livro elos no canteiro mais cultura
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Livro que relata as ações realizadas durante a ação Elos no Canteiro Mais Cultura, realizada via convênio com o Ministério da Cultural, que levou a Metodologia Elos a 20 comunidades de todo o Brasil. É permitida a reprodução total ou parcial do conteúdo, contanto que citada a fonte. Todos os direitos reservados ao Ministério da Cultura.TRANSCRIPT
Elosno CanteiroMais Cultura
Ministérioda Cultura
Presidente da RepúblicaLuiz Inácio Lula da Silva
Vice-Presidente da RepúblicaJosé Alencar
Ministro da CulturaJuca Ferreira
Secretário ExecutivoAlfredo Manevy
Secretária de Articulação InstitucionalSilvana Meireles
Secretário do AudiovisualNewton Cannito
Secretário da Cidadania CulturalTT Catalão
Secretário de Fomento e Incentivo à CulturaHenilton Menezes
Secretário da Identidade e da Diversidade Cultural Américo Córdula
GOVERNO FEDERAL
Secretário de Políticas Culturais José Luiz Herencia
Presidente da Agência Nacional do Cinema Manoel Rangel
Presidente da Fundação Biblioteca Nacional Muniz Sodré
Presidente da Fundação Casa de Rui Barbosa José Almino de Alencar
Presidente da Fundação Cultural Palmares Zulu Araújo
Presidente da Fundação Nacional de Artes Sérgio Mamberti
Presidente do Instituto Brasileiro de Museus José do Nascimento Júnior
Presidente do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional Luiz Fernando de Almeida
PROGRAMA MAIS CULTURA
Coordenadora ExecutivaSilvana Meireles
Diretor de Programas IntegradosVinícius Palmeira
Coordenadora de AçõesMônica Monteiro
Coordenador de Projeto de Arquitetura e UrbanismoPedro Cariello
Equipe da Coordenação de AçõesRaquel NascimentoSimone ColenAndressa Silva DiasKissyla Senra MartinsSelma SantiagoVanessa Aparecida TeixeiraLuiza Galiza
ConsultoresAlexandre Delijaicov / Eduardo TrellesIsadora Tami / José BaravelliJosé Marcelo Martins Medeiros / Lígia Nobre / Lívia MenezesRenato Schattan / Silvana Tamiazi
ColaboradoresAlexandra Maciel / Julio Eustáquio Melo
Coordenação-GeralMariana Gauche Motta
Coordenação PedagógicaThais Polydoro Ribeiro
ProduçãoMariana Felippe de Oliveira
Gestão FinanceiraAndré Luiz Rodolfo Pascoal
Consultoria PedagógicaNatasha Mendes Gabriel
Consultores:Ivo Pons / Cecilia ZanottiFernando Nacarato / Marcelo Rosembaum
Facilitadores: Ana Kelly Nóbrega / Cibele Debiasi Alberton / Dimas Reis Gonçalves Ester Souza de Brito / Gilson do Prado Carneiro / Julia Mantovani Contrera ToroLaura Salustiano Benites / Luiza de Sá Vanderlei / Mariana Felippe de OliveiraMarina Miguel Engels / Mariana Pereira Batista / Paulo Ricardo Farine MilaniRafael Ceccon de Araujo / Rubens Cunha Marcato / Tony Marlon Teixeira Santos
INSTITUTO ELOS
Realização da PublicaçãoFinder
CoordenaçãoThiago Velloso
Projeto Gráfico e CapaSP.OK Design
Direção de Arte:Jorge Amaral
Assistente de ArteMelany Sonim
FotografiaPaulo PereiraLeandro Morais (Florianópolis)
IlustraçãoRodolfo Nakakubo
Projeto EditorialFinder
Texto e EdiçãoThiago Velloso
RevisãoLourdes Rivera
Produção GráficaOsmar Carreira
ImpressãoIntergraf
É livre a reprodução total ou parcial, contanto que citada a fonte.Todos os direitos reservados ao Ministério da Cultura.
FICHA TÉCNICA
CANTEIRO DE CULTURA E CIDADANIA
menino levanta cedo. A aula começa dali a mais ou menos duas horas. Lava o rosto, escova os
dentes, veste o uniforme, come algo às pressas – sob os protestos da mãe, que sempre acha
que esse menino anda tão magro, meu Deus –, pega a mochila com o material todo arrumado
de véspera, e vai no rumo da escola.
Depois de uma jornada de estudos, o menino volta para casa. Tira o uniforme, almoça, faz a
lição às pressas, sentado já na ponta da cadeira, pronto para acionar as engrenagens que o levarão para o longe
tão perto do mundo.
Essa história, há 30, 20 anos atrás, resultaria em um menino a jogar bola no larguinho de sua vila, ou no terreno
baldio da esquina. Poderia também resultar no pega-pega pela rua ou no jogo de bafo na calçada. Ou mesmo
no pula-corda com as meninas, que também brincariam de amarelinha ou queimada com o mesmo menino e
outros tantos.
Meninos e meninas, ontem e hoje, gostam de ler quadrinhos ou um livro legal, aninhados no fundo da poltrona
da sala ou sentados, pernas cruzadas, no chão do quarto; gostam de cantar, pintar, esculpir; ouvir e contar his-
tórias. Não acham ruim ver num telão aquele filme exibido no cinema, nem se chateiam que atores num palco
encenem uma boa peça de teatro.
Meninos e meninas crescem, viram moços e moças, adultos, pais e mães e, quase sempre, avós. Desenvolvem
outros gostos além dos da infância, como namorar, viajar e participar nas decisões sobre os rumos de sua co-
munidade e de seu País.
Esses meninos, que viraram adultos, ao passar em revista as décadas que os separam de seus primeiros anos, percebem
que, se a rua já não era um lugar assim tão seguro para suas recreações, hoje elas não estão para brincadeira.
O
Compreendem que, se já fazia falta um centro cultural, biblioteca ou
clube esportivo em seu bairro quando usavam calças curtas, hoje a au-
sência desses equipamentos é ainda mais prejudicial.
Em que pese os avanços verificados na infraestrutura de cultura e la-
zer durante os últimos oito anos, ainda há muito por ser feito. Mesmo
porque não se trata de simplesmente construir prédios: trata-se de fa-
zer com que esses equipamentos sejam verdadeiramente úteis para as
comunidades nas quais estão instalados. E, quando se diz úteis, quer-se
dizer sintonizados com as necessidades e desejos de fruição, informação
e formação das pessoas.
Uma biblioteca, centro cultural, museu, quando apropriados pela comu-
nidade a qual se destinam, tendem a ser ponto de encontro de pessoas,
de reconhecimento de identidades, de articulação social. Quando exis-
tem e ficam abandonados, quem passa diante deles é inevitavelmen-
te acometido de um sentimento de frustração. Um equipamento social
ocioso é fator de rebaixamento da autoestima dos cidadãos que dele
deveriam se servir. Não faz vergonha ao gestor, distante em seu gabinete
– a comunidade é que se sente constrangida.
Quando um bairro não tem equipamento nenhum, paira um quê de
abandono. Equipamento de cultura ou de esporte é índice de qualidade
de vida, de cidadania e de desenvolvimento de um bairro ou município.
Sem espaços de recreação e de acesso a bens culturais, a juventude, em
especial a das pequenas cidades, amontoa-se em calçadas, olhando o
tempo, quem sabe calculando quanto mais de tédio é possível ainda
experimentar.
Um equipamento público, bem gerido, dinamiza a vida da comunidade, quali-
fica o ambiente do bairro, colabora com a boa convivência entre os moradores,
desperta vocações e talentos, propicia troca de experiências, dá acesso a no-
vos saberes e sensações e aumenta a capacidade cognitiva de todos que dele
usufruem.
O Governo Federal sabe disso e vem desenvolvendo ações capazes de diminuir
o déficit de infraestrutura cultural e de lazer e de aumentar a autoestima de
inúmeras comunidades. Dentre essas ações figuram os Espaços e as Bibliote-
cas Mais Cultura.
Duas características se destacam nesses Espaços e Bibliotecas: sua ar-
quitetura convidativa, acolhedora e propiciadora de encontros, trocas
e integração – entre pessoas, linguagens, ideias e práticas –, capaz de
estimular a solidariedade e a participação; e sua gestão, compartilhada
entre poder público e comunidade.
Espaços e Biblioteca Mais Cultura são lugares de cidadania, de inclusão social
pela cultura. É um espaço da sociedade, das pessoas que devem definir seu
uso e sua programação, orientar seu desenvolvimento ulterior e garantir sua
perenidade. Os mecanismos de participação também só podem, portanto, fu-
gir ao convencional: não se restringem a reuniões ou assembleias; requerem
formas criativas de envolvimento das pessoas.
É nessa perspectiva que surge o Canteiro Mais Cultura. Antes mesmo da cons-
trução do Espaço ou Biblioteca começar, a comunidade, no canteiro de obras
ou próximo a ele, está mobilizada para definir, junto com o poder público local,
o uso e a administração do equipamento; como ele deve se articular às demais
ações governamentais e sociais e se integrar ativamente à dinâmica da cidade.
Silvana Meireles
Secretária de Articulação Institucional do Ministério da Cultura
Coordenadora-Executiva do Programa Mais Cultura
Acontece que esses Espaços e Bibliotecas são implantados em áreas de
grandes carências, onde a descrença é o traço marcante da subjetivida-
de coletiva. O que fazer?
Ora, primeiro é preciso enxergar o que sobra, não o que falta. Porque se
num bairro falta infraestrutura, não falta gente com sonhos, capacidade
e criatividade. O Canteiro Mais Cultura vem justamente para tocar no
ponto que ative essa comunidade, que desperte seus melhores valores,
talentos e lideranças.
Por esse método, o Estado não diz o que fazer. Apenas convida e dá os
meios básicos. Dialoga. Permeabiliza-se. E promove encontros.
São muitas as etapas do Canteiro. A primeira é justamente esse toque,
esse start. E aqui é que entra a parceria entre o Ministério da Cultura e
o Instituto Elos, que resultou nesse trabalho que você, leitor, testemu-
nhará aqui.
O Instituto veio para agregar ao Canteiro Mais Cultura sua expertise em
mobilização social e ajudar no aprofundamento e melhoria do método
colaborativo escolhido pelo Programa Mais Cultura para implantação e
gestão dos Espaços e Bibliotecas. Ele nos oferece uma poderosa ferra-
menta de escuta e de envolvimento comunitário.
Prazer é a palavra que pauta o envolvimento: o prazer de ver o que an-
tes era oculto, apesar de evidente; o prazer de ouvir e reconhecer-se no
outro; o prazer de prospectar o possível; o prazer de fazer e transformar
e, assim, entender e reconhecer a própria força; o prazer de conquistar
e celebrar o realizado; o prazer, por fim, de apropriar-se do que é seu
porque de todos.
Já a escuta se dá prioritariamente no território do sonho, da capacidade
humana de projetar e projetar-se, de ressignificar o que parece estabe-
lecido por inércia ou omissão, de declarar o que se quer, pensar alto, em
grupo e para o grupo e de escolher o que é melhor para si e para muitos.
Temos 20 comunidades mobilizadas por intermédio dessa parceria. Mi-
lhões de reais foram investidos nesse empreendimento. O retorno é esse
que todos podemos ler aqui. E o desafio é multiplicar esse esforço na
mesma medida da escala que é necessária dar aos Espaços e Bibliotecas
Mais Cultura e à política de infraestrutura cultural do Estado brasileiro.
A meta: constituir um cenário que estimule as cidades a se organizarem
como um grande tecido educativo e cultural, no qual meninos e meni-
nas, moças e moços, senhores e senhoras possam acionar as engrena-
gens de um país socialmente justo e culturalmente democrático.
ESPAÇOS MAIS CULTURA • A MODELAGEM
demanda por equipamentos culturais que encontramos no Ministério da Cultura (MinC) des-
de a criação do Programa Mais Cultura, do ponto de vista quantitativo, é compatível com o
diagnóstico que revela extrema precariedade da infraestrutura cultural no Brasil, com impactos
expressivos sobre a qualidade de vida das populações desassistidas. Tal demanda é atestada,
no período 2008-2010, mediante a formalização de cerca de 500 solicitações para implanta-
ção de espaços e centros culturais encaminhadas ao MinC por municípios de todas as unidades da federação.
A ação de conceber e implantar Espaços Mais Cultura visou atender ao desafio de estruturar a oferta de espa-
ços culturais a partir de um modelo conceitual que extrapola a conformação arquitetônica, para incluir outras
dimensões de sustentação desses espaços como a participação social.
O Programa Mais Cultura inova ao promover a gestão participativa desses espaços culturais com base na cons-
tatação de que parte dos modelos experimentados ao longo dos últimos anos revelou-se inadequada, tanto
do ponto de vista de sua conceituação arquitetônica, quanto do seu modelo de funcionamento, de custeio, de
gestão, e também dos seus usos e programações, constituindo-se, em casos não raros, em espaços ociosos, de
elevado custo de manutenção e cujo funcionamento depende exclusivamente dos investimentos que possam
ser aportados pelo poder público.
Tratou-se, dessa forma, de ampliar a oferta de equipamentos culturais de qualidade, visando aumentar a oferta
de serviços culturais e de lazer às populações mais vulneráveis, estimulando a participação social dos beneficiá-
rios, o sentimento de apropriação, o diálogo e a parceria entre a comunidade e o poder público. Espaços de usos
e responsabilidades compartilhadas.
Com base nessas ideias, a ação dos Espaços Mais Cultura foi modelada a partir de 4 eixos integrados:
A
O primeiro diz respeito à Arquitetura, Inserção Urbana e Construção dos Espaços
Mais Cultura, com princípios baseados na escolha de terrenos com centralidade no
bairro, de fácil acessibilidade, com áreas externas de jardins. Os Espaços respondem
a um programa de necessidades que inclui a oferta de bibliotecas, pequenas salas de
cinema (ou cineteatro) e área de exposição. Os projetos apoiados devem privilegiar a
arquitetura criativa, com materiais de qualidade, visando um ambiente convidativo,
de convívio social e capaz de atender aos anseios culturais da comunidade.
Na linha do Mobiliário e Comunicação Visual, o Programa prevê que as propostas
devem estar adequadas aos contextos social, ambiental, econômico e cultural dos
locais onde serão instalados, considerando a produção, a estética e a identificação
regional.
O eixo dos Usos e Programação colabora com a ideia de criação de uma rede de
equipamentos culturais (nacional, estadual e local) para o acesso a produtos e ser-
viços culturais de qualidade, considerando-se programação ampliada, para todas as
faixas etárias, e integrada a programas municipais, atividades/eventos das organiza-
ções locais, ações do MinC e da Funarte. O princípio base deve ser a diversidade de
programação e intensidade de apropriação social.
As diretrizes lançadas sobre o eixo de Mobilização Social e Gestão fundamentam-se
na proposta de uma gestão compartilhada entre a comunidade e o poder público
no sentido colaborativo. A comunidade é vista como protagonista na implantação
e condução do equipamento, integrando o processo de construção de um sistema
local de gestão. O funcionamento compartilhado e colaborativo dos espaços pressu-
põe o fortalecimento e a capacitação da comunidade e dos gestores públicos, com
previsão de incorporação de parceiros locais, entidades comunitárias, universidades,
e outros atores.
A Mobilização Social nos Espaços Mais Cultura: primeiras experiências dos Canteiros Mais Cultura
Mônica Monteiro
Coordenadora-Geral de Ações do Programa Mais Cultura
Em parceria com o Instituto Elos inauguramos as ações do eixo de
Mobilização Social e Gestão dos Espaços e Bibliotecas Mais Cultura.
Isso representou uma série de visitas às comunidades para apresenta-
ção e discussão dos projetos que seriam instalados em cada local, um
movimento que integrava as comunidades, prefeitura e Ministério da
Cultura.
Em 2010, registramos 20 ações do Elos no Canteiro Mais Cultura em
Espaços e Bibliotecas, com atuação em 15 capitais (Brasília, Campo
Grande, Palmas, Manaus, Belém, Maceió, Salvador, Fortaleza, São Luís,
Recife, Natal, Curitiba, Florianópolis, Rio de Janeiro e São Paulo) com
investimentos da ordem de R$ 11 milhões do Programa Mais Cultura,
realizando ações prévias de mobilização social envolvendo cerca de
duas mil pessoas, como apresentado no mapa a seguir.
As ações se desenvolveram em três etapas: a) expedição – primeira
visita à área para reunião dos parceiros institucionais, líderes comuni-
tários para apresentação do projeto e ajustes operacionais quanto à
ação a ser desenvolvida; b) etapa de formação – consiste na realização
de um curso de formação para gestores públicos e líderes comunitá-
rios envolvidos na implantação do espaço. O curso está se realizando
em todas as regiões do País constituindo-se em espaço de reflexão e
debate sobre os sonhos, possibilidades, limites e alcance das políticas
públicas visando reforçar os laços de interesse e comprometimento de
todos os envolvidos na instalação do Espaço Mais Cultura; e c) Mão
na Massa – momento em que cada comunidade envolvida no processo
realiza discussões sobre o futuro e as possibilidades da comunidade
intervindo através de melhorias físicas no ambiente.
O objetivo proposto foi cumprido. As comunidades respondiam au-
mentando o grau de interesse e de comprometimento com o projeto.
O interesse das comunidades revelava-se por meio de depoimentos em
blogs, vídeos, comitês, iniciativas concretas para melhorias físicas nos
ambientes de moradia e de lazer. As comunidades se preparavam para
receber, apoiar, usar e participar da gestão dos Espaços e Bibliotecas
Mais Cultura.
É sobre essa viagem, em que fomos ao encontro das pessoas benefi-
ciárias dos Espaços e Bibliotecas Mais Cultura, para ouvir seus sonhos
e anseios, que falaremos a seguir, a partir dos registros de campo de
uma equipe que teve competência e sensibilidade para apresentar o
Programa Mais Cultura àqueles que mais precisam dele, transforman-
do-o, na prática, na marca de uma política social e verdadeiramente
democrática.
Jorge TeixeiraManaus
ConjuntoCastanheirasManaus
Parque Linear Córregodo SegredoCampo Grande
Vila Nossa Sra da CruzCuritiba
Nova ConstituinteSalvador
Vale do ReginaldoMaceió
RocinhaRio de Janeiro
Jardim NazaréSão Paulo
Vila GildaSantosMaciço Morro da Cruz
Florianópolis
PeixinhosRecife
Sítio do BerardoRecife
Nossa Sra da ApresentaçãoNatal
Autran NunesFortaleza
LiberdadeSão Luis
TapanãBelém Conjunto Ceará
FortalezaIlha do Mosqueiro
Belém
Quadra 105 e 106 SulPalmas
CEARÁMARANHÃOPARÁ
AMAZONAS
TOCANTINS
MATO GROSSO DO SUL
BAHIA
DF
PERNAMBUCO
RIO GRANDE DO NORTE
VarjãoBrasília
SÃO PAULO
PARANÁ
RIO DE JANEIRO
SANTA CATARINA
GOVERNO E SOCIEDADE JUNTOS CONSTRUINDO SONHOS COLETIVOS
á pouco mais de dez anos, desde a época em que cursávamos a faculdade de arquitetura, vimos
trabalhando com comunidades marginalizadas na cidade de Santos para despertá-las do estado
passivo de quem espera que algo aconteça por forças externas e convidá-las a descobrir seu
próprio poder de realização e o prazer de serem protagonistas da sua história.
Logo nos primeiros contatos percebemos que as comunidades estavam desacreditadas das
ações governamentais que, quando eram implementadas, nem sempre respeitavam a cultura local e, menos
ainda, a vontade dos moradores. Fez parte dessa aproximação a ingenuidade de pensarmos que, sozinhos,
poderíamos resolver todos os problemas das comunidades!
Hoje, quando olhamos para nossa trajetória até aqui, vemos que essa sensação de ingenuidade foi altamente
positiva. Foi ela quem nos levou a dar o melhor e o máximo de nós e buscar o melhor e máximo da comunidade
a fim de realizar seus sonhos coletivos. A riqueza do trabalho nos proporcionou conhecer pessoas maravilhosas,
além de uma enorme diversidade de cultura, de histórias, de conhecimentos e até mesmo de recursos materiais
em cada lugar que visitávamos.
Mais do que isso, descobrimos também uma energia enorme de realização quando reuníamos a comunidade em
torno de um sonho comum. Como resultado, entre tantas conquistas imateriais, construímos também, juntos,
uma escola, duas creches, e diversas praças e pontes. Aprendemos que, sempre juntos, podíamos muito mais do
que pensávamos.
Realizar nossa ação no contexto das políticas públicas era um grande passo que precisávamos percorrer
para potencializar nossos esforços, alcançar escala nos resultados que já vínhamos obtendo e, com tudo isso,
promover transformações efetivamente duradouras. Percebemos que, para realizar sonhos maiores e garantir a
continuidade de tantas iniciativas, a parceria com o poder público se revelava fundamental.
H
E é justamente nesse contexto que surge, no final de 2009, o feliz encontro entre o Instituto Elos e o Ministério da
Cultura - MinC, que nos convidou para somar a nossa experiência ao Canteiro Mais Cultura, no âmbito da Ação
dos Espaços Mais Cultura. O projeto Elos no Canteiro Mais Cultura representa para nós a oportunidade
de comunidade e governo descobrirem juntos suas potencialidades e talentos, e mais do que isso, de sonharem
e realizarem juntos. Também é a nossa chance de derrubarmos velhos paradigmas, como o que define o governo
como único formulador de soluções e a comunidade, como quem apenas as recebe, passivamente.
O papel da sociedade civil organizada na formulação de políticas públicas vem sendo cada vez mais reconhecido
e, comprovadamente, é base das principais iniciativas de sucesso principalmente em questões sociais em várias
partes do mundo.
O Elos no Canteiro Mais Cultura tem um alcance e potencial inovador de transformação. Almeja a
transformação no desenvolvimento das políticas públicas, dos planos e projetos, para que sejam lançados a
partir das potencialidades, dos sonhos da população, do que já existe de positivo em cada uma das diferentes
comunidades com as quais estamos trabalhando. Faz parte da nossa filosofia focar na abundância do que existe
e não exaltar o que falta, ou seja, nas limitações ou dificuldades, como muitas vezes ocorre numa situação de
enfrentamento de conflitos. A metodologia adotada no Elos no Canteiro Mais Cultura estimula que
comunidade e governo se encontrem, se escutem e decidam as prioridades explorando as diversas possibilidades e
oportunidades, tornando mais eficiente cada ação e investimento. Neste processo de envolvimento, os moradores
garantem a apropriação das intervenções – e esta apropriação significa o uso adequado, a manutenção e os
desdobramentos das ações. Em outras palavras, queremos que as comunidades percebam esses espaços e
equipamentos como delas. E os ocupem, usem, cuidem, transformem.
Nossa intenção, é oferecer ferramentas para que o governo aprimore sua condição de ouvir as pessoas, entender
sua cultura, estimular seu envolvimento e trabalhar em conjunto. Por outro lado, esperamos que as comunidades
comecem a participar mais ativamente da formulação e da execução das políticas públicas. E isso deve se
consolidar especialmente no momento em que essas políticas se transformam em projetos que chegam até as
pessoas, como as bibliotecas e os Espaços Mais Cultura.
E não é só isso. Pretendemos, ainda, estimular a formação de uma rede nacional de comunidades, estimular para
que percebam suas potencialidades para as próprias transformações. E que reconheçam os recursos existentes
dentro e em volta delas.
Envolver comunidades, governo e parceiros locais na construção de um sonho comum tendo os Espaços Mais
Cultura como cenário, além da oportunidade de aplicar a metodologia do Jogo Oasis nas cinco regiões do
País, é bastante animador para todos nós. A principal estratégia de mobilização do Elos está em promover
e incentivar ações prazerosas para todos os que se envolvem. Para nós, não há ação nem transformação
duradoura sem prazer. E a oportunidade do Elos no Canteiro Mais Cultura é, sem dúvida, uma prova
de que isso é possível.
Mariana Gauche Motta
Cofundadora do Instituto Elos e coordenadora-geral do Elos no Canteiro Mais Cultura
a experiência do Instituto Elos em materializar a visão do Ministério da Cultura em mobilização
social, acompanhamos o desenvolvimento de novas formas de interação entre as pessoas que
compõe o governo local e as comunidades, uma verdadeira ruptura das barreiras entre as
instituições, e a construção de laços de confiança entre as pessoas.
Isso só foi possível devido à oportunidade de o Governo Federal, através do Programa Mais
Cultura, investir na integração de parceiros, viabilizando a participação direta das comunidades, integrando
o parceiro local (prefeituras ou governos de Estados), criando espaços de igualdade e qualidade na relação
para desenho e materialização de novas ações em comum – neste caso, a gestão compartilhada do futuro
equipamento cultural.
Durante um ano, levamos para 20 comunidades do País o propósito de impulsionar pessoas para que assumissem
responsabilidade e refletissem sobre as possibilidades de fazer realidade seus próprios sonhos. Aceitar o desafio
de realizar sonhos coletivos demanda envolver todos e, para mim, foi maravilhoso poder unir governos e
comunidades por meio das ações nos futuros Espaços e Bibliotecas Mais Cultura.
Acredito que demos nossa contribuição para reinventar o modelo de participação e gestão por meio de ações
colaborativas em que o governo é parceiro de comunidades que assumem o papel de protagonistas de seu
desenvolvimento e de sua transformação.
Foi emocionante participar do processo em que comunidades e funcionários públicos reconheceram suas
habilidades, descobriram seus talentos, articularam suas redes de contatos e juntos sonharam e materializaram
o senso de conquista de fazer junto!
NUM TESTEMUNHO DO ENGAJAMENTO DA COMUNIDADE NAFORMULAÇÃO DE POLÍTICAS PÚBLICAS
Considero importante também destacar que tudo isso ocorreu em nível de igualdade, ou seja,
enquanto a comunidade articulava talentos, lideranças locais, o governo também fazia articulações
com diversos setores do poder público.
Um grande desafio foi adaptar a metodologia Elos – que fomenta a ação a partir da conexão de
talentos, recursos e sonhos dos diferentes participantes – à política pública, oferecendo espaço
para que o cidadão faça também a sua parte. O envolvimento e a crença de que é possível olhar
para a abundância e não para a escassez refletiu nos resultados.
Prova disso é o retorno que temos recebido, espontaneamente, dos envolvidos no trabalho nas
comunidades. Uma funcionária da Prefeitura de Belém (PA), por exemplo, nos contou que envolveu
parentes de várias regiões da cidade e que todos estão se mobilizando para replicar o Oasis em
seus bairros. E completou dizendo que “a semente da confiança, de que unidos podemos muito,
já ficou”.
Mais do que o encontro entre poder público e comunidade, foi uma experiência única poder
testemunhar o encontro entre pessoas e o surgimento de relações saudáveis com laços fortes,
capazes de sustentar a construção da sociedade com a qual sonhamos.
Minha expectativa, agora, é que as sementes que plantamos continuem gerando frutos no futuro.
As bases para uma transformação duradoura já estão garantidas!
Thais Polydoro Ribeiro
Coordenadora pedagógica do Elos no Canteiro Mais Cultura
UM ANO DE DESAFIOS E REALIZAÇÕES
urante o ano de 2010, o Ministério da Cultura (MinC), representado pela equipe do programa
Mais Cultura, e o Instituto Elos se uniram em uma iniciativa inovadora: levar para 20
comunidades do Brasil uma metodologia de empoderamento, dedicada à realização dos sonhos
dos seus habitantes. Mas não àqueles sonhados por outras pessoas, e sim os que nascem e se
desenvolvem no seio da comunidade.
Para a equipe do Mais Cultura estava claro que a construção de equipamentos culturais - bibliotecas e centros
de cultura - precisava ser acompanhada da apropriação real desses espaços pelos usuários; e da concordância
de todos envolvidos em relação aos seus formatos e funcionamentos.
A realização desse objetivo dependia, essencialmente, de despertar nos moradores o desejo de participar do
desenvolvimento desses projetos e deixar clara a disponibilidade do MinC para escutá-los e construir juntos
estratégias que fossem de encontro às demandas de todos os envolvidos.
A forma para ampliar essa participação foi encontrada no Instituto Elos, organização não governamental que
trabalha há mais de 15 anos na mobilização de comunidades marginalizadas. Sua principal ferramenta de
transformação, o Jogo Oasis, se dedica justamente ao despertar de comunidades para suas riquezas e para a
apropriação de espaços construídos de forma coletiva.
Como ferramenta de política pública, o Oasis se mostrava bastante inovador, pelo seu caráter participativo
e colaborativo. A metodologia convida as pessoas a redescobrirem o seu próprio valor e as riquezas de sua
comunidade, para que construam seus sonhos coletivos de forma lúdica e efetiva. É um jogo, repleto de
D
brincadeiras, músicas e dança... Mas também é um processo
de construção conjunta, com regras claras e metas a serem
alcançadas.
Esse casamento entre o lúdico e o real se confirmou como
uma poderosa ferramenta de mobilização e ação. Ao longo de
2010, as comunidades brincaram de construir seus sonhos,
e com isso se afirmaram como verdadeiras sociedades
organizadas, mais conscientes dos seus direitos, deveres e
do poder transformador que detêm em suas mãos. Para o
MinC, essa foi a realização de um projeto de aproximação
real da política pública em relação ao cidadão.
Para as comunidades, foi uma revelação com múltiplos
significados. Alguns deles, você confere nas páginas a seguir,
onde relatamos esse processo de construção e transformação
coletiva, seguindo o ritmo do Jogo Oasis, de acordo com suas
sete disciplinas.
oOLHAR
oAFETO
oSONHO
oCUIDADO
oMILAGRE
aCELEBRAÇÃO
aRE-EVOLUÇÃO
01
espertar as pessoas para um olhar apreciativo, voltado para a percepção do belo, da riqueza
e da abundância de talentos e recursos. Esse foi o primeiro passo dado pelo Programa Mais
Cultura e o Instituto Elos na sensibilização das comunidades participantes da ação Elos no
Canteiro Mais Cultura, para que sonhos e aspirações pudessem florescer na perspectiva
de se realizar de forma coletiva.
Acostumadas a ter apontadas apenas suas deficiências, as 20 comunidades espalhadas pelo Brasil tiveram a
oportunidade de refletir e (re) descobrir, ao longo de 2010, aquilo que há de mais precioso nas suas paisagens
humana e física. E, com isso, perceber que seus sonhos estão ao alcance das mãos e sua realização depende,
em grande parte das vezes, de uma ação coletiva e coordenada, em que a utopia e a vontade de realizar ocupam
lugar de destaque.
Mas lançar um discurso em prol da beleza das comunidades não era suficiente para ativar os desejos e nem o
potencial daqueles capazes de promover a mudança. Era preciso ajudá-los a enxergar que isso era possível e
que, na verdade, as ferramentas para transformação já estavam todas ali: nas ruas, nos comércios, nas casas,
nos corações e mentes dos habitantes das comunidades, que, acostumados à marginalização, haviam perdido
a crença nas suas capacidades.
Para estimular esse novo olhar, as equipes do Mais Cultura e do Instituo Elos se mobilizaram e iniciaram uma
caravana de visitas pelas comunidades escolhidas. Ainda em março de 2010, comunidades do Norte e Nordeste
passaram a receber as expedições Elos no Canteiro Mais Cultura., que não se prestavam apenas a
DO OLHAR
A valorização dos talentos
e riquezas da comunidade,
dar o pontapé inicial no Jogo Oasis nesses locais, mas, principalmente,
a despertar nos habitantes a motivação necessária para que eles
embarcassem em uma aventura de transformação e autoconhecimento.
Como resultado, ficaram o desejo de transformação, a redescoberta de
pessoas e paisagens e uma grande expectativa sobre o que ainda estaria
por vir.
“O nosso bairro é enorme mas não era cuidado pelos moradores. Havia
praças, árvores, parques, mas eles estavam mortos. Os moradores queriam
que esses espaços voltassem a viver. Descobrimos um bairro rico, mas
pouco cuidado e mobilizado”, lembra a estudante Amanda Oliveira, 19
anos, moradora do Conjunto Ceará, uma das primeiras cidades a receber
as equipes do Elos e do Ministério da Cultura (MinC).
Um dos bairros mais densos e populosos da cidade de Fortaleza, o
Conjunto Ceará é um loteamento da extinta Cohab, inaugurado ainda
na década de 70. Sua estrutura é diferenciada em meio a de tantas
comunidades marginalizadas do Pais. Lá, as pessoas dispõem de diversas
por meio do cultivo
escolas públicas, hospital, postos de saúde, delegacias e até quartel de
bombeiros. Entretanto, a despeito de todos esses equipamentos, havia
uma sensação de abandono, principalmente no campo da cultura, que
incomodava grande parte dos moradores.
“Mesmo sabendo que nosso bairro é, de certa forma, privilegiado pela
estrutura, vimos que ainda faltava muito a ser feito e que boa parte
daquilo que já havia sido construído estava abandonada, com pouco
uso”, diz Amanda, que se engajou no projeto tão logo o MinC e o Elos
apresentaram suas intenções e convocaram a comunidade a sonhar com
um futuro melhor e a perceber suas riquezas, que estavam para além das
construções que equipam o bairro. “Com a atividade do Olhar, aprendi a
ver as coisas de uma maneira bem diferente. Vi, por exemplo, um monte
de quadras esportivas abandonadas, espaços bacanas, mas que não
estavam sendo usados”, recorda o também estudante Tiago Jales, 22
anos, amigo de Amanda e hoje um adepto inveterado do Oasis, que ele
classifica como “viciante”.
de um olhar,
um olhar
Antes de refletir sobre as mudanças desejadas para a comunidade,
os habitantes do Conjunto Ceará precisavam evidenciar seus talentos
e formar um grupo coeso de pessoas dispostas a sonhar alto e fazer
acontecer. E, para isso, nada melhor do que algumas caminhadas e
muitas conversas com os moradores, para (re) descobrir as pessoas e os
recursos que promoveriam a mudanças.
Mas apenas caminhar e sentir-se inspirado pelo que se percebe ao redor
não é suficiente para quem pretende promover mudanças duradouras.
É preciso registrar cada passo, criar elos com os moradores do local
e, o mais importante, manter a mente e os sentidos abertos para a
experiência. Por isso, durante a prática, cada participante é estimulado a
fotografar, desenhar e registrar em texto – ou outros meios –, cada uma
das descobertas feitas durante a caminhada, para que nada se perca, e
tudo seja valorizado.
Descrever as sensações, lugares, nomes, conversas, durante uma reunião
ao fim do dia, é a próxima etapa para consolidar esse novo olhar sobre a
comunidade, mais generoso e otimista. Uma forma de perceber o lugar
por meio de uma visão voltada para a abundância, onde o foco é a
identificação das belezas, dos recursos e dos talentos. Tudo permeado
de muito respeito e reverência.
Foi esse exercício de apreciação e valorização que permitiu aos
habitantes do Conjunto Ceará experimentar uma nova comunidade, que
até então mantinha seus talentos escondidos. Ali, durante a prática
do Olhar, foram descobertos a artesã Genira, que cria paisagens em
areia e as engarrafa, os amigos Hamilton e Juruna, engajados em levar
o esporte para as crianças do bairro e Laura Alves, jovem participante do
movimento Grito da Juventude. Além disso, foram identificadas diversas
instituições comprometidas com a melhoria do bairro.
Distante milhares de quilômetros do Conjunto Ceará, a comunidade
Castanheiras, localizada em Manaus (AM), sofria a mesma sensação de
abandono. Embora extremamente rico em talentos e recursos, o bairro
carecia de mobilização, das pessoas e das instituições, para a promoção
das mudanças tão desejadas pelos moradores.
Uma dessas pessoas, também descoberta no curso da etapa do Olhar, foi
a comerciante Monica Barbosa de Oliveira, 42 anos. Conhecida pela sua
hospitalidade e pela ajuda que presta aos moradores de Castanheiras,
Monica não acreditava no potencial da sua comunidade. Não via ali
a possibilidade de uma união abrangente entre as pessoas, capaz de
promover mudanças reais e levar à melhoria das condições de vida dos
seus vizinhos.
“Hoje vejo minha comunidade de outra forma. Antes, achava que
Castanheiras era apenas mais uma comunidade, agora vejo que não. É
um lugar cheio de riquezas e com força para fazer as coisas. Desde que
estejamos sempre juntos”, afirma Monica, que diz ter passado por uma
apreciativo,
mudança radical, desde o início das atividades do Elos no Canteiro Mais Cultura. “No
começo, confesso que não acreditei 100% na realização do que estava sendo discutido, mas
hoje vejo como é possível mudar, desde que a vontade para isso parta de nós mesmos.”
A desconfiança inicial de Monica não seria um impeditivo para que ela se engajasse ao
máximo no projeto. Pois, assim como ela, também ali já apareciam pessoas que carregavam
mais certeza que descrença. Uma delas, era o professor de jiu-jítsu Vasconcelos Silva Maia,
23 anos. Atleta profissional e ativista social, o esportista também conhecido como Vasco, já
atua há anos para a evolução da sua comunidade, dando aulas gratuitas para cerca de 50
crianças do bairro. “Muitas pessoas da minha comunidade haviam perdido a esperança, a
capacidade de sonhar. Mas eu tinha certeza de que era possível. Era preciso que a gente se
unisse e voltasse o nosso olhar para as coisas boas daqui, que são muitas”, defende Vasco.
Entre essas “coisas boas” citadas por Vasco, estavam centenas de pessoas dispostas a mudar,
muitas instituições ativistas, movimentos sociais e grupos que já atuavam na mobilização da
comunidade, além de recursos e talentos que só esperavam sua descoberta.
Para a comunidade Castanheiras a maior descoberta foi a certeza de que muitas mudanças
poderiam ser realizadas se talentos como Vasco e Mônica se unissem a outros e recebessem
o apoio dos movimentos, instituições e comércios descobertos durante o Olhar – uma
atividade tão simples e, ao mesmo tempo, fundamental para dar início a um ciclo positivo
de pensamentos em prol da comunidade. “Muitas pessoas guardam seus sonhos dentro de
gavetas, pois não acreditam que seja possível realizá-los. O projeto Elos no Canteiro Mais
Cultura estimula a gente a mostrá-los”, resume Vasco. Era o início de uma aproximação
real e concreta da política pública a serviço do cidadão.
voltado para
“O projeto mostrou que nós, do poder público, também
podemos trabalhar em parceria, construindo projetos
em conjunto com comunidades e a iniciativa privada”
Marlene Trindade,bibliotecária da
Fundação Culturaldo Município de Belém (PA)
a criação de
um cenário de
O Olhar revelador também gerou um impacto motivador no
Centro-Oeste do País, onde a comunidade da Quadra 1306
Sul, em Palmas (TO), teve a oportunidade de perceber
quantas riquezas existem em um conjunto habitacional
ainda jovem, mas mesmo assim repleto de recursos e
talentos.
Lá, embora a quadra tenha sido inaugurada há apenas
três anos, já é possível notar a vontade dos moradores
em promover melhorias no seu meio e, o mais importante,
implantá-las a partir dos seus próprios desejos e com
os recursos disponíveis ali. “Só o exercício de observar
coisas aparentemente simples, mas que a gente não se
dá conta, já foi um ensinamento muito especial. Mas o
projeto é realmente muito mais que isso. Ele chacoalha
as comunidades e mostra que a mudança está nas nossas
mãos”, diz a funcionária pública Francisca D’Arc Mistenir
de Lima Pereira, 28 anos.
Um dos talentos descobertos durante a prática do Olhar
na Quadra 1306 Sul, Francisca é uma moradora atuante,
que, recentemente, assumiu a presidência da Associação
Comunitária do seu bairro, na busca por um engajamento
definitivo nas questões que afligem a comunidade. Para
abundância
ela, a ação Elos no Canteiro Mais Cultura veio em um momento em que era
preciso agitar seus vizinhos e fazer os sonhos das pessoas se multiplicarem.
As mudanças trazidas pelo novo Olhar das pessoas em relação à comunidade, segundo
Francisca, não foram importantes apenas para a construção do sonho coletivo que viria
a seguir, mas, principalmente, para o reconhecimento mútuo dos talentos e belezas
de cada um. “Eu não acreditava no potencial da minha comunidade. Sabia que havia
algumas pessoas com talentos especiais e dispostas a ajudar, mas não imaginava que
eram tantas”, avalia Francisca.
Um desses talentos aos quais Francisca se refere é o professor de artes marciais,
Marcelo Alves Dias, 34 anos, que já militava no resgate de crianças e jovens, por
meio do ensino da sua atividade. Para ele, a realização do Oasis foi uma confirmação
de que seu trabalho é fundamental para a comunidade. Já o Olhar, representou a
possibilidade de perceber um novo mundo, dentro do seu bairro – repleto de recursos
e pessoas engajadas naquilo que ele sempre imaginou: a mobilização coletiva.
“O que a metodologia do Elos tem de melhor é o reconhecimento do talento das
pessoas. É disso que mais precisamos”, diz Marcelo, para quem as descobertas
trazidas pelo novo Olhar desenvolvido pela sua comunidade foram mais afetivas,
reveladas pelo contato com seus vizinhos. “Com o Olhar descobri a amizade sincera
entre as pessoas, o amor na busca dos novos talentos da nossa comunidade e a
sensação de que, a partir de então, somos capazes de tudo”, diz. Estava plantada ali
uma semente de mudança, duradoura e capaz de manter os olhos da comunidade
sempre alertas, em busca de belezas, talentos e recursos.
“O grande mérito do programa
Mais Cultura é o de ser
democrático e descentralizador.
O projeto só confirmou
essa postura”
Cecília Zanotti,administradora de empresas
e consultora do eixoCultura e Cidadania
e possibilidades.
15
Estimular as
apropriação e o uso de um equipamento cultural passa, necessariamente, pela relação afetiva
dos usuários com o projeto que se pretende implementar em determinada localidade. Mas
antes de avançar nesse terreno é preciso fortalecer os laços das comunidades – entre seus
moradores e desses com a comunidade que os cerca.
Nesse sentido, o Oasis, em sua segunda etapa, busca despertar nos participantes um maior
sentimento de pertencimento, que permita o estabelecimento da confiança mútua entre as pessoas, assim como
o desejo de cuidar um dos outros, da comunidade e seus sonhos.
No caso da ação Elos No Canteiro Mais Cultura, a criação desses laços entre os participantes era um
passo fundamental a ser dado na busca da formação de consensos em torno do que seria realizado em cada
comunidade e, mais importante, de como essas realizações se dariam: fundamentadas no respeito, na crença
entre as pessoas, nos potenciais de cada um e no futuro mais promissor que se descortinava para os que
avançavam na “brincadeira séria” do Oasis.
Não à toa, foi durante essa etapa do processo que moradores, integrantes do Mais Cultura (MinC), de governos
locais e do Elos puderam criar uma verdadeira conexão, que ultrapassava classes sociais, crenças religiosas, raças
ou qualquer outra barreira cultural. Foi no terreno do Afeto, que diferenças ficaram de lado, para a delimitação
de um terreno comum, povoado pelos diferentes sonhos dos jogadores.
Essa construção de uma realidade de entendimentos, em que o apreço pelo outro deve superar barreiras
tipicamente preconceituosas, não poderia ser mais desafiadora – e reveladora – do que nos momentos das
formações dos moradores das 20 comunidades e representantes dos governos.
AO AFETO
relações afetivas
Ao longo de 2010, foram formadas dezenas de pessoas que, de posse
da metodologia Elos e do Jogo Oasis, levariam para sua comunidade o
conhecimento do jogo e a vontade de transformar sua realidade. Esses
encontros – realizados em Recife (PE), Brasília (DF) e Florianópolis
(SC) – , com duração de mais de uma semana, colocariam à prova
a capacidade do Oasis em conectar pessoas de diferentes origens
– e com aspirações diversas. E mais: criar nelas um sentimento de
apreço por comunidades e pessoas novas, com as quais não possuíam
qualquer vínculo prévio.
Se a barreira da falta de conhecimento era clara, as realidades em
comum partilhadas pelas comunidades brasileiras eram o grande
indicativo de que, sim, era possível estabelecer laços de afeto entre os
participantes da formação, e deles com a comunidade que visitavam, e
onde aprenderiam a construir sonhos com as próprias mãos.
“Não tenho dúvida de que todos fomos transformados durante o
Afeto. Foi nesse momento que tivemos a oportunidade de ouvir a
comunidade e perceber a falta que um equipamento cultural faz. Foi
como se todos ali tivessem experimentado uma revelação”, analisa
André Martins, 24 anos, artista, barman e morador da Rocinha (RJ),
que participou do programa de formação de Florianópolis, realizado na
comunidade do Monte Serrat, no Maciço Morro da Cruz.
entre os participantes
“No Brasil, nós ainda temos uma cultura do individualismo.
O Oasis estimula o senso do coletivo, o que é
fundamental para a evolução dessas comunidades”
Marcelo Rosenbaum,designer e consultor
do eixo Cultura e Economia
para criar
A revelação à qual André se refere, costuma ocorrer em uma
simples mas poderosa conversa, na qual moradores partilham suas
histórias de vida e, com isso, se abrem para a possibilidade de
mudança proposta. Aliás, mais do que uma conversa, nessa etapa
é fundamental exercitar a capacidade de escutar. Não apenas abrir
os ouvidos, mas se mostrar presente, interessado e, acima de tudo,
disposto a acolher o ponto de vista do outro, às vezes diferente do
nosso, mas não menos importante por conta disso.
Para André, ouvir foi transformador. Naquele dia em que ele
conversou com os moradores e construiu as pontes necessárias
ao objetivo do jogo, o artista oriundo da maior favela do Rio de
Janeiro percebeu as semelhanças e profundas diferenças entre sua
comunidade e aquela para a qual dedicaria uma semana de trabalho
árduo. “O Afeto é uma espécie de despertar. Descobrimos como nos
parecemos, embora nosso dia a dia seja tão diferente”, diz.
Na formação de Florianópolis, André teve o prazer de conhecer
uma das comunidades mais negras do Sul do País, onde ainda
se localiza um dos primeiros quilombos da região. “A Rocinha é,
talvez, a comunidade mais branca do Rio de Janeiro. Mas é um povo
guerreiro e sofrido, assim como foram os negros que fundaram o
quilombo daqui, os nordestinos que migraram para o Sul e tantos
outros”, compara.
confiança
e o desejo do
Para o apresentador do programa “Muvuka”, da TV Rocinha, Fernandes
Junior, desenvolver o Afeto em relação à comunidade do Monte Serrat
foi também uma jornada de descobrimento pessoal, na qual o resgate
do amor próprio foi o principal ganho. “Eu não tinha a dimensão do
amor que sentia por mim mesmo. Foi o contato com as pessoas do
Monte Serrat, com a realidade dura daqui, que fez esse sentimento
despertar”, afirma.
Fernandes compreendeu que, durante a prática do Afeto, além de
exercitar o ato de escutar, também é preciso evidenciar os talentos e
belezas da comunidade – atitude indispensável para a motivação e a
conexão entre os participantes do Oasis. Emocionado com o que via
durante suas caminhadas pela comunidade, Fernandes decidiu, sem
consulta prévia, convidar o rapper Djavan a dar seu testemunho sobre
sua realidade. Recado dado por meio da poesia do rap, que conectou
em definitivo aqueles que participavam da formação em Florianópolis.
“O Oasis te permite ver a realidade por um ângulo que a gente não
conhecia. De agora em diante, tratarei as pessoas com mais respeito,
sensibilidade e admiração”, afirma Fernandes, para quem o contato
com pessoas de outra comunidade foi o ponto alto da experiência.
“Se o governo me devia alguma coisa, essa dívida foi paga com essa
experiência. Com a oportunidade de conhecer as pessoas, suas histórias
e partilhar as minhas”, diz.
cuidado mútuo,
com foco no fortalecimento do
Mas além de construir pontes entre diferentes comunidades, era
preciso fortalecer os laços entre moradores da mesma região. Despertar
neles o carinho por seu bairro e admiração por aqueles que, muitas
vezes, passam despercebidos por nossa porta, à despeito de todos
os talentos que possuam e que, mesmo sem ainda saber, desejam
partilhar com o outro. A exemplo do que ocorreu em Florianópolis,
o desafio era o da conexão entre pessoas – dessa vez da mesma
comunidade.
Nada que uma boa conversa pautada no respeito, na admiração e
no desejo de construir juntos não pudesse superar. “O Afeto nos faz
descobrir, no meio de amigos tão antigos, talentos que antes não
tínhamos ideia de que existiam”, testemunha o artista e produtor,
José Carlos da Silva, 38 anos, morador do Vale do Reginaldo, em
Maceió (AL).
Também conhecido como Zé do Boi, o artista e produtor não é
exatamente um iniciante na arte de descobrir talentos. Esse é o seu
trabalho. Ele foi um dos responsáveis pelo resgate da cultura do Boi
Bumbá em Alagoas, hoje um dos orgulhos culturais do Estado. Mas,
mesmo para o agitador cultural Zé do Boi, o Oasis se mostrou uma
ferramenta de descobrimento e atenção para aquilo que está mais
próximos de nós, porém distante da nossa percepção.
“O Afeto é fundamental. Dá um a energia incrível para todos, pois
une as pessoas em torno daquele ideal. Depois disso, todos passam a
se falar, se gostar e tudo fica mais fácil”, avalia. Segundo Zé do Boi,
antes dessa etapa do Oasis, ainda pairava a dúvida sobre a efetividade
do projeto no Vale do Reginaldo. “Após a noite em que tivemos a
oportunidade de conversar uns com os outros e descobrir o talento
de cada um, não tivemos mais dúvida de que iria acontecer”, lembra.
Para o artista e produtor, a atividade ainda permitiu a afirmação pessoal
de cada um dos participantes, que desenvolveram um maior afeto não
apenas em relação ao seus vizinhos e amigos. Eles também passaram
a se admirar e a valorizar seus talentos e capacidades. “Hoje, na minha
comunidade, todos são formadores de opinião e multiplicadores do
Oasis, porque despertaram para o valor de cada um e sabem que podem
contribuir para melhorar nossa realidade”, analisa.
Essa também é a percepção do autônomo Adalberon José Lourenço da
Silva, 35 anos, o Beba, que viu no Afeto a oportunidade de descobrir
uma nova comunidade, repleta de riquezas e talentos. Além disso,
a atividade, segundo ele, estimulou em todos a vontade de trocar
conhecimentos e criar uma dinâmica de ensinamentos entre os
próprios moradores. “Tem uma senhora que faz escultura em pedras,
que já exportou até para fora do País – e jamais soubemos. Agora ela
quer ajudar a comunidade, passando o conhecimento para os jovens.
É uma mudança que veio para ficar”, decreta.
trabalho coletivo.
“Esse projeto do Ministério
da Cultura nos mostra que é
possível transformar o Brasil no
país da verdadeira democracia
participativa“
Kelly Cristina Vieira,assistente social da
prefeitura de Florianópolis (SC)
Escutar o outro
e enaltecer seus talentos.
A mudança, conforme descreve Beba é, na verdade, o
reconhecimento de algo que havia muito tempo já não era mais
olhado com a atenção devida. Uma modificação na percepção do
que está ao redor, estimulada pelo Olhar, e a valorização dessa
nova forma de perceber a comunidade, consolidada pelo Afeto.
“Agora percebo que não é apenas a associação do bairro que
pode fazer um projeto cultural para melhorar a comunidade. Todos
têm capacidade e, se usarem seus talentos, podem construir o que
quiserem”, afirma a estudante Aline de Santa Cruz Gondim, 24
anos, moradora da comunidade Estrela do Sul, localizada em Campo
Grande(MS).
Antes do Oasis, Aline percebia sua comunidade como um espaço
individualista, no qual os moradores buscavam apenas o bem-estar
pessoal. O Afeto, entretanto, modificou sua visão. “As pessoas aqui
tinham receio de se aproximar, de conversar. O afeto uniu a todos.
Agora sei que aqui existem cantores, artistas plásticos, artesãos,
pessoas que sabem fazer uma horta. Era uma cultura oculta, mas que
agora está exposta para quem quiser ver”, exalta.
29
onhar não é fácil. Essa é uma jornada que pode envolver frustrações demais, quando os sonhos
não se realizam. E eram assim, frustradas, que as comunidades se encontravam, quando o Mais
Cultura e o Instituto Elos perguntaram a elas: qual é o seu sonho?
Mas a decepção com anos de desejos reprimidos pela incapacidade de realizá-los, logo deu lugar
a diversos sentimentos positivos. Do orgulho à esperança devolvida pela possibilidade de voltar
a sonhar. Mas, desta vez, de uma forma diferente, junto com amigos e vizinhos. Sonhos simples,
porém realizáveis.
Era aqui, no terreno do sonho, que seria possível resgatar a crença das comunidades nelas mesmas. Na sua
aptidão, criatividade e, acima de tudo, no seu poder de união. O verdadeiro empoderamento seria devolver às
pessoas a capacidade de sonhar juntos, um belo – e aparentemente – impossível sonho.
Ele não precisaria ser grandioso, para valer a pena. Podia ser um simples abrigo para o ponto de ônibus, como
foi sonhado pelos moradores da Quadra 1306 Sul, em Palmas (TO). Ou uma grandiosa reforma de um teatro,
como quis sonhar a comunidade Liberdade, localizada em São Luís (MA).
Mas o tamanho do sonho não importa. Ele ganha grandeza no momento em que é compartilhado e, logo em
seguida, quando se percebe que, com a união de todos, é possível transformá-lo em realidade. E foi assim,
com o estímulo à crença na realização coletiva, que a equipe do Elos no Canteiro Mais Cultura semeou o
terreno fértil do sonhar.
Entretanto, como tudo que acontece no jogo Oasis, a etapa do Sonho também precisa aterrissar no terreno
da realidade. Segundo a metodologia, aqui começa um trabalho de coleta precioso, por meio de conversas
SO SONHO
Criar um espaço
para que se revelem as mais
profundas aspirações coletivas
“É muito bom e rico poder conhecer a
realidade de comunidades de todos os cantos do
Brasil, e perceber que as necessidades e os sonhos são
basicamente os mesmos”
Gilson do Prado Carneiro,facilitador do Instituto Elos
individuais ou coletivas, nas quais deve-se extrair os sonhos dos participantes do jogo.
Posteriormente, tudo deve ser compartilhado em um grande encontro comunitário onde,
por fim, serão selecionados os sonhos mais agregadores, ou seja, aqueles que sensibilizam
a todos.
“Foi muito emocionante quando nos perguntaram o que queríamos do espaço. Já nem lembrava
o que significava ser consultado, mas foi muito emocionante poder falar nossos desejos, para algo
tão importante”, recorda o cinegrafista Marco Aurélio da Silva, 31 anos, morador de Peixinhos,
no Recife (PE), se referindo à Refinaria Multicultural Nascedouro de Peixinhos, onde um antigo
matadouro dará lugar a um espaço vibrante de desenvolvimento cultural.
Ali em Peixinhos, como nas demais comunidades, os sonhos dos participantes do Elos no
Canteiro Mais Cultura. se encontraram. O do Ministério da Cultura (MinC), de construir
o melhor espaço multicultural desejado por aquela comunidade e o dos moradores, de contribuir
com o próprio esforço para revitalizar um local que já havia sido um dos centros de difusão da
cultura local.
“Posso dizer que era verdadeiramente um sonho ter aquele espaço de volta, mas não sabíamos
como isso iria acontecer. Naquela noite, em que compartilhamos nossos sonhos, foi reacesa a
chama da esperança em nossa comunidade. Vimos que não era preciso esperar, que já podíamos
trabalhar para a realização daquele desejo”, diz Marco Aurélio.
Para Ednaldo Fernandes Maranhão de Santos, 39 anos, também conhecido como Dadado,
o Sonho foi, antes de tudo, uma oportunidade de fortalecer a conexão entre os moradores
de Peixinhos, que parecia perdida na vala comum da descrença. “A possibilidade de sonhar
dada pelo Oasis criou um elo muito forte na comunidade, que agora não quer mais parar de
sonhar e realizar˜, afirma.
das comunidades.
“A união de trabalho e divertimento é muito
produtiva e, sem dúvida, podemos levar isso para o
nosso relacionamento com as comunidades”
Vicente Cesário da Cruz,agente cultural da
Secretaria de Culturade Curitiba (PR)
Entre os sonhos aos quais se refere Dadado, estava a criação de
um espaço de vendas para os artesãos locais, aulas de teatro na
Refinaria Multicultural, a descoberta e mobilização de novos talentos e
atividades culturais permanentes no novo espaço. A maioria deles serão
contemplados pela iniciativa do Mais Cultura, porém, o mais importante,
segundo os moradores, é que agora a crença de que eles serão
realizados, já é uma realidade na comunidade. “Voltamos a acreditar
em nós mesmos e agora sabemos que podemos sonhar e realizar o que
quisermos”, analisa.
A sensação de poder experimentada pela capacidade de sonhar é
também uma consequência direta da relação entre os sonhos de pessoas
diferentes, como atesta o estudante Anderson Ferreira da Silva, 29 anos,
morador da comunidade da Ilha do Mosqueiro, em Belém (PA). “Os
sonhos dos indivíduos se harmonizam com os do coletivo. Isso nos dá
a confiança de que podemos acreditar em mudança, já que todos têm
interesses comuns e a vontade de mudar”, avalia.
Em sua experiência durante a realização do Oasis na Ilha do Mosqueiro,
Anderson viu, por mais de uma vez, as pessoas se mostrando desanimadas
com suas realidades e, por isso, descrentes na mudança proposta pelo
projeto Elos no Canteiro Mais Cultura. Essa situação , no
Quanto mais
genuíno
entanto, foi mudando lentamente, à medida que o jogo avançava e,
com ele, as descobertas de uma comunidade repleta de riquezas.
“O interesse aqui na comunidade cresce a cada dia, e os sonhos
só aumentam. A metodologia Elos e o Jogo Oasis são realmente
transformadores e deixam um legado muito importante: o desejo
de aprender cada vez mais sobre elas, para continuar mudando e
crescendo”, diz.
Mas, para além das avaliações sobre os diversos impactos do Sonho e do
Oasis na sua comunidade, Anderson também descobriu um novo mundo
de possibilidades no seu universo, a partir da participação no projeto.
“Antes eu me sentia sozinho com meus sonhos. Agora me sinto unido
aos vários pontos da comunidade, que antes pareciam distantes, mas
são muito próximos.”
A postura da escuta ativa proposta pelo Sonho, de acordo com o estudante,
foi de fundamental importância para promover uma maior união da
comunidade e para a aproximar os moradores dos órgãos públicos. “Essa
nova postura de escutar os sonhos da comunidade, gera um ciclo positivo na
comunidade. Nós nos sentimos mais protegidos, não temos o sentimento de
que aquilo não vai dar certo, de que nosso trabalho vai ser
desperdiçado”, defende.
for o sonho,
Ao dar voz ativa à comunidade, o Mais Cultura também criou um elo
forte com seus moradores que, agora, mais confiantes pela capacidade
renovada de sonhar, não se furtarão fazer as cobranças necessárias
para que o poder público cumpra sua parte na construção do sonho
coletivo que uniu todos em torno do Elos no Canteiro Mais
Cultura. “Agora cobrarei para a biblioteca sair do papel, porque lutei
e trabalhei por isso. Quero participar no que for preciso, para poder
usufruir, no futuro, de um espaço que também é meu. E também quero
que essa biblioteca se mantenha funcionando para os meus filhos e os
filhos deles”, afirma o estudante Erik Tarcísio de Oliveira David, 23 anos,
também morador da Ilha do Mosqueiro.
O MinC, por sua vez, ao adotar a postura de ouvinte dos desejos das
comunidades, não apenas se abriu às cobranças que virão,
mas também reacendeu a chama da cidadania nos moradores,
agora mais integrados à sociedade. “Essa iniciativa foi muito
importante para que, de agora em diante, possamos fazer valer
nossos direitos e deveres, antes esquecidos”, reflete o estudante
Elton Barbosa, morador do quilombo do Maciço Morro da Cruz,
em Florianópolis (SC).
Para ele, os sonhos registrados no Oasis da comunidade são ainda
pequenos, face os desafios que se apresentam, a partir de agora. “O
resgate do trabalho coletivo, algo que sempre existiu nos quilombos,
nos motiva a voltar a viver de uma maneira mais unida.
maior o apoio que ele receberá.
Esse projeto foi importante para fortalecer os vínculos na nossa
comunidade, para que possamos nos preparar e levar essa ideia para
outros locais também”, ambiciona.
No Monte Serrat, Elton foi apenas um dos muitos moradores que viram
no projeto uma oportunidade de realizar os sonhos há tanto tempo
esquecidos. Como ele, um dos mais antigos moradores do local, João
Ferreira de Souza, 74 anos, o seu Teco, acredita que o Elos no
Canteiro Mais Cultura vai trazer de volta a união entre as 12
comunidades que formam o Maciço do Morro da Cruz.
“Antes de se chamar Maciço do Morro da Cruz, esse local era conhecido
como União das Comunidades. Todas as segundas-feiras, as pessoas se
reuniam para debater o que seria feito para melhorar nossas condições.
Agora temos a oportunidade de fazer isso voltar a acontecer, para o bem
de todos os moradores daqui”, aposta, seu Teco.
A dona de casa Helena dos Santos é uma das provas de que o sonho
de união das comunidades do Maciço não está distante de se realizar.
Moradora de Nova Trento, uma das comunidades integrantes do morro,
Helena decidiu se engajar na formação do Oasis no Monte Serrat. “Ao
ajudar a construir o sonho do Monte Serrat, também realizei o meu,
que era estar aprendendo essa metodologia, para poder levá-la para
minha comunidade. Aprendi também que sonhos bons, são aqueles que
sonhamos em conjunto e, por isso, quero multiplicar esse projeto em
quantas comunidades puder.”
43
onhos comuns estabelecidos, vontade de mudar em alta. É chegada a hora de partir para ação,
planejando cuidadosamente cada etapa do que virá a seguir e reunindo aqueles recursos
necessários para a concretização dos desejos já tão amplamente discutidos.
É na etapa do Cuidado que a materialização dos sonhos começa a acontecer. Primeiro, pela
montagem das maquetes e planejamento das ações que levarão à conclusão dos objetivos. Em
seguida, pela caça aos recursos e talentos necessários para a realização das metas estabelecidas pelos próprios
participantes do jogo.
No caso da ação Elos no Canteiro Mais Cultura, alguns desafios foram adicionados à dinâmica
do Oasis. O projeto estava estruturado nos três eixos do programa Mais Cultura: Cultura e Cidades, Cultura e
Economia e Cultura e Cidadania.
O primeiro se refere à concretização dos sonhos físicos da comunidade, como a reforma de escolas ou centros
culturais, a construção de mobiliários, criação de espaços de convivência, entre outros itens visíveis aos olhos. Já
o eixo Cultura e Economia busca o aproveitamento dos talentos e recursos locais para gerar renda comunitária.
Aqui se enquadravam a organização e sistematização da produção e venda de artesanatos, roupas, acessórios
de moda, comidas típicas e demais produtos de valor já confeccionados pela comunidade. Por fim, o eixo Cultura
e Cidadania tem por objetivo exaltar a beleza do local, por meio da montagem e implementação de roteiros
de turismo comunitários que, mais uma vez, pudessem elevar a renda local e a autoestima, ao mesmo tempo.
SO CUIDADO
Planejar cuidadosamente
Após considerar os três eixos e planejar as ações por meio da busca de referências positivas,
montagem de maquetes, desenhos de roteiros de turismo e estratégias de produção e venda
de produtos, sempre com o cuidado em escolher a melhor linha de ação e incluir nela todos
os sonhos da comunidade.
Os participantes também se concentraram em manter coesos os objetivos do jogo, cuidando
de si, do outro e do sonho comum. Além de outro passo fundamental: dividir os jogadores
em equipes, encarregadas do contato com parceiros locais, da busca dos recursos, do convite
aos moradores e outras ações necessárias ao bom andamento do processo.
Nessa etapa também foram postas à prova as habilidades dos participantes em unir a
comunidade em torno do jogo, por meio de uma ação coordenada de captação de recursos
que exige a derrubada da barreira psicológica, por vezes impeditivo para as pessoas pedirem
uma simples ajuda. Não para o benefício próprio, mas para o bem de toda a comunidade.
“Com o Cuidado aprendi tanto com o sim, quanto com o não. Agora sei apreciar o sorriso
sincero de quem dá uma lata de tinta, empresta uma ferramenta, mas também com aquele
que se recusa a participar. Acima de tudo aprendemos a cuidar do outro, procurar saber
sempre como ele se sente”, descreve a estudante Barbara da Silva Jota, 18 anos, moradora
da comunidade Autran Nunes, em Fortaleza (CE).
A experiência de Barbara sintetiza o Cuidado, um misto de convite, escuta, pedido e persistência.
“Nosso maior desafio era conseguir os recursos, pois a comunidade se encontrava muito
desacreditada”, diz. “Um exemplo foi quando pedimos cadeiras e mesa à diretora da nossa
escola, que recusou imediatamente. Quando ela viu nossa motivação e a dos seus próprios
alunos, acabou nos cedendo o material e se envolveu no projeto. Foi emocionante”, lembra.
as estratégias e projetos
que representam
Para ela, quando se passa a cuidar de si próprio e do outro, os recursos
necessários à construção de um sonho se multiplicam e adquirem uma
riqueza antes imperceptível. “Foi tudo muito simples. Nossos recursos
eram poucos, mas com nossa força de vontade se transformaram em
muitos”, exalta.
“Conseguimos mudas de árvores, tinta, pneus, pincéis, água, cimento,
areia, merenda e o recurso mais importante de todos: as pessoas”,
recorda Joyce Paixão da Silveira, 22 anos, educadora e também moradora
de Autran Nunes. Segundo ela, o trabalho de convencimento para
que as pessoas doassem o possível e participassem da construção do
sonho coletivo também deixou uma semente de união na comunidade.
“A comunidade mudou muito. Está mais unida e deseja realizar novos
Oasis. Alguns adolescentes que vendiam crack deixaram a droga de lado
para participar e nunca mais voltaram ao tráfico”, comemora.
A experiência de buscar recursos e talentos também transformou
aqueles que ainda não haviam experimentado o Oasis em sua própria
comunidade, como foi o caso do tatuador Maximiano Pinheiro Martins,
21 anos, o Max, morador da comunidade Tapanã, em Belém (PA),
o conjunto de sonhos
“Sempre ansiamos por essa grande união entre os governos Federal, Estadual
e Municipal. Com esse projeto, toda a sociedade sai
ganhando”
Carlos Eduardo da Silva Barbosa, mediador da
Secretaria de Culturado Estado do Rio de Janeiro
“As comunidades que estão recebendo os Espaços e
Bibliotecas Mais Cultura terão o privilégio de fazer parte de uma rede rica e mágica, com
um poder de realização que as extrapola”
Mariana Felippe,facilitadora do Instituto Elos
coletivos da comunidade,
participante da formação do Norte e Nordeste no Sítio do Berardo, no
Recife (PE). “O processo me mostrou a importância de demonstrar o
amor pelo outro, cuidar para que eles se sintam confortáveis. Também
entendi que, por mais necessitada que a pessoa seja, ela sempre tem
algo a oferecer para seus vizinhos e amigos”, reflete Max.
Morador do Sítio do Berardo, o eletricista Carlos Alberto da Silva, 58
anos, se envolveu no projeto quando foi procurado pelos participantes
do Oasis para que se envolvessem com a doação de recursos ou do
seu talento. Sua participação acabou indo além do que já pratica na
sua profissão: ele emprestou um conjunto de ferramentas, sem as
quais dificilmente o sonho daquela comunidade se concretizaria como
planejado. “Foi uma experiência de troca muito importante. A gente deu
o que podia e isso vai fazer com que todos zelem pelo que foi feito, já
que ali existe um pouquinho de cada um que participou”, resume.
A postura de Carlos Alberto é também refletida no discurso do
historiador Angelo Felipe, 32 anos, morador do Berardo e representante
da comunidade naquela formação. Segundo ele, o pouco conseguido
durante o Cuidado, representa um passo enorme para sua vizinhança, tão
cuidando de si, do outro,
pouco acostumada a se unir em torno de um ideal coletivo. “Os anseios
da comunidade são muitos e não se resolveram com essa iniciativa. Mas
ela deixa uma semente de otimismo e uma sensação de que, com a
participação de todos, poderemos cuidar melhor da comunidade.”
O otimismo verificado no Sitio do Berardo também começou a tomar
forma na comunidade Vila Nossa Senhora da Luz durante o Cuidado,
quando os moradores se reuniram para construir a maquete do sonho que
seria realizado nos próximos dias. “Foi um momento emocionante, pois
ali começamos a dar um desenho real para o sonho, com a montagem
dos bancos, lixeira, das mudas de árvore, tudo na nossa maquete. Foi
simples mas nos deu ainda mais esperança de que iríamos conseguir”,
lembra o técnico mecânico José Ney da Silva, 57 anos.
De acordo com ele, foi essa etapa do Oasis que consolidou o elo entre
os moradores da comunidade que participaram do Oasis. “Quando a
maquete ficou pronta, tivemos a certeza de que iria acontecer. Só
dependia de nós, assim como é nossa a responsabilidade de manter vivo
e forte o elo que foi formado entre as pessoas, para que esse projeto se
multiplique na nossa comunidade.”
e das aspirações de todos.
55
adeiras abandonadas que viram bancos, mesas, lixeiras, balanços para crianças. Tiras
de tecidos que se transformam em roupas, acessórios, bolsas, colchas. Terrenos antes
abandonados, belezas escondidas que se tornam pontos turísticos. Nos dois dias dedicados
ao Milagre o impossível se torna visível aos olhos.
Também conhecido como Mão na Massa, o Milagre é o território da realização, onde
os sonhos finalmente se tornam realidade. Um verdadeiro acontecimento, no qual cada
prego retorcido, lata de tinta já utilizada, pneus velhos, antes destinados a aumentar o lixo da cidade, ganham
uma nova vida, com um valor inestimável para aqueles que passaram a semana planejando um sonho antes
inimaginável.
A alegria contagiante dos participantes do Oasis convence aqueles que ainda tinham dúvidas: sim, é possível,
se caminharmos juntos e acreditarmos no valor de cada um, e na utilidade do que antes era descarte e que, a
partir de agora, passa a ser paisagem rica para aqueles que acreditam. É o ponto alto do Oasis, onde qualquer
dúvida se transforma em crença e a impossibilidade cede o lugar à realização.
Foram 20 comunidades beneficiadas pelo projeto Elos no Canteiro Mais Cultura. Mas os sonhos
realizados excederam as centenas, já que para cada muro pintado, roupa costurada, escola restaurada havia um
sonhador com um sorriso no rosto que, dali em diante, passava a ser o dono do seu sonho realizado. Simples e
completo, como um broche de fuxico ou uma tiara de arame.
Na Liberdade, a força do coletivo permitiu a construção de bancos novos, sofás, cortinas, mesas e cadeiras, além
da confecção de bijuterias para venda e outros artigos produzidos pelas talentosas mãos dos artesãos locais.
MO MILAGRE
Um presente dado
“A comunidade precisava daquele espaço, porque todos querem tirar as crianças da rua, dar
um novo sentido para a vida delas. A comunidade fez por ela mesma, mas, principalmente,
pelo filhos, pelo futuro”, diz o dançarino Mauricio Pestana Silva, 23 anos.
Segundo o eletricista Diego Henrique Oliveira Sousa, 23 anos, enquanto costuravam tecidos,
batiam pregos nas madeiras e reformavam móveis depredados, os moradores da liberdade
se divertiam como se estivessem em uma festa. Uma confirmação de que a metodologia foi
aplicada como esperado: uma brincadeira séria. “Conseguimos fazer tudo que queríamos,
mas em um clima de diversão e brincadeiras. Construímos um sonho com muitas risadas, o
que nos deixou mais integrados e contentes”, lembra.
Foi nesse mesmo clima de brincadeira que a comunidade Tapanã, localizada em Belém (PA),
se reuniu com um projeto ousado: o de reformar toda a praça Cordeiro de Farias, um espaço
bastante agradável, que se encontrava praticamente abandonada.
Ao reunir recursos dos mais diversos durante a etapa do Cuidado, os moradores do local
se dividiram em três equipes que se encarregariam da reforma da quadra de basquete
do espaço, da recuperação dos espaços verdes da praça e da pintura do local. Feito o
planejamento, era chegada a hora de partir para ação.
Dois dias de trabalho intenso, e quase todos os objetivos foram alcançados. Entre as realizações
estavam o plantio de diversas mudas de árvores e flores, a pintura de canteiros, bancos,
mesas, brinquedos, equipamentos de ginástica, a construção de um novo brinquedo com
pneus usados, além da reforma completa da quadra de basquete, agora pronta para receber
os jovens da região. “Se conseguimos fazer uma vez, isso significa que conseguiremos fazer
sempre”, afirma o tatuador Maximiano Pinheiro Martins, 21 anos, o Max.
“O projetoElos no Canteiro Mais Cultura proporcionou a certeza de que,
se trabalhamos juntos, com planejamento, participação
e sensibilização das comunidades, é possivel atingir qualquer objetivo em um curto
espaço de tempo”
Maria Teresa deAlbuquerque Medeiros,
assistente social daSecretaria de Infraestrutura do
Estado de Alagoas
a si e ao outro,
por meio da ação coletiva
transformadora
A sensação de perpetuação de um sonho realizado é, aliás, uma sensação comum a
todos os participantes do projeto Elos no Canteiro Mais Cultura. “Antes
via minha comunidade muito desunida, as pessoas distantes umas das outras. Com
a iniciativa do MinC percebemos que podemos construir muitas coisas, desde que
façamos isso unidos. Não vamos parar por aqui”, decreta o produtor cultural Dercides
Nunes, 49 anos, morador da comunidade Estrela do Sul, em Campo Grande.
Naquela comunidade, a união permitiu algumas mudanças muito simples, mas que
transformaram a paisagem e o ânimo do local. Sempre juntos, os moradores ocuparam
um espaço antes vazio e transformaram em um parque infantil com gangorras, casinha
de brinquedo e balanços. Também se construíram mesas e cadeiras, a partir de carretéis
de fios elétricos descartados. Por fim, foram revitalizadas duas quadras do calçadão
próximo da escola estadual, com a retirada de entulhos, pintura dos muros, plantio de
mudas e o fechamento de buracos.
“Sempre fui a favor de trabalhar com o coletivo, mas o Oasis me fez valorizar muito mais o
trabalho em conjunto. Agora tenho a certeza de que o trabalho, quando feito com prazer, e
com divisão de responsabilidade, pode ser extremamente produtivo”, analisa o presidente
da Associação de Moradores da Estrela do Sul, João Marcelo Pereira, 37 anos.
Para ele, além da sensação de dever cumprido ficou também o aprendizado
proporcionado pelo Oasis. Não o da metodologia, mas aquele que veio com a troca
de conhecimentos com seus vizinhos e amigos. “No Milagre existe uma troca de
informações muito grande. Oferecemos nosso conhecimento e recebemos o dobro em
troca. Aprendi a fazer balanços, brinquedos, móveis e, assim, vou poder ajudar ainda
mais minha comunidade”, diz João Marcelo.
apoiada pelos recursos
Não tão distante dali, em Palmas (TO), na comunidade da Quadra 1306,
a troca intensa de saberes também mudou a forma como a comunidade
se relaciona, conforme atesta o professor de artes marciais Marcelo Alves
Dias, 34 anos. “Finalmente tivemos nossos talentos reconhecidos e isso
muda a comunidade, que passou a acreditar em si mesma e percebeu
que pode fazer mais , sem esperar pelo poder público”, avalia.
O reconhecimento, ao qual se refere Marcelo, oferecido pelo Elos
no Canteiro Mais Cultura incentivou a comunidade a fazer
mudanças que jamais serão esquecidas, segundo ele próprio. Ali, em
uma comunidade ainda muito jovem, cerca de 40 pessoas se uniram para
limpar um terreno completamente coberto pela vegetação e realizaram o
sonho de oferecer às crianças um parque infantil com carrossel, casinha
de madeira, balanços e bancos. Mais adiante, um outro grupo construiu
um abrigo em um dos pontos de ônibus da comunidade.
“O abrigo parece algo simples, mas no calor de Palmas é muito
importante. Só esse trabalho no ponto de ônibus já mudou radicalmente
nossa comunidade, que agora sente um orgulho muito grande de si
mesma. Faremos outros dois e o que mais for preciso para deixar o
bairro como queremos”, prevê a funcionária pública Francisca D’Arc
Pereira, 28 anos, para quem o Milagre é, acima de tudo, um exercício de
superação. “No começo é difícil acreditar que faremos tudo em apenas
dois dias, mas à medida que o tempo passa, começamos a perceber
nossa força, muito maior do que imaginávamos”, comemora.
Se a força de uma comunidade já pode ser tão transformadora, o
que dizer quando pessoas de quatro cidades – São Paulo, Santos,
Curitiba e Rio de Janeiro – se unem para modificar a realidade de uma
comunidade, em conjunto com seus moradores, como aconteceu na
formação do Oasis na comunidade do Monte Serrat, em Florianópolis
(SC)?
“O que vimos acontecer aqui é uma verdadeira revolução.
Precisamos criar um elo entre todas as comunidades do Brasil,
para que possamos mudar a realidade dos milhões de pessoas
esquecidas. Esse projeto é algo maravilhoso, que vai mudar a
cara do País”, sentencia o técnico mecânico José Ney da Silva,
57 nos, também conhecido como Faísca, um dos formandos da
etapa de Florianópolis.
De acordo com ele, um dos mais ativos no eixo de Cultura e Cidades,
a experiência do Oasis deve se tornar um marco na história da relação
entre o poder público e as comunidades marginalizadas do Brasil.
“Somos repletos de riquezas e muitas vezes a política acaba impedindo
que elas se desenvolvam. Esse projeto devolve o poder de mudar para
as pessoas . Eu nunca vi nada igual”, sentencia.
Mesmo que o Elos no Canteiro Mais Cultura não alcance o
status de marco histórico, como esperado por Faísca, para a comunidade
do Monte Serrat, certamente o projeto vai deixar um legado de união
e mudança, como há tempos seus moradores não experimentavam.
abundantes da
comunidade
“Meu maior objetivo no projeto era fazer com que as
pessoas percebessem o que há de rico em torno delas.
Tenho certeza que alguém levará a ideia dessa iniciativa
adiante”
Fernando Nacarato,arquiteto e consultor do eixo
Cultura e Cidades
e motivada pela força
Durante os sete dias da formação, os participantes do projeto e os
moradores ocuparam a escola Lúcia do Livramento Mayvorne, o
quartel-general do Oasis e principal foco das mudanças promovidas
ali. E as melhorias não foram poucas.
No eixo Cultura e Cidades, por exemplo, carretéis de fios elétricos
foram transformados em mesas, cadeiras, bancos e em um palco
para apresentações. O parque infantil foi integralmente restaurado
e um novo espaço de convivência foi criado. Para aqueles que
trabalharam na área de Cultura e Cidadania, a experiência permitiu
descobrir belezas escondidas em um dos morros mais belos de
Florianópolis. Mirantes pouco visitados, passaram a integrar
roteiro de turismo comunitário do Monte Serrat.
Já os integrantes da turma da Economia e Cultura promoveram
uma reviravolta no ambiente econômico local. Por meio de oficinas
de moda, gastronomia, artesanato e tranças afro, reativaram esses
setores, que pareciam adormecidos. Durante o Oasis foi criada
a marca Monte Serrat e foram produzidas dezenas de roupas e
acessórios, bonecas de pano, colchas de fuxico, entre outros
produtos. Todos comercializados no último dia do Mão na Massa,
durante uma feira realizada na própria localidade.
Um trabalho de resgate cultural, que certamente vai deixar uma
semente de transformação para os habitantes dali. “Sempre
produzi, por diversão, bonequinhas de Abayomi, que são uma
herança das escravas. Mas o Oasis me mostrou que eu não sabia só
produzir, mas que também podia ensinar os outros. Agora espero
montar uma cooperativa para reunir as artesãs daqui”, projeta a
operadora de telemarketing Khristiane Silva, 31 anos.
A descoberta do talento escondido dentro de si também mudou
o estudante Elton Luiz Barbosa, 17 anos, agora guia turístico
do roteiro comunitário. “Nunca tinha tido a oportunidade de
apresentar minha comunidade para alguém. Agora poderei fazer
isso e ainda ajudar na renda do lugar onde vivo e do qual sinto
muito orgulho”, diz Elton. Para ele, e muitos outros participantes
do Elos no Canteiro Mais Cultura, a transformação
promovida pelo projeto se estende além de qualquer mudança
pessoal ou até mesmo comunitária. “Esse projeto vai chacoalhar
as comunidades brasileiras. E elas precisam mesmo ser acordadas,
porque ninguém sabe solucionar melhor nossos problemas do que
nós mesmos”, conclui Francisca D’Arc Pereira, de Palmas.
do sonho comum.
71
Reconhecer e celebrar
ma etapa curta e simples, porém repleta de significados. A Celebração é o momento no qual a
rede de participantes e parceiros formada durante o Oasis se reúne para expor os sentimentos
acumulados durante a experiência e comemorar a realização dos sonhos, por meio da exaltação
do papel de cada um durante o processo.
Divertida, como qualquer comemoração, essa etapa é também fundamental para consolidar as
relações entre todos aqueles que sonharam e construíram juntos uma ideia de mundo melhor. É também um
momento de fortalecimento dos elos formados com a comunidade, agora mais consciente do poder que detém
para transformar a sua realidade.
Na Celebração, cada palavra de exaltação ou gesto de agradecimento é importante. É a hora de reconhecer o
valor de si próprio, do outro e do coletivo. Um abraço, uma roda de conversa ou o simples olhar de gratidão
podem ser instrumentos poderosos para expressar a admiração pelo esforço empregado na realização do sonho.
“Foi na celebração que percebemos como foi importante o Oasis. Ali, finalmente, vimos o sonho realizado
e tivemos a oportunidade de agradecer a cada um pelo que foi feito”, lembra a estudante Cynthia Lima de
Oliveira, 13 anos, moradora do Vale do Reginaldo, em Maceió (AL).
A comemoração do Vale do Reginaldo, realizada logo após a finalização do Milagre, conforme aconselha a
metodologia, é uma síntese de como celebrar a concretização de um desejo antes inatingível, mas verdadeiramente
simples, quando realizado pelo coletivo.
UA CELEBRAÇÃO
o empenho de cada um
Tudo começou com dança e música, como manda qualquer manual de festa. Depois, uma roda
de amigos, que perguntaram entre si sobre o processo que acabavam de vivenciar. Em seguida,
o gesto simples do agradecimento, com palavras, abraços, beijos e o olhar sincero – e cansado
– daqueles que doaram parte do seu tempo em prol do bem comum.
“Falamos muito do amor pelo próximo e por aquilo que construímos. Foi a oportunidade de
conhecer melhor os sentimentos de um monte de gente que eu conhecia pouco, mas que agora
são amigos”, afirma Aline, para quem a Celebração ajudou a reforçar o senso de cuidado da
comunidade para com si mesma. “Acho que aquele momento ajudou a aumentar ainda mais a
consciência das pessoas. Agora ninguém joga mais lixo na rua, todos cuidam da comunidade,
porque sabem que esse é o nosso dever”, diz.
O efeito ao qual Aline se refere é, acima de tudo, a consequência de um trabalho realizado em
parceria, com a leveza e o afeto necessários para gerar envolvimento e permitir a perpetuação
da semente da mudança plantada nos corações e mentes de cada participante.
“Sem dúvida, o que mais ganhamos em todo esse processo foi a proximidade com pessoas
tão diferentes, mas carinhosas e atenciosas. É muito importante valorizar o que o outro tem
de melhor e também celebrar as belezas do lugar”, defende a cozinheira Joana D’Arc da Silva,
moradora do Jardim Nazaré III, em São Paulo (SP).
Para ela, embora haja uma etapa dedicada a celebrar o Oasis feito pela comunidade, todo o
processo é uma exaltação às riquezas das pessoas e lugares. “O clima do trabalho é tão bom,
que parece um divertimento só. Além disso, sempre que estamos cansados, aparece alguém com
uma palavra de incentivo, com um elogio e isso nos enche de força para continuar”, pontua.
na conquista do sonho coletivo,
com a demonstração de respeito
Para os envolvidos no projeto Elos no Canteiro
Mais Cultura, celebrar o fim do processo foi mais
do que comemorar a realização de um desejo. Foi a
afirmação de que a união de talentos, recursos e sonhos
é transformadora. Uma verdadeira reverência ao poder
do trabalho colaborativo e do talento individual. “O
mundo é nosso e de quem for tão esperançoso quanto
nós”, resumiu André Martins, 24 anos, artista, barman e
morador da Rocinha (RJ), durante a Celebração do Oasis
de Santa Catarina.
e afeto pelo o outro
e a comunidade.
“A ação do Oasis gera um impacto profundo em todos
que participam.No meu caso, saio com muitos aprendizados, embora tenha
sido convidado a passar meus conhecimentos”
Ivo Eduardo Pons,designer e consultor do eixo
Cultura e Economia
79
ma política pública bem delineada deve ter um efeito transformador perene, que permita aos seus
beneficiários uma melhoria de vida duradoura. No caso do Elos no Canteiro Mais Cultura
esse salto de qualidade significava a autonomia de poder sonhar, e realizar, sem que o poder público
estivesse presente em todas as etapas.
Com a etapa da Re-Evolução, as comunidades contempladas pelo projeto tiveram a oportunidade de
dar seguimento aos seus sonhos, impulsionadas pelas realizações concretizadas durante o Mão na Massa e por todo
o aprendizado experimentado durante o processo. Ferramentas dadas, agora cabia aos participantes articular seus
próprios grupos e partir para a conquista de novos terrenos.
Oasis finalizado, tudo recomeça com o Encontro de Futuro, realizado no dia seguinte ao Milagre. Nele, participantes
do Mão na Massa e outras pessoas interessadas na metodologia têm a oportunidade de avaliar o trabalho realizado,
discutir os próximos passos para manter o sonho vivo e consolidar a rede formada durante a experiência intensa dos dias
anteriores. Uma vez realizada a reunião, é chegada a hora de iniciar um novo ciclo positivo, como várias comunidades
do Elos no Canteiro Mais Cultura fizeram – e continuam a fazer.
Uma das primeiras comunidades a realizar um Oasis em 2010, a comunidade do Vale Dourado, em Natal (RN), foi
também pioneira na retomada do processo, por meio do aproveitamento do aprendizado oferecido pelas equipes do
Mais Cultura e do Instituto Elos. Se, durante o Milagre, eles conseguiram realizar diversos sonhos, como a recuperação
do terreno onde será instalado o espaço Mais Cultura, o que viria a seguir seria uma demonstração surpreendente de
união e esforço da comunidade.
U
Pensar o futuro e planejar ações
A RE-EVOLUÇÃO
“É assim que começa a mudança que queremos ver
no Brasil: com conversas significativas, relações de afeto
e confiança, sonhos de um futuro promissor e prazer em
fazer coisas juntos.Esse projeto foi uma
experiência única e muito transformadora”
Marina Engels,facilitadora do Instituto Elos
para materializar novos desafios,
Incomodados com um galpão abandonado que servia como ponto de venda e
consumo de drogas, os moradores do Vale Dourado resolveram, em conjunto,
reocupar o espaço de forma pacífica, para que ele fosse usado da melhor
forma pelos habitantes do local. O que antes era um espaço tomado pelo
crime transformou-se no Galpão Cultural do Vale Dourado.
“Depois do Oasis, nós que participamos do projeto viramos um ponto de
referência para os moradores. Fomos procurados para discutir o que fazer com
o galpão, que tinha virado um lugar muito perigoso. Daí surgiu a ideia: por
que não ocupar e fazer algo bom para o Vale Dourado”, lembra o professor
de capoeira Ivanildo Silva de Lima, 28 anos.
De acordo com ele, a ocupação não poderia transcorrer de forma mais
tranquila. O consenso gerado pelos moradores, fez com que 50 pessoas se
unissem para reformar o prédio abandonado, que logo recebeu uma nova
pintura, mesas, cadeiras, além de diversas atividades culturais, que hoje
beneficiam cerca de 150 pessoas.
“Nós oferecemos oficinas de dança, hip-hop, percussão, cursos de capoeira,
entre outros. Além disso, o lugar virou um ponto de encontro para jovens e
crianças, que usam o lugar para ensaios e outras atividades”, explica Ivanildo,
um dos coordenadores do Galpão.
Após reocupar o local, a comunidade agora batalha para conseguir a
posse do prédio, que, embora abandonado, possui um proprietário privado.
“Ter um centro cultural era um sonho antigo da nossa comunidade e,
agora que conseguimos, não pretendemos desistir. Vamos lutar para que
esse galpão seja nosso”, diz o professor de capoeira, ressaltando que o
Galpão Cultural do Vale Dourado deve ser fortalecido com a construção do
Espaço Mais Cultura.
A determinação de Ivanildo e seus vizinhos também já contamina outras
comunidades da zona norte de Natal, que começaram a se comunicar entre
si, para realizar novos Oasis. “Agora queremos montar uma comissão para
discutir novas ações na zona norte da cidade. Vamos infestar as comunidades
de Natal de pontos culturais”, prevê.
O desejo de replicar o projeto em outras comunidades também impulsionou
a estudante Amanda Oliveira dos Santos, 20 anos, moradora do Conjunto
Ceará, localizado em Fortaleza (CE). Após a realização do Oasis em sua
comunidade, ainda no primeiro semestre de 2010, Amanda decidiu que a
metodologia deveria ser posta a serviço de qualquer interessado em melhorar
sua realidade.
Sua primeira iniciativa foi recuperar um sala comercial pertencente à
organização não governamental (ONG) Ashoka, da qual ela faz parte. “Eles
tinham uma sala no centro de Fortaleza que não estava sendo usada. Decidimos
reformar o espaço, para que pudesse ser usado como um ponto de encontro
de jovens que realizam trabalhos na área social”, afirma. Segundo Amanda, o
processo seguiu integralmente a metodologia Elos –Oasis e acabou por criar
uma nova rede de agentes transformadores. Mais de 30 pessoas participaram
sempre juntos e com a energia renovada
da ação. Agora, o jovens têm um lugar para discutir projetos, fazer reuniões de
trabalho e aprender uns com os outros”, comemora.
Em Fortaleza, os jovens que participaram do Elos no Canteiro Mais
Cultura continuam em busca de novos desafios. Um deles é o projeto
Onda do Bem, que pretende revitalizar a comunidade Titanzinho – um dos
centros de surfe do Ceará – por meio de intervenções artísticas e culturais.
“Fomos convidados a ajudá-los a trabalhar na mobilização de moradores
dessa e de outras comunidades, para fortalecer o projeto”, revela.
Mas a semente deixada pelo Elos no Canteiro Mais Cultura
também floresceu no Conjunto Ceará, foco principal da ação. A praça onde
foi realizado o Oasis acabou por se tornar o principal ponto de encontro
de crianças interessadas em brincadeiras e também um polo para as
comemorações da comunidade. “Os moradores, por iniciativa própria,
começaram a realizar dias festivos na praça, sempre com os recursos divididos
entre todos, como acontece no Oasis”, informa Amanda, para quem o
projeto funcionou também como um instrumento de resgate da cidadania
do Conjunto Ceará. “Hoje vejo a comunidade muito mais unida em torno
dos seus projetos. As pessoas cobram o poder público com frequência e não
deixam mais que faltem recursos para a comunidade”, explica.
Em Brasília (DF), na comunidade do Varjão, a etapa da Re-Evolução permitiu
o resgate de um sonho que estava engavetado há tempos: a revitalização
da Central de Costura e Artesanato, uma associação que reúne artesãs e
pela alegria de ver
os sonhos realizados.
costureiras locais. Praticamente desativada, a iniciativa ganhou novo fôlego
após a realização do Oasis.
“Nosso trabalho estava parado. Mas o Elos no Canteiro Mais
Cultura valorizou nosso esforço e também gerou uma divulgação muito
boa dos nossos produtos”, recorda a artesã Maria dos Reis, 38 anos. De acordo
com ela, antes do projeto, as vendas estavam praticamente estacionadas,
situação que mudou radicalmente nos últimos meses. “Hoje trabalhamos das
8h às 22h e ficou até difícil descansar. Temos muitas encomendas por semana
e agora queremos ensinar outras pessoas por meio de cursos e oficinas, que
já estamos realizando”, afirma. Como essas comunidades, muitas outras
que participaram da ação Elos no Canteiro Mais Cultura
continuam a se mobilizar. Em comum, elas têm o desejo de melhorar
suas vidas, sem que para isso precisem depender do poder público ou de
qualquer tipo de organização civil. Ainda que mais independentes, as
comunidades agora possuem o senso de apropriação necessário para o
maior aproveitamento dos Espaços e Bibliotecas Mais Cultura. Sua união
renovada, a capacidade de trabalhar em colaboração e implementar
projetos culturais com recursos e talentos locais, serão o alicerce para
a gestão conjunta dos equipamentos – sonho do Ministério da Cultura,
que agora se aproxima da realidade. “O Elos no Canteiro Mais
Cultura despertou nossa garra, renovou a energia da comunidade.
Não pretendemos parar mais”, conclui a artesã.
ESPAÇOS E BIBLIOTECAS MAIS CULTURAResumo dos projetos
As páginas a seguir apresentam o detalhamento dos Espaços e Bibliotecas Mais Cultura do edital de 2008, que
participaram da ação Elos no Canteiro Mais Cultura.
Espaços Mais Cultura
Em 2008 o Ministério da Cultura (MinC) firmou parceria com o Ministério das Cidades para a implantação de
espaços culturais dentro das obras do PAC Urbanização, que já estavam em andamento.
Essa parceria inclui também os governos municipais e estaduais, executores das obras, assim como a Caixa
Econômica Federal, responsável pelo acompanhamento dos projetos.
Os recursos repassados pelo MinC podem ser investidos na reforma e ampliação dos espaços já existentes, na
construção de novos, assim como na aquisição de equipamentos, mobiliários e acervos. A aplicação dependerá
das demandas dos parceiros locais.
Bibliotecas Mais Cultura
O Programa Livro Aberto irá implantar bibliotecas públicas em municípios carentes de equipamentos desse tipo.
Para implementar o programa, o Ministério da Cultura (MinC) firmou, em 2009, parcerias com prefeituras de
capitais brasileiras visando a instalação de Bibliotecas Mais Cultura nesses municípios.
Por meio de convênios, o MinC repassa recursos para as prefeituras, que complementam com contrapartidas
definidas em conjunto. Os recursos do programa são destinados à construção de novos edifícios, mobilização
social e aquisição de equipamentos, mobiliário e acervo.
As comunidades da Ilha do Mosqueiro de Tapanã receberão duas Bibliotecas Mais Cultura com múltiplos
ambientes que serão utilizados para diversas atividades culturais. As estruturas das Bibliotecas contarão
com salas para os acervos, espaços infantis, telecentros, áreas para encontros das comunidades, banheiros,
estacionamentos e jardins.
Nos espaços serão oferecidas oficinas literárias, projeções cinematográficas, projetos de ação e extensão
cultural, entre outros.
BIBLIOTECA MAIS CULTURA DA ILHA DO MOSQUEIROBIBLIOTECA MAIS CULTURA DA USINA DO ASFALTO - BELÉM (PA)
IMAGEM EM BAIXA
Localização:Comunidade Tapanã
População:60.000 habitantes
Investimento:R$ 284.611,39
Localização:Comunidade da Ilha do Mosqueiro
População:28.000 habitantes
Investimento:R$ 284.611,00
Origem: FNC
Parceiro:Prefeitura Municipal de Belém
Aplicação:Construção e aquisição de equipamentos, mobiliário e acervo
regiãoNORTE
As comunidades de Manaus receberão duas Bibliotecas Mais Cultura. Os espaços contarão com um amplo
acervo de livros, revistas e outras publicações, além de setores para estudos, acesso livre à internet, cafeterias
e lanchonetes.
Entre as atividades programadas para os espaços estão cursos de formação para mediadores e agentes de leitura,
oficinas de desenho, teatro, música, dança, programação de cinema e encontros com escritores amazonenses.
BIBLIOTECA MAIS CULTURA CASTANHEIRASBIBLIOTECA MAIS CULTURA JORGE TEIXEIRA - MANAUS (AM)
Localização:Conjunto Castanheiras
População:10.808 habitantes
Investimento:R$ 464.487,00
Localização:ComunidadeJorge Teixeira
População:116.677 habitantes
Investimento:R$ 464.487,00
Origem: FNC
Parceiro:Prefeitura Municipal de
Manaus
Aplicação:Construção, mobilização
social e aquisição de equipamentos, mobiliário e
acervo
Instalado em uma região beneficiada por um amplo programa habitacional dos governo municipal, estadual e
federal, o espaço cultural multiuso se destina a beneficiar não apenas os habitantes da quadra 1304 Sul, mas
também toda comunidade do entorno, distribuída nas quadras 1206 Sul, 1106 Sul e 1306 Sul.
Na primeira fase do projeto, o Ministério da Cultura repassará recursos para construção dos espaços das oficinas.
Esse espaço contará com salas para ensaios musicais, dança, teatro e artes plásticas. Além disso, também será
construída uma praça coberta.
CENTRO CULTURAL QUADRA 1304 SULPALMAS (TO)
Localização:Quadra 1304 Sul
População:2.000 famílias
Investimento:R$ 842.600,00
Origem:PAC
Parceiro:Prefeitura Municipal de Palmas
Aplicação:Construção e aquisição de equipamentos e mobiliário
Localização:Parque Linear
Córrego do Segredo
População:27.000 habitantes
Investimento:R$ 671.737,00
Origem:PAC
Parceiro:Prefeitura Municipal de
Campo Grande
Aplicação:Construção e aquisição
de equipamentos e mobiliário
O espaço multiuso prevê ambientes flexíveis que favoreçam o desenvolvimento de oficinas culturais variadas,
como dança, teatro, música, artes plásticas, além de sala de leitura, espaço para exposições e anfiteatro para
apresentações. A edificação, rodeada pela natureza, respeitará a paisagem e será um motivador para a promoção
da educação ambiental, por meio de ações culturais.
ESPAÇO MAIS CULTURA PARQUE LINEAR CÓRREGO DO SEGREDO CAMPO GRANDE (MS)
Localizado no Setor Habitacional Taquari (SHTQ), o espaço terá dois módulos idênticos, de 200 m2, que
contarão, cada um, com uma sala multiuso – com capacidade para conversão em auditório –, copa integrada
ao salão e dois banheiros. Entre as atividades previstas para o espaço estão aulas de dança e oficinas de
capacitação artística em teatro, cinema, artesanato e outras manifestações.
ESPAÇO MAIS CULTURA VARJÃOBRASÍLIA (DF)
Localização:Comunidade do Varjão
População:9.000 habitantes
Investimento:R$ 436.340,00
Origem:PAC
Parceiro:Governo do Distrito Federal
Aplicação:Construção e aquisição de equipamentos e mobiliário
O espaço multiuso será instalado em um sítio histórico onde já funcionou o antigo Matadouro de Peixinhos,
desativado em 1976.
O complexo de edifícios será ocupado e compartilhado por entidades do governo e não governamentais. O
Espaço Mais Cultura será instalado no bloco D e abrigará oficinas de DJ e composição digital, confecção de
instrumentos musicais, produção de cinema e espetáculos, artesanato, moda e reciclagem, arte culinária,
sanitários, depósitos e cozinhas.
O bloco B, onde funcionará o cine teatro, receberá mobiliários e equipamentos, assim como a biblioteca, que
também contará com um acervo diverso de livros.
Localização:Comunidade de
Peixinhos
População:36.215 habitantes
Investimento:R$ 2.040.410,00
Origem:PAC
Parceiro:Prefeitura Municipal
do Recife
Aplicação:Construção e aquisição
de equipamentos, mobiliário e acervo
REFINARIA MULTICULTURAL NASCEDOURO DE PEIXINHOSRECIFE (PE)
O equipamento será erguido na antiga fábrica de estopas do bairro Caxangá, e terá uma área construída de 230 m2.
Sua estrutura contará com uma sala dedicada à instalação do acervo, um salão de leitura, sala para administração,
recepção, copa e cozinha, além de banheiros para seus usuários.
Durante sua construção, ao longo de 2011, serão oferecidas oficinas de grafitagem, fanzine, literatura de cordel,
contação de histórias, fotografia e produção de vídeos. Após a conclusão do projeto, os moradores da região
terão a oportunidade de participar de atividades como concursos literários, leituras poéticas, contação de histórias,
campeonatos de xadrez, recitais, dramatização de textos, exposições e oficinas literárias. A biblioteca ainda hospedará
parte da programação do Festival Municipal do Livro – A Letra e a Voz, promovido pela Fundação e Secretaria
de Cultura do Recife.
BIBLIOTECA MAIS CULTURA SÍTIO DO BERARDORECIFE (PE)
Localização:Comunidade Sítio do Berardo
População:141.163 habitantes
Investimento:R$ 293.839,45
Origem:FNC
Parceiro:Prefeitura Municipal do Recife
Aplicação:Construção, mobilização social e aquisição de equipamentos, mobiliário e acervo
Localização:Comunidade
Nova Constituinte
População:6.000 habitantes
Investimento:R$ 1.450.000,00
Origem:PAC
Parceiro:Governo do Estado
da Bahia
Aplicação:Construção e aquisição
de equipamentos e mobiliário
O espaço cultural multiuso da comunidade Nova Constituinte será o primeiro equipamento do tipo construído
no local, com o intuito de beneficiar toda a população de forma aberta e plural. Sua estrutura física contará com
um salão multiuso e auditório com capacidade para 250 pessoas, dois camarins, bilheteria, sala para ensaios de
grupos artísticos, espaço para exposições, cantina, banheiros, entre outras benfeitorias.
Essa estrutura permitirá a realização de apresentações artísticas, seminários, oficinas, cursos, exposições
e demais atividades culturais de interesse da população local.
CENTRO CULTURAL NOVA CONSTITUINTESALVADOR (BA)
Localização:Conjunto Ceará
População:250.000 habitantes
Investimento:R$ 448.243,00
Localização:ComunidadeAutran Nunes
População:60.000 habitantes
Investimento:R$ 448.243,00
Origem: FNC
Parceiro:Prefeitura Municipal de Fortaleza
Aplicação:Construção, mobilização social e aquisição de equipamentos, mobiliário e acervo
As comunidades Conjunto Ceará e Autran Nunes receberão duas Bibliotecas Mais Cultura.
Os espaços contarão com salas multiuso para atividades diversas, salas para o acervo de livros, espaços para
leitura, salas de processo técnico para bibliotecários e espaço externo com jardins e brinquedos.
Os espaços serão dedicados à realização de múltiplas atividades culturais, como teatro, dança, música, cinema,
além de encontros com escritores, conversas sobre a palavra e contações de história.
BIBLIOTECA MAIS CULTURA CONJUNTO CEARÁBIBLIOTECA MAIS CULTURA AUTRAN NUNES - FORTALEZA (CE)
Concebido para integrar diversas atividades da área cultural, o espaço será instalado em uma das comunidades
mais vibrantes da capital alagoana. O Vale do Reginaldo é conhecido por ser uma das principais trincheiras da
cultura e do folclore local, sendo conhecido pelo resgate valorização do Bumba Meu Boi, uma das manifestações
mais tradicionais do Estado.
O Espaço Mais Cultura pretende proporcionar uma ampliação das atividades culturais já desenvolvidas na
localidade, por meio da instalação de um auditório, espaço para exposições, salas para oficinas culturais
de dança, música, teatro, artesanato, informática, além de um anfiteatro com 140 lugares destinado às
apresentações de grupos locais.
ESPAÇO MAIS CULTURA VALE DO REGINALDOMACEIÓ (AL)
Localização:Comunidade
Vale do Reginaldo
População:7.000 famílias
Investimento:R$ 886.800,00
Origem:PAC
Parceiro:Governo do Estado
de Alagoas
Aplicação:Construção e aquisição de equipamentos e mobiliário
Localização:Comunidade da Liberdade
População:15.134 habitantes
Investimento:R$ 450.000,00
Origem: PAC
Parceiro:Governo do Estado do Maranhão
Aplicação:Reforma, ampliação e aquisição de equipamentos e mobiliário
Com capacidade para 50 pessoas, o Teatro Padre Haroldo será completamente reformado e hospedará
um Espaço Mais Cultura que vai oferecer atividades de teatro, música, dança e artesanato.
Após a reforma, o teatro contará com recepção, camarins, depósito, sala de reunião, salas de artesanato, oficinas ,espaço
de inclusão digital com 11 computadores, jardim externo e banheiros.
ESPAÇO MAIS CULTURA TEATRO PADRE HAROLDO/ LIBERDADE – SÃO LUIS (MA)
Localização:Loteamento Vale Dourado
População:16.664 habitantes
Investimento:R$ 1.344.000,00
Origem:PAC
Parceiro:Prefeitura
Municipal de Natal
Aplicação:Construção e aquisição
de equipamentos, mobiliário e acervo
Localizado no loteamento Vale Dourado, no bairro da Nossa Senhora da Apresentação, o Centro Cultural
Multiuso será construído com objetivo de fomentar as atividades culturais da localidade. Seu espaço contará
com auditório para palestras e apresentações artísticas, salas para oficinas e cursos, além de um biblioteca.
A biblioteca contará com um acervo diversificado de publicações, sala para leitura, espaço para videoteca,
hemeroteca, mapoteca, sala de jogos, salas de estudo individualizado e coletivo, espaço infantil e laboratório de
informática com 22 computadores.
CENTRO CULTURAL NOSSA SENHORA DA APRESENTAÇÃO NATAL (RN)
O centro cultural multiuso irá enriquecer um terreno já dedicado à cultura, onde funciona o Circo Zé Preguiça,
que oferece cursos de arte circense e espetáculos para a comunidade, e a Casa da Leitura Paulo Leminski, além
de outros equipamentos públicos, como o Farol do Saber.
O espaço contará com um cine-teatro com capacidade para 255 pessoas e um foyer, onde serão realizadas
exposições e outras atividades.
ESPAÇO MAIS CULTURA VILA NOSSA SENHORA DA LUZ CURITIBA (PR)
Localização:Cidade Industrial – Vila Nossa Sra. da Luz
População:3.444 famílias
Investimento:R$ 1.025.420
Origem:PAC
Parceiro:PrefeituraMunicipal de Curitiba
Aplicação:Construção e aquisição de equipamentos e mobiliário
PROJETO CULTURAL ANIMANDO A CULTURA DA ILHA FLORIANÓPOLIS (SC)
Localização:Maciço Morro da Cruz
População:5.677 famílias
Investimento:R$ 753.750,00
Origem:PAC
Parceiro:Prefeitura Municipal de
Florianópolis
Aplicação:Reforma e aquisição de equipamentos de
informática e mobiliário
O Espaço Mais Cultura será instalado no casarão onde funciona a Fundação Vidal Ramos, que já realiza inúmeros
projetos de suporte aos moradores do Maciço Morro da Cruz.
Os recursos empregados serão dedicados à reforma e adaptação do local, onde serão oferecidos cursos e
oficinas permanentes de desenho animado. O local contará com duas salas de produção, uma sala de roteiro e
desenho, um estúdio para gravação de áudio e uma sala para o servidor.
O centro cultural será instalado em um prédio de dois andares e contará com dois salões, banheiros e copa. O
espaço terá biblioteca, ponto de leitura e vai oferecer audições musicais, projeções de filmes, ensaios, palestras,
apresentações teatrais, cursos, atividades de artes plásticas, além de acesso gratuito à internet e cursos de
informática.
O Espaço Mais Cultura terá a gestão do Instituto Arte no Dique e contará com salas para oficinas de teatro, cultura, dança, música, estúdio de gravação, cabines de som e luz, espaço cibernético, seis banheiros, três salas administrativas, além de um terraço.
Sua estrutura será dedicada à oferecer oportunidades de transformação e desenvolvimento humano e social 600 crianças, adolescentes, jovens e adultos da comunidade, por meio de ações educativas e de formação profissional dos participantes, nas várias profissões que o segmento da arte e da cultura oferecem. Serão oferecidos cursos e oficinas de percussão, dança, audiovisual, artes cênicas, customização, moda com materiais reciclados e educação ambiental.
ESPAÇO MAIS CULTURA ESCOLA POPULAR DE ARTE E CULTURA PLÍNIO MARCOS – SANTOS (SP)
Localização:Dique de Sambaiatuba/ Dique da Vila Gilda
População:23.500 pessoas
Investimento:R$ 1.946.835,00
Origem: PAC
Parceiros:Prefeitura Municipal de Santos Instituto Arte no Dique
Aplicação:Construção
Localização:Comunidade
Jardim Nazaré III
População:4.102 habitantes
Investimento:R$ 78.000,00
Origem:PAC
Parceiro:Prefeitura
Municipal de São Paulo
Aplicação:Aquisição de
equipamentos e mobiliário
O centro cultural será instalado em um prédio de dois andares e contará com dois salões, banheiros e copa. O
espaço terá biblioteca, ponto de leitura e vai oferecer audições musicais, projeções de filmes, ensaios, palestras,
apresentações teatrais, cursos, atividades de artes plásticas, além de acesso gratuito à internet e cursos de
informática.
ESPAÇO MAIS CULTURA JARDIM NAZARÉ IIISÃO PAULO (SP)
Com o nome provisório de Centro de Convivência, Comunicação e Cultura (C4), o prédio de seis andares,
construído no âmbito do PAC, hospedará uma biblioteca, áreas de exposição, cine-teatro com capacidade para
125 pessoas, duas salas multiuso, estúdio de gravação de áudio, núcleo de produção e edição audiovisual, área
de café e convivência, restaurante-escola e cozinha industrial, além de uma horta orgânica.
O espaço oferecerá acesso gratuito à internet, cursos de capacitação profissional em gastronomia, atividades
de promoção à leitura, sessões cinematográficas e serviços diversos para portadores de necessidades especiais,
entre outros.
ESPAÇO MAIS CULTURA C4ROCINHA - RJ
Localização:Comunidadeda Rocinha
População:100.000 habitantes
Investimento:R$ 1.176.846,00
Origem: PAC
Parceiro:Governo do Estado do Rio de Janeiro
Aplicação:Aquisição de equipamentos, mobiliário e acervo
CAPAMosaico com participantes de Florianópolis, Brasília, Belém, Natal, Campo Grande, Palmas, Fortaleza e Recife
ABERTURAfoto 1. Campo Grande - MS
CARTA MINCfoto 1. moradora do Sítio do Berardo, Recife - PEfoto 2. participantes do Sítio do Berardo, Recife - PEfoto 3. participantes em Palmas - TOfoto 4. participantes em Palmas - TO ( foto: Julia Toro ) foto 5 . Florianópolis – SC
CARTA ELOS MARIANAfoto1. 2009- GSAfoto2. 2007- GSAfoto3. 2003- Oasis Praça Nagasaki, Paquetá - Santos - SPfoto4. 2003- Oasis Praça Nagasaki, Paquetá - Santos - SPfoto5. 2007- GSA
CARTA ELOS THAISfoto 1. moradores e participantes – Campo Grande - MSfoto 2. participantes em Recife - PEfoto 3. participantes em Palmas - TO ( Foto: Julia Toro )
INTRODUÇÃOpág. 2 . Comunidades de Florianópolis, Brasília, Belém, Natal, Campo Grande, Palmas, Fortaleza, Recife pág. 3 . Morador - Sítio do Berardo - Recife
CRÉDITOS/FOTOS
CAPÍTULO 1 – O OLHARCapa. moradora da comunidade Monte Seratpág. 4. comunidade reunida em Campo Grande - MSpágs. 5 e 6. Rocinha - Rio de Janeiro - RJpág. 7. comunidades de Florianópolis, Brasília, Belém, Natal, Campo Grande, Fortaleza, Recifepág. 9. participante de Campo Grande - MSpag.10. moradora do Varjão, Brasília - DFpág. 11. participante no conjunto Ceará, Fortaleza – CEpág. 12 – participante no Sítio do Berardo - Recife - PEpágs. 13 e 24 – morador – Sítio do Berardo - Recife - PE
CAPÍTULO 2 – O AFETOCapa – moradores do Varjão, Brasília - DF pág. 17. participantesem Brasília - DF págs. 19 e 20. moradores de Palmas - TOpág. 21. moradores do Rio de Janeiro - RJ e participantes no Recife - PEpág. 22. moradores doSítio do Berardo – Recife – PEpág. 23. participantes em Curitiba - PRpág. 24. participantes em Brasilia - DFpág. 26. participantes e moradoresdo do Sitio do Berardo - Recife - PE, moradores de Florianópolis - SC,moradores de Brasília - DF, participantes - Natal - RNpág. 27. morador de Florianópolis - SCpág. 28. moradores de Brasília - DF
CAPÍTULO 3 – O SONHOCapa. Sítio do Berardo, Recife - PEpág. 32. moradora do Sítio do Berardo, Recife - PEpágs. 33 e 34 – moradores – Florianópolispág. 35. Cartazes feitos por moradores em Palmas - TOpág. 37. maquete montada por moradores em Belém - PApág. 38. moradores de Fortaleza - CEpágs. 39 e 40. material usado em atividade em Fortaleza - CEpágs. 41 e 42. moradores do Recife - PE
CAPÍTULO 4 – O CUIDADOCapa. morador de Brasília - DFpág. 45. trabalho realizado pelos moradores em Recife - PEpágs. 47 e 48. maquete feita por moradoresem em Florianópolis - SCpág. 50. moradores reciclando o lixo em Brasília - DF pág. 51. morador de Florianópolis - SCpág. 52. maquete feita por moradores em Campo Grande - MSpágs. 53. moradores do Sítio do Berardo, Recife - PEpág. 54. participantes e moradores celebrando em Brasília – DFCAPÍTULO 5 – O MILAGRECapa. produtos manufaturados pelos moradores de Brasília - DFpág. 58. morador de Florianópolis - SCpág. 59. morador de Florianópolis - SCpág. 59. morador – Curitiba – PR img.5605pág. 61. comunidades de Campo Grande - MS, Belém - PA, Recife - PEpág. 62. Cartaz na comunidade em Brasília - DFpág. 63. Comunidades de Recife - PE, Brasília - DF, Florianópolis - SCpág. 64. moradora do Sítio do Berardo, Recife - PEpág. 65. morador de Brasília - DFpág. 67. moradores de Brasília - DFpág. 68. moradora de Campo Grande - MSpág. 69 . Participantes e moradores em Santos - SP
CAPÍTULO 6 – A CELEBRAÇÃOCapa. celebração em Recife - PEpág. 73. moradores e participanetes de Brasília - DF e do Recife - PEpágs. 74 e 75. moradores do Recife - PEpág. 76. celebração em Brasília - DFpág. 77. celebração em Brasília - DF
CAPÍTULO 7 – A REEVOLUÇÃOCapa. Imagem feita em Curitiba - PRpág. 82. moradores de Fortaleza - CEpág. 83. morador de Florianópoli - SCpág. 85 . participantes em Recife – PE, moradora de Natal - RNpág. 86. moradoresdo Recife - PE e de Belém - PA
LINHA DO TEMPO - MANDÁLA (de dentro para fora)foto 1. 1996- Grupo Reviver o Museu de Pesca, Santos - SPfoto 2. 2000- GSA, Santos - SPfoto 3. 1996- Museu de Pesca, Santos - SPfoto 4. 2000- GSAfoto 5. Arquivo Elosfoto 6. 2007- Paquetá- Santosfoto 7. 2006- Shambala - Canadáfoto 8. 2007- GSAfoto 9. 2007- GSA – Santos - SPfoto 10. 2003- Oasis Paquetá – Santos - SPfoto 11. 2007- GSA – Santosfoto 12. 2010- Oasis Indiafoto 13. 2009- GSA- Santos foto 14. 2001- Creche da Tia Nilda- Santos - SPfoto 15. 2010- Oasis India
LINHA DO TEMPO - CRONOLOGIA1990. ELEA Chile-19951995. Praia do Goés, Guarujá - SP1996. Museu de Pesca, Santos - SP1999. GSA, Santos - SP2000/2001. Creche da Tia Nilda, Santos - SP2003. Oasis Paquetá, Santos - SP2005/2006. Canadá2007. GSA, Santos - SP2008. Arquivo Elos2009. GSA, Santos - SP2010. Oasis India
FOTO FINALParticipantes em Palmas - TO ( foto: Julia Toro )
Finder Ministérioda Cultura