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.,.,.,,.,.,.,.,.,.,. - 1 - HÉLIO CABRAL FILHO N N ã ã o o l l e e i i a a ! ! Sonetos VirtualBooks Editora

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HHÉÉLLIIOO CCAABBRRAALL FFIILLHHOO

NNããoo lleeiiaa!!

Sonetos

VirtualBooks Editora

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© Copyright 2016, Hélio Cabral Filho.

1ª edição

1ª impressão

Todos os direitos reservados, protegidos pela Lei 9.610/98.

Nenhuma parte desta edição pode ser utilizada ou reproduzida,

em qualquer meio ou forma, nem apropriada e estocada sem a

expressa autorização do autor Hélio Cabral Filho.

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)

Filho, Hélio Cabral

Não leia! - Sonetos. Hélio Cabral Filho. Pará de Minas, MG:

VirtualBooks Editora, Publicação 2016.14x20 cm. 150p.

ISBN xxxx

Poesia brasileira – Brasil. I. Título.

CDD- B869.1

_______________ Livro editado pela

VIRTUALBOOKS EDITORA E LIVRARIA LTDA.

Rua Porciúncula,118 - São Francisco

Pará de Minas - MG - CEP 35661-177 -

Tel.: (37) 32316653 - e-mail: [email protected]

http://www.virtualbooks.com.br

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Patrocínio:

Associação dos Profissionais dos Correios

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Prefácio

Peço licença aos demais leitores do Hélio para

entrar na conversa.

Faço-o abusando do privilégio de ter lido antes o

artesanato poético que vocês lerão a partir de agora.

Relacionamento profissional de algumas décadas

levou-nos a algumas conversas sobre poesia. Quando

conheci o Hélio, dedicado, correto e competente

profissional dos Correios, ele já fazia poesia. No caso dele,

poesia vem sendo sinônimo de soneto. No presente livro,

por meio do soneto “Octingentésimo”, ele comemora a

ultrapassagem da marca de 800 sonetos produzidos. Sua

paixão por fazer poesia encontrou expressão nessa forma

clássica. O Hélio está em excelente companhia.

Criado no século XIII na Provença ou na Sicília

ou em ambas, o soneto foi codificado e elevado à

culminância literária na Toscana.

Grandes nomes da literatura universal de diversas

origens o exercitaram: Petrarca, Dante, Cervantes,

Shakespeare, Puchkin, Baudelaire, Camões, Bocage,

Antero de Quental, Florbela Espanca, Fernando Pessoa

(ele também!) e tantos mais.

Aqui no Brasil, podem ser citados Gregório de

Matos Guerra, Cláudio Manoel da Costa, Machado de

Assis (sim, ele!), Cruz e Souza (o grande e universal

catarinense de Nossa Senhora do Desterro, como se

chamava Florianópolis), Olavo Bilac, Raimundo Correia,

Alberto de Oliveira, Vicente de Carvalho, Luiz Delfino

(também catarina do Desterro), Augusto dos Anjos,

Guilherme de Almeida, J.G. de Araújo Jorge e Vinicius de

Moraes. A lista é bem mais longa.

Estão entre eles os prediletos e inspiradores do

Hélio: Olavo Bilac, Cruz e Sousa, Fernando Pessoa,

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Augusto dos Anjos e J. G. de Araujo Jorge. Deste último é o

poema “insight” que determinou o destino do Hélio poeta:

“Os versos que te dou”.

Soneto é arte trabalhosa, pois submetida a regras

bastante rígidas sobre contagem de sílabas, prosódia,

rimas, número e posição dos versos e estrofes, estrutura de

apresentação da ideia e composição. Isto sem falar das

exigências temáticas, gramaticais, linguísticas e estilísticas.

Há ainda o conteúdo. Um pensamento completo precisa

caber em não mais do que quatorze versos rimados de

(geralmente) dez sílabas poéticas distribuídos por dois

quartetos e dois tercetos. Tudo, concluído por uma “chave

de ouro” certeira.

Acima de tudo vem a inspiração, sem a qual não

existe poesia, não existe arte. Ouso dizer que o soneto é

uma janela estreita que se abre para uma paisagem a

perder de vista. As limitações da janela não impedem a

apreciação do panorama, apenas dão-lhe a moldura. Assim

como a moldura de um quadro não o limita, já que o muito

não visto é sugerido pelo pouco que se vê.

O panorama do Hélio é variado. Soneteia temas

como: vida de hoje, trabalho rotineiro, relações familiares,

desencanto com a política, amor, significado da existência,

fé e religião, loucura, miséria do mundo, amor romântico,

amor erótico, sensualidade, mundo moderno, tecnologia,

pressa, alienação, moral, máscaras sociais, mentira,

ingratidão, incompreensão, bem como o próprio poeta, o

fazer do poeta e a poesia.

Sua poesia é muitas vezes engajada. Ele usa o

soneto como um caixote em que o poeta sobe para

proclamar seu discurso aos transeuntes da praça, nem

sempre atentos, embora necessitados de conselhos e ajuda.

Assim como fazia Castro Alves nos palcos, proclamando

seus geniais e revoltados poemas abolicionistas.

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Quanto à forma, neste trabalho o Hélio propõe

algumas ousadias. Experimentou sonetos com versos de

diversas métricas, até de uma sílaba!

Quase sempre o narrador é o próprio Hélio. Ele

pouco se serve de outros personagens ou de vozes que não

sejam a própria. Há uma exceção marcante. O soneto

“Levando um toco” (Soneto juvenil), em que o poeta entra

na pele de um jovem e exercita com humor a linguagem

típica dos adolescentes numa “cantada frustrada:

Eu fui cantar a gata e me dei mal;

Levei um fora mesmo de arrasar!

Um corte tão profundo e radical,

Que eu nem sabia aonde me enfiar.

Um toco assim na cara é animal!

Não dá pra esquecer, se conformar.

Bem feito foi pra mim, fui um boçal;

Pois tenho essa mania de arriscar.

O meu assanhamento foi maneiro;

Só não contava que a gatinha besta,

Me desse um pé-na-bunda tão certeiro.

Só tenho mesmo é que sair de banda!

Arremessar a bola em nova cesta;

Tentar. Sempre arriscar que a “fila anda! ”

Seu estilo é direto, descomplicado, assertivo, sem

floreios, sem hermetismos, sem elipses. Usa linguagem

simples, atual, coloquial, olho no olho do leitor.

O prefácio de um livro de poesia tem que ser

curto, assim como um discurso de banquete, quando os

convivas estão mais interessados no que vem depois.

Para não ficar com a última palavra, encerro

emprestando de Camões, gênio universal de “Os Lusíadas”

e também grande sonetista, o segundo terceto do soneto a

seguir. Este trata do amor, relatado na Bíblia, do Jacó

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(patriarca de três religiões monoteístas) pela Raquel.

Tomo-o como metáfora da paixão do Hélio pelo soneto e

por sua persistência em prosseguir na caminhada que

escolheu, livro após livro. É também um exemplo clássico

de “chave de ouro” na finalização de um soneto:

Sete anos de pastor Jacob servia Labão, pai de Raquel, serrana bela; Mas não servia ao pai, servia a ela, E a ela só por prêmio pretendia.

Os dias, na esperança de um só dia, Passava, contentando-se com vê-la; Porém o pai, usando de cautela, Em lugar de Raquel lhe dava Lia.

Vendo o triste pastor que com enganos Lhe fora assim negada a sua pastora, Como se a não tivera merecida;

Começa de servir outros sete anos, Dizendo: – Mais servira, se não fora Para tão longo amor tão curta a vida!

Agora é a vez de o Hélio poeta falar conosco, seus

leitores deste lançamento. E começar a “servir outros sete

anos” com perseverança e paixão até um novo livro.

Alberto Dias

Amante de livros e das artes

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Não leia!

Se não tens tempo não leia estes versos.

Despreza este soneto se tens pressa;

Não passa desta linha mal impressa,

Se és impaciente e controverso.

Se a sensibilidade não interessa;

Se queres sentimentos mais expressos,

Retorna à correria, aos teus acessos;

E deixa pra quem gosta esta conversa.

Num mundo objetivo e tão dinâmico;

De muita pressa e muita efervescência;

E tudo mais formal e mais mecânico;

Não perca o tempo, nem a paciência.

Deixe o poema a quem não é tirânico,

E sabe apreciar essa existência!

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Na sepultura de um poeta:

No dia em que eu dormir na cama fria

E abrir meus olhos para a eternidade;

Quando encontrar a única verdade,

Que existe nessa dúbia travessia...

Não sofra com tristeza ou com saudade;

Não fique repisando essa agonia;

Reveja apenas toda a poesia,

Que foi plantada com simplicidade.

Recorde, não somente a despedida,

De quem vagou, voou pelo universo

E sim a sua obra incompreendida.

Relembre alguns anseios tão dispersos,

Nos versos transgressores de uma vida,

De quem viveu a própria vida em versos.

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Eu sou poeta sim!

Eu sou poeta sim! O que é que tem?

Eu sinto muito, mas eu sou assim!

Meio aloprado, totalmente sem

Qualquer noção do quanto sou ruim.

Minha intenção é só tocar alguém,

Com a minha inspiração de botequim.

Com muita piração, sem nhem-nhem-nhem;

Com muito coração, pouco latim.

Enquanto eu canto, conto quanto encanto,

Embora com humildade e com prudência,

Não faço ideia se é sorriso ou pranto.

Aponte o dedo com maledicência!

Não deixarei de ser poeta enquanto,

Eu ter que proclamar minha demência.

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O ser poeta!

O ser poeta as vezes pesa tanto!

A sensibilidade vira um fardo!

A inspiração só causa desencanto,

Deixando dentro d’alma um gosto amargo...

A musa, as vezes, vira um saltimbanco!

O coração galopa, retardado,

Em busca de um consolo, um acalanto

Parando, as vezes, sem qualquer resguardo.

Procuro não expor os meus cansaços;

Vivo esfolado dos diversos tombos,

Ferido por centenas de estilhaços...

Vou caminhando sobre esses escombros;

A tristeza da vida nos meus braços,

A miséria do mundo nos meus ombros.

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Terapia da alma

Quem dera eu ter um bom medicamento,

Pra curar do meu peito essa ferida,

Pra aliviar a dor e o sofrimento,

Do meu coração, da minha vida.

Qualquer dosagem como tratamento;

Doses diárias de uma mão amiga;

Ou pílulas de amor a qualquer tempo;

Drágeas de abraços sem qualquer medida.

Preciso de um remédio permanente,

Para os meus momentos mais febris,

Pra alma fraca e o coração doente...

...Mas, sei que esse remédio é ser feliz;

Que o tempo cura tudo lentamente,

Embora permaneça a cicatriz...

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Duelos e confrontos

Ofensas, picuinhas espinhosas,

Todas essas intrigas sem sentido,

Não deixam minha mente furiosa,

Deixam meu coração entristecido.

Toda a atitude vil, maliciosa,

Todo o gesto agressivo, incompreendido,

Só deixam minha alma pesarosa

E o peito totalmente enegrecido.

Essa perversidade que se inflama,

Em um malicioso bombardeio,

É sempre injusta, sempre desumana.

Infeliz coração de orgulho cheio,

Trazendo sofrimento a quem lhe ama,

Causando dor ao coração alheio.

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A massa

O povo passa em pressa a passos prontos,

Na ânsia de chegar ao seu destino.

Robotizados, cabisbaixos, tontos,

Tangidos pelo próprio desatino.

No corre-corre há sempre desencontros,

Há sempre um acidente repentino,

Afrontas, fúrias, farpas e confrontos,

Num gesto sempre fraco e pequenino.

Quem tem a mente alienada, tensa,

Repleta de ansiedade e de amargura,

Tem a desilusão como sentença.

Toda essa pressa, toda essa loucura,

É um acesso pra qualquer doença,

Ou um atalho para a sepultura!

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Imprecações

Por que vomitas coisas tão mesquinhas?

Tantas infâmias e mediocridades?

Pra que defecas tantas picuinhas?

Tantas ofensas e imoralidades?

Essas tuas maneiras tão daninhas,

Repletas de venenos, de maldades,

Tudo apodrece, tudo desalinha,

Criando guerras e rivalidades.

Atitudes assim cheias de lodos,

Impregnadas de incompreensão,

São apenas esgotos. São engodos...

Quem age assim não tem qualquer noção,

Pois expele veneno contra todos,

Mas só envenena o próprio coração.

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Sangue amargo

A ingratidão dos filhos é tão triste;

Não sabem dar valor para o que têm;

Pois, como tudo de valor que existe,

Só apreciam quando ficam sem!

Quando no coração a dor consiste,

Na fria indiferença ou no desdém,

A consideração jamais persiste

E, da amargura, o amor vira refém.

Quando qualquer desprezo se proclama,

A quem lhe dedicou amor e zelo,

Muita infelicidade se derrama...

...Talvez, um dia, num suposto apelo,

Você queira dizer que ainda os ama,

Mas é tarde demais para dizê-lo!

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Lobos e cordeiros

Enganas, finges, mentes, negas tudo,

Com a mais impressionante consistência!

Fazendo da política um escudo,

Pra te abrigar da própria incompetência.

Diante da verdade ficas mudo,

Em frente da mentira tens decência.

Por fora te acompanha o conteúdo,

Por dentro te persegue a consciência.

No entanto, embora muito se lastime,

Esse comportamento pesaroso,

Jamais te ofende e nunca te deprime.

Teus atos desonestos, vergonhosos,

Não podem ser julgados como crimes,

Para não ofender os criminosos.

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Separação

Começo pelo fim da nossa história;

Uma história de amor que se acabou;

Tão duradoura - virou transitória;

Uma luz que era eterna e se apagou.

Sozinho, essa existência era simplória;

Ao teu lado a alegria começou;

A solidão que transformou-se em glória

Tua luz que esse meu mundo iluminou.

...Essa separação tão dolorida,

Com tanta ingratidão, tanta frieza,

Arrancou do meu peito a própria vida.

...Assim é que se acaba um grande amor:

Se começa pelo fim de uma tristeza,

Termina pelo início de uma dor...

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Balancê

É lindo o teu o suar no teu sambar.

O corpo que se quebra e se requebra.

A banda que remexe e que se entrega

No bamboleio de um bom batucar.

É fogo da pimenta a temperar.

O gesto sensual que se carrega...

A mão que só vagueia e que escorrega,

Nas curvas mais intrusas do gingar.

O toque da batida no compasso;

O som do coração no peito aberto,

O traço do gingado no teu passo.

Assim é essa dança o meu confronto:

Um balançado que me deixa esperto,

Um rebolado que me deixa tonto.

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Tic-tac

Espio no relógio e então lhe indago:

_ Que pressa é essa? Aonde você vai?

_ Pra que causar na vida tanto estrago?

_ Pra que causar no mundo tanto ai?

O ontem nunca soma, é muito vago.

O hoje apenas tudo subtrai.

O amanhã jamais é computado.

O tempo, na verdade, só se esvai.

Eu olho esse ponteiro enlouquecido,

Com sua covardia e crueldade...

...E fico a contemplá-lo deprimido...

Não para, só dispara com frieza,

Me arrasta para as pontes da verdade,

Ou então para os abismos da incerteza.

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Namorados

Te conhecer, pra mim, foi como um sonho,

Que se realizou tão lindamente.

Tornou meu mundo muito mais risonho;

Transformou minha vida plenamente.

A cada dia mais amor eu ponho,

Tendo a felicidade tão presente.

Contigo, do teu lado, eu te proponho,

Viver essa alegria eternamente.

Olhando o teu olhar eu me derreto,

Beijando a tua boca me desfaço,

Tocando no teu corpo me deleito.

Só ter teu coração me satisfaço,

Deixando para sempre no meu peito:

Teu beijo, teu carinho, teu abraço...

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Aparências III

Eu fico realmente impressionado,

Com esses que se passam por atores.

No palco desse mundo conturbado,

Conseguem mascarar as próprias dores

Tem gente que perpassa do meu lado,

Escondendo no peito os seus horrores

E, com um sorriso meio amarelado,

Consegue disfarçar seus dissabores.

Tem gente que parece um lago, ao vê-lo,

Embora a superfície é um lindo espelho,

Na alma é muito lixo e muito lodo.

Muita gente demonstra o tempo todo,

Por fora apenas muita neve e gelo,

Por dentro um caldeirão de lava e fogo...

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Ourives (Ao meu tio Vilson Cabral)

Tu tens nas tuas mãos joias tão raras,

Dessa tua família tão querida.

Que estão sempre ao teu lado nas batalhas,

Em todos os momentos dessa vida.

Na aliança do amor não existem falhas.

Um leve ajuste sim, que se lapida,

Com um justo coração que sempre ampara

E uma alma humilde, honesta e amiga.

Tu és um homem bom e tens valores:

Bons filhos e uma esposa bem sensata,

Amigos pra curar as tuas dores.

Embora alguma perda mais ingrata,

Terás sempre ao teu lado defensores,

Moldando a tua vida em ouro e prata.

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Biologia

O Ser humano não é mais um símio.

Agora evoluiu, é mais moderno.

Ele tornou-se um trapaceiro exímio,

De pelos penteados e um bom terno.

O Ser humano tem o raciocínio,

Em prol do egoísmo mais fraterno.

Fazendo da mentira o seu domínio,

Mesmo que isso custe o seu inferno.

Tornou-se um ser mesquinho social;

Ignorando tudo quanto é ética;

Cuspindo na conduta e na moral.

Assim é esse engodo da genética:

Mostrando o seu instinto de animal,

Com sua nobre evolução patética!

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Dor oculta

“Se a cólera que espuma, a dor que mora

N´alma e destrói cada ilusão que nasce,”

...................................................................

Raimundo Correa – Mal secreto

Se cada um mostrasse realmente,

Na alma a verdadeira confissão;

Se em cada rosto, altivo e sorridente,

Estampasse o que vai no coração;

Ao ver essa verdade transparente,

Ao invés de inveja e de admiração,

A gente sentiria simplesmente,

Só generosidade e compaixão.

Às vezes um sorriso só resiste,

Escondendo a ferida e a cicatriz

De um coração amargurado e triste.

Tem gente que essa máscara condiz,

Pois, tristemente, a vida lhe consiste

De parecer aos outros que é feliz.

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Fim de um tempo

Toda a separação combina sempre,

Muitas tristezas, muitas aflições.

Os corpos se separam totalmente,

Não dá pra separar os corações.

Ficam saudades de um passado ausente;

Ficam momentos, ficam sensações.

Um perfume, uma foto sorridente,

Trazem lembranças, fazem ligações.

Muitos invernos de dificuldades;

Primaveras de paz; lindos verões;

Doces outonos de felicidades...

Passam-se os sonhos, vão-se as estações;

Em um só tempo: muitas falsidades,

Em duas vidas: só desilusões....

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Pelas estradas vazias

A fúria do abandono despedaça,

Meus vasos da alegria e da emoção.

Assim toda a verdade se estilhaça,

Deixando muitos cacos pelo chão.

A flor da vida vira só desgraça

E, nessa catastrófica visão,

Às vezes meu sorriso só disfarça

A dor que vai sofrendo o coração.

Torpeço e me arremesso em cada trilho;

Atiro-me no poço mais profundo;

Nas guerras dessa vida me aniquilo.

Assim eu vou seguindo, moribundo,

Levando n’alma um pobre de um andarilho,

Dentro do peito um triste vagabundo.

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Teus pais queridos

Olha teus pais. Agora estão velhinhos.

A voz tremida, os olhos embaçados;

Cabelos totalmente esbranquiçados

E cada vez mais frágeis, mais fraquinhos.

Ainda são aqueles do passado,

Que indicavam tão bem os teus caminhos.

Foi só o tempo e seus cruéis espinhos,

Que deixaram seus corpos maltratados.

Cuida deles agora na alvorada,

Mostra-te paciente e agradecido,

A quem tanto velou tua caminhada.

Em cada passo teu, leva-os contigo,

Como árvore bondosa nessa estrada,

Dando-lhes fruto, sombra, flor e abrigo.

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Muhammad Ali

Ali! Um verdadeiro vencedor.

O maior, o melhor, o inesquecível.

Ali! Um formidável lutador.

Dos ringues desse mundo é o imbatível.

Teimoso, obcecado, um sonhador,

Sempre com os pés no chão; indestrutível;

Com personalidade e com valor...

Um grande rei; um desportista incrível...

Com suas crenças e convicções,

Fazia do impossível uma vitória,

E das vitórias, mais consagrações.

Na força e na coragem fez sua glória;

Nas incontáveis realizações,

Subiu no ringue, para entrar pra história!

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Controle remoto

A mídia, em média, muda o modo e a moda

E o povo paga o preço e prova a pena.

No cárcere perpétuo se acomoda

E a indiferença vira a sua algema.

A mídia mercenária mente e molda,

A mente mais fraquinha e mais pequena.

Pregando uma verdade que se engloba,

Na doce hipocrisia mais suprema....

Nesses currais de intrigas, protocolos...

Jogado numa caixa podre e oca,

Um povo apalermado e sem miolos,

Manipulado pela mídia escrota,

A podridão entrando pelos olhos,

A baba lhe escorrendo pela boca...

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Soneto de um morador de rua

Não sabes minha história, mas me julgas!

Não sabes quem eu sou, mas me condenas!

Só vês os meus piolhos, minha pulgas,

Mas, não meus sofrimentos, minhas penas!

Enxergas a exclusão, mas não divulgas;

Só tens indiferença aos meus problemas.

Não vês que em minhas dolorosas rugas,

Existem dores, dores as centenas...

Meu leito é esse chão tão triste e frio;

A rua tão cruel, esse é o meu lar;

Meu teto é o céu distante e tão vazio.

...lembra-te apenas, ao me reprovar,

Que tenho do meu lado o mundo hostil,

Ninguém para sorrir, ou me abraçar...!

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Trabalho

Toda a manhã, bem cedo, ela me chama,

Me puxa, xinga, empurra, me sacode...

Aos pontapés expulsa-me da cama

E eu fico ali no chão surpreso e grogue.

Assim, com a atitude tão tirana,

Me oprime e me intimida o quanto pode.

Nem tento contestar ou fazer drama;

Nem vale que eu reclame ou dialogue...

Contrariado, então, vou me arrastando,

Em busca de um salário-caridade,

Em prol de uma vidinha sem comando.

Vou compelido na inconformidade

E ela fica em casa me esperando:

A apática e cruel Necessidade!

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O feitiço do tempo

Todo dia o meu dia se repete,

Tão infinitamente tedioso.

A rotina me doma, submete,

Esse meu existir triste e rançoso.

O tempo faz de mim marionete,

É insípido, insosso, é amargoso.

A imagem dessas horas só reflete,

Alguém sem atitude e sem arrojo.

É sempre a mesma coisa, todo dia,

É todo dia sempre a mesma coisa,

Sem ar, sem luz, sem cor, sem alegria...

Assim é minha vida nessa lousa,

Nada se escreve quando deveria

E quando deveria ousar, não ousa.

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Era do caos

A educação virou uma baderna;

A segurança pública: uma zona;

A saúde é dos tempos das cavernas;

A nossa economia está na lona...

A justiça é composta de palermas;

A política, sempre fanfarrona,

Está no fundo de qualquer cisterna,

Coberta de detritos. Porcalhona!

A renda é desigual, é desumana;

No campo não dispomos de projetos

E nem qualquer infraestrutura urbana.

Desemprego, inflação... A violência!

Nós somos um país de analfabetos,

Apreciando a própria decadência!

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Deslocar-se

Não fique aí parado só esperando,

Um salto, um susto, um soco ou um tropeço.

Pra todas as disputas há um comando,

Pra todas as conquistas há um começo.

Se queres um empurrão, não sejas brando;

Quem cobra a atitude, paga um preço.

Se queres ser alguém fora do bando,

Então não sejas só um adereço.

Tenha foco, firmeza, disciplina;

Quase uma obsessão, uma insistência,

Em busca do teu sonho: a “obra-prima”.

Supera as tempestades mais hostis

E, assim, terás na estrada a preferência,

Na busca do prazer de ser feliz.

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Mãezinha

(29/05/1933 - 05/07/2016)

Não foste embora, Mãe! Não foste embora!

Apenas o teu corpo teve um fim.

Jamais terminará a nossa história,

Pois, sempre viverás dentro de mim.

Dentro do coração ainda mora,

A lembrança, a saudade, tudo enfim...

A tua imagem sempre mais se aflora,

Feita uma linda flor no meu jardim.

Embora a tua ausência ainda é triste,

Me lembro dos momentos de alegria,

Assim tua presença em mim persiste.

Te amar aqui na terra é o meu papel,

Pois, sei que, felizmente, irei um dia,

Beijar e te abraçar aí no céu.

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O afago e a pedrada

Que o meu verso não seja só palavra

De fé, de amor, de força, de carinho...

Que seja também uma atitude brava;

Uma rasteira, um soco no focinho.

Que a poesia em mim não seja escrava,

De algum estilo mais comportadinho.

Que eu não precise usar da mesma lavra

E nem seguir qualquer fiel caminho.

Que o verso toque e que também golpeie;

Que possa confortar algumas dores;

Que o medo de arriscar nunca lhe freie.

Que a minha inspiração cause tormentos...

Um sussurro de amor aos sofredores

E um grito apavorado aos sonolentos.

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É mister mentir

E necessário mentir. Mentir bastante,

Pois a mentira é mais que necessária.

Pra essa humanidade mercenária,

A enganação é muito edificante.

Diante dessa vida sedentária,

Diante desse mundo agonizante,

Toda a verdade é insignificante,

Toda a mentira é extraordinária.

A mentira alimenta acomodados;

Na política disfarça a confiança;

Na crença, faz os Bem-aventurados....

O mentiroso é mestre em temperança,

Trazendo alívio aos desesperados

Deixando aos miseráveis: a esperança.

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Vai!

Vai! Persegue teu sonho! Vai em busca

Das tuas pretensões, teus ideais.

A luz do entusiasmo nunca ofusca,

Quem quer buscar na vida sempre mais.

Vai conquistar tua alegria justa,

Mesmo sofrendo golpes colossais.

Quem tem um ideal jamais se assusta,

Com tempestades ou com temporais.

Firma, defina teus objetivos,

Seguindo, obcecado, tuas metas,

Com pensamentos nobres, proativos!

Conserva as atitudes mais concretas.

Assim, terás sucessos decisivos,

Com as felicidades mais completas.

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Filtro

Se não tens nada pra dizer, te cala!

Melhor do que dizer qualquer bobagem;

E, se não precisar falar, não fala;

Fazendo do silêncio uma linguagem.

A indelicadeza não espalha,

Abrindo a tua boca com voragem

A qualquer idiota não te iguala

Nem faça da fofoca uma bagagem.

Não seja um irritante tagarela.

Também não seja tão silencioso,

Como desagradável sentinela.

Modera o teu esgoto rancoroso,

Botando na tua boca uma tramela,

Pra não causar tristeza, raiva ou nojo!

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Mova-se

Procure se soltar completamente

De todos os grilhões dessa existência.

Conquiste a liberdade, a independência,

De corpo, alma, coração e mente.

Voe com precisão e irreverência

E, mesmo que você de lá despenque,

Não desanime, pois seguramente,

Já valerá a sua experiência.

Não pare, não desista, não repouse...

Não deixe o sonho se perder ao léu

E sempre ouse e arrisque; arrisque e ouse...

Liberte-se dos pesos e das travas;

Da imaginação faça o seu céu;

Da criatividade: suas asas.

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Abusos e vantagens!

“_ Você sabe com quem está falando?!”

Essa frase imperativa e imperfeita

É consequente dessa corja, quando,

Tão indevidamente, foi eleita.

O poder alienado desse bando,

Que tudo quer e tudo se aproveita,

Se expressa com esse pérfido comando,

Porque na ignorância se deleita.

Seguramente quem assim se expressa,

Não tem poder, nem mesmo autoridade

E a própria incompetência só confessa.

Não sabem que somente a humildade,

Na importância da vida se processa,

Na verdadeira grandiosidade.

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Computando a dor...

...Um lindo sol cobria o céu de anil;

A sua frente um campo bem florido...

...No entanto, nada viu, nada sentiu...

Estava no seu celular perdido.

...O filho a lhe sorrir tão pueril;

A esposa em seu vestido colorido...

...Mas, nada desfrutou e nada viu...

Estava no computador metido.

Assim nessa cegueira indescritível,

Enxerga apenas tecnologias

E tudo o mais pra ele é invisível!

Na tela da sua vida as alegrias,

Postadas da maneira mais incrível

E ele a partilhar imagens frias!

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Soneto do pescador

Eu saio pra pescar de manhã cedo,

A lua ainda está no céu brilhando

Com as bênçãos de Jesus e de São Pedro,

Sozinho, no meu barco, vou remando.

O mar é o meu recanto, é o meu sossego,

Que vai me conduzindo e sustentando.

Nossa Senhora dá-me o aconchego

E Deus a minha vida vai guiando.

Que venha o vento, a chuva, a correnteza...

O mormaço sofrido a cada milha

Ou mesmo o sacrifício, a incerteza...

Eu vou tocando enfim minha vigília;

O peixe abençoando a minha mesa

E alimentando, assim, minha família.

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Rótulos e embalagens

Não quero, nunca mais, perder meu tempo,

Com picuinhas e mediocridades,

Mesquinharias e banalidades

Que trazem só tristeza, só tormento...

Só quero desprezar as falsidades,

O egocentrismo pobre e turbulento.

Deixar o egoísta, o avarento,

Com suas fúteis inutilidades.

Eu quero a minha vida simplesmente,

Ao lado da franqueza e da decência;

Num sorriso sincero e comovente.

Eu quero a gente humilde em convivência,

Que não se importa com o recipiente

E faz do conteúdo a sua essência!

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Rugas da alma

Meu filho! Me deixastes neste asilo,

Sem demonstrar remorso ou mesmo culpa;

Com muita indiferença, sem vacilo;

Usando a ocupação como desculpa.

Eu sei que agora sou um empecilho,

Só não compreendo bem essa conduta,

De não se incomodar, viver tranquilo,

Fazendo da renúncia uma permuta.

Eu sempre te criei tão ternamente,

Por isso não entendo o gesto extremo,

De descartar um ontem tão presente...

Jogado aqui, abandonado a esmo,

Este teu velho reza, francamente,

Pra que teu filho nunca faça o mesmo!

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Rabo alheio

Olhando as vezes certo desempenho,

Sem lógica, sem medo, sem cansaço...

Eu quero ter aquilo, mas não tenho!

Quero fazer aquilo, mas não faço!

Alguma coisa ousada até desdenho!

Se é tosco ou diferente até rechaço!

No entanto, é só inveja que detenho,

Por conta desse meu mortal fracasso! ...

O dedo tolo em riste até mantenho,

Mas, sempre quis estar naquele espaço.

O preconceito é intenso, até ferrenho...

Queria dar um arriscado passo;

No entanto julgo, afronto e até condeno

E apenas minha vida eu estilhaço!

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Genial loucura “A imperfeição é bela, a loucura é genial e é

melhor ser absolutamente ridículo que

absolutamente chato. “

Marilyn Monroe

Não tenho algum perfil e nem currículo;

Minha presença é sempre um desacato.

Prefiro ser demente, ser ridículo,

Do que ser apontado como um chato.

O verso transgressor é o meu veículo.

Não sou um cidadão e nem pacato...

Quem é certinho diz não ter testículo.

O atrevido diz: _Não tenho saco!

Quem busca a perfeição é um idiota,

Não sabe que o imperfeito do viver

É o verbo que incomoda e que provoca!

Só quero destratar, escarnecer...

Pois toda essa bobagem desemboca,

No caos absoluto do meu ser!

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Doryoku

À Rafaela Silva – Medalha de ouro Olímpica no

Judô 2016

Superaste o racismo e o preconceito;

O sofrimento e a discriminação;

Todo o constrangimento, o desrespeito

A ignorância, a dor, a incompreensão...

Não foi nada suave o teu caminho,

Nem foi tranquila a tua trajetória...

Quantas pedras pisaste, quanto espinho...

E quantos golpes pra chegar à glória,

Derrubando fatos tão mesquinhos,

Lutando, conquistando a própria história...

...E, pra calar um mundo contrafeito,

Carregas, com orgulho e devoção,

A medalha dourada no teu peito,

Que é o teu maravilhoso coração.

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O lento desalento

O roubo, a falcatrua, o cambalacho...

E o povo desatento e submisso.

Agora só lhe resta o desabafo;

Lhe resta lamentar por tudo isso.

... Muito dinheiro pelo ralo abaixo;

A nossa vida transformada em lixo...

O povo só reclama do fracasso;

Chora, lamenta...mas, não passa disso!

É tanta falcatrua a tanto tempo,

Que o povo colocou suas lideranças,

Num generalizado julgamento.

Ninguém tem mais amor ou confiança.

Nem interesse, nem envolvimento...

Nem sonho, nem visão, nem esperança...

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26 anos de namoro

10/08/2016

Meu bem! Adoro ser teu namorado.

Adoro te chamar de “Minha Flor!”.

Cada dia que passo do teu lado,

É um dia valoroso e encantador.

Não importa se é presente ou se é passado,

Eu sou o teu poeta, o teu cantor;

Eu sou o teu amante, o teu amado

E tu a minha amada e o meu Amor.

Tu és meu sonho, minha alegria;

A minha inspiração que só existe,

Porque existes no meu dia a dia.

O nosso amor, o próprio amor bendiz;

Pois toda a minha vida só consiste,

Em simplesmente te fazer feliz.

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O Chef

É um mestre habilidoso; um alquimista,

Com molhos, massas, carnes, sobremesas...

Tão dedicado e experiente artista,

Que a sua inspiração vem de bandeja.

Ele ousa, testa, tenta, prova, arrisca...

Com elegância e com delicadeza.

No forno e no fogão é um especialista;

Lançando paladares sobre a mesa.

Mistura ingredientes e sabores,

Grelhando, gratinando, refogando,

Com cheiros, gostos, visuais e cores...

Assim, com seu científico saber,

Vai promovendo, vai proporcionando,

Garfadas generosas de prazer.

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Ser Pai II “Ser mãe é desdobrar fibra por fibra

O coração! Ser mãe é ter no alheio”

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Coelho Neto – Ser mãe

Ser pai é demonstrar arrojo e fibra

No coração! Ser pai é ter no alheio

Braço que abraça, o protegido seio

Onde a bondade eternamente vibra.

Ser pai é ser o líder que calibra,

Os passos da família, sem receio.

É ter o bem estar como um anseio;

Que cuida, que resguarda, que equilibra...

Tudo o que faz é para o bem do filho,

É o espelho que no exemplo se propaga,

Deixando, na esperança, um novo brilho.

Ser pai é sempre ter mais um sorriso,

Fazendo do carinho: uma morada;

Do seu bondoso amor: um paraíso!

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Laços feridos

Aquele que despreza os próprios pais,

Pensando apenas no seu benefício,

Mostra atitudes prejudiciais

E faz da própria vida um desperdício.

Quem só tristeza e desventura traz,

Para quem lhe criou com sacrifício,

Caminha por escuros lamaçais

E faz da ingratidão seu próprio vício;

Sem as bênçãos dos pais não há guarida;

Nem qualquer aliança tem valor;

A união não é fortalecida...

Num abandono de carinho e amor,

Ninguém constrói em paz a própria vida,

Causando a outras vidas grande dor!

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Presi-diário

Oito horas por dia aprisionado,

Trazendo o tempo como carcereiro;

Pro rango algum tempinho controlado;

Um minutinho apenas ao banheiro.

Punido por não ter me dedicado,

Minha sentença agora é o cativeiro

E, sendo alguém assim tão ocupado,

Não tenho tempo pra ganhar dinheiro.

Uma rotina mais que trivial;

Uma tarefa que só afunda e atrasa;

Um dia a dia tolo e sempre igual...

No entanto, essa prisão não só me arrasa,

Ainda é uma prisão condicional,

Que deixa, ao menos, eu dormir em casa...

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Soneto de aniversário

É o teu aniversário! Um grande dia!

Uma passagem tão fundamental...

De muita luz, de amor e de alegria...

Maravilhosamente especial.

Que Deus te dê saúde e harmonia;

Possa te proteger de todo o mal.

Que tenhas sorte, paz, sabedoria...

Com a bênção mais sublime e Divinal.

Nessa felicidade que te brinda,

Que as horas, dias, meses, te comprovem

A fé maravilhosa, augusta, infinda...

Que os anos se eternizem, se renovem...

Deixando a tua alma sempre linda

E o coração perpetuamente jovem.

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Heróis da resistência

Quem é o meu herói? O verdadeiro

Merecedor de algum respeito e glória?

Será o jogador? O artilheiro?

O velocista em sua trajetória?

Será o esportista aventureiro?

O pacifista que mudou a história?

Ou um religioso justiceiro?

Um líder de atitude e de oratória?

Meu líder é alguém silencioso,

É algum profissional, honesto e amigo;

Que é ético, que é bom, que é caridoso...

O anônimo sem pompa ou honraria,

Que faz da vida alheia o seu sentido.

É esse o meu herói de cada dia!

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Soneto pela paz

É sempre triste e deprimente a guerra;

Somente prejuízo ela nos traz...

Um som tão desumano sobre a terra,

Desafinando a música da paz.

Quando a metralha cruelmente berra,

Quando a bomba demonstra o que é capaz,

Para a maldade o coração descerra

E a humanidade inteira se desfaz.

O choro, a dor da perda tão sofrida,

A ação cruel, o sentimento torpe,

A atitude desfavorecida...

Na guerra não existe o fraco ou o forte;

É só a ignorância dizimando a vida,

E o fanatismo construindo a morte!

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O Ser interior

Ninguém sabe o que vai nos corações alheios;

Ninguém sabe o que está dentro da alma humana;

Ninguém conhece bem os traumas, os receios;

A lamentável dor; o tormentoso drama...

Ciência alguma tem a ferramenta, os meios

De esmiuçar, sondar de forma soberana,

Os sonhos, as visões, seus tantos devaneios,

Que cada ser carrega e que jamais conclama...

Nenhum olhar espelha os verdadeiros medos...

A língua mostra, as vezes, largos impropérios,

Mas a garganta poupa os nobres desenredos.

Assim vai cada ser erguendo os seus impérios:

Jamais a revelar seus mais castos segredos

E nunca a desvendar os seus sombrios mistérios.

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Declaração do amor eterno

Quando eu te encontro - meu amor - me perco;

Quando eu te vejo - minha flor - me acho;

Nesse altar do teu colo me converto,

Vivendo a tentação do teu abraço.

Nos jardins do teu corpo me extroverto;

No abismo dos teus beijos me esborracho;

No calor da tua boca me perverto

E envolvo-me nas chamas dos teus braços.

Quando estou do teu lado um só segundo,

Percebo a eternidade definida

No prazer imortal do nosso mundo.

Tendo o teu coração, - minha querida -

Tenho o amor mais sublime e mais profundo,

Na paixão mais intensa dessa vida!

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No calor do nosso inverno

Adoro o inverno quando nós, unidos

Em nossa cama, sob os cobertores;

Temos somente, como aquecedores,

Os corpos abraçados e atrevidos...

Adoro o frio, o gelo e seus rigores,

Quando a sós, nós dois estremecidos,

Nos agarramos em nossas libidos

E desfrutamos dos nossos tremores.

Por mais que o tempo frígido persista,

O braço se desprende, o corpo inflama,

A boca se acalora, a mão se arrisca.

O frio acende e aumenta a nossa chama,

Embora externamente o inverno insista,

É sempre um bom verão na nossa cama.

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O jardineiro do Bem

Jamais espere nada de ninguém,

Pois formarás uma esperança falsa.

Quem na promessa alheia se mantém,

No próprio desengano se esborracha.

Aquele que à esperança se detém

E a gratidão, com desespero, abraça,

Do círculo da dor vira refém

E toda a sua ação logo fracassa.

Ao estender a mão comprometida,

Não pense em benefícios, nem louvores,

Ou mesmo em outra mão agradecida....

Não queira multidões de adoradores.

Plante e decore teus jardins da vida;

Jamais espere que lhe tragam flores!

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Ei você!

Ei você! Sim, você aí sentado!

Que, despretensiosamente, lê

Estes meus versos - tão acomodado!

Não age, não escuta e nada vê...

Você que está aí debilitado

E em nada mais confia, em nada crê;

Conformado, cansado, derrotado...

Por tanta falcatrua e fuzuê...

Entenda que esse seu comportamento,

Em nada ajuda, apenas atrapalha,

A mudança, a melhora, o crescimento...

É o sonho do político canalha,

Enquanto você vive sonolento,

Ele lhe rouba, mente e ainda gargalha...

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Travessia da alma

Num beco sem saída é que eu me encontro.

Esbarro, enfrento em frente, os paredões

Do meu passado e logo me amedronto

Com minhas surreais assombrações.

Não há provocação, não há confronto...

Só há o medo, o susto, as emoções...

Tento escapar, mas, logo me desmonto,

Pelas sarjetas das desilusões.

Minhas lembranças - cães - me perseguindo;

Dores, tristezas e decepções...

... As vozes do passado me punindo...

.... Nos silêncios sombrios – escuridões –,

A consciência vai me consumindo,

Com meus fantasmas - minhas solidões.

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Perfume de mulher

Adoro a tua essência natural;

Esse perfume do teu corpo inteiro;

Um aroma sutil e tão faceiro;

Uma fragrância intensa e sensual.

Eu sou teu cuidadoso jardineiro

E tu, a minha flor especial,

De formosura tão celestial

E um odor natural e verdadeiro.

Me sinto embriagado e prazeroso,

Beijando, te abraçando em meu jardim,

Num gesto apaixonado e prazeroso...

É um momento de um amor sem-fim,

Pois, nesse abraço tão delicioso,

Fica o teu cheiro impregnado em mim!

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Super-homem

Não quero ser apenas teu marido;

Ser o pai dos teus filhos; teu amado;

Ou teu bom companheiro; o teu amigo;

Teu noivo, teu amante ou namorado...

Eu quero caminhar sempre ao teu lado

E ser o teu suporte, o teu abrigo;

Jamais mostrar-me fraco nem cansado;

Ser sempre o teu herói mais destemido.

Te defender será o meu papel.

No choro, dor, tristeza ou solidão,

Eu quero ser teu ombro mais fiel!

A minha vida é a tua proteção...

...E te deixar voar e ser teu céu;

...E te pegar no colo e ser teu chão.

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Comportamento e atitude

Bom dia, como vai o nobre amigo?

Vou bem, e como vai o companheiro?

Tenha um dia excelente e divertido,

Senhora faxineira! Seu porteiro!

Desculpe! Com licença! Agradecido!

Seja sempre gentil e hospitaleiro.

Pra dar sabor a esse mundo ardido,

A boa educação é um bom tempero.

Mil perdões, obrigado, por favor...

Carregue no teu peito a harmonia

E leve em cada gesto muito amor.

Seja gentil e bom no dia a dia.

Esconda a raiva, a birra, o mal humor

Mostrando, em teu sorriso, a simpatia.

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Infidelidade

Ao saber que teu corpo abraçou outro corpo;

Ao saber que tua boca beijou outra boca,

Senti meu coração adoentado, morto

E a alma atormentada, amargurada, louca...

Fiquei sem chão, sem céu, sem direção, sem porto...

Por perceber em ti a face tão revolta

E ver, nessa atitude, no meu desconforto,

Que a ingratidão foi muita e a estima foi tão pouca.

Eu sei que te entregaste sem qualquer receio,

Sem aferir os contras, sem medir os prós,

Deixando um coração de desventuras cheio...

... Hoje, vamos vivendo totalmente sós!

Nesse teu impensado e desprendido anseio,

Tu desataste o laço que existia em nós.

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Saudade

Um dia cada qual segue um caminho,

Numa separação inevitável.

Num prazo tão cruel e tão mesquinho,

Deixando uma lacuna imensurável...

Nosso filho que voa do seu ninho;

Um amor que se via inseparável;

Um amigo que nunca andou sozinho;

Ou mesmo um animal fiel e amável.

Ficam lembranças dos momentos lindos;

Dos sonhos, choros, risos, das histórias...

Das festas, dos encontros, dos domingos...

Assim é o tempo e a vida. Não tem jeito!

Ficam raros registros na memória

E uma marca profunda em nosso peito...

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O desordeiro ser

Jamais o mundo teve algum conflito,

Nem vive atualmente crise alguma.

Nenhuma guerra no planeta apruma,

Nem mesmo confusão de qualquer tipo.

Na terra a harmonia se avoluma

E a paz é o seu mais nobre requisito,

Que traz o sentimento mais bendito

E com a beleza ingênua se acostuma.

O ser humano, sim, que está em crise,

Gerando dor, tristeza e até desgraça...

...E da miséria alheia sobrevive.

É o homem que este mundo despedaça;

Que na serenidade não convive;

Que ataca e que dizima a própria raça.

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Soneto aos Paratletas

Procurei em vocês deficiências;

Procurei em vocês limitações;

No entanto, só encontrei eficiências,

Perseveranças e superações.

Falaram de fraquezas, dependências,

De incapacidades, restrições...

Eu vi conquistas, eu vi competências...

Só encontrei atletas campeões.

Vocês enxergam muito mais distante;

Se expressam com coragem, com emoção

Numa atitude nobre e confiante.

Vi em vocês bem mais que uma expressão,

Vi um sorriso sincero no semblante

E uma força exemplar no coração.

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Octingentésimo

Oitocentos sonetos. Quem diria

Que eu iria tão longe nessa lida.

Persistindo, insistindo nessa vida,

Fazendo acontecer a poesia.

Sofrendo a indiferença dolorida

E todo preconceito e zombaria,

Só mesmo com paixão, com teimosia,

Eu continuo nessa minha briga.

Onze mil e duzentos versos feitos

Com muito amor pela literatura,

Embora recheados de defeitos.

Falando de alegria ou de amargura,

Oitocentos sonetos imperfeitos,

Nascidos do prazer e da loucura.

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Nós não somos iguais!

Nós não somos iguais, nem nunca fomos.

Nós somos totalmente diferentes.

Nem falo em estrutura, em cromossomos,

Ou em anatomias divergentes.

Nessa desigualdade sempre expomos,

As atitudes mais inconsequentes,

Mostrando que nós todos somos donos

Das diferenças mais indiferentes.

É tão diversa a cor, o tipo, a raça...

...E cada ser é um ser com seus defeitos,

Que essa diversidade se embaraça.

Assim, com todos os racismos, preconceitos,

A distinção da vida logo embaça,

Na igualdade dos próprios direitos.

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Afogando as mágoas

Sentado aqui neste boteco agora,

Bebendo todos os canaviais,

Eu penso nela que me deu um fora,

Choro por ela que não me quer mais.

Meu coração enegrecido chora;

A minha alma já não tem mais paz.

A cada gole a minha dor piora

E cada copo mais desgosto traz.

Lágrimas rolando sobre a mesa;

Vida se espalhando pelo chão,

Num copo derramado de cerveja...

Embriagado na desilusão,

Vou embora abraçado com a tristeza

E de mãos dadas com a solidão.

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Como você!

Como você, delícia, certamente,

Como você, todinha não existe:

Um rosto lindo que tonteia a gente,

Um corpo sexy que ninguém resiste.

Também, como você, completamente

Sensual, não pode haver quem não se arrisque

A lhe secar tão descaradamente...

E de querer você ninguém desiste.

Como você, tão rara tentação,

Ninguém se iguala, ou mesmo chega perto;

Como você, não há comparação...

Quando você me vê boquiaberto

E ao perceber, também, minha tensão,

Assim, como você, me desconcerto...

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Saia, curta...

Aproveite a sua vida, saia!

Aproveite o seu tempo, curta!

Ao ver uma gandaia, caia!

Um beijo a ser furtado, furta!

Jamais despreze o tempo, saia!

Nem desperdice a vida, curta!

Ao ver uma tristeza, vaia!

Ao ver uma loucura, surta!

Se a bola vir quicando, chute!

Jamais desista do seu sonho!

Ao ter um desafio, lute!

Desfrute cada instante, ria!

Seu mundo não será tristonho,

E nem a vida tão vazia!

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Soneto monossilábico

Vou

Só.

Dou

Dó.

Sou

Ou

Nó.

Ser

Pro

Bem.

Ter

Pra

Quem?

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Soneto dissílabo

Saber

Sentir

Viver

Sorrir

Poder

Ouvir

Dever

Servir

Dispor

Doar

Valor

Mostrar

Amor

Amar

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Soneto trissílabo

Rebato

Tristezas

Combato

Fraquezas

Retrato

Belezas

Relato

Riquezas

Versando

Rimando

Essências

Vestindo

Despindo

Vivências

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Soneto polissílabo

Humanidade

Desiludida.

Descomprometida

Fraternidade.

Introvertida

Generosidade.

Deslealdade

Retribuída.

Insuficiente,

Inconveniente,

Altruísmo.

Encarcerado,

Destemperado,

Materialismo.

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Duas palavras

Sê bondoso

Pra viver

Pra fazer

Pelo povo.

Queira ser

Um venturoso,

Sempre honroso

Sem saber.

Plante flores

Com valores

Mais gentis.

Vai colhendo

E aprendendo

Ser feliz.

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Redondilha I

Quero ser somente

Sempre esse menino,

Livre e sorridente

Sem qualquer destino.

Sei que, infelizmente,

O tempo cretino,

Mata o inocente

Feito um assassino.

Se a felicidade,

Feito uma maldade,

Não fosse ilusão,

Era uma esperança,

Sempre ser criança

No meu coração.

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Redondilha II

Brincar com meus versos,

Me faz tão feliz.

Brinquedos dispersos

Riscados com giz.

Sabores diversos

E cores gentis.

São meus universos,

Banais, infantis.

Assim vou compondo

Assim vou expondo

Meu mundo, meu céu,

Meu chão, minha vida,

Total resumida,

Por sobre o papel.

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A era da solidão

A humanidade, cada vez mais só,

Tropeça no seu próprio egocentrismo.

Não faz ideia de que é o pó do pó

E nada sobra do seu narcisismo.

Não tem benevolência, não tem dó;

Só tem um parco sentimentalismo;

No relacionamento dá um nó

E dá um laço no seu egoísmo.

Segue perdida em seu pequeno espaço;

Cada vez mais distante, mais sintética,

Tentando remoer o seu fracasso.

Em sua atividade “cibernética”,

Vive isolada em seu fatal pedaço,

Em sua caixa-vida tão hermética...

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Ciência e fé

Um famoso cientista certo dia,

De queixo levantado e dedo em riste,

Falou ao mundo inteiro, com ironia:

“_Um dia provarei que Deus não existe!”

Mostrou estudos de geologia;

Teorizou que: “_O mundo subsiste,

Proveniente da desarmonia,

Do caos que dessa vida se consiste.”

Apenas revelou nessa jornada,

Que, embora os Einsteins e os Ptolomeus,

É toda a teoria sempre vaga.

Assim, no limiar desses estudos seus,

Tentou provar que tudo vem do nada,

Mostrou que tudo só provém de Deus.

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Pássaro ferido

Eu sou teu passarinho engaiolado,

Que faz a tua vida ter razão.

Eu canto alegre, quando apaixonado,

Canto tristonho na decepção.

Quando me escutas, ficas transtornado...

...Mas, se te causo dor e compaixão,

É só porque me tens alimentado,

Com sobras de qualquer desilusão

Assim vou enfeitando o teu soneto,

Com sentimento, com imaginação

Mostrando o teu valor e o teu defeito.

Vivo cantando mesmo na prisão,

Asas atadas dentro do teu peito,

Eu sou teu passarinho: o coração.

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Bendita doçura

Não venham me cobrar complexidades,

Nem questões complicadas ou sutis;

Eu quero mesmo é só simplicidade.

É só assim que eu posso ser feliz.

As mãos repletas de calosidades;

Os sorrisos abertos, pueris;

Os abraços sinceros de amizade;

Os gestos generosos e gentis...

Só o que é singelo é mais fecundo,

Nada substitui a sua essência,

Nem dinheiro que pague nesse mundo.

O gesto puro é pura experiência;

Pode durar até um só segundo,

Mas tem valor por toda essa existência.

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No dia das crianças

Bonecas, bolas, tendas ou carrinhos;

Tevês, i-fones ou computadores;

Camisas, bicicletas, brinquedinhos,

De todos os tamanhos e valores.

Um presentão bacana ou presentinhos

Repletos de firulas e de cores.

Dos pais, avós, dos tios ou dos padrinhos,

São mimos infantis e animadores...

Crianças, muitas vezes, só preferem;

Um pouco de carinho e compreensão,

E que lhes deem valor, lhes considerem...

Crianças, nesse mundo de ilusão,

Além desses presentes também querem:

Amor, Respeito, Ajuda e Proteção.

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Duvido da Benevolência!

É tanto Mal que nesse mundo existe,

Que o ser humano tudo desconfia.

Não crê que exista alguém que ainda insiste,

No bem comum ou na filantropia.

Pro ser humano toda a ação consiste,

Em receber em troca uma mercadoria;

A caridade é um dom que não resiste

E o amor ao próximo é só poesia.

Suspeita de atitudes boas, nobres.

Olha enviesado pra quem pouco tem

E ainda doa esses humildes cobres...

...E nessa realidade se mantêm:

Condena quem estende as mãos aos pobres,

Chama de tolo quem pratica o bem!

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Bater e ensinar

Muitas surras sofri quando criança,

Era uma sova quase todo dia.

Mas, não reclamo essa destemperança,

Pois como eu aprontava, eu merecia!

Eu bagunçava pela vizinhança;

Matava aulas; desaparecia...

Fazia traquinagens e lambanças;

A mãe mandava, eu desobedecia...

Esses rigores tão fundamentais,

Fizeram-me ficar dentro da lei,

Pois, eram tapas educacionais.

Foi pouco, muito pouco o que eu passei.

Pois, depois de crescer sofri bem mais,

Das surras dessa vida que eu levei.

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INRI

Divino Senhor,

Meu Mestre Jesus,

Me dê teu amor,

Me dê tua luz.

Vós, que padecestes por nós – Redentor -

E nós te pregamos no alto da cruz.

Deixastes teu sangue, deixastes tua dor,

Com teus pés descalços, com teus ombros nus.

Nesse meu lamento

Te peço perdão,

Pelo sofrimento.

Mas fica a lição,

Do teu lindo exemplo,

No meu coração.

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Divino sorriso

Quem coloca a Paixão no que faz

E quem faz o que faz com Paixão,

A alegria e o prazer sempre traz,

Em seus braços e em seu coração.

Quem se mostra efetivo e capaz,

Com exemplo, com dedicação,

Certamente caminha com paz,

Pela estrada da compreensão.

Quem mantém um sorriso, um afago...

Quem costuma rezar e servir

E quem anda no amor abraçado...

Esse ser de exemplar existir,

Terá a vida a cantar do seu lado,

Terá Deus do seu lado a sorrir.

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Credo II

Creio no ser humano poderoso,

Desbravador dos céus e da terra;

Creio no espírito consciencioso,

Que sabe quando acerta e quando erra.

Creio no Ser que luta pelo povo,

Que age pela paz, despreza a guerra.

Vendo a desigualdade sente nojo;

Ao ver uma injustiça logo berra!

Creio no Ser, na sua ação fraterna

E não apenas no que lhe convém...

Creio na caridade tão materna.

Creio no Ser que no perdão se atém;

Na esperança da bondade eterna;

Na eternidade de fazer o bem.

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A Felicidade

Felicidade?! Um dia eu percebi,

De tanto procurá-la e de querê-la,

Que estava do meu lado, sempre aqui,

Mas, eu não quis, não pude percebê-la.

Um inspirado dia amanheci,

Querendo, a todo custo, concebê-la,

Mas, nessa hora, simplesmente vi,

Que era preciso dá-la para tê-la.

Assim, doei toda a Felicidade,

Injetei amor nas minhas veias,

Com gestos de carinho e de bondade.

Então vi que a deixando em mãos alheias,

Sem pedir nada em troca, na verdade,

As minhas mãos ficavam bem mais cheias.

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50 tons de rosa (Câncer de mama)

Que seja rosa choque, então carmim;

Que seja rosa pink ou salmão.

Importa é que você expresse o sim,

A procurar cuidado e prevenção.

Magenta, rosa chá ou carmesim;

Coral, bebê, qualquer coloração;

Que vale é que você adote, enfim,

Precocemente uma detecção.

Não é ser feminista ou ter modismo;

Nem charme, moda, ou mesmo irreverência.

É ver o câncer como um realismo.

É olhar pro corpo como advertência,

Não só usar o rosa em simbolismo,

E sim vestir a cor da consciência.

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Novembro Azul – Toque nesse assunto

Você pode vestir azul celeste;

Você pode vestir azul marinho;

Importa é que você se manifeste

E tenha a informação no seu caminho.

Se é azul anil que você veste,

Azul escuro ou mesmo azul clarinho;

Importa mesmo é que você ateste

Um pouco de amor próprio e de carinho.

Câncer de próstata não é piada;

Mantenha a consciência sempre junto,

Com a prevenção correta e apropriada.

Não seja intolerante ou mesmo cético,

Comprometa-se, toque nesse assunto;

Tenha um dedo de prosa com seu médico.

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Florescer

Esse sol tão letal, tão abrasivo,

Esse vento inclemente e tão ruim...

Que seria de mim sem teu sorriso?

Chuva bendita sobre o meu jardim!

Muita gente a pisar sem sobreaviso;

Toda a erva-daninha sobre mim...

Sem esse teu olhar de paraíso,

Já teria morrido o meu jardim.

As intempéries desse amor profundo;

Tudo o que me sufoca e me castiga;

Meu ser desesperado e moribundo...

...Tua presença tão extrovertida,

Nos jardins tão sofridos desse mundo,

É chuva, é sol, é seiva em minha vida.

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Asas indomáveis

Não fique aí parado enferrujando!

Decole! Voe em busca do seu céu.

Mais vale se arriscar no céu voando,

Do que ficar no chão sonhando ao léu.

Não importa o vento ou a tempestade quando

Você está cumprindo o seu papel:

Que é o espaço seu ir confirmando

E a sua ideologia ser fiel.

Virão situações mais imprevistas.

Que importa é o seu preparo, a lealdade,

Com atitudes firmes e otimistas.

Você conquistará a liberdade,

Voando sobre as nuvens das conquistas

E aterrissando na felicidade.

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Confrontos e conflitos

Lidamos com os conflitos mais diversos;

Conflitos sociais, familiares;

Nos relacionamentos controversos;

Em todos os momentos e lugares...

Conflitos pessoais e bem complexos;

Nas organizações mais regulares,

Há sempre uma disputa, um retrocesso,

Subversões até particulares...

Pra ter a solução sempre nos cabe,

Toda a harmonia contra a desavença;

Muita justiça contra a impunidade.

É ter a mente aberta em suas crenças;

Rever os seus valores e verdades,

Pra respeitar as várias diferenças.

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A visita

Era uma casa tão perfeita e bela,

Toda moldada pelas mãos Divinas.

A essência da vida estava nela,

Com muitas pulsações e adrenalinas.

Um dia, nessa casa sem tramela,

Um ser, com suas negras pantomimas,

A visitou, soberbo e sem cautela,

Deixando só tristezas, só ruínas.

Em cada quarto hoje há uma ilusão;

Habita nela hoje só negrume,

Sombras esparsas da desilusão...

...É assim que história toda se resume:

Essa casinha era o coração

E o ser que a destruiu era o ciúme.

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Jardineiro fiel II

Sou jardineiro de uma flor apenas

E sou fiel a esse ardente amor.

Podem vir flores, flores as centenas,

Só tenho olhos para a minha flor.

Que venham flores de beleza extrema,

De qualquer tipo, qualquer cheiro ou cor.

No meu espaço simplesmente reina,

A mais maravilhosa e linda flor.

O sol do meu amor sempre lhe estendo,

Regando-lhe com águas de carinho

Das intempéries vou lhe protegendo.

Eu vou cuidando dessa flor querida

E ela vai apenas me entretendo,

Florindo, embelezando a minha vida.

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Revolução III

Convoco o ser humano de alma pura,

Pra iniciar um grande manifesto;

Pra contestar, com força e com bravura,

O corrupto, o ladrão, o desonesto...

Convido cada honrosa criatura,

De coração bondoso, humilde e honesto,

Pra expulsar toda essa “gente impura”

E iniciar, com paz, o seu protesto.

Convido toda a gente insubmissa,

Que possa provocar muita mudança,

Na busca pelo Bem, pela Justiça...

Chamo o homem que tenha certo arrojo,

Pra começar na sua vizinhança,

Um movimento em prol de um mundo novo...

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Associação Chapecoense de Futebol

Era um projeto que virou ação;

Um sonho transformado em esperança;

Um grupo edificado na união,

Na amizade, na perseverança.

Muita alegria, muita diversão...

Muita raça, bravura e liderança;

Uma equipe voltada pra dedicação;

Exemplo de trabalho e confiança.

Cada herói do teu time era um guerreiro

Fazendo dessa vida uma vitória,

Num mundo mais humano e verdadeiro.

...Aterrissaram para a própria glória;

Conquistaram o céu (o mundo inteiro);

Voaram para entrar na tua história.

28/11/2016

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Seres sublimes

Vós que estais a perder a esperança;

Vós que estais a perder toda a fé;

A remar adverso à maré;

Se afogando em qualquer temperança;

Vós que estais tão cansados e até,

Desprovidos de perseverança.

Sendo bons, tendo amor, confiança

Só levando esbarrão, pontapé...

Escutai os sensíveis poetas,

Eles têm as respostas mais puras,

E as verdades mais justas, completas.

Atentai aos poetas! Pois eles,

São as mais doces das criaturas,

Mais humildes de todos os seres.

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Em tua mesa farta...

Em tua mesa farta, tudo tens,

Mas, tudo desperdiças meramente.

Diversos acessórios, vários bens.

E nada valorizas plenamente.

Mais coisas adquires e obténs

Com fome de conquistas tão somente,

No entanto, tudo isso só manténs,

Preenchendo o teu vazio tão aparente.

Quanto a fome no mundo? Só desprezas!

Quanto a miséria alheia? Não tens culpas!

Se alguém fala das guerras? Só bocejas!

O Ter é simplesmente a tua crença;

Tudo consomes com letais condutas

E arrotas só desdém e indiferença.

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Triste realidade

Quanta gente morrendo de fome!

Quanta gente faminta no mundo!

Nada tem, nada bebe, nem come,

No seu prato sem borda e sem fundo.

Tanto Ser sem guarida, sem nome;

Miserável, infeliz, moribundo!

Quanto verme no extremo abdome;

Quanto lixo no chão nauseabundo...

Quanta gente, meu Deus, quanta gente,

Que não tem uma simples bolacha,

Pra matar sua fome inclemente.

Criancinhas andando descalças,

De mãos dadas com a morte iminente,

Abraçadas com a própria desgraça!

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Revide

Quando alguém te punir de forma injusta;

Quando alguém te julgar levianamente;

Te condenar, inconsequentemente,

Com atitude desumana e brusca;

Se alguém aponta, furiosamente,

O dedo em teu nariz, e ainda te assusta,

Com toda a violência tão robusta,

Tão descabida, tão impertinente...

Pra toda essa gentalha tão atroz,

Só deixa a tua nobre compaixão,

Só deixa o teu desprezo mais feroz...

Desdenha essa maldosa opinião,

Ninguém pode calar a tua voz,

Ou mesmo envenenar teu coração!

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É isso que eu digo!

Quando digo que “É isso que eu digo!”

Ao notar qualquer coisa indecente,

Sempre trago um protesto comigo,

Sempre tento ser bem convincente.

Quando digo que “É isso que eu digo!”

À injustiça que vejo na frente,

Já utilizo meu duplo sentido,

Nesse dito que digo frequente.

Se deparo com alguém imprudente,

Quando digo que “É isso que eu digo!

Tento ser o mais justo somente.

Mas se alguém for sacana comigo,

De uma forma cruel e inclemente,

Só respondo que “É isso que eu digo!”

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O jardineiro do Bem II

Mantenha a sua alma protetora;

Sustente o seu espírito bondoso;

Cultive a mão gentil e acolhedora;

O coração tranquilo e caridoso.

Numa atitude humilde e vencedora,

Procure ser um Ser mais amoroso;

Conserve a fala tranquilizadora;

Mantenha o ouvido atento e prestimoso.

Combata o Mal e faça sempre o Bem;

Espalhe o amor; pratique a caridade,

Sem condenar e sem julgar ninguém.

Quem, nesta terra, cultivar Bondade,

Um justo dia colherá no além,

Flores de Paz e de Felicidade.

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Soneto da desesperança

Vejo no olhar de tantos: mágoas tantas;

Vejo no andar de muitos: muitas dores;

Nos rostos de alguns: alguns rigores,

Formando as mais temíveis das carrancas...

Daqueles exemplares benfeitores,

Só vejo os mais perversos sacripantas.

A palavra cortada nas gargantas,

Dos mais audaciosos lutadores.

Nos meros corações, tristezas meras;

Vejo o resto do amor, buscando restos;

A esperança a se cansar da espera...

Na mente alheia, alheios manifestos;

Vejo nas almas, desalmadas feras;

Nas mãos humanas, desumanos gestos...

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O cético falando ao poeta

Queria crer indubitavelmente

Que existe mesmo um ser superior.

Queria crer inquestionavelmente,

Num ser que explique o sofrimento e a dor...

Queria digerir na minha mente

Algo fora de mim, seja o que for,

Que controla esse cosmos, totalmente,

Cada ser, cada vida, cada flor.

Teorias não têm comprovações;

São embasadas nas hipocrisias

E alicerçadas nas suposições.

São tolas, hipotéticas magias;

São sentimentalismos sem razões,

Vindas das prosas ou das poesias.

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O poeta respondendo ao cético

Sim! Deus está na prosa e na poesia,

Pois Deus se expressa na beleza imensa.

É luz, é paz, é gesto, é energia...

É vida, que na vida se condensa.

Se essa dúvida em ti se pronuncia,

De forma racional e tão intensa,

É Deus que a inteligência te anuncia,

Com a liberdade Deus te recompensa.

Quando a certeza em Deus se vivifica,

Toda a verdade logo vem em cena

E a teoria se solidifica.

Pois, Deus está em tudo, em forma plena;

Na mente humana que lhe glorifica

E até no coração que lhe condena.

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Soneto erótico

Vem cá me seduzir, me enlouquecer;

Deixar meu coração dando pinote;

Subir em minha sela e se entreter,

Num trote comportado ou num galope.

Vem cá suar, gritar, vibrar, gemer...

...Um beijo, um cheiro doce no cangote...

Quero te ver subir, descer, mexer,

Até que essa energia em ti se esgote.

A boca arfante, os pelos eriçados...

O movimento tão maravilhoso,

Constante, delirante, ritmado...

Vem cá ganhar um suculento gozo,

Teu corpo no meu corpo fatigado,

Num gesto enlouquecido e prazeroso.

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Três amores

Bendigo o livro onde navego e exploro;

A musa amada amargamente doce...

Bendigo cada símbolo sonoro,

Que, libertinamente, a vida trouxe...

Santificado o som onde incorporo,

A percussão que bate feito um coice.

A lira, a pena, o tamborim que adoro,

Como, se ele, o coração me fosse...

Na música da vida me deleito;

Riqueza no meu mundo é não ter nada;

Simplicidade é a cama onde me deito...

...E nessa minha harmoniosa estrada,

Carrego três paixões dentro do peito:

O livro, a poesia e a batucada...

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Força, foco e fé...

(Para minha irmã Valda Cabral)

Eu sei que estás vivendo esse tormento,

Com tanta depressão e insegurança,

No entanto, nesse injusto sofrimento,

Conserva a tua fé, tua esperança.

Embora todo o teu abatimento

E a dor que esse teu corpo tanto lança,

Mantenha em tua alma o entendimento

E no teu coração a confiança.

Mesmo que venham lágrimas constantes,

Choros e mágoas nesses olhos teus;

Fraquezas, desesperos transbordantes...

Tenha força pra tudo superar.

Confia e espera. Tenha fé em Deus,

Pois Deus jamais irá te abandonar.

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A miséria e o desperdício

Existe um ser guloso e insaciável.

Nada lhe satisfaz. Não se contenta

Com sua mesa ou sua vestimenta...

Tem de tudo e se julga um miserável...

Em sua vida assim tão avarenta,

Na insatisfação inigualável,

Demonstra ser um ser desagradável,

Numa existência farta e opulenta.

Jamais enxerga a fome que o rodeia;

Vive enjaulado no materialismo,

O coração vazio e a pança cheia ...

Com sua ignorância e seu cinismo,

Do topo de seu mundo, bombardeia,

O lixo do seu próprio consumismo!

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Cinquenta tons

Tento pintar, de forma destemida,

Com muito imagem, muita luz e cor,

Cinquenta tons de amor em minha vida;

Cinquenta tons de vida em meu amor.

As vezes uma tela colorida.

Em outras um borrão sem resplendor.

No entanto a mão se esmera, a mão lapida

E o coração transforma-se em pintor.

Não tenho medo de mostrar meus traços,

Meus tons, meus quadros, minhas produções,

Nem minhas obras-primas, meus fracassos.

Humildemente externo as emoções,

Jogando tintas, feito algum palhaço,

Pra colorir alheios corações.

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Cinquenta tons II

A dor, a humilhação sempre sofridas,

Por esses pobres seres tão sensíveis,

São ingratidões, no entanto, admissíveis;

São injustiças, mas, compreendidas.

Dominações, torturas tão incríveis,

Que a sociedade impõe e que castiga,

Mexendo e remexendo na ferida,

São golpes necessários e plausíveis.

Todo o poeta é sempre um masoquista,

Apanha, sente dor, mas sente gosto;

Sua alma retalhada ainda rabisca.

Os versos tão expostos, tão precisos

O coração sofrendo e no seu rosto,

O mais compreensivo dos sorrisos.

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Soneto da infidelidade

Saber que estás envolta em outros braços

E ver-te em outros lábios envolvida,

Só faz enaltecer os meus fracassos

E escurecer bem mais a minha vida.

Saber que em outros ombros, teus cansaços,

Colocas, confortada e agradecida,

Meu coração transforma-se em pedaços

E alma dilacera amortecida.

Esse comportamento tão cruel,

De abandonar as juras tão sagradas

E desprezar o abençoado anel,

Só traz uma certeza em mim, mais nada,

Jamais amou quem torna-se infiel,

Nem, por ninguém, merece ser amada!

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Soberbas criaturas

Ninguém tá nem aí pro seu vizinho;

Ninguém mais quer saber do semelhante;

Nem mesmo enxerga a dor em algum semblante;

Ou em outro coração qualquer espinho.

Ninguém enxerga mais lá adiante,

Alguém chorando pelo seu caminho;

Nem vê o quanto a falta de carinho,

Só torna a vida mais desconcertante.

Filantropia ou solidariedade,

Deixaram de existir na humanidade.

Ninguém se importa mais com mais ninguém!

Assim, na sua vida miserável,

O ser se torna um ser abominável,

Com sua indiferença e seu desdém.

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Entre a falsidade e o desengano

Amar sem confiar é uma tortura;

Viver a dois com a dúvida cruel,

Se existe ali alguém que é infiel,

É se afundar na lama da amargura.

Quem faz da relação só um papel,

Ornamentado por qualquer moldura,

Só prova dessa mesa a desventura

E bebe dessa fonte apenas fel.

É triste a traição, esse tormento;

É dura essa tristeza que agiganta,

Toda a decepção e sofrimento.

É amarga essa ilusão que desencanta,

Deixando o coração com um ferimento

E um grito sufocado na garganta.

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Vida venturosa

Quem pensa que é feliz se divertindo,

Inebriado com prazeres vãos,

Com seus amigos ou com seus irmãos;

Com bens materiais usufruindo...

Quem pensa que a alegria em suas mãos,

É um momento encantador e lindo,

Satisfazendo seus desejos. Rindo

Com os mais endinheirados cidadãos...

Engana-se com tal futilidade,

A alegria não cria raiz;

É filha do altruísmo e da bondade.

O tempo mostra e a vida assim nos diz:

Só temos a real felicidade,

Tornando um outro coração feliz.

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Bodas de Prata

Os vinte e cinco anos prateados,

Que nos abençoou nossa união,

Deixou-nos muito mais apaixonados

E fez um lindo espelho: essa paixão.

Nós somos um casal de namorados;

Vivemos nosso amor com devoção,

Com nossos filhos sempre tão amados,

O nosso lar, a nossa comunhão...

Passamos juntos por momentos belos,

Também passamos por tribulações,

Mas, sempre respeitamos nossos elos.

Nesse viver de amor e de emoções,

Se o tempo prateou nossos cabelos,

Banhou de ouro nossos corações.

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O preço do medo

Passamos nossas vidas planejando

Os nossos sonhos, nossos ideais.

E o tempo vai passando, vai passando....

E tudo vai ficando para trás.

...Largar nosso trabalho tão nefando;

Buscar novas conquistas radicais;

Mudar; ser mais audaz; agir ousando;

São só concepções e nada mais...

Na zona de conforto, conformados,

Seguimos para o nosso abatedouro,

Tangidos, cabisbaixos, adestrados...

Ficamos presos nesse ancoradouro,

Ali, completamente acovardados,

A um passo apenas de um real tesouro...

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Soneto do Bem

É bom fazer o bem e ser do bem;

É muito bom ser bom, ser generoso;

Fazer o bem, sem parecer bondoso;

Doar amor, mas sem olhar à quem.

Nesse mundo faminto e impiedoso,

Não exaltar somente o que se tem;

Valorizar bem mais o “ser” também;

Fazer da vida o bem mais precioso.

É estender as mãos mas sem mostrá-la;

Os olhos que se baixam na humildade;

A boca sabiamente que se cala.

É bom agir em prol da humanidade

E ser o ser que no silêncio espalha:

O amor, a paz, o bem, a caridade...

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Meu Deus...

Entrego em Tuas mãos a minha vida;

Me atiro, nesse abismo, nos Teus braços;

Eu sigo cegamente esses Teus passos,

Com toda a confiança destemida.

Contigo eu vou em frente, sem cansaços;

Nenhuma tempestade me intimida;

A minha fé em Ti é desmedida,

Na humilde gratidão dos nossos laços.

Tua presença cura os ferimentos;

O Teu silencio a minha dor acalma;

Tua palavra aplaca os sofrimentos.

O Teu amor é a minha redenção;

É chama augusta dentro de minh’alma;

É luz bendita no meu coração.

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Mari esposa

Mari pousa no meu coração,

Com seu jeito tão belo e inocente,

Põe ali a mais linda semente,

Vive ali com total devoção.

Mari pousa vivaz, reluzente,

Nas esferas da minha paixão.

Sua luz tem a minha atração,

Onde voo entretido e contente.

Nessa nossa total simbiose,

Vem um mundo tão libertador,

Que impressiona, motiva e comove...

Mari pousa com seu resplendor,

Faz surgir uma metamorfose,

Onde, juntos, voamos no Amor.

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Afeto e compaixão

O choro alheio me sensibiliza;

Padeço por quem sofre uma amargura;

Pela ferida que não cicatriza,

Ou pelo coração em desventura.

Sempre busco ajudar quem mais precisa;

Quem vive uma existência atroz e dura;

Aquela alma que se martiriza,

Nas sendas dessa vida fria e escura.

Também tento entender o sofrimento,

Com um gesto, uma palavra, um sentimento...

Muito carinho, compreensão e amor...

...Mantenho um lenço para cada pranto,

Um longo abraço para o desencanto,

Um ombro amigo para cada dor.

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Passeata pela morte de mais um inocente

Mostro um cartaz pedindo mais justiça;

Ergo minha bandeira da igualdade;

Contrário à tirania, a impunidade

E toda a liderança tão omissa.

Uma bala perdida em zigue-zague;

Mais uma vida que se desperdiça

Só mais um cidadão que se espatifa,

Na indiferença dessa sociedade.

Nessa empreitada simplesmente busco,

Um pouco de justiça e de respeito,

De toda a forma e mesmo a qualquer custo...

A bandeira em que peço o meu direito,

Vem encharcada pelo sangue injusto,

Da dor que sinto dentro do meu peito.

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Sonetilho

Por traz desse meu sorriso

Eu escondo o sofrimento.

Pelas sombras do meu riso,

Divagam ressentimentos...

Eu sei que às vezes preciso

Ocultar o sentimento

Da dor que ainda cultivo

No meu peito tão sangrento.

...Dirás que estou mentindo,

Que é tudo desilusão!

Mas eu só sofro sorrindo

Apenas por precaução,

Pra não deixar constrangido

Teu virginal coração.

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Soneto de um Carteiro

Eu tenho muito orgulho em ser carteiro,

Trabalho com amor e alegria.

Da informação eu sou o mensageiro,

Com profissionalismo e cortesia.

Procuro ser amigo e companheiro,

Pois eu sei que a amizade contagia

E torna o meu trabalho mais “maneiro”,

Ganhando mais respeito e simpatia.

Pacotes ou qualquer correspondência

Entrego rapidinho no destino

Com toda a segurança e eficiência.

Procuro honrar o pão da minha mesa,

Agindo com prazer e honestidade,

Honrando o nome dessa minha empresa.

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Marcas e Registros

(aos ex-empregados dos Correios)

Fizeste parte sim da nossa história!

Deixando as tuas marcas pelo tempo,

Com teu comportamento, teu exemplo,

Nessa tão bela e rica trajetória.

Cada passo marcou teus bons

momentos,

Que levarás pra sempre na memória,

Selando essas conquistas com a vitória

E os mais leais e justos sentimentos.

Valeu todo o percurso; a experiência;

As amizades tão bem construídas;

Cada momento; cada convivência...

...E assim, nessa importante despedida,

Tu deixarás saudades nessa ausência,

E levarás lembranças pela vida.

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Levando um toco

(Soneto juvenil)

Eu fui cantar a gata e me dei mal;

Levei um fora mesmo de arrasar!

Um corte tão profundo e radical,

Que eu nem sabia aonde me enfiar.

Um toco assim na cara é animal!

Não dá pra esquecer, se conformar.

Bem feito foi pra mim, fui um boçal;

Pois tenho essa mania de arriscar.

O meu assanhamento foi maneiro;

Só não contava que a gatinha besta,

Me desse um pé-na-bunda tão certeiro.

Só tenho mesmo é que sair de banda!

Arremessar a bola em nova cesta;

Tentar. Sempre arriscar que a “fila anda!”

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Revolução II

Querem me derrotar pelo cansaço,

Com tantas negações, tantas mentiras;

Com tanta enganação, tanto embaraço,

Com tanto “troca-troca” e “vira-vira” ...

Querem me convencer que esse fracasso,

É fruto de alguns líderes traíras.

Preferem que eu caminhe cabisbaixo,

Olhando os pés, sem ter ninguém na mira...

Não posso permitir que essa quadrilha,

Destruam minha pátria, meu país,

Querendo alimentar sua matilha.

... Pra toda essa cambada de imbecis,

Terão minhas respostas de guerrilha,

Com minhas atitudes mais hostis! ...

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Petrificação

Impenetrável coração de pedra,

De uma dureza tão intensa e extrema.

Nada estilhaça, nem rabisca ou quebra.

Nem força alguma lhe deforma, empena...

Irretocável coração de pedra,

De forma tão soberba e tão terrena.

Tudo rebate, tudo julga ou nega,

Com a atitude sempre tão pequena.

Para tudo demonstra resistência;

Nada perdoa - com total frieza.

Tudo rebate com maledicência.

Coração de insensata solidez,

Jogado pelo mar das incertezas,

Afunda na sua própria estupidez.

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Soneto ao Desportista

O desportista é sempre alguém saudável,

De mente, corpo, alma e coração.

Rejeita a circunstância confortável;

Estima o movimento; quer ação!

O seu comportamento é imperturbável;

Procura agir com determinação;

Transforma o insistir no infatigável

E faz do transpirar a inspiração.

Procura ter vigor e agilidade.

Na sua objetiva trajetória,

Persegue o bem-estar e a qualidade.

Não busca só vencer; não busca a glória!

Com sua grande força de vontade,

O viver bem já é sua vitória!

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Crime doloso

Se não queres lutar por teu futuro,

Permaneça quieto! Cala a boca!

Continua sendo esse boboca,

Apenas espiando atrás do muro!

Se não podes dizer-te um patriota,

Pois então, com certeza eu te asseguro,

Teu amanhã será bem mais escuro

E o teu presente sempre uma derrota.

Se alguém te rouba bem na tua cara,

Se a falcatrua logo se escancara,

Esfregando a injustiça em teu nariz,

Mas, mesmo assim, tu ficas indolente,

Só tu és o culpado permanente,

Por esse teu viver tão infeliz!

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Moro numa Ilha

Moro no morro! Na minha Floripa.

Ali no meu casebre-camarote.

Olhando a lua cheia, tão bonita,

Iluminando-a feito um holofote.

De vez em quando posso soltar pipa,

Mesmo não sendo mais um rapazote.

Na minha terra santa e tão bendita

Eu tenho a liberdade como dote.

Eu vou na Praça XV, na Lagoa;

Pra pescar camarão vou de canoa...

Vou no Mercado, vou na Catedral...

Vou passeando pelas suas praias,

O vento sul a levantar as saias,

Na minha ilha sobrenatural....

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A paixão de Cristo

No lombo de um burrinho Ele montou

Sabendo qual seria sua missão...

...E na Jerusalém o Mestre entrou

Com humildade, força e devoção.

Na ceia Ele partiu e transformou

Seu sangue e o Seu Corpo em vinho e pão;

Os pés de seus discípulos lavou,

Depois anunciou a traição.

Foi preso, foi julgado e condenado;

Foi conduzido a crucificação;

Enfim, por sua mãe foi sepultado.

Ressuscitou mostrando a salvação

E o Ser mais poderoso e iluminado,

De fé, de amor, de vida e compaixão.

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Fiat lux

Palavras, tão somente, são sementes,

Deixadas nesse fértil chão de giz.

Impressas expressões grandiloquentes,

Impressionantemente pueris.

Palavra solta delicadamente,

Palavra presa numa cicatriz.

Jogada numa lavra inconsequente,

Rebenta e firma espectral raiz.

A palavra devora! É devorada!

Pulsa, estremece, repercute, goza;

Na tela da existência é retratada.

Palavra é criação, é exorbitância;

É a luz, é o verbo, o verso, a prosa...

Nas trevas surreais da ignorância.

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Seres inanimados

... O circo dos horrores se escancara.

Bicho de barro! Boneco de cera!

Pode cuspir e dar tapas na cara,

Pois não se mexe! Não fede e nem cheira!

Nada ele enxerga mas tudo repara;

No entanto, não distingue a roubalheira.

A sua indiferença se escancara,

Enquanto lhe detonam a carteira.

Inexpressivo e inerte carrapicho,

Diante da mais dura tempestade,

Se mostra conivente e submisso.

Ali sentado nesse mar de escolhos,

Vê perpassar a desonestidade,

Enquanto os urubus furam seus olhos!

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Auto ajuda

Acorde todo dia com a certeza

De que você é um grande vencedor!

Que dentro de você tem a grandeza

Do aventureiro, do conquistador.

Não deixe a sua força ficar presa.

Do futuro, é você o construtor.

Sim! Você pode ser o que deseja

E não somente um mero sonhador.

Chega de se fazer de coitadinho.

Esqueça a choradeira, algum

resmungo...

Levante e siga em frente o seu caminho.

Sucesso só pertence a alguém que crê!

Se você não puder mudar o mundo,

Transforme o mundo dentro de você!

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O beijo

Maravilhosamente bom é o beijo;

Não importando aonde, ele é gostoso...

Nem mesmo se é de amor ou de desejo,

... Um beijo seco, até um mais meloso.

Às vezes pode ser só um cortejo,

Molhado, adocicado, saboroso...

Um beijo sério ou mesmo algum

gracejo;

Um beijo mais ousado ou respeitoso.

É muito bom beijar e ser beijado.

No relacionamento é tão preciso;

No coração é fogo arrebatado.

O beijo apaixonado é decisivo.

Deixa na boca o gosto do pecado

E nos abre os portões do paraíso.

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“Que país e esse?”

Bandidos, caloteiros, malfeitores, Não vemos só nas ruas, nas cadeias; Há muitos deputados, senadores, As alas de Brasília estão cheias. Também nas prefeituras, vereadores, A sórdida propina se rateia. Nos gabinetes dos governadores, A gulosa matilha banqueteia. Corruptos, falsários e ladrões... Fazendo do desfalque um exercício, Criando sempre mais espertalhões. A desonestidade é um grande ofício, Deixando esse país dos bobalhões, Igual ao mais imundo meretrício! ...

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Traição

Eu tenho medo que você me traia

E que você me troque por alguém

Que, prontamente, nos seus braços caia

E se apaixone por você também.

Eu tenho a insegurança de tocaia,

Temendo que você vire refém

De um outro coração que sobressaia

E que ainda lhe chame de “Meu bem!”

Toda essa minha grande desventura,

Dormita inconsolável no meu leito,

Deixando a alma cheia de amargura.

Eu sei que esse meu medo é o meu defeito,

Mas sua indiferença é uma tortura,

Feita uma faca a lacerar meu peito! ...

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Nação indígena

O índio respeita a Mãe Natureza.

A terra, o sol, a lua, o mar, o rio,

Divide tudo com total franqueza,

A caça, a sua pesca, o seu plantio...

Aos curumins demonstra ter firmeza;

Aos anciões é sempre o mais gentio;

Trata as mulheres com delicadeza;

Na crença e na cultura é o mais bravio...

No entanto, as suas terras tão sagradas,

Tomamos com violência predatória

E as desculpas mais esfarrapadas.

Nessa atitude tão injusta e inglória,

A minha consciência logo indaga:

Onde estão os selvagens nessa história?!

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Nem doce, nem amargo

Não vim para agradar quem quer que seja,

Não vim pra ser bonzinho ou ser bacana.

Eu vim para irritar, pra ser sacana,

Usando da verdade e da franqueza

Não vim pra ser o bolo ou a cereja!

Quem me julgar de forma leviana,

Eu dou-lhe simplesmente uma banana,

Com a pança abarrotada de cerveja.

Sou louco! Sou pedante! Sou Tranqueira!

Eu sou uma ferida bem exposta!

Sou chato, sou escroto, sou coceira...

Sou mesmo um asqueroso! Sou um Bosta!

Não exija que eu aja como você queira

E nem que eu seja como você gosta!

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MAZINHO DO TROMBONE

Mazinho do Trombone é uma figura

Da nossa história, nosso carnaval.

É um personagem da nossa cultura,

Com seu grande talento musical.

Um homem simples de uma alma pura,

De uma sonoridade especial.

A sua relevância está à altura

Dos mais ilustres desta capital.

A sua família sempre tão querida,

É o sopro, a corda, o som, a percussão...

Harmoniosamente conduzida.

Mazinho do trombone é inspiração.

A sua música toca a nossa vida,

Sua vida toca nosso coração.

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Frente fria

Eu sinto um frio, mas, não o frio do tempo

E sim o frio que emana das pessoas.

Uma frieza brusca que magoa,

Gelando todo o relacionamento.

É o frio da indiferença que atordoa

Os mais acalorados sentimentos.

Do ódio que só traz mais sofrimentos,

Que só aflige, só desacorçoa...

Pra fugir desse frio inconsequente,

Precisamos doar com devoção,

Num abraço, sincero e comovente:

A caridade, o amor e a compaixão,

Que aquecem nossa alma tão carente

E que agasalham nosso coração.

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Somos ilhas

Eu vejo tanta dor, tanta amargura

Nos olhos dessa gente tão sofrida;

Vejo uma névoa tenebrosa e escura

Na alma dessa gente desvalida...

Vejo a distância que se configura

Na mente conturbada e deprimida.

Vejo a ausência do amor que só tortura

O pobre coração quase sem vida.

Eu vejo as sombras da desesperança;

O vazio da descrença e da incerteza;

Vejo o abismo da desconfiança;

Vejo essa gente ilhada na ilusão,

Cercados pela dor, pela tristeza,

Naufragando na própria solidão.

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Negra Mari

Menina pagodeira do chocalho,

Que gosta de sambar, se divertir,

O teu sorriso faz o meu embalo,

O teu gingado só me faz sorrir.

Teu jeito sensual me dá trabalho,

Pois quase sempre tenho que intervir,

Algumas olhadelas no intervalo,

Ou mesmo um comentário que surgir.

Menina pagodeira de shortinho,

De salto alto e toda maquiada,

Cercada de tantã e cavaquinho;

Eu quero ver você na batucada,

Sambando, chocalhando com jeitinho,

Até o sol raiar na madrugada.

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Sobre o autor Administrador; Técnico dos Correios; Casado (Mari Cabral); pai de dois filhos (Victor e Marília); Membro da Academia de Letras de Biguaçu, cadeira 32. Livros editados: Sonetos de otimismo e outros sonetos, 2009 Meus sonetos prediletos, 2011 Caderno de sonetos, 2013 Só (sonetos), 2014 Nós (Sonetos), 2016