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Mercosul Social e Participativo – Construindo o Mercosul dos povos com democracia e cidadaniaé uma publicação da Secretaria-Geral da Presidência da República, elaborada pela Assessoria paraAssuntos Internacionais, nos marcos do Programa Somos Mercosul.

Presidente da RepúblicaLuiz Inácio Lula da Silva

Secretaria-Geral da Presidência da RepúblicaMinistro de Estado-Chefe Luiz Soares Dulci

Assessoria para Assuntos InternacionaisRenato Martins, Carolina Albuquerque, Maria Cristina Sampaio Lopes, Nelma Carneiroe Tereza P. Batista

Assessoria de ComunicaçãoDorian Vaz, Janaína Santos e Frances Mary Coelho

Jornalista ResponsávelDorian Vaz/MG04541JP

Créditos das FotosAldo Dias/Ministério do Esporte Henrique Mattos ProJovem/DivulgaçãoInstituto Marista de Solidariedade Bruno Spada/MDS Claudia Ferreira/SEPMIPEA/Divulgação Victor Soares/MTE Min. do Esporte/DivulgaçãoMEC/Divulgação Banco Palma/Divulgação SECOM-PR/DivulgaçãoTamires Kopp/MDA José Rosa/MTb Marco Antonio GasparUbirajara Machado/MDA MMA/Divulgação Paulo Roberto PalhanoNey Carlos Adriano Machado

ParceriaMinistério de Desenvolvimento Social e Combate à FomeMinistério das Relações Exteriores

PatrocínioPetrobras S./A.

Page 4: Livro mercosul-social-participativo

1a ediçãoBrasília, 2007

Page 5: Livro mercosul-social-participativo

Equipe editorial

Acompanhamento editorialKeila Mariana de A. Oliveira

Preparação de originais e revisãoDanúzia Ma Queiroz Cruz Gama

Keila Mariana de A. Oliveira

Capa, projeto gráficoe editoração eletrônica

Tony Costa

Acompanhamento gráficoJoão Pedro Kaempf

Impresso no Brasil

É permitida a reprodução total ou parcial,de qualquer forma ou por qualquer meio, desde que citada a fonte.

Ficha catalográfica

Mercosul Social e Participativo: Construindo o Mercosul dos povos com democraciae cidadania.– Brasília : Ibraes, 2007.

108 p.

ISBN 978-85-61308-00-1 – Ibraes

1. Participação, inclusão social e democracia. 2. Saúde, educação e cultura. 3. Meioambiente, reforma agrária, economia solidária e cooperativismo. 4. Investimento produtivoe desenvolvimento social. 5. Mulheres, direitos humanos e juventude. 6. Livre circulação,previdência social, turismo e esporte. 7. Segurança pública, descentralização e comunicaçãosocial.

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Cúpula Social do Mercosul: alargando as fronteiras da participação social ........................... 12

Democracia e cidadania: o Parlamento do Mercosul ............................................................... 15

Direitos sociolaborais e integração produtiva ........................................................................... 18

Políticas públicas para o desenvolvimento social ..................................................................... 22

Proteger a saúde dos cidadãos e das cidadãs do Mercosul .................................................... 28

Integração educacional e identidades regionais ...................................................................... 33

Mercosul constrói identidade e celebra a diversidade cultural ................................................. 39

Integração socioambiental e cidadania no Mercosul ............................................................... 46

Agricultura familiar e acesso à terra reduzem a pobreza rural ................................................. 50

A integração da economia solidária no Mercosul ..................................................................... 53

O cooperativismo como fator de desenvolvimento local e regional ........................................ 56

Focem: minimizar as assimetrias regionais ............................................................................... 60

O sentido social da harmonização das normas técnicas ......................................................... 66

Responsabilidade social: um compromisso da Petrobras ....................................................... 69

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Reunião Especializada da Mulher: igualdade de gênero no Mercosul ................................... 74

Direitos Humanos e igualdade racial ......................................................................................... 77

Juventude conquista foro especializado no Mercosul ............................................................. 80

Visto de permanência amplia integração .................................................................................. 84

O direito à previdência social no Mercosul ................................................................................ 86

Turismo sustentável e inclusão social no Mercosul .................................................................. 89

O esporte como fator de inclusão social e desenvolvimento regional .................................... 91

Segurança pública com cidadania no Mercosul ...................................................................... 96

Participação de estados e municípios estimula a descentralização ....................................... 100

Comunicação social: democratizar o acesso à informação no Mercosul ............................. 104

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O Mercosul foi criado no princípio dadécada de 1990 como um acordo decomplementação comercial e, nos

últimos anos, tem evoluído para uma maiorintegração econômica, política e social. Essamudança é muito positiva, pois são cada vezmenores as chances de os países emdesenvolvimento se inserirem com êxito naeconomia mundial de uma forma isolada ouautárquica. Apesar das vantagens comparativasdas nossas economias, a concorrência global pormercados e investimentos tornou-se maisacirrada, daí a importância de buscar maiorcooperação com nossos vizinhos do Cone Sul.

Ao superar disputas geopolíticas e militares,reduzir barreiras alfandegárias e unificar a tarifaexterna, Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguairealizaram um extraordinário avanço em prol daintegração da América do Sul. As experiênciasanteriores na região jamais alcançaram, emextensão e profundidade, o grau de cooperaçãologrado entre os países do Mercosul. Esseresultado foi obtido em um prazo relativamentecurto, iniciado com a assinatura do Tratado deAssunção, em 1991. Com o ingresso daVenezuela como membro pleno, ainda pendentede aprovação pelos Parlamentos do Brasil e doParaguai, o Bloco passa a exibir um potencialeconômico ainda mais invejável.

Com uma população de 246 milhões dehabitantes, constituímos um amplo processo deintegração regional. Juntos somos a primeirareserva de água potável, a terceira de petróleo e

um dos maiores produtores de alimentos doplaneta. E o mais importante: vivemos emdemocracia e, depois de décadas deautoritarismo, aprimoramos o compromisso doEstado e da sociedade com o regimedemocrático, cujos princípios de liberdade,tolerância e igualdade constituem osfundamentos do Mercosul.

Nos últimos anos, o Mercosul tem experimen-tado um crescimento econômico e comercialbastante positivo. Os indicadores macroe-conômicos revelam um Bloco muito maissólido que no passado. Esse crescimento vemacompanhado de menor vulnerabilidadeexterna, disciplina fiscal e baixas taxas deinflação em todos os países-membros. Emconseqüência, 2006 foi o quarto anoconsecutivo de crescimento comercial – tantodas exportações, quanto das importações - comsaldo favorável com o resto do mundo.

O fluxo de comércio intrabloco também vemcrescendo de forma consistente, tendo mais quedobrado no triênio 2003-2005, superando orecorde histórico de 21 bilhões de dólares em2006. Mesmo assim os críticos do Mercosulnão reconhecem os avanços da integração. Narealidade, o Bloco já representa, ao lado deoutros mercados emergentes, uma opçãoimportante de comércio externo, o quecontribui para diminuir a histórica dependênciada América Latina em relação aos países ricos.Isso não significa que ajustes não sejamnecessários. Ao contrário, há muito por fazer,

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sobretudo em relação às áreas produtiva, sociale participativa, fundamentais para intensificaro grau de integração. Para que o Mercosul seconverta em um compromisso efetivo dassociedades, é preciso aprofundar a integraçãopor meio da cultura, da educação, da saúde, dotrabalho e das demais dimensões socioculturais.A dívida social dos países latino-americanosagravou-se ainda mais na década de 1990 emvirtude das políticas de corte neoliberal.Apesar de resistências políticas e econômicas,o avanço da democracia participativa na Amé-rica Latina tem contribuído para a superaçãodaquele modelo. Obviamente persistem carên-cias não solucionadas, cujas causas históricase estruturais requerem um esforço prolongadode superação.

Para romper o ciclo da pobreza são necessáriaspolíticas públicas de distribuição de renda, geraçãode emprego, saúde, educação, saneamento básico,entre outras. É verdade que o Mercosul ainda nãoestabeleceu políticas regionais para todas essasáreas e somente agora está deixando de ser umacordo comercial para se converter em uma áreade efetiva integração produtiva e social. Noentanto, como se verá nesta publicação, já existeum conjunto de acordos, normas e regulamentosque favorece o desenvolvimento sustentável e aintegração social.

A participação da sociedade civil é outro aspectoimportante para a consolidação da integraçãoregional. Preocupada em superar o déficit departicipação social existente no Mercosul, desde2005 a Secretaria-Geral da Presidência daRepública do Brasil realiza um programadestinado a aproximar o Mercosul da sociedade

brasileira. Já ocorreram cinco "Encontros com oMercosul" – em Belém, Belo Horizonte, Recife,Fortaleza e Salvador – com a participação decentenas de representantes dos mais variadossegmentos da sociedade civil brasileira.

Na reunião presidencial de 2007, no Rio deJaneiro, os chefes de Estado declararam apoioà I Cúpula Social do Mercosul e recomendaramsua continuidade. A Cúpula Social, tambémcoordenada pela Secretaria-Geral da Presidênciada República do Brasil, reuniu mais dequinhentos representantes dos movimentossociais da Argentina, do Brasil, do Paraguai, doUruguai e da Venezuela, quando foramidentificados os principais pontos pendentes daagenda social do Mercosul. A Declaração Finalentregue aos presidentes contém valiosassugestões dos movimentos sociais para políticasa serem implementadas no Mercosul.

Esta publicação do governo brasileiro faz umbalanço do Mercosul social e participativo,sistematiza informações dispersas e avalia asituação atual das conquistas sociais na região.Seguimos trabalhando cada vez mais inspiradospelas palavras do presidente Lula: "O nossoBloco, a exemplo do que ocorreu com a UniãoEuropéia, tem diante de si o grande desafio dalegitimidade. Devemos dar especial atenção atodos os temas que constituem a agenda dacidadania do Mercosul".

Luiz Soares DulciMinistro de Estado-Chefe da Secretaria-Geral da

Presidência da República

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CÚPULA SOCIAL

DO MERCOSUL:ALARGANDO AS

FRONTEIRAS DA

PARTICIPAÇÃO SOCIAL

Novos atores sociaisafirmam-se como protagonistas

do processo de integração

Mais de quinhentos representantes dosmovimentos sociais dos países-membrosaprovaram a Declaração Final, posteriormenteentregue aos presidentes. O diálogo social naesfera regional aproxima o Mercosul do dia-a-dia da população e contribui para dar maiortransparência e efetividade às decisõesgovernamentais.

No Brasil, o governo do presidente LuizInácio Lula da Silva mantém uma práticapermanente de diálogo com a sociedade civil.De janeiro de 2003 até dezembro de 2007foram realizadas 48 Conferências Nacionais,todas em parceria com a sociedade civil. Maisde 2 milhões de brasileiros participaram dasetapas preparatórias desses encontros.A partir das Conferências, diversos programase políticas públicas foram adotados, entreeles, o Plano Nacional de Políticas para asMulheres, o Plano Nacional de Promoção daIgualdade Racial e o Fundo Nacional deHabitação e Interesse Social (FNHIS).

A participação social é uma marca do governobrasileiro muito presente na construção daspolíticas públicas. A Secretaria-Geral da Presi-dência da República do Brasil tem atribuiçãode ser o órgão interlocutor com a sociedadecivil. Além das Conferências, outros avançosconcretos foram obtidos por meio da parti-cipação social.

Os trabalhadores urbanos, por exemplo,conquistaram o direito de negociar diretamentecom o governo federal o valor do saláriomínimo, o que possibilitou um aumento realde 26,02% do salário mínimo entre 2003 e

O Mercosul nasceu com vocação para ser bemmais que um acordo comercial. A vontadepolítica de cooperação entre os Estados semprecorrespondeu ao desejo de participação dassociedades civis. Ao catalisar essa energia dasociedade, a I Cúpula Social do Mercosul,realizada em dezembro de 2006, em Brasília,constituiu um marco na construção doMercosul cidadão.

Coordenada pela Secretaria-Geral daPresidência da República do Brasil, a I CúpulaSocial contou com a presença de lideranças dediversos setores, como educação, saúde,juventude, igrejas, sindicatos de trabalhadoresrurais e urbanos, organizações de mulheres,ambientalistas, povos indígenas, trabalhadoressem-terra, centros de cultura, organizações dedireitos humanos, pequenas e médias empre-sas, cooperativas, organizações da economiasolidária, entre outras.

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2007. Os trabalhadores do campo construíramcoletivamente com o governo federal o PlanoSafra da Agricultura Familiar, que destinou R$12 bilhões para o setor em 2007/2008.

A experiência de participação social noMercosul também pode progredir e aperfeiçoar-se. Os presidentes dos Estados Partes decidiramque, a partir deste ano, as cúpulas sociais devemse repetir, sempre nos marcos das reuniõespresidenciais do Bloco, com o apoio da Presi-dência Pro Tempore de turno.

Somos Mercosul

Os antecedentes da I Cúpula Social remontamao lançamento do Programa Somos Mercosul,em 2005, durante a Presidência Pro Temporeuruguaia. Diferentemente do que se viu nosanos 1990, quando os acordos de livrecomércio ditavam o sentido da integraçãoregional, a iniciativa Somos Mercosulcorresponde ao atual estágio do Bloco, muito

mais preocupado com a integração das cadeiasprodutivas, a superação das assimetriasregionais e a implementação de políticas sociais,sempre com a participação das sociedades civis.

Em Córdoba, na Argentina, onde ocorreu o IEncontro por um Mercosul Produtivo e Social,as organizações sociais reuniram-se pelaprimeira vez nos marcos de uma reuniãopresidencial e formularam as bases do que viriaa ser a agenda do Mercosul Produtivo e Social.Aquele precedente foi importante para que, emdezembro de 2006, fosse convocada a I CúpulaSocial do Mercosul, iniciativa que resultou deuma parceria entre as organizações sociais, o

Foro Consultivo Econômico e Social, a antigaComissão Parlamentar Conjunta – atualParlamento do Mercosul – e a Comissão deRepresentantes Permanentes do Mercosul.

Com o apoio da Secretaria-Geral da Presidênciada República do Brasil na fase preparatória doevento, as organizações sociais tiveram acessoàs informações dos diferentes órgãos dogoverno federal que atuam no Mercosul. Issopermitiu uma dinâmica bastante participativaque se refletiu no adensamento da culturademocrática e no amadurecimento dos debatespolíticos. Ao ser aperfeiçoada no futuro, essaexperiência trará ganho democrático expressivopara o Mercosul.

A I Cúpula Social identificou os itens pendentesda agenda social e, a partir do ponto de vistados movimentos sociais, formulou propostaspara a integração. A maior participação social,o acesso às informações e a divulgação dosdocumentos oficiais (desclassificação) foram asdemandas centrais da sociedade civil.

O diálogo socialna esfera regional aproxima

o Mercosuldo dia-a-dia da população

e contribui paradar maior transparência

e efetividade àsdecisões governamentais

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Lê-se na Declaração Final:“Propomos que os governos apóiem e

estimulem a participação direta das

organizações da sociedade civil em todos os

Subgrupos de Trabalho e nas Reuniões

Especializadas do Mercosul, e que sejam

criados mecanismos para incorporá-las como

observadoras no Grupo Mercado Comum

(GMC) e no Conselho Mercado Comum.”

Como se verá em seguida, já existem diversosespaços institucionais de participação e diálogosocial, mas eles podem e devem ser aperfeiçoados.

Em dezembro de 2007 ocorrerá uma novaedição da Cúpula Social do Mercosul, desta vezno Uruguai. O Programa Somos Mercosul terácompletado um ciclo e regressará a seu país deorigem. Há uma grande expectativa dosmovimentos sociais de que suas sugestõespossam incidir sobre as decisões governa-mentais, contribuindo efetivamente para ofuturo do Bloco.

A I Cúpula Socialdo Mercosul identificou

os itens pendentesda agenda social e,

a partir do pontode vista dos

movimentos sociais,formulou

propostas paraa integração

“Nossas conclusões expressam o consenso alcançado pelas delegações presentes e visam ofortalecimento da agenda social e da participação cidadã no Mercosul. Os movimentos eorganizações sociais e populares devem participar e incidir efetivamente no processo decisóriodo Mercosul. Propomos, para tanto, a continuidade dessas experiências, de modo que asCúpulas Sociais sejam, a partir de agora, apoiadas pelas Presidências Pro Tempore como umaatividade permanente do movimento social, sempre realizadas nos marcos das ReuniõesPresidenciais do Mercosul. Propomos ainda que os governos apóiem e estimulem a participaçãodireta das organizações da sociedade civil em todos os Subgrupos de Trabalho e nas ReuniõesEspecializadas do Mercosul, e que sejam criados mecanismos para incorporá-las comoobservadoras no Grupo Mercado Comum (GMC) e no Conselho Mercado Comum (CMC).”

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DEMOCRACIA ECIDADANIA:

O PARLAMENTO DO

MERCOSUL

Criação do Parlamentodo Mercosul fortalece

integração política

Nacional do Brasil, realizada em Brasília, no dia14 de dezembro de 2006, e sua sessão inauguralaconteceu no Uruguai, em maio de 2007. Nessaoportunidade, tomaram posse os parlamentaresdo Mercosul – nove deputados e nove sena-dores por país – indicados pelos Parlamentosda Argentina, do Brasil, do Paraguai, daVenezuela e do Uruguai. As sessões seguintesforam dedicadas, principalmente, à definição daagenda política do novo órgão e à aprovaçãode seu Regimento Interno.

A partir de agora, os povos do Mercosul con-tam com um fórum de representação política epoderão se expressar em audiências públicas,sempre que assim o desejarem, sobre os temasrelacionados à integração regional.

O Poder Legislativo

e a integração regional

O processo de integração política teve iníciocom a assinatura do Tratado de Assunção, em1991, cujo artigo 24 estabeleceu a constituiçãoda Comissão Parlamentar Conjunta doMercosul, órgão criado com o objetivo deinserir o Poder Legislativo na dinâmica daintegração regional.

A Comissão Parlamentar, composta porrepresentantes dos Parlamentos dos EstadosPartes, foi sendo consolidada ao longo de 12anos até tornar-se o braço político da integraçãodo Bloco, estabelecendo os vínculos entre osparlamentos nacionais e os âmbitos decisóriosdo Mercosul, notadamente o ConselhoMercado Comum e o Grupo Mercado Comum.

A integração latino-americana responde a umaaspiração histórica dos povos da América doSul. Além de um acordo de complementaçãoeconômica e comercial, o Mercosul tambémexpressa um desejo de integração política.

Nos anos oitenta, com o fim dos regimesautoritários, foram dados passos importantes paraa renovação da integração latino-americana.Posteriormente, nos anos noventa, o ideal integra-cionista refluiu diante dos tratados de livre comérciopara ingressar, na década atual, revigorado peloadvento do Mercosul produtivo e social. Em meioa essa trajetória, a criação do Parlamento doMercosul representa um passo importantíssimopara a integração política, o aprofundamento dademocracia e o fortalecimento da participaçãosocial no Mercosul.

A criação do Parlamento do Mercosul ocorreuem sessão extraordinária do Congresso

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Em 2003, teve início uma nova etapa daintegração política, quando, por intermédio daComissão Parlamentar Conjunta, se passou aagilizar a tramitação nos Congressos Nacionaisdas matérias relacionadas ao Mercosul queexigem aprovação legislativa para incorporaçãono ordenamento jurídico dos países-membros.Com isso ganhou relevo o papel da ComissãoParlamentar e dos Congressos Nacionais noprocesso de integração regional. Abriu-se,assim, o caminho para a constituição doParlamento do Mercosul.

Cláusula Democrática

Nos marcos da integração política merecedestaque a adoção da Cláusula Democrática,mecanismo institucionalizado pelo Protocolode Ushuaia sobre Compromisso Democráticono Mercosul, Bolívia e Chile, assinado pelospresidentes dos seis países em 1998.

O Protocolo estabelece que "a plena vigênciadas instituições democráticas é condição essen-cial para o desenvolvimento dos processos de

integração entre os países-membros". Determinaainda a realização de consultas no caso deruptura da ordem democrática em um dosEstados Partes, bem como a aplicação desanções, que podem chegar à suspensão dosdireitos de participação do Estado afetado.O Protocolo de Ushuaia é, portanto, fator deequilíbrio político e garantia democrática dospaíses do Bloco contra ingerências externas.

Parlamento do Mercosul

Na primeira etapa, que vai de 31 de dezembrode 2006 a 31 de dezembro de 2010, osparlamentares são indicados pelos CongressosNacionais. Após 2010, eles serão eleitosdiretamente pelo voto popular; e, a partir de2014, as eleições passarão a ocorrer no mesmodia em todos os Estados Partes. Participaramda primeira sessão do Parlamentorepresentantes da Argentina, do Brasil, doParaguai, do Uruguai e da Venezuela. Porenquanto, os venezuelanos têm direito à voz.Quando o protocolo de adesão da Venezuelafor aprovado por todos os Estados Partes, elesserão incorporados plenamente.

A integração política não é de naturezadecorativa. Ao contrário, o Parlamento foicriado com competência definida e será uminstrumento valioso para acelerar a incor-poração dos acordos e das normas regionais noordenamento jurídico nacional. Conformeestabelecido pelo Protocolo Constitutivo,

“O Parlamento elaborará pareceres sobre

todos os projetos de normas do Mercosul que

requeiram aprovação legislativa em um ou

vários Estados Partes, em um prazo de noventa

O Parlamentofoi criado com competência

definida e será um instrumentovalioso para acelerar

a incorporação dos acordose das normas

regionais no ordenamentojurídico nacional

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dias (90), a contar da data da consulta. Tais

projetos deverão ser encaminhados ao

Parlamento pelo órgão decisório do Mercosul,

antes de sua aprovação.”

O regimento prevê procedimentos cabíveis nocaso de os prazos não serem cumpridos.

Em 2008, o Parlamento do Mercosul terá umadotação orçamentária de US$ 1 milhão. Dessetotal, o Brasil contribuirá com US$ 250 mil,mesma quantia prevista para cada um dosoutros três integrantes plenos do Bloco. Casoseja aprovada a adesão da Venezuela, o paísparticipará com outros US$ 250 mil. A indi-cação dos integrantes das dez comissõespermanentes do Parlamento do Mercosulconcluiu a fase de instalação do novo órgãolegislativo regional.

São competências do Parlamento do Mercosul:

• Velar pela observância das normas doMercosul.

• Velar pela preservação do regime democráticonos Estados Partes.

• Relatar anualmente a situação dos direitoshumanos nos Estados Partes.

• Solicitar informações aos órgãos decisóriosdo Mercosul.

• Receber, ao final de cada semestre, daPresidência Pro Tempore de turno, relatório sobreas atividades realizadas durante o referido período.

• Receber, ao início de cada semestre, programade trabalho da Presidência Pro Tempore deturno com os objetivos e as prioridades pre-vistos para o semestre.

• Realizar reuniões públicas e com o ForoConsultivo Econômico Social.

• Propor projetos de normas do Mercosulpara consideração pelo Conselho do Mer-cado Comum.

• Elaborar estudos e anteprojetos a fim depromover a harmonização das legislaçõesnacionais dos Estados Partes.

• Aprovar e modificar seu Regimento Interno.

“Saudamos a criação do Parlamento do Mercosul e assumimos o compromisso de subsidiaressa instituição política com os indispensáveis aportes dos movimentos sociais, na perspectivade construção de um Mercosul democrático e participativo. Enfatizamos a necessidade de acomposição do Parlamento do Mercosul ter a participação igualitária de homens e mulherese de sua agenda incluir, com a ênfase necessária, os temas da igualdade de gênero, da igualdadeétnico-racial e dos direitos humanos.”

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DIREITOS

SOCIOLABORAIS

E INTEGRAÇÃO

PRODUTIVA

Geração de emprego,qualificação da mão-de-obra

e conquistas trabalhistasno Mercosul

As questões trabalhistas foram o primeiro temasocial tratado no âmbito do Mercosul porsofrerem diretamente os impactos negativos daliberalização comercial.

O pioneirismo do setor produtivo traduziu-se,

desde muito cedo, na constituição de espaçosinstitucionais voltados para os problemasligados às relações sociais de produção, àgeração de emprego e às condições de trabalhono Mercosul, de modo que, já em 1991, foicriado um Subgrupo de Trabalho específicopara esses temas, o SGT No 10 (Assuntoslaborais, emprego e seguridade social).

Desde o princípio, o movimento sindical latino-americano posicionou-se a favor do Mercosul,diferentemente do que se deu em outras regiões,onde setores importantes do sindicalismohesitaram em apoiar os acordos de integração.A Coordenadora de Centrais Sindicais do Cone

Sul – entidade regional criada em 1986 pelascentrais da Argentina, da Bolívia, do Brasil, doChile, do Paraguai e do Uruguai – foi uma dasorganizações pioneiras na defesa da integraçãodas cadeias produtivas, da geração de empregoe dos direitos sociais e trabalhistas no Mercosul.As associações nacionais empresariais também seengajaram no processo de integração produtiva.

Com a assinatura do Protocolo de Ouro Preto,em 1994, foi criado o Foro ConsultivoEconômico e Social (FCES), vinculado aoConselho Mercado Comum. Tanto o SGT No

10 quanto o FCES representam um importan-tíssimo avanço institucional para a construçãodo Mercosul produtivo e social.

Tripartismo e diálogo social

Desde o início, o SGT No 10 organizou-se deforma tripartite, com participação dos governose dos representantes dos setores produtivos.No Brasil, são as Confederações Nacionais e as

Centrais Sindicais que representam,respectivamente, o setor empresarial e ossindicatos de trabalhadores urbanos nesseespaço institucional. O SGT No 10 tem aatribuição de refletir e propor políticas regionaisa respeito de emprego, legislação trabalhista eaplicação das convenções da OrganizaçãoInternacional do Trabalho (OIT) no Mercosul.

Compete igualmente ao SGT No 10 monitorara evolução do mercado de trabalho, realizarpesquisas sobre a situação dos trabalhadoresmigrantes e fronteiriços e promover ações sobrequalificação e formação profissional, saúde esegurança no trabalho, inspeção do trabalho e

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seguridade social. Para cumprir sua missão, oSGT No 10 possui o apoio técnico do Obser-vatório do Mercado de Trabalho, instituídocom essa finalidade.

Foro Consultivo

Econômico Social (FCES)

O Foro Consultivo Econômico Social (FCES),criado pelo Protocolo de Ouro Preto, emdezembro de 1994, é um órgão de repre-sentação dos setores econômicos e sociais,integrado por igual número de representantesde cada Estado Parte. O órgão tem funçãoconsultiva e manifesta-se medianterecomendação ao Grupo Mercado Comum ou,por iniciativa própria, em decisões porconsenso. No Regimento Interno criaram-seseções nacionais que, em conjunto, constituemo Fórum Regional.

O FCES tem por atribuição acompanhar,analisar e avaliar o impacto econômico e socialderivado das políticas de integração. Tambémé responsável por sugerir normas e políticaseconômicas e sociais em matéria de integraçãoe contribuir para maior participação dasociedade civil. O Plenário do FCES, seuprincipal órgão de decisão, é composto por 36integrantes, sendo nove de cada país – quatrotrabalhadores, quatro empregadores e umrepresentante do "terceiro setor". Hoje sediscute formas de incorporar novos atoressociais ao FCES.

Respeito à legislação trabalhista

Duas decisões relativas à inspeção do trabalhono Mercosul foram aprovadas. A primeira, a

respeito das "Condições Mínimas doProcedimento de Inspeção do Trabalho noMercosul" (Dec. 32/2006), visa a adotarprocedimentos de inspeção homogêneos queassegurem um controle eficaz das normastrabalhistas nacionais vigentes nos quatroEstados Partes; a segunda, a respeito dos"Requisitos Mínimos do Perfil do Inspetor doTrabalho no Mercosul" (Dec. 33/2006),estabelece o grau de escolaridade desseprofissional e a realização de concurso públicopara sua contratação. O prazo para que ela sejaimplementada nos países-membros é até 2010.

Está prestes a se realizar uma experiência-pilotode aplicação da decisão acerca das "CondiçõesMínimas de Procedimentos de Inspeção doTrabalho no Mercosul". As cidades escolhidaspara o teste foram Foz do Iguaçu (Brasil),Puerto Iguazú (Argentina) e Ciudad del Este(Paraguai). Os Planos Regionais de Inspeção doTrabalho e de Erradicação do Trabalho Infantilsão outros dois importantes componentes daestratégia de acompanhamento do mercado detrabalho no Mercosul.

Tanto o SGT No 10quanto o FCES

representam umimportantíssimo avanço

institucionalpara a construção

do Mercosul produtivoe social

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Geração de emprego

Em dezembro de 2004 foi criado o Grupo deAlto Nível de Emprego (Ganemple) paraelaborar uma "Estratégia Mercosul deCrescimento do Emprego". O grupo é inte-grado pelos ministérios responsáveis pelaspolíticas econômicas, industriais, trabalhistas esociais dos países-membros. O Ganemple contacom a participação da Comissão Sociolaboraldo Mercosul e das organizações de empresáriose trabalhadores que integram as seções nacionaisdo Fórum Consultivo Econômico e Social.

O Ganemple tem por diretriz apoiar o desen-volvimento das micro, pequenas e médiasempresas, das cooperativas de produção e deempreendimentos da agricultura familiar e daeconomia solidária, por meio da integração decadeias produtivas em escala regional. O Grupobusca criar as condições para que os inves-timentos, públicos e privados, se orientem paraos setores estratégicos da economia, como o deinfra-estrutura, capazes de gerar mais e melhoresempregos.

Declaração Sociolaboral

do Mercosul

A Declaração Sociolaboral do Mercosul,aprovada em 1997, estabelece um conjunto deprincípios e direitos na área do trabalho.O objetivo da Declaração é resgatar os compro-missos já assumidos pelos Estados Partes nosfóruns internacionais, para estabelecer marcosjurídicos adequados à promoção dos direitosessenciais dos trabalhadores do Bloco.

Entre outras áreas consideradas pela DeclaraçãoSociolaboral do Mercosul, estão:

Liberdade de associação: os Estados Partescomprometem-se a assegurar, mediantedispositivos legais, o direito à livre associação,abstendo-se de qualquer ingerência na criação ena gestão das organizações constituídas, além dereconhecer sua legitimidade na representação ena defesa dos interesses de seus membros.

Liberdade sindical: os trabalhadores e astrabalhadoras deverão gozar de adequadaproteção contra todo ato de violação do direitoà liberdade sindical com relação a seu emprego.

Direito de greve: os trabalhadores e as traba-lhadoras têm garantido o exercício do direitode greve conforme disposto nas legislaçõesnacionais; a regulação desse direito não poderádesvirtuar sua finalidade.

Diálogo social: os Estados Partes comprometem-se a fomentar o diálogo social nos âmbitosnacional e regional, instituindo mecanismos deconsulta permanente entre representantes dosgovernos, dos empregadores e dos trabalhadores.

A Declaração Sociolaboral do Mercosul refere-se a um conjunto de direitos sobre a proteçãodos desempregados, da formação profissional,da saúde e da segurança do trabalhador, daeliminação do trabalho forçado, do direito dostrabalhadores migrantes, da erradicação dotrabalho infantil e da promoção da igualdadede raça, origem nacional, cor, sexo, orientaçãosexual, credo e idade.

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Comissão Sociolaboral

do Mercosul (CSL)

A Comissão Sociolaboral do Mercosul (CSL)foi criada em 1999 com o objetivo de fomentare acompanhar a aplicação da DeclaraçãoSociolaboral do Mercosul. É integrada porrepresentantes dos governos, dos sindicatos detrabalhadores e das associações empresariais.Tem a missão de apoiar os trabalhos do GrupoMercado Comum (GMC) – com caráter pro-mocional e não sancionador – e é dotada deinstâncias nacional e regional. São atribuiçõesda Comissão Sociolaboral:

• Examinar, comentar e encaminhar as memóriaspreparadas pelos Estados Partes, decorrentes doscompromissos dessa Declaração.

• Formular planos, programas de ação erecomendações tendentes a fomentar a apli-cação e o cumprimento da Declaração.

• Examinar observações e consultas sobredificuldades e incorreções na aplicação eno cumprimento dos dispositivos contidosna Declaração.

• Examinar dúvidas sobre a aplicação dostermos da Declaração e propor esclarecimentos.

• Elaborar análises e relatórios sobre a aplicaçãoe o cumprimento da Declaração.

• Examinar e apresentar as propostas demodificação do texto da Declaração e dar-lheso encaminhamento pertinente.

“Ressaltamos a centralidade da agenda do emprego e do trabalho decente para a estratégia dedesenvolvimento e crescimento do Mercosul. Para tanto, propugnamos pelo cumprimentoda Declaração Sociolaboral do Mercosul e por garantias efetivas de funcionamento doObservatório do Mercado de Trabalho, de modo que sejam executadas as diretrizes daEstratégia Mercosul de Crescimento do Emprego. A articulação das cadeias produtivas, como objetivo de gerar condições de criação de empresas e empregos dignos, e o respeito ecumprimento dos direitos fundamentais dos trabalhadores e trabalhadoras constituem osparâmetros essenciais dessa estratégia. Exortamos os governos a agilizar e simplificar aregulamentação da circulação de trabalhadoras e trabalhadores no Mercosul; criar mecanismosde harmonização entre os países que garantam os direitos previdenciários; implementar oPlano Regional de Inspeção do Trabalho; acelerar a harmonização das Normas sobre Higienee Segurança no Trabalho e o Plano Regional para a Erradicação do Trabalho Infantil e a plenaincorporação das pessoas com deficiência. Defendemos o direito à organização sindical deacordo com as normas internacionais do trabalho.”

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POLÍTICAS

PÚBLICAS PARA ODESENVOLVIMENTO

SOCIAL

Combatera exclusão social

no Mercosul

O Mercosul foi criado em meio a umaprolongada crise econômica, política e socialenfrentada pelos países do Cone Sul ao finaldos regimes autoritários. O Tratado deAssunção estabeleceu como um dos objetivosdo processo de integração "melhorar aqualidade de vida dos habitantes da região" comênfase no "desenvolvimento econômico com

justiça social".

Nos anos noventa, porém, essa preocupaçãofoi subordinada à dinâmica comercial daintegração. No Brasil, a carência de inves-timento social que caracterizou o período fezcom que piorassem as já insatisfatóriascondições de vida da população. Para que adívida social dos países do Mercosul seja supe-rada, é necessário garantir a implementação depolíticas públicas regionais de combate àpobreza e à exclusão.

Atualmente, o Brasil vem conseguindo vencera batalha contra a extrema pobreza e a desigual-

dade. O Programa Bolsa Família, por exemplo,coordenado pelo Ministério do DesenvolvimentoSocial e Combate à Fome, é hoje uma realidadeque atende a mais de 11 milhões de famílias emtodas as regiões do país, beneficiando cerca de 40milhões de pessoas.

Para romper o ciclo da pobreza, os programasde transferência de renda devem ser acom-panhados pela recuperação do poder de comprados salários mínimos, pela geração de emprego,pela qualificação da mão-de-obra e pelaspolíticas públicas nas áreas de saúde, educaçãoe saneamento básico, entre outras.

É verdade que o Mercosul ainda não esta-beleceu políticas regionais para todas essasáreas, pois só agora o Bloco está se tornandoefetivamente uma área de integração social. Noentanto, inúmeros acordos já aprovados têmcomo objetivo o desenvolvimento social e acoordenação de políticas públicas.

Mercosul Social

A Reunião de Ministros e Autoridades doDesenvolvimento Social do Mercosul e EstadosAssociados (RAMDS), realizada desde 2001,visa a fortalecer o desenvolvimento social e darprioridade às ações de combate à pobreza naregião. Trata-se de um espaço institucional parao intercâmbio de experiências e coordenaçãopolítica entre os países-membros e associadosem matéria de desenvolvimento social.O Mercosul Social, como é denominada areunião, originou-se da percepção da falta decoordenação das políticas sociais na região.

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Coube à Secretaria de Desenvolvimento Socialda Argentina a iniciativa de propor a discussãodessa questão ao realizar, em junho de 1997, aprimeira reunião de ministros de desenvol-vimento social dos países-membros. Nessaoportunidade, foram identificados temasprioritários para o intercâmbio de experiências.

Em junho de 2000, os presidentes aprovarama Carta de Buenos Aires, com o "CompromissoSocial no Mercosul, Bolívia e Chile". O docu-mento estimula as autoridades competentes a

“fortalecer o trabalho conjunto entre os seis

países, assim como o intercâmbio de

experiências e informações, a fim de contri-

buir para a superação dos problemas sociais

Na Carta de Buenos Aires, assinada em junho de 2000, os presidentes dos Estados-Partes,mais a Bolívia e o Chile, estabeleceram o compromisso social e concordaram em "reconhecera responsabilidade primordial do Estado na formulação de políticas destinadas a combater apobreza e outros flagelos sociais e apoiar as ações da sociedade civil voltadas para o mesmoobjetivo". Eles decidiram

“Instruir as respectivas autoridades nacionais competentes a fortalecer o trabalho conjunto

entre os seis países, assim como o intercâmbio de experiências e informações a fim de contribuir

para a superação dos problemas sociais mais agudos que os afetam e para a definição dos

temas ou áreas onde seja viável uma ação das autoridades responsáveis em matéria de

desenvolvimento social.”

Finalmente, determinaram que“O Fórum de Consulta e Concertação Política do Mercosul, Bolívia e Chile efetue o seguimento

das orientações e linhas de ação contidas na presente Carta, promovendo a institucionalização

de uma reunião das autoridades responsáveis em matéria de desenvolvimento social.”

O Mercosul Socialoriginou-se

da percepção da faltade coordenação

das políticas sociaisna região

mais agudos que os afetam e para definir os

temas ou áreas onde seja viável uma ação

coordenada ou complementar para solu-

cioná-los.”

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Os presidentes decidiram também institu-cionalizar uma reunião das autoridades respon-sáveis pela área de desenvolvimento social.Em março de 2001, realizou-se oficialmente a1a RMADS. A partir de então, as reuniõespassaram a ocorrer semestralmente, sediadas nopaís que exerce a Presidência Pro Tempore doMercosul.

Indicadores sociais

e Instituto Social

O Sistema Estatístico de Indicadores Sociais(Seis) e o Instituto Social do Mercosul (ISM)constituem duas instâncias notáveis doMercosul Social. O Seis visa a harmonizar osindicadores utilizados nos países do Bloco paraanálise e para monitoramento das políticassociais desenvolvidas no Mercosul. O objetivoé melhorar o acompanhamento da situaçãosocial e auxiliar o estabelecimento de políticassociais conjuntas.

Durante a última Presidência Pro Temporeparaguaia, a comissão Seis apoiou a criação deuma rede de comissões estatísticas para as

instâncias setoriais do Mercosul (educação,trabalho, saúde, dentre outras) e sugeriu que oInstituto Social do Mercosul fosse seuarticulador. Também foi recomendada maiorparticipação dos institutos nacionais deestatística de cada país nas reuniões da comissão.

Em 2007, foi aprovada a criação do Instituto Socialdo Mercosul (ISM). A iniciativa decorreu danecessidade de melhorar a elaboração e aimplementação de políticas e programas sociais naregião. O Instituto Social do Mercosul, com sedeem Assunção, tem por objetivo contribuir para aconsolidação da dimensão social. Ao mesmotempo, deverá colaborar nos aspectos técnicos paraa elaboração de políticas sociais regionais, promoveros mecanismos horizontais de cooperação eidentificar as fontes de financiamento.

O ISM está em processo de implementação.Durante a Presidência Pro Tempore paraguaiafoi aprovada proposta de regulamento eexaminado o plano de ação anual. Além dofortalecimento institucional do ISM, foramdiscutidas possíveis linhas de financiamento emecanismos de seleção dos técnicos nacionaisa serem contratados no futuro próximo.

Eixos de atuação do Instituto Social

do Mercosul

O ISM obedecerá aos seguintes eixos deatuação:

• Articulação das políticas sociais no Mercosulpor meio da análise e da promoção de iniciativasnacionais de êxito que venham a serdesenvolvidas em programas sociais em nível

A criaçãodo Instituto Socialdo Mercosul (ISM)

visa à implementaçãode políticas

e programas sociaisna região

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regional. Essas iniciativas devem ter o objetivode combater a pobreza e a exclusão social, dandoprioridade aos setores mais vulneráveis dapopulação, com metas adaptadas às necessidadesda região de acordo com os Objetivos deDesenvolvimento do Milênio (ODM).

• Gestão de um sistema de informação paraconciliar indicadores de mensuração dapobreza, da desigualdade e das oportunidadesde inclusão social.

• Captação de recursos financeiros paraconcretizar programas, políticas, capacitação eassistência técnica.

• Análise de boas práticas para promover acooperação horizontal.

• Ampliação da participação da sociedade civil.

O ISM é composto por um representantegovernamental de cada um dos Estados Partes,designado pela Reunião de Ministros e AltasAutoridades em Desenvolvimento Social(RMADS). A coordenação do Instituto estaráa cargo de um diretor, com mandato de doisanos, subordinado à RMADS. O Institutocolaborará com as Presidências Pro Temporena promoção de cursos, seminários, congressose oficinas de capacitação sobre temas da inte-gração social.

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PROTEGER A SAÚDE

DOS CIDADÃOS

E DAS CIDADÃS DO

MERCOSUL

Harmonização dossistemas de saúde garante

direito fundamental

A saúde é um direito do cidadão do Mercosul.Para torná-lo efetivo e minimizar as deficiências dossistemas de saúde dos países do Bloco, os governostêm procurado harmonizar as legislações noMercosul referentes à vigilância epidemiológica eao controle sanitário. Também se tem favorecido

a circulação de bens, serviços, matérias-primas eprodutos da área da saúde, com a finalidade depromover e proteger a saúde das pessoas.

O Ministério da Saúde do Brasil trabalha paracompatibilizar os sistemas de Controle Sanitáriodos Estados Partes e para assegurar seu reco-nhecimento mútuo, de modo que se definamprocedimentos de organização, sistematizaçãoe difusão da informação referente à área de saúde.Para diminuir as assimetrias existentes entre ossistemas de saúde são necessárias políticaspúblicas amparadas nos princípios da eqüidade,da participação, da eficiência, da descentra-lização e da integração.

Para atingir esses objetivos é preciso priorizar aação social em saúde em todos os níveis.Também é fundamental ampliar a participaçãoda sociedade civil na elaboração, na implantaçãoe na avaliação de políticas de promoção eatenção à saúde, de modo a garantir o acesso aserviços de qualidade a um número cada vezmaior de usuários.

Coordenação de políticas sanitárias

Criada em 1995, a Reunião de Ministros daSaúde do Mercosul é um foro de coordenaçãode políticas sanitárias e elaboração de programasconjuntos de proteção e assistência à saúde.Também atua na prevenção dos riscosdecorrentes do consumo de produtos e serviçosem geral. O trabalho desenvolvido pela Reuniãode Ministros com os demais foros do Mercosulresultou na criação, em 1996, do Subgrupo deTrabalho Saúde (SGT No 11).

Dentre as principais áreas de atuação do SGT

No 11 destacam-se:

• A Comissão de Produtos para Saúde tem aresponsabilidade de harmonizar os regulamentostécnicos e os procedimentos relacionados aosprodutos na área de vigilância sanitária, da cadeiade produção até o consumo, buscando amelhoria de qualidade, eficácia e segurança dosprodutos ofertados à população.

• A Comissão de Vigilância em Saúde tem porfunção o intercâmbio de informações sobreenfermidades transmissíveis e não transmissíveis,seus fatores de risco, além da harmonização dediretrizes, normas e procedimentos relacionados

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à vigilância epidemiológica e ao controlesanitário de riscos e agravantes à saúde.

• A Comissão de Serviços de Atenção à Saúdebusca ampliar o acesso da população doMercosul aos serviços de atenção à saúde eassegurar sua qualidade.

Programas em curso

Já foram aprovadas e incorporadas ao orde-namento jurídico nacional oitenta resoluçõesque tratam da saúde no Mercosul. Dentre elas,pode-se citar a "Estratégia de Adequação sobVigilância Sanitária" (Resolução no 97/1994); a"Lista de Especialidades Médicas Comuns noMercosul" (Resolução no 73/2000); os"Princípios Éticos Médicos do Mercosul"(Resolução no 58/2000); as "Diretrizes paraMetodologias de Avaliação de Tecnologias emSaúde" (Resolução no 18/2005); as "Diretrizespara Habilitação e Funcionamento dos Serviçosde Terapia Intensiva Adulto, Pediátrica eNeonatal" (Resolução no 65/2006); e as "Dire-trizes para Organização e Funcionamento deServiços de Urgência e Emergência" (Resoluçãono 12/2007).

Há vários programas que vêm sendo imple-mentados prioritariamente como resultado dosacordos dos Ministérios da Saúde dos países doMercosul. Todos se revestem de extraordináriaimportância social. Dentre eles destacam-se:

Controle da Dengue

Foi aprovado pelos Ministros da Saúde dosEstados Partes o Plano de Intensificação das

É fundamental ampliara participaçãoda sociedade

civil na elaboração,na implantação

e na avaliação de políticasde promoção

e atenção à saúde

Ações de Controle da Dengue no Mercosul. Esseprograma, estabelecido no âmbito da ComissãoIntergovernamental de Controle da Dengue, tempor objetivos reduzir os índices de infestação domosquito transmissor (Aedes aegypti) diminuir,a incidência da dengue e minimizar a letalidadepor febre hemorrágica de dengue.

Combate ao HIV–Aids

A Comissão Intergovernamental HIV–Aidsdesenvolve ações regionais para promover umapolítica integrada de combate à epidemia de HIV.Para otimizar recursos, a comissão realiza açõesarticuladas entre instâncias governamentais,organizações sociais e organismos interna-cionais. Algumas diretrizes de atuação da áreaconsistem em promover e estabelecer estratégiaspara a realização de intercâmbios de experi-ências, informações e tecnologias; promover odesenvolvimento de instrumentos comuns degestão e fortalecimento dos ProgramasNacionais; coordenar e comple-mentar ações devigilância e controle epidemiológico,estabelecendo critérios e parâmetros de pesquisaem HIV/Aids no Mercosul. A comissão também

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tem por missão fomentar ações de educação ecampanhas de informação à população,fortalecer a implementação dos comitês de saúdedas áreas de fronteira e promover o intercâmbiode tecnologias e experiências para aimplementação de metodologia e diagnósticoprecoce do HIV.

Saúde Ambiental e do Trabalhador

A Comissão Intergovernamental de SaúdeAmbiental e do Trabalhador tem a atribuição decuidar da gestão integrada de recursos hídricose resíduos sólidos; do manejo de substânciasquímicas; da saúde ambiental infantil e da saúdedo trabalhador, entre outras iniciativas.Em relação à saúde ambiental já há acordos entreos governos para reforçar os sistemas devigilância da qualidade da água para uso econsumo humano e para promover otratamento e a arma-zenagem da água potável,com vistas a reduzir os riscos à saúde pública.

Quanto ao manejo seguro de substânciasquímicas, a comissão atua, entre outras áreas,no fomento à pesquisa e à produção de

conhecimento acerca dos efeitos das substânciasquímicas na saúde humana e no meio ambiente.No que se refere à saúde ambiental infantil, sãodesenvolvidas estratégias de formação ecapacitação. A proposta de realização dos Fórunsde Saúde Ambiental da Criança no Mercosulé um bom exemplo dessa preocupação.

Finalmente, quanto à Saúde do Trabalhador,a Comissão visa a promover a vigilânciaregional dos riscos relacionados à saúdeocupacional; a identificar e a harmonizar alegislação sobre saúde do trabalhador noMercosul e a fortalecer a capacitação naprevenção dos riscos ocupacionais de maiorincidência no Mercosul. Com esses objetivos,a Comissão está trabalhando na elaboração deuma lista comum de doenças do trabalho e nacriação de um glossário com terminologiaMercosul para este setor.

Saúde sexual e reprodutiva

A Comissão Intergovernamental de SaúdeSexual e Reprodutiva foi criada com o objetivode melhorar a qualidade das informações sobrea saúde reprodutiva de homens e mulheres.Ampliar e qualificar o acesso das mulheres, doshomens e dos adolescentes aos métodos deanticoncepção constituem uma das metas dacomissão. Além disso, a Comissão visa a integraros serviços de saúde sexual e reprodutiva e aimplementar mecanismos formais departicipação da sociedade civil na elaboração deiniciativas regionais. A Comissão também temdesenvolvido atividades de educação em matériade saúde sexual e reprodutiva no Mercosul.

Há acordos entreos governos para reforçar

os sistemasde vigilância da qualidade

de água parareduzir os riscos à

saúde pública

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Acesso a medicamentos

Os temas relacionados ao acesso a medicamentosno Mercosul estão a cargo da ComissãoIntergovernamental de Política de Medica-mentos. Seus principais objetivos são ampliar oacesso da população e garantir a qualidade, asegurança e a eficácia dos medicamentos.Esses objetivos foram definidos em dezembrode 2000 e constam do documento "Política deMedicamentos para o Mercosul, Bolívia eChile". Entre as atribuições da Comissãodestacam-se a elaboração de uma lista demedicamentos essenciais; a implantação de umbanco de preços em medicamentos; a realizaçãode pesquisas sobre o perfil epidemiológico daspopulações do Mercosul e a identificação decentros de excelência em diagnóstico etratamento adequado.

Banco de preços de medicamentos

Vinculado à Comissão Intergovernamental dePolítica de Medicamentos, o Banco de Preçosde Medicamentos do Mercosul visa a estruturarum sistema que possibilite comparaçõesinternacionais dos preços dos medicamentosessenciais para os países do Mercosul. A propostade criação do Banco de Preços foi aprovada naX Reunião de Ministros da Saúde do Mercosul,realizada em junho de 2000. O Brasil é o paísresponsável por desenvolver a base tecnológicapara a implementação dessa iniciativa.

Controle do tabaco

Experiências distintas revelam que o con-trole do tabaco é vital para a saúde pública.

Ampliar o acessoda população

e garantira qualidade, a segurança

e a eficáciados medicamentos

no Mercosul

A Comissão Intergovernamental de Controle doTabaco do Mercosul desenvolve um importantetrabalho nessa área. O Plano de Ação Regionalprevê, entre outras iniciativas, o compromissocom a ratificação da Convenção-Quadro para oControle do Tabaco; a inclusão de medica-mentos para cessação do tabagismo na agendado Banco de Preços da Política de Medica-mentos; a redução das assimetrias de impostossobre cigarros entre os Estados Partes e osassociados do Mercosul; a recomendação damajoração dos preços, das tarifas e dos impostossobre o tabaco. Em conjunto com a Comissãoda Saúde Ambiental e do Trabalhador, aComissão de Controle prioriza a realização deiniciativas em prol de ambientes de trabalholivres do fumo no Mercosul.

Doações e transplantes de órgãos

A Comissão Intergovernamental de Doação eTransplante tem atuado na promoção dacooperação técnica entre os países do Mercosulcom vistas a alcançar crescentes níveis deintegração dos diversos recursos existentes paraa área. Dentre várias atribuições, compete a essaComissão desenvolver padrões mínimos de

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qualidade, segurança e eficácia na obtenção,no processamento, na preservação, na distri-buição, no transporte e no implante dosórgãos e dos tecidos, bem como combater aprática ilegal do tráfico de órgãos e o "turismode transplantes".

Comunicação

A Comissão Intergovernamental do Sistema deInformação e Comunicação em Saúde temcomo finalidade estabelecer o intercâmbio deinformações entre os Estados Partes e osassociados do Mercosul na área da saúde.Também compete à Comissão promoveratividades de cooperação técnica, científica e

operacional nos campos da informação e dacomunicação. É importante salientar que essaComissão tem importante papel na construçãoda Metodologia de Trabalho Virtual, que vemsendo implementada pelos Fóruns da Saúde noMercosul, buscando reduzir custos.

“Entendemos que a saúde é um direito universal, integral, que promove igualdade e exigeparticipação, para que o desenvolvimento com justiça social seja alcançado. Políticas conjuntasde saúde constituem excepcional ferramenta para promover a qualidade de vida de nossospovos, pois garantem seu bem-estar. Os progressos obtidos têm fundamental importânciapara complementar políticas de saúde. Entretanto, é necessária maior articulação entre ospaíses envolvidos no processo, a fim de otimizar resultados, revisar e atualizar temas prioritáriose de interesse comum. Devemos atentar para as alterações e os avanços nos aspectosassistenciais, sanitários, tecnológicos, ambientais e de recursos humanos nos países doMercosul e estimular, junto à sociedade civil, a gestão participativa e o controle social.Consideramos também a importância da criação do Observatório da Participação Social eGestão Participativa no Mercosul, integrado às demais redes de observatórios existentes,promovendo a articulação com a Comissão Intergovernamental de Sistemas de Informaçãoe Comunicação em Saúde (Cisics).”

O plano de açãoentre países do

Bloco tem o compromissode adotar medidascontra o tabagismo

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INTEGRAÇÃO

EDUCACIONAL

E IDENTIDADES

REGIONAIS

A melhoria daeducação é prioridade

do Mercosul

Desde 1992, com a criação do Setor Educacionaldo Mercosul, os governos realizam importanteesforço para criar um espaço educacionalcomum e integrado.

No âmbito doméstico, o Brasil vem colhendo

importantes vitórias ao longo dos últimos anosno que se refere ao acesso à educação e àqualidade do ensino. Às políticas exitosas paraa educação superior, como a extensão da redeuniversitária federal e o Programa Universidadepara Todos (ProUni), soma-se a atual prioridadeconferida ao ensino básico. Honra-se assim olegado de pensadores como Darcy Ribeiro ePaulo Freire, referência maior para os educadoreslatino-americanos.

Existe plena consciência nos países do Mercosulsobre o papel central que a educação possui nosprocessos de desenvolvimento com justiça einclusão social; entretanto, e apesar dos avanços

concretos alcançados nos últimos anos, arealidade dos nossos sistemas educacionaisrequer melhorias significativas.

Ações debatidas nos Fóruns Educacionais doMercosul, que estão na terceira edição e contamcom a participação das organizações sociais,buscam promover a integração educacional doMercosul. O ensino do espanhol nas escolasbrasileiras, por exemplo, já é uma realidade nasáreas fronteiriças.

O Ministério da Educação do Brasil tem planospara estender esse programa para todo o país,contornando a falta de recursos, que ainda é oprincipal obstáculo para sua implementação.

Setor Educacional do Mercosul

Criado em 1992, o Setor Educacional doMercosul (SEM) tem por objetivo construir umespaço educacional integrado por meio dacoordenação de políticas de educação –

legitimamente considerada pelos governos epelas sociedades como um fator essencial daintegração. Os pontos principais do SEM são amobilidade, o intercâmbio e a formação de umaidentidade regional, com vistas a alcançar umaeducação de qualidade para todos, compro-metida com o desenvolvimento social, dandoatenção especial aos setores mais vulneráveis e àdiversidade cultural dos povos da região.A interação e o diálogo com a sociedade civilsão um aspecto fundamental do Setor Educa-cional do Mercosul.

É extensa a relação dos projetos e das atividadesem andamento no Setor Educacional. Na área

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da educação básica, por exemplo, encontram-se avançados os entendimentos sobrereconhecimento de títulos, a harmonização dematerial didático sobre direitos humanos, oensino de português e espanhol, as escolasbilíngües de fronteiras e as bibliotecas. Todosesses projetos são importantíssimos para a maiorintegração da educação. Alguns exemplos:

Ensino do espanhol

Com a aprovação da obrigatoriedade do ensinodo espanhol como língua estrangeira nas escolasde nível médio, tem crescido a demanda pelaformação de professores no Brasil. Calcula-seque o país deverá capacitar mais de 20 milprofessores de espanhol nos próximos cincoanos para atender a um público de quase 10milhões de estudantes. Diversos países latino-americanos, sobretudo do Mercosul, estãocolaborando com universidades, escolas eSecretarias Estaduais de Ensino na formação eno aperfeiçoamento docente. Cresce igualmenteentre os países vizinhos o interesse no ensinodo português.

Escolas Bilíngües de Fronteira

O Projeto "Escolas Bilíngües de Fronteira", criadoem 2004 por meio de acordo bilateral com aArgentina, foi incorporado à agenda educacionaldo Mercosul e, atualmente, vem se expandindoaos nossos vizinhos sul-americanos. Em marçode 2005, escolas em Dionísio Cerqueira/Bernardo de Irigoyen e em Uruguaiana/Paso delos Libres iniciaram as atividades do programapara estudantes da 1a série. Paralelamente, nasoutras séries, o ensino das duas línguas vemsendo estimulado na celebração de datasnacionais, festas populares e feiras de ciências.

Paraguai, Uruguai e Venezuela afirmaram ointeresse de participar do programa no âmbitodo Mercosul. A Colômbia também já se enga-jou e as autoridades bolivianas deram início aentendimentos com o Brasil para se incorporara este programa, que conta com a participaçãodo Ministério da Educação do Brasil, deuniver-sidades e de secretarias estaduais emunicipais de ensino.

Concurso "Caminhos do Mercosul"

Trata-se de concurso histórico-literário que serealiza anualmente desde 2003, com a finalidadede promover e consolidar uma consciênciafavorável à integração regional nas escolas deensino médio. Cada país seleciona seisganhadores do concurso que, acompanhados deum professor por país, formam uma delegaçãode 36 estudantes e professores que realizamviagem cultural ao país-sede do concurso. Asquatro primeiras edições foram organizadas porArgentina (2003 – tema: Gaúchos), Chile (2004

O Setor Educacionaldo Mercosul (SEM) tem por

objetivo construir umespaço educacional integrado

por meio dacoordenação de políticas

de educação

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– tema: Neruda), Brasil (2005 – tema: Brasília)e Paraguai (2006 – tema: Augusto Roa Bastos).A quinta edição será realizada pelo Uruguai em2007, com o tema "Rio da Prata". O Ministérioda Educação do Brasil publicou os trabalhos dosvencedores das três primeiras edições doConcurso “Caminhos do Merco-sul”. Trata-seda primeira obra com o olhar da nova geraçãode jovens em torno do processo de integraçãoregional.

Bibliotecas escolares

Este programa visa à distribuição de livrosdidáticos e literários nas escolas básicas dospaíses do Mercosul. Há um Grupo deTrabalho que está elaborando uma pro-postade novos títulos. Sua ampliação para maiornúmero de escolas depende de novas fontes

de financiamento. Estão sendo efetu-adasgestões junto à Organização das NaçõesUnidas de Educação, Ciência e Cultura(Unesco), à Organização dos Estados Ameri-canos (OEA), ao Programa das Nações Unidaspara o Desenvolvimento (Pnud) e ao BancoInteramericano de Desenvolvimento (BID)para ampliar os recursos disponíveis.A expansão do projeto terá como enfoqueinicial as regiões de fronteira.

Educação Superior no Mercosul

Na área da Educação Superior também existeminúmeras iniciativas em curso. A visão comumdos Estados Partes é a de que a EducaçãoSuperior é um bem público e constitui direitodo cidadão. Ela não é suscetível, portanto, denegociação internacional no marco das rodadas

“Sublinhamos a importância do fortalecimento das políticas regionais de educação querespeitem e valorizem a diversidade cultural, racial, étnica e de gênero e que incorporemcomo fundamento os direitos humanos como elemento indissociável da criação de umacidadania regional. Defendemos, especialmente, a adoção de políticas de educação para aintegração, de inclusão educacional de segmentos vulneráveis, das políticas de financiamentopara a educação e da valorização, em todos os níveis, dos profissionais da educação. Saudamosa realização do III Fórum Educacional do Mercosul, ocorrido em Belo Horizonte, emnovembro de 2006, e endossamos suas conclusões. Conclamamos os governos a criar ascondições para o desenvolvimento do ensino das línguas portuguesa e espanhola, idiomasoficiais do Bloco, em todos os países do Mercosul. É igualmente imprescindível garantir autilização, preservação e transmissão das línguas maternas das populações originais da região,especialmente nas áreas de fronteira.”

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multilaterais de serviços. Essa visão comum foireafirmada no Fórum Educação Superior noMercosul, realizado em Belo Horizonte, emnovembro de 2006. Nessa ocasião, também sesublinhou a importância da cooperação solidáriaentre os Institutos de Ensino Superior da regiãoe o apoio a projetos, como o Mapa do EnsinoSuperior na América Latina e no Caribe,desenvolvido no âmbito do Instituto de EnsinoSuperior da América Latina e do Caribe.

Espaço Regional de Educação

Superior do Mercosul

Ainda em 2006, em Belo Horizonte, osministros de Educação do Mercosul voltaram ase reunir e decidiram constituir o Grupo de AltoNível encarregado de elaborar um projeto paraa criação do Espaço Regional de EducaçãoSuperior do Mercosul. Amplia-se assim a agendaeducacional do Mercosul com a discussão depolíticas regionais com vistas a promover:

• O ensino e a pesquisa relativos à integraçãoregional nas faculdades de ciências humanas esociais, científico-tecnológicas, agrárias eecológicas, de saúde e de artes.• Um processo de seleção de docentes,estudantes, pesquisadores e gestores aberto acidadãos dos países do Mercosul.• Mecanismos de validação dos diplomas.• A mobilidade de professores, estudantes epesquisadores.

Nesse contexto deverá ser apreciada a propostado governo brasileiro para a criação do InstitutoMercosul de Estudos Avançados , que terá comomissão desenvolver a formação de pós-

graduação e pesquisa avançada interdisciplinar,em rede e parceria com as universidades federais,estaduais e comunitárias. O instituto atuará,prioritariamente, nos três Estados do Sul doBrasil, mas estará aberto à cooperação nacionale internacional nas suas atividades.

III Fórum Educacional do Mercosul

Realizou-se em Belo Horizonte, em 2006, o IIIFórum Educacional do Mercosul. O FórumEducacional é um espaço de discussão comparticipação ativa da sociedade civil dos paísesdo Bloco e tem tratado de temas importantespara a integração educacional. Os debates no IIIFórum deram-se em torno de cinco eixostemáticos, que dão uma visão da amplitude daspreocupações do Mercosul Educacional:

Eixo I – Inclusões, sobre educação penitenciária,educação para jovens e adultos, portadores denecessidades especiais, educação indígena eeducação no campo, com foco no gênero e naorientação sexual.

Eixo II – Financiamento, sobre as parceriaspúblico-privadas, os organismos multilaterais definanciamento e de competência educacional,agências governamentais de ajuda oficial aodesenvolvimento e mecanismos inovadores.

Eixo III – Educação e cidadania, sobre osespaços inovadores para educaçãointercultural e diversidade cultural, história egeografia dos países do Bloco, estudo delínguas e literatura, avaliação do "Plano doSetor Educacional do Mercosul", EducaçãoCidadã e Cidade Educadora.

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Eixo IV – Metodologias educacionais, sobre aeducação em tempo integral, propostasmetodológicas de educação/desenvolvimentointegral, participação ativa de crianças eadolescentes na educação, educação esustentabilidade no âmbito de experiênciascoletivas infanto-juvenis.

Eixo V – Direito à educação e valorização doprofessor, sobre a valorização profissional dastrabalhadoras e dos trabalhadores em educação.

Instituto Mercosul

de Administração Pública

O Brasil participou ativamente do Grupo de AltoNível que elaborou o primeiro projeto doInstituto de Capacitação de Funcionários dasAdministrações Públicas, a ser apresentado aoConselho Mercado Comum. O propósito doinstituto é formar e capacitar funcionáriospúblicos dos diversos níveis de administração.Foram propostos cursos de especialização,

mestrados e certificados de capacitação.

Ano Polar Internacional

(Programa Antártico)

A comunidade científica internacionalprepara-se para celebrar o Ano Polar Interna-cional (2007-2009) com pesquisas em diver-sas áreas do conhecimento, envolvendo maisde trinta países e uma centena de instituiçõesde pesquisa. Um dos eixos do Ano Polar é aeducação, e o Mercosul Educacional incluiuesse tema em sua agenda como forma deintegrar estudos e pesquisas realizadas pordiversas instituições da região.

O Instituto Mercosulde Administração Pública

visa a capacitarfuncionários

públicos dos diversosníveis de administração em

matérias deintegração regional

Estão previstas a realização de uma FeiraAntártica do Mercosul em Punta Arenas eUshuaia e um Concurso Regional, cujoprêmio será uma visita ao ContinenteAntártico. Um grupo integrado pelosinstitutos antárticos da Argentina, do Brasil edo Chile organizará os eventos.

Mobilidade acadêmica:

avaliação e credenciamento

O Mecanismo Experimental de Credenciamento(Mexa) foi concluído e transformado em sistemaregional permanente de cursos de graduação. Aprimeira fase, de caráter experimental, foifundamental para a melhoria da qualidade daformação na graduação e para o conhecimentomútuo sobre os sistemas educacionais dos paísesdo Mercosul. A incorporação da "cultura daavaliação" e o desejo de cooperação entre ospaíses na mobilidade de docentes são doisaspectos relevantes do programa.

O Mexa já foi aplicado aos cursos deAgronomia, Engenharia e Medicina e foi apro-

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vada a inclusão de quatro novos cursos:Enfermagem, Odontologia, Veterinária eArquitetura. Também foi aprovado o Programade Mobilidade Docente de Curta Duração entreos países do Mercosul.

Sistemas de Informação e

Comunicação e de Monitoramento

O Sistema de Informação e Comunicação doMercosul, coordenado pelo Brasil, mantém osite institucional do Bloco <http://www.sic.inep.gov.br> com informações atualizadas sobre asiniciativas educacionais da região.

O Sistema Integrado de Monitoramento eAvaliação, desenvolvido pelo Ministério daEducação do Brasil, foi oferecido, sem ônus aosoutros países, para ser adaptado ao Sistema deMonitoramento do Setor Educacional doMercosul. Também foram realizados avanços noEstudo Analítico-Comparativo do MercosulEducacional, cujo lançamento está previsto paraser realizado em breve.

A educaçãonão é suscetívelde negociação

internacional no marcodas rodadas

multilaterais deserviços

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MERCOSUL CONSTRÓI

IDENTIDADE ECELEBRA DIVERSIDADE

CULTURAL

Cultura como bem socialé destaque no processo

de integração

A cultura é a base da identidade individual e decaracterização das distintas comunidades, o quea torna uma das mais importantes dimensões deum projeto de integração social. No Mercosul,o tema reveste-se de caráter estratégico e temmerecido a devida atenção dos Estados Partes.

Seguindo a Convenção da Diversidade Culturalda Unesco, o Mercosul Cultural prioriza orespeito às diferenças e à diversidade culturaldos povos sul-americanos – possivelmente omaior dos patrimônios da região. Cada culturaé única e possui valores próprios. Ao contráriodo que ocorre em outras áreas, não existemassimetrias entre os países quanto aos valoresculturais. Daí seu enorme potencial paraalavancar a integração dos povos e promovero fortalecimento do Mercosul.

O Ministério da Cultura do Brasil (MinC) atuacom os demais governos para promover acultura como um bem público e um direito

do cidadão do Mercosul. O MinC buscaestimular a participação da sociedade civil noprocesso de integração, engajando asorganizações sociais na elaboração, nodesenho, na implementação e na avaliação daspolíticas culturais.

Há consenso de que essas políticas devempautar-se pelo princípio da cidadania cultural,isto é, da democratização, do acesso aos bensculturais e da divulgação de distintas linguagens.Também busca-se aproximar as ações culturaisdesenvolvidas no Mercosul de outrasexperiências regionais. O diálogo com aComunidade Andina de Nações é um bomexemplo dessa iniciativa.

Mercosul Cultural

A Reunião de Ministros da Cultura é o principalespaço decisório do Mercosul Cultural. Assesso-rada pelo Comitê Coordenador Regional (CCR),a reunião ocorre duas vezes por semestre. Existem

também as instâncias setoriais, cuja diversidadetemática reflete a abrangência da integraçãocultural. Entre elas, destacam-se a ReuniãoEspecializada em Cinema e Audiovisuais doMercosul, a Reunião Especializada de Patrimônio,a Reunião Especializada de Museus, a ReuniãoEspecializada de Livro e Leitura, a Comissão Espe-cializada sobre Sistema de Informação noMercosul Cultural e a Comissão Especializadasobre Culturas Populares.

As Comissões Especializadas podem ser criadaspara atender a questões específicas. Durante aPresidência Pro Tempore brasileira (2006), porexemplo, criou-se uma comissão para tratar da

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livre circulação de bens e serviços culturais noMercosul. A comissão realizou um estudocomparado das legislações em vigor e propôsmedidas para eliminar os entraves à circulaçãodos bens culturais, dentre elas a criação do SeloMercosul Cultural.

Um dos resultados alcançados foi o interesse dosoutros países da região na discussão daintegração cultural. Os Estados Associados, por

exemplo, têm participado das reuniões e jásediaram encontros do Mercosul Cultural. Trata-se de uma experiência importante (e única) dosetor cultural que, dessa forma, compartilharesponsabilidades entre todos os países,membros e associados.

Com o objetivo de ampliar a participação dasociedade civil no Mercosul, o MinC temapoiado organizações sociais vinculadas àcultura para participar das Cúpulas Sociais doMercosul. Na cúpula realizada em Brasília, porexemplo, houve ampla participação derepresentantes dos Pontos de Cultura, o quepossibilitou a troca de experiências entre os

parceiros do Bloco e a apresentação de propostaspara o fortalecimento da integração cultural.

Pontos de Cultura

O Programa Cultura Viva é a mais abrangentepolítica implementada pelo governo brasileirono campo da cidadania cultural. Os Pontos deCultura fazem parte do programa e têm umaimportante relação com o Mercosul Cultural.Desde 2006, o Brasil discute e divulga o projetono âmbito das Reuniões de Ministros daCultura, por meio de estratégias para instalaçãode iniciativas correlatas no Bloco. Um exemploé o Acordo de Cooperação Bilateral entre Brasile Paraguai, que prevê a implantação de Pontosde Cultura no lado brasileiro da fronteira e deCasas de Cultura no lado paraguaio, visando aarticular e a integrar os respectivos modelos deapoio à cultura no Bloco.

Atualmente, existem mais de 650 Pontos deCultura espalhados pelo Brasil. É o maiorprograma de apoio e acesso à cultura popular jáimplementado no país. Por meio desse programa,os grupos locais previamente selecionados poreditais públicos são reconhecidos como agentesde cultura e passam a receber recursos do MinC,para consolidar e expandir suas atividades.

O Ponto de Cultura não tem modelo único, nempadrão de instalações físicas, nem programaçãoou atividade predeterminadas. Trata-se de umavisão de política cultural democrática einovadora, que rejeita a idéia ultrapassada dopovo como mero receptor passivo de bensculturais alheios, afirmando as comunidadescomo sujeitos de sua produção cultural. Ao

O MinC buscaestimular a participação

da sociedadecivil no processo

de integração

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governo cabe apoiar, equipar e capacitar asentidades que já trabalham com cultura para queestas continuem se expressando de formaautônoma e pluralista. Ao mesmo tempo, oprograma facilita a articulação entre os Pontosde Cultura e estimula a troca de experiências eo diálogo entre as comunidades locais.

Audiovisual

O audiovisual representa o setor da área culturalcom melhor articulação no âmbito do Mercosul.A criação da Reunião Especializada de Cinemae Audiovisual do Mercosul (Recam), em marçode 2004, estabeleceu um espaço de diálogo entreautoridades, produtores e realizadores da região.A partir de então foram implementadas açõespara integrar e fortalecer as indústrias audio-visuais nacionais. Vale ressaltar o projeto"Caixinha de Cinema do Mercosul", queconsiste em um pacote de DVDs educativosproduzidos pelos países do Bloco para seremdistribuídos nas escolas da região. O projeto foiapresentado pela Recam na Reunião do ComitêCoordenador Regional do Mercosul Educativo,quando se ressaltou a importância daincorporação da linguagem audiovisual comoferramenta tecnológica no desenvolvimento decurrículos e programas educacionais.

O MinC, com o Ministério das RelaçõesExteriores, tem celebrado acordos de co-produção cinematográfica para suprir asdeficiências do setor, dinamizar a participaçãodas indústrias cinematográficas nacionais nomercado regional e gerar instrumentos capazesde garantir o acesso da sociedade às produçõesnacionais dos países do Bloco. Nesse sentido, o

Ministério da Cultura tem procurado fomentara formação e a capacitação técnica; apoiarfestivais, mostras, seminários, publicações efóruns; revigorar o cineclubismo; revitalizar asestruturas do Centro Técnico Audiovisual e daCinemateca Brasileira; e incrementar programasde inclusão, como o "Revelando os Brasis".

O "Revelando os Brasis" é um programa deinclusão cultural na área do audiovisual que visaa apoiar produções de curta duração em cidadesde até 20 mil habitantes. Esse programa tem porobjetivo descobrir novos talentos e estimularmoradores de pequenas cidades a participaremda produção audiovisual. Ao mesmo tempo emque gera acesso à cultura, também forma públicopara a indústria audiovisual. Trata-se, portanto,de um instrumento efetivo de inclusão decomunidades que sempre permaneceram àmargem do processo produtivo de bensaudiovisuais. Em 2004, foram produzidosquarenta vídeos, sendo 26 documentários e 14de ficção que mostram histórias surpreendentese reveladoras da cultura brasileira, produzidasem 21 Estados da Federação. Trata-se de umainiciativa exitosa, a ser expandida e compar-tilhada com o Mercosul Cultural.

O Acordo deCooperação Bilateral entre

Brasil e Paraguaiprevê a implantação de Pontos

de Cultura no lado brasileiroda fronteira e de Casas de Cultura

no lado paraguaio

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Livro e leitura no Mercosul

Os países do Mercosul têm uma longa tradiçãoem feiras de livros, com destaque para as Feirasdo Livro de Buenos Aires, Porto Alegre eSantiago, entre outras.

O I Seminário "Planos Nacionais de Livro eLeitura no Mercosul", realizado em 2006, noBrasil, teve por objetivo articular essasexperiências e criar uma rede regional integradaque, além de fortalecer os vínculos culturaisentre os países do Mercosul, possa promover atroca de experiências sobre práticas de difusãoda leitura na região.

Atualmente o Brasil está preparando o IISeminário "Planos Nacionais de Livro e Leiturano Mercosul". O evento, co-organizado porBrasil e Chile, deve realizar-se durante a 53a Feirade Livro de Porto Alegre e da 27a FeiraInternacional de Livro de Santiago.

Cultura sem fronteiras

Com grande êxito de público realizou-se, emjunho de 2004 e junho de 2005, o FestivalCultural das Três Fronteiras entre Argentina,Brasil e Paraguai, com várias apresentaçõesculturais em praça pública para celebrar adiversidade cultural existente na região.Também ocorreram atividades em Foz doIguaçu e Curitiba, no Brasil; Puerto Iguasu ePosadas, na Argentina; e Ciudad del Este eAssunção, no Paraguai.

Os programas culturais nas faixas de fronteiravisam ao intercâmbio de culturas, experiênciase expressões populares. Na última reunião doCCR, realizada este ano em Quito, foi aprovadaa proposta do Paraguai de retomar os Festivaisde Fronteiras, a serem realizados a cada ano,tendo como ponto de partida a cidade de Pilar,no Paraguai.

“Consideramos prioritárias ações de integração cultural, com vistas à construção de umaidentidade regional que leve em conta a diversidade da região e o papel central da culturapara o seu desenvolvimento. Exortamos nossos governos e parlamentos a ratificar aConvenção da Unesco sobre a Proteção e Promoção da Diversidade das expressões Culturais,destacando o acesso à cultura como caminho para inclusão social e construção da cidadania.Defendemos a ampliação de recursos para a cultura e a intensificação do intercâmbio artísticodas distintas linguagens - teatro, música, dança, artes circenses, artes visuais, audiovisual,literatura, entre outras, bem como a articulação de pontos de cultura e casas de cultura e daspolíticas de patrimônio, cultura digital e livro e leitura. Enfatizamos a necessidade de integrarpolíticas de cultura, educação, meio ambiente, juventude e comunicação, numa plataformade desenvolvimento sociocultural do Mercosul.”

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Culturas populares

Em 2006, o Brasil sediou o 1o Seminário Sul-Americano de Culturas Populares, realizadodurante a União Sul-Americana de Nações(Unasur). A iniciativa teve por objetivocontribuir para o intercâmbio de experiênciasde políticas públicas, apontar diretrizes para osetor e propor ações de reconhecimento efortalecimento das expressões das culturaspopulares. A segunda edição do seminário serárealizada pela Venezuela, em fevereiro de 2008,conforme aprovado pelos ministros da Culturados Estados Partes.

Mosaico

Coordenado pelo Ministério da Cultura erealizado em parceria com a Radiobrás, oPrograma Mosaico consiste na capacitação devideomakers de pontos de cultura deaudiovisual de várias regiões do Brasil. Duranteos eventos realizados pelo MinC, os jovens queparticipam do programa captam suas própriasimpressões e produzem programas que sãotransmitidos pela TV Brasil – Canal Integración–, a primeira TV brasileira com programação emespanhol. A experiência promove a divulgaçãodas expressões culturais dos próprios agentesda sociedade civil e tem reflexos importantespara a democratização da integração regional.A prática também foi utilizada na I Cúpula Socialdo Mercosul.

Próximos passos

da integração cultural

Entre os próximos passos da integração culturaldo Bloco está a divulgação do documento dereferência do Mercosul Cultural, intitulado"Declaração sobre Integração Cultural doMercosul". A proposta é divulgar o documentoem diferentes fóruns e reuniões da sociedadecivil. A última versão do documento serádiscutida na XXV Reunião de Ministros deCultura do Mercosul, a realizar-se emMontevidéu. O objetivo é permitir que asociedade civil contribua com as decisõesgovernamentais sobre as políticas culturais doMercosul.

O FestivalCultural das Três

Fronteiras, realizado em2004 e 2005,

celebrou a diversidadecultural existente

na região, com atividadesno Brasil, Argentina

e Paraguai

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INTEGRAÇÃO

SOCIOAMBIENTAL

E CIDADANIA NO

MERCOSUL

O desenvolvimentosustentável na agenda da

integração regional

Os países do Mercosul têm uma responsabilidadeespecial no que diz respeito à sustentabilidadeambiental. Os diferentes biomas, as florestas e osrecursos hídricos da região representam umariqueza extraordinária a ser preservada daexploração predatória. Impedir o uso inade-

quado do Aqüífero Guarani, defender a bio-diversidade dos ecossistemas florestais,especialmente da Floresta Amazônica, além debuscar alternativas sustentáveis de manejo dosrecursos naturais são exemplos de alguns dosdesafios maiores que o Mercosul tem pela frente.

As questões ambientais ganharam ainda maisdestaque no cenário internacional após aintensificação do debate sobre as mudanças doclima e suas conseqüências econômicas, políticase sociais. O governo brasileiro tem defendidonos fóruns internacionais a adoção do princípioda responsabilidade comum, porémdiferenciada, entre os países ricos e pobres nas

ações relacionadas à proteção ambiental. Comisso, pretende-se evitar que a maior parte doônus do desaquecimento global recaia sobre ospaíses em desenvolvimento. A reduçãoexpressiva do desmatamento na Amazônia nosúltimos anos credencia a posição defendida pelogoverno brasileiro de cobrar dos paísesindustrializados incentivos positivos às naçõesque vêm diminuindo o nível de emissão de gasesde efeito estufa.

O desenvolvimento sustentável é uma orien-tação política que resultou, ainda nos primeirosanos da integração, na criação do Subgrupo deTrabalho Meio Ambiente do Mercosul (SGT No

6) e, posteriormente, da Reunião de Ministrosde Meio Ambiente. Devido à situação crítica dasmudanças do clima, os Estados Partes definiramo tema como uma das prioridades do Mercosul.

Mercosul democrático

e sustentável

A Reunião Especializada em Meio Ambiente doMercosul foi criada em 1992, em decorrênciada mobilização mundial gerada pela realizaçãoda Conferência das Nações Unidas sobre MeioAmbiente e Desenvolvimento no Rio de Janeiro(RIO 92). Dada a relevância do tema, a Reuniãofoi transformada, em 1995, no Subgrupo deTrabalho Meio Ambiente do Mercosul (SGT No

6), que se orienta pelos princípios do Tratadode Assunção e da Declaração de Canela. Essadeclaração, assinada por Argentina, Brasil,Paraguai, Uruguai e Chile, em fevereiro de1992, contém uma posição comum em defesado desenvolvimento sustentável no Mercosul.Em 2003, foi criada também a Reunião de

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Ministros do Meio Ambiente, pela DecisãoCMC no 19/2003.

A agenda socioambiental do SGT No 6 e daReunião de Ministros de Meio Ambiente écomposta pelos temas: sistema de informaçãoambiental; gestão integrada de recursos hídricos,competitividade e meio ambiente; bens e serviçosambientais (com ênfase nas negociações em cursono Comitê de Meio Ambiente da OrganizaçãoMundial do Comércio); gestão de produtos esubstâncias químicas; biodiversidade; gestão deresíduos e responsabilidade pós-consumo;qualidade do ar; luta contra a desertificação e osefeitos da seca.

Como resultado do trabalho do SGT No 6,muitos avanços já foram consquistados, aexemplo do "Acordo Marco em Matéria deMeio Ambiente", ratificado pelos parlamentosdos Estados Partes. Destaca-se, ainda, oaprimoramento na divulgação de informaçõesdo SGT No 6, que permite transparência e acesso

a informações, por meio do Sistema deInformações Ambientais do Mercosul (Siam). Osistema está disponível no sítio eletrônico<http://siam.mma.gov.br/>.

As políticas setoriais e temáticas aprovadas peloSGT No 6 constituem outra importanteconquista. Merecem destaque a EstratégiaMercosul de Biodiversidade, aprovada durantea última Conferência das Partes da Convençãode Diversidade Biológica, realizada no Brasil, em2006; a Estratégia Mercosul de Combate àDesertificação e aos Efeitos da Seca; a Políticade Gestão de Resíduos Especiais e Respon-sabilidade Pós-Consumo do Mercosul e o

Protocolo Adicional ao Acordo Marco emMatéria de Meio Ambiente para Cooperação emEmergências Ambientais.

Outro fato relevante foi a aprovação da Políticade Promoção em Produção e ConsumoSustentáveis para o Mercosul, que reflete apreocupação e o compromisso dos governos emmudar os atuais padrões de produção econsumo, em consonância com os esforços

internacionais. Essa iniciativa será realizada pormeio de parcerias com os Ministérios deIndústrias e Comércio, organizações dasociedade civil e a comunidade empresarial dosEstados Partes.

Avanços recentes

Dentre outros avanços da integração socioam-biental destacam-se:

• Elaboração do GEO Mercosul, em colabo-ração com o Programa das Nações Unidas parao Meio Ambiente (Pnuma), a ser publicado embreve, contendo dados e informações sobre o

O desenvolvimentosustentável é uma orientação

política que resultou,ainda nos primeiros anos da

integração, na criaçãodo Subgrupo

de Trabalho Meio Ambientedo Mercosul

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processo de integração de acordo com umavisão socioambiental e do desenvolvimentosustentável do Mercosul.

• Criação de portais para maior acesso ainformações sobre trabalhos e produtos do SGTNo 6, como: o Portal sobre Áreas Protegidas<http://www.mma.gov.br/ap_mercosur> cominformações sobre biodiversidade, monumentosnaturais e unidades de conservação dos países doMercosul; o Portal sobre Produção e ConsumoSustentável, para difundir informação sobreprodução ambientalmente saudável, ecoeficientee limpa; e o Portal sobre Legislação Ambiental.

• Cooperação entre o SGT No 6 e a OrganizaçãoPan-Americana de Saúde (Opas), a OrganizaçãoMundial de Saúde (OMS) e o Pnuma nas áreasde Segurança Química e Produtos Perigosos,com ênfase para o mercúrio e outros metaispesados, agrotóxicos, Poluentes OrgânicosPersistentes (POPs), e áreas contaminadas. Alémdisso, está em discussão a elaboração de uma

política de segurança química que permita, a partirde diagnósticos comuns, melhorar a segurançada população e a proteção ao meio ambiente.

• Assinatura, pelos ministros de meio ambiente,do acordo de Estratégia Mercosul contra aDesertificação e os Efeitos da Seca; iniciativa quepermitirá aos Estados Partes atuar de formacoordenada para potencializar as ações de cadapaís no combate aos efeitos da seca.

Programa Agenda 21

Durante a I Cúpula Social do Mercosul realizou-se o Seminário Internacional "Agenda 21 Local

e Desenvolvimento Sustentável nas Cidades doMercosul". Na oportunidade foi aprovada aCarta de Brasília, documento que reafirma a"Agenda 21" e a "Carta da Terra" como marcosreferenciais na construção de um novo modelode desenvolvimento local. Foi o primeiro passopara uma articulação futura entre processos daAgenda 21 Local nas cidades do Mercosul.Como fruto dessa parceria, será lançada apublicação "Mercocidades e Agenda 21", sobcoordenação executiva do Ministério do MeioAmbiente do Brasil.

Prioridades da agenda

socioambiental

Estimular a participação da sociedade civil nasreuniões do SGT No 6 é uma das principaisprioridades do governo brasileiro e, para atingiresse objetivo, o Ministério do Meio Ambientepretende estabelecer parcerias com os demaispaíses para viabilizar a participação de pelomenos um representante da sociedade civil por

país nas quatro reuniões anuais do SGT No 6.

Em relação aos demais pontos da agendasocioambiental, merecem destaque as seguintesiniciativas:

• Implementação de projetos e campanhas deconscientização pública da Estratégia Mercosulde Luta contra Desertificação e os Efeitos da Seca.

• Projeto Mercosul para Gestão de Substânciase Produtos Químicos Perigosos, que consiste nacriação de portal de segurança química e narealização de oficinas de capacitação com aparticipação da sociedade e do setor privado.

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• Início do Programa-Piloto de Produção maisLimpa (P+L) para o Mercosul para Pequenas eMédias Empresas (PMEs). Além de uma fontede trabalho e renda para população, as PMEsconstituem fator central para o desenvolvimentosocioeconômico e a luta contra a pobreza.

• Estratégia Mercosul sobre Produção e Consu-mo Sustentáveis, que visa a fortalecer a infor-mação e a participação do público em geral coma realização de oficinas de capacitação sobretecnologias ambientalmente amigáveis, Produ-ção mais Limpa (P+L), e ecodesign.

• Elaboração de um Plano de Trabalho emconjunto com a Rede Mercocidades, por meioda Unidade Temática de Ambiente e Desen-volvimento Sustentável.

“Defendemos os recursos naturais e o acesso à água em toda a região. A água não é mercadoria,e rechaçamos qualquer tentativa de privatização desse direito essencial para todas as formasde vida. Em relação ao Aqüífero Guarani, propomos uma regulação regional, não subordinadaàs instituições financeiras internacionais, do uso desse recurso regional, sua proteção e garantiade existência para as gerações futuras. Há necessidade de implementar e fortalecer aparticipação social na gestão integrada das bacias hidrográficas e transfronteiriças. Propomosa realização de uma conferência sobre meio ambiente e recursos naturais no Mercosul. Odesenvolvimento sustentável, a defesa da biodiversidade, a ratificação dos tratadosinternacionais são fundamentos para a construção de um Mercosul socioambiental.”

O Ministério doMeio Ambiente pretende

estabelecer parceriascom os demais

países para viabilizar aparticipação de

pelo menosum representante da

sociedade civilpor país nas quatro

reuniões anuaiso SGT No 6

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AGRICULTURA

FAMILIAR E ACESSO

À TERRA REDUZEM APOBREZA RURAL

Integração da agriculturafamiliar aproxima o Mercosul

dos trabalhadores rurais

O sistema de organização social, econômica eprodutiva representado pela agricultura familiaré responsável pela produção de cerca de 70% dosalimentos consumidos nos países do Mercosul.

O apoio a esse segmento socioeconômico, alémde fazer justiça social e democratizar o acesso à

terra, tem extraordinária relevância política,pois reconhece o pequeno agricultor comoprioridade na elaboração de políticas públicasem áreas como o crédito agrícola, a assistênciatécnica e o escoamento da produção rural,entre outras.

Em um continente onde a distribuição da rendaé tão desigual, a erradicação da pobreza ruralmerece prioridade e requer a implementação depolíticas públicas que permitam gerarcrescimento com eqüidade, inclusão social egarantia da segurança alimentar da população.A agricultura familiar também é uma resposta àscrescentes necessidades de preservação dos

recursos naturais, diversidade cultural eestabilidade social e política.

O governo brasileiro destinou R$ 12 bilhõespara o Plano Safra da Agricultura Familiar 2007/2008 e diminuiu os juros para as linhas decrédito de custeio, investimento e comercia-lização do Programa Nacional de Fortalecimentoda Agricultura Familiar (Pronaf). O Mercosulvem prestando a devida atenção à agriculturafamiliar e já foram acordados critérios comunspara caracterizá-la.

É um passo inicial, mas indispensável, que vempermitindo a implementação de políticasespecíficas para o setor. A Reunião Especializadada Agricultura Familiar tem atuado em favordesse setor nos países do Bloco.

A integração da

agricultura familiar

Em 2004, por iniciativa do governo brasileiro,

foi criada a Reunião Especializada sobreAgricultura Familiar (Reaf) – experiência quenasceu devido à falta de um espaço de diálogopara a coordenação e a articulação de políticaspúblicas diferenciadas para fortalecer o setorno Mercosul. Na ocasião, os Ministériosbrasileiros do Desenvolvimento Agrário e dasRelações Exteriores defenderam a inserção daprodução agrícola familiar no processo deintegração regional.

A agricultura familiar é um segmento prioritáriopara o governo brasileiro. Nos últimos anos, opaís alcançou resultados positivos no que dizrespeito ao desenvolvimento das áreas rurais e à

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inclusão dos setores mais vulneráveis dapopulação. O Programa Nacional da AgriculturaFamiliar beneficia 2,2 milhões de famílias, comaumento médio de 10% nos valores financiadosem relação à safra 2006/2007. Aproximadamente1,4 milhão de famílias agricultoras, pescadoras,extrativistas, ribeirinhas, comunidadesquilombolas e indígenas respondem por 77% dasocupações produtivas e dos empregos no campo,totalizando 4,1 milhões de unidades de produção.

A importância da agricultura familiar também éreconhecida pelos países-membros e associadosdo Mercosul, que vêm reunindo-seregularmente para discutir políticas para a área.Uma das prioridades da Reaf é estimular aparticipação das organizações sociais daagricultura familiar na discussão, na formulaçãoe na implementação das políticas para o setor.Já ocorreram, apenas entre 2006 e o primeirosemestre de 2007, mais de quarenta atividadesde diálogo nacional entre governos e sociedade

civil. Os encontros regionais reuniram em tornode quinhentas pessoas, das quais mais de 1/3 erade representantes das organizações sociais.

Conquistas recentes

Os trabalhos da Reaf em 2006 e 2007permitiram avanços importantes, dentre os quaisse destacam:

• O Acordo sobre Bases para o Reconhecimentoe Identificação da Agricultura Familiar noMercosul, por meio do qual os países definiramcritérios para caracterizar a agricultura familiarno Bloco. Isso possibilitou a identificação douniverso da agricultura familiar, orientando aimplementação de políticas públicas específicase o debate sobre a facilitação do comércio dosprodutos da agricultura familiar.

• A implementação de Registros Nacionais daAgricultura Familiar, com o objetivo de avançar

“A reforma agrária, o combate à violência no campo, o fortalecimento da agriculturafamiliar, da economia solidária, da segurança alimentar e do cooperativismo são açõesindispensáveis para alcançar um modelo de desenvolvimento sustentável. Estas açõesdevem se tornar prioridades das políticas públicas dos países do bloco. Conclamamos osPresidentes a implementar as recomendações apresentadas pela Reunião Especializadasobre Agricultura Familiar (Reaf) e pela Reunião Especializada sobre Cooperativismo(RECM). Defendemos ainda a implementação no Mercosul das recomendações daDeclaração Final da Conferência Internacional da Organização das Nações Unidas paraa Alimentação e a Agricultura (FAO) sobre Reforma Agrária e Desenvolvimento Rural,aprovada em Porto Alegre, em Março de 2006.”

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na institucionalização de áreas e programas degoverno responsáveis pela consolidação dasinformações relativas à agricultura familiar, combases estatísticas específicas.

• O projeto-piloto de seguro agrícola, denomi-nado "Fundo Seguro de Colheita", que visa agarantir a cobertura, em caso de riscos climáticos,a determinadas culturas da agricultura familiar,deverá ser implementado pelo governoparaguaio em 2008. Esse projeto foi construídoa partir das experiências existentes nos paísesdo Bloco e é a primeira iniciativa de seguropúblico no Paraguai. Ele servirá de modelo paraoutras ações mais abrangentes e para estruturara base de informações climáticas, com o objetivode fortalecer o setor de seguros agrícolas naquelepaís. A Agência Brasileira de Cooperação doMinistério das Relações Exteriores já aprovouum projeto para apoiar o Paraguai naimplementação da idéia. A Argentina, por suavez, também vem estruturando uma iniciativade natureza público-privada para a implantaçãode seguros agrícolas para o setor.

• O Programa Regional de FortalecimentoInstitucional de Políticas de Igualdade de Gênerona Agricultura Familiar do Mercosul, que buscapropiciar maior eqüidade de gênero,especificamente nos Ministérios da Agriculturae de Desenvolvimento Agrário da região.O programa tem por objetivo promover aelaboração e a implementação de políticasdirigidas às agricultoras familiares.

Balanço e perspectiva

Uma das prioridades da Reaf no curto prazo éampliar o diálogo entre governos e sociedade

civil. Para isso, as áreas de atuação no curtoprazo são as seguintes:

• Cadeias produtivas de interesse daagricultura familiar: foram selecionadas cincocadeias produtivas (tomate, cebola, leite, carnede porco e milho), que servirão para análisedos problemas relacionados à comercializaçãodos produtos da agricultura familiar. Combase em diagnósticos específicos serãoidentificadas opções de políticas públicasdiferenciadas para o comércio da agriculturafamiliar da região e será feito um balanço dasegurança alimentar nessas cadeias.

• Programa Regional de Educação não Formalde Jovens Rurais: em fase de elaboração, oprograma pretende capacitar jovens dasorganizações sociais da agricultura familiar comoagentes de desenvolvimento, líderes juvenis desuas organizações e atores econômicosempreendedores. O programa visa a contribuirpara o debate sobre sucessão geracional nocampo e a valorizar as identidades e a auto-estima dos jovens.

• Rede de Instituições Responsáveis por PolíticasFundiárias e de Reforma Agrária do Mercosul:em sintonia com as decisões da II ConferênciaInternacional sobre Reforma Agrária eDesenvolvimento Rural, realizada em PortoAlegre, em 2006, a Reaf decidiu criar um espaçode coordenação dos institutos fundiáriosnacionais. O objetivo é investigar os processosde concentração, desnacionalização e uso daterra, bem como a situação do acesso dasmulheres à terra nos países do Mercosul.

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A INTEGRAÇÃO DA

ECONOMIA SOLIDÁRIA

NO MERCOSUL

Promover o desenvolvimentodas redes latino-americanas

da economia solidária

justo e solidário, recuperação de empresas ecooperativismo, entre outros.

No Brasil, a Secretaria Nacional de EconomiaSolidária, vinculada ao Ministério do Trabalhoe Emprego, fomenta e apóia os empre-endimentos da economia solidária, reco-nhecendo a real dimensão desse movimento eproduzindo ou coletando conhecimentos sobreo assunto. A economia solidária pode se tornarum fator preponderante da integração entre ospovos do Mercosul.

Bases da economia solidária

A economia solidária corresponde ao conjuntode atividades econômicas – produção,distribuição, consumo, poupança e crédito –organizadas sob a forma de autogestão, isto é, pelapropriedade coletiva dos meios de produção debens ou prestação de serviços e pela participaçãodemocrática dos membros da organização ouempreendimento nas decisões. As características

da economia solidária estão presentes em diversasorganizações econômicas coletivas, como ascooperativas, as empresas recuperadas e asautogestionadas, as associações de produção, asredes de comercialização, microcrédito e os bancoscomunitários, entre outros.

A economia solidária define-se como umapolítica de desenvolvimento e um instrumentode enfrentamento da exclusão e da preca-rização do trabalho, sustentada em formascoletivas de geração de trabalho e renda earticulada aos processos participativos esustentáveis de desenvolvimento local. Como aumento da informalidade das relações de

O crescimento e o desenvolvimento daeconomia solidária e das formas cooperativas eassociativas de produção nas últimas décadas éum fenômeno presente em quase todos os paísesdo Mercosul. Com histórias diferentes, masconvergentes, Argentina, Brasil, Paraguai,

Uruguai, Venezuela, Bolívia, entre outros paísessul-americanos, têm tido na economia solidáriaum importante instrumento de promoção dodesenvolvimento, gerador de trabalho e renda euma resposta eficaz dos trabalhadores e dastrabalhadoras da região à exclusão social.

Como conseqüência do desenvolvimento daeconomia solidária no continente sul-americano,a integração dos países em torno da temática vemse fortalecendo, tanto do ponto de vistagovernamental quanto da participação social.Exemplos disso são os diversos encontrosocorridos no continente em torno de temasrelativos à economia solidária, como comércio

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trabalho na maior parte dos países latino-americanos, a economia solidária adquiriu umpapel e uma presença relevantes.

Situação atual

Na América do Sul, os sujeitos sociais queconstroem a economia solidária têm, cada vezmais, se integrado e elaborado pautas e agendascomuns. Exemplos dessa integração são:

• Feira de Economia Solidária do Mercosul:Realizada na cidade de Santa Maria (RS), a Feira

de Economia Solidária do Mercosul encontra-se na terceira edição e reúne empreendimentoseconômicos solidários dos países do Bloco,redes de economia solidária do continente egovernos (nacionais e locais).

A feira recebe o apoio do governo brasileiro eé um evento integrante do Programa Nacionalde Feiras de Economia Solidária, desen-volvido pelo Ministério do Trabalho eEmprego. Paralelamente à exposição dosprodutos e serviços, o evento realiza semi-nários sobre a economia solidária, com aparticipação de governos e sociedade civil dospaíses do Cone Sul.

• Comércio justo e solidário: as entidades quetrabalham com o comércio justo e solidário emnosso continente têm interagido com o objetivode encontrar pautas comuns e promover a trocade experiências e de práticas exitosas. Já foramrealizados encontros e seminários sobre o tema,entre eles o Encontro de Cochabamba, em 2005,que construiu uma pauta comum para osgovernos e as entidades envolvidas com ocomércio justo e solidário no continente.

• Empresas recuperadas: Uma realidade comumentre os países do Mercosul é a recuperação deempresas em crise por trabalhadoresorganizados em autogestão. Prática pujanteprincipalmente no Brasil, na Argentina e naVenezuela, as empresas recuperadas emautogestão, assim como as áreas de governosresponsáveis por políticas públicas para essesetor, buscam integrar as políticas, visando àtroca de experiências e ao intercâmbio comercial.No âmbito da iniciativa de recuperação deempresas por trabalhadores organizados emautogestão, desenvolvida pelo governobrasileiro, foi realizado, em dezembro de 2005,encontro que reuniu empresas e governo dospaíses do Mercosul, com o objetivo de fomentaro intercâmbio e a cooperação entre essas práticas.Encontro semelhante foi realizado na Venezuela,promovido pelo governo daquele país. Asempresas recuperadas têm sido também umapauta constante nos encontros do Subgrupo deTrabalho no 10 (Assuntos Laborais, Emprego eSeguridade Social).

Integração dos fóruns e das redes de economiasolidária: As diferentes redes e os fóruns deeconomia solidária que atuam nos países do

A economia solidáriapode se tornar

um fator preponderanteda integração

entre os povosdo Mercosul

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Mercosul buscam constantemente se encontrare se integrar por meio de reuniões, encontros,seminários e eventos.

Perspectivas da economia

solidária no Mercosul

As práticas de economia solidária nos países doBloco vêm se integrando nos últimos tempos.No entanto, essa integração tem se dado demaneira muito mais efetiva no âmbito da soci-edade civil do que propriamente como resultadode decisões oficiais. Apesar da existência degrupos técnicos de cooperativismo, daagricultura familiar e de assuntos trabalhistas, emque a economia solidária deve e pode serdiscutida, a institucionalização de espaçosespecíficos para o tema no Mercosul é umdesafio a ser superado. A sistematização deinformações sobre a realidade desse setor, omonitoramento da sua evolução, a discussão ea implementação de políticas públicas são outrosdesafios importantes a serem enfrentados.

No Brasil, o Sistema de Informações emEconomia Solidária (Sies), implementado pelaSecretaria Nacional de Economia Solidária emparceria com o Fórum Brasileiro de EconomiaSolidária, já identificou cerca de 21 mil Empre-endimentos Econômicos Solidários e mais de milEntidades de Apoio e Fomento. O sistema é umaimportante ferramenta para caracterização dasdemandas da economia solidária no Brasil,subsidiando a formulação de políticas públicas.Em uma perspectiva de integração regional, essaexperiência poderia ser partilhada com os demaispaíses para um mapeamento da economiasolidária no Mercosul.

Outra iniciativa que poderia ser incrementada é aFormação de Agentes de Economia Solidária eDesenvolvimento. O Mercosul constitui umespaço de intercâmbio de experiências, conteúdose metodologias de apoio, fomento, assistênciatecnológica, incubação e formação para aeconomia solidária como estratégia de desen-volvimento territorial sustentável. Um Centro deFormação Regional poderia ser implantado comessas finalidades de formação de multiplicadores,documentação e sistematização dessas iniciativas,subsidiando as políticas públicas e as articulaçõesda sociedade civil.

“Destacamos que o Mercosul devecontemplar o fortalecimento e a ampliaçãodas dimensões produtiva e social daintegração. O cooperativismo e a economiasolidária devem ser apoiados por políticasregionais como instrumentos eficazes paraa construção de uma sociedade mais justa,para a geração de trabalho decente e rendae para a inclusão das populações excluídas.Apoiamos a elaboração de políticasregionais para a promoção da pequena emédia empresa, o incentivo tecnológico e aprodução de energias renováveis comcritérios de sustentabilidade socioambiental.Ressaltamos, também, a necessidade de seestabelecer ações e uma legislação comumde estímulo ao cooperativismo, à capa-citação, à formação e ao intercâmbio entreesses setores, estimulando a estruturação dascadeias produtivas.”

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O COOPERATIVISMO

COMO FATOR DE

DESENVOLVIMENTO

LOCAL E REGIONAL

Cooperativismofortalece a coesão social

no Mercosul

A importância socioeconômica do coopera-tivismo na América do Sul não é recente. Osempreendimentos organizados sob a forma depequenas e médias empresas ou cooperativascontribuem tradicionalmente para a ampliaçãoda oferta de emprego e o combate à precarização

das relações de trabalho; para a distribuição derenda e o acesso ao crédito; para a garantia dasoberania alimentar e para a consolidação deassentamentos da reforma agrária.

Esse modelo produtivo também favorece ainserção competitiva da região no mundoglobalizado, ao mesmo tempo em que garantemaior participação e inclusão social. Aosubstituir o individualismo pela ação coletiva einvestir em conceitos como solidariedade,confiança e organização funcional dos grupos,o cooperativismo consolida-se como umadimensão crucial do desenvolvimento dospaíses da região.

No Brasil, só no setor de alimentos, ascooperativas são responsáveis pela produção de80% do trigo nacional e 40% da produção deleite, além de grande quantidade de carne, mel,hortifrutigranjeiros, milho, soja e seus derivados.As exportações do setor devem ultrapassar amarca de US$ 1,3 bilhão de dólares em 2007.Os pequenos proprietários – de áreas de até 50hectares – representam 77% de todos oscooperados rurais.

Reunião Especializada

de Cooperativas do Mercosul

O cooperativismo tem importante presença naAmérica do Sul e registra mais de 15 milorganizações que associam 22 milhões decooperados. É marcante a participação dascooperativas nos setores agroalimentar, dehabitação, de distribuição de alimentos, de saúde,financeiro, de serviços públicos e de seguros,entre outros. As cooperativas do Mercosulrepresentam um importante segmento para a

dinamização da economia local e contribuemconsideravelmente para o desenvolvimentosustentado de localidades, países e regiões.

Em outubro de 2001, por recomendação doFórum Consultivo Econômico e Social, o GrupoMercado Comum criou a Reunião Especializadade Cooperativas (RECM), que conta comrepresentação governamental e social docooperativismo dos países que integram o Bloco.A RECM tem como principais objetivosharmonizar e aperfeiçoar as legislaçõesnacionais; promover o reconhecimento docooperativismo e da economia social como umsetor diferenciado; coordenar a cooperação

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mútua em políticas de promoção, formação,assistência técnica e capacitação; unificar as basesde dados e criar um observatório regional.

A seção brasileira da RECM é coordenada peloMinistério da Agricultura, Pecuária e Abaste-cimento e conta com a participação daOrganização das Cooperativas Brasileiras(OCB). A RECM é composta por uma Presi-dência Pro Tempore (seguindo o rodízioregulamentar do Mercosul) e por uma SecretariaTécnica Permanente, com sede em Montevidéu.Os trabalhos estruturam-se em torno de grupostécnicos temáticos e atualmente estão emfuncionamento os Grupos de Legislação,Comunicação e Capacitação. A RECM realizapelo menos uma reunião plenária semestral nopaís que a está presidindo.

Dentre os resultados alcançados merecemdestaque os trabalhos de levantamento,sistematização e diagnóstico do cooperativismona região, como a publicação de estudosrelacionados ao regime legal das cooperativas doMercosul, o levantamento feito pelo comitêjurídico sobre o impacto das cargas tributáriasnas cooperativas da região e a elaboração deestudo relacionado às Políticas PúblicasAplicadas ao Cooperativismo no Mercosul.

Outro resultado importante consiste na orga-nização de uma série de eventos presenciais,como seminários e encontros diversos, que têmcontribuído para ampliar a difusão da culturacooperativista e para dar maior visibilidade aosetor. Foram realizados, entre outros, trêsencontros de fronteiras com o objetivo deavaliar o potencial de integração do coope-

rativismo da região; um SeminárioInternacional de Políticas Públicas de Apoio aoCooperativismo; um Seminário em conjuntocom a Comissão Parlamentar Conjunta doMercosul (CPC), que teve a participação deparlamentares da União Européia.

Para fortalecer a capacidade institucional daReunião Especializada, foram assinadosconvênios com diversas organizações defomento ao cooperativismo, em especial com aConfederação Espanhola de Economia Social(Cepes) e com a União Européia.

Os principais desafios para a RECM são aelaboração do Estatuto Mercosul para ofomento do cooperativismo regional e aampliação do Mercosul Cooperativo, por meioda inclusão da Bolívia, do Chile e da Colômbia,dando seqüência à recente incorporação dosetor cooperativo da Venezuela.

As cooperativasdo Mercosul

representam umimportante

segmento paraa dinamização

da economia local

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FOCEM:MINIMIZAR

AS ASSIMETRIAS

REGIONAIS

Uma ferramentafinanceira a serviço

da integração regional

desequilíbrios e as assimetrias existentes entreos países do Bloco. Instituído em junho de2005 por decisão do Conselho MercadoComum (CMC), o Focem, com sede emMontevidéu, é uma ferramenta financeirafundamental para a integração regional.O Fundo destina-se a financiar projetos dedesenvolvimento da infra-estrutura física emelhoria da competitividade de empresas, bemcomo programas de coesão social.

O Focem dispõe de US$ 100 milhões de dólarespor ano. O Brasil contribui com 70% dessemontante – o restante vem da Argentina (27%),do Uruguai (2%) e do Paraguai (1%). Adistribuição dos recursos ocorre na ordeminversa: o Paraguai fica com 48% e o Uruguai,com 32%. Projetos na Argentina e no Brasil nãopodem ultrapassar, em cada país, 10% dosrecursos do Fundo. Embora o Focem priorize aárea da infra-estrutura, os governos decidiramreverter parte desses recursos para projetos decoesão social.

Desenvolvimento social em

assentamentos no Uruguai

O Projeto "Intervenções Múltiplas em Assenta-mentos Localizados em Territórios de Fronteiracom Situações de Extrema Pobreza", a serrealizado no Uruguai, contribui para o desen-volvimento social, especialmente nas áreas defronteira, propiciando a melhoria da qualidadede vida da comunidade e atuando em questõesrelativas à redução dos níveis de pobreza,desemprego, informalidade, meio ambiente egênero. Ao considerar a promoção dos direitosdos cidadãos e das cidadãs e a participação da

O tratamento das assimetrias entre os paísesconverteu-se, nos últimos anos, em um dostemas centrais da agenda do Mercosul. A ênfasedada a essa discussão atende a uma antigademanda dos setores produtivos dos países deeconomias menores. É certo que as desigual-

dades regionais não se iniciaram com aintegração dos mercados. Elas são um fenômenoestrutural anterior, de natureza econômica,política, social e mesmo física, que deve sertratado por meio de incentivos e de políticasgovernamentais. Hoje há um consenso de queas assimetrias constituem uma barreira à maiorintegração regional, assim como a exclusão socialé um obstáculo ao desenvolvimento nacional.O Brasil entende que a melhor resposta àsassimetrias é a promoção da integraçãoprodutiva, a geração de empregos e renda.

O Fundo de Convergência Estrutural doMercosul (Focem) foi criado para minimizar os

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sociedade civil, o projeto contribui para odesenvolvimento de ações específicasorientadas para a melhoria das condições devida de populações vulneráveis, que habitamassentamentos situados em territóriosfronteiriços e que apresentam graves problemasambientais. O projeto tem por objetivo aseleção, a capacitação e o desenho deintervenções para a melhoria das condições demoradia e saúde, com especial enfoque à saúdesexual e reprodutiva.

Mais dignidade para catadores

de lixo do Uruguai

O Projeto "Desenvolvimento de Capacidades eInfra-Estrutura para Classificadores Informais deResíduos Urbanos", também no Uruguai, visa acontribuir para o aprimoramento de processosde formalização e dignificação do trabalho doclassificador de resíduos urbanos emdepartamentos do interior do Uruguai, comênfase especial aos localizados na fronteira do

país. Tem também o objetivo de contribuir paraa redução de impactos ambientais e riscossanitários derivados da coleta e da eliminaçãoinformal de dejetos (aterros de lixo,contaminação de cursos de água, aparecimentode vetores e roedores) e da disposição final deresíduos (período de vida de depósitos e aterrossanitários), em cada um dos departamentosparticipantes do projeto. Finalmente, promovea participação da comunidade nodesenvolvimento de modelos de administraçãode resíduos urbanos com inclusão social paraos catadores de lixo.

Geração de renda

nas fronteiras uruguaias

O principal objetivo do Projeto "EconomiaSocial de Fronteira", no Uruguai, é apoiar ascomunidades em seus esforços de redução dapobreza e inclusão social, a partir da geraçãode empregos dignos que forneçam rendasestáveis para os quatrocentos domicíliosparticipantes. Os benefícios do projeto, queenvolvem cerca de 1.700 pessoas, materializam-se na criação e na consolidação de cem unidadesprodutivas nos departamentos de fronteira dopaís, com vistas a mitigar a pobreza por meioda geração de renda das famílias atendidas peloPlano de Atenção Nacional de EmergênciaSocial (Paes). O projeto também propicia arealização de estudos de mercado com vistas aidentificar as potencialidades regionais para odesenvolvimento local.

Apoio às microempresas melhora

a gestão e aumenta a produção

O "Programa de Apoio Integral àsMicroempresas", implantado no Paraguai, temcomo objetivo melhorar a capacidade de gestãodas microempresas por meio de estímulo àprodutividade e ao aumento dos salários dostrabalhadores. O programa possui trêscomponentes: qualificação e assistência técnica,desenvolvimento do associativismoadministrativo e centro de informação damicroempresa. Abrange dez departamentos daregião oriental do Paraguai e beneficiará cercade 3 mil microempresas.

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Mercosul-Habitat: casas

nas periferias

O Projeto "Mercosul-Habitat: Promoção Social,Fortalecimento Humano e Capital Social emAssentamentos em Condições de Pobreza" temo objetivo de contribuir para a melhoria dascondições de vida nos domicílios dos assen-tamentos urbanos de periferias pobres doParaguai. O projeto visa à aquisição da casaprópria, ao melhoramento dos serviços básicos(água, saneamento, energia elétrica) e aofortalecimento do capital humano e social. Emum período de 18 meses, pretende-se construire/ou melhorar 1.300 residências, situadas em seisassentamentos selecionados, instalar e colocarem funcionamento 22 microempresas, realizarcursos para o melhoramento do capital humanoe realizar oficinas de promoção do programa.

Projeto fortalece produção

familiar no Paraguai

Para melhorar a vida dos pequenos produtoresparaguaios e fortalecer a agricultura familiar, foicriado o Projeto "Aumento da Produtividade deAlgodão e Milho Através de Práticas Conserva-cionistas de Produção". O projeto adota práticasconservacionistas de manejo do solo e dasflorestas, tanto na lavoura de subsistência,quanto na produção destinada ao mercado, paramelhorar a qualidade de vida dos produtoresagrícolas. Por meio do projeto, os agricultoresfamiliares adquirem conhecimentos e meiossuficientes para iniciar o processo de mudançado modelo tradicional de produção (com arado)para um sistema sustentável, utilizando adubosverdes, insumos agrícolas, implementos de

tração humana e animal para recuperar os solosdegradados e aumentar a produtividade doscultivos.

Projetos em análise

no Focem

Água potável e saneamento básico

O Projeto "Mercosul-Yporá – Promoção deAcesso à Água Potável e Saneamento Básico emComunidades Pobres e Extremamente Pobres",no Paraguai, tem como finalidade contribuirpara a melhoria da qualidade de vida dascomunidades em situação de pobreza e extremapobreza, localizadas nos assentamentos urbanose nas comunidades rurais do Paraguai. Almeja aredução do índice de mortalidade devido adoenças parasitárias e gastrintestinais de origemhídrica e relacionadas à carência de serviços desaneamento nas comunidades pobres. A ação,que pretende atingir 32.400 beneficiários diretosem 45 comunidades, consiste em melhorar oacesso à água potável e ao saneamento básico,na manutenção do saneamento básico e nofortalecimento do capital social comunitário.

Comunidades rurais e indígenas

O Projeto "Construção e Melhoramento doSistema da Água Potável e Saneamento Básicoem Pequenas Comunidades Rurais e Indígenas",no Paraguai, tem como objetivo aumentar aexpectativa de vida e erradicar enfermidadesepidemiológicas e endêmicas, provocadas pelaprecariedade das condições de vida dapopulação. Pretende contribuir para a melhoria

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da saúde e das condições de vida, reduzindo ataxa de mortalidade infantil por meio do acessoaos serviços de água e saneamento. Seupropósito é melhorar a qualidade dos serviçosexistentes, aumentar a cobertura e o usosustentável dos serviços de água e saneamentoem áreas indígenas, rurais e pequenas cidades,com a adoção de melhores práticas de higiene.

Saúde de fronteiras

O Projeto "Saúde de Fronteiras – Amplificaçãodo Acesso para os Serviços de Saúde nas RegiõesFronteiriças", no Paraguai, busca ampliar o acessoaos serviços de saúde por meio da implantaçãode brigadas móveis e da compra de ambulânciaspara os principais serviços de saúde nas regiõesfronteiriças. O projeto visa à implantação deunidades de serviços e à atenção primária à saúdecom o objetivo de aumentar a esperança de vida,diminuir a taxa de mortalidade, fortalecer acapacidade dos hospitais e erradicar doençasendêmicas provocadas pela precariedade dascondições de vida.

Mercosul Aborígine

O Projeto "Mercosul Aborígine – Segurança eSoberania Alimentar Indígena", no Paraguai,deverá contribuir para o desenvolvimento social,cultural e econômico das comunidades indígenassituadas na fronteira com Brasil e Argentina. Oprojeto visa a garantir a segurança e a soberaniaalimentar indígena por meio do aumento decapacidades produtivas e organizacionais deindígenas que vivem em áreas rurais e urbanas.Pretende ainda melhorar o ensino básico dejovens indígenas, a capacitação laboral, a pro-

moção do artesanato indígena e a reinserção decrianças e de suas famílias que vivem nas ruasdas principais cidades do país.

Inclusão digital

O Projeto "Inclusão Digital na Educação Média",no Paraguai, tem por finalidade diminuir as taxasde analfabetismo e abandono escolar, aumentara cobertura do sistema educacional formal epromover a educação especializada. O projetocontribui para a diminuição das disparidades noacesso à educação, por meio da adequação deespaços físicos e do estabelecimento de normasde segurança e estratégias de manutenção,aquisição e provisão de insumos e implementostécnicos. A capacitação de atores educacionaislocais pretende contribuir para o desenvol-vimento de projetos tecnológicos com impactopedagógico. Cerca de quinhentas instituições deeducação do Paraguai, com prioridade para aszonas fronteiriças, serão diretamente bene-ficiadas pelo projeto.

O Focemdispõe de US$ 100 milhões

de dólares por ano.O Brasil contribui com 70%desse montante – o restante

vem da Argentina (27%),do Uruguai (2%)

e do Paraguai (1%)

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Crianças e adolescentes de rua

A idéia do Projeto "A Infância Incluída noMercosul – Implementação de Centros deDesenvolvimento de Capacidades para aInclusão Social de Crianças e Adolescentes deRua e de suas Famílias nas Áreas Fronteiriças"é criar estruturas institucionais em zonascarentes para lidar com os desafios da pobrezae da exclusão de crianças e jovens em situaçãode vulnerabilidade. As ações concentram-se nazona da tríplice fronteira e estabelecem umsistema de comunicação e troca de experiênciasentre projetos semelhantes da região paraabordar uma problemática comum. O projetotem a finalidade de reduzir a exclusão social decrianças e adolescentes de rua, fortalecer suasfamílias e oferecer opções para o acesso asistemas formais de proteção nas áreas de saúde,nutrição e educação.

Projetos do BNDES

O Brasil tem contribuído para o desenvol-vimento socioeconômico do Mercosul tambémpor meio do Banco Nacional de Desenvolvi-mento Econômico e Social (BNDES), cujosinvestimentos em vários países criam empregose melhoram a qualidade de vida dos cidadãos edas cidadãs do Bloco.

Na Argentina, onde o gás é fundamental tantopara as fábricas quanto para o aquecimento epara a alimentação nas residências, o BNDESconcedeu financiamentos de mais de US$ 210milhões para a ampliação dos gasodutos do país.Essas expansões representam cerca de 13,5% detoda a capacidade de transporte de gás argentino.

Outro exemplo de incentivo do BNDES é aimplantação do sistema de abastecimento de

“Propugnamos a promoção de investimentos para o combate às assimetrias entre os países eno interior dos países do Mercosul, permitindo uma perspectiva conjunta de desenvolvimentosocioeconômico, coesão social, complementaridade, sinergias, convergência estrutural efortalecimento do processo de integração. Nesse sentido enfatizamos a importância deconsolidação do Fundo para a Convergência Estrutural do Mercosul como um instrumentode apoio às economias menores e alocação de recursos para superar as assimetrias regionais.Entendemos que os recursos destinados ao Focem devem ser ampliados e a sua atuaçãomonitorada pela sociedade civil. Além disso, é fundamental articular os mecanismos definanciamento existentes através da construção de um organismo regional de financiamentoao desenvolvimento no Mercosul. Ressaltamos a importância da montagem de uma infra-estrutura condizente com os objetivos definidos.”

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água na Província de Maldonado, no Uruguai,que recebeu financiamento no valor de US$ 26milhões. As obras de saneamento envolveramampliação e melhoria da Usina Laguna del Sauce,ampliação da capacidade de adução e dereservatório de água potável do Sistema Lagunadel Sauce/Sierra, melhorias operacionais noSistema de Maldonado/Punta del Este/PuntaBallena/Punta Fría e melhorias do sistema deabastecimento de água da cidade de Pan deAzúcar.

A maior rodovia já construída no Paraguai, aRuta 10, está sendo financiada pelo BNDES.Além de ter gerado cerca de oitocentosempregos, a construção da rodovia terá forteimpacto econômico para os pequenos egrandes produtores. A rodovia facilitou a

ligação entre Salto del Guairá e Ciudad del Este,beneficiando um vasto território de produçãoagrícola e permitindo o transporte dos bens atéos portos de exportação.

O transporte urbano de passageiros daVenezuela também foi melhorado comrecursos do BNDES. O metrô de Caracas, poronde circulam diariamente centenas demilhares de pessoas, recebeu cerca de US$ 180milhões em financiamentos do bancobrasileiro.

Há ainda de se considerar o potencial degeração de empregos industriais em todos ospaíses do Mercosul, por meio de futurosfinanciamentos do BNDES para aquisição demáquinas e equipamentos.

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O SENTIDO SOCIAL

DA HARMONIZAÇÃO

DAS NORMAS

TÉCNICAS

Regulamentos garantemdireitos do consumidor, cuidados

com o meio ambiente e com asaúde dos cidadãos do Mercosul

Alimentos

Os países que integram o Mercosul são grandesprodutores e exportadores de alimentos. O setortem significativa participação no comérciointrabloco e a harmonização de regulamentostécnicos sobre alimentos tem contribuído paraeliminar os obstáculos técnicos e facilitar ointercâmbio comercial, fortalecendo, assim, oprocesso de integração. Dos regulamentosharmonizados no SGT No 3 do Mercosul, cercade 70% resultam dos trabalhos da Comissão deAlimentos, a exemplo dos aditivos e dos corantesutilizados em alimentos, do controle do uso deagrotóxicos, bem como da rotulagem nutricionale da qualidade dos produtos in natura. Possuitambém avançada e moderna tecnologia na cadeiada produtividade do setor, o que lhe conferedestacado nível da qualidade dos produtos, comconseqüente competitividade no cenáriointernacional, principalmente, perante a UniãoEuropéia (UE), os Estados Unidos e, maisrecentemente, a China.

Brinquedos

Os Estados Partes do Mercosul contam com acertificação compulsória de brinquedos pelaResolução GMC 23/2004, incorporada aoBrasil por meio da Portaria Inmetro no 108, de2005, no âmbito do Sistema Brasileiro deAvaliação da Conformidade. A resolução tratadas exigências essenciais de segurança para acomercialização dos brinquedos e assegura, nospaíses do Mercosul, uma proteção eficaz doconsumidor contra os riscos derivados deprodutos que não cumprem as disposições de

A eliminação das barreiras técnicas ao comérciono Mercosul é discutida no Subgrupo deTrabalho no 3. O Instituto Nacional de Metro-logia, Normalização e Qualidade Industrial(Inmetro) é o órgão do governo brasileiroresponsável pela harmonização de regula-mentos técnicos e procedimentos de avaliaçãoda conformidade no Mercosul. Com o intuitode ampliar a integração regional e ointercâmbio comercial, o Inmetro já promoveua harmonização de 278 RegulamentosTécnicos Mercosul (RTM) nos setores dealimentos, metrologia, avaliação da confor-midade, gás natural, brinquedos, têxteis eindústria de automotivos. Trata-se de atividadefundamental para a integração regional.Embora de caráter técnico, sua ação temimpacto para a sociedade em áreas como o meioambiente, a saúde, os direitos do consumidor,entre outras.

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segurança e saúde. Também é exigido queexistam advertências ou indicação dasprecauções de uso no caso de determinadascategorias de jogos particularmente perigosos oudestinados a crianças pequenas.

Gás natural comprimido

As reservas de gás da Bolívia constituem umvalioso recurso natural e um importante fatorda integração energética da região. O interessepelo Gás Natural Comprimido (GNC),especialmente o de uso veicular (GNV), temcrescido no Brasil e no exterior.

A América do Sul, o Brasil e a Argentina pos-suem a maior frota de veículos (aproximada-mente 3 milhões) que utilizam o GNV. Algunsdos Estados Associados, como o Chile, tambémprocuram disponibilizar o gás natural para ouso veicular, possibilitando assim maiorintegração da cadeia produtiva Mercosul–Chile.

No âmbito do Mercosul, a harmonização dosrequisitos essenciais de segurança para o uso dogás natural comprimido e seus componentes,incluindo adaptadores para o abastecimento deveículos, permitirá a abertura de novos mercadospara os produtos de GNC, bem como acirculação desses veículos pelos países quecompõem o Bloco, favorecendo a integração eo turismo regional.

Automotivos

A Comissão de Automotivos desenvolve açõespara dotar o Mercosul de regulamentos técnicos

A harmonizaçãodas normas técnicas é

importantíssima emáreas como

meio ambiente, saúdee direitos

do consumidor

harmonizados, tanto em relação à segurança dosveículos, quanto às emissões veiculares.Essas ações favorecem o intercâmbio comercialintrabloco, ao mesmo tempo em que contribuempara a exportação para terceiros países e outrosBlocos econômicos. Até o momento, foramharmonizados 44 Regulamentos TécnicosMercosul que contribuem fortemente para aintegração produtiva e potencializam vantagenscompetitivas para as empresas de pequeno emédio porte, consideradas de grandeimportância na cadeia produtiva dos países doBloco. Brasil e Argentina destacam-se naliderança da industrialização do setorautomotivo no Mercosul.

Produtos elétricos

A Comissão de Produtos Elétricos visa aharmonizar os regulamentos técnicos a respeitoda segurança de produtos elétricos de baixatensão e garantir a segurança dos consumidoresna utilização dos equipamentos, em condiçõesprevisíveis ou normais de uso, além de eliminaros obstáculos que são gerados por diferenças nasregulamentações nacionais vigentes em cadaEstado Parte do Mercosul.

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Metrologia

A metrologia no Mercosul desempenha umpapel extremamente importante na economia,bem-estar e defesa do consumidor e constituium elemento-chave no desenvolvimentoeconômico e social. Os acordos comerciaisestabelecidos no Mercosul determinam que ossignatários aceitem não só os resultados dasmedições como também os sistemas de controlepraticados pelas outras partes, o que pressupõea existência de sistemas nacionais de mediçãocoerentes e internacionalmente compatíveis.

O estabelecimento de regras claras de rotulagem,com informações na embalagem sobre aquantidade do produto, tem grande impactosocial. Essas informações facilitam no momentoda compra a comparação entre os preços deprodutos de marcas diferentes que possuem omesmo conteúdo nominal. Para tanto, énecessário garantir um sistema de fiscalizaçãomoderno, ágil e eficiente, com estabelecimentode tolerâncias máximas permitidas noacondicionamento de produtos pré-medidos.

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RESPONSABILIDADE

SOCIAL: UM

COMPROMISSO DA

PETROBRAS

Investimentos sociaise respeito às

diversidades locais

foram realizados 2.058 projetos e 18.035parcerias institucionais na implantação deprogramas para jovens e adultos, geração deemprego e renda e garantia dos direitos dacriança e do adolescente.

A América Latina também registra a presença dasações da Petrobras, como ocorre, por exemplo,na Colômbia, no Equador, na Argentina, noParaguai e no Peru.

Em 2007, a Petrobras descobriu a maior reservapetrolífera do Brasil, Campo de Tupi, na Baciade Santos (SP), capaz de produzir entre 5 e 8bilhões de barris de petróleo e gás, o que poderáelevar em mais de 50% as reservas do país.

Petrobras insere-se

em iniciativas internacionais

Por acreditar que o desenvolvimento sustentávelnecessita da contribuição dos diversossegmentos da sociedade e, claro, da participação

das comunidades, a Petrobras busca alinhar-seaos padrões internacionais de responsabilidadesocial por meio do apoio a diversas iniciativasinternacionais de incentivo a práticas desegurança, saúde e meio ambiente, promoção daeqüidade e da conduta ética, combate àcorrupção e redução dos gases causadores doefeito estufa, entre outras ações.

Investimentos sociais

Os investimentos sociais da área internacionalsão norteados pelas diretrizes corporativas,respeitadas as diversidades locais. Planos deresponsabilidade social estão sendo formulados

No ano de 2006 o Brasil conquistou a auto-suficiência em petróleo e a Petrobras alcançouimportantes avanços. Foram recordes deprodução, lucratividade e êxitos no campo daresponsabilidade social e ambiental, no Brasil enos países onde a empresa atua.

No mesmo ano o investimento da Petrobras emprojetos sociais, ambientais, culturais eesportivos totalizou mais de R$ 591 milhões,tanto no Brasil, quanto no exterior. Faz partedesse valor o repasse ao Fundo para a Infânciae a Adolescência, por meio do qual R$ 48milhões serão aplicados em projetos de defesade crianças e adolescentes em situação de riscosocial ou pessoal.

Ainda em 2006, 742 projetos foram patroci-nados pelo Programa Petrobras Fome Zero,com investimentos de mais de R$ 176 milhões.Desde 2003, ano da criação do programa,

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e implementados nos países onde a Petrobrasatua, de modo a garantir ações coerentes etransfor-madoras. Tudo embasado por umdiagnóstico socioambiental participativo,realizado por especialistas locais e alinhado a umdiálogo permanente com as partes interessadas.

Entre os diversos investimentos sociais da áreainternacional da Petrobras destacam-se:

Incentivo à educação

• Na Argentina, o Programa “Educar paraTrabajar”, oferece cursos com reconhecimentooficial para jovens de 18 a 24 anos, a fim defavorecer sua inserção ao mercado de trabalho.

• O Programa "Educación Vial", também naArgentina, promove a conscientização sobre aimportância da prevenção de acidentes e ocorreto uso de medidas de segurança no trânsito.É destinado a jovens de escolas públicas do paíse que ainda não possuem licença para dirigir.

• Na Colômbia, o Programa "Educación BásicaPrimária para Adultos" contribui para a reduçãodos índices regionais de analfabetismo e acontinuidade dos estudos no ensinofundamental e médio.

Auto-sustentabilidade

A Petrobras apóia a Cooperativa Agrovida, naColômbia, e oferece capacitação em economiasolidária, empreendedorismo, elaboração deprojetos e cultura orgânica para consolidar acooperativa como empresa auto-sustentável.O projeto consiste na produção e na

comercialização de produtos agrícolas e atendea famílias com apoio técnico e econômico.

Em busca de uma alternativa de geração derenda, nasceu a Asociación Mujeres Artesanasde la Cordillera, na Colômbia. Atualmente, aassociação comercializa seus produtos em feirase exposições locais, regionais e internacionais,com o apoio da Petrobras.

Na província peruana de Talara, a Petrobrasapoiou a capacitação, a gestão e a formaçãoda cooperativa Damis Moda. Inicialmente, acooperativa era responsável pelo forneci-mento de uniformes aos empregados daPetrobras no Peru. Hoje, também confeccionaroupas para fornecedores da Petrobras eoutras associações da região.

Participação da força de trabalho

Ciente de que as ações solidárias são, muitasvezes, o terreno fértil sobre o qual as iniciativasde médio e longo prazo podem frutificar, aPetrobras estimula ações humanitárias com ostrabalhadores. Em Quito e na província deOrellana (Amazônia equatoriana), a parceria coma Fundación Junior Achievenment beneficiaestudantes por meio de programas de motivaçãoe capacitação implementados por empregadosda Petrobras. As atividades estimulam a troca deexperiências e o espírito empreendedor.

Ações culturais

A Petrobras respeita a cultura dos países ondeatua e contribui para o fortalecimento dasoportunidades de criação, produção e difusão

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cultural. A empresa busca ampliar o acesso doscidadãos aos bens culturais, além de incentivarações que tenham a cultura como instrumentode inclusão social.

No Paraguai, o Projeto "Sonidos de la Tierra"visa a potencializar a auto-estima de crianças ejovens e a reafirmar a identidade cultural pormeio da formação de escolas de música,agrupamentos musicais e associações culturais,possibilitando acesso direto à educação musical.

Consciência ambiental

Ao mesmo tempo em que interage com oambiente e consome recursos, a Petrobras buscaa ecoeficiência, o que pressupõe minimizar osimpactos de suas atividades. Nesse sentido, acompanhia investe em programas para preservaro meio ambiente, incentivar o desenvolvimentode uma consciência ecológica e contribuir paraa melhoria da qualidade de vida da população.

Na Colômbia, o Projeto “Vigias Socioambientais”capacita líderes comunitários com jornadas desensibilização e formação. A iniciativa inclui odesenvolvimento de oficinas teórico-práticaspara a conservação do meio ambiente. Após acapacitação, os vigias implementam, com oauxílio da companhia, projetos de descon-taminação da água, saneamento básico, preser-vação de nascentes, entre outros.

No Equador, a Petrobras firmou convênio coma Pontifícia Universidade Católica para arealização de um inventário biológico da região.O estudo documentou sistematicamente a florae a fauna locais, permitindo conhecer melhor

seu ecossistema. Espécies ainda desconhecidasforam encontradas e encaminhadas paraestudo aprofundado.

Acesso ao esporte e à informática

A companhia firmou convênio com aFundación Olimpíadas Especiales paracontribuir com programas de capacitação,integração social e treinamentos esportivospara crianças e jovens portadores de neces-sidades especiais no Equador.

Comitês para democratização da Informática(CDI) foram criados, no Peru, com o objetivode capacitar moradores de cinco municípios naregião de atuação da Petrobras.

A Petrobrasbusca alinhar-se

aos padrões internacionaisde responsabilidade

social por meiodo apoio a iniciativas de

incentivo a práticasde segurança,

saúde emeio ambiente

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REUNIÃO

ESPECIALIZADA DA

MULHER:IGUALDADE DE GÊNERO

NO MERCOSUL

Construir um territóriolivre de violência contra

as mulheres

diretamente à Presidência da República e éresponsável pela articulação das políticaspúblicas federais voltadas para promoção daigualdade entre os sexos. É um desafio que vemsendo enfrentado de forma articulada,abordando questões relacionadas ao mercado detrabalho, à educação, à saúde, à participaçãopolítica e à violência contra as mulheres, atémesmo no espaço doméstico.

No Mercosul, a Reunião Especializada daMulher (REM) tem atuado ativamente paraharmonizar as políticas de promoção daigualdade entre homens e mulheres. É um temaque pode e deve merecer maior atenção noprocesso de integração.

Igualdade de oportunidades

A Reunião Especializada da Mulher (REM) foia primeira ação para incluir a temática dadiscriminação contra as mulheres no Mercosul.Sua criação, em 1998, atendeu à necessidade

de estabelecer um foro responsável pela análiseda situação da mulher e pela formulação depolíticas de promoção da igualdade, emconsonância com os compromissosinternacionais pactuados na região.

Inicialmente subordinada ao Grupo do MercadoComum (GMC), a REM passou, em 2002, avincular-se ao Foro de Consulta e ConcertaçãoPolítica (FCCP), junto a outras reuniõesespecializadas de caráter não exclusivamenteeconômico e comercial. A REM é constituídapelas representações dos Estados Partes eAssociados do Mercosul.

A promoção da igualdade de gênero e o combatea todas as formas de discriminação e violênciacontra a mulher têm merecido uma atençãocrescente na agenda dos países preocupados como desenvolvimento sustentável, a inclusão sociale a defesa dos direitos humanos. O enfrentamento

das desigualdades entre homens e mulheresintegra as recomendações das agências dedesenvolvimento no plano internacional.

Um dos Objetivos de Desenvolvimento doMilênio consiste, precisamente, na promoção daigualdade entre os sexos e da autonomia dasmulheres. Nos diferentes países da AméricaLatina as desigualdades de gênero ainda sãomuito acentuadas e necessitam de políticasfirmes para serem erradicadas.

No Brasil, a Secretaria Especial de Políticas paraas Mulheres, criada em 2003, está vinculada

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Temas em debate

Discriminação da mulher no mercado detrabalho; qualificação e igualdade de oportu-nidades no acesso ao poder; trabalho decente;valorização do trabalho doméstico nãoremunerado; conciliação do trabalho e vidafamiliar; prevenção do abuso sexual nos âmbitoslaboral e educacional; enfoque de gênero namacroeconomia; incorporação do enfoque degênero na elaboração dos orçamentos nacionaisdos Estados Partes e perspectiva de gênero noplano urbano-ambiental são alguns dos temastratados com prioridade pela REM.

Outros temas importantes, como a violênciacontra as mulheres e o tráfico de pessoas,também fazem parte da agenda da REM, quetem buscado ampliar o conhecimento acercadesses problemas por meio da coleta de dados einformações confiáveis. O Mecanismo deSeguimento da Convenção de Belém do Pará éuma ferramenta importante na luta contra aviolência às mulheres, e a REM está discutindoa adoção de um instrumento similar na região.

Finalmente, o empoderamento e a promoção daparticipação política das mulheres têm merecidogrande atenção e é fonte de preocupação.A REM já expressou, por exemplo, críticas àpouca participação de parlamentares mulheresno recém-instalado Parlamento do Mercosul.

A transversalização do enfoque de gênero nasinstâncias do Mercosul vem sendo alcançada,ainda que de forma pontual, com a inclusão datemática em alguns dos Subgrupos de Trabalho(como os de Indústria, Saúde, Meio Ambiente

e Assuntos Trabalhistas, Emprego e Segu-ridade), nas Reuniões Especializadas de Ciênciae Tecnologia e de Comunicação Social, bemcomo nas Reuniões de Ministros de Educaçãoe de Cultura. Merece destaque a ReuniãoEspecializada de Agricultura Familiar que criou,no seu interior, um núcleo de gênero, bemcomo a Reunião de Ministros da Saúde, queincorporou em sua estrutura a ComissãoIntergovernamental de Saúde Sexual eReprodutiva.

Dada a persistência da discriminação da mulherno mercado de trabalho, a REM iniciou umaaproximação com o Grupo de Alto Nível parao Emprego, para introduzir a temática de gêneronas políticas de geração de trabalho decente noMercosul. Outra iniciativa em discussão é aarticulação com a Reunião de Altas Autoridadesem Direitos Humanos para a incorporação daquestão de gênero em sua pauta.

Nos diferentes paísesda América Latina,as desigualdades

de gêneroainda são muito

acentuadas e necessitamde políticas firmes

para serem erradicadas

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Movimentos sociais

Em 2001 foi aprovada, por unanimidade, ainclusão de representantes de organizações demulheres como observadoras permanentes nasreuniões da REM. A iniciativa aprofundou odiálogo com a sociedade civil e fortaleceu asarticulações regionais e nacionais entre asmulheres. Está atualmente em discussão aampliação dessa participação.

As organizações têm tido um papel-chave naratificação das convenções internacionais quecontribuem para o cumprimento doscompromissos assumidos na IV ConferênciaMundial sobre a Mulher (Beijing, 1995). É o caso,também, da Convenção 156 da OIT, relativa à"Igualdade de oportunidade e de tratamento paraos trabalhadores dos dois sexos: trabalhadorescom responsabilidades familiares", ainda nãoratificada pelo Brasil, Paraguai, Colômbia eEquador. A Convenção constitui um instrumentoimportante para a conquista da autonomia das

mulheres, favorece a divisão das responsabilidadesdomésticas e familiares e traduz-se nas políticasde compartilhamento e de valorização do trabalhodoméstico não remunerado.

Com o objetivo de consolidar o trabalho realizadofoi criada a Secretaria Técnica da REM,responsável, entre outras funções administrativas,pela criação e manutenção do sítio eletrônico<http://www.mercosurmujeres.org/>, que visaa dar maior visibilidade às ações e às decisões daREM e ampliar sua capilaridade.

Em 2007, intensificaram-se as articulaçõespara a realização do “Encontro de MulheresParlamentares”, que tratará da participaçãodas mulheres no Parlamento do Mercosul.Com a finalidade de incrementar a participaçãopolítica das mulheres, está sendo elaborado,em parceria com o Departamento de CiênciaPolítica da Universidade da República doUruguai, um projeto de trabalho na área daparticipação política.

“Conclamamos os governos dos países do bloco a alocar os recursos políticos e econômicosnecessários para a eliminação de todas as formas de violência contra a mulher. A mesmaprioridade deve ser dada à adoção de políticas públicas de atenção à saúde reprodutiva esexual. Enfatizamos a necessidade dos governos, articulados com movimentos e organizaçõessociais, implementarem os compromissos assumidos na IV Conferência Mundial sobre aMulher, na Convenção para a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra aMulher (Convenção CEDAW) e na Convenção Interamericana para Prevenir, Punir eErradicar a Violência contra a Mulher (Convenção de Belém do Pará) assim como asrecomendações da Reunião Especializada de Mulheres (REM).”

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DIREITOS HUMANOS

E IGUALDADE RACIAL

A integração dos direitosdos cidadãos e das cidadãs

do Mercosul

pação da sociedade civil. Outra atribuição daRAADH é a de coordenar ações e construir umaposição comum dos países do Bloco junto aosorganismos internacionais.

Ações da RAADH

Vários programas encontram-se em fase deimplementação, dentre os quais se destacam:

Niñ@sur: visa a articular os esforços nacionaisem favor do cumprimento da Convenção dasNações Unidas sobre os Direitos da Criança eadequar as legislações nacionais a este e outrosinstrumentos similares. O programa tem porobjetivo combater a exploração sexual decrianças e adolescentes na Tríplice Fronteira e apornografia infanto-juvenil na Internet. Alémdisso, o programa trabalha com adolescentes emconflito com a lei.

Cooperação para a prevenção e o combate aotráfico e comércio de pessoas: no marco daConvenção das Nações Unidas contra o CrimeOrganizado Transnacional, esse programapromove o intercâmbio sobre políticas públicas,apóia projetos de cooperação para a prevençãodessas práticas criminosas e oferece assistênciaintegral às vítimas. Dentre seus objetivos está aconstituição de uma base de dados sobre alegislação dos Estados Partes e Associados quepermita a harmonização normativa da tipificaçãoe dos procedimentos penais relativos ao delitode tráfico e comércio de seres humanos.

Direito à Verdade e à Memória: o programaconstitui um foro de cooperação técnica quebusca, a partir das experiências nacionais,

A promoção dos Direitos Humanos noMercosul privilegia, em sintonia com a agendainternacional, um conjunto de direitosinterdependentes e universais de naturezacultural, econômica, política e social. A SecretariaEspecial dos Direitos Humanos da Presidênciada República do Brasil tem buscado, junto aospaíses do Mercosul, promover a troca deexperiências e articular políticas conjuntas depromoção dos Direitos Humanos.

No âmbito do Bloco, esses temas são tratadosna Reunião de Altas Autoridades em DireitosHumanos e Chancelarias do Mercosul(RAADH). Trata-se de um foro político que,tendo em conta diretrizes de organizaçõesmultilaterais como a Organização das NaçõesUnidas (ONU) e a Organização dos EstadosAmericanos (OEA), tem por objetivo insti-tucionalizar a discussão sobre os DireitosHumanos no Mercosul, sempre com a partici-

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promover o Direito à Verdade e à Memóriacomo um direito humano. A iniciativa promovea troca de experiências sobre a criação e ofuncionamento de mecanismos judiciais eextrajudiciais para investigar violações aodireito internacional humanitário.

Desenvolvimento de indicadores de progressoem matéria de direitos econômicos, sociais,culturais e ambientais: o programa pretendedesenvolver indicadores que ajudem averificar os progressos na consolidação dessesdireitos e atende à necessidade de formularindicadores desagregados por área geográfica,gênero, etnia, idade, renda, entre outros, paraaferir a discriminação e a desigualdadeexistentes na região.

Educação e Direitos Humanos: durante aPresidência Pro Tempore brasileira (2006),constituiu-se o Grupo de Trabalho de Educaçãoem Direitos Humanos da RAADH. Essainiciativa resultou das discussões havidas noCongresso Interamericano de Educação emDireitos Humanos, realizado em Brasília. OGrupo de Trabalho (GT) tem por objetivopromover a troca de experiências sobre os PlanosNacionais de Educação em Direitos Humanos;incentivar o intercâmbio entre cursos de pós-graduação; e construir um mapa dessasexperiências na América Latina.

Combate à homofobia: a iniciativa tem porobjetivo articular os países do Bloco diante deuma posição comum para promover o tema noConselho de Direitos Humanos da ONU e emoutros fóruns internacionais. Ao mesmo tempo,visa a erradicar a discriminação por orientação

sexual nos países do Mercosul. Dentre outrasações, destaca-se o lançamento de umacampanha regional contra a homofobia, quevem sendo discutida com a sociedade civil noâmbito da RAADH.

Protocolo facultativo da convenção contra atortura: a Presidência Pro Tempore paraguaiaorganizou o primeiro Seminário Regional sobrea implementação deste protocolo. O eventoproporcionou o intercâmbio de experiênciasentre a sociedade civil e a academia sobre acriação dos mecanismos nacionais de prevençãoda tortura nos países do Bloco.

Grupo de Trabalho contra

a discriminação, o racismo

e a xenofobia

Em setembro de 2005, a Reunião de AltasAutoridades Competentes em Direitos Humanosdecidiu criar o Grupo de Trabalho contra adiscriminação, o racismo e a xenofobia, com o

objetivo de dimensionar o problema dadiscriminação racial no Mercosul, promover ointercâmbio sobre políticas nacionais e formularprogramas regionais de combate à discriminação.A atuação do governo brasileiro no GT écoordenada pela Secretaria Especial de Promoçãode Políticas da Igualdade Racial (Seppir). O GTatua de acordo com recomendações interna-cionais, como as da Conferência Mundial contrao Racismo, Discriminação Racial, Xenofobia eIntolerâncias Correlatas.

A participação ativa da sociedade civil contribuiupara a ampliação da abordagem do tema,incorporando à discussão outras formas de

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discriminação. Em agosto de 2007, porexemplo, realizou-se em Montevidéu umSeminário sobre Diversidade Sexual, Identidadee Gênero. Na oportunidade, decidiu -se pelacriação de um Subgrupo de Trabalho sobrediversidade sexual, responsável pela formulaçãode políticas regionais para erradicar adiscriminação por orientação sexual eidentidade/expressão de gênero no Mercosul.

O GT se reuniu para aprovar um plano de trabalhode apoio às iniciativas articuladas de combate aoracismo e a todas as formas de discriminação no

A promoçãodos Direitos Humanos no

Mercosul acentua umconjunto de direitosinterdependentes e

universais

“Comprometemo-nos com a promoção e a proteção dos Direitos Humanos no Mercosule Estados associados, saudando a criação do Grupo de Trabalho sobre Educação e Culturaem Direitos Humanos e enfatizando a importância de assegurar o direito à verdade e àmemória, reconhecer as vulnerabilidades dos migrantes e refugiados nos países do bloco,estabelecer estratégias de cooperação contra a violência e discriminação sexual, racial eétnica, a prostituição infantil e o tráfico de seres humanos e de elaborar uma declaração decompromisso comum para a promoção e a proteção dos direitos da criança e doadolescente. Especial atenção deve ser dada aos direitos dos povos originários,particularmente, nas regiões de fronteira.”

“Enfatizamos a necessidade de articulação entre os movimentos e organizações sociais epopulares e governos para garantir continuidade, no Mercosul e Estados associados, dasrecomendações da Conferência Regional das Américas sobre os avanços e desafios no Planode Ação contra o Racismo, a Discriminação Racial, a Xenofobia e Intolerâncias Correlatas.Deve ser estimulada a troca de experiências e melhores práticas para a promoção da igualdaderacial no bloco. Exortamos os governos a implementar o Plano de Ação de Durban e estabelecernovos mecanismos de avaliação de progressos e desafios no combate ao racismo e todas asformas de discriminação nos países do Mercosul.”

Mercosul. A participação da sociedade civil é umdos pontos prioritários do plano.

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JUVENTUDE

CONQUISTA FORO

ESPECIALIZADO

NO MERCOSUL

Políticas públicas paraa juventude começam a ser

discutidas no Bloco

De acordo com a Organização Internacional doTrabalho, 10 milhões de jovens latino-americanos entre 15 e 24 anos estão desempre-gados, 30 milhões atuam na economia informale aproximadamente 22 milhões não estudamnem trabalham. Caso não seja enfrentada com

o sentido de urgência que exige, essa situaçãoacabará por comprometer os esforços realizadosem favor da inclusão social em grande parte daregião. Diante dessa realidade, a discussão sobrea juventude começa a ter destaque também noâmbito do Bloco, como demonstra a recentecriação da Reunião Especializada de Juventude(REJ) do Mercosul.

A REJ foi instituída em julho de 2006, durantea Cúpula de Chefes de Estado do Mercosul, emCórdoba, Argentina. Trata-se de um órgão deassessoramento do Grupo Mercado Comum(GMC) para os temas relativos à juventude.

Anteriormente à sua criação, a discussão do temajá se fazia presente em outras instâncias e órgãosassessores do Mercosul, como na ReuniãoEspecializada da Agricultura Familiar (Reaf) e naReunião Especializada da Mulher (REM). A REJtem por objetivo promover a articulação entreos órgãos governamentais nacionais dejuventude e estimular o diálogo entre essesórgãos e a sociedade civil de cada país.

A sessão inaugural da REJ ocorreu durante aCúpula de Chefes de Estado do Rio de Janeiro,em janeiro de 2007, sob a Presidência ProTempore do Brasil, com a participação do Brasil,da Argentina, do Paraguai, da Venezuela e daColômbia (como observadora). O Uruguaimanifestou posteriormente seu referendo àsdecisões da reunião.

Um exemplo da consolidação do tema juventudeno âmbito do debate sobre a integração regionalfoi a adesão do Brasil à Organização Ibero-Americana de Juventude (OIJ), plataforma jáintegrada por Argentina, Paraguai, Venezuela eUruguai. A OIJ trabalha a Convenção Ibero-Americana dos Direitos dos Jovens como suaprincipal agenda pública, com o objetivo deconstituir um marco jurídico sobre os direitosdos jovens, com peso de tratado internacional.

No âmbito do Mercosul, a Convenção já éreconhecida por Paraguai, Uruguai e Venezuela.Outra ação da OIJ que envolve o Bloco é aconstrução do Plano Ibero-Americano deJuventude, processo de estudos e pesquisas quebusca consolidar uma agenda mínima comumentre os governos na temática de juventude.

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“Entendemos que o desenvolvimento social e econômico do Mercosul passa pelaelaboração, implementação, monitora-mento e avaliação de políticas públicas de juventudeque se articulem transversal-mente com as políticas de educação, trabalho decente, cultura,saúde, segurança pública, intercâmbio de jovens, turismo, meio ambiente, esporte e lazer.As políticas públicas de juventude devem ser compreendidas como prioridade por todasas gerações e devem, necessariamente, contemplar o estímulo à participação dos jovensnas esferas de decisão do Bloco.”

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VISTO DE

PERMANÊNCIA

AMPLIA

INTEGRAÇÃO

Livre circulaçãofacilita trabalho temporário

e atividades produtivasno Mercosul

A circulação de pessoas é um dos indicadoresde um estágio mais avançado de integração doque o de União Aduaneira, no qual ainda seencontra o Mercosul. A aprovação do VistoMercosul antecipa, portanto, um aspecto daintegração que desejamos para o futuro próximoe que permitirá a todo cidadão do Mercosulcircular livremente entre os países-membros.

Acordo sobre Residência

O Acordo sobre Residência para Nacionais dosEstados Partes do Mercosul foi assinado porBrasil, Argentina e Uruguai, em 2006, com oobjetivo de possibilitar a obtenção de visto deresidência aos nacionais de um Estado Parte quedesejam residir num dos países sócios. O Para-guai ainda estuda sua adesão, o que não impediuque o acordo passasse a vigorar no Brasil, naArgentina e no Uruguai.

O Visto Mercosul tem por objetivo facilitar acirculação temporária de pessoas físicasprestadoras de serviços no território do Bloco.A iniciativa beneficia gerentes e diretores-executivos, administradores, diretores ourepresentantes legais, cientistas, pesquisadores,professores, artistas, desportistas, jornalistas,técnicos qualificados ou especialistas eprofissionais de nível superior. O VistoMercosul promoverá maior circulação dessesprofissionais entre os Estados Partes,viabilizando a ampliação dos negócios e docomércio de serviços.

O Mecanismo para o Exercício ProfissionalTemporário outorga licenças, matrículas oucertificados para a prestação temporária de

O Mercosul tem avançado no processo deliberalização e harmonização dos compromissosentre os países-membros no que se refere aoacesso a mercados. A livre circulação das pessoastambém avançou nos últimos anos.

O Grupo de Serviços do Mercosul, âmbito noqual o tema é tratado, registra resultadosimportantes no que diz respeito à internalizaçãode normas relativas ao Acordo para Criação doVisto Mercosul, o Mecanismo para o ExercícioProfissional Temporário e o Acordo paraFacilitação de Atividades Empresariais.

Esses acordos possibilitam a integração sociale aproximam o Mercosul do dia-a-dia doscidadãos. Tanto para os trabalhadores, quebuscam oportunidades de emprego, quantopara as empresas, que exploram novosnegócios, a livre circulação é uma condiçãoessencial da integração.

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serviços por profissionais universitários ou denível técnico. Os acordos de reconhecimentomútuo entre entidades profissionais dos EstadosPartes são um dos principais instrumentos paraharmonizar as normativas no interior dos paísesdo Bloco, para regulamentar e fiscalizar oexercício profissional dos trabalhadores noMercosul.

Também foram criados grupos de trabalho como objetivo de desenvolver mecanismos e futurosacordos de reconhecimento mútuo para asseguintes profissões: Comissão de Integração deAgrimensura, Agronomia, Arquitetura, Geolo-gia e Engenharia para o Mercosul (Ciam);Comitê de Nutricionistas do Mercosul(Conumer); Enfermagem; Câmaras de Imobili-árias de Mercosul (Cimech); ConferênciaPermanente de Entidades de Regulamentação eFiscalização Profissional da Área Química dosPaíses do Mercosul (Proquimsu).

O Regime de Facilitação de AtividadesEmpresariais no Mercosul consiste em um vistode residência temporária ou permanente paraempresários nacionais do Mercosul e visa aeliminar progressivamente os obstáculosexistentes para o estabelecimento de empresáriosde um Estado Parte no território dos demaispaíses. Esse instrumento incentiva a eliminaçãode barreiras ao comércio e maior integraçãoentre a classe empresarial dos países doMercosul, alavancando investimentos e novosnegócios, com a conseqüente criação de novosempregos na região.

Atualmente, são reconhecidas as seguintescategorias de prestadores de serviço pelos

Estados Partes: transferências intracorporação,visitantes de negócios, prestadores de serviçossob contrato e profissionais independentes.

A VI Rodada de Negociações do Grupo deServiços do Mercosul, finalizada em 2006,apresentou significativas mudanças e avançosreferentes ao modo de prestação de serviços pormovimento temporário de pessoas físicas. Forammodificados os aspectos mais restritivos aoavanço das negociações a fim de promovermaior liberalização dos compromissos, como abusca da simetria normativa e o aumento dosprazos de permanência dos prestadores deserviços no território de cada sócio, assim comoa retirada de barreiras que possam interferir notrabalho dos profissionais que prestam serviçosem outro Estado Parte.

A aprovaçãodo Visto Mercosul

antecipaum aspecto da

integração que desejamospara o futuro

próximo e que permitiráa todo cidadão

do Mercosulcircular livremente

entre ospaíses-membros

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O DIREITO ÀPREVIDÊNCIA SOCIAL

NO MERCOSUL

Trabalhadores podem contaro tempo trabalhado em países

do Bloco para garantirbenefícios previdenciários

se contarem apenas o tempo de contribuição emum dos países nos quais residiu. A forma decorrigir essa descontinuidade da previdênciasocial e de evitar risco de pobreza dos migrantesna velhice é a celebração de acordos internaci-onais de previdência entre os países.

Acordo Multilateral de Seguridade

Social do Mercosul

Os acordos internacionais na área da previdênciasão os instrumentos jurídicos que possibilitamque o tempo de contribuição em paísesdiferentes seja considerado válido em todospaíses acordantes para garantir o benefícioprevidenciário proporcional ao tempo decontribuição em cada um deles. Dessa forma, ostrabalhadores poderão computar o tempotrabalhado nos países signatários e garantir seusbenefícios. O Brasil já mantinha acordosbilaterais com Argentina, Paraguai e Uruguai.

O Acordo Multilateral de Seguridade Social doMercosul foi assinado em 1997, no Uruguai,pelos chanceleres da Argentina, do Brasil, doParaguai e do Uruguai, durante a XIII Reuniãodo Conselho do Mercado Comum, e teve suavigência fixada em 2005, em substituição aosacordos bilaterais existentes entre os EstadosPartes. A entrada em vigor do acordo doMercosul não prejudica os direitos adquiridosna vigência dos acordos bilaterais.

São garantidos os seguintes benefícios para quematua em mais de um país no âmbito do acordo:aposentadoria por idade (voluntária oucompulsória), aposentadoria por invalidez,auxílio-doença e pensão por morte. Outra

A intensificação do processo de integraçãoregional e da globalização facilita a ampliação dosfluxos migratórios. O mesmo fato acontece noMercosul e, de forma ainda mais acentuada, nasregiões de fronteira.

O Brasil deixou de ser um país exclusivamentereceptor de mão-de-obra para se converter numpaís também de migrantes. Atualmente, milharesde brasileiros vivem, estudam e trabalham noexterior. O Mercosul é o destino de muitosbrasileiros e o mesmo ocorre com os nacionaisdos demais países: é comum que um cidadãodo Mercosul resida e trabalhe no país vizinho.

Do ponto de vista da previdência social, amigração traz como conseqüência o fato de quemuitos trabalhadores, ao contribuírem parasistemas previdenciários em países diferentes,correm o risco de não completar os requisitospara obter aposentadoria ou outros benefícios

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proteção prevista é a isenção de contribuição nopaís de destino durante o deslocamentotemporário inferior a 12 meses, prorrogável porigual período, desde que autorizado pelo paísde destino. Nesse período, o trabalhadormantém seu vínculo e direitos sempre no paísde origem, não necessitando, portanto, requereresse tempo trabalhado na forma do acordo.

No Brasil, o acordo é operacionalizado peloInstituto Nacional de Seguridade Social (INSS),de forma descentralizada, mediante 14organismos de ligação vinculados às gerências-executivas do INSS em Manaus, Salvador,Fortaleza, Goiânia, Cuiabá, Belo Horizonte,Belém, Curitiba, Recife, Rio de Janeiro, PortoAlegre, Florianópolis, São Paulo e DistritoFederal, que são responsáveis pela análise e pelaconcessão dos benefícios.

Direitos e obrigações

A aplicabilidade do Acordo Multilateral de

Seguridade Social do Mercosul depende dauniformidade de entendimento do que sejamdireitos e do que sejam obrigações, tanto dostrabalhadores, quanto dos Estados Partes. Esseentendimento deve ser baseado em terminologiacomum e interpretação também comum de seusignificado. Para harmonizar a terminologiarelativa à seguridade social foi constituído Grupode Trabalho Interministerial (Ministérios daPrevidência Social, da Saúde e do Desenvol-vimento Social e Combate à Fome). O GT tem afinalidade de elaborar uma nomenclatura daseguridade social brasileira, que será comparadacom as dos demais países-membros doMercosul, visando a facilitar o entendimento e

a uniformizar a compreensão do significado dasdiferentes nomenclaturas.

O Brasil também apresentou aos demais paísesintegrantes do Mercosul, no âmbito doSubgrupo de Trabalho no 10 (Assuntos laborais,emprego e seguridade social – SGT No 10), aproposta de elaboração de uma declaração de

princípios da seguridade social dos países-membros, com o objetivo de criar um ins-trumento que permita o balizamento dalegislação de cada Estado Parte em conformidadecom tais princípios.

Além disso, o Brasil tem contribuído para essedebate no campo da tecnologia. A Empresa deTecnologia e Informações da Previdência Social(Dataprev) é responsável pelo desenvolvimentodo sistema que permitirá o intercâmbio de dadosde seguridade social entre os países do Mercosule agilizará a concessão de benefícios no âmbitodo Acordo Multilateral de Previdência Social doMercosul aos trabalhadores migrantes.

O AcordoMultilateral de Seguridade

Social do Mercosulfoi assinado em 1997,

no Uruguai, peloschanceleres da Argentina,

do Brasil, do Paraguaie do Uruguai

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O sistema será utilizado pelos órgãos deseguridade social da Argentina, do Brasil, doParaguai e do Uruguai. O Brasil também sedestaca no desenvolvimento de estudo sobre aprevidência social nas fronteiras do Bloco.

O Acordo de Seguridade Social do Mercosulrepresenta um avanço significativo para aextensão dos direitos previdenciários paratrabalhadores migrantes formais, de modo quevários tipos de benefícios podem sercombinados para proporcionar uma coberturaadequada para as populações do Bloco. Aagenda de integração regional, contudo, aindatem importantes desafios pendentes para omédio e longo prazos, como o de propor-cionar maior integração para os pequenosprodutores, o de acolher de maneira maisadequada a produção integrada ao longo dasfronteiras, o de possibilitar a liberação dacirculação de trabalhadores e o de construiruma cidadania regional.

O Acordo deSeguridade Social

do Mercosulrepresenta

um avanço significativopara a extensão

dos direitosprevidenciários

para trabalhadores

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TURISMO

SUSTENTÁVEL

E INCLUSÃO SOCIAL

NO MERCOSUL

Promoção dodesenvolvimento regional

por meio do turismo

e de certificação do turismo sustentável deambos os lados da fronteira. O Brasil tambématua em parceria com o Chile para odesenvolvimento do turismo social, já que opaís andino desenvolve há sete anos programasespecíficos para incentivar as viagens deaposentados e estudantes.

No âmbito do Mercosul, as negociaçõesacontecem nas Reuniões de Ministros de Estadode Turismo e nas Reuniões Especializadas emTurismo do Mercosul. Ambas atuam com vistasa coordenar as políticas de turismo, promovero aumento do turismo intrabloco, assim comoentre o Mercosul e os países terceiros.

Merecem destaque o Projeto de PromoçãoTurística do Mercosul no Japão – com atuaçãoconjunta dos quatro países, em parceria com aAgência Japonesa de Cooperação Internacional(Jica), com o objetivo de aumentar o fluxo deturistas japoneses para a região – e o Projeto deFronteiras, que busca eliminar os entraves aofluxo de pessoas entre as fronteiras do Mercosul,com o objetivo de facilitar o trânsito de turistase fortalecer o intercâmbio regional.

Combate ao turismo sexual de

crianças e adolescentes

Outra ação que traz importantes resultados paraa região é o Programa Turismo Sustentável eInfância, coordenado pelo Brasil. Esse programafoi idealizado por orientação do presidente LuizInácio Lula da Silva e tem por objetivo ampliar aproteção de crianças e adolescentes contra todasas formas de violência e exploração sexual.

O Ministério do Turismo (MTur) busca associaro apoio à atividade turística às políticas deinclusão social, realçando o vínculo entre aprática do turismo e o desenvolvimentosustentável. O "Plano Nacional de Turismo2007-2010: Uma viagem de inclusão" traz as

principais estratégias do governo para o setornos próximos quatro anos. Alinhada aoPrograma de Aceleração do Crescimento (PAC),a proposta tem como foco a inclusão social eprioriza o fortalecimento do mercado interno,além de estimular a geração de empregos e aredução das desigualdades regionais por meiodo fortalecimento do turismo.

A atuação do Ministério do Turismo tambémé verificada no plano externo, sobretudo noque diz respeito às relações com os países doMercosul e Estados Associados. Com aArgentina, por exemplo, é desenvolvidacooperação técnica nas áreas de pesca esportiva

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Ao Ministério do Turismo cabem ações rela-cionadas à cadeia produtiva do turismo, àsociedade civil e a representantes de diversosórgãos e instituições públicas ligadas ao setor.São realizadas campanhas publicitárias emgrandes eventos e feiras regionais, seminários desensibilização com funcionários e empresáriosda cadeia produtiva para combater e punirpráticas de violência sexual contra criançasassociadas ao turismo.

Com o foco na proteção e na garantia dosdireitos da criança, o programa visa a esclarecere a fomentar no setor turístico a adoção deprojetos de responsabilidade social corporativae a estimular a mobilização social para apromoção e a proteção dos direitos da criança.O MTur também coordena um grupo de açãoem parceria com os países da América Latina,tendo como objetivo a implantação do programanesses países.

O Ministériodo Turismo (MTur)

busca realçaro vínculo

entre a práticado turismo

e o desenvolvimentosustentávelno Mercosul

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O ESPORTE

COMO FATOR DE

INCLUSÃO SOCIAL

E DESENVOLVIMENTO

REGIONAL

Promover aintegração do esporte

no Mercosul

Esporte e da Recreação, promovido pelaUniversidade Ibero-americana da Venezuela em2007; e o Mercomovimento, evento da RedeMercocidades, realizado em Santa Maria - RS,em 2007.

O Brasil também participa do projeto Futebol deRua, lançado por iniciativa da Argentina e voltadopara a inclusão social de crianças e adolescentescarentes do Mercosul. O projeto pretendepromover o desenvolvimento humano por meiodo futebol, esporte tão popular na região.

Jogos Sul-Americanos

Escolares de 2008

O governo brasileiro tem apoiado os Jogos Sul-americanos Escolares, que estão em sua 13a

edição. Esses jogos buscam desenvolver oesporte escolar, respeitando as peculiaridades dascrianças entre 12 e 14 anos, com finalidadeseducacionais, culturais e de integração regional.Os jogos são planejados e executados a partir

de reuniões dos técnicos responsáveis pela áreaem cada país e então aprovados pelo ConselhoSul-Americano do Esporte (Consude). O Brasilvai sediar a próxima edição dos Jogos, que serárealizado em 2008, no Rio de Janeiro.

Em 2006, o Brasil foi sede dos Jogos Sul-Americanos Universitários, que ocorreram emCuritiba, Paraná. O evento serviu para aproximaros objetivos do esporte universitário doprocesso de integração regional, por meio dotrabalho conjunto entre a ConfederaçãoBrasileira de Desporto Universitário (CBDU) ea Confederação Sul-americana de DesportoUniversitário (COSUD).

O esporte é um dos principais meios para ainclusão social de crianças e jovens em situaçãode vulnerabilidade, além de cumprir umimportante papel econômico como gerador deemprego e renda. É a partir do entendimentodo esporte como um meio de desenvolvimento

das nações e da região que o Ministério doEsporte vem trabalhando pelo fortalecimento dotema junto aos países do Mercosul. Os objetivossão democratizar o acesso ao esporte, elevar onível técnico e captar a realização de grandeseventos esportivos nos países do Bloco.

Para atingir tais metas, o Brasil tem participadode eventos regionais promovidos pordiferentes instituições governamentais, não-governamentais e acadêmicas da região, comoo Congresso Nacional de Desporto Social,realizado na Argentina, em 2007; o Encontrodo Fórum Latino-americano e do Mercosul deDemocratização da Educação Física, do

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O Brasil vai sediar ainda o maior eventoesportivo do mundo no âmbito universitário –as Universíades – em 2013, conquista impor-tante para a América do Sul. Todos esses eventoscontam com participação dos Estados Partes eAssociados do Mercosul.

O Pan do Brasil

Os Jogos Pan-Americanos realizados no Rio deJaneiro em 2007 propiciaram a realização denumerosas reuniões bilaterais entre os paísesda América do Sul presentes na competição.Nessas oportunidades, os vizinhos sul-americanos mostraram-se interessados emestabelecer cooperação com o Brasil no campodo esporte, principalmente em torno deexperiências como o Programa SegundoTempo, Pintando a Liberdade e Esporte e Lazerda Cidade, progra-mas focados nademocratização do acesso ao esporte e nainclusão social.

O Brasil tem assento no Conselho Sul-americanode Desporto (Consude) e já o presidiu de 2003 a2005. O conselho reúne os Ministros do Esportecom o objetivo de desenvolver ações conjuntasna região, tanto para o esporte escolar, quantopara aprofundar o intercâmbio técnico, científicoe de gestão pública. Nesse foro, o Brasil participouda comissão que propôs um termo decooperação entre esses países, colocando ainclusão social por meio do esporte como fatorpreponderante para o desenvolvimento regional.

Em 2007, o Brasil foi escolhido pela Fifa para sediar aCopa do Mundo em 2014. O futebol é o esporte maispopular entre os países do Bloco e a escolha do Brasil,sem dúvida, vai ampliar o intercâmbio de turistas doBloco. A primeira Copa do Mundo no Brasil foirealizada em 1950 e em 2014 o país será sede de umaCopa pela segunda vez na história. Em 1978, foi a vezda Argentina sediar o mundial. O Uruguai e o Chiletambém foram anfitriões das Copas do Mundo de1930 e 1962, respectivamente.

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• Fortalecer a integração política, econômica, social e cultural pelo esporte, construindoespaços de unidade, identidade e elaboração conjunta nos eventos esportivos regionais.• Estabelecer cooperação efetiva entre os países da região, principalmente nas áreas com altoíndice de população em estado de vulnerabilidade social.• Promover o intercâmbio técnico e de gestão pública no âmbito da organização de grandeseventos esportivos, tendo como centro o desenvolvimento nacional e regional, combinandoprojeção técnica e organizativa com legados sociais.• Possibilitar a transferência de conhecimento e tecnologia sobre os programas esportivossociais (que visam à inclusão social) e sobre a realização das Conferências Nacionais de Esporte(experiência de participação social desenvolvida pelo Brasil).

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SEGURANÇA

PÚBLICA COM

CIDADANIA

NO MERCOSUL

Cuidar da segurançado cidadão do Mercosul

respaldar ações entre suas forças policiais, aexemplo do Acordo Marco sobre Cooperaçãoem Matéria de Segurança Regional, do PlanoGeral de Segurança Regional, do Sistema deIntercâmbio de Informações de Segurança doMercosul (Sisme) e do Compromisso de BuenosAires para a Segurança Regional.

Uma série de outros instrumentos de caráteroperativo procura complementar ações decombate a atividades delituosas específicas, entreelas o contrabando, a pirataria, o roubo deveículos e o terrorismo.

Segurança pública regional

As ações do Ministério da Justiça no campo dasegurança pública e na área migratória do Blocosão realizadas no âmbito institucional da Reuniãode Ministros do Interior do Mercosul (RMI),criada em 1996. Compete à Reunião deMinistros do Interior "avançar na cooperação ecoordenação das políticas e tarefas relativas à

segurança e à harmonização das legislações emáreas pertinentes, a fim de aprofundar o processode integração e dar segurança aos habitantes dospaíses que compõem o Mercosul".

A Reunião de Ministros do Interior trata detemas como o combate ao narcotráfico,terrorismo, lavagem de dinheiro, contrabando,tráfico de menores, roubo e furto de veículosautomotores, tráfico ilícito de material nuclearou radioativo, migrações clandestinas edepredação do meio ambiente.

Com o Compromisso de Buenos Aires sobreSegurança Regional no Mercosul, assinado na

Política migratória, segurança pública regional ecombate ao tráfico de pessoas são alguns dostemas especialmente sensíveis do processo deintegração. Nessa área, o objetivo primordial épromover a aproximação entre os habitantes daregião e facilitar a vida de todos. Já foram

firmados acordos que prevêem desde a isençãode tradução de documentos necessários àimigração, até a residência para cidadãos doMercosul, passando pela isenção de vistos e pelaregularização migratória interna.

Mas não basta facilitar o trânsito de bens e depessoas. Há também de combater a circulaçãoilegal de produtos e indivíduos. Por isso, temsido uma preocupação dos países do Mercosuldesenvolver mecanismos de combate aos ilícitostransnacionais, em especial ao crime organizado.

Os países da região já possuem instrumentosjurídicos, políticos e técnicos capazes de

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capital argentina, em 2006, constatou-se que oForo de Ministros de Interior já dispunha deuma estrutura jurídica e de um vasto acervo deacordos e protocolos em vigor para respaldarações integradas entre suas forças policiais,cabendo aos Estados Partes e Associados a tarefade implementá-los e operacionalizá-los.

Como forma de estabelecer prazos determinadose ações específicas para implementar asrecomendações do compromisso, os Ministrosdo Interior decidiram elaborar um plano de açãobianual de segurança pública do Mercosul,promovendo ampla cooperação para o combateà criminalidade, principalmente em quatro áreas:fortalecimento institucional da RMI, intercâmbiode informação de segurança, coordenação ecooperação operacional e capacitação.

Reestruturação institucional: para aproximar otrabalho entre as autoridades policiais e as deinvestigação criminal, de modo a facilitar ocombate aos delitos transnacionais na região, a

Reunião de Ministros do Interior do Mercosulfoi reestruturada e aprovou-se um novoregimento interno que está prestes a ser ratificado.

Aceleração da implementação do Sisme: está emfase de conclusão a implementação do Sistemade Intercâmbio de Informações de Segurança doMercosul (Sisme), que tem por objetivo agilizaro acesso às informações sobre veículos roubadose iniciar os trabalhos técnicos para a troca deinformações sobre pessoas e armas. Tambémserá elaborado um manual operativo parausuários do sistema.

Aumento das operações policiais coordenadas:serão implementadas ações com vistas à

coordenação e à cooperação operacional entreas forças policiais nacionais, com o objetivo deavaliar as operações existentes e ampliar ocalendário de futuras operações conjuntas.

Fortalecimento da capacitação policial:ampliação da oferta de cursos de capacitaçãoe diversificação das matérias abordadas;projeto de publicação de uma revista sobre

segurança pública do Mercosul, cujas fontesde financiamento estão por ser definidas;acesso às informações do Centro deCoordenação e Capacitação Policial na páginaoficial do Mercosul.

Merece destaque a atuação da Reunião deMinistros do Interior no que diz respeito àsegurança de grandes eventos. Os Jogos Pan-Americanos, realizados no Rio de Janeiro em2007, por exemplo, tiveram a cooperação e ointercâmbio de informações entre o Grupo deTrabalho sobre Terrorismo, o Grupo de Trabalhode Combate ao Tráfico Ilícito de MaterialNuclear e Radioativo e o Grupo de Trabalhosobre Segurança Cidadã.

Não bastafacilitar o trânsito

de bens e de pessoas;há de combater

a circulaçãoilegal de produtos

e indivíduos

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Na área migratória, o objetivo prioritário éimplementar o Acordo para Residência paraNacionais do Mercosul, que visa a garantir odireito dos cidadãos dos Estados signatários aestudar, trabalhar e residir temporariamente nospaíses do Bloco. No plano internacional, oMercosul defende a integração das pessoas e otratamento dos estrangeiros sob a ótica dosDireitos Humanos, e não do direito penal.

Reunião de Ministros da Justiça

A Reunião de Ministros da Justiça (RMJ) foi criadana primeira Reunião do Conselho do MercadoComum (CMC), em dezembro de 1991. Suaprincipal função é desenvolver a cooperação jurídicae harmonizar as legislações na área da justiça.

Em preparação à reunião ministerial, realiza-se,três vezes por semestre, o Encontro da ComissãoTécnica, instância de assessoramento e elaboraçãodos diversos acordos submetidos à ReuniãoMinisterial. Subordinado à Comissão Técnica, érealizado o Encontro do Foro de AutoridadesCentrais em Matéria de Cooperação JurídicaPenal, destinado a acompanhar e estabelecermecanismos comuns com vistas à efetivaimplementação do Protocolo de AssistênciaJurídica Mútua em Matéria Penal do Mercosul.Há ainda o Foro de Autoridades Centrais emMatéria de Extradição e o Foro de AutoridadesCentrais em Matéria de Transferência de Presos,destinados, respectivamente, à implementação doAcordo sobre Extradição entre os Estados Partesdo Mercosul e do Acordo sobre Transferênciade Pessoas Condenadas entre os EstadosPartes do Mercosul.

Durante a última Presidência Pro Temporebrasileira (2o semestre de 2006), deu-se segui-mento às ações para fortalecer, intensificar eagilizar a cooperação jurídica em matéria civil,penal e comercial entre os Estados Partes.A Presidência Pro Tempore brasileira também ela-borou e publicou o Compêndio de NormasEmanadas da Reunião de Ministros da Justiçado Mercosul, que trata diferentes temas, comoa cooperação jurídica, as medidas cautelares, aarbitragem comercial, a extradição, a relação deconsumo, transporte e pessoas condenadas.

Também foi publicado o Guia de Boas Práticaspara extradição, que tem por objetivo tornar otrâmite processual mais ágil, seguro, eficaz eeconômico, bem como prestar esclarecimentossobre o assunto para os interessados.

O campo de abrangência da RMJ é amplo einclui, entre outros temas, a prevenção, a repres-são e a punição ao tráfico de pessoas; a proteçãodos menores; a garantia de tratamento eqüitativoaos cidadãos e cidadãs do Mercosul; garantiado livre acesso à justiça para defesa dos direitosdos cidadãos do Mercosul; a harmonização daslegislações nacionais.

Prioridades para o futuro

• Publicação do Guia de Boas Práticas emrelação à assistência jurídica mútua em matériade tráfico de pessoas, visando a melhordivulgação das normas dos Estados do Blocojunto aos opera-dores de justiça e às pessoasvinculadas à pre-venção, à repressão e àpunição do tráfico de pessoas.

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• Reconhecer a importância da cooperaçãoentre as forças de segurança e policiais com osorganismos responsáveis pela cooperaçãojurídica internacional em matéria penal, a fim delutar contra o crime organizado transnacional edelitos correlatos.

• Instrumentar a criação de uma rede capaz deidentificar os pontos de contato institucionaisentre as autoridades envolvidas diretamente coma aplicação da cooperação jurídica internacional.

• Dar continuidade ao combate ao tráfico depessoas, com a possibilidade de realizarinvestigações e operações policiais conjuntas.

No plano internacional,o Mercosul

defende a integraçãodas pessoas

e o tratamentodos estrangeiros

sob a óticados Direitos Humanos,

e não dodireito penal

“Exortamos nossos governos a ratificar a Convenção das Nações Unidas para a Proteçãodos Direitos dos Trabalhadores Migrantes e suas Famílias e promover a respectiva normativado Mercosul com vistas à convergência dos marcos jurídicos desses direitos em nossos países,respeitando os direitos humanos dos migrantes independentemente de seu status migratórioe multiplicando esforços para combater o tráfico de pessoas e a exploração sexual. Enfatizamosque as mulheres e as crianças são mais vulneráveis e expostas às violações desses direitos.”

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PARTICIPAÇÃO DE

ESTADOS E MUNICÍPIOS

ESTIMULA ADESCENTRALIZAÇÃO

Foro Consultivo de Municípios,Estados Federados, Províncias

e Departamentos aproximao Mercosul do cidadão

Mercosul. É composto por dois comitês: o demunicípios e o de estados federados, provínciase departamentos. Cada país-membro designa atédez representantes para cada comitê. Oacompanhamento das ações da FCCR é feitopelos coordenadores nacionais designados porseus governos e as reuniões do FCCR ocorremno marco das Cúpulas dos Presidentes doMercosul.

O FCCR reúne os governos subnacionais dosEstados Partes em torno da agenda comum doMercosul e da integração regional, valorizandoe potencializando as diversas experiências emandamento, tais como relações entre governosestaduais, redes de cidades, consórciosmunicipais binacionais, entre outras. Ainstituição do FCCR dinamiza e renova a agendapolítica do Mercosul, aproximando-o ainda maisdos governos nacionais, estaduais, regionais,locais e da sociedade civil.

No âmbito do Plano de Ação elaborado peloComitê de Estados, foram definidos encontrosentre governadores das diversas sub-regiões.O primeiro deles, realizado na província deTucumán, Argentina, reuniu governadores doNordeste brasileiro e do Noroeste argentino. Naoportunidade, governadores e ministros deEstado dos dois países assinaram a Agenda deTucumán, que previa ações de cooperação nasáreas de desenvolvimento regional, turismo,técnico-científica e universitária. O próximoencontro previsto ocorrerá em Belém do Pará,no Brasil, e reunirá governadores e autoridadesdas regiões platina, andina e amazônica doMercosul.

Em 2007, no Rio de Janeiro, durante a Cúpula deChefes de Estado do Mercosul, foi instalado o ForoConsultivo de Municípios, Estados Federados,Províncias e Departamentos do Mercosul (FCCR),em resposta a uma demanda dos governos locaisda região. O Foro busca orientar os governosnacionais sobre a importância dos atores locais naintegração regional. Trata-se do espaço insti-tucional que garante a participação das autoridadesregionais e locais – governadores e prefeitosdiretamente eleitos – no Mercosul. O FCCRfortalece a dimensão política e a legitimidadedemocrática do Bloco e aproxima o Mercosul docidadão, descentralizando e democratizando oprocesso de integração.

Criado na Cúpula de Ouro Preto, em 2004, oForo Consultivo é um organismo vinculado aoGrupo Mercado Comum e constitui-se comoespaço de participação direta dos governossubnacionais na estrutura institucional do

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Coordenação nacional

Subchefia de Assuntos Federativos da Secretaria de Relações Institucionaisda Presidência da República

Comitê de municípios

Santo André (SP)Prefeito João AvamilenoCoordenador do comitê de municípios

São Carlos (SP)Prefeito Newton Lima

Belo Horizonte (MG)Prefeito Fernando Pimentel

Bagé (RS)Prefeito Luiz Fernando Mainardi

Conselho de Desenvolvimento dosMunicípios Lindeiros do Lago de ItaipuPrefeito Cláudio Dirceu Eberhard

Frente Nacional de PrefeitosPrefeito João Paulo Lins e Silva

Associação Brasileira de MunicípiosPresidente José do Carmo

Confederação Nacional de MunicípiosPresidente Paulo Ziulkoski

Comitê de estados, provínciase departamentos

ParáGovernadora Ana Júlia CarepaCoordenadora do Comitê de Estados

AcreGovernador Binho Marques

AmazonasGovernador Eduardo Braga

BahiaGovernador Jaques Wagner

PernambucoGovernador Eduardo Campos

Espírito SantoGovernador Paulo Hartung

Rio de JaneiroGovernador Sérgio Cabral

Mato GrossoGovernador Blairo Maggi

ParanáGovernador Roberto Requião

Rio Grande do SulGovernadora Yeda Crusius

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“Os governadores, os prefeitos e os representantes de governos locais, membros do FCCRde municípios, estados federados, províncias e departamentos do Mercosul, e os representantesdos governos nacionais, reunidos na cidade do Rio de Janeiro, Brasil, em 18 de janeiro de2007, por ocasião da instalação do FCCR, declaram:

A integração dos países da América do Sul consolida-se de forma cada vez mais efetiva. Avalorização da diversidade e da cooperação evidencia a força de nossos povos e aponta novoscaminhos e possibilidades promissoras para a busca de um destino compartilhado.

A contribuição do Mercosul para esse processo é fundamental. Os avanços conquistadospelas populações dos países-membros são inegáveis. Para seguir progredindo, no entanto,o Bloco deverá fortalecer-se, incorporando cada vez mais o conjunto das sociedades que ocompõem e lhe dão legitimidade.

A nova institucionalidade do Bloco, representada pela criação do Parlamento do Mercosul eda Cúpula Social, entre outras iniciativas, oferece a oportunidade de aprofundar o Mercosule fazê-lo chegar aos cidadãos, criando uma cidadania mercosulina e uma identidade sul-americana.

O FCCR, como uma conquista dos governantes locais, regionais e nacionais, significa umespaço concreto de participação desses atores, capazes de dar resposta aos desafios daintegração e do desenvolvimento nas escalas regional e local.

Nesse sentido, propõem:

1. Estabelecer o compromisso de trabalhar pela consolidação do Mercosul, por meio da açãoconjunta entre os governos local, regional e nacional.

2. Iniciar os trabalhos do FCCR, com base nas propostas feitas pelos representantes duranteas reuniões do Comitê de municípios e de estados federados, províncias e departamentos,com a finalidade de contribuir para o fortalecimento e a concretização da Agenda do Mercosul.

3. Privilegiar o relacionamento com as demais instâncias do Mercosul, em particular com oParlamento do Mercosul, com a Comissão de Representantes Permanentes do Mercosul, oForo Consultivo Econômico e Social, o Foro de Consulta Concertação e Política e o ProgramaSomos Mercosul.

Assim, na presença do Presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, os governantes locais eregionais assumem o compromisso de trabalhar intensamente pelo avanço do Mercosul emtodas as suas esferas e desejam que a Cúpula de Chefes de Estado do Mercosul seja bem-sucedida, permitindo a construção de um Mercosul mais cidadão.”

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Mercocidades

A Rede Mercocidades foi fundada em 1995 poriniciativa de prefeitos de cidades importantesdo Mercosul com o objetivo de favorecer aparticipação dos municípios no processo deintegração regional, promover a criação de umâmbito institucional para as cidades noMercosul e desenvolver o intercâmbio e acooperação horizontal entre os municípios daregião. Desde então, a Rede tem ampliado eincorporado novos membros, contando hojecom mais de 180 cidades da Argentina, doBrasil, do Paraguai, do Uruguai, da Venezuela,da Bolívia, do Chile e do Peru, com umapopulação de mais de 80 milhões de pessoas.Atualmente, Mercocidades é a principal redede municípios do Mercosul e é consideradareferência no processo de integração.

Unidades temáticas

A Rede Mercocidades é composta por 13unidades temáticas que visam a construirprogramas conjuntos, trocar experiência e oconhecimento entre as cidades. Essas unidadestemáticas são coordenadas por distintas cidadesque são escolhidas anualmente na ocasião daAssembléia-Geral. São elas: Ambiente eDesenvolvimento Sustentável; Autonomia,Gestão e Financiamento Municipal; Ciência eTecnologia; Cultura; DesenvolvimentoEconômico Local; Desenvolvimento Social;Desenvolvimento Urbano; Educação; Gênero eMunicípio; Juventude; PlanejamentoEstratégico; Turismo; Segurança Cidadã.

Desde seu surgimento, a Rede Mercocidadesdesenvolve um constante trabalho para

institucionalizar a participação das cidades noMercosul. No ano 2000, a resposta dessa de-manda foi concretizada com a criação daReunião Especializada de Municípios eIntendências no Mercosul (Remi). Essa primeiraexperiência foi substituída pelo Foro Consultivode Municípios, Estados Federados, Provínciase Departamentos do Mercosul (FCCR).

Com a instalação do FCCR, a Rede Merco-cidades assumiu a coordenação provisória doComitê de Municípios.Na Cúpula seguinte,realizada na cidade de Assunção em 30 de junhode 2007, foi apresentada uma proposta deregulamento para o Foro e, por consenso, foidecidido que Mercocidades continuariacoordenando o Comitê de Municípios atédezembro de 2008.

Hoje, mais de 35% das cidades que fazem parteda Rede são brasileiras. As cidades de SantoAndré, Belo Horizonte e Porto Alegre já foramsede da Secretaria-Executiva de Mercocidades, ea Rede tem três assentos no Comitê deMunicípios, atualmente ocupados pelas cidadesde São Carlos, Belo Horizonte e Santo André,sendo esta última a responsável pela coordenaçãodo trabalho das cidades brasileiras no Comitê.

Mercocidadesreúne mais de 180 cidades

da Argentina, do Brasil,do Paraguai, do Uruguai,

da Venezuela, daBolívia, do Chile

e do Peru

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COMUNICAÇÃO SOCIAL:DEMOCRATIZAR

O ACESSO

À INFORMAÇÃO

NO MERCOSUL

Reunião Especializadade Comunicação Social

fortalece a divulgaçãodas ações do Bloco

A comunicação é ferramenta fundamental para ofortalecimento do processo de integração regional.Os resultados obtidos em pouco mais de um anode atividade da RECS mostram avanços dacooperação entre os Estados Partes, no que dizrespeito à política de comunicação, e revelam opotencial para viabilizar novas alternativas deintegração na área da comunicação.

Déficit de informação

Em todos os países do Mercosul há um déficit deinformação acerca da integração. A RECS desejaincrementar as ações nacionais de comunicação,buscando difundir o processo de integraçãoregional a partir da sensibilização nacional.

A reativação concomitante da RECS Brasil,integrada por profissionais de comunicação dediversos órgãos dos Poderes Executivo,Legislativo e Judiciário, visa a discutir e aapresentar soluções para essa situação noplano doméstico. Participaram da reunião daseção nacional órgãos como Radiobras,Furnas, Embrapa, TVE, Embratur, MEC,Supremo Tribunal Federal, Câmara dosDeputados e Senado.

A RECS realizou, em 2007, o Seminário"A Comunicação Pública no Processo deIntegração Regional", em Buenos Aires, comvistas a promover o intercâmbio de informaçõese o desenvolvimento de ações conjuntas eintegradas entre emissoras públicas de rádio, TVe agências de notícias dos países integrantes doMercosul. Durante os três dias de realização, oseminário reuniu cerca de 120 profissionais doscinco países. Os resultados do encontro foram

A Reunião Especializada de Comunicação Socialdo Mercosul (RECS) foi criada em 1998 com oobjetivo de "promover a realização de atividadesconjuntas tendentes a uma maior coordenaçãoe cooperação no plano informativo, de imprensae na difusão do processo de integração". Noentanto, essa primeira experiência decoordenação da comunicação no Mercosul, porrazões diversas, não teve continuidade.

Em 2005, por ocasião da Reunião do GrupoMercado Comum, no Paraguai, foi aprovada areativação da RECS. No segundo semestre de2006, a Venezuela também se incorporou. ASecretaria de Comunicação Social da Presidênciada República (Secom) e o Ministério dasRelações Exteriores são, desde o início, os órgãosbrasileiros responsáveis pelo acompanhamentodo tema.

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consolidados na "Carta de Buenos Aires",encaminhada aos chefes de Estado do Bloco.A Secretaria de Comunicação Social daPresidência da República do Brasil realizoupesquisa qualitativa, dentro do programa deatividades da RECS, com jornalistas que cobremo Mercosul há mais de dez anos e atuam emgrandes veículos de comunicação. A pesquisaindicou que, apesar de o tema despertar grandeinteresse nos veículos, há falta de informaçõespara a imprensa e para a população em geralsobre o funcionamento, os avanços e asdificuldades do Bloco.

A RECS Brasil também organizou o"Seminário sobre o Mercosul", voltado parajornalistas que cobrem a área internacional,com o objetivo de discutir temas específicosde interesse dos profissionais de imprensa, quedeverão cobrir as próximas Cúpulas dosPresidentes do Mercosul. Os especialistas,além de participar das palestras, responderama perguntas dos cerca de cinqüenta jornalistaspresentes. Os temas tratados foram Históricoe evolução do Mercosul; Comércio noMercosul; A educação no Mercosul;Perspectivas da saúde no Mercosul; Aestratégia Mercosul de Crescimento doemprego; e Parlamento do Mercosul.

Os próximos passos da RECS, já acor-dados entre os países-membros, prevêem asseguintes iniciativas:

• Produção de um portal de notícias do Mercosul.

• Realização do Segundo Seminário sobreMídia Pública.

• Realização de Seminário acerca da Comu-nicação na União Européia.

• Segundo curso sobre Mercosul parajornalistas, no Brasil.

• Realização, sempre antes das cúpulas de presi-dentes, de curso sobre Mercosul para jornalistas.

• Pesquisa acadêmica a respeito do papel daimprensa no Mercosul, liderada pelo grupo depesquisa ligado à Cátedra Unesco deComunicação Regional, sediado na UniversidadeMetodista de São Paulo.

As assimetrias internas no Bloco, as diferentesculturas e as experiências em comunicação decada país não têm impedido o avanço nasnegociações e na execução de projetos. Pelocontrário, tem sido um processo deaprendizagem e troca de experiências bastanteproveitosas, o que mostra que é possívelviabilizar uma comunicação mais eficiente edemocrática no Mercosul.

A comunicação éferramenta

fundamental parao fortalecimentodo processo de

integração regional

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• Ministério da Agricultura, Pecuáriae Abastecimento

• Ministério da Cultura

• Ministério do Desenvolvimento Agrário

• Ministério do Desenvolvimento, Indústriae Comércio Exterior

• Ministério do Desenvolvimento Sociale Combate à Fome

• Ministério da Educação

• Ministério do Esporte

• Ministério da Fazenda

• Ministério da Justiça

• Ministério do Meio Ambiente

• Ministério da Previdência Social

• Ministério das Relações Exteriores

• Ministério da Saúde

• Ministério do Trabalho e Emprego

• Ministério do Turismo

ESTA PUBLICAÇÃO FOI PRODUZIDA

A PARTIR DAS INFORMAÇÕES FORNECIDAS

PELOS SEGUINTES ÓRGÃOS

DO GOVERNO FEDERAL:

• Secretaria de Comunicação Social daPresidência da República (Secom)

• Subchefia de Assuntos Federativos (SAF)/Secretaria de Relações Institucionais daPresidência da República

• Secretaria Especial dos Direitos Humanos(SEDH)

• Secretaria Especial de Políticas de Promoçãoda Igualdade Racial (Seppir)

• Secretaria Especial de Políticas para asMulheres (SEPM)

• Secretaria Nacional de Juventude/Secretaria-Geral da Presidência da República

• Secretaria Nacional de Economia Solidária/Ministério do Trabalho e Emprego

• Banco Nacional de DesenvolvimentoEconômico e Social (BNDES)

• Petrobras S./A.

COLABORAÇÃO:

Representação Brasileira no Parlamento do Mercosul – contribuições ao capítulo "Democracia e cidadania:o Parlamento do Mercosul".

Prefeitura do Município de Santo André – informações sobre a Rede Mercocidades.

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