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LIVRO MATERIALIZAÇÕES LUMINOSAS R.A.RANIERI O DEPOIMENTO DE UM DELEGADO DE POLÍCIA PRIMEIRA PARTE Fenômenos de materialização realizados através da mediunidade de Francisco Lins Peixoto I PRIMEIRO CONTATO II NO LIMIAR DE UM NOVO MUNDO III NO RIO IV OUTRA REUNIÃO V ÜM APARELHO ESTRANHO VI A NOITE DOS CRAVOS VII DOIS ESPÍRITOS MATERIALIZADOS VIII A NOITE DA TRANSFIGURAÇAO IX A MAO E O PÉ DE HELENINHA X LETREIROS LUMINOSOS X-a

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LIVROMATERIALIZAÇÕES LUMINOSAS

R.A.RANIERI

O DEPOIMENTO DE UM DELEGADO DE POLÍCIA

PRIMEIRA PARTEFenômenos de materialização realizados através da mediunidade

de Francisco Lins Peixoto

IPRIMEIRO CONTATO

IINO LIMIAR DE UM NOVO MUNDO

IIINO RIO

IVOUTRA REUNIÃO

VÜM APARELHO ESTRANHO

VIA NOITE DOS CRAVOS

VIIDOIS ESPÍRITOS MATERIALIZADOS

VIIIA NOITE DA TRANSFIGURAÇAO

IXA MAO E O PÉ DE HELENINHA

XLETREIROS LUMINOSOS

X-a

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MEDIUM DE LUZ POSSIBILITA MATERIALIZAÇÕESLUMINOSAS

X-bESCREVENDO A LUZ DOS ESPIRITOS

SEGUNDA PARTEFenômenos de materialização realizados através da mediunidade

de Fábio Machado

XIOS MESMOS ESPIRITOS COM MÉDIUNS DIFERENTES

XIIFENOMENOS COM RADIOATIVIDADE

XIIIUEMOTO

XIVO ENROLAMENTO DOS DISCOS

XVBALAS FOSFORESCENTES E EXPLOSIVAS

XVIO ESPIRITO PALMINHA

XVIIAPARELHOS SEMELHANTES AOS DO ANDRÉ LUIS

XVIIIOS PINGOS DE LUZ

XIXA DANÇA DE MARIA ALICE

XXDOIS ESPIRITOS AO MESMO TEMPO: ZÉ GROSSO E

PALMINHA

TERCEIRA PARTEDezembro de 1950

Fenômenos de materialização realizados através da mediunidadedo Peixotinho e do Fábio

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XXINOVAMENTE COM O PEIXOTINHO

XXIICOM A PEDRA DE RÁDIO NA MÃO!

QUARTA PARTEOutros fenômenos realizados através da mediunidade de outros

médiuns

XXIIICOM UM VELHO AMIGO

XXIVIFIGÉNIA FRANÇA

XXVENIO WENDLING

XXVILEVI, ALTINO E HELENINHA.

XXVIICONCLUSAO

MÉDIUNS E MEDIUNIDADE

(Ultima Parte)DEPOIS DO FIM

De 1952 em diante

CAPITULO IMATERIALIZAÇÕES EM PEDRO LEOPOLDO

PEIXOTINHO E FRANCISCO CÃNDIDO XAVIERCAPITULO II

NOVA CONCEPÇAO DOS FENOMENOS DE EFEITOSFISICOS

CAPITULO IIISUPERINCORPORAÇAO

CAPITULO IVFOTOGRAFIASCAPITULO V

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FOTOGRAFIA DO ESPIRITO MATERIALIZADO DE MARIADUARTE SANTOS

CAPITULO VIORGANIZAÇÃO DE SESSÕES DE MATERIALIZAÇÕES

CAPITULO VIIMENSAGEM DE EMMANUEL

CAPITULO VIIIPÁGINA DE EMMANUEL

O DEPOIMENTO DE UM DELEGADO DE POLÍCIA

Este é apenas um depoimento de uma autoridade policialque teve a oportunidade de verificar por si mesma uma sériede fatos irrefutáveis. Se um delegado de polícia merece créditopelo cargo de responsabilidade que exerce, perante a co-letividade, e pela natureza do trabalho a que se dedicam todosos dias, penso que é justo esperar a mesma aceitação de partedo público quando fala de coisas que viu, tocou, sentiu everificou.

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Habituada a lidar com indivíduos de toda a espécie:criminosos vulgares e criminosos altamente intelectualizados,inteligências rudimentares e inteligências de argúciaprodigiosa; indivíduos que usam todos os truques paraenganar e defender-se; ocultar e disfarçar; penso ainda quepor isso tudo 0 depoimento de uma autoridade policial deve seracatado como honesto e exato. O médico pode ser enganado;o engenheiro pode estar sujeito a tapeações, o advogado maisesperto pode por sua vez ser conduzido a enganos, mas odelegado é o último reduto. Dificilmente se deixará embair portruques. É obrigação profissional de todas as horas: desconfiarsempre e não aceitar até o fim as alegações que não sejamverdadeiras.

Numa delegacia de polícia aprende-se a conhecer ohomem no seu aspecto mais difícil, que é o homem que seesconde e esconde tudo aquilo que possa comprometê-lo.Uma fisionomia tranqüila e ingênua oculta às vezes umcriminoso depravado. Uma exposição dolorosa e comovente équase sempre a defesa de um ladrão sabida, acostumado apercorrer os cárceres e as delegacias do país. Sabem elesapresentarem as palavras mais angustiosas e alinhar comperfeição os argumentos mais convincentes.

E de tal modo o fazem que às vezes as testemunhas pre-sentes, advogados, peritos, etc. acreditam que o delegado estálevando longe o interrogatório, está torturando o infeliz, estásendo desumano e mau. No fim, fica provado que realmente oindivíduo é mesmo criminoso e que o único com a razão era,de fato, o delegado, defensor ferrenho das instituiçõespúblicas.

Faz, pois, o delegado de polícia, da desconfiança constan-te a sua maior arma e o seu melhor e mais perfeito instrumentode trabalho.

Nessas condições, um testemunho publico de umaautoridade honesta tem que ser aceito como ponderável. E otestemunho de alguém que entende a arte de enganar e iludir.

Apenas baseado nisso, e sem outro título, é que me aven-turo a expor tudo o que vi e assisti no setor do Espiritismo

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Moderno, sem a menor sombra de dúvida de que não fui abso-lutamente enganado e que a verdade, por ser a verdade, deveser revelada e defendida para o bem comum.

Não tenho outro intuito senão o de concorrer com o pa-trimônio que adquiri para auxiliar no levantamento moral dohomem moderno.

Deixo aos médiuns que forneceram de boa vontade o seutempo e a sua organização física, às assistentes que sãoinumeráveis, e especialmente aos Espíritos, que são osverdadeiros autores de tudo o que se realizou, os meus maissinceros agradecimentos.

O AUTOR

PRIMEIRA PARTE

Fenômenos de materialização realizados através damediunidade de Francisco Lins Peixoto

I

PRIMEIRO CONTATO

Em fevereiro de 1948, em Minas Gerais, na residência doDr. Rômulo Joviano, alto funcionário do Estado, em Pedro Leo-poldo, ficou combinada uma reunião de materialização. Esta-riam presentes o médium Francisco Cândido Xavier, como umdos assistentes, e o médium Francisco Lins Peixoto ouPeixotinho, como é conhecido, e que serviria de médium dematerialização.

Acompanhei o médium Peixotinho desde Belo Horizonteaté Pedro Leopoldo. Lá, ficamos hospedados no Hotel Vitória,

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no mesmo quarto, juntamente com mais as seguintes pessoas:Jair Soares, Inácio Domingos da Silva e João Gonçalves.Todos no mesmo quarto.

Quando nos recolhemos, na primeira noite de estada, oPeixotinho, que é asmático e fica às vezes sufocado, pediu quefizéssemos uma prece para que ele pudesse ser tratado pelosespíritos.

Feita a prece, aproximou-se um espírito que colocou umafaixa luminosa sobre o peito e as costas do Peixotinho, o qual,deitado, gemia alto. Todos nós vimos à faixa Luminosa, de corverde-clara, colocada sobre o peito. A cama do médium estavacolocada entre duas outras, de solteiros, e o Sr. Jair Soares deum lado e Inácio da Silva, do outro, assistiam ao fenômeno auma distância de cinqüenta a sessenta centímetros mais oumenos. Eu estava colocado a uma distância de dois a doismetros e meio. Havíamos chegado ao entardecer e não nosseparamos um só instante, de modo que não houve tempopara qualquer preparação da parte do médium.

*

A reunião marcada para o sábado realizou-se. Como pre-paração, haviam os espíritos determinado através da psicogra-fia, pelo Peixotinho, que não comêssemos carne nem bebês-semos ou fumássemos no dia da reunião.

Os cômodos para realização dos trabalhos foram indicadospelo Dr. Rômulo Joviano: um quarto menor que serviria decabina e uma sala grande, ligada, que seria ocupada pelosassistentes. Em número talvez superior a quinze pessoas,assistimos ao desenrolar dos trabalhos.

Diversos espíritos apresentaram-se materializados.Todavia se apresentaram totalmente iluminados, por luz quesaía de dentro para fora, tornando o ambiente antes àsescuras, num suave crepúsculo. A impressão exata que setinha era de que um globo de luz fluorescente em formahumana caminhava pela sala.

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Sucederam-se as aparições que vinham conversar com ospresentes no recinto. A chegada dos espíritos na cabina eraassinalada por clarões que lembram os relâmpagos de corverde-roxo-azulada.

O médium Peixotinho tornara-se meu conhecido em BeloHorizonte dois ou três dias antes da reunião; não conheciaminha família nem sabia se eu possuía ou não filhos. Não viunenhum retrato de filhos meus. Finalmente, não tratamosdesse assunto.

No entanto, entre os espíritos que se materializaram emforma luminosa, apresentou-se o espírito de minha filhaHeleninha, que com dois anos de idade morrera no ano de1945.

Na mesma estatura, em voz semelhante, dirigiu-se a mimdizendo algumas palavras de saudação. Deixou-me uma florcomo lembrança, ainda fresca e cheia de orvalho.

Embora pareça inconcebível, não me emocionei presençadela e pude dirigir-lhe calmamente a palavra. Era realmenteela, sem deixar dúvida alguma.

José Grosso, outro espírito que se materializou, atirou nu-merosas pedras sobre os assistentes alegremente, em plenaescuridão Atirava-as e gritava o nome do destinatário. A pedracaía aos pés da pessoa indicada sem contudo atingi-la oumolestá-la.

E quase certo que nenhum homem seria capaz de atirardez ou doze pedras no escuro, sobre uma assistêncianumerosa para o tamanho do recinto, e com a violência comque foram atiradas sem ferir alguém.

Além disso, os espíritos materializados improvisaram qua-dras e pronunciaram discursos sérios de convocação ao ho-mem do mundo atual.

Coisa maravilhosa era ver como os espíritos se dirigiamcom imenso carinho ao Chico Xavier, dando-lhe a importânciaque deve ter perante o mundo invisível é esqueciam-se deoutras personalidades que estavam no recinto, portadoras dostítulos universitários concedidos pelos homens. Prova

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belíssima de que o homem vale realmente como figura moral eespiritual acima de todas as vaidades humanas.

Esse foi o primeiro contacto que tivemos com fenômenosde materialização.

II

NO LIMIAR DE UM NOVO MUNDO

De volta de Pedro Leopoldo, em Belo Horizonte, marcou-seuma pequena reunião que seria realizada com a finalidade dese submeter o tratamento dona Ló de Barros Soares, esposade Jair Soares. A pessoa referida apresentava perturbações nofígado e em outros órgãos.

Seria uma reunião íntima de meia dúzia de pessoas.Dona Ló foi colocada numa cadeira preguiçosa ao lado que

limitava a cabina e um pouco afastada dos assistentesAlguns momentos após iniciados os manifestaram-se os

clarões-relâmpagos característicos.No silêncio e na escuridão surgiu uma figura luminosa

mulher, vestida de tecidos de luz e ostentando duas belas tran-ças. Era Scheilla, entidade que na última encarnação animouuma moça alemã.

Nas mãos trazia um aparelho semelhante a uma pedraverde-clara e ao qual se referiu dizendo que era um aparelhoainda desconhecido na terra, emissor de radioatividade.

Com a presença luminosa do espírito, a sala inundou-se dedoce claridade e os presentes podiam ver-se uns aos outros.Sentimo-nos elevados a um mundo de irrealidade e de sonho.Todos os preconceitos humanos esboroavam-se diante denossos olhos e víamos à nossa frente os primeiros albores deuma nova humanidade redimida e bela.

Fez aplicações com o aparelho em dona Ló.

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Eu estava sentado perto de um piano que havia na sala aum metro da cabina.

O espírito, após ter ido lá dentro e voltado sem o aparelho,pegou com as mãos a cadeira do piano, levantando-a no ar demodo que todos pudessem ver, veio para o meio da sala, colo-cou-a de manso no chão e sentou-se nela, cruzando aspernas.

Estava a meio metro de distância de mim. Tão perto quepude fixar-lhe todos os detalhes.

Quando olhava fixamente os seus tecidos luminosos, cír-culos de sombras se formavam em minhas retinas, ofuscando-me os olhos.

A simplicidade e a beleza do espírito nos falavam das re-giões benditas da perfeição e nos levava a meditar nainsensatez do mundo e dos homens, agarrados às riquezas daTerra, vibrando nas regiões do ódio, esquecidos de Deus e deCristo.

A fileira sublime dos cristãos sacrificados em todos osséculos desfilou em nossa mente como um cortejo de heróiseternos detentores da Verdade desde milênios.

Ali estava um habitante do mundo invisível repleto de luz eclaridade. Para imitar uma figura daquela seria necessário umaprodigiosa instalação elétrica, que não caberia na pequenasala.

Depois de alguns minutos, levantou-se da cadeira e fezuma belíssima pregação evangélica em que repetia a necessi-dade urgente de que nos identificássemos com o Evangelho deCristo. Com sotaque alemão e voz absolutamente de mulher.

Letreiros luminosos foram apresentados numerosas vezese todos eles eram fabricados em poucos instantes. O espíritopedia a um dos assistentes: . . . fulano, diga uma frase curta.E em seguida apresentava a frase pronunciada em caracteresluminosos. O letreiro elevava-se às vezes até o teto e outrasvezes era encostado propositadamente no rosto de umassistente que reclamava não estar vendo direito.

Outras entidades se materializaram nessa noite e todaselas luminosas. Em condições tais que seria impossível

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descrever e de tal natureza que supor-se fraude seria loucura.Disfarce de tal espécie é impossível realizar-se. A luz queemana dos espíritos é luz de luar e brota dos tecidos como deuma fonte luminosa.

Sente-se nessa hora a verdade da exposição das mulheresque foram ao túmulo de Jesus e lá encontraram dois varões devestes resplandecentes e do salmo que diz: estavam vestidosde luz.

III

NO RIO

Outra reunião, com o mesmo êxito, se realizou ainda emBelo Horizonte, estando eu presente.

Depois, o médium Peixotinho seguiu para o Rio e eu, queestava morando lá, também segui.

Nossas relações se tornaram mais íntimas e pude assimobservá-lo de perto, acompanhando-lhe os passos como umcão de fila. Observava-lhe as menores atitudes, mas jamaisverifiquei um só gesto seu para enganar ou ludibriar. Semprecorreto, amigo, dedicado, sem subterfúgios ou preparação. Poruma dessas circunstâncias aparentemente inexplicáveis fuielevado ao pasto de presidente do Grupo Espírita André Luís,sociedade onde trabalha o Peixotinho.

Na relação de seus sócios constam numerosos advogados,comerciantes e professores de curso secundário. A maioria,além de pessoas idôneas, portadora da instrução com que omundo costuma assinalar os seus valores. Nos limites que ahumanidade fixou para o homem instruído e sensato estãoeles. Capazes de discernir e separar o que é falso do que éverdadeiro. Incapazes de ocultar fraudadores e honestosdemais para enganarem-se a si mesmos.

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O Centro, que ocupa um salão simples de um velhosobrado da Rua Moncorvo Filho, não tem nada de fantástico,extraordinário, repleto de alçapões e cenários. Simplicidade é asua característica. Qualquer pessoa pode a qualquer hora dodia subir as suas escadas e examinar o cômodo, pois estásempre aberto. Não há salas especiais nem saletasescondidas. Admira-se, contudo como a Bondade de Deus ésem fim, quando meditamos que ali entre aquelas quatroparedes nuas os fenômenos mais importantes de todos osséculos têm-se realizado. Lembramo-nos do casal Curietrabalhando num velho barracão; de Edison, que iniciou suavida fazendo experiências em porões escuros; e de ChicoXavier, fonte de luz para o mundo, que se submetecotidianamente ao labor evangélico numa pequena sala ondese amontoam dezenas de pessoas, sentadas em bancos rús-ticos. Realmente, as claridades para a humanidade surgem dainsensatez de alguns que não se deixam vencer pela incredu-lidade de muitos e pela má vontade de todos. Se os inventoresfossem dar ouvidos aos vizinhos, aos parentes e aosconhecidos que riem da sua tentativa de descobrir algo, ahumanidade ainda estaria no período da pedra lascada.

Durante muito tempo pude observar e fiscalizar o GrupoAndré Luís. Como seu presidente tinha oportunidade de vertudo, fiscalizar tudo, controlar tudo. Não havia pois desculpasnem subterfúgios capazes de me enganarem. Eu não era poisum simples assistente, mas pessoa que dirigia a parte materialdos trabalhos. Se alguma coisa houvesse eu deveria ser oprimeiro, a saber. No entanto, jamais encontrei um indíciosequer que me levasse à suposição de que tudo aquilo erafraude. Os ideais mais humanitários servem de bandeiraàqueles homens que ali se reúnem em nome de Cristo,renunciando a tudo e sonhando com uma humanidadeconfraternizada e evoluída. Não são ignorastes nempermanecem na ignorância. Estudam e raciocinamexperimentam e observam; concluem e organizam diretrizes.Dizer que são cegos estúpidos e ignorantes é acreditaringenuamente que só por serem espíritas perderam todas as

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faculdades e sentidos. Não é possível que um indivíduo sejabom professor durante o dia e um alucinado durante a noite.Bom advogado, capaz de advogar interesses alheios edefender pontos de vista dificílimos e ser vilmente enganadopor um. Homem de pouquíssima cultura, embora de enormecoração, como o Peixotinho. Médico que atende a dezenas dedoentes diariamente e idiota e estúpido quando assiste àsmaterializações. Engenheiro positivo, amante da matemática,que não passa para o teorema seguinte sem explicação, efanático espírita que aceita materializações sem explicaçãoalguma. Por que não se pode admitir que todos esses homensque são bons e sensatos profissionais, pais de famíliaexemplares sejam capazes de dar um testemunho verdadeirodo que vêem e comprovam?

E porque a maioria não procura a verdade nem seinteressa pela verdade, mas deseja apenas satisfazer os seusinteresses materiais. Todos sabem que a comprovaçãomaterial da existência da alma é o problema mais importantepara a humanidade. Todas as grandes invenções edescobertas perante a prova provada da existência da alma setornaram infinitamente pequenas. Toda a filosofia humana nãotem feito mais do que procurar a alma humana e determinarDeus. E isso se compreende porque é a solução do nossopróprio destino.

No entanto, quando se apresenta o fato real, verdadeiro,ninguém quer saber dele. E natural que assim seja. Os judeusesperavam todos os anos o aparecimento do Messias, implora-vam, pedia, sonhavam com Ele. A sua chegada seria a reden-ção de Israel, mas quando o Messias apareceu de fato, de ver-dade, eles os crucificaram e não o aceitaram. Nós todos sabe-mos que a ciência dos cientistas e a medicina dos médicos sãoprecaríssimas. Andam todos na escuridão e a positividade queafirmam existir em seus trabalhos é coisa em que eles mesmosnão acreditam. A prova disso é que quando há doença nafamília de um médico ele manda chamar um colega. No fundoé porque não acredita verdadeiramente na sua ciência. Seacreditasse não chamaria outro. Usaria a ciência certa e exata

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que possui. Dirão: a ciência é certa, os seus conhecimentos éque são incertos.

Isso também é possível. Mas o fato é que eles mesmos sa-bem que a ciência toda do mundo ainda é infinitamentepequena e prodigiosamente cega. Há médicos que sedesesperam diante de casos comuns e que têm sido tratadospor eles em outros pacientes com êxito durante anos. Bastaque haja uma pequena diferença e que o mal não seja vencidodentro de alguns dias. Perdem os confianças em si mesmos ena ciência médica.

Os homens têm o hábito de não admitir como verdade coi-sa alguma que não seja palpável, tocável. No entanto, aciência já aceita o hipnotismo e admite a sugestão. Começa apenetrar nos complexos de Freud, que afinal de contas nãodeixam de ser coisas quase que imaginárias.

O mal do homem consiste em não estudar, observar e ex-perimentar aquilo que admite inicialmente como fantástico eimpossível. Tudo é possível, tudo é provável. O Universo e opróprio Homem ainda são territórios inexplorados. Se o proble-ma da gestação humana, que é material em grande parte deseu aspecto, ainda não é conhecido por esse homem que ridas coisas invisíveis, como desejar que ele aceite o mundoinvisível?

No Grupo André Luís não havia cegos nem loucos, mashomens honestos, trabalhadores, dedicados ao serviço deseus semelhantes. Ali, pois, penetrei como Aladino no seio daterra. O véu que separa dois mundos se rasgou de alto a baixoe pude saber então de onde dimana a sabedoria que assombraaté hoje a humanidade, de Buda a Sócrates e de Sócrates aCristo.

Vi que o nosso mundo não roda no espaço solitário e aban-donado de Deus, mas confunde-se na comunhão de milhõesde seres que vivem nas ondas universais como centelhasdivinas em busca do seu Criador.

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IV

OUTRA REUNIÃO

Em outra reunião no André Luís tive oportunidade decontinuar as observações precedentes.

Nessa reunião seria realizada operação de apêndice dasrta. Laís Teixeira Dias.

Iniciados os trabalhos, manifestaram-se numerosas entida-des, que se revezaram no auxílio aos doentes que se dispunhaem camas pelo recinto. Junto à cabina, deitada, estava Laísque viera com infinita dificuldade para se submeter à operação.Arrastando-se, esse é o termo, deitara-se no leito.

As figuras luminosas do Além iam e vinha como flores deluz, enchendo com a beleza de sua presença o velhoPareciam-nos que um pedaço dourado do firmamento foraarrancado e atirado no meio de nós.

Entidade de clarão tão forte, que atingia os pontos maisdistantes da sala, aproximou-se de Laís e depois de certotempo voltou-se para nós, trazendo nas mãos uma faixaluminosa, de cor verde-clara. Chegando-se a Lenice, irmã deLaís, e quartanista de medicina, abriu a faixa e mostrou-lhe umponto de luz vermelha no meio da faixa, explicando:

- Este é o apêndice dela. Fluidificamo-lo e o retiramosLenice então lhe pediu:- Não poderia o irmão materializar esse apêndice para que

nós o víssemos como ele é?O espírito afirmou que sim.Com gesto rápido fechou a faixa sobre o ponto luminoso e

abriu-a instantaneamente, apresentando no lugar do pontoluminoso vermelho um apêndice de carne em péssimo estado.Afastou-se com ele.

Depois voltou ao recinto travando uma palestra técnicasobre assunto de medicina, ministrando a Lenice uma verda-

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deira aula, mostrando as diferenças entre a Alopatia e a Ho-meopatia. Numerosos outros fatos significativos se deramnessa reunião, mas esse para mim foi o mais importante.

A reunião realizara-se em um sábado; na quinta-feira se-guinte Laís fazia um discurso no André Luís, com voz esten-tórica e falando tão alto e tão bem como eu nunca a ouvirafalar. Andava perfeitamente, normal, e dizia que todas as doresdesapareceram completamente após aquela noite.

Como, pois duvidar de que alguma coisa de extraordináriose processara no seu interior? Até hoje as dores não voltarammais e tudo desapareceu como por encanto. Já faz longos me-ses. E possível que fôssemos enganados, mas será que umasimples mistificação eliminaria dores e apêndices? Se assim é,seria o caso de se considerar a mistificação como de açãoprofundamente terapêutica e elevá-la à situação de ótimotratamento médico.

Não é possível que a sugestão dure tanto tempo e se asugestão eliminasse órgãos e partes de órgãos dessa maneira,também seria considerável o serviço que poderia prestar àcausa humana. A realidade é que as forças disseminadas nanatureza e as energias ocultas são uma verdade incontestável.Acredita o homem, porém, na sua ingenuidade ou na suaperversidade que só o que a ciência comum afirma éverdadeiro. Seria inútil relatar as burradas da ciência e doscientistas, assim como os veredictos das academias comrespeito a trabalhos de homens desprezados pela sua época eexaltados pela posteridade. Raríssimos são os gênios queforam aceitos pela humanidade quando vivos. Poucos os quemereceram a consideração e o respeito contemporâneo. Econhecida à atitude de Leonardo da Vinci deixando gravadoem código para o futuro as descobertas formidáveis que haviafeito. Desprezado e perseguido pelos homens ignorantes,enfeixou num livro incompreensível as maiores conquistas donosso tempo.

O mundo riu estupidamente de Pasteur e ninguém riu maisdele do que os médicos do seu tempo. Assim como o mundodos espíritos que o Espiritismo apresenta agora, Pasteur apre-

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sentava também um mundo invisível, mas real: o mundo dosmicróbios e dos infinitamente pequenos. Mas a superioridadedos médicos é o que conduz a humanidade à cegueira e àintolerância da maioria dos sacerdotes que, pregadores de umDeus vivem e invisível, deveriam acatar com respeito àsrevelações do Além.

O homem que vive na Dúvida e na Descrença nega-se aconceber e aceitar a realidade da existência após a morte e, noentanto diz-se imortalista e defensor da existência da alma.Despreza-se o Espiritismo, mas procura-se criar umapsicologia que o substitua. Afinal de contas isso é inveja ou oque é?

Não se sabe explicar. E fica-se assombrado quando se ne-gam não as idéias, mas os fatos, o que é absurdo.

Quem leu o livro No Invisível, do Cardeal Lepicier, eassistiu a verdadeiras reuniões espíritas fica admirado dianteda ignorância ou má fé do Cardeal. Tem-se a impressão queele viu tudo, menos sessão espírita. Infelizmente; a maioria doshomens não discute a respeito da verdade com o intuito de en-contrá-la, mas com a intenção de defender interesseparticularista, pessoal, ou em benefício de determinada classe.

Diante de reuniões como essa, contudo, adquire-se acerteza de que a humanidade vive os seus últimos séculos dehipocrisia e maldade e ascende para as claridades de ummundo redimido onde a verdade resplandecerá como um sol ea virtude brilharão como uma estrela.

V

ÜM APARELHO ESTRANHO

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Certa noite, reunidos no André Luís, sob a impressão deencantamento que nos enchia os corações, assistíamos à en-trada e saída de entidades luminosas que vinham aliviar o so-frimento dos doentes que lá se enfileiravam.

Como sempre, derramavam a luz dos tecidos dasvestimentas que usavam. Mais de vinte e cinco pessoas,idôneas e responsáveis, estavam ali comprovando acomunhão maravilhosa dos Espíritos eternos com os homens,também eternas viajantes do Infinito. Ninguém parecia estaralucinado ou ter por um momento sequer perdido asfaculdades da visão da audição ou da memória.Normalíssimos. Senhores de todos os sentidos e capazes deraciocínios elevados, pois que de quando em quando um dospresentes fazia breve comentário a propósito de assuntoapresentado por entidade espiritual.

Harmonia, calma e razão, eis os elementos primordiais quecompunham a assembléia. Homens honestos e sinceros aliestavam dispostos ao trabalho laborioso, é verdade, de ajudarao próximo desvendando os mistérios da Vida. De quantosséculos estava aquele pequeno grupo de homens adiantado deseu século pela contemplação de um mundo desconhecidopara talvez 99,9% da humanidade?

Não sabemos dizer. Mas podemos afirmar que todos esta-vam conscientes de seus deveres, certos agora de que nãopassavam de míseras criaturas diante do Universoinfinitamente grande, ao mesmo tempo em que se sentiamcentelhas eternas e imortais, nascendo e renascendo nosvales das trevas em busca da luz; nos antros de dor em buscada paz; nas regiões da confusão sem-fim em busca da calma eda iluminação.

Ali dentro Cristo reinava como o Supremo Embaixador deDeus. Todos tinham a certeza das suas palavras perenes: Eusou a porta. . . Ninguém vai ao Pai a não ser por mim.

Estávamos diante das portas do Infinito. Novasconcepções brotavam em nossas mentes e uma novaesperança renascia dos escombros. . .

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Ficávamos a pensar nos grandes poetas que abandonaramo mundo pela porta do suicídio, descrentes de tudo, certos deque iam mergulhar no nada, no não-ser.

Triste e pobre filosofia humana! A propósito de descobrir averdade universal aniquila a certeza da nossa continuaçãoeterna. A vaidade e o orgulho são as barreiras para os sábiosque se esqueceu de Deus.

*

Enquanto deixávamos o pensamento voar como uma águiade asas espalmadas, uma entidade resplandecente aproximou-se de uma senhora e colocou-lhe na peito um aparelhoestranho: parecia um bolo feito numa forma semelhante àconcavidade de um prato fundo, portanto quase um disco,gelatinoso, de cor verde-clara, e transparente.

Colocou o estranho aparelho no peito da senhora e comopor um passe de mágica pudemos ver-lhe o interior do corpocomo se contemplássemos peixes em um aquário: lá dentropalpitava o coração viviam os pulmões e corria o sangue nasartérias e nas veias.

Via-se tudo com perfeita nitidez.Ainda não voltáramos de nosso assombro, quando a

entidade mergulhou uma das mãos através do aparelho,ficando parte da mão no interior do corpo da senhora e o restopara fora. Em gestos compassados, o espírito retirava a mão etornava a mergulhá-la. De cada vez que retirava trazia nosdedos certa matéria escura que lançava no ambiente e sedissolvia.

O espetáculo durou por longos minutos.Verificamos ali a realidade das descrições recebidas por

Francisco Cândido Xavier e ditadas por André Luís em seuslivros.

O mundo espiritual dispõe de aparelhos completamentedesconhecidos na terra, capazes de trazer a retificação físicaaos corpos doentes. Se não o fazem em maior escala é por

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culpa nossa que acreditamos que somente a nossa ciênciaprecária e manca poderá salvar o homem.

Por nossa culpa, que julgamos que o mundo além da morteé mundo vazio, sem organização e sem recurso. As religiõesintolerantes que se julgam as únicas salvadoras do homemcriaram a mentalidade infantil da humanidade terrestre, presaao egoísmo e à dor. Supõem que tudo é mentira, atendendoaos interesses de indivíduos que como disse Jesus: Nementram e nem deixam os outros entrarem.

Tornaram-se por si mesmos guardadores das portas doCéu e consideram-se as únicas credenciados para enviarconsciências ao Altíssimo

Por que somente alguns são os detentores da Verdade? AVerdade pertence a todos. Não há exclusividade. E necessárioapenas procurá-la com sinceridade e destemor. A únicareligião digna é a religião do bem. A religião daqueles queampara e serve sem esperar recompensa, pertençam eles aqualquer credo, a qualquer crença. Tanta se salva o católicoque põe acima de tudo a prática das verdades evangélicascomo o protestante e o espírita que vive para o bem, para averdade e para a renúncia. No Céu não há divisões como naTerra. 0 passaporte, porém, é um só: o passaporte da caridadeexercida com sacrifícios e com angústias e com lutasinteriores. Ninguém espere um céu que não construiu para simesmo, nos ensina brilhantemente Emanuel.

Quem será capaz de dizer que a ciência comum jáconhece e possui o aparelho que acabamos de descrever? Umsimples disco gelatinoso que, colocado sobre uma parte docorpo, o torna transparente?

Um aparelho desses é um perfeito raios - X e não há naTerra, que eu saiba, raios - X sem instalação elétrica.

Como fazer essa instalação ali sem que ninguém tomasseconhecimento? E o mergulho da mão através do disco de ge-latina?

Sente-se diante desses fatos irrefutáveis que o mundocaminha para a gloriosa etapa da ressurreição e da vida.

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Esperemos o amanhã como quem espera o dia após a noite, ea aurora após a tormenta tenebrosa.

Cristo ressurge para o mundo na promessa maravilhosa doConsolador.

VI

A NOITE DOS CRAVOS

O recinto boiava em completa escuridão. Mergulhados nasombra, ouvíamos os hinos e os cantos sinceros dosassistentes que elevavam o pensamento ao Criador, Senhordos Mundos e Ordenador da Vida Universal. As entidadesluminosas apareciam no recinto munido de aparelhosestranhos que eram aplicados nos doentes que se alinhavamnas camas. De quando em quando, clarões luminososcortavam a escuridão como relâmpagos e por um momentoiluminavam a todos.

Nessa noite tínhamos em nossa companhia três pessoasde projeção do cenário espírita da Argentina e que veio ao Riode Janeiro assistir ao Congresso Espírita Sul-Americano. Entreeles o Sr. Dr. Luís Postiglioni.

Através de um companheiro nosso, pediram permissãopara assistir aos trabalhos. Em reunião à parte lhes foiconcedida pelos espíritos à permissão desejada.

Ali estavam, pois, pela primeira vez, em contacto com omundo invisível, tantas vezes negado pelas religiões, pela me-dicina e pela ciência oficial. As religiões que se esquecem quesó poderão viver apoiadas na certeza da vida imortal e eterna.

Medicina que se esquece que Esculápio se deitava e ador-mecia para conversar com seu gênio familiar, quando consulta-do a respeito de doença que não sabia curar.

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Ciência, que se esquece que todas as suas conquistasmais belas estão no mundo invisível dos infinitamentepequenos e que vê, agora, que é desse mundo invisível quebrotam as forças mais poderosas de nosso tempo.

Como fechar os olhos àquilo que se passa à nossa frentede maneira irrefutável'? Seria o mesmo que negar a ação dorádio que queimasse as nossas mãos. A humanidade, porémnão se preocupa com argumentos e fatos. Ela que não sabeexplicar noventa e nove por cento dos fenômenos da vida,nega-se a aceitar esses também por puro espírito de negação.Ela que recusou o Cristo pode recusar tudo o mais.

E verdade que deve assistir-lhe o direito de negar. O que,porém nos assombra é a coragem de certos escritores que seaventuram a tratar do assunto sem nunca ter feito experiênciaalguma. Desejam contrapor a sua opinião, acreditando-se cre-denciados apenas porque escrevem bem, à opinião de homensque só escreveram alguma coisa após muitos anos deobservação paciente e demorada. São os químicos que nãoestudaram química, os físicos que não aprenderam física.Supõem-se capazes de falar de tudo com autoridade. Nesseponto, no entanto, não podem ter autoridade alguma. Desdeque não apresentem experiências pessoais idôneas, não têm odireito de se arvorar em críticos daqueles que consumiramuma vida, muitas vezes, no estudo experimental dosfenômenos.

Quem se aventura, portanto, a expor opiniões sem baseexperimental está, no fundo, atraiçoando a raça humana, queconfia na sua palavra de homem honesto e honrado quedeveria ser.

Não basta saber escrever, é preciso ter visto ouvido, to-cado e sentido de perto para não conduzirmos os homens porcaminhos tortuosos da inconsciência e do mal.

*

Nessa noite, pois, pudemos sentir emocionadas asimpressões profundas que o contacto com os espíritos,

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trazendo aos homens a prova material da sua continuaçãoperene, causou naqueles que os vêem pela primeira vez. O Dr.Luís Postiglioni conversou com o espírito de José Grosso, queem altas vozes veio trazer-lhes as saudações do mundoespiritual.

O Dr. Postiglioni dirigiu-lhe então algumas palavras poéti-cas ao que José Grosso replicou imediatamente, improvisandoalgumas quadras que reproduziam trechos do que lhe disserao visitante. Era uma prova evidente do improviso. Não foramquadras preparadas com antecedência, porque reproduziam opensamento do visitante e às vezes se viam pedaços de frasesque foram transformadas em versos.

Os argentinos regozijaram-se e diante da novidade quelhes oferecia o espírito, o Doutor continuou durante algumtempo numa espécie de desafio amigável, que demonstrava ainteligência viva o espírito e a sua vivacidade. Decorria asessão com o Zé Grosso em ambiente de alegria sã. Nada detumular ou tétrico. O espírito conversava como pessoa viva,integrada em nosso mundo. Dizia expressões brincalhonas,bolindo com um ou com outro.

A reunião já se avizinhava de seu fim, quando surgiu oespírito de Scheilla materializado, que fez breve preleção eanunciou que iria distribuir cravos frescos aos assistentes:cravos vermelhos para os homens e cravos brancos para asmulheres.

Havia cerca de trinta pessoas mais ou menos. Os homense as mulheres sentaram-se misturados, isto é, sem préviaseparação. Em plena escuridão não se saberia dizer ondeestavam os homens e onde as mulheres, pois sentados em filaalternavam-se por acaso.

E foi o que os espíritos fizeram. Todas as luzes seapagaram. Os tecidos luminosos dos espíritos deixaram de servistos e em completa escuridão começou a ser feita adistribuição dos cravos, no mais absoluto silêncio.

O perfume das flores inundou o ambiente.

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Todos receberam um cravo e ninguém saberia dizer qual acor do seu. Apenas percebíamos a passagem do espírito queia deixando um cravo nas mãos de cada um.

Zé Grosso participou aos argentinos que fizera uma luvade parafina e que dava de presente a eles. O que de fato foiencontrado no fim dos trabalhos.

Encerrados estes, acesas as luzes, todos verificaram,admirados e contentes, que os espíritos não se enganaram:cada mulher recebera um cravo branco e cada homemrecebera um cravo vermelho.

É uma prova de que os espíritos enxergam no escuro eque a sua visão é bem diferente da nossa. Será possível queum homem não se enganaria, já não digo totalmente, mas aomenos com referência a uma pessoa somente na distribuição?

Essa é a parte física da reunião, e o que dizer da parteintelectual? Conselhos absolutamente de acordo com oEvangelho de Cristo foram dados a todos e ensinamentos damais alta moral que se possa encontrar na Terra foramministrados. Afirmar que a ciência espírita é arte do demônio é,em minha opinião, atestado de ignorância ou então um meiode se afastar a humanidade de um caminho que só poderálevá-la a pontos mais altos de compreensão e progresso. Oque ela apresenta são fatos, fatos e mais fatos.

Não se esconde absolutamente, apenas, num corpo dedoutrina ou num sistema filosófico. Neguem mas estudem,observem, experimentem. Negar sem fazer o resto é supor quea humanidade só se compõe de tolos. Sabemos que todos osinventores têm sido mais ou menos acusados, no correr dotempo, de emissários do demônio. E isso aconteceu até comum padre, nosso patrício, o Padre Bartolomeu de Gusmão,pioneiro da aviação.

VII

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DOIS ESPÍRITOS MATERIALIZADOS

Como sempre, nessa noite estávamos em contacto com asentidades luminosas do Além.

A atividade era a mesma: aliviar os que sofrem e ampararos que descrêem. O vale sombrio do mundo abria-se para nósem jorros de luz e esperança. Novas claridades vinham saudaros homens e dizer-lhes da realidade da vida além do túmulo.Recordar-lhes a vida humana não é senão a conta de umrosário que possui contas infinitas.

Apareceu-nos, entre numerosas entidades, o poeta portu-guês João de Deus. Não vimos porém o seu rosto. Afagou-menuma das vezes em que distribuía afago a todos, com infinitaternura. Senti, contudo, nesse seu afago, quando passava amão em meus cabelos, que numerosas vidas nos uniam e quelaços milenares nos ligavam.

Como era sublime o reencontro de seres que nascem e re-nascem ao perpassar dos séculos! Figuras desaparecidasressurgem plenas de vida imortal. Perecebe-se então aGrandeza Divina que permite que nos lancemos nos abismosem busca de luz e da iluminação como mergulhadores dosmares do Oriente em busca de pérolas.

A recompensa ao esforço continuado como lei inexorável.Compreende-se então que Deus nem castiga nem premia, masatravés de suas leis certas e justas possibilita aos seresascender ou estacionar. Cada gesto no caminho do bemdetermina uma modificação física do próprio ser para melhor.Cada gesto no caminho do mal determina também umamodificação física do próprio ser para pior. Estaciona-se oucaminha-se para frente. E alguns até descem e se precipitamem estados inferiores de consciência. Compreende-se entãoque a ignorância humana é ilimitada e o seu orgulho não temfim. Sente-se, no entanto que a partícula cheia de lama quesomos nós pode, todavia se tornar brilhante como uma estrela.

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O contacto com os espíritos desperta na mente do homem asidéia da sua grandiosidade e da justa posição que ocupa nouniverso. Sabe-se que não somos nada atualmente, mas tem-se a certeza que será muita coisa no futuro. Lembramo-nosentão das palavras de Cristo: Vós sois deuses e ascompreendemos.

E mais ainda, entendemos a sua expressão: A ciência dossábios será confundida.

E a verdade inevitável é esta; ou a ciência humana aceita oEspiritismo e o estuda ou haverá um dia em que ela se sentirásó e ridicularizada. Porque os fenômenos espíritas sãofenômenos físicos e passíveis de medida, pesagem econtagem. É apenas questão de tempo a sua repetição nomomento que se desejar.

Os médiuns de materialização se multiplicarão e a negaçãosistemática terá que cair diante dos fatos irrefutáveis.

Os cientistas não poderão rir sempre; chegará um instanteem que terão que desmentir com fatos, contra fatos, e não compalavras.

B impressionante a displicência dos homens de ciênciadiante do que se está passando nas sessões dematerializações atualmente e mesmo ainda contra a opinião demais de cinqüenta nomes respeitáveis no mundo, comocientistas. Nomes que aceitaram os fenômenos espíritasescreveram a respeito dos fenômenos espíritas e dedicaramlongos anos de sua vida a eles.

João de Deus improvisou para a assistência estrofescheias de ternura e no estilo inconfundível com que seimortalizou na literatura.

Revivia para nós a inteligência viva e as expressões ingê-nuas de seus versos imortais. Falava-nos agora dasesperanças de uma vida mais alta e mais bela. Retirando-se,porém, eis que nos esperava uma notável surpresa. Apareceu-nos o espírito de Zé Grosso em sua estatura gigante decaboclo nordestino, trazendo pela mão uma figurinha iluminadade criança que era o espírito materializado de minha filhaHeleninha.

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Ambos percorreram a sala e veio-se colocar à minhafrente. Eu podia ver, à distância de vinte centímetros, os doisde pé. A criança contemplou-me silenciosa e o Zé Grossobrincou comigo:

- Viu o presente que eu trouxe para você?Depois riu alto e se retirou.A criança não teria mais que meio metro de altura e o Zé

Grosso devem ter quase um metro e noventa. Estes osespíritos.

Quanto ao médium Peixotinho não possui mais que ummetro e sessenta.

CONCLUSAO

Dentro do Grupo não havia criança alguma assistindo àreunião. O Peixotinho não trouxe criança.

Como, pois, supondo-se que fosse mistificação, poderia elese apresentar aos meus olhos e aos olhos de todos ao mesmotempo como um gigante de um metro e noventa de altura euma criança luminosa de cinqüenta centímetros? Ambosfluorescentes como lâmpadas humanas?

Estavam de mãos dadas e caminhavam juntos.Ouvia-se o rinchar forte das botinas grosseiras do Zé Gros-

so e a vozinha fina da criança quando se dirigia a alguém.Eis um fato para aqueles que acreditam que nas reuniões

espíritas só acontecem coisas capazes de enganar osignorantes e os tolos.

VIII

A NOITE DA TRANSFIGURAÇAO

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Jesus, embora fosse o Filho de Deus, ou melhor, um dosFilhos de Deus, teve oportunidade uma vez de dizer a seusdiscípulos que eles o igualariam na realização dos fatosconsiderados fora do natural, além dos limites daspossibilidades humanas.

Foi na passagem memorável em que exclama: Vós podeisfazer o que eu faço e muito mais ainda.

Afirmação essa que expunha a lei do aperfeiçoamento e doprogresso espiritual e moral como dependentes apenas da boavontade humana.

As portas dos céus e os seus tesouros estavam abertosaos discípulos que quisessem atingi-los. Ele não seconsiderava o único privilegiado. E muitos de seus discípulosrealizaram realmente fatos e milagres semelhantes aos que oMestre realizara.

Paulo deu vida novamente ao rapaz que caíra de uma ja-nela num dia de pregação evangélica;

Pedro curou o paralítico da Porta Formosa no Templo deJerusalém; Filipe transportou-se através do espaço após umaconversa na estrada com o eunuco. Com suas mãosmisericordiosas todos os discípulos aliviaram as dores alheiase ampararam os que sofrem; expulsaram espíritos das trevas ederam luz aos cegos. Não houve privilégio.

Jesus prometeu e cumpriu.Podeis fazer o que eu faço e mais ainda.No Grupo André Luís, nós tivemos algumas noites ma-

ravilhosas que lembravam profundamente a grandeza dos pri-meiros tempos do Cristianismo. Verdadeiros anjos andaram nonosso meio e a verdade da transfiguração do Cristo nosapareceu como verdade incontestável.

Certa noite, após uma série empolgante de aparições lu-minosas, de gracejos espetaculares do Zé Grosso, em prosa everso, de discursos notáveis de espíritos materializados, deprovas formidáveis da sobrevivência, nos esperava umagrandiosa surpresa.

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Ia a reunião em meio, quando uma das entidades quefiscalizavam e guardavam o médium, dirigindo-se àassistência, convidou-me a mim e a à srta. Lenice TeixeiraDias para irmos os dois até à cabina onde estava o médium.Disse-nos que observássemos tudo rigorosamente e depoiscontássemos aos companheiros o que tínhamos visto.

Lenice, como estava escuro, interior da cabina.Ao penetrarmos nela quedamos admirados diante de um

espetáculo grandioso. Deitado na cama em nossa frenteestava o médium Peixotinho como se estivesse morto.

O seu corpo, porém estava todo iluminado interiormente:Víamos a superfície de suas mãos, braços e barriga, emboraestivesse vestido de pijama, como se fosse de vidro e dois outrês centímetros abaixo, interiormente, dessa superfície,luminosidade igual à do vaga-lume, saindo de dentro para fora.

Na região do plexo solar a luz era intensíssima e nas mãosnotavam-se os clarões verdes interiores. Transformara-se a ca-bina numa doce claridade de luar.

Ordenou-nos uma voz forte de espírito que pegássemos nomédium e o examinássemos. Tomei as suas mãos e examinei-as de perto, observando detidamente a luz interior. Esfreguei-as com força e demoradamente para vez se a luz saía,desaparecia ou passava para as minhas mãos, caso fosse tintafosforescente, mas não havia dúvida, não só não conseguinada, como a superfície semelhante ao vidro acima da luz, quese esparramava por dentro da carne, era um fato incontestável.Na barriga, o mesmo fenômeno.

A Lenice também o submeteu as experiências. Saímos dacabina, e depois de nós, mais seis pessoas presentes, emgrupos sucessivos de dois, entraram na cabina e verificaram ofenômeno. Dizem os que entraram por último que por fim a luzestava já esmaecendo e o médium se tornava de novo opaco.

A importância desse fenômeno impede que descrevamosqualquer outro acontecido nessa noite. Já não estávamosdiante de um espírito do outro mundo, mas perante um amigonosso, comum, simples, e que ali naquela cabina nos mostrara

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a sua alma iluminada. Vimos-Ihe o espírito luminoso dentro docorpo como a outra forma eterna que o anima e o conduz:

Diante disso, perguntamos aos céticos, àqueles que nãocrêem e duvidam que organização elétrica fosse necessáriapara realizar um fenômeno dessa natureza e será que seriarealizado?

Não cremos. Para iluminar um homem interiormente damaneira que nós o vimos, ainda não há na Terra aparelhocapaz de fazê-lo.

Mais uma vez as promessas do Cristo surgiram a nossosolhos como a Verdade Sublime e Luminosa d'Aquele que sabiao que dizia e o que queria. A transfiguração de Cristo foi umfenômeno físico e real e não está fora dos limites das possi-bilidades humanas.

Peixotinho não é um Cristo, mas apenas um médium dematerialização e não se ilumina sozinho como Cristo o fazia,mas os espíritos realizaram o fenômeno, estando eleinconsciente, talvez para que nós pudéssemos clamar aoshomens de todas as latitudes: a alma é imortal, eterna viajantedo Infinito em busca de Luz e Vida Superior. Infelizes daquelesque, descrendo, se mergulham cada vez mais na desilusão ena tormenta.

IX

A MAO E O PÉ DE HELENINHA

Por um desses acasos a que a maioria dos homens não dáimportância, nunca tiramos um retrato de nossa filha Heleninhaquando estava na terra. Apesar de ser uma criança de belezaexcepcional e de inteligência que já nos primeiros anosdenunciava um gênio, esquecíamo-nos de fotografá-la o que éde estranhar por ser ela naquela ocasião filha única.

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E comum os pais fazerem um álbum especial do primeirofilho ou mesmo colecionar fotografias com amor e carinho.Amávamos muito nossa filha, mas hoje é que verifico o fatoimpressionante: não nos lembrávamos de fotografá-la. Apenasuma única vez foi fotografada e a fotografia levada por minhasogra que se fotografou junto com ela.

O retrato ficou com minha sogra e após a sua morte, maisum motivo para que ela não permitisse que tivéssemos uma re-produção conosco para não trazer à minha esposarecordações que a fizessem sofrer.

Esqueceu-se assim a fotografia, que ficou perdida no meiode papéis velhos.

Peixotinho nunca foi à casa de minha sogra, não a co-nhecia, nem viu jamais fotografia de minha filha nem sequerlhe fizemos qualquer descrição. Sobre ela, portanto, para omédium, reinava a ignorância completa. Nem idade, nem o ta-manho, nem o tipo lhe foram revelados. No Rio de Janeiroentão, ninguém sabia dizer nada a respeito dela, porque, comojá dissemos, desencarnara em Belo Horizonte.

Assim, tivemos agradável surpresa quando uma noite noAndré Luís, depois de uma reunião movimentada, o Zé Grossonos disse:

- Ranieri, ela fez um pezinho e uma luva para você. Adi-vinhe de quem é?

A assistência não sabia de que se tratava, mas eu sabia.Naturalmente, o leitor acostumado com fatos psíquicos sabecomo se fazem as luvas das mãos e dos pés dos espíritosmaterializados. Para aqueles que não conhecem, vamosexplicar. Nas reuniões de materializações, geralmente, osespíritos pedem que deixem duas latas de mais ou menos 20quilos da seguinte maneira: uma cheia de parafina dissolvida efervente, sobre um fogareiro aceso, a elevada temperatura. Aparafina líquida permanece numa temperatura de 80, 90, 100 emais graus centígrados. Se alguém colocar a mão dentrodessa parafina ficará de imediato queimado gravemente. Aoutra lata colocada ao lado, pedem os espíritos que se enchade água fria. Aliás, ambas ficam cheias até às bordas.

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Enquanto os trabalhos prosseguem, da assistência se ouveferver e espoucar a parafina em ebulição. O fogareiro não seapaga.

O espírito materializado para realizar o trabalho de con-fecção das luvas ou mãos ou pés, aproxima-se das latas emergulha no líquido de parafina fervente o membro que desejareproduzir em cera. Por exemplo, a mão. Esta fica impregnadade parafina que se cola na mão. Do mesmo modo que sefritam ovos, derramando a gordura sobre os mesmos, oespírito com a outra mão vai derramando parafina líquida sobrea primeira mão já recoberta com acamada inicial. Quando julgaque a luva está como deseja, mergulha a mão recoberta deparafina fervente na água fria e, nesse momento,desmaterializa a mão espiritual, que desaparece, deixandodentro de água apenas a luva de parafina. Esse é o métodomais comum.

Se enchermos a luva assim fabricada com gesso molhado,fica a reprodução fiel de mão humana notando-se todas as li-nhas originais e até os cabelos e os poros da pele. Absoluta-mente idêntica à mão humana que vivera na Terra. De ummodo geral, porém, se reconhece logo à primeira vista o seudono pela própria luva. Foi o que aconteceu com a mão e opezinho prometidos por Zé Grosso.

Ao terminar a reunião, penetramos na cabina e ali estavamentre outras peças de parafina de outros espíritos,especialmente uma enorme luva da mão do gigante ZéGrosso, as luvinhas minúsculas e perfeitas, absolutamenteiguais às mãos que eu apertara com amor em minha casa eaos pés que eu calçava com carinho de pai.

Um pé e uma mão de Heleninha reproduzida em parafinacom grandiosa perfeição. Eram aquela mão e aquele pé decriança de um ano e oito meses, com as mesmas curvas, asmesmas dobras, os mesmos dedinhos. Marca incontestável dasobrevivência espiritual.

Exatos, fiéis, perfeitos.

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As luvas feitas pelos espíritos são inteiriças, não apresen-tam emendas. Reproduzem todos os sinais que haja no mem-bro.

Não se partem quando o espírito retira a mão ou o pé, oque deveria acontecer por serem a pulso e o tornozelo maisestreitos que o corpo da mão ou o corpo do pé. Na retirada,forçosamente teriam que se partir.

Finalmente, qual o homem que suportaria mergulhar a mãonuma lata de parafina fervendo de 80 a 100 graus?

Mais importante ainda: como iria o Peixotinho, se frise eleenganador, mistificar, conseguir trazer uma peça que coinci-disse ponto por ponto, sem erro, com as características dospés e mãos de minha filha? E o tamanho e a idade?

Para uma prova da verdadeira reprodução, nessa provanotável de identidade espiritual. Dos pés e mãos de minhafilha, levei-os para casa e chegando lá, sem dizer nada a nin-guém, abri o embrulho e disse:

- Vejam o trabalho interessante que os espíritos fizeram nareunião.

Estavam presentes minha esposa, meu sagro, minha sograe meus cunhados, todos reunidos na sala.

Nesse momento houve uma exclamação geral, uníssona,de admiração e alegria:

- Esses são o pé e a mão de Heleninha! Olhem até amaneira que ela possuía de ficar sempre com estes dois dedosjuntos!

Eu não insinuara nada. Não dissera nada que pudesse re-velar o proprietário das luvas. Mas a verdade impoluta ali es-tava para convencer a todos que os mortos não são mortos evoltam dos umbrais da morte para pregar aos vivas a belezada ressurreição.

Cristo trouxe aos homens a Sua Mensagem, mas aCristianismo só começou a existir no momento daRessurreição. Os discípulos dispersos só continuaram a lutadepois que O viram no fato mediúnico da materialização e erapar isto que eles possuíam a energia necessária para morrer

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heroicamente no Circo de Rama. Poderiam eles negarem queo tinham visto depois de ter morrido na Cruz?

Fotografias de peças em gesso, de luvas em parafina e depedras transportadas pelos espíritos. Trabalhos realizados noANDRÉ LUÌS com o concurso da mediunidade de efeitosfísicos de Peixotinho

Todas essas peças podem ser vistas no pequeno museudo André Luís no Rio de Janeiro.

X

LETREIROS LUMINOSOS

Em todas as reuniões do Grupo de materializações com apresença de menos dos letreiros luminosos. É uma e notáveisa que assisti.

Consistem os letreiros luminosos no seguinte: os espíritosapresentam, no escuro, quadros de dimensões variadas, comuma frase escrita em letras fosforescentes, luminosas. Oletreiro fosforescente flutua no espaço: ora vem até a cara dosassistentes, ora sobe a dois, três e mais metros de altura;outras vezes sobe até o teto. Tem-se a impressão que asletras são impressas ou desenhadas num tecido semelhanteao filó.

O que impressiona mais, no entanto, é a rapidez com quesão confeccionados. O espírito não escreve a frase quedeseja, mas pede a um dos assistentes que cite uma frasequalquer, se possível um trecho do Evangelho de Cristo.Citada ou indicada à frase, imediatamente, instantaneamente,se vê sair da cabina, como num passe de mágica, a frasecitada modelada em letras luminosas, tendo em baixo aassinatura do espírito que a escreveu.

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Nesse sentido, tive uma prova interessante de identidade.Peixotinho não sabia o nome da minha filha desencarnada, co-mo ninguém no André Luís sabia. Uma noite, Zé Grosso.Falando por voz direta, me pediu que dissesse qualquer coisapara ser escrita e eu citei as palavras de Jesus: Eu sou a res-surreição e a vida.

Imediatamente surgiu por cima do biombo da cabina umletreiro luminoso, que flutuou no espaço, passando por cima deuma mesa grande onde estava deitado um doente, e veio até omeio do salão onde todos puderam ler.

Em baixo da frase estava escrito a assinatura de minhafilha: Heleninha. Todos se admiraram e perguntaram quem eraaquele espírito que eles não conheciam ao que o Zé Grossorespondeu dando uma gargalhada sonora e exclamando:

- É a filha do Ranieri, ela é ainda muito pequena e nãosabe escrever direito...

Mais importante ainda é o espírito ter escrito o nome He-leninha, nome pelo qual nós a tratávamos na intimidade decriança e não o nome Helena, que era o seu real.

Noutra oportunidade, um visitante, o Dr. Lídio Dinis Hen-riques, advogado de Minas, propôs a bela frase: O amor é osol da vida e logo após vimos à expressão feliz flutuar no es-paço em raios de luz fosforescente. Aliás, esse fenômeno é umdos mais geral e assiduamente realizados pelos espíritos quese materializam pelo Peixotinho.

A mediunidade do Peixotinho presta-se assombrosamentea esse gênero de fenômenos luminosos. Depois de terassistido a numerosas reuniões onde havia luzes em profusão,concluí que o espírito do médium, a sua espiritualização, o seualto grau de evolução, é que permitem a realização dessesfenômenos. Assim, poderíamos dizer: médiuns de luzpossibilitam materializações de luz.

Dir-se-ia que com o Peixotinho se está no Reino da Luz.Admira-se a ignorância da Ciência oficial moderna diante douniverso que se abre em estradas de claridades superfísicas.As portas da Vida Eterna apresentam-se â humanidade comoa porta estreita, mas grandiosa de uma vida imortal. O Evange-

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lho de Cristo assume então proporções inimagináveis e as civi-lizações se ligam através dos grandes iniciados nos mistériosdivinos: Buda, Sócrates, Platão, Cristo, Kardec. . .

Sabendo-se que a morte é transformação transitória, omundo nos aparece como abençoada escola, os sofrimentoscomo resultados de nossas imperfeições que se eliminam ador, como mestra sem a qual não há progresso nem evolução.

Compreende-se também que no mundo dos espíritos háformas de se escreverem e perpetuarem pensamentos e obrasartísticas. Dispõem de tecidos e possivelmente terão as suasbibliotecas mais perfeitas que as nossas e as suas discotecasmais aperfeiçoadas. Diante do fato indestrutível, fica-nos acerteza de que continuaremos a existir e que já não vivemosnos limites estreitos de oitenta ou cem anos de vida, que é deum modo geral o máximo que se pode esperar viver na Terra,mas que passamos a cidadãos do Universo tendo à nossafrente os milênios sem fim.

Existimos antes em civilizações que hoje estão decadentese viveremos no futuro em novas civilizações. Fomos bárbaros,seremos homens civilizados, atingiremos a santidade humanae prosseguiremos ao encontro da perfeição divina.

Cada um é o construtor de si mesmo sob a Misericórdia doPai Celestial, que abre as Galerias do Infinito para todos nós,que também somos centelhas eternas, imortais, divinas.

Podemos então compreender porque Sócrates se despediadisplicentemente de sua discípula, na hora da morte, comoquem sabe que irá abrir os olhos nas campinas dourados deum mundo mais belo e entendemos porque Jesus Cristo,Crucificado, em vez de amaldiçoar seus algozes, pede paraeles o perdão do Paí Todo-Poderoso.

A sobrevivência do ser, verificada e compreendida, é parao homem que luta no mar da dúvida e da descrença umrochedo formidável onde encontrará a tranqüilidade e a paz.

X-a

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MEDIUM DE LUZ POSSIBILITA MATERIALIZAÇÕESLUMINOSAS

Acredito que nos anais espíritas será pela primeira vez for-mulada esta hipótese, que parece se confirma com afundamentação em fatos.

A maioria dos casos de materializações comuns é geral-mente de espíritos que aparecem apagados, ou seja, comovultos na escuridão, treva dentro da treva. A aparição deespíritos iluminados como se fossem globos de luz com aforma humana, derramando luz fluorescente é mais rara e euquase afirmaria que no Brasil o médium Peixotinho foi oprimeiro médium com quem se deram fenômenos dessanatureza. Não digo fenômenos luminosos, mas digo:materializações luminosas, espíritas iluminados de dentro parafora.

Não me lembro de ter lido ou ouvido qualquer referência afato semelhante, anteriormente. Nas reuniões de materializa-ções geralmente os espíritos aparecem como homens queandassem na escuridão. Quando abraçam os assistentesdemonstram calor e vê-se que realmente possuem todas aspropriedades de um homem comum. Daí a dúvida de muitos,supondo que o espírito que se apresenta nessas condiçõesnão é mais do que o próprio médium que está fingindo deespírito.

Com o médium Peixotinho a situação é diferente: Os es-píritos aparecem iluminados e a luz que brota dos tecidos quemodelam o seu corpo esparge-se pela sala, iluminando atodos.

Vê-se, pois o espírito em todo o seu esplendor e notam-se-lhe nitidamente os traços. Eu, por diversas vezes, observei osespíritos de perto, olhei os seus tecidos aproximando os olhos

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a uma distância de vinte a dez centímetros, verificando,portanto detidamente, e posso afirmar que o tecido é umaespécie de filó de fios luminosos. Lembra uma grande lâmpadaformada de milhares de fios de tungstênio.

Na literatura espírita européia já encontrei referência amãos luminosas que desciam do teto para escrever, as bolasluminosas flutuantes, mas o caso de espíritos fluorescentes,materializados completamente não me recorda de ter lido. Epossível que me falhe a memória ou mesmo que não tenha lidoobra, talvez até famosa, em que apareçam tais fatos. Nessecaso seria mesmo ignorância de minha parte.

*

Um homem de luz! Eis o que são as materializações com oPeixotinho. Impossível fingir~e ele de luz e fingir de tal modo aenganar numerosas pessoas, entre elas engenheiros, médicos,advogados, farmacêuticos, professores, dentistas e policiais.. .

Atribuímos o fato de conseguir o Peixotinho essas materia-lizações luminosas à sua já avançada humildade, boa vontade,compreensão, tolerância, resignação, enfim ao seu grau eleva-do de espiritualização.

Assim, possuindo luz no seu próprio organismo perispíriticoo tem forçosamente que fornecer material luminoso aosespíritos e com os quais se modelam. A iluminação do perispí-rito é no caminho evolutivo um fato real e o perispírito não dei-xa de ser uma organização de caráter elétrico ou coisa seme-lhante.

Formado de corpúsculos infinitamente pequenoscarregados de carga positiva e negativa, tendem a iluminar-seao impulso da mente que se aprimora.

Com o Peixotinho têm-se realizado os fenômenos maisvariados do tipo luminoso.

E os espíritos assim materializados vêm nos dar uma provanotável: mostraram-nos que o homem dispõe de uma organiza-ção interna de prodigioso poder, até o presente inexplorado.

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Esclarece-nos também que os hindus com suas práticasextravagantes não são tão loucos como o ocidente pensa; pro-var que o ocultismo tem muita coisa verdadeira e que se ohomem quiser se tornará um aparelho de aplicação jamaissonhada; nem o radar nem a bomba de hidrogênio o igualarão.E internamente um poder que pode ser desenvolvido, mas sóvale a pena desenvolvê-lo quando sua mente começar a seinteressar sinceramente pelas coisas divinas. E a lei é tãoinexorável que só quando se interessa pelo mundo espiritualse desenvolve e cresce assim como a semente que nãogermina sem água e sem sol.

X-b

ESCREVENDO A LUZ DOS ESPIRITOS

Já nos referimos por diversas vezes às grandes possibilida-des que o Peixotínho oferece para as materializaçõesluminosas. Consideramos até as materializações luminosas oque de mais belo já produziu. Penetramos nos reinos da luz eda beleza superior.

Assim, certa ocasião acreditamos que seria útil fazer umaexperiência nesse sentido. Os espíritos nos haviam autorizadoa tomar notas dos trabalhos que se desenrolassem durante asreuniões para que fossem aproveitadas no futuro. O métodoque estávamos usando era o mais racional: assim que termina-va a reunião, fazíamos uma ata. Tomar notas enquanto decor-riam os trabalhos, eis a nova idéia que me ocorreu.

Para isso muni-me de lápis e papel e me preparei paratentar escrever à luz dos espíritos. A primeira vez que tentei foinuma reunião movimentada com o Peixotinho.

Eu estava sentado perto da cabina, ao lado de uma mesaonde se deitara um doente. Trado escuro. De repente, naentrada da cabina, surgiu uma figura luminosa de beleza semigual. Posso declarar que durante todo o tempo que freqüentei

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o André Luís jamais vi alguém que se lhe assemelhasse emluminosidade. O seu corpo espiritual se apresentava todo cheiode ondulações como fosse à pele de um carneiro. Lembrava aroupa com que o Dente nos é apresentado: túnica e a cabeçaenvolvida por uma espécie de turbante. A luz irradiante eraintensa e de uma grandiosidade fora do comum. Sabíamos quediante de nós estava uma elevadíssima figura espiritual. Issosabia pela luminosidade, mas não lhe sabíamos o nome. Elase aproximou do doente que estava na mesa e fez-lheaplicações curativas.

Estava pertinho de mim. Tomei o papel e o lápis. Aproxi-mei-me um pouco mais e comecei a escrever à claridade quedo espírito se irradiava. O papel iluminado pela H luz do luarque se desprendia do espírito me permitiu anotar tudo o quedesejava. O espírito afastou-se, penetrou na cabina e nósvoltamos a nos mergulhar em completa escuridão.

Outra entidade apareceu: Fritz. Não era tão belo nem tãograndioso e intenso a sua luminosidade. Chamamo-lo.

Aproximou-se de nós com a sua característica seriedade.Embora em menor quantidade a luz que dele se desprendiatambém me permitiu fazer anotações. Perguntei-lhe quem eraa primeira entidade tão grande beleza e ele nos res-pondeu:

- Maria João de Deus.Maria João de Deus foi mãe de Chico Xavier, na sua última

estada em nosso plano físico e é a autora do livro mediúnico:CARTAS DE UMA MORTA. Outros espíritos foram-sesucedendo e eu aproveitei a luz de quase todos para anotar oque desejava.

Estávamos diante de dois fenômenos absolutamente físi-cos: ficava provado que a luz que se derramava dos espíritos éluz física semelhante à luz que possuímos na terra, e a minhaescrita aproveitando-me da luminosidade com que seinundavam os papéis.

E um fenômeno simples, mas que serve para edificar asnossas almas e fazer com que pensemos em nossasresponsabilidades no plano terrestre.

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Somos viajores do infinito e só há uma saída honrosa parao espírito que desceu aos abismos da carne: a conquista degraus cada vez mais elevados de evolução espíritos. Esse é ocaminho da libertação. Estrada cheia de pedras e dificuldades,mas estrada gloriosa.

Há aqueles que se revolta contra a sua vida familiar repletade incompreensões. Há os que maldizem o emprego que emsua opinião não é o que desejavam. Finalmente, a grandemaioria vive desesperada e descrente. Isso, no entanto nãoresolve coisa alguma. Viver na carne e sofrer sãonecessidades inadiáveis do espírito que precisa que anseia porevoluir. E sem evolução não há libertação do mesmo modoque os dias necessários exigidos pela natureza para amaturação do ovo têm que rolar uns sobre os outros, sem oque o pinto não sai do cárcere da casca.

Aceitar o mundo como ele é, vivendo, porém dentro deuma concepção mais elevada e mais bela. Eis o verdadeiroproblema da felicidade humana. Se o corpo desaparece naTerra, o espírito imortal ressurgirá noutra região onde seencontrará consigo mesma para o acerto de contas.

SEGUNDA PARTE

Fenômenos de materialização realizados através damediunidade de Fábio Machado

X I

OS MESMOS ESPIRITOS COM MÉDIUNS DIFERENTES

Durante uns quatro anos seguidos se reunia em Belo Hori-zonte, na residência de Jair Soares, um pequeno grupo de ho-

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mens de boa vontade e do qual fizemos parte desde a sua ini-ciação.

A história completa desse grupo de cinco a seis pessoas,as suas lutas, os ataques que recebeu até dos própriosespíritas que não compreendiam o seu labor silencioso efecundo, é uma história árdua e gloriosa que provavelmenteviverá apenas em nossos espíritos como abençoadaexperiência na jornada terrestre.

Fenômenos da maior importância no setor dosonambulismo mediúnico ali se realizaram e no tempo em queainda não haviam sido publicados os livros de André Luís, jáesse grupo recebia por Misericórdia Divina as mesmasrevelações e instruções que posteriormente foram dadas aoChico Xavier. Grande parte está devidamente registrada,anotada pacientemente.

Testemunhas das provas mais importantes, dosfenômenos mais altos e mais sublimes sentiram vibrar alidentro o Cristianismo mais puro e mais belo que se possadescrever. As revelações de André Luís vieram fortificar eiluminar o grupo que pelo trabalho constante merecera o amore a simpatia de entidades elevadíssimas.

Apesar desse acervo glorioso, o grupo ainda não consegui-ra realizar os fenômenos de materialização que, no entanto.Desde as primeiras reuniões, lhe foram prometidos pelosespíritos com finalidades mais altas que o simplesdivertimento.

Em 1948 eu me transferi definitivamente para o Rio deJaneiro e fui fazer parte do Grupo Espírita André Luís.

Algum tempo depois, recebi notícia, por carta dirigida peloJair, que o grupo de Belo Horizonte começava a realizar osprimeiros fenômenos de fotografia espiritual, com êxito, e fa-ziam experiências com o médium Enio Wendling, velho traba-lhador do Grupo, em desenvolvimento, e que nos possibilitarabelíssimas experiências sonambúlicas. Penetrara agora,lentamente, no caminho dos fenômenos de efeitos físicos. Jaire Márcio Cattôni, outro médium e generoso irmão, auxiliavamnos trabalhos, ajudando com seus fluidos.

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Os trabalhos prosseguiam com êxito crescente, quando aJair me informou que o Chico Xavier enviara ao Grupo umnovo médium, que durante três anos vinha sofrendo perturba-ção de espíritos inferiores sem se desenvolver e que no Grupodo Jair encontraria o ambiente propício para o completo desen-volvimento.

Realmente, o Fábio, isto é, Fábio Machado, o novo mé-dium, com a palavra de recomendação do Chico, e, portantode Emmanuel, incorporou-se ao pequeno grupo de trabalhosespirituais.

Desenvolveu-se rapidamente e os mais de materialização,levitação, etc. passaram a realizar para alegria de todos

Fábio Machado não conhecia o Peixotinho, não o vira, nãoassistira sequer a uma de suas reuniões e, no entanto, passeia receber notícias de que no Grupo do Jair estavam-sematerializando os mesmos espíritos que se materializavam noAndré Luís do Rio de Janeiro: Zé Grosso, Scheilla, Fidelinho,Garcez, etc.

Mais tarde recebia notícia de que o Grupo era orientadopelo mesmo espírito luminoso de André Luís que dera à irmãScheilla o encargo de dirigi-lo. Passou assim o pequeno Grupoa denominar-se: Grupo Irmã Scheilla.

Algum tempo depois fui a Belo Horizonte e esperava queme fosse permitido assistir às reuniões do Grupo Irmã Scheillapor muitos motivos e entre eles o de verificar se os espíritosque eu tanto conhecia e com os quais convivera durante tantotempo no André Luís eram realmente os mesmos, exatos,perfeitos.

Essa oportunidade me foi concedida. E eu pude então ter aprova bela e irrefutável da mais absoluta realidade. O Zé Gros-so era o mesmo Zé Grosso, com a mesma voz trovejante ealegre, a mesma vivacidade, a mesma inteligência e a mesmacapacidade de improvisação de quadras que é a suaespecialidade. Medido, visto, observado, apresentava amesma estatura e os mesmos modos. A Scheilla era também amesma Scheilla falando com voz de mulher alemã, comsotaque alemão. O Garcez, sério e grave, dando apenas

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orientações breves no fim dos trabalhos. E o Fidelinho com suavoz de criança completava o. cortejo grandioso.

Eu reencontrara através de um médium que não conheciao Peixotinho, que não assistira às suas reuniões, que nãoconhecia aqueles espíritos, os mesmos espíritos, com asmesmas atitudes e maneira de falar, o mesmo temperamento,o mesmo intelecto.

Como poderia haver mistificação em casos desses?Poderia o Fábio imitar uma pessoa como o inconfundível

Zé Grosso, sem conhecê-lo, sem tê-lo visto? E poderia ele imi-tar ainda mais três e quatro outras personalidades diferentes,absolutamente diferentes, sem que jamais tivesse estado emcontacto com elas? Impossível!

Nenhum homem, nenhum artista, nenhum prestidigitadorseria capaz de fazer isso. Se houvesse assistido a umareunião, uma só, do Peixotinho, está certo que sendo um gêniorealizaria o que outro gênio havia realizado. Mas sem ver, semconhecer, sem saber. . . ???

*

Nessas reuniões, conversei com os espíritos e tratamos deassuntos que se relacionava com outros que eu havia tratadocom eles mesmos nas reuniões do André Luís do Rio de Ja-neiro. A todas as minhas perguntas referentes a assuntostratados no Rio eles responderam com pleno conhecimento,multo embora o resto da assistência não estivesse entendendoo que falávamos.

Tive assim a prova mais incontestável da identidadeabsoluta de quatro ou cinco espíritos que privavam comigotodas as semanas em outro Estado da Federação. As suasvozes foram gravadas em arame de aço de um aparelhoamericano e se encontram em Belo Horizonte para quemquiser ouvir. No André Luís do Rio de Janeiro também hágravações semelhantes, quem quiser poderá comprovar ecomparar. Há talvez uma pequena e ligeira diferença de voz

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quando fala o Zé Grosso, mínimo alias. Isso atribui a que osespíritos usam o material vocálico de cada médium.

Deixo ao leitor o trabalho de tirar as conclusões que dese-jar. Revelo os fatos com o desejo de contribuir comobservações que todo o indivíduo que se dispuser àinvestigação paciente, durante anos, poderá um dia fazer. Osespíritos aproximam-se da Terra em nosso século com amissão de arrancar o homem adormecido na inconsciência eno materialismo. É a convocação que se renova e as palavrasdo Cristo que se cumprem.

Já está em marcha a maior revolução social de todos osséculos e a avalanche cresce como onda assustadora. Abrem-se portas misteriosas da vida para o homem que seconsiderava deserdado, perdido no mar do mundo,mergulhado no oceano das discussões sem fundamento. Quecada um se compenetre de que a vida imortal é a suprema emais bela realidade, que o corpo morto e desagregado não é ofim da vida humana, mas apenas o começo da vida gloriosa eeterna.

XII

FENOMENOS COM RADIOATIVIDADE

Prossegui assistindo às reuniões com o médium Fábio Ma-chado.

Marcou-se uma reunião na Fazenda da Cachoeira, de pro-priedade do Sr. Ouriviu. A Fazenda da Cachoeira é um recantomaravilhoso, escolhido para uma das mais belas realizaçõesde nosso tempo e que seria a construção de uma cidadeespiritual na Terra sob a bandeira do Evangelho de Cristo.Infelizmente, até agora, o grande sonho não se realizou.

*

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Em amplo salão recém-construído, reuniram-se cerca detrinta pessoas. Não havia cabina apropriada, de modo que foiusado um quarto vazio para servir de cabina e que dava para osalão. Nós e o médium havíamos chegado as seis e tanto datarde. Não havia, pois, preparação alguma. Tomamos um lan-che na residência de Rubens Romanélli e seguimos para olocal da reunião, que fica a uns oitocentos metros ou mais dascasas de residência.

Iniciados os trabalhos, com a ida do médium Fábio para oquarto vazio, vimos os primeiros clarões verde-recheados, queiluminam às vezes o salão todo, absolutamente iguais aos pro-duzidos pelos espíritos quando trabalha o Peixotinho e depoisPassamos a assistir a numerosos fenômenos já comuns paranós, como sejam: a presença de espíritos materializados, acolocação de discos de vitrolas pelos espíritos, levitação dediscos de vitrola pelos espíritos, levitação de objetos, e umespírito desenhando um retrato de outro espírito, o qual no finalda sessão foi encontrado sobre a mesa. Ouvia-se o correr dolápis no papel. Tudo isso seria importante e seria descrito, senós não estivéssemos neste pequeno trabalho relatandoapenas os fatos que consideramos irrefutáveis, incontestáveis,impossíveis de serem realizados por mistificadores ou pormágicos de qualquer espécie. De cada sessão apresentamos,portanto, o fato culminante e assombroso. E a prova incontesteda imortalidade que desejamos oferecer aos homens, nossosirmãos em humanidade. Foi o que vimos.

Assim, quando menos esperávamos, 0 7k Grosso nosanunciou:

- Meus amigos, agora vão fazer uma experiência inte-ressante: vamos saturar o ambiente com radioatividade.

- Mas. . . Perguntamos-lhe, saturando o ambiente comatividade, nós encarnados não corremos risco?

Ao que o espírito, rindo alegremente, respondeu:,- Nós, os espíritos, derramarão no ambiente um outro

elemento que os homens ainda não conhecem e que equilibraa ação prejudicial do rádium.

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Em vista da resposta, ficamos silenciosos e aguardamos odesenrolar-se dos acontecimentos.

De repente, o Márcio Cattônio de espanto ao mesmotempo:

- Olhem, olhem para a minha roupa para meu suspensório!Está saindo luz!

Todos nos voltamos imediatamente para o Márcio e con-templamos um fenômeno notável: à medida que o Márcio pas-sava as mãos na roupa ou no suspensório, dele saia luz, luzfosforescente, luz de luar, luz igual à que os espíritos, pelo Pei-xotinho, apresentavam nos seus tecidos do outro mundo.

Imediatamente, o César Burnier, uma das pessoas presen-tes, advogado e fiscal do Estado de Minas Gerais,experimentaram fazer à mesma coisa e o fenômeno sereproduziu com ele.

Todos nós tentamos realizar o mesmo fenômeno e o fenô-meno se revelou com todos que o tentaram. Alguns passavamas mãos nos cabelos e os cabelos derramavam luzfosforescente. Eu passei as mãos na minha roupa, nos meussuspensórios e nos meu cabelos e vi a luz desprender-sedeles.

Eram quase trinta pessoas a realizar o mesmo fenômeno,a reproduzir a mesma experiência.

Tempos depois, o Zé Grosso disse que iam retirar a radioa-tividade do ambiente. Retirada à radioatividade, todos tentaramcontinuar realizando õ fenômeno, esfregando as própriasroupas, os suspensórios e os cabelos, mas apenas a escuridãorespondia ao apelo. Nada mais acontecia. Como por encanto,a luz fosforescente desaparecera do ambiente como um anjode luz que houvesse desaparecido nas trevas.

Muitos outros fenômenos se realizaram até o final da ses-são, notáveis, mas diante desse, não nos referiremos aosoutros, seria acumular material inutilmente.

Naquela reunião, nós não comprovamos a existência dosespíritos apenas por vê-los e ouvi-los. De expectadorespassivos passamos a ser parte no programa. Éramos nósmesmos a verificar em nossas pessoas, em nossa roupa, em

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nossos cabelos, a existência da radioatividade trazida domundo espiritual. Passou-se conosco, com trinta pessoas, umfato psíquico autêntico, verdadeiro. E após a retirada daradioatividade ninguém mais conseguiu coisa alguma. Alguémseria capaz de reproduzir o que acabamos de relatar?

Não havia aparelho terrestre algum no ambiente, no recin-to. Mas eu vou mais longe: existe alguém que possua no nossomundo um aparelho capaz de realizar semelhante fenômeno?

Sabemos que por enquanto não existe. O acontecimento édaqueles de deixar os homens, vermes da Terra, assombradosdiante das forças da vida que existem espalhadas por toda aparte e que nós desconhecemos.

Os espíritos nos vêm das forças invisíveis, mas revelar queeles habitam o mundo real, e que essas forças podem-seprojetar no nosso mundo no momento que desejarem.

Se não o fazem é porque obedecem a um programa supe-rior. A Terra não marcha desgovernada nem Deus seesqueceu dela. A evolução processa-se lenta, masseguramente. O mal é apenas um estado transitório daimperfeição humana.

Há somente necessidade de trabalho por parte do homemno sentido de descobrir-se a si mesmo. Vencendo 0 orgulhoque o torna cego, tornando-se humilde para ver com olhosimparciais, poderá atingir novas formas de viver e fará desteplano que, se não é o melhor também não é o pior doUniverso, um plano de paz, de trabalho, de investigação.Investigar conscientemente todos os ângulos da VidaUniversal. Observar, experimentar, comparar e concluir para obem, é essa a estrada que deve pertencer ao homememancipado do futuro, livre de todos os preconceitos, filho daVerdade e herdeiro da Justiça.

*

Outro fato importante se realizara para nós, e era a reve-lação feita pelo Zé Grosso de que existe no mundo invisível umelemento desconhecido na Terra, ignorado pelos homens, e

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que regula a ação da radioatividade, que equilibra a ação daradioatividade. Um elemento químico ou algum aparelho? Nãosabemos. O espírito não esclareceu. É possível, porém, quequalquer dia seja descoberto pelo homem.

Os tesouros universais pertencem a todas as criaturas,mas tanto os espíritos quanto os homens têm que esperar quea mente humana esteja em condições de receber essestesouros para que eles não se tornem órgãos da destruição edo mal.

XIII

UEMOTO

Entre os espíritos que se materializaram no André Luíspela mediunidade do Peixotinho, havia um que fora pintorextraordinário no Celeste Império Japonês. Viveu na Corte eera consumado artista, especialmente no gênero de aquarelas,das quais deixou notáveis pinturas naquele Centro, mas a cujaconfecção não me fora dada à ventura de assistir. Vi osquadros originais no André Luís.

Chamava-se Tongo esse espírito e era mesmo na figura deum japonês que se materializava para realizar os trabalhos.Fiquei, pois, surpreendido quando, numa reunião com omédium Fábio Machado, se materializou um espírito tambémde japonês, desenhista, e realizou desenhos interessantes deoutros espíritos. A surpresa vinha-me do fato de o espírito nãose apresentar como TONGO, mas como um outro japonêschamado UEMOTO. Ora, eu já me habituara a conversar comos mesmos espíritos que se materializavam pelo Peixotinho,materializando-se pelo Fábio. O espírito do novo japonês,porém, dizia que não era o mesmo com outro nome, mas simoutro espírito.

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Se materializavam pelo Fábio quase todos os espíritos quese materializavam pelo Peixotinho, com absoluta exatidão, nãohavia explicação para que outro espírito se materializasse nolugar de Tongo para realizar o mesmo trabalho. Guardei mi-nhas dúvidas comigo e esperei que o tempo viesse solucionara questão.

O Grupo nessa ocasião funcionava na Praça do Cruzeiro,na sede do Centro Espírita Tiago Maior, e fui lá assistir a umareunião com o Fábio. Os espíritos orientadores haviam pedidopara que nessa noite se colocasse em frente à cabina ondeficaria o médium, uma máquina fotográfica das grandes,usadas em retratistas profissionais. Conseguimos umaemprestada no Foto Minas, com grande tripé.

Havia sido fornecido pelos espíritos com antecedência, emreunião anterior, um mapa da situação da máquina e fora indi-cado o Márcio Cattôni para tirar uma fotografia da cabina commagnésio, no momento determinado. Nossa reunião coma emmeio, com tudo preparado, quando o médium da cabinacomeçou a gemer alto. Ao mesmo tempo ouvimos passosmiúdos de alguém que parecia uma criança. Andava aospulinhos.

Havia sido pedido pelos espíritos que deixássemos papel elápis para desenho, pois Uemoto nos prometia uma surpresapara essa noite.

Os passinhos miúdos aproximaram-se da primeira fila decadeiras. Nós estávamos sentados na segunda fila, na primeiranão se sentara ninguém. Notamos que alguém semelhante auma criança chegava perto das cadeiras e sentava-se emminha frente. Em seguida, ouvimos o barulho ou ruído de umlápis que corria vertiginosamente sobre papel. Tivemos a idéiade que Uemoto, a cinqüenta centímetros de nós, desenhava. Oruído do lápis produzia-se com certa altura e penso que todosque estavam na segunda fila de cadeiras o ouviam. Enquantoisso nos foi determinado que se batesse a chapa fotográfica dacabina.

O Márcio preparou-se e em seguida bateu o magnésio. To-da a cabina se iluminou com a luz do magnésio durante alguns

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segundos e nós pudemos então ver no fundo da cabina,sentado numa cadeira, o médium Fábio, sem camisa, com opeito descoberto e os músculos relaxados. Das suas narinassaíam dois cordões grossos de uma pasta branca que Iheescorria sobre o queixo, cobrindo-o. Ele gemia alto. E então eupude ver a minha frente, desenhando, a figas do pequenojaponês, Uemoto. Ele continuava a desenhar e o ruído do lápiscontinuava a se produzir. Não via as suas feições porque eleestava como eu, atrás da máquina fotográfica e sentada àminha frente, de costas para mim, mas via a sua figuraperfeitamente e o movimento vertiginoso de sua mão.

Na cabina, o Fábio, que foi fotografado e cuja fotografiaposteriormente revelada foi à prova e é da sua permanência ládentro; aqui fora, Uemoto, escrevendo, desenhando, pequeno,absolutamente diferente de todas as pessoas presentes.

Vi os dois perfeitamente; o espírito materializada, dese-nhando e o médium, em transe, gemendo.

Terminada a ação do magnésio, Uemoto, com gestorápido, estendeu uma folha de papel, estendendo o braço evoltando-se para trás, para mim, (vejam a proximidade que eleestava de mim) entregou-ma. Dizendo num portuguêsAjaponesado:

- Leva para a Chico Xavier. Presente de Uemoto.Tomei de suas mãos a folha de papel e segurei-a até o fim

da reunião. No outro dia eu pretendia ir a Pedro Leopoldo elevaria o desenho. Uemoto, após isso, voltou para a cabina e areunião prosseguiu cheia de fenômenos importantes. Eu,porém guardei esse coma a pérola de subido valor que desejooferecer à humanidade com carinho.

Quando as luzes se acenderam, em minhas mãos estavaum retrato notável do espírito de Nina Aroeira e que depois foientregue ao Chico. Deve estar em seu poder

Feito no escuro por um espírito materializado é uma obraformidável. Linhas suaves e perfeitas.

Senti-me feliz de ser escolhido mensageiro entre Uemoto eChico Xavier, entre a carinhosa Nina Arueira e o generosocristão de Pedro Leopoldo. Isso ainda por outros motivos que

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só eu sabia: laços profundos ligam-me a Clóvis Tavares, quefoi nesta vida terrestre noivo de Nina e Jaks Aboab, meu amigode tantas horas felizes e que teve em outras existências a Ninacomo mentora constante.

Realmente, o gesto simples e talvez incompreensível deUemoto era uma revelação maravilhosa que tenho certezaninguém ali sabia ou poderia adivinhar. Entre todos, semvaidade e apenas o digo a bem da verdade, eu era e deveriaser o mensageiro indicado.

Ficava ainda a história de se materializar Uemoto e não oTongo.

Isso se esclareceu com grandiosa significação. No Rio,sem eu tocasse no assunto, o Peixotinho me deu a notícia:

- Sabe que o Tongo não se materializará mais? - Por quê?Perguntei-lhe.

-- Diz a Scheilla que está se preparando para reencarnarEis a explicação por que o Fábio que possibilitava mate-

rializações de todos os espíritos que se materializavam peloPeixotínho, não conseguia materializações de Tongo. Tongo iareencarnar-se em breve tempo e já fora afastado dos serviçosde materializações. Ninguém, no entanto, sabia. Uemoto toma-ra-lhe o lugar e iniciara o seu trabalho junto às esferas terres-tres.

Como um relógio perfeito, os espíritos acionaram us pon-teiros que não falham.

E para que todas essas provas, com que finalidade?Com o objetivo de aliviar os enfermos da carne e os en-

fermos do espírito. Com a finalidade de conduzir o homemperdido na incompreensão, na dor e nas trevas, para as clari-dades da certeza imortal e para as clareiras gloriosas do Evan-gelho de Cristo, aberto há dois mil anos aos renitentes filhos daTerra, esquecidos da sua divina origem e da sua sublimeascendência. Para que Cristo possa brilhar em toda a sua gló-ria e em toda a sua luz!

XIV

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O ENROLAMENTO DOS DISCOS

Este é um fenômeno relativamente comum e que, segundoos noticiários dos jornais, tem-se realizado com diversos mé-diuns de materialização. Não consistiria, pois, um fato impor-tante se não se caracterizasse, no nosso caso, por uma peque-na diferença. E essa diferença que vamos assinalar no decor-rer de nossa descrição. Não deixa de ser, porém um aconteci-mento relevante que nos prova a atuação física, capaz de per-manência, dos espíritos no nosso mundo, no nosso plano.

Nas páginas do Evangelho, encontramos entre outros fe-nômenos físicos (químicos?) o da transformação da água emvinho. Jesus deu prova do, seu poder formidável em todos osinstantes de Sua Vida.

Os fenômenos do passado longínquos revivem, conforme apromessa do Cristo, em nossos dias, com força e intensidade.

Com o médium Fábio Machado, assistimos a uma reuniãona residência de Jair Soares, em Belo Horizonte.

Como sempre, a noite prosseguia cheia de realizações ma-ravilhosas no campo mediúnico. Os espíritos materializados,perfeitos, traziam suas instruções elevadas a nós, homens daTerra, sequiosos da palavra que ilumina e conduz.

Vindos do Rio, comparecemos à reunião, eu e o InácioDomingos da Silva, também pertencente ao Grupo André Luísnaquele tempo até vice-presidente do G.E.A.L.

Diversos espíritos se materializaram para realização desuas tarefas: uns, para instrução; outros para aplicar aparelhoscuradores a enfermos presentes; outros ainda para seconfraternizarem conosco.

Nesta parte da confraternização é que apareceu o giganteZé Grosso, entre gritos e exclamações de alegria, como serealmente não fosse um espírito e sim um homem como nós.Saudava-nos, os seus companheiros do Grupo André Luís, do

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Rio de Janeiro, e respondia às perguntas que lhe fizemos.Para todas possuía uma resposta inteligente e completa.

Com uma pequena lâmpada na mão, uma lâmpada esqui-sita e desconhecida, de luz verde, ele iluminava determinadaspartes do recinto.

Aproximou-se de mim e disse que ia fazer uma mágicaEu lhe disse respondi que estava esperando uma mágica.Ele então me mostrou um disco de vitrola, que iluminou

com sua lâmpada e me perguntou:Esta vendo este disco, Ranieri.- Estou, respondi-lhe.- Segure no disco e não solte. Vai contar até três Quando

atingir o três você o solte e segure imediatamente.Eu assim fiz. Segurei o disco. Quando contou: três, eu o

larguei e segurei instantaneamente. Qual não foi minha surpre-sa: o disco estava completamente enrolado coma se fosse umcanudo, em minhas mãos.

Admirado, propus-lhe o seguinte:- Gostei da mágica, Zé Grosso. Será que você não poderia

fazer o contrário, isto é, desenrolar o disco outra vez?Ele concordou com a proposta.Eu examinei então o disco detidamente, o que já fizera da

primeira vez, li o nome da música e o autor, e aguardei o resul-tado.

Ao contar de novo três, o disco, o mesmo disco, estavaperfeito e desenrolada em minhas mãos.

Agradeci e pedi ao Zé Grosso repetir a mágica enrolando odisco de novo, pois eu desejava levá-lo enrolado para o GrupoAndré Luís, o que fiz. E lá se encontra o disco.

Depois de realizar o fenômeno para mim, o Zé Grosso fezo mesmo com outro disco para o Inácio, em todas as suasfases foi reproduzido o fato, entregando também no final odisco enrolado, que seguiu o mesmo destino e se encontraatualmente formando um par na vitrina do G.E.A.L. Ofenômeno, a não ser enquanto demoram os examessucessivos que fazemos dos discos, antes e depois doenrolamento, a leitura do nome da música e do seu autor, e

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mais alguma verificação, é rápida, fulminante. Não demoramais do que um ou dois segundos, se demorar isso. O espíritoestá à nossa frente, de pé e segura o disco com a mão numlado e nós o seguramos no outro. Respira à nossa frente econversa como um amigo. Não é dentro da cabina, não éescondido, é fora, no meio de todos, sem disfarces, sem nada.

Essa é a pequena diferença que assinala o fenômeno rela-tivamente às outras experiências que tenho lido: o espíritoneste caso enrolou e desenrolou o disco o nosso pedido epudemos verificar que era o mesmo, assim como não notamosno disco sinal algum de violência.

Perguntei ao Zé Grosso como é que ele realizava o fenô-meno e ele me respondeu muito simplesmente:

- É com um aparelho que temos aqui. Esse aparelho servepara muitas outras coisas sérias e eu aproveitei para realizar aminha mágica.

Em toda a parte os espíritos têm-se referido, quando con-versam conosco, e especialmente em reuniões dematerialização, aos aparelhos, as roupas, às construções, àscidades, aos educandários e aos costumes, semelhantes aosnossos existentes no mundo invisível.

O nosso mundo é uma projeção do mundo invisível, nãoresta a menor dúvida, e lá existe muita coisa que em breve ahumanidade terrestre irá conhecer.

A comunhão do mundo terrestre com o sinal que Cristoprometeu aos homens, época da regeneração.

Cegos são todos aqueles que negam porque queremnegar; que recusam porque acreditam que a sua recusaadianta alguma coisa; que tentam opor barreiras ao Reinadoda Luz, supondo que a sua fragilidade de homens agarradosaos bens da Terra pode equilibrar a vinda da Certeza daImortalidade.

Jesus aproxima-se da Terra com passos silenciosos e SuaVoz, através dos espíritos, ecoa pelos vales profundos, convo-cando as almas perdidas que durante milênios nascem erenascem inconscientes e tristes incapazes de ascender àsregiões mais altas, de mente embotada e de coração vazio.

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Os seus passos são os passos da Ressurreição e aslegiões dos espíritos luminosos vibram as trombetas em todosos cantos da Terra.

Os braços da Cruz abarcam o mundo ensangüentado. Osreis e os príncipes, os potentados e os tiranos, curvar-se-ãodiante da Grandeza da Sua Mensagem, que é PereneReconstrução. Aqueles que não quiserem seguir o caminhoque conduz à Porta Estreita terão que se exilar do mundo euma nova queda dos anjos assolará a Terra. E, todavia ocomeço de uma Nova Era de Paz e de Fraternidade.

XV

BALAS FOSFORESCENTES E EXPLOSIVAS

Creio que este é um fenômeno novo na coletânea já tãovariada e maravilhosa de fenômenos mediúnicos que têm sidopermitidos ao homem. Eu, pelo menos, ainda não li nem ouvifalar de fenômeno igual realizado em qualquer parte do mundo.E tem da mesma forma que o fenômeno da radioatividaderealizado na Fazenda da Cachoeira e anteriormente descrito, avantagem de transformar os assistentes de simplesexpectadores em pessoas que verificam o fenômeno por simesmo, porque o fenômeno sucede com elas, enquanto osespíritos estão afastados. Os espíritos nesse caso nos dão àprova de que o mundo invisível dispõe facilmente de elementosde que nós não dispomos aqui no plano físico e controlam eorientam essas forças, essas energias formidáveis.

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Os assistentes são assim chamados a tomar parte nostrabalhos e sob condições tais que negar a evidência dos fatosseria mentir a todo sentimento de honra e dignidade humanas.

Dizem que o fenômeno das balas fosforescentes nasceudo fato de o César Burnier ter tido a idéia de levar algumasbalas cristalizadas para ver se os espíritos materializadoschupavam balas.

Após chupar uma bala, provando-lhe assim que o podiamfazer, o Zé Grosso retribuiu a gentileza de César realizando 0fenômeno notável das balas luminosas.

O César contara-me o fato e eu naquela tarde, sozinhocom o César, demonstrara o desejo de assistir ao talfenômeno. O César seguiu comigo para a reunião que serealizaria em casa do Jair Soares e em meio do caminho eucomprei um pacote de balas cristalizadas.

São balas grandes e brancas, de açúcar cristalizado.Parece mesmo cristal. São duras e resistentes.

Rumamos para a reunião e não revelamos a ninguém onosso propósito. Quando começaram os trabalhos, dei anotícia ao espírito materializado do Zé Grosso e pedirei querealize o fenômeno para nós.

Ele, materializado com uma pequena lâmpada verde namão, à qual atribuía o poder da radioatividade, veio até pertode mim e foi-me tomando uma a uma as balas das mãos, eentregando imediatamente uma para cada assistente.

Estávamos em número talvez de vinte e cinco Cadapessoa ficasse com uma bala na mão. Eu uma e o Ináciooutra.

Depois disso, o Zé Grosso anunciou:- Agora vou começar a minha mágica.Aproximou-se mais de mim, ficando a uma distância de

trinta centímetros, se tanto. E aplicou a luz da lampadazinha nabala segura em minhas mãos. A luz incidiu sobre a bala talvezdurante uns dois segundos.

Assim fez com todas as outras balas nas mãos dos outroscompanheiros. Notei que com alguns ele, Zé Grosso, tambémsegurava a bala nas mãos, ficando os dois segurando.

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Assim que aplicou a luz nas balas, autorizou: - Agora vocêspodem mastigar as balas.

Foi então que eu contemplei o espetáculo notável de cadaboca colocada em minha frente, quando mastigava a bala, saíauma explosão de luz fosforescente, verde-clara.

Eu partia minha bala com os crentes e a explosão se rea-lizou. Tornei ã partir outro pedaço e outra explosão. E todosfizeram a mesma coisa e obtiveram o mesmo resultado.Depois eu observei e mostrei aos outros que, atritando osfragmentos das balas uns contra os outros na concha das duasmãos, a explosão também se realizava. Todos fizeram isso eobtiveram o mesmo resultado.

Alguns tiveram a idéia de colocar pedacinhos de bala nochão e esmagar com o pé e nós então vimos a luz esverdeadasair-lhes por debaixo da sola do sapato. O fenômeno era inte-ressante, novo, convincente.

Perguntei ao Zé Grosso:- Zé Grosso, diga-me uma coisa: permanece essa luz no

interior das balas, ou seja, durante quantas horas ou minutos abala conserva o poder de explosão fosforescente?

Ele me respondeu:Durante vinte e quatro horas. Eu aí acrescentei:Quer dizer que nós podemos levar essas balas para casa e

realizar o fenômeno em um quarto escuro com pessoas denossa família ou sozinhos e ele se realizará?

- Realiza sim, pode sim, o confirmou.Em vista disso pedimos-lhe que aplicasse o aparelho em

algumas balas que restavam e alguns que não possuíam maisbalas inteiras ficaram com os pedacinhos que ainda sobravam.

Terminada a reunião, muitos levaram essas balas parasuas residências e tentaram realizar o fenômeno, o queconseguiram com êxito, muitas horas depois que a reuniãotinha terminado, sós, absolutamente sós, sem médium, emsuas casas. Eu também realizei a mesma coisa, no outro dia,em quarto fechado, escuro, e afirmo sob palavra de honra queo fenômeno, verídico, irrefutável, se realizou em toda a suasimplicidade e grandeza. As pessoas que assistiram a esses

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fenômenos estão todas vivas, moram em Belo Horizonte epoderão atestar a veracidade dos fatos.

Já não se trata mais de ver espíritos, mas de observar apermanência de alguma coisa que eles deixaram em simplesbalas e que durou vinte e quatro horas. Luz e explosão que seproduziram novamente, fora da reunião, no outro dia, dia claro,após termos dormido e descansado a noite toda, com amesma eficiência e beleza.

Existe na Terra algum aparelho capaz de colocar a luz den-tro de balas cristalizadas?

E se existe é de fácil aquisição, está nas possibilidades deum simples médium, pobre, humilde, adquiri-lo?

Se o médium, mistificando, enganando, fosse capaz deproduzir por si mesmo esse fenômeno, tem a certeza de que,realizando-o nas praças públicas, nas feiras-livres, nosparques de diversões, para ganhar dinheiro, ficaria rico empouco tempo. Seria um tolo se fossem reunir espíritas parafingir que era espírito.

Essa é uma nova mensagem que os espíritos,mensageiros de Cristo, vêm trazer à humanidade.

Aquele que crê em Mim mesmo que esteja morto viverá!Foi essa a promessa gloriosa de Jesus aos homens de todosos milênios. Lázaro saiu do túmulo para a lição imorredoura doPoder de Cristo. Quantos Lázaros hão de despertar, quantasconsciências adormecidas na indiferença e na desilusão arran-carão as faixas sepulcrais e ressurgirão para uma Nova Vida.O convite do Mestre traz em si as marcas luminosas do PoderSoberano. A Sua Convocação é chamado que se processa nomundo físico com voz suave, mas que não se pode deixar deatender. E os que são dele ouvirão a Sua voz e O seguirão.

Ele nos aponta as agruras e os sofrimentos do plano emque vivemos como único caminho para o despertamento denossas consciências.

- Por que recalcitras contra os aguilhões? foi o que per-guntou a Paulo. Como quem dissesse:

- De que te adianta revoltar-te contra a voz que te chama?Se não vieres agora virás daqui a alguns milênios, mas virás.

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Não penses que eu te abandonei. Um dia quando estiverescansado da luta inglória, enojado das grandezas do mundo,depois de nasceres e renasceres centenas de vezes, terá queme procurar porque só Eu sou a Ressurreição e a Vida! Estareide braços abertos para receber-te.

Vem, segue-me agora, enquanto é tempo!

XVI

O ESPIRITO PALMINHA

Com o auxílio da mediunidade do Fábio não se materiali-zaram apenas os espíritos que se materializavam pelo Peixoti-nho. Outros surgiram, com personalidade absolutamente autô-noma e diferente. O médium Fábio, embora não seja um triste,é pessoa de poucas palavras, sério e meditativo. Raramentese expande em brincadeiras espalhafatosas e parece até quenão tem jeito para isso.

O espírito Zé Grosso já é uma personalidade bem diferentedo Fábio: ligeiramente brincalhão, improvisando quadras no-táveis, dando respostas surpreendentes, é um misto de intelec-tual e de caboclo, de poeta nordestino e de cristão primitivo.Tem a faculdade da aproximação carinhosa e do respeitosevero. Fiquei conhecendo, porém, nas reuniões do Fábio, emcasa do Jair, um novo espírito materializado: o Palminha.

Esse nome lhe foi colocado pela própria assistência. Esteespírito tem o hábito de sair da cabina dando gritos agudos ealtos: Boa noite! Boa noite!

A saudação, embora gritada, e por isso mesmo, arrancagargalhada gerais, e de tal modo o consegue que quandochega no meio do salão, todos os assistentes já perderam omedo (se por acaso houver alguém com medo) e estão àvontade.

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O Palminha vai saudando um por um e dizendo os nomes:- Você ta bão, Jair?- Você ta bão, Márcio?- Você ta bão, João?- Você ta bão, Laurita?E assim por diante.E Uma personalidade absolutamente diferente do espírito

Zé Grosso e absolutamente diferente do médium Fábio.É fabulosamente espalhafatoso e gosta de brincar de agar-

rar os assistentes.É uma dessas ruidosas reuniões com o Palminha que

tentarei relatar, certo de que ficarei noventa e nove por centoaquém da realidade, porque por mais que eu descreva nãopoderei revelar o que houve de indescritível, de assombrosonessa reunião.

Os trabalhos foram abertos como de costume e diversasentidades haviam-se materializado e já se haviam retirado. ZéGrosso viera até a assistência, conversara, brincara e respon-dera às nossas indagações com a sua habitual sabedoria ehumor.

Essa reunião fora dedicada às crianças e havia no recintoumas seis crianças, entre elas o Edgar e o Ed. filhos do Jair.

Não era propriamente uma reunião para adultos. Aliás, istotambém me parece fato novíssimo nos anais espiritistas bra-sileiros e mundiais: reunião de materialização para as crianças.Os véus do outro mundo, as sombras terrificantes doschamados mistérios caem diante dos meninos que entram emcontato com as entidades do Além, aprendendo assim que osobrenatural é naturalismo e que tudo é simples, semcomplicação alguma. A iniciação, que era permitida nostempos antigos somente a determinados indivíduos que sesubmetiam as duras provas, é, no nosso tempo, cumprindo apromessa do Cristo, oferecida às próprias crianças, e entãoverificamos o quanto é verdadeiro a expressão do Mestre:Deixai vir a mim as criancinhas que delas é o Reino dos Céus..

Deixai vir a mim os que estão sem luz, que eu os ilumina-rei. Deixem vir a mim todos os que têm sede de justiça e de

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saber, porque, por intermédio dos espíritos, mensageiros daVida Imortal, eu lhes mostrarei que o mistério da morte e omistério da vida e que atrás das cortinas dos túmulosmedonhos se esconde a aurora gloriosa da Ressurreição dosMortos.

*Era, pois, uma noite de alegria para todos. O receio, o ter-

ror, o medo, os arrepios assustadores não percorriam as espi-nhas de ninguém. Toda a assistência se mantinha calma, tran-qüila, rindo e brincando com os espíritos sem que nissohouvesse absolutamente ofensa ou desrespeito.

Palminha entrou no recinto materializado, com a sua habi-tual saudação, alegre e ruidosa.

Foi em direção ao Márcio e começou a brincar com ele.Não podemos dizer ao certo o que sucedia com o Márcio, masouvíamos a algazarra que os dois faziam, pois que estavaescuro. O Palminha no entanto parece que beliscava o Márcio,puxava-lhe o cabelo e lutava com ele. Ora o Márcio caía nochão agarrado ao Palminha, ora dava gritos estridentes comose o Palminha lhe estivesse fazendo cócegas.

Depois o Palminha se aproximou de mim e me deu umtapa forte na cabeça sem me machucar. Agarrou-me pela mãocom energia e tentou arrastar-me para o meio da sala, o quenão conseguiu porque eu me agarrei à cadeira com o fim debrincar com ele, resistindo-lhe. Como insistisse muito, levantei-me e fui com ele segurando-lhe no pulso com uma das mãos,enquanto ele com a outra mão segurava por sua vez o meupulso livre.

Pude sentir-lhe o físico e a estatura e posso afirmar queera bem diferente do Fábio. Sua voz, especialmente, era abso-lutamente diversa.

Brincamos, agarramo-nos, eu também lhe dei alguns tapasna cabeça. Finalmente, ele me conduziu no escuro e sem errarsentou-me exatamente no lugar em que eu estava e onde seencontrava minha cadeira-poltrona vazia.

Ao meu lado estava o Edgar, que devia ter uns doze anos.O Palminha começou a brincar com o Edgar. Em dado mo-

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mento até, agarrou-o com ambas as mãos e elevou-o acima desua cabeça, até quase o Edgar tocar o teto da sala.Verificamos isso pela gritaria que o Edgar fazia e porque opróprio Edgar gritava:

- Eu vou bater no teto, eu vou bater no teto!O Edgar ria e sentia cócegas. O Palminha conduziu-o pela

sala, pintou com ele.O Edgar não se amedrontou e retribuiu a brincadeira, agar-

rando-o também com as mãos, etc. etc.Após isso, o Palminha resolveu brincar agora com

brincadeira diferente.Agarrou minha poltrona, que era uma dessas de fibra fa-

bricada nas Neves, e arrastou comigo e tudo para o meio dasala.

Depois, colocando-se atrás de mim, empurrou minha pol-trona em diversas direções, de maneira que eu ia trombar naspessoas que estavam sentadas na sala, espremendo-as nasparedes sem, contudo magoá-las.

Nessa hora, a algazarra era geral.E assim o Palminha fez sucessivamente. Eu saí da cadeira

e ele colocou ora um ora outro assistente, realizando com to-dos a mesma brincadeira. Em dado momento eu tive uma idéiae disse-lhe:

- Palminha, eu desejava fazer uma experiência com v.c.Será que você não poderia empurrarei?

Ele riu alto e aceitou: - Pode sim.Sentou-se na poltrona e eu comecei a empurrá-lo em todas

as direções. Notei que pesava mais ou menos como umhomem normal.

Dirigi a poltrona em todas as direções reproduzindo o queele fizera conosco.

Mas aconteceu o inesperado. Como estava escuro, eu per-dia a noção de posição dentro da sala. Não sabia mais ondeestavam às portas, os móveis etc. e foi nessa hora que o Pal-minha resolveu me fazer também um pedido:

- Ranieri, leve-me com cadeira e tudo para dentro dacabina.

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Eu não sabia mais onde ficava a passagem para a cabina.E a cabina consistia apenas numa cortina que dividi eseparava uma sala grande ao meio. Era a sala de jantar e umacopa ligadas por arco. A copa era a para os assistentes.

Encaminhei a poltrona com o Palminha, sentado numadireção, e atingi os assistentes; dirigi-me a outra, e tornei aatingir os assistentes, e assim sucessivamente. Já estavadesanimado, quando o Palminha deu uma gargalhada e disse:

- Pode deixar que eu lhe mostre onde é o caminho.Dizendo isso, levantou-se da poltrona, tomou-a nas mãos e

movimentou no ar, colocando-a com ruído no chão em de-terminada direção, diferente daquela em que estava. Depois,sentou-se e disse:

- Empurre que o caminho é esse.De fato, eu empurrei a poltrona e fomos passando através

da cortina, penetrando na cabina. Lá dentro estava o médium,gemendo baixinho.

Chegando lá, o Palminha, rindo ainda, tomou-me pela mãoe veio colocar-me em meu lugar de novo.

Depois disso, muitos outros fenômenos notáveis se reali-zaram. Mas esse chega como um fato cheio de valor. E vamos,portanto, analisar o que há de interessante nele, segundo anossa maneira de ver.

Desejamos ser leais, sinceros, para com os homens, por is-so, descrevemos a mais absoluta realidade. Esse fenômeno,esses trabalhos com o Palminha se deram em completaescuridão. Não havia sequer a lâmpada vermelha. Analisemos,contudo, as condições de veracidade do fenômeno:

1° - O Palminha realizou conosco brincadeiras de grandeintimidade. Pegamos-lhe nas faces, nos cabelos, nos braços,nas pernas. Agarramo-lo enfim. Penso eu que mesmo noescuro, se fosse o médium fingindo de espírito nós oreconheceríamos. Posso afirmar no entanto que não era orosto do Fábio, nem o seu cabelo ou os seus braços e mãos.As mãos principalmente eu as tive comigo muitas vezes. Seestivesse disfarçado nós teríamos arrancado os seus disfarces

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porque eu pelo menos agarrei muitas vezes os seus cabeloscom violência e procurei arrancar-lhe o que encontrava damesma maneira que ele estava me pegando. Nada todavia foiarrancado.

2 ° - Dando-lhe tapas e beliscões, apertando-o inespera-damente, sem que ele também soubesse o que iríamos fazer,arrancamos-lhe gritos e gargalhadas espontâneos. Seria im-possível, se ele fosse o médium fingindo de espírito, que pelomenos em um momento desses, quando atacado onde nãoesperava, não se denunciasse soltando uma exclamação, umgrito, uma gargalhada na voz natural do médium.

3 ° - Quando me indicou o caminho, a mim que conhe-cendo a casa há cinco ou seis anos, estava perdido, certo,exato, que conduzia para a cabina e quando me trouxe devolta pela mão, deu-me a prova irrefutável de que enxergavano escuro como se fosse dia.

Esses são os argumentos que apresento. Outros maisatilados do que eu, aqui nesta mesma descrição, podereiencontrar outros argumentos ainda. Pelo que se viram osespíritos em nosso tempo, desafiando o riso irônico da ciênciahumana, cada vez mais se misturam com os homens, dando-lhes provas incontestáveis da existência do mundo invisível.De que valerá aos homens negarem? Fato é fato. E essesfenômenos continuarão a realizar-se cada vez com maisintensidade. Futuramente se realizarão nas praças públicas eos espíritos falarão ao povo das tribunas armadas pelas ruas.

*

Lembra-nos a visita íntima e estrepitosa do Palminha a vi-sita suave de Jesus aos discípulos, quando pediu e comeupeixe com eles. Os espíritos demonstram-nos assim que,materializados, poderão apresentar-se como se fossemhomens de verdade. Quanta alegria não deve sentir ahumanidade quando sucedem em nossa época fatos dessanatureza!

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No entanto, nós sabemos que a maioria das religiões queafirmam e pregam a imortalidade da alma como princípio desua doutrina, essas mesmas religiões que deveriam receber debraços abertos, em triunfo, a Nova da Imortalidade, fecham-seem si mesmas ou combatem o Espiritismo, temerosas talvezde perderem o governo material do mundo.

Não investigam, não procuram compreender. Sufocam osseus adeptos nas garras da ignorância. Então para queafirmam elas que a alma é imortal? Seria melhor que riscassede suas páginas essa proposição, porquanto no momento emque a alma humana, voltando das galerias da morte, apareceem todo 0 esplendor para provar que o que essas religiõespreconizam é a verdade, elas se limitam a rir e a combater.

Isso também de nada valerá. Quanto mais tempo persisti-rem em negar, maior será a sua derrocada. No dia em que ahumanidade em massa aceitar os fenômenos mediúnicoscomo verdadeiros, até o que essas religiões tiverem de bomserá recusado. Os homens compreenderão durante quantotempo foram enganados por aqueles que se dizendorepresentantes do Cristo não têm sido mais querepresentantes de si mesmos, dos seus interesses inferiores edas suas paixões.

Aí então haverá o ranger de dentes. Os negadores com-preenderão também que durante milênios enganaram-se a simesmos e que todo 0 ouro do mundo não bastará paracompensar o seu sofrimento.

Lembrar-se-ão de Jesus quando disse aquelas palavras defogo:

- De que vale a um homem ganhar o mundo inteiro eperder a sua alma?

XVII

APARELHOS SEMELHANTES AOS DO ANDRÉ LUIS

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A observação comparativa do que se tem realizado comestes dois médiuns, Fábio e Peixotinho, deve naturalmente nosfazer pensar muito, antes de negar os fenômenos, serealmente estamos em busca da verdade.

Não se deve esquecer de que até o momento em queassisti às reuniões com o Fábio, este médium não assistiranenhuma reunião de materialização com o Peixotinho.Portanto, por mais que ele tivesse ouvido falar nos trabalhosrealizados pelo Peixotinho, seria humanamente impossívelreproduzir os mesmos aparelhos com semelhança profunda,além dos já referidos espíritos iguais. E no entanto é o que temsucedido nas reuniões do médium Fábio, ou seja do GrupoIrmã Scheilla. Os espíritos aparecem conduzindo aparelhos àsvezes iguais aos do André Luís e outras vezes, aparelhossemelhantes.

Desse modo, tive oportunidade de ver no Grupo Scheilla osespíritos materializados levando os aparelhos de luz verde, aosquais atribuem o poder da radioatividade. Vi também aparelhosde luz vermelha semelhantes aos do André Luís. Aplicam osmesmos aparelhos para as mesmas doenças, tudo exatamentecomo o fazem os espíritos no André Luís e tomam as mesmasprecauções.

Numa das últimas reuniões, tive a surpresa de ver os le-treiros luminosos. Os espíritos do Grupo Scheilla jácomeçaram a apresentar os primeiros letreiros, absolutamenteiguais aos apresentados no Rio de Janeiro.

Pode alguém imitar outrem, se não fosse realmente verda-de, com tal perfeição? E imitar sem jamais ter visto, semjamais ter assistido?

Pela natureza dos fenômenos, posso afirmar que não. Nãoé possível imitar nessas condições.

A verdade salta aos olhos como única solução. Estamosdiante do mesmo grupo de espíritos, realizando, noutro local,os mesmos trabalhos, com a mesma técnica de organizaçãodos serviços e mesma orientação.

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São breves observações que fazemos, para que se graveno espírito do leitor a certeza de que não estávamos cegos oualucinados, mas olhando, vendo, enxergando, observando, ex-perimentando e comparando.

Este livro poderia ser um livro cheio de documentação,para convencer os incrédulos, mas não o quisemos realizarassim por dois motivos: primeiro, porque sabemos que há umcompanheiro nosso, do André Luís, que há muito tempo estáreunindo material para confecção de uma obra absolutamentedocumentada. Não pretendemos tomar-lhe a frente. Quandochegamos para assistir às primeiras reuniões, ele já estava láhá muito tempo. Apesar de que podemos esclarecer que areferida pessoa não assistiu às reuniões a que assistimos natotalidade, mas assistiu a uma ou outra. Anteriormente já haviaassistido a reuniões importantíssimas.

Segundo, porque preferimos a técnica dos Evangelhos edos Evangelistas: escrevemos para aqueles que já sonhamcom o Reino de Deus e esperam por ele; para aqueles que,sendo do Cristo, ainda lutam na incerteza e na certeza,seduzidos pelo mundo, quando desejariam entregar-se aJesus. Para esses, cristãos indecisos, é que relatamos estesfatos. Os outros, naturalmente, terão que aguardar a açãobenéfica do tempo, que amadurece o espírito para as coisasdivinas. Não se lapida um diamante com conversas, mas simcom esmeril. Sem ser bastante esmerilhado pela dor, pelosofrimento moral, pelo tempo que não essa de modificarnossas atitudes mentais, não poderá compreender a VidaImortal.

De nada adianta mostrar fatos a quem não pode crer por-que ainda não evoluiu bastante para compreendê-los. O Reinode Deus é como um grão de mostarda. . . Só os que jáviveram bastante no campo do espírito podem entender bemas palavras de Jesus.

Na estrada de Emaús os próprios discípulos não reconhe-ceram o Mestre que convivera com eles tanto tempo.

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A Ressurreição do Cristo ainda é motivo de contendasdiscussões acaloradas. O Mestre, no entanto espera pacienteação inflexível do tempo. Espera há dois mil anos.

Nós, satisfeitos com o que temos recebido, transmitimosaos outros o que vimos e esperaremos também o Tempo quenão cessa.

XVIII

OS PINGOS DE LUZ

No Evangelho de Cristo, a luz é a primeira qualidade. Je-sus refere-se aos filhos da luz e se diz a luz do Mundo.

As trevas que ensombram o mundo vão diluir-selentamente à passagem de seus raios luminosos. No Tabor, osdiscípulos encontraram o Mestre transfigurado e envolto emclaridades divinas; na Estrada de Damasco, um clarão celestecega os olhos de Saulo; em forma luminosa desce um espíritoà prisão e salva Pedro; as mulheres ao visitarem o túmulo doSenhor, encontraram dois varões de vestes resplandecentes ena última hora do Calvário, um raio rasga o véu do Templo deJerusalém. O Reino de Deus é, pois, o Reino da Luz. De lávem à claridade que traz a serenidade e a paz.

A luz encerra força e poder, energia e libertação. Os ho-mens costumam buscar a liberdade, mas os verdadeirosservos de Cristo procuram alguma coisa mais, procuram luz.

Assim, tanto é feliz o escravo como o homem livre porquesó é verdadeiramente livre quem está iluminado pelas clarida-des de uma nova vida interior.

Também, no nosso tempo, os espíritos têm revelado ao ho-mem ,a, luz que existe no plano invisível, além do túmulo.

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Luz para os olhos cegos de todos os que erigiram as pe-quenas coisas transitórias do mundo como necessidadesinadiáveis. Para os que se agarram como lesmas às pedrasdos caminhos humanos e só enxergam a marcha de seusnegócios como único interesse capaz de seduzir-lhes aatenção. Esses, no entanto, possivelmente continuarão a vivernas trevas, satisfeitos consigo mesmos e com a suaconsciência, esquecidos de que a vida terrestre é apenas umminuto na eternidade. Não devemos, contudo, condená-los.Como condenar quem ainda não tem olhos para ver e nemouvidos para ouvir?

Por isso, há dois mil anos Jesus já ensinava: Quem temouvidos de ouvir que ouça! Isto é, quem já evoluiu bastante epossui ouvidos espirituais, capacidade espiritual para assimilar,para compreender, que compreenda. Os outros que esperem aocasião.

Continuei a assistir às reuniões do Grupo Scheilla com oFábio. Nesta noite, como sempre, tivemos numerosas provas edemonstrações da espiritualidade.Era porém dia dedicadoquase que exclusivamente ao serviço de cura e nesse dia osespíritos geralmente conversam pouco, não fazem pregaçõescomo que evitando muito rumor. Pedem em geral que osassistentes se alternem fazendo comentários evangélicos, ouorando ou mesmo tendo um pensamento de amor para os quesofrem.

Digna de relatar-se é a prova que os assistentes às vezestêm de dar de desprendimento e sacrifício pessoais.

É natural que todos os presentes à reunião tenham o dese-jo de permanecer até o fim no recinto, convivendo com os espí-ritos, vendo-os, admirando-os. Acontece, porém que o Grupotem uma finalidade mais alta que é de aliviar os sofredores dacarne. E comum ter-se algum doente mais grave presente aostrabalhos para receber diretamente as aplicações dosaparelhos de radioatividade. Há, todavia, maior quantidade dedoentes que não podem ou não devem vir ao ambiente dasreuniões, por razões várias: não estão em condiçõesemocionais, ou mesmo psíquicas ou não há necessidade de

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virem às reuniões porque a doença não é tão grave. Assim,pais, que a reunião começa o Zé Grosso outro espíritoqualquer materializado vem à sala e indica: fulano, beltrano esicrano deverão sair da reunião e ir à casa do doente tal, narua tal, fazer ambiente. Isto quer dizer: as pessoas indicadasvão durante o horário em que decorrem os trabalhos espirituaisse concentrarem junto a um determinado doente, em sua casa,orar e fazer comentários evangélicos, preparando desse modoum ambiente que permita a aproximação dos espíritos quevirão do Grupo Scheilla, conduzindo fluidos dos presentes ouaparelhos para a cura. Têm-se dado casos em que os espíritosse materializam na casa do doente com surpresa de todos,mas esse é caso mais raro. Como o médium Peixotinho dizemque se deram casos dessa natureza, eu não assisti a eles. Osassistentes não discutem e obedecem às ordens. Renunciamassim ao prazer de ver espíritos para realizar o verdadeirotrabalho cristão que é o de amparar os que sofrem e esclareceros que não compreendem. Trabalho árduo e que exige certadose de coragem moral, visto que muitas vezes o doente querecorre ao Grupo é de outra religião, assim como todos osseus, não toleram o Espiritismo, mas recorrem a ele em últimorecurso, após verem esgotadas todas as esperanças nosmédicos do mundo.

Penetra-se em ambiente agreste, em que muitas vezes hásorrateiros fechar de portas e olhares furtivos pelas frinchas.Mas o verbo humilde do Cristianismo redivivo eleva-se no si-lêncio da noite como a voz dos irmãos que surgem para aliviaro irmão, dos amigos que aparecem para pedir para um amigo.A fraternidade estabelece-se de qualquer forma e tanto penetrano palácio dos potentados como nas choupanas humildes dospobres.

*

Nessa noite me fora reservado assistir a um acontecimentosimples, mas surpreendente.

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Após atender aos doentes presentes, o espírito de JosephGléber aproximou-se da fila onde eu estava (o leitor que meperdoe essas referências a mim mesmo quando descrevo asreuniões e só me refiro a isso porque estou descrevendofen8menos que vi e é para que o leitor saiba que tudo sepassou sob os meus olhos. Naturalmente, já naquele temposabiam os espíritos que eu tinha a responsabilidade de contaraqueles fatos para o público), aproximou-se, pois, JosephGléber de mim, numa das mãos trazia um copo de águacristalina e na outra um pequeno aparelho luminoso que lheiluminava a figura de espírito na região do peito e iluminava ocopo.

Disse ele:- Vamos preparar um remédio para o doente tal. Dizendo

isso, elevou o aparelho luminoso a uma altura de um palmomais ou menos acima da boca do copo e daí a instantes nósvimos, como de um conta-gotas, cair um pingo de luz. O pingodescreveu, luminoso, a pequena trajetória e caiu no fundo docopo. Houve então uma espécie de pequena explosão dentroda água, efervescendo esta e subindo no copo ao mesmotempo que se tornava totalmente rósea.

O espírito tomou outro copo de água e com a mesmo apa-relho repetiu a operação e desta vez, do mesmo aparelho,saltou um pingo luminoso de luz azul. Outro copo, e do mesmoaparelho saltou um pingo de luz verde. Diga-se que cada copode água era para um doente diferente, com enfermidadediferente.

Em todos os casos houve a surpreendente explosão de co-lorido fosforescente. E o espírito repetiu isso numerosas vezes.Esses remédios assim produzidos eram colocados em garrafi-nhas e enviados aos doentes e todos eles melhoravam com ouso desses medicamentos.

Vi muitos desses vidros e posso afirmar que a cor que aágua recebia permanecia para sempre.

Eis pois uma das formas pelas quais os espíritos vêm pre-parar remédios na Crosta da Terra e isso nos suscita ummundo novo de considerações.

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Ficamos a pensar o que não será a medicina do futuro e fi-camos a pensar qual será o valor da ciência humana quandose encontrar em face desse universo de ciência divina.

Não terá, é certo, um valor absolutamente nulo, porque hámuitas aquisições nobres e verdadeiras na ciência da Terra,mas será infinitamente pequena e sem importância diante dosmétodos renovadores. E meditamos ainda no quanto adiantariaa medicina se os médicos orassem como bem exclamou AndréLuís, se os médicos procurassem compreender aespiritualidade e buscassem colocar-se sinceramente,humildemente, em contato com as forças que existem do ladode lá.

A ciência dos sabidos será confundida, essa foi à afirma-tiva do Mestre. Ele não disse que a ciência dos sábios poderáser confundida, Ele disse seguramente: será confundida.

Para mim, em vista do que presenciei, não tenho dúvidaalguma, será mesmo confundida. Os sábios cairão das nuvensde seus métodos complicados ou como se diz na linguagemcomum do nosso tempo: perderão o rumo.

Mas, perguntará o leitor, e se existe tudo isso, por que osespíritos não entregam imediatamente esse tesouro a toda ahumanidade, em vez de se limitarem a mostrá-los a algunsprivilegiados, é justo isso?

A humanidade ainda não está em condições de receber demodo total essas revelações, mas o tempo se aproxima empassos de gigante. É preciso esperar, mas depois da esperanão ficará pedra sobre pedra, o que o Pai não plantou será ar-rancado.

O que existe na espiritualidade pelo que pudemos observaré quase inacreditável e pode ser trazido a Terra, mas tudo issodepende do progresso espiritual do homem. Deus não entregasem mais nem menos armas a crianças mentais, aparelhos deforças poderosas e, se capazes de trazer felicidade e saúde aomundo, também capazes de destruir pela natureza mesma dasforças que emitem. Não pode entregá-los a homens que aindaerigem a destruição e a guerra como única fórmula de resolver

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os seus conflitos, que não têm vergonha de destruir cidades in-defesas, trucidando crianças, mulheres e velhos.

Homens que massacram os pregadores das verdadeseternas e derribam os templos da arte e da beleza. Seres queinfelizmente convivem, neste mesmo século vinte, nas regiõesmais escuras da mente viciada pelas paixões e pelos instintosbestiais.

Não. Só alguns, só uma minoria, só os de boa vontade, sóos que já desejam ser bons, podem entrar em contacto com aslegiões do bem que enchem o mundo com as primeiras vozesgloriosas de uma Nova Era e de uma Nova Vida, no alvorecerde uma Nova Humanidade e de uma Nova Civilização.

XIX

A DANÇA DE MARIA ALICE

A convivência que tivemos com os espíritos materializadosno André Luís e no Grupo Scheilla era tão íntima e tãoconstante que eles se tornavam para nós como que emverdadeiros seres humanos. Nós os tínhamos seguidamenteem contacto conosco, pedíamos-lhes conselhos, fazíamos-lhesperguntas acerca de tudo e de todos como se conversássemoscom homens da Terra. A naturalidade de que davam mostratornavam-nos principalmente seres identificados conosco.

Às vezes realizavam coisas absolutamente iguais às quepraticamos aqui no mundo, com a mesma facilidade edesenvoltura. Já contamos que no André Luís havia um exímioartista japonês que produzia retratos notáveis em aquarelas eque no Grupo Scheilla existia outro que desenhava comperfeição. Esses eram trabalhos que demonstravam nãosomente a capacidade artística dos espíritos, masdemonstravam ainda que no nosso plano mesmo elespoderiam vir-se igualar conosco.

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Não estávamos, portanto, em contacto com seres diabóli-cos, com demônios, usando a expressão da Igreja, mas comseres tão humanos quanto nós. Toda a sua orientação erapara o bem e se eram o Diabo, podemos usar as palavras deCristo: Satanás estava lutando contra si mesmo; o seu reinoseria dividido e em breve ele estaria vencido. Isso porque osconselhos que nos davam eram sempre da mais pura eelevada moral evangélica.

Eu sou de uma tradicional família católica, habituada afreqüentar a igreja desde as horas crepusculares da manhã eposso afirmar que dentro da igreja não há mais moral do quedentro dos centros espíritas bem organizados. A moral espíritaé a verdadeira moral de Cristo, exatamente como está noEvangelho. O intercâmbio dos espíritos com os homens éportanto o maior acontecimento de todos os séculos, maior quea descoberta do avião, do radar, da bomba atômica, da bombade hidrogênio e de tudo o que se possa ter descoberto ou quese venha a descobrir no futuro. Abriram-se de par em par asportas de dois mundos. As legiões de Cristo atravessam essasportas vindas das regiões da vida eterna.

O homem que possuía diante dos olhos assombrados asperspectivas sombrias do nada, do inferno para a quase totali-dade ou do Paraíso para uma minoria privilegiada, ressurgecom novo raio de esperança no olhar que se apagava. E a vidaque vem despertá-lo para a Vida e aquelas consoladoras eproféticas palavras de Paulo que se cumprem:

- A morte foi tragada na vitória! Onde está, ó morte, a tuavitória?

E a destruição da morte ou melhor o temor da morte quese vence para sempre.

*

Tive, desse modo, a alegria de conhecer um espírito queveio dar uma noitada diferente aos fenômenos a que eu haviaassistido até ali.

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Era Maria Alice. Pelo que parece, Maria Alice apresentava-se como mocinha de uns 16 anos de idade. Talvez menos.

A primeira vez que eu a vi se manifestar foi assim:Como sempre, a reunião já ia em meio e numerosos outros

espíritos haviam-se materializado. Zé Grosso com sua alegriasevera, Palminha com seus gritos estrepitosos, Scheilla com aserenidade austera de quem tinha a responsabilidade doGrupo.

Deram-nos porém notícias de que iam auxiliar doentes empontos afastados da cidade. Preparamo-nos mentalmente paraajudá-los com a boa vontade cristã, mas logo apóscomeçamos a ouvir rumor estranho na cabina. Ouvíamos osom distinto de um sapateado como se alguém estivessedançando.

Os assistentes habituados com aquela manifestação, ex-clamaram:

- Maria Alice!De fato, daí a instantes ouvimos o retinir forte de um pan-

deiro que girava no ar marcando o compasso e uma figurinhaleve veio para o meio da sala, próxima a nós, dançar esapatear. O sapateado, alto, marcado e perfeito, ressoava nasala e o pandeiro repicava no ar como que vibrado por mãohabituada a manejá-lo. E o espírito continuou a dançarsapateando em todas as direções, ora aproximando-se de umassistente, ora se aproximando de outro. Cinco, dez, quinze,vinte minutos se passaram.

E a dança de Maria Alice continuava imperturbável. Umahora, hora e meia, duas horas, talvez mais. E a dançacontinuava no mesmo ritmo, certo, preciso, exato. Não se lhenotava cansaço algum. Imperturbável sempre. O pandeirobatido nas palmas das mãos seguia a sua marcha inexorável.

Estranha sonolência invadiu os assistentes.Tínhamos a impressão de que estávamos enfraquecendo,

que vigorosas energias nos estavam sendo tiradas, que umpolvo fabuloso nos sugava porco há pouco. E Maria Alicedançava como se fosse máquina de dançar. Ninguém porém

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dormia. Mas também não estávamos num estado que fosse ode descanso ou o de acordados. Sentíamo-nos flutuar.

Tive logo a idéia de que a dança não era simples diverti-mento para nós, mas era um meio usado para canalizarnossos fluidos para os doentes. A nossa frente estava umespírito de menina que dançava. Em pleno século vinte osespíritos vinham dar um espetáculo de dança para nós.

Quem diria? Um espírito dançando, tocando pandeiro.. .Tempos depois, Maria Alice foi-se afastando, penetrando

na cabina. Seu sapateado foi enfraquecendo. A proporção queela se afastava do ambiente nós nos sentíamos rapidamentedespertar.

Quando o sapateado e o pandeiro pararam, estávamosnormalíssimos e foi uma chuva de comentários em torno dofato.

Imediatamente apareceu o Zé Grosso que veio conversarconosco.

Perguntei-lhe então a respeito da Maria Alice:- Diga-me uma coisa, Zé Grosso, quando a Maria dança há

alguma finalidade nessa dança?- Há sim, respondeu ele, nessa hora os espíritos médicos

ligam umas tomadas em vocês e levam os fluídos de vocês to-dos para os doentes. Nós somos sanguessugas . . .

Aí estava a explicação da dança. Além do fenômeno inte-ressante de um espírito dançar e tocar pandeiro, havia nessadança o objetivo de se transmitirem fluidos a doentes situadosem lugares distantes.

Nós tivemos o espírito próximo de nós durante duas horase mais, pudemos observar-lhe detidamente o sapateado eouvir-lhe as batidas do pandeiro. Era mesmo alguém diferentedo médium Fábio, alguém mais leve e mais ágil. Desse espíritofoi feito um interessante retrato pelo Uemoto. E mocinha defisionomia agradável. O resto da reunião não tem importânciaalguma.

Esse foi o ato culminante. Fato que nos arrasta sempre àmeditação nos ensinamentos de Cristo e que nos põe diante

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da seqüência dos séculos como rebeldes que vivendo eminumeráveis épocas se obstinam em permanecer no mal.

Presos às paixões vulgares, acreditamos que o mundo étudo e pouco nos importa a partida para o invisível. Os ricos nomeio de seus tesouros julgam-se donos da vida e supõemtalvez que o seu dinheiro resolva todos os problemas. Ospobres sonham uma transformação mundial para que elespossam se tornar felizes sob um governo diferente. Todosinconscientes do seu verdadeiro destino na Crosta Terrestre.No entanto 0 Mestre dissera: Eu sou o único Pastor. Eu sou aParta da Salvação. Ninguém vai ao Pai a não ser por MIM.

Ninguém se libertará dos sofrimentos, isto quìs Ele escla-recer, se não aceitar o que eu ensino e se não viver o que nes-ses ensinamentos existe.

Ou o homem se interessa pela sua própria destinação apósa morte ou terá que aceitar novas disposições drásticas quevirão dar à Terra em futuro não muito remoto uma nova dire-ção. Ou evoluímos, ou progredimos, ou modificamos o nossoíntimo ou seremos atirados nas trevas exteriores.

Ora, para quem já vive em trevas interiores ser atirado emtrevas exteriores é ser colocado em lugar pior do que aqueleem que está.

O mundo tem atingido o auge do desespero e dadissolução moral, mas isso não é o fim, como predisse Jesus,mas o começo das dores.

Que cada um procure ouvir a voz daqueles que desde ocomeço do mundo vêm orientando a humanidade para o maisAlto.

Homens como Sócrates, respeitados por toda ahumanidade, diziam humildemente que tinham um espíritofamiliar para orientá-los; Hipócrates, a mesma coisa e dentroda própria Igreja de Roma todos os seus santos nos deramprovas de que foram médiuns, que viram ou ouviram espíritosou se quiserem anjos. Joana D'Arc conversava com as vozes .. .

Já é tempo de que o pensamento infantil criado no mundopela Igreja Católica desapareça para que o homem se

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emancipe e se torne capaz de procurar a Verdade onde elaestiver. Não condenamos a Igreja nem temos nada com ela.Cada um assuma diante da sua consciência e diante doCriador a responsabilidade de seus atos, mas em nome doEspírito Humano, em prol dessa Humanidade que sofre nasangústias da Dúvida Cruel e desoladora é tempo de dizer:Igreja, cala a tua boca que não se cansa de negar acomunicação dos espíritos iluminados, Mensageiros de Cristo,com o homem, verme da Terra, mas herdeiro de Cristo.

Cala a tua boca porque não estás falando a verdade eestás concorrendo para que os teus próprios filhospermaneçam na ignorância e no temor. Emerge de ti mesma,renova-te, aceita a Verdade e incorpora-te à grande legião dossimples e dos humildes; distribui as tuas riquezas materiais,torna-te digna de Cristo, se querem viver mais alguns séculos.

XX

DOIS ESPIRITOS AO MESMO TEMPO: ZÉ GROSSO EPALMINHA

Dificilmente deixam os maiores médiuns de ser acusadosinjustamente de mistificadores e exploradores da credulidadepública por indivíduos que se dizem não satisfeitos com osresultados de experiências que fizeram. Esses são as mais dasvezes padres que acreditam, negando, estar defendendo areligião Católica e médicos que não podem. Aceitar a idéia deespíritos que venha do outro mundo fazer lhes concorrência.São, pois, os dois maiores adversários da mediunidade: ospadres e os médicos. De um modo geral, porque há padresque acreditam nos fenômenos espíritas e médicos que

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pertencem às fileiras do Espiritismo. Daí o exigirem que asmaterializações se revestissem de condições tais que nãodeixam dúvida. Portanto, numa reunião de pessoas idôneas,honestas, responsáveis, não se poderá vir a duvidar domédium. O médium todavia constitui uma só pessoa. Julgamosentão que em sessão de materialização em que se ma-terializam duas ou mais entidades ao mesmo tempo, apossibilidade de tapeação fica reduzida ao mínimo.

Como vimos, quando tratamos das manifestações com oPeixotinho, em certa ocasião, o espírito Zé Grosso apareceumaterializado conduzindo o espírito de Heleninha em forma decriança, minha filha na Terra, pela mão. Agora vamosdescrever em traços rápidos, outro trabalho semelhante, porémno Grupo Scheilla e com o médium Fábio.

A noite ia em admirável movimentação mediúnica. Traba-lhos diversos haviam sido realizados, aplicações deradioatividade feitas nos doentes. Nessa noite tivemos outrotipo de aplicação de radioatividade. Não traziam os espíritosaparelho propriamente, mas uma espécie de pedaço dealgodão luminoso. verde-claro.

Aproximando-se do doente, com um gesto rápido dasmãos, distendiam o algodão de modo que ele se tornava umafaixa luminosa, brilhando no ar. Semelhava essas faixas depano de envolver recém-nascidos.

Com elas faziam aplicações radioativas na cabeça, barriga,peito, etc. dos doentes.

Além dessa faixa, o Zé Grosso apresentou-nos uma espé-cie de folha de papel um tanto dura e parecendo metálica damesma cor verde-clara e com a qual fazia as mais variadasaplicações e empregos.

Estava o Zé Grosso materializado quando ouvimos rumor evozes na cabina. Zé Grosso caminhou em direção, pois estavano meio da sala. E estabeleceu um diálogo com o espírito queestava dentro da cabina. Ouvia-se perfeitamente a voz de um ea voz de outro. Ouvia-se o passo rápido do Palminha, que eraquem estava na cabina e o rinchar forte das botinas do Ze

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Grosso. Trocavam palavras que se ouviam bem. As vozeseram absolutamente diferentes.

Neste caso, ambos estavam materializados, mas eu não osvi juntos como no caso de Heleninha e Zé Grosso. Mas ouviperfeita e absolutamente o diálogo que durou uns 3 a 4minutos.

Zé Grosso dava ordens ao Palminha e este se explicava.Não estavam conversando para nós, mas tratavam de assuntoreferente ao serviço espiritual deles.

Eram dois espíritos distintos conversando.Para os que não crêem, isto não vale nada e importa muito

pouco, mas eu estou escrevendo apenas para aqueles queesperam em Cristo e que não tiveram a ventura de presenciarfenômenos dessa natureza. Para esses que, aceitando adoutrina de boa vontade, às vezes dizem a si mesmos:

- Meu Deus, será que creio numa nunca vi nada!Para esses é que quero gastar o meu para que eles

saibam que muitos viram de modo incontestável.Os outros buscarão e encontrarão. Se, porém, preferem à

dúvida, o que vamos fazer? Morrerão em suas dúvidas.Penso que deve haver um limite para as dúvidas humanas.

Numa delegacia de polícia estamos acostumados a distinguirfacilmente o testemunho falso do verdadeiro, a declaraçãoexata da inexata.

Se querem saber quais os homens que cuidaram dos fenô-menos espíritas, no mundo, e concluíram que são verdadeiros,leiam os livros de Carlos Imbassahy e Pedro Granja e terãouma lista enorme dos maiores e mais respeitáveis sábios daTerra.

Não cito aqui porque seria repetir o que esses autores jádisseram. Relato o que vi. Se quiserem acreditar, melhor, e senão quiserem, lamento a obstinação. Ninguém, contudo, estáproibido de investigar e verificar por si mesmo os fenômenosespíritas.

Aliás, é o que haveria de mais desejável. Que cada umprocurasse por si mesmo. Enquanto não fazem isso, têm que

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se limitar a ouvir os que depois de verem e apalparem se senteno dever moral de contar aos outros homens.

Os Tomé não desaparecerão da face da Terra tãodepressa, nem por isso Jesus os desprezará. Haverá umtempo em que o Senhor lhes aparecerá em toda a sua luz elhes dirá: Tocai-me aqui, apalpai as minhas chagas e vedebem que sou eu!

Nessa hora, se não forem tão obstinados, cairão de joelhoscomo o convertido de Damasco e gritarão ao orbe a suaalegria sem fim.

Uma ressurreição interior lhes tomará conta da vida eserão bem-aventurados. Para todo o ser há o momento dedespertar. E o amanhecer da mente que começa a sentir asprimeiras necessidades espirituais. Busca os ralos do sol,procura as gotas da chuva. Quer ar. Sente ânsia de libertação.

Esse é o instante do encontro com o Mestre. Não há outro.Desejar convencer os que ainda estão presos às ilusões do

mundo, é querer arrancar o brinquedo das mãos da criancinhainconsciente e entregar-lhe um livro.

Cada idade tem as suas exigências. Respeitemos a idademental de cada um, embora semeando e espargindo aosquatro ventos a nossa luz, os nossos tesouros que são naverdade os tesouros de Cristo.

Esperemos que aprendam a caminhar.Se não podem ingerir alimentos fortes, demos leite como

aconselhou sabiamente Paulo.Toda violência à consciência alheia é uma violência às leis

universais. Respeitar a maneira de pensar dos outros é pôr-seem harmonia com o Criador que nos espera sempre.

TERCEIRA PARTE

Dezembro de 1950

Fenômenos de materialização realizados através damediunidade do Peixotinho e do Fábio

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XXI

NOVAMENTE COM O PEIXOTINHO

Em dezembro de 1950, dia 7 de dezembro, estando emgoza de férias regulamentares de minhas funções eencontrando-me no Rio de Janeiro, tive oportunidade de maisuma vez assistir à reunião com o Peixotinho. Na realidade, nósnão o esperávamos. Peixotinho estava em Macaé. Fomos àreunião costumeira de tratamento do André Luís. Vinte a vintee cinco pessoas.

Este livro já estava escrito até o capítulo vinte. Acreditáva-mos que nada mais nos restaria a dizer e apenas desejávamosacrescentar algumas outras observações que consideramosinteressantes, feitas no setor da mediunidade, com outrosmédiuns. Um pequeno complemento com o fim único de queessas observações não se perdessem. E isso pretendemosfazer. Não têm por certo o valor dos capítulos anteriores, o queserá relatado no capítulo XXIII e seguintes, mas nem por issodeixam de ter certa importância. São fenômenos de outranatureza, de modalidade diferente. Alguns de natureza maisintelectual. Repentinamente, porém, surgiram duas reuniõesque nos forneceram material interessante para dois brevescapítulos. Têm além disso o sabor da atualidade e vêmconfirmar as observações precedentes já feitas há mais longotempo. Sentindo, desse modo, a responsabilidade de quemescreve para os que não viram ou experimentaram.mentalmente desejamos que o Peixotinho estivesse presente àreunião da noite.

Desejávamos pedir aos espíritos materializados a suaopinião a respeito do livro e a sua autorização para publicá-lo,pois não é nosso desejo levar, com a publicidade, a

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perturbação aos trabalhos de tratamento do Grupo André Luísou o Grupo Scheilla.

Todos em seus lugares, ia iniciar-se a reunião, quando sur-ge pela porta o Peixotinho, chegando de viagem, de Macaé.

Viera de ônibus. O nosso desejo se realizara. Enchemo-nos de alegria íntima e nos preparamos, após oscumprimentos, para conversar com o Zé Grosso,materializado, através da mediunidade do Peixotinho.

O médium foi para a cabina e logo após começaram apenetrar no salão as entidades materializadas, luminosas, paratratarem dos doentes. Nessa noite havia seis ou sete doentesgraves. Os espíritos por isso se limitavam a vir até às camas,trazendo aparelhos de vários feitios e cores, fazendoaplicações diversas.

As horas passavam e estávamos resignados,compreendendo cristãmente que diante de tantos doentes,necessitados do alívio aos males físicos, não tínhamos odireito sequer de pensar em falar com os espíritos, desviando-os das suas obrigações ou mesmo esperar que qualquer fatofora do comum sucedesse para que pudéssemos revelar aosnossos leitores e amigos.

Aguardamos, cooperando mentalmente com a boavontade. A reunião avizinhava-se do fim, quando Zé Grossonos dirigiu a palavra:

- Pode falar, Ranieri. Pode falar!- Eu? . . . - balbuciei meio afobado, pois já não estava

pensando em falar com eles.- Você sim, pode dizer o que deseja.Eu não havia dito nada ao Peixotinho. Ele chegara repen-

tinamente, de improviso. Assim, expliquei, meio acanhado:- É, Zé. . . Lá na Prata, nas horas de folga, rabisquei um

livrinho sobre as materializações e desejava saber se vocêsaprovam ou não a sua publicação. Se considerarem que nãoconvém, ficará encostado para daqui a dez ou vinte anos.Quando for oportuno.

- Nós sabemos Ranieri. Mas eu não tenho autoridade pararesolver. Vou conversar com os maiores e eles dirão.

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Zé Grosso sumiu e tempo depois apareceu dizendo:- Pode publicar. Não há inconvenientes. Apenas pedimos

que evite a propaganda em torno dos médiuns e do autor dolivro. . .

- Bem, Zé Grosso, respondi-lhe, farei o possível para ficarbem escondidinho, de modo que apareça o menos possível.Mas quanto aos médiuns, é impossível não falar neles. Não hájeito. Tanto vocês quanto eles têm que aparecer e muito.

Zé Grosso, ouvindo isso, deu uma grande gargalhada.- Pode publicar, nós vamos ajudar a publicação. . . Você

por o meu retrato no livro?- Vou sim. Já está pronto. - Vai estragar o livro. . .Zé Grosso desapareceu e daí a instantes surgiu a Scheilla,

com sua voz de sotaque alemão. Falou-nos suavemente econfirmou a autorização dada pelo Zé Grosso. Estavailuminada e viam-se-lhe as tranças negras caídas sobre osombros.

Depois de uma demorada conversa evangélica depositouem minha mão uma flor branca, branquíssima, que brilhava naescuridão como um floco de neve.

Depositou-a e disse:- E um presente de Nina. Estava condensada em Nosso

Lar.Nas mãos de um companheiro nosso, que viera com o Pei-

xotinho de Macaé, Didi, colocou outra flor.Eu estranhei a brancura da flor. Tão branca que brilhava na

escuridão. Pensava eu - como pode uma flor por mais brancaque seja brilhar assim dessa forma? Deve ser realmente muitobranca.

Segurei-a durante longos minutos em minha mão.Finalmente, o espírito Garcez anunciou, por voz direta, a

reunião ia terminar e ordenou:- Os assistentes cantem um hino enquanto o irmão Ranieri

vem despertar o médium com passes.Tudo estava escuro. Encaminhei-me tropeçando na escuri-

dão, embora eu estivesse sentado a metro e meio de distânciada cabina.

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Chegando à entrada da cabina, vi sobre a cama em queestava o Peixotinho um globo de luz vermelha do tamanho deuma laranja. Estava a uma altura de oitenta centímetros maisou menos do corpo do Peixotinho. A luz, incidindo sobre ele,iluminava-o frouxamente. Eu o via deitado e notava-Ihe o pija-ma. Aproximei-me. O globo de luz girava no ar e faziaevoluções lentas.

Pensei comigo - Os espíritos querem me dar uma provairrefutável.

Uma voz íntima me dizia:- Faze as experiências que quiseres.Aproximei-me do médium e comecei a dar-lhe passes. A

luz vermelha, flutuante, iniciou um giro em torno de mim. Pas-sava em volta de minha cabeça, em frente aos meus olhos, en-quanto eu dava passes.

Procurei então dar passes passando minhas mãos aolongo dos braços do Peixotinho, correndo-as até as suasmãos. Assim eu tinha a prova se era realmente uma luzindependente ou se era o médium que deitado seguravaalguma lâmpada fingindo de espírito. (Não fiz isso para colheruma prova para mim nem porque duvidasse da honestidade domédium, mas com a finalidade de poder contar para os outros,com autoridade, o que foi possível fazer). Segui o desejo clarodaquela luz vermelha. Não tenhas receio.

Houve momento em que segurei mesmo as mãos do mé-dium. E isso eu fiz porque já estava com este livro quase termi-nado e tendo oportunidade de dar mais um testemunhoconcreto, incontestável, não haveria de perder a oportunidade.Principalmente porque não havia perigo algum para o médium.(Diga-se que naquele momento, naquele caso especialíssimo,não havia perigo algum, porque de modo geral tem).

Quando comecei a segurar as mãos do médium, a luz, fa-zendo evoluções, iniciou novo circuito.

Passava entre os meus braços passando pela frente demeu peito e contornando-me as costas e voltava a passarentre os meus braços penetrando pela frente. Nessascondições, estando eu com as mãos apoiadas nas mãos do

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Peixotinho privando-o de qualquer movimento, a luz vinha e seintrometia entre nós dois.

Não havia um espírito materializado, mas um globo de luzmaterializado. Se era um espírito em forma esférica ou se eraum aparelho movimentado por espírito, eu não sei. Não medisse nada. Tudo foi em silêncio.

De repente, sucedeu um fato inesperado: as luzes do salãose ace5lderam. Os assistentes haviam acabado de cantar eacenderam as luzes. Eu vi então o seguinte: o luz vermelhacomo que paralisada no ar, foi-se extinguindo lentamente edesaparecendo nos vidros do armário que contém as peças domuseu do Grupo André Luís.

O Peixotinho, estremunhando, acordou. Estavam termina-dos os trabalhos. Eu estava perfeitamente normal. Senhor dosmeus sentidos e das minhas faculdades.

*

Para despertar o médium eu havia colocado a flor no bolso.Procurei-a sofregamente para ver-lhe a brancura de leite quebrilhava na escuridão. Outra surpresa me aguardava: a flor nãoera branca, aquela flor que brilhava clarissimamente na escuri-dão era marrom com tons esmaecidos de amarelo.

*

Como não sair edificado de uma reunião dessas? Comonão lutar conosco mesmo para implantar em nossa alma tãoendurecida as primeiras gotas cristalinas dos ensinamentos deCristo? Havemos de ter a cabeça tão dura quanto à rocha?

Provavelmente, em eras milenares, rolamos como seixosperdidos nos rios caudalosos da eternidade. Voltemos sobrenossos passos, meditemos e sigamos uma vida melhor, cheiade virtude e de dignidade.

XXII

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COM A PEDRA DE RÁDIO NA MÃO!

Depois de uma breve permanência no Rio, segui para BeloHorizonte onde esperava rever velhos amigos e resolver al-guns negócios.

Comigo viajaram dois amigos do Rio, o Inácio, que os lei-tores já conhecem, e o Galeno, diretor de trabalhos espirituaisdo André Luís, habituado há longos anos a lidar com espíritose espíritas. Dona Rosa, esposa do Inácio, também nosacompanhara. Iam eles com destino a Pedro Leopoldo e comoé natural com o desejo de encontrar Chico Xavier.

Em Belo Horizonte, ficamos sabendo que o Grupo Scheillaestava praticamente dissolvido. Invigilância e intolerânciaforam os elementos causadores da confusão. O Fábio, quaseque sem trabalhar espiritualmente, realizando reuniõesesparsas aqui e ali. Todos esquecidos de que o Grupo Scheillaé a célula máter que gerou o Hospital Espírita André Luís°,organização na quais os espíritos materializados põemgrandes esperanças. A vaidade e o orgulho se são defeitosgraves nos indivíduos comuns, nos espíritas tornam-se umverdadeiro perigo. É chaga cancerosa que devora pouco apouco os organismos mais resistentes e ataca as instituiçõesmais bem organizadas. O homem que habita o vale dassombras, como diz Humberto de Campos, não pode avaliar oquanto é necessário renunciar a si mesmo, às suas vai-dadézinhas, para ascender na escala evolutiva e iluminar-se. Ahumildade verdadeira determina uma nova posição do ser nasfaixas vibratórias do universo e faz com que ele entre emsintonia com essas vibrações. A humildade pacifica a mente, ea mente pacificada está em condições de sentir o que existeem outros planos. Mesmo os espíritas que já representam umaclasse adiantadíssima de seres, ainda permanecem de ummodo geral nas regiões da mente cheia de inquietações.Apenas se distinguem das outros porque já estão lutando para

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pacificá-lo enquanto os outros, com exceção das escolasesotéricas, nem sabem que têm mente ou o que é isso.Repetem a frase de Sócrates: conhece-te a ti mesmo. . . Comopapagaios. Não podem entender que o conhece-te a ti mesmoquer dizer: conhece-te a ti mesmo, isto é, põe-te em condiçõesde estudar o teu organismo espiritual e o teu organismo físicocomo quem estuda delicado maquinismo, como quem investigaprodigioso universo. Procura-te, vivendo os ensinamentoscriadores que os grandes mestres deixaram e continuam adeixar para toda a humanidade. Porque os ensinamentosvividos provocam movimentos internos capazes de nosdescobrir a nós mesmos. Mas só os vividos por nós, os apenasconhecidos não realizam coisa alguma.

Pacificação da mente, eis o grande ensinamento que preci-sa ser posto em prática pelos espíritas.

Com o intuito de trazer a paz ao seio do Grupo Scheillaconversamos com o Fábio pela telefone, nos últimos dias,quase na hora de partirmos de Belo horizonte. Desejávamosrealizar com ele uma reunião, e nessa reunião pretendíamosacertar a situação com os espíritos materializados de modo aque eles nos dessem as diretrizes para que conseguíssemosreunir de novo as ovelhas daquele aprisco.

O Fábio respondeu:Estou às ordens, só que o único dia disponível que tenho é

hoje.Parece-me que era uma quarta-feira e havíamo-nos com-

prometido a fazer uma palestra na Mocidade Nina Aroeira.Convite já velho, de uma semana.

- Pois bem, foi a nossa resposta, tenho um compromissopara hoje, mas vou desfazer o negócio. ..

Sabíamos que o Nina Arueira dispunha sempre de ótimosoradores que nos substituiriam com vantagens para os ou-vintes, ao passo que a questão da reconciliação dos elementosdispersos do Grupo Scheilla era de grande importância para aDoutrina. Nossa conversa com o Fábio foi às quatro e meia datarde. A reunião seria às oito.

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Prevenimos o Inácio e o Galeno que iríamos ter uma reu-nião as oito com o Fábio. Falamos com o Jair e o Jair noscedeu a casa dele para a reunião, excusando-se, todavia decomparecer, porque tinha compromisso inadiável para a noite.

Tudo arranjado com o Nina Aroeira, marchamos para areunião. Sozinhos na casa do Jair, eu, o Inácio, o Galeno edona Rosa, preparamos dois quartos vagos no fundo,pequenos, aliás, pequeníssimos, onde os espíritos mesmosmal se moveriam, e lá ajeitamos vitrola, rádio, discos, etc.

Quando o Fábio chegou, tudo estava em seus lugares eapenas acabamos de arrumar as cortinas para a pequenacabina. Ele veio de mãos e bolsos vazios. Entrou para a cabinae começaram os trabalhos.

Na cabina, o Fábio. Na assistência, eu, o Inácio, o Galenoe dona Rosa. Portanto, quatro pessoas apenas comoassistentes.

Os clarões verdes-arroxeados iluminaram a cabina com ex-plosões magníficas de luz. E iniciou-se o cortejo de entidadesamigas.

Era a primeira vez que o Galeno entrava em comunicaçãocom os espíritos, que ele conhecia tão bem no André Luís, porintermédio do Fábio.

No íntimo estávamos satisfeitos por observar o prazer quelhe iam causar as materializações, exatas, perfeitas, dosvelhos amigos do mundo espiritual. E o Galeno não escondeua sua alegria e aceitou plenamente, como não poderia deixarde aceitar, as personalidades que surgiam, como sendo asmesmas. Apenas, disse ele, o Zé Grosso tem a voz um poucomais forte, pelo Fábio. Naturalmente é porque o Fábio é maisnovo que o Peixotinho. Tudo o mais, porém é igual,exatamente igual. Usando 0 material vocálico do médium, issotem que acontecer.

Já a Scheilla apresentou-se para o Galeno sem a mínimadiferença.

Aquela noite foi uma das mais belas a que já assistimos.Os espíritos iam e vinham materializados. Porém, nãoiluminados. Traziam contudo aparelhos que os iluminavam de

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quando em quando. O Zé Grosso trouxe uma espécie de folhade papel, de aparência metálica e luminosa, que lançavabastante luz no ambiente.

Repentinamente nos disse:- Ih, aqui hoje ta cheio de aparelho para as vistas!Nós ficamos pensando: para que aparelho para as vistas?

Haveria alguém no ambiente necessitando de tratamento?Nisso veio o Zé Grosso, com um aparelho esquisito, que

eu não conhecia e mostrou, pertinho de mim.- Veja, Ranieri, que aparelho gozado!E enfocou o mesmo contra a parede. O tal aparelho lança-

va círculos de luz que cresciam ou diminuíam de tamanho àvontade do Zé Grosso. Às vezes os círculos ficavam dotamanho de uma mexerica, depois diminuíam até ficarem dotamanho de uma cabeça de alfinete, ficando um ponto sóluminoso.

Com aquilo, depois de experimentar bastante na paredepara que víssemos, ou talvez para regulá-lo, encaminhou-separa dona Rosa e disse:

- Eu vou tratar dos seus olhos. E dona Rosa respondeu:- Eu sofro muito das vistas. Deus lhe pague.O Zé Grosso começou a aplicar-lhe o aparelho. Um peque-

no ponto luminoso brilhava na escuridão iluminando 0 olho dedona Rosa.

O Galeno nos disse de lá:- Ranieri, esse aparelho é formidável. Ele está fazendo um

estudo do fundo do olho.Notamos que o Zé Grosso apenas examinou um olho de

dona Rosa. Depois vaporizou com outro aparelho também es-quisito.

Isso demorou alguns minutos.Depois se dirigiu ao Galeno e começou a aplicar-lhe os

aparelhos.E do mesmo modo observou-lhe somente um olho e

somente nesse olho fez aplicações.O olho do Galeno também aparecia na escuridão. Vapori-

zou-o em seguida. Eu continuei intrigado com aquela história

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de o Zé Grosso só fazer tratamento em um dos olhos dodoente. Por que não fazia o mesmo no outro olho? Fiquei, noentanto, quieto.

Como havia feito no Rio, com o médium Peixotinho, inter-roguei a Scheilla que se materializara, a respeito do livro queestava escrevendo.

Recebi a aprovação e ela me disse que correspondendoaos meus desejos iria escrever uma página para ser incluídano livro, página por escrita direta.

Dirigiu-nos palavras repassadas de carinho e combinou amaneira pela qual ficaria assentado o prosseguimento das reu-niões do Grupo Scheilla. Considerando aquela a primeira reu-nião da nova fase.

Alguns instantes depois, o Zé Grosso se aproximou de mime disse:

- Ranieri, vou passar um preparado em sua mão e depoiscolocarei nela uma pedra de rádio. Esse preparado é para quesua mão não fique queimada, para que não seja atingida.

Dizendo isso, segurou-me a mão direita e passou-lhe qual-quer coisa que eu na realidade não sentia como sendo líquido.Verdadeiramente, passou uma espécie de pequena escova.Depois se dirigiu à cabina e voltou trazendo na mão uma pedrado tamanho de uma avelã, pedra luminosa, de luz verde-clara,que se derramava pela sala. A pedra foi colocada por ele emminha mão. Eu lhe sentia o peso e via dela desprender-seaquela luminosidade que inundava o recinto. Ficamos nummeio-crepúsculo. Disse o Zé Grosso rindo:

- Em suas mãos você tem quinhentos contos!Eu trouxe a mão, espalmada, para perto de meu olhei-a de

perto e depois estendi-a mostrando a cada um. a observaram.A pedra luzia na palma de minha mão. Era pedra de luz.

O espírito em pé, no meio da sala, esperava. Eu lhe dissebrincando:

- Vale quinhentos contos, Zé Grosso? E se eu ficar com elapara mim?

Ele deu uma estrondosa gargalhada:

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Eu sei que você está brincando, mas se você ficasse nósiríamos buscá-la!

E riu ainda, gostosamente.Uns cinco minutos ficou a pedra em minha mão. Até

comecei a sentir um calor forte na palma da mão e senti meestava queimando.

Entreguei-a ao Zé:- Leve a sua pedra, está-me queimando a mão. Ele riu de

novo e levou-a.A palma de minha mão doía ligeiramente.Durante uns oito dias após a reunião eu ainda sentia

aquela doninha na palma da mão.Outros aparelhos indescritíveis nos foram apresentados.

No fim da reunião, encontramos sobre a mesa a página porescrita direta deixada pela Scheilla. Era uma introdução aomeu livro.

Por uma dessas circunstâncias imprevistas, essa páginaque levei para o Rio desapareceu. Pretendo me dirigir ao Fábioe pedir-lhe que a Scheilla em outra reunião me mande outrapágina. Eram palavras simples, mas muito interessantes.

Encerramos, naquela noite, os trabalhos, com o coraçãofeliz. Não sei, realmente, qual o valor daquela pedra luminosaque estava em minhas mãos, além do valor que o próprio ZéGrosso lhe deu. Mas uma coisa eu sabia e sei: é que emminha mão foi colocada uma pedra que emitia radiaçõesluminosas. Se for, verdadeiramente, rádio, não importa. Erauma pedra de luz. Desprendia calor e chegou a queimar-me. Oespírito não realizou o fenômeno escondido, oculto, na cabina.O fenômeno, importante, notável, se realizou foi em minhaspróprias mãos. Se houvesse alguém enganando, esse alguémdeveria ser eu. Prova maravilhosa da realidade das coisasexistentes no mundo invisível! Os homens que não crêempoderão rir do que descrevo, poderão tachar-me de louco oude tolo, que é sempre a maneira pela quais os cientistas daciência oficial recusam os fatos novos, mas a verdade aí ficacomo desafio a todas as gerações.

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Em breve serão aceitos pela mesma ciência que agora osnega. O Catolicismo, que tenta recusar, esse desaparecerá daface da Terra, pelo menos na forma em que se apresentaagora. A transformação da Igreja não demora. De todos oslados as vozes sinceras se levantarão. Em seu próprio seio, osfiéis seguidores do Cristo falarão com palavras de verdade ede vida.

Não apresentamos doutrina, não discutimos simples idéias,apresentamos fatos.

Quase ao terminar a reunião, o Garcez nos disse que ostrabalhos iam ser encerrados e acrescentou:

- O Ranieri virá despertar o médium.Assim fizemos. Penetrei na cabina, enquanto os outros

cantavam um hino. O médium estava deitado, em transe.Sobre o médium a uma altura de um metro mais ou menos,estava p globo de luz vermelha, exatamente o mesmo que euvira na reunião com o Peixotinho, no Rio. Eu não havia ditonada a respeito ao Fábio, a reunião fora resolvida com poucashoras de antecedência. No entanto, lá estava o mesmo globode luz vermelha.

Compreendi que os espíritos me davam à contraprova.Aproximei do médium e comecei a dar-lhe passes. Procedi damesma forma que procedera com o Peixotinho. Segurei-o le-vemente nos braços, a princípio, e depois com mais força. Oglobo de luz começou a flutuar, evolucionando entre meus bra-ços e em torno de minha cabeça. Subia e descia, circulava, gi-rava e dava uma espécie de pequenos saltos no ar. Finalmentefoi desaparecendo à proporção que o médium começava agemer e a despertar. Sumiu por fim. Estava terminada areunião.

O que dizer perante tais fatos?Eu por mim curvo a cabeça e aceito os fatos como o pre-

núncio de uma Nova Civilização Humana. O Espiritismo é real-mente o Consolador Prometido por Jesus. Grandestransformações sofrerá a Terra e as potestades do Céu serãoabaladas . . .

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Intrigados com a história de o Zé Grosso só ter aplicado 0aparelho em um dos olhos do Galeno e de dona Rosa, assimque terminou a reunião, ouvimos o Galeno e dona Rasa excla-marem, cada um por sua vez:

- Viram que coisa estranha? O Zé Grosso parece quesabia!

- Sabia o quê?E o Galeno:- Sabia que os médicos já me haviam desenganado quanto

ao outro olho. Eu tenho um olho que segundo a medicinahumana não tem mais jeito, está perdido... O Zé Grosso, noentanto só cuidou do outro, do que ainda, embora doente,apresenta possibilidades.

Dona Rosa também estava nas mesmas condições.O importante é que em ambos o espírito não errou. Tratou

só de um olho, do que tinha possibilidades, e fez aplicação jus-tamente nele. Prova de que realmente ele estava observandobem.

Além disso, notamos aqui ainda, que ele não mexeu co-nosco, que temos bons olhos . . .

*

Assim, continuamos .a meditar: as potestades do Céuserão abaladas . . . As legiões de espíritos que formam asmilícias celestiais, as mesmas que Dante viu e descreveu emseu poema imortal, enchem agora os abismos cheios de trevase as trombetas ecoam através de todos os vales.

Homens miseráveis de um mundo que soçobra, elasparecem dizer-nos: despertai do vosso sono de morte.Ressurgi para a Vida Imortal! Ascendei para as esferas dopensamento puro onde todas as dores serão aliviadas. Eparece-nos agora que ouvimos com mais força e vigor aadvertência do Filho de Maria:

- O meu fardo é leve. . . Segui-me a Mim que sou manso ehumilde de coração.

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QUARTA PARTE

Outros fenômenos realizados através da mediunidade deoutros médiuns

XXIII

COM UM VELHO AMIGO

Como já é do conhecimento dos leitores, muito tempo an-tes de existir o Grupo Scheilla, nós já fazíamos reuniões emcasa do Jair.

Era um grupo pequeno e do qual fizeram parte: Jair Soa-res, Ló de Barros Soares, Enio Wendling, Márcio Cattsi, Amau-ri Santos, Leonel Dias, Maria Leoni Dias, Ifigênia França, LeviGuerra, Elcira Guerra, Hélcio Wendling, Sérgia Cosmo, DulmarGarcia, Rubens Romanélli, Alda Romanélli, Arlete Raniéri, Cel-so de Castro, João Gonçalves, Laurita Gonçalves, Moacir Fei-chas, Ed Barros Soares e outros dos quais não me recordo nomomento. Esses elementos faziam parte de reuniõesindependentes. Assim, sempre tínhamos em casa reunidos, nomáximo, seis ou sete, sendo que apenas três ou quatroelementos freqüentavam todas elas. Os outros vindo numa nãopodiam assistir às outras. Elementos fixos éramos só eu, donaLó e o Jair. Durante algum tempo tivemos também comoelementos fixos o Leonel e o Enio. Os outros não.

Tudo o que sucedia nas reuniões era anotado e posterior-mente datilografado e arquivado. O trabalho laborioso deanotar cabia a dona Ló e o trabalho não menos laborioso dedatilografar pertencia ao Jair. O Grupo estava rigorosamenteorganizado. Os elementos freqüentavam esta ou aquelareunião por indicação dos próprios espíritos. A hora decomeçar era também rigorosamente observada, muito emboranão houvesse hora para terminar. As reuniões terminavam

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quase sempre à uma hora da madrugada e se iniciavam àsoito.

Não se permitia a entrada de quem quer que fosse que nãopertencesse ao grupo. Para que uma ou outra pessoa estranhaao grupo, embora nossa amiga, apesar de espírita, assistisse,havia necessidade de se consultar previamente os espíritos.

A finalidade do grupo era principal-mente de estudo, obser-vação e experimentação. Havia a finalidade secundária deatender aos pedidos de receitas. Esses objetivos não foramdeterminados por nós, absolutamente. O Grupo organizou-setendo como objetivo principal o tratamento, a cura de nossairmã Ifigênia França, que relatarei no capítulo seguinte. Mascomo o correr do tempo, verificara-se que aquelas reuniõesnão eram mais do que aulas profundamente instrutivas paranós. Sem desejar contar vantagem ou engrandecer-nos,podemos afirmar que a maioria das revelações importantesconcedidas por André Luís em seus livros já nos haviam sidodadas antes de saírem a público esses livros. Algumas atécom anos de antecedência. E outras revelações importantesque ainda não foram expostas em livro algum nos foram feitas.A tese principal de Libertação, que é a existência de seresespirituais em estado subumano, com formas animalescas, nosfoi durante duas ou três reuniões reveladas através do médiumde sonambulismo Enio Wendling com uma antecedência detalvez um ano ou mais da recepção do livro pelo Chico.

Também pelo Enio nos foram descritos aparelhos usadospelos espíritos e comumente nos descrevia um enormezepelim que deslizava suspenso por um fio e que trazia osespíritos elevados que vinha trabalhar na reunião. Elesdesciam desse zepelim e penetravam no ambiente nossoatravés de um imenso tubo, espécie de chaminé.

Tivemos conhecimento de coisas maravilhosas assimcomo de coisas medonhas, horríveis, existentes no mundoinvisível, muito, muito tempo antes de assistir a reuniões com oPeixotinho ou com o Fábio. Quando os foi dada à ventura deassistir a elas, não nos admiramos de possuírem os espíritosmaterializados aparelhos, etc. e nem duvidamos, um minuto

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sequer, das descrições elevadas e sublimes de André Luís.Apenas sentimos a alegria inexprimível de ver tudo confirmado.Não neguemos, no entanto, que em nosso pequeno grupotinha, precisava ter a dedicação aos trabalhos e aperseverança. Se não foi concedida coisa melhor é porque porInvigilância havia muitas vezes choque entre uns e outroselementos. E essa luta íntima, esses ressentimentos serefletiam no ambiente e prejudicavam os trabalhos. Havia diasem que os espíritos, apesar de terem trazido toda umafabulosa equipagem espiritual, deixavam de realizar o menorfenômeno, o mais insignificante benefício, porque nãoencontravam vibrações amigas que facilitassem a tarefa.

Mas alguém dirá:- Será possível que mesmo diante de tantos fenômenos

notáveis e provas tão interessantes, esses homens nãosentiam vergonha de brigar, de discutir, de entrar em choque?

E eu sou obrigado a responder:- Não. Não tinham vergonha alguma. O homem é tão

rebelde, tão refratário ao bem, que mesmo diante daeternidade e dos fatos incontestáveis, não renuncia a simesmo, ao seu orgulho, ao seu amor-próprio ferido, à suavaidade, sem revidar. Ferido, ele fere. Mordido, ele morde. Amente humana é mais dura do que o diamante e para lapidá-lade modo que reflita a paisagem divina é necessário o correrincessante dos séculos e o espírito humano tem que serabatido através de reencarnações e reencarnações.

*

Certa vez o Jair resolveu ir gozar férias em Teixeira, que éuma pequena cidade de Minas, e levou consigo algunselementos do Grupo para realizar reuniões naquela cidade.Iriam gozar férias e no dia determinado fariam à reunião.

Em Belo Horizonte, do grupo, ficamos eu e o Amauri.Combinamos com o Jair:

- Na noite da reunião nós, eu e o Amari, nos reuniremosaqui e vibraremos com vocês.

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Ele então me entregou a chave da casa para tal fim. OAmauri era outro notável médium de sonambulismo. Dera-nosdemonstrações extraordinárias de sua mediunidade.

Na noite da reunião, lá estávamos eu e o Amauri. Tudoquieto. Procedemos na forma do costume, como se todos esti-vessem presentes. Colocamos papel e lápis sobre a mesa.Deixamos acesas apenas uma pequena lâmpada vermelhaque bastava para permitir a escrita. Sentamo-nos cada umnuma poltrona. Pusemos a Ave-Maria de Gounod na vitrola eao seu som harmonioso, fizemos à prece de abertura dostrabalhos.

O Amauri entrou em transe e eu peguei o lápis e me dispusa anotar o que ele dissesse.

Subitamente, muito pálido, em estado sonambúlico, ele serecostou na cadeira, de olhos fechados, e começou a falar comvoz que era carinhosa, mas severa e firme. Começou a falarnum francês seguro e correto. Eu não falo o francês, mas fizum curso e entendo bem, desde que o indivíduo falepausadamente. E foi o que ele fez. Acompanhei-lhe aspalavras e admirava a sua maneira de falar, visto saber que oAmauri não sabia francês para falar assim. Falou-me nessalíngua durante quarenta minutos mais ou menos. De repente,passou a falar em português e então me esclareceu:

- Falei-lhe na língua francesa para dar-lhe uma prova deidentificação, mas sou capaz de falar perfeitamente oportuguês por esse médium. Todavia, desejo-lhe dar outrasprovas de identificação. Você por exemplo se lembra daquelediscurso que você fez no Ginásio Mineiro de Belo Horizonte?Um discurso que se iniciava referindo-se às forçasconvulsionadas da natureza, comparando-as às emoçõeshumanas?

E nesse tom o espírito reproduziu em essência toda a peçaEu me lembrei instantaneamente. Era um trabalho que es-

crevera no ginásio, quando estava no quarto ano e seintitulava: O Livro Simbólico.

- Pois bem, disse-me o espírito - quem o ajudou a escreverfui eu. Acompanho-o desde o tempo em que eram meninos de

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cabelo cobrindo as orelhas, cabelos que não gostavam ir aobarbeiro. . .

E dizendo isso, riu baixinho.- Já naquele tempo - continuou - os espíritos usavam as

suas antenas. . . Os espíritos amigos que fizeram a Revolução.Eu estava admirado com a revelação. O Amauri não

conhecia nada a meu respeito e muito menos com referênciaaos tempos de ginásio que já se perdiam nas brumas delongos anos. Prova maior do que a descrição do trabalho - OLivro Simbólico?

Prosseguiu o espírito:E nesse tom o espírito reproduziu em essência toda a

peça.- Não só eu sou seu amigo. É justa a amizade e que você

dedica a Victor Hugo. Ele tem por você imenso carinho.Outro motivo de admiração. Eu nunca dissera a quem quer

que seja até aquele momento que o escritor que eu maisadmirava em toda a literatura universal era Victor Hugo. AoAmauri, então, nem por sombra. É uma afeição que sempreguardei no íntimo de minha alma. E não sei explicar porquenunca revelara a ninguém. O espírito descobria assim os meuspensamentos e sentimentos. Diga-se, no entanto que durantetoda a reunião eu não me lembrara do escritor francês demodo algum.

E após longa exposição em que me disse coisas tão ínti-mas que não posso e não devo revelar que não achoconveniente expor, acrescentou:

- Agradeço também o amor que vejo em sua alma por mim.Nós somos amigos, amigos de muitas eras. Reencarnamosjuntos muitas vezes. . .

Cheio de curiosidade, perguntei-lhe ansioso, com receioque se fosse sem me esclarecer:

- Mas quem é você, afinal?- Eu? Eu sou Jean JacquesDe fato, não poderia haver interessante prova. Eu ainda

me lembro: quando menino discutia certa ocasião numa rodade rapazes que freqüentavam nossa casa e expunha, com

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ênfase, uma teoria que julgava minha, quando um deles meaparteou vitoriosamente:

- Deixa de bobagem, menino! Essa teoria é de Rousseau ejá foi destruída!

- De Rousseau?! -exclamei - não sei quem é Rosseau!Nunca ouvi falar nele!

- Pois é nunca ouviu falar, mas é de Rousseau. Está ex-posta no Discurso sobre a origem da desigualdade entre oshomens. . .

Eu me recordo que fiquei pensativo e não disse mais nada.E no correr da vida, por diversas vezes encontrava adversáriosque me censuravam acremente:

- Isso é de Rousseau! Está aqui, está ali. Se não é deleparece-se com as idéias dele!

Era o diabo! Quando eu falava, o tal de Rousseau se in-trometia através do meu cérebro e de minha língua. Nessetempo eu não havia reencontrado o Espiritismo.

E ali agora estava diante do meu já tão conhecido JeanJacques.

E ele aconselhou:- Seja humilde, meu filho, seja bom. Sufoque todo orgulho,

se houver em seu coração. Renuncie a esse mundo de ilusões.Nós estivemos na Grécia. Nós estivemos em Roma. Nósestivemos na índia. Nós vivemos juntos em Babilônia. Omundo esboroa-se, mas o espírito prossegue a sua jornada.Adeus.Os outros espíritos nessa noite nos deram bons conselhos eorientações.

Mas o meu pensamento seguiu aquela entidade que vinhado fundo dos séculos conversarem comigo. Entidade queanimara um dos grandes incentivadores do pensamentohumano e que sincero e sereno me indicava depois de tantaslutas o mesmo caminho que o Cristo já assinalara há dois milanos:

- Renuncia a ti mesmo, toma a tua cruz e segue-me.

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XXIV

IFIGÉNIA FRANÇA

Escrevo este capítulo talvez mais como um dever de gra-tidão. Seria necessário escrever-se um livro inteiro se desejás-semos falar das experiências com essa médium. Muito do quesabemos nos veio através dela.

Tinha mediunidade para se tornar um dos mais notáveisinstrumentos de nosso tempo. Competiria com Chico Xavier eproporcionaria aos homens provas formidáveis. Mas essagrande médium não acreditava nos espíritos nem admitia aprópria mediunidade. Pobre moça!

Dizia-nos que fazíamos dela cobaia humana e nada mais.Riu de nossa sinceridade e de nossa dedicação. Mas todosnós sabemos que, apesar disso, o que nos foi proporcionadoatravés dela será para nós inesquecível. Até os últimosmomentos de nossas existências, todos nós haveremos de noslembrar dos fatos impressionantes que com ela se sucederam.Só um livro completo poderia permitir-nos um relato verdadeirodo que se passou com ela. No momento, limitamo-nos a referiralguma coisa apenas para que não se percam, no turbilhão denossa vida que cada vez se tornará maior, observações quepossivelmente serão úteis a outros. Não sei se nos serápermitido algum dia, através de outro médium, reiniciar asexperiências que vínhamos realizando com ela.

Se os espíritos julgarem conveniente, temos certeza queessas oportunidades se multiplicarão em nosso caminho.

A história da Ifigênia começou assim:Uma noite apareceu no Centro Espírita Oriente, de Belo

Horizonte, um homem dizendo que sua filha estava muito mal,sofria de ataques, ficava toda contorcida, com o rosto deforma-do, em contorções espantosas. Já havia recorrido a todos osmédicos e nada conseguira. Apesar de pobre, gastara mais de

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quinze contos inutilmente. Isso era o que ele dizia. Sua filhaestudava no colégio Izabela Hendrix e poucos dias antes tiveraum dos ataques no colégio. Chamado um médico de confiançapela própria direção da casa, este afirmara que se tratava damoléstia do coração e mais não sei o quê. E terminaraesclarecendo que ela não teria mais do que seis meses devida. Seis meses seriam um verdadeiro milagre. O pai emdesespero resolveu buscar o Espiritismo. Repugnava-lhe a taldoutrina, esquisita, difícil de se entender, mas pelo bem dafilha faria tudo. Acreditava que os demônios é que curavam noEspiritismo com o fim de seduzir a alma humana, mas a saúdeda filha era bem precioso e precisava defendê-lo.

Católico dos mais católicos, pedia perdão a Deus porcometer tal ato, mas era com o pensamento na filhadesventurada e inutilizada.

Imaginem que sua casa era freqüentada por padre amigoque se soubesse daquilo haveria de excomungá-lo!

Esse era o velho França, o pai da moça. De cabelos bran-quinhos como a neve e voz temerosa.

Expôs a sua situação aflitiva.Nessa ocasião, dirigia os trabalhos espirituais do Centro,

na quarta-feira, que era o dia em que aparecera, o Sr. Joaquimde Araújo Soares. Médium também e cheio do desejo deajudar ao próximo.

Eu era simples aprendiz e observador. A reunião estava nomeio, a casa cheia. O Araújo disse ao França:

- Assim que terminarem os trabalhos, nós iremos à suacasa.

Redarguiu-lhe o velho:- Mas eu não posso esperar, minha filha está muito mal,

toda contorcida. Agora mesmo quando saí estava desse jeito.Finalmente, concordou e foi sentar-se na assistência.Encerrados os trabalhos, o Araújo me disse:

- Ranieri, quer ir comigo ver a moça? - Perfeitamente,vamos.

E fornos até lá. Entramos para o quarto e deparamos umquadro estranho: sobre um leito de solteira, uma moça que de-

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monstrava uns 19 a 20 anos estava embolada, retorcida, con-vulsa. Braços rígidos. Verdadeira monstruosidade.

O Araújo deu-lhe alguns passes e ela gemeu alto,revolveu-se na cama e pareceu melhorar.

A modificação foi rápida, mas continuou naquele transeestranho.

*

Desde algum tempo eu vinha-me dedicando ao estudo domagnetismo. Lia obras. Fazia experiências. Observava coisasque um dia, quem sabe, contarei. Notei incontinenti que Kardectinha razão: o magnetismo está intimamente ligado aoEspiritismo.

*

Dono de humildes conhecimentos magnéticos, mesmo as-sim, pude observar as contrações violentas e os gemidos daIfigênia que coincidiam com a passagem das mãos do Araújo àdistância, dando passes.

Eu comigo pensei: é exteriorização da sensibilidade. Elaestá sentindo a distância do corpo. Quando o Araújo lhe passaas mãos a certa distância do corpo, sente dores e geme.

*

Por fim, a Ifigênia saiu do estado de contração e sentou-sena cama. Todavia, continuou em transe.

Certo de que ela estava desperta, Araújo preparou-se parase retirar, quando com voz firme, ela disse:

- Quero que o sr, Ranieri me dê um passe.Confesso que senti um certo abalo. Eu era apenas um

aprendiz como continuo a ser. A convocação para mim erauma revelação mais alta. Compreendi que ficaria ligado àquelecaso para sempre.

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O Araújo fêz-me um sinal para que lhe desse o passe pe-dido.

Cumpri o meu dever com certo constrangimento. Dei-lhe opasse. Ela despertou.

Conversamos um pouco e após nos despedimos.Passaram-se os dias. Outra noite, e aparece o França de

novo afobado, procurando o Araújo. Não era noite de reuniãodo Araújo e eu lhe expliquei a situação:

- O Araújo não está.- Como hei de fazer? Gemeu o velho.E desesperado pediu-me:

- O Sr. mesmo pode ir. Por caridade!O Jair estava perto e eu lhe disse:- Jair, quer ir comigo ver a moça? Ele concordou de boa

vontade.Fomos e do mesmo modo a encontramos: - contorcida.

convulsa, esquisita. Comecei a dar-lhe passes e ela se pôs agemer. De propósito, aproximava as mãos de seu corpo,embora a uma distância de vinte centímetros, e nessa hora elagemia alto, com mais violência.

Veio-me a idéia de conversar com o espírito dela mesmaIsso não é novidade. Nós sabemos que uma pessoa estandoem transe, pode o seu espírito conversar conosco usandoquase que somente a garganta de seu organismo físico.

Tentei. E ela me respondeu, com voz firme, segura. Depoiscomeçou a contar uma de suas vidas anteriores, passada naInglaterra. Contar não é bem o termo, começou a revivertrechos dessa vida. O assunto era empolgante,interessantíssimo e, imediatamente, pedi ao Jair que pegasseum papel e fosse anotando o que ela dizia. Após longadescrição, parou e disse-nos que continuaria noutraoportunidade.

Dei-lhe passes de despertamento coloquei a sua própriamão esquerda na testa e chamei-a com energia pelo nome.

Ela despertou imediatamente, normal, saber o quehouvera.

Chamei o velho França de lado e disse-lhe:

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- Eu sei o que sua filha tem. Ela não é absolutamentedoente e pode ser curada desse mal.

O homem abriu os olhos, admirado. Como então, tudoaquilo que ela sentia não era doença? Toda a sua luta e todosos gastos tinham sido inúteis? Mas de que modo ficariacurada? Perguntou aflito.

- O Sr. terá que consentir que façamos com ela algumasreuniões espíritas particulares O Sr. estará presente e maispessoas que queira

- Quando será isso?- Combinaremos depois.Na realidade, ainda não tínhamos um plano formado.

Esperamos, todavia o tempo.

*

Alguns dias depois, fomos à casa do Jair, com quem aindanão tínhamos muita intimidade. Fomos fazer uma visita e en-contramos a Ifigênia que também iniciava uma amizade comdona Ló, esposa do Jair.

Elas estavam no quarto conversando e eu e o Jair na va-randa da casa, quando dona Ló nos chamou nervosa:

- A Ifigênia caiu na cama com aquela doença.Corremos e encontramo-la de novo em transe.

Continuamos a anotação da história interrompida e combi-namos com o seu espírito a realização da reunião que prome-têramos ao França.

O seu espírito aceitou a proposta e disse-nos que poderiaser ali mesmo na casa do Jair.

Disse que Ifigênia tinha missão a cumprir e que ficaria boados transes descontrolados.

E assim tiveram início às reuniões que com o correr dotempo viriam a ser o fundamento do Grupo Scheilla, de BeloHorizonte.

*

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A Ifigênia ficou completamente boa. Passaram-se os seismeses marcados pelo médico. Não gastou mais um tostãosequer. Casou-se mais tarde. Tem um filho. Foi restituída àvida normal da sociedade humana.

Fez-nos o seu espírito no estado de transe descriçõesnotáveis do mundo espiritual. Quando o seu perispírito estavaexteriorizado, a uma distância de vinte, trinta e quarentacentímetros, quando espetávamos um alfinete no ar, nessadistância, ela sentia dores como se o alfinete estivesse sendoespetado na pele.

Qualquer pessoa que não estivesse preparada para seaproximar dela, se passasse a certa distância, provocar-lhe-iacontrações formidáveis, seguidas de gemidos e exclamaçõesdoloridas.

Essas distâncias variavam conforme o dia. As vezes meiometro, outros um, dois, três até cinco. Conforme o dia.

A realidade se patenteava pelo fato de ela não ver.Sentada de costas numa poltrona, quando alguém movia umaperna, ou fazia gesto rápido, atrás, ela gritava e gemia.

Em plena escuridão, repetimos por dezenas de vezes a se-guinte experiência:

Íamos lá dentro, em um dos quartos, trazíamos um objetoqualquer oculto no bolso ou nas mãos e colocados atrás desua poltrona lhe perguntávamos:

- O que é que está em minha mão?E ela respondia fazendo uma descrição exata do objeto.

Nem sempre dizia o nome, mas sempre fazia uma descriçãoperfeita.

Era uma prova de que enxergava sem ser com os olhosfísicos.

Se colocássemos uma pessoa à sua frente, enxergava ointerior dessa pessoa como se fosse um verdadeiro raio-X.Descrevia-lhe o mal e indicava sempre com precisão absolutaos remédios para a cura.

Às vezes éramos incorporada (tomada) por um espírito eentão nós assistíamos ao espetáculo notável da reproduçãoexata, nos gestos, na voz e na maneira de ser do defunto.

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Tudo que dizia era exato, absolutamente certo.Se predizia o futuro, ele se confirmava com exatidão ma-

temática.Era médium psicógrafo inconsciente, da mais absoluta in-

consciência. Colocado um maço de papel diante dela, noescuro, ou à luz de uma pequena lâmpada vermelha, ficandode qualquer forma mergulhada sempre no escuro, sua mãocoma com a vertiginosidade de uma máquina. Ia ao fim dopapel e voltava justamente no momento em que o papel iaacabar. Fazia o traço de separação da palavra, acentuava aspalavras, tudo com precisão absoluta. Não errava. Se julgava oespírito que algo em cima não estava como desejava, paravade repente, ia com o lápis no lugar exato e corrigia. E diga-seque a médium além de estar no escuro ou na semi-escuridade,conservava o tempo todo a mão esquerda sobre os própriosolhos, apoiando-se na testa.

Quando em transe, tivemos oportunidade de observarnumerosas vezes, dezenas de vezes, os seus braços gelados,a temperatura muito abaixo de zero, enquanto que a testaestava escaldante, a temperatura a quarenta ou mais graus.

*

A vidência e clarividência eram absolutas. Via a distância,quando em transe. A distância de quilômetros, e tudo que reve-lava nessa hora era também exato.

Fazendo com ela experiências de regressão da memória,tivemos oportunidade de vê-la viver três ou quatro existênciasanteriores, com citação de nomes, datas, etc.

Numa existência em que fora tuberculosa, repetia, repro-duzia, com perfeição assombrosa, as hemoptises, causando-nos até certa convulsão de estômago.

Experimentando com ela dias ou meses depois, e deacordo com as notas que havíamos tomado, fazíamos-lhesperguntas sobre esta ou aquela existência ou fazíamo-lareviver esta ou aquela passagem já descrita, e ela não errava

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nunca. Tornava a dizer o que dissera como se fosse um discoeterno.

. .*

Assim deixo aqui estas breves informações para o leitor,repetindo que o que assistimos e observamos com essamédium é digno de um volume em que se documentaria tudoreproduzindo o que temos anotado e arquivado. Todaviacumpro o meu dever, nesta oportunidade, deixando a essacriatura os meus agradecimentos e estas páginas comoapagada retribuição.

XXV

ENIO WENDLING

Rapaz moço, cheio de vida e de ilusões.Também são notáveis e numerosas as demonstrações que

nos foram dadas por seu intermédio. Tem grandes possibilida-des. Quase tudo o que foi realizado por meio de Ifigênia, con-seguimos realizar também por intermédio dele, sem saber oque se passara com ela, pois não assistia aos seus trabalhos,nem lhe fora revelada coisa alguma. Limitar-me-ei a contaruma das últimas experiências que tive com ele e que foi nestasmesmas férias do mês de dezembro de 1950, em BeloHorizonte.

*

Fui visitar o Arlindo, do jornal O Poder.

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Depois de agradável conversa, o ardoroso jornalista mepediu:

- Será que você não arranja com o espírito de Voltaire umapágina mediúnica para todos os números do jornal?

- Consultarei - foi a minha resposta - e lhe comunicarei oresultado.

Saí e esqueci-me do pedido do Arlindo.A noite tínhamos uma reunião em casa do Jair. Após o jan-

tar, fui até lá. Não disse nada a ninguém, nem mesmo me lem-brei do fato.

Entramos para o quartinho da reunião: eu, o Jair e o Enío.Os espíritos geralmente falam pelo Enío usando só o tubo

da garganta como se fosse um alto-falante.Um maço de papel em cima da mesa. Algumas receitas na

mão do Jair para serem respondidas.O Jair disse:- Eu vou consultando e você vai anotando o que houver.

De repente ouvimos um risinho estranho, esquisito, zombe-teiro, mas não desrespeitoso. E através do Enio uma voz sur-preendente começou a falar conosco. Reviveu os tempos daCorte Francesa com pinceladas magistrais, traçou um retratoperfeito da França revolucionária, e fez revelaçõesinteressantes sobre nossas relações de amizade no passadodistante. Eu estava contente e admirado. Era Voltaire e veiotratar do assunto que interessava ao Adindo, prometendoenviar colaboração dali a dois meses, visto ter outrasobrigações no momento, na espiritualidade.

Era a primeira vez que ele nos falava através de ummédium de sonambulismo. Nunca se manifestara pelo Enio,em longos anos de mediunidade, mas viera justamente quandoconvocado para um trabalho de responsabilidade. Nem o Enionem o Jair sabiam da minha conversa com o Adindo, algumashoras antes.

Observem as provas interessantes: alguns anos atrás,Rousseau viera conversar comigo falando-me nos amigos daRevolução. Isso ficou somente comigo. O Enio não tomou

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conhecimento desse fato. Agora vinha Voltaire confirmar osfatos falando-nos outra vez dos tempos da França.*

O Enio é também um médium digno de mais amplas refe-rências, mas ficaremos por aqui, deixando ao futuro o encargode fazer com que voltemos ao assunto.

XXVI

LEVI, ALTINO E HELENINHA.

Além da Ifigênia e do Enio, tivemos oportunidade de acom-panhar o desenvolvimento de outro médium de sonambulismo:Levi Guerra.

Esse rapaz também não acreditava em Espiritismo. Cunha-do do Jair, certa noite em que se fazia uma reunião de copo»,conversou com um espírito, Iapiokam.

Esse espírito nos dirigiu palavras incompreensíveis numalíngua que não sabíamos qual era. O Levi tomou nota daspalavras escrevendo-as pelo som e durante alguns diasinvestigou e informou-se a respeito com o fim de verificar sepertenciam a alguma língua humana e se significava algumacoisa.

Apareceu-nos assim entusiasmado, tempos depois. Certifi-cara-se de que as palavras ditas por Iapiokam eram tupis-guaranis e nos trazia a tradução. Era uma resposta exata àsperguntas em português que o Levi fizera ao espírito. Daí pordiante, o Levi começou a estudar a Doutrina.

Manifestaram-se nele os fenômenos sonambúlicos eseguiu o caminho da Ifigênia e do Enio, proporcionando-nosfenômenos e ensinamentos notáveis. Relações novas, o Levinão sabia quase nada a meu respeito.

Não sabia que eu havia perdido uma menina e nem po-deria fazer dela uma idéia aproximada.

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Em nossas reuniões, quando em transe, o Levi nos descre-via um espírito muito nosso conhecido e que se denominavahumildemente, Altivo. Isto é, um do Alto, anônimo, portanto.

E o Levi conversava com ele e quando a ele se dirigia,sempre dizia - o diretor dos trabalhos, o nosso diretor, - comdeferência e amizade. Certa noite, quando os trabalhos se de-senvolviam normalmente, o Levi em transe exclamou:

- O diretor dos trabalhos está aí. Tem uma túnica quepossui todas as cores, como se fosse feita de milhares degotículas de água batidas pelo sol. Sua fisionomia é a de umgrego.

A seguir admirou-se profundamente.- Uai! o diretor começa a desaparecer e na altura de seu

peito aparece o rosto de uma menina! Ele está setransformando numa criança! Ela tem o rosto ovalado, olhosgrandes, o que mais sobressai nela são os olhos! Cabelosencaracolados. Bem, mas agora a menina começa adesaparecer e surge novamente o diretor. Vejam! De novo odiretor desaparece e surge a criança! Ah, já sei, ele setransforma na menina e a menina se transforma nele!

Após, prosseguiu o Levi conversando à meia-voz comoutro espírito que estava ao lado dele. O Levi perguntava e aentidade respondia. Mas nós não sabíamos o que o espíritoestava respondendo. Porém, ouvimos o Levi proclamar.

- Agora entendo tudo: a menina é a filha do Ranieri! Já sei,ela e o diretor dos trabalhos são os mesmo espíritos em en-carnações diferentes.

Todos nós nos admiramos da revelação. O Altivo era umespírito que já se vinha comunicando no Grupo há quase trêsanos e meio. Dava conselhos e orientava as reuniões comordens breves.

*

Nunca poderíamos supor que ele e Heleninha fossem àmesma entidade. Nunca nos permitiu que sequerimaginássemos isso.

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E agora vinha a prova por intermédio de alguém que nãoconhecia Heleninha e que no estado normal não poderia demaneira alguma fazer uma descrição dela, exata, perfeita,completa, como fizera. Ninguém ali, a não ser eu, sabia comoela fora em vida. O Leví não a conhecera e nem mesmo sabiaque eu perdera uma filha.

A ligação espiritual do Altivo comigo sempre fora evidente.Descrito por diversos médiuns, sempre me acompanhava,buscando auxiliar-me com seus conselhos.

Mais tarde a ligação se confirmaria Rousseau através doAmauri:

- Nós estivemos na Grécia. . . Nós estivemos em Roma. . ,Essa passagem breve não pode revelar de modo algum o

notável médium que é o Levi.E mais com o fim de deixar assinalado seu esforço em prol

da Doutrina e como homenagem aos sacrifícios que todos elesfizeram nesta luta contra a morte. . .

XXVII

CONCLUSAO

MÉDIUNS E MEDIUNIDADE

Antes de encerrar este pequeno trabalho com a finalidadede colaborar com um pouco de amor na construção do grandeedifício espiritual que se ergue em nossos tempos, quero dizeralgumas palavras a respeito de médiuns e mediunidade.

Nós sabemos que o mundo invisível não é mundo habitadosomente por seres angélicos, boníssimos, perfeitos. E tambémhabitação de seres que ainda não compreenderam a vidaespiritual como caminho para realizações superiores. Estácheio de espíritos malignos, perversos, que fazem do mal

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única razão de existência. Muitos são maus por inconsciência,outros são maus deliberadamente.

Tanto existem organizações de ordem elevada, no mundodos espíritos, como existem organizações do mal para praticaro mal.

Os médiuns são simples portas abertas para o mundo invi-sível. Tanto podem se manifestar por eles os bons espíritoscomo os maus espíritos. Só a elevação espiritual de própriomédium pode exercer controle sobre as forças que se exercemsobre ele. Um médium que possua o seu espírito elevadíssimo,que só pensa e se dedica ao bem, entrará em relação comentidades elevadas e boas.

Um médium cujo espírito é relativamente elevado, tendoora pensamentos de bem e ora pensamentos de mal, poderá,de acordo com a sua maneira de pensar e sentir no momento,permitir a comunicação de um espírito bom ou de um espíritomau.

Um médium que tem o espírito atrasado e só pensa nomal, terá centenas de oportunidades de receber somenteespíritos malignos, perversos.

Os médiuns que v8m ao mundo em altíssima missão,geralmente possuem o próprio espírito elevadíssimo edificilmente erram, seguindo até o fim da vida um roteiro firmee seguro.

Há porém médiuns que além de uma determinada missão,muitas vezes de grande importância até, vêm também com afinalidade de provas para a própria evolução. São aqueles quepossuem espírito relativamente elevado. Estão sujeitos a altose baixos: se entregam aos pensamentos de desânimo e demal, dão acesso às entidades inferiores. Se voltam para aalegria sã, para as boas realizações e têm pensamentos puros,permitem a aproximação de espíritos elevados que procuramatravés da mediunidade deles realizar obras de valor espirituale de auxílio à humanidade.

Podemos afirmar sem receio de errar e sem o desejo deofender, que todos os médiuns que apareceram neste livro

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estão incluídos nesta classe: relativamente elevados, comexceção de Chico Xavier.

Daí o perigo que surge para os trabalhos realizadosatravés deles: amanhã mudam de maneira de pensar,entregam-se ao desânimo, ao mal, e são dominados pelosespíritos inferiores que imediatamente procuram destruir tudo oque foi feito, anteriormente, pelas entidades superiores,buscando desmoralizar o médium e aqueles observadores quederam o testemunho idôneo do seu nome. Estão em prova emarcham no caminho da evolução. Se falharem uma vez,reencarnarão de novo para o mesmo trabalho. Eles sofrem efazem os outros sofrer.

Não há portanto motivo algum para se estranhar que esteou aquele médium venha posteriormente a negar os própriostrabalhos, desmentir o que homens honestos e respeitáveisobservaram, verificaram e testemunharam como sendoverdade.

Os trabalhos de materialização, de um modo geral, só serealizam com o médium em estado de inconsciência. Isto é,embora o espírito do médium desprendido do corpo saiba dooutro lado o que está acontecendo, quando ele volta, quando omédium desperta, de nada se lembra.

Portanto, para ele mesmo, não houve materialização algu-ma. Nós é que relatávamos para o Peixotinho e para o Fábio,após a reunião, o que havia sucedido, quais os espíritos quese haviam materializado e quais as ordens e instruções quenos haviam sido dadas. Dir-se-ia que lhes estávamos falandode coisas estranhas sucedidas com outra pessoa. Até hápouco tempo, o maior sonho do Peixotinho era assistirreuniões de materializações com outro médium. E o Fábiotambém ansiava por assistir reuniões do Peixotinho.

A única coisa que lhes sucedia, terminada a reunião erasentir uma fome de lobos.

A Ifigênia, depois de se sentir completamente curada,abandonou definitivamente os trabalhos espirituais, porquedizia ela:

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- Eu não vou à reunião mais. Mal chego, começo a dormire só acordo depois de terminada, altas horas da noite. Paravocês pode ser muito engraçado, mas para mim não tem graçaalguma.

E foi-se embora de uma vez.Diante disso, podemos assegurar que o próprio médium de

materialização, no estado normal, é a pessoa que menoscredenciais possuem para falar sobre as materializações quese realizam por seu próprio intermédio. O testemunho deles,no estado normal, deve, pois, considerar-se nulo, sem valor. Oque disserem, o que fizerem, anos depois de reuniões bemobservadas e experimentadas, testemunhadas por pessoas decritério, não pode de modo algum invalidar essas reuniões.

Se amanhã mistificarem, forem encontrados enganando,isso não pode destruir o que foi observado, experimentado etestemunhado por pessoas em condições de o fazerem.

Eu mesmo sou homem e sujeito a mudanças de idéia.Desse modo quero deixam bem clara esta minha declaração:haja o que houver, aconteça o que acontecer, tudo o que foidescrito note livro não poderá em tempo algum ser invalidadoou prejudicar as observações sí feitas, por atos ou palavrasdos médiuns que permtiram com sua mediunidade a realizaçãodos fenômenos. E eu mesmo me nego o direito de vir a públicoem qualquer tempo para negar o que aí afirmei, ,pois tenhoatualmente trinta e um anos, ocupo um cargo público deresponsabilidade, e estou em perfeito gozo de minhasfaculdades mentais. O que declarei é a mais absoluta verdade.Se futuramente eu ou os próprios médiuns cometermos atoscapazes de desmentir o presente relato, ou declararmos quetudo era mentira, não deve, não pode ser tomado emconsideração.

Assim como não responderei pelas futuras reuniões dos ci-tados médiuns. Meu testemunho abrange as reuniões a queassisti até esta data. Nesse período, os fenômenos foramverdadeiros, absolutamente verdadeiros.

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(Ultima Parte)

DEPOIS DO FIMDe 1952 em diante

Esta última parte de nosso trabalho se denomina Depoisdo Fim.

E isso porque nosso livra já estava terminado e entregueao editor, desde 1950, quando novos fenômenos surgiram emnosso caminho.

O médium Peixotinho, em Pedro Leopoldo, naturalmente,por orientação espiritual, submeteu-se a uma série de reuniõesem que foram batidas chapas fotográficas e nos quais sedeixaram fotografar espíritos materializados.

Essas reuniões se realizaram em sua maioria no próprioquarto de dormir de Francisco Cândido Xavier e com a suapresença aos trabalhos, assim como muitas outras pessoas.

Pode-se calcular, para os espíritas, a importância dessasfotografias, pela primeira vez tiradas no reduto mais notável doEspiritismo Brasileiro.

Materializações em Pedro Leopoldo!Fenômenos realizados na fonte mesma da Luz Espiritual

que ilumina o Brasil. E fato inédito e até hoje não nos haviamos espíritos proporcionado essa oportunidade. Julgamos denosso dever abrir uma nova parte em nosso trabalho comocoroamento da obra.

As fotografias que apresentamos foram todas elas autenti-cadas, com declaração de próprio punho, por FranciscoCândido Xavier, nas costas, e assinadas por ele e outrospresentes. São, pois, valioso documento para o acervo daDoutrina. Além disso, aproveitamos para organizar outroscapítulos que acreditamos venham a servir de orientação aosestudiosos.

Resultado de nossa humilde experiência nesse setor de fe-nômenos. É, no entanto, nosso pensamento compor um livro,

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em futuro próximo, sobre Teoria e Prática dos Fenômenos deMaterializações, de modo que os capítulos esboçados aqui sãorápidos e ligeiros comentários apenas para servirem de roteiroelementar e não um estudo aprofundado.

Cremos, contudo, que nosso esforço venha encontrar acompreensão de nossos leitores e fazê-los refletir sobre a novafase do Espiritismo no Brasil, que, podemos afirmar, já tomourumo superior, elevado, e em porvir que se avizinhaestabelecerá uma nova forma de atividade mais grandiosa emais bela.

CAPITULO I

MATERIALIZAÇÕES EM PEDRO LEOPOLDOPEIXOTINHO E FRANCISCO CÃNDIDO XAVIER

Desde o ano de 1948, para cá, o médium Peixotinho temido a Pedro Leopoldo em visita ao médium Francisco CândidoXavier.

A primeira vez que ali foi, ele o fez em nossa companhia,como vimos no capítulo I deste livro.

Daí por diante, anualmente, vai a Pedro Leopoldo onde sãorealizadas notáveis sessões de efeitos físicos ematerializações. Os fatos mais interessantes no setor dasmaterializações têm-se sucedido e deles nós temosconhecimento através de informações prestadas pelo próprioFrancisco Cândido Xavier, pela Peixotinho, por pessoas queestiveram presentes ou por NOSSO COMUM AMIGO HenriqueFerraz Filho.

De tudo, no entanto, o que de mais importante para os nos-sos estudos tem ocorrido, são as fotografias de espíritosmaterializados que tem sido batidas com a presença denumerosas pessoas e entre elas, Francisco Cândido Xavier. A

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presença constante de Chico Xavier nessas reuniões, asdescrições que faz dos espíritos presentes antes que sematerializem, as referências e mais ainda as mensagenspsicografadas, escritas, que recebe dessas entidades, para osespíritas, são o mais importante atestado da idoneidade damediunidade de Peixotinho e da veracidade dasmaterializações que por ele se realizam. Caso Peixotinho nãofosse realmente o médium respeitável que é, já, por certo, teriaFrancisco Cândido Xavier se afastado dele e não endossarianem mesmo com a sua presença os fenômenos através deleapresentados. Ali, os espíritos têm-se materializado e têm sidofotografados.

As fotografias que possuímos, tiradas em Pedro Leopoldo,foram todas elas batidas pelo Sr. Henrique Ferraz Firo,residente no Rio de Janeiro e todas foram autenticadas comdeclaração de próprio punho, no verso, pelo Chico.Consideramos essas fotografias assim autenticadasverdadeiros documentos de valor inestimável para oEspiritismo atual e para o Espiritismo do Porvir, da mesmaforma que representam novos fundamentos da Doutrinaoferecidos à Humanidade.

Além disso, constam nelas as assinaturas de outraspessoas igualmente idôneas. Sobre essas fotografiasfalaremos mais particularmente em capítulo especial.

*

A respeito do Peixotinho escreveu-nos Francisco CândidoXavier em carta datada de 19-5-1949:

E pena que o nosso Peixotinho se encontre desejoso detransferir-se para Macaé. Eu tinha a idéia de que seriaexcelente um livro seu em torno dos trabalhos dele, aí no Rio,com descrições dos fenômenos e comentários evangélicos,edificantes, nos moldes de No País das Sombras, da Senhorad'Espérance. Conhece? Acredito que seria um trabalho muitoimportante para a nossa doutrina . . .

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Enfim, aguardemos o tempo. Quem sabe? Às vezes, todasas circunstâncias se ajustam em favor do nosso ideal, e, nestecaso, o objetivo é de interesse de todos, não é? Creio que avida luminosa, do Peixotinho precisava ser fixada, por algumcompanheiro como você, que o ama e compreende, na direçãodo futuro.

Em carta de 29-8-49, escreve ainda o grande médium dePedro Leopoldo:

Eu sei que o Peixotinho é um médium cristão e, por istomesmo, humilde e retraído. Entretanto, Ranieri, ostestemunhos dessa ordem são talvez mais dolorosos e por istonão deva ser desprezados.

Ainda não sofri coisa alguma por amor à doutrina queamamos e nunca pude testemunhar minha fé pela minhapequenez na tarefa, mas rogo a Jesus me faça, um dia, nasreencarnações do futuro, um coração digno de sofrer o que onosso Peixotinho tem experimentado por amor ao nosso IdealCristão. Que Deus o fortaleça cada vez mais, em sua missãode reveladora luz.

Em carta de 28-3-48 também nos disse Chico Xavier:Rogo a você, sempre que lhe for possível, enviar-me

notícias dos trabalhos do André Luís. Considero esse grupocomo sendo um conjunto de muita importância para oespiritismo cristão do Brasil.

Peço a você dar um apertado abraço ao Peixotinho, comimensas saudades dele.

Em carta de 19-5-49 também afirmara:Peço muito ao Senhor para que você seja muito bem

inspirado na organização do livro com que sonhamos em tornodas faculdades do nosso amado Peixotinho.

E ainda, em missiva de 28-3-48:Fiquei muito satisfeito em saber que o nosso Romanelli

presenciou uma das sessões do Peixotinho.Para os espíritas, não há necessidade de maiores testemu-

nhos da respeitabilidade de Peixotinho. Vemos em todas essastranscrições o carinho com que Chico Xavier se refere ao mé-dium de efeitos físicos e às afirmações categóricas que faz

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referindo-se aos seus trabalhos. Tanta importância lhe davaque ao saber que Peixotinho pretendia se transferir paraMacaé, apressou-se a enviar-me uma carta na qual me sugeriaa realização de um livro em torno dele e dos fenômenos. E nãosomente sugeriu mas chegou até a delinear as linhas gerais dolivro.

Chama-o de amado Peixotinho e declara firmemente: Eusei que o Peixotinho é um médium cristão.

E falando dele, disse-nos finalmente Francisco Xavier:Que Deus o fortaleça cada vez mais, em sua missão de

reveladora luz.É a consagração de sua missão de médium em Terras do

Cruzeiro. Nada mais será preciso dizer.

CAPITULO II

NOVA CONCEPÇAO DOS FENÕMENOS DE EFEITOSFISICOS

Entre os próprios espíritas existe uma concepção errônearelativamente aos trabalhos de efeitos físicos e maisacentuadamente com respeito às reuniões de materialização.Afirmam alguns que não se interessam por esses fenômenos eoutros declaram que essas sessões são realizadas porespíritos atrasados, inferiores. Repetem ainda que se baseienas instruções de Kardec. Que não aceitem as reuniões dematerializações porque não se interessem por elas, é umdireito que ninguém lhes contesta, mas que estejam baseadosem Kardec é o que iremos contestar.

Kardec não recusou absolutamente as reuniões de efeitosfísicos ou de materialização. Tanto assim que as classificou noLivro dos Médiuns, como dignas de seus estudos. Não poderia

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ele, de forma alguma, recusar os fenômenos mais probatóriosda existência do mundo espiritual e de espíritos que vivemnuma faixa vibratória diferente da nossa. E não o fez. O queele nos ensinou é que no seu tempo esses trabalhos eramsempre realizados por espíritos menos esclarecidos. Menosesclarecidos e não espíritos atrasados, inferiores, maus,perversos.

Como sabemos, a tarefa do Codificador foi assistida poruma plêiade notável de espíritos superiores e presidida mesmopelo Espírito de Verdade.

Natural é que não se materializassem esses luminososespíritos numa época em que se estava lançando ofundamento de uma doutrina ainda em fase elementar e muitomenos para o trabalho de Kardec. Mesmo porque a suamissão não estava ligada a fenômenos de efeitos físicos, demodo especial. Isso caberia à ação oportuna do tempo.Lembremo-nos que Francisco Cândido Xavier, em nossopróprio tempo, encarregado de missão intelecto-espiritual tem-se mantido em seu setor, que é a Missão do Livro, enquanto asmaterializações estão-se realizando por outros médiuns.

A Grandiosa Missão de Kardec era a codificação da Dou-trina Espírita, o lançamento fundamental de suas bases, comrepercussão no futuro através de um vasto movimento depropagação das idéias. Trabalho de cientista, filósofo,apóstolo, escritor, etc.

Missão árdua de enormes proporções intelectuais e huma-nitárias. Não lhe competia, naquela oportunidade, deter-se noestudo especializado de fenômenos da maior respeitabilidade,mas em ocasião absolutamente inoportuna, levando-se aindaem consideração o fato de terem de ser esses fenômenosobservados por outros missionários espalhados nos diversosramos da ciência.

Como facilmente verificaremos, o trabalho de fundamenta-ção da Doutrina Espírita foi, e será sempre, um trabalho deequipes e não de um só homem. Todas as observações eestudos convergindo para um mesmo fim. Kardec não veioabarcar tudo nem desejou isso.

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A tarefa de um William Crookes será sempre a tarefa deum William Crookes. A ele competia o estudo e a responsabi-lidade.

A tarefa de Kardec será sempre a tarefa de Kardec nosetor designado por Jesus, A ele pertence totalmente.

*

Não competia, pois, ao Codificador deter-se -mais demora-damente nesses fenômenos. Deu-lhes, dentro da Codificação,a importância relativa que dera aos outros.

No entanto, nós o vemos referindo-se a uma sessão a queassistia e na qual uma pesada mesa correra todo o cômodo eele acrescenta: em condições tais que não deixou a menordúvida. Sempre se referiu aos fenômenos de efeitos físicoscom o maior respeito. Disse, isto sim, que espíritos de ordemsuperior usavam espíritos menos elevados para realizaremesses fenômenos da mesma forma que um homem educado efino usa um carregador para levar a sua mala. Isto não querdizer que houvesse desprezo da parte dos espíritos superiores,mas apenas que era mais fácil aos espíritos maismaterializados manipularem o ectoplasma do médium.

Hoje, chegamos à conclusão de que os espíritos de ordemsuperior se materializam com certa facilidade desde que asreuniões sejam organizadas de acordo com o programarigoroso que estamos apresentando. As condições para que sematerializem é que outras: exigem que os assistentes nãocomam carne, não fumem, não bebam e levem uma vida pura.Tudo muito natural. Se recusarmos a materialização deespíritos superiores teríamos que recusar as materializaçõesdo próprio Cristo, visto que Este, após o Calvário, materializou-se durante quarenta dias para os discípulos e com a finalidadede acabar a instrução que lhes dera e como prova da SuaSublime Imortalidade.

Toda a doutrina Cristã, é inegável se apóia na materializa-ção de Jesus.

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As forças superiores do espírito virão ao nosso encontro senós estivermos preparados para recebê-las.

CAPITULO III

SUPERINCORPORAÇAO

Tentamos esboçar aqui o que chamaremos de superincor-poração.

Acreditamos que noventa e nove por cento dos estudiososdos fenômenos espíritas ou psíquicos nada sabem da técnicada materialização. É território desconhecido e inexplorado.Desse quase completo desconhecimento vem talvez à razãoda incredulidade de uns, das afirmações levianas de que esteou aquele médium é mistificador, e da dúvida de muitos.

Não conhecendo a técnica, não sabem de maneira precisae exata como pode-se apresentar o fenômeno.

Já nos temos dedicado durante quase dez anos ao estudoespecializado desse setor do Espiritismo, teórico e prático.

Em contacto com entidades materializadas, sempre quepossível, buscamos esclarecimentos a propósito do assunto.Até 1950, mais ou menos, observamos que os espíritos-guiaspreferiam nos dar indicações vagas como que receosos de quea sua explicação mais viesse confundir que esclarecer. Daí pordiante, notamos que de alguma forma tentavam atender aonosso justo anseio de conhecimento. Todavia, ainda assim, demaneira escrupulosa e prudente.

Através de reiteradas observações, chegamos àsconclusões seguintes, que, de modo algum consideramosdefinitivas e supomos que venham a ser corrigidas paramelhor, talvez por nós mesmos, nos próximos dez anos:

I) Existem materializações de espíritos que se apropriam,dominando e manipulando diretamente o ectoplasma domédium.

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2) Existem materializações de espíritos que somente seapropriam, dominam e manipulam o ectoplasma do médiumatravés do próprio perispírito do próprio médium.

Esta é a superincorporação.No primeiro caso, as materializações são mais

independentes e perfeitas.O espírito apresenta-se com raríssimas aparências do

médiumNo segundo caso, embora as materializações possam-se

revestir das mais grandiosas e notáveis manifestaçõesespirituais, as entidades comunicastes estão submetidas aoorganismo perispiritual do médium, à roupagem fluídica doaparelho mediúnico.

Dá-se o fenômeno da seguinte maneira: deitado no leito,na cabina apropriada, ou sentado na cadeira, entra o médiumem estado de transe ou de inconsciência e o seu espírito oumelhor, seu perispírito é afastado do corpo de carne.

Enquanto jaz o corpo inconsciente deste lado, no lado de láo espírito ou perispírito do médium anda no meio dasentidades espirituais desencarnadas, conversa com elas e re-cebe conselhos.

E nele passam a se incorporar as entidades que desejammaterializar. Incorporadas ao perispírito movimentam comfacilidade o ectoplasma que existe no corpo físico do médium,exteriorizam-se e dão consistência ao seu aspecto. Operispírito, como sabemos, é organização elétrica ou coisasemelhante, de prodigiosa movimentação plástica, capaz deser modificada à vontade pelo espírito que superincorporou-se.

No entanto, apesar de toda a mobilidade do perispírito domédium, nem sempre consegue o espírito comunicaste dar-lhetotalmente a sua própria aparência. Isto por várias razões: am-biente, pouca quantidade de ectoplasma, impossibilidade de opróprio espírito comunicaste reviver com precisão a personali-dade que possuiu aqui na Terra e que é a que desejareproduzir.

Incapaz de alterar completamente o perispírito do médiumtransfigura-o parcialmente. Daí surge às dúvidas nos

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assistentes: ao mesmo tempo em que observam que o espíritomaterializado apresenta um rosto perfeito ou um portediferente do médium, notam nele sinais que lembram o própriomédium. Ora o braço, ora o modo de andar, etc., etc.

Passam então a supor que o médium é que se fingiu deespírito ou se disfarçou para enganá-los.

No entanto, o que está acontecendo é apenas isto: umespírito apropriou-se do perispírito do médium, transfigurou-o,modificou-o da melhor maneira possível, adicionou-lhe oectoplasma usando a lei da agregação celular espiritual, queainda nós não conhecemos, pelo império da vontade eapresentou-se na reunião.

E a superincorporação. Em vez de o espírito se incorporarno corpo do médium como acontece nos fenômenos simplesde incorporação ou nos fen8menos realizados com os médiunsfalantes, através do perispírito, ele neste caso se incorporaapenas no perispírito sem o corpo físico e faz o que é possível.Este tipo de materialização é o mais comum e com ele se têmrealizado notáveis trabalhos espirituais ao mesmo tempo emque por guardar as aparências, muitas vezes, dos médiuns,trazem a muita gente sérias dúvidas.

Nós então procuraremos orientar da seguinte forma: ao la-do das materializações, nós deveremos sempre observar osoutros fenômenos subsidiários que se estão realizando.Verificaremos se a capacidade intelectual apresentada peloespírito comunicaste coincide com as possibilidades domédium; se as operações e tratamentos pelos espíritosefetuados atingem resultados práticos verdadeiros; se asinstruções que nos dão são de ordem superior; se as diversaspersonalidades que se apresentam nas reuniões poderiam serimitadas pelo médium com facilidade, como sejam: crianças,mulheres, moços, velhos, poetas, escritores, oradores,cientistas, médicos, etc., etc.; se os aparelhos . que nos trazemsão conhecidos na Terra, enfim toda a série de fenômenos queacompanham sempre essas notáveis manifestações.

Não se pode julgar apenas pela aparência. Antes de emitirqualquer juízo, cumpre estudar profundamente os fatos.

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Julgamento apressado só pode conduzir a conclusões er-rôneas.

Espiritismo é ciência e como ciência deve ser estudado.Leva, contudo, a conseqüências que até hoje fizeram parte doacervo das religiões. Isto não nos autoriza a abandonar asregras da positividade e do raciocínio imperturbável.

Em todas as oportunidades de nossos estudos espirituaisnão podemos olvidar os ditames inexoráveis da razão.

*

Esta, a superincorporação.O outro tipo de materialização citado, o mais raro, produz

fenômenos mais perfeitos e que ficam de certa maneira in-dependentes do organismo perispiritual» do médium.

Nessa, os espíritos comunicantes se apropriam emanipulam diretamente o ectoplasma do médium. O espírito»ou perispírito do médium, geralmente, nessas ocasiões, élevado para organizações espirituais situadas em regiõesdistantes. Fica o material ectoplásmico do médium à mercêdas entidades mais ou menos elevadas que formam a suaequipe de trabalho de efeitos físicos. Pode, e em geral é o queacontece o mesmo médium produzir materializações dois tipos.Numa reunião, de um tipo; noutra reunião, de outro tipo, ou namesma reunião de ambos os tipos. Isso depende de causasvárias e não nos julgamos, no momento, autorizados aexplanar nem mesmo como observação ou sugestão.

CAPITULO IV

FOTOGRAFIAS

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Em Pedro Leopoldo foi tiradas com a presença de Fran-cisco Cândido Xavier, em casa dele e no Centro Espírita LuísGonzaga», em reuniões especiais, oito fotografias de espíritosmaterializados. A primeira fotografia, bem interessante, é a deum rapazinho de 17 anos mais ou menos, filho de um médicodo Rio de Janeiro. Esse rapaz faleceu no desmonoramento doCine Rínk na cidade de Campinas. Fotografia batida em 3 defevereiro de 1952. Infelizmente, não obtivemos permissão dopai, até agora, para a sua publicação; ela se encontra emnosso poder, devidamente autenticada pela mãe do rapaz epor um tio que estavam presentes aos trabalhos, assim comopor numerosas pessoas, inclusive Chico Xavier.

A família inteira reconhece a fotografia do espírito comosendo fielmente à perfeita fisionomia do rapazinho.

Alegou o pai motivos sentimentais para a não-publicaçãojá», tão cedo».

Isso, segundo deu a entender, reviveria o seu drama.Respeitamos os sentimentos paternos e deixamos de

incluir nesta obra a primeira fotografia de espírito materializadobatida em Pedro Leopoldo. Por ser a primeira, é umdocumento histórico, de acordo com o nosso ponto de vista.Aguardaremos, no entanto, pacientemente, a oportunidade.Em outras edições desta obra, quem sabe, sairá.

A segunda batida foi em Pedro Leopoldo, no quarto mesmode Francisco Cândido Xavier, em abril de 1953, e é a fotografiade CAMERINO, pessoa que residiu e desencarnou em Macaé,Estado do Rio.

*

A terceira é o retrato do espírito materializado de ANA,criatura que viveu e desencarnou em Campos, Estado do Rio.

Foi batida em 15 de setembro de 1953 (15-9-53) e nota-senela isto de interessante: a cama está colocada no canto daparede, bem no ângulo das duas paredes do quarto, noencontro, e vê-se que não há espaço para caber uma mulher

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atrás da cama. Além disso, notamos a perfeição e naturalidadede seus traços fisionômicos.

*

A quarta, a quinta e a sexta formam uma espécie interes-sante de três fotografias, nas quais se vê o ectoplasma emmovimentação. Saindo, a princípio, em pequena quantidade daboca, ouvidos e nariz do médium - fotografia A; depois, emmaior quantidade - fotografia B, e finalmente, já em grandequantidade, vendo-se o rosto materializado do espírito dePINHEIROS, pessoa que viveu e desencarnou em Macaé,Estado do Rio. Fotografia C. (***)

Conforme relatou o Sr. Henrique Ferraz Filho, que foi ofotógrafo, essas três fotografias foram batidas seguidamente,com um intervalo apenas de 30 (trinta) segundos de uma paraa outra. Bateu a primeira a segundos de uma para a outra.Bateu à primeira, a segunda e a terceira, dando somente oespaço de trinta segundos.

A sétima fotografia, finalmente, tirada em Pedro Leopoldo,é a fotografia do espírito materializado de UMA AMIGA ES-PIRITUAL DE FRANCISCO CÃNDIDO XAVIER. Assim nospediu o Chico que colocássemos em nosso livro. (*)

Nota-se nela a impressionante perfeição fisionômica e amarcação forte dos traços faciais.

Envolvendo-a, o ectoplasma apresenta maravilhosaexpressão de leveza sobre a cabeça. Essa fotografia foi batidaem 1954, no quarto de Chico Xavier.

Em todas as fotografias, o ectoplasma se apresenta saindoda boca, nariz e ouvidos do médium Peixotinho, deitado na ca-ma: Infelizmente, até o momento, não chegaram às nossasmãos as atas dessas reuniões, o que daria ao nosso trabalhomaior amplitude.

Encontra-se em poder de Henrique Ferraz Filho, que aindanão no-las remeteu.

*

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A fotografia de CAMERINO, segunda da série, mas pri-meira a que nos referimos, visto que a primeira não pode serpublicada, traz em suas costas, de próprio punho de FranciscoCândido Xavier, a autenticação seguinte, (**) acompanhada deoutras assinaturas:

NA NOITE DE ABRIL DE 1953, EM NOSSA RESIDENCIADE PEDRO LEOPOLDO, REUNIDO UM GRUPO DE AMIGOS,SERVINDO COMO MEDIUM O NOSSO IRMÃO FRANCISCOPEIXOTO LINS (PEIXOTINHO), NA CABINA HABITUAL DASSESSÕES DE MATERIALIZAÇÃO, TIVEMOS A FELICIDADEDE RECEBER A VISITA DO IRMÃO CAMERINO,DESENCARNADO NA CIDADE DE MACAÉ, ESTADO DORIO, TENDO SIDO FOTOGRAFADO PELO NOSSO COMPA-NHEIRO SR. HENRIQUE FERRAZ FILHO, RESIDENTE NORIO DE JANEIRO, SERVIÇO ESSE QUE FOI EFETUADOSOB A ORIENTAÇÃO DO ESPIRITO DA IRMA SCHEILLA,MATERIALIZADO IGUALMENTE, NA MESMA REUNIÃO.PARA DAR TESTEMUNHO DA VERDADE, NÓS, COMOUTROS COMPANHEIROS PRESENTES A SESSAO,ASSINAMOS O PRESENTE RELATO.

PEDRO LEOPOLDO, 2 DE MAIO DF 1953.FRANCISCO CANDIDO XAVIERARNALDO ROCHAINAIA FERRAZ LACERDAOSVALDO LACERDAFRANCISCO PEIXOTO LINSHENRIQUE FERRAZ FILHO

A fotografia de Ana tem a seguinte autenticação nascostas:

NOS, ABAIXO-ASSINADOS, PRESENTES A REUNIÃODE MATERIALIZAÇAO, REALIZADA NA RESIDENCIA DEFRANCISCO CÂNDIDO XAVIER, NA NOITE DE 16 DESETEMBRO DE 1953, EM PEDRO LEOPOLDO,DECLARAMOS QUE, SERVINDO NA CABINA, COMOMÉDIUM, O NOSSO COMPANHEIRO FRANCISCO PEIXOTO

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LINS (PEIXOTINHO), RESIDENTE A RUA MIGUELHEREDIA, 146, EM CAMPOS, ESTADO DO RIO, FOI ANOSSA REUNIÃO VISITADA PELO ESPIRITO DA IRMÃ ANA,DESENCARNADA EM MACAS, ENTIDADE ESSA QUE FOIFOTOGRAFADA PELO NOSSO CONFRADE SR. HENRIQUEFERRAZ FILHO, RESIDENTE NO RIO DE JANEIRO, TENDOSIDO O SERVIÇO FOTOGRÁFICO ORIENTADO PELOESPIRITO DA IRMA SCHEILLA, IGUALMENTEMATERIALIZADO NA MESMA REUNIÃO. O RETRATOOBTIDO CONSTITUI MOTIVO DE GRANDE JÚBILO PARAOS NOSSOS CORAÇÕES QUE RECEBERAM, COM ESSA-DADIVA, GRANDE ACRESCIMO DE RESPONSABILIDADE,TAO GRANDE E A BENÇAO DO MUNDO ESPIRITUAL QUEESTA FOTOGRAFIA TRADUZ.

PARA DAR TESTEMUNHO DA REALIDADE, ASSINAMOSA PRESENTE DECLARAMOO. PEDRO LEOPOLDO, 14 DEDEZEMBRO DE 1953.

FRANCISCO CANDIDO XAVIERESMERALDA BITTENCOURTJAKS ABOABINAIA FERRAZ LACERDAHENRIQUE FERRAZ FILHOWANDA LINTZ DE FREITAS FERRAZHENRIQUE KEMPER BORGESMARIA CONCEIÇÃO LOMBA FERRAZFRANCISCO PEIXOTO LINS

Autenticação essa de próprio punho de Francisco CândidoXavier e assinada pelas demais pessoas.

Todas as outras fotografias seguintes foram autenticadasde próprio punho por Francisco Cândido Xavier com osseguintes dizeres:

DECLARO QUE ESTA FOTOGRAFA FOI BATIDA EMREUNIAO DE MATERIALIZAÇIAO, EM NOSSA RESIDENCIA,EM PEDRO LEOPOLDO, MINAS, PELO SR. HENRIQUE

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LOMBA FERRAZ, SERVINDO DE MÉDIUM O SR.FRANCISCO PEIXOTO LINS, ACHANDO-ME PRESENTE,ASSIM COMO DIVERSOS COMPANHEIROS, QUETESTEMUNHARAM O FENÔMENO E ACOMPANHARAM AREUNIÃO EM TODAS AS SUAS FASES.

PEDRO LEOPOLDO, 13-2-54. FRANCISCO CÃNDIDOXAVIER

Essas autenticações serão reproduzidas neste livro.As reuniões em que foram batidas as fotografias contaram

com a presença de grande número de pessoas respeitáveis.Todavia, para nós, é de tal modo decisivo o testemunho deFrancisco Cândido Xavier, que consideramos desnecessáriasoutras assinaturas, mesmo porque as fotografias anterioresapresentam assinaturas de outros.

As fotografias foram realizadas com máquina Rolleiflex -;Diafragma: 8; - velocidade: 1/100; fragmação; Flas SilvaniaSuper-Frei; Press - 25 - 3.800.

Numa distância de 3 (três) metros.Declara o Sr. Henrique Ferraz Filho (Lomba) esta particula-

ridade interessante: que embora o espírito estivessematerializado e a ordem por voz viesse dele, todas as vezesque queimou o flash não viu nada e ninguém diante de si. Noentanto, ao revelar a chapa, lá estava o espírito que sepropusera a ser fotografado. A oitava fotografia e última, batidaem Pedro Leopoldo, não chegou às nossas mãos e nadapodemos, no momento, afirmar a respeito.

*

CAPITULO V

FOTOGRAFIA DO ESPIRITO MATERIALIZADO DEMARIA DUARTE SANTOS

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Em 1952, em Fortaleza, estando ali o médium Peixotinho,foi, em sessão espírita, batida a fotografia, que se segue, deMaria Duarte Santos, esposa de Isidoro Duarte Santos, escritorresidente em Portugal e muito conhecido no Brasil.

Passamos a transcrever trecho de uma carta enviada pelofotógrafo, Sr. Ubiracy de Carvalho Lima, ao nosso estimadoamigo Henrique Magalhães, do Conselho Federativo daFederação Espírita Brasileira, em 2 de dezembro de 1952.Henrique Magalhães nos cedeu à carta e a fotografiaremetidas pelo missivista para inclusão neste trabalho.

*Assim, na citada carta, diz o Sr. Ubiracy de Carvalho Lima:De início, quero esclarecer que, com a chegada de

Peixotinho a Fortaleza, se congregou pequeno grupo espíritacom o fim de favorecer à sua mediunidade admirávelambiência harmoniosa nos limites das possibilidades de umaimprovisação e, na fase inicial, em conversa amistosa, falamosna possibilidade de obterem-se fotografias que ficassem comolembrança e registro da passagem dele por estas plagas.Peixotinho mostrou-se interessada, pois que não possuíanenhuma fotografia sua no ato da emissão ectoplasmática, oque sempre desejara. Prontifiquei-me a facilitar isso desde queos guias concordassem e dessem ordem, uma vez que bemsabia os efeitos nocivos ao médium em transe da açãointempestiva da luz e da responsabilidade que eu arcaria sequeimasse o flash antes do tempo. Na expectativa, não perdisenão muito poucas sessões, querem de efeitos físicos, querde materialização (estas, aliás, assisti a todas as quatro). Elevava comigo o material fotográfico para o trabalho, uma vezque os guias concordaram com a experiência. Já quase desa-nimava quando, na última reunião para materialização. OPeixotinho, pouco antes de penetrar a câmara, avisou-me parapreparar tudo.

Assim autorizado, entrei na câmara do médium. Coloquei amáquina (Rolleiflex, 6 x 6, lente Zeiss Tessar 1.3:5 filmesKodak Super XX) no tripé, foquei o divã, cerrei o diafragma aomáximo para obter campo de nitidez máximo e, com tudo

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preparado, fiquei fora logo junto à porta, cerrada por grandefolha de celotex que a vedava em toda a largura, masdeixando, ao alto, uma frincha de cerca de 30 cm por onde seviam as luzes durante os trabalhos dos espíritos.

Fechada a luz, iniciou-se a sessão na forma habitual, compreces, cânticos, etc... Numa pausa, por voz direta, JoséGrosso, um dos familiares do médium. Autorizou-me a entrar etirar uma chapa só. Coloquei a lâmpada flash no aparelho,entrei na câmara do médium, abri o obturador da máquinafotográfica e queimei o flash, Procurei, curiosamente, observaro que de anormal se via, mas o relâmpago ofuscou-metotalmente, ficando-me gravada na retina, porém, a figura domédium deitado no divã e mais nada. Em obediência àsinstruções, saí e cerrei a porta atrás de mim. Ao sentar-me, ZéGrosso, de novo, indagou se a máquina ficara carregada, aoque respondi negativamente, lastimando intimamente por verque a pergunta dava a entender que, em caso afirmativo,talvez autorizasse tirar outra foto. . . Para compensar ta! Lapso,indaguei, por minha vez, se desejavam que eu a preparasse denovo, mas negativa foi à resposta. Depois disso, a sessãocontinuou como as anteriores, com a finalidade de obtenção decuras por operações astrais feitas por espíritos materializados.

Devo acrescentar, ainda, que o filme obtido foi revelado emlaboratório profissional de 1° ordem e inicialmente foi tiradapequena cópia de contato, a qual, depois de estudada e tendosido nela encontrado aquilo que esperávamos, foi devidamenteampliada, tal como o amigo viu nas mãos de Peixotinho,ampliações essas feitas no mesmo laboratório, sem qualquerretoque.

Essa a descrição feita pelo fotógrafo Sr. Ubiracy de Carva-lho Lima.

A seguir, publicamos para estudo dos leitores a fotografiado espírito materializado - fotografia 37, assim como umafotografia de Maria Duarte Santos quando viva -,fotografia 38,a fim de que possam verificar a absoluta semelhança de traçosfisionômicos.

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CAPITULO VI

ORGANIZAÇÃO DE SESSÕES DE MATERIALIZAÇÕES

Sabemos também que não existe até o momento um pro-grama definido para organização de sessões espíritas deefeitos físicos e mais particularmente de materializações deordem superior. Acreditamos seja útil deixar alguns conselhoscom referência ao assunto pela experiência que já possuímose de alguma forma pelo que conhecemos através de reuniõesrealizadas em toda parte do mundo.

Temos quase certeza que as reuniões de efeitos físicos ematerializações substituirão em futuro próximo as atuais reu-niões de caridade pela incorporação simples, tão espalhadasem nosso país. E isso, porque chegou a hora e existe mesmoambiente para reuniões de maior '`certeza e eficiência.

As reuniões atuais de caridade pela incorporação simplessempre produziram os mais belos frutos de bem e de auxílio aopróximo, isso é inegável. Contudo, já admitimos que os traba-lhos espirituais dos espíritos no Brasil conduziram-nos a um cli-ma de maiores possibilidades mediúnicas e entendimento espi-ritual, o que veio abrir novo campo.

A generalização de sessões de efeitos físicos ematerializações, cremos nós, se fará em tempo relativamentecurto e os médiuns dessa natureza se multiplicarão de talmaneira que passarão elas a ser as reuniões habituais doscentros espíritas.

O cunho de certeza de que se revestem aumentará a fédos assistentes e determinará um entusiasmo acentuado parao estudo.

Conselhos

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Para se organizar um grupo a fim de atingir o climapropício aos fenômenos de efeitos físicos e materializaçõesrealizadas por espíritos de categoria superior, necessita-se de:

- Um ideal superior: estudo e prática da caridade.- Um número certo, invariável, de elementos de boa

vontade.- Duas reuniões por semana.- Freqüência permanente a essas reuniões dos elementos

que a isso se dispuserem, admitindo-se a falta apenas por mo-tivo de força maior, em casos extremos. Não haverá para faltarà desculpa de aniversários, visitas, etc., etc. Exigênciaessencial.

- Início dos trabalhos em horário certo.- A maior harmonia possível de pensamentos e

semelhança de pontos de vista.- Música.- Cantos.- Prece.- Não se permitirá a entrada de pessoa alguma para

assistir aos trabalhos do grupo sem prévia consulta aosespíritos-guias.

- Um diretor material à altura e que possua rigor, qualida-des de espírito e coração.

- Não comer carne.- Não beber bebidas alcoólicas.- Não fumar.- Leitura de trechos de livros da Doutrina e comentários.- Comentários realizados por todos os presentes.- Preces feitas por todos os presentes.- Hinos cantados por um grupo treinado, mulheres, e que

deverão sempre ir sendo por outros.- Número de pessoas presentes: - no mínimo 6 (seis). Óti-

mo - 12 (doze). No máximo - 25 (vinte e cinco). Não ir além de25.

- Sentarem-se, possivelmente,- Cabina.- Médiuns.

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- Não contar ao médium de transe nada do que se passacom ele durante o seu desenvolvimento e depois desenvolvidoouvir a opinião dos espíritos sobre isso.

São esses os itens principais para organização de umasessão de efeitos físicos e materialização. Desenvolveremos aseguir ponto por ponto a fim de dar ligeiro esclarecimento. Comessas bases, os trabalhos poderão ter o seu curso até que aspróprias entidades venham por voz direta ou materializadasdar a orientação segura.

Assim, vejamos.

- UM IDEAL SUPERIOR - estudo e prática da caridade. Sópodem dar bons resultados as reuniões de efeitos físicosorganizados com um fim útil. Esse objetivo atrai espíritoselevados, bons, sérios, que procurarão conduzir os trabalhos afinalidade superiores.

As reuniões realizadas sem seriedade, se porventuraproduzem inicialmente fenômenos interessantes, dentro depouco tempo degeneram em brincadeira e mistificação.

Aconselhamos, portanto, que as reuniões tenham sempreum cunho de estudo e de auxílio ao próximo.

- UM NÚMERO CERTO, INVARIÁVEL DE ELEMENTOSDE BOA VONTADE.

É condição essencial. O grupo deve manter durante muitotempo os mesmos elementos. Pode-se permitir a entrada denovos elementos, a critério dos espíritos-guias, mas todo ocuidado é pouco na seleção.

Para assistir a um ou outro trabalho também se deverecorrer à orientação espiritual de espírito-orientador do Grupo.

Não havendo espíritos que se comunique entre ospresentes e preferível não permitir a entrada de quem queseja.

Salvo os médiuns de reconhecida idoneidade elementoconhecido como espírita convicto mesmo assim em caráterexcepcionalíssimo.

Pode parecer à primeira vista excessivo rigor mais ométodo mais apropriado.

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- DUAS REUNIÕES POR SEMANA.

As reuniões de efeitos físicos, em caráter superior, estudoe caridade, exigem sacrifícios extraordinários. Quem quiserfazer parte desses grupos deve antes pensar bem e depois dara palavra de que os freqüentará assiduamente.

Duas sessões semanais são absolutamente necessáriasde modo que se possa estabelecer mais facilmente o inter-câmbio de vibração e homogeneidade fluídica.

- FREQUENCIA PERMANENTE.

É condição essencial. Sem isso, nada se consegue. Nãose pode admitir desculpa alguma para que se falte aostrabalhos. Naturalmente, haverá motivos prementes que selevarão em consideração, mas devem ser sempreexcepcionais.

- INÍCIO DOS TRABALHOS EM HORÁRIO CERTO.

Condição essencialíssima. Pode-se marcar uma tolerânciade 10 a 15 minutos. Passado esse prazo, mesmo que falte opróprio diretor, deve-se iniciar ou então não se realizaráreunião nesse dia. Fechada a porta ninguém deverá entrar,salvo se permitido pelo espírito-guia a quem se deveráconsultar sempre.

O horário certo estabelece entre os cooperadores umaatmosfera de respeito e disciplina.

- A MAIOR HARMONIA POSSÍVEL DE PENSAMENTOS ESEMELHANÇA DE PONTOS DE VISTA.

Não haverá resultado satisfatório se houver divergênciasde pontos de vista na organização geral dos trabalhos.Elementos que têm questão pessoal não devem fazer parte deum mesmo grupo. Os pensamentos contrários causam

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profunda perturbação nos trabalhos. É necessário que cadaum saiba renunciar em benefício de todos. Aliás, não são asqualidades intelectuais que fazem um bom elemento. Asqualidades morais e de coração produzem elementos queauxiliam extraordinariamente. Havendo desavença entrefreqüentadores dos trabalhos, devem eles solucionarimediatamente seu problema ou então um deles se afastará. Emesmo, sendo preciso, os dois.

Se as divergências são em grande número em todo 0grupo, deve-se dissolver ò grupo nem que seja provisoria-mente, reorganizando-se mais tarde com troca de algunselementos por novos.

Pode-se usar também a suspensão das atividades durantecerto tempo ate que se note uma ansiedade geral reinicio.

- MÚSICA.

Toda reunião de efeitos físicos, se passível, deve ter umavitrola ou eletrola com picape. A música influi poderosamentena aglutinação fluídica do ambiente e na modificação paramelhor dos pensamentos e sentimentos dos presentes.

Pois a música atua diretamente no organismo perispiritual,fazendo-c vibrar intensamente, de acordo com a capacidadede sintonia de cada um. Retificados de nossas vibrações,conduz para um mesmo padrão vibratório.

- CANTOS.

Devem-se organizar um pequeno conjunto de pessoas,especialmente senhoras, a fim de cantarem hinos espirituais.Os sons da voz humana colaboram extraordinariamente naformação dos fenômenos, e determinam no perispírito de todasas vibrações e correntes vibratórias de profunda intensidade.

- PRECE.

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Quase não seria necessário falar do poder prece e da suaabsoluta necessidade. Todavia, como berros que existempessoas que fazem sessões de materializações e efeitosfísicos sem preces, somos obrigados a informar o quepensamos a respeito. Para as sessões de efeitos físicos quepreconizamos, assim como para todas as outras, a prece tem olugar mais destacado e sublime. Nada se faz sem prece. Aoração é o grande poder que

Deus entregou ao homem. A mais alta expressão de nossacapacidade espiritual. Espiritualista que não ora e que não usaa prece em seus trabalhos, pode ser tudo menos espiritualista.Prece e Evangelho, eis a escada que nos conduz ao Pai.Dessa forma, os trabalhos devem ser iniciados com uma precee encerrados com outra.

- UM DIRETOR MATERIAL...

Necessário é que a reunião tenha um diretor material àaltura

- NÃO COMER CARNE.

Quem quiser fazer parte dessas sessões deve-se dispor detodos os sacrifícios. Um de grande importância é o de nãocomer carne.

Dizem os espíritos que a carne deixa no organismoperispiritual de quem a ingerem nódoas negras, que deverãoser retiradas antes de se iniciarem os trabalhos de efeitosfísicos. Porque se não fizerem assim, essas manchas, que sãovibrações inferiores, atingirão o ectoplasma do médium e oprejudicarão em sua saúde física e espiritual. Não podendoretirá-las do elemento que as possui, os espíritos sãoobrigados a isolá-lo e para esse isolamento gastam fluido, queseria usado para os trabalhos de materializações ou para otratamento de doentes. Não comendo carne, colaboramos com

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os espíritos. Eles não terão que nos isolar e nem gastarão aenergia que será aplicada nos fenômenos.

Os freqüentadores assíduos do grupo deve se abstercompletamente desse hábito. Os outros, que vão assistirapenas a uma ou duas vezes os trabalhos, poderão deixar decomer carne, fumar ou beber bebidas alcoólicas, somente nodia da reunião.

- NÃO BEBER BEBIDAS ALCOÓLICAS. NÃO FUMAR

As bebidas alcoólicas e o fumo estão no mesmo caso dacarne, e, nos supomos, com maior gravidade. Quem gosta debeber e de fumar deve escolher entre isso e as reuniões.Ninguém poderia imaginar Jesus embriagado ou fumando umcigarro assim como não imaginaremos um dos apóstolosnessas condições. Logo, isso não foi feito para os cristãos.

- LEITURA DE TRECHOS DE LIVROS DA DOUTRINA ECOMENTÁRIOS.

A leitura de trechos evangélicos, doutrinários, seguidos decomentários, é essencial. A Doutrina é de estudo e deprogresso e sem estudo nada se pode fazer. Além disso, talprática atrai Espíritos de ordem superior que virão nos assistire inspirar.

- COMENTÁRIOS REALIZADOS POR TODOS OS PRE-SENTES.

Os comentários às leituras devem ser realizadosalternadamente, por todos os presentes. Embora não co-mentem todos na mesma reunião. Não deve ficar a cargo sóde um. Aquele que é convidado para comentar a lição nãodeve recusar. Falará naturalmente o que pensa acerca dotrecho lido, buscando interpretar sempre o sentido maispróximo ao ensino da doutrina. Os comentários desenvolvemos freqüentadores e permitem-lhes, sem que eles saibam,

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venham espíritos superiores intuí-los e desenvolver-lhes aintuição e a inspiração. Não importa os erros que o comentadorpossa cometer. A tolerância nesse aspecto deve ser ilimitada.Haverá sempre, em toda a reunião, um comentário feito porpessoa mais habilitada.

- Da mesma forma que os comentários, o diretor dos tra-balhos dará a palavra a uns e outros* durante a reunião, parafazerem preces em favor dos doentes e necessitados dos doisplanos e em benefício dos trabalhos.

- SENTAREM-SE NOS MESMOS LUGARES.

Sentarem-se, possivelmente, nos mesmos Lugares. Asvantagens são várias: primeiro, é uma questão de disciplina.Evita confusões e perda de tempo. Cada um sabe onde devesentar-se.

Segundo, como sabemos, nossas irradiações impregnamos objetos, os lugares onde nos encontramos, enfim. tudo quenos rodeia. Isso facilita aos espíritos a retirada de fluido denosso organismo. Cada vez que mudamos de lugar exigimos,sem o saber, um trabalho especial para nós, de parte dosespíritos, dentro da reunião. Essa medida, aliás, não deve seradotada só nos grupos de efeitos físicos, mas em todos ostrabalhos mediúnicos em geral.

Nossas concentrações, se possível, devem ser feitassempre no mesmo lugar. O abandono do recinto onde setrabalhou espiritualmente durante muitos anos é desprezo aextraordinário tesouro fluídico. Lembremo-nos que Jesussempre orava no Horto.

- CABINA.

Torna-se sempre necessária a cabina quando um médiumde efeitos físicos desenvolvido. Pode uma divisão simples comum pano vermelho-escuro ou preto. Espécie de cortina emarame ,ou então um biombo de madeira. Deve dar espaço para

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conter uma cama ou uma cadeira espreguiçadeira, de lona,onde se deitará o médium principal. Essa cabina separa-sepela cortina ou biombo da parte que ficarão os outroselementos. Interessante a escuridade quando o médium édesenvolvido ou uma lâmpada vermelha, pequena, colocadano cômodo em que se encontram os assistentes.

Havendo facilidade de dois cômodos contíguos, separadospor porta, pode-se colocar a cortina na porta, servindo o outrode cabina.

Para efeito de controle, porém, será bom que esse cômodonão tenha janela e se tiver deverá estar obrigatoriamentefechada de maneira a que não haja perigo de abrir-se derepente ou ser usada. Em todas as janelas e portas deveráhaver uma cortina escura ou cobertor, de forma a vedar todasas aberturas. De modo algum deve penetrar uma résteasequer de luz.

A penetração da luz exterior põe em risco a saúde domédium ou médiuns.

O maior silêncio é exigido e o movimento da cadeira eobjetos deve-se fazer cuidadosamente, pois todos os rumarespor mais insignificantes que sejam repercutem no perispírito domédium como um trovão. Ele volta violentamente àconsciência, o coração dispara e pode ficar dias abalado, oque atrasa o desenvolvimento dos trabalhos. A repetição defatos dessa natureza pode causar-lhe um temor, às vezes atésubconscientemente, que impede que o seu espírito se afastedo corpo nas horas de trabalho espiritual e pode mesmo criar-lhe uma reação interna de maneira que permanecerá sempreacordado, reagindo sistematicamente ao estado de transeprovocado pelos guias. Daí, perderem-se dias, meses e anoscom um médium que dificilmente virá a produzir. É, pois, obri-gação do diretor dos trabalhos verificarem pessoalmente, emtodas as reuniões, se existe penetração de luz e se as cam-painhas da casa, se houver, estão desligadas.

- MÉDIUNS.

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Para iniciar-se um grupo de efeitos físicos não hánecessidade de ter-se um médium desenvolvido. Coloca-se nacabina uma das pessoas que os espíritos tenham indicado, porpsicografia ou incorporação, como sendo médium de efeitosfísicos.

Pode-se ainda experimentar colocando na cabina, su-cessivamente, os assistentes, um de cada vez, durante dois outrês meses, após o que será substituído um pelo outro.Independente disso, o trabalho também poderá ser realizadoapenas com a concentração das presentes sem que se ponhamédium algum na cabina até que comece a manifestar-sealgum fen8meno. Neste caso, a reunião seguirá o mesmo ritmocomo se de fato houvesse um médium de efeitos físicosdesenvolvido. Os espíritos de qualquer modo aproveitarão asirradiações e as energias exteriorizadas pelo grupo e asaplicarão na cura dos doentes ou no esclarecimento deespíritos atrasados, no plano espiritual. Não devem ficarpreocupados com o tempo que vai passando sem que seobtenha fenômeno. Geralmente, conseguem-se resultadospositivos após alguns anos ininterruptos de trabalhos dessaordem.

MÉDIUM PRINCIPAL

Quando houver um médium de efeitos físicos de-senvolvido, já produzindo, não se deve ter para com eletratamento algum especial, diferente do tratamento que sededica ao resto do grupo. Todos são iguais perante Deus e umtratamento especial envaidecerá o médium fazendo com queele se considere um pequeno deus e o levará provavelmente aperder suas faculdades. Educação e respeito, eis tudo.

- NÃO CONTAR AO MEDIUM . . .

Enquanto o médium de efeitos físicos está em desen-volvimento, deve todos manter o maior segredo relativamenteaos fenômenos que se passam com ele. Aliás, o diretor

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material deverá exigir de cada compromisso severo a esserespeito, pois se contarmos ao médium em desenvolvimentoos primeiros fenômenos produzidos por sua mediunidadeincipiente, ele passará a ficar preocupado e estabeleceradentro de si mesmo uma capacidade de resistência ao transe.Deixa de adormecer e cessam incontinente os fenômenos. Àsvezes é comum ficar com medo, diante do que lhe contam enesse caso pode-se quase que dar por perdida a esperança dedesenvolver. Depois de desenvolvido, a critério dos espíritos,ficará sabendo apenas o que eles julgarem conveniente.

A chave-mestra dos fenômenos de efeitos físicos é o sono.Esse sono é provocado pela irradiação do organismo

espiritual e exteriorização. Dessa forma, não poderá causarestranheza o fato de alguém, mesmo assistente, dormir nareunião. Será grave erro chamar a atenção daquele quedorme. Apenas o diretor é que deverá manter-se acordadopara dirigir a reunião. Não nos esqueçamos que naTransfiguração do Tabor, enquanto Jesus entrava ementendimento com Moisés e Elias, os discípulos adormeceramtomados de profundo sono. Nós poderemos afirmar que aquelesono foi produzido pela extraordinária vibração ambiente queagiu poderosamente sobre o organismo dos apóstolos, queeram médiuns de efeitos físicos.

CAPITULO VIIMENSAGEM DE EMMANUEL

Finalizando nossa humilde contribuição aos estudos psíqui-cos no Brasil, inserimos aqui, como fecho, a mensagem queEmmanuel, através de Francisco Cândido Xavier, nosconcedeu em dezembro de 1953, respondendo a consulta quelhe fizemos.

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Eis, pois, a consulta e a resposta:*

Se possível, desejava que o nosso irmão Emanuel sepronunciasse a respeito do humilde trabalho que temos emmão para publicação breve, Materializações Luminosas.

*Meu amigo, Jesus nos fortaleça e abençoe.Achamo-nos em pleno campo da renovação espiritual do

mundo e todas as sementes dignas do aperfeiçoamentoterrestre devem ser arrojadas ao solo dos sentimentos, napreparação do glorioso futuro humano.

Desejamos ao seu trabalho o mais amplo êxito, não sóporque se refira ao nosso idealismo superior, mas porque sedesenvolve em torno de um núcleo respeitável do Espiritismofenomênico, suscetível de acordar as mais nobres convicções,dentro da esfera moral de nossa Consoladora Doutrina,atraindo corações para a Verdade e para a bem, nas legítimasfinalidades das nossas tarefas com Jesus.

EMMANUEL

CAPITULO VIII

PÁGINA DE EMMANUEL

Publicamos a seguinte página do glorioso espírito de Em-manuel, através de Chico Xavier, sobre materializações e quenos foi cedida generosamente por dona Esmeralda Bittencourt,em 1. 1.54, no Rio, extraída do livro a sair Regeneração. Pu-blicamo-la pelo valor que encerra.

NOS TRABALHOS DE MATERIALIZAÇÃO

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Centralizemos os nossos esforços na plantação do bem eda luz. Certamente que a curiosidade bem orientada é oprincípio de toda a sabedoria nos serviços de materialização,entretanto, nas tarefas dessa natureza urge levar em conta ofenômeno que podemos nomear como sendo a descidavibratória.

Materializar é adensar, reconverter valores fluídicos, tan-gibilizar o que é sutil e indefinível ainda ao quadro dos conhe-cimentos terrestres.

Enquanto a espiritualidade nos convoca ao campo da vidasublimada, santificando-nos as sensações por reconciliar-noscom as nossas origens divinas, o trabalho de materialização é,em sua essência, uma aventura nas regiões inferiores danossa jornada evolutiva.

Quando nos utilizamos da expressão regiões inferiores,não desejamos malsinar os serviços desse teor.

As faculdades de materialização constituem só por si umtesouro, mas pedem a colaboração de amigos que saibam sedesmaterializar nas faixas inferiores das emoções terrestres,para auxiliarem a materialização dos bens celestes.

Não podemos e nem devemos olvidar a bênção da lutaeducativa na carne, em processo de adensamento das nossasqualidades mais nobres.

A existência no mundo, só por si, constitui um fenômeno dematerialização, a longo prazo, sustentado por intermédio dosmais variados recursos de alimentação fïsico-psïquica.

Pretendemos, assim, tão-somente destacar os imperativosde vigilância a que somos constrangidos na tarefa a que nosreferimos de vez que passamos a operar com energias primá-rias, que só o amor, profundamente sentido, pode controlar,com êxito, com vistas ao bem que nos propomos atingir.

Desenvolvamos, pois, o Ministério a que atualmente seconsagram, mas façamo-lo, conscientes das responsabilidadesque nos competem. Sabemos que a nossa personalidade é umfulcro de forças vivas emitindo raios espirituais, em todas asdireções. Cada qual fornece elementos do reservatório de

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energias guardado no próprio coração. Por isso mesmo, osconflitos na obra em andamento são justos e naturais.

Quantas vezes oferecemos aos mensageiros do Alto sim-plesmente obstáculos e inquietações?

Em quantas ocasiões, estaremos perturbando a urdem doconjunto com a interferência dos nossos caprichos individuais?Daí, oferecermos clima favorável à perturbação doentia quefreqüentemente nos aniquila as melhores promessas.

Enquanto Emissários da sublimação se fazem sentir nopropósito de socorrer-nos caridosamente, formas-pensamentosde natureza menos digna podem adquirir consistência física,depois de nascerem às vezes no próprio cérebro mediúnicomenos evangelizado ou na vida íntima dos assistentes,alterando o programa de ação que deveria ser mantido no maiselevado nível moral.

Quando esses choques aparecem, violentos e imponderá-veis, as linhas magnéticas da reunião oferecem acesso airmãos nossos de consciência turvada, que penetram o recintoda prece, à maneira de animais violando os altares de umtemplo.

Por isso, se a nossa experiência pode cooperar convosco.sugerimos sejam quaisquer serviços de materializaçãomovimentados na direção da saúde humana. Por enquanto, sóo esforço assistencial aos doentes justifica o desdobramentointensivo das nossas atividades nesse setor, considerando quea sementeira das convenções sadias pode ter lugar, ao lado dopronto socorro e da enfermagem, sem campo aberto àsindagações sem proveito, que quase sempre começam emvotos brilhantes, acabando em fascinação enfermiça,suscetível de arrastar os instrumentos mediúnicos ecooperadores respeitáveis da fé a compromissos destrutivoscom a sombra.

EMMANUEL

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PARANAPANEMA. - fevereiro de 1955.

Fim