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1 FÓRUM INTERGOVERNAMENTAL DE PROMOÇÃO DA IGUALDADE RACIAL: ação integrada entre governos e sociedade civil Realização SEPPIR - Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial Fundação Fredrich Ebert - FES/ILDES Organização Rosane da Silva Borges São Paulo novembro/2004

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FÓRUM INTERGOVERNAMENTALDE PROMOÇÃO DA IGUALDADE RACIAL:

ação integrada entre governos e sociedade civil

RealizaçãoSEPPIR - Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial

Fundação Fredrich Ebert - FES/ILDES

OrganizaçãoRosane da Silva Borges

São Paulonovembro/2004

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1 Apresentação

2 O papel do Estado no combate ao racismo e na promoção da igualdade racial: um breve relato2.1 Distâncias e aproximações: demandas da população negra e poder público2.2 Algumas políticas que já foram implementadas2.3 O governo Lula na atmosfera de uma nova sociabilidade política

Igualdade de direitos de oportunidade e de tramento - Propostas do governo federalIgualdade econômica e social - Propostas do governo federal

2.4 SEPPIR, instância representativa para a conquista da promoção da igualdade racial

3 O Fórum Intergovernamental de Promoção da Igualdade Racial - FIPIR3.1 Objetivos do Fórum3.2 Metodologia e formas de atuação do Fórum3.3 Temas tratados3.4 Abrangência do Fórum3.5 Organismos municipais e estaduais integrantes do Fórum

4 O Fórum acontecendo: a construção participativa, a troca de experiência, avaliação doprocesso em curso e mapeamento dos desafios4.1 Primeira e segunda praça de debates: organizando o cenário como os atores em cena (outubro de2003 e janeiro de 2004)4.2 Terceira praça de debates: lançamento do Fórum Intergovernamental de Promoção da IgualdadeRacial - FIPIR4.3.1 No centro da tribuna, a Educação4.3.2 Na tribuna, os gestores4.3.3 Interlocução qualificada dos gestores4.3.4 Outros desdobramentos da interlocução qualificada 4.3.5 Qualificação de professores4.3.6 Subsídios (Materiais Didáticos)4.3.7 Outras conquistas na trincheira da Educação

SUMÁRIO

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5 Quarta praça de debates: monitorando as ações na educação e em outros temas5.1 Avaliando o processo de implementação da Lei 10.639/035.2 Mapeando os desafios5.2.1 Mercado de trabalho e população negra: descortinando a realidade5.2.2 Delineando políticas à luz dos indicadores - um outro(novo) modelo de desenvolvimento susten-tável

6 Nos bastidores e no palco: avaliação do processo em curso, possibilidades futuras e apresen-tação da equipe6.1 Perspectivas 2005 em diante6.2 Alguns resultados6.3 A equipe do Fórum 6.4 Como aderir ao Fórum

7 ANEXOS

8 BIBLIOGRAFIA4

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Este livro é fruto dos trabalhos do FFóórruummIInntteerrggoovveerrnnaammeennttaall ddee PPrroommooççããoo ddaa IIgguuaall--

ddaaddee RRaacciiaall, ou FFIIPPIIRR, uma iniciativa pioneira daSEPPIR - Secretaria de Política de Promoção daIgualdade Racial do governo federal e da Funda-ção Friedrich Ebert, ou FES/ILDES,1 como tam-bém é conhecida. Visa a promoção de uma açãocontinuada no combate às desigualdades raciaisa partir das três esferas de governo (federal, es-tadual e municipal).

O Fórum surge da necessidade de articulação,capacitação, planejamento, execução e monito-ramento das ações para a implementação dapolítica de promoção da igualdade racial no País.O que apresentamos, aqui, é a sistematizaçãodos conhecimentos e experiências adquiridos aolongo de 13 meses de atividades, que agorachega a suas mãos como um documento capazde oferecer elementos para a reflexão sobre aimportância de se desenvolver uma política deintervenção social.

São vários os sujeitos sociais que fazem partedessa empreitada: organismos públicos, governo

federal, estados, prefeituras, gestoras (es) coor-denadoras(es) da política de promoção da igual-dade racial em suas localidades e instituições decooperação internacional. Com esta iniciativacelebramos a parceria efetiva entre as váriasinstâncias de governo e os parceiros acima cita-dos que se solidarizam no delineamento de es-tratégias e aplicação de políticas para a supe-ração do racismo e da discriminação.

Não é mais novidade que as desigualdades raciaisvêm derrubando o mito da democracia racial,um dos pilares da identidade brasileira, exigindopolíticas que possam eliminar o fosso abissalentre brancos e negros em nossa sociedade. Oenfrentamento destas assimetrias requer aadoção de uma política engajada entre todos ossetores sociais, com metodologias e estratégiasque estejam à altura da magnitude dos efeitosdo racismo e da discriminação sobre a popu-lação negra. A era da inocência acabou - e já foitarde-,2 portanto, a construção de uma naçãoefetivamente inclusiva e democrática requer, emprimeira instância, uma atenção redobrada àquestão racial.

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1 Apresentação

CCaarroo((aa)) LLeeiittoorr((aa)),,

Caminhante, não há caminho;faz-se o caminho andando!

1 A FES, de origem alemã, atua na cooperação internacional para o desenvolvimento e, no Brasil, realiza um trabalho de apoio a organizações dasociedade civil e de governos que estão no campo democrático popular. A instituição está no País há quase 30 anos e a sede de sua representantebrasileira está em São Paulo. 2 Evocamos, aqui, o título de artigo de Jurema Werneck - fundadora e organizadora-geral da Criola, organização de mulheres negras sediada no esta-do do Rio de Janeiro - publicado no livro Racismos contemporâneos. São Paulo: Takano, 2003.

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Pelos decantados diagnósticos das desigualda-des no Brasil (mapeamento empírico das condi-ções de vida da população, análises qualitativas),temos que as desigualdades - à luz de indi-cadores, como renda, saúde, educação, expec-tativa de vida etc - são movidas por um funda-mento racial. O universo que os dados estatís-ticos descortinam vem exigindo novas/outrasposturas dos(as) formuladores(as) de políticaspúblicas. Não se permitem mais projetos e açõesvoltados para a superação das desigualdades eda pobreza sem que neles não se perceba algumaceno ao tópico racial, visto que a pobreza tempredominância na raça negra.

É nessa atmosfera social e política, onde qual-quer sustentação do ideal de uma igualdaderacial soa como triste eloqüência, que o FFóórruummIInntteerrggoovveerrnnaammeennttaall ddee PPrroommooççããoo ddaa IIgguuaallddaaddeeRRaacciiaall se institui como uma forma de estabele-cer parâmetros e de fomentar a execução depolíticas com capilaridade para combater as as-simetrias raciais em diversos municípios e esta-dos brasileiros. O Fórum foi projetado para seruma política permanente no cotidiano institu-cional dos municípios e estados com a tarefa degarantir a transversalidade nas políticas públicasdesses organismos. Até o momento, esta inicia-tiva recobriu 42 municípios e 9 estados de todasas regiões brasileiras e em seus poucos meses defuncionamento já apresenta alguns resultados.

A acepção mais corrente de Fórum é praçapública, tribuna. É assim que o "nosso Fórum", oFFóórruumm IInntteerrggoovveerrnnaammeennttaall ddee PPrroommooççããoo ddaaIIgguuaallddaaddee RRaacciiaall, vem se comportando. Sãovárias as vozes e olhares que se cruzam na

diversidade de cada praça, de cada município.Durante esses meses de trabalho, os(as) gesto-res(as) ocuparam papel de destaque na grandearena de discussão, oferecendo aportes impor-tantes para a implementação da Lei 10.639/03 -tema principal do FIPIR no exercício de 2004-2005.

Neste livro você poderá conhecer as estratégiasde articulação e ações desses atores e atrizes, oque fornece referências para reorientações nomapa da exclusão racial brasileiro.

Assim, como na dinâmica das atividades doFórum, este livro também se estrutura segundouma praça de debates. Ele é tecido a partirdessas vozes e olhares, o que resulta em ummaterial tratado à luz da experiência e conheci-mento de toda a equipe que compôs esta inicia-tiva. A matéria-prima desse material são as falase depoimentos dos(as) gestores(as), dos mem-bros da SEPPIR, da Fundação Fredrich Ebert,dos(as) palestrantes que participaram dosencontros, das leituras dos relatórios.

Antes, porém, convidamos você a visitar a ante-sala da tribuna. Nela, discutiremos, preliminar-mente, a importância do Estado brasileiro napromoção da igualdade racial a partir de umcurto itinerário, destacando o período da cha-mada transição democrática até os dias atuais.

Os desdobramentos dessa trajetória contornamum outro perfil para as políticas desenhadas eimplementadas atualmente pelo poder público.Os governos, principalmente em decorrência dasreivindicações históricas dos movimentos ne-

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gros, vêm considerando a questão racial comoum eixo estruturante e, portanto, fundamentalpara a construção de políticas públicas que sepretendem afinadas com as demandas sociais.

A nossa próxima primeira "praça de debates"tratará exatamente disso. O Fórum Intergover-namental de Promoção da Igualdade Racialemblematiza um esforço coletivo dos governosmunicipais, estaduais e federal para o planeja-mento e execução de políticas eficazes no com-bate ao racismo. Apresentaremos para você,nesta seção, a concepção do FIPIR: objetivos,metodologia, temas abordados, abrangência,organismos integrantes.

Os encontros, parte central desta iniciativa,foram realizados com os objetivos de articular,planejar e construir conjuntamente a dinâmicado Fórum (outubro de 2003 e janeiro de 2004) ede qualificar os(as) gestores por meio de con-

teúdos (maio de 2004) e monitorar as açõesempreendidas (setembro de 2004). Essas etapas,interligadas entre si, contaram com a partici-pação de especialistas que contribuíram para otrabalho dos(as) gestores(as) em suas locali-dades. A educação, nomeadamente, a imple-mentação da Lei 10.639/2003, esteve no centrodo debate deste primeiro ano.

A questão do trabalho, na interface de geraçãode trabalho e renda, é outra aliada para os obje-tivos do Fórum. Ela procede às discussões sobreo monitoramento.

A participação de múltiplos sujeitos é um bomsinal para o enfrentamento de um problema quesolicita, a todo o momento, a participação efeti-va de todo(as). Bem-vindo(a) à nossa praça dediscussão. As discussões em cada praça seespraiam e sinalizam para a construção de umBrasil sem racismo. Boa leitura!

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Ante-sala do Fórum:uma discussão preliminar

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Oartigo constitucional acima deixa claro osmarcos legais voltados para a promoção

dos direitos humanos fundamentais. A chamadaConstituição "cidadã" de 1988 enumerou am-plamente tais direitos concebidos como valorese objetivos a serem garantidos pelo Estado. Noentanto, ainda que a nossa Constituição sejaexplícita no que diz respeito à garantia e pro-moção dos direitos fundamentais, segmentosexpressivos da população continuam avoluman-do os índices sociais no que diz respeito àpobreza e à desigualdade. Ou seja, os direitosfundamentais ainda são inacessíveis para certaspessoas, a despeito das conquistas obtidas. Aaplicação da lei tropeça nas barreiras impostaspor problemas seculares.

A injustiça social, a má distribuição dos recursose da riqueza são obstáculos, entre outros, queimpedem a universalização dos direitos. Os de-safios são grandes e inúmeros para que as leis se

tornem realidade prática. As reformas econômi-cas, sociais, as mudanças de práticas institu-cionais são bem vistas como medidas impor-tantes para a superação desse dilema.

O descompasso entre uma legislação que res-guarda os direitos fundamentais dos(as) cida-dãs(os) e uma realidade social que nem sempreestá afinada com os princípios legais torna-seainda mais evidente quando entra em cena ofundamento racial. O nosso passado histórico,de base escravagista, condenou a populaçãonegra a posições desfavoráveis em todas asinstâncias da vida social, posto que é constituí-da por cidadã(os) de "terceira categoria", ou,como diria Milton Santos, a deficientes cívicos.

A situação praticamente inalterada da popu-lação negra nos últimos 20 anos3 não foi, aolongo da história, devidamente acompanhadapor políticas capazes de romper o legado dis-

2 O papel do Estado no combate ao racismo e napromoção da igualdade racial: um breve relato

Art. 3º. Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil:I - construir uma sociedade livre, justa e solidária;II - garantir o desenvolvimento nacional;III - erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais;IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisqueroutras formas de discriminação.(Constituição Brasileira, 1988)

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3 A esse respeito, estaremos discutindo no item 3.

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2.1 Distâncias e aproximações: demandas da popu-lação negra e poder público

criminatório que ela teve como herança. Aindaque a Constituição seja explícita no que dizrespeito ao papel do Estado na promoção egarantia do bem-estar de todos, nem sempre aspolíticas públicas se mostraram adequadas paraa conquista desse princípio, a fim de que o "so-nho da igualdade suplante a realidade da dife-rença", no dizer de Wânia Sant'Ana.

Geralmente, as diretrizes de governos foramorientadas por políticas universalistas que, nomais das vezes, diluíram o tópico racial naschamadas questões macro. Como pensar nasuperação do racismo e da discriminação levan-do em conta o importante papel do Estado?Como pensar em igualdade para todos se persis-tem as desigualdades de gênero e de raça, por

exemplo? De que forma o Estado brasileiro podeexercer o seu papel considerando os segmentosmais vulneráveis?

Esta primeira seção de conversas na nossa praçade debates fará um breve passeio nos caminhostrilhados pelos(as) agentes sociais e pelo poderpúblico no que se refere a esses questionamen-tos. Consideramos que o FFóórruumm IInntteerrggoovveerrnnaa--mmeennttaall ddee PPrroommooççããoo ddaa IIgguuaallddaaddee RRaacciiaallexpressa um momento importante de aproxi-mação das pautas históricas construídas pelomovimento negro e estreitamento aos governos,o que resulta de um percurso histórico com tra-jetórias nem sempre convergentes.

Reconhecer "a raça como um fator que possuipeso muito significativo na lógica de estru-

turação e desenvolvimento das relações sociais"(Brandão, 2004: 19) é um passo fundamental pa-ra que o Estado assuma a tarefa de atuar no com-bate ao racismo e, conseqüentemente, na promo-ção da igualdade racial. De fato, o pertencimentoracial, conforme lembra Ricardo Henriques, temimportância vital na estruturação das desigual-dades sociais e econômicas no Brasil. (cf. 2003: 1).

Embora esteja expresso nas recentes políticas pú-blicas, o entendimento do racismo enquanto fator

preponderante de exclusão é algo relativamenterecente nos discursos oficiais dos nossos gover-nos. Ainda que se tenha leis anti-racismo commais de cinqüenta anos, a tarefa de promoção daigualdade racial não nasce, necessariamente,como interesse público, já que vivíamos sob acrença de uma democracia em termos de raça(após a abolição da escravatura nunca houve dis-criminação formal contra os negros, convivíamosharmoniosamente, ostentamos uma "cultura assi-milacionista", etc.). Em crítica à postura históricado Estado, o diagnóstico do governo do presidenteLula, em relação à questão racial, enfatiza:

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Tomados em conjunto, os dados sobrea situação do negro revelam o equívo-co - para o mínimo - do credo segundoo qual a igualdade formal perante a lei,por si mesma, garante a igualdade deoportunidade e tratamento. Ao mesmotempo, revelam a vocação excludentedo Estado brasileiro, engendrado sob osigno do euro e do etnocentrismo, quetem se revelado incapaz de assegurariguais possibilidades a todos osbrasileiros. Considerada historicamentepelo Estado como um problema inexis-tente, a questão racial - ainda que aConstituição vigente criminalize oracismo - encontra-se fora dos incon-táveis projetos nacionais apresentadospelos sucessivos governos. A omissãoinstitucional, que pode ser observadano atual quadro de miséria e desagre-gação que vítima a grande maioria dosbrasileiros, é especialmente criminosano trato das desigualdades raciais.Significa a reprodução ampliada daexclusão de uma maioria populacionalatingida por discriminações raciais,sexuais, regionais e outras. Para o povonegro brasileiro, a proposta de Estadomínimo representará a consolidaçãode uma política surda de exclusão eextermínio que se agrava dia após dia.(Documento Brasil sem racismo, 2002: 2).

A situação do negro, sistematicamente denun-ciada e combatida pelas organizações negras,

vem demandando a instituição de políticas quepossam focar o problema. De umas décadas paracá, testemunhamos uma intervenção governa-mental voltada para as questões raciais nodesenho das políticas implementadas. A criaçãoda Secretaria Especial de Política de Promoçãoda Igualdade Racial4 - SEPPIR sintetiza ummomento de franco estreitamento entre Estadoe demandas históricas construídas e susten-tadas pelo movimento negro. Num país em quea "elite brasileira fez a opção de assentar oEstado sobre as desigualdades raciais", con-forme considera o ativista Edson Cardoso, acriação desta Secretaria com status de Minis-tério pode ser considerada uma vitória, ummomento ímpar para novos direcionamentos noâmbito do poder público.

A propósito, podemos dizer, em linhas gerais,que as reivindicações dos movimentos negrosperfazem um arco que vai da denúncia daexistência e persistência de práticas discrimi-natórias e racistas a um diálogo com ospoderes públicos na tentativa de executarmedidas concretas para a superação destaspráticas (os movimentos de reparação e aspolíticas focalistas, em voga nestes últimosanos, se perfilam nessa vertente). De acordocom Silvério:

Tais denúncias e exigências fazemparte de um contexto mais amplo delutas que exigiam uma mudança notratamento da questão social por partedo Estado brasileiro. Este processo

4 A respeito da SEPPIR discutiremos de forma pormenorizada no item 2.3.

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dinâmico tem permitido visualizar umadisputa entre um projeto político quecontinua a apostar na tradiçãoautoritária e outro que aponta para anecessidade de atualização democráti-ca no processo de tomada de decisãodos rumos do País. (1999: 2).

As décadas de 1950-60 pavimentaram o terrenopara as exigências contemporâneas: nesse pe-ríodo a crítica ao mito da democracia racial jáestava consumada. Datam desta época os estu-dos feitos por intelectuais - nomeadamenteFlorestan Fernandes e o grupo de estudos daUniversidade de São Paulo - que declaravam afragilidade, se não a inexistência, de um paraísoracial em termos estruturais. No final da décadade 1970 e início da de 1980 temos a continui-dade das pesquisas iniciadas em 1950 por teóri-cos como Carlos Hasenbalg e Nelson do ValeSilva. A particularidade das pesquisas feitas porestes últimos em relação àquelas feitas porFlorestan Fernandes é que elas se assentaramem dados estatísticos e indicadores.

Os resultados desses trabalhos bem como a efer-vescência política do momento deram respaldo aosmovimentos negros emergentes. É nesta épocaque começam a eclodir, aqui e ali, várias organiza-ções com a missão de denunciar e combater oracismo. Vivíamos, ainda, em plena ditadura militar,onde as lutas para o Estado de democracia foramacrescidas, por essas jovens e ousadas organiza-ções, com a luta anti-racista. O binômio raça eclasse passa a ser mote com o qual a conquista daigualdade é posta no horizonte do possível.

A década de 1980 irrompe com a promessa deuma reatualização democrática, que exigiu dosvários movimentos sociais organizados a tarefahercúlea de construção de uma trama políticana qual estivessem implicados os vários ato-res/atrizes sociais, instâncias representativas dasociedade.

O processo de redemocratização do país foimarcado por essa bandeira: extinta a época deexceção, de restrição dos direitos, passa-se areivindicar, nesta década, efetiva participaçãopopular na nova configuração política que entãose formava. Essa "institucionalidade emergente"fez com que o universo das leis e direitos fosseapropriado pelos vários movimentos sociais.

A máxima "direito a ter direitos assegurados",instituída pela Declaração Universal dos DireitosHumanos de 1948, é o traço essencial das lutassociais deste período, onde a redefinição dasrelações entre Estado e Sociedade é conseqüên-cia desse ambiente político. A criação e garantiade direitos é um ponto de pauta inegociávelpara que se esboce uma nova fisionomia para avida política do País, que ainda portava marcasde um período autoritário e repressivo.

A formação desse ambiente democrático, por suavez, fez com que viessem à tona a "diversidade douniverso popular e um conjunto de demandas tãomultifacetadas quanto particulares e urgentesnas suas exigências; o que gera, normalmente,uma tensão entre o particularismo das demandase a construção negociada de uma noção de inte-resse público" (Singer apud Silvério, 1999: 3).

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Sob este ponto de vista, as reivindicações feitaspelo movimento negro foram vistas muitas vezescomo particulares, como marcadamente resi-duais, o que parecia, segundo essa perspectiva,agregar muito pouco para o interesse público.Este argumento, de que as desigualdades raciaisdizem respeito a situações específicas, típicas deminorias, impossibilitou que as questões relati-vas ao racismo e à discriminação figurassemcomo um problema relevante no temário maisgeral das discussões sobre Estado e Sociedade,portanto, um tema ausente nas políticas públicasque ensaiavam projeção na época.

A grande contribuição das organizações negrasé exatamente a de que as chamadas questõesespecíficas, oriundas do tópico racial, são funda-mentais para a constituição da sociedade bra-sileira, que se pretendia assentada em princípiosdemocráticos de igualdade.

Ativistas e intelectuais engajados(as) na lutaanti-racista passaram a afirmar, com base emestudos e análises consistentes, que a democra-cia brasileira só será possível quando as desi-gualdades provocadas por um fundamentoracial forem tiradas das margens e postas nocentro do debate enquanto assunto de interessepúblico. Os princípios democráticos, tão aclama-dos neste momento histórico, precisavam estarirmanados com as demandas raciais.

A desconsideração das desigualdades raciaispelo poder público não faz parte apenas do ima-ginário e da prática da nossa reconfiguração po-lítica pós regime militar. Marcelo Paixão (2004)

nos informa que, desde o período que imediata-mente se seguiu à abolição da escravatura, asinstâncias públicas não se mostraram empenha-das em lidar com o tema. Segundo ele, "os moti-vos dessa postura foram os mais variados: medode um levante dos ex-escravos, influência doideário imperialista e racista vindo da Europa,vergonha das elites das origens africanas dopovo, etc" (2004: 26).

As conseqüências desse desinteresse são inú-meras, entre elas, a invisibilidade do quesitocor/raça nos censos demográficos do País: osdois primeiros recenseamentos gerais (1900 e1920) ignoraram o quesito cor; já os de 1940 e1950 apresentaram informações desagregadaspor cor ou raça da população para todos os que-sitos levantados na pesquisa. O censo de 1970volta a ter o mesmo procedimento dos dois pri-meiros do século XX e omitem o quesito cor/ra-ça. As reivindicações do movimento negro fa-zem com que cor/raça volte a figurar nos dadosdemográficos.

As organizações negras surgidas no final dadécada de 1970 inspirarão a criação de tantasoutras no período seguinte. Os anos de 1980foram pródigos na criação de um sem-númerode instâncias políticas organizadas. O debatesobre a questão racial suscita o surgimento degrupos de mulheres negras, o que possibilita queà dimensão de raça fosse acrescida a de gênero.Foram várias as organizações autônomas demulheres que inseriram no palco das discussõesa conjugação perversa do racismo e do sexismo.

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Como vimos, o final da década de 1970 e a de1980 foi um momento profícuo para a de-

núncia e combate contra o racismo. No bojo dasreivindicações pelo Estado democrático de direi-to, onde diversos movimentos sociais protagoni-zam a luta para a conquista e garantia dessesdireitos, as instituições do movimento negronascem e se consolidam como uma via funda-mental para que temas como racismo, discrimi-nação e preconceito fossem incluídos no rol dassolicitações. Frisamos que nesse momento ofundamento do direito para todos e a noção deesfera e interesse públicos regem as lutas epolíticas voltadas para a inclusão social.

No entanto, o acúmulo proveniente das lutasdas organizações negras faz com que o poderpúblico reconheça, ainda que tardiamente, oproblema da desigualdade racial como um eixoestruturante da sociedade, em meio ao predomí-nio das políticas universalistas.

Os Conselhos de Participação e Desenvolvimen-to da Comunidade Negra são a prova desse re-conhecimento: em 1984 é criado, em São Paulo,no governo Franco Montoro, o primeiro Conse-lho. Outros estados, igualmente, seguiram omesmo exemplo de São Paulo, criando secre-tarias, coordenadorias e assessorias do negro.Muitas destas instituições tinham uma feiçãoculturalista.

O reconhecimento por parte do Estado da dis-criminação racial implica a definição de estraté-gias para a transposição desse problema. O res-

gate, a preservação, e divulgação do patrimôniohistórico e cultural do povo negro foi outra ini-ciativa tomada pelo poder público como formade dar visibilidade à história desse segmento,colocando-a em pé de igualdade com os valoresbrancos. Decorre dessa prerrogativa a adoção demedidas valorativas que pudessem impactar nasociedade. É nesse mesmo período que são tom-bados pelo patrimônio histórico dois símbolosda cultura negra: o terreiro de candomblé CasaBranca, na Bahia (1984), e a Serra da Barriga(1986), em Alagoas, sede do Quilombo dos Pal-mares. Em 1987 é criado, via decreto presiden-cial, o Programa Nacional do Centenário daAbolição da Escravatura, a ser executado duran-te o ano de 1988.

A Constituição de 1988 é outra referênciaimportante. Algumas conquistas foram obtidascom a Carta Magna:

o reconhecimento das contribuiçõesculturais e dos diferentes segmentosétnicos, considerando-os em pé deigualdade com a sociedade envolvente;a criminalização do racismo e o direitodas comunidades remanescentes dequilombos ao reconhecimento da pro-priedade definitiva de suas terras,devendo o Estado emitir-lhes os títulosde propriedade. (Laccoud & Beghin,2002: 17).

Há quem considere que no caso brasileiro a le-gislação antidiscriminatória tem uma caracterís-

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2.2 Algumas políticas que já foram desenhadas eimplementadas

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tica marcadamente penal "atuando pouco efi-cazmente mais na dimensão individual da dis-criminação e menos na dimensão institucionaldo racismo. O racismo institucional perpassatodas as relações sociais daquelas formaçõessociais que Hall chama de racialmente estrutu-radas" (2002: 7).

E as iniciativas não param: a criação da Funda-ção Cultural Palmares, em 1988, e a campanha"Não deixe sua cor passar em branco", de 1989são também outros marcos importantes.

Essas situações até aqui delineadas são reve-ladoras das relações entre poder público esociedade civil, permitindo que se assinalemomentos específicos da ingerência do Estadono que diz respeito à questão racial no País: adécada de 1980 foi marcada pela denúncia epelo reconhecimento institucional do racismo;já os anos 1990 vão se caracterizar pela neces-sidade de políticas públicas para grupos histori-camente discriminados. 5

De fato, esta década vai servir de palco paraavanços e conquistas para a questão racial. Énela que se vê projetos com fisionomia maisacabada que procuram dar novas respostas paraa problemática. A criação da Secretaria de Defe-sa e Promoção das Populações Negras, em 1991,no Rio de Janeiro, e do decreto presidencial, oGrupo de Trabalho Interministerial de Valori-zação da População Negra (GTI População Ne-gra), ligada ao Ministério da Justiça são açõesfundamentais.

Além das iniciativas governamentais, as institui-ções sindicais também cumprem seu papel na

promoção da igualdade racial. Várias instânciasencaminham à Organização Internacional doTrabalho - OIT denúncia sobre a existência no Paísde discriminação racial no mercado de trabalho.

Do reconhecimento, uma aproximação primeirado Estado com a questão na contemporaneida-de (1980), passando pelo desenho de políticaspúblicas mais consistentes, que flagra passosmais largos do poder público rumo ao tema dadiscriminação e do racismo (1990), chegamos aum diálogo mais intenso, a vínculos mais estrei-tos do Estado com as reivindicações históricasda população negra. Os anos 2000, na esteirados períodos anteriores, despontam como ummomento indispensável para que o Estado tenhapapel fundamental na criação e desenvolvimen-to de políticas públicas. Estão na ordem do dia,em sintonia com o espírito do tempo, o movi-mento de reparação e a luta pelas políticas deações afirmativas, que ganham expressividadecrescente:

Se tal noção se constitui numa deman-da internacionalizada do movimentonegro (presente em vários paísesafricanos e nos Estados Unidos), noBrasil, a reparação é pensada comocombate às desigualdades entre bran-cos e negros (desigualdades raciais). Ea responsabilidade histórica por estecombate caberia ao Estado brasileiro.Sendo assim, a modalidade de políticaeleita como reivindicação principal domovimento negro, na atualidade, sãoas políticas públicas de ação afirmati-va. E, por causa delas, o diálogo entre omovimento negro e o Estado é cadavez mais intenso. (Carneiro, 2002: 4).

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5 As cotas para mulheres nos partidos, segundo Silvério (2002), é uma política que expressa bem essa nova concepção.

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Duas peças importantes estão no tabuleiro nes-tes últimos anos: uma de caráter internacional,a Conferência Mundial contra o Racismo, aHomofobia, a Xenofobia e Formas Correlatas deIntolerância, e a outra gestada nas fronteirasnacionais, o Estatuto da Igualdade Racial. Estesdois marcos estão servindo de base para a for-mulação de políticas capazes de atingir a igual-dade racial.

A primeira, a Conferência Mundial contra oRacismo, vem instando os Estados-membros daONU a desenvolverem políticas para a supera-ção do racismo e da discriminação racial:

Embora as políticas de ação afirmativajá estivessem sendo discutidas porvárias entidades do movimento negro emesmo pelo governo federal (que criou,em 1995, um Grupo de TrabalhoInterministerial para debater estamodalidade de política pública), aConferência de Durban vem sendodescrita pelos ativistas como o momen-to no qual o movimento negro seaglutinou em torno desta reivindicação:"Durban sinaliza um consenso sobre anecessidade de se implantar ações afir-mativas no Brasil". (Id. Ibid.: 6).

A segunda peça, o Estatuto da Igualdade Racial,repõe questões importantes para o exercíciodos direitos já previstos na legislação anti-racista. O Estatuto da Igualdade Racial, de auto-ria do senador Paulo Paim (PT-RS), está emtramitação no Congresso Nacional desde 1998.Existe grande expectativa de que ele sejaaprovado ainda em novembro de 2004.6 Aaprovação do Estatuto vem concentrando osesforços de boa parte da militância negra que o

considera um marco político por condensar asreivindicações históricas do movimento.

O projeto de lei é amplo e prevê, em seus capí-tulos, questões como pesquisa, formas de pre-venção e combate de doenças prevalecentes napopulação negra (tal como a anemia falci-forme); direito à liberdade religiosa e de culto,especialmente no que diz respeito às chamadasreligiões afro-brasileiras como o candomblé; re-conhecimento e titulação das terras remanes-centes de quilombos; inclusão no mercado detrabalho, através da contratação preferencial deprofissionais negros, tanto na administraçãopública quanto nas empresas privadas. O sis-tema que prevê cotas para negros compreendeos concursos públicos e instituições de ensinosuperior (públicas e privadas), a apresentaçãode candidaturas pelos partidos políticos e a par-ticipação de artistas e profissionais negros natelevisão, publicidade e cinema.

O Estatuto tem uma orientação no sentido deque todas as políticas de desenvolvimento eco-nômico e social devem conter a dimensão desuperação das desigualdades raciais. É uma ori-entação para se redefinir as políticas universa-listas. Ele também tem como diretriz, portanto,as ações afirmativas e, dentro delas, uma medi-da especial que é o sistema de cotas. "Esta dis-tinção é importante para não reduzir a ampli-tude do Estatuto", afirma Edson Cardoso.

Essa trajetória prepara o terreno para as dis-cussões posteriores que serão tecidas aqui.Estamos num momento político importante,orquestrado pelo poder público, para que a pro-moção da igualdade racial seja uma conquistapara tornar o Brasil uma nação de todos e paratodos. Este é o desafio a que o governo Lula selançou.

6 O presidente da Câmara dos Deputados, João Paulo Cunha, em encontro recente com representantes de várias entidades do movimento negro, teriase comprometido a colocar o projeto na pauta do plenário da Câmara até o dia 20 de novembro de 2004.

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Ogoverno Lula despontou como uma alter-nativa viável para a incorporação da pro-

blemática racial às diretrizes de um Governodemocrático e popular, como condição básicapara a universalização da democracia e para apromoção dos direitos da cidadania dos setoresexcluídos. Ao inscrever a questão das desigual-dades raciais no bojo de uma campanha nacio-nal pela geração de emprego, foi constatado oóbvio: a absoluta impossibilidade de transfor-mações estruturais na sociedade brasileira semo tratamento devido da questão racial. De acor-do com o Documento Oficial da Presidência daRepública:

Tomada como violência, a discrimi-nação racial atenta contra os direitosfundamentais do povo negro.Excluindo-os dos centros de decisão ereservando para ele as piores mazelasde um capitalismo dependente e peri-férico. A discriminação expõe-se comoinstrumento de dominação e de con-trole social. (2002: 2).

Tal violência não se restringe a aspectos físi-cos/materiais, mas também morais, simbólicos epolíticos, de forma direta ou indireta. A associa-ção de diferenças dos grupos humanos a pseu-do-inferioridade de atributos intelectuais oumorais configura uma forma acabada de violên-cia. Isto é, o racismo constitui, em si, uma ex-pressão de violência.

Mas quando o racismo - uma ideologia - se tra-duz em preconceito - uma idéia - e resulta emdiscriminações, isto é, em violação concreta dedireitos em razão da cor ou raça da vítima,temos um quadro agravado de violência asso-ciado à raça. A discriminação racial tem tambémuma base material e econômica, e é na dis-tribuição desigual das oportunidades econômi-cas, educacionais, sociais e outras entre negros ebrancos que o racismo vai revelar seu papel deelemento diferencial de direitos.

Nesta perspectiva, reafirmamos a função essen-cial do Estado de assegurar a igualdade de opor-tunidade e de tratamento e uma justa dis-tribuição da terra, do poder político e da riquezanacional. Cabe ao Estado não apenas declara-ções solenes de igualdade perante a lei, mastambém a promoção da igualdade de direitos.Impõe-se a criação de condições que tornemiguais as possibilidade dos indivíduos e quetransformem a democracia formal em democra-cia substantiva, a igualdade formal em igual-dade autêntica.

A igualdade de oportunidade e de tratamento nãopode ser vista apenas sob um ângulo procedi-mental ou ético. A discriminação racial viola di-reito à igualdade e requer não uma ação proteto-ra dos grupos discriminados, mas a efetiva tutelaestatal de um bem jurídico - a igualdade - com-preendida como pedra angular da democracia.

2.3 O governo Lula na atmosfera de uma novasociabilidade política

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Não será apenas a adoção de políticas antidis-criminatórias que possibilitará a inserção do po-vo negro na esfera da cidadania, mas a combi-nação desta com políticas de profissionalização,de geração de empregos, de distribuição de ren-da, enfim, com a adoção de um novo modelo dedesenvolvimento para o Brasil.

A gestão das políticas de igualdade de oportu-nidade e de tratamento não deverá circunscre-ver-se à atuação de órgão isolados na adminis-tração. Mas será responsabilidade do Governodemocrático e Popular, em conformidade comos objetivos fundamentais da República, nostermos do artigo 3º, IV da Constituição Federal,promover:

Igualdade de direitos de oportunidadee de tratamento Propostas do governo federal

1. Reconhecer publicamente a raça como umdos elementos distribuidores das oportunidadessociais; a adoção do princípio anti-racista comodiretriz para as políticas globais do governo;

2. Desenvolver uma política global contra a dis-criminação racial que neutralize, no plano daspolíticas públicas, quaisquer componentes re-produtores das desigualdades raciais; a modifi-cação das disposições e práticas administrativasque sejam incompatíveis com essa política;

3. A execução da proposta do item anterior seráprocedida pela montagem de um diagnósticoglobal das condições socioeconômicas e educa-cionais de negros e brancos, visando a estrutu-

ração de um banco de dados que subsidie asações governamentais;

4. A imediata implementação, no que competeao Poder Executivo, das normas e convençõesinternacionais mais antidiscriminatórias dasquais o Brasil é signatário;

5. Implementar imediatamente os dispositivosconstitucionais antidiscriminatórios;

6. Propor projeto de lei visando ao aperfeiçoa-mento da legislação antidiscriminatória, de for-ma a instrumentar a consolidação de uma polí-tica nacional de promoção de igualdade, deoportunidade e de tratamento; o Governo De-mocrático e Popular assume o compromisso defortalecer a luta contra as discriminações, visan-do a alcançar a meta de tratar desigualmente osdesiguais, como condição básica para a promo-ção da igualdade;

7. Garantir a promoção de campanhas e progra-mas educativos que, por sua natureza, possamgarantir a aceitação e o cumprimento dessa po-lítica.

Igualdade econômica e social Propostas do governo federal

1. Assegurar a titularidade da terra às comu-nidades remanescentes de quilombos, conformedisposto no artigo 68 das Disposições Consti-tucionais Transitórias. Os quilombos são símbo-los vivos da luta e da resistência negra contra aescravidão e o racismo. Assim, as comunidadesdescendentes de quilombos devem ter assegura-

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dos seus direitos à propriedade coletiva das ter-ras que ocupam e que foram conquistadas pelosseus antepassados. O Governo democrático ePopular emitirá os títulos de propriedade dasterras a todas as comunidades descendentes dequilombos no Brasil;

2. Assegurar o desenvolvimento de programasde profissionalização de mão-de-obra, preferen-cialmente para os membros dos grupos excluí-dos;

3. Introduzir, nas políticas de apoio à pesquisacientífica e tecnológica, a igualdade de trata-mento para os projetos referentes às relaçõesraciais;

4. Implementar a Convenção 111 da OrganizaçãoInternacional do Trabalho (OIT) (Decreto legisla-tivo nº 104, de 1964) e instalar imediatamente aCâmara sobre as Discriminações, vinculada aoConselho Nacional do Trabalho;

5. Implementar a Convenção Internacional sobrea Eliminação de Todas as Formas de Discri-minação Racial (Decreto legislativo nº 23, de 21de junho de 1967);

6. Introduzir o quesito cor nos sistemas de infor-mação sobre saúde, incluindo sistemas de infor-mação sobre morbidade e mortalidade profis-sionais;

7. Implementar o Programa Integral de Saúde daMulher, incluindo o desenvolvimento do binô-mio raça e gênero como um dos condicionantesda relação saúde/doença;

8. Adotar, no sistema público de saúde, procedi-mentos de detecção de anemia falciforme (nosprimeiros anos de vida), hipertensão e mioma-tose, males cuja incidência é maior na popu-lação negra e acarretam repercussões na saúdereprodutiva;

9. Adotar a apresentação proporcional dos gru-pos étnicos em todas as campanhas e atividadesque tenham investimento político ou econômicoda União;

10. Assegurar a adoção de pedagogia interétni-ca na rede de ensino, de forma a implementar oartigo 242, parágrafo 1º, da Constituição Fede-ral;

11. Desenvolver programas que asseguremigualdade de oportunidade e de tratamento naspolíticas culturais da União, tanto no que dizrespeito ao fomento à produção cultural, quan-to na preservação da memória, objetivando darvisibilidade aos símbolos e manifestações cul-turais do povo negro brasileiro;

12. Promover o mapeamento e tombamento dossítios e documentos detentores de reminiscên-cias históricas dos quilombos, bem como a pro-teção das manifestações culturais afro-brasi-leiras, em observância à norma do artigo 215parágrafo 1º, e artigo 216, parágrafo 5º, daConstituição Federal;

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Entre as medidas político-administrativas im-plementadas pelo governo federal, visando à

efetiva orientação estratégica que une a políticasocial e o combate à discriminação racial, foicriada, em 21 de março de 2003, através doDecreto 4.651 e da Lei 10.678, de 23 de maio de2003, a SEPPIR - Secretaria Especial de Políticasde Promoção da Igualdade Racial, órgão deassessoramento direto e imediato ao presidenteda República. A SEPPIR tem por missão:

Promover a igualdade e a proteção dosdireitos de indivíduos e grupos raciais eétnicos afetados pela discriminação edemais formas de intolerância, com ênfasena população negra;

Acompanhar e coordenar políticas de difer-entes ministérios e outros órgãos do gover-no brasileiro para a promoção da igualdaderacial;

Articular, promover e acompanhar a exe-cução de diversos programas de cooperaçãocom organismos públicos e privados, nacio-nais e internacionais;

Acompanhar e promover o cumprimento deacordos e convenções internacionais, assi-nados pelo Brasil, que digam respeito à pro-moção da igualdade e combate à discrimi-nação racial ou étnica.

Assim, o compromisso efetivo da SEPPIR é aconstrução de uma política de governo voltadaaos interesses reais da população negra e deoutros segmentos étnicos discriminados nasociedade brasileira.

Para a formulação de seu plano de ação, aSEPPIR teve como referência inicial o "ProgramaBrasil sem Racismo", documento elaborado nacampanha para eleição presidencial, cujasmetas, apontadas para as políticas públicas depromoção da igualdade racial, abrangiam asseguintes áreas: trabalho, emprego e renda, cul-tura e comunicação, educação, saúde, terras dequilombos, mulheres negras, juventude, segu-rança e relações internacionais. A base paratodas estas formulações foi a Declaração daConferência Mundial contra a Discriminação,Racismo, Xenofobia e Intolerâncias Correlatasocorrida em 2001, em Durban - África do Sul.

A SEPPIR teve, também, como referência o plano"Brasil, um país para todos" e o Projeto de LeiOrçamentária de 2004, documentos que conso-lidam a orientação estratégica do governo para2004-2007 e a relação entre as políticas de in-clusão social e promoção da igualdade racial.

O Plano Plurianual (PPA) 2004-2007 prevê pro-fundas transformações estruturais na sociedadebrasileira, transformações estas alicerçadas pelainclusão social e distribuição da renda através

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2.4 SEPPIR, instância representativa para aconquista da promoção da igualdade racial

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do crescimento do PIB e do emprego, além daredução das disparidades regionais, da amplia-ção do mercado de consumo por meio de inves-timentos e elevação da produtividade da econo-mia, com a expansão da competitividade queviabilize o crescimento sustentado e a reduçãoda vulnerabilidade externa.

Dentre os desafios validados no PPA, um delesvisa à redução das desigualdades raciais noBrasil. Com esta perspectiva, o PPA estabeleceque serão ampliadas as condições de ação dogoverno, visando dar sustentabilidade às dimen-sões de raça e de gênero, como um momentoímpar na história brasileira, reafirmando a res-ponsabilidade com grupos historicamente ex-cluídos.

Entre as medidas e ações voltadas paraa redução das desigualdades raciais, aSEPPIR enfoca a adoção de políticas deações afirmativas para a promoção daigualdade racial. Tais políticas apresen-tam-se como um desafio que deve serenfrentado por todos os órgãos doPoder Executivo Federal, tanto na con-cepção quanto na execução das políti-cas públicas que vão ao encontro daconstrução de um novo modelo de de-senvolvimento para o Brasil.

Em 20 de novembro de 2003 - Dia Nacional daConsciência Negra - o presidente da Repúblicalançou a Política Nacional de Promoção daIgualdade Racial (Decreto nº. 4.886, de20/11/03). A Política Nacional de Promoção daIgualdade Racial sistematiza e articula as dire-trizes para a indicação de Programas e Ações do

Governo Federal, que, através da coorde-nação da SEPPIR, possam,

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GGeessttoorreess dduurraannttee ddeebbaattee ssoobbrree jjuuvveennttuuddee nneeggrraa ee ttrraabbaallhhoo

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no longo prazo, contribuir para a redução dasdesigualdades raciais - no campo econômico,social, político e cultural - existentes na socie-dade brasileira.

Essa política estrutura-se a partir de seis progra-mas: Implementação de um modelo de gestãodas políticas de promoção da igualdade racial;apoio às comunidades remanescentes de qui-lombos; ações afirmativas; desenvolvimento einclusão social; relações internacionais e pro-dução de conhecimento. As ações da SEPPIR noperíodo 2004-2007 se concentrarão em tornodesses subprogramas.

Para a SEPPIR, os programas e ações previstosna Política Nacional de Promoção da Igualdade

Racial só terão êxito se forem incorporados pe-los governos dos estados e dos municípios.

O desafio da SEPPIR consiste em fazer com quetodos os agentes sociais incorporem a perspec-tiva da igualdade racial, seja por meio da açãodireta, seja direcionando os programas federaispara assimilarem a Política Nacional de Promo-ção da Igualdade Racial. Caberá à SEPPIR forne-cer o conhecimento necessário visando a umamudança de mentalidade e estimular os estadose municípios, empresas e ONGS, por meio deincentivos, convênios e parcerias, a adotaremprogramas de promoção da igualdade racial.

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Fórum Intergovernamental de Promoçãoda Igualdade Racial - FIPIR

Na tribuna, a construção participativa einterlocução qualificada

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Conforme já dissemos, a missão da SEPPIR épromover a articulação e a integração entre

os órgãos públicos, nos âmbitos federal, esta-duais, municipais, visando ao fortalecimentoe/ou criação de órgãos estaduais e municipaisde proteção e promoção da igualdade racial.

No entanto, há pouquíssimos órgãos municipaise estaduais com o objetivo específico de tratarda promoção da igualdade racial e não há ne-nhum marco legal ou jurídico que comprometaos órgãos públicos federais, estaduais, munici-pais e do distrito federal a tratarem de políticaspúblicas focadas no combate às desigualdadesraciais. Nessa medida, a SEPPIR depara-se comum enorme vazio institucional e, portanto, énecessário que os(as) gestores(as) assumam aresponsabilidade institucional de articulação eimplementação das políticas de promoção deigualdade racial. Ou seja, é preciso ampliar acapilaridade institucional da SEPPIR nos estadose municípios, se considerarmos o tamanho dapopulação negra brasileira, o número de municí-pios e a dimensão territorial do País.

Considerando ser fundamental a implemen-tação de estratégias voltadas para a execução daPolítica Nacional de Promoção da IgualdadeRacial, a SEPPIR tomou a iniciativa de constituiro Fórum Intergovernamental de Promoção daIgualdade Racial, FIPIR, por meio da proposta detrabalho conjunto com municípios e estados quepossuam organismos executivos: secretarias,coordenadorias, assessorias ou afins com a res-ponsabilidade de coordenar políticas de pro-

moção da igualdade racial. Para a criação doFórum foram realizadas duas atividades: umaem outubro de 2003, de consulta sobre a idéia, eoutra em janeiro de 2004, contando com a par-ticipação de trinta representantes de vinte e trêsadministrações municipais e estaduais, respon-sáveis pela formulação e execução de políticasde promoção da igualdade racial nos seus muni-cípios.

De acordo com o subsecretário da SEPPIR, JoãoCarlos Nogueira, o Fórum cumpre o papel estra-tégico de materializar a promoção da igualdaderacial no Brasil. Ele incide sobre o desenho fede-rativo, instando os diversos estados a cons-truírem políticas públicas voltadas para o tópicoracial. A ausência de políticas públicas faz doFórum uma iniciativa pioneira importante parauma nova fisionomia do poder público, assegu-ra o subsecretário. Segundo Diva Moreira,

É preciso pensar em diretrizes políticassobre mudanças raciais no Brasil.Acredito que precisamos articularexperiências acumuladas no campo dalegislação anti-racista, da criação deórgãos governamentais, da implemen-tação de políticas públicas e dos proje-tos das organizações não-governa-mentais a teorias mais abrangentes,ampliando o escopo de nossa visãopara construir um projeto de futurocom o povo negro e para o povobrasileiro (...). (2003: 63).

3 O Fórum Intergovernamental de Promoçãoda Igualdade Racial FIPIR

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Nesse sentido, o FIPIR é uma iniciativa queprocura pensar e estabelecer diretrizes para amudança racial no Brasil, conforme aconselhaMoreira, e constitui-se num espaço de articu-lação dos organismos públicos, cuja efetiva par-ticipação dos(as) gestores(es) e coordenadoresda política de promoção da igualdade racial éfundamental para sua estruturação.

Conforme dissemos na introdução, para a estru-turação do Fórum contou-se desde o início coma parceria entre a SEPPIR e o ILDES - FundaçãoFriedrich Ebert.7 No momento, busca-se a am-pliação desta parceria junto à OIT - OrganizaçãoInternacional do Trabalho e à UNESCO - Orga-nização das Nações Unidas para a Educação, aCiência e a Cultura.

Com essa configuração, entende-se o Fórumcomo um processo continuado de articulaçãoinstitucional com estados e municípios, contan-do com parcerias de instituições nacionais einternacionais. A partir desse trabalho cria-se apossibilidade de execução e monitoramento deações conjuntas impulsionadas pela convergên-cia de interesses comuns, baseadas numa inte-ração horizontal descentralizada.

Pretende-se fortalecer uma articulação institu-cional para a implementação de um modelo degestão das políticas de promoção da igualdaderacial, que prevê um conjunto de ações relativasà qualificação de gestores(as) públicos represen-tantes de órgãos estaduais e municipais.

34 3.1 Objetivos do Fórum

Geral

7 A propósito, a criação deste Fórum tem antecedentes históricos. Iniciativas similares já tinham sido realizadas em parceira com a Fundação FriedrichEbert na prefeitura de Santo André, quando a ministra Matilde Ribeiro então Assessora dos Direitos da Mulher concebeu uma ação governamental paraa superação das desigualdades raciais e de gênero.

OFórum Intergovernamental de Promoção daIgualdade Racial tem como objetivo geral a

implementação de estratégias que visem à in-

corporação da Política Nacional de Promoção daIgualdade Racial nas ações governamentais deestados e municípios.

Específicos

a) Ampliar e construir formas de capilaridade daPolítica Nacional de Promoção da Igualdade Racial;

b) Promover o fortalecimento da transversali-dade da promoção da igualdade racial nas polí-ticas públicas;

c) Promover a troca de experiências e a articu-lação entre os organismos e identificar expe-riências comuns;

d) Contribuir para o debate sobre a promoção daigualdade étnica e racial na sociedade brasileira;

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e) Contribuir para o fortalecimento institu-cional dos órgãos similares à SEPPIR voltadospara a execução de políticas públicas para apopulação negra, como secretarias, coorde-nadorias, assessorias, etc., de âmbito municipalou estadual, buscando o empoderamento

político das estruturas institucionais exis-tentes;

f) Estimular os municípios e estados a realizar asplenárias municipais e Conferências Estaduais eNacionais de Promoção da Igualdade Racial.

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3.2 Metodologia e formas de atuação do Fórum

Para consolidação do Fórum foram planeja-dos e executados quatro encontros durante

os anos de 2003 e 2004 com a participaçãodos(as) responsáveis pelas políticas públicas depromoção da igualdade racial. Os encontrostiveram o objetivo de intensificar a troca deexperiências; suscitar e aprofundar debatespropiciando a qualificação na gestão pública noque diz respeito à promoção da igualdade racial;e monitorar as ações planejadas. Nesses espa-ços, além do intercâmbio de experiências, os(as)gestores(as) puderam apresentar iniciativas eações desenvolvidas em seus municípios e esta-dos e avaliar os impactos das políticas públicasna melhoria da qualidade de vida da populaçãonegra e na redução dos índices das desigual-dades raciais existentes na sociedade brasileira. De acordo com José Carlos Esteves, gerente deprojetos institucionais da SEPPIR, uma das basesmetodológicas do Fórum é a formação para aintervenção qualificada dos(a) gestores(as) noâmbito da política pública sobre a temática ra-cial e dos outros agentes envolvidos na imple-mentação e execução de políticas educacionais(secretarias de educação, professores(as), entre

outros.). Segundo ele, essa intervenção dá umacerta organicidade às ações em nível nacional.

Segundo Joana D'Arc, pedagoga, militante domovimento negro há quinze anos e gestora doFórum no município de Jandira (SP):

A criação do Fórum foi uma idéiaexcelente. Com o Fórum se instituiuou se reforçou a discussão da trans-versalidade junto às secretarias deeducação nos municípios. É uma viade mão dupla, pois fortalece tam-bém as secretarias de educação. Asreuniões do Fórum são importantesporque disseminam a idéia paraoutros municípios que, gradativa-mente, vão aderindo à idéia. Váriosmunicípios vão propor outrasrelações com o governo de SãoPaulo, estabelecendo vínculos com aSecretaria de Justiça, com progra-mas de combate ao racismo.(novembro, 2004).

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Pelo depoimento acima, podemos notar que oFórum é uma ação importante para disseminarjunto aos órgãos competentes a necessidade dainclusão de temas transversais, com enfoque naquestão racial.

De acordo com José Eduardo Batista, gestor deGoiânia, o Fórum vem suscitando várias açõespara a promoção da igualdade racial. Entre elas,destaca as seguintes pautas apresentadas à po-pulação de Goiânia:

Criação de diálogo com a sociedade civil emparticular com o movimento negro;

A criação da CONEGO (CoordenadoriaMunicipal para Assuntos da ComunidadeNegra), ação pioneira nas administrações deGoiânia;

Assinatura do Acordo de CooperaçãoTécnica com o Governo Federal através daSEPPIR. Trata-se do resgate de uma histó-rica dívida social, que assegura mecanismosde promoção de igualdade de oportu-nidades;

Criação do "Conselho Municipal de Promo-ção da Igualdade Racial - COMPIR", sediadona Câmara Municipal de Goiânia;

Formação continuada para o ensino funda-mental e médio além da realização de se-manas pedagógicas, algumas em parceriacom entidades do movimento negro;

Ampliação do programa de alfabetização dejovens e adultos, beneficiando a populaçãonegra que é a maioria dos não alfabetizadossegundo dados do IBGE;

Implementação do Programa Municipal deCombate ao Racismo e de Ações Afirma-tivas para afro-descendentes do municípiode Goiânia;

Eixo estrutural de uma política municipal depromoção da igualdade racial, até entãoausente nos setenta anos de história dacapital do estado de Goiás;

Realização da I Conferência Municipal dePromoção da Igualdade Racial, a qual rece-beu o nome de Eni Mendonça da Silva, umaimportante militante do movimento negro,falecida em 1999.

Estas ações impulsionadas ou reforçadas peloFórum são um bom termômetro para o papeldesta iniciativa nos municípios, locus impor-tante para o desenho de novas políticas de pro-moção da igualdade racial.

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Para o primeiro ano de funcionamento doFórum - maio de 2004 a maio de 2005 a

Educação foi escolhida como tema prioritário detrabalho. Mais precisamente tem sido enfocadaa implementação da Lei 10.639, que prevê oensino sobre História e Cultura Afro-Brasileira,com o objetivo de:

Propor que as Secretarias de Estado da Edu-cação organizem seminários regionais comSecretários Municipais de Educação com afinalidade de analisar, debater e estimular aimplementação da Lei 10.639;

Contribuir para consolidação de um Pro-grama de Inclusão do Negro na EducaçãoBrasileira, através da instituição deProgramas de Educação para IgualdadeRacial baseados nos seguintes eixos:mudança do currículo escolar com a imple-mentação da Lei 10.639, que torna obri-gatório o estudo da história e da culturaafro-brasileira e da África no ensino funda-mental e médio; formação de professores;produção, publicação e distribuição dematerial didático pedagógico e incentivo àpesquisa no campo das relações raciais eeducação;

Estimular o envolvimento das Secretarias Esta-duais e Municipais de Cultura na medida emque são tratadas questões referentes à cultura ehistória afro-brasileira e africana.

Além da educação, o Fórum elegeu, no planeja-mento coletivo realizado em janeiro de 2004,outros temas para ampliar a atuação dos(as)gestores(as) e, conseqüentemente, promover aigualdade racial nos municípios. Segundo No-gueira, subsecretário da SEPPIR, a escolha dostemas não foi acidental:

As políticas públicas voltadas para odesenvolvimento estão assentadas,prioritariamente, em educação, traba-lho e saúde. No nosso caso, a apli-cação da Lei 10.639 cria novas dire-trizes para a promoção da igualdaderacial, ou seja, permite que seja re-construída a história dos afro-brasileiros e também a história daÁfrica contada a partir de uma visãoconstruída no Brasil. A Lei 10.639 efe-tiva uma estratégia no campo educa-cional. Esse tema que não se esgotarános anos seguintes terá, também, nosanos subseqüentes o acréscimo detemas como geração de emprego erenda e saúde da população negra.Esses temas serão gradativa e cumu-lativamente empregados em conjunto,pois o Fórum não tem prazo parafinalizar. Ele é uma ação que se pre-tende permanente nas políticas públi-cas dos estados brasileiros, e que sesustenta na transversalidade. (novem-bro, 2004).

3.3 Temas tratados

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Nesse sentido, o Fórum tem sustentação notripé temático:

22000044 - Educação com a implementação daLei 10639/2003 que institui no âmbito dosensinos fundamental e médio a história da

cultura afro-brasileira;22000055 - desenvolvimento de geração deemprego e renda, começando com enfoqueem juventude

22000066 - saúde da população negra

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3.4 Abrangência do Fórum

Conforme o esquema acima, os temas não sãoestanques, eles possuem uma relação de inter-dependência e complementaridade, com inci-

dência nas áreas prioritárias para a promoção daigualdade racial.

Para os desafios a que se propõe - promover

a igualdade racial em todos os estados da

Federação -, o Fórum pretende ter uma capilari-

dade que seja capaz de atingir o maior número

de municípios possível. O FIPIR abriga, atual-

mente, quarenta e dois organismos municipais e

nove estaduais. José Carlos Esteves, gerente de

projetos institucionais da SEPPIR, garante que o

FIPIR deve encerrar 2004 com mais treze or-

ganismos, alguns dos quais estão em fase de

negociação com a SEPPIR (conferir o documen-

to de adesão dos municípios).

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O FIPIR vem suscitando alguns redimensiona-

mentos na estrutura de várias instâncias esta-

duais e municipais. Ainda de acordo com

Esteves, o Rio de Janeiro pode ser citado como

exemplo desse redimensionamento: "antes do

Fórum, o estado não tinha coordenadoria

específica na Secretaria Estadual de Direitos

Humanos para tratar da questão racial. Foram

feitas várias reuniões para resolver essa situa-

ção. O Secretário criou, então, uma coordenado-

ria específica dentro da Secretaria de Direitos

Humanos. Então, agora, de fato, o governo

estadual do Rio de Janeiro irá se integrar ao

Fórum, assim como o Espírito Santo e Tocan-

tins."

Alguns estados possuem representação expres-

siva, como: São Paulo, Rio de Janeiro, Rio

Grande do Sul, Minas Gerais, Aracaju e Sergipe.

Segundo Esteves, o fato de estes estados pos-

suírem coordenadorias historicamente estrutu-

radas voltadas para a questão racial parece jus-

tificar a concentração do Fórum nesses locais no

seu primeiro ano de funcionamento/atividades.

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Organismo

Coordenadoria da Comunidade Negra

Assessoria Municipal da Promoção da Igualdade Racial

Assessoria de Promoção da Igualdade Racial

Assessoria da Comunidade Negra

Assessoria de Relações Comunitárias

Assessoria de Promoção da Igualdade Racial

Coordenadoria da Secretaria especial de Políticas de Promoçãoda Igualdade Racial

Assessoria de Assuntos de Promoção da Igualdade Racial

Assessoria de Assuntos sobre Promoção Racial

Assessoria de Assuntos da Comunidade Negra

Secretaria Especial de Políticas de Promoção e Igualdade Social(Racial)

Assessoria Técnica da Política da Igualdade Racial

GT Anti-racismo

Coordenadoria de Políticas Públicas para Comunidade Negra

Coordenadoria do Departamento de Combate ao Racismo

Prefeitura de Santo André

Coordenadoria para Assuntos da População Negra

Secretaria Municipal de Reparação

Seção Municipal para Assuntos da Comunidade Negra

40

3.5 Organismos Municipais e Estaduais integrantesdo FÓRUM através de representação de gestoras/es

Município

Resende

Maringá

Caxias do Sul

Barra Mansa

Quatis

Porto Real

Paraty

Volta Redonda

Pinheiral

Valença

Formosa

Aracaju

Viamão

Santa Maria

Jandira

Santo André

São Paulo

Salvador

Itabira

UF

RJ

SP

RS

RJ

RJ

RJ

RJ

RJ

RJ

RJ

GO

SE

RS

RS

SP

SP

SP

BA

MG

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41

Organismo

Coordenadoria Municipal Afro-Racial - COAFRO

Secretaria Executiva de Defesa e Proteção das Minorias - SEDEM (*)

Assessoria da Comunidade Negra

Coordenadoria de Assuntos da Comunidade Negra

Programas Raízes (*)

Coordenadoria Municipal para Assuntos da Comunidade Negra

Seção de Combate ao Racismo e à Discriminação

Assessoria de Políticas Públicas para o Negro

Coordenadoria de Políticas de Combate ao Racismo (*)

Secretaria Municipal de Direitos Humanos e Segurança Urbanade Porto Alegre

Coordenadoria do Negro e Negra

SEPPIR - Secretaria de Promoção da Igualdade Racial

Coordenadoria Municipal para Assuntos da Comunidade Negra -CONEGO

Coordenação da Pessoa Negra (*)

Superintendência da Promoção da Igualdade Racial do estado deGoiás (*)

Município

Uberlândia

Maceió

Embu das Artes

Campinas

Belém

Belo Horizonte

São Carlos

Gravataí

Campo Grande

Porto Alegre

Olinda

Cachoeiro do Itapemirim

Goiânia

Teresina

Goiânia

UF

MG

AL

SP

SP

PA

MG

SP

RS

MS

RS

PE

ES

GO

PI

GO

(*) Organismos Estaduais

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Descentralização, sustentabilidade, unidade nadiferença, compartilhamentos, inter-relações,

horizontalidade... Estes são princípios que regem alógica política e operacional do Fórum Intergover-namental de Promoção da Igualdade Racial.

Os marcos iniciais do FIPIR estiveram assenta-dos, e assim permanecem, na participaçãosolidária, onde os(as) representantes institu-cionais (dos estados, dos municípios e as insti-tuições executoras) foram peças indispensáveispara a concepção desta iniciativa. As consultas aesses(as) agentes foram fundamentais para odesenho do Fórum, pois aportaram informaçõesimportantes sobre o diagnóstico dos municípiose, conseqüentemente, sobre as demandas pre-mentes na fronteira das relações raciais.

Esse momento inicial, de outubro/2003 a janei-ro/2004, foi fundamental para aparar as arestas,pavimentar o terreno e contornar o(s) cami-nho(s) a ser(em) seguido(s). As fecundas dis-cussões e propostas nessa fase de construçãoparticipativa delinearam a fisionomia do Fórumcomo uma instância entretecida com as várias

vozes e olhares que compõem o mosaico de pro-postas convergentes para a superação do racis-mo e da discriminação.

Questões micro ou macro estiveram sujeitas àavaliação do grupo de gestores(as) e dos(as)outros(as) agentes, que se detiveram em algu-mas questões cuidadosa e criteriosamente. Anomeação desta iniciativa exemplifica o traba-lho prévio que foi empreendido pela equipe.Sabemos que as palavras portam identidades,carregam sentidos específicos, denunciamintencionalidades. Em nome desse princípio, aexpressão rede foi substituída por fórum. Deacordo com José Carlos Esteves, gerente de pro-jetos institucionais da SEPPIR:

Inicialmente a iniciativa foi concebidacom o nome de rede. Posteriormente,foi substituído porque rede está direta-mente associada ao Terceiro Setor. Paranão confundirmos o papel da SEPPIR,da Secretaria de Direitos Humanos doGoverno Federal, a denominação redefoi substituída por fórum.

42

4 O Fórum acontecendo: a construção participativa,a troca de experiência, avaliação do processo emcurso e mapeamento dos desafios

4.1 Primeira e segunda praças de debates:organizando o cenário com os atores em cena(outubro de 2003 e janeiro de 2004)

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Além da definição do nome da iniciativa, asreuniões preliminares também serviram parabalizar as ações: prioridades temáticas, articu-lação e integração de programas e políticas nosâmbitos municipal, estadual e federal, criação efortalecimento de organismos públicos voltadospara a temática racial.

Essa etapa de organização e reordenamento doFIPIR foi realizada em dois momentos seqüen-ciais: 27 outubro de 2003 e 27 e 28 de janeiro de2004 em Brasília. Nestes dois encontros, a pre-

sença de gestores(as) de vários estados e muni-cípios foi significativa.

Nas ocasiões, os(as) gestores(as) já anunciaramexpectativas a partir da realidades dos municí-pios e estados em nome dos quais faziam pro-jeções e planejamentos. A construção de umaagenda de trabalho exeqüível, planejamento demetas a serem alcançadas a curto, médio e longoprazos, o cumprimento das metas estabelecidasforam destacados como a espinha dorsal do tra-balho dos(as) gestores(as) em suas localidades.

4.2 Terceira praça de debates: lançamento doFórum Intergovernamental de Promoção daIgualdade Racial - FIPIR

U ma vez definidos os passos iniciaispara sua execução, o FIPIR foi lançado

oficialmente em 27 de maio de 2004, emBrasília, com a presença do presidente daRepública em exercício,. José de Alencar,com a presença do. chefe da Casa Civil daPresidência da República, Luis Dulci, e aministra da Secretaria Especial de Promo-ção de Políticas da Igualdade Racial, Matil-de Ribeiro. Na ocasião, foi feita a assinatu-ra dos termos de cooperação entre estados,municípios e governo federal, visando àimplantação de políticas de promoção daigualdade racial, em particular da LeiFederal 10.639/2003. Prefeitos e vice-go-vernadores de diferentes estados e municí-pios participaram da solenidade.

Gestores(as) de diversos municípios e estadostambém se fizeram presentes. Os municípiosforam os seguintes:

RReeggiiããoo SSuuddeessttee:: São Paulo (SP), Jandira (SP),Santo André (SP), Campinas (SP), São Carlos(SP), Araraquara (SP), Diadema (SP), Embu(SP), Uberlândia (MG), Belo Horizonte (MG),Itabira (MG), Vassouras (RJ), Paraty (RJ),Volta Redonda (RJ), Pinheiral (RJ), Resende(RJ), Barra Mansa (RJ), Quatis (RJ), PortoReal (RJ), Cachoeiro do Itapemirim (ES);

RReeggiiããoo SSuull:: Santa Maria (RS), Porto Alegre(RS), Gravataí (RS), Viamão (RS), Maringá(PR);

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RReeggiiããoo CCeennttrroo--OOeessttee:: Goiânia (GO),Formosa (GO);

RReeggiiããoo NNoorrddeessttee:: Olinda (PE), Salvador (BA),Aracaju (SE)

Os estados brasileiros presentes foram:

Mato Grosso do Sul;Alagoas;Pará.

Após a assinatura dos termos de cooperação,o seminário de lançamento do FIPIR foi

focado nos conteúdos relativos ao temáriodefinido para o ano de 2004: a educação; mais

precisamente na Lei Federal 10.639/03 que insti-tuiu a obrigatoriedade do ensino da História daÁfrica e dos africanos no currículo escolar doensino fundamental e médio.

44

4.3 No centro da tribuna, a educação

Lei nº. 10.639 de 09 de janeiro de 2003

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA

Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:

Art. 1o A Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996, passa a vigorar acrescida dosseguintes arts. 26-A, 79-A e 79-B:

"Art. 26-A. Nos estabelecimentos de ensino fundamental e médio, oficiaise particulares, torna-se obrigatório o ensino sobre História e Cultura Afro-Brasileira.

§ 1o O conteúdo programático a que se refere o caput deste artigo incluiráo estudo da História da África e dos Africanos, a luta dos negros no Brasil, a culturanegra brasileira e o negro na formação da sociedade nacional, resgatando a con-tribuição do povo negro nas áreas social, econômica e políticas pertinentes à Históriado Brasil.

§ 2o Os conteúdos referentes à História e Cultura Afro-Brasileira serão mi-nistrados no âmbito de todo o currículo escolar, em especial nas áreas de EducaçãoArtística e de Literatura e História Brasileiras.

§ 3o (VETADO)"

"Art. 79-A. (VETADO)"

"Art. 79-B. O calendário escolar incluirá o dia 20 de novembro como 'DiaNacional da Consciência Negra'".

Art. 2o Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.

Brasília, 9 de janeiro de 2003; 182o da Independência e 115o da República.

LUIZ INÁCIO LULA DA SILVACristovam Ricardo Cavalcanti Buarque

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A instituição da Lei 10.639/09 expressa a posi-ção do governo do presidente Lula no que dizrespeito à questão racial. De acordo com a mi-nistra Matilde Ribeiro:

O Brasil Colônia, Império e Repúblicateve historicamente, no aspecto legal,uma postura ativa e permissiva dianteda discriminação e do racismo queatinge a população afrodescendentebrasileira até hoje. O Decreto nº. 1.331,de 17 de fevereio de 1854, estabeleciaque nas escolas públicas do país nãoseriam admitidos escravos, e a previsãode instrução para adultos negrosdependia da disponibilidade de profes-sores. O Decreto nº. 7.031-A, de 6 desetembro de 1878, estabelecia que osnegros só podiam estudar no períodonoturno, e diversas estratégias forammontadas no sentido de impedir oacesso pleno dessa população aosbancos escolares. (2004: 5).

Ainda que essa postura tenha sido modificadaao longo da história, persistem ainda situaçõeseivadas de preconceito e discriminação contra apopulação afrodescendente. Essa realidade vemsuscitando medidas emergenciais capazes decoibir práticas racistas e discriminatórias noambiente escolar. Tais medidas tornam-se aindamais necessárias quando realçamos o papel daEducação enquanto "um dos principais meca-nismos de transformação de um povo" (Id. Ibid.:5) e o da escola como um espaço onde ocorremessas transformações.

A implementação da Lei 10.639/03 é uma inicia-tiva que procura promover alteração positiva na

realidade vivenciada pela população negra compotência e legitimidade para reverter os dele-térios efeitos seculares do racismo, do precon-ceito e da discriminação no âmbito da educação,mas que possui abrangência em vários setoresda sociedade.

Esse novo instrumento legal acena para novasperspectivas e paradigmas no fazer educativo,historicamente fundado e arraigado em con-cepções eurocêntricas. Segundo a educadora emestra de capoeira, Rosângela Araújo:

O momento atual é ímpar na históriados povos negros brasileiros e seusancestrais africanos. No dia 9 dejaneiro de 2003, o presidente petistaLuiz Inácio Lula da Silva assinou asegunda lei do seu recente mandato. ALei 10.639/03 altera a Lei 9.394 de 20de dezembro de 1996, que estabeleceas diretrizes e bases da educaçãonacional, tornando obrigatório aoscurrículos oficiais o ensino da Históriae da Cultura Afro-brasileira, nos esta-belecimentos de ensino fundamental emédio, públicos e particulares, emespecial nas áreas de arte, literatura ehistória. (2003: 218).

A Lei, para Araújo, sinaliza para outra atmosferano ambiente educativo, pois se "estabelececomo matriz referencial ao entendimento emovimento cotidianos de nossa experiência deemancipação política." (Id. Ibid.: 219). A autoralembra que a Lei vem no lastro das reivindi-cações históricas dos movimentos negros noBrasil e refunda as aspirações e avanços con-quistados por esses movimentos.

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Ao eleger o tema da Educação, precisamente aimplementação da Lei 10.639/03, o FIPIR assumeo compromisso de promover a igualdade racialpor meio de uma das questões mais candentespara o equacionamento de problemas relativos àdemocracia, à cidadania e à igualdade.

Se o lugar de execução desta tarefa são osmunicípios e estados da Federação brasileira, osesforços para a efetiva aplicação da Lei nãopodem se traduzir em "um instrumento a maisem mãos de apressados técnicos e/ou burocra-tas" (Id. Ibid.: 219).

O Fórum objetiva promover a implementação daLei 10.639 de forma responsável e abrangenteem conjunto com os organismos municipais eestaduais a partir da mediação de gestores(as)públicos. Daí a necessidade de qualificação des-ses(as) agentes para uma interlocução eficienteem suas localidades.

Este terceiro encontro, em maio de 2004, foimarcado pela apresentação e discussão de con-teúdos sobre o tema. A composição das mesasfoi feita por especialistas da área. Segundo aministra Matilde Ribeiro, "nossa função aqui énos prepararmos do ponto de vista técnico epolítico. Só com o aprendizado do movimentosocial não morreremos na curva. Precisamos nosapropriar da linguagem da administração públi-ca: os instrumentos de elaboração, execução,avaliação e gestão da política. Há que ter umespaço de definição da política pública em váriasáreas." (ministra Matilde Ribeiro).

Esta advertência da Ministra sinaliza para umadas prioridades do FIPIR: atingir a igualdaderacial por meio da intervenção, da sensibilização,

do convencimento à luz de competências espe-cíficas. Segundo ela:

Algumas palavras são importantes:conhecimento - os iguais à gente e osque mandam efetivamente, além dequem executa. O convencimento supõeoutra palavra, que é a negociação. Sefosse fácil incluir a população negranas políticas públicas, não precisa-ríamos de nós mesmos (...). É impor-tante que entendamos o nosso papel.Mudar os quadros das políticas públi-cas requer um trabalho, igualmente,político. (...). São várias as estratégiasde convencimento. (novembro de2004).

Em relação à aplicabilidade da Lei 10.639, aMinistra é enfática: "e para trabalhar a 10.639partimos da lei para a prática, precisamos imagi-nar também qual será o nosso ponto de partida.(...) Devemos pensar como vamos fazer conexãodeste aprendizado em relação à Lei 10.639 como novo ponto da agenda" [política].

Este foi o desafio a que o Fórum se lançou noprimeiro ano em curso. Foi preciso, para tanto,produzir e reunir materiais, captar as demandasque se anunciavam, desestabilizar políticas edu-cacionais engessadas nas políticas universalis-tas.

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Em nome da preparação técnica e política

anunciada pela Ministra, o desenvolvimento

do Fórum Intergovernamental de Promoção da

Igualdade Racial passou, nesse primeiro ano, por

vários desdobramentos que estão interligados

entre si. Um dos desdobramentos iniciais foi a

qualificação dos(as) gestores(as), pois, na esteira

das considerações da ministra Matilde Ribeiro,

parte-se do princípio de que a transversalidade

na educação requer uma sensibilização dos

órgãos públicos para que se tenha políticas

públicas focadas na questão racial.

Para tanto, a equipe de gestores(as) deve estar

tecnicamente preparada para o importante

exercício de mediação junto aos poderes públi-

cos em suas localidades, conforme dito anterior-

mente. O engajamento político demonstrado

pela equipe para alcançar reconhecimento

público e adentrar em espaços de representação

política em diferentes esferas de participação

que vêm se abrindo na sociedade brasileira deve

estar acompanhado da qualificação dos(as)

mesmos(as) gestores(as) que são operadores(as)

de políticas, de forma que se possa fazer frente,

com completa eficácia, às demandas colocadas.

Como também mostra a ministra, "somos inter-

locutores privilegiados nas cidades para o trata-

mento desta questão" [racial].

Levando em conta tal necessidade, este terceiro

encontro8 do FIPIR, além de lançar oficialmente

o Fórum, prestou-se a suscitar e aprofundar

debates propiciando a qualificação na gestão

pública, com vistas a incrementar o capital téc-

nico e político destes interlocutores no que

tange ao tema em foco: a implementação da Lei

10.639.

Os temas discutidos foram: Avanços e desafiosna implementação de políticas de promoção daigualdade racial na educação: perspectivasabertas pela Lei Federal 10.639/2003, cujos

expositores foram Hédio Silva (CEERT - Centro

de Estudo das Relações do Trabalho e De-

sigualdades), Carlos Abicalil (Comissão Edu-

cação - Câmara dos Deputados) e Ricardo

Henriques (MEC); A situação da populaçãonegra na Educação Brasileira, discutido por

Dionísio Lázaro Poyebaro (Ipea - Instituto de

Pesquisas Aplicadas), e Eliane Cavalleiro (MEC);

e Como implementar a lei 10.639/2003 nosmunicípios e estados? Experiências na gestãopública.

A primeira mesa, Avanços e desafios na imple-mentação de políticas de promoção da igual-dade racial na educação: perspectivas abertaspela Lei Federal 10.639/2003, pôs em relevo

4.3.1 Interlocução qualificada dos(as) gestores(as)

47

8 Os encontros tinham uma dinâmica própria. Era o momento, por excelência, de trocas de experiências entre os(as) gestores(as) dos municípios.Segundo Esteves, "tínhamos sempre a intenção de fazer a memória dos encontros passados, levando em conta que nem todos (as) estiveram presentesnos anteriores. Recentemente os encontros também ganharam um momento cultural. O primeiro deles foi na Academia de Tênis, em um show do can-tor Chico Cesar. A participação dos gestores no momento cultural foi expressiva.

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questões importantes para o trabalho dos(as)

gestores(as) nos municípios e estados. Seguem

abaixo algumas considerações feitas pelos(as)

especialistas:

Segundo Hédio Silva, coordenador do CEERT -

Centro de Estudo das Relações do Trabalho e

Desigualdades:

Há uma tendência de deslocamento da LDB

- Lei de Diretrizes e Bases. A Lei 10.639 al-

terou a Lei de Diretrizes e Bases da Educa-

ção;

A Lei 10.639 traz a preocupação da gestão da

educação e não só dos equipamentos e con-

teúdos. Ela resgata o caráter educativo e não

mercadológico da Educação;

A proposta da Lei 10.639 tem 4 pilares: (1)

organizar as fontes (mercado editorial), (2)

metodológicas (preconceito tem um com-

ponente afetivo), (3) conteúdo, (4) políticas

públicas.

Para o deputado federal Carlos Abicalil:

Existe um problema na política educacional

brasileira: a gestão básica da educação con-

tinuada é descentralizada;

Qual é o conteúdo que irá "rechear" o 20 de

novembro nas escolas?

Como vamos monitorar as ações ou realiza-

ções no 20 de novembro das escolas?

O movimento tem capacidade de sensibilizar

as redes diversas da educação pelo País afora?

Para o secretário de Educação Continuada, Alfa-

betização e Diversidade, Ricardo Henriques:

65% das crianças negras de zero a seis anos

são pobres;

Mais da metade da desigualdade salarial na

educação advém da desigualdade racial e de

gênero;

Secularmente, nada melhora para ninguém

em termos raciais, apenas intergeracional-

mente;

A educação está no centro da desigualdade

racial no País;

Para a juventude, as escolas têm o papel de

"máquinas de exclusão";

As escolas públicas em vários momentos/si-

tuações são privatizadas pelos seus gestores.

Em relação à segunda mesa, A situação da po-pulação negra na Educação Brasileira, os tópicos

postos em destaque pelos(as) especialistas fo-

ram os seguintes:

Dionísio Lázaro Poyebaro (Ipea) assegurou que:

O Ipea vem mapeando as políticas de igual-

dade racial em termos gerais e de modo

particular, na educação;

48

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84% da população de jovens negros não

concluem o ensino médio;

O racismo presente nas escolas contribui

para aumentar as dificuldades de apren-

dizagem dos alunos negros.

7% da população brasileira, em 1992, cur-

savam o curso superior. Nesta época, ape-

nas 1,8% era negra. Em 2001, este per-

centual salta apenas para 2,5%.

As políticas universalistas historicamente

construídas não conseguiram incluir a

população negra.

Eliane Cavalleiro, coordenadora-geral de Diver-

sidade e Inclusão Educacional da Secretaria de

Educação Continuada, Alfabetização e Diversi-

dade (SECAD) do MEC, lembra que:

As crianças negras, desde a educação infantil,

vivem um processo de socialização do racismo;

A maioria dos profissionais da educação

não teve a oportunidade de refletir sobre o

racismo nas escolas;

Há um trabalho solitário de profissionais

que estão desenvolvendo a temática do

racismo nas escolas;

A SECAD vem pensando as políticas de

inclusão desde a creche até a educação

infantil. Há também o programa diversidade

na universidade (nível médio e superior);

A SECAD, estrategicamente, busca dialogar

com as diversas secretarias do MEC. Foram

instituídos fóruns regionais que buscam

conhecer e dialogar com as ações e instân-

cias locais.

A partir das discussões suscitadas pelos(as)

especialistas, algumas projeções foram postas

no rol de atividades a serem executadas, conjun-

tamente, pelas instâncias federal, estadual e

municipal.

Projeções

O esforço institucional para a aplicação da Lei10.639 traduziu-se em balizas importantes paraas políticas públicas. Entre elas, as discussões doFIPIR realçaram:

Criação de matéria anti-racismo em cadaum dos níveis educacionais;

Criação pelo MEC de um fórum nacional,com sede em Brasília, direcionado aosgestores/diretores (as) de ensino;

Criação pelo MEC de um banco de dadospara monitorar as experiências de imple-mentação da 10.639/2003;

Reserva de recursos específicos para arequalificação dos professores a ser propos-ta e executada pelo MEC;

Criação de mecanismos de combate à dis-criminação para além das secretarias deeducação;

49

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Instituição de cursos a distância e de pós-

graduação sobre a História da África nas

universidades federais.

A terceira mesa, "Como implementar a Lei

10.639/2003 nos municípios e estados? Expe-

riências na gestão pública", esteve voltada para

as discussões sobre os modos pelos quais os

municípios e estados podem, efetivamente,

aplicar a lei. Os(as) gestores(as) Ana Sena, repre-

sentante do estado de Mato Grosso do Sul,

Adriana Perdomo, representante da cidade de

Porto Alegre, Zezito de Araújo, do estado de

Alagoas e João Carlos Nogueira da SEPPIR par-

ticiparam desta mesa de reflexões.

Segundo Esteves, a construção e implementação

da Lei 10.639 passaram por várias etapas. "No

caso específico do FIPIR, perfizemos uma tra-

jetória com caminhos que se cruzavam: sensibi-

lização, qualificação dos(as) gestores(as) com a

participação efetiva de setores do MEC e com

reprodução de materiais didáticos. Para este

momento, foram indispensáveis os relatos de

experiências de organismos municipais ou

estaduais. Mato Grosso do Sul, Alagoas, municí-

pio de São Paulo e Porto Alegre se manifes-

taram".

Um dos obstáculos para a implementação da Lei

10.639 se origina da pergunta clássica: A lei vai

pegar? De acordo com Esteves,

as pessoas têm de ter predisposição

para isso. É preciso que a gente encare

isso como um direito essencial, funda-

mental. A Lei está vinculada à LDB (Lei

de Diretrizes e Bases) e aos PCNs

(Parâmetros Curriculares Nacionais) e

vai dar uma outra envergadura para os

chamados temas transversais. Ela só

pode se efetivar com o comprometi-

mento político de todos(as), principal-

mente dos agentes educacionais

(secretários/as, prefeitos e quem está

na ponta, o professor). (novembro de

2004).

A consideração acima, feita pelo gerente de pro-

jetos institucionais da SEPPIR, revela a necessi-

dade de se trabalhar de forma integrada com

mecanismos diversos. O Ministério da Educação

vem contribuindo com aportes fundamentais

para as atividades do Fórum. No bojo das reivin-

dicações por um outro modelo de desenvolvi-

mento,9 o MEC vem priorizando a criação e for-

talecimento de políticas e instrumentos de

gestão "para a afirmação cidadã, valorizando a

riqueza de nossa diversidade étnico-racial e cul-

tural". (Genro, 2004: 3).

A criação SECAD representa uma conquista ins-

titucional importante para articular programas

de combate à discriminação racial e sexual com

projetos de valorização da diversidade étnica.

50

9 Falaremos brevemente a esse respeito no capítulo 3.

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No que diz respeito à valorização dos afro-

descendentes, sabe-se que o racismo atrapalha

o desempenho escolar da população negra, o

que se reflete nos índices de analfabetismo,

repetência e evasão escolar. A visão eurocêntri-

ca do mundo, transmitida nos bancos escolares,

perpetua a discriminação racial e fere a auto-

estima desse segmento.

Essa situação se agrava quando se constata que

grande parte dos profissionais da educação

básica não sabe como incorporar essa temática

no cotidiano escolar, pois eles próprios desco-

nhecem o conteúdo.

Neste sentido, a sensibilização dos professores

para a importância do tema deve ser uma das

principais tarefas do governo. A mudança de-

pende, em grande medida, dos professores.

Outro grande desafio diz respeito ao material

didático e pedagógico. "Para que a lei saia do

papel, é preciso um grande investimento em

material pedagógico sobre o negro".

O combate a essas deficiências vem de várias

frentes: a Comunidade Bahá'í10 do Brasil e o

Geledés11 - Instituto da Mulher Negra, com o

apoio institucional do MEC, lançaram, em 24 de

novembro de 2004, uma página na Internet com

materiais didáticos e experiências de vários pro-

fessores para a implantação de uma educação

anti-racista e não sexista (www.unidadenadiver-

sidade.org.br).

De acordo com Eliane Cavalleiro, a implemen-

tação da lei exige: formação de profissionais de

educação, material didático e pedagógico, for-

mação de gestores de ensino e currículo escolar.

"O MEC está articulando com as secretarias

estaduais e municipais para que elas entendam

a responsabilidade e o dever de colocar a lei em

prática", afirma.

Para isso, o Ministério está realizando fóruns

estaduais com o objetivo de apresentar a lei e

suas diretrizes, além de discutir a questão da

educação e da diversidade étnico-racial no País.

Até agora já foram realizados dez fóruns esta-

duais e um regional, envolvendo estados e

municípios, em parceria com secretarias esta-

duais e municipais de Educação, entidades do

movimento negro, universidades, sindicatos de

profissionais de educação, deputados estaduais

e vereadores, entre outros. A partir da realização

do fórum, deve-se organizar uma agenda local

51

10 A Comunidade Bahá'í está estabelecida no Brasil desde fevereiro de 1921, com a vinda da Sra. Leonora Holsapple Armstrong. Hoje os bahá'ís formamum contingente de aproximadamente 57.000 pessoas. A Comunidade Bahá'í é reconhecida no Brasil por estabelecer projetos de desenvolvimentoeconômico e social em diversas regiões do país.11 Geledés é uma organização não-governamental de mulheres negras, fundada em 30 de abril de 1988, sediada em São Paulo, que tem como missãocombater o racismo e o sexismo.

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em cada estado que dialogue com a temática,

para implementar a lei de acordo com os quatro

eixos estabelecidos pelo MEC. A idéia é que até o

segundo semestre de 2005 tenham sido realiza-

dos fóruns em todos os estados brasileiros e que

todos eles já recebam cooperação técnica e

apoio financeiro do MEC.

"O maior obstáculo no diálogo com o sistema de

ensino é conseguir um consenso e conhecimen-

to maior sobre o racismo e a discriminação

racial no cotidiano escolar, pois muitos gestores

não acreditam nem percebem como estão pre-

sentes e como dificultam o sucesso escolar da

população negra", acredita Cavalleiro. Segundo

ela, os profissionais precisam reconhecer essa

resistência e o desconhecimento do conteúdo a

ser ensinado. O MEC pretende fornecer coopera-

ção técnica e apoio financeiro às secretarias de

educação para que elas superem as dificuldades

iniciais. O ministério também está fazendo

parcerias com diversas universidades para a for-

mação de profissionais de educação nos estados

e filmando os cursos para servirem de subsídio

para um curso de formação a distância, que

deve atingir 10 mil profissionais de educação em

todo o Brasil.

Todas essas ações sinalizam para a aplicabili-

dade da Lei 10.639 e de outras medidas que

visem à promoção da igualdade racial. Os(as)

gestores(as) relatam experiências voltadas para

a inserção do tópico racial nas escolas e apon-

tam o FIPIR como uma instância para a criação

de estratégias e organismos com legitimidade

para atuarem no combate ao racismo.52

4.3.2 Na tribuna, os(as) gestores

Segundo Zezito Araújo, gestor do estado deAlagoas,

a experiência com a transversalidadena educação no estado remonta àdécada de 1980. Desde então, algunsprojetos foram empreendidos, entreeles, o Projeto Interação que procuraintervir no processo de ensino apren-dizagem em comunidades remanes-centes. O desafio era incluir a históriado Quilombo dos Palmares nos currícu-

los. Esse projeto foi interrompido umano depois.Esta experiência revelou a importânciada parceria, da interação entre poderpúblico e militância. Uma segundaexperiência de transversalização foisistematizada pelo município deMaceió na rede pública municipal. Foiuma experiência exitosa, ainda quenão contemplasse no planejamento deação a questão negra.Essa lacuna foi atribuída à formação

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dos professores, via de regra, determi-nada pela estrutura na rede educa-cional da cidade. Tais projetos reve-laram algumas situações, entre elas omodo como o negro era representadono livro didático.Em 2001, a Secretaria de Estado dasMinorias incluiu nos livros didáticos,em conjunto com a Secretaria deEducação, a História de Zumbi dosPalmares. O trabalho partiu da sensi-bilidade, levando em conta que o tra-balho tinha que ser iniciado com quemtinha afinidade com o tema. Vários desdobramentos surgiram apartir daí. A criação da disciplinaHistória do escravismo, naUniversidade Federal de Alagoas, foium deles que foi reforçada com aimplantação do sistema de cotas.Apesar das conquistas, alguns proble-mas persistem: a falta de materialdidático para subsidiar a disciplina, asrelações interétnicas na sala de aula.(novembro de 2004).

Joana D'Arc, gestora do município de Jandira(SP), também assinala os antecedentes históri-cos da implementação da Lei 10.639, destacan-do as dificuldades encontradas:

Já tínhamos a Lei 1330 de abril de2002 para a escola municipal volta-

da para a questão racial. A 10639 sóreforçou a anterior. Nesse sentido, opapel dos gestores é chamar para asdiscussões: a Secretaria deEducação deve estar discutindo alei, a sala de aula, idem, pois aindatemos muito que conquistar.(novembro de 2004).

No município de São Paulo, a CONE,12 Coorde-

nadoria do Negro vinculada à Prefeitura, tam-

bém estabeleceu várias metas para o alcance da

Lei 10.639. Segundo Marisa do Nascimento, ges-

tora participante do Fórum, algumas medidas

foram fundamentais. Entre elas:

1. Estabelecimento de programas de formação e

treinamento dos servidores públicos municipais,

visando a suprimir a discriminação nas relações

entre os profissionais;

2. Articulação, implementação e incentivo de

projetos e programas para formulação de pro-

postas e medidas, a fim de eliminar todas as for-

mas de discriminação;

3. Elaboração, divulgação e publicação de ma-

terial cultural para a população negra, assim

como a difusão de textos de natureza educati-

va.

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12 A CONE - Coordenadoria Especial dos Assuntos da População Negra é um órgão da Prefeitura de São Paulo com a missão de formular, coordenar eimplementar políticas públicas para a população negra, visando a acabar com a desigualdade racial na cidade. Para tanto, atua na área da educação,estabelecendo parceria com a Secretaria Municipal de Educação e com as Coordenadorias de Educação das Subprefeituras, para assessoria dos ProjetosEducativos de Promoção da Igualdade Racial.

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Essas medidas foram materializadas em ações

propostas para o ano de 2004:

a) Seminários - Reflexões sobre a Intolerância;

b) Atividade mensal - apresentação e discussão,com educadores e educandos (da Educação deJovens e Adultos - EJA) e comunidade em geraldos seguintes temas: Vida e Obra de Luiz Gama;O Papel da Mídia no Combate à Intolerância;Cotas e Políticas Públicas; Direito e RelaçõesRaciais; Negro e Educação; Por que ConsciênciaNegra?;

c) Lançamento do Caderno Luiz Gama, O PoetaAbolicionista - Memória de Luta Negra em SãoPaulo;Distribuição nas escolas municipais de ensinofundamental e apresentação para educadores,educandos e comunidade escolar;

d) Realização do "Curso Negro e Currículo" para40 professores do Ensino Fundamental dasEscolas Municipais, com as Coordenadorias deEducação das subprefeituras de Campo Limpo eda Cidade Tiradentes;

e) Programa Educação e Relações Raciais (agen-damento com antecedência):

Palestras para educadores e educandos comos temas: "O Negro na Mídia"; O Racismo esuas Cruéis Sutilezas", "A História do Negrono Brasil - Avanços e Desafios (Ações Afir-mativas)" e "Uma Viagem ao ContinenteAfricano";

Projeto O Escritor na Escola - encontro dosescritores da Bibliografia Afro-brasileiracom educadores e educandos;

Exposição Fotográfica "Ícones Negros" nosCEU's (Centros de Educação Unificados) -apresentação de pessoas ilustres para acomunidade negra, com referências biográ-ficas.

Os depoimentos de Vânia Diniz, gestora de BeloHorizonte, também possuem semelhanças comos apresentados acima. Conforme passagemabaixo:

Em Belo Horizonte desde 1990 que a leiorgânica prevê a obrigatoriedade doensino da história da África e culturaafro-brasileira no currículo das escolaspúblicas municipais. É assim que nestagestão (2001/2004) quanto às políticasassumimos priorizar as áreas de edu-cação, saúde, qualificação profissionalde trabalho e renda.Em 2001 apresentamos à Secretaria deEducação a proposta de construirmosum programa para implementaçãodaquela Lei, considerando: - o acumulo do movimento negro;- as diversas experiências da redemunicipal; - a formação dos profissionais da redemunicipal, revisão de livros didáticosquanto a imagem , representação dopovo negro e conteúdo programático.De acordo com a proposta que apre-

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sentamos, criou-se uma comissão comparticipação de gerentes da educaçãodos nove regionais, representantes dogabinete da Secretaria de Educação,professores do Centro de Aperfeiçoa-mento dos Professores e do CentroPolítico Pedagógico. No entanto, pordecisão de pessoas do movimentonegro, a Comissão foi desfeita e frag-mentos da proposta foram viabilizadoscomo evento, por aquele grupo. Com a criação do Fórum e as diretrizescolocadas, houve a retomada do proje-to e uma nova construção, com a par-ticipação da Secretaria de Educação edesta Coordenadoria. Acreditamos queem 2005 o mesmo será viabilizado eque a Comissão seja ampliada comoutros profissionais da educação.(novembro/2004).

As falas dos(as) gestores acenam para um pro-blema comum: os municípios já ensaiaram emalgum momento políticas educacionais, sejapor meio de projetos, leis e decretos, empen-hadas no tratamento da questão racial comoum tema permanente na educação brasileira.No entanto, há uma descontinuidade emquase todos eles na efetivação dessas políti-cas.

Segundo João Carlos Nogueira, subsecretário daSEPPIR, essas experiências apresentadas13 sãoum bom termômetro para avaliarmos quanto osprocessos instaurados para a execução das

políticas educacionais voltadas para a questãoracial são intermitentes; para ele, "a implemen-tação da Lei 10.639 padece do mesmo problema.O valor estratégico da Lei está sendo poucoexplorado". Vânia Diniz reconhece o papel daSEPPIR para transpor os problemas e desafios

Neste sentido, referenciamos a SEPPIRe os desdobramentos daí advindos,como o salto de qualidade na imple-mentação das políticas públicas parapromoção da igualdade racial, con-siderando como eixos estruturantes:- Criação do Conselho Nacional dePromoção da Igualdade Racial;- Criação do FórumIntergovernamental de Políticas dePromoção da Igualdade Racial e suasdiretrizes;- Criação dos Grupos de Trabalho nosdiversos Ministérios voltados às políti-cas de promoção da igualdade racial,com acompanhamento da SEPPIR;Realização da Conferência Nacionalem 2005 e das Pré-Conferênciasmunicipais e estaduais, garantindo asocialização e participação na cons-trução dessas políticas do governo esociedade civil.

O subsecretário da SEPPIR assegura que "asdiferenças substanciais da formação dosagentes têm relação com o grau de institu-cionalidade e com o projeto político-pedagó-gico. É possível verticalizar uma experiência

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13 Os municípios ouvidos neste livro foram ouvidos e selecionados em virtude do critério regional.

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piloto. Podemos realizar, por exemplo, um semi-nário com especialistas da língua brasileira à luzda Lei 10.639."

Além das mesas e relatos de experiências, esteencontro partilhou das discussões levantadas.Foram realizados trabalhos em subgrupos14 paraa reflexão sobre os desafios.

(1) QQuuaaiiss ooss lliimmiitteess qquuee ooss mmuunniiccííppiiooss ee ooss eessttaa--ddooss eennffrreennttaamm ppaarraa iimmpplleemmeennttaarr aa LLeeii1100..663399//22000033??

Medo de perda de privilégio, preconceito,conservadorismo, burocracia, falta de sensi-bilização e de vontade política.

Falta de Divulgação;

Falta de Visibilidade;

Falta de informação;

Falta de instrumentação;

Falta de fiscalização;

Falta de recursos;

Política de governo (individual) e não políti-ca de Estado;

Inexistência de recursos financeiros especí-ficos para implementação da Lei;

A falta de conhecimento de compromissocom a causa, a questão dos recursos edivulgação acanhada por parte do governofederal.

Falta de orçamento;

Processo eleitoral;

Reformulação dos critérios do FNDE;

Prioridade política.

(2) QQuuee aaççõõeess oo FFóórruumm pprrooppõõee ppaarraa oo ccuummpprrii--mmeennttoo ddaa LLeeii 1100..663399 nnooss mmuunniiccííppiiooss ee eessttaaddooss??

(a) Atividades de sensibilização e formação dacomunidade escolar.

(b) Produção de diversos materiais, implemen-tação de parcerias.

(c) Inclusão de conteúdos em todas as disciplinas.

(a) Inclusão dos gestores na interlocução com oMEC.

(b) Qualificação e formação de educadores.

(c) Implementação de projeto piloto com metasestabelecidas para ampliação.

(d) Proposta de currículo da história africana no2º grau, de curto, médio e longo prazos, sendo:

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14 Participaram dos subgrupos: Joana D'Arc (SP), Doralice Machado (RJ), Keila Maria Candido (SP), Vania Lucia Diniz (BH), Julio César Reis (MG), Jaime(GO), Rosaine Pereira (RJ),Marisa do Nascimento (SP) e Jairo (GO). José Eduardo da Silva Batista (GO), Arani Santani (BA) Cézar (BA), Adriana Perdomo(RS), Graça (MG) Ricardo Silva (Araraquara - SP) Ojinieu (Barra Mansa - RJ) Adeildo Araújo Leite (PE).

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CCuurrttoo:: estudar África pré-colonização,grandes navegações;

MMééddiioo:: intencionamento dentro do currícu-lo de humanas; disciplina da história daÁfrica; colonização; descolonização; e atua-lidade.

LLoonnggoo:: transformação da visão eurocêntricapara a construção de uma história univer-sal;ensino religioso voltado ao conhecimentodas religiões e não de uma doutrina reli-giosa específica; realizar reuniões regionais de sensibilizaçãopara a Lei 10.639 com secretários estaduaise municipais;priorizar como "projeto piloto" os municí-pios participantes do Fórum Intergover-namental.

(3) QQuuee iinnssttrruummeennttooss oo FFóórruumm ddeevveerráá ddeesseenn--vvoollvveerr ppaarraa aaccoommppaannhhaarr ee ssiisstteemmaattiizzaarr aa iimmppllee--mmeennttaaççããoo ddaa lleeii nnooss eessttaaddooss ee mmuunniiccííppiiooss??

1) estabelecer um elo com a SECAD na cons-trução e sistematização e implementação da leinos estados e municípios;

2) elaborar proposta de conteúdo programático;

3) fazer uma seleção das experiências bem-sucedidas em todo o País e publicá-las, comosugestão, acrescentada de outras orientações edistribuir para todas as escolas do país;

4) garantir rubrica específica no orçamento daUnião, para implementar a Lei;

5) realizar seminários nacionais com secretários(as) estaduais de Educação para sensibilizaçãoda política da Lei 10.639.

Além das discussões relativas à implementaçãoda Lei 10.639, a qualificação dos(as) gestores(as)recobriu assuntos outros indispensáveis para aformação da equipe. Representantes de organis-mos da ONU, como UNESCO, OIT e Unicef indi-caram como cada gestor(a) pode absorver detemas específicos questões fundamentais: cons-tituição de futuras parcerias, indicativos defontes de financiamento. A propósito, esse temaé fundamental para o trabalho dos(as) gesto-res(as), tanto em níveis municipal quanto esta-dual. 57

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Se, entretanto, é inequívoca a grandiosidadeda importância da qualificação dos(as)

gestores(as), se é absolutamente verdadeiro queo papel destes(as) agentes é uma chave funda-mental para a promoção da igualdade racial,não menos essencial é ter-se consciência que aqualificação deve atingir também os demaissujeitos que concebem e executam as políticasde educação a fim de que elas possam estar emconsonância com as demandas presentes. Deacordo com Diva Moreira:

Falar na sintonia com as massas énecessário também porque as nossasescolhas acerca do que é bom e dese-jável para o conjunto da populaçãonegra podem estar marcadas por umaconcepção conservadora de integraçãoracial e mediatizadas pelas instituiçõeshegemonizadas pelos brancos. Assim,precisamos construir teorias demudança e integração racial progres-sistas, críticas, que dêem conta dasvicissitudes que a população negraenfrenta desde o nível municipal até oquestionamento da globalizaçãoneoliberal, que é também um estágioelevado da opressão racial em todo omundo, e que precisa ser detida (...).Que políticas de aliança ou de coalizãoconstruir e com que atores sociais epolíticos? Como nos capacitarmos parao máximo de previsibilidade e anteci-

pação dos riscos, minimizando oserros, a frustração de nosso povo e aredução da legitimidade de nossaslutas?. (2003: 65).

Os encontros com os(as) gestores(as) em Brasíliae os seminários técnicos, realizados a partir devisitas da SEPPIR aos municípios, se prestam aesse papel.

"Nós queremos a implementação da Lei 10.639 omais rápido possível", disse João Carlos Noguei-ra em referência à instituição da obrigatoriedadedo ensino de História da África, e da culturaafro-brasileira nas escolas de ensino fundamen-tal e médio. Segundo Nogueira, "tão logo o pre-sidente Lula sancionou a lei, a SEPPIR buscou,junto ao Ministério da Educação (MEC), cons-truir estratégias para sua implementação". Eleafirma que o Fórum se tornou uma estratégiadefinitiva nesta luta, mas diz que alterar o con-teúdo escolar a partir de uma nova diretriz nocurrículo não é tarefa fácil:

Nós não podemos achar que 5.000municípios vão acatar a lei ao mesmotempo. Isso envolve milhões de profes-sores, material didático, envolve asestruturas de todo o sistema de ensino.Mas esperamos que até 2007 pelomenos a maioria das escolas tenhaaderido", afirmou o subsecretário.

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4.3.3 Outros desdobramentos da interlocução qualificada - Seminários Técnicos

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A grandiosidade dessa empreitada envolvesujeitos diversos da área educacional. Os semi-nários técnicos são destinados a eles. Desdejulho de 2004 a SEPPIR vem promovendo umasérie de seminários técnicos de Promoção daIgualdade Racial nos municípios e estados inte-grantes do FIPIR. A média do público nos semi-nários é de cinqüenta pessoas. Os encontros têmo objetivo de discutir formas de implementar aLei 10.639 que introduz na grade curricular doensino fundamental e médio os temas sobreHistória e Cultura Afro-Brasileira e construir a 1ªConferência Nacional de Promoção da IgualdadeRacial, marcada para maio de 2005.

As visitas e seminários fazem parte de definiçãointerna do Fórum e compõem a estratégia daSEPPIR e do governo federal que é a descentrali-zação e gestão democrática por meio da trans-versalização das ações governamentais. Foramrealizados aproximadamente de julho a novem-bro de 2004 mais de 30 seminários técnicos.Segundo Esteves,

estivemos em diversos estados emunicípios realizando os semináriosjunto aos secretários/as de Educação,professores/as, prefeitos e prefeitas egestoras da educação - coordenadorespedagógicos, professores, estudantes,em alguns locais, pesquisadores, repre-sentantes das religiões de matrizafricana - agentes que se mostraramengajados no monitoramento da Lei10.639 nas suas localidades. Tivemostambém representação de gênero.Além disso, foi apresentado o trabalhofeito com os povos indígenas da regiãoNorte, o que é também um relato de

experiência importante. A iniciativa [derealizar estes seminários] é dos municí-pios de Paraty e Vassouras do Rio deJaneiro. (novembro de 2004).

O trabalho consiste em visitas técnicas para atroca de experiências e divulgação das açõesexistentes no cenário nacional, com o objetivode integrar as ações e estabelecer protocolos econvênios com os governos envolvidos com otema da Promoção da Igualdade Racial e testaros parâmetros adotados.

As primeiras visitas foram realizadas no estadodo Rio de Janeiro. No município de Paraty, oseminário contou com a presença do Prefeitomunicipal, secretárias de Educação, AssistênciaSocial, diretoras de escola, coordenadoras deensino, lideranças nas áreas de cultura e lideran-ças quilombolas. O seminário foi muito bem re-cebido no município que desde então realizouum curso de formação de professores sobre ahistória da África em parceria com universidadese o movimento negro local.

No município de Resende, o FIPIR reuniu outrospares, como: Volta Redonda, Barra Mansa,Quatis, e Porto Real. O seminário aconteceu naSecretaria Municipal de Educação, com as pre-senças das Secretárias de Educação de Resende,Porto Real e Representação de Quatis, Secretáriode Cidadania e gestores de promoção da igual-dade racial destes municípios.

Em Vassouras, o gestor local, subsecretário dePlanejamento e o prefeito municipal acolherama SEPPIR. A atividade reuniu cerca de setentapessoas, entre elas, a secretária de Educação,vice-reitor da Universidade Severino Sombra,

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Centro de Documentação da Universidade,agentes culturais e representantes dos municí-pios de Barra do Piraí e Pinheiral. O município deVassouras foi a última cidade do estado a abolira escravidão e possui um ícone na luta anti-escravagista, Manoel Congo.

No Rio Grande do Sul, Porto Alegre, o semináriotécnico aconteceu com o aval do secretário deDireitos Humanos e Segurança Pública, dasecretária municipal de Educação e do gestorlocal, Talis da Rosa, e SEPPIR. O município jádesenvolve inúmeras ações de combate à dis-criminação racial. Na oportunidade, foramaprovados recursos para a implementação daCampanha Eu assumo minha Negritude. Bancosde dados, seminário nacional de complexos cul-turais e instrumentos didáticos pedagógicospara subsidiar a implementação da Lei nº10.639/2003 também fizeram parte das açõestiradas no seminário.

Ainda no Rio Grande do Sul, em Viamão, o se-minário técnico sinalizou para as ampliações deações voltadas para a promoção da igualdaderacial. O prefeito e gestores locais foram atoresimportantes para a proposição de novas fren-tes.

Cachoeiro do Itapemirim (ES), Vitória (ES),Uberlândia (MG) Itabira (MG), Goiânia (GO) tam-bém fizeram parte do mapa de diálogos com ospoderes públicos e outros atores sociais.

A realização desses seminários, a exemplo deoutros que foram realizados, propiciou açõespositivas para a promoção da igualdade racial.Segundo informação abaixo:

UUnniivveerrssiiddaaddee FFeeddeerraall ddoo EEssppíírriittoo SSaannttoo tteerrááccuurrssoo aa ddiissttâânncciiaa ssoobbrree HHiissttóórriiaa ddaa ÁÁffrriiccaa

A partir de 16 de julho a Pró-Reitoria deExtensão juntamente com o Núcleo deEducação Aberta e a Distância da Ufes -ne@ad -, promovem o Curso de Extensãoem História Afro-Brasileira, conteúdo obri-gatório para a Rede de Ensino Fundamentale Médio por determinação da Lei 10.639 de2003 promulgada pelo presidente LuizInácio Lula da Silva. O curso, sob a coorde-nação dos professores Adriana PereiraCampos, Gilvan Ventura da Silva e Og GarciaNegrão, será realizado por meio de sistemade ensino a distância. O material didático -incluindo aula de uma hora, textos-guia doprofessor-palestrante, documentos e ima-gens próprios para o trabalho em sala deaula - foi elaborado por 13 professoresespecialistas em cultura africana de renomenacional e internacional e estará à dis-posição em CD-Rom. O curso terá alcancenacional e no Espírito Santo será transmiti-do para todos os Centros Regionais deEducação Aberta e a Distância - Cread pormeio de videoconferência.

As inscrições já se encontram abertas no sitedo NEAD (ver abaixo) e poderão ser feitaspelo próprio participante. O investimento éde R$ 180,00 dividido em seis parcelas deR$ 30,00, dando direito aos CD-Rom queserão entregues no início de cada módulo.

Joana D'Arc, gestora do município de Jandira,sinaliza para o papel fundamental dos semi-nários técnicos.

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Na Secretaria de Educação de Jandiratem uma pessoa responsável pela dis-cussão (da transversalidade). Osgestores atuam junto aos delegados deensino. Fizemos reunião com o MECvisando parceria para orientar os pro-fessores. Apresentamos relação delivros que auxiliam os professores. A leiestá sendo aceita, o mês de novembrofavoreceu. É difícil por que não estáposto para o conjunto da sociedade. Afalta de consciência é grande, mas nósgestores estamos puxando a discussão.(novembro/2004).

Thalis da Rosa, gestor de Porto Alegre, relata,igualmente, a importância dos seminários técni-cos:

Tentamos implementar a Lei 10.639 detodas formas possíveis com seminário

de formação, reunião inclusive com oministro da Educação, Tarso Genro.Atualmente estamos em conjunto como governo federal fazendo Curso sobreRaça e Etnia para professores da regiãoda grande Porto Alegre. Estamos emfase de confirmar convênio comUniversidade Federal e outros órgãospara aprofundarmos esse convívio.(novembro/2004).

Outro desdobramento dos seminários técnicosdiz respeito à formação adequada de profes-sores(as), conforme faz notar o depoimento deThalis. O professor é um agente importantepara a promoção de uma educação plural, ondese possa ver respeitadas as diferenças. Portan-to, a sensibilização e qualificação docente étambém uma prioridade das ações estratégicasdo FIPIR.

Tópico importante para uma educação dequalidade, a formação de professores vem se

prestando a uma série de iniciativas, pois sempreque se discute algum problema relacionado àeducação, chega-se, invariavelmente, a esse ex-pediente.

De fato, a formação de professores é apontadacomo uma componente essencial da solução dasquestões educacionais (seja indisciplina, in-sucesso, desmotivação, currículos, programas,

administração escolar, participação, cidadania).

Atualmente, talvez devido ao ritmo acelerado demudanças, fala-se intensamente de formação. Umbreve diálogo com a história auxilia a discussão.

Surgida em 1880, a Escola Normal tinha, até1916, um caráter profissionalizante. Era carac-terizada como uma escola destinada a pessoascom poucos recursos e/ou professores que jáexerciam a atividade de forma precária. Em vir-

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4.3.4 Qualificação de professores

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tude disso, os cursos eram oferecidos apenas noperíodo noturno.

Apesar de todas as limitações, é fato que a for-mação de professores conheceu no início doséculo XX uma efetiva expansão. Durante aPrimeira República ocorrem algumas impor-tantes inovações institucionais, mas, devido àsconvulsões internas do regime, estas raramenteultrapassaram o nível experimental. A ditaduraque se inicia em 1926 teme a ação dos profes-sores, e procura limitar a sua profissionalização,mas também a sua formação. Os anos trintaforam neste aspecto uma época de regressão nosistema de formação de professores. Será pre-ciso esperar pela agonia do regime, no Consu-lado Marcelista, para que se sejam introduzidasimportantes alterações na formação de profes-sores, impostas pela expansão do sistemaeducativo. Os anos oitenta serão marcados peladiversificação dos modelos e modalidades deformação, mas também de consolidação dasciências da educação.

Essas mudanças sucessivas ao longo da históriasão reveladoras da importância da formação doprofessor para a conformação dos processoseducacionais. O FIPIR parte desse princípio edefende o investimento na requalificação do-cente a fim de que o professor esteja, em meio asuas múltiplas habilidades, técnica e teorica-mente preparado para a promoção da igualdaderacial.

Nesse sentido, procura contribuir para o desen-volvimento profissional de professores, levandoem conta os conteúdos relativos à história da

África e do negro no Brasil; promover um co-nhecimento mais aprofundado a respeito dessasdisciplinas; suscitar a reflexão sobre experiên-cias de inovação no ensino/aprendizagem combase nas linhas orientadoras feitas pelos orga-nismos competentes como o MEC; fortalecer osvínculos entre escola, governos e secretarias deensino.

Quando se leva em conta a questão racial, adebilidade na formação docente desponta deforma saliente. Essa debilidade decorre, sobretu-do, do papel histórico das universidades, poissegundo a educadora Iolanda Oliveira:

vinculada com freqüência a interessesde grupos minoritários. A Universidadese legitima como uma instituição que"seleciona temas para estudo, nadeterminação de procedimentos e noensino, ao mesmo tempo em quedestaca a necessária vinculação dasatividades de extensão à produçãoacadêmica e ao ensino, sem o que oserviço público teria caráter assisten-cialista ou seria uma agência deprestação de serviço. (2003: 108).

Ainda que seja difícil trabalhar com um públicotão abrangente como é o professorado, a SEPPIRpretende desenvolver projetos pilotos que pos-sam jogar luzes na qualificação dos professores,instituindo outras formas de ensinar. SegundoEsteves, não basta apenas aprovar a Lei, é pre-ciso que as pessoas aprendam, incorporem a leipara que possam aplicá-la devidamente. É pre-ciso sensibilização, qualificação e subsídios

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teóricos (as três frentes das atividades doFórum).

Esse último item, os subsídios teóricos, não serestringe apenas às ditas disciplinas culturais ouhistóricas. O conhecimento sobre a história donegro vai além. A transversalidade tem de estarpresente em todas as disciplinas: matemática,geografia, português, física, química, etc. comoforma de expressar o legado do conhecimentoafricano em todas as áreas do conhecimento. Deacordo com Esteves, o desconhecimento emrelação a isso é total. A esse respeito, Garcia,pesquisador na área de educação e relaçõesraciais, afirma:

A temática afro-americana, principal-mente na América Latina e no Caribe,foi reduzida por uma vasta bibliografiaque limitou sua caracterização apenasa aspectos "folclóricos" como música,dança e religião. Esta bibliografia

reducionista, que na maioria dos casosera carregada de preconceitos,obscurecia outros aspectos de grandesignificação na vida dos afro-descen-dentes por afirmação. Em primeirolugar, não se difundiam seus códigosculturais ancestrais transferidos para onovo mundo (em suas diferentes fasesde conservação, criação, recriação einovação), tampouco se falava da lutapela conquista de espaços nas esferassociais, políticas e jurídicas dassociedades latino-americanas ecaribenhas nos processos de moder-nização dos estados. (Garcia, 2003: 7).

A transposição desse problema exige que outrasnarrativas sejam tecidas a respeito do legadocultural e histórico do negro. Daí a necessidadede produção e disseminação de materiais queenfoquem a história do negro a partir de umaperspectiva inclusiva.

4.3.5 Subsídios (Material Didático)

A obrigatoriedade de inclusão deHistória e Cultura Afro-Brasileira eAfricana nos currículos da educaçãobásica trata-se de decisão política,com fortes repercussões pedagógicas,inclusive na formação de professores.Com esta medida, reconhece-se que,além de garantir vagas para negrosnos bancos escolares, é preciso valo-rizar devidamente a história e cultura

de seu povo, buscando reparar danos,que se repetem há cinco séculos, à suaidentidade e a seus direitos. A relevân-cia do estudo de temas decorrentes dahistória e cultura afro-brasileira eafricana não se restringem à popu-lação negra, ao contrário, dizemrespeito a todos os brasileiros, uma vezque devem educar-se enquantocidadãos atuantes no seio de uma

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sociedade multicultural e pluriétnica,capazes de construir uma naçãodemocrática. (ministra MatildeRibeiro).

Além da qualificação dos diversos agentes soci-ais, a implementação da Lei 10.639 requer a pro-dução e divulgação de materiais didáticos emtodas as áreas e que sejam alterativos e proa-tivos, a fim de que a história do negro não sejavista apenas sob o ponto de vista das manifes-tações culturais.

A apropriação da cultura e conhecimentonegros apenas sob a ótica folclórica minimizoua contribuição do legado histórico e cultural dastradições africanas nos diversos âmbitos doconhecimento. Garcia nos lembra, ainda, queapós as "guerras de independência dos paísesde nosso continente, surgiram as Constituições,mas nem os indígenas nem os afro-descen-dentes foram considerados cidadãos; alémdisso, os afro-subsaarianos que haviam sidoseqüestrados para nossos países continuaramsubmetidos à escravidão durante muitos anos."(Id. Ibid.: 7-8).

O processo de modernização dos estados duran-te o século XX "privilegiou" alguns grupos paraserem partícipes do processo em curso. Osnegros ficaram de fora desse projeto, por seremvistos como incapazes, sem cabedal para a for-mação das nações que se formavam. Essa visãose confirma em, por exemplo, José Ingenieros:"povoar não é civilizar quando esse povoamentoé feito com chineses e índios da Ásia e comnegros da África" (apud Garcia, 2003: 8). Os

negros, para Ingenieros, se aproximavam maisdos símios antropóides do que do homem civi-lizado, e tudo o que já se tem feito a favor dasraças inferiores é anticientífico.

Somam-se às considerações de Ingenieros, as deVasconcelos e do marxista peruano José CarlosMariategui. De acordo com Mariategui,

A contribuição do negro que chegoucomo escravo parece ser menos valiosae mais negativa. O negro trouxe consi-go sua sensibilidade, sua superstição esua natureza primitiva. Não está emcondições de contribuir com a criaçãode nenhuma cultura, o único que faz éobstrui-la por meio da influência cruae vivente de sua barbárie. (Campbel,2000).

Vasconcelos, por sua vez, afirmava que "às dife-renças físicas é preciso acrescentar as profundasparticularidades de história e de raça que carac-terizam cada um dos grupos étnicos da Américacontemporânea, pois, como todos sabem, nósprocedemos de uma cultura hispânica e latina eos do norte são perpetradores de uma tradiçãogermânica e saxônica". (2003: 9).

São esses discursos e visões que contribuírampara a construção de um imaginário e uma açãodiscriminatória que anula o negro e o seu patri-mônio cultural.

Nas últimas décadas, várias organizações negrasvêm se empenhando na "desconstrução dos re-ferentes estabelecidos sobre a negação da

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cidadania e da participação", apontando oimportante papel do povo negro na construçãocultural e do conhecimento do País. De acordocom Martín Hopenhayn:

...há duas tarefas fundamentais quesão claramente necessárias para umprojeto integrador. Em primeiro lugar, épreciso superar a longa tradição doque aqui chamamos de dialética danegação do outro, aonde uma cultura(da mulher, do índio, do negro, dopagão, do mestiço, do homem docampo, do marginal-urbano etc.) cons-titui o cimento sobre o qual se constróiuma longa tradição de exclusãosocioeconômica, cultural e sociopolíti-ca (2000).

Faz-se necessário que se elabore uma agendapara o auto-reconhecimento das contribuiçõesdos africanos e de seus descendentes na for-mação da diversidade cultural, pelo reconheci-mento das contribuições políticas e religiosasdeste continente. Os seminários técnicos, pro-movidos pela SEPIR no marco do FIPIR, vêmprocurando criar novas referências para asuperação do racismo no ambiente escolar.

Neles, o parecer produzido em conjunto com oMEC, INEP (Instituto Nacional de Estudos ePesquisas Educacionais Anísio Teixeira) e SEPPIR- Diretrizes Curriculares Nacionais para aEducação das Relações Étnico-Raciais e para oensino da História e Cultura Afro-Brasileira eAfricana - é apresentado aos administradoresdos sistemas de ensino, de mantenedores de

estabelecimentos de ensino, aos estabelecimen-tos de ensino, seus professores e a todos osimplicados na elaboração, execução, avaliaçãode programas de interesse educacional, deplanos institucionais, pedagógicos e de ensino.Esse material foi produzido em julho de 2004com uma tiragem de 10 mil exemplares queforam distribuídos no Fórum Mundial de Edu-cação em Porto Alegre (RS). Ele será relançadoem larga escala, atingindo mais de 200 milexemplares que serão enviados para todas asescolas do País para que os professores tenhamacesso ao material, um subsídio facilitador paraa implementação da Lei 10.639.

Além das Diretrizes Curriculares, foi produzido,também, o kit pedagógico piloto, um conjuntode livros paradidáticos para ser utilizado comosuporte pedagógico nas escolas de ensino fun-damental e médio na aplicação das temáticasprevistas na Lei 10.639 (o ensino de História daÁfrica, do negro no Brasil e da Cultura Afro-brasileira e Africana). O material, entregue na 4ªreunião do FIPIR em novembro de 2004, orientaos professores para a abordagem dos referidostemas em sala de aula. Todo o processo deseleção e escolha do material foi feito em parce-ria com o MEC, pois segundo João CarlosNogueira, "as três grandes deficiências que oprocesso de implementação da lei sofre são abaixa formação dos professores, a ausência dematerial didático e um currículo que não expres-sa esses conteúdos".

O kit pedagógico foi amplamente divulgadopelos(as) gestores(as), que têm o papel de indi-car, em seus municípios, a utilização do materal

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para as secretarias de educação. Ainda segundoo subsecretário, as secretarias estaduais e muni-cipais vão avaliar o material e, a partir do kit,discutirão qual o material didático-pedagógicomais adequado ao local. "É uma estratégia deincentivo para simbolizar o esforço do governofederal nesta questão", completou.

Os avaliadores das obras são profissionais reno-mados com histórico de atuação nas relaçõesraciais. Cada livro será acompanhado de rese-nha feita por educadores e pesquisadores parafacilitar o seu manuseio como material didático-pedagógico.

Em parceria com o INEP, o FIPIR conseguiuincluir o quesito cor no censo escolar de

2005. Para isso, está sendo desenvolvida umacampanha com cartazes e folderes explicativos.De acordo com Esteves, "embora a prevalênciada população negra nas escolas públicas sejafato consumado, esse censo será fundamentalpara que saibamos detectar a presença da po-

pulação negra nas escolas. Na nossa avaliação, oquestionário deverá ser um dos mais complexosporque ele mostrará dados importantes para aconstrução de novos indicadores e para a inver-são de prioridades de políticas públicas. Tudoisso está vinculado à implementação da Lei10.639".

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4.3.6 Outras conquistas na trincheira da educação

Livros do kit pedagógico

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Fórum Intergovernamental de Promoçãoda Igualdade Racial - FIPIR

Na tribuna, o monitoramento e o mapeamentode desafios e políticas

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Abase metodológica do Fórum esteve, em2004, alicerçada nos encontros que servi-

ram para intercâmbio de experiências e reso-lução conjunta de impasses. Os dois primeirosvisaram à construção participativa do FIPIR coma consulta aos gestores em outubro de 2003 eplanejamento em janeiro de 2004; o terceiro,que marcou o lançamento oficial do evento, tevecomo objetivo começar a pôr em prática o planode ação delineado nos encontros anteriores econstruir um quadro referencial e conceitualsobre o tema do Fórum no exercício de 2004-2005, a educação, mais precisamente a imple-mentação da Lei 10.639.

Paralelamente, foram realizadas também as visi-tas técnicas pela SEPPIR em diversos municípios.Levando em conta o acúmulo obtido por essas ini-ciativas, o quarto encontro, realizado de 20 a 22de setembro de 2004, também em Brasília, tevecomo objetivo monitorar as ações já realizadas(avaliação dos avanços da Política Nacional dePromoção da Igualdade Racial e da implemen-tação da Lei 10.639/2003) e pensar nas ainda porserem feitas. Contou com a participação de 32gestores(as) de todas as regiões do Brasil. Todos ostemas propostos, educação geração de emprego erenda com enfoque na juventude e saúde da po-

pulação negra, foram trazidos pelos(as) gestores,a partir da realidade dos municípios e estados aosquais estão vinculados(as).

O questionamento central que orientou a dis-cussão foi: Como está o processo de implemen-tação da Lei 10.639 em meu estado ou municí-pio?. Segundo Joana D'Arc, gestora do FIPIR nomunicípio de Jandira (SP), "a despeito das con-quistas, muitas coisas ainda estão por ser feitas.O tema do racismo não está posto da forma quedeveria nas escolas. É preciso ainda sensibiliza-ção e convencimento".

Conquistas e deficiências foram levantadaspelos(as) gestores(as) presentes, com diferentesníveis de avanço ou dificuldade entre os municí-pios reunidos. Repertoriamos algumas delas:

Deficiências

Falta de material didático

Falta de qualificação dos professores

Rejeição aos temas relacionados à negri-tude pelos(as) educadores(as)

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5. Quarta praça de debates, monitorando as açõesna educação e em outros temas

5.1 Avaliando o processo de implementação da Lei10.639/03

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Desarticulação entre estados e municípiosdas ações voltadas para educação étnico-racial

Faltam iniciativas em áreas quilombolas

Conquistas

Realização de fóruns pelos(as) gestores(as)do FIPIR para a requalificação dos(as) pro-fessores(as)

Promoção de seminários, fóruns e confe-rências relativos à questão racial e edu-cação;

Assinatura do termo de cooperação técnica;

Elaboração do material didático pedagógico

Censo de discente e docente da rede

Distribuição de mapa da África nas redes deensino

Institucionalização do dia da consciêncianegra

Estabelecimento de parcerias entre poderpúblico, movimentos sociais e universidades

A rede escolar vem aderindo à questão racial

A Lei 10.639 foi distribuída nas escolas

Formação de professores das redes estadual

e municipal Conforme assinalamos, a aplicação da Lei 10.639faz parte das ações estratégicas das políticas depromoção da igualdade racial. Monitorar osprocessos de implementação da lei significaincidir sobre as políticas públicas desenhadaspara a superação das desigualdades raciais. Naesteira do questionamento anterior, impõe-seoutra indagação: Existem políticas de promoçãoda igualdade racial em outras áreas do governo?Se sim, quais?

No que tange à essa questão, os(as) gestores(as),porta-vozes legítimos dos seus municípios, fize-ram algumas solicitações:

Ampliação do programa SOS racismoatravés dos Centros de Integração daCidadania

Inclusão da capoeira como prática desporti-va pela Secretaria de Esporte e Lazer emCaxias do Sul

Recortes raciais nas políticas de saúde, edu-cação e cultura no município de Jandira;

Enfoque na questão dos Quilombos

Expressividades de coordenadorias da mu-lher, gênero e raça

Celebração de convênios com a SEPPIR

Políticas voltadas para trabalho e rendaestruturadas por raça

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Desenvolvimento local, integral e sustentávelÀ luz das solicitações dos(as) gestores(as),Nogueira ressaltou que é insuficiente só assinaracordos e convênios. É preciso ter acompanha-mento. "Por isso fizemos o esforço imenso deestarmos juntos nos municípios. Como exigir aimplementação da lei? O fato de ser lei já éexigência. Tecnicamente, eu e vocês comogestores já somos, por força de lei, exigidos aexecutá-la. (...)."

Arany Santana, responsável pela Secretaria deReparação da cidade de Salvador, avalia que aLei 10.639/2003 avançou na cidade. Mas fazobservações pertinentes: "é preciso fazer semi-nários, grupos de estudo, capacitar professores"(novembro de 2004).

Quanto aos seminários técnicos nos municípios,os governos municipais e estaduais considerampositiva a presença de representantes do gover-no federal, como é o caso da SEPPIR-Paraná. Taisseminários fortalecem o papel dos(as) ges-tores(as), estimulam o trabalho já realizado eabrem novas perspectivas. O município deVassouras, no Rio de Janeiro, é um marco his-tórico.

O monitoramento da política de promoção daigualdade racial descortina o quadro socialsobre o qual ela se movimenta. Infelizmente,esse quadro ainda é emoldurado por desigual-dades extremas entre brancos e negros edemanda por intervenções capazes de superar oproblema. Conforme depoimento de AranySantana:

É preciso continuar com o debate[sobre a implementação da Lei10.639/2003] e olhar também aquestão do trabalho e renda porque a"barriga também fala forte". Fica paranós decidirmos como encaminhar estaquestão. (novembro de 2004).

De acordo com Nogueira, subsecretário daSEPPIR:

Não é fácil o reconhecimento e va-lorização da política de igualdaderacial. A ministra Matilde Ribeiro temenfatizado que essa política é fruto delutas do movimento negro, do movi-mento de mulheres negras. E isso não éladainha. Não devemos deixar de lem-brar da importância dessa tarefa. Adiscussão da política de promoção daigualdade racial é uma responsabili-dade que está crescendo. (novembro de2004).

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Sob esse ponto de vista, outro momento

importante do FIPIR foi a apresentação,

pelo Dieese, dos diagnósticos sobre a população

negra, principalmente sobre a juventude negra e

a mulher negra no mercado de trabalho. Uma

vez que as assimetrias no mundo do trabalho

podem ser avaliadas sob vários prismas, as dis-

cussões do Fórum foram direcionadas para o

problema da juventude. Os dados demonstram,

com clareza, que são os jovens os mais vul-

neráveis às imposições do mercado. Segundo

Carlos Alberto Grana, secretário-geral da CUT

nacional, "a crise vivida pela nação e que se

arrasta ao longo de mais de uma década atinge

e marginaliza a população jovem" (www.cut.org,

acessado em 18 de dezembro de 2004). As pers-

pectivas de futuro são cada vez menores para

esse segmento.

Os dados concretos, disponibilizados pelo

Dieese, visam subsidiar os gestores no seu tra-

balho diário de intervenção: formatação de pro-

jetos, discussão com as suas representações

municipais ou estaduais, reconhecimento dos

grupos historicamente vulneráveis e suas princi-

pais demandas.

De acordo com Esteves, a aplicação da política

de promoção da igualdade racial será exitosa se

os gestores estiverem devidamente subsidiados

com os indicadores e a situação de exclusão que

vive a população negra no Brasil e em suas

respectivas localidades. A interlocução qualifica-

da pressupõe conhecimento. Ainda que a maio-

ria dos gestores possua, de qualquer forma, uma

trajetória nas diversas organizações negras, há

que se reconhecer que eles necessitam de um

ferramental específico para manejar políticas

públicas específicas.

O tema do Fórum para o exercício de 2005 diz

respeito à geração de emprego e renda. A apro-

ximação com o tema deu-se em 2004 com

enfoque na juventude negra. Uma avaliação do

estado da arte da população negra e, em especí-

fico, desse segmento colabora para o desenho

de algumas políticas. Assunto para a próxima

tribuna!

5.2 Mapeando os novos desafios

71

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Aintervenção nas políticas públicas dosmunicípios requer a adoção de estratégias

acertadas que expressem as demandas colo-cadas. Os indicadores sociais e econômicos vêmorientando na formulação e execução de algu-mas políticas, posto que demonstram o funda-mento das desigualdades no País e suas nuancesde cor, raça, gênero, pertencimento geográfico,faixa etária, etc.

Uma infinidade de pesquisas vem demonstran-do, inequivocamente, que o problema racialestrutura as relações que aqui se instituem.Alguns(mas) pesquisadores(as) a exemplo deCarlos Hasenbalg, Nelson do Vale Silva, WâniaSant' Ana, Marcelo Paixão, Ricardo Henriqueselaboraram estudos e pesquisas nas fronteirasdos números e indicadores que convergem paraa centralidade da componente racial no País. Olugar de chegada, mesmo que o lugar de partidaseja diferente, é sempre o mesmo: ainda queligeiras alterações tenham ocorrido nestecenário nos últimos anos, em quase todos osaspectos de análise o padrão de vida do negroencontra-se em situação de desvantagem quan-do comparado ao do branco. O que nos permiteafirmar que as desigualdades equacionam-se,fundamentalmente, em torno da questão racial.Segundo Henriques, "o Brasil, tanto em termosabsolutos como em termos relativos, não podeser considerado um país pobre, mas deve serreconhecido como um país extremamente injus-

to. E essa injustiça social encontra-se na origemdo enorme contingente de pobres em nossasociedade". (2003: 1).

De acordo com os dados obtidos por essepesquisador, em 1999 cerca de 54 milhões debrasileiros eram pobres, dos quais 22 milhõesindigentes. Esse enorme contingente de pobrezainquieta, sobretudo, porque as experiências dospaíses com renda per capita semelhante àbrasileira tornam evidente o caráter excepcionalde sua magnitude. Por exemplo, se o grau dedesigualdade de renda brasileira correspondesseà média da desigualdade dos países com níveisde renda per capita similares ao Brasil, ten-deríamos a ter cerca de 10% de pobres ao invésdos atuais 34%.

Ainda segundo Henriques, a intensidade denossa desigualdade de renda, por sua vez, colo-ca o Brasil distante de qualquer padrão reco-nhecível, no cenário mundial, como razoável emtermos de justiça distributiva.

A desigualdade na distribuição de recursos é adeterminante da pobreza no Brasil e prejudicaconsideravelmente a população negra: "nascernegro no Brasil está relacionado a uma maiorprobabilidade de crescer pobre".

Os dados da PNAD revelam que em 1999 cerca de34% da população brasileira vivia em famílias

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5.2.1 Mercado de trabalho e população negra:descortinando a realidade

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com renda inferior à linha de pobreza, e 14% emfamílias com renda inferior à linha de indigência.Os anos 1980 aumentam o contingente de pobresno País, que chega a ultrapassar a marca dos 50%.

Quando a pobreza é vista sob o ângulo de suacomposição racial constatamos que os 53 mi-lhões de pobres e 22 milhões de indigentes nãoestão "democraticamente" distribuídos. Osnegros estão sobre-representados nos segmen-tos pobres15 e indigentes.

Esses dados, eloqüentes por si mesmos, con-tribuíram significativamente para que o mito dademocracia racial se fragilizasse. Aliás, Paixão(2003) considera que o mito só teve ressonânciano País em virtude da falta de "informaçõesestatísticas e demográficas sobre a realidade dasdesigualdades raciais" (2003: 67). Os movimen-tos negros são esferas importantes para amudança de trajetória: nos últimos 15 anos, porpressão desses movimentos, dos vários institu-tos e respectivas pesquisas e análises, entre elesa PNAD, passam a incorporar o quesito cor/raça.Eles são fundamentais para que as políticaspúblicas reconheçam as especificidades dopúblico a que se dirigem.

Para Diva Moreira (2003) esse conhecimento éfundamental para uma mudança sócio-racial noBrasil, pois, para ela, devemos fazer com quenossas idéias de transformação estejam em har-monia com os anseios das grandes massas de

afro-descendentes e marginalizados (cf. 2003:63). Ainda segundo, Diva:

Para que a sintonia com as grandesmassas possa acontecer, precisamosconhecer suas necessidades e priori-dades, conviver com elas em seusespaços, conhecedores que somos datopografia racial existente no País,aprender com elas sua cultura, suavisão de mundo e os saberes que viabi-lizaram sua existência... Também pre-cisamos partilhar com elas o nossoconhecimento para ajudá-las adecifrar o outro lado da topografiaracial, aquele constituído pelo Brasildos brancos, no qual se localizam osrecursos de poder, sem os quais amudança sócio-racial não se viabiliza.(2004: 64).

Os indicadores são uma boa fonte de pesquisapara a obtenção do conhecimento necessáriosobre a população negra. Taxas de rendimento,de emprego são fundamentais para se traçar umretrato das desigualdades e construirmos políti-cas públicas eficientes que atuem sobre elas. Omonitoramento das ações já realizadas no FIPIRé fundamental para a eficácia das políticaspúblicas nos municípios e estados. Ao disponibi-lizar a interpretação de dados e informaçõescom recorte racial/étnico, esse item "contribuipara visibilizar as desigualdades raciais, quali-

73

15 As linhas de indigência e pobreza referem-se, respectivamente, aos custos de uma cesta alimentar, regionalmente definida, que atenda às necessi-dades de consumo calórico mínimo de um indivíduo e a um mínimo de gastos individuais com vestuário, habitação e transportes, além dos gastos comalimentação.

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ficar o debate político sobre as políticas de açãoafirmativa e, assim, conferir densidade à luta porpolíticas, em especial as públicas, que tenham abusca da eqüidade como leito principal".(Sant'Ana, 2003: 1).

O Dossiê Assimetrias Raciais no Brasil: alerta paraa elaboração de políticas, elaborado por WâniaSant'Ana, tem como ponto de partida municiarativistas anti-racistas para atuar com base naapropriação de dados da realidade na exigência,no monitoramento e controle social de políticasde promoção da igualdade racial, considerando,sobretudo, a inovação na elaboração do Plano

Plurianual 2004-2007 (PPA). (cf. Sant'Ana, 2003).O alerta feito por Sant'Ana é fundamental paraque se desenhe políticas que possam expressaras necessidades dos segmentos historicamentevulneráveis e que, portanto, possuam eficáciapara a superação das assimetrias.

Presente no quarto encontro do Fórum, encon-tro reservado para o monitoramento, a ministraMatilde Ribeiro iluminou o debate com as suasexperiências em políticas públicas na área detrabalho e renda, com foco em gênero e raça.

Antes, porém, vejamos os números.

74 EEssttiimmaattiivvaa ddaa PPooppuullaaççããoo EEccoonnoommiiccaammeennttee aattiivvaa ttoottaall ee nneeggrraa RReeggiiõõeess MMeettrrooppoolliittaannaass ee DDiissttrriittoo FFeeddeerraall -- 22000033

FFoonnttee:: DIEESE/SEADE, MTE/FAT e entidades regionais. PED – Pesquisa de Emprego e DesempregoEEllaabboorraaççããoo:: DIEESE

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75

TTaaxxaa ddee PPaarrttiicciippaaççããoo ppoorr ccoorrRReeggiiõõeess MMeettrrooppoolliittaannaass ee DDiissttrriittoo FFeeddeerraall -- 22000033

EEssttiimmaattiivvaa ddooss ddeesseemmpprreeggaaddooss ttoottaall ee nneeggrrooss RReeggiiõõeess MMeettrrooppoolliittaannaass ee DDiissttrriittoo FFeeddeerraall -- 22000033

(em %)

FFoonnttee:: DIEESE/SEADE, MTE/FAT e entidades regionais. PED – Pesquisa de Emprego e DesempregoEEllaabboorraaççããoo:: DIEESE

FFoonnttee:: DIEESE/SEADE, MTE/FAT e entidades regionais. PED – Pesquisa de Emprego e DesempregoEEllaabboorraaççããoo:: DIEESE

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76

TTaaxxaa ddee ddeesseemmpprreeggoo ppoorr ccoorr RReeggiiõõeess MMeettrrooppoolliittaannaass ee DDiissttrriittoo FFeeddeerraall -- 22000033

DDuurraaççããoo mmééddiiaa ddaa pprrooccuurraa ppoorr ttrraabbaallhhoo ppoorr ccoorr ee sseexxooRReeggiiõõeess MMeettrrooppoolliittaannaass ee DDiissttrriittoo FFeeddeerraall -- 22000033

FFoonnttee:: DIEESE/SEADE, MTE/FAT e entidades regionais. PED – Pesquisa de Emprego e DesempregoEEllaabboorraaççããoo:: DIEESE

FFoonnttee:: DIEESE/SEADE, MTE/FAT e entidades regionais. PED – Pesquisa de Emprego e DesempregoEEllaabboorraaççããoo:: DIEESE

(em %)

(em meses)

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77

DDiissttrriibbuuiiççããoo ddooss ooccuuppaaddooss ppoorr sseettoorr ddee aattiivviiddaaddee ee ccoorrRReeggiiõõeess MMeettrrooppoolliittaannaass ee DDiissttrriittoo FFeeddeerraall -- 22000033

FFoonnttee:: DIEESE/SEADE, MTE/FAT e entidades regionais. PED – Pesquisa de Emprego e DesempregoEEllaabboorraaççããoo:: DIEESE

Obs.: Outros setores inclui Construção Civil e Serviços Domésticos

(em %)

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PPrrooppoorrççããoo ddee ooccuuppaaddooss eemm ppoossttooss ddee ddiirreeççããoo ee ppllaanneejjaammeennttoo ppoorr ccoorrRReeggiiõõeess MMeettrrooppoolliittaannaass ee DDiissttrriittoo FFeeddeerraall -- 22000033

RReennddiimmeennttoo mmééddiioo rreeaall ddooss ooccuuppaaddooss ppoorr ccoorrRReeggiiõõeess MMeettrrooppoolliittaannaass ee DDiissttrriittoo FFeeddeerraall -- 22000033

(em %)

(em R$ de janeiro de 2004)

FFoonnttee:: DIEESE/SEADE, MTE/FAT e entidades regionais. PED – Pesquisa de Emprego e DesempregoEEllaabboorraaççããoo:: DIEESE

FFoonnttee:: DIEESE/SEADE, MTE/FAT e entidades regionais. PED – Pesquisa de Emprego e DesempregoEEllaabboorraaççããoo:: DIEESE

Obs.: Inflator utilizado: IPCA/BH/IPEAD; ICV-DF/Codeplan; IPC-IEPE/RS; IPC-DESCON/FUNDAJ/PE; IPC-SEI/BA; ICV-DIEESE/SP

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GGRRÁÁFFIICCOO 11TTaaxxaass ddee ddeesseemmpprreeggoo ttoottaall ddaa ppooppuullaaççããoo ffeemmiinniinnaa cchheeffee ddee ddoommiiccíílliioo,, sseegguunnddoo ccoorr

RReeggiiõõeess MMeettrrooppoolliittaannaass ee DDiissttrriittoo FFeeddeerraallBBiiêênniioo 22000022--22000033

TTAABBEELLAA 22TTaaxxaass ddee ddeesseemmpprreeggoo ddaa ppooppuullaaççããoo nneeggrraa ee nnããoo nneeggrraa,, sseegguunnddoo sseexxoo

RReeggiiõõeess MMeettrrooppoolliittaannaass ee DDiissttrriittoo FFeeddeerraallBBiiêênniioo 22000022--22000033

UUmm oollhhaarr ddee ggêênneerroo........AA qquueessttããoo ddaass mmuullhheerreess nneeggrraass nnoo mmeerrccaaddoo ddee ttrraabbaallhhoo

(em %)

(em %)

FFoonnttee:: DIEESE/SEADE, MTE/FAT e convênios regionais. PED – Pesquisa de Emprego e DesempregoEEllaabboorraaççããoo:: DIEESE

Obs.: Negros: inclui pretos e pardos. Não-negros: inclui brancos e amarelos.

FFoonnttee:: DIEESE/SEADE, MTE/FAT e convênios regionais. PED – Pesquisa de Emprego e DesempregoEEllaabboorraaççããoo:: DIEESE

Obs.: Negros: inclui pretos e pardos. Não-negros: inclui brancos e amarelos.

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PPeessssooaass ddeesseemmpprreeggaaddaass qquuee uuttiilliizzaamm oo ttrraabbaallhhoo aaddiicciioonnaall oouu iirrrreegguullaarr ccoommoo eessttrraattééggiiaa ddeessoobbrreevviivvêênncciiaa,, sseegguunnddoo ccoorr ee sseexxoo

RReeggiiõõeess MMeettrrooppoolliittaannaass ee DDiissttrriittoo FFeeddeerraall -- 22000022//22000033

PPeessssooaass ddeesseemmpprreeggaaddaass ssee qquuee uuttiilliizzaamm ddaa aajjuuddaa ddee ppaarreenntteess oouu ccoonnhheecciiddooss ccoommooeessttrraattééggiiaa ddee ssoobbrreevviivvêênncciiaa,, sseegguunnddoo ccoorr ee sseexxoo

RReeggiiõõeess MMeettrrooppoolliittaannaass ee DDiissttrriittoo FFeeddeerraall -- 22000022//22000033

(em %)

(em %)

FFoonnttee:: DIEESE/SEADE, MTE/FAT e convênios regionais. PED – Pesquisa de Emprego e DesempregoEEllaabboorraaççããoo:: DIEESE

Obs.: Dados de Porto Alegre não disponíveis.

FFoonnttee:: DIEESE/SEADE, MTE/FAT e convênios regionais. PED – Pesquisa de Emprego e DesempregoEEllaabboorraaççããoo:: DIEESE

Obs.: Dados de Porto Alegre não disponíveis.

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FFoonnttee:: DIEESE/SEADE, MTE/FAT e convênios regionais. PED – Pesquisa de Emprego e DesempregoEEllaabboorraaççããoo:: DIEESE

Obs.: Negros: inclui pretos e pardos. Não-negros: inclui brancos e amarelos.

FFoonnttee:: DIEESE/SEADE, MTE/FAT e convênios regionais. PED – Pesquisa de Emprego e DesempregoEEllaabboorraaççããoo:: DIEESENota: (1) Inclui empresários, direção e gerência, e planejamento e organização.Obs.: Negros: inclui pretos e pardos. Não-negros: inclui brancos e amarelos.

GGRRÁÁFFIICCOO 22PPrrooppoorrççããoo ddaa ppooppuullaaççããoo ffeemmiinniinnaa nneeggrraa ee nnããoo nneeggrraa ooccuuppaaddaa ppeelloo eemmpprreeggoo ddoommééssttiiccoo

RReeggiiõõeess MMeettrrooppoolliittaannaass ee DDiissttrriittoo FFeeddeerraallBBiiêênniioo 22000022--22000033

GGRRÁÁFFIICCOO 33PPrrooppoorrççããoo ddaa ppooppuullaaççããoo ffeemmiinniinnaa nneeggrraa ee nnããoo nneeggrraa eemm ooccuuppaaççõõeess

ddee ddiirreeççããoo ee ppllaanneejjaammeennttoo ((11))RReeggiiõõeess MMeettrrooppoolliittaannaass ee DDiissttrriittoo FFeeddeerraall

BBiiêênniioo 22000022--22000033

(em %)

(em %)

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82

GGRRÁÁFFIICCOO 44ÍÍnnddiiccee ddoo rreennddiimmeennttoo hhoorraa mmééddiioo mmeennssaall ddooss ooccuuppaaddooss,, ppoorr sseexxoo ee ccoorr

RReeggiiõõeess MMeettrrooppoolliittaannaass ee DDiissttrriittoo FFeeddeerraallBBiiêênniioo 22000022--22000033

(rendimento homem não-negro = 100)

FFoonnttee:: DIEESE/SEADE, MTE/FAT e convênios regionais. PED – Pesquisa de Emprego e DesempregoEEllaabboorraaççããoo:: DIEESE

Obs.: Negros: inclui pretos e pardos. Não-negros: inclui brancos e amarelos.

FFoonnttee:: DIEESE/SEADE, MTE/FAT e convênios regionais. PED – Pesquisa de Emprego e DesempregoEEllaabboorraaççããoo:: DIEESE

JJoovveennss nneeggrrooss

TTaaxxaa ddee ppaarrttiicciippaaççããoo jjoovveennss BBiiêênniioo 22000022//22000033

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TTaaxxaa ddee ddeesseemmpprreeggoo ddee jjoovveennssBBiiêênniioo 22000022//22000033

JJoovveennss -- ssiittuuaaççããoo nnoo mmeerrccaaddoo ddee ttrraabbaallhhoo

DDiissttrriibbuuiiççããoo ddooss jjoovveennss ddee 1166 aa 2244 aannooss ddeesseemmpprreeggaaddooss sseegguunnddoo eexxppeerriiêênncciiaa aanntteerriioorr ddee ttrraabbaallhhooRReeggiiããoo MMeettrrooppoolliittaannaa ddee SSããoo PPaauulloo ee SSaallvvaaddoorr -- 22000033

FFoonnttee:: DIEESE/SEADE, MTE/FAT e convênios regionais. PED – Pesquisa de Emprego e DesempregoEEllaabboorraaççããoo:: DIEESE

FFoonnttee:: DIEESE/SEADE, MTE/FAT e entidades regionais. PED – Pesquisa de Emprego e DesempregoEEllaabboorraaççããoo:: DIEESE

Jovens negros entram mais cedo no mercado de trabalho.

Jovens negros encontram mais dificuldade de conseguir uma colocação.

Muitos jovens que ingressam no mercado de trabalho já têm experiência anterior de trabalho.

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DDiissttrriibbuuiiççããoo ddooss jjoovveennss ddee 1166 ee 1177 aannooss sseegguunnddoo ssiittuuaaççããoo ddee ttrraabbaallhhoo ee eessttuuddooRReeggiiããoo MMeettrrooppoolliittaannaa ddee SSããoo PPaauulloo ee SSaallvvaaddoorr -- 22000033

DDiissttrriibbuuiiççããoo ddooss jjoovveennss ddee 1188 aa 2244 aannooss sseegguunnddoo ssiittuuaaççããoo ddee ttrraabbaallhhoo ee eessttuuddooRReeggiiããoo MMeettrrooppoolliittaannaa ddee SSããoo PPaauulloo ee SSaallvvaaddoorr -- 22000033

FFoonnttee:: DIEESE/SEADE, MTE/FAT e convênioss regionais. PED – Pesquisa de Emprego e Desemprego

Nota: Exclui os que só trabalham e os que não estudam e procuram.

FFoonnttee:: DIEESE/SEADE, MTE/FAT e convênioss regionais. PED – Pesquisa de Emprego e Desemprego

Nota: Exclui os da categoria Outros.

Em São Paulo, 4,8% só trabalham e 4,4% não estudam e buscam trabalho.

(em %)

(em %)

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Aavaliação dos resultados até então alcança-dos, tarefa deste quarto encontro que se

deteve no monitoramento das ações já emprei-tadas pela Lei 10.639/03, sinalizou para a visadade novos horizontes, forjou a inclusão de outrositens no menu temático do Fórum. A partir dasdemandas mais prementes em escalas municipale estadual, dos relatos dos(as) gestores(as) e dosdados obtidos com as pesquisas estatísticaspublicadas pelo Dieese, uma questão se impõe: odesenvolvimento social e econômico, comenfoque na geração de emprego e renda para apopulação negra, particularmente a juventude.Os números não erram quanto a necessidade dese pensar em um novo modelo de desenvolvi-mento no qual a população negra esteja incluí-da. Ao modo de uma tautologia, promover aigualdade racial é promover uma política dedesenvolvimento economicamente equilibrada esocialmente justa, e vice-versa.

De acordo com Moreira, "falar em luta política, emlibertação da opressão racial sem desenvolvimen-to social e econômico inviabiliza o diálogo e a sin-tonia com a população negra (...). Uma eficaz lutaanti-racismo no Brasil deve produzir o desenvolvi-mento social e econômico dos afro-descendentes.Nada misterioso ou inalcançável". (2003: 65-66).

Qualquer projeto de desenvolvimento quequeira fazer frente às carências sociais do Paísprecisa investir claramente nas assimetrias ra-ciais. Provado está que apenas o crescimento àmoda das tendências moneratistas não con-segue promover o encontro entre crescimento eo desenvolvimento, entre o político e o eco-nômico. Isso implica dizer que para o Brasil nãobasta crescer. É preciso crescer em bases dife-rentes, que possibilitem, ao mesmo tempo, inte-grar-se positivamente à economia mundial ereduzir os desequilíbrios sociais e regionaisinternos.

Este é o grande desafio que se coloca para oseconomistas e outros profissionais engajados nabusca de um caminho para o desenvolvimentoequilibrado.

Premidos pelas exigências do mercado, os proje-tos desenvolvimentistas acabaram supervalo-rizando as políticas de juros e outras variáveiseconômicas e preterindo a dimensão política esocial, áreas importantes para a consolidação doEstado democrático. A mudança de foco, domodelo mercadocêntrico para o político, é ogrande desafio que se impõe para a governança. O período de franco desenvolvimento do Brasil,

5.2.2 Delineando políticas à luz dos indicadores -um novo modelo de desenvolvimento é possível

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"Para chegar a lugares onde ainda não estivemos,é preciso passar por caminhos pelos quais ainda não passamos."

Mahatma Ghandhi

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1950-1980, o colocou entre as dez maioreseconomias do mundo, com uma estrutura pro-dutiva relativamente integrada e diversificada.Em termos absolutos houve, nessa época, umaredução dos níveis de pobreza, o que melhorouos índices de alfabetização, mortalidade infantile expectativa de vida. Porém, em termos rela-tivos, a situação se manteve inalterada, fazendocom que o País amargasse uma das piores dis-tribuições de renda do planeta.

Via de regra, atribui-se ao modelo de substitui-ção de importações a combinação entre cresci-mento acelerado e concentração de renda: "ofinanciamento inflacionário no qual se baseou,em larga medida, a ação desenvolvimentista doEstado; as altas margens de lucro propiciadaspor níveis muito elevados de proteção do mer-cado doméstico; maciça transferência de recur-sos públicos para o setor privado, sob a forma deincentivos fiscais e crédito subsidiado; o baixoestímulo ao investimento na qualificação damão-de-obra".

Esse modelo deixou um saldo de problemas já apartir da década de 1980: inflação, globalização,isolamento do País em relação aos fluxos inter-nacionais de capital e tecnologia. Este últimoaumentou o abismo tecnológico entre a pro-dução doméstica e o padrão mundial.

Vulnerável a esse cenário, o Estado deixou deinvestir suficientemente na manutenção, muitomenos na expansão da infra-estrutura. "De prin-cipal agente do desenvolvimento, tornou-se oprincipal foco dos desequilíbrios macro-econômicos que alimentavam a superinflação".

Essas condicionantes estão no centro das preo-cupações das propostas de governo para o País.Presenciamos um momento de claro esforçopara reencontrar o caminho do desenvolvimen-to econômico e social. No entanto, é fato con-sumado, que às tentativas se colocam dificul-dades que impedem o efetivo crescimento doBrasil nas últimas décadas.

O governo do presidente Luis Inácio Lula da Silvatoma para si o papel de promover o desenvolvi-mento e a geração de empregos. Dadas ascondições de crise macroeconômica herdadashistoricamente, a realização do desenvolvimen-to foi postergada.

Segundo especialistas, a exemplo de Santos, odebate que necessita ser intensificado dizrespeito

ao modelo de desenvolvimento e àscondições que podem proporcioná-lo.Preliminarmente, o desenvolvimentoprecisa ser qualificado no seu conteú-do e na sua dimensão. Quanto ao con-teúdo, ele não deve restringir-se aocrescimento quantitativo da economia.No passado, o Brasil cresceu. Mas nãodistribuiu renda nem promoveu a inte-gração social. Por isso, o novo modelo,além do crescimento quantitativo, devedistribuir renda e gerar empregos".

Ainda segundo Santos,

Quanto à dimensão, cabe perguntarqual é o tamanho do crescimento que

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a sociedade almeja e o país precisa. Separtirmos do pressuposto de que hojeas economias nacionais estãointegradas à economia global e seolharmos para o crescimento dos paí-ses emergentes, como China, Rússia,Índia e outros, e para a necessidade debuscar uma ordem econômica mundialmais simétrica, e se olharmos aindapara as necessidades internas,chegaremos facilmente à conclusão deque o Brasil deve crescer num patamarnão inferior a 4% ao ano. Esta é umaquestão que diz respeito ao lugar que asociedade deseja para o Brasil nomundo. Se quisermos que o Brasil sejauma potência significativa e não percaa corrida dos países emergentes, deve-mos querer que o nosso crescimentoseja de 5% a 6% ao ano.

Essas considerações são esclarecedoras quantoà limitação dos aspectos estritamente econômi-cos para atingirmos o desenvolvimento espera-do. Além de condições macroeconômicas ade-quadas, investimentos em infra-estrutura, mar-co regulatório pertinente, segurança jurídica,incidência tributária moderada na produção, notrabalho e nas exportações, estímulos à compe-titividade e à inovação, investimentos em ciên-cia e tecnologia, etc, uma política de desenvolvi-mento exige muito mais. Santos considera que oEstado deva ter uma atuação "mais proativa nadefinição de um modelo de desenvolvimento, aomenos em três aspectos: na identificação dosproblemas e das áreas potencialmente estratégi-cas do desenvolvimento; na definição de políti-

cas públicas de estímulos; e na coordenaçãoativa de processos organizadores e estrutura-dores do desenvolvimento. Nenhum desses trêsaspectos pode ser implementado sem umainteração com os agentes econômicos e sociais.Localiza-se no terceiro aspecto a maior dificul-dade que o Brasil encontra para uma ação go-vernamental eficaz, orientada para o desenvol-vimento".

Os objetivos estratégicos do desenvolvimentodevem levar em conta a capacidade das açõesgovernamentais no seu decisivo papel de "iden-tificar e coordenar a organização produtiva deáreas potencialmente estratégicas, competitivase inovadoras", tais como, os instrumentos públi-cos (ministérios, BNDES, bancos públicos, agên-cias, etc.), os estímulos e os incentivos governa-mentais e as diretrizes de política industrial, deciência e tecnologia e de educação.

A combinação dessas áreas estratégicas é vistacomo uma alternativa ao modelo de desenvolvi-do construído desde o pós-guerra. São frentesque facilitam o ingresso de valores como a pos-tura ética (do governo, dos setores de mercado,da sociedade civil), a cooperação, a solidarie-dade, entre outros. A saída é que as ações pos-sam ser efetivadas nos espaços locais para dis-seminarem-se em espaços nacionais e, por fim,em ambientes internacionais. A máxima expres-sa pelo movimento ecologista - "agir localmentee pensar globalmente" - parece ser a tônica des-sa estratégia.

Somam-se a essas questões os deficits sociaisque se acumulam exponencialmente. Pensar em

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um novo modelo de desenvolvimento que con-jugue criatividade, equilíbrio ecológico, sobera-nia do País, implica também a ampliação dademocracia e redução das diferenças de renda eriqueza. O Brasil do século XXI precisa desen-volver políticas sociais como reforma agrária,investir em educação, saúde e habitação popularpara acabar com a miséria absoluta, que atinge58 milhões de brasileiros representados majori-tariamente pela população negra. É preciso inte-grar estes excluídos e rumar no caminho da sus-tentabilidade. Eixo central para um novo mode-lo de desenvolvimento, esse é um tema quecusta caro para as políticas públicas que ten-cionam incidir sobre esses problemas.

Ativistas e pesquisadores(as) envolvidos(as) coma questão racial vêm apontando para a urgênciadesse novo modelo de desenvolvimento, vistoque o atual não resolve um dos nossos entravesestruturais: a exclusão via pertencimento racial.Em artigo intitulado Trabalho e inclusão racial,publicado no jornal "Correio Braziliense", SueliCarneiro, diretora executiva de Geledés -Instituto da Mulher Negra, adverte ser este oentrave para conjugar desenvolvimento, traba-lho e inclusão racial. Referindo-se a incorpo-ração da população negra no mercado de tra-balho, ela reúne elementos importantes parapensarmos em desenvolvimento e inclusão.Segundo ela:

Um estudo sobre o atual perfil profis-sional que está sendo exigido pelomercado de trabalho brasileiro foi reali-zado pelo Ministério do Trabalho/IBGE.As preferências para o preenchimento

das novas vagas recaem sobre aquelesque têm um mínimo de 11 anos deestudos. É um alto nível de exigênciaem termos de escolaridade para ospadrões nacionais, no qual a média deescolaridade para brancos é da ordemde 6,6 anos de estudo e, para negros,4,4. Em um contexto econômico mar-cado por altas taxas de desemprego epelo desemprego estrutural, agrega-seà intensa disponibilidade de mão-de-obra desempregada exigências de altosníveis de escolarização para os traba-lhos mais banais, que afastam cadavez mais os negros do mercado de tra-balho, posto que reconhecidamentecompõem o segmento social queexperimenta as maiores desigualdadeseducacionais. (Correio Braziliense, 16de outubro de 2004).

Sueli Carneiro, oportunamente, assevera queembora venha se anunciando ligeiro crescimen-to econômico no País, tal crescimento, por si só,não é suficiente para eliminar as distâncias his-tóricas entre brancos e negros, pois não impedea "transmissão hereditária das desigualdades".Ainda segundo ela,

Essas são algumas das possíveis razõespara o fato de que crescimentoeconômico não resulta, necessaria-mente, em redução sobre as desigual-dades sociais. E tem menor impactosobre a diminuição da pobreza do quepolíticas focadas no combate àsdesigualdades sociais, como vem

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sendo apontado por estudos realizadospelo Instituto de Pesquisa EconômicaAplicada (Ipea). Os efeitos imediatos darecuperação econômica, que se diz emcurso, é a absorção no processo dedesenvolvimento dos mais educados,postergando ou inviabilizando ainclusão dos historicamente excluídos.(Id. Ibid.).

As observações de Diva Moreira se adequam àsfeitas por Carneiro. Ela também é enfática aolembrar que

sem investimentos significativos naformação de mão-de-obra e sem umaampla política de capacitação, aslegiões de mulheres e homens negroscontinuarão a figurar desproporcional-mente nas estatísticas do desempregoe do subemprego. Se em épocas decrescimento os ganhos da populaçãonegra foram insuficientes para alteraro perfil da desigualdade racial noBrasil, o nosso povo ficará totalmentesem futuro (...). (2003: 66).

Do ponto de vista conjuntural, Nogueira diz que

o FIPIR tem feito a contraposição àsafirmações de que poderíamos resolvero déficit social a parir de uma políticaampla de desenvolvimento. O subse-cretário enfatiza que o crescimentodeve assegurar a inclusão de pobres eda população negra. (...). No final doséculo XIX o desenvolvimento também

era pungente. Na década de 1930, atéos anos 1950, também vimos muitocrescimento, de até 5% de seu PIB. Doponto de vista econômico essa marca éum crescimento extraordinário, mas,ainda assim, não vemos participaçãodos negros, pobres, indígenas na ele-vação da qualidade de vida. Dos anos1950-70, o crescimento de quase 8%ao ano, também não mudou pratica-mente em nada para a populaçãonegra e pobre do país.

Segundo o subsecretário, a promoção da igual-dade racial forja um novo ciclo de desenvolvi-mento. "Em épocas passadas tínhamos gente domovimento negro acompanhando o modelo dedesenvolvimento. Lélia Gonzáles e tantos outrosfizeram muito. E estas marcas precisam de con-tinuidade. Precisamos apalpar a realidade. Te-mos uma parcela ínfima de poder e represen-tação". Nogueira considera, ainda:

Este ciclo, para ser sustentável, fortee consistente, deve ser duradouro.Não podemos mais vir com pequenosprogramas, recursos minguados esoltos. A política tem que ser grande eestar colocada com o novo ciclo dedesenvolvimento do país. Precisamosinclusão do ponto de vista educa-cional, do trabalho e acesso à terra.Estas reivindicações históricas pre-cisam, de certo modo, ficar aoalcance de nossas mãos.(novembrode 2004).

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Moreira propõe saídas para o aparente dilema.Se para ela a eficaz luta anti-racismo não é nadamisterioso ou inalcançável é porque existem al-ternativas críveis e exeqüíveis capazes de propormetas e alcançá-las. Segundo ela,

Trata-se de aproveitar as bases dedados das agências governamentais,de fundações e de agências multila-terais, como a ONU, para subsidiar le-gislações e políticas públicas de pro-moção da igualdade racial. Sendo oEstado brasileiro signatário de váriostratados e agendas internacionais, aspolíticas a serem efetivadas poderiamter como eixos a melhoria na posiçãoda população negra no Índice deDesenvolvimento Humano (IDH) dasNações Unidas e o cumprimento dasmetas de desenvolvimento do milênio.Embora lamentavelmente não tenhamincluído a questão racial, essas metasconstituem índices que permitem com-parações desde o nível municipal até ointernacional (...). (Id. Ibid.: 67).

Moreira ressalta, ainda, que as políticas têm deter uma clara definição: estabelecimento demetas, resultados e cronogramas, adequando-osàs particularidades regionais; montar um bomsistema de acompanhamento e avaliação deimpacto descentralizado; dimensionar os custose prever uma escala de desembolso, avaliação docusto da exclusão sócio-racial. (Id. Ibid.: 67).

Essas considerações são importantes para pen-sarmos em desenvolvimento econômico e social

e geração de renda e trabalho com foco nos gru-pos historicamente discriminados. Pensar o Es-tado, a democracia e relações raciais implicaredirecionamentos de uma economia que penseraça e gênero: "[é] ao nível do político, e não domercado, que se defrontam e são arbitradas asescolhas que comprometem toda pessoa. Essaconcepção fundamenta a supremacia do políti-co sobre o econômico". (Passet apud Moreira,2003: 68).

A mudança de foco, do mercado para o âmbitopolítico, é fundamental para que possamosconstruir estratégias amplas, nacionais, de com-bate ao desemprego e à pobreza, sem preterir doenfoque racial e de gênero.

Aprendizado conjunto / Lições convenientes

O quarto encontro do Fórum Intergoverna-mental de Promoção da Igualdade Racialprocurou estabelecer parâmetros para proporum modelo de desenvolvimento econômicolevando em conta as assimetrias no mundo dotrabalho, eixo extremo de exclusão da populaçãonegra. A juventude foi escolhida para a cons-trução de alternativas em 2005.

O professor e militante do movimento negroHélio Santos foi o convidado para discutir comos(as) gestores(as) as possibilidades de se pensarpolíticas de geração de renda e trabalho para ajuventude negra. A fala do professor e militantese integra, em alguns aspectos, às demais já pro-feridas durante as reuniões realizadas ao longodo ano. Santos abordou questões como a tra-

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jetória do movimento negro nacional, a imple-mentação das políticas públicas, modelo de de-senvolvimento, os avanços e as implicaçõesdesse modelo para a população negra. Os próxi-mos parágrafos foram construídos a partir decolocações do professor em sua palestra noquarto encontro.

Segundo o professor, cabe ao movimento negrodiscutir um modelo novo de desenvolvimentosocial para o Brasil. Do ponto de vista econômi-co, precisamos encontrar alternativas paratornar as pessoas produtivas e com renda paraestarem no mercado? É preciso, segundo ele,que formulemos uma proposta de carátermacroeconômico para superarmos tal problema.Precisamos de um rearranjo produtivo.

Para Santos, o momento é de diagnóstico dobarbarismo social brasileiro, e comprovando queele tem cor. Para falarmos de algumas políticasfocadas na juventude negra, precisamos pensarem alguns conceitos. E, para ele, no Brasil o con-ceito não deve ser o politicamente correto, maso moralmente correto. É preciso fazer com queos discriminados sejam cidadãos.

Para ilustrar a situação dos(as) jovens, Santos sevaleu da realidade do município de São Paulo:800 mil jovens de 18 a 21 anos estão sem em-prego na cidade. A maioria compõe o segmentopobre ou muito pobre. As crises de empregoatingem primeiramente o negro, afirma.

No que diz respeito aos processos de recruta-mento e seleção, as medidas estão cada vez maissofisticadas. A exigência do inglês, por exemplo,

é uma diferenciação subliminar. Os programasde trainees não contemplam os negros e negrasegressos da universidade, pois agregam requisi-tos que nem sempre esse segmento consegueatender.

Sobre Ações Afirmativas

Para Santos, quando o tema das ações afirmati-vas emerge na pauta de discussões sobreinclusão, a pergunta que não quer calar é: Porquê políticas de ação afirmativa? Por quê nãopensar em políticas para pobres, já que majori-tariamente a população negra é pobre?

Este argumento tem um efeito avassalador.Antes de responder a argumentos dessa natu-reza, devemos lembrar que ações afirmativasnão são meramente cópia das políticas deinclusão dos Estados Unidos, como muitosteimam em afirmar. Faz-se necessário lembrar-mos que o Brasil é pioneiro na adoção de políti-cas focadas. Temos antecedentes desde 1818com a chegada de 2000 suíços que receberamamparo legal para fundarem Nova Friburgo. Omesmo procedimento foi adotado com osalemães em São Leopoldo.

No que diz respeito à distribuição de renda, épreciso pensá-la levando em conta os gruposraciais. Salvador e Florianópolis são exemplosmagistrais: a presença do negro na primeiracapital dificulta a distribuição de renda.

É imperioso que estejamos atentos a essesmeandros porque os discursos dos economistas,

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dos cientistas sociais, dos analistas políticos eoutros especialistas do barbarismo socialbrasileiro criaram uma expressão que vem sendousada com muita desenvoltura por muitos, oapartheid social. O que deve ser desvelado é oseguinte: o que leva tanta gente, no Brasil, a nãonotar o que realmente acontece?

Faz-se mister que estejamos preparados porqueargumentos de economistas têm feito com quea gente não avance. Ninguém consegue decifraro Brasil, por isso que a gente patina. Quando meperguntam de Brasil, eu pergunto: qual Brasil?Do Brasil que se aproxima da Europa, ou doBrasil que se assemelha a Burkina Faso?

A banalização dos dois mundos é o problemamaior. A invisibilidade da questão racial é anossa grande dificuldade. Quebrar a invisibili-dade desta situação exige mais.

"A pobreza, no Brasil, é difusa: não se pode corrigirpobreza com idéias pobres. A pobreza no Brasilatinge brancos também, 30%, mas nós somos 70%."

Quando falarmos em distribuição de renda, pre-cisamos enfatizar o desemprego crônico da po-pulação negra. Os negros vieram da África sópara trabalhar. E agora recaem sobre eles osmaiores índices de desemprego.

As políticas de ação afirmativa buscam compen-sar prejuízos que se acumularam. O que fazer?

Um dado publicado no jornal Folha de S. Paulosinaliza para questões importantes em relação aoemprego e distribuição de renda: dois terços dos

empregos recentes foram dedicados a pessoascom 40 anos ou mais. Elas vêm de uma época emque a escola era melhor. E praticamente todosestes empregos são destinados a pessoas quetêm 11 anos ou mais de escolaridade. Isso signifi-ca dizer que estas pessoas não são negras.

Ainda segundo Santos, metade da populaçãonegra jovem interrompe a sua educação formalantes de terminar o primeiro grau. "Os analfa-betos funcionais deveriam ser a nossa clientelade propostas. É preciso discutir empregabilidadee não emprego. Emprego é para quem já traba-lhou. Empregabilidade é como tornar empre-gáveis o contingente que não é absorvido pelomercado", completa o professor.

A celebração de convênios com instituiçõescomo, SENAI, SENAC, etc. desponta como umaalternativa viável. Precisamos pensar em cursosde madureza profissionalizante, com bolsa, paraos(as) jovens. Cursos de 12 meses para os maisjovens. Teríamos que pensar também em pro-gramas para outros segmentos etários. Paraestes, deveriam ser pensados cursos promovidospelas prefeituras, estados e com convênios.

No que se refere às cotas, elas não deveriam serdestinadas apenas à universidade. Deve havercotas para jovens negros(as) de famílias de risco.A maior parte da nossa população na periferia éde famílias negras de risco. Na maior parte dasvezes chefiadas por mulheres. Filhos com paisdiferentes. Tragédias do dia-a-dia.

Se o que está em jogo é a empregabilidade, te-mos que qualificar as pessoas para irem ao mer-

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cado de trabalho que é privado. Precisamos bus-car as profissões para as quais há demanda.Olhar escolas federais, as FATECs, os programasmultissetoriais.

Excetuando essas propostas e alternativas, o quepodemos oferecer para a juventude negra queestá fora do mercado competitivo? Qual a nossaproposta para esse segmento?

Em meio a esses desafios, não se pode perder de vis-ta a questão de gênero. Homens e mulheres negrosnão são iguais. Políticas para mercado de trabalhotêm que dar ênfase à mulher, que é atingida de for-ma mais dura, apesar de ter mais escolaridade.

É bastante razoável que pensemos em tecnolo-gia da inclusão, a fim de criarmos modelos deprogramas de inclusão, de programas de for-mação dos chamados analfabetos funcionais.

A criatividade é um elemento fundamental paraimplementarmos as nossas políticas.

O movimento negro é o único que inova o hori-zonte das políticas no Brasil no cenário de esta-bilidade versus crescimento. Esta é a tarefa detodos(as) nós, precisamos convencer para omoralmente correto.

Para a ministra Matilde Ribeiro, "no plano dogoverno federal indicamos, com muita preten-são, apontar para o desenvolvimento econômicocom foco no social. Isso não é prática neste País.E o nosso governo federal ousou fazer isso. Odesafio é trazer o social para o centro da políti-ca de desenvolvimento, considerando a susten-tabilidade. Pensar não apenas o econômico, maso social, o racial, o gênero, o número e o grau".

6 Nos bastidores e no palco: avaliação do processoem curso, possibilidades futuras, desafios eapresentação da equipe

6.1 Perspectivas 2005 em diante

Para 2005, as atividades do Fórum Inter-governamental de Promoção da Igualdade

Racial incidirão sobre outras frentes, como ger-ação de emprego e renda. As pautas de 2004permanecem, tendo em vista a integração dasestratégias que se combinam e se completam. O

caráter das ações não é de exclusão, mas decomplementaridade e acúmulo.

A qualificação dos(as) gestores(as), por exemplo,é uma ação permanente que não sairá da pautaem 2005. Pelos relatos deles(as), dos(as)

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gestores, é possível perceber que o Fórum tempossibilitado o exercício de uma experiência ricaem trocas, negociações e diálogo. Esteves, noentanto, adverte: lidar com questões adminis-trativas, da ordem da elaboração de projetos,pensar de maneira sistêmica na montagem deprogramas e ações sobre a realidade local ou atémesmo contextualizar a questão municipal coma estadual e a federal é uma tarefa que exigepermanente acompanhamento. Embora os(as)gestores(as) possuam, conforme dito em linhasanteriores, uma trajetória política, a equipe écomposta por um público de certa forma he-terogêneo, com desníveis de formação: al-guns/mas possuem mais experiências com atemática, outros(as) menos.

Em 2005 a equipe executora do FIPIR dará con-tinuidade a esse processo, intensificando-o,alargando suas possibilidades num continuumentre o fazer e o refletir sobre. A nova parceriacom o Ibam - Instituto Brasileiro de Admi-nistração Municipal com sede no Rio de Janeiroe com 50 anos de experiência no trato dessatemática será um reforço importante. SegundoEsteves, "o Ibam contribuiu conosco em doismomentos já em 2004: o primeiro deles dizrespeito ao acompanhamento das conferênciasestaduais, preparatórias para a ConferênciaNacional de Promoção da Igualdade Racial, naconfecção dos relatórios; o segundo refere-se àapresentação a SEPPIR do projeto de formaçãodos(as) gestores(as), projeto que irá sistematizaralgumas questões já vistas em 2004. Estarão nofoco dessa atividade: questão orçamentária, deproposição e formatação de políticas públicasnesses municípios ou estados e também o moni-

toramento da implementação da Lei 10639/03. A parceria tem três objetivos: pesquisa socio-econômica que contemple os quesitos gênero eraça; capacitação de recursos humanos e com-bate à discriminação nos órgãos públicos, emespecial nos municípios e nas ocupações profis-sionais em geral.

"Creio que estamos vivendo um momento deefervescência de experiências. Temos que insti-gar e provocar a ampliação desse processo",afirmou a ministra Matilde Ribeiro. Ela avaliouser muito importante ter registros, pesquisascom números e com possibilidades concretaspara o fortalecimento da política nacional depromoção da igualdade racial. "É um longo tra-balho ao qual o Ibam se associa agora", afirmaMara de Biasi, superintendente geral do Ibam.Para ela, a entidade tem um papel importante nadifusão e na consolidação dessas conquistas. "Omunicípio é o ponto-chave da questão porqueé lá que moram as pessoas, é lá que elas têm deter acesso aos direitos, onde a discriminação defato acontece, onde a escola não atende aosdesejos de todos, onde não há emprego e renda",analisa Mara.

"Em pouco tempo vimos o crescimento rápidodo Fórum", afirmou Reiner Radermarcher, repre-sentante no Brasil da Fundação Friedrich Ebert(FES/ILDES), parceira na idealização e construçãodo FIPIR ao lado da SEPIR. Ele diz que o trabalhodo Fórum precisará cada vez mais de institui-ções, como o Ibam, que apóiem o trabalho queestá sendo realizado.

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As dificuldades de ordem infra-estrutural, otrabalho às vezes solitário do(a) gestor(a), a

falta recorrente de um orçamento específicopara a aplicação das políticas nos estados e mu-nicípios, as falhas e ruídos na comunicação são

percalços a serem superados. O tamanho domunicípio ou do estado também é um desafioque vem sendo enfrentado pelos(as) gesto-res(as).

6.2 Desafios

6.3 Alguns resultados

Os(as) gestores(as) vêm demonstrando, aolongo do trabalho nos municípios, poder de

fogo para mediarem o desenho das políticaspúblicas em seus municípios e estados. Eles vêmagregando repertório técnico e político para asdemandas no campo das relações raciais. Oreconhecimento institucional mostra que ametodologia utilizada é uma aposta correta.Segundo Vânia, gestora do município de BeloHorizonte,

A inclusão desta Coordenadoria e deoutros órgãos integrantes do Fórum,como é do meu conhecimento, pro-moveu o "empoderamento" destes namedida em que passaram a serem in-cluídos na interlocução, governo fede-ral e governo local. Ainda, oficialmente,

passaram a ter atribuição articuladoradas políticas de promoção no seu esta-do e município. (novembro/2004).

Segundo Esteves, "nós começamos em 2003com 13 a 15 organismos e, atualmente, estamoscom 52 organismos e a previsão até o final de2004 são de 70 organismos. A crescente adesãodos municípios e estados é prova da eficiênciado Fórum já na sua fase inicial. Os(as) ges-tores(as) estão se sentindo empoderados(as).Alguns municípios que integram o Fórum jáforam premiados pelas experiências com a pro-moção da igualdade racial na educação. O con-curso do CEERT - Educar para a IgualdadeRacial16 - é, para muitos(as) gestores(as), ummomento de coroação e reconhecimento dostrabalhos que vêm sendo desenvolvidos.

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16 Aberto a todos os professores da Educação Infantil, Ensino Fundamental I e II, e Ensino Médio, de escolas públicas ou privadas, o concurso do CEERTtem por objetivo: sensibilizar, incentivar e subsidiar professores e profissionais da educação para a inclusão da temática racial/étnica nos projetospedagógicos garantindo a igualdade de acesso e permanência na escola; potencializar o debate e contribuir para eliminar a discriminação; difundir eampliar as experiências educacionais que promovem a igualdade racial/étnica.

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Oplanejamento, a construção e execução dasatividades atinentes ao Fórum foram pen-

sados e deliberados por uma equipe multidisci-plinar e multissetorial. Dela participaram insti-

tuições governamentais (MEC, SEPPIR, prefei-turas, estados, secretarias de educação), ges-tores(as), Fundação Ildes, especialistas (pales-trantes nos encontros).

96

6.4 A equipe do FIPIR

Para participação no Fórum é necessário queos organismos formalizem a relação: Termo

de Adesão e Termo de Cooperação Técnica (con-

ferir anexo). Relação direta com o responsávelpelo órgão voltado às questões raciais nomunicípio ou estado.

6.5 Como aderir ao Fórum

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ANEXOS

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ACORDO DE COOPERAÇÃO QUE, ENTRE SI, CELEBRAM A SECRETARIA ESPECIAL DE POLÍTICAS DE

PROMOÇÃO DA IGUALDADE RACIAL, DA PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA, E A PREFEITURA MUNICI-

PAL DE PORTO ALEGRE, VISANDO PROMOVER A CRIAÇÃO E A IMPLEMENTAÇÃO DO FORUM INTER-

GOVERNAMENTAL DE PROMOÇÃO DA IGUALDADE RACIAL.

Aos ___ dias do mês de Maio de 2004, de um lado a SECRETARIA ESPECIAL DE POLÍTICAS DE

PROMOÇÃO DA IGUALDADE RACIAL - SEPPIR, da Presidência da República, situada na Esplanada

dos Ministérios, Bloco "A", 9° andar. Brasília - DF, doravante denominada SEPPIR, neste ato repre-

sentado por sua Ministra, MATILDE RIBEIRO, portadora do CPF nº 023.257.548-71, e, de outro lado,

a PREFEITURA MUNICIPAL DE PORTO ALEGRE, neste ato representada por seu Prefeito Municipal,

JOÃO VERLE, tendo entre si, justo e acordado, celebram o presente Protocolo de Intenções, aprova-

do pela Consultoria Jurídica da Presidência da República, resolvendo de comum acordo pactuar

obrigações recíprocas, por meio das seguintes cláusulas e condições:

ACORDO DE COOPERAÇÃO

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CLÁUSULA PRIMEIRA - DO OBJETO:

O presente Protocolo de Intenções tem por objeto estabelecer cooperação entre os partícipes, visandopromover a criação e a implementação do Fórum Intergovernamental de Promoção da IgualdadeRacial.

Para tanto, a cooperação deverá gerar ações entre os partícipes, estabelecidas em planos de trabalho,de modo a:

I - Apoiar a construção do Fórum Intergovernamental de Promoção da Igualdade Racial, visando oenvolvimento de estados e municípios que tenham organismos similares à SEPPIR;

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II - Promover ações continuadas junto aos governos federais, estaduais e municipais, por meio deorganismos responsáveis pelas políticas de promoção da igualdade racial, visando à articulação, acapacitação e o planejamento das ações políticas;

III - Direcionar a atuação dos organismos integrantes do Fórum Intergovernamental de Promoção daIgualdade Racial para o atendimento à Política Nacional de Promoção da Igualdade Racial, instituídapelo Decreto n° 4.886, de 20 de novembro de 2003.

IV - Promover o fortalecimento da transversalidade da promoção da igualdade racial nas políticaspúblicas do Município e do Estado.

V - Promover a troca de experiências e a articulação entre os organismos e identificar experiênciascomuns.

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CLÁUSULA SEGUNDA - DAS RESPONSABILIDADES:

Para a concretização do presente Acordo de Cooperação, as partes assumem as seguintes responsabili-dades:

No primeiro ano de funcionamento do Fórum - maio de 2004 a maio de 2005 - o tema prioritário doFórum Intergovernamental de Promoção da Igualdade Racial será o da Educação, cujo foco é a imple-mentação da Lei 10.639 - torna obrigatório o ensino da História e da Cultura Afro Brasileira e Africanana Educação Básica - Ensino Fundamental e Médio - (em anexo), com o objetivo de:

Contribuir para consolidação de um Programa de Inclusão do Negro na Educação Brasileira atravésda instituição de Programas de Educação para a Igualdade Racial baseados nos seguintes eixos:mudança do currículo escolar; formação de professores; produção, publicação e distribuição dematerial didático pedagógico e incentivo à pesquisa no campo das relações raciais e educação.

Realizar, através da Secretaria Municipal de Educação, seminários locais e regionais com a finali-dade de analisar, debater e estimular a implementação da Lei 10.639.

Envolvimento da Secretaria Municipal de Cultura na medida em que se trata de questões refe-rentes à Cultura e História Afro-brasileira e africana.

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Estimular a participação de ONGs e instituições públicas e privadas no desenvolvimento do traba-lho.

Após a consolidação do tema Educação/ Lei 10.639, as ações serão ampliadas para outras temáticas,sendo estas:

a) Desenvolvimento socioeconômico da População Negra nos eixos do Empreendedorismo,Trabalho e Geração de Renda.

b) Política Nacional de Saúde da População Negra

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CLÁUSULA TERCEIRA - DA OPERACIONALIZAÇÃO

As Partes Cooperantes se obrigam a mobilizar recursos humanos e materiais compatíveis com o obje-tivo do Acordo de Cooperação, de acordo com suas respectivas dotações orçamentárias.

SSããoo oobbrriiggaaççõõeess ddooss ppaarrttíícciippeess::

a) Acompanhar e controlar a execução do objeto do presente Acordo de Cooperação, propondo,de forma justificada, e quando necessário mudanças e/ou reorientações que possibilitem o aper-feiçoamento dos mesmos;

b) Nomear, de seus respectivos quadros, uma equipe de cooperação, com coordenador respon-sável pela elaboração e acompanhamento dos planos de trabalho, bem como de todo tipo decomunicação/solicitação dirigida em função do objeto ou das atividades emanadas do presenteAcordo de Cooperação.

c) Cooperar para a elaboração, implementação e execução das ações necessárias ao atendimen-to a este Acordo de Cooperação;

d) Prestar, de acordo com as possibilidades, apoio à implementação do presente Acordo deCooperação com especialistas de seus respectivos quadros.

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O presente Protocolo de Intenções não prevê o repasse de recursos entre as partes. Os contratos especí-ficos que envolverem compromissos de desembolso financeiro de quaisquer das partes signatáriasterão a sua operacionalização vinculada aos normativos próprios de cada uma das instituições, comdefinição prévia das condições de realização dos trabalhos e as atribuições e responsabilidades técni-cas, administrativas e financeiras dos Contratantes, inclusive de terceiros participantes, investidos defunções executoras ou de outra natureza.

102

CLÁUSULA QUARTA - DOS CONTRATOS ESPECÍFICOS

CLÁUSULA QUINTA - DA VIGÊNCIA E DA DENÚNCIA

CLÁUSULA SEXTA - DAS ALTERAÇÕES

CLÁUSULA SÉTIMA - DA SOLUÇÃO DE CONTROVÉRSIAS

O presente Acordo de Cooperação terá vigência, a partir da data de sua assinatura, pelo período de 24(vinte e quatro) meses, podendo ser prorrogado mediante manifestação escrita das partes. Poderá,ainda, ser denunciado a qualquer momento, por qualquer das partes e sem qualquer ônus, desde quea parte que assim o desejar dê ciência inequívoca de sua intenção à outra, com antecedência mínimade 30 (trinta) dias, sem prejuízo das ações e atividades em desenvolvimento.

O presente Acordo de Cooperação, ressalvado o seu objetivo, poderá ser alterado por Termos Aditivos,por mútuo consentimento das Partes.

As divergências, se houver, serão dirimidas de forma arbitral. De comum acordo, as Partes Cooperantesindicarão um árbitro, cuja decisão será final e inapelável. Os custos de um eventual laudo arbitral serãodivididos igualmente entre as Partes.

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103

E por estarem assim ajustados e de pleno acordo, assinam o presente Acordo de Cooperação, os titu-lares da SEPPIR e da Prefeitura Municipal de Porto Alegre, em 2 (duas) vias de igual teor e valia, na pre-sença das testemunhas que também o subscrevem.

Brasília, ___ de ___________ de 2004.

MATILDE RIBEIROMinistra de Estado da Secretaria Especial dePolíticas de Promoção da Igualdade Racial

Prefeito Municipal

Testemunhas:

1) Nome: Assinatura: Identidade:

2) Nome:Assinatura:Identidade:

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01) RRoonnaallddoo AAuugguussttoo LLeessssaa SSaannttoossGovernador de EstadoPalácio Marechal Floriano PeixotoAv. Marechal Floriano Peixoto, 517 CentroMaceió - AL57020-901E-mail: [email protected]

02) JJoosséé OOrrccíírriioo MMiirraannddaa ddooss SSaannttoossGovernador de EstadoParque dos Poderes - Bloco 8Campo Grande - MS79031-902E-mail: [email protected]

03) SSiimmããoo RRoobbssoonn OOlliivveeiirraa JJaatteenneeGovernador de EstadoPalácio dos Despachos Rodovia AugustoMontenegro, Km 9Belém - PA66823-010E-mail: [email protected]

04) WWeelllliiggttoonn DDiiaassGovernador de EstadoPalácio de KarnakAv. Antonino Freire, 1450 - Centro.64.001-040 - Teresina - PIE-mail: [email protected]

0055)) MMAARRCCOONNII FFEERRRREEIIRRAA PPEERRIILLLLOO JJÚÚNNIIOORRGovernador de EstadoPalácio das Esmeraldas Praça Dr. PedroLudovico Teixeira 1 - Centro Goiânia - GO74003-010 E-mail: [email protected]

06) GGEERRAALLDDOO AALLCCKKMMIINN FFIILLHHOO ((NNoovvooss))Governador de EstadoPalácio dos Bandeirantes Avenida Morumbi 4500 - MorumbiSão Paulo - SP06598-900E-mail: [email protected]

07) WWIILLMMAA FFAARRIIAASSGovernadora de EstadoCentro Administrativo do EstadoBR101 - km 0 - Lagoa NovaNatal - RN59000-900Tel. 84 232 - Fax. 84 232E-mail: [email protected]

08) MMaarraannhhããooGovernador José Reinaldo TavaresAvenida Jerônimo de Albuquerque, S/N - CalhauSão Luís-MaranhãoCEP 65070-900

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GOVERNADORES DE ESTADO

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09) PPAAUULLOO SSOOUUTTOOGovernador de EstadoBahia

10) PPAAUULLOO CCEESSAARR HHAARRTTUUNNGG GGOOMMEESSGovernador de EstadoPalácio AnchietaPraça João Clímaco, s/nº Cidade Alta Vitória - ES29015-110 E-mail: [email protected]

11) RROOSSÂÂNNGGEELLAA RROOSSIINNHHAA GGAARROOTTIINNHHOO BBAARRRROOSSAASSSSEEDD MMAATTHHEEUUSS DDEE OOLLIIVVEEIIRRAAGovernadora de EstadoPalácio GuanabaraRua Pinheiro Machado s/n° - LaranjeirasRio de Janeiro - RJ22.238-900 Tels.: (21) 2553.1030 / 2553.4573 Fax: (21) 2553.6162E-mail: [email protected]

12) RROOBBEERRTTOO RREEQQUUIIÃÃOOGovernador de EstadoPalácio IguaçuPraça Nossa Senhora de Salete, s/nCuritiba - PR80530-909 Tel: (41) 350-2400 - Fax: (41) 350-2420CNPJ: 76.416.940/0001-28E-mail: [email protected]

13) MMAARRCCEELLOO MMIIRRAANNDDAAGovernador de Estado

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01) PPeeddrroo WWiillssoonn GGuuiimmaarrããeessPrefeito Municipal Av. Serrado, 999Centro Administrativo MunicipalGoiânia - GO74884-092E-mail: [email protected]

02) EEddmmiillssoonn RRooddrriigguueessPrefeito MunicipalPalácio Antonio LemosPraça Dom Pedro II s/nBelém - PA66.020-240Tel: (91) 219-8202 / 224-6128Fax: (91) 225-4540E-mail: [email protected]

03) GGiillbbeerrttoo JJoosséé SSppiieerr VVaarrggaass ((****))Prefeito MunicipalRua Alfredo Chaves, nº 1333Caxias do Sul - RS90020-460E-mails: [email protected]

[email protected]

04) AAnnttoonniioo VVaallddeeccii ddee OOlliivveeiirraaPrefeito MunicipalRua Venâncio Aires, nº 2277Santa Maria - RS97010-05Email: [email protected]

05) JJoosséé FFiilllliippii JJuunniioorr Prefeito Municipal Rua Almirante Barroso, nº 111Diadema - SP09912-900E-mail: [email protected]

06) OOsswwaallddoo DDiiaass ((nnoovvoo))Prefeitura do Município de MauáEdifício Irineu Evangelista de Souza Av. João Ramalho, 205 - CentroMauá - SP 09371-900Tel: 4512-7500E-mail: [email protected]

07) MMaarrttaa SSuupplliiccyyPrefeita Municipal Praça Cívica Ulisses Guimarães, s/nSão Paulo - SP03003-060E-mail: [email protected]

08) FFeerrnnaannddoo ddaa MMaattaa PPiimmeenntteellPrefeito Municipal Av. Afonso Pena, nº 1212Belo Horizonte - MG30130-003E-mail: [email protected]

106

PREFEITOS MUNICIPAIS

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09) JJooããoo VVeerrlleePrefeito Municipal Praça Montevidéu, nº 10Porto Alegre - RS90010-170E-mail: [email protected]

10) IIzzaalleennee TTiieenneePrefeita Municipal Av. Anchieta, nº 200Campinas - SPE-mail: [email protected]

11) PPaauulloo HHeennrriiqquuee BBaarrjjuuddPrefeito Municipal Rua Elton Silva, nº 300Jandira - SP06600-025E-mail: [email protected]

12) JJooããoo AAvvaammiilleennooPrefeito Municipal Praça IV Centenário, nº 01Santo André - SPE-mail: [email protected]

13) LLuucciiaannaa BBaarrbboossaa ddee OOlliivveeiirraa SSaannttoossPrefeita Municipal Rua São Bento, nº 123 - VaradouroOlinda - PE53130-081E-mail: [email protected]

14) EEdduuaarrddoo MMeehhooaassPrefeito Municipal Rua Augusto Xavier de Lima, 251Jardim Jalisco Resende - RJ27510-090E-mail: [email protected]

15) AAnnttoonniioo JJoosséé IImmbbaassssaahhyy ddaa SSiillvvaaPrefeito Municipal Palácio Tomé de SouzaPça Municipal s/nSalvador - BA40020-010E-mail: [email protected]

16) RRoonnaallddoo LLaaggee MMaaggaallhhããeessPrefeito Municipal Av. Carlos de Paula Andrade, 135Itabira - MG35900-206E-mail: [email protected]

17) ZZaaiirree RReezzeennddeePrefeita Municipal Av. Anselmo Alves dos Santos, 600Santa MônicaUberlândia - MG38408-900E-mail: [email protected]

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18) TThheeooddoorriiccoo ddee AAssssiiss FFeerrrraaççooPrefeito Municipal Rua 25 de Março, 28 - CentroCachoeiro de Itapemirim - ES29300-110E-mail: [email protected]

19) DDaanniieell LLuuiiss BBoorrddiiggnnoonnPrefeito municipalAv. José Loureiro da Silva, 1350 - CentroGravataí - RS94000-000E-mail: [email protected]

20) EElliisseeuu FFaagguunnddeess CChhaavveessPrefeito MunicipalPça. Júlio de Castilhos, s/n - CentroViamão - RS94410-060E-mail: [email protected]

21) GGEERRAALLDDOO LLEEIITTEE DDAA CCRRUUZZ ((****))Prefeito MunicipalRua Andronico dos Prazeres Gonçalves, 114 - CentroEmbu das Artes - SP06804-200E-mail: [email protected]

22) NNeewwttoonn LLiimmaa NNeettooPrefeito municipalRua Conde do Pinhal, 2017 - CentroSão Carlos - SP13560-140E-mail: [email protected]

23) GGiillbbeerrttoo MMaaggggiioonnii ((nnoovvoo))Prefeito MunicipalPraça Barão do Rio Branco, s/n Ribeirão Preto - SP14010-140Tel: (16) 3977-9000 - Fax: (16) 635-5533 E-mail: [email protected]

24) SSeebbaassttiiããoo MMoonntteeiirroo GGuuiimmaarrããeess FFiillhhoo ""TTiiããooCCaarrooççoo""Prefeito MunicipalPraça Rui Barbosa, 208 - CentroFormosa - GO73.800-000E-mail: [email protected]

25) SSéérrggiioo BBeerrnnaaddeelllliiPrefeito MunicipalRua Estevão Domingos Pederassi, 83 - CentroPorto Real - RJ27570-000E-mail: [email protected]

26) RRoooosseevveelltt BBrraassiill FFoonnsseeccaaPrefeito MunicipalRua Luis Ponce, 263 - CentroBarra Mansa - RJE-mail: [email protected]

27) CCaarrllooss CCeellssoo BBaalltthhaazzaarr ddaa NNóóbbrreeggaaPrefeito MunicipalTravessa Assumpção, 69 - CentroBarra do Piraí - RJ27101-970E-mail:

108

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28) JJoosséé CCllááuuddiioo ddee AArraaúújjooPrefeito MunicipalRua Dr. Samuel Costa, 29 - CentroParaty - RJ23970-000E-mail: [email protected]

29) AAllttaaiirr PPaauulliinnoo ddee OOlliivveeiirraa CCaammppoossPrefeito Municipal Rua Barão de Capivari, 20 - CentroVassouras - RJTel: (24) 2471-0125Fax: (24) 2471-112027700-000E-mail: [email protected]

30) LLuuiizz AAnnttoonniioo ddaa CCoossttaa CCaarrvvaallhhoo CCoorrrrêêaa ddaaSSiillvvaaPrefeito MunicipalPça. Quinze de Novembro, 676 - Centro Valença - RJ45400-000E-mail: [email protected]

31) LLaaeerrccee ddee PPaauullaa NNuunneessPrefeito MunicipalRua Justino Ribeiro, 228 - Centro - RJPinheiral - RJ27197-000E-mail: [email protected]

32) AAnnttoonniioo FFrraanncciissccoo NNeettooPrefeito MunicipalPça. Sávio Gama, 53 - AterradoVolta Redonda - RJ27251-970E-mail: [email protected]

33) JJoosséé LLaaeerrttee DD''EElliiaassPrefeito MunicipalAssessoria de Relações Comunitárias (Recémcriada)Av. Argelino Batista Soares, 122 - CentroQuatis - RJ27371-970Tel: (24) 3353-2408 - Fax: (24) 3353-2408E-mail: [email protected]

34) EEddssoonn AAnnttoonniioo ddaa SSiillvvaaPrefeito MunicipalCentro de Referência da CidadaniaRua São Bento, 840 - CentroAraraquara - SP14801-901E-mail: [email protected]

35) MMaarrcceelloo DDeeddaa CChhaaggaassPrefeito MunicipalPça Olímpio Campos, 180 - CentroARACAJU - SE14010-140E-mail: [email protected]

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36) EEddiinnhhoo AArraaúújjoo ((nnoovvoo))Prefeito MunicipalAv. Alberto Andaló, 3.030 - 4º andarSão Jose do Rio Preto - SP15.015-000 E-mail: [email protected]

37) SSyyllvviioo LLooppeess TTeeiixxeeiirraa ((nnoovvoo))Prefeito MunicipalRua Visconde de Quissamã, 355 - Centro Macaé - RJ27910-290 Tel: (24) 2772-1992 - Ramal 313E-mail: [email protected]

38) LLuuiiss PPaauulloo VVeelloossooPrefeito MunicipalVitória - ES

39) JJooããoo PPaauullooRecife - PE

40) Mauá - SP

110

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1- Nome: EEDDMMAARR SSIILLVVAA//MMaarriissaa ddoo NNaasscciimmeennttooCCoooorrddeennaaddoorriiaa ppaarraa AAssssuunnttooss ddaa PPooppuullaaççããooNNeeggrraa ddaa PPrreeffeeiittuurraa ddee SSããoo PPaauullooFone de contato: (11) 3113-9745 / 41 / 42 / 47 /9952-1829 / 9322-2980 (Marisa)E-mail: [email protected] oouu

[email protected]@uol.com.br

Cidade/Destino: São Paulo - SP

2- Nome: JJOOAANNAA DD´́AARRCC DDOO SSAANNTTOOSS LLAARRAACCoooorrddeennaaddoorriiaa ddoo DDeeppaarrttaammeennttoo ddee CCoommbbaatteeaaoo RRaacciissmmooFone de contato: (11) 4707-2036 / 4789-4305 /4619-8215 / Celular: (11) 8183-8322E-mail: [email protected]

[email protected]/Destino: Jandira - SP

3- Nome: MMAARRTTAA IIRRIISS CCAAMMRRGGOO MMEESSSSIIAASSCCoooorrddeennaaççããoo ddee PPoollííttiiccaass PPúúbblliiccaass ppaarraa CCoommuu--nniiddaaddee NNeeggrraaFone de contato: (55) 221-8562 - Celular:9905-1697E-mail: [email protected] oouu

[email protected]/Destino: Santa Maria - RS

4- Nome: MMAARRAAIISSAA DDEE FFAATTIIMMAA AALLMMEEIIDDAAPPrreeffeeiittuurraa MMuunniicciippaall ddee SSaannttoo AAnnddrrééFone de contato: (11) 4433-0460 - Celular: (11)9599-0453E-mail: [email protected]/Destino: São Paulo - SP

5- Nome: JJOOSSÉÉ EEDDUUAARRDDOO DDAA SSIILLVVAA BBAATTIISSTTAACCoooorrddeennaaddoorriiaa MMuunniicciippaall ppaarraa AAssssuunnttooss ddaaCCoommuunniiddaaddee NNeeggrraa -- CCOONNEEGGOOFone de contato: (62) 524-2342 / 2338* -Celular: (62) 9626-6135E-mail: [email protected]/Destino: Goiânia - GO

6- Nome: VVAANNIIAA LLUUCCIIAA FFEERRRREEIIRRAA DDIINNIIZZCCoooorrddeennaaddoorriiaa MMuunniicciippaall ppaarraa AAssssuunnttooss ddaaCCoommuunniiddaaddee NNeeggrraaFone de contato: (31) 3277-4626 / 4696 / 4717/4264 - Celular: (31) 8835-3114E-mail: [email protected]

[email protected]/Destino: Belo Horizonte - MG

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"FÓRUM INTERGOVERNAMENTAL DE PROMOÇÃODA IGUALDADE RACIAL"

GESTORES PÚBLICOS

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7- Nome: TTAALLIISS FFEERRNNAANNDDOO RROOSSAA DDAA RROOSSAAGGrruuppoo ddee TTrraabbaallhhoo AAnnttii--rraacciissmmooFone de contato: (51) 3221- 2490 / 4104 -Celular: (51) 9152-6527E-mail: [email protected]

[email protected]/Destino: Porto Alegre - RS

8- Nome: AANNAA LLUUCCIIAA DDAA SSIILLVVAA SSEENNAACCoooorrddeennaaddoorriiaa ddee PPoollííttiiccaass ddee CCoommbbaattee aaoo RRaacciissmmooFone de contato: (67) 318-1078 / 1024 / 1001 -Celular: (67) 915-7646E-mail: [email protected] oouu

[email protected] [email protected] [email protected]

Cidade/Destino: Campo Grande - MS

9- Nome: CCAARRLLIINNDDOO FFAAUUSSTTOO AANNTTOONNIIOOCCoooorrddeennaaddoorriiaa ddee AAssssuunnttooss ddaa CCoommuunniiddaaddeeNNeeggrraaFone de contato: (19 )3735-1036 / 3735-1045 (Fax)- Celular: (19) 9157-1515E-mail: faustoafoxé@yahoo.com.br oouu

[email protected] [email protected]

Cidade/Destino: Campinas - SP

10- Nome: SSÔÔNNIIAA MMAARRIIAA DDEE FFRREEIITTAASS TTIIRROONNIICCoooorrddeennaaddoorriiaa ddaa CCoommuunniiddaaddee NNeeggrraaFone de Contato: (24) 3354-4160 / 3354-6374 (Fax)- Celular: 9829-7638 E-mail: [email protected]

oouu [email protected]/Destino: Resende - RJ

11- Nome: AADDEEIILLDDOO AARRAAUUJJOO LLEEIITTEECCoooorrddeennaaddoorriiaa ddoo NNeeggrroo//NNeeggrraaFone de contato: (81) 3439-5019 - Celular: (81)9912-5387 / 3495-5509 (Res.)E-mail: [email protected]

oouu [email protected]/Destino: Olinda - PE

12- Nome: HHEERRVVAALL PPIIRREESSSSEEPPPPIIRR -- SSeeccrreettaarriiaa ddee PPoollííttiiccaass ddaa PPrroommooççããoo ddaaIIgguuaallddaaddee RRaacciiaall -- EESSFone de contato: (28) 3155-5334 / 5345 -Celular: (28) 9915-5778E-mail: [email protected]/Destino: Cachoeiro do Itapemirim - ES

13- Nome: MMAARRIIAA OOLLIIVVEEIIRRAACCoooorrddeennaaddoorriiaa MMuunniicciippaall AAffrroo--RRaacciiaall -- CCOOAAFFRROOFone de contato: (34) 3235-2304 (Res.) / 3239-2449 / 9996-1914 (Wagner)E-mail: [email protected]/Destino: Uberlândia - MG

14- Nome: ZZEEZZIITTOO DDEE AARRAAÚÚJJOOSSeeccrreettaarriiaa EEssppeecciiaalliizzaaddaa ddee DDeeffeessaa ddaa PPrrootteeççããooddaass MMiinnoorriiaass -- SSEEDDEEMMFone de contato: (82) 315-2625/ 260-7294Celular: 9982-6220 / 9902-7950 / 9902-7968 (Elis)E-mail: [email protected] oouu

[email protected]/Destino: Maceió - AL

112

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15- Nome: AARRAANNYY SSAANNTTAANNAA DDOOSS SSAANNTTOOSSSSeeccrreettaarriiaa MMuunniicciippaall ddee RReeppaarraaççããooFone de contato: (71) 320-8219 / Celular: (71)9961-8512E-mail: [email protected]/Destino: Salvador - BA

16- Nome: JUULLIIOO CCÉÉSSAARR RREEIISSSSeeççããoo MMuunniicciippaall ppaarraa AAssssuunnttooss ddaa CCoommuunniiddaaddeeNNeeggrraaFone de contato: (31) 9118-5386E-mail: [email protected]/Destino: Itabira - MG

17- Nome: SSAADDII CCAAMMIILLOO DDOOSS SSAANNTTOOSS ((NNoovvooGGeessttoorr))AAsssseessssoorriiaa ddee PPoollííttiiccaass PPúúbblliiccaass ppaarraa oo NNeeggrrooFone de contato: (51) 497-4052/484-8500 -Celular: (51) 9244-6358E-mail: [email protected]/Destino: Gravataí - RS

18- Nome: MMAARRIIAA AADDEELLIINNAA GGUUGGLLIIOOTTII BBRRAAGGLLIIAAPPrrooggrraammaa RRaaíízzeess -- GGoovveerrnnoo PPaarrááFone de contato: (91) 276-3032 / 277-0159* -Celular: (91) 9988-5788E-mail: [email protected] oouu

[email protected]/Destino: Belém - PA

19- Nome: JJAADDEERR LLUUIISS NNOOGGUUEEIIRRAA DDAA FFOONNTTOOUURRAAGGTT AAnnttii--rraacciissmmooFone de contato: (51) 492-7653 - Celular:8128-9870 E-mail: [email protected] oouu

[email protected] [email protected]

Cidade/Destino: Viamão - RS

20- Nome: KKEEIILLAA MMAARRIIAA CCAANNDDIIDDOOSSeeççããoo ddee CCoommbbaattee AAoo RRaacciissmmoo ee aa DDiissccrriimmiinnaaççããooFone de contato: (16) 3374-4031 / 3374-3374 /3361-3511 (Res.) / 9114-3084e-mail: [email protected]

[email protected]/Destino: São Carlos - SP

21- Nome: VVAALLDDEEIIRR GGOOMMEESS DDEE SSOOUUZZAAAAsssseessssoorriiaa MMuunniicciippaall ddaa PPrroommooççããoo ddaa IIgguuaall--ddaaddee RRaacciiaallFone de contato: (44) 221-1550 / 1449 / 3901-1856 (Fax)E-mail: [email protected]/Destino: Maringá - PR

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22- Nome: JJUUSSSSSSAARRAA QQUUAADDRROOSS (**)AAsssseessssoorriiaa ddee PPrroommooççããoo ddaa IIgguuaallddaaddee RRaacciiaallRua Alfredo Chaves, nº 1333 - bairro Exposição- Caxias do SulCEP: 95.020-460Fone de contato: (54) 218-6000 / 218-6019 /215-2078 - Celular 9964-0187E-mail: [email protected]/Destino: Caxias do Sul - RS

23- Nome: NNIILLTTOONN DDEE SSOOUUZZAA BBIISSPPOO (**)AAsssseessssoorriiaa ddooss DDiirreeiittooss ddaa MMuullhheerrR. Ituiutuba, 05 Parque Luiza - Embu - SP Fone de contato: (11) 4704-0238 / 2935 / 4241-5074 (Nilton) - Celular: (11) 7142-4556E-mail: [email protected]/Destino: Embu - SP

24- Nome: OOJJIINNIIEELL MMAACCHHAADDOOAAsssseessssoorriiaa ddaa CCoommuunniiddaaddee NNeeggrraaFone de contato: (24) 3325-3384/3343-2568(Res.) - Celular: 9063-556E-mail: [email protected]/Destino: Barra Mansa - RJ - Rio deJaneiro - RJ

25- Nome: EEVVEERRAALLDDOO BBAARRBBOOSSAA DDEE SSAANNTTAANNAA""FFAARRIIAASS""AAsssseessssoorriiaa ddee RReellaaççõõeess CCoommuunniittáárriiaassFone de contato: (24) 3353-6129 / 2258* / 2918** ou 3353-6417 (orelhão) - Celular: 9831-9302E-mail: [email protected]/Destino: Quatis - RJ - Rio de Janeiro - RJ

26- Nome: RROOSSAAIINNEE PPEERREEIIRRAA DDAA SSIILLVVAA AAsssseessssoorriiaa ddee PPrroommooççããoo ddaa IIgguuaallddaaddee RRaacciiaallFone de contato: (24) 3353-4929 / 3353-4058- Celular: 9831-2607E-mail: [email protected] oouu

[email protected]/Destino: Porto Real - RJ - Rio de Janeiro - RJ

27- Nome: FFEERRNNAANNDDOO MMOORRAAEESS CCoooorrddeennaaddoorriiaa ddaa SSeeccrreettaarriiaa EEssppeecciiaall ddee PPoollííttii--ccaass ddaa PPrroommooççããoo ddaa IIgguuaallddaaddee RRaacciiaall ddee PPaarraattyy((IInntteerriinnoo))Fone de contato: (24) 3371-2743 - (24) 9277-9070E-mail: [email protected]/Destino: Paraty - RJ - Rio de Janeiro - RJ

28- Nome: EEDDSSOONN DDAANNIIEELL JJOOÃÃOO "" MMIISSTTEERR"" AAsssseessssoorriiaa ddee AAssssuunnttooss ddee PPrroommooççããoo ddaaIIgguuaallddaaddee RRaacciiaallE-mail: [email protected] de contato: (24) 3345-4444 Ramal 288 -Celular: (24) 9943-7579Cidade/Destino: Volta Redonda - RJ - Rio deJaneiro - RJ

29-Nome: DDOORRAALLIICCEE BBAATTIISSTTAA MMAACCHHAADDOOAAsssseessssoorriiaa ddee AAssssuunnttooss ssoobbrree aa DDeessiigguuaallddaaddeeRRaacciiaallFone de contato: (24) 3356-2039 - Celular:9825-7614E-mail: [email protected] Cidade/Destino: Pinheiral - RJ - Rio de Janeiro - RJ

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30 - Nome: GGiillbbeerrttoo MMoonntteeiirroo // AAnnttoonniioo --TToonniinnhhoo CCaanneeccããoo ((NNããoo ccoommppaarreecceerraamm IInnddeeffiinnii--ççããoo ddee nnoommee))AAsssseessssoorriiaa ppaarraa AAssssuunnttooss ddaa CCoommuunniiddaaddeeNNeeggrraaFone de contato: (24) 2453-0782 / 2452-6337 /6054 (Fax) - Celular: 9291-2731 E-mail: turismo.valenç[email protected]/Destino: Valença - RJ - Rio de Janeiro- RJ

31 - Nome: RRIICCAARRDDOO SSIILLVVAA CCEENNTTRROO DDEE RREEFFEERRÊÊNNCCIIAA DDAA CCIIDDAADDAANNIIAA

Fone de contato: (16) 201-5101 / 3334-2027 /9702-8595 E-mail: [email protected]/Destino: Araquara - SP

32 - Nome: DDJJEENNAALL NNOOBBRREE CCRRUUZZAAsssseessssoorriiaa TTééccnniiccaa ddaa PPoollííttiiccaa ddaa IIgguuaallddaaddeeRRaacciiaallFone de contato: (79) 3179-1342 / 1364 / 214-3826 (Fax) - Celular: 9963-1418E-mail: [email protected]

oouu [email protected] [email protected]

Cidade/Destino: Aracaju - SE

33 - Nome: EEDDMMIILLSSOONN BBIISSBBOO DDOOSS SSAANNTTOOSSSSeeccrreettaarriiaa eessppeecciiaall ddee PPoollííttiiccaass ddee PPrroommooççããoo eeIIgguuaallddaaddee SSoocciiaallFone de contato: (61) 631-5435 / 1100*/ 632-1067 (Fax) - Celular: 9629-1322 Cidade/Destino: Formosa - GO

34 - Nome: LLUUIIZZ CCAARRLLOOSS RROODDRRIIGGUUEESS DDOOSSSSAANNTTOOSS ((CCAACCAALLOO))AAsssseessssoorriiaa pp//AAssssuunnttooss ddaa CCoommuunniiddaaddee NNeeggrraaFone de contato: (24) 2491-9034 / 2491-9000 /2491-9011 (Prefeitura)Celular: (24) 9969-6644 (Ricardo - Secretáriode Planejamento)E-mail: Cidade/Destino: Vassouras/Rio de Janeiro - RJ

35 - Nome: MMAARRTTAA IIVVOONNEESSuuppeerriinntteennddêênncciiaa ddee PPrroommooççããoo ddee IIgguuaallddaaddeeRRaacciiaallFone de contato: (62) 565-1555 Celular: (62) 9201-8863 / 08006461555E-mail: [email protected]/Destino: Goiânia - GO

36 - EEVVAANNDDRROO RROOSSAA DDOOSS SSAANNTTOOSSAAsssseessssoorriiaa ddee PPrroommooççããoo ddaa IIgguuaallddaaddee RRaacciiaallRua Afonso Pena, 516 - Jardim Alvorada09960-490Fone de contato: (11) 4057-7451 / 7764 -Celular: (11) 9787-8656 E-mail: [email protected] oouu

[email protected]/Destino: Diadema - SP

37 - Belém - PAVai definir representante.Contato: Secretário de governo (Egídio)Fone: (91) 212-9943

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38 - Nome: LLEEAANNDDRROO SSOOUUZZAA DDAA SSIILLVVAACCoooorrddeennaaççããoo ddaa PPeessssooaa NNeeggrraa ((SSeeccrreettáárriiaaEEssttaadduuaall ddee AAssssiissttêênncciiaa SSoocciiaall ee CCiiddaaddaanniiaa))Rua Acre nº 340 - Cabral64.000-000 - Teresina - PIFone de contato: (86) 221-5972/ 221-5977(Fax) - Celular: 8803-1999E-mail: [email protected] oouu

[email protected]

39 - Nome: FFÁÁBBIIOO SS.. RREEIISSSSeeccrreettaarriiaa ddaa JJuussttiiççaa ee DDiirreeiittooss HHuummaannoossGGoovveerrnnoo ddaa BBaahhiiaaFone de contato: (71) 3115-8454 - Celular:8824-4907E-mail: [email protected] - BA

40 - Nome: FFÁÁBBIIOO DDOOSS SSAANNTTOOSSSSeeccrreettaarriiaa ddee JJuussttiiççaa ee CCiiddaaddaanniiaa ddoo EEssttaaddoo ddooRRiioo GGrraannddee ddoo NNoorrtteeSSuubbsseeccrreettaarriiaa ddee DDiirreeiittooss HHuummaannoossAv. Deodoro, 249 - PetrópolisNatal - RNFone de contato: (84) 232-2836 - Fax: 232-2835 - Celular: 9974-9403E-mail: [email protected]

41- Ribeirão Preto - SP (Nome a definir) REGI-NA BRITOCCoooorrddeennaaddoorriiaa ddoo NNeeggrroo ((??))Fone de Contato:E-mail: Endereço CEP Contatos:(16) 602-2699/9723-5172 (Regina Brito)Conselho Municipal(16) 3977-9006 (Nazaré)

42 - Nome: SSoonniiaa MMaarriiaa SSaannttooss ((VVaaii aassssiinnaarr ooTTeerrmmoo ddee AAddeessããoo ee AAccoorrddoo))CCoorraaffrroo -- FFuunnddaaççããoo MMaaccaaéé ddee CCuullttuurraaAv. Rui Barbosa, 773 - Centro27910-360Macaé - RJ Fone de Contato: (22) 2773-4354 - Celular:9213-5251E-mail: [email protected]

43- Nome: PPEEDDRROO CCAAVVAALLCCAANNTTEEPPrrooggrraammaa ddee CCoommbbaattee aaoo RRaacciissmmooFone de Contato: (81) 3425-8123 - Celular:9232-2469E-mail: [email protected]

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45- Nome: HHEELLEENNAA AALLVVEESS PPIINNTTOO ((DDIIVVAA --CCOONNTTAATTOO))CCoooorrddeennaaddoorriiaa ddaa MMuullhheerrFone de Contato: (11) 4555-5131 - Celular9965-4488E-mail: [email protected] oouu

[email protected]

46- Nome: HHEELLEENN RREEJJAANNEE MMAACCIIEELL ((NNOOVVAA)) FFAABBII--AANNAACCoooorrddeennaaddoorriiaa ddoo NNeeggrroo -- PPeelloottaassFone de Contato: (53) 225-7355 (Helen) / 222-2955 (Cristina) - Celular: 9122-9276E-mail: [email protected] oouu

[email protected]

47- Nome: LLUUCCIILLIIAA PPIINNTTOO DDIIAASS -- SSÃÃOO LLUUIISS --MMAA // CCLLAAUUDDIIAA NNEETTAA

Secretaria de Estado de DesenvolvimentoSocial-SEDESTécnico em Assuntos EducacionaisRua V-9 Condomínio Água Branca II Bloco Aptº.101 - Parque SHALONConf. PortariaNº 04/2004 de 28 de Janeiro de 2003, Fone: 226-9303 / 218-8321 / 9972-3287.E-mail: [email protected]. Rui Barbosa, 773 - CentroMacaé - RJ 27910-360

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TERMO DE ADESÃO PARA INTEGRAÇÃO NO FIPIR

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CCaammppiinnaass -- Publicação da Lei 9.777 sobre a inclusão no currículo escolar da rede municipal de ensinoda disciplina História do Negro

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CCaammppiinnaass -- Matriz Curricular com inclusão da disciplina História do Negro

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