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Promover a conscientização da importância da Mata Atlântica como Reserva da Biosfera é a meta deste evento, que acontecerá no município que possui 40% da sua extensão coberta pelo Bioma Mata Atlântica.
Co-editora:Editora:
Apoio:
Livro de ResumosOrganizadores:
Angelo Roberto Mendonça Hélio Freitas Santos
William Costa Rodrigues
Copyright©2014Instituto Zoobotânico de Morro Azul» Hélio Freitas Santos - Diretor-presidente» Maria Cecília R. Monteiro Santos - Diretor-financeiro» Luciano de Caiado Castro Moraes - Diretor-executivo
Este é o livro de resumos do IIi Simpósio de Pesquisa em Mata Atlântica, Engenheiro Paulo de Frontin, RJ, editado pela Faculdade de Formação de Professores da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (FFP-UERJ) e co-editado pelo Instituto Zoobotânico de Morro Azul (IZMA), registrado sob o ISBN nº 978-85-88707-93-1.
Editoração Eletrônica:» Prof. Dr. William Costa Rodrigues – Entomologistas do Brasil
Comissão Organizadora:» Prof. MSc Hélio Freitas Santos (IZMA-SEEDUC); » MSc Annelise Frazão Nunes (USP); » MSc Marília Suzy Wängler (Instituto pé de planta); » MSc Vitor de Souza Ferreira (Pé de Planta); » Profª. Maria Cecília Santos (IZMA); » Biólogo Angelo Mendonça (IZMA); » Bióloga Fabiana Fernandes (SMMA, Paty do Alferes, RJ);» Profª. Claudiene Gonçalves (SEEDUC); » Profª. Bianca de Oliveira (SEEDUC); » Prof. Guilherme Furozawa (SEEDUC); » Prof. Thiago Trindade (Colégio Técnico, UFRRJ).
Comissão de Apoio:» Atalanta O. Dias (Cederj); » Prof. Fabio Quintão (SEEDUC), » Mestranda Camila S. Pantoja de Oliveira (UFRRJ)» MSc Marcelo Netto (USS); » Prof. Jorge Forny (SEEDUC); » Mestranda Samara Macedo (UFRRJ); » Leandro Feijó (CEDERJ); » Liana Monteiro (USS); » Letícia Monteiro (UFRJ).
Comissão Científica:» Prof. Dr. Adriano Lúcio Peracchi (UFRRJ); » Prof. Dr. Paulo Cesar Rodrigues Cassino (USS); » Dr. Reinildes Silva Filho; » Prof. Dr. Marcelo Guerra Santos(FFP- UERJ); » Profa. Dra. Maria Cristina Ferreira dos Santos (FFP-UERJ), » Prof. MSc Luiz José Pinto ( FFP-UERJ); Biól. MSc.Vitor de Souza Ferreira.
Professores Colaboradores: » Prof. Dr.William Costa Rodrigues (UNIFOA); » Prof. José Carlos Azevedo (Colégio Técnico UFRRJ); » Dr. Prof. Luís Henrique Soares (SEEDUC); » Prof. MSc Sérgio Pereira (Prefeitura Barra do Piraí); » Profa. MSc Lucia Helena C. Gonçalves
Reservado todos os direitos de publicação ao Instituto Zoobotânico de Morro Azul (IZMA) - CNPJ: 01.620.691/0001-99 Estrada do Pau Ferro, 3066, Morro Azul, Eng. Paulo de Frontin, RJ - CEP: 26.650-000e-mail: [email protected]: www.izma.org.br
Produzido no Brasil
I I I S I M P Ó S I O D E P E S Q U I S A E M M A T A A T L Â N T I C A , E N G E N H E I R O
P A U L O D E F R O N T I N , R J
LIVRO DE RESUMOS
HÉLIO FREITAS SANTOS ANGELO ROBERTO MENDONÇA WILLIAM COSTA RODRIGUES ORGANIZADORES
1ª. EDIÇÃO
Eng. Paulo de Frontin, RJ
FFP-UERJ
2014
S U M Á R I O
TÍTULO AUTOR (ES) PÁGINAS
A IMPORTÂNCIA DO CONHECIMENTO LOCAL PARA O GEOTURISMO E A GESTÃO DA GEODIVERSIDADE NO PARQUE ESTADUAL DOS TRÊS PICOS: RESULTADOS PRELIMINARES
Silva, W.M.; Guimarães, A. A. S. 01-04
AGREGAÇÃO DO SOLO EM ÁREAS DE FRAGMENTOS FLORESTAIS, PASTAGEM E AGRICULTURA EM AMBIENTE DE MAR DE MORROS, PINHEIRAL (RJ)
Fonseca Junior, A. M.; Pereira, M. G.; Silva, C. F.; Menezes, C. E. G.
05-08
APAREIODON CF. PIRACICABAE NO RIO PARAÍBA DO SUL: ESPÉCIE NATIVA OU INTRODUZIDA?
Salgado, F. L. K.; Araújo, F. G. 09-12
AVALIAÇÃO DO POTENCIAL INSETICIDA DO PRODUTO VIG1 SOBRE LARVAS DE Aedes aegypti
Pardal, B. M.; Cruz, I. L. S.; Carvalho, M. A.; Oliveira, N. B.; Santos, L. R.; Anunciação, S. C. M.; Maleck, M.
13-16
AVIFAUNA CONSUMIDORA DOS FRUTOS DE Alchornia sidifolia Euphorbiaceae
Santos, H. F.; Nunes, A. F. 17-20
CARACTERIZAÇÃO E AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DAS ÁGUAS DA BACIA DO RIO ALEGRE – VASSOURAS/RJ
Gonçalves, L. H. C.; Lima, R.F.; Rodrigues, V.G.
21-24
CARACTERIZAÇÃO FLORÍSTICA E FITOSSOCIOLOGIA DE UM FRAGMENTO DE FLORESTA OMBRÓFILA DENSA NO SERTÃO DO MARUIM, SÃO JOSÉ, SANTA CATARINA
Saullo, R. B.; Freire L. S. R.; Nasser, F. C.
25-28
COMPARAÇÃO DA RIQUEZA DE FAUNA EDÁFICA EM UM POVOAMENTO DE EUCALIPTO E UM TRECHO DE FLORESTA NATIVA NA RESERVA BIOLÓGICA UNIÃO – RJ
Vecchi, I. C.; Almeida, F. S. 29-31
CONSTITUIÇÃO QUÍMICA ESTRUTURAL DO TEGUMENTO DA SEMENTE DE ARAUCARIA ANGUSTIFOLIA
Sampaio, D. A.; Abreu, H. S.; Oliveira, M. T. P.; Sanches, L. S.
32-35
CONTRIBUIÇÕES DE PRÁTICAS EM EDUCAÇÃO AMBIENTAL PARA O ENSINO FORMAL, NOS MUNICÍPIOS DE VASSOURAS, VALENÇA E PAULO DE FRONTIN, RJ
RIBEIRO, M.S.B.M.; PEREIRA, V.F.G.C.; GOMES, R.C.G.
36-39
DECOMPOSICÃO DE SERAPILHEIRA DE DUAS ESPÉCIES ARBÓREAS DA MATA ATLÂNTICA
Cabreira, W. V.; Pereira, M. G. 40-43
DENSIDADE DE FLEBOTOMINEOS (DIPTERA: PSYCHODIDAE) NO PARQUE ESTADUAL DA PEDRA BRANCA, NÚCLEO PAU DA FOME, TAQUARA, RJ: DADOS PRELIMINARES
Silva, F. F.; Vilela, M. L.; Avelino-Capistrano, F. S.
44-47
DÍPTEROS NECRÓFILOS E DE IMPORTÂNCIA FORENSE DO PARQUE ESTADUAL DA PEDRA BRANCA, RIO DE JANEIRO, BRASIL
PENAFORTE, L.B.; BARBOSA, L.S.; AVELINO-CAPISTRANO, F.
48-51
EDUCAÇÃO AMBIENTAL NA ESCOLA INCLUSIVA, POSSIBILIDADES E DESAFIOS NO CENÁRIO DA MATA ATLÂNTICA
Lima, R.F.; Gonçalves, L.H.C.; Kneipp, R.E.
52-55
EFEITO DE BORDA SOBRE O MICROCLIMA EM DIFERENTES ESTÁGIOS SUCESSIONAIS DE FLORESTA ATLÂNTICA
Mendonça, A.R.; Voltolini, J.C. 56-58
EFEITO DA PEDOFORMA NO APORTE DE SERAPILHEIRA NA FLORESTA ATLÂNTICA
Mendonça, V. M. M.; Santos, G.L. dos; Silva, R. M. da; Menezes, C. E. G.; Pereira, M. G.
59-62
TÍTULO AUTOR (ES) PÁGINAS
EPHEMEROPTERA, PLECOPTERA E TRICHOPTERA (INSECTA) EM RIOS DO PARQUE ESTADUAL DA PEDRA BRANCA, RIO DE JANEIRO, BRASIL
Ferreira, A.; Silva, F.S.; Cordeiro, I.R.; Rocha, L.C.F. & Avelino-Capistrano, F.
63-66
ESPÉCIES DA FLORA BRASILEIRA AMEAÇADAS DE EXTINÇÃO PRESENTES NO MORRO DAS ANDORINHAS, NITERÓI, RJ, BRASIL
Machado, D. N. S., Mendes, T.S. & Barros, A. A. M. de
67-70
ESTOQUE E TEOR DE NUTRIENTES DO MATERIAL FORMADOR DA SERAPILHEIRA EM PEDOFORMAS CONVEXA E CÔNCAVA, PINHEIRAL (RJ)
Santos, G. L.; Mendonça, V. M. M.; Correa Neto, T. A., Menezes, C. E. G.; Pereira, M. G.
71-74
ESTRATIFICAÇÃO VERTICAL DA POSTURA DE OVOS DE Aedes aegypti L. E Aedes albopictus S. NO MUNICIPIO DE VASSOURAS, RJ
Cruz Jr, A. J., Monsores, D. A. , Caetano, G. C. , Alves, S. P., Maleck, M.
75-77
ESTUDO DE GEORREFERENCIAMENTO E CARACTERIZAÇÃO FLORESTAL EM UMA RESERVA PARTICULAR DO PATRIMÔNIO NATURAL PERTENCENTE AO BIOMA MATA ATLÂNTICA – RPPN GRANJA REDENÇÃO / SILVA JARDIM – RJ
Santos, M. F.; Amorim, A. P. C. F.; Medeiros, G. S.; Andrade, L. C.; Fonseca, C. B. D.
78-80
ESTUDOS DE INSETOS (ORTHOPTERA: GRYLLIDAE) COMO BIOINDICADORES DE QUALIDADE AMBIENTAL NO FRAGMENTO DE FLORESTA PLUVIAL ATLÂNTICA NO INSTITUTO ZOOBOTÂNICO DE MORRO AZUL
Duarte, M.N.; Mendes, M.P.; Rodrigues, W.C.; Cassino, P.C.R.; Maleck. M.
81-84
FRAGMENTAÇÃO FLORESTAL NO VALE DO CAFÉ SUL FLUMINENSE
Santos, J. F. C., Santos, G. R., Cabreira, G. V. , Araújo, E. J. G.
85-88
GÊNESE DE AGREGADOS E MATÉRIA ORGÂNICA EM PEDOFORMA CÔNCAVA E CONVEXA - PINHEIRAL RJ
Fréo,V.A. Pereira, M.G.; Medeiros, A.S.
89-92
GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS SÓLIDOS CONSTITUÍDOS POR PILHAS NA REGIÃO DE SEROPÉDICA
Giovanini, C. F. R.; Azevedo, J. C.; Rasga, G. L.; Garcia, M. C. C.
93-96
INVENTÁRIO FLORÍSTICO E FITOSSOCIOLOGIA DE UM FRAGMENTO DE RESTINGA ARBÓREA NA BAIXADA DO MASSIAMBÚ, PALHOÇA, SANTA CATARINA
Saullo, R. B.; Freire L. S. R.; Nasser, F. C.
97-100
LEPIDOPTERAS ENCONTRADAS EM FRAGMENTO DE MATA ATLANTICA EM MIRANTÃO, BOCAINA DE MINAS-MG
Trindade, T.D.; Furusawa, G. P.; Nascimento, L. K. F. do
101-104
LEVANTAMENTO DE DIPTEROS MUSCÓIDES, ÊNFASE EM CALLIPHORIDAE, SOB INFLUÊNCIA DE DIFERENTES ISCAS NA REBIO DE POÇO DAS ANTAS – SILVA JARDIM, RJ: DADOS PRELIMINARES
SANTOS, A.L.M.D. 105-108
MACROFAUNA EDÁFICA EM TOPOSSEQUÊNCIA COM OCORRÊNCIA DE NINHOS EPÍGEOS DE TÉRMITAS EM AMBIENTE DE “MAR DE MORROS” PINHEIRAL – RJ
Lima. S. S.; Silva, R. M.; Scoriza, R.; Pontes, R. M.; Pereira, M. G.
109-112
MAPEAMENTO DA COBERTURA FLORESTAL DA SUB-BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO COMBOIOS - ES, BRASIL
Mendes, N. G. S.; Santos, A. R.; Silva, S. F.; Cecílio, R. A.; Bermudes, W. L.
113-116
NOVAS ESPÉCIES DO COMPLEXO ASTYANAX BIMACULATUS (LINNAEUS, 1758) DAS BACIAS COSTEIRAS ENTRE SÃO PAULO E BAHIA, INCLUÍDAS NO BIOMA MATA ATLÂNTICA
Salgado, F. L. K.; Buckup, P. A. 117-120
NOVOS REGISTROS DE HETERÓPTEROS SEMIAQUÁTICOS (HEMIPTERA: HETEROPTERA: GERROMORPHA) EM ÁREAS DE MATA ATLÂNTICA
Cordeiro, I.R.S.; Moreira, F.F.F.; Avelino-Capistrano, F.S.
121-124
RECOMENDAÇÃO DE ESPÉCIES PARA RECUPERAÇÃO DE ÁREAS DEGRADADAS
Oliveira Júnior, J.Q.de.; Souza, R.C.; Santos,G.L.; Pereira, M.G.
125-128
TÍTULO AUTOR (ES) PÁGINAS
REDE DE FORNECEDORES DE SEMENTES E MUDAS DE ESPÉCIES DE MATA ATLÂNTICA DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO GUANDU – RJ: IDENTIFICAÇÃO DOS ATORES E PERSPECTIVAS FUTURAS
Diniz, R.G.; Souza S. R.; Arruda A. 129-132
REMANESCENTES FLORESTAIS DE MATA ATLÂNTICA NA SUB-BACIA HIDROGRÁFICA RIO DA PRATA, IBIRAÇU E ARACRUZ - ES, BRASIL
Silva, S. F.; Mendes, N. G. S.; Bermudes, W. L.; Santos, A. R.
133-136
VARIAÇÃO GEOGRÁFICA MORFOLÓGICA E VOCAL DE ASTHENES MOREIRAE (MIRANDA-RIBEIRO, 1905) (AVES: PASSERIFORMES: FURNARIIDAE)
Fonseca, O. V. 137-140
A IMPORTÂNCIA DO CONHECIMENTO LOCAL PARA O GEOTURISMO E A GESTÃO DA GEODIVERSIDADE NO PARQUE ESTADUAL DOS TRÊS PICOS: RESULTADOS
PRELIMINARES
Silva, W.M.¹; Guimarães, A. A. S.²
¹UFRJ, Curso de Mestrado em Geografia- [email protected] – (21) 2676-1262
²UFRJ, Curso de Mestrado em Geografia- [email protected] – (21) 99606-6183
Palavras-chave: Mata Atlântica, Geoparque, Geoconservação.
INTRODUÇÃO O Geoparque é uma nova modalidade de área turística que se caracteriza por
agregar um conjunto de atributos geológicos com importância histórica,
cultural, paisagística e científica. Este conceito está atrelado ao de geoturismo
(GRAY, 2004) em função da importância dada ao patrimônio geológico, e à
educação ambiental, por estimular práticas que promovam a sustentabilidade
(BRILHA, 2005). O único Geoparque brasileiro instituído legalmente, é o da
Chapada do Araripe localizado no Estado do Ceará e possui o bioma Mata
Atlântica em seu território. Este exemplo pode ser aplicado a outras regiões com
Mata Atlântica, já que ao se preservar os atributos físicos desses espaços,
conserva-se a riqueza biológica dessas florestas. Ao se conhecer o uso local dos
recursos naturais por parte das comunidades humanas, pode-se implantar
estratégias de turismo para o melhor manejo dos recursos naturais e posterior
sustentabilidade para a geodiversidade dentro da Mata Atlântica (DIEGUES,
2006). Dessa forma, escolheu-se como área de estudo o Parque Estadual dos
Três Picos (PETP), uma Unidade de Conservação de Proteção Integral. Criado
através do decreto de Lei nº 31.343 de 05 de junho de 2002, o parque é composto
por partes de cinco municípios: Cachoeiras de Macacu, Teresópolis, Nova
Friburgo, Silva Jardim e Guapimirim. O PETP está localizado a leste do Estado
do Rio de Janeiro, na Serra do Mar, e inclui paisagens de rara beleza cênica,
diferentes ecossistemas e um contexto singular em termos de cultura, economia,
biodiversidade e geodiversidade (CAMPOS, 2007). Uma região de Mata
Atlântica que poderia ter uma utilização turística enquanto geoparque.
MATERIAL E MÉTODOS Busca-se nesse trabalho fazer uma leitura da potencialidade do Parque Estadual
dos Três Picos em termos turísticos. Para isso, pretende-se averiguar como se
deu a criação da Unidade de Conservação – UC, sob a luz dos instrumentos
legais como o Sistema Nacional de Unidades de Conservação – SNUC
(DIEGUES, 2006), e seus impactos nos municípios envolvidos, em especial o de
Cachoeiras de Macacu, que possui a maior área do parque em seus limites
geográficos. Para a realização desse projeto estão sendo feitos levantamentos
bibliográficos e de dados qualitativos que possam explicar os fenômenos locais,
abarcando as comunidades locais, bem como trabalhos de campo para a
obtenção de dados primários. As metodologias de trabalho compreendem visitas
de campo nas localidades a serem analisadas para a obtenção de dados
qualitativos; observação dos fenômenos singulares das populações locais por
meio de questionários, entrevistas e depoimentos com atores sociais
representativos. Através de métodos qualitativos serão traçados perfis da
percepção ambiental desses atores frente à geodiversidade da área do parque e
de áreas limítrofes, identificando suas particularidades e os usos turísticos dos
recursos naturais do parque (MANSUR, 2009 & GRAY, 2004).
RESULTADOS E DISCUSSÕES A região do Parque Estadual dos Três Picos possui um imenso potencial de
belezas naturais que podem ser desfrutadas e melhor geridas de acordo com o
SNUC (2000), para um Turismo Ecológico que traga renda para a população e
recursos importantes para a preservação da biodiversidade. Assim, áreas como a
região dos três cedros em Boca do Mato e cascatas desconhecidas do grande
público na região de Guapiaçu (IKEMOTO, 2008), enquadram-se nestes
quesitos. A população amostrada de 30 pessoas que reside na área do PETP, ou
em seu entorno, responderam entrevistas que apontaram desconhecimento
sobre as categorias de áreas protegidas, mas atestam a importância do parque
para a população e para conservação dos recursos naturais. Os moradores locais
também apontaram a pouca visibilidade e importância que os gestores dão ao
parque, estando muitas vezes distantes das demandas sociais. As ameaças a essa
região de Mata Atlântica diminuíram muito com a criação da reserva, sendo
corroborada com os próprios moradores locais que ajudam na sua conservação
ao denunciarem práticas ilegais de estranhos dentro da reserva. Entretanto,
existem conflitos de uso exemplificados pela retirada de árvores para utilização
de madeira, a coleta de ervas medicinais, a utilização de água para fins
domésticos e o controle sobre as pequenas roças, principalmente a de banana,
que uma parcela da população local considera exagerado. Eis alguns conflitos
vistos em campo.
CONCLUSÃO A principal contribuição da pesquisa é abordar conceitos e assuntos ainda pouco
frequentes em estudos sobre áreas de Mata Atlântica, como o geoturismo e o
Geoparque. A revisão bibliográfica preliminar envolverá bases teóricas,
conceituais e epistemológicas variadas para uma melhor interpretação dos
fenômenos geográficos, de acordo com a escala envolvida e a área do PETP.
Projetos e atividades inclusivas que mudem a percepção ambiental da
população e o turismo sustentável sobre áreas de Mata Atlântica são a tônica
desta pesquisa. As demandas coletivas da sociedade são cada vez mais
incontestes em um mundo em que as áreas com alta diversidade de espécies da
fauna e flora e culturas humanas são perdidas junto com paisagens belíssimas,
que desaparecem sem qualquer estudo aprofundado com a ganância do sistema
econômico-político vigente (MANSUR, 2009).
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BRILHA, José Bernardo Rodrigues. Patrimônio Geológico e
Geoconservação: a conservação da natureza na sua vertente geológica. Braga:
Palimage Editora, 2005.
CAMPOS, R. de M. O Parque Estadual dos Três Picos e sua inserção no
contexto da conservação da natureza no Estado do Rio de Janeiro.
Departamento de Geografia. UFF. Trabalho de conclusão de curso São Paulo,
1999. 85 p.
DIEGUES, A. C. S. O Mito Moderno da Natureza Intocada. 5. ed. São
Paulo: Hucitec, 2006.
GRAY, Murray. Geodiversity: valuing and conserving abiotic nature. Londres:
John Wiley & Sons Ltd, 2004.
IKEMOTO, Silvia Marie. As trilhas interpretativas e sua relevância para
promoção da conservação: Trilha do Jequitibá, Parque Estadual dos Três
Picos (PETP), RJ. Niterói: 2008.
MANSUR, K. L. Projetos educacionais para a popularização das
Geociências e para a geoconservação. Geologia USP: Publicação Especial,
São Paulo, v. 5, 2009.
NAÇÕES UNIDAS. United Nations Educational, Scientific and Cultural
Organization – UNESCO. Global Geoparks Network. Guidelines and
Criteria for National Geoparks seeking UNESCO's assistance to join
the Global Geoparks Network (GGN). UNESCO, 2010.
AGREGAÇÃO DO SOLO EM ÁREAS DE FRAGMENTOS FLORESTAIS, PASTAGEM E AGRICULTURA EM AMBIENTE
DE MAR DE MORROS, PINHEIRAL (RJ).
Fonseca Junior1, A. M.; Pereira, M. G2.; Silva, C. F2.; Menezes, C. E. G3.
¹UFRRJ, Curso de Engenharia Florestal - [email protected]
2UFRRJ, Departamento de Solos da UFRRJ - [email protected] e
3IFRJ, Campus Pinheiral - [email protected]
Palavras-chave: Mata Atlântica, estabilidade dos agregados, indicadores de
qualidade do solo
INTRODUÇÃO A partir da década de 80 cerca de 180 milhões de florestas foram destruídos
(FAO, 1997). Há uma estimativa que no estado do Rio de Janeiro a Mata
Atlântica originalmente cobria em torno de 98 % de seu território. Sendo que
atualmente cobre menos de 20%, encontrando-se bastante fragmentada e
desconectada. No bioma Mata Atlântica, apesar de encontrar-se mais
fragmentado e ameaçado em comparação a floresta amazônica, poucos estudos
são conduzidos sobre os efeitos da fragmentação e regeneração florestal e a
alteração dos atributos edáficos. Os atributos edáficos podem ser submetidos a
modificações em função do tipo e da intensidade de manejo que é empregado
em uma área (Menezes, 2008). Dessa forma este estudo teve como objetivo
avaliar as modificações na agregação do solo em áreas localizadas em ambiente
de Mar de Morros, Pinheiral (RJ)
MATERIAL E MÉTODOS O trabalho foi desenvolvido na sub-bacia do ribeirão Cachimbal, situada à
margem direita do rio Paraíba do Sul, na região do Médio Paraíba Fluminense.
A área está localizada entre as latitudes 22°33’S e 22°38’S e entre as longitudes
43°57’W e 44°05’W. A região possui o clima, de acordo com Köppen
identificado como Am – clima tropical chuvoso, de monção, com inverno seco.
A ocupação da área, assim como, toda região do Médio Vale do Paraíba do Sul,
passou pelo extrativismo, sendo em seguida pela cultura do café.
Progressivamente as lavouras cafeeiras foram substituídas pela pecuária
extensiva, cujo manejo inadequado contribuiu para a formação da paisagem que
hoje domina a região (Menezes, 2008). Os fragmentos florestais remanescentes
são pequenos e localizam-se nos interflúvios das principais bacias hidrográficas
e em áreas de difícil acesso, cujo relevo não permitiu a utilização agrícola. Para o
estudo foram selecionadas as diferentes formas de uso ou cobertura vegetal, a
saber: Floresta Secundária Estádio Avançado (FSEA), Floresta Secundária
Estádio Médio (FSEM), Floresta Secundária Estádio Inicial (FSEI), Pasto,
Agricultura perene – Citrus (AGP), Agricultura anual – Mandioca (AGAN).
Após essa seleção foi delimitada uma parcela de 20 x 20 metros, localizada no
terço superior da encosta. Em cada área foram coletadas amostras para a
avaliação da estabilidade dos agregados, sendo coletadas cinco amostras na
profundidade de 0-5 cm. A avaliação da estabilidade dos agregados foi
determinada pelo peneiramento via úmida e, posteriormente, calculado o
diâmetro médio ponderado dos agregados (DMP) e o diâmetro médio
geométrico dos agregados (DMG). Foram determinados os teores de carbono
orgânico total (COT). Através dos resultados obtidos foi realizada a análise
normalidade da distribuição dos erros (teste de Lillifors / SAEG 5.0) e
homogeneidade das variâncias (testes de Cochran e Bartlett / SAEG 5.0). Os
valores médios foram analisados por meio do teste T de Bonferroni, com a
utilização do programa estatístico Sisvar 4.6
RESULTADOS E DISCUSSÃO O diâmetro médio geométrico (DMG) dos agregados do solo variou de 2,71 a
4,92 mm, sendo o menor valor observado na AGP e o maior na pastagem
(Tabela 1). O diâmetro médio ponderado (DMP) apresentou a mesma tendência,
uma vez que, foram quantificados valores mais baixos na área de AGP (1,96
mm) e mais elevados na área de pastagem (2,50 mm). Pode-se observar que a
AGP reduziu em torno de 40% e 30% o DMG e DMP dos agregados,
respectivamente, em relação à pastagem. Os maiores valores de DMP
verificados na área de pastagem devem-se ao agressivo e abundante sistema
radicular da braquiária, que favorece tanto a aproximação das partículas como
fornece matéria orgânica que levará a uma maior estabilidade dos agregados.
Neves et al. (2006) detectaram correlação positiva entre o teor de carbono
orgânico total e a estabilidade dos agregados. No presente estudo, só foi
verificado correlação positiva entre o carbono orgânico particulado (COP) e o
DMG (r=0,78; P=0,03).
Os valores de DMG e DMP das áreas florestais foram próximos. De acordo com
Ferreira (2008) em áreas florestais a serapilheira fornece, de forma contínua,
material orgânico para o solo e contribui positivamente para a manutenção da
microbiota e toda a sua diversidade. Tais condições, com o decorrer do tempo,
também influenciam diretamente na formação dos agregados que se tornam
mais estáveis ao terem em sua composição compostos orgânicos ligando as
partículas. Soares et al. (2005) encontraram valores de DMP em solo sob
vegetação nativa de 3,48 mm na camada superficial, ou seja, superior ao
encontrado neste estudo para as áreas florestais.
CONCLUSÃO Os maiores valores de estabilidade dos agregados (DMP e DMG) foram
observados nas áreas de floresta e na área de pastagem, indicando que as
práticas agrícolas adotadas na região estão contribuindo para a degradação da
estrutura.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS FAO (Roma, Itália). 1997. State of the World’s forests. Rome. 220p.
FERREIRA, G.M. Atividade microbiana e agregação de um Latossolo Vermelho
Distroférrico em Campinas, SP, sob usos e manejos distintos. 2008. 70f.
Dissertação (Mestrado) – Pós-Graduação – Instituto Agronômico.
MENEZES, C.E.G. Integridade de paisagem, manejo e atributos do solo no
médio Vale do Paraíba do Sul Pinheiral-RJ. 2008. 160p. Tese. Seropédica,
Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro.
NEVES, C.S.V.J.; FELLER, C. & KOUAKOUA, E. Efeito do manejo do solo e da
matéria orgânica em água quente na estabilidade de agregados de um Latossolo
Argiloso. Ciência Rural, 36:1410-1415, 2006.
SOARES, J.L.N.; ESPINDOLA, C.R. & PEREIRA, W.L.M. Physical attributes of
soils under intensive agricultural management. Scientia Agricola, 62:165-172,
2005
Tabela 1: Índices de estabilidade de agregados e seus respectivos erros-padrão de um Cambissolo Háplico sob agricultura, pastagem e floresta secundária em três estádios sucessionais, na camada de 0-5 cm. DMP - diâmetro médio ponderado; DMG - diâmetro médio geométrico. DMG DMP
Sistemas mm
FSEA 4,22 a 2,29 a
FSEM 3,88 a 2,20 a
FSEI 4,32 a 2,14 a
Pasto 4,92 a 2,50 a
AGAN 3,27 b 2,24 a
AGP 2,71 b 1,96 a
Médias seguidas de mesma letra na coluna não diferem pelo teste Scott Knott a 5%. F= floresta; S= secundária; E= estádio; A= avançada; M= médio; I= inicial; AG= agricultura; AN = anual; P = perene
9
APAREIODON CF. PIRACICABAE NO RIO PARAÍBA DO SUL: ESPÉCIE NATIVA OU INTRODUZIDA?
Salgado, F. L. K.1; Araújo, F. G.2
1,2 Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, Laboratório de Ecologia de Peixes. BR 465, Km
7, 23851-970 Seropédica, RJ, [email protected] e [email protected]
Palavras-chave: introdução, Paraíba do Sul, nativas
INTRODUÇÃO Apareiodon piracicabae (EIGENMANN & OGLE, 1907) é uma espécie
encontrada nas bacias dos altos rios Paraná e São Francisco (REIS et al., 2003),
e nunca foi coletada em latitudes inferiores a 23 ° sul. Como neste estudo é
relatado um primeiro registro de ocorrência no Rio Paraíba do Sul (22 ° 32-33’
S, 44 ° 27-51’ W), os espécimes desta amostra foram identificados
momentaneamente como A. cf. piracicabae. As características morfológicas
desta amostra foram comparadas com a descrição original de EIGENMANN &
OGLE (1907) e com trabalhos de PAVANELLI & BRITSKI (2003) e PAVANELLI
(2006), uma vez que as restrições ambientais locais podem influenciar na
divergência morfológica desta espécie.
MATERIAL E MÉTODOS Dezessete espécimes foram coletados entre 2008 e 2013 no curso médio-
superior da bacia do Rio Paraíba do Sul. Destes dezessete, treze exemplares
foram capturados com pesca elétrica (gerador AC-900 W, 220 V, 1-2 A), sendo
três no riacho São Roque (22° 31’ 13” S, 44° 40’ 26” W) e dez no córrego
Entupido (22° 33' 45” S, 44° 48' 45” W) e quatro foram coletados com redes de
emalhar (tamanho de malha 15-50 mm) no canal principal do rio Paraíba do Sul
(um a 22° 32’ 13” S, 44° 46’ 26” W e três a 22 ° 33' 48'' S, 44 ° 51' 38'' W). Os
espécimes foram fixados em formol a 10 % e preservados em álcool a 70 % e
depositados como espécimes testemunho na Coleção Ictiológica do Laboratório
de Ecologia de peixes da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ
LEP-# 0984, 0985, 0986, 1081, 1082, 1453 e 1454). As características
diagnósticas utilizadas na identificação da amostra foram: (1) forma das faixas
transversais ao corpo, (2) contagem de escamas da linha lateral, (3) contagem
10
de escamas na série central entre o istmo e o ânus e (4) a forma dos dentes e de
suas cúspides. As medidas foram reunidas sob microscópio estereoscópico,
utilizando-se paquímetro digital em décimos de milímetro e como as contagens,
seguiu Pavanelli & Britski (2003).
RESULTADOS E DISCUSSÃO Todos os espécimes foram possíveis de serem diagnosticados como Apareiodon
cf. piracicabae. O comprimento padrão variou de 13,1 mm a 67,1 mm (m = 27,7
mm; dp = 22,8 mm). A contagem de escamas da série central, entre o istmo e o
ânus (Δ = 27 a 29; Moda = 28) e a forma dos dentes e das cúspides
aproximaram-se mais do encontrado em A. piracicabae do que no observado
em outras espécies de Apareiodon.
Os espécimes de A. cf. piracicabae encontrados no Rio Paraíba do Sul
combinam com os padrões morfométricos e merísticos gerais descritos por
EIGENMANN & OGLE (1907). O grande número de exemplares observados
parece corroborar que as restrições de hábitat e outras influências ambientais
parecem não contribuir com qualquer eventual divergência morfológica, sendo,
entretanto, necessários mais estudos para esclarecer estas questões.
A ocorrência de A. cf. piracicabae no Paraíba do Sul foi relatada pela primeira
vez neste estudo, o que sugere que esta espécie se estabeleceu neste sistema
recentemente. Alguns estudos anteriores relataram a composição da ictiofauna
em diferentes rincões do Rio Paraíba do Sul (por exemplo, ARAÚJO, 1996;
PINTO E ARAÚJO, 2007; TEIXEIRA et al., 2005), mas esta espécie não foi
incluída em nenhuma das listas de espécies. Isso reforça a hipótese de
colonização recente neste sistema.
Não podemos precisar as razões para o registro de A. cf. piracicabae na bacia do
rio Paraíba do Sul. Esta população pode ter se originado de rios como o
Piracicaba e o São Francisco, de águas com características físico-químicas
semelhantes à água do Rio Paraíba do Sul, o que pode ter contribuído para a
colonização deste último rio a partir destas drenagens. A partir do canal
principal do Paraíba do Sul, esta espécie poderia ter alcançado os riachos
Entupido, Morro Grande e São Roque, onde as águas são mais claras,
adaptando-se as condições físico-químicas destes riachos.
11
Outra possibilidade é que exemplares de A. cf. piracicabae tenham escapado de
criações de espécies utilizadas como isca viva, na pesca desportiva ou para fins
ornamentais, ao longo do curso médio-superior do Paraíba do Sul.
Existem vários grandes efeitos ecológicos associados às introduções de peixes
não nativos, incluindo a predação, a degradação do hábitat, o aumento da
concorrência por recursos, hibridação e transmissão de doenças (GOZLAN et
al., 2010; CUCHEROUSSET & OLDEN, 2011). Por isso, a preocupação deve ser
levantada por causa dos resultados imprevisíveis que espécies não-nativas
podem causar em áreas onde foram introduzidas.
CONCLUSÃO Apareiodon cf. piracicabae pode ser uma espécie introduzida, proveniente de
criações comerciais (pesca desportiva e/ou de fins ornamentais) ou nativa,
vinda de outras bacias (altos Paraná e São Francisco). As pressões ambientes
exercidas sobre a população desta espécie nesta nova área de distribuição não
parece estar afetando de modo significativo seus padrões morfológicos.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ARAÚJO, F. G. Composição e estrutura da comunidade de peixes do médio e
baixo rio Paraíba do Sul, RJ. Revista Brasileira de Biologia, v. 56, p. 111–
126, 1996.
CUCHEROUSSET, J. & OLDEN, J. D. Ecological impacts of non-native
freshwater fishes. Fisheries, v. 36, p. 215–230, 2011.
EIGENMANN, C. H. & OGLE, F. An annotated list of characin fishes in the
United States National Museum and the Museum of Indiana University, with
descriptions of new species. Proceedings of the United States National
Museum, v. 33 (n. 1556), p. 1-36, 1907.
GOZLAN, R. E.; BRITTON, J. R.; COWX, I. & COPP, G. H. Current knowledge
on non-native freshwater fish introductions. Journal Fish Biology, n. 76, p. 751–
786, 2001.
PAVANELLI, C. S. & BRITSKI, H. A. Apareiodon Eigenmann, 1916 (Teleostei,
Characiformes), from the Tocantins-Araguaia basin, with description of three
new species. Copeia, v. 2, p. 337–348, 2003.
12
PAVANELLI, C. S. New species of Apareiodon (Teleostei: Characiformes:
Parodontidae) from the Rio Piquiri, Upper Rio Paraná, Brazil. Copeia, v. 1, p.
89-95, 2006.
PINTO, B. C. T. & ARAÚJO, F. G. Assessing of biotic integrity of the fish
community in a heavily impacted segment of a tropical river in Brazil.
Brazilian Archives of Biology and Technology, v. 50, p. 489–502, 2007.
REIS, R. E.; KULLANDER, S. O. & FERRARIS JR., C. J (orgs). CLOFFSCA-
Check list of the freshwater fishes of South and Central America.
Porto Alegre: EDIPUCRS, pp. 729, 2003.
TEIXEIRA, T. P.; PINTO, B. C. T.; TERRA, B. F.; ESTILIANO, E. O.; GRACIA,
D. & ARAÚJO, F. G. Diversity of fish assemblages in the four geographic units of
the Paraíba do Sul river. Iheringia, Série Zoologia, v. 95, p. 347–357, 2005.
AVALIAÇÃO DO POTENCIAL INSETICIDA DO PRODUTO VIG1 SOBRE LARVAS DE Aedes aegypti
Pardal, B. M.¹,², Cruz, I. L. S.¹,², Carvalho, M. A. ¹,², Oliveira, N. B. ¹,², Santos, L. R. ¹,²,
Anunciação, S. C. M. 4, Maleck, M.1,2,3
¹USS, Curso de Biomedicina.
²USS, Laboratório de Insetos Vetores - [email protected]
³USS, Universidade Severino Sombra/ Mestrado Profissional em Ciências Ambientais
4SMSV, Secretaria Municipal de Saúde de Vassouras .
Palavras-chave: Aedes aegypti, inseticida, dengue.
INTRODUÇÃO A dengue é uma patologia infecciosa e de caráter febril agudo que possui o
mosquito Aedes aegypti (L., 1762), como vetor. Este inseto é também o
transmissor da febre amarela e estima-se que este mosquito seja originário do
continente africano (especificamente do Egito) e que o mesmo venha
dissipando-se pelas regiões de clima tropical e subtropical de todo o mundo
desde o período das Grandes Navegações, no século XVI (IOC-FIOCRUZ, 2014).
Outros culicídeos do gênero Aedes, já foram encontrados povoando
determinados pontos florestais da Mata Atlântica, como por exemplo, em
regiões do Recife - PE e Florianópolis - SC (ALBUQUERQUE et al., 2000;
PATERNO & MARCONDES, 2004), fazendo uso de criadouros naturais.
Todavia, a dengue é considerada a mais importante arbovirose que atinge o
homem (BRASIL, 2002) e por esse motivo vem causando sérios problemas de
saúde pública no Brasil (PARDAL et al., 2013). O Ae. aegypti é um mosquito
cada vez mais adaptado a se reproduzir nos ambientes domésticos e
peridomésticos, onde encontra facilmente recipientes que acumulam água e
consequentemente, servem de criadouros para a postura de seus ovos (TAUIL,
2009). Portanto, o mesmo é alvo de constantes pesquisas e investimentos
governamentais em políticas de controle, fazendo-se extremamente importante
o achado de substâncias com baixo potencial tóxico ao ambiente e ao homem e
eficientes no manejo do modelo em questão (CRUZ et al., 2013). O objetivo
deste estudo fundamentou-se na avaliação do potencial inseticida do produto
VIG1, atualmente utilizado no controle das formas larvais do vetor da dengue.
MATERIAL E MÉTODOS Os bioensaios foram realizados no Laboratório de Insetos Vetores (LIV) da
Universidade Severino Sombra, Vassouras/RJ. O produto foi cedido pela
Secretaria de Vigilância Sanitária do Município de Vassouras/RJ. O mesmo foi
solubilizado em água mineral nas concentrações finais de 10, 50 e 100 µg/µL. Os
testes foram realizados através da utilização de grupos com 20 insetos,
totalizando 240 larvas em terceiro estádio de Ae. aegypti. Os experimentos
incluíram grupos testes e grupo controle (sem adição da substância). Todos os
bioensaios foram realizados em triplicata e o produto VIG1 foi aplicado (em suas
respectivas concentrações) no meio de criação das larvas (20 mL de água
mineral: 1mL/larva) de acordo com a metodologia de Cabral et al. (2009). Após
1h da aplicação, as larvas receberam alimentação de ração para peixe (Cabral et
al., 2009). Os bioensaios foram mantidos a temperatura e umidade ambiente.
Os experimentos foram observados diariamente no intervalo de 30 dias e as
larvas foram alimentadas em dias alternados.
RESULTADOS E DISCUSSÃO Na concentração de 10µg/mL observou-se a mortalidade nos 3 grupos testes
(R1, R2 e R3). As larvas L3 apresentaram uma mortalidade de 70% e as de L4 de
100%, em aproximadamente 430 horas. Na concentração de 50µg/mL a
mortalidade de larvas foi bastante efetiva: L3 98% e L4 de 100%, em
aproximadamente 260 horas. Na concentração de 100µg/mL, observou-se uma
mortalidade de 93% (L3), e 100% (L4), em aproximadamente 310 horas.
Ressaltando que nenhuma larva atingiu o estádio de pupa.
CONCLUSÃO De acordo com os resultados obtidos nesse estudo, verificou-se que o produto
VIG1 utilizado como inseticida no controle da população de Ae. aegypti
apresentou mortalidade larval em todos os testes realizados, principalmente nas
larvas L4. Embora sua eficácia como potencial inseticida tenha sido observada
apenas após 3 dias de sua aplicação. Para confirmação dos dados, novos
bioensaios estão sendo realizados.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALBUQUERQUE, C.M.R., MELO-SANTOS M.A.V., BEZERRA M.A.S.,
BARBOSA R.M.R., SILVA D.F., SILVA E. Primeiro registro de Aedes albopictus
em área da Mata Atlântica, Recife, PE, Brasil. Revista de Saúde Pública, v.34,
n.3, p.314-315, jun 2000.
BRASIL. Ministério da Saúde. Fundação Nacional de Saúde. Dengue: aspectos
epidemiológicos, diagnóstico e tratamento / Ministério da Saúde, Fundação
Nacional de Saúde. – Brasília: Fundação Nacional de Saúde, 2002. 20p.: il. –
(Série A. Normas e Manuais Técnicos, nº 176).
CABRAL, M.M.O., ALENCAR, J.A., GUIMARÃES, E.A., KATO, M.J. Larvicidal
activity of grandisin against Aedes aegypti. Journal of American Mosquito
Control Association. 2009 Mar v.25, n.1, p. 103-105.
CRUZ, I.L.S., PARDAL, B.M., CARVALHO, M.A., OLIVEIRA, T.P., FILHO,
J.M.B., MALECK, M. Proposta da avaliação da atividade larvicida de
substâncias esteroidais sobre Aedes aegypti. Anais do II Fórum de Produção
Científica da Região Centro-Sul Fluminense 179/220. ISBN 978-85-88187-39-9.
IOC-FIOCRUZ. Disponível em
http://www.ioc.fiocruz.br/dengue/textos/longatraje.html acessado em 04 de
junho de 2014.
PARDAL, B.M., CRUZ, I.L.S., ALVES, S.P., MENDONÇA, C.C., MONSORES,
D.A., MALECK, M. Educação em saúde: controle de Aedes aegypti. Anais do II
Fórum de Produção Científica da Região Centro-Sul Fluminense 67/220. ISBN
978-85-88187-39-9.
PATERNO U., MARCONDES C.B. Mosquitos antropofílicos de atividade
matutina em Mata Atlântica, Florianópolis, SC. Revista Saúde Pública,
2004;v.38, n.1, p.133-135, 2004.
TAUIL, P.L., 2001. Urbanização e ecologia do dengue. Cadernos de Saúde
Pública, 17: 99-102.
AGÊNCIAS DE FOMENTO: Jovens Talentos/FAPERJ; PIBIC/FAPERJ;
PIBIC/CNPQ; Secretaria Municipal de Saúde/SMS-Vassouras, RJ.
AVIFAUNA CONSUMIDORA DOS FRUTOS DE Alchornia sidifolia Euphorbiaceae
Santos, H. F.¹; Nunes, A. F. ²
¹IZMA, Intituto Zoobotânico de Morro Azul - [email protected]
²Universidade do Estado de São Paulo
Palavras-chave: Aves, reflorestamento, observação.
INTRODUÇÃO As árvores do gênero Alchornia, são plantas dióicas de folhas subcoriáceas,
levemente pubescentes na face inferior. São perenifólias, heliófitas, pioneiras e
quase indiferentes às condições físicas do solo. Ocorrem na floresta pluvial
atlântica que sofreu alguma interferência antrópica, sendo pouco comuns nas
florestas clímax e abundantes nas capoeiras (LORENZI, 2000: 98). Alchornia
sidifolia é uma espécie comum e abundante na área estudada e frutificam entre
os meses de setembro e outubro. Seus frutos são atraentes para várias espécies
de aves, sendo indicada para projetos de reflorestamento por ser de fácil
dispersão zoocòrica.
MATERIAL E MÉTODOS Dois exemplares de A. sidifolia foram utilizados para observação durante sua
frutificação em dois anos consecutivos. O período de observação durou de
06/09/2010 a 18/09/2010 e de 13/09/2011 a 03/10/2011. Foram feitas
observações diárias de 60 min pela manhã e 60min à tarde, perfazendo um total
de 68 horas. Foi utilizado um binóculo Tasco 10X50 e caderneta de campo para
anotação das espécies observadas. Os guias de campo utilizados foram Develey
& Endrigo (2004) e Dunning (1988). A classificação taxonômica seguiu os
critérios adotados na publicação: “LISTAS DAS AVES DO BRASIL”, (CBRO,
2014).
RESULTADOS E DISCUSSÃO Foram identificadas 31 espécies de aves consumidoras dos frutos de A. sidifolia,
sendo 30 de hábito alimentar engolidor e apenas uma tritradora. As espécies
observadas consumiam os frutos na árvore retirando a semente envolta pelo
arilo vermelho e engolindo-a inteira. Selenidera maculirostris retirava todo o
fruto e no bico descartava a parte externa engolindo a semente. Turdus
amaurochalinus e T. rufiventris coletavam no solo as sementes que caíam com
o arilo. Pionus maximiliani triturava a semente enquanto comia o arilo.
CONCLUSÃO A. sidifolia é uma planta atrativa para aves sendo adequada aos projetos de
revegetação com espécies nativas. Seus frutos pequenos são engolidos inteiros
pela maioria das aves facilitando sua dispersão o que contribui para o aumento
das suas populações.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS CBRO – Comitê Brasileiro de Registros Ornitológicos – Lista das Aves do Brasil
– 11ª Edição – 01/01/2014 - 41 pg.
DEVELEY, P. F.; ENDRIGO, E. Aves da Grande São Paulo, Aves e Fotos,
Editora, São Paulo, 2004.
DUNNING, J. S. South American birds. – A Photographic Aid to Identification.
- Harrowood Books – Pennsylvania, 1988.
LORENZI, A. Árvores brasileiras - 3º Edição, Vol.1, 352 pg. Instituto Plantarum,
São Paulo, 2000.
Aves consumidoras dos frutos de Alchornia sidifolia e hábito alimentar.
Jacuguaçu Penelope obscura Engolidor
Asa-branca Columba picazuro Engolidor
Pomba-mineira Columba cayenensis Engolidor
Araçari-poca Selenidera maculirostris Engolidor
Pica-pau-velho Celeus flavescens Engolidor
Maitaca Pionus maximilliani Triturador
Subideira-verde-olivácea Sittassomus griseicapillus Engolidor
Tangará Chiroxiphia caudata Engolidor
Caneleiro-de-chapéu-
negro
Pachyramphus validus Engolidor
Teque-teque Todyrostrum
poliocephalum
Engolidor
Bem-te-vi-carijó Legatus leucophaius Engolidor
Bem-te-vi Pitangus sulfuratus Engolidor
Bem-te-vi-carijó Myiodynastes maculatus Engolidor
Bem-te-vi-do-bico-chato Megarhinchus pitangua Engolidor
Bem-te-vizinho Miyosetetes similis Engolidor
Sibiriri Tyrannus melancholicus Engolidor
Tesoura Tyrannus savana Engolidor
Sabiá-laranjeira Turdus rufiventris Engolidor
Sabiá-poca Turdus amaurochalinus Engolidor
Sabiá-do-barranco Turdus leucomelas Engolidor
Sabiá-una Platycichla flavipes Engolidor
Mariquita Parula pitiayumi Engolidor
Saíra-dourada Tangara cyanoventris Engolidor
Sanhaço Thraupis sayaca Engolidor
Sanhaço coqueiro Thraupis palmarum Engolidor
Sanhaço-de-encontro Thraupis ornata Engolidor
Saíra-amarela Tangara cayana Engolidor
Saí-andorinha Tersina viridis Engolidor
Saíra-azul Dacnis cayana Engolidor
Saíra da mata Hemithraupis ruficapilla Engolidor
Japu Psarocolius decumanus Engolidor
CARACTERIZAÇÃO E AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DAS
ÁGUAS DA BACIA DO RIO ALEGRE – VASSOURAS/RJ
Gonçalves, L. H. C.¹; Lima, R.F.²; Rodrigues, V.G.³
¹ SEEDUC .Professora de Biologia/Mcs em Ciências Ambientais. [email protected].
² PMPF. Pedagoga/Msc em Ciências Ambientais. [email protected] ³ USS. Curso de
Engenharia Ambiental. [email protected]
Palavras-chave: Rio Alegre, Qualidade das águas, Bacia Hidrográfica.
INTRODUÇÃO
O rio Alegre nasce na Fazenda Galo Vermelho, situada na rodovia RJ 121,
Vassouras-RJ; percorrendo várias localidades com extensão de 37,8 km.A bacia
do rio Alegre abrange grande área do município de Vassouras e constitui um
corpo hídrico de vital importância para o ambiente local e para a bacia do rio
Paraíba do Sul (IBGE,2010).
A água é um recurso peculiar, não somente pela sua amplitude de utilização,
mas também por ser um indicador ambiental da qualidade do solo, comumente
alterado pelo homem (TOLEDO et al., 2009). Os cursos d’água que drenam uma
região apresentam características físico-químicas e fisiográficas próprias, que
refletem o uso do solo da bacia hidrográfica.
Com o desenvolvimento das atividades humanas, qualquer curso d’água está
sujeito a sofrer alterações que podem comprometer a qualidade de suas águas.
Por isso torna-se importante o monitoramento de suas águas para que possam
ser atendidos os requisitos estabelecidos em sua classe e garantir seus usos
previstos.
MATERIAIS E MÉTODOS
Os pontos de monitoramento encontram-se no município de Vassouras que
está localizado ao sul do Estado do Rio de Janeiro a 22°24’16” sul e de 43°39’48”
oeste, altitude média 418 m possuindo uma área total de 538,13 km².
A coleta de água para análise dos parâmetros físico-químicos e
microbiológicos foi feita utilizando garrafa pet de água mineral de 2L. Para
análise microbiológica a coleta foi realizada em frasco estéril. Os parâmetros
físico-químicos foram analisados nos laboratórios de química da Universidade
Severino Sombra e a análise microbiológica foi realizada no laboratório
EUFRÁSIA-Medicina Laboratorial.
Os parâmetros físico-químicos e microbiológicos analisados foram realizados
sem triplicata das amostras de água coletadas nos meses de Outubro e
Dezembro de 2013. Os parâmetros mensurados foram interpretados buscando a
relação dos mesmos com processos no meio hídrico e no seu entorno.
A delimitação e a computação da área e do perímetro de contribuição da
bacia foram feitos utilizando mapas de IBGE em escala 1:50:000 e do programa
Auto CAD.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Temperaturas mais amenas foram registradas em locais de mata fechada
(nascente).O pH é bastante influenciado pela presença da matéria orgânica ,
havendo tendência a acidificação. A turbidez é acentuada em locais com erosão
das margens e pelo descarte de esgoto sanitário. Demanda Química de Oxigênio
(DQO) torna-se elevada em determinadas áreas devido provavelmente pela
concentração de descargas.
Na análise microbiológica realizada nos diferentes pontos de coletas,
detectou-se a presença de bactérias termotolerantes. A presença desses
microrganismos nas amostras analisadas é um fator indispensável para a Saúde
Pública.
CONCLUSÕES
Através desse estudo identificou-se que as alterações na qualidade da água são
provocadas pelas mudanças do uso do solo e na cobertura vegetal da bacia e
pelos efluentes domésticos jogados no rio. As análises físico-químicas e
microbiológicas das águas do rio Alegre forneceram dados substanciais quanto à
poluição e a degradação desse recurso hídrico.
Ao final desse trabalho pode-se inferir o seguinte: A avaliação do entorno do rio
Alegre, neste estudo apresenta grandes transformações ao longo do seu curso e
que reflete na qualidade de suas águas.A análise físico-química da água revela
valores importantes para pesquisas futuras como os de temperatura, pH, DQO,
turbidez, cloretos.Supõe-se que tenha origem em poluição por produtos de
origem agrícola e por efluentes de esgotos domésticos.
O resultado microbiológico nas águas do rio Alegre abrangida nesta investigação
apresenta resultado positivo para coliformes termotolerantes, tornando
impróprio o consumo direto do manancial.
A política de gerenciamento hídrico isoladamente, não irá resolver as questões
da degradação; é necessária uma política mais abrangente envolvendo
educação, planejamento e aplicabilidade, visando reduzir a degradação do meio
ambiente e possibilitando proteção humana e ambiental.
REFERÊNCIAS
AGÊNCIA NACIONAL DAS ÁGUAS – ANA. A evolução e gestão dos recursos
hídricos no Brasil. Brasília, 2005.
CETESB, 1987. Guia de coleta e preservação de amostras de água. 1ª Ed. São
Paulo, 155p.
CONSELHO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE (CONAMA). Resolução 357.
Classificação das águas, de 17 de março de 2005, Diário Oficial da União,
Brasília, DF, 31 mar. 2005. Seção 1.
INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA-IBGE.
Indicadores de Desenvolvimento Sustentável. Dimensão Ambiental-Água Doce.
Brasil, 2010.
RESOLUÇÃO CONAMA Nº 357, DE 17 DE MARÇO DE 2005 - Dispõe sobre a
classificação dos corpos de água e diretrizes ambientais para o seu
enquadramento, bem como estabelece as condições e padrões de lançamento de
efluentes, e dá outras providências. disponível
em http://www.lei.adv.br/conama01.htm
VILLELA, S.M. Hidrologia Aplicada. São Paulo. Mc Graw-Hill, 1975.
CARACTERIZAÇÃO FLORÍSTICA E FITOSSOCIOLOGIA DE UM FRAGMENTO DE FLORESTA OMBRÓFILA DENSA NO
SERTÃO DO MARUIM, SÃO JOSÉ, SANTA CATARINA
Saullo, R. B. 1; Freire L. S. R. 2; Nasser, F. C. 3
1UFRRJ, Estudante do curso de Engenharia Florestal - [email protected]
2UERJ, Estudante do curso de Ciências Biológicas - [email protected]
3CICLO ENGENHARIA, Engenheiro Florestal- [email protected]
Palavras-chave: Inventário florístico, fitossociologia, floresta ombrófila
densa.
INTRODUÇÃO A Floresta Tropical Atlântica, ou Mata Atlântica, é considerada a mais
complexa e heterogênea formação florestal da Região Sul do país, fato
constatado pelas inúmeras comunidades e associações encontradas unicamente
nessa tipologia, que ocupava, originalmente, cerca de 30% da cobertura florestal
do Estado de Santa Catarina (KLEIN, 1978).
Ainda que muitos autores considerem a existência de extensas áreas
pouco conhecidas do ponto de vista biológico, estima-se que o bioma Mata
Atlântica abrigue cerca de 1 a 8% da biodiversidade mundial. Associada a esta
elevada biodiversidade, também existe uma elevada destruição dos ambientes
naturais e habitats, visto que a área de Mata Atlântica remanescente foi
estimada em cerca de 7% de sua cobertura vegetal original, dado responsável
pelo enquadramento desse bioma em segundo lugar no ranking mundial dos
hotspots com maior número de espécies de diferentes grupos em risco de
extinção (CÂMARA, 2003).
Este estudo teve como objetivo caracterizar a estrutura fitossociológica de
um fragmento florestal, no município de São José, Santa Catarina - SC.
MATERIAL E MÉTODOS
Com base nos dados altimétricos, a área de estudo localiza-se em uma
superfície de transição entre a Floresta Ombrófila Densa das Terras Baixas e a
Floresta Ombrófila Densa Submontana, situada entre as coordenadas planas
UTM, DATUM WGS84, FUSO 22J, E727933 N6944476, E728082 N6944446,
E728109 N6944594, E727967 N6944651.
A análise fitossociológica do componente arbóreo foi efetuada em área
total de 6,49 ha, subdividindo-se em censo amostral das árvores isoladas (4,80
ha) e 20 parcelas de 100 m², representando 11,83% da área total dos fragmentos
florestais (1,69 ha).
As unidades amostrais (parcelas) adotadas possuem 100 m2 (10m x 10m)
e somam 20 unidades aleatoriamente distribuídas na área de estudo,
totalizando 2000 m2 de área inventariada ou 0,2 hectares.
Foram coletados, para cada indivíduo, os seguintes parâmetros:
circunferência à altura do peito (CAP), altura total (HT), altura comercial (HC) e
fitossanidade do fuste (Q). Todos os indivíduos com diâmetro na altura do peito
(DAP) igual ou maior que 4,0 cm, e estavam localizados dentro dos limites das
unidades amostrais, tiveram seus parâmetros analisados/coletados com auxílio
de fita métrica, podão, atiradeira para coletas de dossel, binóculo e foram
marcadas com auxílio de pistolas grampeadoras e numeração específica. Nos
casos de bifurcação, todos os fustes que atendiam a esse requisito foram
mensurados.
A análise da diversidade de espécies visou estabelecer referências que
permitam avaliar o quanto um fragmento florestal é diverso. Para tanto, foram
empregados dois índices: Coeficiente de Mistura de Jentsch ( NSQM onde, S =
número de espécies amostradas. N = número total de indivíduos amostrados.) e
o Índice de Shannon-Weaver ( N
nnNN
H
S
i
ii
1'
lnln
onde, N = número total de
indivíduos amostrados; ni = número total de indivíduos amostrados da i-ésima
espécie; S = número de espécies amostrado; ln = logaritmo neperiano.). Para a
avaliação da amostragem realizada foi produzida a curva espécie-área.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
O levantamento resultou na amostragem de 619 indivíduos, de 48
espécies, 36 gêneros e 24 famílias, onde o DAP médio encontrado foi de 7,44cm,
altura total média foi 6,31m e altura comercial média de 2,62m.
O Valor de Importância relativo é um índice muito utilizado em estudos
fitossociológicos para atribuir valores à importância da espécie em função dos
seus valores relativos de Frequência, Dominância e Densidade. As espécies
encontradas que obtiveram o maior índice de valor de importância foram: Pera
glabrata Schott., Piptocarpha axilaris (Less.) Baker, Clusia criuva Cambess.,
Miconia ligustroides (DC.) Naudin, Mimosa bimucronata (DC.) Kuntze,
Alchornea glandulosa Poepp. & Endl., Myrcia multiflora (Lam.) DC., Myrcia
pubipetala Miq. e Guapira opposita (Vell.) Reitz.
O índice de Shannon-Weaver para o presente levantamento foi 2,95
nats/ind. Comparado com os valores encontrados no Inventário Florístico
Florestal de Santa Catarina (IFFSC), 3,07 nats/ind. (Unidade Amostral 256),
2,91 nats/ind. (UA 390) e 3,18 nats/ind. (UA318) (VIBRANS et al, 2013), o
estudo apresenta valor compatível com outras áreas de Floresta Ombrófila
Densa, próximas à área de estudo no estado de Santa Catarina.
O presente estudo encontrou Coeficiente de Mistura de Jentsch (QM) de
0,14, valor inferior ao encontrado para outras áreas de Floresta Ombrófila
Densa em Santa Catarina. O IFFSC encontrou QM = 0,20 (UA 256), 0,18 (UA
390) e 0,22 (UA 318) (VIBRANS et al, 2013).
Três espécies encontradas são enquadradas em alguma categoria de
ameaça, são elas: Campomanesia reitziana D.Legrand (VU), Ocotea pulchra
Vattimo-Gil (EM) e Euterpe edulis Mart. conhecidas como Guabiroba-
crespa, Canela e palmito-juçara, respectivamente (Lista de espécies da flora do
Brasil, 2014).
CONCLUSÃO Através da análise dos parâmetros encontrados e com base nas
comparações com outros estudos realizados na fitofisionomia de Floresta
Ombrófila Densa no Estado de Santa Catarina podemos concluir que a
comunidade possui diversidade relativamente baixa e pode ser classificada
como pertencente à Floresta Atlântica em estado médio de regeneração.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS KLEIN, R. M. Mapa fitogeográfico do Estado de Santa Catarina. In: REITZ, R.
(ed.). Flora Ilustrada Catarinense. Itajaí: SUDESUL/FATMA/Herbário
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Disponível em: <http://floradobrasil.jbrj.gov.br/>. Acesso em: 20 Jun.
2014.
COMPARAÇÃO DA RIQUEZA DE FAUNA EDÁFICA EM UM POVOAMENTO DE EUCALIPTO E UM TRECHO DE
FLORESTA NATIVA NA RESERVA BIOLÓGICA UNIÃO – RJ
Vecchi, I. C. ¹; Almeida, F. S.²
¹UFRRJ, Curso de Bacharelado em Gestão Ambiental – [email protected]
²UFRRJ, Departamento de Ciências do Meio Ambiente, Instituto Três Rios –
Palavras-chave: entomofauna, serrapilheira, riqueza
INTRODUÇÃO À serapilheira são atribuídas funções importantes como a reposição de
nutrientes no solo e a interceptação de águas pluviais. Os micro-organismos e a
fauna, em especial os insetos, abrigados na serapilheira são responsáveis pela
sua decomposição (HENEGHAN et al. 1999 apud Silva et al., 2013; HOOPER et
al. 2000 apud Silva et al., 2013). As características ecológicas da fauna de solo
estão relacionadas a diversos fatores, dentre eles o tipo de formação vegetal, o
solo e a climatologia local (Schowalter & Sabin 1991 apud Ferreira & Marques,
1998). Objetiva-se com o presente estudo verificar se a riqueza de ordens da
fauna edáfica está relacionada com o tipo de cobertura vegetal e com a
profundidade de serapilheira, em duas áreas: um povoamento de Eucalyptus sp.
e um trecho de floresta nativa de Mata Atlântica da Reserva Biológica União-RJ.
MATERIAL E MÉTODOS O presente estudo foi realizado na Reserva Biológica União (22º25’40”S,
42º02’06”W), administrada pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da
Biodiversidade – ICMBio, que possui uma área total de 2.548 ha, onde podem
ser encontradas áreas conservadas de Mata Atlântica e povoamentos de
Eucalyptus sp., cujo plantio teve como intenção inicial o mercado ferroviário. A
área abrange os municípios de Macaé, Casimiro de Abreu e Rio das Ostras,
Estado do Rio de Janeiro.
Para a realização dos estudos foram utilizadas duas áreas para a coleta de
serapilheira: um povoamento de eucalipto e um trecho de floresta nativa de
Mata Atlântica na Reserva Biológica União – RJ. Em cada área foram definidas
10 parcelas aleatórias de 25 cm², distantes umas das outras por no mínimo 1
metro, nas quais foi medida a altura da serapilheira no ponto central e retirada a
mesma por raspagem manual. As amostras foram acondicionadas em
embalagens plásticas e etiquetadas.
As amostras obtidas foram dispostas separadamente sobre uma
superfície clara, para facilitar o processo de visualização dos animais, e posterior
coleta manual dos espécimes. Os indivíduos foram acondicionados em frascos
contendo solução de álcool 70 %. Os indivíduos foram identificados ao nível
taxonômico de Ordem com o auxílio de microscópio digital modelo
MICROZoomCAP (aumento total de 200x), segundo Silva & Ruffino (2008). A
fim de verificar a relação entre a riqueza de ordens e a profundidade da
serapilheira foi utilizada a correlação de Spearman, com 5% de probabilidade.
RESULTADOS E DISCUSSÃO No povoamento de eucalipto foram encontradas as ordens Coleoptera,
Hymenoptera, Mantodea e Pulmonata, totalizando 4 ordens. Acarina, Araneae,
Chilopoda, Coleoptera, Diplura, Embioptera, Hemiptera, Hymnoptera, Isopoda,
Isoptera, Lepdoptera e Orthoptera foram as ordens encontradas na área de
floresta nativa de Mata Atlântica, totalizando 12 ordens. A profundidade da
serapilheira não esteve correlacionada com a riqueza de ordens no povoamento
de eucalipto (rs = 0,3758 ; P = 0,28) e nem no trecho de floresta nativa de Mata
Atlântica (rs = 0,3054 ; P = 0,39).
Embora se saiba que os espécimes de eucalipto produzem altas
concentrações de substâncias voltadas à defesa contra herbivoria (ANJOS et al.,
1986 apud Marinho et al., 2008; BRAGANÇA et al., 1998 apud Marinho et al.,
2008) faz-se necessário uma maior quantidade de amostragens a fim de avaliar
possíveis efeitos inibidores dos espécimes de Eucalyptus sp. sobre a fauna
edáfica local, bem como, a pesagem e a segregação dos componentes da
serapilheira coletada, a fim de apreender melhor as relações entre a cobertura
vegetal e a riqueza de ordens da fauna de serapilheira.
CONCLUSÃO Não houve evidências do efeito da profundidade da serapilheira na
riqueza de ordens nos ambientes estudados. A floresta nativa de Mata Atlântica
apresenta maior riqueza de ordens da fauna do solo que o povoamento de
eucalipto.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
FERREIRA, R. L.; MARQUES, M. M. G. S. M. A Fauna de Artrópodes de
Serrapilheira de Áreas de Monocultura com Eucalyptus sp. e Mata Secundária
Heterogênea. Anais da Sociedade Entomológica
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<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0301-
80591998000300007>. Acesso em 3/2/2014.
MARINHO, J. S.; OLIVEIRA, M. G. A.; GUEDES, R. N. C.; PALLINI, A.;
OLIVEIRA, C.L. Inibidores de proteases de hospedeiros nativos e exóticos e sua
ação em intestinos de lagartas de Thyrinteina leucoceraeae. Revista Árvore,
Viçosa-MG, v.32, n.6, p.1125-1132, 2008. Disponível em:
<http://www.scielo.br/pdf/rarv/v32n6/a18v32n6.pdf>. Acesso em 3/2/2014.
SILVA, D. A.; VECCHI, I. C.; CÂNDIDO, H. M. N.; CORTINES, E.; MILWARD-
DE-AZEVEDO, M. A. Diversidade da fauna de serrapilheira em um trecho de
mata ciliar da ilha da Marambaia, RJ. Anais do XI Congresso de Ecologia do
Brasil: Salvador, 2013.
SILVA, E.A. & S.F. RUFFINO. Guia para identificação de animais do solo e da
serrapilheira. São Carlos, 2008. Disponível em: <
http://www.cdcc.usp.br/maomassa/doc/ensinodeciencias/GuiaParaIdentificac
aoDeAnimaisDoSoloESerapilheira.pdf>. Acesso em: 19/01/2014.
CONSTITUIÇÃO QUÍMICA ESTRUTURAL DO TEGUMENTO DA SEMENTE DE ARAUCARIA ANGUSTIFOLIA
Sampaio, D. A.¹; Abreu, H. S.2; Oliveira, M. T. P.3; Sanches, L. S.3
¹UFRRJ, Mestranda do Programa de Pós graduação em Ciências Ambientais e Florestais -
2 UFRRJ, Professor do Departamento de Produtos Florestais - [email protected]
3 UFRRJ, Discente de Engenharia Florestal – [email protected]
4 UFRRJ, Discente de Engenharia Florestal - [email protected]
Palavras-chave: Pinheiro-do-Paraná, lignina, semente
INTRODUÇÃO A Floresta Ombrófila Mista integra o domínio do bioma Mata Atlântica,
acolhendo uma grande variedade de espécies, algumas das quais endêmicas. É
caracterizada por dois estratos, sendo o superior dominado pela Araucaria
angustifolia, que chega a responder por mais de 40% dos indivíduos arbóreos
existentes nesse ecossistema (Medeiros et al., 2004). Pertencente à família
Araucariaceae, a espécie é a única do seu gênero com ocorrência natural no
Brasil e está na categoria de vulnerável na lista de espécies ameaçadas da IUCN
(Hilton-Taylor, 2000). As sementes da Araucaria angustifolia são também
conhecidas como pinhões (Conforti e Lupano, 2007) e consideradas por Ramos
e Carneiro (1988), como a principal forma de propagação da espécie. Rica em
reservas energéticas (Carvalho, 2003), as sementes de Araucaria angustifolia
são recalcitrantes, perdendo a viabilidade germinativa rapidamente após a
colheita (Ferreira, 1977), o que dificulta sua conservação por longos períodos.
Recentes análises mostram que o tegumento da semente de Araucaria
angustifolia apresenta potenciais na produção de carvão ativo e na remoção de
metais de águas poluídas (Santos et al., 2011). Para a produção de carvão ativo
se faz necessária utilização de um material que possui alto poder calorífico e, se
tratando dos elementos estruturais, a lignina é a única que possui tal
propriedade. Por conta da flexibilidade enzimática, que ocorre em fibras de
madeira, em sementes e outros orgãos das plantas tanto de gimnospermas como
de angiospermas, as ligninas diferem-se quanto a sua composição. Descobertas
recentes definiram outro tipo de lignina (C-lignina) que é rica em ácido caféico.
Segundo Chena (2012) algumas espécies de cactos contêm apenas C-lignina em
sua semente, enquanto outros contêm apenas a lignina clássica guaiacilica /
siringílica. Estudos com lignina de sementes são ainda escassos, porém,
recentes pesquisas mostraram características composicionais que diferem das
ligninas tradicionais. De forma a possibilitar melhores utilizações no contexto
da fisiologia, conservação do solo e energia, este trabalho objetiva a
quantificação química estrutural enfatizando a lignificação do tegumento da
semente de Araucaria angustifolia, podendo também subsidiar pesquisas mais
avançadas na área de utilização dos recursos florestais não madeireiros.
MATERIAL E MÉTODOS As sementes de Araucaria angustifolia foram doadas pelo Viveiro Florestal Luiz
Fernando Oliveira Capellão da UFRRJ. As sementes foram descascadas, de
forma a utilizar para análise somente a camada externa do pinhão. Esse
material foi moído em um moinho de facas do tipo Willey. As amostras foram
submetidas a um ciclo de extração com os solventes ciclohexano, acetato de etila
e metanol (Abreu et al., 2006) e seco em estufa de + 60ºC. A partir do material
seco (casca da semente) livre de extrativos, foi determinado o teor de
holocelulose (Abreu et al., 2006). A lignina foi determinada pelo método de
Klason (Abreu et al., 2006). A partir do material seco livre de extrativos foi
isolada a lignina dioxano (Abreu et al., 2006). Foi realizada a reação de redução
de grupos aldeídicos da lignina dioxano por NaBH4. Para espectroscopia no
infravermelho, foram utilizadas amostras da lignina de dioxano e da lignina de
dioxano reduzida utilizando pastilhas de KBr em um espectrômetro (VARIAN
640-IR FT-IR spectrometer). Os espectros foram registrados no modo
experimental de transmitância utilizando 4cm-1 de resolução, 128 varreduras,
amplitude espectral entre 4000-400cm-1 (Abreu et al., 2006).
RESULTADOS E DISCUSSÃO A quantificação dos constituintes químicos estruturais da parede celular foi de
32.43% de lignina, 35.16% de celulose e 14,83% de hemicelulose encontrados no
tegumento da semente de Araucaria angustifolia. Esse alto teor de lignina
obtido pode ser comparável aos encontrados em bagaço de cana, madeiras, etc.,
visto que a própria madeira de Araucaria angustifolia, possui teor de lignina
próximo de 28% (Mattos, 2006). A análise no infravermelho mostrou que a
reação de redução de terminais aldeídicos da lignina de dioxano por NaBH4
ocorreu com sucesso. Os espectros também mostraram que a lignina da casca da
semente é extremamente rica em unidade guaiacíla, revelando uma estrutura
molecular rica em ligações condensadas.
CONCLUSÃO Os resultados das análises permitiram concluir que o teor de lignina da casca do
pinhão do Pinheiro-do-Paraná supera a maioria dos materiais lignocelulósicos
(madeiráveis e não madeiráveis), favorecendo sua utilização para fins
energéticos. Grupos funcionais aldeídicos contribuem para rápida desidratação
da semente e para sua baixa degradabilidade, assim como hidrofobicidade
podendo interferir na germinação da mesma.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ABREU, H. S.; et al. Métodos de análise em química da madeira, Floresta e
ambiente, 2006, 20p.
CARVALHO, P.E.R. Espécies florestais brasileiras. Colombo: Embrapa-
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504, 2011.
CONTRIBUIÇÕES DE PRÁTICAS EM EDUCAÇÃO AMBIENTAL PARA O ENSINO FORMAL, NOS MUNICÍPIOS DE
VASSOURAS, VALENÇA E PAULO DE FRONTIN, RJ
RIBEIRO, M.S.B.M.1; PEREIRA, V.F.G.C.2; GOMES, R.C.G.3
1 USS, Programa do Mestrado Profissional em Ciências Ambientais – [email protected]
2 USS, Programa do Mestrado Profissional em Ciências Ambientais – [email protected]
3 USS, Programa do Mestrado Profissional em Ciências Ambientais –
Palavras-chave: Educação Ambiental, ensino formal e não formal, políticas
públicas
INTRODUÇÃO Um dos preceitos básicos de preservação ambiental é a relação entre as
ações do homem e o meio ambiente em que está inserido, uma vez que as ações
de cada um repercutem em sociedade. Através do trabalho da Educação
Ambiental é possível alcançar o indivíduo e a coletividade para a construção de
valores sociais, conhecimentos, habilidades e atitudes voltados para a
conservação do meio ambiente. É neste contexto que o Ministério da Educação
define a educação ambiental como processos por meio dos quais o indivíduo e a
coletividade constroem valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e
competências voltadas para a conservação do meio ambiente, bem de uso
comum do povo, essencial à sadia qualidade de vida e sua sustentabilidade
(BRASIL. 1999. p.1). Nas últimas três décadas, políticas públicas foram
instituídas com o intuito de fomentar a educação ambiental. A partir da
promulgação da Lei N º. 6.938, de 31/08/1981, que determina a Política
Nacional do Meio Ambiente, destacam-se ainda a Constituição Federal de 1988,
a Lei Nº. 9.795, de 27/4/1999, que institui a Política Nacional de Educação
Ambiental e a Resolução MEC/CNE Nº. 2, de 15/06/2012, que estabelece as
Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Ambiental em todos os níveis
de ensino, fornecendo parâmetros para subsidiar as unidades escolares na
articulação destas políticas com o projeto político pedagógico da escola. Neste
contexto, a escola se reafirma com função social diversificada, desenvolvendo
propostas sócio-ambientais que, quando trabalhadas interdisciplinarmente,
conduzirá para uma educação eficiente e reflexiva ao ponto de atingir os
contextos através de seus muros. Para tanto, foi objetivo deste trabalho fazer
um levantamento sobre Organizações e/ou Instituições que oferecem práticas
sobre Educação Ambiental para o ensino formal, no Município de Vassouras e
seus vizinhos.
MATERIAL E MÉTODOS Com a finalidade de atingir os objetivos propostos, desenvolveu-se à
coleta dos dados junto às Organizações e/ou Instituições que promovem ações
de educação ambiental de modo a analisar as informações contidas em folhetos,
sites de internet. Procedeu-se visitas in loco para diálogo com o representante
institucional a fim de confirmar as atividades ofertadas e capturar imagens
recentes do local com suas peculiaridades, utilizando câmera digital, no intuito
de criar um acervo pessoal para ilustração do portfólio educativo. Os dados
coletados serão registrados, classificados e disponibilizados no portfólio e, no
intuito de promover visibilidade das Organizações e/ou Instituições, pretende-
se divulgar o referido instrumento junto às unidades escolares localizadas no
município de Vassouras/RJ para que estas possam usufruir das informações
coletas in loco, durante a visitação das localidades como estratégia de ensino
para as práticas da educação ambiental. A relevância encontra-se na
apresentação de dados, tais como a localização geográfica, meios de contato
(telefone, e-mail) e site institucional, destacando a promoção de programas
educacionais voltados para a preservação do meio ambiente. No Município de
Vassouras constam os Projetos Ba-Be-Bio-Mar e Dengue, oferecidos pela
Universidade Severino Sombra; o Parque Ecológico Mauro Romano - Vale
Verdejante, Museu da Casa da Hera, Secretaria de Meio Ambiente e o Instituto
São Fernando. No Município de Valença, o Parque Estadual Açude da
Concórdia e o Parque Municipal Açude da Concórdia. O IZMA - Instituto
Zoobotânico de Morro Azul, é disponibilizado em Eng. Paulo de Frontin.
DISCUSSÃO O papel da Educação Ambiental, sendo difundida pelas instituições e
unidades de conservação, torna-se fundamental como apoio para que as escolas
possam trabalhar valores que transformam suas atitudes perante o meio
ambiente. Como resultado esperado, almeja-se expandir o conhecimento sobre
as políticas públicas para a educação ambiental, indicando as orientações
estabelecidas nas diretrizes curriculares para que as escolas proporcionem uma
formação sócio-ambiental aos alunos da educação básica. A produção e
divulgação de um guia prático constitui uma forma de ofertar informações sobre
as práticas de educação ambiental, visando orientar os gestores escolares e
equipe pedagógica sobre a existência de espaços não escolares que desenvolvem
atividades sócio-ambientais e de sustentabilidade.
CONCLUSÃO Tanto do pensamento ambientalista, como das próprias correntes
pedagógicas da educação, existem propostas educativas voltadas à questão
ambiental que se inserem num gradiente que enseja a mudança ambiental.
(LOUREIRO, 2012, p. 13). Com a produção do portfólio difunde-se a
contribuição das ações na construção de saberes. No que tange o espaço não
formal de educação, segundo Gohn (2006. p.27) “a educação não formal designa
processo com várias dimensões tais como [...] a aprendizagem com objetivos
comunitários, voltados para a solução de problemas coletivos do cotidiano”.
Assim sendo, o papel da Educação Ambiental, sendo difundida pelas
instituições e unidades de conservação, torna-se fundamental como apoio para
que as escolas possam trabalhar valores que transformam suas atitudes perante
o meio ambiente.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. Lei nº 9.795 de 27 de Abril de 1999.
Dispõe sobre a educação ambiental, institui a Política Nacional de Educação
Ambiental e dá outras providências. Disponível em
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9795.htm
BRASIL. Ministério da Educação e Cultura. Resolução No. 2, de 15 de junho de
2012.Estabelece as diretrizes curriculares nacionais para a educação ambiental.
Disponível em: http://conferenciainfanto.mec.gov.br/images/pdf/diretrizes.pdf
GOHN, M. da G. Educação não-formal, participação da sociedade civil e
estruturas colegiadas nas escolas. Ensaio: aval. pol. públ. Educ., Rio de Janeiro,
v.14, n.50, p.27, jan-mar, 2006. Disponível em:
http://www.scielo.br/pdf/ensaio/v14n50/30405.pdf. acessado em: 28 de junho
de 2014.
LOUREIRO, C. F. B. trajetória e fundamentos da educação ambiental. 4ª. Ed.
são Paulo: Cortez, 2012.
DECOMPOSICÃO DE SERAPILHEIRA DE DUAS ESPÉCIES
ARBÓREAS DA MATA ATLÂNTICA
Cabreira, W. V. ¹, Pereira, M. G.2
¹UFRRJ, Curso de Engenharia Florestal- [email protected]
2UFRRJ, Professor Associado IV, Departamento de Solos, [email protected]
Palavras-chave: serapilheira, decomposição, ciclagem de nutrientes
INTRODUÇÃO
Constituída por materiais vegetais depositados na superfície do solo, tais
como folhas, cascas, ramos, flores, inflorescências, frutos, sementes, e
fragmentos vegetais e animais não identificáveis (CIANCIARUSO et al., 2006),
nos ecossistemas florestais tropicais, a serapilheira atua como fator de suma
importância na restauração da fertilidade do solo, principalmente, em áreas em
início de sucessão ecológica (ARATO et al., 2003), como o caso de áreas
perturbadas. Por meio da decomposição, a serapilheira libera para o solo
elementos minerais, essenciais para o desenvolvimento das plantas,
desempenhando um papel fundamental na ciclagem de nutrientes e nas
transferências de energia entre os níveis tróficos (RIBEIRO, 1998). No entanto,
a velocidade com que o material orgânico é decomposto, com consequente
liberação de nutrientes, depende fundamentalmente das condições físicas e
químicas do ambiente e da qualidade orgânica e nutricional do material que é
aportado. Associado a esses fatores, a fauna edáfica se encontra inteiramente
envolvida nos processos de fragmentação da serapilheira e estimulação da
comunidade microbiana do solo (CORREIA e ANDRADE, 2008). De maneira
geral, os fatores climáticos ajudam a determinar as características abióticas do
solo que por sua vez determinam a qualidade da serapilheira e, por fim, a
atividade e composição das comunidades de invertebrados e microorganismos
do solo que irão decompor este material (LAVELLE et al., 2006). Este trabalho
tem como objetivo avaliar a dinâmica de decomposição da serapilheira da
Lecythis pisonis Cambess. e Cupania oblongifolia Mart., espécies da Mata
Atlântica na área do Jardim Botânico da Universidade Federal Rural do Rio de
Janeiro em Seropédica, RJ.
MATERIAL E MÉTODOS
O Jardim Botânico da UFRRJ, local de desenvolvimento desta pesquisa,
conserva, principalmente, indivíduos de espécies características da Mata
Atlântica. Foram selecionadas as espécies arbóreas Sapucaia (Lecythis pisonis)
e Camboatá (Cupania oblongifolia) objetivando a comparação entre as suas
dinâmicas de decomposição de serapilheira. Para isso, as folhas, que
representam maior parte da serapilheira, foram coletadas diretamente da copa.
Em seguida o material foi seco em estufa à temperatura de 65ºC por 48 horas.
Separou-se uma quantidade de 10 gramas para acondicionar em sacos de
polivinil “litter bags” com malha de 4 mm, área de 25 x 25 cm e 1,5 cm de altura.
Para cada espécie arbórea utilizou-se nove “litter bags” que foram instaladas
debaixo de suas respectivas copas. As coletas aconteceram em dois momentos:
aos 15 e 30 dias, após a instalação do experimento no dia 16 de maio. A
quantificação da taxa de decomposição foi obtida através de medidas de perda
de massa, calculando-se a diferença entre as quantidades iniciais do material
original contido no “litter bag” (tempo zero = 10 g) e as que permaneceram no
período de cada coleta. De posse desses valores, ao longo do período de estudo,
foi estimada a constante de decomposição k, conforme Thomas e Asakawa
(1993), através do seguinte modelo exponencial descrito através da fórmula
, em que, Xt é o peso do material remanescente após t dias e o
peso do material seco originalmente colocado nos sacos no tempo zero (t = 0).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Analisando os resultados da primeira coleta, percebeu-se uma redução de
aproximadamente 11% da massa foliar para espécie Cupania oblongifolia e de
14% para Lecythis pisonis. Já na segunda coleta, essa perda foliar cresceu para
17% e 19,5%, respectivamente. Segundo Guo e Sims (1999), a diferença na
velocidade de decomposição da serapilheira é influenciada pela espécie vegetal
uma vez que existem diferentes concentrações de nutrientes e lignina.
Observou-se também uma maior redução de massa foliar para sapucaia devido à
presença da atividade biota (formigas) ao redor dos indivíduos amostrados.
CONCLUSÕES
Pode-se observar que ambas as espécies apresentaram uma perda de
massa foliar mais significativa no primeiro período de coleta. Sendo que, na
espécie C. oblongifolia essa perda ocorreu com menor expressão se comparado
com a L. pisonis.
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CIANCIARUSO, M.C.; PIRES, J.S.R.; DELITTI, W.B.C.; SILVA, E.F.L.P.
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RIBEIRO, L. Dinâmica de nutrientes na serapilheira, em um trecho de mata
ciliar alagável com ninhal de aves do Rio Cuiabá, no Pantanal Barão de
Melgaço-MT. 1998. 53 p. Monografia (Graduação) - Instituto de
Biociências, Universidade Federal de Mato Grosso, Cuiabá, MT, 1998.
DENSIDADE DE FLEBOTOMINEOS (DIPTERA: PSYCHODIDAE) NO PARQUE ESTADUAL DA PEDRA
BRANCA, NÚCLEO PAU DA FOME, TAQUARA, RJ: DADOS PRELIMINARES
Silva, F. F.¹, Vilela, M. L², Avelino-Capistrano, F. S. ³
¹Faculdades São José- Curso em Ciências Biológicas; Fiocruz/ laboratório Transmissores de
Leishmaniose- [email protected]
² Laboratório de Vetores Transmissores de Leishmaniose. Departamento de Entomologia,
Instituto Oswaldo Cruz/Fundação Oswaldo Cruz, RJ- [email protected]
³PPG Biologia Animal, Laboratório de Entomologia-UFRJ/Laboratório de Vetores
Transmissores de Leishmaniose- Instituto Oswaldo Cruz/Fundação Oswaldo Cruz, RJ-
Palavras- chave: flebotomíneos; densidade; diversidade.
INTRODUÇÃO
Os flebotomíneos são dípetros da família Psychodidae, popularmente
conhecidos no Brasil como “cangalhinha”, “mosquito-palha”, “asa-branca”
(MARZOCHI, 1992). Cerca de 30 espécies de flebotomíneos são vetores de
protozoários do gênero Leishmania (ROSS, 1903). Em relação ao seu
envolvimento com humanos ocorrem em mais de 100 países do mundo, de
clima subtropical ou tropical, devido à tendência do aumento de densidade nos
períodos mais quentes e úmidos, em ciclos antroponóicos e zoonóicos
(RANGEL, E.F. & R. LAINSON, 2003). Estudos da fauna flebotomínica
possuem grande importância ecológica, pois ao determinar a diversidade e
riqueza de parte da entomofauna de uma região, auxiliam na determinação das
principais espécies vetoras (MARZOCHI, 1992). Além disso, estes contribuem
na elucidação da participação de espécies secundárias na transmissão de
leishmaniose (ROSS, 1903). Os flebotomíneos podem ser encontrados em
diferentes habitats, sendo a grande maioria de hábitos essencialmente
silvestres, ao contrário da Região Sudeste, onde o ambiente domiciliar torna-se
mais habitado por estes insetos (RANGEL, E.F. & R. LAINSON, 2003). No
entanto, essa fauna ainda é pouco estudada quanto à diversidade, distribuição
das espécies e variação sazonal, especialmente no Maciço da Pedra Branca, onde
poucos trabalhos foram realizados, sendo o último, realizado na década de 70
(RANGEL, E.F. & R. LAINSON, 2003). Desta forma novos trabalhos são
necessários, uma vez que, o local já apresenta registro histórico de
Leishmaniose Tegumentar Americana (LTA).
MATERIAL & MÉTODOS
O estudo está sendo realizado no Parque Estadual da Pedra Branca
(PEPB), núcleo Pau da Fome (22º55’47”S 43º25’57”O). O PEPB ocupa cerca de
10% do território municipal, o que lhe garante o título de maior Unidade de
conservação do município do Rio de Janeiro, protegendo mais de 50% da
remanescente de Mata Atlântica (SMA, 2009). Nesta localidade foram
selecionados três pontos fixos para a instalação de armadilhas luminosas do tipo
CDC (Center for Disease Control) a 1,5 m de altura do solo divididas em três
áreas: peridomiciliar, intradomiciliar e silvestre; tais ambientes são locais
propícios à captura de flebotomíneos, sendo as áreas peridomiciliar e
intradomiciliar, uma área urbana ocupada dentro dos limites do PEPB. As
capturas serão realizadas mensalmente, durante três noites consecutivas,
inicialmente, perfazendo um período de exposição de 12 horas em cada
ambiente no período de maio/2014 a abril/2015. Após será realizado o processo
de montagem e identificação dos flebotomíneos, seguindo o protocolo do
Laboratório de Transmissores de Leishmaniose/Fiocruz, onde os resultados
serão copulados com os dados climáticos. Gerando assim uma correlação dos
fatores climáticos com as espécies predominantes.
RESULTADOS PRELIMINARES
No primeiro mês de coleta, foram capturados 30 espécimes, no qual,
realizou-se o processo de montagem e identificação dos indivíduos. Entre estes
foram coletados cinco machos e 25 fêmeas, sendo 24 coletados em área
silvestre, quatro em área peridomiciliar e dois em área intradomiciliar. Todos os
espécimes identificados pertencem ao gênero Lutzomya (LUTZ & NEIVA, 1912),
onde se podem constatar as seguintes espécies: 17 indivíduos L. hirsuta hirsuta
(YOUNG, D.G. & M.A. DUNCAN, 1994); 4 indivíduos L. firmatoi (YOUNG, D.G.
& M.A. DUNCAN, 1994); 2 indivíduos L. fisheri (); 5 indivíduos L. intermedia
(YOUNG, D.G. & M.A. DUNCAN, 1994); 2 indivíduos L. migonei (França,
1920). Dentre estas, L. intermedia (YOUNG, D.G. & M.A. DUNCAN, 1994) e L.
migonei (YOUNG, D.G. & M.A. DUNCAN) são espécies vetoras de LTA
(YOUNG, D.G. & M.A. DUNCAN, 1994).
CONCLUSÃO
Através dos resultados adquiridos no primeiro mês de coleta, pode-se
observar que o gênero Lutzomya mostra-se predominante nesta localidade,
havendo uma grande diversidade em relação às espécies. O gênero Lutzomyia é
o mais encontrado na Região Sudeste, principalmente nos remanescentes de
Mata Atlântica. Este é o gênero de maior importância médica e veterinária na
transmissão das Leishmanioses, uma vez que, oito espécies deste gênero são
vetores da Leishmania. Desta forma, a continuidade do trabalho evidenciará a
importância de que se realizem os estudos da fauna na região do Parque da
Pedra Branca, localidade do Pau da Fome.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
LUTZ, A. & NEIVA, A. Contribuição para o conhecimento das espécies do
gênero Phlebotomus existentes no Brasil. Mem. Inst. O. Cruz, 4:84-95, 1912.
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fundiária em Unidades de Conservação: as experiências dos Estados de são
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distribution of Lutzomyia sand flies in the Mexico, the West Indies, Central and
the South America (Diptera:Psychodidae). Mem. Am. Entomol. Inst. 54, 881p.
1994.
DÍPTEROS NECRÓFILOS E DE IMPORTÂNCIA FORENSE DO PARQUE ESTADUAL DA PEDRA BRANCA, RIO DE JANEIRO, BRASIL
PENAFORTE, L.B.1; BARBOSA, L.S.2; AVELINO-CAPISTRANO, F. 2
1Faculdades São José, curso de Ciências Biológicas, Rio de Janeiro, RJ, Brasil. E-mail:
2Universidade Federal do Rio de Janeiro, Museu Nacional, Departamento de Entomologia, Rio de Janeiro,
RJ, Brasil.
PALAVRAS-CHAVE: Diptera, Entomologia Forense, iscas
INTRODUÇÃO A entomologia forense se dedica ao estudo de insetos e outros artrópodes associados
a diversas questões criminais, buscando determinar o tempo decorrente entre a infestação
e sua identificação (PUJOL-LUZ et al, 2008). Insetos sinantrópicos podem ser usados
como evidências em casos criminais, estando até mesmo no centro de disputas judiciais
por causar dano a produtos armazenados e imóveis, e para determinação do IPM –
Intervalo Post-mortem – em casos de morte violenta (OLIVEIRA-COSTA, 2003).
Os dípteros são de extrema importância para solução de diversos crimes, pois
podem captar, atrás de seus quimiorreceptores, odores exalados pouco tempo após a
morte, sendo assim os primeiros a chegarem na cena do crime. Ainda atuam de forma
eficiente na reciclagem da matéria orgânica, acelerando o processo de deterioração de
carcaças. Diversas famílias da ordem Diptera são encontradas nos variados estágios de
decomposição, tendo algumas famílias preferências quanto ao estágio de decomposição.
Entre as principais famílias de díptera de interesse forense, se destacam Calliphoridae,
Fanniidae, Sarcophagidae e Muscidae, sendo os califorídeos e os sarcofagídeos os que
geralmente apresentam o maior número de espécimes coletados (OLIVEIRA-COSTA,
2003).
O conhecimento dos insetos necrófagos que predominam em cada região é de
grande importância para policiais e peritos, pois permite identificar, através chaves de
identificação, os elementos faunísticos coletados, para assim, localizar com relativa
precisão o local de colonização do material. Pois, apesar das famílias de insetos necrófagos
nas regiões neotropicais serem basicamente as mesmas, a composição dos indivíduos
necrófagos pode variar de acordo com as estações do ano, condições climáticas, variações
de ambiente (ABALLAY et al., 2011), em zonas urbanas e em zonas rurais.
Assim, este estudo tem por finalidade levantar a dipterofauna de interesse forense
presente no Parque Estadual da Pedra Branca (Rio de Janeiro – RJ) atraída por iscas de
material orgânico de origem animal.
MATERIAL E MÉTODOS O Parque Estadual da Pedra Branca (PEPB) (23°52' e 23°04'S e 43°23' e 43°32'O) localiza-
se na Zona Oeste do Rio de Janeiro e possui área de 12.500 ha (SEMADS, 2001), sendo a
Unidade de Conservação mais extensa do município. O PEPB possui uma vegetação
caracterizada pela Floresta Ombrófila Densa, sendo reconhecidas espécies de montana e
submontana (SILVA et al, 2013). Segundo dados do IBGE (2010) no Maciço da Pedra
Branca o clima predominante é o quente e úmido. Para a captura dos insetos utilizamos
armadilhas confeccionadas de garrafas PET de 2L (D’ALMEIDA E FRAGA, 2007), onde a
armadilha é constituídas de duas partes: uma antecâmara (na parte inferior) e uma câmara
(superior). A antecâmara, local onde a isca foi colocada, foi escurecida com tinta preta,
onde foram feitas quatro aberturas de 3 cm2, por onde as moscas tiveram acesso a isca. No
sítio de estudo foram instalados quatro armadilhas, uma para cada tipo de isca, as
armadilhas de garrafa pet foram penduradas em árvores, a uma altura de 1 metro do solo e
equidistantes a dois metros uma das outras. Como iscas, foram utilizadas 200g de
sardinha, 200g de músculo bovino, 200g de fígado bovino e 200g de fezes humanas. A
coleta ocorreu após 48 horas de exposição no material as condições climáticas, os
espécimes coletados foram sacrificados em álcool 70% e acondicionadas em recipientes
apropriados. Após coletados os espécimes foram triados e identificados de acordo com
chaves de identificação de CARVALHO & MELLO-PATIU (2008) e KOSMANN et al.
(2013).
RESULTADOS E DISCUSSÃO Um total de 96 exemplares foi coletado neste primeiro momento do estudo. Deste total,
Mesembrinellidae foi o grupo com maior abundância, com 40,63% (n = 39), seguido por
Calliphoridae com 35,42% (n = 34), Muscidae, com 19,79 % (n = 19) e Neriidae 4,17% (n =
4). Com relação à diversidade Mesembrinellidae e Calliphoridae tiveram maior número de
espécies representadas, num total de quatro para cada uma, enquanto Muscidae (duas) e
Neriidae (uma) foram os menos diversos. Em Calliphoridae foram encontrados espécies de
Chloroprocta idioidea (Robineau-Desvoidy) (4%) e Chrysomya albiceps (Wiedemann)
(4%) foram os menos abundantes com apenas uma representante, Hemilucilia
segmentaria (Fabricius) (52%) e H. semidiaphana (Rondani) (40%) foram os mais
abundantes. Em Muscidae obtivemos dois gêneros, sendo Cyrtoneurina sp. Giglio-Tos
(89,5%) o mais abundante e Morellia sp. Robineau-Desvoidy (10,5%) o menos abundante.
Entre os substratos amostrados, ‘Fígado’ (70,2%; n=78) foi o que obteve maior número de
exemplares em relação aos demais, onde os demais contribuíram igualmente com 9,9%
(n=11) cada. D’ALMEIDA & FRAGA (2007) também encontraram grande abundância e
diversidade de califorídeos atraídos por iscas de ‘Sardinha’ e ‘Fígado’, em um estudo
conduzido em uma área verde dentro da cidade de Niterói (RJ). BARBOSA et al. (2014)
realizando o mesmo tipo trabalho em uma área de preservação utilizando ‘Sardinha’ como
isca, encontrou além das famílias supracitadas no presente estudo, exemplares de
Sarcophagidae. A forte presença de Mesembrinellidae é uma indicação de boa qualidade
ambiental visto que tal grupo é associado a florestas bem preservadas (FERRAZ et al.,
2010 apud BARBOSA et al., 2014).
CONCLUSÃO Este trabalho corresponde ao primeiro levantamento de dípteros de interesse forense no
PEPB. Os resultados, apesar de preliminares, indicam que a área esta bem preservada
devido à presença de exemplares de Mesembrinellidae e a baixa ocorrência de indivíduos
do gênero exótico Chrysomya. Novas coletas serão realizadas de forma a contemplar as
variáveis sazonais do PEPB.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ABALLAY, F.H., MURÚA, A.F., ACOSTA, J.C. & CENTENO, N. Primer registro de
artropodofauna cadavérica en sustratos humanos y animales en San Juan, Argentina. Rev.
Soc. Entomol. Argent., 67(3-4): 2008
BARBOSA, L.S., CUNHA, A.M., COURI, M.S. & V.C. MAIA. Muscidae, Sarcophagidae,
Calliphoridae e Mesembrinellidae (Diptera) da Estação Biológica de Santa Lúcia (Santa
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CARVALHO & MELLO-PATIU. Key to the adults of the most common forensic species of
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KOSMANN, C., MELLO, R.P. HARTERREITEN-SOUZA, E.S. & J.R. PUJOL-LUZ. A list of
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OLIVEIRA-COSTA., J. Entomologia Forense: quando os insetos são vestígios. Millennium
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no Brasil (1908-2008). Revista Brasileira de Entomologia, Distrito Federal, 52(4): 485-
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SUSTENTÁVEL DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO. Atlas das Unidades de Conservação
da Natureza do Estado do Rio de Janeiro. Editora Metalivros, São Paulo, 2001.
SILVA, M.F.O., ANDREATA, R.H.P. & P.J.F. GUIMARÃES. Melastomataceae no Parque
Estadual da Pedra Branca, Rio de Janeiro, RJ, Brasil. Hoehnea, 40(4): 679-700, 2013.
EDUCAÇÃO AMBIENTAL NA ESCOLA INCLUSIVA,
POSSIBILIDADES E DESAFIOS NO CENÁRIO DA MATA
ATLÂNTICA
Lima,R.F.¹, Gonçalves; L.H.C.²; Kneipp,R.E.³
¹PMPF- Pedagoga/Msc Ciências Ambientais. [email protected]
²SEEDUC- Bióloga/Msc Ciências Ambientais [email protected]
³IFRJ-Ciências da Computação/Msc Ciências e Saúde [email protected]
Palavras-chave: Educação Ambiental, Inclusão, Sustentabilidade.
INTRODUÇÃO
A educação inclusiva tem por objetivo desenvolver oportunidades para que
todos tenham acesso ao ensino fundamental, promovendo a construção do
conhecimento e a inserção do educando.
A Constituição Federal de 1988 em seu 3º inciso IV traz como um dos seus
objetivos fundamentais, “promover o bem de todos, sem preconceitos de
origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação”
(Brasil, 1988).
O Estatuto da Criança e do Adolescente – Lei nº. 8.069/90, artigo 55, reforça
os dispositivos legais supracitados, ao determinar que "os pais ou responsáveis
têm a obrigação de matricular seus filhos ou pupilos na rede regular de ensino”
(Brasil, 1990). Também, nessa década, documentos como a Declaração Mundial
de Educação para Todos elaborado em 1990 e a Declaração de Salamanca,
formalizado em 1994 coadunam com preceitos de nossa Carta Magna.
Em todas as etapas e modalidades da educação básica, o atendimento
educacional especializado é organizado para apoiar o desenvolvimento dos
alunos, constituindo oferta obrigatória dos sistemas de ensino e deve ser
realizado no turno inverso ao da classe comum, na própria escola ou centro
especializado que realize esse serviço educacional.
A proposta do projeto é integrar sustentabilidade e inclusão para que se
estabeleça uma parceria oportunizando aprendizagens significativas e
prazerosas, inserção no meio social e a participação no mundo do trabalho,
respeitando o processo e o tempo de aprendizagem de cada pessoa envolvida.
Educação inclusiva e sustentabilidade nos levam a uma reflexão sobre a
sensibilização e o sentido de uma educação ambiental acolhedora. A inclusão de
pessoas envolvidas em atividades no meio ambiente, destacando a
sustentabilidade, proporciona a promoção da autoestima, socialização e
inserção social.
MATERIAIS E MÉTODOS
A presente pesquisa tem como base um trabalho de campo na região de Paulo
de Frontin, com alunos inclusos no sistema regular de ensino e tem como
suporte pedagógico em revisões bibliográficas, para maior embasamento dentro
das deficiências individuais de cada educando, favorecendo a integração com o
meio ambiente e com a Mata Atlântica.
O trabalho consiste em desenvolver uma palestra educacional, buscando
estabelecer a seus participantes a compreensão sobre a importância da educação
especial através de atividades lúdicas no ambiente de aprendizagem e da
integração ao ambiente que estão inseridos.
Ressalta-se que o objeto desta palestra consiste em apresentar as
experiências, através de vivências sensoriais, jogos e atividades coletivas,
estimulando a aprendizagem através do contato direto com meio.
A palestra tem caráter informacional, apresentando algumas atividades
práticas pedagógicas, que focam um planejamento voltado para a inclusão de
deficientes e maior embasamento na capacitação docente.
Atividades de reconhecimento, sensibilização, adaptação e ambiente
sustentável são apresentadas em dinâmicas, possibilitando vivenciar a realidade
dos alunos inclusos e de suas dificuldades.
A educação ambiental na escola inclusiva possibilita construções coletivas e
individuais, aprendizagem e inserção social, abrindo espaço para um mundo
mais sustentável.
CONCLUSÕES
Podemos então afirmar que o objetivo primordial da Educação Ambiental
no contexto da inserção de portadores nos meios formais de educação e de
mercado de trabalho é provocar nos indivíduos práticas que possam nas
estruturas sociais e naturais existentes, estabelecer processos educativos que
favoreçam a realização do movimento de constante construção do nosso ser na
dinâmica da vida.
A prática da desmarginalização de portadores de deficiência deve ser parte
integrante de planos nacionais de educação, que objetivem atingir educação
para todos. A inclusão social traz no seu bojo a equiparação de oportunidades, a
mútua interação de pessoas com e sem deficiência e o pleno acesso aos recursos
da sociedade. E é a informação que pode transformar o individuo a refletir sobre
tais ações.
Em síntese entende-se que desempenho da cidadania compreende
comportamentos construtivos cujo aprendizado precisa ser difundido para
todos e promover uma cultura de convivência com as diferenças e as exigências
legais.
REFERÊNCIAS
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília:
Imprensa Oficial,1988.
______. Ministério da Educação. Política Nacional de Educação Especial
na perspectiva da Educação Inclusiva. Brasília: MEC, 2008.
______. Ministério da Educação. Política Nacional de Educação Ambiental. Lei
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DECLARAÇÃO DE SALAMANCA. Necessidades Educativas Especiais –
In: Conferências Mundial sobre NEE: Acesso em: Qualidade – UNESCO.
Salamanca/Espanha: UNESCO 1994.
PENTEADO, Heloisa Dupas. Meio Ambiente e a Formação de
Professores. 7ª Ed. São Paulo: Cortez, 2010.
EFEITO DE BORDA SOBRE O MICROCLIMA EM DIFERENTES ESTÁGIOS SUCESSIONAIS DE FLORESTA
ATLÂNTICA
Mendonça, A.R.¹; Voltolini, J.C.²
¹Instituto Zoobotânico de Morro Azul (IZMA), Eng. Paulo de Frontin, RJ.
²Grupo de Pesquisa e Ensino em Biologia da Conservação (ECOTROP), Departamento de
Biologia, Universidade de Taubaté, Taubaté, SP. Email: [email protected]
Palavras-chave: fragmentação; efeito de borda; microclima
INTRODUÇÃO Os efeitos de borda e os efeitos de área são os mais importantes fatores que
geram mudanças em comunidades fragmentadas (Nascimento & Laurance,
2006). A formação de bordas, com impactos físicos e biológicos, é um efeito
direto dos processos de fragmentação florestal. A riqueza de espécies, as
interações bióticas, a temperatura, a umidade e a incidência de luz variam ao
longo do gradiente borda-interior (Murcia, 1995). Os efeitos de borda se
ampliam para áreas internas de remanescentes florestais, muitas vezes
comprometendo unidades mínimas viáveis de conservação (Oliveira, 1998) e
por isso o seu estudo é de grande importância.
O objetivo deste estudo foi comparar o efeito de borda no microclima em três
fisionomias de Floresta Atlântica (capoeira, floresta de transição e floresta
secundária).
MATERIAL E MÉTODOS O estudo foi realizado em um fragmento florestal no entorno da área urbana do
município de Miguel Pereira (RJ), com altitude aproximada de 700 metros,
dentro da área pertencente ao sítio Monte Alegre (22º 27’ 16. 54” S 43º 27’ 11.
63” O). O fragmento, que abrange outras propriedades particulares, possui
aproximadamente 2,3km de comprimento e entre 0,8 e 1km de largura, tem
uma área de pasto ao seu lado e está localizado na serra Miguel Pereira. A partir
do pasto a vegetação apresenta estágios de sucessão ecológica de capoeira,
floresta de transição e floresta secundária. A área de capoeira, segundo
moradores locais, foi atingida por um incêndio oriundo da pastagem, há cerca
de 15 anos. Em cada tipo de vegetação foram colocadas, no sentido borda-
interior, 2 parcelas de 50 metros de comprimento por 4 metros de largura,
distantes 20 metros uma das outras, totalizando 6 parcelas e 1.200m² de área
amostrada. Cada parcela foi dividida em 10 subparcelas de 4x5 metros e dentro
destas foram registradas 3 medições para cada fator climático (temperatura,
umidade, velocidade do vento e luminosidade). Para o levantamento de dados,
cada parcela foi visitada uma vez em cada estação do ano, sempre em dias de
céu claro e no período entre 09:00 e 12:00hs. Quanto às análises, para testar
possíveis associações entre a distância da borda e os fatores abióticos foram
utilizadas correlações (r) e regressões lineares (r2).
RESULTADOS E DISCUSSÃO A temperatura, da borda para o interior da floresta, diminuiu na capoeira (r= -
0,72; r2= 0,51; P=0,02), aumentou na floresta de transição (r= 0,72; r2= 0,50;
P=0,02) e não registramos associação na floresta secundária (r= -0,03; r2=
0,00; P=0,93). A umidade, da borda para o interior da floresta, aumentou na
capoeira (r= 0,63; r2= 0,39; P=0,06) e na floresta de transição (r= 0,71; r2=
0,51; P=0,02) e não registramos associação na floresta secundária (r= -0,11; r2=
0,01; P=0,76). A luminosidade, da borda para o interior da floresta, diminuiu na
capoeira (r= -0,77; r2= 0,59; P=0,01) e não registramos associação na floresta de
transição (r= -0,16; r2= 0,03; P=0,65) e na floresta secundária (r= -0,33; r2=
0,11; P=0,36). Com relação à velocidade do vento, foram registradas apenas
tendências de diminuição da borda para o interior da floresta na capoeira (r= -
0,13; r2= 0,02; P=0,73), na floresta de transição (r= -0,40; r2= 0,16; P=0,25) e
na floresta secundária (r= -0,55; r2= 0,31; P=0,10). Os dados da temperatura
podem ser influenciados pela presença de clareiras nas áreas pesquisadas,
corroborando com os resultados encontrados por Muller et al (2010) (r²=0,49;
P=0,02) que identificou correlação negativa para os dados de temperatura,
provavelmente pele presença de clareiras no local de estudo. Jardim et al (2007)
afirma que as clareiras podem apresentar diversas formas e tamanhos e
conseqüentemente modificar as condições abióticas e bióticas no interior das
florestas. Os resultados da umidade na capoeira e na floresta de transição, ao
contrário da floresta secundária, coincidem com os estudos de Muller et al
(2010), (r²=0,88; P=0,00), que encontrou variações no gradiente borda-
interior, com forte influência da borda aos 10m e mais acentuadas aos 20m.
Nascimento et al (2010), percebeu menores valores próximo à borda de um
fragmento florestal, ocasionada pela maior energia luminosa vinda da área
externa do mesmo. Quanto á luminosidade, os resultados da floresta de
transição e da floresta secundária, se aproximam dos achados por Muller et al
(2010), que não encontrou correlação significativa (r²=0,20; P=0,19) em um
transecto de 100m. Os resultados da velocidade do vento, também ficaram
próximos do estudo feito por Bataghin et al (2008), que percebeu números altos
apenas na borda, se estabilizando entre 20 e 30m dentro do fragmento.
CONCLUSÃO O gradiente borda-interior foi observado apenas nos estágios de capoeira e
floresta de transição e a velocidade do vento foi o único fator climático que não
apresentou um padrão ao longo do gradiente.
REFERÊNCIAS BATAGHIN, F.A; Fiori, A.; Toppa, R.H. Efeito de borda sobre epífitos
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Sobre Ecossistemas Florestais.Floresta e Ambiente, Vol. 5(1):184-191,
jan./dez.1998.
EFEITO DA PEDOFORMA NO APORTE DE SERAPILHEIRA NA FLORESTA ATLÂNTICA
Mendonça, V. M. M.1; Santos, G.L. dos2; Silva, R. M. da3; Menezes, C. E. G.4; Pereira, M. G.5
1. Graduando do Curso de Engenharia Florestal, UFRRJ, email: [email protected]; 2.
Mestrando do Programa de Pós-Graduação em Ciências Florestais e Ambientais, UFRRJ; 3.
Graduando do Curso de Engenharia Florestal, UFRRJ; 4. Professor do Instituto Federal de
Educação, Ciência e Tecnologia – RJ, Campus Nilo Peçanha, Pinheiral (RJ); 5. Departamento de
Solos, Instituto de Agronomia,UFRRJ.
Palavras-chave: relevo, mini sítios, estoque
INTRODUÇÃO
A serapilheira é composta por materiais de origem vegetal (folhas, galhos
e material reprodutivo) e de origem animal (material fecal e resíduos de
animais) acumulados no piso florestal. A quantificação de massa e estoque da
serapilheira é feita através do seu aporte. O aporte é uma das formas de entrada
do material orgânico no solo com origem da cobertura vegetal e deposição de
resíduos de animais (SCORIZA et al., 2012). Dessa forma, esse estudo teve como
objetivo avaliar a influência das condições de relevo (pedoforma) no aporte de
serapilheira em um fragmento de Floresta Atlântica em Pinheiral (RJ).
MATERIAL E MÉTODOS
O estudo foi realizado no município de Pinheiral, Rio de Janeiro, na
região do Médio Paraíba Fluminense, na sub-bacia do ribeirão Cachimbal,
localizado entre as latitudes 22°29’03’’e 22°35’27’’S e entre as longitudes
43°54’49”W e 44°04’05”W. Foram selecionadas duas pedoformas (côncava e
convexa) em um fragmento florestal em estádio secundário de regeneração. As
pedoformas foram estratificadas em mini sítios (MS) quanto a variação da
declividade e do gradiente topográfico, sendo estabelecidos 3 mini sítios por
pedoforma. Para avaliar o aporte da serapilheira, em abril de 2013 foram
instalados 5 coletores cônicos com área 0,282744 m² em cada mini sítio. A cada
mês, as amostras foram triadas em folhas (limbos e pecíolos), galhos, material
reprodutivo (frutos, flores e sementes) e outros (resíduos orgânicos não
identificados, fezes de animais, entre outros). As frações foram secas em estufa à
65ºC por 4 dias, após pesadas para quantificação da massa seca de cada fração
(SCORIZA et al., 2012).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
O aporte de serapilheira foi diretamente influenciado pelas condições
ambientais, declividade e gradiente topográfico onde se encontra a vegetação
arbórea. Não houve diferença significativa entre as pedoformas para as frações
folhas, galhos, material reprodutivo e outros (Tabela 1), contudo, entre os mini
sítios de cada pedoforma houve diferença significativa para as frações folhas e
galhos. A fração folhas apresentou maiores valores nos mini sítios IV e V, onde
observou-se no processo de triagem que são as regiões onde possuem espécies
arbóreas com folhas maiores e mais densas. A fração galhos apresentou, em
ambas as pedoformas, maiores valores para os mini sítios onde há maior
incidência de luz e ventos (I, II, V e VI). As frações material reprodutivo e outros
foram pouco significativas. Em outros estudos na região de Floresta Estacional
Semidecidual, essas mesmas frações não obtiveram valores significativos
(Scoriza et al., 2009). Quanto ao aporte no decorrer do ano, os meses 6, 7, 8, 9 e
10 apresentaram os maiores valores de aporte (Tabela 1), e coincidem com o
período seco da região, que ocasionam maior estresse hídrico levando a maior
senescência e abscisão foliar junto com um decréscimo na decomposição no
período seco. Como observado por Borém e Ramos, 2002 em Floresta Tropical,
a maior taxa de aporte do material formador de serapilheira se deu no período
seco. Os demais meses não houve variações significativas. As folhas
representam a maior parte do material formador de serapilheira, sendo assim a
fração mais representativa no aporte. Resultados compatíveis com Figueiredo
Filho et al. 2003, onde em floresta tropical as folhas representam entre 60 à
80% da serapilheira.
CONCLUSÕES
O estoque aportado foi diretamente influenciado pelas condições
ambientais onde se encontra a vegetação. Os maiores valores obtidos do aporte
de serapilheira foram observados nos mini sítios dos terços inferior e médio de
cada peforma (I, II, IV e V), onde obtiveram um grande aumento nos meses do
período seco. A fração folhas compõe a maior parte do material formador de
serapilheira, seguido por galhos, outros e material reprodutivo.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BORÉM, R. A. T.; RAMOS, D. P. Variação estacional e topográfica de nutrientes na serapilheira de um fragmento de mata atlântica. Cerne, Viçosa, v. 8, n. 2, p. 42-59, jul./dez. 2002.
FIGUEIREDO FILHO, A. et al. Avaliação estacional da deposição de serrapilheira em uma Floresta Ombrófila Mista localizada no sul do estado do Paraná. Ciência Florestal, Santa Maria, v. 13, n. 1, p. 11-18, 2003.
SCORIZA, R. N.; PIÑA-RODRIGUES, F. C. M.; NEVES, J. B. C.; STRABELI, T.; Aporte de Biomassa como Indicador de Qualidade de Fragmentos Florestais
Inseridos em Agroecossistemas; Resumos do VI CBA e II CLAA; Revista Brasileira De Agroecologia Vol. 4, No. 2, p. 673-679 nov. 2009.
SCORIZA, R. N.; PEREIRA, M. G.; PEREIRA, G. H. A.; MACHADO, D. L.; SILVA,
E. M. R. Metodos para coleta e analise de serrapilheira aplicados a ciclagem de nutrientes. Série Técnica (Floresta e Ambiente), 2(2): 01-18, 2012.
Tabela 1: Aporte de serapilheira em pedoformas convexa e côncava com influencia da variação
da declividade e do gradiente topográfico no decorrer de um ano. Área de Estudo
F (Kg.ha-¹) MR (Kg.ha-¹) G (Kg.ha-¹) O (Kg.ha-¹)
Pedoforma Convexa 520,08 ns 60,91 ns 113,51 ns 74,41 ns Côncava 506,74 ns 56,61 ns 161,05 ns 77,06 ns
Mini Sítio I 510,76 ab 28,65 ns 112,93 ab 83,46 ns II 552,71 a 88,44 ns 138,10 a 78,98 ns III 496,75 ab 65,64 ns 89,51 b 79,44 ns IV 598,99 a 42,89 ns 91,87 b 63,43 ns V 534,80 ab 72,74 ns 184,32 b 85,85 ns VI 386,46 b 54,21 ns 206,95 a 81,88 ns
Mês 1 194,35 c 39,86 c 28,71 c 56,95 c 2 231,13 c 34,57 c 74,13 b 38,93 c 3 193,32 c 45,06 c 76,48 b 20,25 c 4 398,5 c 21,06 c 70,24 bc 39,96 c 5 535,87 bc 34,79 bc 98,9a b 37,98 c 6 807,13 a 72,02 ab 93,88 b 64,43 bc 7 949,49 a 184,70 a 342,21 a 122,09 a 8 730,08 ab 92,03 ab 330,23 a 118,54 a 9 597,68 b 47,37 b 172,71 a 118,41 a 10 722,88 ab 87,83 b 192,46 a 141,85 a 11 505,39 b 25,61 c 71,49 b 77,15 b 12 295,12 c 20,25 c 95,91 bc 72,26 b
*Valores seguidos de letras diferentes na coluna diferem entre se (P<0,05), pelo teste de Kruskal-Wallis; ns: não significativo. Legenda: F ( Folhas); MR (Material reprodutivo); G (Galhos); O (Outros); I, II e III - MS com altitude e declividade diferentes em pedoforma convexa; IV, V e VI - MS com altitude e declividade diferentes em pedoforma côncava; Meses 2, 3, 4, 5, 6 e 7 período seco; Meses 8, 9,10, 11, 12 e 1 período chuvoso.
EPHEMEROPTERA, PLECOPTERA E TRICHOPTERA
(INSECTA) EM RIOS DO PARQUE ESTADUAL DA
PEDRA BRANCA, RIO DE JANEIRO, BRASIL
Ferreira, A.¹, Silva, F.S.¹,², Cordeiro¹,³, I.R., Rocha, L.C.F.¹ & F. Avelino-Capistrano³
1. Faculdades São José, Curso de Ciências Biológicas.
2. Laboratório de Transmissores de Leishmanioses – Fiocruz.
3. Laboratório de Entomologia – UFRJ.
Palavras-chave: bioindicadores; insetos aquáticos; biodiversidade.
INTRODUÇÃO Os insetos aquáticos correspondem um dos principais componentes da
cadeia alimentar aquática e possuem em sua maioria tempo de vida longo sendo
capazes de sofrer com os efeitos das variações ambientais de curto prazo (LI et
al., 2010). Entre as ordens de insetos aquáticos, Ephemeroptera, Plecoptera e
Trichoptera (EPT) apresentam maior sensibilidade às alterações ambientais e,
por isso, são considerados indicadores eficientes da integridade do ambiente
aquático (GOULART & CALLISTO, 2003). Tal capacidade representa bem os
padrões ecológicos de toda comunidade aquática, que aliada à alta abundancia
destes grupos, funcionam como reflexo dos efeitos de tais variações sobre toda a
comunidade; sendo assim os estudos centrados nestas ordens de grande valia
para programas de biomonitoramento (CRISCI-BISPO et al, 2007).
A ordem Ephemeroptera possui aproximadamente 4.000 espécies, sendo
166 presentes no Brasil (MARIANO & FROEHLICH, 2007). Suas ninfas podem
ser encontradas em ambientes lóticos e lênticos , alimentando-se de material
orgânico em decomposição e servem de alimento para outros animais,
exercendo papel importante na cadeia trófica (MARIANO & FROEHLICH,
2007). Os adultos são alados e possuem estagio de vida reduzido, sendo
incapazes de alimentar-se (MARIANO & FROEHLICH, 2007). A ordem
Plecoptera inclui aproximadamente 2.000 espécies descritas, e no Brasil
existem apenas duas famílias conhecidas (LECCI & FROEHLICH,2007). Suas
ninfas são encontradas em riachos limpos e bem oxigenados, podendo ser
detritívoros, onívoros ou predadores, e os adultos são alados e vivem próximos a
ambientes aquáticos (LECCI & FROEHLICH,2007).
A ordem Trichoptera possui aproximadamente 10.000 espécies, sendo
336 reportadas para Brasil (CALOR, 2007). Estas participam da cadeia trófica
através da ciclagem de nutrientes (CALOR, 2007). Suas larvas são encontradas
em vários habitats aquáticos continentais (CALOR, 2007). O presente estudo foi
realizado no Parque Estadual da Pedra Branca (PEPB), Núcleo Pau da Fome,
sendo este um primeiro esforço amostral da fauna de EPT para o parque.
MATERIAL E MÉTODOS O presente estudo foi realizado em quatro rios localizados no Parque
Estadual da Pedra Branca, sendo realizadas 16 coletas sazonais entre os meses
de setembro 2012 a agosto 2013. Os exemplares foram coletados por substratos:
Folhiço Retido, Folhiço de Fundo, Rocha Fixa Rolada, Rocha Fixa Lisa e Areia.
Para captura dos exemplares foram utilizadas redes entomológicas
confeccionadas pelos próprios pesquisadores, peneiras e pinças. Os exemplares
coletados foram armazenados em recipientes contendo álcool etílico 90% e
etiquetas de procedência. A triagem dos exemplares foi realizada no Laboratório
de Zoologia da Faculdade São José por meio de microscópios estereoscópicos,
sendo identificado ao nível de gênero através das chaves de identificação de:
MARIANO (2007) – Ephemeroptera, LECCI & FROEHLICH (2007) –
Plecoptera e CALOR (2007) – Trichoptera.
RESULTADOS E DISCUSSÃO Um total de 2.914 exemplares foi coletado ao longo do período de estudo.
Deste total, Ephemeroptera correspondeu ao grupo mais abundante, com 88,5%
(n = 2.578) e Plecoptera o menos abundante, com 3,2% (n = 92). Em relação à
diversidade, as ordens Ephemeroptera e Trichoptera contribuíram com nove
gêneros cada uma, enquanto Plecoptera com três gêneros. Dos gêneros
encontrados de Ephemeroptera, Cloeodes Traver (38,9%) e Miroculis Edmunds
(27,9%) foram os mais abundantes enquanto que Massartella Lestage (0,3%) e
Tricorythodes Ulmer (0,7%) foram os menos abundantes. Entre os Plecoptera,
Anacroneuria Klapálek (2,8%) foi o gênero mais abundante enquanto
Gripopteryx Pictet (0,1%) foi o menos abundante. Os Trichoptera, Phylloicus
Müller (3,8%) e Leptonema Guérin (1,7%) foram os gêneros mais abundantes,
enquanto que Atopsyche Banks (0,1%) e Xiphocentron Brauer (0,03%) ocorram
em menor abundancia. Entre os substratos amostrados, ‘Rocha Lisa Fixa’ foi o
que obteve maior número de exemplares (n = 1.151), sendo especialmente
colonizado por exemplares de Ephemeroptera - Cloeodes (36,8%) e Baetodes
Needham & Murphy (2,2%), e ‘Folhiço de Fundo’ (n = 673), também contendo
muitos exemplares de Mirocullis (Ephemeroptera, 20,3%). As ordens coletadas
representam bem a integridade ambiental dos rios do PEPB aos quais estas
foram coletadas. Os índices encontrados levam a compreender que a água
presente no determinado local de estudo é de boa qualidade.
CONCLUSÃO Durante o período de estudo, um total de 21 gêneros foi encontrado,
sendo a maior parte pertencente às ordens Ephemeroptera e Trichoptera. Tais
dados corroboram com a literatura, onde tais ordens são as mais diversas. Além
disso, a presença de gêneros de EPT, reforçam ainda mais a importância do
PEPB na preservação e manutenção da integridade dos rios da região.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS CALOR, A. R. 2007. Trichoptera. In: Guia on-line: Identificação de larvas de
Insetos Aquáticos do Estado de São Paulo. Froehlich, C. G. (org.). Disponível
em: http://sites.ffclrp.usp.br/aguadoce/guiaonline
CRISCI-BISPO, V., BISPO, P. C. & C. G. FROEHLICH, 2007. Ephemeroptera,
Plecoptera and Trichoptera assemblages in two Atlantic Rainforest streams,
Southeastern Brazil. Revista Brasileira de Zoologia, 24(2): 312-318.
GOULART M & M. CALLISTO, 2003 Bioindicadores de qualidade de água como
ferramenta em estudos de impacto ambiental. Revista da FAPAM, ano 2, no 1.
LECCI, L. S. & FROEHLICH, C. G., 2007. Plecoptera. In: Guia on-line:
Identificação de larvas de Insetos Aquáticos do Estado de São Paulo. Froehlich,
C. G. (org.). Disponível em: http://sites.ffclrp.usp.br/aguadoce/guiaonline
LI, L., ZHENG, B. & L. LIU. 2010. Biomonitoring and Bioindicators Used for
River Ecosystems: Definitions, Approaches and Trends. Procedia
Environmental Sciences, 2: 1510–1524.
MARIANO, R. & FROEHLICH, 2007. Ephemeroptera. In: Guia on-line:
Identificação de larvas de Insetos Aquáticos do Estado de São Paulo. Froehlich,
C. G. (org.). Disponível em: http://sites.ffclrp.usp.br/aguadoce/guiaonline
ESPÉCIES DA FLORA BRASILEIRA AMEAÇADAS DE EXTINÇÃO PRESENTES NO MORRO DAS ANDORINHAS,
NITERÓI, RJ, BRASIL
Machado, D. N. S.¹, Mendes, T.S.¹ & Barros, A. A. M. de1
¹UERJ, Faculdade de Formação de Professores, Departamento de Ciências, Grupo de Estudos
Interdisciplinares do Ambiente - [email protected]
Palavras-chave: Mata Atlântica, diversidade biológica, inselbergue
INTRODUÇÃO A Mata Atlântica brasileira é formada por um mosaico de diversidade
biológica, composta por vários tipos vegetacionais em grandes variações
altitudinais. No litoral fluminense, em particular, está bem representada por
áreas de inselbergues graníticos, que ecologicamente exercem a função de ilhas
terrestres rodeadas por vegetação arbóreo-arbustiva (POREMBSKI, 2007).
Essas áreas, embora sob forte pressão antrópica, representam um importante
habitat de numerosas espécies endêmicas e ameaçadas de extinção, nas quais
ainda é contínua a descoberta de novas espécies. O presente trabalho visa o
levantamento das espécies ameaçadas de extinção presentes no Morro das
Andorinhas. Este está localizado na Região Oceânica do município de Niterói
(RJ) e apresenta uma altitude de 196 msm. Foi integrado ao Parque Estadual da
Serra da Tiririca pela Lei Estadual 5079/2007. Também faz parte da Área de
Proteção Ambiental das Lagunas e Florestas de Niterói e da Reserva da Biosfera
da Mata Atlântica, homologada pela UNESCO em 10 de outubro de 1992. A flora
presente no Morro das Andorinhas é classificada no Domínio da Mata Atlântica
como Floresta Ombrófila Densa Submontana e vegetação de afloramento
rochoso, cuja diversidade é documentada nos trabalhos de ARAUJO & VILAÇA
(1981), SOUSA, SILVA & SOUZA (2003), BARROS (2008), BARROS, RIBAS &
ARAUJO (2009) e PELLEGRINI, AONA-PINHEIRO & FORZZA (2013).
MATERIAL E MÉTODOS O levantamento florístico foi realizado através de coletas no período de
janeiro/2011 a dezembro/2013. As espécies foram coletadas segundo técnicas
usuais em botânica (GUEDES-BRUNI et al., 2002). O material testemunho foi
herborizado e seco em estufa 60ºC e encontra-se depositado no Herbário da
Faculdade de Formação de Professores (RFFP), com duplicatas no Herbário do
Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro (RB). As espécies
foram identificadas através de bibliografia especializada, consultas aos
Herbários RFFP, RB e GUA (Herbário Alberto Castellanos) e aos especialistas
das famílias. A listagem florística foi organizada segundo APG III (2009). A
grafia e a atualização dos nomes das espécies foram confirmadas com base na
Lista de Espécies da Flora do Brasil (2014). A classificação das espécies quanto
ao status de conservação foi baseada em MARTINELLI & MORAES (2013), que
seguiu as normas estabelecidas pela IUCN (União Internacional de Conservação
da Natureza e Recursos Naturais). Foram consideradas quatro categorias:
Criticamente em perigo (CR), Em perigo (EN), Vulnerável (VU) e Menos
preocupante (LC).
RESULTADOS E DISCUSSÃO No Morro das Andorinhas foram inventariadas 293 espécies de Magnoliophyta,
pertencentes a 205 gêneros, 71 famílias, incluindo dois híbridos de
Bromeliaceae. Dentre essas espécies foram encontradas treze que estão
incluídas na lista da flora brasileira ameaçada de extinção: a) Criticamente em
perigo - Rhipsalis cereoides (Backeb. & Voll) Backeb., Stigmaphyllon vitifolium
A. Juss., Abutilon anodoides A. St.-Hil. & Naudin; b) Em perigo - Hippeastrum
reginae (L.) Herb., Alcantarea glaziouana (Lemaire) Leme, Tillandsia araujei
Mez, Dioscorea pseudomacrocapsa G.M. Barroso, Guimaraes & Sucre, Plinia
ilhensis G.M. Barroso, Solanum arenarium Sendtn.; c) Vulnerável - Saranthe
composita (K. Koch) K. Schum., Melanopsidium nigrum Colla; d) Menos
preocupante - Astrocaryum aculeatissimum (Schott) Burret, Trichilia casaretti
C. DC. São espécies endêmicas do estado do Rio de Janeiro: A. glaziouana, T.
araujei, R. cereoides., D. pseudomacrocapsa, S. vitifolium A. Juss. e A.
anodoides, sobretudo nos inselbergues litorâneos do entorno da Baía de
Guanabara. Também endêmica é P. ilhensis, uma Myrtaceae com ocorrência na
Floresta Ombrófila Densa. O único registro de M. nigrum no município de
Niterói é no Morro das Andorinhas, sendo essa uma espécie com distribuição
nas restingas da região Sudeste e Bahia. S. arenarium é considerada uma
espécie rara com distribuição nos estados do Rio de Janeiro e do Rio de Grande
do Sul.
CONCLUSÃO A região que circunda o Morro das Andorinhas encontra-se bastante
descaracterizada devido o crescimento populacional desordenado da Região
Oceânica do município de Niterói. No entanto a área em estudo está inserida
numa Unidade de Conservação de Proteção Integral, representando uma ilha de
diversidade biológica localizada em meio à matriz urbana, cuja preservação se
faz prioritária. A presença de espécies endêmicas raras e ameaçadas de extinção
evidencia a importância da região para conservação da flora da Mata Atlântica.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS A.P.G. [= Angiosperm Phylogeny Group] III. An update of the Angiosperm
Phylogeny Group classification for the orders and families of flowering plants:
APG III. Botanical Journal of the Linnean Society, v. 161, p. 105-121. 2009.
ARAUJO, D.S.D. & VILAÇA, A.M.N. Avaliação da cobertura vegetal
remanescente de Itaipu. In: KNEIP, L.M.; PALLESTRINI, L. & CUNHA, F.L.S.
(Orgs.) Pesquisas arqueológicas no litoral de Itaipu. Rio de Janeiro: VEPLAN
Companhia de Desenvolvimento Territorial, p. 27-44. 1981.
BARROS, A.A.M. Análise florística e estrutural do Parque Estadual da Serra da
Tiririca, Niterói e Maricá, RJ, Brasil. 2008. 237f. Tese (Doutorado em Botânica)
- Escola Nacional de Botânica Tropical, Instituto de Pesquisa Jardim Botânico
do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2008.
BARROS, A.A.M.; RIBAS, L.A. & ARAUJO, D.S.D. Trepadeiras do Parque
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GUEDES-BRUNI, R.R.; MORIM, M.P.; LIMA, H.C. & SYLVESTRE, L.S.
Inventário florístico. In: SYLVESTRE, L.S. & ROSA, M.M.T. (Orgs.). Manual
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Janeiro. Disponível em: <http://floradobrasil.jbrj.gov.br/>. Acesso em: 30 de
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MARTINELLI, G. & MORAES, M.D. Livro Vermelho da Flora do Brasil. Rio de
Janeiro: Andrea Jakobsson, 1 v., 2013. 1102p.
PELLEGRINI, M.O.O.; AONA-PINHEIRO, L.Y.S. & FORZZA, R.C. Taxonomy
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(Commelinaceae), a previously obscure taxon from Brazil. Phytotaxa, v. 91, n. 2,
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POREMBSKI, S. Tropical inselbergs: habitat types, adaptative strategies and
diversity patterns. Revista Brasileira de Botânica, v. 30, n. 4, p. 579-586. 2007.
SOUSA, L.O.F.; SILVA, B.R. & SOUSA, R.C.O.S. Hohenmea, a new natural
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53, n. 2, p. 71–76. 2003.
ESTOQUE E TEOR DE NUTRIENTES DO MATERIAL
FORMADOR DA SERAPILHEIRA EM PEDOFORMAS
CONVEXA E CÔNCAVA, PINHEIRAL (RJ)
Santos, G. L. 1; Mendonça, V. M. M. 2; Correa Neto, T. A. 3, Menezes, C. E. G. 4; Pereira, M. G. 5
1Doutorando do Programa de Pós-Graduação em Ciências Florestais e Ambientais, UFRRJ,
email: [email protected]; 2Graduando do Curso de Engenharia Florestal, UFRRJ, email:
[email protected]; 3Pós-Doutoranda, UFRRJ/FAPERJ, email: [email protected];
4Professor do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia – RJ, Campus Nilo Peçanha,
Pinheiral-RJ, email: [email protected]; 5Departamento de Solos, Instituto de
Agronomia,UFRRJ, email: [email protected]
Palavras-chave: Mata Atlântica, encostas, ciclagem de nutrientes
INTRODUÇÃO
As espécies vegetais presentes nas pedoformas possuem um papel
fundamental na ciclagem de nutrientes e nas alterações dos atributos físicos e
químicos do solo, por meio da deposição da serapilheira. A serapilheira
compreende, principalmente, o material de origem vegetal (folhas, flores,
ramos, cascas, raízes e sementes) e, em menor proporção, o de origem animal
(restos animais e material fecal) depositado na superfície do solo (CUNHA
NETO et al., 2013). A quantidade aportada e os teores de nutrientes da
serapilheira são influenciados pela tipologia florestal e condições climáticas
(GODINHO et al., 2013). A partir do exposto, o objetivo desse trabalho foi
quantificar o estoque e os teores de nutrientes do material formador da
serapilheira em diferentes formas topográficas da paisagem (pedoformas)
convexa e côncava na Floresta Atlântica, Pinheiral (RJ).
MATERIAL E MÉTODOS
O estudo foi realizado no Município de Pinheiral, Rio de Janeiro, na
região do Médio Paraíba Fluminense, na sub-bacia do ribeirão Cachimbal,
localizado entre as latitudes 22°29’03’’ e 22°35’27’’S e entre as longitudes
43°54’49” W e 44°04’05”W. Foram selecionadas duas pedoformas adjacentes
com relevo do tipo convexa (convexa-divergente) e côncava (côncava-
convergente) com orientação da vertente predominante a sudeste e cobertura
vegetal tipo Floresta Estacional Semidecidual Submontana (IBGE, 1992). As
coletas do material formador de serapilheira (MFS) foram realizadas na estação
chuvosa (Abril – Setembro) e na estação seca (Outubro – Março), utilizando um
gabarito de 25 cm de lado (0,0625m2), arremessado aleatoriamente 15 vezes em
cada pedoforma, cuja a área total soma 0,56 hectares. O MFS foi seco em estufa
de circulação forçada de ar a 65°C, por 72h, sendo obtidos os valores de estoque
total (Mg ha-1). Em seguida, quantificaram-se os teores de N, P, K, Ca e Mg
(TEDESCO, 1997). Os dados foram submetidos à análise de normalidade e
homogeneidade da variância dos erros. Quando os dados apresentaram
distribuição normal e homogênea foram submetidos a análise estatística
paramétrica, quando não a análise estatística não paramétrica.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Quanto ao estoque de serapilheira, os maiores valores foram observados
na pedoforma convexa e na estação seca (Tabela 1), o que está relacionado às
condições ambientais de menor oferta de umidade. GODINHO et al. (2013),
estudando o estoque de serapilheira no ambiente com floresta, observaram que
a maior produção aconteceu no final da estação seca, a qual foi associada ao
longo período de estiagem e à diversidade e estrutura das espécies vegetais
presentes. Quanto aos teores de nutrientes entre pedoformas, apenas para o
nitrogênio foi observada diferença, sendo os maiores teores quantificados na
pedoforma côncava (Tabela 1), o que possivelmente está relacionado à
composição diferenciada das espécies entre as pedoformas. Entre as estações do
ano foram verificadas diferenças para os teores de fósforo, potássio, cálcio e
carbono (Tabela 1), sendo os teores de fósforoe cálcio maiores na estação
chuvosa e de potássio e carbono na estação seca. Os maiores teores de fósforo e
cálcio no final do período chuvoso são explicados pela liberação mais lenta
desses elementos pelo material aportado e a retenção desses nutrientes no
material formador da serapilheira que chega com a chuva que atravessa o dossel
(BORÉM & RAMOS, 2002). Para o potássio, o maior teor encontrado na estação
seca é explicado pela facilidade desse elemento ser liberado (lixiviado) da
serapilheira (BORÉM & RAMOS, 2002). Já para o carbono, o maior teor no
período seco pode estar relacionado ao maior aporte da serapilheira e menor
decomposição, em consequência da menor disponibilidade de água e baixa
umidade relativa. Através da análise da Tabela 1, verifica-se que as condições do
gradiente topográfico exercem influência no padrão do estoque e nos teores de
nutrientes da serapilheira, sendo os ambientes convexos responsáveis pelo
maior estoque de serapilheira na estação seca. Para os teores de potássio e
magnésio observou-se existir uma associação com o gradiente topográfico e a
declividade para os MS, sendo os maiores teores observados nas posições que
favorecem a maior acumulação de água e deposição de sedimentos.
CONCLUSÕES
O estoque e os teores de nutrientes do material formador de serapilheira
são influenciados pelo tipo da pedoforma e estação do ano, em que os maiores
estoques foram observados na pedoforma convexa e maiores teores de N na
pedoforma convexa, entre as estações do ano os maiores teores de P e Ca foram
na estação chuvosa e os maiores teores de K e C foram na estação seca.
AGRADECIMENTOS
Ao PPGCAF, À FAPERJ, Ao IFRJ – CAMPUS PINHEIRAL, A CAPES E AO CNPQ.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BORÉM, R. T.; RAMOS, D. P. Variação estacional e topográfica de nutrientes na
serapilheira de um fragmento de Mata Atlântica. Cerne, Lavras, v.8, n.2, p.42-
59, 2002.
CUNHA NETO, F. V.; LELES, P. S. S; PEREIRA, M. G.; BELLUMATH, G. H.;
ALONSO, J. M. Acúmulo e decomposição da serapilheira em quatro formações
florestais. Ciência Florestal, Santa Maria, v.23, n.3, p.379-387, Jul./ Set.2013.
GODINHO, T. O.; CALDEIRA, M. V. W.; CALIMAN, J. P.; PREZOTTI, L. C.;
WATZLAWICKS, L. F.; AZEVEDO, H. C. A.; ROCHA, J. H. T. Biomassa,
macronutrientes e carbono orgânico na serapilheira depositada em trecho de
Floresta Semidecidual Submontana, ES. Scientia Forestalis, Piracicaba, v.41,
n.97, p.131-144, Mar.2013.
INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Manual técnico
da vegetação brasileira. IBGE, Rio de Janeiro, 199, 92p.
TEDESCO, M. J; GIANELLO, C; BISSANI, CA. Análise de solo, plantas e
outros materiais. 2. Ed. Porto Alegre: Departamento de Solos, UFRGS, p.177-
188.1995.
Tabela 1. Massa seca e teor de nutrientes do material formador de serapilheira nas diferentes pedoformas e estações do ano.
Massa N P K Ca Mg C C/N
Seca
Mg ha-1 ---------------------g kg-1-------------------
Pedoforma
Côncava 6,25b 13,98a 0,70ns 0,41ns 15,19ns 5,27ns 346,92 ns 24,81 ns
Convexa 8,35a 12,55b 0,66ns 0,40ns 15,36ns 5,03ns 355,42 ns 28,32 ns
Estação do Ano
Chuvosa 5,76b 13,30ns 0,72a 0,37b 21,14a 5,33ns 344,48 b 25,90 ns
Seca 8,83a 13,23ns 0,65b 0,44a 9,42b 4,97ns 358,02 a 27,06 ns
*Valores seguidos de letras diferentes na coluna, para cada pedoforma, diferem entre si (p<0,05) e ns: não significativo.
ESTRATIFICAÇÃO VERTICAL DA POSTURA DE OVOS DE
Aedes aegypti L. E Aedes albopictus S. NO MUNICIPIO DE
VASSOURAS, RJ
Cruz Jr, A. J.³, Monsores, D. A. ³, Caetano, G. C. ¹, Alves, S. P.¹, Maleck, M. ¹, ²,4 -
¹USS, Laboratório de Insetos Vetores
²USS, Mestrado Profissional em Ciências Ambientais
³Jovens Talentos/FAPERJ, Rio de Janeiro, Brasil.
4USS, Centro de Ciências da Saúde.
Palavras-chave: arbovirose, dengue, dispersão populacional
INTRODUÇÃO
A Mata Atlântica é uma das regiões mais ricas do mundo em biodiversidade e
hoje é considerada um dos biomas mais ameaçados do planeta por causa do
desmatamento. A destruição desse bioma vem gerando consequências diversas
para o meio ambiente, e resultando na destruição da biodiversidade, degradação
dos mananciais e desequilíbrios ambientais acarretando o aparecimento de
pragas e doenças. A dengue é uma das principais doenças resultantes deste
desequilíbrio. Essa doença é uma arbovirose que se tornou um problema de
saúde no Brasil e no mundo, e sua transmissão é essencialmente urbana. Este
ambiente possui fatores fundamentais para aocorrência da doença: o homem, o
vírus, o vetor e, principalmente a condição sócio ambiental, formando assim a
estrutura que possibilita manter a cadeia de transmissão. O principal vetor do
vírus da dengue no Brasil é o Aedes aegypti (LINNAEUS, 1762), podendo
também o Aedes albopictus (SKUSE, 1894) participar da transmissão, como
ocorre na Ásia. A capacidade de dispersão do mosquito Ae. aegypti pelo voo é
variável, sendo guiada pela busca de sítios de oviposição apropriados (MS,
2007), já adispersão do Ae. albopictus pode ocorrer em todas as fases de
desenvolvimento do mosquito, porém o principal mecanismo de dispersão
ocorre por meio de ovos e larvas, denominados “ova express” (KNUDSEN,
1995). O presente trabalhotem o objetivo de detectar a preferência de
oviposição de Ae. aegypti e Ae. albopictus quanto à oferta de recipientes com
água relacionada à estratificação vertical.
MATERIAL E MÉTODOS
O levantamento está sendo realizado no município de Vassouras, RJ, em três
pontos distintos selecionados de acordo com os dados obtidos pelos estudos
anteriores (PINHEIRO et al., 2011; OLIVEIRA & MALECK, 2014). As
armadilhas de coleta de larvas constam de pneus (metade horizontal) instalados
em cada ponto, em três alturas distintas (60 cm; 1,20 m; 1,80 m) (KERSTEN et
al., 2013) conforme metodologia adaptada de OBENAUER et al. (2009). A
coleta de larvas vem sendo realizada semanalmente pelo período de cinco meses
(janeiro - maio), e verificados a temperatura e a umidade relativa do ar. Após a
coleta as larvas são encaminhadas ao Laboratório de Insetos Vetores/USS, para
identificação em microscópio. Dentre os espécimes coletados, apenas Ae.
aegypti e o Ae. albopictus serão notificados como foco positivo. As larvas são
quantificadas e os dados analisados pelo teste estatístico ANOVA.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Até o presente momento os resultados mostraram positividade de larvas de
Aedesparatodos os pontos.Em relação à altura das armadilhas o ponto 1
mostrou 42% de larvas a 60 cm de altura do solo, 24% a 1,20m e 34% a 1,80m.
O ponto 2 mostrou 27% de larvas obtidas a 60cm, 45% a 1,20m e 28% a 1,80m
do solo. O ponto 3 apresentou 100% de larvas na altura de 1,80m. Os dados
demonstram inicialmente a preferência pelas armadilhas localizadas a altura
de60 cm e de 1,20m. Os estudos continuam em andamento.
CONCLUSÃO
Devido às diversas epidemias correlacionadas a esses insetos, o estudo tem uma
importante contribuição para o entendimento da dinâmica populacional do
mosquito. E, a partir dos resultados obterem informações mais precisas quanto
ao comportamento de Ae. aegypti e Ae. albopictus para melhor nortear o
controle das larvas em áreas urbanas.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
KERSTEN, V.A., CAETANO, G.C., ALMEIDA, J.S., SILVA, S.C.P., ROSA,
D.W.P.D., MALECK, M. Um estudo sobre a preferência de Aedes aegypti e
Aedes albopictus quanto à estratificação vertical da “Larvitramp”; III Jornada
Severino Sombra; USS, 2013.
KNUDSEN, A.B. Global distribution and continuing spread os Aedes albopictus
[Proceedings of a workshop held at the Instituto Superiore di Sanita, Rome,
Italy, 19 – 20 December 1994]. Parasitologia Roma 1995; 37(2-3): 91-7.
MINISTÉRIO DA SAÚDE. 2007. Disponível: <http://www.saude.gov.br>
(acessado em 23/03/2008).
OBENAUER, P.J., KAUFMAN, P.E., ALIAN, S.A., KLINE, D.L. Infusion-baited
ovitramps to survey ovipositional height preferences of container-inhabiting
mosquitoes in two Florida habitats. J. Med. Entomol. 46 (6): 1507-1513, 2009.
OLIVEIRA, A.A & MALECK, M. Ovitrampas para Avaliação da Presença de
Aedes aegypti (Linnaeus) e Aedes albopictus (Skuse) no Município de
Vassouras, Estado do Rio de Janeiro. EntomoBrasilis 7 (1): 52-57, 2014.
PINHEIRO, R.F., ESPINDOLA, C.B., MALECK, M. Levantamento das formas
imaturas de Aedes aegypti e Aedes albopictus no município de Vassouras, RJ,
Brasil. Monografia de conclusão de curso, Curso de Ciências Biológicas, USS,
2011.
AGÊNCIAS DE FOMENTO: Jovens Talentos-FAPERJ; FUSVE/USS; Secretaria
Municipal de Saúde/SMS-Vassouras, RJ.
ESTUDO DE GEORREFERENCIAMENTO E
CARACTERIZAÇÃO FLORESTAL EM UMA RESERVA
PARTICULAR DO PATRIMÔNIO NATURAL PERTENCENTE
AO BIOMA MATA ATLÂNTICA – RPPN GRANJA REDENÇÃO /
SILVA JARDIM – RJ
Santos, M. F. ¹; Amorim, A. P. C. F.¹; Medeiros, G. S.¹; Andrade, L. C.¹; Fonseca, C. B. D.¹
¹ Verde Musgo Ecologia e Meio Ambiente LTDA, Consultoria - [email protected] /
(21) 97953-6339 – (21) 98268-3355.
Palavras-chave: georreferenciamento, Mata Atlântica, RPPN.
INTRODUÇÃO
A área de estudo, Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) Granja
Redenção, está localizada em Imbaú, no Município de Silva Jardim, a 116 km do
Rio de Janeiro. A RPPN é uma área privada com o objetivo de conservar a
diversidade biológica do bioma Mata Atlântica, bioma este que segundo
Ministério do Meio Ambiente (MMA, 2013), é representado por um conjunto de
formações florestais e ecossistemas associados como as restingas, manguezais e
campos de altitude, que se estendiam originalmente por aproximadamente
1.300.000 km² em 17 estados do território brasileiro (LOUREIRO, 2008).
Atualmente os remanescentes de vegetação nativa estão reduzidos a cerca de
22% de sua cobertura original e encontram-se em diferentes estágios de
regeneração. Apenas cerca de 7% estão bem conservados em fragmentos acima
de 100 hectares. Mesmo reduzida e muito fragmentada, estima-se que na Mata
Atlântica existam cerca de 20.000 espécies vegetais (35% das espécies
existentes no Brasil), incluindo diversas espécies endêmicas e ameaçadas de
extinção. Este estudo tem como objetivos adequar a Reserva ao cadastro
ambiental rural (CAR), e esclarecer sobre as características gerais dos
remanescentes de Mata Atlântica existente e seus potenciais econômicos.
MATERIAL E MÉTODOS
O georreferenciamento, dos vértices do imóvel, foi realizado através de Sistema
Geodésico Brasileiro – SGB – SIRGAS 2000 (IBGE, 2013), onde as coordenadas
em UTM foram definidas através de transporte por GPS, Receptor Trimble
5700, a partir da Estação GPS Rio de Janeiro – código 91720 – IBGE. Esta
metodologia compreendeu a realização do mapeamento do perímetro para
cálculo da área total da propriedade possibilitando a correção de pontos e
implantação dos novos marcos de base RBMC certificados nos vértices, em
conformidade com exigência legal Lei n°10.267/2001. Foram estabelecidos
pontos para mapeamento da altimetria do terreno, identificados cursos d´água
e realizada a delimitação das áreas construídas e manchas de vegetação de
importância econômica. Quanto à caracterização florestal, foi necessário obter
informações sobre a área de cada povoamento existente, observar e definir a
tipologia dos povoamentos florestais (existências, acréscimos, perdas,
regeneração) e a caracterização de outras vegetações presentes.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A área de estudo apresenta densa vegetação de Mata Atlântica, relevo
acidentado com perímetros compostos por limites de linhas seca e natural. Nos
estudos desenvolvidos foram identificadas tipologias de mata primária e
secundária em diferentes disposições ao longo da propriedade. A cobertura
vegetal de mata atlântica apresentada compreende uma área total de
304.338,82 m² em 314.649,36 m² (total da propriedade). As áreas de mata
primária encontram-se nos pontos com maior valor altimétrico (400 metros),
onde a dificuldade do acesso é um aspecto positivo para este nível de
preservação. Foram identificados pontos de mata secundária, em processo
natural de regeneração dentre altitudes de 130 a 170 metros do nível do mar.
Presença de áreas de capoeirinha, ou em estágio inicial de regeneração dentre
90/100 metros de altitude com área de 132,73 m². A espécie com grande
expressão econômica identificada foi a palmeira Juçara (Euterpe edulis –
Família: Arecaceae). Estes indivíduos apresentam-se dispersos ao longo de toda
propriedade, porém caracterizam uma mancha de vegetação expressiva com
283,53 m².
CONCLUSÃO
Verificamos, a partir dos resultados deste estudo, que a RPPN Granja Redenção
apresenta porcentagem expressiva com aproximados 90% de vegetação de Mata
Atlântica em diversos estágios, desde floresta primária à parcelas em estágios de
regeneração natural (SCHAFFER, 2010). E por estar situada em uma área de
corredor de Mata Atlântica aumenta as possibilidades de desenvolvimento a
nível genético das populações de fauna e flora cujo habitat natural está cada vez
mais fragmentado e escasso.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas. Disponível em:
http://cidades.ibge.gov.br/painel/painel.php?codmun=330560 acessado em 19 de
novembro de 2013.
LOUREIRO, W. RPPN Mata Atlântica: ICMS Ecológico, Uma Experiência
Brasileira de Pagamentos por Serviços Ambientais. Belo Horizonte:
Conservação Internacional Fundação SOS Mata Atlântica The Nature
Conservancy (TNC), 2008.
MMA – Ministério do Meio Ambiente. Disponível em:
http://www.mma.gov.br/biomas/mata-atlantica acessado em 19 de novembro de
2013.
SCHAFFER, W. B. et al Mata Atlântica – Patrimônio Nacional dos Brasileiros.
MMA. Secretaria de Biodiversidade e Florestas. Brasília, 2010.
ESTUDOS DE INSETOS (ORTHOPTERA: GRYLLIDAE) COMO BIOINDICADORES DE QUALIDADE AMBIENTAL NO FRAGMENTO DE FLORESTA PLUVIAL
ATLÂNTICA NO INSTITUTO ZOOBOTÂNICO DE MORRO AZUL
Duarte, M. N.1; Mendes, M. P.2; Rodrigues, W. C.3; Cassino, P. C. R.1; Maleck. M.1, 4.
1Universidade Severino Sombra, – [email protected]
2Universidade Severino Sombra, Curso de Engenharia Ambiental, Vassouras/RJ
3Centro Universitário de Volta Redonda, Volta Redonda/RJ
4USS, Mestrado Profissional Ciências Ambientais
Palavras-chave: diversidade, grilos, insecta
INTRODUÇÃO
A expansão do uso da terra resulta na fragmentação dos habitats
naturais com a formação de fragmentos florestais de diferentes tamanhos e
formas (THOMAZINI & THOMAZINI, 2000). Em geral, os invertebrados são
mais severamente e rapidamente afetados por mudanças paisagísticas, e os
insetos são responsáveis por muitos processos no ecossistema, assim, sua perda
pode ter efeitos negativos sobre comunidades inteiras (NICHOLSA et al., 2007).
Sabe-se que os grilos são importantes componentes da macrofauna de
serrapilheira florestal (GREENBERG & FORREST, 2003), podendo ter limites
de tolerância restritos a certas condições (MCCLUNEY & DATE, 2008), além
disso, respondem a perturbação no habitat (SPERBER et al., 2007) e deficiência
hídrica (MCCLUNEY & DATE, 2008). Desta forma, o monitoramento deste
grupo contribui no entendimento da complexidade ecologia destes habitats.
Este estudo teve como objetivo avaliar a família Gryllidae (Insecta; Orthoptera)
como insetos bioindicadores da qualidade ambiental no fragmento florestal do
Instituto Zoobotânico de Morro Azul, em Engenheiro Paulo de Frontin, RJ.
MATERIAL E METODOS
O estudo foi conduzido em um fragmento florestal de Mata Atlântica, no
Instituto Zoobotânico de Morro Azul (IZMA), localizado no município de
Engenheiro Paulo de Frontin-RJ (22º29’39.70” Sul e 43º34’04.46” Oeste). O
fragmento tem altitude variando entre 640 a 720 m e possui uma área de
aproximadamente 19 hectares.
As coletas foram realizadas nas quatro estações climáticas no período de um
ano, de maio de 2012 a março de 2013. Ao longo de uma trilha ecológica
denominada Trilha dos Quatis, com 2.200 metros de extensão, foi determinada
oito pontos de coleta (I a VIII), levando-se em consideração a composição
florística, cobertura do dossel e nível de serrapilheira. Em cada ponto, foram
montadas seis armadilhas, distantes 10 metros entre cada uma, em uma área de
200 m2.
Para a captura dos insetos, foram utilizadas armadilhas de solo do tipo pitfall,
com 150 mL de solução aquosa contendo 3% de formol, 2% de detergente
neutro e 95% de água pura. As armadilhas permaneceram no ambiente por 48
horas.
Após a retirada das armadilhas, as amostras foram encaminhadas para o
Laboratório de Biomonitoramento Ambiental da Universidade Severino
Sombra, onde foi realizada a triagem e identificação dos grilos em nível de
gênero, baseando-se nas chaves textuais propostas por Strohecker (1953),
Chopard (1938; 1959) e Pereira (2012) e chaves pictórias v 5.0/5.0 proposta por
Eades et al. (2013).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Foram capturados 271 grilos, sendo 72 ninfas, utilizadas apenas para analise de
abundância, e 199 adultos identificados. Quanto à abundância de grilos, em
relação aos pontos de coleta, os picos populacionais nos pontos mais
estruturados, bem como, baixas nos pontos mais degradados, indicam que a
umidade na serrapilheira foi fator relevante para a amostragem, demonstrando
também a afinidade destes insetos por locais com maior e luminosidade e nível
de serrapilheira, principalmente por este micro-habitat fornecer recurso
alimentar (GANGWERE, 1961), abrigo e espaço livre de inimigos
(SZINWELSKI, 2009). A diversidade mostrou correlação significativa com
nível de serrapilheira e cobertura do dossel, entretanto, não se mostrou
significativa em relação à umidade na serrapilheira, o que indica que existem
gêneros que prefiram locais úmidos e acabam por dominar estes locais,
diminuindo os valores de diversidade e equitabilidade e elevando os valores de
dominância.
Sendo resistentes às pequenas variações ambientais, alguns gêneros apareceram
em locais incomuns de serem encontrados, demonstrando a plasticidade
fenotípica destes insetos.
CONCLUSÃO
Neste estudo, ficou evidente que a fitofisionomia interferiu na amostragem de
grilos, desta forma, se apresentaram eficientes bioindicadores da qualidade
ambiental, pois responderam em vários níveis à mudança paisagística, tanto em
áreas estruturadas quanto em áreas degradadas.
REFERÊNCIAS BIBLIGRÁFICAS
GANGWERE, S. K. A Monograph on food selection in Orthoptera. From the
Transaction of the American Entomological Society, v. 87, p .67-230, 1961.
GREENBERG, C. H.; FORREST, T. G. Seasonal abundance of ground –
occurring macro arthropods in forest and canopy gaps of the southern
Appalachians. Southeastern Naturalist, v. 2, n. 4, p.591-608, 2003.
LEWINSOHN, T. M.; FREITAS, A. V. L.; PRADO, P. I. Conservação de
invertebrados terrestres e seus habitats no Brasil. Megadiversidade, v. 1, n. 1,
p.62-69, 2005.
MCCLUNEY, K. E.; DATE R. C. The effects of hydration on growth of the house
cricket, Acheta domesticus. Journal of Insecta Science, v. 8, n. 32, p.1-9, 2008.
NICHOLSA, E.; LARSENB, T.; SPECTORA, S.; DAVISE, A. L.; ESCOBARC, F.;
FAVILAD, M.; VULINECE, K. Global dung beetle response to tropical forest
modification and fragmentation: A quantitative literature review and meta-
analysis. Biological Conservation, v. 137, n. 1, p.1-19, 2007.
SPERBER, C. F.; SOARES, L. G. S.; PEREIRA, M. R.: Litter disturbance and
trap spatial positioning affects number of captured individuals and genera of
crickets (Orthoptera: Grylloidea). Journal of Orthoptera Research, v. 16, n. 1,
p.1-7, 2007.
SZINWELSKI, N.: Riquezas de Espécies de Grilos (Orthoptera: Grylloidea) em
fragmentos de Mata Atlântica em regeneração. 2009. 49f. Dissertação
(Mestrado em Biologia Animal) - Universidade Federal de Viçosa, 2009.
THOMAZINI, M. J.; THOMAZINI, A. P. B. W. A fragmentação florestal e a
diversidade de insetos nas florestas tropicais úmidas. Rio Branco: Embrapa
Acre (Circular Técnica, 57), 2000. 21p.
AGRADECIMENTOS: Ao Instituto Zoobotânico de Morro Azul.
FRAGMENTAÇÃO FLORESTAL NO VALE DO CAFÉ SUL
FLUMINENSE
Santos, J. F. C.¹*, Santos, G. R.¹, Cabreira, G. V. ¹, Araújo, E. J. G.²
¹UFRRJ, Curso de Engenharia Florestal-* [email protected]
²UFRRJ, Professor do Departamento de Silvicultura, Instituto de Florestas-
Palavras-chave: ecologia da paisagem, métricas da paisagem, Patch
Analyst.
INTRODUÇÃO
A ocupação do Vale do rio Paraíba do Sul na região Sul Fluminense está
associada principalmente, ao ciclo do café (SILVA, 2002). Nesse período, o
lugar até então pouco explorado e com grande quantidade de matas virgens se
transformou em imensos cafezais (MUAZE, 2011). Os Barões do café
desmatavam e exploravam as terras até o esgotamento do solo. Nesse ponto, o
plantio improdutivo era abandonado em detrimento de outras áreas cobertas
com matas e um solo fértil (SILVA, 2002). Atualmente, a situação da Mata
Atlântica que resta na região não difere daquela de toda a extensão do bioma:
apresenta-se como um mosaico de vegetação fragmentada em função do uso e
ocupação desordenada do território. A fragmentação florestal pode ser estudada
pela Ecologia da Paisagem. Esta, utiliza feições espaciais observáveis e
mensuráveis, para caracterizar as condições, desenvolvimento e mudança
temporal dos fragmentos florestais (TURNER & GARDNER, 1991). Este
trabalho traz uma caracterização quantitativa dos fragmentos florestais da
região do Vale do Café buscando subsidiar tomada de decisão quanto às ações
de conservação e preservação dos recursos naturais desta região.
MATERIAL E MÉTODOS
Este estudo envolveu os municípios de Barra Mansa, Barra do Piraí, Engenheiro
Paulo de Frontin, Mendes, Miguel Pereira, Paracambi, Paraíba do Sul, Paty do
Alferes, Pinheiral, Piraí, Rio das Flores, Valença, Vassouras e Volta Redonda, no
estado do Rio de Janeiro. O arquivo base desta análise, em formato shapefile, foi
adquirido no site da Fundação SOS Mata Atlântica e refere-se à fragmentação
florestal no ano de 2012. As métricas da paisagem para os fragmentos foram
obtidos através da extensão gratuita Patch Analyst (Analisador de Manchas) do
software ArcGIS 10.1., sendo calculados os seguintes índices: MSI- Média do
Índice de Forma; MPAR- Média da Relação Perímetro/Área (m/ha); TE- Total
de Borda (m); NumP- Número de Manchas; NCA- Número de Áreas Centrais;
TCA- Área Central Total (ha) e TCAI- Índice de Área Central (%). Estes índices
são descritos em Elkie et al. (1999). Foi adotado um Buffer de 30m para calculo
de área central. Os fragmentos foram divididos em classes de tamanho segundo
a área ( ) ocupada em hectares (ha), adotando-se os critérios: 1) <10 ha; 2)10
< <50 ha; 3) 50< <100 ha; 4)100< <200 ha; 5) >200 ha.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
No Vale do Café restam 18% de área com florestas distribuídas em 2.294
fragmentos. O maior fragmento, localizado entre Piraí, Mendes e Paracambi
tem uma área de 3937,33 ha e abrange os limites do Parque Natural Municipal
do Curió. Fragmentos com área inferior a 50 ha representam 85% do total.
Resultados semelhantes foram encontrados por Silva (2002) para região do
Médio Vale do Paraíba do Sul. Para Viana et al. (1992), a redução de
ecossistemas naturais, resulta numa preocupante perda da biodiversidade.
Entretanto, estes autores afirmam que os fragmentos florestais pequenos,
localizados em propriedades particulares, abandonados e sujeitos a
perturbações, são os últimos depositários da biodiversidade nativa de boa parte
de nossas florestas. Quanto aos fragmentos florestais de maior dimensão,
Turner & Gardner (1991) destacam que eles resguardam maior biodiversidade
sendo prioritários na conservação, mas outros parâmetros devem ser
analisados. Na tabela 1 estão apresentados os índices da paisagem calculados. O
índice de forma médio (MSI) demonstra que os fragmentos menores
apresentam formas mais regulares, isto é, valores próximos a 1. À medida que a
irregularidade da forma aumenta, este valor cresce (ELKIE et al., 1999). No
entanto, pelo valor MPAR concluí-se que fragmentos menores tem maior
quantidade de borda em relação a área. Ainda, quando analisamos este
parâmetro em conjunto com TCA e TCAI, considerando uma distância da borda
de 30m, é possível afirmar que os fragmentos menores sofrem maior influência
da borda. A zona de contato entre um habitat natural e outro antropizado gera o
efeito de borda que, segundo Viana et al. (1992), é marcado por mudanças na
luminosidade, temperatura, umidade e velocidade do vento o que pode
significar impactos diretos ou indiretos na biodiversidade. Devido ao tamanho
reduzido e a forma, 556 fragmentos com área inferior a 10 ha não tiveram área
central, sugerindo que toda área destes, esta influenciada pela borda. Dada a
irregularidade da forma, alguns fragmentos com área superior a 50 ha
apresentaram mais de uma área central por mancha, uma vez que o valor de
NCA superou o NumP. Isto justifica o porquê de fragmentos com formas mais
regulares ter preferência para conservação (TURNER & GARDNER, 1991). Os
fragmentos com área superior a 200 ha, ainda que tenham elevada
irregularidade na forma (Valor MSI maior), tem maior área central, ou seja,
valor TCA maior, e por isso sofrem menor influência da borda.
CONCLUSÕES
No Vale do Café a Mata Atlântica remanescente está distribuída em fragmentos
principalmente pequenos e sob forte efeito de borda. Os poucos fragmentos com
área superior a 100 ha são prioritários para adoção de medidas
conservacionistas uma vez que tendem a concentrar maior biodiversidade e
originalidade do bioma.
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TURNER, M. G.; R. H. GARDNER. Quantitative methods in landscape
ecology. New York: Springer-Verlag, 1991, 517 p.
VIANA, V. M.; TABANEZ, A. J. A.; MARTINEZ, J. L.A. Restauração e Manejo de
Fragmentos Florestais. Revista do Instituto Florestal de São Paulo, São
Paulo, v. 4, p- 86-94, 1992.
Tabela 01. Índices da paisagem
Classe 1 2 3 4 5
MSI 1,37 1,59 2,03 2,52 3,50
MPAR (m/ha) 301,86 127,75 86,58 76,66 59,96
TE (m) 974439,02 2875931,56 931719,55 864663,15 2937385,31
NumP 847 1110 156 83 98
CA (ha) 5168,43 23976,14 10827,26 11336,37 53884,97
NCA* 291 988 180 106 157
TCA* (ha) 931,44 14055,26 8092,05 8779,57 45148,22
TCAI* (%) 18,02 58,62 74,74 77,45 83,79 MSI - Índice de Forma Médio; MPAR- Média da Relação Perímetro/Área; TE - Total de
Borda; NumP- Número de Manchas; NCA- Número de Áreas Centrais; TCA- Área
Central Total; TCAI –Indice de Área Central.*Buffer de 30m.
GÊNESE DE AGREGADOS E MATÉRIA ORGÂNICA EM PEDOFORMA CÔNCAVA E CONVEXA - PINHEIRAL RJ
Fréo,V.A.¹; Pereira, M.G.²; Medeiros, A.S.³
1Graduanda em Engenharia Agronômica, Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro
(UFRRJ), BR 465, km 7. CEP: 23890-000, Seropédica - RJ. *E-mail: [email protected]
2Professor Associado IV, Departamento de Solos da UFRRJ, Depto.de Solos, BR 465, km 7.
CEP:23890-000, Seropédica - RJ. E-mail: [email protected]
3 Mestrando do Programa de Pós-Graduação em Ciências Ambientais e Florestais; Universidade
Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), BR 465, km 7. CEP: 23890-000, Seropédica - RJ. *E-
mail: [email protected]
Palavras-chave: Agregação, substâncias húmicas e relevo
INTRODUÇÃO A Floresta Atlântica compreende a região do Médio Vale do Paraíba do
Sul que foi historicamente de grande importância para o desenvolvimento
econômico do país em meados do século XIX. Atualmente encontra-se com
extensas áreas ocupadas por pastagens degradadas e de baixa produtividade. A
intensidade com que as alterações ocorrem depende do tipo de solo, relevo e
forma de manejo utilizada. O efeito mais prejudicial ocorre nas camadas
superficiais do mesmo levando a uma redução no incremento de matéria
orgânica, principal agente de formação e estabilização dos agregados, sendo
ambos os processos apontados como as principais causas da degradação
estrutural do solo. Na área de estudo após hoje se observa, fragmentos florestais
com diferentes graus de recuperação. O processo de sucessão, por muitas vezes,
está associado às diferentes pedoformas côncava ou convexa, que influenciam
na dinâmica da água (convergência e divergência) e de nutrientes. As
modificações à que o solo é submetido, podem promover alterações em vários
atributos edáficos, entre estes a agregação. Desta forma este estudo tem como
objetivo avaliar as características morfológicas e da matéria orgânica (carbono
orgânico total do solo e das substancias húmicas) dos agregados formados em
um fragmento florestal em distintas pedoformas no município de Pinheiral-RJ.
MATERIAL E MÉTODOS A área de estudo está inserida em um fragmento florestal localizado na sub-
bacia do Ribeirão Cachimbal situado na região do Médio Vale do Paraíba,
município de Pinheiral no Estado do Rio de Janeiro.
Para realização da coleta dos agregados foram escolhidas uma pedoforma
côncava e outra convexa. As amostras foram coletadas na profundidade de 0-10
cm.
Após a coleta, as amostras foram levadas ao laboratório onde os agregados
foram separados uns dos outros por suas linhas de fraqueza. Após esse
processo, os mesmos foram submetidos ao peneiramento com o uso de duas
peneiras: 9 e 8 mm. Os agregados que ficaram retidos na peneira de 8 mm
foram observados com o auxilio de uma lupa e classificados à mão em frações
morfológicas de acordo com as definições descritas em Bullock et al. (1985).
Para determinação da contribuição relativa em massa foram pesados 100 g de
agregados. Essa massa de agregados foi identificada sob lupa e assim
quantificado o percentual de agregados de cada via de formação contidos na
massa inicial. A determinação do carbono orgânico total (COT) foi realizada
segundo Yeomans & Bremner (1988). As substâncias húmicas foram
separadas em três frações sendo utilizada a técnica de solubilidade
diferencial estabelecida pela Sociedade Internacional de Substâncias Húmicas
(Swift, 1996) adaptada e apresentada por Benites et al. (2003).
Posteriormente, os resultados foram submetidos à análise de variância e
comparação dos valores médios com uso do teste t de Tukey a 5% de
probabilidade.
RESULTADOS E DISCUSSÃO Na tabela 1 são apresentadas entre os padrões morfológicos de agregação e
teores de carbono orgânico total e carbono das substancias húmicas na
profundidade de 0-10 cm.
Foram observadas diferenças percentuais das diferentes classes de agregação
entre as pedoformas. Na pedoforma côncava a classe fisiogênica contribui com
mais de 60% na agregação total do solo, já na convexa a classe que se destaca é a
biogênica também com aproximadamente 60%. Esses resultados mostram a
existência de condições específicas para de cada pedoforma para a formação dos
agregados. Para os teores de COT, C-FAF (carbono da fração ácido fúlvico), C-
FAH (carbono da fração ácido húmico) e C-HUM (carbono da fração humina)
não foram observadas diferenças estatísticas quando comparado via de
agregação e pedoformas. Esses resultados podem estar relacionados com a
especificidade de cada via no armazenamento de carbono.
De acordo com a tabela 1, a fração humina apresentou os maiores teores de
substâncias húmicas em todas as vias. Nas pedoformas, não foram observadas
diferenças significativas no teores de COT e substancias húmicas comparando
côncava e convexa.
CONCLUSÃO As pedorformas influenciam a gênese de agregados mas não a partição dos
teores de carbono orgânico total das substancias húmicas.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BENITES, V. M.; MADARI, B.; MACHADO, P. L. O. A. Extração e
fracionamento quantitativo de substâncias húmicas do solo: um procedimento
simplificado de baixo custo. Rio de Janeiro: Embrapa Solos, 2003. 7p.
(Embrapa solos. Comunicado Técnico, 16).
BULLOCK, P., FEDEROFF, N., JONGERIUS, A., STOOPS, G.,
TURSINA, T. et al. Handbook for Soil Thin Section Description.
Albrighton, England: Waine Research Publications, 1985.
YEOMANS, J. C.; BREMNER, J. M. A rapid and precise method for routine
determination of organic carbon in soil. Commun. in Soil Sci. Plant Anal.,
19:1467-1476, 1988.
SWIFT, R. S. Organic matter characterization. In: SPARKS, D. L.; PAGE, A. L.;
HELMKE, P. A.; LOEPPERT, R. H.; SOLTANPOUR, P. N.; TABATABAI, M. A.;
JOHNSTON, C. T.; SUMNER, M. E. (Ed.). Methods of soil analysis. Madison:
Soil Science Society of America: American Society of Agronomy, p.1011-1020,
1996.
Tabela 1: Contribuição percentual das diferentes vias de agregação e teores de carbono orgânico total e carbono das substancias húmicas em pedorforma côncava e convexa.
Via de
agregação
% agregados
COT C-FAF C-FAH C-HUM
g.kg-1 Pedoformas
CV CX CV CX CV CX CV CX CV CX Biogênico 11,2
0 45,20
43,62a
52,76a
4,70a
4,10a
3,88a
4,54a
25,17a
21,67a
Intermediário
23,65
36,02
32,52a
36,02a
3,49a
3,40a
3,08a
3,18a
15,20a
15,70a
Fisiogênico 51,24
18,78
39,63a
33,74a
3,42a
3,22a
2,46a
2,90a
14,71a
12,25a
CV: Côncava, CX: Convexa. COT: Carbono orgânico total, C-FAF: Fração ácido fúlvico, C-FAH: Fração ácido húmico e C-HUM: Fração humina. Letras iguais para mesma via de agregação em pedoforma côncava e convexa mostram que não houve diferença estatística pelo teste t de Tukey a 5 %.
GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS SÓLIDOS CONSTITUÍDOS
POR PILHAS NA REGIÃO DE SEROPÉDICA
Giovanini, C. F. R.¹; Azevedo, J. C.²; Rasga, G. L.³; Garcia, M. C. C.4
¹ Colégio Técnico da UFRRJ (CTUR) – [email protected]; ² Colégio Técnico da UFRRJ
(CTUR) - [email protected] ³ Colégio Técnico da UFRRJ (CTUR) -
[email protected]; 4 Colégio Técnico da UFRRJ (CTUR) – (21) 984188950
Palavras-chaves: meio ambiente, gestão, preservação
INTRODUÇÃO
O avanço tecnológico na indústria eletroeletrônica tem trazido muitos
benefícios, como o uso de aparelhos portáteis, que se tornam práticos e
econômicos por serem movidos a pilhas. No entanto, este avanço trouxe
problemas que estão muitas vezes relacionados com o descarte errado das
pilhas, em sua maioria consideradas perigosas por conterem metais pesados.
Divulgar os riscos, as precauções que devem ser tomadas, e conscientizar
a população é fundamental para a preservação do solo na região de Seropédica,
que possuiu vegetação e tem uma parte da sociedade voltada para o meio rural.
As substâncias tóxicas que compõe as pilhas, como chumbo, níquel, zinco
e manganês podem atingir aquíferos freáticos e o ser humano através da
ingestão, inalação ou contato com algo que foi contaminado. Em um bioma, o
descarte errado das pilhas contamina o solo e todas as espécies vegetais que se
desenvolvam no local. Os metais pesados são bioacumultivos, ou seja, se
depositam em determinados locais do organismo e podem afetar suas funções
orgânicas.
Diante do exposto, no presente trabalho objetiva-se conscientizar a
população de Seropédica a respeito do descarte errado de pilhas, bem como seus
danos ao meio e à saúde humana.
MATERIAL E MÉTODOS
O projeto já está sendo conduzido no município de Seropédica e será
executado em quatro fases, com previsão de término em dezembro de 2014.
A primeira fase foi concentrada na produção de um infográfico na forma
de folder de fácil entendimento para a população do município. Foram
realizadas pesquisas envolvendo a busca por artigos e informações recentes
sobre quais são os tipos de pilhas disponíveis no mercado, como são feitas e
quais são os componentes dessas, como causam danos ao ambiente e são
absorvidos pelo homem, quando presentes no homem o que causam e como
podem levar à morte e os meios de prevenção por parte da população. A
pesquisa também se aprofundou em descobrir quais são os fabricantes que estão
atentos à sustentabilidade, preservação e educação ambiental, para que os
integrantes do grupo pudessem entrar em contato com as empresas propondo
parcerias.
Na segunda fase houve a coleta e limpeza de material reciclável, no caso
garrafas do tipo ‘pet’, as quais foram utilizadas como embalagens para
recolhimento e acondicionamento das pilhas, para posterior envio às empresas
de reciclagem. No dia 28 de junho de 2014, a equipe integrante do projeto saiu à
procura de estabelecimentos comerciais em Seropédica que estivessem
interessados em ser ponto de recolhimento das pilhas.
Na terceira fase, na qual se encontra o projeto, está sendo feita a
distribuição dos folders e conscientização da população de Seropédica. Os
integrantes do projeto também estão entrando em contato com empresas que
tenham interesse em recolher as pilhas para posterior reciclagem, bem como
tentando realizar parcerias com essas para um trabalho mais aprofundado com
a população. Os integrantes estão conseguindo deixar embalagens para
recolhimento de pilhas em alguns pontos comerciais de Itaguaí, município
vizinho de Seropédica.
Na quarta fase, ainda não executada, haverá o recolhimento das
embalagens nos pontos comerciais em que foram deixadas e envio das pilhas às
empresas; haverá ainda a elaboração de gráficos e relatório final com os dados e
resultados obtidos durante a condução do projeto.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
O projeto ainda está em andamento e por isso não há resultados
definitivos, entretanto os prazos estão sendo cumpridos e pode-se escrever que
os resultados pré-eliminares estão sendo considerados satisfatórios pela equipe.
Houve o recolhimento, limpeza e adaptação de aproximadamente 70
garrafas ‘pet’, que foram distribuídas em 55 pontos comerciais de Seropédica e
Itaguaí, no Colégio Técnico (CTUR) há 3 pontos. Ainda há pretensão de
distribuição de mais embalagens para recolhimento das pilhas nos Institutos e
Alojamentos da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro.
A distribuição de informações, infográficos e folhetos para a população
foi feita durante a visita aos estabelecimentos comerciais, onde a maior parte
das pessoas mostraram-se interessadas e dispostas a ajudar.
CONCLUSÃO
Até o presente momento foi arrecadado 5 kg de pilhas, e com a
divulgação do projeto também iniciou-se o recolhimento de baterias (de 3 ou 9
volts) nos 58 pontos pontos de recolhimento.
Com o descarte correto que está sendo feito, a chance de pilhas
contaminarem a água e o solo onde a população tem contato frequente diminui,
assim como a preservação ambiental que está sendo feita. Tanto a região como o
município em si ainda possui muita área verde, que deve ser cuidada para que
tenha uma longa duração.
Seropédica possui 283,762 km² de área, onde registra-se o bioma Mata
Atlântica em 64,98 km². Para preservar existência desta vegetação, a população
de 78.166 habitantes deve colaborar, até em coisas mais simples, como o
descarte correto das pilhas.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ABNT. 1987. Resíduos Sólidos – Classificação. NBR 10004. Rio de Janeiro:
ABNT. Acessado em: <www.aslaa.com.br/legislacoes/NBR%20n%2010004-
2004.pdf>
MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE. Coleta seletiva de pilhas e baterias.
Centro Nacional de Referência em Gestão Ambiental Urbana, Ministério do
Meio Ambiente. Brasília, 1998.
MANSOR, M. T. C; CAMARÃO, T. C. R. C. 2000. Cadernos de Educação
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Meio Ambiente, Coordenadoria de Planejamento Ambiental, São Paulo, 2010.
Disponível em www.ambiente.sp.gov.br/wp-
content/uploads/publicacoes/sma/6-ResiduosSolidos.pdf> Acessado em 3 de
julho de 2014.
REIDLER, N. M. V. L.; GUNTHER, W. M. R. 2000. Gerenciamento de resíduos
sólidos constituídos por pilhas. In: CONGRESSO NACIONAL DE
ENGENHARIA SANITÁRIA E AMBIENTAL, 27. Anais... Goiania: Disponível
em:
<www.mma.gov.br/port/conama/processos/0330EB12/GerenciamentoPilhasB
aterias.pdf > Acessado em 3 de julho de 2014.
DURACELL. Aprendendo sobre energia. Disponível em
<www.duracell.com.br> Acessado em 22 de junho de 2014.
INVENTÁRIO FLORÍSTICO E FITOSSOCIOLOGIA DE UM FRAGMENTO DE RESTINGA ARBÓREA NA BAIXADA DO
MASSIAMBÚ, PALHOÇA, SANTA CATARINA
Saullo, R. B. 1; Freire L. S. R. 2; Nasser, F. C. 3
1UFRRJ, Estudante do curso de Engenharia Florestal - [email protected]
2UERJ, Estudante do curso de Ciências Biológicas - [email protected]
3CICLO ENGENHARIA, Engenheiro Florestal- [email protected]
Palavras-chave: Inventário florístico, fitossociologia, restinga arbórea.
INTRODUÇÃO A Floresta Tropical Atlântica, ou Mata Atlântica, é considerada a mais
complexa e heterogênea formação florestal da Região Sul do país, fato
constatado pelas inúmeras comunidades e associações encontradas unicamente
nessa tipologia, que ocupava, originalmente, cerca de 30% da cobertura florestal
do Estado de Santa Catarina (KLEIN, 1978).
Ainda que muitos autores considerem a existência de extensas áreas pouco
conhecidas do ponto de vista biológico, estima-se que o bioma Mata Atlântica
abrigue cerca de 1 a 8% da biodiversidade mundial. Associada a esta elevada
biodiversidade, também existe uma elevada destruição dos ambientes naturais e
habitats, visto que a área de Mata Atlântica remanescente foi estimada em cerca
de 7% de sua cobertura vegetal original, dado responsável pelo enquadramento
desse bioma em segundo lugar no ranking mundial dos hotspots com maior
número de espécies de diferentes grupos em risco de extinção (CÂMARA,
2003).
Este estudo teve como objetivo caracterizar a estrutura fitossociológica de
um fragmento florestal próximo ao Parque Estadual da Serra do Tabuleiro, no
município de Palhoça, Santa Catarina - SC.
MATERIAL E MÉTODOS
A metodologia de trabalho compreendeu, inicialmente, o levantamento de
dados preexistentes, buscando conhecer as características gerais da região. A
área do estudo encontra-se inserida na localidade da Baixada do Massiambú. A
Baixada do Massiambú é uma planície costeira localizada na porção central do
litoral de Santa Catarina entre as coordenadas 27° 48´ e 27° 55´ de latitude Sul
e 48° 36´ e 48° 45´ de longitude Oeste, encontra-se ao sul do município de
Palhoça, disposta entre o Rio Massiambú e o Rio da Madre, limitando-se a oeste
pelas encostas das serras cristalinas do Cambirela e do Morretes e a leste pelo
Oceano Atlântico.
As unidades amostrais (parcelas) adotadas possuem 100 m2 (10m x 10m) e
somam 30 unidades aleatoriamente distribuídas na área de estudo, totalizando
3000 m2 de área inventariada ou 0,3 hectares.
Foram coletados, para cada indivíduo, os seguintes parâmetros:
circunferência à altura do peito (CAP), altura total (HT), altura comercial (HC) e
fitossanidade do fuste (Q). Todos os indivíduos com diâmetro na altura do peito
(DAP) igual ou maior que 4,0 cm, e estavam localizados dentro dos limites das
unidades amostrais, tiveram seus parâmetros analisados/coletados com auxílio
de fita métrica, podão, atiradeira para coletas de dossel, binóculo e foram
marcadas com auxílio de pistolas grampeadoras e numeração específica. Nos
casos de bifurcação, todos os fustes que atendiam a esse requisito foram
mensurados.
A análise da diversidade de espécies visou estabelecer referências que
permitam avaliar o quanto um fragmento florestal é diverso. Para tanto, foram
empregados dois índices: Coeficiente de Mistura de Jentsch ( NSQM onde, S =
número de espécies amostradas. N = número total de indivíduos amostrados.) e
o Índice de Shannon-Weaver ( N
nnNN
H
S
i
ii
1'
lnln
onde, N = número total de
indivíduos amostrados; ni = número total de indivíduos amostrados da i-ésima
espécie; S = número de espécies amostrado; ln = logarítmo neperiano.). Para a
avaliação da amostragem realizada foi produzida a curva espécie-área.
RESULTADOS E DISCUSÃO
O estudo realizado contabilizou 75 espécies na lista florística, agrupadas
em 58 gêneros e 33 famílias, além de 9 indivíduos não identificados, 4
identificados em nível de gênero e 2 em nível de família. Na análise florística
realizada pelo Inventário Florístico Florestal de Santa Catarina (IFFSC) para
fitofisionomia de restinga, foram coletadas 225 espécies, pertencentes a 175
gêneros e 82 famílias em quatro unidades amostrais totalizando 0,8 hectares
(VIBRANS et al, 2013).
O Valor de Importância relativo é um índice muito utilizado em estudos
fitossociológicos para atribuir valores à importância da espécie em função dos
seus valores relativos de Frequência, Dominância e Densidade. As espécies com
maior valor de importância no presente estudo são, Pera glabrata (Schott)
Poepp. ex Baill. (11,18%), Alchornea triplinervia (Spreng.) Müll. Arg (11,15%),
Guapira opposita (Vell.) Reitz (6,57%), Ficus organensis (Miq.) Miq. (5,05%),
Eugenia brevistyla D. Legrand (4,76%) e Casearia sylvestris Sw. (4,57%).
O presente estudo encontrou o valor de 2,74 nats/ind para o Índice de
Shannon-Weaver. No IFFSC o valor encontrado para fitofisionomia de restinga
variou de 2,22 a 3,04 nats/ind (VIBRANS et al, 2013), dessa maneira o valor
encontrado demonstra estar dentro do esperado para vegetação de restinga no
estado de Santa Catarina.
O valor encontrado para o índice Coeficiente de Mistura de Jentsch foi de
0,16. O IFFSC encontrou valores que variam de 0,07 a 0,20 (VIBRANS et al,
2013).
Foram encontradas apenas duas espécies consideradas endêmicas e/ou
raras na área de estudo, são elas: 1-Calyptranthes rubella (O. Berg) D. Legrand,
indicada pela resolução CONAMA No 261, de 30 de junho de 1999; 2-
Lonchocarpus grazielae M. J. Silva & A. M. G. Azevedo, espécie endêmica da
mata atlântica de Santa Catarina.
CONCLUSÃO Através da análise dos parâmetros encontrados e com base nas
comparações com outros estudos realizados na fitofisionomia de restinga no
Estado de Santa Catarina podemos concluir que a comunidade possui alta
diversidade e pode ser classificada como pertencente à restinga arbórea em
estado primário e/ou original.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS KLEIN, R. M. Mapa fitogeográfico do Estado de Santa Catarina. In: REITZ, R.
(ed.). Flora Ilustrada Catarinense. Itajaí: SUDESUL/FATMA/Herbário Barbosa
Rodrigues. 1978. 24 p.
CÂMARA, I. G. Brief history of conservation in the Atlantic Forest. In:
GALINDO-LEAL, C.; CÂMARA, I. G. (Eds). The Atlantic Forest of South
America: Biodiversity Status, Threats, and Outlook. Center for Applied
Biodiversity Science and Island Press. Washington, D. C. 2003. p. 31-42.
VIBRANS, A. C. et al. Floresta Ombrófila Densa. In: Inventário Florístico
Florestal de Santa Catarina. Santa Catarina: Edifurb. 2013. v. IV, p. 293.
LEPIDOPTERAS ENCONTRADAS EM FRAGMENTO DE MATA
ATLANTICA EM MIRANTÃO, BOCAINA DE MINAS-MG
Trindade, T.D.¹²; Furusawa, G. P. ²; Nascimento, L. K. F. do³
1 – Professor do Colégio Técnico da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, Curso de
Agroecologia email: [email protected]
2 – professor da Secretaria de Educação do Estado do Rio de Janeiro
3 – Discente do curso de Licenciatura em Ciências Biológicas da Universidade Federal do Rio de
Janeiro
Palavras chave: borboletas, mariposas, conservação
INTRODUÇÃO
A Mata Atlântica é um dos biomas mais ricos e ameaçados do globo,
apresentando um grau de riqueza em espécies endêmicas. Originalmente, ela
cobria cerca de 15% do território brasileiro, estendendo-se do Rio Grande do Sul
ao Rio Grande do Norte, numa área de 1.306.421 Km² (FUNDAÇÃO SOS MATA
ATLANTICA & INPE 2009). Hoje restam apenas pequenos fragmentos
remanescentes, cada vez mais isolados entre si. Bocaina de Minas (22°15’42’’S e
44°29’53’’ W), apresentando cerca de 502 Km² e estando 1200 metros de
altitude, é um dos municípios mais pobres do estado de Minas Gerais, ficando a
265 quilômetros da capital, Belo Horizonte. As principais atividades econômicas
são a pecuária bovina, em caráter extensivo, e de pequenas propriedades
familiares, que são encravadas na Serra da Mantiqueira, além de pequenas
agroindústrias de laticínios, apicultura e eco-turismo. A Fazenda Boa Vista com
aproximadamente 80 ha, conta com 95% de sua área preservada e é uma
Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) estando ainda em vias de se
tornar uma Fundação com profundo ênfase sócio-ambiental que visem a
proteção e o resgate da biodiversidade e a interação adequada e harmoniosa
entre as atividades humanas e o Meio Ambiente. A Ordem Lepidoptera possui
aproximadamente 146.277 espécies descritas e 255.000 estimadas no mundo
(HEPPNER 1991), sendo constituída por borboletas (13%) e mariposas (87%).
Beccaloni & Gaston (1995) afirmam que o Brasil abarca quase a metade das
espécies neotropicais já descritas, devido a sua grande biodiversidade, e Brown
Jr. & Freitas (1999) aumentam para 3200 espécies no país. As lepidópteras em
geral podem ser promissoras como indicador para monitoramento da riqueza
de, segundo Freitas et al. (2006). Segundo Southwood et al (1979) e Humphrey
(1999) os insetos são referências a muitos estudos que objetivam inventariar a
biodiversidade de uma região, bem como analisar as condições ambientais ora
presente. Ganho & Marinoni (2003) afirmam que inventários devem ser
elaborados repetidas vezes numa mesma região. O presente trabalho visou
conhecer a entomofauna em fragmento desta área de preservação, com o intuito
de fornecer subsídios para programas de preservação das espécies locais, bem
como auxiliar na implantação da Fundação Mantiqueira, através da
demonstração de riqueza biológica na região.
MATERIAL E MÉTODOS
Para a execução do levantamento de lepidópteros da Fazenda Boa Vista,
foi necessária a demarcação de 01 ha de mata nativa, distante 400 metros,
aproximadamente, da trilha de acesso. O material coletado seguiu para o
Laboratório da Coleção Entomológica Ângelo Moreira da Costa Lima, na
UFRuralRJ, e foi identificado com chaves taxonômicas e com espécimes
indexados no acervo. Foram realizadas três coletas em Fevereiro de 2010,
utilizando-se puçás. Os espécimes foram colocados em câmaras mortíferas e em
seguida montados com auxílio de alfinetes entomológico.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Foram coletados trinta e quatro espécimes das seguintes Famílias:
Nymphalidae, Heliconidae, Morphoidae, Hesperiidae. Nymphalidae: Anartia
sp. (07 indivíduos) e Adelpha sp. 1 (03 ind.) e Adelpha sp. 2 (02 ind.);
Heliconidae: Heliconius sp. 1 (02 ind.) Heliconius sp.2 (01 ind.); Morphoide:
Morpho sp.1 (10 ind.) Morpho sp. 2 (04 ind.), Morpho sp . 3 (04 ind.);
Hesperiidae: Milanion sp (01 ind.). Morpho sp. 1 é a espécie mais recorrente,
sendo mais observada no período entre 8 horas até pouco antes das 16 horas,
obtendo assinalamento em todos os dias de coleta. Anartia sp., Adelpha sp.1 e
sp.2, Heliconius sp.1 e sp.2, Morpho sp.2 e sp.3, foram coletadas entre 11:30 e
14 horas. O gênero Milanion sp. foi coletado ao fim da tarde, por volta das 15
horas.
CONCLUSÃO
Os resultados obtidos são, além da observação de uma pequena parte da
riqueza biológica do fragmento, se criou um marco importante para o
estabelecimento de outras linhas pesquisas, independente dessa, uma vez que se
observa infraestrutura favorável, bem como grande potencial da área a ser
pesquisada. Ressalta-se ainda que se façam necessários novos estudos da
entomofauna na região.
REFERÊNCIAS
BECCALONI, G. W.; GASTON, K. J. 1995. Predicting species richness of
neotropical forest butterfl ies: Ithomiinae (Lepidoptera: Nymphalidae) as
indicators. Biological Conservation, 71: 77-86.
BROWN Jr., K. S.; FREITAS, A. V. L.1999. Lepidoptera. In: Brandão, C. R. F. &
Cancello, E. M. (eds). Biodiversidade do Estado de São Paulo, Brasil.
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LEVANTAMENTO DE DIPTEROS MUSCÓIDES, ÊNFASE EM
CALLIPHORIDAE, SOB INFLUÊNCIA DE DIFERENTES ISCAS
NA REBIO DE POÇO DAS ANTAS – SILVA JARDIM, RJ: DADOS
PRELIMINARES
SANTOS, A.L.M.D.. ¹
¹UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ, Curso de Especialização em Ciências Ambientais -
Palavras-chave: Diptera, Calliphoridae, ReBio
INTRODUÇÃO
Calliphoridae é uma família de moscas denominadas pelo saber popular como
varejeiras (DIAS et.al. 2009). São moscas robustas, às vezes no tamanho da
mosca doméstica, geralmente de tamanho médio para grandes moscas. Para o
mundo há cinco subfamílias, no Brasil há quatro: Mesembrinellinae,
Chrysomyinae, Calliphoriinae e Toxotarsinae. Existiam, dentro das quatro
subfamílias para o Brasil, 36 espécies (MELLO, 2003), mas o número elevou-se
para 37 com o trabalho de SILVA, et.al. (2012). Por utilizarem carcaças de
animais para a criação de larvas, muitos califorídeos causam miíases primárias e
secundárias (MORETTI & THYSSEN, 2006). Os califorídeos apresentam um
alto grau de sinantropia e associações com gado leiteiro e criação de outros
animais (PINTO et.al., 2010), podendo veicular diversos agentes patogênicos.
Várias espécies podem agir como transmissores mecânicos de agentes
infecciosos. Nos resultados de DALLAVECCHIA (2009) foi comprovado que
moela de frango como dieta teste de larvas de Chrysomya megacephala, em
comparação à carne bovina (dieta controle), promoveu uma maior longevidade
e viabilidade para os adultos. A Reserva Biológica de Poço das Antas foi a
primeira criada no Brasil, localizada na parte central costeira do estado do Rio
de Janeiro, a reserva estende-se por mais de 5.000 ha no município de Silva
Jardim. A Reserva possui importância por sua localização geográfica, possui a
maior remanescente de Mata Atlântica Litorânea de Baixada do Estado do Rio
de Janeiro. Diante do exposto, este presente trabalho em andamento, se propõe
a testar iscas, moelas de frango e peixe, na atratividade de Calliphoridae na
ReBio.
MATERIAL E MÉTODOS
Com o uso de seis armadilhas para dipteros muscóides, modificados de
FERREIRA (1978), serão expostos por 48 horas (a cada coleta mensal) em três
pontos diferentes na ReBio (A: S 22º32.000’ e WO 42º18.331’/ B: S 22º32.387’
e WO 42º18.262’ / C: S 22º32.743’ e WO 42º18.056’) com duas iscas diferentes
(sardinha e moela de frango). As coletas, das seis armadilhas, estão sendo feitas
uma por mês, no total até o presente resumo são três coletas. As moscas são
sacrificadas no local da coleta com algodões embebecidos com éter, triadas em
potes transparentes (com álcool 70%) e marcadas com dados da coleta para
identificação em momento oportuno no laboratório. Todos os califorídeos serão
identificados ao nível de espécie com auxilio de lupa estereoscópica no
Laboratório Diptera do MN/UFRJ, segundo chaves de MELLO (2003) e SILVA
et.al. (2012). Os espécimes coletados estão depositados no laboratório referido.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Até o momento foram coletados 260 moscas em somente três coletas mensais.
Destas, sacofagídeos perfazem 119 espécimes, 45,7%. Muscídeos coletados
correspondem a 12 espécimes, 4,6%. Fanídeos foram coletados 73 espécimes,
28%. E finalmente, Calliphoridae foram coletados 56 espécimes, 21,5%. Na
atratividade por sardinhas, houve 140 espécimes de moscas coletadas, 53,8%.
Na atratividade por moela de frango houve a coleta de 120, ou seja, 46,2%. Para
sarcofagídeos a atratividade maior foi por sardinha, 68,9%. Muscídeos foram
pouco coletados, mas a atratividade ficou 50% de preferencia para cada isca. Já
para fanídeos, 60,3% foram atraídos por moela de frango. Califorídeos também
apresentaram uma pequena atratividade maior por moela de frango, 58,9%. As
espécies e quantidades de califorídeos foram: Chrysomya albiceps 19,
Chrysomya putoria 01, Laneela nigripes 08, Hemilucilia segmentaria 07,
Mesembrinella bicolor 01, Mesembrinella peregrina 05, Lucilia cuprina 02,
Lucilia eximia 09, Sarconesia chlorogaster 02.
CONCLUSÃO
O presente trabalho encontra-se em andamento e pretende também fazer um
levantamento da biodiversidade e sazonalidade de dípteros muscóides (famílias)
e espécies de Caliphoridae para evidenciar o efeito de borda. Mais dados serão
adicionados. Houve pouca coleta de insetos provavelmente por causa dos meses
de abril, maio e junho, baixas temperaturas. Fanídeos e califorídeos encontram-
se na preferencia por iscas de moela de frango, no entanto, os dados são
insuficientes para uma determinação de maior confiabilidade. Outras nove
coletas serão feitas até março de 2015. Fatores importantes e que serão mais
estudados são: Laneela nigripes ter sido encontrada mais no interior da reserva,
entre 400 e 1500 metros para dentro desta, e Hemilucilia segmentaria ter sido
encontrada mais na borda, entre 100 e 400 metros dentro da ReBio.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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MACROFAUNA EDÁFICA EM TOPOSSEQUÊNCIA COM OCORRÊNCIA DE NINHOS EPÍGEOS DE TÉRMITAS EM
AMBIENTE DE “MAR DE MORROS” PINHEIRAL – RJ
Lima. S. S.¹; Silva, R. M.2; Scoriza, R.3; Pontes, R. M.4; Pereira, M. G.5
¹UFRRJ, Pós-doutoranda CNPq, Departamento de Solos - [email protected]; 2UFRRJ, Curso de Engenharia Florestal – [email protected]; 3UFRRJ, Curso de Pós
Graduação em Agronomia –Ciência do [email protected]; 4UFRRJ, Curso de
Engenharia Agrícola e Ambiental- [email protected]; 5UFRRJ, Professor Associado IV –
Departamento de Solos - [email protected]
Palavras-chave: fauna edáfica, pastagens, cupinzeiros
INTRODUÇÃO
No Estado do Rio de Janeiro grande parte da cobertura vegetal foi
retirada para atividades antrópicas. Muitas áreas foram transformadas em
pastagens e exploradas sem manejo adequado e reposição dos nutrientes do
solo, resultando em evidências de degradação, como exposição dos horizontes
subsuperficiais e avançados processos de erosão. Além disso, a alta incidência
de ninhos epígeos de térmitas (termiteiros/cupinzeiros) que é considerada como
indicativo do processo de degradação do solo (Braz et al., 2004). No entanto,
não há evidências que a degradação do solo em pastagens está correlacionada
com a incidência de ninhos de térmitas (Lima, 2012). Por outro lado, são
escassos estudos com indicadores de qualidade do solo em áreas com ninhos de
térmitas. Diante disso, faz-se necessário avançar no conhecimento de tais
informações, com estudos dos atributos edáficos, importantes para a
manutenção desse sistema. Entre esses atributos os organismos da macrofauna
invertebrada se destacam por participarem de importantes processos no solo.
Alguns desses organismos, principalmente os térmitas, as formigas e as
minhocas são denominados “engenheiros do ecossistema”, pois suas atividades
levam à criação de estruturas biogênicas que modificam os atributos físicos dos
solos onde vivem tais como a agregação (Wolters, 2000). A partir do exposto, o
objetivo desse estudo foi avaliar a macrofauna invertebrada do solo em uma
topossequência de pastagem com ocorrência de ninhos epígeos de térmitas.
MATERIAL E MÉTODOS
O estudo foi realizado na sub-bacia do ribeirão Cachimbal, situada à
margem direita do rio Paraíba do Sul, na região do Médio Paraíba Fluminense
sob o relevo conhecido como Mar de Morros, localizada entre as latitudes
22°33’S e 22°38’S e entre as longitudes 43°57’W e 44°05’W. O clima da região,
de acordo com Köppen (1938) foi identificado como Am – clima tropical
chuvoso, de monção, com inverno seco. A área está inserida no domínio
ecológico da Mata Atlântica, cuja vegetação original é identificada como de
Floresta Pluvial Baixo Montana, característica de zonas de altitudes entre 300 e
800 metros. O local de estudo foi uma topossequência de pastagem
caracterizada pela ocorrência de termiteiros. Essa foi dividida em terço superior,
médio e terço inferior, em cada uma das secções pré-estabelecidas, foram
coletadas 4 amostras. Inicialmente foram feitas amostragens de solo nas
profundidades 0-5 e 5-10 cm para caracterização dos atributos químicos do solo
(pH, Al, Ca, Mg, K e P). A amostragem da macrofauna invertebrada do solo foi
realizada utilizando-se o método do TSBF (“Tropical Soil Biology and Fertility”).
Foram retirados blocos de solo, a partir de um gabarito de metal de formato
quadrado com dimensões de 25 x 25 cm a uma profundidade de 10 cm. Os
indivíduos coletados nesse bloco foram identificados em grandes grupos,
quantificados e estimando a densidade, índice de diversidade de Shannon,
Pielou, Riqueza média e total.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Entre os atributos químicos do solo, apenas o K e P diferiram em relação
aos terços. Sendo os maiores valores de K (16,95 e 15,49 cmolc kg-1) observados
no terço inferior nas profundidades de 0-5 e 5-10 cm. Por outro lado, para P os
maiores valores foram verificados em ambas as profundidades (2,81 e 2,70 mg
kg-1) no terço superior, esses valores são menores que os observados por
Menezes (2008) em área de pasto maneja misto, em ambiente semelhante,
também no município de Pinheiral, RJ. Esses nutrientes têm padrão antagônico
no solo, enquanto o K é muito móvel, o P não possui baixa mobilidade no solo.
No que se refere à macrofauna, os valores de densidade dos indivíduos
variaram, de 168 (menor valor) observado no terço superior a 652 no terço
superior. A maior densidade de indivíduos no terço médio se deve
especialmente ao grande número de indivíduos dos grupos Formicidae, Isoptera
e Oligochaeta. No terço superior foram verificados os maiores valores dos
índices de Shannon e Pielou, que correspondem a maior diversidade e o menor
domínio de grupos, ou seja, não houve maior incidência de um grupo em
detrimento aos outros. No que se refere às riquezas, o maior valor da riqueza
média foi observado no terço médio e o menor no terço inferior da
topossequência, por outro lado para a riqueza total foram observados valores
similares para todos os terços da topossequência, no entanto, vale ressaltar que
os valores da riqueza média e total foram baixos, especialmente a riqueza média.
Os valores do índice de Pielou são semelhantes aos observados por Menezes et
al. (2009) e menores que os observados por Lima (2012) em pastagens com
diferentes quantidades de termiteiros no Estado de Mato Grosso do Sul.
CONCLUSÃO
A variação da densidade de indivíduos da macrofauna, bem como os
índices ecológicos, não seguiu o mesmo padrão dos atributos químicos do solo
na topossequência. Os valores da riqueza total nos terços da topossequência
refletem que a cobertura do solo por gramínea não proporcionou boas condições
para o desenvolvimento da maioria dos grupos da macrofauna e ainda reforçam
a hipótese de que o grupo Isoptera se sobressai em adaptabilidade ao ambiente.
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Ciência do Solo). Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, Seropédica,
RJ. 2008. 175f.
MAPEAMENTO DA COBERTURA FLORESTAL DA SUB-BACIA
HIDROGRÁFICA DO RIO COMBOIOS - ES, BRASIL
Mendes, N. G. S.1*; Santos, A. R.2; Silva, S. F.3; Cecílio, R. A.2; Bermudes, W. L.1
¹UFES, Pós-graduação em Ciências Florestais – [email protected]. Tel 28 3558-
2528.
2UFES, Professor Efetivo.
3UFES, Pós-graduação em Produção Vegetal.
Palavras-chave: ecologia de paisagem, fragmentação, mata atlântica
INTRODUÇÃO
O desmatamento em áreas florestais promove a formação de fragmentos que
ficam suscetíveis a inúmeros fatores que ocorrem na matriz da paisagem. Um
fragmento florestal pode ser definido como uma área de vegetação natural
interrompida por barreiras antrópicas ou naturais capazes de diminuir
significativamente o fluxo de animais, pólen e/ ou sementes (VIANA;
PINHEIRO, 1998). Neste contexto, a fragmentação pode ocasionar mudanças
físicas e ecológicas, como a perda e o isolamento de habitats, a diminuição do
número de espécies, a modificação da composição das comunidades; e dentre
outros fatores (BIERREGAARD et al., 1992).
As restingas são ecossistemas litorâneos pertencentes ao bioma Mata Atlântica
e, no contexto ecológico, mantém estreita relação com o oceano, tanto na sua
origem, como nos processos nele atuantes, bem como possuindo características
próprias relativas à composição florística e estrutura da vegetação e interações
como o sistema solo-atmosfera (CARVALHO; RIZZO, 1994). Estes ecossistemas
são ambientes de extrema fragilidade, passíveis de perturbação e baixa
capacidade de resiliência, devendo-se isso ao fato desta vegetação se encontrar
sobre solos arenosos, altamente lixiviados e pobres em nutrientes (GUEDES;
MARTINS, 2006). Nesse sentido, a degradação das matas de restingas e da
floresta atlântica mediante ações antrópicas como a fragmentação florestal,
pode ameaçar a biodiversidade destes ambientes.
Diante deste cenário, o objetivo deste estudo foi de realizar um mapeamento e
analisar a estrutura da paisagem das formações florestais de mata de restinga e
floresta atlântica da sub-bacia hidrográfica do rio Comboios, e verificar as áreas
suscetíveis da bacia para a conservação ambiental.
MATERIAL E MÉTODOS
O presente estudo foi realizado na sub-bacia hidrográfica do rio Comboios, que
abrange partes dos municípios de Aracruz (19º49'13" S e 40º16'24" W) e
Linhares (19º23’48” S e 40º03’42” W), ambos situados na região norte do
Estado do Espírito Santo.
O mapa dos fragmentos florestais (mata de restinga e floresta atlântica) da área
de estudo foi obtido por meio da digitalização de imagem de satélite extraído
pelo programa Google Maps Downloader 7.201. A digitalização foi realizada na
tela padrão, na escala de 1:5.000 utilizando o aplicativo computacional ArcGis
10.2.1, onde foram realizadas por meio de técnicas de fotointerpretação.
Posteriormente, foi elaborado um arquivo vetorial poligonal (shapefile) para
cada classe de fragmento florestal, sendo estas classificadas em: muito pequenos
(< 5 ha), pequenos (5-10 ha), médios (10-100 ha) e grandes (> 100 ha).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
O mapeamento das formações florestais (mata de restinga e floresta atlântica)
possibilitou contabilizar um total de 57 fragmentos ao longo de toda a sub-bacia
do rio Comboios, o que corresponde a uma área de 1.918,63 hectares de
remanescentes florestais. Desta forma, em relação à área total da sub-bacia
(7.674,60 ha), apenas 24,97% são de cobertura florestal. De acordo com os
dados encontrados, pode-se inferir que a vegetação florestal cobre um baixo
percentual em relação à área total da bacia. Um dos fatores que podem
contribuir com a baixa cobertura florestal desta localidade, podem ser as
atividades de pecuária extensiva, mediante ações de desmatamento.
A maior parte dos remanescentes florestais foram caracterizados por
fragmentos muito pequenos (>5 ha), correspondendo a um percentual de
58,87% do total de fragmentos florestais encontrados (29). Os resultados
demonstram um baixo grau de preservação dos fragmentos da bacia, em razão
do desequilíbrio em relação ao grande número de fragmentos da classe muito
pequenos. De acordo com Tabanez e Viana (2000), a ocorrência de grande
quantidade de pequenos fragmentos florestais, pode estar associada ao
problema de susceptibilidade da área a alterações na dinâmica da paisagem,
como as ações do efeito de borda. No entanto, a classe de fragmentos grandes
representa a maior área de cobertura florestal da bacia, com 1.374,94 ha
(71,66%) e estão localizados somente na bacia na porção oeste e sul, sendo que a
conservação destes é de relevante importância para a manutenção da
biodiversidade local.
Conclusão
É evidente no padrão estrutural dos remanescentes da sub-bacia do rio
Comboios, a presença de vários fragmentos florestais de tamanhos muito
pequenos e pequenos, demonstrando que ocorreram intensas ações antrópicas
neste ecossistema, colaborando para sua degradação ambiental. Nesse sentido,
diante da problemática ambiental, é necessária a adoção de medidas para
atenuação/mitigação de possíveis efeitos de borda e para a preservação da
vegetação de floresta atlântica e mata de restinga, devido à grande importância
destes ecossistemas para diversidade biológica.
BIBLIOGRAFIA CITADA
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NOVAS ESPÉCIES DO COMPLEXO ASTYANAX BIMACULATUS (LINNAEUS, 1758) DAS BACIAS
COSTEIRAS ENTRE SÃO PAULO E BAHIA, INCLUÍDAS NO BIOMA MATA ATLÂNTICA
Salgado, F. L. K.1; Buckup, P. A.1
1 Museu Nacional/Universidade Federal do Rio de Janeiro. Horto Botânico, Quinta da Boa Vista
s/ número, São Cristóvão, Rio de Janeiro, RJ, Brasil [email protected]
Palavras-chave: novas, Astyanax bimaculatus, complexo
INTRODUÇÃO Astyanax Baird & Girard, 1854 é polifilético e incertae sedis táxon (BERTACO &
GARUTTI, 2007 e REIS et al., 2003) tendo como espécie-tipo Astyanax
fasciatus (Cuvier, 1819) (MELO, 2001). Inclui cerca de 201 espécies nominais,
sendo aproximadamente 156 válidas (ESCHMEYER & FRICKE, 2014),
distribuídas pelas zonas tropical e subtropical das Américas (GÉRY, 1977), do
sul dos Estados Unidos até o norte da Argentina (BERTACO & LUCENA, 2006).
No Brasil ocorrem 98 espécies válidas (ESCHMEYER & FRICKE, 2014), sendo
24 espécies pertencentes ao complexo A. bimaculatus (Linnaeus, 1758),
diagnosticado pela forma ovalada da mancha negra umeral e pela presença de
outra mancha negra, no pedúnculo e nadadeira caudais (GARUTTI & BRITSKI,
2000). Em artigos subsequentes a este resumo serão descritas nove espécies
novas pertencentes a este complexo.
MATERIAL E MÉTODOS Foram examinados 1000 exemplares das espécies deste complexo presentes nas
bacias amazônica, Araguai-Tocantins, do Prata e São Francisco e nas drenagens
costeiras entre São Paulo e Bahia, pertencentes às coleções do Museu Nacional
(MNRJ), Universidade Federal do Rio de Janeiro, do Museu de Zoologia da
Universidade de São Paulo (MZUSP), Departamento de Zoologia (DZSJRP),
Universidade do Estado de São Paulo, do Museu de Ciência e Tecnologia da
Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (MCP) e às coleções das
instituições estrangeiras Academy of Natural Sciense of Drexel University
(ANSP), na Filadélfia, Field Museum of Natural History (FMNH), em Chicago e
Museum of Comparative Zoology (MCZ), em Cambridge.
Os dados morfológicos foram obtidos sob estereomicroscópio com utilização de
paquímetro (em décimos de milímetro) e seguiu FINK & WEITZMAN (1974),
GARUTTI (1995) e GARUTTI & LANGEANI (2009). Os dados osteológicos
foram obtidos de exemplares preparados segundo TAYLOR & VAN DYKE
(1985). Os exames foram feitos sobre o lado esquerdo dos exemplares, exceto
quando este lado apresentou-se anômalo.
RESULTADOS E DISCUSSÃO Foram reconhecidas nove espécies novas, diferenciadas pela altura do corpo
(AlC), no diâmetro orbital (DiO), no padrão de coloração e no número de
cúspides dos dentes. Estes morfotipos novos parecem ser mais relacionados às
espécies das bacias do Prata e do São Francisco, pelo maxilar edêntulo.
Chave de identificação das espécies do complexo Astyanax
bimaculatus (Linnaeus, 1758) das bacias costeiras entre os estados
de São Paulo e Bahia.
1 - Maxilar com dentes ....................................................... Astyanax janeiroensis
1’- Maxilar sem dentes- .......................................................................................... 2
2 - Altura do corpo (AlC) 30,5-41,9 % CP .............................................................. 3
2’- Altura do corpo (AlC) 42-45,7 % CP .......................................... Astyanax sp. 1
3 - Diâmetro Orbital (DiO) 28,5-30,3 % CC .................................... Astyanax sp. 2
3’- Diâmetro Orbital (DiO) 33,0-37,9 % CC .......................................................... 4
4 - Altura do corpo (AlC) 30,5-32,9 % CP ........................................ Astyanax sp. 4
4’- Altura do corpo (AlC) 38,5-40,3 % CP ........................................ Astyanax sp. 5
5 - Presença de faixa longitudinal escura............................................................... 6
5’- Ausência de faixa longitudinal escura .............................................................. 7
6 - Diâmetro Orbital (DiO) 34-37,1 % CC ........................................ Astyanax sp. 3
6’- Diâmetro Orbital (DiO) 37,5-39,2 % CC ..................................... Astyanax sp. 7
7 - Mancha umeral curta .................................................................. Astyanax sp. 8
7’- Mancha umeral longa ........................................................................................ 8
8 - Mancha umeral sem prolongamento superior ........................... Astyanax sp. 6
8’- Mancha umeral com prolongamento superior ........................... Astyanax sp. 9
CONCLUSÃO A descoberta de novas espécies pertencentes à Mata Atlântica nos mostra o
quanto precisamos conhecer sobre as espécies deste bioma, bem como suas
relações.
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NOVOS REGISTROS DE HETERÓPTEROS SEMIAQUÁTICOS (HEMIPTERA: HETEROPTERA: GERROMORPHA) EM
ÁREAS DE MATA ATLÂNTICA
Cordeiro, I.R.S.¹ ²; Moreira, F.F.F.¹; Avelino-Capistrano, F.S.²
¹Fundação Oswaldo Cruz, Laboratório Nacional e Internacional de Referência em Taxonomia
de Triatomíneos – [email protected]
² Faculdades São José – Curso de Ciências Biológicas
Palavras-chave: insetos aquáticos, percevejos patinadores, região
neotropical.
INTRODUÇÃO Gerromorfos são heterópteros semiaquáticos, em sua maioria capazes de
deslizar sobre a superfície da água. Todos são predadores, com comprimentos
que variam de 1,2 mm a 36,0 mm (Rafael, et al. 2012). Gerromorpha
compreende mais de 2.100 espécies distribuídas por todas regiões
zoogeográficas, exceto a Antártida (Mazzucconi, et al 2009.). A infraordem
conta com oito famílias e aproximadamente 160 gêneros, sendo conhecidas
cerca de 500 espécies para a região neotropical (Polhemus & Polhemus 2008).
No Brasil, estudos referentes aos heterópteros semiaquáticos ainda são
escassos, contudo os estados do Amazonas, Minas Gerais, Pará, Rio de Janeiro e
Santa Catarina apresentam alto número relativo de publicações descrevendo
e/ou registrando espécies. Moreira et al. (2011), listaram 187 espécies de
Gerromorpha ocorrentes no Brasil e salientaram o conhecimento sobre esta
infraordem na Mata Atlântica, em comparação ao resto do país. O presente
estudo visa ampliar o conhecimento acerca de Gerromorpha na Mata Atlântica,
apresentando-se novos registros para as regiões Sul e Sudeste.
MATERIAL E MÉTODOS Os novos registros baseiam-se em material recentemente coletado e depositado
na Coleção Entomológica José Alfredo Pinheiro Dutra, Laboratório de
Entomologia, Instituto de Biologia, Universidade Federal do Rio de Janeiro. Os
dados de distribuição geográfica conhecida foram obtidos de Moreira (2014).
Novos registros no nível de estado ou município são marcados por um ponto de
exclamação.
RESULTADOS E DISCUSSÃO Gerridae
Halobatopsis spiniventris Drake & Harris, 1936
Distribuição geográfica no Brasil: SP, SC, RS.
Material examinado: Paraná!, Céu Azul, Parque Nacional do Iguaçu, Rio
Azul (3ª ordem), 25°9’20.9’’S/53°47’44.4’’W, 06.IX.2012, F. Capistrano col., 7
♂, 3 ♀; J.F. Barbosa col., 3 ♂, 7 ♀; Parque Nacional do Iguaçu, Rio Manoel
Gomes, 25°9’31’’S/53°50’11.1’’W, 07.IX.2012, J.F. Barbosa col., 2 ♂.
Rheumatobates minutus flavidus Drake & Harris, 1942
Distribuição geográfica no Brasil: AM, RO, MG.
Material examinado: São Paulo!, Ubatuba, Parque Estadual da Serra do Mar,
Núcleo Picinguaba, Riacho Paciência (caminho ao lado do camping), 26.X.2007,
V.P. Alecrim col., 4 ♂.
Hydrometridae
Hydrometra fruhstorferi Hungerford & Evans, 1934
Distribuição geográfica no Brasil: ES, RJ, SC.
Material examinado: Paraná!, Céu Azul, Parque Nacional do Iguaçu, Rio
Manoel Gomes, 25°9’31’’S/53°50’11.1’’W, 07.IX.2012, B.H.L. Sampaio col., 1 ♂.
Veliidae
Microvelia venustatis Drake & Harris, 1933
Distribuição geográfica no Brasil: PA, AM, MA, MT, MG, SP, RJ, SC.
Material examinado: São Paulo, Ubatuba, Parque Estadual da Serra do Mar,
Núcleo Picinguaba, Riacho Paciência (caminho ao lado do camping), 26.X.2007,
V.P. Alecrim col., 5 ♂, 6 ♀.
Rhagovelia aiuruoca Moreira & Ribeiro, 2009
Distribuição geográfica no Brasil: MG, SP, RJ.
Material examinado: Minas Gerais, Alto Caparaó!, Parque Nacional
Caparaó, Rio José Pedro, Cachoeira Bonita, 05.X.2010, J.L. Nessimian & L.L.
Dumas col., 8 ♂, 7 ♀.
Rhagovelia janeira Drake, 1953
Distribuição geográfica no Brasil: MG, SP, RJ, SC, RS.
Material examinado: Paraná!, Céu Azul, Parque Nacional do Iguaçu, Rio
Manoel Gomes, 25°9’31’’S/53°50’11.1’’W, 07.IX.2012, J.F. Barbosa col., 14 ♂, 3
♀.
Rhagovelia lucida Gould, 1931
Distribuição geográfica no Brasil: SP, RJ, PR, SC, RS.
Material examinado: Paraná, Céu Azul!, Parque Nacional do Iguaçu, Rio
Azul (3ª ordem), 25°9’20.9’’S/53°47’44.4’’W, 06.IX.2012, J.F. Barbosa col., 1 ♂.
Rhagovelia triangula Drake, 1953
Distribuição geográfica no Brasil: MG, ES, SP, RJ.
Material Examinado: Minas Gerais, Araponga!, Pico do Boné, cachoeira,
24.IX.2011, V. Sandoval col., 4 ♂, 1 ♀; Alto Caparaó!, Parque Nacional Caparaó,
Rio José Pedro, Cachoeira Bonita, 05.X.2010, J.L. Nessimian & L.L. Dumas col.,
1 ♂.
Rhagovelia trianguloides Nieser & Polhemus, 1997
Distribuição geográfica no Brasil: MG, ES, RJ.
Material examinado: Minas Gerais, Araponga!, Pico do Boné, cachoeira,
24.IX.2011, V. Sandoval col., 1 ♂.
CONCLUSÃO Embora o conhecimento sobre a fauna de Gerromorpha da Mata Atlântica seja
muito superior aos outros biomas do Brasil, algumas áreas carecem de mais
coletas e estudos. Tal fato é evidenciado pelos novos dados de distribuição
acima apresentados, incluindo três espécies registradas pela primeira vez para o
Paraná e uma para São Paulo.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS MAZZUCCONi, S.A., LÓPEZ-RUF, M. & BACHMANN, A.O. 2009. Hemiptera –
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RAFAEL, J.A., G.A.R. MELO, C.J.B. CARVALHO, S.A. CASARI & C.
REGINALDO. 2012. Insetos do Brasil: Diversidade e Taxonomia. Editora Holos.
810p.
RECOMENDAÇÃO DE ESPÉCIES PARA RECUPERAÇÃO DE ÁREAS DEGRADADAS
Oliveira Júnior, J.Q.de.1; Souza, R.C.2; Santos,G.L.3; Pereira, M.G.4
¹UFRRJ, Aluno de Doutorado do curso de Pós Graduação em Ciências Ambientais e Florestais-
2-UFRRJ. Bolsista DTI-B , Laboratório Morfologia, Genese e Classificação de Solos,
3UFRRJ, Aluno de Doutorado do curso de Pós Graduação em Ciências Ambientais e Florestais
4UFRRJ. Professor Associado III, Departamento de Solos, Bolsista do CNPq e Cientista do
Nosso Estado da FAPERJ.
Palavras-chave: Recuperação de áreas degradadas, Mata Atlântica,
Pedoformas
INTRODUÇÃO Estima-se que atualmente cerca de 28% (236 milhões de ha) do território
brasileiro podem ser classificados como degradados (BOT et al.,2000)
originadas por causa de atividades como agricultura, pastagens não
sustentáveis, áreas de mineração, exploração madeireira e ocupação imprópria
das regiões urbanas (ODUM, 2001), entre outras.
No contexto de fragmentação da Mata Atlântica, o conhecimento das
especificidades ambientais em áreas de encosta, e de habitats preferências para
espécies facilitadoras dos processos de recuperação de ecossistemas florestais,
constituem informações importantes para o planejamento e otimização de
projetos de reflorestamentos ecológicos.
A região sudeste do Brasil, é aquela onde se observam maiores problemas
com deslizamentos de encostas gerados por intensa precipitação, associado a
pequena profundidade dos solos, que desfavorecem a infiltração da água,
promovendo um maior escorrimento superficial. Em função desses aspectos
práticas de controle da erosão sejam de caráter mecânico ou vegetativo devem
ser implementadas. A seleção de espécies florestais que apresentariam uma
maior capacidade de estabelecimento nessas condições pode facilitar o processo
de recuperação e consequentemente gerando uma economia na etapa de
replantio.
O objetivo deste estudo foi recomendar espécies para recuperação de
áreas em diferentes pedoformas, no município de Pinheiral (RJ).
MATERIAL E MÉTODOS O estudo foi desenvolvido em fragmentos florestais no município de
Pinheiral, estado do Rio de Janeiro. O clima é classificado como Tropical de
Altitude de acordo com Koppen, Cwa. Segundo o IBGE, o clima zonal é quente,
com média superior a 18º C em todos os meses do ano, além de se caracterizar
por um período seco de 4 a 5 meses(Plano Regional de Saneamento Básico,
2013) . A área está inserida no domínio ecológico da Mata Atlântica, em região
de cobertura original denominada Floresta Estacional Semidecidual
Submontana (IBGE, 1992), em fragmentos atualmente considerados como
floresta secundária inicial (MMA, 2006).
Os solos da área de estudo foram classificados segundo Menezes (2008)
como Cambissolo Háplico Tb Distrófico típico. O relevo local é tipicamente
conhecido como “mar de morros”. Foram selecionadas duas topossequências,
localizadas em duas pedoformas contíguas, côncava e convexa.
As espécies de trabalho foram selecionadas baseando nas informações
fitossociológicas levantadas em uma análise prévia da vegetação presente na
área de estudo, a variável Indice de Valor de Importância foi selecionada como
representativa para formular assim um critério de seleção das espécies no
primeiro instante, que selecionaria espécies com IVI maior ou igual a 10. A
seleção das espécies teve foco de determinar grupo de espécies especialistas de
cada pedoformas (Côncava ou Convexa) e generalistas (ocorre em ambas).
RESULTADOS E DISCUSSÃO Através da análise fitossociológica da área de estudo foram verificadas 37
espécies diferentes, distribuídas em 16 famílias botânicas. Na pedoforma
concava somente as espécies Guarea kunthiana Juss. e Cariniana
estrellensis (Raddi) Kuntze. apresentaram valores superiores aos padronizados
maiores valores de IVI, dentre as quinze espécies encontradas (Indíce de Valor
de Importância), apresentando um maior domínio da área sobre as outras
espécies, com uma média de 20,31%. Na pedoforma convexa ocorreu um maior
número de espécies foram elas: Bauhinia forficata L., Piptadenia
gonoacantha (Mart.), Allophylus edulis (St. Hil) Radlk., Sparattosperma
leucanthum (Vell.) Schum, . Macbr. das treze espécies da área apresentando um
valor superior ao padronizado, encontrando uma média entre as espécies de
16,54. As generalistas foram mais representativas com as espécies: Apuleia
leiocarpa (Vogel) Macbr., Pseudopiptadenia contorta (DC.) Lewis & Lima.,
Senefeldera multiflora Mart., Campomanesia xanthocarpa Berg., Guapira
opposita (Vell.) Reitz., Cordia trichotoma (Vell.) Arrab. ex Steud., Colubrina
glandulosa Perkins., sendo encontradas sete espécies dentre as noves com
valores de IVI mais elevados, com uma média de 17,79. A diferença entre os
índices encontradas nas três diferentes condições reflete as condições da área.
Possivelmente essas pedoformas estão em um processo de sucessão ecológico
natural, isso pode ser avaliado pelo resultado do IVI encontrado entre as
diferentes pedoformas. Aparentemente as espécies generalistas teriam chegado
no início do processo e desencadeado a sucessão através da melhoria nas
condições da área. No momento seguinte as especialistas das diferentes
pedoformas (concava e convexa), teriam as condições necessárias para seu
estabelecimento. A disposição diferenciada entre as espécies retrata uma
exigência de condições específicas edalfoclimáticas para seu estabelecimento. As
distintas necessidades para o estabelecimento das espécies em um plantio para
recuperação de uma área de encosta por exemplo, cria um critério de seleção de
espécie que pode interferir no estabelecimento destas no campo, diminuindo a
sua.
CONCLUSÃO As espécies generalistas apresentaram um potencial maior para
recomendação nos plantios de recuperação em áreas em estágio de degradação
avançado, considerando variedade de condições para seu estabelecimento
inicial que as permite se estabelecerem nas diferentes pedoformas.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BOT, A.J., NACHTERHAELE AND A. YOUNG. Land resource potencial and
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Division, Food and Agriculture Organization of the United Nations Rome. 2000
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PLANO REGIONAL DE SANEAMENTO BÁSICO. PINHEIRAL-RJ. VOLUME I.
Caracterização do Município. Projeto aplicado a comunização e mobilização
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REDE DE FORNECEDORES DE SEMENTES E MUDAS DE ESPÉCIES DE MATA ATLÂNTICA DA BACIA HIDROGRÁFICA
DO RIO GUANDU – RJ: IDENTIFICAÇÃO DOS ATORES E PERSPECTIVAS FUTURAS
Diniz, R.G.¹; Souza S. R.²; Arruda A.³
1UFRRJ, Curso de Engenharia Florestal - [email protected]; 2UFRRJ, Curso de Agronomia
- [email protected]; 3UFRRJ, Colégio Técnico - [email protected];
Palavras-chave: Rede de fornecedores; Viveiros; Setor Florestal
INTRODUÇÃO No Estado do Rio de Janeiro a produção média anual dos 70 viveiros de
mudas de Mata Atlântica é de 81.957 mudas/viveiro (quase metade das mudas
produzidas é destinada à comercialização em projetos de reflorestamento e
recuperação de áreas degradadas). Juntos, os viveiros fluminenses produzem
aproximadamente 05 milhões de mudas/ano, quando a capacidade instalada é
de 10 milhões/ano. Esses inexpressivos números estão diretamente associados
aos inúmeros gargalos que foram identificados em todos os segmentos da cadeia
produtiva da restauração. De acordo com o relatório elaborado pela FIRJAN em
2013 o Estado do Rio de Janeiro tem cerca de 18.000 hectares de florestas
plantadas. O que faz corroborar com a afirmação de que os números no estado
do Rio de Janeiro são inexpressivos para a demanda reprimida por mudas e
sementes da Mata Atlântica. O Estado do Rio de Janeiro está integralmente
inserido no Bioma Mata Atlântica e ocupa uma posição bastante peculiar, pois
sua localização coincide com uma das áreas de maior diversidade biológica, o
Corredor da Serra do Mar, com a maior concentração de espécies endêmicas de
muitos grupos (IFLORA, 2012). Os números impressionantes da destruição da
Mata Atlântica demonstram a ineficácia de políticas de conservação ambiental
no País e a absoluta falência do sistema de fiscalização dos órgãos públicos.
Dado este contexto, o objetivo do projeto foi fomentar a formação de um
Arranjo Produtivo Local (APL) do setor florestal de Mata Atlântica constituído
por produtores rurais, pesquisadores, extensionistas, empresas, laboratórios de
análise de sementes, laboratórios de solos, instituições financeiras e outros
atores para disponibilização contínua de sementes e mudas florestais com
qualidade.
MATERIAL E MÉTODOS
Uma fonte de pesquisa fundamental foi o livro organizado por TUBBS et
al. (2012) e a partir dele, o principal foco da pesquisa foram os viveiristas, que
são os envolvidos diretos com os serviços e produtos relacionados às sementes e
mudas do bioma de Mata Atlântica nos municípios da Bacia Hidrográfica do Rio
Guandu (BHRG) e dos munícipios do entorno que pudessem interferir na bacia
hidrográfica. Foi utilizada como ferramenta de pesquisa entrevistas aos
viveiristas. Desta forma, foram contatados 8 (oito) viveiros florestais. Obteve-se
respostas de seis, dos quais apenas 4 (quatro) foram efetivamente entrevistados.
Para tanto utilizou-se como referência o diagnóstico da Rede Rio Espirito Santo
e Bahia - RIOESBA. Também foram incluídos dois viveiros da Incubadora de
Empresas da UFRRJ - INEAGRO. Foi elaborado um roteiro da entrevista
baseado na Lei 10.711 de 05 de agosto de 2003, com questões que foram
identificadas como os principais gargalos do setor florestal. O roteiro foi
dividido em 5 blocos, a saber: Bloco 1: Sobre as legislações e técnicas; Bloco 2:
Biodiversidade; Bloco 3: Instalação e regularização de viveiros; Bloco 4:
Instalações de áreas de coleta de sementes; Bloco 5: As projeções atuais do
mercado.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
As principais respostas dos entrevistados demostraram que os mesmos se
encontram informados quanto a legislação e estão buscam regularizar seus
viveiros, bem como sabem o que é o Registro Nacional de Sementes e Mudas
(RENASEM) e todos os viveiros possuem um técnico responsável. Foi possível
perceber que o principal aspecto que interfere na dificuldade em manter a
biodiversidade do viveiro é a irregularidade no período de produção, seguido
por problemas relacionados à restrição legal, em terceiro lugar outros três
aspectos empatados são a marcação de matrizes, a localização das matrizes no
campo e a distâncias entre as matrizes, em quarto lugar, marcado apenas por
um viveirista é o tamanho efetivo adequado para conservação genética. O custo
da colheita e a baixa produção de sementes não foram citados por nenhum dos
viveiristas entrevistados. Todos os viveiros entrevistados trabalham com Áreas
de Coleta de Sementes (ACS) e matrizes individuais, não são comuns encontrar
viveiros com Áreas de Produção de Sementes (APS) ou Pomares de Sementes
(PS). Quando consultados sobre os incentivos governamentais para o setor, os
viveiristas demonstram profunda preocupação com o rumo da situação atual,
fato é que, existem recursos e incentivos, porém, nem sempre os mesmos estão
acessíveis. O setor florestal, nos últimos anos, está sendo regulamentado para
que se adeque as projeções da situação atual através da Lei 10.711 de 05 de
agosto de 2003, alguns pontos devem ser mais debatidos entre os atores para
que se chegue a um meio termo que seja viável para as partes envolvidas.
CONCLUSÃO
Os atores, que a princípio, estão envolvidos diretamente e que seriam os
principais beneficiários da formação de uma Rede de Fornecedores de Sementes
e Mudas de Espécies Florestais Nativas de Mata Atlântica estão pouco
articulados, esta afirmação é possível de ser feita apesar de termos obtido
contato direto com poucos destes. É possível afirmar que no Estado do Rio de
Janeiro existe ainda uma lacuna muito grande com relação ao setor florestal.
Alguns estados como São Paulo e Minas Gerais, por exemplo, encontram-se
muito mais estruturados, inclusive tendo a maior parte de suas áreas mapeadas
e possuindo inventários florestais disponibilizados publicamente. Todos os
viveiristas entrevistados relataram ter capacidade de ampliar as suas produções
caso haja demanda de mercado, mas como este ainda se mostra muito instável
os viveiristas seguem com produções comedidas evitando assim perdas, tendo
em vista a concorrência que sofrem em relação a outros Estados já consolidados
no mercado de mudas e sementes. Tendo em vista, que a legislação não permite
que mudas para recuperação de áreas degradadas e de projetos de compensação
ambiental sejam oriundas de outros Estados, uma rede que englobe todos os
viveiristas do Estado resolveria o impasse não só da Bacia Hidrográfica do Rio
Guandu, mas também articularia o setor no Estado do Rio de Janeiro como um
todo.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
TUBBS FILHO, D.; ANTUNES, J. C. O.; VETTORAZZI, J. S. (Orgs.) Bacia
Hidrográfica dos Rios Guandu, da Guarda e Guandu-Mirim. Comitê
da Bacia Hidrográfica Guandu. Rio de Janeiro: INEA, 2012.
IFLORA. Aspectos Ambientais Flora. Disponível em: <http://www.i-
flora.iq.ufrj.br/sobrerj_abiol.html> Acesso em: 20 Dez. 2012.
REMANESCENTES FLORESTAIS DE MATA ATLÂNTICA NA SUB-BACIA HIDROGRÁFICA RIO DA PRATA, IBIRAÇU E
ARACRUZ - ES, BRASIL
Silva, S. F.1*; Mendes, N. G. S.2; Bermudes, W. L.2; Santos, A. R. 3
¹Universidade Federal do Espirito Santo - UFES, Programa de Pós-graduação em Produção
Vegetal - [email protected]. Tel 28 3558-2528.
2 Universidade Federal do Espirito Santo - UFES, Programa de Pós-graduação em Ciências
Florestais.
3 Universidade Federal do Espirito Santo - UFES, Professor efetivo.
Palavras-chave: Ecologia, Geotecnologia, Manejo florestal
INTRODUÇÃO A fragmentação florestal, resultante do uso e expansão antrópica desordenada,
tem afetado de forma significativa os padrões de distribuição das espécies da
flora e da fauna. Manter a integridade da biodiversidade e das áreas naturais
ainda existentes é um desafio para pesquisadores, educadores, ambientalistas e
para a comunidade de forma geral (FERRARI et al., 2012).
A manutenção dos remanescentes florestais possibilita a preservação dos
recursos hídricos e a facilitação do fluxo genético entre populações,
aumentando, assim, a chance de sobrevivência das comunidades (MUCHAILH
et al., 2010).
Nas abordagens utilizadas no planejamento estratégico dos remanescentes
florestais, no que se refere à forma, borda, proximidade, índices de densidade e
tamanho e a outros elementos de interesse, o mapeamento de paisagens e
análises das mudanças no uso da terra constituem-se etapas fundamentais, em
que os dados espaciais oriundos de diversos sistemas sensores orbitais são
excelentes recursos (JENSEN, 2009).
A funcionalidade desta geotecnologia, integrada aos Sistemas de Informações
Geográficas (SIG’s) têm-se mostrado eficiente não apenas na obtenção de
informações envolvendo dados espaciais, mas também como meio de suporte às
tomadas de decisões em diversos processos de gestão pública e ambiental
(ANJOS, 2008). Sendo assim, o objetivo deste trabalho foi mapear os
remanescentes florestais de mata atlântica na sub-bacia hidrográfica Rio da
Prata, Ibiraçu e Aracruz - ES.
MATERIAL E MÉTODOS A área de estudo está localizada na região norte do Estado do Espírito Santo,
compreendendo uma sub-bacia hidrográfica denominada de Rio da Prata, que
possui uma área de 3.330,54 ha e localiza-se no município de Ibiraçu e Aracruz.
A digitalização dos remanescentes florestais foi feita via tela na escala de
1:5.000 no aplicativo computacional ArcGis 10.2, por meio das técnicas de
fotointerpretação, sendo elaborado um arquivo vetorial poligonal para esta
classe.
A partir do mapa de fragmentação florestal, foi quantificada a área de cada
remanescente usando-se a calculadora de valores da tabela de atributos do
próprio arquivo de imagem vetorial poligonal, o que tornou possível comparar
os tamanhos dos diversos remanescentes florestais encontrados na sub-bacia. O
número de remanescentes existentes na área foi relacionado à classe de
tamanho às quais pertencem, sendo estes muito pequenos (<5 ha), pequenos (5-
10 ha), médios (10-100 ha) e grandes (>100 ha) com base na metodologia de
Juvanhol et al. (2011).
A análise foi feita com base no mapeamento dos remanescentes florestais, com o
intuito de se obter o número total e o tamanho dos mesmos, mediante a
elaboração de um arquivo vetorial poligonal (shapefile) para cada classe de
remanescente florestal.
RESULTADOS E DISCUSSÃO O mapeamento das áreas de florestas possibilitou contabilizar 164
remanescentes florestais de mata atlântica, esse número corresponde a uma
área de 1.355,32 ha de remanescentes florestais o que corresponde a 40,69% da
área total da sub-bacia hidrográfica Rio da Prata.
Esse predomínio de cobertura florestal na área de estudo demonstra o estado de
preservação da região. Juvanhol et al. (2011) salientam que é importante a
realização de estudos e ações que beneficiem a preservação e a conservação de
tais áreas.
É nítida a predominância dos remanescentes florestais classificados como muito
pequeno (< 5 ha), totalizando 138, o que corresponde a 84,15% do total dos
remanescentes da sub-bacia, sendo seguidos pelos médios com 16
remanescentes (9,75%), pequenos com 7 (4,27%) e grandes com 3 (1,83%).
Apesar da grande área constituída por remanescentes florestais na sub-bacia em
estudo Oliveira-Filho e Fontes (2000) destacam que a Mata Atlântica está entre
as mais ameaçadas do planeta, devido sua localização entre os grandes centros
urbanos, o que as reduziu a aproximadamente 5% de sua área original, um
agravante ainda maior é que essa área ocorre em sua maioria em pequenos
remanescentes.
Tabanez & Viana (2000) salientam que a ocorrência de grande quantidade de
pequenos remanescentes florestais é comum em paisagens de Mata Atlântica,
sendo o principal problema o fato de a área estar susceptível a alterações na
dinâmica da paisagem, devido às ações do efeito antrópico.
CONCLUSÃO A constituição florestal na sub-bacia é composta em sua maioria por
remanescentes menores que 5 ha, indicando um alto grau de fragmentação
florestal. Sendo importante a realização de estudos e ações que beneficiem a
preservação e a conservação de tais áreas.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ANJOS, H. O. Riscos ambientais na delimitação de áreas para corredores
ecológicos na sub-bacia hidrográfica do Rio das Almas (Goiás). Brasília, 2008.
156 f. Tese (Doutorado em Ciências Florestais) - Universidade de Brasília,
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VARIAÇÃO GEOGRÁFICA MORFOLÓGICA E VOCAL DE
ASTHENES MOREIRAE (MIRANDA-RIBEIRO, 1905) (AVES:
PASSERIFORMES: FURNARIIDAE)
Fonseca, O. V.¹ ²
¹MUSEU NACIONAL/UFRJ, Setor de Ornitologia, Departamento de Vertebrados, Quinta da
Boa Vista s/n, 20940-040, Rio de Janeiro, RJ
²UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO, Departamento de Zoologia, Instituto de
Biologia, Laboratório de Ornitologia e Bioacústica, 21944-970, Rio de Janeiro, RJ –
Palavra-chave: aves, variação geográfica, campos de altitude
INTRODUÇÃO
Asthenes moreirae (MIRANDA-RIBEIRO, 1905) é um pequeno Furnariidae
endêmico dos cumes campestres das mais altas montanhas do Sudeste
brasileiro. Apresenta uma distribuição altamente restrita, confinada somente
em alguns poucos pontos altimontanos não claramente delimitados da região
Sudeste do Brasil. Padrão de distribuição esse único se comparado a outras aves
endêmicas brasileiras (RIDGELY & TUDOR,1994). Podemos dividir a
distribuição da espécie em algumas populações bem isoladas entre si nas
cadeias de montanhas do Sudeste brasileiro: Serra da Mantiqueira (MG/RJ e
SP), Serra dos Orgãos (RJ), Serras do Caparaó (ES e MG) e porção sul da Cadeia
do Espinhaço (MG) (RIDGELY & TUDOR, 1994; SICK, 1997 e REMSEN, 2003).
Asthenes moreirae é um endemismo singular no sudeste brasileiro e jamais
passou por uma revisão que revelasse suas variações geográficas. Segundo o
IUCN Red List of Threatened Species (2007) Asthenes moreirae é classificada
sob o status de “Least concern”; porém, a espécie ocorre somente nos Campos
de altitude, considerado um dos biomas mais ameaçados e limitados do Brasil
sob Domínio da Mata Atlântica (SICK, 1997).
MATERIAL E MÉTODOS
Foram examinados 52 espécimes (32 ♂e 20 ♀) depositados nas seguintes
coleções: Museu Nacional (MN) e Museu de Zoologia da Universidade de São
Paulo (MZUSP). Os trabalhos de campos foram realizados nas principais áreas
de ocorrência do táxon e zonas de presumível ocorrência ainda não investigadas
ou delimitadas. Foram realizadas 14 expedições de campo entre Maio/2008 e
Nov/2010 em diversas localidades nas Formações da Serra da Mantiqueira
(MG/RJ e SP), Serra dos Orgãos (RJ), Serra do Caparaó (ES e MG) e Porção sul
da Cadeia do Espinhaço (MG). Estas atividades objetivaram subsidiar os dados
amostrais de espécimes e vocalizações, e delimitar a distribuição da espécie em
pontos específicos. Os caracteres morfométricos utilizados foram referente ao
comprimento da asa (A), bico ( Hb altura e Cb comprimento),
cauda(C),tarsometatarso (Tm) e peso (P) com uso de paquímetro digital,
compasso, régua de metal milimetrada e balança de precisão Pesola (30g). A
análise de plumagem enfocou a coloração do dorso, barriga, rêmiges, retrizes e
mento sob a codificação do catálogo de SMITHE (1975). As vocalizações foram
obtidas no Acervo Sonoro Elias Coelho (IB/UFRJ) e, principalmente em
atividades de campo. Para registro vocal em campo foram utilizados gravador
digital Marantz PMD-670 e microfone supercardióide Azden X-100. Os
componentes estruturais do repertório vocal seguiram a nomenclatura proposta
por CATCHPOLE & SLATER (1995) e foram analizados no programa Raven Pro
1.3.
RESULTADOS/DISCUSSÃO
Asthenes moreirae ocorre exclusivamente em quatro áreas pontuais de
montanhas do sudeste brasileiro. No entanto, são regiões com enorme
semelhança fitofisionômica, caracterizadas pela vegetação relictual dos Campos
de altitude rupestre. A espécie ocorre nas áreas de maior cota altimétrica das
Formações, entre 1850m e 2900m. Podemos apontar quatro pequenos
Complexos populacionais bem isolados entre si: Planalto do Itatiaia - CI
(MG/SP e RJ), Serra dos Órgãos - CSO (RJ), Serra do Caparaó - CSCP (ES/MG)
e Serra do Caraça - CSCA (MG).Talvez devido ao breve período geológico de
separação entre as populações, a variação do colorido da plumagem foi mínima,
fato que corrobora ao caráter conservativo em plumagem de Furnariidae
(REMSEN, 2003). Quanto a morfologia, encontramos uma variação
aparentemente clinal entre os quatro complexos populacionais. Dentre os seis
caracteres morfométricos analisados, o CSCP deteve as maiores médias para
quatro caracteres, e destes, dois foram sem sobreposição de máximas: (A ♂ =
59,553 ± 0,790mm, n= 9 e ♀= 56,885± 0,317mm, n= 6 ) – (P= 15,875 ± 0,478g,
n =4♂). A população do CSCA deteve as menores médias para três caracteres
dentre as demais populações: asa, tarsometatarso e peso. Destes, o
comprimento do tarsometatarso apresentou o menor valor médio sem
sobreposição de máximas: (Tm ♂ = 21,552 ± 0,148mm, n=4). As populações dos
CI e CSO apresentaram valores intermediários com sobreposição os valores
máximos das médias para os seis caracteres morfométricos. Quanto a
vocalização, o repertório vocal de Asthenes moreirae é amplamente rico, os
resultados das análises mostraram uma surpreendente variação na estrutura do
canto. Foram analisados 293 vocalizações correspondente a 58 indivíduos nos
quatros Complexos populacionais. Houve uma variação aparentemente clinal
quanto ao número de frases por canto. O CI apresentou a maior variação, canto
composto por até 4 frases, CSO e CSCA com cantos compostos por até duas
frases e CSCP com cantos com somente uma frase. Outra variação relevante,
segregando vocalmente a população do CSCP, é a morfologia espectral da nota
do canto, apresentando uma estrutura com padrão não compartilhado entre as
demais populações.
CONCLUSÃO
Asthenes moreirae apresenta uma acentuada variação geográfica morfométrica
e vocal entre as suas áreas de ocorrência. Confinada em quatro pequenos
complexo populacionais nos Campos rupestres de altitude do sudeste brasileiro.
A diagnose vocal e a divergência morfométrica indicam linhagem evolutiva
estabelecida ou em formação.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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