária e instrumental, permitindo,
de um lado, atingir o objetivo geral e, de outro, aplicá-lo a situações particulares.
VERBOS QUE PODEM SER USADOS nos objetivos (geral e específico): analisar,
identificar, diferenciar, enumerar, comparar, contrastar, distinguir, selecionar, locali-
zar, confeccionar, verificar, delimitar, relatar, relacionar, detectar, averiguar, caracte-
rizar, mapear, determinar, demonstrar, avaliar, apresentar, classificar, proporcionar,
direcionar.
VERBOS QUE NÃO DEVEM SER USADOS nos objetivos (geral e específico): fazer,
estudar, constatar, conscientizar, sensibilizar, compreender, saber, entender, apren-
der, conhecer, pensar, refletir, gostar, sentir, ouvir, perceber, imaginar, desenvolver,
melhorar, aperfeiçoar, julgar, reconhecer, apreciar.
JUSTIFICATIVA: consiste em uma exposição sucinta, porém completa, das razões de
ordem teórica e dos motivos de ordem prática que tornam importante a realização da
pesquisa. Deve enfatizar:
• O estágio da teoria;
39
Metodologia da P
esquisa
• as contribuições teóricas;
• a importância do tema;
• a possibilidade de sugerir modificações;
• a descoberta de soluções.
A justificativa difere da fundamentação teórica.
– PROBLEMA: esclarece a dificuldade específica com a qual se defronta e que se
pretende resolver.
– HIPÓTESE BÁSICA: é a principal resposta, provável, suposta e provisória, ao problema
formulado.
– METODOLOGIA: abrange um maior número de itens. Método de abordagem,
métodos de procedimento, técnicas, delimitação do universo, tipos de amostragem.
– FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA: abrange a teoria de base, a revisão de literatura e a
definição dos termos.
– CRONOGRAMA: a pesquisa deve ser dividida em partes, fazendo-se uma previsão
do tempo necessário para passar de uma fase a outra.
Ex.:
Passos MetodológicosPERÍODO
JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET
Pesquisa bibliográfica X X
Pesquisa documental X
Elaboração dos questionários X
Aplicação de questionário X
Análise e correlação dos da-dos
X X
Redação final X X X
40
Metodologia da P
esquisa
– INSTRUMENTOS DA PESQUISA: este item está condicionado à necessidade de
instrumentos de pesquisa. Indica como a pesquisa será realizada. Deve-se anexar ao
projeto os instrumentos referentes às técnicas selecionadas para a coleta de dados
(questionário e/ou entrevista).
– REFERÊNCIAS: contêm a relação das referências bibliográficas, documentais ou
eletrônicas utilizadas na elaboração do projeto de pesquisa. A revisão de literatura é
importante para contextualizar o assunto pesquisado.
4. Registro e divulgação de pesquisa: artigo científico e paper4.1 Conceito de Artigo Cientifico ou Paper
O artigo científico é uma publicação de autoria reconhecida pela comunidade científica,
na qual se pretende apresentar e discutir fatos, leis, ou teorias estudadas e testadas, as-
sim como os métodos e técnicas utilizadas.
A NBR 6022 da ABNT (2003, p.2) destaca que “artigo científico é parte de uma publica-
ção com autoria declarada, que apresenta e discute ideias, métodos e técnicas, processos
e resultados nas diversas áreas do conhecimento”.
Para Lakatos e Marconi (2001), os artigos científicos podem ser definidos como estudos
publicados em revistas ou periódicos especializados, passíveis de verificação, uma vez
que permitem a repetição da experiência realizada pelo autor.
Um artigo científico não deve ser extenso. Raramente ultrapassa dez páginas. Pode
ter até vinte páginas, dependendo das normas do periódico, da área de conheci-
mento, do método de pesquisa, entre outros fatores.
O paper nada mais é do que o artigo científico publicado em periódico internacional,
porém já se tornou comum em cursos de pós-graduação lato sensu, professores se referi-
rem ao paper como se fosse um trabalho final de conclusão de disciplina com a estrutura
de um artigo, porém sem a intenção de publicação.
42
Metodologia da P
esquisa
4.2 Tipos de artigo
Quanto ao tipo, os artigos científicos podem ser classificados em originais ou de revi-são.
Os artigos originais são aqueles que apresentam temas ou abordagens novas, podendo
ser um estudo de caso, por exemplo.
Os artigos de revisão são os que enfatizam assuntos já discutidos em publicações
distintas por diversos autores. Neste tipo, pretende-se reunir o máximo possível de infor-
mações a respeito de um determinado assunto, ou seja, faz-se uma revisão bibliográfica.
Cada ramo científico se identifica mais comum ou outro tipo de artigo. O primeiro, geral-
mente, resulta de pesquisas realizadas nas ciências exatas, biológicas, da terra, enquanto
o segundo tipo é característico das ciências humanas.
Embora os artigos diferenciem-se pelo tipo, a estrutura deve ser mantida para ambos.
Lembrando-se que os artigos devem ser inéditos, portanto, embora você já tenha pu-
blicado, não poderá apresentar o mesmo artigo como trabalho de conclusão de curso.
4.3 Estrutura do artigo
A estrutura do artigo científico é a organização coerente dos elementos que o compõem.
Todo artigo deve ser constituído de elementos pré-textuais, textuais e pós-textuais,
os quais são classificados de forma diferente dos elementos de uma tese, dissertação
ou monografia. É importante ressaltar que cada periódico estabelece as normas para a
apresentação e aceite do artigo científico, portanto, antes de encaminhar um artigo para
publicação, o pesquisador deve ficar atento a essas regras.
Elementos pré-textuais
Os elementos pré-textuais são os que antecedem o corpo principal do artigo.
São eles:
• Título
• Subtítulo (quando houver)
• Autoria
• Resumo (com palavras-chave)
43
Metodologia da P
esquisa
Embora o título seja o primeiro elemento pré-textual visualizado pelo leitor, nem sempre
é definido anteriormente à elaboração do texto principal. É necessário que o autor defina
um título provisório, para que este sirva de linha condutora a ser seguida até o final do
artigo, pois o assunto geral deve referir-se ao título. É possível que, ao finalizar o artigo,
o autor depare-se com a necessidade de alterá-lo, podendo fazê-lo. É importante que
o título seja atraente, para que o leitor seja motivado a seguir em frente, passando pela
autoria e chegando ao resumo, parte em que a pesquisa deverá ser apresentada de ma-
neira bastante sintetizada.
O título deve ser escrito em letras maiúsculas, destacadas sem negrito, centralizadas na
primeira linha a 3 cm da borda superior da folha.
Após o título deve ser indicada a autoria, ou seja, os nomes dos autores do artigo, que
devem começar pelo sobrenome em letras maiúsculas, seguidos dos prenomes. Para
cada autor deve ser indicada uma nota de rodapé, numerada em algarismos arábicos,
apresentando o currículo resumido dos autores e o endereço eletrônico dos mesmos.
Ao elaborar o resumo, o autor deverá ser capaz de apresentar os objetivos, a metodolo-
gia e os resultados com clareza e concisão em até 250 palavras (mínimo 150 palavras).
Deve ser apresentado em espaçamento simples e sem recuo de parágrafo. Logo após,
deverão ser destacadas entre três a cinco palavras-chave que orientem o leitor na identi-
ficação do assunto geral do artigo, normalmente atreladas ao título.
Elementos textuais
Os elementos textuais compõem o texto principal, fazendo parte deles a introdução, o
desenvolvimento e a conclusão.
Introdução
O primeiro elemento textual é a introdução, que deverá ser elaborada partindo da con-
textualização do assunto, apresentando os objetivos, a justificativa da escolha do tema,
a metodologia, o problema e as hipóteses.
A introdução deve ser redigida com clareza e concisão, assim como todo o artigo. Deve
possibilitar o claro entendimento do leitor sobre o que será apresentado no artigo como
um todo. Também é preciso atrair a atenção e a curiosidade do leitor sobre o assunto que
se pretende expor. É nesta parte que devem aparecer as figuras de localização da área
em estudo, caso seja necessário. É a parte que introduz o leitor no assunto pesquisado.
44
Metodologia da P
esquisa
Portanto, a introdução deve:
– Estabelecer o assunto, definindo-o sucinta e claramente, sem deixar dúvidas quanto
ao campo e períodos abrangidos. Incluir informações sobre a natureza e a importância
do problema. Deve localizar a área de estudo, quando for o caso;
– Indicar os objetivos e a finalidade do trabalho, justificando e esclarecendo sob que
ponto de vista é tratado o assunto;
– Fornecer a ideia central do artigo, contudo, não deverão ser antecipados os resultados
alcançados;
– Apresentar a metodologia, não sendo esta muito extensa. Casos seja extensa, deve
ser colocada à parte.
Apesar de aparecer no início do artigo, a introdução é mais facilmente elaborada quan-
do o trabalho já está finalizado, pois é nessa fase que se tem a visão geral do assunto
discutido.
Desenvolvimento
O desenvolvimento, segundo elemento textual, pode variar bastante de um artigo para
outro, dependendo da abordagem que o autor pretende dar ao assunto, assim como
do tipo de artigo que pretende elaborar. Trata-se da parte mais importante do artigo, na
qual são apresentadas as ideias se defendidas as teorias que as sustentam, bem como é
detalhada a metodologia utilizada e analisados e discutidos os resultados obtidos com a
pesquisa bibliográfica, de campo ou de laboratório. Não deve ser utilizada a expressão
“Desenvolvimento”.
As principais partes podem ser:
– MATERIAL E MÉTODOS: caso a descrição dos procedimentos metodológicos seja
muito extensa, estes podem estruturar uma parte do artigo. Nela, devem ser descritos
os métodos, material, técnicas e equipamentos utilizados na pesquisa que resultou
no artigo.
– DISCUSSÃO DOS RESULTADOS: referência a trabalhos anteriormente publicados,
apresentando o estado da arte do assunto estudado; relaciona as causas e os efeitos
45
Metodologia da P
esquisa
do problema estudado; indica as aplicações teóricas e práticas dos resultados obtidos;
ressalta os aspectos significativos da pesquisa; e apresenta novas perspectivas para a
continuidade da pesquisa.
Nessa parte podem ser utilizados gráficos, tabelas ou quadros para apresentar ou ilustrar
os resultados.
Lembre-se que a tabela é uma figura construída a partir de dados obtidos pelo próprio
pesquisador, em números absolutos ou percentuais. Já o quadro é elaborado a partir de
dados obtidos em fontes secundárias como, por exemplo, o IBGE.
Considerações finais ou conclusão
O terceiro e último elemento textual é a conclusão, também chamada de considerações
finais. É a recapitulação sintética da discussão e dos resultados obtidos com a pesquisa.
Deve apresentar deduções lógicas, que correspondam aos objetivos propostos, ressaltan-
do o alcance e as consequências de suas contribuições à ciência e à sociedade. Deve ser
breve e basear-se em dados comprovados.
Pode ser iniciada pelos aspectos mais importantes da pesquisa e os objetivos alcançados
e os não cumpridos.
Elementos pós-textuais
Os elementos pós-textuais são aqueles incluídos após o texto principal. Fazem parte
deles:
• Notas explicativas.
• Referências.
• Glossário.
• Apêndices.
• Anexos.
• Agradecimentos
46
Metodologia da P
esquisa
As notas explicativas são as explanações, comentários que não foram incluídos no tex-
to por interromper a sequência lógica da leitura. As notas explicativas são inseridas em
algarismos arábicos com numeração única e consecutiva para todo o artigo.
As referências consistem em um conjunto padronizado de elementos descritivos retira-
dos do documento utilizado, que permite sua identificação.
O glossário é uma lista, em ordem alfabética, de palavras técnicas utilizadas no trabalho
com seus respectivos significados.
Os apêndices são os documentos elaborados pelo próprio autor, que serviram de fun-
damentação, comprovação ou ilustração do trabalho. O termo apêndice deve ser escrito
em letras maiúsculas, em negrito e centralizado, antecedendo o título do mesmo. Para
classificar sua ordem são utilizadas as letras do alfabeto.
Exemplo:
APÊNDICE A – Demanda dos Cursos Técnicos do instituto Federal do Paraná.
Os anexos são os documentos que serviram de fundamentação, comprovação ou ilus-
tração, que não foram elaborados pelo autor.
O termo anexo deve ser escrito em letras maiúsculas, em negrito e centralizado, antece-
dendo o título do mesmo. Para classificar sua ordem são utilizadas as letras do alfabeto.
Exemplo:
ANEXO A – Lista dos Cursos Técnicos ofertados pelo Instituto Federal do Paraná.
5. Formatação do trabalho acadêmico
Neste capítulo será visto que todo trabalho acadêmico deve ser apresentado de acordo
com as normas estabelecidas pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) ou
pela Instituição de Ensino Superior. No caso do Instituto Federal de Educação, Ciência
e Tecnologia do Paraná (IFPR), como este já possui normas próprias, o pesquisador que
realiza sua pesquisa deve seguir as normas que serão apresentadas neste capítulo. Serão
detalhadas as maneiras de inserir no texto uma citação direta, indireta ou citação de ci-
tação, além de se destacar a forma correta de fazer uma referência ao final do trabalho.
5.1 Apresentação gráfica do trabalho acadêmico
Todo trabalho acadêmico deve ter uma apresentação gráfica que facilite a compreensão
do leitor com relação às ideias do autor, por isso, no Brasil, a ABNT define as normas que
devem ser seguidas pelos pesquisadores para formatação de suas pesquisas científicas,
sejam elas apresentadas sob forma de artigo, monografia, dissertação ou tese. A Institui-
ção de Ensino Superior (IES) tem autonomia para elaborar suas normas, desde que estas
estejam de acordo com as regras gerais apresentadas pela ABNT. Sendo assim, neste ca-
pítulo serão apresentadas as normas elaboradas e seguidas pelo IFPR para apresentação
gráfica de trabalhos acadêmicos.
O tipo de papel utilizado deve ser o formato A4 (21 x 29,7 cm), na cor branca. Deve ser
utilizada apenas a parte da frente da folha (anverso).
O trabalho deve ser digitado em fonte Arial ou Times New Roman, tamanho 12 para o
corpo do texto e tamanho 10 para citações longas, tabelas, quadros e ficha catalográfica.
Configuração das margens
As margens esquerda e superior devem ter 3 cm, enquanto as margens direita e inferior
devem ter 2 cm.
48
Metodologia da P
esquisa
Espaçamento
O espaçamento entrelinhas pode ser:
a) Espaço de 1,5 cm para o texto.
b) Espaço de 1 cm (simples) para resumo, referências, citações longas, notas de rodapé,
tabelas, gráficos e quadros.
Parágrafo
A primeira linha de cada parágrafo de texto deve estar a 1,5 cm da margem esquerda.
Os parágrafos das citações longas devem ter recuo de 4 cm da margem esquerda.
Devem ser evitadas linhas soltas do parágrafo no início ou final da página, as chamadas
linhas órfãs.
Paginação
O número da página deve ser inserido a 2 cm da borda superior e 2 cm da borda direita
da folha. A contagem das páginas começa pela folha de rosto, porém a numeração so-
mente deve ser inserida a partir da primeira folha textual. Desta maneira, a folha que dá
início à introdução pode receber o número 9, por exemplo.
Numeração progressiva
A numeração progressiva indica a sequência da divisão do trabalho, que pode ser em
seção primária, secundária, terciária, quaternária e quinária, conforme os exemplos a
seguir:
49
Metodologia da P
esquisa
Numeração Progressiva Seção
1 INTRODUÇÃO Primária
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA Primária
2.1 A PESQUISA NOS CURSOS INTEGRADOS Secundária
2.1.1 A adoção dos trabalhos de conclusão de curso Terciária
2.1.1.1 Tipos de trabalhos Quaternária
2.1.1.1.1 Monografia Quinária
Quando for necessário enumerar os diversos assuntos de uma seção que não possua
título, esta deve ser subdivida em alíneas, indicadas por letras minúsculas, seguidas de
parênteses.
Exemplo:
a) Educação para todos.
Caso seja necessário dividir as alíneas, usa-se o hífen para destacar as subalíneas.
Exemplo:
– Educação de jovens e adultos.
Notas de rodapé
As notas de rodapé são usadas como complementações ou esclarecimentos que não
podem ser incluídos no texto por interromper a sequência lógica da leitura.
As notas de rodapé podem ser:
• Notas explicativas – explanações ou comentários que não são incluídos no
texto. As notas explicativas são em algarismos arábicos com numeração única e
consecutiva para cada capítulo ou parte.
50
Metodologia da P
esquisa
Exemplos :
• No texto:
“Os outros dois pontos a destacar são o agudo desequilíbrio externo e a insuficiên-
cia acumulação.” 25
• No rodapé da página:
_____________25 Aqui privilegiamos os problemas do capital, conformando-nos com uma reprodução dinâmica.
• Notas de referências – indicam as fontes consultadas ou remetem a outras
partes da obra nas quais o assunto foi abordado, geralmente são utilizados
quando é adotado o sistema numérico. O sistema autor-data deve ser usado
para referenciar citação de citação.
Citações
Trata-se da menção, no texto, de informação extraída de outra fonte (revistas, livros, in-
ternet, CD-ROM, disquete, fita de vídeo) para esclarecer, ilustrar ou sustentar o assunto
apresentado, conforme será detalhado a seguir.
Tipos de citação
As informações coletadas de diferentes fontes podem ser citadas no texto de forma di-
reta ou indireta.
Citação direta
É a transcrição literal de um texto ou parte dele. Na citação direta é obrigatória a apre-
sentação página consultada.
A citação com ATÉ TRÊS LINHAS deve ser inserida no parágrafo entre aspas duplas,
como mesmo tamanho da fonte.
51
Metodologia da P
esquisa
Exemplo :
“O acesso à literatura da área e algumas seções de supervisão em análise ins-
titucional serviram de base a esse propósito.” (HADDAD, 1993, p. 96).
A citação com MAIS DE TRÊS LINHAS deve ser destacada com recuo de 4 cm da mar-
gem esquerda, com fonte tamanho 10, espaçamento entre linhas simples e sem aspas.
Exemplo :
Dentro deste contexto, Robbins (2003, p. 39) afirma que:
Alguns gerentes estão encontrando dificuldades em abrir mão do controle da in-formação. Sentem-se ameaçados por terem de dividir o poder. A maioria, porém está descobrindo que o desempenho [sic] pelo compartilhamento da informação. E quando, de fato, sua unidade melhora, são tidos como gerentes mais eficazes.
Citação indireta
É a reprodução das ideias do autor, sem que haja transcrição literal das palavras.
Para reproduzir as ideias do autor pode ser utilizada:
• Paráfrase: é mantida a ideia do autor e o número aproximado de palavras
utilizadas por este.
• Condensação: é mantida a ideia do autor com um número de palavras bastante
reduzido.
ATENÇÃO!!!
É necessário ter cuidado ao fazer uma citação direta, para não caracterizar plágio. O
plágio é a cópia do texto do autor sem a menção da fonte, ou seja, é a apropriação
indevida dos direitos autorais e no Brasil é crime passível de punição.
52
Metodologia da P
esquisa
Exemplo :
Segundo Weaver (1973), muito tempo antes de o Brasil realizar suas primeiras pes-
quisas de viabilidade econômica da exploração e processamento do folhelho piro-
betuminoso os franceses e os escoceses já comercializavam o óleo extraído dessa
rocha sedimentar.
Citação de citação
Pode-se fazer ainda citação de citação, ou seja, quando não se teve acesso ao documen-
to original, pode ser citada a ideia de um autor que foi citada na obra de outro. Neste
caso, deve ser usada a expressão latina apud, que significa citado por.
Exemplo :
Na sentença:
Para Gonçalves (2000, apud FERREIRA, 2009) os países desenvolvidos podem com-
prar créditos de carbono, como objetivo de reduzir a emissão de gases.
No final da sentença:
Os países desenvolvidos podem comprar créditos de carbono, com o objetivo de
reduzir a emissão de gases. (GONÇALVES, 2000 apud FERREIRA, 2009).
Neste caso, o autor FERREIRA deve aparecer na lista de referências e GONÇALVES no
rodapé.
Supressões, acréscimos e ênfase
Em qualquer tipo de citação, as supressões (omissões), interpolações, acréscimos, co-
mentários, ênfase ou destaques devem ser utilizados a fim de proporcionar clareza ao
texto.
• Supressão: é indicada pelo sinal [...] e utilizada nos casos em que se quer omitir
parte do texto.
53
Metodologia da P
esquisa
Exemplo :
Conforme Alfonsin (2004), “apesar dos programas de regularização fundiária terem
se disseminado nas cidades brasileiras nos últimos anos, é flagrante a inexpressivida-
de dos resultados [...], especialmente nas capitais.”
• Acréscimo ou Comentário: são indicados entre colchetes e utilizados quando
há necessidade de explicar o texto.
Exemplo :
“A variação dos significados pretendidos pelo autor, e atribuídos pelos diferentes
leitores [polissemia].” (XAVIER, 2008, p. 18).
• Ênfase ou Destaque: deve ser destacado com negrito, itálico ou grifo e utilizada
nos casos em que se quer enfatizar trecho da citação. Deve ser utilizada a
expressão grifo nosso entre parênteses, após a chamada da citação.
Exemplo :
“[...] não basta ir às aulas se chegar antes do seu início. É preciso levar consigo ma-
terial adequado ao trabalho do dia”. (RODRIGUES, 2008, p. 43, grifo nosso).
Tradução de citação
No caso de citação com texto traduzido pelo autor, deve ser indicada a expressão
tradução nossa, entre parênteses, após a chamada da citação.
Exemplo :
“É um software de armazenamento e recuperação da informação textual e estru-
turada, com foco em fontes de informação bibliográfica e serviços associados [...].”
(BRITO, 2009, p. 18, tradução nossa).
54
Metodologia da P
esquisa
Sistema de chamada autor-data
Segundo a NBR 10520/2002, as citações podem ser apresentadas de acordo com o sis-tema autor-data ou o sistema numérico. Porém, os trabalhos acadêmicos produzidos
no âmbito do IFPR devem seguir o sistema autor-data.
Sistema autor-dataNas citações deve ser inserido o autor e a data da publicação da obra no início ou no final da sentença; na lista de referências o autor aparece em ordem alfabética.
Sistema numérico
Nas citações deve ser inserido o autor e sua obra em nota de rodapé. O autor é citado apenas na primeira vez em que sua ideia é reprodu-zida, nas demais se utilizam expressões latinas específicas para iden-tificar a autoria.
Um autor
No sistema autor-data, a indicação do sobrenome pode ser na sentença, no final da sen-
tença ou após a ideia do autor.
As fontes utilizadas na produção textual devem ser indicadas:
• Pelo sobrenome do autor ou nome da entidade responsável;
• Pela data de publicação;
• Pelo número da página, separado por vírgula entre parênteses (no caso de
citação direta).
Quando o autor é citado na sentença seu sobrenome deve ser escrito com letras iniciais
maiúsculas, e quando estiver entre parênteses, todas as letras devem ser maiúsculas.
Exemplos :
Na sentença:
Segundo Matus (1996, p.14) “negar o planejamento é negar a possibilidade de
escolher o futuro, é aceitá-lo seja ele qual for”.
No final da sentença:
“Negar o planejamento é negar a possibilidade de escolher o futuro, é aceitá-lo seja
ele qual for.” (MATUS, 1996, p.14).
55
Metodologia da P
esquisa
Até três autores
Quando consultada uma obra com até três autores, todos devem ser referenciados.
Exemplos :
Na sentença:
De acordo com Fonseca, Martins e Toledo (1995, p. 208) “O Índice Geral de Preços
é considerado como medida-padrão (ou oficial) do país. Trata-se de um índice hí-
brido [...]”.
No final da sentença:
“A narração deficiente ou omissa que impeça ou dificulte o exercício da defesa, é
causa de nulidade absoluta, não podendo ser sanada porque infringe os princípios
institucionais.” (GRINOVER; FERNANDES; GOMES FILHO, 2001, p. 97).
Mais de três autores
Nas citações de obras publicadas por mais três autores deve ser citado o primeiro seguido
da expressão latina et al. (abreviatura de et alii) e o ano.
Exemplos :
No final da sentença:
A escola tem por obrigação proporcionar aos seus alunos condições e acesso ao
conhecimento. (FONTES et al., 1996).
Autor coletivo (entidade)
Quando o autor for uma entidade, o nome desta deve ser escrito por extenso, e se pos-
sível sua subordinação, seguido da data de publicação do documento.
Exemplo :
No final da sentença:
“Como diferentes programas podem adotar enfoques diversos, as decisões a serem
tomadas são específicas de cada um.” (BRASIL, Ministério da Educação, 1976, p.
12).
56
Metodologia da P
esquisa
No caso de entidade coletiva conhecida pela sigla, a entrada deve ser por extenso, na
primeira citação, seguida da sigla entre parênteses. No restante do texto pode ser usada
apenas a sigla.
Documentos de órgãos públicos
Quando se tratar de documentos de órgãos públicos, deve ser indicada sua jurisdição.
Exemplo :
Na sentença:
De acordo com Curitiba, Prefeitura Municipal (2008, p. 178), “a Linha Verde trará
resultados positivos no tocante à [...]”.
Citação de dados informais
Para citação de dados informais obtidos por meio de palestras, debates, comunicações
entre outros, indica-se entre parênteses a expressão informação verbal e mencionam-
-se os dados completos da informação em nota de rodapé.
Exemplo :
Na sentença:
“Essa ação demonstra a postura do IFPR, que tem buscado ampliar a oferta de uni-
dades no Paraná.” (Informação verbal)1.
No rodapé:
___________
1 Notícia fornecida por Alípio Santos Leal Neto na solenidade de autorização para uma unidade do
IFPR em Assis Chateaubriand, em outubro de 2009.
Citação de informação extraída da internet
É necessário analisar e avaliar a fidedignidade e o caráter científico das informações ex-
traídas da internet.
As entradas seguem as mesmas regras para documentos impressos, o que muda é a
forma de apresentação da referência.
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Metodologia da P
esquisa
Exemplo :
Na sentença:
De acordo com Machado (2009) os professores do ensino fundamental e médio
podem diversificar as aulas, torná-las mais atrativas e conhecer o trabalho de outros
colegas espalhados pelo país ao acessar o Portal do Professor.
Documentos de vários autores com mesmo sobrenome
Quando houver coincidências de autores com mesmo sobrenome, devem ser indicadas
também as iniciais de seus nomes. Se mesmo assim existir coincidência, devem ser colo-
cados os nomes por extenso.
Exemplos :
No final da sentença:
O turismo é visto como o mercado que mais cresce e o ecoturismo é uma das mo-
dalidades mais procuradas pela necessidade do homem de integrar-se à natureza.
(SILVA, Alice, 2001).
Nas relações internacionais destaca-se a importância da comunicação dentro das
empresas, para aquelas mensagens, a política de comunicação, as siglas e os símbo-
los são processos para a tentativa de comunicar-se. (SILVA, Álvaro, 2001).
Quando houver necessidade de utilizar o nome do autor por extenso na citação, como
no exemplo acima, todos os autores referenciados no trabalho, deverão ser apresenta-
dos também desta forma, como forma de padronização, na lista de referências.
Documentos de um mesmo autor com a mesma data de publicação
Quando houver diversos documentos de um mesmo autor, com a mesma data de publi-
cação, devem ser acrescentadas letras minúsculas após a data, sem espaços.
Exemplo :
Na sentença:
Para Roberts (1998a, p. 57) “os grupos que detêm a força de trabalho precisam de
constante capacitação profissional”.
“A competitividade faz com que as empresas invistam em tecnologia e qualidade na
prestação dos seus serviços.” (ROBERTS, 1998b, p. 161).
58
Metodologia da P
esquisa
Diversos documentos do mesmo autor com datas diferentes
Nas citações indiretas de diversos documentos de um mesmo autor com datas diferentes,
devem ser indicadas as datas separadas por vírgula.
Exemplo :
Na sentença:
Oliveira (1985, 1990, 1997) afirma que um dos propósitos do marketing é alcançar
os objetivos organizacionais.
5.2 Referências
As referências são o conjunto de elementos que permitem a identificação dos documen-
tos que foram utilizados na elaboração da monografia.
Os elementos que compõem uma referência são:
Essenciais (autor, título, edição, local, editora, e data de publicação).
Complementares (ISBN1, série, número de páginas, e outras).
Sua localização depende do sistema de chamada adotado. No sistema de autor-data sua
localização será no final do trabalho.
As referências são alinhadas somente à margem esquerda. O espaçamento usado deve
ser simples entre as linhas e duplo entre as referências. Estes e outros detalhes serão
analisados neste capítulo.
1 ISBN (International Standard Book Number) é um sistema que identifica numericamente os livros segundo o título, o autor, o país e a editora, individualizando-os inclusive por edição. Retirado de: <http://www.isbn.bn.br/;jsessionid=F903B1893F4E912D992E3524B2D5E2A7o-que-e-isbn>.
59
Metodologia da P
esquisa
Elementos essenciais da referência
Os elementos essenciais da referência podem ser divididos em quatro:
a) Autor.
b) Título.
c) Edição.
d) Imprenta (local, editora, e data de publicação).
O primeiro elemento de uma referência é o autor, seguido do(s) prenome(s)
descrito(s) com as letras abreviadas ou não .
Exemplo: SANTOS, M. ou SANTOS, Milton.
Regras a serem seguidas nos diferentes casos:
– Autor individual: indica-se o autor com a entrada pelo último sobrenome, seguido
do nome. Separa-se o sobrenome do nome com vírgula ( , ).
Exemplo: SILVEIRA, H. L.
– Sobrenomes em espanhol: indica-se primeiro o penúltimo sobrenome.
Exemplo: APARICIO SÁNCHES, C. A. (Cesar Antônio Aparício Sánches)
– Sobrenomes com complemento: indica-se o sobrenome seguido dos
acompanhamentos JUNIOR, FILHO, NETO e SOBRINHO.
Exemplo: FREITAS FILHO, A. (Armando Freitas Filho)
Obs.: No caso da denominação NETO convencionou-se que o NETTO (com a grafia
com dois T) é considerado sobrenome, portanto ficaria NETTO, P. (Paiva Netto).
– Sobrenomes unidos por hífen: indica-se como um único sobrenome.
Exemplo: ARTEAGA-FERNANDEZ, E.
– Sobrenomes estrangeiros com prefixo: são indicados pelo prefixo se este for
identificado como parte do nome. Exemplo: VAN DER MOLEN, Y. F.
60
Metodologia da P
esquisa
Obs.: Considera-se o prefixo como parte do nome se for escrito em maiúsculo.
Exemplos Del, El, La. Caso estejam em minúsculo não se considera como parte do
sobrenome. Exemplo: da Silva
– Dois autores: indica-se os autores segundo a ordem em que aparecem na publicação,
separando-os pelo sinal de ponto e vírgula ( ; ).
Exemplo: MONTEIRO, C.; BRANDÃO, A.
– Três ou mais autores: indica o primeiro autor seguido da expressão latina et al. (et
alli = e outros).
Exemplo: ZAEYEN, A. et al.
– Documento com vários autores: indica-se o responsável intelectual (organizador
ou coordenador), seguido da abreviatura da palavra que caracteriza o tipo de
responsabilidade entre parênteses.
Exemplo: BASTOS, A. M. (Coord.)
– Autor coletivo: indica-se a entidade responsável pela autoria, obedecendo a
hierarquia desta.
Exemplo: BRASIL. Ministério da Previdência Social. Secretaria da Saúde.
Obs.: Quando for possível identificar a instituição, mesmo estando vinculada a um
órgão maior, indica-se seu nome em maiúscula como as siglas consagradas.
Exemplo: INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. IBGE.
O segundo elemento de uma referência é a INDICAÇÃO DO TÍTULO.
O título é reproduzido tal como aparece na obra, devendo aparecer em negrito, itálico
ou grifado.
Obs.: O subtítulo não é negritado.
Exemplo: O ensino de primeiro grau: uma análise de desempenho.
Obs.: Quando houver tradutor, este deve ser indicado logo após o título. Ex. Tradução
de Carlos Pereira.
61
Metodologia da P
esquisa
O terceiro elemento de uma referência é a EDIÇÃO .
A edição deve ser apresentada pelo número cardinal desta, seguido da abreviação
ed.
Exemplo: 5. ed.
Obs.: A primeira edição não é indicada.
O quarto elemento de uma referência é a IMPRENTA .
A imprenta compreende as notas tipográficas da publicação, ou seja, local de publi-
cação, nome da editora e ano de publicação.
Indica-se o local: (dois pontos) Editora, (vírgula) ano de publicação. (ponto)
Exemplo: São Paulo: Atlas, 1998.
O local de publicação é indicado da forma que aparece na publicação.
– Quando houver mais de um local de publicação, deve ser indicado o primeiro ou o
que estiver em destaque.
Exemplo: RIO DE JANEIRO e São Paulo
Rio de Janeiro
– Para homônimos deve-se acrescentar o nome do país, estado ou cidade.
Exemplos: San Juan, Chile
San Juan, Porto Rico
– Quando o local não aparece na publicação, mas pode ser identificado, este deve ser
inserido entre os sinais de colchetes.
Exemplo: [Curitiba]
– Quando for impossível determinar o local, indicar [S.l.]= (expressão latina abreviada
sine loco = sem local) entre colchetes.
62
Metodologia da P
esquisa
Na apresentação da editora omite-se a palavra Editora e as denominações de natureza
jurídica (S/A, Ltda).
Exemplo: Bertrand do Brasil (e não Editora Bertrand do Brasil).
Considerações gerais
• Quando há mais de um editor, indica-se o mais destacado.
• Quando o editor não aparecer na publicação, mas pode ser identificado, indicá-
lo entre colchetes.
Exemplo: [Papirus]
• Sendo impossível determinar o editor, indica-se entre colchetes[s.n.] (expressão
latina ine nomine = sem nome).
• Quando o local e o editor não aparecerem na publicação, indica-se entre
colchetes [S.l.:s.n.].
• Indica-se a denominação Ed. Para os nomes de editoras que possam ser
confundidas com local. Exemplo: Ed. Santos
Para indicar a data deve ser colocado o ano da publicação.
Exemplo: 2012
Obs.: Se nenhuma data puder ser encontrada na publicação, registre uma data
aproximada entre colchetes:
Exemplos: [1981?] para data provável
[ca. 1960] para data aproximada
[197-] para década certa
[19--] para século certo
[19-?] para século provável
63
Metodologia da P
esquisa
Para finalizar, descreve-se o número de páginas. Quando se tratar de uma referência da
obra completa a indicação do número de páginas é opcional. Em referência de capítulos
é obrigatória a inclusão das páginas inicial e final, que são transcritas se paradas por
hífen.
Exemplo: 260p. (obra completa)
p. 7-14 (capítulo)
Pontuação utilizada
• Autor. Título. Edição. Imprenta. Paginação.
• Para autor: SOBRENOME, Nome.
• Para título: Título principal: subtítulo.
• Para imprenta: Local: Editora, ano.
Referência completa
SOBRENOME, Prenome. Título. Edição. Local: Editora, ano de publicação. Número de
páginas.
O título deve ser destacado em negrito.
Exemplo:
LOPES, I. V. Gestão ambiental no Brasil: experiência e sucesso. 5. ed. Rio de Ja-
neiro: FGV, 1996. 377p.
64
Metodologia da P
esquisa
Partes de monografias sem autoria especial
SOBRENOME, Prenome. Título do capítulo. In: ________. Título do livro. Edição. Local:
editora, ano de publicação. Página inicial-página final.
Exemplo :
JUCHEM, P. A. Balanço ambiental para empresas. In: ________. Introdução à ges-tão, auditoria. 3. ed. Curitiba: FAE/CDE, 1995. p. 75 -87.
Partes de monografias com autoria própria
SOBRENOME, Prenome (autor da parte referenciada). Título da parte referenciada. In:
SOBRENOME, Prenome. Título. Edição. Local: Editora, ano de publicação. Localização da
parte referenciada. Número de páginas.
Artigos de Livros
Exemplo :
STORPER, M. Desenvolvimento Territorial na economia global do aprendizado: o
desafio dos países em desenvolvimento. In: RIBEIRO, L. C. Q.; SANTOS JÚNIOR, O.
A. (Org.) Globalização, Fragmentação e Reforma Urbana: o futuro das cidades bra-
sileiras na crise. São Paulo: Civilização Brasileira, 1994.Cap.2. p. 45-59.
Artigos de eventos
Exemplo :
NICOLETTO, U. A evolução dos modelos de gestão de resíduos sólidos e seus ins-
trumentos. In: CONFERÊNCIA SOBRE MERCOSUL, MEIO AMBIENTE E ASPECTOS
TRANSFRONTEIRIÇOS, 2, 1997, Campo Grande. Anais... Campo Grande: SEMA-
DES, 1997. p. 89-105.
Artigos de revistas
A pontuação utilizada e as informações destacadas são diferentes. Observe com atenção:
65
Metodologia da P
esquisa
SOBRENOME, Prenome. Título do artigo. Título da revista, local da publicação, número
do volume, fascículo, páginas inicial e final do artigo, mês e ano da publicação.
Exemplo :
BENJAMIN, A. H. V. Responsabilidade Civil pelo Dano Ambiental. Revista de Direito
Ambiental, São Paulo, v.2, n.9, p. 43-57, jan./jul.1998.
Obs.: O volume é indicado por v.
O número é indicado por n.
As páginas são indicadas por p. inicial-final.
Os meses são indicados abreviados, excetuando-se o mês de maio.
Artigos em jornais
SOBRENOME, Prenome. Título do artigo. Título do jornal, local de publicação, dia, mês
e ano. Páginas do artigo.
Exemplo :
MORAIN, C. Gerenciamento ambiental em pequenas e médias empresas de mine-
ração. Gazeta do Povo, Curitiba, 10 out. 1993. p. 1-5.
Dissertações, teses, etc.
SOBRENOME, Prenome. Título. Número de folhas. Palavra Tese ou Dissertação (tipo de
curso) – Setor, nome da Instituição onde foi apresentada. Local da instituição, ano da
defesa.
Exemplo :
WATANABE, C. B. Antecipando a Agenda 21 Local: uma visão geográfica do meio
ambiente de São Mateus do Sul, Paraná. 119f. Dissertação (Mestrado em Geogra-
fia) – Setor de Ciências da Terra, Universidade Federal do Paraná. Curitiba, 2002
66
Metodologia da P
esquisa
Documentos consultados online
SOBRENOME, Nome. Título. Disponível na Internet. Endereço. Data de acesso.
Exemplo :
ROLNIK, R. Estatuto da Cidade: instrumentos para as cidades que sonham crescer
com justiça e beleza. Instituo Polis. Disponível em:<http://www.polis.org.br>Acesso
em: 23 mar. 2008.
Considerações Finais
Para produzir esta obra foi considerada a necessidade de proporcionar ao estudante
meios necessários à retomada do pensar e a busca pelo fazer. Para tanto, foram apre-
sentadas discussões pertinentes à Metodologia Científica e à formalização dos trabalhos
acadêmicos.
Desta maneira, fica evidente que a utilização do método na construção do trabalho aca-
dêmico pode servir de modelo para que o profissional realize suas atividades de acordo
com os princípios metodológicos apresentados, analisados e discutidos neste material.
Referências
ADORNO, T.; HORKHEIMER, M. Dialética do esclarecimento. Rio de Janeiro: J. Zahar
Editor, 1985-p19.
______. Metodologia do trabalho científico: procedimentos básicos, pesquisa biblio-
gráfica, projeto e relatório, publicações e trabalhos científicos. 5. ed. São Paulo: Atlas,
2001.
______. Técnicas de pesquisa: planejamento e execução de pesquisas, amostragens
e técnicas de pesquisa, elaboração, análise e interpretação de dados. São Paulo: Atlas,
1986.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 10520: informação e docu-mentação: apresentação de citações em documentos. Rio de Janeiro, 2002.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 14724: informação e docu-mentação – trabalhos acadêmicos – apresentação. Rio de Janeiro, 2005.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6023: informação e docu-mentação: referências – elaboração. Rio de Janeiro, 2002 .
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6024: Informação e documen-
tação: numeração progressiva das seções de um documento escrito – apresentação. Rio
de Janeiro, 2002.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6027: sumário. Rio de Janeiro,
2003.
CHARTIER, Roger. A ordem dos livros: leitores, autores e bibliotecas na Europa entre os
séculos XIV e XVIII; tradução de Mary Del Priore. Brasília: Ed. UnB, 1994. 111p.
CHASSOT, Attico. A Ciência através dos tempos. São Paulo: Moderna, 1994.
CUNHA, Murilo Bastos da. As tecnologias de informação e a integração das bibliotecas
brasileiras. Ci. Inf., Brasília, v. 23, n. 2, p. 182-189, maio/ago. 1994.
CUNHA, Murilo Bastos da. Biblioteca digital: biblioteca internacional anotada. Ci. Inf., Brasília, v. 26, n. 2, p. 195-213, maio/ago. 1997.
69
Metodologia da P
esquisa
GODOY, Norton. O livro de todos os livros. Disponível em: <http://www.zaz.com.br/istoé/
ciência/150515.chtm>. Acesso em: 30 nov. 1998.
LAKATOS, E. M.; MARCONI, M. De A. Fundamentos de metodologia científica. 3.
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Anexo
MODELO DE UM TEXTO UTILIZANDO O SISTEMA AUTOR-DATA
A EVOLUÇÃO DOS SUPORTES DA INFORMAÇÃO
Desde os primórdios da história, o homem buscou comunicar-se registrando seus
conhecimentos e utilizando as linguagens disponíveis em sua época. O homem das ca-
vernas talhou a pedra para descrever seus hábitos e sua cultura, simbolizando a lingua-
gem de comunicação por desenhos, sons, danças, mímicas, códigos, sinais e gestos.
Da transformação da linguagem auditiva em linguagem visual surgiram os primeiros
sistemas de escrita, os quais foram inventados e aperfeiçoados ao longo dos séculos,
passando por diversas evoluções: escrita pictográfica, mnemônica, cuneiforme, fonética,
ideográfica, hieroglífica, até chegar ao alfabeto.
Do reino mineral, vegetal ou animal, utilizou-se pedra, mármore, argila, metais,
ossos, marfim, pano, seda, madeira, papiro e o pergaminho, estando a divulgação do
conhecimento sempre representada em suportes de informação, ou seja, disseminada
através de um material palpável.
Martins (1957) destaca três grandes períodos: técnica da gravura, técnica da
fundição manual e técnica da fundição mecânica. Nesses períodos, o livro impresso de-
parou-se com muitos colecionadores hostis que não o queriam em suas coleções, entre-
tanto como aperfeiçoamento técnico melhorou sua qualidade e constituiu-se um objeto
de beleza.
Nesses tipos de materiais, várias técnicas “tipográficas” (xilografia, litografia) e
instrumentos (cinzel, estilete, caniço, penas de aves, penas metálicas) foram utilizados
para produzir a escrita pelos copistas, pergaminhistas, iluminadores e outros, até a “im-
prensa de Gutenberg” que aperfeiçoou os processos da tipografia, surgindo o documen-
to impresso comum até os dias atuais.
Martins (1957) relata a história do livro, da imprensa e da biblioteca através de
um retrospecto da História de acordo com as eras e movimentos literários que dividem
a história da humanidade: Antiguidade, Idade Média, Renascença até a Modernidade,
descrevendo ricos detalhes pormenorizados com nomes, títulos e acontecimentos que
envolveram e tiveram influências culturais no decorrer da história.
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Metodologia da P
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O surgimento da técnica de impressão foi um grande marco na história da escrita
e divulgação do conhecimento. Da mesma forma, a informática e as telecomunicações
apresentam, também, suas contribuições para a história da humanidade.
O advento das novas tecnologias de informação, segundo Cunha (1994), mudou
o peso relativo das publicações impressas em relação aos outros suportes de informação,
no que diz respeito ao processo global de difusão de conhecimentos.
Mata (1995, p. 8) argumenta que “[...] a microeletrônica, a informática, as tele-
comunicações, a automação e a inteligência artificial, integrantes do quadro tecnológico
que configura a nova revolução, se apresenta como os principais protagonistas das mu-
danças.”
Essa revolução é comentada por Oashi (1992), Paula (1991) e Pontes (1990) que
apresentam argumentações e explicações para a realidade atual com colocações seme-
lhantes, lembrando que a nova realidade vem proporcionando a interação da sociedade,
indivíduo, informação e conhecimento.
Levy (1996) enfatiza que no futuro os livros, jornais e outros documentos serão
apenas projeções temporais e parciais de hipertextos e ainda questiona a possibilidade
do surgimento de novos sistemas de escrita que explorariam as potencialidades dos su-
portes dinâmicos de armazenagem da informação.
Segundo Chartier (1994, p. 97-98):
A revolução de nosso presente é mais importante de que a de Gutenberg. Ela não
somente modifica a técnica de reprodução do texto, mas também as estruturas e as
próprias formas do suporte que o comunica aos seus leitores. O livro impresso foi, até
hoje, o herdeiro do manuscrito por sua organização em cadernos, pela hierarquia dos
formatos, pelos auxílios de leitura, correspondências, index, sumários, etc.
Do livro definido como um conjunto de folhas de papel ou pergaminho, im-
pressas ou manuscritas e presas numa capa formando um volume que traz informações
literárias ou científicas, depara-se para o livro digital.
O livro digital ou e-book (livro eletrônico) muda a forma de como o texto impresso
é vendido e lido, apresentando uma interatividade mais funcional que o livro em papel.
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Metodologia da P
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O modelo que mais se aproxima do livro é o Dedicated Reader, apresentando-se
como um livro aberto semelhante ao livro comum, com a visualização de duas páginas
simultaneamente, com coloração da página branca parecida com a folha de papel com
conteúdos coloridos. (GODOY, 1998).
Portanto, da mesma forma que os manuscritos coexistiam com os livros impres-
sos, os impressos coexistirão com os eletrônicos. Do códex à tela, o livro não é mais o
mesmo, porque nos novos dispositivos formais em que se apresentam, modifica as con-
dições de recepção de textos sofridas pelas mutações das formas do livro e reprodução
do texto.
Toda essa evolução caracteriza a “era da informação”, “era quaternária” ou
ainda “era da tecnologia da informação”, o “acervo digital”, “acervo virtual” e várias
denominações como: arquivos digitalizados, acesso eletrônico, acesso remoto, memória
magnética, memória ótica, mundo eletrônico, informática documentária, entre outras.
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Metodologia da P
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